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Burle Marx

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Burle Marx

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  • R. BURLE MARX

    Copyright: Instituto Arte na Escola

    Autor deste material: Rita Demarchi

    Reviso de textos: Soletra Assessoria em Lngua Portuguesa

    Diagramao e arte final: Jorge Monge

    Autorizao de imagens: Ludmilla Picosque Baltazar

    Fotolito, impresso e acabamento: Indusplan Express

    Tiragem: 200 exemplares

    CrditosMATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA

    Organizao: Instituto Arte na Escola

    Coordenao: Mirian Celeste Martins

    Gisa Picosque

    Projeto grfico e direo de arte: Oliva Teles Comunicao

    MAPA RIZOMTICO

    Copyright: Instituto Arte na Escola

    Concepo: Mirian Celeste Martins

    Gisa Picosque

    Concepo grfica: Bia Fioretti

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    (William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil)

    INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

    R. Burle Marx / Instituto Arte na Escola ; autoria de Rita Demarchi ; coorde-

    nao de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. So Paulo : Instituto Arte

    na Escola, 2006.

    (DVDteca Arte na Escola Material educativo para professor-propositor ; 95)

    Foco: PCt-8/2006 Patrimnio Cultural

    Contm: 1 DVD ; Glossrio ; Bibliografia

    ISBN 85-7762-026-3

    1. Artes - Estudo e ensino 2. Paisagismo 3. Meio ambiente 4. Marx, Burle I.

    Demarchi, Rita II. Martins, Mirian Celeste III Picosque, Gisa IV. Ttulo V. Srie

    CDD-700.7

  • DVD

    R. BURLE MARX

    Ficha tcnicaGnero: Documentrio com depoimentos do artista, amigos ecrticos de arte.

    Palavras-chave: Bens patrimoniais materiais; coleo; cultu-ra brasileira; forma; arquitetura; paisagismo; potica pessoal;pensamento visual; inveno; meio ambiente.

    Foco: Patrimnio Cultural.

    Tema: O artista-paisagista Burle Marx explica e exemplifica osprincpios de sua arte, fala sobre sua dedicao a outras ativi-dades, como pesquisa, pintura, escultura e tapearia.

    Artistas abordados: Burle Marx, Leo Putz, arquitetosHaruyoshi Ono e Lucio Costa, entre outros.

    Indicao: A partir da 5 srie do Ensino Fundamental.

    Direo: Zita Bressane.

    Realizao/Produo: Fundao Padre Anchieta - CentroPaulista de Rdio e TV Educativas, So Paulo.

    Ano de produo: 1989.

    Durao: 60.

    SinopseNeste documentrio, Burle Marx, com 80 anos, mostra seu vigor f-sico, cantando, pintando, fazendo brincadeiras e passeando pelosdeslumbrantes jardins que projetou ao longo de sua carreira e em seustio Santo Antnio da Bica (Rio de Janeiro), onde cultivava mais detrs mil e quinhentas espcies de plantas. Burle Marx fala sobre asua vida e ofcio, explicando e exemplificando os princpios de suaarte, e sobre sua dedicao a outras atividades, como pesquisa, pin-tura, escultura e tapearia. Alm de depoimentos de amigos, compa-nheiros de trabalho e especialistas de vrias reas, o documentriotraz belas imagens que mostram os principais projetos do artista, tantocomo paisagista, quanto em outros campos de atuao.

  • 2 Trama inventivaObras de arte que habitam a rua, obras de arte que vivem nomuseu. Um vestgio arqueolgico que surge em um deserto depedra, das cidades como runas. Bens culturais, materiais eimateriais se oferecem ao nosso olhar. Patrimnio de cada indi-vduo, memria do coletivo. Representam um momento da his-tria humana, um marco de vida. Testemunho da presena do serhumano, seu fazer esttico, suas crenas, sua organizao, suacultura. Se destrudos, empobrecemos. Quando conservados,enriquecemos. Patrimnio e preservao so, assim, quase si-nnimos. Na cartografia, movemos este documentrio ao terri-trio Patrimnio Cultural, para nos orgulharmos das realizaesartsticas e encontrarmos nelas nossas heranas culturais.

    O passeio da cmeraBurle Marx, aos 80 anos, conduz os olhos da cmera com suafortssima presena e alegria. A narrao, feita pelo prprioBurle Marx, revela sua obra e sua intimidade, ao abrir as por-tas do seu stio Santo Antnio da Bica/Rio de Janeiro. Nesseambiente, o documentrio traz imagens saborosas da relaofraterna entre Burle Marx e seus amigos de longa data, comdepoimentos emocionados, alm de mostrar seu humor e umacapacidade musical extraordinria, ao cantar uma composio,com voz de bartono, acompanhado pela amiga pianista AnaCndida. No fio de suas obras paisagsticas e de seus traba-lhos nas artes plsticas, Burle Marx vai nos instigando ao exer-ccio visual-esttico sobre a natureza e sua preservao.

    O documentrio possibilita ramificar diferentes proposiespedaggicas em: Linguagens Artsticas, a pintura, a tapearia,a arquitetura-paisagstica; Forma-Contedo, a forma, a cor, acomposio do espao plstico e no jardim; Materialidade, autilizao da flora tropical e os procedimentos tcnicosinventivos; Mediao Cultural, o Stio Burle Marx como espa-o de saberes; Conexes Transdisciplinares, o meio ambiente,a botnica, a ecologia; Saberes Estticos e Culturais, a hist-

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    ria da arquitetura-paisagstica; Processo de Criao: a poticapessoal, o pensamento visual, a inveno, a natureza enquantoespao de trabalho. Neste material, plantamos o documentriono territrio Patrimnio Cultural, como modo de semear e adu-bar uma atitude de educao patrimonial tendo como sementeo Stio Burle Marx.

    Sobre Roberto Burle Marx(So Paulo/SP, 1909 - Rio de Janeiro/RJ, 1994)

    No se faz, cria-se um jardim. E, como em toda criao artstica,deve-se trabalhar com os elementos formas, cores, ritmo e volu-me, cheios e vazios. Da, minha idia do que deveria e poderia serum jardim, do ponto de vista esttico, vindo da pintura abstrata.Na criao de meus jardins, a planta toma um valor puramenteplstico, pela cor, textura, forma e volume. Muitas vezes tambm,encaro a planta como uma escultura, um volume lanado no espa-o. Para melhor compreend-la sob este aspecto, basta mudarmosde ponto de observao, a fim de melhor sentir as formas variadasde seus perfis.

    Roberto Burle Marx1

    tentador saber mais sobre Burle Marx, sua produo plsticae paisagstica. Seguindo o rastro das imagens do docu-mentrio, visualizamos, sobre Roberto Burle Marx, o seupensamento criador e sensibilidade artstica.

    Primeiro bloco. Por volta dos 16 minutos, voamos do stio San-to Antnio da Bica/RJ capital do Rio de Janeiro, com vistaarea de trabalhos paisagsticos pblicos: o Aterro do Flamengo,a Av. Atlntica; o Museu de Arte Moderna, os edifcios daPetrobras e o BNDS.

    No grande parque do Aterro do Flamengo (1961), maior projetopaisagstico realizado no Brasil, est localizado o Museu de ArteModerna MAM. Entre os edifcios e a praia, correm pistasparalelas de automveis, entremeadas de jardins at o caladocosteiro. O complexo paisagstico tem incio em 1954, com osjardins do MAM, no flanco esquerdo do aterro. O ajardinadomonumental acompanha a Lapa, a Glria e o Flamengo, com oCorcovado de um lado e o Dedo de Deus do outro. Passeando

  • 4por entre os volumes de plantas, nota-se como o desenho abs-trato do projeto bidimensional ganha variadas escalas de altu-ra conforme as touceiras. As floraes tropicais criam ritmoscromticos ao longo do ano, incorporando o ciclo das estaes vivncia urbana no espao pblico.

    A belssima calada da Av. Atlntica, em Copacabana/Rio deJaneiro (1969), em vista area e na planta baixa do desenhodefinitivo, mostra o uso das pedras portuguesas brancas, pre-tas e vermelhas representando os povos que formaram nossaetnia. O desenho forma um lindo mosaico em formato de on-das alongadas e imaginado para que pudesse ser percebidodo alto, de avio.

    Segundo bloco. O cenrio o escritrio da empresa Burle Marx& Cia Ltda, fundada em 1955. Burle Marx pinta e desenha to-dos os dias, pela manh, em seu stio; a permanente inquieta-o do artista impulsiona o paisagista que projeta, tarde, emseu escritrio nas Laranjeiras. A conversa em off entre BurleMarx e Haruyoshi Ono, arquiteto e paisagista, que inicia naempresa em 1965, ainda estudante, ilustra a fala de Haruyoshisobre o aprendizado e a amizade com Burle Marx que resultouem mais de dois mil projetos.

    Em seqncia, aos 33 minutos, o jardim de uma residncia emPetrpolis/Rio de Janeiro (1983) a paisagem onde Burle Marxnos d ensinamentos sobre a dimenso do tempo comoconstitutiva da arte dos jardins. O jardim evolui ao ritmo docrescimento dos vegetais e, por conseguinte, a relao quese estabelece inicialmente com o vegetal apenas umaprefigurao inacabada do que ser quando o jardim tiveratingido a maturidade.

    Seguem dois projetos internacionais de paisagismo Parque delEste, Caracas, Venezuela (1943) e os seis ptios da sede daUnesco em Paris, Frana (1963) ilustrando a preocupao deBurle Marx em valorizar as plantas locais, numa relao de res-peito, compreenso e comprometimento com a preservao deespcies vegetais condenadas extino.

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    Burle Marx, ento, fala do papel fundamental da famlia na elabo-rao e desenvolvimento das suas potencialidades, nasce em SoPaulo, de pai alemo recm-imigrado e a me de famlia de origemfrancesa e holandesa h tempos estabelecida em Pernambuco. Afamlia muda-se para o Rio de Janeiro em 1909. Uma viagem coma famlia a Berlim, em 1928, oferece o seu contato com a floratropical brasileira. desenhando no Jardim Botnico deDahlem, particularmente rico em flores raras do Brasil, queBurle Marx descobre o espetculo da flora brasileira.

    De volta ao Rio, aps um ano e meio passado na Alemanha,pintando e estudando canto lrico, Burle Marx inscreve-se nocurso de pintura e arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes(Enba). Nela, Burle Marx convive com uma orientao acad-mica e com os ensinamentos de Leo Putz, pintor expressionistaalemo, cuja importncia em sua formao artstica nos re-velada no primeiro bloco do documentrio. tambm na Enbaque acontece o encontro de Burle Marx com o arquiteto LucioCosta, cujo enlace o relaciona com a primeira gerao de ar-quitetos modernos no Brasil. Os projetos para o MEC,Pampulha, IV Centenrio de So Paulo, de Braslia, entre ou-tros, foram obras nas quais a interveno de Lucio Costa, afavor de Burle Marx, pode ter sido decisiva.

    Imagens de suas pinturas dos anos de 1930/40 figuras huma-nas e natureza-morta abrem um dilogo com o jardim de umaresidncia em Terespolis/Rio de Janeiro (1955). Burle Marxenfatiza as relaes entre a msica, a pintura, a poesia e aarte do jardim. Depoimentos da botnica Prof. Nanuza Luizade Menezes e dos arquitetos Oscar Bressane, Klara Kaiser e KoitiMori, participantes de expedies de coleta com Burle Marx,revelam sua atuao de professor. A narrativa segue para a ci-dade de So Paulo, mostrando trabalhos dos anos de 1980, emedifcios da Av. Paulista: Banco Safra e Fiesp. Aziz AbSaber,gegrafo, ressalta importantes aspectos do trabalho de BurleMarx: a preocupao com os grandes monumentos naturais, osgrandes espaos ecolgicos e o paisagismo em reas menores,diferenciando paisagismo de gleba e paisagismo de rea.

  • 6Terceiro bloco. As imagens da Fazenda Vargem Grande, emAreias/SP (1979), mostram as sutilezas da utilizao estticade espelhos e quedas dgua no projeto. Burle Marx comentasobre a riqueza da instabilidade dos elementos da natureza.

    Seguimos para Braslia/DF. Tapearias dos anos 80 cobrema tela do vdeo junto com obras abstratas, numa exposiona Galeria Praxis (1989). Imagens do Palcio Itamaraty sede do Ministrio das Relaes Exteriores revelam o pro-jeto de 1965 com plantas aquticas em torno do edifcio. Arica flora aqutica do Brasil permite a Burle Marx semearzonas de plantas que emergem na superfcie da gua. Umatapearia (1972) no Palcio do Planalto faz o elo com ima-gens do Ministrio das Foras Armadas e seus jardins e es-culturas (1970) que tm como referncia os cristais encon-trados na regio. As ltimas imagens do documentrio tra-zem Burle Marx passeando pelos ambientes criados em seustio Santo Antnio da Bica/Rio de Janeiro, como mate-rializao de sua obra e sua vida.

    Roberto Burle Marx soube cavar uma maneira muito pesso-al de ser artista e paisagista, numa juno entre o artistaque desenha e o jardineiro que trabalha com o objeto vivo.Seus anteprojetos e tambm os detalhamentos sempre foramdesenhos expressivos. Um jardim para ficar bonito, deve ter,antes, desenhos bonitos, nos diz Burle Marx, como ensinamento.

    Os olhos da arte uma coleo que resultado, fruto, de toda um esforo de minhavida. Eu quero que sirva para aqueles que querem estudar arquitetu-ra paisagstica, que querem estudar botnica, que querem estudarjardinagem. uma coleo que no pode apenas servir para meia dziade pessoas. preciso que ela seja documentada. a documentaode uma poca em que meu esforo foi grande para perpetuar umasrie de plantas fadada ao desaparecimento. No seria possvel fa-zer jardins se eu no tivesse o meu cadinho, um lugar onde fiz as minhasexperincias onde eu fui aprendendo a conviver com as plantas. Essacoleo conta um pouco a histria da minha busca de uma expressoque eu encontrei na natureza.

    Burle Marx

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    Um desejo de Roberto Burle Marx: criar no stio SantoAntnio da Bica, nos arredores do Rio de Janeiro, umaescola para jardineiros, botnicos, arquitetos paisagsticose abrir o stio visitao pblica.

    Era 1949, quando Burle Marx adquire a propriedade junto comseu irmo Siegfried. O stio denomina-se Stio Santo Antnioda Bica e possui uma antiga casa de fazenda e uma pequenacapela (sculo 17) dedicada a Santo Antnio. Burle Marx res-taura ambos os prdios e comea a trazer para este local suacoleo de plantas, iniciada quando ele tinha 6 anos de idade.

    Era 1973, quando o artista-paisagista muda-se definitivamente deLaranjeiras para o stio, instalando pouco a pouco seu jardim e asestufas numa rea estimada em 600.000m, onde consegue reu-nir uma das mais importantes colees de plantas tropicais e semi-tropicais do mundo. Ali, Burle Marx exerce, durante a maior partede sua vida, todos os seus dotes de colecionador e transformadorda natureza, fecundando, com sua genialidade, cada palmo de terrada sua propriedade. Faz do seu stio, seu ateli de artista, seulaboratrio de experimentos botnicos, o espao de criaode suas obras e palco da sua arte de viver.

    Em 1985, 9 anos antes de sua morte, generosamente BurleMarx doa a propriedade ao governo federal. Abdica, assim,de todos os direitos sua propriedade e ao seu patrimnio,mantendo, no entanto, de fato, com a sua presena sobera-na, o ttulo de Senhor de Guaratiba, a ele conferido por LucioCosta. Mas somente aps a sua morte, em 1994, aos 82anos de idade, que o seu desejo floresce. Graas ao empenhode sua equipe, o stio, agora batizado com o seu nome, StioRoberto Burle Marx, alm do inestimvel jardim botni-co, mantm as colees adquiridas ao longo de sua vida,com objetos de arte e artesanato objetos de emoespoticas. Estes incluem suas prprias pinturas, desenhos,murais em azulejos e tecidos, bem como colees de vidrosdecorativos, imagens sacras barrocas em madeira, cermicapr-colombiana e uma excepcional coleo de cermica pri-mitiva oriunda do Vale do Jequitinhonha/MG.2

  • 8Assim, instala-se o Stio Roberto Burle Marx. De incio, patrimniopessoal com sua coleo de plantas tropicais e semi-tropicaisdo mundo, sua coleo museolgica e bibliogrfica depois,assumindo a dimenso de patrimnio cultural brasileiro, tomba-do pelo Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional IPHAN. A filosofia de seu trabalho a conservao das espciesnativas do Brasil e a divulgao e ampliao dos acervos culturale cientfico formado por Burle Marx.

    Mas seria a preservao de um patrimnio cultural apenas umaquesto de legislao especfica e verbas (ou da sua ausncia)?

    At meados do sculo 20, a preservao de patrimnio entendida apenas como conservao fsica do monumen-to, do museu, do lugar histrico. Aos poucos, os profissi-onais responsveis por lugares de memria percebem a ne-cessidade de criar uma proposta mais abrangente, envol-vendo a comunidade.

    Nasce, assim, a educao patrimonial que busca resga-tar uma relao de afeto da comunidade pelo patrimnio,por meio de um processo de aproximao da populaoao bem cultural, de forma agradvel, prazerosa, ldica.Sua metodologia compreende basicamente quatro momen-tos: observao, registro, pesquisa e apropriao; a educa-o patrimonial pode estar voltada a grupos de qualqueridade e aplicada a qualquer bem cultural, desde museus atstios culturais ou um crrego, por exemplo, um parque, umarua, uma praa, ou o prprio bairro. Geralmente as pessoastm um carinho por lugares como esses, principalmente sefazem parte de sua histria. A partir dessa histria pessoal,pode-se ampliar a sua importncia para a comunidade localno tempo presente e tambm no futuro.

    Afinal, no de sua histria pessoal que Burle Marx transfor-ma seu stio em patrimnio cultural? Burle Marx j antevia aimportncia de sua misso pedaggica para uma educa-o patrimonial, pois o jardim para ele um instrumentode prazer e um meio de educao3.

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    O passeio dos olhos do professorNa leitura do documentrio, antes do planejamento de sua uti-lizao, voc pode fazer anotaes livres e poticas usandopalavras, cores, formas... marcando o incio de um dirio debordo, como um instrumento para o seu pensar pedaggicodurante todo o processo de trabalho junto aos alunos.

    interessante ver o documentrio mais de uma vez, para quesua sensibilidade possa ir capturando novas facetas do pensa-mento e da produo de Burle Marx. Para ajud-lo, oferece-mos uma pauta do olhar:

    O que voc percebe como singular no trabalho de Burle Marx?

    Durante o documentrio, quais comentrios de Burle Marxchamam mais a sua ateno? Por qu? Quais deles vocselecionaria para abrir uma conversa com seus alunos?

    O documentrio possibilita estabelecer uma relao entre aproduo plstica e os projetos paisagsticos de Burle Marx?

    O documentrio lhe faz perguntas? Quais? Voc sente ne-cessidade de pesquisar sobre qual assunto para melhorcompreend-lo ou para aprofundar sua leitura?

    O documentrio oferece elementos para despertar a atenodos alunos sobre questes acerca de patrimnio cultural?

    possvel uma ao interdisciplinar na escola a partir dodocumentrio? O que outros professores achariam interessante?

    H pontos que poderiam ser trabalhados tambm com acomunidade? De que modo?

    O que voc imagina que causaria atrao ou estranhamentoem seus alunos durante a exibio do documentrio?

    O documentrio tem 60 minutos. Como voc pensa a suaexibio em sala de aula? Voc selecionaria algum bloco emespecial para come-la?

  • Zarpando

    procedimentos

    potica da materialidade

    procedimentos tcnicos inventivos

    elementos da natureza

    Materialidade

    espaos sociais do saber

    Stio Roberto Burle Marx/RJ, a cidade

    MediaoCultural

    Forma - Contedo

    elementos davisualidade

    relaes entre elementosda visualidade

    forma, superfcie, espao, linha, cor, luz

    composio; ritmo

    no figurativa: abstrao geomtrica; figurativa:paisagem, figura humana, natureza morta

    temtica

    SaberesEstticos eCulturais

    histria da arte histria da arquitetura e do urbanismo

    polticas culturais poder pblico, projetos de modernizao

    Linguagens Artsticas

    artesvisuais

    meiostradicionais

    pintura, desenho,tapearia, mural

    arquitetura,paisagismo,design

    linguagensconvergentes

    bens simblicos

    preservao e memria

    bens patrimoniais materiais,espaos pblicos, praas,conjuntos paisagsticos,patrimnios ambientais,urbanismo, cultura brasileira

    heranas culturais, acervo, coleo, restaurao,IPHAN, tombamento, preservao da natureza

    educaopatrimonial

    preservao, difuso,valorizao do patrimnio,acesso, educao ambiental

    PatrimnioCultural

    Processo deCriao

    ao criadora potica pessoal, esboo, projeto, escolhas,arte como experincia de vida, inteno criativa

    percepo, pensamento visual, inveno,repertrio pessoal e cultural

    potncias criadoras

    casa-ateli, estdio, natureza, acervo pessoal, colees,amigos, filiao a grupos de artistas, viagens de estudoambincia de trabalho

    ConexesTransdisciplinares

    arte e cinciasda natureza

    meio ambiente, botnica,ecologia, recursos naturais

    qual FOCO?

    qual CONTEDO?

    o que PESQUISAR?

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    Percursos com desafios estticosO documentrio nos aproxima de Burle Marx, artista-paisagis-ta que acreditava que o intercmbio entre as artes uma formade enriquecer a fantasia; o artista plstico se alimenta da obrado botnico e o botnico da obra do artista plstico em umcontnuo dilogo. No mapa potencial, plantamos o documentriono territrio Patrimnio Cultural, como modo de semear e adu-bar uma atitude de educao patrimonial, tendo como semen-te o Stio Burle Marx. Entretanto, voc encontra outros territ-rios no mapa que podem ser regados num estudo gerado a partirdo documentrio. Seguem algumas sugestes.

    O passeio dos olhos dos alunosAlgumas possibilidades:

    Burle Marx realiza lindssimas composies de sensveldesenho nos anos 30, representando grandes jarras com fo-lhagens e flores4. A proposta provocar o olhar dos alunospor meio da experimentao do desenho de flores e folha-gens. Os alunos podem trazer de casa pequenos vasos deplantas e serem desafiados a criar diferentes composiescom as plantas, formando conjuntos ou selecionando algu-ma espcie para ser evidenciada em desenhos e pinturas.Para alm do desenho de observao com o rigor de umtrabalho acadmico, o desafio pode ser a percepo, porexemplo, da luz que incide sobre a planta, assim como a fugada figurao para a abstrao. A exposio dos trabalhosestimula uma conversa sobre os resultados estticos apre-sentados, levando problematizao: o desenho das for-mas de plantas pode influenciar um paisagista na produode um jardim? Um paisagista tem que saber desenhar? Umartista plstico que faz desenhos de plantas pode vir a serum melhor paisagista? Aps o levantamento dos pontos devista dos alunos sobre as questes, exiba o documentrio apartir do segundo bloco, quando imagens de suas pinturasdos anos de 1930/40 abrem um dilogo com o jardim de

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    uma residncia em Terespolis, e Burle Marx enfatiza asrelaes entre a msica, a pintura, a poesia e a arte do jar-dim. O que surpreende os alunos?

    No Stio Roberto Burle Marx, ao lado dos jardins, ao ar livre,na magnfica coleo de mais de trs mil e quinhentas esp-cies de plantas, se encontram algumas extraordinrias enicas das seguintes famlias: Araceae, Bromeliaceae,Cycadaceae, Heliconiaceae, Marantaceae, Palmae e

    Velloziaceae. A encomenda de uma pesquisa, para que os alu-nos descubram o que esses nomes cientficos significam, achave de entrada para o documentrio. O que os alunos des-cobrem sobre essas plantas? O que pensam sobre a extinodessas espcies? Para eles, possvel fazer uma coleo deplantas? Os frutos da conversa sobre essas questes podempreparar para a exibio do final do ltimo bloco dodocumentrio, quando Burle Marx fala sobre sua coleo e odesejo de abrir seu stio para aqueles que querem estudararquitetura-paisagista, jardinagem e botnica. O que a falade Burle Marx provoca e desperta nos alunos que os estimu-le a saber mais sobre o stio e o artista-paisagista?

    Como so os desenhos das caladas na vizinhana da escolae das casas dos alunos? Uma expedio para essa investiga-o pode ser uma brecha de entrada ao documentrio: hdesenho nas caladas? De que material elas so feitas? Hvegetao plantada? O registro, atravs de desenho ou fo-tografia, pode resultar num painel, movendo uma discussosobre as possibilidades estticas e condies das caladasencontradas. Voc pode problematizar: a calada pode vir aser um projeto esttico e paisagstico? No Brasil, vocs co-nhecem alguma calada que seja carto-postal da cidade?Aps a conversa, exiba o documentrio a partir do primeirobloco, quando mostrada a calada da Av. Atlntica,Copacabana/Rio de Janeiro, em vista area e na planta bai-xa do desenho definitivo que forma um lindo mosaico emformato de ondas alongadas. O que mais chamou a atenodos alunos durante a exibio do documentrio?

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    Desvelando a potica pessoalNas imagens do documentrio, nosso corpo se faz passeantedeslocando-se pelos jardins projetados por Burle Marx. Visual-mente, vivemos uma experincia esttica da paisagem e dojardim, provocada pelo jogo de cores, volumes, ritmos, linhas eformas semeadas na superfcie por plantas tropicais. Sem d-vida, a experincia do corpo e da percepo visual uma dascaractersticas mais profundas da concepo burle-marxiana dojardim. Para Jacques Leenhardt:

    as novas possibilidades que os artistas da land art buscavam ex-plorar, em termos de local e de experincia sensvel do espao, eramde fato as mesmas que constituam o cerne da pesquisa de umpaisagista como Burle Marx. De maneira geral, diremos, pois queos anos sessenta designam o espao aberto da natureza e o dojardim como um cacife essencial. A bem dizer, o jardim constituiuma forma de situao limite no que respeita a uma problemticada land art. Por isso mesmo, o jardim um espao artstico quetestemunha a rede de relaes estticas que pouco a pouco seforam tecendo entre arte povera, land art e arte da paisagem.5

    A proposta, assim, de uma investigao da potica pessoal serinspirada pela experincia sensvel do espao que Burle Marxnos convoca e a referncia da experincia artstica da land art.

    Para isso, sua realizao acontece num ambiente externo: noespao da escola, no jardim de uma praa, no caminho entre aescola e a casa, beira de um crrego, beira de um rio, noJardim Botnico, numa floresta ou na praia. Na escolha do lu-gar, importante imaginar que ele ser apropriado para umamanifestao plstica, movendo um outro olhar daqueles quepor essa paisagem passarem.

    Pedras, seixos, madeira, algas marinhas, galhos de rvores,arbustos, gravetos, folhas, terra, ou lama podem ser os mate-riais utilizados, alm de outros que venham da natureza. in-teressante desafiar os alunos para a realizao de uma inter-veno de modo simples. A idia deixar uma marca no lugarescolhido, por meio de uma composio com crculos compac-tos ou concntricos, retngulos, linhas, ou espirais, materiali-zada com um ou dois materiais. Essas intervenes podem ser

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    grandes ou pequenas e o registro em fotografia importante,pois sero trabalhos que se desfazem com o tempo.

    Quais sero as pegadas que os alunos vo deixar na natureza?

    Ampliando o olharO pintor Claude Monet, em Giverny, propriedade adquiridana Normandia, cultivou um enorme jardim, construiu estu-fas e uma ponte japonesa sobre um lago. O amor do pintorpelas plantas pode ser sentido por meio de suas obras.Escolhendo algumas de suas pinturas que retratam seu jar-dim e plantas, voc pode provocar o olhar dos alunos observao dos elementos da paisagem, das cores utiliza-das pelo artista, das formas indefinidas, da luminosidade ...H diferenas entre o jardim de Monet e de Burle Marx? Eno modo de pintar a natureza?

    Uma das tnicas do trabalho do fotgrafo Araqum Alcntara a preocupao em eternizar a beleza e a riqueza da fauna e daflora brasileiras. A exibio do documentrio Araqum Alcntarae a natureza, disponvel na DVDteca Arte na Escola, ofereceaos olhos dos alunos os segredos da fotografia de natureza emimagens captadas com sensibilidade pelo fotgrafo. H pontosem comum entre Burle Marx e Araqum Alcntara?

    Uma expedio aos jardins da cidade em que moram, comoexperincia para a educao patrimonial, uma forma deestimular outro olhar nos alunos. A preparao em sala deaula pode gerar uma pauta do olhar que ajude na observa-o do jardim e da paisagem, focalizando: as plantas do jar-dim; a composio de formas e cores das plantas; a existn-cia ou no de elementos, como banco para sentar, ilumina-o, o lugar do passeante para andar, monumentos, coretosetc.; se a organizao espacial desses elementos recorta ouenquadra a paisagem segundo ngulos privilegiados para opasseante; se o jardim est conservado ou abandonado; quemso os freqentadores do jardim e sua importncia para eles;h quanto tempo existe o jardim; de quem o projeto

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    paisagstico etc. O registro da observao pode abrangertexto escrito, desenho, fotografia, entrevista. Na volta salade aula, a partir das dvidas e pontos de vista sobre o resul-tado da observao e do registro, os alunos podem iniciar umapesquisa sobre este jardim a partir de livros, revistas, jor-nais da cidade. Podem procurar saber se o jardim tombado,se ele j sofreu transformaes... Enfim, qual a histria dojardim. Depois disso, na apropriao, os alunos expressamo significado que ficou do jardim para cada um: o que o jardimlhe ensinou? Que elementos dele gostariam de mudar, ouconservar, se fosse seu prprio jardim? Qual o tipo de jardimque gostariam de oferecer comunidade? A expresso dosentimento sobre o jardim pode ser ampliada por textosescritos, desenhos, pinturas, improvisao teatral, msicas...

    Conhecendo pela pesquisaQuais jardins fazem parte do nosso imaginrio e da nossahistria? A investigao pode cercar: o Jardim do den; osSuspensos da Babilnia; os Zens Japoneses; os do Castelode Villandry, na Frana, que seguem aqueles recortes sinu-osos e elaborados do jardim do Palcio de Versalhes, s quecom couves, repolhos, abboras, alfaces, pimentes e to-mates; os de Generalife que encharcam a alma de poesia,com suas tamareiras banhadas pela luz avermelhada docrepsculo, ao lado do Palcio de Alhambra, na Andaluzia,sul da Espanha. E no Brasil, quais podem ser descobertos?

    Uma expedio: Caadores de bens culturais em suacomunidade. A pesquisa: um levantamento de bens materi-ais que os alunos considerem relevantes: praas, monumen-tos, obras de arte pblica, parques, construes, etc. Osbens encontrados esto vinculados a rgos de defesapatrimonial? Qual o estado de conservao? A pesquisapoderia se estender tambm aos bens imateriais, como asfestas, costumes, tradies...

    Burle Marx o primeiro ecologista brasileiro e sua obra per-petua uma relao obreira entre processos estticos e eco-

  • material educativo para o professor-propositor

    R. BURLE MARX

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    lgicos. Em seu stio, o artista-paisagista reuniu uma dasmais importantes colees de plantas tropicais e semi-tro-picais do mundo, algumas em extino. Quais espcies se-riam essas? No seria interessante voc, junto com seusalunos, enviar uma carta ou um e-mail ao Stio Roberto BurleMarx para descobrir algo sobre isso?

    Em 1928, desenhando no Jardim Botnico de Berlim-Dahlem,Burle Marx teve a oportunidade de descobrir o que seus olhosno podiam ver no Brasil, por excessiva proximidade cotidi-ana: a flora tropical. O Jardim Dahlem acompanhara a modadas estufas quentes para plantas tropicais que florescia nasegunda metade do sculo 19. O legado vinha de Humboldte de todos os botnicos e viajantes que, durante o sculo 18,haviam fascinado corte e cidade com seus carregamentos defrutas, flores e animais exticos advindos da Amrica Latinae frica. Por que o Brasil recebeu botnicos e artistas viajan-tes nessa poca? Qual o olhar dos artistas viajantes presen-te nos desenhos e pinturas de Eckhout, Rugendas6, por exem-plo? Qual a concepo paisagstica de Alexander vonHumboldt, autor da Geografia das plantas?

    Quais as caractersticas do ofcio de paisagista, arquiteto eurbanista? Como se d a formao desses profissionais?Instigando a investigao, sugerimos dois documentriosdisponveis na DVDteca Arte na Escola: Oscar Niemeyer: oarquiteto do sculo e Restaurao de prdios antigos.

    Revendo o documentrio, possvel ir congelando as ima-gens para melhor apreciar as tapearias de Burle Marx. Oque os alunos sabem sobre essa modalidade artstica? Parasaber mais, consulte a DVDteca Arte na Escola.

    Amarraes de sentidos: portflioA percepo sobre o que foi estudado o percurso trilhado; asdiversas investigaes e experimentaes com a pesquisa, o fa-zer artstico, a apreciao, o pensamento e discusso sobre a artea partir de Burle Marx pode ser organizada por meio de umportflio que traga a marca pessoal do aluno. Sugerimos a con-

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    feco de um Livro de Expedio, com os saberes desbravados;um Livro de Tombo com o registro dos bens culturais desco-bertos. Cada aluno poder criar o seu livro, escolhendo o tama-nho, o tipo de papel, as cores e o modo de encadernar, pensandoa capa como um espao sensorial rico, um jardim de sensibilidade.

    Valorizando a processualidade

    Onde houve transformaes? O que os alunos percebem queestudaram? Para voc, como professor-propositor, muito va-lioso saber o ponto de vista dos alunos sobre o que mais gos-taram e o que menos gostaram, sobre o que foi mais importan-te, sobre as dificuldades e sobre o que gostariam de continuarestudando. Ao mesmo tempo, importante que voc tambmtenha um momento para pensar a sua processualidade atravsde seu dirio de bordo. Quais foram as suas descobertas sobrearte neste projeto? Quais os achados pedaggicos? O que vocfaria diferente? O que repetiria? O que voc percebe que in-ventou como professor-propositor?

    GlossrioEducao patrimonial a educao patrimonial uma rea recente noBrasil, introduzida formalmente a partir do 1 Seminrio em 1983, noMuseu Imperial, em Petrpolis, RJ. inspirada no trabalho pedaggicodesenvolvido na Inglaterra sob a designao Heritage Education, comoaponta o Guia de educao patrimonial. Esta obra, mais do que um guia, um documento que institucionaliza a educao patrimonial no Brasil,servindo como parmetro das atividades desenvolvidas por profissionaisde diferentes reas, sendo considerada, conforme os autores, um instru-mento de alfabetizao cultural que possibilita ao indivduo fazer a leiturado mundo que o rodeia, levando-o compreenso do universo socioculturale da trajetria histrica-temporal em que est inserido. Fonte: HORTA,Maria de Lourdes Parreiras; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, AdrianeQueiroz. Guia bsico de educao patrimonial. Braslia: IPHAN; Rio deJaneiro: Museu Imperial, 1999, p. 5-6.

    IPHAN Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional. Tem como missoa proteo do patrimnio histrico e artstico nacional. Fonte: .

    Land art uma interveno sobre a natureza que, ao contrrio dafisicalidade, enfatiza o processo mental. A natureza o meio e o lugar da

  • material educativo para o professor-propositor

    R. BURLE MARX

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    experimentao artstica. Fonte: COSTA, Cacilda Teixeira da. Arte no Brasil1950-2000: movimentos e meios. So Paulo: Alameda, 2004, p. 65-66.

    Patrimnio cultural constituem patrimnio cultural brasileiro os bensde natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjun-to, portadores de referncia identidade, ao, memria dos diferen-tes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - asformas de expresso; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criaescientficas, artsticas e tecnolgicas; IV - as obras, objetos, documentos,edificaes e demais espaos destinados s manifestaes artstico-cul-turais; V - os conjuntos urbanos e stios de valor histrico, paisagstico,artstico, arqueolgico, paleontolgico, ecolgico e cientfico. Fonte:.

    Tombamento pode ser aplicado a bens mveis e imveis. Significa umconjunto de aes realizadas pelo poder pblico com o objetivo de preser-var, por meio de legislao especfica, bens culturais de valor histrico,cultural, arquitetnico e ambiental, impedindo que venham a ser demolidos,destrudos ou mutilados. Embora seja um mecanismo legal bastante antigo,o tombamento nunca foi suficientemente divulgado, de modo que sobre elepairam muitas dvidas e incompreenses, confundindo-o com desapropria-o. Fonte: .

    BibliografiaBUCHMANN, Luciano. A pertinncia do patrimnio cultural brasileiro por

    meio de contedos significativos no ensino da arte. Revista Digital Art&,ano 2, n.2, out. 2004. Disponvel em: . Acesso em 22 maio 2006.

    GAMA, Alex. Simplesmente Burle Marx. Porto Alegre: Espao CulturalBFB, 1993.

    GRINSPUM, Denise. Educao patrimonial como forma de arte e cidada-nia. In: TOZZI, Devanil (org.). Educao com arte. So Paulo: FDE, 2004.(Srie Idias, 31).

    HORTA, Maria de Lourdes Parreiras; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO,Adriane Queiroz. Guia bsico de educao patrimonial. Braslia: IPHAN;Rio de Janeiro: Museu Imperial, 1999.

    LEENHARDT, Jacques (org.). Nos jardins de Burle Marx. So Paulo: Pers-pectiva, 2000.

    LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. O que patrimnio histrico. So Paulo:Brasiliense, 2004. (Primeiros passos).

    MARX, Roberto Burle. Arte e paisagem: conferncias escolhidas. SoPaulo: Nobel, 1987. (Cidade aberta).

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    MOTTA, Flvio. Roberto Burle Marx e a nova viso da paisagem. So Paulo: Nobel, 1984.

    SIQUEIRA, Vera Beatriz. Burle Marx. So Paulo: Cosac & Naify, 2001.(Espaos da arte brasileira).

    TABACOW, Jos (org.). Arte e paisagem: Roberto Burle Marx. 2.ed. SoPaulo: Studio Nobel, 2004.

    Seleo de endereos sobre arte na rede internetOs sites abaixo foram acessados em 22 maio 2006

    EDUCAO PATRIMONIAL. Disponvel em: .

    IPHAN, REVISTA DIGITAL DOSSI EDUCAO PATRIMONIAL. Dispo-nvel em: .

    MARX, Roberto Burle. Disponvel em: .

    STIO ROBERTO BURLE MARX. Disponvel em: .

    ___. Disponvel em: .

    SOCIEDADE BRASILEIRA DE BROMLIAS. Disponvel em: .

    Notas1 MARX, Roberto Burle. Jardins. Revista Municipal de Engenharia, jan./mar.1949. Verso eletrnica disponvel em: . Acesso em: 22 de maio 2006.2 Durante todo o ano, o stio visitado por muitas escolas desde jardinsde infncia at universidades. So realizados vrios concertos musicaisno prdio do ateli. No dia 13 de junho, Dia de Santo Antnio, a comuni-dade de Guaratiba rene-se ali para uma procisso religiosa.3 Citado por RACINE, Michel. Roberto Burle Marx, o elo que faltava. In:Jacques LEENHARDT (org.). Nos jardins de Burle Marx, p. 117.4 Podem ser apreciadas, por exemplo, as obras: Vaso com strelitzia (1938),Vaso com strelitzia e ficus (1939), Begnias e alocsia (1939), Natureza-morta (1939), Jarra com lrios (1940), e dando continuidade a elas comtrabalhos crescentemente abstratos a partir dos anos 40, as obras Jarrode flores (1940), Vaso com bromlias e clsias (1941), os dois Vasos combegnias de 1943, Vaso com folhagem (1945), e o guache Begnias (1950).5 LEENHARDT, Jacques. O jardim: jogos de artifcios. In: JacquesLEENHARDT (org.). Nos jardins de Burle Marx, p. 24.6 Consulte na DVDteca Arte na Escola, o documentrio Rugendas: o ilus-trador de mundos.