Blogs.estadao.com.Br Fausto-macedo Files 2014-04-9613-Denúncia Tráfico-Op Lava Jato

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    EXCELENTSSIMO JUIZ DA 13 VARA FEDERAL DA SUBSEOJUDICIRIA DE CURITIBA/PR

    Autos ns 5001438-85.2014.404.7000 (Operao Lava Jato) e 5001446-62.2014.404.7000 (Operao Bidone)Classificao no e-Proc: Restrito JuizClassificao no NICO: Confidencial

    O MINISTRIO PBLICO FEDERAL, pelosprocuradores da Repblica signatrios, no exerccio de suas atribuies constitucionaise legais, com base nos autos em epgrafe e com fundamento no art. 129, I, daConstituio Federal, oferece DENNCIA em desfavor de:

    RENE LUIZ PEREIRA (RENE), brasileiro, nascidoem 14/7/1966, inscrito no CPF 476.232.096-04, comendereo na Rua 08 Norte, Lote 01, apto 1302, ResidencialOsrio de Moraes, guas Claras, Braslia/DF, atualmentepreso na Superintendncia Regional da PF/PR;

    SLEIMAN NASSIM EL KOBROSSY (SLEIMAN ouSALOMO), nascido em 20/10/1966, CPF709.608.011-20, com endereo na Qd. 102, Lt. 08, PraaPerdiz, Bloco A, ap. 1202, Res. Montpellier, guas Claras,Braslia/DF, atualmente foragido;

    MARIA DE FTIMA STOCKER (EVI), nascida em10/10/1972, CPF 625.180.110-72, com residncia naInglaterra, em local desconhecido, atualmente presa naEspanha (v. informao no relatrio da autoridade policial tpico trfico de drogas, financiamento para o trfico elavagem de dinheiro proveniente do trfico);CARLOS HABIB CHATER (HABIB), brasileiro,nascido em 25/2/1968, inscrito no CPF 416.803.751-72,com endereos na OTR MLN, Trecho 10, conjunto 1, casa

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    2, Setor de Manses Lago Norte, Braslia/DF; e na SHS,quadra 6, conjunto A, lote 1, bloco B, ap. 214, TrypConvention Brasil 21, Asa Sul/DF, atualmente preso naSuperintendncia Regional da PF/PR;

    ANDR CATO DE MIRANDA (ANDR), nascidoem 25/3/1961, CPF 248.513.374-34, com endereo naQuadra 202, Lote 10, bloco B, ap. 502, Cond. FranzSchubert, guas Claras, Braslia/DF, atualmente preso naSuperintendncia Regional da PF/PR; e

    ALBERTO YOUSSEF (YOUSSEF), nascido em6/10/1967, CPF 532.050.659-72, com endereo na Rua Dr.Elias Csar, 155, ap. 601, Jd. Petrpolis, Londrina/PR, e naRua Dr. Afonso Braz, 747, ap. 111 A, Soho, Vila NovaConceio, So Paulo/SP, atualmente preso naSuperintendncia Regional da PF/PR;

    pelos fatos a seguir descritos.

    I - INTRITOHistrico das investigaesEsta denncia decorre de investigao1 que visou apurar

    diversas estruturas paralelas ao mercado de cmbio, abrangendo um grupo de doleiroscom mbito de atuao nacional e transnacional.

    A investigao inicialmente apurou a conduta do doleiroHABIB e pessoas fsicas e jurdicas a ele vinculadas. Porm, posteriormente, foiampliada para diversos outros doleiros, que se relacionavam entre si para odesenvolvimento das atividades, mas que formavam grupos autnomos eindependentes, dando origem a quatro outras operaes, a partir de trs operadoresprincipais identificados no decorrer da investigao2.

    1 A presente denncia decorre de investigaes policiais realizadas principalmente nos seguintes autos: 1. autos

    5048401-88.2013.404.7000: trata-se do inqurito policial 1000/2013-SR/DFP/PR, distribudo em 5/11/2013 pordependncia ao inqurito policial 2006.70.00.018662-8, do qual constitui desmembramento; o desmembramentofoi deferido por deciso judicial proferida nos autos 5047783-46.2013.404.7000 (evento 4), distribudos em1/11/2013; 2. autos 5026387-13.2013.404.7000: trata-se de interceptao telefnica e telemtica distribuda em5/7/2013 por dependncia ao inqurito policial 2006.70.00.018662-8; 3. autos 5048457-24.2013.404.7000:trata-se de interceptao telefnica e telemtica distribuda em 5/11/2013 por dependncia ao inqurito policial5048401-88.2013.404.7000; 4. autos 5001461-31.2014.404.7000: trata-se de representao policial por buscas,prises e bloqueios de ativos; autos distribudos em 20/1/2014 por dependncia ao inqurito policial 5048401-88.2013.404.7000.2 IPL 1000/2013 destinado a apurar as atividades capitaneadas pela doleira NELMA MITSUE PENASSO

    KODAMA (Operao Dolce Vita); IPL 1002/2013 destinado a apurar as atividades do doleiro RICARDOHENRIQUE SROUR (Operao Casablanca); IPL 1041/2013 destinado a apurar as atividades empreendidas

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    Alm de tais condutas delitivas, foram apuradas diversasoutras condutas criminosas, dentre elas, organizao criminosa, evaso de divisas,falsidade ideolgica, corrupo de funcionrios pblicos, trfico de drogas, peculato elavagem de capitais.

    Foram identificados ao menos quatro grandes ncleos. Apresente imputao diz respeito s condutas delitivas praticadas principalmente porRENE, SLEIMAN e HABIB, na lavagem de proveito do trfico de drogas.

    Os elementos colhidos durante as apuraes consistem emgrande parte em resultados de interceptaes telefnicas e telemticas autorizadasjudicialmente, mormente no monitoramento de mensagens trocadas por meio do BBM(Blackberry Messenger), instrumento muito utilizado pelos envolvidos na prtica dosilcitos, no intuito de impossibilitar ou dificultar o monitoramento das comunicaes.

    Em virtude de a prova estar principalmente fundada emmensagens BBM, as mais importantes foram reproduziadas em ANEXO, com asrespectivas referncias, sendo parte integrante desta denncia.

    Oportuno observar que, dada a peculiaridade da prova,necessrio a remisso constante s mensagens, que esto no ANEXO, bem como aexplicao de seu contedo, desnecessria nas denncias tradicionais.

    Panorama geral das atividades dos DENUNCIADOS

    Importante para a compreenso das prticas delituosasdesveladas um apanhado geral sobre as atividades desenvolvidas pelos denunciados.

    RENE e SLEIMAN integram uma organizaotransnacional dedicada ao trfico de cocana adquirida de produtores ou fornecedoresda Bolvia e do Peru, droga essa geralmente embarcada no Porto de Santos comdestino Europa. Eles fazem parte do ncleo operacional e financeiro da organizao,responsvel pela circulao dos ativos ilcitos e seu reinvestimento na aquisio denovas cargas de droga. A organizao capitaneada por EVI, radicada na Inglaterra eresponsvel pela negociao da droga com traficantes naquele continente, bem comopela introduo dos recursos auferidos com a prtica no Brasil, para a aquisio denovas cargas de droga.

    HABIB um operador do mercado de cmbio paralelo,vulgo doleiro, e est envolvido na prtica habitual e sistemtica de operaes deevaso de divisas e de lavagem de dinheiro. Ele utilizou, para praticar as condutasdelitivas ora denunciadas, pessoas interpostas, empresas em nome de pessoasinterpostas e suas contas. Nestes autos, o foco da denncia a realizao de operaode dlar cabo com EVI seguida de outras operaes de cmbio ilegais (converso emmoedas estrangeiras) em favor de RENE e SLEIMAN por HABIB com recursosprovenientes do narcotrfico, mediante o emprego de contas laranjas indicadas porpelo doleiro ALBERTO YOUSSEF (Operao Bidone).

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    operadores de corretoras de cmbio que se encarregaram de converter os ativos ilcitosem moeda forte, entregando-os na Bolvia a fornecedores de cocana de RENE eSLEIMAN.

    ANDR integra o grupo de HABIB, sendo responsvelpela parte financeira das operaes de cmbio ilegais. subordinado de HABIB.

    YOUSSEF foi um dos principais doleiros envolvidos noCaso Banestado, responsvel por operacionalizar a evaso fraudulenta milionria dedivisas por contas CC5 na dcada de 1990, por meio de operaes de dlar cabo. Elecelebrou acordo de delao premiada com o MPF/PR e o MPE/PR, revelando seuenvolvimento em diversos crimes de lavagem de dinheiro. No curso da interceptaode HABIB, surgiram elementos de que YOUSSEF retomou ou persistiu em suasatividades criminosas. Nestes autos, YOUSSEF denunciado por ter prestado auxliomaterial nas operaes financeiras ilegais antes mencionadas.

    II - OBJETO DA AOAs investigaes desvelaram indcios de uma srie de

    crimes em que esto envolvidos os denunciados. Nesta pea, sero denunciadosexclusivamente os fatos atinentes evaso de divisas (no valor de US$ 124.000,00), lavagem de ativos referente a ativos do narcotrfico (referente a US$ 124.000,00) e otrfico de drogas e a respectiva associao para o trfico (aproximadamente 700 quilosde cocana). Os demais fatos, ainda que narrados, no so objeto desta denncia, masintegram ou integraro denncias que foram ou sero oferecidas em separado (noParan ou em outra unidade da federao).

    Com esta limitao permitir-se- o processamento dessesfatos de maneira mais racional e simplificado, facilitando a ampla defesa, sobretudodiante da complexidade e da extenso dos fatos relacionados com as investigaes.

    III - DESCRIO DAS CONDUTAS IMPUTADAS1 fato criminoso (evaso de divisas)Os denunciados EVI, RENE e SLEIMAN, juntamente

    com o denunciado HABIB, com o auxlio do denunciado ANDR, de modoconsciente e voluntrio, com unidade de desgnios, no perodo compreendido entre ofinal de agosto de 2013 e meados de setembro de 2013, em locais que sero descritosnesta pea, efetuaram ilegalmente operaes de cmbio, bem como promoveram, semautorizao legal, a sada de divisas para o exterior (Bolvia) do valor equivalente aUS$ 124.000,00 (cento e vinte e quatro mil dlares). O denunciado YOUSSEF, damesma forma, consciente e voluntariamente, aderindo conduta de HABIB, oauxiliou na prtica de tal conduta, conforme ser descrito.

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    Os valores envolvidos nas operaes eram provenientes daprtica de trfico de drogas praticado por EVI, RENE e SLEIMAN e recebidos,trocados, movimentados e transferidos em atividade tpica de instituio financeirainformal no contexto do mercado paralelo de cmbio, mediante o uso de contas depassagem ou laranjas, a fim de ocultar tais recursos.

    Foi possvel durante as investigaes traar parte docaminho (paper trail) de parcela dos valores movimentados, a partir da identificaode operao de cmbio paralelo envolvendo RENE, SLEIMAN, HABIB e EVI, almde YOUSSEF, com o recebimento de valores de HABIB por RENE em contalaranja localizada em Curitiba e de sua remessa, tambm via operaes de cmbioparalelo, Bolvia, para pagamento carga de droga (cocana) provinda daquele pas.Tais condutas caracterizam os delitos de evaso de divisas e lavagem de dinheiro donarcotrfico.

    As provas da existncia desses crimes e de suas autoriasforam formados principalmente a partir dos monitoramentos efetuados3, bem comopela apreenso dos documentos trocados entre os DENUNCIADOS, conforme sepassa a expor.

    Para fins de abordagem mais clara das etapas, sero estastratadas em separado, j que o recebimento do valor equivalente a U$ 124 mil (oriundodo exterior) e sua subsequente remessa ao exterior foi fracionada da seguinte forma:

    a) US$ 36 mil foram entregues a RENE no escritrio deYOUSSEF e posteriormente destinado ao pagamento dedrogas adquiridas da Bolvia; e

    b) U$ 88 mil foram recebidos, no seu correspondente emreais, por RENE de HABIB em contas laranjas, e emseguida esta quantia foi evadida para pagamento de drogasadquiridas da Bolvia.

    (i) Operao de dlar cabo referente aos US$ 36 milEssa transao consistiu em operao no mercado de

    cmbio paralelo, de dlar cabo, com a participao (ponta no exterior) de brasileiraenvolvida com o trfico transnacional de drogas e radicada na Inglaterra, EVI.

    A transao visava atender necessidade de SLEIMAN eRENE de receberem dlares no Brasil (enviados por EVI) para pagar a droga naBolvia. Para isso, SLEIMAN contatou HABIB, oferecendo uma taxa (lucro) de 1%do valor da operao, para que HABIB a intermediasse. Nos trechos de mensagens3 Os monitoramentos mencionados so apenas exemplificativos, sem prejuzo de outros constantes dos autos que

    corroboraram as respectivas afirmaes. Registra-se que a atuao dos DENUNCIADOS nas prticas ilcitas rotineira, demodo que seguem um padro de atividade, podendo-se, a partir dos monitoramentos aqui destacados, inferir-se os fatosimputados. Ademais, foi interceptado um volume muito grande de informaes, de forma que sua citao nesta pea seriainvivel.

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    indicados, possvel perceber a negociao entre SLEIMAN e HABIB e a menopor eles a uma mulher com a qual a operao seria concluda e que pde seridentificada posteriormente como sendo a denunciada EVI (1).

    Pelas mensagens indicadas (1), verifica-se a inteno deSLEIMAN em receber o dinheiro at sexta (o que correspondia ao dia 30/8/2013),pois logo teria outra transao (Jaja vai ter outra).

    Conforme mensagem seguinte, EVI4 entra em contato comHABIB5 informando que logo iria usar o Skype para eles conversarem, tal como ditopor ele um pouco antes a SLEIMAN6, corroborando que a mulher a que elesestavam se referindo era EVI7.

    As mensagens subsequentes (4) ilustram a continuidade danegociao, destacando-se a preocupao de SLEIMAN em receber os valores emdlar. Posteriormente, SLEIMAN ressalta novamente a sua inteno de receber odinheiro em So Paulo (5).

    SLEIMAN fica reticente ao fechar a operao, referindo-se episdio passado em que provavelmente a mesma pessoa (EVI) no lhe pagou emdlar.

    A operao foi fechada taxa de 1,29. possvel concluirque a disponibilizao de dinheiro por EVI ocorreu com a utilizao de euro (poisEVI residia, na poca, na Europa) com contrapartida em dlares no Brasil8 (6).

    SLEIMAN mostrou insatisfao com a taxa, dizendo queestava mais favorvel a ele no dia, mas mesmo assim concordou com a operao,devido urgncia (7).

    Por BBM, EVI informa a HABIB no dia 29/8/2013 quepoderia entregar U$ 36 mil no dia 30/8/20139.

    HABIB acertou, ento, com EVI que o dinheiro seriaentregue no seguinte endereo: renato paes de barros, 778 segundo aandar. Itaim,

    4 No perodo em que foram realizadas as investigaes na Operao Monte Pollino, a qual ser abordada mais

    adiante nesta pea, Maria de Ftima Stocker se valia de aparelhos celulares Blackberry, utilizando-se do sistemade comunicao BlackBerry Messenger (BBM) por meio dos PINs n 2b12f062 e 2AFDAAB0 (entre outros) eera identificada pelo nicknames FAST GMX, EVI (possivelmente em razo do estabelecimento Evita)e/ou DIRETORA.5 Durante a investigao, revelou-se que o nickname ZEZE era utilizado por HABIB.

    6 A investigao revelou que SLEIMAN fazia uso do nickname SILO e SALOMO.

    7 Data / Hora: 29/08/2013 08:20:08. MNI(Fast Gmx) Bom dia. Ja chego no sk vim comprar telefone

    Pelas mensagens captadas, exemplificativamente nos itens 2 e 3 do ANEXO, verifica-se que HABIB e EVIfaziam constantes transaes monetrias. 8 Segundo consulta ao site de converso de moedas do BACEN

    (http://www4.bcb.gov.br/pec/conversao/conversao.asp), a taxa comercial euro/dlar estava em 1,32 na data dofechamento da operao, o que compatvel com a concluso exposta.9 Data / Hora: 29/08/2013 13:59:42

    MNI(Fast Gmx) Oi amigo amanha posso entregar 36 ja comprei ok pode contar com istoCarlos(Zeze) Okok

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    conforme dilogos via BBM10.

    No local indicado (renato paes de barros, 778 segundoaandar. Itaim) funcionava a empresa SA FLUXO COMRCIO E ASSESSORIAINTERNACIONAL, que atua na rea de importao e exportao de commoditiesagrcolas. Com o desenvolvimento da investigao, descobriu-se que naquele localfuncionava, na realidade, o escritrio de YOUSSEF, em So Paulo (v. evento 1, p.169/170, autos 5001438-85.2014.404.7000), doleiro com o qual HABIB mantinharelacionamento11.

    Por meio de BBMs, SLEIMAN menciona a HABIB ovalor total da operao, que de US$ 124 mil dlares12.

    Na sequncia de mensagens com RENE13, HABIBinforma quele o mesmo endereo que indicou a EVI - qual seja, o do escritrio deYOUSSEF -, a fim de que RENE apanhasse o dinheiro deixado por emissrio de EVI(8), no mesmo dia em que SLEIMAN disse que queria pegar o dinheiro, como vistoacima.

    Mais uma vez, o valor da operao (US$ 124 mil) confirmado nas mensagens trocadas entre RENE e HABIB (9).

    Em conversa com EVI, HABIB confirma a entrega dodinheiro pelo emissrio dela, bem como solicita seja procurado no escritrio a pessoade Rafael (10). Observe-se que a pessoa indicada (Rafael) a EVI mesma quehavia sido indicada por HABIB a RENE. Importante destacar que Rafael funcionrio de YOUSSEF.14

    10 Data / Hora: 29/08/2013 11:14:28 Carlos(Zeze) Elaa esta vendo pra ar em sao paulo. MNI(Fast Gmx)

    Me Fala onde eu mando pagar Voce???(). Carlos(Zeze) Endereco: renato paes de barros, 778 segundoaandar. Itaim. Falar com Rafael ou Damaris11

    Neste sentido, destaque-se a concluso do d. magistrado do caso nos autos 5001446-62.2014.404.7000 (evento22): Como adiantado, na interceptao de Carlos Habib, foram constatados diversos contatos e dilogos deAlberto Youssef com Carlos, indicando o envolvimento do ltimo em operaes de evaso de divisas e delavagem de dinheiro. A investigao e a persecuo de Carlos Habib Chater ocorrem atualmente no processoapartado e conexo de n 5001438-85.2014.404.7000. Alberto Youssef foi identificado a partir de contato pormeio de BlackBerryMessenger com Carlos, este utilizando o codinome Zeze, enquanto Alberto Youssef o dePrimo. A partir da interceptao de seu prprio Blackberry e do terminal telefnico utilizado pelo usurio ( 1399613-8462), constatou-se que 'Primo' residiria no endereo Rua Afonso Braz, 747, apto 111, Vila NovaConceio, em So Paulo. Diligncia da Polcia Federal confirmou que seria a residncia de Alberto Youssef.Diversas mensagens e ligaes foram interceptadas entre Carlos Habib e Alberto Youssef relativamente operaes do mercado de cmbio negro.12

    Data / Hora: 29/08/2013 14:47:18. Sleiman(Silo) E no esquese vai entrega 124000. Jaja paso p vc a contap deposita p me, Carlos(Zeze): Ok13

    RENE, revelaram as investigaes, fazia uso do nickname MICHELIN.14Neste sentido, ENILVADO QUADRADO afirmou que no escritrio de YOUSSEF, situado na Rua Dr. RenatoPaes de Barros, tambm frequentava no escritrio e trabalhava para ALBERTO YOUSSEF o Senhor RAFAELcujo sobrenome no se recorda e que possui em torno de sessenta anos de idade. Nesse sentido asdeclaraes de ENIVALDO QUADRADO perante a Autoridade Policial. Processo 5049557-14.2013.404.7000,evento 13. Ademais, WALDOMIRO DE OLIVEIRA afirmou que quem recebia dinheiro quando ALBERTOYOUSSEF no estava no escritrio eram RAFAEL e outra pessoa que o declarante no se recorda o nome.Processo 5049557-14.2013.404 .7000, evento 13.

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    HABIB, na sequncia, avisa a YOUSSEF que o emissriode EVI est levando os U$ 36 mil que EVI informou, no dia 29/8/2013, que tinhadisponvel para entregar no dia 30/8/2013, e que RENE ir apanhar a quantia15.

    Estas mensagens deixam clara participao de YOUSSEFna conduta ora descrita, funcionando ele como verdadeiro brao do escritrio deHABIB em So Paulo.

    Pelas mensagens interceptadas (11), h a confirmao deque o emissrio de EVI chegou ao local de entrega com o dinheiro (escritrio deYOUSSEF) e que RENE tambm foi quele local para peg-lo. Foram entreguessomente U$ 36 mil, faltando ainda os U$ 88 mil restantes, do total de US$ 124 mildlares.

    Nos ltimos dilogos mencionados, HABIB e RENE sereferem a SLEIMAN16. Esses dilogos deixam claro, tambm, que, no obstante aoperao de dlar cabo tenha sido operacionalizada entre SLEIMAN e HABIB,RENE teve participao no fato, inclusive com poder de deciso, indicando a suaatuao ativa no evento. Ademais, como se ver adiante, foi RENE quem deu asordens para a movimentao da outra parte do dinheiro (os outros U$ 88 mil).

    Aqui, tem-se, portanto, o recebimento, por RENE (e emfavor tambm de SLEIMAN), em 30/8/2013, dos US$ 36 mil deixados peloemissrio de EVI no escritrio de YOUSSEF, em So Paulo, restando pendente orecebimento dos outros US$ 88 mil dlares.

    No foi possvel traar o caminho desses U$ 36 milaps serem recebidos por RENE, mas se pode concluir com boa margem decerteza, pelo que j se exps sobre as atividades de RENE e SLEIMAN e pelo queainda se ver, que foram utilizados para o pagamento de drogas adquiridas daBolvia, logo aps o seu recebimento no Brasil.

    (ii) Operao de dlar cabo referente aos US$ 88 mildlaresNa sequncia dos fatos acima narrados, HABIB diz a

    RENE que ficaria de acertar a entrega dos outros US$ 88 mil, sendo que RENE semostra desolado em ter perdido tempo aguardando o dinheiro (12).

    HABIB tambm conversa com SLEIMAN a respeito da15

    Data / Hora: 30/08/2013 15:45:59. Carlos(Zeze) Ok... Avisa porfavor que o rpazesta chegando com 36paginas de um contrto. Depois vai um rpaz chamado Rene pra buscar. A meno a pginas de umcontrato era uma forma de cdigo para se referir ao dinheiro, como revelado pelas investigaes e ser vistopelas evidncias adiante. 16

    PRIMO era o nick usado por YOUSSEF, mas se verificou que a referncia a primo nos dilogos era umareferncia tambm a SLEIMAN.

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    quantia faltante, dizendo que a entrega iria atrasar (13).Em novas mensagens, HABIB diz a RENE que possvel

    que a quantia seja entregue pelo seu equivalente em reais - e no em dlares, comoqueria SLEIMAN (14).

    Alguns dias depois, RENE questiona HABIB sobre osvalores, mostrando pressa no recebimento porque a quantia deveria ser entregue aoutra pessoa, ao que tudo indica, produtores ou fornecedores de drogas na Bolvia,como se ver mais adiante (15).

    Nos dilogos citados a seguir, percebe-se que a quantia(US$ 88 mil) seria repassada a HABIB pelo seu valor correspondente em reais. Issoporque RENE diz que estava negociando a compra de dlares, com a finalidade deenvi-los para o exterior (Bolvia), como se concluir mais adiante (16).

    Por novas mensagens, RENE contata HABIB e solicita aele que efetue o depsito de parte do valor (R$ 77,1 mil) em conta indicada porcorretora de cmbio com a qual negociou US$ 30 mil para quem devia o dinheiro,provavelmente uma corretora localizada na fronteira com a Bolvia ou mesmo naquelepas. RENE tambm faz meno necessidade de comprar os outros U$ 58 mil (paracompletar o total de US$88mil). HABIB, ento, diz que est esperando cair ocrdito, referindo-se ao recebimento da quantia, em reais, referente aos US$ 88 mil(17).

    HABIB confirma que recebeu parte dos valores em4/9/2013, qual seja, o valor de R$ 77.100,00. Tal fato fica clarssimo pelos BBMsnmeros 18, 19 e 20 indicados no ANEXO.

    Nessas conversas, HABIB menciona o valor total, em reais,dos U$ 88 mil R$ 218 mil -, que no foram entregues em espcie, como deveria ser,tal como solicitado por SLEIMAN e RENE, mas em depsito em conta controladapor HABIB17.

    RENE pede a HABIB que lhe repasse os R$ 77,1 mil emdepsito na conta indicada pela corretora de valores e o resto em espcie (19).

    HABIB refora que estava aguardando o depsito dosvalores, ao que RENE insiste no depsito dos R$ 77,1 mil, diante da necessidade (20).

    Pelas mensagens verifica-se o temor de HABIB em efetuara TED na conta indicada por RENE, o que por si s evidencia a sua cincia sobre ailicitude da operao. RENE, ento, acalma HABIB, informando que so contas departiculares que usam casas de cmbio, completando: nenhuma delas suspeitas,com o que se conforma HABIB (Ok. Se vc est dizendo).

    Posteriormente, HABIB confirma a RENE o depsito deR$ 77.100,00 (21), fazendo meno que o comprovante esta la no escritrio. Com17

    Data / Hora: 05/09/2013 11:01:13. Carlos(Zeze) O total qque tem que entrar eh 2189 de 26

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    andre. ANDR, revelaram as investigaes, era responsvel pela execuo dasoperaes financeiras de HABIB. Assim, as mensagens mostram que ANDR foi oresponsvel pela execuo do depsito na conta laranja.

    Em novas mensagens, RENE confirma que os US$ 30 milforam recebidos pelo destinatrio, provvel produtor ou fornecedor de drogas, como jafirmado (22). Os dilogos acima reforam, ainda, o envolvimento de SLEIMAN como dinheiro movimentado.

    At este momento da descrio tem-se, portanto, odepsito, em 5/9/2013, de R$ 77,1 mil, por HABIB, com o auxlio de ANDR e afavor de RENE e SLEIMAN, em conta laranja, seguido da remessa domontante ao exterior Bolvia, pelo que se pode concluir, em data no precisada,mas por volta do dia 5/9/2013, mediante operao de cmbio paralelo.

    Na continuidade, percebe-se que RENE permanecenegociando o pagamento do restante do dinheiro, os outros U$ 58 mil, indicando aHABIB, agora, outras duas contas para depsito, referente negociao de outraspartes dos valores, correspondentes a R$ 72,4 mil e R$ 19.920, que, pelo que se podeinferir, tambm seriam depositados em contas laranjas e em seguida remetidos aoexterior - Bolvia (23).

    Quanto aos R$ 72,4 mil, eles no foram depositados naconta antes indicada, isso porque RENE pediu a HABIB que cancelasse a operao,conforme depreende-se do dilogo 24.

    Novamente, a citao ao denunciado ANDR esclareceainda mais a participao dele nos fatos. Pode-se denotar que ANDR era quemefetivamente movimentava as contas de HABIB e tinha conhecimento do destino dosvalores transferidos, prestando auxlio material nas atividades ilcitas de HABIB. Aconversa telefnica captada entre RENE e Ediel, outro integrante do grupo deHABIB (25), bem como entre o prprio ANDR e RENE (26), no deixa qualquerdvida a respeito de sua participao nos fatos ora denunciados. Pelos dilogosverifica-se a solicitao para que ANDR no faa a transferncia dos R$ 72,4 mil,mas sim apenas o depsito dos R$ 19.920,00.

    Tem-se, assim, o depsito de R$ 19.920 mil, por HABIB,em data aproximada de 11/9/2013, com o auxlio de ANDR e a favor de RENE eSLEIMAN, em conta laranja, seguido da remessa do montante ao exterior(Bolvia), pelo que se pode concluir, em data tambm no precisada nos autos,mas por volta do dia 11/9/2013, mediante operao de cmbio paralelo.

    Ainda, em conversa com ANDR, RENE menciona oenvolvimento de SLEIMAN (SALOMO) nas operaes e informa a ANDR queestaria buscando uma conta para receber os valores restantes de HABIB. Este dilogocomprova tambm a participao ativa de ANDR na movimentao do resto do valor(27).

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    Em mensagem encaminhada a RENE, ANDR confirmaque HABIB autorizou o depsito do valor, faltando ele (RENE) indicar a conta (28).

    Em conversa com outro doleiro ainda no identificado (denick OMEPRAZOL), RENE menciona o valor ainda devido a ele (RENE) porHABIB - R$ 125,5 mil18 - e questiona a tal doleiro se ele possui alguma conta paraindicar na qual HABIB possa fazer o depsito do restante (29).

    RENE tambm questiona outro doleiro, ainda noidentificado (de nick MATUSALEM)19, sobre indicao de conta para receber osvalores de HABIB, sendo que MATUSALEM quem lhe indica a conta na qual osR$ 125,5 (correspondentes a U$ 50 mil) seriam depositados (30)20.

    RENE, em conversa com o doleiro MATUSALEMconfirma que a quantia j seria depositada e que, assim que isso fosse feito, enviaria oscomprovantes a ele (31).

    Interessante notar que RENE conversa com, ao que se podeinferir, um boliviano sobre os valores que seriam depositados na conta indicada,boliviano que, como ser visto adiante, o mesmo com o qual RENE efetua a tratativada entrega, na Bolvia, dos valores remetidos quele pas, provavelmente parapagamento de produtores ou fornecedores de drogas (32).

    RENE diz ao boliviano na ltima mensagem estaraguardando o recibo da operao provavelmente no escritrio de HABIB.

    18 O valor um pouco superior ao saldo de RENE com HABIB levando em conta os valores brutos citados

    anteriormente: R$ 218 mil (saldo total) R$ 77,1 mil (1 depsito e evaso) R$ 19.920 (2 depsito e evaso)= R$ 120.980. Isso se deve ao fato de que provavelmente o valor efetivamente devido por HABIB R$ 125,5mil foi acrescido de juros e correo, haja vista o decurso de tempo entre a data em que era para o dinheiro tersido recebido em dlares e em espcie no escritrio de YOUSSEF e o efetivo pagamento.19

    O doleiro, que usa o nick MATUSALEM, aparenta ser controlador de corretora localizada na fronteira com aBolvia ou mesmo na Bolvia. No sentido da ltima hiptese, veja-se a seguinte troca de mensagens entre odoleiro e RENE, em que o doleiro informa que seu endereo no Skype da Bolvia: Data / Hora: 19/09/201310:21:57 Matusalem(Matusalem) Voc nao quer me adionar ao skype pra gente falar? (). Michelin(Michelin)Claro (). Michelin(Michelin) Ipe Brasil ou Bolvia? (). Matusalem(Matusalem) Bolivia 20

    Data / Hora: 13/09/2013 15:43:05 Matusalem(Matusalem) Ag 0054 cc 09394-39 ().Matusalem(Matusalem) Cnpj 14.276.408/0001-03 (). Matusalem(Matusalem) Gilson m ferreira meEm consulta ao COAF, foi produzido o Relatrio de Inteligncia Financeira 10964, que aponta que a conta detitularidade da empresa GILSON M FERREIRA TRANSPORT ME, no Banco Itau, Agncia XAXIM, emCURITIBA/PR, movimentou, no perodo entre setembro de 2012 a fevereiro de 2013, o valor total de R$23.035.226,00 , sendo grande parte dos ingressos constitudos de depsitos em dinheiro oriundo de diversasagncioas localizadas em SP, PR, RS, RJ, BA, SC e PI, aparentemente fracionados. Os dbitos, por sua vez, soendereados a pessoas fsicas e jurdicas de diversos ramos. O relatrio aponta ainda operaes entre 07/01/2013e 18/03/2013 que totalizaram R$ 2.168.756,00, bem como diversos depsitos em espcie superiores a R$100.000,00 originados em Campina Grande/PR, So Paulo/SP, Campinas/SP e Fortaleza/CE. A referida empresatrata-se de empresa no ramo de transportes, com sede na Avenida Baptistin Pauletto, 125, Miringuava, SOJOS DOS PINHAIS/PR, firma individual em nome de GILSON MAR FERREIRA (945.678.089-91), comendereo na Avenida Senador Salgado Filho, 6473, loja 2, CURITIBA/PR (autos 5001438-85.2014.404.7000,evento 1, p. 156). A conta indicada est localizada na Av. Luiz Xavier, 11, Centro, Curitiba/PR. O prprio doleiroque a indicou a RENE confirmou que a conta usada para movimentaes escusas, por vrias pessoas: Data /Hora: 17/09/2013 17:06:50 Matusalem(Matusalem) Como nao eh soh voc q usou essa conta, tem outrosquantos depositos

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    Citem-se dilogos contemporneos s conversas acimatranscritas, em que RENE conversa com possivelmente outro boliviano, ainda noidentificado, referindo-se, pelo que se pode inferir do contexto probatrio dos autos edas palavras usadas, a um suposto carregamento de cocana que teria sidoencomendado por RENE e que seria destinado ao exterior, provavelmente por meio deum porto brasileiro, o que refora a inferncia de que os valores movimentados tinhammesmo como destino o pagamento de carregamento de cocana da Bolvia21. Astranscries so seguidas dos comentrios pertinentes, quando cabveis (33).

    Em 13/9/2013, RENE informa que enviar no dia14/9/2013 o dinheiro para a pessoa que transportar a mercadoria, data contemporneaaos depsitos recebidos na conta laranja e supostamente remetidos ao exterior.Como ser visto a seguir, por problemas no recebimento de parte dos valores, devidoao retorno de uma TED, houve a necessidade de nova transferncia bancria, em16/9/2013, alm de parte do depsito ter sido feito em cheque, o que certamente atra-sou o cronograma de pagamento de RENE (34).

    Nas passagens mencionadas acima (34), o boliviano diz aRENE que o transportador vai levar uma quantidade maior da droga, podendo ele,querendo, guardar a droga que seria enviada a mais.

    Em seguida, por nova sequncia de mensagens, verifica-seque o interlocutor de RENE frisa a qualidade da droga, fazendo meno a uma outracarga que, ao que tudo indica, RENE tambm havia adquirido, o que demonstra rela-o negocial pretrita entre os interlocutores. Diz ainda o interlocutor que pela qualida-de a droga pode ser exportada, podendo-se inferir que seja para a Europa, a partir deporto brasileiro, mesmo modo de agir de RENE que foi desvelado na Operao MontePollino (35).

    Em troca de mensagens com o boliviano de nick CHAVO(com o qual RENE j havia mencionado o depsito), RENE confirma o depsito dosvalores, sendo R$ 40.500,00 em dinheiro e R$ 85 mil em cheque (em um total de R$125.500,0022)23.

    Esta conversa com o boliviano a respeito dos valores nodeixa dvidas de que se trata efetivamente de operaes que sempre tiveram o fim depagar carregamento de drogas na Bolvia.

    RENE passou via BBM, em mensagens no dia 13/9/2013,ao doleiro de nick OMEPRAZOL os comprovantes dos depsitos. Eles podem servisualizados nos autos 5026387-13.2013.404.7000, evento 114, PET1, p. 51/53. Trata-se de uma TED de R$ 40,5 mil proveniente da conta do POSTO DA TORRE LTDA.21

    V. mais frente (no item em que ser abordado o crime antecedente ao de lavagem) comentrios sobre aapreenso de 55 kg de cocana na Espanha, mostrando o forte vnculo entre o dilogo a seguir e a propriedade dadroga tratada como sendo de RENE.22 Valor restante devido por HABIB a RENE, conforme mensagens anteriormente mencionadas.23

    Data / Hora: 13/09/2013 19:04:18. Michelin(Michelin) Amigo, ele mandou 40500 em dinheiro e 85deposito em cheque do posto dele. um merda esse cara. Mas de qualquer forma acabou essa historia e eurecebi o que ele me deve.

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    no Banco Safra e de dois cheques, um no valor de R$ 50 mil e outro no de R$ 35 mil,(todos os depsitos do dia 13/9/2013).

    Os cheques tambm eram da empresa POSTO DA TORRE,conforme mencionado no dilogo acima, em que RENE se refere a cheque do postodele. A empresa controlada por HABIB, como revelaram as investigaes24.

    Esclarea-se, porm, que a TED falhou, tendo sidorealizadas outras duas transferncias, uma no valor de R$ 33,4 mil e outra no deR$ 7,1 mil, ambas provenientes da conta do POSTO DA TORRE no Banco Safra.As TEDs datam de 16/9/2013. Os comprovantes dessas TEDs podem ser vistos nosautos 5026387-13.2013.404.7000, evento 114, PET1, p. 78/79. A respeito do retornoda TED do dia 13/9/2013 e das novas TEDs em 16/9/2013, esclarecedor o dilogoentre RENE e ANDR, no qual inclusive este confirma que foi o executor daoperao (36).

    Como j anotado, esse problema gerou atrasos para RENEquanto ao pagamento das drogas na Bolvia. A inteno dele, como visto em dilogocom um boliviano de nick BLACK, era liquidar o pagamento no dia 14/9/2013.

    Em dilogo com ANDR, HABIB confirma o depsito doscheques, a corroborar que os cheques eram mesmo da empresa POSTO DA TORRE(37). HABIB confirma tambm com ANDR as TEDs de R$ 33,4 mil (38).

    Esses valores efetivamente ingressaram na conta daGILSON M FERREIRA TRANSPORT ME, conforme atestado pelo laudo n 6/2014(v. autos 5001438-85.2014.404.7000, evento 1, p. 164), elaborado a partir doafastamento do sigilo da conta.

    RENE enviou os comprovantes dos depsitos ao doleiroque lhe indicou a conta, doleiro de nick MATUSALEM (39), bem como, em seguida,troca mensagens com o boliviano de nick CHAVO a respeito do envio do dinheiro(40).

    Essas mensagens so esclarecedoras em dois sentidos, poispermite inferir que (i) o doleiro de nick MATUSALEM trabalha em casa de cmbio efar a remessa dos valores a pedido de RENE, e (ii) o dinheiro deveria ser remetido Bolvia para ser entregue pelo contato de RENE naquele pas (pessoa de nickCHAVO) ao homem de l, provavelmente um produtor ou fornecedor de drogas.Veja-se a pressa de RENE em enviar o dinheiro, sendo que foi atrasado pelo fato de opagamento de HABIB ter sido feito em cheque e tambm porque a primeira TED teve24

    Neste sentido, o que j destacado pela autoridade policial nos autos 5001438-85.2014.404.7000, evento 1, p.15):O Posto da Torre posto de combustveis tradicional em Brasilia, localizado no Setor Hoteleiro, no centrodo corao do poder na capital federal, consiste na base da atuao ilegal de CARLOS CHATER. Conformefartamente ilustrado no monitoramento telefnico carreado nos autos 5026387-13.2013.404.7000. O Postoagrega um complexo empresarial gerido por CHATER, que abrange Posto de Combustveis, loja deconvenincia, lavanderia, shawarma, pastelaria, etc, bem como, para no fugir a regra, uma casa de cmbio.Sediado ali tambm o escritrio de CHATER, onde o mesmo atende com frequncia seus clientes, quandono se encontra no flat que ocupa no complexo hoteleiro localizado em frente ao posto de combustveis.

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    de ser refeita.

    RENE troca ainda mensagens em espanhol com outropossivelmente boliviano, de nick CABALLERO. Pelo teor da conversa, travada emparalelo com as conversas de RENE com CHAVO, pode-se inferir que a pessoa aquem RENE devia o dinheiro na Bolvia (fornecedor ou produtor de droga, ou mesmoum transportador) (41).

    Por mensagem, RENE chega a pedir ao doleiroMATUSALEM que libere parte do dinheiro devido cobrana da pessoa a quemRENE est devendo os valores (42). O valor apontado por RENE na mensagem comosendo a que j teria entrado - 16 mil dlares - refere-se ao valor das TEDs R$ 40,5mil , pois os cheques ainda no haviam compensado.

    O boliviano de nick CABALLERO segue cobrando RENE,ao que este responde que ainda est aguardando a casa de cmbio (MATUSALEM)autorizar a liberao do dinheiro (43).

    Esta ltima mensagem denota preocupao por parte deCABALLERO em receber logo o pagamento de RENE. Isso permite inferir queCABALLERO pode ser um fornecedor ou transportador de droga que tem que efetuaro pagamento ao produtor ou ao fornecedor da mercadoria.

    RENE, ento, diz a CHAVO que v casa de cmbio e jpegue parte do valor para pagar CABALLERO (44).

    V-se, pois, que RENE decide pagar a CABALLERO, pormeio de CHAVO, a quantia de U$ 15 mil que havia pedido a MATUSALEM j liberarmais uma parcela que CHAVO teria com ele. O restante do pagamento (U$ 35 mil)seria efetuado no dia 18/9/2013.

    RENE conversa com MATUSALEM para obter a liberaodos U$ 15 mil e, em seguida, orienta CHAVO a dirigir-se casa de cmbio para pegaro dinheiro, devido insistncia de CABALLERO em receber a quantia (45).

    Em mensagens trocadas ao mesmo tempo comMATUSALEM, CHAVO e CABALLERO, RENE passa orientaes a respeito dolocal da entrega do dinheiro (local em que CHAVO deveria encontrar CABALLERO elhe dar a quantia) (46).

    De acordo com o site do Banco Union, de fato existe umaagncia da Calle Libertad em Santa Cruz de La Sierra. Conclui-se, portanto, que olocal da entrega do dinheiro, de acordo com as direes contidas nas mensagens, mesmo na Bolvia. Conclui-se tambm que o dinheiro foi efetivamente entregue aCABALLERO por CHAVO naquele pas no dia 17/9/2013.

    RENE e CHAVO combinaram que no dia 18/9/2013deveriam ser entregues os outros U$ 35 mil (47).

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    No dia 18/9/2013, RENE conversa com CABALLEROsobre o valor restante (48). Entretanto, o dinheiro deixou de ser entregue no dia18/9/2013 porque a casa de cmbio j estava fechada quando CHAVO eCABALLERO se deslocaram at l, de forma que a entrega do valor restante ficoupara o dia 19/9/2013 (49).

    Pelas mensagens a seguir, RENE discute comMATUSALEM sobre o saldo que RENE possui para fazer o pagamento na Bolvia(50).

    CABALLERO continua cobrando RENE e lhe diz que teveinclusive que sair com sua famlia da sua casa na Bolvia sob amea de retirada, o querefora a concluso de que se est a tratar efetivamente de pagamento por carga dedrogas daquele pas (51).

    RENE, ento, contata CHAVO e lhe diz para entregar oresto do dinheiro a CABALLERO, no mesmo local em que havia entregue a outraparte no dia 17/9/2013 (52).

    Perceba-se o temor de CHAVO ao ver que h policiais nolocal da entrega do dinheiro, dizendo ser melhor que os policiais no vejamCABALLERO, o que refora, mais ainda, a concluso de que se trata CABALLEROde pessoa envolvida com drogas e conhecida na Bolvia (53).

    E os interlocutores continuam a trocar mensagens, at quese confirmar a entrega de U$ 35,5 mil, em 19/9/2013, na Bolvia (54).

    Tem-se assim os depsitos, em conta laranja, em13/9/2013 e 16/9/2013, por HABIB, com o auxlio de ANDR e a favor de RENE eSLEIMAN, do restante do valor (dois cheques, no valor total de R$ 85 mil, e duasTEDs, no valor total de R$ 40,5 mil, respectivamente), seguidos da remessa domontante ao exterior Bolvia - e de sua entrega a fornecedores ou produtores dedrogas daquele pas, em 17/9/2013 e 19/9/2013.

    2 fato criminoso (lavagem de dinheiro)A presente imputao ser apresentada da seguinte forma:

    inicialmente apresentar-se-o os fatos que demonstram o envolvimento dos agentescom o trfico transnacional de drogas (itens a, b, c, d e e abaixo); depoispassar-se- a demonstrar a cincia dos agentes quanto origem ilcita dos valoresmovimentados e, por fim, far-se- a imputao pelo delito de lavagem de ativos.

    (i) Envolvimento dos DENUNCIADOS com o trficoFoi produzido nestes autos e nos autos referentes

    Operao Monte Pollino (autos n 0001304-79.2013.403.6104, em trmite perante 615 de 26

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    Vara Federal de Santos/SP, cujas provas foram compartilhadas por autorizao daqueleJuzo), seguro conjunto probatrio no sentido do envolvimento de RENE, SLEIMANe EVI com o trfico transnacional de cocana proveniente da Bolvia, a demonstrar queos recursos movimentados por eles, inclusive nas operaes financeiras descritas nositens anteriores (que so objeto desta denncia), tinha origem, se no exclusivamente,pelo menos em grande parte, no crime de trfico de drogas.

    Alm dos elementos j abordados nos itens supra asmensagens trocadas por RENE com os bolivianos de nick CHAVO, CABALLERO eBLACK, bem como a demonstrao da entrega de dlares e em espcie na Bolvia apessoas ao que tudo indica estejam envolvida com o trfico de drogas25 e a ausncia demotivo razovel a justificar a remessa de valores para aquele pas (a Bolvia no destino ordinrio para investimentos ou mesmo evaso de divisas e tambm no sedetectou vnculo pessoal ou negocial lcito de RENE e SLEIMAN com algumboliviano ou residente naquele pas) -, h uma srie de outros elementos que sero aseguir indicados que provam a relao dos denunciados mencionados no pargrafoanterior com o trfico internacional de entorpecentes de entorpecentes, bem como oseu financiamento. Vejamos.

    a) Operao Monte Pollino. Apreenso com RENE decerca de U$ 190 mil em espcie, destinado a pagamentode carregamento de cocana

    A Operao Monte Pollino revelou a existncia deorganizao criminosa, encabeada por EVI, que tinha como atuao a aquisio dedrogas (cocana) da Bolvia e do Peru, o seu envio, via Porto de Santos, em containers, Europa para a sua venda naquele continente. Naquela Operao, descobriu-se queSLEIMAN era o responsvel por pagar os fornecedores da droga no Brasil, enquantoRENE seria uma espcie de emissrio ou tesoureiro, responsvel por movimentar odinheiro para pagar a droga.

    Conforme relatrio da Polcia Federal reproduzido noANEXO (55), no bojo da Operao Monte Pollino, que foi desencadeadasimultaneamente com a Operao Lava-Jato, foi identificada grande organizaocriminosa voltada ao trfico transnacional de drogas, a qual adquiria cocana dospases produtores - principalmente Peru e Bolvia -, introduzia a droga em territrionacional, para ento embarc-la via Porto de Santos/SP em navios de carga comdestino Europa. Tal atividade era extremamente lucrativa.

    Naquela investigao foi apurada a participao direta deMARIA DE FTIMA STOCKER (EVI ou DIRETORA) nos fatos, que tinha duplafuno na organizao criminosa: (1) realizava o financiamento direto de cargas decocana para efetivao de novas remessas, e (2) recebia os pagamentos feitos em25 Lembre-se das mensagens em que CHAVO diz a RENE que no seria bom se a polcia visse CABALLEROem uma das oportunidades em que entregou dinheiro a este na Bolvia.

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    espcie pelos compradores da cocana na Europa, realizando a posterior internao dosvalores do Brasil.

    Da mesma forma, foram identificados como componentesda organizao SLEIMAN (SALOMO) e RENE.

    Os nicknames, apelidos e alguns telefones utilizados, bemcomo a forma de comunicao (mensagens BBM) foram os mesmos dos apuradosnestes autos.

    Em vista da investigao na Operao Monte Pollino, aPolcia Federal, diante de informaes de vultoso pagamento de entorpecentes que serealizaria, com a participao de EVI e SLEIMAN, optou por interceder (abortando oesquema criminoso) e flagraram RENE guardando no cofre do hotel a quantia deU$189.800,00.

    Em vista das apuraes na Operao Pollino, no restadvida na associao de MARIA DE FTIMA, SLEIMAN e RENE com ofinanciamento e o trfico internacional de cocana a partir dos portos brasileiros e comdestino Europa.

    Esse tipo de atuao verificou-se em parte tambm nospresentes autos, como acima descrito. Restou comprovada a atuao de RENE eSLEIMAN, em conjunto, com operaes de cmbio ilegais e remessas parapagamento de pessoas na Bolvia, com dlares em espcie, bem como o envio dedinheiro ao Brasil por EVI, mediante operao de cmbio paralelo com HABIB ecom auxlio de YOUSSEF -, dinheiro esse que foi usado justamente para ospagamentos na Bolvia por intermedirio de RENE.

    b) Apreenso de 55 kg de cocana enviados por RENE Espanha

    Em mensagens trocadas de 14/10/2013 a 22/10/2013 com ousurio de nick 777 (autos 5026387-13.2013.404.7000, evento 171, ANEXO8, p. 82 ess.), RENE discute sobre um encontro entre intermedirios de ambos. Depreende-seda conversa que os indivduos foram presos no local e que os intermedirios de 777estavam sendo investigados h 2 anos pela polcia de Valncia, na Espanha. O usurio777 diz a RENE que o fato ganhou enfoque miditico no jornal valenciano Levante.Confrontando-se o perodo das mensagens com as notcias veiculadas no jornal citado,chegou-se notcia, publicada em 20/10/2013, com o ttulo Diez detenidos de unabanca que extraa alijos de cocana del puerto, disponvel em http://www.levante-emv.com/sucesos/2013/10/19/diez-detenidos-banda-extraia-alijos/1042938.html.

    A notcia informa a apreenso no Porto de Valncia de 55kg de cocana e a priso de 10 pessoas envolvidas no fato. Informa-se que parte da

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    cocana (32 kg) foi embarcada no Porto de Santos e estava acondicionada em umcontainer. Trs dos presos trabalhavam no Porto de Valncia.

    Infere-se disso que os intermedirios de 777 referidos nasconversas com RENE seriam trabalhadores do Porto de Valncia e ajudariam nodesembarque da droga enviada por RENE.

    Cite-se, a corroborar a inferncia, o encontro entre RENE eo colaborador do usurio do nick 777 na cidade de Santos, ocorrida por volta do dia9/10/2013, conforme trechos de mensagens colacionados nos autos 5026387-13.2013.404.7000, evento 171, ANEXO7, p. 50 e ss.

    Rememore-se, ainda, os trechos de mensagens trocadasentre RENE e usurio de nick BLACK (transcritos no ANEXO, item 33), em que elesfazem meno explcita ao numeral 55, pelo que, como j se pontuou naquelemomento, infere-se tratar de 55 kg de cocana, justamente a quantidade apreendida noPorto de Valncia. Aquelas mensagens foram trocadas em 13/9/2013, perodocontemporneo apreenso da droga na Espanha.

    Disso tudo, infere-se que h fortes indcios de que os 55 kgde cocana apreendidos na Espanha pertenciam a RENE e que o dinheiro ou parte dodinheiro provindo da operao de dlar cabo descrita antes tenha sido empregado naaquisio da droga apreendida no Porto de Valncia.

    Cita-se este fato apenas para demonstrar os fortes indciosdo crime antecedente. O trfico decorrente desta operao, entretanto, depender dediligncias adicionais, no sendo, pois, objeto desta denncia.

    c) Tratativas entre RENE e SLEIMAN acerca de vendade drogas

    Em mensagens trocadas entre SLEIMAN e RENE, no dia17/11/2013 (autos 5026387-13.2013.404.7000, evento 188, PET1, p. 85 e ss.),SLEIMAN afirma que tem um amigo que teria uma coisa (cocana) para venderna Holanda (hol). No dia seguinte, 18/11/2013 (autos 5026387-13.2013.404.7000,evento 188, PET1, p. 88 e ss.), RENE responde entre 26 e 28, que, como destacadono relatrio da autoridade policial, conforme experincia adquirida em inmerasoperaes policiais de represso ao trfico internacional de cocana realizadas pelaPolcia Federal, o preo (em euros) pago por traficantes no quilo da cocana naEuropa. SALOMO [SLEIMAN] diz que ele s venderia a 28. RENE disse quedependeria da qualidade, indicando, mais uma vez, que a mercadoria negociadatrata-se de cocana.

    Este outro fato indicirio do envolvimento de SLEIMANe RENE com o trfico transnacional de drogas.

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    d) Outras conversas entre RENE e CABALLERO sobrenegociao envolvendo drogas

    Alm das conversas entre RENE e CABALLERO jcitadas, inclusive com a demonstrao de entrega de dinheiro na Bolvia aCABALLERO por emissrio de RENE, h outras conversas entre eles em que ficaevidente a qualidade de CABALLERO como fornecedor de drogas a RENE.

    Nos dilogos transcritos nos autos 5026387-13.2013.404.7000, evento 188, ANEXO6, p. 44 e ss., travados em 23/11/2013, elesnegociam a entrega de 280 kg de cocana na cidade de Goinia/GO, sendo que RENEchega a afirmar que depois a teria de transportar a So Paulo, possivelmente paraembarque Europa pelo Porto de Santos/SP. Referida quantidade de droga seriatransportada possivelmente por meio de avies da Bolvia ou Paraguai para o Estadode Gois, posteriormente seguindo por via terrestre para o Estado de So Paulo.

    e) Apreenso de cerca de 700 kg de cocana emAraraquara/SP, de propriedade de RENE

    Foi apreendida, em 21/11/2013, uma carga de 698 kg decocana, pelo que se pode concluir originria da Bolvia. Surgiram provas nos autosque apontam RENE como proprietrio de pelo menos parte da droga. Este ponto sermelhor abordado na sequncia, pois este fato tambm objeto da presente denncia.

    Todos os fatos indicados no itens acima descritos (itens a,b, c, d e e), aliados prova produzida na presente investigao, soconclusivos para se formar um juzo satisfatrio acerca da origem dos valoresmovimentados pelos envolvidos nas operaes de cmbio paralelo, a saber, o trficotransnacional de drogas.

    (ii) Cincia dos DENUNCIADOS da origem ilcita dosvalores movimentados

    A demonstrao do elemento subjetivo da lavagem(conhecimento da origem ilcita dos recursos movimentados) quanto aos denunciadosRENE, SLEIMAN e EVI inferida pelo prprio envolvimento deles com o trfico dedrogas - autolavagem.

    Em relao aos denunciados HABIB, ANDR eYOUSSEF, h elementos suficientes para inferir que agiram colocando-se em situaode conhecer a origem ilcita dos valores que movimentaram e, portanto, do prpriotrfico de drogas por parte de RENE, SLEIMAN e EVI, e ignoraramintencionalmente essas circunstncias.

    Os elementos para que se possa assim concluir consistem

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    nos fatos de que os ltimos trs so operadores de cmbio paralelo profissionais hmais de dcadas e mantiveram relaes negociais na atividade ilcita com pessoas quese dedicam de modo reiterado e profissional ao trfico de drogas.

    Com efeito, registre-se que se est a falar de vriasoperaes ilegais de cmbio realizadas para pessoas que se dedicam ao trfico demodo notrio. Cite-se o caso de EVI, pessoa que reconhecidamente comandaorganizao transacional dedicada atividade e com quem HABIB manteve relaointensa e direta por longo tempo. No se trata, pois, de execuo de operaes decmbio paralelo (ou para pessoa que pratique trfico de drogas) de modo espordico eisolado. Est a se falar, isso sim, de operaes financeiras e atividades relacionadas atrfico de drogas executadas num contexto de grupo organizado de forma empresarial.

    A ttulo ilustrativo desse relacionamento, de nvelempresarial, como afirmado, alm dos trechos de mensagens j citados ao longo destapea, citem-se os seguintes trechos de mensagens, que bem denotam a relaoduradoura e intensa entre HABIB, SLEIMAN e RENE nas prticas ilcitas,lembrando que ANDR era o responsvel por executar as operaes financeiras deHABIB, muitas vezes mantendo contato direto com RENE26.

    A respeito do intenso relacionamento entre HABIB e EVI,aponte-se, ademais, alm do que j pontuado nesta denncia, os trechos de mensagenstrazidos no relatrio da autoridade policial (56).

    No tocante ao denunciado YOUSSEF, embora suaparticipao nos eventos aqui descritos tenha se dado de modo menos intenso,igualmente mantinha relacionamento com os outros envolvidos. Cite-se, a ttulo deexemplo, os seguintes trechos de mensagens trocadas com HABIB, em que elesdiscutem compra de moeda27.

    Ainda, o seguinte trecho de mensagens trocadas entreHABIB e SLEIMAN, com meno a YOUSSEF (referido como PRIMO, nick queera usado por ele), denotando o relacionamento entre os trs28.

    Por fim, recorde-se que foi no escritrio de YOUSSEF quese operacionalizou a tradio dos US$ 36 mil dlares de EVI para RENE por meiode funcionrio de YOUSSEF -, com subsequente transferncia para a Bolvia.

    No se pode perder de vista, principalmente, queYOUSSEF talvez seja o doleiro mais experiente, inclusive tendo j sido objeto deintensa investigao criminal, firmado acordo com o Ministrio Pblico, com plena26

    Data / Hora: 30/08/2013 18:14:56. HNI 4(Michelin) Estav tentando mostrar para a pessoa que nos somosrpidos pra ele me dar mais 1,5 essa semana, mas deu nisso. (). Sleiman(Silo) Na semana qui vem tem 1.5 pfazer Carlos(Zeze): Cara. Gente precisa arrumar dindin. Porque ninguem consegue fazer tao rpido. Noadianta. A gente quer fazer milagre. Zerar operacao com 3 dias, no eh fcil. Isso no existe. A gente tem quearrumar dindin urgente (). Sleiman(Silo) Porque esto vendo tanto trabalho e tanto vai ficar bom p nois(). Sleiman(Silo) Cara pode ter certeza agora ate fim do ano nois vamos ter bastante p trabalha27

    Data / Hora: 28/08/2013 15:28:43. PRIMO(Primo) Boa tarde Preciso comprar 10000 papel ai voc temOu o cunhado Carlos(Zeze): Boa 10k? Tem que ser cunha. PRIMO(Primo): Sim28

    Data / Hora: 30/08/2013 18:42:02. Sleiman(Silo) Primo esta fazendo muito mais qui ele pode20 de 26

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    cincia, seja em razo de seu passado, seja do prprio presente, que as suas atividadesmarginais de operao no mercado paralelo era veculo para a movimentaofinanceira espria de dinheiro pblico e proveniente de trfico ilcito de entorpecentes,dentre outras origens criminosas.

    Resta suficientemente comprovado, portanto, a participaodos operadores de cmbio paralelo HABIB, ANDR e YOUSSEF nos fatos quepermitiram a ocultao, a dissimulao, o recebimento, a guarda, a movimentao dodinheiro proveniente do narcotrfico, bem como o pagamento direto da droga, em umsistema de autofinanciamento. No podem ser eles beneficiados pela suas supostasescolha de permanecerem ignorantes quanto aos valores que movimentaram e emrelao ao auxlio material que prestaram na atividade de trfico de drogas aos outrosdenunciados, quando tinham, sobretudo por desenvolverem sua atividade de modoprofissional e empresarial, condies de aprofundar o seu conhecimento sobre a suaorigem.

    Assim, o agente que, podendo e devendo conhecer anatureza do ato da colaborao que lhe solicitada, mantm-se em situao de noquerer saber - e presta os seus servios -, faz-se responsvel pelas consequnciaspenais que derivam de sua atuao (teoria da cegueira deliberada).

    (iii) Imputao do crime de lavagemTodos os DENUNCIADOS, por meio das operaes de

    cmbio paralelo descritas nos itens anteriores, alm de terem incorrido em crimes deevaso de divisas (conforme j descrito), tambm incorreram no delito de lavagem dedinheiro, nos mesmos locais e datas.

    O delito restou caracterizado pelas seguintes condutas:

    a) de RENE, SLEIMAN, HABIB e ANDR a mando deEVI, SLEIMAN e RENE - pela movimentao dodinheiro em contas laranjas ou de terceiros, no que seteve a ocultao da origem e da propriedade dos valoresprovenientes do trfico ilcito de entorpecentes usados nastransaes (art. 1, caput, Lei 9.613/98). De fato, os ativos(dinheiro) proveniente do exterior e utilizados nasoperaes dlar-cabo e cmbio paralelo com subsequenteevaso para a Bolvia era proveito de atividade de trfico dedrogas de EVI, SLEIMAN e RENE;

    b) de YOUSSEF e de todos os demais DENUNCIADOSpelo recebimento, troca, negociao, guarda, depsito,movimentao e transferncia dos valores provenientes dotrfico, com a finalidade de ocult-los (art. 1, 1, II, Lei9.613/98); e

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    c) de EVI, SLEIMAN e RENE pela utilizao, ematividade econmica e financeira, realizada de modoprofissional e empresarial, de valores provenientes donarcotrfico, em um sistema de autofinancialmento (art. 1,2, I, Lei 9.613/98).

    3 fato criminoso (trfico de drogas e associao para o trfico ) Conforme apurou-se, no final do ms de novembro de

    2013, de modo consciente e voluntrio, o denunciado RENE importou 698 kg desubstncia entorpecente denominada cocana, sem autorizao legal e em desacordocom regulamentao legal e regulamentar, proveniente da Bolvia, quando foiapreendida em fiscalizao de rotina por policiais militares. Ademais, no mesmoperodo, o denunciado RENE se associou com, no mnimo, trs outras pessoas, para ofim de praticar o crime de trfico transnacional de drogas.

    Como consta dos autos n 0014808-07.2013.403.6120 (v.cpias anexas de peas daqueles autos), no dia 21/11/2013, policiais da equipe doTOR, da Polcia Militar Rodoviria, trafegando na Rodovia Washington Lus, sentidointerior-capital, decidiram abordar um caminho na tarefa rotineira de abordagenspor amostragem na altura do km 265 da mencionada rodovia (municpio deAraraquara).

    Feita a abordagem, identificou-se o condutor como sendoOCARI MOREIRA, o qual informou aos policiais que vinha do Estado do MatoGrosso e tinha como destino a capital do Estado de So Paulo, com uma carga depalmitos.

    Um dos policiais, ento, dirigiu-se carroceria docaminho para vistoria da carga, enquanto o outro permaneceu com o condutor. Nessemomento, o estado de esprito de OCARI modificou-se e ele, ento, nervoso, revelouque transportava droga, que seria entregue em Sumar, Campinas e So Paulo.Informou ainda que receberia R$ 10 mil pelo transporte.

    O policial responsvel pela vistoria da carga retirou a lonada carroceria, constatando a presena de um plstico preto, que ocultava tijolossemelhantes a embalagens de cocana. Havia, tambm, na carroceria, grandequantidade de palmitos, carga esta regularmente documentada para transporte.

    Diante da aparente grande quantidade de entorpecentelocalizada no caminho, OCARI foi questionado sobre a existncia de veculo batedor,ao que respondeu afirmativamente, esclarecendo tratar-se de um boliviano.

    A partir de contato telefnico com OCARI por uma daspessoas que estava no veculo batedor, os policiais executaram atividades de

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    acompanhamento telefnico das ligaes, fazendo-se passar por OCARI, lograndoefetuar a priso de GILBERTO RAMOS LOPES e RICARDO SEMLERRODRIGUEZ (este cidado boliviano, como referido por OCARI).

    Com GILBERTO foi localizado um aparelho Blackberryem que havia troca de mensagens com terceiro, acerca da tarefa de acompanhamentodo caminho (batedor). Nesse aparelho, ainda, assim como em um outro que estavacom GILBERTO, ficou claro que este falou com outra pessoa relacionada carga deentorpecentes transportada.

    No veculo batedor, posteriormente, foram encontrados R$200 mil reais ocultados no estofamento dos bancos dianteiros.

    A informao de fls. 153/155 daqueles autos destaca que ostabletes encontrados no caminho apresentaram peso de 698 kg. O laudo de fls.161/165 tambm daqueles autos atesta que continham cocana, na forma de sal decocana, comprovando a materialidade delitiva.

    Nos presentes autos (relativos Operao Lava-Jato), emvista da captao de mensagens de RENE, surgiram fortes indcios de que ele (RENE)foi o real importador da droga apreendida.

    Com efeito, nas mensagens RENE menciona a perda deuma carga de 700 kg, que, ao que se pode concluir, sobretudo pelo local mencionadonas mensagens e nas suas datas, que se trata da carga apreendida em Araraquara. Alis,o modo de agir dos envolvidos na apreenso muito similar com o que se revelou deRENE nestes autos. Os trechos podem ser vistos nos autos 5026387-13.2013.404.7000, evento 188, PET1, p. 80 e ss., e ANEXO6, p. 35 e ss. Destaquem-se os seguintes, de maior interesse29.

    A meno de que teria recebido dele h 25 dias atrsindica que RENE teria recebido outra carga de drogas dias antes.

    Em outros trechos, RENE conversa tambm comCABALLERO sobre a carga apreendida30. Perceba-se a referncia provenincia dadroga Bolvia (que vnia de ahi).29

    22/11/2013 17:03:49 Michelin Mainha Vc que caiu 700 na chegada de sampa22/11/2013 17:03:59 Michelin Mainha Pensei que eu ia receber um dinheiro amanh mas meu amigo22/11/2013 17:04:02 Michelin Mainha Era esse22/11/2013 17:04:05 Michelin Mainha Kkkkk22/11/2013 17:04:25 Michelin Mainha Era esse que eu esperava22/11/2013 17:04:49 Michelin Mainha Me deixou complicado22/11/2013 17:05:02 Michelin Mainha U22/11/2013 17:05:21 Michelin Mainha Tava mau feito22/11/2013 17:05:28 Michelin Mainha Preciso urgente22/11/2013 17:05:38 Michelin Mainha Esses burros22/11/2013 17:05:44 Michelin Mainha Pra aqueles cara pega ,foi mau feito22/11/2013 17:06:00 Michelin Mainha Sim().22/11/2013 17:06:16 Michelin Mainha E eu tinha recebido dele h 25 dias atrs30

    Data / Hora: 23/11/2013 16:31:26. Michelin(Michelin) J visto que se cayo por San Paulo 700 que vniade ahi?. Caballero(Caballero) No vi amigo

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    J em troca de mensagens com o usurio de nick FLOR,RENE diz que iria receber 700, mas foi cancelado31.

    Oportuno verificar que RENE menciona o dia em que acarga seria entregue dia 22/11/2013. A droga foi apreendida em Araraquara em21/11/2013, enquanto era levada ao destino, ao qual chegaria provavelmente no dia22/11/2013, exatamente no dia em que RENE diz que a receberia.

    Verifica-se, do exposto, que OCARI, GILBERTO eRICARDO, bem como RENE, associaram-se para a prtica do crime de trfico deentorpecentes. Verifica-se, ainda, que os trs efetivamente transportaram 698 Kg decocana, enquanto que RENE a importou. Embora o transporte, diretamente, fossefeito por OCARI, RICARDO e GILBERTO, na qualidade de batedores, viabilizavampara que tal transporte fosse feito com sucesso, concorrendo para o crime, de formadecisiva. RENE, por sua vez, era quem detinha o domnio final do fato, dado ser oimportador da droga.

    Diante do exposto, com tais condutas, OCARI,GILBERTO, RICARDO e RENE incorreram nos arts. 33, caput, e 35, da Lei11.343/2006, ambos conjugados com o o art. 40, I, do mesmo diploma legal, j queinquestionvel a procedncia aliengena da cocana traficada.

    Esclarece-se que a justificativa de competncia destes fatosest descrita na cota de oferecimento da denncia.

    IV - CAPITULAOPelo exposto, o Ministrio Pblico Federal denuncia a

    Vossa Excelncia:

    a) RENE LUIZ PEREIRA, SLEIMAN NASSIM ELKOBROSSY, MARIA DE FTIMA STOCKER,CARLOS HABIB CHATER e ALBERTO YOUSSEFpor terem incorrido nas penas do art. 22, pargrafo nico,da Lei 7.492/86. Em relao a ALBERTO YOUSSEF, asubsuno de sua conduta decorre da norma de extensoprevista no artigo 29 do Cdigo Penal, j que prestouauxlio para que aquele crime se realizasse (em relao aosUS$ 36.000,00);b) RENE LUIZ PEREIRA, SLEIMAN NASSIM ELKOBROSSY, CARLOS HABIB CHATER e ANDRCATO DE MIRANDA por terem incorrido nas penas doart. 1, caput, bem como no 1, II, todos da Lei 9.613/98;

    31 Data / Hora: 23/11/2013 12:08:00. Michelin(Michelin) Tinha um de 700 pra ontem mas cancelaram. Vc

    no tem mais nada entao?. flor(Flor@>--) Acredito q ele tenham sim por estas livre ... Mas tenho q confirmar,esto e rapido q tem olhos procurando

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    c) ALBERTO YOUSSEF por ter incorrido nas penasprevistas no art. 1, 1, II, Lei 9.613/98; ed) RENE LUIZ PEREIRA por ter incorrido nas penasprevistas no art. 33, caput, e art. 35, c/c o art. 40, I, todosda Lei 11.343/2006.

    V - PEDIDOS

    Em razo da promoo da presente ao penal, requer-se aVossa Excelncia:

    a) a juntada dos documentos anexos, consistentes em cpiade peas mencionadas ao longo desta denncia;

    b) o recebimento e processamento da denncia, com acitao dos denunciados para o devido processo penal eoitiva das testemunhas abaixo arroladas;

    c) confirmadas as imputaes, as condenaes dosdenunciados; e

    d) o arbitramento de valor mnimo de reparao dos danoscausados pela infrao, com base no art. 387, caput e IV,CPP, no montante do valor total envolvido nas transaes(cerca de R$ 300 mil32), englobando-se na estimativa osdanos ao sistema financeiro e econmico. Ressalte-se que anatureza dos delitos no deve servir de bice medida,podendo-se fazer uma analogia com o caso do homicdio,em que o dano vida impalpvel, mas se tem reconhecidoo cabimento do arbitramento, independentemente de provado valor da vida. Nesse caso especfico de bens jurdicos dedifcil aquilatao, no h o que provar no tocante aovalor do dano para alm da prpria prova dos fatos queocasionam o dano. Assim, no h que se alegar que serianecessria alguma discusso adicional para fixao daindenizao, pois o debate dos fatos, que coincidem com osfatos imputados, ocorreu ao longo do processo criminal

    Em relao a RENE, no tocante ao trfico de drogas, parafins de fixao de valor mnimo de reparao dos danoscausados pela infrao, requer-se seja fixado o montante deR$ 350 mil33.

    32 U$ 124 mil convertidos em reais considerando a taxa de converso da poca da operao de dlar cabo.

    33 Chegou-se a esse valor tomando por base a informao policial, transcrita acima, de que o kg da cocana

    adquirido por traficantes brasileiros ou instalados no Brasil por cerca de U$ 3 mil. Ento, aplicou-se esse valor a50 kg de droga, apenas para fins de estimao do valor mnimo do dano. O valor da taxa dlar/real na poca do

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    Rol de testemunhas

    1. ENIVALDO QUADRADO residente na Rua Jacinto Funari, 101, Casa, JardimEuropa, Assis/SP e endereo comercial na Avenida Dom Antnio, 2485, Comrcio,Bairro Vila Tnis Clube, Assis-SP

    2. WALDOMIRO DE OLIVEIRA - endereo residencial na Estrada MunicipalBenedicto Antonio Ragani, 2300, prximo Rodovia Dom Pedro I, Chcara RecantoTrs Coraes, bairro Pinheirinho, Itatiba-SP, endereo comercial na Rua JosDebieux, 35, sala 36, Santana, So Paulo-SP.

    Curitiba, 23 de abril de 2014.

    CARLOS FERNANDO DOS SANTOS LIMA ANDREY BORGES DE MENDONA Procurador Regional da Repblica Procurador da Repblica

    JANURIO PALUDOProcurador Regional da Repblica

    fato (21/11/2013) estava em 2,30, no que resulta o valor.26 de 26