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Índice das partes desta matéria Parte I - As Origens e os Significados Parte II - A morte de Euronymous Parte III - A campanha de mentiras Parte IV - O Burzum na Noruega Parte V - Satanismo Parte VI - A Música Parte VII - O Fantasma Nazista Parte VIII - Por Caminhos Pedregosos Parte IX - O Amanhã Parte X - Entrevista com Varg Vikernes Parte XI - Aves Voando Juntas Parte XII - Belus Parte XIII - Logos Parte XIV - Para sempre indomado Parte XV - Sempre em uma fantasia Parte I - As Origens e os Significados Como este é um website do Burzum, acredito que Você tenha um certo interesse pelo Burzum, então contarei a Você algumas coisas sobre o Burzum que nunca foram ditas antes. Todas as bandas têm uma origem, um começo e uma razão de existir. Então começarei dizendo a Você por que o Burzum surgiu e também por que terminou da maneira que terminou.

Biografia Burzum

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Biografia Burzum

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  • ndice das partes desta matria

    Parte I - As Origens e os Significados

    Parte II - A morte de Euronymous

    Parte III - A campanha de mentiras

    Parte IV - O Burzum na Noruega

    Parte V - Satanismo

    Parte VI - A Msica

    Parte VII - O Fantasma Nazista

    Parte VIII - Por Caminhos Pedregosos

    Parte IX - O Amanh

    Parte X - Entrevista com Varg Vikernes

    Parte XI - Aves Voando Juntas

    Parte XII - Belus

    Parte XIII - Logos

    Parte XIV - Para sempre indomado

    Parte XV - Sempre em uma fantasia

    Parte I - As Origens e os Significados

    Como este um website do Burzum, acredito que Voc tenha um certo interesse pelo

    Burzum, ento contarei a Voc algumas coisas sobre o Burzum que nunca foram ditas

    antes. Todas as bandas tm uma origem, um comeo e uma razo de existir. Ento

    comearei dizendo a Voc por que o Burzum surgiu e tambm por que terminou da

    maneira que terminou.

  • Uruk-Hai (por John Howe)

    Em 1988 ou 1989, quando j estava tocando guitarra havia um ou dois anos, fundei uma

    banda chamada Kalashnikov, juntamente com dois outros caras. Ns batizamos a banda

    de Kalashnikov porque, entre outras coisas, esse era o nome de meu fuzil de assalto

    favorito. Eu costumava jogar RPGs (Role-Playing Games) e, quando estvamos jogando

    "Twilight 2000", eu sempre equipava meu personagem com uma AK-74 (Avtomat-

    Kalashnikov 74). Mas eu tambm jogava RPGs estilo fantasia, como AD&D ("Advanced

    Dungeons And Dragons") e MERP ("Middle-Earth Role-Playing") com regras GM

    ("Game Master"), ento eu fui muito influenciado pelo fantstico mundo da Terra-Mdia.

    Por causa disso, uma de nossas msicas foi chamada de "Uruk-Hai" e logo mudamos o

    nome da prpria banda para Uruk-Hai. No me lembro da letra daquela msica, mas no

    acho que era muito profunda ou avanada (o refro era: "Uruk-Hai! You will die" [N.:

    Voc vai morrer] , ou algo parecido...). "Uruk-Hai" , como a maior parte dos fs de Burzum devem saber, o nome dos "High-Orcs" de Sauron, e sua traduo "Raa dos

    Orcs", e vem da Lngua Negra, o idioma de Mordor.

    Na minha interpretao de adolescente eu sempre via os Hobbits como crianas ou

    simplesmente personagens maantes. Os anes me lembravam porcos capitalistas

    gananciosos e eram tambm muito maantes. Suas regras eram legais e Moria era um

    lugar maravilhoso, mas eu odiava a ganncia deles e, alm de tudo isso, quem que deseja ser pequeno? Os elfos eram fascinantes, belos e, principalmente, sua imortalidade

    e proximidade da natureza eram caractersticas interessantes, mas eles eram um pouco

    burros e lutavam pelo lado errado. Ento eu senti uma atrao natural por Sauron, que era

    a pessoa que, antes de tudo, dava ao mundo aventura, adversidade e desafios. Seu Olho,

    seu Anel e a torre de Barad-Dur so atributos similares aos de Odin [N.: Deus dos deuses

    na mitologia nrdica]. O Olho de Sauron era como o Olho de Odin, o Anel de Sauron era

    como o Anel de Odin, Draupnir ("O Emissor"), e Barad-Dur era como o trono de Odin,

    chamado Hliskjlf ("Local de Rituais Secretos"). Seus Uruk-Hai e Olog-Hai ("Raa dos

    Trolls") eram como guerreiros vikings, os Warges eram como lobisomens criados por

    Odin, e assim por diante. Eu podia me identificar facilmente com a fria das foras das trevas e me satisfazia com a sua existncia, porque eles tornavam um mundo pacfico e chato mais perigoso e interessante.

  • Eu cresci lendo tradicionais contos de fadas escandinavos, nos quais deuses pagos eram

    apresentados como criaturas malignas, como "trolls" e "goblins", e todos sabemos como a Inquisio transformou Freyr (Cernunnos/Dionsio/Baco et cetera) [N.: Deuses

    associados fertilidade e aos prazeres] em "Sat". Tolkien no foi melhor do que eles.

    Ele transformou Odin, Sauron e meus ancestrais pagos nos guerreiros Uruk-Hai. Para

    mim, as foras das trevas atacando Gondor eram como os Vikings atacando a Frana crist de Carlos Magno, as foras das trevas atacando Rohan eram como os Vikings atacando a Inglaterra crist. E devo acrescentar que os vikings acabaram perdendo essas

    batalhas, assim como Sauron e os orcs no me importo em apoiar o lado derrotado. Eu sempre acreditei que deveria fazer o que achava certo, apesar das conseqncias e, se eu

    estivesse lutando por uma causa perdida, isso no me importava. Eu prefiro morrer

    lutando pelo que acredito a viver por qualquer outra causa.

    Entretanto, ele no usou apenas a lngua dos vikings e as lnguas nrdicas para criar os

    orcs e seu idioma. A palavra "Orc" , na verdade, o nome de uma tribo que viveu na

    Esccia em tempos remotos, nas Ilhas Orkney (tambm conhecidas como rcadas). "Orc"

    uma palavra do idioma galico que, at onde sei, significa "javali". Os cultos guerreiros

    das tribos nativas das Ilhas Britnicas provavelmente usaram javalis da mesma forma que

    os cultos guerreiros escandinavos dos berserks [N.: Algo como guerreiros implacveis] e dos lobisomens usavam javalis e lobos. Os "Orcs" eram parte de um grupo de tribos

    conhecido desde a era romana at a poca dos vikings como Pictos ("Aqueles que se

    pintam").

    Portanto no chega a surpreender que um ingls catlico como Tolkien tivesse usado,

    entre outros, Brbaros escoceses loucos, ruivos e que brandiam pesadas espadas e berserkers escandinavos furiosos, que queimavam igrejas como modelos para alguns de seus viles e, por causa disso, eu me senti mais atrado para esses viles do que para

    os mocinhos. Eu tinha pouco em comum com personagens cristos, como os cavaleiros ingleses de Rohan ou o povo francs de Gondor. Eu tinha pouca admirao por um santo como Aragon. Mesmo os elfos eram como estrangeiros, j que Tolkien usou o finlands quando criou a lngua deles e usou os finlandeses como modelo quando os criou.

    Eles realmente tm muito em comum com os Elfos, j que vivem no que basicamente

    uma grande floresta (Finlndia), a leste das montanhas escandinavas (As Montanhas Cinzentas). Antes eles viviam no norte da Rssia, na vasta floresta ("Myrkwood", [Negra]) a oeste dos montes Urais. Eles tambm tm boa aparncia (so loiros) e, como

    os elfos, so um pouco quietos, melanclicos, diferentes e distantes. Misteriosos, por

    assim dizer. Para mim, a linguagem dos elfos soa estrangeira e incompreensvel assim como o finlands incompreensvel enquanto o idioma dos orcs e a Lngua Negra obviamente foram baseados no idioma de meus ancestrais. Ento Uruk-Hai foi uma

    escolha lgica para o nome da banda.

    O baterista e o baixista do Uruk-Hai eram pessoas que encontrei mais ou menos por

    coincidncia. Eu j tinha encontrado o baterista antes, quando tnhamos (mais ou menos)

    uns 12-15 anos e ele apontou um revlver Magnum .375 carregado para minha testa na

    noite de Reveillon, porque ele achava que eu havia chamado ele de gorducho (uma tima desculpa para apontar uma arma para a cabea de algum, claro...). Eu no tinha

    chamado ele, e sim seu amigo, de gorducho e contei pra ele e foi isso o que aconteceu. Hm, okay, ele disse, e saiu sem mais problemas (h, h). Seu interesse em tocar msica era, eu acho o normal ou seja, ter sexo, droga e rocknroll. O outro cara do Uruk-Hai tocava baixo s pra dar umas transadas ele era, em outras palavras, um

  • "rock'n'roller" estereotpico. O ideal seria que ele tivesse tocado guitarra, j que os

    guitarristas so, por alguma razo bizarra, mais populares com as garotas, mas ele nem

    conseguia tocar o baixo, ento...

    Em 1989 encontrei os caras do Old Funeral, que eram msicos excelentes e srios, e

    abandonamos o projeto Uruk-Hai. Os outros dois membros do Uruk-Hai j estavam

    brigando por uma garota e, por isso, paramos de ensaiar, ento no foi difcil acabar com

    o Uruk-Hai. Eu toquei com o Old Funeral por dois anos e, nessa poca, o Old Funeral

    deixou de ser uma banda Techno-Thrash bem legal e virou uma banda de Death Metal

    chata. Isso no foi minha culpa, porque eles j tinham mudado do Techno-Thrash pro

    Death Metal quando me juntei a eles. Essa foi a razo pela qual deixei o Old Funeral, j

    que eu queria tocar meu prprio tipo de msica, algo mais original e pessoal do que aquilo

    que tocvamos no Old Funeral naquela poca (1989-1991).

    (Voc deve ter notado como o nome era idiota: Old Funeral. Mas, a favor deles, devo

    dizer que acho que eles se chamavam originalmente apenas Funeral. Ento descobriram

    que outra banda tambm se chamava Funeral, mas eles j tinham usado aquele nome antes

    da outra banda Funeral, ento eles mudaram para Old Funeral. Eles eram, em outras

    palavras "the old Funeral" [N.: o velho Funeral], e no Old Funeral, ento o nome no to idiota como parece primeira vista).

    Ao invs de reiniciar o projeto Uruk-Hai, eu mudei o nome e decidi fazer tudo sozinho,

    embora tenha usado alguns riffs do Uruk-Hai. Eu no queria tocar ao vivo e meus motivos

    para tocar msica eram bem diferentes da tradicional motivao rocknroll. Enquanto tocava no Old Funeral eu mantive meu interesse por RPGs e ainda era muito influenciado

    pela magia da fantasia. Acho que j disse antes que o conceito do Burzum baseava-se o

    ocultismo, mas o mais correto a dizer que se tratava de um conceito mgico, ou um

    conceito construdo sobre a magia fantstica. Tudo que se referia ao Burzum no era deste

    mundo, at o nome.

    Como eu disse antes, quando os cristos chamaram os deuses de meus ancestrais de

    demnios, "trolls", "goblins" e tudo o que era considerado maligno, eu naturalmente me senti atrado por tudo que era visto como maligno pelos cristos. Essa uma reao um pouco imatura, talvez, mas eu era adolescente, ento no via problema algum. Eu

    ainda tinha essa atitude em 1991, e Uruk-Hai era um excelente nome, mas eu sentia que

    estava comeando tudo de novo, ento eu precisava tambm de um novo nome. Como a

    grande parte dos fs de Tolkien deve saber, "burzum" uma das palavras que esto

    escritas em Lngua Negra no Anel de Sauron. Se bem me lembro, a ltima sentena "ash

    nazg durbabatuluk agh burzum ishi krimpatul", que significa "um anel para atrair todos

    eles e uni-los atravs da escurido". A escurido dos cristos era, claro, minha luz. Portanto, para mim foi natural usar o nome Burzum.

    Muitas bandas (exceto Old Funeral, claro ) tinham nomes ingleses maneiros, como Immortal, Mayhem, Darkthrone, Destruction, Celtic Frost, Enslaved, Pestilence, Paradise

    Lost, Morbid Angel, Death, e assim por diante. Eu no queria isso e essa foi uma das

    razes que me levaram a escolher os nomes Uruk-Hai e depois Burzum. Naquela poca

    antes do lanamento dos filmes da srie Senhor dos Anis dirigidos por Peter Jackson seu significado era praticamente solis sacerdotibus: s os iniciados, por assim dizer, sabiam o que significava. Somente pessoas que tinham um interesse especial no mundo

    de Tolkien sabiam, e isso era legal era assim que eu pensava. Isso permitia que os

  • ouvintes se sentissem especiais e percebessem que Burzum era feito especialmente para

    eles (e era).

    A idia por trs do Burzum no era somente fazer msica original e pessoal, mas tambm

    criar algo novo um pouco de escurido num mundo luminoso, seguro e maante demais. Diferentemente de 99% de todos os msicos, eu no tocava msica para me tornar

    famoso, ganhar dinheiro e dar umas transadas. Eu no tinha interesse em fama ou dinheiro

    e minha viso sobre as mulheres era muito ingnua e romntica, uma viso quase

    medieval (ou de um mundo de fantasia) sobre as mulheres, ento eu no tinha nada alm

    de desprezo pela atitude estpida sexo, drogas e rocknroll do resto do pessoal do metal. Ao invs disso, minha motivao era um desejo de experimentar a magia e tentar

    criar uma realidade alternativa usando a magia. Se o poder espiritual de muitas pessoas pode ser reunido em um pote, ou transferido atravs de um objeto ou ser mgico (em noruegus chamamos isso de fylgja ["seguidor", "esprito guardio"]), ele poderia ser

    usado para criar algo real. Isso um pensamento puramente mgico e, ao invs de ser

    baseado em ocultismo baseado em magia e fantasia e isso algo sobre o qual interessante pensar. Burzum foi criado para ser esse pote, a arma mgica (ou se Voc

    preferir, o anel mgico), por assim dizer. Devo enfatizar (no caso de Voc pensar que

    acabei de descrever tudo que se passava em minha mente) que esse era um projeto

    experimental que tomava apenas parte de meu tempo, j que eu tambm fazia outras

    coisas na vida (como me preparar para uma guerra de guerrilha no caso de uma invaso

    da Noruega pelos EUA... ).

    Se as pessoas soubessem que o Burzum era apenas a banda de um adolescente, isso

    poderia arruinar a magia e, por essa razo, eu achei que precisava permanecer annimo.

    Ento eu adotei um pseudnimo, Count Grishnackh, e usei uma foto minha que no

    parecia nem um pouco comigo no lbum de estria, para fazer o Burzum parecer mais

    estranho e confundir as pessoas. E devo acrescentar que a entrevista que gerou todas

    aquelas manchetes em janeiro de 1993 tambm foi feita anonimamente e nunca deixei

    jornal algum usar meu nome ou minhas fotos at tempos depois, quando j era tarde

    demais para permanecer annimo. No era minha inteno tornar-me famoso (ou

    infame...) e, at quando usaram meu nome verdadeiro na poca, Kristian (do grego "Kristos", que significa "Cristo") Vikernes, ao invs de meu pseudnimo, fiquei

    horrorizado e isso foi o que realmente pesou na balana e me fez mudar meu nome legalmente. Eu nunca deixaria a magia do Burzum ser arruinada por algo assim...

    Ento quando arruinaram minha condio de annimo eu tive que abandonar essa idia e

    parei de usar o pseudnimo. Eu queria que o Burzum fosse famoso, no eu, mas isso

    obviamente no funcionou do jeito que eu havia planejado.

    Como as pessoas envolvidas com o assunto j sabem, magia tudo relacionado a

    imaginao, simbolismo, visualizao e fora de vontade. Se Voc imaginar algo

    acontecendo em Sua mente, Voc far tal coisa acontecer isso , se a Sua fora de vontade for suficientemente forte ou se Voc possuir poder espiritual suficiente. Se um objeto simboliza um certo poder, ele se torna tal poder. por isso que nossos antepassados

    entalharam runas em rochas e pedaos de madeira, porque as runas simbolizavam certos

    poderes. Isso tambm explica porque os solstcios [N.: 21 ou 23 de junho (solstcio de

    inverno no hemisfrio sul e de vero, no hemisfrio norte)] e os equincios [N.: Momento

    em que o Sol, em seu movimento anual aparente, corta o equador celeste, fazendo com

    que o dia e a noite tenham igual durao. Ocorre em 20 ou 21 de maro e 22 ou 23 de

  • setembro] de inverno e de vero so to importantes, porque eles simbolizam eventos

    especiais, que so descritos em nossa mitologia. E por isso tambm que comeamos a

    usar bijuterias, porque os diferentes metais e pedras simbolizavam diferentes poderes no

    universo.

    Burzum deveria ser tal smbolo. Burzum era uma tentativa de criar (ou recriar, se Voc preferir) um passado imaginrio, um mundo de fantasia que, por sua vez, era baseado em nosso passado Pago. O prprio Burzum era um feitio. As msicas eram como

    feitios e os lbuns eram elaborados de maneira especial, para fazer os feitios

    funcionarem. O Burzum no foi concebido para shows ao vivo e sim para ser escutado

    noite, quando os raios de sol no podiam vaporizar o poder da magia e quando o ouvinte

    estivesse sozinho de preferncia em sua cama, prestes a dormir. Os primeiros dois lbuns foram feitos para o formato LP, o que significa que cada lado um feitio, portanto

    eles no funcionam em CD, a menos que voc programe o CD player para tocar somente

    as faixas de um lado do LP de cada vez. J os ltimos lbuns foram criados para CD,

    portanto eles no funcionam to bem em LP. A primeira faixa serve para acalmar ou

    preparar o(a) ouvinte e torn-lo(a) mais suscetvel magia, as msicas seguintes levam o(a) ouvinte exausto e colocam-no(a) em um estado de transe e a ltima faixa acalma o(a) ouvinte e leva-o(a) para o mundo de fantasia quando ele ou ela adormeceria. Esse era o feitio, a magia que tornaria o passado imaginrio, o mundo de fantasia, real (na

    mente do(a) ouvinte). Se Voc analisar os lbuns do Burzum e como eles so feitos, Voc

    entender o que quero dizer. A ltima faixa do feitio (no lado do LP ou no CD) sempre uma faixa calma (muitas vezes de sintetizador). Se isso funciona ou no ,

    obviamente, outra questo, mas essa era a idia.

    A arte grfica dos dois primeiros lbuns foi inspirada por um mdulo do AD&D (1

    edio) chamado "The Temple Of Elemental Evil", e as artes grficas do terceiro e do

    quarto lbum foram inspiradas por tradicionais contos de fada escandinavos. Eu nunca

    cheguei a ler livro algum sobre Satanismo, ento aqueles que acreditam que fui

    influenciado pelo Satanismo esto simplesmente enganados. Embora eu tenha dito que

    era satanista durante um curto perodo de 1992, eu nunca fui um satanista. Na verdade,

    apenas usei o termo para provocar as pessoas e marcar minha hostilidade com relao ao

    Cristianismo e enfatizar a necessidade de escurido no mundo (j que luz demais no ilumina nossos caminhos e nos aquece e sim cega nossos olhos e nos queima conforme foi claramente dito nos lbuns "Hvis Lyset Tar Oss" e "Filosofem" [Se Voc

    quiser saber mais sobre essa filosofia, sugiro que leia meus artigos ou livros sobre

    Paganismo]).

    O que me inspirou a compor a msica em si tambm um tanto estranho. Quando eu era

    adolescente, meus amigos de RPG e eu algumas vezes pegvamos bastes de madeira,

    lanas e espadas e amos para o campo lutar entre ns. No tnhamos nenhum outro

    motivo para lutar alm da diverso e ningum tentava machucar ningum. Ns nunca

    tentvamos atingir a cabea de nossos oponentes ou outras reas vulnerveis (onde se localiza o crebro do homem...) e no usvamos muita fora. Mesmo assim ns nos machucvamos por acidente e a luta nunca parava at que pelo menos um de ns

    sangrasse, quase sempre nos dedos ou punhos, ou que um de ns achasse que j tinha

    sentido dor demais por um dia.

    Ns lutvamos principalmente em trs lugares: Um era na floresta, perto de um velho e

    isolado cemitrio para vtimas da lepra, da gripe espanhola ou da Peste Negra, no me

  • lembro exatamente. A floresta era bem fechada e o terreno era acidentado, ento ns

    freqentemente caamos, ou rolvamos, pelas encostas de pequenos montes, pelos

    arbustos e caamos em rvores apodrecidas enquanto tentvamos evitar os golpes de nossos oponentes.

    O outro lugar era uma colina arborizada com um antigo horg (um monumento de pedra

    pago) a cinco minutos a nordeste de onde eu fui criado. Era uma floresta decdua [N.:

    que mudava conforme a estao], ento era muito diferente da outra floresta (de

    pinheiros) na qual costumvamos lutar, e era um local fascinante. claro que trazer armas

    para um local sagrado e lutar nele no , teoricamente, uma coisa boa, de acordo com as

    antigas tradies, mas as armas eram feitas de madeira e no tinham sido feitas para

    machucar pessoas, ento aquilo no era algo muito srio (elas estavam mais para varinhas

    de mgicos do que para outra coisa).

    O terceiro campo de batalha eram as runas de um velho monastrio que ficava a uns trs ou quatro minutos a sudoeste do local onde o pessoal do Immortal foi criado. O

    monastrio foi incendiado pelos vikings no sc. VIII, pelo que me lembro. A propsito,

    aquele foi o primeiro monastrio construdo na Noruega e no chega a ser nenhuma surpresa que sua existncia como monastrio tenha sido curta. Os monges (provavelmente

    britnicos) foram esquartejados ou jogados em um pntano nos arredores para se

    afogarem.

    Era sempre muito bom voltar pra casa e tomar um banho quente depois dessas lutas:

    suados, encharcados, com hematomas, sempre sangrando e com espinhos ou folhas de

    pinheiro em nossas roupas (e at no cabelo). Eu me sentia como se tivesse voltado pra

    casa depois de uma batalha real. Exausto e me sentindo vivo.

    Entretanto, as pessoas que viviam no local reagiam um pouco nossa presena. Uma vez

    eu pulei de um arbusto depois de esperar para emboscar os outros caras e surpreendi uma famlia que estava apenas caminhando. Meu cabelo era longo e tinha alguns pedaos

    de musgo e espinhos de pinheiro, eu estava usando roupas escuras com temtica Death

    Metal e ainda tinha um basto nas mos, ento eles no ficaram muito contentes em me

    ver. Devido ao risco de encontrar gente normal desfrutando da liberdade da Me Natureza, fomos forados a lutar quando o risco de encontrar gente normal fosse mnimo. Em outras palavras, espervamos at tarde da noite. Ns s vezes trazamos

    tochas ou acendamos uma fogueira, para podermos ver na escurido e tambm, claro,

    as noites de vero escandinavas no chegam a ser muito escuras, e continuvamos

    lutando.

    Inicialmente eu praticava esse jogo de luta com alguns amigos de RPG mas, quando

    encontrei os caras do Old Funeral (e do Amputation, depois Immortal), nos tambm

    comeamos a fazer isso. Esse era um evento social para ns e durante os intervalos

    falvamos de msica, alguns planejavam shows ao vivo e ns geralmente inspirvamos

    uns aos outros antes de chegarmos em casa no meio da noite e tocarmos msica!

    (Devo acrescentar que, quando fui preso por matar Euronymous, essas lutas foram

    descritas como rituais satnicos noturnos pela mdia, s para dar a Voc um exemplo de como eram ridculos e falsos os rumores e as acusaes de Satanismo propagados pela mdia).

  • O clima da floresta, o clima da noite, o clima do antigo local sagrado, a dor dos

    hematomas e pequenos ferimentos, o gosto dos espinhos dos pinheiros, da terra e do

    sangue, e o cheiro da madeira queimando: Essa era a nossa (ou pelo menos a minha)

    inspirao. Sempre que voltava para casa, depois que j tinha passado dos 17 anos e

    troquei meu ciclomotor [N.: bicicleta dotada de motor] por um carro, eu tocava msica

    bem alto no som do carro e sempre dava longos passeios pelos vales e florestas durante a

    noite, e atravs da cidade ou zonas rurais, antes de finalmente chegar em casa. O som

    montono do motor do carro e a msica alta eram hipnticos e, claro, eu era influenciado

    pelas endorfinas tambm, j que meu corpo estava lutando contra a dor dos hematomas e

    outros ferimentos. Essa era uma escurido positiva em nosso mundo de luz e isso me inspirou, alm de me fazer sentir vivo.

    Nesse primeiro perodo do Burzum entre 1991 e 1992 ou agosto de 1993 eu praticamente compus toda a msica de todos os lbuns. Os lbuns "Daui Baldrs" e

    "Hliskjlf" so, em sua maior parte, reconstrues de riffs esquecidos ou verses de

    sintetizador de velhos riffs de guitarra do Burzum ou at mesmo velhas msicas no

    lanadas, ento eles tambm foram feitos praticamente nesse perodo. De certa forma essa

    pode ser considerada a Era de Ouro do Burzum que teve seu fim esperado quando fui preso em agosto de 1993.

    Na poca em que comecei com o Burzum ainda no tinha ouvido falar do Venom, ento

    logicamente o Burzum no foi como alguns alegaram influenciado pelo Venom, de forma alguma. Quando eu dirigia de volta para casa depois das lutas de espada, ouvindo msica, eu costumava escutar uma fita demo do Paradise Lost, lanada em 1989 ou 1990

    eu acho; "Hammerheart" e "Blood. Fire. Death, do Bathory; a fita demo do Old Funeral, chamada "Abduction Of Limbs" (...); Pestilence (uma banda holandesa de Death Metal,

    pelo que me lembro) e algumas outras bandas underground de Death Metal que no me

    lembro hoje. Ouvia ainda house underground e techno (mas apenas quando estava

    sozinho, porque fs de metal no parecem gostar desse tipo de msica) e, claro, eu ouvia

    Burzum. Os outros caras gostavam de Entombed e Morbid Angel, mas eu nunca gostei e

    nem ouvi. A propsito, ningum ouvia Venom mas, no final de 1991, comeamos a ouvir

    Celtic Frost e Destruction antigos, os primeiros do Kreator ("Pleasure To Kill" e "Endless

    Pain") e (tambm os primeiros) lbuns do Bathory que, a propsito, todos ns achvamos

    que era Thrash Metal. Entombed e outras porcarias do Death Metal que estavam na moda

    foram esquecidos por eles. Sei que os caras do Emperor ouviam Merciful Fate e King

    Diamond ao invs das, ou talvez alm das, bandas que mencionei acima, coisas que eles

    escutavam nos anos 80, ento no se pode sair por a afirmando que algum devia ouvir

    essa ou aquela banda. Escutvamos aquilo de que gostvamos. Em 1992 eu (e pelo menos

    um dos caras do Emperor) tambm comeamos a escutar Dead Can Dance, "Within The

    Realm Of A Dying Sun" e outros sons desse tipo. Ns estvamos simplesmente cansados

    das hordas maantes, modistas e repetitivas de bandas de Death Metal que produziam

    toneladas de lbuns ruins que soavam todos da mesma forma e voltamos a ouvir o que

    ouvamos antes ou tentvamos encontrar outro tipo de msica. claro que continuei

    escutando bons lanamentos de Death Metal, como a demo do Paradise Lost que

    mencionei antes, e sei que os outros ouviam o "Altar Of Madness", do Morbid Angel, e

    Deicide (quando eles lanaram seu lbum de estria, em 1992, eu acho).

    [N.:

    Drifting In the Air

  • Above a Cold Lake

    Is a Soul

    From an Early

    Better Age

    Grasping for

    A Mystic Thought

    In Vain...but Who's to Know

    Further on Lies Eternal Search

    For Theories to Lift the Gate

    Only Locks Are Made Stronger

    And More Keys Lost as Logic Fades

    In the Pool of Dreams the Water Darkens

    For the Soul That's Tired of Search

    As Years Pass by

    The Aura Drops

    As Less and Less

    Feelings Touch

    Stupidity

    Has Won too Much

    The Hopeless Soul Keeps Mating.

    Movendo-se No ar

    Sobre um lago glido

    H uma Alma

    De velhos

    E melhores tempos

    Ansiando por

    Um pensamento mstico

    Em vo... mas quem sabe

    Adiante estar a busca eterna

    Por teorias que abram o portal

    Somente fechaduras so mais fortes

    E mais chaves so perdidas quando a lgica desaparece

    No lago de sonhos a gua escurece

    Porque a Alma est cansada de procurar

    Os anos passam

    A aura some

    E cada vez menos

    Os sentimentos tocam

    A estupidez

    Est dominando

    A Alma desamparada continua procurando seu par]

    Isso era, na verdade, tudo o que eu tinha pra dizer e as outras letras do Burzum eram

    apenas comentrios sobre esta. O ltimo verso era "the hopeless soul keeps mating", mas

    na capa estava escrito erroneamente "the hopeless soul keeps waiting" [N.: A Alma desamparada continua esperando] devido a um erro de Euronymous, que administrava a gravadora (DSP) que lanou o lbum pela primeira vez. Aparentemente minha letra de

    mo era difcil de ler. Alm disso, a msica "Ea, Lord Of The Deeps" [N.: Ea, Senhor

  • do Abismo] foi mudada para "Ea, Lord Of The Depths" [N.: Ea, Senhor das Profundezas], mas obviamente Euronymous achou melhor mud-la.

    A magia era necessria somente porque eu no estava satisfeito com o mundo real. No

    havia aventura, medo, trolls, drages ou mortos-vivos. No havia magia. Ento percebi

    que eu mesmo precisava criar a magia. Porm, foi muito triste ver essa magia ser

    arruinada ou pelo menos enfraquecida em 1993, quando a mdia comeou a escrever sobre

    ela, e ver muitas antigas bandas de country, rock e Death Metal da Noruega subitamente

    tingirem seus cabelos e comearem a usar corpse-paint e a tocar Black Metal; para ficarem famosas, ganharem dinheiro e darem umas transadas e no para mudarem o mundo. Com certeza eles no se importavam com a magia, mas, em sua defesa, devo

    dizer que nunca mostraram muita magia para eles. A mdia distorceu demais as coisas,

    como sempre fazem. As novas bandas fizeram que o Black Metal se tornasse parte do

    mundo moderno, ao invs de uma revolta contra essa realidade, que o que deveriam ter

    feito Talvez eles tenham se sentido atrados porque a magia funcionou, porque se sentiram

    atrados por algo que era especial. Eu no sei. S sei que no gosto de ver no que isso

    tudo se transformou: somente uma outra subcultura do tipo sexo, drogas e rocknroll sem imaginao e que parte do mundo moderno. Isso se tornou parte da poltica po e circo dos opressores tornou-se parte do problema.

    Minha esperana era de que o Burzum pudesse inspirar as pessoas a desejar uma nova e

    melhor realidade no mundo real e a fazer alguma coisa a respeito. Talvez se revoltar

    contra o mundo moderno, recusando-se a participar do estupro da Me Terra, recusando-

    se a participar do assassinato de nossa raa europia, recusando-se a se tornarem parte de

    alguma dessas subculturas rocknroll criadas pela mdia e construindo novas e saudveis comunidades, onde a cultura Pag e a magia, se Voc assim preferir possa ser cultivada.

    Obrigado pelo seu interesse no Burzum.

    Varg Vikernes

    Dezembro de 2004

    A Europa no um termo geogrfico, e sim biolgico.

    Parte II - A morte de Euronymous

    De certa forma, tem sido interessante ver como algumas pessoas sentem a necessidade de

    criar histrias sobre o motivo pelo qual eu acabei matando Euronymous. Mas triste ver

    que essas pessoas criam histrias somente porque a verdade inconveniente para elas.

  • Euronymous sem a maquiagem

    Em 1991 a maior parte dos msicos de metal da Noruega acreditava que Euronymous era

    um cara legal, mas no segundo semestre de 1992 a maior parte de ns percebeu que ele

    no era assim. Quando a DSP (Deathlike Silence Productions), sua gravadora, lanou o

    lbum de estria do Burzum em maro de 1992, ele teve que fazer um emprstimo para

    poder pag-lo. Ele no tinha dinheiro para isso, ento ele tomou emprestado de mim.

    Quando vendeu todos os lbuns do Burzum ele pagou suas contas particulares ao invs

    de prensar mais cpias ou devolver o dinheiro que me devia (e, a propsito, eu tambm nunca vi o dinheiro dos royalties). Ento depois de vender tudo ele no tinha dinheiro

    para prensar mais cpias. Essa provavelmente a razo que levou muitos a acreditarem

    que eu o matei por dinheiro, mas certamente eu no conseguiria meu dinheiro de volta

    matando ele. Quebrar as suas pernas poderia ter funcionado, mas mat-lo no. Eu sempre

    posso ganhar mais dinheiro se quiser, mas eu nunca invisto mais do que aquilo que posso

    perder. Tenho uma relao bem tranqila com o dinheiro, ento esse rumor

    simplesmente estpido, mesmo porque estamos falando de apenas umas 36.000 coroas

    norueguesas (por volta de 5.100 dlares, equivalente a um salrio mensal mdio na

    Noruega).

    Eu agentei as conseqncias de sua incompetncia e estupidez e fundei meu prprio

    selo, chamado Burznazg (que, na Lngua Negra de Tolkien, significa Anel Negro) e que depois (no final de 1992) foi mudado para Cymophane (em grego: Acenar para aparecer, o nome de uma pedra que tem a forma de um olho) e decidi fazer tudo sozinho. Eu no precisava dele. Tudo o que ele fez foi sentar sua bunda gorda em sua loja, beber

    Coca Cola e comer kebab [N.: espetos de carne estilo rabe]. Sua loja estava indo por

    gua abaixo e era apenas uma questo de tempo antes dele (e portanto da DSP) ir

    falncia.

  • Mas ainda no tnhamos cortado relaes com ele, no completamente, e, como ltima

    tentativa de manter sua loja funcionando, concordamos que eu deveria dar uma entrevista

    a um jornal para atrair alguma ateno para o metal. Ele no tinha mais lbuns do Burzum,

    mas ainda tinha outros lbuns para vender em sua loja. Quando eu dei a entrevista

    annima em janeiro de 1993 eu exagerei bastante e, quando o jornalista foi embora, ns

    uma garota e eu demos umas boas risadas, porque ele no pareceu ter entendido que eu estava zoando com ele. Ele levou tudo muito a srio. Infelizmente, ele procurou a

    polcia no dia seguinte (19), fui preso e, no dia 20, seu jornal publicou a sua verso do

    que eu tinha dito, e isso enquanto eu estava encarcerado e incapaz de dizer a algum que

    aquilo era somente um monte de asneiras que eu tinha dito para atrair algum interesse

    para um certo gnero musical e para ajudar Euronymous a ganhar alguns fregueses e alguns trocados.

    Euronymous com a maquiagem

    Porm, a parte interessante foi que, quando eu estava preso, Euronymous fechou a loja,

    ao invs de tirar proveito da situao, porque seus pais acharam que a ateno era

    inconveniente demais! Ento o maligno heri do Black Metal fez o que sua me e seu pai mandaram! Sim, realmente pattico mas, agindo assim, ele tambm fez com que todos

    os meus esforos fossem em vo. Eu passei seis semanas preso por causa disso e tudo o

    que ele fez foi fechar a loja! Choveram fregueses, que encontraram a loja fechada! Isso

    no estpido?!

    Quando eu sa da priso eu estava bastante desiludido por tudo o que tinha acontecido na

    mdia e a polcia bagunou tanto a minha vida quando fez a batida em meu apartamento

    que foi difcil levar a Cymophane pra frente do jeito que eu tinha planejado. Enquanto

    isso, a DSP assinou (provavelmente devido ao alvoroo da mdia) um contrato de

    distribuio com uma empresa de Oslo [N.: capital da Noruega] e conseguiu voltar a

    prensar e vender seus lbuns.

    Euronymous agiu como um completo imbecil ao fechar a loja, e a maior parte de ns

    concordou que ele era um grande bundo e um idiota. Eu estava furioso por ele no ter

    tirado proveito da situao, que foi o que me levou a dar aquela entrevista idiota, e no

  • queria mais nada com ele. No dava pra fazer negcios com ele. Ao invs disso, consegui

    um contrato com uma empresa de distribuio em Oslo para a Cymophane, e continuei

    sozinho.

    Para mim ele nem existia mais. Quando ele me telefonou para me perguntar se eles, os

    caras do Mayhem, poderiam ficar em minha casa enquanto estivessem nos estdios

    Grieghallen para terminar o lbum do Mayhem, eu disse no. E ningum mais em Bergen

    queria dar a eles um lugar para ficarem, ento eles precisaram alugar um quarto em um

    motel. Ningum tinha nada contra Hellhammer, o nico outro membro do Mayhem na

    poca, mas ns simplesmente no queramos nos envolver com Euronymous. Eu sempre

    tive um bom relacionamento com Hellhammer, e ele tambm no estava muito

    impressionado com Euronymous, por assim dizer. Em 1992, quando gravamos "De

    Mysteriis Dom Sathanas", ele at brincou dizendo que deveramos matar o cara!

    Mayhem: Dead e Euronymous

    Por alguns meses esse sentimento de desprezo por Euronymous espalhou-se pela cena do

    metal, j que cada vez mais pessoas percebiam o quanto ele era idiota, e ele me culpava

    por tudo isso, ento comeou a me odiar. Ele acreditava que o fato das pessoas terem

    perdido o respeito por ele era culpa minha. De certa forma ele estava certo, j que eu no

    mantinha minhas opinies em segredo, mas acredito que ele fez isso para si mesmo. Ele

    simplesmente se revelou atravs da maneira pela qual reagiu aos problemas. Ele se fez de

    tolo. Alm disso, quando a mdia publicou todas aquelas asneiras sobre mim, ele se sentiu

    menos importante. De repente ele no era mais o personagem principal da cena metal hardcore. Ele acreditava que isso tambm era minha culpa. Essa foi provavelmente a

    razo pela qual as pessoas alegaram que o assassinato foi o resultado de uma luta pelo

    poder entre duas figuras importantes da cena, mas a verdade que isso era importante

    apenas para ele. Eu no dava a mnima pra isso. Eu nem mesmo me relacionava com tanta

    gente ligada ao metal assim e, quando saa, preferia ir a festas house e a um clube techno

    underground em Bergen chamado "Fniks" (Fnix), enquanto a maioria dos caras do

    metal ia a algum local de rock'n'roll. Na verdade, eu ia ao clube techno para fugir de todo

    aquele pessoal novo do metal, porque eu no gostava da ateno que recebia deles. Eu

    preferia a ateno das garotas, por assim dizer.

    Algum tempo depois o Mayhem chamou um novo guitarrista, Snorre W. Ruch of Thorns,

    de Trondheim, e quando ele se mudou para Bergen eu o deixei dormir em uma cama para

    hspedes na sala de meu apartamento at que ele conseguisse o seu prprio. Nesse

    momento Euronymous comeou a conspirar contra minha vida. Ele queria me matar. Para

    ele eu era o problema, ento me matando ele acreditava que o problema desapareceria.

  • Snorre

    Mas o problema era que ele incluiu algumas pessoas ligadas ao metal em sua conspirao

    para me matar, e eles me contaram. Ele disse que contou a eles porque ele confiava neles

    mas, obviamente, eles gostavam mais de mim do que dele, podemos dizer assim. Certo

    dia ele telefonou para Snorre, que vivia em meu apartamento, e Snorre me deixou ouvir

    o que Euronymous tinha a dizer. Ele disse a Snorre que "Varg precisa desaparecer de uma

    vez por todas" e coisas desse tipo, confirmando os planos que outros me contaram antes.

    Muitos alegaram que eu exagerei em minha reao, at porque Euronymous era um

    bundo mesmo, e ele no teria coragem nem para tentar me matar. Claro, ele era um

    bundo, mas daquela vez ele no contou seus planos para todo mundo, como ele

    costumava fazer. Mas eu levei aquilo a srio porque ele contou somente para algumas

    pessoas em quem confiava, seus amigos mais prximos ou aqueles que ele acreditava que eram seus amigos mais prximos. Alm disso, em agosto de 1993 ele estava prestes

    a ser preso por quatro meses, depois de ser condenado por ferir duas pessoas com uma

    garrafa quebrada, porque eles tinham olhado para sua namorada em um ponto de nibus. Ele no era um cara muito simptico e, quando ele sentia que estava sendo posto

    contra a parede, ele era bem capaz de executar seus planos. Quando sentem muito medo,

    mesmo os maiores covardes tornam-se perigosos.

    No mesmo dia em que ele contou a Snorre sobre suas intenes de me matar (e,

    indiretamente me contou, j que eu estava ouvindo a conversa), eu recebi uma carta dele,

    na qual ele fingia estar sendo bem amigvel e dizia que queria me encontrar para discutir

    um contrato que eu no tinha assinado ainda. Essa era a nica desculpa que ele tinha para

    me encontrar e parecia que ele estava armando uma pra cima de mim. De acordo com

    seus amigos, o plano era me encontrar, me nocautear com uma arma de choque, me amarrar e me colocar no porta-malas de um carro. Depois ele dirigiria at uma floresta,

    me amarraria a uma rvore e me torturaria at a morte enquanto gravaria tudo em vdeo.

  • Varg Vikernes

    Minha reao foi, naturalmente, raiva. Quem diabos ele pensava que era? No mesmo dia

    decidi ir de carro at Oslo, dar a ele o contrato assinado e simplesmente dizer a ele f*da-se e, ao fazer isso, eliminar todas as desculpas que ele tivesse para me contatar de novo. Mas tenho que admitir que no deixei de considerar a possibilidade de dar umas porradas

    nele. Pouco antes de sair Snorre me disse que queria ir junto, porque ele tinha alguns

    novos riffs de guitarra para mostrar a ele. Eu pretendia continuar at Sarpsborg com um

    lote de camisetas do Burzum (para o Metallion da revista "Slayer" pelo que me lembro)

    e apenas deixar Snorre em Oslo com Euronymous. A propsito, o estranho (e desleal)

    Snorre no parecia ter problema algum em ser amigo de ns dois, como uma pessoa

    normal (de bom carter) teria.

    Deixamos Bergen por volta das 21:00 e chegamos a Oslo entre 03:00 e 04:00 (no me

    lembro exatamente, j que isso aconteceu h mais de onze anos). Ns nos revezamos na

    direo e, quando chegamos, eu estava dormindo no banco de trs. Por causa disso eu

    tinha tirado meu cinto e, quando paramos, eu passei o cinto para ele e pedi para coloc-

    lo em um lugar seguro. Eu tinha guardado uma faca no cinto e ficar dirigindo com uma

    faca no banco de trs no muito seguro.

    Chegamos ento porta de frente do prdio e toquei a campainha. Ele estava dormindo.

    Voc poderia pensar que visitar pessoas no meio da noite um pouco estranho, mas era

    perfeitamente normal para ns. Muitas pessoas na cena metal eram criaturas noturnas, por assim dizer. Ele perguntou quem era, e eu disse meu nome. Estou dormindo. No d pra Voc voltar mais tarde?, disse ele. Eu trouxe o contrato. Me deixe entrar, eu disse e entrei rapidamente. Seu flat era no quinto (ou quarto?) andar e comecei a subir as

    escadas. Snorre queria fumar um cigarro e, como o fumo era proibido no apartamento de

    Euronymous (e no meu carro), ele ficou no trreo fumando.

    Euronymous estava esperando por mim na entrada, parecendo muito agitado, e entreguei

    o contrato a ele. Devo acrescentar que ele estava, obviamente, bem nervoso. O cara que

    ele planejava matar tinha aparecido em sua porta no meio da noite. Ento perguntei a ele

    que po**a ele queria e, quando dei um passo frente, ele entrou em pnico. Ele ficou

  • histrico e me atacou com um chute no peito. Eu simplesmente o joguei na porta e fiquei

    um pouco atordoado. Eu no estava atordoado pelo seu chute, mas pelo fato dele ter me

    atacado. Eu no esperava aquilo. No em seu apartamento e no daquela maneira. Ele

    tinha comeado a treinar kick boxing havia pouco tempo e, como todos os iniciantes, achou que tinha se tornado um Bruce Lee da noite pro dia.

    Alguns segundos depois ele se levantou do cho com um pulo e correu pra cozinha. Eu

    sabia que ele tinha uma faca na mesa da cozinha e pensei se ele vai pegar uma faca, eu tambm vou pegar uma faca. A minha faca de cinto estava no carro, porque estava no cinto que eu tinha deixado l, mas eu tinha um canivete, ou melhor, uma faca de bota

    (com uma lmina de 8 cm) em meu bolso. Eu pulei na frente dele e consegui par-lo antes

    que pusesse suas mos na faca de cozinha. Nesse momento ele j tinha mostrado suas

    intenes ento, quando ele correu pro quarto, eu percebi que ele queria pegar outra arma.

    Algumas semanas antes ele tinha dito a algumas pessoas que em breve a polcia

    devolveria para ele a espingarda (a usada por Dead quando ele se matou), ento eu percebi que era isso o que ele estava tentando: pegar a sua espingarda (embora ele, na

    verdade, no tivesse uma arma de choques ou uma espingarda em seu apartamento, eu

    no sabia). Eu corri atrs dele, o esfaqueei e fiquei um pouco surpreso quando ele saiu

    correndo do apartamento. No fez nenhum sentido ele ter fugido e o que me deixou

    zangado foi saber que ele tinha comeado a briga mas, no momento em que ele se deu

    mal ele decidiu fugir, ao invs de lutar como um homem. Isso algo que sempre detestei.

    Euronymous

    (Algumas pessoas alegaram que eu assassinei um homem indefeso e desarmado mas, em

    primeiro lugar, ele tentou pegar uma faca antes de mim e certamente ele poderia ter se

    armado se tivesse escolhido ficar, ao invs de fugir como um covarde. Havia vrias outras

    coisas em seu apartamento que ele poderia ter usado para se defender quando ele no

    conseguiu pegar sua faca de cozinha).

    Do lado de fora encontramos Snorre, que tinha terminado seu cigarro. Todas as portas

    pareciam iguais e Snorre era um cara bem distrado, ento ele acabou subindo at o sto,

    um andar acima, por engano. Confuso, ele desceu e usou seu isqueiro para iluminar o

  • nmero da porta, tentando ler para saber se era o apartamento certo. Enquanto ele estava

    tentando ler o nmero da porta, Euronymous saiu correndo de cueca, sangrando e gritando

    como um louco. Snorre ficou to surpreso e aterrorizado que ficou parecendo um

    fantasma, e pareceu que seus olhos estavam prestes a saltar. De acordo com Snorre, ele

    ficou to surpreso e chocado que apagou e no se lembrou de nada at que momentos

    depois eu perguntei se ele estava bem.

    Euronymous desceu um lance de escadas e parou para tocar a campainha do vizinho. Ele

    percebeu rapidamente que eu o estava seguindo, ento ele continuou a fugir escada

    abaixo, batendo nas portas e tentando tocar as campainhas dos vizinhos conforme ia

    passando por elas, gritando por ajuda. Eu esfaqueei (trs ou quatro vezes) o seu ombro

    esquerdo enquanto ele corria, j que essa era a nica parte que eu podia atingir enquanto

    estvamos correndo. Ele ento tropeou e quebrou uma lmpada na parede,

    provavelmente com sua cabea ou brao, e caiu sobre os fragmentos de vidro de cuecas. Correndo, passei por ele e esperei. Snorre ainda estava no andar de cima e eu no tinha

    idia de como ele reagiria a tudo isso. Seria tudo uma armadilha e ele estaria participando?

    Ele poderia me atacar tambm? Eu no sabia. Quando Snorre veio correndo ele pareceu

    bem assustado e eu apenas deixei ele passar direto por mim. A eu percebi que ele no

    fazia parte daquilo, ento perguntei se ele estava bem (porque ele certamente no parecia

    bem). Nesse momento Euronymous ficou de p novamente. Ele pareceu conformado e

    disse: J chega, mas ento ele tentou me chutar novamente e eu acabei com ele enfiando a faca em seu crnio, pela sua testa, e ele morreu instantaneamente. Seus olhos viraram e

    um gemido pde ser ouvido enquanto seus pulmes se esvaziavam depois que morreu.

    Ele caiu sentado, mas a faca estava enfiada em sua cabea, ento eu o segurei enquanto

    tentava tirar a faca. Quando puxei a faca de seu crnio ele caiu para frente e rolou por um

    lance de escadas como um saco de batatas fazendo barulho suficiente para acordar toda a vizinhana (era uma escadaria barulhenta, de metal).

    Isso pode soar como uma maneira estranha de mat-lo, mas minha faca era muito pequena

    e apenas pontuda. A lmina no era afiada. Era to cega que eu no conseguiria cortar um

    tomate em dois sem esmag-lo. A nica maneira de mat-lo rapidamente com aquela faca

    seria perfurar seu corao ou crnio. De fato, eu poderia ter sido capaz de mat-lo muito

    mais fcil e rapidamente se eu nem tivesse uma faca e, ao invs disso, tivesse batido nele

    at a morte. A nica razo que me fez sacar a faca foi porque ele estava tentando fazer

    isso e eu imaginei que seria justo se eu tambm tivesse uma faca, embora a que eu tinha

    no era muita coisa.

    Ele j havia mostrado sua inteno de me matar e, mesmo ele no sendo mais uma ameaa

    direta contra mim naquele local e naquele momento, eu no senti nenhum remorso por

    t-lo matado. Sua covardia me deixou muito zangado e eu no vi nenhum motivo para

    deix-lo viver, no quando ele j tinha demonstrado sua inteno de me matar. Se eu o

    tivesse deixado viver eu apenas teria dado a ele a oportunidade de atentar contra minha

    vida mais uma vez no futuro.

    Matar uma pessoa com uma faca cega de 8 cm algo bem sangrento mas, embora o

    sangue tenha espirrado sobre as paredes da escadaria conforme descamos correndo, no

    havia sangue no meu rosto. De qualquer forma, Snorre tinha as chaves do carro ento eu

    corri para impedi-lo de sair com o carro, me deixando para trs em Oslo, encharcado de

    sangue. Eu peguei as chaves, abri a porta, devolvi as chaves para ele e disse para dirigir.

    Eu entrei rapidamente no saco de dormir que eu guardava no porta-malas, antes de entrar

  • no carro, para ter certeza de no deixar nenhuma marca de sangue no carro. Naquele

    momento eu achei que era melhor tentar fugir. O que eu no sabia era que Snorre ainda

    estava em choque, ento ele apenas dirigiu a esmo em Oslo por 20 minutos e acabei tendo

    que assumir o volante. Enquanto dirigamos por Oslo, Snorre viu um agente policial na

    estrada para Bergen nos arredores de Oslo, ento tivemos que ir por outro caminho.

    Dirigimos para o norte na direo de Trondheim e logo depois desviamos para oeste. Eu

    parei perto de um lago e tirei todas as minhas roupas. Eu amarrei pedras nelas e nadei at

    deix-las afundar onde o lago era mais profundo. Por sorte, eu ainda tinha as camisetas

    que pretendia vender em Sarpsborg (como disse, para o Metallion, pelo que me lembro),

    e Jrn of Hades tinha esquecido um agasalho de moletom (ironicamente, um moletom do

    Kreator, com os dizeres "Pleasure To Kill" [N.: Prazer de Matar]), ento eu tambm tinha um moletom limpo (bem, no exatamente limpo, mas pelo menos no estava encharcado de sangue). Finalmente, eu tinha uma cala muito, muito suja que estava

    jogada havia muito tempo no banco de trs, ento eu tinha um conjunto quase completo

    de roupas. Dirigir como um soldado e sem meias no seria um problema.

    (Snorre depois mostrou polcia onde eu tinha jogado as roupas, mas tudo o que eles

    conseguiram achar foi uma camiseta com a figura de um viking e o texto: Noruega: Terra dos Vikings, que no tinha traos de sangue. Tudo o mais havia desaparecido e mesmo mergulhadores no conseguiram encontrar coisa alguma. Eles no tinham absolutamente

    prova nenhuma de que a camiseta pertencia a mim [e quem neste mundo esperaria que eu

    usasse uma camiseta com esse tema?]. As outras peas de roupa provavelmente tinham

    afundado na lama espessa do fundo do lago, como era de se esperar).

    Um amigo nosso ainda estava em meu apartamento. Quando decidi ir a Oslo estvamos

    assistindo a alguns vdeos e comendo pizza e, quando samos, permiti que ele ficasse para

    terminar de assistir aos filmes e de comer. Naquele momento eu queria que ele sasse do

    apartamento, no caso da polcia j estar sabendo do que tinha acontecido. Paramos em

    Hnefoss perto de uma cabine telefnica, apenas para dizer ao cara para sair de meu

    apartamento. A primeira cabine que vimos estava rodeada de adolescentes, e no

    queramos que ningum nos visse no leste da Noruega naquele momento, ento

    continuamos andando at achar outra cabine telefnica. Como eu estava dirigindo, Snorre

    saiu para telefonar, quando um carro da polcia passou descendo a estrada. Aparentemente

    os adolescentes tinham arrebentado a cabine telefnica antes de irem arrebentar a seguinte

    e algum chamou a polcia. Quando o policial chegou e nos viu ele pensou que ramos as

    pessoas que ele estava procurando (esse foi ou no foi um bom exemplo da Lei de Murphy em ao?). O telefone estava quebrado e Snorre voltou pro carro. Eu dirigi, com a viatura a uns noventa metros atrs de ns, e percebi que, se ele nos parasse e

    simplesmente anotasse nossos nomes, seria impossvel conseguir um libi. Ento eu

    acelerei cada vez mais, com a viatura logo atrs na mesma velocidade e, quando

    chegamos estao de trem em Hnefoss eu virei direita e dirigi como um completo

    maluco (pneus cantando, rodas patinando, saindo de traseira em cada curva e tudo o mais

    que se poderia esperar de uma fuga tpica de filme B). Eu estava dirigindo um VW Golf e estvamos indo to rpido que, antes que percebssemos, estvamos na auto-estrada

    para Bergen novamente e tnhamos nos livrado da polcia. Ele provavelmente nem tinha se preocupado em nos perseguir (ou, o que pouco provvel, no tinha conseguido nos

    acompanhar), j que uma investigao posterior (feita pela polcia) mostrou que ele nem

    mesmo relatou o incidente para seus superiores.

  • Naquele momento eu achei que eles poderiam j estar nos procurando e, para o caso de

    j estarem, eu sugeri a Snorre que eu deveria deix-lo em uma estao de trem, num local

    chamado Gol, a caminho de Bergen. Se a polcia me parasse eu estaria sozinho e ele no

    teria problemas. Ele recusou a oferta e voltamos para Bergen sem quaisquer incidentes.

    A primeira coisa que fiz foi visitar uma grfica para conseguir um libi e depois fui me

    encontrar com o cara que havia ficado em meu apartamento, para dizer a ele que

    precisvamos conversar, para tambm conseguir um libi. Snorre j havia dito a ele pelo

    telefone que algo havia acontecido em Oslo, quando paramos em uma cabine telefnica perto de Voss, algum tempo depois de termos sado de Hnefoss. Inventamos uma histria

    e tudo parecia bem.

    Ento eu pude finalmente ir pra casa e dormir um pouco. Depois de uns 20 minutos de

    sono, a campainha tocou e apareceu um jornalista que queria falar comigo sobre a morte

    de Euronymous, que j havia sido descoberta (por volta das 11:00) e eu disse a ele que eu

    estava muito cansado para conversar com ele. Afinal, eu j estava sem dormir havia

    bastante tempo (embora eu no tenha dito isso a ele...). No dia seguinte, lemos nas

    primeiras pginas que O Conde [N.: de Count Grishnackh] est desconsolado! Ele ficou to triste ao ouvir as notcias sobre a morte de seu melhor amigo que ele nem

    conseguiu falar conosco sobre o assunto. Bastante irnico, Voc no acha? Isso serve para mostrar como no d para confiar nas histrias contadas pela mdia!

    Algumas pessoas, por alguma razo bizarra, alegaram que eu matei Euronymous por

    causa de uma garota e, portanto, devo acrescentar que minha namorada da poca (e de

    abril de 1993 at 1998) nem sabia quem ele era. Ela nunca tinha ouvido falar dele at eu

    mat-lo (e posso dizer que ela no era nem mesmo uma metalhead, mas uma garota comum que ouvia msica pop). Ento ela, obviamente, no tinha nada a ver com tudo isso e eu com certeza no o matei por causa de uma garota. At onde eu sei Euronymous

    nunca teve uma namorada, ento essas pessoas que estavam espalhando esse boato idiota

    no poderiam estar falando de sua namorada.

    Mesmo as pessoas que me criticam por ter matado um conterrneo noruegus esto

    erradas. Euronymous era, na verdade, lapo [N.: Originrio da Lapnia, regio do norte

    da Europa que abrange partes da Noruega, Sucia, Finlndia e Rssia], o que pode ser

    claramente visto pelas fotos dele. Suas feies de lapo (mongis) so claramente

    visveis, seu cabelo era tipicamente lapo (fino e reto) e sua estatura tambm era

    reveladora (como a maior parte dos lapes, ele era muito baixo).

    O problema era que Snorre ainda estava em choque. Tenho que admitir que nada disso

    me afetou. No se tratava de um grande problema; um criminoso que tinha planos de me

    matar estava morto. E da? No vejo nenhuma razo para ter pena de uma pessoa que

    planejava me torturar at a morte enquanto gravava tudo para sua prpria diverso.

    A polcia queria falar comigo j que eles acharam desde o primeiro dia que eu era culpado e me convocaram para ir a Oslo para ser interrogado Eu concordei e falei com eles, apresentei o libi que tnhamos criado aps o assassinato e me liberaram. Em seguida

    eles passaram a investigao para minha cidade natal, por razes bvias, e comearam

    interrogar os outros tambm. Eles no tinham qualquer evidncia contra mim, ento eles

    tinham que fazer algum falar para poderem me pegar. Eles entenderam rapidamente que

    Snorre era o elo fraco da corrente, por assim dizer. Seus nervos estavam flor da pele e

    eles pegaram pesado com ele. Eles telefonaram para ele na noite em que eu no estava l,

  • fazendo perguntas, sempre as mesmas perguntas, at que, depois de nove dias, ele no

    agentou. De acordo com um relatrio da polcia, ele estava to abalado emocionalmente

    que precisaram esperar vrias horas antes que pudessem conseguir algum tipo de

    declarao dele. Aparentemente aquilo foi uma experincia bastante traumtica para ele.

    Ele contou que eu havia matado Euronymous e onde eu estava. Naquele momento eu

    estava em um clube noturno e, quando eu sa (entre 02:00 e 03:00, em uma sexta-feira,

    19 de agosto de 1993), me prenderam.

    Depois perguntaram meu nome e eu me recusei a dizer. Eles tiraram a minha roupa, me

    jogaram em uma cela, mantiveram a luz acesa 24 horas por dia, 7 dias por semana e no

    me deram sequer um cobertor ou lenol para eu me deitar. Eu j esperava por isso, ento

    no houve um grande problema e eu s ria das suas tentativas patticas de me abalarem

    mentalmente; porm, o libi em meu apartamento teve o mesmo tratamento, porque contaram que ele estava sendo acusado de assassinato mas, estando completamente

    despreparado para isso, ele ficou to atordoado que confessou tudo imediatamente. Algo

    tinha acontecido em Oslo, ele disse, e eu acabei matando Euronymous. Ele disse a eles o

    mesmo que Snorre tinha dito antes.

    Porm eles ainda no tinham evidncia concreta contra mim. A nica coisa que eles

    realmente poderiam usar contra mim era a confisso de Snorre, mas ele nem mesmo tinha

    me visto esfaquear Euronymous. Seu testemunho provava que ele havia estado em Oslo,

    mas a nica coisa que me ligava ao crime era seu testemunho. Eles at tinham uma

    gravao dele em fita, feita pela cmera de vigilncia de um posto de gasolina em

    Hnefoss naquela noite, quando ele estava reabastecendo o carro no caminho para Oslo.

    Eu, por outro lado, no podia ser visto em lugar algum. Ele estava sozinho no carro. Se

    eles no tivessem feito nada a respeito disso, eles teriam sido forados a conden-lo pelo

    assassinato, e eu ficaria livre. Ele estava com a corda no pescoo!

    Ento o que Voc acha que aconteceu? Eles de repente alegaram dois meses aps o assassinato e dois meses aps eu ter me tornado suspeito (e eles j tinham minhas digitais,

    da priso em janeiro de 1993) que haviam encontrado minhas digitais em sangue na cena do crime. Eu estava usando luvas quando o matei, ento eu sabia que aquilo era uma

    grande asneira, mas ningum mais sabia, e Snorre erroneamente acreditou que eu tinha

    dito a ele que eu no estava usando luvas quando o matei. Ento, subitamente, Snorre e o

    outro cara mudaram suas histrias e alegaram que ns havamos planejado tudo. Disseram

    pro cara no apartamento que eu tinha cometido o crime mas, se ele no cooperasse com

    eles, ento Snorre seria condenado em meu lugar. Voc quer que Snorre v para a cadeia por algo que Varg fez?. Tudo estava preparado para me pegarem e para livrarem Snorre mas, nesse processo, eles inventaram uma histria que era muito pior que a verdade. Eles

    alegaram que Snorre tinha planejado seu libi dando seu carto eletrnico (carto de

    crdito) para o outro cara, que o usaria no meio da noite em Bergen, deixando assim

    evidncia eletrnica de que ele estava em Bergen e no em Oslo naquele momento. Mas

    o nico problema era que ele nunca deu ao outro cara seu carto, ento o outro cara

    obviamente nunca deixou rastro eletrnico algum em Bergen, ento qual o motivo de

    fazer tal alegao? Eles alegaram que alugamos filmes que j tnhamos visto antes ento,

    se algum nos perguntasse sobre os filmes, seramos capazes de dizer do que se tratavam.

    Eles tambm alegaram que o cara em meu apartamento tinha estado l para fazer barulho,

    assim os vizinhos acreditariam que eu estava em casa. Disseram ainda que ele havia sado

    do apartamento usando minha jaqueta, para fazer as pessoas que ele encontrasse na rua

    acreditassem que ele era eu, usando o carto de Snorre para deixar evidncia eletrnica.

  • Entretanto, ele nunca pegou o carto de Snorre e ningum disse que o tinha visto se

    passando por mim, ento... Snorre teria me acompanhado para enganar Euronymous para

    que me deixasse entrar em seu apartamento, eles tambm alegaram, embora tenha sido eu

    quem tocou a campainha e falou com ele. Finalmente, eles disseram que eu havia dado

    uma faca a Snorre, que havia ficado no carro, no caso de eu precisar de sua ajuda. Essa,

    claro, era a faca de cinto que eu havia pedido a ele que colocasse no porta-luvas, porque

    eu no queria uma faca jogada no banco de trs do carro. Naturalmente, eu no a coloquei

    no cinto porque ilegal andar por Oslo com uma grande faca no cinto e eu poderia ter

    sido preso se a polcia me pegasse. Eles distorceram tudo completamente e fizeram

    parecer que eu havia planejado o assassinato.

    Eu no sei se isso embaraoso ou apenas estpido, mas o cara no apartamento

    costumava realmente dizer que era eu quando saa. Ele chegava a dizer Oi, eu sou o Conde como chamariz quando estava paquerando as garotas (?!). Sei disso porque algumas garotas me contaram. Ento se ele realmente usou minha jaqueta e andou por

    Bergen tentando fazer as pessoas acreditarem que ele era eu, isso no significava

    necessariamente que ele estava tentando me dar um libi. Isso na verdade uma prova do

    quo pattico ele era e o quo baixos alguns seres humanos podem ser para conseguirem transar. Devo acrescentar que eu no vejo como esse chamariz poderia ter dado certo,

    considerando que seria muito fcil para as garotas perceberem que ele no era o Conde. Bergen uma cidade muito pequena de apenas 130.000 (ou 250.000 se voc incluir toda

    a municipalidade) pessoas e praticamente todo mundo naquela poca sabia qual era a

    minha aparncia, ento onde que ele estava com a cabea?! Ele nem era natural de

    Bergen (e sim de Lillehammer, no leste da Noruega), e qualquer um poderia perceber isso

    no momento que ele abria a boca.

    Na verdade, eu chego at a ficar envergonhado pelo fato de ter feito amizade com essas

    pessoas, tanto esse cara quanto Snorre e por algum tempo tambm com Euronymous. H um ditado que diz: Diga-me com quem andas que te direi quem s. Se isso verdade eu certamente fui um completo idiota... Mas em meu favor devo salientar que eu tambm

    tinha outros amigos, bons amigos (pxa!).

    Eles nunca conseguiram explicar porque Snorre poderia querer matar Euronymous. Ele

    tinha acabado de se juntar ao Mayhem como guitarrista, algo que era o sonho de muitos

    guitarristas de heavy metal, tenho certeza, e era um amigo de infncia de Euronymous,

    ento isso no faz sentido algum. Alm disso, eles alegaram que eu havia planejado

    cortar sua garganta (provavelmente porque aquilo fazia com que eu parecesse muito cruel) mas, se fosse esse o caso, porque ento eu traria uma faca cega que era somente

    pontuda? Eu poderia ter simplesmente tentado cortar sua garganta com uma colher. Isso

    tambm no faz nenhum sentido e sabemos ainda perfeitamente que eu no cortei sua garganta.

    Eles e a polcia estavam to interessados em inventar coisas para me condenar que, no

    final, Snorre tambm acabou condenado, por me ajudar a planejar um assassinato e por

    me ajudar psicologicamente (sim, claro). Porm, o outro cara, que alegou ter participado ativamente do planejamento do assassinato e do meu libi, passou um total de uma nica noite numa cela. Ele nunca foi acusado de coisa alguma, o que bem

    estranho. Se a polcia tinha acreditado seriamente na teoria maluca que ele apresentou,

    ele deveria ter sido condenado tambm, mas eles sabiam que aquilo era um monte de

    asneiras criadas para me pegar, e ento deixaram ele ir. E devo acrescentar que no temos

  • um sistema de recompensas para informantes aqui na Noruega, como eles tm nos EUA

    e possivelmente em outros pases tambm. No h maneira de negociar para sair livre se

    voc cometeu um crime na Noruega. O fato que eles simplesmente no queriam

    conden-lo por algo que ele no tinha feito. Ele estava mentindo, e eles sabiam disso,

    porque eles disseram a ele para inventar aquelas mentiras!

    O prprio advogado de defesa de Snorre (que era Maom) at mesmo testemunhou contra

    seu prprio cliente, j que ele estava muito interessado em me pegar, e, quando Snorre foi condenado at o jri pareceu triste (sinto muito, mas temos que condenar Voc tambm) e eu no acho que algum esperava aquilo. Foi uma mudana inesperada para todos ns.

    No tribunal eu disse a eles que Snorre no tinha nada a ver com aquilo e que ele estava

    no lugar errado e na hora errada mas, no dia seguinte, Snorre estava testemunhando e

    alegou que eu estava errado. Eu tinha planejado tudo e ele sabia porque ele era parte do

    esquema. Toda a sua estratgia de defesa baseou-se em demonstrar que eu no podia

    culp-lo, mas eu sequer tinha pensado nisso (e levei um bom tempo para entender que

    essa era sua preocupao). Se ele tivesse dito a verdade, ele teria se livrado da condenao

    mas, ao invs disso, ele insistiu em sua mentira porque seu advogado de defesa convenceu-o a fazer isso e ele pegou 8 anos por fazer absolutamente nada.

    A mdia divulgou que o assassinato foi o resultado de uma luta pelo poder em um movimento satnico e que eu o tinha matado para tomar o seu lugar como lder (?). Mas isso no faz o menor sentido. Ento assim que a coisa funciona? Voc mata algum para

    tomar o seu lugar? Se Voc quiser ser indicado como diretor de uma firma, Voc no

    consegue tal coisa matando o diretor atual. Em que tipo de mundo esses jornalistas vivem?

    Seria num bando de animais ou coisa desse tipo? Isso simplesmente no faz sentido

    algum. Mas essa era a teoria deles, sua nica teoria. O jornalista dominante (Michael Grundt Spang), que escrevia para o maior jornal da Noruega, at mesmo gastou seu tempo

    escrevendo sobre meu cabelo e sobre minha aparncia em geral. De acordo com ele, eu

    jogava meu rabo-de-cavalo castanho de um lado pro outro como uma garota e no possua brilho diablico ao meu redor, como seria de se esperar de um satanista diablico como eu, e assim por diante. Ele ficou, obviamente, bastante desapontado pelo fato de eu no parecer diablico. Aparentemente nunca passou pela cabea dele que eu poderia no parecer um satanista diablico simplesmente porque eu no era um satanista diablico... Snorre foi simplesmente descrito como uma verso menor, mais magra e mais plida do Conde. O jornalista certamente no tinha a inteno de que aquilo soasse engraado, mas certamente soou, simplesmente porque era incrivelmente idiota.

    Os outros caras da cena naturalmente ficaram furiosos comigo, j que eles tambm

    comearam a acreditar na teoria do jornal sobre uma luta pelo poder, ento eles tambm

    com algumas poucas excees (como Fenriz do Darkthrone e os caras do Mayhem) fizeram de tudo para me crucificar e, nesse processo, eles deduraram uns aos outros e

    finalmente, por causa deles, a polcia resolveu quase todos os crimes cometidos pelos

    caras do black metal na Noruega entre 1991 e 1993. Eu falei com alguns deles depois e

    disseram-me que, se eles soubessem da verdade, eles nunca teriam me atacado (e, com

    isso, atacado-se mutuamente) como fizeram. Eles foram manipulados pela mdia e, claro,

    pela polcia. Mentiram para eles, como para todo mundo e, infelizmente, eles no foram

    capazes de enxergar alm das mentiras.

  • Fui condenado a 21 anos, a pena mxima na Noruega, e o juiz alegou que eu tive um motivo incompreensvel para mat-lo. realmente to difcil assim entender que eu o matei porque eu soube que ele tinha planos de me torturar at a morte e depois me atacou?

    Que parte disso o juiz no entendeu? Inicialmente era autodefesa mas, quando ele

    comeou a fugir, eu no estava mais numa situao de vida ou morte ento, naquele

    momento, no era mais autodefesa e sim homicdio doloso e, na minha opinio, aquilo

    foi um ataque preventivo, para que ele no tivesse uma segunda chance de me matar. Por

    isso minha pena deveria ter ficado apenas entre 8 e 10 anos! Ao invs disso, eu peguei 21

    anos e Snorre pegou 8 anos por fazer absolutamente nada!

    Eles tambm tentaram apresentar o assassinato como brutal e alegaram que ele morreu

    porque seus dois pulmes tinham sido perfurados. Eles ainda alegaram que eu o esfaqueei

    23 vezes. Em primeiro lugar, eu sabia muito bem que ele havia morrido quando eu o

    esfaqueei na cabea. Em segundo lugar, ele caiu sobre uma pilha de fragmentos de vidro

    estando de cueca. Naturalmente, ele se cortou muito at mesmo sob um de seus calcanhares, j que ele se levantou depois de cair. Eles tambm sabiam disso, porm

    alegaram que eu o tinha esfaqueado 23 vezes, s para fazerem as pessoas acreditarem que

    eu era muito cruel, bestial e brutal. No tribunal mostraram fotos da autpsia a um jri

    perplexo. As fotos mostravam Euronymous nu sobre uma mesa, com todo o cabelo

    raspado, seus olhos ainda abertos e todos os cortes numerados a caneta sobre sua pele. Eu

    sabia que foi humilhante para ele ter sido morto mas, quando eles mostraram as fotos da

    autpsia no tribunal, aquilo foi certamente muito pior. Matar babacas uma coisa, mas

    eu nunca humilharia algum daquela forma.

    Ah, e, claro, o juiz incluiu na sentena que: "Varg Vikernes acredita em Sat", embora eu

    tenha repetidamente afirmado no tribunal que eu no acreditava nem em Sat e nem em Deus. Eles ignoraram a verdade e criaram a sua prpria realidade, por razes polticas.

    Falando do jri, eu tive o privilgio de ter o nico curandeiro cristo da Noruega em meu jri. Ele aparentemente j tinha aparecido na TV, dizendo ser capaz de extrair o mal do corpo com a ajuda de Jesus e, dessa forma, curar as pessoas. Seria isso uma coincidncia? Seria coincidncia o fato do nico curandeiro cristo da Noruega (naquela poca) ser escolhido para o meu jri? Ele estava relacionado como secretrio e eu fiquei sabendo que ele era um curandeiro cristo muito depois, em 1995, quando um jornalista me contou sobre isso e ele tambm contou que pelo menos outros dois membros do jri eram maons. Os outros eram todos pensionistas, com exceo de uma

    ou duas mulheres. Todos eles eram meus pares, sem dvida... O advogado de defesa de Snorre era maom, como j mencionei, um dos psiquiatras do tribunal era maom e judeu

    sobrevivente de Auschwitz (ele era um dos trs que viviam na Noruega na poca), o outro psiquiatra era um extremista de esquerda, meu advogado de defesa era 100%

    incapaz de ter um emprego remunerado (devido a um problema cardaco) e, de acordo

    com o jornalista com quem conversei, pelo menos um dos trs juzes tambm era maom.

    Os incndios de igrejas quase no foram mencionados no tribunal. Em cada caso, eles

    apresentaram uma testemunha, que alegou que eu queimei essa ou aquela igreja, e foi s.

    Culpado. Apenas isso. Esse processo foi repetido quatro vezes e eu fui considerado culpado de atear fogo em quatro igrejas, trs delas tendo sido completamente queimadas.

    No havia uma nica evidncia sequer em qualquer um desses casos. Eu fui condenado

    somente devido ao testemunho de uma nica pessoa em cada caso. Todas essas

    testemunhas eram amigos de Euronymous!

  • At o meu incompetente advogado no se preocupou em argumentar sobre os incndios,

    alegando que isso no era importante. Voc no vai receber uma pena muito alta por isso, de qualquer forma, ele pensou. Outra coisa interessante que nenhuma impresso digital, ou qualquer outra evidncia tcnica, foi apresentada no tribunal. Quando fui preso

    eu tinha uns 3.000 cartuchos de munio (a maioria .22LR, 38 Special, 7,52N, 7.92 mm

    e calibre 12) em meu apartamento, mas a maior parte no foi nem mesmo includa na lista

    de objetos confiscados. Os policiais simplesmente pegaram o que quiseram. Para eles era

    munio gratuita. Eles at roubaram meu capacete de ao da SS, embora eu s possa imaginar porqu.

    Finalmente, fui condenado por roubar e armazenar por volta de 150 kg de explosivos (a

    maior parte dinamite e um pouco de glynite) e trs sacolas de detonadores eletrnicos e

    tambm por invadir algumas cabanas nas montanhas das quais eu, de acordo com eles, roubei uma bandeira da Noruega (?!) e um livro, enquanto procurava armas. Eu nunca fui

    condenado por profanao de sepulturas, como muitos parecem acreditar, ou por atear

    fogo na Igreja Fantoft Stave. Eles no acharam nenhum metalhead burro que pudesse mentir e dizer a eles que tinha me acompanhado no incndio da igreja, como nos outros

    casos, ento eles no tinham evidncia alguma contra mim naquele contexto, e eu tinha

    at mesmo um libi, j que uma garota de Oslo tinha passado a noite comigo (mesmo

    assim meu advogado de defesa nem se preocupou em pedir a ela que testemunhasse em minha defesa!). A acusao foi toda baseada em boatos. Alm disso, quando o jri no

    me considerou culpado por incendiar a Igreja Fantoft Stave, a juza principal ficou to

    zangada que disse que era bvio que eu tinha feito aquilo tambm, mas isso no importava, j que eu receberia a pena mxima mesmo e, surpreendentemente, ela disse isso antes dos trs juzes e membros do jri comearem a discutir sobre a pena, ento,

    obviamente, eles j haviam decidido de antemo que eu deveria pegar 21 anos de qualquer

    maneira. Eles queriam me usar como exemplo, para mostrar juventude da Noruega que

    no se deve brincar com a Me dos Porquinhos.

    O assassinato de Euronymous foi uma bno para eles. Finalmente eles tiveram uma

    desculpa para se livrarem de mim (ou foi nisso que eles acreditaram: as pessoas tendem

    a acreditar que at mesmo um ano na priso significa o fim de tudo). Eu no acho que tudo isso teria acontecido se a mdia no tivesse publicado tantas mentiras sobre mim,

    porque foram essas mentiras que fizeram Euronymous querer se livrar de mim em

    primeiro lugar: Eu ganhei tanta ateno que ele ficou com inveja. Portanto o sistema de

    justia me condenou a 21 anos porque a mdia me deu tamanha ateno que eu me tornei

    mais importante e influente do que eu era no incio e porque eles foram to intensamente

    provocados pelos incndios das igrejas que perderam a cabea completamente.

  • Varg Vikernes quando de sua priso

    Em resumo, fui atacado por um criminoso condenado, me defendi e peguei 21 anos por

    isso. E como se isso no fosse suficiente, mudaram as regras depois que fui condenado,

    o que significou oficialmente que devo cumprir 2 anos a mais do que eu deveria. 21 anos

    significam que eu seria solto depois de 12 anos mas, h alguns anos (em 2000 ou 2001),

    as regras foram mudadas, logo, de acordo com eles, agora devo cumprir 14 anos, porque

    a nova lei retroativa! Porm, ilegal criar leis retroativas como essa, de acordo com a

    constituio da Noruega e leis internacionais, mas quem se importa? Em 1945, quando a

    guerra acabou, no tnhamos nem mesmo pena de morte em tempos de guerra na Noruega,

    mas o sistema judicirio que temos hoje criou uma nova lei, fez com que seja retroativa

    e executou doze pessoas (em tempos de paz!). No sou um pobre imigrante afro-asitico nem um extremista de direita, ou um cristo fracote implorando por misericrdia,

    ento de maneira alguma a mdia dar algum tipo de apoio a mim. Sou simplesmente

    persona non grata na Noruega, um pas que muitos europeus ocidentais conhecem como

    a ltima repblica Sovitica. Eu ainda posso pedir a condicional depois de 12 anos apenas mas, pela minha experincia com o sistema judicirio da Noruega, no estou muito

    otimista a esse respeito. H uma diferena entre rr e Loki, como dizemos aqui na

    Escandinvia.

    Estou furioso com tudo o que aconteceu, mas sei que darei a volta por cima no final e

    acho que isso o que realmente importa. Eu nem mesmo os odeio, apenas tenho pena

    deles. Acima de tudo sou grato por no ser como eles. Recuperarei minha liberdade um

    dia, mas eles provavelmente no tero melhorado nem um pouco. como no caso do

    gordo e do feio: o gordo sempre pode perder peso, mas o feio sempre ser feio.

  • Obrigado pela sua ateno.

    Varg "o vilo" Vikernes

    Dezembro de 2004

    Corruptissima re publica plurimae leges (Cornelius Tacitus) (Quanto mais corrupto o

    Estado, mais leis existem)

    Hodie mihi, cras tibi (Eu hoje, Voc amanh)

    Parte III - A campanha de mentiras

    muito difcil, para mim, escrever sobre biografias, artigos e entrevistas a respeito do

    Burzum, porque h muita coisa a ser dita. H basicamente duas categorias: aquelas

    escritas por pessoas pr-Burzum e aquelas escritas por pessoas anti-Burzum. Nunca vi

    qualquer biografia, matria ou entrevista escrita de forma objetiva, embora a maior parte

    das biografias, dos autores e dos entrevistadores anti-Burzum tendam a se retratar como

    se fossem muito objetivos, enquanto as biografias pr-Burzum nunca tentam esconder o

    fato de que so pr-Burzum.

    um tanto estranho ver que alguns jornalistas e escritores pedem informaes sobre mim

    para o pessoal da Antifa (um tipo de organizao terrorista "anti-fascista"), do Monitor

    (um servio particular de inteligncia dedicado a monitorar toda a atividade e os

    dissidentes de direita na Noruega) ou do Antirasistisk Senter (Centro Anti-Racista). Eles

    poderiam simplesmente me pedir informaes sobre mim ou minhas idias mas, ao invs

    disso, eles procuram essas pessoas e ainda fingem estar escrevendo artigos objetivos e confiveis sobre a minha pessoa. como pedir Gestapo [N.: polcia secreta da Alemanha nazista] informaes sobre dissidentes na Alemanha de Hitler e esperar

    conseguir algo imparcial e objetivo.

    O que mais me surpreende, porm, so todas as entrevistas forjadas que esto por a. Ao

    invs de me entrevistar de verdade, algumas pessoas simplesmente fingiram ter me

    entrevistado e publicaram essas coisas, inventando respostas para suas prprias perguntas.

    A mais conhecida das entrevistas falsas provavelmente aquela includa no livro "Lucifer

    Rising" mas, infelizmente, no a nica.

  • Outro tipo bastante peculiar de entrevistas so aquelas baseadas em uma entrevista real mas que, fora isso, so pura bobagem. Uma dessas (parcialmente?) includa em um

    artigo chamado "Music, Murder And Fire - Black Metal The Scandinavian Way" [N.:

    Msica, Assassinato e Fogo Black Metal moda Escandinava]. O artigo inteiro basicamente pura fico, mas eu reconheo partes dele de uma entrevista que concedi em

    1994 ou 1995 para um alemo, que trabalhava para a Tempo, aparentemente uma popular revista alem, possivelmente sediada em Hamburgo. Mas no fim do artigo

    intitulado "Music, Murder And Fire - Black Metal The Scandinavian Way" o autor

    apresentado como "Ilde" (um pseudnimo?), e isso foi aparentemente publicado na

    revista "Nieuwe Revu" , algo que soa bem holands para mim e eu nunca tinha ouvido falar dela antes.

    O cara da "Tempo" me descreveu como parecendo ein Bisschen wie ein Engel (um pouco

    angelical), como a pessoa chamada Ilde fez, s que em ingls, mas Ilde acrescentou que:

    "[Vikernes] olha pela janela, e atravs das rvores ele tem a viso de um muro alto com

    torres de vigia e luzes de busca", e isso apenas prova de que essa uma entrevista

    forjada. Em primeiro lugar, eu falei com o alemo da "Tempo" na priso de Bergen em

    1994 ou 1995 e, pelo que me lembro, no havia janelas naquela sala mas, se eu estiver

    errado e houvesse realmente janelas, a nica coisa que Voc poderia ver atravs delas

    seria outro bloco da priso (e certamente nenhuma rvore). Alm disso, no h torres de

    vigia com luzes de busca em nenhuma priso da Noruega. As prises norueguesas

    simplesmente no so construdas dessa forma (e devo acrescentar, em resposta a um tolo

    artigo de 2003 que alegou que eu havia sido atingido pelo tiro de um guarda da priso,

  • que os guardas das prises tambm no portam armas). Ento sobre que diabos esse Ilde

    estava falando? A entrevista inteira , obviamente, outra fraude. Ele nunca falou comigo!

    Nem sei quem ele ou talvez quem ela !

    Portanto h pessoas por a que realmente falsificam entrevistas e as publicam em revistas

    e na Internet. Elas baseiam suas entrevistas fajutas em outras entrevistas fajutas e, claro,

    tambm em entrevistas reais, acrescentando algum toque pessoal para ficarem do jeito

    que desejam, mesmo desconsiderando a verdade.

    A propsito, a entrevista original da "Tempo" tambm foi um monte de asneiras e a

    ridcula e totalmente falsa informao de que meu pai costumava bater em minha me e

    em mim vem dessa revista. Ele o alemo provavelmente inventou essa histria por conta prpria, por alguma razo desconhecida.

    Onde pessoas como esse alemo conseguem essas baboseiras? Se no tm nenhuma base

    na realidade, ento devem estar inventando tudo por conta prpria. Por qu? Por que

    inventar histrias quando voc pode simplesmente falar comigo para saber a verdade?

    O resto do artigo/entrevista "Music, Murder And Fire - Black Metal The Scandinavian

    Way" segue o mesmo estilo. tudo um monte de asneiras. Parte pura fico e parte

    baseia-se em outras entrevistas que foram publicadas por pessoas que queriam apenas me

    demonizar. Se eu sorria para os jornalistas, eles descreviam como desprezo e, se eu no sorrisse, eu era frio como gelo. No importava o que eu dizia ou fazia, eu estava sempre errado e eles ainda distorciam tudo. No tribunal eu disse que no era um satanista e que

    eu considerava satanismo uma idiotice judaico-crist, falei sobre inn e rr e, mesmo

    assim, o juiz escreveu que "Varg Vikernes acredita em Sat" e as manchetes diziam que

    eu era um satanista. At mesmo em 2001 a diretora do departamento de justia da

    Noruega (surpreendentemente) escreveu a mesma coisa em uma carta para um psiquiatra

    e um psiclogo, que deveriam escrever um relatrio sobre o fato de eu ser um psicopata

    ou no (e, a propsito, eles disseram que eu no era). Ento a diretora do departamento

    de justia tambm alegou que eu era um satanista e que "Varg Vikernes acredita em Sat".

    Mas at mesmo as pessoas que trabalhavam na priso em que eu estava na poca ficaram

    chocadas pela ignorncia (ou at malcia) da diretora do departamento de justia. O

    psiquiatra e o psiclogo tambm reagiram negativamente declarao e, naturalmente,

    se perguntaram por que ela faria tal coisa.

    Ento o que se pode esperar de otrios que escrevem na Internet ou em alguma revista

    sem contedo? Como podemos acreditar nas diferentes biografias, artigos e entrevistas que existem por a, quando at mesmo os juzes do sistema judicirio e a diretora do

    departamento de justia da Noruega inventam ou repetem mentiras como essa?

  • Resumindo, todas as biografias, matrias e a maior parte das entrevistas esto repletas de

    mentiras. Ao invs de falar a Voc sobre as mentiras dentro de um fluxo incessante de

    artigos como esse que mencionei, direi simplesmente que no confie em nada do que

    Voc ler sobre mim, a menos que tenha sido escrito por mim.

    Infelizmente, no podemos confiar em nada do que tenha sido dito e escrito sobre outros

    dissidentes tambm. Os dissidentes so sempre demonizados e os que apiam os que esto

    no poder sempre so glorificados. A histria no nada alm de uma ferramenta usada

    pelos poderosos para fazerem com que as massas os adorem e os sigam e tambm para

    terem certeza de que essas pessoas rejeitem e trabalhem contra seus inimigos ou

    adversrios.

    At no ensino fundamental/ mdio de hoje crianas e adolescentes ingnuos na Noruega

    aprendem sobre o adorador do diabo e satnico Varg Vikernes. Se um sistema diferente ou pelo menos a honestidade prevalecesse, eu provavelmente seria descrito mais

    da forma como eu me vejo, uma pessoa que rejeitou a tentao de ter uma vida confortvel

    em um pas rico, porque eu preferi fazer o que achava certo. Eu me recusei a participar

    do estupro da Me Terra e me revoltei contra o mundo moderno.

    Hoje sou visto como nada alm de um criminoso, ento no posso esperar que os

    simpatizantes desse sistema podre digam a verdade sobre mim e, claro, no sou o nico

    sofrendo esse tipo de campanha de mentiras. Todos os que se revoltam contra o mundo

    moderno e contra esse sistema doentio passam mais ou menos pelo que estou passando.

    Eles so demonizados, ignorados, caluniados e assim por diante. At mesmo o

    adolescente comum passar por isso em sua comunidade se ele ou ela fizer algo que

    considerado anti-social ou politicamente incorreto (ou apenas usar roupas especiais).

    Todos os que se revoltam contra o mundo moderno devem estar preparados para enfrentar

    as conseqncias, mas isso no significa que devemos simplesmente aceitar o fato das

    pessoas estarem espalhando mentiras, nos ignorando ou nos caluniando. Devemos sempre

    reagir, nunca desistir. No importam as conseqncias.

    Quando os poderes ocidentais apiam dissidentes em outros pases, seja em Myanmar, na China, no Zimbbue ou em qualquer outro lugar, eles os chamam de dissidentes ou

    oposicionistas, mas todos os dissidentes no mundo ocidental so chamados de criminosos ou simplesmente de terroristas. Eles nem mesmo reconhecem que h uma

  • razo legtima para se revoltarem contra o mundo ocidental, porque eles querem estabelecer como um fato indiscutvel que a sua to falada democracia a melhor maneira de governar um pas. Argumentar contra isso como argumentar contra a teoria

    da macroevoluo com cientistas ou, o que pior, questionar a veracidade da teoria do

    Holocausto na frente de seu professor de histria. No importa o que voc diga, eles vero

    voc como um completo idiota e recusaro at mesmo a escutar o que voc tem a dizer.

    Um fantico simplesmente um idealista de quem voc discorda e um idealista

    simplesmente um fantico com quem voc concorda. Portanto, os idealistas ditam as regras no mundo ocidental e os fanticos como eu so perseguidos. assim que as coisas so e Voc deve sempre ter isso em mente quando ler algo sobre gente como eu.

    As regras do jogo ainda so deles. Voc tambm deve ter sempre isso em mente quando

    no ler coisa alguma sobre gente como eu.

    Obrigado pela sua ateno.

    Varg "O que persevera na Vida" Vikernes

    (Escrito em dezembro de 2004, atualizado em abril de 2005)

    Fama crescit eundo! (Os rumores crescem com o tempo)

    Parte IV - O Burzum na Noruega

    Freqentemente tenho encontrado fs de Black Metal, ou recebido cartas de fs de Black

    Metal na Noruega, reclamando para mim sobre o fato de que eles no conseguem

    encontrar lbuns do Burzum em nenhuma loja de discos da Noruega. A explicao para

    isso que o Burzum no distribudo na Noruega, e tem sido assim desde 1993, porque

    ningum na indstria fonogrfica da Noruega quer distribuir ou vender lbuns do

    Burzum, muitas vezes por medo de tambm serem perseguidos por extremistas de

    esquerda se assim o fizessem ou, como acontece com mais freqncia, porque eles

    prprios so extremistas de esquerda (ou so judeus/ cristos). Ento, para poderem

    comprar lbuns do Burzum, os noruegueses precisam import-los ou ir at outro pas e

    comprar os lbuns nas lojas de l. Ou seja, muito estranhamente, os lbuns da banda

    norueguesa Burzum no esto facilmente disponveis para fs de Black Metal na Noruega.

  • H mais ou menos um ano foi lanado na Noruega um programa semanal dedicado ao

    metal na TV, no qual as pessoas podem votar em vrios vdeos a serem exibidos e, sempre

    que podem, entram em um chat, atravs de SMS. Na poca eu estava trancado 24 horas

    por dia na cela, mas todo dia eu precisava sair por um minuto ou dois para pegar o jantar

    e po para o resto do dia e, ao fazer isso, eu passava por outros prisioneiros no corredor.

    E todo dia eu passava em frente de um cara chamado Ren, de Bergen, que costumava

    assistir a esse programa de metal e, em