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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática Anita Lima Pimenta CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA PERSPECTIVA AXIOMÁTICA Belo Horizonte 2017

CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

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Page 1: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática

Anita Lima Pimenta

CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI:

UMA PERSPECTIVA AXIOMÁTICA

Belo Horizonte

2017

Page 2: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

Anita Lima Pimenta

CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI:

UMA PERSPECTIVA AXIOMÁTICA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ensino de Ciências e

Matemática da Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em

Ensino de Ciências e Matemática.

Orientadora: Professora Drª Eliane Scheid

Gazire

Belo Horizonte

2017

Page 3: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Pimenta, Anita Lima

P644c Construindo poliedros platônicos com origami: uma perspectiva axiomática /

Anita Lima Pimenta. Belo Horizonte, 2017.

181 f.: il.

Orientadora: Eliane Scheid Gazire

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática

1. Geometria - Estudo e ensino. 2. Origami - Arte. 3. Axiomas. 4. Poliedros.

5. Matemática - Estudo e ensino. 6. Desenho geométrico. I. Gazire, Eliane Scheid.

II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação

em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título.

CDU: 513.34

Page 4: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

Anita Lima Pimenta

CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI:

UMA PERSPECTIVA AXIOMÁTICA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ensino de Ciências e

Matemática da Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em

Ensino de Ciências e Matemática.

Banca Examinadora

___________________________________

Profa. Dra. Eliane Scheid Gazire – Orientadora PUC Minas

_________________________________________

Profa. Dra. Marger da Conceição Ventura Viana – UFOP

________________________________________

Prof. Dr. Dimas Felipe de Miranda – PUC Minas

Belo Horizonte, 24 de março de 2017

Page 5: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

Dedico este trabalho à memória de minha

amada mãe que, onde quer que ela esteja, está

muito feliz em ver este tão sonhado dia chegar.

Foi pelas mãos dela que aprendi a fazer as

primeiras dobraduras e foi por sua dedicação

que desejei ser professora. Em tudo de mais

importante que este momento representa para

mim, eu dedico a ela, que me privilegiou com

seu convívio por tão pouco tempo aqui na terra

mas que foi o suficiente para que sua presença

se tornasse permanente dentro de mim. Nunca

deixei de sentir sua presença e sei que sempre

estará comigo.

Page 6: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me dado forças para chegar até aqui e realizar um dos maiores

sonhos de minha vida.

Ao meu dedicado pai, pelas orações e por nunca ter deixado de me apoiar nos

momentos de fraqueza.

À minha amada irmã, que me deu seu colo, se esforçou em ler tudo o que eu

escrevia, e por todas as comidas gostosas que ela preparava para me alegrar.

À minha querida sobrinha, por me ajudar nos momentos em que me desesperei.

Por suportar meu choro e me consolar, mesmo sendo tão jovem. E, sobretudo, por me

ajudar a fazer os desenhos daqueles pedaços de papeis dobrados.

Ao meu amado namorado, que soube compreender minha falta de tempo, que me

envolveu em seu abraço quando eu mais precisei e que fez várias leituras comigo

acreditando que quem ama participa... Sou imensamente grata por seu amor.

Ao meu amigo Daniel Lara, por ter tido fé em mim, foi ele que acreditou quando

eu mesma me sentia incapaz.

À Galera do Rock pelos momentos de descontração.

A todos os meus amigos, aos colegas de trabalho da AMC, ESSA, EMPIF e

UEMG, aos companheiros do mestrado – em especial ao TRIO TERNURA composto por

Magna, Mariani e eu – que de alguma forma, colaboraram para que esse dia chegasse.

Aos professores, que contribuíram com minha formação escolar, em especial à

Magda Saleth, que me inspirou, e à Cláudia, que fez com que eu me apaixonasse pelo

Origami.

Aos mestres e doutores da PUC, que me prepararam para ser a professora que sou

hoje. Desses, destacam-se o professor Welerson, que sempre se prontificou a me ajudar

quando precisei e o professor Révero, que me direcionou ao mestrado.

À minha orientadora, Dra. Eliane Scheid Gazire, por me indicar o caminho e me

encorajar na busca por novas descobertas.

Aos professores Dra. Marger e Dr. Dimas, por terem aceito o convite de

participarem desta banca.

A todos os professores doutores do mestrado, que contribuíram diretamente para

a conclusão deste ciclo.

Enfim, aos meus amados alunos e colegas de profissão, que aceitaram fazer parte

desta pesquisa, pois sem vocês nada disso seria possível. A todos, minha eterna gratidão.

Page 7: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

“[...] Há uma grande diferença entre

compreender alguma coisa através da mente e

conhecer a mesma coisa através do tato.”

Tomoko Fuse, origamista japonesa (1990).

Page 8: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

RESUMO

Esta pesquisa apresentada surgiu a partir da necessidade de entender se há benefícios na

aprendizagem geométrica que perpassam pela abordagem dos Poliedros Platônicos

construídos a partir do Origami. Seu público alvo foi professores que atuam na rede

municipal de Belo Horizonte e estudantes do curso de graduação em Matemática da

UEMG-Campus Ibirité. Esse público foi escolhido por acreditar que pudessem ser

multiplicadores desse trabalho. Procurou-se nos trabalhos de Gazire (2000), Prieto

(2002), Rafael (2011), entre outros, buscar, na história da Geometria, os registros sobre

os Poliedros Platônicos e conhecer o contexto histórico do Origami. Já nas obras de Rego,

Rego e Gaudêncio Jr. (2003), Kaleff (2003) e Genova (2001), encontrou-se

embasamentos teóricos e propostas de atividades realizadas através das dobraduras de

papel. Fuse (1990) aponta o Origami Modular como uma alternativa para se construir

figuras poliédricas e Lang (2010) organiza as sete operações classificadas como Axiomas

do Origami que trazem para o contexto escolar um embasamento científico que justifica

o matematicamente o uso dessa técnica nas aulas de Geometria. Para tanto, organizou-se

oficinas com o objetivo de apresentar atividades geométricas que pudessem ser realizadas

com o auxílio do Origami, e em especial na construção dos Poliedros Platônicos o

Origami Modular. Tem-se, como produto dessa dissertação, um material paradidático que

servirá de apoio para o trabalho com Origami no contexto da Geometria. Concluiu-se,

com o desenvolvimento desse estudo, que o Origami possibilita um trabalho efetivo na

aprendizagem da Geometria de maneira lúdica, contextualizada, possibilitando a

autonomia dos alunos, entendendo-o como um suporte para a elaboração de conceitos por

meio de materiais concretos.

Palavras-chave: Geometria, Origami, Origami Modular, Axiomas do Origami e

Poliedros Platônicos.

Page 9: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

ABSTRACT

This research arose from the need to understand if there are benefits in geometric learning

that pass through the approach of Platonic Polyhedrons built from Origami. Its target

audience was teachers who work in the municipal network of Belo Horizonte and students

of the undergraduate course in Mathematics of UEMG-Campus Ibirité. This audience was

chosen because they believed they could be multipliers of this work. In the work of Gazire

(2000), Prieto (2002), Rafael (2011), among others, search in the history of Geometry the

records on the Platonic Polyhedrons and know the historical context of Origami. In the

works of Rego, Rego and Gaudêncio Jr. (2003), Kaleff (2003) and Genova (2001),

theoretical foundations and proposals of activities through paper folding were found. Fuse

(1990) points out the Origami Modular as an alternative to construct polyhedral figures

and Lang (2010) organizes the seven operations classified as Origami Axioms that bring

to the school context a scientific basis that justifies the mathematical use of this technique

in classes Geometry. For this, workshops were organized with the purpose of presenting

geometric activities that could be carried out with the help of Origami, and especially in

the construction of the Platonic Polyhedra the Origami Modular. As a product of this

dissertation, we have a parabolic material that will support the work with Origami in the

context of Geometry. It was concluded, with the development of this study, that Origami

makes possible an effective work in the learning of Geometry in a playful, contextualized

way, making possible the autonomy of the students, understanding it as a support for the

elaboration of concepts through concrete materials.

Keywords: Geometry, Origami, Modular Origami, Origami Axioms and Platonic

Polyhedra.

Page 10: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Platão ......................................................................................................... 21

FIGURA 2 – Representação das ideias de Platão e suas associações a elementos da

natureza .................................................................................................... 22

FIGURA 3 - Euclides ...................................................................................................... 23

FIGURA 4 - Kepler ......................................................................................................... 24

FIGURA 5 – Modelo de Kepler ...................................................................................... 25

FIGURA 6 – Euler ........................................................................................................... 26

FIGURA 7 – Os Poliedros Regulares .............................................................................. 28

FIGURA 8 – Ideogramas para designar a palavra Origami ............................................ 31

FIGURA 9 – Uso do Origami na aprendizagem da Geometria ....................................... 44

FIGURA 10 – Corpo Axiomático da Geometria do Origami ......................................... 47

FIGURA 11 – Quarto axioma ......................................................................................... 48

FIGURA 12 – Demonstração do Teorema de Pitágoras pela técnica do Origami .......... 49

FIGURA 13 – Origami de um dos módulos do hexaedro ............................................... 49

FIGURA 14 – Dobradura de um dos módulos do dodecaedro ....................................... 50

FIGURA 15 – Dobradura de um dos módulos dos sólidos de faces triangulares ........... 50

FIGURA 16 – Figura demonstrando primeiro axioma .................................................... 60

FIGURA 17 – Representação do axioma 5 ..................................................................... 61

FIGURA 18 – Pesquisadora auxiliando os estudantes .................................................... 61

FIGURA 19 – Interseção indicada pela régua ................................................................. 63

FIGURA 20 – Representação do axioma 4 ..................................................................... 64

FIGURA 21 – Pesquisadora executando dobra para demonstração ................................ 65

FIGURA 22 – Finalização da demonstração do Teorema de Pitágoras .......................... 66

FIGURA 23 – Professor fazendo a divisão do quadrado em três partes iguais............... 67

FIGURA 24 – Professores em trabalho colaborativo ao montar o dodecaedro .............. 68

FIGURA 25 – Pesquisadora orientando a construção dos poliedros de faces

triangulares ............................................................................................... 69

FIGURA 26 – Professores na montagem de seus poliedros ............................................ 69

FIGURA 27 – Professores, na montagem do icosaedro .................................................. 70

FIGURA 28 – Pesquisadora auxiliando os estudantes .................................................... 72

FIGURA 29 – Estudante executando o efeito sanfona .................................................... 73

FIGURA 30 – Desenho do módulo do hexaedro pronto ................................................. 73

Page 11: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

FIGURA 31 – Estudantes montando o hexaedro ............................................................ 74

FIGURA 32 – Hexaedro finalizado ................................................................................. 75

FIGURA 33 – Desenho do decaedro em construção ....................................................... 77

FIGURA 34 – Estudantes executando o módulo do dodecaedro .................................... 78

FIGURA 35 – Encaixes dos módulos do dodecaedro ..................................................... 79

FIGURA 36 – Estudantes trabalhando coletivamente ..................................................... 80

FIGURA 37 – Dodecaedro já montado ........................................................................... 80

FIGURA 38 – Grupo iniciando os módulos dos poliedros de faces triangulares............ 81

FIGURA 39 – Estudantes de um mesmo grupo montando os módulos semelhantes ..... 82

FIGURA 40 – Desenho do módulo dos poliedros de faces triangulares ......................... 83

FIGURA 41 – Desenho da dobra, na obtenção do ângulo de 60° ................................... 84

FIGURA 42 – Três sólidos de faces triangulares montado em um dos grupos .............. 85

Page 12: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Axiomas do Origami ................................................................................. 36

TABELA 2 – Kit entregue a cada um dos grupos ........................................................... 55

Page 13: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Classificação dos Poliedros Platônicos .................................................... 29

QUADRO 2 – Estrutura visual no produto ..................................................................... 53

QUADRO 3 – Detalhamento do 1º Momento ................................................................. 57

QUADRO 4 – Descrição dos axiomas sem desenho ....................................................... 59

QUADRO 5 – Detalhamento do 2º Momento ................................................................. 62

QUADRO 6 – Detalhamento do 3º Momento ................................................................. 66

Page 14: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 15

2 A GEOMETRIA E OS POLIEDROS .............................................................. 19

2.1 Os Poliedros Platônicos na História da Geometria ........................................ 20

2.1.1 Platão ................................................................................................................... 21

2.1.2 Euclides ............................................................................................................... 23

2.1.3 Kepler .................................................................................................................. 24

2.1.4 Euler ................................................................................................................... 26

2.2 Os Poliedros Regulares ...................................................................................... 27

3 O ORIGAMI E SEU CONTEXTO HISTÓRICO .......................................... 31

3.1 Origami Modular ............................................................................................... 33

3.2 Os Axiomas do Origami .................................................................................... 35

3.3 O Origami e o ensino de Geometria ................................................................. 37

4 O PERCURSO DA PESQUISA ....................................................................... 41

4.1 O Contexto da Pesquisa ..................................................................................... 42

4.2 A Realização da Pesquisa .................................................................................. 43

4.2.1 O levantamento bibliográfico ........................................................................... 43

4.2.2 A escolha do material ........................................................................................ 43

4.2.3 A organização das Oficinas ............................................................................... 45

4.2.4 A elaboração das atividades .............................................................................. 46

4.2.4.1 1º Momento: Explorando os Axiomas do Origami. ............................................ 47

4.2.4.2 2º Momento: Consequências dos axiomas de Huzita-Hatori. ............................. 48

4.2.4.3 3º Momento: Construindo Poliedros Platônicos com Origami ........................... 49

4.2.5 Elaboração do questionário .............................................................................. 51

4.2.6 Elaboração do produto ...................................................................................... 51

5 APLICAÇÃO E ANÁLISE DAS ATIVIDADES............................................ 55

5.1 Aplicação das Oficinas ...................................................................................... 55

5.1.1 Oficina com Professores .................................................................................... 56

5.1.2 Oficina com Estudantes ..................................................................................... 56

5.2 Relatos e Análises das Aplicações ..................................................................... 57

5.2.1 Análise do 1° Momento ..................................................................................... 57

5.2.1.1 Oficina com Professores ...................................................................................... 58

5.2.1.2 Oficina com Estudantes ....................................................................................... 58

5.2.2 Análise do 2° Momento ........................................................................................ 62

5.2.2.1 Oficina com Professores ..................................................................................... 62

Page 15: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

5.2.2.2 Oficina com Estudantes ...................................................................................... 63

5.2.3 Análise do 3° Momento....................................................................................... 66

5.2.3.1 Oficina com Professores ...................................................................................... 67

5.2.3.2 Oficina com Estudantes ....................................................................................... 71

6 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO .................................................................... 87

6.1 Respostas sobre o ensino de Geometria ........................................................... 87

6.1.1 Professores ........................................................................................................... 88

6.1.2 Estudantes ............................................................................................................ 89

6.2 Respostas sobre as atividades da oficina ......................................................... 91

6.2.1 Professores .......................................................................................................... 91

6.2.2 Estudantes ........................................................................................................... 93

6.3 Respostas sobre a viabilidade de aplicações das atividades futuramente .... 97

6.3.1 Professores .......................................................................................................... 97

6.3.2 Estudantes ........................................................................................................... 98

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 101

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 106

APÊNDICES ................................................................................................................ 109

Apêndice A – Questionário aplicado a professores e estudantes ............................ 109

Apêndice B - Produto .................................................................................................. 113

Page 16: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA
Page 17: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

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1 INTRODUÇÃO

Foi ainda na infância que tive o primeiro contato com as dobraduras. Não me lembro

bem quando aconteceu pela primeira vez, mas foi pelos meados dos anos 80 que minha amada

mãe me ensinava cuidadosamente a fazer dobras em um simples pedaço de papel. A partir daí,

ele deixava de ser papel e se transformava em personagem de uma linda história, ou, ainda,

protagonizava um roteiro de brincadeira de criança.

Não sei se era essa a real intenção da minha mãe, mas, como educadora que era, acredito

que ela já utilizava essa distração como uma forma de contribuir com minha formação

intelectual. Eu ainda não havia tido contato com a escola formal, porém, possuía cadernos, lápis

de colorir, cola, tesoura, dentre outros materiais e brincava de escolinha com minha única irmã.

A primeira dobradura que fiz, ao que me recordo, foi de um cisne. Este, após dobrado,

tinha o bico colorido de uma cor, as asas de outra e os olhos destacados em preto bem forte.

Meu pai também tinha o costume de fazer dobraduras. Ele dobrava barquinhos de papel e

chapéus de soldado confeccionados com folhas de jornais velhos.

A dobradura se fez presente em toda a minha infância, mas foi somente na adolescência

que ela atingiu um significado especial. Em 1997, quando eu cursava a oitava série do Ensino

Fundamental (hoje, nono ano) minha professora de Matemática, que ainda era estudante do

curso de graduação nessa área, deu uma aula de Geometria Plana utilizando a dobradura como

um recurso didático.

A professora explicou para minha turma que ela iria filmar a aula, pois se tratava de um

trabalho de faculdade, o qual o desafio era ensinar Matemática de uma forma diferente. A partir

deste momento, ela entregou a cada aluno uma folha A4 branca e nos informou que iríamos

produzir uma pombinha em Origami – era esse o nome da dobradura de papel – e que a cada

dobra que realizássemos, ela iria nos explicar algum conceito ou definição matemática.

A Matemática já era minha disciplina preferida e, a essa altura, eu já havia definido

professora de que área eu me tornaria. Porque sempre soube que queria ser professora, só

faltando escolher a matéria. Foi naquela aula com Origami que conheci o primeiro postulado

de Euclides, que revela que “sobre dois pontos distintos passa-se uma única reta”. A professora

explicou para toda a turma de que se tratava este postulado com apenas uma dobra. Eu fiquei

encantada com aquela aula, pois, aquele momento pedagógico representava, para mim, a união

de duas grandes paixões: a Matemática e o Origami.

Page 18: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

16

Eu não sabia muito sobre essa técnica, história, surgimento ou utilização didática, mas

sabia que havia considerado aquela aula esplêndida. E por um longo período de minha

juventude, reproduzi inúmeras vezes aquela pombinha que aprendi na aula de Matemática.

Em 2004, me ingressei no curso de licenciatura plena em Matemática na Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais. Fui aluna bolsista nesta instituição e, mais uma vez,

tive contato com o Origami nas aulas de Desenho Geométrico.

Tive a oportunidade de aprender vários modelos específicos da Matemática, por

exemplo: tipos de triângulos (equilátero, isósceles e escaleno), onde explorávamos seus

elementos: mediana, altura e bissetriz; os pontos determinados pelas interseções: baricentro,

ortocentro e incentro; vários polígonos distintos e o tangram – um tipo de quebra cabeça chinês

composto por sete peças geométricas. Esses modelos davam aos alunos um embasamento para

propor atividades nas aulas de Geometria Plana.

Quando comecei a lecionar, fiz o uso do Origami em algumas de minhas aulas. Nada

muito aprofundado ou estruturado, mas procurei levar ao conhecimento de meus alunos aquilo

que eu havia estudado e considerado uma boa técnica de aprendizagem.

Eu continuava minha busca por modelos novos e, agora, me interessava mais por

aqueles os quais eu poderia relacioná-los à minha prática profissional. Foi, então, que conheci

outro segmento dessa arte chamada Origami Modular, que me permitiu montar os cinco

Poliedros Platônicos.

Enquanto professora especialista, eu perseverava em uma busca de novas estratégias de

ensino para melhorar minha prática pedagógica. Foi então que, em 2014, retornei à universidade

a qual havia me graduado e iniciei o Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e

Matemática.

Enquanto cursava as disciplinas, me perguntava sobre qual assunto iria dissertar e à luz

deste questionamento, me recordei daquelas duas paixões, a Matemática e o Origami, que agora

surgiam com outro significado: seria o assunto de minha pesquisa.

Essa caminhada foi iniciada buscando em leituras científicas um conhecimento mais

aprofundado dessa arte que passaria a ser um recurso metodológico proposto para aulas de

Geometria. Norteou essa pesquisa ora apresentada o seguinte questionamento: há benefícios na

aprendizagem geométrica com a construção dos Poliedros Platônicos a partir do Origami?

Para tanto, tem-se, como objetivo geral inserir a prática do Origami em sala de aula, na

expectativa de que, com sua abordagem axiomática, a aprendizagem da Geometria se torne

mais significativa, proporcionando maior compreensão no estudo dos Poliedros Platônicos.

Page 19: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

17

Além disso, alguns outros propósitos foram traçados para direcionar a pesquisa nesta

perspectiva, a saber:

Construir, através de dobraduras, conceitos elementares da Geometria Plana;

Confeccionar os Poliedros Platônicos através de Origami modular, a fim de permitir

que os alunos desenvolvam sua percepção espacial e sejam autores de seu

conhecimento.

Elaborar um material de apoio ao professor, para que ele possa reproduzir os modelos

matemáticos de cada sólido, evidenciando o passo-a-passo das construções sugeridas.

Com a finalidade de atingir os objetivos propostos, este trabalho foi organizado em sete

capítulos. Este, introdutório, justifica a pesquisa, indicando os caminhos que fizeram chegar até

o tema dissertado.

No capítulo dois, busca-se, em um resgate histórico, a apropriação dos termos

Geometria e Poliedros, além de conhecer importantes matemáticos, filósofos e astrônomos que

dedicaram suas pesquisas aos Poliedros Platônicos.

O capítulo três foi destinado a uma contextualização histórica do Origami, buscando

relacionar essa arte com a Matemática. Para isso, apresenta-se a estrutura axiomática desta

técnica associando-a à Geometria euclidiana.

Em seguida, discorre-se, no capítulo quatro, sobre o percurso e o contexto da pesquisa.

Nessa concepção, apoia-se nas obras de Rego, Rego e Galdêncio Jr. (2003), Genova (2001) e

Costa (2007), que fornecem informações pedagógicas no que se refere ao Origami no contexto

escolar. Em seguida, apresenta-se uma proposta de atuação com atividades que foram

direcionadas para um público alvo que se acredita ter o perfil de propagador deste trabalho.

Encontram-se, nos capítulos seis e sete, análise das atividades e do questionário aplicado

aos sujeitos pesquisados, por meio dos quais foram coletadas informações que permitiram

realizar considerações e apresentar os resultados dessa pesquisa, essas últimas encontradas no

capítulo sete.

No apêndice, além do questionário, encontra-se o produto deste mestrado. Trata-se de

um material de apoio ao professor para que ele possa reproduzir os modelos matemáticos de

cada sólido, evidenciando o passo-a-passo das construções recomendadas, juntamente com

sugestões de atividades a serem executadas em sala de aula.

Page 20: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

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Page 21: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

19

2 A GEOMETRIA E OS POLIEDROS

A palavra Geometria vem do grego geo “terra” e metria “medida”. Na antiguidade,

acreditava-se que a Terra era plana e, por isso, o significado “medida da terra”.

As civilizações antigas já faziam o uso de algumas noções geométricas, por assim dizer,

em suas atividades diárias, como agricultura, construções e movimento dos astros. Por

necessidade e sobrevivência, os indivíduos que habitavam os arredores do Nilo se viam em

grande conflito quando o rio transbordava e alagava os campos, os agrimensores utilizavam

cordas esticadas formando triângulos retângulos que os auxiliavam nos cálculos de extensão

dos terrenos. Nesse sentido, segundo Souza:

Os primeiros povos a se dedicarem à Matemática por si próprios foram os gregos, que,

entre outros assuntos, estudaram várias formas geométricas. Algumas dessas formas,

como também suas propriedades, foram tratadas inicialmente por eles, sendo esse o

motivo pelo qual essas formas receberam nomes que derivam da língua grega.

(SOUZA, 2010, p. 68).

A busca por conhecimentos geométricos aumentava, mas foi por volta de 600 a.C. que

Tales de Mileto e Pitágoras apresentam suas primeiras contribuições. Boyer (1996) aponta

Tales como o primeiro homem cujas descobertas matemáticas lhe foram concedidas. O autor

discorre que:

A opinião antiga é unânime em considerar Tales como um homem de rara inteligência

e como o primeiro filósofo – por acordo geral o primeiro dos Sete Sábios. Era

considerado um “discípulo dos egípcios e caldeus”; hipótese que parece plausível. A

proposição agora conhecida como teorema de Tales – que um ângulo inscrito num

semicírculo é um ângulo reto – pode ter sido aprendida por Tales durante suas viagens

a Babilônia. (BOYER, 1996, p. 31-32).

Ainda em acordo com o autor, Pitágoras fundou a Sociedade Pitagórica com bases

matemáticas e filosóficas. Essa ordem fundada por ele era secreta e suas descobertas eram

outorgadas aos membros e não a uma única pessoa, apesar de ser comum, naquela época, dar

toda a confiabilidade ao mestre. Boyer conta, também, que:

Dizia-se que o lema da escola pitagórica era “Tudo é número”. Lembrando que os

babilônios tinham associado várias medidas numéricas às coisas que os cercavam,

desde os movimentos nos céus até o valor de seus escravos, podemos perceber nesse

lema uma forte afinidade com a Mesopotâmia. Mesmo o teorema, a que o nome de

Pitágoras ainda está ligado, muito provavelmente veio dos babilônios. Sugeriu-se,

como justificativa para chamá-lo teorema de Pitágoras, que foram os pitagóricos os

primeiros a dar uma demonstração dele; mas não há meios de se verificar essa

conjectura. (BOYER, 1996, p. 34).

Page 22: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

20

Porém, somente com Euclides, em torno de 300 a. C., que a Geometria foi formalmente

sistematizada a partir de um conjunto axiomático que a desenvolveu como ciência dedutiva.

Neste trabalho, dar-se-á ênfase aos Poliedros, mais especificamente aos Poliedros Regulares

abordados no último livro de Euclides “Os Elementos”, que será explicitado mais adiante.

De origem grega, a palavra Poliedro significa “várias faces” – poli = várias e edro =

faces. Prieto define os poliedros como:

[...] un conjunto conexo de ℝ3 formado por un número finito de polígonos planos que

se juntan de una manera razonable. Aquí “razonable” quiere decir que cada lado de

un polígono pertenece exactamente a otro polígono del poliedro, y de manera que los

polígonos que concurran em cada vértice formen un circuito simple (para evitar

anomalías tales como el caso de dos pirámides unidas por el vértice). (PRIETO, 2002,

p. 178)

Assim, as faces de um poliedro são polígonos – figuras planas – que, unidas duas a duas,

formam as arestas de um poliedro e o encontro dessas arestas é chamado de vértice do poliedro.

Ao observar as construções desde a antiguidade até o mundo moderno, é possível

perceber que muitas delas possuem elementos que permitem uma associação com os poliedros,

sejam as Pirâmides do Egito, o Parthenon ou, ainda, o edifício do Congresso Nacional em

Brasília, pois, em todas essas edificações, podem-se identificar os elementos de um poliedro

como faces, arestas e vértices. Todas elas possuem as mais variadas formas geométricas e

mostra a aproximação da Geometria com o cotidiano.

A Geometria, portanto, está em todo lugar, assim como os poliedros. Esta pesquisa,

então, pretende mostrar que tais figuras tridimensionais podem ser reproduzidas por estudantes

nas aulas de Matemática através do uso de dobraduras. Antes, porém, propõe uma pequena

viagem na história a fim de identificar a influência dos sólidos nos estudos de grandes

matemáticos e filósofos desde os tempos antigos.

2.1 Os Poliedros Platônicos na História da Geometria

Vários matemáticos, filósofos e astrônomos dedicaram seus estudos a esses poliedros,

destacando-se, dentre outros, Platão, Euclides, Kepler e Euler, que contribuíram diretamente

para o entendimento desses objetos tridimensionais.

Passando pela história, é possível compreender melhor porque esses sólidos ficaram tão

conhecidos e porque a eles foram dedicadas tantas pesquisas e estudos. Serão apresentadas, a

Page 23: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

21

seguir, algumas das contribuições daqueles que são considerados relevantes para o

entendimento desse trabalho.

2.1.1 Platão

Figura 1 – Platão

Fonte: SOUZA, 2010, p.72.

Dante (2005) recorre à história para informar que Platão, filósofo grego, teve muito

entusiasmo com a Matemática em sua obra “Timaeus”, na qual explana seus pensamentos sobre

os sólidos em um possível encontro com o pitagórico Timeu de Locri. Neste diálogo, ele expôs

suas ideias sobre os Poliedros Regulares, que ficaram conhecidos como Poliedros Platônicos.

Alguns historiadores atribuem aos pitagóricos e a Teeteto as descobertas desses poliedros.

Dante (2005) conta que:

Neste trabalho de Platão, Timeu misticamente associa o tetraedro, o octaedro, o

icosaedro e o cubo aos quatro “elementos” primordiais de todos os corpos materiais:

fogo, ar, água e terra. Ele associou o quinto poliedro, o dodecaedro, ao Universo que

nos cerca. E então? Você acha justo chamar esses poliedros de poliedros de Platão?

(DANTE, 2005, p.98).

Assim, devido à associação dos poliedros aos elementos da natureza e ao Universo, eles

ficaram conhecidos, também, como “figuras cósmicas”. O matemático Johannes Kepler

explicou essa associação feita por Platão. Para aquele, em uma relação de volume entre o

tetraedro e o icosaedro, verificou-se que o primeiro possui um volume menor que o segundo.

De acordo com essa correspondência, se tem a ideia de seco e úmido, ligando, respectivamente,

esses sólidos aos elementos fogo e água. O hexaedro e o octaedro foram tidos como mais e

menos estável, respectivamente, logo, se associando o hexaedro à terra, por sua estabilidade e

o octaedro ao ar. O dodecaedro foi associado ao Universo por suas doze estações zodiacais

(FIG. 2).

Page 24: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

22

Figura 2 – Representação das ideias de Platão e suas associações a elementos da

natureza

Fonte: DANTE, 2015, p.80.

Platão, ainda nos dias atuais, é muito lembrado por suas contribuições filosóficas e de

acordo com Dante (2005), o filósofo era conhecido como “criador de matemáticos”. Fundou a

Academia em Atenas, considerada a primeira Universidade no mundo que continha, em sua

porta, a seguinte escritura: “Que ninguém que ignore a Geometria entre aqui”.

Este filósofo também destacou a importância dos triângulos, ao referir-se aos sólidos,

pois mesmo aqueles que não fossem compostos por faces triangulares poderiam tê-las

decompostas em triângulos. Ele visualizava as faces triangulares, quadradas e pentagonais

como combinações de triângulos retângulos ideais obtidos através dos traçados das diagonais e

alturas dos polígonos. Esses seriam de dois tipos: o isósceles, e por isso com ângulos de 45°, e

o outro escaleno, obtido através do triângulo equilátero, logo, com ângulos de 30° e 60°.

É perceptível a decomposição de um quadrado e de um triângulo equilátero em

triângulos ideais. Nessa perspectiva, ficaria faltando apenas o dodecaedro, como discorre

Boyer:

Platão considerava o dodecaedro como composto de 360 triângulos retângulos

escalenos, pois, quando em cada uma das faces pentagonais são traçadas as cinco

diagonais e as cinco medianas, cada uma das doze faces conterá trinta triângulos

retângulos. A associação dos quatro primeiros sólidos regulares com os tradicionais

quatro elementos universais forneceu a Platão, no Timaeus, uma teoria da matéria

harmoniosamente unificada, de acordo com a qual tudo era construído de triângulos

retângulos ideais. (BOYER, 1996, p. 60).

Esses objetos tridimensionais que possuem faces formadas por polígonos regulares

idênticos entre si estariam, então, estabelecidos como os cinco Sólidos Regulares que ficaram

conhecidos como Sólidos Platônicos ou, ainda, Poliedros Platônicos.

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23

2.1.2 Euclides

Figura 3 - Euclides

Fonte: SOUZA, 2010, p.49.

Euclides nasceu por volta de 300 a.C., e, segundo Gazire (2000), não se sabe ao certo o

local de seu nascimento. É possível que tenha sido educado em Atenas e frequentado a

Academia de Platão. Sabe-se que, provavelmente, por motivos políticos, ele fora viver em

Alexandria, no Egito, onde fora nomeado para a cátedra de Geometria da Universidade e ficara

conhecido como Euclides de Alexandria.

Um dos matemáticos mais importante de todos os tempos, Euclides se destacou na

história por causa de sua obra – “Os Elementos” – composta por 13 livros, dentre os quais os 3

últimos foram destinados ao estudo da Geometria Espacial.

Ele organizou em sua obra “Os Elementos” toda a estrutura da Geometria hoje

conhecida como Euclidiana. Os títulos de cada um dos volumes são:

Livro I – Os fundamentos da Geometria Plana

Livro II – Álgebra Geométrica

Livro III – Teoria da Circunferência

Livro IV – Figuras Inscritas e Circunscritas

Livro V – Teoria das Proposições Abstratas

Livro VI – Figuras Geométricas Semelhantes e Proporcionais

Livro VII – Fundamentos da Teoria dos Números

Livro VIII – Continuação de Proporções e Teoria dos Números

Livro IX – Teoria dos Números

Livro X – Classificação dos Incomensuráveis

Livro XI – Geometria dos Sólidos

Page 26: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

24

Livro XII – Medição de Figuras

Livro XIII – Sólidos Regulares

Nesse último livro, ele afirma que não pode existir outros sólidos que possuam faces

compostas por polígonos regulares e congruentes entre si.

Ainda como discorre Gazire (2000), existe toda uma estrutura axiomática responsável

pela organização do que se conhece por Geometria euclidiana. A autora também afirma que:

A Geometria euclidiana foi rigorosamente construída, e como tal, converteu-se em

modelo para toda a Matemática. Os treze livros que compõem os Elementos de

Euclides sintetizam todo o conhecimento matemático até então acumulado. Com essa

construção, Os Elementos se tornaram o sonho metodológico de toda a ciência. De

fato, o pensamento científico em busca de uma sistematização encontrou no método

axiomático o modelo perfeito. (GAZIRE, 2000, p. 82).

Ainda nos dias atuais, a Geometria euclidiana é a mais utilizada. Ela serve,

inclusive, para direcionar a organização das várias outras Geometrias que foram surgindo com

o passar dos anos.

2.1.3 Kepler

Figura 4 – Kepler

Fonte: ROCHA, 2002, p.75.

Johannes Kepler nasceu em 1571, na Alemanha, e, de acordo com Rocha (2002), tivera

uma infância marcada por doenças e problemas familiares. Com o passar dos anos, se tornou

um incansável investigador, o que o fez se transformar em um dos construtores da ciência

moderna.

Ainda na adolescência, estudou em seminários teológicos protestantes onde fora

introduzido ao quadrivium que era constituído por quatro ciências: Astronomia, Geometria,

Aritmética e Música.

Page 27: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

25

Rocha (2002, p.76) descreve que “[...] em 1594, Kepler se torna professor de

Matemática e Astronomia na Escola Luterana de Graz, na Áustria”. Ainda em conformidade

com o autor, foi em uma de suas aulas que teve a ideia de relacionar os cinco Sólidos Regulares

aos seis planetas até então descobertos – Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno e Terra e de

desenvolver um modelo planetário em concordância com o modelo de Copérnico (FIG.5), como

relata Rocha:

[...] uma esfera circunscrita a um cubo (a superfície da esfera contém todos os vértices

do sólido), em seguida, uma outra esfera menor inscrita (que tangencia internamente

todas as faces do cubo), um tetraedro circunscrito, uma nova esfera inscrita ao

tetraedro, e assim sucessivamente até obter seis esferas concêntricas com raios que

seriam iguais às trajetórias circulares dos planetas em torno do Sol, este, absoluto e

soberano no centro do arranjo. Estaria assim estabelecida a conexão secreta entre a

milenar geometria e o novo sistema copernicano. O glorioso passado representado

pelo quadrivium grego poderia, enfim, coexistir harmoniosamente com as novas e

revolucionárias ideias renascentistas! (ROCHA, 2002, p. 77).

Figura 5 – Modelo de Kepler

Fonte: ROCHA, 2002, p. 77.

O modelo de Kepler que harmonizava planetas e Poliedros Regulares revestidos por

esferas concêntricas fora esquecido, anos mais tarde, após a descoberta de mais três planetas –

Netuno, Urano e Plutão – sendo que esse último, desde 2006, já não mais é considerado um

planeta.

Rocha (2002, p 78) salienta que Kepler “acreditou no ideal platônico-pitagórico, isto é,

de um universo regido por ideias imutáveis e leis geométricas perfeitas”. O que deixa claro seu

apreço pela Geometria. Um modelo matemático justificado pelas regras da Geometria e pelas

propriedades peculiares dos Poliedros Platônicos podendo ser reproduzido em sala de aula a

fim de propor um aprofundamento nos estudos dos sólidos.

Page 28: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

26

2.1.4 Euler

Figura 6 – Euler

Fonte: SOUZA, 2010, p.71.

Leonhard Euler, nascido em 1707, na Suíça, na cidade de Basiléia, como afirma Souza

(2010), efetuou muitas contribuições para a Matemática. Aplicou-a em distintos assuntos, como

órbitas planetárias, balística, construção naval, navegação, óptica e acústica.

Aos vinte e seis anos de idade, Euler se tornou um dos mais importantes matemáticos

da Academia de São Petersburgo, localizada na Rússia. Ele contribuía com um grande número

de artigos para a revista da Academia “Commentarii Academiae Scientiarum Imperialis

Petropolitanae”, como afirma Boyer (1996). Segundo o autor, Euler publicou, em vida, mais

de 500 artigos, além de escrever obras para todos os níveis de ensino. Ele produziu vários

materiais que foram utilizados nos livros didáticos nas escolas russas. Ficou cego aos 59 anos

de idade, porém, continuou suas pesquisas e publicações.

Uma de suas mais importantes contribuições para a matemática é a relação que envolve

o número de faces (F), arestas (A) e vértices (V) de um poliedro, apresentada da seguinte forma:

𝑉 + 𝐹 = 𝐴 + 2 (1)

Euler verificou que essa relação era válida para todo poliedro convexo e alguns não

convexos. Com relação a essa associação, afirma Souza que:

Essa igualdade é conhecida como Relação de Euler e é válida para todo poliedro

convexo. No entanto, essa relação é válida também para alguns poliedros não

convexos. Os poliedros cuja Relação de Euler é válida são chamados poliedros

eulerianos. Assim, podemos afirmar que todos os poliedros convexos são eulerianos,

mas nem todo poliedro euleriano é convexo. (SOUZA, 2010, p. 71).

Page 29: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

27

Pode-se associar os Poliedros Platônicos a essa relação, uma vez que todo Poliedro

Platônico também é euleriano. Dessa forma, sabendo apenas o nome do Sólido Regular, a

relação de Euler contribui para que se determine seu número de faces, arestas e vértices.

2.2 Os Poliedros Regulares

Como foi dito anteriormente, os Poliedros Regulares são poliedros convexos e como

demonstrado por Euclides, existem apenas cinco. Mas por que só cinco? Como existem infinitos

polígonos regulares, é evidente imaginar que também existam infinitos poliedros regulares.

Nesse sentido, Machado (2000) indaga:

Será que também é simples construir um pentaedro regular? E um hexaedro regular?

Quantos tipos de poliedros regulares será possível construir? Intuitivamente, pode

parecer que, como no caso dos polígonos, podemos construir poliedros regulares com

quantas faces desejarmos. Na verdade, não existem muitos poliedros regulares e não

é possível construir senão uns poucos tipos destes poliedros – apenas o suficiente para

uma correspondência com os dedos de uma mão. (MACHADO, 2000, p. 18).

O autor deixa claro, portanto, que mesmo que se disponibilizasse mais recursos, ainda

assim não seria possível construir mais do que cinco desses poliedros. Além disso, por serem

convexos, é válida para eles a relação de Euler. Assim, é importante saber porque existem

apenas cinco desses poliedros. Para tanto, Lima et al (2004, p.241) explicam:

“Definição: um poliedro convexo é regular quando todas as faces são polígonos

regulares iguais e em todos os vértices concorrem o mesmo número de arestas.

Teorema: Existem apenas cinco poliedros regulares convexos”.

Para demonstrar, seja n o número de lados de cada face e seja p o número de arestas que

concorrem em cada vértice. Temos, então, 2𝐴 = 𝑛𝐹 = 𝑝𝑉, ou

𝐴 =𝑛𝐹

2 e 𝑉 =

𝑛𝐹

𝑝 (2)

Substituindo na relação de Euler, obtém-se

𝑛𝐹

𝑝−

𝑛𝐹

2+ 𝐹 = 2 (3)

F=4𝑝

2𝑝+2𝑛−𝑝𝑛 (4)

Como se deve ter 2p + 2n − pn > 0, ou seja:

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28

2𝑛

𝑛−2> 𝑝 (5)

Como p ≥ 3, chega-se a n < 6. As possibilidades são, então, diante do exposto, as

seguintes:

𝑛 = 3 → 𝐹 =4𝑝

6 − 𝑝 → {

𝑝 = 3 → 𝐹 = 4 (𝑡𝑒𝑡𝑟𝑎𝑒𝑑𝑟𝑜)𝑝 = 4 → 𝐹 = 8 (𝑂𝑐𝑡𝑎𝑒𝑑𝑟𝑜)

𝑝 = 5 → 𝐹 = 20 (𝐼𝑐𝑜𝑠𝑎𝑒𝑑𝑟𝑜)

𝑛 = 4 → 𝐹 =2𝑝

4−𝑝→ 𝑝 = 3 → 𝐹 = 6 (𝐶𝑢𝑏𝑜)

𝑛 = 5 → 𝐹 =4𝑝

10−3𝑝 → 𝑝 = 3 → 𝐹 = 12 (𝐷𝑜𝑑𝑒𝑐𝑎𝑒𝑑𝑟𝑜). (LIMA et al, 2004, p.241-242).

Figura 7 – Os Poliedros Regulares

Fonte: SILVA, 2017.

O quadro 1 classifica os poliedros e exemplifica esta definição apontada por Lima et al

(2004). Para melhor compreensão, é necessário associar as letras F, V e A, respectivamente, a

faces, vértices e arestas.

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29

Quadro 1 - Classificação dos Poliedros Platônicos

Denominação do

Poliedro

F

V

A

Tetraedro 4 faces triangulares 4 6

Hexaedro 6 faces quadradas 8 12

Octaedro 8 faces triangulares 6 12

Dodecaedro 12 faces pentagonais 20 30

Icosaedro 20 faces triangulares 12 30 Fonte: Elaborado pela pesquisadora.

Essa demonstração sinaliza a existência dos cinco Sólidos Regulares. Porém, como

acrescenta Kaleff (2003), é importante considerar que o aluno deve ser incentivado a investigar

e fazer essa descoberta, pois, dessa forma, o desenvolvimento das noções matemáticas se torna

mais significativo. A respeito da construção de modelos poliédricos, a autora conta que:

[...] uma das características mais interessantes das atividades que envolvem

construções de modelos de poliedros é o questionamento que surge ao longo dos

processos de construção e que proporciona ao aluno a oportunidade para conjecturar

sobre diversas situações geométricas. O constante questionamento sobre o que o aluno

constrói e sobre o que ele observa lhe proporciona a oportunidade de descobrir as

propriedades geométricas que desejamos enfatizar, tomar consciência delas,

ajudando-o a construir o correspondente significado geométrico. (KALEFF, 2003, p.

21).

Entendendo assim, este trabalho apresenta uma proposta de construção de conceitos

geométricos através da dobradura de papel. No âmbito da Geometria, a dobradura permite

várias construções geométricas, sejam elas em duas ou três dimensões. O fato é que sempre se

parte de uma folha de papel, ou seja, mesmo que o objetivo seja confeccionar um poliedro,

passa-se, primeiro, por uma construção bidimensional, que não deve ser desconsiderada. Todas

as formas que forem surgindo ao longo do processo de confecção devem ser levadas em conta

para agregar conhecimento ao aluno e permitir que esse estabeleça as conexões entre as

Geometrias plana e espacial.

Direcionando o foco para os Poliedros Platônicos, é possível encontrar uma vasta

maneira de representá-los apenas dobrando papel. Portanto, essa pesquisa foi dedicada à

confecção desses sólidos. A esse respeito, ressalta Kaleff que:

[...] a análise das características geométricas dos poliedros regulares de Platão

proporciona ao aluno a oportunidade de observar uma grande variedade de conexões

Page 32: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

30

entre as figuras geométricas planas e as espaciais, levando-o a descobrir várias

situações em que surgem padrões de regularidade geométrica. (KALEFF, 2003, p.

21).

Enfatiza-se, nesse sentido, que, cada vez mais, a dobradura de papel vem sendo utilizada

ema sala de aula no ensino da Matemática. Por ser uma forma criativa e econômica, ela vem

ganhado espaço nas escolas que, muitas vezes, são desprovidas de verbas para aquisição de

materiais concretos. A seguir, serão apresentados o surgimento e o avanço desta arte que,

originalmente, é conhecida como Origami.

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31

3 O ORIGAMI E SEU CONTEXTO HISTÓRICO

De origem japonesa, a palavra Origami significa dobrar papel. Prieto (2002) explica que

Ori: dobrar – deriva do desenho de uma mão – e Kami: papel – provém da representação de

uma seda (FIG. 8). Essa arte foi estabelecida por todo o mundo. No Brasil, é conhecida com

dobradura, na língua espanhola como papiroflexia, no inglês como paperfolding.

Figura 8 – Ideogramas para designar a palavra Origami

Fonte: LUCAS, 2013, p.11.

Acredita-se que essa arte seja tão antiga quanto à origem do próprio papel. Muitos

pesquisadores creem que o Origami não é exclusividade japonesa, como Kanegae e Imamura

(1989) relatam. Segundo eles, apesar de o Japão ser considerado o berço do Origami, ele pode

ter surgido na China, uma vez que neste país a história do papel é muito mais antiga. Para os

autores:

Em praticamente todos os países onde existe o papel, há uma maneira própria de

dobrar este material. Alguns pesquisadores do origami acreditam que ele tenha

surgido por volta do século VI d.C, quando um monge budista trouxe da China, via

Coréia, o método de fabricação do papel, que até então era desconhecido pelos

japoneses. Por causa do seu valor, as pessoas utilizavam-no em origamis especiais ou

em cerimônias específicas. (KANEGAE; IMAMURA, 1989, p.8).

Assim, não se sabe ao certo como se começou a dobrar papel, mas segundo Kanegae e

Imamura (1989), julga-se que haja alguma ligação com os costumes religiosos, já que em

templos xintoítas eram encontradas ornamentações divinizadas feitas de papel.

Ainda por volta do século VI d.C, o papel era um artigo de luxo, portanto, acessível

somente à nobreza, como contam Rego, Rego e Galdêncio Jr. (2003). Era um costume

tradicionalmente passado de geração em geração e não havia registros de diagramas que

possibilitassem as orientações para suas reproduções. Após a confecção do papel em larga

escala, essa arte passou a ser amplamente divulgada, e no ano de 1876 torna-se parte do

currículo escolar japonês.

Engel (1994) descreve os três períodos nos quais a história do Origami foi dividida:

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32

1º Período – Heian (794 a 1185): entretenimento das classes mais abastadas, pois eram

as únicas que tinham condições de adquirir o papel, que era uma rara e preciosa mercadoria. O

Origami era parte significante da vida cerimonial da nobreza japonesa;

2º Período – Muromachi (1338 a 1573): o papel tornou-se mais acessível e o Origami

começou a ser utilizado para diferenciar as classes sociais, de acordo com os enfeites que as

pessoas usavam. Distinguia a aristocracia samurai dos fazendeiros e camponeses;

3º Período – Tokugawa (1603 a 1867): esse período ficou conhecido como a

democratização do papel. Foi quando se deu a popularização do Origami e surgiu a dobradura

original do Tsuru – ave sagrada no Japão. Segundo reza a lenda, quem consegue fazer mil

pássaros terá um desejo realizado – a base do pássaro foi documentada na mais antiga cópia

existente sobre Origami, em 1797, no Senbazuru Orikata (Como dobrar mil garças). Nesta

época, surgiram os primeiros livros de Origami.

As bases das dobraduras do Tsuru e da Rã são as mais utilizadas em modelos de Origami

até os dias atuais. De acordo com Rafael (2011), foi em 1845 que se publicou o livro “Kan No

Mado” (Janela aberta à estação do inverno), composto por mais de 150 modelos de Origami

que contribuíram com a divulgação da arte por todo o Japão com atividades criativas e

educacionais.

Alguns nomes de impulsionadores dessa técnica surgiram no Oriente e no Ocidente,

como: Leonardo da Vinci (séc. XV, na Itália); Friedrich Froebel (séc. XIX, na Alemanha);

Miguel Unamuno (séc. XX, na Espanha); e Akira Yoshizawa (séc. XX, no Japão); esse último

conhecido como o “pai do Origami moderno”, pois criou a simbologia com instruções que

constituem a linguagem do Origami, como conta Rafael (2011). Não é preciso saber japonês

para compreender um diagrama de Origami, já que esta é uma linguagem universal, tal como a

Matemática.

A Europa, através da Espanha, recebeu as primeiras informações sobre esta arte com os

mouros. No Brasil, o Origami ficou conhecido como “a arte de dobrar papel” e teve influências

da Argentina e dos imigrantes japoneses, a partir de 1908.

Rego, Rego e Galdêncio Jr. (2003, p. 25) contam que “A religião dos mouros proibia a

criação de qualquer representação simbólica de homens ou animais através do Origami”. Isso

fez com que a arte fosse cada vez mais associada às construções geométricas. As regularidades

encontradas nas dobraduras de papel aguçaram a curiosidade de estudiosos que foram buscando

Page 35: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

33

estabelecer conexões dessas dobragens1 com a Matemática e, mais especificamente, com a

Geometria.

Devido a essas conexões estabelecidas, no final do século XX, os matemáticos

começaram a se interessar por esta arte. Muitos perceberam que as diversas criações feitas por

Origami iam muito além da inspiração, da criatividade e da arte, estando, na verdade, associadas

a conceitos e limitações geométricas. Prieto (2002) ressalva que:

Por un lado, tenemos la escuela japonesa, donde la papiroflexia ha sido cultivada por

artistas no científicos. La filosofía consiste aquí en expresar, sugerir, captar la esencia

de lo que se quiere representar con un mínimo de pliegues, aunque la figura resultante

no sea anatómicamente perfecta; por otro lado, la escuela occidental, donde la

papiroflexia ha sido desarrollada por matemáticos, ingenieros, físicos, arquitectos...

Se persigue la exactitud anatómica, es decir, representar los insectos con todas las

patas, pestañas, cuernos, alas... Para ello se han desarrollado multitud de métodos

matemáticos. (PRIETO, 2002, p. 177).

Hoje não há muita distinção entre a escola oriental e a ocidental. Vários estudiosos

dedicaram suas pesquisas ao Origami e alguns se preocupam mais com o processo matemático

do que artístico. Dentre esses, se destacam Robert Lang e Tomoko Fuse. O primeiro se

empenhou em organizar a estrutura axiomática do Origami; a segunda teve seu trabalho

consagrado pelo Origami Modular, discutido no próximo subitem deste trabalho.

3.1 Origami Modular

O Origami pode ser simples ou modular, sendo o primeiro, também chamado de

Origami unitário, feito a partir de dobras em uma única folha de papel, e o segundo consiste no

encaixe de diversas peças geometricamente iguais para se alcançar, quase sempre, uma figura

poliédrica; todos obtidos, preferencialmente, a partir de uma folha quadrada e sem o uso de

tesouras ou colas. Sobre a técnica do Origami modular, discorre Mitchel (2008) que neste:

[...] se reúne um número de módulos simples dobrados para criar um modelo

poliédrico. Esse tipo de dobragem de papel teve origem, nos Estados Unidos, nos

tempos das misturas de culturas do início dos anos 60. Desde então, ganhou aderentes

no Reino Unido e por todo o mundo, tornando-se popular até no Japão, o lar

tradicional da dobragem de papel com uma só folha, onde é conhecido por origami

unitário. (MITCHEL, 2008, p. 6).

1 O termo dobragem é utilizado por vários dos autores pesquisados, como, por exemplo, Rafael (2011), Monteiro

(2008) e Mitchel (2008), e foi utilizado, no contexto dessa pesquisa, como sinônimo de dobrar, dobramento.

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34

Atualmente, está cada vez mais comum o uso de folhas retangulares para a construção

de modelos poliédricos. O retângulo, cuja razão do lado maior para o menor é 1 √2⁄ , é muito

utilizado neste tipo de construção, uma vez que permite ampliações dos modelos com

facilidade. Um exemplo popular desse retângulo é a folha A4, que, além de ideal, se torna

acessível por ser facilmente encontrada no mercado e possuir baixo custo.

Tomoko Fuse é uma das mais importantes origamistas da história no que se refere ao

Origami Modular. Fuse (1990) menciona essa modalidade do Origami como uma forma lúdica

que exige tempo e dedicação de quem se propõe a fazer. Mas ressalta que depois das unidades

finalizadas e encaixadas as formas finais, estas se tornam claras e expressivas. A autora ressalta,

ainda, que, para produzir Origamis Modulares, basta utilizar apenas mãos e papeis, não havendo

a necessidade de nenhum tipo de adesivo.

Fuse (1990, p.133), em sua obra “Unit Origami Multidimensional Transformations”,

apresenta vários tipos de poliedros construídos através do Origami Modular, afirmando que:

“Nós permitimos que os poliedros se desenvolvam em todas as direções no espaço para gerar

novos tipos de sólidos de Origami unitários” (Tradução nossa)2. A autora apresenta diagramas

dos mais variados poliedros e, dentre eles, os Regulares.

No desenvolvimento dessa pesquisa, são propostas construções mais simples e fáceis

de serem executadas em sala de aula no Ensino Básico. Para isso, foi na obra “Polyhedron

Origami for beginners” (KAWAMURA, 2001) que foram localizados os diagramas mais

próximos daqueles que são aqui propostos. Kawamura (2001, p.28) define Poliedro Regular

sendo: “[...] um poliedro cujas faces são todas idênticas, polígonos regulares e cujos vértices

são formados pelo mesmo número de faces.” (Tradução nossa)3.

A autora exibe os diagramas modulares de cada Sólido Regular que são obtidos a partir

de uma folha quadrada. Ela apresenta um módulo para o Hexaedro, outro para o Dodecaedro e

um último, que permite a montagem do Tetraedro, Octaedro e Icosaedro.

As construções propostas neste trabalho se aproximam daquelas apresentadas por

Kawamura (2001), mas, as neste trabalho apresentadas são obtidas a partir de uma folha

retangular. Antes, porém, de indicar tais construções, faz-se necessário estabelecer uma relação

entre o Origami e a Geometria, o que será feito nas seções seguintes.

2 “We allow polyhedrons to develop in all directions into space to generate new kinds of unit origami solids.”

(Texto original). 3 “[…] is a polyedron whose faces are all identical, regular polygons and whose vertices are formed by the same

number of faces.” (Texto original).

Page 37: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

35

3.2 Os Axiomas do Origami

Assim como as figuras geométricas de um modo geral, as construções geométricas

tradicionais feitas por dobraduras também são regidas por um conjunto de axiomas que permite

provar a existência de cada dobra possível de ser realizada. Rafael (2011) destaca o matemático

ítalo-japonês Humiaki Huzita, da universidade de Pádua, na Itália – que nasceu no Japão, mas

viveu muitos anos na Itália – que, na década de 1970, criou as seis operações conhecidas como

axiomas de Huzita. Em 2001, Koshiro Hatori mostrou uma dobragem diferente dos axiomas

existentes, surgindo, então, o sétimo axioma. A esse respeito, Rafael (2011, p. 19) ressalta que

“Estes axiomas (que na realidade são operações) descrevem operações básicas que se podem

efectuar em Origami e permitem caracterizar formalmente o tipo de construções geométricas

que é possível fazer com Origami.”

Ainda de acordo com a autora, foi somente em 2003 que Robert Lang publicou um

estudo onde mostra as sete combinações de dobras conhecidas agora como axiomas de Huzita-

Hatori. Em 2010, Lang publica outro artigo, no qual apresenta crédito apropriado a Jaques

Justin para o 7° axioma. Segundo Lang (2010), o francês Jacques Justin publicou um artigo

“Resolution par le pliage de l'équation du troisieme degre et applications geometriques”, em

1989, onde enumerou 7 possíveis combinações de alinhamento, sendo o último apresentado

antes da descoberta de Hatori, permitindo a definição das combinações tanto como Huzita-

Hatori, quanto como Huzita-Justin4. De acordo com Lang (2010), isso mostra que

pesquisadores independentes expressaram as mesmas leis universais na linguagem matemática.

Essas operações permitem combinações entre si para se obter qualquer construção

simples (dobra única) em Origami. Segundo Rafael (2011):

Na teoria matemática das construções geométricas com dobragens de papel, os sete

axiomas de Huzita-Hatori chegam para definir o que é possível construir com

dobragens simples. (Admitindo dobragens simultâneas já vamos além do que é

descrito pelos axiomas de Huzita-Hatori, passando, por exemplo, a ser possível dividir

um ângulo genérico em cinco partes iguais ou a construir o polígono regular de onze

lados, algo que não é possível recorrendo apenas a dobras simples.) (RAFAEL, 2011,

p. 19).

Lang (2003), citado por Monteiro (2008), realizou um estudo completo de todas as

dobragens possíveis que especificam um único vinco e comprovou a existência de somente 7

axiomas, representados na tabela 1:

4 Para fins desse trabalho, optou-se pela definição das combinações como Huzita-Hatori, já que a maioria dos

autores pesquisados as citam como tal.

Page 38: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

36

Tabela 1 - Axiomas do Origami

Descrição dos Axiomas Diagramas

Axioma 01:

Dados dois pontos, P1 e P2, há uma única dobra que

passa pelos dois pontos.

Axioma 02:

Dados dois pontos, P1 e P2, há uma única dobra que

as torna coincidentes.

Axioma 03:

Dadas duas retas, I1 e I2, há uma única dobra que as

torna coincidentes.

Axioma 04:

Dados um ponto P e uma reta I há uma única dobra

perpendicular a I que passa por P.

Axioma 05:

Dados dois pontos, P1 e P2, e uma reta I, se a distância

de P1 a P2 for igual ou superior à distância de P2 a I,

então há uma única dobra que faz incidir P1 em I e

que passa por P2.

Axioma 06:

Dados dois pontos P1 e P2, e duas retas I1 e I2, se as

retas não forem paralelas e se a distância entre as retas

não for superior à distância entre os pontos, há uma

única dobra que faz incidir P1 e, I1 e P2 em I2.

Axioma 07:

Dado um ponto P e duas retas I1 e I2, se as retas não

forem paralelas, há uma única dobra que faz incidir P

em I1 e é perpendicular a I2.

Fonte: Adaptado de MONTEIRO, 2008, p. 9-10.

Como consequência desses axiomas, é possível resolver equações, efetuar a trissecção

de um ângulo, duplicar um cubo, dentre outros. Isso possibilita ao aluno desenvolver sua

destreza manual, além de colaborar com a compreensão de conceitos geométricos, tais como:

Page 39: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

37

simetrias, congruências, ângulos, razões, proporções etc. Esta estrutura axiomática possibilita,

portanto, uma compreensão da Matemática que há por trás de uma simples dobradura de papel.

3.3 O Origami e o ensino de Geometria

Tendo estabelecida uma relação entre a Matemática e o Origami, é possível delinear os

caminhos os quais esta pesquisa percorre, possibilitando o apontamento do Origami como um

recurso metodológico para as aulas de Matemática.

Assim como Euclides elaborou e organizou a primeira estruturação sistemática da

Geometria em “Os Elementos”, hoje, muitos matemáticos vêm explorando e ordenando uma

série de dobras que possibilitam a realização de diversas operações geométricas. Como discorre

Engel (1994), para os matemáticos, a beleza do Origami é a simples Geometria. Segundo o

autor:

Hoje, uma obra de origami deve demonstrar os padrões de beleza do artista e do

matemático. Deve ser anatomicamente exata - uma exigência americana, não japonesa

- contudo sugere mais do que mostra. Podem-se empregar técnicas de dobramento que

são inesperadas, mas nunca aleatórias, e cuja lógica pode tornar-se clara somente

quando a figura inteira foi completada. Para o dobrador que atende essas exigências

corajosamente, as restrições do meio não são uma limitação, mas um estímulo para

uma maior imaginação.

(ENGEL, 1994, p. 33). (Tradução nossa).5

Ainda em concordância com o autor, os estudiosos estabelecem a essa arte um novo

padrão estético: os valores da Geometria. Para os professores que se propõem a ensinar

Geometria através do Origami, a beleza é percebida através da simplicidade e da economia.

Usando apenas folha de papel, é possível realizar várias construções poliédricas que podem ser

utilizadas para a abordagem e definição de conceitos.

A proposta é criar linhas dobrando papel ao invés de usar régua e ensinar uma variedade

de conteúdos matemáticos a partir de uma aula lúdica, criativa e direcionada ao ensino da

Geometria. Rego, Rego e Galdêncio Jr. mostram que:

Na realização das dobraduras, os estudantes familiarizam-se com formas geométricas,

movimentos de transformação e múltiplas linhas de simetria dentro de uma mesma

figura. Noções de retas perpendiculares, retas paralelas, figuras planas e sólidas,

5 “Today, a work of origami must exemplify both the artist’s and the mathematician’s standards of beauty. It must

be anatomically accurate – an American demand, not a Japanese one – yet suggest more than it shows. It may

employ folding techniques that are unexpected, but never arbitrary, and whose logic may become clear only when

the entire figure has been completed. To the folder who meets these demands head-on, the constraints of the

medium are not a limitation but a stimulus to greater imagination.” (Texto original).

Page 40: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

38

congruência, bissetrizes de ângulos, relações entre áreas e proporcionalidade poderão

ser introduzidas de maneira igualmente eficaz. As dobraduras possibilitam ainda o

desenvolvimento de atividades relacionadas ao estudo de frações, aritmética, álgebra

e funções, dentre outros. (REGO; REGO; GALDÊNCIO JR., 2003, p. 18).

Os autores indicam o uso do Origami nas atividades de Matemática voltadas para:

A construção de conceitos;

A discriminação de forma, posição e tamanho;

A leitura e interpretação de diagramas;

A construção de figuras planas e espaciais;

O uso dos termos geométricos em um contexto;

O desenvolvimento da percepção e discriminação de relações planas e espaciais;

A exploração de padrões geométricos;

O desenvolvimento do raciocínio do tipo passo-a-passo;

O desenvolvimento do senso de localização espacial. (REGO; REGO;

GALDÊNCIO JR., 2003, p.19-20).

Corroborando com os autores, percebe-se que a dobradura de papel é capaz de despertar

o processo evolutivo do pensamento algébrico, aritmético e geométrico. Ela também permite

que se construam conceitos a partir de cada dobra efetuada, além de explorar a percepção visual

do aluno. A este respeito, porém, Kaleff (2003) informa que:

Embora a maioria das representações de objetos geométricos seja perceptível

visualmente, é importante não confundir a habilidade da visualização, isto é, a

habilidade de se perceber o objeto geométrico em sua totalidade, com a percepção

visual das representações disponíveis deste objeto. [...] É a partir desde contato com

as formas do objeto, a textura e as cores do material de que ele é composto, bem como

da possibilidade de sua manipulação, que tem origem a construção de uma imagem

mental, a qual permitirá evocar o objeto na sua ausência. Assim é que a criança vai

formando um conjunto de imagens mentais que representam o objeto as quais são

envolvidas no raciocínio. A partir deste ponto, ela poderá vir a representar com

sucesso o objeto observado, através da elaboração de um esboço gráfico ou de um

modelo concreto. (KALEFF, 2003, p. 16).

Utilizando o Origami em uma aula de Matemática, o papel se torna o material

manipulável que estará de posse do aluno para que possa explorá-lo e percebê-lo, seja em sua

bidimensionalidade ou na transformação do plano para o espaço tridimensional. Isso permite

entender sobre o porquê de se ensinar Geometria com Origami. Tomoko Fuse (1990) acredita

que há uma grande diferença em entender alguma coisa através da mente e conhecer esta mesma

coisa através do tato. É por acreditar nisso e por viver esta experiência, que se une a ideia da

percepção espacial com o manuseio do concreto. Concreto este que vai além de um objeto

Page 41: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

39

pronto e acabado, já que se refere a um Origami modular que será cuidadosamente produzido,

dobra a dobra, pelas próprias mãos de quem o manuseia.

Por ser universal, a linguagem do Origami também possibilita que qualquer pessoa faça

uma leitura interpretativa de seus diagramas, o que contribui com a memorização do passo-a-

passo e se transforma em um exercício mental.

Além de discutir conteúdos matemáticos, o Origami ainda permite estabelecer relações

com outras disciplinas, como apontam Rego, Rego e Galdêncio Jr. (2003): na Arte, desenvolve

a criatividade, o controle motor e aprimora o senso estético; nas Ciências Físicas e Biológicas,

é utilizado na confecção de animais e plantas, na reciclagem de papel e para testar a flutuação

de barquinhos de papel; na História e na Geografia, permite explorar temas como a história e o

surgimento do papel, o percurso das invenções através dos séculos e entre os povos; nas

Linguagens, estimula a percepção de outras formas de comunicação e produção de textos

interdisciplinares; na vida social, promove o trabalho em grupo, a atividade cooperativa,

habilidade de concentrar e memorizar, além de ser utilizado em terapia ocupacional.

Portanto, nessa concepção, o Origami não é visto apenas como uma “arte de dobrar

papel”, mas, sim, como um objeto de aprendizagem contido de um corpo axiomático com

embasamento matemático, a fim de assegurar um ensino significativo.

Porém, para se ensinar Geometria através do Origami, o professor precisa, primeiro,

conhecer e dominar a técnica. A seguir, será abordado o desenvolvimento dessa pesquisa bem

como o contexto em que ela foi realizada.

Page 42: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

40

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41

4 O PERCURSO DA PESQUISA

O ensino da Geometria, como sugerem os PCN (BRASIL, 1997), apontam conceitos

que levam o aluno a desenvolver seu pensamento geométrico, indicando o uso de dobraduras,

nas aulas de Matemática, para a realização de atividades geométricas. De acordo com o

documento:

As atividades geométricas podem contribuir também para o desenvolvimento de

procedimentos de estimativa visual, seja de comprimentos, ângulos ou outras

propriedades métricas das figuras, sem usar instrumentos de desenho ou de medida.

Isso pode ser feito, por exemplo, por meio de trabalhos com dobraduras, recortes,

espelhos, empilhamentos, ou pela modelagem de formas em argila ou massa.

(BRASIL, 1997, p. 83).

As dobraduras que possuem muita Matemática envolvida, como mostra Imenes (2003),

dar-se o nome de Origami. Genova (2001) assegura que essa arte pode desempenhar um papel

mediador, articulando as construções com elementos ou conceitos geométricos e Costa (2007)

aposta no Origami como apoio na construção do conceito.

Portanto, essa pesquisa teve, como proposta, trabalhar o uso do Origami nas aulas

práticas de Matemática, com o interesse de conhecer e explorar axiomas da Geometria, a fim

de construir os Poliedros Platônicos, associando cada dobra aos conceitos elementares

geométricos.

O principal questionamento acerca do assunto é: há benefícios na aprendizagem geométrica

com a construção dos Poliedros Platônicos a partir do Origami? E tem como objetivo

fundamental inserir a prática do Origami em sala de aula, na expectativa de que, com sua

abordagem axiomática, a aprendizagem da Geometria se torne mais significativa,

proporcionando maior compreensão no estudo dos Poliedros Platônicos.

Esse trabalho se configura como uma pesquisa de investigação qualitativa a qual

Bogdan e Biklen (1994, p. 16) a definem como “um termo genérico que agrupa diversas

estratégias de investigação que partilham determinadas características.”. Neste tipo de pesquisa,

se recolhe dados qualitativos através de questões que procuram investigar fenômenos e se

privilegia a compreensão dos comportamentos no olhar dos sujeitos investigados.

Ainda sob orientação dos autores, foi realizado um trabalho de campo seguindo a

estrutura sugerida: acesso, início, participação, entrevistas, fotografias e saída de cena. Dentre

essas, se destaca a participação – O contínuo participante/observador – uma vez que, para o

desenvolvimento desse trabalho, é relevante que o observador participe efetivamente, pois

Page 44: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

42

depende dele as orientações para a construção dos modelos matemáticos realizados através do

Origami.

No que tange à estrutura da pesquisa, as entrevistas foram substituídas pelos

questionários, pois, como mostram Fiorentini e Lorenzato (2012), as entrevistas se diferenciam

do questionário porque podem ser aplicadas para um número maior de pessoas sem que haja

contato direto entre pesquisador e pesquisado. Neste contexto, a atuação estaria mais bem

estruturada.

4.1 O Contexto da Pesquisa

A pesquisa foi realizada com dois grupos distintos de sujeitos: o primeiro composto por

professores graduados nas áreas de Arte, Física, Matemática e Pedagogia; e o outro formado

por graduandos do curso de licenciatura plena em Matemática.

O primeiro grupo participou de uma oficina piloto que ocorreu durante um momento

pedagógico destinado à formação de professores em uma escola da rede municipal de Belo

Horizonte. A partir de então, verificou-se a possibilidade em destinar a pesquisa a um público

que possuísse potencial para ser multiplicador desse aprendizado, foi então, que se escolheu o

segundo grupo.

Esse, porém, com uma característica diferente, já que todos os seus participantes, de

alguma forma com experiência em sala de aula, eram alunos do quarto período do curso de

Matemática da Universidade Estadual de Minas Gerais – Campus Ibirité. A escolha desses

sujeitos foi motivada por eles possuírem um perfil propício para a realização do trabalho, ou

seja, de acordo com a grade curricular do curso, é neste período que é abordada a disciplina

Geometria Espacial.

As atividades com Origami podem ser trabalhadas nas disciplinas de Geometria Plana I

e II, Desenho Geométrico I e II e Geometria Espacial, sendo essa última escolhida por

caracterizar maior abrangência ao tema, principalmente no que tange às construções dos

sólidos. É esperado, neste período do curso, que os alunos tenham uma consciência geométrica

mais ampla, pois percorreram todo esse caminho de estudo da Geometria estando concluindo a

última disciplina dessa área do conhecimento.

Além disso, é importante considerar que todos os alunos já tiveram contato direto com

a sala de aula. Alguns por já lecionarem e, outros, por realizarem o Estágio obrigatório que,

neste período, é destinado à observação no Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano).

Page 45: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

43

E, por fim, outro critério de escolha foi o fato de que todos os alunos já conheciam a

pesquisadora enquanto professora da licenciatura nesta instituição de ensino. Os laços afetivos

ora estabelecidos colaboraram, de forma positiva, para a comunicação e articulação em sala de

aula.

4.2 A Realização da Pesquisa

A pesquisa foi realizada em seis etapas:

4.2.1 O levantamento bibliográfico

Para o levantamento bibliográfico, buscou-se realizar diversas leituras sobre os temas:

Origami e Geometria. Nessa perspectiva, foram encontrados teses, dissertações e artigos sobre

pesquisas realizadas à luz desses assuntos, como: Manso (2008); Monteiro (2008); Lucas

(2013); Leroy (2010); Rafael (2011); Prieto (2002); Barreto (2013) e Gazire (2000).

Após a leitura desse material, recorreu-se a autores que debatiam sobre o assunto

Origami e Matemática, dentre os quais se destacam Boyer (1996), que apresenta a história da

Matemática; Rego, Rego e Galdêncio Jr. (2003), que traduzem o Origami como um importante

recurso metodológico; Imenes (2003), que sinaliza a Geometria nas dobraduras; Genova

(2001), que descreve o Origami como mediador entre a abordagem da Geometria e as

construções geométricas; e Costa (2007), que sugere o trabalho com Origami como apoio na

construção de conceitos. Já no contexto geométrico, optou-se por Lima et al (2004), que

definem os poliedros regulares; Machado (2000), que traz a construção e definição dos

poliedros regulares; e Kaleff (2003), que ajuda na compreensão desses poliedros.

Também foram encontradas algumas obras que traziam o contexto histórico e sobre a

arte e técnica do Origami, como Kanegae e Imamura (1989), que discorrem sobre sua origem;

Montroll (2002), que apresenta os poliedros construídos a partir de uma única folha de papel;

Fuse (1990), que apresenta as mais diversas técnicas do Origami modular; Kawamura (2001);

que expõe os poliedros regulares através da junção de módulos produzidos com folhas

quadradas; e Mitchell (2008), que oferece orientações sobre a escolha do papel.

4.2.2 A escolha do material

No decorrer desse trabalho, foram realizadas várias dobragens com papeis de diferentes

tipos. Esses se distinguiam em tamanho, espessura, estrutura e cores. Isso ocorreu na busca por

Page 46: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

44

um material que atendesse ao perfil da pesquisa, destinada, de modo geral, para escolas

públicas, e, também, que se encaixasse no tipo de modelo proposto para ser produzido.

Nem todos os modelos em Origami partem de um papel quadrado; alguns podem ser

feitos a partir de um papel retangular, como divulga Costa (2007). A autora indica, conforme

já exposto, como um dos retângulos mais utilizados nessa técnica, aqueles que possuem os lados

na razão 1/√2, e um exemplo deste tipo de papel é o A4.

A proposta deste trabalho foi levar, para a sala de aula, materiais de fácil acesso que, ao

construir os modelos matemáticos, contribuíssem com a percepção espacial do aluno. Grande

(1994, p. 92) define percepção espacial como “a faculdade de reconhecer e discriminar

estímulos no espaço, e a partir do espaço, e interpretar esses estímulos associando-os a

experiências anteriores”. Seguindo a ideia do autor e trazendo-a para o contexto do Origami,

verifica-se, conforme figura 9:

Figura 9 – Uso do Origami na aprendizagem da Geometria

Fonte: Elaborada pela pesquisadora.

Hoje, há uma escassez de material em boa parte das escolas, principalmente nas públicas

que são as mais numerosas. Trabalhar as construções sólidas em Origami no papel A4

representa um baixo custo para as instituições de ensino, além de, conforme já dito, oportunizar

ao aluno o manuseio de objetos tridimensionais construídos por ele mesmo.

Grande parte das escolas possui folhas de papel A4 em seu estoque. Sejam elas brancas,

coloridas em tons pastel ou em cores mais fortes. Essas últimas possuem gramaturas e nomes

variados: creative papers, lumi papers, dentre outros, porém, mantêm o padrão de tamanho A4.

Tais folhas são mais chamativas, pois possuem cores diversas e fluorescentes e, por isso, foram

selecionadas para a confecção dos sólidos. Se faz importante lembrar que as construções

• Utilizando o Origami nas aulas de Matemática

• Aprendendo conceitos de Geometria

2º• Aprimorando a

habilidade da percepção espacial

Page 47: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

45

propostas aqui poderão ser realizadas com outros tipos de folhas, sejam elas de rascunho,

revistas, encartes, folders e etc.

Ressalta-se, porém, que a escolha do papel é muito importante para o resultado final da

dobradura. Neste caso, como foram construídos Origamis Modulares, tem-se que tomar um

cuidado maior com essa seleção. Esse tipo de Origami é construído por partes, são módulos que

serão encaixados entre si para a formação do poliedro. Se o papel escolhido possuir gramatura

muito espessa, isso poderá prejudicar a montagem final, pois os módulos podem não se encaixar

perfeitamente, devido à dificuldade em dobrar um papel mais grosso.

A gramatura sugerida foi entre 75g/m2 e 80g/m2, que permite uma solidez nas dobras

sem comprometer seu encaixe. Um papel com gramatura inferior a essa também não é indicado

por não dar firmeza a quem executa a atividade e por comprometer o encaixe devido à brandura

dos módulos, não possibilitando a união das peças produzidas.

4.2.3 A organização das Oficinas

As duas oficinas foram organizadas em dois dias e divididas em três momentos cada

com as atividades descritas abaixo:

1º Momento: Explorando os Axiomas do Origami;

2° Momento: Consequências dos Axiomas de Huzita-Hatori

3° Momento: Construindo Poliedros Platônicos com Origami.

Conforme já exposto, apostou-se no uso do Origami como um recurso didático que

pudesse contribuir com o desenvolvimento do raciocínio investigativo, a criatividade e o senso

estético do aluno. As atividades foram executadas em grupos entre quatro e seis pessoas, a fim

de agilizar o processo e proporcionar a colaboração coletiva entre os pares, como indicam os

PCN, a fim de:

Interagir com seus pares de forma cooperativa, trabalhando coletivamente na busca

de soluções para problemas propostos, identificando aspectos consensuais ou não na

discussão de um assunto, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo

com eles. (BRASIL, 1997, p. 37).

Ou seja, aquele participante que apresentou maior desenvoltura com as dobraduras pode

ajudar o colega que teve maior dificuldade.

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46

Para a execução das primeiras atividades, cada grupo recebeu folhas de papeis, brancas

ou em tons pastel para serem utilizadas em dois momentos: exploração e consequência dos

axiomas. É importante ressaltar que as folhas distribuídas nesse momento não devem ter cores

fortes, pois isso dificulta a visualização das dobragens que irão comprovar cada axioma

apresentado.

Já no terceiro momento, destinado à confecção dos Poliedros Platônicos, foi entregue

um kit, previamente preparado, a fim de favorecer e agilizar o desenvolvimento das atividades.

A ordem de construção iniciou-se com os módulos do Hexaedro e, em seguida, o

Dodecaedro. Por fim, os módulos do Tetraedro, Octaedro e Icosaedro, que são semelhantes

entre si, se diferenciando apenas pelo tamanho. Essa ordem foi estabelecida, visto que a

dobradura e o encaixe dos dois primeiros sólidos são mais simples. Isso fez com que os

participantes se sentissem motivados a realizar as próximas atividades, pois já teriam montado

os primeiros Poliedros Platônicos.

4.2.4 A elaboração das atividades

As atividades contidas na oficina foram elaboradas de forma que o participante pudesse

perceber a evolução da técnica do Origami. Para tanto, procurou-se apresentar uma noção

inicial da técnica que estabelecesse uma relação axiomática com a Matemática. Em seguida, foi

mostrado que essa conexão com o ensino gera consequências que possibilitam a realização de

demonstrações. Para, enfim, construir os Poliedros Platônicos, aproveitando as definições e

conceitos que possam surgir no decorrer das dobragens. A esse respeito, Genova (2001) explana

que:

Na geometria ensinada na escola, a importância da construção é frequentemente

subestimada. A passagem da manipulação de materiais ou do reconhecimento de

formas aos conceitos teóricos costuma ser muito abrupta. Uma mediação natural entre

tais níveis de abordagem da geometria são as construções geométricas. O origami

pode desempenhar esse papel mediador de modo interessante e fecundo. (GENOVA,

2001, p.119).

Assim, utilizando o Origami como um recurso metodológico, são apresentados os três

momentos da oficina realizada, contendo as atividades aplicadas em cada um deles.

Page 49: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

47

4.2.4.1 1º Momento: Explorando os Axiomas do Origami.

As atividades propostas neste momento tinham, como finalidade, que os alunos

realizassem experimentos, utilizando pedaços de papeis, executando dobras que os levassem a

identificar axiomas apresentados. Desse modo, teriam a oportunidade de iniciar, de forma

prática, o desenvolvimento do corpo axiomático da Geometria do Origami, como indicado na

figura 10, e já explicitado anteriormente no capítulo teórico deste trabalho.

Figura 10 – Corpo Axiomático da Geometria do Origami

Fonte: CAVACAMI; FURUYA, 2010, p. 3-6.

Porém, para que os axiomas pudessem ser trabalhados, era necessário definir o plano de

atuação, que, neste caso, se trata de uma folha retangular. Esse momento é fundamental na

oficina, pois mostra a influência que a Matemática estabelece sobre a técnica do Origami.

Estudar, portanto, os fundamentos dessa arte é medular para realizar as associações

desta com outras Geometrias, em especial com a Euclidiana. Assim, conhecer essa estrutura

axiomática permite a constatação de definições, conceitos e propriedades elementares não só

da Geometria Plana e Espacial.

Page 50: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

48

4.2.4.2 2º Momento: Consequências dos axiomas de Huzita-Hatori.

Já esse momento da oficina foi destinado à constatação da aplicabilidade de alguns

axiomas apresentados. Como a maior parte dos sujeitos da pesquisa atua no Ensino

Fundamental, foi selecionada uma atividade relacionada à Geometria que pode ser aplicada

nesse nível de ensino. Para tanto, foi proposta a realização da demonstração do Teorema de

Pitágoras como consequência do quarto axioma.

O quarto axioma, como já dito, descreve que “dados um ponto P e uma reta r, existe

uma única dobra que é perpendicular à r que passa por P.” (RAFAEL, 2011, p.19).

Figura 11 – Quarto axioma

Fonte: Adaptado de MONTEIRO, 2008, p.9.

Para realizar a demonstração do Teorema de Pitágoras, toma-se uma folha A4 branca,

fazendo com ela um quadrado. A partir daí, divide-se esse quadrado em três partes iguais,

utilizando técnicas do Origami. Com o quadrado dividido em três partes iguais, propõe-se uma

análise dos triângulos obtidos com a junção de alguns pontos. Ao perceber que esses são

triângulos congruentes, inicia-se a demonstração que comprova, por sobreposição, que a soma

dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa (FIG. 12).

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49

Figura 12 – Demonstração do Teorema de Pitágoras pela técnica do Origami

Fonte: Elaborada pela pesquisadora.

4.2.4.3 3º Momento: Construindo Poliedros Platônicos com Origami

Para finalizar a oficina, o terceiro momento foi destinado à construção dos cinco Sólidos

Regulares a partir das dobras feitas com o Origami. No decorrer dessas construções, foram

abordados conceitos importantes da Geometria Plana que trazem consigo a intenção de

contribuir com o estudo da Geometria Espacial.

Com os participantes dispostos em grupos, foram confeccionados, primeiro, os módulos

do hexaedro, que possui dobragens mais simples e fáceis de encaixar (FIG. 13).

Figura 13 – Origami de um dos módulos do hexaedro

Fonte: Elaborada pela pesquisadora.

Após a finalização do hexaedro, foram produzidas as peças do dodecaedro, que possui

um grau de dificuldade superior ao hexaedro no que tange à confecção dos módulos, porém,

não apresenta um alto grau de complexidade no encaixe, como mostra a figura 14.

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50

Figura 14 – Dobradura de um dos módulos do dodecaedro

Fonte: Elaborada pela pesquisadora.

Depois da montagem da peça, por fim, agora com os participantes detendo certo

domínio da técnica, estes foram orientados para a confecção do módulo que gera a montagem

dos três sólidos de faces triangulares (tetraedro, octaedro e icasaedro). Este módulo é um pouco

mais complexo, pois possui muitas dobras e um caminho extenso de marcações de vincos até

chegar ao modelo final (FIG. 15).

Figura 15 – Dobradura de um dos módulos dos sólidos de faces triangulares

Fonte: Elaborada pela pesquisadora.

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51

4.2.5 Elaboração do questionário

O questionário é um recurso investigativo que objetiva levantar informações de

determinado conjunto de pessoas. De acordo com Fiorentini e Lorenzato (2012, p.116), ele “é

um dos instrumentos mais tradicionais de coletas de informações e consiste numa série de

perguntas que podem ser: fechadas, abertas ou mistas.”

Optou-se por elaborar o questionário com maior parte de questões abertas e apenas

algumas fechadas, sobre as quais os autores discorrem que:

As questões fechadas são mais fáceis de serem respondidas, compiladas e tratadas

estatisticamente. As questões abertas, por sua vez, prestam-se melhor a coletar

informações qualitativas. No entanto, são mais difíceis de serem obtidas, pois exigem

do sujeito que responde maior atenção e tempo. As informações fornecidas pelo

questionário aberto podem ser agrupadas em categorias, sendo possível também sua

quantificação. (FIORENTINI; LORENZATO, 2012, p. 117).

Portanto, por meio desse método, foram elaboradas doze questões que visavam obter as

impressões dos estudantes e professores que participaram da oficina. Esse questionário foi

enviado ao endereço eletrônico dos participantes logo após a aplicação das oficinas. Dessa

forma, os sujeitos pesquisados teriam tempo hábil, clareza e tranquilidade para responderem às

perguntas sem se sentirem pressionados.

4.2.6 Elaboração do produto

Os PCN (BRASIL, 1997) sugerem o uso de dobraduras para a realização de atividades

geométricas. Porém, na busca de materiais para essa pesquisa, notou-se a dificuldade em

encontrar livros que associassem o uso do Origami à disciplina de Matemática.

Este trabalho propõe o uso do Origami nas aulas de Geometria e, para tanto, considera-

se necessário que o professor possua um material que o ofereça um suporte em relação às

orientações quanto ao passo-a-passo de cada dobradura sugerida.

Pensando nisso, foi, então, elaborado um livro paradidático com a intenção de

proporcionar um apoio para o profissional que se interesse em fazer o uso desse material em

suas aulas. Mas por que um paradidático? De acordo com Dante (2015, p.324) “[...] os livros

paradidáticos são escritos em estilo mais coloquial, abordam aspectos históricos interessantes,

integram-se com outras áreas do conhecimento e não se restringem ao conteúdo matemático de

determinado tema”.

Page 54: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

52

Conforme afirmam Menezes e Santos (2001) foi no final da década de 1990 que os

livros paradidáticos receberam maior destaque nas escolas, fundamentados pela Lei de

Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Sobre este tipo de material, os autores ainda explicam

que:

São livros e materiais que, sem serem propriamente didáticos, são utilizados para este

fim. Os paradidáticos são considerados importantes porque podem utilizar aspectos

mais lúdicos que os didáticos e, dessa forma, serem eficientes do ponto de vista

pedagógico. Recebem esse nome porque são adotados de forma paralela aos materiais

convencionais, sem substituir os didáticos. (MENEZES; SANTOS, 2001).

Como uma das intenções desse trabalho é ofertar ao professor instrumentos didáticos

que possam contribuir com sua prática docente, optou-se por um livro que pudesse ser utilizado

em conjunto com o didático que, normalmente, costuma ser adotado pelas escolas.

Este livro paradidático, produto dessa dissertação, foi organizado em cinco unidades:

Unidade I: Axiomas do Origami;

Unidade II: Triângulos e Esquadros;

Unidade III: Quadriláteros;

Unidade IV: Tangram;

Unidade V: Poliedros.

A unidade I é composta por informações relacionadas ao contexto histórico do Origami

e toda sua estrutura axiomática, que fornece embasamento matemático para tratar de assuntos

relacionados à Geometria.

Em seguida, são abordados, nas unidades II e III, conteúdos referentes aos triângulos e

quadriláteros, evidenciando algumas de suas propriedades.

Já a unidade IV propõe a construção de um jogo de quebra-cabeças conhecido como

Tangram com o desígnio de proporcionar ao aluno um momento mais lúdico com desafios

geométricos.

Por fim, a última unidade do livro é apresentada com os cinco Poliedros Platônicos que

deram corpo a esta pesquisa, seguida das referências utilizadas para sua construção teórica.

Todas as unidades são compostas por um texto informativo acerca do assunto, seguidas

de um convite à dobradura, que é acompanhado de uma tabela explicativa contendo os

diagramas e as orientações escritas sobre como cada dobra deve ser realizada. Para encerrar,

são propostas atividades a fim de verificar e oportunizar a aprendizagem dos alunos. O quadro

2 apresenta a estrutura visual padronizada presente no produto:

Page 55: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

53

Quadro 2 – Estrutura visual no produto

Fonte: Elaborado pela autora.

Além dessas instruções algumas atividades estão acompanhadas de balõezinhos

contendo explicações que podem ser úteis para suas resoluções. A ideia é ofertar ao professor

um material que o auxilie nas dobraduras e que, ao mesmo tempo, lhe traga sugestões de

atividades que possam ser trabalhadas em sala de aula.

No capítulo 5, serão analisadas as oficinas e no capítulo posterior as respostas dadas

pelos professores e alunos ao questionário elaborado.

Page 56: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

54

Page 57: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

55

5 APLICAÇÃO E ANÁLISE DAS ATIVIDADES

Neste capítulo são apresentadas e analisadas as atividades realizadas nas oficinas

ofertadas a professores e estudantes.

5.1 Aplicação das Oficinas

As atividades propostas nas oficinas ofertadas tanto a professores quanto a estudantes

possuíam o mesmo formato, porém, foram realizadas em datas e locais distintos, como descrito

nos próximos itens. Foi previamente solicitado que eles providenciassem alguns materiais como

lápis, borracha, tesoura, régua, esquadro e transferidor, a fim de ajudá-los no preparo do papel

e para que eles comprovassem, após a execução das dobras, o que fora apresentado.

Inicialmente, foi elaborada uma apresentação no Power Point®, a fim de situar os

participantes sobre a divisão dos três momentos da oficina e, também, para informá-los a

respeito da técnica e oferecer um pouco da história do Origami. As turmas foram dispostas em

grupos entre 4 e 6 pessoas. Os dois primeiros momentos da oficina foram realizados de forma

individual, ou seja, cada um possuía seu próprio material e realizava a atividade proposta,

mesmo que, às vezes, recorresse a um colega do grupo. Já no terceiro momento, de posse do kit

que receberam (TAB. 2), os participantes dividiram os materiais entre si. Cada um produziu

pelo menos um módulo e, posteriormente, se organizaram para a montagem final dos sólidos.

Esse kit era composto por folhas de papel coloridas e recortadas nos tamanhos indicados

para a construção de cada sólido, como mostra a tabela abaixo:

Tabela 2 – Kit entregue a cada um dos grupos

Poliedro Material (Folha A4) Quantidade de Material

Tetraedro Inteira 2

Hexaedro Inteira 6

Octaedro Metade 4

Dodecaedro Quarta parte 12

Icosaedro Quarta parte 10

Fonte: Elaborada pela pesquisadora.

Page 58: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

56

5.1.1 Oficina com Professores

Foram ofertadas duas oficinas, sendo a primeira voltada a professores, e aconteceu nos

dias 07 e 08 de agosto de 2015, com duração de 2 horas no primeiro dia, e 4 horas no segundo

dia, em uma escola da rede municipal de Belo Horizonte com a participação, nos dois dias, de

um grupo composto por 14 professores de áreas distintas, a saber: Artes, Física, Matemática e

Pedagogia. Os profissionais que não são especialistas em Matemática se identificam com essa

disciplina, pois, em algum momento de sua prática pedagógica, precisam recorrer a ela.

As escolas da rede Municipal de Belo Horizonte costumam se organizar para promover

encontros pedagógicos entre os profissionais da educação. Foi em um desses momentos, que

contemplava as áreas da Língua Portuguesa e Matemática, que foi ofertada essa oficina, onde

cada professor teve a liberdade de escolher sua participação, que era facultativa.

O primeiro momento da oficina teve, como objetivo e conforme já exposto, apresentar

os axiomas do Origami que eram desconhecidos por todos os participantes. Mas, mesmo assim,

todos interagiram com a proposta e experimentaram cada dobra rumo à nova descoberta.

Posteriormente a esta atividade, ainda no primeiro dia, foi utilizado o quarto axioma de

Huzita-Hatori para realizar a demonstração do Teorema de Pitágoras, conforme demonstrado

no capítulo 4 deste trabalho. Nenhum dos participantes também tinha conhecimento dessa

atividade.

No segundo dia de oficina, foram confeccionados os sólidos e três participantes já

conheciam algumas das construções realizadas. Esses são professores de Matemática e

costumam fazer o uso dessa técnica em sala de aula. Porém, ninguém conhecia, por completo,

as orientações repassadas para se obter os cinco poliedros regulares. Denominou-se esta de

oficina piloto, por ter ocorrido no percurso da pesquisa, sendo essa uma oportunidade de

colaborar com a formação de professores. Esse grupo mostrou um grande potencial para ser

multiplicador do trabalho, o que possibilitou o surgimento da ideia de ofertar a mesma oficina

para futuros profissionais da área de Matemática.

5.1.2 Oficina com Estudantes

Seguindo as mesmas orientações da oficina piloto, as atividades foram realizadas nos

dias 04 e 08 de setembro de 2015, com um grupo de 23 estudantes no primeiro dia e 25 no

outro. Porém, devido à carga horária dos alunos, no primeiro dia, a oficina teve duração de 2

horas e o segundo dia, de 3 horas e 20 minutos.

Page 59: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

57

Alguns participantes conheciam técnicas do Origami, mas nenhum afirmou ter realizado

atividades como as propostas neste trabalho. Os estudantes de graduação mostraram mais

interesse do que os professores em executar o primeiro momento da oficina, fizeram relação

com os Teoremas de Euclides, enriquecendo essa etapa abordada. A demonstração do Teorema

de Pitágoras realizado através de dobradura também foi novidade para todos os participantes.

O segundo dia de oficina foi um pouco comprometido, pois, a realização da construção

dos cinco poliedros precisou ser feita em menos tempo do que o previsto. Isso prejudicou a

finalização do último sólido, o Icosaedro, que, por si só, já é um pouco mais complicada de

fazer. Alguns alunos construíram os módulos, porém, não conseguiram executar essa

montagem.

5.2 Relatos e Análises das Aplicações

Nos próximos itens serão analisados, separadamente, cada um dos momentos das

oficinas realizadas, tanto por parte dos professores quanto por parte dos estudantes.

5.2.1 Análise do 1° Momento

Este primeiro momento é descrito no detalhamento apresentado no quadro 3:

Quadro 3 – Detalhamento do 1º Momento

Explorando os Axiomas do Origami

Objetivo: Verificar a existência dos sete axiomas de Huzita-Hatori.

Material: Folhas de papel branco, lápis, régua, esquadro e transferidor.

Procedimentos:

Organizar a turma em grupos;

Distribuir o material;

Apresentar os axiomas;

Orientar os participantes a comprovar a existência de cada um, realizando as dobras.

Duração: 60 minutos.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora.

Page 60: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

58

5.2.1.1 Oficina com Professores

Após uma breve explanação acerca do tema abordado, foi feito um questionamento a

respeito do que os participantes entendiam sobre axioma. Como nessa oficina houve a

participação de professores que atuam em áreas distintas, nem todos souberam opinar sobre o

assunto. Já os profissionais da Matemática se sentiram mais à vontade em explicar, de modo

geral, que axioma é uma verdade evidente e, por isso, não precisa ser provada ou demonstrada.

Foi proposto, então, que eles experimentassem, em pequenos pedaços de papel, os axiomas do

Origami, que foram apresentados nos slides.

A participação nesta atividade foi unânime. Alguns com mais dificuldades, outros com

menos, e houve, também, os que não encontraram barreiras para executá-la. O importante de se

observar é que todos se apropriaram do material e o exploraram ao máximo, colocando os

pedaços de papel contra a luz, utilizando réguas e esquadros para confirmar as proposições e

auxiliando uns aos outros.

Foram dedicados 60 minutos para a execução dessa tarefa. Ao finalizá-la, todos

conseguiram adquirir um breve conhecimento sobre o corpo axiomático da Geometria do

Origami. Partiu-se, então, para uma atividade que mostrou, na prática, a consequência de um

dos axiomas abordados.

5.2.1.2 Oficina com Estudantes

Também com os estudantes, o primeiro momento da oficina se referiu aos axiomas do

Origami, quando foi perguntado se eles se lembravam o que era um axioma. Um dos estudantes

explicou, com suas palavras, o significado: E16

: “É aquilo que não precisa ser provado”.

Algumas das telas da apresentação preparadas para essa oficina possuía todos os

axiomas descritos, porém, sem desenho algum, como apresentado no quadro 4:

6 Optou-se por nomear os sujeitos pesquisados com as iniciais P e E acompanhados de índices numéricos, que

equivalem a professor e estudante, respectivamente. Logo, foram nomeados os participantes da oficina piloto

como: P1, P2, P3, ... e, posteriormente os estudantes da graduação, como: E1, E2, E3, ....

Page 61: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

59

Quadro 4 – Descrição dos axiomas sem desenho

Axioma 01:

Dados dois pontos, P1 e P2, há uma única dobra que

passa pelos dois pontos.

Axioma 02:

Dados dois pontos, P1 e P2, há uma única dobra que

os torna coincidentes.

Axioma 03:

Dadas duas retas, I1 e I2, há uma única dobra que as

torna coincidentes.

Axioma 04:

Dados um ponto P e uma reta I há uma única dobra

perpendicular a I que passa por P.

Axioma 05:

Dados dois pontos, P1 e P2, e uma reta I, se a distância

de P1 a P2 for igual ou superior a distância de P2 a I,

então há uma única dobra que faz incidir P1 em I e

que passa por P2.

Axioma 06:

Dados dois pontos P1 e P2, e duas retas I1 e I2, se as

retas não forem paralelas e se a distância entre as retas

não for superior a distância entre os pontos, há uma

única dobra que faz incidir P1 em I1 e P2 em I2.

Axioma 07:

Dado um ponto P e duas retas I1 e I2, se as retas não

forem paralelas, há uma única dobra que faz incidir P

em I1 e é perpendicular a I2.

Fonte: Adaptado de MONTEIRO, 2008, p. 9-10.

Essa forma de apenas descrevê-los teve a intenção de não induzir os participantes a

simplesmente reproduzirem o que visualizavam, e, sim, fazê-los experimentar, em um pedaço

de papel, cada descrição apresentada. Essa atividade teve duração de uma hora e foi iniciada

fazendo uma breve comparação dos axiomas com os Postulados de Euclides. À medida que era

apresentada uma descrição, os participantes experimentavam, na prática, a dobragem referente

ao axioma citado. Como, por exemplo, o primeiro axioma que revela que sobre dois pontos

distintos passa-se uma única dobra (FIG. 16).

Page 62: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

60

Figura 16 – Figura demonstrando primeiro axioma

Fonte: CAVACAMI; FURUYA, 2010, p. 4.

Alguns estudantes entenderam que era para realizar as proposições apresentadas na

mesma folha:

E8: “É para fazer tudo em uma mesma folha?”

Pesquisadora: “Não. O objetivo é representar cada axioma em um pedaço diferente de

papel.”

Foi explicado, então, que era para utilizar um pedaço de papel para cada axioma

apresentado, a fim de proporcionar uma melhor visualização. No final dessa tarefa, portanto,

quem conseguiu realizá-la por completo reuniu sete pedaços de papel cada um contendo uma

explicação diferente:

E7: “Como represento esse segundo axioma?”

Pesquisadora: “Leia o que ele diz”.

E7: “Dados dois pontos, P1 e P2, há uma dobragem que os torna coincidentes”.

Pesquisadora: “O que você faria pra tornar dois pontos coincidentes?”

E7: “Colocaria um sobre o outro”.

Pesquisadora: “Então experimente colocar sob a luz”.

E após utilizar a estratégia, o estudante conseguiu executar a tarefa.

Todos participaram da atividade que ia aumentando o grau de dificuldade em sua

execução à medida que um novo axioma era apresentado.

O quinto axioma informa que “Dados dois pontos P1 e P2 e uma reta r1, se a distância de

P1 a P2 for superior ou igual à distância de P2 a r1, então, existe uma dobra que faz incidir P1 em

r1 e que passa por P2.” (RAFAEL, 2011, p.19), conforme explicitado na figura 17:

Page 63: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

61

Figura 17 – Representação do axioma 5

Fonte: CAVACAMI; FURUYA, 2010, p. 5.

Como pode ser percebido, essa foi uma das atividades mais complexas para a turma:

E12: “Não consigo fazer. [...] Não estou entendendo nada”.

Pesquisadora: “Vamos lá! Marque com um lápis, a reta e os pontos nos dois lados do

papel. Em seguida, coloque-o contra a luz e antes de efetuar a dobra, movimente o papel até

chegar ao ponto desejado” (FIG. 18).

E12: “Agora entendi, vou tentar”.

O estudante finalizou a atividade com sucesso.

Figura 18 – Pesquisadora auxiliando os estudantes

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

Nem todos conseguiram concluir os experimentos em sua totalidade. Porém, o que se

esperava era que os participantes se familiarizassem com o corpo axiomático do Origami, a fim

de perceberem a importância da Matemática nessa técnica que já era conhecida por muitos.

Além disso, com essa atividade, vários conceitos elementares da Geometria Plana foram

relembrados, como, por exemplo, pontos e retas coincidentes, retas paralelas, concorrentes e

perpendiculares. Identificou-se, portanto, que o objetivo foi alcançado.

Page 64: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

62

5.2.2 Análise do 2° Momento

Este segundo momento é descrito no detalhamento apresentado no quadro 5:

Quadro 5 – Detalhamento do 2º Momento

Consequências dos axiomas de Huzita-Hatori

Objetivo: Demonstrar o Teorema de Pitágoras.

Material: Folhas de papel branco, lápis de escrever e colorir, régua, esquadro, transferidor e

tesoura.

Procedimentos:

Distribuir o material;

Dividir uma folha quadrada em três partes iguais (consequência do quarto axioma);

Colorir dois quadrados, obtidos através das dobras, de diferentes tamanhos com cores

distintas;

Recortar e dobrar para trás partes indicadas a fim de se obter um quadrado;

Sobrepor sobre este quadrado as partes recortadas.

Duração: 60 minutos

Fonte: Elaborado pela pesquisadora.

5.2.2.1 Oficina com Professores

Inicialmente, nesse momento, foram apresentadas algumas consequências dos axiomas

de Huzita-Hatori, a saber:

Resolução de equações;

Duplicação de um cubo;

Demonstração da soma dos ângulos internos de um triângulo;

Demonstração do Teorema de Pitágoras;

Porém, essa última consequência foi escolhida para realizá-la passo-a-passo. Os

professores se interessaram pela atividade. Foi percebido, ainda, que, de alguma forma, esse

teorema está presente na memória de todos, mesmo daqueles que não atuam no campo

matemático.

Para essa demonstração, foram distribuídos lápis de cor e tesoura entre os grupos e

recorreu-se ao quarto axioma, a fim de constatar uma de suas consequências. Para dar início à

demonstração, utilizou-se a técnica do Origami que divide uma folha quadrada em três partes

iguais, sem recorrer à régua como um instrumento de medida. Essa atividade só utiliza a régua

como apoio na marcação da interseção da reta obtida a partir do ponto médio do lado superior

Page 65: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

63

do quadrado (FIG 19), até o vértice do lado oposto a ele com a diagonal marcada para a obtenção

do quadrado.

Figura 19 – Interseção indicada pela régua

Fonte: Elaborada pela pesquisadora.

O ponto encontrado indica um terço do quadrado e essa é uma consequência do quarto

axioma de Huzita-Hatori. Após esse procedimento, todos foram orientados para que dobrassem

a folha sobre o ponto de interseção em todas as direções do quadrado, a fim de se obter uma

marcação similar a um tabuleiro de jogo da velha.

Cada participante executou sua tarefa. Uns sozinhos, outros por intermédio de um

colega ou, até mesmo, por intervenção da professora, mas todos conseguiram provar que a soma

dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.

Nenhum dos professores conhecia essa atividade. Percebeu-se, através das falas,

interesse nos profissionais da área da Matemática em realizá-la em sala de aula. Um professor

que atua no nono ano compartilhou sua frustração em tentar executar alguma demonstração em

suas aulas. Segundo ele, os alunos, de um modo geral, consideram difícil e dizem que ele quer

“complicar as coisas” ao invés de explicar. Ele avaliou esse método como sendo didático e

acredita ser possível reproduzi-lo em suas aulas, pois percebe uma compatibilidade entre a

forma de apresentar o passo-a-passo da demonstração e o entendimento dos alunos.

5.2.2.2 Oficina com Estudantes

No segundo momento da oficina voltada aos estudantes, foram mostradas algumas

consequências dos axiomas como fora apresentado anteriormente na oficina dos professores.

Para isso, foi preparada uma atividade que mostra a aplicabilidade de um deles, que gera, como

Page 66: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

64

consequência, a demonstração do Teorema de Pitágoras. Todos receberam uma folha A4 branca

ou em tom pastel, pois um dos procedimentos da demonstração utiliza lápis de cor para colorir

os quadrados formados a partir dos catetos dos triângulos destacados.

Os participantes obtiveram um quadrado a partir da folha retangular, sendo instruídos a

dividi-lo em três partes iguais seguindo a mesma instrução dada aos professores, na oficina

anterior. E a partir deste momento, foi iniciada a demonstração, com o seguinte questionamento:

Pesquisadora: “Alguém se lembra o que diz o quarto axioma?”

Como ninguém se lembrava, então, foi colocada no data show a tela que continha

somente a descrição do axioma. Este dizia: Dados um ponto P e uma reta r, há uma dobragem

perpendicular a r que passa por P. (FIG. 20)

Figura 20 – Representação do axioma 4

Fonte: CAVACAMI; FURUYA, 2010, p. 5.

A seguir, a professora questiona:

Pesquisadora: “Todos conseguiram representar esse axioma?”

Alguns alunos: “Sim”.

Pesquisadora: “Alguém consegue identificar esse axioma nas dobraduras que

realizamos?”

Ninguém se manifestou. Então, foi explicado a eles que o ponto P é a interseção e a reta

r é um dos lados do quadrado e mostrado que, quando se realiza a dobra sobre o ponto P, obtém-

se um vinco perpendicular ao lado do quadrado. Ou seja, a divisão de uma folha quadrada em

três partes iguais (FIG. 21) é uma consequência do quarto axioma de Huzita-Hatori

Page 67: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

65

Figura 21 – Pesquisadora executando dobra para demonstração

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

Essa atividade demandou muita atenção dos participantes, que tiveram um pouco de

dificuldade para executá-la. Percebe-se, ainda, que a conversa paralela entre colegas fez com

que eles se dispersassem e perdessem algumas orientações transmitidas.

Ainda com o auxílio do data show, foi mostrado a eles como deveriam proceder para

realizar a demonstração do Teorema, unindo alguns pontos sobre os lados do quadrado e

obtendo triângulos retângulos congruentes. A partir desses, destacam-se os catetos a e b e a

hipotenusa c, que gera os quadrados que comprovam a demonstração. Dois desses triângulos

consecutivos foram dobrados para trás e o quadrado gerado a partir da hipotenusa foi a

referência. Já os outros dois quadrados obtidos com os lados dos catetos foram coloridos de

cores distintas. Porém, alguns alunos apresentaram dúvidas:

E10: “Não entendi como devo colorir”.

Pesquisadora: “Tente identificar o cateto b em um dos triângulos que não foram

dobrados para trás e faça com ele um quadrado”.

E10: “Ok”.

Pesquisadora: “Agora, faça o mesmo com o cateto a. Conseguiu?”

E10: “Sim”.

Pesquisadora: “Então, é só colorir esses quadrados que você identificou”.

Após colorir os quadrados, os dois triângulos que tiveram suas partes coloridas foram

destacados com o auxílio de uma tesoura e sobrepostos na parte branca do quadrado maior,

comprovando, assim, a demonstração.

Um grupo solicitou a intervenção e um estudante questionou:

E5: “Como vou fazer essa sobreposição?”

Pesquisadora: “Tente colocar os triângulos recortados na parte branca do quadrado”.

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66

Ele movimentou os triângulos algumas vezes e conseguiu confirmar o teorema, como

demonstra a figura 22:

Figura 22 – Finalização da demonstração do Teorema de Pitágoras

Fonte: Elaborada pela pesquisadora.

Pode-se notar que, mesmo com algumas dificuldades, todos conseguiram executar a

tarefa proposta e quando viram o resultado final, demonstraram satisfação em comprovar um

teorema tão importante e de grande relevância na Matemática.

5.2.3 Análise do 3° Momento

Este terceiro momento é descrito no detalhamento apresentado no quadro 6:

Quadro 6 – Detalhamento do 3º Momento

Construindo Poliedros Platônicos com Origami

Objetivo: Confeccionar módulos de Origami para a montagem dos Poliedros Platônicos.

Material: Folhas de papel colorido, lápis, régua, esquadro, transferidor e fita adesiva.

Procedimentos:

Distribuir o material;

Construir 6 módulos idênticos quadrangulares e montar o hexaedro;

Construir 12 módulos idênticos pentagonais e montar o dodecaedro;

Construir 16 módulos triangulares de diferentes tamanhos a fim de se obter o tetraedro,

o octaedro e o icosaedro.

Duração: entre 3h à 4h.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora.

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67

5.2.3.1 Oficina com Professores

Essa atividade foi realizada no segundo dia de oficina e contou com 4 horas de duração.

Primeiro, foi proposta a construção do hexaedro e como os professores já haviam realizado a

demonstração do Teorema de Pitágoras, eles conheciam os primeiros passos para a produção

dos módulos que consistem em dividir uma folha quadrada em três partes iguais. (FIG. 23).

Figura 23 – Professor fazendo a divisão do quadrado em três partes iguais

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

A divisão de uma folha quadrada em três partes iguais provém de uma técnica do

Origami que consiste em fazer as demarcações apenas com dobras. Porém, indicou-se o uso de

uma régua para que pudessem encontrar o ponto de interseção que aponta exatamente um terço

da folha de papel, evitando, assim, que ela fique muito marcada com vincos que não

favoreceriam a estética do sólido.

A orientação para a execução desse módulo é tranquila e todos conseguiram fazer. Após

a confecção, eles reuniram, coordenaram as seis peças de forma intuitiva entre os componentes

de cada grupo e realizaram os encaixes necessários para finalizar a montagem do sólido.

Uma professora que atua nas séries iniciais assegurou que esse tipo de atividade pode

ser executada por seus alunos do quarto ano do Ensino Fundamental. Nesse nível de ensino, os

sólidos geométricos já aparecem nos livros didáticos e ela considera que se eles tivessem a

oportunidade de construí-los em sala de aula, poderiam compreender melhor seus elementos

fundamentais: vértices, arestas e faces.

Sua montagem é simples, pois existem bolsos de encaixes em suas extremidades o que

dá firmeza na hora de executá-la. Mesmo realizando a atividade pela primeira vez, a maioria

Page 70: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

68

dos participantes conseguiu realizar os encaixes sozinhos, não sendo necessária a intervenção

de um colega ou da professora.

A próxima produção foi a do dodecaedro que apesar de possuir uma sequência maior de

orientações até obter a peça finalizada, não há um alto grau de dificuldade, tanto que todos

conseguiram executar a atividade com êxito. Essa é outra construção na qual também foi

sugerido o uso da régua para marcar um ponto de interseção. Essa interseção também pode ser

determinada somente através de dobras, porém, percebe-se ser mais didático utilizar a régua,

pois há garantia de maior exatidão no ponto almejado.

A montagem desse poliedro contou com um trabalho cooperativo, uma vez que, foram

produzidas doze peças e, para encaixá-las pela primeira vez, pode parecer um pouco

complicado. Esse modelo não possui bolsos de encaixes em todas as suas extremidades, logo,

à medida que se coloca uma nova peça, outra já encaixada pode se soltar. Sendo assim, é de

extrema relevância que um componente do grupo envolva o sólido parcialmente montado em

suas mãos enquanto o outro vai realizando o encaixe até chegar ao último módulo (FIG. 24).

Figura 24 – Professores em trabalho colaborativo ao montar o dodecaedro

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

Os três sólidos restantes foram obtidos através da mesma instrução que produz os

módulos que geram as faces triangulares, porém, em tamanhos diferentes. Para tanto, todos

foram orientados para que dividissem, cuidadosamente, entre os participantes, as folhas de

papel separadas no kit.

A produção desse módulo requer uma atenção maior, pois, além de ser mais trabalhosa

por possuir muitos passos, é diferente dos outros que foram feitos até o momento que continham

um módulo para cada face do poliedro. Para obter o tetraedro, o octaedro e o icosaedro foi

Page 71: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

69

necessário construir módulos correspondentes à metade do número de cada face, sendo eles,

simétricos entre si, o que foi orientado pela professora (FIG. 25).

.

Figura 25 – Pesquisadora orientando a construção dos poliedros de faces triangulares

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

As peças finalizadas são compostas por quatro triângulos equiláteros que, sobrepostos

um ao outro, possuem uma pequena abertura para o encaixe. O tetraedro é obtido a partir do

encaixe de duas peças simétricas. Já o octaedro precisa de quatro peças, que serão encaixadas

duas a duas, observando a congruência entre ambas, posteriormente encaixadas entre si. O

icosaedro, por sua vez, segue a mesma lógica do tetraedro, porém, unindo as dez peças.

Os participantes tiveram uma dificuldade maior para executar essa tarefa, porém, todos

os grupos conseguiram montar seus respectivos poliedros, como indicado na figura 26.

Figura 26 – Professores na montagem de seus poliedros

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

Page 72: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

70

Pela montagem do icosaedro ser bem trabalhosa, foi sugerido o uso de uma fita adesiva

para garantir a fixação dos módulos. Porém, ressalta-se que em sua execução tradicional, o

Origami não faz uso de nenhum tipo de material colante. (FIG. 27).

Figura 27 – Professores, na montagem do icosaedro

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

Nem todos os grupos conseguiram executar a tarefa proposta até o final, ou seja, alguns

precisaram da intervenção da professora para realizar a montagem do poliedro regular que

contém vinte faces triangulares.

A confecção desses três últimos sólidos gerou uma polêmica entre os professores,

havendo aqueles que diziam que esse tipo de atividade não poderia ser realizada com alunos e

outros, contrários, que acreditavam ser possível executar essa proposta em sala de aula, com

paciência, perseverança e dedicação.

Apesar das divergências de opiniões, com relação à necessidade de o professor possuir

o domínio da técnica antes de propor a atividade para sua classe, todos eram unânimes. Por

isso, a importância de todos produzirem pelo menos um módulo de cada poliedro, pois esse

trabalho tem a finalidade de ajudar na memorização do passo-a-passo.

Percebeu-se, no decorrer da oficina, que todos os professores se envolveram com as

atividades e que consideraram colocá-las em prática, fazendo seu uso em sala de aula.

Observou-se, ainda, que, ao manipular o papel, eles fizeram descobertas pois, se surpreendiam

com alguns resultados. Essa afirmação pode ser feita, por exemplo, quando da divisão da folha

quadrada em três partes iguais.

Outro ponto foi que, ao findar a oficina, todos queriam levar os sólidos construídos

consigo, quando foi sugerido que entrassem em acordo ou que fosse realizado um sorteio entre

eles para ver quem ficaria com as peças. Alguns participantes fizeram um módulo extra de cada

Page 73: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

71

poliedro e, quando questionados pela iniciativa, disseram que era para ajudar em uma

reprodução futura. Este foi considerado um interessante método, além de ratificar o principal

objetivo deste trabalho, que é produzir um material que dê orientação aos professores na

reprodução dos modelos.

5.2.3.2 Oficina com Estudantes

No segundo dia de oficina, antes de iniciar a confecção dos Sólidos Regulares, foi

solicitado a todos que conferissem os kits que cada grupo recebeu. As produções foram

realizadas em grupo, pois seria inviável cada um produzir os cinco sólidos em um único dia de

oficina.

Aproveitou-se o momento para lembrar aos estudantes quais os nomes dos poliedros

que estavam prestes a produzir e algumas de suas características, como a quantidade e o tipo de

face de cada um.

Foi ainda explicado que a quantidade de folhas contida no kit variava de acordo com o

tipo de modelo produzido: para a confecção do hexaedro e do dodecaedro, seriam utilizadas

seis e doze folhas, respectivamente, ou seja, uma para cada face do sólido em questão. Já no

tetraedro, octaedro e icosaedro, seriam utilizadas a metade de folhas da quantidade de faces de

cada sólido, sendo, respectivamente, duas, quatro e dez.

O primeiro módulo a ser confeccionado foi o do hexaedro, o único que é feito a partir

de uma folha quadrada. As primeiras orientações só eram desconhecidas para dois participantes

que não estiveram presentes no primeiro dia de atividades. Para iniciar esse sólido, a folha foi

dividida em três partes iguais, procedimento idêntico ao utilizado para a demonstração do

Teorema de Pitágoras. As orientações dessa divisão foram repetidas, para que todos

conseguissem executar a tarefa sem dificuldades, sendo solicitado que seguissem os passos com

rigor, como, por exemplo, que realizassem as dobras na mesma direção para evitar que houvesse

confusão no entendimento das instruções.

Notou-se que algumas pessoas se perderam nas orientações, por motivos distintos:

alguns por já terem feito um modelo parecido e considerarem que sabiam o procedimento,

outros por conversas paralelas que acabaram atrapalhando o andamento das atividades, ou,

ainda, por falta de atenção dos participantes. Por isso, alguns necessitaram da ajuda da

professora (FIG. 28).

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72

Figura 28 – Pesquisadora auxiliando os estudantes

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

No caso específico dessa atividade, uma situação chamou a atenção. Ao ser solicitado

que os estudantes marcassem o ponto médio no lado superior do quadrado obtido a partir da

folha A4, compreende-se que essa marca deveria ser bem singela, apenas uma pequena dobra

que deixasse o ponto médio evidente. Porém, um estudante marcou suas folhas efetuando a

dobra completa, fazendo um vinco unindo lado superior e inferior do quadrado, como mostra o

seguinte diálogo:

E3: “Professora! Dobrei a folha toda. O que faço?”

Pesquisadora: “Não tem problema. Fez, pode deixar. Só não dobre as outras assim”.

No caso específico deste estudante, a atividade pode continuar sendo realizada na folha,

porém, ficou notório o excesso de vincos, desnecessários no modelo finalizado.

Sugere-se que os procedimentos indicados sejam executados nas seis folhas destinadas

a este sólido. Diferente da demonstração do Teorema de Pitágoras, nesta atividade, divide-se a

folha em três partes iguais apenas em uma direção e, em seguida, cria-se um “efeito sanfona”,

dobrando uma parte para frente e a outra para trás (FIG. 29).

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73

Figura 29 – Estudante executando o efeito sanfona

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

Seis módulos foram produzidos e, antes de realizar o encaixe, foi solicitado que todos

fizessem um reconhecimento da peça, verificando que, em suas extremidades, existem duas

pontas que serão devidamente encaixadas nos “bolsos” centrais, justificando o “efeito sanfona”

obtido anteriormente (FIG. 30).

Figura 30 – Desenho do módulo do hexaedro pronto

Fonte: Elaborado pela pesquisadora.

Como o encaixe dessas peças é bem intuitivo, optou-se por não orientar como se faz e,

sim, foi pedido a eles que tentassem montar o sólido usando sua criatividade. Eles foram apenas

orientados para que nenhuma ponta ficasse fora do “bolso”, realizando um encaixe integral.

Ao acompanhar a montagem do sólido em um grupo, onde dois estudantes já haviam,

cada um deles, encaixado dois módulos e tentavam realizar a junção das outras quatro peças,

percebeu-se o seguinte diálogo:

E2: “Pode encaixar?”

E4: “Não, vai aí.”

E2: “Acho melhor encaixar de um em um”.

E4: “Vira para o outro lado”.

Page 76: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

74

E2: “Eu vou segurar mais firme e você encaixa”.

E assim continuaram nas tentativas e se tornaram os primeiros participantes a conseguir

concluir a atividade corretamente. Anteriormente, outro grupo anunciou a conclusão, porém,

ao conferirem, perceberam que nem todas as pontas estavam devidamente encaixadas nos

respectivos “bolsos”. (FIG. 31).

Figura 31 – Estudantes montando o hexaedro

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

Todos puderam entender, com o decorrer da atividade, que é possível fazer, de uma

simples folha de papel, um poliedro perfeito. Eles utilizaram seus instrumentos, como régua e

transferidor, para conferir as medidas das arestas e dos ângulos.

É interessante observar a satisfação dos estudantes em conseguir montar o primeiro dos

cinco poliedros. A ação mais comum após a montagem foi o lançamento do sólido como um

dado em um tabuleiro de jogo. Aproveitou-se essa ação para lembrar que, caso esse sólido seja

utilizado como dado e tenha suas faces numeradas, é relevante seguir um rigor matemático:

Pesquisadora: “Se a gente fosse numerar esse dado, como faríamos isso?

Aleatoriamente?”

Alguns alunos: “Não”.

Pesquisadora: “Alguém lembra como?”

E6: “As faces opostas...”

E4: “A soma das...”

E2: “A soma tem que dar sete.”

Pesquisadora: “E porque tem que dar sete?”

E1: “Porque é uma P. A.”

Pesquisadora: “Pessoal! Para numerarmos as faces de um dado, utilizamos os números

de um a seis. Se enxergarmos essa sequência como uma P. A., iremos perceber que a soma dos

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75

dois elementos equidistantes aos extremos é igual à soma dos extremos. Logo, qual será a soma

dos extremos de um dado de seis faces?”

Alguns alunos: “sete”.

Pesquisadora: “E quais serão as combinações de números que irão compor as faces

opostas deste dado?”

Alguns alunos: “1 e 6; 2 e 5; 3 e 4”.

Pesquisadora: “É comum utilizarmos o hexaedro como dado.”

E1: “É o cubo, né, professora?”

Pesquisadora: “Sim. Porém, todos os outros sólidos regulares também podem ser

utilizados como dados. Então, por exemplo, no sólido que possui doze faces, quanto será a

soma?

E5: “13.”

Pesquisadora: “Isso mesmo! E assim por diante.”

Esse sólido é muito firme e permite vários lançamentos sucessivos sem que as suas

peças se soltem. Porém, para que isso possa acontecer, foi pedido para que eles conferissem se

todas as pontas estavam devidamente encaixadas em seus respectivos “bolsos” (FIG. 32). Esse

procedimento é fundamental para concluir a atividade com êxito.

Figura 32 – Hexaedro finalizado

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

Em seguida, iniciou-se a produção dos módulos do dodecaedro. Este tem um

procedimento com sequências de dobraduras mais longo que o anterior, porém, não há

Page 78: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

76

complexidade em sua execução. Vale lembrar, que daqui pra frente, todos os modelos serão

produzidos a partir de uma folha retangular.

A pesquisadora utilizou a estratégia de sempre reproduzir o passo-a-passo em uma folha

maior para que todos pudessem acompanhar as orientações.

À medida que as dobras eram realizadas, era chamada a atenção dos estudantes para

observarem as figuras planas que iam sendo formadas. Inicialmente, para o dodecaedro, dobra-

se uma folha retangular ao meio na vertical e, em seguida, na horizontal. Aproveitou-se esse

momento para relembrar o conceito de retas perpendiculares e algumas propriedades do

retângulo, como mostra o diálogo:

Pesquisadora: “Gente! O que são retas perpendiculares?”

E7: “É quando duas retas se interceptam, formando um ângulo de 90°.”

Pesquisadora: “Isso mesmo. E quem se lembra de alguma propriedade dos

retângulos?”

E2: “Possui lados opostos congruentes.”

E9: “Lados e ângulos opostos congruentes”.

Pesquisadora: “E qual o valor dos ângulos do retângulo?”

Alguns alunos: “90°.”

Pesquisadora: “Mais alguém lembra de alguma outra propriedade?”

E8: “As diagonais se cruzam no centro da figura.”

Pesquisadora: “Sim. E o que mais podemos falar sobre as diagonais?”

E7: “Que elas são iguais?”

Pesquisadora: “Isso. E esses vincos que acabamos de marcar? Qual o nome deles?”

E5: “Retas perpendiculares?”

Pesquisadora: “Essas são retas perpendiculares, porém, nesta figura, elas recebem um

nome especial. São conhecidas como eixos de simetria. Alguém se lembra o que é um eixo de

simetria?”

E10: “Hum, acho que é uma reta que divide a figura em duas partes iguais.”

Pesquisadora: “Então, posso dizer que as diagonais do retângulo também são eixos de

simetria?”

E10: “Acho que não. Tem que ser uma reta que faça as figuras serem simétricas.”

Pesquisadora: “Exatamente isso. Refaçam essas dobras e notem que elas ficam

sobrepostas ponto a ponto”.

E4: “Então, podemos dizer que o retângulo tem dois eixos de simetria?”

Page 79: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

77

Pesquisadora: “Podemos sim. E o ponto de encontro dos eixos de simetria, recebe algum

nome especial?”

E5: “Centro da figura?”

Pesquisadora: “Também, mas vamos pensar mais um pouquinho e refletir sobre outro

nome...”

E7: “Centro de simetria?”

Pesquisadora: “Isso mesmo!”

Assim, após o diálogo, foi pedido que os estudantes observassem o centro de simetria

dessa figura, que fora obtido através do cruzamento dos vincos marcados, pois ele será peça-

chave para uma perfeita execução do módulo.

Nessa atividade chega-se a um ponto onde, dobrando a peça ao meio, observa-se dois

pentágonos irregulares idênticos sobrepostos um ao outro, como se vê na figura 33.

Figura 33 – Desenho do decaedro em construção

Fonte: Elaborada pela pesquisadora.

Após isso, foi feito o seguinte questionamento:

Pesquisadora: “Alguém sabe me dizer por que obtemos um módulo com dois pentágonos

sobrepostos um ao outro?”

E1: “Porque ele foi dobrado em um dos eixos de simetria?”

Pesquisadora: “Exato”.

Optou-se por reproduzir esse desenho no quadro e nomear seus vértices a fim de

fornecer orientações mais claras sobre as dobras, que deste momento em diante, seriam

realizadas em apenas um dos pentágonos (FIG. 34).

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Figura 34 – Estudantes executando o módulo do dodecaedro

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

A técnica de dobrar apenas um dos pentágonos foi adotada após realizar esse

experimento por diversas vezes dobrando os dois polígonos ao mesmo tempo. Percebeu-se,

porém, que se fosse dobrado apenas um deles obter-se-ia, no poliedro finalizado, faces lisas e

visualmente mais interessantes, além de seguir um padrão bem similar aos outros poliedros

apresentados. Esse é um exemplo de pequenas modificações realizadas nos modelos no decorrer

da pesquisa, a fim de obter sólidos com o mínimo de marcas em suas faces. Assim, foi explicado

esse procedimento para os alunos, justificando a dobragem em apenas um dos pentágonos.

Nesse modelo também se orientou quanto uso da régua, não para medir, mas para

encontrar uma interseção que permitisse a finalização da peça com um pentágono regular em

seu centro. Advertiu-se, porém, aos participantes que essa interseção também pode ser obtida

através de uma dobra simples sem o auxílio de uma régua, técnica que requer um pouco mais

de cuidado e atenção ao ser executada para não comprometer o resultado final com a formação

do pentágono regular.

Após finalizar as marcações em um dos pentágonos irregulares, os estudantes foram

norteados para que o encaixe central fosse realizado de forma a se obter módulos mais firmes.

Em seguida, foi mostrado a eles que as marcações na parte interna da peça serviriam para se

alcançar o desenho da face de um dodecaedro, ou seja, um pentágono regular.

Essa peça é similar àquela do poliedro anterior (hexaedro), possuindo “abas” que seriam

devidamente encaixadas em seus “bolsos” centrais. Como um dos procedimentos desse módulo

é dobrá-lo ao meio, o pentágono regular obtido no final, possui um dos lados que não serve para

Page 81: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

79

encaixe e nem permite ser encaixado. Logo, orientou-se para que esses lados fossem sempre

encostados um ao outro para realizar os encaixes com sucesso (FIG. 35).

Figura 35 – Encaixes dos módulos do dodecaedro

Fonte: Elaborada pela pesquisadora.

Daí, surge o seguinte diálogo:

Pesquisadora: “Pessoal! Observem o módulo finalizado. Considerem o lado do

pentágono dobrado sobre o eixo de simetria como a base da figura. Notem que na parte

superior existem dois “bolsos” e nas laterais duas “abas”. Como vocês acham que os encaixes

serão feitos?”

E2: “Pegando três peças, podemos encaixar duas “abas” nos dois “bolsos”.”

Pesquisadora: “Isso mesmo. Agora, tentem fazer os encaixes.”

Para iniciar a montagem deste sólido, foi sugerido o pareamento entre duas peças na

parte que não se permite encaixe. Feito isso, eles perceberam que era possível conectar as “abas”

pareadas nos bolsos de outra peça. A partir daí, os componentes dos grupos se organizaram, de

modo que, enquanto um segurava as primeiras peças conectadas, outros ajudavam na realização

dos encaixes finais, como mostra a figura 36.

Page 82: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

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Figura 36 – Estudantes trabalhando coletivamente

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

Ressalta-se, portanto, sobre a importância da coletividade nesse tipo de tarefa, pois, ela

é fundamental para o sucesso de sua execução. Dificilmente uma pessoa que realiza essa

atividade pela primeira vez tem facilidade em concluí-la, exatamente porque, muitas vezes,

quando se encaixa uma peça, a outra se solta. Foi notado que em alguns grupos, os participantes

deixaram que apenas uma pessoa tentasse realizar a montagem, porém, eles mesmos acabaram

percebendo a importância do trabalho coletivo para a conclusão dessa atividade.

Ao final da montagem do sólido, os participantes, perceberam que este não fica tão firme

quanto o hexaedro, mas o encaixe é satisfatório e permite lançamentos suaves sem que suas

peças se soltem ou danifiquem (FIG. 37).

Figura 37 – Dodecaedro já montado

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

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Após todos os grupos finalizarem a tarefa, foi pedido para que eles fizessem o uso de

seus instrumentos para medir e aferir os lados e ângulos das figuras que compõem as faces

desse poliedro. Um estudante notou que alguns pentágonos não eram regulares, logo não

possuíam lados e ângulos congruentes:

E3: “Professora! Estou medindo aqui e nem todos os lados são iguais.”

Pesquisadora: “Alguém do grupo supõe por quê?”

E11: “Eu acho que é porque alguns ficaram tortos.”

Pesquisadora: “Realmente tem alguns módulos que foram mal dobrados. Isso

compromete a finalização.”

Aproveitou-se essa observação para chamar a atenção da turma e dizer que, para se obter

um resultado satisfatório, é necessário que as orientações sejam seguidas minuciosamente e que

as dobras sejam executadas da forma mais perfeita possível. Caso contrário, serão geradas faces

irregulares que não obedecem às propriedades previstas para esse tipo de sólido.

Neste ponto da oficina, iniciou-se a confecção dos três sólidos restantes: aqueles que

possuem faces triangulares. Para tanto, solicitou-se que os participantes dividissem entre eles o

restante dos materiais entregues no kit (FIG. 38). Orientou-se, ainda, para que os módulos

formados a partir daquele momento fossem semelhantes, ou seja, se diferenciassem apenas pelo

tamanho, dependendo da figura a ser montada.

Figura 38 – Grupo iniciando os módulos dos poliedros de faces triangulares

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

Os estudantes foram atentados para o fato de que os sólidos a serem construídos a partir

daquele momento seriam obtidos a partir da união de peças simétricas ou espelhadas. Logo,

requereria uma atenção maior em sua execução, pois, a partir de determinado ponto, as

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82

orientações de dobragem mudam um pouco de foco, ou seja, trocam-se os vértices a serem

dobrados.

Destaca-se ter o ponto médio como referência nessa atividade. Trata-se de um ponto

limite para aquisição dos vincos que geram o módulo desejado. Para isso, solicitou-se aos

estudantes que fizessem uma dobra paralela ao vinco central já marcado, obtendo, em apenas

um dos lados, a marca de um quarto da folha. Uma estudante fez a marca nos dois lados do

papel, foi mostrado a ela que isso não atrapalharia a conclusão da atividade, porém, que seu

sólido apresentaria vincos desnecessários, para que ficasse atenta aos direcionamentos, a fim

de não confundir as próximas dobras, evitando esse excesso.

Essa atividade possuía um diferencial em relação às anteriores. Agora, a proposta seria

confeccionar os modelos semelhantes e simétricos, e não congruentes como no hexaedro e

dodecaedro. Então, além de direcionamentos diferentes, as peças seriam produzidas a partir de

folhas A4 nos tamanhos: um quarto, metade e inteira, todas ao mesmo tempo.

Nos modelos confeccionados anteriormente, todas as folhas tinham a mesma orientação

de dobras. Todavia, nesta atividade, como se precisava de módulos simétricos, logo, as

dobragens se diferenciavam um pouco entre si. Esse, provavelmente, foi o ponto mais crítico

da oficina. Portanto, enquanto uns eram orientados a realizar a dobra com o vértice superior

direito, outros seguiam o mesmo procedimento, porém com o vértice superior esquerdo. Houve

quem se confundisse e, neste instante, a professora passou em cada grupo oferecendo uma

assistência mais individual. O objetivo era obter peças simétricas (FIG. 39).

Figura 39 – Estudantes de um mesmo grupo montando os módulos semelhantes

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

Foi pedida a atenção dos participantes para que observassem os triângulos que haviam

se formado sobre o módulo:

Page 85: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

83

Pesquisadora: “Que nome damos a esses triângulos que estão se formando sobre o

módulo?”

E2: “Isósceles, quer dizer equilátero.”

E1: “Todo triângulo equilátero também é isósceles, né professora?”

Pesquisadora: “Exatamente.”

Aproveitou-se, então, a partir da pergunta levantada, para relembrar a classificação dos

triângulos em relação aos lados e ângulos, solicitando a eles que utilizassem, mais uma vez,

suas réguas e transferidores para conferirem as medidas dos lados e ângulos dessas figuras. Os

alunos confirmaram, então, que, sobre esse módulo, se formaram quatro triângulos equiláteros

(FIG. 40).

Figura 40 – Desenho do módulo dos poliedros de faces triangulares

Fonte: Elaborada pela pesquisadora.

Um estudante observou que dois deles, especificamente os que formarão as faces do

poliedro, estavam com a marcação da altura:

E9: “Professora! Tem dois triângulos divididos ao meio.”

Pesquisadora: “Perfeitamente. Esses são os triângulos que irão compor as faces dos

poliedros depois de finalizados. Você observou que eles possuem outra marcação? Qual o

nome desse segmento?”

E9: “Hum, se é um triângulo equilátero, então esse segmento é altura, bissetriz e

mediana. Certo?”

Pesquisadora: “Certo. E também é mediatriz. Aproveitem para conferir se esse vinco

forma com a base do triângulo um ângulo de 90°. Pessoal! Como podemos definir altura?”

E2: “Segmento que sai de um vértice e forma um ângulo reto com seu lado oposto.”

Pesquisadora: “Isso mesmo. E bissetriz?”

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Alguns alunos: “Segmento que divide o ângulo ao meio.”

Pesquisadora: “E como podemos definir a mediana?”

E9: “Segmento que une o vértice ao ponto médio do lado oposto.”

Pesquisadora: “Ótimo. E a mediatriz, o que é?”

E7: “É igual mediana, não é não?”

E9: “Não. A mediatriz tem que ser perpendicular.”

Pesquisadora: “Isso mesmo. Mas, como vocês observaram, neste caso, esse vinco nos

dois triângulos indicam tudo isso ao mesmo tempo. Porque em um triângulo equilátero, eles se

coincidem.”

Os estudantes conferiram a informação e, mais uma vez, aproveitou-se um momento da

oficina para recordar conceitos básicos da Geometria Plana. Para isso, perguntou-se se alguém

havia percebido qual o exato momento que eles obtiveram o primeiro ângulo de 60° na

construção dessa peça. Ninguém conseguiu se recordar. Foi, então, que se relembrou, com eles,

que, logo no início, foi dito sobre a importância do ponto médio nessa atividade. Assim, esse

ângulo foi gerado quando se estabeleceu um limite entre o ponto médio e a marcação de um

quarto da folha (FIG. 41).

Figura 41 – Desenho da dobra, na obtenção do ângulo de 60°

Fonte: Elaborada pela pesquisadora.

Para que pudessem perceber melhor o que foi discutido, sugeriu-se que eles abrissem

um dos módulos em fase de acabamento e confirmassem a informação dada.

Um aluno fez uma observação dizendo que poderia desfrutar desse momento em sala de

aula para falar sobre a congruência de triângulos:

E1: “Professora! A gente pode aproveitar pra falar sobre congruência de triângulos.”

Pesquisadora: “Claro que sim. E mais que isso, como estamos reproduzindo peças em

diferentes tamanhos, podemos falar, também, sobre a semelhança de triângulos.”

Page 87: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

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E1: “Verdade!”

Pesquisadora: “Então, existem três casos. Alguém se lembra de algum?”

Alguns alunos: “Ângulo, Ângulo, Ângulo; Lado, Lado, Lado; e Lado, Ângulo, Lado.”

Pesquisadora: “Exatamente!”

Aproveitou-se o diálogo para reforçar, ainda, sobre a importância de utilizarem

conceitos matemáticos na sala de aula, quando forem trabalhar com seus alunos, à medida que

surgirem elementos que permitam tais apontamentos, como, por exemplo, explorar as figuras

planas que vão se formando no decorrer da construção de cada módulo:

E1: “Se considerarmos apenas os dois triângulos centrais, podemos afirmar que é um

losango?”

Pesquisadora: “E aí turma, o que vocês acham?”

E9: “Eu acho que sim, porque são dois triângulos equiláteros.”

E2: “É um losango porque tem todos os lados iguais e ângulos opostos congruentes.”

Pesquisadora: “Ah é? E quanto mede cada ângulo?”

E3: “60° e 120°.”

Pesquisadora: “Isso mesmo! Percebam que as diagonais são perpendiculares, eixos de

simetria e bissetrizes. Que figura se formará se sobrepormos esses dois triângulos?”

E11: “Um trapézio.”

Pesquisadora: “Quando vocês estiverem reproduzindo esses módulos em suas aulas,

não deixem de explorar as propriedades das figuras que forem se formando.”

Essa proposta gastou um pouco mais de tempo em sua conclusão do que as anteriores,

primeiro por se tratar de mais peças confeccionadas, segundo, devido ao modelo possuir um

maior número de instruções. Mas a vantagem é que, no fim da produção, foram obtidos moldes

suficientes para a montagem dos três sólidos restantes, como mostra a figura 42.

Figura 42 – Três sólidos de faces triangulares montado em um dos grupos

Fonte: Arquivos da pesquisadora.

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86

Mesmo com algumas dificuldades, todos os grupos conseguiram montar o tetraedro e o

octaedro. A conexão entre as peças desse primeiro é mais simples e intuitiva, pois como se

utiliza apenas dois módulos simétricos, não há margens para dificultar o encaixe. Já no

octaedro, o procedimento se difere, uma vez que a união das peças deve se iniciar a partir de

módulos congruentes e não simétricos como no anterior. Portanto, instruiu-se os estudantes para

que, primeiramente, fizessem a junção de duas peças idênticas e, em seguida, colocassem mais

uma, sempre observando a formação do ângulo poliédrico desejado, para, enfim, realizar o

encaixe do último módulo.

Assim como realizado na oficina piloto, sugeriu-se aos alunos que utilizassem uma fita

adesiva como um pequeno artifício para a montagem do icosaedro. Esse sólido é composto de

20 faces e à medida que se encaixa um módulo, o outro pode se soltar. Então, para garantir o

perfeito encaixe das peças, utilizou-se pequenos pedaços de fita crepe entre as conexões

realizadas.

Nem todos os grupos conseguiram efetivar essa última montagem sozinhos, sendo, mais

uma vez, necessária a interferência direta da professora para que a atividade fosse concluída

com sucesso.

Na confecção dos últimos sólidos, percebeu-se um pouco de dificuldade dos grupos em

se organizarem na distribuição do material. Uma vez que precisavam distribuir o restante das

folhas entre todos os participantes. Outro ponto de atenção dizia respeito à mudança na

orientação para obtenção da peça simétrica, pois alguns já se mostravam notoriamente cansados

e havia muita conversa, o que atrapalhou um pouco o processo.

Notou-se, ainda, que algumas pessoas eram mais dedicadas, pacientes e se esforçam

mais para realizar a tarefa com perfeição. Já outras, não conseguiam se concentrar, ou não

possuíam uma coordenação motora favorável para executar esse tipo de atividade. Por isso,

mostrou-se importante a busca, por parte da professora, em transmitir, aos grupos incentivo e

entusiasmo, mostrando que todos eram capazes de fazer o que estava sendo proposto e que, à

medida que tentassem reproduzir os passos, a tendência era ter um resultado melhor.

Alguns alunos perguntaram se não havia um material impresso com a instrução do

passo-a-passo, pois consideravam difícil se lembrar de todas as orientações transmitidas. Com

relação a isso, foi explicado que a pesquisa apontava para a elaboração de um material de apoio

ao professor e àquele que se interessasse em reproduzir os modelos apresentados.

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87

6 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO

Após a execução das oficinas, foi enviado, para o endereço eletrônico dos participantes,

um questionário que visava reunir opiniões acerca das atividades apresentadas. 18 dos 39

participantes responderam, sendo 11 estudantes e 7 professores.

O questionário foi composto por 12 questões e procurou: definir o perfil profissional

dos participantes das oficinas juntamente com um parecer sobre o ensino da Geometria, a

opinião de cada um deles sobre as atividades apresentadas e constatar a viabilidade da aplicação

dessas atividades em aulas futuras.

Considerou-se importante conhecer esse perfil dos sujeitos investigados, sabendo em

que nível de ensino eles atuam e se já conheciam técnicas do Origami. Para tanto, foram feitos

questionamentos sobre o ensino da Geometria e sobre a abordagem dos Poliedros Platônicos

em sala de aula, a fim de coletar opiniões que pudessem ser utilizadas para uma reflexão sobre

o uso do material concreto nas atividades pedagógicas. Perguntou-se, também, aos integrantes,

como eles classificavam o grau de dificuldade das dobraduras na confecção dos Poliedros e se

eles utilizariam essa técnica em suas aulas de Geometria, pois, por meio dessas respostas que a

aplicação do trabalho realizado se mostraria viável ou não.

Conforme já dito, 7 dos 14 professores integrantes encaminharam suas respostas após a

participação na oficina. Todos estiveram presentes nos dois dias de atividade e, portanto,

nenhum deles deixou questão em branco por falta de participação. Já com relação aos

estudantes, 11 dos 25 que participaram responderam ao questionário, sendo que dois

graduandos faltaram no primeiro dia, o que acarretou em algumas perguntas sem respostas.

Obteve-se, portanto, um total de 18 questionários respondidos.

As questões foram categorizadas e analisadas como orientam Fiorentini e Lorenzato

(2012). Apresenta-se, inicialmente, as respostas dos professores que participaram da oficina

piloto, e, posteriormente, as dos estudantes de graduação em Matemática. O questionário se

encontra na íntegra no apêndice A deste trabalho.

6.1 Respostas sobre o ensino de Geometria

Questões 01, 02, 03 e 04

Objetivo: Definir o perfil profissional dos participantes das oficinas juntamente com

um parecer sobre o ensino da Geometria.

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6.1.1 Professores

Dos 7 professores que responderam ao questionário, 6 lecionam ou lecionaram para o

Ensino Fundamental II, 3 para o Ensino Médio e apenas 1 para o Ensino Fundamental I7.

Sobre a importância do ensino da Geometria no ensino básico, houve opiniões distintas,

mas que apontavam para a mesma direção: o reconhecimento do espaço e forma. Além disso,

como se obteve respostas de profissionais que atuam em áreas distintas, foram selecionadas

algumas correspondentes aos professores de Artes, Matemática e Física, respectivamente, por

possuírem uma visão crítica sobre assunto em sua área de atuação, quer sejam:

P3: “É essencial para o entendimento das formas, proporções etc. Para o ensino de arte,

auxilia no estudo de obras de arte e de arquitetura e dá base para a aplicação em estudos de

arte linear, tendo em vista que o que dá origem às formas geométricas são o ponto e a linha.”

P5: “Acredito que o ensino da geometria na escola básica, como também no ensino

superior, desenvolve um papel importante na constituição da formação intelectual e até mesmo

cultural dos estudantes. A geometria possibilita, aos alunos, uma perspectiva de espaço e forma

que poderão ser utilizados pelos mesmos durante a sua vida como cidadãos, além disso, podem

possibilitar um melhor entendimento das artes, das engenharias e das culturas.”

P7: “A Geometria não é só aplicada na Matemática, mas é importante em diversas

áreas, como na Física, que utiliza seus conceitos e definições para descrever vários fenômenos

da natureza, como a reflexão e a refração da luz.”

É interessante observar, portanto, que, mesmo com opiniões distintas, o uso da

Geometria é visto pelos professores como essencial em diferentes áreas do conhecimento, seja

para auxiliar na execução de atividades, dar embasamento em estudos diversos, para definir

conceitos ou, ainda, para contribuir com a formação cidadã dos alunos.

Em relação à relevância da abordagem dos Poliedros Platônicos nas aulas de Geometria,

as opiniões foram comuns e destacaram sobre a importância de se estudar sólidos regulares com

propriedades tão características. Um professor de Matemática discorre que:

P5: “Com certeza, principalmente por serem os únicos poliedros regulares. É possível

fomentar importantes conjunturas e reflexões a partir de suas particularidades.”

Já o posicionamento do professor de Física chama a atenção por considerar importante

que o aluno tenha conhecimento sobre o assunto, que serviria como um pré-requisito para suas

aulas. Sobre isso, ele diz que:

7 O número de professores aqui distribuídos é maior que o quantitativo total de respondentes, visto que alguns

lecionam/lecionaram para as várias etapas de ensino.

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P7: “Particularmente sim. Primeiro pela questão histórica envolvida, para abordar o

desenvolvimento da Matemática no que tange à Geometria. Em segundo, porque, no Ensino

Médio, no estudo da Física, quando se trata da evolução dos modelos planetários, Kepler

propôs um modelo baseado nesses sólidos, no qual os planetas até então descobertos se

relacionavam com esses sólidos. Assim, ao citar os poliedros platônicos, seria interessante que

os alunos já soubessem do que se trata.”

Em sua totalidade, os professores que responderam ao questionário já conheciam a

técnica do Origami. As experiências relatadas sobre o assunto foram diversas, mas, em sua

maioria, todas tiveram alguma relação com o ensino, seja na escola básica, na faculdade de artes

visuais, em um curso de capacitação ou numa busca para complementar as atividades de suas

aulas.

Dois professores de Matemática já conheciam técnicas do Origami que geravam alguns

sólidos regulares, sobre o qual afirmam:

P5: “Já conhecia, pois, havia participado de outros minicursos e oficinas, no entanto,

[...] nas outras ocasiões não consegui entender as etapas de confecção dos origamis, já nessa

oficina tive uma melhor aprendizagem devido às dobraduras serem mais simples.

P6: “Sim. Já havia trabalhado com algumas dobraduras em sala de aula,

principalmente de animais como o tsuru e alguns poliedros (tetraedro, hexaedro e dodecaedro

apenas), porém, exigiam dobras mais complicadas.”

Percebe-se, então, nos relatos dos professores, que a técnica do Origami apresentada

nessa oficina foi vista como acessível, pois, consideraram a abordagem mais simples em relação

àquelas que eles conheciam anteriormente. Considera-se este, um ponto relevante, pois mostra

que as dobragens propostas podem ser futuramente reproduzidas pelos participantes.

6.1.2 Estudantes

Por se tratarem de estudantes do curso de graduação, a maioria deles (7) nunca lecionou.

Os outros dividem suas experiências nos Ensinos Fundamental I, II e Médio, sendo,

respectivamente, 1, 4 e 18.

Todos os estudantes consideraram importante se ensinar Geometria na escola básica e

grande parte deles (9) atribui essa importância às suas relações com o cotidiano do aluno. Entre

as respostas, destacam-se:

8 O número de estudantes aqui distribuídos é maior que o quantitativo total de respondentes, visto que alguns

atuam/atuaram para as várias etapas de ensino.

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E2: “É muito importante que o aluno da escola básica seja apresentado à geometria

nesta fase, pois terá, com base neste ensino, maior facilidade de aprendizado quando houver

um aprofundamento no estudo da geometria.

E8: “A sua importância vem de criar a percepção nos alunos. A geometria está no

cotidiano e aprendendo em sala de aula é um conhecimento além do que podemos adquirir

apenas observando.”

Além de destacar a importância, houve um estudante E10 que relatou a dificuldade de se

ensinar Geometria. É importante considerar que esse é um estudante que atua no ensino básico

e que, por isso, pode relatar a partir de sua própria experiência ou algo vivenciado em sua prática

pedagógica:

E10: “Há uma dificuldade muito grande em se ensinar geometria devido à falta de

material pedagógico e até mesmo despreparo de professores, apesar da Geometria estar

presente no nosso dia a dia, ela é uma matéria de difícil compreensão.”

Já quando questionados a respeito da relevância da abordagem dos Poliedros Platônicos

no ensino da Geometria, todos opinaram de forma positiva. Os estudantes julgaram

significativo dedicar parte do ensino às propriedades destes sólidos, sendo perceptível nas

seguintes declarações:

E3: “Sim. Porque através dos poliedros, podemos fazer demonstrações, como, por

exemplo: congruência, soma dos ângulos, a relação de Euler, número de face, vértice e

arestas.”

E4: “Sim. Acredito que as “propriedades” destes poliedros podem despertar a

curiosidade e o interesse dos alunos.”

Nota-se que apenas o estudante E3 fez menção à relação de Euler. Porém, considera-se

essencial que essa associação seja feita todas as vezes que houver referência aos Poliedros

Regulares.

Dentre os participantes, somente 4 não conheciam a técnica do Origami antes de

participarem dessa oficina. Os demais já conheciam e dividiram suas experiências com a técnica

de maneiras distintas; alguns relacionados ao ensino e outros às lembranças da infância:

E7: “Sim. Desde criança gostava de fazer dobraduras em papéis, mas não conhecia as

que fizemos na oficina. As dobraduras que eu fazia antes eram apenas por diversão, sem

relacioná-las com a Matemática.”

E8: “Sim, no ensino primário tive algumas experiências com o origami. Não me recordo

muito das experiências.”

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E11: “Sim, já conhecia. Mesmo antes de ir para a escola, minha irmã já me ensinava a

fazer barquinhos e aviõezinhos com o papel, mas na oitava série, atual nono ano do ensino

fundamental, tive acesso ao origami para aprender sobre vértices, arestas e faces, o que me

ajudou muito no entendimento do conteúdo.”

O estudante E3 associou sua experiência com o artesanato, mas o que chama a atenção

é o fato de ele se expor de forma negativa em relação aos diagramas encontrados para

confeccionar os modelos:

E3: “Tinha o conhecimento através de vídeos, e em programas de tv, onde se ensinava

a fazer origami para artesanato. Já tentei fazer alguns modelos de bichos, flores que encontrei

na internet, mas o passo-a-passo não era claro. Por esse motivo eu não consegui finalizar

nenhum dos modelos que me propus realizar.

No desenvolvimento dessa pesquisa, procurou-se por modelos em Origami que fossem

o mais simples possível de serem executados. Desde o início do trabalho, já se pretendia fazer

algo que pudesse ser facilmente reproduzido por quem dela participasse.

Percebe-se que somente na oficina com estudantes houve participantes que

desconheciam por completo a técnica do Origami. Porém, ressalta-se que a falta de

conhecimento da técnica não impediu o desenvolvimento e a realização das atividades.

6.2 Respostas sobre as atividades da oficina

Questões 05, 06, 07, 08 e 11

Objetivo: Obter a opinião sobre as atividades apresentadas nas oficinas.

6.2.1 Professores

Nenhum dos professores participantes conhecia os axiomas de Huzita-Hatori que fora

apresentado na primeira atividade proposta na oficina. Porém, todos eles consideraram

importante conhecer a origem de cada dobra que permite trabalhar diversas propriedades e

entender conceitos. A este respeito destacam-se as seguintes falas:

P1: “Sim, é importante porque nos faz compreender a essência, a construção do fazer e

não “apenas” o fazer, o resultado final.”

P4: “Considero muito importante, pois é a base para entender determinados conceitos.

Através dessa abordagem, deixamos de a abstração para o concreto.”

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P5: “Acredito que os axiomas ajudam a entender melhor as propriedades de construção

dos origamis. Além disso, durante a confecção dos sólidos, é possível perceber diversas

relações e teoremas presentes na geometria euclidiana, possibilitando, assim, uma visão mais

holística do sólido construído.”

A segunda atividade ofertada teve, como princípio básico, mostrar a consequência de

um dos axiomas do Origami. Para isso, foi proposta a demonstração do Teorema de Pitágoras

por este ser conhecido por muitos, além de poder ser utilizado no Ensino Fundamental. Com

exceção de um professor que disse não se recordar dessa atividade no decorrer da oficina, todos

os outros se posicionaram favoráveis à abordagem e disseram ser possível reproduzi-la em sala

de aula, como pode ser verificado por meio das falas:

P6: “Sim. O Teorema de Pitágoras é conhecido, acredito, por suas inúmeras

demonstrações, porém, muitas delas se utilizam de recursos linguísticos de uma matemática

mais avançada ou de um olhar geométrico que nem todos os alunos possuem. Toda forma de

demonstrar o Teorema que proporcione maior clareza é bem-vinda.”

P7: “O teorema de Pitágoras é muito utilizado em Física e muitas vezes o aluno não vê

significado na "soma dos quadrados dos catetos ser igual ao quadrado da hipotenusa". A

demonstração prática, feita pelo próprio aluno, é muito mais significativa. Com a devida

orientação, é sim possível aplicá-la no ensino básico.”

Nota-se, nas respostas dos professores, que tal demonstração feita através do Origami é

acessível aos alunos e capaz de permitir que ele seja autor do seu conhecimento, uma vez que

irá comprovar, de forma prática, um teorema que talvez tenha sido utilizado por vezes

mecanicamente.

Foi questionado, ainda, aos professores a respeito da relação do Origami com

Matemática que fora apresentada, e, posteriormente, se eles acreditavam que essa relação

poderia contribuir com o ensino e a aprendizagem da Geometria. Três professores afirmaram

que não imaginavam ser possível estabelecer relações matemáticas com simples dobras de

papel. Já o restante do grupo não sabia como isso seria possível antes da oficina, porém,

imaginavam que havia alguma relação, dando as seguintes opiniões sobre o assunto:

P1: “Não imaginava. Acredito que pode contribuir e pode tornar a Geometria em algo

mais “próximo”, além de acreditar que o interesse e o próprio aprendizado aumentariam.”

P3: “Não imaginava e acredito ser uma técnica incrível que ajuda a acabar com o

trauma da maioria dos estudantes no aprendizado da geometria. Pode-se aprender de forma

bem mais lúdica.”

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P6: “Acreditava que existiam implicações matemáticas nas dobras, porém, não sabia

que era algo tão formalizado como os axiomas. Contribui, principalmente na defesa da

utilização do Origami em sala de aula, pois solidifica e aflora a Matemática por trás das

dobras.”

Obter esse retorno é relevante para a pesquisa, pois, é neste ponto que se tem a certeza

de não estar somente ensinando pessoas a dobrar papel, mas, sim, construindo conceitos e

revelando quanta Matemática há por trás da técnica do Origami, mostrando que é possível

ensinar Geometria fazendo dessa arte um recurso didático.

A maior parte dos professores (5) considerou como médio o nível de dificuldade das

dobraduras na execução dos sólidos. Apenas um participante julgou as construções em Origami

propostas como fáceis e outro sentiu maiores dificuldades.

De um modo geral, os professores obtiveram uma opinião positiva sobre a oficina,

considerando-a como: “inovadora”, “prática”, “pontual”, “bem elaborada”, “com conteúdo

relevante”, “com possibilidade de aprendizagem”, “com qualidade e rigor matemático”. Em

contrapartida, houve críticas em relação ao tempo de execução das tarefas. Essas inferências

puderam ser realizadas a partir das seguintes colocações:

P1: “Considero uma oficina inovadora, prática e pontual no que se refere a novos

métodos, novas práticas na mediação de conhecimento.”

P2: “Foi uma experiência incrível que superou e muito minhas expectativas. Creio que

se tivesse um material de apoio já poderíamos sair dali aplicando a oficina em sala de aula.”

P5: “Acredito que poderia ter tido mais tempo para a confecção dos origamis, pois,

alguns passos foram transmitidos muito rápido, o que atrapalhou o meu desempenho.”

Todas as opiniões acerca deste assunto são considerados de grande relevância. Porém,

alguns pontos chamam mais a atenção, como o professor P5 que indicou a necessidade de mais

tempo para a execução das atividades e o professor P2, que disse que se houvesse um material

de apoio, ele já sairia dali aplicando as atividades. Essas são observações que podem contribuir

com a evolução desta pesquisa, uma vez que, além de exigir a verificação de possibilidade de

ampliação do tempo de execução, tinha, como objetivo principal, elaborar um material de apoio

ao professor.

6.2.2 Estudantes

Já para os estudantes, foi novidade a abordagem dos axiomas do Origami, pois estes

eram desconhecidos por todos. Dois participantes deixaram essa questão em branco por não

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terem participado deste momento da oficina. O estudante E4 não considera importante conhecer

os axiomas. A esse respeito, ele responde que:

E5: “Particularmente, não achei de grande importância conhecer os axiomas.”

Os outros 8 estudantes foram contrários a essa opinião e julgaram importante conhecer

o corpo axiomático do Origami, pois, segundo eles, ajuda a estabelecer relações com a

Matemática e, principalmente, com a Geometria. Sobre esse assunto, houve as seguintes

respostas:

E1: “Sim, pois eles são proposições aceitas sem demonstrações para a melhor

compreensão e aprendizado da geometria.”

E2: “Sim, por que foi possível conhecer teoremas e conceitos sem a utilização de

cálculos, fórmulas ou medições com régua.”

E3: “Sim. Contribuiu bastante, porque é uma maneira diferente de aprender. Nos

recordamos mais quando aprendemos algo de forma mais lúdica, diferente, é mais atrativo.”

Os estudantes percebem, portanto, que é possível aprender de forma lúdica, sem

utilização de cálculos, aplicação de fórmulas e instrumentos de medições, e que esse tipo de

abordagem, em sala de aula pode contribuir para o aprendizado dos alunos.

Destaca-se, entre as respostas dadas, a fala do estudante E7, que enxerga, nesta atividade,

uma futura aplicabilidade em sala de aula:

E7: “Sim, é importante conhecer os Axiomas. A apresentação desses axiomas através

do origami contribuiu para que eu possa me lembrar dos mesmos mais facilmente e aplicá-los

em sala de aula quando eu estiver lecionando.

Como consequência de um dos axiomas, foi apresentada a demonstração do Teorema

de Pitágoras e procurou-se saber se os estudantes reproduziriam essa atividade em sala. Eis

algumas respostas à questão:

E2: “Muito interessante esta forma de demonstração que foge da convencional.

Considero possível reproduzi-la no ensino básico adequando-se a linguagem ao nível de

aprendizado da turma.”

E3: “É possível reproduzi-la no ensino básico. Foi uma atividade muito prazerosa de

fazer, chama bastante a atenção. Quando estiver lecionando, usarei essa atividade.”

E6: “Considero excepcional a demonstração do teorema de Pitágoras a partir do

Origami, pois, com isso, possibilita não só os conceitos matemáticos aos alunos, mas, também,

a sua formação da estrutura cognitiva. Diante da experiência vivenciada, pretendo reproduzir

o que foi aprendido em sala de aula.”

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Portanto, os estudantes foram unânimes em destacar que essa atividade é de extrema

importância no ensino básico e que teriam interesse em reproduzi-la em suas aulas.

O estudante E5 destaca a simplicidade da abordagem para o procedimento da

demonstração e considera essa metodologia mais acessível aos alunos do que o uso de

tecnologia informatizada:

E5: “Foi uma das atividades mais interessantes, uma vez que com o uso do origami, sua

demonstração ficou muito mais simples. Sua demonstração dentro de uma sala de aula se torna

mais simples e necessita de recursos mais acessíveis do que o uso de um software, por exemplo.

Após coletar opiniões a respeito dos axiomas e suas consequências, era interesse

também saber se os participantes imaginavam estabelecer relações matemáticas com dobras de

papel. Mais da metade dos estudantes (6) disseram não imaginar essa conexão e outros

acreditavam que seria sim, possível, mas não sabiam como.

Além disso, procurou-se descobrir se essa relação, agora estabelecida, entre Matemática

e Origami pode ou não contribuir com o aprendizado do aluno. E acerca deste assunto,

destacam-se as seguintes falas:

E7: “Já imaginava que houvesse essa relação porque já tinha ouvido falar, mas não a

conhecia. Sim, com certeza pode contribuir muito.”

E8: “Imaginava, mas nunca procurei ou tentei fazer. Sim, o origami é uma forma

diferencial de se ensinar geometria, pois colocamos a teoria em prática com as nossas próprias

mãos.”

Nota-se que mesmo os estudantes que não pensavam estabelecer essas relações, ainda

assim acreditam que elas podem contribuir com o aprendizado, o que pode ser verificado por

meio das seguintes colocações dos participantes:

E1: “Não. Contribui muito, uma vez que o aluno, tendo acesso ao concreto (real),

facilita o seu entendimento e aprendizado.

E3: “Para mim, o origami era só fazer bichinhos e flores, não imaginava que poderia

haver relação com a geometria. O origami contribui bastante no ensino da geometria, pois os

alunos aprendem brincando, porque para eles fazerem esse tipo de atividade, além de ser algo

novo, é uma brincadeira.”

E5: “Não. Os conceitos demonstrados durante a oficina são mais dinâmicos e fazem

com que os alunos demonstrem mais atenção e empenho durante a atividade, portanto, a

demonstração das relações pode contribuir para o aprendizado de modo mais prático, intuitivo

e demonstrativo.”

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Os participantes concordam, portanto, que utilizar um material concreto nas aulas ajuda

na construção do conceito e, consequentemente, contribuem com o aprendizado dos alunos.

Grande parte dos estudantes (7) classificou como médio o grau de dificuldade referente

à construção dos Poliedros Platônicos através do Origami. Apenas 4 pessoas obtiveram

facilidade com a tarefa e a classificaram como tal.

Assim como ocorreu com os professores, foram coletadas várias opiniões críticas a

respeito da oficina ofertada. De modo geral, também os estudantes gostaram de participar e

executar as atividades propostas. Dentre as respostas, destacam-se duas que se referem ao

trabalho em grupo:

E2: “A oficina foi muito importante, pois trouxe de forma interessante e nova o estudo

da geometria, facilitando o aprendizado desta área da matemática além de ensinar o trabalho

em grupo.”

E3: “Adorei a oficina, aprendi muito, além da geometria, aprendemos a trabalhar em

grupo. Mesmo sendo na universidade ainda é muito difícil, ficamos muito empolgados quando

conseguimos fazer os sólidos direitinho. Essa oficina só veio acrescentar na nossa formação.”

Essas observações em relação ao trabalho em grupo merecem atenção, pois, muitas

vezes, pensa-se que será fácil executar uma atividade que depende da participação coletiva,

como proposto nessa oficina. Mas, na prática, percebe-se que muitas pessoas ainda trazem

consigo grande dificuldade de trabalhar cooperativamente.

O estudante E11 fez uma observação em relação à conversa que, segundo ele, o

atrapalhou no desenvolvimento das atividades, conforme já havia sido relatado no decorrer da

análise desse trabalho:

E11: “A oficina, por mim, foi muito interessante e instrutiva. Com ela aprendi uma nova

metodologia de ensino. Só tenho do que reclamar pelo descaso de alguns participantes que me

atrapalharam por conta de conversa.”

Outro estudante propôs uma oficina que disponibilize mais tempo para aprofundar nos

conceitos da Geometria Plana e sugere, para ta, o uso de softwares:

E6: “Poderia se considerar a ideia de que a oficina desse um pouco mais de espaço

para o ensino aprendizagem também da geometria plana. Outra sugestão seria o uso da

Informática para a confecção das dobraduras, através de softwares que permitam construir e

visualizar as dobraduras.”

O que foi dito pelo estudante também foi percebido pela pesquisadora, que sentiu a

importância de dedicar mais tempo à abordagem da Geometria Plana, pois, na prática, surgiram

elementos que ofereciam condições de relembrar definições e conceitos.

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Verifica-se, então, que, tanto na oficina piloto quanto na dos estudantes, os participantes

avaliaram positivamente as atividades propostas. Além disso, não se basearam nessa opinião

apenas pelo lúdico e, sim, pela conexão que conseguiram estabelecer com as dobraduras e os

conceitos geométricos. Eles foram unânimes em concordar que as relações matemáticas

observadas nas dobragens podem contribuir com o ensino e a aprendizagem da Geometria.

6.3 Respostas sobre a viabilidade de aplicações das atividades futuramente

Questões 09, 10 e 12

Objetivo: constatar a viabilidade da aplicação dessas atividades em aulas futuras

ofertadas pelos participantes.

6.3.1 Professores

Nessas perguntas do questionário foi priorizado constatar uma possível reprodução das

atividades apresentadas nas aulas dos professores participantes. Assim, tinha a intenção de

verificar se eles consideram importante que os alunos construam seus próprios sólidos,

buscando entender se, na concepção dos participantes, as atividades executadas são ou não

aplicáveis em sala de aula.

Em unanimidade, as respostas foram positivas e justificadas de diversas formas como:

permite que os alunos “sejam autônomos em seu aprendizado”, “construam seu próprio

conhecimento”, “aprendam conceitos já vistos em sala”, “percebam melhor a

tridimensionalidade”, além de “apresentar ao professor uma forma lúdica de ensinar”. Entre as

respostas, destaca-se:

P2: “Acho muito importante, pois no momento em que eles estarão construindo os

sólidos, eles também estarão construindo seu próprio conhecimento. Eles aprenderão, na

prática, conceitos aprendidos em sala e terão de utilizá-los na construção dos sólidos.”

Foi ainda perguntado aos professores se, caso existisse um material de apoio com

orientações do passo-a-passo, se eles o utilizariam para construir os sólidos nas aulas de

Geometria. Todos responderam que sim e destacaram a importância de possuir um material

norteador em mãos, o que pode ser percebido por meio das seguintes respostas:

P3: “Sim, pessoalmente preciso dessa orientação, pois não consigo gravar todos os

passos, com orientação me resguardo de não esquecer nenhuma das etapas.”

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P5: “Sim, recentemente pensei em enviar um e-mail solicitando os passos utilizados na

construção dos origamis, pois pretendo desenvolver novamente com meus alunos.”

P6: “Com certeza, todo material de apoio é bem-vindo, principalmente quando vemos o

pouco tempo disponível ao professor para planejamento em meio a tantas tarefas

burocráticas.”

O questionário foi finalizado com a seguinte pergunta: É possível ensinar Matemática

através do Origami? Com exceção de um professor que não respondeu à pergunta, todos os

outros apresentaram resposta afirmativa. Algumas trazendo as seguintes justificativas:

P2: “Sim. É possível e creio que até necessário ensinar Matemática através do Origami.

O professor deve sempre buscar novas estratégias para se trabalhar o conteúdo de forma

atrativa e essa seria uma excelente ferramenta do processo de ensino-aprendizagem.”

P5: “Sim, não só pela geometria espacial, como também, a geometria plana e de

transformações (devido às simetrias e reflexões em relação a ponto ou retas).”

Compreende-se, portanto, que o objetivo desse trabalho foi alcançado, pois mesmo para

aqueles que não acreditavam ser possível estabelecer relações do Origami com a Matemática,

após participarem da oficina acreditaram na possibilidade dessa união. E mais que isso,

admitiram a viabilidade de se ensinar Matemática através do Origami.

6.3.2 Estudantes

Os estudantes também foram unânimes em dizer que consideram importante que os

alunos construam seus próprios sólidos e justificam de formas distintas. Entre as respostas à

questão, destacam-se:

E1: “Sim. Através desse contato com o material concreto, ele vai compreender melhor

os conceitos.”

E2: “Sim, pois através do próprio prazer do manuseamento, eles se concentram mais

na atividade, focando em tudo que é apresentado a fim de obter o resultado final que é a

construção do sólido. Consequentemente, aprendem mais.”

E4: “Sim. Acredito que, construindo, os alunos podem identificaram melhor cada sólido

e podem, também, visualizar melhor as partes de cada sólido.”

E10: “Sim. Através da construção pela dobradura do origami, estimulamos além da

criatividade do aluno. Eles passam a reconhecer figuras, identificar semelhanças e diferenças

entre elas e simetrias.”

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As justificativas vão, conforme visto, desde o uso do concreto, que permite o manuseio

e a visualização das partes, até o estímulo da criatividade, uma vez que cada sólido construído

é único e cada um faz uso de suas próprias estratégias para montá-los.

O estudante E7 atribui essa importância de construção a uma citação dos PCN, que leva

associação da Geometria a elementos do cotidiano. Segundo ele:

E7: “Sim. De acordo com o PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) de Matemática,

a Geometria deve ser estudada “a partir da exploração dos objetos do mundo físico, de obras

de arte, pinturas, desenhos, esculturas e artesanato”, pois, assim fica mais fácil para o aluno

compreender os conceitos geométricos e suas aplicações no cotidiano, relacionando o concreto

ao abstrato.”

Além disso, todos os estudantes disseram que, caso exista um material de apoio, eles

fariam o uso, o que pode ser notado pelas falas, dentre as quais se destaca:

E7: “Sim. Um material contendo o passo-a-passo seria de grande valia para que eu e

muitos outros professores pudéssemos executar uma oficina deste tipo em sala de aula. Com

esse material, ficaria muito mais fácil já que as dobras são muitas e diversificadas.

Conforme visto, o estudante classificou as dobragens como “numerosas e

diversificadas”, o que reforça a necessidade de o professor possuir um material que o auxilie na

efetivação do passo-a-passo. Além disso, ele enfatiza que este deve, ainda, possuir orientações

claras e objetivas, além de uma boa ilustração.

O questionário é encerrado perguntando-se aos participantes se eles consideram possível

ensinar Matemática através o Origami, sendo constatado que sim. Com exceção de um

estudante que deixou a questão em branco, todos os outros indicaram positivamente para essa

possibilidade, uma vez que, segundo eles, o Origami “possui um caráter autoexplicativo”,

“contribui para um efetivo aprendizado”, “explora diversas propriedades matemáticas” e

“permite a compreensão da Geometria através do manuseio de uma folha de papel”. Tais

justificativas se encontram nas seguintes respostas:

E5: “Sim, a utilização do mesmo tem caráter autoexplicativo, conforme a atividade

avança, o que contribui e muito para um aprendizado mais efetivo.”

E7: “Sim, é possível, pois as dobraduras do origami exploram diversas propriedades

matemáticas.”

E10: “Sim. É possível, por que o Origami faz com que o aluno foque no aprendizado

através da dobradura, compreendendo através do manuseio de uma folha de papel, a

geometria.”

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100

Destacam-se, ainda, os estudantes E9 e E11, que consideraram a proposta “atrativa” e

“divertida”. Segundo eles:

E9: “É possível sim. E ainda acho que é um jeito divertido que prende mais a atenção

dos alunos.”

E11: “Sim, com a oficina, tive acesso a uma nova forma de ensinar. Uma forma mais

divertida e atrativa. Assim, o aproveitamento e absorção do conteúdo dos alunos é mais

garantida.”

Deve-se, porém, enfatizar que, apesar de as atividades propostas na oficina não terem

sido elaboradas voltadas para um “brincar de Matemática”, também não se exclui a

possibilidade de se ensinar Matemática de uma forma lúdica e prazerosa, utilizando o concreto

para aproximar do aluno aquilo que para ele ainda era imaginário.

Nas duas oficinas observou-se que os participantes compartilharam da opinião de que é

importante que os alunos construam seus próprios sólidos, pois podem visualizar, compreender,

reforçar, fixar e aprender, na prática, conceitos geométricos abordados em sala de aula. Porém,

para que isso ocorra em toda a sua complexidade, torna-se importante a existência de um

material de orientação do passo-a-passo das dobraduras para a confecção dos Sólidos. Portanto,

os participantes ressaltam sobre a importância de se ter um guia para o professor, já que o

caminho de dobraduras percorrido, ao longo da construção de cada módulo, é muito extenso e

de difícil memorização.

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101

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa se propôs a investigar se há benefícios na aprendizagem geométrica

com a construção dos Poliedros Platônicos a partir do Origami, tendo, como público-alvo,

professores que ensinam Geometria e estudantes do curso de graduação em Matemática.

Procurou-se, nos trabalhos de Gazire (2000), Prieto (2002) e Rafael (2011), entre outros,

buscar, na história da Geometria, os registros sobre os Poliedros Platônicos e conhecer o

contexto histórico do Origami. Encontrou-se, nas obras de Rego, Rego e Galdêncio Jr (2003),

Kaleff (2003) e Genova (2001) embasamentos teóricos e propostas de ações que mostram os

benefícios da aprendizagem geométrica através do Origami, em especial na construção dos

Poliedros Platônicos. Vale ressaltar que o uso de um material manipulável – que neste caso se

trata do papel – contribui significativamente para impulsionar os benefícios acerca da

aprendizagem, pois é através dele que o sujeito se torna capaz de ser autor do seu conhecimento.

Apoiando-se nessas descobertas, preparou-se uma oficina contendo uma série de

atividades a serem realizadas pelos participantes, a fim de possibilitar um auxílio para a

construção de conceitos geométricos a partir do Origami. Em seguida, elaborou-se um

questionário que, em suma, visava constatar a viabilidade da aplicação dessas atividades em

sala de aula. A intenção era instruir pessoas capazes de propagar o uso da técnica apresentada.

Após a análise das atividades e questionário verificou-se que:

O uso do material manipulável – o papel – teve a função de amparar os participantes na

otimização das definições matemáticas na proporção em que elas surgiam. Cada forma

encontrada posterior a uma dobragem foi justificada por procedimentos algébricos ou

geométricos. Ao desempenhar uma atividade, apenas dobrando um papel se tornou

possível a identificação concreta dos entes geométricos (ponto, reta e plano), pois estes

eram descritos e representados durante todo o processo de execução das dobras.

O processo de construção dos modelos em Origami foi estrutural para a elaboração dos

conceitos, tais como: ponto médio, retas (paralelas, perpendiculares e concorrentes),

diagonais, eixos de simetria, alturas, bissetrizes, medianas, mediatrizes, ângulos,

proporções, semelhanças, dentre outros. Para realizar algumas dessas construções, era

importante saber tais conceitos, mas não um conceito pronto e acabado, e, sim, aquele

que podia ser percebido e definido a partir do momento em que houvesse a necessidade

de sua aplicação, uma vez que ele seria exemplificado na dobragem. Como aponta

Genova (2001), o Origami pode exercer o papel de mediador ao promover as

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102

construções geométricas associando o reconhecimento das formas aos conceitos

teóricos.

Conforme as dobraduras iam sendo executadas, os participantes notavam vários

polígonos que se formavam: triângulos de vários tipos, quadrados, retângulos,

paralelogramos, trapézios, pentágonos, dentre outros. Usufruíu-se dessa ocorrência para

permitir que eles definissem essas figuras e determinassem suas propriedades. Em

conformidade com Kaleff (2003), considerou-se que as situações de investigação e

descoberta deviam ser incentivadas em sala de aula e identificou-se, nessas atividades,

uma boa oportunidade para promovê-las. Mesmo sem conhecer algumas das

propriedades em questão, os participantes puderam percebê-las ao manipular o papel

que tinham em mãos.

Depois de construir os módulos de cada Poliedro Platônico, os integrantes dos grupos

usaram sua intuição e criatividade para realizar as conexões entre as peças, pois existem

distintas possibilidades de exercê-las. Essa movimentação, como mostram Rego, Rego

e Galdêncio Jr (2003), contribuiu com o desenvolvimento da percepção geométrica

plana e espacial, além de estabelecer relações entre esses entes. Os elementos, como

arestas, vértices e faces, foram facilmente percebidos, os lados e ângulos das figuras

foram medidos e aferidos com réguas, esquadros e transferidores de cada participante.

Notou-se, na análise e interpretação do questionário, que uma das atividades que os

participantes consideraram mais interessante foi a demonstração do Teorema de

Pitágoras. Percebeu-se que essa tarefa proporcionou entusiasmo, curiosidade, surpresa

e exuberância ao conseguirem demonstrar um Teorema tão usado na Matemática. Os

participantes das oficinas disseram, em unanimidade, que aplicariam essa atividade em

sala de aula. Isso mostra que eles descobriram mais um recurso metodológico para

aplicar e reforça uma das vantagens de se ensinar Matemática através do Origami: a

possibilidade de realizar demonstrações de uma forma mais clara e adaptável à

linguagem para qualquer nível de ensino.

Rego, Rego e Galdêncio Jr (2003) destacam que toda dobradura possui um processo de

sequenciamento de etapas. Notou-se, nesse sentido, que esse método, indicado para a

execução das atividades, contribuiu com o desenvolvimento da coordenação motora,

com a concentração e memorização dos passos, com o modo de pensar e raciocinar

logicamente, com a interpretação da linguagem simbólica e com o requinte do senso

crítico e estético. Ao finalizar seus módulos e realizar os encaixes, os grupos

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103

comparavam as produções entre si, muitas vezes desmontavam e montavam novamente,

a fim de obter um produto o mais perfeito possível com aprumo e harmonização de

cores.

Especificamente na oficina piloto (professores), identificou-se algo que Rego, Rego e

Galdêncio Jr (2003) também mostraram em sua obra: a possibilidade de o Origami

contribuir com o processo ensino/aprendizagem de outras disciplinas por meio de

trabalhos interdisciplinares com a Matemática. Nessa oficina, participaram professores

de diferentes áreas do conhecimento e cada um relatou uma forma de se fazer o uso

dessa técnica em sala de aula adequando-a ao seu campo de atuação.

Nem todas as pessoas que participaram das oficinas conheciam a técnica do Origami,

seu contexto histórico e sua composição axiomática. Considerou-se, então, que esta foi

uma proposta informativa que agregou conhecimento histórico e técnico, além de

relacionar essa arte com conceitos matemáticos. Vários participantes destacaram a

relevância de conhecer os Axiomas do Origami, pois seu uso em sala de aula fica

justificado e embasado cientificamente.

O trabalho em grupo permitiu que os participantes interagissem entre si, conforme eles

se viam em situações conflitantes as quais não conseguiam resolver sozinhos. A

colaboração coletiva se fez necessária em vários momentos do desenvolvimento das

atividades, principalmente quando era necessário encaixar os módulos, tarefa essa

considerada difícil apenas para uma pessoa executá-la. E como mostra Kaleff (2003), o

trabalho coletivo proporcionou o desenvolvimento da linguagem matemática à medida

que os sujeitos eram levados a discutir e confrontar suas ideias uns com os outros. O

agrupamento também proporcionou a expansão do vocabulário matemático.

Comprovou-se, assim, um grande potencial do Origami nas aulas de Geometria. Ele

pode possibilitar que os alunos saiam do campo da abstração onde eles só visualizavam

figuras no quadro ou nos livros didáticos, para o concreto, que os permite experimentar

tamanhos, texturas, cores e modelos que podem contribuir para identificação de formas

planas ou espaciais.

Ao realizar esta pesquisa descobriu-se a importância que a Geometria tem na história,

desde as necessidades de sobrevivência dos antigos povos egípcios até a aplicação de seus

recursos nas edificações do mundo moderno. Para além disso, encontrou-se, na história do

Origami, uma associação entre dobradura de papel e a Geometria. Desvendar os caminhos dessa

história axiomática foi importante para mostrar aos participantes que a Matemática não é uma

Page 106: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

104

ciência pronta e acabada, ela está em constante movimento e, por isso, grandes descobertas são

realizadas todos os dias.

Parando para pensar em um contexto histórico, os axiomas do Origami, que começaram

a surgir na década de 1970, são contribuições muito recentes na história da Matemática e ainda

desconhecida por muitos do ramo. Talvez, a melhor forma que exista para descobrir coisas

novas é investigando, e quando se propõe atividades que levam alunos a investigar, tudo pode

acontecer, inclusive novas descobertas.

Alguns dos participantes das oficinas conseguiram, por exemplo, encaixar os módulos

do hexaedro – primeiro Poliedro Platônico a ser confeccionado – sem haver a necessidade de

seguir as instruções. Isso indica que eles criaram autonomia, que também é fundamental para

se descobrir algo. Agiram de forma intuitiva e assumiram os riscos, afinal, o máximo que

poderia acontecer era não obter o poliedro formado. Mas, quando conseguiam, era possível ver

no rosto de cada um a satisfação e a sensação de ter descoberto algo que ainda não havia sido

ensinado.

Notou-se que esses sentimentos vividos por uns e vivenciados por todos motivou a

participação e o empenho da maioria dos membros das oficinas. Afinal cada grupo queria

montar seu poliedro primeiro e mostrar para si e para os outros que eram capazes.

Outro fator interessante dessa pesquisa foi descobrir que boa parte dos pesquisados que

conheciam o Origami tiveram contato com essa técnica em um contexto relacionado ao ensino.

Isso revela que mesmo que ainda não seja conhecida ou ao menos explorada por todos, a técnica

já faz parte do âmbito escolar e pode ser mais utilizada por professores que se dispõem a aplicar

diferentes metodologias de ensino em sala de aula.

Pelos motivos expostos, presume-se que a escolha de um grupo de professores e um

grupo de estudantes que possivelmente irão lecionar esta disciplina foi acertada, apostando que

esses serão os multiplicadores do trabalho.

Ao ser proposto investigar se havia benefícios da aprendizagem geométrica que

perpassam pela abordagem dos Poliedros Platônicos construídos a partir do Origami e quais

seriam, alguns puderam ser destacados, como:

1- Utilizar o papel como um material manipulável;

2- Perceber o Origami como um suporte para a elaboração de conceitos;

3- Permitir a definição de figuras e a determinação de suas propriedades;

4- Proporcionar atividades investigativas que possibilitem novas descobertas;

5- Contribuir com o desenvolvimento da percepção geométrica plana e espacial;

6- Permitir a demonstração de teoremas;

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105

7- Promover a interpretação da linguagem simbólica;

8- Estimular a capacidade de se comunicar matematicamente e contribuir com a

expansão do vocabulário matemático;

9- Tornar acessível a relação da Matemática com outras disciplinas;

10- Interagir entre os pares com atividades colaborativas.

Esses são alguns dos benefícios que essa pesquisa conseguiu identificar na aplicação

das atividades. Mas não se pode deixar de considerar que o Origami já carrega consigo uma

vasta bagagem artística, e como tal, tem seus benefícios característicos por ser lúdico e concreto

que estimula a criatividade, a coordenação motora, o senso crítico e estético, dentre outros.

Por fim, ressalta-se que esta pesquisa contribuiu muito para o crescimento pessoal e

profissional da pesquisadora, pois trouxe novos conhecimentos que serão utilizados para

contribuir com a melhora de sua prática docente.

Espera-se, ainda, poder motivar outras pesquisas e colaborar com trabalhos que visem

a utilizar o Origami como um recurso metodológico nas aulas de Matemática ou áreas afins. E

como dizem os colegas origamistas: “mãos à dobra!”

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106

REFERÊNCIAS

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Page 111: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

109

APÊNDICES

Apêndice A – Questionário aplicado a professores e estudantes

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática

Mestranda: Anita Lima Pimenta

Oficina de Origami

“(...) Há uma grande diferença entre

compreender alguma coisa através da

mente e conhecer a mesma coisa através do

tato.”

Tomoko Fuse, origamista japonesa.

Questionário

01- Qual sua atual relação com o Ensino?

( ) Leciona ou lecionou para o Ensino Fundamental I.

( ) Leciona ou lecionou para o Ensino Fundamental II.

( ) Leciona para o Ensino Médio.

( ) Nunca lecionou.

02- Em sua opinião, qual a importância de se ensinar Geometria na escola básica?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

03- Você considera relevante a abordagem dos Poliedros Platônicos nas aulas de

Geometria? Por quê?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

04- Você já conhecia o Origami antes de participar desta oficina? Em caso afirmativo,

relate alguma experiência com esta técnica.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

Page 112: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

110

05- No primeiro momento da oficina foram apresentados os Axiomas do Origami. Você

considera importante conhecer tais axiomas? Essa abordagem contribuiu de alguma

forma com seu aprendizado? Por quê?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

06- Uma das consequências dos Axiomas do Origami, que realizamos em nossa oficina,

foi a demonstração do Teorema de Pitágoras. Qual sua opinião em relação a esta

atividade? Você considera possível reproduzi-la no ensino básico?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

07- Você imaginava estabelecer relações matemáticas com dobras de papel? Em sua

opinião isso pode contribuir com o ensino e a aprendizagem da Geometria?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

08- O segundo momento da oficina foi reservado para a construção dos Poliedros

Platônicos com Origami. Como você classifica o grau de dificuldade na execução

dessa tarefa:

( ) Fácil ( ) Médio ( ) Difícil

09- Você considera importante que os alunos construam seus próprios Sólidos? Em caso

afirmativo justifique sua resposta.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

10- Caso exista um material de apoio que lhe dê uma orientação do passo-a-passo, você

utilizaria essa técnica para construir os Sólidos em suas aulas de Geometria? Justifique

em caso afirmativo.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

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111

11- Qual sua opinião crítica sobre a oficina ofertada?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

12- Depois de participar desta oficina você considera possível ensinar Matemática através

do Origami? Justifique em caso afirmativo.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

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Apêndice B - Produto

Elaboração: Anita Lima Pimenta

Orientação: Eliane Scheid Gazire

2017

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115

Este paradidático é o resultado aplicado da dissertação de Mestrado “Construindo

Poliedros Platônicos com Origami: uma perspectiva axiomática”. A escolha de esse ser um

livro paradidático se deu, pois esse tipo de material não se limita ao conteúdo de um único

tema e nem a um único ciclo de ensino.

Ele traz assuntos relacionados à Geometria de uma forma lúdica e concreta, a fim de

levar o leitor a se envolver com a confecção de figuras que ele mesmo produz seguindo uma

orientação do passo-a-passo. Assim, o leitor se torna um participante ativo na construção do

seu conhecimento que, nesta proposta, surge através de suas próprias mãos.

Seu objetivo principal é auxiliar o professor, oferecendo a ele um apoio para

complementar suas aulas de Geometria através do uso de material manipulável. As propostas

didáticas aqui apresentadas sugerem o uso do Origami na construção de figuras geométricas

planas e espaciais.

O livro está organizado em cinco unidades:

Unidade I: Axiomas do Origami;

Unidade II: Triângulos e Esquadros;

Unidade III: Quadriláteros;

Unidade IV: Tangram;

Unidade V: Poliedros.

Cada unidade é estruturada a partir de um texto informativo seguido de um convite à

confecção de uma figura geométrica através da dobradura de papel. As instruções do Origami

estão organizadas em uma tabela composta por duas colunas: a da esquerda apresenta as

orientações por escrito e a da direita mostra o desenho dos diagramas.

Após essa abordagem, são apresentadas algumas atividades relacionadas ao tema

proposto a fim de garantir e verificar a aprendizagem dos conteúdos apresentados.

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116

ESTRUTURA PADRONIZADA DAS UNIDADES

Título do texto informativo

Convite à dobradura

Apresentação das atividades

Agora que você conhece o material, bons estudos e mãos à dobra!

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UNIDADE I ............................................................................................................... 119

AXIOMAS DO ORIGAMI .............................................................................................. 119

UNIDADE II ............................................................................................................... 127

TRIÂNGULOS E ESQUADROS ....................................................................................... 127

UNIDADE III ............................................................................................................... 142

QUADRILÁTEROS ....................................................................................................... 142

UNIDADE IV ............................................................................................................... 153

TANGRAM ............................................................................................................. 153

UNIDADE V ............................................................................................................... 162

POLIEDROS ............................................................................................................ 162

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 180

SUGESTÕES DE LEITURA ............................................................................................ 180

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118

SÍMBOLO

SIGNIFICADO

Linha vale (dobra para frente)

Linha montanha (dobra para trás)

Dobrar para frente

Dobrar para trás

Dobrar e abrir novamente (vincar)

Encaixar

Dividir em partes iguais

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119

UNIDADE I AXIOMAS DO ORIGAMI

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120

De origem japonesa, a palavra Origami significa dobrar papel. Prieto (2002) explica que

Ori: dobrar – deriva do desenho de uma mão – e Kami: papel – provêm da representação de

uma seda. Essa arte foi estabelecida por todo o mundo. No Brasil, é conhecida com dobradura,

na língua espanhola como papiroflexia, no inglês como paperfolding.

Acredita-se que essa arte seja tão antiga quanto à origem do próprio papel. O Origami

pode ser simples ou modular, sendo o primeiro feito a partir de dobras em uma única folha

de papel, e o segundo consiste no encaixe de diversas peças geometricamente iguais sem o

uso de tesouras ou colas.

Atualmente, está cada vez mais comum o uso de folhas retangulares para a construção

de modelos poliédricos. O retângulo, cuja razão do lado maior para o menor é 1 √2⁄ , é muito

utilizado neste tipo de construção, uma vez que ele permite ampliações dos modelos com

muita facilidade. Um exemplo bem popular desse retângulo é a folha A4, que, além de ideal,

se torna acessível por ser facilmente encontrada no mercado e possuir baixo custo.

As construções geométricas tradicionais feitas por dobraduras também são regidas por

um conjunto de axiomas que permite provar a existência de cada dobra possível de ser

realizada. Rafael (2011) destaca o matemático ítalo-japonês Humiaki Huzita, da universidade

de Pádua na Itália – nasceu no Japão mas viveu muitos anos na Itália – que, na década de 70,

criou as seis operações que ficaram conhecidas como axiomas de Huzita. Em 2001, Koshiro

Hatori mostrou uma dobragem diferente dos axiomas existentes, surgindo, então, o sétimo

axioma. Os créditos deste último axioma também podem ser atribuídos ao francês Jacques

Justin, que o apresentou em uma publicação no ano de 1989. Isso nos leva a refletir que

pesquisas independentes expressaram as mesmas leis universais na linguagem matemática.

Vejamos, na prática, como reproduzir os “Axiomas do Origami”.

Page 123: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

121

AXIOMAS DO ORIGAMI

Orientações Diagramas

01- Dados dois pontos distintos P1 e P2, há uma

única dobra que passa por eles.

02- Dados dois pontos distintos P1 e P2, há uma

única dobra que os torna coincidentes.

03- Dadas duas retas, r1 e r2, há uma única dobra

que as torna coincidentes.

04- Dados um ponto P e uma reta r, há uma única

dobra perpendicular à r que passa por P.

05- Dados dois pontos, P1 e P2, e uma reta r, se a

distância de P1 a P2 for igual ou superior à

distância de P2 a r, há uma única dobra que faz

incidir P1 em r e que passa por P2.

06- Dados dois pontos P1 e P2, e duas retas r1 e r2,

se as retas não forem paralelas e se a distância

entre as retas não for superior à distância entre

os pontos, há uma única dobra que faz incidir

P1 em r1 e P2em r2.

07- Dado um ponto P e duas retas r1 e r2, se as retas

não forem paralelas, há uma única dobra que

faz incidir P em r1 e é perpendicular a r2.

Page 124: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

122

DIVISÃO DE UMA FOLHA QUADRADA EM TRÊS PARTES IGUAIS

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha quadrada e obtenha

sua diagonal.

02- Sobreponha os dois vértices superiores e

faça uma pequena marca obtendo o

ponto médio deste lado do quadrado.

03- Posicione uma régua entre o ponto

médio e o vértice inferior direito.

Marque a interseção da régua com a

diagonal.

04- Dobre o lado esquerdo do quadrado

sobre o ponto de interseção que

representa 1

3 da folha quadrada.

05- Dobre o lado direito sobre o último

vinco obtido.

06- Pronto! A folha quadrada está dividida

em três partes iguais.

Page 125: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

123

DEMONSTRAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS

Orientações Diagramas

01- Divida uma folha quadrada como

mostramos anteriormente.

02- Leve o lado inferior do quadrado até o

ponto de interseção.

03- Repita o procedimento com o lado

superior do quadrado.

04- Dobre os segmentos que fazem a união

dos pontos como indicado na figura ao

lado e obtenha triângulos.

05- Observe que os triângulos obtidos são

congruentes. Dobre para trás os dois

triângulos da parte superior do

quadrado.

06- Note, nesta figura, 3 quadrados formados

a partir dos lados dos triângulos (a, b e c):

Um quadrado formado pelo cateto a;

Um quadrado formado pelo cateto b;

Um quadrado formado pela hipotenusa c.

Page 126: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

124

07- Colora o quadrado de lado b.

08- Colora com cor distinta o quadrado de

lado a

09- Com o auxílio de uma tesoura,

destaque os dois triângulos inferiores.

10- Agora, coloque os triângulos

recortados sobre a parte branca do

quadrado de lado c, sem sobreposição

de cores.

11- Observe que a soma dos quadrados dos

catetos (a e b) é igual ao quadrado da

hipotenusa (c).

Page 127: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

125

01- Você acaba de constatar a consequência do quarto axioma do Origami na divisão de

uma folha quadrada em três partes iguais. Refaça o passo-a-passo e mostre onde

esse axioma é encontrado. Apresente sua solução em forma de desenho:

Page 128: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

126

02- Relacione algum axioma do Origami que, para você, mais se assemelham aos

Postulados de Euclides:

Page 129: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

127

UNIDADE II TRIÂNGULOS E ESQUADROS

Page 130: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

128

As civilizações antigas já faziam o uso de algumas noções geométricas, por assim dizer,

em suas atividades diárias, como agricultura, construções e movimento dos astros. Por

necessidade e sobrevivência, os indivíduos que habitavam os arredores do Nilo se viam em

grande conflito quando o rio transbordava e alagava os campos danificando as demarcações

dos limites das propriedades. Para remarcar esses limites, os agrimensores utilizavam cordas

esticadas formando triângulos retângulos que os auxiliavam nos cálculos de extensão dos

terrenos.

O triângulo é considerado uma das figuras mais importantes no estudo da Geometria.

Ele é o menor polígono que pode ser formado, sendo composto por três lados e três ângulos

que são responsáveis por sua classificação. A ele são atribuídas várias relações métricas e a

mais importante delas é o famoso Teorema de Pitágoras. Este revela que:

As principais propriedades de um triângulo são:

A medida de um lado deve ser sempre menor que a soma das medidas dos outros dois

lados;

A soma das medidas dos ângulos internos é igual a 180°.

A medida de um ângulo externo de um triângulo é a soma dos dois internos opostos

a ele.

Agora, para você compreender melhor como classificar e conferir a aplicabilidade das

propriedades dessa figura geométrica que acabamos de apresentar, vamos confeccioná-las

com o Origami.

Em todo triângulo retângulo, o quadrado da medida da

hipotenusa é igual à soma dos quadrados das medidas dos

catetos.

Page 131: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

129

CONSTRUÇÃO DO TRIÂNGULO ISÓSCELES

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha quadrada e obtenha sua

diagonal.

02- Leve dois lados deste quadrado sobre a

diagonal obtida.

03- Dobre para cima o vértice inferior.

04- Marque bem o vinco a fim de obter os

vértices da base do triângulo (vire).

05- Está pronto seu Triângulo Isósceles

(triângulo que possui dois lados e dois

ângulos congruentes).

Classificando este Triângulo quanto aos ângulos, damos a ele o nome de Acutângulo, pois

ele possui três ângulos agudos.

Page 132: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

130

CONSTRUÇÃO DO TRIÂNGULO ESCALENO

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha quadrada e obtenha sua

diagonal.

02- Leve dois lados deste quadrado sobre a

diagonal obtida.

03- Dobre sobre a diagonal.

04- Está pronto seu Triângulo Escaleno

(triângulo que possui os três lados e

ângulos com medidas distintas).

Classificando este Triângulo quanto aos ângulos, damos a ele o nome de Obtusângulo,

pois ele possui um ângulo obtuso.

Page 133: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

131

CONSTRUÇÃO DO TRIÂNGULO EQUILÁTERO

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha retangular e dobre-a ao

meio no sentido horizontal.

02- Leve o vértice superior esquerdo até a

marca central de modo que se obtenha

um novo vértice inferior esquerdo.

03- Sobreponha o lado superior ao lado

esquerdo da figura.

04- Dobre para trás a ponta excedente e em

seguida a introduza dentro do módulo

(vire).

05- Está pronto seu Triângulo Equilátero

(triângulo que possui os três lados e

ângulos congruentes).

Classificando este Triângulo quanto aos ângulos, damos a ele o nome de Acutângulo, pois

ele possui três ângulos agudos.

Page 134: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

132

CONSTRUÇÃO DO TRIÂNGULO RETÂNGULO

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha quadrada e obtenha sua

diagonal.

02- Está pronto seu Triângulo Retângulo

(triângulo que possui um ângulo de 90°)

Classificando este Triângulo quanto aos lados, damos a ele o nome de Isósceles, pois ele

possui dois lados congruentes.

Page 135: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

133

O par de esquadros é composto por duas peças geralmente triangulares: um triângulo

retângulo escaleno e um triângulo retângulo isósceles.

Este é um instrumento muito utilizado nas aulas de Geometria e Desenho Geométrico.

Os esquadros possuem muitas utilidades, dentre as quais se destacam o traçado de linhas

perpendiculares / paralelas e a demarcação de ângulos.

Contudo, esta ferramenta didática preferencialmente graduada, pode auxiliar o

traçado de cevianas em um triângulo. Observe:

Cevianas são os segmentos que unem um vértice de um triângulo ao seu lado oposto

ou ao seu prolongamento. Todavia, existem três tipos de cevianas especiais chamadas de

segmentos notáveis de um triângulo, que recebem os nomes de altura, bissetriz e mediana.

Page 136: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

134

Que tal aprender a fazer o par de esquadros com Origami?

CONSTRUINDO ESQUADRO ESCALENO

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha retangular A4 e

dobre-a ao meio no sentido horizontal.

02- Leve o vértice superior esquerdo até a

marca central de modo que se obtenha

um novo vértice inferior esquerdo.

03- Sobreponha o lado superior ao lado

esquerdo da figura e em seguida

introduza-o sob a “aba” obtida.

04- Dobre para trás a ponta excedente e

em seguida a introduza dentro do

módulo (gire 90°).

05- Encaixe a “aba” do lado direito no

“bolso” do lado esquerdo da figura.

06- Está pronto seu Esquadro de 30º e

60º.

07- Com o auxílio de uma régua faça as

devidas marcações de medida.

Page 137: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

135

CONSTRUINDO ESQUADRO ISÓSCELES

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha retangular A4 e dobre-

a ao meio no sentido horizontal.

02- Agora dobre-a ao meio no sentido

vertical.

03- Leve os vértices superior direito e

inferior esquerdo até o centro da figura.

04- Leve também ao centro os outros dois

vértices.

05- Encaixe as “abas”, como indica a figura

ao lado.

06- Está pronto seu Esquadro de 45º.

07- Com o auxílio de uma régua, faça as

devidas marcações de medida.

Page 138: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

136

01- Utilize os triângulos que confeccionou através do Origami e preencha a cruzadinha

abaixo:

1. Triângulo que possui um ângulo de 90°.

2. O ângulo principal do triângulo retângulo.

3. O triângulo equilátero têm ângulos...

4. Que triângulo possui os três lados congruentes?

5. Qual o menor polígono possível de ser formado?

6. Qual o nome dos ângulos do triângulo acutângulo?

7. Qual Triângulo possui um ângulo obtuso?

8. Triângulo que possui três lados diferentes.

9. Triângulo com dois lados congruentes.

02- Analise as duas afirmativas abaixo, assinale a correta e justifique:

a) Todo triângulo isósceles também é equilátero.

b) Todo triângulo equilátero também é isósceles.

Page 139: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

137

03- Utilize sua criatividade e as dobraduras que aprendeu para demonstrar as

propriedades dos ângulos internos e do ângulo externo de um triângulo. Desenhe,

colora ou faça uma colagem com sua solução:

Page 140: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

138

04- Analise as figuras e escreva o significado de cada ceviana traçada:

Page 141: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

139

05- Dobre um triângulo equilátero como mostrado anteriormente e com a ajuda do

esquadro que você confeccionou vinque as três alturas relativas a cada lado desse

triângulo. Escreva abaixo suas conclusões a respeito das cevianas marcadas.

06- Repita o procedimento da questão anterior, porém, agora, utilize o triângulo

isósceles. O que você pode concluir?

Page 142: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

140

07- Utilize seu par de esquadros e diga quanto mede os ângulos �̂� ,�̂�, �̂� 𝑒 �̂�:

08- Veja como fazer um paralelogramo utilizando o par de esquadros que você acabou

de produzir.

1. Com o auxílio do esquadro isósceles, trace uma reta e marque um segmento

AB.

2. Marque dois segmentos de mesma medida e mesma inclinação sobre os

pontos A e B.

Page 143: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

141

3. Ligue os pontos C e D e estará pronto seu paralelogramo.

4. Informe as medidas de cada ângulo interno dessa figura.

09- Utilize a técnica que você aprendeu, na atividade anterior, e faça um quadrado com

os lados medindo 5 cm.

Page 144: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

142

UNIDADE III QUADRILÁTEROS

Page 145: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

143

Quadriláteros são polígonos formados por quatro lados. Alguns deles são especiais e

com características importantes, é o caso dos paralelogramos e os trapézios que pertencem

ao grupo dos quadriláteros convexos. Essas figuras planas possuem, respectivamente, dois

pares e um par de lados paralelos.

Os trapézios podem ser classificados como isósceles, quando possuem dois lados não

paralelos congruentes; escaleno, quando possui os lados com medidas diferentes e retângulo,

quando possuem dois ângulos retos. Já nos paralelogramos, podemos destacar os retângulos,

os losangos e os quadrados.

Todo quadrilátero possui duas diagonais. Essas, por sua vez, são segmentos que unem

dois vértices não consecutivos. Observe suas propriedades no quadro abaixo:

Depois de conhecer um pouco sobre os quadriláteros, é hora de realizar, na prática,

dobras que resultarão em cada uma das figuras aqui apresentadas.

Page 146: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

144

CONSTRUÇÃO DO PARALELOGRAMO

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha quadrada e obtenha sua

diagonal.

02- Dobre os lados superior e inferior rente à

diagonal.

03- Vinque bem as laterais de modo que

“abas” não se sobreponham no centro da

figura (vire).

04- Está pronto seu Paralelogramo

(quadrilátero que possui lados e ângulos

opostos congruentes e paralelos).

Page 147: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

145

CONSTRUÇÃO DO RETÂNGULO

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha quadrada e dobre-a ao

meio no sentido vertical.

02- Está pronto seu Retângulo

(paralelogramo que possui ângulos

internos iguais a 90°)

Page 148: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

146

CONSTRUÇÃO DO LOSANGO

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha quadrada e obtenha sua

diagonal.

02- Leve dois lados deste quadrado sobre a

diagonal obtida.

03- Leve um vértice ao outro como indica a

figura.

04- Retorne a dobra, trazendo consigo as

aberturas nas laterais como indica a

figura ao lado.

05- Reforce bem os vincos (vire).

06- Está pronto o seu Losango

(paralelogramo que possui lados

congruentes e ângulos opostos com a

mesma medida).

Page 149: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

147

CONSTRUÇÃO DO QUADRADO

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha retangular e dobre o

vértice superior esquerdo rente ao lado

inferior da folha retangular.

02- Recorte o excesso como indica a figura

ao lado.

03- Está pronto seu Quadrado

(paralelogramo que possui lados

congruentes e ângulos internos iguais a

90°)

Page 150: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

148

CONSTRUÇÃO DO TRAPÉZIO

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha quadrada e dobre-a ao

meio no sentido horizontal.

02- Dobre ao meio novamente no sentido

horizontal.

03- Dobre os vértices superiores até o vinco

formado, obtendo as trissetrizes dos

respectivos ângulos inferiores.

04- Está pronto seu Trapézio (quadrilátero

que possui apenas dois lados paralelos)

Page 151: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

149

01- Utilize os quadriláteros que confeccionou através do Origami e preencha a

cruzadinha abaixo:

1. Polígono formado por quatro lados.

2. Aberturas formadas pelos lados dos quadriláteros.

3. Paralelogramo de lados paralelos congruentes e ângulos retos.

4. Paralelogramo de quatro lados e quatro ângulos congruentes.

5. Pontos de interseção de lados consecutivos de um quadrilátero.

6. Quadrilátero que tem apenas um par de lados paralelos.

7. Quadrilátero que tem os lados opostos paralelos.

8. Trapézio de quatro lados com medidas diferentes.

9. Trapézio que tem dois ângulos retos.

10. Trapézio que tem os dois lados não paralelos congruentes.

11. Distância medida na perpendicular entre as bases do trapézio.

12. Paralelogramo de quatro lados congruentes e ângulos opostos congruentes, sendo

dois agudos e dois obtusos.

Page 152: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

150

02- Classifique as afirmações em verdadeiras ou falsas.

( ) Todo trapézio também é paralelogramo.

( ) Todo quadrado também é losango.

( ) Todo losango também é quadrado.

( ) Nem todo retângulo é quadrado.

( ) Existem losangos que também são retângulos.

( ) Todo retângulo também é quadrado.

( ) Nem todo retângulo é paralelogramo.

( ) Existem paralelogramos que também são trapézios.

Page 153: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

151

03- Recorra às orientações das dobraduras e descubra as medidas dos ângulos internos

do paralelogramo, do losango e do trapézio que você confeccionou. Registre, nos

quadros abaixo, os procedimentos que o levou a esta conclusão:

Page 154: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

152

04- Utilize os quadriláteros que produziu para identificar os eixos de simetria de cada um

deles. Marque os eixos sobre as figuras abaixo e sinalize com um X quando os

mesmos se coincidirem com a diagonal.

Page 155: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

153

UNIDADE IV TANGRAM

Page 156: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

154

Existem várias lendas sobre a história do Tangram, e, em uma delas, conta-se que um

imperador chinês, cansado de tanto tédio, chamou um de seus servos e ordenou que este

saísse por seu império e desenhasse em uma cerâmica quadrada toda a beleza que ele

encontrasse em seu caminho.

Então, lá se foi o servo em sua importante missão. Porém, antes mesmo que ele

deixasse o palácio, por um pequeno e fatal descuido, a cerâmica caiu de suas mãos e se dividiu

em sete pedaços. O desespero tomou conta daquele pobre homem que, temendo ser

castigado pelo imperador, tentou, imediatamente, reunir as peças e formar novamente o

quadrado.

Para sua surpresa a cada tentativa de montar o quadrado o servo percebia que se

formava ali uma figura diferente. Ele tentou várias vezes e ficou maravilhado com tantas

imagens que conseguira retratar.

Percebeu, então, que sua missão não estava perdida. E foi de encontro ao temido

imperador mostrar-lhe sua grande descoberta. Ao se aproximar, o imperador estranhou

tamanha agilidade do servo, porém, percebeu que em suas mão haviam apenas pedaços da

cerâmica que lhe fora entregue.

Os soldados foram chamados, mas antes que fosse ordenada qualquer sentença, o

humilde servo mostrou ao imperador que ele não precisava percorrer toda a china para

retratar-lhe as belezas daquele lugar; bastava que aquelas sete peças fossem unidas com

criatividade e as mais belas figuras se formariam. O imperador ficou encantado com tamanha

descoberta e deu o nome de Tangram àquele mágico quebra-cabeças.

E foi assim que o Tangram, um quebra-cabeças diferente do convencional, ficou

conhecido por todo o mundo. Ele é composto por 7 peças geométricas: 2 Triângulos Grandes,

1 Triângulo Médio, 2 Triângulos Pequenos, 1 Quadrado e 1 Paralelogramo. E a única regra do

jogo é que as peças sejam unidas sem que haja sobreposição das mesmas.

Este jogo se tornou um grande aliado da Matemática, pois permite o estudo da

Geometria de uma forma bem divertida. Com ele, é possível reconhecer, compor e decompor

figuras; explorar o cálculo de áreas e perímetros; incentivar o estudo dos ângulos; demonstrar

o Teorema de Pitágoras; dentre outros.

Agora que você já conhece a história e a utilidade do Tangram, vamos confeccionar

este jogo dobrando uma simples folha de papel. É hora de aprender se divertindo!

Page 157: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

155

CONSTRUÇÃO DO TANGRAM

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha quadrada e obtenha

sua diagonal.

02- Sobreponha os vértices superior

esquerdo e inferior direito e marque o

vinco até o limite da diagonal obtida.

03- Encontre o vértice inferior esquerdo

com o centro do quadrado e obtenha a

dobra.

04- Sobreponha, novamente, os vértices

superior esquerdo e inferior direito e

marque o vinco até o limite da última

dobra obtida.

05- Leve o vértice inferior direito até o

centro da figura e marque o vinco entre

as duas dobras existentes.

Page 158: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

156

06- Encontre o lado esquerdo do quadrado

com seu centro e faça um vinco entre as

dobras existentes.

07- Está pronto seu Tangram (quebra-

cabeças chinês composto por sete peças

geométricas).

08- Utilize diversas folhas coloridas, recorte

as sete peças e troque entre si para obter

um quebra cabeça bem divertido.

EXISTE UMA SÉRIE DE FIGURAS POSSÍVEIS DE SEREM FORMADAS COM O TANGRAM, VEJA

ALGUMAS IDEIAS:

http://espacotangram.com.br/nome-tangram/

Page 159: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

157

01- Monte um quadrado utilizando apenas as cinco menores peças do jogo e desenhe as

soluções:

02- Mantenha o quadrado acima montado e, agora, utilizando os 2 triângulos maiores,

obtenha:

Page 160: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

158

03- Antes de utilizar seu quebra-cabeças geométrico para formar diversas figuras,

marque os ângulos internos de cada uma das 7 peças que o compõem.

04- Este hexágono foi construído com as sete peças do Tangram. Informe as medidas dos

ângulos internos deste polígono:

Page 161: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

159

05- Utilize o jogo que você acabou de confeccionar para preencher a tabela abaixo,

indicando os triângulos e quadriláteros possíveis de serem formados com as peças do

Tangram e desenhe as soluções:

N° de

peças do

Tangram

Triângulos

Quadrados

Retângulos

Paralelogramos

Trapézios

2

3

4

5

6

7

Page 162: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

160

06- (ENEM – 2008) O Tangram é um jogo oriental antigo, uma espécie de quebra-cabeça,

constituído de sete peças: 5 triângulos retângulos e isósceles, 1 paralelogramo e 1

quadrado. Essas peças são obtidas recortando-se um quadrado de acordo com o

esquema da figura 1. Utilizando-se todas as sete peças, é possível representar uma

grande diversidade de formas, como as exemplificadas nas figuras 2 e 3.

Page 163: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

161

Se o lado AB do hexágono mostrado na figura 2 mede 2 cm, então, a área da figura 3, que

representa uma “casinha”, é igual a:

a) 4 m2

b) 8 m2

c) 12 m2

d) 14 m2

e) 16 m2

07- Agora que você já explorou bastante seu Tangram, utilize-o para demonstrar o famoso

Teorema de Pitágoras.

Page 164: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

162

UNIDADE V POLIEDROS

Page 165: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

163

Os Poliedros Regulares são conhecidos desde a antiguidade. O livro XIII de Os

Elementos de Euclides é inteiramente dedicado a esses sólidos especiais. Na última proposição

deste livro fica comprovada a existência de apenas cinco Sólidos Regulares.

Mas, de acordo com Dante (2005), foi Platão, um filósofo grego, que deu ênfase e um

destaque místico a estes sólidos. Em sua obra Timaeus, ele explana seus pensamentos sobre

os sólidos em um possível encontro com o pitagórico Timeu de Locri. Neste diálogo, ele expôs

suas ideias sobre os Poliedros Regulares, que ficaram conhecidos como Poliedros Platônicos.

Dante (2005) conta que:

Neste trabalho de Platão, Timeu misticamente associa o tetraedro, o octaedro, o icosaedro e o cubo aos quatro “elementos” primordiais de todos os corpos materiais: fogo, ar, água e terra. Ele associou o quinto poliedro, o dodecaedro, ao Universo que nos cerca. E então? Você acha justo chamar esses poliedros de poliedros de Platão? (DANTE, 2005, p.98).

Assim, devido à associação dos poliedros aos elementos da natureza e ao Universo,

eles ficaram conhecidos também como “figuras cósmicas”. O matemático Johannes Kepler

explicou essa associação feita por Platão. Em uma relação de volume entre o tetraedro e o

icosaedro verificou-se que o primeiro possui um volume menor que o segundo. De acordo

com essa correspondência, se tem a ideia de seco e úmido, ligando, respectivamente, os

sólidos aos elementos fogo e água. O hexaedro e o octaedro foram tidos como mais e menos

instável, logo, se associando o hexaedro à terra, por sua estabilidade e o octaedro ao ar. O

dodecaedro foi associado ao Universo por suas doze estações zodiacais.

Depois desse pequeno resgate histórico sobre os Poliedros Platônicos, vamos aprender

a confeccioná-los através da arte de dobrar papel, o Origami.

Page 166: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

164

CONSTRUÇÃO DO TETRAEDRO

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha retangular.

02- Dobre a folha ao meio.

03- Dobre o lado esquerdo da folha até o

vinco central obtendo1

4 da folha.

04- Leve o vértice superior direito à

marca de 1

4 obtida, tendo como limite

o ponto médio superior.

05- Sobreponha o vértice superior

esquerdo na dobra obtida.

06- Marque bem o vinco e abra a folha

novamente.

07- Leve o vértice inferior direito à

marca de 1

4 obtida, tendo como limite

o ponto médio inferior.

Page 167: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

165

08- Sobreponha o vértice inferior

esquerdo na dobra obtida.

09- Marque bem o vinco e abra a folha

novamente.

10- Dobre os vértices superior direito e

inferior esquerdo rente ao primeiro

vinco.

11- Dobre os segmentos obtidos sobre o

segundo vinco.

12- Leve os seguimentos de encontro ao

centro.

13- Dobre as pontas de excesso para trás

e as introduza para dentro do

módulo.

14- Dobre a peça ao meio sobre seu

vinco central. Sobrepondo dois dos

quatro triângulos obtidos.

Page 168: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

166

15- Observe os quatro triângulos

equiláteros e sobreponha os dois das

pontas sobre os dois centrais.

16- Para obter o outro módulo simétrico,

pegue outra folha e repita o

procedimento a partir do 10° passo,

porém com os vértices opostos.

17- Introduza os módulos como indicado.

18- Encaixe a segunda ponta sem que a

primeira se solte.

19- Realize os encaixes das duas pontas

restantes formando uma figura

tridimensional.

20- Está pronto seu Tetraedro (poliedro

regular com quatro faces

triangulares).

Page 169: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

167

CONSTRUÇÃO DO HEXAEDRO

Orientações Diagramas

01- Partindo de uma folha retangular, dobre o

vértice superior esquerdo rente ao lado

inferior da folha retangular.

02- Recorte o excesso obtendo, assim, um

quadrado.

03- Divida a folha em três partes iguais (como

mostrado anteriormente). Dobre uma das

partes para frente e outra para trás, obtendo

um efeito sanfona.

04- Dobre os vértices superior direito e inferior

esquerdo sobre os respectivos lados

opostos.

05- Dobre as pontas sobre o quadrado central

obtido.

Page 170: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

168

06- O módulo finalizado possui duas pontas e,

nas laterais do quadrado central, dois

“bolsos” que servirão de encaixes para a

montagem do sólido. Produza seis

módulos.

07- Pegue três módulos e encaixe como mostra

a figura.

08- Introduza outros dois no módulo central.

09- Encaixe as pontas laterais de modo a

iniciar a formação de um sólido.

10- Agora, introduza a última peça como se

estivesse colocando a tampa em uma

caixa.

11- Está pronto seu Hexaedro (poliedro

regular com seis faces quadradas).

Page 171: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

169

CONSTRUÇÃO DO OCTAEDRO

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha retangular.

02- Dobre a folha ao meio.

03- Dobre o lado esquerdo da folha até o vinco

central obtendo1

4 da folha.

04- Leve o vértice superior direito à marca de

1

4 obtida, tendo, como limite, o ponto

médio superior.

05- Sobreponha o vértice superior esquerdo na

dobra obtida.

06- Marque bem o vinco e abra a folha

novamente.

Page 172: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

170

07- Leve o vértice inferior direito à marca de 1

4

obtida, tendo como limite o ponto médio

inferior.

08- Sobreponha o vértice inferior esquerdo na

dobra obtida.

09- Marque bem o vinco e abra a folha

novamente.

10- Dobre os vértices superior direito e inferior

esquerdo rente ao primeiro vinco.

11- Dobre os segmentos obtidos sobre o

segundo vinco.

12- Leve os segmentos de encontro ao centro.

13- Dobre as pontas de excesso para trás e as

introduza para dentro do módulo.

14- Dobre a peça ao meio sobre seu vinco

central, sobrepondo dois dos quatro

triângulos obtidos.

Page 173: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

171

15- Observe os quatro triângulos equiláteros e

sobreponha os dois das pontas sobre os

dois centrais. (confeccione dois módulos)

16- Para obter os módulos simétricos, pegue

outra folha e repita o procedimento a partir

do 10° passo, porém com os vértices

opostos. (confeccione dois módulos)

17- Introduza os módulos como indicado na

figura ao lado. Inicie pelos idênticos.

18- Encaixe as pontas, de modo a obter

vértices com quatro arestas.

19- Realize os encaixes das duas pontas

restantes formando uma figura

tridimensional.

20- Está pronto seu Octaedro (poliedro regular

com oito faces triangulares)

Page 174: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

172

CONSTRUÇÃO DO DODECAEDRO

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha retangular e dobre-a ao

meio na vertical.

02- Dobre ao meio na horizontal.

03- Leve ao centro os vértices superior direito

e inferior esquerdo.

04- Leve os vértices superior esquerdo e

inferior direito até o centro.

05- Dobre sobre o vinco central, obtendo dois

pentágonos irregulares idênticos. Utilize

apenas um deles no próximo passo.

06- Leve os lados superiores do pentágono, um

a um, sobre sua base.

07- Posicione uma régua entre as marcas

obtidas nas laterais superiores do

pentágono. Marque o ponto de interseção.

Page 175: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

173

08- Leve os vértices superior aos da base, um a

um, sobre o ponto de interseção, obtendo

um pentágono regular.

09- Encaixe os dois pentágonos irregulares no

meio do módulo para que ele fique mais

firme. O módulo finalizado possui dois

“bolsos” nas laterais superiores do

pentágono que servirão de encaixe para a

montagem do sólido. Produza doze

módulos.

10- Inicie com três módulos e encaixe-os,

como mostra a figura.

11- A partir daí encaixe os outros módulos um

a um.

12- Encaixe o último módulo, finalizando o

sólido.

13- Está pronto seu Dodecaedro (poliedro

regular com doze faces pentagonais).

Page 176: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

174

CONSTRUÇÃO DO ICOSAEDRO

Orientações Diagramas

01- Utilize uma folha retangular.

02- Dobre a folha ao meio.

03- Dobre o lado esquerdo da folha até o vinco

central, obtendo1

4 da folha.

04- Leve o vértice superior direito à marca de

1

4 obtida, tendo, como limite, o ponto

médio superior.

05- Sobreponha o vértice superior esquerdo na

dobra obtida.

06- Marque bem o vinco e abra a folha

novamente.

Page 177: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

175

07- Leve o vértice inferior direito à marca de 1

4

obtida, tendo como limite o ponto médio

inferior.

08- Sobreponha o vértice inferior esquerdo na

dobra obtida.

09- Marque bem o vinco e abra a folha

novamente.

10- Dobre os vértices superior direito e inferior

esquerdo rente ao primeiro vinco.

11- Dobre os segmentos obtidos sobre o

segundo vinco.

12- Leve os seguimentos de encontro ao

centro.

13- Dobre as pontas de excesso para trás e as

introduza para dentro do módulo.

14- Dobre a peça ao meio sobre seu vinco

central. Sobrepondo dois dos quatro

triângulos obtidos.

Page 178: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

176

15- Observe os quatro triângulos equiláteros e

sobreponha os dois das pontas sobre os

dois centrais. (confeccione cinco módulos)

16- Para obter os módulos simétricos, pegue

outra folha e repita o procedimento a partir

do 10° passo, porém com os vértices

opostos. (confeccione cinco módulos)

17- Introduza os módulos como indicado na

figura ao lado. Inicie os encaixes pelos

módulos simétricos.

18- Encaixe as pontas de modo a obter vértices

com cinco arestas.

19- Realize os encaixes das pontas restantes

formando uma figura tridimensional.

20- Está pronto seu Icosaedro (poliedro regular

com vinte faces triangulares)

Page 179: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

177

01- Utilize os sólidos que acabou de confeccionar para preencher a tabela abaixo.

Considere F como face, V como vértice e A como aresta.

Denominação do

Poliedro

Tipo de Face

F

V

A

TETRAEDRO

HEXAEDRO

OCTAEDRO

DODECAEDRO

ICOSAEDRO

02- Faça os cálculos e verifique se Euler tinha razão, ao afirmar essa relação para os

poliedros regulares.

Page 180: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

178

03- Classifique em verdadeira ou falsa cada afirmação.

( ) O cubo é um poliedro de Platão.

( ) As faces de um icosaedro são triângulos equiláteros.

( ) As faces de um dodecaedro são hexágonos regulares.

( ) A Relação de Euler é válida somente para poliedros convexos.

( ) Se as faces de um poliedro convexo são polígonos regulares congruentes entre si, então

o poliedro também será regular.

( ) O hexaedro possui 12 vértices.

04- Considere o poliedro regular cujo número de faces é igual ao número de vértices e

responda:

a) Quantas faces, vértices e arestas possuem esse poliedro?

b) Que nome recebe esse poliedro?

c) Qual o formato das faces desse poliedro?

Page 181: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

179

05- Preencha a cruzadinha de acordo com os conhecimentos adquiridos sobre os poliedros

regulares.

1. Filósofo que associou os sólidos regulares aos elementos da natureza.

2. Poliedro regular com faces pentagonais.

3. Sólido geométrico cujas superfícies são compostas por um número finito de

faces.

4. Polígono que compõe as faces do tetraedro, octaedro e icosaedro.

5. Poliedro com mesmo número de vértices e faces.

6. Número de arestas do octaedro.

7. Poliedro com todas as faces regulares iguais e que contém o mesmo número

de aresta em todos os vértices.

8. Poliedro regular também conhecido como cubo.

9. Poliedro regular composto por 12 vértices e 30 arestas.

Page 182: CONSTRUINDO POLIEDROS PLATÔNICOS COM ORIGAMI: UMA

180

REFERÊNCIAS E SUGESTÕES DE LEITURA

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Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 1997.

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COSTA, E. M. Matemática e Origami: Trabalhando Frações. Rio de Janeiro: Ciência

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DANTE, L. R. Tudo é Matemática: 6ª série. São Paulo: Ática, 2005.

______. Projeto Teláris – Matemática – 6º ano, São Paulo: Ática, 2015.

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FUSE. T. Unit Origami: Multidimensional Transformations. Tokyo: Japan Publications,

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IMENES, L. M. Geometria das Dobraduras – Vivendo a Matemática. 7. ed. São Paulo:

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volume através de quebra-cabeças geométricos e outros matérias concretos. 2. ed.

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KANEGAE, M., IMAMURA, P. Origami Arte e Técnica da Dobradura de Papel. São

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