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Uma publicação da GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação jan/fev/mar 2013 www.gs1br.org EDIÇÃO 07 CÓDIGO BRASIL EM RUY SHIOZAWA, DO GREAT PLACE TO WORK ® , FALA SOBRE GESTÃO DE PESSOAS ENTREVISTA A GS1 Brasil tem papel ativo na história da automação beneficiando empresas e consumidores TRAJETÓRIA DE SUCESSO

Brasil em Código - 7ª edição

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Nesta edição você confere a contribuição da GS1 Brasil para a automação nas empresas e para melhora no dia a dia das pessoas. Veja também: entrevista com o CEO do Great Place to Work® Brasil; aplicativos para smartphones que facilitam o dia a dia; a participação das mulheres em T.I; o uso do RFID na indústria têxtil; a história da Brigaderia; um panorama da 102ª edição da NRF; e as oportunidades do mercado da melhor idade.

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RUY SHIOZAWA, DO GREAT PLACE TO WORK®, FALA SOBRE GESTÃO DE PESSOASENTREVISTA

A GS1 Brasil tem papel ativo na história da automação beneficiando empresas e consumidores

TRAJETÓRIA DE SUCESSO

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www.gs1br.o rg/eventos

ESTEJA ONDE ESTIVER,

A GS1 BRASILVAI ATÉ VOCÊ.Devido ao grande sucesso do evento “GS1 Brasil vai até você” em 2012, a organização estará presente em todos os estados brasileiros também em 2013. Venha encontrar a nossa equipe e conhecer as melhores soluções para o seu negócio!

Para saber quando o evento “GS1 Brasil vai até você” acontecerá em seu estado,acesse agora www.gs1br.org/eventos e consulte a nossa agenda de eventos, ou ligue para (11) 3068-6229, das 08h00 às 18h00, de segunda a sexta-feira.

É a GS1 Brasil ainda mais perto de você!

GS1014-13 An GS1 Ate Voce - 203x266mm.pdf 1 2/6/13 11:33 AM

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AO LEITOR

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Trinta anos multiplicando conquistas

Ao longo das últimas décadas, o Brasil mudou muito – e para melhor. Fica-mos felizes de fazer parte desta história de desenvolvimento neste momento em que a GS1 Brasil celebra 30 anos de atuação em território nacional.

O País do futuro tornou-se a nação do presente, que atrai investimentos e cha-ma a atenção do mundo para nossa cultura, nossa gente, nosso empreendedoris-mo. A estabilização econômica, decorrente do Plano Real, mudou a maneira de fazer negócios e impactou na automação e no desenvolvimento da tecnologia. A população ganhou maior poder de compra.

A GS1 Brasil acompanhou os diferentes momentos políticos, sociais e econômicos do País, sempre com a missão de ajudar empresas públicas e privadas a aprimorar seus negócios com o apoio da tecnologia. Muitos resul-tados positivos marcaram a nossa atuação nessas três décadas, a exemplo da adoção do código de barras – amplamente usado em organizações de dife-rentes setores e portes –, o avanço da RFID e, mais recentemente, os códigos bidimensionais como o GS1 DataMatrix e o GS1 DataBar. Nosso trabalho também influenciou decisões importantes no âmbito governamental e aju-dou a fortalecer o relacionamento entre os agentes da cadeia de suprimentos.

Temos muitos motivos para celebrar e acreditamos que uma das maneiras de se fazer isso é compartilhando informações com a comunidade de negó-cios. Por isso, em breve, lançaremos um livro contando nossa trajetória ao longo das últimas três décadas. Durante 2013, a Brasil em Código também lembrará as conquistas da associação e seus impactos na sociedade. A maté-ria de capa desta edição, por exemplo, mostra as principais contribuições que efetivamente ajudaram a transformar os negócios em âmbito nacional.

Outra maneira de comemorar é reconhecendo a atuação das pessoas que fizeram a história da GS1 Brasil – presidentes, diretoria, funcionários e parcei-ros de outras associações. E, principalmente, os associados, razão dos nossos esforços, que confiam nas soluções de padronização global como facilitadora para atingir seus objetivos. São as pessoas que, de fato, fizeram a diferença ao longo dos 30 anos e continuarão a ajudar a multiplicar nossas conquistas.

Um forte abraço,

João Carlos de OliveirapresidenteFo

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EXPEDIENTE

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Confecção de médio porte investe em RFID

João Carlos de Oliveira Presidente

Antônio Carlos LeãoJosé Humberto Pires de Araújo

Maria Eugenia Proença Saldanha Paulo Hermínio Pennacchi

Pedro Zidoi Sdoia Wanderlei Saraiva Costa

Vice-Presidentes

MARKETING E RELAÇÕES INSTITUCIONAISVirginia Villaescusa Vaamonde

Gerente

COORDENAÇÃO DA REVISTAAndréa Palmer

Kleber Alves Pinto

COLABORAÇÃOÁrea de Marketing e Relações Institucionais

GS1 BRASILRua Dr. Renato Paes de Barros, 1.017 – 14º andar

Itaim Bibi – 04530-001 – São PauloTelefone: (11) 3068-6229

www.gs1br.org

REDES SOCIAISfacebook.com/gs1brasil

www.linkedin.com/company/gs1-brasilwww.youtube.com/gs1brasil

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FALE COM A REDAÇÃ[email protected]

PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICAG&T Comunicação Ltda.Telefone: (11) 2503-4618

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EDITORA Denise Turco – MTB 43.537 EDITORA-ASSISTENTE Giseli Cabrini

REVISÃO Helder ProfetaFOTOGRAFIA Paulo Pepe

ARTE Maurício Albuquerque e Paula Paron COLABORAÇÃO Andréa Cambuim

Epaminondas NetoKathlen Ramos

Mariana IzidoroPatricia Lucena (texto)

Edson Perin (artigo)

IMPRESSÃONeoband

TIRAGEM 5 mil exemplares

A revista Brasil em Código é uma publicação trimestral da GS1 Brasil dirigida e distribuída gratuitamente aos seus associados, aos parceiros e à comunidade de negócios. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da entidade e da editora.

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CAPA Em 2013, a GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação comemora 30 anos de atividades no País. Das primeiras etiquetas com código de barras ao avanço da comunicação digital, a entidade participa ativamente da evolução tecnológica do mercado brasileiro. Confira essa trajetória a partir das contribuições práticas da associação para a automação

ENTREVISTA O CEO do Great Place to Work® Brasil, Ruy Shiozawa, fala sobre as oportunidades e os desafios da gestão de pessoas

INTERNACIONAL Sistema farmacêutico da Turquia promove controle e rastreabilidade com o uso do GS1 DataMatrix

TECNOLOGIA A história de três mulheres que se destacam em cargos importantes no segmento de TI

GESTÃO Conheça os aplicativos para smartphones que ajudam a organizar informações e facilitam a rotina pessoal e de trabalho

PERFIL Um dos doces clássicos da culinária brasileira se transformou em um negócio lucrativo para a Brigadeira

CONSUMO Idosos chegam ao século 21 preocupados com qualidade de vida e abertos às novidades da tecnologia

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SUMÁRIO

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CURTASECONOMIA JOGO RÁPIDOEVENTORFIDVAREJOPERDAS & GANHOSRADARDESCONEXÃOTECNOLOGIA & NEGÓCIOS

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POLÍTICAS PÚBLICAS GS1 Brasil discute com governo soluções para o setor de comércio, logística e serviços

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[[CURTAS

6 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Diretoria reeleitaA GS1 Brasil reelegeu sua diretoria para o triênio 2013-2015,

da qual João Carlos de Oliveira é o presidente. Os resultados obtidos na gestão anterior e a ampliação do relacionamento da entidade com associações de outros setores da economia foram alguns dos fatores que influenciaram a escolha pela continuida-de. “Permaneceremos com o compromisso pela inovação e ado-ção de padrões e tecnologias de identificação e controle em toda cadeia de abastecimento pela melhoria da qualidade dos serviços e a satisfação dos consumidores”, afirma Oliveira. Vale destacar que, no próximo triênio, a diretoria passa a ser composta por Maria Eugenia Proença Saldanha, que também ocupa a presidên-cia-executiva da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (ABIPLA).

Participação ativaO trabalho da GS1 Brasil junto às Câmaras Setoriais, grupos de

organizações que representam os elos das cadeias produtivas no âmbito do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, continua em 2013. O objetivo é favorecer a promoção das cadeias produtivas, orientando e fomentando o uso do Sistema GS1. Den-tre as principais ações realizadas em 2012, destacam-se a apresen-tação dos padrões de rastreabilidade para as Câmaras Setoriais de Cachaça e de Viticultura, Vinhos e Derivados. E a participação nas discussões para a criação de um grupo de trabalho voltado ao uso do GS1 DataBar, na Câmara de Fruticultura.

RFID em boa faseUm dos eventos mais prestigiados nos Esta-

dos Unidos dedicado à tecnologia de identifica-ção por radiofrequência (RFID) foi realizado pela primeira vez no Brasil, no final de 2012. O RFID Journal LIVE! Brasil, promovido pelo RFID Journal, em parceria com a Hewlett-Packard (HP), teve a participação de profissionais que comparti-lharam estudos de casos em diversas áreas, mos-trando a importância que o assunto ganha no País. Wilson da Cruz (foto), da área de inovação e alian-ças estratégicas da GS1 Brasil, apresentou palestra sobre a padronização da tecnologia RFID por meio do Código Eletrônico de Produtos (EPC).

Novos hábitos de leituraNos Estados Unidos, a parcela da população que lê

livros digitais aumentou de 16% para 23%. Já a quanti-dade de pessoas que prefere o tradicional livro impresso caiu de 72% para 67%. A mudança de hábito ocorreu de-vido à popularização dos tablets e aparelhos para leitura (e-readers). Os dados são de um estudo feito em 2012 pela Pew Internet & American Project Life. E no Brasil, com a recente chegada da Amazon e os baixos índices de leitura, será que o livro digital vai ganhar espaço?

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Loja do Futuro em São Paulo A capital paulista ganhou um espaço para tornar mais

acessível a RFID às empresas de vestuário: a Loja do Futuro, localizada no shopping Mega Polo Moda, no bairro do Brás. No showroom, que é uma réplica de uma loja de roupas, é possível ver como a RFID funciona na prática – sistema de frente de caixa que lê as tags e agiliza o pagamento, leitores móveis que possibilitam fazer rapidamente o inventário da loja, entre outras inovações. A ideia é que o empresário co-nheça a tecnologia e saia de lá com a solução de RFID com-pleta para sua loja ou centro de distribuição.

O local foi inaugurado em fevereiro pelo Grupo CCRR Divisão RFID, que resultou da fusão entre a Colacril e a RR Etiquetas. Os parceiros da empresa também estão pre-sentes no espaço como a GS1 Brasil, que possui padrão glo-bal para identificação com RFID, o EPC.

O Grupo CCRR anunciou investimento de R$ 100 mi-lhões na construção de uma fábrica de etiquetas no Paraná e no desenvolvimento de chips. O presidente da companhia, Valdir Gaspar, acredita na democratização dessa tecnologia nos próximos anos no Brasil, de modo que produtos com va-lor médio de venda de R$ 20 tenham potencial para usar a tag. A área têxtil puxará esse movimento, seguida de outros seg-mentos da economia.

Otimismo na área de marketing

A norte-americana AWeber, empresa que traba-lha com ferramentas de e-mail marketing baseadas na web, fez uma pesquisa com 3 mil pequenos em-preendedores ao redor do mundo para verificar suas expectativas para 2013. Apesar de cautelosos, os en-trevistados estão otimistas – 67% pretendem aumen-tar os investimentos em marketing neste ano. A maio-ria pretende ampliar sua presença nas redes sociais: 72% em blogs, 70% no Facebook, 58% no Twitter, 50% no Google Plus e 49% no Linkedin.

Especial para elasO projeto 10.000 Mulheres, fruto de uma parceria entre a Fundação Getulio Vargas

(FGV-EAESP) e o IE Business School, está com inscrições abertas para as turmas do primeiro semestre de 2013. Patrocinado pelo banco de investimentos Goldman Sachs, o programa proporciona às participantes conhecimentos e ferramentas que elas precisam para ter sucesso no competitivo mercado global de hoje. O proces-so seletivo é feito pela FGV e o curso é 100% gratuito para todas as aprovadas. Mais informações, acesse www.10000mulheres.com.br/programa.

A casa virtualA Internet das Coisas – conceito em que os

objetos do dia a dia se tornam conectados – é uma das tendências mais fortes na área de tecno-logia para os próximos anos. Na maior feira de eletrônicos de mundo, a CES 2013, realizada re-centemente em Las Vegas, nos Estados Unidos, fornecedores apresentaram soluções interes-santes, como o interruptor que permite contro-lar a iluminação da casa via celular; a geladeira conectada ao sistema Linux, na qual é possível anotar lista de compras; e o aparelho que mede a quantidade de umidade de terra para informar quando as plantas precisam ser regadas.

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[[CURTAS

8 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Start-ups O Programa Start-Up Brasil, do Ministério da

Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI), está a todo vapor. O cronograma oficial prevê que, em março, sejam conhecidas as empresas aceleradoras das áreas de software e serviços de tecnologia da informação que irão participar do projeto. As aceleradoras funcionam de forma semelhante às incubadoras e têm como função estimular projetos de start-ups, ajudando-as a se inserir no mercado e a captar recursos. A meta do governo é que 150 start--ups sejam aceleradas até 2014. Mais informações, acesse www.startupbrasil.mcti.gov.br.

Rastreabilidade no setor da saúde

O segmento de saúde é um dos mais avançados do País em relação ao uso de tecnologia e adoção de padrões em seus processos – desde a fabricação de medicamentos até os cuidados com os pacientes. Para discutir as tendências e apresentar as melhores práticas nacionais e internacionais em hospitais, in-dústrias e varejistas, a GS1 Brasil realizou o Seminá-rio Internacional GS1 no Setor da Saúde.

O evento contou com a participação dos especialis-tas da GS1 Global Janice Kite, que falou sobre rastrea-bilidade no setor da saúde, e Chuck Biss, que abordou as aplicações de identificação e captura de dados.

Profissionais de importantes empresas do seg-mento também marcaram presença no seminário realizado em dezembro de 2012, no Hospital Isra-elita Albert Einstein, em São Paulo. Juberlândia de Souza e Silva, do Walmart Brasil, e José Agostini

Roxo, da consultoria BHS, falaram sobre o descarte de medicamentos e a utilização dos padrões GS1 no auxílio da logística reversa.

Já Nilson Malta, do Hospital Israelita Albert Einstein, retratou o dia a dia dos hospitais brasileiros, destacando o trabalho do Grupo de Saúde da GS1 Brasil e os benefícios do uso do GS1 DataMatrix. Do lado da indústria, Francisco Fortes Botelho, da Isofarma, e Walter Batista, da Prati-Donaduzzi, falaram sobre a identifi-cação de dose unitária e compartilharam os desafios para os próximos anos.

Os participantes também trocaram informações com os palestrantes e os representantes do Hospital e Maternidade Santa Joana/Pro Matre Paulista, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e do Hospital Moi-nhos de Vento.

Geração Y mais inovadora Em 2025, os funcionários da geração Y devem representar 75% da força de trabalho do mundo. A pesquisa “Millennial”, realizada pela Deloitte com mais de 5 mil profissionais da geração Y (nasci-dos entre 1982 e o começo da década de 1990) de 18 países, entre eles o Brasil, mostra que a inovação é essencial para o crescimen-to dos negócios para 78% desses jovens. No entanto, eles ainda não encontram no ambiente corporativo as condições para inovar: 39% acreditam que é necessário investir em incentivos para novas ideias e criatividade, mas apenas 20% dizem que a sua atual em-presa trabalha dessa maneira.

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[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2013 9

Foi o aumento das ven-das dos supermercados

brasileiros em 2012 na comparação com o ano anterior. Em volume, o segmento teve retra-ção de 0,6% no período, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS).

Duelo de titãsO Google Brasil manteve a primeira posição

do ranking da preferência dos internautas bra-sileiros, registrando 78,63% de participação nas buscas no período de quatro semanas termi-nadas em 29 de dezembro de 2012, de acordo com dados da Serasa Experian. Na sequência, estão Bing Brasil (7,61%), Ask Brasil (5,34%) e Google.com (5,03%). Embora o Yahoo! Brasil tenha ficado em quinto lugar, com 1,19%, ele liderou o ranking de taxa de sucesso dos dez buscadores mais relevantes na internet brasileira.

Um ano para relembrar com entusiasmoIndústrias e varejistas da área de alimentos e bens de consumo lideraram a fundação da GS1 Brasil, em 1983, que na época chamava-se Associação Brasileira de Automação Comercial (ABAC). O ano da fundação é digno de nota, pois muitas conquistas foram possíveis logo no início. Em 12 meses, a nova entidade conse-guiu organizar seu primeiro congresso e feira de au-tomação comercial, apresentando os leitores ópticos como grande novidade tecnológica, publicar o Anuário Brasileiro de Automação Comercial e ampliar o debate sobre os benefícios do código de barras entre lojistas. E mais: teve êxito no relacionamento com o governo, par-ticipando do Plano Nacional de Informática (PLANIN), e na Comissão Especial de Auto-mação das Operações Comerciais que, em 1984, recomendou a ado-ção do padrão EAN para o Código Nacional de Produtos.

MEMÓRIA GS1

Empreendedorismo Pesquisa GEM 2012 (Global Entrepreneurship

Monitor) revela que mais de 49% dos profissionais que iniciam a carreira são do sexo feminino. O estu-do, feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBPQ), também mostra que a participação delas é maior entre os empreendedores que abrem um estabele-cimento do que aqueles com empresas já estabele-cidas. Os negócios iniciais estão mais concentrados nas mãos de jovens entre 25 e 34 anos, que respon-dem pela criação de 33,8% das empresas.

Shopping centers em alta As vendas em shopping centers de todo o País cresceram

10,65%, com faturamento de R$ 119,5 bilhões em 2012, segun-do balanço divulgado pela Associação Brasileira de Shopping Centers (ABRASCE). Segundo projeções da entidade, as ven-das devem continuar em alta e podem crescer 12% em 2013. Com os negócios estimulados pela melhoria da renda dos bra-sileiros, foram abertos 27 novos shopping centers, em 2012, elevando para 457 o número de centros de compras no País. Foi o maior crescimento dos últimos 13 anos.

* A partir desta edição, a Brasil em Código apresentará neste espaço os momentos marcantes da história da GS1 Brasil, que comemora 30 anos em 2013.

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10 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

[[ENTREVISTA RUY SHIOZAWA

O real patrimônio das empresasGestão eficiente de pessoas, quando priorizada pelas organizações, é a chave para atingir resultados e ajuda a reverter crises

Por Giseli Cabrini

Obter lucro é uma obsessão para as empresas, em especial para as de capital aberto que, trimestral-mente, são obrigadas por lei a apresentar demons-trativos de resultados para acionistas e ao mercado como um todo. A métrica usada segue critérios con-tábeis que preveem os chamados ativos financeiros, conjunto de bens e direitos de uma empresa, sejam superiores ao montante do passivo, composto por compromissos e obrigações com terceiros.

Embora os colaboradores não façam parte da definição contábil dos bens e direitos de uma com-panhia, são eles que, de fato, fazem a diferença na hora de obter resultados e atingir metas. Criado em 1991, em São Francisco (Estados Unidos) e pre-sente no Brasil desde 1996, o Great Place to Work® realiza diversos estudos que comprovam a corre-lação entre os melhores ambientes de trabalho e a satisfação dos clientes em relação à qualidade da empresa e ao serviço prestado. A adoção de boas práticas de gestão de pessoas também leva à maior retenção de funcionários e ao menor índice de ab-senteísmo, perdas e roubos.

Essas pesquisas mostram ainda que as ações das “Melhores Empresas para Trabalhar”, lista divul-gada pelo Great Place to Work® a partir de meto-dologia própria criada pela instituição, apresentam performance três vezes superior a dos indicadores que medem o desempenho médio das cotações dos papéis negociados em bolsas de valores, entre eles Ibovespa e Russell 3.000.

A metodologia de avaliação surgiu de um mo-delo empírico elaborado por meio de entrevistas com funcionários em mais de 200 empresas nos Estados Unidos e demonstrou ser aplicável a com-

panhias em países e culturas distintas. Segundo essa ferramenta, um excelente lugar para trabalhar é aquele no qual o funcionário confia e gosta das pessoas para as quais trabalha e tem orgulho do que faz. Em 2012, mais de 6 mil empresas foram avaliadas em 50 países.

Na entrevista a seguir, o CEO do Great Place to Work® Brasil, Ruy Shiozawa, fala sobre as oportu-nidades e os desafios da gestão de pessoas no am-biente corporativo.

BRASIL EM CÓDIGO A partir da metodologia criada pelo Great Place to Work®, como pequenos e médios negócios podem construir um ambiente profissional admirado pelos colaboradores?RUY SHIOZAWA Uma boa gestão de pessoas independe do porte do negócio, da empresa, do setor ou da capacidade de investimento. Aliás, o que procuramos fazer é dar orientações para as empresas sobre o que pode ser feito nessa área, em geral, com baixo custo ou até mesmo com zero de recursos. Vou dar um exemplo muito simples. O chefe que chega todo dia e cumprimenta sua equipe, de uma maneira autêntica e não força-da, gera um valor muito importante para que as pessoas, que se sentem observadas e participan-tes. E quanto custa isso? Nada.

BC Estudos do Great Place to Work® mostram que companhias de capital aberto com melhores ambientes de trabalho obtêm maior satisfação dos clientes e também rentabilidade superior em suas ações. Como as pequenas e médias podem mensurar esse retorno?

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12 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

[[ENTREVISTA

RS Saber cuidar de pessoas é uma fer-ramenta muito poderosa de gestão. Esse ganho pode ser mensurado pelo nível de satisfação dos clientes externos e pela capacidade de atrair e reter pessoas. As pessoas, quando estão engajadas, pro-duzem mais e com melhor qualidade porque querem que o negócio dê certo. Um exemplo muito interessante está nos momentos de crise. Quando o ambiente de trabalho não é bom, seja em uma em-presa grande ou pequena, ao menor sinal de fumaça, o colaborador vai embora. A empresa ao lado ofereceu 10% a menos, mas a situação dela está mais tranquila. Quando o ambiente de trabalho é bom ocorre o contrário, as pessoas ficam, in-clusive para ajudar a salvar o negócio. BC Quais as tendências do merca-do de trabalho na área de gestão de pessoas que, de fato, podem gerar resultados para as empresas, inde-pendentemente do porte?RS Infelizmente, a gestão de pesso-as ainda é vista como uma questão de segundo plano pelas organizações no mercado como um todo. E isso é um erro. Ela deve estar, no mínimo, no mes-mo nível de importância que é dado às outras áreas. O grande segredo é prepa-rar bem os líderes para que eles possam ser bons gestores de pessoas.

BC Nesse sentido, como é possível transformar um chefe em um líder?RS O que costuma acontecer, de forma genérica, é transformar um profissional, que tem um bom desempenho em uma determinada área, em gerente. Primeiro ponto: o que eu fiz para preparar esse gestor para cuidar de pessoas? Qua-se sempre, nada. Segundo: o que essa pessoa trouxe na bagagem – seja do mercado, de formação ou da própria experiência – para cuidar de pessoas? Também, em geral, é pouco. Quando a empresa percebe isso, quase sempre o estrago já foi feito. A recomendação que damos é: comece a preparar seu gestor antes mesmo de ele virar chefe.

BC Qual o perfil do profissional que o mercado realmente deseja atual-mente? O que é mais importante: uma sólida formação, experiência ou aptidão para o cargo?RS Nós acreditamos que uma boa for-mação não deve ser o pré-requisito fun-damental em um processo de seleção. Além das habilidades técnicas, é pre-ciso avaliar o aspecto comportamental e se os valores da pessoa estão ali-nhados aos da empresa. E vice-versa. Quem participa de um processo seleti-vo também precisa entrevistar a empre-sa e verificar se as práticas daquela orga-

nização combinam com seu espírito. Se a companhia olhar apenas o lado técni-co e o candidato avaliar só a proposta salarial, temos uma combinação que não irá dar certo. O recrutamento e a seleção constituem a primeira etapa do processo para criar um bom ambiente de trabalho, mas apenas isso não basta.

BC É nesse ponto que entra a ques-tão da inteligência emocional?RS Minha tradução de inteligência emocional é você ter uma visão do todo. Isso aqui para mim não é só tra-balho, tem uma ligação com a minha família, o meu lazer. É um lugar no qual posso ser eu mesmo, ter minhas ideias, meu espaço para trabalhar.

BC O que os profissionais desejam no ambiente de trabalho: salários e um pacote de benefícios atrativos ou qualidade de vida? RS Uma das conclusões da nossa pesquisa mostra que o salário não é o principal fator de atração e retenção de profissionais. Se eu estou em uma em-presa na qual meu único parâmetro de comparação é o salário, caso receba uma proposta da empresa ao lado para ganhar 20% a mais, provavelmente, aceite. Mas se eu tiver um conjunto de coisas – opor-tunidades de desenvolvimento, respeito

“Com uma equipe mobilizada e sintonizada é mais fácil atingir as metas”

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e reconhecimento, por exemplo – vou pensar assim: “o salário não é o melhor, porém o meu chefe me dá atenção e te-nho uma perspectiva de desenvolvimen-to, então não vale a pena mudar por cau-sa de um aumento de 20%”. Na última pesquisa que fizemos no Brasil, em 2012, cerca de 53% dos profissionais disseram que o fator que os estimula a permanecer na empresa é a oportunidade de crescer e se desenvolver. Em segundo lugar: quali-dade de vida, flexibilidade, equilíbrio da vida pessoal e profissional. Salários e be-nefícios ficaram em terceiro lugar, com aproximadamente 12% das respostas.

BC É possível criar uma atmosfera de trabalho agradável e, ao mesmo tempo, cumprir metas e prazos cada vez mais exigentes?RS Se eu tenho uma equipe mobilizada e sintonizada, mais facilmente eu con-sigo atingir as metas. Quanto pior é o ambiente de trabalho e menor a atenção que se dá as pessoas, mais difícil será atingir os resultados. As companhias que fazem parte da lista “Melhores Empresas para Trabalhar” têm metas a cumprir. A diferença está no fato de

que as pessoas querem atingi-las. Essas companhias adotam práticas de gestão de pessoas que fazem com que os fun-cionários se sintam, de fato, mobiliza-dos a colaborar com os resultados.

BC Um dos desafios atuais relativos à gestão de pessoas está relacionado ao chamado conflito de gerações X e Y. O que pode ser feito nesse sentido para minimizar atritos e colher resultados?RS Cada geração tem características que diferem da anterior e da posterior. Lidar com essas diferenças sempre foi um de-safio da área de gestão de pessoas. A úni-ca diferença está no fato de que o inter-valo entre as gerações está ficando menor e as pessoas também estão trabalhando por mais tempo ao longo de suas vidas. Então, atualmente, em uma mesma em-presa há um convívio maior de profis-sionais de diferentes gerações. O segredo é conversar com as pessoas e entendê-las sob a perspectiva de cada uma delas. Nós temos um vício de achar que aquilo que pensamos é o melhor para todos.

BC Como você vê a questão da in-serção das mulheres no mercado de

trabalho. Quantitativamente, elas já são maioria, mas em relação a salá-rios e cargos de liderança?RS Em 1997, quando fizemos nossa pri-meira pesquisa, havia 11% de mulheres em posição de chefia. Em 2012, esse nú-mero passou para 33%. A boa notícia foi que a participação cresceu muito, porém ainda não chegamos a 50%. No entan-to, se analisarmos o caso de um homem e uma mulher que ocupam o mesmo cargo, em geral, a profissional tem mais tempo de casa e de estudo, mas quase sempre o salário é menor. Ou seja, ela teve que se esforçar mais para chegar à mesma posição. Vale destacar que, em 1997, as mulheres em posição de lide-rança imitavam o comportamento mas-culino para poder se impor. Atualmente, as empresas querem que as profissionais em cargos de gestão lancem mão das características tipicamente femininas, entre elas: ser multitarefas, ter boa capa-cidade de relacionamento e maior facili-dade para delegar.

BC Como a automação comer-cial pode colaborar para a criação de um ambiente de trabalho mais agradável?RS Quanto maior a automatização

de processos, mais tem-po restará para atividades ligadas à gestão de pes-soas. Esse é o benefício imediato da tecnologia. Além disso, muitas das ferramentas de automação ajudam nesse trabalho de gestão, possibilitam maior controle e menos erros na concessão de benefícios, entre outros ganhos.“Quanto maior

a automatização, mais tempo restará para atividades ligadas à gestão de pessoas”

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14 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

ECONOMIA ANÁLISE

[[

Por Giseli Cabrini

A palavra perspectiva vem do la-tim – perspicere – que significa “ver através de”. É a representação do que vemos de forma gráfica. Acontece que uma tela ou um papel nos permite re-presentar graficamente apenas duas dimensões, enquanto nosso campo de visão alcança três. Portanto, são necessárias técnicas que possam criar a ilusão de profundidade, ou seja, de terceira dimensão.

Em uma analogia com os rumos da economia brasileira, é justamente isso que o mercado tenta fazer. Projetar ce-nários, a partir de indicadores macroe-conômicos e de modelos pré-estabeleci-dos. E, nesse sentido, uma interpretação nem sempre é unânime. Depende do ângulo a ser observado.

Se a perspectiva escolhida for o cená-rio internacional, o Brasil ainda mantém

Sob um ângulo externo, o Brasil continua atraente para investidores. Mas, na visão de analistas locais, só um ajuste fiscal pode garantir o crescimento sustentado

certa vantagem. Embora o ritmo de cres-cimento em 2013 deva ficar muito aquém de outras economias emergentes – como China e Índia – e a indústria nacional venha patinando, o setor de comércio e serviços parece estar longe de sair dos trilhos. Apesar de historicamente a taxa básica de juros, a Selic, ter chegado a um dos seus menores níveis (7,25% ao ano), comparados aos praticados por outras economias, nossos patamares ain-da são elevados. Nos Estados Unidos, a taxa de juros anual oscila de 0% a 0,25%. Assim, o Brasil continua a ser atraente.

“Do ponto de vista externo, nossa economia está muito menos suscetível às volatilidades do mercado. Houve um aumento das reservas, passamos a ter maior poder de regulação e nossa moe-da se fortaleceu”, diz o sócio-diretor da RC Consultores, Fabio Silveira.

Na avaliação de Fabio Pina, asses-sor técnico da Federação do Comércio, de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FECOMERCIO-SP), os benefícios dessa disposição estran-geira em investir no Brasil estão sendo subaproveitados. Segundo ele, para que o saldo seja efetivamente positivo, o governo precisa fazer a lição de casa: pro-mover um ajuste fiscal em suas contas. “É necessário cortar gastos e aumentar a eficiência da máquina pública.” Essa também seria a única fórmula efetiva para garantir um crescimento sustentado, sem risco de descontrole inflacionário.

OTIMISMO X CETICISMODe fato, o anúncio envolvendo a re-

dução nos preços das tarifas de energia em 2013 provocou reações distintas. Em nota, dirigentes da Federação e do

Questão de perspectiva

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Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP e CIESP) informaram que a decisão representou um passo impor-tante para que o Brasil possa recuperar a competitividade. Já os analistas opta-ram pelo ceticismo. Na semana seguinte ao anúncio, o Relatório Focus do Banco Central (BC) apontava, pela quarta vez consecutiva, diminuição nas projeções para o PIB em 2013: crescimento de 3,10%, ante uma expansão de 3,19%, estimada anteriormente. Por sua vez, para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a previsão era que o in-dicador atingiria 5,67% neste ano, ante 5,65% projetados anteriormente. De acordo com o boletim, que reúne a opi-nião de mais de cem analistas do setor financeiro do País, a estimativa para a Selic era manter-se em 7,25% ao longo do ano. “As evidências apontam para um crescimento baixo e inflação alta em 2013. Não temos grande otimismo em relação a esse quadro substancial”, afir-ma Silveira, da RC Consultores.

A retomada da indústria é um dos in-gredientes importantes para que o País reencontre o caminho do crescimento. O Produto Interno Bruto (PIB) avan-çou apenas 0,7%, de janeiro a setembro de 2012, um resultado magro, diante de outras economias emergentes como China e Índia que devem apresentar crescimento de, respectivamente, 8,5% e 6,4%, de acordo com projeções.

Recuperar a competitividade da in-dústria nacional também é essencial para equacionar outra questão: a in-flação, que, na contramão do PIB en-fraquecido, tem ficado mais robusta.

Problemas na produti-vidade reduzem a ofer-ta e, assim, pressionam a demanda, elevando os preços. Aliada a isso, a valorização do dólar também colabo-ra para que a inflação avance, uma vez que boa parte de insumos e mercadorias tem co-tações atreladas à mo-eda norte-americana, o que impacta o valor final para o consumi-dor. Em 2012, o IPCA – termômetro oficial da inflação – chegou a 5,84% em 2012, acima da meta oficial, de 4,5%, mas dentro da margem de to-lerância que prevê dois pontos percen-tuais para cima ou para baixo.

DOSES HOMEOPÁTICASSem o ajuste fiscal, mais uma vez

se combaterá o efeito, e não a causa dos problemas que contaminam a economia bra-sileira. Na visão dos analistas, o governo está combatendo a inflação e o baixo crescimen-to com doses homeopáticas. Ações como taxas de juros na casa de um dígito, medidas de estímulo ao consumo me-diante desoneração tributária e pacotes de investimento em logística e infraestrutura, sem o devido ajuste fiscal, aumentam o risco de agra-vamento da situação.

E pior: insistem em dar sobrevida a um modelo de crescimento ba-seado no estímulo ao crédito e ao consumo, que já se esgotou, como mostram os indicadores referentes a endividamento e inadimplência.

O presidente do Conselho Re-gional de Economia do Estado de São Paulo (CORECON-SP),

Manuel Enriquez Garcia, reforça a im-portância de agir, de fato, para que a in-flação fique sob controle. Segundo ele, o fenômeno de ascensão social de boa parte da população nos últimos anos só foi possível em virtude da queda da in-flação que proporcionou uma melhor distribuição de renda.

Pina, da FECOMERCIO-SP, faz coro. “Essas medidas microeconômi-cas, embora paliativas, devem gerar algum efeito positivo sobre a produção industrial. Projetamos um crescimento de 5% para o comércio em 2013. No entanto, os empresários devem estar atentos, pois, se a inflação ficar resis-tente demais e evoluir para uma taxa de dois dígitos, o horizonte será outro. Além disso, qualquer elevação de pre-ços acirra os ânimos na relação capital e trabalho, e isso gera um impacto direto nas negociações salariais.”

Sem o ajuste fiscal, mais uma vez se combaterá o efeito, e não a causa dos problemas que contaminam a economia brasileira

Manuel Gacia, do CORECONÉ importante o governo agir para que a inflação fique sob controle

Fabio Pina, da FECOMERCIOComércio deve crescer 5% em 2013, índice que pode mudar se a inflação evoluir para dois dígitos

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Especialistas têm recomendado que investimentos em títulos emitidos por empresas privadas (a exemplo de debêntures) ganhem espaço na carteira dos investidores neste ano. Trata-se de uma tendência para os próximos anos?Com a redução da taxa de juros, é natu-ral que os investidores busquem novas opções de investimento para aumentar a rentabilidade de suas carteiras. E os títulos privados são uma dessas opções. Acreditamos que eles deverão ganhar espaço no futuro próximo.

A Bolsa de Valores, considerando seu principal índice (o Ibovespa), teve desempenhos decepcionantes nos últimos anos. As perspectivas para o mercado de ações estão me-lhores para este ano?Do ponto de vista do cenário interna-cional, as perspectivas parecem me-lhores, uma vez que os riscos de rup-tura diminuíram consideravelmente, e alguns países, como Estados Unidos e China, mostram sinais de recuperação. Já no Brasil, temos um cenário dúbio, com juros baixos (que poderia ser po-sitivo para o mercado acionário), mas também de inflação elevada (que tende a ser negativo para diversas empresas). Aparentemente, as perspectivas são melhores, mas o investidor tem que ser seletivo na escolha dos papéis [ações]. Não parece ser ainda um cenário de forte valorização do Ibovespa.

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ECONOMIA

Por Epaminondas Neto

Vivemos em tempos interessantes, como diz uma velha maldição chine-sa. O panorama continua ainda nebu-loso para a economia mundial. Se há sinais importantes de que os Estados Unidos parecem sair do atoleiro da crise de 2008, a Europa ainda surge no horizonte como um enorme ponto de interrogação.

Já o Brasil, que passou até melhor do que muitos esperavam pela crise mun-dial, enfrenta a ameaça de uma inflação que teima em não sossegar, enquanto batalha por um ritmo mais vigoroso de crescimento econômico.

Para enfrentar esse cenário, o governo mantém a taxa básica de juros em seu menor nível histórico (7,25% ao ano). Essa taxa influencia tanto o custo dos empréstimos para empresas e consumi-dores quanto o ganho de aplicações po-pulares como Cédula de Depósito Ban-cário (CDBs) e fundos de investimentos de renda fixa.

CDBs e fundos de investimentos, por causa dessa ligação com a Selic, ajudavam o investidor a proteger seu dinheiro con-tra a inflação. Esse cenário mudou desde o ano passado, talvez em definitivo.

É sobre esses e outros temas que a re-portagem da Brasil em Código procurou um especialista que é presença cons-tante das páginas dos mais importantes

diários econômicos: Flávio Ser-rano, economista-sênior da BES Investimento do Brasil, a filial bra-sileira do banco português Espírito Santo. Confira a seguir sua visão para 2013.

Em termos de projeções para a economia mun-dial, há um relativo oti-mismo em relação aos Estados Unidos e China. O prin-cipal foco de preocupação parece continuar sobre a Europa. A zona do euro vai ser realmente a maior fonte de surpresas desagradáveis para os investidores?A morosidade das autoridades euro-peias em agir quando necessário tem gerado uma maior letargia na recupe-ração econômica da região. Portanto, parece ser mais provável que tenhamos mais notícias negativas vindas da Euro-pa do que de outras regiões.

Durante anos, os investidores ti-veram a comodidade de deixar o dinheiro aplicado em juros e se pro-teger contra a inflação. Especialistas do setor financeiro acreditam que essa combinação não deve funcio-nar neste ano, e que o CDI (o juro de mercado, influenciado pela taxa Selic), aparentemente, deve perder para os índices de preços. Essa vai ser a nova realidade para os investi-dores a partir deste ano?Aparentemente, sim. Nos últimos anos, já tivemos um bom desempenho dos ativos indexados à inflação. Como es-peramos a manutenção da taxa Selic em patamares baixos e que a inflação siga pressionada, o investidor deverá optar por novos investimentos para se prote-ger disso. Apenas a taxa de juros pode não ser suficiente para cobrir as perdas no poder de compra derivadas do au-mento intenso dos preços.

Blinde seus investimentos

Flavio Serrano, da BES Com a redução das taxas de juros, títulos privados são boas opções de investimento

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18 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

POLÍTICAS PÚBLICAS

[[INOVAÇÃO

digitalOrdem e progresso

Além de parcerias com a iniciativa privada, padrões GS1 passam a ser aliados do governo no desafio de criar um ambiente de negócios ainda mais favorável para os setores de comércio, serviços e logística

O setor terciário, que envolve as áreas de comércio, logísti-ca e serviços, é um dos principais pilares da economia nacio-nal, principalmente pelo fato de aumentar a competitividade doméstica e internacional, gerar empregos e acelerar o pro-gresso tecnológico. Sozinho, responde por aproximadamente 70% do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de tudo o que o País produz.

Nos últimos dois anos, enquanto o ritmo da economia na-cional como um todo começou a desacelerar (leia mais sobre o assunto na página 14), o setor manteve o dinamismo. Em 2012, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e

Por Giseli Cabrini

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Desempregados (CAGED), do Minis-tério do Trabalho, o segmento de servi-ços liderou a criação de vagas, contri-buindo com 666 mil novos postos, ou seja, quase a metade do saldo total, que foi de 1,3 milhão de empregos. O co-mércio, por sua vez, foi responsável por 372 mil novas vagas.

Grande parte da força do setor ter-ciário está no potencial de expansão do mercado consumidor. Para se ter uma ideia, entre 2009 e 2011, período que marcou o ápice da crise econô-mica mundial, a renda média mensal dos brasileiros cresceu 8,3%, atingindo R$ 1.345, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Vale destacar também que o setor de ser-viços é determinante para o comércio exterior. Mais de 190 empregos são ge-rados a cada milhão de dólares expor-

tado nessa área, segundo estimativa da Andrade Gutierrez.

Ciente disso, o governo brasileiro tem se dedicado a ações e políticas públicas que auxiliem na construção de um ambiente de negócios ainda mais favorável ao setor de comércio e serviços. E nada melhor do que se cercar de aliados. Entre eles, está a GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação, cujos padrões voltados à inovação e automação das cadeias produtivas do País já são referência de boas práticas no âmbito privado na-cional e internacional.

Há anos, a GS1 Brasil e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co-mércio Exterior (MDIC) vêm estrei-tando laços. O objetivo é inserir cada vez mais a automação nas discussões da agenda política e disseminar os be-

nefícios que o sistema GS1 pode ofe-recer aos mais diversos segmentos da economia. Com isso, é gerado um efei-to multiplicador sobre gestores do setor de comércio e serviços e, principalmen-te, sobre pequenos e médios empresá-rios, que representam mais de 85% dos associados da entidade. “Ao apresentar as tendências tecnológicas e de gestão que estão em evidência, a GS1 Brasil indica às empresas e órgãos públicos como tornar ainda mais dinâmicos os processos logísticos e de troca de in-formações na cadeia de suprimentos”, afirma o presidente da entidade, João Carlos de Oliveira.

O fortalecimento do canal de co-municação com autoridades públicas e órgãos governamentais ganhou um reforço com a recente inauguração do escritório da GS1 Brasil em Brasília,

Compartilhamento GS1 Brasil participou ativamente das palestras do SIMBRACS e promoveu o acesso dos participantes com crachás que funcionavam por meio da tecnologia RFID

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[[POLÍTICAS PÚBLICAS

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no fim do ano passado. “Nosso trabalho consiste em for-necer acesso a informações relacionadas à automação que auxiliem o governo na elaboração de leis, projetos e rotinas operacionais nas três esferas: federal, estadual e municipal. Também buscamos contribuir para que a administração pú-blica direta possa acelerar a disseminação desses dados junto às partes interessadas. E ainda apoiar políticas públicas, dis-ponibilizando soluções padronizadas que ajudem em ações, projetos, campanhas e outras medidas práticas voltadas para o bem-estar da sociedade”, explica a assessora de relações institucionais da GS1 Brasil, Liliam Vanessa dos Santos.

GANHOS PARA TODOSPor meio dessas ações, a entidade consolida o papel de

auxiliar o poder público nos desafios relacionados ao aces-so, adaptação e gestão de soluções de automação no âm-bito do setor de comércio e serviços, atividades nas quais predominam pequenas e médias empresas. Além disso, a GS1 Brasil colabora para assegurar os benefícios sociais que podem ser obtidos por meio da adoção das ferramentas e padrões – desde maior conforto e agilidade na execução de tarefas diárias, como controles de estoques, redução de cus-tos operacionais e confiabilidade, até segurança alimentar e preservação de vidas. Se considerarmos apenas a cadeia logística, a automação proporciona ainda ganhos diretos ao meio ambiente, entre eles: menor consumo de papel, di-minuição no volume de resíduos e redução de emissão de gases tóxicos.

Um passo importante nesse sentido foi dado por meio da participação da entidade na primeira edição do Simpó-sio Brasileiro de Políticas Públicas para Comércio e Serviços (SIMBRACS), coordenado pelo MDIC. O evento foi uma oportunidade para a GS1 Brasil compartilhar sua expertise em inovação e automação. Prova disso, o acesso dos par-ticipantes ao simpósio foi feito por meio da tecnologia de identificação por radiofrequência, a RFID. “Todos os cra-chás receberam etiquetas contendo um chip eletrônico que, mediante a aproximação dos portais de acesso ao evento, realizavam a identificação imediata dos participantes em telas que também exibiam mensagens de boas-vindas. Esse tipo de tecnologia de acionamento por aproximação permite maior agilidade e precisão em eventos, principalmente os de grande porte, caso do SIMBRACS e do Prêmio Automação, realizado pela GS1 Brasil”, detalha o assessor de soluções de negócios da GS1 Brasil, Rodrigo Souza.

O presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira, foi um dos integrantes da mesa de abertura do SIMBRACS e, durante sua apresentação, destacou a importância da utiliza-ção dos códigos globais nas cadeias produtivas. Em um dos painéis, o gerente de inovação e tecnologia da GS1 Brasil, Roberto Matsubayashi, discutiu com outros palestrantes os benefícios do uso da etiqueta inteligente e da RFID nos ser-

viços de identificação, rastreabilidade e autenticidade, bem como a importância da adoção de padrões para que toda cadeia tenha esse benefício. Foram debatidos também os impactos da tecnologia RFID sobre os negócios e os con-sumidores em diferentes cenários. Participaram das discus-sões, representantes de organizações que utilizam a RFID, a exemplo da Memove, da área têxtil, e da Aeronáutica, além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e da ECT (Correios).

A partir dessa apresentação, a Secretaria de Comércio e Serviços, do MDIC, resolveu incluir a RFID utilizando o padrão EPC, desenvolvido pela GS1 Brasil, em estudos vol-tados a avaliar formas de acesso a novas tecnologias pelas cadeias produtivas que tragam ganhos e resultados a esses agentes e também para o consumidor final.

João Carlos de Oliveira, da GS1 Brasil (à esq.)Apresentação de tendências para os setores de comércio, serviços e logística

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Na entrevista a seguir, o secretário de Comércio e Serviços do MDIC, Humberto Ribeiro, fala sobre a importância do SIMBRACS e de que forma as soluções do sistema GS1 po-dem reforçar a competividade do setor de comércio e serviços.

Em sua opinião, de que forma o SIMBRACS colabo-rou para aproximar o setor público das entidades pri-vadas que estão à frente de soluções de inovação e auto-mação, entre elas a GS1 Brasil?O SIMBRACS faz parte da agenda de desenvolvimento dos Conselhos de Competitividade de Comércio, Serviços Logís-ticos e Serviços do Plano Brasil Maior, do governo federal, vol-tado à adoção de medidas para aumentar a competitividade da economia brasileira, a partir da melhoria da produção, dos investimentos e da inovação. Trata-se de um evento realizado anualmente sob a coordenação da Secretaria de Comércio e Serviços do MDIC, em conjunto com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, o SEBRAE Nacional. Na primeira edição, realizada no fim de novembro de 2012, o SIMBRACS reuniu mais de 1.500 participantes, entre líderes de empresas, entidades associativas, representantes dos tra-balhadores e acadêmicos em conjunto com representantes do poder público Executivo e Legislativo das esferas federal, estadual e municipal. O evento teve como principais objetivos discutir tendências e debater políticas públicas para o fomen-to dos setores de comércio, logística e serviços frente à con-juntura da economia internacional, além de apresentar e di-vulgar instrumentos para melhoria do ambiente de negócios e o fortalecimento do setor produtivo brasileiro. O Simpósio também reforçou o componente de inovação como o grande diferencial competitivo das empresas, independentemente de porte ou setor de atuação, o que se reflete não só no desenvol-vimento de novos produtos e processos mas também na oti-mização de custos. A inovação é uma das formas de converter a mudança em oportunidade. É necessário oferecer ao cliente mais do que ele espera, surpreendendo-o e encantando-o, vi-sando com isso a sua fidelização.

Como a automação pode colaborar para tornar o am-biente de negócios mais favorável para o setor de co-mércio e serviços?A forte competição enfrentada por este setor nos últimos anos tem impulsionado a busca por maior eficiência em pro-cessos operacionais. O comércio eletrônico, por exemplo, trouxe mudanças no comportamento do consumidor, que hoje tem a seu favor ferramentas para comparar preços, obter recompensas e comprar em qualquer lugar e a qualquer mo-

mento. No novo varejo, várias tecnologias emergentes vêm sendo adotadas, como mobilidade, interatividade, informa-ção e integração. Para o setor de comércio, o uso da tecnolo-gia da informação é um importante instrumento no gerencia-mento e logística de mercadorias e produtos. Muitas vezes, é necessário rever processos e operações, tendo em vista a disponibilidade ao cliente do produto certo, no momento certo, pelo menor custo possível. O objetivo de todo esse in-vestimento é melhorar a eficiência operacional. A integração eletrônica é uma das maiores armas estratégicas à disposição das organizações, ao passo em que pode ser instrumento efe-tivo de aumento do bem-estar do consumidor.

Das soluções oferecidas pelo Sistema GS1, quais con-sidera as que mais poderiam colaborar com o dia a dia dos pequenos e médios empresários?No âmbito dos Conselhos de Competitividade de Comércio, Serviços e Serviços Logísticos, foi identificada a importância das tecnologias por Identificação e Captura Automática de Dados (AIDC), entre elas, tecnologias de identificação por radiofrequência, que utilizam cartões inteligentes impressos – incluindo cartões ou etiquetas de acionamento por apro-ximação. Nesse sentido, a GS1 Brasil foi uma das parcei-ras da Secretaria de Comércio e Serviços, na realização do SIMBRACS, demonstrando a utilização da tecnologia de etiqueta inteligente, a partir do credenciamento dos parti-cipantes. Além disso, durante um dos painéis do evento, a GS1 demonstrou como o setor de comércio e serviços po-deria se beneficiar dessa tecnologia frente aos novos serviços (identificação, rastreabilidade e autenticidade), tendo como resultados a melhoria da competitividade do setor terciário e o bem-estar do consumidor brasileiro.

O Simpósio terá uma segunda edição em 2013? Nesse momento, estamos iniciando na Secretaria de Comér-cio e Serviços as discussões para definição do 2º SIMBRACS, com previsão para realização em novembro de 2013.

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Tendências e soluções em debate

Humberto Ribeiro, do MDICA integração eletrônica é uma das estratégias à disposição das organizações

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AUTOMAÇÃOCAPA

Na comemoração de seus 30 anos, a GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação confirma sua missão de incentivar a automação nas empresas e colaborar para o dia a dia das pessoas. Conheça as contribuições da entidade que ajudaram a melhorar o ambiente de negócios no País

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Em 2013, a GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação comemora 30 anos de atividades no País. Das primeiras eti-quetas com código de barras ao avanço da comunicação digital, a entidade participou ativamente de mudanças significativas na evolução tecnológica do mercado brasileiro.

Ao estimular o uso de padrões, a GS1 Brasil colabora para maior eficiência dos processos, como gerenciamento de produção e estoques, transporte, logística, rastreabilidade e rela-cionamento com parceiros e fornecedores. Os benefícios da padronização proporcio-nados às organizações chegam até o consu-midor. O código de barras e outras soluções estão por trás do atendimento ágil em lojas do varejo e de sistemas que permitem acessar in-formações sobre a origem dos alimentos que consumimos, entre outras vantagens.

A entidade nasceu, em 1983, como Associação Brasileira de Automação Comercial (ABAC) e foi fundada por em-presários da indústria e do varejo que já viam a automação como elemento fundamental. Rapidamente o movimento da automação e o uso do código de barras chegaram a compa-nhias de vários segmentos.

Nos anos 1990, a automação seguia em ritmo acelerado com cada vez mais produtos sendo codificados. Para fortalecer a imagem da asso-ciação, em 1994 a ABAC passou a se chamar EAN BRASIL, ligada à EAN – entidade com alcance internacional. Naquela época, a efici-ência na cadeia de suprimentos e a satisfação

do consumidor tornaram-se fundamentais nas estratégias de sucesso. E a automação era o caminho para atingir esses objetivos. Nesse sentido, a prioridade da associação foi inte-grar linguagens, sistemas de logística e adotar padrões que permitissem trocar informações sobre mercadorias e suas unidades logísticas até documentos eletrônicos.

Em 2005, a entidade unificou os padrões de identificação para a cadeia de suprimentos utilizados no mundo. Além disso, as orga-nizações espalhadas pelo planeta padroni-zaram o seu nome para GS1, que remete ao conceito de ser a primeira em padrões glo-bais. Dessa forma, a atuação da GS1 Brasil busca estabelecer normas técnicas, promover a cooperação entre parceiros comerciais, apoiar os empresários e, principalmente, in-centivar a automação e o uso de novas tecno-logias. Tanto é que o próprio código de barras linear evoluiu, inspirando o desenvolvimento de novos padrões, como o EPC, os códigos bi-dimensionais GS1 DataMatrix e o QRCode, este recentemente incorporado ao portfólio de códigos da GS1.

O princípio de inovação acompanha a trajetória da GS1 Brasil, sempre atenta aos novos horizontes da tecnologia que apontam desafios diferentes a cada dia para a comuni-dade de negócios.

A seguir, conheça um pouco mais sobre a trajetória da entidade a partir de suas contri-buições práticas para o ambiente de negócios no Brasil nas últimas três décadas.

Por Denise Turco

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24 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

TECNOLOGIA

DOSE CERTA, NA HORA CERTA O setor de saúde também encontrou na tecno-logia o caminho para maior eficiência. Na década de 1980, os laboratórios farmacêuticos adotaram o código de barras no padrão GS1 nas linhas de produção para evitar erros na distribuição. Depois, indústrias, laboratórios de análises clínicas, distri-buidores e hospitais apostaram em projetos de padronização e automação, a exemplo da codifi-cação de remédios em doses únicas. Hoje vários hospitais dão um passo além e tiram proveito do GS1 DataMatrix, código bidimensional utilizado para auxiliar no controle de medicamentos, que garante a segurança dos pacientes, evita erros de medicação e previne a falsificação.

PIONEIROSA automação e a adoção do código de barras con-tribuíram decisivamente para a modernização dos supermercados brasileiros, os primeiros estabele-

cimentos no Brasil a aderirem ao código de barras, na década de 1980. Hoje a iden-

tificação padronizada é quesito obriga-tório tanto nas grandes redes quanto nas pequenas lojas. A evolução continua, pois os supermercadistas apostam em novas soluções de auto-mação, como o código GS1 DataBar, ideal para controlar informações adi-

cionais como data de validade e lote dos produtos.

NOTA FISCAL ELETRÔNICAA inclusão do número do código de barras (GTIN), o identificador de itens comerciais desenvolvido e contro-lado pela GS1, na Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) passou a ser obrigatória no País desde 2011. A mudança colaborou para a automação, uma vez que facilita a gestão, torna os processos logísticos mais ágeis e possibilita fazer a rastrea-bilidade desde a indústria até o varejo. Do lado das secreta-rias de Fazenda estaduais, a automação agilizou os cálculos de substituição tributária do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS).

O CÓDIGO DE BARRAS CHEGA AO BRASILA introdução do código de barras no mercado, uma espécie de RG dos produtos, aposentou a etiqueta de preço nos produtos e a digitação ma-nual nas lojas. Juntamente com varejistas e indústrias, a GS1 Brasil foi a responsável pela introdução do código de barras padronizado nas embalagens de produtos em 1984, de modo que os códigos pudessem ser lidos por diferentes tipos de leitores ópticos – outra inovação tecnológica da época. O código de barras agregou benefícios para as empresas e, apesar de novas soluções surgirem ao longo dos anos, ele continua sendo um forte aliado para otimizar a gestão e reduzir custos operacionais. Na ponta, o consumidor foi beneficiado em virtude da maior produtividade das empresas, agilidade no atendimento e uma experiência de compra mais prazerosa.

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Azaleia, G r e n d e n e ,

Via Marte, entre outras indústrias de

calçados têm seus pro-cessos logísticos inte-

grados com fornecedores e varejistas em virtude do Grupo de Otimização Logística do Setor Calçadista e de Acessórios, GOL. O objetivo do grupo, que conta com o apoio da GS1 Brasil, é abas-tecer as fábricas de calçados com maior precisão por meio da padroni-zação com o código de barras e também do sistema de troca eletrônica de dados, o EDI, nas transa-

ções comerciais.

TROCA DE DADOS SEM FRONTEIRASO EDI, ou troca eletrônica de dados, é uma ferramenta que trans-mite mensagens eletrônicas padronizadas – pedidos, notas fis-cais, etc. – disparadas automaticamente pelas empresas que são parceiras comerciais. O primeiro passo para a padronização das mensagens EDI no País ocorreu por meio da GS1 Brasil nos anos 1980. De lá pra cá, muitas companhias passaram a utilizar a fer-ramenta, que proporciona maior agilidade no abastecimento de mercadorias, no faturamento, além de possibilitar a reposição au-tomática de estoques. Em 2012, ocorreu mais um progresso nessa área. A associação lançou o programa Order to Cash para ajudar as empresas a implementar um conjunto de processos desde o pedido, passando pela entrega até o pagamento via EDI.

No varejo, a automação agiliza o atendimento e permite uma experiência de compra prazerosa

RFID EM EVOLUÇÃONos anos 2000, as empresas brasileiras foram apresentadas à tecnologia de identificação por radiofrequência ou RFID. Ela funciona por meio de etiquetas que possuem um microchip e um transmissor conectados a uma antena. Os dados sobre os produtos são lidos e transmitidos por meio de ondas mag-néticas para o sistema, possibilitando um controle efetivo e

a rastreabilidade. Nos últimos três anos os custos caíram, pois o País passou a contar com fornecedores locais. Vários segmentos já colhem resultados efe-tivos e novos projetos estão em estudo. Esse avanço teve papel decisivo da GS1 Brasil, que incentiva a aplicação do padrão global EPC (Código Eletrônico de Produto). Com ele, cada item possui um número individual codificado em uma etiqueta inteligente e, quando lido, é associado a informações contidas em um banco de dados.

AUTOMAÇÃO A PASSOS LARGOS

APOSTA NO POTENCIAL DOS PEQUENOSAutomação é questão de sobrevivência em uma economia globalizada, em especial para empresas de pequeno e médio porte, que cada vez mais adquirem importância na economia brasileira. Desde o início de suas atividades, a GS1 Brasil fortalece os serviços aos associados e à comunidade de negócios, com foco na automação das pequenas e médias empresas em um grande número de projetos. Esses pro-gramas ocorrem em várias frentes: suporte na implantação da automação, pro-porcionando ganhos em qualidade e agilidade; cursos de capacitação; assessoria técnica para implantação dos códigos, entre outros. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) é um importante aliado da entidade para que a tecnologia chegue até as micro e pequenas.

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26 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

INSTITUCIONAL

RELAÇÕES COM O GOVERNOEm 2012, a GS1 Brasil estabeleceu um canal direto em Brasília, inaugurando um escritório na capital federal para intensificar o relacionamento com os órgãos go-vernamentais. O objetivo é criar ações estratégicas com os setores do governo federal e do Congresso Nacional para disseminar o uso dos padrões internacionais. Como exemplo do trabalho da entidade no Distrito Federal está a participação nas Câmaras Setoriais, orga-nizadas pelo Ministério da Agricultura. Representantes da GS1 Brasil têm lugar cativo nas discussões dos se-guintes grupos setoriais: carne bovina; fruticultura; leite e derivados; cachaça; algodão; viticultura, vinhos e de-rivados; infraestrutura e logística, entre outros. A enti-dade também participa de reuniões e audiências junto a alguns ministérios e agências do governo, como Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX), Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), entre outras.

HOMENAGEM À CRIATIVIDADETodos os esforços das empresas para aprimorar os processos de automação e padronização merecem ser reconhecidos. Para celebrar essas conquistas, há 15 anos a GS1 Brasil realiza o Prêmio Automação, que reconhece as organizações que se destacam na utilização ou disseminação dos padrões GS1.

PARCEIROS DE TODAS AS HORASUma das chaves do sucesso da GS1 Brasil é o relacionamento com organizações parceiras para troca de informações, experiências e ações práticas que beneficiam vários segmentos da economia. A parceria com mais de 35 organi-zações de diferentes áreas demonstra a impor-tância do Sistema GS1 e da automação para o ambiente de negócios.

PAPEL SOCIALColaborar para uma sociedade igualitária e com mais oportuni-dades para o desenvolvimento humano também é uma preocu-pação da GS1 Brasil. A entidade possui um programa de respon-sabilidade social que privilegia campanhas e ações nas áreas de educação, trabalho e melhores condições de vida. Um dos des-taques é um programa voltado para a capacitação profissional de pessoas com deficiência em conjunto com a organização não go-

vernamental Associação Nova Projeto. Desde 2003, mais de 300 jovens já

foram inseridos no mercado de trabalho.

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MULTIPLICANDO O CONHECIMENTO Uma das frentes de trabalho mais fortes da GS1 Brasil é disseminar o conhecimento sobre a automação e a importância da padronização. Mas esse trabalho vai

além, pois a entidade sempre está atenta às tendências tecnológicas de ponta com o

objetivo de repassá-las aos seus as-sociados. Para isso, a diretoria e o

corpo técnico, desde o nascimento da associação, marcam presença em eventos importantes de di-ferentes setores, no Brasil e no mundo, levando conheci-mentos sobre a automação do mercado brasileiro e trazendo tendências. A missão pedagó-

gica para difundir o uso dos có-digos se estende na capacitação

de profissionais e empresários brasi-leiros. Para viabilizar isso, um dos tra-

balhos da entidade é estabelecer parcerias e convênios com outras instituições e universidades

promovendo cursos em todos os níveis – desde os ope-racionais até conteú-dos específicos para disciplinas de pós-graduação. Já para estimular a automação de pe-quenas e médias empresas, a entidade mantém, desde 1998, um programa através do qual promove palestras, cursos e seminários sobre padrões e soluções globais em todos os Estados.

PENSANDO COLETIVAMENTE Reunir empresas e profissionais para, juntos, pensar nas melhores soluções de automação para um determinado setor é algo que está na essência da GS1 Brasil, que organiza Grupos de Trabalho (GTs) nas áreas da saúde, varejo, materiais de construção, têxtil, calçados, agronegócio, entre outros. Como resultado das reuniões dos GTs, nesses 30 anos, a GS1 já desenvolveu inúmeros manuais práticos e soluções que atendem às ne-cessidades específicas de cada área.

CONHECIMENTO

GS1 NO MUNDO

Neste ano, outra celebração importante ocorrerá no universo da auto-mação. Há 40 anos, líderes da indústria se reuniram para selecionar um padrão único de identificação de produtos – o código de barras – criando assim a GS1. Os pioneiros na padronização mundial eram oriundos de empresas fabricantes de alimentos e bens de consumo, além de supermercadistas que vislumbravam melhorar a eficiência da distribuição de seus produtos. Hoje os padrões são usados por empresas, em todo o planeta, de diferentes setores e portes como saúde, logística, transporte, defesa, órgãos públicos, etc. Nessas quatro décadas, a GS1, que mantém seu escritório global na Bélgica, chamado de Global Office, tem se dedicado a implementar padrões para que produtos, serviços e informações circulem de maneira eficiente e com segurança entre as empresas que com-põem a cadeia de suprimentos. De lá, saem as principais diretrizes para guiar a atuação dos escritórios regionais da GS1 em mais de cem países.

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28 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

GESTÃO APLICATIVOS

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Por Mariana Izidoro

Na era do smartphone e do tablet, uma infini-dade de aplicativos ajudam a organizar a agenda, documentos e listas de tarefas. Outros facilitam o acompanhamento de projetos e a comunicação no trabalho. Para se ter ideia, mais de 46 milhões de downloads de aplicativos, também conhecidos como apps, foram realizados no mundo todo em 2012, segundo dado da ABI Research, empresa de pesquisa de mercado em tecnologia.

Mão na roda Aplicativos para smartphones ajudam a organizar informações e facilitam o dia a dia no trabalho e na vida pessoal. Para escolher a melhor ferramenta, confira as dicas de quatro empresários que trabalham com o desenvolvimento de aplicativos e entendem do assunto

Veja as dicas de quais aplicativos fazem a ca-beça (e o dia a dia) de quatro empresários que trabalham com tecnologia – justamente com o desenvolvimento de apps. A maior parte des-sas ferramentas guarda os dados em nuvem e os sincroniza em vários dispositivos (por exemplo, aparelho celular, tablet e computador), poupan-do tempo e facilitando a vida dos usuários que cada vez mais têm tarefas a realizar.

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PARA SE LOCOMOVER

PARA EMPRESAS

TRELLOPara: iOS, Android e Windows 8Gratuito

Gerencia projetos e atividades de empresas, nas diferentes frentes de trabalho. Também pode ser usa-do para organizar tarefas pessoais.

PIPEDRIVEPara: iOS, Android e computadoresValores a consultar

Ferramenta para controle de vendas e negócios com clientes. Gera relatórios e acompanha as metas das equipes de vendas. Substitui funções dos progra-mas de CRM (gestão de relacionamento com o clien-te) em uma interface simples para smartphone e web.

PODIOPara: iOS e AndroidGratuito

Aplicativo de produtividade. Também executa funções do CRM. “É a solução mais completa que usamos na minha empresa. Utilizamos como intra-net, para controlar projetos, organizar documentos, informações da equipe, eventos, mídia e outros”, diz Deivide Oliveira, sócio-fundador da UPPNA, star-tup de tecnologia, com foco em criação de sites e aplicativos.

WAZEPara: iOS e AndroidGratuito

Disponível em vários idiomas, o app ainda está se popularizando no Brasil. Funciona como um navegador para smartphones que têm GPS. A ferra-menta informa como está o tráfego na cidade a partir de informações de rotas de outras pessoas que estão usando o aplicativo no mesmo momento.

OLHO NA ESTRADAPara: iOS e Android Gratuito

Para quem viaja muito de carro, esse app mostra a condição do tráfe-go nas estradas localizadas nos Esta-dos de São Paulo e Paraná. Segundo o diretor de desenvolvimento da WBF Mobile, Wilson Baraban Filho, “dá para visualizar as câmeras das estradas em tempo real”.

SAFERTAXIPara: iOS, Android, BlackBerryGratuito

Localiza mais de 700 táxis na cidade de São Paulo. Permite escolher o mo-torista por suas qualificações. “Com poucos cliques e um cadastro, você con-segue um táxi na sua porta”, avalia Allan Panossian, sócio-fundador do Kekanto, app que ajuda na busca de lugares como restaurantes, hotéis e bares.

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30 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

PARA ORGANIZARGOOGLE DRIVEPara: Android Gratuito

Armazena e compartilha documentos diversos em nuvem, como os de texto, planilhas e apresentações. Permite edição dos documentos por vários usuários. “Depois que você sincronizar os dados de seu note-book do trabalho, computador de casa e seu celular no Google Drive, dificilmente conseguirá viver sem ele”, diz Panossian, do Kekanto.

DROPBOX

Para: iOS, Android, BlackBerry e Kindle Fire Gratuito

O Dropbox armazena e compartilha arquivos de vários tipos, como fotos, documentos e vídeos. Ajuda no trabalho em equipe. Os arquivos são armazenados em nuvem e podem ser acessados em qualquer dis-positivo que tenha o app instalado.

EVERNOTEPara: iOS, Android, BlackBerry e Windows PhoneGratuito

Aplicativo multiplataforma para guardar ideias e referências – em texto, áudio ou imagem. “É o bloco de notas definitivo, facilita bastante manter várias ano-tações organizadas”, avalia Fábio Freitas, criador do aplicativo BoaLista, que consulta preços de produtos em supermercados e lojas.

ANY.DO

Para: iOS e Android Gratuito

Ajuda o usuário a se lembrar das tarefas do dia, ge-renciando uma lista de afazeres. As listas podem ser compartilhadas com colegas, amigos e família. Sin-croniza dados em diversos aparelhos.

LASTPASS

Para: iOS, Android, BlackBerry, Windows Phone, Windows, Mac, Linux e outrosValores a consultar

Quantas senhas você usa por dia? Muitas vezes é complicado guardar tantas identificações. “Esse apli-cativo gerencia todas as senhas e informações que devem ser mantidas em sigilo, por meio de uma se-nha única”, indica Oliveira, da UPPNA.

PARA SE COMUNICARWHATSAPPPara: iOS, Android, BlackBerry, Windows Phone e Nokia Gratuito

O aplicativo permite a troca de mensagens de texto, áudio, imagens ou vídeos, usando a conexão com a in-ternet. Lê os contatos gravados no telefone do usuário e indica quais deles também usam o aplicativo. Foi citado por três dos quatro entrevistados, que o utilizam para conversar com equipe, clientes e amigos. O app permite formar grupos de trocas de mensagens.

SKYPEPara: iOS, Android, Windows Phone e NokiaGratuito

Outro aplicativo que facilita a comunicação com a equipe e clientes via chat, ligação de vídeo ou somente áudio. “É o preferido de muita gente para fazer confe-rências e ligações internacionais. Realizar ligações via Skype tornará sua conta de telefone muito mais barata”, diz Fábio Freitas, do BoaLista.

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TECNOLOGIA MULHERES

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Invasão femininaMulheres já são maioria em cargos de chefia na área de tecnologia e se preparam para brilhar lado a lado num universo onde os homens ainda predominam

Por Patricia Lucena

Responda rápido: quando o assunto é citar al-guma personalidade que seja referência em tecno-logia, qual nome lhe vem à mente? Provavelmente, entre as respostas estarão: Steve Jobs, Bill Gates ou Mark Zuckerberg. Ou seja: homens. No entanto, pouco a pouco, as mulheres têm conquistado um espaço cada vez mais significativo no universo dos bytes. Marissa Mayer, a ex-executiva do Google, aos seis meses de gravidez, tornou-se CEO do Yahoo. “A mulher quando está em um ambiente masculino precisa se sobressair, ser boa e estu-diosa.” É assim que a consultora em implementa-ções de sistema de tecnologia de identificação por

radiofrequência (RFID), Renata Rampim, des-creve a atuação feminina na área de Tecnologia da Informação (TI). Ela iniciou sua carreira na área de Engenharia Elétrica, influenciada pelo pai e o avô. Durante toda a sua formação – entre faculdade, mestrado e doutorado –, a consultora conta que as mulheres eram minoria nas turmas. No entanto, com o passar do tempo, esse cenário mudou. “Passei dez anos lecionando na facul-dade de Engenharia Elétrica e, no ano passado, percebi que a presença das mulheres já tinha aumentado. Estava uma proporção de quatro homens para duas mulheres.”

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A consultora de recursos humanos na DMRH, Giuliana Hyppolito, corrobora essa avaliação e conta que, em programas de contratação na área de TI realizado em 2012, de um total de 20 candidatos, 7 eram mulheres. “Neste ano, estamos promovendo outro programa com dez posições na área. De todo o público inscrito, 23% é feminino. Acredito que essa mudança esteja relacionada a uma maior interação das mulheres com a tec-nologia.” Segundo ela, apesar de ainda não existir um estudo formal sobre a presença feminina no mercado de TI, as consultorias têm percebido que esse grupo ocupa de 15% a 20% no quadro de funcionários do segmento.

Essa percepção está alinhada com a tese de doutorado da pesquisadora na área de TI e doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Bárbara Castro. Segundo ela, apesar do cres-cimento da participação feminina no mercado de trabalho, na área de TI apenas 19% são mulheres, o que corres-ponde a mais de meio milhão de pes-soas. Em sua avaliação, um dos motivos

dessa baixa presença é o fato de que a tecnologia sempre foi uma esfera de domínio masculino. Por isso, ainda não é possível observar uma transformação drástica em termos numéricos.

ELES SÃO DE MARTE, ELAS DE VÊNUS?

No universo de TI, ao contrário do que acontece no mercado de trabalho de um modo geral, Bárbara afirma que há muito mais mulheres na posição de chefia do que homens. Isso porque, apesar de serem menos numerosas, elas conseguem posições mais relevantes justamente pela especificidade do setor que é o de prestação de ser-viços. Ou seja, a área exige estar sempre em contato com clientes e traduzir suas de-mandas. Organizadas e com um grande senso de apu-ração, as mulheres buscam entender os motivos e se

aprofundam dentro de uma pesquisa, além de terem um maior interesse pelas relações interpessoais. Tais caracterís-ticas podem explicar a ausência delas na parte técnica.

A gerente-sênior das divisões de TI da consultoria de recrutamento Robert Half, Mariana Horno, des-taca que o principal motivo para o aumento das mulheres em cargos estratégicos é o fato de a TI ser cada vez mais vista como algo que agrega valor às outras áreas, deixando de ser apenas um mero suporte. Dessa forma, o perfil do profissional se torna misto, ou seja, é preciso entender a tecnologia e conseguir falar sobre ne-gócios e estratégias.

Em geral, as mulheres são mais detalhistas e, ao mesmo tempo, obje-tivas. Por esse motivo, conseguem ter uma visão macro e micro do que é ne-cessário. Isso permite fazer o acompa-nhamento das entregas e liderar mais de uma equipe, seja ela técnica ou de negócios. “Essas habilidades são es-senciais para lidar com clientes”, ob-serva o gerente de TI na consultoria de recursos humanos Hays, Henrique Gamba. “Nessa área, a mulher tem mais facilidade, pois visualiza todas as fases que ocorrem simultaneamente. O homem, pelo contrário, só consegue executar uma coisa de cada vez”, com-pleta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (SINDPD), Antonio Neto.

As mulheres conseguem mais posições de chefia na área de TI, porque têm flexibilidade para entender a tecnologia e falar sobre estratégias

Renata Rampim, consultora na área de RFID Homens gostam de lidar com as mulheres,principalmente se elas forem competentes

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Mas para toda regra há uma exceção. A engenheira de vendas na Zebra – for-necedora de soluções de impressão –, Suzanne Thudichum, tem um perfil totalmente técnico. “Comecei minha carreira na área de programação. Meu pai mexia com isso e me interessei pelas atividades que ele fazia. Passei por duas empresas até chegar à Zebra. Já atuei em diversas áreas, mas gosto de abrir impressoras, consertá-las e resolver o problema.” Hoje ela ocupa uma função bastante ligada à área comercial, mas confessa que têm dificuldades em lidar com clientes devido aos termos técnicos que não consegue deixar de usar.

Suzanne conta que, infelizmente, as mulheres que atuam no campo técnico ainda sofrem preconceito. Mas ela não se incomoda. “Eu não espero as pessoas responderem as minhas dúvidas, vou atrás das informações. Acho que esse é um dos motivos pelos quais os homens me respeitam.”

VENCENDO BARREIRASAprender a viver em um ambiente

dominado pelos homens requer co-ragem para desenvolver suas compe-tências. Historicamente, as mulheres não tiveram tanto contato com a tecno-logia como os homens. Mas a CIO da

Vip-Systems, Regiane Relva Romano, é apaixonada por tecnologia desde que se conhece por gente. “Meu primeiro emprego na área foi em uma locadora de vídeo quando eu tinha 13 anos. Lá eu tive a sorte de ter um chefe maravi-lhoso que me ensinou muita coisa sobre informática. Até hoje somos amigos. Eu sempre soube que queria trabalhar com tecnologia. Eu adorava tudo o que tinha um botão.”

Mas para ela nunca foi fácil ter es-colhido essa área. “Minha família era pobre e simples. Todos eram ligados ao magistério, e a pessoa que tinha se dado melhor na vida era diretora de escola. Eu tinha certeza de que não queria ser pro-fessora.” O seu negócio era mexer com computador e ela foi atrás do seu sonho, sem se intimidar com as dificuldades enfrentadas no caminho. “Minha mãe não me apoiava e, quando comecei a dar aulas em uma faculdade, ouvia todos os tipos de piadas dos professores homens.”

Determinada, aos 20 anos ela já estava formada em processamento de dados e dando aulas na universidade. Com 23 foi convidada para ser coordenadora de curso, comandando uma equipe essen-cialmente masculina. “Nunca fui muito feminina. E hoje convivo muito mais com homens do que com mulheres. Por

isso, acho que penso mais logicamente como homem, mas tenho a multiplici-dade da mulher.” Regiane ainda com-plementou seus estudos nas áreas de análise de sistemas, automação, geren-ciamento de sistemas de informação e administração.

O preconceito por parte dos homens em relação às mulheres de TI existe, mas começa a diminuir. “Nós estamos acos-tumadas a fazer tudo ao mesmo tempo. Isso me ajuda, mas também já foi um problema, porque eu falava demais e queria fazer muitas coisas. Eles não con-seguem acompanhar o ritmo. Hoje em dia acho graça dessa situação, mas no passado sofri muito”, conta Regiane.

Segundo Suzanne, da Zebra, conhe-cimento é a chave para vencer barreiras. “Quando eles percebem que você re-solve os problemas e consegue ser boa no que faz, o preconceito desaparece. ”No setor no qual ela trabalha, 95% das pessoas são homens. Mesmo assim a engenheira não encontra dificuldades para lidar com eles. “Mostro o que sei e eles se tranquilizam.”

Renata Rampim concorda e diz que o público masculino não acha ruim a presença de mulheres na equipe. “Pelo contrário. Eles gostam de lidar com a gente, principalmente se formos boas na

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da ZebraCom perfil mais

técnico, ela gosta de abrir

e consertar impressoras

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nossa área. Eles nos tratam bem e são extremamente gentis. Sempre tive uma boa aceitação.” A consul-tora diz que a área de RFID ainda é muito nova e, por isso, há poucas mulheres. “Somos minoria, mas as que entram nesse campo são influentes no mercado e já estão em cargos mais estratégicos das empresas.”

MALABARISTASProfissional, mãe e mulher. Três palavrinhas tão

simples, mas que têm um peso enorme e fazem com que o sucesso na carreira se torne ainda mais satisfatório. Com um filho de um ano, Suzanne precisa conciliar suas tarefas profissionais com a de mãe. “É bem complicado. Tenho que cuidar dele, levar para a escola, trabalhar e arrumar a casa. Isso quando meu filho não fica doente e preciso dar uma maior atenção.”

A CIO da Vip-Systems também vive situação semelhante. “Sou mãe, casada e tenho uma filha. Cuidar de tudo é muito louco, ainda mais para mim que sou uma pessoa sem limites, tanto para o lado bom quanto para o ruim. Eu trabalho muito, pes-quiso muito, escrevo muito, tudo muito. E por isso acabo tendo uma vida louca.” Mas, segundo ela, por nunca ter estado na zona de conforto e sempre ter precisado batalhar, as coisas acontecem e fun-cionam muito bem.

Casada e com dois filhos, Renata afirma que o mais importante em sua vida profissional foi ter conseguido conciliar a educação dos filhos com a carreira. “Tenho um lema que é o de matar um leão por dia. Dessa maneira, alcancei tudo o que quis na minha vida profissional e pessoal. Muitas vezes tive que acordar às 5h para trabalhar e dar tempo de, às 9h, levar meus filhos à natação.”

Regiane conclui que obter sucesso no mercado de tec-nologia não depende do sexo do profissional, mas sim do esforço, do foco e da determi-nação de cada um.

PESO MASCULINOLevantamento realizado pela pesquisadora na área de TI e doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Bárbara Castro, em sua tese de doutorado, mostra que a presença fe-minina é forte na função de analista de sistemas, en-quanto eles se destacam nas outras posições. O estudo tomou como base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009, da qual Bárbara selecionou sete ocupações do setor de TI para com-parar a presença de homens e mulheres. Veja:

“Ser homem ou mulher, tanto faz. A diferença está em você amar aquilo que faz”

Cargo

Especialista em computação

Engenheiro da com-putação/desenvol-vedor de software

Especialista em informática

Analista de sistema

Programador de informática

Técnico em programação

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Regiane Relva, da Vip-Systems

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JOGO RÁPIDO CONTÁBIL

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Por Giseli Cabrini

Além de vislumbrar uma oportunidade e ter espírito empreendedor, os empresários brasileiros precisam estar sempre atentos às regras contábeis, trabalhistas, fiscais e tribu-tárias. Segui-las e, muitas vezes, antecipar--se a mudanças envolvendo tais questões é fundamental para a abertura e a perenida-de de qualquer negócio. Nesse sentido, os profissionais ligados às atividades contábeis prestam uma grande contribuição para a economia brasileira.

E é justamente esse o objetivo da campanha publicitária “2013: Ano da Contabilidade no Brasil”, preparada pelo Sistema CFC/CRCs (Conselho Federal de Contabilidade/Conselhos Regionais de Contabilidade), tendo em vista o grande número de profissionais envolvidos na área. Neste ano, o Sistema CFC/CRCs atingirá a marca de 500 mil profissionais registrados.

“A atuação do profissional não se restrin-ge, em hipótese alguma, à prestação de con-tas ao fisco. Pelo contrário, ele é responsável pela saúde financeira de uma organização ao gerar informações contábeis precisas e necessárias, as quais são imprescindíveis aos gestores na tomada de decisões”, avalia

o presidente do CFC, Juarez Dominguez Carneiro.

Um comitê, do qual faz parte o Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (CRC-SP), está encarregado de atuar es-trategicamente na elaboração e execução desse projeto. Os principais objetivos são: evidenciar o verdadeiro papel do profissio-nal de contabilidade, fomentar sua autova-lorização e fortalecer a imagem da ativida-de perante a sociedade, a fim de formatar uma clientela mais consciente e exigente. A campanha também busca incentivar o aprimoramento dos profissionais que, valo-rizados, buscarão atender cada vez mais às demandas que lhes são cobradas, garantin-do à sociedade o correto exercício da profis-são contábil.

Na entrevista a seguir, o conselheiro do CRC-SP, Julio Linuesa Perez fala sobre como a atividade colabora para auxiliar o dia a dia dos empresários brasileiros, em particular os que estão à frente de pequenas e médias empresas. E ainda como as ferra-mentas de automação somadas à atuação dos contabilistas fazem a diferença na con-dução dos negócios.

Um ano para ficar nahistóriaLideranças e entidades ligadas à contabilidade unem esforços para mostrar à sociedade a importância da atividade, vital para a economia do País

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Como os profissionais da área de contabilidade têm contribuído para o desenvolvimento do País? Eles têm contribuído muito para o desenvolvimento econômico e social do Brasil por meio do acompanhamento diário das alterações fiscais e tributárias, interpretação e cor-reta aplicação das constantes mudanças ou, ainda, por meio de assessoria e consultoria aos empreendedores e empresá-rios para o desenvolvimento dos negócios, em geral.

De que forma a automação tem transformado o dia a dia dos profissionais de contabilidade?Nas últimas décadas, o fisco em todas as instâncias – federal, estadual e municipal – investiu maciçamente em controles e cruzamento de informações por meio da utilização dos mais sofisticados sistemas e softwares, o que só foi possível por meio da automação. Dessa forma, para acompanhamento e atendimento das obrigações fiscais e das necessidades em-presariais, se constata uma verdadeira revolução e mudança cultural dos empresários e, principalmente, dos profissio-nais da contabilidade. Nesse novo cenário, sem o uso devido e correto da automação, não mais é possível o atendimento e permanência no exercício profissional.

Quais são as principais demandas do segmento de pequenas e médias empresas na área de serviços contábeis?Os serviços de contabilidade são essenciais para manter uma visão clara e permanente do andamento dos negócios e correta gestão, entre elas a análise de resultados e o de fluxo de caixa. Eles são também cruciais para a tomada de deci-sões que impactam diariamente nos negócios. Por exemplo, cabe a esse profissional analisar, periodicamente, as diver-sas opções tributárias existentes: Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real – nas suas diversas modalidades. Portanto, empresários e profissionais de contabilidade têm de manter uma estreita relação de entendimento e parceria para obter o melhor resultado dos seus propósitos.

Em 2013, é a vez dos optantes pelo Lucro Presumido, o que inclui pequenos estabelecimentos, adequarem-se ao Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). Quais as adaptações necessárias? De que forma a au-tomação pode ajudar?As empresas optantes por esse regime tributário passam a usar sistemas e equipamentos de au-tomação que possam comportar a geração dos chamados arquivos magnéticos, necessários para encaminhamento ao novo sistema. É de extrema importância que tanto os empresá-rios quanto os profissionais de contabilida-de invistam, permanente, em capacitação e automação.

Em relação à Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), quais os pontos sensíveis para pequenos e médios empresários?A NF-e permite um efetivo controle de gestão fiscal tri-butária, inclusive de estoque físico, considerando ainda, a Escrituração Fiscal Digital (EFD), que compõe o SPED, integrando as entradas e saídas de mercadorias e produ-tos. E, consequente, do saldo de estoque final. Ou seja, constitui uma importante ferramenta contra a sonegação fiscal. Tal controle cria, de fato, um gargalo acentuado de complexidade para os empresários, pois demanda um efe-tivo e correto acompanhamento na codificação de todos os produtos e confronto permanente com o estoque físico e eventuais divergências, as quais deverão ser corrigidas e ajustadas.

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Julio Perez, do CRC-SP

“A automação revolucionou o dia a dia dos profissionais de contabilidade”

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38 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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CASEINTERNACIONAL

Na Turquia, toda a cadeia farmacêutica – da fábrica ao paciente – é rastreada com o uso do código GS1 DataMa-trix. O projeto é pioneiro no mundo e surgiu a partir de duas motivações: o controle do reembolso de remédios e a segu-rança do paciente.

Lá o governo subsidia a compra de 87% medicamentos por meio de reembolso para as farmácias. Com a receita, o paciente retira a medicação de graça nas farmácias, e estas recebem o pagamento de associações ou companhias de re-embolso, ligadas ao Ministério da Saúde turco.

Apesar do benefício à população, o sistema tinha proble-mas, pois uma mesma receita médica ou código de barras de um remédio chegavam a ser usados várias vezes, como com-provação da compra, o que causava fraudes na contabilidade e, consequentemente, prejuízo aos cofres públicos.

Para evitar buracos na garantia do reembolso, o go-verno da Turquia, por meio de regulamentação nacio-nal do setor de medicamentos, iniciou o Sistema Farma-cêutico de Controle e Rastreabilidade (Pharmaceuticals

Track and Trace System, em inglês. A sigla ITS vem do turco Ilaç Takip Sistemi). É o primeiro do mundo a operar em esca-la nacional. Cerca de 40 mil empresas são envolvidas, dentre fabricantes, exportadores, distribuidores atacadistas, hospi-tais, farmácias e associações ou companhias de reembolso.

A semente do projeto começou a ser plantada em outubro de 2007. Mas foi só há três anos, em janeiro de 2010, que começou a funcionar em escala nacional. Hoje, processa in-formações sobre 2,5 bilhões de medicamentos por ano.

Trazer o projeto para a realidade não foi simples. “O pri-meiro desafio foi convencer a indústria, porque eles tiveram que investir nas linhas de produção e nos softwares de geren-ciamento, o que significa custos”, conta Taha Yayci, executi-vo da TechN’arts, empresa turca responsável pelo projeto do ITS no país. Depois de muitas reuniões com entidades do setor farmacêutico, o segmento percebeu que o projeto era vantajoso, pois evitaria os problemas de falsificação e reem-bolso indevido. O segundo passo foi envolver os políticos no projeto para aprovação da legislação.

Da fábrica ao paciente, sistema farmacêutico da Turquia é o primeiro do mundo a ter 100% de controle e rastreabilidade com o uso do código GS1 DataMatrix

Por Mariana Izidoro

Segurança de medicamentos em cadeia nacional

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O SISTEMANo caminho que cada caixa de remédio

percorre da fábrica ao paciente, passando pelo atacadista/distribuidor, hospital ou far-mácia, são registradas cerca de dez transações no sistema de rastreabilidade turco para cada unidade de medicamento. O tempo médio de resposta de cada uma dessas operações de consulta – de envio e retorno da in-formação entre a empresa e sistema do Ministério da Saúde turco – é de 0,03 segundo.

Além de garantir o reembolso correto dos medicamentos e prevenir fraudes, o sistema assegura que o paciente receba o remédio certo, também previne a venda de medicamentos roubados, falsificados ou contrabandeados. A aplicação da rastreabilidade apoia o uso racional dos remédios e fornece dados para o controle operacional e logístico do mercado.

“O ITS também teve um grande contribuição para a econo-mia. O custo da falsificação, roubo de remédios, golpes usando códigos de barras e contrabando na Turquia era estimado em US$ 1 bilhão por ano. O sistema de controle e rastreabili-dade previne tudo isso, logo, podemos dizer que o governo economiza US$ 1 bilhão por ano”, diz Yayci. Se uma caixa de remédio é roubada, por exemplo, ninguém consegue vender esse medicamento, pois o sistema vai acusar a fraude.

CÓDIGO ÚNICONo sistema turco, a menor unidade controlada é cada

caixa de remédio. O uso do código bidimensional GS1 DataMatrix, assim chamado por ser o padrão global da GS1, permite o armazenamento de mais de cem tipos dife-rentes de informações e até 2.335 caracteres alfanuméricos. Por exemplo: data de validade, peso, lote, número serial. Uma vantagem do GS1 DataMatrix é ser um código de pe-quena dimensão, que pode ser impresso em uma superfície reduzida, como a de uma caixa de medicamento.

Ao contrário do código de barras comum, que somente contém o GTIN, o GS1 DataMatrix pode carregar, além do GTIN, outras informações adicionais como, no caso da Turquia, lote, validade e número serial. A combinação do GTIN com o número serial identifica cada unidade de for-ma única e individualizada. “Para declarar imposto de ren-da, cada pessoa tem um CPF, que é uma identificação única.

OS NÚMEROS DO SISTEMA FARMACÊUTICO TURCO

315 fabricantes de medicamentos

11 exportadores

285 distribuidores atacadistas

14.888 hospitais

24.380 farmácias

41 companhias ou associações de reembolso

Fonte: its.gov.tr

SeparaçãoSistema confere os medicamentos que serão colocados nas caixas de embarque

A Receita Federal cruza todas as informações com base na-quele número. O mesmo vale para o GTIN combinado com o número serial que está no GS1 DataMatrix, pois essa iden-tificação permite acompanhar tudo o que acontece com cada caixa de medicamento individualmente”, explica a assessora de negócios da GS1 Brasil, Ana Paula Vendramini Maniero, em uma analogia.

Assim, na Turquia, é possível saber onde cada caixa de medicamento está, o que garante a visibilidade, e também rastrear seu histórico, se necessário. Isso facilita, por exemplo, o recall de medicamentos. Os fornecedores também têm um código único de identificação junto ao Ministério da Saúde, o Número Global de Localização (GLN), que seria como um CNPJ internacional. Esta numeração também é atribuída e controlada pela GS1.

Em 2013, mais uma etapa do projeto será iniciada: a opera-ção das receitas médicas e relatórios eletrônicos e vai substituir o uso do papel e tornar a cadeia ainda mais automatizada.

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40 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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INTERNACIONAL

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NO BRASILEnquanto na Turquia todo o sistema far-macêutico já é rastreado e controlado passo a passo, no Brasil algumas inicia-tivas isoladas despontam. Um exemplo, descrito em reportagem da edição três da revista Brasil em Código, é o do Hospital e Maternidade Santa Joana/Pro Matre e dos Hospitais Albert Einstein, Oswaldo Cruz, em São Paulo (SP) e Moi-nhos de Vento, em Porto Alegre (RS). Essas instituições fizeram parcerias com fornecedores e fabricantes para que o GS1 DataMatrix fosse usado na identificação de medicamentos que são destinados aos pacientes (dose unitária). No hospital, o código auxilia na separação automatizada e controle da dosagem dos medicamentos, o que garante que cada paciente receba o tratamento correto.

Ao longo da cadeiaDa fábrica ao paciente, passando pelo atacadista/distribuidor, hospital ou farmácia, são registradas cerca de dez transações no sistema de rastreabilidade para cada unidade de medicamento

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GTIN: 07988357410015Validade: 15/05/2013

Lote: ABC1234

Serial: 1234567890XYZ

POR DENTRO DO GS1 DATAMATRIX

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Anuário ABIPLA 2013Participe você também da mais importante publicação do segmento de produtos de limpeza

Mantendo as inovações da edição anterior, o Anuário ABIPLA 2013 conserva sua preocupação com o meio ambiente e com as novidades tecnológicas. A publicação continua neutra de carbono e com a versão digital para Android e iPad.

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42 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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Uma homenagem às empresas pú-blicas, privadas e equipes que traba-lham com criatividade em soluções de automação tendo como base os padrões globais. Esse é o espírito do Prêmio Automação, promovido pela GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação há 15 anos. Em 2012, o maior evento promovido pela entida-de reuniu 800 convidados, entre eles importantes lideranças empresariais, e demonstrou que as soluções de auto-mação estão cada vez mais alinhadas com a realidade brasileira.

“É grande a satisfação de chegarmos ao XV Prêmio Automação com a certeza de que nosso trabalho vem apresentan-do resultados muito produtivos para toda a cadeia de abastecimento”, co-memorou o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira.

Em 2012, o prêmio reconheceu em-presas e entidades em 16 categorias, sendo duas novas: Case de Sucesso, para prestigiar as empresas mais cria-tivas na adoção das soluções GS1, e Imprensa, uma maneira de valorizar o trabalho de veículos e jornalistas que

ajudam a difundir os conhecimentos e as iniciativas de automação.

As organizações que apoiam as ações da GS1 Brasil em diferentes segmentos também receberam home-nagens, como é o caso de entidades ligadas às áreas de farmácias, labora-tórios e distribuidores farmacêuticos, indústrias alimentícias, embalagens, calçados, órgãos tributários, além do Exército e da Aeronáutica.

Na cerimônia realizada em São Paulo e conduzida pelos apresentadores de TV César Filho e Adriana Colin, a GS1 Brasil

Compromisso com a inovação

GS1 Brasil premia empresas e profissionais que promovem a automação no País e impulsionam novas iniciativas para a eficiência na cadeia de abastecimento

Da Redação

Jantar tecnológicoQRCode no cardápio indicou a origem dos pratos servidos na festa

PREMIAÇÃOEVENTO

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reafirmou seu compromisso em divul-gar a padronização e colaborar para o desenvolvimento do ambiente de negócios no País por meio da assi-natura de três termos de cooperação técnica com outras instituições.

Com a Associação Brasilei-ra da Indústria Têxtil e Confec-ção (ABIT), o acordo comprova a importância da utilização dos padrões GS1 para diferenciar o produto brasileiro e promover a rastreabilidade ao longo da cadeia produtiva. Já o termo de coopera-ção firmado com a Confederação das Associações Comerciais e Em-presariais do Brasil (CACB) esta-belece a parceria no Projeto Inte-gra, que promove a formalização e a capacitação de empreendedores individuais. Finalmen-te, a Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FHBA), por meio do acordo, contará com a expertise da GS1 Brasil para garantir a eficiência dos processos de rastreabilidade do segmento por meio da utilização de pa-drões e soluções globais.

Uma novidade do evento foi a pitada de tecnologia no jantar oferecido aos convidados. O cardápio trouxe im-presso o QRCode, código bidimensional recentemente

atribuído ao portfólio do Sistema GS1, que, quando foto-grafado pelo smartphone dos convidados, mostrava a ori-gem de cada ingrediente dos pratos servidos, integrando assim o consumidor final na cadeia de suprimentos por meio da rastreabilidade. A ação inovadora foi realizada em conjunto com a PariPassu, empresa desenvolvedora de sis-temas de tecnologia de identificação e rastreabilidade de alimentos. O show dos Titãs encerrou a noite de festa em grande estilo.

João Carlos de Oliveira, presidente da GS1 Brasil

“Prêmio comprova os resultados produtivos do trabalho da associação para toda a cadeia de abastecimento”

ConfraternizaçãoDirigentes da GS1 Brasil brindam sucesso do evento

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44 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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EVENTO

IMPRENSA VALORIZADAPela primeira vez a GS1 Brasil premiou os trabalhos da imprensa

dedicados ao desenvolvimento tecnológico, uma maneira de desta-car o jornalismo comprometido em difundir as melhores práticas de automação. Depois de receber inúmeras inscrições, a comissão julgadora do prêmio selecionou reportagens que trataram de so-luções globais de tecno-logia, identificação e pa-dronização de processos e seus benefícios para a cadeia de abastecimen-to. Os primeiros coloca-dos receberam prêmios de R$ 3,5 mil, cada um, e os jornalistas que fica-ram em segundo lugar, um tablet. Conheça a seguir os premiados:

CATEGORIAImprensa – Jornalismo Impresso1º lugar“Identidade única”, sobre tecnologias de identificação que trazem benefícios para as empresasCléia Schmitz, da Revista Empreendedor2º lugar“O Brasil busca mais eficiência”, sobre processos de automaçãoJúlio Sortica, da Revista Super Sul

CATEGORIAImprensa – Webjornalismo1º lugar“Padronização reduz custos e agiliza processos”, sobre o código eletrônico de produtos (EPC) e a tecnologia de radiofrequênciaEdson Perin, do RFID Journal2º lugar“Calçadistas padronizados”, sobre o projeto de padronização de sistemas do setor de calçados Gláucia Civa, do Portal Baguete

ComemoraçãoEvento reuniu 800 convidados para homenagear as iniciativas criativas com base nos padrões globais

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CATEGORIA VENCEDORES ÁREA DE ATUAÇÃO CONTRIBUIÇÕES

Atacadista/Distribuidor

Pennacchi Distribuição

Atacado/Distribuição Adoção de boas práticas de cadastro de produtos.

Automação de Expedição Via Marte Calçados Uso dos padrões GS1 na entrada da matéria-prima,

produção e expedição.

Case de Sucesso

HP – Hewlett Packard Brasil Informática Projeto SmartWaste, que contempla o rastreamento

de produtos por radiofrequência.

Central de Compras

Rede TOP Supermercados Central de compras Projeto de Eficiência Logística, que implementou

boas práticas de cadastro de produtos.

Gerenciamento de Categorias Nielsen Pesquisa de

mercado Unificação das informações do Cadastro de GPC*.

Indústria Portobello Revestimentos cerâmicos

Adoção do padrão GS1-128** em sua cadeia produtiva, gerando mais eficiência na gestão logística.

Multiplicadores SEBRAE Nacional

Apoio às micro e pequenas empresas

Projeto InoVarejo, que propiciou o acesso de micro e pequenos empresários à inovação e tecnologia.

Operação Logística

Grupo Pão de Açúcar Varejo Adoção do padrão ITF-14*** como obrigatório na

categoria mercearia.

Provedores de Solução

RFID CoE – Centro de Excelência em RFID

Centro de pesquisas

Capacitação de profissionais em RFID, além da pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.

Segurança do Alimento

PariPassu Desenvolvimento de sistemas de tecnologia para o agronegócio

Empresa foi parceira da GS1 Brasil no jantar rastreado servido no evento.

Segurança do Paciente

Gtt Healthcare Desenvolvimento de soluções de automação

Implantação da RFID e do padrão GS1 DataMatrix no armário de medicamentos inteligente.

Sincronização BIS Company Provedor de solução Esforços na solução de DataPool para o mercado brasileiro, atraindo a parceria de uma grande rede varejista.

Varejo Walmart Brasil Varejo Como boa prática, o produtor rural precisa utilizar o padrão GS1 de identificação para ser um fornecedor da empresa.

Visibilidade VGB – Memove Têxtil Expansão do uso da etiqueta RFID para mais de seis lojas.

VENCEDORES DO XV PRÊMIO AUTOMAÇÃO 2012

* GPC (Classificação Global de Produtos, em português): é a linguagem comum para a classificação de produtos entre parceiros comerciais.** GS1-128: utilizado na gestão logística e de rastreabilidade; não pode ser usado para identificar itens que passarão pelo ponto de venda.*** ITF-14: código de barras usado para identificação de itens comerciais que não passam pelo check-out do varejo.

Page 46: Brasil em Código - 7ª edição

PERFIL EMPREENDEDORISMO

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46 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

A fantástica fábrica de... brigadeiros!

Por Kathlen Ramos

Ter uma fábrica de brigadeiros com diversos sa-bores e embalagens que convidam para uma nova experiência pode parecer o roteiro de um filme para muitos. Mas para a mineira natural de Pouso Alegre, Taciana Kalili, 36 anos, esse conto se tor-nou realidade. Desde 2009, essa empreendedora trouxe ao mercado a Brigaderia, grife de brigadei-ros finos que começa a se espalhar por São Paulo.

Tão inusitado quanto ter uma fábrica de briga-deiros é como a história começou, já que Taciana é formada em administração e tem especialização em moda, tendo atuado em grande parte da sua carreira como designer de estamparia da indústria têxtil. No entanto, sempre teve a culinária como um hobby e com frequência era a responsável por preparar as sobremesas para a família. Mas foi quando se mudou para São Paulo que esse dom começou a tomar a forma de um negócio. “Quan-do vim para São Paulo, casada e com três filhos, queria buscar uma nova experiência no trabalho. E até encontrá-la, me dediquei ao hábito de cozi-nhar”, explica.

Num dia de grande inspiração, Taciana resolveu ser a responsável pelas sobremesas da festa de ani-versário do marido. O evento teve uma grande estre-

la no cardápio. “Resolvi oferecer apenas brigadeiros. Então, criei mais de 30 sabores para não ficar repe-titivo.” Nascia naquela festa a Brigaderia. “Somente nesse dia recebi mais de cem encomendas dos ami-gos e da família”, relembra.

Taciana começou a atender esses pedidos, pro-duzindo os brigadeiros em casa e com a ajuda dos filhos, que se divertiam para fazer o acabamento. Os docinhos recebiam uma embalagem especial. “No final de 2010, tive a ideia de fazer caixinhas presenteáveis forradas com tecidos, para dar às professoras dos meus filhos. O sucesso foi tama-nho que em dois meses minha casa foi tomada pe-las caixas e por pessoas que iam até lá fazer enco-mendas. Foi aí que percebi que precisava de outro lugar para a produção dos meus brigadeiros.”

DE HOBBY A PROFISSÃOAinda em 2010, Taciana resolveu profissionalizar

seu pequeno negócio com a criação da Brigaderia. “Visitei diversos shopping centers para ver se algum deles abraçava minha ideia, mas levei vários ‘nãos’. Só o Shopping Market Place aceitou minha propos-ta, e abri achando que fecharia em seis meses”, afir-ma a empreendedora.

Brigaderia fatura R$ 12 milhões apostando na variedade de sabores e em embalagens inovadoras para um dos grandes clássicos da culinária brasileira

Foto: Divulgação

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Mas os números mostraram o con-trário do esperado. A empresa registrou faturamento de R$ 5 milhões em 2010, dobrou em 2011 e se manteve acelerado em 2012. “Terminamos o ano passado com dez lojas próprias e faturamento de R$ 12 milhões. Para 2013, esperamos crescer, no mínimo 15%”, revela a em-preendedora, destacando que, neste ano, também pretende aderir ao modelo de franquias. “Vamos manter as lojas pró-prias em São Paulo, capital. Para o interior e demais Estados pretendemos adotar o sistema de franquias com quiosques, lo-jas de rua e em shoppings. A nossa nova fábrica já tem capacidade para atender cem lojas”, comemora Taciana, que hoje conta com 110 funcionários.

CAMINHOS DA GESTÃOComo o negócio começou sem um

planejamento, foram muitas as difi-culdades e desafios para acompanhar todo o crescimento. “Até agora, sempre tivemos que trocar o pneu com o carro andando. Temos de ser rápidos para aproveitar o ineditismo do negócio. Como deu muito certo, meu marido acabou deixando o emprego dele para

administrar a empresa comigo. Ao longo da jornada, mudamos alguns processos para otimizá--los, sempre visando não deixar a qualidade cair”, diz.

Em relação à concorrência, Taciana é bastante segura. “Muitas pessoas veem o sucesso da Brigaderia e acham que é fácil abrir uma loja de brigadeiros. As-sim tentam seguir no mesmo ‘barco’. Mas não é. É difícil inovar o tempo todo e desenvolver um produto que seja mui-to mais do que um simples doce caseiro. Vendemos uma experiência”, afirma.

Dois pontos são chave para manter o diferencial: as matérias-primas e o design das embalagens, que tem o teci-do colorido como a marca da empresa. “Nunca abri mão da qualidade dos in-gredientes.” Os brigadeiros levam, por exemplo, chocolate belga, suíço, dentre outras especiarias. Além disso, a emba-lagem é fundamental, porque 60% dos clientes compram para presentear.

Hoje, a Brigaderia produz cerca de 10 mil brigadeiros por dia para abastecer suas lojas. A empresa oferece mais de 40 sabores desse docinho. O clássico briga-deiro de chocolate ao leite é o mais ven-

dido e, em segundo lugar, fica a versão de limão. Outros destaques são o de pis-tache com chocolate branco, cheesecake com goiabada e leite ninho. Além disso, investe em bolos, sorvetes e bebidas que trazem o sabor do seu carro-chefe.

Taciana participa de todas as eta-pas de desenvolvimento. “Tenho uma equipe comigo, mas estou muito en-volvida com a criação de cada produto ou embalagem. Muitos podem ver essa concentração das tarefas como um fa-tor limitador de crescimento, mas não vejo dessa forma. Acredito que a mi-nha paixão pelo produto é que faz o negócio dar certo.”

Apesar de sempre visitar feiras de alimentos e pesquisar novos produtos, a inspiração e a base para a criação de novos sabores sempre vêm dos clien-tes. “Escuto muito o que eles querem e fico bastante tempo nas lojas para ouvi-los. E surgem muitas ideias boas”, garante a empreendedora.

Taciana Kalili, da Brigaderia“Minha paixão pelo produto é o que faz o negócio dar certo”

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48 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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TÊXTILRFID

Empresa de médio porte na área têxtil investe na tecnologia de identificação por radiofrequência, provando que este é um caminho sem volta

Eficiência garantida

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No bairro do Brás, um dos principais centros de comércio popular em São Paulo e destino diário de milhares de pequenos empresários que buscam mercadorias para revender em todo Brasil, a Rock Blue tem um diferencial que passa despercebido para quem apenas olha as vitrines. A empresa, que fabrica e comercializa jeans no ataca-do, decidiu apostar em algo que até pouco tempo atrás estava reservado apenas para companhias de grande porte: a tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID).

“A RFID é um caminho sem volta não só para quem fabrica roupa mas para mui-tos setores”, acredita o diretor da Rock Blue, Omar Aref. Antenado nas inovações tecno-lógicas e em busca de melhorar o controle e a eficácia nos processos, o jovem empresá-rio embarcou na RFID com código padrão

global EPC, da GS1. Com 70 funcionários, a empresa iniciou o projeto há pouco mais de um ano com a ideia de agilizar a entrada de mercadorias no depósito, mas verificou ser possível otimizar várias etapas da logística do produto.

Uma das razões que torna acessível o in-vestimento para a Rock Blue, fundada há 15 anos, e outras companhias é que, nos últi-mos três anos, a tecnologia RFID ficou mais barata no País, devido, principalmente, à queda do custo da etiqueta inteligente. An-tes, as etiquetas, que levam um microchip conectado a uma antena, eram importadas. Hoje há alguns fornecedores por aqui, como é o caso da ITAG Tecnologia, parceira da Rock Blue nessa iniciativa. A ITAG também faz a integração de software e hardware em projetos de RFID.

InovaçãoPeças recebem etiqueta com cola de alta resistência

Por Denise Turco

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50 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

A Rock Blue utiliza a RFID nos pro-cessos de entrada e saída de mercado-rias do seu depósito – que faz a cone-xão entre a produção e a loja atacadista. As etiquetas são impressas pela empre-sa e enviadas para as oficinas de costu-ras – pois a produção é terceirizada – e são coladas nas peças no processo de acabamento. Cada produto possui um número de série único, o que possibili-ta sua identificação e rastreabilidade ao longo da cadeia. Essa é uma das prin-cipais vantagens do EPC. Na entrada das mercadorias no depósito, as peças

passam por uma espécie de túnel, onde estão instaladas as antenas, responsá-veis por energizar o microchip dentro da etiqueta e enviar as informações dos produtos para um computador que faz todo o controle. Esse túnel evita que as antenas captem os sinais RFID de ou-tras operações feitas no mesmo local.

Já na expedição, as mercadorias se-paradas e nas caixas lacradas são con-feridas novamente no túnel antes de seguirem para a loja. Nesta etapa, o sistema cruza o número da nota fiscal com a embalagem para ter certeza de

que o produto faturado é o mesmo que está dentro da caixa. O ganho de agili-dade é justamente poder conferir uma quantidade grande de mercadorias em pouco tempo, evitando erros e possí-veis desvios.

Outro ponto positivo é que o sistema criado pela ITAG Tecnologia cruza in-formações do pedido como cor, quan-tidade e tamanho – dados essenciais para fazer um controle rigoroso. Caso ocorra algum problema, o sistema acu-sa imediatamente como, por exemplo, se faltar um determinado tamanho ou

Sérgio Gambim, da ITAGEtiquetas já são fabricadas

no Brasil, o que reduz custos para empresas

Sem errosTúnel RFID agiliza a conferência de grandes quantidades de mercadorias na expedição

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[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2013 51

MERCADO TÊXTIL NA VANGUARDA

Em todo o mundo, o segmento têxtil é um dos que mais investe em tecnologia para controlar processos, evitar perdas e au-mentar os lucros. A exemplo do já ocorre no mercado de vestuário norte-americano e europeu, fabricantes, distribuidores e varejistas brasileiros começam a investir em RFID para otimizar o fluxo de proces-sos, obter maior precisão dos dados e transparência, evitar erros, aumentar a produtividade e reduzir custos e estoques. Várias empresas da cadeia têxtil no Bra-sil – entre médias e grandes – têm proje-tos engatilhados nessa área, conta Sérgio Gambim, da ITAG Tecnologia.

peça que constava no pedido. “Isso dá a garantia que o produto certo está circulando na cadeia e evita até mesmo fabricar errado ou vender uma peça mais cara pelo preço de uma mais barata”, explica o analista de projeto da ITAG, Sérgio Gambim.

Além disso, a tecnologia de identificação por radio-frequência é utilizada para fazer a contagem de esto-que. Para essa atividade, os funcionários circulam pe-los corredores com um coletor que capta os sinais das etiquetas sem precisar tirar as peças das prateleiras. Antes da RFID, a equipe da Rock Blue demorava de dois a três dias para fazer o inventário em um proces-so no qual checava peça por peça. Agora, em apenas uma hora conta o estoque todo.

“Antes da RFID havia sempre discrepância entre o que sistema informava e o que tinha realmente no estoque físico. Hoje isso é inexistente”, complementa Aref. O índice de erros no depósito é quase zero e os processos são executados rapidamente e por poucos funcionários.

Segundo o diretor da empresa, a implementação do projeto ocorreu de maneira tranquila. A dificul-dade inicial foi detectada no pouco preparo da mão de obra, problema enfrentado por todo o mercado brasileiro. Por esse motivo, no início, algumas equipes cometiam erros como, por exemplo, esquecer-se de etiquetar uma peça ou etiquetar um produto errado.

Em relação aos valores do investimento no proje-to, Aref não considera caro em virtude dos benefícios obtidos. Ele diz que o maior custo é com a etiqueta – apesar de estar mais acessível atualmente. “As antenas e os outros equipamentos necessários não são caros. Compensa totalmente o investimento.”

O próximo passo da Rock Blue é aproveitar as van-tagens da RFID na loja em que vende por atacado, tan-to que já iniciou uma reforma para adaptá-la ao novo sistema neste ano. A empresa realiza testes para fazer o inventário da loja utilizando o coletor, que dá mobili-dade e agilidade para essa atividade. Além disso, serão instalados dois túneis RFID para conferir a entrada e a saída de mercadorias do estabelecimento.

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Agilidade Empresa realiza testes para

fazer o inventário da loja com coletor, o que reduzirá o tempo

de realização da atividade

No depósito, funcionário verifica no sistema se

as mercadorias separadas estão corretas

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52 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

VAREJO[[

TENDÊNCIAS

Direto de Nova YorkAs tendências e as soluções tecnológicas para o ponto de venda que vão ecoar em todo o mundo foram apresentadas no maior evento do varejo, a NRF Retail’s Big Show

Por Wilson Cruz*

O maior evento mundial do varejo é a NRF Retail’s Big Show, realizado no mês de janeiro em Nova York, nos Estados Unidos. Cerca de 27 mil pessoas, de 82 países, ligadas à cadeia do varejo de diversos segmentos – ali-mentos, vestuário, lojas de departamento, en-tre outros – se reuniram por lá. Já não é a pri-meira vez que o Brasil participou com a maior delegação internacional – prova de que profis-sionais, empresários, consultores e acadêmicos estão cada vez mais informados sobre os rumos do varejo e prontos para captar as tendências e estratégias para o nosso País.

A convenção, organizada pela National Retail Federation (NRF), oferece uma ampla programação de palestras com temas ligados

ao comportamento do consumidor, marketing, tecnologia, gestão de pessoas, entre outros. Além disso, promove uma exposição na qual são apresentadas soluções e novidades tecnoló-gicas para o ponto de venda e para a gestão do varejo. Neste ano, tive a oportunidade de visi-tar o evento e conhecer um pouco mais sobre o varejo americano. Por isso, compartilho com você, leitor, um panorama do que vi por lá.

A mensagem mais importante desse grande evento foi o avanço da mobilidade e seu impacto no comportamento das pessoas. O consumidor está mais conectado na internet e o varejista também precisa ficar muito atento a isso, pois hoje o concorrente está dentro da sua própria loja – no celular do cliente. A preocupação Fo

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[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2013 53

Direto de Nova York geral dos varejistas é como traçar estratégias tendo como pre-

missa as novas tecnologias de smartphones e também as mí-dias sociais. Há um ano essa era uma tendência apontada na NRF 2012. Agora as empresas correm para elaborar e colocar em prática ações em torno disso.

O autor do livro Socialnomics, Erick Qualman, e a vice-pre-sidente da IBM Global Business Services, Jull Puleri, abor-daram como as redes sociais influenciam o comportamento de compra. O consumidor usa o ponto de venda como sho-wroom, faz uma pesquisa na internet sobre os itens enquanto está dentro da loja física e, muitas vezes, sai dali com as infor-mações que recebeu para fazer a compra on-line.

Na palestra “The Great Convergence”, ou a “Grande Convergência”, em tradução livre, os executivos da Deloitte, da Sony e da Belk ressaltaram a necessidade de as empresas se adaptarem a essa nova realidade. O ideal é que o consu-midor compre em um canal – na loja física, por exemplo –, mas seja atendido em qualquer outro. Este é o conceito om-nichannel, em que o cliente compra na loja virtual, retira na loja física, troca em qualquer outro ponto de venda, comen-ta on-line em fóruns e assim por diante.

Uma das palestras mais interessantes foi a da Coca-Cola, na qual dois executivos da empresa – Melvin Landis e Alison Lewis – falaram sobre como encontrar novas for-mas de parceria com o varejo tendo como alvo a felicidade. E isso envolve a internet, a mobilidade e as redes sociais, que conseguem espalhar e impactar rapidamente as pessoas – tanto de forma positiva como negativa.

Encarando o fato de que os consumidores estão cada vez mais conectados, a Coca-Cola decidiu apostar em uma nova forma de comunicação: criar histórias que gerem sentimen-tos felizes nas pessoas. Exemplos: a vending machine que

Pilares do crescimentoKoffi Annan, ex-secretário-geral da ONU, destacou a importância do papel econômico e social das empresas

Page 54: Brasil em Código - 7ª edição

libera refrigerante ao ser abraçada ou o vídeo feito

com imagens de câme-ras de segurança que

ressaltam boas atitu-des – uma maneira

de estimular um olhar diferente para o mundo.

Além disso, a estra-tégia da companhia é investir na variedade de produtos.Entre as ações, uma máquina que oferece 125 sabo-res e uma garrafa ex-

clusiva para os fãs do programa American

Idol, um sucesso da TV norte--amer icana. Portanto, co-

nhecer o consumidor é fundamental, mas é preciso proporcionar uma expe-riência e compartilhar valores com ele.

Uma reflexão sobre o papel social das companhias privadas foi verificada no painel com o ex-secretário-geral da ONU, Koffi Annan, e o presidente da Macy’s, Terry Lundgren. Koffi Annan destacou a importância de as empresas promoverem o crescimento econômi-co e social, ressaltando que é preciso ter três pilares para construir nações prósperas: paz e estabilidade; desen-volvimento; e regras, leis e direitos hu-manos. Além disso, o grande empre-

sário varejista deve dar oportunidade para que os microempresários atuem como seus fornecedores, gerando as-sim mais empregos aos jovens. Terry Lundgren também deixou sua mensa-gem: conheça seu negócio e saiba qual o impacto dele na economia, use essas informações para falar com o seu go-verno local sobre o número de empre-gos. A interação com o poder público é fundamental para influenciar nas leis e regulamentações.

Pensando também em estimular a economia e dar oportunidades em tempos de crise, o presidente e CEO do Walmart U.S., Bill Simon, enfatizou o desafio de gerar empregos na economia norte-americana e a carreira no varejo.

Cuidar do funcionário para que ele trate bem o consumidor foi a men-sagem dos executivos Walter Robb, da Whole Foods, Howard Schultz, da Starbucks, e Kip Tindell, da The Container Store, que estiveram em um painel sobre liderança. Eles defendem que é importante estabelecer uma par-ceria ganha-ganha com os fornecedores e, se necessário, até investir neles para melhorarem de vida e, consequente-mente, atender melhor o varejo.

NOVIDADESAlém das palestras, a NRF é palco

das principais tendências de tecnolo-gia e comunicação no ponto de venda que vão se espalhar por todo o mundo.

O que chamou a atenção nesta edição do evento foram, especialmente, as so-luções de RFID, os leitores de código de barras de alta performance e as eti-quetas eletrônicas de gôndola.

A RFID está sendo apresentada como uma forte tendência para o gerenciamen-to de inventário de loja e para melhorar a experiência de consumo, como ve-rificamos na solução apresentada pela Motorola. A empresa montou um gran-de cenário contando a história da Julie, uma consumidora imaginária que, ao chegar à loja, é identificada ao fazer login na rede Wi-Fi. Com isso, o ponto de ven-da já pode se comunicar de forma perso-nalizada com essa compradora.

Quando Julie entra no provador, um equipamento apresenta vídeos, com-binações de peças e também funciona como um terminal de pedidos para que o vendedor traga outras roupas ou numerações para ela experimentar. Na loja, toda equipada com a tag RFID, os produtos estão sempre expostos nas prateleiras e araras – sem faltar nada –, processo que é garantido pelo inventá-rio diário – feito em questão de minutos.

Os leitores de códigos de barras ba-seados em câmera (diferente do laser que estamos acostumados), também da Motorola, têm altíssima performan-ce e podem ler códigos de diversos ta-manhos e formatos, como o QRCode. Também conseguem ler códigos de desconto diretamente na tela do celular.

A Datalogic exibiu outro tipo de leitor que é instalado na esteira de self-checkout e é capaz de ler o código em qualquer posição da embalagem – basta colocar o produto na esteira. Caso o código não seja encontrado, o equi-pamento mostra na tela a imagem do produto que não foi verificado.

Outra tecnologia interessante para self-checkout foi apresentada pela NCR: o equipamento é interligado a uma câmera e a um sistema de checa-gem de eventos suspeitos, a fim de di-minuir as chamadas ao assistente que está sempre de plantão ao lado dos caixas. Por exemplo: a consumidora põe a bolsa no local onde deveria co-locar apenas os itens que já foram lidos pelo scanner. O sistema identifica que não é um produto e não trava a venda.

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* Wilson Cruz é assessor da área de inovação e alianças estratégicas da GS1 Brasil e esteve na NRF 2013.

Nas versões anteriores de self-checkout, um assistente iria até o cliente para verificar o que ele fez de errado.

Com relação às etiquetas eletrônicas de gôndola, trata-se de um display eletrônico que apresenta o preço do produ-to para o consumidor. A vantagem é que o valor pode ser alterado a distância através de um computador, que pode estar em qualquer lugar. Dois fornecedores dessa tecnologia (Pricer e SES) já estão presentes no Brasil através da Seal e da CCRR e, segundo eles, com lojas que já rodam 100% com a nova etiqueta.

UMA VOLTA PELA CIDADEConhecer as boas práticas do varejo de Nova York é

algo importante de se fazer, aproveitando a realização da NRF Retail’s Big Show. Uma loja interessante que visitei foi a ShopRite, que pertence à Wakefern Food Corp, a maior co-operativa de supermercados dos Estados Unidos. Funda-

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da em 1946 e com sede em New Jersey, registrou receita de US$ 13,6 bilhões em 2012.

A Wakefern abastece todos os seus cooperados varejistas que operam sob as bandeiras ShopRite ou PriceRite, por meio de oito centros de distribuição (CDs). Além disso, ofe-rece serviços para as lojas: seguro, marketing, merchandising, infraestrutura de TI e propaganda. Um grande diferencial é a distribuição, que opera com alta performance graças às 240 docas por CD e uma área de expedição de aproximada-mente 30 metros de comprimento. A empresa possui frota própria de 500 caminhões e 2.000 carretas.

É claro que nos bastidores desta operação existe uma grande infraestrutura tecnológica. A separação é feita com uso de picking by voice (o sistema de gerenciamento de de-pósito – WMS – envia ordens de separação diretamente no headset do operador da empilhadeira). Essa tecnologia existe no Brasil e algumas grandes empresas já a utilizam. A empre-sa também faz a sincronização de dados cadastrais de pro-dutos utilizando a Rede Global de Sincronização de Dados (GDSN), padrão da GS1.

Outra visita produtiva foi na rede supermercadista Weg-mans. O supermercado tem um diferencial: uma grande área de comidas prontas. No Brasil é muito comum vermos praças de alimentação anexadas ao supermercado, mas, neste caso, o alimento é servido dentro do supermercado. E não pense que é aquela pequena vitrine que vemos por aqui. Trata-se de uma área enorme que já responde por 8% do faturamento.

Com isso, a Wegmans atende a necessidade das pessoas que não têm tempo para cozinhar ou que trabalham próximo do local. Ao mesmo tempo, a loja reduz drasticamente as perdas das outras seções do supermercado. Como? O salmão que não vende no açougue transforma-se em peixe grelhado no restau-rante. A mesma ideia vale para frutas, verduras, etc. Qualquer transferência de produtos é feita com uso do código de barras e coletores de dados, o que atualiza automaticamente o inventário.

A empresa foi fundada, em 1916, pela família Wegman, que a administra até hoje. Operan-do com capital fechado, ocupou a terceira posição na lista das “Me-lhores Empresas para Trabalhar”, da revista Fortune, em 2010. Em 2005 foi classificada em primeiro lugar. A Wegmans é considerada a melhor rede de supermercados dos Estados Unidos pelos consumidores.

Visita produtivaNa Wegmans, o destaque é a grande área de comidas prontas e o sistema para evitar perdas de alimentos

EficiênciaEstrutura de distribuição da ShopRite, que pertence à Wakefern, possui alto desempenho em virtude da utilização de tecnologia

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PERDAS & GANHOS[

GESTÃO

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Economicamente falando, a déca-da de 1980 foi considerada perdida no Brasil. Uma crise financeira se instaurou no País ao mesmo tempo em que o re-gime militar chegava ao fim. Enquanto a população clamava pelas Diretas Já, muitas companhias sofriam com a hi-perinflação, como foi o caso da Empresa Tavares, instalada na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP). A Tavares passava por dificuldades financeiras, pois a crise atingia o coco seco, carro-chefe na época.

No meio dessa pressão, o patriarca da família e líder dos negócios faleceu em 1986. “Somos em quatro irmãos. Na-quele ano, o mais velho tinha 16 anos e o caçula apenas 4. Minha mãe, d. Helena, nunca havia trabalhado”, conta o respon-sável pela área comercial, Márcio Tavares. Com a morte do fundador, ela delegou a administração para dois cunhados e tam-bém funcionários da empresa.

Um ano e meio mais tarde, ela per-cebeu que as coisas não iam bem e de-cidiu fazer um levantamento sobre a situação financeira. Como imaginado, as dívidas eram altas e, para saná-las, d. Helena vendeu alguns bens. A família ficou somente com a casa que morava.

A solução veio de um fornecedor e conhecido da família. O sr. Antônio Máximo deu suporte para a nova em-presária, aconselhando-a sobre como

aplicar o capital, como negociar e o mo-mento certo para comprar. Além disso, ele facilitou as condições de pagamento para d. Helena, que só pagava a carga de coco depois que recebia dos clientes.

Isso deu fôlego para a Tavares, que, em 1991, começou a diversificar os produtos comercializados. Márcio acredita que essa estratégia foi fundamental: “Come-çamos a vender alho e cebola e dobramos o potencial de faturamento.” A partir daí, a empresa conseguiu comprar duas fa-zendas para plantar coco – na Bahia e no Ceará –, deixando de trabalhar com intermediários e obtendo lucros maiores. Resumindo, a vivência, a diversificação e o suporte do sr. Antônio ajudaram a es-tabilizar o negócio. Passaram-se dez anos até que a Tavares se tornasse lucrativa.

No ano de 2013, a empresa com-pleta 45 anos e está mais estruturada – cada irmão ocupa um cargo específico. Márcio e o caçula Bruno cuidam da área comercial; Antônio, da administra-tiva, e Marco, da financeira. E d. Helena depois de enfrentar tantos desafios, vol-tou a ficar em casa.

Hoje a empresa possui 90 funcioná-rios e fatura R$ 5 milhões/ano. O jovem empresário dedica o sucesso à união da família: “Todas as decisões são tomadas em conjunto. Qualquer investimento é discutido pelos irmãos, isso é que faz o negócio dar certo”, finaliza Márcio.

COMPARTILHE suas experiências com os

leitores da Brasil em Código e conte no que errou –

operação, tecnologia, gestão, recursos humanos, etc. –

e qual foi a solução encontrada. Escreva para a redação:

[email protected]

APRENDIZADO EM FAMÍLIA

Por Andréa Cambuim

União nas adversidades, ajuda de um fornecedor e vontade de prosperar foram fundamentais para empresa do ramo alimentício retomar o rumo do crescimento

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Márcio Tavares

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[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2013 57Rua Santa Isabel. 160 - 5º - cj 51 - Vila Buarque - São Paulo/SP

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da saúde da população.

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PERFIL EMPREENDEDORISMO

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58 jan/fev/mar 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Entre o passado e o futuro Sediado em uma antiga fazenda de café,

o Hotel Sant’Anna resgata vida rural no século 19 sem perder de vista os ganhos da vida moderna

Discussões filosóficas e políticas à parte, o título de uma das obras mais famosas sobre o conceito de cidadania no século 20, Entre o Passado e o Futuro, de autoria da pensa-dora Hannah Arendt, se encaixa na proposta oferecida pelo Hotel Sant’Anna. A 120 qui-lômetros de São Paulo, localizado na cidade de Amparo, o empreendimento oferece uma volta ao passado aliada às tendências do segmento de hotelaria e turismo, entre elas: terapias holísticas, dieta balanceada e espaço para eventos.

Dessa forma, oferece uma conexão en-tre a vida rural dos cafeicultores paulistas no século 19 e a modernidade exigida pelos turistas do terceiro milênio, que nem nos momentos de lazer abrem mão do conforto proporcionado pela tecnologia. Assim, em meio às dependências da antiga casa gran-de, é possível acessar a internet, via Wi-Fi, e degustar uma taça de vinho da adega local climatizada, que é abastecida com 40 rótulos originários de grandes regiões produtoras da Europa e América do Sul.

E o mais interessante é que essa sofistica-ção, que também está presente na decoração dos ambientes, não intimida. Ao contrário, amplia a sensação de aconchego ao se har-monizar com o cenário bucólico proporcio-nado pela Serra da Mantiqueira.

O centro de bem-estar projetado pelo hotel é composto por duas piscinas aqueci-das, saunas, quadras de tênis e estrutura para a prática de musculação e hidroginástica. Vale destacar que o hotel oferece avaliação e acompanhamento médico, físico e nutri-cional para cada hóspede. A propriedade possui 1,5 milhão de metros quadrados de matas, que permitem a realização de trilhas, com a supervisão de guias.

No Spaço Quintessencia, spa de relaxa-mento do hotel, é possível experimentar mais de 40 tratamentos terapêuticos e es-téticos, entre massagens, duchas e cromo-terapia. Entre as novidades estão o banho desintoxicante, a partir do uso de óleos essenciais de limão, hortelã e outras ervas medicinais que ativam as circulações san-

Por Giseli Cabrini

A SEÇÃO RADAR, que faz sua estreia nesta

edição da revista Brasil em Código, é voltada a

temas relacionados a tu-rismo e cultura. Participe! Mande sua sugestão para

[email protected]

RADAR TURISMO

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guínea e linfática e proporcionam a eliminação de toxinas. E ainda: tratamento facial com colágeno marinho e um complexo revitalizante de vitaminas e minerais que combatem o envelhecimento da pele, ba-nhos terapêuticos com esfoliação corporal, imersão em água aromáti-ca de lavanda, entre outros.

O hotel oferece pacotes customizados para datas comemorativas e eventos, como Dia dos Namorados, aniversários e lua de mel. Em março, o estabelecimento homenageia o Dia Internacional da Mulher, lançando um pacote especial para o público feminino.

CINCO SENTIDOS, EVENTOS E ESPORTESQuando a questão é o paladar, com a orientação de uma nutricionis-

ta, o hotel disponibiliza cardápios balanceados e sob medida para cada um dos hóspedes. A finalidade é diminuir o nível de estresse, desintoxi-car o organismo e proporcionar o ponto de partida para uma completa virada em hábitos alimentares inadequados.

O hotel possui 42 apartamentos em duas alas: a Sede – onde ficava o casarão da fazenda – e a Jabuticabeiras, ambas com vista panorâmica para a natureza da região. Na Sede, a decoração de cada apartamento é diferenciada. Todas as suítes têm ar-condicionado e calefação, além de um cardápio de travesseiros para agradar o olfato e proporcionar uma noite de sono revigorante.

O Sant’Anna Golf Club também faz parte do complexo e fica ao alcance de uma caminhada. Com infraestrutura para o aprendizado e prática do esporte, o design do campo buscou inspiração na beleza na-tural da região. Construído em uma mata tropical, é cortado de fora a fora por um riacho. Sua característica principal é o aperfeiçoamento da técnica do golfe em seu jogo curto. O hotel também está preparado para atender eventos e convenções.

SERVIÇO

Reservas: (11) 3509-4252 e (19) 3808-7527Site: www.hotelsantanna.com.br

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velocidadeMovido pela

Esportes de aventura e adrenalina são os hobbies do vice-presidente da Prati-Donaduzzi que, nas horas vagas, troca a mesa de executivo em busca de lazer, saúde e equilíbrio

QUALIDADE DE VIDA[[

DESCONEXÃO

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Difícil imaginar o perfil de um executivo que alie a rotina intensa e de grande responsabilidade que o cargo exige com a adrenalina e a aventura da Stock Car. Mas é exatamente o que acontece com Eder Fernando Maffissoni, de 38 anos, na-tural de Toledo (PR). Formado em direito com especialização em gestão estratégica de empresas, ele trabalha há 11anos na Prati-Donaduzzi, empresa que fabrica e comercializa medicamen-tos fracionáveis, aqueles que podem ser vendidos na quantidade necessária para o paciente, de acordo com a prescrição médica.

Acompanhar as corridas de Stock Car pela televisão ou diretamente nos autódromos pelo Brasil funciona como válvula de escape para se desconectar das preocupações diárias. “O gosto pelo esporte a mo-tor começou com a prática do kart como forma de lazer. Eu me divertia tanto que acabei virando fã das competições de velocidade. Além disso, a minha amizade com um piloto de Stock Car – o Rodrigo Sperafico – fez crescer ainda mais a admiração pelo esporte, que hoje é a principal categoria automo-bilística do Brasil”, conta. Ele admite que já sentiu vontade de praticar o esporte profissionalmente, mas sabe que a categoria é extremamente disputada e sem espaço para amadores.

O que mais fascina Eder na Stock Car é o traba-lho em equipe e todo o conhecimento que é apli-cado, desde a decisão da estratégia, que é definida de acordo com a pista, até as melhorias no carro. “No dia da corrida, o que vemos é resultado do que foi feito anteriormente; e isso gera mais adre-nalina e satisfação.”

O entusiasmo pelo esporte extrapolou as barreiras do hobby quando a Prati-Donaduzzi começou a patrocinar a Stock Car em 2011. “Começamos com a cota de apenas um carro com o Rodrigo Sperafico. O retorno foi além do esperado, e a empre-sa decidiu dobrar o investimento em 2012, com dois carros e os irmãos Sperafico – o Rodrigo e o Ricardo. Novamente o resultado foi surpreendente, e em 2013, a equipe apresentará novidades para os fãs”, anuncia o executivo.

Dentre os momentos mais marcantes que viveu na Stock Car, Eder menciona a penúltima competição de 2012, no Autódromo Nelson Piquet, em Brasília. Ele acompanhou todos os minutos na torcida pela equipe de Rodrigo Sperafico. “No fim da corrida, a equipe tinha tudo para conquistar o primeiro pódio do ano, em terceiro lugar, mas, na metade da última volta, acabou perdendo uma posição por problemas mecânicos, terminando em quarto. Foram minutos de grande adrenalina e vibração da equipe”, relembra.

O executivo parece que é movido pela velocidade. Ele tam-bém gosta de motociclismo, “paixão antiga que está no san-gue”, diz. “Faço passeios de moto nos finais de semana que não tem corrida de Stock Car e consigo realmente me des-

conectar da rotina do dia a dia.” E, para manter a forma, ele ainda arranja tempo para praticar tênis, de duas a três vezes por semana, hobby que começou por influência dos amigos.

Segundo Eder, o interesse pelos esportes de velocidade traz boas influências aos que estão ao seu redor, seja entre os colaboradores da Prati-Donaduzzi, seja na família, afinal a esposa sempre o acompanha nas competições.

NOME Eder Fernando MaffissoniPROFISSÃO Vice-presidente da empresa de medicamentos Prati-DonaduzziPAIXÃO Stock Car

Por Kathlen Ramos

PaixãoEder acompanha competições da Stock Car por todo o Brasil

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QUEM É

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Por Patricia Lucena

Caminhar na praça, conversar com os vizinhos, ver televisão e viver da aposen-tadoria. Essas são as respostas da maioria das pessoas quando perguntamos o que é estar na terceira idade. Mas esse não é mais o único perfil. “Temos três dife-rentes tipos de idosos convivendo: aquele à moda antiga – maioria no Brasil –, que vive de sua aposentadoria; aquele que ainda trabalha e aparenta a idade que tem; e aquele que tem físico de jovem, trabalha e é antenado”, afirma o professor do curso de MBA Ciências do

Consumo Aplicadas da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Fábio Mariano Borges.

“As pessoas estão demorando mais para envelhecer. Você vê muitas mu-lheres com mais de 60 anos, com corpo e face mais jovens. O maior acesso à in-formação pela internet e a globalização fizeram com que a imagem do idoso que fica em casa se transformasse. A população, de uma forma geral, se cuida mais e, consequentemente, en-velhece menos”, destaca a gerente de comunicação e marketing da Kantar Worldpanel no Brasil, empresa espe-cializada no comportamento do consu-midor, Patricia Menezes.

Alguns números corroboram essa análise. Segundo a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD) 2011, realizada pelo Instituto Brasileiro de =Geografia e Estatística (IBGE), os idosos – pessoas com mais de 60 anos – já são mais de 23,5 milhões, o que cor-

A nova geração da melhor idadeA população idosa cresce a passos largos ao mesmo tempo que seus interesses

mudam. Empresas devem buscar uma maior

aproximação com esse consumidor em potencial

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responde a 12,1% da população como um todo. Em 2009, essa faixa etária somava 11,3%. Hoje, 6,4 mil idosos são economicamente ativos.

Além disso, é um grupo que movimenta o mercado e diferentes produtos. Um estudo realizado em 2012 pelo instituto Data Popular aponta que sete em cada dez brasileiros com 60 anos ou mais per-tencem à nova classe média. E cerca de 3,3 milhões de idosos aposentados ainda exercem algum tipo de trabalho. Ou seja, uma parte daqueles “velhinhos” sentados no banco da praça ou na frente da televisão agora trabalha, viaja, está antenado ao que acontece a sua volta e até compra pela internet.

Apesar de atualmente essa parcela mais “jovem” ainda representar um número pequeno em relação ao total, Borges ressalta que todos os perfis respeitam e interagem com a tecnologia. “Aquele idoso que não trabalha e aparenta a idade que tem também recebe e-mail, utiliza o caixa eletrônico e fala pelo celular. Alguns com mais dificuldades, outros com menos. Mas cada um, na sua diferente forma, incor-porou as mudanças tecnológicas no seu dia a dia.”

“Não sou expert em tecnologia, mas me di-virto na internet. Gosto de pesquisar assuntos que me interessam, como música, no Google, e uso as redes sociais para me comunicar com meus amigos e familiares”, afirma Neyde Cury, 75 anos, de Bauru (SP). A aposentada, que está casada há 57 anos e tem três filhos e cinco netos, conta que os mais novos não têm muita paciência para en-siná-la o que envolve tecnologia. “Tudo o que eu sei aprendi sozinha.”

Neyde acha complicado comprar pela in-ternet, mas gosta de buscar informações sobre determinado produto para, depois, ir a uma loja física. “Gosto de experimentar aquilo que estou comprando. O máximo que já fiz foi adquirir um livro em uma loja virtual.”

Esse cenário que a terceira idade da popu-lação brasileira está mais antenada às frequentes mudanças no universo da tecnologia nos mostra que o Brasil vive um momento em que diversos produtos de consumo não são mais relacionados à faixa etária e o conflito de gerações está dimi-nuindo. Antigamente, o idoso se recusava a uti-lizar alguns itens com a desculpa de que não eram para a sua idade. Hoje, isso não acontece mais.

“Sou corretora de imóveis, viajo sempre que o trabalho me permite e procuro estar atualizada sobre o que acontece no mundo. Também compro pela internet quando vejo boas oportunidades”, conta Cristina Moreira, que mora em São Paulo e tem 61 anos. Divorciada e com dois filhos já adultos, ela tem um perfil mais jovem e diz que não se sente com a idade que consta no RG. “Faço coisas que não seriam próprias da minha idade e fico até um pouco envergonhada em parar nas vagas exclusivas para idosos ou ficar em uma fila preferencial.”

“São três perfis de idosos que chegam ao século 21 com uma mente mais receptiva para a contem-poraneidade. Cada um deles, na sua velocidade, entende que é preciso absorver as mudanças e se integrar com as novidades que o mundo atual oferece”, conclui Borges.

Fonte: Fábio Borges/ESPM

Perfis do consumidor idoso

AtivoAparenta ser idoso,

mas ainda trabalha e movimenta a economia.

Antenado Essa é a parcela que não aparenta velhice. Cultiva uma boa forma física e é ativa no mercado.

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À moda antigaVive da sua aposentadoria, quando tem. Não se preparou para a velhice.

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ATENÇÃO, EMPRESAS!Com os bons índices que a eco-

nomia brasileira vem apresentando e o aumento do salário mínimo nos últimos anos, o consumidor idoso – de qualquer perfil – ganhou maior poder de compra. “Como são pessoas que normalmente moram sozinhas ou com um acom-panhante, eles têm um consumo mais sofisticado”, analisa Patricia, da Kantar Worldpanel. Muitas vezes, sobra dinheiro para consumir os pro-dutos supérfluos.

Segundo pesquisa realizada pela Kantar, os produtos que mais aparecem nas prateleiras de consumidores idosos são: adoçante, detergente líquido para roupa, manteiga, tintura para cabelos, bebidas à base de soja, café torrado, requeijão, água mineral e sopa. “Isso porque eles se preocupam mais com tradição, saúde, praticidade e cuidado pessoal”, explica Patricia.

Nesse sentido, é preciso que em-presas e consumidores se preparem

para a melhor idade, já que todos nós chegaremos nela um dia. “Percebemos um movimento intenso em termos de preocupação com o corpo e beleza. Mas ser idoso também deveria sig-nificar ter uma maior independência financeira, empregabilidade, escola-ridade e planejamento para o futuro”, acredita Borges.

É importante que as companhias percebam que têm em mãos um pú-blico com forte potencial de consumo e invistam em estudos para entender a transformação de cada um dos perfis. O idoso mais ativo não se sente atraído por empresas que investem em resi-dências adaptadas e o trata como uma pessoa dependente, assim como aquele que não trabalha e leva uma vida mais pacata também não está interessado em compras on-line.

O comentário da aposentada Neyde ilustra essas nuances do com-portamento do idoso: “Sinto falta de uma moda de roupas mais voltada

Fonte: Kantar Worldpanel

Qual a cara da melhor idade?

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POSSUEM MICRO-ONDAS

TRABALHAM FORA

POSSUEM CELULAR

TÊM COMPUTADOR

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para uma pessoa de idade, mas que não seja aquela ‘senhorinha’. As empresas de vestuário só nos dão duas opções: ou você se veste como se fosse uma garotinha, ou como uma senhora sem gosto.”

Assim, a melhor estratégia para as organizações se aproximarem de todos os perfis de idosos é apostar na comu-nicação direta com cada um deles. “O mercado ainda tem um grande espaço para alcançar esse consumidor e perceber suas prioridades e no que ele está disposto a gastar. Investir e criar produtos voltados para esse pú-blico, que gosta de se cuidar, ter uma boa aparência e garantir sua indepen-dência econômica, é o segredo para o sucesso de empresas que desejam atrair essa parcela da população”, afirma Patricia.

CuriosidadesEntre 2010 e 2011, o número de idosos passou de 15,5 milhões para 23,5 milhões. A participação relativa desse grupo na estrutura populacional aumentou de 9% para 12,1%

A maioria da população idosa é composta por mulheres (55,7%)

As características marcantes da terceira idade são: forte presença em áreas urbanas (84,1%), maioria branca (55%) e 3,9 anos de estudo, em média

A grande maioria (76,8%) recebe algum benefício da previdência social

14,4% vivem sozinhos 24,5% moram com outro idoso 30,7% estão com os filhosFonte: Fábio Borges/ESPM

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Mapa da terceira idade

Confira a distribuição de idosos no Brasil

Fonte: Data Popular

ANTENADA

Cristina Moreira tem 61 anos e é corretora de imóveis. Dependendo da época do ano e das opor-tunidades que encontra, gosta de comprar produtos pela internet. Os itens que mais costuma consumir são roupas, presentes e objetos de casa. Sobre sua relação com a tecnologia, ela diz que procura es-tar sempre atualizada para conseguir aproveitar e usufruir tudo o que as mudanças possam lhe ofe-recer. Assistir a filmes, jogar, navegar na internet e viajar são seus passatempos prediletos.

ABERTA ÀS MUDANÇAS

Neyde Cury, de 75 anos, é aposenta-da e, como não completou os 25 anos obrigatórios de trabalho, sua aposen-tadoria é mais baixa do que deveria. Porém, não depende desse dinheiro exclusivamente para sobreviver. Para ela, a tecnologia veio como forma de distração e para melhorar o relacio-melhorar o relacio- o relacio-namento com amigos e familiares. Seu dia é ocupado com encontros com as amigas, ensaios do coral de música e viagens para São Paulo, onde costuma fazer um “bate-volta” para ir ao cine-ma, teatro ou a algum show.

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[[TECNOLOGIA & NEGÓCIOS

‘Edson PerinEditor do RFID Journal Brasil;

fundador e editor da Netpress Editora ‘Este é o país do futebol, do Carnaval e da matéria-prima, certo? Errado!

O Brasil também quer se tornar o “país da alta tecnologia”. Apesar de não ser comparável aos Estados Unidos e à União Europeia, o Brasil passou a usar e também a desenvolver tecnologias para negócios com mais intensi-dade nos últimos anos.

A identificação por radiofrequência (RFID) virou um exemplo de tec-nologia que está transformando a maneira com a qual as empresas reali-zam negócios no mundo e no Brasil. A tecnologia RFID sustenta a cha-mada Internet das Coisas (Internet of Things), que torna possível inserir informações sobre produtos e objetos automaticamente nos sistemas.

Aqui no Brasil, o RFID CoE (Center of Excellence), em Sorocaba (SP), desenvolve soluções para negócios com essa tecnologia, tendo como caso de

sucesso internacional a fábrica brasileira de im-pressoras da HP, que monitora todo o processo de manufatura com RFID e realiza a logística reversa de seus produtos para reaproveitar plás-ticos e outros insumos, como matéria-prima reciclada. O RFID CoE realiza pesquisa e ino-vação, desenvolvendo, por exemplo, antenas para tags e oferecendo capacitação profissional de alto nível.

Outro exemplo fica no Rio Grande do Sul, onde há quatro anos nasceu a Ceitec S.A., em-presa brasileira de design e manufatura de semi-condutores, capaz de produzir chips de altíssi-

ma tecnologia, inclusive RFID. Os produtos mais conhecidos são o Chip do Boi, o Passaporte Brasileiro e o Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos (SINIAV), criado para rastrear e fiscalizar os veículos por RFID.

Para a Ceitec crescer, no entanto, o modelo teria de ser como o da EMBRAER (Empresa Brasileira Aeronáutica S.A.), que também nasceu para ser player em um mercado extremamente competitivo. Assim como a EM-BRAER, o crescimento da Ceitec foi possível graças ao investimento estatal, o mesmo que pode impedi-la de decolar devido às amarras regulatórias. Por isso, resolvi apelidar a Ceitec de a “EMBRAER do Silício”, para sensibilizar as autoridades sobre esta promessa brasileira na área da microeletrônica.

Esses são alguns exemplos da busca brasileira pela liderança em Tecno-logia da Informação (TI) para negócios. Só não podemos nos esquecer de educar nossos jovens para o futuro que desejamos.

A RFID virou um exemplo de tecnologia que está transformando a maneira com a qual as empresas realizam negócios no mundo e no Brasil

Brasil, o país da tecnologia de ponta?A identificação por radiofrequência está abrindo portas para o País desenvolver tecnologia de software e também de hardware

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Page 67: Brasil em Código - 7ª edição

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2013 67

A GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação, responsável por padrões de identificação (código de barras e EPC/RFID) para toda a cadeia de valor, promove pela terceira vez no país o evento Brasil em Código. Esse importante evento reunirá neste ano empresários de diversos setores da economia para um debate pautado em tendências tecnológicas e automação, mostrando como o mercado será impactado nos próximos anos.

A LINGUAGEM UNIVERSAL DA RENTABILIDADE

1 1 D E J U N H O D E 2 0 1 3A S 1 5 H 3 0

3 ª C O N F E R Ê N C I A I N T E R N A C I O N A L D A G S 1 B R A S I LS O B R E A U T O M A Ç Ã O E L O G Í S T I C A

Acesse www.brasilemcodigo.com.br e saiba como participar desse importante evento.

www.gs1br.o rg

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www.gs1br.o rg

EM 2013, A GS1 BRASIL FAZ 30 ANOS.

Pensou código de barras, pensou GS1 Brasil.

São 30 anos integrando o Brasil a um padrão global de identificação. 30 anos garantindo às empresas uma logística comercial eficiente e promovendo a circulação de produtos entre países, proporcionando uma gestão eficaz para toda a cadeia de suprimentos.

GS1012-13 Anuncio Inst 30 anos 203x266mm.pdf 1 2/6/13 11:29 AM