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esta JORNAL www.esta.ipt.pt DIRECTORA: HáLIA COSTA SANTOS N.º 9 . ANO 4 . SEXTA-FEIRA, 31 DE MARçO DE 2006 Bispo D. José Alves VISITA PASTORAL p. 6 e 7 JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES INSTITUTO POLITÉCNICO DE TOMAR Câmaras querem acabar com o perigo Tomar, Abrantes e Entroncamento procuram soluções para a segurança rodoviária dos peões. Passadeiras sobrelevadas ou cromáticas, bandas sonoras e barreiras físicas são algumas das alternativas. A dificuldade reside na falta de critérios e de normas técnicas para regular a localização das travessias pedonais - Jorge Santos - A paixão pelos táxis e futebol - Conto - O projecto final Taxista há 27 anos, o no- vo director desportivo do Abrantes Futebol Clube repar- te o seu tempo entre o volante do seu táxi e o estádio muni- cipal. “Sou puro benfiquista mas se calhar agora tenho uma queda maior pelo Abrantes” — afirma. Requalificação da Av. Fa- rinha Pereira, edifício do Centro Tecnológico Alimen- tar, instalação de empresas no Parque Industrial, requa- lificação da rua de acesso ao cemitério de Sta Catarina, as obras do campo de Basebol da Cidade Desportiva e do Açu- de e, no Tramagal, a inaugu- ração da piscina municipal e as obras do Parque Industrial, contrariam, segundo Nelson de Carvalho, presidente da Câmara Municipal de Abran- tes, o cenário de estagnação económica que o país atra- vessa. A mudança estava finalmente terminada. Tudo estava em ordem, tudo tinha encontrado o espaço a que estava desti- nado. Na estante que se situava ao lado da porta, os livros, meticulo- samente ordenados por épocas, revelavam a sua paixão: o cinema. Nas paredes forradas com um papel florido, já gasto pelo tempo, tinha colado alguns cartazes que faziam alusão aos grandes clássi- cos. Fora esta a forma que encontrara para esconder as manchas acastanhadas das paredes. p. 4 e 5 - Abrantes - Obras vão mudar concelho p. 15 p. 10 e 11 p. 19 JOãO LOBATO

Bispo J O R N A L D. José Alves · 2006. 4. 10. · esta J O R N A L Direc tora: Hália costa santos N.º 9 . aNo 4 . sexta-Feira, 31 de março de 2006 Bispo D. José Alves v i s

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Page 1: Bispo J O R N A L D. José Alves · 2006. 4. 10. · esta J O R N A L Direc tora: Hália costa santos N.º 9 . aNo 4 . sexta-Feira, 31 de março de 2006 Bispo D. José Alves v i s

estaJ O R N A L

www.esta.ipt.ptD i r e c t o r a : H á l i a c o s ta s a n to s

N.º 9 . a N o 4 . s e x ta - F e i r a, 31 d e ma r ço d e 2006

BispoD. José Alves

v i s i t a p a s t o r a l

p. 6 e 7

jornal laboratório do curso de comunicação social da escola superior de tecnologia de abrantes instituto politécnico de tomar

Câmaras querem acabar com o perigo

Tomar, Abrantes e Entroncamento procuram soluções para a segurança rodoviária dos peões. Passadeiras sobrelevadas ou cromáticas, bandas sonoras e barreiras físicas são algumas das alternativas. A dificuldade reside na falta de critérios e de normas técnicas para regular a localização das travessias pedonais

- Jorge Santos -A paixão pelos táxis e futebol

- Conto -O projecto final

Taxista há 27 anos, o no-vo director desportivo do

Abrantes Futebol Clube repar-te o seu tempo entre o volante do seu táxi e o estádio muni-cipal. “Sou puro benfiquista mas se calhar agora tenho uma queda maior pelo Abrantes” — afirma.

Requalificação da Av. Fa-rinha Pereira, edifício do

Centro Tecnológico Alimen-tar, instalação de empresas no Parque Industrial, requa-lificação da rua de acesso ao cemitério de Sta Catarina, as obras do campo de Basebol da Cidade Desportiva e do Açu-

de e, no Tramagal, a inaugu-ração da piscina municipal e as obras do Parque Industrial, contrariam, segundo Nelson de Carvalho, presidente da Câmara Municipal de Abran-tes, o cenário de estagnação económica que o país atra-vessa.

A mudança estava finalmente terminada. Tudo estava em ordem, tudo tinha encontrado o espaço a que estava desti-

nado.Na estante que se situava ao lado da porta, os livros, meticulo-

samente ordenados por épocas, revelavam a sua paixão: o cinema. Nas paredes forradas com um papel florido, já gasto pelo tempo, tinha colado alguns cartazes que faziam alusão aos grandes clássi-cos. Fora esta a forma que encontrara para esconder as manchas acastanhadas das paredes.

p. 4 e 5

- Abrantes -Obras vão mudar concelho

p. 15 p. 10 e 11 p. 19

joão lobATo

Page 2: Bispo J O R N A L D. José Alves · 2006. 4. 10. · esta J O R N A L Direc tora: Hália costa santos N.º 9 . aNo 4 . sexta-Feira, 31 de março de 2006 Bispo D. José Alves v i s

� | ESTA joRNAl • 3 de Abril de �006

EstatutoEditorial

• o ESTA é um jornal de Escola, de pendor assumidamente regional, mas que nem por isso abdica da dimensão de um órgão de gran-de informação ou da ambição de conquistar o público para além do meio universitário.

• o ESTA jornal adopta como lema e norma critérios de rigor, de absoluta independência e de pluralismo dos pontos de vista a que dá expressão.

• o ESTA jornal aposta, por isso, numa informa-ção plural e diversificada, procurando abordar os mais diversos campos de actividade numa atitude de criatividade e de abertura perante a sociedade e o Mundo.

• o ESTA jornal considera como parte da sua missão contribuir para a formação de uma opinião pública informada, emancipada e interveniente - condição fundamental da democracia e de uma sociedade aberta e tolerante.

• A democracia participativa e entendida para além da sua dimensão meramente institu-cional, o pluralismo, a abertura e a tolerância são os valores primaciais em que se alicerça a atitude do ESTA jornal perante o Mundo.

• o ESTA jornal considera-se responsável única e exclusivamente perante a ambição e a exi-gência dos seus redactores, alunos do Curso de Comunicação Social da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes e perante o público a que se dirige.

o ESTA jornal está por isso plenamente disponível e empenhado com os leitores, comprometendo-se a manter canais de comunicação abertos com quantos connosco queriam partilhar as suas ideias e inquietações.

FuNdAdo A 13 dE jANEiRo dE 2003PRoPRiEdAdE dA ESColA SuPERioR dE TECNologiA dE AbRANTES

M o r a Da : RuA 17 dE AgoSTo dE 18082200-370 AbRANTESt e l e f o N e : 241361169fa x : 241361175e - M a i l : [email protected]

D i r e c to r a : HáliA CoSTA SANToSD i r e c to r a - a D j u N ta : RAquEl boTElHor e Dacç ão : ANA CATARiNA bRANdão, ANA NEvES, ANA RAquEl FERREiRA, ANdRé CANoA, CATARiNA MACHAdo, ANA CATARiNA MARquES, CHARlENE izAquE, CláudiA CoSTA, Cláudio MoNTEiRo, CRiSTiNA SANToS, EMANuEl TEixEiRA, EuNiCE PiNTo, jEFFERSoN goMES, joão lobATo, liliANA SéCA SANToS, MARiA joão CARdAdoR, MARiA joSé vAz, NElly CAETANo, NuNo CARolA, PEdRo NiColAu, RAFAElA SANToS, SoFiA MACEdo, TâNiA PiSSARRA, vâNiA PAlMiNHA co l a b o r a D o r e s : ANA SANToS, âNgElA PEREiRA, bRuNo SouSA RibEiRo, liliANo PuCARiNHo, TiAgo loPES, vERA AgoSTiNHo, vERA iNáCior e v i s ão : MARiA RoMANA, MARTA AzEvEdo E SoFiA MoTAP r o j e c to g r á f i co e Pag i N aç ão : joão PEREiRAi M P r e s s ão / g r á f i c a : gRáFiCA AlMoNdiNA, ToRRES NovASt i r ag e M : 1000 ExEMPlARES

Editorial

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Fazer jornalismo é, sobretudo, chamar a atenção. A primeira página desta edição – com uma passadeira a toda a largura – é quase um grito de alerta. A situação dos atropelamentos – dentro e fora das passadeiras – continua a ser inexplicável. O problema não é novo, mas as soluções tardam. No caso da segurança rodoviária, nomeadamente quando se trata de peões, vale tudo o que puder ser feito. Dar voz ao Observatório de Segurança das Estradas e Cidades (OSEC) é contribuir para um certo jornalismo de causas. A causa da segurança nas estradas e ruas é tão importante como a causa das minorias, para falar simplesmente de uma outra.Os membros do OSEC trabalham sem qualquer retorno financeiro. Fazem-no com um certo sentido de serviço público. Talvez lhes dê vontade de desistir, de vez em quando. Talvez sintam que estão a remar contra a maré. Mas a sua causa é nobre.“As pessoas não gostam de andar de carro aos saltos”, diz-se em determinado ponto do trabalho apresentado nesta edição. Mas gostarão muito menos se forem vítimas da ausência de passadeiras, da má sinalização ou de falta de civismo.Neste número do ESTAJornal fala-se muito de causas, de direitos e de deveres. Desde logo, estão em foco os jornalistas. O próprio ministro da tutela, Augusto Santos Silva, veio falar deste assunto aos estudantes de Comunicação Social. Como professor que é,

Chamar a atençãopara causas, direitos, deverese o que mais houver

deu uma lição que entrelaçou a teoria com a prática, falando da legislação e aplicando-a a casos concretos. Não foi só a posição do Governo que esteve em causa. Foi sobretudo uma visão global de um conjunto de problemas que estão na ordem do dia.Nem só de direitos e de deveres dos jornalistas se fala nesta edição. Também as mais simples actividades de um comum consumidor ou de um utente são visadas nas páginas que se seguem. Reclamar é um direito, nem sempre possível de concretizar. É mais um grito de alerta que fica. Onde estão os Livros de Reclamações?E o onde estão as coisas boas? A resposta é demasiado pronta: sobretudo na cultura… E o destaque vai para um grupo de estudantes que quiseram mostrar (e bem) que há tempo para tudo. Palmas para os JIMEHL, banda de ritmos cabo-verdianos.

Hália Costa Santos

estajornal errouNa última edição do ESTAjornal, na secção de vox Pop, por lapso, não foi incluída a referência ao curso de Engenharia Mecânica, que existe na ESTA desde a sua fundação.

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31 de Março de �006 • ESTA joRNAl | 3

ntre as alterações previstas ao Código Penal encontra-se a inclusão do “crime de perigo”, ou seja, o jornalista pode ser acusado deste crime se pu-

blicar informação sob segredo de justiça, quando a sua conduta for considerada co-mo um perigo para a investigação criminal e para a realização da justiça.

À primeira vista, esta medida pode pare-cer a forma mais simples e eficaz para pôr fim às quebras do segredo de justiça.

O pensamento é lógico… Se não é possí-vel culpabilizar as fontes porque os jorna-listas têm o direito de não as revelar, então que se culpabilize os jornalistas.

Como em tantas outras questões, tam-bém esta pode ter dois caminhos. Por um lado, a intenção pode ser a melhor. Por outro lado, “de boas intenções está o inferno cheio”.

Se esta alteração à lei conseguir pôr cobro às notícias e informações que não servem o interesse público e que apenas conseguem denegrir a imagem de pessoas inocentes ou servir o interesse de fontes duvidosas, então que seja bem-vinda.

Porém, se esta lei vier para servir de

Jornalismo: definir direitos e deveres

Cláudia Costa

ma série de caricaturas do profeta Maomé publicadas por um diário dinamarquês serviram de mote para refor-çar as ténues e hostis relações

do mundo islâmico para com o ocidente.Liberdade de religião versus liberdade

de expressão. “Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião” e “Todo o indivíduo tem direi-to à liberdade de opinião e de expressão”, segundo os artigos 18º e 19º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, elabo-rada como reconhecimento da dignidade humana e que se constitui como “funda-mento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”. Mas o mundo, na sua pluralidade de culturas, não consegue evitar o choque das mesmas. E na defesa dos “nossos” di-reitos, esquecemos os direitos dos outros. A “nossa” liberdade acaba quando, de facto, começa a liberdade do outro!

Neste duelo em que se constrangem uma ideologia fundamentalista cega e um prin-cípio democrático, ao qual muitas vezes se esquece de impor limites, mas que é um valor essencial da civilização, o que passa a estar em causa não é o que os primeiros

“Todos os indivíduos têm direito a …”

Maria José Vaz

udam-se os tempos, mu-dam-se as vontades, mu-da-se o ser, muda-se a confiança; todo o mundo é composto de mudança…”

9 de Março. Cavaco Silva, actual Pre-sidente da República, eleito em Janeiro, tomou conta oficialmente do Palácio de Belém. Jorge Sampaio, o Cessante, aban-donou aquela que fora a sua moradia du-rante dez anos. Exerceu uma presidência activa. Dotada de uma forte “dedicação e sentido de Estado”.

Os episódios políticos mais caricatos talvez sejam a “fuga” de Durão Barroso para a “Europa”, a dissolução da Assem-bleia da República e o excêntrico Governo de Santana Lopes. Que chalaça, mas nem tudo foi piada…

Na economia tivemos e temos, essen-cialmente, a recessão económica. Aderi-mos ao Euro. Uau! Inflação dos preços e desemprego. Grande novidade! Contudo, a palavra de ordem foi sempre o “pro-gresso”. Crescimento e produtividade. Inovação e competitividade.

Sob o signo do Cessante, celebrou-se primeiro a Expo’98 e, mais recentemente, o Euro 2004. Portugal fervilhou. Eclode a bomba Casa Pia. Imprensa de todo o mundo unida. Projecção de Portugal a

futebol é considerado o des-porto rei! Os 22 jogadores são os protagonistas (ou deveriam ser na maioria das vezes), mas existem outros elementos fun-

damentais, como os treinadores, os árbitros, os dirigentes e, sobretudo, os ADEPTOS. Sem adeptos, o futebol não faria sentido, pois são eles que fazem do futebol rei, são eles que vibram com os jogadores e com as jogadas, são eles que enchem estádios e pressionam dirigentes a despedir treinadores… Portanto, o futebol sem adeptos não é mais que um jogo de matraquilhos sem jogadores a fazer mexer os bonequinhos.

As claques são um exemplo de adeptos que têm como característica principal estarem orga-nizadas, deslocarem-se a todos os jogos, terem cânticos, serem máquinas de marketing e esta-rem incondicionalmente ligados ao clube.

O facto de Sporting Clube de Portugal e Futebol Clube do Porto se terem desvinculado das suas claques (FCP dos Super Dragões e SCP dos Ultra XXI, Juveleo e Torcida Verde) é uma grande perda para o futebol.

As claques são as principais animado-ras das bancadas, com os seus cânticos e gritos de guerra, normais na rivalidade entre emblemas, deixam os outros adeptos ainda mais entusiasmados e até mesmo os jogadores. No entanto, quando se fala delas,

Muda-se o ser, muda a confiança

Liliana Séca Santos

Quando as claques deixam de fazer claque

Ana Raquel Ferreira

o p i n i ã o

camuflado, escondendo e omitindo infor-mações de real interesse público, então que fique onde esteve até agora… no fundo de uma gaveta. E de preferência que seja uma gaveta bem funda.

Para que o interesse público seja servido, é importante que os jornalistas definam os limites dos seus direitos e deveres, mas não deixa de ser igualmente importante que os limites entre o que pode e o que não pode constituir perigo para a realização da justiça se encontrem bem definidos.

é sempre num sentido negativo: roubos e desacatos em estações de serviços ou nas imediações dos estádios, violência entre claques adversárias… e esquece-se sempre das coisas boas destes adeptos.

É certo que as claques têm de estar oficial-mente ligadas a um clube e que a maioria dos casos não é este. Porém, o SCP, por exemplo, tinha um protocolo com as principais claques afectas ao clube, mas desvinculou-se dela. O que levanta uma questão: a manutenção destas claques, por ser dispendiosa para os clubes, acaba por ser mais fácil descartar responsabi-lidades, acabando por prejudicar o espectáculo do futebol vivido num estádio.

reclamam como «blasfémia», mas sim a dimensão que este “incidente” poderá assu-mir no futuro. O que está em causa não é o desrespeito pela religião, mas a abertura do caminho para a legitimação do fanatismo islâmico (qual tabu!) e o sentimento de intolerância. Ameaças, ataques, boicotes, pressões diplomáticas, queima de bandeiras e “morte para os que insultam o Islão” será aceitável? Deve-se entender como uma derrota à liberdade de expressão?

A resposta, essa, só virá com o tempo!

nível internacional…Muito me aprouve Sampaio. Por de-

trás do ar discreto, insurgiu um Sampaio atento. Atento a todos os portugueses. De tanta atenção, foi o presidente que mais vetou preceitos legais. Grande Sampaio! Coube-lhe eficácia. Eficácia ao saber ge-rir um Portugal decadente e em vias de extinção.

Porém, é tempo de mudança! Cavaco Silva parece ser a solução. Assim, conti-nuamente “veremos” novidades, diferen-tes em tudo da esperança; do mal, ficam as mágoas na lembrança, e do bem, se algum houve, as Saudades.

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Tomar, Abrantes e Entroncamento procuram soluções para a segurança rodoviária

Câmaras querema tranquilidade dos peões

Em finais de Fevereiro deste ano, o Observatório de Segurança de Es-tradas e Cidades (OSEC) divulgou um relatório em que faz uma análise do panorama nacional. A principal denúncia é a falta de critérios e de normas técnicas para regular a loca-lização das travessias pedonais. No documento exorta-se o Governo para que legisle urgentemente sobre os critérios a adoptar.

Mas qual é então a realidade na zo-na do médio Tejo, em cidades como Abrantes, Tomar e Entroncamento? No que se refere à existência de cri-térios e normas, os responsáveis por todas estas cidades são unânimes em referir que eles realmente existem. Segundo Fernando Côrvelo, vere-ador em Tomar na área do Planea-mento Físico, “há normas quanto à colocação de passadeiras nas vias”. Estas resultam de “legislação como o Código de Estrada, portarias e outros

diplomas provenientes fundamen-talmente do Ministério das Obras Públicas, através das direcções gerais de viação e dos transportes terrestres”. Uma informação também avançada por quem tutela estas questões em Abrantes e Entroncamento. “As pas-sadeiras são devidamente estudadas, quer em termos de segurança para o peão, quer de visibilidade dos pró-prios veículos”, explica Pina da Costa, vereador em Abrantes com a pasta da Gestão do Trânsito.

A falta de recursos técnicos e fi-nanceiros para garantir a manuten-ção das passadeiras, a iluminação e correcta sinalização nas suas áreas envolventes, é uma situação confir-mada pelas câmaras de Abrantes e Entroncamento. Em Abrantes, Pina da Costa admite mesmo a falta de “meios técnicos ideais para responder a essas situações”. O vereador adianta ainda que, “por uma questão de op-ção”, pode decidir-se “repintar uma passadeira, mas será uma situação pontual”. No caso de essa ser a opção,

são contratadas empresas externas. Em Tomar a câmara decidiu-se por passadeiras em empedrado, já que “as passadeiras pintadas têm o gran-de inconveniente de desaparecerem rapidamente, significando um custo elevadíssimo na reposição da pintura”, diz Fernando Côrvelo.

Duas soluções para o problema es-tão a ser levadas em conta nestes con-celhos: a criação futura de passadeiras sobrelevadas e de barreiras físicas para levar os peões a atravessar em locais seguros. Segundo Pina da Costa, “os técnicos gostam muito das passadeiras sobrelevadas”, dando como exemplo, em Abrantes, a zona do Parque de S. Lourenço. “Estamos a aplicar esse tipo de passadeiras porque são mais efica-zes.” No entanto, também refere que “tem custos mais elevados”, havendo sobretudo algumas reticências na sua utilização, dado que prejudicam “a passagem de ambulâncias e pesados em determinadas situações”.

No caso de Tomar, a autarquia avançou pela mesma solução, em-

bora tenha existido “uma reacção forte” por parte da população, tal co-mo confessa Fernando Côrvelo. “As pessoas não gostam de andar de carro aos saltos. Manifestamente a solução é incómoda para quem circula, mas é uma solução eficaz.” Argumenta, ainda, como defesa desta decisão, o facto de que este tipo de passadeiras obriga a “reduzir a velocidade e em consequência os acidentes diminu-íram consideravelmente”.

A resolução dos problemas de mobilidade dos peões na cidade do Entroncamento tem passado igual-mente pela utilização das passadeiras sobrelevadas, mas não só. Tal como refere Monteiro Figueira – técnico da CEIT, empresa de consultoria para a resolução de problemas da circulação e segurança rodoviária (e que tem como cliente a Câmara Municipal do Entroncamento) – a cidade “tem actualmente em curso uma candidatura para as questões da mobilidade”. Outros aspectos, como a criação de passadeiras cromáticas,

bandas sonoras e barreiras físicas estão também incluídos. O mesmo aponta ainda para a prática da au-tarquia, que “tem sido, até hoje, de assegurar a tranquilidade para todos os utentes da via pública, incluindo os que têm mobilidade reduzida”. Como exemplo apresenta “o rebaixamento de passeios e rampas de acesso”.

Apesar de todas as medidas e in-tenções por parte destes municípios, muito falta ainda fazer. Fora dos cen-tros urbanos ou apenas nos próprios centros históricos, não é raro o comum cidadão queixar-se do estado de con-servação ou localização das passa-deiras e, por vezes, até da sua falta. Casos em que, na mesma rua, num cruzamento ou rotunda coexistem travessias para peões em más condi-ções com outras em boas ou excelentes condições também se sucedem. Para agravamento da situação, em Portugal, tal como afirma Pina da Costa, “não há muita cultura cívica em termos de trânsito, quer por parte dos peões, quer por parte dos condutores”.

Em todas as cidades, um dos problemas que urge resolver é o da segurança rodoviária. Abrantes, Tomar e Entroncamento tentam inverter um diagnóstico geral, pouco favorável, ao nível da segurança dos peões. Passadeiras sobrelevadas ou cromáticas, bandas sonoras e barreiras físicas são possíveis soluções para o problema

Emanuel Teixeira e João Lobato

joão lobATo

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31 de Março de �006 • ESTA joRNAl | �

Portugal é um país que vive sobre o estigma da inseguran-ça nas estradas, juntando-se a este problema os acidentes de viação e o mau estado das vias e estradas, bem como a sinistralidade urbana. Com a intenção de denunciar os erros cometidos na construção e manutenção de estradas e a consequente responsabilida-de nos acidentes rodoviários, surgiu, em 2004, o Observató-rio de Segurança de Estradas e Cidades (OSEC).

Nuno Salpico, juiz do Tri-bunal da Moita e presidente do OSEC, explica que esta é uma organização não go-vernamental, “facto que lhe atribui uma certa indepen-dência”. Composta por juízes conselheiros, embargadores de direito, procuradores ad-juntos do Ministério Público, engenheiros, alguns docentes universitários de engenharia, bem como o Comandante da Brigada de Trânsito da GNR, “apenas tem como orientação o serviço público”.

Afastado de qualquer

orientação partidária – o seu estatuto de independência assim o exige – o observató-rio vive alheado do orçamen-to de Estado e os seus mem-bros não recebem qualquer tipo de remuneração. “Nem queremos ter” – frisa Nuno Salpico, salientando ainda que “muitas vezes as despe-sas são suportadas pelo bolso dos próprios membros”. Sen-do uma instituição que não se encontra sob a alçada do Governo, o OSEC, nas suas intenções de garantir a segu-rança da comunidade, chega a ser confrontado com os in-teresses do executivo, sendo a sua actuação, por vezes, mal entendida. O resultado pode traduzir-se em algumas re-nitências por parte de quem governa relativamente a “um trabalho que pretende o bem”, lamenta Nuno Salpico. O juiz refere ainda que o principal problema que se coloca pren-de-se com aspectos de res-ponsabilidade criminal.

Este é um problema nacio-nal, uma lacuna social no que

à segurança diz respeito, uma falta de bom senso que, nas palavras do juiz, “só nasce a partir da responsabilidade”, uma responsabilidade forja-da nos termos da lei, pois a sociedade não pretende que seja feito de outra forma. O espectro da responsabilidade é cada vez mais uma realida-de e, sendo esse o caso, “te-mos que suscitar a tutela da responsabilidade criminal”, remata Nuno Salpico.

Mas a conversa do ES-TAJornal com o juiz não fica construída apenas por críticas ao modo como a sociedade abraça a causa da segurança nas estradas. Não é essa a sua função, nem o principal objectivo do OSEC. A real intenção do observa-tório é alertar para que se corrijam os defeitos da via provocadores de acidentes. Feito esse alerta, se a enti-dade que tem a seu cargo a manutenção e construção da via “continuar a mantê-la perigosa”, aumentando assim o risco de acidente, o OSEC

terá a seu cargo o papel de atribuição de participação criminal. Acerca do elevado grau de sinistralidade urbana existente no país, Nuno Salpi-co diz que “o panorama é de-vastador”, realçando que esta situação se deve “ às violações das normas técnicas”.

Mas nem tudo é negati-vo. Segundo o juiz, vem-se notando uma melhoria na travessia pedonal (entenda-se passadeiras). Apesar de insuficiente, é uma melho-ria. O presidente refere que, por vezes, os municípios não possuem os meios técnicos para garantir a segurança das vias, situação esta que não augura nada de positivo. Pre-núncio negativo que toma

É difícil imaginar como alguns passos dados em frente podem mudar radicalmente toda a vida de uma pessoa, incluindo daquelas que a rodeiam. Os casos de vidas desfeitas ou de mazelas que ficam no corpo para toda a vida são reais. A nível nacional, os atropelamentos são frequentes. Tanto em passadeiras como por falta delas. Ora por distracção do peão, ora por distracção do condutor, estes incidentes continuam a suceder diariamente, levantando uma terrível sombra sobre a segurança pedonal.Ensombrada e sem alegria, foi assim que ficou a vida de Alsínia e Albano Ribeiro depois de verem a sua filha de 1� anos ser vítima de um atropelamento, há �0 anos atrás. Fátima, saía da Escola Solano de Abreu, em Abrantes, e como muitas outras crianças preparava-se para atravessar a estrada junto ao portão de saída. Na época não havia passadeiras junto ao estabelecimento de ensino, pelo que o perigo de atropelamento existia realmente. Bastaram alguns passos em frente, para que Fátima fosse atropelada por um autocarro de passageiros, dando início a

um pesadelo que só iria finalizar cinco anos mais tarde, com a sua morte.Como nos relata amarguradamente Alsínia Ribeiro, “Fátima esteve em coma durante três semanas no Hospital de S. José, em Lisboa”. Confessa que após este acidente a sua filha nunca mais foi a mesma. Sem ter qualquer tipo de ajuda financeira, a vida desta família, que incluía mais dois filhos, teve que se adaptar às circunstâncias. “Apenas nos pagaram as despesas hospitalares, mais nada”.Fátima tornou-se numa criança agressiva e triste. As mazelas psicológicas estavam lá e ninguém as podia sarar. O insucesso escolar e a forte medicação a que estava sujeita retiraram-lhe a alegria própria da sua juventude. À medida que o tempo passava, Alsínia e Albano desesperavam com o estado da filha, mas o pior aconteceu quando em 1990 lhe diagnosticaram leucemia. Fátima acabou por falecer no mesmo ano.Ao fim de tanto tempo a dor ainda persiste no seio deste casal. “Nos primeiros 1� anos fui todos os dias à campa dela, agora sou vou uma vez por semana” – confessa Alsínia enquanto mostra fotografias da filha. Por

fim, desabafa: “Os bons também apanham”.Deolinda Gil, �3 anos, também foi vítima de um atropelamento, mas neste caso numa passadeira. O incidente ocorreu nos primeiros dias de �00�, junto da Biblioteca Municipal de Abrantes. “Era

já noite e não havia luz. Estava a chover muito”, conta esta ex-aluna da ESTA. “Atravessei a passadeira e já no fim dela vem um carro em sentido contrário que me apanhou e tombei. Bati com a cabeça no sinal de passagem para peões e fiquei ali um bocado sem respirar”. Deolinda Gil confessa que tanto ela como o condutor estavam distraídos, mas que a luminosidade era muito pouca tendo em conta que estava junto de uma passadeira. “Fiz um traumatismo craniano e várias rupturas na coluna que me deixaram mazelas”. Como resultado esteve três meses de baixa.Este incidente alterou a sua vida, já que na altura encontrava-se a estudar e viu-se forçada a “estar bastante tempo em repouso absoluto”. Mas a vontade de contrariar este revés era muita. “Fui levantar a baixa porque já estava farta” – desabafa. As dores eram insuportáveis, mas Deolinda acrescenta que sempre que podia ia às aulas.Quatro anos após o acidente as mazelas físicas não a deixam esquecer, mas a vontade de seguir em frente é maior do que a lembrança.

Observatório de Segurança de Estradas e Cidades denuncia erros na construção e manutenção das estradas

O panorama da sinistralidade urbana “é devastador”

Duas histórias reais de atropelamentos em Abrantes

“Os bons também apanham”

esta forma quando Nuno Salpico acautela que “o Ob-servatório é a única entidade que faz esta abordagem”. Por isso, alerta para os perigos e para as violações existentes nos meios urbanos, sendo esta uma abordagem cons-tituída por um conjunto de saberes jurídicos e técnicos que permitem um melhor entendimento da gravidade deste problema.

Um exemplo a ter em contaA sinistralidade urbana

não é só um problema dos grandes centros nacionais. Esta situação afecta outros municípios e as posições a serem tomadas por parte das câmaras municipais, para inverter esta prática de costumes, têm que ser uma realidade.

O trabalho exercido pela Câmara Municipal de Tomar chegou ao conhecimento de Nuno Salpico através da im-prensa regional. Ao entrar em contacto com este exemplo de planificação urbana, no

que à segurança pedonal diz respeito, foi do interesse do observatório entrar em con-tacto com Tomar. O resultado foi a marcação de uma reu-nião com os representantes da Câmara Municipal.

Tal como confirma Fernan-do Côrvelo, vereador na área do Planeamento Físico de To-mar, “no fundo, aquilo que nos transmitiram foi apenas o desejo de informação sobre o procedimento na cidade”. O presidente do Observa-tório considera que “o caso de Tomar é um caso notável, na medida em que avançá-mos para uma solução que é politicamente complicada”, referindo-se, nomeadamente, à contestação dos condutores em relação à introdução de passadeiras sobrelevadas.

Para Nuno Salpico, o en-contro não podia ter sido me-lhor, ficando satisfeito com algumas medidas que estão a ser incrementadas na cidade. Discorda apenas da colocação das passadeiras sobrelevadas, pois não as considera a me-lhor solução. Explica que “foi a posição deles”. E acrescenta: “É uma extensão do passeio, é território do peão e reduz a sinistralidade”.

È preciso remar contra a maré pois, como considera Nuno Salpico, “num estado de direito democrático esta situação é totalmente inacei-tável”.

Deolinda Gil

d e s t a q u e

“O caso de Tomar é um caso notável”

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ENTREVISTA | D. José Alves, Bispo De portAlegre-CAstelo BrAnCo

“Há uma certa ondade laicismo na sociedade”

Como é que um Bispo habituado à vivência religiosa da Grande Lis-boa se sente à frente dos destinos de uma Diocese do interior e com uma vivência religiosa completa-mente diferente?Sinto-me bem. Sinto-me à vontade porque eu tenho experiência de vida num ambiente mais interior e rural. Eu vivi a maior parte da minha vida no Alentejo e, nesse sentido, a tran-sição para a Diocese de Portalegre não me trouxe grandes surpresas. O ambiente alentejano e o ambiente da Beira e do Ribatejo, de alguma forma, eram-me familiares. Nesse sentido, estou-me a adaptar muito bem, embora não conheça a rea-lidade… Isso é o que estou a fazer agora!.. A conhecer as realidades. Mas não tenho encontrado grandes surpresas.Como analisa, em termos reli-giosos, a dispersão geográfica e populacional da Diocese?

Penso que há alguma diferença de uma região para outra, mas não são diferenças muito substanciais. Há aspectos que se diferenciam, por exemplo, no que diz respeito à prática de vida cristã. É certo, e toda a gente reconhece isto, que no Alentejo a prática dominical é me-nor que na Beira Baixa. No aspecto de crença, de fé, de religiosidade, não é tão grande, porque, mesmo as pessoas que vivem no Alentejo, são pessoas muito crentes, têm uma religiosidade muito arreigada no seu interior e até na própria sociedade, mas a maneira de exprimir essa re-ligiosidade é diferente. Enquanto no ambiente da Beira a religiosidade se exprime por uma frequência habitu-al da Igreja, no Alentejo a frequência da Igreja é menor. No entanto, as pessoas não deixam de ter manifes-tações de fé que se traduzem, por exemplo, na participação nos fune-rais, na participação nas procissões e certos actos religiosos, e também a presença de imagens religiosas nas suas próprias casas. Porventura os alentejanos terão mais imagens em casa do que os espanhóis, embora eu nunca fosse medir!... Mas noto que há uma presença de objectos e de imagens religiosas nas casas, e isso significa que a fé está presente.Qual é o objectivo desta Visita pas-toral ao Arciprestado de Abran-tes?

Os objectivos de uma Visita Pasto-ral são vários. No meu caso concreto, o primeiro objectivo é tomar con-tacto directo com a realidade, uma

d. josé Alves está a fazer a sua primeira visita Pastoral ao Arciprestado de Abrantes. objectivo? “dar alento às pessoas, fortalecer a fé, esclarecer e ajudar as comunidades a renovarem-se interiormente”.

o bispo fala da diocese, da devoção Mariana e da Nova Evangelização. “A igreja tem que fazer um esforço notório e completo para ir de encontro à mentalidade das pessoas do nosso tempo”

Natural da Diocese de Guarda. D. José Francisco Sanches Alves nasceu a �0 de Abril de 19�1, na freguesia de Lageosa (Sabugal).Estudou Filosofia e Teologia nos seminários da Diocese da Guar-da. Em 1966, foi ordenado pres-bítero na Catedral de Évora. Em Roma fez o Curso de Ciências da Educação, na Pontifícia Univer-sidade Salesiana, onde obteve o doutoramento em Psicologia. De 1988 a 1998 foi Vigário Geral da Diocese de Évora. A 7 de Março de 1998 foi nomea-do Bispo auxiliar de Lisboa, com o título de Gerpiniana. A orde-nação episcopal celebrou-se em Évora, a 31 de Maio de 1998. Des-de 11 de Abril de �00� preside à Comissão Episcopal de Acção Social e Caritativa.A 30 de Maio de �00�, Domingo de Pentecostes, tomou posse como XXIX Bispo de Portalegre-Castelo Branco, na Sé Catedral de Portalegre, sucedendo a D. Augusto César Alves Ferreira da Silva.

Perfil

Media. “Serão as causas assumidas pela Comunicação Social que mais facilmente poderão avançar”

a forMaçãoAtendendo aos novos desafios que se apresentam à igreja, a diocese de Por-talegre-Castelo branco está a promover um Curso de Aprofundamento da Fé em três patamares distintos. “Surpreendeu-me o facto de quase duzentas pessoas terem aderido à frequência deste cur-so” - afirma d. josé Alves, referindo-se ao mais elevado patamar deste curso, próximo do nível académico. o segun-do nível do curso, destinado a grupos paroquiais, compreende mais de 3.500 participantes, o que, para o prelado, representa “que as pessoas estão dese-josas de uma fé mais esclarecida”. o nível básico do curso é ministrado a par da catequese, junto das crianças e jovens. Este Curso de Aprofundamento da Fé pretende preparar a diocese para a No-va Evangelização, tão propalada pelo Papa joão Paulo ii. “Hoje pretendemos que os cristãos não só tenham devo-ção e sejam frequentadores de actos religiosos, mas que saibam, como diz S. Pedro, dar razões para a sua vivência cristã”, conclui d. josé.

a a viDa Nasceo projecto “A vidA NASCE” consiste nu-ma instituição de acolhimento e apoio a adolescentes que se vêem a braços com a maternidade. “Tem um significado particular na zona onde está implantado, porque em todo o distrito de Portalegre não existe nenhuma instituição que dê resposta ao problema das adolescentes grávidas e das mães solteiras”, explica d. josé Alves. Para o bispo, o projecto cons-titui um instrumento que permite “ter um gesto significativo para ir ao encontro destes problemas”. Numa altura em que, refere o prelado, “estamos a viver um crise em torno da vida, o facto da diocese se posicionar a favor da vida, e da vida que está em condições mais difíceis, significa que a igreja é, fundamentalmente, a favor da vida, e não apenas por princípios teó-ricos.” iniciado pelo antecessor de d. josé Alves na cátedra da diocese, d. Augusto César, o Projecto “A vidA NASCE” en-contra-se em fase de construção, tendo beneficiado de apoios governamentais, comunitários, e, mais recentemente, de uma campanha promovida pela Rádio Renascença, que conseguiu angariar mais de cem mil euros.

a coMuNicação socialCom uma experiência de seis anos como bispo Auxiliar do Cardeal Patriarca de lisboa, d. josé Alves é um Prelado aber-to à modernidade e às circunstâncias que o rodeiam, atribuindo primordial importância ao papel da Comunicação Social na sociedade civil: “Habituámo--nos a viver de tal maneira, que já não conseguimos viver sem a Comunicação Social”. o bispo de Portalegre-Castelo branco reconhece que os media exer-cem uma influência determinante na opinião e na construção da própria sociedade, porque, sublinha, “serão as causas assumidas pela Comunicação Social que mais facilmente poderão avançar”.Ainda segundo d. josé Alves, será possí-vel construir uma sociedade mais justa e mais equilibrada, onde haja mais paz. isto “se também a Comunicação Social, como eu espero, se empenhar na defesa da justiça e da verdade, para que a so-ciedade assim seja”.

vez que eu estou há pouco tempo na Diocese, pouco mais que um ano e meio. Conhecia a zona generica-mente, de passar por aqui. Agora estou a conhecê-la em pormenor, no contacto com as pessoas, com as situações concretas, com as institui-ções e colectividades. Isso tem-me trazido uma grande satisfação, no contacto com as pessoas. Ao mesmo tempo, um conhecimento porme-norizado. Por outro lado, a visita do Bispo às comunidades dirige-se, em primeiro lugar, às comunidades cristãs e àquele grupo de pessoas que formam a comunidade cristã em cada uma das localidades. O Bispo vem, na sua missão de pastor, em nome de Jesus Cristo, para dar alento às pessoas, fortalecer a fé, para escla-recer e para ajudar as comunidades a renovarem-se interiormente.Qual a razão de se fazer acompa-nhar pela Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima?

O Povo Português tem uma gran-de devoção a Nossa Senhora. Portu-gal é mesmo um País Mariano.

Desde a nacionalidade que Por-tugal está ligado à devoção a Nossa Senhora, de modo particular com a invocação de Nossa Senhora da

Conceição, que tem o seu solar em Vila Viçosa. Desde D. João IV, com a Restauração da Nacionalidade, em 1640, os nossos Reis proclamaram Nossa Senhora como Rainha e Pa-droeira de Portugal e, simbolicamen-te, deixaram de usar a coroa, porque consideravam que Nossa Senhora era Rainha. Daqui, está presente esta devoção do Povo Português.

No nosso tempo, temos as apari-ções de Nossa Senhora em Fátima, que se tornou o pólo dinamizador

Nuno CarolaNuNo CARolA

As pessoas que vivem no Alentejo são muito crentes, têm uma religiosidade muito arreigada no seu interior e até na própria sociedade

s o c i e d a d e

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da devoção mariana, não só de Por-tugal, mas também do mundo. Por isso já alguém chamou a Fátima o Altar do Mundo.

Ao pensar na Visita Pastoral, eu quis dar também um significado mariano a esta Visita, e a outras que vou fazer, e ter um gesto que signi-fique a devoção do Bispo a Nossa Senhora, que corresponde à devoção do Povo Português.

Tem-se verificado exactamente aquilo que eu pensava: com a pre-sença da imagem de Nossa Senhora nas paróquias há uma afluência ex-traordinária de pessoas e, no dizer de alguns párocos, essa afluência tem duas características: primeiro, vem muita gente, há uma afluência muito numerosa de pessoas; segundo, o tipo de pessoas que vem, são pesso-as que habitualmente não frequen-tam a Igreja, ou que frequentaram e deixaram de frequentar, e agora recomeçaram. Dizia um pároco: «Admirei-me que houvesse tanta gente, e aquela gente, que não costu-ma vir.» Por outro lado, não vieram só como observadores, mas vieram também como participantes. Eles próprios se incluíram no número dos que participaram nas procis-sões, e inclusivé que participaram nos actos religiosos. Portanto, Nossa Senhora tem para com os cristãos, uma grande força atractiva, e é essa a razão também porque Nossa Senho-ra me acompanha na Visita pastoral, e penso que com muito proveito espiritual para as populações.Temos cada vez mais lugares va-zios nas igrejas…

Eu penso que o facto de haver

A 21 de Agosto de 1549, o Papa Paulo III, pela Bula Pro Excellenti Apostolicae Sedis, criou a diocese de Portalegre, cujo território era desmembrado da diocese da Guarda (Egitânia), integrando as povoações a Sul do Tejo, com excepção de Arronches. Pelo mesmo documento lhe foi dado o seu primeiro bispo, D. Julião d’Alva. A dita Bula teria a sua execução prática em 2 de Abril do ano seguinte. Criada a diocese, D. João III eleva a cidade, então vila de Portalegre, por carta régia de 23 de Maio de 1550.Estes acontecimentos foram agora celebrados, ao longo de um ano, no seu 450.º aniversário, pela acção conjunta da Diocese e da Câmara Municipal de Portalegre. A sua Catedral foi erguida no espaço que rodeava então a igreja de Santa Maria do Castelo: a primeira pedra foi lançada no dia 14 de Maio de 1556. É seu actual bispo, D. José Francisco Sanches Alves (29.º, desde a sua criação).A criação da diocese de Castelo Branco data de sete de Junho de 1771, sob o pontificado de Clemente XIV, que, pelo mesmo documento, indicou para Catedral a igreja de S. Miguei Arcanjo, eximindo-a à jurisdição da Ordem de Cristo. Dada a vastidão do território da diocese da Guarda, a diocese de Castelo Branco é criada com o parecer de D. Bernardo António de Melo Osório, último bispo da Guarda com jurisdição em Castelo Branco. A nova diocese integrava os arcediagados de Castelo Branco, Monsanto e Abrantes.Por sua vez, o rei D. José elevou a notável vila a cidade, por alvará de 20 de Março e Carta Régia de 15 de Abril do mesmo ano. Foi seu primeiro bispo, D. Frei José de Jesus Maria Caetano (1772-1782). Sucedeu-lhe D. Frei Vicente Ferrer da Rocha, também dominicano (1783-1814). O terceiro e último bispo de Castelo Branco foi D. Joaquim José de Miranda Coutinho (1820-1831). De 1814 a 1820 e a partir de 1831 até à sua extinção, foi governada apenas por Vigários Gerais.A sua extinção foi determinada por carta apostólica de 30 de Setembro de 1881, sob o pontificado de Leão XIII, e pelo decreto régio de 14 de Setembro de 1882, sob o pretexto de dificuldades económicas. Consumada a extinção, pela carta apostólica Gravissimum Christi, o seu território foi incorporado na diocese de Portalegre.D. Agostinho Joaquim Lopes de Moura 27.º bispo de Portalegre, atendendo à satisfatória prosperidade alcançada na cidade de Castelo Branco e “para promover mais eficazmente o bem das almas, pediu à Sé Apostólica seja elevado à dignidade de Catedral o templo que existe na referida cidade, a Deus dedicado, em honra de S. Miguel Arcanjo”, o que foi consentido por decreto da Sagrada Congregação Consistorial, datado de 18 de Julho de 1956. E acrescenta o dito decreto: “Por isso, o Santo Padre impõe ao bispo de Portalegre o ónus, sobretudo quando for cons-truído Paço Episcopal condigno, de residir algum tempo, em cada ano, na cidade de Castelo Branco. O Santo Padre a graça da Diocese de Portalegre e o seu Bispo “pro tempore” poderem e deverem, de futuro, acrescentada a denominação de Castelo Branco, chamar-se de Portalegre e Castelo Branco”.

menos gente a frequentar as Igrejas pode explicar-se de muitas manei-ras. Uma delas é porque a popula-ção também tem dimuído, de forma drástica e, curiosamente, até nas zonas talvez mais praticantes, co-mo são as zonas do interior. Hoje a população está muito reduzida, não só em número, mas também em qualidade, ou seja, os habitan-tes actuais, aquela população mais envelhecida e com menos possibi-lidades de participação.

Há zonas onde até a frequência tem aumentado, mas porque tam-bém aumentou a população. Estive na área de Lisboa seis anos como Bispo Auxiliar, e aí não encontra-mos Igrejas vazias, aí encontramos as igrejas cheias, e algumas super cheias de gente, mas não quer dizer que toda a gente vá lá. Mas como lá há muita gente, as igrejas até se tornam pequenas.

Não podemos também escamo-tear uma outra situação: é que há uma certa onda de laicismo que tem alastrado na nossa sociedade, e que continua a alastrar, e nalguns ambientes essa cultura do laicismo tem influenciado a frequência. Isso tem contribuído para diminuir.

Quanto ao facto de a Igreja ser ou não ser responsável por essa menor frequência, provavelmente alguma responsabilidade terá. Pelo menos a Igreja tem que fazer um esforço notório e completo para se actualizar nos seus métodos de trabalho, e para ir de encontro à mentalidade das pessoas do nosso tempo, porque se não der respos-ta às interrogações das pessoas,

naturalmente que as pessoas se afastarão. Mas a preocupação da Igreja, sobretudo depois do Con-cílio Vaticano II que quis renovar e actualizar, continua nesta atitude de actualização e de renovação para dar resposta aos problemas da nossa sociedade. Eu penso que isso será possível. Pelo menos há sintomas em certos aspectos de que a actualização da Igreja tem sido notória.E qual é o papel dos leigos neste processo?

Haver um papel dos leigos, já é significativamente melhor do que era há uns anos atrás, mas precisa ainda de ser muito mais imple-mentado. Ouve-se muito falar na falta de clero, e isso é um facto, uma verdade. Também se ouvia falar numa Igreja Clericalizada e isso terá uma razão de ser, mas não pode ser só clericalizada, nem só laical. Segundo uma expressão de um documento da Igreja, «nem os leigos devem ser clericalizados, nem os clérigos devem ser laiciza-dos», cada um terá de tomar a sua posição e desempenhar o seu papel. E penso que o papel dos leigos na Igreja é fundamental, até porque os leigos são a grande força da Igreja e são, numericamente, a quase to-talidade com que se constituem as comunidades cristãs. Se os leigos assumirem a sua responsabilida-de de baptizados, mesmo havendo menos sacerdotes, as comunidades podem crescer, podem melhorar a sua actuação e penso que as co-munidades se poderão renovar, até pastoralmente.

Portalegre - Castelo Branco

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s consumidores têm direito à qualidade dos bens e serviços

consumidos”. Excerto do Artigo 60.º da Constituição da República Por-tuguesa. Cada vez mais se discute a questão da “publicidade enganosa”, do direito do consumidor e da pos-sibilidade que este tem de reclamar por algo que é seu por direito: pagar por um serviço de qualidade.

Qual a forma de o fazer? No Li-vro de Reclamações, que, segundo a lei (ver caixa), estará disponível em qualquer local onde é efectua-do o atendimento ao público. A sua existência deve ser divulgada aos utentes através de um documento identificativo e num local perceptível de imediato.

Mas nem sempre o Livro de Reclamações está disponível. Em alguns casos, quando existe, está pouco visível. É o que acontece, por exemplo, na estação dos Correios de Abrantes. Numa primeira tentativa, é impossível saber se este estabeleci-mento possui o denominado “livro amarelo” (agora vermelho para este género de estabelecimentos, mas cujo objectivo é o mesmo, sendo tudo uma questão cromática). Só com a devida chamada de atenção feita por uma funcionária é que é possível constatar que ele está lá. Um pouco “escondido”, mas está. Aparentemente, segundo a mesma funcionária, “o livro não é muito solicitado”, sendo que grande parte dos utentes dos CTT optam por fazer sugestões e/ou queixas num local próprio para o efeito. Uma pequena caixa, estrategicamente colocada perto de um dos balcões, é o depósito de tudo o que apraz aos clientes dizer.

No entanto, a questão da visibi-lidade do documento que informa que “Este estabelecimento dispõe de livro de reclamações” é algo que não parece estar muito esclarecida em inúmeros postos comerciais. Nem o documento, nem a própria existência do livro. O facto do dístico de identi-ficação não ser visível pode ser, por si só, facto de reclamação, podendo ainda ser objecto de coima.

Segundo a funcionária da re-prografia da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, neste es-tabelecimento não existe o livro de reclamações oficial e obrigatório. À

Clientes e utentes têm o direito de se queixar, num livro novo, próprio e obrigatório

Livro de reclamações em Abrantes é “só para alguns”

Maria João Cardador e Nelly Caetano

uma ronda pela cidade de Abrantes mostra que nem todas as instituições com a porta aberta ao público têm o novo livro de reclamações. A falta pode dar origem a coimas. Não havendo o verdadeiro livro, os clientes e utentes podem sempre reclamar online, directamente para o Ministério da Economia

Cinco dias para enviar a queixa

Foi recentemente alterada a legislação relativa à obrigatoriedade de disponibilização de Livro de Reclamações. A legislação em vigor (desde 1 de Janeiro de �006) – Decreto-Lei nº 1�6/�00�, de 1� de Setembro, e Portaria nº 1�88/�00�, de 1� de Dezembro – alarga o âmbito dos fornecedores de bens e prestadores de serviços que passam a estar obrigados a deter Livro de Reclamações, aprovando, simultaneamente, um novo modelo. A legislação actualmente em vigor determina que os fornecedores

de bens e prestadores de serviços têm a obrigação de destacar do Livro de Reclamações o original, após o seu preenchimento pelo reclamante, e remetê-lo, no prazo de cinco dias úteis à entidade reguladora do sector.Os Livros de Reclamações passaram a ser exclusivos da Casa da Moeda, sendo editados, conjuntamente, por esta entidade e pelo Instituto do Consumidor. O preço unitário do livro de reclamações é, actualmente, de 18 euros.

Obrigatório. As queixas devem ser registadas nos livros oficiais e ter a resposta “mais correcta e coerente possível”

“O

NElly CAETANo

disposição dos clientes está apenas um mero caderno de argolas, igual a muitos outros que se encontram na mochila de um qualquer estu-dante. É aí que as queixas podem ser escritas. Assim sendo, a única pessoa a receber a informação será o proprietário do estabelecimento, não existindo a certeza do envio de qualquer reclamação a uma entidade competente.

No que se refere à autarquia abran-tina, Marisa Fábrica, do Gabinete de Apoio ao Consumidor, explica como se processa a existência do livro de reclamações na Câmara Municipal de Abrantes. Esta autarquia tem um

livro comum a todos os gabinetes, mas ainda o livro antigo. Isto porque o novo livro de reclamações (o “livro vermelho”) apenas é obrigatório “pa-ra tudo o que seja negócio, venda de algo”, enquanto que “para os serviços públicos permanece o livro amarelo”. Quanto à sua utilização, a funcio-nária reconhece que é frequente. E acrescenta que a grande maioria das queixas está relacionada com “a documentação que é solicitada e que é entregue para junção a processos relativos a obras ou ainda quanto ao tempo de demora que normalmente acontece com os despachos finais desses mesmos projectos”.

Ao realizar a queixa, explica Mari-sa Fábrica, a pessoa leva uma “cópia da reclamação que efectuou e o resto fica anexado ao livro”. A autarquia tem posteriormente cinco dias para enviar a reclamação para a instância competente da tutela, que é a admi-nistração, e é dado conhecimento ao reclamante do resultado da sua queixa. “As respostas”, reconhece a funcionária da Câmara, “têm de ser dadas de forma mais correcta e coerente possível”.

Enquanto que, na Câmara Mu-nicipal, Marisa Fábrica ajudava a compreender a realidade do livro de reclamações, os clientes continua-

vam a sair e a entrar do café Chave D’Ouro, o ponto de encontro de muitos abrantinos e um dos locais mais característicos da cidade de Abrantes. Também este estabele-cimento tem livro de reclamações, mas, tal como afirma o seu pro-prietário, Filipe Gomes, “o livro não é nada solicitado”. É o próprio que reconhece que “logo ao início, quando o livro saiu e era novidade”, foi por uma ou duas vezes solicita-do, mas as reclamações não tinham “importância”, sendo apenas uma questão das pessoas “experimenta-rem a novidade”.

Noutro ponto da cidade, no Hos-pital de Abrantes, a azáfama tam-bém é constante e são inúmeras as pessoas que procuram os serviços desta unidade hospitalar. Assim sen-do, também este local é obrigado a ter livro de reclamações, sendo que existe um por cada serviço, como explica Margarida Pita, do Gabine-te do Utente deste hospital. Grande parte das queixas concentram-se no serviço de urgências. Segundo o re-latório de 2005, “a maior incidência” de reclamações “diz respeito aos mé-dicos, à parte relacional e ao tempo de espera”.

O Gabinete tenta responder de imediato a qualquer reclamação que possa surgir, evitando assim a utiliza-ção do livro, que resulta muitas vezes num “longo processo burocrático”. Quando tal não acontece, “as pessoas são incentivadas e estimuladas a reclamar”, reclamação essa que é discutida posteriormente por uma equipa que se reúne uma vez por semana. Aqui é feito a análise e “o encaminhamento das exposições”, que são enviadas para “o director do serviço sobre o qual incidem as mes-mas”. É “ele que faz uma averiguação sobre o que se passou e responde ao Gabinete do Utente”, que por sua vez responde ao reclamante (no prazo de 30 dias), mas sempre com assinatura da direcção.

Parece que o direito de reclamar de qualquer prestação ou de qual-quer serviço já foi bem assimilado pelo comum cidadão. Quem o so-licita não pode ver esse seu pedido negado, mas existe uma alternativa para quem não consegue aceder ao livro de reclamações num estabele-cimento. Tal alternativa encontra-se em http://www.min-economia.pt e é o livro de reclamações on-line do Ministério da Economia.

O Livro de Reclamações está aí. E para durar.

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Abrantes recebeu, entre os dias 25 e 28 de Fevereiro, o Portugal O’Metting 2006, que juntou nesta cidade cerca de 1.300 participantes nacionais e estran-geiros, oriundos de mais de 20 países. Este evento, que consta de um conjunto de provas de orientação, é um dos mais importantes a nível nacional, uma vez que os seus resultados contam tanto para o ranking da Taça de Portugal como para o mundial de elite.

A prova, que teve a duração de quatro dias e que se dividiu em três percursos rurais e um urbano, trouxe à cidade de Abrantes atletas da mo-dalidade de renome internacional, como foi o caso do francês Thierry Gueourgiou, campeão do mundo.

A organização desta edição do

Portugal O’Meeting esteve a cargo do Clube de Orientação e Aventura (COA), de Rio Maior, e contou com a parceria da Câmara Municipal de Abrantes. A realização desta prova na cidade de Abrantes é o resultado de uma candidatura apresentada em 2002 por ambas as entidades.

Além dos percursos, que integra-ram a prova, os atletas tiveram ainda a possibilidade de participar em acti-vidades culturais, algumas integradas na Feira de São Matias, e de fazerem uma visita guiada à Central Termo-eléctrica do Pego.

Além dos possíveis reflexos na economia e no turismo, a cidade de Abrantes passa também a dispor dos mapas utilizados neste evento, cuja produção esteve a cargo da TAGUS, e que poderão ser usados noutras iniciativas do género.

O Brincopolis é um espaço nacional dedicado aos brinquedos. A funcionar há três anos, o projecto pretende che-gar aos mais novos, mas também aos menos novos. Um dos pontos fortes deste espaço é o Laboratório Pedagó-gico Didáctico, situado no Tecnopolo de Abrantes.

Nascido no Centro de Incubação de Empresas Tecnológicas do Tagus Valley, o Brincopolis é um projecto pluridisciplinar orientado para a in-teractividade com os utilizadores dos jogos e dos brinquedos por si produ-zidos, que resultou de uma culmina-ção criativa de Luís Lacerda, gerente da Brincopolis – jogos e brinquedos. Segundo este, o projecto contou com um investimento inicial de 70 a 80 mil euros e com a preciosa ajuda da PME Investimento, que completou a verba necessária para que se pudesse avançar.

O brinquedo Brincopolis surge com a máxima de imaginar, inovar e cons-truir. Assim sendo, em primeiro lugar, há que ter uma noção precisa do que se pretende fazer e só depois se poderá imaginar recorrendo a softwares de desenho assistidos por computador.

Para a realização destes brinquedos, a Brincopolis dispõe de um Labora-tório Pedagógico-Didáctico, onde as crianças e adultos são convidados a testar e dar a sua opinião sobre os produtos.

Actualmente, o Brincopolis conta com a colaboração de dois funcioná-rios. No entanto, prevê-se que dentro de poucos meses a equipa aumente para três, e que, com o andamento do projecto, se recorra à contratação de especialistas em design. Foi já a pensar numa futura colaboração de designers, que no passado dia 8, a turma do 1º ano do Curso de Design e Desenvol-vimento de Produtos da Esta visitou as instalações da Brincopolis.

A aquisição dos brinquedos, nesta fase inicial, pode ser feita na própria Brincopolis ou em lojas especializa-das de brinquedos situadas na grande Lisboa e Grande Porto e rondarão os 20 euros.

A primeira colecção, comercializada desde Dezembro de 2005, é indicada para crianças entre os cinco e os dez anos, tendo em conta as suas caracte-rísticas pedagógico-didácticas e por apresentarem como tema as histórias do Porto Velho. Nesta colecção, as fi-guras utilizadas são animais, e cada brinquedo não apresenta mais do que dez peças, o que facilita a sua monta-gem e incentiva as crianças a montar as peças de acordo com o seu gosto.

Ao fim dos primeiros três anos de fabricação de jogos e brinquedos, o objectivo do projecto Brincopolis é possuir utilizadores seus em Portugal, França, Alemanha, Espanha e Reino Unido.

Para os apreciadores do projecto, fica a indicação de que novas colecções estão já em perspectiva. Basta apenas aguardar e deixar que se possa imagi-nar, inovar e construir.

O Centro Nacional de Exposições (CNEMA), em Santarém, voltou a acolher a maior festa da criança – a Expocriança – que decorreu entre os dias 15 e 19 de Março. Cerca de 2.500 crianças, a maior parte através dos infantários e escolas, visitou o certame, subordinado ao tema “Os Três Mosqueteiros no mundo do desporto”. Para além de um espaço de divertimento, esta feira contou ainda com vários Workshops e Ci-clos de Conferências, aliados a uma Feira Professional de equipamentos e produtos para a Criança.

No primeiro dia da Expocriança realizou-se um seminário intitulado “Europa através da Educação: im-pulsos, mudanças e perspectivas”.

“Através do movimento cresço e aprendo” foi o tema de uma outra conferência, onde se abordou o de-senvolvimento através das artes e desporto. A encerrar a Expocriança, teve lugar um painel dedicado a “Pensar a Primeira Infância”, onde os novos projectos e as novas polí-ticas foram o objectivo a alcançar. Quanto a workshops, foram três as temáticas abordadas: “Educação e Formação Parental”, “Musicotera-pia” e “Knowing the Child Build a Relationship”.

A feira contou ainda com vários es-pectáculos e actividades permanentes como Ludotecas, Jogos, Insufláveis, Desportos Radicais. De realçar a ci-dade “Lego” que esteve em exposi-ção nesta feira, que reuniu o maior número de construções alguma vez realizado no nosso país.

Brincopolis, uma apostana tecnologia

Sofia Macedo

O’Meeting 2006em Abrantes

Os Três Mosqueteirosno mundo do Desporto

Cláudia Costa Catarina Véstia

s o c i e d a d e

Tal como num jogo onde existem jogadores e peças, actualmente, na esfera da comunicação social, exis-tem grupos empresariais, jornalistas e públicos que estabelecem relações de oferta e de procura. Muitas vezes esquecem-se sobre quem falam e para quem se dirigem. Estereótipos sociais, personagens moldadas, modelos civi-lizacionais fechados, minorias raciais. Estas são as cartas de um jogo que cada vez mais se distancia da realidade. Os jogadores em desespero procu-ram soluções impetuosas, as peças parecem estar conformadas. É um jogo sem regras onde o que interessa é ganhar a qualquer custo. Não existe o socialmente correcto, as partes são esquecidas.

O 5º Congresso Cais, realizado nos dias 20, 21 e 22 de Março na Funda-ção Luso-Americana, teve como tema principal “Por uma ética da Comuni-cação Jornalismo Social”. O alarga-mento da prática jornalística, tendo em conta novos públicos e dando especial atenção as causas sociais, foi um dos assuntos mais questionados. Comunicação, atitude, consciência ética e responsabilidade social foram alguns das questões debatidas ao longo dos três dias de Congresso. Entre os presentes estavam estudantes, curio-sos, fotógrafos, professores e poucos jornalistas.

Na sessão de Abertura, Augusto Santos Silva, ministro dos Assuntos Parlamentares, apelou ao bom senso dos jornalistas. O titular da pasta da Co-municação Social referiu que a não exis-tência de liberdade de expressão pode dar lugar à censura e que neste sentido os meios de comunicação assumem um

papel central. “Cada indivíduo deve ter direito à cidadania”, disse o ministro. Ao longo do seu discurso, Augusto Santos Silva mostrou-se preocupado e apelou à existência de uma atitude crítica na comunicação social.

Joaquim Vieira, presidente do Ob-servatório de Imprensa, afirmou que a concentração dos media traduz-se, cada vez mais, numa tendência para conquistar novos públicos. Segundo

o presidente, compete aos jornalistas estabelecer a diferença entre o interesse público e o interesse do público. Na opi-nião de Emídio Rangel, a existência do sindicato dos jornalistas e a inexistência de uma ordem competente são uma das lacunas do jornalismo português.

Olh’á revista Cais!Nos autocarros…no metro, nas es-

quinas da baixa Lisboeta. Eles estão

por todo lado. São homens e mulheres que vivem à margem, numa sociedade feita de modelos civis fechados. É pelos becos de Lisboa onde se perdem e onde se acham diariamente, que vendem aquele que é, um produto feito por si e para si…a revista Cais, a mesma que organizou mais um Congresso para discutir questões do jornalismo.

A associação de solidariedade Social Cais, sem fins lucrativos, existe há 12 anos e desde o seu início tem levado a cabo a resolução de problemas sociais. Actualmente, a

Cais tem como principais objectivos dar apoio aos que mais necessitam e reinserir socialmente a população sem abrigo.

A criação da revista veio permitir e reforçar as relações interpessoais e ajudar a introduzir homens e mu-lheres no mercado de trabalho. A Cais é vendida exclusivamente pelos sem abrigo e de momento assume um papel de moralizador social. A Associação Cais procura através da publicação, não só apelar a consci-ências, como também informar e sensibilizar os agentes políticos e o público em geral.

Com a finalidade de intensificar as relações de cooperação, a rede Cais tem tentado aumentar o apoio à população marginalizada e criar centros de distri-buição qualificados.

Em parceria com outras institui-ções, tais como a fundação Ami a Caritas Diocesana e os vários Alber-gues nocturnos espalhados por todo o país, a Cais tem ao longo dos anos promovido e fomentado o estudo e consequente discussão de questões sociais e políticas que afectam Por-tugal.

Algumas das instituições colabora-doras seleccionam cuidadosamente os vendedores da revista e prestam especial atenção ao sector editorial da publicação. Apoio social, sistemas de aquisição, financiamento de ajudas técnicas para emprego e formação e assistência médica são algumas das ajudas facilitadas por estas institui-ções.

Todos os anos são várias as activi-dades desenvolvidas pela associação social Cais para Grupos excluídos e para todos os interessados.

Por uma éticada comunicaçãoEunice Pinto

EuNiCE PiNTo

Causas. dar uma atenção especial a assuntos e públicos especiais

Page 10: Bispo J O R N A L D. José Alves · 2006. 4. 10. · esta J O R N A L Direc tora: Hália costa santos N.º 9 . aNo 4 . sexta-Feira, 31 de março de 2006 Bispo D. José Alves v i s

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conteceu no dia 26 de Janeiro último. A Câmara Municipal

de Abrantes (CMA) convidou jor-nalistas de órgãos de comunicação social locais para uma visita guiada às zonas onde decorrem as obras de relevo para este ano. Trata-se de uma iniciativa que acontece todos os anos e que visa, através dos media, pôr os munícipes a par das actividades camarárias. A visi-ta conduzida pelo edil abrantino, Nelson de Carvalho, contou com o acompanhamento de um elenco que incluía o vereador do pelou-ro de Ordenamento do Território, Planeamento e Gestão Urbanística, Albano Santos.

São vários os milhões de euros a serem empregues nas oito obras apresentadas e que fazem parte do programa de desenvolvimento da cidade, do concelho e da região. Algumas são comparticipadas e outras, na sua grande maioria, são financiadas pelo próprio municí-pio.

O roteiro começa na Avenida Fa-rinha Pereira, alvo de uma reabili-tação. A primeira fase contempla o troço que liga as rotundas do Olival e dos Plátanos e tem como fim me-lhorar a “articulação de Alferrarede ao resto da cidade”, relata Nelson de Carvalho. Mas, reforça, a intenção é “construir uma avenida com todas as infra-estruturas urbanas”, numa zona bastante movimentada e con-dicionada pelo trânsito.

A segunda etapa situa-se também em Alferrarede, onde decorrem as obras de adaptação do edifício que vai albergar o Centro Tecnológico Alimentar. Trata-se de um projecto previsto na estratégia do Tecnopolo e que, para o autarca, representa “um esforço para a modernização do agro-alimentar”. A relevância do Vale do Tejo na matéria impõe que se potencie “novos produtos alimentares, com melhores condi-ções no que respeita à segurança alimentar e ao cumprimento de todas as normas comunitárias e nacionais”, conclui o presidente da Câmara Municipal.

A adopção, por parte do conce-lho, da capacidade de acolhimento de projectos empresariais tem tra-zido muitas empresas nacionais e

Presidente da Câmara mostra as obras que vão mudar o concelho

Jefferson S. Gomes

Abrantes tem roteiro de desenvolvimento

ABRANTES

ALFERRAREDE

TRAMAGAL PEGO

estrangeiras a Abrantes. Prova disso é o Parque Industrial, terceira etapa do itinerário. Para já, são seis as empresas em fase de instalação ou de expansão, todas contribuindo com a média de 50 novos postos de trabalho cada. Um cenário inverso ao momento de estagnação econó-mica que o país atravessa. Nelson de Carvalho afirma que “há claramente uma valorização de Abrantes e do seu Parque Industrial como área de investimento”, crendo que “isso corresponde a uma tendência” de igual forma devida à valorização do Médio Tejo na linha da A23.

A requalificação da rua de acesso ao Cemitério de Santa Catarina, já concluída, foi mais uma das etapas. Mais uma fase do roteiro das obras que o edil, em tom de brincadeira, disse não ter pressa em inaugurar. Do cemitério, o grupo de jorna-listas e o elenco camarário foram espreitar o andamento das obras do Campo de Basebol na Cidade Desportiva, já em fase de conclu-são. “Com alguma dificuldade de

compreender as tácticas que aquela coisa toda tem”, citando o presi-dente, os jornalistas assimilaram os objectivos que a Câmara tem para com o espaço que se afigura como o primeiro campo de basebol do país, a destacar: funcionar como espaço desportivo alternativo; acolher a Federação Portuguesa de Basebol e um conjunto de acontecimentos nacionais; posicionar-se no con-texto europeu como um centro de estágio, isto é, promover o turismo desportivo em Abrantes.

De todas as obras visitadas a que se destaca é a do açude. A obra que dará origem ao Plano de Água, um dos maiores do país, é a mais com-plexa “pelo volume, pelas exigên-cias financeiras e humanas, mas também pela sua concepção”, realça o responsável máximo da CMA. Em Portugal, este será o pioneiro a contemplar uma tecnologia de insufláveis japoneses. Para o au-tarca, o açude significa ainda um investimento de maior impacto pelo “reordenamento, pela imagem e

São oito as obras que estão a mudar Abrantes. Reabilitam-se estradas. investe-se na Tecnologia Alimentar e em melhores condições para a indústria. Aposta-se no desporto, no lazer e no bem-estar da população e dos visitantes. o Plano de água, um dos maiores do país, promete mudar os dias de bom tempo

A

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pelo conjunto de oportunidades que proporcionará” aos abrantinos e à região na vertente económica. O que a Câmara Municipal pretende é, explica Nelson de Carvalho, “cen-trar no Plano de Água uma impor-tante parte da vida de recreio, do lazer, do turismo” nas estações da Primavera e do Verão.

Do lado sul do concelho, o realce do roteiro recai sobre a piscina e o Parque Industrial do Tramagal. A

primeira foi inaugurada em Janeiro e evidencia-se pelo inovador siste-ma ultravioletas que permite obter melhores resultados no tratamento da qualidade da água, quanto ao cloro, o que, por exemplo, possibili-ta a realização de sessões de natação com bebés. A segunda, com todos os lotes de terreno já entregues a empresas, quase todas do Tramagal, foi a solução encontrada para “se reorganizarem, se modernizarem e para responderem às exigências do mercado”, dado que, de acordo com o presidente da Câmara Municipal, se encontravam mal organizadas e com dificuldades em se desenvol-ver. Acrescenta-se ainda às inicia-tivas camarárias a requalificação do pavimento de toda a cintura urbana da Estrada Nacional 118 na mesma localidade.

Nelson de Carvalho defende que “as obras não funcionam por man-dato”, mas por “um plano de activi-dades estratégico”, umas e outras em fases diferentes de andamento, mas no horizonte deste ano.

Requalificação da Av. Farinha Pereira

Centro Tecnológico Alimentar

Parque Industrial

Requalificação da Rua de acesso ao Cemitério de Sta Catarina

Cidade Desportiva - Campo de Basebol

Açude

Piscina Municipal do Tramagal

Parque Industrial do Tramagal

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a açuDeLocaliza-se a cerca de um quilómetro a jusante da ponte rodoviária de Abrantes. Será constituído por quatro compor-tas insufláveis. O comprimento de margem a margem é de aproximadamente �00 metros, com mais de 18 metros de largura. Integra uma passagem de peixe localizada na margem esquerda sobre a plataforma rochosa aí existente, permitindo a circulação de diversas espécies piscícolas. Na margem direita integra-se a torre de manobras, no topo do qual se instala a casa de comando e controlo. Valor da adjudicação: 9.��0.�90,�8 euros Adjudicatório: Consórcio MSF Moniz da Maia, Serra & Fortuna-to Empreiteiros, S.A./Construtora do Lena SA/SETH Sociedade de Empreitadas e Trabalhos Hidráulicos, SA.Total da candidatura: 10.�0�.060,8� eurosTotal comparticipação FEDER aprovada: �.681.8�7,37 eurosTotal comparticipação PIDACC aprovada: �.601.01�,�1 eurosPrazo de execução: 670 diasPonto de situação: em execuçãoConclusão prevista: Janeiro de �007

a ceNtro tecNolÓgico aliMeNtar(cta) – tecNoPoloAdaptação do pavilhão dez do Tecnopolo. O pavilhão será utilizado como nave oficial, onde ficarão localizados os equipa-mentos piloto. No geral, serão criados gabinetes de trabalho, laboratório para pesquisa, áreas de armazenagem, áreas técni-cas e nave de equipamentos piloto. O CTA tem como essenciais objectivos: - Funcionar como o principal pólo de suporte de desenvolvi-mento na Indústria Agro-Alimentar de Portugal, focando as que utilizem métodos produtivos e matérias-primas específi-cas do país; - Ser guardião dos sabores regionais tradicionais;- Realizar acções de formação de quadros e operadores;Promotores: Município de Abrantes; Nersant; ESTA – Escola Superior de Tecnologia de Abrantes; A. Logos; empresa STI e empresas do sector.Valor: 796.1�3,�6 euros + IVAAdjudicatório: Tecnorém Construções Civis e Obras Públicas, Lda. Financiamento: Apresentada candidatura ao Valtejo.Prazo de execução: ��0 diasPonto de situação: em execuçãoConclusão prevista: Julho de �006

a ciDaDe DesPortiva – caMPo De basebol

Espaço polivalente que, para além do basebol, estará apto para receber outras modalidades desportivas quer para treino, quer para competição, a nível do futebol, râguebi e atletismo.

Tendo em conta o cumprimento das normas técnicas oficiais, é construído um muro em betão que envolve todo o recinto suportando a vedação de protecção para todo o campo. Serão construídos passeios na parte exterior e 17 lugares para esta-cionamento.Valor da adjudicação: ���.000 euros + IVAAdjudicatório: Lena Engenharia e Construções, SAPrazo de execução: 180 diasPonto de situação: em fase de conclusão

a reQualificação Da aveNiDa fariNHa Pereira – 1ª fase (entre as rotundas do olival e dos Plátanos)

Alargamento da Avenida e algumas rectificações do troço, tra-balhos de pavimentação, construção de passeios, melhoria de iluminação pública, colocação de sinalização horizontal e verti-cal, melhoramento das redes de abastecimento de água, águas residuais e pluviais. A empreitada contempla ainda a plantação de árvores e a construção de mais um abrigo de passageiros. Valor da adjudicação: �6�.�31 euros + IVAAdjudicatório: Cerviter Vias e Terraplagens, SAPrazo de execução: 180 diasPonto de situação: em execuçãoConclusão prevista: Abril de �006

a reQualificação Da rua De acesso ao ceMitÉrio De saNta catariNa

A intervenção começou na rua de São Jerónimo e desenvol-veu-se até ao Cemitério. A estrada foi asfaltada, tendo sido co-locado um conjunto de árvores que possam sugerir um “túnel” para conduzir os cortejos fúnebres até ao local. O arruamento é dotado de rede de esgotos pluviais e foi colocada sinalização vertical e horizontal. Valor: 10�.10� euros + IVAAdjudicatório: João Salvador, Lda.Ponto de Situação: concluída.

a ParQue iNDustrial – Novas eMPresas eM fase De iNstalação ou exPaNsão

SD – Sociedade de Decoração de Jardins, SAInstalação de uma unidade de fabrico de artigos em arame para decoração de varandas e terraços. Nº de trabalhadores: �0 (previsão para o arranque da empresa)Ponto de Situação: fase final de instalaçãoVieira & Alves Metalomecânica Lda.Instalação de uma unidade de serralharia civil com o objectivo de produzir torres para aerogeradores. Nº de trabalhadores: �0

(previsão para o arranque da empresa)Ponto de Situação: fase final de instalaçãoOKE Tillner Perfis, Lda.Ramo: produção e comercialização de perfis de plástico para a indústria automóvel.Expansão com a construção de um pavilhão para armazena-mento e produção que permitirá duplicar a capacidade de produção.Ponto de Situação: fase final de instalação (3 fases)Funcionários: �0 actualmente + 60 novos postos de trabalho em regime de turnos rotativos, faseado.Indaver NV PortugalInstalação de uma unidade industrial de transferência de resí-duos industriais.Ponto de Situação: em construçãoManuel Oliveira Marques �, Construções Metálicas, SAInstalação de uma unidade de fabrico de produtos forjados, estruturas metálicas, estampilhagem e laminados.Ponto de Situação: em construçãoCTT – Correios de PortugalInstalação do novo Centro de Distribuição Postal. Tem como objectivo desanuviar, em matéria de circulação e especialmen-te na componente do estacionamento, uma vez que a empresa passará a fazer o parqueamento das suas viaturas de distribui-ção postal.Ponto de situação: em projecto

a PisciNa Do traMagalEquipamento composto por uma piscina aquecida e coberta, com tanque de aprendizagem. Dispõe de instalações sanitárias individualizadas para os dois sexos, ambas equipadas para deficientes motores e um pequeno espaço destinado a bar com sala de estar e vista para a piscina. Classes: natação para bebés (até à sua inauguração inexistente em Abrantes); natação para crianças e adultos; hidroginástica e hidroterapia. Valor da adjudicação: 890.000 eurosAdjudicatório: Sociedade Socoliro Construções SATotal da candidatura: 1.0�7.��3,68 eurosTotal comparticipação FEDER Aprovada: 680.818,89 eurosPonto de situação: concluída

a ParQue iNDustrial Do traMagal Instalação da empresa Irmãos Lemos Lda. Com sede em Tra-magal, é uma Sociedade de Transportes Rodoviários de Mer-cadorias por conta de outrem e por conta própria. A empresa dedica-se à prestação de serviços de serralharia mecânica com representações industriais, montagens e manutenção indus-trial.

Fonte: Câmara Municipal de AbrantesFotos: Serviço de divulgação e informação/CMA

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“O IPT está em festa”. Foi assim que o director do Instituto Politécnico de Tomar (IPT), António Pires da Silva, caracterizou o espírito vivido duran-te o ’05 Encontro de Comunicação da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, integrado na Festa da Ci-ência, Cultura e Tecnologia.

O responsável pela instituição apro-veitou a oportunidade para realçar as alterações que se têm verificado na Imprensa Regional, algumas delas co-mo consequência da participação dos alunos da ESTA. Nelson de Carvalho, presidente da Câmara de Abrantes, lembrou que considera a ESTA como a sua escola. Deixou também, como mensagem política, a necessidade de cooperação entre as instituições de ensino superior e as empresas. Tudo em nome do desenvolvimento da re-gião. Concordando com o autarca, o director da ESTA, Miguel Pinto dos Santos, disponibilizou a escola para es-sas parcerias. Por seu turno, a directora do departamento de Comunicação Social, Maria Romana, optou por um discurso informal, descrevendo os bastidores deste encontro. A palestra de abertura foi proferida por Eduar-do Prado Coelho, que se centrou na evolução dos meios de comunicação, salientando a importância de cada um deles.

Quatro painéis, quatro temas actuais

No primeiro painel do encontro, Henrique Botequilha, assumidamente um “jornalista de causas”, deixou o seu testemunho como enviado especial da Visão a Timor, no seu percurso de in-dependência, entre 1999 e 2002. A sua experiência leva-o a nomear a causa Timor como “invulgar” e confessa a influência que o factor “emoção” tem sobre os jornalistas. “Apesar dos limites éticos, é importante que o jornalista não deixe que estes lhe silenciem o direito que qualquer cidadão tem: o de se indignar e de-nunciar”. Porém, evidenciou a importância de não sobre-por emoções pessoais ao de-sempenho profissional: “O jornalista pode usar os meios que tem para forçar agendas em nome de uma causa que considere justa, mas não tem o direito de omitir nem manipular a realidade com vista ao seu próprio fim”. Pa-ra Henrique Botequilha, o jornalismo de causas é uma realidade subjectiva, mas há que não ignorar a objectivi-dade dos factos no exercício da profissão.

Neste painel, a causa da so-lidariedade social foi repre-sentada por Jorge Oliveira, Presidente do Espaço T, uma organização que se dedica à integração social. Segundo o orador, esta associação “tem uma relação muito pacífica

ESTA organiza ’05 Encontro de Comunicação

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Ministro reforça direitos dos jornalistas

“A liberdade de imprensa tem como condição essencial uma regulação independente”. Este foi o mote da palestra de encerramento do ’0� Encontro de Comunicação da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA), dado pelo minis-tro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva. O responsável pela tutela da comunicação social dirigiu-se a uma plateia de estudantes da área, chamando a atenção para os artigos da Constituição da República que consagram os deveres, direitos e liberdades dos jornalistas.Com uma palestra que abordou questões da actualidade – como a liberdade de imprensa, o sigilo profissio-nal dos jornalistas e a recém-criada Entidade Reguladora de Comunicação (ERC) –, o ministro dos Assuntos Parlamentares encerrou um encontro que, ao longo de três dias, proporcionou aos �00 participantes (incluindo �0 exteriores à ESTA) um con-junto de quatro painéis, quatro workshops, uma sessão de cine-ma seguida de debate, a apresentação de comunicações livres e uma exposição de fotojornalismo. Doutorado em Sociologia da Cultura e da Comunicação, Santos Silva considera que a informação “deve respeitar os conjuntos

de liberdades, direitos e garantias”, refor-çando a ideia de que a ERC – que tomou posse no dia 17 de Fevereiro na Assembleia da República, numa cerimónia envolta em polémica devido à ausência do Sindicato de Jornalistas (SJ) – deve ser eficaz para “não ficarmos diminuídos na liberdade de expressão”. O ministro explicou, ainda, que a regulação é a outra face da liberdade de expressão. A isenção e independência do jornalista mereceram também a atenção de Santos Silva, para quem o sigilo profissional

é um dever deontológico, “só quebrável nos casos previstos no Processo Penal”.O ministro apresentou três “antídotos” para combater “o vírus da parcialidade e da dependência jornalísticas”: separação do facto enquanto objecto de notícia e enquanto consequência político-social; separação entre informação e entretenimento; separação da informação e espectáculo. Para um exercício salutar da futura profissão, Santos Silva recomendou aos estudantes uma leitura imparcial e um cumprimento isento do Código Deontológico dos Jornalistas.

com o jornalismo”, e o apoio prestado tem vindo a ser essencial ao desenvol-vimento deste projecto. “Se não fosse o apoio da imprensa não seríamos o que somos hoje”, defendeu o presi-dente. Opinião diferente expressou Jorge da Costa Rosa, presidente da Real Associação do Ribatejo. Na sua opinião, existe uma “ditadura jorna-lística” condiciona o tratamento da causa monárquica em Portugal. Jorge da Costa Rosa deixou ainda a certeza de que os meios de comunicação de pendor regional são mais aptos a fa-cilitar a divulgação de informação, do que os de pendor nacional.

O segundo painel do 05’ Encon-tro de Comunicação foi dedicado ao “Marketing Político”. O dirigente do Bloco de Esquerda, Daniel Oliveira, considera que é um erro pensar que o Marketing Político é que ganha eleições. “Esta é apenas uma parte da

estratégia política direccionado para o combate e não exclusivamente para a vitória”. O bloquista considera que “os jornalistas são viciados em novidade, sem memória política e deslumbrados pelo poder”. José Diogo, director-geral da agência Agenda-Setting, alertou para a necessidade de se praticar mais Marketing Político e menos Marketing Eleitoral. “Os políticos têm a obrigação de explicar às pessoas o que estão a fazer ao longo do seu mandato e não apenas quando se querem reeleger”.

A “Imprensa Gratuita” foi o tema do terceito painel do encontro organizado pelo Departamento de Comunicação da ESTA. Enquadrando a discussão, Paulo Ferreira, subdirector do Público e docente da ESTA, defendeu que “se a imprensa gratuita começar a marcar a agenda política do dia, então os jornais pagos deverão começar a preocupar-se”. Por sua vez, Nuno Henrique Luz,

director do jornal Metro, sublinhou que o objectivo dos jornais gratuitos não é concorrer com a imprensa paga, como o Público, mas sim captar outros leitores: “O Metro não quer ser igual ao Público, o Metro quer ser igual ao Metro”. João Manuel Rocha, jornalista do Público, acrescentou que os jornais gratuitos incentivam as pessoas a ler, aumentando desta forma hábitos de leitura. Na sua opinião, o surgimento deste novo meio não implica o fim dos jornais tradicionais. “Obriga o último a evoluir, a repensar a sua po-lítica editorial, podendo haver até uma complementaridade”, explicou João Manuel Rocha.

A palestra contou ainda com a presença de Luís Landerset Cardo-so, do Obercom, que explicou que a imprensa gratuita tem características semelhantes às da imprensa tradicio-nal. Exemplo disso são as secções de

uns e de outros jornais. No entanto, Landerset Cardoso argumenta que na imprensa gratuita não há análise, não há reflexão, não há investigação profunda, não há contextualização.

No último painel do 05’Encontro, dedicado ao tema “Responsabilidade Social: Comunicação ou Intervenção?”, discutiu-se a crescente valorização e a construção do valor de uma empresa. “A comunicação ao serviço da gestão” é, para Ricardo António, da agência “Companhia do Texto”, o principal papel das agências de comunicação. “É necessário criar pontes entre as empresas e os seus públicos”, afirmou ainda, referindo-se à importância das empresas em gerir riscos. Sabe-se que não há responsabilidade social se tam-bém não houver ganhos entre as em-presas e o público-alvo. “O sucesso do desenvolvimento sustentável, está de-pendente da sensibilidade dos grande públicos”, afirmou Maria Vasconcelos, da agência “Sair da Casca”.

Os oradores concluíram que não há responsabilidade social sem comuni-cação e sem transparência. Cabe aos media educar, informar, dar destaque a determinados conteúdos no sentido de uma mudança, para padrões de produção e consumo mais sustentá-veis. Essa comunicação, que terá de ser permanente, ajuda a criar uma reputação. Embora se saiba, segundo os intervenientes, que existem em-presas que o fazem para “um lavar de fachadas”, facilmente “desmontáveis” pois “tudo se descobre”. “Ainda são poucos os exemplos de acção abran-gente integrada no plano estratégico das empresas”, concluiu Maria Vas-concelos.

O ’05Encontro de Comunicação da ESTA foi ainda marcado por outras componentes, incluindo a presença do professor Eduardo Prado Coelho e a realização de quatro workshops: Téc-nicas de Pivot, certificado pelo Centro

de Formação de Jornalistas (CENJOR); Estudos de Mer-cado, certificado pela empre-sa Metris GfK; Técnicas de Apresentação, certificado pela Dynargie, empresa suíça de consultoria e formação; Clip-ping: Monitorização, Gestão e Análise de Informação Noti-ciosa, certificado pela agência de comunicação Manchete.

Na sessão de encerramen-to, Miguel Pinto dos Santos, director da ESTA, deixou o desafio para o próximo ano: “Voltaremos a encontrar-nos para o ‘06 Encontro de Co-municação, ainda melhor”. A última intervenção coube ao presidente do IPT, que consi-derou a presença do ministro como apoio e incentivo, e ao mesmo tempo responsabili-zação para esta instituição de ensino, num momento con-siderado difícil para o ensino superior.

liliANo PuCARiNHo

Debates. “os jornalistas são viciados em novidade, sem memória política e deslumbrados pelo poder”

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“Entrevistar o Marcelo Rebelo de Sousa? Eu?”A falta de confiança não me impediu de dizer logo que sim. O objectivo era simular um programa de televisão do gé-nero “As Escolhas de Marcelo”, a que eu, confesso, nunca ti-nha assistido. Faltava uma semana e era preciso preparar a entrevista. Escolher os temas que seriam mais importantes, mais inte-ressantes. E logo numa altura em que tudo parecia estar a acontecer.Saber que ia trabalhar com o Bruno deixou-me mais segura. Se há alguém que não gosta

de falhar é ele. Estudávamos de noite. Líamos todos os jor-nais e revistas. Pesquisávamos na Internet. Foi um trabalho fácil porque quando duas pes-soas se entendem as coisas tendem a correr bem. E o dia chegou. Estávamos, mais do que nervosos, ansio-sos. Almoçámos juntos para descontrair e acho, sincera-mente, que foi o melhor que podíamos ter feito. O programa começou. A sala estava cheia mas, como não tínhamos que olhar de frente para a assistência, isso era o menos intimidante. O pior era concentrar-me nas respostas do professor, estar atenta e

perceber o seu raciocínio ace-lerado. Às vezes a minha vista parecia começar a desfocar de olhar tanto para ele. Outras parecia que eu nem estava ali, estava a assistir a tudo de cima. Mas ele facilitou-nos o trabalho. Foi simpático, aces-sível. E quando entrámos no ritmo foi tudo mais fácil. Eu e o Bruno arranjámos ma-neira de comunicar através de bilhetes discretos. Depois já bastava olhar um para o outro para nos entendermos. Acho que no fim correu tudo bem. Há sempre coisas que falham, é natural que assim seja. A primeira vez é sempre a mais difícil, já se sabe.

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O telemóvel, personalizado com uma melodia de Chopin, tocou baixinho… “Não está in-teressado entrevistar Marcelo Rebelo de Sousa, na próxima semana?”. Subitamente, um ar-repio tomou conta de mim… não pelo facto de me estar a ser dada a oportunidade de entrevistar uma alta persona-lidade da vida política nacional, mas antes fazer uma das coisas que mais gosto: televisão. A minha cabeça foi invadida por ideias, deu voltas e mais voltas. A minha primeira preocupação foi ver “As escolhas de Marce-lo”. Os objectivos primordiais foram saber algo mais acerca dele, perceber a sua persona-

lidade. Depois, era necessário estar preparado no domínio da actualidade. A partir daí – con-fesso – da minha cabeça não mais saiu o Professor Marcelo, nem o dia que me iria colocar frente a ele. As noites, até à en-trevista, foram mal dormidas. Em qualquer hora da noite, es-tando mergulhado num sono profundo ou não, lá saía uma ideia para o papel. Já no dia, um stress completo. Quando a hora da “esgrima” chegou, perante uma audiência bem composta, as câmaras ligaram-se, os micros afinaram-se. Tudo de olhos postos, também, em dois amadores. Duas pessoas que pouco viveram na prática o

universo televisivo (deixo aqui um elogio pela forma fácil co-mo foi trabalhar com a Vera). Eis que começa o “gladiar”!!! O carismático entrevistado está à vontade. Trata-se, pelo menos naqueles instantes iniciais, de uma pressão, uma tensão sem tréguas… mas bom de sentir. Seria adrenalina? Não sei. Mui-ta coisa falhou… muita coisa faltou… muito teremos que aprender com certeza. Quem não o tem? Será que tivemos a nossa oportunidade ou outras irão surgir ainda? Trabalho to-dos os dias de forma a alcançar os objectivos que me propus atingir. Eu estou aqui… mal posso esperar.

Em vez de uma tradicional conferência, Marcelo Rebelo de Sousa protagonizou, na ES-TA, a 22 de Fevereiro, um novo formato de debate de ideias. Os alunos Vera Agostinho e Bru-no Ribeiro, ambos estudantes do 5ºano do curso de Comu-nicação Social da instituição, foram os jornalistas/modera-dores que conduziram a en-trevista, com público, ao ex-líder social-democrata. Tudo isto foi realizado num cenário simulado de estúdio televisi-vo. Os estudantes iniciaram o programa descrevendo o per-fil do entrevistado. Só depois partiram para a entrevista, que teve como base assuntos relacionados com os media, educação, choque de culturas e eleições presidenciais.

O jurista abriu a sua inter-venção reportando-se à TV Digital e à crescente impor-tância da televisão por cabo no panorama audiovisual. O apro-veitamento político através deste meio de comunicação foi outro motivo de abordagem. O professor deu como exemplo o caso italiano, delineando fron-teiras entre Romano Prodi e Sílvio Berlusconi. “Berlusconi tem a favor o facto de ser um magnata da televisão, utiliza o meio televisivo de forma agres-siva” – frisou o convidado. Por oposição, “Prodi é um racional, um anti-show, um tecnocrata”. Segundo o professor, esta situ-ação coloca novos problemas à democracia.

O actual comentador da RTP pronunciou-se sobre a

Marcelo entrevistado por alunosAndré Canoa presente situação do canal,

considerando que o mérito da estação pública se deve ao saneamento da situação finan-ceira e à valorização do serviço público. No entanto, alertou para a necessidade daquele serviço ser acompanhado de audiência. O polémico caso Envelope 9 do jornal “24 ho-ras”, o serviço público e a in-fluência da televisão na nossa sociedade foram outros dos temas falados. Ainda acerca dos media, o entrevistado de-fendeu que “a televisão é um instrumento muito poderoso” e que os governos, “sempre que pode, intervêm”. Por outro la-do, “os governos são hipersen-síveis” e “quanto mais fracos, mais sensíveis são”. Mas nem tudo é, aparentemente, mau: “Há um lado pedagógico da televisão. Deve dar às pessoas o que gostam, mas também levá-las a conhecer novos con-teúdos”.

E porque o cenário foi mon-tado numa escola superior, a educação não foi descorada. No que toca ao ensino em geral, o ex-deputado opinou sobre a “medida impopular por parte do Estado quanto ao encerra-mento de escolas”. Contudo, foi no Tratado de Bolonha que Marcelo Rebelo de Sousa mais insistiu, considerando os politécnicos mais flexíveis ao novo sistema de ensino. Co-mo aspectos “complicados”, o professor apontou as conden-sações das formaturas, onde as licenciaturas podem vir a ter a duração de três ou quatro anos. “Um sinal dos tempos é a con-vergência entre politécnicos e universidades”, rematou.

À conversa com o professor um sonho tornado realidade?

liliANo PuCARiNHo

O testemunho de Vera Agostinho O testemunho de Bruno Ribeiro

Page 14: Bispo J O R N A L D. José Alves · 2006. 4. 10. · esta J O R N A L Direc tora: Hália costa santos N.º 9 . aNo 4 . sexta-Feira, 31 de março de 2006 Bispo D. José Alves v i s

1� | ESTA joRNAl • 31 de Março de �006 e m p r e g o

UNIVA (Unidade de In-serção na Vida Activa) é

um projecto que nasceu de uma parceria entre a Câma-ra Municipal de Abrantes e o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IE-FP), da mesma cidade. Este projecto tem como objec-tivos “ajudar a população, essencialmente os jovens, em termos de procura de emprego, formação e orien-tação vocacional. Ou seja, tudo o que tenha a ver com o apoio à inserção escolar e profissional”, esclarece Rena-ta Almeida, animadora deste projecto.

Apesar de ser um serviço ainda recente em Abrantes passou, já, “por um processo de divulgação nos órgãos de comunicação social”. Este é o veículo utilizado para fazer chegar a UNIVA jun-to da população em geral. Para além disso, é feito um contacto mais directo nas escolas e instituições através de cartões e folhetos, cartas e e-mails enviados às em-presas.

Jovens à procura de pri-

UNIVA um projecto de emprego

Ana Brandão e Ana Raquel Ferreira

Elaborar currículos, redigir cartas de apresentação, saber responder a um anúncio de oferta de emprego, saber comportar-se numa entrevista. Estas são algumas das ajudas prestadas pela uNivA

meiro emprego, desempre-gados ou em risco de de-semprego, após tomarem conhecimento deste projec-to, dirigem-se à UNIVA on-de será feita uma entrevista de forma a conhecer melhor o candidato relativamen-te às suas expectativas, às suas qualificações e ao “lo-cal do país onde gostaria de trabalhar”. Porque, hoje em dia, encontrar emprego não é uma tarefa fácil, “não basta fazer um currículo; é preciso saber estar numa entrevista de emprego e conhecer as empresas que estão interessadas no seu perfil profissional”. De acor-do com as ofertas que têm, os candidatos serão enca-minhados para as devidas empresas.

As UNIVA’s são financia-das pelos IEFP’s, uma vez que “são eles que aprovam e apoiam tecnicamente os projectos”. Para além disso, asseguram e comparticipam a remuneração de animado-res e de equipamentos. Uma vez recebidos os fundos, es-tes serão investidos, maiori-tariamente, em pessoas com menor nível de formação ou sem qualquer qualificação. “Como estamos num perío-do de crise, há que distribuir

esses mesmos fundos”. Existe uma questão im-

portante relativamente a esta região que diz respeito ao presente quadro comu-nitário de distribuição dos fundos para a formação profissional. Renata Almei-da explica que Abrantes se insere na “região de Lisboa e Vale do Tejo e, como tal, os fundos para esta região são deficitários porque Lisboa

absorve mais fundos”. Para fazer face a esta situação, se-rão efectuadas negociações dos fundos para ter um tra-tamento diferente daquele que existe neste momento. A população não tem tido os mesmos mecanismos de apoio em termos comuni-tários. “Não havendo for-mação financiada, diminui a oferta”, salienta a anima-dora.

Edifício Pirâmide – Alto de Santo António��00 Abrantes

��1366�6� / ��136316� [email protected]

Horário de funcionamento�ª, 3ª, �ª e 6ª feiras - 10h00 – 1�h30 / 1�h30 – 17h30�ª feira – 1�h30 – 17h30

Animadora: Renata Almeida

UNIVA

Formação. A região de lisboa absorve a maior parte dos apoios comunitários, mas a uNivA de Abrantes prevê negociações

A

ANA RAquEl FERREiRA

A UNIVA tem uma parce-ria com um outro projecto “Crescer Cidadão”, que dis-ponibiliza um portal, www.portalemprego.pt, onde Renata Almeida coloca al-gumas ofertas. A área das vendas é a que mais oferece a possibilidade de emprego.

“Uma boa iniciativa”Ana Margarida Marques,

29 anos, com o 12º ano de escolaridade na área de Contabilidade e desempre-gada até há pouco tempo, procurou a UNIVA. “Fiquei bastante contente com o apoio que obtive”. Realça o trabalho desempenhado pela animadora que dispo-

nibilizou muita informa-ção, mantendo um contacto constante. Recentemente foi colocada na Câmara Muni-cipal de Abrantes na área de Arquivo.

Firminio Simplício, 45 anos, Engenheiro Quími-co, era responsável de uma secção numa empresa agro-industrial. Neste momento está desempregado e tam-bém procurou a UNIVA. Tem boas expectativas de encontrar emprego: “Espero que até ao final do mês a minha situação esteja resol-vida”. Considera “uma boa iniciativa” por parte da Câ-mara Municipal de Abrantes e aconselha o projecto.

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uem se dirige à praça de táxi di-ficilmente se deixa enganar. Ar

jovial, leve e descontraído. Um tom de voz afável, amistoso e genuíno. As linhas do rosto marcadas por vivên-cias e saberes que não foram mais do que lições de vida. Ao abrir as portas do seu táxi, “Jó” (como é carinho-samente tratado) é mais do que um simples taxista. É um ouvinte. Um conselheiro. Um amigo!

Ser taxista não se tratou de uma opção. O seu bisavô tinha charretes com cavalos para transportar pessoas. O avô tinha táxis. O pai herdou-os. Mais tarde o empregado adoeceu e reformou-se. Quando o pai lhe pediu ajuda, Jorge Santos não recusou. Co-mo o próprio afiança: “Fui ficando.” Até hoje!

“Quando comecei, adorava esta profissão” – diz Jorge Santos. Como taxista, considera ter tido uma vivên-cia fabulosa. E explica que os taxis-tas são um pouco de tudo: “Somos médicos, padres, advogados”. Tudo isto em resultado das relações que estabelecem com os clientes e para os quais é preciso ter uma palavra de conforto, pois muitos levam para o táxi as frustrações e desilusões do dia-a-dia. E, na sua opinião, é importante fazer ver às pessoas que nem sempre as coisas são como elas pensam. “Esta é uma das profissões que mais nos ensina o que é a vida!” – defende. Por experiência própria sabe que “neste meio” se lida constantemente “com todo o tipo de pessoas”. Os problemas pessoais deixam de ter relevância face aos dramas dos que transporta no táxi e que nele encontram um om-bro amigo.”Lidamos com criminosos, traficantes, prostitutas, gente com as maiores formações, juízes, médicos, engenheiros, estudantes”. Mas, apesar de tudo ressalva,“ é uma experiência gratificante!”

Situações caricatas? Esboça um sorriso e parece não ter dúvidas: “É uma profissão de risco, sabe? Uma vez fui assaltado em Proença-a-Nova por três indivíduos evadidos da prisão de Leiria.” Na altura foi um valente susto. “Tinha cerca de 22 anos e julgava que não tinha medo de nada e que ninguém me podia fazer mal.”

Para este taxista, o dia começa por levar os filhos à escola e dirigir-se à praça de táxis, onde, de resto, perma-nece o dia todo, atendendo aos telefo-nemas de clientes, do presidente ou de outros elementos da direcção do AFC com os quais está permanentemente em contacto. No final do horário de trabalho, dá “um pulinho até ao está-dio”, para ver e falar com o presidente, equipa técnica e jogadores.

“Sou puro benfiquista, mas se ca-lhar agora tenho uma queda maior

O novo director desportivo do AFC é Jorge Santos, 45 anos, taxista

Entre o táxi e o balneário

Maria José Vaz

uma vida inteira dedicada à sua profissão que, garante, ensina “a ver a vida com outros olhos!” Sempre alegre e bem-disposto, abre a porta do seu táxi como quem abre as portas de sua casa. Recentemente convidado para assumir o cargo de director desportivo do Abrantes Futebol Clube (AFC), apenas deixa um pedido a todos os que o conhecem: “Acreditem em mim!”

pelo Abrantes!” – diz, convicto de que o facto de ter assistido ao nas-cimento do clube, a proximidade e amizade que sempre manteve com os seus fundadores faz com que viva a sua realidade mais intensamente.

“Em sete anos se faltei a quatro jogos foi muito!” – conta.

Quando o anterior director despor-tivo, Nuno Pedro, se demitiu do clube, o actual presidente, Alberto Lopes, recorreu a Jorge Santos. “Quando me pediu que o ajudasse, eu disse que sim, mas nunca pensei que fosse

para substituir quem quer que fosse” – explica. Na verdade, só teve co-nhecimento do cargo que ia ocupar quando foi oficialmente apresentado à comunicação social como director desportivo.

Feliz pelo voto de confiança que lhe foi dado, Jorge Santos acredita que “com esta direcção e com o empenho que tem tido podemos levar isto a bom porto.” Isto, apesar de “saber que anda aí gente a tentar minar e a fazer pressão contra a mesma” – remata.

Sempre frontal, Jorge Santos acre-dita em valores como a honestidade e a dignidade e mostra-se profunda-mente magoado e revoltado com as pessoas que desde a primeira hora abraçaram o projecto “AFC e que dis-seram que amavam este clube e que só actuariam em prol dele, mas que agora tudo fazem para o prejudicar”. A equipa de futebol do Abrantes é, na sua opinião, “composta por homens muito sérios e profissionais”. E acres-centa: “É uma equipa da qual temos orgulho!” Admite que actualmente o clube atravessa um período de difi-culdades económicas, mas entrega-se de corpo e alma à sua nova tarefa, que exerce sem que dela aufira qualquer remuneração. Acredita que parte da

experiência que teve enquanto joga-dor de futebol, a maneira como lida com o balneário, os jogadores e com toda a orgânica que envolve o próprio futebol são mais valias que põe ao serviço do clube.

Nos seus tempos livres, adora xadrez e tudo o que envolva jogos de cartas. Adora jantar e sair com os amigos. “São aqueles amigos que vêm desde os cinco anos e que nos encontramos ao fim da tarde para jantar e beber uns copos até às cinco da manhã. Para nos abrirmos uns com os outros, para recordarmos, pa-ra nos ajudarmos e para mantermos o espírito jovem!” E o espírito jovem só se mantém se as pessoas acredita-rem todas umas nas outras. “Tenho muitos amigos que me conhecem e sabem que sou sincero e honesto no dia-a-dia, nas relações, nunca quis o mal de ninguém” – assegura.

A viagem de táxi não pode termi-nar sem uma última pergunta. Como acha que as pessoas lidarão consigo agora que também é director des-portivo? A resposta não poderia ser mais objectiva: “É tudo uma questão de esforço, dedicação, empenho e dis-ciplina. De resto, continuo o mesmo de sempre!”

jorge Santos nasceu em Abrantes há 45 anos. é taxista desde os 18 e diz que não trocava esta vida por nada. Amante confesso do desporto-rei, guarda ainda na memória o Mundial de ’66 e a figura de Eusébio. São momentos que acredita terem sido fulcrais no seu amor pelo futebol. Tinha então quatro anos. Enquanto jogador de futebol, alinhou em to-dos os escalões e passou por clubes de Abrantes, Tomar, Tramagal, Ponte de Sôr. deixou de jogar aos 30. Ainda frequentou o antigo liceu, mas porque se sentia “preso” na es-cola e na altura já ganhava dinheiro com o futebol, decidiu abandonar os estudos. Hoje acredita que po-deria ter optado por estudar e por tirar um curso relacionado com desporto.o que conseguiu foi conciliar a vida de jogador de futebol com a pro-fissão de taxista, que considerava fazerem parte do seu bem-estar e equilíbrio.desde sempre se envolveu no pro-jecto do Abrantes Futebol Clube e foi com orgulho que aceitou o convi-te para ser director desportivo.

Perfil

liliANA SéCA SANToS

Apesar de “saber que anda aí gente a tentar minar e a fazer pressão” em sentido contrário, Jorge Santos acredita na direcção

Orgulho. jorge Santos, desde sempre envolvido com o AFC, está feliz com o voto de confiança que lhe foi dado

d e s p o r t o

Q

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Nasceu a 17 de dezembro de 1906 em Tomar. quis o acaso que o menino Fernando tivesse na sua meninice a oportunidade de brincar com as teclas de um velho piano, que existia no hotel que o seu pai comprou. Entre brincadeiras, des-cobriu o gosto pela música e o talento que já se adivinhava. Começou a ter lições de piano com imaculada Conceição guimarães. Com apenas 14 anos, era já pianista no Cine-Teatro de Tomar. o jovem Fernando tocava as composições musicais de grandes autores rus-sos contemporâneos. Aos 17 anos, ingressou no Conservatório Nacional de lisboa. Em 1927, apareceu pela primeira vez como compositor in-terpretando as variações sobre um tema popular português para piano solo. Entretanto, criou em Tomar o semanário republicano «A Acção». Em

1929, com Pedro Prado, publicou no Conserva-tório de lisboa a revista «Música».Com apenas 25 anos terminou o Curso Superior de Composição. Entretanto, foi preso e desterrado para Alpiarça. Em 1934, foi-lhe atribuída uma bolsa de estudo em França, que lhe foi negada por razões políticas. lopes graça, nessa altura, afirmou: “Revolução e liberdade são sinónimos, são equivalentes. São leis imutáveis gravadas na face do Cosmo, eternas e divinas como ele.”Em 1937, foi para a cidade da luz. A 2ªguerra mundial estava quase a irromper. Passados dois anos, o músico alistou-se no corpo de voluntários dos “Amis de la République Française”. Em outu-

bro de 1939, foi obrigado a regressar a Portugal, mas estabeleceu-se em lisboa. A partir de 1940, vários serão os prémios atribuídos ao compositor nabantino. ganhou o prémio de Composição do Círculo de Cultura Musical (CCM) com o 1º Con-certo para Piano e orquestra. Em 1942, obteve o prémio do Círculo de Cultura Musical com a «História Trágico-Marítima». dois anos depois, ganhou pela terceira vez o Prémio de Composi-ção do CCM com a «Sinfonia». Em 1954, por razões políticas, foi-lhe retirado o diploma do Ensino Artístico Particular. Ficou sem meios para sobreviver. Passados sete anos co-nheceu o francês Michel giacometti, com quem

publicou o 1º volume da “Antologia de Música Regional Portuguesa”. Mais tarde, sobre ele dirá Michel: “Para ele, a música é uma coisa tão neces-sária como respirar, comer, amar, pensar”.Em 1974, assumiu a presidência da Comissão para a Reforma do Ensino Musical criada pelo governo Provisório da Revolução de Abril. No ano seguinte foi condecorado com a ordem da Amizade dos Povos pelo Soviete Supremo da uRSS.Passados cinco anos, compôs o «Requiem pelas vítimas do fascismo em Portugal». Em 1980, foi-lhe atribuído o grau de grande oficial da ordem Militar de Santiago de Espada.Faleceu 14 anos depois, próximo de Cascais. A Câmara de Cascais editou, juntamente com o Museu da Música Portuguesa, o Catálogo do Espólio Musical de lopes-graça.

Já se ouvem os acordes. É mais um concerto de homenagem a Fernando Lopes Graça. Este tomarense de gema é homenageado durante este ano pe-los seus concidadãos. António Paiva, presidente da Câmara Municipal de Tomar, em declarações ao Boletim Informativo de Tomar (edição de Janeiro), explica que “este ano deve-rá ser mais do que um tributo, uma oportunidade de dar a conhecer aos seus conterrâneos a vida exemplar deste homem”. Sintonizamos 90.5, Rádio Cidade de Tomar, ouvimos uma voz feminina que conta “Breves sobre Lopes Graça”.

Percorrendo a rua Dr. Joaquim Jacinto, entre a Sinagoga e a Casa das Ratas, fica situado o edifício que viu nascer um dos mais importantes homens da música do século XX. Na lápide afixada pelos seus conter-râneos a 5 de Março de 1977 leêm--se os seguintes dizeres: “Aos 17 de

Ano de homenagem

Compositor Lopes Graça recordado em TomarRafaela Santos

Nasceu em Tomar e este ano é homenageado pela cidade. lopes graça, um compositor que marcou o país, terá uma Casa Memória na sua cidade natal. Precisamente o edifício onde nasceu. As comemorações passam também, naturalmente, por concertos

A vida e a obra de Lopes Graça

c u l t u r a

Ao percorrermos a cidade encon-tramos, na Biblioteca Municipal de Tomar, um piano. Dizem tratar-se do piano onde Lopes Graça tocava. Por instantes, interiorizamos a figura do músico e conseguimos escutar ainda ecos da sua música. Os seus conterrâneos recordam-no como um homem de Tomar e vivendo muito à frente do seu tempo.

“Ainda me lembro de ver Lopes Graça aqui em Tomar” – conta Júlio da Conceição dos Santos, 75 anos, com um brilho de saudade de quem recorda o homem que vinha a Tomar para tocar.

A Câmara Municipal de Tomar, desde Janeiro que dá relevância ao tomarense e ao cidadão do mundo. Através do Boletim Informativo/Agenda Cultural, dá a conhecer o homem que marcou o panorama musical português. Até ao dia 17 de Dezembro, vamos continuar a ouvir falar de Lopes Graça em Tomar. Até porque no termo do ano será realiza-do o concerto de encerramento.

Dezembro de 1906 nasceu nesta casa Fernando Lopes Graça. Musicólogo e compositor de projecção e prestígio internacional.” A casa que agora pare-ce abandonada e deixada no rasgo do tempo vai ganhar nova vida. Pouco a pouco, irá tornar-se Casa Memória Lopes-Graça.

Que ruas, avenidas e estátuas ho-menageiam Fernando Lopes Graça? Em Tomar não se conhecem ruas e avenidas que imortalizem o homem e o músico. “Não conheço nenhuma rua com esse nome” – diz Patrícia Fer-reira, 22 anos, com um ar de espanto e admiração perante a questão colocada. “Não conheço nenhuma rua ou traves-sa com o nome de Lopes Graça” – afir-ma surpreendida Josefina Rodrigues, 60 anos, continuando a caminhar pela Corredora. “Sou de Tomar, nascido e criado, mas não conheço nada com esse nome! Só se nessas novas ruas da cidade, alguma tenha o nome de Lopes Graça” – explica Ricardo Gomes, 65 anos, com um olhar de quem fica com a “pulga atrás da orelha”. Música. Na biblioteca Municipal está o piano de lopes graça

RAFAElA SANToS

O IV Festival Nacional de Teatro Especial realizado em Abrantes, no Cine-Teatro S. Pedro, conheceu a sua sessão de abertura no dia 24 de Março encerrando dois dias depois. A ideia de promover o encontro surgiu no 25º aniversário do Centro de Recuperação Infantil de Abrantes (CRIA). O objectivo foi o de promover e motivar a autonomia de crianças e jovens portadores de deficiência na família, sociedade e emprego.

O teatro funcionou como fer-ramenta pedagógica e terapia não formal. O evento resultou da interacção do CRIA com quatro instituições na área do apoio à deficiência (APPACDM de Santarém, APPC do Porto, APPACDM de Setúbal, grupo de apoio ao ensino especial da Madeira) e com a associação Palha de Abrantes.

O primeiro dia do encon-tro contou com a presença de Humberto Lopes, presidente da direcção do CRIA, Manuel Va-lamatos, vereador do Desporto

Teatro de sensibilidades da Câmara de Abrantes, e Luí-sa Portugal, secretária nacional da reintegração e integração da pessoa com deficiência. O grupo “Teatro Fantasia”, da APPACDM de Santarém, foi quem abriu o festival, com a peça “Chapéus há muitos”, de Carlos Manuel Rodrigues. Segundo Joaquim Montez, encenador, a dramati-zação é uma forma de despertar mentalidades: “Este é um traba-lho que tem servido para sensi-bilizar a comunidade quanto à problemática da deficiência”.

O presidente do CRIA de Abrantes evidencia a impor-tância e valor que estas pessoas têm na sociedade, deixando um

apelo aos empresários portugue-ses: ”Estas são pessoas com valor profissional e há que aproveitar as suas capacidades”. Para Luísa Portugal, as crianças, jovens e adultos portadoras de deficiên-cia têm a capacidade de nos faze-rem sorrir, divertir e emocionar. “O paternalismo não chega, é preciso uma atitude séria de igualdade de oportunidades, para uma sociedade melhor e mais justa”. A secretária nacio-nal de reintegração e integração admitiu ainda que, apesar da ajuda à pessoa deficiente estar na agenda política do Estado, os resultados não se avizinham imediatos, mas a longo prazo. Apelo. “Estas são pessoas com valor profissional”

vâNiA PAlMiNHA

Charlene Izaque

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O desejo de formar uma banda não era novidade para José Pinto e Herlander San-tos: “Começámos a tocar lá em casa”. E quando a vontade de ir para a rua falou mais alto, foram-se apercebendo de que “era necessária uma voz e mais instrumentos”. O que começou por ser um projecto a dois, é hoje o sonho de sete jovens. Juntos há sensivelmente um ano, entre o corrupio das aulas e outras actividades, José, Ivan-dry, Maurício, Eunice, Her-lander, Luís e Lévi, abraçam o pouco tempo de que dispõem e as suas iniciais dão nome aos JIMEHL. Seis dos elementos são alunos da ESTA.

Eunice, a “menina” do grupo, não pára. Numa energia que a caracteriza, diz: “Vamos cantar, estou com vontade de cantar” A sala deixa-se preencher pelos elementos da banda, na casa de amigos cabo-verdianos, à qual o grupo carinhosamente chama de “Senzala”. É lá que se dá corpo à vontade de cantar. “A formação musical não é muito importan-te. O que interessa é gostar de música e isso não falta no nosso grupo” – afirma Herlander.

“Tens de seguir o tom do baixo ou o da guitarra, Euni-ce!”. Os olhos fecham-se…a voz está lançada. Onde a mor-na e o “reggae” imperam, o eco já se faz sentir nos cantos do espaço e entre sorrisos a músi-ca pára: “Não estás no tom!”.

“Padoce de céu azul”, de Tito Paris, ganha uma nova vida e envolve o olhar à procura das notas que deixam na pele o arrepio de quem sente o que ouve. Toca a tumba e os pés mexem como se a terra os movesse. Cabo Verde está ali! Zé, apesar de ser o único sem ascendência africana, partilha dessa paixão: “A música afri-cana faz parte do meu gosto pessoal. Não é só uma questão de origens”.

Com apenas um espectá-culo no curriculum, a banda deixou ao rubro um palco de Tomar, no Encontro de Estu-dantes Cabo Verdianos. E é com satisfação que recordam os momentos da actuação: “O público até cambalhotas deu no palco”. Entra um dos resi-dentes na sala, com um “look” descontraído, como se estives-se em pleno Verão. O sangue africano não deixa mentir quando o corpo reage ao som com a satisfação e energia que só eles têm.

Treina-se mais uma música. Ivandry e Eunice cantam num jogo de palavras que transmi-te sensualidade e vontade de dançar… Num ambiente ca-racterizado por unanimida-de, os elogios vão-se soltando. “Muito bom”! E descobrem- -se as diferenças que os unem. “O Levi está sempre a rir”, diz a Eunice que, sendo a única rapariga da banda, lança o discurso com a descontracção de quem nasceu para viver no palco: “ Sou a mais faladora do grupo, eles aturam-me imen-so… são como irmãos, mas é o Herlander que consegue impor respeito”.

Maurício, o percussionista, nem sempre pode marcar pre-sença na sala de ensaios. Mas a distância geográfica que o separa dos restantes não afec-ta a cumplicidade que o une aos instrumentos. Fazendo também parte dos C4 (um grupo cabo-verdiano), jun-tamente com Luís Carlos, é considerado um bom músi-co pelos restantes elementos: “Ele ouve a música uma vez e tem bastante facilidade em apreendê-la! Nos espectáculos está sempre connosco!”

Trocam-se posições… De tranças e olhos brilhante, Luís Carlos, outrora sentado com a

viola na mão, pula num rasgo de energia. Num cruzamento de vozes com a vocalista, o ritmo é contagiante.

Brilha mais uma música do reportório, desta vez um tema original da banda que fala de Cabo Verde e da saudade: “A primêra vez”. Batem-se pal-mas ao som do batuque, e o espaço vazio que os rodeia transforma-se por instantes numa multidão. Todos vi-bram naquela sala onde se improvisa um estúdio e onde os sonhos e o divertimento de dar voz às palavras se con-cretiza.

A agenda vai sendo preen-chida. Entre convites para es-pectáculos, nomeadamente de Viseu e da Guarda, a Câmara Municipal de Abrantes parece apoiar também a iniciativa destes jovens estudantes. Her-lander, “o mais equilibrado” segundo os elementos dos JI-MEHL, afirma com ponde-ração: “Em princípio estamos cá para estudar. É complicado conciliar o tempo”. Na estra-da da fama, não pretendem deixar os estudos para trás. O destino, esse, vai sendo marcado sem pressas: “O ob-jectivo da banda hoje é estar aqui a tocar, amanhã Deus é quem sabe…”

Eunice PintoVocalista20 anos (6 de Maio de 1985)Natural de LisboaEstudante de Comunicação social na Escola Superior de Tecnologia de Abran-tes (ESTA)Interesses: dança, cultura africana, rádio, trabalhar em África como jornalistaMúsica: Dulce Pontes, Sara Tavares, Whit-ney Houston, Michael Bublé, Missy Eliot, U2 e Lura

José PintoBaixo e voz20 anos (27 de Julho de 1985)Natural de LamegoEstudante de Comunicação Social na ESTAInteresses: documentários, música, des-porto e jornalismoMúsica: U2, Café del Mar, Jazz, Bem Harper, Madredeus, Pedro Abrunhosa, Cesária Évora

Lévi SoaresTumba 20 anos (8 de Maio de 1985)Natural da Ilha do Sal (Cabo Verde)Estudante de Engenharia e Gestão Indus-trial na ESTAInteresses: cinema, desporto e músicaMúsica: todo o tipo de música

Ivandry Voz21 anos (1 de Fevereiro de 1984)Natural da Ilha do Sal (Cabo Verde)Estudante de Engenharia e Gestão Indus-trial na ESTAInteresses: dança, música e desportoMúsica: R n´B

Luís Carlos ÉvoraViola19 anos (5 de Agosto de 1986)Natural da Ilha do Sal (Cabo verde)Estudante de Engenharia Mecânica na ESTAInteresses: música e desportoMúsica: reggae, música tradicional Cabo Verdiana e Hip Hop

Maurício RamosPercussão19 anos (28 de Maio de 1986) Natural da Ilha do Sal (Cabo Verde)Estudante de Turismo em Viana do CasteloInteresses: música e desportoMúsica: Rock, Hip Hop, Linkin Park

Herlander SantosGuitarra26 anos (10 de Junho de 1979)Natural da Ilha do Sal (Cabo Verde)Estudante de Comunicação Social na ESTAInteresses: músicaMúsica: todo o tipo de música

Banda de música cabo-verdiana lança os primeiros acordes em Abrantes

“Estou com vontade de cantar!”ouvem-se os tambores…. o som deixa adivinhar o sabor a áfrica. o ritmo envolve-nos e o calor que se faz sentir no frio da estação vem da voz da alma… “yô, yô, somos os jimehl, estamos aqui a cantar só para ti”! Afinam-se guitarras, soltam-se gargalhadas. No ensaio, a energia do palco já se faz sentir

Ana Neves e Tânia Pissarra

Ensaio. “A formação musical não é muito importante. o que interessa é gostar de música e isso não falta no nosso grupo”

ANA NEvES

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mudança estava finalmente termi-nada. Tudo estava em ordem, tudo tinha encontrado

o espaço a que estava destinado.Na estante que se situava ao lado

da porta, os livros, meticulosamente ordenados por épocas, revelavam a sua paixão: o cinema. Nas paredes forradas com um papel florido, já gasto pelo tempo, tinha colado alguns cartazes que faziam alusão aos gran-des clássicos. Fora esta a forma que encontrara para esconder as manchas acastanhadas das paredes.

Filipe encontrava-se exausto! Sen-tou-se na poltrona, junto à janela, e lá permaneceu durante algum tempo, vendo o movimento da cidade.

Passados quatro anos as fachadas do centro ainda o fascinavam. Sentia ainda aquela paixão que o levara a candidatar-se à Faculdade de Letras do Porto.

O Porto era um lugar mágico: acar-retava consigo todo um misticismo, uma bagagem histórica e cultural inegável, com costumes e modos de ser muito característicos.

Acreditava que a sua estada no Porto tinha sido uma oportunidade única para conhecer a cidade que o encantava.

Enquanto o seu olhar percorria a zona ribeirinha, o seu pensamento continuava na antiga casa.

Estava triste por ter abandonado a República do Dick, mas sabia que tinha tomado a melhor opção. Nunca iria conseguir concentrar-se naquela casa. A confusão característica de oito rapazes nunca o deixaria terminar o seu projecto de final de curso. Tinha pela frente um árduo ano de trabalho e não podia deixar-se levar pelos co-pos e noitadas.

Estava Filipe absorto nos seus pen-samentos quando os seus olhos se fixaram num pequeno armário que se encontrava junto à poltrona. Pensou que seria um bom sítio para guardar alguns projectos inacabados.

Tentou abrir a gaveta, mas esta ofe-receu alguma resistência. Reparou que tinha uma fechadura. Forçou um pouco, mas não obteve qualquer re-sultado. Decidiu que no dia seguinte iria falar com a senhoria e pedir-lhe a chave.

Depois de ter comido uma lasanha que a mãe lhe tinha preparado voltou para o quarto para descansar. Fez ainda uma última tentativa para abrir a gaveta, mas em vão. Começava a sentir uma certa curiosidade. “Será que aquela fechadura esconde algo? Ou seria apenas um esquecimento da D. Rosa?”

O dia amanheceu cinzento. Na Fa-culdade de Letras do Porto os novos caloiros obedeciam às ordens dos veteranos, que os levavam a fazer fi-guras ridículas.

Filipe juntou-se aos seus amigos. Já não os via desde Agosto e havia muitos assuntos para pôr em dia. Sen-tados na esplanada do bar, a aprovei-tar os raios de sol que passavam por entre as nuvens, os rapazes falavam das aventuras do Verão.

Ficou combinado que Filipe pas-saria aquela noite na república para festejar o recomeço das aulas.

Havia uma certa nostalgia quan-do se falava na República do Dick, os rapazes não percebiam a decisão tomada por Filipe e tentavam, a todo

o projectofinal

Nunca o anfiteatro da escola se enchera daquela forma para o visionamento de uma película baseada no argumento de um aluno de cinema e televisão. Todos queriam conhecer a estória da “Menina Sorridente”. Uma história que misturava ficção e a realidade, na procura de uma morada desconhecida. Ninguém queria perder!

Ac o n t o

o custo, fazer com que voltasse. Con-victo que tomara a opção certa, Filipe argumentava, dizendo que apenas iria mudar de casa e que iriam continuar a passar bons momentos juntos.

O primeiro dia de aulas estava a chegar ao fim. Antes de abrir a porta do prédio, Filipe entrou na lojinha da D. Rosa e falou-lhe do armário.

Ela explicou-lhe que tinha com-prado aquele apartamento ao banco, com todo o recheio incluído e que fal-tavam algumas chaves que os antigos proprietários deveriam ter esquecido de entregar.

- A arrecadação do apartamento que era deles também está trancada.

Ao chegar a casa, Filipe dirigiu-se apressadamente para a despensa. Tirou de lá algumas ferramentas e levou-as consigo até ao quarto. Deteve-se al-guns instantes a olhar para a gaveta. Depois de algumas tentativas con-seguiu abri-la com uma chave de fendas.

Dentro da gaveta encontravam-se várias fotos. Eram fotos a preto e branco de uma menina de cabelo claro, com um sorriso terno e doce. Pareciam tiradas há vários anos, nu-ma aldeia do interior.

No fundo da gaveta um diário. Era rosa, provavelmente pertencia à menina das fotos. Filipe começou a folheá-lo. A menina era já uma mulher!

Fechou-o rapidamente. Recordan-do-se das discussões que tinha com a irmã mais velha quando, em miúdo, lhe lia o diário às escondidas.

Esvaziou a gaveta. Colocou as fotos e o diário numa caixa e desceu as escadas. Voltou a entrar na loja de flores da D. Rosa. Pensou que talvez ela, através do banco, pudesse devol-ver aquelas recordações à menina sorridente.

A senhoria ao ver o que se encon-trava na caixa, olhou para Filipe e sorriu.

- Ó filho, não tenho tempo para isso. Já foi há muitos anos, provavel-mente o banco já nem tem essa in-formação. A tua intenção é boa, mas o melhor é deitares isso fora. Se fosse importante eles teriam levado.

Filipe voltou a subir as escadas com um ar desanimado. Pôs a caixa em cima da poltrona e saiu para se en-contrar novamente com os rapazes, como ficara combinado.

Na república todos o acharam um pouco ausente. Não bebia, não par-ticipava nas brincadeiras… os repú-blicos sentiam falta da sua gargalhada sonora que enchia toda a casa.

- O que tens miúdo? A comida caiu-te mal?

Não, a comida não lhe tinha caído mal, mas Filipe não conseguia deixar de pensar naquele sorriso. Teria de fazer qualquer coisa. Teria de des-cobrir onde estaria aquela mulher e entregar-lhe o que lhe pertencia.

Tentou explicar-lhes o que tinha acontecido, na esperança que algum deles lhe desse uma ideia. Mas, ao invés, chamaram-lhe louco.

- Deita mas é essa tralha fora. Agora estás a preocupar-te com isso porquê?

Também ele não sabia porquê, mas algo dentro dele dizia que a tinha de encontrar. “Mas como?”

No dia seguinte, depois das aulas, passou pelo banco, que a D. Rosa lhe indicara, para pedir informações A resposta, como a senhoria previra, foi negativa. Alegavam que já tinham decorrido os anos obrigatórios para o processo estar em arquivo e como na altura ainda não procediam à infor-matização dos dados, era impossível encontrar essa informação.

Já em casa, sentado à secretária, Filipe começava a esboçar o seu pro-jecto, no entanto o sorriso daquela menina de cabelos claros preenchia--lhe o pensamento.

Tinham passado já duas horas e a folha à sua frente permanecia em branco. As ideias não fluíam e a ca-neta impaciente começava a rabiscar uns desenhos nas margens.

“Desta forma o meu filme acabará por ser uma tela negra”, pensava.

Decidiu deitar-se. A mãe costu-mava dizer que a almofada era uma boa ajuda nessas alturas. Quem sabe se o seu sonho não daria um bom argumento?

Deu voltas e voltas na cama, mas não conseguiu pregar olho. Levan-tou-se, vestiu uma swetshirt e sen-tou-se na poltrona a olhar através da janela.

Não conseguiu conter-se mais. Abriu a caixa e retirou de lá o diário. Abriu numa página ao acaso e co-meçou a ler.

“São já duas da manhã… Não con-sigo dormir!

Acendo um cigarro e sento-me no meu velho cadeirão, enrolada no cobertor azul. O cadeirão parece mol-dar-se ao meu corpo.

É um sítio só meu, onde me sinto protegida.

Lá fora as luzes, os sons de uma cidade que já não reconheço, uma cidade que não é a minha.

Sinto-me como uma estranha nes-ta cidade. Uma estranha, na minha própria casa. Nada disto é meu, nada disto me pertence. Nada disto corres-ponde ao que sonhei.

Através do vidro vejo jovens aos pares, que embriagados pelo desejo, ou pelo álcool, procuram um recanto escuro e reservado.

Será que eles também têm sonhos? Espero que não façam como eu. Espe-ro que não escolham o pesadelo!”

Filipe sabia que não era correcto o que estava a fazer, mas não conseguia parar de ler. Cada palavra fazia-o crer que tinha mesmo de encontrar aquela mulher.

Começou a pensar que o que o ti-nha levado a abrir a gaveta era mais que mera curiosidade. Algo o deter-minava a procurá-la. “Estará escrito nalgum sítio? O destino existe mes-mo? O que quererá ele de mim?”

Acabou por adormecer na pol-trona, com o diário na mão e várias dúvidas na cabeça.

Quando acordou eram já onze ho-ras. Tinha perdido as primeiras horas da manhã. Estava dorido e cansado. Acabou por petiscar qualquer coisa na cozinha e saiu apressado.

Ao ver aquela agitação, a senho-ria começou a ficar preocupada. Já o conhecia do tempo em que estava

apaixonado por Beatriz e lhe oferecia uma rosa todos os dias. Muito antes de se mudar para o apartamento por cima do dela.

Era um rapaz organizado, respon-sável, calmo e muito observador. No entanto, agora andava sempre agita-do, com a cabeça nas nuvens e quase nunca sorria.

À tardinha, quando regressava a casa, a D. Rosa chamou-o. Convidou-o para ir jantar a sua casa.

Aquele jantar não estava nos seus planos. Tinha vindo directamente da escola, para tentar descobrir alguma coisa no diário, mas não podia recu-sar tal convite.

A D. Rosa tinha feito bacalhau com natas, um dos seus pratos preferidos. Filipe deliciou-se com o banquete. Andara a semana inteira a comer sandes e massa com atum. Aquela refeição recordava-lhe a comida que a sua mãe fazia quando ia passar o fim-de-semana a casa.

Quando estavam a tomar café na salinha, a D. Rosa perguntou-lhe por-que é que ele andava tão distraído.

- Tens algum problema, filho? Já sabes que, se precisares de alguma coisa, podes falar comigo. Não nos conhecemos de agora. O teu namo-rico com a Beatriz não correu pelo melhor, mas pelo menos ficou a nossa amizade…

Filipe acabou por contar que an-dava intrigado com aquele diário. Que só pensava em resolver aquele mistério.

- No início apenas queria devol-ver-lhe as fotos e o diário, mas agora acho que estou a ficar um pouco pa-ranóico com esta história. Imagino o que lhe terá acontecido, onde poderá estar…

Nisto, a mãe da D. Rosa, uma velhi-nha de cabelo branco e mãos trému-las, que se encontrava sentada junto à lareira, interrompeu-o.

- A esta hora deve estar morta. O marido era um cão! Batia-lhe a to-da a hora. Era uma gritaria todas as noites!

A D. Rosa tentou minimizar a sua intervenção, dizendo que sofria de Alzheimer.

- Já não diz coisa com coisa, coi-tadinha! Devem ter simplesmente mudado de casa.

Já em casa, Filipe não conseguia esquecer aquelas palavras. Ecoavam no seu ouvido. Deitou-se na cama e abriu o diário.

“Depois de tantos anos juntos, de tantos anos a partilhar a minha vida contigo, não consigo entender.

Olho-te, deitado na minha cama, e não sinto nada. Não sou capaz de sentir nada! Apenas o vazio que me percorre a alma.”

Continua na próxima edição

por Ana Santos

1ª parte

Page 19: Bispo J O R N A L D. José Alves · 2006. 4. 10. · esta J O R N A L Direc tora: Hália costa santos N.º 9 . aNo 4 . sexta-Feira, 31 de março de 2006 Bispo D. José Alves v i s

31 de Março de �006 • ESTA joRNAl | 19

Com tantos dias por ano tornou-se evidente que seria necessário festejá-los sempre de maneira dife-rente… mas também não é preciso exagerar… Festejar no dia 14 de Março o Dia Nacional da Incon-tinência Urinária é demais! Agora fica a questão no ar: como será festejado este dia? A Tena Lady vai fazer uma festa onde é obrigatório usar fralda? E onde a entrada só é permitida mediante a apresentação de cuequinha ensopada?

Diz que há pr’ái muito bom tuga que não gosta de fazer nenhum, e aquele que faz, passa o tempo a queixar-se, ou é porque faz “muito” ou é porque não há pontezinha pó patrão. Quando as têm, o que fa-zem? Nada mais típico. Vá de jun-tar a família toda e toca de encher o bucho! Sim, porque tuga que é tuga arranja sempre uma boa desculpa pra dar ao dente e regar o fígado. Ah! Malandro… Viva a chouriçada no pão e o belo do tintol.

Outra coisa típica deste país à beira mar plantado é o facto de que cada vez mais se verem pr’ái tipos sem jeito nenhum a escrever livros. Desculpem o equívoco! A vomitar livros! Hoje em dia qual-quer “borra-botas” rabisca folhas. Ou é porque entrou num programa qualquer e tem pinta (e o livro é tão bom que até vai preso). Ou é por-que é magra(o) e diz ter dicas mi-lagrosas. E depois existem outros, tipo o conde princezinha, que não sabe bem o que diz e o que é. Mas o povo gosta. É isto que alimenta a alma. Bora lá encher os bolsos àqueles que não fazem peva, se não fazer figuras de urso.

Pelo andar da carruagem qual-quer dia temos analfabetos a es-creverem livros. Vá de comemorar mais um feriado: Dia Nacional dos Livros Feitos por Analfabetos. E o que acontece? Mesa e ceia. Mais uma vez se vai encher o bandulho até cair pó lado. Sim! Porque a ba-lança a menos dos 130 kg não pode estar. O português gosta muito de ser roliço e torneado. Tã jolie que até arrepia os pêlos do sovaco!

Falando em macacadas… É sa-bido por todos que os media dos

nossos dias são uma indústria, um comércio para esquizofrénicos, que só sabem amarrotar o sofá da sala, cultivar hemorróidas e coçar a bela da micose. E, como tal, têm em conta os sedentos espectadores, loucos por saber da vida alheia. Oh pá! É giro saber o número de pérolas que o conde esconde na sua “mina”… É mina não é?! Agora até vão para o circo. É bom estar em casa! Quem não gosta? São eles próprios que vão chafurdar no campo, tratar de animais e até são eles que, por iniciativa própria, fazem figuras de palhaços. É só voluntariado na televisão!

Citando o meu amigo conde princezinha ou namoradinha da tvi, na primeiríssima e entusiástica noite do “circo das bestas”: “A Anita vai à quinta; A Anita vai à tropa; e

a Anita vai ao circo”. Óh colega! Se a Anita for como tu é parva comó caraças! Voltemos ao tempo do Big Show Sic. Já tenho xaudades do recorde em cambalhotas que o rapazola dava em directo. Momen-tos raros em televisão.

O México também nos aquece o corazón! Aaaaaiii! As telenovelas mexicanas. A fantástica dicção, a cútis impecavelmente limpa logo pela manhã e um timing dos me-lhores: a porta fecha e 30 segundos depois é que se ouve bater. Provou-se que a gravidade no México é diferente. Diz que tá lá no alto!

Eu que não sou nada dada a reli-giões aprendi muito com o purita-no programa Fiel ou Infiel… Estas novas religiões até prá bunda têm reza! “Táca ái sauvadô!” E quem es-tá lá para nos salvar? O Rambinho,

claro! Pena é não haver nada que nos salve destes programas!

Passando para um assunto mais sério, Portugal parece aquele da auto-estrada: 83 anos, em con-tra mão, multado e atabalhoado. Mas atabalhoado não é só este. Sei de fonte segura e quem mo disse não é de mentiri, que o Toino dos Azeites ganhou uma viagem a jogar à malha. Fim-de-semana completo, tudo pago, na pensão “Cátequero” em Carcavelos. Mal se adivinhava o trágico finali. Vai daí, pega na marmita, taparuere, geleira, meia coxa de frango pa cada, cocretes, a fresca da bjéca, Grudulina Marlene (esposa), Zé Angusto, Michel, Fitipali, Rute Carla e Andreia Priscila (filhos). Tudo às costas! Foi a rambóiada total! Bjéca puxa bjéca, aquilo

sobe-lhe ao cérve e puxa da mão e toca de dar um “miminho” à patroa… Com os miolos a ferver de raiva, vai de agarrar no carro e zumba pa casa. Diz que o desti-no tem coisas que nem ao diabo alembra. E olha que eu sou uma pessoa muito ádvertida. Mas que isto não tem piada, não tem… Não é que o magano à entrada na curva da bicha me atropela a sogra?! Vendo-se com eles encarquilha-dos de medo, desata em fuga pela A8 a dentro não reparando que vai em contra mão. Ele bem viu que as placas estavam ao contrário, mas pensou que Portugal tivesse aderi-do àquelas modernices europeias. Atão começa a ouvir uma serene. E alembrou-se: “Aquele não é o Zé Multão, o bófia que morava ao pé da Maria Coxa, viúva do João das Nêsperas e prima afastada do coveiro?!” E foi então que o Zé Multão, também em contra mão e arreliado, toca de pôr o megafone nos beiços e grita: “Pare faxavor. Terá de xe aprejentar à autoridade mediante a beira da estrada, xem xaire do traxejado”. História con-tada em pranto pelo Toino abala Zé Multão de tal jeito que ele só conseguiu grunhir: “Oh hóme! A vida xão dois dias e mais um do Carnabal. Bêbado e em contra mão não faz mal. Xiga o xeu cora-ção! Vá ter com a xua dona!”.

Continuando a sua rota, já no sentido certo, volta a Carcavelos, dirige-se pá sua Marlene e lá se redime: “Gruma (Grudulina + Marlene), ê nã te queria bateri, mulheri. Mas é que tú tinhas uma ábêspera nas fuças e como tú és alérgica ê nã queria que ela te picasse. És a flor do mê jardim”. Gruma comovida responde-lhe em tom romântico, como só há ela: “Oh home! Desculpa-me tu. Eu nã tinha nada que te dizeri à 40ª cervêja pa parares de em-borcari.” Pazes feitas, estoinga-mo vazio, vai de afiar o dente na sardinha.

Moral da história: Somos um pa-ís de gente feliz, instruída, altruísta e a caminhar de mãos dadas com o progresso. É este o nosso país. É este o nosso Portugal. Vá fazer um chichizinho e não perca o próximo Esta Jornal. Haverá mais progresso que este?

Bjéca puxa bjéca, aquilo sobe-lhe ao cérve e puxa da mão e toca de dar um “miminho” à patroa…

h u m o r

Texto deAna Neves, Ana Catarina Marques,

Catarina Machado, Charlene Izaque e Vânia PalminhaIlustração de Vera Inácio

Page 20: Bispo J O R N A L D. José Alves · 2006. 4. 10. · esta J O R N A L Direc tora: Hália costa santos N.º 9 . aNo 4 . sexta-Feira, 31 de março de 2006 Bispo D. José Alves v i s

Rá (Deus do Sol)16 de Julho a 15 de AgostoCarta: ForçaPeríodo favorável a vencer obstáculos. não conte com a sorte, conte apenas consigo. seja mais romântico/a. mostre determinação no seu grupo de amigos.

Neit (Deusa da Caça)16 de Agosto a 15 de SetembroCarta: Herançaa sua vontade é festejar, mas este é um período fértil em trabalho. sacrifique algum do seu tempo livre! irão surgir proventos, de negócios anteriores.

Maat (Deusa da Verdade)16 de Setembro a 15 de OutubroCarta: Arrependimentocontinua a não cultivar a sua auto-estima? É hora de mudar! distraia-se com os seus amigos. descubra o lado positivo da sua profissão… ou mude de profissão. arrisque!

Osíris (Deus da Renovação)16 de Outubro a 15 de NovembroCarta: Compenetraçãonem tudo o que luz é ouro. será que vive uma paixão intensa? ou uma amizade confusa? Pondere! reveja os seus objectivos de 2006. invista algumas horas com os familiares.

Hator (Deusa da Adivinhação)16 de Novembro a 15 de DezembroCarta: TristezaUm acontecimento imprevisto não deve deitá-lo abaixo. reaja de forma positiva. recordar é bom, mas não sofra com o que não fez. Viva o seu presente. ouça música ligeira.

Anúbis (Guardião dos Mortos)16 de Dezembro a 15 de JaneiroCarta: desesperotanto para fazer e tão pouco tempo? se planear mais e desesperar menos tudo se resolverá. Pense sempre a longo prazo. não exija de mais aos seus amigos. leia para descontrair!

Bastet (Deusa Gato)16 de Janeiro a 15 de FevereiroCarta: dispensadorserá recompensado pelo trabalho árduo. não se deixe iludir pela fama. escolha bem as suas amizades, pois irá precisar delas! explore as paixões com cautela.

Tauret (Deusa da Fertilidade)15 de Fevereiro a 15 de MarçoCarta: Ajudaas promessas surgem em catadupa, mas nada mais do que isso? começa a ficar farto/a de esperar? Hora de investir a solo nas suas ambições. este é o momento de lutar!

Sekhmet (Deusa da Guerra)16 de Março a 15 de AbrilCarta: Estudoos nativo de sekhmet entram no segundo trimestre do ano de forma positiva. Finalmente irá fazer uso das suas emoções, nas tomadas de decisão. declare o seu amor…

Ptah (Criador Universal)16 de Abril a 15 de MaioCarta: AopstoladoÉpoca áurea para mudar a sua economia doméstica. invista, com inteligência, usando os seus palpites. Faça pequenos sacrifícios, que poderão dar grandes reusltados!

Tot (Deus da Escrita)16 de Maio a 15 de JunhoCarta: TrabalhoBoa carta, sobretudo para os nativos de tot, que adoram desafios. desenvolva as suas competências intelectuais. se quer ser muito bom, comece por ser mais sagaz!

Ísis (Deusa da Magia)16 de Junho a 15 de JulhoCarta: infidelidadenão se envolva em escândalos, que poderá não conseguir controlar. deixe de lado as birras com os seus amigos! está na hora de ouvir os avisos… tenha atenção!!!

Sexta-Feira, 31 de Março de 2006ÚLTIMAZodíaco Egípcio

Previsões por Tiago Lopes

por Pedro Nicolau e Cláudio Monteiro

Fátima LopesAs escolhas de…

liliANA SéCA SANToS

Vânia Vieira, �3 anos, Empregada de Mesa1. Não sei.2. Não sei.3. jorge Santos.

Marília Loreiro, �9 anos, Montadora de Peças1. Não sei.2. Não sei.3. Não sei.

Fernando Pereira, �1 anos, Mediador Imobiliário1. Não sei.2. Foi o Comendador que fundou a Metalúrgica duarte Ferreira no Tramagal.3. é o Alberto, não é?

João Casaca, 18 anos, Estudante1. Não sei.2. Não sei.3. Não sei.

Isabel Santos, 30 anos, Conservadora e Restauradora1. Não sei.2. Fundador da Fundição duarte Ferreira no Tramagal.3. Não sei.

José Lourenço, 60 anos, Reformado1. Não sei.2. Foi o fundador da empresa duarte Ferreira no Trama-gal.3. Não sei.

1. Em QuE Ediç ãO vAi O EncOntrO dE cOmunic Aç ãO dA EStA?

2. Q uEm fOi duAr tE fErrEirA?

3. Q uEm é O nOvO dirEc tOr dESpOr t i vO d O Ab r A n tE S fu tE b O l c l u b E?

Respostas: 1. quinta Edição; 2. Comendador duarte Ferreira, Fundador da Metalúrgica duarte Ferreira; 3. jorge Santos

v O X p O p

Filme – “Na terra do Nunca”. um filme que vi há pouco tempo. um filme muito especial, tocante. Cruza os universos dos mais pequenos com o nosso universo e mexe com as afectividades que existem entre pais e filhos. Foi o filme que mais me tocou até hoje.

Viagem – já fiz viagens muito boas, que me deixaram boas recordações. Mas a que mais me marcou foi a visita ao Senegal, numa

missão humanitária. Exactamente por esse carácter humanitário, a maneira como as crianças me receberam e a relação que criaram comigo, foi muito especial.

música – Adoro Rodrigo leal. é uma sonoridade muito especial. Ele faz uma combinação de vários estilos, cuja sonoridade apela um bocadinho ao lado espiritual. Transmite-me muita tranquilidade.

a pessoa que mais a marcou – A minha mãe.

DeFeitos – Ser, às vezes, muito impulsiva e, por vezes, um tanto inflexível.

VirtuDes – Ser uma boa amiga e boa ouvinte para com as pessoas que me procuram.

comiDa FaVorita – gosto de tudo que é comida tradicional portuguesa. Mas um bom cozido à portuguesa e uma boa feijoada, coisas leves, são os meus pratos favoritos. (risos)

BeBiDa FaVorita – Tudo o que seja light.

liVro – “Aprender a Ser” de Christiane águas.

Irreverente e simpática. Uma das mulheres mais glamourosas e carismáticas da televisão nacional. Fátima Lopes. Actualmente, uma referência para a mulher portuguesa. A apresentadora e embaixadora revela em cada palavra um traço da sua personalidade e levanta diariamente o véu para uma aventura na estação de Carnaxide. Em conversa com o EstaJornal, a apresentadora do programa “Fátima” confessa algumas das suas maiores paixões da vida.

?

por Cláudio Monteiro