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Existência e Arte Revista Eletrônica do Grupo PET Ciências Humanas, Estética da Universidade Federal de São João del-Rei ANO IX Número VIII Janeiro a Dezembro de 2013. DAS PESQUISAS DO PET UFSJ 2013 - 2014 CADERNO DE RESUMOS ISSN: 1808-6926

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Universidade Federal de São João del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013.

DAS PESQUISAS DO PET – UFSJ 2013 - 2014

CADERNO DE RESUMOS

ISSN: 1808-6926

Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 145

Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da

Universidade Federal de São João Del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

Reitora

Valéria Heloísa Kemp

Vice-Reitor

Sérgio Augusto Araújo da Gama Cerqueira

Pró-Reitor de Ensino de Graduação

Marcelo Pereira de Andrade

Pró-Reitor Adjunto de Ensino de Graduação

Márcio Falcão Santos Barroso

Chefe do Departamento das Filosofias e Métodos

Rogério Antonio Picoli

Coordenador do Curso de Filosofia

Fabio de Barros Silva

CONSELHO CONSULTIVO

Adelmo José da Silva, Adriana Andrade de Souza, Alberto Pucheu Neto, Betânia Maria Monteiro

Guimarães,

Caroline Vasconcelos Ribeiro, Christianni Cardoso Morais, Denise da Silva Gonçalves, Éder Jurandir

Carneiro,

Eduardo Aníbal Pellejero, Eliana Henriques Moreira, Enio Paulo Giachini, Faustino Luiz Couto Teixeira,

Fernanda Machado Bulhões, Geraldo Tibúrcio de Almeida Silva, Gilvan Luiz Fögel, Ignácio César

Bulhões,

Ivan de Andrade Vellasco, Maria José Netto Andrade, Maria Teresa Antunes Albergaria, Moisés

Romanazzi

Torres, Paulo Afonso de Araújo, Wanderley Cardoso de Oliveira

EDITORAÇÃO

Petianos

Aline Apipe Faria – André Prock Ferreira – Camila Silva – Caio Penha – Gabriela Ferreira Andrade –

Isabela Oliveira – Jonatas Feix – Leander Barros – Márcia de Ázara –

Marcos Antônio Souza – Mayra Melo – Shênia Souza Giarola

Tutora

Glória Maria Ferreira Ribeiro

PROJETO GRÁFICO E FORMATAÇÃO

Aline Apipe Faria

Shênia Souza Giarola

CAPA DO CADERNO DE PESQUISA

Lucas S. Bertolino

Shênia Souza Giarola

REVISOR

Evandro Figueiredo Cândido

ORGANIZADORES DO CADERNO DE RESUMOS

Aline Apipe Faria

Shênia Souza Giarola

PET FILOSOFIA – UFSJ

Praça Dom Helvécio, 74, sala 2.56, Fábricas, São João del-Rei / MG – Brasil

ISSN: 1808-6926

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CADERNO DE

RESUMOS

PET – Filosofia

Universidade Federal de São João del – Rei - 2013

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Sumário

O Método Dialético Platônico no Mênon

Ac. Aline Apipe de Faria ......................................................................................................................... 148

Introdução a Metafísica de Aristóteles

Ac. André Prock Ferreira ........................................................................................................................ 152

A Transposição da Concepção Arendtiana de Milagre para o campo da Política

Ac. Caio Luiz Carvalho Penha ................................................................................................................ 154

As Análises Arendtianas acerca das Implicações Políticas da Faculdade do Pensar

Ac. Camila Silva de Paulo ........................................................................................................................ 157

A Inversão Moral dos Valores no Pensamento de Nietzsche e o Surgimento do Ressentimento

Ac. Gabriela Ferreira de Andrade ........................................................................................................... 160

A representação política no pensamento de Karl Marx

Ac. Isabela Alline Oliveira ....................................................................................................................... 162

Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável: Aspectos Normativos Políticos Implicados no Conceito de Sustentabilidade

Ac. Marcos Antônio de Souza Lopes ..................................................................................................... 166

A Construção Arquitetônica e a Questão do Habitar Ontológico Heideggeriano

Ac. Mayra Campos de Melo .................................................................................................................... 171

O Trabalho Alienado e a Banalidade do Mal em Hannah Arendt Ac. Shênia Souza Giarola ......................................................................................................................... 175

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O Método Dialético Platônico no Mênon

Ac. Aline Apipe de Faria1 – Universidade Federal de São João Del Rei

RESUMO:O presente trabalho tem como objetivo elucidar alguns pontos do método

dialético utilizado por Platão, e a forma com que ele o aperfeiçoa, transformando-o em

um recurso filosófico, que é aplicado de forma a contemplar o ser e o inteligível na

busca filosófica por uma compreensão maior do mundo. De forma mais específica,

analisar-se-á o diálogo Mênon, em que o escravo efetua a tarefa de provar através da

experiência maiêutica a tese de que conhecer é recordar. Parte-se da conjectura de que a

compreensão da dialética nesse diálogo fornecerá o alicerce necessário para a

compreensão do método dialético na obra platônica, de modo mais geral.

Palavras-chave: Dialética, Reminiscência, Maiêutica.

Introdução

Nos diálogos platônicos ressalta-se a elaboração de um discurso filosófico,

constituído no entorno da figura do filósofo e de sua apreensão de mundo. O nascimento

deste discurso, a Dialética, provém da necessidade de superar tanto a especulação

natural de seus predecessores jônicos, baseada na gênese de todas as coisas, quanto o

discurso sofista que transforma a argumentação dialética numa técnica da erística, da

contradição e da contestação, tornando o conteúdo do argumento secundário.

O principio dialético mostra o modo como o diálogo flui, nas suas regras,

interrupções, silêncios, mudanças de rumos, questionamentos, construção e

desconstrução das ideias, no uso de mitos e exemplos. Segundo Platão, em Fédon, “o

diálogo – ou o logos como diálogo – é um exercício que afasta a alma do corpo,

enquanto esta se exercita para alcançar as realidades inteligíveis.”

1 Graduanda do segundo período de filosofia da UFSJ. (PET/COFIL/UFSJ)

Prof. Dr. Luiz Paulo Rouanet – Orientador (DFIME/UFSJ).

Agência financiadora: MEC/SESu

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Em Mênon, Platão utiliza-se da dialética, passando pelo processo da refutação

como uma técnica que planta e semeia as “sementes do logos”. Platão demonstra:

MÊNON: - Sócrates! Já muito tempo, antes de conhecer-te pessoalmente, eu sabia

que nada mais fazes do que duvidar e despertar dúvidas no espírito dos outros! E é

por isso que agora, segundo me parece, me tens aqui enganado e enfeitiçado e

embruxado por ti, e cheio de dúvidas! (PLATÃO, 1954, p 77)

Este diálogo platônico tem inicio na busca de uma definição sobre a virtude, e se

ela pode ou não ser ensinada. Sócrates conduz o diálogo levando a novas aporias, até

chegar então à ideia de que conhecimento é anamnese. Conhecer é recordar o que existe

desde sempre no interior da alma. A partir disso, Platão desenvolve uma experiência

maiêutica, como prova da tese proposta. Sócrates interroga o escravo de Mênon, que

não recebeu nenhum tipo de educação, mas que tem em sua alma verdades que sempre

estiveram ali e que com isso pode provar que as ideias se encontram na alma humana,

devendo-se apenas encontrar um caminho para rememorá-las.

E tais conhecimentos foram despertados nêle como de um sono; e creio que

se alguém lhe fizer repetidas vêzes e de várias maneiras perguntas a proposito

de determinados assuntos, ele acabará tendo uma ciência tão exata como de

qualquer pessoa da boa sociedade. (...) Ele acabará sabendo, sem ter possuído

mestre, graças a simples interrogações, extraindo os conhecimentos do seu

próprio íntimo. (PLATÃO, 1954, p.86)

Ao submeter-se à experiência maiêutica, o escravo prova que todo homem pode

tirar do consciente a ideia verdadeira que havia esquecido, pois possui uma alma

imortal, e dotada de verdades, que, no entanto não são apreendidas na vida atual. Porém,

isso não lhe permite circular pela dialética ascendente e descendente, muito menos se

tornar um homem livre com direito a palavra na sociedade ateniense.

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Metodologia

O presente trabalho parte da leitura e análise de obras do Platão e de alguns

comentadores especializados em sua filosofia. Entre as obras encontra-se Mênon, texto

utilizado como base para o desenvolvimento da pesquisa e obras de apoio como Platão:

o cosmo, o homem e a cidade: um estudo sobre a alma, da autora Rachel Gazolla de

Andrade. (Andrade, 1994)

A pretensão da pesquisa que se esboçou no presente resumo, é explicitar o

método mais utilizado por Platão em seus escritos e por Sócrates em seus ensinamentos,

a Dialética particularmente há uma análise mais aprofundada de Mênon, por ser uma

obra que abrange bastante o tema dialético.

Considerações Finais

Levando em consideração o referente trabalho, foi visto o método de escrita

adotado por Platão, que difere bastante daquele da maioria dos filósofos. Esse método é

a dialética, que é utilizada de forma a contemplar o ser e o inteligível em uma busca

filosófica por uma apreensão mais ampla.

Demonstrando de uma forma mais exemplificada a dialética, na obra Mênon de

Platão, o escravo cumpre a tarefa de provar, através da experiência maiêutica, a tese de

que conhecer é recordar. Enquanto sua consciência escrava tem a tarefa de efetivar a

dialética do reconhecimento, por meio da disciplina e do trabalho.

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Referências Bibliográficas

ANDRADE, Rachel Gazolla de. Platão: o cosmo, o homem e a cidade: um estudo sobre

a alma. Petropolis: Vozes, 1994. 214 p.

PLATÃO. Diálogos: Menon; Banquete; Fedro. 3 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1954. 263

p. (Biblioteca dos Séculos; 12)

________. Os Pensadores: Platão. Diálogos: O Banquete, Fédon, Sofista, Político. Pp.

57 – 126. Trad: José Cavalcante de Souza, Jorge Peleikat e João Cruz Costa. 5 ed. São

Paulo: Nova Cultural, 1991.

ZSLEZÁK, Thomas Alexander. A imagem do dialético nos diálogos tardios de Platão:

caminho e essência do filosofar ocidental. São Paulo: Loyola, 2011.

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Introdução a Metafísica de Aristóteles

Ac. André Prock Ferreira2 - Universidade Federal de São João del-Rei

RESUMO: Trata-se de explicitar a relação entre ciência idealizada por Aristoteles, que

busca pelos princípios e causas do real e a noção de substância (ousia) que, para o

estagirita, equivale a noção de ser. "... O que é o ser?” é, em outras palavras, a questão

“O que é a substância?" (Aristóteles, 2006 1028b 5). Por conseguinte, as questões que

norteiam a nossa investigação são: como a substância se faz a via de acesso a esse tipo

de ciência que incide sobre o que é necessário e universal? Por que à questão do ser

equivale à questão da substância? Qual é a constituição dessa ciência que, segundo

Aristóteles, é livre por excelência? Este trabalho consiste, fundamentalmente, em

elaborar essas questões que são essenciais para a compreensão do Livro da Metafísica

em pauta para nós.

Palavras-chave: Conhecimento – Ciência – Sabedoria - Aristóteles

Introdução

A questão “o que é filosofia?” apresenta diversas respostas ao longo da história

da filosofia; uma das primeiras definições foi apresentada por Aristóteles no período da

Grécia Antiga e se tornou a base para os outros pensamentos. Pensando em sua

importância em torno da constituição da filosofia, algumas considerações propedêuticas

se fazem necessárias, dentre elas a constituição da metafísica e suas diversas discussões,

que são norteadas pelo termo substância.

2 UFSJ. Universidade Federal de São João del-Rei. Graduando do Curso de Filosofia. (PET/COFIL/UFSJ)

Profª. Drª. Glória Maria Ferreira Ribeiro – Orientadora (DFIME/UFSJ). Agência financiadora: MEC/SESu

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Objetivo

O presente trabalho tem por objetivo explicitar a concepção de Filosofia presente

no Livro I da Metafísica de Aristóteles – que é concebida como a ciência suprema, a

que ele denomina de Filosofia Primeira, sabedoria, Teologia – e, também, discutir a

relação desta ciência com a questão da substância – conceito fundamental no

pensamento aristotélico.

Metodologia

A metodologia adotada foi a revisão de bibliografias.

Considerações finais

Após a realização dessas considerações, podemos perceber que é preciso

investigar sobre a questão da substância, para que, assim, possamos falar sobre a

constituição do ser, mas uma investigação que se dê pelo espanto, pela admiração, pelo

amor, e não uma investigação que vise algum tipo de utilidade.

Referencias

ARISTÓTELES, Metafísica. Trad. Edson Bini, 1° Ed. Bauru, SP: Edipro, 2006

(Clássicos Edipro).

REALE, G. Metafísica – Ensaio Introdutório. 2° Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

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A Transposição da Concepção Arendtiana de Milagre

para o campo da Política

Ac. Caio Luiz Carvalho Penha3 – Universidade Federal de São João del-rei

RESUMO: O trabalho em questão busca mostrar a leitura arendtiana do conceito de

milagre dentro do campo da política. Explicitamos aqui o modo inovador com que a

filósofa alemã Hannah Arendt o concebe a partir de uma análise das suas implicações

no domínio dos assuntos humanos. Palavras-chaves: milagre; política; assuntos humanos; nascimento.

Introdução

Existe uma expressiva quantidade de teóricos políticos que optam por não

refletir conceitos celebrizados pelo discurso religioso, tendência que não se encerra na

obra de Arendt. De modo natural, ela trata dos conceitos: milagre, perdão e promessa de

uma perspectiva secular, revelando-os como ferramenta para lidar com problemas

discutidos em sua época e ainda recorrentes nos dias de hoje.

A pensadora serve-se do conceito de milagre, que analisaremos para embasar a

sua proposta de liberdade permeada pela ação, capaz de sustentar o domínio dos

assuntos humanos. Esse processo ocorre na linha contrária ao fluxo determinado da

vida, que se encerra na morte. Ocorre porque não é ela que protagoniza este fluxo – é o

nascimento. Só por ele que o homem se identifica ao surgir no mundo e passa pela

inserção. Os atos e palavras somam-se à expressão dessa inserção. Dessa forma, o

nascimento traz em si o milagre que se desvela na ação política.

Isso se dá pela sua propriedade de novidade, alimentando e dando sentido à

pluralidade que é a condição da política, segundo a autora. Assim, o milagre, enquanto

3 Orientador Professor Dr. José Luiz Oliveira, UFSJ, Depto de Filosofia e Métodos, São João del-Rei,

MG. Bolsista: PET/MEC/SESu.

Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 155

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Universidade Federal de São João Del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013

potência capaz de realizar o ainda irrealizado, suplanta a morte, dando sentido para o

espaço público e para os assuntos humanos, sempre interligados à política.

Objetivo

Visando à atualidade desse ponto de seu pensamento, procuramos não apenas

conduzir-nos à compreensão das estruturas em que ele está envolvido, mas também

buscarmos respostas para um mundo que não parece dar à política um valor à altura do

que a autora lhe atribuiu.

Neste trabalho temos a pretensão de analisar o milagre como manifestação da

novidade que suplanta as limitações da vida pela categoria do nascimento, fundamental

nos assuntos públicos, na ação política.

Metodologia

Utilizamos o livro “A condição humana”, da filósofa Hannah Arendt, como

bibliografia básica, refletindo seus pensamentos sobre o conceito de milagre e, também,

elencando o maior número possível de conceitos necessários à sua compreensão. Em

primeiro plano estão: trabalho, obra e ação; este permeia todo o trabalho enquanto

viabilizador da política, campo no qual situamos o conceito de milagre.

Considerações finais

Evidencia-se que o milagre conserva em si o centro do pensamento arendtiano, o

nascimento, em oposição à morte a qual todos estão fadados. O milagre se manifesta,

principalmente, suprimindo-a sob a forma de esperança e de fé, levando os homens na

ação a compreenderem que a vida é liberdade que se realiza na excelência política, no

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Universidade Federal de São João del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013.

espaço público onde ocorrem processos novos análogos a um milagre, tendo em vista

essa propriedade suprimida da natureza humana.

Referências

ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Tradução Roberto Raposo, revista e ampliada

por Adriano Correia. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

_______ . A Dignidade da Política. Tradução Helena Martins Frida Coelho, Antônio

Abranches, César Almeida, Cláudia Drucker e Fernando Rodrigues. Rio de Janeiro:

Relume-Dumará, 1993.

_______. A Vida do Espírito. Trad. Antônio Abranches, César Augusto de Almeida e

Helena Martins. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.

_______. Da Revolução. 2ª ed. Trad. Mauro W. Barbosa de Almeida. São Paulo: Ática

e UnB, 1990.

_______. Eichmann em Jerusalém. 1. Ed São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

_______. Entre o Passado e o Futuro. 2. ed. Trad. Mauro V. Barbosa. São Paulo:

Perspectiva, 1997.

_______ . O que é Política? Editoria,Ursula Ludz,. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,

1998.

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As Análises Arendtianas acerca das Implicações Políticas

da Faculdade do Pensar

Ac. Camila Silva de Paulo4 – Universidade Federal de São João del-Rei

RESUMO: O presente trabalho busca explicitar em que medida a faculdade do pensar

possui relevantes implicações no que tange à política, na perspectiva arendtiana.

Palavras-chave: Pensamento; banalidade do mal; ação política.

Introdução

A tensão entre pensamento filosófico e política, na História da Filosofia,

teve seu marco no julgamento de Sócrates. Platão desencantou-se com a vida na polis e

passou a duvidar de certos ensinamentos, ao perceber que a persuasão, utilizada por

Sócrates, de nada lhe valeu no que tange ao convencimento dos juízes acerca de sua

inocência; tampouco lhe serviu para convencer seus amigos da justificativa de sua

escolha de não fugir de sua punição após a condenação. Numa visão platônica, quem

deve governar a polis não é o homem temporariamente bom (os homens que podem ser

persuadidos), mas sim a eterna verdade (os homens que não podem ser persuadidos).

Percebe-se aí a distinção, dada já por Platão, entre os homens que pensam, refletem e

analisam os fatos (e justamente por isso não são facilmente persuadidos) e aqueles que

não pensam, mas que, ao contrário, aceitam discursos facilmente, tendo-os por

4 Orientador: Prof. Dr. José Luiz Oliveira, UFSJ, Depto de Filosofia e Métodos. Bolsista:

PET/MEC/SESu.

Revista Eletrônica Existência e Arte 158

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verídicos, homens que são persuadidos facilmente e inaptos para o governo da polis

(atividade política).

Hannah Arendt afirma que não existe uma resposta filosoficamente válida para a

pergunta “o que é política?” A pensadora define que política baseia-se na pluralidade

dos homens e trata da convivência entre diferentes. Portanto, os homens se organizam

politicamente, visando assuntos em comum, fato essencial para evitar o caos absoluto.

O que fez Arendt escrever sobre o pensar foi sua perplexidade diante do caso Eichmann.

Segundo a pensadora, quando não exercitamos a faculdade do pensar, nos tornamos

incapazes de questionar ou rejeitar regras, daí sermos levados simplesmente a obedecê-

las, sem considerarmos suas implicações. Foi o que aconteceu na Alemanha nazista

onde o regime totalitário conseguiu um exército de zumbis caracterizado por obediência

“cega e cadavérica” que se revela como a completa ausência do pensar e do julgar.

O pensar é, portanto, compreendido por Arendt como um ato repleto de

implicações políticas. O tema da banalidade do mal se constitui uma forma de espanto

que levou Arendt a abordar mais relevantemente acerca da faculdade do pensar.

Pretende-se, com o desenvolvimento desta Pesquisa, demonstrar que a abordagem do

pensar, na perspectiva arendtiana, possui relevantes implicações políticas.

Objetivo:

Explicitar e analisar a faculdade do pensar por meio do conceito do dois em um

socrático, demonstrando suas implicações relevantes no âmbito da ação política.

Metodologia

Este trabalho terá como metodologia a pesquisa bibliográfica e apoiar-se-á, em

primeiro lugar, na leitura dos livros A condição humana e O que é política.

Analisaremos o que levou Arendt a demonstrar as condições de uma autêntica

compreensão acerca do tema das implicações políticas oriundas da faculdade do pensar.

Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 159

Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da

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Referências

ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Tradução Roberto Raposo, revista e ampliada

por Adriano Correia. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

_______ . A Dignidade da Política. Tradução Helena Martins Frida Coelho, Antônio

Abranches, César Almeida, Cláudia Drucker e Fernando Rodrigues. Rio de Janeiro:

Relume-Dumará, 1993.

_______. A Vida do Espírito. Trad. Antônio Abranches, César Augusto de Almeida e

Helena Martins. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.

_______. Da Revolução. 2ª ed. Trad. Mauro W. Barbosa de Almeida. São Paulo: Ática

e UnB, 1990.

_______. Eichmann em Jerusalém. 1. Ed São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

_______. Entre o Passado e o Futuro. 2. ed. Trad. Mauro V. Barbosa. São Paulo:

Perspectiva, 1997.

_______ . O que é Política? Editoria,Ursula Ludz,. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,

1998.

_______. Origens do Totalitarismo. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das

Letras, 1998.

Revista Eletrônica Existência e Arte 160

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A Inversão Moral dos Valores no Pensamento de

Nietzsche e o Surgimento do Ressentimento

Ac. Gabriela Ferreira de Andrade5 – Universidade Federal de São João del-Rei

RESUMO: Segundo Nietzsche, nas obras “A Genealogia da Moral. Uma Polêmica”

(1887) e “Para Além do Bem e do Mal, por fim, Prelúdio de uma Filosofia do Futuro”

(l886) são, por ele, consideradas as mais abrangentes, e preservam as discussões

fundamentais do seu pensamento. A crítica de Nietzsche sobre os valores enraizados na

moral ocidental e a influência destes no desenvolvimento do pensamento metafísico é

sua tentativa de demonstrar o cerne da moral, deparando-se com a degeneração do

indivíduo e como a moralidade o torna um instrumento de domesticação, que acarretará

culpa, má consciência e o dever para com o próximo. A partir dessas constatações,

Nietzsche critica os ideais cristãos que foram pregados em todo ocidente e o verdadeiro

abismo no qual se transformou a tradição ocidental.

Palavras-chave: Cristianismo; Moral; Valor.

Objetivo

O objetivo principal deste trabalho é compreender como se dá a inversão dos

valores empregados pela tradição, a partir da análise que Nietzsche faz, em suas

diversas críticas, à moral judaico-cristã que, para ele, é a simples negação da vida a

favor de um mundo suprassensível.

Metodologia

Utilizamos as obras: “A Genealogia da Moral. Uma Polêmica” (1887) e “Para

Além do Bem e do Mal. Prelúdio de uma Filosofia do Futuro” (l886) que são, por ele,

5 Graduanda em Filosofia pela Universidade Federal de São João del-Rei – UFSJ. Bolsista:

PET/MEC/SESu.

Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 161

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consideradas as mais abrangentes e preservam as discussões fundamentais do seu

pensamento. Essas obas, que já são parte de sua filosofia madura, expressam como

ocorre a inversão dos valores na divisão que filósofo faz para a moral ocidental.

Considerações Finais

Evidencia-se como os valores postos pela tradição foram deturpados em seu cerne, e

como pensamento nietzschiano surge para desvendar, através das diversas ciências

(filologia, filosofia, psicologia e história), como os homens as utilizaram de forma

errada até os dias atuais.

Referências

NIETZSCHE, F. “Introdução teorética sobre a verdade e a mentira no sentido extra

moral”. in. O livro do Filósofo. trad. Rubens Eduardo Ferreira Frias. 3. Ed. São Paulo:

Centauro. 2001.

_________________. Além do bem e do mal, prelúdio a uma filosofia do futuro.Trad.:

Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

_________________. Genealogia da moral. Trad.: Paulo César de Souza. São Paulo:

Companhia das Letras, 1998.

Revista Eletrônica Existência e Arte 162

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A representação política no pensamento de Karl Marx

Ac. Isabela Alline Oliveira 6 - Universidade Federal de São João del-Rei

RESUMO: Trata-se do fichamento bibliográfico da obra A Guerra Civil na França, escrita

pelo filósofo alemão Karl Marx sendo organizado e traduzido por Rubens Enderle, em 2006,

pela editora Boitempo. A obra A guerra Civil na França foi originalmente publicada por

Marx como terceiro discurso ao Conselho Geral da Internacional, em advento da Comuna de

Paris, sendo separado em quatro capítulos. Em 1891, quando completava o vigésimo

aniversário da Comuna de Paris, Friedrich Engels reuniu uma nova coleção de trabalhos,

dentre eles decidiu incluir os dois primeiros discursos que Marx fez para a Internacional,

promovendo assim uma base histórica adicional à Guerra Civil por parte de Marx na Guerra

Franco-Prussiana culminando na publicação dessa obra.

Palavras chave: representação política – democracia – Karl Marx

Introdução

È recorrente quando pensamos em representação política associarmos esse

conceito á participação de “todos” no governo, por intermédio de representantes eleitos,

por meio do sufrágio universal. Essa seria a atual forma da representação política

expressa pelo governo representativo.

Entretanto, sabe-se que durante diferentes períodos históricos diversos autores

esboçaram compreensões acerca da representação política que se esquiva do sentido que

“naturalmente” atribuímos à ideia de representação política. Karl Marx foi um dos

6 UFSJ. Universidade Federal de São João Del Rei. Graduanda do Curso de Filosofia.

(PET/COFIL/UFSJ). Profª. Dra. Glória Maria Ferreira Ribeiro – Orientadora (DFIME/UFSJ). Agência

financiadora: MEC/SESu

Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 163

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pensadores que retomou o tema da representação política que, para ele estava

intrinsecamente ligado à própria concepção de democracia.

A experiência da Comuna de Paris (1871) foi um elemento essencial para que

Marx pudesse delinear suas concepções políticas, tendo como referência um momento

específico e de intensas lutas políticas na França. Segundo Marx, a Comuna de Paris foi

uma revolução contra o Estado, sendo a primeira experiência histórica de tomada de

poder pela classe trabalhadora. Foi essa experiência que permitiu a Marx elaborar, mais

explicitamente, sua visão acerca da representação política, a partir da análise de como

no seio da Comuna se dava o exercício de tomada de decisões. Sobre isso nos diz Marx:

A Comuna era formada por conselheiros municipais escolhidos

por sufrágio universal nos diversos distritos da cidade,

responsáveis e com mandatos revogáveis a qualquer momento.

A maioria de seus membros era naturalmente formada de

operários ou representantes incontestáveis da classe operária. A

Comuna devia ser não um corpo parlamentar, mas um órgão de

trabalho, Executivo e Legislativo ao mesmo tempo. (Marx, Karl.

“A guerra civil na França”. p.56).

Para Marx a Comuna de Paris foi uma tentativa de aproximação da mais pura

democracia possível dentro da organização social e divisão do trabalho presente na

sociedade moderna que não permite que todas as pessoas participem ativamente da vida

política e influenciem diretamente a tomada de decisões.

Por perceber a lacuna existente entre representantes e representados fruto dessa

forma de organização social, Marx pressupõe que essa separação só será possível com a

construção de uma sociedade comunista, onde não exista a divisão de classes e todos

possam dessa forma exercer a vida política. No entanto a construção dessa sociedade

exige que quando tomado o poder pela classe trabalhadora, que ela saiba utilizar as

instituições para promover determinadas reformas na sociedade, em vistas de

democratizar a participação e promover dentro do governo representativo um ambiente

mais propicio para uma participação mais ampla.

Por isso na Comuna de Paris percebe-se um esforço promover uma diminuição

da superação e da autonomia entre representante e representado, usando para isso o

mecanismo de revogação do mandato. A Comuna busca em seu seio instituir algo mais

Revista Eletrônica Existência e Arte 164

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próximo possível do mandato imperativo, onde exclusivamente o representante deve

expressar os desejos e anseios daquele que o elegeu.

È importante ressaltar que os conselheiros da Comuna não apenas exerciam o

papel de deliberar e pensar a política, mas também tinha uma responsabilidade prática

de exercer as ações propostas, essa não separação entre teoria e prática, mas do que

representar uma junção entre ambas, apresenta um modelo exclusivo de organizar o

Estado, onde o corpo legislativo corresponde também como executivo. Isso implica

numa envergadura do legislativo em não só organizar a Comuna, mas também em

operá-la.

Objetivo

A experiência da Comuna de Paris foi um importante acontecimento histórico,

que permitiu diferentes olhares sobre política e história a partir de uma experiência

concreta de governo de Paris na França. Os escritos da obra A Guerra Civil na França

tem por objetivo mostrar como Marx percebe no seio desse acontecimento algumas

dimensões centrais do seu pensamento político, como a noção de Estado e sociedade

civil, e a que nos debruçaremos nessa análise que será a respeito da representação. Por

entendermos a importância da discussão acerca de uma concepção de democracia

elucidada no pensamento de Marx é que buscamos nessa revisão bibliográfica apontar

como o autor relaciona o entendimento a democracia como forma de governo e sua

relação com a representação.

Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 165

Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da

Universidade Federal de São João Del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013

Metodologia

A metodologia adotada foi revisão bibliográfica das obras A guerra Civil na França.

MARX, Karl.

Considerações finais

São vários os aspectos da Comuna de Paris e também do próprio pensamento de

Marx que devem ser resgatados para uma melhor compreensão da relação entre

representação e democracia. Nesse capitulo nossa principal meta é explicitar a

importância da retomada das concepções de Marx acerca da representação, para

repensarmos a relação entre representação política e democracia nos dias atuais.

Referências

MARX, Karl. A guerra civil na França. São Paulo: Boitempo, 2011.

MARX, Karl. A luta de classes na França. São Paulo: Global, 1986.

MARX, Karl. Os 18 Brumário de Luís Bonaparte. São Paulo Boitempo, 2011.

VIANA, Nildo (Org.). Escritos Revolucionários Sobre a Comuna de Paris. 2ª Edição.

Rio de Janeiro: Rizoma Editorial, 2012.

Revista Eletrônica Existência e Arte 166

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Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável:

Aspectos Normativos Políticos Implicados no Conceito

de Sustentabilidade

Ac. Marcos Antônio de Souza Lopes7 – Universidade Federal de São João del-Rei

RESUMO: Nesta pesquisa o problema a ser trabalhado trata-se dos “aspectos normativos políticos implicado no conceito de sustentabilidade”, que têm como tema geral “Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável”, pois a Sustentabilidade tem como objetivo definir ações e atividades humanas e, a partir disso, tentar suprir não só as necessidades do presente, pois deverá pensar em uma maneira de, ao suprir as nossas próprias necessidades do presente, não comprometermos o bem estar das futuras gerações. Seguindo esses parâmetros, os seres humanos, de modo geral, poderiam garantir a sustentabilidade e, consequentemente, atingir o desenvolvimento sustentável.

Palavras-chave: Conceito, desenvolvimento sustentável, política, sustentabilidade.

Introdução

A sustentabilidade está relacionada diretamente ao desenvolvimento

econômico, social e ambiental, mas através de meios que não agridam o meio ambiente,

isto é, meios que utilizem os recursos naturais de maneira inteligente. A

sustentabilidade em si ainda abarca dimensões de extrema importância como os meios

políticos e culturais, bem como assuntos de aspecto social como a pobreza, exclusão

social, crescimento acelerado da população mundial, dentre outros aspectos.

O termo “desenvolvimento sustentável” foi mencionado pela primeira vez em 1983,

por ocasião da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela ONU.

Presidida pela então primeira-ministra da Noruega Gro Harlem Brudtland, essa comissão

propôs que o desenvolvimento econômico fosse integrado à questão ambiental,

estabelecendo-se, assim, o conceito de “desenvolvimento sustentável”. Em 1987 os trabalhos

7 Orientador: Prof.Dr. Rogério Antônio Picoli. UFSJ, DEFIME. Bolsista: Pet/Mec-SESu.

Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 167

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foram concluídos com a apresentação de um documento conhecido como “Relatório

Brundtland”, que se tratava de uma análise dos problemas globais e ambientais. Essa nova

forma de desenvolvimento foi amplamente difundida e aceita na Eco-92, conhecida também

como (Rio-92), e, a partir disso, o termo ganhou força. Esse encontro ou reunião colheu alguns

resultados importantes no que concerne ao futuro do planeta terra, isto é, surgiram

manifestações importantes no que diz respeito a uma transitoriedade da concepção humana

rumo à conscientização no que tange à incompatibilidade do sistema econômico vigente até

então e à preservação do meio ambiente. Como indícios dessa conscientização humana e a

busca de medidas para sanar a convergência entre o sistema econômico e Meio ambiente, os

países presentes Na Rio 92 assinaram um importante documento: a Agenda 21, um conjunto

amplo de documentos e tratados cobrindo biodiversidade, clima, florestas, desertificação, bem

como o acesso e uso dos recursos naturais do planeta (Cf. CAMARGO, 2003, pp. 66-67). O

termo “Desenvolvimento sustentável” foi conhecido primeiramente pelo termo

Ecodesenvolvimento, utilizado até então pelo secretário-geral de Estocolmo-72 Mauricio

Strong, em 1973, com o objetivo de definir uma proposta de um desenvolvimento

ecologicamente orientado e impulsionar os trabalhos do então recém-criado Programa das

Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Logo depois o termo Ecodesenvolvimento

ganhou o significado de Desenvolvimento Sustentável e que foi primeiramente divulgado por

Robert Allen no artigo “How to save the word” (“Como salvar o mundo”), lançado

simultaneamente pela União Mundial para Conservação da Natureza (UICN), pelo Fundo para

Vida Selvagem (WWF) e pelo Programa das Nações Unidas (Pnuma), pois esse documento

trazia uma nova mensagem, a de que a conservação não é o oposto de desenvolvimento.

O desenvolvimento sustentável é uma estratégia através da qual

comunidades buscam um desenvolvimento econômico que também

beneficie o meio ambiente local e qualidade de vida. Tem-se tornado um

importante guia para muitas comunidades que descobriram que os métodos

tradicionais de planejamento e desenvolvimento estão criando, em vez de

resolver, problemas sociais ambientais. Enquanto os métodos tradicionais

podem levar a sérios problemas sociais e ambientais, o desenvolvimento

sustentável fornece através da qual as comunidades podem usar recursos

mais eficiente, criar infra-estruturas mais eficientes, proteger e melhorar a

qualidade de vida, e criar novos negócios para fortalecer suas economias.

Isso pode nos auxiliar a criar comunidades saudáveis que possam sustentar

nossa geração tão bem quanto as que vierem (O Center of excellennce for

sustainable Development, 2001) (Ibidem, 2003, p. 73).

Revista Eletrônica Existência e Arte 168

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Isso quer dizer: usar os recursos naturais com respeito ao próximo e ao meio

ambiente, isto é, os bens naturais e à dignidade humana. O desenvolvimento sustentável tem

por objetivo encontrar meios de não esgotar os recursos, conciliando crescimento

econômico e preservação da natureza. Tal preocupação, no que concerne ao conflito entre

desenvolvimento econômico e preservação ambiental, se torna latente, quando observamos

fatos como, por exemplo: A ONU divulgou alguns dados que dizem que, se a população

mundial passasse a ter os hábitos da população Norte Americana, isto é, se consumíssemos

como eles, seriam necessários mais 2,5 planetas como o nosso para suprir nossos anseios

consumistas. Fica muito claro que estamos utilizando os recursos naturais com tanta

intensidade, que a própria natureza não consegue repor. Seguindo esse movimento, não

demorará muito para atingirmos tal ponto que não teremos nem água nem energia suficiente

para atender às nossas necessidades, consolidando o que muitos Cientistas preveem: que o

futuro assistirá a guerras e conflitos decorrentes da escassez dos bens naturais.

Visando a maiores esclarecimentos e entendimentos sobre o tema geral da pesquisa,

esta, até o presente momento, encontra-se no primeiro estágio: a revisão bibliográfica; assim,

levantaremos diferentes concepções a serem selecionadas e avaliadas e que servirão de fio

condutor da pesquisa, para, a partir disso, trabalhar com o problema de fato (aspectos

normativos políticos implicado no conceito de sustentabilidade). Temos trabalhado com as

seguintes bibliografias; Desenvolvimento Sustentável: Dimensões e desafios (CAMARGO,

2003); o livro destaca a relação entre homem e natureza, as mudanças que ocorreram desde o

final das duas grandes guerras mundiais, assim como as influencias do desenvolvimento

industrial na relação homem-natureza, além de outros pontos importantes como: o

surgimento dos termos sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, isto é, expõe o

caminho percorrido ao longo dos anos (a tomada da consciência ambiental) até chegar a tais

concepções: sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Sendo que o livro enfatiza, a

todo instante, o ponto de vista de vários especialistas no tema.

Em seguida outro livro que faz parte das leituras é “Desenvolvimento Sustentável”: O

desafio do século XXI (VEIGA, 2010), especificamente o capítulo três explora “o que é

Sustentabilidade”; e o livro “Uma introdução ao debate ecológico” (MAWHINNEY, 2005) que

expõe o ponto de vista do economista tradicional acerca do debate em relação ao

desenvolvimento sustentável.

Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 169

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Metodologia

Este trabalho terá como metodologia a pesquisa bibliográfica, pois apoiar-se-á,

em primeiro lugar, na leitura dos livros Sustentabilidade e Desenvolvimento sustentável:

Dimensões e Desafios (CAMARGO, 2003) e, respectivamente, os livros

Desenvolvimento Sustentável: O Desafio do Século XX (VEIGA, 2010) especificamente

o capítulo 3 “O que é Sustentabilidade”. Em seguida, o livro Uma introdução ao debate

ecológico (Mawhinney, 2005) que expõe o ponto de vista do economista tradicional

acerca do debate em relação ao desenvolvimento sustentável. Nossa pretensão é extrair

as concepções principais e mais relevantes (do problema abordado) dentro do tema geral

sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, e como essa temática se relaciona com

esse problema “aspectos Normativos Políticos implicados no conceito de

sustentabilidade”.

Depois de todas as leituras necessárias concluídas, seguiremos para os próximos

passos da pesquisa, que trabalharão na análise das concepções mais relevantes que

conseguimos coletar, ou seja, as principais ideias, concepções, opiniões e conceitos que

giram em torno da Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável.

Considerações finais

A cargo de Tivemos como objetivo trabalhar “os aspectos normativos políticos

implicados no conceito de sustentabilidade”, ou seja, buscar soluções políticas para os

problemas concernentes à incompatibilidade entre o desenvolvimento econômico e o meio

ambiente, problemas esses latentes e de extrema urgência. Entretanto, no que tange a

soluções políticas sobre os problemas em questão, já se pode observar possibilidades a serem

tratadas, a exemplo da Agenda 21, quando apresenta uma série de medidas referentes aos

meios de solucionar a incompatibilidade entre a economia e o meio ambiente. Exemplos como

esses servirão de apoio no decorrer dessa pesquisa.

Revista Eletrônica Existência e Arte 170

Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da

Universidade Federal de São João del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013.

Referências

CAMARGO, Ana Luiza de Brasil. Desenvolvimento Sustentável: Dimensões e Desafios.5.ed.Campinas, Sp: Papirus, 2003. VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável: O Desafio do Século XX.1.ed.Rio de Janeiro: Garamond Ltda, 2010. MAWHINNEY, Mark. Desenvolvimento Sustentável: Uma Introdução ao Debate Ecológico.1.ed.São Paulo: Loyola, 2005.

Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 171

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A Construção Arquitetônica e a Questão do Habitar

Ontológico Heideggeriano

Ac. Mayra Campos de Melo

8 – Universidade Federal de São João del-Rei

RESUMO: Privilegia-se, neste trabalho, a compreensão acerca da relação entre o

fenômeno da existência e o habitar, no pensamento do filósofo alemão Martin

Heidegger (1889-1976); este direciona sua investigação para a recolocação da questão

acerca do sentido do ser, esquecida pelo chamado “pensamento metafísico”. Em sua

análise, Heidegger parte do fenômeno da existência cotidiana, visando a explicitar a

compreensão prévia que o homem já sempre possui do ser. A capacidade de realizar as

possibilidades de ser do homem, seja ser em função de si mesmo, ser-junto às coisas e

ser-com-outros, se traduz, para Heidegger, no Mundo. Partindo desta perspectiva, torna-

se necessário o ato de repensar o modo como o espaço é dado ao homem, em sua lida

com as coisas e os outros, em sua própria maneira ontológica de habitar. Neste

questionamento dos modos de habitar o possível, os quais se demonstram capazes de

permitir ao ser habitar-se na medida em que é, este estudo propõe-se a tecer

considerações acerca da investigação heideggeriana das diferenças entre o construir

material e arquitetônico em contraponto com o construir capaz de remeter-se à esfera

portadora daquilo que, de fato, o homem habita: o ser.

Palavras-chave: Habitar. Heiddeger. Construir.

Introdução

“Não habitamos porque construímos. Ao contrário. Construímos e

chegamos a construir à medida que habitamos, ou seja, à medida que somos

como aqueles que habitam”. (HEIDEGGER, 2010, p.128; grifo do autor).

A tecnologia lentamente separa o homem da possibilidade de uma

existência autêntica. Ao deixar-se submergir em uma rotina cotidiana, o homem perde a

8 Bolsista: PET/Mec-Sesu – Graduanda em Filosofia/UFSJ

Orientadora: Profª. Drª. Glória Maria Ferreira Ribeiro.

Revista Eletrônica Existência e Arte 172

Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da

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possibilidade de restituir o entendimento do ser, encobrindo aquilo que ele de fato é. O

homem vê-se lançado, a todo o momento, no Mundo, no qual assume sua significância

através do horizonte de significados que permitem ao próprio homem denotar tudo ao

seu redor. A descoberta destes significados permite o vislumbre desse Mundo que se

abre perante o existente. É na estrutura ser-no-mundo que se manifesta a capacidade do

homem de, partindo dessa significação obtida no Mundo, produzir tudo aquilo que se

faz presente, porém velado, transformando-o e ressignificando-o.

Desse modo, ao instaurar-se como memória da condição humana, o Mundo

mostra-se sempre inacabado. Tal ressignificação confere ao discurso espacial a

possibilidade de renovar-se. Porém, o lar ou o ato de possuir uma residência pode ser

compreendido como um local onde a manifestação do habitar mostra-se presente e

possível?

Na necessidade latente de possuir um abrigo, a questão quantitativa vem sendo,

cada vez mais, colocada acima da questão qualitativa, / a qual, por sua vez, é

imprescindível para a resistência de uma construção no tempo. / Desse modo, o real

habitar do homem mostra-se desvalorizado em prol de necessidades cotidianas e

imediatas, / o que demonstra / que, o esquecimento do ser também se estende para o

esquecimento do habitar deste próprio ser.

Ao ser, o homem se faz no Mundo, enquanto que, ao habitar, o homem está

inserido nesse Mundo, possuindo uma realidade formadora de tudo aquilo que o

circunda. Compreende-se, assim, que a meta do construir é exatamente o habitar. Ao

construir algo, o homem constrói a realidade em seu entorno. Caso o homem não fosse

capaz de habitar o Mundo, não poderia neste construir e nem mesmo inserir-lhe as suas

possibilidades. Não sendo possível construir, o homem, por sua vez, não poderia reunir

e integrar na construção a compreensão e realização de sua própria existência.

Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 173

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Universidade Federal de São João Del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013

Metodologia

Ao desenvolver o trabalho, foi utilizada, como apoio e caminho metodológico,

a pesquisa bibliográfica. A compreensão dos termos basilares heideggerianos, tal como

Dasein, deu-se com a leitura da obra “Ser e Tempo”, enquanto que a elucidação acerca

do habitar poético do Mundo deu-se com a leitura das conferências “Construir, Habitar,

Pensar” e “... poeticamente o homem habita...”. Houve, ainda, a leitura de outras obras

relevantes do autor, para que o estudo fosse consolidado através de fichamentos acerca

destas obras lidas.

A compreensão correta do pensamento heideggeriano e do método

fenomenológico hermenêutico por ele utilizado foi unida ao estudo das principais obras

de Edmund Husserl com o intuito de compreender, questionar e diferenciar o método

transcendental husserliano, pautado no sujeito, do método fenomenológico enquanto

ontologia hermenêutica de Heidegger. Foram lidas ainda as obras de Benedito Nunes,

Ernildo Stein, Richard Palmer para uma maior elucidação acerca dos termos estudados e

do método empregado por Heidegger a respeito da questão do habitar autêntico do

homem no Mundo.

Após a compreensão aprofundada da investigação, as dúvidas foram sanadas

pela orientadora através de reuniões e sugestões de outras bibliografias, as quais

serviram de apoio para os questionamentos feitos. Através do incentivo por parte da

orientadora, também houve apresentação de trabalho em evento científico acerca do

tema estudado, o que possibilitou uma compreensão ainda maior do tema.

Considerações finais

A tecnologia mostra-se necessária ao homem, porém, a busca por novas

técnicas arquitetônicas e meios sustentáveis de construção não se mostram capazes de,

sozinhos, sanarem a crise propriamente dita do habitar atual. Desse modo, enquanto o

homem continua a exercer um discurso inautêntico, ele ainda será incapaz de garantir

sua integração com o Mundo. Para que a crise habitacional possa começar a ser

compreendida e então solucionada, de nada adianta apenas formular técnicas avançadas

Revista Eletrônica Existência e Arte 174

Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da

Universidade Federal de São João del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013.

na área civil. Para Heidegger, o habitar e o construir devem permanecer sempre juntos

na esfera do pensamento, já que ambos acontecem de forma simultânea e pertencem à

mesma dimensão de existência. É ao aprender a habitar que o homem permite-se

resgatar o ser e resguardar os limites da natureza, restabelecendo a autenticidade

presente no habitar. Ao desvelar suas inúmeras possibilidades, este homem é capaz de,

por fim, (re)encontrar sua capacidade fundamental inerente: o habitar no Mundo.

Referências

BEAINI, Thais Curi. Máscaras do tempo. Petrópolis: Vozes, 1995.

HEIDEGGER, Martin. Construir, Habitar, Pensar. In: HEIDEGGER, Martin. Ensaios e

conferências. Tradução de Márcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2010.

________. “...poeticamente o homem habita...”. In: HEIDEGGER, Martin. Ensaios e

conferências. Tradução de Márcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2010.

________. Que é isto – A filosofia? In: Que é isto – A filosofia?: Identidade e diferença.

Tradução de Ernildo Stein. Petrópolis: Vozes, 2006a.

________. Ser e Tempo. Tradução de Márcia de Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis:

Vozes, 2006b.

HUSSERL, Edmund. A Ideia da Fenomenologia. Tradução de Artur Morão. Lisboa:

Edições 70, 1990.

________. Idéias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica.

Tradução de Márcio Suzuki. 2. ed. Aparecida: Idéias & Letras, 2006.

________. Investigações lógicas. Tradução de Zeljko Loparic e Andréa Maria Altino

de Campos Loparic. São Paulo: Nova Cultural, 1988.

LYOTARD, Jean-François. A Fenomenologia. Tradução de Armindo Rodrigues.

Lisboa: Edições 70, 1986.

NUNES, Benedito. Heidegger & Ser e Tempo. Rio de Janeiro: Zahar. 3. ed. 2010.

PALMER, Richard E. Hermenêutica. Tradução de Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Rio de

Janeiro: Edições 70. 1989.

STEIN, Ernildo. A questão do método na filosofia: um estudo do modelo heideggeriano.

São Paulo: Duas Cidades, 1973.

Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 175

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Universidade Federal de São João Del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013

O Trabalho Alienado e a Banalidade do Mal em Hannah

Arendt

Ac. Shênia Souza Giarola9 – Universidade Federal de São João del-Rei

RESUMO: Analisar a atividade do trabalho requer, primeiramente, uma reflexão acerca

do homem e de suas condições de vida. Para melhor compreender esse processo, que

desencadeia “abruptamente” a alienação, recorre-se, aqui, à Hannah Arendt. Ela,

enquanto pensadora política, desenvolve um conceito de muita relevância em seus

diagnósticos, o qual denomina banalidade do mal. Logo, nosso objetivo é desenvolver

uma análise da atividade exercida pelo Animal Laborans, a saber, o trabalho. O

trabalho, enquanto atividade puramente animalesca e consumista, lança sobre os ombros

desses homens uma necessidade incessante de viver para consumir e de consumir para

viver, resultando em um ciclo infindável. Desse modo, perde-se a liberdade política e

consequentemente instaura-se a alienação. É por este motivo que se infere, tendo como

embasamento os escritos arendtianos, que a sociedade moderna dos animais laborans

contribui, significativamente, para perpetuar a banalidade do mal, na medida em que se

expande a alienação moderna por meio dos afazeres cotidianos.

Palavras-chave: Alienação; Animal Laborans; Consumo; Trabalho.

Introdução

A história conhece muitos períodos de tempos sombrios, em que o

âmbito público se obscureceu e o mundo se tornou tão dúbio que as

pessoas deixaram de pedir qualquer coisa à política além de que

mostre a devida consideração pelos seus interesses vitais e liberdade

pessoal (ARENDT, 2010, p. 19).

Nos tempos atuais, afirma-se como necessidade a vida puramente

biológica, que, de uma forma desastrosa, esmaga a vida pública e concretiza uma

“proletarização do mundo”. Houve, desde então, uma negação da “vida” e uma “perda

de mundo” ligada às relações humanas. Esses fatores transformaram a política e,

9 Bolsista: PET/Mec- Sesu – Graduada em Filosofia/UFSJ

Orientador: Prof. Dr. José Luiz de Oliveira

Revista Eletrônica Existência e Arte 176

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consequentemente, a economia mundial. Apresenta-se agora, aos olhos humanos, um

eterno movimento de consumir e possuir o maior número de bens possíveis. Eis aí um

instrumento de unificação da sociedade. Unificação ilusória, que proporciona um olhar

fascinado e dá ao homem uma falsa consciência do processo vivido. Ilusória pelo

simples fato de que a linguagem que os une não propicia discussões no âmbito público,

às vezes nem mesmo no âmbito privado. Assim, eles não mais conseguem ser agentes

políticos, mas pura massa atomizada, segregada, facilmente manipulável. É nesse

contexto que ocorre a vitória do animal laborans (homem trabalhador).

A atividade do trabalho torna-se, então, a atividade por excelência do homem

atual; esse trabalho o consome. Consumo não apenas físico, mas também mental. Há

uma inevitável degradação do ser para o ter, movimento que é ininterrupto e

avassalador. O que Hannah Arendt aponta como “perda de mundo” é um

distanciamento do homem da Terra. É um não reconhecer o seu pertencimento frente às

questões mundanas. É um desprendimento que gera perdas catastróficas. Cabe agora

indagar: o que levou o homem a perder a ligação com o mundo? Vamos expor as

tensões que levaram à alienação e, por conseguinte, à inevitável banalização do mal.

Metodologia

Para o desenvolvimento deste trabalho, empregamos como método a pesquisa

bibliográfica. Para a compreensão do pensamento arendtiano, foi preciso ler e fichar as

obras principais da referida autora. Além disso, utiliza-se de algumas obras de

comentadores especializados em seu pensamento. Nossa pretensão é explicitar o que

Arendt entende por vitória do animal laborans e como essa temática se relaciona com o

fenômeno da banalidade do mal. Durante a presente pesquisa, foram desenvolvidas

várias atividades teóricas com o intuito de adquirir um conhecimento consistente das

questões filosóficas norteadoras para a autora em questão.

No decorrer da pesquisa, foram lidas e fichadas, para a confecção do trabalho, as

principais obras de referência: “A Condição Humana”, “A dignidade da Política”,

“Origens do Totalitarismo”, “Da Revolução” etc. Foram utilizadas, de ínício,

exclusivamente as obras de Hannah Arendt, posto que o pensamento arendtiano é

Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 177

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repleto de conceitos que devem ser bem compreendidos; deste modo, adquirimos uma

reflexão adequada sobre os assuntos abordados.

Cada análise dos mencionados textos foi acompanhada pelo orientador, que

estabeleceu reuniões individuais semanais, para sanar possíveis dúvidas e acompanhar

as leituras. Além disso, semanalmente, ocorreu o encontro do GEHANB (Grupo de

Estudos Hannah Arendt e Noberto Boobio). Nele, estabeleceram-se estudos sobre

Filosofia Política Contemporânea, nos quais os textos eram compartilhados com os

integrantes do grupo – orientador do trabalho e alunos de graduação da UFSJ. A

apresentação e discussão dos textos se deram no intuito de evidenciar como Arendt

compreende a esfera da vita activa, que se divide em trabalho, obra e ação, a fim de

compreender como se desenvolve a vitória do Animal Laborans, isto é, a vitória do

trabalho, sendo que seria necessário, segundo a autora, demonstrar tal distinção, pois só

assim seria possível ratificar nossa responsabilidade para com o mundo da política.

Após a leitura da bibliografia básica, foram contempladas diversas obras de Arendt e os

principais comentadores que tratam do tema em questão. Vale ressaltar a importância da

análise dos escritos de Adriano Correia, Nadia Souki, Odílio Alves Aguiar e José Luiz

de Oliveira para a confecção da presente pesquisa.

Outras atividades desenvolvidas durante a confecção da pesquisa foram as

apresentações de trabalho em eventos científicos. Enfim, o percurso descrito acima nos

possibilitou fundamentar este resumo.

Considerações finais

Evidencia-se que o mundo moderno instaurou o isolamento político, pois os

interesses que surgem na era moderna não almejam ultrapassar o indivíduo. Renega-se o

homem enquanto ator político. Agora ele é apenas trabalhador e, por essa razão, ocupa-

se apenas com a manutenção do ciclo biológico. A felicidade, para tais homens isolados,

não ultrapassa o consumo e tampouco o espaço privado.

Enfim, esses homens perderam a ligação com o mundo, pois se distanciaram do

espaço público, onde poderiam consolidar o amor mundi. Não preocupados com as

transações do mundo comum, nem mesmo com as relações humanas, o homem torna-se

Revista Eletrônica Existência e Arte 178

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massa amórfica e capaz de cometer as maiores atrocidades já vistas, isto porque não

pensam, não refletem, gerando, assim, a banalidade do mal. Por banalidade do mal se

entende o mal que é fruto da falta do exercício da faculdade do pensar e não a maldade

que é fruto exclusivo do mal. Assim, enquanto animal laborans, os homens encontram-

se à mercê do mal banal, pois, preocupados com as necessidades biológicas, abdicam da

faculdade do julgar e também da liberdade política. Em suma, é possível afirmar que

vivem uma Era Massificada, que se preocupa tão somente com o possuir e consumir o

maior número de bens possíveis e que, assim, estão sujeitos, a qualquer momento, a

cometer um mal banal. Isto porque, enquanto indivíduos isolados, abdicam da faculdade

do julgar, que é imprescindível para combater o germe da alienação.

Referências

ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Tradução Roberto Raposo, revista e ampliada

por Adriano Correia. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

_______ . A Dignidade da Política. Tradução Helena Martins Frida Coelho, Antônio

Abranches, César Almeida, Cláudia Drucker e Fernando Rodrigues. Rio de Janeiro:

Relume-Dumará, 1993.

_______. Hannah Arendt: a promessa da política. Organização e introdução de Jerome

Kohn; tradução de Pedro Jorgensen Jr. Rio de Janeiro: DIPEL, 2010.

_______. A Vida do Espírito. Trad. Antônio Abranches, César Augusto de Almeida e

Helena Martins. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.

_______. Eichmann em Jerusalém. 1. Ed São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

_______. Da Revolução. 2ª ed. Trad. Mauro W. Barbosa de Almeida. São Paulo: Ática

e UnB, 1990.

_______. Entre o Passado e o Futuro. 2. ed. Trad. Mauro V. Barbosa. São Paulo:

Perspectiva, 1997.

_______ . O que é Política? Editoria,Ursula Ludz,. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,

1998.

_______ . Origens do Totalitarismo. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das

Letras, 1998.

Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 179

Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da

Universidade Federal de São João Del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013

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