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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO JULIA ATROCH DE QUEIROZ BENEFÍCIOS DA NANOTECNOLOGIA PARA OS TÊXTEIS CARUARU 2011

BENEFÍCIOS DA NANOTECNOLOGIA PARA OS TÊXTEIS J… · nanotecnologia pode melhorar o toque dos tecidos, que de acordo com suas diferentes composições podem se tornar mais confortáveis

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

JULIA ATROCH DE QUEIROZ

BENEFÍCIOS DA NANOTECNOLOGIA PARA OS TÊXTEIS

CARUARU 2011

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Julia Atroch de Queiroz

Benefícios da Nanotecnologia para os Têxteis

Trabalho apresentado por Julia Atroch de Queiroz

como um dos requisitos de aprovação na disciplina

Projeta de Graduação em Design sob orientação

da Profª. Andréa Fernanda de Santana Costa.

Caruaru 2011

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Catalogação na fonte

Bibliotecário Elilson Rodrigues Góis CRB4 - 1687

Q3b Queiroz, Julia Atroch de. Benefícios da nanotecnologia para os têxteis. / Julia Atroch de Queiroz. – Caruaru:

A autora, 2011. 67.: ; il. ; 30 cm. Orientador: Andréa Fernanda de Santana Costa Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de

Pernambuco, CAA. Design, 2011. Inclui bibliografia. 1. Nanotecnologia. 2. Análise sensorial (Têxtil). 3. Sentidos e sensações. 4.

Conforto Humano. 5. Beneficiamento – têxtil. I. Costa, Andréa Fernanda de Santana. (orientador). II. Título.

745.4 CDD (22.ed.) UFPE (CAA 2012-13)

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Prof. ª Andreia Fernanda de Santana Costa Orientadora

Prof.ª Dorivalda Santos Medeiros Neira 1ª Avaliadora

Prof.ª Rosiane Pereira Alves 2ª Avaliadora

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Dedicatória

À minha família, ao meu namorado, a minha

querida professora e orientadora Andréa Costa e

amigos.

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Agradecimentos

Agradeço a meus queridos pais e a minha

irmã, pelo carinho e dedicação, que me ajudou a

superar todos os obstáculos encontrados na

busca dos meus sonhos.

Ao meu namorado pela dedicação, atenção e

paciência em escutar repetidas vezes sobre o

assunto monografia e por me fazer sorrir todas as

vezes que as coisas pareciam difíceis.

Aos meus amigos Henagio Batista, Jacqueline

Macedo, Laura Aline e Sidney Manoel que

estiveram ao meu lado me encorajando e

alegrando meus longos dias de estudo e trabalho.

À minha professora Andréa Costa, pela paciência,

dedicação e ensinamento.

Às empresas Bem Querer Confecções,

Lavanderia Nossa Senhora do Carmo, PQT do

Brasil e TAVEX BRASIL, que cederam o espaço e

os produtos necessários para realização dos

testes desse estudo.

Muito obrigada a DEUS pela graça da sabedoria e

por me fazer forte e nunca fraquejar.

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Resumo

Diferentes áreas do conhecimento científico estão desenvolvendo pesquisas

para identificar as propriedades, funções e o comportamento das partículas

nanométricas de átomos ou moléculas. Estudos sobre nanotecnologia visam

encontrar nos materiais: qualidade e inovação que deverão ser utilizadas no

desenvolvimento e aplicação em produtos que, conseqüentemente, apresentarão

valor agregado. O presente estudo teve como objetivo descrever como a

nanotecnologia pode melhorar o toque dos tecidos, que de acordo com suas

diferentes composições podem se tornar mais confortáveis. Foram definidos e

conceituados os termos relacionados ao vestuário, nanotecnologia e aos processos

utilizados no setor têxtil que auxiliaram os testes feitos em uma lavanderia e

tinturaria industrial. A etapa de amaciamento, que foi realizado com 4 peças

confeccionadas: 2 que apresentavam composição 100% algodão e 2

confeccionadas com um misto (92% algodão e 8% poliéster); 1 peça de cada tecido

foi preservada sem amaciamento e serviu como referência. No processo de

amaciamento utilizou-se 2 tipos de produtos químico (nano emulsão de silicone e

emulsão de silicone convencional). Os resultados foram comparados de acordo com

as características sensoriais ligadas ao conforto e ao uso. Os resultados desse

estudo confirmam que a composição de um produto têxtil é um dos fatores

relevantes a ser observado na etapa de planejamento para as etapas de

beneficiamento de tecidos e/ou de peças confeccionadas, bem como, presença de

goma e/ou resinas e corantes e/ou pigmentos. O uso de produtos químicos

desenvolvidos a partir da nanotecnologia pode melhorar os tecidos, tendo em vista

que, as nanopartículas (átomos ou moléculas) interagem com as fibras (material

têxtil), conseguem recobrir a superfície ou alcançar o interior da fibra para minimizar

e/ou adicionar características que conferirão qualidades químicas, físicas e/ou

sensoriais as superfícies têxteis.

Palavras-chave: nanotecnologia, beneficiamento têxtil, conforto e análise sensorial

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Lista de Figuras

Figura 1 – Nanoporos aplicados a fibras de poliéster...............................................29

Figura 2 – Tecido Impermeável.................................................................................31

Figura 3 – Tecido desenvolvido com nanotecnologia................................................32

Figura 4 – Amostra 1 (peça localizada à esquerda) e Amostra 2 (peça localizada à

direita).........................................................................................................................38

Figura 5 – Máquina Lavadora Trinox.........................................................................40

Figura 6 – Pistola de compressão Arprex (esquerda) e máquina secadora Inequil

(direita).......................................................................................................................41

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Lista de Tabelas

Tabela 1 – Principais tipos de tecidos, classificação quanto à estrutura têxtil..........16

Tabela 2 – Tipos de Análise sensorial.......................................................................22

Tabela 3 – Aplicações de diferentes materiais com nanoestruturas..........................30

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Lista de Gráficos

Gráfico1 - Relação intensidade da característica (Grosseiro) e amostras 1.............43

Gráfico 2 - Relação intensidade da característica (Grosseiro) e amostras 2............43

Gráfico 3 - Relação intensidade da característica (Leve) e amostras 1....................44

Gráfico 4 - Relação intensidade da característica (Pesado) e amostras 1...............44

Gráfico 5 - Relação intensidade da característica (Leve) e amostras 2....................45

Gráfico 6 - Relação intensidade da característica (Pesado) e amostras 2...............45

Gráfico 7 - Relação intensidade da característica (Maciez) e amostras 1................46

Gráfico 8 - Relação intensidade da característica (Suavidade) e amostras 1..........46

Gráfico 9 - Relação intensidade da característica (Maciez) e amostras 2................46

Gráfico 10 - Relação intensidade da característica (Suavidade) e amostra 2..........47

Gráfico 11 - Relação intensidade da característica (Lisura) e amostras 1................47

Gráfico 12 - Relação intensidade da característica (Lisura) e amostras 2................48

Gráfico 13 - Relação intensidade da característica (Resistência) e amostras 1.......48

Gráfico 14 - Relação intensidade da característica (Resistência) e amostras 2.......49

Gráfico 15 - Relação intensidade da característica (Frio) e amostras 1...................49

Gráfico 16 - Relação intensidade da característica (Frio) e amostras 2...................50

Grádico 17 - Relação intensidade da característica (Quente) e amostras 1.............51

Gráfico 18 - Relação intensidade da característica (Quente) e amostras 2..............51

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Sumário

Lista de Figuras..........................................................................................................6

Lista de Tabelas..........................................................................................................7

Lista de Gráficos........................................................................................................8

Introdução.................................................................................................................11

Objetivos...................................................................................................................13

Capítulo 1: Tecidos..................................................................................................14

1.1 Propriedades relacionas ao de uso......................................................................18

Capítulo 2: Análise Sensorial..................................................................................21

Capítulo 3: Os Tecidos e as tecnologias................................................................24

Capítulo 4: Nanotecnologia.....................................................................................26

Capítulo 5: A nanotecnologia e os benefícios para os têxteis.............................28

5.1 Nanoporos em poliéster.......................................................................................28

5.2 Nanopartículas e nanoestruturas.........................................................................29

5.3 Novas Fibras...............................................................................................…......31

5.4 Beleza e conforto..................................................................................................32

Capítulo 6: Metodologia...........................................................................................34

Capítulo 7: Materiais e métodos.............................................................................35

Capítulo 8: Resultados e discussões.....................................................................37

Capítulo 9: Conclusões............................................................................................53

Referências...............................................................................................................55

Apêndice...................................................................................................................60

Anexo I ......................................................................................................................62

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Introdução

A principal preocupação dos investidores do setor têxtil é a produção de uma

grande quantidade de artefatos têxteis e também a capacidade de suprir as

necessidades e desejos dos usuários. Investimentos em nanotecnologia vêm

apresentando-se como um assunto de grande interesse para a indústria têxtil, que

está realizando pesquisas em diferentes etapas da produção para propor soluções

no desenvolvimento de produtos inovadores (GONÇALVES, 2000; COLCHESTER,

2008; PEZZOLO, 2007).

A nanotecnologia está ligada ao estudo e manipulação de matérias orgânicas

e inorgânicas extremamente pequenas e impossíveis de serem vistas a olho nu. O

estudo dessas partículas tem desenvolvido diversas matérias-primas que são

empregadas na industrial têxtil, o que possibilita a construção e melhoria de

artefatos inovadores que podem ser ofertados para o consumo apresentando

benefícios relacionados ao uso e à estética e que superam até mesmo as barreiras

impostas pela limitada produção de fibras naturais (COLCHESTER, 2008;

PEZZOLO, 2007; DURAN; MATTOSO; MORAIS, 2006).

O surgimento de novos produtos tenta suprir a demanda de um extenso

público consumidor que possui idade e poder econômico ou social variado, o que

pode definir as necessidades e valores influentes na escolha e consumo dos

artefatos têxteis desenvolvidos e/ou beneficiados utilizando a nanotecnologia.

Roupas que interagem com o usuário, artefatos que proporcionam maior segurança,

resistência, durabilidade conforto e limpeza são exemplos dos objetivos traçados

durante o planejamento de novos artefatos (COLCHESTER, 2008; PEZZOLO,

2007).

Os designers têxteis e de moda utilizam a interdisciplinaridade para planejar e

desenvolver novos artefatos têxteis que deveram garantir o bom funcionamento e

crescimento das empresas que desejam investir nas novas tecnologias (UDALE,

2009).

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A pesquisa aplica-se a área de design têxtil e tem como foco a

nanotecnologia aplicada aos tecidos, onde busca entender os seus princípios

básicos, sua utilização no desenvolvimento de novos tecidos e no processo de

acabamento dos artefatos têxteis. Dessa forma, o problema da pesquisa consiste

na demonstração de como essa tecnologia “nano” pode deixar os tecidos mais

atrativos e apropriados para as diferentes aplicações que serão desenvolvidas pelos

designers de moda e destinados aos consumidor/usuários que utilizarão esses

produtos.

Assim, o objetivo geral desse estudo é descrever como a nanotecnologia

pode melhorar o toque dos tecidos, que de acordo com suas diferentes composições

podem se tornar mais confortáveis. Para que isso seja possível, o estudo deverá

Identificar as principais matérias-primas que compõem os tecidos; descrever suas

principais características; descrever o que é tecnologia têxtil; descrever o que é

nanotecnologia e como ela pode ser aplicada aos tecidos; identificar quais tipos de

tecnologias se encontra disponíveis no mercado e como elas podem agregar valor

aos tecidos e ao setor têxtil; aplicar um produto contendo nanotecnologia em um

artefato têxtil; identificar os principais benefícios que a nanotecnologia proporcionou

aos artefatos têxteis, através da ferramenta de análise sensorial

Para tanto, a pesquisa sobre nanotecnologia têxtil justifica-se por permitir o

aprimoramento de seus artefatos, bem como a disponibilização de novidades

adequadas para diferentes situações e/ou ambientes, que podem ou não serem

predeterminados pelo consumidor, além de propor novas soluções para resolver o

problema de escassez de matéria-prima têxtil causada pelo clima ou por exploração

inadequada dos homens, através da ferramenta de análise sensória.

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Objetivos

Objetivo Gera

O objetivo geral desse estudo é descrever como a nanotecnologia pode

melhorar o toque dos tecidos, que de acordo com suas diferentes composições

podem se tornar mais confortáveis.

Objetivos Específicos

Identificar as principais matérias-primas que compõem os tecidos;

Descrever suas principais características;

Descrever o que é tecnologia têxtil;

Descrever o que é nanotecnologia e como ela pode ser aplicada aos tecidos;

Identificar quais tipos de tecnologias se encontra disponíveis no mercado e

como elas podem agregar valor aos tecidos e ao setor têxtil.

Aplicar um produto contendo nanotecnologia em um artefato têxtil;

Identificar os principais benefícios que a nanotecnologia proporcionou aos

artefatos têxteis, através da ferramenta de análise sensorial.

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Capítulo 1

Tecidos

Os tecidos são artefatos produzidos a partir de fios de fibras têxteis, que

podem ser de origem natural e manufaturada. Para a produção de tecidos os fios

podem ser entrelaçados através de processos mecânicos ou físicos. É de suma

importância que o profissional de design ao manipular esse artefato têxtil conheça as

suas diferentes composições, estruturas e os tipos beneficiamentos que podem ser

aplicados nos têxteis, pois são essas informações quem determinará as

características finais do tecido, bem como o uso e a manutenção adequada (UDALE,

2009; PEZZOLO, 2007; GHATAIGNIER, 2006; RIBEIRO, 1984).

As fibras ou filamentos têxteis naturais podem ser de origem animal (lã, seda,

alpaca, angorá, etc.), vegetal (algodão, linho, rami, juta, etc.) e mineral (amianto).

Estas são fibras chamadas clássicas e algumas já são utilizadas desde o período

a.C.. As fibras naturais geralmente são mais valorizadas que as manufaturadas na

construção de tecidos para o vestuário. Contudo, as fibras manufaturadas se

destacam no mercado, pois através do investimento tecnológico os pesquisadores

buscam aprimorar as propriedades dessas fibras para satisfazer as necessidades

específicas do usuário (UDALE, 2009; PEZZOLO, 2007, RIBEIRO, 1984; ERHARDT

et al., 1976)

As fibras manufaturadas são artefatos produzidos pelo homem através da

utilização de produtos químicos e podem ser classificadas como: fibras

manufaturadas de polímero sintético (poliéster, náilon, aramida, etc.), fibras

manufaturadas de polímero natural (celulose regenerada, proteína regenerada,

borracha e alginato) e outros (carbono, vidro, metal e cerâmica). O objetivo da

indústria têxtil ao investir em novas tecnologias foi para melhorar as propriedades e

características das fibras sintéticas através da reprodução das propendes têxteis das

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fibras naturais o que acabou se tornando uma necessidade no setor produtor de

vestuário, que passou a produzir para uma população em crescimento que

necessitava de artefatos têxteis confeccionados com rapidez, baixo custo e sem a

vulnerabilidade proporcionada pelo agronegócio (UDALE, 2009; PEZZOLO, 2007;

LADCHUMANANANDASIVAM, 2006 apud CARVALHO, 2008; VEILLON, 2004;

ERHARDT et al., 1976).

Geralmente, as fibras naturais passam por diferentes processos de preparo

que as deixam homogêneas e paralelas para serem destinadas as máquinas de

torção onde serão transformadas em fios. No caso das fibras manufaturadas, os

filamentos são produzidos pelo processo de extrusão no qual o material sob forma

pastosa é pressionado por finíssimos furos em uma peça chamada de fieira, onde ao

sair da mesma são imediatamente solidificados. O fio pode ser construído de um

único filamento (monofilamento) ou formado por um conjunto de filamentos

(multifilamento). (PEZZOLO, 2007; ERHARDT et al., 1976)

Pezzolo (2007) divide os fios em quatro grupos principais:

Fios penteados – são fios formados por fibras que passam por uma máquina

chamada penteadeira, onde deixa fibras mais uniformes por conseguir

eliminar as fibras mais curtas. Tal processo confere maior qualidade,

regularidade e resistência aos fios, além de diminuir a formação de pilling

(bolinhas) nos tecidos.

Fios cardados – são fios que apresentam fibras curtas, por não passarem na

penteadeira.

Fios fantasias – são fios adquiridos por meio da manipulação mecânica,

química ou física que proporciona um diferencial no seu aspecto ou toque, a

fim de valorizar e diferenciar a estrutura do tecido diversificar o tecido.

Fios tintos – são fios coloridos antes de entrar na etapa de tecelagem.

Os diversos tipos de fios dão origem a diferentes estruturas têxteis, as quais

são igualmente determinantes para formação do aspecto visual, de toque ou até

mesmo pelas propriedades de uso do tecido. Quem determina se o tecido será

quente ou frio (condutibilidade térmica) não é apenas a fibra têxtil utilizada, mas a

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combinação das etapas de produção e estruturação do fio e também a composição

da trama e do urdume do tecido (PEZZOLO, 2007; HARRIES; HARRIES, 1976).

As estruturas têxteis estão classificadas em tecidos planos, tecidos de malha,

tecidos de laçada, não-tecido e tecidos especiais, as quais têm suas características

descritas na Tabela 1. Além dessas etapas que explicam a confecção de um tecido,

pode-se afirmar que o tecido ainda pode ser tingindo ou sofrer outros tipos de

beneficiamento para melhorar o seu aspecto estético e/ou de uso. Esses são

processos de beneficiamento que podem acontecer quando o material têxtil ainda é

uma fibra ou quando essas forem transformadas em fios ou até mesmo após o

produto completamente acabado (UDALE, 2009; TREPTOW, 2007; GHATAIGNIER,

2006, RIBEIRO, 1984).

Tipos de Tecido Definição

Tecido Plano

São Tecidos obtidos de dois ou mais entrelaçamentos de fios, que

formão um ângulo de 90º. A quantidade de fios, a seqüência

oferecida pelo entrelaçamento e o tipo de fio geraram uma extensa

diversidade de tecido plano.

Tecido de Malha

São tecidos construídos através do entrelaçamento de um fio ou

mais fios que se apóiam lateralmente e verticalmente, como por

exemplo, o jérsei e o tricô. Há três tipos de malha: malha de trama,

que é obtida pelo entrelaçamento de um único fio; malha de

urdume, a qual é obtida pelo entrelaçamento de um ou mais fios

que são colocados lado a lado no tear; malha mista, mais estável

devido à inserção periódica de fios e trama.

Não Tecido São aqueles em que as fibras se unem através de processos

físicos e/ou químico e formam uma folha continua.

Tecidos Especiais Formados por tecidos planos, tecidos de malha e não. tecidos.

Tecido laçado

São aqueles que, apesar de ter processo semelhante à construção

de malha ou tecido comum, realizam laçadas que formam a base

de sua armação.

Tabela 1 – Principais tipos de tecidos, classificação quanto à estrutura têxtil

Fonte: GHATAIGNIER (2006)

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Todavia, na confecção de tecido ainda pode-se utilizar fios mistos, ou seja, fios

fabricados com fibras de diferentes origens ou propriedades, como meio de melhorar

a qualidade dos artefatos. Tal fato também pode ocorrer durante a estruturação do

tecido que utiliza dois tipos diferentes de fios para compor um artefato com

qualidade diferenciada. Por exemplo: a mistura de fibra sintética, o poliéster com o

algodão, que produz um tecido com toque agradável e que amassa menos (UDALE,

2009, PEZZOLO, 2007).

As características técnicas e estéticas exigidas pelo consumidor podem ainda

ser melhoradas ou acrescentadas através dos processos de beneficiamento têxtil.

O processo de beneficiamento de jeans pode incluir uma etapa final de

acabamento que é fundamental para o sucesso comercial das confecções. Para o

tecido de jeans o processo de beneficiamento possibilita a desengomagem,

lavagem, amaciamento, tingimento, branqueamento e estonagem; esse último

processo, responsável pela remoção de um percentual do corante índigo, para

proporcionar o aspecto de envelhecido, leve, confortável e moderno ao tecido e

conferindo valor agregado a peça confeccionada (COSTA, 2008; COSTA 2007;

SILVA, 2007).

Segundo Pezzolo (2007) e Curso (2011) o beneficiamento têxtil é composto

por um sistema integrado de três etapas que podem ser classificadas como:

Inicial – consistem na limpeza, em caso de fibras de origem natural, fiação e

engomagem. Caso o artefato têxtil seja um tecido já estruturado, o

beneficiamento inicial consiste no processo de desengomagem, alvejamento,

branqueamento óptico, navalhagem, flambagem e prefixação.

Secundária – é onde ocorre o processo de tintura e estampagem, o qual tem

como finalidade proporcionar cor aos artefatos através de corantes.

Final – é nessa etapa que os tecidos podem receber tratamentos químicos

que poderão modificar sua aparência ou até mesmo lhe acrescentar novas

propriedades. É nesse momento também que os tecidos poderão receber

acabamentos físicos como a lixagem e escovagem ou a passagem de

permanentes.

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18

Segundo Curso (2011) o processo de beneficiamento pode ser desenvolvido

utilizando quatro tipos diferentes de tratamento, os quais podem ser classificados

como:

Tratamento molhado - utiliza a água como solvente para solubilizar ou

dispersam os produtos químicos utilizados durante no processo de lavagem

ou beneficiamento de tecidos e/ou confecções.

Tratamentos físicos – são aqueles que utilizam elementos físicos como

atrito, pressão, calor, chama e corte para produzir diferentes características

estéticas.

Tratamentos secos – utilizam solventes orgânicos que, ao mesmo tempo,

podem ter a finalidade de solvente e de insumo, como, por exemplo,

percloroetileno (C2C14).

Tratamentos úmidos – processo que independe da quantidade de solvente,

que pode ser a água, um solvente orgânico ou ainda uma mistura de ambos,

que quando aplicada junto a outros insumos é suficiente tão somente para

umedecer o substrato têxtil.

Dessa forma, através dessas informações, é possível identificar que os

artefatos têxteis atravessam um longo e complexo processo que os deixam com as

propriedades fundamentais para cada tipo de ambiente e necessidade que deveram

ser oferecidas para os diferentes consumidores que os profissionais desejam

satisfazer ao oferecer os seus artefatos (UDALE, 2009; PEZZOLO, 2007;

GHATAIGNIER, 2006).

1.1 Propriedades relacionadas ao uso

As características que definem a escolha de um artefato têxtil por um

profissional para ser empregado no desenvolvimento de um produto estão

geralmente ligadas a características de utilidade estabelecidas por algumas

condições que estão atreladas as propriedades relacionadas ao uso, como: a

durabilidade do tecido, o conforto para o usuário, cuidado e aspecto estético

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(PEZZOLO, 2007; SLATER 1986 apud BROEGA, 2007; HARRIES; HARRIES,

1976).

A durabilidade está relacionada com a utilização e aplicação dos tecidos. As

propriedades dos têxteis, que podem ser usadas na avaliação e definição do

aspecto durável de um artefato têxtil, em geral, são tenacidade, resistência à

abrasão, coesividade, alongamento, elasticidade, flexibilidade e estabilidade

dimensional que pode ter diferentes intensidades nos diversos tipos de tecido

(PEZZOLO, 2007; HARRIES; HARRIES, 1976).

O conforto é um aspecto de uso que envolve aspectos térmicos, não térmicos

e condições de utilização, as quais estão vinculadas à sensação de bem estar

fisiológica, psicológica e física que um tecido proporciona ao entrar em contato com

a pele do usuário (PEZZOLO, 2007; SLATER 1986 apud BROEGA, 2007;

HARRIES; HARRIES, 1976).

Assim, considerando o ambiente, o conforto pode apresentar-se de três

maneiras: conforto fisiológico, que está relacionado à disposição do organismo

humano tem de manter a vida, conforto psicológico, que está relacionado à

capacidade da mente humana funcionar satisfatoriamente com ajuda externa e

conforto físico, que considera o efeito do ambiente externo sobre o organismo

humano (SLATER 1986 apud BROEGA, 2007, 2007; HARRIES; HARRIES, 1976).

Outros aspectos como a capacidade de absorver líquidos de um tecido,

umectação, potencial alérgico e condutividade térmica e elétrica dos tecidos são

aspectos importantes para determinar se um tecido é confortável. Assim o conforto

está diretamente ligado ao toque e ao bem estar do usuário e sua avaliação

geralmente é subjetiva (PEZZOLO, 2007; BROEGA, 2007; HARRIES; HARRIES,

1976).

Todavia, através da análise sensorial, que é uma ferramenta difundida no

setor agro - alimentar a qual visa avaliar as propriedades organolépticas de um

objeto através dos sentidos. Dessa maneira é possível conhecer e entender as

características de artefatos, como os tecidos, que poderão ser aceitos ou rejeitados

pelos consumidores (BROEGA, 2007).

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O uso, limpeza e revigoramento são cuidados necessários para que os

tecidos mantenham seu aspecto de novo. Os cuidados empregados em um artefato

têxtil devem considerar a composição química do tecido e os produtos químicos que

serão utilizados para limpeza e revigoramento. Estes não devem reagir

quimicamente com o tecido e este deve também se manter com o aspecto de novo.

Outros fatores como o tipo de fio e a forma como estes foram estruturados devem

também serem importantes para definir os cuidados que se deve ter durante a

manutenção, limpeza e revigoramento de um tecido. Tecidos com a trama frouxa

não possuem estabilidade dimensional e por isso devem receber maior atenção

durante o uso e a limpeza para que seja possível conservar sua forma. Via de regra,

essas informações deverão estar expostas nas etiquetas de cada produto, pois a

maioria das propriedades dos tecidos são definidas em testes de laboratório

(HARRIES; HARRIES, 1976).

Os aspectos estéticos de um artefato têxtil, que é uma das áreas mais

subjetivas, pois a estética de um artefato agrada de diferentes formas ao consumidor

e elas geralmente estão relacionadas aos aspectos visuais e táteis do tecido. Dessa

forma elementos como cor, brilho, translucidez, caimento, textura e toque podem

descrever o aspecto estético de um tecido (HARRIES; HARRIES, 1976).

Assim, as propriedades relacionadas ao uso são importantes para que o

tecido empregado na produção de um produto que seja útil e satisfaça as

necessidades e desejos do consumidor (HARRIES; HARRIES, 1976).

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21

Capítulo 2

Análise Sensorial

A análise sensorial é o exame e interpretação das reações e são utilizados os

órgãos dos sentidos: visão, olfato, gosto e audição durantes os testes. E apresenta-

se como uma ferramenta moderna que pode ajudar na reformulação dos produtos já

estabelecidos no mercado e/ou no desenvolvimento de novos produtos (SGS DO

Brasil LTDA, 2011; BROEGA 2007; STONE; NORONHA, 2003; SIDEL, 1992)..

A área de tecnologia e produção de alimentos utiliza esse estudo para conferir

e mensurar as características organolépticas das preparações. E atualmente muitas

pesquisas estão sendo desenvolvidas a partir da análise sensorial para outras áreas

da ciência na busca de identificar sensações de diversos tipos de materiais. Essa

ferramenta de análise tem o objetivo de identificar a aceitação de um produto no

mercado, pois seus resultados revelam as preferências e gosto dos consumidores

(SGS DO Brasil LTDA, 2011; BROEGA 2007; STONE; NORONHA, 2003; SIDEL,

1992).

Apesar de a análise sensorial ser uma ferramenta de pesquisa que teve forte

desenvolvimento no setor agro-alimentar, ainda assim, desde os anos 30 indústria

têxtil utiliza esse instrumento para realizar estudos sobre a avaliação sensorial

através do tato (BROEGA 2007). Segundo a autora citada os artefatos produzidos

pelo setor de confecção são ainda hoje avaliados pelos confeccionistas e clientes de

forma empírica, sendo a visão e sobre tudo o tato os sentidos que mais influenciam

na análise que determina as qualidades de um artefato têxtil do ponto de vista tátil e

também do ponto de vista mecânico, característica que intervém no desempenho do

tecido. Desta forma, a aparência é um critério importante para os consumidores e

por isso, deve ser considerado durante uma avaliação. Assim, a análise sensorial

“tátil-mecânica-térmica” é uma análise subjetiva que no setor têxtil é descrita como

toque.

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22

A prática da análise sensorial é realizada com um grupo de avaliadores

(treinados ou que já possua algum conhecimento sobre o produto analisado)

individualmente, os quais têm seu perfil pré-selecionado que recebem o material que

está sendo estudado e uma ficha, que, será terá os dados avaliados posteriormente

para a definição os resultados. Algumas questões como: descrição, discriminação e

preferência deverão ser respondidas durante o processo de análise sensorial,

contudo as perguntas que envolvem esses assuntos devem ter temas e

metodologias definidas de acordo com a informação que o pesquisador deseja

adquirir (Ver Tabela 2) (SGS DO BRASIL LTDA, 2011; NORONHA, 2003).

A descrição pode ser identificada através do Método Sensorial Descritivo, que

avalia a intensidade das características de um material, perceptíveis sensorialmente.

Para que os resultados obtidos através desse método sejam mais eficientes é

necessário selecionar equipes de provadores treinados. Quanto às questões

discriminativas, é possível empregar o Método Sensorial Discriminativo, onde o

pesquisador irá avaliar as diferenças sensoriais entre dois ou mais produtos. Essa

análise pode ocorre de cinco formas: teste duo-trio, que determina se há diferença

entre a amostra e um padrão; comparação pareada, o qual determina se existe

diferença entre duas amostras com relação a uma característica sensorial; teste

triangular, que verifica se existe diferença entre duas amostras que envolvem

processos diferentes; teste de ordenação, que há uma comparação entre varias

amostras e verifica se existe diferença entre elas; teste de comparação múltipla, que

verifica e estima o grau de diferença entre várias amostras e outra padrão (SGS DO

BRASIL LTDA, 2011).

As preferências dos consumidores em relação a um produto podem ser

avaliadas através do Método Sensorial Afetivo, que pode testar a aceitação do

consumidor a respeito um determinado produto ou determinar a preferência de um

produto em relação a outro (SGS DO BRASIL LTDA, 2011).

Tipo de Análise Sensorial Exemplos de Problema para Pesquisa

Descrição

- O que sabe sobre o produto?

- Quais suas características aparentes?

- De que modo esse produto difere do outro?

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Discriminação

- Será que o consumidor nota a diferença?

- Os consumidores identificaram alguma

característica?

- Quantos consumidores identificaram essa

característica?

- Estes produtos são diferentes?

Quanto esses produtos são diferentes?

Preferência ou Afeto

- Quantas pessoas gostam desse produto?

- O produto é aceitável?

- O produto é melhor que o do concorrente?

- Quais as características mais aparentes?

- Qual o preferido pelo consumidor?

Tabela 2 – Tipos de Análise sensorial

Fonte: NORONHA (2003)

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Capítulo 3

Os tecidos e as tecnologias

Os artefatos têxteis inicialmente eram destinados apenas à confecção de

produtos de vestuário e decoração. No entanto, os tecidos, que apresentavam uma

tecnologia de produção simples, eram escolhidos e empregados de forma

inadequada ou não supriam a necessidade de uso, devido à ausência ou pouco

investimento direcionado ao setor têxtil. Ao longo dos anos, com o desenvolvimento

do setor industrial têxtil, alguns incentivos financeiros foram direcionados para serem

aplicados na produção de artefatos têxteis, inclusive em estudos científico para

desenvolvimento de novos materiais de tecnologia de produção (PEZZOLO, 2007;

VEILLON, 2004).

Os estudos tinham o objetivo de impulsionar a produção de tecidos para

suprir a escassez de material no período pós-guerra utilizando matéria-prima de

origem sintética para o desenvolvimento de novos tecidos (PEZZOLO, 2007;

VEILLON, 2004).

A tecnologia têxtil consiste em toda a pesquisa, métodos e/ou ferramentas

capazes de melhorar o desempenho e a qualidade. O desempenho dos tecidos está

relacionado à sua aplicação. Tecidos de desempenho, por exemplo, possuem

tecnologia de “ponta”, inicialmente aplicada, apenas, em roupas esportivas ou para

vestuários utilizados em lugares que apresentam climas rigorosos, atualmente esses

tecidos tecnológicos são utilizados na confecção de muitos produtos de moda e são

consumidos por diferentes públicos; sendo também conhecidos como tecidos

técnicos ou inteligentes, isto é, caracterizados pela capacidade conseguirem

interagir com o usuário como se realmente possuíssem inteligência artificial (UDALE,

2009; PEZZOLO, 2007).

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As novas tecnologias têm como objetivo melhorar a qualidade, que une

características de utilidade e conforto, essencial no desenvolvimento tecido. Toda

via, é de suma importância que os profissionais conheçam as principais

características e elementos que compõe um artefato têxtil, para que assim possa

desenvolver novos produtos e definir aplicações adequadas para os novos tecidos

(CURSO, 2011; DASTJERDI; MONTAZER; SHAHSAVAN, 2010; PEZZOLO, 2007).

As fibras manufaturadas, por exemplo, através do melhoramento de algumas

matérias-primas utilizadas melhoram a produção de novos tecidos e possibilitam

aplicações de técnicas em qualquer etapa da produção, as quais antes eram

aplicadas somente no acabamento final do tecido (SORGER; UDALE, 2009;

PEZZOLO, 2007 GHATAIGNIER, 2006; ERHARDT et al., 1976).

Contudo, é possível afirmar que o crescimento das pesquisas sobre

tecnologia para o setor têxtil é cada vez maior e exige um cuidadoso conhecimento

do público-alvo e das partes de um artefato têxtil, para que os elementos

desenvolvidos e aplicados aos novos produtos satisfaçam os o padrão de qualidade

que o consumidor necessita (SORGER, UDALE, 2009; PEZZOLO, 2007;

GONÇALVES, 2000).

O desenvolvimento científico e tecnológico oferecem a indústria meios de

melhorar as propriedades dos tecidos. Por exemplo, fibras manufaturadas, que

podem ser mais resistentes, e o beneficiamento têxtil, que pode agregar melhorias

estéticas e diferentes desempenhos aos artefatos têxteis (UDALE, 2009;

COLCHESTER, 2008; PEZZOLO, 2007).

Assim, os novos tecidos apresentam desempenhos específicos como

capacidade de avaliar o grau de estresse do usuário, mediar à pulsação arterial,

proteger contra altíssimas temperaturas (chegando, em alguns casos a 282 ºC),

antibacteriais, antimanchas, autolimpantes, que oferece proteção contra o sol e os

raios UV, que não molham, não mancha e não interfere na transpiração do corpo

(essas três últimas características correspondem ao tecido Nano-tex, o qual foi

criado a partir de pesquisas na área da nanotecnologia) (PEZZOLO, 2007).

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Capítulo 4

Nanotecnologia

Em sentido amplo, é possível definir ciência como a produção de idéias

através de uma pesquisa básica e fundamental do assunto o qual é movido apenas

pela curiosidade do pesquisador. Enquanto a tecnologia é a aplicação dessas

pesquisas em soluções de problemas ou no desenvolvimento de algum produto

utilizável. Essa mesma definição pode ser respectivamente dirigida para explicar as

diferenças entre nanociência e nanotecnologia, que tem como principal diferencial

das pesquisas convencionais o estudo dos componentes em dimensões muito

pequenas (DURAN; MATTOSO; MORAIS, 2006).

É importante ressaltar que as pesquisas do universo “nano” tem o caráter

interdisciplinar, os quais envolve principalmente o estudo da física, da química e da

ciência dos materiais que permite definir a nanotecnologia como o processo

controlado de investigação e manipulação das partes da matéria em nível atômico,

molecular ou supramolecular, e busca entender as propriedades e características

das estruturas visando desenvolver novas composições mais eficientes e a

reconstrução de objetos a partir de uma partícula do átomo ou molécula, a qual é um

bilionésimo de vezes menor que o metro (SCHULZ, 2009; CUNHA, 2008; DURAN;

MATTOSO; MORAIS, 2006).

Essas partículas nano são obtidas dos elementos químicos presentes na

tabela periódica, que em escalas nanométricas possuem características específicas,

como distribuição e morfologia, que podem formar diferentes arranjo geométricos

que resultam em propriedades químicas e físicas diferentes das já estudadas e

perceptíveis a olho nu. As partículas nano estão presentes em tudo que existe no

mundo (animado ou inanimado), mas ainda possuem propriedades e reações pouco

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conhecidas pelos pesquisadores (HEBEISH et al., 2011; SCHULZ, 2009;

VALADARES; CHAVES; ALVES, 2005).

Essas propriedades diferentes são conseqüências dos efeitos quânticos, o

qual é definido como “a drástica e surpreendentes mudanças nas propriedades dos

materiais em nanoescala são a chave para entender o poder e o potencial únicos da

nanotecnologia”, ou seja, somente reduzindo o tamanho dos materiais e sem alterar

sua substância, as quais são também encontradas nas micro e macro moléculas,

eles podem se tornarem um material completamente novo com diferentes

propriedades. Por exemplo, um material macio e maleável como o carbono na forma

de grafite pode ser resistente e seis vezes mais leve que o aço; ou o caso da

substância óxido de zinco que tem como característica a cor branca e opaca, torna-

se transparente em nanoescala (NANOTECHNOLOGY ...2011)

Estima-se que através dessa tecnologia e do conhecimento dos efeitos

quânticos sob a nanopartícula possa existir novas melhorias para os têxteis e

diversos outros setores, que podem ou não ter seus produtos fabricados através da

manipulação de fibras naturais e químicas os quais poderão também ser capaz de

gerar artefatos têxteis com diversas melhorias como a diminuição do peso e

espessura dos tecidos, o aumento da resistência, a repulsão ou absorção de água e

adição de propriedades bactericidas (NANOTECHNOLOGY ...2011; WAKAMATSU,

2009).

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Capítulo 5

A nanotecnologia e os benefícios para os

têxteis

Estudos sobre nanotecnologia começaram a possibilitar o entendimento

preciso sobre o comportamento físico e químico das fibras têxteis; permitindo a

produção de artefatos com propriedades diferenciadas com o objetivo de atender as

necessidades e os desejos do consumidor/usuário que durante muitos anos

procurou artefatos têxteis que imitassem e/ou melhorassem os produtos têxteis

naturais (PEZZOLO, 2007; COLCHESTER, 2008).

A nanotecnologia permite que tecidos fabricados com nanopartículas, ou que

recebem beneficiamentos com produtos que utilizam dessa tecnologia tenha suas

propriedades melhoradas sem que exista um aumento significativo do peso,

espessura ou rigidez, como ocorria com as tecnologias convencionais. Isso é

possível porque, devido aos conhecimentos físicos e químicos, a nanotecnologia

permite precisão aos designers têxteis para entender melhor a estrutura que

condiciona o comportamento geral das materiais naturais, além de ajudar a entender

como elas são produzidas (NANOTECHNOLOGY ...2011; COLCHESTER, 2008) .

5.1 Nanoporos em poliéster

São inúmeras as aplicações da nanotecnologia de materiais no setor têxtil,

contudo uma das mais inovadoras e promissoras melhorias é a fabricação de fibras

de poliéster contendo nanoporos, ou seja, fibras com estrutura interna oca, como é

possível observar na Figura 1, que permite o isolamento térmico. Tais fibras são

caracterizadas por ter na mistura de sua massa polimérica partículas sílicas de

nanoporos, o que reduz significativamente a condutibilidade térmica, além de

proporcionar maior flexibilidade e maciez aos artefatos confeccionados com essa

fibra (WAKAMATSU, 2009).

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Figura 1 – Nanoporos aplicados a fibras de poliéster.

Fonte: NANOPOROS ...(2011)

5.2 Nanopartículas e nanoestruturas

A preocupação com os ataques de microorganismos que prejudicam os

aspectos: funcionais e a estética do tecido como, a descoloração, a deterioração das

fibras, o odor e o aumento do potencial alérgico são alguns dos problemas

relevantes para as pesquisas com nanotecnologia. Tais problemas podem ser

minimizados com aplicação de nanopartículas de ouro, zinco, dióxido de titânio e a

utilização de nanotubos de carbono durante a confecção dos artefatos têxteis.

Pesquisas relataram essas substâncias unidas as fibras têxteis podem desenvolver

propriedades anti-sujeira, proteção contra raios ultravioleta entre outras

características que podem ser observadas de formas mais específica na Tabela 2

(DASTJERDI; MONTAZER, 2010; DASTJERDI; MONTAZER; SHAHSAVAN, 2010).

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Nanoestruturas Características

Dióxido de titânio –

inorgânico ou orgânico

Antibactericida, foto-catalizador, auto-limpeza, proteção

ultravioleta (UV), sensores solar hidrofilidade, super

hidrofóbicos, estabilização foto lã.

Prata Anti-microbial desinfetante, proteção elétrica, condutores

ultravioleta e antifúngico.

Oxido de zinco Antibactericida, bloqueio ultravioleta, super hidrofóbicos,

foto-catalisador.

Ouro Antibacteriana, antifúngico e eletro condutor.

Gálio Antibacteriana.

Argila Antibacteriana, retardantes de chama ultravioleta,

condutora elétrica.

Nanotubo de carbono Antibacteriana, retardantes de chamas ultravioleta,

condutora elétrica.

Tabela 3 – Aplicações de diferentes materiais com nanoestruturas

Fonte: DASTJERDI; MONTAZER (2010)

Outra melhoria para os têxteis técnicos que comprova o efeito da

nanotecnologia é o acabamento de têxteis técnicos, através da fixação de partículas

de silício, para toldos, guarda-sóis, velas e tendas com o efeito de auto-limpeza, os

quais usam a mesmo principio da superfície da flor de lótus. A planta possui

pequenas papilas que em tecidos tratados são inúmeras partículas com um diâmetro

de menos de 100 nanômetros embebidas numa matriz de transporte que não

aderem sujeiras. Todavia, testes comprovam que apesar do composto conter

nanopartículas em sua estrutura, elas não são liberadas para o ambiente. Tal

inovação permite que tecidos que estão continuamente expostos ao ar livre, por

exemplo, se mantenham livres de sujeiras, como pode ser observado na Imagem 4.

Este tipo de acabamento é utilizado em tecidos de algodão, contudo há pesquisas

que vislumbram a implementação dessa tecnologia em tecidos sintéticos (UDALE,

2009; COLCHESTER, 2008).

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Figura 2 - Tecido Impermeável

Fonte: COLCHESTER (2008)

5.3 Novas fibras

Estudos desenvolvidos pelo Instituto de Nanotecnologia para soldados del

MIT pesquisa para o futuro as propriedades da teia de aranha que pode substituir os

polímeros. Esse material possui a característica de elasticidade semelhante a do

náilon, leveza e resistência que supera a Kevlar1, mantém-se a estável quando

exposta a altas temperaturas e pode ser magnético e condutor. Estudos visão

aplicar tal tecnologia na engenharia e medicina (COLCHESTER, 2008).

1 Kevlar - Fibra de aramida de alta resistência e bastante leve que se decompõe em temperaturas de

aproximadamente 371 °C. O Kevlar é geralmente empregado no desenvolvimento de coletes à provade bala e é produzida pela DuPont com o nome comercial de náilon Nomex em 1993 (UDALE, 2009).

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5.4 Beleza e conforto

Figura 3 – Tecido desenvolvido com nanotecnologia

Fonte: COLCHESTER (2008)

O interesse por tecidos sintéticos com qualidade estética e táteis melhoradas

intensificou durante o final da década de 1980, onde já existiam os tecidos de

microfibra sintética, os quais eram mais sofisticados que a primeira geração dos

sintéticos têxteis.

O interesse por tecidos sintéticos com qualidade estética e táteis melhoradas

intensificou durante o final da década de 1980, onde já existiam os tecidos de

microfibra sintética, os quais eram mais sofisticados que a primeira geração dos

sintéticos têxteis. A busca por beleza e conforto dos têxteis percorreu um extenso

caminho ao longo dos anos, mas que hoje dispõe do tecido cuja tecnologia nano

imita a disposição da escama da mariposa Morpho, a qual possui uma proteína que

deixa a asa transparente. Esse tecido é composto por diversas camadas em

nanoescala de poliéster e nylon que através da interferência óptica provoca

mudanças de cor azul, roxo, vermelho e verde (Figura 3). Tal tecnologia buscou ir

além das melhoras táteis dos tecidos, a primeira prioridade dos cientistas, e agregou

para os artefatos têxteis propriedades ópticas significativas (COLCHESTER, 2008;

SIQUEIRA, 2008).

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Outra novidade é desenvolvimento de tecidos com estruturas com

plataformas tecnológicas é também um dos anseios da indústria têxtil. Essa

inovação utilizara fibras ópticas com nanotecnologia que tem uma maior

sensibilidade ao toque, as quais serão misturadas as fibras convencionais para

desenvolver tecidos com que emitem luz (COLCHESTER, 2008).

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Capítulo 6

Metodologia

A pesquisa deverá utilizar a ferramenta de abordagem, hipotético-dedutivo

segundo Popper (LAKATOS; MARCONI, 2010), por entender que o processo

investigatório do estudo possui os elementos que necessitam e constituem esse

método; são eles: o problema (qualidade dos tecidos), a hipótese (a nanotecnologia,

tecnologia que melhora a qualidade dos tecidos), o falseamento (toda a pesquisa),

que poderá revelar se a hipótese é verdadeira ou não.

Assim, para que essas premissas sejam identificadas e compiladas será

utilizado o método comparativo, por entender como necessário analisar quais

tecnologias disponíveis no mercado são mais eficientes ao serem empregadas em

diferentes artefatos têxteis e oferecer uma visão previa dos possíveis resultados; o

estruturalista, por identificar, em meio a um grupo, a nanotecnologia como a

tecnologia mais adequada para proporcionar um bom desempenho aos tecidos; o

método tipológico, por ressaltar que apenas um tipo de tecnologia é a ideal para ser

aplicada nos tecidos, com base em seus conceitos e definições (LAKATOS;

MARCONI, 2010)

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Capítulo 7

Materiais e métodos

Teste: Aplicação de uma substância que apresenta tecnologia nano em tecidos

plano no beneficiamento de peças confeccionadas em uma lavanderia e

tinturaria industrial

1ª etapa - Seleção dos tecidos que serão utilizados como amostras

Duas amostras de tecido plano serão selecionadas, e devem apresentar as

seguintes composições: a primeira 100% algodão (amostra 1) e a segunda

composição mista: 92% algodão e 8% poliéster (amostra 2).

2ª etapa – Seleção de produto químico para o beneficiamento dos tecidos

A seleção dos produtos químicos necessário para o beneficiamento dos tecidos será

feita de acordo com os processos de acabamentos e composição têxtil das amostras

que serão utilizadas durante o teste. Os produtos químicos básico para realização

desse processo são: metassílicato, peróxido de hidrogênio, umectante, soda

cáustica, desengomante, ácido acético, enzima ácida, nanoemulsão de silicone

(Anexo1), emulsão de silicone fabricado com tecnologia convencional.

3ª etapa - Confecção das amostras em triplicata

Serão confeccionadas seis peças iguais de vestuário (shorts) que apresentam

uma modelagem básica, sendo três peças (1A, 1B e 1C) com a amostra 1 e três

peças (2A, 2B e 2C) com a amostra 2.

4ª etapa – Processo de beneficiamento das amostras

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Os processos de beneficiamento serão realizados em uma lavanderia e

tinturaria industrial situada na cidade de Caruaru-PE, situada no Pólo de

Lavanderias Industriais para Beneficiamento de peças confeccionadas.

As peças 1A e 2A de cada mostra serão mantidas com as características

originais do tecido que foi utilizado para a confecção, para servir de referência

durante a etapa de análise macroscópica, que será realizado após a etapa de

amaciamento.

Duas peças confeccionadas com a amostra 1 e duas da amostra 2 serão

beneficiadas utilizando processos de acabamentos que serão definidos a partir da

composição têxtil das amostras. Na etapa de amaciamento serão utilizados dois

produtos químicos: produto X (Anexo1) desenvolvido com a nanotecnologia e

produto Y desenvolvido com tecnologia convencional.

5ª etapa – Elaboração da ficha para análise macroscópica

Uma ficha estruturada (Apêndices) será elaborada para auxiliar um grupo de

5 usuários na avaliação macroscópica das características sensoriais, relativas a

percepção do toque nas superfícies têxteis beneficiadas (NIELSEN, 2011; BROEGA,

2007).

6ª etapa – Análise e apresentação dos resultados

Os resultados apresentarão da aplicação do produto X em relação o produto

Y e também em relação a mostra de referência. Mediante a apresentação,

interpretação e discussão das respostas descritas nas fichas de análise sensorial.

Os usuários compararão a sensação do toque nas: 3 peças de vestuário (shorts) da

amostra 1 e nas 3 peças de vestuário (shorts) da amostra 2.

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Capítulo 8

Resultados e discussões

Dois tecidos de composições diferentes foram secionados para esse teste. O

primeiro tipo de tecido foi identificado nesse estudo como Amostra 1 e o segundo

tipo de tecido como Amostra 2.

A Amostra 1 é um tecido plano “cru”, que apresenta composição 100%

algodão, produzido e cedido pela tecelagem TAVEX BRASIL. Essas informações

referente a estrutura do tecido escolhido foram apresentadas pelo fabricante e

podem ser melhor compreendidas através da definição de Chataignier (2006) sobre

os tecidos planos, onde explica que esse é um artefato construído pelo

entrelaçamento de fios, os quais formam um angulo de 90°.

A Amostra 2, descritas como substrato por Curso (2011), é um tecido jeans

azul que apresenta uma composição de 92% algodão 8% poliéster, produzido pela

Santana Têxtil e doado pela Bem Querer Confecções, empresa situada no bairro do

Salgado, em Caruaru-PE.

Os dois tipos de amostra, citados nos parágrafos anteriores, foram utilizados

para verificar o desempenho da substância selecionada para testar a

nanotecnologia; sendo a Amostra 1 uma recomendação do fabricante do produto X,

substância composto por uma nanoemulsão de silicone, e Amostra 2 uma escolha

aleatória desse estudo.

Para que fosse possível desenvolver uma análise comparativa dos resultados,

como a que foi descrita pela metodologia no capítulo 5 (LAKATOS; MARCONI,

2010), foi selecionada também outra emulsão de silicone que não continha

nanotecnologia e essa recebeu a identificação de produto Y.

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Apesar da grande variedade de produtos que poderiam ser empregadas no

início da fabricação de um tecido e que deveriam ajudar nesse processo de

melhoria, como a construção de tecidos com fibras que contém nanoporos as quais

reduzem significativamente a condutibilidade térmica do tecido e também as

aplicações de substância com nanopartículas de diferentes metais diminuem a

condutividade térmica da fibra e amplia a sua aplicação, descritas pelos autores

Dastjerdi, Montazer, Shahsavan (2010) e Wakamatsu (2009), a pesquisa encontrou

no processo de beneficiamento de vestuário uma forma de testar as vantagens que

a nanotecnologia pode oferecera aos artefatos têxteis; vantagens que, por exemplo,

foram descritos nos capítulos três e quatro desse estudo (CURSO, 2011).

Os testes foram realizados na lavanderia Nossa Senhora do Carmo, situada

no bairro do Salgado, em Caruaru-PE. Todos os equipamentos e produtos químicos

foram disponibilizados pela lavanderia e pela empresa PQT do Brasil.

Peças de vestuário (shorts) foram confeccionadas em triplicata com as

Amostras 1 e 2 de tecidos, a partir de uma modelagem básica, para serem

beneficiadas na lavanderia e utilizadas durante a análise sensorial tátil (Figura 4).

Figura 4 – Amostra 1 (peça localizada à esquerda) e Amostra 2 (peça localizada à

direita)

Fonte: Autora (2011)

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As peças confeccionadas com as Amostras 1 e 2 receberam identificações

que não tivera seus significados esclarecidos para os painelistas, pois isso poderia

influenciar de forma negativa o resultado dos testes.

Os shorts foram identificadas com o número da amostra referente ao tecido

utilizado na confecção e uma das três primeiras letras do alfabeto (A, B e C). Dessa

forma, a Amostra 1 teve suas peças identificadas como: 1A que foi utilizada como

amostra de referência, 1B e 1C. As peças da Amostra 2 foram identificadas como:

2A, que também foi utilizada como amostra de referência, 2B e 2C.

Os tecidos utilizados na confecção desses shorts são de alta densidade e

apresentava uma estrutura fechada, característica que pode ser atribuída por causa

da espessura da fibra utilizada durante a construção os dois tecidos utilizados. As

peças de referência continham resíduos de: resina química e goma natural, o que

aumenta a percepção de uma alta densidade, definida nesse estudo como grosseiro

(HARRIES; HARRIES, 1976).

Utilizando uma máquina lavadora Trinox (Figura 5) com capacidade de 10kg

as Amostras 1B e 1C foram desengomadas para a retirada da goma adicionada aos

fios durante o processo de tecelagem, permitindo que a superfície têxtil aumente o

seu potencial hidrofílico para facilitar a penetração dos produtos químicos que são

veiculados com água, que Curso (2011) definiu como tratamento molhado. A purga2

também fez parte da primeira etapa do beneficiamento das Amostras 1B e 1C para

que os resíduos e sujidade adquiridos durante o processo de estruturação do tecido

fossem removidos. A desengomagem e purga das Amostras 1B e 1C utilizou 300g

de peróxido de hidrogênio que além de alvejar o tecido conseguiu remover sujeiras,

óleos e graxas, 100g de metassilicato para estabilizar o uso do peróxido de

hidrogênio, 10g de umectante que também auxiliou o processo de alvejamento do

tecido, 50g de soda cáustica que equilibrou o ph da água, que poderia ter ficado

muito ácido e danificar o tecido (OLIVEIRA, 2008).

Num segundo processo de desengomagem, utilizou-se processo molhado

(CURSO, 2011), as amostras 2B e 2C também receberam produtos químicos para a

remoção da goma e foi utilizada a máquina apresentada na Figura 5, com o objetivo

semelhante ao da amostra 1. Contudo, as substâncias aplicadas nessas amostras

foram administras considerando a mistura e o tingimento característico do jeans

2 Etapa de beneficiamento realizada para eliminar resíduos de goma natural ou química existente no

tecido e limpar a úmido o tecido com grande carga de impurezas (CURSO, 2011).

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escolhido (OLIVEIRA, 2008; PEZZOLO, 2007; UDALE, 2009). Foram utilizados no

processo de desengomagem três produtos: desengomante (100g), ácido acético

(50g) auxiliar para o processo de limpeza das peças 2B e 2C, enzima ácida (20g).

Figura 5 – Máquina Lavadora Trinox

Fonte: Autora (2011)

Posteriormente, essas amostras foram encaminhadas para a etapa de

amaciamento onde, separadamente, foram tratadas com dois tipos de emulsão de

silicone: o produto Y, aplicado as peças 1B e 2B, e o produto X, aplicado as peças

1C e 2C, fazendo com que as peças apresentassem propriedades táteis melhoradas

e mais adequadas ao uso. Uma pistola de compressão Arprex (Figura 6) foi utilizada

para borrifar os amaciantes, quando as peças já estavam secas e ainda quentes, no

interior da máquina secadora Inequil (Figura 6). Para um melhor resultado, as peças

descansaram no interior desse equipamento durante 10 minutos.

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41

Figura 6 - Pistola de compressão Arprex (esquerda) e máquina secadora Inequil

(direita)

Fonte: Autora (2011)

Foi aplicado um teste de análise sensorial para identificar as melhorias

proporcionadas pela aplicação do produto X em relação ao produto Y nas peças

confeccionadas e também essa melhoria em relação às amostras de referência das

amostras 1 e 2. A avaliação das amostras foi realizada individualmente em um

ambiente reservado com cinco painelistas não treinados, quantidade que Nielsen

(2011) descreveu como suficiente para o primeiro teste de usabilidade, que foram

escolhidos aleatoriamente.

As fichas de avaliação foram entregues no início dos testes, junto à peça de

referência, contendo um questionário objetivo e padronizado, para que assim fosse

possível devolver uma análise comparativa dos resultados.

A peças da Amostra 1 foram as primeiras a serem avaliadas pelos painelistas,

entretanto, o toque dos painelistas nessas peças ocorreu individualmente e seguiu a

ordem alfabética das letras que identificou as peças da Amostras 1. Em seguida foi

testado as peças da Amostras 2, através do mesmo procedimento utilizado para

avaliar as peças do primeiro grupo de amostra.

A ordem que as peças foram entregues para as pessoas analisar as

propriedades uso perceptíveis pelo toque dos artefatos foi uma escolha associada a

evolução tecnológica contida nos diferentes tipos de produtos utilizados no

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beneficiamento, o que fez com que os entrevistados percebessem de forma mais

concreta os benefícios proporcionados pelo uso dos produtos X e Y.

As perguntas foram respondidas quando os entrevistados estavam usando as

peças (shorts) o que permitia a análise tátil do conforto; sensações semelhantes que

estão presentes no ato da escolha e/ou comprar de artefatos para o uso em contato

com a pele (PEZZOLO, 2007; BROEGA, 2007; HARRIES; HARRIES, 1976).

Posteriormente, os resultados da análise sensorial macroscópica,

apresentaram as características mais relevantes de cada peça beneficiada tendo

como referência a amostra confeccionada com tecido cru. Os resultados foram

associados às definições de propriedade de uso, que ajudou a interpretar as

melhorias táteis do tecido proporcionadas principalmente pela tecnologia contida no

produto X (PEZZOLO, 2007; BROEGA, 2007; HARRIES; HARRIES, 1976).

Diferentes terminologias relativas à propriedade densidade foram utilizadas

(grosseiro, leve e pesado) para identificar a sensações táteis, observadas durante o

uso das Amostras 1 e 2, quando faz-se a relação da aplicação dos produtos X e Y.

O uso de sinônimos referente à propriedade densidade teve o objetivo de construir

uma opinião mais consistente das melhorias proporcionadas pela aplicação da

substância que apresentava a tecnologia nano (produto X).

Analisando e interpretando os dados referentes à propriedade densidade,

tecido grosseiro foi a primeira sensação avaliada pelos painelistas, que apontaram

as peças de referência 1A como tecido grosseiro médio e 2A como pouquíssimo

grosseiro. As mudanças proporcionadas pelo amaciamento das peças 1B, 1C, 2B e

2C foram claramente percebida pelo usuário, como é possível observar nos Gráficos

1 e 2 que mostram as variações da intensidade das sensações táteis referente a

grosseiro atribuídas a todas as peças testadas.

O grau de grosseiro na peça 1C diminuiu consideravelmente após a utilização de

uma emulsão de silicone contendo nanotecnologia (produto X) quando comparado

as peças de peça crua 1A e a peça amaciada com o produto Y (1B) (Gráfico 1).

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Gráfico 1 - Relação de intensidade da característica (Grosseiro) e amostras 1.

No entanto, nas amostras 2B e 2C a sensação de tecido grosseiro aumentou

com aplicação dos produtos desenvolvidos com a tecnologia convencional e também

com a nanotecnologia como apresenta o Gráfico 2. As informações alcançadas com

a aplicação do produto X demonstraram que houve um bom resultado no

beneficiamento utilizando tecidos produzidos com fios 100% algodão (1C) e para os

tecidos mistos a tecnologia nano, durante a etapa de amaciamento, não se aplica

como apresentado no Gráfico 2.

Gráfico 2 – Relação intensidade da característica (Grosseiro) e amostras 2.

As alterações que aconteceu em cada peça, após os amaciamentos com o

produto X e Y são exemplo de como o beneficiamento pode melhorar ou até mesmo

acrescentar algumas características ao tecido, como descreve os autores Costa

(2008), Costa (2007) e Silva (2007). Essa também foi uma forma de observar um

dos tipos de desenvolvimento que ocorreu com as tecnologias relacionadas ao setor

têxtil, alegado por Pezzolo (2007) e Veillon (2004).

0

1

2

3

4

5

6

1A 1B 1C

Intensidade

1A - tecido cru 1B - tecnologia convencional 1C - nanotecnologia

0

1

2

3

4

5

6

2A 2B 2C

Intensidade

2A - tecido cru 2B - tecnologia convencional 2C - nanotecnologia

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Os termos, leve e pesado mostrados nos Gráficos 3, 4, 5 e 6 são resultados

que confirmam a análise apresentada acima para a característica de tecido grosseiro

para as amostras 1 e 2.

Gráfico 3 - Relação intensidade da característica (Leve) e amostras 1.

Gráfico 4 - Relação intensidade da característica (Pesado) e amostras 1.

0

1

2

3

4

5

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1A 1B 1C

Intensidade

1A - tecido cru 1B - tecnologia convencional 1C - nanotecnologia

0

1

2

3

4

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1A 1B 1C

Intensidade

1A - tecido cru 1B - tecnologia convencional 1C - nanotecnologia

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Gráfico 5 - Relação intensidade da característica (Leve) e amostras 2.

Gráfico 6 - Relação intensidade da característica (Pesado) e amostras 2.

O melhor toque adquirido pelo processo de beneficiamento também foi

observado, quando se utilizou os termos, macio e suave (BROEGA, 2007;

HARRIES; HARRIES, 1976). Analisando as fichas e os Gráficos 7 e 8 conclui-se

que as sensações de toque (maciez e suavidade) em relação a amostra de

referência (1A) apresentaram-se constante, referente as características de maciez e

suavidade, para peças 1B amaciada com o produtos Y, contudo, para a peça

beneficiada com o produto X essas sensações diminuíram. Enquanto que os

Gráficos 9 e 10 apresentam para a amostra 2 que foi amaciada com o produtos Y a

intensidade da sensações aumentaram e para a peça beneficiada com o produto X

essas sensações diminuíram.

0

1

2

3

4

5

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2A 2B 2C

Intensidade

2A - tecido cru

2B - tecnologia convencional

2C - nanotecnologia

0

1

2

3

4

5

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2A 2B 2C

Intensidade

2A - tecido cru 2B - tecnologia convencional 2C - nanotecnologia

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Gráfico 7 - Relação intensidade da característica (Maciez) e amostras 1.

Gráfico 8 - Relação intensidade da característica (Suavidade) e amostras 1.

Gráfico 9 - Relação intensidade da característica (Maciez) e amostras 2.

0

1

2

3

4

5

6

1A 1B 1C

Intensidade

1A - tecido cru 1B - tecnologia convencional 1C - nanotecnologia

0

1

2

3

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6

1A 1B 1C

Intensidade

1A - tecido cru 1B - tecnologia convencional 1C - nanotecnologia

0

1

2

3

4

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6

2A 2B 2C

Intensidade

2A - tecido cru 2B - tecnologia convencional 2C - nanotecnologia

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Gráfico 10 - Relação intensidade da característica (Suavidade) e amostras 2.

O resultado do amaciamento, em relação à peça de referência (1A), das

peças 1B e 1C com os produtos X e Y, respectivamente, apresentou uma pequena

diferença com relação à característica lisura, como mostra o Gráfico 11. No entanto,

a amostra 2 se manteve sem alteração para a característica lisura como está

apresentado no Gráfico 12 que mostra um resultado constante.

Gráfico 11 - Relação intensidade da característica (Lisura) e amostras 1.

Assim, é possível ainda observar que as propriedades relacionadas ao uso,

referente ao conforto de um artefato têxtil, poderiam ser melhoradas com o processo

de beneficiamento mais especifico para obter esse resultado, pois segundo Costa

(2008), Costa (2007) e Silva (2007) o beneficiamento é uma ferramenta que pode

melhorar a qualidade de um artefato têxtil.

0

1

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3

4

5

6

2A 2B 2C

Intensidade

2A - tecido cru 2B - tecnologia convencional 2C - nanotecnologia

0

1

2

3

4

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1A 1B 1C

Intensidade

1A - tecido cru 1B - tecnologia convencional 1C - nanotecnologia

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Gráfico 12 - Relação intensidade da característica (Lisura) e amostras 2.

A sensação de tecido resistente transmitida através do toque nas peças 1B e

1C teve sua análise realizada de forma empírica, tipo de julgamento ainda praticado

que exerce importante influência entre os consumidores e profissionais que

trabalham com tecido (BROEGA, 2007). Contudo, essa análise não apresentou

alterações significativas em relação à amostra de referência (1A) após a aplicação

dos diferentes produtos químicos, como foi observado no Gráfico 13, o qual

identificou que os artefatos confeccionados com tecido 100% algodão eram, em

geral, aparentam transmitir uma sensação muito alta de resistência, mesmo após os

beneficiamentos assim como os resultados apresentados pelas amostras 2 (Gráfico

14). Entretanto, a sensação de tecido resistente poderia ainda ser melhorada

através de outra tecnologia aplicada no processo de tecelagem, como a mistura com

fibras desenvolvidas com nanotecnologia (COLCHESTER, 2008; PEZZOLO, 2007).

0

1

2

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4

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2A 2B 2C

Intensidade

2A - tecido cru 2B - tecnologia convencional 2C - nanotecnologia

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2

3

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1A 1B 1C

Intensidade

1A - tecido cru 1B - tecnologia convencional 1C - nanotecnologia

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Gráfico 13 - Relação intensidade da característica (Resistência) e amostras 1.

Gráfico 14 - Relação intensidade da característica (Resistência) e amostras 2.

As melhorias referentes à sensação térmica das amostras 1 e 2, após a

utilização dos produtos X e Y foram comparadas através duas variáveis: frio e

quente.

Os painelistas associaram a variável frio a um tecido de toque gelado

conhecido por eles como “malha fria” e descreveram que as peça de referência 1A

apresentam um toque frio médio e 2A que não foi considerado um tecido frio. O uso

da nanotecnologia melhorou essa percepção para a peça 1C que apresentou um

aumento de intensidade para a sensação de frio. A peça 2C não apresentou melhora

nos resultados quando utilizada essa tecnologia. A amostra 2B que recebeu o

produto Y apresentou um aumento de intensidade considerável deixando-o mais frio

(Gráfico 15 e 16).

Gráfico 15 - Relação intensidade da característica (Frio) e amostras 1.

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2A 2B 2C

Intensidade

2A - tecido cru 2B - tecnologia convencional 2C - nanotecnologia

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1A 1B 1C

Intensidade

1A - tecido cru 1B - tecnologia convencional 1C - nanotecnologia

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Gráfico 16 - Relação intensidade da característica (Frio) e amostras 2.

A variável quente foi considerada pelos painelistas a mais adequada para

identificar se há transferência de calor entre o corpo e o ambiente com o uso da

roupa dos artefatos após serem beneficiados com os produtos X e Y, pois foi

possível perceber, através da ausência de perguntas sobre o significado para os

têxteis desse termo, que os entrevistados conseguiram entender que a variável

quente não permite que a pele respire, ou seja, artefatos quentes segundo Harries e

Harries (1976) apresentam elevada retenção térmica.

Os resultados da variável quente apresentaram um aumento bastante

significativo na capacidade de conduzir calor após a utilização dos produtos X e Y,

pois a característica quente foi reduzida ou tornou-se nula após a aplicação do

beneficiamento com nanotecnologia (Gráfico 17). Apesar desse mesmo valor de

intensidade não se repetir na (Gráfico 18), que apresenta os resultados dos testes

com tecido misto, foi possível com perceber também ótimos resultados após o uso

da nanotecnologia para amaciar tecidos. Os resultados apresentaram uma situação

diferente da descrita por Wakamatsu (2009), qual teve em suas pesquisas o objetivo

inverso, que seria diminuir a condutibilidade térmica do artefato têxtil.

0

1

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3

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2A 2B 2C

Intensidade

2A - tecido cru 2B - tecnologia convencional 2C - nanotecnologia

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Grádico 17 - Relação intensidade da característica (Quente) e amostras 1.

Gráfico 18 - Relação intensidade da característica (Quente) e amostras 2.

Apesar dos painelistas vestirem o artefato durante o período que estavam

avaliando e respondendo o questionário, o qual levou aproximadamente 5 minutos,

para maioria desses painelistas os tecidos não causaram irritação à pele e também

não houve nenhuma alteração na intensidade do potencial alergênico para as

amostras 1 e 2, mesmo após os beneficiamentos.

Baseado nos resultados apresentados o investimento em nanotecnologias

pode melhorar os artefatos têxteis. A união de características de utilidade e conforto

0

1

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1A 1B 1C

Intensidade

1A - tecido cru 1B - tecnologia convencional 1C - nanotecnologia

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2A 2B 2C

Intensidade

2A - tecido cru 2B - tecnologia convencional 2C - nanotecnologia

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(PEZZOLO, 2007; BROEGA, 2007; HARRIES; HARRIES, 1976) demonstram como

essa melhora ocorreu, além de ser um exemplo diferente dos apresentados no

capítulo 4 e também mais acessível aos confeccionistas da cidade de Caruaru-PE,

por ser distribuído por uma empresa que já trabalha na região. Contudo, novas

tecnologias obtidas através da pesquisas sobre nanotecnologia ainda necessitarão

ser aprimoradas, para que possam desenvolver novas composições, relacionadas

aos aspectos que tornam o uso do artefato têxtil, mais eficientes, (DURAN,

MATTOSO, MORAIS, 2006; CUNHA, 2008; SCHULZ, 2009). Todavia, assim como

Colchester (2008) descreveu, essa é uma tecnologia promissora que cada vez mais

possibilita aos profissionais atender as necessidades e os desejos de seu público,

além de melhor os produtos têxteis naturais, como demonstra os resultados

referentes à sensação térmica da amostra 1C, nos Gráficos 15, 16, 17 3 18 que

apresentam o vestuário fabricado com uma fibra de tecido respirável e pouco quente

passou a ser mais agradável do que era originalmente.

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Capítulo 9

Conclusões A pesquisa demonstrou, através dos resultados da análise sensorial tátil das

amostras amaciadas, que a nanotecnologia pode melhorar o desempenho dos

artefatos têxteis e que o uso dessa tecnologia no final do processo de produção de

roupas é um meio de fácil acesso para as confecções. Todavia, a substância

contendo nanoemulsão, utilizada no amaciamento do tecido, ainda possui aplicação

bastante específica, como foi possível concluir devido a alguns resultados pouco

satisfatórios.

Dessa forma, conclui-se que investimentos científicos em nanotecnologia, a

qual pode ser aplicada em diversas áreas do conhecimento, já é um fato

apresentado e publicado por muitas instituições de ensino e laboratórios de

pesquisa, pois a nanotecnologia têm por objetivo agregar valor ou desenvolver

novos produtos e por isso é de suma importância que o setor têxtil continue investido

em estudos sobre nanociência e nanotecnologia.

Conclui-se também que, a nanotecnologia, quando aplicada à produção de

têxteis no momento que estão sendo fiados e/ou tecidos, o resultado será um artigo

que apresenta as características de conforto bastante elevadas além de torná-lo

funcional, seguro, útil e proporcionando uma elevada usabilidade; que são

características sensoriais desejadas no cotidiano de um dia de trabalho e/ou de

momentos de lazer. Outra importante informação obtida com esse estudo é que os

beneficiamentos terciários são uma alternativa para melhorar sensorialmente os

produtos têxteis. Lavanderias e tinturarias industriais já utilizam a tecnologia nano

para muitas das etapas de lavagem, no entanto, o investimento financeiro em

equipamentos e produtos químicos torna-se uma limitação tendo em vista que o

custo investido é repassado para o serviço prestado e para as peças de vestuário.

Assim, investir nas tecnologias pode indicar um diferencial durante o processo

produtivo de vestuário que deverá oferecer ao setor têxtil artefatos destinados a

suprir as necessidades de diversos grupos de consumidores, com hábitos e anseios

diferentes, tendo em vista que as “roupas do futuro” serão capazes de interagir com

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seus usuários, com as pessoas ao seu redor e quando expostos a luz, ao som, a

diferentes temperaturas dentre outros estímulos. O que reforça a hipótese que cada

vez mais barreira entre a imaginação, criação e construção de artefatos não existirão

graças a nanotecnologia e que, inevitavelmente serão transformadas em um artigo

de moda, como é possível observar em algumas soluções já disponíveis no

mercado.

Os designers têxteis e de moda podem buscar na interdisciplinaridade os

conceitos e aplicações da nanotecnologia para conceber novas idéias e criar novos

produtos com referência nas necessidades de seu público-alvo os quais utilizam a

melhora significativa das qualidades sensoriais dos produtos de vestuário tornar a

sensação do toque como um elemento que definirá o consumo e a usabilidade das

roupas.

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Apêndice

Data ____/____/_______ Local da Pesquisa: ______________________ Idade:

_______

Obs.: Para fazer as análises das amostras é importante que o entrevistado vista os shorts três minutos antes de começar a responder as perguntas.

Análise as amostras segundo as características sugeridas pela tabela, as quais

devem ser associadas a um grau de intensidade, onde: 0 – nenhum; 1 – pouco; 2- regular; 3 – bom; 4 – excelente; 5 – perfeito.

Amostra 1B

Características Intensidade

Grosseiro 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Maciez 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Leve 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Pesado 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Resistente 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Frio 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Quente 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Causa irritação a pele 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Suavidade 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Lisura 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Amostra 1A

Características Intensidade

Grosseiro 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Maciez 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Leve 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Pesado 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Resistente 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Frio 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Quente 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Causa irritação a pele 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Suavidade 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Lisura 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Amostra 3C

Características Intensidade

Grosseiro 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Maciez 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Leve 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Pesado 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Resistente 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Frio 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Quente 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Causa irritação a pele

0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Suavidade 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Lisura 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

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Amostra 2A

Características Intensidade

Grosseiro 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Maciez 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Leve 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Pesado 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Resistente 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Frio 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Quente 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Causa irritação a pele 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Suavidade 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Lisura 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Amostra 2B

Características Intensidade

Grosseiro 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Maciez 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Leve 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Pesado 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Resistente 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Frio 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Quente 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Causa irritação a pele 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Suavidade 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Lisura 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5

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Anexo I

Informação Técnica PQT do Brasil Solusoft® SE1 Oil líquido

[ ex-Sandoperm SE1 Oil líquido ]

O óleo de silicone diferenciado

Campo de aplicação Amaciante especial para aplicação por:

· foulardagem, com ou sem agentes/resinas reticulantes;

· esgotamento.

·

Solusoft SE1 Oil líquido é um novo desenvolvimento na área da química de

silicone. Trata-se de um óleo amino-funcional, auto-emulsionável. Pela primeira vez,

os emulsionantes são ligados à cadeia de silicone por pontes co-valentes (processo

patenteado pela Clariant), proporcionando ao produto propriedades muito especiais.

O produto é emulsionado por simples agitação, sem necessidade de

recipientes e misturadores especiais ou emulgadores adicionais. Solusoft SE1 Oil

líquido transforma-se numa nano-emulsão, ou seja, uma emulsão de partículas

extremamente finas. Devido a esta propriedade particular, pode-se falar de uma

«solubilidade micelar» em água. O resultado é uma estabilidade extraordinária da

emulsão. Testes executados com alta força de cisalhamento e com valores pH até 9

não apresentaram nenhum problema de estabilidade. O fato permite uma alta

reprodutibilidade dos acabamentos, mesmo em casos onde o pH é deslocado para

regiões mais altas, p.ex. pelo arraste de álcalis de processos anteriores, uma

vantagem apreciável em comparação às emulsões de silicone convencionais no

mercado atual.

Solusoft SE1 Oil líquido é um óleo de silicone altamente concentrado, com

um teor de substância seca de 96%. Graças às qualidades extraordinárias desse

produto, o usuário tem a possibilidade de obter emulsões feitas «sob medida» para

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suas exigências, do ponto de vista da concentração. É perfeitamente possível

preparar emulsões-mãe de 5 a 30 %. Por outro lado, o produto pode ser adicionado

diretamente ao banho de acabamento, na forma concentrada.

Solusoft SE1 Oil líquido pode ser aplicado sobre todos os tipos de fibras, como

algodão, viscose, modal, tencel, poliamida, poliéster e suas misturas.

As nano-emulsões, preparadas de Solusoft SE1 Oil líquido, e os

acabamentos realizados com esteproduto destacam-se pelas seguintes

propriedades:

• Solusoft SE1 Oil líquido proporciona aos tecidos e malhas um novo

toque característico, muitomacio e natural. O toque pode ser

classificado como «refrescante e seco».

• Sobre fibras de poliéster/viscose ou modal podem ser imitados efeitos

de toque semelhantes à lã.

• Sobre tecidos e malhas sintéticos pode-se alcançar um toque de seda

(muito macio e seco).

• Proporciona ao material têxtil uma excelente hidrofilidade, resistente à

lavagem.

• Nenhum amarelecimento de materiais têxteis tratados com

branqueadores ópticos.

• Aplicação flexível: apropriado para processo por foulardagem ou

esgotamento.

• Estável com agentes/resinas reticulantes e catalisadores nos banhos

de acabamento.

• Em combinação com Hydroperm® SRHA líquido, sobre poliéster e

suas misturas, pode-se alcançar acabamentos extremamente

hidrófilos, com propriedades de desprendimento de impurezas («soil-

release») resistentes à lavagem, permitindo o transporte de umidade e

toque de seda.

• Aplicação na região fracamente ácida, porém perfeitamente estável

sobre uma larga faixa de pH.

• Estabilidade de processamento/cisalhamento extraordinariamente alta,

testada até ao valor pH 9.

• Estável à dureza d´água.

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• Perfeitamente apropriado para sobre estampagem.

• Embora uma secagem excessiva não seja prejudicial, recomenda-se

realizar ensaios prévios para cada caso.

• Na maioria dos casos, os efeitos de acabamento são resistentes à

lavagem.

• Produto totalmente isento de solventes. Inodoro.

• Perfeitamente apropriado para a aplicação em combinação com outros

amaciantes.

1 Propriedades

Aspecto: líquido viscoso, incolor até levemente amarelado.

Caráter químico: óleo de silicone amino-funcional, auto-emulsionante.

Teor de matéria seca: aprox. 96%.

Caráter iônico: catiônico.

Densidade: aprox. 1,0 g/cm³ a 20°C.

Valor pH: 4,0 a 4,5 - emulsão aquosa a 25%.

Solubilidade: emulsionável com água. Qualquer emulgador é desnecessário.

Preparações pré-emulsionadas podem ser diluídas com água fria em qualquer

proporção.

Compatibilidade: compatível com praticamente todos os produtos aplicados no

acabamento têxtil.

Material têxtil branco: perfeitamente apropriado.

Influência sobre tingimentos:

· tonalidade · características de solidez praticamente sem nenhuma influência. · termomigração

Estabilidade na armazenagem: boa, durante aprox. 6 meses na embalagem original

lacrada e a temperaturas normais de armazenagem (5 a 40°C). Temperaturas acima

de 50°C devem ser evitadas.

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Congelamento: o produto não é resistente ao congelamento. Dados de segurança: Dados ecológicos: vide Folha de Dados de Segurança. Dados toxicológicos: 2 Aplicação

2.1 Preparação de emulsões prontas para uso

Solusoft SE1 Oil líquido permite a preparação de emulsões aquosas, contendo 5 a

30%. Emulsões acima de 30% de Solusoft SE1 Oil líquido resultam em

viscosidade muito alta.

2.1.1 Procedimento

Encher com água (mesmo água dura) um recipiente apropriado, com misturador

mecânico, até ao volume desejado (descontando-se o peso ou volume de Solusoft

SE1 Oil líquido e o volume de ácido acético a serem adicionados).

Ligar o misturador. Deve-se observar que, na medida do possível, não seja

introduzido ar no líquido.

Adicionar, lentamente, o Solusoft SE1 Oil líquido.

Após a emulsão completa do óleo auto-emulsionante adicionar.

3,5% de ácido acético 60% em relação à quantidade de Solusoft SE1 Oil líquido. A

nano-emulsão límpida está formada.

Continuar misturando durante mais 5 a 10 minutos.

Controlar o valor pH. Exigência: pH 4,0 a 4,5.

Se necessário, adicionar agente conservante, sob agitação, a fim de inibir

interferências bacteriológicas, durante a armazenagem. A emulsão está pronta.

2.1.2 Exemplo para a preparação de uma nano-emulsão a 25% com Solusoft

SE1 Oil líq.

74,125 litros água: colocar num recipiente apropriado. Adicionar lentamente,

sob agitação:

25,000 kg Solusoft SE1 Oil líquido. Após a complementação do processo

de homogeneização, adicionar sob agitação:

0,875 litros ácido acético 60%.

100,000 kg nano-emulsão a 25%, pronta para uso.

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2.2 Preparação direta de um banho de acabamento

A preparação direta de um banho de acabamento, contendo Solusoft SE1 emulsão

a 25%, é perfeitamente viável. A preparação pode ser realizada diretamente na

máquina de acabamento ou na cozinha central do setor de acabamento.

2.2.1 Procedimento

Adicionar primeiramente aprox. 2/3 do volume total da água necessária.

Adicionar, sob agitação mecânica, a quantidade necessária de Solusoft SE1

emulsão a 25%.

Após a homogeneização completa, adicionar, sob agitação, 3,5% de ácido acético

60%, calculados sobre a quantidade de Solusoft SE1 emulsão a 25%.

Em seguida, se exigido, adicionar, sob agitação, os demais produtos químicos, p.ex.,

reticulantes, amaciantes e catalisador.

Completar com água até ao volume final. O banho, assim preparado, pode ser

diretamente aplicado.

2.2.2 Quantidades de aplicação

As quantidades de aplicação variam em dependência do material têxtil e do efeito

desejado.

Geralmente, trabalha-se com quantidades de:

2 a 10 g/L Solusoft SE1 Oil líquido, correspondente a

8 a 40 mL/L Solusoft SE1 emulsão a 25% (nano-emulsão).

2.3 Exemplos de receitas

2.3.1 Amaciamento com efeito hidrofilizante (exemplo de uma formulação

baseada numa nanoemulsão prévia de Solusoft SE1 Oil líquido)

Material têxtil: Tecido ou malha de poliéster 100%

20 a 30 g/L Hydroperm SRHA líquido

20 a 30 mL/L Solusoft SE1 emulsão a 25% (1)

Foulardar, absorção de banho (pick-up) 40 a 60%.

Secar a 120/130°C.

2.3.2 Acabamento hidrófilo com resina (exemplo de uma preparação direta)

Material têxtil: Tecido de algodão para camisaria, tingido ou branco

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Receita: 75 litros água. Adicionar sob agitação:

800 gramas Solusoft SE1 emulsão a 25%. Homogeneizar até a

emulsão completa. Adicionar sob agitação:

30 gramas ácido acético 60%. Adicionar sob agitação:

4 kg Hydroperm RPU líquido,

3,5 kg Ceralub® NVJ.BR líquido,

4 kg Arkofix® NFLB líquido conc.,

0,4 kg cloreto de magnésio hexahidratado e

x litros água para completar a 100 litros.

100 litros banho de acabamento pronto