23
BioProdução de Energia

BioProdução - web.fe.up.ptprojfeup/cd_2010_11/files/QUI605_relatorio.pdf · H2O – Molécula de água KOH ... Actualmente, pensar numa vida sem electricidade é um dos maiores

  • Upload
    vucong

  • View
    220

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

BioProdução

de

Energia

1

Relatório do Projecto FEUP

BioProdução de Energia

21 de Outubro de 2010

Mestrado Integrado em Engenharia Química

Coordenadora: Dra. Lúcia Maria da Silveira Santos Supervisora: Dra. Alexandra Rodrigues Pinto Monitora: Dra. Vânia Sofia Brochado de Oliveira Equipa: QUI605 Autores: Álvaro Manuel Coutinho Soares Ana Cláudia Carvalho Marques Ana Isabel Gabriel Pinto Ana Isabel Magalhães Fumega dos Santos Ana Isabel Teixeira Martins de Carvalho Inês Figueiredo Carviçais

2

No âmbito da unidade curricular Projecto FEUP, foi-nos proposta a realização

deste relatório, onde abordamos o tema “BioProdução de Energia”.

Debruçámo-nos, essencialmente, sobre os métodos de obtenção deste tipo de

energias, bem como as suas vantagens e desvantagens. O tratamento de águas residuais

foi também alvo de pesquisa, uma vez que os subprodutos provenientes deste processo,

podem, posteriormente, ser utilizados para produção energética. Realçamos ainda a

possibilidade de um eventual desenvolvimento deste ramo de produção energética.

Assim, é importante termos em mente que ao optarmos por estes tipos de

obtenção de energia, contribuímos para a redução da poluição e para a preservação do

nosso planeta.

Resumo do Trabalho

3

BioProdução de energia

Energias Renováveis

Biomassa

Biocombustíveis

Células de Combustível

Palavras – Chave

4

Para a realização deste trabalho, contámos com a ajuda e disponibilidade da nossa

monitora Dra. Vânia Oliveira, à qual gostaríamos desde já agradecer. Queremos ainda

mostrar a nossa gratidão à coordenadora do Projecto, Dra. Lúcia Santos, e à nossa

supervisora Dra. Alexandra Pinto pela oportunidade de abordar este tema e, assim,

aprofundar os nossos conhecimentos nesta área.

Agradecimentos

5

CCA – Células de combustível alcalinas

CCAF – Células de combustível de ácido fosfórico

CCCF – Células de combustível de carbonato fundido

CCM – Células de combustível microbianas

CCMPP – Células de combustível com membrana de permuta protónica

CCOS – Células de combustível de óxido sólido

CH4 – Molécula de metano

CO2 – Molécula de dióxido de carbono

GEE – Gases com efeito de estufa

H2O – Molécula de água

KOH – Molécula de hidróxido de potássio

O2 – Molécula de oxigénio

Lista de Siglas

6

Figura 1: Representação esquemática da produção de energia eléctrica através de

Biogás…………………………………………………………………………..Página 11

Figura 2: Representação esquemática do funcionamento de uma CCMPP…….Página 15

Lista de Figuras

7

1. Introdução ....................................................................................................... 8

2. Contextualização Sócio-Económica ............................................................... 9

3. BioProdução de Energia ..................................................................................10

3.1. Biocombustíveis ...................................................................................... 10

3.1.1. Biogás ............................................................................................ 10

3.1.2. Biodiesel ........................................................................................ 12

3.1.3. Bioetanol ........................................................................................ 13

3.1.4. Células de Combustível ................................................................. 13

4. Conclusão ....................................................................................................... 19

5. Bibliografia .................................................................................................... 20

Índice

8

A sociedade actual caracteriza-se por ser uma sociedade de consumo. Todas as

actividades sócio-económicas, desde as grandes indústrias às tarefas mais simples do

nosso dia-a-dia, partilham um elo entre si – a necessidade absoluta de energia eléctrica.

Actualmente, pensar numa vida sem electricidade é um dos maiores infortúnios

que poderíamos sofrer.

Esta dependência iniciou-se no século XVIII, aquando a Revolução Industrial

com o uso de carvão, fonte de energia não renovável. O avanço científico e tecnológico

permitiu a descoberta de novos combustíveis fósseis e novas aplicações.

Posteriormente, este tipo de obtenção de energia enraizou-se em todos os sectores de

actividade humana.

Deste uso excessivo, surgiram graves e preocupantes impactos, como a poluição,

a destruição da camada de ozono e o aquecimento global. Com vista a resolver estes

problemas e salvar atempadamente o nosso planeta, habitat natural de todos os seres

vivos, criaram-se alternativas ao uso dos combustíveis fósseis, alternativas essas limpas,

menos poluentes e, consequentemente, mais verdes. Assim, surgiu o interesse pelo

aproveitamento das energias renováveis, que rapidamente se desenvolveram e passaram

a ser frequentemente utilizadas. De entre essas soluções, destacam-se os

biocombustíveis, que, tal como a palavra indica, originam energia a partir de matéria

orgânica. Alguns exemplos deste tipo de combustíveis são o biogás, o bioetanol e o

biodiesel.

1. Introdução

9

A sociedade de hoje em dia, devido ao aumento descontrolado da população e à

crescente dependência de equipamentos tecnológicos, confronta-se com uma crescente

necessidade de recursos energéticos.

Actualmente, as fontes energéticas mais utilizadas para a obtenção de energia

eléctrica são os combustíveis fosseis, como o carvão, o petróleo e o gás natural, contudo

as suas reservas naturais são finitas, tornando-os assim um recurso não renovável. Para

além desta desvantagem, a libertação de gases poluentes para a atmosfera resultantes da

queima destes combustíveis, como o dióxido de carbono (1. CH4 +2 O2 → CO2 +2 H2O)

é também um dos graves problemas que a sociedade actual enfrenta. Tal acontece, uma

vez que GEE contribuem para o aumento do aquecimento global, que por sua vez

provoca alterações climáticas, destabilizando o equilíbrio da mãe Natureza. [1]

Assim, cientistas de todo o Mundo sentem-se na obrigação de se debruçarem

sobre novos métodos de obtenção de energia que possam um dia vir a substituir por

completo a energia actualmente produzida pelos combustíveis fósseis, energia essa, que

na tentativa de minimizar os impactos ambientais, deverá ser o mais limpa possível.

Ainda assim, é importante ter em atenção que seria vantajoso para a população mundial

que estes novos recursos energéticos fossem renováveis, dado que deste modo a

necessidade de energia eléctrica estaria a longo prazo assegurada.

Apesar de serem processos, cujo custo de implementação é elevado, devido ao

reduzido investimento e desenvolvimento nesta área, promovem a exploração local,

diminuindo por sua vez os custos de distribuição e importação da energia. [2,3]

2. Contextualização Sócio-económica

10

A bioprodução de energia, tal como o próprio nome indica, é a obtenção de

energia através de matéria biológica ou resultante da actividade de organismos. Assim

sendo, todo este processo se inicia no que designamos habitualmente por biomassa.

Fazem parte da biomassa os resíduos biodegradáveis urbanos e os subprodutos

derivados das várias áreas de activada humana, como da pecuária e da agricultura.

Para além de se obter biocombustíveis através da degradação da biomassa, esta

também pode ser utilizada directamente como combustível. Em ambas as situações,

gera-se energia sob a forma de calor, que pode servir como fonte de aquecimento, e,

consequentemente, dar origem a energia eléctrica através da formação de vapor de água,

que irá accionar as turbinas das centrais termoeléctricas.

Embora a queima deste tipo de recursos resulte na libertação de dióxido de

carbono, pode-se assumir que o balanço de emissões de CO2 é nulo, uma vez que este

composto fora outrora absorvido pelas plantas que deram origem ao combustível,

durante o processo fotossintético. Além disso, este tipo de gases é o produto natural da

decomposição da biomassa, e uma vez aplicados na produção de electricidade,

assumem-se menos poluentes. [4]

Os biocombustiveis por si só ou misturados com combustíveis fósseis podem ser

utilizados em veículos. Tal como referido anteriormente, este tipo de combustíveis tem a

vantagem de diminuir as emissões de GEE e, consequentemente, a diminuição do

aquecimento global.

São alguns exemplos de biocombustíveis: o biogás, o biodiesel e o bioetanol. [5]

Este biocombustível é composto por metano (50 a 70%), dióxido de carbono (25

a 50%), hidrogénio (1 a 2%), gás sulfídrico (0 a 3%), oxigénio (0 a 2%), amoníaco (0 a

1%) e azoto (0 a 7%), podendo ser obtido pela degradação biológica anaeróbica dos

3.1. Biocombustíveis

3. BioProdução de Energia

3.1.1. Biogás

11

resíduos orgânicos, quer de forma natural, por meio da acção de bactérias, quer de

forma artificial, utilizando um biodigestor anaeróbio.

O processo de produção de biogás pode ser dividido em três etapas: a hidrólise

enzimática, a acidificação e a metanogénese. A hidrólise enzimática, designada também

por fermentação, consiste na redução de moléculas complexas em moléculas mais

simples utilizando bactérias fermentativas e hidrolíticas, ou seja, ocorre quebra de

polímeros, transformando-os em compostos menores. As proteínas, os lípidos e os

hidratos de carbono resultantes são, durante a fase de acidificação, transformados em

ácido acético, hidrogénio e dióxido de carbono. Por último, estes compostos são

convertidos em metano e dióxido de carbono, no que se designa por metanogénese.

Para a obtenção de biogás são necessárias unidades processuais especializadas,

tal como representado na figura 1. Nestas, o processo inicia-se com a deposição de

excrementos e matéria vegetal num tanque colector. Por vezes, se necessário adiciona-se

água à mistura para facilitar a transição desta para o biodigestor. Neste, a mistura é

homogeneizada pelas pás existentes no reactor de aço inoxidável. Ao longo deste

processo, a temperatura do biodigestor é mantida, por meio de um sistema de tubagens

que o envolve, permitindo assim uma acção bacteriológica ininterrupta que garante uma

produção contínua de biogás. Contudo, existe uma constante renovação da mistura,

sendo que os resíduos são removidos da base do reactor e a nova matéria é introduzida

acima do nível da mistura que se encontra em transformação. Dada a baixa densidade

do biogás, este é capturado no topo do biodigestor por uma membrana expansível e

extraído para, posteriormente, ser utilizado. Se se pretender obter energia eléctrica, o

biogás é fornecido a um gerador que o transforma. Durante esta reacção é libertado

calor, que é utilizado na manutenção da temperatura interna do biodigestor.

Fig. 1- Representação esquemática da produção de energia eléctrica através de Biogás.

12

Durante o processo de obtenção do biogás, a presença de determinadas

substâncias, nomeadamente a água e o dióxido de carbono, prejudicam a sua queima e,

consequentemente, a eficiência do processo. Para além disso, a integridade das unidades

processuais, como o motor do gerador, são afectadas pelo poder corrosivo associado ao

gás sulfídrico. [6-9]

O biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que

pode ser obtido por diferentes processos: o cracking ou a transesterificação. O primeiro

processo, quebra as ligações das moléculas complexas, transformando-as em moléculas

mais simples. O segundo processo, é, actualmente, o mais utilizado e consiste na

reacção química de óleos vegetais ou gorduras animais com o etanol ou o metanol, na

qual se extrai a glicerina do óleo. Esta pode ser usada mais tarde na fabricação de

sabonetes e de produtos cosméticos. É possível produzir biodiesel a partir de óleos

usados, gorduras animais e de dezenas de espécies vegetais tais como: o girassol, a soja,

a palma e o milho.

De uma maneira geral, o biodiesel é aditivo do diesel tradicional, contudo pode

ser utilizado puro.

Nos dias de hoje, em Portugal, há muitas terras aráveis que podem produzir uma

enorme variedade de oleaginosas, principalmente nos solos menos produtivos, com um

baixo custo de produção.

Quando usado em veículos, para além de não ser necessário efectuar nenhuma

adaptação, contribui para o aumento da vida útil do motor, dado que é um óptimo

lubrificante.

O transporte e armazenamento deste composto é relativamente fácil, dado que o

risco de explosão é baixo, pois precisa de uma fonte de calor acima de 150 Cº para

entrar em ignição.

Este combustível contribui para a diminuição da poluição e do efeito estufa, uma

vez que reduz a emissão de gases provenientes da queima de combustíveis fósseis.

A principal desvantagem da produção do biodiesel é o aumento da

desflorestação para o cultivo de plantas oleaginosas, diminuindo a biodiversidade do

3.1.2. Biodiesel

13

planeta. [10]

O bioetanol é um combustível renovável produzido a partir de resíduos de

matéria orgânica, constituída essencialmente por celulose, tais como cana-de-açúcar e

milho.

O processo de fabricação do etanol, a partir de resíduos vegetais, é dividido em

quatro etapas. A primeira etapa do processo é o pré-tratamento ácido do bagaço da cana,

onde ocorre quebra da estrutura cristalina da fibra do bagaço e recuperação de açúcares

mais fáceis de hidrolisar, por hidrólise ácida. Na segunda etapa, designada por

deslignificação, a lenhina, responsável pela protecção da celulose, é removida, de modo

a permitir a acção microbiana no processo de fermentação.

Destas duas etapas, resulta um líquido rico em açúcares, que numa terceira fase é

fermentado pela levedura Pichia stipitis. O sólido proveniente da deslignificação, que é

rico em celulose, é também, nesta fase, submetido a um processo enzimático de

sacarificação, onde ocorre uma transformação de açúcares e, posteriormente, uma

fermentação pela Sacharomyces cerevisiae, a mesma levedura utilizada no fabrico do

pão.

Na última fase, os produtos resultantes das fermentações são destilados. O

produto desta destilação é o etanol, que possui as mesmas características do etanol

obtido a partir de matéria fóssil.

Tal como todos os biocombustíveis, também o bioetanol é uma fonte de energia

renovável e contribui para uma diminuição 75% das emissões de gases poluentes

relativamente à produção de energia através recursos fósseis. [11, 12]

Uma célula de combustível microbiana é uma célula electroquímica capaz de

gerar electricidade a partir da matéria orgânica presente nas águas residuais.

Na ETAR, estas águas passam por 4 etapas: o pré-tratamento, a decantação

primária, o tratamento biológico e a decantação secundária. Durante o pré-tratamento,

os sólidos de maiores dimensões são removidos por um processo designado gradagem.

3.1.4. Células de Combustível

3.1.3. Bioetanol

14

De seguida, são retiradas as gorduras e as areias utilizando desarenadores e

desengorduradores. Assim, a primeira etapa contribui para a preservação dos

equipamentos e facilita o tratamento biológico, uma vez que são retiradas as gorduras.

Por conseguinte, estas águas são submetidas a um processo físico e/ou químico

de decantação, onde partículas em suspensão são extraídas. Restando apenas na água

60% da matéria orgânica, esta segue para os reactores biológicos, onde se processa a sua

degradação, pela acção de bactérias aeróbias, que exigem a presença de oxigénio. Para

manter os níveis de oxigénio constantes, este processo ocorre em tanques de arejamento.

Por último, dá-se a decantação secundária onde são removidas as restantes

impurezas sólidas.

Todos os resíduos extraídos durante o tratamento de águas são enviados para

uma “linha de lamas”, que compreende 3 fases: espessamento, digestão e desidratação.

Em primeira instância, estas lamas passam por espessadores gravíticos, onde a

matéria é engrossada. De seguida, a uma temperatura constante, dá-se o processo de

digestão, onde os gases são removidos e armazenados num gasómetro. Estes gases dão

origem a um subproduto designado por biogás. Por fim as lamas são desidratadas,

através de 3 filtros banda, que retiram grande parte da restante água. Habitualmente, é

adicionado, durante esta fase, um produto químico que aumentará a eficiência desta

fase.

No final do tratamento, as lamas têm uma consistência semelhante à da

plasticina. Estas lamas tratadas na ETAR são utilizadas na agricultura, como adubo

orgânico, e também servem de alimento para a comunidade de bactérias que dará

origem ao bio-hidrogénio, posteriormente utilizado para alimentar células de

combustível.

Os principais componentes de uma célula combustível são o ânodo, eléctrodo

negativo; o cátodo, eléctrodo positivo; e um electrólito, para transportar os electrões.

Através das reacções de oxidação-redução que ocorrem nos eléctrodos origina-se uma

corrente eléctrica contínua, com base na transferência de electrões e protões entre o

ânodo e o cátodo. Ou seja, a partir de combustíveis como o hidrogénio e o oxigénio é

possível produzir energia, dado que estes são reduzido e oxidado, respectivamente.

2. Ânodo: H2 (g) → 2H+ (aq) + 2e-

3. Cátodo: 1/2O2 (g) + 2H+ (aq) + 2e- → H2O (g)

15

Fig. 2 – Representação esquemática do funcionamento de uma CCMPP.

Existem diferentes tipos de células de combustível: células de combustível com

membrana de permuta protónica, células de combustível alcalinas, células de

combustível de ácido fosfórico, células de combustível de carbonato fundido, células de

combustível de óxido sólido e células de combustível microbianas. [13,14]

As CCMPP possuem uma membrana de permuta iónica que conduz os protões

do ânodo para o cátodo de forma eficiente, dada a sua boa condutibilidade. Estas células

utilizam como combustível hidrogénio de elevado grau de pureza. É importante ter em

conta dois factores: temperatura inferior a 100ºC e presença de água no estado líquido,

que permita à membrana a constante hidratação, essencial ao processo de produção de

energia. Contudo, para baixas temperaturas, a reacção em causa fica comprometida, o

que obriga a recorrer a catalisadores, como a platina, e a eléctrodos sofisticados que

permitam que o processo se torne eficaz.

Existem diversas variantes das CCMPP, que utilizam combustíveis alternativos,

como o metanol e o etanol, que previamente os convertem em hidrogénio.

O facto de se utilizar, como único líquido, a água, evita elevados níveis de

corrosão. As CCA, a temperaturas elevadas, utilizam um electrólito de uma solução

concentrada de KOH, e, para temperaturas inferiores a 120ºC, utilizam uma solução de

menor concentração. As baixas temperaturas, tal como anteriormente referido,

constituem um problema, uma vez que afecta a velocidade da reacção. Porém este é

16

superado com a utilização de eléctrodos porosos e pressões elevadas.

Comparativamente aos electrólitos ácidos, os electrólitos alcalinos reduzem mais

rapidamente o oxigénio no cátodo. Contudo, o uso de electrólitos alcalinos, diminui o

rendimento do processo, visto que, com o passar do tempo, estes dissolvem o CO2.

As CCAF utilizam como electrólito o ácido fosfórico, cuja estabilidade é

elevada quando comparada com outros ácidos. Para além disso, as CCAF conseguem

produzir energia a temperaturas elevadas, o que constitui uma vantagem .

Porém, durante o processo, existe dificuldade em armazenar o hidrogénio. De

forma a solucionar este problema, é necessário o investimento em equipamento mais

complexo que transforme o metano em hidrogénio e dióxido de carbono, o que acarreta

custos consideráveis. Contudo, os custos de manutenção são reduzidos e o processo de

obtenção de energia é seguro.

As CCCF utilizam como electrólito uma combinação de carbonatos alcalinos,

que formam um sal altamente condutor de iões, a temperaturas que se encontram na

faixa dos 600 aos 700ºC.

As CCOS possuem velocidades de reacção elevadas, sem a utilização de

catalisadores, devido às temperaturas a que opera, que variam entre os 600 e os 1000ºC.

Como electrólito utiliza-se um óxido de metal sólido não poroso.

Possuem desvantagens como por exemplo: o elevado custo de fabrico e a

necessidade de equipamentos extra para que a célula produza energia eléctrica.

Deste modo, verifica-se que apenas as CCMPP utilizam um produto derivado da

degradação de matéria orgânica como o hidrogénio, proveniente da acção de bactérias

sobre as lamas, resultantes do tratamento de águas residuais. [15-18]

O princípio de funcionamento das CCM é a libertação de electrões, durante a

degradação da matéria orgânica, ou seja, durante a sua oxidação. Este processo pode ser

traduzido pela seguinte equação:

Estas células são constituídas por um ânodo, que se encontra inserido no bio

reactor; um cátodo; uma membrana selectiva de H+, que separa os compartimentos onde

se encontram cada um dos eléctrodos; e um circuito eléctrico externo, que fecha o

circuito entre o cátodo e o ânodo. É também de extrema importância referir que ambos

17

os eléctrodos se encontram imersos em soluções aquosas para facilitar o transporte dos

electrões.

A presença do O2 pode comprometer o processo de obtenção de energia, uma

vez que se pode combinar prematuramente com o H+, produzido no ânodo. Assim, é

importante que o processo se dê em condições anaeróbias, para que os H+ livres

atravessem a membrana selectiva assegurando a electroneutralidade do electrólito.

Por outro lado, as reacções que ocorrem no cátodo apenas se dão em condições

de aerobiose, uma vez que se tem como objectivo a formação de moléculas de água,

como podemos perceber ao observar a seguinte figura:

Deste modo, todo o processo de obtenção de energia a partir das CCM se resume

na seguinte equação:

Apesar do seu potencial desenvolvimento, apresentam actualmente algumas

desvantagens. A variação da temperatura pode afectar o metabolismo dos

microrganismos e diminuir a produção de energia eléctrica. Para além disso, pode

apresentar o inconveniente de se tornar dispendioso e poluente, se se pretender utilizar

mediadores electroquímicos para aproveitar os electrões resultantes da actividade dos

microrganismos, que se encontram dispersos em solução.

18

Assim, as CCM sem mediadores electroquímicos são a escolha mais frequente.

Nestas células os microrganismos formam o que se chama de biofilme constituído por

microrganismos, resíduos metabólicos que envolvem o ânodo.

Uma célula de combustível é capaz de: converter mais de 90% da energia

contida num combustível em energia eléctrica e calor e diminuir significativamente o

ruído associado aos sistemas convencionais de produção de energia. Para além de tudo

isto, apresentam um elevado potencial de desenvolvimento, dado o interesse mundial

nesta temática. [19]

19

Bioprodução de energia: uma fonte renovável e menos poluente. Este é o actual

cenário com o qual nos deparamos e que abre caminho a um futuro mais respeitador do

ambiente. Assim, a necessidade de preservar o nosso planeta, um bem considerado já

adquirido, conduz à constante procura de recursos alternativos, tais como os

biocombustíveis, que apresentam demasiadas vantagens para serem ignorados.

Um futuro mais verde, não deve ser uma opção, mas sim uma obrigação perante

a realidade poluente com que nos deparamos. Chegou o momento de nos redimirmos

dos nossos erros, sendo urgente substituir a mais usual forma de obtenção de energia, os

combustíveis fósseis, e optar, quem sabe, pela bioprodução de energia.

Usar a biomassa como fonte de obtenção de energia é o futuro do nosso planeta,

dado que assegura a total dependência energética do Homem.

Com este trabalho, pretendemos reforçar a importância da obtenção de energia a

partir de matéria orgânica e evidenciar as suas vantagens.

4. Conclusão

20

[1] Alternative Energy Secret. Combustíveis Fósseis: suas vantagens e desvantagens.

http://translate.google.pt/translate?hl=pt-

PT&langpair=en|pt&u=http://www.alternativeenergysecret.com/fossil-fuels.html

(accessed October 09, 2010).

[2] Nota Positiva. Energias Renováveis.

http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/geografia/geografia_traba

lhos/energrenovaveis.htm (accessed October 09, 2010).

[3] AGENEAL (Agência Municipal de Energia de Almada). Energias Renováveis.

http://www.ageneal.pt/content01.asp?BTreeID=00/01&treeID=00/01&newsID=8

(accessed October 09, 2010).

[4] Portal Energia. Biomassa – Resíduos Orgânicos. 2008. http://www.portal-

energia.com/biomassa-residuos-organicos/ (accessed September 20, 2010).

[5] Sua Pesquisa.Biocombustíveis.

http://www.suapesquisa.com/o_que_e/biocombustiveis.htm (accessed September 22,

2010).

[6] Biogás. Biogás. http://homologa.ambiente.sp.gov.br/biogas/biogas.asp (accessed

October 09, 2010).

[7] Biogás. josecaldas1.googlepages.com/Biogs.pps (accessed October 09, 2010).

5. Bibliografia

21

[8] Advanced Green Energy Solutions. Diagrammatic Representaion of a Biogas

Renewable Energy System. http://www.agrenergyllc.com/products/system.html

(accessed October 09, 2010).

[9] Agrener. Sewage Biogas convertion into electricity.

http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:F1uKaYmkh_wJ:cenbio.iee.usp.br/downl

oad/projetos/agrener2006_energ-biog.pdf+forma%C3%A7ao+biogas&hl=pt-

PT&pid=bl&srcid=ADGEEShWEWBnB_BjmMHf9BHVN2enbB12penbCDcWhIb_6i

FTS6abTtDNbNXDe9mU7uu8Sa224hGAFVYsJUNql4m2EL7G0YxqS3HrXs9_ILoP0

rVmGM7R2k2S4GCEN9aPd1bV3GZHFggO&sig=AHIEtbTTkXIydcH9vBIP2ieGIWc

VkukT7g (accessed October 09, 2010).

[10] Wikipedia. Biodiesel. 2010. http://pt.wikipedia.org/wiki/Biodiesel (accessed

October 13, 2010).

[11] Biodieselbr. Bioetanol (etanol de lignocelulose). 2010.

http://www.biodieselbr.com/energia/alcool/bioetanol-etanol-lignocelulose.htm

(accessed October 13, 2010).

[12] Instituto Ressoar. Vantagens e desvantagens do bioetanol.

http://www.ressoar.org.br/consumo_consciente_home_energias_limpas_biocombustivei

s_bioetanol.asp (accessed October 9, 2010)

[13] Escola Básica1 de Albergaria-a-Velha. Tratamento de Águas Residuais.

http://www.eb1-albergaria-velha-n1.rcts.pt/Alb3/Aguagota/pagina4.htm (accessed

September 22, 2010).

22

[14] Portal da Energia. Células de Combustível - Tipos?. 2008. http://www.portal-

energia.com/celulas-de-combustivel-tipos/ (accessed September 20, 2010).

[15] Electricidade: Células de Combustível. Células de Combustível. 2008.

http://www.aceav.pt/blogs/cristinabrinco/CFQ/ELECTRICIDADE/Forms/DispForm.as

px?ID=10 (accessed October13, 2010).

[16] Portal das Energias. Células de Combustível - Como Funcionam?. 2008.

http://www.portal-energia.com/celulas-de-combustivel-como-funcionam/ (accessed

September 20, 2010).

[17] Portal das Energias. Vantagens e Desvantagens das Células de Combustível. 2008.

http://www.portal-energia.com/celulas-de-combustivel-vantagens-e-desvantagens/

(accessed September 20, 2010).

[18] Portal das Energias. Que Futuro?. 2008. http://www.portal-energia.com/celulas-de-

combustivel-que-futuro/ (accessed September 20, 2010).

[19] Carvalho, Tiago. 2009. Células de Combustível Microbianas. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.