Caderno de Teoria e Prática Da Narrativa Jurídica

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  • 7/23/2019 Caderno de Teoria e Prtica Da Narrativa Jurdica

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    Ttulo Teoria e Prtica da Narrativa Jurdica

    Nmero de aulaspor semana

    1

    Nmero desemana de aula

    1

    Tema Estrutura das peas processuais e Teoria Tridimensional do Direito: contribuio das

    disciplinas de Portugus Jurdico.Objetivos O aluno dever ser capaz de:

    - Apresentar a ementa da disciplina e o Plano de Curso;- Reconhecer a importncia da disciplina para a atividade jurdica em geral;- Identificar as partes que compem algumas das peas processuais e relacion-las sdisciplinas de Portugus Jurdico, pelo vis da Teoria Tridimensional do Direito.- Compreender a relevncia dos fatos do caso concreto para a aplicao do direito objetivo.

    Estrutura decontedo

    1. Apresentao da ementa da disciplina2. Estrutura textual das peas processuais2.1. Parte narrativa2.2. Parte argumentativa2.3. Parte injuntiva3. Teoria Tridimensional do Direito

    Contribuio das disciplinas de Portugus Jurdico para a produo de peas processuais

    Procedimentos deensino

    Ao longo do semestre, trabalharemos, preferencialmente, casos da rea cvel,entretanto, para a primeira aula, escolhemos um tema de direito penal porque nossosalunos j estudam essa disciplina e isso facilitaria uma primeira interao com eles. Ainteno apresentar o programa de nossas disciplinas de forma inovadora e inteligente,sem a previsvel organizao linear da lista de contedos e da ementa.

    O principal objetivo da estratgia criar um contexto de persuaso sobre aimportncia das disciplinas de portugus jurdico para a formao dos profissionais de

    direito. Se julgar pertinente, leve textos que tratem da valorizao do portugus jurdico naatualidade.No pretendemos uma abordagem jurdica dos tipos penais relativos ofensa ao bem

    jurdico vida, mas a compreenso de que so os fatos do caso concretoque determinam anecessidade de tantos tipos penais para tipificar a conduta matar algum.

    Recursos fsicos Data show, retroprojetor, captulos dos livros didticos sugeridos na bibliografia bsica,textos variados e peas processuais disponveis na internet.

    Aplicao prtica eterica

    Sabemos que uma das expectativas dos estudantes do Curso de Direito iniciar,quanto antes, a produo das principais peas processuais, em especial a petio inicial. Asdisciplinas Teoria e Prtica da Narrativa Jurdica (segundo perodo), Teoria e Prtica daArgumentao Jurdica (terceiro perodo) e Teoria e Prtica da Redao Jurdica (quartoperodo) pretendem, juntas e progressivamente, ajudar voc a desenvolver todas ashabilidades e competncias necessrias consecuo dessa tarefa, em especial: a)organizao das idias; b) seleo e combinao de informaes; c) produo convincentedos argumentos; d) identificao das caractersticas estruturais de cada pea; e) redao emconformidade com a norma culta da lngua etc.

    Para isso, necessrio, em primeiro lugar, identificar a macroestrutura lingustica dapea, bem como os requisitos impostos pelo art. 282 do CPC.

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    Art. 282 do CPCA petio inicial indicar:

    Inciso I o juiz ou tribunal, a que dirigida;

    Inciso II os nomes, prenomes,estado civil, profisso,domiclio e residncia do

    autor e do ru;Inciso III o fato e os fundamentos

    jurdicos do pedido;

    Inciso IV o pedido, com as suasespecificaes;

    Inciso V o valor da causa;

    Inciso VI as provas com que o autorpretende demonstrar averdade dos fatos alegados;

    Inciso VII o requerimento para acitao do ru.

    No mesmo sentido, vejamos quais os requisitos exigidos, por exemplo, para asentena.

    Art. 458 do CPCSo requisitos essenciais da sentena:

    Inciso I O relatrio, que conter os nomes daspartes, a suma do pedido e da respostado ru, bem como o registro dasprincipais ocorrncias havidas noandamento do processo;

    Inciso II Os fundamentos, em que o juizanalisar as questes de fato e dedireito;

    Inciso III O dispositivo, em que o juiz resolver asquestes, que as partes lhesubmeterem.

    Esses dois documentosbem como outrosmostram-nos que h uma regularidadena organizao das peas processuais: so indispensveis a narrativa dos fatosimportantesda lide, a fundamentaode um ponto de vista e aplicao da norma, em forma de pedido,deciso etc.

    No importa se a narrativa dos fatos ser denominada dos fatos (pet io inicial) ourelatrio (sentena, parecer, acrdo). Tambm no cabe, neste momento, nomear aparte argumentativa como do direito (petio inicial) ou fundamentao (parecer).Pretendemos apenas, nesta primeira aula, como j dissemos, que o estudante de Direitoperceba que as peas processuais seguem, independente de suas peculiaridades, umaestrutura regular: narrar, fundamentar e pedir.

    Essa estrutura no existe sem motivao. Uma proposta terica,internacionalmente conhecida, chamada Teoria Tridimensional do Direito, do jusfilsofobrasileiro Miguel Reale, defende que o Direito compe-se de trs dimenses: FATO, VALOR eNORMA. Assim:

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    TeoriaTridimensional

    Macroestrutura de algumas peas processuais

    petio inicial parecer Sentena

    FATO Dos fatos Relatrio Relatrio

    Narrar os fatos importantes

    VALOR Do direito Fundamentao Motivao

    Fundamentar um ponto de vistaNORMA Do pedido Concluso Dispositivo

    Concluso, na forma de pedido, deciso etc.

    Como, ento, a universidade pensou as disciplinas de Portugus Jurdico diantedessa perspectiva? Adiante, uma sntese do que se pretende em cada matria.

    Em Teoria e Prtica da Narrativa Jurdica(segundo perodo), sero estudadas comprofundidade todas as questes relativas produo do texto jurdico narrativo, primeiradimenso do direito, que consiste na exposio de todos os fatos importantes para aadequada soluo da lide.

    Teoria e Prtica da Argumentao Jurdica (terceiro perodo) ter como objeto

    principal de estudo a Teoria da Argumentao, segundo a proposta de Cham Perelman,oportunidade em que as tcnicas e estratgias para a produo do texto jurdico-argumentativo e a respectiva aplicao da norma sero minuciosamente analisadas. Pormeio dos tipos de argumento, e todos os demais recursos lingusticos e discursivosdisponveis ao profissional do direito, o aluno ser estimulado a defender as teses que julgaradequadas.

    Por fim, em Teoria e Prtica da Redao Jurdica (quarto perodo), no maisproduziremos isoladamente as partes narrativa ou argumentativa, mas uma pea inteira.Elegemos o parecer tcnico-formal especialmente porque no ser necessria capacidadepostulatria para redigi-lo, ou seja, mesmo no sendo ainda advogado, em princpio, j sepode produzir esse documento com validade processual.

    Motivado por essa explicao, leia os casos concretos que seguem e responda questo.

    Caso concreto 1

    O caso ocorreu em Terespolis, Regio Serrana do Rio de Janeiro, no ano de 2005.Uma mulher de 36 anos, desempregada, estava casada com um mecnico, tambmdesempregado. Os dois moravam em um barraco de 10 metros quadrados, junto com seustrs filhos. O mais velho tinha seis anos de idade; o filho do meio, quatro; o caula, um ano emeio.

    importante mencionar que essa mulher, Marcela, estava gestando o quarto filho. Noms de fevereiro daquele ano, em decorrncia das fortes chuvas, um deslizamento de terraarrastou, ladeira abaixo, o lar em que vivia essa famlia. A me conseguiu salvar os dois filhosmais velhos, entretanto o caula, ainda aprendendo a andar, no conseguiu sair a tempo.Morreu soterrado. Por tudo o que aconteceu, Marcela entrou em trabalho de parto.

    Chegou ao hospital pblico mais prximo e foi submetida a uma cesariana. Assim queouviu o choro do beb, prematuro, pediu para segur-lo um pouco no colo. A enfermeira opermitiu. Marcela beijou a criana e jogou-a para trs. O menino caiu no cho, sofreutraumatismo craniano e morreu.

    Perguntada por que tomara aquela atitude, disse que no gostaria que seu filhopassasse por tudo o que os demais estavam passando: fome e misria. Um exame realizado

    no Instituto Mdico Legal apontou que Marcela se encontrava em estado puerperal[1] nomomento em que matou o prprio filho.

    Caso concreto 2

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    Este segundo caso ocorreu em So Paulo. A secretria Adriana Alves engravidou do

    namorado e, sem saber explicar por qual motivo, no contou o fato para ele; tambm nocontou para mais ningum. Seus pais, com quem morava, no sabiam de sua gravidez. Nocompartilhou esse segredo com amigas ou colegas de trabalho. Definitivamente, ningumconhecia a gestao de Adriana.

    Com o passar dos meses, Adriana no recebeu qualquer tipo de acompanhamento ou

    cuidado pr-natal especial; escondia a barriga com cintas e usava roupas largas. No ms dedezembro de 2006, quando participava de uma festa de final de ano, no escritrio em quetrabalha, sentiu-se mal e foi para casa.

    Sua inteno era realizar o parto sozinha e jogar a criana em um rio prximo suacasa. Ocorre, porm, que o parto no transcorreu tranquilamente. Adriana tevecomplicaes e teve de puxar fora a criana. Depois, matou-a afogada na bacia de guaquente que separou para realizar o parto. Para se livrar da justia, jogou a criana, j morta,no rio, enrolada em um saco preto.

    Muito debilitada, foi a um hospital buscar ajuda para si, mas no soube explicar o queaconteceu. Aps breve investigao da Polcia, Adriana confessou tudo o que fizera. Examescomprovaram que ela no estava sob o estado puerperal.

    Questoa) Vimos que, em ambos os casos, as acusadas praticaram o mesmo fato(conduta),

    qual seja, matar algum. Entretanto, o Cdigo Penal prev diversos tipos penaispara essa conduta, a depender das circunstncias como o fato foi praticado.Produza uma tabela como a do exemplo abaixo. Indique, pelo menos, cincoartigos.

    ARTIGO TEXTO ESPECIFICIDADES

    Art. 157, 3 doCP

    (latrocnio)

    Art. 157. Subtrair coisa mvel

    alheia, para si ou para outrem,mediante grave ameaa ouviolncia a pessoa, ou depoisde hav-la, por qualquer meio,reduzido impossibilidade deresistncia: Pena - recluso, dequatro a dez anos, e multa.3 Se da violncia resultaleso corporal grave, a pena de recluso, de sete a quinzeanos, alm da multa; se

    resulta morte, a recluso devinte a trinta anos, semprejuzo da multa.

    O agente tem o dolo de

    roubar e culpa pela morteda vtima, ou seja,desejava garantir asubtrao da coisa, masno tinha inteno (dolo)de matar. o que sedenomina crimepreterdoloso.

    b) Ao perceber que as circunstncias como a conduta praticada influenciamsubstancialmente o crime imputado ao agente, o profissional do direito deve estaratento para selecionar todas as informaes que no podem deixar de constar desua exposio dos fatos. Identifique nos dois casos concretos quais informaesno podem deixar de ser narradas e as indique em tpicos.

    c) Quais crimes praticaram Marcela e Adriana? Defenda seus pontos de vista em umpargrafo.

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    [1]Puerprio e estado puerperal so coisas diferentes. Puerprio o perodo que vai dodeslocamento e expulso da placenta volta do organismo materno s condies anteriores gravidez. Em outras palavras, o espao de tempo varivel que vai do desprendimento daplacenta at a involuo total do organismo materno s suas condies anteriores aoprocesso de gestao (40 a 50 dias). Puerprio vem de puer (criana) e parere (parir).Importante frisar que o puerprio no quer significar que dele deva surgir uma perturbao

    psquica.O estado puerperal um momento de influncia por uma situao especfica ps-parto,interessando somente alguns dias aps o parto (h aqueles que entendem que s podedurar por algumas horas aps o parto e outros que entendem que poderia perdurar por umms divergncia doutrinria). A medicina-legal tenta provar se a mulher era fsica oupsiquicamente normal, durante toda a sua vida, ou se a reao ocorreu somente naquelemomento. Disponvel em: . Acesso em: 09de maro de 2008.

    Avaliao A letra A pretende que o aluno faa uma pesquisa na parte especial do Cdigo Penal (art.121 e seguintes) e identifique alguns dos tipos penais que tratam da ofensa vida (mataralgum). A ttulo de exemplo, temos o homicdio simples (art. 121 do CP), o homicdio

    privilegiado (art. 121, 1 do CP), o homicdio qualificado (art. 121, 2 do CP), o homicdioculposo (art. 121, 3 do CP), instigao ao suicdio (art. 122 do CP), infanticdio (art. 123 doCP) etc.A letra B pretende que o aluno perceba que as duas mataram o prprio filho logo aps oparto, mas uma estava sob o domnio do estado puerperal e a outra no. Ademais, umatinha passado por trauma relevante momentos antes da conduta, enquanto a outra nosoube justificar o porqu de seu ato.Na questo C, pode-se dizer que a conduta observada no caso concreto 1 foi o infanticdio(art. 123 do CP); a do caso concreto 2, homicdio privilegiado, doloso, qualificado, adepender da interpretao e da fundamentao.

    Situao Em Elaborao

    Consideraesadicionais

    Plano de ensino

    Ttulo Teoria e Prtica da Narrativa Jurdica

    Nmero de aulas porsemana

    1

    Nmero de semana deaula

    2

    Tema Gnero e tipologia textuais nas peas processuais.

    Objetivos O aluno dever ser capaz de:- Reconhecer as peas processuais como gnero textual distinto;- Identificar os tipos textuais narrativo, descrito, dissertativo argumentativo einjuntivo nas peas processuais;- Compreender a interdependncia desses tipos textuais e qual a sua contribuiopara a competncia redacional das peas processuais.

    Estrutura de contedo 1. Gnero textual

    2. Tipologia textual2.1. Texto narrativo2.2. Texto descritivo2.3. Texto argumentativo

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    2.4. Texto injuntivo3. Peas processuais e utilizao dos diversos tipos textuais

    Procedimentos de ensino Recomendamos ao professor que explique aos alunos cada um dos tipos textuais eaplique esse contedo a diversas peas processuais. Seria interessante utilizarmodelos de peas disponveis na Internet ou em manuais de redao jurdica.Pedimos, porm, que seja evitada a explicao pela aula expositiva clssica. Nopodemos desconsiderar que a universidade adotou a metodologia do caso concreto

    em que o contedo pertinente aula deve ser progressivamente apresentado medida que a anlise dos casos concretos/fragmentos de texto vai se desenvolvendo.

    Recursos fsicos Data show, retroprojetor, captulos dos livros didticos sugeridos na bibliografiabsica, textos variados e peas processuais disponveis na internet.

    Aplicao prtica eterica

    No Direito, de grande relevncia o que se denomina tipologia textual:narrao, descrio, dissertao. O que torna essa questo de natureza textualimportante para o direito sua utilizao na produo de peas processuais como apetio inicial, que apresenta diferentes tipos de texto, a um s tempo. Para melhorcompreender essa afirmao, observe o esquema da petio inicial e perceba comoessa pea pertence a um tipo textual hbrido do discurso jurdico, o que exige do

    profissional do direito o domnio pleno desse contedo.

    INSERIR AQUI O ANEXO 1

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA

    ___ VARA ___ DA COMARCA ___

    Qualificao das partes

    Dos fatos_______________________________________________

    _______________________________________________

    _______________________________________________

    Do direito

    ______________________________________________________________________________________________

    _______________________________________________

    Do pedido1- __________________________;2- __________________________;

    -

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    Questo 1Identifique a tipologia textual predominante em cada um dos fragmentos

    listados e justifique sua resposta com elementos do prprio texto.

    Fragmento 1O apelado moveu Ao de Execuo por Quantia Certa em face dos ora

    apelantes, fundando-se na existncia de um contrato de locao firmado com

    Antnio Claudio (autos em apenso).Em tal ao, consta uma planilha de dbitos em que se encontramdiscriminados os valores supostamente devidos pelos apelantes, planilha essa queser adiante questionada.

    Existem relevantes pontos que no podem ser deixados margem daapreciao deste D. Juzo:

    O apelado possuidor do contrato de locao acima aludido. Tal contrato, queteve poca de sua assinatura os apelantes como garantidores, foi celebrado porprazo determinado, iniciado em 11/01/2007 e findo e 11/01/2008.

    Durante o prazo de vigncia do referido contrato, os aluguis e demaisencargos da locao vinham sendo quitados pontualmente pelo locatrio, sempre

    sob a vigilncia de perto dos fiadores, ora apelantes, que sempre foram diligentes emacompanhar o cumprimento de uma obrigao pela qual respondiam solidariamente.(Disponvel em: http://www.uj.com.br/publicacoes/pecas/1427/APELACAO.

    Acesso em: 10 de dezembro de 2010)

    Fragmento 2O "rol familiar" constante da Lex Fundamentalis brasileira no exaustivo. O

    legislador se limitou a citar expressamente as hipteses mais usuais, como a famliamonoparental e a unio estvel entre homem e mulher. Todavia, a tnica daproteo no se encontra mais no matrimnio, mas sim na famlia. O afeto terminoupor ser inserido no mbito de proteo jurdica. Como afirma Zeno Veloso, "num

    nico dispositivo o constituinte espancou sculos de hipocrisia e preconceito".Dessa forma, mais uma vez, deve-se dizer que o panorama constitucional nodeve ser tido como taxativo, mas sim exemplificativo. Assim, o caputdo art. 226 daCarta Magna brasileira deve ser vislumbrado como clusula geral de incluso,devendo-se impedir a excluso de qualquer entidade que ateste os pressupostos deostensibilidade, estabilidade e afetividade.

    Para alm disso, o Direito das Famlias possui o escopo primordial de protegertoda e qualquer famlia. As unies homoafetivas, para alm de no serem proibidasno ordenamento brasileiro, esto consagradas dentro do conceito de entidadefamiliar, por lei infraconstitucional.

    (Disponvel em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/17988/a-guarda-compartilhada-e-as-familias-homoafetivas). Acesso em: 10 de dezembro de 2010.

    Fragmento 3Uma pessoa trafegava com sua moto em alta velocidade por uma avenida, a

    mais ou menos 100 km/h. Essa avenida fica dentro de um bairro movimentado echeio de sinais. O condutor estava drogado e totalmente alcoolizado, sem qualquercondio de discernir e reagir a eventos que ocorressem na pista.

    (Disponvel em: http://forum.jus.uol.com.br/42825/acidente-de-moto-urgente/.Acesso em: 10 de dezembro de 2010).

    Fragmento 4"De acordo com a inicial de acusao, ao amanhecer, o grupo passou pela

    parada de nibus onde dormia a vtima. Deliberaram atear-lhe fogo, para o queadquiriram dois litros de combustvel em um posto de abastecimento. Retornaram aolocal e enquanto Eron e Gutemberg despejavam lquido inflamvel sobre a vtima, os

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    demais atearam fogo, evadindo-se a seguir.Trs qualificadoras foram descritas na denncia: o motivo torpe porque os

    denunciados teriam agido para se divertir com a cena de um ser humano em chamas,o meio cruel, em virtude de ter sido a morte provocada por fogo e uso de recursoque impossibilitasse a defesa da vtima, que foi atacada enquanto dormia.

    A inicial, que foi recebida por despacho de 28 de abril de 1997, veioacompanhada do inqurito policial instaurado na 1 Delegacia Policial. Do caderno

    informativo constam, de relevantes, o auto de priso em flagrante de fls. 08/22, osboletins de vida pregressa de fls. 43 a 45 e o relatrio final de fls. 131/134.Posteriormente vieram aos autos o laudo cadavrico de fls. 146 e seguintes, o laudode exame de local e de veculo de fls. 172/185, o exame em substncia combustvelde fls. 186/191, o termo de restituio de fls. 247 e a continuao do laudocadavrico, que est a fls. 509.

    O Ministrio Pblico requereu a priso preventiva dos indiciados. A priso emflagrante foi relaxada, no configurada a hiptese de quase flagrncia, por no terhavido perseguio, tendo sido os rus localizados em virtude de diligncias policiais.[...]

    (Disponvel em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/16291/o-caso-do-indio-pataxo

    -queimado-em-brasilia. Acesso em: 10 de dezembro de 2010)

    Fragmento 5O Assdio moral, ou seja, a exposio prolongada e repetitiva do trabalhador a

    situaes humilhantes e vexatrias no trabalho, atenta contra a sua dignidade eintegridade psquica ou fsica. De modo que indenizvel, no plano patrimonial emoral, alm de permitir a resoluo do contrato ("resciso indireta"), o afastamentopor doena de trabalho e, por fim, quando relacionado demisso ou dispensa doobreiro, a sua reintegrao no emprego por nulidade absoluta do ato jurdico.

    (Disponvel em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/14748/assedio-moral-e-seus-efeitos-juridicos. Acesso em: 10 de dezembro de 2010)

    Fragmento 6Segundo o dicionrio Houaiss da Lngua Portuguesa, a palavra "assdio"

    significa "insistncia impertinente, perseguio, sugesto ou pretenso constantesem relao a algum". [...]

    Segundo a mdica Margarida Barreto, mdica do trabalho e ginecologista,assdio moral no trabalho "a exposio dos trabalhadores e trabalhadoras asituaes humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a

    jornada de trabalho e no exerccio de suas funes, sendo mais comuns em relaeshierrquicas autoritrias e assimtricas, em que predominam condutas negativas,relaes desumanas e aticas de longa durao, de um ou mais chefes dirigida a umou mais subordinado(s), desestabilizando a relao da vtima com o ambiente detrabalho e a organizao, forando-o a desistir do emprego".

    (Disponvel em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/7767/identificando-o-assedio-moral-no-trabalho. Acesso em: 10 de dezembro de 2010).

    Questo 2Acesse o sitedo STJ e transcreva trecho de um voto em que a narrao est a

    servio da argumentao e outro em que a descrio est a servio da narrao.

    Avaliao Questo 1Fragmento 1:texto narrativo predominante.

    Fragmento 2:texto dissertativo argumentativo predominante.Fragmento 3:texto descritivo predominante.Fragmento 4:texto narrativo predominante.Fragmento 5:texto dissertativo argumentativo predominante.

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    Fragmento 6:texto descritivo predominante.

    Questo 2Resposta dependente da pesquisa. O aluno dever perceber que um texto raramente puro quanto tipologia. Os tipos de textos se confundem em uma mesmaproduo textual. Deve-se falar sempre em predominncia deste ou daquele tipo.

    Situao Em Elaborao

    Consideraes adicionais

    Plano de ensino

    Anexos Anexo 1.docx

    Ttulo Teoria e Prtica da Narrativa Jurdica

    Nmero de aulas porsemana

    1

    Nmero de semana de aula 3

    Tema Narrativa jurdica simples e narrativa jurdica valorada.

    Objetivos O aluno dever ser capaz de:- Distinguir a narrativa jurdica simples da narrativa jurdica valorada;- Identificar as caractersticas que marcam esses dois tipos de narrativa;- Compreender a relao entre o tipo de narrativa e a pea processual produzida;- Conhecer as principais caractersticas da narrativa jurdica.

    Estrutura de contedo 1. Algumas caractersticas da narrativa jurdica1.1. Impessoalidade1.2. Verbos no passado

    1.3. Paragrafao1.4. Elementos constitutivos da demanda (Quem quer? O qu? De quem? Porqu?)1.5. Correta identificao do fato gerador2. Narrativa jurdica simples3. Narrativa jurdica valorada4. A construo de verses

    Procedimentos de ensino Recomendamos a aula dialogada como procedimento de ensino. Oselementos da narrativa forense e a organizao cronolgica dos fatos sero objetode estudo de outra semana de aula.

    importante que o aluno entenda que no a pea processual que se mostraimparcial ou valorada, mas a sua narrativa. Os documentos produzidos pelosadvogados, por exemplo, possuem narrativas valoradas, enquanto as narrativasde sentenas, pareceres e acrdos so imparciais. Seria interessante se oprofessor pudesse mostrar fragmentos de narrativas de diversas peas e coment-los. No abordaremos todas as caractersticas da narrativa nesta aula, a fim deque cada contedo seja desenvolvido com profundidade e consistncia.

    Recursos fsicos Data show, retroprojetor, captulos dos livros didticos sugeridos na bibliografiabsica, textos variados e peas processuais disponveis na internet.

    Aplicao prtica e terica Como vimos anteriormente, as peas processuais tm um denominadorcomum: precisam, em primeiro lugar, narrar os fatos importantes do caso

    concreto, tendo em vista que o reconhecimento de um direito passa pela anlisedo fato gerador do conflito e das circunstncias em que ocorreu. Ainda assim, valedizer que essa narrativa ser imparcial ou parcial, podendo ser tratada comosimplesou valorada, a depender da pea que se pretende redigir.

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    Pode-se entender, portanto, que valorizar ou no palavras e expressesmerece ateno acurada, pois poder influenciar na compreenso e persuaso doauditrio.[1] Essa valorao das informaes depende dos mecanismos decontrole social que influenciam a compreenso do fato jurdico.

    preciso lembrar que so diferentes os objetivos de cada operador dodireito; sendo assim, o representante de uma parte envolvida no poder narraros fatos de um caso concreto com a mesma verso da parte contrria. Por conta

    disso, no se poderia dizer que todas as narrativas presentes no discurso jurdicoso idnticas no formato e no objetivo, visto que dependem da intencionalidadede cada um.

    NARRATIVA SIMPLES DOS FATOS NARRATIVA VALORADA DOS FATOS

    uma narrativa sem compromisso derepresentar qualquer das partes. Deveapresentar todo e qualquer fatoimportante para a compreenso dalide, de forma imparcial.

    uma narrativa marcada pelocompromisso de expor os fatos deacordo com a verso da parte que serepresenta em juzo. Por essa razo,apresenta o pedido (pretenso da parteautora) e recorre a modalizadores.

    Sugerimos iniciar por trata-se dequesto sobre...

    Sugerimos iniciar por Fulano ajuizouao de ... em face de Beltrano, na qualpleiteia ...

    Para o exerccio desta semana, recorremos a um trecho de importanteromance da literatura jurdica Em segredo de Justia[2] cujo enredo versasobre o possvel assdio sexual praticado por um conhecido advogado cariocacontra sua jovem secretria. Sugerimos a leitura do livro.

    Leiamos a narrativa extrada desse romance.

    1- A autora, conforme se verifica de sua prpria qualificao, detm o graude bacharel em administrao de empresas.

    2- Esse diploma foi conquistado no sem esforo, melhor se diria at, comgrande sacrifcio. rf de pai aos nove anos de idade, mais velha de trs irms,teve a autora muito cedo que comear a trabalhar, para ajudar sua me nooramento domstico; ainda adolescente, menor de idade, aceitava pequenastarefas remuneradas, posando para comerciais de televiso, ocasionalmentedesempenhando pequenos papis dramticos em telenovelas.

    3 - Terminado o curso colegial, procurou e encontrou emprego estvel, indotrabalhar como secretria em conhecida empresa industrial.

    4- Foi progredindo em suas funes e logo, merc de seu esforo e

    competncia, j atendia a um dos mais graduados diretores da empresa.5- Trabalhava h algum tempo, quando, desejosa de ter formao superior,

    ingressou, aps passar no concurso vestibular, na faculdade de administrao.6- Foram mais quatro anos e meio de luta rdua e a autora, trabalhando

    durante o dia e estudando. noite, conseguiu finalmente o ambicionado diploma.7- Faltava-lhe agora trabalhar na profisso que escolhera e para a qual se

    capacitara. Era, porm, uma opo difcil. Como secretria, era uma profissionalexperiente, tendo atingido o topo da carreira; como administradora, tinha umdiploma de curso superior completo, mas nenhuma experincia. Onde quer quefosse trabalhar, provavelmente deveria comear com uma remunerao inferiorquela que auferia na empresa industrial.

    8- Uma tarde, a autora foi procurada por seu ento chefe, Sr. Horcio deMelo Alencar, que lhe perguntou se ela gostaria de ir trabalhar comoadministradora em um escritrio de advocacia, por um salrio igual ao que entopercebia como secretria.

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    9- A autora, de incio, manifestou surpresa, chegando a duvidar do quejulgava ser tanta sorte. O Sr. Alencar, porm, tranqilizou-a: tinha um amigo - o Sr.Ranulfo Azevedo - homem srio, advogado conceituado, que procurava

    justamente uma administradora profissional para seu escritrio de advocacia.10- Como se tratava de firma ainda pequena, no fazia questo o Sr.

    Ranulfo de um ou de uma profissional experiente: queria algum que tivesse umdiploma, bom senso, disposio para trabalhar, e, sobretudo, vontade de crescer

    junto com a organizao.11- Lembra-se a autora de que, j naquela ocasio, comentara com o Sr.Alencar que pobre quando v muita esmola, desconfia" e que estava achando aoportunidade "boa demais para ser verdade.

    12- O Sr. Alencar disse , contudo, que j tinha conversado a respeito com oSr. Ranulfo e que tinha sido, alis, o prprio Sr. Ranulfo o primeiro a dizer queestava procurando algum para administrar seu escritrio e que se manifestaraentusiasmado, ao saber que ela, autora, a secretria de seu amigo Alencar, tinharecentemente se formado em administrao.

    13- O ex-chefe da autora chegou' at a acrescentar que fora o prprio Sr.Ranulfo que, ao mesmo tempo em que elogiava os atributos fsicos da autora,

    perguntara quanto ela ganhava e pedira permisso ao Sr. Alencar para convid-lapara trabalhar com ele, Ranulfo.14- Por a j se v, desde o primeiro momento, quais fossem as intenes

    do ru, misturando indevidamente, como qualificaes para preencher o cargovago em sua empresa, dotes de beleza fsica e aptides profissionais.

    15- Permite-se a autora, nesse passo, a bem da preciso da narrativa dosfatos, transcrever a expresso exata que teria sido usada pelo ru: de fato,segundo o Sr. Alencar, seu amigo Ranulfo teria dito:

    _ voc quer me dizer que sua secretria formada em administrao? Masela 'gostosa demais'! Voc ia ficar muito chateado se eu convidasse ela para

    trabalhar comigo?"

    16- A frase desrespeitosa foi transmitida ipsis litteris autora pelo Sr.Alencar. A autora, porm, infelizmente, no a tomou devidamente em conta.

    17- A oportunidade que se apresentava era excepcional: atendiarigorosamente quilo com que a autora vinha sonhando, desde que ingressara nafaculdade. O ru, alm disso, era amigo de longa data do Sr. Alencar, umprofissional conhecido, muito bem sucedido na profisso, tinha reputao dehomem srio. Usara por certo apenas por troa, "de brincadeira, em conversacom um amigo, a expresso chula, mas certamente, em seu escritrio, jamaisousaria ultrapassar os limites do respeito e da convenincia.

    18- Assim pensando, e encorajada por seu chefe, a autora aceitou a ofertae, em fevereiro de 1990, foi contratada para o cargo de gerente administrativa dafirma: "Escritrio de Advocacia Ranulfo Azevedo".

    19- Os primeiros meses foram gratificantes. A autora dedicava-se comafinco .s tarefas que lhe eram cometidas. Sua posio era especialmente.delicada, cabendo-lhe gerenciar um grupo que inclua profissionais de nvelsuperior, sobre os quais no tinha qualquer ascendncia hierrquica.

    20- Mas a autora: parecia vencer o desafio: organizou novas rotinas, mudoua decorao do ambiente, ps em dia e modernizou a cobrana de honorrios aosclientes, imaginou e implantou mtodos modernos e eficientes de administrao.

    21- Em verdade, a despeito de sua pouca idade, a autora logo se imps noambiente de trabalho, ganhando o respeito e a considerao das cerca de trintapessoas que trabalhavam na firma, entre advogados, estagirios, secretrias efuncionrios.

    22- O prprio ru, de incio, parecia encantado, mais com a competncia

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    profissional que com os alegados atributos fsicos da autora, comportando-segeralmente de forma respeitosa, formal,quase cerimoniosa.

    23- A seriedade do ru, contudo, era apenas hipcrita mscara, atrs daqual se escondia um verdadeiro e imoral stiro, um autntico manaco sexual.

    24- Essa faceta comeou a ficar clara em uma ocasio muito marcante.25- Ao final de junho, o Escritrio de Advocacia Ranulfo Azevedo organizou,

    como fazia todos os anos, uma conveno em um hotel fora da cidade.

    26- Era reunio de dois dias, congregando advogados e estagirios erespectivas famlias. Saam todos do escritrio em uma sexta-feira tarde, em umnibus fretado. Durante todo o dia de sbado e na manh de domingo osadvogados e estagirios debatiam temas profissionais, ligados gesto doescritrio ou a assuntos propriamente jurdicos. As noites de sexta-feira e desbado, porm, eram puramente sociais, dedicadas confraternizao.

    27- A autora foi convidada para o seminrio. De incio, teve dvidas emaceitar o convite. Sabia que era a primeira vez que algum, no diretamenteligado s atividades profissionais da firma, participava de uma conveno daqueletipo. Finalmente, face insistncia do ru, sentindo-se honrada, aceitou.

    28- No levou, porm, acompanhante. Nem a autora, nem o ru, cuja

    esposa estava, na ocasio, ao que foi dito, em viagem ao exterior.29- Na noite de sexta-feira houve de fato uma grande confraternizao.Todos conversavam animadamente; o jantar foi agradvel ehavia muita amizadee alegria. Mas nada de anormal ou grave aconteceu e, por volta das onze horas danoite, j todos estavam recolhidos.

    30- Aconteceu, isto sim, na noite de sbado. Nessa noite, aps o jantar, umconjunto tocava msica de dana. Sem acompanhante, o ru tirou a autora vriasvezes para danar. medida que a noite se desenvolvia, cada vez mais procuravao ru a proximidade corporal com a autora.

    31- Os outros casais aos poucos iam se recolhendo aos respectivosaposentos at que, cerca de uma hora da madrugada, s restavam danando

    autora e ru, este ltimo, a essa altura, completamente embriagado.32- Tocado pelo lcool, o ru perdeu o controle de si mesmo e comeou atentar seduzir a autora, com palavras eloqentes ,carregadas de sensualidadeimoral.

    33- A autora, claro, resistiu sempre, at que, finalmente, desvencilhou-sedo ru e saiu andando apressadamente at seu quarto.

    34- O ru, porm, seguiu-a e, com o p, impediu-a de trancar a porta,dizendo cruamente, em alto e bom som:

    "- Esta noite eu vou dormir aqui com voc".

    35- O constrangimento era total e invencvel., No silencioso hotel de fim desemana, todos estavam recolhidos. O ru, completamente embriagado, deixavadesenganadamente claras suas lascivas intenes. Somente com grandeescndalo, do qual todos os demais hspedes do hotel e, principalmente, osprofissionais integrantes do escritrio por certo tomariam conhecimento, poderiaa autora ter resistido a suas lbricas investidas.

    36- No restou autora seno aceder e passar a noite com o ru. Enojada,vencendo a repugnncia, por vrias vezes permitiu que ele a possusse, semprepara evitar o escndalo.

    37-Manh bem cedo, retirou-se o ru para seu prprio quarto e, algumashoras depois, de cara lavada, como se nada tivesse acontecido, presidia a reunioda manh de domingo.

    38- A autora cuidava que todo aquele pesadelo no duraria mais que umanoite e que, novamente sbrio, o ru se desculparia ou, pelo menos, tentariafingir que nada tinha acontecido.

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    39- De fato, foi assim que procedeu o ru durante todo o domingo, nohotel, e na viagem de volta.

    40- Na segunda-feira a autora apresentou-se ao trabalho, aindadesconfiada, mas pronta a iniciar esforo consciente para relegar o episdio- amerecido esquecimento. O emprego ainda era um bom emprego; a autoraprecisava dele; agora mais que nunca, pois sua me, j idosa, estava prestes asubmeter-se a uma delicada interveno cirrgica. O ru, at ali, tinha sido um

    bom patro. Tudo afinal no passara de uma noite de bebedeira.41- Ao final do expediente, porm, o ru chamou a autora, dizendo queprecisava conversar com ela e oferecendo uma carona. Cuidando, ingenuamente,que receberia o to esperado pedido de desculpas, a autora aceitou o convite.

    42- Mais uma vez, porm, para sua desgraa, enganou-se. O ru desejava,isto sim, reiterar que apreciara imenso a noite passada com ela, que insistia emchamar uma noite de amor"; que no tinha deixado de pensar nela um s minutoe que queria repetir a experincia.

    43- Agora no havia mais a desculpa da embriaguez. O ru estava sbrio esua voz, firme, decidida; simplesmente, com estarrecedor cinismo e despudor,convidava a autora a ser sua amante fixa, a ter um caso" com ele.

    44- A autora no sabia o que. fazer: aceitar no podia; no queria envolver-se com o ru, um homem casado e, ao que se dizia, bem casado; por outro lado,estava implcito no convite que a recusa significaria para a autora a demisso doemprego. 45- Procurou a autora, em desespero, ganhar tempo. Pediu umasemana para pensar, ao que o ru, surpreendentemente, respondeu queesperaria...

    "_ ...porque tinha certeza que ela ia ser 'boazinha' e aceitar sua proposta".

    46- Durante uma semana, o ru nada disse. Manteve-se discreto,absolutamente frio, com o cinismo impvido e arrogante do conquistador

    profissional.47- No deixou, porm, de sinalizar, indireta e ofensivamente, as vantagensque adviriam para a autora de aceitar suas propostas indecorosas; interessou-semais por seu trabalho, sugeriu a contratao de um auxiliar para suas funes,acenou com a perspectiva de um aumento de seus vencimentos.

    48- Passada a semana de prazo, voltou o ru novamente carga de mododireto: perto do final do expediente, como sete dias antes, ofereceu autora umacarona, que esta no teve como recusar.

    49- Conversavam no trajeto; a autora, hesitante, relutante, com medo denegar, sentindo-se coagida, ameaada de perder o emprego. O ru, gentil, polido,falsamente sedutor, mas deixando clara a opo: ou a autora se transformava emsua amante fixa ou teria que procurar rapidamente um novo emprego.

    50- A autora, nervosa, entretida na conversa difcil, no observava paraonde estavam se dirigindo. De repente, em uma curva, o ru saiu com o carro daestrada e entrou em um motel, pedindo imediatamente a chave da sutepresidencial.

    51- Novamente o constrangimento; novamente o envolvimento, asinsinuaes, a criao de situaes sem sada. E novamente a autora forada aaceder aos caprichos sexuais do ru.

    52- F0rmava-se assim uma situao irreversvel. autora e ru, agora, eramamantes. No havia como voltar atrs.

    53- Irremediavelmente enredada pelo patro, era agora prostituda,obrigada a entregar seu corpo para no perder o emprego. Nada mais restavaagora autora seno manter as aparncias e associar-se ao ru no negregandoesforo de manter desconhecido o esprio conbio.

    54- A rel.ao, vivida s ocultas, durou alguns meses. A autora, porm,

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    sofria muito; no saa mais de casa. Sua condio de amante fixa de um homemcasado, ainda por cima seu patro, tornava-a uma pessoa amarga, dissimulada.

    55- O nico lugar que freqentava, alm do trabalho, era o motel, sempre omesmo, uma ou duas vezes por semana pelo menos, ao final do expediente. Devez em quando, quando o ru tinha o.pretexto de alguma viagem, exigia que aautora o acompanhasse ou que, antes ou depois, passasse com ele uma noiteinteira, o que a obrigava a inventar mentiras constrangedoras para sua velha me,

    com quem ainda morava.56- Mas no paravam a os sofrimentos. Tambm por um outro particular asituao era cruel: alm de seus sonhos profissionais, a autora evidentementetinha tambm sonhos como mulher, os sonhos de toda moa: ter uma relaoafetiva normal, slida, casar-se, gerar e criar os prprios filhos.

    57- Aos poucos esses sonhos iam se frustrando. Como poderia ela,sentindo-se como se sentia, uma prostituta, entregando-se a prticas sexuais comum homem que no amava, conseguir desenvolver um outro tipo de relao, maispuro e mais saudvel?

    58- Um dia, porm, apesar de tudo, a autora apaixonou-se por um rapazsolteiro, um jovem mdico, dois anos mais velho que ela, que conheceu na festa

    de casamento de sua irm.59- Sua paixo, para sua felicidade ou desgraa, foi correspondida e logoiniciava ela, cheia de esperanas, um namoro saudvel.

    60- Estava, porm, carregada de culpas. No podia continuar nem mais umminuto levando uma vida dupla: amando com pureza o jovem mdico, ao mesmotempo em que mantinha com o patro uma relao adltera e pecaminosa. Orompimento com o ru, nas circunstncias, tornou-se inevitvel.

    61- O ru, porm, inconformado, insistia, prometia, ameaava, gritava;chegou mesmo, certa vez, a agredir fisicamente a autora.

    62- Finalmente, deixou-a ir. Mas, no dia seguinte, como era de se esperar, aautora estava demitida.

    63- No parou a a baixeza do ru. Vingativo, contou ao namorado daautora o caso que tivera com ela, mostrando-lhe, inclusive, fotografias suas emposies obscenas.

    64- A me da autora, por sua vez, mal recuperada da cirurgia a que sesubmetera, no resistiu sucesso de crises emocionais da filha e faleceu poucodepois.

    65- A prpria autora adoeceu seriamente. No conseguia arranjar emprego;tinha vergonha. O ru, pessoa conhecida e influente na sociedade, cuja separaorecente era assunto das crnicas de intrigas, provavelmente denegrira seu nome.

    66- Poderia a autora alongar-se ainda, por pginas e pginas no relato deseus tormentos. No o faz. No preciso. V. Exa. saber, com sua sensibilidade demagistrado, avaliar com preciso quo duros foram esses tempos de tormento ehumilhao que o comportamento reprovvel do ru causou autora.

    Questesa) Resuma, em at cinco linhas, qual a verso narrada pela parte autora.b) Identifique, na transcrio desse segmento, pelo menos trs informaes que aparte r no teria narrado. Justifique por qu.C) Identifique pelo menos dois recursos lingusticos que visem a valorar os fatos afavor da parte autora.

    [1]Barros, Orlando Mara. Comunicao & Oratria. Rio de Janeiro: Lumen Juris,2001, p. 138.[2]LACERDA, Gabriel. Em segredo de justia. Rio de Janeiro: Xenon, 1995, p. 10-20.

    http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/default.aspx#_ftnref1http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/default.aspx#_ftnref1http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/default.aspx#_ftnref2http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/default.aspx#_ftnref2http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/default.aspx#_ftnref2http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/default.aspx#_ftnref1
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    Avaliao Questo A: importante que fique evidenciada a acusao de assdio sexual,decorrente da hierarquia da relao de emprego.Questes B e C: resposta livre, mas deve ser coerente e fundamentada.

    Situao Em Elaborao

    Consideraes adicionais

    Plano de ensino

    Ttulo Teoria e Prtica da Narrativa Jurdica

    Nmero de aulas porsemana

    1

    Nmero de semana de aula 4

    Tema Modalizao e questes gerais de norma culta aplicadas linguagem jurdica.

    Objetivos O aluno dever ser capaz de:- Aplicar, na produo do texto narrativo valorado, as estratgias modalizadoras;

    - Compreender o fenmeno narrativo no como manipulao da verdade(problema de tica), mas como construo de uma verso verossmil dos fatos;- Rescrever fragmentos de textos jurdicos que apresentem problemas de normaculta no tocante linguagem forense.

    Estrutura de contedo 1. Narrativa jurdica valorada1.1. Uso de modalizadores1.2. Verossimilhana e diferentes verses dos fatos2. Portugus jurdico e questes gerais de norma culta2.1. Uso dos conectores eis que, de vez que, vez que e posto que2.2. Uso de ocorre que e inobstante2.3. Pontuao nas oraes subordinadas adjetivas e produo de sentido no

    discurso jurdico2.4. Regras gerais para o registro dos dispositivos legais2.5. Uso de estrangeirismos2.6. Uso de letras maisculas nos termos que se referem s partes (autor, ru,requerente, requerido etc.)2.7. Uso de atravs de2.8. Uso de abreviaes e a questo de a fls. e de fls.2.9. Uso dos pronomes esse e este2.10. Uso de o mesmo e onde

    Procedimentos de ensino Aula dialogada.Entendemos por modalizadores todas as marcas lingsticas

    disparadoras de raciocnio jurdico. Podem ser estratgias modalizadoras a seleovocabular, a adjetivao, a ordem dos elementos na frase, a entonao etc. apresena do modalizador que auxilia a produo da narrativa valorada; suaausncia marca uma tendncia de imparcialidade.

    Esta aula o auxiliar no aprofundamento da identificao dosmodalizadores. Aproveite, ainda, para discutir o efeito discursivo que esseselementos trazem para o texto em que so usados, mesmo porque, como vimos, asubjetividade de seu uso favorece interpretaes distintas de como serocompreendidos pelo juiz.Ressalte que h modalizadores mais evidentes e outros mais sutis e assinale queos muito evidentes (empresas inescrupulosas, por exemplo) podem ser

    prejudiciais narrativa quando traduzem uma valorao pejorativa,preconceituosa, agressiva para as partes. Lembre a seus alunos que as discusseslevadas ao judicirio devem ser pautadas pela tica e pelo profissionalismo; a lideno pode ser uma questo pessoal.

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    Recursos fsicos Data show, retroprojetor, captulos dos livros didticos sugeridos na bibliografiabsica, textos variados e peas processuais disponveis na internet.

    Aplicao prtica e terica A modalizao consiste na atitude do falante em relao ao contedoobjetivo de sua fala. Um dos elementos discursivos mais empregados namodalizao consiste na conveniente seleo lexical. De fato, em muitos casos,uma mesma realidade pode ser apresentada por vocbulos positivos, neutros ounegativos, tal como ocorre em: sacrificar / matar / assassinar; compor / escrever /

    rabiscar; cidado / ru / assassino.Dessa forma, uma leitura eficiente deve captar tanto as informaes

    explcitas quanto as implcitas. Portanto, um bom leitor deve ser capaz de ler asentrelinhas, pois, se no o fizer, deixar escapar significados importantes, ou piorainda, concordar com idias ou pontos de vista que rejeitaria se os percebesse.Assim, para ser um bom produtor de texto jurdico, necessrio que o emissoresteja apto a utilizar os recursos disponveis na lngua a servio da modalizao.

    No se trata de mentir ou manipular, o que constituiria verdadeiroproblema de tica profissional e humana. Trata-se, isso sim, de construir versesverossmeis sobre como se desenvolveu a lide.

    Leia o texto a seguir, disponvel na Internet, sobre a ocupao, pela Polcia e

    pelas Foras Armadas, do conjunto de favelas do alemo, no Rio de Janeiro, emnovembro de 2010.

    ESPERAMOS ANSIOSAMENTE QUE, APS A INVASO POLICIAL,O GOVERNO DO ESTADO ANUNCIE A INVASO SOCIAL

    "Ateno moradores do Alemo e da Vila Cruzeiro, a partir de hoje iniciaremos a

    construo de unidades hospitalares com medicos 24 horas, a construo de

    escolas profissionalizantes e de incubadoras industriais para gerao de

    empregos; criaremos unidades de alfabetizao e de formao em ensino

    primrio, o mesmo vale para as outras comunidades pacificadas"

    Esperamos ansiosamente esse anncio, que logicamente deveria ser dado em

    seguida ocupao. Afinal, fala-se muito nessa ao do poder do Estado. Quetipo de poder? Afinal, o nico poder do Estado a fora? Certamente tem o

    poder tambm de promover a incluso social que d um pouco de esperana aosque so obrigados a viver no morro!

    (Adaptado de texto disponvel em:http://dineymonteiro.nireblog.com/post/2010/11/28/

    comecou-a-invasao-do-alemao. Acesso em: 10 de dezembro de 2010)

    Questo 1Aps a leitura do texto, faa uma anlise das estratgias modalizadores que soobservadas.

    Questo 2Leia os fragmentos adiante e rescreva-os, adequando-os norma culta da LnguaPortuguesa.

    A) Os autos foram apensados aos da medida cautelar de sustao de protesto,atravs do qual a autora logrou a sustao liminar do protesto.B) Insta salientar que a informante Ana Buarque, secretria do demandante, nonarra qualquer humilhao que este tenha sofrido, at mesmo porque era adepoente que ia ao 7 Ofcio de Imvel tentar resolver a pendncia, ora sozinha,ora em companhia da Dra. Maria dos Milagres.

    C) A culpa, em sede penal, precisa ser demonstrada.D) O advogado apelou, sob a alegao de que o magistrado desconsiderou osdocumentos de fls. 30-34, os quais, por certo, comprovaro a obrigao do ru.E) O consumidor, que hipossuficiente, faz jus inverso do nus da prova.

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    F) inadmissvel inovar o pedido em sede de recurso, visto que no se poderecorrer do que no foi objeto de discusso e deciso em primeira instncia (RT811/282).G) A contestante ope-se apenas a esse item: o pedido de renovao, poispretende a retomada para uso prprio, posto que seu objeto social muito maisamplo do que o da Autora.H) Incumbia autora provar os fatos, atravs de percia, que deve ser

    tempestivamente requerida ao magistrado.I) Considerando que os meios de verificao das chamadas telefnicas soinformatizados e, inobstante suscetveis de inmeras falhas, no restaconfigurada, in casu, a abusividade que ensejaria a devoluo em dobro.J) Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se neste andar(Lei/DF N 3212 de 30.10.03)L) Todavia, o registro lhe foi negado, sem o menor fundamento, posto queconforme certido de nus reais do imvel, emitida em 22/06/2010, o imvelestava livre de impedimentos.M) Ocorre que outra indisponibilidade foi averbada no dia 11/09/2008 e, maisuma vez, o Autor precisou ingressar com demanda para cancelamento do

    gravame, o que aconteceu em 04/05/2010.N) Leia atentamente os fragmentos abaixo. marque a letra correspondente alternativa correta quanto ao registro dos dispositivos legais.a) A inobservncia dos incisos I e II do artigo 226 do Cdigo Penal, no gera anulidade dos autos de reconhecimento.b) Tal regramento regimental afeioa-se, dando-lhe aplicao aos arts 96, I, a e125 1o, da Constituio da Repblica Federativa do Brasil.c) O recorrente alegou que fora contrariada a literalidade do art. 485 IV e V c/c osarts 295, I, p. ., II e III, e 267, I e IV, do CPC.d) O MP denunciou Xnio Zamir por atitude comportamental subsumida noart.121, 2, II e IV c/c o art. 61, II, e do CP.

    Avaliao Questo 1A seleo vocabular e a redao tendenciosamente crtica em relao ao

    trabalho realizado pelas polcias e pelas foras armadas favorece diversaspossibilidades modalizadoras, porm, chamamos especial ateno para asescolhas invaso / ocupao e para o uso polissmico da palavra poder.

    Questo 2Algumas orientaes que podem ser dadas aos alunos:

    1) No h dvida de que, se os reiterados "atravs de" forem substitudos,com propriedade, pelas preposies "por", "com", "em" ou "de",

    conforme o caso, a frase ganhar em elegncia e vernaculidade.2) O uso forense consagrou h muito a locuo "a folhas", da mesma forma

    que tambm o fez com a expresso "de fls.". freqente encontrar essalocuo como se antes de folhas houvesse tambm o artigo "as" ("sfolhas"). Contudo, o correto dizer "a folhas" da mesma forma que nosreferimos a "documento de folhas". Vem a propsito a lio deNAPOLEO MENDES DE ALMEIDA, que em verbete do seu Dicionrio deQuestes Vernculas, diz que "a folhas vinte e duas" significa "a vinte eduas folhas do incio do trabalho", como quem diz "a vinte e duas braas".A respeito do uso da expresso "a fls.", convm assinalar quefreqentemente ela trunca desnecessariamente as frases da sentena.

    Parece mesmo s vezes que o juiz, ao prolatar a sentena, est maisvoltado para "documentos" e "peas do processo" do que para ocontedo e significado deles. A referncia a fls. constitui meroexpediente para facilitar ao leitor da sentena a localizao do documento

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    ou pea. Por isso muitas vezes ser melhor retirar a referncia docontexto, colocando-a entre parnteses.

    3) Esse(e variantes)pronome demonstrativo utilizado para retomarreferentes cujas idias j foram apresentadas no discurso. Este(evariantes)pronome demonstrativo utilizado para indicar idias queainda sero apresentadas no discurso.

    4) Entre os vcios de linguagem que devem ser combatidos inclui-se o

    estrangeirismo desnecessrio, por se encontrarem, no vernculo,vocbulos equivalentes. Quando no houver equivalente, porm, emlngua materna, segundo a ABNT, deve ser grafado o vocbulo comdestaque em itlico.

    5) O italianismo "em sede de pode, em geral, ser substitudo por outrostermos mais apropriados.

    6) Napoleo Mendes de Almeida, em o Dicionrio de Questes Vernculas,registra como ERRO o emprego do demonstrativo mesmo" com funopronominal. Aurlio Buarque de Holanda, em seu Dicionrioanota serconveniente evitar o uso de o mesmo como equivalente dos pronomes"ele, "o" etc.

    7) Nenhum dicionrio autoriza o neologismo "inobstante", que circula nosmeios forenses a par de outras expresses de formao semelhante.Prefervel o uso das expresses vernculas j consagradas: "no obstante"ou "nada obstante". A mesma observao se pode fazer em relao aoutros neologismos como "inacolhida".

    8) A expresso ocorre que no tem objetividade redacional na formulaoda pea processual. Alguns professores de Lngua Portuguesa chamamisso de muleta redacional.

    Letra Nresposta D.

    Situao Em Elaborao

    Consideraes adicionais

    Plano de ensino

    Ttulo Teoria e Prtica da Narrativa Jurdica

    Nmero de aulas porsemana

    1

    Nmero de semana deaula

    5

    Tema Polifonia e intertextualidade na construo do discurso jurdico.

    Objetivos O aluno dever ser capaz de:- Compreender a relevncia da polifonia para a produo do discurso jurdico;- Reconhecer a polifonia como fenmeno intertextual;- Rescrever trechos e pargrafos por meio de parfrases (citaes indiretas);- Dominar as recomendaes da ABNT acerca do uso de citaes diretas.

    Estrutura de contedo 1. Polifonia e intertextualidade1.1. Citao direta1.1.1. Citao de at 3 linhas e orientaes da ABNT1.1.2. Citao de mais de 3 linhas e orientaes da ABNT1.2. Citao indireta (parfrase)

    1.2.1. Reproduo ideolgica de contedosProcedimentos de ensino Aula dialogada.

    Recomendamos que este encontro seja utilizado para refletir sobre aimportncia da polifonia. Todas as vozes que auxiliam no conhecimento dos fatos

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    que compem a lide sero bem-vindas. Em muitos processos, o nico meio deesclarecer os acontecimentos ouvindo as partes, as testemunhas, as autoridadespoliciais que realizaram diligncias etc.

    Mesmo com a presena de provas documentais no processo, a polifonia tersua importncia, ainda que relativizada pela eventual inconsistncia dessas falas.

    Sugerimos ajudar o aluno a conhecer os recursos lingusticos que marcam apolifonia. possvel trabalhar, tambm, os tipos de discurso (direto, indireto e

    indireto livre) e sua colaborao para a produo da narrativa forense.No terceiro semestre, a polifonia receber outra conotao, a de informao queajudar no desenvolvimento do argumento de autoridade e do argumento de prova.Assinale, talvez, essa questo, mas somente a aprofunde em Teoria e prtica da

    Argumentao Jurdica.

    Recursos fsicos Data show, retroprojetor, captulos dos livros didticos sugeridos na bibliografiabsica, textos variados e peas processuais disponveis na internet.

    Aplicao prtica eterica

    No ato de interpretar um texto, no apenas necessrio o conhecimentoda lngua, mas tambm se faz imprescindvel que o receptor tenha em seu arquivomental as informaes do mundo e da cultura em que vive. Ao ler/ouvir um discurso,o receptor acessa diferentes memrias.

    Portanto, interpretar depende da capacidade do receptor de selecionarmentalmente outros textos. Quem no tem conhecimento armazenado, cultura,leitura de mundo, ter dificuldade, quer na construo de novos discursos, querna captao das intenes do emissor do discurso.

    ELEMENTOS LINGUSTICOS QUE TM O PAPEL DE MARCAR A POLIFONIA:

    Conjunes conformativas segundo, conforme, como,etc.

    Verbos introdutores de vozes(dicendiverbos de dizer)

    dizer, falar, (verbos mais neutros);enfatizar, afirmar, advertir,

    ponderar, confidenciar, alegar.

    INSERIR AQUI O ANEXO 2

    Parfrase um resumo, cuidadoso e original, do contedo da obra ou trecho lido,elaborado com as prprias palavras do pesquisador. (...) Deve ser redigida combastante clareza e exatido, de modo a possibilitar, no futuro, a sua utilizao semnecessidade de retorno obra original.

    (MARCHI, Eduardo Silveira. Guia de Metodologia Jurdica. 2. ed.So Paulo: Saraiva,2009, p. 240).

  • 7/23/2019 Caderno de Teoria e Prtica Da Narrativa Jurdica

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    Questo 1

    Leia a ementa do julgado abaixo, cujo relator foi o Desembargador JorgeMagalhes, e parafraseie, em texto corrido, na forma de pargrafo, essas ideias emat cinco linhas.

    Adoo cumulada com destituio do poder familiar.

    Alegao de ser homossexual o adotante. Deferimento dopedido. Sendo o adotante professor de cincias de colgiosreligiosos, cujos padres de conduta so rigidamenteobservados, e inexistindo bice outro, tambm a adoo,a ele entregue, fator de formao moral, cultural eespiritual do adotado. A afirmao de homossexualidade doadotante, preferncia individual constitucionalmentegarantida, no pode servir de empecilho adoo demenor.

    Questo 2

    Assim como no exerccio anterior, leia o fragmento, compreenda seu sentidoglobal e parafraseie seu contedo.Consoante orientao de Malhes, os estudantes que esto se iniciando na

    vida intelectual precisam ser orientados pelos seus professores, a fim de adquiriremfamiliaridade com os livros e habilidades na seleo das obras a serem consultadas.

    Questo 3o texto adiante rico em polifonia. Identifique essas ocorrncias e comente qual opapel dessas informaes na construo do texto.

    TEXTO[1]:

    O Ministrio Pblico de Santa Catarina impediu que o bacharel em DireitoCarlos Augusto Pereira prestasse concurso pblico para Promotor de Justia do rgo,por ele ser cego. Ele recorreu da deciso, mas teve o seu pedido negado.

    Na carta em que justifica a medida, o MP de Santa Catarina alegou que afuno indelegvel, e Pereira, "obrigatoriamente, teria que se socorrer de pessoasestranhas ao quadro funcional que no prestaram juramento pblico.

    O Presidente da Comisso de Concurso, Pedro Srgio Steil, afirmou que o"Promotor tem de preservar o sigilo e no pode repass-lo a ningum. Himpossibilidade de exerccio profissional de uma pessoa com essa deficincia".

    J o Presidente da Associao Nacional do Ministrio Pblico, Marfam Vieira,discorda. "No vejo incompatibilidade. H reas em que ele poderia atuarperfeitamente. E funo do Ministrio Pblico proteger o deficiente fsico,sobretudo porque a Constituio determina reserva de vaga nos concursos pblicos. lamentvel que o MP de Santa Catarina esteja praticando um ato dediscriminao". Marfam vai pedir presidncia da Associao do MP daquele Estadoque reveja a deciso. Carlos Augusto Pereira afirmou que, "se fosse aprovado, teriaum funcionrio investido de f pblica", para ler os documentos para ele.

    "A orientao da manifestao ministerial seria dada por mim. Alm disso, hsistemas que fazem a leitura pelo computador, como os sintetizadores de voz",ressaltou, ainda, Vieira.

    O Estado de Santa Catarina tem na Procuradoria da Advocacia Geral da Unio -rgo federal - um cego, Orivaldo Vieira. H casos semelhantes em outros Estados dopas. O procurador do Trabalho, Ricardo Marques da Fonseca, chefe da ProcuradoriaRegional de Campinas, e o defensor pblico Valmery Jardim, tambm so cegos.

    O bacharel funcionrio concursado da Justia Eleitoral. Na ocasio do concurso,para auxili-lo nos exames, foram designados dois advogados: um leu para ele a prova

    http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/default.aspx#_ftn1http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/default.aspx#_ftn1http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/default.aspx#_ftn1
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    e os livros usados para consulta, e o outro escreveu as respostas.O candidato considera ter sido uma vtima do preconceito e vai mover uma

    ao em face do rgo catarinense e exigir indenizao por danos morais.Ainda segundo o Corregedor-Geral do MP de Santa Catarina, um cego precisaria, emalgumas circunstncias, do auxlio de outra pessoa. A tecnologia fornece facilidades,mas o reconhecimento de provas ou o exame de uma percia ficam prejudicados. No razovel que o Estado tenha de criar uma estrutura para viabilizar uma exceo

    [1]Folha de So Paulo, maro de 2000.

    Avaliao Questes 1, 2 e 3 tm respostas abertas.

    Situao Em Elaborao

    Consideraes adicionais

    Plano de ensino

    Anexos Anexo 2.docx

    Ttulo Teoria e Prtica da Narrativa Jurdica

    Nmero de aulas porsemana

    1

    Nmero de semana deaula

    6

    Tema Seleo dos fatos da narrativa jurdica.

    Objetivos O aluno dever ser capaz de:

    - Identificar os fatos que constaro na narrativa jurdica.- Distinguir os fatos juridicamente importantes daqueles que so esclarecedores dasquestes importantes.- Desenvolver raciocnio jurdico capaz de levar compreenso de que os fatos queno so usados, direta ou indiretamente, na fundamentao da tese, no precisamser narrados.

    Estrutura de contedo 1. Classificao dos fatos1.1. Fatos juridicamente importantes1.2. Fatos que contribuem para a compreenso dos que so relevantes1.3. Fatos que do nfase a informaes relevantes

    1.4. Fatos que satisfazem a curiosidade do leitor2. Seleo de fatos para a produo da narrativa jurdica

    Procedimentos de ensino Aula dialogada.

    Recursos fsicos Data show, retroprojetor, captulos dos livros didticos sugeridos na bibliografiabsica, textos variados e peas processuais disponveis na internet.

    Aplicao prtica eterica

    Num relato pessoal, interessa ao narrador no apenas contar os fatos, masjustific-los. No mundo jurdico, entretanto, muitas vezes, preciso narrar os fatos deforma objetiva, sem justific-los. Ao redigir um parecer, por exemplo, o narradordeve relatar os fatos de forma objetiva antes de apresentar seu opinamento tcnico-

    jurdico na fundamentao.

    Antes de iniciar seu relato, o narrador deve selecionar o qu narrar, pois necessrio garantir a relevncia do que narrado. Logo, o primeiro passo para aelaborao de uma boa narrativa selecionaros fatos a serem relatados.

    http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/default.aspx#_ftnref1http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/default.aspx#_ftnref1http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula/Attachments/1/Anexo%202.docxhttp://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula/Attachments/1/Anexo%202.docxhttp://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula/Attachments/1/Anexo%202.docxhttp://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/default.aspx#_ftnref1
  • 7/23/2019 Caderno de Teoria e Prtica Da Narrativa Jurdica

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    INSERIR AQUI O ANEXO 3

    QUESTO 1:Leia os casos concretos que seguem e sublinhe todas as informaes que

    precisam ser observadas em uma narrativa imparcial. Em seguida, liste, em tpicos,todas essas informaes que devem ser usadas no relatrio.

    Caso concreto 1O motorista que atropelou a estudante universitria Daniele Silva, de 24 anos,

    moradora da Rua da Saudade, 25, casa 3, Santa Teresa, CPF 453992292-67, na pistado Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, na noite de segunda-feira, 08 de maro de2010, s 23h 30min, confessou ter fugido sem prestar socorro vitima, que morreuno local. Formado em Relaes Internacionais, Marcelo Cotrim, de 25 anos, mora naRua Senador Patrcio, 80, apartamento 403, Flamengo, CPF 435 874 985-20, RG2323874044-9, e se apresentou ontem ao 10 DP (Botafogo), onde alegou no terparado para prestar socorro, por ter ficado com medo de ser linchado.

    Marcelo liberado aps prestar esclarecimentos, autuado por homicdioculposo e omisso de socorro.

    Em seu depoimento, Marcelo disse: "logo aps o acidente, liguei para o meupai, o mdico Reinaldo Cotrim, que mora a 500 metros do lugar do atropelamento.No bebi antes do acidente. Tinha acabado de sair de casa, no Flamengo, para buscara minha namorada, em Copacabana. Um casal passou correndo na frente do carro".

    Reinaldo, por telefone, quando Marcelo liga logo depois do acidente, fala parao filho ir para a casa. O mdico vai at o local do acidente, constata que a menina jest morta, sai sem se identificar polcia e aos bombeiros.

    Nos prximos dias, ser ouvido o rapaz que estava com Daniele no momento

    do atropelamento, identificado como Alexandro, que tambm foi atingido.O advogado de Marcelo, Pedro Lavigne, ficou na delegacia com ele durante

    toda a tarde. Indagado por que seu cliente ligara para o pai em vez de chamar osbombeiros, Lavigne ainda tentou justificar:

    _ O pai dele mdico e estava a poucos metros dali. Ele foi at l para tentarsalvar a menina, mas ela j estava morta. Ele est muito abalado e, por isso, no seapresentou antes.

    Opinio do delegado do 10 DP, Laurindo Lobo, ele est jogando a culpa emcima da vtima. O advogado de defesa disse acreditar que ele sequer responder aprocesso.

    Caso concreto 2Desde o dia 18 de setembro de 2010, o motorista Jos Menezes de Lacerda, de

    47 anos, portador do vrus da AIDS, procurado pela polcia. Ele mudou de casa evive apavorado com a ideia de passar os prximos anos na cadeia. Sem antecedentes

  • 7/23/2019 Caderno de Teoria e Prtica Da Narrativa Jurdica

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    criminais, Jos foi condenado, em outubro de 2008, por um jri popular, a oito anosem regime fechado. A acusao: tentar matar a amante, transmitindo-lhe o HIV. Ocaso que teve repercusso nacional. O ru recorreu ao Tribunal de Justia de SoPaulo, mas perdeu: em maro de 2009, o rgo confirmou a deciso dos jurados.

    O advogado que defendeu Jos, no incio do processo, e o promotor que odenunciou, em 2006, dizem que no sabem de casos semelhantes no pas. Comoeles, outros especialistas afirmaram ao Estado no ter notcia de processos no qual

    um portador do HIV tenha sido condenado priso por homicdio doloso (cominteno de matar) e qualificado (por uso de meio cruel) porque contaminou algumcom o vrus.

    Luiz Carlos Magalhes acompanhou Jos durante o processo como advogadoda assistncia judiciria do Estado. Hoje o motorista est sem defensor. Magalhesdiz que o caso ficou ainda mais sui generis e dramticoporque Marlia, a mulhercontaminada, retomou o romance com Jos. Ela afirmou que j est arrependida deter registrado boletim de ocorrncia contra o companheiro. Mas no h o que fazer,porque, em casos de homicdio, a ao penal independe da vontade da vtima (aopenal pblica incondicionada). Marlia no quis falar com a reportagem.

    Jos disse ter sido informado sobre a ordem de priso h duas semanas pela

    prpria amante, que tinha ido buscar um atestado de bons antecedentes para ele.Foi um baque. O motorista afirma que ele e Marlia vivem entre idas e vindas,mas ainda esto juntos. Eu no sei se gostar. alguma coisa mais forte do que eu.Ele afirma que ambos esto em boas condies de sade e recebem tratamentogratuito do governo.

    Este caso foi um circo, diz Magalhes. Os dois esto vivos e saudveis. Nohouve tentativa de homicdio. Alm disso, no existe essa tipificao na nossalegislao, tentar matar por meio do vrus da AIDS.

    No lembro de nenhuma condenao no Brasil, um caso concreto, afirmaDamsio de Jesus, professor convidado da especializao em Direito Penal da EscolaPaulista de Magistratura. Em Espanha e Alemanha, no entanto, j so comuns os

    processos nos quais a transmisso do vrus foi classificada como tentativa dehomicdio. A alegao de que o ru sabia que tinha o HIV e mesmo assim manteverelaes sexuais sem proteo. As coisas l acontecem antes, afirma Damsio.

    O prprio Magalhes diz que h poucas chances de sucesso em recursos aostribunais em Braslia, porque se trata de deciso de jri popular, referendada peloTribunal de Justia. Depois da condenao a oito anos de regime fechado e dorecurso do ru, o TJ apenas adaptou a deciso para que Jos possa pleitear aprogresso da pena.

    Para o professor titular de Direito Penal da Universidade Federal do Paran,Ren Ariel Dotti, como Jos perdeu o prazo para novo recurso ao TJ, sobram comoalternativas uma reviso de pena ou um habeas corpus ao Superior Tribunal deJustia. Dotti diz ter dvidas sobre a condenao. Acho duvidoso. A tentativa dehomicdio depende da probabilidade da contaminao. Se no h 100% de certeza deque em uma relao possa haver o contgio, no houve tentativa de homicdio.

    Recentemente, deixou definitivamente a me dos quatro filhos para ficar coma amante. Conseguiu novo emprego e comeou a se reerguer. Mas ento soube daordem de priso expedida contra ele, h duas semanas.

    Marlia ficou abalada. E eu no acho justo. Sei que tinha minha parcela deculpa, mas ela tambm. Era responsabilidade do casal. Essa deciso de me prenderfoi um baque, quebrou minhas estruturas, afirmou Jos ao Estado.

    Jos diz que tinha muitas parceiras e no sabe exatamente como contraiu ovrus da AIDS. Afirma que evitou contar a verdade para Marlia porque estavaapaixonado. Meu crebro est congestionado; no sei o que fazer.

    Avaliao Tendo em vista a proposta de aula dialogada, desenvolva os raciocnios adequados seleo dos fatos. No deixe de discutir, a partir do segundo caso concreto, a

  • 7/23/2019 Caderno de Teoria e Prtica Da Narrativa Jurdica

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    possibilidade de se ajuizar, alm da ao penal condenatria, uma ao civilindenizatria por parte da pessoa contaminada, em face do agente da prticadelituosa.

    Situao Em Elaborao

    Consideraes adicionais

    Plano de ensino

    Anexos Anexo 3.docx

    Ttulo Teoria e Prtica da Narrativa Jurdica

    Nmero de aulaspor semana

    1

    Nmero de semanade aula

    7

    Tema Organizao dos fatos na narrativa jurdica.

    Objetivos O aluno dever ser capaz de:- Compreender a necessidade de organizao cronolgica dos fatos na narrativa

    jurdica;- Identificar corretamente o fato gerador da demanda;- Desenvolver interesse pela pesquisa, com acesso a fontes principiolgicas, legais,doutrinrias e jurisprudncias.

    Estrutura decontedo

    1. Formas de organizao dos fatos na narrativa1.1. Organizao cronolgica1.2. Organizao acronolgica2. Identificao do fato gerador3. Organizao linear dos fatos nas narrativas cvel e criminal

    Procedimentos deensino

    Aula dialogada.

    Recursos fsicos Data show, retroprojetor, captulos dos livros didticos sugeridos na bibliografiabsica, textos variados e peas processuais disponveis na internet.

    Aplicao prtica eterica

    No discurso jurdico, necessrio ater-se aos fatos do mundo biossocial quelevaram ao litgio. Ao procurar um advogado, o cliente far, logo de incio, um relatodos acontecimentos que, em sua perspectiva, causaram-lhe prejuzo do ponto devista moral ou material. Contar sua verso do conflito, marcada, geralmente, porcomoo, frequentes rodeios e muita parcialidade. J compreendemos, nas aulasanteriores, que saber selecionar essas informaes importante e esse

    procedimento depende no s da pea que se quer redigir, mas tambm de umaviso crtica madura e acurada.

    Ao profissional do Direito caber, em seguida, organizar as informaesimportantes obtidas nessa conversa, com vistas estruturao da narrativa a serapresentada na petio inicial.

    Sempre que o advogado elencar fatos, haver entre eles um lapso temporal,imprescindvel para a narrativa, a qual, por sua prpria natureza, deve respeitar acronologia do assunto em pauta, ou seja, a estrita ordem dos acontecimentos narealidade. A essa narrativa chama-se tambm narrativa linear. Sobre esse assunto,leia, tambm, o captulo Narrao e descrio: textos a servio da argumentao,do livro Lies de argumentao jurdica: da teoria prtica, de cuja obra se extraiu o

    exemplo adiante:

    INSERIR AQUI O ANEXO 4

    http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_6/Lists/Plano%20de%20aula/Attachments/1/Anexo%203.docxhttp://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_6/Lists/Plano%20de%20aula/Attachments/1/Anexo%203.docxhttp://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_6/Lists/Plano%20de%20aula/Attachments/1/Anexo%203.docx
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    Acompanhe a sequncia cronolgica dos principais eventos de um conflito1:

    1999 2003 / 1 sem. 2003 / 2 sem. Meses depois

    [...]

    Ao contrrio, no se deve apresentar fatos em sequncia alterada, no-linear.Para Victor Gabriel Rodrguez, a utilizao da narrativa linear evidencia para o leitor oencadeamento lgico entre os acontecimentos, crucial para se estabelecerem osnexos de causalidade e alcanar tambm maior clareza textual.

    Adiante, uma tabela com vocabulrio da rea semntica de tempo, a fim deorient-lo na produo das narrativas.

    VOCABULRIO DA REA SEMNTICA DE TEMPO[1]:

    Tempo em geral idade, era, poca, perodo, ciclo, fase, temporada, prazo, lapso

    de tempo, instante, momento, minuto, hora, etc.Fluir do tempo o tempo passa, flui, corre, voa, escoa-se, foge, etc.

    Perpetuidade perenidade, eternidade, durao eterna, permanente,contnua, ininterrupta, constante, tempo infinito,interminvel, infindvel, etc. Sempre, duradouro, indelvel,imorredouro, imperecvel, at a consumao dos sculos, etc.

    Longa durao largo, longo tempo, longevo, macrbio, Matusalm, etc.

    Curta durao tempo breve, curto, rpido, instantaneidade, subitaneidade,pressa, rapidez, ligeireza, efmero, num abrir e fechar d 'olhos,relance, momentneo, precrio, provisrio, transitrio,passageiro, interino, de afogadilho, presto, etc.

    Cronologia,medio, diviso

    do tempo

    Cronos, calendrio, folhinha, almanaque, calendas,cronometria, relgio', milnio, sculo, centria, dcada, lustro,qinqnio, trinio, binio, ano, ms, dia, trduo, trimestre,bimestre, semana, anais, ampulheta, clepsidra, etc.

    Simultaneidade durante, enquanto, ao mesmo tempo, simultneo,contemporneo, coevo, isocronismo, coexistente,coincidncia, coetneo, gmeo, ao passo que, medida que,etc.

    1 FETZNER, Nli Luiza C. et al.Lies de Argumentao Jurdica: da Teoria Prtica. Rio de Janeiro:

    Forense, 2010, cap. 3.1.

    A autora fez a

    matrcula da

    sua filha na

    escola

    A autora foi

    impedida de

    assistir saulas.

    Aumenta a

    inadimplncia

    no pagamentodas

    A escola

    terceirizou as

    aulas deinformtica e

    http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_7/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_7/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_7/default.aspx#_ftn1http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_7/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_7/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_7/default.aspx#_ftn1http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_7/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_7/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_7/default.aspx#_ftn1
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    Antecipao antes, anterior, primeiro, antecipadamente, prioritrio,primordial, prematuro, primognito, antecedncia,precedncia, prenncio, preliminar, vspera, prdomo, etc.

    Posteridade depois, posteriormente, a seguir, em seguida, sucessivo, porfim, afinal, mais tarde, pstumo, "in fine", etc.

    Intervalo meio tempo, interstcio, nterim, entreato, interregno, pausa,trguas, entrementes, etc.

    Tempo presente atualidade, agora, j, neste instante, o dia de hoje,modernamente, hodiernamente, este ano, este sculo, etc.

    Tempo futuro amanh, futuramente, porvir, porvindouro, em breve, dentroem pouco, proximamente, iminente, prestes a, etc.

    Tempo passado remoto, distante, pretrito, tempos idos, outros tempos,priscas eras, tempos d'antanho, outrora, antigamente, coisaantediluviana, do tempo do arroz com casca, tempo deamarrar cachorro com lingia, etc.

    Freqncia constante, habitual, costumeiro, usual, corriqueiro, repetio,repetidamente, tradicional, amide, com freqncia,ordinariamente, muitas vezes, etc.

    Infrequnciararas vezes, raro, raramente, poucas vezes, nem sempre,ocasionalmente, acidentalmente, esporadicamente, inusitado,inslito, de quando em quando, de vez em vez, de vez emquando, de tempos em tempos, uma que outra vez, etc.

    CASO CONCRETOAbandonada pelo noivo depois de 17 anos de namoro, a costureira Nair

    Francisca de Oliveira props ao judicial no Tribunal de Minas Gerais a fim decondenar o motorista aposentado Otaclio Garcia dos Reis, de 54 anos, a pagar-lheindenizao por danos morais. Ela pediu, ainda, 50% do valor da casa que os dois

    estavam construindo juntos, em Passos, sudoeste de Minas. Mais do que o trminodo noivado, entrei com o processo principalmente pelo tempo que fui enganada, dizela.

    Nair no revela a idade, diz apenas que tem mais de 40 anos. Ela diz quetambm foi vtima de difamao por parte de Otaclio. Ao romper com a noiva, eledisse que, alm de no gostar dela, sabia que no tinha sido o primeiro homem desua vida. Me difamou e humilhou minha famlia, lamenta Nair, que no consegueexplicar como pde ficar tantos anos ao lado de uma pessoa que ela diz, agora, noconhecer.

    Otaclio foi longe ao explicar o motivo do fim do relacionamento. Disse ex-noiva que tinha por ela apenas um vcio carnal e que nenhum homem seria capaz

    de resistir aos encantos de seu corpo bem feito. Ele daria um bom ator, analisaNair, lembrando que, a cada ano, a desculpa para no oficializar a unio mudava. Acostureira confessa que nunca teve vontade de terminar o namoro, mesmo tendo-oiniciado sem gostar muito de Otaclio. Ele teria insistido no relacionamento. Eu deitempo ao tempo e acabei gostando dele, afirma, frustrada com o tempo perdido,especialmente pelo fato de no ter tido filhos. Engraado, eu nunca evitei. No seipor que no aconteceu.

    A histria de Nair e Otaclio comeou em 1975. Aps quatro anos de namoro,ficaram noivos e deram entrada nos papis para o casamento religioso. Na ocasio, jhaviam comprado um terreno, onde construram a casa, que, segundo Nair, foierguida com o dinheiro de seu trabalho de costureira, com a ajuda dos pais e

    tambm com dinheiro de Otaclio. Hoje, o que seria o lar dos dois uma casaalugada. O advogado de Nair, Jos Cirilo de Oliveira, pretende requerer diviso dosvalores recebidos pelo aluguel do imvel.

    Segundo sustenta o advogado da autora, o casamento o sonho dourado de

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    toda mulher, objetivando com ele, a par da felicidade pessoal de constituir um lar,tambm atingir o seu bem-estar social, a subsistncia e o seu futuro econmico.Tudo isso foi frustrado pela conduta dolosa de Otaclio, que nunca pretendeuoficializar essa unio e manteve presa Nair a esse relacionamento imprspero.

    (adaptado de Roselena NicolauJornal do Brasil)

    Questo 1

    Indique a opo que mostra, em ordem cronolgica, alguns acontecimentos da vidado casal retratado no texto, Nair e Otaclio:(A) compram um terreno; ficam noivos; cancelam o casamento; brigam na justia.(B) comeam a