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QUINTA-FEIRA, 21 MARÇO 2013 Mensal . Ano 2 . N.24 www.cm-cascais.pt INFOMAIL JOÃO CEPEDA PERFIL DO MUNÍCIPE LUÍS CARLOS ALVES PERFIL DO COLABORADOR BOLETIM MUNICIPAL p.10-11 CASCAIS DESTAQUE Cascais: a sua câmara municipal à distância de um clique Pacote de Emprego: abriram inscrições para estágios p.5 p.12-13 Conjunto de medidas inovadoras estão a ser aplicadas pelo município utilizando a internet como ferramenta de contacto e trabalho en- tre munícipes e autarquia. A ideia poupa o seu tempo e o seu dinheiro, ao mesmo tempo que promove mais e melhores serviços públicos. Ao abrigo do protocolo estabelecido entre a Câmara Municipal de Cascais e o Instituto de Emprego e Formação Profissional, estão já abertas as candidaturas aos Programas de Es- tágio de Cascais. A medida insere-se no Plano Concelhio de Promoção da Empregabilidade. ENTREVISTA p.18-19 “O Estoril Jazz mantém os mesmos critérios desde o primeiro dia” Duarte Mendonça Estivemos à conversa com um dos nomes grandes da cena musical portuguesa. A história do Jazz, de Duarte Mendonça e do evento que criou para o Estoril para ler nesta edição do ‘C’. Anna Catharina, HOLANDA “Eu usaria uma palavra para descrever Cascais: humanidade.”

"C" - edição 24

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Depois de termos inaugurado a secção cascalenses pelo mundo - onde lhe damos a conhecer casos de sucesso de pessoas de cá que partiram à conquista do mundo - mostramos o reverso: o mundo que escolheu Cascais para viver. Conheça ainda as primeiras linhas da revisão do PDM e saiba tudo o que a CMC fez para facilitar a sua vida com um ambicioso pacote de modernização administrativa. A fechar o boletim deste mês, uma grande entrevista ao pai do "Estoril Jazz": Duarte Mendonça. Boas leituras!

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  • QUINTA-FEIRA, 21 MARO 2013Mensal . Ano 2 . N.24

    www.cm-cascais.pt

    INFOMAIL

    JOO CEPEDA PERFIL DO MUNCIPELUS CARLOS ALVES PERFIL DO COLABORADOR BO

    LETI

    M M

    UNIC

    IPAL

    p.10-11

    CASCAIS DESTAQUE

    Cascais: a sua cmara municipal distncia de um clique

    Pacote de Emprego: abriram inscries para estgiosp.5 p.12-13

    Conjunto de medidas inovadoras esto a ser aplicadas pelo municpio utilizando a internet como ferramenta de contacto e trabalho en-tre muncipes e autarquia. A ideia poupa o seu tempo e o seu dinheiro, ao mesmo tempo que promove mais e melhores servios pblicos.

    Ao abrigo do protocolo estabelecido entre a Cmara Municipal de Cascais e o Instituto de Emprego e Formao Profissional, esto j abertas as candidaturas aos Programas de Es-tgio de Cascais. A medida insere-se no Plano Concelhio de Promoo da Empregabilidade.

    ENTREVISTA

    p.18-19

    O Estoril Jazz mantm os mesmos critrios desde o primeiro dia

    Duarte Mendona

    Estivemos conversa com um dos nomes grandes da cena musical portuguesa. A histria do Jazz, de Duarte Mendona e do evento que criou para o Estoril para ler nesta edio do C.

    Anna Catharina, HOLANDA

    Eu usaria uma palavra para descrever Cascais: humanidade.

  • ELEVMETROEDITORIAL

    Envie-nos comentrios e sugestes atravs do e-mail:[email protected] ou, por carta, para C - Boletim Municipal, C-mara Municipal de Cascais, Praa 5 de Outubro 2754-501 Cascais.

    FICHA TCNICA

    PROPRIEDADE Cmara Municipal de Cascais

    COORDENAO Departamento de Inovao e Comunicao

    EDIO Gonalo Venncio

    REDAO Ana Cristina Almeida, Antnio Maria Correia, Ftima Henriques, Isabel Alexandra Martins, Las Castro, Mrio Duarte, Marta Silvestre, Patrcia Sousa, Susana Atade

    FOTOGRAFIA Ins Dionsio, Las Castro, Lus Bento, Marta Silvestre, Sibila Lind

    MULTIMDIA Ana Laura Alcntara, Antnio Maria Correia, Gonalo Dias, Miguel Caramelo, Pedro Ramos, Rodrigo Saraiva

    GRAFISMO E PAGINAO Ana Rita Garcia

    TIRAGEM 135.000 exemplares

    PERIODICIDADE Mensal

    DEPSITO LEGAL 332367/11

    Informao atualizada em:www.cm-cascais.ptwww.facebook.com/CMcascais

    -

    30anos10

    aniversrio

    A presena de cidados moldavos em Cascais h muito que assumiu uma vocao cvica. A face mais visvel do trabalho da comunidade o seu Centro Cultural Moldavo que se encontra a comemorar uma dcada de atividade. A oca-sio foi assinalada, em si- multneo, com a realizao do 8 Festival Mar- tisor. Carlos Carreiras, presidente da Cmara, e Alexandre Faria, vereador das relaes internaciona-is, foram agraciados com uma das mais altas con-decoraes do Governo da Moldvia, o Diploma e Medalha de Mrito.

    CENTRO CULTU-RAL MOLDAVO

    Est inaugurada mais uma ludobiblioteca, desta feita na Escola Bsica Ral Lino, no Monte Estoril. Com um esplio de 2414 documentos, o equipamento construdo de raiz servir os 250 alu-nos da escola e toda a co-munidade interessada, aos sbados das 09h30 s 13h. Esta a dcima ludobiblio-teca do concelho e insere-se numa viso municipal da escola como ncora de vivncias comunitrias.

    LUDO BIBLIOTECA

    2414

    2obras OP

    documentos

    A pouco e pouco os pro-jetos vencedores do Or-amento Participativo de 2011 comeam a ganhar forma. J foi inaugurada a segunda obra decorrente deste processo. Depois da requalificao de um espa-o pblico em Carcavelos, foi colocada ao servio da comunidade a zona cober-tura multiusos da Associa-o Jernimo Usera. Ana Tojal, presidente da AJU, sublinhou o entusiasmo e a responsabilidade de toda a comunidade que sente estre projeto como seu.

    COBERTURA AJU

    Diversidade, tolerncia, multiculturalidade. Nenhum destes valores abstrato. E em Cascais sabemo-lo bem. Em pouco mais de 99 km quadrados de territrio moram 140 nacio-nalidades. Fiel sua tradio de liberdade e de abertura ao mundo, Cascais a orgulhosa casa de cidados que repre-sentam perto de 80% das naes do mundo. Alis, uma das festas mais comemoradas nos quatro cantos do planeta, o St. Patricks Day, reuniu este ano a comunidade irlandesa em Portugal precisamente em Cascais. Uma festa que fomos acompanhar, aproveitando para recordar a notria influncia irlandesa na cultura e vida de Cascais. , por isso, um Cascais de muitas caras e de muitas cores, aquele que trazemos a t si, nesta edio 24 do C. A nossa equipa de reportagem andou pelo concelho procura de cas-calenses que vieram de longe. Gente que escolheu a nossa terra para ser a sua casa. Pelas mais diversas razes. Gente to diferente, como Elvia e Carlos Oviedo, da Colmbia, ou Branislav Mihajlovic, da Srvia, que tendo chegado a Cascais por razes distintas, aqui ficaram pelos mesmos motivos: a luz de Cascais, a beleza de Cascais, as pessoas de Cascais. Mais histrias de pessoas de Cascais que lhe trazemos, tambm, nas pginas deste boletim. Conhea Joo Lisboa, um jovem cascalense pelo mundo que vive e trabalha em Atlanta; recorde, na primeira pessoa, episdios de vida de um smbolo do futebol do Estoril: Joo Cepeda, o torpedo da Amoreira; desvende algumas dos episdios ainda no contados pela equipa de velejadores cascalenses que, em So Francisco, conquistou um lugar ao sol na maior prova de vela do mundo para a sua categoria: a Red Bull Youth Americas Cup. Porque maio est a chegar, e ms de grandes msicas no Estoril, estivemos conversa com Duarte Mendona, um dos nomes mticos do Jazz portugus e promotor do Estoril Jazz. Fazemos uma visita guiada ao cartaz do Estoril Jazz ao qual, recentemente, a UNESCO se associou, classificando-o como evento comemorativo do Jazz.Olhando para o futuro, desvendamos as linhas orientadoras do processo de reviso do PDM de Cascais, e apresentamos um pacote de medidas destinadas a fazer da Cmara Munici-pal, um melhor prestador de servios e um agente facilitador da sua vida

    Cascais Elevada s Pessoas.

    Passaram, no passado dia 18 de maro, 30 anos sobre a morte do Rei Umberto II de Itlia. Figura muito querida dos italianos e dos cascalenses Cascais, des-tino de exlio, foi a sua casa durante dcadas - o Rei Um- berto II foi recordado numa grande cerimnia que decorreu, em simultneo, em Npoles e Turim. Na ocasio, e por solici-tao dos organizadores, foi lida uma mensagem de Cascais ao povo italiano.

    REI UMBERTO II

  • 03

    OPINIO

    SNIA FERNANDES

    A arte de falhar.

    A Cmara Municipal de Cascais cometeu um enorme Falhano no passado dia 2 de Maro. No s concordou em apoiar um evento que pretendia apenas e s celebrar Falhanos e desmistificar Sucessos, como o seu Presidente, Carlos Carreiras, fez honra a tal misso sendo o primeiro de dez oradores presentes na Casa das Histrias Paula Rego nesse dia. E foi, para quem no testemunhou tal acontecimento, absolutamente digno de nota e inesquecvel, um motivo de orgulho para todas as pessoas que fazem de Cascais a sua terra.O The (First Ever) World Failurists Congress tinha a modesta misso de mostrar e provar que o caminho para o Sucesso invariavelmente composto por Falhanos. Ou seja, por muitos becos sem sada, muitas curvas e contracurvas, muitos retrocessos e paragens bruscas e, acima de tudo, muitos reclculos de caminho para que se chegue, minimamente inteiro, ao destino (seja este qual for). Por outras palavras, queria-se comprovar que no existe Sucesso (ou verso do mesmo) que no contemple uma boa dose

    de Falhano na sua construo. E a necessidade de desmistificar tal processo uma que tem vindo a ganhar cada vez mais fora. Vejamos.O passar dos anos tem-nos convencido que a melhor medida da vida de uma pessoa o sucesso que consegue (ou no) atingir. Sem sucesso, poucos somos, pouco temos e ainda menos podemos aspirar a ser ou ter. Temos de ter (e ser!) sucesso custe o que custar. Todos sentimos o inegvel peso do sucesso em cima dos ombros e todos sabemos o que provoca um fortssimo medo de Falhar, medo de arriscar e medo de tentar sequer. O sucesso, assim sendo, provoca medo. E como tal assustador, dizer que o Falhano faz parte do caminho parece contranatura. Desconfiamos de tal processo mas no sabemos lidar com ele, no sabemos decifr-lo e muito menos sabemos viver com os seus desgnios. Tal, infelizmente, tambm acontece com o sucesso. Como disse Celso Martinho, co-fundador do Sapo e orador do WFC, em Portugal estigmatiza-se o falhano e penaliza-se o sucesso. E verdade; quem Falha um Falhado e as pessoas que atingem o Sucesso no so dignas ou fizeram-no atravs de batota. No meio destes dois extremos, natural que andemos perdidos e sem saber para onde ir, como ir ou se j l chegmos sequer. Assim, no passado dia 2 de Mar-

    com o mesmo e, por fim, Pedro Aniceto fechou o certame com chave de ouro, realando a dificuldade que todos temos em avaliar as situaes com que nos deparamos e os consequentes falhanos da provenientes. O WFC foi um inesperado Sucesso (o que em si um Falhano pois nunca tal resultado tinha sido devidamente equacionado). As pessoas saram de l inspiradas e com um pouco menos medo de Falhar. Ouviram-se histrias hilariantes, testemunhos sensveis, situaes inacreditveis todas elas contadas por seres humanos corajosos que quiseram, de alguma forma, repor a verdade sobre os percursos profissionais que viveram e vivem. No final do dia, pairava no ar uma crena mais forte no que

    realmente importa e dever reger as nossas vidas: no o medo de Falhar mas sim o medo de nem sequer tentar e ficar para sempre na dvida. seguindo este ensinamento que o WFC, na sua verso The (Second Ever) World Failurists Congress, vai acontecer no Porto com o apoio da AEP. Quando? Ainda est por decidir. Oradores? Por enquanto, um confirmado. Local? Tambm se decidir, certamente.Tudo poder Falhar at l. Pelo menos essa a esperana.E no esqueamos: Falhados so os atos, as expectativas, os objetivos mal definidos, nunca as pessoas.

    Desempregada de Sucesso e elemento nico do Comit de (des)Organizao do WFC. [www.wfc.pt [email protected]]

    o, ocorreu a estreia do evento mais improvvel dos ltimos anos em Portugal com o objetivo de aliviar o peso do sucesso e do falhano na vida das pessoas atravs de testemunhos reais, bem-humorados e cndidos de um grupo de pessoas corajosas que quiserem, de certa forma, repor a verdade sobre o que tm feito a nvel profissional.Alberta Marques Fernandes foi Madrinha e Apresentadora do evento; Carlos Carreiras fez um discurso absolutamente delicioso sobre o que considera ser o Falhano e a forma como to mal lidamos com o mesmo; Celso Martinho revelou os maiores Falhanos da sua carreira em termos de projetos e levou fotografias que o provaram; Susana Rodrigues (Diretora da Escola Superior de Artes e Design do IP Leiria) mostrou como as quedas no so o fim da viagem (e levou Hirudoid para todos) e Ricardo Diniz (navegador solitrio) contou-nos das suas viagens cheias de peripcias, incluindo encontros imediatos com contentores em alto mar e salvamentos em cruzeiros Noruegueses.O ambiente na sala no podia ter sido melhor. As pessoas presentes estavam verdadeiramente aten-tas, participaram, colocaram questes e, acima de tudo, iam percebendo que at mesmo as pessoas supostamente de maior sucesso tiveram que passar pelo Falhano para chegarem onde tinham chegado e continuarem em frente. Da parte da tarde, Fernando Alvim (Antena 3 e +tvi) contou-nos como conseguiu Falhar a organizao de eventos musicais e a forma como lidou com as consequncias nefastas; Pedro Domingos (Co-fundador do site de crowdfunding ppl.com.pt) explicou quais os maiores falhanos das campanhas de crowdfunding em Portugal; Pedro Janela (da WYGroup) fez as contas e disse exatamente quantas oportunidades, projetos e dinheiro tinha perdido ao longo dos seus anos de carreira; M Joo Nogueira (blogger em Jonasnuts) explicou como detesta o Falhano ao ponto de to bem saber lidar e aprender

    ... dizer que o Falhano faz parte do caminho parece contranatura.

    Falhados so os atos, as expectativas, os objetivos mal definidos, nunca as pessoas.

    QUINTA-FEIRA, 21 MARO 2013

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    CASCAISPERFIL DO COLABORADOR

    LUS CARLOS ALVES

    Nasceu em Angola, Gabela, a terra do caf e do nevoeiro. Em 1969 viajou pela primeira vez para Portugal com apenas cinco anos. Como nos contou, esta no foi uma viagem de frias planea-das para vir conhecer a terra dos seus pais e avs. A infncia vivida e descontrada aos sabores de frica, foi interrompida por uma viagem forada pelos ventos da descolonizao que, em 1974, ob-rigou milhares de portugueses a trilhar um caminho de no retor-

    Informtico

    no em direo metrpole e a uma vida nova feita do nada. As suas recordaes de Angola so escassas, mas Lus Carlos lembra-se bem do momento da partida, do colo da me, da sensao de que alguma coisa no estava a correr bem, do som das rajadas de me-tralhadora, da angstia motivada pela espera de dias e noites pas-sadas numa garagem onde tam- bm estavam muitos outros por-tugueses. Tal como a sua famlia, estas eram pessoas que engros-savam as listas de espera das es-coltas at ao aeroporto, de onde todos partiriam em direo a Portugal. Hoje, 39 anos aps ter pisado solo ptrio e depois de al-guns amigos lhe mostrarem foto-grafias atuais da casa onde viveu em Angola, destruda, Lus Carlos no sente vontade de voltar. A nostalgia do regresso no lhe toca to profundamente como queles que regressaram j mais velhos e com um ba cheio de memrias de um tempo feliz. E se a despedida de Angola foi dura, os primeiros anos em Por-tugal no foram menos difceis. A famlia viu-se forada a comear

    do zero e os primeiros anos de Lus Carlos em Portugal so pas-sados na terra da me e dos avs maternos, em Casal Sancho, Vi-seu. Como era preciso garantir a subsistncia da famlia, o pai tenta de tudo e arranja trabalho na distante Lisboa. Durante al-gum tempo, e at que a situao laboral do pai permitisse reunir de novo toda a famlia, Lus Car-los continuou com a me e a irm, em Viseu, onde iniciou os estudos primrios. Mais tarde, j em Lis-boa, prosseguiu os estudos e no liceu comeou a interessar-se por informtica. Computadores e motores eram j na altura as paixes de Lus Car-los. A adorao por carros e motas tal que se pudesse, para alm de informtico, seria piloto de Fr-mula 1. Decidido, Lus Carlos ain- da no tinha 18 anos quando ju-rou que tinha que tirar a carta de conduo de automveis. A maio-ridade, contudo, tinha-lhe guarda-do uma das maiores provas da sua vida. Problemas de sade levam-no, por diversas ve-zes, mesa de operaes, a que se seguiram dois anos de fisioterapia intensa no Centro de Medicina e Reabilitao de Alcoito que lhe devolveram a mobilidade poss-vel. Ao lembrar esta passagem da sua vida, sente- -se a gratido nas palavras de Lus Carlos. Gratido imensa por todos aqueles que, em Alcoito, o ajudaram a inverter um caminho que no raras vezes se pensou ser irreversvel. J com 23 anos de casa, so pou-cos os que na Cmara de Cascais no conhecem o Lus Carlos. E o percurso na autarquia comea aos 20 anos, quando na sua primeira experincia profissional, Lus Carlos consegue uma colocao como administrativo nas Oficinas Municipais. Desse tempo recorda o Chefe, engenheiro Daniel Barri-ga, que lhe dizia que a felicidade depende muito da forma como encaramos a vida. Se nos acomo-darmos, a vida nunca nos sorrir. Ensinamento que Lus Carlos nun- ca esqueceu porque nunca deixou de lutar pelos seus sonhos. J a trabalhar consegue, em simult-neo, licenciar-se em Informtica de Gesto. J doutor, e espera

    de definio da sua situao na autarquia, concorre a um lugar na banca. Obteve a melhor clas-sificao no processo mas na fase de entrevista negam-lhe aberta-mente a possibilidade de traba-lhar no grupo por causa do seu problema de mobilidade. Nesse momento, pela primeira vez, Lus Carlos sentiu na pele que existem preconceitos que podem sobre-por-se competncia das pes-soas. Felizmente, hoje, a nossa sociedade encara estas situaes com mentalidade mais aberta e de forma mais justa, afirma.Mas por cada janela que se fecha h uma porta que se abre. Pouco depois surge a oportunidade de ir trabalhar para o Gabinete de In-formtica da Cmara Municipal de Cascais. Na poca, Lus Carlos era o nico elemento com uma licenciatura na rea. Ser infor-mtico quase como ser mdico, porque para se estar atualizado tem que se continuar a estudar pela vida fora. Das palavras aos atos, algum tempo depois Lus Carlos voltou aos bancos da uni-versidade para fazer uma ps-graduao em Sistemas de In-formao porque, como explica, o progresso na rea informtica no deixa de nos surpreender to-dos os dias, rola a uma velocidade vertiginosa. A necessidade de se atualizar , por isso, constante. Tirando as histrias infantis que

    faz questo de ler todos os dias s duas filhas, as suas leituras re-sumem-se, atualmente, a manuais de informtica. No seu dia de trabalho no h ro-tinas. Todos os dias apresentam-se como desafios aos quais ele e toda a equipa tm de dar respos-tas rpidas e eficazes. Ao Gabi-nete de Informtica da Autarquia cabe fazer a manuteno de todo o parque informtico, o que se tra-duz em muitas questes para dar resposta todos os dias. J pas-sei algumas noites sem dormir procura de solues para tentar resolver problemas informticos, mas no me arrependo porque na minha rea aprendemos coisas novas todos os dias. Esses pro-blemas tornam-nos todos os dias mais capazes. A nossa autarquia a nvel infor-mtico no fica atrs do que de melhor se faz em Portugal nesta rea. Devemos estar muito perto de atingir o rcio de um computa-dor por utilizador, acrescenta com satisfao. Sempre que pode, Lus vai at ao autdromo do Estoril sentir o som, o cheiro e a adrenalina dos motores. Mesmo que chova co-piosamente e que seja o nico espetador na bancada. Afinal de contas, no preciso ser piloto para ganhar uma corrida, nem para vencer as difceis voltas que a vida d. IAM

    Ser informtico quase como ser mdico, porque para se estar atualizado tem que se continuar a estudar pela vida fora.

    DESTAQUEOPINIO CASCAIS DESPORTOAMBIENTE CULTURA AGENDAENTREVISTA

  • DURAO DO ESTGIO12 meses

    DESTINATRIOSEntre os 18 e 25 anos.

    PROGRAMA DE FORMAO E ACOMPANHAMENTO TCNICO DINAMIZADO PELA CMARA MUNICIPAL DE CASCAIS . Mdulos de Formao Comportamental para estagirios;. Sesses de grupo de Acompanhamento e Desenvolvimento Pessoal;. Acompanhamento tcnico das entidades empregadoras e estagirios

    05

    CASCAIS

    INSCRIES ABERTAS PARA ESTGIOS PROFISSIONAIS

    Decidida a tentar mitigar, no concelho de Cascais, o problema do desemprego, especialmente entre os mais jovens, a Cmara Municipal de Cascais acaba de estabelecer uma parceria com o Instituto de Emprego e Forma-o Profissional (IEFP) para a implementao do programa Es-tgios Profissionais em Cascais. As inscries j esto abertas. Este protocolo surge no mbito do Plano de Ao Local para o Emprego 2013 e beneficia do conhecimento adquirido pela edilidade em seis edies do pro-grama municipal Jovens Ativos. No desenvolvimento dos Est-gios Profissionais o municpio vai manter os aspetos diferen-ciadores do programa Munici-pal Jovens Ativos, que regista uma taxa de empregabilidade aps estgio de 80% e que, nos ltimos anos, abriu a porta a es-tgios profissionais a 245 jovens de Cascais. No mbito deste pro-grama os jovens receberam uma forte componente de formao em competncias transversais e desenvolvimento pessoal as quais vo agora ser reforadas com a promoo de Estgios Profissionais em parceria com o IEFP.

    Municpio e IEFP promovem emprego para jovensentre 18 e 30 anos

    Com o programa Estgios Profis-sionais sair reforada a compo-nente de formao e acompanha-mento tcnico, semelhana do que tem sido prtica municipal nos programas de apoio em-pregabilidade. De acordo com a idade, os jovens podem candidatar-se a dois tipos de medidas de Estgios Profis-sionais: (I) Medida Estgios Pro-fissionais e (II) Medida Passa-porte Emprego Impulso Jovem. Em ambos os casos a Cmara Municipal de Cascais garante apoio/informao s entidades, formao comportamental para os estagirios (mdulo de co-municao, trabalho em equipa, etc.), acompanhamento tcnico dos estgios. Est previsto tam-bm um incentivo contratao aps o estgio atravs de uma majorao financeira, quando o mesmo realizado no mbito do Programa de Estgios Profission-ais do IEFP e comparticipado at 75% pelo referido programa. Estas medidas destinam-se a promover o sucesso do estgio, maximizando a probabilidade de continuar a colaborao aps o estgio, e a aumentar a empre-gabilidade e as competncias dos estagirios.

    DURAO DO ESTGIO9 meses

    DESTINATRIOSEntre os 18 e os 30 anos com 12 profissional ou mais, e pessoas com deficincia ou incapacidade, desempregados integrados em famlia monoparental ou casal com ambos desempregados, independentemente da idade e nvel de qualificao.

    PROGRAMA DE FORMAO E ACOMPANHAMENTO TCNICO DINAMIZADO PELA CMARA MUNICIPAL DE CASCAIS . Mdulos de Formao Comportamental para estagirios;. Sesses de grupo de Acompanhamento e Desenvol- vimento Pessoal;. Acompanhamento tcnico das entidades emprega- doras e estagirios

    As vagas para estgio so anun-ciadas em www.cm-cascais.pt, encontrando-se atualmente sete vagas disponveis. Os interes-sados que tenham os requisitos referidos anteriormente podem ainda procurar um estgio pro-fissional sua medida candi-datando-se junto das entidades empregadoras do seu interesse e apresentando a possibilidade da entidade integrar este Programa. As empresas, associaes, in-stituies sociais ou outras que pretendam mais informao so-bre o programa devero contac-tar a Unidade de Promoo do Emprego da Cmara Municipal de Cascais atravs do nmero 21 481 53 63 ou atravs do endereo de e-mail: [email protected].

    Para apoiar esta procura ativa de estgios, a Cmara Municipal de Cascais organiza regu-larmente sesses de informao Encontra o teu Estgio Profissional em Cascais.

    Marque na sua agenda as prximas sesses: 15 de abril, 15h00Centro de Interpretao Ambiental da Pedra do Sal | So Pedro do Estoril

    2 de maio, 15h00Loja Gerao C de So Miguel das Encostas

    15 de maio, 16h00Biblioteca Municipal de S. Domingos de Rana

    17 de junho, 15h00Junta de Freguesia de Carcavelos

    As inscries nestas sesses devero ser realizadas em www.cm-cascais.pt.

    QUINTA-FEIRA, 21 MARO 2013

    O combate ao desemprego uma prioridade entre prioridades. [Carlos Carreiras]

  • Nesta edio de Cascalenses pelo Mundo estabelecemos contacto com Atlanta para conhecer Joo Lisboa. Jogador de tnis, aos 18 anos Joo foi estudar para os Es-tados Unidos com uma bolsa de mrito desportivo e l que traba-lha, como staff accountant numa empresa portuguesa. Conhea a vida americana de um cascalense na Gergia: um estado onde, aos 20 anos, no pode beber uma cer-veja, mas pode ter porte de arma.

    Joo, como que foi o seu per-curso em Cascais, antes de partir para os Estados Unidos? Sou cascalense h 22 anos. Vivi sempre em Cascais, com muitas experincias e boas memrias difceis de esquecer. Frequentei escolas perto da minha residncia, na Parede. O St. Georges School, o Colgio D.Luisa Sigea e o mtico Liceu de S. Joo do Estoril. Come-cei a jogar tnis com quatro anos, na Quinta da Marinha, num clube que infelizmente j no existe, substitudo por um novo hotel. A adquiri uma grande paixo pelo

    06

    JOO LISBOAMATCH POINT PARA O SONHO AMERICANO

    CASCALENSES PELO MUNDO

    JOO LISBOA

    22 ANOS

    PROFISSO:

    STAFF ACCO

    UNTANT

    CIDADE DE AC

    OLHIMENTO:

    ATLANTA, GE

    ORGIA, EUA

    DISTNCIA A C

    ASA:

    6550KM

    tnis, que j era o desporto preferi-do da famlia. Mais tarde, no Quin-ta da Marinha Health & Racquet Club, fiz os ltimos preparativos para embarcar numa nova e ines-perada aventura pelas Amricas. Uma nova aventura, mas levando comigo as recordaes dos tem-pos passados na minha Praia das Avencas, do calmo e pacato Caf do Lago no Monte Estoril e das idas nocturnas ao Tamariz.

    O que que o motivou a ir estu-dar para os Estados Unidos? Foi durante o ensino secundrio que cresci, abri horizontes e ganhei alguma maturidade. Nessa altura da minha vida senti que queria algo diferente, surgiu a oportuni-dade e agarrei-a com as duas mos. Motivou-me a possibilidade de poder tirar um curso universi-trio num pas cujo ensino tem grande prestgio, aliado ao facto de poder continuar a jogar tnis de competio. Foi o sentimento de competitividade e de desafio que me levou a dizer sim vida universitria nos Estados Unidos.

    Mas foi difcil. Disse o sim com o eco do no na minha mente. Do no ao deixar pais, irmos, res-tante famlia e amigos. Do no a deixar as praias e a gastronomia nacional. Do no de deixar Cas-cais e Portugal. Entrou no Emmanuel College, na Gergia. Como que a vida num campus americano? Digo-lhe, com toda a certeza, que a melhor experincia acadmica que guardo foi o dia-a-dia no cam-pus universitrio. Foi um choque cultural. Uma maneira totalmente diferente de interagir e falar com as pessoas. Mtodos de estudo e estilos de vida diferentes. Foi uma excelente experincia, que me levou a desenvolver a minha au-tonomia e sentido de responsabi-lidade, com total liberdade para planear o meu tempo. O mtodo acadmico nos Estados Unidos muito diferente do Portugus. muito prtico, criativo, aberto opinio e anlise, sempre com o total apoio dos professores. De certo modo muito aberto ao nvel cultural devido s mltiplas na-cionalidades, religies e tradies. Enfim, precisaria de um volume da Guerra e Paz para descrever as diferenas.

    A vida num campus americano mesmo como vemos nos filmes de Hollywood? Depende. A vida universitria nos Estados Unidos muito rica na sua diversidade. A minha univer-sidade pequena (8.000 alunos) e est situada no meio do campo, na Gergia. Normalmente via esqui-los e um ou outro veado a vaguear pelos campos. Mas se me deslocar uns quarenta minutos para sul chego University of Georgia, que tem volta de quarenta mil alunos e um estdio de futebol americano maior do que Wembley, com ca-pacidade para 96 mil pessoas. um campus com um estilo de vida diferente, est no meio da ci-dade de Athens, tem mais vida, especialmente nas noitadas dos bares e pubs. E se for para Atlanta encontro o campus do Geor-gia Tech, rodeado por arranha-cus e multides. Portanto uma questo muito relativa apesar de pensar que existe alguma veraci-dade demonstrada nas produes de Hollywood.

    Como que se faz a adaptao a uma realidade to distante?

    Com tempo. Apesar de j conhe-cer algumas grandes cidades como Londres, Paris ou Madrid, a adaptao foi complicada. O mais difcil foi aprender a aceitar a men-talidade e os hbitos da populao de um estado um pouco mais con-servador. O porqu de toda esta fast-food, dos carros grandes e da euforia por um desporto, a meu ver, aborrecido: o Baseball. Eu tento perceber. Falo, criam-se debates, mas no fim, mesmo no compreendendo, aprendi a aceitar as pessoas como elas so, tornan-do a minha integrao na socie-dade mais fcil.

    Encontra algum ponto de ligao entre a realidade da Gergia e a nacional?Ligao? Muito pouca. Apesar de serem duas sociedades de cultura ocidental, navegar para o outro lado do Atlntico encontrar outra realidade. Por exemplo, vivo numa sociedade onde aos 20 anos no se pode beber uma cerveja mas pode-se andar armado. Repare, uma vez conheci uma marine que tinha trs espingardas no porta-bagagens e uma pistola no porta-luvas.

    Foi para os EUA como jogador de tnis e ganhou uma bolsa des-portiva. Fez parte das equipas universitrias... uma experin-cia nica... Foi essa bolsa que me permitiu ir para os EUA, de outro modo teria sido impossvel, j que os preos das propinas so proibitivos. Fui o nmero trs da equipa uni-versitria durante quatro anos. , sem dvida, uma das melhores recordaes que guardarei. Viaj-mos bastante, especialmente para outros estados. Foram algumas viagens de doze horas em grandes carrinhas brancas com muita con-versa. Infelizmente sofri algumas leses nos joelhos, a provocar trs intervenes cirrgicas, o que no permitiu que evolusse tanto como desejaria.

    Sente falta de alguma coisa que aqui dava como adquirida? Sabe-mos que o atum americano no grande coisa curioso que me fale do atum. Na semana passada fui a um res-taurante grego perto do meu escritrio. O dono portugus. Comprei azeite, alheiras, atum Bom Petisco e uma dzia de pastis de nata congelados. H duas semanas comi bacalhau

    Braz num restaurante cujo chefe era madeirense. Disseram-me que fazem um almoo portugus uma vez por ms. Estiveram no restau-rante cerca de cem portugueses para a sardinhada. O portugus est por todo o lado. Mas o que me faz mesmo falta so as praias e o clima de Cascais.

    E no demorou muito at que en-contrasse emprego no final do seu curso. Verdade?A boa mdia de curso (18 valores) e as distines acadmicas foram, em conjunto com muito afinco, uma grande ajuda na procura de emprego. Quando estava a fi-nalizar o curso comecei a enviar currculos para vrias empresas. Entretanto, por feliz coincidncia, tive conhecimento da existncia de uma empresa portuguesa com escritrios em Atlanta. Enviei o meu cv e consegui uma entrevista duas semanas antes de acabar o curso. Passados trs meses estava a trabalhar. Sou staff accountant e trabalho no departamento finan-ceiro da empresa.

    Como que dos EUA se olha hoje para a crise nacional?Com preocupao. Os EUA olham para a crise portuguesa como parte integrante da crise europeia. E esta que os preocupa, j que a interligao das economias euro-peia e americana muito forte. Por isso se diz que quando a America espirra a Europa constipa-se.

    um observador privilegiado da realidade americana. Em que sentido que, na sua opinio, os Estados Unidos esto a evoluir?Cheguei aos EUA duas semanas antes de Obama tomar posse para o primeiro mandato. Foi um grande marco para evoluo cons-tante e non-stop deste pas. A questo da evoluo econmica muito interessante. Na Europa encontramos um regime mais aus-tero, com aumento de impostos e redues de despesa. Nos Estados Unidos a realidade diferente, es-tando sempre presente o seu bem conhecido capitalismo. Penso que os Americanos se encontram num momento de grande impasse. A dvida continua a subir e no h consenso para um desfecho posi-tivo. Uns querem aumentar impos-tos e reduzir despesa, outros s querem cortar na despesa. Enfim, muitos caminhos mas nenhum consenso para uma soluo.

    DESTAQUEOPINIO CASCAIS DESPORTOAMBIENTE

  • 07

    CASCAIS

    Texto: Patrcia Sousa | Fotos: Lus Bento

    Cepeda. O torpedo da Amoreira.

    PERFIL DO MUNCIPE

    um dos casos em que a alcunha basta para apresentar o homem: Joo Cepeda, ou Torpedo da Amoreira, homem forte, de tron-co largo e remate blico, mantm a fama que justifica o nome de batismo futebolstico e que lhe garantiu a presena em inmeras cadernetas. Para os cascalenses, principalmente para os estorilis-tas, um dos cromos mais apete-cidos. Ponto prvio para os leitores nas-cidos depois da dcada de 70: Joo Cepeda , ainda hoje, lem-brado como um futebolista in-vulgar que marcou uma gerao no clube da Amoreira. Tanto pela sua velocidade como pela sua potncia de remate, Cepeda era um dos jogadores mais temidos pelos adversrios e o seu talento mostrava-se capaz de desfazer as mais slidas defesas adversrias. Ao ponto de, em 1974, estar muito perto de representar o seu Ben-fica, clube de que scio desde os 16 anos, o que no acontece porque a revoluo de abril deita por terra todos os planos. Mas a histria futebolstica do Torpedo da Amoreira comea noutros campos, antes dos anos de ouro no Estoril, onde atingiu o estatuto de dolo: contribuiu para sucessivas subidas de diviso da equipa e venceu uma Taa Ri-beiro dos Reis. Joo Manuel Guedes Cepeda, nome no bilhete de identidade,

    nasceu em outubro de 1949, em casa, nas Areias, em S. Joo do Estoril. Estudou no Murtal, fez o ensino secundrio na Escola Francisco Arruda e a escola in-dustrial na Escola Marqus de Pombal, em Lisboa. Tinha 13 anos quando comeou a jogar bola no Dramtico de Cascais. Por l continua at aos 18 anos. A maioridade, e a obrigao de cumprir o servio militar, levou-o at Alverca. A partir daqui, daria o salto para a outra margem do Tejo, para jogar no Barreirense no campeonato de 69/70. no final dessa temporada que Cepeda fi-nalmente regressa a casa. Ingres-sa no Estoril Praia em 1970 e ficou na Amoreira at ao final da poca de 77/78. Ao longo deste tempo, Cepeda escreveu pginas de ouro na histria do Estoril acompan-hado, de resto, por nomes con-hecidos como Fernando Santos, Vieirinha, Ferro, Verglio, Peixo-to, Nlson Reis, Torres, Simes, Fontoura, Clsio, Amlcar, Rui Paulino, Norberto ou Hagan. Ho-mens que recorda com saudade e com quem partilhou grandes emoes. Veloz, possante, marcou golos que se fartou, algo estranho para um homem com a sua fisionomia o que, paradoxalmente, acabava por ser a sua imagem de marca sempre de barriga encolhida e peito espetado. Muitos achavam estranho como que um gordo

    corria tanto Mas eu no era gor-do, tinha era uma caixa torcica muito grande diz o ex-jogador. H episdios que um craque no esquece. Principalmente o con-fronto com os grandes clubes na-cionais. Cepeda conta um desses episdios com gozo particular. Era um jogo da 3. eliminatria da Taa de Portugal contra o F.C. Porto. Ganhmos por 3-0 e o Joo Lachever, mtico dirigente do Es-toril que levou o clube I Diviso, chegou a sentir-se mal nesse jogo, conta. Longe das mordomias que hoje se prestam aos grandes jogadores e a milhas de distncia da reali-dade do grande negcio que o futebol contemporneo, Cepeda

    tinha um contrato de 7.500 escu-dos (ou sete contos e quinhen-tos, 37,50 a preos de hoje). E esta apenas uma das pequenas diferenas entre o seu futebol e o de hoje que, apesar de todos os defeitos e de todos os milhes, at nem sai mal na fotografia quando se avalia a verdade desportiva. Naquela altura roubava-se bem no futebol. Era o sistema e no ha-via as televises sempre atrs de ns. Apesar disso, tnhamos bons rbitros ao contrrio do que acon-tece hoje, principalmente porque esto mal preparados e lhes falta categoria. Cepeda lembra os tempos em que ir ao futebol era como ir missa. Era tudo bonito. Muito cansativo mas glorificante. ramos muitos homens a subir e descer as cabi-nes. Tnhamos recees magnfi-cas. A frugalidade das condies era inversamente proporcional riqueza das emoes. A equipa vestia equipamentos do exrcito e treinava em campos pelados. Era um Estoril pobrezinho, o daquela altura, recorda. Feliz-mente, o presidente de ento, o falecido Lapinha, levantou um clube que estava na III Diviso e praticamente a descer para a regional prossegue, concluindo de seguida: Foi ele que relvou o

    campo, j em 1975. A partir da as condies melhoraram. Em 1978, Cepeda faz a viagem do Estoril para o Restelo e assina pelo Belenenses. Enverga a cami-sola azul com Cruz de Cristo at 1982, poca que assinala a re-forma dos relvados, com 32 anos. Pouco tempo depois, em 1983, comea a trabalhar no Bingo do Casino do Estoril onde se mante-ria at 2008. Hoje joga noutra equipa, a do restaurante Mars Vivas, na Amoreira, onde lhe cabe o papel de ponta de lana nas relaes pblicas do negcio do amigo Jos Manuel Peixoto. fcil per-ceber que o Mars Vivas uma casa canarinha. As paredes esto recheadas com elementos alusi-vos carreira de Cepeda e do Es-toril camisolas, recortes de jor-nais, faixas de campeo, as botas com que pisou os relvados pela ltima vez e fotos tiradas por em-blemticos fotgrafos de Cascais como Tony, Ferrari ou Capela. Isto quase uma SAD do Estoril. Os jogadores comem aqui e todos os anos, por altura do Natal, orga-nizo o Almoo dos Canarinhos, para antigas glrias do futebol. Provas de que Cepeda, mesmo fora dos relvados, continua a fazer o que melhor sabe: marcar golos.

    Era tudo bonito. Muito cansativo mas glorificante. ramos muitos homens a subir e descer as cabines. Tnhamos recees magnficas.

    QUINTA-FEIRA, 21 MARO 2013

  • DESTAQUEUMA VISO SOBRE A CASCAIS DO FUTURO

    DESTAQUEOPINIO CASCAIS DESPORTOAMBIENTE CULTURA AGENDAENTREVISTA08

    Forte conteno urbanstica, mais espaos para a indstria de valor acrescentado, criao de dinmicas geradoras de emprego, preservao e exten-so do patrimnio ambiental, promoo da nossa cultura, da nossa identidade e da nossa comunidade, anulao das as-simetrias urbanas criando um territrio uno do ponto de vista social, cultural e econmico: em precisamente 50 palavras se resumem as prioridades do documento que emergiu da re-viso do Plano Diretor Munici-pal (PDM) de Cascais.Ciente dos desafios que os tempos trazem consigo, quer ao nvel ambiental (com as al-teraes climticas), quer ao nvel financeiro (com as alte-raes constantes de quadros macroeconmicos), quer ainda ao nvel social (com as altera-es nas condies de vida), a Cmara Municipal de Cascais iniciou, em maio de 2011, um processo de reviso do PDM concelhio. Destinado a defender a quali-dade de vida dos cidados, ao mesmo tempo que se as-sume como ferramenta de en-quadramento estratgico para as opes polticas a tomar no que diz respeito ao desenvolvi-mento sustentado do territrio, o processo de reviso do PDM est praticamente fechado em-bora no deva ser aprovado an-tes de novembro. Dizem os livros de histria que h trs pr-condies cruciais para a viabilidade de uma uni-dade poltica, independente-mente da sua natureza. Essas trs pr-condies so a exis-tncia de territrio, de re-cursos e de populao. Ora, precisamente sobre es-sas trs variantes que deve ope- rar um PDM ou, pelo menos, um que se queira adaptado s exigncias do sculo XXI. Foi precisamente sobre esses trs grandes elementos que a re-

    Desvendamos as primeiras linhas do projeto de reviso do Plano Diretor Municipal

    viso do PDM operou. Partindo de uma anlise swot do concelho, foi feita uma ra-diografia do concelho, iden-tificando-se pontos fortes e pontos fracos no territrio. Por exemplo, foram considerados como pontos fortes: (1) as zo-nas de elevado valor ecolgico e qualidade paisagstica; (2) a conjugao da histria e da modernidade; (3) o parque habitacional jovem e a riqueza dos centros urbanos histricos; (4) o fato do concelho ser um destino consolidado, interna-cionalmente, do ponto de vista turstico; (5) a elevada quali-ficao da populao e uma taxa de crescimento populacio-nal superior mdia nacional; (6) bons acessos martimos, areos e rodovirios; (7) boas redes de equipamento cul-tural, educativo, sade e social; (8) forte base de apoio ao em-preendedorismo e dinmica empresarial. Do lado dos pon-tos fracos, reconhece-se: (a) desordenamento do territrio, existncias de zonas desquali-ficadas e a progressiva deserti-ficao do centro histrico; (b) assimetrias na distribuio da populao; (c) obstculos e bar-reiras mobilidade de pees e ciclistas; (d) modelo de empre-sarial assente em atividades de baixo valor acrescentado e fraca incorporao de inovao e tecnologia; (e) mobilidade assente, especialmente, no uso individual do automvel.

    Foi esta identificao de base que permitiu esboar as linhas do PDM para o futuro, tirando partido das vantagens e anu-lando os fatores negativos que tm sido causadores de atrito ao desenvolvimento.

    DA PRTICA AODesenvolvimento sustentvel e coeso territorial so objetivos polticos claros do PDM. Para os concretizar, o PDM vai as-sentar em cinco eixos estrat-gicos. O primeiro eixo, denominado Cascais, Territrio com quali-dade de vida urbana, prende--se sobretudo com a unidade integral do concelho e com a qualidade dos equipamentos ao servio dessa ideia de unidade. Pretende-se ultrapassar a dua-lidade litoral-interior, sendo que para isso necessrio, por exemplo, promover uma rede urbana qualificada e articu-lada, criar espaos pblicos de qualidade e proximidade (dan-do primazia ao peo), melhorar a rede de transportes pblicos ao mesmo tempo que se pro-move a intermodalidade, ou cri-ar redes pedonais e clicveis.J o segundo eixo, Cascais, Territrio de Criatividade, Conhecimento e Inovao, as-senta nos pressupostos de que necessrio fixar, captar e de-senvolver talento e criatividade para elevar a competitividade territorial. Nesse sentido, e po-tenciando a micro-geopoltica de Cascais, sugerido o desen-volvimento do ensino univer-sitrio, bem como a fixao de empresas de elevado potencial criativo. Ainda dentro desta linha de ao, a promoo da atividade econmica de ele-vado perfil um desgnio, quer atravs da promoo da oferta turstica de excelncia, quer atravs da criao de no-vas centralidades ancoradas nas cincias da sade e da vida, atraindo o talento dos nichos

    de especialidade. Quanto ao terceiro eixo, Cas-cais, Territrio de Valores Am-bientais, e como o prprio nome indica, aponta para um enquadramento das polticas de eficincia energtica, para a preservao da diversidade biolgica, para a salvaguarda do ambiente e para a preven-o na produo de resduos. Cascais, Territrio Coeso e In-clusivo o tema do quarto eixo, um eixo sobretudo centrado nas pessoas e nas relaes entre pessoas. Daqui se depreende que a multiculturalidade um patrimnio de Cascais e que a preservao do mesmo uma obrigao. Ao mesmo tempo, o PDM sinaliza a necessidade de apostar na diversidade social promoo de um territrio in-clusivo para todas as geraes, polticas de regenerao ur-bana, combate segregao urbana so apenas algumas das expresses utilizadas no documento. O acesso a ser-vios de qualidade, o fomento do empreendedorismo social e a promoo da identidade ur-bana e do sentido coletivo de

    pertena, devem ser tambm fortemente estimulados. O quinto e ltimo eixo, Cas-cais, Territrio de Cidadania Activa, foca o reforo da ca-pacidade do cidado exercer os seus direitos bem como o seu sentido de responsabilidade social.Em pinceladas largas, esta a filosofia que enquadra o novo PDM. Um documento que se quer assumir como carta es-tratgica do concelho para os prximos anos, indo ao encon-tro das alteraes tectnicas que se esto a operar a todos os nveis no mundo contempor-neo. Resumindo, este um projeto de PDM que tem um objetivo claro: honrar o contrato social entre geraes. Isso significa cuidar e honrar o presente, ao mesmo tempo deixando s ge-raes do futuro, um territrio mais solidrio, mais uno e mais prspero do que aquele que por ns foi herdado.

    Este PDM prepara--nos para tempos que preciso fazer mais e melhor, com menos [Carlos Carreiras]

  • PERGUNTA E RESPOSTA. CARLOS CARREIRASA verso preliminar do novo PDM de Cascais est pronta. Para que destino aponta este documento?Diziam os velhos lobos-do-mar, aqui de Cascais, que seguindo sempre as mesmas rotas e os mesmos mapas iriamos sem-pre dar aos mesmos destinos. O PDM que ainda est em vigor, e que de 1997, levou-nos por caminhos que no so os que os cascalenses, de forma unnime, desejavam. Foi um PDM respon-svel por uma grande massifica-o do territrio e pela expanso da mancha de construo a que tivemos de pr travo a fundo. Se no o fizssemos, teramos sido cmplices de um violento ataque ao nosso patrimnio, deixando para as geraes do futuro um mau legado. por isso que era da maior relevn-cia pensar um novo PDM para

    Cascais. Desde maio de 2011 que entrmos em processo de reviso. Acresce a isto que o municipalismo entrou naquilo que eu considero ser a sua ter-ceira fase.

    E que fase essa? Se considerarmos que a primei-ra fase foi a da infraestrutura-o do territrio (redes virias, de abastecimento, por exem-plo), que a segunda fase foi de equipamento (escolas, centros de sade, bibliotecas, etc), en-tramos agora numa terceira fa- se: uma fase que j no de har-dware mas sim de software. uma fase centrada, sobretudo, no capital humano, nas pessoas. para a que aponta o PDM. Queremos um PDM que se assu- ma como um documento verda-deiramente estratgico, como um mapa para o futuro de Cascais.

    Como esse futuro? o de um concelho sustentvel, do ponto de vista financeiro e ambiental. o de um concelho que caminha para a autossu-ficincia. um de um concelho pronto para dar respostas robus-tas e resilientes s alteraes climticas. o de um concelho que defende intransigente-mente o seu patrimnio mate-rial e imaterial. , por fim, o de um concelho economicamente forte, que cria oportunidades para todos os seus muncipes. Por ser tudo isto, um futuro de um Cascais mais uno, mais prs-pero e mais solidrio, onde cada cidado tem mais capacidade de decidir o seu prprio destino. No fundo, um documento fiel ao que tenho dito: no tempo para grandes obras, mas para obras que faam uma grande diferena.

    Quais so, agora, as principais fases at aprovao final do PDM?Acabmos de apresentar o do-cumento Comisso Tcnica de Acompanhamento compos- ta por mais de duas dezenas de entidades -, na presena dos ele- mentos da Assembleia Munici-pal, da Vereao e de tcnicos da CMC. A comisso tem agora um prazo para se pronunciar, seguindo os trmites normais deste processo. Mas, antes dis- so, iremos abrir uma exposio sobre o PDM e iremos promo-ver uma srie de debates com a populao nas freguesias. Ainda antes da abertura formal

    e legal da consulta pblica, que-remos j integrar os cidados no processo. Porque este tam-bm um PDM feito com e para os cidados.

    E a aprovao, ficar para quando?Depois da consulta pblica, o documento ser votado pelo Executivo e pela Assembleia Municipal. Acredito que o pro-cesso decorrer, como at aqui, com enorme normalidade e par-ticipao pblica. Contudo, por uma questo de tica, nunca ser votado antes das eleies de outubro.

  • Sabia que 12% da populao residente em Cascais es-trangeira? E que 140 das 180 na-cionalidades do globo esto c recenseadas? Isto significa que em apenas 99km quadrados de territrio esto representadas 80% das naes do mundo. Cas-cais assim: amante da diversi-dade, cmplice da tolerncia. E tem orgulho nisso. Porque so essas caractersticas, esse pat-rimnio, que faz deste territrio uma ambio, uma aspirao, ou um porto de abrigo. Gostamos

    Vera Luca veio da Moldvia. Est em Cascais h 11 anos. Faz atendimento no Centro Cultural Moldavo do nosso concelho.

    Janine Gonalves veio da frica do Sul. Est em Cascais h 15 anos. scia gerente da empresa SOS. Medical-Cascais.Gosta de viver aqui por tem uma qualidade de vida que no existe em muitos stios.

    Tom Correia veio da Guin-Bissau. Est h 17 anos em Cascais. Trabalha na associao de guineenses do concelho.

    Gabriela Blattner e Gunther Wiesend vieram da Alemanha. Esto em Cascais h 13 e 8 anos, respetivamente. Realizaram um dos seus sonhos: viver junto ao mar. No pensam voltar Alemanha porque aqui est a nossa vida.

    Elvia e Carlos Oviedo, me e filho, viram da Colmbia. Esto em Cascais h 15 anos. Destacam a tranquilidade e a paz do concelho.

    e incentivamos que aqui, neste canto nas margens do Atlntico, cada um d asas aos seus son-hos, independentemente da sua raa, credo ou provenincia. E onde muitos preferem erguer os muros da diferena, ns preferi-mos construir as pontes da uni-dade. Aqui no vemos o mundo a preto e brando, nem dividimos a humanidade entre bons e maus, ricos ou pobres. Aqui, com-preendemos o outro porque o outro faz parte de ns, um dos nossos. A histria de Cascais

    assim, a unidade construda a partir da diversidade. S isso ex-plica que tanta gente, de pontos to distantes do planeta, com opinies to diferentes sobre os homens e sobre a vida, coincida num ponto: ter feito de Cascais a sua escolha de vida.

    Trazemos at si caras, cores e cheiros de terras longnquas transportadas at c por quem fez de Cascais a sua casa. Temos o prazer de lhe apresentar cas-calenses que vieram de longe.

    Tornar Claro o nome do prmio que pretende distin-guir os trabalhos na rea da promoo da diversidade cul-tural, no concelho de Cascais, atravs dos media locais.

    Para mais informaes con-sulte o site www.cm-cascais.pt

    Patrcia Maria de Jesus veio do Brasil. Est em Cascais h 7 anos. gerente do Caf Pampilheira. Acredita que Cascais se desenvolveu ao ponto em que tem tudo.A vila faz-lhe lembrar Minas Gerais, a sua terra natal.

    Fotos: Ins Dionsio e Sibila Lind

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    Tobias Jansen veio de Espanha. Est em Cascais desde o vero passado. artista de rua e acha que a vila um stio muito agradvel e muito bonito.

    Soi Leng Ng veio da China. Est em Cascais h 15 anos.Sente-se em casa, tem amigos aqui, e no pensa em voltar para o seu pas de origem.

    Ivor Lambe veio da Irlanda. Est em Cascais h 14 anos. Gere o Irish Pub. Adora Cascais: vivo ao p do mar como na minha casa, na Irlanda, s que aqui tenho sol quase todos os dias.

    Anna Catharina veio da Holanda. Est em Cascais h 3 anos e meio. gerente do caf-galeria House of Wonders. Adoro Cascais, adoro a sua luz, adoro fazer as pessoas felizes com coisas simples.

    Branislav Mihajlovic veio da Srvia. Est em Cascais h 20 anos. pintor. Cascais soberbo, no h lugar assim no mundo.

    Sara e Virginia vieram do Paraguai. Esto em Cascais h 11 anos. Uma ex-jogadora de futebol, a outra praticante de ioga.

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    CASCAIS...

    Processo de modernizao administrativa da Cmara Municipal de Cascais

    Qual a importncia da internet na vida dos cidados? H um am-plo consenso social na sua rele-vncia. Mas seremos capazes de medir a sua presena no nosso quotidiano? Ou, dito de outra forma, num mundo de escolhas, seramos capazes de abdicar de alguma coisa para ter internet? Foi isso que uma revista inter-nacional tentou fazer, realizando uma sondagem pan-europeia. Os resultados indicam opes sur-preendentes. As pessoas esto de tal modo dependentes da in-ternet para ir ao banco, para ler jornais, para aceder cultura ou para pagar compras e servios que 80% dos inquiridos prefe-riam ficar sem fast food do que sem internet. Uma percentagem semelhante, preferia abdicar de chocolate do que ficar privado do acesso net. Isto prova de que

    forma a internet se tornou viral e como tem um lugar central na organizao social dos nos-sos dias. A presena massiva da internet em todos os domnios da vida sejam eles poltico, econmico ou social - um pro-cesso irreversvel. A internet e as novas tecnologias no tornaram o mundo apenas mais pequeno. Elas so responsveis por ga-nhos econmicos sem preceden-tes, por um radical incremento da liberdade individual e por um saudvel reforo dos poderes dos cidados escala planetria.Ciente disto, e utilizando todo o potencial das novas tecnologias, a Cmara Municipal de Cascais mergulhou num dos mais ambi-ciosos planos de modernizao administrativa alguma vez em-preendidos por uma autarquia. No passado dia 5 de maro, no

    Centro Cultural de Cascais, foram apresentadas 15 medidas que tm objetivos concretos: simplificar a vida do cidado, garantir acesso informao, reduzir a ineficincia econmi-ca, aumentar os poderes de es-crutnio dos muncipes sobre os seus representantes e garantir a proximidade entre autarquia e cidados. Para Carlos Carreiras, presidente da Cmara Municipal de Cascais, este um processo sem precedentes e que marca o inicio de uma viagem sem re-torno em direo ao futuro. Por exemplo, ao permitirmos o aces-so online dos cidados s Assem-bleias Municipais e s reunies de Cmara, queremos potenciar a cidadania. Ao desmaterializa- rmos os processos, especial-mente os do urbanismo, que-remos ser facilitadores da ini-

    A mudana de atitudes um grande desafio no processo demodernizao administrativa. Em Cascais comemos por questionar os nossos procedimentos internos.[Miguel Pinto Luz]

    ciativa e da ao individual. Ao permitirmos o acompanhamento de todos os processos online, em cada uma das suas fases, mostra-mos que queremos ser escrutina-dos e avaliados pelo que de bom

    e menos bom fazemos, conclui o presidente da autarquia.

    Apresentamos-lhe 10 das novas medidas que vo ter reflexo na sua vida.

    Carlos Carreiras, presidente da CMC, na apresentao do Programa Cascais distncia de um clique

  • A partir de abril, os servios prestados pela autarquia na rea urbanstica sero desmaterializa-dos. O muncipe pode requerer licenas ou pedir a apreciao de processos a partir de casa ou do

    DESMATERIALIZAO DOS SERVIOS URBANSTICOS

    escritrio, sem necessidade de se deslocar Loja Cascais. Para tal, basta aceder ao Portal da Cma-ra [www.cm-cascais.pt],registar-se como utilizador [A Minha rea] e dar incio ao pro-cesso. No momento em que se-lecionar o tipo de servio que pretende ficar a saber quais os documentos que dever juntar ao processo. Sempre que haja lugar a paga-mento ser gerada uma refern-cia multibanco.

    Com a digitalizao de todas as propostas, registou-se uma reduo substancial da utilizao de papel (menos 100 mil folhas) e do tempo de trabalho necessrio para a preparao dos vrios ex-emplares que quinzenalmente eram entregues a cada membro do executivo municipal (pou-pana de 3000 horas anuais).

    REUNIES DE CMARA. DESMATERIALIZAO DAS PROPOSTAS

    Consulta dos processos online: o muncipe pode tomar conhe-cimento do andamento dos pro-cessos ou da deciso tomada em relao aos mesmos sem ter que se deslocar loja ou mesmo tele-fonar. Depois de efetuar o seu registo no Portal da autarquia consegue aceder base de dados onde se encontram averbados todos os servios que requereu autarquia por via digital.

    TRANSPARNCIA NOS SERVIOSPRESTADOS AOS MUNCIPES

    INTERVENES ONLINE NAS REUNIES PBLICAS EM TEMPO REAL

    Em breve, os muncipes podero fazer as suas intervenes nas reunies pblicas de Cmara, on-line e em tempo real, sem se des-locarem ao Auditrio do Centro Cultural de Cascais. Atualmente, o agendamento das intervenes do pblico nas reunies de C-mara j pode ser formalizado por inscrio online (A Minha rea).

    ASSISTIR S REUNIES DE CMARA E DE ASSEMBLEIA MUNICIPAL SEM SAIR DE CASA

    Os muncipes que no tm dis-ponibilidade para estar presentes nas reunies pblicas da Cmara e da Assembleia Municipal que se realizam no Centro Cultural de

    Cascais, podem, posteriormente, assistir s mesmas atravs dos vdeos colocados na pgina da internet da autarquia.

    NOVA VERSO DO SISTEMA DE INFORMAO GEOGRFICA. GEO CASCAIS

    Com uma nova apresentao ori-entada para o pblico em geral, mantendo a verso anterior di-rigida a profissionais, tcnicos e especialistas (GEO Cascais - http://geocascais.cm-cascais.pt). O novo GeoCascais dispe de in-formao detalhada sobre temas relacionados com as reas de

    RELATAR OCORRNCIAS ATRAVS DO ENVIO DE FOTOS OU VDEOS

    No necessrio deslocar-se Cmara para informar-se sobre uma determinada ocorrncia ou problema detetado na sua rua ou localidade porque j o pode fazer enviando fotos ou vdeos para a autarquia e acompanhar a reso-luo da ocorrncia pelo portal de servios online. Brevemente, disponibilizaremos uma nova aplicao mobile que permite o registo simplificado, bem como a localizao geogrfica recolhida pelo equipamento [smartphone ou tablet].

    INCENTIVOS UTILIZAO DOS SERVIOS ONLINE

    Ao optar por realizar pedidos de servio online na rea do ur-banismo, o muncipe vai poder beneficiar de 30 por cento de desconto nas taxas de apreciao dos processos, mas para usufruir deste incentivo, todos os pro-cedimentos relacionados com o mesmo, tero de ser submetidos online.

    28 maro | Alcabideche Grupo Musical e Desportivo 1 de Julho de Alcoito

    11 de abril | Carcavelos Centro Comunitrio da Parquia de Carcavelos

    30 de maio | Parede Escola Sec.Fernando Lopes-Graa

    20 de junho | Estoril Centro Social e Paroquial de S. Pedro e S. Joo do Estoril

    11 de julho | Cascais Centro Cultural de CascaisHorrio: Das 21h00 s 23h00

    Ferramenta de comunicao on-line multiplataforma e de par- tilha de contedos entre os co-laboradores, aumentando a efi- cincia na comunicao e par-tilha de informao entre depar-tamentos.

    MELHORIA DA COMUNICAO ENTREDEPARTAMENTOS

    gesto do municpio, como ur-banismo, atividades econmi-cas, desporto, Plano Diretor Municipal, entre outros. Dis-pe, igualmente, de vistas areas oblquas, vistas de rua streetview e em breve ser possvel navegar por Cascais em 3D.

    No mbito do programa promo-vido ao longo do ano de 2013 pela Cmara Municipal de Cascais, enquanto Capital da Cidadania e da Democracia Participativa, so criadas em todas as fregue-sias do concelho, as Assembleias Locais, fruns de discusso que decorrem entre maro e julho, com o objetivo de desenvolver uma maior interligao entre o poder executivo e os cidados. As intervenes esto sujeitas a marcao prvia atravs da Di-viso da Cidadania e Participa-o por email ([email protected]) ou telefone (214815340).

    ASSEMBLEIAS LOCAIS EM TODAS AS FREGUESIAS DO CONCELHO

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    AMBIENTECASCAIS CELEBRA A SEMANA DO AMBIENTE Borboletrio, Ncleo de Interpretao da Cresmina e Pedra do Sal em destaque

    Texto: Las Castro | Foto: Ins Dionsio e Sibila Lind

    Hoje, 21 de maro, celebra-se o Dia Mundial da rvore, data comemorada em Cascais com a realizao de trs momentos de celebrao da Natureza: a inaugurao do Borboletrio do Parque Urbano Quinta de Rana (11h) e do Ncleo de Interpreta-o da Duna da Cresmina (14h), e a reabertura do Centro de In-terpretao Ambiental da Pedra do Sal. Os eventos assinalam o culminar da Semana do Ambi-ente 2013, que arrancou no dia 11 de maro e foi marcada por diversas atividades dirigidas a toda a populao.

    Espao singular em todo o con-celho, o Borboletrio que hoje inaugura foi concebido pela Cmara Municipal de Cascais com o objetivo de divulgar a vida das borboletas, que ali es-taro em liberdade, permitindo aos visitantes estar em contacto direto com as espcies mais emblemticas da regio e com as que encontramos frequen- temente em todo o pas e em

    21 de maro ainda a data de inau-gurao do Ncleo de Interpre-tao da Duna da Cresmina, que dar a conhecer a fauna e flora nicas associadas ao sistema du-nar Guincho-Cresmina, servindo tambm de ponto de partida para um percurso interpretativo que levar os visitantes a conhe-cerem, atravs de passadios so-bre-elevados, os valores naturais inerentes a estes ecossistemas. Estas dunas so uma pequena parcela do complexo Guincho-Oitavos, com caractersticas par-ticulares associadas migrao das areias, atravs da ao dos ventos. O sistema dunar permite, assim, a existncia de diversas espcies animais, como insetos, rpteis, aves e seus predadores. A soluo encontrada pela C-

    Aps ser alvo de obras de remo-delao, o Centro de Interpreta-o Ambiental da Pedra do Sal reabre com a exposio temtica Cascais da Terra ao Mar, que rene contedos temticos e in-terativos sobre as caractersticas biofsicas da costa cascalense: mars, geomorfologia, costas rochosas, habitats subaquti-cos, ZIBA - Zona de Interesse Biofsico das Avencas, ribeiras costeiras e pesca sustentvel. A partir de hoje, o espao est dis-ponvel de tera a sexta, das 10h s 13h e das 14h s 17h; aos fins de semana, das 10h s 13h e das 14h s 18h; e aos feriados, das 14h s 17h.

    A Semana do Ambiente foi mar-cada pela realizao de diversas aes de plantao de rvores nativas, que contaram com a par-ticipao de alunos das escolas do concelho, colaboradores de empresas e da Cmara Munici-pal, Jovens Ativos e tambm de toda a populao cascalense. Realizou-se, ainda, o Roteiro das rvores de Cascais (percurso interpretativo pela baixa da vila, que revela as especificidades das espcies de rvores a exis-tentes) e workshops temticos sobre compostagem e plantas aromticas. Houve ainda espao para uma ao de controlo e er-radicao de espcies invasoras exticas da orla costeira - que teve lugar junto do miradouro do Farol Raso - e para a realizao de uma sesso de esclarecimen-to populao sobre eficincia energtica, no mbito do projeto Caa Watts.

    outros pontos do globo. O Bor-boletrio est ainda preparado para receber grupos escolares e especialistas que, no laboratrio, podero estudar o desenvolvim-ento dos ovos, crislidas e lagar-tas, bem como a reproduo das borboletas em cativeiro. O espao est aberto s segun-das, quartas e sextas, das 9h30 s 17h, e aos sbados, das 9h s 13h.

    BORBOLETAS DE CASCAIS DISTNCIA DE UM TOQUE

    EXPLORAR AS DUNAS SEM PREJUDICAR A NATUREZA

    mara Municipal de Cascais para ordenar a visitao de forma a preservar a Natureza passou pela criao dos passadios, cujo per-curso acompanhado por pai-

    nis que ajudam os visitantes a conhecer e interpretar os valores naturais. O Ncleo abre de tera a domin-go, das 9h s 18h.

    PEDRA DO SAL COM NOVOS CONTEDOS TEMTICOS

    ATIVIDADES PARA TODOS OS GOSTOS E IDADES

    DESTAQUEOPINIO CASCAIS DESPORTOAMBIENTE CULTURA AGENDAENTREVISTA

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    AMBIENTE

    NA PSCOA QUEM PAGA O MEXILHOCampanha alerta populao para as quantidades-limite da apanha do mexilho

    Texto: Las Castro | Fotos: DR

    A Pscoa est a chegar e, como tradio desta poca festiva, famlias e amigos saem para as praias na Sexta-feira Santa para a apanhar mexilho. Mas o que muitos desconhecem que, se essa captura for excessiva, pode prejudicar os ecossistemas mari-nhos. Tudo porque, num curto es-pao de tempo, centenas - se no milhares - de pessoas apanham grandes quantidades de mexi-lho, no diferenciando os peque-nos e mdios - que iro crescer e reproduzir-se - dos grandes, que j atingiram a fase adulta e esto a encerrar o seu ciclo reprodutivo. Consequncia: h uma enorme razia nas populaes de mexilho jovem em determinados locais, colocando em causa o seu normal desenvolvimento e reproduo, e podendo mesmo interferir na ca-deia alimentar da fauna marinha. para alertar a populao para esta questo e apelar a uma apanha controlada que a Cmara Municipal de Cascais realiza a campanha de sensibilizao Na Pscoa quem paga o mexilho, que estar nas ruas durante o ms de maro.A iniciativa vai incidir nos res-taurantes do concelho, que vo receber informao sobre os peri-gos de comercializar moluscos bivalves de origem desconhecida.

    Pretende-se, assim, que os res-ponsveis destes estabelecimen-tos adquiram apenas mexilho capturado por profissionais que cumpram as normas legais para a chamada apanha profissional, que estabelece um limite de cap-tura de 150 quilos de mexilho por dia, obrigatoriamente triados, de forma a serem escolhidos ape-nas os indivduos maiores - que j atingiram a fase adulta. Nesta lei esto tambm includos os per-ceves, cujo limite de captura so 20 quilos por dia, devendo tam-bm ser triados. O ponto alto da campanha ser a Sexta-feira Santa, 29 de maro. Entre as 7h e as 11h, uma equipa de tcnicos municipais estar presente em trs pontos do con-celho - Avencas, Mexilhoeiro e Cabo Raso - para informar a populao sobre os limites le-gais da chamada apanha ldi-ca, que permite a captura de dois quilos de mexilho por dia e por pessoa, e de 0,5 quilos de perceves por dia e por pessoa, devendo tambm ser escolhidos os indivduos maiores. Acom-panhada pela Polcia Municipal e pela Polcia Martima, a equi- pa vai fiscalizar as quantidades apanhadas pelos muncipes. Para alm disso, a seguir Sexta-feira Santa, a Polcia Martima ir fis-

    calizar preventivamente a costa do concelho durante os perodos de mar baixa, de forma a garan-tir que os limites de captura esto a ser respeitados.

    CAMPANHA COM RESULTADOS POSITIVOSA campanha Na Pscoa quem paga o mexilho realiza-se consecutivamente h dois anos, sendo esta a terceira edio. J h resultados positivos: o com-primento mdio dos mexilhes analisados em 2012 foi maior do que o comprimento mdio dos mexilhes estudados em 2011. Ou seja, a espcie tem consegui-do desenvolver-se normalmente neste perodo do ano, porque as pessoas esto mais conscientes da importncia de apanharem ape- nas os mexilhes maiores e em quantidades limitadas.Para alm disso, no ano passado foi possvel verificar que os maris- cadores profissionais presentes nos trs locais fiscalizados pos-suam licenas de pesca e es-tavam informados sobre os limi-tes de captura. Registou-se ainda, em 2012, uma diminuio da afluncia de gru-pos organizados de apanhado- res ldicos, que tradicionalmente apanhavam mais do que o permi-tido por lei.

    . 2 kg de mexilho por pessoa/dia

    . 0,5 Kg de perceves por pessoa/dia

    . 150 kg de mexilho por apanhador profissional/dia

    . 20 kg de perceves por apanhador profissional/dia

    . Escolher SEMPRE os mexilhes maiores [adultos]

    SE VAI APANHAR MEXILHO NA PSCOA, NO ESQUEA OS LIMITES:

    QUINTA-FEIRA, 21 MARO 2013

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    DESPORTOO C NOS BASTIDORES DA YOUTH AMERICAS CUPAs emoes contadas pelo capito da equipa Roff/Cascais Sailing Team

    25 de fevereiro, So Francisco (EUA). Depois de uma com-petio intensa, as equipas que participaram na Red Bull Youth Americas aguardam o veredito do jri para saber quais foram as apuradas para a fase final da competio. Uma a uma, vo caindo de entre doze equipas, os nomes dos cinco apurados. Saem Nova Zelndia, Austrlia, Sua, Alemanha. Hans-Peter Steina-cher, o diretor desportivo da prova, faz uma pausa. A sala inquieta-se e oito equipas espe-ram saber se tm ou no viagem marcada para a grande regata de setembro. Por fim, termina o suspense: Last but not least, (nova pausa) PORTUGAL! Ou-vem-se gritos de alegria na sala. A equipa Roff/Cascais Sailing Team, com sete velejadores de

    Cascais, ganha um lugar na fase Final da Youth Americas Cup, a prova jnior da Taa Amria, um dos maiores eventos desportivos do planeta. Em setembro, e ap-enas uma semana antes da com-petio dos sniores, as equipas jovens nacionais j apuradas vo discutir a vitria contra cinco equipas apoiadas pela Americas Cup- a Oracle (duas equipas), Artemis, Energy e Emirates.Para nos contar os episdios mais significativos da magnfica prestao da equipa que defen-deu as cores de Cascais em So Francisco, falmos com Antnio Mello, capito de equipa. Fica a promessa de levar ainda mais longe o nome de Cascais e de Portugal numa das mais com-petitivas e prestigiadas provas desportivas do mundo.

    Antnio, como que foram as ltimas horas passadas em Por-tugal? Antes da partida para So Fran-cisco a nossa equipa teve um treino fora do comum. Para for-talecer o espirito de unio de equipa, realizamos um exerccio de team-building. Invertemos as posies dos navegadores e dessa forma percebemos as dificuldades de cada um dos ele-mentos da equipa. A cooperao do grupo importante e foi isso que o treinador lvaro Marinho nos quis transmitir: uma equipa coesa e unida capaz de chegar longe.

    E a ltima noite antes da parti-da (ansiedade, nervosismo)? Podamos ter dormido mais horas mas a preocupao em fazer as malas foi grande. Preo-cupmo-nos com os equipamen-tos de mar, as nossas roupas, as barras energticas e os sumos. Foi uma noite engraada porque nem a deixmos de comunicar. Recordo-me de estar a fazer a mala e falar com o meu colega e dizer-lhe no te esqueas do colete, no te esqueas da pasta de dentes. A noite at acabou por ser tranquila, muito devido ao esforo dos treinos e porque estvamos cansados. Nem deu tempo para pensar no que ia acontecer a seguir.

    Para alguns foi a primeira vez que tiveram em So Francisco. Como que foi o primeiro im-pacto com a cidade? Para dizer a verdade no houve tempo para conhecer So Fran-cisco. A nica coisa que con-seguimos conhecer bem foi no mar. [risos]

    Com que dificuldades se depa-raram?Estava muito frio, mais do que estvamos espera. Assim tivemos que comprar mais rou-pa de aquecimento porque no suportvamos as baixas tem-peraturas. Mas ao chegar a So

    Francisco tivemos outro obst-culo: o tipo de alimentao era muito base de gorduras. Ora, ns tnhamos chegado de Por-tugal com um regime alimentar rigoroso e em So Francisco de-paramo-nos com um regime dife-rente. Tivemos que resolver esse problema rapidamente.

    Ultrapassada a questo alimen-tar, como que era o vosso dia-a-dia durante a competio?Comeava tudo muito cedo. Per-to das 06h30 j estvamos acor-dados para mais uma batalha no mundo da vela. A adaptao ao pas no foi fcil, a alimenta-o e o frio foram as principais dificuldades encontradas. No ho-tel dividamos os quartos dois a dois

    Falavam sobre a estratgia fora da competio e antecipavam cenrios, estudavam os ad-versrios? Sim. Havia tempo para conver-sar sobre o aperfeioamento de tcnicas que s vezes podiam ser mal aplicadas na prova. Tam-bm falvamos sobre as outras equipas, havia sempre reunies para debater estratgias de com-petio, ao almoo e ao jantar. Posso dizer que ns respirva-mos vela.

    Ainda no falmos disso, mas o

    barco que usaram na prova tam-bm levantou problemas? Apesar de ser diferente da em-barcao de treino, o catamar da prova era muito parecido com o X 40. Tnhamos muitos truques, o que nos permitiu, com alguma rapidez, a adaptao embarca-o de prova. Outra dificuldade que tivemos foi a temperatura da gua. Muito, muito baixa. Com-pletamente diferente do mar de Cascais.

    Ao longo da prova, algumas equipas foram desistindo. Como que olhavam para isso? Pensa-vam que podiam ser os prxi-mos? Ns sabamos que os nossos testes fsicos tinham sido muito exigentes. Estvamos bem pre-parados desde o primeiro dia de treinos em Portugal. Quando vamos as desistncias dos out-ros participantes, tentvamos ganhar ainda mais fora para ul-trapassar esse obstculo.

    Por falar em obstculos, estiveram quase a virar o vosso barco verdade, isso aconteceu porque levmos sempre a embarcao ao limite. Numa prova de treino, falhamos a direo da boia e no conseguimos realizar algumas manobras. O vento apanhou as velas em cheio e quase que virvamos a

    embarcao. So erros que acon-tecem muitas vezes.

    Como que lidaram com a se-leo das equipas para a ltima fase da prova?Foi complicado gerir as emoes nesse momento. Tnhamos no-o que estvamos no mesmo patamar das outras equipas. O nome de Portugal foi o ltimo a ser referido, e, at ltima man-tivemos a esperana no apura-mento. E foi o que aconteceu. As nossas famlias acompanharam desde do incio esta prova e es-tiveram sempre confiantes que podamos chegar longe.

    De regresso, uma festa. Justifi-cada, alis.No estvamos espera que esta prova tivesse estas propores. Quando chegmos, o aeroporto estava cheio de familiares e ami-gos. Foram sensaes sentidas no momento que no consegui-mos transmitir.

    Depois da celebrao, j de re-gresso ao trabalho para pre-parar a prxima fase da Youth Americas CupJ iniciamos os treinos fsicos e, a partir de maio, comeam os treinos dentro de gua. Em Cascais vamos realizar treinos normais e no Porto e em Istambul vamos fazer regatas contra profissionais.

    Texto: Mrio Duarte| Fotos: DR e Lus Bento

    DESTAQUEOPINIO CASCAIS DESPORTOAMBIENTE CULTURA AGENDAENTREVISTA

    Equipa ROFF/Cascais em ao na Red Bull Youth Americas Cup e, depois, recebida na CMC

  • Durante dois meses, a elite do surf mundial vai toda viver na mesma casa: Cascais.

    Portugal , por estes dias, um dos principais spots mundiais para a prtica de surf. Cascais apanhou a onda e a praia de Carcavelos ser o palco principal do maior evento de surf alguma vez visto na Europa. Chama-se Moche Se-ries-Cascais Trophy e reunir, entre setembro e outubro de 2013, os melhores surfistas do planeta e a tribo internacional do surf no nosso concelho. Ao todo, estaro em disputa 30 mil pontos para os circuitos da modalidade e um prize-money de um milho de dlares.Tendo Carcavelos como base, o evento desdobra-se em quatro provas, (ver calendrio) que pas-sam por Peniche e So Miguel. Na apresentao pblica do Moche Series- Cascais Trophy, Carlos Carreiras, presidente da Cmara de Cascais, assinalou o

    regresso do surf sua casa. No h dvida de que foi nesta costa de Cascais que o surf (portu-gus) nasceu, referiu o autarca, admitindo que h tambm um interesse do municpio em aco-lher a prova numa estratgia de desenvolvimento para o conce-lho. Temos de aproveitar o nosso patrimnio, em particular o mar nas suas mais variadas poten-cialidades. O surf uma dessas potencialidades. Seria uma irres-ponsabilidade para os decisores polticos no entenderem isto, acrescentou. Presente na apre-sentao da prova, Antnio Jos Correia, presidente da Cmara Municipal de Peniche, salientou que todas as entidades envolvi-das estavam a fazer histria, congratulando-se tambm com o entendimento estratgico entre duas autarquias portuguesas.

    A MAIOR PROVA DE SURF ALGUMA VEZ REALIZADA NA EUROPA

    J Francisco Spnola, um dos res-ponsveis da organizao, afirma que esta vai ser maior prova de surf realizada na Europa at hoje. Para o organizador, o Moche Se-ries- Cascais Trophy s encontra paralelo no Havai, que realiza

    provas desta envergadura h 30 anos. Quisemos criar um eixo estratgico inter-municipal en-tre Cascais e Peniche, para criar um polo de eventos. Vamos ain-da aos Aores fazer uma quali- ficao. Estamos em crer que esta competio vai ser a base para que Portugal venha a ter um triple crown (trs provas na cate-goria masculina e trs provas para feminino). Durante dois meses, os fs das ondas podem ver a elite do surf. Temos a certe-za que s por o nome Cascais figurar nesta prova, isso vai ser um selo de qualidade de ondas internacionais. E isso uma base importante, no s para a moda-lidade, mas tambm para dinami- zar o turismo do surf, afirma, confiante, Francisco Spnola. A todos os surfistas, fica o desafio de marcar encontro aqui em Cas-cais, j em setembro.

    Marque na sua agenda desportiva: domingo, dia 7 de abril, entre as 09h e as 13h, a Marginal vai fechar-se ao trnsito entre Carcavelos e So Pedro. Pegue no skate, ponha uns patins, monte uma bicicleta ou simplesmente caminhe. A Marginal sua. este o desafio que lhe lan-amos para celebrar o Dia Mundial da Atividade Fsica. Organizado pela Cmara Municipal de Cascais e com a parceria da Rdio Comer-cial, a iniciativa vai atrair milhares de pessoas que se deixaram seduzir por um estilo de vida saudvel e animado. No fim de contas, a Mar-ginal vai ser transformada num gi-gantesco ginsio ao ar livre. A C-mara Municipal vai disponibilizar bicas, trikes e veculos a pedal para usufruir da Marginal ao mesmo tempo que, no areal de Carcavelos, so dinamizadas inmeras iniciati-vas. Ganhe flego para o que temos para lhe oferecer: dana, yoga, step, body vive, surf, beach tnis, shbam, bodyboard, futebol, beach rugby, futevolei e beach rugby. A entrada livre. A nica dificuldade mesmo escolher.

    Domingo sem carros . mas com muito exerccio

    Calendrio de Etapas

    SATA Azores Pro - WQS de 6 estrelas ir decorrer de 3 a 8 de setembro, em So Miguel

    EDP Cascais Girls Pro, de 2 a 7 de outubro em Carcavelos

    World Championship Tour (WCT) masculino, de 9 a 20 de outubro em Supertubos

    Prime Masculino, de 22 a 27 de outubro em Carcavelos

    QUINTA-FEIRA, 21 MARO 2013

    Lus Avelar, administrador da PT, Carlos Carreiras, presidente da C.M. Cascais, e Antnio Jos Correia , presidente da C.M. Peniche

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    ENTREVISTA

    Lemos, recentemente, a notcia que a UNESCO distinguiu o Es- toril Jazz como um evento come- morativo do Jazz. Qual a im- portncia do reconhecimento?A UNESCO designou, em 2011, o dia 30 de Abril como Dia Internacional do Jazz. Contactaram-me para associar a UNESCO ao Estoril Jazz, tendo em conta diversos fatores: sou o produtor de jazz mais antigo de Portugal, o peso histrico do Estoril Jazz e a proximidade das

    DUARTE MENDONA.

    TENHO MAIS DE 10 MIL CDS E 4 MIL LPS

    Entrevista: Antnio Maria Correia | Fotos: Ins Dionsio

    10 MAIO, SEXTA-FEIRA Orquestra Hot Clube de Portugal uma presena que j estava prevista. A marcao ficou feita de um ano para o outro. Ainda em 2012, falei com a diretora do Hot Club manifestando-lhe o desejo que este ano viessem tocar entre ns, alternando com a Orquestra de Matosinhos.

    11 MAIO, SBADOTierney Sutton Band A vocalista desta banda uma cantora que pratica um jazz vocal de alta qualidade, de cmara, podemos dizer assim. J c vem h doze anos e na Europa, onde tem tudo para vingar, ningum a conhece. um drama que toca esta rapariga - estranhssimo,

    Dia a dia, o mentor do festival diz-nos o que podemos esperar dos grandes nomes do Jazz j confirmados para a edio de 2013.

    VISITA GUIADA PELO CARTAZ DO ESTORIL JAZZ 2013, POR DUARTE MENDONA

    O C esteve conversa com um nome incontornvel da msica nacional. Duarte Mendona, scio fundador da Projazz e promotor do Estoril Jazz o responsvel pela presena em Cascais e nos pas dos maiores estrelas da histria do Jazz.

    datas do evento e da efemride. Assim, o Estoril Jazz vai contribuir para a efemride da UNESCO, sendo considerado oficialmente como evento comemorativo da data.

    Duarte Mendona, a sua vida facilmente se confunde com o Jazz, a msica e o homem so indistintos. Quer partilhar connosco um pouco da sua vida e da sua msica. Destes 40 anos de vida no jazz. verdade. Fao quarenta anos de atividade ininterrupta. Iniciei-me na edio de 1974, precisamente

    DESTAQUEOPINIO CASCAIS DESPORTOAMBIENTE CULTURA AGENDAENTREVISTA

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    ENTREVISTA

    nem sequer tem concorrncia. Tem dez lbuns, todos com um mnimo de quatro estrelas da crtica e o ltimo, American Road, foi nomeado para um Grammy. Toca com um grupo que se mantm junto h dezoito anos. Isto cria uma empatia e uma qumica absolutamente fabulosa entre aqueles quatro msicos que a acompanham. Alm de estudiosa, tem recursos naturais e um feeling muito grande. Mesmo em duo, s com piano ou guitarra, extraordinria. No para qualquer um.

    12 MAIO, DOMINGO Harold Mabern com Eric Alexander e Vincent Herring Quinteto - O grupo do pianista

    Harold Mabern foi-me proposto e, pelo facto de j terem atuaes na Europa, aproveitei a boelia para traz-lo at c. Muitas pessoas no os conhecem - o que lamentvel e por isso tm mesmo que ir ver. Mesmo no sendo mediticos - s o crculo do jazz que os conhece - , tem dois grandes saxofonistas, o Eric Alexander e o Vincent Herring. O ltimo um msico da escola do Cannonball Adderley. Era discpulo dele quando eu estava em Nova Iorque e assisti, inclusivamente, a uma atuao sua num clube. Hoje em dia ele evoluiu muito. Uma das coisas que estes dois saxofonistas fazem replicar uma batalha de saxofones entre o Eddie Lockjaw Davis e o Johnny Griffin que ficou na

    histria do jazz. Era uma coisa do outro mundo. Tm tocado muito com o Harold Mabern, que muito mais velho e tem uma carreira brilhante. Ele acompanhou tudo o que era gente da Histria do jazz.

    17 MAIO, SEXTA-FEIRAGary Burton Novo Quarteto - um vibrafonista lendrio que tocou em Cascais pela primeira vez na dcada de 70, com o Joe Henderson. Era um mido na altura, tinha acabado de sair da Berklee College of Music. Mais tarde, eu e o Luiz Villas-Boas trouxemo-lo Aula Magna. Levei-o ao Algarve para tocar em duo com o Chick Corea. Desta vez, apresenta-se com um quarteto sem piano e com um

    VISITA GUIADA PELO CARTAZ DO ESTORIL JAZZ 2013, POR DUARTE MENDONAguitarrista novo, chamado Julian Lage. Gostei muito de ouvi-lo e tenho lido que h uma grande expetativa no desenvolvimento dele.

    18 MAIO, SBADO Warren Vach UK All Stars Sexteto - um msico que veio da tradio do swing, passou pelo bebop e mantm-se numa linha que intermdia aos dois estilos. Adapta-se a tocar com msicos do bebop ou do swing e grava com msicos ingleses, incluindo o Alan Barnes, que vem com ele, tal como a minha seco rtmica de eleio, que tento trazer todos os anos: o baterista Steve Brown e o contrabaixista Dave Green.

    19 MAIO, DOMINGOWycliffe Gordon Quarteto - considerado, hoje em dia, um dos melhores trombonistas dos Estados Unidos. H quatro ou cinco ao mesmo nvel. Este ano foi eleito como tal pela revista DownBeat - e finalmente, porque j merecia isso h mais anos. A carreira dele coincidente com a dos irmos Marsalis, Branford e Wynton, porque comeou em Nova Orlees, e passou pela Academia Marsalis, do pai Ellis Marsalis Jr.. Tocou com o sexteto do Wynton e continua a tocar com a Lincoln Center Jazz Orchestra, que dirigida pelo Wynton Marsalis, orquestra de referncia em todo o mundo.

    no ano da revoluo. Comecei a ouvir jazz muito novo, antes mesmo de comprar o primeiro disco de 78 rotaes, em 1946. Lembro-me bem, o Drum Boogie, que era da orquestra do Gene Krupa. Ainda na dcada de 40, eu e a minha irm ouvamos jazz num aparelho de rdio de onda curta, que o meu pai tinha comprado. Aproveitvamos para ouvir o programa Voice of America e sabamos tudo o que se passava na altura nos Estados Unidos. Lamos tambm a revista Modern Cinema, que tinha uma pgina de jazz. Mas foi quando ouvi o Charlie Parker que tudo mudou - passou a ser a minha msica.

    nas introdues e nos temas. Alis, frequente que cada tema, tocado em dias diferentes, tenha solos diferentes.

    Deve ter tambm muitas me-mrias dos seus festivais. Gran-des momentos? Houve atuaes que me tocaram emocionalmente. Uma delas foi no primeiro festival que realizei sozinho, no Parque Palmela, antes do Estoril Jazz, em 1989: trouxe o Joe Williams, cantor que ficou muito conhecido na Orquestra do Count Basie. Ficou clebre por cantar a msica Every Day I Have The Blues. Era uma pessoa amvel e trouxe um trio com amigos meus, como o Norman Simmons e o Red Rodney, que tocou com o Charlie Parker e que j tinha estado em minha casa em 1975. Uma segunda foi em 93 ou 94, quando trouxe a Orquestra do Count Basie ao Parque Palmela. Estava um dia sem vento e sem frio. Eram mais de mil pessoas, tivemos de acrescentar uma bancada. Foi o evento da minha vida. O maestro, o Frank Foster, j de cadeira de rodas, foi o nico msico que me lembro a pronunciar o meu nome da forma correta [risos].

    Qual o segredo da vitalidade do Estoril Jazz? H, por certo, muitas dificuldades para ul-trapassar. Agradeo Cmara Municipal de Cascais por ter tanto carinho pelo Estoril Jazz. Na vigncia dos dez presidentes, ou mais, que j conheci, o Estoril Jazz e o Cascais Jazz foram sempre muito acarinhados. essencial que haja patrocnios de quem gosta de jazz, nas grandes empresas, que assine o cheque com os milhares

    necessrios para trazer nomes como o Sonny Rollins, que toca com frequncia na Alemanha, onde h interesse e dinheiro. As receitas de bilheteira nunca cobrem os cachets dos maiores nomes do jazz, de maneira nenhuma. Na edio deste ano era para vir o meu querido amigo Branford Marsalis, mas j tinha compromissos em Abril e vir para o prximo ano.

    Ainda assim difcil levar o jazz ao grande pblicoVerdade, muito difcil fazer passar a mensagem para os media. Ao contrrio do que acontece em Frana, por exemplo, onde h cadeiras de jazz nos conservatrios e o jazz passa num canal de televiso, o Mezzo, em Portugal no h nada disso. J no h jazz na televiso; na rdio, os programas tm acabado; as revistas no esto ao alcance da juventude; e as pessoas at aos trinta anos focam-se no rock.

    H artistas que faam o crossover para a rea do rock no cartaz deste ano? Haver h, mas no os trago c para isso (risos). H trs festivais de jazz conservadores na Europa - um deles o Estoril Jazz.

    Ao fim destes anos todos, portanto, orgulha-se da iden-tidade do festivalO festival mantm os critrios desde o primeiro dia. Nunca, nem uma vez sequer, o Luiz Villas Boas e eu tivemos uma divergncia de opinio nas marcaes do Estoril Jazz.

    [nos anos 90] Trouxe a orquestra do Count Basie ao Parque Palmela. Eram mais de mil pessoas. Tivemos de acrescentar uma bancada. Foi o evento da minha vida.

    Comprei o primeiro disco de 78 rotaes em 1946, o Drum Boogie

    Nunca aprendi a tocar um instrumento. Mas tenho um feeling especial.

    Tem um inventrio dos seus discos? Tenho, ao todo, mais de dez mil CDs e quatro mil LPs, incluindo raridades. Tenho todas as edies dos meus festivais, imensas bobines de filme e trezentos discos de 78 rotaes. Comprei agora um gramofone de campnula, que toca discos de um material chamado shellac (goma laca), com uma qualidade inacreditvel.

    E no meio disto tudo, toca alguma coisa? Nunca aprendi um instrumento e no sei msica. Tenho um grande feeling para este estilo, com a perceo correta. Fazem-me testes e adivinho as msicas logo nos primeiros acordes. No todas, obviamente, at pelas variaes

    Comprei o primeiro disco de 78 rotaes em 1946, o Drum Boogie

    QUINTA-FEIRA, 21 MARO 2013

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    CULTURAST. PATRICKS DAY EM CASCAIS

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    Msica, dana e cerveja preta: condimentos de uma noite com sotaque irlands.

    Ajustamento, austeridade e troi-ka. So trs palavras a que tanto portugueses como irlandeses j se habituaram a encaixar no dia-a-dia. Felizmente, h muito mais do que as meras circunstncias econmicas a unir os dois povos. A amizade dos dois pases lon-ga e, em Cascais, a presena de irlandeses bvia e notria. Mas j l iremos. Apesar da distncia, irlandeses e portugueses su-plantam os esteretipos fsicos quando se olha mais fundo e se percebe que todos partilhamos um genuno gosto pela vida e, claro, por uma boa festa. Foi isso que a equipa do C foi descobrir depois de ter sido con-vidada pela Associao Irlandesa em Portugal a Irish Association Portugal - para fazer parte das comemoraes do St Patricks Day ou Dia de So Patrcio. uma das mais comemoradas e festejadas tradies em todo o mundo a dispora irlandesa est, como a portuguesa, pelos cinco continentes , este ano o dia foi inclusivamente celebrada

    Texto: Marta Silvestre | Fotos: Sibila Lind

    na estao espacial internacional cujo comandante, Chris Hadfield, tem ADN irlands. Com os ps bem assentes na terra, mas com uma vista igualmente deslum-brante, o St. Patricks Day dos ir-landeses em Portugal foi este ano comemorado em Cascais. A festa (e que festa), teve lugar no Hotel Villa Itlia no passado sbado. Ao todo, mais de 200 convidados e outras tantas Guiness, gente vestida essencialmente de verde e onde os trevos de trs folhas es-tiveram omnipresentes. Provando que as primeiras impresses enganam, a noite comeou calma. Mas o ar denun-ciava a boa disposio irlande-sa. As conversas em decibis elevados ao bom estilo latino , as msicas e as pints tiradas pelos prprios marcavam o am-biente, deixando antever uma noite de festa. Um dos convidados de honra foi o Embaixador da Ilha Verde, Declan ODonovan, que nos ex-plicou a importncia desta cele- brao: um dia incomum

    Reza a histria que nasceu em 387 numa ilha britnica com o nome de batismo Maewyn Suc-cat. sequestrado aos 16 anos e levado para a Irlanda como escravo, fugindo de l seis anos mais tarde para Frana (Glia), onde iniciou os seus estudos Cristos. como padre que adota o Patrick e que volta ilha verde, em 432, para evan-gelizar os nativos. Um dos smbolos mais presen-tes nas comemoraes e que melhor representa a Irlanda o trevo de trs folhas que, de acordo com relatos da poca, estava sempre nas vestes do re-ligioso, representando a Divina Trindade - Pai, Filho e Esprito

    de celebrao, pois no o dia do nascimento de uma nao, nem da independncia, nem da repblica. um dia de um santo que viveu no sc. V que os irlan-deses capturaram, vivendo na Irlanda durante seis anos como escravo e que, depois de fugir, voltou como padre para nos evangelizar, recorda. (ver caixa sobre So Patrcio).Para este representante irlan-ds, Portugal um stio muito agradvel para se viver e con-sidera os portugueses como amigveis e muito prestveis. No entanto, revela-nos que sen-te saudade da famlia e amigos e s vezes, por muito estranho que parea, sinto falta do tempo ir-lands, revela com um sorriso.

    A PRESENA IRLANDESA EM CASCAISEm Cascais, a presena dos ir-landeses notria. H muitos e tradicionais Irish Pubs pelas ruas mais antigas da Vila, a maior parte deles geridos por irland-eses. E, todos os anos mais de

    50 mil nacionais da Irlanda visi-tam Cascais, escolhendo a nossa regio como importante destino de frias. A presena irlandesa em Cascais no vive, contudo, apenas de sinais do presente. Um dos nos-sos maiores patrimnios, o Mu-seu Condes de Castro Guimares, tem mo irlandesa. A Torre de So Sebastio (atual Museu-Bi-blioteca Condes de Castro Gui-mares) foi edificada na transio dos sculos XIX e XX pelo aris-tocrata irlands, George ONeill. Duas das suas principais atraes so, precisamente, a magnfica Sala dos Trevos (um dos smbolos nacionais da irlanda) e a Sala de Armas (com os brases de armas da familia). Para alm do Museu-Biblioteca Condes de Castro Gui-mares, a Casa Verdades de Faria, onde uma das Torres a de So Patrcio, e a Casa de Santa Maria, mandada construir para a sua fi-lha, so tambm patrimnios com a marca irlandesa e a chancela ONeill.Mas voltemos ao jantar. A refeio comea com pompa e circunstn-

    QUEM FOI SO PATRCIO?

    Santo. Durante a sua vida, percorre a Irlanda construindo conven-tos, escolas e igrejas. A lenda e crena popular relatam alguns milagres. Um deles que o Padre Patrcio conseguiu ex-pulsar todas as cobras da ilha, forando-as a ir para o mar. At hoje, na Irlanda, estes rpteis s podem ser encontrados em jardins zoolgicos.

    Morre a 17 de maro de 461, o Dia da celebrao e, embora nunca tenha sido canonizado, considerado Santo desde o sculo sete e em todo o mundo h diversas igrejas em sua ho-menagem.

    um dia incomum de celebrao, pois no o dia do nas-cimento de uma nao, nem da in-dependncia, nem da repblica. um dia de um santo que viveu no sc. V que os irlan-deses capturaram, vivendo na Irlanda durante seis anos como escravo e que, depois de fugir, voltou como padre para nos evangeli-zar

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    CULTURA

    QUINTA-FEIRA, 21 MARO 2013

    CASCAIS LEVA-TE

    ESTGIOS INTERNACIONAIS

    ATAMI [JAPO] ou WUXI [CHINA]

    Estgios profissionais em cidades