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CADERNO DE RESUMOS ELETRÔNICO e PROGRAMAÇÃO

CADERNO DE RESUMOS ELETRÔNICO e PROGRAMAÇÃO€¦ · Caderno de resumos e programação Petrolina 2014 . 2 Sumário 1. ... REDONDAS E SESSÕES DE COMUNICAÇÃO COORDENADAS PARA

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CADERNO DE RESUMOS ELETRÔNICO e PROGRAMAÇÃO

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X ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA

História e Contemporaneidade: articulando espaços,

construindo conhecimentos

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA

SEÇÃO PERNAMBUCO

Caderno de resumos e programação

Petrolina

2014

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Sumário

1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................................3

2. COMISSÃO ORGANIZADORA ............................................................................................4

3. PROGRAMAÇÃO DO EVENTO ...........................................................................................8

4. IDENTIFICAÇÃO DAS SALAS DOS MINICURSOS, SIMPÓSIOS TEMÁTICOS, MESAS

REDONDAS E SESSÕES DE COMUNICAÇÃO COORDENADAS PARA GRADUANDOS. ...............10

5. RESUMOS E SIMPÓSIOS TEMÁTICOS ..............................................................................12

ST 02) Gênero, feminismo e poder .....................................................................................12

ST 03) Por uma História da África e dos africanos: diversidades, debates e combates! .....17

ST 05) Movimentos sociais, organizações, trabalhadores rurais e urbanos: sua luta política

e suas formas de mobilização social ...................................................................................25

ST 08) Religiões e religiosidades no Brasil ..........................................................................29

ST 11) Patrimônio Cultural e Memória Social .....................................................................31

ST 12) História e ensino de História: relações entre diferentes práticas de produção de

conhecimento ....................................................................................................................37

ST 13) História, Ciência e Saúde no Brasil ...........................................................................42

ST 14) Histórias dos Sertões: articulando temas, tempos e fontes .....................................46

ST 15) História Indígena: “Memórias dos índios, sobre os índios e história pública em

Pernambuco" .....................................................................................................................51

5. RESUMOS E SESSÕES DE COMUNICAÇÃO ORAL DE GRADUANDOS (CO) .......................55

CO 1) História da América Portuguesa 1 ............................................................................55

CO 2) História da América Portuguesa 2 ............................................................................58

CO 3) História do Século XIX e do Brasil Império ................................................................61

CO 4) História do Século XX 1 .............................................................................................63

CO 5) História do Século XX 2 .............................................................................................66

CO 6) História do século XX 3 .............................................................................................70

CO 7) História do Tempo Presente 1 ..................................................................................75

CO 8) História do Tempo Presente 2 ..................................................................................79

CO 9) Educação, Identidade e Contemporaneidade ...........................................................82

CO 10) Formação de professores, Prática docente e História da Educação .......................86

CO 11) Didática da História.................................................................................................90

CO 12) Currículo e ensino de história .................................................................................94

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1. APRESENTAÇÃO

O X Encontro Estadual de História: Histórias e contemporaneidade:

articulando espaços, construindo conhecimentos é uma ação concebida e promovida

pela Direção da Associação Nacional de História – Seção Pernambuco (ANPUH-PE), a

ser realizada entre 23 e 25 de julho de 2014, no Campus da Universidade de Pernambuco,

situado a cidade de Petrolina, PE.

A presença deste evento na cidade de Petrolina contribui para a articulação da

produção da pesquisa Histórica presente nas diversas regiões do Estado e rompe com a

tradicional ocorrência dos eventos da ANPUH PE no Recife que comporta apenas três

das dezoito instituições de ensino superior com cursos de licenciatura ou bacharelado em

História no Estado de Pernambuco.

Neste caderno de resumos, o leitor encontrará os resumos das comunicações a

serem apresentadas nos Simpósios Temáticos do evento. Além da programação do

evento. Ressaltamos que a adequação técnico-linguística dos textos é de inteira

responsabilidade dos autores.

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2. COMISSÃO ORGANIZADORA

Diretoria ANPUH PE Biênio 2012-2014

Presidente: Lucas Victor Silva

Vice-Presidente: Márcio Vilela

Secretário Geral: Maria Lana Monteiro

1º Secretário: Janaina Guimarães

2º Secretário: Augusto Neves

1º Tesoureiro: Bruno Melo

2º Tesoureiro: Joana Darc

Conselho Consultivo

Presidente: Adriana M. P. Silva

Secretário: Ricardo Pacheco

Relator: Pablo Porfírio

Conselho Fiscal

Presidente: Edson Silva

Secretário: Helder Remígio

Relator: José Brito

Delegados regionais

Bruno Dornelas Câmara

Moisés Almeida

Walterlan Cardoso

Comissão Científica

Adriana M.P. Silva

Alcileide Cabral do Nascimento

Ana Clara Brito

Ana Lúcia do Nascimento Oliveira

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Ângelo Adriano Faria de Assis

Bruno Melo

Carlos Augusto Lima Ferreira

Denise Lira

Edson Silva

Giselda Brito Silva

Ivaldo Marciano de França Lima

Janaina Guimarães

Jeannie da Silva Menezes

Juliana Rodrigues de L. Lucena

Lucas Victor Silva

Lúcia Falcão Barbosa

Maria Ângela de Faria Grillo

Maria Ferreira

Maria Lana Monteiro

Marta Margarida de Andrade Lima

Márcio Ananias Ferreira Vilela

Pablo Francisco de Andrade Porfírio

Ricardo dos Santos Batista

Ricardo Pacheco

Samuel Carvalheira de Maupeou

Tatiana Lima

Wellington Barbosa da Silva

Comissão Organizadora local

PROFESSORES

Janaina Guimarães

Harley Abrantes

Reinaldo Forte

Tatiana Lima

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Moises Almeida

Carlos Romeiro Pinto

Ygor Leal

Pablo Magalhães

Marcus Santana

ACADÊMICOS

Kaline Laira

Levi Santos

Ingrid Bartira

Rita Angélica

Fabrícia Evelyn

Tamires Yukiza

Jamílson Pionorio.

Angela Alves

Joana Darc Souza

Franciel Amorim

Carlos Guimarães.

Flavia Ribeiro

Lucas Matheus

Rafael Cruz

Rejane Silva

Camila Correa

Organização deste Cadernos de Resumos e Programação

Bruno Melo

Janaína Guimarães

Lucas Victor Silva

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Realização:

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA SEÇÃO PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

Apoio

FACEPE

CAPES

REVISTA HISTORIEN

CAHIS NEGO D’ÁGUA

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3. PROGRAMAÇÃO DO EVENTO

X Encontro Estadual de História da ANPUH-PE História e Contemporaneidade: articulando espaços, produzindo conhecimentos

Petrolina, 23 a 25 de julho de 2014, UPE. PROGRAMAÇÃO GERAL

QUARTA 23/07

QUINTA 24/07

SEXTA 25/07

8h às

12h Credenciamento

9h às

12h MC Fórum de Graduação

ASSEMBLEIA DA ANPUH PE

MC Fórum dos

GTs

Intervalo

14h-16h

ST CO ST CO ST CO

16h-18h

Conferência de Abertura

MR2 MR4

Intervalo

19h –

21h MR1 MR3 Conferência de Encerramento

MC - Mini Curso MR - Mesas Redondas ST - Simpósio Temático CO - Comunicações Orais

Quarta-feira, 23/07

8h -12h: Credenciamento

9h-12h: minicurso / Fórum de Graduação

12h-14h: Intervalo

14h- 16h: Simpósios temáticos / Sessões de Comunicação Oral (Graduandos)

16h -18h: Conferência de Abertura História e Narrativa. Conferencista: Antônio Jorge

Siqueira (UFPE). Coordenação: Lucas Victor Silva (UFRPE) e Bruno Melo (UFPE)

18h – 19h: Intervalo

19h- 21h: Mesa redonda1: História e Educação. Palestrantes: Paulo Alexandre

(Secretaria de Educação de Pernambuco), Carlos Augusto Ferreira (UEFS), Ricardo

Pacheco (UFRPE). Coordenação: Adriana M P Silva (UFPE)

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Quinta-feira, 24/07

9h-12h: Assembleia da ANPUH PE

12h-14h: Intervalo

14h- 16h: Simpósios temáticos / Sessões de Comunicação Oral (Graduandos)

16h -18h: Mesa redonda 2: História e Cidade. Palestrantes: Wellington Barbosa

(UFRPE), Flávio Weinstein (UFPE) e Ricardo dos Santos Batista (UFBA-

Doutoramento). Coordenação: Maria Lana Monteiro (UPE)

18h – 19h: Intervalo

19h - 21h: Mesa Redonda 3: História, Memória e Acervos. Palestrantes: André Mota

(Faculdade de Medicina – USP), Alexandro Silva de Jesus (UFPE), Joana D`arc

(UFPE). Coordenação: Joana D`Arc (UFPE)

Sexta-feira, 25/07

9h-12h: Minicurso / Fórum dos GTs

12h-14h: Intervalo

14h- 16h: Simpósios temáticos / Sessões de Comunicação Oral (Graduandos)

16h -18h: Mesa Redonda 4: Olhares contemporâneos sobre a construção dos sertões.

Palestrantes: Kalina Vanderlei (UPE – Nazaré da Mata), Maria Ferreira (FABEJA), Ms.

Harley Abrantes (UPE – Petrolina). Coordenação: Moisés Almeida (UPE)

18h – 19h: Intervalo

19h - 21h: Conferência de Encerramento: História e Internet. Conferencista: Dr. Dilton

Cândido Maynard (UFS). Coordenação: Janaína Guimarães (UPE)

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4. IDENTIFICAÇÃO DAS SALAS DOS MINICURSOS, SIMPÓSIOS

TEMÁTICOS, MESAS REDONDAS E SESSÕES DE COMUNICAÇÃO

COORDENADAS PARA GRADUANDOS.

Encontre aqui a sala que você procura.

Observação: as salas dos minicursos, simpósios temáticos, comunicação de graduandos e fóruns

acontecerão no Prédio das Licenciaturas.

ATIVIDADE LOCAL

CREDENCIAMENTO Térreo do pavilhão de

pedagogia

SALAS DOS MINICURSOS

MINICURSO 2: Os povos indígenas e o ensino: a abordagem

da temática indígena a partir da lei 11.645/2008.

Sala 2 de Geografia

MINICURSO 3: Os índios na História do Brasil: uma

abordagem introdutória para professores/as e estudantes da

Educação Básica.

Sala 3 de Geografia

MINICURSO 4: Os 50 anos do golpe e o regime civil-militar:

um balanço historiográfico

Sala 4 de Geografia

MINICURSO 5: A pesquisa e a produção histórica no Século

XXI

Sala 1 de História

MINICURSO 6: Categorias básicas do Marxismo: a Filosofia

Marxista

Sala 2 de História

MINICURSO 7: Educação contextualizada, História Regional

e Local: construindo/desvendando memórias e identidades no

semiárido brasileiro

Sala 3 de História

MINICURSO 8: História e literatura: espaços de narrar e

lugares de compreensão

Sala 4 de História

MINICURSO 9: História, Educação e Direitos da Criança e do

Adolescente: desafios da sala de aula

Sala 1 Letras Português

SALA DOS SIMPÓSIOS TEMÁTICOS

ST 2: Gênero, feminismo e poder Sala 3 Letras Português

ST3: Por uma História da África e dos africanos: diversidades,

debates e combates!

Sala 4 de Letras

Português

ST5: Movimentos sociais, organizações, trabalhadores rurais e

urbanos: sua luta política e suas formas de mobilização social

Sala 1 de Letras Inglês

ST8: Religiões e religiosidades no Brasil. Sala 2 Letras Inglês

ST11: Patrimônio Cultural e Memória Social Sala 3 Letras Inglês

ST12: História e ensino de História: relações entre diferentes

práticas de produção de conhecimento

Sala 4 Letras Inglês

ST 13: História, Ciência e Saúde no Brasil Sala 1 de biologia

ST 14: Histórias dos Sertões: articulando temas, tempos e

fontes

Sala 2 de Biologia

ST15: História indígena: “memórias dos índios, sobre os índios

e história pública em Pernambuco”

Sala 3 de Biologia

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COMUNICAÇÃO ORAL DE GRADUANDOS

CO 1) História da América Portuguesa 1 Sala 2 de Biologia

CO 2) História da América Portuguesa 2 Sala 4 de Biologia

CO 3) História do Século XIX e do Brasil Império Sala 1 de Letras Inglês

CO 4) História do Século XX 1 Sala 3 de Biologia

CO 5) História do Século XX 2 Sala 1 de Matemática

CO 6) História do século XX 3 Sala 2 de Letras Inglês

CO 7) História do Tempo Presente 1 Sala 4 de Biologia

CO 8) História do Tempo Presente 2 Sala 2 de Matemática

CO 9) Educação, Identidade e Contemporaneidade Sala 1 de Matemática

CO 10) Formação de professores, Prática docente e História da

Educação

Sala 3 de Matemática

CO 11) Didática da História Sala 3 de Letras Inglês

CO 12) Currículo e ensino de história Sala 4 de Letras Inglês

CONFERÊNCIA E MESAS REDONDAS

Conferência de Abertura Auditório

Mesas redondas Auditório

Conferência de encerramento Auditório

SALA DOS FÓRUNS DA ANPUH PE

Assembleia da ANPUH PE Auditório

Fórum dos GTs Sala 2 de Letras

Português

Fórum de Graduação Sala 2 de Letras

Português

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5. RESUMOS E SIMPÓSIOS TEMÁTICOS

ST 02) Gênero, feminismo e poder

Coordenação: ALCILEIDE CABRAL DO NASCIMENTO, JULIANA RODRIGUES

DE LIMA LUCENA

23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

Imprensa, Cultura Política e os Movimentos Feministas em Pernambuco (1927 –

1932)

ALCILEIDE CABRAL DO NASCIMENTO (Universidade Federal Rural de

Pernambuco)

Resumo: Esta apresentação investiga a importância da imprensa escrita como estratégia

política dos movimentos feministas em Pernambuco, por meio da Cruzada Feminista

Brasileira e da Federação Pernambucana para o Progresso Feminino. Ambas foram

criadas em 1931, no processo de construção de uma nova cultura política em que as

feministas lutam pelos direitos políticos e debatem a desigualdade de gênero no Recife,

entre os anos 1927 a 1932. Em 1927, as manifestações públicas feministas tiveram novo

impulso no país, quando o governador do estado Rio Grande do Norte sancionou a lei que

assegurava o direito das mulheres votarem e se candidatarem. Nesse cenário promissor,

os jornais como principal veículo de comunicação de massa, tendo em vista o alto índice

de analfabetismo no estado e no país, inclusive entre as mulheres, comunicam e convocam

reuniões, publicam entrevistas, noticiam festas, divulgam campanhas, informações e

noticiários acompanhados de muitas imagens, sobretudo fotografias como pode ser visto

n’A Notícia, no Diário de Pernambuco e no Jornal do Comércio. Para além de comunicar,

as feministas buscam, a partir da palavra e do intenso uso da fotografia com o “sentido

de real”, como assinala Boris Kosoy, atrair mais mulheres para suas fileiras, pretendem

convencer o público feminino, majoritariamente iletrado, sobre a importância dos direitos

políticos, bem como enfrentar a caudalosa corrente antifeminista disseminada na

imprensa. As lideranças feministas desses movimentos, Martha de Hollanda e Edwiges

de Sá, fazem intensa utilização da imprensa, do rádio e publicam em jornais e revistas,

onde buscam redefinir os jogos de poder. Suas práticas discursivas fortalecem uma nova

cultura política que nasce no regime republicano, ao contestarem a recém-democracia

brasileira, oligárquica e liberal, na arena pública dos jornais: espaços de dizibilidade e

visibilidade das suas pautas de reivindicações, instrumentos para formar e influenciar

opiniões e sensibilidades. Assim, este trabalho ilumina os diferentes feminismos que em

Pernambuco lutaram pelos direitos igualitários entre homens e mulheres quando

finalmente o presidente Getúlio Vargas, sob forte pressão política de diferentes

movimentos sociais, em 1932, sanciona a lei que concede a cidadania política às mulheres

no Brasil. Interessa descortinar a perspicácia dessas mulheres que souberam fazer uso

estratégico, com criatividade e ousadia, das veredas abertas pela imprensa escrita e

imagética, fazendo avançar o ideário feminista e a conquista dos direitos políticos em

nível local e nacional.

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Marcas de Baton na História do Brasil: A formação da militância política feminina

no pós-Estado Novo.

ZÉLIA DE OLIVEIRA GOMINHO (Prefeitura do Recife)

Resumo: A presença feminina no movimento político brasileiro, seja em prol do sufrágio

ou por questões trabalhistas, é, geralmente, reconhecida a partir do início do século XX.

Mas, o registro histórico desse movimento tornou-se matéria de estudos acadêmicos há

poucas décadas. A história de mulheres envolvidas nos embates políticos masculinos

mereceu parcas citações, até mesmo por aqueles [homens] que um dia tiveram mulheres

como camaradas ou companheiras de luta. Este artigo busca conversar sobre como se

configurou a presença política feminina no pós- Estado Novo; o que possivelmente

motivava sua inclusão em partidos, e algumas diretrizes que conduziam um movimento

ainda não feminista, mas feminino.

AMORES E DESVENTURAS: OS RAPTOS E OS DEFLORAMENTOS NO

RECIFE OITOCENTISTA

Renata Valéria de Lucena (Secretária de Educação de Pernambuco)

Resumo: O presente artigo analisa os raptos seguidos de defloramentos, ocorridos na

cidade do Recife em meados do século XIX. Temos como objetivo entender o papel social

de tais acontecimentos, entendidos como a contestação do poder paterno por parte de

mulheres que não se apresentaram submissas, diante da vontade familiar, e os

procedimentos das instituições de controle social, como Igreja Católica e Estado, no

intuito de solucionar problemas ocasionados pelos raptos. Buscamos analisar também a

terminologia rapto para denominar os sorrateiros encontros de moças e rapazes, durante

a madrugada, que tiveram como propósito alcançar o matrimônio. Seria realmente um

rapto ou seria mais coerente usarmos a expressão fuga, já que, nesses e em tantos outros

casos documentados, as moças eram encontradas caminhando de braço dado ao seu raptor

em direção à residência em que seria depositada. Metodologicamente, usaremos os

pressupostos teóricos da categoria Gênero, no intento de estabelecer as diferentes

maneiras de relacionamento entre homens e mulheres na sociedade, bem como a

construção social dos papeis forjados para reafirmar as relações de poder que estruturam

todos os aspectos sociais. Sendo assim, levaremos em consideração a análise de Joan

Scott (1995) e sua concepção do gênero como uma construção sociocultural que estrutura

as instituições de poder, como a própria Igreja Católica e o Estado, e as hierarquias sociais

como uma maneira de garantir os privilégios das figuras masculinas que recorriam à

justiça para questionar as condutas femininas.

MULHER E FEITIÇARIA NA AMÉRICA PORTUGUESA DO SÉCULO XVI:

COTIDIANO, MAGIA E INQUISIÇÃO

Kleber Henrique da Silva (Prefeitura Municipal de São Vicente Férrer)

Resumo: O conjunto de crenças e práticas que compõem o universo religioso da América

Portuguesa, tão singular e heterodoxo, tem merecido cada vez mais espaço na produção

historiográfica brasileira. Esta pesquisa se insere neste processo e seu interesse temático

se focaliza nas crenças e práticas de feitiçaria ligadas ao mundo das mulheres. Sendo as

feiticeiras de Pernambuco e da Bahia colonial as nossas personagens, nos aproximaremos

do universo de suas práticas através da investigação de que foram vítimas durante a

Primeira Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil no período de 1591-1595. Através

dos livros das Denunciações e Confissões, produzidos durante a presença do inquisidor

Heitor Furtado de Mendonça, encontramos a forte presença de mulheres acusadas por

estas práticas. Esboçaremos a construção do imaginário em torno da figura da feiticeira

ainda nos primórdios da organização do catolicismo e que atravessou os séculos chegando

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a fazer parte do imaginário colonial, o que favoreceu a delação de muitas mulheres

guardiãs de práticas que fugiam da ortodoxia almejada pelo projeto colonizador que trazia

entre seus objetivos a uniformidade da fé católica.

Palavras-chave: Mulher-Feitiçaria-Inquisição-América Portuguesa.

24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

INTELECTUALIDADE FEMINISTA E PÓS-FEMINISTA: A ENTRADA DAS

MULHERES NA CIÊNCIA A PARTIR DOS ESTUDOS DE GÊNERO

Juliana Rodrigues de Lima Lucena (FAL/Joaquim Nabuco)

Resumo: A princípio, as mulheres, dentro da categoria de gênero passaram a ser vistas e

analisadas a partir de práticas culturais e de interpretações que são construídas e

discursadas com objetivos claros e é dessa maneira que as definições de gênero e sua

complexidade enquanto campo da história são fruto de uma nova episteme das ciências

sociais, como afirma Rachel Sohiet. Constata-se então que a história das mulheres dentro

da análise da categoria de gênero é um estudo intrinsecamente político a respeito do ser

e do lugar das mulheres na história enquanto seres sociais e como construção cultural

fruto de seu tempo e de suas ideologias. Nesse sentido ideológico a “intelligentsia”

feminista reafirma a teoria de Michel Löwy, de que os (as) intelectuais são muito mais do

que uma classe, compreendem uma verdadeira categoria social, capaz de moldar e

manipular ideias e que são definidos (as) por seu papel ideológico. Sendo assim, as

feministas das décadas de 1960 e 1970 tornaram-se produtoras diretas da ideologia onde

as mulheres deveriam erigir a sua identidade, buscar a criação de seu “sujeito” e assim,

ditar novas regras socioculturais de convivência com homens e com outras mulheres.

Lutas (re) Veladas: o feminismo presente no cotidiano de mulheres negras do

município de Bodocó-PE.

Alexsandra Flávia Bezerra de Oliveira (Secretaria de Educação de Pernambuco),

Reginaldo Ferreira Domingos (Prefeitura Municipal)

Resumo: O presente artigo procura discutir as vivências e lutas cotidianas presentes nas

memórias de duas mulheres sertanejas que habitaram a zona rural do município de

Bodocó-PE e desenvolveram atividades na produção de farinha. Tais memórias foram

evocadas e colhidas no ano de 2006 quando, na ocasião realizamos entrevistas com

mulheres idosas no intuito de realizarmos trabalho monográfico de conclusão de curso.

Aqui revisitamos essas falas percebendo o caráter feminista nas lembranças evocadas

quando tratam da vida e do trabalho. Para isso, realiza-se uma breve discussão a respeito

dos movimentos sociais em particular do movimento feminista, bem como sobre a

memória e seu uso no trabalho historiográfico e uma caracterização do cotidiano e da luta

dessas mulheres. Nessa tarefa o desafio é o trabalho com novos olhares sobre o

feminismo, assim tentamos colocar um novo movimento que não é contemplado na

literatura tradicional ou clássica, propondo o alargamento do conceito de feminismo para

que então seja realizada a análise sobre a ação diária das sertanejas bodocoenses que

vivem trabalhando em prol da manutenção de suas famílias e de suas manifestações

culturais.

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Mulheres, agronomia e institucionalização das ciências no São Francisco: o caso da

FAMESF

Ramicelli Carvalho Sant' Anna Fernandes (Colégio Nossa Senhora Auxiliadora)

Resumo: As políticas sociais e as políticas educacionais institucionalizadas durante a Era

Vargas, foram decisivas no processo de criação de novas oportunidades para as mulheres,

especialmente as que pertenciam às camadas urbanas médias e altas. No entanto, outros

aspectos como, alterações de costumes familiares, ocasionados pelo crescente processo

de urbanização e ao novo estilo de vida burguês, mostraram que, além de promover

mudanças no papel que a mulher exercia sobre a sociedade, promoveu o avanço destas e

a sua inserção do mundo acadêmico e científico. No Vale do São Francisco, mais

especificamente na cidade de Juazeiro-BA, surgia em 1960, a Faculdade de Agronomia

do Médio São Francisco (FAMESF). Nela, alunos do sexo masculino representavam a

maioria. No entanto, percebeu-se através da análise de fontes escritas, disponibilizadas

pela faculdade, assim como, fontes orais, incluindo as entrevistas realizadas com ex-

alunos e ex-alunas, que as mulheres marcavam presença, em um curso que é

historicamente identificado como “masculino”. E é nesse contexto que se pretende

observar como se deu o crescente ingresso das mulheres nas instituições de nível superior,

mais especificamente na FAMESF e no curso de Agronomia, assim como os fatores que

as levaram a tal escolha e a sua atuação dentro e fora da mesma.

O MOVIMENTO SANITÁRIO REDEFININDO REPRESENTAÇÕES

FEMININAS. Carla Denari Giuliani (Universidade Federal de Uberlândia)

Resumo: O movimento sanitário da década de 1980, juntamente com as políticas

públicas, vem dar visibilidade e estender ao mundo feminino, através da posição atribuída

à mulher frente à maternidade e à família, colocando-a como principal atriz das mudanças

sociais ocorridas nessa época. Dessa forma, esse movimento constrói uma representação

social de que maternidade é inerente à mulher, ser mulher é ser mãe, amamentar, ser dona

do lar e cuidadora da família. O objetivo deste trabalho é mostrar como o movimento

sanitário da década de 1980, no Brasil se utiliza da figura feminina como base para

consolidar seus interesses conjuntamente com o do Estado, dando visibilidade a essa

personagem como salvadora de todos os males sociais da época. Este trabalho tem como

base uma abordagem qualitativa. Faz parte de uma pesquisa maior, que foi minha Tese

de doutorado, que finalizou em maio de 2012. Assim, para encontrar resposta para esses

questionamentos, esta pesquisa baseou-se metodologicamente, na História Oral,

conforme as orientações do teórico Portelli. Este trabalho tem como fontes documentais

escritas revistas, jornais, manuais de saúde da época e entrevista com profissionais da

área da saúde. Além é claro, das histórias de vida das mães adolescentes, seus

companheiros e pais. As fontes documentais mostram que a reforma sanitária teve início

no século XVIII, após a coroa portuguesa se interessar pelo ouro existente no Brasil.

Assim, a urbanização e o povoamento, até então negligenciados pela coroa, tornaram-se

obrigatoriamente foco do poder real. Esse progresso fez-se através do movimento

higienista, que incorporou a cidade e a população ao campo do saber médico. Nesse

contexto, a técnica de higienização foi instalada. Desta forma, a medicina social ganhava

espaço e através da política higiênica, as mulheres assumiram a função de educadoras dos

filhos e cuidadora da casa e dos maridos. Essas famílias, até o momento, eram vistas pelos

higienistas como incapazes de proteger a vida de crianças e adultos. Valendo-se dos altos

índices de mortalidade infantil e das precárias condições de saúde dos adultos, o

movimento higienista ou sanitário conseguiu impor a elas uma educação física, moral,

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intelectual e sexual, tendo como principal figura normalizadora a mulher, mãe e rainha

do lar. O Estado aliado à medicina constrói um novo personagem higiênico, cuja

existência social era, até então, quase desconhecida. A esse personagem higiênico restava

somente o direito à infância e uma passagem direta, sem escalas, para vida adulta, pois o

papel social dela, desde muito cedo, era o de ser mãe, esposa e educadora de um lar e de

uma família. A equação mãe-filho novamente adaptava-se como “luva” a esse

movimento.

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ST 03) Por uma História da África e dos africanos: diversidades, debates e

combates!

Coordenação: IVALDO MARCIANO DE FRANÇA LIMA, WELLINGTON

BARBOSA DA SILVA

23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

Há outros Griots: Outros olhares sobre a África nos Quadrinhos Savio Queiroz Lima (Colégio Portinari)

Resumo: O artigo pretende tecer reflexões historiográficas sobre três produções em

quadrinhos no mercado internacional e nacional com temática africana. A realidade

mítica, cultural e social de três terrenos africanos é apresentada e comentada nas leituras

de três obras em quadrinhos: Sundiata – O Leão do Mali de autoria do quadrinhista Will

Eisner, O Apanhador de Nuvens – Uma aventura no país Dogon de autoria dos franceses

Béka e Marko e Aya de Yopugon da escritora costa-marfinense Marguerite Abouet e do

francês Clement Oubrerie. Propõe uma reflexão das mudanças ocorridas no mercado

quando o assunto é representação da realidade africana através dos discursos nos

quadrinhos, nas realidades sociais e culturais do Mali, para os dois primeiros casos e da

Costa do Marfim no último. Utilizando-se de conceitos como Representação e

Imaginário, as obras supracitadas são relacionadas com estudos multidisciplinares que os

objetos, através de seus discursos, exigem.

Fantasma: O herói dos africanos?

Cristiane de Almeida Gonçalves (órgão público-prefeitura municipal de Alagoinhas)

Resumo: É possível afirmar que as HQs, contribuem para as imagens negativas que se

tem do continente africano? Mediante essa questão, este trabalho tem como objetivo

discutir as representações do continente africano, a partir de estereótipos existentes nas

Histórias em Quadrinhos do Fantasma. Este é um herói branco, criado por Lee Falk, nos

EUA nos anos 1930. Ele um tipo de herói que mora na selva e vive entre os pigmeus

bandar, os únicos que conhecem os segredos do famoso “espírito que anda”. Ele combate

piratas e ladrões diversos. Resolve todos os tipos de problemas entre as tribos vizinhas e

ainda acha tempo para ajudar os governantes africanos através da Patrulha da Selva.

Através da análise destas revistas, observa-se a existência de vários problemas: os homens

e mulheres, nativos do continente africano, são tidos como atrasados, ignorantes,

desprovidos de valores civilizatórios, representados sempre em tons negros, dotados de

práticas rudimentares e sem capacidade de se defender mediante toda sorte de perigos

existentes na “selva”, cenário em que se desenvolvem estas histórias. Para este trabalho

foram analisados exemplares da revista do Fantasma entre os anos de 1960 a 1970, além

de obras de diferentes autores, a exemplo de Elikia M´Bokolo, Anderson Oliva, Álvaro

de Moya, dentre outros.

Palavras-chaves: Histórias em Quadrinhos; História da África; Fantasma; África.

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PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE ÁFRICA: A UTILIZAÇÃO DO KIT

“AFRICANIDADES” COMO SUPORTE PEDAGÓGICO NO MUNICÍPIO DE

ALAGOINHAS - BAHIA.

EDSON SILVA DE ARAUJO

Resumo: Em decorrência da sanção presidencial da Lei 10.639/2003, tornou-se

obrigatório a todos os estabelecimentos de ensino, a inclusão na estrutura curricular de

conteúdos que abordem a história do Continente Africano e dos seus povos, bem como a

cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional. Neste sentido, as

escolas e universidades necessitaram se adequar a esta nova realidade para cumprir a lei

acima citada. Esta Lei constitui-se como a materialização dos desejos de setores sociais

que pretendem subscrever a herança cultural da África e dos Africanos no mundo, fato

este negligenciado, sobretudo nos livros e nos cursos de formação de professores no

Brasil. Paralelamente ao desenvolvimento destas novas perspectivas cientificas surge a

necessidade de reconstruir o saber dos profissionais ligados à educação e, por conseguinte

os livros didáticos passaram a contar com maiores espaços dedicados ao continente

africano e aos negros, quando não, são adotados livros complementares que abordam a

temática em questão de forma particularizadas. Nesta perspectiva o presente artigo irá

analisar a adoção do kit pedagógico denominado “Africanidades” pelo município de

Alagoinhas, cidade do interior da Bahia, no ano de 2012. Trata-se de uma coleção

composta por dez livros acompanhados cada um por CD’s audiovisuais dotados com

interpretação em libras. A questão central deste trabalho refere-se às formas como a

referida coleção representa o continente africano e os negros no Brasil. Para este trabalho

foi tomado como paradigma à referência de que os negros não são, necessariamente,

descendentes de africanos, assim como suas práticas e costumes culturais não devem ser

vistas como sobrevivências da escravidão.

Palavras-chave: Lei 10.639/2003; África; Educação; Brasil; Negros.

De que África falamos? Representações de África após a Lei 1069/03 Alexandra da Cruz de Nantes (Prefeitura Municipal de Sátiro Dias)

Resumo: Negros, miséria, fome, conflitos “tribais”, doenças, caos absoluto, são algumas

das representações recorrentes sobre o continente africano que romperam a barreira do

tempo e se perpetuam no imaginário de diversas sociedades, sobretudo das ocidentais.

Neste sentido, sendo a escola um espaço social, no qual se entrecruzam diferentes sujeitos

e com eles toda sorte de representações, esta se constitui, portanto em um lócus

privilegiado para retroalimentação de estereótipos e clichês, que em geral concebem a

África como um “lugar” caótico, sem regras, ordem e perspectivas. Cabe destacar,

entretanto, que a escola também pode ser instrumento de transformação, difusão e

construção de novas representações acerca do continente africano. Por essa razão, este

trabalho objetiva analisar quais representações de África foram construídas pelos

educandos da rede municipal de ensino do município de Sátiro Dias, nestes dez anos de

promulgação da Lei 10.639/03. Palavras – chave: Educação; Representações da África;

África, Lei 10.639.

História da África, História da cultura negra brasileira: questões, encontros e

desencontros.

IVALDO MARCIANO DE FRANÇA LIMA (UNEB Universidade Estadual da Bahia -

Campus Alagoinhas.)

Resumo: As práticas e os costumes dos negros e negras do Brasil podem ser

descritas como parte da história da África? É possível afirmar que o uso do conceito

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“diáspora” é feito sem maiores problemas para os mais diversos povos do continente

africano? Tais questões estão bem resolvidas na bibliografia recente, escrita por

africanistas no período pós - lei 10639/2003? Este trabalho tem como objetivo discutir

estas e outras questões, enfatizando os problemas de paradigma e de perspectiva

existentes na História da África entre os africanistas brasileiros, enfatizando que as

dificuldades são pertinentes a uma grande confusão entre a cultura negra brasileira e as

religiões de divindades com a História da África, como se todos os negros fossem

africanos. Para este trabalho foram utilizados e discutidos de forma crítica as recentes

publicações de historiadores africanistas brasileiros, além da bibliografia clássica

produzida pelos historiadores africanos.

Palavras chaves: História da África, cultura negra, lei 10639/2003, África, Brasil.

24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

OS CONTOS DE AMADOU KOUMBA: REINVENÇÃO DA NARRATIVA.

RITA DE CÁSSIA NASCIMENTO DOS SANTOS (COLÉGIO ESTADUAL

DEPUTADO LUIS EDUARDO MAGALHÃES)

Resumo: A partir das obras sobre as tradições orais da África subsaariana, de Hampaté

Bâ e J. Vansina, este trabalho tem como objetivo discutir o modo de abordagem da

questão do colonialismo francês na obra Os contos de Amadou Koumba, de Birago Diop,

publicado em 1961. A problemática desse estudo despertou o desejo de saber como as

tradições orais, abordadas no livro, podem se constituir como estratégia de força e

resistência na construção identitária no período da colonização francesa no Senegal. Na

África tradicional, o conhecimento e a sabedoria eram guardados e transmitidos pela

tradição oral e não havia momento especial para aprender. O público participava

ativamente das histórias que lhe eram contadas. Seria o caso de uma possibilidade de

transmissão e discussão sobre a colonização através desses contos orais? Como a voz de

griot de Koumba ressoa na literatura de Birago Diop? Assim, a tradição oral toma um

caráter revolucionário, inventivo e disseminador na cultura oral fazendo valer as vozes

caladas pela colonização. Para este trabalho foram utilizados e discutidos o livro de contos

e bibliografia referente às tradições orais africanas.

Palavras chave: Colonização; África; Tradição Oral; Literatura Africana; Birago Diop.

Representações da África nas organizações negras-mestiças de Salvador em Tenda

dos Milagres (1969) do escritor Jorge Amado.

Paloma Ferreira Teles (UNEB)

Resumo: A partir da narrativa de Tenda dos Milagres (1969), Jorge Amado convida aos

leitores a adentrar o Pelourinho, que é citado como Universidade Aberta da Bahia, por

conta dos diversos saberes desenvolvidos nesta região, saberes estes que são reflexos de

uma África desejada pelos negros e mestiços baianos da época. Sendo este demarcado

como espaço de convivência “harmônica” entre as diferentes culturas, que são

representadas na figura de moradores, comerciantes e visitantes, mesmo havendo os

processos violentos de repressão aos costumes e vivências culturais. O presente trabalho,

ainda em andamento, objetiva investigar possíveis manifestações a partir das

Representações de África, que se caracterizaram como forma de contra-discursos

produzidos pela população negra de Salvador em seu cotidiano, a partir das suas

organizações culturais e religiosas, contra a ciência eugenizadora do Brasil de 1920 a

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1930. E, compreender a partir da personagem central do romance, Pedro Arcanjo, como

se organizou a população negra-mestiça para (re) escrever e (re) pensar a sua história,

problematizando a ressonância desta atitude para as práticas científicas e acadêmicas da

Faculdade de Medicina da Bahia na época.

Palavras Chaves: Tendas dos Milagres, África, Negros, Resistências.

De olho no espelho: reflexos e paradigmas da autoidentificação dos quilombolas da

comunidade do Catuzinho, Bahia.

ADRIANA CARDOSO DOS SANTOS PEREIRA

Resumo: Em 2005 a comunidade do Catuzinho, localizada entre as cidades de

Alagoinhas e Aramari, BA, foi reconhecida como remanescente de quilombo. Pode se

afirmar, sem maiores problemas, que este é o primeiro passo do longo percurso que

culminara com a titulação das terras, um dos objetivos que se percebe entre os moradores

da referida comunidade. Mas, o que vem a ser um quilombo? A partir de um emaranhado

de interesses oriundos da promulgação do artigo 68, do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição Federal do Brasil de 1988, que

comunidades negras, até então renegadas aos olhos da sociedade brasileira e da produção

historiográfica, passaram a ter espaços, imbuídas principalmente pela discussão em

torno da terminologia 'quilombo'. Ressignificar o topônimo 'quilombo', mais que uma

tarefa semântica, trouxe à tona a desmistificação de sua conceituação colonial ao tempo

que abarcou as diversas formas de organização negra, ratificando a pluralidade cultural,

fruto das práticas e costumes peculiares a cada comunidade. Nesse sentido, este trabalho

visa discutir com qual concepção os moradores deste povoado se autoidentificam. São

oriundos da África? São eles afrodescendentes? Qual interpretação atribuem para a

terminologia quilombola? A que deve sua identificação como tal? Para esta discussão foi

tomada como referência a autodeclaração dos habitantes da supramencionada

comunidade e os paradigmas levantados pelo discurso teórico de estudiosos da cultura

negra brasileira e história da África.

Palavras chave: memória, cultura negra, quilombola, autoidentificação.

O “espírito da selva” que veio das savanas: representações, distorções e estereotipias

no cinema.

Mércia Cristina da Silva Assis (SEDUC RIBEIRÃO)

Resumo: “O Espírito é da selva”, mas o leão vive nas savanas. Os “africanos são um

povo”, mas a diversidade linguística existente na África não possui semelhança em

nenhum outro continente. “Não há civilização no continente africano”, apesar do Egito,

Kush, Meroé e Axum. O cinema tem sido por várias décadas referência em diversão, lazer

e glamour, mas, é também uma poderosa máquina de construção, difusão e

retroalimentação de representações, que necessariamente não se constituem em

efetividades. Nessa perspectiva, este trabalho, ainda em andamento, objetiva discutir a

narrativa fílmica intitulada “O Espírito da Selva”, lançado no Brasil em 2007, e que teve

como diretor Gray Hofmeyer. Na obra em questão, como em muitas outras que possuem

o continente africano como tema ou cenário, há predominância na ideia dos contrastes

entre povos, culturas e valores civilizatórios. Isto não seria um problema se a narrativa

fílmica não trouxesse, de forma veemente, conceitos que são balizados na hierarquia e

inferiorização entre culturas e civilizações. Para isso, é necessário compreender que o

filme “O Espírito da Selva” está situado em um dado contexto, perpassado por questões

relacionadas ao tempo e espaço. Confrontos entre a ciência (superior e europeia) do

médico Albert Schweitzer, com a “magia” do “feiticeiro” Oganga, além das constantes

oposições entre a música “clássica” e a “tribal”, dentre outras comparações feitas de

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formas subliminares mostram que o cinema é muito mais do que uma simples

possibilidade de lazer e diversão. Para este trabalho foram utilizadas obras que discutem

as relações entre o Cinema e a História, bem como análises fílmicas.

Palavras chave: Cinema; África; Representações da África, Europa.

Nem desertos, nem florestas: diversidades de espaços e paisagens ANTONIO VILAS BOAS (UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA) Resumo: Este

trabalho, ainda em andamento, objetiva discutir, a partir de revisão bibliográfica, os

modos e as formas como o continente africano foi objeto de representações baseadas em

estereotipias, notadamente suas realidades sócio-espaciais. Em grande parte das mídias,

livros didáticos e obras literárias o continente africano é/foi apresentado como uma

imensa e impenetrável selva, repleta de “tribos primitivas” e animais selvagens. A

exemplo de Tarzan e Fantasma, que primaram em demonstrar a África como uma selva,

ou os filmes que tematizaram sobre os povos do norte deste continente, que apresentaram

o continente como um imenso deserto (destituído de pessoas e civilizações), ainda hoje

há representações que insistem em mostrar um imenso espaço continental de forma

homogênea. Nesse sentido, este trabalho teve como foco a desconstrução destas

homogeneidades, associando-as também aos processos de construção de representações

destituídas de efetividades, que primaram em associar o continente africano ao estado

natural e a selvageria.

Palavras chave: África; História e meio ambiente; Representações; Florestas; Desertos.

A formação da “culinária baiana”: sob uma ótica “africana”

Erico da Silva França (COLÉGIO RENOVAÇÃO/COLÉGIO SÃO

FRANCISCO/UATI)

Resumo: A “culinária baiana” é um termo utilizado para designar, principalmente, a

alimentação produzida na cidade de Salvador e no Recôncavo Baiano notadamente

marcada pela influência “africana”. Foram os negros escravizados – ainda no período

colonial – que a tornaram famosa, uma vez que servindo nas cozinhas dos portugueses

e/ou nas senzalas, alteraram o sabor dos alimentos por meio da condimentação ou da

técnica culinária. Outro aspecto a ser destacado sobre a culinária produzida por africanos

e seus descendentes – na Bahia – é a sua confluência com a religião e os festejos

populares. Dessa maneira, promover um estudo sobre a importância africana na

confecção da “culinária baiana”, considerada parte integrante do patrimônio cultural

imaterial, abordando as escolhas, abandonos, apropriações e transformações que fazem

parte de um processo histórico-cultural é a principal finalidade desse trabalho. O mesmo

procurou identificar e mapear bibliografia e fontes documentais (escritas e visuais) que

tratassem da relação existente entre culinária e cultura, escravidão negra e a formação da

culinária da Bahia; e, a influência da culinária “africana” na religião e celebrações

populares.

Palavras-Chave: Culinária Baiana; Influência “Africana”; Escravidão; Patrimônio

cultural imaterial.

25/07 - Sexta-feira - Tarde (14h às 16h)

As raízes da guerra no Mali: entre debates e desmistificações Ivan Silva de Souza (CETEP/ LNB)

Resumo: A mídia faz um papel intermediário na formação da opinião pública e em cobrir

determinados eventos a nível internacional e levar a “noticia” a população. Mas sabemos

que este papel exercido por tais setores é recheado de interesses políticos, econômicos,

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financeiros e principalmente em estabelecer a ideologia de um grupo dominante no poder

ou colocá-lo lá. A situação do Mali no Continente Africano requer uma análise e uma

postura muito mais crítica, do que respostas simplistas que culpam a Al- Qaeda ou o

neocolonialismo por conflitos que assolam esta região é preciso levar em consideração

que muita gente foi marginalizada por tempo demais nesse território. A situação é muito

mais complexa do que parece e precisa ser revista sobre um outro prisma que

desmistifique essas notícias sobre os países africanos que recaem, na maioria das vezes,

nas guerras do continente tratadas geralmente sob o registro da naturalização e da

banalização enfeixadas em diferenças tribais.

Os povos africanos e a África podem ser vistos como vítimas da História? Por uma

releitura do Tráfico Transatlântico e da Conferência de Berlim.

Paulo Rodrigo Ferreira Silva

Resumo: A História da África é/foi alvo de várias abordagens equivocadas, e as mais

comuns possuem uma tendência de generalizar e inferiorizar suas culturas, colocando-as

como expectadora das ações e processos ocorridos em seus próprios territórios. Contudo,

um estudo mais expressivo da historiografia do continente africano, calcada no trabalho

de seus historiadores, decorrente de avanços relacionados às perspectivas de fontes

históricas, permitiu uma melhor compreensão dos processos intercontinentais que

envolveram a África: A Conferência de Berlim (1884 – 1885) foi chamada de “Partilha

da África”, porém esse termo indicava um protagonismo europeu na demarcação dos

territórios Africanos. Por isso o conceito de “roedura” já é utilizado por muitos estudiosos,

que buscam analisar o processo de definição de fronteiras como gradativo, e de

participação decisiva de ambas as partes. Com relação ao tráfico transatlântico que

ocorreu do século XVI ao século XIX, a ideia de que a África foi invadida e escravizada

foi sempre difundida, entretanto existem estudos que apontam para a diversidade

sociopolítica das suas regiões, e que vários grupos sociais poderiam lidar de maneiras

diferentes com o tráfico, alguns sendo prejudicados e outros extraindo benefícios, sendo

possível até mesmo a ascensão de novas elites africanas, que firmaram parceria com

povos europeus na exploração dos seus conterrâneos. Com base no exame historiográfico

do Tráfico e da Conferência de Berlim, o presente trabalho fará contrapontos à noção de

África subjugada.

Palavras-chave: Tráfico Atlântico; Conferência de Berlim; História da África; Roedura.

DIMENSÕES MATERIAIS E CONCEPÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS DE

IMIGRANTES SENEGALESES NO CONTEXTO BRASILEIRO: OLHARES

ACERCA DA INTEGRAÇÃO

THAIS JANAINA WENCZENOVICZ (ESTADO DO RS)

Resumo: O devido trabalho trata da integração dos Imigrantes Senegaleses junto a

sociedade brasileira – na região norte do Rio Grande do Sul - tendo em vista sua relação

junto as dimensões materiais e concepções das Diretrizes dos Direitos Humanos. Nesse

sentido, pretende-se demonstrar em que medida as políticas de imigração ameaçam a

manutenção dos Direitos Humanos de indivíduos provenientes de países com histórico de

dependência e intransigência aos Direitos Fundamentais Civis e Sociais em seu país de

origem. Tal condição corrobora na análise entre as políticas de integração e negação aos

Direitos Humanos. Ao longo dos últimos vinte anos, o Brasil adotou uma série de novas

políticas voltadas à gestão dos movimentos transfronteiriços e aos imigrantes no Brasil,

políticas estas que respondem não somente ao ativismo dos migrantes e seus aliados, mas

também à estratégia da política externa brasileira.

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“Negócio Africano”: trabalho, patrimônio e libertos da Costa da Mina no Recife do

séc. XIX

Valéria Gomes Costa (IF Sertão Pernambucano)

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar um mapeamento dos meios

de sobrevivência de ex-escravos e as estratégias por eles elaboradas para a garantia de

seus espaços nos mundos do trabalho urbano. Quais as ocupações que podiam de fato os

sujeitos continuar exercendo ou não depois de alforriados, que lhes assegurassem certa

autonomia financeira e lhes proporcionassem rompimento com os laços senhoriais? Que

mecanismos elaboraram para afastarem-se dos estigmas impostos pelo cativeiro?

Seguimos, então, os rastros de um pequeno grupo formado por 31 africanos da Costa, em

testamentos, inventários post-mortem e livros de notas de tabeliães, para nos aproximar

das condições materiais, e, sobretudo, dos arranjos de trabalho que esses indivíduos

organizaram ao longo de suas existências. Deparamo-nos com homens e mulheres cujas

atividades econômicas lhes proporcionaram recursos que os distinguiram dentro e fora da

comunidade negra. Entre as diversas ocupações, o ramo dos negócios foi aquele que mais

ocasionou maiores perspectivas de vida para os sujeitos cujas trajetórias acompanhamos.

Através de nossa análise, foi possível traçar dois perfis de comerciantes. O primeiro,

classificamos de negociantes de médio porte, cujas rendas advinham de imóveis (dez ou

mais) e escravos (dez ou mais) no ganho. O segundo, consideramos de pequeno

negociante, pois trabalhava no comércio a retalho ou possuía um modesto

estabelecimento, a exemplo da taberna, ou ainda extraía lucros de seus prédios (no

máximo dois) de aluguel. Frisamos, contudo, que o ramo de negócios foi também o que

mais favoreceu a ampliação das redes sociais dos africanos para além de seu grupo. Na

amostra de nossas pesquisas, 43,8% das pessoas brancas que estabeleceram algum tipo

de ligação com libertos da Costa d’África eram comerciantes de grande ou médio porte.

A presente comunicação é parte dos resultados investigativos em nosso trabalho de

doutoramento, cujas preocupações se debruçaram na reorganização da vida social de

pessoas oriundas da África após a conquista da manumissão na cidade do Recife em

meados do século XIX.

Possessão e Exorcismo no Egito Antigo: Dados Históricos

Luiz Henrique Rodrigues Paiva (Colégio Conexão Futuro)

Resumo: Este trabalho tem como finalidade apresentar o fenômeno da possessão e

exorcismo na antiga tradição religiosa egípcia, ao longo de sua história. A possessão

demoníaca, bem como a pratica do exorcismo, são temas estudados e realizados desde a

antiguidade até os dias atuais. Pretende-se apresentar uma síntese, em chave

historiográfica, desse fenômeno do Campo Religioso, apoiando-se nos estudos de

biblistas como Karl Kertelge, Antônio Lazarini Neto, Irineu José Rabuske e Luigi

Schiavo. Trata-se de uma abordagem que quer demonstrar quando surgiram, quando

permaneceram e quando se transformaram ou desapareceram os traços culturais religiosos

e mágicos egípcios.

Palavras-Chave: Demônios. Tradição Religiosa. Manifestação.

João Fernandes Vieira e a guerra preta em Angola, 1658 a 1661 LEANDRO NASCIMENTO DE SOUZA (FUNESO)

Resumo: João Fernandes Vieira, após a guerra contra os holandeses na Capitania de

Pernambuco, utilizou de seu prestígio para solicitar a Coroa portuguesa cargos de

governança no ultramar. Vieira recebeu o governo de Angola, a qual governou de 1658 a

1661. No que se refere as suas ações como governador, elas são determinadas pelos seus

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interesses no Brasil. Vieira na sua chegada em Angola, investe na recuperação e

ampliação do tráfico de escravos para o novo mundo, utilizando aparatos militares,

políticos e religiosos para reconfigurar a influência portuguesa na África Central, em que

na maioria dos casos ocorreram conflitos armados entre as tropas aliadas de Vieira e os

vários chefes tribais que resistiam à dominação. Vieira tinha como maior inimigo o Reino

do Congo, a qual na sua perspectiva funcionava como um grande “quilombo” na África

central. Através da coleção Monumenta Missionária Africana, organizada pelo Padre

Antônio Brásio, e dos cronistas da época, realizamos uma análise desse contexto a qual

se encontram vários conflitos de interesses ligados ao Mundo Atlântico.

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ST 05) Movimentos sociais, organizações, trabalhadores rurais e urbanos: sua luta

política e suas formas de mobilização social

Coordenação: SAMUEL CARVALHEIRA DE MAUPEOU

23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

Trabalhadores, associativismo e política em Ilhéus, Bahia (1920-1930): uma história

social do coronelismo

Philipe Murillo Santana de Carvalho (Instituto Federal da Bahia)

Resumo: A última década da Primeira República foi marcada pelo desenvolvimento de

um associativismo operário proeminente na política e na sociedade de Ilhéus. Artistas,

operários, caixeiros e estivadores construíram seus grêmios e se tornaram uma força

social emergente no sul da Bahia, capaz de mobilizar um contingente popular

significativo e pressionar autoridades e patrões em função de seus interesses. O objetivo

deste artigo é analisar os trabalhadores e suas culturas associativas diante da política

republicana oligárquica entre 1920 e 1930. Interessa entender de que modo os

trabalhadores constituíram formas de organização social, defenderam seus direitos por

melhores condições de vida e trabalho, e participaram do sistema político oligárquico nas

brechas deixadas pelas disputas de partidos e facções da I República. Deste modo,

convém por em revisão o conceito de coronelismo, cunhado por uma historiografia que

sempre caracterizou a política republicana brasileira entre 1889-1930 como uma

experiência excludente, em que os poderosos sempre exercem o poder de modo absoluto

e os de baixo possuíam pouca margem de atuação no mundo do trabalho e da política.

Utilizamos como fonte para este trabalho atas de sociedade proletárias e patronais,

jornais, cartas de operários e literatura.

As relações de trabalho com inserção da fruticultura irrigada no perímetro irrigado

Senador Nilo Coelho- Núcleo 04, Petrolina- PE

Mariana Ramalho Dantas (Colégio Saberes da Vitória)

Resumo: Este estudo trata sobre as alterações nas relações de trabalho com a inserção da

fruticultura irrigada no Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho, especificamente o

Núcleo 04 (N4), localizado na zona rural do município Petrolina-PE. E tem como objetivo

compreender o desenvolvimento da fruticultura irrigada a fim de demonstrar os reflexos

das transformações nas relações de trabalho a partir do agronegócio no N4 e a percepção

dos espaços socioculturais do núcleo. No decorrer da pesquisa foram observadas as razões

que determinaram a intensificação do sistema capitalista no espaço rural, visto que a

globalização modificou as relações de trabalho principalmente no núcleo N4. É salutar

destacar que essas relações são tratadas de forma diferente por povos e nações,

classificadas muitas vezes como uma evolução das relações de trabalho entre empregados

e empregadores, ao longo do tempo. Tais alterações podem ser identificadas também, a

partir da instalação dos latifúndios. A principal fundamentação teórica e metodológica

deste trabalho é a dialética materialista, faz-se o uso de referências como Caio Prado

Júnior, Manuel Correia de Andrade, Milton Santos e outros autores, que buscaram através

do marxismo novas alternativas para uma sociedade capitalista em crise e trouxeram uma

nova óptica para interpretar a geografia uma vez que ela era voltada para quantificar os

interesses do Estado. O desenvolvimento do espaço rural mostra os reflexos do processo

intensivo de modernização do campo onde passam a ocorrer mudanças nos padrões de

produção, atendendo ao mercado interno e externo, atraindo um grande contingente de

trabalhadores para os latifúndios, como é o caso do Perímetro Irrigado N4. A partir do

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desenvolvimento da modernização agrícola as técnicas usadas pelos pequenos

proprietários foram modificadas para atender a demanda do mercado consumidor e a

praticidade proporcionada pela tecnologia. Segundo Andrade (1987, p.116) “o

desenvolvimento industrial passou a exercer grande impacto sobre a natureza e a

sociedade degradando e dilapidando os recursos naturais”. Para Prado Júnior (1976,

p.29), “a grande propriedade fundiária surgiu integrada a um vasto empreendimento

comercial destinado a explorar os recursos naturais de um território virgem em proveito

do comércio europeu”. Vale ressaltar que os grandes latifúndios são ostentados a partir

de interesses políticos favorecendo uma classe em detrimento de outra, ou seja, os

indivíduos que não conseguem acompanhar a modernização agrícola foram expropriados

ou tiveram que vender suas terras e posteriormente passaram ser explorados pelo capital.

24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

Com muita fé e muita luta: as campanhas salariais e a conquista dos direitos dos

canavieiros de Pernambuco durante os anos 80.

Marcela Heráclio Bezerra (IFPE Campus Ipojuca)

Resumo: Os trabalhadores canavieiros de Pernambuco, ao longo do decênio de 1980,

forjaram-se como uma classe portadora de interesses coletivos. Homens e mulheres

afirmaram-se enquanto sujeitos sociais atuantes na realidade histórica, marcada por

vitórias e derrotas. Através de manifestações públicas, passeatas, deflagração de

movimentos grevistas, impetração de processos trabalhistas na Justiça do Trabalho, a

classe canavieira buscou, a partir dos condicionantes históricos aos quais estavam

atrelados, caminhos para a superação das desigualdades sociais. Foi nesse ambiente que

os canavieiros auxiliados pelas entidades classistas, promoveram o embate contra as

classes patronais, resistindo às ações arbitrárias dos empregadores e solidarizando-se com

os demais trabalhadores da categoria, reconhecendo-se e conscientizando-se enquanto

classe social. Dentre os direitos conquistados destacaram-se, o descanso semanal e férias

remunerada, a indenização na rescisão de contrato de trabalho por tempo, direito à sítio,

a garantia da conservação das casas por parte dos empregadores, salário família, por cada

filho menor de 14 anos aos trabalhadores e trabalhadoras, o fornecimento gratuito pelos

empregadores de água limpa e fria aos trabalhadores nos locais de trabalho, o

fornecimento obrigatório de transporte gratuito em condições de segurança; a proibição

de distribuição de serviços de aplicação de agrotóxicos, pesticidas e herbicidas aos

menores, mulheres gestantes e trabalhadores com mais de 50 anos, garantia do emprego

para a mulher gestante, que após 120 dias de licença, as mulheres não poderiam ser

demitidas antes de cumprido 90 dias de trabalho. As campanhas salariais realizadas ao

longo dos anos 80 foram importantes para trazer a cena política os trabalhadores dentro

da conjuntura nacional de redemocratização. Organizados pelo sindicalismo rural em

Pernambuco, os canavieiros direcionaram suas lutas, sobretudo, para as questões salariais,

fundamentais para a categoria que sobrevivia numa realidade de carência material

constante, e para as conquista e garantia de direitos trabalhistas, sociais, previdenciários

e políticos.

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Mobilização, formas de atuação e construção de uma memória dos conflitos sociais:

trabalhadores rurais do Norte da Zona Canavieira de Pernambuco (1980-1997)

SAMUEL CARVALHEIRA DE MAUPEOU (Universidade Estadual do Ceará-UECE)

Resumo: Esta comunicação pretende abordar a mobilização e formas de atuação dos

trabalhadores rurais do Norte da Zona Canavieira de Pernambuco entre 1980, momento

de inúmeros processos na Justiça do Trabalho, e o final dos anos 1990, quando eclodiram

intensos conflitos de terra na região. Num primeiro momento, a referência aos processos

trabalhistas que antecederam os movimentos de ocupação se deve à necessidade de

relativizar o aspecto inovador de suas práticas. Isto por que, quando se deram os primeiros

conflitos, desde a segunda metade da década de 1980, já existia toda uma tradição de

embates jurídicos nas Juntas de Conciliação e Julgamento implantadas no Norte da Zona

Canavieira de Pernambuco, em municípios como Nazaré da Mata e Goiana. Em grande

medida, se as ocupações posteriores vieram à tona, isto se deveu a um longo processo de

esgotamento do recurso à Justiça Trabalhista, à sua morosidade, à sua parcialidade e ao

ínfimo ressarcimento obtido ao final pelos reclamantes. Além disto, esta comunicação

pretende ainda analisar a construção de uma memória pelos atores sociais que

vivenciaram esses conflitos de terra. Por um lado, será observado o ponto de vista dos

membros que compunham as organizações de apoio (CPT, STRs e FETAPE) e que

prestavam importante assistência aos trabalhadores rurais envolvidos nos conflitos de

terra da região. Esta é a visão daqueles que participaram intensamente do conflito, mas

que não compunham propriamente o grupo dos trabalhadores rurais diretamente

interessados na obtenção das terras reivindicadas. Por outro, será analisada também a

visão dos próprios trabalhadores rurais que constituíam os movimentos de ocupação.

Estes constroem uma percepção diferente, muitas vezes mais realista, das mobilizações e

formas de atuação que desenvolveram, ressaltando as dificuldades vivenciadas. Por fim,

será feita igualmente uma análise da percepção que tinham os jornais à época dos

acontecimentos. Esta era motivada pela visão dos setores mais conservadores da

sociedade, intimamente implicados com os interesses econômicos, comerciais e

industriais e, portanto, favoráveis aos latifundiários detentores dos engenhos ocupados.

Em síntese, para a realização deste estudo, foram utilizados como fonte de pesquisa:

processos trabalhistas da 6ª Região do Tribunal Regional do Trabalho (1980-1985);

notícias do Jornal do Commércio e Diário de Pernambuco sobre os conflitos de terra

iniciados em 1986 e que se estenderam pela década de 1990; processos de desapropriação

e assentamento do INCRA (1986-2000); por fim, depoimentos orais de membros das

organizações de apoio (Comissão Pastoral da Terra, STRs e FETAPE) e dos próprios

atores dos movimentos de ocupação do Norte da Zona Canavieira de Pernambuco.

Trabalhadores numa usina de açúcar no Recôncavo baiano (Anos 50-70)

Tatiana Farias de Jesus (Secretaria de Educação do Estado da Bahia)

Resumo: O presente trabalho propõe um estudo balizado na História Social do Trabalho

sobre o cotidiano profissional de uma usina de açúcar localizada no Recôncavo baiano,

conhecida como Aliança, construída em 1892 e existente até os dias atuais como uma das

únicas no Estado da Bahia. Para isso, dispomos de uma série de documentos a exemplo

daqueles referentes à Vara Cível e Acidente no Trabalho da cidade de Santo Amaro (BA),

acervo do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Açúcar, jornais impressos,

documentos do memorial da Justiça do Trabalho. Estas fontes discorrem a respeito dos

acidentes de trabalho dentro da fábrica, os movimentos de trabalhadores em busca de

melhores condições de trabalho e de vida, a produção açucareira, a variação nos preços e

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a carestia deste alimento, além da hegemonia do grupo S.A. Magalhães, proprietários de

diversas usinas no Recôncavo da Bahia.

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ST 08) Religiões e religiosidades no Brasil

Coordenação: Ângelo Adriano Faria de Assis, Janaina Guimarães da Fonseca e Silva

23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

A Epopeia do Mansinho: o “Boi Santo” do Caldeirão (Crato-CE)

ANTÔNIA LUCIVÂNIA DA SILVA (ESCOLA JOSÉ ALVES DE FIGUEIREDO),

MARILYN FERREIRA MACHADO (EEF ESTADO DA PARAÍBA)

Resumo: Este trabalho relata sobre o misticismo que envolve a figura de um animal

chamado Mansinho, o “Boi Santo” da comunidade liderada pelo beato José Lourenço,

seguidor do padre Cícero; a qual teve sua existência nos anos de 1894 a 1936. A

comunidade situada inicialmente entre os anos de 1894 a 1926 no sítio Baixa Dantas e

posteriormente entre os anos 1926 a 1936, ambas situadas em distritos de Crato, passando

a ser essa comunidade conhecida como Caldeirão ou Caldeirão do beato José Lourenço.

Dentre a trajetória desta comunidade e seu líder, buscaremos destacar a história do “Boi

Santo” e compreender como ela foi construída, quais os significados dele para esta

comunidade, como os sujeitos externos a esse espaço de vivência “sagrada”: lideranças

políticas e a igreja católica romanizada se apropriaram deste discurso em torno da

santidade do boi. Destacaremos ainda os sentidos sociais, simbólicos e o espaço para os

sujeitos históricos do período. Para melhor compreendermos esse momento histórico nos

apoiamos na História Cultural dialogando com as fontes primárias e secundárias tais

como: músicas, documentários, recortes de jornais, relatos de contemporâneos e

remanescentes presentes na bibliografia consultada. A partir do que foi apontado sobre o

estudo do espaço no tempo delimitado, pudemos perceber que foram levantados diversos

aspectos sobre a comunidade como: político, social, econômico, entre outros. No entanto

queremos enfatizar a sua perspectiva religiosa, em especial por ser considerada uma

espécie de catolicismo popular.

Pernambuco Inquisitorial: da repressão à mobilidade social, os Familiares do Santo

Ofício na “Terra do Açúcar” (1654- 1750)

Davi Celestino da Silva (Graduado da UFRPE)

Resumo: O zelo pelos domínios e possessões que possuíam os monarcas ibéricos no

tocante à expansão territorial de seus impérios encontrou sentido diante a constante

preocupação causada pela falta de ordem em matéria espiritual e social que fora registrada

pelos primeiros jesuítas enviados à América portuguesa. Além das informações

registradas pelos inacianos, a tal preocupação dos governantes ibéricos também encontra

eco diante o crescimento do protestantismo e o calvinismo na Europa, e

consequentemente sua proliferação alcançando os domínios ibéricos. Para tanto não fora

um simples acaso toda a dinâmica sistemática para a chegada em fins do século XVI da

primeira visitação do Santo Ofício às partes do Brasil Colônia. Regiões de grande pujança

econômica como as capitanias de Pernambuco e Bahia estiveram sob intervenção da

justiça inquisitorial, fato este creditado principalmente a grande presença de povos

judeus. Além do fito repressor judaico, os homens da justiça da fé também estiveram a

frente de grandes adversidades como o combate as religiões de matriz africana. Entretanto

o combate às práticas religiosas destoantes do catolicismo na América Portuguesa,

especificamente na Capitania de Pernambuco, espaço de nossa pesquisa no período em

apreço, nos revela algo a mais no cotidiano dos Familiares do Santo Ofício que aqui

atuaram, a busca pela distinção social.

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24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

O Xangô pernambucano: Um ensaio de classificação no século XXI.

Pedro Henrique de Oliveira Germano de Lima

Resumo: O culto das diversas divindades africanas no Brasil – voduns, inkices e orixás

– remota ao século XVII. Atualmente, tais cultos são conhecidos de diversas formas

(Xangô, Candomblé, Batuque etc.) apresentando distanciamentos e aproximações uns dos

outros bens como as correspondências africanas que, dentre outras coisas, lhe servem

como fontes de legitimação frente aos concorrentes e outros setores da sociedade.

Somando a esse fato, tais cultos aglutinaram em sua liturgia, elementos de outras religiões

(catolicismo, religiões ameríndias, kardecismo etc.) que contribuem para a pluralidade e

manutenção da religião na atual sociedade brasileira. A proposta do artigo é elaborar uma

classificação – no plano dos Tipos Ideais - do culto aos orixás em Pernambuco com a

finalidade de um recurso heurístico para futuras pesquisas bem como para mostrar as

peculiaridades do Xangô pernambucano em relação às demais religiões de matriz africana

e ainda deslindar sobre a dinâmica dos cultos na sociedade que o cerca.

Representações da África nos terreiros de Candomblé de Sátiro Dias. Washington Flavio Carvalho da Cruz (Colégio Democrático Estadual P. E. Santos)

Resumo: De que forma é possível identificar representações da África nos terreiros de

candomblé de Sátiro Dias? As representações sociais sobre o candomblé foram

constituídas ao longo da história sob a égide de ideário racista e segregador, postulado

epistemologicamente a partir dos alicerces evolucionistas do séc. XVIII, e dado sua

continuidade através do processo de formação histórico-social do povo brasileiro.

Proponho neste trabalho uma discussão que permeia a história do Candomblé e de como

a África é vista e representada através dele, para os seus praticantes ou não. A

metodologia utilizada baseou-se em análise bibliográfica, bem como pesquisa de campo

nos terreiros de Sátiro Dias.

Palavras-chave: Candomblé; Sátiro Dias; Representações da África.

Narrativas orais sobre o processo de morte e morrer em Matriz de Camaragibe-AL

(1920-1960)

Messias Bernardo da Silva (Prefeitura Municipal de Cortês)

Resumo: O texto que se segue é parte de uma pesquisa que venho desenvolvendo na

Mata Sul de Pernambuco, que tem como objetivo, pensar e historicizar as práticas

fúnebres na Zona da Mata Sul de Pernambuco entre 1860-1920, partindo do pressuposto

de que a morte não é um evento único e homogêneo e que no período pesquisado ela foi

vivenciada de forma extremamente complexa e multifacetada onde o sagrado e o profano

se aproximavam de maneira a se confundir. Uma morte vivenciada, ritualizada por ritos

não institucionalizados, uma religiosidade criada muitas vezes a partir da falta, ou seja,

da ausência de líderes religioso (padres/ pastores) na condução a uma “boa morte.

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ST 11) Patrimônio Cultural e Memória Social

Coordenação: Bruno Melo de Araújo

23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

O ACERVO DE CORDÉIS DO CENTRO CULTURAL BENFICA DA UFPE:

UMA PROPOSTA DE ANÁLISE TEMÁTICA PARA DIFUSÃO DA COLEÇÃO

E DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO

FRANCISCO ARRAIS NASCIMENTO (UNIVERSIDADE FEDERAL DE

PERNAMBUCO - UFPE)

Resumo: O Instituto de Arte Contemporânea – IAC possui um rico acervo sobre a

literatura popular, principalmente sob a forma de folhetos de cordel. Tal acervo configura-

se como registro e se revela como frutífero arcabouço de pesquisa sobre as mais diversas

temáticas abordadas em tais documentos. A pesquisa em questão tem por objetivo

organizar sob a óptica do tratamento temático da informação o acervo do Instituto de Arte

Contemporânea - IAC, compreendendo e evidenciando as principais temáticas que

emergem dos cordéis e dessa forma promover a difusão da cultura popular contida em

tais registros. Para tanto parte-se do pressuposto que tais folhetins são suporte e fonte de

informações. A pesquisa em questão fez uso de uma cartografia de documentos além de

uma análise documental. Ao termino da análise dos dados percebeu-se que nos grupos

temáticos emergentes destacando-se as temáticas cotidianas, onde se pode observar a

cultura popular manifestada sob sua faceta mais original, a religiosidade, tema esse de

grande relevância dentro do contexto cultural do sertanejo e das populações do Nordeste

do Brasil entre outros. Ressalta-se que o acervo não é apenas um registro de temáticas

variadas, mas sim uma coleção histórica com cordéis datados de 1912, o que evidencia

sua relevância na construção e reconstrução histórica da cultura popular do Nordeste do

Brasil como fonte de memória e registro histórico.

Uma construção de Pernambuco na Coleção Baltar

Rodrigo José Cantarelli Rodrigues (Fundação Joaquim Nabuco)

Resumo: Uma grande quantidade de quadros, gravuras, estampas, fotografias, mapas,

documentos e livros, foram coletados pelo Comendador Ferreira Baltar ao longo da sua

vida e deram origem a uma rica coleção focada em Pernambuco. Esta coleção foi

adquirida no final da década de 1920 pelo governo do estado de Pernambuco para compor

o acervo do recém-criado Museu Histórico e de Arte Antiga, num momento que o estado

estava tomado por um caloroso debate acerca da construção de uma identidade local.

Walter Benjamim afirma que ao se retirar os objetos da circulação comum e os unir

através de determinadas semelhanças, o colecionador os preserva dentro de um conjunto

único formado por ele, a coleção. Ainda segundo o autor, o colecionador coleciona

empreendendo uma luta contra a dispersão desses objetos afins, para lembrar-se de um

passado, o que acaba transformando esta coleção num lugar de memória, no sentido

proposto por Pierre Nora. O artigo investiga qual é o elemento comum encontrado entre

esses objetos coletados pelo Comendador Baltar e que deram origem a esta coleção. A

construção de uma identidade pernambucana que se dá a partir deste acervo fazia parte

dos discursos governamentais da época, o que levou a sua compra pelo governo do local

para compor o acervo do Museu Histórico e de Arte Antiga do Estado de Pernambuco.

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UM PATRIMÔNIO CHAMADO PERNAMBUCO: ANALISE HISTÓRICA

SOBRE A POLÍTCA CULTURAL PARA O PATRIMÔNIO CULTURAL

PERNAMBUCANO (1979 – 2010).

Diego Gomes dos Santos

Resumo: Este trabalho tem por proposta realizar uma investigação histórica sobre a

política cultural para o patrimônio de Pernambuco, durante o período de 1979 a 2010, a

fim de compreender, as estratégias e intencionalidades no processo de institucionalização

dos bens patrimoniais pelos aparatos jurídicos e legais. A saber, o Sistema Estadual de

Tombamento, para os bens materiais, criado pela Lei nº 7980/79, de 18 de setembro de

1979, e o Sistema Estadual de Registro, para os bens imateriais, criado pelo Decreto nº

27.753, no dia 18 de março de 2005. A escolha do recorte temporal se dá pelo fato de que

é nesse período que ocorreu todos os processos de patrimonialização a nível estadual. Ao

entender, assim como Lia Calabre (2009) políticas culturais como um conjunto de ações

elaboradas e implementadas de maneira articulada pelos poderes públicos dentro do

campo do desenvolvimento simbólico, falar em patrimônio cultural pernambucano

implica compreendê-lo como produto dos significados e valores atribuídos pelos

membros da comunidade imaginada (ANDERSON, 2008) chamada Pernambuco a um

determinado bem cultural que, portanto, vem a ser considerado importante para a

constituição da memória social e para a identidade cultural pelas qualidades que lhes são

outorgadas Nesse âmbito, Le Goff (1990: 476) afirma que “a memória é um elemento

essencial do que se costuma chamar de identidade, individual ou coletiva, cuja busca é

uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades hoje, na febre e na

angustia”. Esse processo não ocorre sem conflitos visto que determinar o que é digno de

preservação entre uma vasta gama de bens culturais existentes é uma decisão político-

ideológica, e não apenas técnica, que reflete valores e opiniões sobre quais bens merecem

ser eleitos para representar a cultura pernambucana, ainda que, na realidade, apenas uma

pequena parcela dessa cultura. Como lembra Roger Chartier (1990: 17) “as

representações do mundo social assim construídas embora aspirem à universalidade de

um diagnóstico fundado na razão, são sempre determinados pelos interesses do grupo que

as forjam”. Portanto, para a análise do processo de valoração dos bens culturais que foram

eleitos para constituir o patrimônio que hoje conhecemos como Pernambuco, analisamos

alguns processos de Tombamento e Registro realizados pelos poderes públicos

responsáveis por sua construção. Especificamente, o processo de Tombamento do terreiro

Obá Ogunté, um dos primeiros terreiros de xangô do Recife e representante das religiões

de matrizes africanas, em 1985, por ter sido um caso excepcional na prática do

Tombamento no estado. E o processo de Registro do Bolo de Rolo por ser apontado por

seus promitentes como iguaria autenticamente representativa da culinária pernambucana.

Reservatórios do passado: geopolítica e poder nos espaços públicos de memória em

Petrolina e Juazeiro

Elson de Assis Rabelo (Universidade Federal de Pernambuco)

Resumo: Este trabalho pretende fazer uma breve discussão sobre os acervos

heterogêneos de três espaços públicos de memória: o Museu Regional do São Francisco,

em Juazeiro, o Museu do Sertão e o material exposto ao público no Parque Josepha

Coelho, em Petrolina. A partir de determinados conceitos, como primitivismo e resgate,

e dos enunciados explicativos sobre esses espaços e suas referências políticas às elites

locais ou ao regime militar, pretendemos discutir os pressupostos geopolíticos e as formas

de monumentalização dos artefatos surgidas no final do século XX, os quais demonstram

uma preocupação com as transformações ocorridas nos espaços do Vale do São Francisco

e o surgimento de determinadas políticas de memória. Seja se apegando à elaboração da

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memória de práticas como a navegação fluvial, seja se inscrevendo nos estereótipos sobre

o sertão, esses espaços demonstram as implicações de sua localização e da relação com

os agentes sociais que forneceram os objetos museificados, o que acentua sua dimensão

geopolítica.

Museus em Rede: As coleções criam conexões

Bruno Melo de Araújo (Universidade Federal de Pernambuco)

Resumo: Este trabalho se debruça sobre o Patrimônio cultural da Universidade Federal

de Pernambuco. A necessidade de se salvaguardar a trajetória da universidade,

objetivando uma cultura de preservação da memória institucional, com sua consequente

utilização são elementos potencialmente importantes para construção de uma política de

preservação de acervos na UFPE. O projeto de pesquisa Museus em Rede: as coleções

criam conexões visa identificar e analisar, do ponto de vista da Museologia, os acervos

da Universidade Federal de Pernambuco. Em sua primeira etapa este projeto realizou

visitas aos Departamentos/Cursos, afim de investigar os processos museológicos

existentes nos espaços. Nesta verificamos a existência de equipamentos antigos,

conjuntos documentais, iconográficos, artísticos, acervos didáticos e científicos relativos

à História das Ciências e à Memória da UFPE. Para sistematização dos dados serão

utilizados dois instrumentos: a ficha de identificação de Museus/Coleções, com questões

institucionais e administrativas do local de guarda do acervo; e a segunda com breve

questionário relativo à caracterização do acervo. Visamos com esta ação subsidiar a

criação de um sistema de museus que possibilitem uma conscientização da preservação

dos espaços de memória e acervos da instituição.

24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

Festa da Cavalgada em São José do Belmonte

Juliana Rodrigues Alves (Colégio Ester Martins)

Resumo: Mito, tradição e história são três elementos presentes em 21 anos da cavalgada.

Os preparativos mobilizam a cidade durante quase todo o ano, onde a população reconta

uma história marcante e sangrenta que ocorreu no século XIX. Os figurantes

confeccionam roupas especiais para o evento e as ruas recebem decorações. A Casa da

Cultura e a Memorial Pedra do Reino ajudam a contar a história da festa e da cidade. O

presente trabalho se dedica a uma análise da festa da cavalgada que acontecem todos os

anos na cidade de São José do Belmonte em Pernambuco, com o objetivo principal de

compreender e discutir os processos que levaram a criação da festa. Será utilizado como

fonte, o acontecimento do sítio da Pedra do Reino, abordado pelos autores: Valdemar

Valente em Misticismo e Região e Jaqueline Herman em o Reino do Desejado. Os

métodos dessa pesquisa são realizados através de um levantamento bibliográfico sobre as

origens portuguesas do sebastianismo e suas relações com a zona sertaneja nordestina.

Servindo de base fundamental para análise da construção identitária e religiosidade dos

belmontenses.

Palavras-chave: Cavalgada; São José do Belmonte;

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RELIGIOSIDADE RECIFENSE NOTICIADA: A festa de Nossa Senhora do

Carmo nos Jornais dos anos de 1920

Larissa Carla Oliveira da Silva (Escola Vila Sézamo)

Resumo: No século XVI Pernambuco acolheu em suas terras a Ordem Carmelitana que

primeiro implantou sua Ordem e Convento na Vila de Olinda e pouco depois recebeu da

Câmara um terreno em Recife para seu estabelecimento. Os Carmelitas e a devoção a

Nossa Senhora do Carmo em Recife logo ganharam a simpatia e as comemorações

ganhando destaque no calendário dos festejos da cidade. Na década de 1920 mesmo com

os anseios de modernização, a tradicional Festa a Virgem do Carmelo ocorria com todas

as honras e demonstrações de fé. Através dos periódicos em circulação nos anos de 1920

o Jornal Pequeno e o Jornal Diário de Pernambuco foram analisadas as ocorrências das

manifestações populares durante os dias do novenário em veneração a Excelsa Padroeira

da cidade do Recife.

Eis que surge o Bloco Misto: participação das mulheres no carnaval de rua do Recife

na década de 1920

JULIANA DIAS PALMEIRA

Resumo: Resumo: A cidade do Recife, durante a década de 1920, passou por

transformações que alteraram a fisionomia da cidade bem como os costumes e os

comportamentos de seus habitantes. A modernidade que anseia o novo e refuta o obsoleto,

acaba por invadir o cotidiano da população, de modo a interferir até mesmo na festa

carnavalesca. Nesse momento de transformação surgem os Blocos Mistos, estilo de

agremiação carnavalesca que tem esse nome por agregar em sua formação homens e

mulheres. O objetivo desse artigo é procurar compreender quais as circunstâncias levaram

ao aparecimento e à organização dos Blocos Mistos e identificar qual o diferencial deles

em relação as outras formas de brincar o carnaval nas ruas da cidade. Lembrando que as

mulheres na década de 1920 passam a ter as possibilidades de circulação pelas ruas da

cidade ampliadas, também é foco deste texto procurar apreender as práticas dessas

mulheres atuantes na festa.

Palavras-chave: Bloco Misto; Mulheres; Recife.

As redes dos irmãos: associações leigas e redes sociais em Pernambuco, século

XVIII.

Henrique Nelson da Silva (Prefeitura Municipal do Recife)

Resumo: O presente trabalho tem como tema de pesquisa as irmandades leigas, assim

nos voltamos para o estudo dessas associações na Capitania de Pernambuco durante o

século XVIII. Nossa análise tem como foco o estudo das irmandades como espaços

políticos onde os diferentes grupos sociais de uma estrutura corporativa se representam,

desse modo, as associações apresentam-se não apenas como espaços de congregação da

fé cristã, mas como a reunião de múltiplos interesses. Assim, as análises sobre as diversas

dimensões as quais as irmandades leigas estavam inseridas, nos possibilitará descortinar

aspectos essenciais não apenas das irmandades, mas das dinâmicas das sociedades que

viveram no período estudado. Para isso procuraremos enfatizar os papeis das redes sociais

nas composições e manutenção das confrarias, onde exploraremos o nosso estudo acerca

da Irmandade de São José do Ribamar do Recife. Este trabalho tem como referência a

documentação da Irmandade de São José do Ribamar, pesquisada no Arquivo da 5º

Superintendência do IPHAN e nos documentos avulsos referentes às associações leigas

no Arquivo Histórico Ultramarino.

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Dispositivos de poder e repressão na UFRPE: trajetórias e memórias (1964-1980)

Denize Siqueira da Silva (Universidade Federal Rural de Pernambuco)

Resumo: A pesquisa propõe uma revisitação a Universidade Federal Rural de

Pernambuco nos tempos sombrios da Ditadura Militar e Civil no Brasil. Nosso objetivo

é compreender os arranjos e funcionamento da Polícia Política nesse espaço a partir dos

seguintes questionamentos: que nuances permeiam o apoio dado ao Regime Militar por

essa Instituição? Por que a UFRPE, principalmente seus agentes foram alvo de repressão?

Com o processo de redemocratização do País que identidades a Universidade tem

formado nas últimas décadas? Com essa proposição ressaltamos os caminhos da

metodologia que opta pela história narrativa e oral, privilegiando as memórias coletivas,

bem como as pesquisas documentais, nas quais a informação ocupa lugar estratégico para

reflexão sobre práticas repressivas, o Estado de exceção e seu aparato. Nessa perspectiva

o aporte-teórico proposto por Giorgio Agamben, Michel de Certeau, Michel Foucault,

Paul Ricoeur e Flávio Heinz representam nosso lugar de reflexão. Segundo Agamben o

'Estado de Exceção' é uma reconstrução histórica e uma análise da lógica e da teoria por

trás da sua evolução e consequências. De Certeau reforça nossa opção por este tipo de

análise, quando diz que a escrita acumula o produto deste trabalho. Através dele libera o

presente sem ter que nomeá-lo. Assim, pode-se dizer que ela faz mortos para que os vivos

existam. Logo, pode libertar o historiador para uma análise mais ampla do processo

histórico, dando-lhe conjuntamente maior responsabilidade em suas escolhas. Foucault

nos ensina que a informação enquanto um poder-saber, é possível identificar o domínio,

a amplitude e o efeito das práticas repressivas a partir do cruzamento das fontes escritas

produzidas pelos sujeitos imbuídos no processo. Ricoeur nos propõe a ideia de se fazer

uma fenomenologia da memória, e sua valorização buscando analisar a relação da

memória com as imagens. Flávio Heinz em seu livro Por outra história das elites, nos traz

uma análise do método prosopográfico que é a investigação das características comuns

do passado de um grupo de atores na história através do estudo coletivo de suas vidas, de

suas práticas. Assim, propomos evocar não só as regras de aproximação ou de cruzamento

das séries enunciativas, mas também como estas se excluem, como procuraram produzir

o silêncio das outras. Cientes de que o conhecimento histórico não é construído

unicamente pelo que dizem as fontes, mas as informações das fontes só são incorporadas

nas conexões que dão o sentido à história com ajuda do modelo de interpretação. Assim,

cabe a nós historiadores, observar não apenas o dito, mas, principalmente o não dito,

porque é nas entrelinhas da documentação que encontramos as respostas para um novo

fazer historiográfico.

Estudos sobre os Currículos do Ensino de História em Pernambuco

Ricardo de Aguiar Pacheco (UFRPE)

Resumo: O Observatório do Ensino de História em Pernambuco é uma linha de pesquisa

ligada ao Laboratório de Estudos Sobre o Patrimônio Cultural e Memória Social que

explora o campo do Currículo e deseja perceber a coerência entre a formação inicial dos

Professores de História, o Currículo de História das escolas, e as demandas das avaliações

nacionais tomando como recorte espacial Pernambuco e seus municípios. O debate

teórico acerca do currículo aponta para a o deslocamento da centralidade dos saberes

disciplinares para o processo de formação do sujeito (Silva, 1999). Nas políticas públicas

para educação o currículo deixa de ser uma lista de conhecimentos a serem memorizados

e passa a se estruturar por um conjunto de competências e habilidades (Brasil, 1998).

Deixa de ser uma receita de uniformização social e se torna uma questão identitária

reconhecendo que a escola é formadora do sujeito. As avaliações nacionais em educação

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têm materializado essa política pública estruturante do currículo da educação no país

(Sousa, 2003). De um lado elas indicam qualitativamente quais aprendizagens são

desejadas; de outro oferecem dados quantitativos sobre o nível de atendimento destas

expectativas. No cenário escolar atual é de se esperar que tanto os currículos das escolas

de ensino médio como os currículos dos cursos de formação de professores de história

façam um esforço de adequação curricular que potencialize a manipulação de

informações históricas em lugar de sua memorização (Pacheco, 2010). Esta

movimentação do sistema de ensino tem alterado a forma de organização do trabalho

docente e desafiado os professores, tanto do ensino médio como os formadores, a

mobilizar os saberes docentes (Tardif, 2005) para responder aos desafios postos de

promover um ensino diferenciado do que vivenciaram quando alunos.

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ST 12) História e ensino de História: relações entre diferentes práticas de

produção de conhecimento

Coordenação: CARLOS AUGUSTO LIMA FERREIRA, MARTA MARGARIDA DE

ANDRADE LIMA

23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

Um colorido conservador: o ensino de História em Pernambuco durante o Estado

Novo.

Nathalia Cavalcanti da Silva

Resumo: O trabalho que aqui se esboça propõe uma pesquisa que contribuirá na

construção da História da Educação em Pernambuco a partir na análise pormenorizada do

ensino de História durante o período do Estado Novo, entre os anos de 1937 a 1945.

Através da leitura e análise dos programas curriculares e dos jornais escolares, trazemos

como principal objetivo a compreensão de como a escola tornou-se um espaço central nas

políticas e na formação das identidades nacionais e regionais, assim como se constituiu a

recepção desses discursos por seus alunos. Cabe ressaltar que o trabalho apresentado é

resultante de pesquisas iniciadas ao longo da graduação em História pela UFRPE, e é

parte constituinte do projeto de mestrado em Educação pela UFPE, aprovado para ter

início no ano de 2014.

“Úteis à nação”: a FEBEM e a proposta da educação profissionalizante em

Pernambuco (1964-1985).

HUMBERTO DA SILVA MIRANDA (Universidade Federal Rural de Pernambuco)

Resumo: Este trabalho objetiva analisar o discurso da Fundação Estadual do Bem-Estar

do Menor – FEBEM sobre a educação profissionalizante destinada às crianças e

adolescentes atendidos nas suas unidades de atendimento. A análise dos documentos

produzidos pela instituição reproduz a ideia da “ressocialização através do trabalho”,

buscando construir conexões com as ideias elaboradas pelos governos militares (1964-

1985). Desse modo, debruçar-se sobre a documentação permitirá construir uma reflexão

sobre a relação desta instituição com a política social construída nos anos da Ditadura

Civil-Militar, na qual defendia a ideia que esses meninos e meninas deveriam se

ressocializar e se tornar “úteis à nação”.

O valor da história local para o ensino de história: Um olhar à memória da Rádio

Difusora de Caruaru

George Pereira da Silva (AEB/FABEJA)

Resumo: O presente artigo tem por objetivo estudar a instalação da Rádio Difusora de

Caruaru, localizada no Agreste de Pernambuco, observando a repercussão

socioeconômica e cultural trazida com a mesma, em tão grande empreendimento

radiofônico, analisando o valor da história local para o ensino de história. Para tanto,

utilizou-se de textos e entrevistas, através de fonte oral, além de discussões sobre aspectos

que envolvem as esferas do campo da história e da memória.

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Carnaval e ensino de história não-escolar: o caso da intervenção da Federação

Carnavalesca Pernambucana no Recife dos anos trinta.

Lucas Victor Silva (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO)

Resumo: Este artigo tem como proposta investigar a história do ensino de história em

Pernambuco na década de 1930, investigando a relação entre a produção e difusão do

conhecimento histórico e as ordens políticas instituídas. Entendemos que há um campo

de pesquisa em expansão sobre a História de ensino de história escolar no país. No Brasil,

segundo Thais Fonseca (2011), a maior parte da produção sobre ensino de história aborda

os currículos, a legislação educacional e livros didáticos como instrumentos de produção

do consenso político utilizados pelas elites e instituições estatais. No entanto, este artigo

analisa não a constituição disciplinar no tempo, mas os mecanismos de divulgação e

vulgarização do saber histórico no espaço não escolar, mas especificamente no espaço

das festas carnavalescas. Neste texto, analisamos a narrativa histórica difundida pela

Federação Carnavalesca durante o carnaval do Recife da década de 1930. Entendemos tal

narrativa como uma resistência à narrativa nacional construída a partir do regionalismo

paulista. A produção simbólica da Federação pode ser caracterizada pela apologia à

presença holandesa e pelo diálogo com as primeiras repercussões de Casa Grande e

Senzala e Sobrados e Mucambos, nos meios intelectuais locais. Sugerindo o tema das

fantasias e controlando os desfiles, a Federação utilizava-se do carnaval para reproduzir

os conteúdos das festas cívicas e desfiles patrióticos da década de trinta e expressar com

maior eficácia a ideia de uma cultura nacional-popular espontânea, autêntica e

representativa da leitura regional da identidade nacional. Nos estatutos da Federação

Carnavalesca havia a intenção expressa de transformar cada organização popular em

“núcleos educativos” que divulgassem o discurso nacionalista e o “amor à pátria e à

ordem”.

24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

Jogos Digitais e Ensino de História: Possibilidades e Desafios

Andersen Caribé de Oliveira (Secretaria Municipal de Educação e Cultura - Salvador)

Resumo: Estamos cada vez mais imersos num mundo, onde a tecnologia digital de

informação e comunicação determina a forma de interação entre as pessoas. Neste

contexto câmeras digitais, tocadores de MP3, e-readers e celulares, tornaram-se itens

quase que indispensáveis nos bolsos, bolsas e mochilas. Cada vez mais inovadores alguns

destes dispositivos permitem a conexão com o mundo através da navegação na internet

ao simples toque dos dedos nas suas telas touch screen. Os principais detentores destas

tecnologias são educandos do ensino fundamental e médio, atender a quem já nasceu sob

o signo das tecnologias digitais e telemáticas, habituado a configurar o seu espaço, que

aprende cada vez mais com base na experimentação e interação com as tecnologias está

cada vez mais difícil, Ao chegar a escola, este jovem encontra na maioria das vezes uma

proposta de aprendizagem entediante e desestimulante. Esta comunicação propõe uma

reflexão sobre Jogos Digitais e Ensino de História, debatendo as possibilidades

decorrentes da apropriação de elementos dos jogos digitais por professores para mediar o

ensino de História. Pensamos os jogos digitais como potencializadores do ensino de

História, a interação com estes artefatos culturais deve ser pensada subvertendo a

abordagem instrumental e mecanicista, para isso é preciso desenvolver estratégias que

explorem todas as suas particularidades e complexidade presentes, atraindo os

professores para serem sujeitos ativos deste processo de mediação. Além de contribuírem

para que os professores rompam as barreiras e se aproximem do cotidiano dos educandos,

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os jogos digitais aparecem também como ponto de atração do educando Com uma

proposta de aula mais dinâmica. Na medida que simulam eventos ou contextos históricos

que não podem mais ser vivenciados no presente; onde o interator é alçado a tomar as

decisões que influenciarão no andamento, não somente da partida que está sendo jogada

naquele momento, mas do contexto histórico do período ao qual ela se refere. Interferem

em costumes, hábitos, relações sociais e políticas, com isso teremos uma ação efetiva do

educando na construção do seu conhecimento histórico. Acreditamos que os jogos digitais

que trazem na sua narrativa eventos históricos, quando utilizados no ensino de história

com uma estratégia pedagógica coerente e embasada rompem com uma educação

tradicional, que tem uma aula conservadora e ultrapassada que não atende às demandas

do atual momento tecnológico em que vivem imersos os educandos.

A Poesia como estratégia metodológica na escolarização das jovens privadas de

liberdade de Pernambuco

VERA LUCIA BRAGA DE MOURA (SE/PE- Secretaria de Educação de Pernambuco)

Resumo: Este estudo discute as estratégias pedagógicas desenvolvida para escolarizar as

adolescentes privadas de liberdade do Estado de Pernambuco que são atendidas nos

Centros de Atendimento Socioeducativo –CASEs e nos Centros de Atendimento

Provisório-CENIP. O texto tem como objetivo central analisar o processo de

escolarização das jovens em privação de liberdade através da proposta pedagógica

implementada nas escolas dos Centros de Atendimento Socioeducativos e as práticas

pedagógicas utilizadas pela Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco visando

escolarizar as estudantes que vivem recolhidas nos espaços de privação de liberdade.

Pautamo-nos nas concepções de Paulo Freire, Michel Foucault, Erving Goffman, Antoni

Zabala, dentre outros. Foi utilizada como metodologia a análise de documentos oficiais

entre relatórios de professores e material utilizados e produzidos pelas adolescentes, bem

como, a pesquisa in loco. A pesquisa indica que existe um esforço no que se refere à

implementação da escolarização para as adolescentes privadas de liberdade, contudo, a

infraestrutura dos espaços de acolhimento ainda é inadequada para a efetivação da

proposta pedagógica, bem como as concepções de educação direcionada para as

adolescentes e sua forma de inserção na sociedade e nesses espaços muitas vezes entram

em conflito dificultando o processo pedagógico.

Meio Ambiente como Ensino Temático de História

ROSINETE MARIA SOUZA MOREIRA (Escola Ministro Jarbas Passarinho)

Resumo: Considerando as preocupações com a relação desequilibrada, dominadora e

necrotizante existente entre o ser humano e o meio ambiente, como também, a

necessidade de proporcionar uma educação inovadora e transformadora, fundamentada

na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e Parâmetros Curriculares Nacionais (PNCs), foi

desenvolvida uma proposta de meio ambiente como temática no ensino de história. Esta

é uma nova abordagem dos conteúdos no ensino escolar de história em substituição ao

tradicional ensino linear, que é um velho conhecido dos professores de história. A maneira

como essa temática é colocada na grande maioria dos livros de história e trabalhada nas

escolas, encontra-se dentro de limites e carências, não abordando por completo

explicações para algumas questões do presente e do passado, não satisfazendo os fins

educacionais. A partir do exposto este trabalho busca promover um processo de

conscientização e sensibilização para que os professores de história possam se

comprometer com o resgate de uma cidadania consciente e libertadora, A LDB e os PCNs,

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enfatizam a importância de se incluir a temática do meio ambiente como tema transversal

nos currículos escolares permeando toda pratica educacional. Portanto é necessário criar

possibilidades e estratagemas de ensino que favoreçam o aprendizado e os tornem

significativos para os estudantes, levando-os ao desenvolvimento de competências e

habilidades que possibilitem a formação de cidadãos conscientes e críticos da realidade

na construção do conhecimento.

Palavras-chave: Linear; Conteúdos; Temática.

25/07 - Sexta-feira - Tarde (14h às 16h)

Sobre o Ensino de História nos anos iniciais: O regional nos Parâmetros para a

Educação Básica do Estado de Pernambuco

Danielle da Silva Ferreira (Bolsista CAPES)

Resumo: Uma das grandes preocupações no Ensino de História contemporâneo é a

introdução dos estudos de História Regional nos anos iniciais da escolarização básica. Tal

discussão visa garantir a implementação de práticas de ensino que garantam ao aluno

perceber-se como voz ativa do processo de construção histórico-cultural do seu lugar em

articulação com outros sujeitos, tempos e lugares. Este entendimento perpassa também a

forma como são apresentados os direcionamentos curriculares para o trabalho com essa

temática. Entendemos aqui o currículo como constituído em movimentos e diálogos com

a cultura escolar e outras culturas, instrumento de poder que indica os conteúdos e

temáticas a serem contemplados para determinada disciplina. Goodson (2007), Viñao

(2006), Julia (1995) e Chervel (1991) nos ajudaram a pensar a constituição do currículo

e da cultura escolar inseridos nas discussões sobre a história das disciplinas escolares.

Utilizamo-nos de Graça Filho (2009), Correia (2002) e Barros (2013) para compreender

o engendramento das perspectivas sobre o regional. Estes são importantes referenciais

para discutir o lugar ocupado pela História Regional nos Parâmetros Curriculares de

História – Ensino Fundamental e Médio – do Estado de Pernambuco (2013), em suas

considerações para o Ensino de História nos anos iniciais. Para isso nos perguntamos:

Como são apresentadas as orientações no documento curricular para o trabalho com a

perspectiva regional, destacando a importância do caráter de formação histórica dessa

temática? A metodologia aqui empreendida foi de cunho qualitativo, com análise

documental do referencial curricular em questão. Observamos indicações significativas

para a valorização das diversas vozes que articulam a formação do processo histórico

regional destacadas em algumas das expectativas de aprendizagem propostas no

documento: “Identificar os diversos grupos sociais, culturais, raciais, étnicos que

constituem e que participaram da formação e transformação de diferentes espaços sociais,

que constituem a localidade; Compreender numa perspectiva crítica e histórica, os

diferentes significados de identidade, diversidade solidariedade e cultura”, dentre outras.

Consideramos este documento como um instrumento de acompanhamento, avaliação e

diagnóstico do processo escolar que apresenta-se como uma importante referência para

orientar o processo de ensino e aprendizagem de História em Pernambuco. Ao propor que

sejam contempladas as particularidades dos grupos regionais, a construção histórico-

identitária regional e a formação da percepção de sujeito histórico não só no regional, mas

em perspectivas históricas mais amplas, o documento está afinado as prerrogativas

contemporâneas tão preconizadas no contexto do Ensino de História para os anos iniciais.

O Ensino de História nas Escolas de Referência do Recife Norte – Refletindo sobre

o Programa e sua validade

LENIVALDO CAVALCANTE DA SILVA (SEDUC)

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Resumo: As Escolas de Referência tem sido, ao longo do atual Governo do Estado de

Pernambuco, alardeadas como a grande solução para o problema da Educação no dito

Estado. Ao “resgatar” o discente, antes disperso e propenso à evasão, o programa vem

tomando proporções de salvação da pátria e o “caminho a ser seguido”. Mas, um olhar

apurado, aponta para uma necessidade de maior atenção ao programa a ser executado ou

como são interpretados. Tomando a componente História como objeto de estudo,

podemos perceber algumas questões inquietantes: Como ensinar História a discentes que

chegam ao Ensino Médio praticamente iletrado? Como transformar um aluno, de mero

reprodutor de informações, em um sujeito crítico, ativo em sua sociedade? Sobretudo,

com a obrigatoriedade de seguir um gigantesco currículo, que parece não ter uma

identidade e em um tempo reduzido?

ENTRE A NORMA E A PRÁTICA: ANALISANDO O CURRÍCULO DAS

ESCOLAS DE REFERÊNCIA DO RECIFE.

Keyth Saborido Ratis (UFRPE)

Resumo: A presente publicação visa apresentar as atividades da pesquisa desenvolvida

através do Observatório do ensino de História em Pernambuco. A proposta é analisar o

currículo da disciplina de História nas escolas de Referência do Recife, comparando com

a matriz de referência curricular do ENEM. A princípio foram escolhidas 4 escolas em

Recife, atendendo a regiões distintas da cidade de Recife e a quinta localizada na cidade

vizinha, Camaragibe. Após o contato com os professores, foram feitos registros

fotográficos dos diários de classe, para que os conteúdos fossem listados e pudessem nos

oferecer dados a respeito do currículo organizado por cada professor. O passo seguinte é

transformar esses conteúdos de aula em objetivos e estes por sua vez, serão relacionados

às competências da matriz curricular do Enem. A matriz foi tomada como referência, pois

ao fim do processo esperamos analisar a forma como esses alunos foram preparados para

o exame e poder identificar quais estratégias usadas em sala de aula contribuíram para

aquisição de competências necessárias para solucionar as questões de História da prova.

A metodologia desenvolvida a partir desse cruzamento de dados possibilitará um

mapeamento das competências trabalhadas no ensino médio. E por outro ângulo verificar

se o os alunos estão realmente familiarizados com o modelo da prova e preparados para

solucionar questões que exigem bem mais que o próprio conteúdo. Nossa hipótese gira

em torno da ideia de que a escola ainda não atingiu o nível de preparação desejada para o

exame, tendo em vista que nos últimos anos o Enem se tornou um dos principais meios

de acesso ao Ensino Público de Nível Superior.

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ST 13) História, Ciência e Saúde no Brasil

Coordenação: Ricardo dos Santos Batista, Ana Clara Farias Brito

24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

Mundos diferentes, visões e métodos similares: as artes de curar no Brasil

seiscentista. João Batista de Cerqueira (Universidade Estadual de Feira de Santana)

Resumo: Apesar de viverem à época em continentes distintos, culturalmente separadas,

as populações europeias e americanas seiscentistas, nos domínios das artes de curar,

apresentavam traços comuns quanto à visão de doença e métodos para tratamento. Em

ambos os casos, as pessoas acreditavam que as doenças eram provocadas por fatores

externos que invadiam o corpo a exemplo de forças misteriosas, sobrenaturais e

invisíveis, tais como maus espíritos, deuses vingativos, maldições e influência dos astros

celestes. Essas crenças podem ser admitidas como lógicas nos grupos humanos que

acreditam na existência da alma como sendo o princípio da vida e, portanto, as funções

do corpo podem sofrer disfunções a partir do momento que um agente externo a

perturbe. Se a doença era provocada por uma causa externa, para restabelecer a saúde era

necessário expulsar esses “invasores”. Assim, os terapeutas europeus ocidentais

recorriam às rezas e aos santos, praticavam sangria, faziam purgação, estimulando os

pacientes a urinar, vomitar ou defecar, além de prescreverem o uso de especiarias

orientais e remédios oriundos principalmente do Reino Vegetal. Na época, a botânica,

pelo interesse do uso das plantas como remédios fitoterápicos, era considerada um ramo

da medicina. No Brasil, por sua vez, o Feiticeiro africano e o Pajé indígena eram figuras

que representavam um misto de curador, sacerdote, ou aquele que mantinha relações

ocultas com os espíritos e os deuses. Também nos tratamentos das doenças, estes

lançavam mão de rituais religiosos, purgavam, sarjavam, praticavam a sangria e

utilizavam espécies da rica flora e fauna nativa, sendo assim capazes de minorar as dores

e curar doenças. A percepção de que a visão sobre as causas das doenças e que os métodos

para tratamento das mesmas, praticados tanto pelos indígenas e feiticeiro no Brasil quanto

pelos terapeutas da Europa seiscentista, tinham como base princípios similares, foi

registrada pelo médico holandês Guilherme Piso, que considerava que, os primeiros, com

base apenas na experiência, não tinham a formação teórica dos segundos. Formado pela

Universidade de Caen, Piso, que veio para o Brasil em 1637 na condição de médico de

João Maurício de Nassau, observou também que nas artes de curar, seus “colegas”

indígenas, da mesma forma que na medicina hipocrática e galênica ensinada e praticada

na Europa ocidental, “pesquisavam o conhecimento das doenças pelos sintomas” e

tratavam as mesmas “opondo remédios contrários”, preparados com ervas da rica flora

local.

Palavras-chave: artes de curar, doenças, galênismo, Brasil seiscentista.

Saúde e Vida longa! O Saber médico e a educação sanitária divulgadas no Jornal o

Pharol. 1915-1930.

Ana Clara Farias Brito (Universidade Estadual de Pernambuco)

Resumo: O presente trabalho tem o objetivo de entender a inserção do saber médico no

vale do São Francisco observando o papel do jornal “O Pharol” como divulgador dos

ideais higienistas na região. O ano de 1910 é marcado pelo surgimento do movimento

sanitarista que objetivava sanar as endemias rurais que constantemente assolavam o

Brasil doente. Tal movimento, organizado por médico e intelectuais da então capital

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federal redefine as fronteiras entre sertão, litoral, rural, urbano usando como referência as

definições médicas cientificas que caracterizam os limites destes espaços pela ausência

do poder público e a presença de doenças endêmicas. É a partir das proposições deste

movimento, que a saúde ganha visibilidade passando a ser organizada através de políticas

sanitárias em âmbito nacional, comandadas pelo governo federal.

No sertão do Vale do São Francisco as expedições médico-científicas se iniciaram no ano

de 1912 evidenciando na concepção dos médicos; o atraso, a doença, a miséria e o

abandono do homem do interior. Nas cidades de Petrolina e Juazeiro, desde o ano de

1915, o Pharol, periódico de maior circulação na região, servia como meio de propagar

as ideias higienistas e a educação sanitária, intermediando o novo entendimento da

relação do indivíduo com o espaço e entre si, em prol de sanar as doenças e prover a

civilização. Neste sentido, os redatores clamavam por intervenções no espaço urbano no

que se refere a sua higiene, como a criação de matadouros, ou a regulação sobre os dejetos

e águas servidas despejados em ambientes coletivos. No que se refere aos indivíduos,

destaca-se no periódico, a necessidade de higiene pessoal e o incentivo a ingestão de

substâncias que fortalecessem o organismo e dificultassem a ação das doenças, caso dos

tônicos, xaropes e emulsões. Neste sentido, propõe-se neste trabalho a problematização

das matérias contidas no jornal o Pharol entre os anos de 1915 a 1930 entendendo os

elementos eleitos pela imprensa para dar destaque aos ideais higienistas que surgia na

região.

Sífilis e Organização Sanitária: os dispensários de Salvador e a Diretriz Nacional de

Saúde Pública

Ricardo dos Santos Batista

Resumo: Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise do tratamento da sífilis na

cidade de Salvador, através do atendimento que era oferecido nos dispensários

profiláticos em fins da década de 1920. A criação do Departamento Nacional de Saúde e

a reorganização sanitária da Bahia, com a criação da Subsecretaria de Saúde e Assistência

pública viriam a contribuir para a forma como a doença era tratada na capital do estado.

Para esse estudo, foram utilizadas leis nacionais, estaduais e municipais, relatórios

médicos, o jornal Diário de Notícias, entre outras fontes que contribuíram para a

reconstituição do processo. Guardadas as devidas proporções, o estado buscou

corresponder às expectativas nacionais, trabalhando pela melhoria dos serviços, mas em

condições estruturais nem sempre tão favoráveis.

Epidemia de gripe na Bahia em 1951: o protagonismo de Fúlvio Alice no isolamento

do vírus e controle da doença

Guilherme Augusto Vieira (UNIME) e Amilcar Baiardi. Resumo: O objetivo deste trabalho é descrever o protagonismo de Fúlvio Alice,

pesquisador residente em Salvador, Bahia nas pesquisas de isolamento do vírus da gripe

que assolou o Brasil e a Bahia em 1951. O fato científico foi de grande relevância para o

combate à doença na época, pois com o isolamento do vírus foi possível sintetizar uma

vacina específica e eficiente para o combate à pandemia. Para isolar o vírus da gripe,

Fúlvio Alice utilizou a técnica de isolamento de vírus em embriões de galinhas, que se

mostrou mais eficaz do que a inoculação em mamíferos. Era a primeira vez que esta

técnica foi adotada na Bahia para isolar o vírus da gripe. Segundo Cruz e Souza, quando

a epidemia se instala em uma população, “as autoridades buscam explicá-las e combatê-

las, por meio de campanhas de saúde pública, de ações de quarentena, etc. se utilizando

de recursos disponíveis para mostrar à sociedade que está atuando”. Durante o surto da

gripe de 1951 a atuação das autoridades não foi diferente, ocasião na qual, foram

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importadas vacinas dos Estados Unidos com a finalidade de imunizar a população. A

importação foi questionada por alguns profissionais, entre eles, Fúlvio Alice, que

suspeitava ser o agente da pandemia na Bahia uma outra cepa de vírus, daí a necessidade

de encontrar uma vacina diferente da que seria importada. Os ensaios de laboratório

confirmaram a suspeita quanto à baixa eficiência da vacina importada, o que levou à

pesquisa e desenvolvimento de uma outra vacina. As pesquisas foram realizadas no

Instituto Biológico da Bahia e no Instituto de Saúde Pública da Fundação Gonçalo Muniz.

Fúlvio Alice foi um pesquisador, veterinário de profissão, que viveu na Bahia entre 1940

a 1980. O mesmo foi também realizador institucional, atribuindo-se a ele a criação do

Instituto Biológico da Bahia, local onde realizou diversas pesquisas em laboratório de

referência em pesquisas veterinárias. Seus estudos e pesquisas contribuíram para a saúde

e para a economia do Estado da Bahia e do Brasil. Entre eles estão os diagnósticos e o

isolamento de vírus referentes a enfermidades que acometiam os rebanhos, tais como:

Doença de Newcastle, a Febre Aftosa, a Encefalomielite e a Raiva. As contribuições de

Fúlvio Alice estendiam-se à saúde animal e à saúde pública humana, graças ao domínio

das técnicas de isolamento de vírus e desenvolvimento de vacinas por ter se destacado

como virologista.

A EMBRAPA NO VALE DO SÃO FRANCISCO (1979-1990)

NILTON DE ALMEIDA ARAÚJO (UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO

FRANCISCO)

Resumo: Este trabalho trata da institucionalização da agronomia como campo científico,

analisando a agenda de pesquisas de uma unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (EMBRAPA) em Petrolina, o CPATSA – Centro de Pesquisa Agropecuária

do Trópico Semiárido – no período de 1979 a 1990. Focado na documentação escrita, este

trabalho se integra a uma incursão por meio da história oral junto a engenheiros e

engenheiras agrônomos, para construir uma intervenção contextualizada que pretende

problematizar gostos de classe e estilos de vida de cientistas e técnicos de um lado, e

assalariados rurais sindicalizados, de outro lado, na região do Vale do S. Francisco ao

longo da segunda metade do século XX, por meio de entrevistas. Naquele recorte

temporal, o CPATSA consolidou quatro campos experimentais, três nos municípios de

Petrolina-PE e um em Juazeiro-BA. Em Pernambuco foram instalados o Campo

Experimental de Manejo de Caatinga, o Campo Experimental do Submédio São Francisco

e a Estação Experimental de Bebedouro. Na Bahia foi instalada a Estação Experimental

de Mandacaru. De 1979 a 1990 foram publicados 897 trabalhos agrupadas em torno de

quatro principais eixos temáticos: 1) Inventário de Recursos Naturais e Socioeconômicos;

2) Desenvolvimento de Sistemas de Produção para Áreas de Sequeiro; 3)

Desenvolvimento de Sistemas de Produção para Áreas Irrigadas; 4) Manejo da Caatinga.

Uma das conclusões da presente investigação é que a EMBRAPA-CPATSA representou

uma reorganização do campo científico e burocrático no Vale do São Francisco a partir

de Petrolina, antes que um marco zero. Adotando o que denominou em seus documentos

oficiais de “enfoque sistêmico”, buscou transferir e adaptar as tecnologias disponíveis,

desenvolvendo uma agenda própria mas esta estava integrada a uma nova política

científica e tecnológica para a agropecuária no país e ao ensino agronômico, representado

na região pela Faculdade de Agronomia do Médio São Francisco (FAMESF).

Hollywood vem pra América Latina na Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

Clara Regina Almeida

Resumo: Esta pesquisa estuda as estratégias de aproximação utilizadas pelos Estados

Unidos para com a América Latina, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Para

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tanto, selecionamos as seguintes películas: Você já foi a Bahia?, Wake Island e Sargento

York, e os periódicos, Scena Muda, Fonfon, Cineart e Careta. Através dessas obras,

mostraremos que o cinema hollywoodiano entra com o papel de potencializar a difusão

dos ideais norte-americanos e de defender a América como um todo do nazismo. Vale

salientar que neste período os EUA inovam, quando deixam de impor a sua cultura e

buscam entender a cultura latina, no intuito de melhor se aproximar dos “irmãos”. Assim,

este trabalho explicita como o cinema serviu enquanto instrumento disseminador da

Política de Boa Vinhança na América Latina, mais especificamente no Brasil. De modo

geral, mostraremos que esta Política de Boa Vizinhança, foi na verdade, uma estratégia

dos Estados Unidos para ganhar o apoio dos latinos contra a ameaça nazista.

Palavras-chave: cinema, guerra e política

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ST 14) Histórias dos Sertões: articulando temas, tempos e fontes

Coordenação: TATIANA SILVA DE LIMA, MARIA DO BOM PARTO FERREIRA

BURLAMAQUI PROA

24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

Inventários como fontes para a história de Alagoas: Limoeiro de Anadia na

segunda metade do século XIX

Hélder Silva de Melo (Secretária de Educação de Arapiraca)

Resumo: É praxe caracterizar a história de Alagoas, em variados temas e épocas, como

sendo lacunar. Fruto de uma pesquisa maior desenvolvida dentro do Grupo de Estudos

Mundos do Trabalho da Universidade Estadual de Alagoas e que, atualmente, vem sendo

desdobrado numa pesquisa em nível de mestrado no Programa de Pós-Graduação em

História da Universidade Federal de Pernambuco que conta com financiamento do

CNPQ, este trabalho objetiva levantar questionamentos sobre a história de uma parte de

Alagoas, a saber: a freguesia de Limoeiro de Anadia, criada na década de 1860 e que,

durante o período em estudo, pertencia a Vila de Anadia. O território que abrange tal

freguesia corresponde hoje a boa parte dos atuais municípios do Agreste de Alagoas,

região localizada entre o Sertão, na sua conotação atual e a Zona da Mata. As fontes

principais deste trabalho são inventários post-mortem, localizados no Cartório do Único

Ofício de Limoeiro de Anadia. Tais fontes, por suas características, permitem desenvolver

levantamentos sobre a economia local, a vida material de quem as produz, até mesmo a

espiritualidade do período. Além disso, cruzados com outras fontes, os inventários

permitem desenvolver trabalhos sobre a formação social tanto da elite local como dos

homens livres pobres de determinada região, passando ainda pela história dos

escravizados. Neste trabalho, faremos a análise das características econômicas da região

em análise, estudando inventários das décadas de 1850 até 1880.

Negros Laços: Filhos de cativas e o perfil da família escrava em Juazeiro -BA 1871-

1877

CAMILA ALVES CORRÊA (CETEP)

Resumo: Este artigo refere-se a uma parte de uma pesquisa apresentada no trabalho de

conclusão de curso no ano de 2013, com o título de Negros Laços: filhos de cativas e o

perfil da família escrava em Juazeiro-BA (1871-1877). Para o desenvolvimento desta

investigação utilizamos assentamentos de batismo do primeiro livro de registros, que

iniciaram em julho de 1871 e terminam em julho de 1877. Inicialmente este artigo busca

contextualizar o momento em que se originaram o tipo de documentação usada nesta

pesquisa. A elaboração de assentamentos de batismo insere-se com contexto do século

XVI, onde através do Concílio de Trento, a Igreja Católica busca reformular e reafirmar

suas práticas, a fim de, fortalecer-se diante do protestantismo. Os registros de nascimento

marcavam a inserção dos indivíduos na religião, igualmente representavam uma forma

de reconhecimento dos seus novos membros, assim como, uma forma de controle da

igreja. Os registros encontrados inserem-se em uma conjuntura política de criação de

medidas que buscou alternativas para o fim gradual da escravidão no Brasil, evitando

assim, maiores perturbações aos proprietários de cativos. Uma destas medidas foi a

criação da lei número 2.040 de Setembro de 1871, popularmente conhecida como Lei do

Ventre Livre. Após a contextualização do cenário que se insere a criação da lei, partimos

para a verificação da condição jurídica das crianças filhas (os) de mães escravas,

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buscando compreender como a legislação interferiu em suas vidas, se de fato as crianças

nascidas após a lei adquiram a condição de livres. Palavras-Chave: Registros de

batismo; Lei do Ventre Livre; liberdade.

Escravidão e liberdade em Juazeiro – Bahia, 1835 – 1888: potencialidades de

pesquisa.

Tatiana Silva de Lima (UPE)

Resumo: Esta comunicação pretende explorar as potencialidades de pesquisa que existem

em Juazeiro da Bahia sobre a passagem da escravidão à liberdade no século XIX. Até

onde podemos estudar, constatamos que prevalecem as pesquisas a respeito do sertão

pernambucano banhado pelo Rio São Francisco, não havendo um campo de estudo

consolidado sobre Juazeiro da Bahia, que foi uma sociedade escravista e se tornou um

significativo núcleo urbano do interior brasileiro. Em contrapartida e felizmente, o

município conta com expressivos e preciosos acervos documentais sobre a temática

abordada, que não encontramos em todo país, em bom estado de conservação e acessíveis

à pesquisa. São eles: assentos de batismo, encontrados na Igreja Matriz Nossa Senhora

das Grotas, e livros de escrituras públicas (onde existem registros de posses de cativos e

de cartas de alforria) – guardados no 1º Tabelionato de notas de Juazeiro. Sendo assim,

trataremos das possibilidades de preencher lacunas científicas acerca da passagem da

escravidão à liberdade em Juazeiro, contribuindo para o entendimento das transformações

e continuidades das relações sociais escravistas, da construção do mundo dos livres, e

para a compreensão de quem fomos e somos.

O negro na história do sertão.

Flaviany Bruna do Nascimento Tavares (Secretária de Educação de Afogados da

Ingazeira)

Resumo: Depois de muitos anos e estudos que desconsideravam a participação negra na

formação cultural e econômica do sertão, hoje percebemos o efeito do novo movimento

que se formou a partir dos anos 80 no Brasil. Tanto as pesquisas sobre a região sertaneja,

como a temática negra sofreram significativas revisões a partir desse período de agitação

política e intelectual brasileiro. Com o estimulo das produções de historiadores como

Clovis Moura (1981) e Ciro Flamarion Cardoso (1987), por exemplo, algumas análises

foram repensadas e outras criadas. As diferentes formas de ver e viver como escravo ou

liberto, conhecidas nas regiões litorâneas, permitiram uma reavaliação da sociedade

sertaneja, bem como os estudos culturais locais. Relatos orais passam a dar voz aos

vestígios ali existentes: senzalas, danças, modos de fazer, persistem na memória dos

descendentes dos negros escravos na região, representados especialmente pelas

comunidades quilombolas. Envolto, nas ideias que permearam a história nacional durante

muitos anos, o negro que parecia ausente no semiárido nordestino começam a aparecer,

especialmente através dos seus remanescentes quilombolas nessas regiões.

Demonstrando que não apenas o colonizador branco e o índio bravo formaram a

identidade local, mas a participação negra também existiu. Como escravo, como liberto,

como apadrinhado ou renegado, o negro faz parte da formação da identidade sertaneja. E

suas formas de ‘ser’ e ‘estar’ são cada vez mais visíveis. É esse universo do negro escravo

ou liberto, no lugar do sertão pernambucano que pretendemos estudar. Reavaliando o

discurso construído e ainda imbuído do discurso generalizante do litoral e da

miscigenação, considerando assim suas semelhanças e principalmente as suas

particularidades. Rediscutindo a organização social estabelecida no passado, os textos e

estudos realizados que descrevem a presença negra. É notória a necessidade de conhecer

suas origens para reconhecer-se como parte de um grupo e é comum encontrarmos, ainda

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no século XXI, resistência no sertão quanto ao reconhecimento e integração da cultura

afro-brasileira ocasionada pelo desconhecimento. Isso em grande parte manutenção da

segregação e dos estereótipos criados sobre a presença dela, especialmente quando

falamos da religiosidade. O estigma do negro escravo e inferior ainda se faz presente e

dificulta o estudo, a conscientização, valorização da memória negra na região. Nesse

sentindo, o discurso do tempo da escravidão se faz presente e distância o sertanejo da sua

cultura histórica – entendida como a propagação da história feita por não historiadores,

mas que reflete e influência o cotidiano e os discursos, principalmente regionais -, da

integração social e do respeito que dele advém.

25/07 - Sexta-feira - Tarde (14h às 16h)

Transporte e comércio em um rio do Império: Baixo São Francisco, 1850-1881.

LUANA TEIXEIRA (PPGHistória UFPE)

Resumo: Esta comunicação reflete sobre as transformações nas relações comerciais e nas

estruturas de transportes no São Francisco alagoano e sergipano à luz dos projetos de

desenvolvimento do Império. Em meados do oitocentos, uma das principais questões em

termos de infraestrutura no Brasil foi encontrar uma solução para comunicar o todo o Rio

São Francisco ao Oceano Atlântico. Um dos caminhos deste projeto seguiria seu curso e

levaria desenvolvimento para a região. Esta comunicação analisa as transformações nas

relações comerciais e nas estruturas de transportes no São Francisco alagoano e sergipano

à luz dos projetos de desenvolvimento do Império. Em meados do oitocentos, uma das

principais questões em termos de infraestrutura no Brasil foi encontrar uma solução para

comunicar todo o Rio São Francisco ao Oceano Atlântico. Um dos caminhos seguiria seu

curso e levaria desenvolvimento para a região do Baixo São Francisco. A introdução da

navegação a vapor, as dinâmicas de transporte terrestre, fluvial e marítimo, o papel do

Porto de Penedo, a abertura à navegação estrangeira e as ligações comerciais com o sertão

pernambucano serão temas abordados. Apresentaremos alguns aspectos desse processo

histórico entre 1850 e 1881 e uma reflexão acerca daquele momento em que a

comunicação do rio com o mar esteve em evidência na política econômica imperial.

O Sertão transfigurado: História Social da vitivinicultura no Vale do Submédio São

Francisco (1940-1980)

Edlúcia da Silva Costa (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia-PE)

Resumo: A palavra “sertão” tem origem controversa. Há duas versões correntemente

aceitas. Uma delas afirma que a expressão deriva de um vocábulo angolano: “mulcetão”,

que significaria “lugar interior”, “terra entre terras”, “local distante do mar”. Do vocábulo

original alterou-se para “celtão”, depois “certão”, até chegar à forma usada atualmente.

A outra versão, predominantemente aceita, filia “sertão” ao étimo latino “desertanu”,

utilizado para designar regiões interioranas, cujo clima não seria necessariamente árido,

que teria sido modificado para “desertão” e posteriormente, “sertão”. Porém, não é

somente a questão etimológica que intrigou os intelectuais. O Sertão é um cenário

recorrente nas interpretações sobre o Brasil. Visto, desde a colonização, como ambiente

hostil, espaço vazio a ser conquistado pela “civilização”. Nos discursos sobre a

construção nacional e a formação da nacionalidade brasileira, o Sertão surge como

“invenção” dos homens litorâneos cultos como oposição, como descontinuidade

territorial e cultural a ser superada. O desenvolvimento econômico da região, a partir de

meados do século XX, através de inovações advindas da Revolução Verde – insumos

químicos, sementes de laboratório, irrigação e mecanização no campo - representou a

chegada de um modelo de modernização que alterou a paisagem da região e vem

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rompendo a visão tradicional que filiava o Sertão ao “atraso” econômico e cultural. O

afluxo de empresas do setor agroexportador, incluindo as vinícolas, acompanhou esse

movimento. No entanto, o boom do agronegócio no Brasil representou mudanças

significativas no cotidiano dos trabalhadores rurais, através de novas relações de trabalho

e novas formas de exploração dos recursos naturais. Esse trabalho propõe-se a discutir o

impacto social da produção de vinhos finos – reconhecidos internacionalmente - no Vale

do Submédio São Francisco, indicando benesses e adversidades desse processo.

Sobre os espaços que se transformam: as memórias em disputa na cidade de

Juazeiro/BA.

Pablo Michel Candido Alves de Magalhaes (Historiador)

Resumo: O presente estudo visa promover reflexões em torno da relação entre hidrovia,

ferrovia e rodovia na cidade de Juazeiro/BA, e de que forma esta cidade ribeirinha, com

um histórico de práticas de sociabilidade construídas através das navegações no São

Francisco, sofreu transformações em seu cotidiano urbano com o advento da rodovia.

Para tal, recorreremos a utilização da história oral, buscando perscrutar as perspectivas e

percepções dos citadinos juazeirenses sobre este processo, delimitando nossa análise

entre as décadas de 1950 e 1970; além disso, serão de fundamental importância os

registros fotográficos produzidos no local, enfocando o urbano e suas transformações ao

longo do período aqui recortado. Nosso objetivo central, destarte, gira em torno da

reflexão sobre o modo como os nossos depoentes perceberam as transformações físicas

da cidade, principalmente a partir da construção da ponte Presidente Dutra, da conexão

rodoferroviária com o Estado de Pernambuco e a "febre rodoviária" das décadas de 1950

e 1960, e até que ponto tais mudanças representaram (ou não) um trauma para estas

testemunhas oculares. Este trabalho é parte da pesquisa desenvolvida na dissertação ora

construída para o PPGH - Mestrado em História da Universidade Estadual de Feira de

Santana.

Mulheres discutindo as relações de Gênero na Seca de 1979-1983 no Sertão

semiárido de Pajeú.

UILMA MAIRA QUEIROZ SILVA (CENTRO DE EXCELÊNCIA MUNICIPAL DOM

MOTA)

Resumo: O presente trabalho monográfico se propõe a historiar sob o olhar das

construções dos papeis de Gênero o movimento de mulheres populares no cenário da Seca

de 1979-1983, no Sertão do Pajeú pernambucano, bem como discute a ideia de Seca

analisando-a como um fenômeno Político e Sociocultural, causada não pela falta de

chuvas, mas sim pela desigualdade social o sertão semiárido do que transforma a

Estiagem em Seca. A mulher do Sertão do Pajeú no Bioma Caatinga vítima da

desigualdade social, das prisões impostas pelos papeis de Gênero que norteavam as vidas

desses agentes históricos no âmbito doméstico, do trabalho, no público e até na

participação de programas de governo, que visavam ‘combater a seca’ prestando

assistência emergencial, como distribuir Cestas Básicas as famílias vítimas da Seca em

troca de mão de obra em obras públicas, Frentes de Emergências, no entanto a política

assim como o estado brasileiro era heteronormativa e só entendia como família um núcleo

com presença masculina. Porém diante da realidade de Seca surgiu no Sertão de Caatinga

as ‘viúvas da Seca’, mulheres deixadas ou abandonadas pelos maridos que eram os

primeiros a se retirar do Sertão em Estiagem transposta em Seca, já que ao gênero

masculino, cabia o sustento da família, enquanto ao feminino fora incumbido de ficar e

administrar a miséria. As prisões de gênero tornavam as Mulheres e as crianças as maiores

vítimas da seca, pois ficavam no cenário Seca não apenas de água e alimento, mas,

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sobretudo de dignidade. Nesse cenário as mulheres se organizam em sindicatos,

associações, passeatas, grupos de Mulheres, que posteriormente se configuraram em

ONGs, mas que no período histórico que nos propomos a analisar, mesmo em período

onde o feminismo estava em alta no sudeste, esse movimento inicial não discute a reflexão

sobre o ser mulher, mas sim modelo de família vigente patriarcal se configurando como

movimento de lutas por sobrevivência sua e dos seus filhos, elas transcende o doméstico

e exigem participação em programas de emergência governo, se afirmando como cidadã,

como seres políticos.

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ST 15) História Indígena: “Memórias dos índios, sobre os índios e história pública

em Pernambuco"

Coordenação: DENISE BATISTA DE LIRA, EDSON HELY SILVA

23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

Memórias Indígenas e História Pública sobre os Índios: um diálogo entre as

memórias dos índios sobre o passado, historiografia indígena em Pernambuco e a

emergência da identidade indígena no Nordeste Carlos Fernando dos Santos Júnior (Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco)

Resumo: A questão central da pesquisa é sobre os usos que as populações indígenas

fazem de suas memórias coletivas e das memórias públicas sobre eles, construídas pela

História, para o acionamento de suas identidades. O presente artigo foca-se em

estabelecer uma relação entre as memórias dos índios no Nordeste, especialmente os

povos indígenas em Pernambuco, e a memória produzida pela historiografia. E o uso que

os indígenas fazem dessas duas memórias nos seus projetos políticos de reconhecimento

social e acesso à terra. Ao longo deste artigo, busca-se a compreensão dos usos que os

povos indígenas no Nordeste fazem das suas memórias coletivas sobre o passado, das

pesquisas historiográficas sobre a temática indígena para afirmação de sua identidade e a

conquista de direitos. Em especial, como o Povo Pankará e o Povo Atikum acionam as

suas memórias e a história indígena em Pernambuco para afirmação pública de suas

identidades, na luta pelo reconhecimento político e o direito a manutenção de seus

territórios tradicionais.

DISCUTINDO “CATECHESE” E CIVILISAÇÃO DOS INDIGENAS: Colônia de

São Pedro do Pindaré- MA (1845-1881)

Karilene Costa Fonseca

Resumo: A presente Comunicação é parte das reflexões para a elaboração de uma

Dissertação de Mestrado em História, a partir das pesquisas das fontes acerca da Colônia

de São Pedro do Pindaré. Trata-se da aldeia Adega Grande de São Lourenço de Barbados,

fundada em 1758, sendo a primeira aldeia no Maranhão Império. Ao ser elevada à

categoria Colônia em 1840, concretizou-se a primeira tentativa de missão indígena no

Maranhão, objetivando facilitar as navegações pelo rio Pindaré, uma vez que os índios

Guajajara habitantes nas margens desse rio tornavam o acesso e o trânsito dos não

indígenas arriscadíssimo, pois os índios atacavam as embarcações. Na busca de superar

tal situação, o então Presidente da Província, o Marquês de Caxias, ordenou que se

fundassem uma Colônia a direita do dito rio, com o nome São Pedro do Pindaré, sob as

ordens do Diretor Tenente Coronel Fernando Luís Ferreira. Entretanto, o que de fato

pretendia com a elevação desta aldeia a categoria de Colônia, era evitar que os índios se

associassem aos revoltosos da Balaiada, visto que, as principais lideranças desse

movimento estavam próximas daquela região. Os documentos analisados para discussões

correspondem a Diretoria dos Índios: são ofícios trocados entre os diretores da Colônia e

os presidentes da Província, relatórios dos presidentes da Província e correspondências

dos missionários “barbudinhos” (Capuchinhos). O recorte temporal escolhido ocorreu em

virtude da variedade documental existente. Objetivamos a partir de tratamento teórico-

metodológico dessas fontes, problematizar o teor reproduzido em falas etnocêntricas que

expressaram sobre os índios como meros expectadores do processo de colonização, onde,

todavia é possível observar nas entrelinhas dos argumentos encontrados na documentação

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as diversas vozes ameríndias resistindo ao processo das tentativas de pacificação dos

índios pelos brancos colonizadores.

Palavras-Chave: colonização, índios, Colônia de São Pedro do Pindaré/MA.

Terras e trabalho indígena na província pernambucana (1850-1889)

Maria José Barboza (UFPE)

Resumo: O trabalho que pretendo apresentar parte das reflexões realizadas ao longo da

pesquisa para o mestrado. Considerando os discursos acerca da agricultura, demarcação

de terras e homogeneização de índios, negros e brancos na província pernambucana,

busco pensar as conexões existentes entre o discurso sobre o desaparecimento dos índios,

a política indigenista e a mão de obra indígena no século XIX. Tendo em vista que no

século XIX a política indigenista, embora, tenha deixado de ser uma questão de mão de

obra para ser uma questão de terra, esta não aconteceu separada da questão de mão de

obra.

METODOLOGIA E FONTES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA AMBIENTAL

NO TERRITÓRIO DO POVO PANKARÁ, CARNAUBEIRA DA PENHA/PE

EDIVANIA GRANJA DA SILVA OLIVEIRA (IF SERTÃO PE)

Resumo: Este estudo aborda a Serra do Arapuá, localizada na região do Sertão

pernambucano, dentro do Bioma Caatinga no Semiárido nordestino. Essa Serra

atualmente pertencente ao município de Carnaubeira da Penha/PE é considerada uma

zona de Brejo de Altitude e também território físico e simbólico do povo Pankará. O foco

metodológico desta pesquisa é a História Ambiental e Indígena numa interface com outras

áreas do conhecimento, principalmente a Geografia, a Etnobiologia e a Antropologia,

tendo como fontes pesquisas bibliográficas e as memórias dos índios Pankará sobre o

ambiente natural como fator de afirmação étnica e de reivindicação do seu território.

CORPO MARCADO: UMA HISTÓRIA SOBRE A MODIFICAÇÃO

INTENCIONAL DO CORPO

GHITA ALMEIDA GALVÃO, SUZANE BATISTA DE ARAÚJO (COLÉGIO

GRANDE PASSO)

Resumo: Este trabalho foi escrito para a nota final da disciplina eletiva de história do

corpo, ainda para a graduação. Na intenção de levar o leitor a entender um pouco mais as

origens e o desenvolvimento da prática da pintura e da tatuagem realizadas inicialmente

por índios e negros; sobrevivendo, se reinventando e se difundindo no século XIX;

passando por uma “guinada” durante o movimento hippie e enfrentando por fim, um

“movimento” subjetivo e cultural que depreciava as tatuagens. Enfatizaremos esse último

momento de modo pontual, sem, contudo, esgotarmos as diversas discussões históricas e

sociológicas presentes no meio acadêmico concernente a esta temática.

24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

O ensino da temático indígena, a história oral e contemporânea na sala de aula Denise Batista de Lira (Escola Municipal Jaboatão dos Guararapes)

Resumo: Após a promulgação da Lei 11.645/2008 o ensino da temática indígena tornou-

se obrigatório nas salas de aula. Mas que índios são retratados nos livros didáticos e quais

tempos históricos e fontes são utilizadas? Este artigo propõe uma associação entre a

historiografia indígena, a história oral e a do tempo presente, pois compreende que os

índios no Brasil não devem ser retratados apenas no denominado período colonial, porém,

também na atualidade, estabelecendo paralelos com suas mobilizações e reivindicações

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para a efetiva concretização dos artigos constitucionais, 210, 215 e 231. Para isso é

necessário que os livros didáticos estejam atualizados com a “nova historiografia” e os

discentes estejam aptos a entender os índios como sujeitos ativos na história do Brasil e

sua continuidade como grupos étnicos atuantes nos séculos XX e XXI.

Palavras-chave: a temática indígena, a história do tempo presente, história oral, livro

didático, sala de aula.

Os Índios na Sala de aula: O Ensino de História e da cultura indígena (2008-2013)

Taysa Kawanny Ferreira Santos (Escola Estadual Dom Constantino Luires)

Resumo: Este trabalho analisa as questões que envolvem o ensino de História e os povos

indígenas representados pelos livros didáticos de história, tomado como base principal os

livros do Ensino fundamental, como também, a Lei 11.645 de 2008, tornou-se obrigatório

o estudo da História e da cultura afro-brasileira e indígena em todas as escolas de

educação básica, é a partir daí que o sistema de ensino deverá promover formação

continuada para professores bem como oferecer suportes didáticos para o conhecimento

da temática em sala de aula.

“Novas visões para a História Indígena: experiência, terra e trabalho.”

BEATRIZ DE MIRANDA BRUSANTIN (Universidade Católica de Pernambuco

(UNICAP)

Resumo: Nesta comunicação abordaremos algumas considerações sobre uma pesquisa

em andamento que tem como foco o estudo da cultura e da experiência dos trabalhadores

pernambucanos no século XIX. Neste percurso, incluímos como sujeitos de nossa análise

os povos indígenas moradores em Pernambuco no Oitocentos. Nossa investigação

documental envereda pelas Petições, Demarcações de Terras e outros documentos que

estão arquivados no Arquivo Público do Estado Jordão Emereciano. Através destes

conseguimos acessar reflexões sobre a experiência indígena através das suas relações com

o Estado (municipal e provincial) num movimento de resistência e/ou acomodação às

medidas legais do governo imperial e republicano. Neste caminho buscamos reconstruir

uma nova visão da história dos indígenas, um exercício da história vista de baixo

destacando estes como atores sociais da cidadania, da consciência de classe e da

identidade dos povos indígenas no século XIX.

MEMÓRIA E HISTÓRIA INDÍGENA E DO INDIGENISMO: REFLEXÕES

SOBRE O PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO DO ACERVO AUDIOVISUAL

DO CIMI NORDESTE

Manuela Schillaci (Programa de Pós-Graduação em Antropologia- PPGA- UFPE)

Resumo: Este trabalho pretende relatar o processo de salvaguarda e organização de um

dos mais importantes acervos sobre a questão indígena no Nordeste brasileiro. Em 2013

começou o processo de digitalização do acervo audiovisual e sonoro do Conselho

indigenista Missionário - Regional Nordeste, esta é a primeira ação do plano de

salvaguarda, organização e disponibilização dos acervos existentes na instituição

indigenista, sendo eles: acervo audiovisual, sonoro, hemerológico, documental,

fotográfico, de objetos, iconográfico e bibliográfico. Os acervos audiovisual e sonoro

contêm material único que retrata a história e a memória dos povos indígenas do Nordeste,

a história do movimento indígena e do indigenismo na região. O conteúdo destes conta

com uma parte do material editado e divulgado, enquanto, a outra parte é constituída por

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registros brutos e portanto únicos. As gravações são geralmente realizadas pelos

missionários do CIMI que, durante a atuação junto aos povos indígenas ao longo de cerca

de quatro décadas, registraram e documentaram momentos importantes do movimento

indígena, como assembleias, encontros e mobilizações, a vida nas aldeais, festividades e

rituais, depoimentos dos índios, lideranças e anciões como também a história do

indigenismo com registro de assembleias, missas e encontros de formação, dentre outros.

Muitas vezes os registros têm como objetivo documentar os conflitos, relatar violações e

situações de violência que afetam os povos indígenas, estas causadas pelos conflitos

fundiários e a luta pela demarcação dos territórios tradicionais no Nordeste. Os acervos

do CIMI-NE testemunham uma intensa atuação da instituição junto aos povos indígenas

de Pernambuco, Alagoas, Sergipe, norte da Bahia e Paraíba. Resumidamente, o acervo

sonoro conta com material mais antigo do que o acervo audiovisual, de fato, uma parte

significativa deste material é referente à segunda metade dos anos 70, com as primeiras

peças que datam de 1975, são gravações da posse do cacique Lazaro nos Kiriride

Mirandela/BA e do processo de luta pela demarcação da Terra Indígena Kiriri. Estas

peças são anteriores a fundação do próprio regional Nordeste, cuja criação ocorreu em

78, até então o leste-nordeste formavam um único regional. O acervo, particularmente

rico e exclusivo, tem um valor histórico e afetivo coletivo para os povos indígenas do

nordeste e para o movimento indigenista. A preservação desta memória e dos processos

sociais que levaram a formação deste acervo, tem um sentido político porque envolve o

tema da construção de sentido da História. A partir do trabalho em curso e da reflexão

sobre o papel da memória junto aos povos indígenas, pretende-se preservar e contar outra

versão da História do Brasil, a do nordeste indígena e sua resistência

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5. RESUMOS E SESSÕES DE COMUNICAÇÃO ORAL DE GRADUANDOS

(CO)

CO 1) História da América Portuguesa 1

23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

Nome: Ciro Barreto Moreira

Título: A Capitania de Itamaracá: Expressões políticas e econômicas pós-

Restauração pernambucana.

Orientador: Prof.ª. Drª. Bartira Ferraz Barbosa

Coautoria: Não

Resumo: Este trabalho explora as relações da capitania de Itamaracá no contexto pós-

Restauração Pernambucana, adentrando nos seus conflitos político-econômicos em três

estratificações paralelas, simultâneas e distintas: a formação de uma elite açucareira

historicamente atrelada com a Capitania de Pernambuco; aos desejos mercantilistas

expansionistas da Capitania da Paraíba; e da manutenção do poder régio no ultramar após

a Restauração de Independência de 1640. Itamaracá situa-se num campo de poder

(RAFFESTIN, 1993) regional e atlântico, sendo palco de disputa territorial e jurisdicional

numa tentativa de suprimir ou controlar as elites açucareiras da mesma. Na obra de

Manuel Correia de Andrade, Itamaracá uma capitania frustrada, a mesma é representada

como fracasso na empresa ultramarina, atribuindo ao extrativismo predominante sobre a

atividade açucareira, descaso pelos donatários e a expansão territorial tardia como

principais causas de tal malogro; conforme reforça o relato do Sargento-Mor Diogo de

Campos Moreno: “[Itamaracá] mais parece aldeia de Pernambuco do que vila ou

jurisdição à parte”. Outras produções bibliográficas como as de Luciana de Carvalho

Barbalho (2009), Evaldo Cabral de Mello (2003), Regina Célia Gonçalves (2007), em

contrapartida, elucidam relativa autonomia política, e evidências documentais disponíveis

no Arquivo Histórico Ultramarino demonstram rejeição aos desígnios do poder régio e

Governo-Geral; noutra instância, as ordens de D. João IV, proibindo a capitania de

realizar decisões sem seu conhecimento atestam a fragilidade do poder metropolitano nos

seus domínios de além-mar, e a consequente necessidade de reforçá-lo. Situada entre tais

instituições no campo de poder regional e atlântico, a resposta das elites de Itamaracá é

expressa no levante de Goiana de 1692; revolta contra os desígnios e expansões

supressoras sobre a capitania.

Nome: Saymmon Ferreira dos Santos

Título: Os Jesuítas Calvinistas – A Catequização Indígena e Os Holandeses (1630-

1645)

Orientador: Severino Vicente da Silva

Coautoria: Sim

Resumo: O estudo das religiões, de fato, é algo que merece total atenção. Quando se refere

à inserção de uma crença em um novo território merece então mais atenção, pois serão

levantados alguns pontos como o costume daquela sociedade antes e depois da nova fé.

A fim de analisar a receptividade dos tupis e tapuias para com o calvinismo, trazido junto

com os flamengos no período conhecido como Brasil Holandês, esse artigo visa esclarecer

certos aspectos de tal temática: ética, estrutura física da localidade, linguagem, educação,

relação familiar, nenhum desses pontos podem ser subjugados ao estudar tal recorte

temporal, e, sobretudo, tal temática. Nos estudos históricos não é aconselhável apresentar

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um fato sem o analisar em conjunto com todas as condições que possibilitaram a sua

ocorrência, a fim de minimizar possíveis equívocos na interpretação. Nesse escrito

também será apresentado uma síntese com intuito de elucidar o leitor sobre certos

aspectos da doutrina calvinista, que de maneira patente enlaçava-se aos interesses da

burguesia comercial. Através de obras como a de José Antônio Gonsalves de Mello –

Tempo dos Flamengos – examinaremos os meios pelos quais as reformas religiosas,

presentes no século XVI, exerceram influências nas mentalidades e práticas dos

flamengos ao ocuparem as terras brasileiras. Nesse bojo de análises, este artigo vem com

a principal função de analisar e refletir a teoria e prática do Calvinismo no caso indígena

brasileiro. A fim de alcançarmos este preceito, utilizaremos como referência o vínculo

entre os calvinistas e as existentes tribos indígenas durante o transcurso da ocupação

holandesa em Pernambuco, destacando a influência em diversos campos, principalmente

no que concerne tal influência para com outro povo, outra cultura, outra língua e outra fé.

Nome: Ramon Queiroz Souza

Título: Índios e Jesuítas no Sul da Bahia: a implantação do Diretório dos Índios no

aldeamento de Santarém, 1683-1817

Orientador: ISNARA PEREIRA IVO

Coautoria: Não

Resumo: Propomos aqui, analisar a implantação do Diretório dos Índios no aldeamento

de Santarém, o qual foi elevado à categoria de Vila pelo ouvidor Luis Freire de Vérasno

de ano de 1758. Assim, pretendemos perceber quais os efeitos gerados por essa política

de integração das populações indígenas ao mundo colonial para os índios aldeados

naquela região. Para isso tentaremos dialogar com as novas concepções teóricas, as quais

valorizam a pesquisa interdisciplinar no que se refere à obtenção, cruzamento e

interpretação das informações, por meio das quais historiadores e antropólogos têm

analisado situações de contato, problematizando e repensando alguns conceitos referentes

à atemática (ALMEIDA, 2013) Dando ênfase aos aspectos sociológicos e históricos da

cultura. Partindo dessa perspectiva tentaremos fugir dos binômios “dominação” e

“controle” e do dualismo presente nas categorias “colônia” e “metrópole”, que durante

muito tempo dominaram a historiografia do período colonial do “Brasil”, abordadas por

clássicos, como por exemplo, Holanda (1995). Segundo Maecis (2013) devido à escassez

de informações não é possível determinar quem foram os primeiros missionários e nem a

época da inauguração do aldeamento de Santo André e São Miguel do Serinhém, mas que

de acordo com o livro de registro de batismo constava a data de 17 de dezembro de 1672,

como a do primeiro sacramento realizado. Mesmo com a presença de lacunas para os

primeiros anos do estabelecimento da aldeia, bem como sobre os seus agentes, a partir

das informações fornecidas principalmente pelo ouvidor Lisboa (1802) quando da

implantação do Diretório dos Índios, a partir do qual foram nomeadas autoridades civis

com a finalidade de se fazer cumprir a nova política, a qual dentre uma série de medidas,

deveria extinguir os aldeamentos, transformando-os em vilas, sendo as mesmas

administradas não mais pelos jesuítas, mas por civis. É possível traçar de que maneira se

deu esse processo, bem como de que maneira o estabelecimento dessa nova política

indianista implicou no modo de vida dos povos indígenas, aldeados em Santarém, e quais

rumos tomaram os bens jesuíticos e os religiosos da Companhia de Jesus quando da

implantação dessa nova política de integração das populações indígenas.

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Nome: Marivania de Lima Santana

Título: INQUISIÇÃO E INFÂNCIA: O MENOR VISTO PELO TRIBUNAL DO

SANTO OFÍCIO NO PERÍODO DA PRIMEIRA VISITAÇÃO À BAHIA.

Orientador: Marco Antônio Nunes da Silva

Coautoria: Não

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar os processos de três menores,

durante o período da Primeira Visitação do Santo Ofício à Bahia no século XVI, cuja

prática herética cometida por eles, foi o ato sodomítico. Procuramos identificar nestes

processos, a relação entre Inquisição e Infância, e como o menor era tratado por esta

instituição. A Inquisição teve início no período medieval (século XIII), e surgiu com o

intuito de combater heresias que abalassem o poder da Igreja Católica. A morte na

fogueira e prisões perpétuas ou temporárias eram algumas das penas impostas aos

condenados. Na metrópole portuguesa o tribunal foi criado durante o período moderno

em 1536 no reinado de D. João III. No Brasil não foi estabelecido nenhum tribunal da

Inquisição. Aqui na colônia houve apenas visitações, que tinha os mesmos objetivos da

metrópole: combater as heresias, julgadas pertinentes pela Igreja Católica. As mais

comuns eram crimes de judaísmo, bigamia, e sodomia. A partir da análise dessas fontes

envolvendo menores neste período (século XVI) e com a leitura de algumas

documentações inquisitoriais, permitiu identificar na pesquisa os seguintes elementos: o

tratamento da Inquisição dado aos menores no Brasil, em um período que começava a ser

atribuído um sentimento particular a infância, que teve início graças ao surgimento das

instituições escolares na Europa; bem como as relações sociais estabelecidas entre os

indivíduos nas primeiras fases do período colonial, revelando a importância dessa

documentação para compreender os anos iniciais de nossa formação cultural; e a atuação

da instituição em terras brasílicas, que teve um desenvolvimento bastante peculiar em

relação à Metrópole, mas que ainda assim, introduziu valores europeus ao julgar alguns

casos. Ao analisar essas fontes inquisitoriais envolvendo menores foi necessário o

conhecimento do Regimento inquisitorial datado de 1552 concernente aos menores e as

leituras de bibliografias referentes à História da Infância, cujas obras foram publicadas

no século XX a partir da difusão de uma nova história, que coloca em cena atores antes

esquecidos pela historiografia. A partir dessas leituras pudemos ter conhecimento da

história desses seres, que apesar da pouca idade, não escaparam do olhar inquisitorial.

Nome: Jéssica Rocha de Sousa

Título: NO LABIRINTO DAS ESTRATÉGIAS: BAHIA E PERNAMBUCO E A

CONSTITUIÇÃO DAS REDES DE COMÉRCIO INTRACAPITANIAS - 1759 A

1787.

Orientador: Suely Creusa Cordeiro de Almeida

Coautoria: Não

Resumo: Este artigo, que traz resultados parciais de pesquisa em andamento, tem por

objetivo central contribuir para o esclarecimento da prática do comércio intracapitanias

analisando e recompondo as redes de mercancia que vão se estabelecer entre Pernambuco

e Bahia na segunda metade do século XVIII, mais especificamente entre os anos de 1759

a 1787. Entendendo o comércio como um elemento de dinamização, buscaremos

compreender as tramas mercantis que se estabeleceram entre essas duas Praças de modo

lícito ou ilícito.

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CO 2) História da América Portuguesa 2

23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

Nome: Jesanias Rodrigues de Lima

Título: O Beato Gonçalo de Amarante e a trajetória da devoção e da festa em

Itapissuma do XVI ao XIX

Orientador: Prof.ª. Drª. Suely Creusa Cordeiro de Almeida

Coautoria: Sim

Resumo: O projeto intitulado, O Beato Gonçalo de Amarante e a trajetória da devoção e

da festa em Itapissuma do XVI ao XIX tem por objetivo, elucidar as origens das

festividades e devoção em honra a São Gonçalo do Amarante no território que

compreende hoje, o município de Itapissuma, iniciadas ainda no período Colonial, e que

estendeu-se aos dias atuais. Estudamos também a formação das redes de poder local, que

se utilizaram da devoção para a construção de espaços de domínio que trouxe notoriedade

política e religiosa para a vila de Itapissuma. Identificar estes espaços construídos pelos

Irmãos de São Gonçalo é compreender de que modo este poder leigo irá influenciar na

construção das práticas religiosas, bem como na formação de uma identidade cultural e

histórica da povoação de Itapissuma, que persiste até à atualidade. A religiosidade sempre

fora uma importante faceta das relações sociais e culturais na sociedade colonial,

especialmente na povoação de Itapissuma, a institucionalização das irmandades leigas,

regidas por um compromisso favoreceu a manutenção das relações de poder e à

preservação e propagação da devoção ao glorioso padroeiro e de sua festa. Foi utilizada,

para tratamento das fontes, as orientações do mestre da morfologia contemporânea Carlo

Ginzburg, que nos orienta a não perseguir as características, mas óbvias apresentadas

pelas fontes selecionadas, mas procurar aquilo que é aparentemente menor e menos

significante, ou seja, perseguir uma pista, como faz o policial procurando os gestos mais

simples até que se desvende o mistério. Para a temática proposta, esta metodologia se

apresentou como adequada, pois a composição da narrativa textual foi construída a partir

da junção dos fragmentos deixados na documentação selecionada. A pesquisa está sendo

realizada através do levantamento das fontes bibliográficas e manuscritas, existentes no

Acervo da Paróquia de São Gonçalo do Amarante em Itapissuma; Arquivos da Câmara

Eclesiástica da Arquidiocese de Olinda e Recife; Biblioteca Nacional (BN); Museu

Histórico de Igarassu, e Biblioteca Pública Estadual de Pernambuco (BPE).

Nome: Marcelo Santos Dantas

Título: Os Jesuítas Calvinistas – A Catequização Indígena e Os Holandeses (1630-

1645)

Orientador: Severino Vicente da Silva

Coautoria: Sim

Resumo: O estudo das religiões, de fato, é algo que merece total atenção. Quando se refere

à inserção de uma crença em um novo território merece então mais atenção, pois serão

levantados alguns pontos como o costume daquela sociedade antes e depois da nova fé.

A fim de analisar a receptividade dos tupis e tapuias para com o calvinismo, trazido junto

com os flamengos no período conhecido como Brasil Holandês, esse artigo visa esclarecer

certos aspectos de tal temática: ética, estrutura física da localidade, linguagem, educação,

relação familiar, nenhum desses pontos podem ser subjugados ao estudar tal recorte

temporal, e, sobretudo, tal temática. Nos estudos históricos não é aconselhável apresentar

um fato sem o analisar em conjunto com todas as condições que possibilitaram a sua

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ocorrência, a fim de minimizar possíveis equívocos na interpretação. Nesse escrito

também será apresentado uma síntese com intuito de elucidar o leitor sobre certos

aspectos da doutrina calvinista, que de maneira patente enlaçava-se aos interesses da

burguesia comercial. Através de obras como a de José Antônio Gonsalves de Mello –

Tempo dos Flamengos – examinaremos os meios pelos quais as reformas religiosas,

presentes no século XVI, exerceram influências nas mentalidades e práticas dos

flamengos ao ocuparem as terras brasileiras. Nesse bojo de análises, este artigo vem com

a principal função de analisar e refletir a teoria e prática do Calvinismo no caso indígena

brasileiro. A fim de alcançarmos este preceito, utilizaremos como referência o vínculo

entre os calvinistas e as existentes tribos indígenas durante o transcurso da ocupação

holandesa em Pernambuco, destacando a influência em diversos campos, principalmente

no que concerne tal influência para com outro povo, outra cultura, outra língua e outra fé.

Nome: Ábda Tércia Borges Pereira

Título: Resistência e luta: povos indígenas do sertão brasileiro

Orientador: Reinaldo Forte Carvalho

Coautoria: Não

Resumo: Este estudo é parte de minha pesquisa monográfica que estou realizando que

tem como objetivo analisar os conflitos contra as populações indígenas no Sertão da

Capitania de Pernambuco no século XVIII. A história dos povos indígenas nos sertões do

Nordeste do Brasil consiste em vários relatos de violência, esbulho de terras e etnocídio

contra as inúmeras populações tribais. Desse modo não há como silenciar o que está

explicitado pela própria documentação da época, ainda que por muito tempo a

historiografia tenha optado por escondê-la. A trajetória de lutas travadas entre índios e os

colonizadores no Brasil foi registrada desde a chegada das primeiras expedições, em 1500

e se estende até os nossos dias. As estratégias de controle e domínio sobre as possessões

coloniais se configuravam como um mero elemento atenuante na consolidação da

conquista dos territórios coloniais que devido os próprios colonizadores portugueses

negligenciaram a ocupação dos sertões coloniais.

Nome: FLAVIA RIBEIRO DE SOUSA

Título: APAZIGUANDO CONFLITOS E ENRIQUECENDO OS CÉUS: o papel dos

missionários na conquista dos sertões das capitanias do norte do Estado do Brasil

(século XVII e XVIII).

Orientador: Profa. Dra. Kalina Vanderley

Coautoria: Não

Resumo: A formação da sociedade colonial só se tornou possível à medida que foram

sendo “civilizados” os índios que habitavam o litoral. Entre estes os conhecidos como

tupis, ao longo do tempo foram se aliando aos conquistadores, transformando-se em mão-

de-obra para a conquista. Durante o período de conquista e ocupação dos sertões “a Coroa

foi chamada a intervir, em realidade, quando os particulares se depararam com um

obstáculo intransponível para a instalação de suas fazendas de gado: a resistência

indígena.” (SILVA, 2010, p. 27). Esses colonizadores sabiam que era necessário

“civilizar” o interior. Para isso, seria necessário, primeiramente, doutrinar as tribos

indígenas que persistiam em relutar contra à colonização. Para combater essas diferentes

tribos indígenas que dificultavam a expansão territorial para os sertões, uma das

estratégias utilizadas pela Coroa foi a atuação dos frecheiros, que são índios “pacificados”

combatendo os levantados do interior. Os frecheiros atuaram de forma extremamente

relevante nessas conquistas. Os missionários faziam um duplo processo: ganhavam almas

para igreja e “civilizavam” os índios, o que possibilitava a colonização. Através da

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catequização os religiosos trabalhavam para a dilatação da cristandade e conseguiam

acalmar os conflitos entre os colonizadores portugueses e os povos indígenas. “Sendo um

dos pilares sobre os quais se deu a expansão territorial para o interior, as missões, […] se

convertiam em barreiras de proteção contra ataques dos índios ‘hostis’ aos espaços já

ocupados pelos portugueses. (GATTI, 2011, p. 57). Compreendemos que a Igreja católica

buscou se fazer presente no processo de interiorização das conquistas na América

portuguesa. Entendemos também, que os missionários que viajavam para o sertão,

realmente, tinham a convicção da necessidade de “salvar” aqueles povos “bárbaros”.

Contudo, esses religiosos eram extremante úteis para o sucesso das conquistas. Uma vez

cristianizados, os indígenas não apresentavam mais perigo a empreendimento luso, além

disso serviam de aliados a novas empreitadas.

Nome: Flávia Bruna Ribeiro da Silva Braga

Título: República, jacobinismo e liberdade: a revolução francesa em Pernambuco

(1796-1802)

Orientador: Isabel Martins Guillen

Coautoria: Não

Resumo: O trabalho busca traçar os principais aspectos da presença francesa em

Pernambuco durante o período entre o final do Diretório e o início da Era Napoleônica,

em correlação com os acontecimentos políticos locais durante os governos de José Tomás

de Mello e da Junta Governativa em Pernambuco. Como intuito principal, as

características externas e internas da Capitania de Pernambuco são analisadas como

forma de entender a Conspiração dos Suassunas de 1801.

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CO 3) História do Século XIX e do Brasil Império

23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

Nome: Elisiane Araújo Cordeiro

Título: Ação Policial e Resistência Escrava No Recife de 1880

Orientador: Wellington Barbosa da Silva

Coautoria: Não

Resumo: Este texto tem por objetivo estudar o papel desempenhado pela polícia no

controle dos escravos do Recife em 1880. Dessa forma busca investigar os mecanismos

policiais utilizados neste tipo de controle, bem como as suas limitações e se,

concomitantemente a este processo, o movimento abolicionista produziu mudanças no

trabalho repressivo da polícia contra os escravos. Evidentemente, uma vez que se

pretende estudar o papel da polícia no concernente ao controle da escravaria, necessita-

se realizar uma identificação das formas encontradas pelos escravos recifenses de burlar

a ação policial.

Nome: Alisson Henrique de Almeida Pereira

Título: OS “DESVIOS” DE CONDUTA NAS FREGUESIAS DO RECIFE

OITOCENTISTA: A POLÍCIA E O PROGRESSO

Orientador: Wellington Barbosa da Silva

Coautoria: Sim

Resumo: O trabalho em tela visa traçar um esboço acerca do ideário civilizatório que

permeou o cotidiano recifense da segunda metade do século XIX a partir do discurso

médico-higienista e sua receptividade/interação por parte dos populares citadinos.

Constituindo-se como elemento mediador dessa relação, o aparato policial – o qual foi

responsável pela fiscalização das normas instauradas ou, na revelia, pela correção das

posturas “incivilizadas” – também se apresenta neste estudo como nosso objeto de

interesse. O trabalho é norteado pela implementação do mercado público da freguesia de

São José (1875) e como esta estrutura que conduzia a modernidade trouxe consigo

mudanças socioculturais àquele contexto. Para tanto, iremos nos valer dos relatórios da

Inspetoria de Saúde Pública, dos documentos legais de Posturas Municipais e cartas dos

leitores que escreviam aos jornais daquele período.

Nome: JOAO BATISTA CARVALHO DE SOUZA

Título: Salgueiro Que Muito Esquece

Orientador: Kennya Lima de Almeida

Coautoria: Não

Resumo: O trabalho apresentado visa levantar fatos sobre a vida de Antonio Joaquim

Soares, homem que ajudou a construir a cidade de Salgueiro, mas pouco lembrado por

escritores locais. Trata-se de um trabalho biográfico, de difícil produção, pois há poucos

registros sobre sua vida. O padre já veio de sua terra com um patrimônio considerável,

pois tinha origem de família rica. Chegando então ao sertão com pensamentos de tentar

mudar a história daquele lugar, começou sua empreitada para a fundação da Freguesia do

Salgueiro, dando início no ano de 1842 ao empreendimento. O padre adquiriu várias

propriedades e nelas construiu várias casas, entre elas sua própria moradia, o prédio da

antiga Prefeitura (sesquicentenário) que hoje abriga a Câmara Municipal de Salgueiro.

Acreditamos que o descaso com sua história é por conta do seu suposto pecado, o padre

vai aos poucos se apagando da memória popular salgueirense e todos os documentos que

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o ligam a igreja (livros de 1842 a 1883) foram levados para diocese de Petrolina. Por

conta da dificuldade em reunir informações e desejando aprofundar as obtidas a partir da

bibliografia consultada, entrevistou-se também a senhora Jacinta Anna Vasconcelos

Bezerra, já com a saúde debilitada pela idade, que indicou a localização da documentação

acima citada. Dona Jacinta também conhecida por Dona Sinto, diz que nos arquivos da

paróquia de Santo Antonio, existem três registros assinados pelo padre Antonio Joaquim

Soares. Ouve-se falar em vários homens de destaque na história da cidade, mas porque se

esquecer da pedra fundamental dessa história? Partindo deste ponto, o objetivo da

pesquisa é compreender os caminhos da história local e do imaginário popular que

apontam para resposta da questão acima, ou seja, que desvendam a história da vida e da

obra política de Antonio Joaquim Soares, personagem histórico que virou mito.

Nome: Matheus Amilton Martins

Título: Sobre os escritos bolivarianos: antiguidade clássica e república

Orientador: Renato Pinto

Coautoria: Não

Resumo: Dado trabalho tem por objetivo evidenciar a existência de alusões no ideário de

Simon Bolívar que remontam às estruturas políticas da Roma Antiga, em paralelo com o

Império Britânico, servindo – em certa medida – como modelo para suas pretensões

organizacionais das nascentes instituições grã-colombianas, além de influenciar os rumos

político-ideológicos perseguidos por este. A pretensão deste artigo se relaciona com a

dissertação de Ferreira (2006), no sentido de buscar olhares alternativos para o ideário

Bolivariano, e para a posterior construção da imagem de Bolívar enquanto libertador;

contudo, nos focamos em tentar identificar os momentos em que a referência à Roma

antiga se destaca em sua estrutura discursiva, e ainda que utilizada como instrumento

retórico, identifica a presença do mundo clássico em sua obra. Ademais a obra de Lynch

(2010) nos fornece um roteiro para compreensão da vida e obra política de Bolívar. As

análises contidas no presente trabalho se constituem de leituras comparadas de dois

discursos atribuídos a Bolívar, que se destacam do conjunto de sua obra, por apresentar

mais evidentemente um uso discursivo do mundo clássico. São eles: o Juramento de

Monte-Sacro e O Discurso de Angosturas. Há um universo de inferências no ideário da

libertação da Américas. Este jogo discursivo está para muito além de uma exclusiva

contribuição liberal iluminista. É necessário arguir por outros caminhos para ampliar a

compreensão das relações com o passado, e possibilitar o entendimento de seus usos.

Assim, se almeja abrir uma nova rota de investigação, que não se limita a relação dos

movimentos de independência com a ideologia de seu tempo histórico, mas se arvora em

mergulhar na busca das apropriações e dos usos do passado, neste caso da Antiguidade

Clássica, na emancipação da América Latina. Estabelecendo assim um nexo contundente

entre tais momentos históricos, não perceptíveis à primeira vista.

Palavras-chaves: Ideário bolivariano; Usos do Passado (Antiguidade Clássica); Discursos

de Bolívar.

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CO 4) História do Século XX 1

23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

Nome: Marcos Maurício Costa Freitas

Título: “A sagrada oficina das almas”: uma análise da educação portuguesa

salazarista e suas bases ideológico-políticas na formação da Pátria.

Orientador: Giselda Brito Silva

Coautoria: Não

Resumo: Em nossa pesquisa, estudamos a juventude salazarista e as formas de

organização, doutrinamento e orientação política no campo educacional. Conforme

veremos, a educação em Portugal era portadora de projetos políticos e ideológicos muito

próximos dos projetos educacionais da Alemanha nazista, da Itália de Mussoline, mas,

tinha como principal preocupação educar os jovens para a missão colonial em África,

desta forma, a educação passa a ter como missão formar jovens sob a ideologia

nacionalista e, ao mesmo tempo, preparar os jovens para a missão colonial portuguesa.

Para isto, o governo de Salazar contou com o apoio da Igreja Católica e seus intelectuais.

Alguns autores portugueses, defendem que estes princípios educacionais se destinavam a

inculcar nos alunos as ideias de “Deus, Pátria, Família e amor pelo cantinho natal”,

conforme nos diz Maria Filomena Mônica, uma de nossas autoras de pesquisa.

Nome: Bianca Maria Pereira Guedes Alcoforado, Matheus Pinheiro de Oliveira,

Rodrigo Cesar Firmino da Silva e Thaylinne Julião do Nascimento

Título: Angola e Moçambique: O olhar lusitano sobre uma colônia de além-mar

Orientador: José Bento Rosa da Silva

Resumo: Esta pesquisa pretende-se um exame Histórico/ literário (WHITE, 1992) ao que

se refere às descrições do “outro” explicitadas pelos Cadernos Coloniais e pela coleção

Moçambique: Documentário Trimestral, no período compreendido entre 1920- 1960.

Tem desse modo ênfase nas décadas de trinta e quarenta, período em que Salazar procurou

implementar uma Estado centralizador tanto na metrópole quanto nas colônias, que a

partir da década de cinquenta passaram a ser denominadas de Províncias Ultramarinas.

Neste sentido, esse estudo irá analisar como as fontes dantes citadas, produzidas por

intelectuais e militares portugueses, com o aval do ‘Império português’, construíram a

imagem de Angola de Moçambique, no período compreendido entre 1920- 1960. Assim

se tornará possível desenvolver o principal objetivo do estudo, que é discutir sobre o

advento da rede ferroviária nestes dois países e analisar qual era o intuito dos

colonizadores ao divulgar os “caminhos de ferro” como uma obra de grande cunho

civilizatório. Portanto o acesso a estas fontes possibilitarão lançar um olhar sobre alguns

estereótipos que ainda hoje são reproduzidos acerca do continente africano, em virtude

do olhar imperialista e colonialista do passado e que precisam ser desconstruídos. Neste

sentido, investigar a visão do colonizador português sobre a então colônia Angola e

Moçambique será um exercício de desvelamento da real sociedade angolana, que ao longo

do período de colonização foram representadas numa via unilateral, qual seja, pela

‘história vista de cima’, por um discurso único. A pesquisa que propõe este trabalho

inclui-se na linha historiográfica da chamada História Cultural, e tendo como fonte as

coleções “Cadernos Coloniais”, “Moçambique: Documentário Trimestral” e o jornal

“Gazeta dos Caminhos de Ferro”, a metodologia proposta é composta de uma base meta-

histórica (WHITE, 1992) que será a análise literária das estratégias narrativas dos diversos

autores, seguida de uma abordagem historiográfica e discursiva das descrições

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selecionadas em sua relevância a partir da análise das fontes. É importante também

salientar que as fontes antes mencionadas estão digitalizadas e disponíveis no portal

“Memórias de África e do Oriente”, de responsabilidade da Universidade de Aveiro,

juntamente com a Fundação Portugal-África e também no portal Hemeroteca Digital de

Lisboa.

Nome: Caroline de Alencar Barbosa e Mônica Porto Apengurg Trindade

Título:A Segunda Guerra atinge Sergipe: Observações Iniciais sobre Aspectos do

Cotidiano de Aracaju

Orientador: Prof. Dr. Dilton Cândido Santos Maynard

Resumo: O projeto "O Nordeste e a Segunda Guerra Mundial: Narrativas do Cotidiano"

se propõe a relacionar o Nordeste com a Segunda Guerra Mundial e destina-se a preencher

lacunas historiográficas principalmente no âmbito sergipano, considerando o

envolvimento traumático de Aracaju no conflito mundial. Este plano investiga sobretudo

a forma de combate aos cidadãos que viviam em Sergipe no período, bem como se

observa o tipo de tratamento dispensado a estrangeiros e integralistas, considerados

"inimigos" do país. A pesquisa desenvolve-se a partir da análise de processos-crimes,

relatórios, discursos, verificando tanto a repercussão dos torpedeamentos nos jornais

locais, quanto o posicionamento destes em relação aos estrangeiros e integralistas.

Através da análise da documentação, pretende-se traçar um perfil dos possíveis suspeitos

envolvidos no ocorrido, procurando entender se as suspeitas eram pertinentes, ou se não

passavam de xenofobia e perseguição política.

Nome: Thaís da Silva Tenório

Título: Arte e Política no Tempo Presente: A Segunda Guerra Mundial nas obras de

Garth Ennis e Julius Ckvalheiyro

Orientador: Prof. Dr. Dilton Cândido Santos Maynard (DHI-UFS)

Coautoria: Não

Resumo: Esta pesquisa analisa a abordagem da II Guerra Mundial através de histórias em

quadrinhos (HQs), a fim de entender como o grande conflito do século XX é retratado

por estas. Considerando as narrativas em HQs como produções culturais que instigam

reflexões sobre linguagem verbal e visual, integradora poderosa de imagens e textos, é

fundamental compreender tais registros como relevantes ao tempo presente. Na pesquisa

serão investigadas algumas das produções quadrinísticas que realizaram leituras do maior

conflito do século XX, procurando estabelecer relações entre as imagens e o contexto em

que as mesmas estavam inseridas, observando o modo como o ambiente é retratado e

como os quadrinhos remontam um dos momentos mais trágicos da nossa história. Para

esta comunicação selecionamos as revistas War-Histórias de Guerra (2011), escrita por

Garth Ennis e Guerra:1939-1945 (2002), redigida por Julius Ckvalheiyro, onde buscamos

analisar desde os elementos referentes a imagem, até a contextualização que os autores

produziram para introduzir o leitor aos ambientes históricos abordados.

Palavras-chave: Segunda Guerra, Produções Culturais, HQ’s.

Nome: Larissa Kymberli Lopes da Silva

Título:O Lazer e as Sociabilidades Sertanejas nas páginas do Jornal "O Pharol".

Orientador: Ana Clara Farias Brito

Coautoria: Não

Resumo: O presente trabalho aborda as formas de lazer e sociabilidades propostas no

início do século XX pelos membros da elite de Petrolina-PE, que desejava enquadrar a

cidade aos ideais modernizadores do contexto do início da República. Com a expansão

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do capitalismo industrial europeu há a sincronização e a padronização do trabalho, e

devido aos novos parâmetros ocorreu à cisão entre o tempo de trabalho e o tempo livre.

A partir dessa divisão, intensifica-se a relação tempo/espaço sendo necessário um

ambiente de sociabilidade para ocupar o tempo que se tornaria livre, e paralelamente,

induzisse as práticas do lazer moderno. Desta forma, com a apropriação do jornal “O

Pharol” – maior periódico da região - a elite Petrolinense propagou seus anseios

civilizadores e modernizadores. O periódico sertanejo que utilizamos como fonte de

investigação, empenhou-se em difundir um discurso em torno das reformas sociais, na

reformulação e adesão de novos espaços físicos locais, como a construção de cinema e

teatro. Evidenciou-se, nas páginas do periódico, o desempenho da filarmônica “21 de

Setembro”, e do grupo de musicistas “Filhas de Mozart”, expondo seus trabalhos musicais

em eventos públicos e privados. Petrolina adota também outras práticas do lazer moderno.

A fundação de dois clubes de futebol em 1921, o “Petrolina Foot Ball Club” e o “Leão

do Norte Foot Ball Club”, representa a introdução da cidade a realidade almejada, pois o

futebol no momento era um esporte praticado nas grandes capitais e que aos poucos,

estava sendo inserido no cotidiano dos sertanejos com a pretensão de levar a cidade ao

rumo do progresso.

Nome: Barbara Elisa de Souza Rolim Cavalcanti

Título: Propagações do Saber Médico através da Imprensa Periódica do Vale do São

Francisco. 1915-1930

Orientador: Ana Clara Farias Brito

Coautoria: Sim

Resumo: O presente trabalho possui como objetivo entender o processo de modernização

no sertão pernambucano, destacando a inserção do saber médico no Vale do São

Francisco, nas primeiras décadas do século XX. Aborda-se neste estudo a importância

dos médicos na construção de um ideário moderno. A pesquisa tem como fonte de estudo

o periódico “O Pharol”, jornal de maior circulação na região entre os anos de 1915-1930,

e um dos únicos disponíveis para estudos. O mesmo enfatiza uma reorganização dos

espaços, hábitos, costumes e pregava um novo estilo de vida voltado para práticas

salubres e modernas. Nas páginas do periódico os intelectuais reivindicavam a

implantação de farmácias, chegada de médicos, combate as doenças epidêmicas,

propagando medicamentos recomendados por este grupo que galgava mais espaços de

poder. A partir dessas cobranças, farmácias foram instauradas e cada dia mais

consultórios eram criados e médicos divulgavam seus serviços Em 1920 as práticas

salubres, atingem os espaços públicos através dos códigos de postura exigidos, pelo Dr.

Pacifico da Luz que naquele ano assume a prefeitura e em seu governo fez com que os

espaços públicos sejam também espaços saudáveis, denotando um sinal de

desenvolvimento social. A pesquisa analisa ainda se expedições sanitaristas ocorridas no

início do século XX, nas cidades de Juazeiro-BA e Petrolina-PE pelos médicos Artur

Neiva e Belisário Penna vindos da capital; podem ter influenciado no discurso do jornal

e na preocupação de formar um pensamento sanitarista, já que os mesmos escreveram

relatórios descrevendo a região em diversos aspectos, principalmente suas condições

insalubres e propicias a propicias a proliferação de doenças, implantando no local um

posto de profilaxia.

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CO 5) História do Século XX 2

24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

Nome: Edla Tuane Monteiro Andrade

Título:RASTROS DEIXADOS PELA SOCIEDADE SERGIPANA ATRAVÉS DO

DIÁRIO OFICIAL DE SERGIPE (1895-1900).

Orientador: Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos

Coautoria: Sim

Resumo: São poucos os trabalhos da historiografia sobre a imprensa em Sergipe. Afora

alguns trabalhos acadêmicos, servem como referência textos de Armindo Guaraná (1913),

Sebrão Sobrinho (1947) e Acrísio Torres de Araújo (1993). Longe de ser apenas um

veículo propagador de ações de Estado, o Diário Oficial de Sergipe revela facetas

importantes da História e da Cultura de Sergipe e para a pesquisa histórica. O presente

trabalho será pautado pela análise do papel da imprensa oficial no período de transição

entre os regimes de governo: Monarquia e República. Em suma, pretende-se aqui uma

interpretação preliminar do conteúdo veiculado no Diário Oficial, para que a partir destas

notícias seja possível obter um panorama acerca dos diversos aspectos da sociedade neste

período. Vale ressaltar que também se apresenta como um resultado preliminar de projeto

desenvolvido no Arquivo Público de Sergipe (APES).

PALAVRAS-CHAVE: Imprensa – Diário Oficial – Sociedade Sergipana

Nome: Fabelly Marry Santos Brito e Paulo Montini de Assis Souza Júnior

Título:O cotidiano dos subúrbios da Belle Époque carioca por Lima Barreto.

Orientador: Regina Coelli

Coautoria: Sim

Resumo: Neste artigo procuraremos apresentar como o intelectual Afonso Henriques de

Lima Barreto conseguiu, por meio de seus inúmeros escritos, retratar a outra face de sua

cidade natal, o Rio de Janeiro, no período historicamente conhecido como Belle Époque.

Pela análise de seus artigos para revistas e de suas crônicas para jornais, pretendemos

mostrar como o autor retratou o subúrbio e os suburbanos por meio de sua escrita

‘’ácida’’, proporcionando, também, o surgimento do que ficaria conhecido mais tarde

como jornalismo literário (ou crônica jornalística). Dessa maneira, iremos fazer essa

análise nos utilizando de obras como O Triste fim de Policarpo Quaresma e Os

Bruzundangas, além de Feiras e Mafuás, Vida Urbana e Marginália.

Nome: Juliana de Santana Duarte

Título:Mulher sertaneja, mulher moderna: Mundos femininos na imprensa

periódica do Vale do São Francisco 1915-1930

Orientador: Ana Clara Farias Brito

Coautoria: Não

Resumo: O trabalho aqui apresentado tem como objetivo abordar como as alterações

trazidas com a modernidade afetam o papel social das mulheres do Vale do São Francisco

nas primeiras décadas do século XX. É observado estas adequações através do jornal de

maior circulação da região: o Pharol, que em suas páginas divulgava os requisitos

necessários à mulher moderna. O periódico contribuía ativamente na formação de novos

valores, ideias e hábitos e no seu discurso a figura feminina é exposta nos poemas e

crônicas como aquela que deve ser educada para o desempenho das atividades do lar, e

criação dos filhos para serem bons cidadãos e contribuir, assim, para o progresso do lugar

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em que vive. A partir de 1920 outros aspectos direcionados a mulher surgem nas

publicações do periódico como aqueles ligados a saúde da mesma sendo dedicado parte

do jornal às propagandas de remédios que ofereciam prevenção e cura de diversas

doenças. Desta forma, o trabalho aqui apresentado pretende problematizar a mulher

moderna divulgada no periódico sertanejo de maior circulação na região, destacando-se

as novas formas de lazer, os novos hábitos de consumo e seu papel de provedora da moral

familiar que resultaria na criação de cidadãos aptos a viver no mundo moderno.

Nome: José dos Santos Costa Júnior

Título:Notas sobre uma infância problema: medidas assistenciais e concepções

educacionais em Campina Grande – Paraíba (década de 1930)

Orientador: Profa. Dra. Regina Coelli Gomes Nascimento

Coautoria: Não

Resumo: O artigo problematiza dados de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida junto

a Unidade Acadêmica de História da Universidade Federal de Campina Grande através

do projeto “Conselho higiênico: sensibilidades e saberes escolares em Campina Grande

– Paraíba (1920-1940)” cujo objetivo principal é investigar a construção do corpo

educado e disciplinado de estudantes da cidade de Campina Grande, Paraíba, no período

supracitado, através da análise dos discursos cívicos, patrióticos, militaristas e

pedagógicos divulgados na época. Tal pesquisa tem sido realizada a partir da consulta e

análise do material existente nos arquivos do Estado da Paraíba. A documentação

selecionada no decorrer desta pesquisa consta de Leis, Decretos, Resoluções, atas,

periódicos locais, a exemplo da Revista Evolução, dentre outros. O texto que visamos

apresentar, especificamente, tem como objetivo problematizar as medidas assistenciais

propostas pelo governo da cidade de Campina Grande e do Estado da Paraíba na solução

do “problema da infância”, caracterizado, segundo discursos da época, pela falta de

padrões morais rígidos e pela “desestruturação” da família, o que teria comprometido

moral e materialmente a formação das crianças. Tendo em vista que o começo do século

XX foi marcado por um forte investimento nas políticas educacionais, como demonstram

Dávila (2006), Câmara (2007), Carvalho (2007), Monarcha (2007) e Oliveira (2012),

dentre outros autores, é possível compreender que a escola passou a desempenhar um

papel importante e estratégico na formação do “homem brasileiro”. Neste sentido,

buscamos refletir sobre as preocupações e motivações do governo da cidade de Campina

Grande e da Paraíba na formulação de projetos de educação que visavam corrigir e

disciplinar o corpo de crianças. A infância abandonada era vista como um problema social

nos anos 1930 e por isso mesmo uma série de investimentos jurídicos e políticos visaram

normatizar e controlar as crianças lidas como criminosos em potencial, segundo teorias

científicas que circulavam naquela época como a do médico Moncorvo Filho. Nosso

artigo tem como principal objetivo problematizar a construção discursiva dessa infância

considerando-se a trama de saberes e poderes que se articularam naquela época para

construírem significados e formas de controle e normatização para essa infância vista sob

os signos da delinquência e da marginalidade. Metodologicamente a nossa reflexão é

tecida a partir da análise do discurso de periódicos como o jornal “A voz da Borborema”

de 1937, textos jurídicos como o Código de Menores e decretos locais, e a Revista de

Ensino do Departamento de Educação da Paraíba.

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Nome: JUZIVAN BELARMINO DE LIMA

Título: “Petrolina avança, no largo caminho do progresso”? Os homens de letras e a

representação da modernização do Vale do São Francisco através do jornal O

Pharol 1915-1930.

Orientador: ANA CLARA FARIAS BRITO

Coautoria: Não

Resumo: O trabalho aqui proposto busca apresentar algumas reflexões da pesquisa Os

Homens De Letras E A Modernização Do Vale Do São Francisco Através Do Jornal O

Pharol 1915-1930. O objetivo do trabalho é compreender a atuação dos intelectuais no

possível processo de Modernização de Petrolina-PE, propagado no jornal que durou mais

tempo no sertão pernambucano: o Pharol. O periódico tem início nos anos de 1915 e conta

com a engajada participação dos intelectuais da região. Para entender o papel dos mesmos

analisamos os textos publicados entre os anos de 1915-1930, na intenção de identificar os

sujeitos, assim como, os anseios de modernidade expostos nos artigos escritos. Os textos

do Pharol são intercalados com um referencial teórico que trata sobre os conceitos de

Modernidade, Civilidade e História da Imprensa. Durante o tratamento com as fontes foi

possível inferir que os discursos propagados pelo jornal levam a uma pretensa mudança

na cidade e sua modificação no que tange aos hábitos e costumes de sua população.

Nome: MARIA REJANE DA SILVA

Título:Intolerância e demonização das práticas religiosas afro-brasileiras na cidade

de Petrolina/PE nos anos 40 e 70

Orientador: Harley Abrantes Moreira

Coautoria: Não

Resumo: Esse texto teve como objetivo central discutir e analisar as relações de

alteridades e a construção das identidades estabelecidas entre pentecostais e religiões

afro-brasileiras na cidade de Petrolina nos anos 40 e 70. Baseamos a argumentação em

torno de uma bibliografia especifica e de fontes escritas e orais produzidos na cidade. O

cruzamento dos depoimentos com os documentos primários, mais precisamente, com um

artigo publicado no jornal O Pharol em 1948 nos mostram que os grupos pentecostais e

também a elite petrolinense estabeleceram visões marcados pela desconfiança e

intolerância com as religiões afro-brasileiras e seus adeptos. Sob o 'alerta de um perigo',

o artigo publicado classificava os curandeiros como praticantes de uma medicina ilegal e

causadores do atraso social da cidade. Separando rigorosamente o bem do mal,

assembleianos se colocavam como portadores de uma identidade religiosa hierarquizada

e superior, onde as religiões afro-brasileiras não passavam de obras demoníacas e seus

adeptos de agentes do mal.

Nome: Maria Viviane de Melo Silva

Título:A Memória social e as lembranças palmeirenses refletidas no cotidiano da

década de 1960.

Orientador: Francisca Maria Neta

Coautoria: Não

Resumo: Este artigo tem como propósito estabelecer um diálogo sobre a importância da

memória coletiva no município de Palmeira dos Índios para uma análise do cotidiano na

década de 1960. O estudo consiste em analisar a importância da memória e das

lembranças daqueles que moravam e vivenciaram o período já citado, investigando o

contexto da cidade a partir da memória social, fazendo-nos conhecer o que englobava a

sociedade da época através da memória. Esta análise é ancorada no recorte teórico da

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História Oral e Memória, tendo como principais referências teóricas Antônio Torres

Montenegro, Jaques Le Goff, Ecléa Bosi e Maurice Halbwachs. A importância dessa

proposta faz-se relevante pela análise da sociedade palmeirense a partir da memória das

pessoas, possibilitando a valorização de suas reminiscências para a edificação de uma

identidade social.

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CO 6) História do século XX 3

24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

Nome: Cícero Renan Nascimento Filgueira

Título:A modernização do Repente de Viola e os Impactos na sua Dinâmica

Orientador: Prof.ª Dr.ª Isabel Cristina Martins Guillen, UFPE.

Coautoria: Não

Resumo: O Repente de Viola é um dos fenômenos de cultura popular mais difundido no

Nordeste, principalmente nas áreas sertanejas de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do

Norte e Ceará. O desenvolvimento desse fenômeno é de longo prazo na nossa história,

porém ao longo do século XX começou-se a transforma-se em um processo de

modernização e midiatização. Câmara Cascudo no prefácio de “Cantadores” de Leonardo

Mota chama-nos atenção para o fato de que até 1921 as grandes cidades, como as capitais,

pouco ou quase nada se via de poetas populares. Porém, tal fato muda com os estudos

folclóricos que já haviam iniciado desde o final do século XIX com, por exemplo, Silvio

Romero. E, aliado aos estudos folclóricos, vemos o florescer da modernização nas cidades

do interior com a chegada de novas tecnologias (o rádio, por exemplo). O repente passa

a ser estudado de forma mais sistemática e acaba por ganhar uma roupagem mais

urbanizada, ao passo que cada vez mais a população dos grandes centros urbanos passam

a ficar mais íntimos desse fenômeno. Os poetas passam a migrar esporadicamente para

os grandes centros urbanos para cantar nos grandes mercados, praças, praia, etc. Com os

congressos de viola das grandes cidades (o primeiro foi em 1949 no Recife) marca a

anexação definitiva do repente de viola como integrante, agora, ao meio urbano dos

grandes centros. Portanto, o presente trabalho pretende mostrar como os discursos

modernizantes da elite intelectual e econômica alterou a dinâmica do repente e os

impactos desses na cultura popular do repente de viola.

Nome: Taísa Fernanda de Souza

Título:Os ritos da mesa e a história da culinária nordestina na perspectiva de

Gilberto Freyre e sua obra Casa-Grande & Senzala.

Orientador: Kennya Almeida

Coautoria: Não

Resumo: O presente trabalho aborda os costumes e tradições da culinária nordestina, em

especial, o registro da culinária pernambucana, a partir da obra Casa-Grande e Senzala de

Gilberto Freyre. Para o autor houve uma significativa troca de valores culturais, cujas

marcas se manifestam de maneira visível no nordeste do Brasil; onde a culinária é fruto

de um passado caracterizado principalmente pela influência da cultura indígena e africana

mescladas aos gostos europeus. No nordeste os temperos europeus e indígenas se

harmonizaram com os sabores da África. Através do estudo da arte de cozinhar pode-se

chegar a um passado que se reflete no presente, muitas das nossas práticas atuais em torno

da mesa revelam a maneira pela qual a sociedade se organiza, e de como os membros

desta se relacionam com o outro a comida servida nas casas coloniais fazia alusão à

origem social da família da casa-grande. Grandes jantares e banquetes eram organizados

pelos senhores de terra para ostentar poder, tratar de negócios e debater política. A

diferença social aparecia, geralmente, nos tipos de alimentos e na diversidade dos pratos

servidos na casa-grande ou no mocambo. Muitas comidas que no Brasil não se

encontravam com facilidade, só eram vistas em jantares oferecidos para a burguesia a fim

de demostrar poder e luxo. Bem antes que a historiografia brasileira viesse a debater a

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identidade da nação, Freyre descortinava a história do Brasil e difundia que não existem

culturas isoladas. Levando em consideração seus pressupostos teóricos, deseja-se

compreender a partir da culinária do comportamento social em torno da mesa, traços da

história sociocultural do sertão pernambucano. Para tanto, realizou-se um levantamento

bibliográfico e documental em acervos locais e entrevistas com mulheres da localidade.

A pesquisa, que ora encontra-se em fase de desenvolvimento, é uma realização do Núcleo

de Pesquisa em História Cultural da FACHUSC.

Nome: Raquel Silva Maciel

Título: Tramas escritas, vozes cantadas: A literatura popular e a imagem do Sertão

em Câmara Cascudo

Orientador: Profa. Dra. Regina Coelli Gomes Nascimento

Coautoria: Não

Resumo: Luís da Câmara Cascudo é conhecido nacional e internacionalmente por seus

estudos no tocante a cultura popular brasileira. Nas mais de 150 obras que produziu,

buscou encontrar uma origem para os gestos e práticas sociais e culturais. No início de

sua carreira intelectual, já realizava tal movimento produzindo obras centradas no estudo

de manifestações populares, incluindo aquelas apontadas como as que o levaram ao

reconhecimento nesse campo de estudo, “Viajando o sertão” (1934) e “Vaqueiros e

Cantadores” (1939). Essas são construídas a partir de seu contato com o ambiente

sertanejo, ocorrido na infância e parte da juventude através de suas viagens para o interior

do Rio Grande do Norte e da Paraíba buscando a cura de problemas de saúde e

posteriormente quando iniciou nessa mesma região suas pesquisas etnográficas. As obras

apresentam um traço marcante das produções cascudianas, isto é, a busca por raízes do

seu objeto de estudo, sendo esse no caso desses escritos a literatura popular através da

poesia sertaneja e da literatura de cordel. Objetivamos realizar nesse ensaio, a construção

de uma narrativa que analise por meio dessas obras a criação de uma imagem para o

Sertão. Para isso, se faz necessária a problematização acerca das influências pessoais e

intelectuais, e dos elementos constitutivos presentes em ambas as obras que

possibilitaram a imagem de Sertão que Cascudo fabrica. Este trabalho tem como premissa

básica, problematizar alguns conceitos frequentes nas obras de Cascudo, como por

exemplo, a noção de literatura popular, cultura popular e manifestações sertanejas. Neste

sentido, nossa análise é construída a partir da interlocução com autores que refletiram

sobre estas, tais como Michel de Certeau (2009), José Alves Sobrinho (2003) e Mirella

Santos Farias (2001).

Palavras-chave: Literatura popular. Câmara Cascudo. Cultura popular. Sertão.

Nome: Humberto Rafael de Andrade Silva

Título: Um outro olhar sobre o Recife: O discurso preservacionista em Mário

Carneiro do Rêgo Mello.

Orientador: Sylvia Costa Couceiro

Coautoria: Sim

Resumo: O início do século XX foi, no Recife, uma época de transformações profundas.

A cidade passava por uma intervenção urbana de grande porte, com a reforma do Porto e

do Bairro do Recife, que previa a modernização portuária, a redefinição do traçado do

porto e do Bairro portuário como forma de otimização do comércio, com a abertura de

largas avenidas, a relocação dos moradores e a demolição de edificações que se

constituíam em marcos e referência da cidade, a exemplo do que ocorrera em outras

grandes cidades como Paris e Rio de Janeiro. Em meio à euforia da maioria em relação à

modernização que se dava na cidade, um grupo de intelectuais vão agir no sentido da

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preservação do legado histórico da cidade, eles se dividiam em dois grupos: de um lado,

alguns integrantes do Movimento Regionalista liderados por Gilberto Freyre e Aníbal

Fernandes, que defendiam a causa preservacionista através da Inspetoria Estadual de

Monumentos Nacionais, e, do outro, o jornalista Mário Melo, integrante do Instituto

Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano. Empreendendo debates longos e

acirrados em alguns periódicos da época, esses intelectuais buscavam validar suas visões

e práticas no que concerne a conservação dos edifícios históricos influenciando

diretamente na construção da memória da cidade pelos seus habitantes. Como

consequência desse processo, e já com algumas ideias consolidadas no que diz respeito à

prática preservacionista, todo o processo de reforma do Bairro de Santo Antonio (1927-

1943) foi marcado pela reminiscência dos acontecimentos e discussões ocorridas durante

a reforma do Bairro do Recife e uma oposição mais organizada em relação a derrubada

dessas edificações importantes para a história da cidade. É também nesse período que

pela primeira vez a cidade foi pensada como objeto de planejamento urbano como um

todo, diferente, por exemplo, a intervenção pontual ocorrida no bairro do Recife duas

décadas atrás. Nesse contexto as questões levantadas pelo intelectual Mário Carneiro do

Rêgo Mello em diversos periódicos à época tiveram um papel fundamental na defesa às

edificações consideradas possuidoras de um legado histórico para a cidade. O objetivo

desse trabalho é expor uma análise conjuntural, a partir de uma seleção de a fontes, das

campanhas preservacionistas empreendidas por esse intelectual através dos periódicos

durante o processo de reforma do Bairro de Santo Antônio e algumas das principais

influências que dirigiam esse discurso. Palavras chave: Patrimônio Histórico,

Preservação, Mário Melo, Discurso.

Nome: Gabriela Borba de Lima

Título: Da Europa à Várzea do Capibaribe? As apropriações dos contos medievais

na obra de Francisco Brennand.

Orientador: Rozélia Bezerra

Coautoria: Não

Resumo: Ao se falar sobre as obras do pintor e escultor Francisco Brennand, normal e

instantaneamente é feita uma associação com os tabus sexuais da sociedade

contemporânea. Para fugir a este clichê, a proposta desse trabalho foi edificada em torno

da série de pinturas intitulada “Chapeuzinho Vermelho”, da autoria de Francisco

Brennand e do conto homônimo publicado na obra “Contos de Mamãe Gansa”, de Charles

Perrault, que circulou na França no ano de 1697, buscando entender a relação que há entre

o título da história e a pintura de Brennand. Segundo Robert Darnton (2011) durante a

Idade Média esses contos eram repassados oralmente, porém modelados à realidade da

sociedade nas quais que eram difundidos, se tornando mais estáticos após o registro e

compilação. Com o surgimento do Romantismo literário no século XIX, contos similares

foram publicados pelos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, no ano de 1806, tomando como

cenário um mundo mais dotado de “maravilhas” e mais próximo ao território do norte

europeu. Após análise de imagem, foi possível identificar uma apropriação e uso do conto

medieval o que nos habilitar a dizer que houve circulação de saberes entre a Europa

Medieval e a Várzea do Capibaribe.

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Nome: Lucas de Mendonça Furtunato

Título: Mensagens para a História: uma análise historiográfica e poética da obra

literária Mensagem, de Fernando Pessoa

Orientador:

Coautoria: Não

Resumo: Se o solstício de uma nova cultura historiográfica - aquela menos repreensiva

às múltiplas linguagens ressignificantes do mundo – se fez presente, é porque a prática de

tal cultura se fez ao lado de uma compreensão: a de que o historiador tem algo que ver

com o artista, no constante lapidar da pedra-fato-bruto. É, portanto, nas terras que se

percorrem por essas veredas que a presente proposta de comunicação oral ensaiará pôr a

ela mesma, numa análise historiográfica, por excelência, e poética, por encantamento – e

vice-versa –, da obra Mensagem, do célebre poeta português Fernando Pessoa. Obra

prima da língua portuguesa, Mensagem tem por substrato a expansão marítima lusitana,

que se sensibiliza por seus signos de busca, perda e descoberta, e se inscreve no contexto

da elaboração de uma epopeia portuguesa. A astúcia analítica que aqui se empreende é,

portanto, aquela que se coloca entre os dois lugares imagéticos que a literatura se propõe

a engendrar: um lugar paisagístico, animado pelos temas, pelos personagens e pelos

espaços narrados, e um lugar de leitura, onde se processam as intrigas, as inquietações e

as angústias daquele que, lendo, é ávido por revisitações, julgamentos e significações nos

planos conceituais, epistemológicos e narrativos. A região que se coloca entre esses dois

lugares da literatura, um que se definiria definiria real e outro poético, se esculpe mais

por entrecruzos que por indeterminismos entre diferentes matizes do conhecimento e se

posta diante da escrita historiográfica como um ambiente de profunda riqueza nas

reflexões sobre as construções imagéticas nas teias perceptivas que se erguem sobre o

fato histórico e sobre as leituras desse fato. Depois do anúncio que os historiadores

escrevem, para usar a expressão de Ginzburg (O fio e os rastros, Companhia das letras,

2007) essa comunicação oral propõe uma análise de Mensagem por tais termos,

renovando o cânone histórico sobre a temática específica e o papel da literatura para a

reflexão histórica. Certos de que “os problemas de significação puderam ser abordados

de modo senão feliz pelo menos prometedor, a partir do momento em que se caracterizou

mais precisamente a noção de sentido” (TODOROV, T. As estruturas narrativas. São

Paulo: Perspectiva, 2004.) tal estudo, plenamente consciente de sua incompletude, ensaia

contribuir ao campo da representação na história. No que os filósofos contemporâneos

cunharam chamar inferencialismo (BRANDOM, R.), que “exige a movimentação de toda

a rede discursiva e dos conceitos que se articulam validamente, instituindo-a” (VAZ-

CURADO, D. Inferência, expressivismo e a conformação pragmático-normativa em

Robert Brandom) entende-se, aqui, que se pode refletir a História e que é em torno de tal

compreensão que caminha, afinal, ela mesma.

Nome: Daiane Marques

Título: O Reduto de Wilson Lins: O cotidiano e o coronelismo numa obra literária

Orientador: Nilton de Almeida Araújo

Coautoria: Não

Resumo: Busca-se nesse trabalho discutir como ficam as relações cotidianas na ausência

de um coronel em sua localidade. Para isso faremos uma análise de uma obra do escritor

Wilson Lins. O autor nasceu em Pilão Arcado, no sertão baiano. Era filho de um dos

coronéis mais importantes do interior do Nordeste, Franklin Lins de Albuquerque. Além

de escritor, romancista, ensaísta, jornalista e político, foi membro da Academia de Letras

da Bahia. Wilson Lins foi responsável pela publicação de uma trilogia que tem como tema

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o coronelismo. O primeiro livro chama-se Os cabras do Coronel, tendo sido publicado

em 1964. O segundo deles, O Reduto, data de 1965. O último, Remanso da Valentia, foi

lançado em 1967. As histórias acontecem no sertão nordestino, tendo Remanso, Barra,

Pilão Arcado e Sento-Sé como cenários principais. No primeiro dos livros, a história é

centralizada na figura do Coronel de Pilão Arcado, nos seus desejos, suas vontades e

imposições. O autor focaliza o poder que o Coronel exerce na região, mostrando lutas,

conflitos e disputas. É possível verificar esse poder, pois durante a trilogia o autor sempre

se refere ao Coronel de Pilão Arcado com “c” maiúsculo, usando minúsculo para os outros

coronéis. Na segunda obra, o Coronel recebe um nome, Franco Leal – até então chamado

apenas de Coronel. É válido notar que o foco deste livro se dá justamente na ausência

física do Coronel Franco, que recebe um pedido do governo federal para combater os

revoltosos da Coluna Prestes. No último livro, o Coronel Franco volta a Pilão Arcado

para combater seu adversário, o coronel Torquato Thebas, de Remanso, ocasionando o

grande conflito da trilogia e reafirmando a figura do Coronel Franco Leal como forte,

adorado e temido, por aliados e adversários. Embora formem uma trilogia, os livros

podem ser lidos separadamente, sem prejuízo ao entendimento ou perda do encanto

narrativo do enredo. Uma vez que o coronelismo é normalmente tratado a partir da

presença do coronel, como ele funciona na sua ausência física? Para isso focaremos no

livro O Reduto, que trata da partida do Coronel, deixando a administração local nas mãos

de sua mulher, Dona Bonina. Nesse volume também podemos verificar os aspectos da

vida cotidiana como costumes, festas, trabalhos, relações de vizinhança, amigos e

familiares. Wilson Lins, dessa maneira, trata de um aspecto pouco explorado pelos demais

escritores que abordaram o coronelismo, ao mostrar suas relações corriqueiras. Com isso,

o presente trabalho também dialoga com a historiografia de autores que pesquisaram o

assunto. Como por exemplo, Victor Nunes Leal em seu livro Coronelismo, enxada e voto

de 1949, que tratou o coronelismo partindo da política e da legislação, ao analisá-lo de

um ponto de vista mais geral da organização do Brasil.

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CO 7) História do Tempo Presente 1

24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

Nome: Gabriela Resendes Silva

Título:Antissemitismo no Tempo Presente: O Caso Argentino (1997-1998)

Orientador: Prof. Dr. Dilton Cândido Santos Maynard (DHI/UFS)

Coautoria: Não

Resumo: O presente trabalho objetiva analisar aspectos do fenômeno antissemita presente

na América do Sul, especificando o caso argentino. A pesquisa enfoca os atos de

profanações de túmulos judaicos por membros da Polícia de Buenos Aires, em 1997 e

1998, nos bairros de Tablada e Ciudadela. Para tanto, utilizaremos o jornal Clarín, não

somente como fonte, mas também objeto de análise, como um agente histórico, visto que

buscaremos entender como tais atentados foram apresentados pelo periódico aos leitores

e como se comportou a Comunidade Judaica perante tais atos, principalmente a

Delegación de Associaciones Israelitas Argentina (DAIA).

Palavras-chave: Antissemitismo, Profanações, Violência.

Nome: Anailza Guimarães Costa

Título: Aspectos da extrema direita venezuelana e colombiana na internet: uma

análise comparativa (2005-2013)

Orientador: Dilton Cândido Santos Maynard

Coautoria: Não

Resumo: Na segunda metade do século XX, constata-se em muitas sociedades a crescente

estruturação e o fortalecimento de movimentos neofascistas que, por volta dos anos

1980/1990, ampliaram seu espaço político. A partir da década de 1990, estes grupos

ganharam um novo aliado, a internet. Diferentes organizações de extrema-direita

passaram a utilizar a web para atrair novos adeptos e disseminar suas ideias. Através da

internet, membros de diversos movimentos neofascistas se relacionam, trocam

experiências, propagam o ódio, e divulgam seus ideais de intolerância. Esta pesquisa

propõe realizar o levantamento, classificação e análise dos movimentos de extrema-

direita sul-americana na Internet, a rede mundial de computadores. Inicialmente

selecionamos para análise o site colombiano Terceira Fuerza: Herencia - Tierra-

Comunidad (http://www.tercerafuerzanacion.org/) e o blog Nacional Socialista da

Venezuela (http://nacionalsocialismovenezuela.blogspot.com.br/). Para tanto,

utilizaremos a História Comparada e observaremos como um mesmo problema - o

ressurgimento de ideais neofascistas - atravessa duas realidades distintas e veremos como

estes grupos utilizam a internet para se articularem politicamente e propagarem seus

ideais.

Nome: Luyse Moraes Moura

Título:Intolerância na Internet: Brasil, Chile e Extremismos de Direita no Tempo

Presente

Orientador: Dilton Cândido Santos Maynard

Coautoria: Não

Resumo: Este trabalho se propôs a investigar a presença de grupos de extrema-direita no

Chile e no Brasil, analisando suas apropriações da rede mundial de computadores entre

2009 e 2012. Para isso, foram selecionados para a análise o site do extinto movimento

neofascista chileno Frente Orden Nacional (http://www.chilens.org/), e o site do Partido

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Nacional-Socialista Brasileiro 88 (http://www.nacional-socialismo.com/index.htm).

Através de uma análise comparativa desses portais, pretende-se traçar um perfil das

atividades de grupos neofascistas que, no período estudado, utilizaram a Internet para

propagar mensagens racistas, xenófobas, antissemitas e homofóbicas; para atrair novos

adeptos; para comercializar e/ou disponibilizar materiais de inspiração fascista. Palavras-

chave: História, Extrema-direita, Internet.

Nome: Diego Leonardo Santana Silva

Título: O Portal Enciclopédia Eletrônica da Intolerância, dos Extremismos e das

Ditaduras: As Ditaduras no Tempo Presente (1950-2012)

Orientador: Dilton Cândido Santos Maynard

Coautoria: Não

Resumo: Este trabalho apresentará um levantamento das ditaduras no projeto

“enciclopédia eletrônica da intolerância, dos extremismos e das ditaduras no Tempo

Presente (1950-2012)” realizado pelo Grupo de Estudos do Tempo Presente da

Universidade Federal de Sergipe. Tal iniciativa compreende uma proposta global e

colaborativa para a produção de um suporte didático de caráter enciclopédico sobre os

fenômenos contíguos das ditaduras, extremismos e da intolerância no tempo presente.

Neste artigo será apresentada a sessão que aborda a temática de ditaduras na enciclopédia

e sua proposta de funcionamento no ambiente virtual. Serão expostos também resultados

iniciais da pesquisa obtidos através do levantamento dos primeiros dados a serem

analisados. Tais dados serão utilizados para mapear o que vem sendo produzido e onde

estas produções mais ocorrem. O projeto pretende contribuir para reunir a vasta

documentação dispersa sobre as ditaduras, os vários casos de extremismos e intolerância

– artigos, teses, entrevistas, fotografias, depoimentos, etc – em uma base documental

eletrônica, frequentemente atualizável, amplamente acessível, gratuita e dinâmica.

Nome: Débora de Seixas Leão Brito

Título: A influência da política desenvolvimentista do Brasil nas tendências da

pesquisa científica do CPATSA a partir do Jornal do Semi-Árido (1981 – 1986).

Orientador: Nilton de Almeida Araújo

Coautoria: Não

Resumo: O presente trabalho se destina ao estudo da agronomia enquanto campo

científico e o grau de autonomia das atividades desenvolvidas pelo Centro de Pesquisa do

Trópico Semi-Árido - CPATSA nos anos de 1981 a 1986 em relação à política

desenvolvimentista realizada pelo governo militar, a partir da análise do Jornal do Semi-

Árido.O desenvolvimentismo é uma política de resultados e tem como principal

característica a efetiva participação do Estado no crescimento da produção industrial e da

infraestrutura de transporte e armazenamento. Embora o conceito de desenvolvimentismo

seja mais correntemente aplicado ao governo de Juscelino Kubitschek, na pesquisa será

utilizado num sentido mais amplo, abrangendo os anos 1981 a 1986. Durante a ditadura

militar o governo empreendeu de forma semelhante uma política de incentivo às

exportações de matérias primas e importação de capitais e tecnologias estrangeiras. No

fim dos anos 1969 foi criado o primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que

teve como estratégia principal o capital estrangeiro, culminando na modernização

tecnológica das grandes propriedades através de incentivos fiscais, abertura de crédito e

importação de tecnologia estrangeira. Em 1974, no governo de Ernesto Geisel, foi editado

o II PND, que em virtude da crise internacional e do esgotamento produtivo nacional,

diferiu do anterior priorizando o incentivo à ciência e tecnologia no país como ponto

estratégico para desenvolver o país. A agricultura ganhou destaque no novo plano, que

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atribuiu ao país uma vocação agrícola como “supridor mundial de alimentos, matérias-

primas agrícolas e produtos agrícolas industrializados” .A EMBRAPA foi criada nesse

contexto, com o objetivo de reformar a pesquisa agropecuária e aumentar produtividade

agrícola do país. Uma das suas unidades foi implantada logo nos primeiros anos de seu

funcionamento na cidade de Petrolina, em junho de 1975, como CPATSA, atualmente

denominada EMBRAPA Semiárido. O Jornal do Semi-Árido, periódico produzido pelo

CPATSA, foi publicado pela primeira vez em 1981 com o objetivo de divulgar suas

pesquisas para entidades do setor rural de forma acessível ao público em geral. A primeira

fase desse jornal, compreendida entre 1981 e 1986 será o objeto dessa pesquisa.

Nome: Clarisse dos Santos Pereira

Título: As vozes dos trabalhadores rurais nos processos: uma análise social (TRT 6

- Goiana 1976-1980)

Orientador: Regina Beatriz Guimarães Neto

Coautoria: Não

Resumo: O principal objetivo do trabalho é analisar historicamente os processos

trabalhistas da Junta de Conciliação e Julgamento da cidade de Goiana (Zona da Mata

Norte de Pernambuco), arquivados pelo Projeto TRT Memória e História no quarto andar

do CFCH da Universidade Federal de Pernambuco. Este acervo conta com mais de

200.000 processos do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região. Através dos processos

nos propomos a tentar perceber como se produzem certas situações do cotidiano social

do trabalhador da Zona da Mata Norte, uma vez que esta documentação dá aos

historiadores a possibilidade de investigar mesmo a trajetória daqueles trabalhadores que

não deixaram um registro direto. Desta maneira, usamos os processos como fonte

entendendo que o trabalhador rural é um ator ativo da sua história e da história do Brasil,

não sendo o Direito de uso restrito das classes dominantes. Através deles podemos

perceber as relações sociais estabelecidas pelos trabalhadores rurais, os vestígios das

condições de vida desses trabalhadores nesse momento específico (1976-1980), buscando

fazer uma análise social. Neste artigo analisamos dois processos trabalhistas, que nos

podem nos dar indícios de sobre as condições de vida do trabalhador rural, como moradia

e condições de trabalho. Além disso, na análise das fontes percebemos que as conciliações

entre empregado e empregador representam grande parte dos processos. Procuramos

pensar por que esse era um caminho tão recorrente, e de que maneira esta estratégia foi

usada pelos trabalhadores que recorriam à Junta de Conciliação e Julgamento de Goiana.

Palavras-chave: trabalhador rural, processos trabalhistas, história social.

Nome: Camila Maria de Araújo Melo

Título: Interpretação e aplicação das leis trabalhistas conforme os juízes da Junta de

Conciliação e Julgamento de Escada – Pernambuco

Orientador: Regina Beatriz Guimarães Neto

Coautoria: Não

Resumo: Em Pernambuco, é compreendido que até os anos de 1960 os espaços rurais

padeciam com a escassez do olhar jurídico nacional na esfera trabalhista. Os ditos

“coronéis”, senhores de engenho que ainda detinham poder local, eram fortemente

combatidos pelos Sindicatos Rurais. As oligarquias açucareiras participavam dos poderes

municipais e do estadual, o que dificultava ainda mais as lutas em prol dos direitos dos

trabalhadores. Porém, o Estado brasileiro percebeu que o meio rural também necessitava

de maiores interferências jurídicas: antes mesmo do Estatuto do Trabalhador Rural –

fomentado em 1963 -, foram instaladas no interior de Pernambuco Juntas de Conciliação

e Julgamento pelo interior do estado, sob o comando do Tribunal Regional do Trabalho

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da 6° Região. Nesta presente pesquisa procurou-se observar as bases discursivas e

normativas das leis e de como são construídas as interpretações na sua aplicabilidade,

buscando compreender através da análise do funcionamento de um órgão jurídico – a

Junta de Conciliação e Julgamento localizada no município de Escada entre os anos de

1975 até 1980 – como os juízes da Justiça do Trabalho operavam nos conflitos entre os

trabalhadores e seus empregadores, compreendendo como tornam a aplicação da Lei parte

do cotidiano social brasileiro. Percebendo a importância das relações entre a História e o

Direito para melhor reflexão sobre a legislação do trabalho no universo político brasileiro,

buscamos entender as leis, suas interpretações e seus usos dentro e fora dos

tribunais. Com a implementação das Juntas de Conciliação e Julgamento, percebe-se que

se caracterizam por serem informais, e o objetivo de seu funcionamento era o de promover

conciliações entre as partes, sendo estas compreendidas no meio jurídico como expressão

de êxito da justiça, podendo ser entendidas como concessões recíprocas e não como

renúncia de direitos. Porém, as conciliações não indicavam os reais conflitos que

ocorriam na sociedade canavieira: as diferenças entre os trabalhadores e os empregadores

também eram fortes no meio político, social, cultural e econômico pernambucano. Ao

investigar além das origens das concepções e doutrinas jurídicas, procura-se assimilar –

a partir da ótica do Direito – como o juiz construiu e desconstruiu seus pilares forenses

para perceber que afora dos tribunais e dos escritórios de advocacia havia lutas de valores

e interesses que precisavam ser analisados além do que se encontra estritamente escrito

nas leis através de suas vivências. Assim, inquirir como as lutas rurais também

influenciavam nos juízos de valor dos juízes, e como eles, a partir do contexto trabalhista

e rural, se utilizavam de sua autoridade nos seus julgamentos.

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CO 8) História do Tempo Presente 2

24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

Nome: Fred Rego Barros Pedrosa

Título: O amargor de sua perda: o caminho incerto da vila de Suape (1973-1980)

Orientador: Drª. Maria Ângela de Faria Grillo

Coautoria: Não

Resumo: A História do Brasil, a começar dos colonizadores até aos grandes empresários

multinacionais, vem mostrando como o poder das classes dominantes vinga em apropriar-

se de espaços antes ocupados por pessoas menos favorecidas. Esse tipo de expulsão vem

causando sérios problemas sociais em que a perda da moradia não só afeta a vivência dos

excomungados, mas também traz uma questão emocional. Esse tipo de situação está

presente no caso da Vila de Suape e de seus moradores. Suape localiza-se na faixa

litorânea de Pernambuco mais precisamente no município do Cabo de Santo Agostinho

sofreu uma grande interferência socioestrutural em sua localidade, na década de 1970,

com a construção do Complexo Industrial-Portuário de Suape (CIP de Suape), este grande

empreendimento que vinha como proposta de incentivar o comércio e a indústria na

região prometendo o “progresso” numa área pouco explorada economicamente. Essa

apropriação do espaço antes ocupado pelos atores sociais tradicionais, os suapenses,

sofreu interferência desses novos atores que alteraram o cotidiano daquela localidade,

inserindo novas práticas que reconfiguram o cenário espacial e socioeconômico da região.

No caso daquele vilarejo tem certo agravante, pois não só o local de moradia foi afetado,

mas também o espaço de trabalho. Como o progresso, para o Governo e os grandes

empresários, vale mais que o social. O suapense pesca a dor de perder seu trabalho, sua

vivência, sua moradia. E essa perda deixa um gosto amargo na boca, sensação essa de

desconforto, de desalento, de desmoronamento. Lá onde mora a dor, onde a luta é diária,

onde a luz é incessante, onde o medo é constante. Mesmo vencendo as batalhas, que a

vida há de prover, surge um novo embate, que a luz não quer rebater. Nem com maior

esforço ou determinação fez mudar o rumo do processo de desapropriação. Todavia, o

malabarista não deixa seu diabolô cair com facilidade. Ele esgueira-se nas brechas da

tática para sobreviver. E com isso a peleja está armada entre os stratègós (a arte do

general) e os malandros (a arte do popular), vivendo num híbrido mundo particular.

Nome: Gilvânia Cândida da Silva

Título: O retrato da militância feminina na ditadura civil-militar brasileira: a

criação de representações no cinema das décadas de 1990 e 2000

Orientador: Natália Conceição Silva Barros

Coautoria: Sim

Resumo: O presente trabalho tem como proposito a análise crítica de filmes com a

temática da Ditadura Civil-Militar no Brasil; selecionados, em especial, a partir do seu

ano de lançamento, entre as décadas de 1990 e 2000. A abordagem utilizada tem como

prioridade a identificação e o exame das opções de representação feminina oferecidas

nessas obras. De modo que, a partir da perspectiva de gênero, seja possível compreender

a que perfil de feminilidade as personagens são enquadradas. Nesse sentido, serão

extraídas as interpretações dadas pelos textos de referência em relação à ação feminina e,

assim, confronta-las com a forma como são retratadas nas criações fílmicas eleitas. As

lentes teóricas utilizadas deverão, pois, demonstrar a função representativa que tais

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exposições têm no tempo presente. Tanto no que concerne a marginalização, quanto à

romantização das atividades das mulheres militantes.

Palavras-chave: Ditadura; Cinema; Mulheres.

Nome: Franciel Coelho Luz de Amorim

Título: Os aspectos sociais e econômicos da política de reforma agrária no Vale do

São Francisco: um estudo no projeto de assentamento Catalunha (1990)

Orientador: Moisés Diniz de Almeida

Coautoria: Não

Resumo: Este artigo tem por objetivo analisar a aplicação da política de reforma agrária

no projeto de assentamento Catalunha, em Santa Maria da Boa Vista/PE, sertão do São

Francisco. Buscando identificar aspectos históricos, sociais e econômicos na atividade da

fruticultura irrigada, bem como da crise vivenciada por esta atividade na década de 1990

e suas possíveis vinculações com a política de reforma agrária. Adotando o método

histórico por meio do materialismo dialético procurou-se investigar quais as finalidades

da política de reforma agrária ao implantar o projeto de assentamento Catalunha e de que

maneira o mesmo impactou econômica e socialmente a realidade camponesa da região.

Considerando-se, no caso em estudo, a política de reforma agrária implantada não como

solução camponesa, mas como mero mecanismo a serviço dos latifundiários, utilizando-

a para recuperação do capital (Fazenda) falido por meio de uma estratégica de

capitalização em razão da desapropriação.

Palavras-chave: Fruticultura irrigada; Reforma agrária; Estratégica de capitalização.

Nome: Amanda Vanúbia R. Guerra

Título: SUDENE: Discursos Políticos e Intelectuais em Pernambuco (1959-1962)

Orientador: Flávio Weinstein Teixeira

Coautoria: Não

Resumo: Esse artigo tem como proposta analisar o processo político e intelectual de

criação da SUDENE, num período que vai de 1958 a 1962 com a implantação do Primeiro

Plano Diretor que foi aprovado pelo Congresso em dezembro de 1961.

Nome: Romulo Gabriel de Barros Gomes

Título: Recife Submerso: considerações histórico-climáticas e culturais acerca das

cheias na região metropolita do Recife

Orientador: Marcília Gama da Silva

Coautoria: Sim

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo o estudo das recorrentes cheias na

Região Metropolitana do Recife, provocadas pelas precipitações ao longo do Rio

Capibaribe, bem como a repercussão de tais eventos no imaginário e na memória da

população recifense. O presente estudo justifica-se pela retomada da temática da história

climática pela escola de Annales no século XX, e visa debruçar-se sobre este vasto campo

de pesquisa há muito relegado pela historiografia. Para tal, conta com o aporte de textos

historiográficos, geográficos, jornalísticos, bem como a análise de fontes primárias como

relatos pessoais, fontes imagéticas e outras produções culturais.

Nome: Geane Bezerra Cavalcanti

Título: Memórias de um Padre Socialista: O trabalho da Igreja Progressista junto

aos movimentos sociais de bairro durante a Ditadura Militar (1964-1985)

Orientador: Marcília Gama da Silva

Coautoria: Não

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Resumo: Este artigo apresenta uma parte dos resultados obtidos nos dois anos de vigência

do Programa de Iniciação Científica ofertada pela Universidade Federal Rural de

Pernambuco (PIC/UFRPE). O artigo intitulado “Memórias de um Padre Socialista: o

trabalho da Igreja Progressista junto aos movimentos sociais de bairro durante a Ditadura

Militar (1964-1985)”, sob a orientação da professora Dra. Marcília Gama da Silva,

baseou-se na entrevista concedida por José Reginaldo Veloso de Araújo, ex-padre da

paróquia do Morro da Conceição em Casa Amarela. Padre Reginaldo, como é mais

conhecido, foi figura atuante na reorganização das associações de bairros durante os anos

da ditadura a partir do trabalho de evangelização e conscientização da população que era

encorajada por religiosos a buscar sua cidadania. Organizações criadas por D. Hélder ou

que contavam com o apoio da igreja, como: Encontro de Irmãos, Operação Esperança

Urbana e Comunidade eclesiais de base – CEB’s conseguiam ser espaços democráticos

dentro de um Estado de exceção. A maior consequência destes projetos foram os

Conselhos de Moradores, espaço de união e democracia popular na qual a população

buscava melhorias para a comunidade. Este artigo consiste em identificar a vigilância

exercida sobre estas organizações populares, além do papel da igreja e da participação do

padre Reginaldo na estruturação desses movimentos populares. Este trabalho teve como

base referencial a História oral e memória, MONTENEGRO (2010) e RUSEN (2009).

Além da entrevista também se utilizou como aporte metodológico referências

bibliográficas, jornais da época e documentos do DOPS-PE.

Nome: Samara de Rezende Mariano

Título: Carnaval sob o ponto de vista da mídia impressa de Pernambuco nos anos de

1968 e 1969.

Orientador: Rose Mary do Nascimento Fraga

Coautoria: Sim

Resumo: A análise do discurso apresentado pelos jornais de maior circulação da capital

pernambucana, no mês de fevereiro, nos anos de 1968 e 1969, é o foco central do nosso

trabalho, tendo como tema o carnaval. Dividimos o artigo entre a história do carnaval,

seu acesso ao povo brasileiro (em especial o pernambucano), até que ele atinja o status

de identidade nacional, passando pela economia no período ditatorial. Em um segundo

momento, é realizado uma desconstrução dos discursos dos jornais Diário de Pernambuco

e Jornal do Commercio, que estavam divididos entre as falas positivas e repressoras,

chegando até a divulgar o que o folião poderia ou não fazer durante os dias de

carnaval. Palavras chave: Carnaval; Ditadura Militar; Recife; Periódicos.

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CO 9) Educação, Identidade e Contemporaneidade

25/07 - sexta-feira - Tarde (14h às 16h)

Nome: Fábio Freitas dos Santos

Título: A Bahia é uma extensão da África? Representações da África nas letras das

músicas da Banda Olodum.

Orientador: Ivaldo Marciano de França Lima.

Coautoria: Não

Resumo: Resumo: Tanto as letras escritas pelos compositores da Banda de Samba-

Reggae Olodum, quanto às demais atividades socioculturais, a exemplo da dança,

percussão e teatro, evocam e afirmam um discurso de luta contra o racismo, exaltando a

beleza negra e pertencimento ao continente africano. O Olodum mostrou-se como

referência pautada na afirmação de uma identidade negra, sobretudo nos anos 80 e 90 do

século XX. Sua estratégia primordial baseou-se no caminho aberto pelos pan-africanistas

do século XIX, que viam na África o lugar dos negros e negras, de modo a acreditar que

a África é o lugar de todos e todas que afirmam identidade negra. O presente trabalho

busca compreender o papel das letras do Olodum na formação da identidade negra na

população subalterna da cidade de Salvador. Para o desenvolvimento deste projeto foram

utilizados, letras de músicas do Olodum como também referências de historiadores

africanistas brasileiros e bibliografia clássica de historiadores nascidos no continente

africano.

Nome: Zilma Adélia Soares Lopes

Título: PLURALISMO E RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS: UMA ANÁLISE A

PARTIR DO ENSINO DE HISTÓRIA DA ÁFRICA EM ESCOLAS DE OLINDA

Orientador: Aurenea Maria de Oliveira

Coautoria: Não

Resumo: A cultura e a identidade afro-brasileira estão intrincadas no processo de

aceitação e respeitabilidade das religiões de matriz africana, atualmente. Interessa-nos

investigar como a escola tem lidado com questões que tangem as temáticas da alteridade

e da (in) tolerância religiosa, a partir de um questionamento a respeito do lugar ocupado

pelo negro e pelas religiões afro-brasileiras dentro do ambiente escolar. Assim, neste

texto, pretende-se analisar os discursos de atores sociais da Secretaria de Educação de

Olinda, bem como de gestores e professores de História sobre o ensino de história da

África e atividades realizadas em unidades escolares desse município, tendo como

objetivo o ensino da cultura afrodescendente, que compreende também as religiões de

matriz africana.

Palavras-chave: Educação. Alteridade. (In)tolerância. História da África

Nome: Luiz Gustavo dos Santos Ferreira

Título: O Ensino de História como Aliado no Processo Identitário dos

Remanescentes dos Índios Cariris na Comunidade Poço Dantas Distrito de Monte

Alverne Crato – CE

Orientador: Dr. Francisco Egberto de Melo

Coautoria: Não

Resumo: Este estudo pretende analisar a importância do ensino de história no processo

Identitário dos descendentes dos índios Cariris, residentes na comunidade Poço Dantas,

localizada no distrito de Monte Alverne, na cidade do Crato – CE. Esta comunidade

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encontra-se localizada a 20 km de distância do centro da cidade do Crato – CE e abriga

cerca de cinquenta famílias de remanescentes dos índios Cariris. No que diz respeito ao

aspecto habitacional, em sua maioria, as casas são de tijolos, salvo alguns casos em

específico em que ainda encontram-se casas de taipa, todas dispõem de energia elétrica,

devido à localização se torna difícil à comunicação por aparelhos telefônicos. Durante os

anos de 2008 a 2010, funcionou no local uma sala de aula destinada ao ensino da

Educação de Jovens e Adultos - EJA. Durante o período de seu funcionamento, a sala de

aula recebeu apoio pedagógico da prefeitura da cidade do Crato – CE e da Universidade

Regional do Cariri através da Pró Reitoria de Extensão - PROEX. Em relação à estrutura,

esta era feita de tronco de árvores recoberta com palhoça, construída pelos próprios

moradores da comunidade. A sala de aula recebeu o nome de Luís Felipe Cariri, em

homenagem ao garoto símbolo para os habitantes do Poço Dantas, falecido aos 15 anos

de idade após um mal estar durante uma partida de futebol. Sendo assim, buscamos

compreender as práticas pedagógicas que foram desenvolvidas nesta sala de aula e como

o ensino proposto contribuiu na evocação de uma memória coletiva e consequentemente

com o fortalecimento da identidade dos sujeitos da comunidade. No que se diz respeito à

temática indígena: podemos afirmar que, se criou um estereótipo do que é ser índio e de

uma cultura indígena, pensamento este advindo desde a chegada dos portugueses, o que

se percebe na carta de Pero Vaz de Caminha. Ainda hoje, imagina-se o índio como sujeito

de pele morena, cabelos lisos e poucas vestes, habitando a mata, vivendo da caça e da

pesca e como detentores de ritos e costumes particulares aos seus semelhantes. Esse

imaginário social existente em torno do índio contribui para que este seja reconhecido

perante uma parcela da sociedade pelas suas características físicas. O próprio termo índio

pode-se afirmar, faz referência a um grupo específico, distinto as demais camadas da

sociedade. Logo, a escolha desse tema visa evidenciar a importância do ensino de história

nas comunidades indígenas, e como este pode contribuir nos processos de fortalecimento

da identidade étnica desses grupos. Sendo assim, pretende-se trabalhar com depoimentos

de alunos que frequentaram a sala de aula, da professora e demais sujeitos que possam

surgir no decorrer do estudo além de materiais didáticos que possam ter sido utilizados.

Nome: Marcia Silvestre de Araujo

Título: Samba de coco no ensino de História

Orientador: Prof.ª Drª. Magdalena Almeida

Coautoria: Não

Resumo: A história do samba de coco é marcada por um processo de intensa resistência

para manter-se viva. No passado, a luta era contra o regime escravocrata, e no presente é

contra a mídia que em muitos casos age como um personagem que escraviza. Ela dita o

que vestir, o que comer, o que dizer, o que é bonito ou feio, ou seja, o que é mais vantajoso

para ela. Entendemos que a escola é um lugar de divulgação da cultura, priorizando é

claro a cultura da sua região. Partimos da premissa de para entendermos e partilhamos

outras manifestações culturais é preciso conhecer a cultura em que estamos inseridos

regionalmente para assim termos uma base e não ficarmos sujeito a tudo que queiram nos

impor. Mesmo que o conceito de região seja tão amplo, estamos nos referindo a o lugar

em que vivemos. Nesse sentido, introduzir elementos culturais, como a brincadeira do

samba de coco pode trazer para as aulas de História um significado mais presente na vida

do aluno, levando-o a se sentir parte dessa história, mesmo que em uma temporalidade

longe da sua. Então, com o coco podemos tratar assuntos como a miscigenação do povo

brasileiro, a escravidão, essa podendo ser tratada não só pelo lado violento, mas pelas

diversas formas de resistência dos escravos, tanto negros como índios pela condição de

vida que lhe era imposta. Como bem diz Almeida, “Samba de coco é brincadeira e arte é

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uma reflexão sobre esta expressão como patrimônio cultural étnico brasileiro”

(ALMEIDA, 2009, p, 165). Samba de coco é junção, é vivência, é liberdade de um povo

oprimido. No contexto do ensino de História, o samba de coco serviria como um objeto

gerador, como foi citado acima. Assim, dando simbolismo para reflexões pertinentes e

para fomentar no aluno a sua capacidade de abstração em relação ao conteúdo da

disciplina ensinado no momento. Pois em História, o que fazemos a todo o momento para

entendemos os acontecimentos ditos históricos é usar a todo tempo nossa capacidade de

abstração. E também seria uma ferramenta para discutirmos questões relacionadas à

identidade cultural. Como, o que é? Para que serve em um mundo globalizado? O PCN

de História é claro onde diz que é dever da escola assumir a valorização cultural da sua

região para que daí busque ultrapassar as barreiras regionais. Ou seja, nesse contexto está

o norte para o professor, agora cabe a ele buscar ferramentas que o ajude a desenvolver

seu trabalho. Então, trabalhar o samba de coco em sala de aula oferece ao professor um

leque de oportunidades para levar o aluno a retirar um grande número de abstrações que

pode ajudá-lo a compreender melhor os assuntos estudados. Referência: ALMEIDA, M.

Revista Acervo, 2011– an.gov.br. Disponível em Google Acadêmico. Acesso 30 de

outubro de 2012.

Nome: Rafael Ouriques Vasconcelos de Moraes e Sílvio Ricardo Gouveia Cadena

Título: Sociedade de consumo: qual o papel do ensino de história no desenvolvimento

do pensamento crítico?

Orientador: Rozelia Bezerra

Coautoria: Sim

Resumo: Em uma sociedade de consumo, o apelo para o êxito profissional e financeiro

inicia cedo. Crianças e jovens tornam-se presa fácil perante o avanço violento de marcas

em busca de ávidos novos consumidores. A mídia de massa não deixa de estimular o

jovem empreendedor, escolas preparam par ao mercado, um curto leque de profissões

“fadadas” estreitam as opções, e a plenitude de trabalhar naquilo que se gosta é

secundário, quase antiquado. Diante dessa amálgama, qual o papel da escola e do

educador? A maneira atônita de como a escola observa essas mudanças parecem não

interferir na certeza atual de que ela ainda é imprescindível. O que será que faz a escola

ainda hoje ser em unanimidade uma experiência pela qual todos deveriam passar? Refletir

sobre a real finalidade da escola nos dias de hoje não parece conter essa mesma certeza

para todos. A escola não deve fechar-se para o mundo nem agir em descompasso com as

reais necessidades da sociedade. O que deve ser levado em conta é a relação dialética

entre elas. Ao professor de história, ciente de seu compromisso na formação de um sujeito

que se situe no espaço e no tempo, ao longo da história, armados com uma visão crítica,

e cientes de seus direitos e deveres. Sem esse senso crítico, o cidadão que a escola deveria

formar se torna uma presa fácil e um mundo que, como alertou Fredic Jameson (1996),

tudo foi transformado em mercadoria, na natureza a nosso inconsciente. Para tanto, faz-

se necessário refletir sobre qual o projeto de sociedade a escola moderna almeja e se ela

cumpre o papel de preparar o sujeito para atuação no espaço público como cidadão.

Queremos uma escola mediadora entre jovens promissores e empresas, perfeitos para a

compra de bens de consumo? São dilemas e desafios de um mundo cada vez mais

globalizado, em constante mudança. Essa velocidade exige um esforço redobrado para

educadores, escola, e por que não os alunos? Essa proposta foi engendrada com a função

de abrir mais uma discussão sobre a problemática atual da educação em meio a uma

sociedade moderna em que uma de suas bases é o consumismo. Ao discutirmos os meios

de comunicação e a construção do seu saber espontâneo, verificamos que há diretamente

uma ligação entre os mesmos e as próprias relações de consumo. Cabe às ciências

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humanas, sobretudo a disciplina de história, preparar para aqueles que se submetem a sua

aprendizagem a formação de um cidadão crítico capaz de ampliar seus pontos de vista,

estando apto a satisfazer-se com o necessário, nem que para isso, como afirma Bauman

(2008), tenha que se tornar “consumidores falhos”, não consumistas.

Nome: Allana Patricia Andrade Barros, Brunno Akhnaton Nunes de Souza e

Reginaldo Vilela de Lima

Título: UMA ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA DA OBRA DE

NORBERT ELIAS: NARRATIVAS DA PRODUÇÃO DE UM AUDIOVISUAL

COMO FONTE HISTÓRICA

Orientador: Prof. Ms. Maria Lana Monteiro

Coautoria: Sim

Resumo: O presente trabalho é resultado de uma produção audiovisual, que teve como

objetivo analisar de maneira pormenorizada os escritos mais importantes de Norbert

Elias, os dois volumes de o processo civilizatório (über den prozess der zivilisation).

Neste trabalho Elias busca fazer um estudo sociológico das chamadas sociedades de corte.

Como objeto principal está as cortes dos regimes absolutistas, principalmente a corte de

Luís XIV, quando o Absolutismo se mostra de maneira mais emblemática. A fonte

produzida faz uma abordagem do que o autor demonstrou como os padrões europeus pós-

medievais de violência, comportamento sexual, funções corporais, etiqueta à mesa e

formas de discurso foram gradualmente transformados pelo crescente domínio da

vergonha e do nojo, atuando para fora de um núcleo cortesão etiqueta. O objetivo deste

trabalho é socializar uma experiência acadêmica, que obteve êxito ao problematizar

através de um audiovisual como as relações sociais entre indivíduos, que submetiam

constantemente seus comportamentos a um auto policiamento, visando manter em

ascensão seu status social. Segundo Elias “competições por prestígio e status podem ser

observadas em muitas formações sociais; é possível que se encontrem em todas as

sociedades”. Esta observação é pertinente por esclarecer que os sujeitos sociais não

possuem comportamentos naturalizados, mas são resultados de construções históricas que

objetivam consolidar determinada relação de poder, expressa através das hierarquias

sociais. Suas obras focaram a relação entre poder, comportamento, emoção e

conhecimento na história. Devido a circunstâncias históricas, Elias permaneceu durante

um longo período como um autor marginal, tendo sido redescoberto por uma nova

geração de teóricos nos anos setenta, quando se tornou um dos mais influentes sociólogos

de todos os tempos. Para Norbert Elias “não se trata para de apreender apenas, ou

prioritariamente, a corte como lugar ostentatório de uma vida coletiva, ritualizada pela

etiqueta, inscrita no fausto monárquico”. Ele estuda a corte de forma abrangente,

envolvendo um processo minucioso de investigação da formação social que envolve

múltiplos sujeitos, pois são relações existentes entre os indivíduos de forma reciproca que

implica a construção de códigos e comportamentos originais. A problemática deste

trabalho concentra-se em discutir o porquê da renegação por um longo período de tempo

do trabalho de Norbert Elias, a sua produção bibliográfica como fonte de pesquisa para o

historiador e os limites que envolvem o oficio do sociólogo e do historiador, analisando

possibilidades de aplicações deste trabalho no ensino e pesquisa em história.

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CO 10) Formação de professores, Prática docente e História da Educação

25/07 - sexta-feira - Tarde (14h às 16h)

Nome: Lise Meireles Soares de Alencar

Título: A obrigatoriedade escolar e a questão do ensino prisional em Pernambuco

Orientador: Tânia Maria Brandão

Coautoria: Não

Resumo: Em meados do Século XIX diversos estados brasileiros começam

gradativamente a adotar uma legislação específica para a educação e a prever a

obrigatoriedade do ensino primário. Em Pernambuco a obrigatoriedade do ensino remete

a legislação provincial do ano de 1837, mas apesar dela, a situação das escolas no Estado

permanece sem grandes mudanças nos anos subsequentes. A educação formal passa

gradativamente a ser vista como fundamental para a formação moral do indivíduo e tem

sua importância reconhecida como alavanca de ascensão social, sendo necessária a

ampliação do quadro de escolas no Estado. Ainda no século XIX ganham força os

questionamentos acerca da necessidade de se educar criminosos durante o cumprimento

de suas penas, como meio de ressocialização. Para o Estado de Pernambuco, já passando

por um período de valorização das escolas, temos o exemplo do presídio da Ilha de

Fernando de Noronha que já no seu regulamento do ano de 1865 previa o ensino para a

população da ilha, em especial as crianças e os sentenciados. Esse primeiro capítulo

propõe uma revisão bibliográfica do processo de instituição da obrigatoriedade do ensino

na legislação brasileira, em especial do Estado de Pernambuco, e uma breve análise da

situação do ensino prisional no Estado, em particular da situação da ilha-presídio de

Fernando de Noronha.

Nome: João Paulo Nascimento de Lucena

Título:"Engordando cobra": o medo da educação "subversiva" do SEC no Recife

pré-Golpe (1962-1964).

Orientador: Isabel Cristina Martins Guillen, Ana Lúcia Fontes de Souza Vasconcelos

Coautoria: Não

Resumo: Produzido no âmbito da disciplina História do Brasil VII (República), em

novembro de 2013, este artigo é parte de um trabalho maior apresentado no Seminário

História e Memória da Ditadura Militar, atividade final para obtenção da média semestral,

e aceito para publicação no dossiê Trajetórias de vida na Ditadura Militar, da Revista

Tempo Histórico da UFPE, a ser lançando esse semestre ainda. Objetiva-se dar a ver o

relato da experiência do advogado e escritor Arthur Eduardo de Oliveira Carvalho (1935-

) quando da sua atuação no Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife

(SEC-UR), entre os anos de 1962 e 1964, onde ministrava a disciplina Realidade

Brasileira e compunha a equipe Paulo Freire de alfabetização. Debruçando-se sobre esta

memória individual/coletiva, buscou-se pô-la em diálogo com bibliografia sobre o tema

e referencial teórico metodológico que possibilitara a coleta e registro de seu relato,

discutindo-o, sobretudo a partir do texto “O narrador: considerações sobre a obra de

Nikolai Leskov”, do filósofo Walter Benjamin. Assim, utilizando-se da história oral,

antes uma metodologia ou prática de pesquisa do que uma disciplina, a entrevista buscou

rememorar as experiências e avaliações do período.

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Nome: Stênio Ricardo Carvalho dos Santos

Título: Instruir para o combate: as práticas educacionais de prevenção ao uso de

drogas em Pernambuco (1970)

Orientador: Giselda Brito Silva

Coautoria: Não

Resumo: A busca por combater e prevenir o consumo e tráfico de drogas não é uma

prática atual, a política de proibicionismo às drogas tem suas origens no final do século

XIX e os Estados Unidos da América se apresentará como um líder na defesa do

proibicionismo no cenário internacional. A expansão de tal política vem a se intensificar

na segunda metade do século XX, período em que o mundo se encontra dividido em dois

grandes blocos econômicos/ideológicos, onde o uso de drogas passará a ser vinculado a

atitudes comunistas. Através de convenções internacionais se busca criar uma rede de

colaboração entre países, firmando acordos em que os países signatários estariam

obrigados a adotar medidas para “erradicar o mal das drogas”. Aqui no Brasil tais medidas

serão convertidas em leis específicas, como as leis n. 5.726 de 1971 e a n. 6.368 de 1976.

A educação, e consequentemente o espaço escolar, será um dos meios ressaltados por tais

legislações para a realização de práticas preventivas e, por conseguinte, a difusão da

“ideia do mal” que as drogas estariam causando a sociedade. Portanto, através de

documentos oficiais de Estado e matérias jornalísticas, o presente trabalho tem a

pretensão de abordar como tais práticas se articulavam no Estado de Pernambuco em

meados da década de 1970.

Nome: POLIANA SOARES DE OLIVEIRA

Título: Discussão teórica sobre o ensino de História nos anos iniciais

Orientador: Lucas Victor Silva

Coautoria: Não

Resumo: O objetivo do presente texto é realizar análise a respeito do ensino de História

na perspectiva apresentada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's). O texto dos

PCN’s publicado em 1997 está longe de ser o ideal, mas é importante salientar que traz

em si importantes mudanças, principalmente quando prioriza que nos primeiros anos os

alunos aprendam desde cedo a entender a História de sua localidade para posteriormente

abranger outras, que se colocadas logo no início de sua educação, não terão sentido algum.

São essas mudanças, ou não, que analisaremos aqui.

Nome: Joedson da Silva Andrade e Regina Lucia Meneses de Souza

Título: Ensino de história: reflexões sobre o estágio supervisionado e sua prática

Orientador: Zélia Almeida

Coautoria: Sim

Resumo: Resumo: A disciplina tem sido constantemente repensada com novas teorias e

abordagens. Os novos debates não têm alcançado as salas de aula, razão de constantes

críticas dos alunos a disciplina, taxada como “decoreba”, e sem relevância. O ensino de

História requer esforço múltiplo e continuado dos profissionais da área. Novas

possibilidades tornam-se necessárias, uma vez que a disciplina tem perdido espaço no

âmbito escolar. Refletir sobre o papel do profissional de História na escola e na

universidade torna-se necessário, uma vez que estas instituições estão intimamente

ligadas. Nesta dinâmica permite juntar sujeitos na mesma tarefa: pensar novas práticas

em favor da responsabilidade social que exercem.

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Nome: Natalia Fernandes Santos

Título: Narrativas de formação de professores: saberes e fazeres de docentes em

História.

Orientador: Dr. Francisco Egberto de Melo

Coautoria: Não

Resumo: Todos os anos as universidades lançam na educação básica, professores que se

dedicam por um período de quatro anos na busca constante de uma formação acadêmica,

que na maioria das vezes torna-se uma tentativa de suprir as demandas regionais. Temos

como referência a Universidade Regional do Cariri (URCA) no sul do estado do Ceará,

que recebe graduandos para seus onze cursos de licenciatura plena, dentre estes o curso

de História. Nesta comunicação, busca-se, a partir de narrativas dos professores que

fizeram e fazem parte do departamento de história desta IES, refletir e discorrer sobre as

mudanças apresentadas como necessárias às práticas de ensino de história na formação

de professores para a educação básica, analisando as mudanças e permanências de

concepções que perpassam suas práticas pedagógicas. É notório o ritmo de constante

aceleração das inovações tecnológicas em uma escala multiplicativa e em curtos

intervalos de tempo, com efeitos significativos sobre os âmbitos da vida social,

especialmente no campo educacional e historiográfico. Desta forma, as novas concepções

pedagógicas em relação ao ensino de História devem ser baseadas no diálogo entre

passado e presente, relacionando a história cotidiana e problematizando o seu contexto

histórico, e abrindo espaços para o debate discursivo e historiográfico. Segundo Maurice

Tardif existem quatro tipos de saberes docentes: Saberes de Formação Profissional,

Saberes Disciplinares, Saberes Curriculares e Saberes Experienciais. Destacam-se nos

depoimentos dos professores os Saberes Curriculares e os Saberes Experienciais que são

produzidos pelos docentes por meio dos seus incentivos, suas escolhas e sua vivência

como profissional de história dentro e fora do lugar social, como também seus métodos

avaliativos em sala de aula, organização de aulas, conteúdos e objetivos. Os saberes são

elementos peculiares da prática docente, que evidencia a ideia de que pelo ofício o homem

muda a si mesmo, suas relações e procura ainda a transformação de sua própria posição

ou situação e dar significado ao coletivo. Os saberes são plurais e têm origem múltipla

que só podem ser compreendidos em todos os seus aspectos. E é com estes saberes que

se procura dialogar.

Nome: Elanne Karla Bezerra Correia Cavalcante

Título: Formação Continuada: A Experiência da Secretaria Municipal de Educação

do Cabo de Santo Agostinho no Ensino Fundamental Anos Finais na disciplina de

História.

Coautoria: Não

Resumo: A presente comunicação objetiva apresentar como a Rede de Ensino municipal

do Cabo de Santo Agostinho promove a formação continuada aos docentes no Ensino

Fundamental dos Anos Finais que ministram a disciplina de História. As formações se

dão por meio das Coordenadorias de Áreas de Ensino que se constitui como um espaço

científico cultural promovendo junto com os professores um processo permanente de

aperfeiçoamento e atualização de conhecimento, metodologias e técnicas de ensino-

aprendizagem. Para apresentar essa experiência pedagógica vamos discorrer num

primeiro momento sobre o marco legal das coordenações de área, seu funcionamento,

requisitos, distribuição da carga horária e atribuição dos coordenadores nas áreas de

Linguagens, Matemática, Ciências, Geografia, Educação Física e Ensino religioso além

de História. Já num segundo momento faremos uma análise das atividades desenvolvidas

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na coordenação de área de História no período de 2010 a 2013. Esse modelo de formação

continuada existente no Cabo de Santo Agostinho tem por objetivo à melhoria da

qualidade de ensino-aprendizagem na rede municipal através da participação ativa do seu

corpo docente.

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CO 11) Didática da História

25/07 - sexta-feira - Tarde (14h às 16h)

Nome: Andréa Maria da Silva

Título: O uso da música no ensino da História.

Orientador: Lucas Victor Silva

Coautoria: Não

Resumo: Este trabalho tem como objetivo contribuir com os recursos didáticos utilizados

nas aulas de história para auxiliar o aluno na construção do seu conhecimento e

estabelecer relações com a disciplina de forma construtiva, onde a música irá promover

uma junção temporal que irá promover arte, visando o estudo e articulando o ensino

histórico no presente, ao passado e futuro, observando em qual momento histórico cada

episódio musical está inserido contribuindo para que as aulas de história se tornem

atrativas e dinâmicas. O trabalho estar sendo realizado em conjunto com a escola que

proporcionará aos alunos uma maior interação com a matéria História, retratando valores

dos assuntos tratados em sala e acarretar conhecimento transpondo uma linguagem

diferenciada para as aulas, objetivando uma inovação e uma articulação entre História,

arte, dinâmica, ensino e cultura. Ao longo da aplicação do projeto pude desenvolver um

trabalho que possibilitou analisar a música como instrumento de descoberta para o ensino

da história e assim foram realizadas aulas mais interativas que contribuíram para um

envolvimento da turma, tive como proposta montar grupos de estudo, e pesquisas que

visaram promover o tema e reunir conhecimento. Utilizei a música como conhecimento

cientifico onde os alunos tiveram a oportunidade de conhecer o tempo histórico de temas

que a história trata em seu contexto ao qual a música possibilitou uma maior dinâmica no

meio escolar.

Nome: Benvinda Mary da Silva Teixeira

Título: História e Música em Sala de Aula: Novas Alternativas de Ensino

Aprendizagem Orientador: Lucas Victor Silva

Coautoria: Sim

Resumo: Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) incentivam a utilização de

documentos históricos na sala de aula, contudo, o uso da música como objeto de estudo

no processo de ensino-aprendizagem ainda é pouco utilizado pelos professores de

História. O trabalho aqui apresentado tem por principal objetivo promover na sala de aula

o estudo de músicas como documentos históricos, procurando desenvolver nos discentes

reflexões críticas a respeito do objeto analisado. Para favorecer essa dinâmica intenta-se,

dentre outras demandas, realizar constantes pesquisas bibliográficas a respeito do tema e

analisar o conhecimento musical dos alunos para a compreensão da melhor forma de

aplicabilidade das atividades didáticas. Pretende-se também efetuar avaliações dos

possíveis resultados entre alunos que utilizaram a música em suas análises históricas e os

que procederam de forma oposta.

Nome: Jorge Luiz Veloso da Silva Filho

Título: Museu do Mamulengo na sala de aula: proposição de jogos educativos como

recurso didático no ensino de História

Orientador: Ricardo de Aguiar Pacheco

Coautoria: Sim

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Resumo: O presente estudo tem como objetivo a proposição de jogos educativos que

utilizam o acervo do Museu do Mamulengo (localizado na Cidade de Olinda - PE) e o

uso desses recursos didáticos no ensino de história. Para a pesquisa de campo e confecção

dos jogos foram utilizados referenciais teóricos ligados ao ensino de história, ao campo

do patrimônio e da museologia, discutindo a dimensão educativa destes espaços. Também

buscamos no campo da pedagogia referências sobre o do uso de jogos no meio escolar. A

metodologia empregada foi a pesquisa bibliográfica e observação participante no Museu

do Mamulengo, em especial as ações educativas voltadas ao público escolar. Ainda foram

coletadas informações junto a professores que utilizam o espaço e no setor educativo do

museu. Neste estudo concluímos que a proposição dos jogos é uma forma de aproximar

a instituição escolar do Museu do Mamulengo e, quando utilizados nas aulas de história,

é um instrumento para preparar a visitação, com isso potencializar a experiência

pedagógica que ocorre no museu.

Palavras-chave: Ensino de história, jogos educativos, Museu do Mamulengo.

Nome: Raquel Anne Lima de Assis

Título: A Segunda Guerra Mundial em OEDs: Projeto de Pesquisa

Orientador: Dilton Cândido Santos Maynard

Coautoria: Não

Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar o projeto de pesquisa sobre a II

Guerra Mundial em objetos educacionais digitais (OEDs). Esse material é avaliado e

distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para auxiliar o trabalho

pedagógico dos professores. Assim, procuramos investigar o ensino de história sobre o

conflito apoiado nestes objetos digitais. Mostraremos a problematização, os objetivos, a

justificativa, o referencial teórico-metodológico e as fontes quem compõem esse estudo.

Desta forma, será possível entender em que está baseado e como se dará a pesquisa.

Palavras-chaves: II Guerra, OEDs, ensino de história.

Nome: Manassés André Vasconcelos Lima e Matheus Phelipe Mamede Lopes da Luz

Título: A integração de diversas práticas educacionais para o fomentar de um

original e satisfatório ensino de História.

Orientador: Adeildo Pereira da Silva

Coautoria: Sim

Resumo: Este artigo propõe uma indagação acerca dos pertinentes pontos ligados as

práticas de ensino na questão do ambiente educacional do historiador, é verificável um

grande ponto de interrogação que permeia grande parte dos educadores, não apenas na

área de história, e esse ponto é formado pela conjunção de divergentes opiniões acerca do

uso integrado de práticas, como, o auxílio complementar proposto com o uso de obras

literárias brasileiras em conjunto com as obras das literaturas internacionais, ou com o

uso de recursos audiovisuais, recursos estes que visam objetivar uma maior integração do

estudante com pontos da aula, como por exemplo, a visualização de mapas. O objetivo

do presente artigo é de demonstrar a praticidade e ao mesmo tempo a originalidade do

historiador e educador em integrar essas diversas obras e práticas, e com isso fomentar

um maior desenvolvimento intelectual do campo educacional que consequentemente

resultará em um melhor desenvolvimento geral e formativo. A fundamentação dessa

indagação se baseará em dois principais pilares, que se constituem em uma proposição de

analogias entre excertos de obras de literatos brasileiros (Carlos Drummond de Andrade;

João Cabral de Melo Neto) e autores internacionais (Fernando Pessoa; Friedrich

Nietzsche), além de depoimentos de historiadores ao redor do globo acerca de métodos

que podem facilitar e dinamizar as práticas educacionais, como o da professora doutora

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Flávia Eloisa Caimi, esperando assim tornar mais observável o consequente resultado da

junção de diferentes práticas e teorias educacionais, pois, estas diferenças acabam por

interagir significativamente com o campo de conhecimento do observado, e por última

consequência criar o desenvolvimento histórico com um viés interdisciplinar que ajudará

significativamente o estudante. O objeto de análise será focalizado através das analogias

entre excertos das obras Os ombros suportam o mundo (Carlos Drummond de Andrade);

A educação pela pedra (João Cabral de Melo Neto); Livro do Desassossego (Fernando

Pessoa); excerto retirado da coletânea Os Pensadores (Friedrich Nietzsche) e da obra

Aprendendo a ser professor de História (Flávia Caimi) entre outras que venham a

complementar os parâmetros educacionais.

Nome: Emmanoel Jetro Francisco dos Santos, Henrique Rodrigues Bezerra, Igor

Fernandes Cordeiro e William Sousa Freire

Título:ANÁLISE DO BAIRRO DO RECIFE ATRAVÉS DA ICONOGRÁFICA

Orientador: Dr. FLAVIO JOSÉ GOMES CABRAL

Coautoria: Sim

Resumo: O presente artigo pretende evidenciar o estudo da história do Recife transitando

entre cultura, patrimônio e demografia. O artigo é conclusão de um projeto no qual

abrange a história cultural, aplicado em três séries do ensino médio do EREM Aníbal

Fernandes da rede estadual de ensino na capital pernambucana. Além do uso do quadro e

giz multimídias o projeto procurou utilizar de outros recursos como elemento facilitador

do conhecimento, o recurso iconográfico, ou seja, fotografias de monumentos e pontes

que no primeiro momento foram feitas pelos alunos. Os alunos foram instigados a

observarem a cidade e fotografarem monumentos, o cotidiano, o rio e as pontes. Em

seguida foram feitas pesquisas, via internet, de imagens do século XIX e início do século

XX no site da Fundação Joaquim Nabuco e nos anais. A analogia entre as imagens do

século XIX, XX e XXI expõe as diversas relações entre os documentos fotográficos e o

conjunto de informações, neste caso sobre o Recife, contribuindo, assim, para um maior

conhecimento sobre a capital pernambucana. Ao aproximar essas imagens observou-se

as alterações que a cidade passou, suas transformações na paisagem urbana, na arquitetura

e no modo de viver das pessoas. O alunado ficou entusiasmado com essas transformações.

Feitas as devidas análises, essa exposição foi montada na biblioteca da escola com a

participação do alunado que ajudou a montar os quadros e apresentá-los de forma atrativa

como se fossem quadros de arte. A exposição foi denominada “Rios, pontes e overdriver:

impressionantes esculturas de lama” em homenagem ao cantor e compositor Chico

Science, que criticava a ideia de “modernidade” através do progresso econômico dos

grandes centros urbanos. A proposta do tema era também desmistificar junto aos alunos

a ideia de que mostra fotográfica em biblioteca teria que ser realizada com formalidades

excessivas. Foram espalhados cartazes pelos colégios instigando os alunos a comparecer

a biblioteca com perguntas relacionadas à música que deu nome à exposição.

Nome: Elizama Neri de Souza e Silva, Luiza Irene de Lima (ESCOLA ROSA

MÍSTICA)

Título: O CINEMA COMO RECURSO DIDÁTICO: ENTRAVES E

POSSIBILIDADES NAS AULAS DE HISTÓRIA DO ENSINO MÉDIO

Coautoria: Sim

Resumo: Durante o curso de Licenciatura em História, nos deparamos com algumas

disciplinas nas quais tivemos que no deslocar a uma instituição de ensino, na sua maioria

pública para realizarmos atividades nas quais adentraríamos em salas de aula para

fazermos observações, entrevistas, diagnoses e regências. Estes componentes curriculares

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propõem que façamos uma comparação analítica das teorias educacionais vivenciada na

academia e como estas são aplicadas ou não nestas instituições. Sendo assim, o presente

artigo tem como objetivo abordar um pouco das questões relativas ao uso da linguagem

fílmica nas aulas de História do Ensino Médio, a partir do que foi observado nas escolas

campo de estágio, levando em consideração a forma equivocada que muitas vezes este

recurso é utilizado nestas aulas, até por que muitas vezes apenas o livro didático é o único

recurso disponível ao docente.

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CO 12) Currículo e ensino de história

25/07 - sexta-feira - Tarde (14h às 16h)

Nome: Betânia da Silva Lira

Título: A invisibilidade do patrimônio Cultural na memória social

Orientador: Bruno de Melo Araújo

Coautoria: Não

Resumo: RESUMO: Este trabalho pretende manifestar a ideia de como o patrimônio

cultural é importante para a educação e conhecimento de uma comunidade e sua relação

com o patrimônio ao seu redor. Independendo de relações de poder. Como esses

indivíduos se comportam frente ao seu patrimônio e se assim reconhecem como seu

espaço. Tem como discussão principal o patrimônio cultural numa perspectiva além de

qualquer estrutura. Utilizando pesquisa de campo, relatos e bibliografia para pautar as

discussões. Chegando à conclusão que as instituições deveriam estreitar relações com a

comunidade local, a fim de representa-las. Com o intuito de nivelamento

instituição/público. Tendo como finalidade a desmontagem de um pedestal aristocrático

que separa a instituição museológica do seu ponto principal: o público.

Palavras chave: Patrimônio Cultural, Comunidade local, reconhecer e instituição

museológica.

Nome: Roberta de Souza Soares

Título: Discutindo gênero: olhares e reflexões no ensino de história

Orientador: Maria Ângela de Faria Grillo

Coautoria: Não

Resumo: As mudanças no pensamento historiográfico permitiram aos historiadores nas

últimas décadas a busca por novos objetos de estudo. A história se volta para novas

questões e utiliza novos pontos de vista sobre questões já estudadas. Reviravolta que

possibilitou uma maior ampliação dos estudos de gênero. Este trabalho é um

desdobramento de Projeto de Iniciação à Docência que procura repensar a prática de

ensino na tentativa de alcançar uma maior ampliação da discussão das relações de gênero

nos conteúdos de história ensinados no espaço escolar, buscando as formas pelas quais

estas relações se fizeram presente na sociedade em diferentes épocas. Discursão que

permita aos alunos e as alunas do Ensino Fundamental e/ou Médio a aproximação com

novos temas e diferentes abordagens na sala de aula, criando condições para o

reconhecimento das relações de gênero a partir de construções sociais. E dessa maneira,

que se reconheçam no processo de construção de uma sociedade mais justa. Assim, o

objetivo deste trabalho consiste em discutir a importância da abordagem de gênero no

ensino de história.

Nome: Fabrícia Evellin Cunha Mello

Título: História Antiga: novas perspectivas de ensino.

Orientador: Tatiana Lima

Coautoria: Não

Resumo: O trabalho apresentado discute como a disciplina de história antiga pode ser

trabalhada de modo mais dinâmico e crítico, buscando a construção do conhecimento

pelos estudantes. Pois muitos deles possuem uma dificuldade e resistência com a

disciplina, que é vista como desinteressante. O objetivo é mudar isso através de um ensino

mais dinâmico e lúdico utilizando os documentos da antiguidade clássica que são

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analisados, contextualizados historicamente, e adaptados de diferentes formas pelos

estudantes.

Nome: Douglas Coelho Rodrigues

Título: O Sertão Pernambucano através de fontes inquisitoriais e sua utilização em

sala de aula

Orientador: Prof.ª Dra. Janaína Guimarães

Coautoria: Não

Resumo: O Santo Ofício forneceu inúmeros documentos por meio dos quais se pode fazer

uma análise dos costumes e relações sociais estabelecidas entre os colonizadores.

Podemos então, notar os arrolamentos entre os grupos sociais e os poderes institucionais.

Os estudos envolvendo a documentação inquisitorial nos permite conhecer os detalhes

das visitações e processos que devassaram a vida cotidiana da colônia. Pois, na

interiorização da colonização, muitos colonos voltaram a se isolar geograficamente da

Igreja, e de maneira lenta desenvolveram a ideia de falta de vigilância. Com isso,

passaram a viver – mesmo que inconscientemente – à sua própria maneira, a qual não

condizia com a moral da fé cristã. Assim, o sertão pernambucano tornou-se uma nova

zona de convivência, com suas próprias características e simbolismos, o que nos permite

trabalhá-lo sob diversos olhares com o auxílio da documentação inquisitorial, tanto na

academia como em sala de aula. A respeito dessa questão, do trabalho com as fontes em

sala de aula, muito já se foi debatido entre os estudiosos da educação e da História. A

preocupação gira em torno do status de ilustração que é atribuído a elas, principalmente

nos livros didáticos, os quais ainda se encontram permeados pelo modelo tradicionalista

de História. Desde o advento da Escola dos Annales que o tratamento dado aos

documentos, principalmente na sua categorização, vem sendo repensado. Um dos poucos

métodos que restaram do modelo tradicional, a criticidade, foi mantida, já que é um

pressuposto básico para a cientificidade. O saber escolar também passou a ser repensado,

na tentativa de dialogar com o saber acadêmico. E nesta tendência, que segue até os dias

atuais, se discute sobre a “utilização adequada” das fontes históricas, devendo ser

problematizadas e contextualizadas pelos alunos e professores para que haja a construção

do saber. Neste aspecto, dentre as inúmeras possibilidades para o trabalho com as fontes,

a Inquisição se mostra como uma boa ferramenta pedagógica para os diversos olhares que

se pretende lançar, devido à riqueza de detalhes dos seus processos e de toda a sua

documentação.

Nome: ALEXSANDRA MARIA DOS SANTOS

Título: Formando professores de história em Pernambuco: o currículo na formação

de professores de história nas instituições do Recife de 2000 a 2012.

Orientador: Bruno Melo de Araújo

Coautoria: Sim

Resumo: Realizaremos a análise comparativa entre os Parâmetros Curriculares Nacionais

e as matrizes curriculares das instituições formadoras de professores em história em

Recife, Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, Universidade Federal Rural de

Pernambuco - UFRPE e Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, de 2000 a 2012.

A legislação sofre modificações para uma melhor formação do professor. Inicialmente,

Diretrizes Curriculares Nacionais de História (CNE/CES 492/2001), com adições nas

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de professores da Educação Básica

(CNE/CP 01/2002), ambos que resultaram em documentos que sofreram embates nos

diversos níveis da Educação, do federal ao local, do teórico ao político e dividiram os

envolvidos. Neste sentido, nosso recorte vem do ano 2000, devido ao início das

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discussões sobre a formação de professores e em específico a formação dos professores

de História, considerando a adequação das instituições de nível superior a Legislação do

CNE/MEC e vai até 2012 com a queda do conceito no Sistema Nacional de Avaliação da

Educação Superior (SINAES) dos Cursos de Licenciatura em história de algumas das

instituições analisadas.

Nome: Monike Gabrielle de Moura Pinto

Título: O Exame Nacional do Ensino Médio e seu papel para a efetivação dos

objetivos da educação nacional

Orientador: Ricardo de Aguiar Pacheco

Coautoria: Sim

Resumo: Num cenário de modificações do âmbito educacional no Brasil – onde a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação (1996) apontava para contundentes modificações no

quadro da educação brasileira – surge, no ano de 1998, o Exame Nacional do Ensino

Médio (ENEM). O período era de busca por uma educação geradora de uma formação de

sujeitos críticos e conscientes de sua realidade social, tendo o ENEM surgido com a

finalidade de avaliar a condição do estudante ao término do ensino básico, sobretudo no

que tange ao preparo para o exercício da cidadania. Em 2009, o exame passa por uma

grande modificação, se instituindo como a principal forma de acesso ao ensino superior.

Como parte das pesquisas realizadas pelo Observatório do Ensino de História em

Pernambuco (OBEHPE), o presente trabalho procura identificar as principais

transformações do ENEM – na prova de “Ciências Humanas e suas tecnologias” – ao se

tornar porta de entrada para o ensino superior, percebendo se as principais reformulações

sofridas no exame têm corroborado de maneira positiva, ou não, para a efetividade dos

princípios e objetivos da educação emanados pela legislação educacional

vigente. Palavras-chave: ENEM; Legislação Educacional; SiSU.