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Boletim Informativo Trimestral Março 2015 ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS APOSENTADOS DA CAIXA Número 23

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Boletim trimestral da Delegação Norte da Anac em que se relata as actividades desenvolvidas durante o último trimestre e se divulga a arte literária dos Sócios colaboradores.

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Boletim Informativo Trimestral

Março 2015

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS APOSENTADOS DA CAIXA

Número 23

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Passeios à descoberta do Porto…

Teve início no dia 28 de Março de 2015 o ciclo da primavera dos “passeios à descober-ta do Porto…” O programa consta de 4 passeios, que irão decorrer aos sábados, tendo como habitual-mente a orientação da nossa Subdelegada Fernanda Vilarinho. Neste ciclo de Primavera dos “passeios à descoberta do Porto…”, constam as seguin-tes visitas: 28/03/2015—Concentração às 10 horas, em frente à Cadeia da Relação, na Cordoaria, para em seguida percorrer o Largo do Amor de Perdição, a Rua Barbosa de Castro, a Rua das Taipas, a Rua S. Bento da Vitória, a Rua de S. Miguel, a Rua da Vitória, a Rua do Ferraz, a Rua dos Caldeireiros, a Rua das Flores e termi-nar no Largo de S. Domingos. 25/04/2015—Concentração às 10 horas no Jardim de Arca d’Água e em seguida visitar o Jardim de Arca d’Água, a Rua de Monsanto, a Rua Sousa Pinto, a Rua Marques Oliveira, o Largo do Carvalhi-do, a Rua 9 de Ju-lho, a Ramada Alta, a Rua N.S. Fátima e terminar na Rotun-da da Boavista. 09/05/2015—Concentração às 10horas no Jardim Passeio Alegre (Foz do Douro), junto ao Chalé Suisso, para seguidamente visi-tar a Rua das Mo-tas, a Rua Padre Luis Cabral, a Espla-nada do Castelo, a Rua da Cerca, o Lar-go Capitão Pinheiro Torres de Meireles, a Rua do Tunel, a Rua Monte da Luz,

a Praça de Liège, a Praça do Império, a Rua da Trinitária, a Rua Bela e terminar na Rua do Passeio Alegre. 23/05/2015 - Concentração às 10 horas no Largo Actor Dias, junto à Muralha Fernandi-na. Seguidamente visitaremos o Largo Actor Dias, a Pr. da Batalha, a Rua da Madeira, o Passeio das Cardosas, a Rua de Trás, a Cor-doaria, o Passeio das Virtudes, a Rua Francis-co Rocha Soares, as Escadas do Caminho No-vo, a Alfândega, o Muro dos Bacalhoeiros e terminaremos no Largo da Ribeira. No fim do passeio os participantes interes-sados terão possibilidade de almoçar num restaurante típico na zona histórica da cida-de.

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Passeio a Torre de Moncorvo

No dia 28 de Fevereiro de 2015, visitamos Torre de Moncorvo, no nordeste transmon-tano. A visita incluiu também um vislumbre das amendoeiras em flor e uma passagem por Vila Nova de Foz Côa. Este passeio, que teve a participação de cer-ca de 70 Colegas e Familiares, começou com a receção no Centro Multimédia de Torre de Moncorvo onde o vice-presidente da respetiva Câmara nos presenteou com um “Porto de Hon-ra” e nos dirigiu al-gumas palavras elo-giosas pela nossa excelente escolha de Torre de Moncorvo para uma visita cul-tural e gastronómi-ca. Na ocasião a De-legação Norte da Anac ofereceu ao Sr. Vice-Presidente uma placa alusiva à visita da Anac àquela loca-

lidade. Em Torre de Moncorvo tivemos opor-tunidade de visitar o Museu do Ferro, a Igreja Matriz, o Museu da Fotografia, a Casa da Ro-da e o Centro Histórico, sendo sempre acom-panhados por técnicas do Turismo de Torre de Moncorvo. O almoço, tipicamente trans-montano, teve também a participação de convidados, nomeadamente o Sr. Vice-Presidente da Câmara.

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Passeio a Avanca, Bairrada e Aveiro

No dia 21 de Março a Delegação Norte reali-zou um passeio a Avanca, Mealhada e Aveiro. Foi um passeio com uma acentuada vertente cultural e gastronómica. Da parte da manhã visitamos a Casa Museu Egas Moniz, em Avanca, que nos permitiu conhecer melhor esse insigne neurologista, escritor e político,

que foi o primeiro português a receber um prémio Nobel. Após o almoço, que decorreu na Mealhada e constou essencialmente de “Leitão assado à Bairrada”, fomos visitar o Museu e Convento de Santa Joana-Princesa, em Aveiro. Museu grandioso com um enorme espólio de arte sacra. O passeio terminou com uma breve incursão nos “ovos moles” na cidade de Aveiro.

Um pouco de história

Sobre Egas Moniz

EGAS MONIZ (António Caetano de Abreu

Freire), nasceu em Avanca em 29 de No-

vembro de 1874 e faleceu em Lisboa a 13

de Dezembro de 1955. Frequentou a instru-

ção Primária em Pardilhó, cursou os estu-

dos liceais no Colégio de S. Fiel dos Jesuítas

e os últimos anos no liceu de Viseu.

Após os preparatórios de Medicina em Co-

imbra desde 1891, matriculou-se em 1894

na respetiva Faculdade. Terminado o curso

em 1899, doutorou-se em Medicina em 14

de Julho de 1902 e a partir de 1903 foi Pro-

fessor Catedrático na mesma Faculdade

(Anatomia, Fisiologia e mais tarde Patologia

Geral).

Ainda em Coimbra cultivou a Neurologia,

estimulado pelo seu notável Mestre Augus-

to Rocha, um dos raros empreendedores da

pesquisa laboratorial na Faculdade de Co-

imbra. Foi em França, que procurou fazer a

sua formação neurológica. Trabalhou pri-

meiro em Bordéus com Pitres e Abadie e

mais tarde, em Psiquiatria com Régis. Em

Paris, aprendeu com os grandes Neurologis-

tas do tempo, Raymond, Pierre Marie, De-

gérine e Babinski.

Em 1911, foi transferido para Lisboa para

ocupar a cadeira de Neurologia então cria-

da pela República, cujo ensino era pela pri-

meira vez instituído. Como Professor pelas

suas qualidades reforçadas com a aprendi-

zagem com os Mestres Franceses, Egas

Moniz sempre soube aliar a faculdade e as

elegâncias verbais com o seu espírito crítico

e realista.

Nesta faculdade, que dirigiu durante algum

tempo, dedicou-se também a trabalhos de

pesquisa da Angiografia Cerebral e da Leu-

cotomia Pré-Frontal, cuja descoberta o tor-

nou mundialmente conhecido. Isso propor-

cionou-lhe a entrada na Academia de Ciên-

cias de Lisboa e fê-lo sócio de diversas Aca-

demias Estrangeiras, nomeadamente de

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Paris, Madrid, Rio de Janeiro, Estrasburgo,

Buenos Aires, Nova York e Lyon. Como Pro-

fessor, Egas Moniz foi uma personalidade

forte em todos os campos onde atuou, as

qualidades de clareza e decisão, desas-

sombro e arrogância que revelou nos seus

trabalhos científicos. Marcaram também a

sua atuação na vida política, durante o pri-

meiro quartel do século XX, ou seja durante

os últimos anos da Monarquia e vigência

da primeira República. Foi por isso Deputa-

do de várias Legislaturas entre 1903 e

1917, Ministro de Portugal em Madrid em

1917, Ministro dos Negócios Estrangeiros

entre 1917-1918 e foi

igualmente o primeiro Pre-

sidente da Delegação Por-

tuguesa à Conferência da

Paz em 1918, onde con-

seguiu reatar as relações

entre a Santa Sé e Portu-

gal, que haviam sido inter-

rompidas em consequên-

cia da Lei da Separação.

Democrata íntegro, sem-

pre ergueu voz contra as

prepotências abominando

frontalmente todas as for-

mas de Ditaduras, o que

em certas fases da sua

vida lhe acarretou graves

e deploráveis desconsiderações. No entan-

to após instaurado o Fascismo em 1926,

afastou-se decisivamente da política e reco-

lheu-se ao seu labor de Cientista. Para uma

melhor avaliação da sua capacidade cria-

dora e do labor científico em que foi ímpar,

há que evocar o ambiente intelectual do

seu meio e da sua época, bem como o es-

tado da Medicina de então. No país mani-

festava-se um pungente atraso da ciência e

tecnologia, grassava o marasmo científico,

sendo excecionais entre nós os que produ-

ziam um trabalho original. Rareavam os

mais elementares meios de trabalho e não

existia qualquer planificação e investiga-

ção. No entanto, o insigne Mestre porque

era um inconformista em relação aos con-

ceitos vigentes, não cruzou os braços sobre

o imobilismo e em Junho de 1927 a Angio-

grafia Cerebral era uma realidade. Este no-

vo método foi concebido com o fim de for-

necer aos Neurologistas um auxiliar de in-

vestigação clínica principalmente no estudo

das neoplasias. Acerca dela diz-nos Egas

Moniz:

"Quando em Junho de 1927, consegui ver

pela primeira vez ao raio x as artérias do

cérebro, através dos ossos espessos do

crânio, tive um dos maiores deslumbramen-

tos da minha vida". Depois dos êxitos diag-

nósticos da Angiografia e dos progressos

consequentes da Neurologia, outro territó-

rio mais vasto e difícil se desenhou no espí-

rito de Egas Moniz, que curioso pelo desco-

nhecido e ávido por desbravar novos domí-

nios iniciou os seus estudos das "doenças

mentais". Em 1935 era a descoberta da

Leucotomia Pré-Frontal, que

consistia em cortar a subs-

tância branca dos hemisfé-

rios cerebrais, para fazer o

tratamento de certas doen-

ças mentais (como esquizo-

frenia, psicoses, etc.). Para a

realização desta operação

ele próprio criou o

"Leucótomo". Os seus estu-

dos prosseguem e a consa-

gração não se fez esperar

com a atribuição do Prémio

de Oslo em 3 de Setembro

de 1945 e do Prémio Nobel

em 27 de Outubro de 1949.

Em manifestações colaterais

dos seus métodos multiformes revelou-se

notável Orador e Conferencista, Escritor de

estilo aliciante e simples, onde entre tantas

obras "Confidências de um Investigador Ci-

entífico" e a "Nossa Casa", nos convidam a

refletida meditação. Etnógrafo informado,

Biógrafo, Industrial e Colecionador de Arte,

sendo testemunho dos seus merecimentos

neste domínio, a Casa Museu de que é pa-

trono e que quis legar a todos os Portugue-

ses. Em suma, a sua vida mais do que uma

caminhada de triunfo em triunfo, projetou-

se autenticamente numa linha de ascen-

são. Devemos inscrevê-lo na legião dos Sá-

bios, dos Pioneiros, daqueles que passo a

passo, conseguiram de alguma forma modi-

ficar o rumo da História.

Nota: Documento reproduzido do site do Museu Egas Moniz, que poderá ser consultado no seguinte endereço: http://www.casamuseuegasmoniz.com/news.php

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Resposta à Rubrica “Quem é o Autor?”

A resposta à rubrica “Quem é o Autor?” publicada no último boletim da Delegação Norte da Anac, é a seguinte: Zeca Afonso. Os Colegas José Guerra da Silva e António Barata responde-ram corretamente. A eles enviamos os nossos parabéns e agradecimentos pela participação. O Coordenador desta rubrica agradece também ao Colega António Barata as suas palavras elogi-osas e encorajadores. A resposta à rubrica deste número, deverá ser dirigida à Delegação Nor-te da Anac e será divulgada no próximo número deste jornal.

Caldo de Letras

FARPAS DE BOCAS

Se um cravo na escopeta

Dá novo rumo a um povo,

Comprar votos, muita peta,

Podem criar Homem Novo?

Já se vê algo de novo

Neste velhinho país.

Se o juiz não crê no Povo

O Povo julga o juiz.

Três de rabos, dez de bola,

De crimes, publicidade:

Haverá melhor escola

Do que um jornal da cidade?!.

Filho partilhado

Entre mãe e pai,

Telhado em telhado

Hora de ir, não vai.

Espinhela caída

Na ida p´rá escola,

Partilha impingida

No vão da sacola.

Dedo apontado

Para a Assembleia

A um pau mandado

Da sua alcateia.

Fugindo do frio,

Rondando bordéis,

Futuro sombrio:

Rancho nos quartéis?

P´ra defender Gaza,

Síria do Islão,

A quem não tem casa

Lembra a deserção.

Criança vadia,

Dormindo no chão,

Barriga vazia,

Granada na mão.

………………………….

SOBEJAM AS ARMAS

ONDE NÃO HÁ PÃO.

DESTINO: DESERÇÃO?

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Quem é o Autor ?

Pobreza e desproteção

A Comissão Europeia comporta-se com Portugal como um médico que após ter receitado a um paciente grandes doses de medicamentos para emagrecer e de ter assegurado que ele os to-mou, ao observá-lo proclama candidamente: estou muito preocupado com a sua magreza. Chega de hipocrisia e irracionalidade! Basta de declarações de governantes (e não só), afirman-do que estamos no bom caminho e melhor do que há quatro anos. A União Europeia não está afetada pelas fragilidades de um ou outro país, mas sim por uma epidemia de brutais políticas de austeridade impostas pelo neoliberalismo fundamentalista reinante, que procura a todo o custo impedir qualquer alternativa e que nos pode conduzir a um grave retrocesso social, cultural e civilizacional. De-zoito dos 28 países da União estão colocados nos quatro patamares de observação face aos seus "desequilíbrios", mas mes-mo outros estão "doentes": a Alemanha, que até vai aos mercados buscar dinheiro com juros negativos, está bloqueada no seu processo de desenvolvimento. As políticas seguidas empo-brecem o nosso país, contudo aí está de novo a Comissão Europeia a clamar contra o salário mínimo nacional, contra a quase moribunda contratação coletiva e a solicitar novos progra-mas de "reformas estruturais ambiciosas". No presente, como bem mostra a situação que a Grécia atravessa, as vias para a saída do ato-leiro são estreitas, mas existem e devem ser prosseguidas: correr com os governos serventu-ários e colaboracionistas, travar e inverter a austeridade, rebentar com as grilhetas da dívida e dos seus custos - as dívidas terão de ser rees-truturadas e é indispensável fazer séria discus-são sobre como permanecer ou como sair do euro -, afirmar como prioritário o combate à pobreza e pela proteção das pessoas, travar as batalhas possíveis para que o dinheiro não fi-que nos circuitos bolsistas e especulativos, ou seja, chegue às pessoas e às empresas que cri-am emprego e produzem bens e serviços úteis. A sociedade portuguesa está muito mais pobre e desprotegida, não apenas porque houve cor-tes brutais na proteção social, mas também porque a economia foi destruída e/ou reestru-turada para ser entregue aos interesses associa-dos aos nossos credores, porque quase 1/7 da

população ativa, e nela uma grande parte da nossa melhor geração, teve de emigrar, porque se destruiu emprego, porque se impôs uma brutal transferência de rendimentos do traba-lho para o capital, sem qualquer ganho direto ou indireto na criação de emprego. Oficialmente temos 389 mil desempregados sem subsídio de desemprego e dezenas de mi-lhares de "desencorajados". Tudo tem de ser feito para se criar emprego, pois só essa via po-derá resolver o problema. Os subsídios de de-semprego e outras prestações são direitos fun-damentais e a sua reposição significa milhares de milhões de euros por ano. Cerca de 27% da população está em situação de pobreza. É uma vergonha e um drama. As afirmações à Robin

dos Bosques de Passos Coe-lho quanto aos sacrifícios feitos pelos portugueses são desmentidas pela Comissão Europeia, quando esta decla-ra que o corte nos apoios

sociais "afetou desproporcionalmente os mais pobres" e que as famílias com crianças foram "particularmente afetadas pela pobreza e exclu-são social". O país precisa de uma política que articule o combate à pobreza, com fortes medidas de cri-ação de emprego digno e sustentado, com uma muito mais justa distribuição da riqueza. As po-líticas e práticas de solidariedade que respon-dem a carências gritantes são necessárias, mas o país não pode ter um sistema de proteção social assente estrategicamente no assistencia-lismo de emergência e até no fazer da pobreza um negócio. Como se demonstra num estudo do Observató-rio sobre Crises e Alternativas 1 , o Estado social está a ser perigosamente reconfigurado em no-me de uma pretensa contenção da despesa pú-blica. O Governo está sub-repticiamente a criar um outro sistema de proteção social que estig-matiza os desempregados e todos os que ne-cessitam de mais proteção, transporta mais en-cargos para as famílias, retira os direitos às pes-soas, que coloca na dependência da estratégia e da ação de organizações não-governamentais a prestação de direitos fundamentais que cabe ao Estado garantir. É preciso encetar um profundo debate para que a pobreza e a desproteção não continuem a aprofundar-se.

...Oficialmente temos 389 mil desempregados sem subsídio de desemprego...

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Segundo a mitologia grega, Pandora foi a 1.ª mulher criada pelos deuses para ser oferecida ao 1.º homem: Epitemeu. Pan-dora trazia com ela um presente, uma cai-xa que, por fora era muito bonita, vistosa e atraente. Os deuses denominaram-na "a caixa da felicidade". No entanto Zeus, pôs como condição que esta caixa nunca deve-ria ser aberta, sob pretexto algum. Mas Pandora não resistiu e abriu a caixa, esca-pando-se dela todos os males da humani-dade: seres vivos alados, que a partir daí andam a vaguear pelo mundo e são a cau-sa de todos os danos que, ao longo dos tempos, têm atormentado os homens. Aconteceu que Pandora, ao fechar apres-sadamente a caixa, um dos males não con-seguiu escapar-se cá para fora, ficando lá dentro encerrado para sempre. Esse mal que não conseguiu sair da caixa é a ESPE-RANÇA. É que Zeus, rei dos deuses, queria que o homem, mesmo por muito atormentado que fosse pelos outros males, todavia não rejeitasse a vida, mas continuasse sempre a deixar-se atormentar, na esperança que algum dia os seus tormentos tivessem um fim. É pois a esperança que prende o ho-mem à vida. Este é, na verdade, o pior dos males, pois prolonga o tormento dos ho-

mens. Como diz o ditado, “a esperança é a última coisa a morrer”. Como todos os mitos da Grécia antiga, também este simboliza um aspeto muito importante da realidade inerente à condi-ção humana. O que acima se descreve é a animação deste mito. Agora, a sua interpretação: O homem vive toda a sua vida correndo atrás de ilusões, as quais vai perdendo, sucessivamente, uma após outra. Há no entanto uma ilusão que persiste sempre na sua alma e à qual o homem se agarra até ao limite do desespero. Essa ilusão é a da esperança. Ela é o apelo do ser que sentimos dentro de nós, o anseio pela fe-licidade. Mas a vida vai passando, vai-se esgotando em cada dia que passa e a felici-dade não chega. Concluímos então que a esperança é vã, que também não passa de uma ilusão, um sonho que nunca se concretiza. Este é, pois, o pior dos males do homem, porque o mais enganador de todos eles. A conclusão a tirar é a de que o homem,

perdidas todas as ilusões e se não aceita

ser iludido, terá também de ser capaz de

renunciar à esperança. Só que aí, uma

dúvida se lhe irá impor: será possível ao

homem viver sem

esperança? Esta, a

mais pertinente e

mais perturbadora

de todas as ques-

tões filosóficas: Sa-

ber se, mesmo sem

esperança, a vida

valerá ou não a pe-

na, doravante, ser

vivida. A resposta,

será cada um a ter

que a encontrar.

J. G. da Silva

O Mito: "A Caixa de Pandora"

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Longe da fúria consumis-

ta dos grandes centros, é

junto das comunidades

mais pequenas que a

época da Páscoa foi e, de

certa maneira, continua a

ser vivida dentro do espí-

rito cristão que lhe está

subjacente.

Como é sabido, a palavra

páscoa, quer dizer

“passagem” e, com esse

sentido, remonta aos

tempos do êxodo do povo de Israel quando, depois dum longo e cruel cativeiro no Egito,

guiado por Moisés, fugiu através do deserto em demanda da “Terra da Promissão”, concei-

to que a religião cristã adotou, dando-lhe, contudo um significado mais profundo e abran-

gente, pretensamente sintetizado no título deste pequeno apontamento.

Sem grandes divagações teológicas ou pretensões catequéticas, vou tentar proporcionar

os meus queridos amigos uma viagem guiada, (que prometo será muito curta) às celebra-

ções tradicionais das festas da Páscoa na aldeia transmontana onde tive a felicidade de

nascer.

Para compreender minimamente o seu verdadeiro sentido e a sua real dimensão, (não po-

demos esquecer que a celebração da Páscoa é como que o centro e o momento mais alto

da liturgia cristã), teríamos de falar, não apenas da festa da Páscoa, mas sobretudo da épo-

ca da pascal que, em bom rigor, se estende do princípio da quaresma até muito para lá do

dia de Páscoa, o que não posso nem quero fazer, para não faltar à promessa de ser breve.

Passadas as celebrações da entrada gloriosa de Jesus Cristo em Jerusalém no domingo de

Ramos, e depois dos dias de meditação, recolhimento e silêncio da semana santa, em que

se preparava a celebração da ressurreição do Senhor, chegava finalmente o sábado santo,

também conhecido como o dia da vigila pascal.

Ao longo da semana santa, foi cozido o pão de trigo e foram feitos os folares, os económi-

cos, as rosquilhas, as súplicas e os canjatos, (tudo iguarias próprias, e que iguarias, da épo-

ca pascal), foi preparada a igreja com mais esmero e cuidado para a celebração das muitas

solenidades pascais e foram lavandas e alindadas as casas para receber condignamente os

familiares que vinham de longe passar a páscoa com a família e, muito especialmente, a

visita do Senhor ressuscitado no dia da visita pascal.

Não obstante todas as cerimónias da semana santa serem imbuídas dum profundo espírito

cristão, lembremos, entre muitas outras, a celebração da instituição da eucaristia, a ceri-

mónia do lava-pés, a procissão do enterro do Senhor, a devoção da encomendação das

almas e a reconstituição da via- sacra, gravitando tudo à volta da grande celebração da res-

SANTAS PÁSCOAS, ALELUIA, ALELUIA!...

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SANTAS PÁSCOAS, ALELUIA, ALELUIA!...

surreição triunfal de Jesus, que começava na noite de sábado santo, (também chamado o

sábado da aleluia) e se estendia por todo o domingo de Páscoa, acontecimento este so-

bremaneira importante, que S. Paulo classificou como sendo dos mais importantes dog-

mas da fé cristã, afirmando lapidarmente que “ se Cristo não ressuscitou é vã a nossa fé”.

Ao fim da tarde, porque, em sinal de respeito pela morte do Senhor, os sinos não podiam

tocar, os fiéis eram chamados para as cerimónias da vigília pascal, a decorrer na Igreja,

por um grupo de jovens que animadamente percorriam toda a freguesia tocando vigoro-

samente as “matracas”, um instrumento, que só era utilizado neste dia, e que era consti-

tuído por uma tábua de olmo, grossa e bem seca, a que se prendiam as argolas de ferro.

Nesta noite a igreja era demasiadamente pequena para tanta gente, porque ninguém

queria perder cerimónias tão ricas de significado como a bênção do lume novo, dos santos

óleos e, muito especialmente da água baptismal, água que depois era distribuída a todos

os fiéis, que com todo o respeito a levavam piedosamente para com ela abençoar as suas

casas e seus bens, assim como a renovação das suas promessas do baptismo.

Eram cerimónias longas, que para os mais novos se tornavam algo fastidiosas e cansativas,

mas que todos viviam com muita fé e respeito, sempre em função de viver de novo a ale-

gria da ressurreição de Jesus que o celebrante anunciava solenemente à meia-noite can-

tando jubilosamente:

CRISTO RESSUCITOU, ALELUIA, ALELUIA! A que a assistência vibrantemente respondia em

coro, Aleluia, Aleluia!...

Entretanto, os melhores e mais conceituados repicadores dos sinos, com enorme virtuo-

sismo e grande devoção, através da voz timbrada dos enormes sinos de bronze do impo-

nente e altivo campanário, no seu festivo repicar, que se prolongava por toda a noite e

todo o dia de domingo, apenas interrompido durante a celebração das missas da meia-

noite e do domingo, difundiam pelas cercanias a grande mensagem de alegria pela ressur-

reição do Senhor.

À semelhança da noite de Natal, também nesta noite se acendia a grande fogueira no

“Curral Concelho”, um pequeno recinto ao lado da igreja, onde os tocadores dos sinos vi-

nham aquecer-se do frio intenso da madrugada e a juventude passava o resto da noite em

convívio e amena cavaqueira, providenciando a lenha necessária (regra geral surripiada

das rimas feitas às portas ou dos currais mal fechados) para que a fogueira durasse, pelo

menos, até à hora da missa do domingo.

Mas o domingo era, de longe, o grande dia, o grande dia feito pelo Senhor.

No fim da missa solene, o povo em peso incorporava-se na “procissão da aleluia”, que

percorria as principais ruas da freguesia, proclamando a grande notícia da ressurreição. Às

estrofes, retiradas das escrituras e referentes ao evento, proclamadas pelo celebrante,

fazendo transparecer os sentimentos de alegria que lhe inundavam a alma, respondiam

todos, cantando em coro, Aleluia, Aleluia e Aleluia!

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Dada a grande dimensão da aldeia (antes do grande surto de emigração para a França

chegou a ter mais de trezentos fogos e de duas mil pessoas), a visita pascal dividia-se

entre a tarde de domingo e a segunda-feira.

Porque, regra geral, todas as famílias tinham parentes numa ou noutra rua, eram dois

dias de grande corrupio, em que toda a gente almoça a correr, para não faltar ao beijar

do senhor em casa de todos os familiares e amigos, o que, por vezes, em famílias muito

numerosas, gerava situações bem curiosas, como serem os mesmos a beijar a cruz em

mais de meia dúzia de casas seguidas, entrar alguém esbaforido casa dentro e pedir que

o padre botasse de novo a água benta para ele beijar a cruz, ou ver pais a desculpar a

falta de algum dos filhos (regra geral eram tantos que ninguém notava), que por uma

razão ou outra não podia estar, quando, na verdade, andava no baile de roda ou no jogo

do cântaro, os únicos divertimentos da juventude desses tempos, com indisfarçado mal-

estar do pároco e dos seus acompanhantes, já cansados de entrar em tantas casas.

A tarde da páscoa era também sobremaneira importante para os afilhados que, depois

de oferecerem aos padrinhos o ramo benzido no domingo de ramos, iam visitá-los de

novo para de pedir-lhes a bênção e receber deles a prenda da páscoa, a que em Trás-os-

Montes ainda hoje se chama “o folar”, regra geral constituído por alguns biscoitos pró-

prios da quadra, uma rosquilha para as meninas e um canjato para os rapazes, que os

padrinhos com mais posses completavam com alguns trocados ou pequenas peças de

roupa, como um lenço, um par de meias ou até mesmo uma muito cobiçada boina gale-

ga, umas calças novas ou uma camisolinha de lã.

Se bem que vistas à luz da realidade actual, dominada pela fúria consumista sem medi-

da, sem lei nem sentimentos que nos escraviza, estas coisas possam parecer insignifi-

cantes, ou até mesmo ridículas, enquadradas na difícil conjuntura social e económica de

então, tinham um enorme significado e contribuíram durante muitos anos para a felici-

dade e a para a alegria de muitas crianças.

Porque prometi ser breve, hoje ficamos por aqui.

Para toda a grande família da ANAC/PORTO, nesta pascoa de 2015, envio a todos um

enorme “folar de páscoa”, amassado e fermentado com carinho, cozido no calor duma

grande amizade e decorado com os votos mais cordiais e sinceros duma feliz e santa

páscoa.

F. Costa Andrade

(ONE/CPLGSP/MPNSP)

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SANTAS PÁSCOAS, ALELUIA, ALELUIA!...

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“In Memoriam”

Joaquim Ferreira dos Santos

Conde de Ferreira

(nos 150 anos do falecimento – 24/03/1866-24/03/2016)

Rua do Conde de Ferreira

Hospital Conde de Ferreira

«Entre o futuro e o passado, compete-nos a nós Portuenses, planear no presente o futuro, sem todavia esquecer ou destruir memórias que são páginas da nossa história e das quais sempre a Invicta e Leal Cidade do Porto se orgulhou»(1)

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I

(Em memória dum benfeitor do Porto)

Na toponímia e na memória da cidade, estará sempre presente, a do homem que, pela sua for-tuna e disposição de última vontade, ficou, para sempre, como benfeitor, ligado à História da Cidade, da Fraternidade e da Educação.

Mas, para isso, tenho de convidar-vos a recuar aos meados século XIX e perceber o ambiente que se vivia, naquela distante época.

Assim, vamos começar por vos apresentar o cidadão.

II

(nascimento, vida e ambiente nesta época)

JOAQUIM FERREIRA DOS SANTOS, nasceu em Vila Meã (actual lugar de Azevedo, Cam-panhã) então um subúrbio do Porto, em 1 de Outubro de 1782, quinto filho, sendo seus pais lavradores. Faleceu, na sua casa do Bonfim, em 24 de Março de 1866. Estava destinado pelos pais, como saída dum filho que não era o morgado(2) (este era o irmão Manuel; o segundo filho, António, seguiu o sacerdócio)(3), aos estudos eclesiásticos, e, desde tenra idade seguiu os estudos preparatórios de Latim, Lógica e Retórica, visando o sacerdócio. Mas, muito cedo, sentiu o apelo da vida comercial e com honestidade põe o problema aos pais que, concordando com aquele desejo do filho, o enviaram para o Rio de Janeiro, pagando-lhe a passagem a bordo do “Nova Aurora”, que, infelizmente num sítio perigoso para a navega-ção(4) – as pedras da barra do Douro – se afundou com perda de haveres, pois conseguiram sal-var-se a tripulação e passageiros. No Porto trabalhou algum tempo como caixeiro. Mas breve sentiu o apelo brasileiro. De Lisboa, Ferreira dos Santos, embarca para o Rio de Janeiro, tinha 18 anos (em 1800), com carta de recomendação, onde o aguarda um tio rico, que o ajuda no arranque nas suas transac-ções comerciais, ascendendo, pelo “estágio”, a negociante. E inicia a carreira mercantil nos negócios de consignação, o que era frequente nesta época, pois, do Porto, eram-lhe consigna-das mercadorias, por um familiar, Jerónimo Carneiro Geraldes, que o jovem colocava no mer-cado(5) ao melhor preço possível, cobrando uma comissão sobre o produto das vendas, entre

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4% e 6%. Com o resultado da venda e da comissão, carregava produtos brasileiros para Portu-gal, voltando a cobrar comissão, que aquele Jerónimo Carneiro Geraldes, revendia, reavendo as despesas iniciais. Facto que o arguto jovem expande, negociando com a Argentina, particu-larmente Buenos Aires, durante as invasões napoleónicas e a abertura dos portos aos ingleses, o comércio Portugal – Brasil diminuiu, estando interrompido, o que obriga Joaquim Ferreira dos Santos a ter de procurar novos mercados fornecedores. Foi em navio próprio, um brigue que já tinha, que consegue trazer géneros alimentícios e outros, que faltavam no Brasil, em virtude daquela interrupção, tendo sempre compradores interessados. Aliás, nesta altura, a América Latina era um cadinho de transformações e revoluções, muito instável. Casa com Dona Severa Lastra, argentina, em Buenos Aires, senhora detentora de preciosa fortuna, per-mitindo-lhe entrar no meio social burguês. Têm um filho que, pouco depois, falece no Rio de Janeiro. Mas tal enlace não correu bem, pois houve separação do casal e mau relacionamento com a família Lastra e o custo de uma pensão 1000 pesos anuais à ex – mulher. Isto será visível no fim, como diremos mais adiante, após a morte. Mas Ferreira dos Santos, não para, num Brasil, capital dum País – Portugal – (desde 1807, com a ida da família real e do regente, futuro D. João VI, no Rio de Janeiro) e depois, dum Reino Unido, terminando no Rio, capital do novo País sul-americano, Brasil independente, parte à procura de novos rumos. Inicia explorações agrícolas e alarga contactos a Angola, onde estabelece feitorias, em Mo-lembo, porto de pequeno calado, na zona de Cabinda, tendo feito prévia escala em Luanda, onde fez os primeiros contactos comerciais e se tornou correspondente (comissionista) de al-gumas, que lhe vieram a dar bons proventos. Em Molembo trata com o régulo e tem uma atitude, em relação aos carregadores tinham fugi-do e que o aquele queria entregar-lhe como escravos, tendo este ordenado a sua liberdade, o que foi muito bem visto, ao regressar à Corte de D. João VI, no Rio de Janeiro (até pelo forte movimento anti comercio escravo, na Inglaterra, aliada de Portugal, que muito auxiliou o combate ao inimigo, durante as invasões napoleónicas). Na Corte, Ferreira dos Santos, recebe, do rei, o Hábito da Ordem de Cristo, pois “a fama daquela viagem” dera brado em toda a cida-de, facto que, como veremos adiante, muito marcou o futuro Conde de Ferreira. A circulação marítima era muito difícil pelo estado de guerra a que Napoleão levara o mundo e forte presença da armada britânica nos mares, inimiga do imperador. Mas, quer sozinho quer associados a outros comerciantes, porque no Brasil, os “senhores de engenho” pretendiam mão-de-obra escrava (o açúcar dos engenhos tinha muita procura, bem como a aguardente de cana), pelo menos, entre 1816 e 1828, quer em regime de consignação(6), quer por sua conta, os movimentos de escravos foram, respectivamente, 5518 no valor de 876.673$662 reis e de 4196, no valor de 584.886$781 reis, movimentos que Ferreira dos San-tos controlava e geria sentado, na sua casa comercial, estabelecido que estava no Rio de Janei-ro. Mas comerciava com a costa angolana, e os barcos que trariam escravos levavam panos, ferragens, aguardente, pólvora, etc. Tinha ainda investido, na bolsa, através de Londres, em títulos do tesouro de França, Bélgica, Rússia e Espanha, comerciava por grosso até São Paulo e o Norte do Brasil, participou, por razões óbvias, em companhias de seguros marítimos e foi co-fundador de duas. Tinha prédios de rendimento no Rio e duas fazendas, perto da fronteira Argentina, em Iguassú, com enge-nhos de açúcar e mandioca, movidos a água. Entretanto D. Pedro dá o “grito do Ipiranga” e Ferreira dos Santos torna-se súbdito brasilei-ro(7), designado Comendador da Ordem de Cristo, pelo Imperador, quer pela sua devoção a causa liberal, quer por uma dádiva solidária de 10:000$000 reis (dez contos de reis) e outra para auxílio do corpo expedicionário que iria levar ao desembarque, perto do Porto, dos Bra-vos do Mindelo, no valor de 12.000$000 reis (doze contos de réis). Mas os tempos mudavam aceleradamente. Em virtude do tratado entre o Brasil e a Inglaterra de 23 de Novembro de 1826, o trafego de escravos seria proibido aos brasileiros, a partir de 13 de Março de 1830, Ferreira dos Santos, legalista que era, e que abandonara tal comercio escravo, porque, sem seu conhecimento, um antigo comitente, ao que parecia, combinado com um capataz dele, mas à revelia daquele, te-

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ve processos judiciais por violação daquela proibição, tendo gasto grossa maquia(8) para provar a sua inocência, num ambiente de inícios da independência, em que havendo um ressentimen-to contra os comerciantes portugueses, levou a muitos retornos. Regressa a Portugal, chegando a Lisboa em 8 de Setembro de 1832, em plena guerra civil en-tre miguelistas e liberais, não sem graves percalços na entrada da barra, com o quase afunda-mento do barco onde vinha. Escreve ao irmão Padre António Ferreira Martins, pedindo-lhe que vá reverenciar Dom Pedro, Regente em nome da filha Dona Maria, e subscreva o emprés-timo de 9 de Agosto de 1833, para sustentar as despesas de guerra dos liberais. Terminada a guerra civil com a vitória da bandeira azul e branca, vai viver para o Porto, logo após o cerco, com um clima de instabilidade pelas “quadrilhas de gente desmoralizada”(9)

Mas as mudanças eram rápidas; como se pode ver a seguir, com a transcrição dum importante diploma, de Rodrigo de Sá Nogueira, marquês de Sá da Bandeira, evidente sinal dos tempos, no sentido abolicionista que Portugal teve, desde Pombal(10):

SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS. SENHORA! A civilização da África tem sido nestes últimos tempos o pensamento querido dos sábios e dos filantropos, e não menos o desvelado cuidado dos principais governos que, no antigo e no no-vo Continente, marcham à testa do progresso, e promovem o melhoramento da espécie huma-na; enquanto Portugal, que durante séculos havia trabalhado nesta grande obra, hoje, em vez de a promover, lhe põe obstáculos. O primeiro título que os nossos grandes reis, augustos avós de V. M., acrescentaram ao de Rei de Portugal, foi o de – além-mar em África, e o de Senhores de Guiné. Empunhadas pelas mãos de nossos navegadores, dirigidas pela atrevida ciência de nossos astrónomos, as Quinas Portuguesas, que desta extremidade da Europa saíram para conquistar e civilizar, primeiro fo-ram mostrar-se nos mares de Ceuta, logo, passado o tremendo cabo Bojador, não tardaram a ganhar as férteis regiões que rega o Senegal, o Gâmbia, e o Zaire; donde, descendo e dobran-do o Cabo Tormentório, passaram a descobrir a costa oriental da imensa península Africana, em cujo litoral fundaram feitorias, construíram fortes, e conquistaram povos. Sobre vários feitos de África como em tantos outros, os Portugueses têm sido caluniados por historiadores modernos, que representaram nossos guerreiros e navegadores traficando com a espada na mão dos haveres e das vidas das Nações descobertas. E todavia, não há um só docu-mento em toda a primeira época de nossos descobrimentos, que não prove que o principal, e quase único intuito do governo português era a civilização dos povos pelo meio do Evange-lho: O comércio foi secundário, posto que meio civilizador também; e a dominação foi uma necessidade consecutiva, não um objecto. Os erros de doutrina religiosa, e o vício das medidas políticas, eram do século, não dos ho-mens. A Índia primeiro, depois o Brasil fez-nos deixar a África, nosso mais natural campo de traba-lhos. Mas a colonização do Brasil, e a exploração de suas minas; e bem depressa o interesse de todas as outras potências que houveram o seu quinhão da América, foram os maiores ini-migos da civilização da África, que nós sós, e com tanto sacrifício de vidas e fazendas havía-mos começado. O infame tráfico dos negros é certamente uma nódoa indelével na história das Nações moder-nas; mas não fomos nós os principais, nem os únicos, nem os piores réus. Cúmplices, que de-pois nos arguiram tanto, pecaram mais, e mais feiamente. Emendar pois o mal feito, impedir que mais se não faça, é dever da honra portuguesa, e é do interesse da Coroa de vossa majes-tade, porque os Domínios que possuímos naquela parte do Mundo são ainda os mais vastos, importantes e valiosos que nenhuma Nação Europeia possui na África Austral. Para os avaliarmos não devemos só considerar o que actualmente são, mas o de que são sus-ceptíveis. O estado em que se acham é devido não só ao mau Governo que tem tido a Metró-pole, mas a este ter prestado a sua atenção quase exclusivamente ao Brasil. Os naturais da África foram aprisionados e transportados além do Atlântico para tornarem rico um imenso país cujos habitantes se recusavam à civilização. Lê-se numa memória antiga, que houve tempo em que na ilha de S. Tomé existiram dezassete engenhos de açúcar, que o gover-no de Portugal mandou destruir para não prejudicarem a cultura da cana que naquele tempo

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promovia no Brasil! Em nossas províncias africanas existem ricas minas de ouro, cobre, ferro, e pedras preciosas: ali podemos cultivar tudo quanto se cultiva na América: possuímos terras da maior fertilidade nas ilhas de Cabo Verde, em Guiné, Angola e Moçambique: grandes rios navegáveis fertili-zam algumas das nossas províncias, e facilitam o seu comércio; naqueles vastos territórios poderemos cultivar em grande a cana do açúcar, o arroz, anil, algodão café e cacau; numa pa-lavra todos os géneros chamados coloniais, e todas as plantas das Molucas, e de Ceilão, que produzem as especiarias; em tal abundância, que não somente bastem ao consumo de Portu-gal, mas que possam ser exportados em muito grandes quantidades para os outros mercados da Europa, e por menores preços que os da América visto que o cultivador Africano não será obrigado a buscar, e a comprar trabalhadores, transportados da outra banda do Atlântico, co-mo acontece ao cultivador brasileiro, que paga por alto preço, aumentado ainda pelo risco do contrabando, os escravos que emprega. Promovamos na África a colonização dos Europeus, o desenvolvimento da sua indústria, o emprego de seus capitais; e numa curta série de anos tiraremos os grandes resultados que ou-trora ora obtivemos das nossas colónias. Mas para isto é necessário que reformemos inteiramente as nossas leis coloniais. Se pelo resultado se pode julgar o sistema duma Legislação, nenhuma poderá ser pior do que a das nossas possessões: séculos têm decorrido depois que se acham no domínio português, e pouco diferentes estão em civilização do que eram no tempo da conquista, enquanto, como contraste, a vizinha Colónia do Cabo de Boa Esperança em muito menos tempo tem crescido rapidamente em população branca, e em riqueza. A glória de continuar a grande empresa começada pelo senhor D. João II estava reservada a vossa majestade. A civilização de África de que tantas nações poderosas têm desesperado, é mais possível à rainha de Portugal, que em suas mãos tem as chave das principais portas por onde ela pode entrar e cuja autoridade é obedecida em vários pontos do interior daquele vasto continente, que se acham situados a mais de duzentas léguas do mar. E assim como foi possí-vel aos soberanos de Portugal abrir estradas para a civilização, que nenhum outro príncipe ou-sou fazer cometer, ser-lhes-á também possível aclimatizar, e fazer prosperar naquelas regiões esta planta benéfica. Como preliminar indispensável de todas as providências, que para este grande fim, de acordo com as Cortes Gerais da Nação, vossa majestade não deixará de dar em sua alta sabedoria, religião, e humanidade, os seus secretários de Estado têm hoje a honra de propor a vossa ma-jestade, no seguinte projecto de decreto, a inteira e completa abolição do tráfico da escravatu-ra nos domínios portugueses.

Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros, em 10 de Dezembro de 1836. = (Assinados) Visconde de Sá da Bandeira. = António Manuel Lopes Vieira de Castro. = Manuel da Silva Passos.

Tomando em consideração o Relatório dos secretários de Estado das diferentes Repartições, Hei por bem Decretar o seguinte:

Artigo 1.º Fica proibida a exportação de escravos, seja por mar ou por terra, em todos os Domínios Por-tugueses, sem excepção, quer sejam situados ao norte, quer ao sul do equador, desde o dia em que na Capital de cada um dos ditos Domínios for publicado o presente Decreto.

Artigo 2.º E do mesmo modo proibida a importação de escravos feita por mar, sob qualquer pretexto que se pretenda fazer. § único. Todo o escravo que for importado par terra deverá ser competentemente manifestado à sua chegada ao Território Português.

Artigo 3.º É exceptuada das regras estabelecidas nos Artigos 1.º, e 2.º a exportação e importação dos es-cravos feita por um Colono, quer nacional, quer estrangeiro, que de uma parte dos Domínios

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Portugueses em África for estabelecer-se em outra parte dos mesmos Domínios no Continen-te, ou Ilhas Africanas. §. Único. É do mesmo modo exceptuada da regra estabelecida no Artigo 2.º a importação de escravos por mar feita por um Colono, quer nacional, quer estrangeiro, que de qualquer país não sujeito à Minha Coroa vier estabelecer-se em algum dos Domínios dela em África. (...)

(….) Artigo 25.º

O presente Decreto será publicado na forma do costume pelos Governadores dos Domínios Ultramarinos, logo que por eles for recebido; mas dando além disso um exemplar dele a cada uma das Câmaras Municipais respectivas Alfândegas, e aos Juízes de Direito. §. único. Pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros serão remetidos exemplares do presente Decreto às Legações, e Agências Consulares de Portugal em todos os países Estrangeiros.

Os Secretários de Estado das diferentes Repartições assim o tenham entendido e façam execu-tar. Palácio das Necessidades, em dez de Dezembro de mil, oitocentos trinta e seis. = RAINHA. = Visconde de Sá da Bandeira. = António Manuel Lopes Vieira de Castro. = Manuel da Silva Passos.

[Anexo] Relação dos objectos, que sendo achados a bordo de qualquer Navio, se devem considerar co-mo indícios de, que ele se destina ao tráfico de escravos, e o tornam sujeito às disposições do Decreto de 10 de Dezembro de 1836, de que esta mesma Relação faz parte. 1.º Escotilhas com grades libertas, em vez de serem fechadas segundo é prática nos Navios mercantes. 2.º Repartimentos, Coberta corrida, ou separações em maior numero do que é costume, ou ne-cessário nos Navios que fazem o Comércio lícito. 3.º Tábuas aparelhadas para formar uma segunda Coberta, conforme praticam os Navios de escravatura. 4.º Gargalheiras, algemas, anjinhos, ou Cadeias. 5.º Maior quantidade de água em pipas ou tanques, do que a necessária para o consumo da equipagem de um Navio mercante. 6.º Uma quantidade extraordinária de pipas ou barris para conter líquidos, uma vez que o Ca-pitão não possa apresentar Certidão da Alfândega onde despachou, mostrando que os donos do Navio prestaram fiança, e que essas pipas ou barris são destinados para azeite de palma ou de peixe, ou para qualquer outro Comércio lícito. 7.º Maior quantidade de celhas, gamelas, ou bandejas para rancho, do que as necessárias para uso da equipagem de um Navio mercante. 8.º Uma Caldeira de maior dimensão do que a usual, e maior do que aliás seria necessário para uso da equipagem; ou diversas Caldeiras em maior número do que as necessárias para este efeito. 9.º Uma quantidade extraordinária de arroz, feijão, carne e peixe salgado, farinha de pão, mandioca, milho, ou farinhas de qualquer espécie além da que posa ser necessária para o sus-tento da equipagem, quando qualquer destes objectos não faça parte da carga, e como tal se ache no Manifesto.

Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros em 10 de Dezembro de 1836. = (Assinado) = Visconde de Sá da Bandeira.

Sintonizado com as rápidas mudanças(11) e num clima de evolução liberal tranquila, Ferreira dos Santos continuará sempre fiel a Dom Pedro, quer pelo que havia feito no Brasil, quer a Carta Constitucional que outorgara a Portugal em 1826. O mesmo se diga ao apoio que dedi-cava ao filho deste, o Imperador do Brasil, D. Pedro II, uns anos mais tarde, pese embora já distante, pois residia em Portugal, visível na correspondência que mantinha com antigos cor-respondentes no Brasil.

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Daí que, quando foi decidido levantar um monumento ao desembarque dos “Bravos do Min-delo”, em Arnosa de Pampelido, Ferreira dos Santos ofereceu 100$000 reis, dando mais 500$000 reis para o futuro monumento, a estátua equestre de Dom Pedro IV, no Porto, que foi depois inaugurada na Praça da Liberdade. Ora, vindo Costa Cabral ao Porto, e, segue logo a visitar os restos mortais de D. Pedro, na Igreja da Lapa, não admira que em 27 de Janeiro de 1842, juntamente com as autoridades ci-vis e militares, se formasse uma Junta Governativa Provisória, e, num pronunciamento, “em nome da rainha Dona Maria II”, o povo e tropa reunidos na Praça D. Pedro, aclamam a restau-ração da Carta e declaram revogada a Constituição de 1838, “ao som de foguetes e repiques”. Recorde-se que o setembrismo e o radicalismo arsenalista, tinha prejudicado – e muito – o comércio, particularmente, entre Portugal – Brasil. Joaquim Ferreira dos Santos defendeu fervorosamente a causa de Dona Maria II e da Carta Constitucional, tendo contribuído financeiramente para o pai, regente, e depois para ela pró-pria. Além de que, com grossos cabedais conseguidos no Brasil e Africa, investe na Companhia das Lezírias do Tejo e participa no capital do Banco Comercial do Porto, entra no negócio de vi-nhos e vende para os mercados tradicionais, Inglaterra em primeiro lugar, Ferreira dos Santos tinha todo o fervor pela Carta Constitucional e por Dom Pedro e, agora, pela estabilidade, que Costa Cabral assegurava, e daí ser designado presidente da Comissão do Tesouro da Junta, pondo ao dispor os seus cabedais próprios(12). Investe, como accionista, em Companhias, duma burguesia liberal em ascensão, apostando da Companhia dos Canais de Azambuja, de Obras Públicas e a “revolução” da do Gás Lisbonense. Reconhecido, e após alguns incidentes com a nobreza antiga ou de linhagem (Ferreira dos Santos foi um comerciante de sucesso, de origem humilde), é designado Par do Reino(13), sendo que mais tarde, já Barão (07/10/1842) e depois Visconde (21/06/1843) e Conde de Ferreira, em 6 de Agosto de 1850, entrando, como nova nobreza, na Câmara dos Pares, que era com-posta de «…Membros vitalícios e hereditários, nomeados pelo Rei, e sem numero fixo.» - conforme ao artigo 39º da Carta Constitucional de 1826, versão então vigente. Era uma segun-da Câmara, de reflexão e poderes especiais, que juntamente com os Deputados, formavam as Cortes – artigo 14º da Carta. Comendador de Nossa Senhora da Conceição, de Vila Viçosa é agraciado com a Grã-Cruz de Isabel a Católica, por Espanha. Iniciada a Regeneração, com o afastamento de Costa Cabral do poder, vai perdendo interesse (senão esporádico e sem grande reflexo) na vida politica(14); mas comerciante até à raiz dos ca-belos visita diariamente o Palácio da Bolsa, sabendo notícias e cotações. Ia na sua caleche, puxada a mulas, com um cocheiro idoso, o Varela. Onde morava o Conde de Ferreira? Como dissemos na nota (1), a casa agrícola onde morou e faleceu, até a sua demolição nos anos 90 do século XX, para construir a Via Cintura Interna, era um dos raros exemplares das antigas quintas, que nos séculos XVII e XVIII, envolviam a cidade do Porto. Recordamos que os fidalgos não podiam residir nem pernoitar no Porto, mais que 3 dias, conforme os direitos dos burgueses, de 1339, de modo a mercarem livremente e sem influências, que, recordemos, apoiaram activa e eficazmente o Mestre de Aviz, na crise de 1383-1385, e mais tarde, na ar-mada e logística para a conquista de Ceuta, em 1415. Direito este que se foi esbatendo com os tempos, mas que a geografia denota. Apesar de várias vozes terem defendido a preservação desta rara peça, onde estava um lagar monolítico, o maior de Campanhã, 2,85m X 1,64mX 0,90m, com a capacidade para cinco pi-pas, ou seja, 2.500 litros(15). Além do original manuscrito daquele discurso, nunca pronunciado na Câmara dos Pares, encaixilhado na sala de estar. Lá residiam os quatro sobrinhos, em terceira geração, do Conde de Ferreira, Isabel, António, José e Rosa, com 91, 87, 80 e 75 anos, à data destas diligências (1992) – Tal & Qual, de 3/10/1992, p. 17, titulo «daqui não saímos», em letra gorda. Nota «eles estão agarrados à casa do tetravô.» O repórter deste jornal termina o artigo, citando Pinho Leal, no Dicionário Histó-rico de 1874, que, pelo seu interesse, se transcreve: “ O Conde de Ferreira está à frente de todos os varões portugueses que têm sido benfeitores

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da humanidade e o seu nome irá, de geração em geração, cercado de uma auréola de glória, até ao fim das idades”. Conclui o jornalista: “ Pelos vistos bastou um século para a auréola se desvanecer.” Foi expropriada e depois demolida.

III (Feitura do testamento em final de vida e abertura solene após morte(16))

Mas, Joaquim Ferreira dos Santos ali vivia, quando pediu a Domingos de Almeida Ribeiro, “por eu agora não poder escrever”, e portanto, a seu rogo, escrevesse a “determinação da mi-nha ultima vontade”,“ o qual depois de escripta ma leu, e eu a achei conforme a tinha ditado”, Porto, em quinze de Março de mil oitocentos e sessenta e seis. Este testamento do Conde de Ferreira foi aprovado, de acordo com o regime legal então vigente das Ordenações Filipinas(17), em 16 de Março de 1866 (ou seja, oito dias antes de falecer), por “publico instrumento d’approvação de testamento (…) em casa do Excellentissimo Joaquim Ferreira dos Santos, Conde de Ferreira, e onde eu tabellião vim, e elle e ahi se achava presente deitado em uma cama com doença, mas em perfeito juízo e entendimento, segundo o meu parecer, e o das tes-temunhas que presentes se achavam previamente convocadas para este acto por parte do tes-tador, a quem comigo reconhecem pelo próprio de que dou fé. Perante as quaes todas juntas por elle Excellentissimo Conde de Ferreira das suas mãos as minhas assignadas este papel, dizendo que era o seu testamento que por não poder escrever, a seu rogo escrevera e assigna-ra Domingos d’Almeida Ribeiro, d’esta cidade, o qual testamento continha quatro additamen-tos, sendo tres escriptos e assignados pelo mesmo escriptor, e uma por mim tabellião, mas todas a rogo d’elle testador, que tudo tinha ouvido ler, e achado à sua vontade, conforme ha-via dictado, me pedia lho approvasse para sua inteira validade, e que por este revogava quaisquer outros que tenha feito, e pedia de mercê às Justiças de Sua Magestade a quem o seu conhecimento pertencer o fação dar à devida execução. Perguntando-lhe eu tabellião, perante as mesmas testemunhas se com effeito n’este papel se continha o seu testamento, e se o havia por seu, bom, firme e valiozo, me respondeu que sim, que n’este papel se continha o seu testamento, e que o havia por seu, bom, firme e valiozo, e queria que se cumprisse tudo n’elle escripto. Concedido por mim tabellião seu requerimento e respostas, e achar o mesmo testamento e quatro additamentos escripto e assignado pelo referido escriptor, e por mim ta-bellião a rogo do testador na forma declarada em quazi nove laudas de papel, até onde prin-cipiei este instrumento d’approvação, sem emenda, borrão, entrelinha, ou cousa que duvida faça, por isso lho approvei e houve por approvação tanto quanto em direito se requer, devo e posto em razão do meu officio de que tudo dou fé, e fiz este instrumento, que depois de lido o afiguro a rogo do testador por não poder escrever por causa de sua moléstia, e lhe pedir e rogar o dito Domingos de Almeida Ribeiro, escriptor do testamento, morador na rua de Santa Catharina, o que elle assim fez e como testemunha, sendo mais a este acto presentes o Excel-lentissimo Conselheiro António José Coelho Louzada, morador na rua de Cedofeita, o Excel-lentissimo Visconde da Penna, morador na rua da bateria da Victoria, Simão Duarte d’Oli-veira, morador na rua dos Clérigos, e José Júlio da Costa, morador na rua Fernandes Tho-maz, todos d’esta cidade, e João da Silva Ferreira, morador aqui visinho, eu João d’Almeida Pinto e Silva, tabellião que o escrevi, e assigno em publico e raso = Lugar do signal publico = Em fé de verdade João d’Almeida Pinto e Silva = A rogo do testador por elle não poder escrever, e mo rogar, Domingos d’Almeida Ribeiro. Como testemunha conselheiro Doutor António José Coelho Louzada. Como testemunha, Visconde da Penna; como testemunha Si-mão Duarte d’Oliveira; como testemunha José Júlio da Costa; como testemunha João da Sil-va Ferreira. Suscripto. Testamento do Excellentissimo Conde de Ferreira morador na rua e freguesia do Bonfim desta Cidade, approvado e fechado, cosido e lacrado na forma da lei, e estillo, no Porto em dezasseis de Março de mil oitocentos e sessenta e seis, por mim tabellião João d’Almeida Pinto da Silva = Termo d’abertura = Aos vinte e quatro dias do mez de Mar-ço de mil oitocentos e sessenta e seis, n’esta Cidade do Porto, morada do finado Conde de Ferreira, Joaquim Ferreira dos Santos, morador n’esta freguezia do Bonfim, numero quatro-centos, aliás onde eu escrivão da regedoria compareci, juntamente com o Senhor regedor da mesma freguezia João Jorge Marques Malta, pelas onze horas e meia da manham, do supra mencionado dia, ahi me foi apresentado perante as testemunhas adiante afiguradas, e pelo

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Senhor Manuel Joaquim d’Araujo Costa, um dos directores do Banco Commercial d’esta Ci-dade, que tinha sido mandado guardar pelo fallecido este testamento, cosido e fechado, e la-crado com dois pingos de lacre, ao qual falecendo o dito senhor (…), vem presa as linhas com que estava cosido, verificou-se, conter o mesmo oito laudas de papel, das quaes se acha-vão cinco e meia escriptas e duas e meia em branco, no principio das quaes de pois de rubri-cadas e numeradas todas ellas, sem se encontrar em qualquer das mesmas, vícios, borrão, entrelinha, ou cousa alguma que duvida fizesse, passei a fazer o presente instrumento o qual depois de escripto e lido perante todos foi assignado pelo dito senhor regedor, testemunhas presentes, o conselheiro Illustríssimo e Excellentissimo Senhor António Jose Coelho Louzada e Manoel Joaquim d’Araujo e Costa, o primeiro morador na rua de Cedofeita e o segundo no largo do Veriato, e por mim escrivão João Dias Souto, que o escrevi. João Jorge Marquez de Malta, como testemunha. Doutor António José Coelho Louzada, Manoel Joaquim d’Araujo Costa. Verba do Sello Numero dois mil quinhentos e quinze. Pagou tres mi e duzentos reis de sello. Porto dezassete de Março de mil oitocentos e sessenta e seis. Ribeiro Perry Castro. E mais não continha o dito testamento que fielmente e na verdade aqui fiz registar do papeis a que me reporto, em poder do appresentante, a quem entreguei e de como recebeu vai assig-nar. Porto e Administração do primeiro Bairro cinco d’Abril de mil oitocentos e setenta e dois. Eu Miguel Joaquim da Silva Leal, escrivão, o subscrevi. J.G. da Graça »

IV (O testamento e seus benefícios solidários para o Porto, a medicina e a educação)

As primeiras palavras do Conde de Ferreira, na disposição de ultima vontade, e como era do estilo, em nome da Santíssima Trindade, dispõe sobre sepultura e mortalha. Esta deveria ser «no habito de cavalleiro da Ordem de Christo, e sepultado em jazigo próprio no Cimiterio da Ordem Terceira da Santíssima Trindade e com officio de corpo presente, e se diga um tridus geral de missas d’esmola de quatrocentos e oitenta reis cada uma por minha alma e por alma de meus paes, parentes, amigos, conhecidos e desconhecidos (…) e um suf-fragii por todos os membros da Igreja Purgante. Declaro que sou viúvo de Dona Severa Las-tra, de quem sou herdeiro beneficiario segundo a lei do Estado de Buenos Ayres promulgada em vinte e dois de Maio de mil oitocentos e cinquenta e septe, cuja herança se acha em poder de José Lastra (..)», ou seja, aqui o Conde de Ferreira demonstra o seu alheamento em rela-ção à herança de sua falecida esposa e não tendo nem ascendentes nem descendentes legíti-mos, acordou no processo de inventario que correu em Buenos Aires, que a herança dela fi-casse entregue, com direitos e obrigações, ao administrador dessa herança e procurador dele, José Lastra e por sua morte, para os herdeiros deste. Deixou à Santa Casa da Misericórdia do Porto 20:000$000 reis (vinte contos de reis), com o encargo mensal de vestir 24 pobres na Missa do dia do aniversário do seu falecimento e uma enfermaria homeopática, outro tanto, o que esta Santa Casa desenvolveu ao longo destes anos todos. Fez outros legados menores. Mas não esqueceu as Irmandades e as Ordens Terceiras do Porto, deixando aos hospitais do Terço e Caridade, a quantia de 10:000$000 reis (dez contos de reis), outro tanto ao da Ordem Terceira da Santíssima Trindade, de São Francisco e de Nossa Senhora do Carmo. Às duas instituições das meninas desamparadas, às órfãs de Nossa Senhora da Graça, ao Asilo das raparigas abandonadas, à Creche, deixou 500$000 reis (quinhentos mil reis) a cada. Dei-xou esta mesma quantia, quer à Irmandade dos Clérigos e à Irmandade de Nossa Senhora da Lapa; idem ao asilo de detenção dos rapazes, sito nas Carvalheiras e ao das mulheres sito no Aljube. Mais deixou ao asilo de mendicidade e ao do Barão de Nova Cintra(18), 1:000$000 reis (um conto de reis). Deixou à infância desvalida e recolhimento das velhinhas, aquela 250$000 reis e a este valores em títulos da divida publica de 500$000 reis. Às Paroquias, de Nossa Se-nhora de Campanhã e do Senhor do Bonfim deixou 500$000 reis a cada uma, às fábricas da Igreja. Não esqueceu a cidade onde tanto trabalhou e viveu, deixando à Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, 2:000$000 reis em moeda fraca corrente naquela praça (era inferior à moe-da portuguesa, embora com a mesma designação), com o encargo anual de vestir 12 pobres no

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dia do seu falecimento. Depois vem a parte de protecção do ensino, numa altura em que Portugal era extremamente deficiente em escolas, legando144:000$000 reis (cento e quarenta e quatro contos de reis) pa-ra construir 120 escolas, conforme se transcreve: «Considerando de que a instrução publica é um elemento essencial para o bem da sociedade, quero que os meus testamenteiros mandem construir e mobilar cento e vinte casas para esco-las primarias d’ambos os sexos nas terras que fazem cabeças de concelho, sendo todas por uma mesma planta, com accomodação para vivenda do professor, não excedendo o custo de cada casa e mobília a quantia d’um conto e duzentos mil reis, e prompta que esteja cada ca-sa, será a mesma entregue à Junta da Parochia em que for construída; mas não mandarão construir mais de duas casas em cada cabeça de concelho, e preferirão aquellas terras que bem entenderem». Vejamos: teremos de dar uma breve ideia intercalar sobre os valores expressos na moeda de então (singular, real; plural: reis - reais, agora no Brasil do século XXI). Por exemplo, nas es-tradas em construção, nesta época, por dia de trabalho (excluindo, pois, os dias de descanso, feriados e Domingos), os serventes ganhavam um tostão - $100 reis – os fiscais $200 reis (dois tostões ou duzentos reis). Um Governador Civil ganhava, 1:000$000 reis (um conto de reis por mês), os juízes de Comarca 400$000 reis (quatrocentos mil reis), por mês e os profes-sores 90$000 reis. Os salários na agricultura variavam em função da época se era homem ou mulher, ou jovem e da procura (colheitas, vindimas, azeitona, etc.), por dia de trabalho(19). Deixou ao Doutor António Corrêa Neves, 14:000$000 reis e a cada uma das suas filhas 2:000$000 reis e a seu filho 96$000 reis. Acrescenta, ainda: «e quero que os meus testamen-teiros aproveitam os serviços do mesmo Doutor António Corrêa das Neves, na execução do meu testamento, abonando-lhe por isso 400$000 reis cada ano, se elle prestar os serviços ne-cessários.» Lega outras verbas a linha dos irmãos, começa pelo Manoel, José (incluindo uma curiosidade jurídica e avançada para a época, deixando um legado às sobrinhas Margarida e Maria, a cada uma, 2:000$000 reis, como bens parafernais, ou seja, numa época de sujeição da mulher ao marido, estes bens podiam ser administrados por estas sem autorização daquele, algo semelhante à que faria a Ferreirinha, 30 anos depois. Deixou a um afilhado residente em Pernambuco, Joaquim Coimbra, 400$000 reis. Aos afilhados não nomeados, que o demons-trassem ser pela certidão de baptismo, em Portugal e no Brasil, 200$000 reis a cada um, sendo os do Brasil, a mesma quantia, em “moeda fraca”. Sublinha-se agora a expressão de fidelidade a Costa Cabral(20), ao dispor: “ Mas à minha afilhada Dona Luiza, filha dos Condes de Thomar, deixo sessenta contos de reis, e seu pae deixo trinta contos de reis.” Não esqueceu a Guarda Municipal que protegeu a sua casa, assumido cabralista, durante as revoltas da Maria da Fonte e da Patuleia, deixando ao Coronel Mosqueira(21), Comandante da Guarda Municipal, 2:000$000 reis. E acrescenta, no seguinte passo (que citamos): «Querendo dar mais uma prova do muito que mereceu a minha approvação a causa que defendem os di-rectores do consultório Homeopathico Portuense por ser a causa da humanidade, deixo aos mesmos directores do consultório Homeopathico Portuense cinco contos de reis nominaes em inscripções, com o encargo de abrirem um consultório à pobresa aos Domingos e dias de guarda, consignando-se no averbamento das inscripções esta mesma condição». Ao cocheiro Varela, que o levava ao Porto, como atrás referido, legou 200$000 reis. E muitos outros legados, sociais, visando trabalhadores e familiares em dificuldades, além do pessoal de casa, a dispenseira, criadas, etc. Mas intitui universal herdeiro o sobrinho António Ferreira dos Santos quanto ao remanescente da fortuna, depois de satisfeitos os legados e a seguinte disposição, de modo que não quero que ele venha a herdar mais de 100:000$000 reis (cem contos de reis). E a seguir dispõe: "Quero que os meus testamenteiros empreguem todo o remanescente da minha fortuna, separando os ditos cem contos para este herdeiro, em construir onde julgarem conveniente, um edifício para hospital d’alienados(22), não devendo gastar no edifício mais d’uma terça parte do remanescente e, acabada a obra e mobilado o hospital, farão entrega à Santa Casa da Misericórdia desta cidade, não só do edifício, mas também dos fundos sobran-tes, previamente empregados em effeitos de crédito público, que farão averbar a favor do hospital, e à mesma Santa Casa prestarão contas da sua gerência com respeito ao remanes-

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cente".

Segue-se a nomeação dos testamenteiros, do seguinte modo: « Nomeio para meus testamentei-ros, inventariantes e liquidadores da minha casa, e executores d’estas minhas determinações a meu sobrinho Antonio Ferreira dos Santos, ao senhor José Gaspar da Graça e ao senhor-Manoel Gualberto Soares, para que as deliberações sejam vencidas com dous votos confor-mes pelo menos, e na falta d’algum dos tres(...), ausencia ou impedimento por mais de quinze dias. Nomeio para substituto o senhor Conselheiro Antonio José Barboza Louzada, pois que-ro que tal testamentaria seja sempre exercida por tres, para o que a Santa Casa da Miseri-cordia nomeará os que forem necessarios na falta ou impedimento dos que são por mim no-meados: com a declaração de que os testamenteiros somente perceberão dous por cento em lugar da vintena, e esses dous por cento serão contados sobre as entregas que fizerem, e em-pregues na forma ordenada, e serão distribuidos pelos intervenientes na execução. Declaro aos meus testamenteiros que deverão pagar a terceira prestação da subscripção que fiz para o assinamento do Senhor Dom Pedro quarto(23), e que não mais devo a inscrição alguma, nem há obrigação alguma assignada por mim. Re-comendo aos mesmos que, se na liquidação da minha fortuna houver uma baixa tão forte de valores que não possa cumprir tudo o que dei-xo determinado, reduzam a menor quantia os legados de maior importancia, mas satisfaçam integralmente os outros legados, e para este effeito autoriso os meus testamenteiros a to-mar este arbitrio, e quero que o que elles fize-rem seja valido e bem feito, como se por mim fôra determinado. Tal é a determinação da minha ultima vontade, que por eu agora não poder escrever, vai escripto a meu rogo por Domingos d’Almeida Ribeiro, o qual depois de escripta ma leu e eu achei conforme eu a tinha dictado.Porto quinze de Março de mil oitocentos e sessenta e seis. Eu que este escrevi a rogo do Excellentissimo testador=Domingos dÁlmeida Ribeiro=.Addendo os legados feitos, deixo à minha afilhada e filha de João Baptista Pereira Leal quinhentos mil reis em lugar dos du-zentos mil reis que estava comprehendida na verba geral, e deixo tambem a David da Silva Ramos igual quantia de quinhentos mil reis. Isto escrevi a rogo do Excellentissimo testa-dor.=Domingos d’Almeida Ribeiro= Continuando o aditamento deixo mais ao Marechal Francisco Infante de Lacerda dous contos de reis. O mesmo escrevi a rogo do Excellentissimo testador = Domingos d’Almeida Ribeiro=. Declaração. Nos dous lugares onde se lê Antonio José Barbosa Louzada deve ler-se Antonio José Coelho Louzada Almeida. Declaro que tendo recebido este testamento da mão do Excellentissimo Conde de Ferreira, por elle me foi dito ser da sua vontade acrescentar aos mais legados acima escriptos os seguintes. Deixo mais aos filhos de Domingos de Almeida Ribeiro, escriptor deste testamento, oitocentos reis, a sa-ber, tres para a filha, um para o filho Manoel, dous para o filho Domingos, e dous para o fi-lho Joaquim. Em todos estes legados succederão uns aos outros legatarios, quando acconteça que algum d’elles faleça seus filhos. E porque este legado ou legados não poderam ser es-criptos pelo testador, por elle me foi rogado, que o escrevesse a seu rogo, o que faço. A rogo do testador por não poder escrever = João d’Almeida Pinto e Silva = Aprovação do testa-mento=. Referida e transcrita na parte III, supra. Além das 120 escolas primárias, de planta única, encimadas pela data da morte deste benemé-rito – vejam, na internet, a Escola do Montijo (antiga Aldeia Galega) preservada e bem tratada – o Hospital do Conde Ferreia, e citando, do estudo dos senhores Dr.s Pedro Teixeira Pereira, Eva Gomes e Olga Martins, “A Alienação no Porto, o Hospital de Alienados do Conde de Ferreira (1883-1908)”, na revista da FLUP, História, III série, volume 6, p. 99/128, o seguinte passo: « Em 1866,a morte de um homem permitiu a sobrevivência de muitos. No dia 24 de Março de 1866, faleceu Joaquim Ferreira dos Santos, Conde de Ferreira. Segundo o notário

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do testamento do benemérito, este “jamais pensara em construir aquele hospital de alienados (...) mas que fora o Rei D. Pedro V quem inspirara ao Conde a sua edificação, isto durante um jantar no Paço portuense”». Embora este nosso texto não fosse senão até ao testamento, a obra aí está e portanto, junta-mente com uma leitura recomendada(24) quisemos dar ao leitor uma ideia da continuidade pelos tempos deste acto em prol da solidariedade e da educação primária. O Conde de Ferreira está sepultado em jazigo próprio, no terreno afecto à Ordem da Trindade, jazigo esse encimado por uma pedra de armas e uma estátua do benemérito, de Soares dos Reis, no cemitério de Agramonte, no Porto.

Fernando Mizarela ANAC nº 1467-1 26/02/2015

Notas: 1 Extraída da carta do sobrinho, em terceira geração, de seu nome José Ferreira dos Santos, de 24/10/1994, lida numa conferência de imprensa, a propósito da intenção de demolir a casa, de tipo rural, onde nascera o tio tetra-vô, para construir a Via de Cintura Interna, isto apesar de alguns técnicos terem apresentado uma alternativa ao trajecto que evitasse tal demolição. Situava-se na antiga Rua de Vila Meã (actual Rua Maurício Ferreira Pinto), em Campanhã, frente ao Largo de Feira da Corujeira; no século XVIII seria parte de Gondomar, subúrbio da cidade do Porto. 2 Ao morgado, era destinada a herança e a lavra do património agrícola dos pais. 3 Os pais, João Ferreira dos Santos e Ana Martins da Luz, haviam casado em19 de Fevereiro de 1772, e tiveram os seguintes filhos: Manuel (01/05/1774), António (02/06/1776), José /05/05/1778), Raimundo (31/03/1780) e Joaquim Ferreira dos Santos (04/10/1782). 4 Que haveria de ficar tristemente famoso, mormente com o naufrágio do vapor “Duque do Porto”, uns anos de-pois, em 29 de Março de 1852, exactamente 43 anos depois do desastre da “Ponte das Barcas”, lembrado, este desastre, ainda hoje, nas “Alminhas da Ponte”, na Ribeira, pois cerca de 4000 almas, que fugiam dos invasores, durante o ataque ao Porto pelas tropas do general Soult, às ordens de Napoleão, durante a segunda invasão fran-cesa, ali pereceram. Sepultadas na Igreja de S. José das Taipas. Gerida pela Irmandade das Almas de S. José das Taipas, além das esmolas, havia uma procissão até às “alminhas da ponte”, na ribeira, pois os moradores haviam entregue o sufrágio pelo desastre de 29 de Março de 1809 aquela Irmandade, que dera sepultura aos afogados, dados á costa. O vapor de 1ª classe, de passageiros, de propulsão por rodas de pás, laterais, dera início – vários anos antes do comboio – à aproximação do Porto à capital, sem ser pela Estrada Real, na malaposta. Nesse fatídico dia perece-ram 36 passageiros e 15 tripulantes, incluindo o piloto José Augusto Silveira Pinto; duas filhas do conhecido senhor José Allen; o senhor J. Elmsly, sobrinho do dono do brigue britânico “Harriet”; um sobrinho do Barão de Massarelos, senhor Plácido Braga. Um brasileiro, um oficial de artilharia, etc. A cidade reagiu, chocada. À vista de todos, não havia meios de tentar salvar os pobres passageiros e tripulantes, que morreram afogados. A forte tempestade com grande agitação marítima e os ventos fortíssimos, impediam as tentativas de salvamento A Associação Comercial reclama um Imposto especial para obras na barra do Porto (que, mais tarde, lhe será afecto para aplicação) e na assembleia geral daquela associação comercial, os 148 sócios presentes, deliberam criar uma sociedade humanitária para ajuda em casos similares. Muito mais tarde seria criado o Instituto de So-corro a Náufragos, a instâncias da Rainha Dona Amélia, por Carta de Lei de 21 de Abril de 1892. 5 De Portugal ia para o Brasil, então Colónia Portuguesa, vinho, sal, chapéus e adornos; do Brasil vinha açúcar, aguardente de cana, couros, algum café e arroz. D. João VI e a Corte, saídos em 1807 pela invasão francesa, que, chegada a Lisboa, deixaram “Junot a ver navios…”, na barra do Tejo. 6 Recorde-se neste tipo de contrato mercantil, não oferece grande risco e capital ao consignatário (ou comissário) relativamente às mercadorias, visto que o consignante entrega-as ao consignatário, que as não compra, (logo o proprietário é aquele) e, embora responsável pelos cuidados de verificação e transporte, compete-lhe vende-las pelo melhor preço, mediante uma comissão, entre 4% e 6%, como se diz no texto. O consignatário ao voltar a vender no circuito inverso (nota v), ganhava de duas maneiras. 7 Regressado a Portugal, para ingressar na nobreza liberal e ser Par do Reino, voltou“ à origem”, pedindo a cida-dania portuguesa. 8 20:000$000 reis, segundo o estudo do Professor Dr. Jorge Fernandes Alves, “Percursos De Um Brasileiro Do Porto – O Conde De Ferreira”,na Revista da FLUP, História, série II, volume 09 (1992), p. 199-214, do Depar-tamento de História e de Estudos Políticos e Internacionais daquela Faculdade, que seguimos de perto. 9 Transcrita parcialmente esta carta, de 1836, p.206/207, nota (9) da obra deste Mestre da FLUP. 10 Por dois Alvarás Régios, um de 19 de Setembro de 1761 e outro de 16 de Janeiro de 1773, no primeiro se diz que se proíbe carregar, transportar escravos, de ambos os sexos, dos portos da América, Africa e Ásia, «(…) para

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os destes Reinos de Portugal e dos Algarves(..)». O de 1773, que os escravos existentes só fiquem cativos até aos avós e que de futuro os nascidos depois da publicação desta lei fiquem inteiramente livres. Na Inglaterra William Wilberforce, líder do movimento abolicionista, (1759/1833), e o seu amigo, que foi pri-meiro-ministro, Sir William Pitt, conseguiram em o “slavery abolition act” em 1833. Uns anos depois, do outro lado do Atlântico, o Presidente Abraham Lincoln, dos Estados Unidos, em plena campanha da guerra de seces-são, faz o mesmo, promulgando a lei de emancipação, entrada em vigor em 1 de Janeiro de 1863, lei esta que levou a libertação de 4 milhões de escravos, tendo-se muitos alistado voluntariamente no exército da União. Esta cruenta guerra civil, só terminou em 1865, com a rendição da Confederação. 11 As Cortes (Câmaras dos Deputados e dos Pares) foram evoluindo lentamente em matéria de extinção total da escravatura – vide paginas 215/230/239 de “Uma cosmética demorada: As Cortes perante o problema da escra-vidão (1836-1875)”.do Dr. João Pedro Marques, “in” Análise Social, volume XXXVI (158/159), 201, paginas 209/247. No que diz respeito ao anterior século XVIII, baseamo-nos no trabalho do Dr. Luís A. de Oliveira Ra-mos, “Pombal e o Esclavagismo”, na referida revista da FLUP, História, série I, volume 02 (1971), p.169/178. 12 Logo que a Junta cessou funções, com a nomeação dum governo, restaurada a Carta, o senhor Ferreira dos San-tos «tratou logo de prestar contas dos dinheiros recebidos e despendidos, e obtida a sua quitação recolheu outra vez à via particular. Toda via Sua Majestade A Rainha, ciente dos serviços prestados deste honrado e fiel súbdi-to, o elevou à dignidade de par do reino.» Citamos p. 107, de A Revista Contemporânea, Biographias, Joaquim Ferreira dos Santos, Conde de Ferreira, ano 13, 1856. 13 Como adiante também se verá, esta designação de Par do Reino, teve muita influência em Ferreira dos Santos. Desde logo entendeu que tal nomeação o impedia de ter e ver navegar navios seus nos negócios que tinha. Um bom exemplo de probidade. Mas durante a revolta da Maria da Fonte e depois a Patuleia, como conhecido cartis-ta, apoiante de D. Maria II e amigo de Costa Cabral, a sua casa estava defendida à vista. 14 Chegou a preparar um discurso, em 1856, sobre a política de Pereira de Fontes de Melo (o homem da Regene-ração) de recurso a empréstimos externos que, na sua opinião discriminava os credores nacionais. Não o chegou a levar à Câmara dos Pares, mas na sua casa agrícola tradicional, que fora dos pais, tinha tal discurso encaixilha-do. Nunca foi morar, como novo-rico, para o Bairro Oriental, numa mansão típica. 15 Vários jornais se referiram à demolição, onde, então (1992/1993), sendo de sublinhar o JN, de 4 de Outubro de 1992, titulo – Conde de Ferreira nasceu há 210 anos – recordou que foi “…um dos típicos barões que o Liberalis-mo criou em oposição à antiga aristocracia, decadente e moralmente fraca, miguelista e reaccionária.” O Dr. Má-rio Soares, então Presidente da República, que soube pois os então sobrinhos tetranetos falaram com a senhora Dr.ª Maria Barroso, e o marido, ao saber, intercedeu junto do Governo e da Câmara Municipal do Porto de então, sugerindo traçados alternativos da projectada VCI e acesso á Ponte do Freixo, que salvassem aquele raro exem-plar de arquitectura rural. Vide JN, de terça-feira, 5 de Abril de 1993, sob o título – “Soares intercede em defesa da casa do Conde de Ferreira”, do jornalista Alfredo Maia. «A Associação “Amigos do Porto” junta hoje a sua voz à contestação em torno da demolição da casa onde nasceu e viveu Joaquim Ferreira dos Santos – o beneméri-to Conde Ferreira – na freguesia de Campanhã.» - O Comércio do Porto, 31/10/1992. O Primeiro de Janeiro, idem, titulo – “Visita à casa onde nasceu o Conde de Ferreira.” Aqui se refere: «A velha, elegante e bem rechea-da casa onde nasceu encontra-se presentemente ameaçada de demolição pela construção da Via de Cintura Inter-na, a visita pode, assim, constituir uma oportunidade a não perder.» 16 Vai escrito conforme ao original, recorda-se, em meados do século XIX. Idem as Ordenações. É uma curiosida-de para os leitores. No restante, por opção, escrito em pré-reforma. 17 Titulo LXXX, “ Dos testamentos, e em que forma se farão”. Com os assentos da Casa da Suplicação, mormente o de 10 de Junho de 1817, em Meza Grande, resumindo como segue, por curiosidade histórica (e, uma vez mais, mantendo a ortografia da época). « Huma vez pois que no acto solemne de approvar o Testamento se satisfaz aos requisitos da Lei, a saber: 1ª – Com a presença de cinco Testemunhas a todo o acto, com as qualidades declaradas no parágrafo 1 do t. 80 referido; 2ª – Com a tradição do Testamento feita pelo Testador ao Tabellião; 3ª – Com a declaração do Testador, de que he o seu Testamento, que ha por firme, valioso e bom; ou nesta falta de declaração, com a resposta do Testador ao Tabellião, dadas as perguntas perguntas declaradas no sobredito paragrafo um. 4ª – Com o Instrumento de Approvação lavrado na forma declarada no primeiro quesito. 5ª – Com a assignatura do Testador, ou de alguma Testemunha por elle, na forma da Lei, declarando ao pé do signal, que assigna por mandado do Testador, por elle não saber, ou não poder assignar. 6ª – Com a assignatura do Tabellião, a das cinco Testemunhas presenciaes a todo este acto desde o seu princípio até ao fim, fica consequentemente firme, e conforme à Lei o acto do Instrumento da Approvação do Testamento; Porquanto, huma vez que o Testador declare perante as Testemunhas e o Tabellião, entregando-lhe o Testamen-to, que aquelle he o seu Testamento, que ha por bom, firme e valioso, e o Tabellião fizer o Instrumento de Approvação na parte do Testamento, na forma acima declarada, fica o mesmo Testamento valido, e do mesmo modo firme e bom, que se respondesse às perguntas, que o Tabellião lhe deveria fazer, se o Testador assim o não tivesse antecipadamente declarado; Que o mesmo deve entender-se dos mais requisitos da Lei, cuja intenção he, que a elles se não falte; mas huma vez, que o Tabellião, Official Publico e de fé pela Lei, parte por fé no Instrumento de Approvação, que perante as Testemunhas, alli presentes e declaradas, forão satisfeitos todos os requisitos da Lei, especificados na mesma Lei, e especificando-as elle no mesmo Instrumento, está observado o que a lei requer, e manda se observe a bem da liberdade de testar,

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E para cessarem todas e quaisquer duvidas a estes respeitos, acautelando-se novas demandas, que possão pertur-bar a tranquilidade das famílias, se tomou este Assento (declaratório não só da Lei, de cuja interpretação se trata; mas igualmente do Assento, a que se refere o segundo quesito), que o mesmo Sr. Canceller, que serve de Rege-dor, mandou tomar, e assignou com os Desembargadores de Aggravos, e do Conselho de Sua Magestade, que nelle votarão. Como Regedor – Salter, etc. » Nota para o leitor mais curioso destas peças juridicas: o Assento aqui interpretado era de 17 de Agosto de 1811 e as Ordenações Filipinas, deixaram de vigorar, em Portugal, em 22 de Março de 1868. 18 Mantivemos “Cintra” como se escrevia e não “Sintra” como hoje. 19 Dados extraídos do trabalho de investigação da Dr.ª Conceição Andrade Martins, “Trabalho e Condições de Vida em Portugal (1850-1913)”, em Analise Social, volume XXXII, (142), 1997 (3ª), paginas 505 notas (70) e (71) e 508/513. 20 Época de revoltas e guerra civil, a Maria da Fonte e a Patuleia (nossa análise, «“ A Maria da Fonte” e a “Patuleia” – As ruas da Constituição e Costa Cabral, no Porto», Boletim da Associação Cultural “Amigos do Porto”, 3ª série, nº 30, 2012. 21 Este oficial da Guarda Municipal era referido, por exemplo nos tumultos na Confraria de Santo António da Porta dos Carros (actual Santo António dos Congregados), em 1846, era, então, major (vide «Em 1846 um “desacato” e um “tumulto”», por José Luís Araújo, p.11-14, “in” Boletim da Associação Cultural “Amigos do Porto”, 3ª série, nº 32, de 2014). 22 O Hospital Conde de Ferreira seria construído, num dos pontos mais altos e saudáveis do Porto, a “Quinta das Regateiras” em terrenos livres, acrescendo o terreno de uma morada de casas, adquirida e demolida para ampliar o espaço que viria a ser do Hospital, que foi inaugurado em 24 de Março de 1883, com a admissão dos primeiros 29 doentes, internados que estavam no Hospital de Santo António. No 120º aniversário, no Dia do Hospital Con-de de Ferreira, o senhor Professor Dr. A. Fernandes da Fonseca, Catedrático de Psiquiatria, então jubilado, profe-re uma interessante conferencia “ A Psiquiatria em História – O Hospital Conde de Ferreira e a Psicopatologia” e cita-se o seguinte passo: «Felicito, pois, a Santa Casa da Misericórdia pela sua determinação em cumprir as responsabilidades que alguma solidariedade humana lhe confia e felicito igualmente a equipa de jovens profissio-nais que estão determinados a prestar, eles também, a sua generosa colaboração nesse sentido.» Sublinha-se que depois da apropriação pelo Estado Português, em 1974-1975, dos Hospitais da Santa Casa, de Crianças Dona Maria Pia, etc., em 1996 houvera devolução deste “Hospital de Alienados”, à sua legitima propri-etária, como viram, a Santa Casa. 23 Recorda-se ao leitor que D. Pedro IV foi o rei libertador, aqui se iniciando no Porto, após o cerco miguelista 1833-1834, o exercício das liberdades da Carta Constitucional, e pela coragem e resistência dos portuenses, du-rante os ataques e bombardeamentos miguelistas e o seu contributo para a causa liberal, Pelo que legou o seu coração aos portuenses, guardado que está num cofre, ao lado do altar, na Igreja da Lapa. A filha, Dona Maria II, reconhecendo o que seu Pai pensara, atribui ao Porto o título de “Invicta”, pela sua coragem e resistência ao autoritarismo miguelista. 24 Recomendamos, a quem não conheça, as aventuras e desventuras do Dr. Simão Bacamarte, na vila de Itaguí, Brasil, estudante que fora, em Coimbra e Pádua, médico alienista, que dizia: “ A saúde da alma é a ocupação mais digna do médico”, em “O Alienista” do es-critor brasileiro Machado de Assis.

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Campanário da Escola

Primária de Condeixa

de 1866

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Comunicar 23 / Março 2015

Delegação Norte da Anac

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PASSEIOS E VIAGENS REALIZADAS E A REALIZAR EM 2015

Realizados

28 Fevereiro - Um Dia Visita a Torre de Moncorvo - Visita ao Mu-seu do Ferro, ao Museu da fotografia, à Igreja Matriz e ao Centro histórico. 21 Março – Um Dia Visita a Avanca e Aveiro - Visita guiada à Casa de Egas Moniz, prémio Nobel da Me-dicina, em Avanca e Museu Princesa Santa Joana em Aveiro.

A Realizar

18 Abril – Um Dia Visita guiada à Cidade de Coimbra. Con-vento Santa Clara, Mosteiro de Santa Cruz, Universidade e Centro histórico. 16 Maio - Um dia Visita aa Douro— Passeio do Porto até à Régua. Subida do Douro em Combóio e descida de Barco… 06 Junho - Um dia ENTREGA DOS TROFEUS - TORNEIO DOS APOSENTADOS Almoço e distribuição de prémios. 18 Junho – 4 dias Viagem à Cantábria, Picos da europa e Bil-bao.

Julho – 8 dias Viagem a Itália - Grande Circuito Italiano

22 Julho - Um dia Visita a Alcobaça- Visita ao Mosteiro de Alcobaça, Parque dos Monges e Museu dos Doces Conventuais. Agosto – 7 dias Viagem à Polónia – Varsóvia e Cracóvia.

5 Setembro - Um dia Viagem ferroviária - Linha do Douro - Fer-radosa. Almoço no cais da Ferradosa. Ativi-dade apresentada neste mês em que se iniciam as vindimas.

Setembro – 09 dias Programa de férias em Gandia, Espanha. Visita guiada à cidade de Valência, a Xátiva e a L’Alfufera. Férias na praia que é consi-derada a melhor de Espanha… 10 Outubro - Um dia Arouca - visita à cidade. Visita ao Mosteiro de Arouca e Museu de Arte Sacra. Almoço em local a designar dentro de algum tem-po. Passagem pela serra da Freita - Pedras parideiras - Explicação deste fenómeno. Visita à Frecha da Mizarela - queda de água c/ uma altura que rondará os 70 metros de altura.

Outubro Visita às Aldeias Históricas da Beira Baixa

Novembro - Um dia S. Martinho. Programa em estudo.

Dezembro - Um dia Almoço e confraternização Natalícia. Pro-grama em estudo.

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COLABORAÇÕES

A colaboração dos Colegas nas atividades da Delegação Norte da Anac é cada vez mais importante para a dinamização da nossa Associação. Precisamos de novas ideias e no-vas realizações. Apareça na Delegação e ponha os seus conhecimentos e aptidões ao serviço da nossa Comunidade. É no serviço que podemos prestar, que a realização pes-soal pode atingir o seu expoente máximo. A SUA PARTICIPAÇÃO É IMPORTANTE!

Atividades na Delegação Responsáveis

Grupo Cantares: Francisco Ferreira G Aposentado : José Amaral; José Coimbra Projeções: José Coimbra, Vítor Rocha Fotografia: Vítor Rocha Informática: João Taborda, José Coimbra Passeios Porto: Fernanda Vilarinho Passeios Culturais: António Coelho Lemos Torneios: José Amaral Boletim: Costa Neves, Costa Andrade, Fernando Mizarela, Cláudio Lima, José Coimbra

Delegação Norte da Anac Rua 31de Janeiro,75/83 - 4000-543 Porto -TelMov: 912 163 542 - Tel.222 061 111 Mail: [email protected] - Blog: http://anaccaixaporto.blogspot.com

Publicação Delegação Norte da Anac com a colaboração de Costa Neves, Fernando Mizarela, Manuel Alves, Costa Andrade e José Coimbra

Visite os Blogs da Delegação

Os prospetos das Viagens e Passeios e fi-chas de inscrição são publicados na Inter-net. Visite os nossos Blogs! As inscrições para os programas podem ser efetuadas por correio, mail, ou direta-mente na Sede da Anac-Norte.

VISITE O NOSSO BLOG INFORMATIVO!

VISITE O NOSSO BLOG DE FOTOS!

Comunicar 23 / Março 2015

Delegação Norte da Anac

A Direção da Anac está no fim do segundo mandato. Parece-nos que, com maior ou me-nor dificuldade, esta Direção conseguiu de-senvolver a nossa Associação como nunca antes tinha acontecido. Com mais atividades, mais informação, mais apoio aos associados, maior aumento das infraestruturas ao serviço dos Sócios (delegação da Beira; instalações da delegação do Norte). Todo este trabalho desenvolvido ao longo destes anos, voluntário e com abdicação dos interesses pessoais, merece da nossa parte, Sócios, admiração e reconhecimento. Merece também que o apoio e participação dos Só-cios seja sempre uma realidade presente em todas as atividades e realizações da nossa Associação. Essa participação poderá ter já expressão no próximo dia 13 de Abril, no ato eleitoral que irá eleger, por mais três anos, a nova Direção da Anac. O apoio dos Sócios manifestado no ato eleitoral, com a sua comparência e vota-ção, será o melhor incentivo para a nova Di-reção se abalançar num mandato que apre-senta um programa ambicioso e difícil, que exigirá muita abnegação e espírito de sacrifí-cio dos interesses pessoais dos elementos que a integram.

CONTAMOS COM TODOS VÓS!

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NOTA FINAL CURSO DE INFORMÁTICA

Terminamos um dos Cursos de informá-

tica que estavam a decorrer desde Ja-

neiro nas instalações da Delegação.

Contudo continua a decorrer um Curso

que irá ainda prolongar-se até ao início

das férias de verão.

Assim, os Sócios que queiram continuar

a aprender algo mais sobre as novas

tecnologias, poderão inscrever-se na De-

legação e frequentar as aulas que ainda

teremos até ao verão.

O horário é às quintas feiras, das 14,30

às 16 horas.

Inscreva-se!

APOIO JURÍDICO

Continua a decorrer o Serviço de Infor-mações de assuntos jurídicos, prestado

pelo nosso Sócio Dr. Fernando Mizarela.

Este serviço está à disposição de todos os Sócios, nas nossas instalações, por marcação prévia, quinzenalmente, às

Quintas feiras, das 9,30 às 10,30 horas.

Se tem dúvidas sobre assuntos jurídicos

e pretende um esclarecimento…