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www.drapc.min-agricultura.pt 75 Anos da Estação Agrária de Viseu A cultura do medronheiro Iº Encontro de Produtores de Queijo Serra da Estrela Rio Mondego, património regional Dia de campo da cultura da luzerna Projectos portugueses de pesca distinguidos Publicação bimestral para o sector agrário e pescas da Região Centro Nº 22 - Novembro 2011 I nformação DIRECÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA E PESCAS DO CENTRO Neste número Estação Agrária de Viseu 75 Anos ao Serviço da Agricultura Ao longo dos seus 75 anos de existência, a Estação Agrária de Viseu sempre se revelou uma estrutura decisiva para o desenvolvimento da agricultura regional. Com base no trabalho dos técnicos ali sedeados e, integrando por vezes múltiplos colaboradores externos, procurou- se afincadamente proporcionar às explorações agrícolas e pecuárias da região, as necessárias condições de progresso e modernização. Ao longo destas décadas, foi muito e valioso o trabalho desenvolvido por sucessivas gerações de técnicos reconhecidos, experientes e dotados da vontade de estudar, testar e transmitir novos conhecimen- tos. Para tal baseavam-se essencialmente nos resultados obtidos pela Experimentação conduzida na própria Estação Agrária, muitos deles orientados para a satisfação das necessidades da lavoura, à medida que estas surgiam nas várias vertentes das diferentes atividades agro-pecuárias com maior expressão económica regional. Outros estudos e pesquisas não menos importantes, levaram à criação de variedades melhoradas (caso dos milhos híbridos HV, por exemplo), à antecipação de tendências de produção ou à redução dos respetivos custos, à diversifi- cação e valorização dos produtos da terra e, numa abordagem mais recente, à selecção e melhoramento de pomóideas regionais, para além da sensibilização para novas normas e práticas de cultivo recomendadas, etc.. Após sucessivas designações (Estação de Fomento Agrícola da Beira Alta, Posto Agrário, VI Região Agrícola), a instituição recebeu o nome de Estação Agrária de Viseu no longínquo ano de 1936. Com a criação das Direcções Regionais de Agricultura, em 1979, a Estação Agrária de Viseu deixa de funcionar como estrutura autónoma, passando a corresponder à Divisão de Extensão Rural e Produção Agrícola, na dependência hierárquica e funcional da (então) Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral. É sobretudo a partir dessa data que ocorre a realização na EAV de muitas dezenas de Dias Abertos e outros eventos de Divulgação e de Demonstração, com grande visibilidade e impacto regional. Com base em programas de desenvolvimento agrário e iniciativas de extensão rural (Programa PROCALFER, entre outros), proporcionaram-se então aos agricultores e à suas organizações, bem como a técnicos, estudantes e diversos agentes económicos ligados ao sector, a oportunidade de desfrutar in loco dos ensinamentos recolhidos a partir dos ensaios conduzidos na Estação Agrária. O final dos anos 80 e os primeiros anos da década seguinte ficam marcados pela cedência de algumas áreas agrícolas de vocação experimental da Estação Agrária, devido à rápida expansão urbana da cidade. Hoje em dia, a superfície agrícola útil da Estação Agrária de Viseu está reduzida a 18 hectares para assim prosseguir as suas tarefas no domínio da experimentação. Em face da permanente evolução tecnológica e incessante imperativo para se produzir mais, melhor e a menor preço, tem sido objectivo da EAV o estabelecimento de contactos com instituições similares e outras organizações, partilhando informação e meios (humanos, materiais e financeiros) para a realização de diversos ensaios de interesse comum, numa perspectiva de uso racional dos escassos recursos disponíveis. Na verdade, só com uma visão abrangente e partilhada quanto às questões prioritárias a abordar e com uma adequada articulação de meios se podem desenvolver parcerias efectivas, orientadas para o desenvolvimento de projectos inovadores, associando o conhecimento científico e tecnológico às capacidades empresariais. Como exemplos da estratégia que tem sido seguida, existem dezenas de projetos de investigação, experimentação e demonstração, com apoios financeiros de sucessivos quadros comunitários de apoio (projetos PAMAF-IED e AGRO- DED, entre outros) e, mais recente- mente, os protocolos que a DRAP Centro estabeleceu, com viveiristas e empresas ligadas à produção e comercialização de produtos fitofármacos, etc.. A culminar um conjunto de iniciativas, irá ter lugar no dia 30 de Novembro, um Seminário, em que serão debatidos temas da mais relevante importância para a fruticultura regional, como a experimentação, a intensificação cultural, a inovação varietal e a comercialização, estando o programa disponível online.

Boletim 22 2011 - DRAP CNº 22 - Novembro 2011 InDIREfCÇÃoO REGIOrNAL DmE AGRICULaTURA E çPESCAãS DO CEoNTRO Neste número Estação Agrária de Viseu 75 Anos ao Serviço da Agricultura

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www.drapc.min-agricultura.pt

75 Anos da Estação Agrária de Viseu

A cultura do medronheiro

Iº Encontro de Produtores de Queijo Serra da Estrela

Rio Mondego, património regional

Dia de campo da cultura da luzerna

Projectos portugueses de pesca distinguidos

Publicação bimestral para o sector agrário e pescas da Região Centro

Nº 22 - Novembro 2011Informação

DIRECÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA E PESCAS DO CENTRO

Neste número

Estação Agrária de Viseu75 Anos ao Serviço da Agricultura

Ao longo dos seus 75 anos de existência, a Estação Agrária de Viseusempre se revelou uma estrutura decisiva para o desenvolvimentoda agricultura regional. Com base no trabalho dos técnicos ali sedeadose, integrando por vezes múltiplos colaboradores externos, procurou-se afincadamente proporcionar às explorações agrícolas e pecuáriasda região, as necessárias condições de progresso e modernização.

Ao longo destas décadas, foi muito e valioso o trabalho desenvolvidopor sucessivas gerações de técnicos reconhecidos, experientes edotados da vontade de estudar, testar e transmitir novos conhecimen-tos. Para tal baseavam-se essencialmente nos resultados obtidospela Experimentação conduzida na própria Estação Agrária, muitosdeles orientados para a satisfação das necessidades da lavoura, àmedida que estas surgiam nas várias vertentes das diferentesatividades agro-pecuárias com maior expressão económica regional.

Outros estudos e pesquisas nãomenos importantes, levaram àc r i a ç ã o d e v a r i e d a d e smelhoradas (caso dos milhoshíbridos HV, por exemplo), àantecipação de tendências deprodução ou à redução dosrespetivos custos, à diversifi-cação e valorização dosprodutos da terra e, numaabordagem mais recente, àselecção e melhoramento depomóideas regionais, para alémda sensibilização para novasnormas e práticas de cultivorecomendadas, etc..

Após sucessivas designações(Estação de Fomento Agrícolada Beira Alta, Posto Agrário, VIRegião Agrícola), a instituiçãorecebeu o nome de EstaçãoAgrária de Viseu no longínquoano de 1936.

Com a criação das DirecçõesRegionais de Agricultura, em1979, a Estação Agrária de Viseudeixa de funcionar comoestrutura autónoma, passando a corresponder à Divisão de ExtensãoRural e Produção Agrícola, na dependência hierárquica e funcionalda (então) Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral. Ésobretudo a partir dessa data que ocorre a realização na EAV demuitas dezenas de Dias Abertos e outros eventos de Divulgação e deDemonstração, com grande visibilidade e impacto regional. Com baseem programas de desenvolvimento agrário e iniciativas de extensãorural (Programa PROCALFER, entre outros), proporcionaram-se entãoaos agricultores e à suas organizações, bem como a técnicos,estudantes e diversos agentes económicos ligados ao sector, aoportunidade de desfrutar in loco dos ensinamentos recolhidos apartir dos ensaios conduzidos na Estação Agrária.

O final dos anos 80 e os primeiros anos da década seguinte ficammarcados pela cedência de algumas áreas agrícolas de vocaçãoexperimental da Estação Agrária, devido à rápida expansão urbanada cidade. Hoje em dia, a superfície agrícola útil da Estação Agráriade Viseu está reduzida a 18 hectares para assim prosseguir as suastarefas no domínio da experimentação.

Em face da permanente evolução tecnológica e incessanteimperativo para se produzir mais, melhor e a menor preço, temsido objectivo da EAV o estabelecimento de contactos cominstituições similares e outras organizações, partilhando informaçãoe meios (humanos, materiais e financeiros) para a realização dediversos ensaios de interesse comum, numa perspectiva de usoracional dos escassos recursos disponíveis.

Na verdade, só com uma visão abrangente e partilhada quanto àsquestões prioritárias a abordar e comuma adequada articulação de meios sepodem desenvolver parcerias efectivas,orientadas para o desenvolvimento deprojectos inovadores, associando oconhecimento científico e tecnológicoàs capacidades empresariais. Comoexemplos da estratégia que tem sidoseguida, existem dezenas de projetosde investigação, experimentação edemonstração, com apoios financeirosde sucessivos quadros comunitários deapoio (projetos PAMAF-IED e AGRO-DED, entre outros) e, mais recente-mente, os protocolos que a DRAPCentro estabeleceu, com viveiristas eempresas ligadas à produção ec o m e rc ia l i za çã o d e p ro d u t osfitofármacos, etc..

A culminar um conjunto de iniciativas,irá ter lugar no dia 30 de Novembro,um Seminário, em que serão debatidostemas da mais relevante importânciapara a fruticultura regional, como aexperimentação, a intensificaçãocultural, a inovação varietal e acomercialização, estando o programadisponível online.

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Medronheiro: do “garimpo”à plantação

“E tu amigo, se vislumbrares, por entre as paradisíacaspaisagens das terras do xisto, um medronhal com seis milmedronheiros em quinze hectares, não penses que é umsonho...”

Esta expressão, da autoria de Jorge Simões, revela-nos a formade estar na vida deste empresário agrícola, homemempreendedor, capaz de imprimir um cunho inovador a umaactividade com forte tradição nos concelhos montanhosos daárea de influência da serra da Lousã e do vale do Zêzere,designadamente nas chamadas “Terras do Xisto”.

A aguardente de medronho é o produto nobre que se obtém apartir dos frutos maduros do medronheiro, cuja colheita épraticada ancestralmente nos terrenos de aptidão florestal dasregiões serranas do centro de Portugal. Esta actividade deautêntico “garimpo” incide sobre medronheiros de ocorrênciaespontânea e dispersa, existindo mesmo assim, casos de certasárvores capazes de atingir produções de fruto da ordem dacentena de quilogramas. Boa parte da produção assim obtidaacaba por ser encaminhada para o Algarve, contribuindo para avalorização de um território, produto e marca regional que nãoo da sua real origem. Segundo este proprietário e regionalistaconvicto, trata-se de uma situação de demérito para esta regiãobeirã, em resultado da falta de visão e de organização, desde aprodução à transformação e comercialização, desperdiçando-seuma boa fonte de criação de valor nas comunidades locais.

É no lugar de Perocabeço, freguesia de Estreito e concelho deOleiros, que se localiza esta moderna exploração de medronheiros.Representando um investimento muito significativo, na ordemde 70 000 euros, para o qual não foi sequer possível obtercomparticipação financeira ao abrigo do ProDer, este pomar demedronheiros começou a ser instalado em 2004.

Decorridos sete anos, Jorge Simões apresenta-nos com naturalorgulho um autêntico pomar, com mais de seis mil árvoresplantadas em curvas de nível, num terreno de encosta e demarcada aptidão florestal. A ocupação inicialmente prevista,plantação de eucaliptos, levou à preparação do terreno de acordocom a topografia e em sistema de “vala e cômoro”.

Dada a natureza ácida dos terrenos e a pouca espessura efectivada camada superficial destes solos de xisto, a fertilização defundo incorporou os adubos e correctivos considerados indicados,seguindo-se as operações de plantação, de acordo com umcompasso de 5x5 metros. No sentido de evitar a variabilidadegenética desta espécie, ainda muito pouco trabalhada ao níveldo melhoramento vegetal e, em especial, os aspectos dealternância produtiva (anos de “safra” e de “contra-safra”), Jorge

Simões optou por adquirir a totalidade das plantas de medronheironum só viveiro da região de Penamacor.

Nos anos seguintes, o empresário dedicou-se à condução dasárvores, aspecto que considera essencial para atingir aprodutividade desejada, bem como ao controle da vegetaçãoarbustiva, para evitar a ocorrência de incêndios e proporcionaradequadas condições de desenvolvimento à plantação.

O pomar desta espécie não origina grandes preocupações emtermos de controlo de pragas ou doenças ao seu proprietárioque, em caso de necessidade, obtém apoio de qualidade porparte de técnicos locais e de docentes das Escolas SuperioresAgrárias (ESA) de Coimbra e de Castelo Branco.

O facto de, nos anos anteriores, se ter promovido a abertura dascopas e o controle do desenvolvimento em altura dos lançamentos(rebaixa) favorece o arejamento interno, evita problemas de carizfitossanitário, aumenta a capacidade de produção e rentabilizaa operação de colheita.

O objectivo é o de garantir que a área individual de projecção dacopa ao solo represente, na fase adulta das árvores, uma ocupaçãode cerca de 12 metros quadrados. A floração ocorre em geral apartir de Setembro e a produção inicia-se logo ao fim do 2º ou3º ano pós-plantação.

A operação da colheita processa-se de forma manual e escalonada,obrigando a várias passagens de acordo com o faseamento damaturação, representando por isso uma fatia muito importantedo custo de produção global. Tendo por base uma razão detransformação de 6 Kg de fruto de medronho para obter 1 litrode aguardente, os cálculos de Jorge Simões apontam para umcusto de produção unitário de 0,78 a 0,98 €uros/litro, consoanteo operador recolha 300 Kg ou 250 Kg de fruto, respectivamente.Neste particular, o adequado estado de maturação e os cuidadosna manipulação e transporte dos medronhos são essenciais parapreservar a sua qualidade.

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Conferindo um forte sentimento de vinculação e de humanizaçãoda paisagem aos territórios que atravessa , o rio Mondego caracteriza-se por uma enorme biodiversidade, a todos os níveis e ao longo detodo o seu curso, desde o solo até à copa e da nascente até à foz.

Nesta perspectiva, têm vindo a ganhar expressão as actividades defruição dos recursos naturais da região, como as actividades deescalada e de orientação, a observação de aves, os roteirosmicológicos, a pesca desportiva e turística, remo e canoagem, etc…,em franco contraste com a notória e progressiva desvalorização dasactividades agrícolas e pecuárias, com reflexos muito negativos parao sector e para a imagem de marca do produto mais emblemáticoque se associa ao Alto Mondego, o Queijo Serra da Estrela-DOP.

Estes aspectos estão particularmente bem ilustrados no documentáriode vida selvagem "Mondego", de Daniel Pinheiro, distinguido nacategoria “Wildlife Documentary Production” na Universidade deSalford, disponível em http://vimeo.com /danielpinheiro/mondego.

Enquadrando-se toda a rede hidrográfica na área geográfica dedoMondego na área de intervenção da DRAPCentro, tem sidopreocupação dos Serviços, valorizar as diferentes produções regionaisde qualidade específica associadas a este vasto território (como oqueijo “Serra da Estrela DOP” e o arroz carolino do “Baixo Mondego”),bem como promover a utilização criteriosa dos recursos hídricos naagricultura e salvaguardar os valores ambientais que lhe estãoassociados, em parceria com as demais instituições da área.

No fim da cadeia de produção de alimentos, outra questão que secoloca é a qualidade e segurança alimentar, sua percepção ao níveldos consumidores e potenciais riscos para a saúde pública. Nestedomínio de actuação, uma equipa de investigação do Centro deEcologia Funcional da Universidade de Coimbra dedicou-se a estudarvalores de referência da contaminação por dioxinas ao longo dacadeia alimentar do estuário do Mondego. Os resultados desteprojecto de investigação foram recentemente publicados na revista“Chemosphere”, concluindo-se que os níveis destes compostos nosorganismos do estuário aumentam ao longo da cadeira trófica, dasalgas aos peixes para consumo humano, como o linguado, o robaloe a solha. No entanto, pelo facto de se encontrarem na gama baixados valores legais, pode constituir uma referência para outras zonasestuarinas da Europa e do mundo.

Fazendo apelo à “razão inteligente da dúvida”, o proprietárioaponta como factores críticos de sucesso o ganho de dimensãoempresarial e a constante preocupação com a qualidade. Paraa zona em causa, existe assim a possibilidade de gerar boasmais-valias empresariais ou, pelo menos, bons complementosa nível de rendimento com esta actividade.

Na verdade, considerando que um hectare de terreno podesuportar 400 medronheiros nos moldes descritos, comproduções unitárias médias de 30 Kg por árvore adulta, orendimento daí obtido pode facilmente representar 2 000 litrosde aguardente de medronho e, consequentemente, valoresnunca inferiores a 15 000 euros por hectare, certamente beminteressantes e capazes de contribuir para dar nova vida aterritórios cada vez mais entregues a si próprios.

Numa iniciativa no âmbito do PROSE - Programa de Relançamento da

Ovinicultura na Serra da Estrela, vai ter lugar a 14 de Dezembro de 2011,

nas instalações da Delegação Regional de Gouveia da DRAPCentro e com

o apoio do município local, o 1º Encontro de Produtores de Queijo Serra

da Estrela.

O programa detalhado desta iniciativa estará disponível na página internet

da DRAPCentro (www.drapc.min-agricultura.pt), vocacionando-se

essencialmente para os jovens produtores da região demarcada, aos quais

será disponibilizada informação de apoio quanto aos requisitos de

modernização e de viabilidade empresarial desta actividade tradicional,

mas com futuro. As sessões de trabalho irão incluir apresentação e partilha

de experiências, questões importantes a nível da produção , distribuição

e comercialização bem como a inovação e o empreendorismo no sector.

Rio Mondegoum património regional

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Decorreu no passado dia 19 de Outubro no Centro Experimental do Baixo Mondego, uma acção dedivulgação e demonstração da cultura da luzerna vivaz, promovida pela Direcção de Serviços deAgricultura e Pescas (DSAP), através da sua Divisão de Produção Agrícola e Pescas (DPAP).Apresentaram-se aspectos agronómicos de adaptação e comportamento produtivo de variedadesde luzerna vivaz, em condições de regadio e seu interesse na alimentação dos efectivos animais paraas explorações agro-pecuárias do Baixo Mondego. Esta informação foi obtida com base em 3 anosde ensaio realizado na Quinta do Loreto, em Coimbra, no âmbito da Rede Nacional de Ensaios (RNE).Estabeleceu-se um animado debate entre os participantes - agricultores e técnicos de associaçõese cooperativas, bem como técnicos da própria DRAPCentro ligados à análise de projetos ProDer eàs contabilidaddes agrícolas.Os participantes assistiram ainda à demonstração da sementeira mecânica de instalaçãode um luzernal, com recurso a tecnologia específica e recomendada para o efeito.

Dia Aberto sobre a Cultura da Luzerna Vivaz

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Contactos para notícias, comentários e sugestõ[email protected]ÚCLEO DE INFORMAÇÃO E RELAÇÕES PÚBLICAS - DRAP CentroAv. Fernão Magalhães, 465 3000-177 COIMBRATelef. 239 800 520 Fax 239 833 679

Ficha técnica

Director: Rui MoreiraCoordenação: Ângela Pinto CorreiaRedacção: Carlos Alarcão e J. A. AlmeidaFotos: Arquivo DRAP Centro

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Pescas: Projectosportugueses distinguidosem Bruxelas

O Mar é um dos principais recursos naturais de Portugal e fontede alimentos para a população, assumindo uma enormeimportância económica e social para a população portuguesa.Estando em discussão a terceira reforma da Política Comum dasPescas, importa assegurar a sustentabilidade da exploração dosrecursos marinhos, numa abordagem ecossitémica que salvaguardeo futuro da actividade e das áreas costeiras dos países europeus.

Três projectos portugueses na área das pescas foram seleccionadoscomo exemplos de boas práticas, integrando uma lista de 30iniciativas de países da União Europeia que, estiveram em debatenuma conferência sobre "Futuro Sustentável para as ÁreasPiscatórias", que teve lugar recentemente em Bruxelas. O encontro,vocacionado para a troca de experiências e de boas práticas entregrupos de acção costeira europeus, é promovido pela , entidadecriada em 2009 pela Comissão Europeia para acompanhar odesenvolvimento do Eixo 4 -- Desenvolvimento sustentável daszonas dependentes da pesca.

Os três projectos distinguidos foram os seguintes:

1. Valorização dos produtos locais do Litoral Norte

O projecto, promovido pelo Conselho Empresarial dos Vales doLima e Minho (CEVAL), pretende desenvolver a «marca Km Zero»,envolvendo cinco restaurantes de Esposende, Viana do Castelo,Caminha e Vila Nova de Cerveira, onde o consumidor terá agarantia de consumo de produtos da costa local. Demonstraçõesde cozinha, conferências e visitas a mercados municipais sãoalgumas das iniciativas, visando aproximar todos os intervenientesna actividade, desde a classe piscatória ao consumidor final, embenefício da economia local e regional.

O projecto tem ainda em vista a internacionalização e fomentodas exportações, bem como o intercâmbio de boas práticasdesenvolvidas por diferentes regiões piscatórias visando criar econsolidar marcas gastronómicas próprias.

2. Certificação de espécies do rio Minho

Também com origem na região Norte, foi distinguido o AquaMuseudo Rio Minho, que lançou em Setembro o projecto CertPiscis,para valorizar os produtos locais como a lampreia, o salmão, osável e o meixão (enguia), envolvendo a comunidade piscatóriatransfronteiriça – cerca de 600 pescadores portugueses e galegos– as autoridades marítimas, restauração, intermediários e agentesturísticos.

A valorização da lampreia pode passar pela criação de umadenominação de origem ou indicação geográfica protegida,reduzindo por esta via o consumo de especímenes provenientesde importação. No caso do sável e do salmão, importa garantir asustentabilidade destas espécies migratórias que regressam aorio onde nasceram para reproduzir, pelo que factores como apesca desregrada, a degradação de habitats, poluição e construçãode barragens conduzem a uma diminuição dos efectivos.

3. Aproveitamento do caranguejo pilado para a indústriafarmacêutica

Na Região Centro, foi distinguido o projecto de investigaçãoapresentado pelo Grupo de Investigação em Recursos Marinhosdo Instituto Politécnico de Leiria sobre o pilado, uma espécie decaranguejo abundante na costa portuguesa e que costuma serarrastado pelas redes de pesca do cerco, sendo posteriormenterejeitado e devolvido ao mar.

O caranguejo pilado, à semelhança de outros crustáceos, é umaexcelente fonte de biopolímeros, nomeadamente a quitina, tendogrande campo de aplicação no tratamento de queimaduras ouem comprimidos para emagrecimento. Segundo os promotoresdeste estudo, o projecto pretende «criar um circuito de valorização,envolvendo os pescadores, a ciência e as empresas biomédicasde base tecnológica».

Projecto Lusomarextract

Também a criação de um banco de bactérias marinhas erespect ivos extractos naturais com aplicabilidade nasindústrias farmacêut ica e de cosmét ica (projectoLusomarextract) foi galardoado com um prémio BESBiodiversidade, contemplando a empresa portuguesa debiotecnologia Bioalvo. Pretende-se constituir um ”banco”com um total de 1140 amostras de bactérias marinhas, comcapacidade de crescimento em meio laboratorial e deprodução de compostos químicos para uso pela industriade biotecnologia a nível mundial.

Representando um investimento da ordem dos 4 milhõesde euros, o projecto “contribuirá para colocar Portugal entreos países de topo na biotecnologia marinha e para aprojecção internacional de um sector em forte expansão anível global, prevendo-se inúmeras possibilidades deaplicação industrial a partir de materiais e tecnologiasinovadoras de origem nacional”.

Hoje em dia há uma grande procura de produtos naturaise Portugal é um país privilegiado, por razões históricas egeográficas, para a invest igação na área dos extractosproduzidos por diversos macro e mico-organismosmarinhos, compostos naturais e de grande ut ilidadeindustrial com aplicações farmacológicas, cosméticas oualimentares.