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XXVII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA 22 a 26 de julho de 2013 CONHECIMENTO HISTÓRICO E DIÁLOGO SOCIAL CADERNO DE RESUMOS - 2013

caderno de resumos XXVII Simpósio nacional de História - 2014

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  • XXVII SIMPSIO NACIONAL DE HISTRIA

    22 a 26 de julho de 2013

    CONHECIMENTO HISTRICO E DILOGO SOCIAL

    CADERNO DE RESUMOS - 2013

  • XXVII SIMPSIO NACIONAL DE HISTRIA

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    ASSOCIAO NACIONAL DE HISTRIA ANPUH-BRASIL

    XXVII SIMPSIO NACIONAL DE HISTRIA

    Conhecimento histrico e dilogo social

    22 a 26 de julho de 2013

    Caderno de resumos

    Natal RN

    Universidade Federal do Rio Grande do Norte

  • XXVII SIMPSIO NACIONAL DE HISTRIA

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    Diretoria da ANPUH-Brasil Presidente: Benito Bisso Schmidt(UFRGS) Vice-Presidente: Margarida Maria Dias de Oliveira (UFRN) Secretrio Geral: Angelo Aparecido Priori (UEM) 1 Secretrio: Antonio Celso Ferreira (UNESP) 2 Secretrio: Carlos Augusto Lima Ferreira (UEFS) 1 Tesoureiro: Francisco Carlos Palomanes Martinho (USP) 2 Tesoureiro: Eudes Fernando Leite (UFGD)

    Conselho Consultivo

    Almir Flix Batista de Oliveira (ANPUH-RN) Altemar da Costa Muniz (ANPUH-CE) urea da Paz Pinheiro (ANPUH-PI) Braz Batista Vas (ANPUH-TO) Clia Costa Cardoso (ANPUH-SE) Clia Tavares (ANPUH-RJ) lio Chaves Flores (ANPUH-PB) Carlos Alberto de Oliveira (ANPUH-BA) Hlio Sochodolak (ANPUH-PR) Hideraldo Lima da Costa (ANPUH-AM) Jaime de Almeida (ANPUH-DF) Joo Batista Bitencourt (ANPUH-MA) Julio Bentivoglio (ANPUH-ES) Lus Augusto Ebling Farinatti (ANPUh-RS) Luzia Margareth Rago (ANPUH-SP) Marclia Gama (ANPUH-PE) Maria da Conceio Silva (ANPUH-GO) Maria de Nazar dos Santos Sarges (ANPUH-PA) Maria Teresa Santos Cunha (ANPUH-SC) Neimar Machado de Sousa (ANPUH-MS) Ronaldo Pereira de Jesus (ANPUH-MG) Srgio Onofre Seixas de Arajo (ANPUH-AL) Thereza Martha Borge Presotti Guimares (ANPUH-MT) Representante da ANPUH no Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ)

    Ismnia de Lima Martins (UFF) Tnia Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira (UERJ) Conselho Editorial da Revista Brasileira de Histria

    Alexandre Fortes (UFRRJ) Ana Teresa Marques Gonalves (UFG) Carla Simone Rodeghero (UFRGS) Cludia Maria Ribeiro Viscardi (UFJF) Ftima Martins Lopes (UFRN) Frederico de Castro Neves (UFC) George Evergton Sales Souza (UFBA) Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro (UFF) Julio Pimentel Pinto (USP) Luclia Neves de Almeida Delgado (UnB) Marcelo Cndido da Silva (USP) Marluza Marques Harres (Unisinos) Regina Beatriz Guimares Neto (UFPE)

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    Selva Guimares Fonseca (UFU) Tnia Regina de Luca (UNESP) Conselho Editorial da Revista Histria Hoje

    Andrea Ferreira Delgado (UFSC) Angela Maria de Castro Gomes (UFF) Circe Maria Fernandes Bittencourt (USP) Dilton Candido Santos Maynard (UFSE) Eduardo Frana Paiva (UFMG) Flavia Eloisa Caimi (UFPF) Jose Miguel Arias Neto (UEL) Josenildo de Jesus Pereira (UFMA) Keila Grinberg (UNIRIO) Luiz Carlos Villalta (UFMG) Marcelo de Souza Magalhes (UNIRIO) Mauro Cesar coelho (UFPA) Monica Lima e Souza (UFRJ) Nilton Mullet Pereira (UFRGS) Susane Rodrigues de Oliveira (UnB) Secretrio da Direo ANPUH-BR

    Pablo Serrano Comisso Cientfica

    Adalberto de Paula Paranhos Adriana Barreto de Souza Adriano Luiz Duarte Agnaldo de Sousa Barbosa Alan Kardec Gomes P.Filho Alcileide Cabral do Nascimento Alexandre de S Avelar Alexandre Vieira Ribeiro lvaro Pereira do Nascimento Amrico Alves de Lyra Jnior Amrico Oscar Guichard Freire Ana Carolina de Moura Delfim Maciel Ana Carolina Eiras Coelho Soares Ana Maria Dietrich Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro Ana Paula Barcelos Ribeiro da Silva Ana Paula Torres Megiani Ana Silvia Volpi Scott Ana Teresa Acatauass Venancio Andre Luis Pereira Miatello Andre Rosemberg Angela Maria de Castro Gomes Angela Moreira Domingues da Silva Antonio Carlos Juc de Sampaio Antonio Cesar de Almeida Santos Antnio Clarindo Barbosa de Souza Antonio Gilberto Ramos Nogueira Antonio Herculano Lopes Antnio Lindvaldo Sousa Antonio Luigi Negro Aristeu Elisandro Machado Arlette Medeiros Gasparello

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    Artur Cesar Isaia Aurelino Jos Ferreira Filho Aureo Busetto Beatriz De Miranda Brusantin Beatriz Kushnir Cndido Moreira Rodrigues Carla Brandalise Carlo Maurizio Romani Carlos Alberto de Oliveira Carlos Augusto Lima Ferreira Carlos de Almeida Prado Bacellar Carlos Henrique de Carvalho Carmem Zeli de Vargas Gil Carolina Vianna Dantas Clia Cristina da Silva Tavares Clia Rocha Calvo Celso Castro Cesar Augusto Barcellos Guazzelli Christiane Maria Cruz de Souza Christiane V. Laidler Claudia Freitas de Oliveira Claudia Maria Ribeiro Viscardi Cludio Antnio Santos Monteiro Cristiano Lus Christillino Cristina Azeredo Atallah Cristina Scheibe Wolff Denilson Botelho De Deus Dennison de Oliveira Dilene Raimundo do Nascimento Domingos Svio da Cunha Garcia Duarte Rust Durval Muniz de Albuquerque Junior Edson Hely Silva Edson Passetti Eduardo Munhoz Svartman Eduardo Victorio Morettin Eliane Cristina Deckmann Fleck Elis Regina Barbosa Angelo Elizete da Silva Esmeralda Blanco Bolsonaro de Moura Fabio Ricci Fernando Antonio Faria Fernando da Silva Rodrigues Flavia Galli Tatsch Flavio dos Santos Gomes Francisco Bento da Silva Francisco Carlos Cardoso Cosentino Francisco das Chagas F. Santiago Jr. Franscino Oliveira Silva Frederico Alexandre de Moraes Hecker Gabriela Pellegrino Soares Gisa Fernandes DOliveira Gelsom Rozentino de Almeida Gilvanice Barbosa da Silva Musial Gisele Sanglard Gizlene Neder Glaydson Jos da Silva Helenice Aparecida Bastos Rocha Helenice Ciampi

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    Heloisa Selma Fernandes Capel Icleia Thiesen Iranilson Buriti de Oliveira Ironita Adenir Policarpo Machado Ismnia de Lima Martins Izabel Andrade Marson Jailma Maria de Lima Janaina Cardoso de Mello Janaina Guimares da Fonseca E Silva Jean Tiago Baptista John Manuel Monteiro (In Memoriam) Jorge Luiz Bezerra Nvoa Jose Alves de Freitas Neto Jos Augusto Pdua Jos Jorge Andrade Damasceno Jose Miguel Arias Neto Jos Newton Coelho Meneses Juara Luzia Leite Juliana Teixeira Souza Juliane Conceio Primon Serres Juniele Rabelo de Almeida Kalina Vanderlei Paiva da Silva Karina Klinke Karla Leonora Dahse Nunes Ktia Rodrigues Paranhos Lana Lage da Gama Lima Leandro Henrique Magalhes Leila Maria G. L. Hernandez Leila Rodrigues da Silva Len Medeiros de Menezes Letcia Borges Nedel Lidia Maria Vianna Possas Lilian Marta Grisolio Mendes Lina Maria Brando de Aras Lucia Maria Bastos Pereira das Neves Luciana Quillet Heymann Luciene Lehmkuhl Luis Carlos dos Passos Martins Luiz Alberto Grij Luiz Cludio Duarte Luiz Felipe Falco Luiz Fernando Medeiros Rodrigues Luiza Horn Iotti Luzia Margareth Rago Magali Gouveia Engel Marcelina das Graas De Almeida Marcello Otvio Neri de Campos Basile Marcelo Balaban Marcelo Mac Cord Marcelo Pereira Lima Mrcia Elisa Tet Ramos Marcia Helena Alvim Mrcia Maria Menendes Motta Mrcia Regina Romeiro Chuva Marcia Severina Vasques Marco Aurlio Santana Marco Aurlio Vannucchi Leme De Mattos Marcos Antonio da Silva Marcos Luiz Bretas da Fonseca

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    Marcos Silva Maria Aparecida da Silva Cabral Maria Aparecida de Arajo Barreto Ribas Maria Augusta de Castilho Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Maria Beatriz Nader Maria Bernardete Ramos Flores Maria Carolina Boverio Galzerani Maria do Carmo Brazil Maria Elena Bernardes Maria Helena Pereira Toledo Machado Maria Izilda Santos de Matos Maria Regina Celestino de Almeida Maria Thereza Didier de Moraes Mariana Joffily Marlia de Azambuja Ribeiro Marilia Nogueira dos Santos Mario Sergio Igncio Brum Mauro Marcos Farias da Conceio Mauro Passos Miguel Archanjo de Freitas Mnica Almeida Kornis Mnica da Silva Ribeiro Monica Piccolo Almeida Muna Omran Neimar Machado de Sousa Nsia Trindade Lima Norberto Luiz Guarinello Osvaldo Batista Acioly Maciel Pablo Luiz de Oliveira Lima Patricia Ferreira Moreno Patricia Santos Hansen Patricia Souza de Faria Patricia Sposito Mechi Paulo Cruz Terra Paulo Henrique Martinez Paulo Pinheiro Machado Pedro Eduardo Mesquita de Monteiro Marinho Pedro Ernesto Fagundes Rafael Fortes Soares Rafael Soares Gonalves Regina Maria de Oliveira Ribeiro Reinaldo Lindolfo Lohn Renato Cymbalista Renato Lus do Couto Neto e Lemos Renilson Rosa Ribeiro Rodrigo Christofoletti Rodrigo Coppe Caldeira Rodrigo Monteferrante Ricupero Ronaldo Cardoso Alves Rosangela Patriota Ramos Sandra Cristina Fagundes de Lima Selma Martines Peres Sonia Regina de Mendona Surama Conde S Pinto Susana de A Gastal Susel Oliveira da Rosa Suzana Maria de Sousa Santos Severs Tania da Costa Garcia

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    Temstocles Cezar Thais Nivia de Lima e Fonseca Tiago Bernardon de Oliveira Vgner Camilo Alves Vanicleia Silva Santos Vera Regina Martins Collao Vinicius de Rezende Virginia Fontes Viviane Trindade Borges Walter Cruz Swensson Junior Wani Fernandes Pereira Wenceslau Gonalves Neto Wilma de Nazar Baa Coelho Wilton Carlos Lima da Silva Yonissa Marmitt Wadi Zlia Lopes da Silva Zilda Maria Menezes Lima

    Diretoria da ANPUH - RN

    Presidente: Lourival Andrade Jnior (UFRN) Vice-Presidente: Prof. Fabio Andr da Silva Morais (UERN) Secretria-geral: Carmen Margarida Oliveira Alveal (UFRN) 1 Secretria: Jovelina Silva Santos (UERN) 2 Secretria Jailma Maria de Lima (UFRN) 1 Tesoureiro: Almir Flix Batista de Oliveira (PUC) 2 Tesoureiro: Almir de Carvalho Bueno (UFRN) Delegado Natal: Robson William Potier (UNP) Delegado Caic: Rosenilson da Silva Santos (UFRN) Delegado Mossor: Aryana Lima Costa (UERN) Delegado Ass: Elicardna Rodrigues (IFRN) Coordenao Geral da Comisso Organizadora

    Almir de Carvalho Bueno (UFRN) Lourival Andrade Jnior (UFRN) Margarida Maria Dias de Oliveira (UFRN) Membros da Comisso Organizadora

    Almir Flix Batista de Oliveira (PUC) Aryana Lima Costa (UERN) Carmen Margarida Oliveira Alveal (UFRN) Ftima Martins Lopes (UFRN) Felipe Tavares de Arajo (UFRN) Francisca Aurinete Giro Barreto da Silva (UFRN) Francisco das Chagas F. Santiago Junior (UFRN) Helder Alexandre Medeiros de Macedo (UFRN) Hlder do Nascimento Viana (UFRN) Haroldo Loguercio Carvalho (UFRN) Jailma Maria de Lima (UFRN) Jandson Bernardo Soares (FUNPEC) Joo Maurcio Gomes Neto (UNIR) Joel Carlos de Souza Andrade (UFRN) Jose Evangelista Fagundes (UFRN) Juliana Teixeira Souza (UFRN) Lgio Jose De Oliveira Maia (UFRN)

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    Lyvia Vasconcelos Baptista (UFRN) Muirakytan Kennedy de Macdo (UFRN) Renata Assuno (UFRN) Roberto Airon Silva (UFRN) Robson William Potier (UNP) Ristephany Kelly da Silva Leite (UFRN) Rosenilson da Silva Santos (UFRN) Wendell de Oliveira Souza (UFRN) Wesley Garcia Ribeiro Silva (UFF) Organizadores do Caderno de Resumos

    Helder Alexandre Medeiros de Macedo (UFRN) Muirakytan Kennedy de Macdo (UFRN) Rosenilson da Silva Santos (UFRN)

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    Apresentao

    A cada dois anos, a ASSOCIAO NACIONAL DE HISTRIA (ANPUH-BR) realiza o Simpsio Nacional de Histria, o maior e mais importante evento da rea de Histria no pas e na Amrica Latina. A temtica do simpsio, Conhecimento histrico e dilogo social, foi escolhida em funo da necessidade acadmica, cada dia mais premente, de estabelecimentos de formas de dilogos com a sociedade. Portanto, todo o evento foi pensado no sentido de favorecer reflexes, propostas e tomadas de decises que evidenciem aes na formao dos profissionais de Histria para suas atuaes nos vrios espaos de pesquisa e de ensino.

    Sobre este mote se organizaro 08 conferncias, 09 dilogos contemporneos (mesas-redondas sobre temas candentes e atuais para a categoria), 120 simpsios temticos e 70 minicursos. Esta programao tem o objetivo de apresentar para a comunidade cientfica as ltimas pesquisas sobre a histria e a historiografia, resultados das investigaes desenvolvidas no Brasil e no exterior.

    Nos simpsios temticos sero apresentados e discutidos os resultados de pesquisas desenvolvidos por pesquisadores, professores e ps-graduandos em suas especficas reas de atuao. As diversas prticas historiogrficas tero aqui um palco privilegiado para interagirem, enrobustecendo seus rumos investigativos e iluminando suas veredas analticas e empricas. Este esprito de construo coletiva do conhecimento histrico o que se espera de um evento de tal porte, pois assim ocorre o seu alinhamento perspectiva plural do dilogo social democrtico.

    A comisso organizadora

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    LOCALIZAO DOS SIMPSIOS TEMTICOS

    SIMPSIO TEMTICO LOCAL

    001. "De que frica estamos falando (I) : perspectivas da pesquisa histrica e do ensino de Histria da frica (do sculo XI primeira metade do sculo XIX) Setor II, Sala B1

    002. "De que frica estamos falando (II): perspectivas da pesquisa histrica e do ensino de Histria da frica (do sculo XIX configurao dos Estados independentes). Setor II, Sala B2 003. A dinmica imperial e a comunicao poltica no Antigo Regime do mundo portugus, sculos XVI-XIX Setor II, Sala B3

    004. A educao e a formao da sociedade brasileira Setor II, Sala B4

    005. A empresa jesutica: da antiga Companhia Companhia restaurada Setor II, Sala C 4

    006. A Histria Antiga e as fronteiras do conhecimento histrico Setor I, Sala A2

    008. A Histria Pblica e os Pblicos da Histria Setor II, Sala D2

    009/083 A instituio militar no Brasil: dilogos entre histria e cincias sociais Setor II, Sala D3

    011. A Presena Indgena na Histria do Brasil Setor II, Sala D4

    013. Antiguidade e Modernidade: usos do passado / 018. As Formas e os Limites do Poltico nos Estudos Medievais / 018. As Formas e os Limites do Poltico nos Estudos Medievais Setor II, Sala D1

    015. Aprendizagem, competncias e formao da conscincia histrica. Setor II, Sala E1

    016. Arquivos, Memrias e Represso Poltica no Cone Sul: novas fontes e abordagens Setor II, Sala E2

    017. As construes histricas dos saberes populares Setor II, Sala E3

    019. As sensibilidades e a subjetividade na produo do conhecimento histrico sobre as artes, as cincias e o pensamento. Setor II, Sala F1

    020. Assistncia, polticas pblicas e sociedade no Brasil Setor II, Sala F2

    021. Escravido e documentao: registros cartoriais e eclesisticos como fontes para as pesquisas em escravido Setor II, Sala F3

    022. Autoritarismos, Memria e Resistncia: Movimentos de Direita nos Sculos XX e XXI Setor II, Sala G1

    023. Catolicismo, represso e diversidade cultural na Amrica portuguesa / 029. Cultura e Educao: Portugal e Brasil (1750-1834) / 099. Inquisio: fontes, circunstncias, personagens, imaginrios Setor II, Sala H 1

    024. Cidades no Brasil contemporneo: trnsitos pela sociedade, cultura e poder Setor II, Sala H 2

    025. Como a arte pode transformar a vida: experincias culturais e polticas de ontem e de hoje Setor II, Sala H 3

    026. Conhecimento histrico da Cidade: a escrita da histria por meio do dilogo entre as diversas formas de apreenso da Memria. Setor II, Sala H 4

    027. Conhecimento histrico e dilogos sobre cultura e poltica na Amrica Latina a partir do sculo XIX Setor II, Sala H 5

    031. Cultura visual, imagem e histria: visualidade e culturas histricas Auditrio A do CCHLA

    032. Culturas, Memrias e Histrias: espaos e territrios na/da cidade Auditrio C do CCHLA

    034. Da escravido e da liberdade: Processos, biografias e experincias da abolio e do ps-emancipao em perspectiva transnacional Auditrio D do CCHLA

    035. Desenvolvimento sustentvel, responsabilidades, resilincias e resistncias na sociedade de controle. Auditrio de Geografia

    036. Dilogos sociais na formao do historiador/professor: experincias de ensino a partir de projetos e polticas pblicas Auditrio de Letras

    037. Didtica da Histria: articulaes entre pesquisa e ensino Setor I, Sala A1

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    038. Dimenses e Fronteiras do Estado Brasileiro no Sculo XIX Setor II, Sala C5

    039. E/imigraes: histrias, culturas, trajetrias. Setor I, Sala A3

    040. Ensino de histria: questes contemporneas Auditrio B do CCHLA

    041. Estado, Poder e Violncia no Brasil e pases Latino-Americanos: ditaduras, projetos nacionais, imperialismo e lutas sociais Setor I, Sala B4

    042. Estado, representao poltica e sistemas partidrios. Setor I, Sala B5

    043. Estudos regionais: histria, educao e ensino de histria - construindo caminhos. Setor I, Sala B1

    044. Famlias e seus enredos: cenrios de solidariedades e conflitos no Brasil do sculo XVI ao XIX Setor I, Sala B2

    045. Festas e sociabilidades na ressignificao do patrimnio imaterial no Brasil (sculos XIX e XX) Setor I, Sala B3

    046. Figuraes e tramas do poltico: conhecimento, linguagens e sensibilidades Setor I, Sala C2

    047. Formao de professores: saberes e prticas do Ensino de Histria Setor I, Sala C3

    048. Fronteira Oeste: Poder, Economia e Sociedade / 049. Fronteiras e Histria Setor I, Sala C4

    050. Gnero, Feminismos e Memrias na Amrica Latina Setor I, Sala D1

    051. GT Mundos do Trabalho Instituies e poltica; costumes e direitos Setor I, Sala C1 052. GT Mundos do Trabalho Trabalho escravo e trabalho livre: cultura, costumes e lutas Setor I, Sala D2

    053. GT Mundos do Trabalho: Processos produtivos, condies de trabalho, conflitos sociais e formas de resistncia dos trabalhadores Setor I, Sala D3

    054. Habitao e direito cidade: favelas, mocambos, periferias e assentamentos informais no Brasil/071. Histria dos Quilombos Setor I, Sala D4

    055. Histria & Msica Setor I, Sala D5

    056. Histria & Teatro Setor I, Sala E1

    057. Histria Ambiental: Natureza e Sociedade na Interpretao Histrica Setor I, Sala E2

    058. Histria da Educao no Meio Rural: sujeitos, prticas e representaes Setor I, Sala E3

    059. Histria da Infncia, da Adolescncia e da Juventude: dilogo social e interdisciplinaridade Setor I, Sala E4

    060/061/088: Histria da Loucura e da Psiquiatria: representao, experincias e patrimnio Setor I, Sala F1

    062. Histria da Sade e das Doenas: representaes, conhecimento cientfico e instituies Setor I, Sala F2

    063. Histria das Instituies e da Cultura Poltica Setor I, Sala G1

    064. Histria das mulheres: relaes de gnero, violncia e polticas pblicas. Setor I, Sala G2

    065. Histria do crime, da polcia e da justia criminal Setor I, Sala G3

    066. Histria do desenvolvimento econmico no Brasil Setor I, Sala G4

    067. Histria do Esporte Setor IV, Sala A2

    068. Histria do Livro, da Leitura e da Escrita no Brasil Setor IV, Sala A3

    069. Histria do Tempo Presente e Memria Setor IV, Sala A4

    072. Histria e cinema: dilogos em pesquisa e ensino Setor IV, Sala A5

    073. Histria e Comunicao: Mdias, Intelectuais e Participao Poltica Setor IV, Sala A6

    074/098: Histria, cultura e a temtica indgena nas universidades: lacunas historiogrficas de uma igualdade duvidosa Setor IV, Sala A7

    075/106: Histria, Direito e Memria Setor IV, Sala A1

    077. Histria e memria do turismo Setor IV, Sala A9

    078. Histria e Patrimnio Cultural Setor IV, Sala A10

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    079. Histria e Quadrinhos: Pesquisa e Ensino em Histria e as Interaes com a Nona Arte Setor IV, Sala A8

    080. Histria e representaes religiosas memria, identidades e territrio Setor IV, Sala B1

    082. Historia Militar / 115. O Brasil e a Segunda Guerra Mundial Setor IV, Sala B2

    084. Histria poltica e histria das ideias: dilogos possveis Setor IV, Sala B3

    085. Histria, Cinema e Televiso: dimenses histricas do audiovisual Setor IV, Sala C1

    086. Histria, historiadores e memria das comunidades: dilogos possveis Setor IV, Sala C2

    087. Histria, literatura e sociedade Setor IV, Sala C3

    089. Historiografia e Escrita da Histria: conhecimento histrico e dilogo social Setor IV, Sala C4

    090. Idias, intelectuais e instituies - conhecimento histrico e dilogo social. Setor IV, Sala C5

    091. Igreja, sociedade e relaes de Poder na Idade Mdia Setor IV, Sala D1

    092. Imagens da Morte: a Morte, o Morrer e os Mortos em Sociedades Ibero-americanas Setor IV, Sala F1

    093. Imagens de arte atuam sobre ns: dialtica, anacronismo, montagem, sobrevivncia. Setor IV, Sala F2

    094. Imprio e Colonizao: economia e sociedade na Amrica Portuguesa Setor IV, Sala F3

    095. Imprios Ibricos no Antigo Regime: poltica, sociedade e cultura Setor IV, Sala F4

    097. Imprensa, Cinema e Histria Contempornea: Novos Objetos e Mtodos da Investigao Histrica Setor IV, Sala G2

    100. Intelectuais no espao ibero-americano: projetos polticos e mediao cultural Setor IV, Sala G3

    101. Intelectuais, Sociedade e Poltica no Brasil (Sculos XIX e XX) Setor IV, Sala G4

    102. Livro Didtico e histria ensinada Setor IV, Sala G5

    103. Marxismo, Conhecimento Histrico e Realidade Social Setor IV, Sala E4

    104. Memria, histria e ensino de historia: dilogo entre diferentes saberes. Setor IV, Sala I 2

    105. Memria, Histria Oral, Audiovisual. Produo de fontes para narrativas biogrficas. Setor IV, Sala I 3

    107. Memrias, Identidades e Conflitos sociais Setor IV, Sala I 4

    108. Migraes em questo: Entre o conhecimento histrico e o dilogo social Setor IV, Sala I 5

    109. Militares, sociedade e poltica CB, Sala JUAZEIRO

    110. Mulheres, feminismos e gnero: dilogos (in)tensos na histria CB, Sala UMBUZEIRO

    111. Narrativas de florestas e cidades amaznicas: patrimnios, histrias e literaturas em trnsitos orais, escritos e visuais CB, Sala PAU-BRASIL

    112. Narrativas e invenes de si: tempo, escritas e representaes CB, Sala PAU DARCO

    113. Nas fronteiras da histria cultural e da histria social: dilogos entre manifestaes artsticas, esttica e segmentos sociais CB, Sala CARNABA

    114. Nas Oficinas da histria: Ensino de Histria e historiografia CB, Sala MULUNGU

    117. O ensino de histria na formao de professores: fontes, problemas, temticas e linguagens CB, Sala CATOL

    118. O Estado Brasileiro em Perspectiva Historiogrfica (sculos XIX e XX) CB, Sala AROEIRA

    119. O governo da cidade: prticas polticas e culturais no Brasil Imprio e na Primeira Repblica CB, Sala IMBURANA

    120/134: Produo e circulao de saberes, ideias e prticas nos mundos ibricos: Amrica Luso- Hispnica, Europa e Oriente CB, Sala QUIXABEIRA

    122. O Rural em teoria: conceitos e abordagens para o estudo da Histria no meio rural CB, Sala FAVELEIRA

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    123. Os arquivos como objeto de pesquisa: representaes, configuraes e usos dos acervos arquivsticos CB, Sala JUC

    125. Patrimnio cultural e produo do conhecimento histrico: desafios para o dilogo social Setor II, Sala E4

    126/127: Patrimnio Histrico, Histria da Arte e territorialidades: novos espaos de ao social Setor II, Sala F4

    129. Poderes e Cultura Poltica no Brasil Setor II, Sala G2

    130. Poltica Externa e Relaes Internacionais: Histria e Historiografia Setor II, Sala G3

    131. Poltica, Sociedade e cultura: revisitando a Primeira Repblica brasileira Setor II, Sala G4

    132. Ps-abolio: racializao, memria e trabalho. Setor II, Sala H6

    133. Prticas e Representaes Religiosas na Histria do Brasil Setor I, Sala H1

    135. Relaes Polticas e Conexes Culturais na Amrica Portuguesa do Perodo Filipino Setor I, Sala H2

    136. Religies Medinicas e Afro-Brasileiras no mbito da pesquisa histrica Setor I, SalaH3

    138. Sociedade, Trabalho e Poltica em reas de Fronteira Setor I, Sala H4

    139. Tradicionalismo, conservadorismo e militncia catlica Setor I, Sala H5

    140. Trajetrias e biografias: modelos, limites, desafios e possibilidades Setor I, Sala H6

    141. Zonas de fronteira e caminhos mato adentro: histria e historiografia acerca dos sertes brasileiros Setor II, Sala H7

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    Simpsios temticos e resumos

    SIMPSIO TEMTICO 001 "DE QUE FRICA ESTAMOS FALANDO (I) : PERSPECTIVAS DA PESQUISA HISTRICA E DO ENSINO DE HISTRIA DA FRICA (DO SCULO XI PRIMEIRA METADE DO SCULO XIX) Coordenao: Vanicleia Silva Santos (Universidade Federal de Minas Gerais) e Alexandre Vieira Ribeiro (Universidade Federal Fluminense) LOCAL: Setor II, Sala B1 23/07 - Tera-feira - Tarde (14:00 s 18:00) CRISTOS, MOUROS E GENTIOS: OS AFRICANOS SUBSAARIANOS NOS RELATOS DE VIAGEM DOS SCULOS XV E XVI Letcia Cristina Fonseca Destro Resumo: Quando as caravelas portuguesas se encontraram em terras ignotas alm do Cabo Bojador, a possibilidade de serem habitadas deixou de ser uma suposio e tornou-se um real problema. Se antes a Etipia Inferior era uma regio provavelmente inabitvel por circunscrever a Zona Trrida, com as expanses portuguesas foi averiguado o oposto. A frica se estendia ao sul e era sim habitada, apesar de muitos antigos, como Ptolomeu, pensarem o contrrio. Nessa conjuntura, o norte africano j era o eixo comercial nas trocas mediterrnicas que pelas rotas transaarianas traziam o principal motor do comrcio: os metais preciosos do Sudo. Atravs dessas rotas, mercadores islamizados j se enveredavam pelo interior do continente atingindo pontos inimaginveis para os cristos. Juntamente com esses mercadores islmicos do norte, a lei de Maom tambm expandiu seus domnios atravs do Saara. Assim, quando os viajantes cristos especialmente a mando ou financiados pela coroa portuguesa chegaram com seu duplo desejo de explorar e incorporar novas terras e almas, o islamismo j havia iniciado sua expanso. Mas sua presena foi descrita e avaliada com base nos referenciais que tais viajantes tinham a respeito da religio, como ficou ento a imagem do outro em meio a essa duplicidade: povos exticos, possveis pagos, de um lado e a presena do antigo inimigo da f crist? Alm disso, a presena do islamismo em terras negras prejudicava os projetos evangelizadores cristos, que buscavam destemidamente novos povos que pudessem fazer frente ao poderio muulmano que ganhava fronteiras cada vez mais amplas. Nesse cenrio Preste Joo seria a esperana de imprios cristos em meio ao desconhecido. Mas, ento, como justificar a presena islmica e ainda permanecer com os ideais de converso? Essas so as principais questes que buscaremos tratar no presente artigo no qual analisamos os seguintes relatos de viagem: Esmeraldo de situ orbis do portugus Duarte Pacheco Pereira, Viagens do veneziano Lus de Cadamosto, O manuscrito de Valentim Fernandes do alemo Valentim Fernandes e Crnica do descobrimento e conquista da Guin do tambm portugus Gomes Eanes Zurara. A AFRICANIZAO DA GUERRA EM ANGOLA NA SEGUNDA METADE DO SCULO XVIII Ariane Carvalho da Cruz (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) Resumo: O presente trabalho analisa as formas de organizao das tropas militares em Angola, na segunda metade do sculo XVIII, momento em que ocorreram grandes mudanas no vasto Imprio ultramarino portugus. Por meio desta anlise podemos perceber que a realizao de um projeto reformista em Angola, por meio da territorializao e militarizao, esbarraram nos direitos costumeiros africanos e tambm em foras polticas tradicionais. ENVIO UM BRANCO MEU: MEDIADORES CULTURAIS DAS EMBAIXADAS DO REINO DO DAOM (1750-1818) Joice de Souza Santos (Revista de Histria da Biblioteca Nacional) Resumo: O trabalho a ser apresentado parte da pesquisa de mestrado defendida em 2012 sobre as embaixadas dos reinos do Daom, Ardra e Onim que vieram para Salvador, Rio de Janeiro e Lisboa entre 1750 e 1823. O dilogo entre os reinos se deu, principalmente, atravs de correspondncias trocadas entre seus representantes. No caso desta comunicao, pretendo trazer discusso o papel dos mediadores do reino do Daom, analisando a apropriao da lngua portuguesa falada e escrita pelos africanos da Costa da Mina e categorizando os diferentes mediadores apontando para as tenses, no s nas relaes entre os reinos, mas entre o rei daomenano e os intrpretes, e entre os prprios portugueses instalados no porto de Uid. A EXPEDIO VITORIANA PARA A FRICA OCIDENTAL: CONSIDERAES INICIAIS SOBRE A

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    NIGER EXPEDITION E A NOVA POLTICA BRITNICA PARA A FRICA rika Melek Delgado (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Resumo: Este artigo tem como objetivo dar espao para uma apresentao sistemtica da nova poltica britnica para a frica Ocidental. Acreditamos que seja muito importante, ainda que de maneira introdutria, trazer a problematizao deste recorte espao-temporal pouco estudado pela Histria da frica no Brasil, onde as atitudes britnicas no podem ser chamadas de imperiais, nem muito menos de apenas exploratrias. Os desejos vitorianos, da primeira metade do sculo XIX, foram muitas vezes as pilastras basilares para viagens ao continente africano, e esta comunicao pretende trabalhar uma expedio em particular, a Expedio ao Delta do Rio Nger que ocorreu em 1841 e que ficou conhecida como Niger Expedition. Problematizar atitudes como a lgica do expansionismo humanitarista, focando principalmente nos desejos propostos e nas artimanhas polticas para sua configurao um ponto principal. A Expedio de 1841 naquele momento inaugurou um novo modelo expedicionrio, com uma comitiva extensa, formada por um grande nmero de europeus, no segue uma logstica parecida com as expedies que a antecederam. Alm de levar participantes que tinham diferentes interesses, como missionrios, capites navais, zologos, botnicos, mdicos e homens de comrcio, sua tripulao era ainda mais heterognea, formada por homens de cor no-africanos que embarcaram ainda na Inglaterra e homens de cor africanos recrutados em diversos pontos da costa ocidental. Por isso, aspiramos trazer luz as metas, interesses e ambies vitorianas para este territrio africano. Problematizando, sobretudo, o discurso oficial para a montagem da expedio, a mudana de atitude com relao s expedies anteriores e o que foi afinal por fim acordado. Refletir sobre quais bases e conhecimentos esses viajantes embarcavam para o interior do Rio Nger. O COLONIALISMO INQUISITORIAL: O SANTO OFCIO PORTUGUS EM ANGOLA Vanicleia Silva Santos (Universidade Federal de Minas Gerais) Resumo: O objetivo dessa apresentao mostrar o funcionamento da Inquisio Portuguesa em Angola por meio dos quadros eclesisticos e sua adaptao ao contexto poltico e econmico local; identificar, atravs das denncias nos processos inquisitoriais, as experincias e prticas religiosas de indivduos da frica Central, de forma a contemplar o desenvolvimento de biografias de africanos como parte da Histria Social de Angola e do Atlntico. Essa anlise ainda contempla um exerccio de integrao das mltiplas dimenses do Atlntico portugus, dando nfase Inquisio portuguesa, como uma instituio atlntica, que promoveu o intercmbio de pessoas, ideias, religies, costumes e instituies no cenrio de expanso do imprio portugus. ANGOLA E BAHIA NAS REDES E ROTAS TRANSOCENICAS DE COMRCIO: ALGUMAS CONEXES POSSVEIS. Cristiana Ferreira Lyrio Ximenes (UNEB Campus V) Resumo: O texto apresenta algumas conexes constitudas nas rotas de comrcio, notadamente, o comrcio atlntico de escravos, compreendendo os portos da frica centro-ocidental (Luanda e Benguela) e o porto de Salvador entre 1750 e 1808. A partir da pesquisa mais ampla realizada durante o doutorado em procuraes encontradas nos livros de notas e nos livros de bangu, foi possvel reconstituir algumas redes estabelecidas entre os dois lados do atlntico. REPRESENTAO E LITERATURA DE VIAGENS: ANALISANDO A RIHLA DE IBN BATTUTA (SC. XIV) Bruno Rafael Vras de Morais e Silva (Universidade Federal da Bahia) Resumo: Os relatos e depoimentos de viajantes, atualmente, vm sendo objeto de estudo de especialistas de diversos campos do conhecimento, dentre os quais se destacam a histria, a antropologia e a crtica literria . No campo da historiografia sobre a frica tal categoria de fonte histrica tem destacado papel, fazendo os relatos de viajantes muulmanos e de cristos europeus figurarem em diversos trabalhos. Neste artigo procuro problematizar os relatos de viajantes enquanto fonte histrica. Trata-se de uma reflexo terico-metodolgica, discutida e em seguida altercada com uma reflexo sobre um relato de viagem especfico: a Rihla de Ibn Battuta. Relato este fruto das viagens do citado muulmano berbere magrebino durante a primeira metade do sculo XIV, resultando num rico documento passvel de reflexo historiogrfica sobre o prprio viajante e sobre os outros por ele descrito, entre estes o africano do imprio do Mali. O conceito de Representao analisado como ferramenta metodolgica para pensar a viagem, sua escrita e recepo. Outro ponto de discusso trata do contexto histrico e cultural onde se insere o viajante e seu relato como elementos centrais na anlise das representaes construdas. As anlises historiogrficas partindo do texto para o contexto, e vice-versa so essenciais para compreender os condicionantes culturais da literatura de viagens possibilitando desta forma compreender o olhar do viajante

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    sobre o outro e sobre sua prpria identidade. Defendo que os escritos do viajante no devem ser tomados como fonte histrica em sua instncia do real, mas sim enquanto representao da realidade. Esta, por sua vez, condicionada pelo olhar do viajante e suas intencionalidades. Por tanto, so questes centrais na reflexo histrica sobre os relatos de viagem quem o viajante? Em que condies e partir de que razes viajou e escreveu? Em que contexto cultural/social ele se insere? Para quem escreveu, isto , quem eram os interlocutores de sua escrita? Qual relao de alteridade constri com os seus descritos? Uma reflexo crtica da literatura de viagem enquanto fonte histrica requer a anlise de seu contedo a partir do conceito de Representao enquanto ferramenta terica e do exame contextual enquanto elemento de compreenso das representaes do real construdas pelo prprio viajante. Desta forma, tanto historiografia construda sobre o viajante, quanto sobre aqueles descritos pelos viajantes devem ter como elemento de anlise a instncia de representao constituda pelo viajante. UMA EXPERINCIA PERNAMBUCANA EM ANGOLA: O GOVERNO DE JOO FERNANDES VIEIRA, 1658-1661 Leandro Nascimento de Souza (FUNESO) Resumo: Com a retomada de Angola em 1648, Portugal teve outro desafio, recuperar o trato negreiro. Com pouco territrio e pequenas alianas realizadas, Portugal enfrentou uma grande concorrncia mercantil, o Reino do Congo. Aliado dos holandeses, o Congo havia feito alianas comerciais e militares com uma grande parte dos chefes tribais, muitas vezes pela fora, invadindo territrios portugueses, aprisionando escravos e influenciando a frica Central com um sentimento antilusitano e de desprestigio da Coroa Portuguesa. A posio de Portugal com relao a essa situao foi de extrema cautela, pois havia um alto risco de outras invases na costa africana e no Brasil, alm de que, o Reino ainda estava em conflito com a Espanha e a Holanda, logo no poderia realizar investidas no interior africano e enfraquecer as defesas das outras regies. Essa importncia do trato negreiro para a produo aucareira na Amrica portuguesa, fez com que os governadores luso-brasileiros em Angola investissem na expanso territorial no serto africano. No governo de Joo Fernandes Vieira, 1658-1661, que foram colocadas em prtica as mudanas estruturais necessrias para retomar o controle e prestgio portugus na frica. Vieira recuperou e ampliarou o trfico de escravos, atravs de vrias investidas militares no interior africano. As experincias adquiridas na luta contra os holandeses no Norte brasileiro foram de fundamental importncia para o sucesso da expanso do trfico africano. Grandes problemas nas relaes de poder entre o governador com a metrpole surgiram, e o uso do prestigio e experincias adquiridas na expulso holandesa do Brasil foi de fundamental importncia para a realizao de suas aes no governo angolano em prol de seus interesses na Capitania de Pernambuco. Logo de inicio ele colocou gente sua para os cargos administrativos e militares, ocasionando assim uma demanda de colonos pernambucanos para gerir seu governo, principalmente os militares que lutaram na expulso holandesa, pois o interesse de Vieira era de expandir o territrio portugus no interior da frica central, recuperar as alianas e submeter maior ameaa, o Reino do Congo, alm de tentar eliminar os intermedirios no trato negreiro. Para tanto, os militares pernambucanos vo ser muito teis, pois j tinham experincia em batalhas no ultramar. Para a pesquisa foram utilizadas documentaes do Arquivo Histrico Ultramarino e os documentos publicados na coleo Monumenta Missionria Africana. 24/07 - Quarta-feira - Tarde (14:00 s 18:00) BRASIL E SERRA LEOA: UMA PERSPECTIVA SOBRE AFRICANOS LIVRES NO RIO DE JANEIRO E EM FREETOWN, SCULO XIX Nielson Rosa Bezerra (York University) Resumo: Durante o sculo XIX, aproximadamente 3.3 milhes de africanos foram enviados para as Amricas, por conta do Trfico Atlntico de Escravos. Mesmo com todas as presses inglesas desde o final do sculo XVIII e da abolio desse comrcio no Imprio Britnico em 1807, quase 2.25 milhes foram enviados ao Brasil. O foco dessa apresentao est sobre o trabalho das Comisses Mistas instaladas, tanto Durante o sculo XIX, aproximadamente 3.3 milhes de africanos foram enviados para as Amricas, por conta do Trfico Atlntico de Escravos. Mesmo com todas as presses inglesas desde o final do sculo XVIII e da abolio desse comrcio no Imprio Britnico em 1807, quase 2.25 milhes foram enviados ao Brasil. O foco dessa apresentao est sobre o trabalho das Comisses Mistas instaladas, tanto no Rio de Janeiro (Brasil), como em Freetown (Serra Leoa), de forma que seja possvel identificar embarcaes, tripulaes e, sobretudo os africanos que viveram esse processo no Rio de Janeiro (Brasil), como em Freetown (Serra Leoa), de forma que seja possvel identificar embarcaes, tripulaes e, sobretudo os africanos que viveram esse processo.

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    ANGOLA E BRASIL: TRFICO ILEGAL E AFRICANOS LIVRES, UMA PERSPECTIVA SOBRE O ATLNTICO Daniela Carvalho Cavalheiro Resumo: Este trabalho tem como objetivo identificar os indivduos apresados na regio de Angola e que, ao desembarcarem no Rio de Janeiro, foram identificados como africanos livres. Atravs desta identificao, procura-se estabelecer um perfil da populao de africanos livres na provncia fluminense, considerando as naes assumidas por eles como um critrio de identidade. Para alm de apenas identific-los, procuramos mapear seus espaos de sociabilidade e rebeldia, a fim de conhecer as experincias comuns acumuladas por estas pessoas para entender como se dava a relao destes africanos que eram em teoria livres, porm viviam uma situao de liberdade tutelada, com uma situao legal dbia, alm de estarem inseridos em um sociedade escravocrata. A maioria desses africanos tinha os portos da frica Centro Ocidental como referncia identitria, sendo em sua maioria bantos; porm, percebemos que sua condio jurdica predominava sobre o porto de procedncia quando se tornava necessrio forjar referncias sociais. Por exemplo, era o caso das aes conjuntas pleiteando a devida liberdade que se esperava aps o fim do perodo de tutela. Alm disso, os africanos livres formavam redes de sociabilidade entre si em detrimento de outros grupos sociais por compartilharem uma caracterstica nica e diferenciada, que era o seu status jurdico. INTRPRETES, INTERMEDIRIOS, E FUNCIONRIOS AFRICANOS: ELEMENTOS DE RESISTNCIA E CONCILIAO DA CONSTRUO DE MOAMBIQUE COLONIAL. Lus Frederico Dias Antunes (IICT) Resumo: Por mais paradoxal que possa parecer, no segundo quartel do sculo XX, passados mais de cinco sculos do incio da expanso portuguesa, o governo e a administrao colonial portuguesa no s no haviam ainda conseguido fazer o reconhecimento de grande parte do territrio moambicano sob seu domnio poltico, como tambm se aplicavam ao mximo por compreender as culturas, as lnguas, as regras sociais das diversas sociedades e as tradies das populaes afro-orientais. Assim, se difcil poder afirmar-se que o imprio portugus em frica tenha sido, antes do mais, um imprio da informao, tal como Christopher Bayly procurou comprovar, no caso do congnere ingls na ndia, parece evidente que o domnio da informao e o conhecimento dos povos e das lnguas africanas desempenharam uma papel importante no processo de implantao do poder poltico, social e militar em Moambique, no dealbar do sculo XX. Assim, para que nos finais da dcada de 1930 a administrao ultramarina pudesse comunicar com as elites e as sociedades tradicionais de Moambique, mais do que contar com a experincia de alguns poucos europeus que conheciam a histria da sua presena na colnia e estavam informados sobre os sistemas costumeiros indgenas, teria de confiar, sobretudo, na sabedoria dos intrpretes africanos, que conheciam bem as lnguas locais e a lngua portuguesa, e na influncia de conselheiros (xingore) e secretrios (uranda), indivduos de grande autoridade e crdito junto dos mambos e muenes e demais rgulos de prestgio, bem como, do conselho de ancios. Esta comunicao, tendo como objecto de estudo as respostas ao Inqurito Etnogrfico de 1936 relativo a Moambique, procura analisar a aco dos intrpretes, dos intermedirios e dos funcionrios africanos com o objectivo de assinalar e entender a especificidade do seu estatuto e a sua influncia na sociedade colonial, e, simultaneamente, perceber o tipo de a sua inter-relao com os funcionrios da administrao local nessa ex-colnia portuguesa. mas tambm a sua inter-relao com os intrpretes neste processo, procurando entender a especificidade do estatuto destes e a sua influncia na sociedade africana. ENTRE O PORTO DE AMBRIZ, AS MINAS DE BEMBE E A EMBOCADURA DO RIO ZAIRE: CONFLITOS DE INTERESSES E DE SOBERANIAS NO CONTEXTO CENTRO-AFRICANO NAS DCADAS DE 1850 E 1880 Maria Cristina Cortez Wissenbach (USP) Resumo: Tendo como base relatos de expedicionrios europeus (em especial Joachim John Monteiro e Alfredo de Sarmento) e a documentao produzida pelas autoridades portuguesas, notadamente aquela emitida pela Estao Naval dAngola, fundeada em Ambriz, o objetivo da pesquisa em foco o de reconstituir os interesses internacionais em jogo na regio indicada, bem como as estratgias de resistncia e as formas de contato articuladas entre dirigentes africanos, mercadores de vrias nacionalidades, firmas estrangeiras e representantes dos interesses colonialistas. Trata-se de verificar na antevspera da Conferncia de Berlim como se apresentavam localmente conflitos provenientes de mltiplas soberanias, resultantes de disputas por reas de domnio, rivalidades comerciais e interesses na explorao das riquezas minerais. Sublinhar, sobretudo, o contexto das resistncias africanas, uma vez que, como afirmam as autoridades luandeses, na dcada de 1860: Todo o caminho do Bembe ao Ambriz encontra-se

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    insurrecionada. COMRCIO, BENS DE PRESTGIO E INSGNIAS DE PODER: INTERFACES ENTRE CULTURA MATERIAL E AS AGNCIAS CENTRO-OCIDENTAIS AFRICANAS NOS RELATOS DE VIAGEM DE HENRIQUE DE CARVALHO EM SUA EXPEDIO LUNDA Mrcia Cristina Pacito Fonseca Almeida (Universidade de So Paulo) Resumo: Ao longo da segunda metade do sculo XIX, a regio da frica Centro-Ocidental foi palco do processo de intensificao de expedies europeias que conjugavam interesses econmicos, militares e cientficos rumo ao interior do continente. Por meio das obras Descripo da Viagem Mussumba do Muatinvua (1890-1894) e Ethnographia e Histria Tradicional dos Povos da Lunda (1890), produzidas pelo explorador portugus Henrique Augusto Dias de Carvalho (1843-1909) durante sua viagem regio da Lunda, nordeste da atual Angola, entre 1884 e 1888, e do catlogo Colleco Henrique de Carvalho (Expedio Lunda), editado pela Sociedade Geogrfica de Lisboa em 1896, buscamos analisar como as exigncias e predilees centro-africanas por determinados objetos, bens de consumo e produtos moldaram as relaes comerciais travadas nesse perodo. Dentro de uma perspectiva mais ampla de reconhecimento das agncias histricas africanas e pela tica da histria social, pretendemos investigar os fenmenos de incorporao e ressignificao de objetos particularmente, bens de prestgio e insgnias de poder - enquanto expresses de identidades, cdigos sociais e hierarquias polticas no mbito dessas sociedades e de suas relaes com os europeus. A SENEGMBIA E A CONSTRUO DO DISCURSO COLONIAL NO TRATADO BREVE DOS RIOS DA GUIN, DE ANDR LVARES ALMADA, 1594 Francisco Aimara Carvalho Ribeiro (UFF) Resumo: Nessa comunicao, analiso o relato de Andr Almada sobre a regio da Senegmbia comparando-o a outros relatos de viajantes que percorreram o continente africano, tanto na virada do sculo XVI para o XVII, quanto no XIX. O objetivo compreender de que maneira se forma um discurso legitimador do colonialismo europeu sobre a frica e o povo africano. Ou seja, como se constri um discurso colonial. Os discursos do XVII e do XIX so diferentes, mas no podemos deixar de notar semelhanas entre os textos das diferentes pocas como uma evoluo do discurso de dominao europeia, enquanto o africano vai, pouco a pouco, sendo transformado em parte da paisagem ou em algum inferior que deve ser tutelado. VISES E PROJETOS COLONIAIS SOBRE A FRICA CENTRO-OCIDENTAL NAS PGINAS DA REVISTA ILUSTRADA AS COLNIAS PORTUGUEZAS Elaine Ribeiro (Universidade Federal de Alfenas) Resumo: Com a apresentao Vises e projetos coloniais sobre a frica centro-ocidental nas pginas da revista ilustrada As colnias portuguezas pretendemos analisar as intenes polticas de homens com direta atuao no processo colonizador de territrios africanos no final do sculo XIX. Entre elas, as do major Henrique Augusto Dias de Carvalho, fundador da revista ilustrada As colnias portuguezas e importante expedicionrio que, com sua viagem ao imprio da Lunda, entre os anos de 1884 e 1888, viabilizou a colonizao por parte de Portugal do atual nordeste angolano. As colnias portuguezas um peridico raro que est sob a guarda da Biblioteca Nacional do Brasil e sua anlise pode ensejar uma reflexo crtica sobre o pensamento colonial portugus finissecular e possibilitar o seu uso como fonte historiogrfica sobre as sociedades africanas centro-ocidentais. PANOS DA TERRA: INDSTRIA TXTIL E COMRCIO ATLNTICO DE ESCRAVOS NA GUIN E EM CABO VERDE, SC. XVIII Carlos Franco Liberato (Universidade Federal de Sergipe) Resumo: Este trabalho analisa o papel da indstria txtil caboverdeana no comrcio atlntico de africanos escravizados do sculo XVIII. 26/07 - Sexta-feira - Tarde (14:00 s 18:00) A INSTITUCIONALIZAO DOS ESTUDOS AFRICANOS NOS ESTADOS UNIDOS: ADVENTO, CONSOLIDAO E TRANSFORMAES Roquinaldo Ferreira (Brown University) Resumo: Este artigo analisa o advento, consolidao e transformao dos estudos africanos nos Estados

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    Unidos entre os anos sessenta at os dias atuais. O artigo tem como propsito discutir o contexto acadmico, poltico e geopoltico que lastrearam a criao deste campo de estudos. Para tanto, enfatiza as transformaes na sociedade americana nos anos sessenta, sobretudo o movimento pelos direitos civis dos Afro-Americanos, assim como o contexto internacional, particularmente a Guerra Fria. Na base da ascenso dos estudos africanos esteve uma poltica de Estado norte-americana e a participao ativa de agncias de fomento privadas, tais como as Fundaes Ford e Mellon. A base conceitual dos estudos africanos foram os chamados area studies. O artigo argumenta que este modelo tem sofrido transformaes na ltima dcada, com a incorporao de estudos sobre a dispora africana nos chamados estudos africanos. GOSTO SE DISCUTE: O ENSINO DE HISTRIA DA FRICA E A QUESTO RACIAL NO BRASIL Amauri Mendes Pereira Resumo: Gosto se discute... A pretenso tecer consideraes sobre o ensino de Histria da frica e da Histria e Cultura Afro-Brasileira: sobre escolhas bibliogrficas, e sobre afinidades com determinado tipo de abordagem e anlise. A motivao inicial vem de trabalhos que questionam epistemologicamente as mais influentes correntes interpretativas da emergncia e consolidao da modernidade ocidental, e sua repercusso entre ns brasileiros: em narrativas da formao e desenvolvimento da sociedade brasileira, e na criao de um imaginrio social repleto de idealizaes, lacunas e distores. A idia, ento, interrogar sobre simplismos e reducionismos em cursos e palestras imbudas do cumprimento da Lei 10.639/03, que buscam introduzir a Histria da frica e Histria e Cultura Afro-Brasileira no ensino bsico. Ser meramente uma questo de gosto, de afinidade conceitual e terica a escolha de um, ou a conjugao aleatria de alguns temas? Que outras coisas: interesses, posturas poltico-ideolgicas, etc., podem estar embutidas em certas abordagens, ttulos e conceitos, e em indicaes bibliogrficas? Para responder fundamental considerar o ambiente poltico e poltico-acadmico em que vem se dando a conquista, entre outros e entre ns, dos Estudos Africanos: a inarredvel conexo com o incremento (quase se poderia dizer efetiva fundao) desse campo e a conjuntura de agudos debates sobre a questo racial. E a conscincia de que tal emergncia decorre de presses polticas sobre a academia, sobre a institucionalidade hegemnica e sobre o vasto universo scio-cultural no Brasil. NOTAS SOBRE A HISTRIA DE UMA PEQUENA COLEO DE PESOS AKAN DE PESAR OURO (COSTA DO MARFIM, FRICA DO OESTE) Acacio Sidinei Almeida Santos (Pontifcia Universidade Catlica) Resumo: Em 1993 ganhei o meu primeiro peso Akan de pesar ouro. Entre 1999 e 2011 adquiri outras 63 pesos. A cada nova aquisio ou presente, segui anotando as caractersticas gerais da pea (origem, tamanho, peso, formato, material, valor pago, histria etc) e do seu vendedor ou antigo proprietrio. Por questes que no so obvias procurei, sempre que possvel, adquirir os pesos das mos dos mercadores Akan da Costa do Marfim ou do Gana. Durante o primeiro trabalho de catalogao, realizado em 2012, descobri que a coleo era formada em parte por pesos falsos (28 peas). Restaram ento 35 peas, todas elas verdadeiras. Algumas dessas 35 peas ilustraro a comunicao Notas sobre a histria de uma pequena coleo de pesos Akan de pesar ouro (Costa do Marfim, frica do Oeste), tentando demonstrar o potencial dos pesos na transmisso do conhecimento nas sociedades Akan. Como o ttulo pesos Akan oferece apenas uma viso muito reduzida da funo social das peas, por sublinhar unicamente o aspecto relativo a uma de suas funes, mostraremos como as figuras do dja (coleo de pesos) representam uma instituio sem igual no continente africano, pontuando o ritmo da vida dos povos Akan, como verdadeiras correntes de transmisso do saber e iluminando o passado prestigioso da civilizao Akan do ouro. Os dja simbolizam a soma dos conhecimentos humanos e cada peso uma parcela do conhecimento total. Os pesos Akan, enquanto unidades de medio, serviram desde o sculo XIV para pesar o ouro que era comercializado com os rabes. Para se adaptar s normas do Sahel, os Akan fabricaram dois tipos de peso: um baseado na unidade de medida islmica e outro baseado no mithqal de p de ouro (4,5 gramas). Quando passaram a tambm a realizar trocas com os portugueses, criaram outros pesos em conformidade com a unidade de medida portuguesa. O mesmo ocorreu para comercializar com os holandeses. Mas no s isso. Os dja de pesos figurativos so reveladores de um grande conhecimento e valor cientfico que constitui a biblioteca Akan: o universo, as cincias humanas e as cincias naturais esto presentes nos pesos figurativos; e os dja de pesos no figurativos representam, segundo Niangoran-Bouah (1972), um sistema grfico africano. A PESQUISA EM HISTRIA DA FRICA NAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS - UM PANORAMA Marcia Guerra Pereira (PUCRIO)

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    Resumo: Este trabalho integra o mapeamento do estado da arte da disciplina Histria da frica ministrada nas graduaes em Histria no Brasil desenvolvido na minha tese de doutoramento Histria da frica, uma disciplina em construo - , defendida em maro de 2012, na PUCSP. Nele, tendo como fonte as declaraes publicadas pelos professores de Histria da frica na plataforma Lattes/CNPq, relaciono temporalidades e espacialidades articulando-as ao perfil dos programas desenvolvidos e s orientaes em curso, apontando convergncias e perspectivas. As concluses nos permitem aquilatar a importncia dos dez anos de existncia da lei 10639/03 no processo de configurao do campo de pesquisa em Histria da frica no Brasil. KARIBU ! MWALIMW RODNEY . UMA INTRODUO A VIDA E OBRA DE WALTER RODNEY Fabio Floreno Gomes e Henrique Cunha Jr. (Waald Associao Panafricana de Pesquisa e Ensino Aplicado) Resumo: O ensino de histria da frica sob a razo da lei 10639/3, que torna o mesmo obrigatrio no currculo escolar brasileiro, completa dez anos em 2013, entretanto ainda so necessrios esforos e articulaes para a promoo de bibliografias e autores at ento ignorados ou desconhecidos dos produtores eurocntricos. A lei implica em ampliar os conhecimentos e ter novos e diversos enfoques, sendo de grande importncia as contribuies oferecidas por Walter Rodney, historiador guianense considerado um dos maiores intelectuais do sculo XX, autor do clssico Como a Europa Subdesenvolveu a frica, ativista politico e professor de reconhecimento em universidades como Dar es-Salaam na Tanznia e West Indies na Jamaica, sua vida foi interrompida aps brutal atentado em 1980. Minha abordagem tem como objetivo contribuir com a aplicao qualificada da lei 10639/03, a partir do dilogo entre diferentes escolas de pensamento africano e diasprico. Esse artigo uma introduo reflexiva vida e obra de Walter Rodney, com destaque as suas contribuies tericas sobre as transformaes nas estruturas sociais e sistemas polticos africanos entre os sculos XVI e XVIII. O presente trabalho est dividido em duas partes, a primeira sobre a trajetria de Walter Rodney entre o Caribe e frica, e a segunda trata de suas contribuies tericas sobre o trfico de africanos escravizados como base do subdesenvolvimento africano. POSSIBILIDADES E LIMITES DE INVENTARIAR O PENSAMENTO TRADICIONAL AFRICANO NOS DOCUMENTOS DA AO MISSIONRIA PORTUGUESA NA FRICA, NOS SCULOS XVI, XVII E XVIII. Luciana Regina Pomari (FAFIPA) Resumo: O objetivo deste trabalho est focado na possibilidade de estabelecer novas abordagens e temticas para um aprofundamento da histria da frica, a partir de uma massa documental pouco conhecida. Trata-se dos documentos da Monumenta Missionria Africana. Esta volumosa documentao foi produzida pelos missionrios cristos, algumas autoridades da Igreja ou do Estado, assim como de alguns reis e rainhas africanos, ao longo dos sculos XVI, XVII e XVIII. So estes relatos uma larga porta para conhecer as dinmicas culturais, os modelos de organizao das sociedades tradicionais africanas e as transformaes profundas, ocasionadas pela acelerao do fluxo escravista sob as demandas do comrcio ultramarino europeu, junto aos costumes e prticas judicirias dos povos africanos. Defendemos que possvel retirar dessa documentao uma genealogia dos costumes, traos mentais, leis e prticas judicirias (como a Chay ou a gua Vermelha que so ordlios) forma caracterstica de justia vigente tambm na Europa Ocidental Medieval at que aparecesse a moderna justia ancorada em provas. O melhor resultado desta pesquisa, que mesmo tendo que escavar muitas camadas de entulho da intolerncia, etnocentrismo e de obscurantismo da Igreja Catlica, tem sido possvel encontrar uma racionalidade africana prpria, plstica e diversa em si, mesmo sendo os relatos escritos pelos padres, interpretes ou autoridades no africanas. SIMPSIO TEMTICO 002 "DE QUE FRICA ESTAMOS FALANDO (II): PERSPECTIVAS DA PESQUISA HISTRICA E DO ENSINO DE HISTRIA DA FRICA (DO SCULO XIX CONFIGURAO DOS ESTADOS INDEPENDENTES) Coordenao: LEILA MARIA G. L. HERNANDEZ (FFLCH/USP) LOCAL: Setor II, Sala B2 23/07 - Tera-feira - Tarde (14:00 s 18:00) LITERATURA DE GUERRILHA: A IDEOLOGIA DO MPLA NA OBRA AS AVENTURAS DE NGUNGA E A PROPOSTA DE CONSTRUO DE UMA NAO ANGOLANA

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    Priscila Henriques Lima (Colgio So Toms de Aquino) Resumo: Mesmo diante de todo o apoio oferecido que tornava o MPLA o primeiro partido a possuir grande relevncia no cenrio das lutas pela libertao, o maior desafio encontrado pelo movimento seria alcanar os setores rurais que, apesar de estarem sendo representados por uma poro militante do campesinato, teve dificuldades em estabelecer um reconhecimento neste segmento populacional. Com a palavra de ordem Todos para o interior!", Agostinho Neto chamava a ateno para a necessidade de levar os esforos que at ento estavam destinados para o exterior e direcion-los para onde se encontrava o ncleo familiar dos guerrilheiros. A correo dessa situao s foi possvel aps a abertura da Frente Leste, que compreendia os distritos de Lunda, Moxico e Cuando Cubango, os dois ltimos tambm conhecidos como "terras do fim do mundo". Com este movimento, Agostinho Neto no almejava apenas o avano militar, mas sim despertar aquela fatia da sociedade para a luta de libertao. Essa conscientizao s ocorreria por meio de um esforo poltico-militar, isto , com a criao de escolas e lavras em cada acampamento que fosse firmado. Em 1972, Pepetela transferido para a regio da Frente Leste, onde passou a trabalhar como diretor do Centro Augusto Ngangula e como secretario permanente da Educao, e foi neste mesmo ano que ele escreve As Aventuras de Ngunga, que corroborando com o princpio do movimento, tinha como funo alfabetizar e conscientizar politicamente o corpo de guerrilheiros. As Aventuras de Ngunga foi publicado no mesmo ano, impresso por mimegrafos, e serviu como leitura complementar no processo de alfabetizao de crianas, jovens e adultos, escrito em portugus visando o aprendizado do idioma. A escolha do portugus como lngua padro foi feita para evitar que um nico idioma tnico se sobreponha a outro; assim, o portugus seria a lngua a unir todas as tribos. Dividido em 29 captulos, conta a histria do rfo Ngunga, smbolo da luta pela independncia angolana. A obra retrata o trajeto da sua formao poltica, tomando conscincia de si e do seu papel na luta pela libertao. A NOO DE NAO EM AO: LUSOTROPICALISMO E CULTURA INSTITUCIONAL NA PROVNCIA ULTRAMARINA DE ANGOLA (1953-1973) Gilson Brando de Oliveira Junior (Universidade Federal da Bahia) Resumo: Pretende-se neste trabalho, verificar o processo e os impactos da insero e institucionalizao dos ideais lusotropicalistas nos circuitos da cultura letrada angolana, entre 1953 e 1974, diante dos debates acerca da "nacionalidade" e da emergncia de movimentos de resistncia anticolonial nesta provncia ultramarina. Nosso enfoque consiste em duas etapas subsequentes e complementares: a primeira incide na anlise crtica da construo e evoluo conceitual do lusotropicalismo (diante do estudo das obras publicadas por Gilberto Freyre acerca desta temtica neste perodo) e a concomitante apropriao deste iderio pelo regime salazarista; a segunda aborda sistematicamente os contedos dos Boletins do Instituto de Angola (publicao de uma agremiao cultural apoiada pelo Governo Geral de Angola, que atuou nesta provncia entre os anos de 1953 e 1973 com o objetivo de estimular atividades cientficas, literrias e artsticas em Angola e promover a sua divulgao [bem como] pr todos os seus meios ao servio da Cultura Portuguesa) e dos "Cadernos de Iniciao da leitura" publicados nos anos 1960, para que posteriormente possamos compar-los queles da etapa anterior. A par dessa comparao, compreenderemos as dinmicas da insero do iderio lusotropicalista nos meios letrado e iletrado angolanos neste perodo, levando em considerao as peculiaridades pertinentes aos ambientes urbano e rural, todas elas oportunas para conjeturarmos sobre uma instigante ambiguidade relacionada a este contexto histrico, eivado de transformaes: a emergncia e a defesa, por parte dos representantes e simpatizantes do salazarismo, da noo de uma nica nao portuguesa que, amparada por argumentos culturais, incluiria, alm da metrpole, os espaos coloniais; e, por parte os intelectuais e militantes dos movimentos emancipacionistas angolanos, enquanto reao divulgao da manuteno de uma nao plurirracial portuguesa, da criao, defesa e divulgao de um projeto de nacionalidade angolana que prezasse por sua singularidade cultural. Acreditamos que os paradoxos no processo de apropriao e interpretao dos teores lusotropicalistas pelos sujeitos histricos em questo sejam oportunos para compreendermos a referida ambiguidade em tal contexto. IDENTIDADES ANGOLANAS: UM EXERCCIO DE REFLEXO ACERCA DO TEMA Paula Faccini de Bastos Cruz (UFRJ) Resumo: Para analisar os elementos que permitiram e esto permitindo a construo de identidades em Angola atravs do estudo do cinema produzido neste pas, assunto de minha tese de doutoramento, imprescindvel nos valermos de certos conceitos. Nesta comunicao fazemos um exerccio de reflexo acerca de alguns deles, quais sejam identidade/alteridade, cultura, sociedade, etnicidade, fronteira social e nacionalismo. Em Angola as transformaes sociais e variaes culturais se deram dentro do prprio territrio nacional, em funo da sobreposio forada de uma estrutura de Estado ocidental s sociedades

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    nativas, com todas as consequncias que tal violncia acarreta guerra colonial, guerra civil, unificao lingustica em lngua estrangeira, migraes, demarcao territorial artificial, etc. Podemos perceber que alguns traos, ainda presentes na constituio das identidades angolanas, so vestgios da poca dos primeiros contatos com o ocidente, da forma como estes se deram, do entendimento que os europeus tiveram das populaes que encontraram, e das imposies estabelecidas no processo de dominao colonial. Outros tiveram suas origens nas lutas de libertao; alguns mais adiante no tempo, aps a guerra civil. Dizemos identidades angolanas, assim, no plural, porque acreditamos que no exista ainda uma homogeneidade, uma unidade que responda por isto. A CONSTRUO DO NACIONAL: ENTRE A NGRITUDE DE L.S. SENGHOR E A RUPTURA DE FRANTZ FANON NO CONGRESSO DE ARTISTAS E ESCRITORES NEGROS DE 1959. Gustavo de Andrade Duro (Universidade Federal de So Carlos) Resumo: O presente trabalho faz uma anlise da construo de um projeto de nao por parte de Frantz Fanon e Lopold S. Senghor, na dcada de 1950. Enfocando a anlise dos elementos culturais e tnicos, fundamentais para os antigos colonizados, abordar-se-a elementos relevantes nas narrativas destes importantes representantes do mundo colonial j em profunda transformao poltico-social. Ser possvel perceber que atravs do discurso e da produo escrita, utilizando-se da lngua do colonizador, esses pensadores se destacaram como representantes de uma elite letrada com uma forte caracterstica de engajamento, conscientes de seu papel de transformao social. AS FACES DE MAFUKUZELA: MEMRIA, HISTRIA E NAO NA FRICA DO SUL Antonio Evaldo Almeida Barros (Universidade Federal do Maranho) Resumo: Defensor da humanidade dos povos africanos, criador do primeiro jornal e autor do primeiro romance em isizulu, fundador do African National Congress, John Langalibalele Mafukuzela Dube (1871-1946) consiste numa figura central da histria e memria sul-africana modernas. A partir da anlise de mltiplos registros sobre Dube, possvel observar pelo menos duas tendncias significativas entre aqueles que, de final do sculo XIX ao incio do sculo XXI, o tm tomado como objeto ou sujeito de interesse. Assim, de um lado, h aqueles que tendem a identificar Dube como colaborador da implementao do regime segregacionista sul-africano. Nesta perspectiva, que dominante nos anos 1950-1970, e que pode ser observada em textos, particularmente biogrficos, e rituais, Dube visto como um zulu influente, mas que teria se tornado fantoche dos brancos, um incentivador da solidariedade racial e, como tal, promotor dos fundamentos do apartheid. De outro lado, a exemplo do que ocorre nos dias atuais no contexto de construo da Nao Arco-ris, h aqueles que vem em Mafukuzela um personagem central das lutas histricas contra a segregao racial, inscrevendo-o como uma espcie de heri sul-africano defensor de relaes raciais harmnicas entre brancos e negros. Dube vai sendo esculpido simbolicamente enquanto artefato da Rainbow Nation num contexto em que se fundam museus e monumentos, homenageam-se e criam-se heris, transformam-se dias e meses em perodos de homenagens ao patrimnio de lutas do pas contra a opresso, d-se, enfim, legitimidade oficial para certo tipo de memria, atravs de diferentes meios, particularmente, biografias, documentrios, sites e blogs, festas e comemoraes. Embora as formas de inscrever Mafukuzela sejam distintas, elas se relacionariam tanto s opes que ele tomara ao longo de sua vida, quanto aos modos como os intrpretes se posicionam diante dos seus atos, palavras e silncios, e em relao conflitiva histria da frica do Sul e, especialmente, do Apartheid (1948-1994). O fato que h uma profuso de dispositivos empregados para produzir, atualizar ou questionar o legado de Dube; a existncia desse personagem assume uma dimenso pblica, permitindo a sua utilizao como objeto de diferentes estratgias e tramas de competio poltica e batalhas pela memria da nao. Alm disso, nota-se que as intervenes tericas e prticas de e sobre John Dube se aliceram e fomentam determinadas concepes de histria e memria, desenvolvimento, raa, cultura e nao: so dominantes concepes progressistas, tidas como universais, de desenvolvimento histrico, embora perspectivas que consideram especificidades culturais tambm possam ser observadas. ENTRE A RETRICA E A COOPTAO: A IRMANDADE MUULMANA E A POLTICA INTERNA NO EGITO DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1940-1945) Isabelle Christine Somma de Castro (USP) Resumo: Este trabalho pretende apresentar um panorama geral do papel desempenhado pela Sociedade dos Irmos Muulmanos (Jamiyyat al-Ikhwan al-Muslimin) no cenrio poltico egpcio durante a Segunda Guerra Mundial (1940-1945). A principal fonte de pesquisa so documentos produzidos por diplomatas da embaixada do Reino Unido no Cairo e pelo consulado-geral em Alexandria para o Foreign Office, que atualmente se encontram nos National Archives, em Londres, parte deles aberta para consulta pblica

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    somente em meados da dcada de 1990. A pesquisa revelou indcios de que o grupo teria sido cooptado pelo chefe de gabinete do rei Faruq, Ali Maher e, posteriormente, pelo governo do partido nacionalista Wafd, ambos em esferas distintas do panorama poltico da poca. No perodo analisado tambm observam-se conflitos entre o Palcio e o Wafd, partido nacionalista que paradoxalmente ascendeu ao governo do pas fora pelos britnicos em fevereiro de 1942. A Irmandade Muulmana, fundada em 1928 pelo professor primrio Hasan al-Banna, defendia em sua retrica que o Isl era a soluo para os problemas do pas que, apesar de independente desde 1922, ainda sofria a influncia da ocupao britnica, que se acentuou ainda mais durante o conflito mundial. A guerra trouxe ainda frequentes bombardeios areos, alta de preos, racionamento de comida, alm de instabilidade poltica e social. ISL, MOBILIDADE ESTUDANTIL E REDES DE SUPORTE SOCIAL NO BURQUINA FASO Pingrewaoga Bema Abdoul Hadi Savadogo Resumo: O presente trabalho aborda, por meio de anlise bibliogrfica especfica e de observaes dos autores, a formao de jovens muulmanos no Burquina Faso. Trata-se da educao e da diversidade, discutindo de um lado, a hegemonia educacional de orientao laica e em lngua francesa oficializada pelo Estado e, de outro, a resistncia de um segmento da sociedade que prefere inscrever seus filhos em escolas de orientao muulmana cujo ensino se faz em rabe ou bilngue (francs e rabe). Descreve-se o contexto sociopoltico pela historia em que a realidade foi constituda, ressaltando a importncia das escolas franco-rabes e das novas instituies universitrias muulmanas da rede privada de ensino superior. Segue-se uma discusso sobre a contribuio dos jovens formados nestes contextos (dentro e fora do pas principalmente) para a manuteno e renovao em seu conjunto. Ressalta-se a presena de ao poltica de tais grupos que fazem apelo noo de cidadania cultural e religiosa. Conclui-se que a existncia da contribuio islmica, que permanece como espao de construo de sentido para um nmero grande de pessoas e sociedades africanas fundamental, mesmo nas dinmicas ps-coloniais. PEPETELA: FRAGMENTOS DE UMA TRAJETRIA. HISTRIA E BIOGRAFIA. Silvio de Almeida Carvalho Filho (UFRJ) Resumo: Ao estudarmos o pensamento social e poltico em Pepetela, um dos mais importantes intelectuais angolanos, achamos que o conhecimento de sua vida, tal como narrada por ele e pelos outros, poderia iluminar as relaes entre seu pensamento, sua inscrio social e suas prticas. Buscamos a sua insero no contexto mltiplo no qual ela se esclarece, j que abordamos a sua individualidade no como o ponto de partida da histria, mas como um resultado criado em grande por essa ltima. Para apreend-lo como intelectual, considerando a sua produo, examinaremos a sua relao com o seu meio e sua poca. Tentamos - com a modstia que o verbo sugere - articular e entender as significaes dos seus discursos e prticas pblicas, perceber os seus impactos, todos analisados dentro de um contexto mltiplo, mas especfico. Perceber Pepetela, como membro de uma famlia, de uma cultura, de uma classe, de organizaes polticas e culturais, v-lo como o centro de uma extensa rede de interconexes extremamente diversificada e densa. Contudo, estamos ciente de que a sua atuao no apenas produto de seu contexto, pois o mesmo pde gerar uma enorme variedade de tendncias intelectuais. Trabalhar com seus dados biogrficos demanda entrelaar o singular e nico com o geral, universal e coletivo. Ao nos atermos, nesse setor de nossa pesquisa, na escrita que estabelece de si e do outro, em especial nas entrevistas por ele concedidas, descobrimos o entrelaamento entre o seu pensamento e a sua estria de vida. Nesse texto, empreendemos essa metodologia ao analisarmos as entrevistas concedidas por Pepetela ns em 2008 e em 2010. Ele, como entrevistado, tornou-se o idelogo de sua prpria vida, selecionando certos acontecimentos significativos e estabelecendo entre eles conexes para lhes dar coerncia e, quem sabe, para se dar coerncia. Nessas entrevistas, o Pepetela, que se apresentou, era simultneamente o protagonista, o narrador e o autor de si, pois a maneira como ele organizou suas experincias tornou-se parte da construo de si. Composio essa vista como uma performace, na qual se acredita ou que se tenta fazer acreditar como veraz o que se relata de si ou do outro, mesmo que seja por espelhamento. Mas quer queira ou no, eu, o autor deste texto e entrevistador nesse encontros com ele, de certa forma, na medida que interpelava e que o chamava a narrar sobre si e sobre os outros, era, em um segundo plano esfumaado, de menor importncia, sendo, mas no querendo s-lo, um outro personagem, narrador e, de certa forma, um co-autor, mesmo que, s vezes, inconsciente, da exibio do outro. 24/07 - Quarta-feira - Tarde (14:00 s 18:00) CONHECIMENTO MDICO EM CONTEXTO COLONIAL: NOTAS SOBRE ANGOLA E MOAMBIQUE Valdemir Donizette Zamparo (UFBA)

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    Resumo: Os relatrios dos mdicos a servio das reparties coloniais de Sade de Angola e Moambique e a documentao primria dos fundos de Sade dos Arquivos Nacionais das duas maiores ex-colnias de Portugal em frica, elaborados no sculo XIX e na primeira metade do sculo XX, embora carregados de preconceitos eurocntricos, so fontes fundamentais para entender as concepes mdicas vigentes naquele tempo; as dificuldades na compreenso, identificao e tratamento de doenas exticas; as estratgias e dificuldades dos mdicos a servio do colonialismo para conquistar coraes e mentes dos indgenas. Ao mesmo tempo, as narrativas sobre as resistncias dos nativos e os obstculos nesta caminhada humanitria e civilizadora oferecem a oportunidade para que emerjam as vozes dos nativos, que no podem se expressar diretamente atravs das fontes escritas. Assim esta comunicao pretender analisar tal documentao em busca destes momentos de tenso resultante do encontro/confronto, no terreno, entre mdicos a servio da bio-medicina e os indgenas, e suas concepes de sade, doena e cura. SADE COMO POLTICA COLONIAL: O SERVIO DE SADE DA COLNIA DE MOAMBIQUE ENTRE 1933 E 1975 Carolina Mara Gomes Morais (Fundao Oswaldo Cruz) Resumo: Este artigo busca abordar as polticas de sade implementadas pelo Estado Colonial Portugus em Moambique durante os anos de 1933 a 1975. A partir de relatrios de mdicos, engenheiros e demais atores envolvidos com a organizao dos Servios de Sade da Colnia buscamos discutir a organizao de uma medicina oficial no territrio colonial. No contexto do colonialismo portugus, o Estado colonial de explorao assume nova configurao a partir do Acto Colonial publicado em 1930, seguido pela Carta Orgnica e a Lei da Reforma Administrativa Ultramarina , ambas do ano de 1933. A partir deste conjunto de leis o Estado Colonial Portugus retoma a administrao direta do territrio colonial em Moambique que estava sob controle de companhias concessionrias . Sob o governo ditatorial de Antnio Salazar, o Estado Colonial Portugus busca centralizar a administrao da colnia de Moambique a partir de 1933. O regime do indigenato estabelecido legalmente no Acto Colonial de 1930 dividia claramente a sociedade colonial entre os no indgenas, e por isto responsveis pela misso civilizadora e os indgenas, populao a ser alcanada por tal misso. A organizao dos Servios de Sade da Colnia no fugiu aos moldes propostos pela poltica colonial portugueses. Legitimada pela ideologia da misso civilizadora e organizada obedecendo ao regime do indigenato, as polticas de sade estabelecidas na colnia de Moambique devem ser entendidas como parte das polticas coloniais, junto s polticas de educao e trabalho. Tambm discute-se neste artigo o acesso das populaes de Moambique, os chamados indgenas, aos Servios de Sade da Colnia. Tal acesso foi cerceado por questes sociais, raciais e mesmo pela pouca estrutura fsica que estes Servios possuam. ECO POPULAR DO MOVIMENTO NACIONALISTA E PAN-AFRICANO NO SUL DE MOAMBIQUE: A INTERVENO DA MEDICINA TRADICIONAL E DAS RELIGIES EVANGLICAS AFRICANAS Jacimara Souza Santana (Universidade Estadual da Bahia) Resumo: O racismo e a desigualdade social experimentados por povos negros na frica e dispora suscitaram a emergncia de um movimento pan-africanista. Nesse sentido, suas orientaes filosficas contriburam no desencadeamento de processos de libertao nacional em diferentes pases africanos entre os anos 50 e 70. Por isso, intelectuais daquele continente desempenharam um papel significativo nesses movimentos, enquanto pensadores e ativistas polticos demonstravam ser indissocivel o ser acadmico do militante, o ser cientfico do poltico e o ser objetivo do subjetivo. Em termos da frica Austral, intelectuais como Jlius Nyerere e Eduardo Chivambo Mondlane entraram para a histria. Tais intelectuais foram exemplos daquela combinao, cujo empenho no se deve exclusivamente s influncias estrangeiras, mas tambm s experincias pessoais de annimos na histria, vitais para o processo de construo destas lideranas. Estes intelectuais polticos foram, por vezes, o eco de experincias das suas comunidades de origem. Em relao recproca de inspirao e conivncia, atores e atrizes destas comunidades atuaram, assim, enquanto coparticipantes nos processos de transformao, de modo coletivo ou individual. Pessoas que, apesar de no terem alisado o banco da cincia, demonstraram-se donas de uma sabedoria propiciadora de uma viso simples e profunda da vida, capaz de despertar a tomada de conscincia e o encorajamento de outros no processo de transformao de uma dada realidade social. De modo que, alguns intelectuais foram e outros continuam sendo porta-vozes contemporneos destas experincias e saberes. Neste artigo, ao invs de acompanhar a trajetria de um destes intelectuais, observando a interao entre este e sua comunidade, demonstro expresses populares de pan-africanismo e nacionalismo no sul de Moambique que ora superou o status de uma reproduo do discurso dos intelectuais ora no, as quais, julgo terem contribudo num processo de conscientizao e manuteno da esperana na vitria sobre o colonialismo.

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    FORMAO DE PROFESSORES DE HISTRIA EM EDUCAO ETNICORRACIAL: CULTURA E HISTRIA AFRICANAS E AFRO-BRASILEIRAS NA ESCOLA Lourival dos Santos (UFMS) Resumo: A comunicao versar sobre a experincia de formao de professores de Histria em educao etnicorracial que desenvolvemos desde 2011, no curso de licenciatura em Histria da UFMS de Trs Lagoas, em parceria com a escola estadual Joo Dantas Filgueiras e financiada pelo Programa de Incentivo de Bolsas de Iniciao a Docncia (PIBID) da CAPES. As atividades so desenvolvidas a partir do Laboratrio de Ensino de Histria (LEHIS). Conta com a participao de nossos alunos do estgio obrigatrio e teve seu gerenciamento executado por bolsistas de extenso em 2011. Em 2012 o projeto recebeu bolsistas do PIBID/Histria que passaram a coordenar o projeto. Juntamente coma equipe tcnica e professores da escola, os alunos do curso de Histria desenvolvem e executam planos de aulas relacionados com temas de cultura e Histria africanas e afro-brasileiras, bem como experincias histricas do que chamamos de culturas das disporas africanas. Os planos de aulas iniciam-se com o mapeamento do conhecimento prvio dos estudantes do ensino fundamental e mdio. Essas atividades diagnosticam as concepes dos alunos a respeito da frica contempornea e da situao dos negros no Brasil. Ao final das sequencias as atividades de mapeamento so repetidas com o intuito de avaliarmos se atingimos nosso principal objetivo: desestabilizar a concepo de que africanos e seus descendentes so inferiores e precisam ser civilizados segundo parmetros do olhar imperial formado a partir do sculo XIX. ENTRE ESCRITAS PORTUGUESAS, BRASILEIRAS E AFRICANAS: OS USOS POLTICOS DA RAINHA NZINGA MBANDI ATRAVS DE ADJETIVAES COMUNS Priscila Maria Weber (PUCRS) Resumo: O presente trabalho observar a utilizao de adjetivaes comuns rainha angolana Nzinga Mbandi nos romances "A gloriosa Famlia - O tempo dos flamengos" do escritor Arthur Carlos Maurcio dos Santos ou Pepetela e "O trono da rainha Jinga" do escritor brasileiro Alberto Mussa. Esses autores tentam, ao longo de suas obras, exaltar a personagem Nzinga Mbandi, atravs de adjetivaes extradas da obra "Histria Geral das Guerras Angolanas", escrita em 1680, em Luanda, pelo soldado portugus Antnio de Oliveira Cadornega. Ignorando caractersticas da obra de Cadornega, como o contexto em que a mesma foi produzida ou ainda as indeterminaes semnticas presentes quando o autor se refere as empreitadas blicas da rainha Nzinga, Mussa e Pepetela utilizam livremente as adjetivaes com o propsito de corroborar ideais polticos que perpassam construes identitrias e nacionais. Assim, problematizaremos os usos polticos dessas adjetivaes comuns, utilizando recursos que possibilitem anlises que sopesem os distintos contextos de produo dos escritos, considerando que as linguagens polticas, com suas significaes discursivas, permitem inumerveis formas de articulaes, expondo seus contedos com inmeros propsitos, podendo ser, inclusive, contraditrios entre si. S TEM GUERRAS, FOME E TRIBOS PRIMITIVAS: A FRICA ATRAVS DAS HISTRIAS EM QUADRINHOS DO FANTASMA, TINTIM E SOLDADO DESCONHECIDO. Ivaldo Marciano de Frana Lima (Universidade Estadual da Bahia) Resumo: Ainda hoje as revistas em quadrinhos so vistas com certa desconfiana por muitos historiadores. Por razes diversas, atribuem-se as mesmas um estatuto de objeto infantil ou intil para a pesquisa histrica. Porm, o que so as revistas em quadrinhos? Elas possuem o poder de transmitir ideias e representaes, construindo conceitos e preconceitos sobre seus temas, influindo na forma de pensar das pessoas. Fantasma, por exemplo, um heri que no possui superpoderes. Vive em algum lugar da frica, mais precisamente na caverna da caveira, que tambm o lugar em que moram os pigmeus bandar, temidos por suas flechas venenosas e ritos mgicos poderosos. As tribos africanas acreditam que Fantasma vive h mais de quatrocentos anos, por isso tambm conhecido como O Esprito que Anda. Tintim um misto de reprter e detetive. Sempre as voltas com investigaes diversas, suas viagens mostraram diferentes partes do mundo. A frica foi um dos muitos lugares visitados por este personagem. Diferente de Fantasma, que tinha no continente africano o cenrio da maior parte de suas histrias, Tintim teve apenas uma de suas aventuras neste lugar. O Soldado Desconhecido, personagem menos famoso do que Tintim e Fantasma, na verdade um mdico ugandense que se refugiou nos Estados Unidos quando criana, e retornou para sua terra natal com o objetivo de reconstruir o pas. Perante um cenrio de guerras e atrocidades diversas, tomado por vozes que vieram em sua mente, e decide combater as tropas do Exrcito do Senhor (LRA), aps desfigurar o prprio rosto, em meio a uma crise e angstia que foi tomado diante das mortes de crianas em Uganda. Ora retratado como palco de guerras, conforme as pginas do soldado desconhecido, ora como um lugar de homens e mulheres primitivos, conforme as pginas das revistas do Fantasma e Tintim, a frica foi representada atravs de estereotipias e clichs. Ao

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    longo dos anos, desde o surgimento das revistas do Fantasma no Brasil, na dcada de 1940, os quadrinhos representaram o continente africano de diferentes maneiras. A maior parte destas histrias protagonizaram diferentes cenrios em que os povos do continente africano apareciam de formas grotescas, em alguns casos, a exemplo de Fantasma e Tintim, desenhados de modo que o leitor aceitasse as formas primitivas dos africanos. Nesse sentido, este trabalho, objetiva discutir algumas das representaes existentes nestas revistas sobre o continente africano, buscando estabelecer liames com as ideias predominantes no senso comum. Foram utilizadas para esta pesquisa entrevistas com os leitores das revistas em quadrinhos residentes no Estado da Bahia, selecionados a partir de critrios como faixa etria (acima dos 40 anos) e grau de escolarizao (nvel mdio e superior). POLIFONIAS MUSICAIS NO ATLNTICO NEGRO: COMUNICAO E CULTURA NA FRICA E NO BRASIL CONTEMPORNEOS Amailton Magno Azevedo (PUC-SP) Resumo: As produes musicais de Femi Kuti, Seun Kuti e NNeka, na Nigria; de Olodum, Racionais Mcs, Carlinhos Brown, Timbalada e Marcelo D2, no Brasil; esto instituindo redes culturais de comunicao que se movem a partir de dilogos meldicos e rtmicos. No entanto, os trabalhos desses msicos, no assumem o carter de movimentos artsticos organizados e/ou planejados. No se verifica conversas formais ou trocas diretas de informao, mas dilogos e emprstimos mtuos de melodias e ritmos, que me permitiu refletir sobre esses intercruzamentos no Atlntico Negro. Nessa rede de comunicao rtmica as conexes so multidirecionais, irregulares e giratrias; configurando experincias/historicidades relacionais. Sendo assim, fluxos e refluxos de informaes insinuam-se e, a, que os msicos operam culturas musicais que se manifestam na antipureza e na inautencidade do discurso verbal e meldico, sugerindo assim, novos rumores estticos para as musicalidades ps-coloniais. Com isso, as polifonias musicais do Atlntico Negro expressam uma multiplicidade de ritmos, textualidades, instrumentos, cantos e performances; configurando assim, uma policentralidade das imagens, dos corpos e das memrias das fricas e das Disporas na contemporaneidade. 26/07 - Sexta-feira - Manh (08:00 s 12:00) FRICA E OS RETORNADOS: FOTORREPORTAGENS DE PIERRE VERGER NO CRUZEIRO Karine Costa Oliveira (Secretaria de Educao do Estado da Bahia) Resumo: O Cruzeiro, revista brasileira, circulou entre os anos de 1928 at meados da dcada de 1970 e fez parte da rede Dirios Associados que pertencia ao jornalista Assis Chateaubriand. Utilizou com bastante propriedade o recurso da fotorreportagem, produziu representaes e imagens sobre inmeros aspectos da sociedade, moldando comportamentos e modos de ver dos leitores. Seu quadro de funcionrios foi formado por consagrados jornalistas e fotgrafos como, por exemplo, o francs Pierre Verger. Nosso objetivo, neste texto, analisar representaes associadas e difundidas sobre frica e os retornados em uma srie de fotorreportagens: Acontece que so baianos constitudas por fotografias de Pierre Verger e textos de Gilberto Freyre no ano de 1951. Tal srie tratou dos chamados retornados, ex-escravizados abrasileirados que voltaram frica para a regio do Golfo do Benin. Este recorte baseia-se na participao de Verger como fotgrafo da referida revista e seu enfoque em variados elementos do continente africano. Para tanto, tomamos como aporte terico duas noes: a de fotografia; e a trade da Histria Cultural representao, prtica e apropriao. INTELECTUAIS E ASSOCIAES CULTURAIS NO BRASIL E EM ANGOLA, 1930-1961 Laila Brichta (UESC) Resumo: As histrias do Brasil, de Angola e de Portugal se cruzam em diversos pontos, especialmente pelo fato dos dois primeiros pases terem vivido, em pocas diferentes, sob um regime colonial imposto pelo ltimo. Os cruzamentos podem ser notados tanto nos campos poltico e econmico, quanto no cultural. Angola viveu a maior parte do sculo XX sob domnio portugus, perodo em que apresentou uma sociedade altamente estratificada por conta de polticas racistas e um cdigo civil que instituiu o chamado Indigenato. O sistema do indigenato, dentre as diversas regras e obrigaes, negou absoluta maioria dos nativos africanos direitos polticos, ao tempo que garantia a mo de obra necessria para os investimentos econmicos mediante a manuteno do trabalho compulsrio, tambm chamado de obrigatrio, correcional ou forado. Entretanto, houve uma srie de reivindicaes vindas das camadas mdias e baixas, indicadores que a populao no aceitou passivamente a subjugao, resistindo ao processo de dominao ora em conflitos diretos ora negociando com as autoridades portuguesas. Os indivduos socialmente intermedirios, que eram frequentemente assimilados, utilizaram de espaos culturais para protestarem,

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    espaos estes nos quais percebemos intensos dilogos e trocas com o Brasil. Esse trabalho, portanto, analisa comparativamente o universo da produo intelectual dos escritores Jorge Amado e scar Ribas, bem como das associaes culturais Liga Nacional Africana e a Frente Negra Brasileira, notando suas propostas e aes na relaborao das sociedades, cujo intuito era torn-las mais justa para parcelas da populao excludas dos projetos oficiais dos Estados, tanto no Brasil como em Angola, entre os anos de 1930 e 1961. Refletir sobre o processo de constituio das identidades e de sentimentos de pertencimento nacional na contemporaneidade brasileira, angolana e portuguesa um dos objetivos, bem como demonstrar que a literatura e o associativismo foram alguns dos espaos para a preparao desses sentimentos e dos projetos nacionais, assim como a Educao configurou-se na principal proposta dos grupos e sujeitos aqui analisados. O LUGAR DA GENTE DE COR PRETA NA TERRA DA LUZ: A IMPLEMENTAO DA LEI 10.639/03 NO ESTADO DO CEAR Carlos Rochester Ferreira de Lima (Universidade Estadual do Cear) Resumo: O presente artigo busca fazer uma Reflexo sobre o processo de implementao da Lei 10.639/03 no estado do Cear, que inicia-se em 2005, levando em considerao que este Estado foi o primeiro a abolir a escravido, mas ainda hoje carrega rastros de racismo nas mentalidades e relaes culturais deste povo que habita na auto intitulada :"Terra da luz". ANGOLA COMO CENRIO: DISPUTAS RELIGIOSAS, COMERCIAIS E RESISTNCIAS NO SCULO XIX Jos Bento Rosa da Silva (Universidade Federal de Pernambuco) Resumo: O artigo investiga as revoltas e resistncias em Angola, na segunda metade do sculo XIX e inicio do sculo XX. O Boletim Geral das Colnias uma fonte que, entre outras informaes, revelam a resistncia do colonizado ao colonizador em Angola. O referido Boletim no foi criado com esta finalidade, bvio, muito pelo contrrio: O Boletim da Agncia Geral das Colnias, rgo oficial da ao colonial portuguesa, prope-se fazer a propaganda do nosso patrimnio colonial contribuindo por todos os meios para o seu engrandecimento, defesa, estudo das suas riquezas e demonstrao das aptides e capacidades dos portugueses . So quatrocentos e oitenta e quatro boletins, digitalizados e disponveis em site eletrnico, onde tivemos oportunidade de investigar sobretudo,os relatos dos missionrios catlicos, onde evidenciam as resistncias colonizao de diferentes formas, corrobora