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CADERNO DE RESUMOS ELETRÔNICO e PROGRAMAÇÃO
1
X ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA
História e Contemporaneidade: articulando espaços,
construindo conhecimentos
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA
SEÇÃO PERNAMBUCO
Caderno de resumos e programação
Petrolina
2014
2
Sumário
1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................................3
2. COMISSÃO ORGANIZADORA ............................................................................................4
3. PROGRAMAÇÃO DO EVENTO ...........................................................................................8
4. IDENTIFICAÇÃO DAS SALAS DOS MINICURSOS, SIMPÓSIOS TEMÁTICOS, MESAS
REDONDAS E SESSÕES DE COMUNICAÇÃO COORDENADAS PARA GRADUANDOS. ...............10
5. RESUMOS E SIMPÓSIOS TEMÁTICOS ..............................................................................12
ST 02) Gênero, feminismo e poder .....................................................................................12
ST 03) Por uma História da África e dos africanos: diversidades, debates e combates! .....17
ST 05) Movimentos sociais, organizações, trabalhadores rurais e urbanos: sua luta política
e suas formas de mobilização social ...................................................................................25
ST 08) Religiões e religiosidades no Brasil ..........................................................................29
ST 11) Patrimônio Cultural e Memória Social .....................................................................31
ST 12) História e ensino de História: relações entre diferentes práticas de produção de
conhecimento ....................................................................................................................37
ST 13) História, Ciência e Saúde no Brasil ...........................................................................42
ST 14) Histórias dos Sertões: articulando temas, tempos e fontes .....................................46
ST 15) História Indígena: “Memórias dos índios, sobre os índios e história pública em
Pernambuco" .....................................................................................................................51
5. RESUMOS E SESSÕES DE COMUNICAÇÃO ORAL DE GRADUANDOS (CO) .......................55
CO 1) História da América Portuguesa 1 ............................................................................55
CO 2) História da América Portuguesa 2 ............................................................................58
CO 3) História do Século XIX e do Brasil Império ................................................................61
CO 4) História do Século XX 1 .............................................................................................63
CO 5) História do Século XX 2 .............................................................................................66
CO 6) História do século XX 3 .............................................................................................70
CO 7) História do Tempo Presente 1 ..................................................................................75
CO 8) História do Tempo Presente 2 ..................................................................................79
CO 9) Educação, Identidade e Contemporaneidade ...........................................................82
CO 10) Formação de professores, Prática docente e História da Educação .......................86
CO 11) Didática da História.................................................................................................90
CO 12) Currículo e ensino de história .................................................................................94
3
1. APRESENTAÇÃO
O X Encontro Estadual de História: Histórias e contemporaneidade:
articulando espaços, construindo conhecimentos é uma ação concebida e promovida
pela Direção da Associação Nacional de História – Seção Pernambuco (ANPUH-PE), a
ser realizada entre 23 e 25 de julho de 2014, no Campus da Universidade de Pernambuco,
situado a cidade de Petrolina, PE.
A presença deste evento na cidade de Petrolina contribui para a articulação da
produção da pesquisa Histórica presente nas diversas regiões do Estado e rompe com a
tradicional ocorrência dos eventos da ANPUH PE no Recife que comporta apenas três
das dezoito instituições de ensino superior com cursos de licenciatura ou bacharelado em
História no Estado de Pernambuco.
Neste caderno de resumos, o leitor encontrará os resumos das comunicações a
serem apresentadas nos Simpósios Temáticos do evento. Além da programação do
evento. Ressaltamos que a adequação técnico-linguística dos textos é de inteira
responsabilidade dos autores.
4
2. COMISSÃO ORGANIZADORA
Diretoria ANPUH PE Biênio 2012-2014
Presidente: Lucas Victor Silva
Vice-Presidente: Márcio Vilela
Secretário Geral: Maria Lana Monteiro
1º Secretário: Janaina Guimarães
2º Secretário: Augusto Neves
1º Tesoureiro: Bruno Melo
2º Tesoureiro: Joana Darc
Conselho Consultivo
Presidente: Adriana M. P. Silva
Secretário: Ricardo Pacheco
Relator: Pablo Porfírio
Conselho Fiscal
Presidente: Edson Silva
Secretário: Helder Remígio
Relator: José Brito
Delegados regionais
Bruno Dornelas Câmara
Moisés Almeida
Walterlan Cardoso
Comissão Científica
Adriana M.P. Silva
Alcileide Cabral do Nascimento
Ana Clara Brito
Ana Lúcia do Nascimento Oliveira
5
Ângelo Adriano Faria de Assis
Bruno Melo
Carlos Augusto Lima Ferreira
Denise Lira
Edson Silva
Giselda Brito Silva
Ivaldo Marciano de França Lima
Janaina Guimarães
Jeannie da Silva Menezes
Juliana Rodrigues de L. Lucena
Lucas Victor Silva
Lúcia Falcão Barbosa
Maria Ângela de Faria Grillo
Maria Ferreira
Maria Lana Monteiro
Marta Margarida de Andrade Lima
Márcio Ananias Ferreira Vilela
Pablo Francisco de Andrade Porfírio
Ricardo dos Santos Batista
Ricardo Pacheco
Samuel Carvalheira de Maupeou
Tatiana Lima
Wellington Barbosa da Silva
Comissão Organizadora local
PROFESSORES
Janaina Guimarães
Harley Abrantes
Reinaldo Forte
Tatiana Lima
6
Moises Almeida
Carlos Romeiro Pinto
Ygor Leal
Pablo Magalhães
Marcus Santana
ACADÊMICOS
Kaline Laira
Levi Santos
Ingrid Bartira
Rita Angélica
Fabrícia Evelyn
Tamires Yukiza
Jamílson Pionorio.
Angela Alves
Joana Darc Souza
Franciel Amorim
Carlos Guimarães.
Flavia Ribeiro
Lucas Matheus
Rafael Cruz
Rejane Silva
Camila Correa
Organização deste Cadernos de Resumos e Programação
Bruno Melo
Janaína Guimarães
Lucas Victor Silva
7
Realização:
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA SEÇÃO PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
Apoio
FACEPE
CAPES
REVISTA HISTORIEN
CAHIS NEGO D’ÁGUA
8
3. PROGRAMAÇÃO DO EVENTO
X Encontro Estadual de História da ANPUH-PE História e Contemporaneidade: articulando espaços, produzindo conhecimentos
Petrolina, 23 a 25 de julho de 2014, UPE. PROGRAMAÇÃO GERAL
QUARTA 23/07
QUINTA 24/07
SEXTA 25/07
8h às
12h Credenciamento
9h às
12h MC Fórum de Graduação
ASSEMBLEIA DA ANPUH PE
MC Fórum dos
GTs
Intervalo
14h-16h
ST CO ST CO ST CO
16h-18h
Conferência de Abertura
MR2 MR4
Intervalo
19h –
21h MR1 MR3 Conferência de Encerramento
MC - Mini Curso MR - Mesas Redondas ST - Simpósio Temático CO - Comunicações Orais
Quarta-feira, 23/07
8h -12h: Credenciamento
9h-12h: minicurso / Fórum de Graduação
12h-14h: Intervalo
14h- 16h: Simpósios temáticos / Sessões de Comunicação Oral (Graduandos)
16h -18h: Conferência de Abertura História e Narrativa. Conferencista: Antônio Jorge
Siqueira (UFPE). Coordenação: Lucas Victor Silva (UFRPE) e Bruno Melo (UFPE)
18h – 19h: Intervalo
19h- 21h: Mesa redonda1: História e Educação. Palestrantes: Paulo Alexandre
(Secretaria de Educação de Pernambuco), Carlos Augusto Ferreira (UEFS), Ricardo
Pacheco (UFRPE). Coordenação: Adriana M P Silva (UFPE)
9
Quinta-feira, 24/07
9h-12h: Assembleia da ANPUH PE
12h-14h: Intervalo
14h- 16h: Simpósios temáticos / Sessões de Comunicação Oral (Graduandos)
16h -18h: Mesa redonda 2: História e Cidade. Palestrantes: Wellington Barbosa
(UFRPE), Flávio Weinstein (UFPE) e Ricardo dos Santos Batista (UFBA-
Doutoramento). Coordenação: Maria Lana Monteiro (UPE)
18h – 19h: Intervalo
19h - 21h: Mesa Redonda 3: História, Memória e Acervos. Palestrantes: André Mota
(Faculdade de Medicina – USP), Alexandro Silva de Jesus (UFPE), Joana D`arc
(UFPE). Coordenação: Joana D`Arc (UFPE)
Sexta-feira, 25/07
9h-12h: Minicurso / Fórum dos GTs
12h-14h: Intervalo
14h- 16h: Simpósios temáticos / Sessões de Comunicação Oral (Graduandos)
16h -18h: Mesa Redonda 4: Olhares contemporâneos sobre a construção dos sertões.
Palestrantes: Kalina Vanderlei (UPE – Nazaré da Mata), Maria Ferreira (FABEJA), Ms.
Harley Abrantes (UPE – Petrolina). Coordenação: Moisés Almeida (UPE)
18h – 19h: Intervalo
19h - 21h: Conferência de Encerramento: História e Internet. Conferencista: Dr. Dilton
Cândido Maynard (UFS). Coordenação: Janaína Guimarães (UPE)
10
4. IDENTIFICAÇÃO DAS SALAS DOS MINICURSOS, SIMPÓSIOS
TEMÁTICOS, MESAS REDONDAS E SESSÕES DE COMUNICAÇÃO
COORDENADAS PARA GRADUANDOS.
Encontre aqui a sala que você procura.
Observação: as salas dos minicursos, simpósios temáticos, comunicação de graduandos e fóruns
acontecerão no Prédio das Licenciaturas.
ATIVIDADE LOCAL
CREDENCIAMENTO Térreo do pavilhão de
pedagogia
SALAS DOS MINICURSOS
MINICURSO 2: Os povos indígenas e o ensino: a abordagem
da temática indígena a partir da lei 11.645/2008.
Sala 2 de Geografia
MINICURSO 3: Os índios na História do Brasil: uma
abordagem introdutória para professores/as e estudantes da
Educação Básica.
Sala 3 de Geografia
MINICURSO 4: Os 50 anos do golpe e o regime civil-militar:
um balanço historiográfico
Sala 4 de Geografia
MINICURSO 5: A pesquisa e a produção histórica no Século
XXI
Sala 1 de História
MINICURSO 6: Categorias básicas do Marxismo: a Filosofia
Marxista
Sala 2 de História
MINICURSO 7: Educação contextualizada, História Regional
e Local: construindo/desvendando memórias e identidades no
semiárido brasileiro
Sala 3 de História
MINICURSO 8: História e literatura: espaços de narrar e
lugares de compreensão
Sala 4 de História
MINICURSO 9: História, Educação e Direitos da Criança e do
Adolescente: desafios da sala de aula
Sala 1 Letras Português
SALA DOS SIMPÓSIOS TEMÁTICOS
ST 2: Gênero, feminismo e poder Sala 3 Letras Português
ST3: Por uma História da África e dos africanos: diversidades,
debates e combates!
Sala 4 de Letras
Português
ST5: Movimentos sociais, organizações, trabalhadores rurais e
urbanos: sua luta política e suas formas de mobilização social
Sala 1 de Letras Inglês
ST8: Religiões e religiosidades no Brasil. Sala 2 Letras Inglês
ST11: Patrimônio Cultural e Memória Social Sala 3 Letras Inglês
ST12: História e ensino de História: relações entre diferentes
práticas de produção de conhecimento
Sala 4 Letras Inglês
ST 13: História, Ciência e Saúde no Brasil Sala 1 de biologia
ST 14: Histórias dos Sertões: articulando temas, tempos e
fontes
Sala 2 de Biologia
ST15: História indígena: “memórias dos índios, sobre os índios
e história pública em Pernambuco”
Sala 3 de Biologia
11
COMUNICAÇÃO ORAL DE GRADUANDOS
CO 1) História da América Portuguesa 1 Sala 2 de Biologia
CO 2) História da América Portuguesa 2 Sala 4 de Biologia
CO 3) História do Século XIX e do Brasil Império Sala 1 de Letras Inglês
CO 4) História do Século XX 1 Sala 3 de Biologia
CO 5) História do Século XX 2 Sala 1 de Matemática
CO 6) História do século XX 3 Sala 2 de Letras Inglês
CO 7) História do Tempo Presente 1 Sala 4 de Biologia
CO 8) História do Tempo Presente 2 Sala 2 de Matemática
CO 9) Educação, Identidade e Contemporaneidade Sala 1 de Matemática
CO 10) Formação de professores, Prática docente e História da
Educação
Sala 3 de Matemática
CO 11) Didática da História Sala 3 de Letras Inglês
CO 12) Currículo e ensino de história Sala 4 de Letras Inglês
CONFERÊNCIA E MESAS REDONDAS
Conferência de Abertura Auditório
Mesas redondas Auditório
Conferência de encerramento Auditório
SALA DOS FÓRUNS DA ANPUH PE
Assembleia da ANPUH PE Auditório
Fórum dos GTs Sala 2 de Letras
Português
Fórum de Graduação Sala 2 de Letras
Português
12
5. RESUMOS E SIMPÓSIOS TEMÁTICOS
ST 02) Gênero, feminismo e poder
Coordenação: ALCILEIDE CABRAL DO NASCIMENTO, JULIANA RODRIGUES
DE LIMA LUCENA
23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
Imprensa, Cultura Política e os Movimentos Feministas em Pernambuco (1927 –
1932)
ALCILEIDE CABRAL DO NASCIMENTO (Universidade Federal Rural de
Pernambuco)
Resumo: Esta apresentação investiga a importância da imprensa escrita como estratégia
política dos movimentos feministas em Pernambuco, por meio da Cruzada Feminista
Brasileira e da Federação Pernambucana para o Progresso Feminino. Ambas foram
criadas em 1931, no processo de construção de uma nova cultura política em que as
feministas lutam pelos direitos políticos e debatem a desigualdade de gênero no Recife,
entre os anos 1927 a 1932. Em 1927, as manifestações públicas feministas tiveram novo
impulso no país, quando o governador do estado Rio Grande do Norte sancionou a lei que
assegurava o direito das mulheres votarem e se candidatarem. Nesse cenário promissor,
os jornais como principal veículo de comunicação de massa, tendo em vista o alto índice
de analfabetismo no estado e no país, inclusive entre as mulheres, comunicam e convocam
reuniões, publicam entrevistas, noticiam festas, divulgam campanhas, informações e
noticiários acompanhados de muitas imagens, sobretudo fotografias como pode ser visto
n’A Notícia, no Diário de Pernambuco e no Jornal do Comércio. Para além de comunicar,
as feministas buscam, a partir da palavra e do intenso uso da fotografia com o “sentido
de real”, como assinala Boris Kosoy, atrair mais mulheres para suas fileiras, pretendem
convencer o público feminino, majoritariamente iletrado, sobre a importância dos direitos
políticos, bem como enfrentar a caudalosa corrente antifeminista disseminada na
imprensa. As lideranças feministas desses movimentos, Martha de Hollanda e Edwiges
de Sá, fazem intensa utilização da imprensa, do rádio e publicam em jornais e revistas,
onde buscam redefinir os jogos de poder. Suas práticas discursivas fortalecem uma nova
cultura política que nasce no regime republicano, ao contestarem a recém-democracia
brasileira, oligárquica e liberal, na arena pública dos jornais: espaços de dizibilidade e
visibilidade das suas pautas de reivindicações, instrumentos para formar e influenciar
opiniões e sensibilidades. Assim, este trabalho ilumina os diferentes feminismos que em
Pernambuco lutaram pelos direitos igualitários entre homens e mulheres quando
finalmente o presidente Getúlio Vargas, sob forte pressão política de diferentes
movimentos sociais, em 1932, sanciona a lei que concede a cidadania política às mulheres
no Brasil. Interessa descortinar a perspicácia dessas mulheres que souberam fazer uso
estratégico, com criatividade e ousadia, das veredas abertas pela imprensa escrita e
imagética, fazendo avançar o ideário feminista e a conquista dos direitos políticos em
nível local e nacional.
13
Marcas de Baton na História do Brasil: A formação da militância política feminina
no pós-Estado Novo.
ZÉLIA DE OLIVEIRA GOMINHO (Prefeitura do Recife)
Resumo: A presença feminina no movimento político brasileiro, seja em prol do sufrágio
ou por questões trabalhistas, é, geralmente, reconhecida a partir do início do século XX.
Mas, o registro histórico desse movimento tornou-se matéria de estudos acadêmicos há
poucas décadas. A história de mulheres envolvidas nos embates políticos masculinos
mereceu parcas citações, até mesmo por aqueles [homens] que um dia tiveram mulheres
como camaradas ou companheiras de luta. Este artigo busca conversar sobre como se
configurou a presença política feminina no pós- Estado Novo; o que possivelmente
motivava sua inclusão em partidos, e algumas diretrizes que conduziam um movimento
ainda não feminista, mas feminino.
AMORES E DESVENTURAS: OS RAPTOS E OS DEFLORAMENTOS NO
RECIFE OITOCENTISTA
Renata Valéria de Lucena (Secretária de Educação de Pernambuco)
Resumo: O presente artigo analisa os raptos seguidos de defloramentos, ocorridos na
cidade do Recife em meados do século XIX. Temos como objetivo entender o papel social
de tais acontecimentos, entendidos como a contestação do poder paterno por parte de
mulheres que não se apresentaram submissas, diante da vontade familiar, e os
procedimentos das instituições de controle social, como Igreja Católica e Estado, no
intuito de solucionar problemas ocasionados pelos raptos. Buscamos analisar também a
terminologia rapto para denominar os sorrateiros encontros de moças e rapazes, durante
a madrugada, que tiveram como propósito alcançar o matrimônio. Seria realmente um
rapto ou seria mais coerente usarmos a expressão fuga, já que, nesses e em tantos outros
casos documentados, as moças eram encontradas caminhando de braço dado ao seu raptor
em direção à residência em que seria depositada. Metodologicamente, usaremos os
pressupostos teóricos da categoria Gênero, no intento de estabelecer as diferentes
maneiras de relacionamento entre homens e mulheres na sociedade, bem como a
construção social dos papeis forjados para reafirmar as relações de poder que estruturam
todos os aspectos sociais. Sendo assim, levaremos em consideração a análise de Joan
Scott (1995) e sua concepção do gênero como uma construção sociocultural que estrutura
as instituições de poder, como a própria Igreja Católica e o Estado, e as hierarquias sociais
como uma maneira de garantir os privilégios das figuras masculinas que recorriam à
justiça para questionar as condutas femininas.
MULHER E FEITIÇARIA NA AMÉRICA PORTUGUESA DO SÉCULO XVI:
COTIDIANO, MAGIA E INQUISIÇÃO
Kleber Henrique da Silva (Prefeitura Municipal de São Vicente Férrer)
Resumo: O conjunto de crenças e práticas que compõem o universo religioso da América
Portuguesa, tão singular e heterodoxo, tem merecido cada vez mais espaço na produção
historiográfica brasileira. Esta pesquisa se insere neste processo e seu interesse temático
se focaliza nas crenças e práticas de feitiçaria ligadas ao mundo das mulheres. Sendo as
feiticeiras de Pernambuco e da Bahia colonial as nossas personagens, nos aproximaremos
do universo de suas práticas através da investigação de que foram vítimas durante a
Primeira Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil no período de 1591-1595. Através
dos livros das Denunciações e Confissões, produzidos durante a presença do inquisidor
Heitor Furtado de Mendonça, encontramos a forte presença de mulheres acusadas por
estas práticas. Esboçaremos a construção do imaginário em torno da figura da feiticeira
ainda nos primórdios da organização do catolicismo e que atravessou os séculos chegando
14
a fazer parte do imaginário colonial, o que favoreceu a delação de muitas mulheres
guardiãs de práticas que fugiam da ortodoxia almejada pelo projeto colonizador que trazia
entre seus objetivos a uniformidade da fé católica.
Palavras-chave: Mulher-Feitiçaria-Inquisição-América Portuguesa.
24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
INTELECTUALIDADE FEMINISTA E PÓS-FEMINISTA: A ENTRADA DAS
MULHERES NA CIÊNCIA A PARTIR DOS ESTUDOS DE GÊNERO
Juliana Rodrigues de Lima Lucena (FAL/Joaquim Nabuco)
Resumo: A princípio, as mulheres, dentro da categoria de gênero passaram a ser vistas e
analisadas a partir de práticas culturais e de interpretações que são construídas e
discursadas com objetivos claros e é dessa maneira que as definições de gênero e sua
complexidade enquanto campo da história são fruto de uma nova episteme das ciências
sociais, como afirma Rachel Sohiet. Constata-se então que a história das mulheres dentro
da análise da categoria de gênero é um estudo intrinsecamente político a respeito do ser
e do lugar das mulheres na história enquanto seres sociais e como construção cultural
fruto de seu tempo e de suas ideologias. Nesse sentido ideológico a “intelligentsia”
feminista reafirma a teoria de Michel Löwy, de que os (as) intelectuais são muito mais do
que uma classe, compreendem uma verdadeira categoria social, capaz de moldar e
manipular ideias e que são definidos (as) por seu papel ideológico. Sendo assim, as
feministas das décadas de 1960 e 1970 tornaram-se produtoras diretas da ideologia onde
as mulheres deveriam erigir a sua identidade, buscar a criação de seu “sujeito” e assim,
ditar novas regras socioculturais de convivência com homens e com outras mulheres.
Lutas (re) Veladas: o feminismo presente no cotidiano de mulheres negras do
município de Bodocó-PE.
Alexsandra Flávia Bezerra de Oliveira (Secretaria de Educação de Pernambuco),
Reginaldo Ferreira Domingos (Prefeitura Municipal)
Resumo: O presente artigo procura discutir as vivências e lutas cotidianas presentes nas
memórias de duas mulheres sertanejas que habitaram a zona rural do município de
Bodocó-PE e desenvolveram atividades na produção de farinha. Tais memórias foram
evocadas e colhidas no ano de 2006 quando, na ocasião realizamos entrevistas com
mulheres idosas no intuito de realizarmos trabalho monográfico de conclusão de curso.
Aqui revisitamos essas falas percebendo o caráter feminista nas lembranças evocadas
quando tratam da vida e do trabalho. Para isso, realiza-se uma breve discussão a respeito
dos movimentos sociais em particular do movimento feminista, bem como sobre a
memória e seu uso no trabalho historiográfico e uma caracterização do cotidiano e da luta
dessas mulheres. Nessa tarefa o desafio é o trabalho com novos olhares sobre o
feminismo, assim tentamos colocar um novo movimento que não é contemplado na
literatura tradicional ou clássica, propondo o alargamento do conceito de feminismo para
que então seja realizada a análise sobre a ação diária das sertanejas bodocoenses que
vivem trabalhando em prol da manutenção de suas famílias e de suas manifestações
culturais.
15
Mulheres, agronomia e institucionalização das ciências no São Francisco: o caso da
FAMESF
Ramicelli Carvalho Sant' Anna Fernandes (Colégio Nossa Senhora Auxiliadora)
Resumo: As políticas sociais e as políticas educacionais institucionalizadas durante a Era
Vargas, foram decisivas no processo de criação de novas oportunidades para as mulheres,
especialmente as que pertenciam às camadas urbanas médias e altas. No entanto, outros
aspectos como, alterações de costumes familiares, ocasionados pelo crescente processo
de urbanização e ao novo estilo de vida burguês, mostraram que, além de promover
mudanças no papel que a mulher exercia sobre a sociedade, promoveu o avanço destas e
a sua inserção do mundo acadêmico e científico. No Vale do São Francisco, mais
especificamente na cidade de Juazeiro-BA, surgia em 1960, a Faculdade de Agronomia
do Médio São Francisco (FAMESF). Nela, alunos do sexo masculino representavam a
maioria. No entanto, percebeu-se através da análise de fontes escritas, disponibilizadas
pela faculdade, assim como, fontes orais, incluindo as entrevistas realizadas com ex-
alunos e ex-alunas, que as mulheres marcavam presença, em um curso que é
historicamente identificado como “masculino”. E é nesse contexto que se pretende
observar como se deu o crescente ingresso das mulheres nas instituições de nível superior,
mais especificamente na FAMESF e no curso de Agronomia, assim como os fatores que
as levaram a tal escolha e a sua atuação dentro e fora da mesma.
O MOVIMENTO SANITÁRIO REDEFININDO REPRESENTAÇÕES
FEMININAS. Carla Denari Giuliani (Universidade Federal de Uberlândia)
Resumo: O movimento sanitário da década de 1980, juntamente com as políticas
públicas, vem dar visibilidade e estender ao mundo feminino, através da posição atribuída
à mulher frente à maternidade e à família, colocando-a como principal atriz das mudanças
sociais ocorridas nessa época. Dessa forma, esse movimento constrói uma representação
social de que maternidade é inerente à mulher, ser mulher é ser mãe, amamentar, ser dona
do lar e cuidadora da família. O objetivo deste trabalho é mostrar como o movimento
sanitário da década de 1980, no Brasil se utiliza da figura feminina como base para
consolidar seus interesses conjuntamente com o do Estado, dando visibilidade a essa
personagem como salvadora de todos os males sociais da época. Este trabalho tem como
base uma abordagem qualitativa. Faz parte de uma pesquisa maior, que foi minha Tese
de doutorado, que finalizou em maio de 2012. Assim, para encontrar resposta para esses
questionamentos, esta pesquisa baseou-se metodologicamente, na História Oral,
conforme as orientações do teórico Portelli. Este trabalho tem como fontes documentais
escritas revistas, jornais, manuais de saúde da época e entrevista com profissionais da
área da saúde. Além é claro, das histórias de vida das mães adolescentes, seus
companheiros e pais. As fontes documentais mostram que a reforma sanitária teve início
no século XVIII, após a coroa portuguesa se interessar pelo ouro existente no Brasil.
Assim, a urbanização e o povoamento, até então negligenciados pela coroa, tornaram-se
obrigatoriamente foco do poder real. Esse progresso fez-se através do movimento
higienista, que incorporou a cidade e a população ao campo do saber médico. Nesse
contexto, a técnica de higienização foi instalada. Desta forma, a medicina social ganhava
espaço e através da política higiênica, as mulheres assumiram a função de educadoras dos
filhos e cuidadora da casa e dos maridos. Essas famílias, até o momento, eram vistas pelos
higienistas como incapazes de proteger a vida de crianças e adultos. Valendo-se dos altos
índices de mortalidade infantil e das precárias condições de saúde dos adultos, o
movimento higienista ou sanitário conseguiu impor a elas uma educação física, moral,
16
intelectual e sexual, tendo como principal figura normalizadora a mulher, mãe e rainha
do lar. O Estado aliado à medicina constrói um novo personagem higiênico, cuja
existência social era, até então, quase desconhecida. A esse personagem higiênico restava
somente o direito à infância e uma passagem direta, sem escalas, para vida adulta, pois o
papel social dela, desde muito cedo, era o de ser mãe, esposa e educadora de um lar e de
uma família. A equação mãe-filho novamente adaptava-se como “luva” a esse
movimento.
17
ST 03) Por uma História da África e dos africanos: diversidades, debates e
combates!
Coordenação: IVALDO MARCIANO DE FRANÇA LIMA, WELLINGTON
BARBOSA DA SILVA
23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
Há outros Griots: Outros olhares sobre a África nos Quadrinhos Savio Queiroz Lima (Colégio Portinari)
Resumo: O artigo pretende tecer reflexões historiográficas sobre três produções em
quadrinhos no mercado internacional e nacional com temática africana. A realidade
mítica, cultural e social de três terrenos africanos é apresentada e comentada nas leituras
de três obras em quadrinhos: Sundiata – O Leão do Mali de autoria do quadrinhista Will
Eisner, O Apanhador de Nuvens – Uma aventura no país Dogon de autoria dos franceses
Béka e Marko e Aya de Yopugon da escritora costa-marfinense Marguerite Abouet e do
francês Clement Oubrerie. Propõe uma reflexão das mudanças ocorridas no mercado
quando o assunto é representação da realidade africana através dos discursos nos
quadrinhos, nas realidades sociais e culturais do Mali, para os dois primeiros casos e da
Costa do Marfim no último. Utilizando-se de conceitos como Representação e
Imaginário, as obras supracitadas são relacionadas com estudos multidisciplinares que os
objetos, através de seus discursos, exigem.
Fantasma: O herói dos africanos?
Cristiane de Almeida Gonçalves (órgão público-prefeitura municipal de Alagoinhas)
Resumo: É possível afirmar que as HQs, contribuem para as imagens negativas que se
tem do continente africano? Mediante essa questão, este trabalho tem como objetivo
discutir as representações do continente africano, a partir de estereótipos existentes nas
Histórias em Quadrinhos do Fantasma. Este é um herói branco, criado por Lee Falk, nos
EUA nos anos 1930. Ele um tipo de herói que mora na selva e vive entre os pigmeus
bandar, os únicos que conhecem os segredos do famoso “espírito que anda”. Ele combate
piratas e ladrões diversos. Resolve todos os tipos de problemas entre as tribos vizinhas e
ainda acha tempo para ajudar os governantes africanos através da Patrulha da Selva.
Através da análise destas revistas, observa-se a existência de vários problemas: os homens
e mulheres, nativos do continente africano, são tidos como atrasados, ignorantes,
desprovidos de valores civilizatórios, representados sempre em tons negros, dotados de
práticas rudimentares e sem capacidade de se defender mediante toda sorte de perigos
existentes na “selva”, cenário em que se desenvolvem estas histórias. Para este trabalho
foram analisados exemplares da revista do Fantasma entre os anos de 1960 a 1970, além
de obras de diferentes autores, a exemplo de Elikia M´Bokolo, Anderson Oliva, Álvaro
de Moya, dentre outros.
Palavras-chaves: Histórias em Quadrinhos; História da África; Fantasma; África.
18
PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE ÁFRICA: A UTILIZAÇÃO DO KIT
“AFRICANIDADES” COMO SUPORTE PEDAGÓGICO NO MUNICÍPIO DE
ALAGOINHAS - BAHIA.
EDSON SILVA DE ARAUJO
Resumo: Em decorrência da sanção presidencial da Lei 10.639/2003, tornou-se
obrigatório a todos os estabelecimentos de ensino, a inclusão na estrutura curricular de
conteúdos que abordem a história do Continente Africano e dos seus povos, bem como a
cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional. Neste sentido, as
escolas e universidades necessitaram se adequar a esta nova realidade para cumprir a lei
acima citada. Esta Lei constitui-se como a materialização dos desejos de setores sociais
que pretendem subscrever a herança cultural da África e dos Africanos no mundo, fato
este negligenciado, sobretudo nos livros e nos cursos de formação de professores no
Brasil. Paralelamente ao desenvolvimento destas novas perspectivas cientificas surge a
necessidade de reconstruir o saber dos profissionais ligados à educação e, por conseguinte
os livros didáticos passaram a contar com maiores espaços dedicados ao continente
africano e aos negros, quando não, são adotados livros complementares que abordam a
temática em questão de forma particularizadas. Nesta perspectiva o presente artigo irá
analisar a adoção do kit pedagógico denominado “Africanidades” pelo município de
Alagoinhas, cidade do interior da Bahia, no ano de 2012. Trata-se de uma coleção
composta por dez livros acompanhados cada um por CD’s audiovisuais dotados com
interpretação em libras. A questão central deste trabalho refere-se às formas como a
referida coleção representa o continente africano e os negros no Brasil. Para este trabalho
foi tomado como paradigma à referência de que os negros não são, necessariamente,
descendentes de africanos, assim como suas práticas e costumes culturais não devem ser
vistas como sobrevivências da escravidão.
Palavras-chave: Lei 10.639/2003; África; Educação; Brasil; Negros.
De que África falamos? Representações de África após a Lei 1069/03 Alexandra da Cruz de Nantes (Prefeitura Municipal de Sátiro Dias)
Resumo: Negros, miséria, fome, conflitos “tribais”, doenças, caos absoluto, são algumas
das representações recorrentes sobre o continente africano que romperam a barreira do
tempo e se perpetuam no imaginário de diversas sociedades, sobretudo das ocidentais.
Neste sentido, sendo a escola um espaço social, no qual se entrecruzam diferentes sujeitos
e com eles toda sorte de representações, esta se constitui, portanto em um lócus
privilegiado para retroalimentação de estereótipos e clichês, que em geral concebem a
África como um “lugar” caótico, sem regras, ordem e perspectivas. Cabe destacar,
entretanto, que a escola também pode ser instrumento de transformação, difusão e
construção de novas representações acerca do continente africano. Por essa razão, este
trabalho objetiva analisar quais representações de África foram construídas pelos
educandos da rede municipal de ensino do município de Sátiro Dias, nestes dez anos de
promulgação da Lei 10.639/03. Palavras – chave: Educação; Representações da África;
África, Lei 10.639.
História da África, História da cultura negra brasileira: questões, encontros e
desencontros.
IVALDO MARCIANO DE FRANÇA LIMA (UNEB Universidade Estadual da Bahia -
Campus Alagoinhas.)
Resumo: As práticas e os costumes dos negros e negras do Brasil podem ser
descritas como parte da história da África? É possível afirmar que o uso do conceito
19
“diáspora” é feito sem maiores problemas para os mais diversos povos do continente
africano? Tais questões estão bem resolvidas na bibliografia recente, escrita por
africanistas no período pós - lei 10639/2003? Este trabalho tem como objetivo discutir
estas e outras questões, enfatizando os problemas de paradigma e de perspectiva
existentes na História da África entre os africanistas brasileiros, enfatizando que as
dificuldades são pertinentes a uma grande confusão entre a cultura negra brasileira e as
religiões de divindades com a História da África, como se todos os negros fossem
africanos. Para este trabalho foram utilizados e discutidos de forma crítica as recentes
publicações de historiadores africanistas brasileiros, além da bibliografia clássica
produzida pelos historiadores africanos.
Palavras chaves: História da África, cultura negra, lei 10639/2003, África, Brasil.
24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
OS CONTOS DE AMADOU KOUMBA: REINVENÇÃO DA NARRATIVA.
RITA DE CÁSSIA NASCIMENTO DOS SANTOS (COLÉGIO ESTADUAL
DEPUTADO LUIS EDUARDO MAGALHÃES)
Resumo: A partir das obras sobre as tradições orais da África subsaariana, de Hampaté
Bâ e J. Vansina, este trabalho tem como objetivo discutir o modo de abordagem da
questão do colonialismo francês na obra Os contos de Amadou Koumba, de Birago Diop,
publicado em 1961. A problemática desse estudo despertou o desejo de saber como as
tradições orais, abordadas no livro, podem se constituir como estratégia de força e
resistência na construção identitária no período da colonização francesa no Senegal. Na
África tradicional, o conhecimento e a sabedoria eram guardados e transmitidos pela
tradição oral e não havia momento especial para aprender. O público participava
ativamente das histórias que lhe eram contadas. Seria o caso de uma possibilidade de
transmissão e discussão sobre a colonização através desses contos orais? Como a voz de
griot de Koumba ressoa na literatura de Birago Diop? Assim, a tradição oral toma um
caráter revolucionário, inventivo e disseminador na cultura oral fazendo valer as vozes
caladas pela colonização. Para este trabalho foram utilizados e discutidos o livro de contos
e bibliografia referente às tradições orais africanas.
Palavras chave: Colonização; África; Tradição Oral; Literatura Africana; Birago Diop.
Representações da África nas organizações negras-mestiças de Salvador em Tenda
dos Milagres (1969) do escritor Jorge Amado.
Paloma Ferreira Teles (UNEB)
Resumo: A partir da narrativa de Tenda dos Milagres (1969), Jorge Amado convida aos
leitores a adentrar o Pelourinho, que é citado como Universidade Aberta da Bahia, por
conta dos diversos saberes desenvolvidos nesta região, saberes estes que são reflexos de
uma África desejada pelos negros e mestiços baianos da época. Sendo este demarcado
como espaço de convivência “harmônica” entre as diferentes culturas, que são
representadas na figura de moradores, comerciantes e visitantes, mesmo havendo os
processos violentos de repressão aos costumes e vivências culturais. O presente trabalho,
ainda em andamento, objetiva investigar possíveis manifestações a partir das
Representações de África, que se caracterizaram como forma de contra-discursos
produzidos pela população negra de Salvador em seu cotidiano, a partir das suas
organizações culturais e religiosas, contra a ciência eugenizadora do Brasil de 1920 a
20
1930. E, compreender a partir da personagem central do romance, Pedro Arcanjo, como
se organizou a população negra-mestiça para (re) escrever e (re) pensar a sua história,
problematizando a ressonância desta atitude para as práticas científicas e acadêmicas da
Faculdade de Medicina da Bahia na época.
Palavras Chaves: Tendas dos Milagres, África, Negros, Resistências.
De olho no espelho: reflexos e paradigmas da autoidentificação dos quilombolas da
comunidade do Catuzinho, Bahia.
ADRIANA CARDOSO DOS SANTOS PEREIRA
Resumo: Em 2005 a comunidade do Catuzinho, localizada entre as cidades de
Alagoinhas e Aramari, BA, foi reconhecida como remanescente de quilombo. Pode se
afirmar, sem maiores problemas, que este é o primeiro passo do longo percurso que
culminara com a titulação das terras, um dos objetivos que se percebe entre os moradores
da referida comunidade. Mas, o que vem a ser um quilombo? A partir de um emaranhado
de interesses oriundos da promulgação do artigo 68, do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição Federal do Brasil de 1988, que
comunidades negras, até então renegadas aos olhos da sociedade brasileira e da produção
historiográfica, passaram a ter espaços, imbuídas principalmente pela discussão em
torno da terminologia 'quilombo'. Ressignificar o topônimo 'quilombo', mais que uma
tarefa semântica, trouxe à tona a desmistificação de sua conceituação colonial ao tempo
que abarcou as diversas formas de organização negra, ratificando a pluralidade cultural,
fruto das práticas e costumes peculiares a cada comunidade. Nesse sentido, este trabalho
visa discutir com qual concepção os moradores deste povoado se autoidentificam. São
oriundos da África? São eles afrodescendentes? Qual interpretação atribuem para a
terminologia quilombola? A que deve sua identificação como tal? Para esta discussão foi
tomada como referência a autodeclaração dos habitantes da supramencionada
comunidade e os paradigmas levantados pelo discurso teórico de estudiosos da cultura
negra brasileira e história da África.
Palavras chave: memória, cultura negra, quilombola, autoidentificação.
O “espírito da selva” que veio das savanas: representações, distorções e estereotipias
no cinema.
Mércia Cristina da Silva Assis (SEDUC RIBEIRÃO)
Resumo: “O Espírito é da selva”, mas o leão vive nas savanas. Os “africanos são um
povo”, mas a diversidade linguística existente na África não possui semelhança em
nenhum outro continente. “Não há civilização no continente africano”, apesar do Egito,
Kush, Meroé e Axum. O cinema tem sido por várias décadas referência em diversão, lazer
e glamour, mas, é também uma poderosa máquina de construção, difusão e
retroalimentação de representações, que necessariamente não se constituem em
efetividades. Nessa perspectiva, este trabalho, ainda em andamento, objetiva discutir a
narrativa fílmica intitulada “O Espírito da Selva”, lançado no Brasil em 2007, e que teve
como diretor Gray Hofmeyer. Na obra em questão, como em muitas outras que possuem
o continente africano como tema ou cenário, há predominância na ideia dos contrastes
entre povos, culturas e valores civilizatórios. Isto não seria um problema se a narrativa
fílmica não trouxesse, de forma veemente, conceitos que são balizados na hierarquia e
inferiorização entre culturas e civilizações. Para isso, é necessário compreender que o
filme “O Espírito da Selva” está situado em um dado contexto, perpassado por questões
relacionadas ao tempo e espaço. Confrontos entre a ciência (superior e europeia) do
médico Albert Schweitzer, com a “magia” do “feiticeiro” Oganga, além das constantes
oposições entre a música “clássica” e a “tribal”, dentre outras comparações feitas de
21
formas subliminares mostram que o cinema é muito mais do que uma simples
possibilidade de lazer e diversão. Para este trabalho foram utilizadas obras que discutem
as relações entre o Cinema e a História, bem como análises fílmicas.
Palavras chave: Cinema; África; Representações da África, Europa.
Nem desertos, nem florestas: diversidades de espaços e paisagens ANTONIO VILAS BOAS (UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA) Resumo: Este
trabalho, ainda em andamento, objetiva discutir, a partir de revisão bibliográfica, os
modos e as formas como o continente africano foi objeto de representações baseadas em
estereotipias, notadamente suas realidades sócio-espaciais. Em grande parte das mídias,
livros didáticos e obras literárias o continente africano é/foi apresentado como uma
imensa e impenetrável selva, repleta de “tribos primitivas” e animais selvagens. A
exemplo de Tarzan e Fantasma, que primaram em demonstrar a África como uma selva,
ou os filmes que tematizaram sobre os povos do norte deste continente, que apresentaram
o continente como um imenso deserto (destituído de pessoas e civilizações), ainda hoje
há representações que insistem em mostrar um imenso espaço continental de forma
homogênea. Nesse sentido, este trabalho teve como foco a desconstrução destas
homogeneidades, associando-as também aos processos de construção de representações
destituídas de efetividades, que primaram em associar o continente africano ao estado
natural e a selvageria.
Palavras chave: África; História e meio ambiente; Representações; Florestas; Desertos.
A formação da “culinária baiana”: sob uma ótica “africana”
Erico da Silva França (COLÉGIO RENOVAÇÃO/COLÉGIO SÃO
FRANCISCO/UATI)
Resumo: A “culinária baiana” é um termo utilizado para designar, principalmente, a
alimentação produzida na cidade de Salvador e no Recôncavo Baiano notadamente
marcada pela influência “africana”. Foram os negros escravizados – ainda no período
colonial – que a tornaram famosa, uma vez que servindo nas cozinhas dos portugueses
e/ou nas senzalas, alteraram o sabor dos alimentos por meio da condimentação ou da
técnica culinária. Outro aspecto a ser destacado sobre a culinária produzida por africanos
e seus descendentes – na Bahia – é a sua confluência com a religião e os festejos
populares. Dessa maneira, promover um estudo sobre a importância africana na
confecção da “culinária baiana”, considerada parte integrante do patrimônio cultural
imaterial, abordando as escolhas, abandonos, apropriações e transformações que fazem
parte de um processo histórico-cultural é a principal finalidade desse trabalho. O mesmo
procurou identificar e mapear bibliografia e fontes documentais (escritas e visuais) que
tratassem da relação existente entre culinária e cultura, escravidão negra e a formação da
culinária da Bahia; e, a influência da culinária “africana” na religião e celebrações
populares.
Palavras-Chave: Culinária Baiana; Influência “Africana”; Escravidão; Patrimônio
cultural imaterial.
25/07 - Sexta-feira - Tarde (14h às 16h)
As raízes da guerra no Mali: entre debates e desmistificações Ivan Silva de Souza (CETEP/ LNB)
Resumo: A mídia faz um papel intermediário na formação da opinião pública e em cobrir
determinados eventos a nível internacional e levar a “noticia” a população. Mas sabemos
que este papel exercido por tais setores é recheado de interesses políticos, econômicos,
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financeiros e principalmente em estabelecer a ideologia de um grupo dominante no poder
ou colocá-lo lá. A situação do Mali no Continente Africano requer uma análise e uma
postura muito mais crítica, do que respostas simplistas que culpam a Al- Qaeda ou o
neocolonialismo por conflitos que assolam esta região é preciso levar em consideração
que muita gente foi marginalizada por tempo demais nesse território. A situação é muito
mais complexa do que parece e precisa ser revista sobre um outro prisma que
desmistifique essas notícias sobre os países africanos que recaem, na maioria das vezes,
nas guerras do continente tratadas geralmente sob o registro da naturalização e da
banalização enfeixadas em diferenças tribais.
Os povos africanos e a África podem ser vistos como vítimas da História? Por uma
releitura do Tráfico Transatlântico e da Conferência de Berlim.
Paulo Rodrigo Ferreira Silva
Resumo: A História da África é/foi alvo de várias abordagens equivocadas, e as mais
comuns possuem uma tendência de generalizar e inferiorizar suas culturas, colocando-as
como expectadora das ações e processos ocorridos em seus próprios territórios. Contudo,
um estudo mais expressivo da historiografia do continente africano, calcada no trabalho
de seus historiadores, decorrente de avanços relacionados às perspectivas de fontes
históricas, permitiu uma melhor compreensão dos processos intercontinentais que
envolveram a África: A Conferência de Berlim (1884 – 1885) foi chamada de “Partilha
da África”, porém esse termo indicava um protagonismo europeu na demarcação dos
territórios Africanos. Por isso o conceito de “roedura” já é utilizado por muitos estudiosos,
que buscam analisar o processo de definição de fronteiras como gradativo, e de
participação decisiva de ambas as partes. Com relação ao tráfico transatlântico que
ocorreu do século XVI ao século XIX, a ideia de que a África foi invadida e escravizada
foi sempre difundida, entretanto existem estudos que apontam para a diversidade
sociopolítica das suas regiões, e que vários grupos sociais poderiam lidar de maneiras
diferentes com o tráfico, alguns sendo prejudicados e outros extraindo benefícios, sendo
possível até mesmo a ascensão de novas elites africanas, que firmaram parceria com
povos europeus na exploração dos seus conterrâneos. Com base no exame historiográfico
do Tráfico e da Conferência de Berlim, o presente trabalho fará contrapontos à noção de
África subjugada.
Palavras-chave: Tráfico Atlântico; Conferência de Berlim; História da África; Roedura.
DIMENSÕES MATERIAIS E CONCEPÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS DE
IMIGRANTES SENEGALESES NO CONTEXTO BRASILEIRO: OLHARES
ACERCA DA INTEGRAÇÃO
THAIS JANAINA WENCZENOVICZ (ESTADO DO RS)
Resumo: O devido trabalho trata da integração dos Imigrantes Senegaleses junto a
sociedade brasileira – na região norte do Rio Grande do Sul - tendo em vista sua relação
junto as dimensões materiais e concepções das Diretrizes dos Direitos Humanos. Nesse
sentido, pretende-se demonstrar em que medida as políticas de imigração ameaçam a
manutenção dos Direitos Humanos de indivíduos provenientes de países com histórico de
dependência e intransigência aos Direitos Fundamentais Civis e Sociais em seu país de
origem. Tal condição corrobora na análise entre as políticas de integração e negação aos
Direitos Humanos. Ao longo dos últimos vinte anos, o Brasil adotou uma série de novas
políticas voltadas à gestão dos movimentos transfronteiriços e aos imigrantes no Brasil,
políticas estas que respondem não somente ao ativismo dos migrantes e seus aliados, mas
também à estratégia da política externa brasileira.
23
“Negócio Africano”: trabalho, patrimônio e libertos da Costa da Mina no Recife do
séc. XIX
Valéria Gomes Costa (IF Sertão Pernambucano)
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar um mapeamento dos meios
de sobrevivência de ex-escravos e as estratégias por eles elaboradas para a garantia de
seus espaços nos mundos do trabalho urbano. Quais as ocupações que podiam de fato os
sujeitos continuar exercendo ou não depois de alforriados, que lhes assegurassem certa
autonomia financeira e lhes proporcionassem rompimento com os laços senhoriais? Que
mecanismos elaboraram para afastarem-se dos estigmas impostos pelo cativeiro?
Seguimos, então, os rastros de um pequeno grupo formado por 31 africanos da Costa, em
testamentos, inventários post-mortem e livros de notas de tabeliães, para nos aproximar
das condições materiais, e, sobretudo, dos arranjos de trabalho que esses indivíduos
organizaram ao longo de suas existências. Deparamo-nos com homens e mulheres cujas
atividades econômicas lhes proporcionaram recursos que os distinguiram dentro e fora da
comunidade negra. Entre as diversas ocupações, o ramo dos negócios foi aquele que mais
ocasionou maiores perspectivas de vida para os sujeitos cujas trajetórias acompanhamos.
Através de nossa análise, foi possível traçar dois perfis de comerciantes. O primeiro,
classificamos de negociantes de médio porte, cujas rendas advinham de imóveis (dez ou
mais) e escravos (dez ou mais) no ganho. O segundo, consideramos de pequeno
negociante, pois trabalhava no comércio a retalho ou possuía um modesto
estabelecimento, a exemplo da taberna, ou ainda extraía lucros de seus prédios (no
máximo dois) de aluguel. Frisamos, contudo, que o ramo de negócios foi também o que
mais favoreceu a ampliação das redes sociais dos africanos para além de seu grupo. Na
amostra de nossas pesquisas, 43,8% das pessoas brancas que estabeleceram algum tipo
de ligação com libertos da Costa d’África eram comerciantes de grande ou médio porte.
A presente comunicação é parte dos resultados investigativos em nosso trabalho de
doutoramento, cujas preocupações se debruçaram na reorganização da vida social de
pessoas oriundas da África após a conquista da manumissão na cidade do Recife em
meados do século XIX.
Possessão e Exorcismo no Egito Antigo: Dados Históricos
Luiz Henrique Rodrigues Paiva (Colégio Conexão Futuro)
Resumo: Este trabalho tem como finalidade apresentar o fenômeno da possessão e
exorcismo na antiga tradição religiosa egípcia, ao longo de sua história. A possessão
demoníaca, bem como a pratica do exorcismo, são temas estudados e realizados desde a
antiguidade até os dias atuais. Pretende-se apresentar uma síntese, em chave
historiográfica, desse fenômeno do Campo Religioso, apoiando-se nos estudos de
biblistas como Karl Kertelge, Antônio Lazarini Neto, Irineu José Rabuske e Luigi
Schiavo. Trata-se de uma abordagem que quer demonstrar quando surgiram, quando
permaneceram e quando se transformaram ou desapareceram os traços culturais religiosos
e mágicos egípcios.
Palavras-Chave: Demônios. Tradição Religiosa. Manifestação.
João Fernandes Vieira e a guerra preta em Angola, 1658 a 1661 LEANDRO NASCIMENTO DE SOUZA (FUNESO)
Resumo: João Fernandes Vieira, após a guerra contra os holandeses na Capitania de
Pernambuco, utilizou de seu prestígio para solicitar a Coroa portuguesa cargos de
governança no ultramar. Vieira recebeu o governo de Angola, a qual governou de 1658 a
1661. No que se refere as suas ações como governador, elas são determinadas pelos seus
24
interesses no Brasil. Vieira na sua chegada em Angola, investe na recuperação e
ampliação do tráfico de escravos para o novo mundo, utilizando aparatos militares,
políticos e religiosos para reconfigurar a influência portuguesa na África Central, em que
na maioria dos casos ocorreram conflitos armados entre as tropas aliadas de Vieira e os
vários chefes tribais que resistiam à dominação. Vieira tinha como maior inimigo o Reino
do Congo, a qual na sua perspectiva funcionava como um grande “quilombo” na África
central. Através da coleção Monumenta Missionária Africana, organizada pelo Padre
Antônio Brásio, e dos cronistas da época, realizamos uma análise desse contexto a qual
se encontram vários conflitos de interesses ligados ao Mundo Atlântico.
25
ST 05) Movimentos sociais, organizações, trabalhadores rurais e urbanos: sua luta
política e suas formas de mobilização social
Coordenação: SAMUEL CARVALHEIRA DE MAUPEOU
23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
Trabalhadores, associativismo e política em Ilhéus, Bahia (1920-1930): uma história
social do coronelismo
Philipe Murillo Santana de Carvalho (Instituto Federal da Bahia)
Resumo: A última década da Primeira República foi marcada pelo desenvolvimento de
um associativismo operário proeminente na política e na sociedade de Ilhéus. Artistas,
operários, caixeiros e estivadores construíram seus grêmios e se tornaram uma força
social emergente no sul da Bahia, capaz de mobilizar um contingente popular
significativo e pressionar autoridades e patrões em função de seus interesses. O objetivo
deste artigo é analisar os trabalhadores e suas culturas associativas diante da política
republicana oligárquica entre 1920 e 1930. Interessa entender de que modo os
trabalhadores constituíram formas de organização social, defenderam seus direitos por
melhores condições de vida e trabalho, e participaram do sistema político oligárquico nas
brechas deixadas pelas disputas de partidos e facções da I República. Deste modo,
convém por em revisão o conceito de coronelismo, cunhado por uma historiografia que
sempre caracterizou a política republicana brasileira entre 1889-1930 como uma
experiência excludente, em que os poderosos sempre exercem o poder de modo absoluto
e os de baixo possuíam pouca margem de atuação no mundo do trabalho e da política.
Utilizamos como fonte para este trabalho atas de sociedade proletárias e patronais,
jornais, cartas de operários e literatura.
As relações de trabalho com inserção da fruticultura irrigada no perímetro irrigado
Senador Nilo Coelho- Núcleo 04, Petrolina- PE
Mariana Ramalho Dantas (Colégio Saberes da Vitória)
Resumo: Este estudo trata sobre as alterações nas relações de trabalho com a inserção da
fruticultura irrigada no Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho, especificamente o
Núcleo 04 (N4), localizado na zona rural do município Petrolina-PE. E tem como objetivo
compreender o desenvolvimento da fruticultura irrigada a fim de demonstrar os reflexos
das transformações nas relações de trabalho a partir do agronegócio no N4 e a percepção
dos espaços socioculturais do núcleo. No decorrer da pesquisa foram observadas as razões
que determinaram a intensificação do sistema capitalista no espaço rural, visto que a
globalização modificou as relações de trabalho principalmente no núcleo N4. É salutar
destacar que essas relações são tratadas de forma diferente por povos e nações,
classificadas muitas vezes como uma evolução das relações de trabalho entre empregados
e empregadores, ao longo do tempo. Tais alterações podem ser identificadas também, a
partir da instalação dos latifúndios. A principal fundamentação teórica e metodológica
deste trabalho é a dialética materialista, faz-se o uso de referências como Caio Prado
Júnior, Manuel Correia de Andrade, Milton Santos e outros autores, que buscaram através
do marxismo novas alternativas para uma sociedade capitalista em crise e trouxeram uma
nova óptica para interpretar a geografia uma vez que ela era voltada para quantificar os
interesses do Estado. O desenvolvimento do espaço rural mostra os reflexos do processo
intensivo de modernização do campo onde passam a ocorrer mudanças nos padrões de
produção, atendendo ao mercado interno e externo, atraindo um grande contingente de
trabalhadores para os latifúndios, como é o caso do Perímetro Irrigado N4. A partir do
26
desenvolvimento da modernização agrícola as técnicas usadas pelos pequenos
proprietários foram modificadas para atender a demanda do mercado consumidor e a
praticidade proporcionada pela tecnologia. Segundo Andrade (1987, p.116) “o
desenvolvimento industrial passou a exercer grande impacto sobre a natureza e a
sociedade degradando e dilapidando os recursos naturais”. Para Prado Júnior (1976,
p.29), “a grande propriedade fundiária surgiu integrada a um vasto empreendimento
comercial destinado a explorar os recursos naturais de um território virgem em proveito
do comércio europeu”. Vale ressaltar que os grandes latifúndios são ostentados a partir
de interesses políticos favorecendo uma classe em detrimento de outra, ou seja, os
indivíduos que não conseguem acompanhar a modernização agrícola foram expropriados
ou tiveram que vender suas terras e posteriormente passaram ser explorados pelo capital.
24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
Com muita fé e muita luta: as campanhas salariais e a conquista dos direitos dos
canavieiros de Pernambuco durante os anos 80.
Marcela Heráclio Bezerra (IFPE Campus Ipojuca)
Resumo: Os trabalhadores canavieiros de Pernambuco, ao longo do decênio de 1980,
forjaram-se como uma classe portadora de interesses coletivos. Homens e mulheres
afirmaram-se enquanto sujeitos sociais atuantes na realidade histórica, marcada por
vitórias e derrotas. Através de manifestações públicas, passeatas, deflagração de
movimentos grevistas, impetração de processos trabalhistas na Justiça do Trabalho, a
classe canavieira buscou, a partir dos condicionantes históricos aos quais estavam
atrelados, caminhos para a superação das desigualdades sociais. Foi nesse ambiente que
os canavieiros auxiliados pelas entidades classistas, promoveram o embate contra as
classes patronais, resistindo às ações arbitrárias dos empregadores e solidarizando-se com
os demais trabalhadores da categoria, reconhecendo-se e conscientizando-se enquanto
classe social. Dentre os direitos conquistados destacaram-se, o descanso semanal e férias
remunerada, a indenização na rescisão de contrato de trabalho por tempo, direito à sítio,
a garantia da conservação das casas por parte dos empregadores, salário família, por cada
filho menor de 14 anos aos trabalhadores e trabalhadoras, o fornecimento gratuito pelos
empregadores de água limpa e fria aos trabalhadores nos locais de trabalho, o
fornecimento obrigatório de transporte gratuito em condições de segurança; a proibição
de distribuição de serviços de aplicação de agrotóxicos, pesticidas e herbicidas aos
menores, mulheres gestantes e trabalhadores com mais de 50 anos, garantia do emprego
para a mulher gestante, que após 120 dias de licença, as mulheres não poderiam ser
demitidas antes de cumprido 90 dias de trabalho. As campanhas salariais realizadas ao
longo dos anos 80 foram importantes para trazer a cena política os trabalhadores dentro
da conjuntura nacional de redemocratização. Organizados pelo sindicalismo rural em
Pernambuco, os canavieiros direcionaram suas lutas, sobretudo, para as questões salariais,
fundamentais para a categoria que sobrevivia numa realidade de carência material
constante, e para as conquista e garantia de direitos trabalhistas, sociais, previdenciários
e políticos.
27
Mobilização, formas de atuação e construção de uma memória dos conflitos sociais:
trabalhadores rurais do Norte da Zona Canavieira de Pernambuco (1980-1997)
SAMUEL CARVALHEIRA DE MAUPEOU (Universidade Estadual do Ceará-UECE)
Resumo: Esta comunicação pretende abordar a mobilização e formas de atuação dos
trabalhadores rurais do Norte da Zona Canavieira de Pernambuco entre 1980, momento
de inúmeros processos na Justiça do Trabalho, e o final dos anos 1990, quando eclodiram
intensos conflitos de terra na região. Num primeiro momento, a referência aos processos
trabalhistas que antecederam os movimentos de ocupação se deve à necessidade de
relativizar o aspecto inovador de suas práticas. Isto por que, quando se deram os primeiros
conflitos, desde a segunda metade da década de 1980, já existia toda uma tradição de
embates jurídicos nas Juntas de Conciliação e Julgamento implantadas no Norte da Zona
Canavieira de Pernambuco, em municípios como Nazaré da Mata e Goiana. Em grande
medida, se as ocupações posteriores vieram à tona, isto se deveu a um longo processo de
esgotamento do recurso à Justiça Trabalhista, à sua morosidade, à sua parcialidade e ao
ínfimo ressarcimento obtido ao final pelos reclamantes. Além disto, esta comunicação
pretende ainda analisar a construção de uma memória pelos atores sociais que
vivenciaram esses conflitos de terra. Por um lado, será observado o ponto de vista dos
membros que compunham as organizações de apoio (CPT, STRs e FETAPE) e que
prestavam importante assistência aos trabalhadores rurais envolvidos nos conflitos de
terra da região. Esta é a visão daqueles que participaram intensamente do conflito, mas
que não compunham propriamente o grupo dos trabalhadores rurais diretamente
interessados na obtenção das terras reivindicadas. Por outro, será analisada também a
visão dos próprios trabalhadores rurais que constituíam os movimentos de ocupação.
Estes constroem uma percepção diferente, muitas vezes mais realista, das mobilizações e
formas de atuação que desenvolveram, ressaltando as dificuldades vivenciadas. Por fim,
será feita igualmente uma análise da percepção que tinham os jornais à época dos
acontecimentos. Esta era motivada pela visão dos setores mais conservadores da
sociedade, intimamente implicados com os interesses econômicos, comerciais e
industriais e, portanto, favoráveis aos latifundiários detentores dos engenhos ocupados.
Em síntese, para a realização deste estudo, foram utilizados como fonte de pesquisa:
processos trabalhistas da 6ª Região do Tribunal Regional do Trabalho (1980-1985);
notícias do Jornal do Commércio e Diário de Pernambuco sobre os conflitos de terra
iniciados em 1986 e que se estenderam pela década de 1990; processos de desapropriação
e assentamento do INCRA (1986-2000); por fim, depoimentos orais de membros das
organizações de apoio (Comissão Pastoral da Terra, STRs e FETAPE) e dos próprios
atores dos movimentos de ocupação do Norte da Zona Canavieira de Pernambuco.
Trabalhadores numa usina de açúcar no Recôncavo baiano (Anos 50-70)
Tatiana Farias de Jesus (Secretaria de Educação do Estado da Bahia)
Resumo: O presente trabalho propõe um estudo balizado na História Social do Trabalho
sobre o cotidiano profissional de uma usina de açúcar localizada no Recôncavo baiano,
conhecida como Aliança, construída em 1892 e existente até os dias atuais como uma das
únicas no Estado da Bahia. Para isso, dispomos de uma série de documentos a exemplo
daqueles referentes à Vara Cível e Acidente no Trabalho da cidade de Santo Amaro (BA),
acervo do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Açúcar, jornais impressos,
documentos do memorial da Justiça do Trabalho. Estas fontes discorrem a respeito dos
acidentes de trabalho dentro da fábrica, os movimentos de trabalhadores em busca de
melhores condições de trabalho e de vida, a produção açucareira, a variação nos preços e
28
a carestia deste alimento, além da hegemonia do grupo S.A. Magalhães, proprietários de
diversas usinas no Recôncavo da Bahia.
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ST 08) Religiões e religiosidades no Brasil
Coordenação: Ângelo Adriano Faria de Assis, Janaina Guimarães da Fonseca e Silva
23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
A Epopeia do Mansinho: o “Boi Santo” do Caldeirão (Crato-CE)
ANTÔNIA LUCIVÂNIA DA SILVA (ESCOLA JOSÉ ALVES DE FIGUEIREDO),
MARILYN FERREIRA MACHADO (EEF ESTADO DA PARAÍBA)
Resumo: Este trabalho relata sobre o misticismo que envolve a figura de um animal
chamado Mansinho, o “Boi Santo” da comunidade liderada pelo beato José Lourenço,
seguidor do padre Cícero; a qual teve sua existência nos anos de 1894 a 1936. A
comunidade situada inicialmente entre os anos de 1894 a 1926 no sítio Baixa Dantas e
posteriormente entre os anos 1926 a 1936, ambas situadas em distritos de Crato, passando
a ser essa comunidade conhecida como Caldeirão ou Caldeirão do beato José Lourenço.
Dentre a trajetória desta comunidade e seu líder, buscaremos destacar a história do “Boi
Santo” e compreender como ela foi construída, quais os significados dele para esta
comunidade, como os sujeitos externos a esse espaço de vivência “sagrada”: lideranças
políticas e a igreja católica romanizada se apropriaram deste discurso em torno da
santidade do boi. Destacaremos ainda os sentidos sociais, simbólicos e o espaço para os
sujeitos históricos do período. Para melhor compreendermos esse momento histórico nos
apoiamos na História Cultural dialogando com as fontes primárias e secundárias tais
como: músicas, documentários, recortes de jornais, relatos de contemporâneos e
remanescentes presentes na bibliografia consultada. A partir do que foi apontado sobre o
estudo do espaço no tempo delimitado, pudemos perceber que foram levantados diversos
aspectos sobre a comunidade como: político, social, econômico, entre outros. No entanto
queremos enfatizar a sua perspectiva religiosa, em especial por ser considerada uma
espécie de catolicismo popular.
Pernambuco Inquisitorial: da repressão à mobilidade social, os Familiares do Santo
Ofício na “Terra do Açúcar” (1654- 1750)
Davi Celestino da Silva (Graduado da UFRPE)
Resumo: O zelo pelos domínios e possessões que possuíam os monarcas ibéricos no
tocante à expansão territorial de seus impérios encontrou sentido diante a constante
preocupação causada pela falta de ordem em matéria espiritual e social que fora registrada
pelos primeiros jesuítas enviados à América portuguesa. Além das informações
registradas pelos inacianos, a tal preocupação dos governantes ibéricos também encontra
eco diante o crescimento do protestantismo e o calvinismo na Europa, e
consequentemente sua proliferação alcançando os domínios ibéricos. Para tanto não fora
um simples acaso toda a dinâmica sistemática para a chegada em fins do século XVI da
primeira visitação do Santo Ofício às partes do Brasil Colônia. Regiões de grande pujança
econômica como as capitanias de Pernambuco e Bahia estiveram sob intervenção da
justiça inquisitorial, fato este creditado principalmente a grande presença de povos
judeus. Além do fito repressor judaico, os homens da justiça da fé também estiveram a
frente de grandes adversidades como o combate as religiões de matriz africana. Entretanto
o combate às práticas religiosas destoantes do catolicismo na América Portuguesa,
especificamente na Capitania de Pernambuco, espaço de nossa pesquisa no período em
apreço, nos revela algo a mais no cotidiano dos Familiares do Santo Ofício que aqui
atuaram, a busca pela distinção social.
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24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
O Xangô pernambucano: Um ensaio de classificação no século XXI.
Pedro Henrique de Oliveira Germano de Lima
Resumo: O culto das diversas divindades africanas no Brasil – voduns, inkices e orixás
– remota ao século XVII. Atualmente, tais cultos são conhecidos de diversas formas
(Xangô, Candomblé, Batuque etc.) apresentando distanciamentos e aproximações uns dos
outros bens como as correspondências africanas que, dentre outras coisas, lhe servem
como fontes de legitimação frente aos concorrentes e outros setores da sociedade.
Somando a esse fato, tais cultos aglutinaram em sua liturgia, elementos de outras religiões
(catolicismo, religiões ameríndias, kardecismo etc.) que contribuem para a pluralidade e
manutenção da religião na atual sociedade brasileira. A proposta do artigo é elaborar uma
classificação – no plano dos Tipos Ideais - do culto aos orixás em Pernambuco com a
finalidade de um recurso heurístico para futuras pesquisas bem como para mostrar as
peculiaridades do Xangô pernambucano em relação às demais religiões de matriz africana
e ainda deslindar sobre a dinâmica dos cultos na sociedade que o cerca.
Representações da África nos terreiros de Candomblé de Sátiro Dias. Washington Flavio Carvalho da Cruz (Colégio Democrático Estadual P. E. Santos)
Resumo: De que forma é possível identificar representações da África nos terreiros de
candomblé de Sátiro Dias? As representações sociais sobre o candomblé foram
constituídas ao longo da história sob a égide de ideário racista e segregador, postulado
epistemologicamente a partir dos alicerces evolucionistas do séc. XVIII, e dado sua
continuidade através do processo de formação histórico-social do povo brasileiro.
Proponho neste trabalho uma discussão que permeia a história do Candomblé e de como
a África é vista e representada através dele, para os seus praticantes ou não. A
metodologia utilizada baseou-se em análise bibliográfica, bem como pesquisa de campo
nos terreiros de Sátiro Dias.
Palavras-chave: Candomblé; Sátiro Dias; Representações da África.
Narrativas orais sobre o processo de morte e morrer em Matriz de Camaragibe-AL
(1920-1960)
Messias Bernardo da Silva (Prefeitura Municipal de Cortês)
Resumo: O texto que se segue é parte de uma pesquisa que venho desenvolvendo na
Mata Sul de Pernambuco, que tem como objetivo, pensar e historicizar as práticas
fúnebres na Zona da Mata Sul de Pernambuco entre 1860-1920, partindo do pressuposto
de que a morte não é um evento único e homogêneo e que no período pesquisado ela foi
vivenciada de forma extremamente complexa e multifacetada onde o sagrado e o profano
se aproximavam de maneira a se confundir. Uma morte vivenciada, ritualizada por ritos
não institucionalizados, uma religiosidade criada muitas vezes a partir da falta, ou seja,
da ausência de líderes religioso (padres/ pastores) na condução a uma “boa morte.
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ST 11) Patrimônio Cultural e Memória Social
Coordenação: Bruno Melo de Araújo
23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
O ACERVO DE CORDÉIS DO CENTRO CULTURAL BENFICA DA UFPE:
UMA PROPOSTA DE ANÁLISE TEMÁTICA PARA DIFUSÃO DA COLEÇÃO
E DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO
FRANCISCO ARRAIS NASCIMENTO (UNIVERSIDADE FEDERAL DE
PERNAMBUCO - UFPE)
Resumo: O Instituto de Arte Contemporânea – IAC possui um rico acervo sobre a
literatura popular, principalmente sob a forma de folhetos de cordel. Tal acervo configura-
se como registro e se revela como frutífero arcabouço de pesquisa sobre as mais diversas
temáticas abordadas em tais documentos. A pesquisa em questão tem por objetivo
organizar sob a óptica do tratamento temático da informação o acervo do Instituto de Arte
Contemporânea - IAC, compreendendo e evidenciando as principais temáticas que
emergem dos cordéis e dessa forma promover a difusão da cultura popular contida em
tais registros. Para tanto parte-se do pressuposto que tais folhetins são suporte e fonte de
informações. A pesquisa em questão fez uso de uma cartografia de documentos além de
uma análise documental. Ao termino da análise dos dados percebeu-se que nos grupos
temáticos emergentes destacando-se as temáticas cotidianas, onde se pode observar a
cultura popular manifestada sob sua faceta mais original, a religiosidade, tema esse de
grande relevância dentro do contexto cultural do sertanejo e das populações do Nordeste
do Brasil entre outros. Ressalta-se que o acervo não é apenas um registro de temáticas
variadas, mas sim uma coleção histórica com cordéis datados de 1912, o que evidencia
sua relevância na construção e reconstrução histórica da cultura popular do Nordeste do
Brasil como fonte de memória e registro histórico.
Uma construção de Pernambuco na Coleção Baltar
Rodrigo José Cantarelli Rodrigues (Fundação Joaquim Nabuco)
Resumo: Uma grande quantidade de quadros, gravuras, estampas, fotografias, mapas,
documentos e livros, foram coletados pelo Comendador Ferreira Baltar ao longo da sua
vida e deram origem a uma rica coleção focada em Pernambuco. Esta coleção foi
adquirida no final da década de 1920 pelo governo do estado de Pernambuco para compor
o acervo do recém-criado Museu Histórico e de Arte Antiga, num momento que o estado
estava tomado por um caloroso debate acerca da construção de uma identidade local.
Walter Benjamim afirma que ao se retirar os objetos da circulação comum e os unir
através de determinadas semelhanças, o colecionador os preserva dentro de um conjunto
único formado por ele, a coleção. Ainda segundo o autor, o colecionador coleciona
empreendendo uma luta contra a dispersão desses objetos afins, para lembrar-se de um
passado, o que acaba transformando esta coleção num lugar de memória, no sentido
proposto por Pierre Nora. O artigo investiga qual é o elemento comum encontrado entre
esses objetos coletados pelo Comendador Baltar e que deram origem a esta coleção. A
construção de uma identidade pernambucana que se dá a partir deste acervo fazia parte
dos discursos governamentais da época, o que levou a sua compra pelo governo do local
para compor o acervo do Museu Histórico e de Arte Antiga do Estado de Pernambuco.
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UM PATRIMÔNIO CHAMADO PERNAMBUCO: ANALISE HISTÓRICA
SOBRE A POLÍTCA CULTURAL PARA O PATRIMÔNIO CULTURAL
PERNAMBUCANO (1979 – 2010).
Diego Gomes dos Santos
Resumo: Este trabalho tem por proposta realizar uma investigação histórica sobre a
política cultural para o patrimônio de Pernambuco, durante o período de 1979 a 2010, a
fim de compreender, as estratégias e intencionalidades no processo de institucionalização
dos bens patrimoniais pelos aparatos jurídicos e legais. A saber, o Sistema Estadual de
Tombamento, para os bens materiais, criado pela Lei nº 7980/79, de 18 de setembro de
1979, e o Sistema Estadual de Registro, para os bens imateriais, criado pelo Decreto nº
27.753, no dia 18 de março de 2005. A escolha do recorte temporal se dá pelo fato de que
é nesse período que ocorreu todos os processos de patrimonialização a nível estadual. Ao
entender, assim como Lia Calabre (2009) políticas culturais como um conjunto de ações
elaboradas e implementadas de maneira articulada pelos poderes públicos dentro do
campo do desenvolvimento simbólico, falar em patrimônio cultural pernambucano
implica compreendê-lo como produto dos significados e valores atribuídos pelos
membros da comunidade imaginada (ANDERSON, 2008) chamada Pernambuco a um
determinado bem cultural que, portanto, vem a ser considerado importante para a
constituição da memória social e para a identidade cultural pelas qualidades que lhes são
outorgadas Nesse âmbito, Le Goff (1990: 476) afirma que “a memória é um elemento
essencial do que se costuma chamar de identidade, individual ou coletiva, cuja busca é
uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades hoje, na febre e na
angustia”. Esse processo não ocorre sem conflitos visto que determinar o que é digno de
preservação entre uma vasta gama de bens culturais existentes é uma decisão político-
ideológica, e não apenas técnica, que reflete valores e opiniões sobre quais bens merecem
ser eleitos para representar a cultura pernambucana, ainda que, na realidade, apenas uma
pequena parcela dessa cultura. Como lembra Roger Chartier (1990: 17) “as
representações do mundo social assim construídas embora aspirem à universalidade de
um diagnóstico fundado na razão, são sempre determinados pelos interesses do grupo que
as forjam”. Portanto, para a análise do processo de valoração dos bens culturais que foram
eleitos para constituir o patrimônio que hoje conhecemos como Pernambuco, analisamos
alguns processos de Tombamento e Registro realizados pelos poderes públicos
responsáveis por sua construção. Especificamente, o processo de Tombamento do terreiro
Obá Ogunté, um dos primeiros terreiros de xangô do Recife e representante das religiões
de matrizes africanas, em 1985, por ter sido um caso excepcional na prática do
Tombamento no estado. E o processo de Registro do Bolo de Rolo por ser apontado por
seus promitentes como iguaria autenticamente representativa da culinária pernambucana.
Reservatórios do passado: geopolítica e poder nos espaços públicos de memória em
Petrolina e Juazeiro
Elson de Assis Rabelo (Universidade Federal de Pernambuco)
Resumo: Este trabalho pretende fazer uma breve discussão sobre os acervos
heterogêneos de três espaços públicos de memória: o Museu Regional do São Francisco,
em Juazeiro, o Museu do Sertão e o material exposto ao público no Parque Josepha
Coelho, em Petrolina. A partir de determinados conceitos, como primitivismo e resgate,
e dos enunciados explicativos sobre esses espaços e suas referências políticas às elites
locais ou ao regime militar, pretendemos discutir os pressupostos geopolíticos e as formas
de monumentalização dos artefatos surgidas no final do século XX, os quais demonstram
uma preocupação com as transformações ocorridas nos espaços do Vale do São Francisco
e o surgimento de determinadas políticas de memória. Seja se apegando à elaboração da
33
memória de práticas como a navegação fluvial, seja se inscrevendo nos estereótipos sobre
o sertão, esses espaços demonstram as implicações de sua localização e da relação com
os agentes sociais que forneceram os objetos museificados, o que acentua sua dimensão
geopolítica.
Museus em Rede: As coleções criam conexões
Bruno Melo de Araújo (Universidade Federal de Pernambuco)
Resumo: Este trabalho se debruça sobre o Patrimônio cultural da Universidade Federal
de Pernambuco. A necessidade de se salvaguardar a trajetória da universidade,
objetivando uma cultura de preservação da memória institucional, com sua consequente
utilização são elementos potencialmente importantes para construção de uma política de
preservação de acervos na UFPE. O projeto de pesquisa Museus em Rede: as coleções
criam conexões visa identificar e analisar, do ponto de vista da Museologia, os acervos
da Universidade Federal de Pernambuco. Em sua primeira etapa este projeto realizou
visitas aos Departamentos/Cursos, afim de investigar os processos museológicos
existentes nos espaços. Nesta verificamos a existência de equipamentos antigos,
conjuntos documentais, iconográficos, artísticos, acervos didáticos e científicos relativos
à História das Ciências e à Memória da UFPE. Para sistematização dos dados serão
utilizados dois instrumentos: a ficha de identificação de Museus/Coleções, com questões
institucionais e administrativas do local de guarda do acervo; e a segunda com breve
questionário relativo à caracterização do acervo. Visamos com esta ação subsidiar a
criação de um sistema de museus que possibilitem uma conscientização da preservação
dos espaços de memória e acervos da instituição.
24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
Festa da Cavalgada em São José do Belmonte
Juliana Rodrigues Alves (Colégio Ester Martins)
Resumo: Mito, tradição e história são três elementos presentes em 21 anos da cavalgada.
Os preparativos mobilizam a cidade durante quase todo o ano, onde a população reconta
uma história marcante e sangrenta que ocorreu no século XIX. Os figurantes
confeccionam roupas especiais para o evento e as ruas recebem decorações. A Casa da
Cultura e a Memorial Pedra do Reino ajudam a contar a história da festa e da cidade. O
presente trabalho se dedica a uma análise da festa da cavalgada que acontecem todos os
anos na cidade de São José do Belmonte em Pernambuco, com o objetivo principal de
compreender e discutir os processos que levaram a criação da festa. Será utilizado como
fonte, o acontecimento do sítio da Pedra do Reino, abordado pelos autores: Valdemar
Valente em Misticismo e Região e Jaqueline Herman em o Reino do Desejado. Os
métodos dessa pesquisa são realizados através de um levantamento bibliográfico sobre as
origens portuguesas do sebastianismo e suas relações com a zona sertaneja nordestina.
Servindo de base fundamental para análise da construção identitária e religiosidade dos
belmontenses.
Palavras-chave: Cavalgada; São José do Belmonte;
34
RELIGIOSIDADE RECIFENSE NOTICIADA: A festa de Nossa Senhora do
Carmo nos Jornais dos anos de 1920
Larissa Carla Oliveira da Silva (Escola Vila Sézamo)
Resumo: No século XVI Pernambuco acolheu em suas terras a Ordem Carmelitana que
primeiro implantou sua Ordem e Convento na Vila de Olinda e pouco depois recebeu da
Câmara um terreno em Recife para seu estabelecimento. Os Carmelitas e a devoção a
Nossa Senhora do Carmo em Recife logo ganharam a simpatia e as comemorações
ganhando destaque no calendário dos festejos da cidade. Na década de 1920 mesmo com
os anseios de modernização, a tradicional Festa a Virgem do Carmelo ocorria com todas
as honras e demonstrações de fé. Através dos periódicos em circulação nos anos de 1920
o Jornal Pequeno e o Jornal Diário de Pernambuco foram analisadas as ocorrências das
manifestações populares durante os dias do novenário em veneração a Excelsa Padroeira
da cidade do Recife.
Eis que surge o Bloco Misto: participação das mulheres no carnaval de rua do Recife
na década de 1920
JULIANA DIAS PALMEIRA
Resumo: Resumo: A cidade do Recife, durante a década de 1920, passou por
transformações que alteraram a fisionomia da cidade bem como os costumes e os
comportamentos de seus habitantes. A modernidade que anseia o novo e refuta o obsoleto,
acaba por invadir o cotidiano da população, de modo a interferir até mesmo na festa
carnavalesca. Nesse momento de transformação surgem os Blocos Mistos, estilo de
agremiação carnavalesca que tem esse nome por agregar em sua formação homens e
mulheres. O objetivo desse artigo é procurar compreender quais as circunstâncias levaram
ao aparecimento e à organização dos Blocos Mistos e identificar qual o diferencial deles
em relação as outras formas de brincar o carnaval nas ruas da cidade. Lembrando que as
mulheres na década de 1920 passam a ter as possibilidades de circulação pelas ruas da
cidade ampliadas, também é foco deste texto procurar apreender as práticas dessas
mulheres atuantes na festa.
Palavras-chave: Bloco Misto; Mulheres; Recife.
As redes dos irmãos: associações leigas e redes sociais em Pernambuco, século
XVIII.
Henrique Nelson da Silva (Prefeitura Municipal do Recife)
Resumo: O presente trabalho tem como tema de pesquisa as irmandades leigas, assim
nos voltamos para o estudo dessas associações na Capitania de Pernambuco durante o
século XVIII. Nossa análise tem como foco o estudo das irmandades como espaços
políticos onde os diferentes grupos sociais de uma estrutura corporativa se representam,
desse modo, as associações apresentam-se não apenas como espaços de congregação da
fé cristã, mas como a reunião de múltiplos interesses. Assim, as análises sobre as diversas
dimensões as quais as irmandades leigas estavam inseridas, nos possibilitará descortinar
aspectos essenciais não apenas das irmandades, mas das dinâmicas das sociedades que
viveram no período estudado. Para isso procuraremos enfatizar os papeis das redes sociais
nas composições e manutenção das confrarias, onde exploraremos o nosso estudo acerca
da Irmandade de São José do Ribamar do Recife. Este trabalho tem como referência a
documentação da Irmandade de São José do Ribamar, pesquisada no Arquivo da 5º
Superintendência do IPHAN e nos documentos avulsos referentes às associações leigas
no Arquivo Histórico Ultramarino.
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Dispositivos de poder e repressão na UFRPE: trajetórias e memórias (1964-1980)
Denize Siqueira da Silva (Universidade Federal Rural de Pernambuco)
Resumo: A pesquisa propõe uma revisitação a Universidade Federal Rural de
Pernambuco nos tempos sombrios da Ditadura Militar e Civil no Brasil. Nosso objetivo
é compreender os arranjos e funcionamento da Polícia Política nesse espaço a partir dos
seguintes questionamentos: que nuances permeiam o apoio dado ao Regime Militar por
essa Instituição? Por que a UFRPE, principalmente seus agentes foram alvo de repressão?
Com o processo de redemocratização do País que identidades a Universidade tem
formado nas últimas décadas? Com essa proposição ressaltamos os caminhos da
metodologia que opta pela história narrativa e oral, privilegiando as memórias coletivas,
bem como as pesquisas documentais, nas quais a informação ocupa lugar estratégico para
reflexão sobre práticas repressivas, o Estado de exceção e seu aparato. Nessa perspectiva
o aporte-teórico proposto por Giorgio Agamben, Michel de Certeau, Michel Foucault,
Paul Ricoeur e Flávio Heinz representam nosso lugar de reflexão. Segundo Agamben o
'Estado de Exceção' é uma reconstrução histórica e uma análise da lógica e da teoria por
trás da sua evolução e consequências. De Certeau reforça nossa opção por este tipo de
análise, quando diz que a escrita acumula o produto deste trabalho. Através dele libera o
presente sem ter que nomeá-lo. Assim, pode-se dizer que ela faz mortos para que os vivos
existam. Logo, pode libertar o historiador para uma análise mais ampla do processo
histórico, dando-lhe conjuntamente maior responsabilidade em suas escolhas. Foucault
nos ensina que a informação enquanto um poder-saber, é possível identificar o domínio,
a amplitude e o efeito das práticas repressivas a partir do cruzamento das fontes escritas
produzidas pelos sujeitos imbuídos no processo. Ricoeur nos propõe a ideia de se fazer
uma fenomenologia da memória, e sua valorização buscando analisar a relação da
memória com as imagens. Flávio Heinz em seu livro Por outra história das elites, nos traz
uma análise do método prosopográfico que é a investigação das características comuns
do passado de um grupo de atores na história através do estudo coletivo de suas vidas, de
suas práticas. Assim, propomos evocar não só as regras de aproximação ou de cruzamento
das séries enunciativas, mas também como estas se excluem, como procuraram produzir
o silêncio das outras. Cientes de que o conhecimento histórico não é construído
unicamente pelo que dizem as fontes, mas as informações das fontes só são incorporadas
nas conexões que dão o sentido à história com ajuda do modelo de interpretação. Assim,
cabe a nós historiadores, observar não apenas o dito, mas, principalmente o não dito,
porque é nas entrelinhas da documentação que encontramos as respostas para um novo
fazer historiográfico.
Estudos sobre os Currículos do Ensino de História em Pernambuco
Ricardo de Aguiar Pacheco (UFRPE)
Resumo: O Observatório do Ensino de História em Pernambuco é uma linha de pesquisa
ligada ao Laboratório de Estudos Sobre o Patrimônio Cultural e Memória Social que
explora o campo do Currículo e deseja perceber a coerência entre a formação inicial dos
Professores de História, o Currículo de História das escolas, e as demandas das avaliações
nacionais tomando como recorte espacial Pernambuco e seus municípios. O debate
teórico acerca do currículo aponta para a o deslocamento da centralidade dos saberes
disciplinares para o processo de formação do sujeito (Silva, 1999). Nas políticas públicas
para educação o currículo deixa de ser uma lista de conhecimentos a serem memorizados
e passa a se estruturar por um conjunto de competências e habilidades (Brasil, 1998).
Deixa de ser uma receita de uniformização social e se torna uma questão identitária
reconhecendo que a escola é formadora do sujeito. As avaliações nacionais em educação
36
têm materializado essa política pública estruturante do currículo da educação no país
(Sousa, 2003). De um lado elas indicam qualitativamente quais aprendizagens são
desejadas; de outro oferecem dados quantitativos sobre o nível de atendimento destas
expectativas. No cenário escolar atual é de se esperar que tanto os currículos das escolas
de ensino médio como os currículos dos cursos de formação de professores de história
façam um esforço de adequação curricular que potencialize a manipulação de
informações históricas em lugar de sua memorização (Pacheco, 2010). Esta
movimentação do sistema de ensino tem alterado a forma de organização do trabalho
docente e desafiado os professores, tanto do ensino médio como os formadores, a
mobilizar os saberes docentes (Tardif, 2005) para responder aos desafios postos de
promover um ensino diferenciado do que vivenciaram quando alunos.
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ST 12) História e ensino de História: relações entre diferentes práticas de
produção de conhecimento
Coordenação: CARLOS AUGUSTO LIMA FERREIRA, MARTA MARGARIDA DE
ANDRADE LIMA
23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
Um colorido conservador: o ensino de História em Pernambuco durante o Estado
Novo.
Nathalia Cavalcanti da Silva
Resumo: O trabalho que aqui se esboça propõe uma pesquisa que contribuirá na
construção da História da Educação em Pernambuco a partir na análise pormenorizada do
ensino de História durante o período do Estado Novo, entre os anos de 1937 a 1945.
Através da leitura e análise dos programas curriculares e dos jornais escolares, trazemos
como principal objetivo a compreensão de como a escola tornou-se um espaço central nas
políticas e na formação das identidades nacionais e regionais, assim como se constituiu a
recepção desses discursos por seus alunos. Cabe ressaltar que o trabalho apresentado é
resultante de pesquisas iniciadas ao longo da graduação em História pela UFRPE, e é
parte constituinte do projeto de mestrado em Educação pela UFPE, aprovado para ter
início no ano de 2014.
“Úteis à nação”: a FEBEM e a proposta da educação profissionalizante em
Pernambuco (1964-1985).
HUMBERTO DA SILVA MIRANDA (Universidade Federal Rural de Pernambuco)
Resumo: Este trabalho objetiva analisar o discurso da Fundação Estadual do Bem-Estar
do Menor – FEBEM sobre a educação profissionalizante destinada às crianças e
adolescentes atendidos nas suas unidades de atendimento. A análise dos documentos
produzidos pela instituição reproduz a ideia da “ressocialização através do trabalho”,
buscando construir conexões com as ideias elaboradas pelos governos militares (1964-
1985). Desse modo, debruçar-se sobre a documentação permitirá construir uma reflexão
sobre a relação desta instituição com a política social construída nos anos da Ditadura
Civil-Militar, na qual defendia a ideia que esses meninos e meninas deveriam se
ressocializar e se tornar “úteis à nação”.
O valor da história local para o ensino de história: Um olhar à memória da Rádio
Difusora de Caruaru
George Pereira da Silva (AEB/FABEJA)
Resumo: O presente artigo tem por objetivo estudar a instalação da Rádio Difusora de
Caruaru, localizada no Agreste de Pernambuco, observando a repercussão
socioeconômica e cultural trazida com a mesma, em tão grande empreendimento
radiofônico, analisando o valor da história local para o ensino de história. Para tanto,
utilizou-se de textos e entrevistas, através de fonte oral, além de discussões sobre aspectos
que envolvem as esferas do campo da história e da memória.
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Carnaval e ensino de história não-escolar: o caso da intervenção da Federação
Carnavalesca Pernambucana no Recife dos anos trinta.
Lucas Victor Silva (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO)
Resumo: Este artigo tem como proposta investigar a história do ensino de história em
Pernambuco na década de 1930, investigando a relação entre a produção e difusão do
conhecimento histórico e as ordens políticas instituídas. Entendemos que há um campo
de pesquisa em expansão sobre a História de ensino de história escolar no país. No Brasil,
segundo Thais Fonseca (2011), a maior parte da produção sobre ensino de história aborda
os currículos, a legislação educacional e livros didáticos como instrumentos de produção
do consenso político utilizados pelas elites e instituições estatais. No entanto, este artigo
analisa não a constituição disciplinar no tempo, mas os mecanismos de divulgação e
vulgarização do saber histórico no espaço não escolar, mas especificamente no espaço
das festas carnavalescas. Neste texto, analisamos a narrativa histórica difundida pela
Federação Carnavalesca durante o carnaval do Recife da década de 1930. Entendemos tal
narrativa como uma resistência à narrativa nacional construída a partir do regionalismo
paulista. A produção simbólica da Federação pode ser caracterizada pela apologia à
presença holandesa e pelo diálogo com as primeiras repercussões de Casa Grande e
Senzala e Sobrados e Mucambos, nos meios intelectuais locais. Sugerindo o tema das
fantasias e controlando os desfiles, a Federação utilizava-se do carnaval para reproduzir
os conteúdos das festas cívicas e desfiles patrióticos da década de trinta e expressar com
maior eficácia a ideia de uma cultura nacional-popular espontânea, autêntica e
representativa da leitura regional da identidade nacional. Nos estatutos da Federação
Carnavalesca havia a intenção expressa de transformar cada organização popular em
“núcleos educativos” que divulgassem o discurso nacionalista e o “amor à pátria e à
ordem”.
24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
Jogos Digitais e Ensino de História: Possibilidades e Desafios
Andersen Caribé de Oliveira (Secretaria Municipal de Educação e Cultura - Salvador)
Resumo: Estamos cada vez mais imersos num mundo, onde a tecnologia digital de
informação e comunicação determina a forma de interação entre as pessoas. Neste
contexto câmeras digitais, tocadores de MP3, e-readers e celulares, tornaram-se itens
quase que indispensáveis nos bolsos, bolsas e mochilas. Cada vez mais inovadores alguns
destes dispositivos permitem a conexão com o mundo através da navegação na internet
ao simples toque dos dedos nas suas telas touch screen. Os principais detentores destas
tecnologias são educandos do ensino fundamental e médio, atender a quem já nasceu sob
o signo das tecnologias digitais e telemáticas, habituado a configurar o seu espaço, que
aprende cada vez mais com base na experimentação e interação com as tecnologias está
cada vez mais difícil, Ao chegar a escola, este jovem encontra na maioria das vezes uma
proposta de aprendizagem entediante e desestimulante. Esta comunicação propõe uma
reflexão sobre Jogos Digitais e Ensino de História, debatendo as possibilidades
decorrentes da apropriação de elementos dos jogos digitais por professores para mediar o
ensino de História. Pensamos os jogos digitais como potencializadores do ensino de
História, a interação com estes artefatos culturais deve ser pensada subvertendo a
abordagem instrumental e mecanicista, para isso é preciso desenvolver estratégias que
explorem todas as suas particularidades e complexidade presentes, atraindo os
professores para serem sujeitos ativos deste processo de mediação. Além de contribuírem
para que os professores rompam as barreiras e se aproximem do cotidiano dos educandos,
39
os jogos digitais aparecem também como ponto de atração do educando Com uma
proposta de aula mais dinâmica. Na medida que simulam eventos ou contextos históricos
que não podem mais ser vivenciados no presente; onde o interator é alçado a tomar as
decisões que influenciarão no andamento, não somente da partida que está sendo jogada
naquele momento, mas do contexto histórico do período ao qual ela se refere. Interferem
em costumes, hábitos, relações sociais e políticas, com isso teremos uma ação efetiva do
educando na construção do seu conhecimento histórico. Acreditamos que os jogos digitais
que trazem na sua narrativa eventos históricos, quando utilizados no ensino de história
com uma estratégia pedagógica coerente e embasada rompem com uma educação
tradicional, que tem uma aula conservadora e ultrapassada que não atende às demandas
do atual momento tecnológico em que vivem imersos os educandos.
A Poesia como estratégia metodológica na escolarização das jovens privadas de
liberdade de Pernambuco
VERA LUCIA BRAGA DE MOURA (SE/PE- Secretaria de Educação de Pernambuco)
Resumo: Este estudo discute as estratégias pedagógicas desenvolvida para escolarizar as
adolescentes privadas de liberdade do Estado de Pernambuco que são atendidas nos
Centros de Atendimento Socioeducativo –CASEs e nos Centros de Atendimento
Provisório-CENIP. O texto tem como objetivo central analisar o processo de
escolarização das jovens em privação de liberdade através da proposta pedagógica
implementada nas escolas dos Centros de Atendimento Socioeducativos e as práticas
pedagógicas utilizadas pela Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco visando
escolarizar as estudantes que vivem recolhidas nos espaços de privação de liberdade.
Pautamo-nos nas concepções de Paulo Freire, Michel Foucault, Erving Goffman, Antoni
Zabala, dentre outros. Foi utilizada como metodologia a análise de documentos oficiais
entre relatórios de professores e material utilizados e produzidos pelas adolescentes, bem
como, a pesquisa in loco. A pesquisa indica que existe um esforço no que se refere à
implementação da escolarização para as adolescentes privadas de liberdade, contudo, a
infraestrutura dos espaços de acolhimento ainda é inadequada para a efetivação da
proposta pedagógica, bem como as concepções de educação direcionada para as
adolescentes e sua forma de inserção na sociedade e nesses espaços muitas vezes entram
em conflito dificultando o processo pedagógico.
Meio Ambiente como Ensino Temático de História
ROSINETE MARIA SOUZA MOREIRA (Escola Ministro Jarbas Passarinho)
Resumo: Considerando as preocupações com a relação desequilibrada, dominadora e
necrotizante existente entre o ser humano e o meio ambiente, como também, a
necessidade de proporcionar uma educação inovadora e transformadora, fundamentada
na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e Parâmetros Curriculares Nacionais (PNCs), foi
desenvolvida uma proposta de meio ambiente como temática no ensino de história. Esta
é uma nova abordagem dos conteúdos no ensino escolar de história em substituição ao
tradicional ensino linear, que é um velho conhecido dos professores de história. A maneira
como essa temática é colocada na grande maioria dos livros de história e trabalhada nas
escolas, encontra-se dentro de limites e carências, não abordando por completo
explicações para algumas questões do presente e do passado, não satisfazendo os fins
educacionais. A partir do exposto este trabalho busca promover um processo de
conscientização e sensibilização para que os professores de história possam se
comprometer com o resgate de uma cidadania consciente e libertadora, A LDB e os PCNs,
40
enfatizam a importância de se incluir a temática do meio ambiente como tema transversal
nos currículos escolares permeando toda pratica educacional. Portanto é necessário criar
possibilidades e estratagemas de ensino que favoreçam o aprendizado e os tornem
significativos para os estudantes, levando-os ao desenvolvimento de competências e
habilidades que possibilitem a formação de cidadãos conscientes e críticos da realidade
na construção do conhecimento.
Palavras-chave: Linear; Conteúdos; Temática.
25/07 - Sexta-feira - Tarde (14h às 16h)
Sobre o Ensino de História nos anos iniciais: O regional nos Parâmetros para a
Educação Básica do Estado de Pernambuco
Danielle da Silva Ferreira (Bolsista CAPES)
Resumo: Uma das grandes preocupações no Ensino de História contemporâneo é a
introdução dos estudos de História Regional nos anos iniciais da escolarização básica. Tal
discussão visa garantir a implementação de práticas de ensino que garantam ao aluno
perceber-se como voz ativa do processo de construção histórico-cultural do seu lugar em
articulação com outros sujeitos, tempos e lugares. Este entendimento perpassa também a
forma como são apresentados os direcionamentos curriculares para o trabalho com essa
temática. Entendemos aqui o currículo como constituído em movimentos e diálogos com
a cultura escolar e outras culturas, instrumento de poder que indica os conteúdos e
temáticas a serem contemplados para determinada disciplina. Goodson (2007), Viñao
(2006), Julia (1995) e Chervel (1991) nos ajudaram a pensar a constituição do currículo
e da cultura escolar inseridos nas discussões sobre a história das disciplinas escolares.
Utilizamo-nos de Graça Filho (2009), Correia (2002) e Barros (2013) para compreender
o engendramento das perspectivas sobre o regional. Estes são importantes referenciais
para discutir o lugar ocupado pela História Regional nos Parâmetros Curriculares de
História – Ensino Fundamental e Médio – do Estado de Pernambuco (2013), em suas
considerações para o Ensino de História nos anos iniciais. Para isso nos perguntamos:
Como são apresentadas as orientações no documento curricular para o trabalho com a
perspectiva regional, destacando a importância do caráter de formação histórica dessa
temática? A metodologia aqui empreendida foi de cunho qualitativo, com análise
documental do referencial curricular em questão. Observamos indicações significativas
para a valorização das diversas vozes que articulam a formação do processo histórico
regional destacadas em algumas das expectativas de aprendizagem propostas no
documento: “Identificar os diversos grupos sociais, culturais, raciais, étnicos que
constituem e que participaram da formação e transformação de diferentes espaços sociais,
que constituem a localidade; Compreender numa perspectiva crítica e histórica, os
diferentes significados de identidade, diversidade solidariedade e cultura”, dentre outras.
Consideramos este documento como um instrumento de acompanhamento, avaliação e
diagnóstico do processo escolar que apresenta-se como uma importante referência para
orientar o processo de ensino e aprendizagem de História em Pernambuco. Ao propor que
sejam contempladas as particularidades dos grupos regionais, a construção histórico-
identitária regional e a formação da percepção de sujeito histórico não só no regional, mas
em perspectivas históricas mais amplas, o documento está afinado as prerrogativas
contemporâneas tão preconizadas no contexto do Ensino de História para os anos iniciais.
O Ensino de História nas Escolas de Referência do Recife Norte – Refletindo sobre
o Programa e sua validade
LENIVALDO CAVALCANTE DA SILVA (SEDUC)
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Resumo: As Escolas de Referência tem sido, ao longo do atual Governo do Estado de
Pernambuco, alardeadas como a grande solução para o problema da Educação no dito
Estado. Ao “resgatar” o discente, antes disperso e propenso à evasão, o programa vem
tomando proporções de salvação da pátria e o “caminho a ser seguido”. Mas, um olhar
apurado, aponta para uma necessidade de maior atenção ao programa a ser executado ou
como são interpretados. Tomando a componente História como objeto de estudo,
podemos perceber algumas questões inquietantes: Como ensinar História a discentes que
chegam ao Ensino Médio praticamente iletrado? Como transformar um aluno, de mero
reprodutor de informações, em um sujeito crítico, ativo em sua sociedade? Sobretudo,
com a obrigatoriedade de seguir um gigantesco currículo, que parece não ter uma
identidade e em um tempo reduzido?
ENTRE A NORMA E A PRÁTICA: ANALISANDO O CURRÍCULO DAS
ESCOLAS DE REFERÊNCIA DO RECIFE.
Keyth Saborido Ratis (UFRPE)
Resumo: A presente publicação visa apresentar as atividades da pesquisa desenvolvida
através do Observatório do ensino de História em Pernambuco. A proposta é analisar o
currículo da disciplina de História nas escolas de Referência do Recife, comparando com
a matriz de referência curricular do ENEM. A princípio foram escolhidas 4 escolas em
Recife, atendendo a regiões distintas da cidade de Recife e a quinta localizada na cidade
vizinha, Camaragibe. Após o contato com os professores, foram feitos registros
fotográficos dos diários de classe, para que os conteúdos fossem listados e pudessem nos
oferecer dados a respeito do currículo organizado por cada professor. O passo seguinte é
transformar esses conteúdos de aula em objetivos e estes por sua vez, serão relacionados
às competências da matriz curricular do Enem. A matriz foi tomada como referência, pois
ao fim do processo esperamos analisar a forma como esses alunos foram preparados para
o exame e poder identificar quais estratégias usadas em sala de aula contribuíram para
aquisição de competências necessárias para solucionar as questões de História da prova.
A metodologia desenvolvida a partir desse cruzamento de dados possibilitará um
mapeamento das competências trabalhadas no ensino médio. E por outro ângulo verificar
se o os alunos estão realmente familiarizados com o modelo da prova e preparados para
solucionar questões que exigem bem mais que o próprio conteúdo. Nossa hipótese gira
em torno da ideia de que a escola ainda não atingiu o nível de preparação desejada para o
exame, tendo em vista que nos últimos anos o Enem se tornou um dos principais meios
de acesso ao Ensino Público de Nível Superior.
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ST 13) História, Ciência e Saúde no Brasil
Coordenação: Ricardo dos Santos Batista, Ana Clara Farias Brito
24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
Mundos diferentes, visões e métodos similares: as artes de curar no Brasil
seiscentista. João Batista de Cerqueira (Universidade Estadual de Feira de Santana)
Resumo: Apesar de viverem à época em continentes distintos, culturalmente separadas,
as populações europeias e americanas seiscentistas, nos domínios das artes de curar,
apresentavam traços comuns quanto à visão de doença e métodos para tratamento. Em
ambos os casos, as pessoas acreditavam que as doenças eram provocadas por fatores
externos que invadiam o corpo a exemplo de forças misteriosas, sobrenaturais e
invisíveis, tais como maus espíritos, deuses vingativos, maldições e influência dos astros
celestes. Essas crenças podem ser admitidas como lógicas nos grupos humanos que
acreditam na existência da alma como sendo o princípio da vida e, portanto, as funções
do corpo podem sofrer disfunções a partir do momento que um agente externo a
perturbe. Se a doença era provocada por uma causa externa, para restabelecer a saúde era
necessário expulsar esses “invasores”. Assim, os terapeutas europeus ocidentais
recorriam às rezas e aos santos, praticavam sangria, faziam purgação, estimulando os
pacientes a urinar, vomitar ou defecar, além de prescreverem o uso de especiarias
orientais e remédios oriundos principalmente do Reino Vegetal. Na época, a botânica,
pelo interesse do uso das plantas como remédios fitoterápicos, era considerada um ramo
da medicina. No Brasil, por sua vez, o Feiticeiro africano e o Pajé indígena eram figuras
que representavam um misto de curador, sacerdote, ou aquele que mantinha relações
ocultas com os espíritos e os deuses. Também nos tratamentos das doenças, estes
lançavam mão de rituais religiosos, purgavam, sarjavam, praticavam a sangria e
utilizavam espécies da rica flora e fauna nativa, sendo assim capazes de minorar as dores
e curar doenças. A percepção de que a visão sobre as causas das doenças e que os métodos
para tratamento das mesmas, praticados tanto pelos indígenas e feiticeiro no Brasil quanto
pelos terapeutas da Europa seiscentista, tinham como base princípios similares, foi
registrada pelo médico holandês Guilherme Piso, que considerava que, os primeiros, com
base apenas na experiência, não tinham a formação teórica dos segundos. Formado pela
Universidade de Caen, Piso, que veio para o Brasil em 1637 na condição de médico de
João Maurício de Nassau, observou também que nas artes de curar, seus “colegas”
indígenas, da mesma forma que na medicina hipocrática e galênica ensinada e praticada
na Europa ocidental, “pesquisavam o conhecimento das doenças pelos sintomas” e
tratavam as mesmas “opondo remédios contrários”, preparados com ervas da rica flora
local.
Palavras-chave: artes de curar, doenças, galênismo, Brasil seiscentista.
Saúde e Vida longa! O Saber médico e a educação sanitária divulgadas no Jornal o
Pharol. 1915-1930.
Ana Clara Farias Brito (Universidade Estadual de Pernambuco)
Resumo: O presente trabalho tem o objetivo de entender a inserção do saber médico no
vale do São Francisco observando o papel do jornal “O Pharol” como divulgador dos
ideais higienistas na região. O ano de 1910 é marcado pelo surgimento do movimento
sanitarista que objetivava sanar as endemias rurais que constantemente assolavam o
Brasil doente. Tal movimento, organizado por médico e intelectuais da então capital
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federal redefine as fronteiras entre sertão, litoral, rural, urbano usando como referência as
definições médicas cientificas que caracterizam os limites destes espaços pela ausência
do poder público e a presença de doenças endêmicas. É a partir das proposições deste
movimento, que a saúde ganha visibilidade passando a ser organizada através de políticas
sanitárias em âmbito nacional, comandadas pelo governo federal.
No sertão do Vale do São Francisco as expedições médico-científicas se iniciaram no ano
de 1912 evidenciando na concepção dos médicos; o atraso, a doença, a miséria e o
abandono do homem do interior. Nas cidades de Petrolina e Juazeiro, desde o ano de
1915, o Pharol, periódico de maior circulação na região, servia como meio de propagar
as ideias higienistas e a educação sanitária, intermediando o novo entendimento da
relação do indivíduo com o espaço e entre si, em prol de sanar as doenças e prover a
civilização. Neste sentido, os redatores clamavam por intervenções no espaço urbano no
que se refere a sua higiene, como a criação de matadouros, ou a regulação sobre os dejetos
e águas servidas despejados em ambientes coletivos. No que se refere aos indivíduos,
destaca-se no periódico, a necessidade de higiene pessoal e o incentivo a ingestão de
substâncias que fortalecessem o organismo e dificultassem a ação das doenças, caso dos
tônicos, xaropes e emulsões. Neste sentido, propõe-se neste trabalho a problematização
das matérias contidas no jornal o Pharol entre os anos de 1915 a 1930 entendendo os
elementos eleitos pela imprensa para dar destaque aos ideais higienistas que surgia na
região.
Sífilis e Organização Sanitária: os dispensários de Salvador e a Diretriz Nacional de
Saúde Pública
Ricardo dos Santos Batista
Resumo: Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise do tratamento da sífilis na
cidade de Salvador, através do atendimento que era oferecido nos dispensários
profiláticos em fins da década de 1920. A criação do Departamento Nacional de Saúde e
a reorganização sanitária da Bahia, com a criação da Subsecretaria de Saúde e Assistência
pública viriam a contribuir para a forma como a doença era tratada na capital do estado.
Para esse estudo, foram utilizadas leis nacionais, estaduais e municipais, relatórios
médicos, o jornal Diário de Notícias, entre outras fontes que contribuíram para a
reconstituição do processo. Guardadas as devidas proporções, o estado buscou
corresponder às expectativas nacionais, trabalhando pela melhoria dos serviços, mas em
condições estruturais nem sempre tão favoráveis.
Epidemia de gripe na Bahia em 1951: o protagonismo de Fúlvio Alice no isolamento
do vírus e controle da doença
Guilherme Augusto Vieira (UNIME) e Amilcar Baiardi. Resumo: O objetivo deste trabalho é descrever o protagonismo de Fúlvio Alice,
pesquisador residente em Salvador, Bahia nas pesquisas de isolamento do vírus da gripe
que assolou o Brasil e a Bahia em 1951. O fato científico foi de grande relevância para o
combate à doença na época, pois com o isolamento do vírus foi possível sintetizar uma
vacina específica e eficiente para o combate à pandemia. Para isolar o vírus da gripe,
Fúlvio Alice utilizou a técnica de isolamento de vírus em embriões de galinhas, que se
mostrou mais eficaz do que a inoculação em mamíferos. Era a primeira vez que esta
técnica foi adotada na Bahia para isolar o vírus da gripe. Segundo Cruz e Souza, quando
a epidemia se instala em uma população, “as autoridades buscam explicá-las e combatê-
las, por meio de campanhas de saúde pública, de ações de quarentena, etc. se utilizando
de recursos disponíveis para mostrar à sociedade que está atuando”. Durante o surto da
gripe de 1951 a atuação das autoridades não foi diferente, ocasião na qual, foram
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importadas vacinas dos Estados Unidos com a finalidade de imunizar a população. A
importação foi questionada por alguns profissionais, entre eles, Fúlvio Alice, que
suspeitava ser o agente da pandemia na Bahia uma outra cepa de vírus, daí a necessidade
de encontrar uma vacina diferente da que seria importada. Os ensaios de laboratório
confirmaram a suspeita quanto à baixa eficiência da vacina importada, o que levou à
pesquisa e desenvolvimento de uma outra vacina. As pesquisas foram realizadas no
Instituto Biológico da Bahia e no Instituto de Saúde Pública da Fundação Gonçalo Muniz.
Fúlvio Alice foi um pesquisador, veterinário de profissão, que viveu na Bahia entre 1940
a 1980. O mesmo foi também realizador institucional, atribuindo-se a ele a criação do
Instituto Biológico da Bahia, local onde realizou diversas pesquisas em laboratório de
referência em pesquisas veterinárias. Seus estudos e pesquisas contribuíram para a saúde
e para a economia do Estado da Bahia e do Brasil. Entre eles estão os diagnósticos e o
isolamento de vírus referentes a enfermidades que acometiam os rebanhos, tais como:
Doença de Newcastle, a Febre Aftosa, a Encefalomielite e a Raiva. As contribuições de
Fúlvio Alice estendiam-se à saúde animal e à saúde pública humana, graças ao domínio
das técnicas de isolamento de vírus e desenvolvimento de vacinas por ter se destacado
como virologista.
A EMBRAPA NO VALE DO SÃO FRANCISCO (1979-1990)
NILTON DE ALMEIDA ARAÚJO (UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO
FRANCISCO)
Resumo: Este trabalho trata da institucionalização da agronomia como campo científico,
analisando a agenda de pesquisas de uma unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA) em Petrolina, o CPATSA – Centro de Pesquisa Agropecuária
do Trópico Semiárido – no período de 1979 a 1990. Focado na documentação escrita, este
trabalho se integra a uma incursão por meio da história oral junto a engenheiros e
engenheiras agrônomos, para construir uma intervenção contextualizada que pretende
problematizar gostos de classe e estilos de vida de cientistas e técnicos de um lado, e
assalariados rurais sindicalizados, de outro lado, na região do Vale do S. Francisco ao
longo da segunda metade do século XX, por meio de entrevistas. Naquele recorte
temporal, o CPATSA consolidou quatro campos experimentais, três nos municípios de
Petrolina-PE e um em Juazeiro-BA. Em Pernambuco foram instalados o Campo
Experimental de Manejo de Caatinga, o Campo Experimental do Submédio São Francisco
e a Estação Experimental de Bebedouro. Na Bahia foi instalada a Estação Experimental
de Mandacaru. De 1979 a 1990 foram publicados 897 trabalhos agrupadas em torno de
quatro principais eixos temáticos: 1) Inventário de Recursos Naturais e Socioeconômicos;
2) Desenvolvimento de Sistemas de Produção para Áreas de Sequeiro; 3)
Desenvolvimento de Sistemas de Produção para Áreas Irrigadas; 4) Manejo da Caatinga.
Uma das conclusões da presente investigação é que a EMBRAPA-CPATSA representou
uma reorganização do campo científico e burocrático no Vale do São Francisco a partir
de Petrolina, antes que um marco zero. Adotando o que denominou em seus documentos
oficiais de “enfoque sistêmico”, buscou transferir e adaptar as tecnologias disponíveis,
desenvolvendo uma agenda própria mas esta estava integrada a uma nova política
científica e tecnológica para a agropecuária no país e ao ensino agronômico, representado
na região pela Faculdade de Agronomia do Médio São Francisco (FAMESF).
Hollywood vem pra América Latina na Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Clara Regina Almeida
Resumo: Esta pesquisa estuda as estratégias de aproximação utilizadas pelos Estados
Unidos para com a América Latina, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Para
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tanto, selecionamos as seguintes películas: Você já foi a Bahia?, Wake Island e Sargento
York, e os periódicos, Scena Muda, Fonfon, Cineart e Careta. Através dessas obras,
mostraremos que o cinema hollywoodiano entra com o papel de potencializar a difusão
dos ideais norte-americanos e de defender a América como um todo do nazismo. Vale
salientar que neste período os EUA inovam, quando deixam de impor a sua cultura e
buscam entender a cultura latina, no intuito de melhor se aproximar dos “irmãos”. Assim,
este trabalho explicita como o cinema serviu enquanto instrumento disseminador da
Política de Boa Vinhança na América Latina, mais especificamente no Brasil. De modo
geral, mostraremos que esta Política de Boa Vizinhança, foi na verdade, uma estratégia
dos Estados Unidos para ganhar o apoio dos latinos contra a ameaça nazista.
Palavras-chave: cinema, guerra e política
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ST 14) Histórias dos Sertões: articulando temas, tempos e fontes
Coordenação: TATIANA SILVA DE LIMA, MARIA DO BOM PARTO FERREIRA
BURLAMAQUI PROA
24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
Inventários como fontes para a história de Alagoas: Limoeiro de Anadia na
segunda metade do século XIX
Hélder Silva de Melo (Secretária de Educação de Arapiraca)
Resumo: É praxe caracterizar a história de Alagoas, em variados temas e épocas, como
sendo lacunar. Fruto de uma pesquisa maior desenvolvida dentro do Grupo de Estudos
Mundos do Trabalho da Universidade Estadual de Alagoas e que, atualmente, vem sendo
desdobrado numa pesquisa em nível de mestrado no Programa de Pós-Graduação em
História da Universidade Federal de Pernambuco que conta com financiamento do
CNPQ, este trabalho objetiva levantar questionamentos sobre a história de uma parte de
Alagoas, a saber: a freguesia de Limoeiro de Anadia, criada na década de 1860 e que,
durante o período em estudo, pertencia a Vila de Anadia. O território que abrange tal
freguesia corresponde hoje a boa parte dos atuais municípios do Agreste de Alagoas,
região localizada entre o Sertão, na sua conotação atual e a Zona da Mata. As fontes
principais deste trabalho são inventários post-mortem, localizados no Cartório do Único
Ofício de Limoeiro de Anadia. Tais fontes, por suas características, permitem desenvolver
levantamentos sobre a economia local, a vida material de quem as produz, até mesmo a
espiritualidade do período. Além disso, cruzados com outras fontes, os inventários
permitem desenvolver trabalhos sobre a formação social tanto da elite local como dos
homens livres pobres de determinada região, passando ainda pela história dos
escravizados. Neste trabalho, faremos a análise das características econômicas da região
em análise, estudando inventários das décadas de 1850 até 1880.
Negros Laços: Filhos de cativas e o perfil da família escrava em Juazeiro -BA 1871-
1877
CAMILA ALVES CORRÊA (CETEP)
Resumo: Este artigo refere-se a uma parte de uma pesquisa apresentada no trabalho de
conclusão de curso no ano de 2013, com o título de Negros Laços: filhos de cativas e o
perfil da família escrava em Juazeiro-BA (1871-1877). Para o desenvolvimento desta
investigação utilizamos assentamentos de batismo do primeiro livro de registros, que
iniciaram em julho de 1871 e terminam em julho de 1877. Inicialmente este artigo busca
contextualizar o momento em que se originaram o tipo de documentação usada nesta
pesquisa. A elaboração de assentamentos de batismo insere-se com contexto do século
XVI, onde através do Concílio de Trento, a Igreja Católica busca reformular e reafirmar
suas práticas, a fim de, fortalecer-se diante do protestantismo. Os registros de nascimento
marcavam a inserção dos indivíduos na religião, igualmente representavam uma forma
de reconhecimento dos seus novos membros, assim como, uma forma de controle da
igreja. Os registros encontrados inserem-se em uma conjuntura política de criação de
medidas que buscou alternativas para o fim gradual da escravidão no Brasil, evitando
assim, maiores perturbações aos proprietários de cativos. Uma destas medidas foi a
criação da lei número 2.040 de Setembro de 1871, popularmente conhecida como Lei do
Ventre Livre. Após a contextualização do cenário que se insere a criação da lei, partimos
para a verificação da condição jurídica das crianças filhas (os) de mães escravas,
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buscando compreender como a legislação interferiu em suas vidas, se de fato as crianças
nascidas após a lei adquiram a condição de livres. Palavras-Chave: Registros de
batismo; Lei do Ventre Livre; liberdade.
Escravidão e liberdade em Juazeiro – Bahia, 1835 – 1888: potencialidades de
pesquisa.
Tatiana Silva de Lima (UPE)
Resumo: Esta comunicação pretende explorar as potencialidades de pesquisa que existem
em Juazeiro da Bahia sobre a passagem da escravidão à liberdade no século XIX. Até
onde podemos estudar, constatamos que prevalecem as pesquisas a respeito do sertão
pernambucano banhado pelo Rio São Francisco, não havendo um campo de estudo
consolidado sobre Juazeiro da Bahia, que foi uma sociedade escravista e se tornou um
significativo núcleo urbano do interior brasileiro. Em contrapartida e felizmente, o
município conta com expressivos e preciosos acervos documentais sobre a temática
abordada, que não encontramos em todo país, em bom estado de conservação e acessíveis
à pesquisa. São eles: assentos de batismo, encontrados na Igreja Matriz Nossa Senhora
das Grotas, e livros de escrituras públicas (onde existem registros de posses de cativos e
de cartas de alforria) – guardados no 1º Tabelionato de notas de Juazeiro. Sendo assim,
trataremos das possibilidades de preencher lacunas científicas acerca da passagem da
escravidão à liberdade em Juazeiro, contribuindo para o entendimento das transformações
e continuidades das relações sociais escravistas, da construção do mundo dos livres, e
para a compreensão de quem fomos e somos.
O negro na história do sertão.
Flaviany Bruna do Nascimento Tavares (Secretária de Educação de Afogados da
Ingazeira)
Resumo: Depois de muitos anos e estudos que desconsideravam a participação negra na
formação cultural e econômica do sertão, hoje percebemos o efeito do novo movimento
que se formou a partir dos anos 80 no Brasil. Tanto as pesquisas sobre a região sertaneja,
como a temática negra sofreram significativas revisões a partir desse período de agitação
política e intelectual brasileiro. Com o estimulo das produções de historiadores como
Clovis Moura (1981) e Ciro Flamarion Cardoso (1987), por exemplo, algumas análises
foram repensadas e outras criadas. As diferentes formas de ver e viver como escravo ou
liberto, conhecidas nas regiões litorâneas, permitiram uma reavaliação da sociedade
sertaneja, bem como os estudos culturais locais. Relatos orais passam a dar voz aos
vestígios ali existentes: senzalas, danças, modos de fazer, persistem na memória dos
descendentes dos negros escravos na região, representados especialmente pelas
comunidades quilombolas. Envolto, nas ideias que permearam a história nacional durante
muitos anos, o negro que parecia ausente no semiárido nordestino começam a aparecer,
especialmente através dos seus remanescentes quilombolas nessas regiões.
Demonstrando que não apenas o colonizador branco e o índio bravo formaram a
identidade local, mas a participação negra também existiu. Como escravo, como liberto,
como apadrinhado ou renegado, o negro faz parte da formação da identidade sertaneja. E
suas formas de ‘ser’ e ‘estar’ são cada vez mais visíveis. É esse universo do negro escravo
ou liberto, no lugar do sertão pernambucano que pretendemos estudar. Reavaliando o
discurso construído e ainda imbuído do discurso generalizante do litoral e da
miscigenação, considerando assim suas semelhanças e principalmente as suas
particularidades. Rediscutindo a organização social estabelecida no passado, os textos e
estudos realizados que descrevem a presença negra. É notória a necessidade de conhecer
suas origens para reconhecer-se como parte de um grupo e é comum encontrarmos, ainda
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no século XXI, resistência no sertão quanto ao reconhecimento e integração da cultura
afro-brasileira ocasionada pelo desconhecimento. Isso em grande parte manutenção da
segregação e dos estereótipos criados sobre a presença dela, especialmente quando
falamos da religiosidade. O estigma do negro escravo e inferior ainda se faz presente e
dificulta o estudo, a conscientização, valorização da memória negra na região. Nesse
sentindo, o discurso do tempo da escravidão se faz presente e distância o sertanejo da sua
cultura histórica – entendida como a propagação da história feita por não historiadores,
mas que reflete e influência o cotidiano e os discursos, principalmente regionais -, da
integração social e do respeito que dele advém.
25/07 - Sexta-feira - Tarde (14h às 16h)
Transporte e comércio em um rio do Império: Baixo São Francisco, 1850-1881.
LUANA TEIXEIRA (PPGHistória UFPE)
Resumo: Esta comunicação reflete sobre as transformações nas relações comerciais e nas
estruturas de transportes no São Francisco alagoano e sergipano à luz dos projetos de
desenvolvimento do Império. Em meados do oitocentos, uma das principais questões em
termos de infraestrutura no Brasil foi encontrar uma solução para comunicar o todo o Rio
São Francisco ao Oceano Atlântico. Um dos caminhos deste projeto seguiria seu curso e
levaria desenvolvimento para a região. Esta comunicação analisa as transformações nas
relações comerciais e nas estruturas de transportes no São Francisco alagoano e sergipano
à luz dos projetos de desenvolvimento do Império. Em meados do oitocentos, uma das
principais questões em termos de infraestrutura no Brasil foi encontrar uma solução para
comunicar todo o Rio São Francisco ao Oceano Atlântico. Um dos caminhos seguiria seu
curso e levaria desenvolvimento para a região do Baixo São Francisco. A introdução da
navegação a vapor, as dinâmicas de transporte terrestre, fluvial e marítimo, o papel do
Porto de Penedo, a abertura à navegação estrangeira e as ligações comerciais com o sertão
pernambucano serão temas abordados. Apresentaremos alguns aspectos desse processo
histórico entre 1850 e 1881 e uma reflexão acerca daquele momento em que a
comunicação do rio com o mar esteve em evidência na política econômica imperial.
O Sertão transfigurado: História Social da vitivinicultura no Vale do Submédio São
Francisco (1940-1980)
Edlúcia da Silva Costa (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia-PE)
Resumo: A palavra “sertão” tem origem controversa. Há duas versões correntemente
aceitas. Uma delas afirma que a expressão deriva de um vocábulo angolano: “mulcetão”,
que significaria “lugar interior”, “terra entre terras”, “local distante do mar”. Do vocábulo
original alterou-se para “celtão”, depois “certão”, até chegar à forma usada atualmente.
A outra versão, predominantemente aceita, filia “sertão” ao étimo latino “desertanu”,
utilizado para designar regiões interioranas, cujo clima não seria necessariamente árido,
que teria sido modificado para “desertão” e posteriormente, “sertão”. Porém, não é
somente a questão etimológica que intrigou os intelectuais. O Sertão é um cenário
recorrente nas interpretações sobre o Brasil. Visto, desde a colonização, como ambiente
hostil, espaço vazio a ser conquistado pela “civilização”. Nos discursos sobre a
construção nacional e a formação da nacionalidade brasileira, o Sertão surge como
“invenção” dos homens litorâneos cultos como oposição, como descontinuidade
territorial e cultural a ser superada. O desenvolvimento econômico da região, a partir de
meados do século XX, através de inovações advindas da Revolução Verde – insumos
químicos, sementes de laboratório, irrigação e mecanização no campo - representou a
chegada de um modelo de modernização que alterou a paisagem da região e vem
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rompendo a visão tradicional que filiava o Sertão ao “atraso” econômico e cultural. O
afluxo de empresas do setor agroexportador, incluindo as vinícolas, acompanhou esse
movimento. No entanto, o boom do agronegócio no Brasil representou mudanças
significativas no cotidiano dos trabalhadores rurais, através de novas relações de trabalho
e novas formas de exploração dos recursos naturais. Esse trabalho propõe-se a discutir o
impacto social da produção de vinhos finos – reconhecidos internacionalmente - no Vale
do Submédio São Francisco, indicando benesses e adversidades desse processo.
Sobre os espaços que se transformam: as memórias em disputa na cidade de
Juazeiro/BA.
Pablo Michel Candido Alves de Magalhaes (Historiador)
Resumo: O presente estudo visa promover reflexões em torno da relação entre hidrovia,
ferrovia e rodovia na cidade de Juazeiro/BA, e de que forma esta cidade ribeirinha, com
um histórico de práticas de sociabilidade construídas através das navegações no São
Francisco, sofreu transformações em seu cotidiano urbano com o advento da rodovia.
Para tal, recorreremos a utilização da história oral, buscando perscrutar as perspectivas e
percepções dos citadinos juazeirenses sobre este processo, delimitando nossa análise
entre as décadas de 1950 e 1970; além disso, serão de fundamental importância os
registros fotográficos produzidos no local, enfocando o urbano e suas transformações ao
longo do período aqui recortado. Nosso objetivo central, destarte, gira em torno da
reflexão sobre o modo como os nossos depoentes perceberam as transformações físicas
da cidade, principalmente a partir da construção da ponte Presidente Dutra, da conexão
rodoferroviária com o Estado de Pernambuco e a "febre rodoviária" das décadas de 1950
e 1960, e até que ponto tais mudanças representaram (ou não) um trauma para estas
testemunhas oculares. Este trabalho é parte da pesquisa desenvolvida na dissertação ora
construída para o PPGH - Mestrado em História da Universidade Estadual de Feira de
Santana.
Mulheres discutindo as relações de Gênero na Seca de 1979-1983 no Sertão
semiárido de Pajeú.
UILMA MAIRA QUEIROZ SILVA (CENTRO DE EXCELÊNCIA MUNICIPAL DOM
MOTA)
Resumo: O presente trabalho monográfico se propõe a historiar sob o olhar das
construções dos papeis de Gênero o movimento de mulheres populares no cenário da Seca
de 1979-1983, no Sertão do Pajeú pernambucano, bem como discute a ideia de Seca
analisando-a como um fenômeno Político e Sociocultural, causada não pela falta de
chuvas, mas sim pela desigualdade social o sertão semiárido do que transforma a
Estiagem em Seca. A mulher do Sertão do Pajeú no Bioma Caatinga vítima da
desigualdade social, das prisões impostas pelos papeis de Gênero que norteavam as vidas
desses agentes históricos no âmbito doméstico, do trabalho, no público e até na
participação de programas de governo, que visavam ‘combater a seca’ prestando
assistência emergencial, como distribuir Cestas Básicas as famílias vítimas da Seca em
troca de mão de obra em obras públicas, Frentes de Emergências, no entanto a política
assim como o estado brasileiro era heteronormativa e só entendia como família um núcleo
com presença masculina. Porém diante da realidade de Seca surgiu no Sertão de Caatinga
as ‘viúvas da Seca’, mulheres deixadas ou abandonadas pelos maridos que eram os
primeiros a se retirar do Sertão em Estiagem transposta em Seca, já que ao gênero
masculino, cabia o sustento da família, enquanto ao feminino fora incumbido de ficar e
administrar a miséria. As prisões de gênero tornavam as Mulheres e as crianças as maiores
vítimas da seca, pois ficavam no cenário Seca não apenas de água e alimento, mas,
50
sobretudo de dignidade. Nesse cenário as mulheres se organizam em sindicatos,
associações, passeatas, grupos de Mulheres, que posteriormente se configuraram em
ONGs, mas que no período histórico que nos propomos a analisar, mesmo em período
onde o feminismo estava em alta no sudeste, esse movimento inicial não discute a reflexão
sobre o ser mulher, mas sim modelo de família vigente patriarcal se configurando como
movimento de lutas por sobrevivência sua e dos seus filhos, elas transcende o doméstico
e exigem participação em programas de emergência governo, se afirmando como cidadã,
como seres políticos.
51
ST 15) História Indígena: “Memórias dos índios, sobre os índios e história pública
em Pernambuco"
Coordenação: DENISE BATISTA DE LIRA, EDSON HELY SILVA
23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
Memórias Indígenas e História Pública sobre os Índios: um diálogo entre as
memórias dos índios sobre o passado, historiografia indígena em Pernambuco e a
emergência da identidade indígena no Nordeste Carlos Fernando dos Santos Júnior (Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco)
Resumo: A questão central da pesquisa é sobre os usos que as populações indígenas
fazem de suas memórias coletivas e das memórias públicas sobre eles, construídas pela
História, para o acionamento de suas identidades. O presente artigo foca-se em
estabelecer uma relação entre as memórias dos índios no Nordeste, especialmente os
povos indígenas em Pernambuco, e a memória produzida pela historiografia. E o uso que
os indígenas fazem dessas duas memórias nos seus projetos políticos de reconhecimento
social e acesso à terra. Ao longo deste artigo, busca-se a compreensão dos usos que os
povos indígenas no Nordeste fazem das suas memórias coletivas sobre o passado, das
pesquisas historiográficas sobre a temática indígena para afirmação de sua identidade e a
conquista de direitos. Em especial, como o Povo Pankará e o Povo Atikum acionam as
suas memórias e a história indígena em Pernambuco para afirmação pública de suas
identidades, na luta pelo reconhecimento político e o direito a manutenção de seus
territórios tradicionais.
DISCUTINDO “CATECHESE” E CIVILISAÇÃO DOS INDIGENAS: Colônia de
São Pedro do Pindaré- MA (1845-1881)
Karilene Costa Fonseca
Resumo: A presente Comunicação é parte das reflexões para a elaboração de uma
Dissertação de Mestrado em História, a partir das pesquisas das fontes acerca da Colônia
de São Pedro do Pindaré. Trata-se da aldeia Adega Grande de São Lourenço de Barbados,
fundada em 1758, sendo a primeira aldeia no Maranhão Império. Ao ser elevada à
categoria Colônia em 1840, concretizou-se a primeira tentativa de missão indígena no
Maranhão, objetivando facilitar as navegações pelo rio Pindaré, uma vez que os índios
Guajajara habitantes nas margens desse rio tornavam o acesso e o trânsito dos não
indígenas arriscadíssimo, pois os índios atacavam as embarcações. Na busca de superar
tal situação, o então Presidente da Província, o Marquês de Caxias, ordenou que se
fundassem uma Colônia a direita do dito rio, com o nome São Pedro do Pindaré, sob as
ordens do Diretor Tenente Coronel Fernando Luís Ferreira. Entretanto, o que de fato
pretendia com a elevação desta aldeia a categoria de Colônia, era evitar que os índios se
associassem aos revoltosos da Balaiada, visto que, as principais lideranças desse
movimento estavam próximas daquela região. Os documentos analisados para discussões
correspondem a Diretoria dos Índios: são ofícios trocados entre os diretores da Colônia e
os presidentes da Província, relatórios dos presidentes da Província e correspondências
dos missionários “barbudinhos” (Capuchinhos). O recorte temporal escolhido ocorreu em
virtude da variedade documental existente. Objetivamos a partir de tratamento teórico-
metodológico dessas fontes, problematizar o teor reproduzido em falas etnocêntricas que
expressaram sobre os índios como meros expectadores do processo de colonização, onde,
todavia é possível observar nas entrelinhas dos argumentos encontrados na documentação
52
as diversas vozes ameríndias resistindo ao processo das tentativas de pacificação dos
índios pelos brancos colonizadores.
Palavras-Chave: colonização, índios, Colônia de São Pedro do Pindaré/MA.
Terras e trabalho indígena na província pernambucana (1850-1889)
Maria José Barboza (UFPE)
Resumo: O trabalho que pretendo apresentar parte das reflexões realizadas ao longo da
pesquisa para o mestrado. Considerando os discursos acerca da agricultura, demarcação
de terras e homogeneização de índios, negros e brancos na província pernambucana,
busco pensar as conexões existentes entre o discurso sobre o desaparecimento dos índios,
a política indigenista e a mão de obra indígena no século XIX. Tendo em vista que no
século XIX a política indigenista, embora, tenha deixado de ser uma questão de mão de
obra para ser uma questão de terra, esta não aconteceu separada da questão de mão de
obra.
METODOLOGIA E FONTES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA AMBIENTAL
NO TERRITÓRIO DO POVO PANKARÁ, CARNAUBEIRA DA PENHA/PE
EDIVANIA GRANJA DA SILVA OLIVEIRA (IF SERTÃO PE)
Resumo: Este estudo aborda a Serra do Arapuá, localizada na região do Sertão
pernambucano, dentro do Bioma Caatinga no Semiárido nordestino. Essa Serra
atualmente pertencente ao município de Carnaubeira da Penha/PE é considerada uma
zona de Brejo de Altitude e também território físico e simbólico do povo Pankará. O foco
metodológico desta pesquisa é a História Ambiental e Indígena numa interface com outras
áreas do conhecimento, principalmente a Geografia, a Etnobiologia e a Antropologia,
tendo como fontes pesquisas bibliográficas e as memórias dos índios Pankará sobre o
ambiente natural como fator de afirmação étnica e de reivindicação do seu território.
CORPO MARCADO: UMA HISTÓRIA SOBRE A MODIFICAÇÃO
INTENCIONAL DO CORPO
GHITA ALMEIDA GALVÃO, SUZANE BATISTA DE ARAÚJO (COLÉGIO
GRANDE PASSO)
Resumo: Este trabalho foi escrito para a nota final da disciplina eletiva de história do
corpo, ainda para a graduação. Na intenção de levar o leitor a entender um pouco mais as
origens e o desenvolvimento da prática da pintura e da tatuagem realizadas inicialmente
por índios e negros; sobrevivendo, se reinventando e se difundindo no século XIX;
passando por uma “guinada” durante o movimento hippie e enfrentando por fim, um
“movimento” subjetivo e cultural que depreciava as tatuagens. Enfatizaremos esse último
momento de modo pontual, sem, contudo, esgotarmos as diversas discussões históricas e
sociológicas presentes no meio acadêmico concernente a esta temática.
24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
O ensino da temático indígena, a história oral e contemporânea na sala de aula Denise Batista de Lira (Escola Municipal Jaboatão dos Guararapes)
Resumo: Após a promulgação da Lei 11.645/2008 o ensino da temática indígena tornou-
se obrigatório nas salas de aula. Mas que índios são retratados nos livros didáticos e quais
tempos históricos e fontes são utilizadas? Este artigo propõe uma associação entre a
historiografia indígena, a história oral e a do tempo presente, pois compreende que os
índios no Brasil não devem ser retratados apenas no denominado período colonial, porém,
também na atualidade, estabelecendo paralelos com suas mobilizações e reivindicações
53
para a efetiva concretização dos artigos constitucionais, 210, 215 e 231. Para isso é
necessário que os livros didáticos estejam atualizados com a “nova historiografia” e os
discentes estejam aptos a entender os índios como sujeitos ativos na história do Brasil e
sua continuidade como grupos étnicos atuantes nos séculos XX e XXI.
Palavras-chave: a temática indígena, a história do tempo presente, história oral, livro
didático, sala de aula.
Os Índios na Sala de aula: O Ensino de História e da cultura indígena (2008-2013)
Taysa Kawanny Ferreira Santos (Escola Estadual Dom Constantino Luires)
Resumo: Este trabalho analisa as questões que envolvem o ensino de História e os povos
indígenas representados pelos livros didáticos de história, tomado como base principal os
livros do Ensino fundamental, como também, a Lei 11.645 de 2008, tornou-se obrigatório
o estudo da História e da cultura afro-brasileira e indígena em todas as escolas de
educação básica, é a partir daí que o sistema de ensino deverá promover formação
continuada para professores bem como oferecer suportes didáticos para o conhecimento
da temática em sala de aula.
“Novas visões para a História Indígena: experiência, terra e trabalho.”
BEATRIZ DE MIRANDA BRUSANTIN (Universidade Católica de Pernambuco
(UNICAP)
Resumo: Nesta comunicação abordaremos algumas considerações sobre uma pesquisa
em andamento que tem como foco o estudo da cultura e da experiência dos trabalhadores
pernambucanos no século XIX. Neste percurso, incluímos como sujeitos de nossa análise
os povos indígenas moradores em Pernambuco no Oitocentos. Nossa investigação
documental envereda pelas Petições, Demarcações de Terras e outros documentos que
estão arquivados no Arquivo Público do Estado Jordão Emereciano. Através destes
conseguimos acessar reflexões sobre a experiência indígena através das suas relações com
o Estado (municipal e provincial) num movimento de resistência e/ou acomodação às
medidas legais do governo imperial e republicano. Neste caminho buscamos reconstruir
uma nova visão da história dos indígenas, um exercício da história vista de baixo
destacando estes como atores sociais da cidadania, da consciência de classe e da
identidade dos povos indígenas no século XIX.
MEMÓRIA E HISTÓRIA INDÍGENA E DO INDIGENISMO: REFLEXÕES
SOBRE O PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO DO ACERVO AUDIOVISUAL
DO CIMI NORDESTE
Manuela Schillaci (Programa de Pós-Graduação em Antropologia- PPGA- UFPE)
Resumo: Este trabalho pretende relatar o processo de salvaguarda e organização de um
dos mais importantes acervos sobre a questão indígena no Nordeste brasileiro. Em 2013
começou o processo de digitalização do acervo audiovisual e sonoro do Conselho
indigenista Missionário - Regional Nordeste, esta é a primeira ação do plano de
salvaguarda, organização e disponibilização dos acervos existentes na instituição
indigenista, sendo eles: acervo audiovisual, sonoro, hemerológico, documental,
fotográfico, de objetos, iconográfico e bibliográfico. Os acervos audiovisual e sonoro
contêm material único que retrata a história e a memória dos povos indígenas do Nordeste,
a história do movimento indígena e do indigenismo na região. O conteúdo destes conta
com uma parte do material editado e divulgado, enquanto, a outra parte é constituída por
54
registros brutos e portanto únicos. As gravações são geralmente realizadas pelos
missionários do CIMI que, durante a atuação junto aos povos indígenas ao longo de cerca
de quatro décadas, registraram e documentaram momentos importantes do movimento
indígena, como assembleias, encontros e mobilizações, a vida nas aldeais, festividades e
rituais, depoimentos dos índios, lideranças e anciões como também a história do
indigenismo com registro de assembleias, missas e encontros de formação, dentre outros.
Muitas vezes os registros têm como objetivo documentar os conflitos, relatar violações e
situações de violência que afetam os povos indígenas, estas causadas pelos conflitos
fundiários e a luta pela demarcação dos territórios tradicionais no Nordeste. Os acervos
do CIMI-NE testemunham uma intensa atuação da instituição junto aos povos indígenas
de Pernambuco, Alagoas, Sergipe, norte da Bahia e Paraíba. Resumidamente, o acervo
sonoro conta com material mais antigo do que o acervo audiovisual, de fato, uma parte
significativa deste material é referente à segunda metade dos anos 70, com as primeiras
peças que datam de 1975, são gravações da posse do cacique Lazaro nos Kiriride
Mirandela/BA e do processo de luta pela demarcação da Terra Indígena Kiriri. Estas
peças são anteriores a fundação do próprio regional Nordeste, cuja criação ocorreu em
78, até então o leste-nordeste formavam um único regional. O acervo, particularmente
rico e exclusivo, tem um valor histórico e afetivo coletivo para os povos indígenas do
nordeste e para o movimento indigenista. A preservação desta memória e dos processos
sociais que levaram a formação deste acervo, tem um sentido político porque envolve o
tema da construção de sentido da História. A partir do trabalho em curso e da reflexão
sobre o papel da memória junto aos povos indígenas, pretende-se preservar e contar outra
versão da História do Brasil, a do nordeste indígena e sua resistência
55
5. RESUMOS E SESSÕES DE COMUNICAÇÃO ORAL DE GRADUANDOS
(CO)
CO 1) História da América Portuguesa 1
23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
Nome: Ciro Barreto Moreira
Título: A Capitania de Itamaracá: Expressões políticas e econômicas pós-
Restauração pernambucana.
Orientador: Prof.ª. Drª. Bartira Ferraz Barbosa
Coautoria: Não
Resumo: Este trabalho explora as relações da capitania de Itamaracá no contexto pós-
Restauração Pernambucana, adentrando nos seus conflitos político-econômicos em três
estratificações paralelas, simultâneas e distintas: a formação de uma elite açucareira
historicamente atrelada com a Capitania de Pernambuco; aos desejos mercantilistas
expansionistas da Capitania da Paraíba; e da manutenção do poder régio no ultramar após
a Restauração de Independência de 1640. Itamaracá situa-se num campo de poder
(RAFFESTIN, 1993) regional e atlântico, sendo palco de disputa territorial e jurisdicional
numa tentativa de suprimir ou controlar as elites açucareiras da mesma. Na obra de
Manuel Correia de Andrade, Itamaracá uma capitania frustrada, a mesma é representada
como fracasso na empresa ultramarina, atribuindo ao extrativismo predominante sobre a
atividade açucareira, descaso pelos donatários e a expansão territorial tardia como
principais causas de tal malogro; conforme reforça o relato do Sargento-Mor Diogo de
Campos Moreno: “[Itamaracá] mais parece aldeia de Pernambuco do que vila ou
jurisdição à parte”. Outras produções bibliográficas como as de Luciana de Carvalho
Barbalho (2009), Evaldo Cabral de Mello (2003), Regina Célia Gonçalves (2007), em
contrapartida, elucidam relativa autonomia política, e evidências documentais disponíveis
no Arquivo Histórico Ultramarino demonstram rejeição aos desígnios do poder régio e
Governo-Geral; noutra instância, as ordens de D. João IV, proibindo a capitania de
realizar decisões sem seu conhecimento atestam a fragilidade do poder metropolitano nos
seus domínios de além-mar, e a consequente necessidade de reforçá-lo. Situada entre tais
instituições no campo de poder regional e atlântico, a resposta das elites de Itamaracá é
expressa no levante de Goiana de 1692; revolta contra os desígnios e expansões
supressoras sobre a capitania.
Nome: Saymmon Ferreira dos Santos
Título: Os Jesuítas Calvinistas – A Catequização Indígena e Os Holandeses (1630-
1645)
Orientador: Severino Vicente da Silva
Coautoria: Sim
Resumo: O estudo das religiões, de fato, é algo que merece total atenção. Quando se refere
à inserção de uma crença em um novo território merece então mais atenção, pois serão
levantados alguns pontos como o costume daquela sociedade antes e depois da nova fé.
A fim de analisar a receptividade dos tupis e tapuias para com o calvinismo, trazido junto
com os flamengos no período conhecido como Brasil Holandês, esse artigo visa esclarecer
certos aspectos de tal temática: ética, estrutura física da localidade, linguagem, educação,
relação familiar, nenhum desses pontos podem ser subjugados ao estudar tal recorte
temporal, e, sobretudo, tal temática. Nos estudos históricos não é aconselhável apresentar
56
um fato sem o analisar em conjunto com todas as condições que possibilitaram a sua
ocorrência, a fim de minimizar possíveis equívocos na interpretação. Nesse escrito
também será apresentado uma síntese com intuito de elucidar o leitor sobre certos
aspectos da doutrina calvinista, que de maneira patente enlaçava-se aos interesses da
burguesia comercial. Através de obras como a de José Antônio Gonsalves de Mello –
Tempo dos Flamengos – examinaremos os meios pelos quais as reformas religiosas,
presentes no século XVI, exerceram influências nas mentalidades e práticas dos
flamengos ao ocuparem as terras brasileiras. Nesse bojo de análises, este artigo vem com
a principal função de analisar e refletir a teoria e prática do Calvinismo no caso indígena
brasileiro. A fim de alcançarmos este preceito, utilizaremos como referência o vínculo
entre os calvinistas e as existentes tribos indígenas durante o transcurso da ocupação
holandesa em Pernambuco, destacando a influência em diversos campos, principalmente
no que concerne tal influência para com outro povo, outra cultura, outra língua e outra fé.
Nome: Ramon Queiroz Souza
Título: Índios e Jesuítas no Sul da Bahia: a implantação do Diretório dos Índios no
aldeamento de Santarém, 1683-1817
Orientador: ISNARA PEREIRA IVO
Coautoria: Não
Resumo: Propomos aqui, analisar a implantação do Diretório dos Índios no aldeamento
de Santarém, o qual foi elevado à categoria de Vila pelo ouvidor Luis Freire de Vérasno
de ano de 1758. Assim, pretendemos perceber quais os efeitos gerados por essa política
de integração das populações indígenas ao mundo colonial para os índios aldeados
naquela região. Para isso tentaremos dialogar com as novas concepções teóricas, as quais
valorizam a pesquisa interdisciplinar no que se refere à obtenção, cruzamento e
interpretação das informações, por meio das quais historiadores e antropólogos têm
analisado situações de contato, problematizando e repensando alguns conceitos referentes
à atemática (ALMEIDA, 2013) Dando ênfase aos aspectos sociológicos e históricos da
cultura. Partindo dessa perspectiva tentaremos fugir dos binômios “dominação” e
“controle” e do dualismo presente nas categorias “colônia” e “metrópole”, que durante
muito tempo dominaram a historiografia do período colonial do “Brasil”, abordadas por
clássicos, como por exemplo, Holanda (1995). Segundo Maecis (2013) devido à escassez
de informações não é possível determinar quem foram os primeiros missionários e nem a
época da inauguração do aldeamento de Santo André e São Miguel do Serinhém, mas que
de acordo com o livro de registro de batismo constava a data de 17 de dezembro de 1672,
como a do primeiro sacramento realizado. Mesmo com a presença de lacunas para os
primeiros anos do estabelecimento da aldeia, bem como sobre os seus agentes, a partir
das informações fornecidas principalmente pelo ouvidor Lisboa (1802) quando da
implantação do Diretório dos Índios, a partir do qual foram nomeadas autoridades civis
com a finalidade de se fazer cumprir a nova política, a qual dentre uma série de medidas,
deveria extinguir os aldeamentos, transformando-os em vilas, sendo as mesmas
administradas não mais pelos jesuítas, mas por civis. É possível traçar de que maneira se
deu esse processo, bem como de que maneira o estabelecimento dessa nova política
indianista implicou no modo de vida dos povos indígenas, aldeados em Santarém, e quais
rumos tomaram os bens jesuíticos e os religiosos da Companhia de Jesus quando da
implantação dessa nova política de integração das populações indígenas.
57
Nome: Marivania de Lima Santana
Título: INQUISIÇÃO E INFÂNCIA: O MENOR VISTO PELO TRIBUNAL DO
SANTO OFÍCIO NO PERÍODO DA PRIMEIRA VISITAÇÃO À BAHIA.
Orientador: Marco Antônio Nunes da Silva
Coautoria: Não
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar os processos de três menores,
durante o período da Primeira Visitação do Santo Ofício à Bahia no século XVI, cuja
prática herética cometida por eles, foi o ato sodomítico. Procuramos identificar nestes
processos, a relação entre Inquisição e Infância, e como o menor era tratado por esta
instituição. A Inquisição teve início no período medieval (século XIII), e surgiu com o
intuito de combater heresias que abalassem o poder da Igreja Católica. A morte na
fogueira e prisões perpétuas ou temporárias eram algumas das penas impostas aos
condenados. Na metrópole portuguesa o tribunal foi criado durante o período moderno
em 1536 no reinado de D. João III. No Brasil não foi estabelecido nenhum tribunal da
Inquisição. Aqui na colônia houve apenas visitações, que tinha os mesmos objetivos da
metrópole: combater as heresias, julgadas pertinentes pela Igreja Católica. As mais
comuns eram crimes de judaísmo, bigamia, e sodomia. A partir da análise dessas fontes
envolvendo menores neste período (século XVI) e com a leitura de algumas
documentações inquisitoriais, permitiu identificar na pesquisa os seguintes elementos: o
tratamento da Inquisição dado aos menores no Brasil, em um período que começava a ser
atribuído um sentimento particular a infância, que teve início graças ao surgimento das
instituições escolares na Europa; bem como as relações sociais estabelecidas entre os
indivíduos nas primeiras fases do período colonial, revelando a importância dessa
documentação para compreender os anos iniciais de nossa formação cultural; e a atuação
da instituição em terras brasílicas, que teve um desenvolvimento bastante peculiar em
relação à Metrópole, mas que ainda assim, introduziu valores europeus ao julgar alguns
casos. Ao analisar essas fontes inquisitoriais envolvendo menores foi necessário o
conhecimento do Regimento inquisitorial datado de 1552 concernente aos menores e as
leituras de bibliografias referentes à História da Infância, cujas obras foram publicadas
no século XX a partir da difusão de uma nova história, que coloca em cena atores antes
esquecidos pela historiografia. A partir dessas leituras pudemos ter conhecimento da
história desses seres, que apesar da pouca idade, não escaparam do olhar inquisitorial.
Nome: Jéssica Rocha de Sousa
Título: NO LABIRINTO DAS ESTRATÉGIAS: BAHIA E PERNAMBUCO E A
CONSTITUIÇÃO DAS REDES DE COMÉRCIO INTRACAPITANIAS - 1759 A
1787.
Orientador: Suely Creusa Cordeiro de Almeida
Coautoria: Não
Resumo: Este artigo, que traz resultados parciais de pesquisa em andamento, tem por
objetivo central contribuir para o esclarecimento da prática do comércio intracapitanias
analisando e recompondo as redes de mercancia que vão se estabelecer entre Pernambuco
e Bahia na segunda metade do século XVIII, mais especificamente entre os anos de 1759
a 1787. Entendendo o comércio como um elemento de dinamização, buscaremos
compreender as tramas mercantis que se estabeleceram entre essas duas Praças de modo
lícito ou ilícito.
58
CO 2) História da América Portuguesa 2
23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
Nome: Jesanias Rodrigues de Lima
Título: O Beato Gonçalo de Amarante e a trajetória da devoção e da festa em
Itapissuma do XVI ao XIX
Orientador: Prof.ª. Drª. Suely Creusa Cordeiro de Almeida
Coautoria: Sim
Resumo: O projeto intitulado, O Beato Gonçalo de Amarante e a trajetória da devoção e
da festa em Itapissuma do XVI ao XIX tem por objetivo, elucidar as origens das
festividades e devoção em honra a São Gonçalo do Amarante no território que
compreende hoje, o município de Itapissuma, iniciadas ainda no período Colonial, e que
estendeu-se aos dias atuais. Estudamos também a formação das redes de poder local, que
se utilizaram da devoção para a construção de espaços de domínio que trouxe notoriedade
política e religiosa para a vila de Itapissuma. Identificar estes espaços construídos pelos
Irmãos de São Gonçalo é compreender de que modo este poder leigo irá influenciar na
construção das práticas religiosas, bem como na formação de uma identidade cultural e
histórica da povoação de Itapissuma, que persiste até à atualidade. A religiosidade sempre
fora uma importante faceta das relações sociais e culturais na sociedade colonial,
especialmente na povoação de Itapissuma, a institucionalização das irmandades leigas,
regidas por um compromisso favoreceu a manutenção das relações de poder e à
preservação e propagação da devoção ao glorioso padroeiro e de sua festa. Foi utilizada,
para tratamento das fontes, as orientações do mestre da morfologia contemporânea Carlo
Ginzburg, que nos orienta a não perseguir as características, mas óbvias apresentadas
pelas fontes selecionadas, mas procurar aquilo que é aparentemente menor e menos
significante, ou seja, perseguir uma pista, como faz o policial procurando os gestos mais
simples até que se desvende o mistério. Para a temática proposta, esta metodologia se
apresentou como adequada, pois a composição da narrativa textual foi construída a partir
da junção dos fragmentos deixados na documentação selecionada. A pesquisa está sendo
realizada através do levantamento das fontes bibliográficas e manuscritas, existentes no
Acervo da Paróquia de São Gonçalo do Amarante em Itapissuma; Arquivos da Câmara
Eclesiástica da Arquidiocese de Olinda e Recife; Biblioteca Nacional (BN); Museu
Histórico de Igarassu, e Biblioteca Pública Estadual de Pernambuco (BPE).
Nome: Marcelo Santos Dantas
Título: Os Jesuítas Calvinistas – A Catequização Indígena e Os Holandeses (1630-
1645)
Orientador: Severino Vicente da Silva
Coautoria: Sim
Resumo: O estudo das religiões, de fato, é algo que merece total atenção. Quando se refere
à inserção de uma crença em um novo território merece então mais atenção, pois serão
levantados alguns pontos como o costume daquela sociedade antes e depois da nova fé.
A fim de analisar a receptividade dos tupis e tapuias para com o calvinismo, trazido junto
com os flamengos no período conhecido como Brasil Holandês, esse artigo visa esclarecer
certos aspectos de tal temática: ética, estrutura física da localidade, linguagem, educação,
relação familiar, nenhum desses pontos podem ser subjugados ao estudar tal recorte
temporal, e, sobretudo, tal temática. Nos estudos históricos não é aconselhável apresentar
um fato sem o analisar em conjunto com todas as condições que possibilitaram a sua
59
ocorrência, a fim de minimizar possíveis equívocos na interpretação. Nesse escrito
também será apresentado uma síntese com intuito de elucidar o leitor sobre certos
aspectos da doutrina calvinista, que de maneira patente enlaçava-se aos interesses da
burguesia comercial. Através de obras como a de José Antônio Gonsalves de Mello –
Tempo dos Flamengos – examinaremos os meios pelos quais as reformas religiosas,
presentes no século XVI, exerceram influências nas mentalidades e práticas dos
flamengos ao ocuparem as terras brasileiras. Nesse bojo de análises, este artigo vem com
a principal função de analisar e refletir a teoria e prática do Calvinismo no caso indígena
brasileiro. A fim de alcançarmos este preceito, utilizaremos como referência o vínculo
entre os calvinistas e as existentes tribos indígenas durante o transcurso da ocupação
holandesa em Pernambuco, destacando a influência em diversos campos, principalmente
no que concerne tal influência para com outro povo, outra cultura, outra língua e outra fé.
Nome: Ábda Tércia Borges Pereira
Título: Resistência e luta: povos indígenas do sertão brasileiro
Orientador: Reinaldo Forte Carvalho
Coautoria: Não
Resumo: Este estudo é parte de minha pesquisa monográfica que estou realizando que
tem como objetivo analisar os conflitos contra as populações indígenas no Sertão da
Capitania de Pernambuco no século XVIII. A história dos povos indígenas nos sertões do
Nordeste do Brasil consiste em vários relatos de violência, esbulho de terras e etnocídio
contra as inúmeras populações tribais. Desse modo não há como silenciar o que está
explicitado pela própria documentação da época, ainda que por muito tempo a
historiografia tenha optado por escondê-la. A trajetória de lutas travadas entre índios e os
colonizadores no Brasil foi registrada desde a chegada das primeiras expedições, em 1500
e se estende até os nossos dias. As estratégias de controle e domínio sobre as possessões
coloniais se configuravam como um mero elemento atenuante na consolidação da
conquista dos territórios coloniais que devido os próprios colonizadores portugueses
negligenciaram a ocupação dos sertões coloniais.
Nome: FLAVIA RIBEIRO DE SOUSA
Título: APAZIGUANDO CONFLITOS E ENRIQUECENDO OS CÉUS: o papel dos
missionários na conquista dos sertões das capitanias do norte do Estado do Brasil
(século XVII e XVIII).
Orientador: Profa. Dra. Kalina Vanderley
Coautoria: Não
Resumo: A formação da sociedade colonial só se tornou possível à medida que foram
sendo “civilizados” os índios que habitavam o litoral. Entre estes os conhecidos como
tupis, ao longo do tempo foram se aliando aos conquistadores, transformando-se em mão-
de-obra para a conquista. Durante o período de conquista e ocupação dos sertões “a Coroa
foi chamada a intervir, em realidade, quando os particulares se depararam com um
obstáculo intransponível para a instalação de suas fazendas de gado: a resistência
indígena.” (SILVA, 2010, p. 27). Esses colonizadores sabiam que era necessário
“civilizar” o interior. Para isso, seria necessário, primeiramente, doutrinar as tribos
indígenas que persistiam em relutar contra à colonização. Para combater essas diferentes
tribos indígenas que dificultavam a expansão territorial para os sertões, uma das
estratégias utilizadas pela Coroa foi a atuação dos frecheiros, que são índios “pacificados”
combatendo os levantados do interior. Os frecheiros atuaram de forma extremamente
relevante nessas conquistas. Os missionários faziam um duplo processo: ganhavam almas
para igreja e “civilizavam” os índios, o que possibilitava a colonização. Através da
60
catequização os religiosos trabalhavam para a dilatação da cristandade e conseguiam
acalmar os conflitos entre os colonizadores portugueses e os povos indígenas. “Sendo um
dos pilares sobre os quais se deu a expansão territorial para o interior, as missões, […] se
convertiam em barreiras de proteção contra ataques dos índios ‘hostis’ aos espaços já
ocupados pelos portugueses. (GATTI, 2011, p. 57). Compreendemos que a Igreja católica
buscou se fazer presente no processo de interiorização das conquistas na América
portuguesa. Entendemos também, que os missionários que viajavam para o sertão,
realmente, tinham a convicção da necessidade de “salvar” aqueles povos “bárbaros”.
Contudo, esses religiosos eram extremante úteis para o sucesso das conquistas. Uma vez
cristianizados, os indígenas não apresentavam mais perigo a empreendimento luso, além
disso serviam de aliados a novas empreitadas.
Nome: Flávia Bruna Ribeiro da Silva Braga
Título: República, jacobinismo e liberdade: a revolução francesa em Pernambuco
(1796-1802)
Orientador: Isabel Martins Guillen
Coautoria: Não
Resumo: O trabalho busca traçar os principais aspectos da presença francesa em
Pernambuco durante o período entre o final do Diretório e o início da Era Napoleônica,
em correlação com os acontecimentos políticos locais durante os governos de José Tomás
de Mello e da Junta Governativa em Pernambuco. Como intuito principal, as
características externas e internas da Capitania de Pernambuco são analisadas como
forma de entender a Conspiração dos Suassunas de 1801.
61
CO 3) História do Século XIX e do Brasil Império
23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
Nome: Elisiane Araújo Cordeiro
Título: Ação Policial e Resistência Escrava No Recife de 1880
Orientador: Wellington Barbosa da Silva
Coautoria: Não
Resumo: Este texto tem por objetivo estudar o papel desempenhado pela polícia no
controle dos escravos do Recife em 1880. Dessa forma busca investigar os mecanismos
policiais utilizados neste tipo de controle, bem como as suas limitações e se,
concomitantemente a este processo, o movimento abolicionista produziu mudanças no
trabalho repressivo da polícia contra os escravos. Evidentemente, uma vez que se
pretende estudar o papel da polícia no concernente ao controle da escravaria, necessita-
se realizar uma identificação das formas encontradas pelos escravos recifenses de burlar
a ação policial.
Nome: Alisson Henrique de Almeida Pereira
Título: OS “DESVIOS” DE CONDUTA NAS FREGUESIAS DO RECIFE
OITOCENTISTA: A POLÍCIA E O PROGRESSO
Orientador: Wellington Barbosa da Silva
Coautoria: Sim
Resumo: O trabalho em tela visa traçar um esboço acerca do ideário civilizatório que
permeou o cotidiano recifense da segunda metade do século XIX a partir do discurso
médico-higienista e sua receptividade/interação por parte dos populares citadinos.
Constituindo-se como elemento mediador dessa relação, o aparato policial – o qual foi
responsável pela fiscalização das normas instauradas ou, na revelia, pela correção das
posturas “incivilizadas” – também se apresenta neste estudo como nosso objeto de
interesse. O trabalho é norteado pela implementação do mercado público da freguesia de
São José (1875) e como esta estrutura que conduzia a modernidade trouxe consigo
mudanças socioculturais àquele contexto. Para tanto, iremos nos valer dos relatórios da
Inspetoria de Saúde Pública, dos documentos legais de Posturas Municipais e cartas dos
leitores que escreviam aos jornais daquele período.
Nome: JOAO BATISTA CARVALHO DE SOUZA
Título: Salgueiro Que Muito Esquece
Orientador: Kennya Lima de Almeida
Coautoria: Não
Resumo: O trabalho apresentado visa levantar fatos sobre a vida de Antonio Joaquim
Soares, homem que ajudou a construir a cidade de Salgueiro, mas pouco lembrado por
escritores locais. Trata-se de um trabalho biográfico, de difícil produção, pois há poucos
registros sobre sua vida. O padre já veio de sua terra com um patrimônio considerável,
pois tinha origem de família rica. Chegando então ao sertão com pensamentos de tentar
mudar a história daquele lugar, começou sua empreitada para a fundação da Freguesia do
Salgueiro, dando início no ano de 1842 ao empreendimento. O padre adquiriu várias
propriedades e nelas construiu várias casas, entre elas sua própria moradia, o prédio da
antiga Prefeitura (sesquicentenário) que hoje abriga a Câmara Municipal de Salgueiro.
Acreditamos que o descaso com sua história é por conta do seu suposto pecado, o padre
vai aos poucos se apagando da memória popular salgueirense e todos os documentos que
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o ligam a igreja (livros de 1842 a 1883) foram levados para diocese de Petrolina. Por
conta da dificuldade em reunir informações e desejando aprofundar as obtidas a partir da
bibliografia consultada, entrevistou-se também a senhora Jacinta Anna Vasconcelos
Bezerra, já com a saúde debilitada pela idade, que indicou a localização da documentação
acima citada. Dona Jacinta também conhecida por Dona Sinto, diz que nos arquivos da
paróquia de Santo Antonio, existem três registros assinados pelo padre Antonio Joaquim
Soares. Ouve-se falar em vários homens de destaque na história da cidade, mas porque se
esquecer da pedra fundamental dessa história? Partindo deste ponto, o objetivo da
pesquisa é compreender os caminhos da história local e do imaginário popular que
apontam para resposta da questão acima, ou seja, que desvendam a história da vida e da
obra política de Antonio Joaquim Soares, personagem histórico que virou mito.
Nome: Matheus Amilton Martins
Título: Sobre os escritos bolivarianos: antiguidade clássica e república
Orientador: Renato Pinto
Coautoria: Não
Resumo: Dado trabalho tem por objetivo evidenciar a existência de alusões no ideário de
Simon Bolívar que remontam às estruturas políticas da Roma Antiga, em paralelo com o
Império Britânico, servindo – em certa medida – como modelo para suas pretensões
organizacionais das nascentes instituições grã-colombianas, além de influenciar os rumos
político-ideológicos perseguidos por este. A pretensão deste artigo se relaciona com a
dissertação de Ferreira (2006), no sentido de buscar olhares alternativos para o ideário
Bolivariano, e para a posterior construção da imagem de Bolívar enquanto libertador;
contudo, nos focamos em tentar identificar os momentos em que a referência à Roma
antiga se destaca em sua estrutura discursiva, e ainda que utilizada como instrumento
retórico, identifica a presença do mundo clássico em sua obra. Ademais a obra de Lynch
(2010) nos fornece um roteiro para compreensão da vida e obra política de Bolívar. As
análises contidas no presente trabalho se constituem de leituras comparadas de dois
discursos atribuídos a Bolívar, que se destacam do conjunto de sua obra, por apresentar
mais evidentemente um uso discursivo do mundo clássico. São eles: o Juramento de
Monte-Sacro e O Discurso de Angosturas. Há um universo de inferências no ideário da
libertação da Américas. Este jogo discursivo está para muito além de uma exclusiva
contribuição liberal iluminista. É necessário arguir por outros caminhos para ampliar a
compreensão das relações com o passado, e possibilitar o entendimento de seus usos.
Assim, se almeja abrir uma nova rota de investigação, que não se limita a relação dos
movimentos de independência com a ideologia de seu tempo histórico, mas se arvora em
mergulhar na busca das apropriações e dos usos do passado, neste caso da Antiguidade
Clássica, na emancipação da América Latina. Estabelecendo assim um nexo contundente
entre tais momentos históricos, não perceptíveis à primeira vista.
Palavras-chaves: Ideário bolivariano; Usos do Passado (Antiguidade Clássica); Discursos
de Bolívar.
63
CO 4) História do Século XX 1
23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
Nome: Marcos Maurício Costa Freitas
Título: “A sagrada oficina das almas”: uma análise da educação portuguesa
salazarista e suas bases ideológico-políticas na formação da Pátria.
Orientador: Giselda Brito Silva
Coautoria: Não
Resumo: Em nossa pesquisa, estudamos a juventude salazarista e as formas de
organização, doutrinamento e orientação política no campo educacional. Conforme
veremos, a educação em Portugal era portadora de projetos políticos e ideológicos muito
próximos dos projetos educacionais da Alemanha nazista, da Itália de Mussoline, mas,
tinha como principal preocupação educar os jovens para a missão colonial em África,
desta forma, a educação passa a ter como missão formar jovens sob a ideologia
nacionalista e, ao mesmo tempo, preparar os jovens para a missão colonial portuguesa.
Para isto, o governo de Salazar contou com o apoio da Igreja Católica e seus intelectuais.
Alguns autores portugueses, defendem que estes princípios educacionais se destinavam a
inculcar nos alunos as ideias de “Deus, Pátria, Família e amor pelo cantinho natal”,
conforme nos diz Maria Filomena Mônica, uma de nossas autoras de pesquisa.
Nome: Bianca Maria Pereira Guedes Alcoforado, Matheus Pinheiro de Oliveira,
Rodrigo Cesar Firmino da Silva e Thaylinne Julião do Nascimento
Título: Angola e Moçambique: O olhar lusitano sobre uma colônia de além-mar
Orientador: José Bento Rosa da Silva
Resumo: Esta pesquisa pretende-se um exame Histórico/ literário (WHITE, 1992) ao que
se refere às descrições do “outro” explicitadas pelos Cadernos Coloniais e pela coleção
Moçambique: Documentário Trimestral, no período compreendido entre 1920- 1960.
Tem desse modo ênfase nas décadas de trinta e quarenta, período em que Salazar procurou
implementar uma Estado centralizador tanto na metrópole quanto nas colônias, que a
partir da década de cinquenta passaram a ser denominadas de Províncias Ultramarinas.
Neste sentido, esse estudo irá analisar como as fontes dantes citadas, produzidas por
intelectuais e militares portugueses, com o aval do ‘Império português’, construíram a
imagem de Angola de Moçambique, no período compreendido entre 1920- 1960. Assim
se tornará possível desenvolver o principal objetivo do estudo, que é discutir sobre o
advento da rede ferroviária nestes dois países e analisar qual era o intuito dos
colonizadores ao divulgar os “caminhos de ferro” como uma obra de grande cunho
civilizatório. Portanto o acesso a estas fontes possibilitarão lançar um olhar sobre alguns
estereótipos que ainda hoje são reproduzidos acerca do continente africano, em virtude
do olhar imperialista e colonialista do passado e que precisam ser desconstruídos. Neste
sentido, investigar a visão do colonizador português sobre a então colônia Angola e
Moçambique será um exercício de desvelamento da real sociedade angolana, que ao longo
do período de colonização foram representadas numa via unilateral, qual seja, pela
‘história vista de cima’, por um discurso único. A pesquisa que propõe este trabalho
inclui-se na linha historiográfica da chamada História Cultural, e tendo como fonte as
coleções “Cadernos Coloniais”, “Moçambique: Documentário Trimestral” e o jornal
“Gazeta dos Caminhos de Ferro”, a metodologia proposta é composta de uma base meta-
histórica (WHITE, 1992) que será a análise literária das estratégias narrativas dos diversos
autores, seguida de uma abordagem historiográfica e discursiva das descrições
64
selecionadas em sua relevância a partir da análise das fontes. É importante também
salientar que as fontes antes mencionadas estão digitalizadas e disponíveis no portal
“Memórias de África e do Oriente”, de responsabilidade da Universidade de Aveiro,
juntamente com a Fundação Portugal-África e também no portal Hemeroteca Digital de
Lisboa.
Nome: Caroline de Alencar Barbosa e Mônica Porto Apengurg Trindade
Título:A Segunda Guerra atinge Sergipe: Observações Iniciais sobre Aspectos do
Cotidiano de Aracaju
Orientador: Prof. Dr. Dilton Cândido Santos Maynard
Resumo: O projeto "O Nordeste e a Segunda Guerra Mundial: Narrativas do Cotidiano"
se propõe a relacionar o Nordeste com a Segunda Guerra Mundial e destina-se a preencher
lacunas historiográficas principalmente no âmbito sergipano, considerando o
envolvimento traumático de Aracaju no conflito mundial. Este plano investiga sobretudo
a forma de combate aos cidadãos que viviam em Sergipe no período, bem como se
observa o tipo de tratamento dispensado a estrangeiros e integralistas, considerados
"inimigos" do país. A pesquisa desenvolve-se a partir da análise de processos-crimes,
relatórios, discursos, verificando tanto a repercussão dos torpedeamentos nos jornais
locais, quanto o posicionamento destes em relação aos estrangeiros e integralistas.
Através da análise da documentação, pretende-se traçar um perfil dos possíveis suspeitos
envolvidos no ocorrido, procurando entender se as suspeitas eram pertinentes, ou se não
passavam de xenofobia e perseguição política.
Nome: Thaís da Silva Tenório
Título: Arte e Política no Tempo Presente: A Segunda Guerra Mundial nas obras de
Garth Ennis e Julius Ckvalheiyro
Orientador: Prof. Dr. Dilton Cândido Santos Maynard (DHI-UFS)
Coautoria: Não
Resumo: Esta pesquisa analisa a abordagem da II Guerra Mundial através de histórias em
quadrinhos (HQs), a fim de entender como o grande conflito do século XX é retratado
por estas. Considerando as narrativas em HQs como produções culturais que instigam
reflexões sobre linguagem verbal e visual, integradora poderosa de imagens e textos, é
fundamental compreender tais registros como relevantes ao tempo presente. Na pesquisa
serão investigadas algumas das produções quadrinísticas que realizaram leituras do maior
conflito do século XX, procurando estabelecer relações entre as imagens e o contexto em
que as mesmas estavam inseridas, observando o modo como o ambiente é retratado e
como os quadrinhos remontam um dos momentos mais trágicos da nossa história. Para
esta comunicação selecionamos as revistas War-Histórias de Guerra (2011), escrita por
Garth Ennis e Guerra:1939-1945 (2002), redigida por Julius Ckvalheiyro, onde buscamos
analisar desde os elementos referentes a imagem, até a contextualização que os autores
produziram para introduzir o leitor aos ambientes históricos abordados.
Palavras-chave: Segunda Guerra, Produções Culturais, HQ’s.
Nome: Larissa Kymberli Lopes da Silva
Título:O Lazer e as Sociabilidades Sertanejas nas páginas do Jornal "O Pharol".
Orientador: Ana Clara Farias Brito
Coautoria: Não
Resumo: O presente trabalho aborda as formas de lazer e sociabilidades propostas no
início do século XX pelos membros da elite de Petrolina-PE, que desejava enquadrar a
cidade aos ideais modernizadores do contexto do início da República. Com a expansão
65
do capitalismo industrial europeu há a sincronização e a padronização do trabalho, e
devido aos novos parâmetros ocorreu à cisão entre o tempo de trabalho e o tempo livre.
A partir dessa divisão, intensifica-se a relação tempo/espaço sendo necessário um
ambiente de sociabilidade para ocupar o tempo que se tornaria livre, e paralelamente,
induzisse as práticas do lazer moderno. Desta forma, com a apropriação do jornal “O
Pharol” – maior periódico da região - a elite Petrolinense propagou seus anseios
civilizadores e modernizadores. O periódico sertanejo que utilizamos como fonte de
investigação, empenhou-se em difundir um discurso em torno das reformas sociais, na
reformulação e adesão de novos espaços físicos locais, como a construção de cinema e
teatro. Evidenciou-se, nas páginas do periódico, o desempenho da filarmônica “21 de
Setembro”, e do grupo de musicistas “Filhas de Mozart”, expondo seus trabalhos musicais
em eventos públicos e privados. Petrolina adota também outras práticas do lazer moderno.
A fundação de dois clubes de futebol em 1921, o “Petrolina Foot Ball Club” e o “Leão
do Norte Foot Ball Club”, representa a introdução da cidade a realidade almejada, pois o
futebol no momento era um esporte praticado nas grandes capitais e que aos poucos,
estava sendo inserido no cotidiano dos sertanejos com a pretensão de levar a cidade ao
rumo do progresso.
Nome: Barbara Elisa de Souza Rolim Cavalcanti
Título: Propagações do Saber Médico através da Imprensa Periódica do Vale do São
Francisco. 1915-1930
Orientador: Ana Clara Farias Brito
Coautoria: Sim
Resumo: O presente trabalho possui como objetivo entender o processo de modernização
no sertão pernambucano, destacando a inserção do saber médico no Vale do São
Francisco, nas primeiras décadas do século XX. Aborda-se neste estudo a importância
dos médicos na construção de um ideário moderno. A pesquisa tem como fonte de estudo
o periódico “O Pharol”, jornal de maior circulação na região entre os anos de 1915-1930,
e um dos únicos disponíveis para estudos. O mesmo enfatiza uma reorganização dos
espaços, hábitos, costumes e pregava um novo estilo de vida voltado para práticas
salubres e modernas. Nas páginas do periódico os intelectuais reivindicavam a
implantação de farmácias, chegada de médicos, combate as doenças epidêmicas,
propagando medicamentos recomendados por este grupo que galgava mais espaços de
poder. A partir dessas cobranças, farmácias foram instauradas e cada dia mais
consultórios eram criados e médicos divulgavam seus serviços Em 1920 as práticas
salubres, atingem os espaços públicos através dos códigos de postura exigidos, pelo Dr.
Pacifico da Luz que naquele ano assume a prefeitura e em seu governo fez com que os
espaços públicos sejam também espaços saudáveis, denotando um sinal de
desenvolvimento social. A pesquisa analisa ainda se expedições sanitaristas ocorridas no
início do século XX, nas cidades de Juazeiro-BA e Petrolina-PE pelos médicos Artur
Neiva e Belisário Penna vindos da capital; podem ter influenciado no discurso do jornal
e na preocupação de formar um pensamento sanitarista, já que os mesmos escreveram
relatórios descrevendo a região em diversos aspectos, principalmente suas condições
insalubres e propicias a propicias a proliferação de doenças, implantando no local um
posto de profilaxia.
66
CO 5) História do Século XX 2
24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
Nome: Edla Tuane Monteiro Andrade
Título:RASTROS DEIXADOS PELA SOCIEDADE SERGIPANA ATRAVÉS DO
DIÁRIO OFICIAL DE SERGIPE (1895-1900).
Orientador: Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos
Coautoria: Sim
Resumo: São poucos os trabalhos da historiografia sobre a imprensa em Sergipe. Afora
alguns trabalhos acadêmicos, servem como referência textos de Armindo Guaraná (1913),
Sebrão Sobrinho (1947) e Acrísio Torres de Araújo (1993). Longe de ser apenas um
veículo propagador de ações de Estado, o Diário Oficial de Sergipe revela facetas
importantes da História e da Cultura de Sergipe e para a pesquisa histórica. O presente
trabalho será pautado pela análise do papel da imprensa oficial no período de transição
entre os regimes de governo: Monarquia e República. Em suma, pretende-se aqui uma
interpretação preliminar do conteúdo veiculado no Diário Oficial, para que a partir destas
notícias seja possível obter um panorama acerca dos diversos aspectos da sociedade neste
período. Vale ressaltar que também se apresenta como um resultado preliminar de projeto
desenvolvido no Arquivo Público de Sergipe (APES).
PALAVRAS-CHAVE: Imprensa – Diário Oficial – Sociedade Sergipana
Nome: Fabelly Marry Santos Brito e Paulo Montini de Assis Souza Júnior
Título:O cotidiano dos subúrbios da Belle Époque carioca por Lima Barreto.
Orientador: Regina Coelli
Coautoria: Sim
Resumo: Neste artigo procuraremos apresentar como o intelectual Afonso Henriques de
Lima Barreto conseguiu, por meio de seus inúmeros escritos, retratar a outra face de sua
cidade natal, o Rio de Janeiro, no período historicamente conhecido como Belle Époque.
Pela análise de seus artigos para revistas e de suas crônicas para jornais, pretendemos
mostrar como o autor retratou o subúrbio e os suburbanos por meio de sua escrita
‘’ácida’’, proporcionando, também, o surgimento do que ficaria conhecido mais tarde
como jornalismo literário (ou crônica jornalística). Dessa maneira, iremos fazer essa
análise nos utilizando de obras como O Triste fim de Policarpo Quaresma e Os
Bruzundangas, além de Feiras e Mafuás, Vida Urbana e Marginália.
Nome: Juliana de Santana Duarte
Título:Mulher sertaneja, mulher moderna: Mundos femininos na imprensa
periódica do Vale do São Francisco 1915-1930
Orientador: Ana Clara Farias Brito
Coautoria: Não
Resumo: O trabalho aqui apresentado tem como objetivo abordar como as alterações
trazidas com a modernidade afetam o papel social das mulheres do Vale do São Francisco
nas primeiras décadas do século XX. É observado estas adequações através do jornal de
maior circulação da região: o Pharol, que em suas páginas divulgava os requisitos
necessários à mulher moderna. O periódico contribuía ativamente na formação de novos
valores, ideias e hábitos e no seu discurso a figura feminina é exposta nos poemas e
crônicas como aquela que deve ser educada para o desempenho das atividades do lar, e
criação dos filhos para serem bons cidadãos e contribuir, assim, para o progresso do lugar
67
em que vive. A partir de 1920 outros aspectos direcionados a mulher surgem nas
publicações do periódico como aqueles ligados a saúde da mesma sendo dedicado parte
do jornal às propagandas de remédios que ofereciam prevenção e cura de diversas
doenças. Desta forma, o trabalho aqui apresentado pretende problematizar a mulher
moderna divulgada no periódico sertanejo de maior circulação na região, destacando-se
as novas formas de lazer, os novos hábitos de consumo e seu papel de provedora da moral
familiar que resultaria na criação de cidadãos aptos a viver no mundo moderno.
Nome: José dos Santos Costa Júnior
Título:Notas sobre uma infância problema: medidas assistenciais e concepções
educacionais em Campina Grande – Paraíba (década de 1930)
Orientador: Profa. Dra. Regina Coelli Gomes Nascimento
Coautoria: Não
Resumo: O artigo problematiza dados de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida junto
a Unidade Acadêmica de História da Universidade Federal de Campina Grande através
do projeto “Conselho higiênico: sensibilidades e saberes escolares em Campina Grande
– Paraíba (1920-1940)” cujo objetivo principal é investigar a construção do corpo
educado e disciplinado de estudantes da cidade de Campina Grande, Paraíba, no período
supracitado, através da análise dos discursos cívicos, patrióticos, militaristas e
pedagógicos divulgados na época. Tal pesquisa tem sido realizada a partir da consulta e
análise do material existente nos arquivos do Estado da Paraíba. A documentação
selecionada no decorrer desta pesquisa consta de Leis, Decretos, Resoluções, atas,
periódicos locais, a exemplo da Revista Evolução, dentre outros. O texto que visamos
apresentar, especificamente, tem como objetivo problematizar as medidas assistenciais
propostas pelo governo da cidade de Campina Grande e do Estado da Paraíba na solução
do “problema da infância”, caracterizado, segundo discursos da época, pela falta de
padrões morais rígidos e pela “desestruturação” da família, o que teria comprometido
moral e materialmente a formação das crianças. Tendo em vista que o começo do século
XX foi marcado por um forte investimento nas políticas educacionais, como demonstram
Dávila (2006), Câmara (2007), Carvalho (2007), Monarcha (2007) e Oliveira (2012),
dentre outros autores, é possível compreender que a escola passou a desempenhar um
papel importante e estratégico na formação do “homem brasileiro”. Neste sentido,
buscamos refletir sobre as preocupações e motivações do governo da cidade de Campina
Grande e da Paraíba na formulação de projetos de educação que visavam corrigir e
disciplinar o corpo de crianças. A infância abandonada era vista como um problema social
nos anos 1930 e por isso mesmo uma série de investimentos jurídicos e políticos visaram
normatizar e controlar as crianças lidas como criminosos em potencial, segundo teorias
científicas que circulavam naquela época como a do médico Moncorvo Filho. Nosso
artigo tem como principal objetivo problematizar a construção discursiva dessa infância
considerando-se a trama de saberes e poderes que se articularam naquela época para
construírem significados e formas de controle e normatização para essa infância vista sob
os signos da delinquência e da marginalidade. Metodologicamente a nossa reflexão é
tecida a partir da análise do discurso de periódicos como o jornal “A voz da Borborema”
de 1937, textos jurídicos como o Código de Menores e decretos locais, e a Revista de
Ensino do Departamento de Educação da Paraíba.
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Nome: JUZIVAN BELARMINO DE LIMA
Título: “Petrolina avança, no largo caminho do progresso”? Os homens de letras e a
representação da modernização do Vale do São Francisco através do jornal O
Pharol 1915-1930.
Orientador: ANA CLARA FARIAS BRITO
Coautoria: Não
Resumo: O trabalho aqui proposto busca apresentar algumas reflexões da pesquisa Os
Homens De Letras E A Modernização Do Vale Do São Francisco Através Do Jornal O
Pharol 1915-1930. O objetivo do trabalho é compreender a atuação dos intelectuais no
possível processo de Modernização de Petrolina-PE, propagado no jornal que durou mais
tempo no sertão pernambucano: o Pharol. O periódico tem início nos anos de 1915 e conta
com a engajada participação dos intelectuais da região. Para entender o papel dos mesmos
analisamos os textos publicados entre os anos de 1915-1930, na intenção de identificar os
sujeitos, assim como, os anseios de modernidade expostos nos artigos escritos. Os textos
do Pharol são intercalados com um referencial teórico que trata sobre os conceitos de
Modernidade, Civilidade e História da Imprensa. Durante o tratamento com as fontes foi
possível inferir que os discursos propagados pelo jornal levam a uma pretensa mudança
na cidade e sua modificação no que tange aos hábitos e costumes de sua população.
Nome: MARIA REJANE DA SILVA
Título:Intolerância e demonização das práticas religiosas afro-brasileiras na cidade
de Petrolina/PE nos anos 40 e 70
Orientador: Harley Abrantes Moreira
Coautoria: Não
Resumo: Esse texto teve como objetivo central discutir e analisar as relações de
alteridades e a construção das identidades estabelecidas entre pentecostais e religiões
afro-brasileiras na cidade de Petrolina nos anos 40 e 70. Baseamos a argumentação em
torno de uma bibliografia especifica e de fontes escritas e orais produzidos na cidade. O
cruzamento dos depoimentos com os documentos primários, mais precisamente, com um
artigo publicado no jornal O Pharol em 1948 nos mostram que os grupos pentecostais e
também a elite petrolinense estabeleceram visões marcados pela desconfiança e
intolerância com as religiões afro-brasileiras e seus adeptos. Sob o 'alerta de um perigo',
o artigo publicado classificava os curandeiros como praticantes de uma medicina ilegal e
causadores do atraso social da cidade. Separando rigorosamente o bem do mal,
assembleianos se colocavam como portadores de uma identidade religiosa hierarquizada
e superior, onde as religiões afro-brasileiras não passavam de obras demoníacas e seus
adeptos de agentes do mal.
Nome: Maria Viviane de Melo Silva
Título:A Memória social e as lembranças palmeirenses refletidas no cotidiano da
década de 1960.
Orientador: Francisca Maria Neta
Coautoria: Não
Resumo: Este artigo tem como propósito estabelecer um diálogo sobre a importância da
memória coletiva no município de Palmeira dos Índios para uma análise do cotidiano na
década de 1960. O estudo consiste em analisar a importância da memória e das
lembranças daqueles que moravam e vivenciaram o período já citado, investigando o
contexto da cidade a partir da memória social, fazendo-nos conhecer o que englobava a
sociedade da época através da memória. Esta análise é ancorada no recorte teórico da
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História Oral e Memória, tendo como principais referências teóricas Antônio Torres
Montenegro, Jaques Le Goff, Ecléa Bosi e Maurice Halbwachs. A importância dessa
proposta faz-se relevante pela análise da sociedade palmeirense a partir da memória das
pessoas, possibilitando a valorização de suas reminiscências para a edificação de uma
identidade social.
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CO 6) História do século XX 3
24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
Nome: Cícero Renan Nascimento Filgueira
Título:A modernização do Repente de Viola e os Impactos na sua Dinâmica
Orientador: Prof.ª Dr.ª Isabel Cristina Martins Guillen, UFPE.
Coautoria: Não
Resumo: O Repente de Viola é um dos fenômenos de cultura popular mais difundido no
Nordeste, principalmente nas áreas sertanejas de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do
Norte e Ceará. O desenvolvimento desse fenômeno é de longo prazo na nossa história,
porém ao longo do século XX começou-se a transforma-se em um processo de
modernização e midiatização. Câmara Cascudo no prefácio de “Cantadores” de Leonardo
Mota chama-nos atenção para o fato de que até 1921 as grandes cidades, como as capitais,
pouco ou quase nada se via de poetas populares. Porém, tal fato muda com os estudos
folclóricos que já haviam iniciado desde o final do século XIX com, por exemplo, Silvio
Romero. E, aliado aos estudos folclóricos, vemos o florescer da modernização nas cidades
do interior com a chegada de novas tecnologias (o rádio, por exemplo). O repente passa
a ser estudado de forma mais sistemática e acaba por ganhar uma roupagem mais
urbanizada, ao passo que cada vez mais a população dos grandes centros urbanos passam
a ficar mais íntimos desse fenômeno. Os poetas passam a migrar esporadicamente para
os grandes centros urbanos para cantar nos grandes mercados, praças, praia, etc. Com os
congressos de viola das grandes cidades (o primeiro foi em 1949 no Recife) marca a
anexação definitiva do repente de viola como integrante, agora, ao meio urbano dos
grandes centros. Portanto, o presente trabalho pretende mostrar como os discursos
modernizantes da elite intelectual e econômica alterou a dinâmica do repente e os
impactos desses na cultura popular do repente de viola.
Nome: Taísa Fernanda de Souza
Título:Os ritos da mesa e a história da culinária nordestina na perspectiva de
Gilberto Freyre e sua obra Casa-Grande & Senzala.
Orientador: Kennya Almeida
Coautoria: Não
Resumo: O presente trabalho aborda os costumes e tradições da culinária nordestina, em
especial, o registro da culinária pernambucana, a partir da obra Casa-Grande e Senzala de
Gilberto Freyre. Para o autor houve uma significativa troca de valores culturais, cujas
marcas se manifestam de maneira visível no nordeste do Brasil; onde a culinária é fruto
de um passado caracterizado principalmente pela influência da cultura indígena e africana
mescladas aos gostos europeus. No nordeste os temperos europeus e indígenas se
harmonizaram com os sabores da África. Através do estudo da arte de cozinhar pode-se
chegar a um passado que se reflete no presente, muitas das nossas práticas atuais em torno
da mesa revelam a maneira pela qual a sociedade se organiza, e de como os membros
desta se relacionam com o outro a comida servida nas casas coloniais fazia alusão à
origem social da família da casa-grande. Grandes jantares e banquetes eram organizados
pelos senhores de terra para ostentar poder, tratar de negócios e debater política. A
diferença social aparecia, geralmente, nos tipos de alimentos e na diversidade dos pratos
servidos na casa-grande ou no mocambo. Muitas comidas que no Brasil não se
encontravam com facilidade, só eram vistas em jantares oferecidos para a burguesia a fim
de demostrar poder e luxo. Bem antes que a historiografia brasileira viesse a debater a
71
identidade da nação, Freyre descortinava a história do Brasil e difundia que não existem
culturas isoladas. Levando em consideração seus pressupostos teóricos, deseja-se
compreender a partir da culinária do comportamento social em torno da mesa, traços da
história sociocultural do sertão pernambucano. Para tanto, realizou-se um levantamento
bibliográfico e documental em acervos locais e entrevistas com mulheres da localidade.
A pesquisa, que ora encontra-se em fase de desenvolvimento, é uma realização do Núcleo
de Pesquisa em História Cultural da FACHUSC.
Nome: Raquel Silva Maciel
Título: Tramas escritas, vozes cantadas: A literatura popular e a imagem do Sertão
em Câmara Cascudo
Orientador: Profa. Dra. Regina Coelli Gomes Nascimento
Coautoria: Não
Resumo: Luís da Câmara Cascudo é conhecido nacional e internacionalmente por seus
estudos no tocante a cultura popular brasileira. Nas mais de 150 obras que produziu,
buscou encontrar uma origem para os gestos e práticas sociais e culturais. No início de
sua carreira intelectual, já realizava tal movimento produzindo obras centradas no estudo
de manifestações populares, incluindo aquelas apontadas como as que o levaram ao
reconhecimento nesse campo de estudo, “Viajando o sertão” (1934) e “Vaqueiros e
Cantadores” (1939). Essas são construídas a partir de seu contato com o ambiente
sertanejo, ocorrido na infância e parte da juventude através de suas viagens para o interior
do Rio Grande do Norte e da Paraíba buscando a cura de problemas de saúde e
posteriormente quando iniciou nessa mesma região suas pesquisas etnográficas. As obras
apresentam um traço marcante das produções cascudianas, isto é, a busca por raízes do
seu objeto de estudo, sendo esse no caso desses escritos a literatura popular através da
poesia sertaneja e da literatura de cordel. Objetivamos realizar nesse ensaio, a construção
de uma narrativa que analise por meio dessas obras a criação de uma imagem para o
Sertão. Para isso, se faz necessária a problematização acerca das influências pessoais e
intelectuais, e dos elementos constitutivos presentes em ambas as obras que
possibilitaram a imagem de Sertão que Cascudo fabrica. Este trabalho tem como premissa
básica, problematizar alguns conceitos frequentes nas obras de Cascudo, como por
exemplo, a noção de literatura popular, cultura popular e manifestações sertanejas. Neste
sentido, nossa análise é construída a partir da interlocução com autores que refletiram
sobre estas, tais como Michel de Certeau (2009), José Alves Sobrinho (2003) e Mirella
Santos Farias (2001).
Palavras-chave: Literatura popular. Câmara Cascudo. Cultura popular. Sertão.
Nome: Humberto Rafael de Andrade Silva
Título: Um outro olhar sobre o Recife: O discurso preservacionista em Mário
Carneiro do Rêgo Mello.
Orientador: Sylvia Costa Couceiro
Coautoria: Sim
Resumo: O início do século XX foi, no Recife, uma época de transformações profundas.
A cidade passava por uma intervenção urbana de grande porte, com a reforma do Porto e
do Bairro do Recife, que previa a modernização portuária, a redefinição do traçado do
porto e do Bairro portuário como forma de otimização do comércio, com a abertura de
largas avenidas, a relocação dos moradores e a demolição de edificações que se
constituíam em marcos e referência da cidade, a exemplo do que ocorrera em outras
grandes cidades como Paris e Rio de Janeiro. Em meio à euforia da maioria em relação à
modernização que se dava na cidade, um grupo de intelectuais vão agir no sentido da
72
preservação do legado histórico da cidade, eles se dividiam em dois grupos: de um lado,
alguns integrantes do Movimento Regionalista liderados por Gilberto Freyre e Aníbal
Fernandes, que defendiam a causa preservacionista através da Inspetoria Estadual de
Monumentos Nacionais, e, do outro, o jornalista Mário Melo, integrante do Instituto
Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano. Empreendendo debates longos e
acirrados em alguns periódicos da época, esses intelectuais buscavam validar suas visões
e práticas no que concerne a conservação dos edifícios históricos influenciando
diretamente na construção da memória da cidade pelos seus habitantes. Como
consequência desse processo, e já com algumas ideias consolidadas no que diz respeito à
prática preservacionista, todo o processo de reforma do Bairro de Santo Antonio (1927-
1943) foi marcado pela reminiscência dos acontecimentos e discussões ocorridas durante
a reforma do Bairro do Recife e uma oposição mais organizada em relação a derrubada
dessas edificações importantes para a história da cidade. É também nesse período que
pela primeira vez a cidade foi pensada como objeto de planejamento urbano como um
todo, diferente, por exemplo, a intervenção pontual ocorrida no bairro do Recife duas
décadas atrás. Nesse contexto as questões levantadas pelo intelectual Mário Carneiro do
Rêgo Mello em diversos periódicos à época tiveram um papel fundamental na defesa às
edificações consideradas possuidoras de um legado histórico para a cidade. O objetivo
desse trabalho é expor uma análise conjuntural, a partir de uma seleção de a fontes, das
campanhas preservacionistas empreendidas por esse intelectual através dos periódicos
durante o processo de reforma do Bairro de Santo Antônio e algumas das principais
influências que dirigiam esse discurso. Palavras chave: Patrimônio Histórico,
Preservação, Mário Melo, Discurso.
Nome: Gabriela Borba de Lima
Título: Da Europa à Várzea do Capibaribe? As apropriações dos contos medievais
na obra de Francisco Brennand.
Orientador: Rozélia Bezerra
Coautoria: Não
Resumo: Ao se falar sobre as obras do pintor e escultor Francisco Brennand, normal e
instantaneamente é feita uma associação com os tabus sexuais da sociedade
contemporânea. Para fugir a este clichê, a proposta desse trabalho foi edificada em torno
da série de pinturas intitulada “Chapeuzinho Vermelho”, da autoria de Francisco
Brennand e do conto homônimo publicado na obra “Contos de Mamãe Gansa”, de Charles
Perrault, que circulou na França no ano de 1697, buscando entender a relação que há entre
o título da história e a pintura de Brennand. Segundo Robert Darnton (2011) durante a
Idade Média esses contos eram repassados oralmente, porém modelados à realidade da
sociedade nas quais que eram difundidos, se tornando mais estáticos após o registro e
compilação. Com o surgimento do Romantismo literário no século XIX, contos similares
foram publicados pelos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, no ano de 1806, tomando como
cenário um mundo mais dotado de “maravilhas” e mais próximo ao território do norte
europeu. Após análise de imagem, foi possível identificar uma apropriação e uso do conto
medieval o que nos habilitar a dizer que houve circulação de saberes entre a Europa
Medieval e a Várzea do Capibaribe.
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Nome: Lucas de Mendonça Furtunato
Título: Mensagens para a História: uma análise historiográfica e poética da obra
literária Mensagem, de Fernando Pessoa
Orientador:
Coautoria: Não
Resumo: Se o solstício de uma nova cultura historiográfica - aquela menos repreensiva
às múltiplas linguagens ressignificantes do mundo – se fez presente, é porque a prática de
tal cultura se fez ao lado de uma compreensão: a de que o historiador tem algo que ver
com o artista, no constante lapidar da pedra-fato-bruto. É, portanto, nas terras que se
percorrem por essas veredas que a presente proposta de comunicação oral ensaiará pôr a
ela mesma, numa análise historiográfica, por excelência, e poética, por encantamento – e
vice-versa –, da obra Mensagem, do célebre poeta português Fernando Pessoa. Obra
prima da língua portuguesa, Mensagem tem por substrato a expansão marítima lusitana,
que se sensibiliza por seus signos de busca, perda e descoberta, e se inscreve no contexto
da elaboração de uma epopeia portuguesa. A astúcia analítica que aqui se empreende é,
portanto, aquela que se coloca entre os dois lugares imagéticos que a literatura se propõe
a engendrar: um lugar paisagístico, animado pelos temas, pelos personagens e pelos
espaços narrados, e um lugar de leitura, onde se processam as intrigas, as inquietações e
as angústias daquele que, lendo, é ávido por revisitações, julgamentos e significações nos
planos conceituais, epistemológicos e narrativos. A região que se coloca entre esses dois
lugares da literatura, um que se definiria definiria real e outro poético, se esculpe mais
por entrecruzos que por indeterminismos entre diferentes matizes do conhecimento e se
posta diante da escrita historiográfica como um ambiente de profunda riqueza nas
reflexões sobre as construções imagéticas nas teias perceptivas que se erguem sobre o
fato histórico e sobre as leituras desse fato. Depois do anúncio que os historiadores
escrevem, para usar a expressão de Ginzburg (O fio e os rastros, Companhia das letras,
2007) essa comunicação oral propõe uma análise de Mensagem por tais termos,
renovando o cânone histórico sobre a temática específica e o papel da literatura para a
reflexão histórica. Certos de que “os problemas de significação puderam ser abordados
de modo senão feliz pelo menos prometedor, a partir do momento em que se caracterizou
mais precisamente a noção de sentido” (TODOROV, T. As estruturas narrativas. São
Paulo: Perspectiva, 2004.) tal estudo, plenamente consciente de sua incompletude, ensaia
contribuir ao campo da representação na história. No que os filósofos contemporâneos
cunharam chamar inferencialismo (BRANDOM, R.), que “exige a movimentação de toda
a rede discursiva e dos conceitos que se articulam validamente, instituindo-a” (VAZ-
CURADO, D. Inferência, expressivismo e a conformação pragmático-normativa em
Robert Brandom) entende-se, aqui, que se pode refletir a História e que é em torno de tal
compreensão que caminha, afinal, ela mesma.
Nome: Daiane Marques
Título: O Reduto de Wilson Lins: O cotidiano e o coronelismo numa obra literária
Orientador: Nilton de Almeida Araújo
Coautoria: Não
Resumo: Busca-se nesse trabalho discutir como ficam as relações cotidianas na ausência
de um coronel em sua localidade. Para isso faremos uma análise de uma obra do escritor
Wilson Lins. O autor nasceu em Pilão Arcado, no sertão baiano. Era filho de um dos
coronéis mais importantes do interior do Nordeste, Franklin Lins de Albuquerque. Além
de escritor, romancista, ensaísta, jornalista e político, foi membro da Academia de Letras
da Bahia. Wilson Lins foi responsável pela publicação de uma trilogia que tem como tema
74
o coronelismo. O primeiro livro chama-se Os cabras do Coronel, tendo sido publicado
em 1964. O segundo deles, O Reduto, data de 1965. O último, Remanso da Valentia, foi
lançado em 1967. As histórias acontecem no sertão nordestino, tendo Remanso, Barra,
Pilão Arcado e Sento-Sé como cenários principais. No primeiro dos livros, a história é
centralizada na figura do Coronel de Pilão Arcado, nos seus desejos, suas vontades e
imposições. O autor focaliza o poder que o Coronel exerce na região, mostrando lutas,
conflitos e disputas. É possível verificar esse poder, pois durante a trilogia o autor sempre
se refere ao Coronel de Pilão Arcado com “c” maiúsculo, usando minúsculo para os outros
coronéis. Na segunda obra, o Coronel recebe um nome, Franco Leal – até então chamado
apenas de Coronel. É válido notar que o foco deste livro se dá justamente na ausência
física do Coronel Franco, que recebe um pedido do governo federal para combater os
revoltosos da Coluna Prestes. No último livro, o Coronel Franco volta a Pilão Arcado
para combater seu adversário, o coronel Torquato Thebas, de Remanso, ocasionando o
grande conflito da trilogia e reafirmando a figura do Coronel Franco Leal como forte,
adorado e temido, por aliados e adversários. Embora formem uma trilogia, os livros
podem ser lidos separadamente, sem prejuízo ao entendimento ou perda do encanto
narrativo do enredo. Uma vez que o coronelismo é normalmente tratado a partir da
presença do coronel, como ele funciona na sua ausência física? Para isso focaremos no
livro O Reduto, que trata da partida do Coronel, deixando a administração local nas mãos
de sua mulher, Dona Bonina. Nesse volume também podemos verificar os aspectos da
vida cotidiana como costumes, festas, trabalhos, relações de vizinhança, amigos e
familiares. Wilson Lins, dessa maneira, trata de um aspecto pouco explorado pelos demais
escritores que abordaram o coronelismo, ao mostrar suas relações corriqueiras. Com isso,
o presente trabalho também dialoga com a historiografia de autores que pesquisaram o
assunto. Como por exemplo, Victor Nunes Leal em seu livro Coronelismo, enxada e voto
de 1949, que tratou o coronelismo partindo da política e da legislação, ao analisá-lo de
um ponto de vista mais geral da organização do Brasil.
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CO 7) História do Tempo Presente 1
24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
Nome: Gabriela Resendes Silva
Título:Antissemitismo no Tempo Presente: O Caso Argentino (1997-1998)
Orientador: Prof. Dr. Dilton Cândido Santos Maynard (DHI/UFS)
Coautoria: Não
Resumo: O presente trabalho objetiva analisar aspectos do fenômeno antissemita presente
na América do Sul, especificando o caso argentino. A pesquisa enfoca os atos de
profanações de túmulos judaicos por membros da Polícia de Buenos Aires, em 1997 e
1998, nos bairros de Tablada e Ciudadela. Para tanto, utilizaremos o jornal Clarín, não
somente como fonte, mas também objeto de análise, como um agente histórico, visto que
buscaremos entender como tais atentados foram apresentados pelo periódico aos leitores
e como se comportou a Comunidade Judaica perante tais atos, principalmente a
Delegación de Associaciones Israelitas Argentina (DAIA).
Palavras-chave: Antissemitismo, Profanações, Violência.
Nome: Anailza Guimarães Costa
Título: Aspectos da extrema direita venezuelana e colombiana na internet: uma
análise comparativa (2005-2013)
Orientador: Dilton Cândido Santos Maynard
Coautoria: Não
Resumo: Na segunda metade do século XX, constata-se em muitas sociedades a crescente
estruturação e o fortalecimento de movimentos neofascistas que, por volta dos anos
1980/1990, ampliaram seu espaço político. A partir da década de 1990, estes grupos
ganharam um novo aliado, a internet. Diferentes organizações de extrema-direita
passaram a utilizar a web para atrair novos adeptos e disseminar suas ideias. Através da
internet, membros de diversos movimentos neofascistas se relacionam, trocam
experiências, propagam o ódio, e divulgam seus ideais de intolerância. Esta pesquisa
propõe realizar o levantamento, classificação e análise dos movimentos de extrema-
direita sul-americana na Internet, a rede mundial de computadores. Inicialmente
selecionamos para análise o site colombiano Terceira Fuerza: Herencia - Tierra-
Comunidad (http://www.tercerafuerzanacion.org/) e o blog Nacional Socialista da
Venezuela (http://nacionalsocialismovenezuela.blogspot.com.br/). Para tanto,
utilizaremos a História Comparada e observaremos como um mesmo problema - o
ressurgimento de ideais neofascistas - atravessa duas realidades distintas e veremos como
estes grupos utilizam a internet para se articularem politicamente e propagarem seus
ideais.
Nome: Luyse Moraes Moura
Título:Intolerância na Internet: Brasil, Chile e Extremismos de Direita no Tempo
Presente
Orientador: Dilton Cândido Santos Maynard
Coautoria: Não
Resumo: Este trabalho se propôs a investigar a presença de grupos de extrema-direita no
Chile e no Brasil, analisando suas apropriações da rede mundial de computadores entre
2009 e 2012. Para isso, foram selecionados para a análise o site do extinto movimento
neofascista chileno Frente Orden Nacional (http://www.chilens.org/), e o site do Partido
76
Nacional-Socialista Brasileiro 88 (http://www.nacional-socialismo.com/index.htm).
Através de uma análise comparativa desses portais, pretende-se traçar um perfil das
atividades de grupos neofascistas que, no período estudado, utilizaram a Internet para
propagar mensagens racistas, xenófobas, antissemitas e homofóbicas; para atrair novos
adeptos; para comercializar e/ou disponibilizar materiais de inspiração fascista. Palavras-
chave: História, Extrema-direita, Internet.
Nome: Diego Leonardo Santana Silva
Título: O Portal Enciclopédia Eletrônica da Intolerância, dos Extremismos e das
Ditaduras: As Ditaduras no Tempo Presente (1950-2012)
Orientador: Dilton Cândido Santos Maynard
Coautoria: Não
Resumo: Este trabalho apresentará um levantamento das ditaduras no projeto
“enciclopédia eletrônica da intolerância, dos extremismos e das ditaduras no Tempo
Presente (1950-2012)” realizado pelo Grupo de Estudos do Tempo Presente da
Universidade Federal de Sergipe. Tal iniciativa compreende uma proposta global e
colaborativa para a produção de um suporte didático de caráter enciclopédico sobre os
fenômenos contíguos das ditaduras, extremismos e da intolerância no tempo presente.
Neste artigo será apresentada a sessão que aborda a temática de ditaduras na enciclopédia
e sua proposta de funcionamento no ambiente virtual. Serão expostos também resultados
iniciais da pesquisa obtidos através do levantamento dos primeiros dados a serem
analisados. Tais dados serão utilizados para mapear o que vem sendo produzido e onde
estas produções mais ocorrem. O projeto pretende contribuir para reunir a vasta
documentação dispersa sobre as ditaduras, os vários casos de extremismos e intolerância
– artigos, teses, entrevistas, fotografias, depoimentos, etc – em uma base documental
eletrônica, frequentemente atualizável, amplamente acessível, gratuita e dinâmica.
Nome: Débora de Seixas Leão Brito
Título: A influência da política desenvolvimentista do Brasil nas tendências da
pesquisa científica do CPATSA a partir do Jornal do Semi-Árido (1981 – 1986).
Orientador: Nilton de Almeida Araújo
Coautoria: Não
Resumo: O presente trabalho se destina ao estudo da agronomia enquanto campo
científico e o grau de autonomia das atividades desenvolvidas pelo Centro de Pesquisa do
Trópico Semi-Árido - CPATSA nos anos de 1981 a 1986 em relação à política
desenvolvimentista realizada pelo governo militar, a partir da análise do Jornal do Semi-
Árido.O desenvolvimentismo é uma política de resultados e tem como principal
característica a efetiva participação do Estado no crescimento da produção industrial e da
infraestrutura de transporte e armazenamento. Embora o conceito de desenvolvimentismo
seja mais correntemente aplicado ao governo de Juscelino Kubitschek, na pesquisa será
utilizado num sentido mais amplo, abrangendo os anos 1981 a 1986. Durante a ditadura
militar o governo empreendeu de forma semelhante uma política de incentivo às
exportações de matérias primas e importação de capitais e tecnologias estrangeiras. No
fim dos anos 1969 foi criado o primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que
teve como estratégia principal o capital estrangeiro, culminando na modernização
tecnológica das grandes propriedades através de incentivos fiscais, abertura de crédito e
importação de tecnologia estrangeira. Em 1974, no governo de Ernesto Geisel, foi editado
o II PND, que em virtude da crise internacional e do esgotamento produtivo nacional,
diferiu do anterior priorizando o incentivo à ciência e tecnologia no país como ponto
estratégico para desenvolver o país. A agricultura ganhou destaque no novo plano, que
77
atribuiu ao país uma vocação agrícola como “supridor mundial de alimentos, matérias-
primas agrícolas e produtos agrícolas industrializados” .A EMBRAPA foi criada nesse
contexto, com o objetivo de reformar a pesquisa agropecuária e aumentar produtividade
agrícola do país. Uma das suas unidades foi implantada logo nos primeiros anos de seu
funcionamento na cidade de Petrolina, em junho de 1975, como CPATSA, atualmente
denominada EMBRAPA Semiárido. O Jornal do Semi-Árido, periódico produzido pelo
CPATSA, foi publicado pela primeira vez em 1981 com o objetivo de divulgar suas
pesquisas para entidades do setor rural de forma acessível ao público em geral. A primeira
fase desse jornal, compreendida entre 1981 e 1986 será o objeto dessa pesquisa.
Nome: Clarisse dos Santos Pereira
Título: As vozes dos trabalhadores rurais nos processos: uma análise social (TRT 6
- Goiana 1976-1980)
Orientador: Regina Beatriz Guimarães Neto
Coautoria: Não
Resumo: O principal objetivo do trabalho é analisar historicamente os processos
trabalhistas da Junta de Conciliação e Julgamento da cidade de Goiana (Zona da Mata
Norte de Pernambuco), arquivados pelo Projeto TRT Memória e História no quarto andar
do CFCH da Universidade Federal de Pernambuco. Este acervo conta com mais de
200.000 processos do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região. Através dos processos
nos propomos a tentar perceber como se produzem certas situações do cotidiano social
do trabalhador da Zona da Mata Norte, uma vez que esta documentação dá aos
historiadores a possibilidade de investigar mesmo a trajetória daqueles trabalhadores que
não deixaram um registro direto. Desta maneira, usamos os processos como fonte
entendendo que o trabalhador rural é um ator ativo da sua história e da história do Brasil,
não sendo o Direito de uso restrito das classes dominantes. Através deles podemos
perceber as relações sociais estabelecidas pelos trabalhadores rurais, os vestígios das
condições de vida desses trabalhadores nesse momento específico (1976-1980), buscando
fazer uma análise social. Neste artigo analisamos dois processos trabalhistas, que nos
podem nos dar indícios de sobre as condições de vida do trabalhador rural, como moradia
e condições de trabalho. Além disso, na análise das fontes percebemos que as conciliações
entre empregado e empregador representam grande parte dos processos. Procuramos
pensar por que esse era um caminho tão recorrente, e de que maneira esta estratégia foi
usada pelos trabalhadores que recorriam à Junta de Conciliação e Julgamento de Goiana.
Palavras-chave: trabalhador rural, processos trabalhistas, história social.
Nome: Camila Maria de Araújo Melo
Título: Interpretação e aplicação das leis trabalhistas conforme os juízes da Junta de
Conciliação e Julgamento de Escada – Pernambuco
Orientador: Regina Beatriz Guimarães Neto
Coautoria: Não
Resumo: Em Pernambuco, é compreendido que até os anos de 1960 os espaços rurais
padeciam com a escassez do olhar jurídico nacional na esfera trabalhista. Os ditos
“coronéis”, senhores de engenho que ainda detinham poder local, eram fortemente
combatidos pelos Sindicatos Rurais. As oligarquias açucareiras participavam dos poderes
municipais e do estadual, o que dificultava ainda mais as lutas em prol dos direitos dos
trabalhadores. Porém, o Estado brasileiro percebeu que o meio rural também necessitava
de maiores interferências jurídicas: antes mesmo do Estatuto do Trabalhador Rural –
fomentado em 1963 -, foram instaladas no interior de Pernambuco Juntas de Conciliação
e Julgamento pelo interior do estado, sob o comando do Tribunal Regional do Trabalho
78
da 6° Região. Nesta presente pesquisa procurou-se observar as bases discursivas e
normativas das leis e de como são construídas as interpretações na sua aplicabilidade,
buscando compreender através da análise do funcionamento de um órgão jurídico – a
Junta de Conciliação e Julgamento localizada no município de Escada entre os anos de
1975 até 1980 – como os juízes da Justiça do Trabalho operavam nos conflitos entre os
trabalhadores e seus empregadores, compreendendo como tornam a aplicação da Lei parte
do cotidiano social brasileiro. Percebendo a importância das relações entre a História e o
Direito para melhor reflexão sobre a legislação do trabalho no universo político brasileiro,
buscamos entender as leis, suas interpretações e seus usos dentro e fora dos
tribunais. Com a implementação das Juntas de Conciliação e Julgamento, percebe-se que
se caracterizam por serem informais, e o objetivo de seu funcionamento era o de promover
conciliações entre as partes, sendo estas compreendidas no meio jurídico como expressão
de êxito da justiça, podendo ser entendidas como concessões recíprocas e não como
renúncia de direitos. Porém, as conciliações não indicavam os reais conflitos que
ocorriam na sociedade canavieira: as diferenças entre os trabalhadores e os empregadores
também eram fortes no meio político, social, cultural e econômico pernambucano. Ao
investigar além das origens das concepções e doutrinas jurídicas, procura-se assimilar –
a partir da ótica do Direito – como o juiz construiu e desconstruiu seus pilares forenses
para perceber que afora dos tribunais e dos escritórios de advocacia havia lutas de valores
e interesses que precisavam ser analisados além do que se encontra estritamente escrito
nas leis através de suas vivências. Assim, inquirir como as lutas rurais também
influenciavam nos juízos de valor dos juízes, e como eles, a partir do contexto trabalhista
e rural, se utilizavam de sua autoridade nos seus julgamentos.
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CO 8) História do Tempo Presente 2
24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
Nome: Fred Rego Barros Pedrosa
Título: O amargor de sua perda: o caminho incerto da vila de Suape (1973-1980)
Orientador: Drª. Maria Ângela de Faria Grillo
Coautoria: Não
Resumo: A História do Brasil, a começar dos colonizadores até aos grandes empresários
multinacionais, vem mostrando como o poder das classes dominantes vinga em apropriar-
se de espaços antes ocupados por pessoas menos favorecidas. Esse tipo de expulsão vem
causando sérios problemas sociais em que a perda da moradia não só afeta a vivência dos
excomungados, mas também traz uma questão emocional. Esse tipo de situação está
presente no caso da Vila de Suape e de seus moradores. Suape localiza-se na faixa
litorânea de Pernambuco mais precisamente no município do Cabo de Santo Agostinho
sofreu uma grande interferência socioestrutural em sua localidade, na década de 1970,
com a construção do Complexo Industrial-Portuário de Suape (CIP de Suape), este grande
empreendimento que vinha como proposta de incentivar o comércio e a indústria na
região prometendo o “progresso” numa área pouco explorada economicamente. Essa
apropriação do espaço antes ocupado pelos atores sociais tradicionais, os suapenses,
sofreu interferência desses novos atores que alteraram o cotidiano daquela localidade,
inserindo novas práticas que reconfiguram o cenário espacial e socioeconômico da região.
No caso daquele vilarejo tem certo agravante, pois não só o local de moradia foi afetado,
mas também o espaço de trabalho. Como o progresso, para o Governo e os grandes
empresários, vale mais que o social. O suapense pesca a dor de perder seu trabalho, sua
vivência, sua moradia. E essa perda deixa um gosto amargo na boca, sensação essa de
desconforto, de desalento, de desmoronamento. Lá onde mora a dor, onde a luta é diária,
onde a luz é incessante, onde o medo é constante. Mesmo vencendo as batalhas, que a
vida há de prover, surge um novo embate, que a luz não quer rebater. Nem com maior
esforço ou determinação fez mudar o rumo do processo de desapropriação. Todavia, o
malabarista não deixa seu diabolô cair com facilidade. Ele esgueira-se nas brechas da
tática para sobreviver. E com isso a peleja está armada entre os stratègós (a arte do
general) e os malandros (a arte do popular), vivendo num híbrido mundo particular.
Nome: Gilvânia Cândida da Silva
Título: O retrato da militância feminina na ditadura civil-militar brasileira: a
criação de representações no cinema das décadas de 1990 e 2000
Orientador: Natália Conceição Silva Barros
Coautoria: Sim
Resumo: O presente trabalho tem como proposito a análise crítica de filmes com a
temática da Ditadura Civil-Militar no Brasil; selecionados, em especial, a partir do seu
ano de lançamento, entre as décadas de 1990 e 2000. A abordagem utilizada tem como
prioridade a identificação e o exame das opções de representação feminina oferecidas
nessas obras. De modo que, a partir da perspectiva de gênero, seja possível compreender
a que perfil de feminilidade as personagens são enquadradas. Nesse sentido, serão
extraídas as interpretações dadas pelos textos de referência em relação à ação feminina e,
assim, confronta-las com a forma como são retratadas nas criações fílmicas eleitas. As
lentes teóricas utilizadas deverão, pois, demonstrar a função representativa que tais
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exposições têm no tempo presente. Tanto no que concerne a marginalização, quanto à
romantização das atividades das mulheres militantes.
Palavras-chave: Ditadura; Cinema; Mulheres.
Nome: Franciel Coelho Luz de Amorim
Título: Os aspectos sociais e econômicos da política de reforma agrária no Vale do
São Francisco: um estudo no projeto de assentamento Catalunha (1990)
Orientador: Moisés Diniz de Almeida
Coautoria: Não
Resumo: Este artigo tem por objetivo analisar a aplicação da política de reforma agrária
no projeto de assentamento Catalunha, em Santa Maria da Boa Vista/PE, sertão do São
Francisco. Buscando identificar aspectos históricos, sociais e econômicos na atividade da
fruticultura irrigada, bem como da crise vivenciada por esta atividade na década de 1990
e suas possíveis vinculações com a política de reforma agrária. Adotando o método
histórico por meio do materialismo dialético procurou-se investigar quais as finalidades
da política de reforma agrária ao implantar o projeto de assentamento Catalunha e de que
maneira o mesmo impactou econômica e socialmente a realidade camponesa da região.
Considerando-se, no caso em estudo, a política de reforma agrária implantada não como
solução camponesa, mas como mero mecanismo a serviço dos latifundiários, utilizando-
a para recuperação do capital (Fazenda) falido por meio de uma estratégica de
capitalização em razão da desapropriação.
Palavras-chave: Fruticultura irrigada; Reforma agrária; Estratégica de capitalização.
Nome: Amanda Vanúbia R. Guerra
Título: SUDENE: Discursos Políticos e Intelectuais em Pernambuco (1959-1962)
Orientador: Flávio Weinstein Teixeira
Coautoria: Não
Resumo: Esse artigo tem como proposta analisar o processo político e intelectual de
criação da SUDENE, num período que vai de 1958 a 1962 com a implantação do Primeiro
Plano Diretor que foi aprovado pelo Congresso em dezembro de 1961.
Nome: Romulo Gabriel de Barros Gomes
Título: Recife Submerso: considerações histórico-climáticas e culturais acerca das
cheias na região metropolita do Recife
Orientador: Marcília Gama da Silva
Coautoria: Sim
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo o estudo das recorrentes cheias na
Região Metropolitana do Recife, provocadas pelas precipitações ao longo do Rio
Capibaribe, bem como a repercussão de tais eventos no imaginário e na memória da
população recifense. O presente estudo justifica-se pela retomada da temática da história
climática pela escola de Annales no século XX, e visa debruçar-se sobre este vasto campo
de pesquisa há muito relegado pela historiografia. Para tal, conta com o aporte de textos
historiográficos, geográficos, jornalísticos, bem como a análise de fontes primárias como
relatos pessoais, fontes imagéticas e outras produções culturais.
Nome: Geane Bezerra Cavalcanti
Título: Memórias de um Padre Socialista: O trabalho da Igreja Progressista junto
aos movimentos sociais de bairro durante a Ditadura Militar (1964-1985)
Orientador: Marcília Gama da Silva
Coautoria: Não
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Resumo: Este artigo apresenta uma parte dos resultados obtidos nos dois anos de vigência
do Programa de Iniciação Científica ofertada pela Universidade Federal Rural de
Pernambuco (PIC/UFRPE). O artigo intitulado “Memórias de um Padre Socialista: o
trabalho da Igreja Progressista junto aos movimentos sociais de bairro durante a Ditadura
Militar (1964-1985)”, sob a orientação da professora Dra. Marcília Gama da Silva,
baseou-se na entrevista concedida por José Reginaldo Veloso de Araújo, ex-padre da
paróquia do Morro da Conceição em Casa Amarela. Padre Reginaldo, como é mais
conhecido, foi figura atuante na reorganização das associações de bairros durante os anos
da ditadura a partir do trabalho de evangelização e conscientização da população que era
encorajada por religiosos a buscar sua cidadania. Organizações criadas por D. Hélder ou
que contavam com o apoio da igreja, como: Encontro de Irmãos, Operação Esperança
Urbana e Comunidade eclesiais de base – CEB’s conseguiam ser espaços democráticos
dentro de um Estado de exceção. A maior consequência destes projetos foram os
Conselhos de Moradores, espaço de união e democracia popular na qual a população
buscava melhorias para a comunidade. Este artigo consiste em identificar a vigilância
exercida sobre estas organizações populares, além do papel da igreja e da participação do
padre Reginaldo na estruturação desses movimentos populares. Este trabalho teve como
base referencial a História oral e memória, MONTENEGRO (2010) e RUSEN (2009).
Além da entrevista também se utilizou como aporte metodológico referências
bibliográficas, jornais da época e documentos do DOPS-PE.
Nome: Samara de Rezende Mariano
Título: Carnaval sob o ponto de vista da mídia impressa de Pernambuco nos anos de
1968 e 1969.
Orientador: Rose Mary do Nascimento Fraga
Coautoria: Sim
Resumo: A análise do discurso apresentado pelos jornais de maior circulação da capital
pernambucana, no mês de fevereiro, nos anos de 1968 e 1969, é o foco central do nosso
trabalho, tendo como tema o carnaval. Dividimos o artigo entre a história do carnaval,
seu acesso ao povo brasileiro (em especial o pernambucano), até que ele atinja o status
de identidade nacional, passando pela economia no período ditatorial. Em um segundo
momento, é realizado uma desconstrução dos discursos dos jornais Diário de Pernambuco
e Jornal do Commercio, que estavam divididos entre as falas positivas e repressoras,
chegando até a divulgar o que o folião poderia ou não fazer durante os dias de
carnaval. Palavras chave: Carnaval; Ditadura Militar; Recife; Periódicos.
82
CO 9) Educação, Identidade e Contemporaneidade
25/07 - sexta-feira - Tarde (14h às 16h)
Nome: Fábio Freitas dos Santos
Título: A Bahia é uma extensão da África? Representações da África nas letras das
músicas da Banda Olodum.
Orientador: Ivaldo Marciano de França Lima.
Coautoria: Não
Resumo: Resumo: Tanto as letras escritas pelos compositores da Banda de Samba-
Reggae Olodum, quanto às demais atividades socioculturais, a exemplo da dança,
percussão e teatro, evocam e afirmam um discurso de luta contra o racismo, exaltando a
beleza negra e pertencimento ao continente africano. O Olodum mostrou-se como
referência pautada na afirmação de uma identidade negra, sobretudo nos anos 80 e 90 do
século XX. Sua estratégia primordial baseou-se no caminho aberto pelos pan-africanistas
do século XIX, que viam na África o lugar dos negros e negras, de modo a acreditar que
a África é o lugar de todos e todas que afirmam identidade negra. O presente trabalho
busca compreender o papel das letras do Olodum na formação da identidade negra na
população subalterna da cidade de Salvador. Para o desenvolvimento deste projeto foram
utilizados, letras de músicas do Olodum como também referências de historiadores
africanistas brasileiros e bibliografia clássica de historiadores nascidos no continente
africano.
Nome: Zilma Adélia Soares Lopes
Título: PLURALISMO E RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS: UMA ANÁLISE A
PARTIR DO ENSINO DE HISTÓRIA DA ÁFRICA EM ESCOLAS DE OLINDA
Orientador: Aurenea Maria de Oliveira
Coautoria: Não
Resumo: A cultura e a identidade afro-brasileira estão intrincadas no processo de
aceitação e respeitabilidade das religiões de matriz africana, atualmente. Interessa-nos
investigar como a escola tem lidado com questões que tangem as temáticas da alteridade
e da (in) tolerância religiosa, a partir de um questionamento a respeito do lugar ocupado
pelo negro e pelas religiões afro-brasileiras dentro do ambiente escolar. Assim, neste
texto, pretende-se analisar os discursos de atores sociais da Secretaria de Educação de
Olinda, bem como de gestores e professores de História sobre o ensino de história da
África e atividades realizadas em unidades escolares desse município, tendo como
objetivo o ensino da cultura afrodescendente, que compreende também as religiões de
matriz africana.
Palavras-chave: Educação. Alteridade. (In)tolerância. História da África
Nome: Luiz Gustavo dos Santos Ferreira
Título: O Ensino de História como Aliado no Processo Identitário dos
Remanescentes dos Índios Cariris na Comunidade Poço Dantas Distrito de Monte
Alverne Crato – CE
Orientador: Dr. Francisco Egberto de Melo
Coautoria: Não
Resumo: Este estudo pretende analisar a importância do ensino de história no processo
Identitário dos descendentes dos índios Cariris, residentes na comunidade Poço Dantas,
localizada no distrito de Monte Alverne, na cidade do Crato – CE. Esta comunidade
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encontra-se localizada a 20 km de distância do centro da cidade do Crato – CE e abriga
cerca de cinquenta famílias de remanescentes dos índios Cariris. No que diz respeito ao
aspecto habitacional, em sua maioria, as casas são de tijolos, salvo alguns casos em
específico em que ainda encontram-se casas de taipa, todas dispõem de energia elétrica,
devido à localização se torna difícil à comunicação por aparelhos telefônicos. Durante os
anos de 2008 a 2010, funcionou no local uma sala de aula destinada ao ensino da
Educação de Jovens e Adultos - EJA. Durante o período de seu funcionamento, a sala de
aula recebeu apoio pedagógico da prefeitura da cidade do Crato – CE e da Universidade
Regional do Cariri através da Pró Reitoria de Extensão - PROEX. Em relação à estrutura,
esta era feita de tronco de árvores recoberta com palhoça, construída pelos próprios
moradores da comunidade. A sala de aula recebeu o nome de Luís Felipe Cariri, em
homenagem ao garoto símbolo para os habitantes do Poço Dantas, falecido aos 15 anos
de idade após um mal estar durante uma partida de futebol. Sendo assim, buscamos
compreender as práticas pedagógicas que foram desenvolvidas nesta sala de aula e como
o ensino proposto contribuiu na evocação de uma memória coletiva e consequentemente
com o fortalecimento da identidade dos sujeitos da comunidade. No que se diz respeito à
temática indígena: podemos afirmar que, se criou um estereótipo do que é ser índio e de
uma cultura indígena, pensamento este advindo desde a chegada dos portugueses, o que
se percebe na carta de Pero Vaz de Caminha. Ainda hoje, imagina-se o índio como sujeito
de pele morena, cabelos lisos e poucas vestes, habitando a mata, vivendo da caça e da
pesca e como detentores de ritos e costumes particulares aos seus semelhantes. Esse
imaginário social existente em torno do índio contribui para que este seja reconhecido
perante uma parcela da sociedade pelas suas características físicas. O próprio termo índio
pode-se afirmar, faz referência a um grupo específico, distinto as demais camadas da
sociedade. Logo, a escolha desse tema visa evidenciar a importância do ensino de história
nas comunidades indígenas, e como este pode contribuir nos processos de fortalecimento
da identidade étnica desses grupos. Sendo assim, pretende-se trabalhar com depoimentos
de alunos que frequentaram a sala de aula, da professora e demais sujeitos que possam
surgir no decorrer do estudo além de materiais didáticos que possam ter sido utilizados.
Nome: Marcia Silvestre de Araujo
Título: Samba de coco no ensino de História
Orientador: Prof.ª Drª. Magdalena Almeida
Coautoria: Não
Resumo: A história do samba de coco é marcada por um processo de intensa resistência
para manter-se viva. No passado, a luta era contra o regime escravocrata, e no presente é
contra a mídia que em muitos casos age como um personagem que escraviza. Ela dita o
que vestir, o que comer, o que dizer, o que é bonito ou feio, ou seja, o que é mais vantajoso
para ela. Entendemos que a escola é um lugar de divulgação da cultura, priorizando é
claro a cultura da sua região. Partimos da premissa de para entendermos e partilhamos
outras manifestações culturais é preciso conhecer a cultura em que estamos inseridos
regionalmente para assim termos uma base e não ficarmos sujeito a tudo que queiram nos
impor. Mesmo que o conceito de região seja tão amplo, estamos nos referindo a o lugar
em que vivemos. Nesse sentido, introduzir elementos culturais, como a brincadeira do
samba de coco pode trazer para as aulas de História um significado mais presente na vida
do aluno, levando-o a se sentir parte dessa história, mesmo que em uma temporalidade
longe da sua. Então, com o coco podemos tratar assuntos como a miscigenação do povo
brasileiro, a escravidão, essa podendo ser tratada não só pelo lado violento, mas pelas
diversas formas de resistência dos escravos, tanto negros como índios pela condição de
vida que lhe era imposta. Como bem diz Almeida, “Samba de coco é brincadeira e arte é
84
uma reflexão sobre esta expressão como patrimônio cultural étnico brasileiro”
(ALMEIDA, 2009, p, 165). Samba de coco é junção, é vivência, é liberdade de um povo
oprimido. No contexto do ensino de História, o samba de coco serviria como um objeto
gerador, como foi citado acima. Assim, dando simbolismo para reflexões pertinentes e
para fomentar no aluno a sua capacidade de abstração em relação ao conteúdo da
disciplina ensinado no momento. Pois em História, o que fazemos a todo o momento para
entendemos os acontecimentos ditos históricos é usar a todo tempo nossa capacidade de
abstração. E também seria uma ferramenta para discutirmos questões relacionadas à
identidade cultural. Como, o que é? Para que serve em um mundo globalizado? O PCN
de História é claro onde diz que é dever da escola assumir a valorização cultural da sua
região para que daí busque ultrapassar as barreiras regionais. Ou seja, nesse contexto está
o norte para o professor, agora cabe a ele buscar ferramentas que o ajude a desenvolver
seu trabalho. Então, trabalhar o samba de coco em sala de aula oferece ao professor um
leque de oportunidades para levar o aluno a retirar um grande número de abstrações que
pode ajudá-lo a compreender melhor os assuntos estudados. Referência: ALMEIDA, M.
Revista Acervo, 2011– an.gov.br. Disponível em Google Acadêmico. Acesso 30 de
outubro de 2012.
Nome: Rafael Ouriques Vasconcelos de Moraes e Sílvio Ricardo Gouveia Cadena
Título: Sociedade de consumo: qual o papel do ensino de história no desenvolvimento
do pensamento crítico?
Orientador: Rozelia Bezerra
Coautoria: Sim
Resumo: Em uma sociedade de consumo, o apelo para o êxito profissional e financeiro
inicia cedo. Crianças e jovens tornam-se presa fácil perante o avanço violento de marcas
em busca de ávidos novos consumidores. A mídia de massa não deixa de estimular o
jovem empreendedor, escolas preparam par ao mercado, um curto leque de profissões
“fadadas” estreitam as opções, e a plenitude de trabalhar naquilo que se gosta é
secundário, quase antiquado. Diante dessa amálgama, qual o papel da escola e do
educador? A maneira atônita de como a escola observa essas mudanças parecem não
interferir na certeza atual de que ela ainda é imprescindível. O que será que faz a escola
ainda hoje ser em unanimidade uma experiência pela qual todos deveriam passar? Refletir
sobre a real finalidade da escola nos dias de hoje não parece conter essa mesma certeza
para todos. A escola não deve fechar-se para o mundo nem agir em descompasso com as
reais necessidades da sociedade. O que deve ser levado em conta é a relação dialética
entre elas. Ao professor de história, ciente de seu compromisso na formação de um sujeito
que se situe no espaço e no tempo, ao longo da história, armados com uma visão crítica,
e cientes de seus direitos e deveres. Sem esse senso crítico, o cidadão que a escola deveria
formar se torna uma presa fácil e um mundo que, como alertou Fredic Jameson (1996),
tudo foi transformado em mercadoria, na natureza a nosso inconsciente. Para tanto, faz-
se necessário refletir sobre qual o projeto de sociedade a escola moderna almeja e se ela
cumpre o papel de preparar o sujeito para atuação no espaço público como cidadão.
Queremos uma escola mediadora entre jovens promissores e empresas, perfeitos para a
compra de bens de consumo? São dilemas e desafios de um mundo cada vez mais
globalizado, em constante mudança. Essa velocidade exige um esforço redobrado para
educadores, escola, e por que não os alunos? Essa proposta foi engendrada com a função
de abrir mais uma discussão sobre a problemática atual da educação em meio a uma
sociedade moderna em que uma de suas bases é o consumismo. Ao discutirmos os meios
de comunicação e a construção do seu saber espontâneo, verificamos que há diretamente
uma ligação entre os mesmos e as próprias relações de consumo. Cabe às ciências
85
humanas, sobretudo a disciplina de história, preparar para aqueles que se submetem a sua
aprendizagem a formação de um cidadão crítico capaz de ampliar seus pontos de vista,
estando apto a satisfazer-se com o necessário, nem que para isso, como afirma Bauman
(2008), tenha que se tornar “consumidores falhos”, não consumistas.
Nome: Allana Patricia Andrade Barros, Brunno Akhnaton Nunes de Souza e
Reginaldo Vilela de Lima
Título: UMA ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA DA OBRA DE
NORBERT ELIAS: NARRATIVAS DA PRODUÇÃO DE UM AUDIOVISUAL
COMO FONTE HISTÓRICA
Orientador: Prof. Ms. Maria Lana Monteiro
Coautoria: Sim
Resumo: O presente trabalho é resultado de uma produção audiovisual, que teve como
objetivo analisar de maneira pormenorizada os escritos mais importantes de Norbert
Elias, os dois volumes de o processo civilizatório (über den prozess der zivilisation).
Neste trabalho Elias busca fazer um estudo sociológico das chamadas sociedades de corte.
Como objeto principal está as cortes dos regimes absolutistas, principalmente a corte de
Luís XIV, quando o Absolutismo se mostra de maneira mais emblemática. A fonte
produzida faz uma abordagem do que o autor demonstrou como os padrões europeus pós-
medievais de violência, comportamento sexual, funções corporais, etiqueta à mesa e
formas de discurso foram gradualmente transformados pelo crescente domínio da
vergonha e do nojo, atuando para fora de um núcleo cortesão etiqueta. O objetivo deste
trabalho é socializar uma experiência acadêmica, que obteve êxito ao problematizar
através de um audiovisual como as relações sociais entre indivíduos, que submetiam
constantemente seus comportamentos a um auto policiamento, visando manter em
ascensão seu status social. Segundo Elias “competições por prestígio e status podem ser
observadas em muitas formações sociais; é possível que se encontrem em todas as
sociedades”. Esta observação é pertinente por esclarecer que os sujeitos sociais não
possuem comportamentos naturalizados, mas são resultados de construções históricas que
objetivam consolidar determinada relação de poder, expressa através das hierarquias
sociais. Suas obras focaram a relação entre poder, comportamento, emoção e
conhecimento na história. Devido a circunstâncias históricas, Elias permaneceu durante
um longo período como um autor marginal, tendo sido redescoberto por uma nova
geração de teóricos nos anos setenta, quando se tornou um dos mais influentes sociólogos
de todos os tempos. Para Norbert Elias “não se trata para de apreender apenas, ou
prioritariamente, a corte como lugar ostentatório de uma vida coletiva, ritualizada pela
etiqueta, inscrita no fausto monárquico”. Ele estuda a corte de forma abrangente,
envolvendo um processo minucioso de investigação da formação social que envolve
múltiplos sujeitos, pois são relações existentes entre os indivíduos de forma reciproca que
implica a construção de códigos e comportamentos originais. A problemática deste
trabalho concentra-se em discutir o porquê da renegação por um longo período de tempo
do trabalho de Norbert Elias, a sua produção bibliográfica como fonte de pesquisa para o
historiador e os limites que envolvem o oficio do sociólogo e do historiador, analisando
possibilidades de aplicações deste trabalho no ensino e pesquisa em história.
86
CO 10) Formação de professores, Prática docente e História da Educação
25/07 - sexta-feira - Tarde (14h às 16h)
Nome: Lise Meireles Soares de Alencar
Título: A obrigatoriedade escolar e a questão do ensino prisional em Pernambuco
Orientador: Tânia Maria Brandão
Coautoria: Não
Resumo: Em meados do Século XIX diversos estados brasileiros começam
gradativamente a adotar uma legislação específica para a educação e a prever a
obrigatoriedade do ensino primário. Em Pernambuco a obrigatoriedade do ensino remete
a legislação provincial do ano de 1837, mas apesar dela, a situação das escolas no Estado
permanece sem grandes mudanças nos anos subsequentes. A educação formal passa
gradativamente a ser vista como fundamental para a formação moral do indivíduo e tem
sua importância reconhecida como alavanca de ascensão social, sendo necessária a
ampliação do quadro de escolas no Estado. Ainda no século XIX ganham força os
questionamentos acerca da necessidade de se educar criminosos durante o cumprimento
de suas penas, como meio de ressocialização. Para o Estado de Pernambuco, já passando
por um período de valorização das escolas, temos o exemplo do presídio da Ilha de
Fernando de Noronha que já no seu regulamento do ano de 1865 previa o ensino para a
população da ilha, em especial as crianças e os sentenciados. Esse primeiro capítulo
propõe uma revisão bibliográfica do processo de instituição da obrigatoriedade do ensino
na legislação brasileira, em especial do Estado de Pernambuco, e uma breve análise da
situação do ensino prisional no Estado, em particular da situação da ilha-presídio de
Fernando de Noronha.
Nome: João Paulo Nascimento de Lucena
Título:"Engordando cobra": o medo da educação "subversiva" do SEC no Recife
pré-Golpe (1962-1964).
Orientador: Isabel Cristina Martins Guillen, Ana Lúcia Fontes de Souza Vasconcelos
Coautoria: Não
Resumo: Produzido no âmbito da disciplina História do Brasil VII (República), em
novembro de 2013, este artigo é parte de um trabalho maior apresentado no Seminário
História e Memória da Ditadura Militar, atividade final para obtenção da média semestral,
e aceito para publicação no dossiê Trajetórias de vida na Ditadura Militar, da Revista
Tempo Histórico da UFPE, a ser lançando esse semestre ainda. Objetiva-se dar a ver o
relato da experiência do advogado e escritor Arthur Eduardo de Oliveira Carvalho (1935-
) quando da sua atuação no Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife
(SEC-UR), entre os anos de 1962 e 1964, onde ministrava a disciplina Realidade
Brasileira e compunha a equipe Paulo Freire de alfabetização. Debruçando-se sobre esta
memória individual/coletiva, buscou-se pô-la em diálogo com bibliografia sobre o tema
e referencial teórico metodológico que possibilitara a coleta e registro de seu relato,
discutindo-o, sobretudo a partir do texto “O narrador: considerações sobre a obra de
Nikolai Leskov”, do filósofo Walter Benjamin. Assim, utilizando-se da história oral,
antes uma metodologia ou prática de pesquisa do que uma disciplina, a entrevista buscou
rememorar as experiências e avaliações do período.
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Nome: Stênio Ricardo Carvalho dos Santos
Título: Instruir para o combate: as práticas educacionais de prevenção ao uso de
drogas em Pernambuco (1970)
Orientador: Giselda Brito Silva
Coautoria: Não
Resumo: A busca por combater e prevenir o consumo e tráfico de drogas não é uma
prática atual, a política de proibicionismo às drogas tem suas origens no final do século
XIX e os Estados Unidos da América se apresentará como um líder na defesa do
proibicionismo no cenário internacional. A expansão de tal política vem a se intensificar
na segunda metade do século XX, período em que o mundo se encontra dividido em dois
grandes blocos econômicos/ideológicos, onde o uso de drogas passará a ser vinculado a
atitudes comunistas. Através de convenções internacionais se busca criar uma rede de
colaboração entre países, firmando acordos em que os países signatários estariam
obrigados a adotar medidas para “erradicar o mal das drogas”. Aqui no Brasil tais medidas
serão convertidas em leis específicas, como as leis n. 5.726 de 1971 e a n. 6.368 de 1976.
A educação, e consequentemente o espaço escolar, será um dos meios ressaltados por tais
legislações para a realização de práticas preventivas e, por conseguinte, a difusão da
“ideia do mal” que as drogas estariam causando a sociedade. Portanto, através de
documentos oficiais de Estado e matérias jornalísticas, o presente trabalho tem a
pretensão de abordar como tais práticas se articulavam no Estado de Pernambuco em
meados da década de 1970.
Nome: POLIANA SOARES DE OLIVEIRA
Título: Discussão teórica sobre o ensino de História nos anos iniciais
Orientador: Lucas Victor Silva
Coautoria: Não
Resumo: O objetivo do presente texto é realizar análise a respeito do ensino de História
na perspectiva apresentada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's). O texto dos
PCN’s publicado em 1997 está longe de ser o ideal, mas é importante salientar que traz
em si importantes mudanças, principalmente quando prioriza que nos primeiros anos os
alunos aprendam desde cedo a entender a História de sua localidade para posteriormente
abranger outras, que se colocadas logo no início de sua educação, não terão sentido algum.
São essas mudanças, ou não, que analisaremos aqui.
Nome: Joedson da Silva Andrade e Regina Lucia Meneses de Souza
Título: Ensino de história: reflexões sobre o estágio supervisionado e sua prática
Orientador: Zélia Almeida
Coautoria: Sim
Resumo: Resumo: A disciplina tem sido constantemente repensada com novas teorias e
abordagens. Os novos debates não têm alcançado as salas de aula, razão de constantes
críticas dos alunos a disciplina, taxada como “decoreba”, e sem relevância. O ensino de
História requer esforço múltiplo e continuado dos profissionais da área. Novas
possibilidades tornam-se necessárias, uma vez que a disciplina tem perdido espaço no
âmbito escolar. Refletir sobre o papel do profissional de História na escola e na
universidade torna-se necessário, uma vez que estas instituições estão intimamente
ligadas. Nesta dinâmica permite juntar sujeitos na mesma tarefa: pensar novas práticas
em favor da responsabilidade social que exercem.
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Nome: Natalia Fernandes Santos
Título: Narrativas de formação de professores: saberes e fazeres de docentes em
História.
Orientador: Dr. Francisco Egberto de Melo
Coautoria: Não
Resumo: Todos os anos as universidades lançam na educação básica, professores que se
dedicam por um período de quatro anos na busca constante de uma formação acadêmica,
que na maioria das vezes torna-se uma tentativa de suprir as demandas regionais. Temos
como referência a Universidade Regional do Cariri (URCA) no sul do estado do Ceará,
que recebe graduandos para seus onze cursos de licenciatura plena, dentre estes o curso
de História. Nesta comunicação, busca-se, a partir de narrativas dos professores que
fizeram e fazem parte do departamento de história desta IES, refletir e discorrer sobre as
mudanças apresentadas como necessárias às práticas de ensino de história na formação
de professores para a educação básica, analisando as mudanças e permanências de
concepções que perpassam suas práticas pedagógicas. É notório o ritmo de constante
aceleração das inovações tecnológicas em uma escala multiplicativa e em curtos
intervalos de tempo, com efeitos significativos sobre os âmbitos da vida social,
especialmente no campo educacional e historiográfico. Desta forma, as novas concepções
pedagógicas em relação ao ensino de História devem ser baseadas no diálogo entre
passado e presente, relacionando a história cotidiana e problematizando o seu contexto
histórico, e abrindo espaços para o debate discursivo e historiográfico. Segundo Maurice
Tardif existem quatro tipos de saberes docentes: Saberes de Formação Profissional,
Saberes Disciplinares, Saberes Curriculares e Saberes Experienciais. Destacam-se nos
depoimentos dos professores os Saberes Curriculares e os Saberes Experienciais que são
produzidos pelos docentes por meio dos seus incentivos, suas escolhas e sua vivência
como profissional de história dentro e fora do lugar social, como também seus métodos
avaliativos em sala de aula, organização de aulas, conteúdos e objetivos. Os saberes são
elementos peculiares da prática docente, que evidencia a ideia de que pelo ofício o homem
muda a si mesmo, suas relações e procura ainda a transformação de sua própria posição
ou situação e dar significado ao coletivo. Os saberes são plurais e têm origem múltipla
que só podem ser compreendidos em todos os seus aspectos. E é com estes saberes que
se procura dialogar.
Nome: Elanne Karla Bezerra Correia Cavalcante
Título: Formação Continuada: A Experiência da Secretaria Municipal de Educação
do Cabo de Santo Agostinho no Ensino Fundamental Anos Finais na disciplina de
História.
Coautoria: Não
Resumo: A presente comunicação objetiva apresentar como a Rede de Ensino municipal
do Cabo de Santo Agostinho promove a formação continuada aos docentes no Ensino
Fundamental dos Anos Finais que ministram a disciplina de História. As formações se
dão por meio das Coordenadorias de Áreas de Ensino que se constitui como um espaço
científico cultural promovendo junto com os professores um processo permanente de
aperfeiçoamento e atualização de conhecimento, metodologias e técnicas de ensino-
aprendizagem. Para apresentar essa experiência pedagógica vamos discorrer num
primeiro momento sobre o marco legal das coordenações de área, seu funcionamento,
requisitos, distribuição da carga horária e atribuição dos coordenadores nas áreas de
Linguagens, Matemática, Ciências, Geografia, Educação Física e Ensino religioso além
de História. Já num segundo momento faremos uma análise das atividades desenvolvidas
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na coordenação de área de História no período de 2010 a 2013. Esse modelo de formação
continuada existente no Cabo de Santo Agostinho tem por objetivo à melhoria da
qualidade de ensino-aprendizagem na rede municipal através da participação ativa do seu
corpo docente.
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CO 11) Didática da História
25/07 - sexta-feira - Tarde (14h às 16h)
Nome: Andréa Maria da Silva
Título: O uso da música no ensino da História.
Orientador: Lucas Victor Silva
Coautoria: Não
Resumo: Este trabalho tem como objetivo contribuir com os recursos didáticos utilizados
nas aulas de história para auxiliar o aluno na construção do seu conhecimento e
estabelecer relações com a disciplina de forma construtiva, onde a música irá promover
uma junção temporal que irá promover arte, visando o estudo e articulando o ensino
histórico no presente, ao passado e futuro, observando em qual momento histórico cada
episódio musical está inserido contribuindo para que as aulas de história se tornem
atrativas e dinâmicas. O trabalho estar sendo realizado em conjunto com a escola que
proporcionará aos alunos uma maior interação com a matéria História, retratando valores
dos assuntos tratados em sala e acarretar conhecimento transpondo uma linguagem
diferenciada para as aulas, objetivando uma inovação e uma articulação entre História,
arte, dinâmica, ensino e cultura. Ao longo da aplicação do projeto pude desenvolver um
trabalho que possibilitou analisar a música como instrumento de descoberta para o ensino
da história e assim foram realizadas aulas mais interativas que contribuíram para um
envolvimento da turma, tive como proposta montar grupos de estudo, e pesquisas que
visaram promover o tema e reunir conhecimento. Utilizei a música como conhecimento
cientifico onde os alunos tiveram a oportunidade de conhecer o tempo histórico de temas
que a história trata em seu contexto ao qual a música possibilitou uma maior dinâmica no
meio escolar.
Nome: Benvinda Mary da Silva Teixeira
Título: História e Música em Sala de Aula: Novas Alternativas de Ensino
Aprendizagem Orientador: Lucas Victor Silva
Coautoria: Sim
Resumo: Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) incentivam a utilização de
documentos históricos na sala de aula, contudo, o uso da música como objeto de estudo
no processo de ensino-aprendizagem ainda é pouco utilizado pelos professores de
História. O trabalho aqui apresentado tem por principal objetivo promover na sala de aula
o estudo de músicas como documentos históricos, procurando desenvolver nos discentes
reflexões críticas a respeito do objeto analisado. Para favorecer essa dinâmica intenta-se,
dentre outras demandas, realizar constantes pesquisas bibliográficas a respeito do tema e
analisar o conhecimento musical dos alunos para a compreensão da melhor forma de
aplicabilidade das atividades didáticas. Pretende-se também efetuar avaliações dos
possíveis resultados entre alunos que utilizaram a música em suas análises históricas e os
que procederam de forma oposta.
Nome: Jorge Luiz Veloso da Silva Filho
Título: Museu do Mamulengo na sala de aula: proposição de jogos educativos como
recurso didático no ensino de História
Orientador: Ricardo de Aguiar Pacheco
Coautoria: Sim
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Resumo: O presente estudo tem como objetivo a proposição de jogos educativos que
utilizam o acervo do Museu do Mamulengo (localizado na Cidade de Olinda - PE) e o
uso desses recursos didáticos no ensino de história. Para a pesquisa de campo e confecção
dos jogos foram utilizados referenciais teóricos ligados ao ensino de história, ao campo
do patrimônio e da museologia, discutindo a dimensão educativa destes espaços. Também
buscamos no campo da pedagogia referências sobre o do uso de jogos no meio escolar. A
metodologia empregada foi a pesquisa bibliográfica e observação participante no Museu
do Mamulengo, em especial as ações educativas voltadas ao público escolar. Ainda foram
coletadas informações junto a professores que utilizam o espaço e no setor educativo do
museu. Neste estudo concluímos que a proposição dos jogos é uma forma de aproximar
a instituição escolar do Museu do Mamulengo e, quando utilizados nas aulas de história,
é um instrumento para preparar a visitação, com isso potencializar a experiência
pedagógica que ocorre no museu.
Palavras-chave: Ensino de história, jogos educativos, Museu do Mamulengo.
Nome: Raquel Anne Lima de Assis
Título: A Segunda Guerra Mundial em OEDs: Projeto de Pesquisa
Orientador: Dilton Cândido Santos Maynard
Coautoria: Não
Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar o projeto de pesquisa sobre a II
Guerra Mundial em objetos educacionais digitais (OEDs). Esse material é avaliado e
distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para auxiliar o trabalho
pedagógico dos professores. Assim, procuramos investigar o ensino de história sobre o
conflito apoiado nestes objetos digitais. Mostraremos a problematização, os objetivos, a
justificativa, o referencial teórico-metodológico e as fontes quem compõem esse estudo.
Desta forma, será possível entender em que está baseado e como se dará a pesquisa.
Palavras-chaves: II Guerra, OEDs, ensino de história.
Nome: Manassés André Vasconcelos Lima e Matheus Phelipe Mamede Lopes da Luz
Título: A integração de diversas práticas educacionais para o fomentar de um
original e satisfatório ensino de História.
Orientador: Adeildo Pereira da Silva
Coautoria: Sim
Resumo: Este artigo propõe uma indagação acerca dos pertinentes pontos ligados as
práticas de ensino na questão do ambiente educacional do historiador, é verificável um
grande ponto de interrogação que permeia grande parte dos educadores, não apenas na
área de história, e esse ponto é formado pela conjunção de divergentes opiniões acerca do
uso integrado de práticas, como, o auxílio complementar proposto com o uso de obras
literárias brasileiras em conjunto com as obras das literaturas internacionais, ou com o
uso de recursos audiovisuais, recursos estes que visam objetivar uma maior integração do
estudante com pontos da aula, como por exemplo, a visualização de mapas. O objetivo
do presente artigo é de demonstrar a praticidade e ao mesmo tempo a originalidade do
historiador e educador em integrar essas diversas obras e práticas, e com isso fomentar
um maior desenvolvimento intelectual do campo educacional que consequentemente
resultará em um melhor desenvolvimento geral e formativo. A fundamentação dessa
indagação se baseará em dois principais pilares, que se constituem em uma proposição de
analogias entre excertos de obras de literatos brasileiros (Carlos Drummond de Andrade;
João Cabral de Melo Neto) e autores internacionais (Fernando Pessoa; Friedrich
Nietzsche), além de depoimentos de historiadores ao redor do globo acerca de métodos
que podem facilitar e dinamizar as práticas educacionais, como o da professora doutora
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Flávia Eloisa Caimi, esperando assim tornar mais observável o consequente resultado da
junção de diferentes práticas e teorias educacionais, pois, estas diferenças acabam por
interagir significativamente com o campo de conhecimento do observado, e por última
consequência criar o desenvolvimento histórico com um viés interdisciplinar que ajudará
significativamente o estudante. O objeto de análise será focalizado através das analogias
entre excertos das obras Os ombros suportam o mundo (Carlos Drummond de Andrade);
A educação pela pedra (João Cabral de Melo Neto); Livro do Desassossego (Fernando
Pessoa); excerto retirado da coletânea Os Pensadores (Friedrich Nietzsche) e da obra
Aprendendo a ser professor de História (Flávia Caimi) entre outras que venham a
complementar os parâmetros educacionais.
Nome: Emmanoel Jetro Francisco dos Santos, Henrique Rodrigues Bezerra, Igor
Fernandes Cordeiro e William Sousa Freire
Título:ANÁLISE DO BAIRRO DO RECIFE ATRAVÉS DA ICONOGRÁFICA
Orientador: Dr. FLAVIO JOSÉ GOMES CABRAL
Coautoria: Sim
Resumo: O presente artigo pretende evidenciar o estudo da história do Recife transitando
entre cultura, patrimônio e demografia. O artigo é conclusão de um projeto no qual
abrange a história cultural, aplicado em três séries do ensino médio do EREM Aníbal
Fernandes da rede estadual de ensino na capital pernambucana. Além do uso do quadro e
giz multimídias o projeto procurou utilizar de outros recursos como elemento facilitador
do conhecimento, o recurso iconográfico, ou seja, fotografias de monumentos e pontes
que no primeiro momento foram feitas pelos alunos. Os alunos foram instigados a
observarem a cidade e fotografarem monumentos, o cotidiano, o rio e as pontes. Em
seguida foram feitas pesquisas, via internet, de imagens do século XIX e início do século
XX no site da Fundação Joaquim Nabuco e nos anais. A analogia entre as imagens do
século XIX, XX e XXI expõe as diversas relações entre os documentos fotográficos e o
conjunto de informações, neste caso sobre o Recife, contribuindo, assim, para um maior
conhecimento sobre a capital pernambucana. Ao aproximar essas imagens observou-se
as alterações que a cidade passou, suas transformações na paisagem urbana, na arquitetura
e no modo de viver das pessoas. O alunado ficou entusiasmado com essas transformações.
Feitas as devidas análises, essa exposição foi montada na biblioteca da escola com a
participação do alunado que ajudou a montar os quadros e apresentá-los de forma atrativa
como se fossem quadros de arte. A exposição foi denominada “Rios, pontes e overdriver:
impressionantes esculturas de lama” em homenagem ao cantor e compositor Chico
Science, que criticava a ideia de “modernidade” através do progresso econômico dos
grandes centros urbanos. A proposta do tema era também desmistificar junto aos alunos
a ideia de que mostra fotográfica em biblioteca teria que ser realizada com formalidades
excessivas. Foram espalhados cartazes pelos colégios instigando os alunos a comparecer
a biblioteca com perguntas relacionadas à música que deu nome à exposição.
Nome: Elizama Neri de Souza e Silva, Luiza Irene de Lima (ESCOLA ROSA
MÍSTICA)
Título: O CINEMA COMO RECURSO DIDÁTICO: ENTRAVES E
POSSIBILIDADES NAS AULAS DE HISTÓRIA DO ENSINO MÉDIO
Coautoria: Sim
Resumo: Durante o curso de Licenciatura em História, nos deparamos com algumas
disciplinas nas quais tivemos que no deslocar a uma instituição de ensino, na sua maioria
pública para realizarmos atividades nas quais adentraríamos em salas de aula para
fazermos observações, entrevistas, diagnoses e regências. Estes componentes curriculares
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propõem que façamos uma comparação analítica das teorias educacionais vivenciada na
academia e como estas são aplicadas ou não nestas instituições. Sendo assim, o presente
artigo tem como objetivo abordar um pouco das questões relativas ao uso da linguagem
fílmica nas aulas de História do Ensino Médio, a partir do que foi observado nas escolas
campo de estágio, levando em consideração a forma equivocada que muitas vezes este
recurso é utilizado nestas aulas, até por que muitas vezes apenas o livro didático é o único
recurso disponível ao docente.
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CO 12) Currículo e ensino de história
25/07 - sexta-feira - Tarde (14h às 16h)
Nome: Betânia da Silva Lira
Título: A invisibilidade do patrimônio Cultural na memória social
Orientador: Bruno de Melo Araújo
Coautoria: Não
Resumo: RESUMO: Este trabalho pretende manifestar a ideia de como o patrimônio
cultural é importante para a educação e conhecimento de uma comunidade e sua relação
com o patrimônio ao seu redor. Independendo de relações de poder. Como esses
indivíduos se comportam frente ao seu patrimônio e se assim reconhecem como seu
espaço. Tem como discussão principal o patrimônio cultural numa perspectiva além de
qualquer estrutura. Utilizando pesquisa de campo, relatos e bibliografia para pautar as
discussões. Chegando à conclusão que as instituições deveriam estreitar relações com a
comunidade local, a fim de representa-las. Com o intuito de nivelamento
instituição/público. Tendo como finalidade a desmontagem de um pedestal aristocrático
que separa a instituição museológica do seu ponto principal: o público.
Palavras chave: Patrimônio Cultural, Comunidade local, reconhecer e instituição
museológica.
Nome: Roberta de Souza Soares
Título: Discutindo gênero: olhares e reflexões no ensino de história
Orientador: Maria Ângela de Faria Grillo
Coautoria: Não
Resumo: As mudanças no pensamento historiográfico permitiram aos historiadores nas
últimas décadas a busca por novos objetos de estudo. A história se volta para novas
questões e utiliza novos pontos de vista sobre questões já estudadas. Reviravolta que
possibilitou uma maior ampliação dos estudos de gênero. Este trabalho é um
desdobramento de Projeto de Iniciação à Docência que procura repensar a prática de
ensino na tentativa de alcançar uma maior ampliação da discussão das relações de gênero
nos conteúdos de história ensinados no espaço escolar, buscando as formas pelas quais
estas relações se fizeram presente na sociedade em diferentes épocas. Discursão que
permita aos alunos e as alunas do Ensino Fundamental e/ou Médio a aproximação com
novos temas e diferentes abordagens na sala de aula, criando condições para o
reconhecimento das relações de gênero a partir de construções sociais. E dessa maneira,
que se reconheçam no processo de construção de uma sociedade mais justa. Assim, o
objetivo deste trabalho consiste em discutir a importância da abordagem de gênero no
ensino de história.
Nome: Fabrícia Evellin Cunha Mello
Título: História Antiga: novas perspectivas de ensino.
Orientador: Tatiana Lima
Coautoria: Não
Resumo: O trabalho apresentado discute como a disciplina de história antiga pode ser
trabalhada de modo mais dinâmico e crítico, buscando a construção do conhecimento
pelos estudantes. Pois muitos deles possuem uma dificuldade e resistência com a
disciplina, que é vista como desinteressante. O objetivo é mudar isso através de um ensino
mais dinâmico e lúdico utilizando os documentos da antiguidade clássica que são
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analisados, contextualizados historicamente, e adaptados de diferentes formas pelos
estudantes.
Nome: Douglas Coelho Rodrigues
Título: O Sertão Pernambucano através de fontes inquisitoriais e sua utilização em
sala de aula
Orientador: Prof.ª Dra. Janaína Guimarães
Coautoria: Não
Resumo: O Santo Ofício forneceu inúmeros documentos por meio dos quais se pode fazer
uma análise dos costumes e relações sociais estabelecidas entre os colonizadores.
Podemos então, notar os arrolamentos entre os grupos sociais e os poderes institucionais.
Os estudos envolvendo a documentação inquisitorial nos permite conhecer os detalhes
das visitações e processos que devassaram a vida cotidiana da colônia. Pois, na
interiorização da colonização, muitos colonos voltaram a se isolar geograficamente da
Igreja, e de maneira lenta desenvolveram a ideia de falta de vigilância. Com isso,
passaram a viver – mesmo que inconscientemente – à sua própria maneira, a qual não
condizia com a moral da fé cristã. Assim, o sertão pernambucano tornou-se uma nova
zona de convivência, com suas próprias características e simbolismos, o que nos permite
trabalhá-lo sob diversos olhares com o auxílio da documentação inquisitorial, tanto na
academia como em sala de aula. A respeito dessa questão, do trabalho com as fontes em
sala de aula, muito já se foi debatido entre os estudiosos da educação e da História. A
preocupação gira em torno do status de ilustração que é atribuído a elas, principalmente
nos livros didáticos, os quais ainda se encontram permeados pelo modelo tradicionalista
de História. Desde o advento da Escola dos Annales que o tratamento dado aos
documentos, principalmente na sua categorização, vem sendo repensado. Um dos poucos
métodos que restaram do modelo tradicional, a criticidade, foi mantida, já que é um
pressuposto básico para a cientificidade. O saber escolar também passou a ser repensado,
na tentativa de dialogar com o saber acadêmico. E nesta tendência, que segue até os dias
atuais, se discute sobre a “utilização adequada” das fontes históricas, devendo ser
problematizadas e contextualizadas pelos alunos e professores para que haja a construção
do saber. Neste aspecto, dentre as inúmeras possibilidades para o trabalho com as fontes,
a Inquisição se mostra como uma boa ferramenta pedagógica para os diversos olhares que
se pretende lançar, devido à riqueza de detalhes dos seus processos e de toda a sua
documentação.
Nome: ALEXSANDRA MARIA DOS SANTOS
Título: Formando professores de história em Pernambuco: o currículo na formação
de professores de história nas instituições do Recife de 2000 a 2012.
Orientador: Bruno Melo de Araújo
Coautoria: Sim
Resumo: Realizaremos a análise comparativa entre os Parâmetros Curriculares Nacionais
e as matrizes curriculares das instituições formadoras de professores em história em
Recife, Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, Universidade Federal Rural de
Pernambuco - UFRPE e Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, de 2000 a 2012.
A legislação sofre modificações para uma melhor formação do professor. Inicialmente,
Diretrizes Curriculares Nacionais de História (CNE/CES 492/2001), com adições nas
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de professores da Educação Básica
(CNE/CP 01/2002), ambos que resultaram em documentos que sofreram embates nos
diversos níveis da Educação, do federal ao local, do teórico ao político e dividiram os
envolvidos. Neste sentido, nosso recorte vem do ano 2000, devido ao início das
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discussões sobre a formação de professores e em específico a formação dos professores
de História, considerando a adequação das instituições de nível superior a Legislação do
CNE/MEC e vai até 2012 com a queda do conceito no Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Superior (SINAES) dos Cursos de Licenciatura em história de algumas das
instituições analisadas.
Nome: Monike Gabrielle de Moura Pinto
Título: O Exame Nacional do Ensino Médio e seu papel para a efetivação dos
objetivos da educação nacional
Orientador: Ricardo de Aguiar Pacheco
Coautoria: Sim
Resumo: Num cenário de modificações do âmbito educacional no Brasil – onde a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (1996) apontava para contundentes modificações no
quadro da educação brasileira – surge, no ano de 1998, o Exame Nacional do Ensino
Médio (ENEM). O período era de busca por uma educação geradora de uma formação de
sujeitos críticos e conscientes de sua realidade social, tendo o ENEM surgido com a
finalidade de avaliar a condição do estudante ao término do ensino básico, sobretudo no
que tange ao preparo para o exercício da cidadania. Em 2009, o exame passa por uma
grande modificação, se instituindo como a principal forma de acesso ao ensino superior.
Como parte das pesquisas realizadas pelo Observatório do Ensino de História em
Pernambuco (OBEHPE), o presente trabalho procura identificar as principais
transformações do ENEM – na prova de “Ciências Humanas e suas tecnologias” – ao se
tornar porta de entrada para o ensino superior, percebendo se as principais reformulações
sofridas no exame têm corroborado de maneira positiva, ou não, para a efetividade dos
princípios e objetivos da educação emanados pela legislação educacional
vigente. Palavras-chave: ENEM; Legislação Educacional; SiSU.