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CADERNOS DA AGRICULTURA FAMILIAR Ministério do Desenvolvimento Agrário 1 PRONAF AGROECOLOGIA Cadernos da Agricultura Familiar, Volume 1 – Pronaf Agroecologia Brasília, 2016 ISSN 2448-2404

Cadernos da Agricultura Familiar Pronaf Agroecologia

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CADERNOS DA AGRICULTURA FAMILIARMinistério do Desenvolvimento Agrário

mda.gov.br

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Cadernos da Agricultura Familiar, Volume 1 – Pronaf AgroecologiaBrasília, 2016

ISSN 2448-2404

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Pronaf Agroecologia

Cadernos da Agricultura Familiar Volume 1

Ministério do Desenvolvimento AgrárioBrasília - 2016

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CADERNO PRONAF AGROECOLOGIA

DILMA ROUSSEFFPresidenta da República

PATRUS ANANIASMinistro do Desenvolvimento Agrário

ANTONIO CLARET CAMPOS FILHOChefia de Gabinete do Ministro do Desenvolvimento Agrário - em exercício

MARIA FERNANDA RAMOS COELHOSecretária Executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário

ONAUR RUANOSecretário Nacional de Agricultura Familiar

JOÃO LUIZ GUADAGNINDiretor de Financiamento e Proteção à Produção

MARENILSON BATISTA DA SILVADiretor de Assistência Técnica e Extensão Rural

MARCELO PICCINDiretor de Geração de Renda e Agregação de Valor

Equipe editorialEdição de texto: Fabiana Mauro, Patrícia Landim, Angélica Cordova

Diagramação: Aline Pereira/Ascom MDA

Ilustração da capa: Pedro Henrique do Carmo/Ascom MDA

Fotografias: Acervo MDA

Secretaria Nacional da Agricultura FamiliarMinistério do Desenvolvimento Agrário

www.mda.gov.br

ISSN 2448-2404

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Apresentação ..................................................................................6

Como obter financiamento do Pronaf para sistemas de produção agroecológicos ou orgânicos? .........................................................8

Passo a passo para obter financiamento de custeio para sistemas de produção de base agroecológica e sistemas orgânicos consolidados ou em transição .................................................................................................. 10

Como obter financiamento de investimento para sistemas de produção de base agroecológica e sistemas orgânicos? ...............11

Passo a passo para obter financiamento de investimento para sistemas de produção de base agroecológica e sistemas orgânicos consolidados ou em transição ............................................................................................ 12

O Seguro da Agricultura Familiar - SEAF .......................................13

Cuidados para evitar a perda de cobertura do Seguro da Agricultura Familiar – SEAF ............................................................................................. 14

Deve-se ter atenção ..................................................................................... 14

Cadastro Ambiental Rural - CAR ....................................................18

Para saber mais ..............................................................................20

Anexos ...........................................................................................23

SUMÁRIO

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Apresentação

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A agricultura familiar produz alimentos saudáveis para os consumidores brasileiros. Para isso, usa os sistemas agroecológicos e orgânicos de produção.

Os produtos agroecológicos e orgânicos são cultivados como um sistema vivo e complexo, em que coexistem vários tipos de plantas, animais, microorganismos e minerais.

No manejo das unidades de produção agroecológicas e orgânicas os agricultores familiares (anexo 1) se valem do “enfoque sistêmico” privilegiando a conservação ambiental, a biodiversidade, os ciclos biológicos e a qualidadede vida.

Os consumidores têm buscado cada vez mais informações sobre os produtos para se decidir na hora da compra. Isso também ocorre com os alimentos. A procura pela qualidade, a rejeição por agrotóxicos tem sido elementos que mudam a relação dos consumidores com os alimentos. Isso demanda produtos mais saudáveis, cujo processo produtivo respeita o meio ambiente de maneira integral.

Essa realidade impele a produção de alimentos agroecológicos e orgânicos nas unidades familiares, onde a qualidade do produto é considerada fator básico e, por isso, recebe toda a atenção de quem produz e de quem orienta: os extensionistas rurais.

Os créditos para alimentos saudáveis só acontecem quando contam com a participação do técnico de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). É ele que faz acontecer. O projeto de crédito só é aceito com sua participação, compromisso, assinatura e acompanhamento.

O financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da AgriculturaFamiliar (Pronaf) para sistemas de produção de base agroecológica ou orgânicos tem papel importante na viabilidade desse modelo para a agricultura familiar. A utilização do crédito e do Seguro da Agricultura Familiar - Seaf contribui para a redução de custos e riscos da lavoura.

Os agentes financeiros têm o compromisso com o desenvolvimento sustentável e a ampliação da oferta de alimentos, por meio do estímulo à produção de base agroecológica ou orgânica.

O conjunto dessas ações e atores – de técnicos de Ater, agentes financeiros, organizações não governamentais, agricultores familiares e organizações econômicas da agricultura familiar – garante o aumento na produção de alimentos saudáveis, maior oferta de produtos com valor agregado, aumento da renda do agricultor familiar e a dinamização da economia local.

Este material educativo é uma contribuição para todos os atores envolvidos com a produção de alimentos saudáveis, com a segurança alimentar e nutricional e com a promoção da vida.

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Como obter financiamento do Pronaf para sistemas de produção agroecológicos ou orgânicos? 1

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A Linha de Crédito para o Financiamento de Custeio para Agroecologia- Pronaf Agroecologia - é concedida pelos agentes financeiros com base em planilhas de Custos de Produção Variáveis (CPV) e mediante a apresentação do projeto de crédito.

Os créditos de custeio têm as seguintes taxas de juros:

• 2,5% a.a., para uma ou mais operações de custeio que, somadas, atin-jam valor de até R$ 10 mil por mutuário em cada safra;

• 4,5% a.a., para uma ou mais operações de custeio que, somadas, atinjam valor entre de R$ 10 mil e R$ 30 mil, por mutuário em cada safra;

• 5,5% a.a., para uma ou mais operações de custeio que, somadas, atinjam valor acima de R$ 30 mil até R$ 100 mil, por mutuário em cada safra.

O que são planilhas de Custos de Produção Variáveis (CPV)?

São planilhas que os agentes financeiros utilizam para definir a viabilidade técnica e econômica dos empreendimentos que demandam financiamento em um município ou região.

As planilhas do CPV são elaboradas por profissionais dos agentes financeiros, com formação em ciências agrárias, que analisam as informações sobre a produção e produtividade das atividades agrícolas e pecuárias, além dos dados fornecidos pelas instituições de pesquisa agrícola, pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), pelos técnicos da assistência técnica e extensão rural, pelos agricultores e pelo mercado.

Os agentes financeiros integram as informações das várias fontes, fazem a análise da viabilidade técnica e econômica dos empreendimentos e definem o custo de produção variável e o valor do financiamento dos empreendimentos.

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Passo a passo para obter financiamento de custeio para sistemas de produção de base agroecológica e sistemas orgânicos conso-lidados ou em transição

1. O agricultor familiar, com apoio e orientação do extensionista rural, de-manda ao agente financeiro recursos para o custeio da produção.

2. O técnico do agente financeiro e o técnico de Ater elaboram conjunta-mentea planilha CPV do empreendimento.

3. O técnico de Ater elabora, dialogando com a família e fazendo a análi-se dos recursos naturais e meios de produção da unidade familiar, com base nas planilhas de CPV, o projeto que poderá abranger um ou todos os empreendimentos de base agroecológica e ou em transição, a se-rem desenvolvidos no estabelecimento, no período de um ano.

4. O agricultor entrega o projeto ao agente financeiro.

5. O agente financeiro analisa a proposta, com base na CPV, e informa ao agricultor e ao técnico de Ater se a mesma está aprovada ou se ne-cessita de ajustes. Neste caso, informa quais os ajustes que devem ser feitos.

6. O agente financeiro libera os recursos quando a proposta e as garantias estiverem ajustadas.

Para que haja um comprometimento mútuo do técnico e das pessoas da unidade familiar de produção e para que exista um compromisso de continuidade no processo de transição agroecológica, é necessário que o extensionista elabore, junto com a família do agricultor familiar, um plano de transição de base agroecológica ou orgânica com duração de alguns anos, tempo suficiente para a complementação da fase de transição.

O projeto é o estudo técnico, elaborado pelo extensionista ou técnico que faz a orientação à unidade familiar de produção, em que consta o orçamento de aplicação dos recursos, as receitas previstas, as medidas eventualmente necessárias para a adequação da unidade familiar às exigências de defesa do meio ambiente, a duração da orientação técnica e as épocas mais adequadas à sua prestação.

O projeto técnico não poderá contemplar o uso de fertilizantes sintéticos de alta solubilidade, agrotóxicos sintéticos, aditivos sintéticos utilizados na alimentação animal, reguladores sintéticos de crescimento e organismos geneticamente modificados; conforme Portaria nº 38 do MDA, de 4 de julho de 2014. Veja mais informações no anexo 2.

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A Linha de Crédito de Investimento para Agroecologia - Pronaf Agroecologia é concedida a agricultores familiares que possuem Declaração de Aptidão ao Pronaf - DAP e que apresentarem projeto técnico para sistemas de produção de base agroecológica, ou em transição para sistemas de base agroecológica, segundo as normas estabelecidas pela Secretaria da Agricultura Familiar - SAF/MDA (anexo 3), e para sistemas orgânicos de produção, conforme normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (anexo 4).

O financiamento do Pronaf Agroecologia pode incluir os custos relativos à implantação e manutenção do empreendimento em até 35% do valor financiado para linha de investimento.

O limite por beneficiário é de até R$ 150 mil a cada ano agrícola, podendo chegar até R$ 300 mil, para atividades de suinocultura, avicultura e fruticultura.

O prazo de reembolso é de até 10 anos, incluídos até três anos de carência.

Os encargos financeiros são de 2,5% a.a.

O projeto deve, obrigatoriamente, ser assinado por um técnico credenciado ao agente financeiro. O técnico que elabora o projeto deve prestar a assistência técnica pelo período necessário para a sua completa e efetiva implantação.

Passo a passo para obter financiamento de investimento para sis-temas de produção de base agroecológica e sistemas orgânicos consolidados ou em transição

1. O agricultor procura o técnico de Ater para planejar os investimentos e calcular o retorno financeiro dos empreendimentos.

2. O técnico de Ater, antes de elaborar o projeto técnico pode dialogar com os técnicos do agente financeiro para esclarecimentos de eventu-ais dúvidas que possam surgir sobre o enquadramento da proposta no Pronaf Agroecologia.

3. Quando o projeto técnico estiver elaborado, o agricultor entrega ao agente financeiro, mediante protocolo.

4. O agente financeiro analisa o projeto e informa ao agricultor e ao téc-nico de Ater se está aprovado ou se necessita de ajustes. Nesse caso, informa quais ajustes devem ser feitos.

5. O agente financeiro libera os recursos quando a proposta e as garantias estiverem ajustadas.

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O Seguro da Agricultura Familiar - SEAF 3

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Agricultores familiares que acessam as operações de custeio agrícola do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - Pronaf podem produzir com mais tranquilidade, sabendo que terão ressarcimento em eventuais perdas na lavoura.

A adesão ao Seguro da Agricultura Familiar - Seaf é automática. Acontece no momento em que agricultor familiar acessa ao Pronaf Custeio. Para ter este benefício, o agricultor paga uma taxa de apenas 3% sobre o valor segurado. Para lavouras irrigadas e para a região semiárida a taxa é de 2%.

Essas taxas sofrem ajustes anuais. Se o agricultor solicitar pagamento do seguro, terá acréscimo de 0,5% no ano seguinte. Se não solicitar, terá decréscimo de 0,25%.

O SEAF não abrange todo o custeio agrícola do Pronaf, mas somente as culturas zoneadas. Fora do zoneamento só há cobertura para lavouras irrigadas.

Cuidados para evitar a perda de cobertura do Seguro da Agricul-tura Familiar – SEAF

As operações de financiamento de custeio para empreendimentos de base agroecológica, orgânica ou em transição podem ser amparadas pelo Seaf, caso possuam os requisitos especificados no Manual de Crédito Rural – MCR - ver capítulo 16 do MCR (Anexo 6).

Para não perder a cobertura do Seaf, é importante que o agricultor conheça as regras e condições do programa. Em geral, o agricultor que utiliza a tecnologia recomendada não tem problemas na hora de acessar o Seguro. Alguns cuidados, no entanto, são de responsabilidade direta do agricultor e merecem maior atenção para evitar perda de cobertura.

Deve-se ter atenção

I - na contratação ou renovação do financiamento:• Adotar as práticas necessárias para evitar erosão e compactação, corri-

gir a acidez e a fertilidade, favorecer a retenção de umidade com práti-cas conservacionistas (curvas de nível, cobertura vegetal, plantio direto na palha e outras).

• Adotar as práticas necessárias para evitar erosão e compactação, corri-gir a acidez e a fertilidade, favorecer a retenção de umidade com práti-cas conservacionistas (curvas de nível, cobertura vegetal, plantio direto na palha e outras).

• Realizar análises química e granulométrica do solo para operações aci-ma de R$ 5 mil.

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• Solicitar à Ater a recomendação de uso de insumos elaborada com base na análise química do solo. Não podem ser utilizados fertilizantes sintéticos de alta solubilidade, agrotóxicos sintéticos, aditivos sintéti-cos utilizados na alimentação animal, reguladores sintéticos de cresci-mento e organismos geneticamente modificados.

• Certificar-se de que existe indicativo de plantio no município para a cultura, o tipo de solo onde será o plantio e para o ciclo de desenvolvi-mento da cultivar.

• Certificar-se de que os insumos e sementes sejam de qualidade.

• É permitido utilizar grão obtido de semente adquirida na safra anterior, desde que tenha nota fiscal.

• É permitido o uso de prática de consórcio de plantas nos cultivos finan-ciados.

• A cultivar deve estar indicada no ZARC para enquadramento no Seaf. Se for cultivar crioula, não precisa estar no ZARC e, sim, deve estar no Cadastro Nacional de Cultivares Locais Tradicionais ou Crioulas da SAF/MDA. Para mais informações, acesse a página de cultivares crioulas no site do MDA: http://www.mda.gov.br/sitemda/secretaria/saf-seaf/culti-vares-crioulas

• Buscar orientação da assistência técnica para definir a tecnologia a ser utilizada.

• Vistoria prévia deve ser realizada em lavouras permanentes antes da contratação do financiamento.

• Apresentar croqui ou mapa de localização da lavoura indicando local, contornos e dimensões da área onde a lavoura será implantada.

• O orçamento deve indicar os tipos e valores dos insumos (sementes, fertilizantes, defensivos e serviços) que serão aplicados na lavoura.

ATENÇÃO!

Fertilizantes e insumos devem ser os admitidos para cultivos agroecológico, orgânico e ou em transição, conforme portaria 38, do MDA (Anexo 2).

Insumos de produção própria devem constar no projeto técnico financiado e o beneficiário deve demonstrar, ao técnico encarregado da comprovação de perdas, a estrutura de produção dos insumos utilizados.

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• Na apresentação do projeto e antes de assinar contrato, o agricultor deve conferir se todas as condições (cultura, consórcios, área plantada, orçamento, produção esperada) estão de acordo com o que foi plane-jado e será praticado na lavoura.

• O agricultor que assinar o contrato tomando o crédito deve ser quem de fato é o dono do empreendimento e irá conduzir a lavoura. O uso do nome de terceiros, inclusive da família, é irregular e sujeita à perda da cobertura do seguro, além de outras penalidades.

• Os comprovantes de aquisição de insumos (notas fiscais) devem ser emitidos em nome do beneficiário do financiamento.

• É preciso guardar os comprovantes de aquisição de insumos para en-tregar ao banco caso haja ocorrência de perdas na lavoura.

• Procure realizar operações de custeio agrícola num mesmo agente fi-nanceiro.

ATENÇÃO: A ausência das notas fiscais/comprovantes de insumos pode gerar redução no cálculo do pagamento do seguro.

II - Durante a condução da lavoura:

O plantio deve ser feito nas datas indicadas no ZARC e no local previsto no croqui. Deve-se confirmar se há umidade no solo e previsão de chuvas para os dias seguintes.

ATENÇÃO: Isso é necessário, pois a vigência do seguro inicia após a emergência e estabelecimento das plântulas (embrião vegetal que começa a desenvolver-se pelo ato da germinação).

• A aplicação de insumos deve ser feita conforme recomendação técnica e orçamento de crédito (calagem, adubação no plantio e na cobertura, controle de ervas invasoras, pragas e doenças).

• Buscar orientação da assistência técnica para um manejo adequado.

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• Número de plantas, cultivar, adubação e demais aspectos devem ser suficientes para atingir a produtividade prevista no contrato.

• Realizar a colheita na época recomendada e agilizar os procedimentos de colheita evitando a exposição do produto a intempéries.

• Ocorrendo algum evento que prejudique o empreendimento financia-do, solicitar ao técnico que elaborou o projeto a emissão de laudo in-formando a condição do empreendimento, devendo o laudo ser entre-gue ao agente financeiro, para acompanhamento.

ATENÇÃO: Não deixar o produto na lavoura, pois a vigência do seguro termina com a colheita ou com o término da época prevista de colheita.

III - No momento de pedir cobertura (Comunicado de Ocorrência de Perdas - COP):

• Entregar os comprovantes de aquisição de insumos em nome do be-neficiário.

• Comunicar imediatamente ao banco a ocorrência de qualquer evento causador de perdas, assim como o agravamento que sobrevier (MCR 16.1.8.g).

• A COP não pode ser feita depois de iniciada a colheita, exceto se o evento ocorreu durante a colheita ou em caso de cultivo consorciado/policultivo em que apenas uma das espécies cultivadas tenha sido pre-judicada. Em qualquer caso, não pode ser tardia.

• Aguardar a vistoria e a consequente liberação de área antes de iniciar a colheita (depende da análise do perito).

Mais detalhes sobre os cuidados para evitar perda de cobertura, acesse a página do Seaf no site do MDA : http://www.mda.gov.br/.

Na Agricultura Familiar o que não é coberto pelo Seaf pode ser coberto pelo Proagro Tradicional.

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Cadastro Ambiental Rural - CAR 4

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Uma das novidades mais importantes do novo Código Florestal é o Cadastro Ambiental Rural, conhecido como CAR.

O CAR é um cadastro que traz as informações das áreas ambientais protegidas nos imóveis rurais do País. Pela nova lei, é obrigatório que todos os imóveis rurais - propriedades ou posses – sejam inseridos no CAR. Assim, proprietários e posseiros têm que para cadastrar suas propriedades ou posses no CAR.

ATENÇÃO!

Depois do ano de 2017, quem não estiver com sua propriedade cadastrada no CAR não poderá mais acessar o crédito rural. Mas é importante saber também que quem não estiver cadastrado estará descumprindo uma determinação da lei. Por isso, vale ficar atendo aos prazos!

Depois de fazer o cadastramento os proprietários podem também aderir ao Programa de Regularização Ambiental – PRA. Ao aderir ao Programa o proprietário ou posseiro informa como irá recuperar as áreas degradadas caso precise fazer isso. Assim, a propriedade passa a ser considerada em processo de regularização e as multas ambientais que tinha antes de junho de 2008 serão suspensas. E, também, não poderá ter novas multas de áreas desmatadas irregularmente antes de 2008. Mas isso somente se a propriedade estiver cadastrada no CAR.

Consulte o Passo a Passo para o Cadastro Ambiental Rural na página do MDA.

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Para saber mais 5

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Produção de base agroecológica: é aquela que busca otimizar a integração entre capacidade produtiva, uso e conservação da biodiversidade e dos demais recursos naturais, equilíbrio ecológico, eficiência econômica e justiça social, abrangida ou não pelos mecanismos de controle de que trata a Lei nº 10.831, de 2003, e sua regulamentação (Anexo 4).

Transição agroecológica: é a passagem da maneira convencional de produzir – com agrotóxicos e técnicas que agridem a natureza – para novas maneiras de fazer agricultura com tecnologias de base ecológica. Essa nova forma busca proporcionar de maneira integrada a produção agrícola, o respeito e a conservação da natureza, sem deixar de lado a meta de proporcionar uma melhor qualidade de vida às pessoas, sejam elas consumidores ou produtores.

Pode-se classificar os níveis de transição agroecológica em:

1. Aumentar eficiência das práticas convencionais para reduzir ou mes-mo eliminar insumos ecologicamente nocivos, como agrotóxicos, por exemplo.

2. Substituir insumos e práticas convencionais por alternativas como a adoção de cultivos de cobertura, rotações, controle biológico, plantio direto.

3. Redesenho de agroecossistemas para que funcionem com base em um novo conjunto de processos ecológicos e sociais como, por exemplo, a diversificação da estrutura do sítio e do manejo usando rotações, poli-cultivos e sistemas agroflorestais.

Assistência técnica e extensão rural – Ater: é o serviço que busca viabilizar, com o agricultor familiar, sua família e organizações, soluções adequadas para os problemas de produção, gerência, beneficiamento, agregação de valor, armazenamento, comercialização, bem-estar e preservação do meio ambiente. A ação da Ater deve estar integrada à pesquisa agrícola, aos agricultores e suas entidades representativas e às comunidades rurais. A Ater compreende a elaboração de projeto para os empreendimentos de base agroecológica ou orgânica e a orientação técnica ao nível da unidade familiar de produção. A Ater é obrigatória para a produção de base agroecológica.

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Crédito rural: é a concessão de recursos financeiros, efetuada por agentes financeiros (bancos e cooperativas de crédito), para aplicação exclusiva em atividades que geram renda, ou seja, são técnica e economicamente viáveis. Para obter crédito rural, é necessário um bom projeto técnico, uma capacidade de endividamento adequada e de pagamento da família e, ainda, o acompanhamento contínuo dos empreendimentos pela Assistência Técnica e Extensão Rural - Ater.

Objetivos do crédito rural do Pronaf: estimular a geração de renda e melhorar o uso da mão de obra familiar, por meio do financiamento de atividades e serviços rurais agropecuários e não agropecuários desenvolvidos em estabelecimento rural ou em áreas comunitárias próximas, incentivar a introdução e o desenvolvimento de métodos racionais no sistema de produção, visando ao aumento da produtividade, à melhoria do padrão de vida dos agricultores familiares, à adequada defesa dos recursos naturais, especialmente o solo, a água e as florestas.

Zoneamento Agrícola de Risco Climático - ZARC: indica as épocas de plantio das culturas nos diferentes tipos de solo e ciclos dos cultivares, para cada município, de forma a minimizar os riscos de perdas causadas por eventos climáticos. Permite a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares.

Declaração de Aptidão ao Pronaf – DAP: é o instrumento utilizado para identificar e qualificar as unidades familiares de produção rural e suas formas associativas organizadas em pessoas jurídicas.

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Anexos

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Anexo 1. Lei nº 11.326 de 24 de junho de 2006 - Lei da Agricultura Familiar http://goo.gl/ZSeOpV

Anexo 2. Portaria nº 38 do MDA, de 4 de julho de 2014. http://goo.gl/DKO79u

Anexo 3. Programa Nacional de Apoio à Agricultura de Base Ecológica nas Unidades Familiares de Produção. http://sistemas.mda.gov.br/arquivos/Programadeagroecologia.pdf

Anexo 4. Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.831.htm

Anexo 5. Decreto nº 6.323, de 27 de dezembro de 2007, que regulamenta a Lei nº 10.831. http://goo.gl/WZ6mUT

Anexo 6. Manual de Crédito Rural – MCR. http://www3.bcb.gov.br/mcr/

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Anexo 1

LEI Nº 11.326, DE 24 DE JULHO DE 2006

Estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei estabelece os conceitos, princípios e instrumentos destinados à formulação das políticas públicas direcionadas à Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.

Art. 2o A formulação, gestão e execução da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais serão articuladas, em todas as fases de sua formulação e implementação, com a política agrícola, na forma da lei, e com as políticas voltadas para a reforma agrária.

Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:

I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu

estabelecimento ou empreendimento;III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu

estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo; IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.§ 1o O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica quando se tratar de condomínio rural

ou outras formas coletivas de propriedade, desde que a fração ideal por proprietário não ultrapasse 4 (quatro) módulos fiscais.

§ 2o São também beneficiários desta Lei:I - silvicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste artigo,

cultivem florestas nativas ou exóticas e que promovam o manejo sustentável daqueles ambientes;II - aqüicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste artigo

e explorem reservatórios hídricos com superfície total de até 2ha (dois hectares) ou ocupem até 500m³ (quinhentos metros cúbicos) de água, quando a exploração se efetivar em tanques-rede;

III - extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos II, III e IV do caput deste artigo e exerçam essa atividade artesanalmente no meio rural, excluídos os garimpeiros e faiscadores;

IV - pescadores que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos I, II, III e IV do caput deste artigo e exerçam a atividade pesqueira artesanalmente.

V - povos indígenas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos II, III e IV do caput do art. 3º;

VI - integrantes de comunidades remanescentes de quilombos rurais e demais povos e comunidades tradicionais que atendam simultaneamente aos incisos II, III e IV do caput do art. 3º.

§ 3o O Conselho Monetário Nacional - CMN pode estabelecer critérios e condições adicionais de enquadramento para fins de acesso às linhas de crédito destinadas aos agricultores familiares, de forma a contemplar as especificidades dos seus diferentes segmentos.

§ 4o Podem ser criadas linhas de crédito destinadas às cooperativas e associações que atendam a percentuais mínimos de agricultores familiares em seu quadro de cooperados ou associados e de matéria-prima beneficiada, processada ou comercializada oriunda desses agricultores, conforme disposto pelo CMN.

Art. 4o A Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais observará, dentre outros, os seguintes princípios:

I - descentralização;II - sustentabilidade ambiental, social e econômica;III - eqüidade na aplicação das políticas, respeitando os aspectos de gênero, geração e etnia;IV - participação dos agricultores familiares na formulação e implementação da política nacional da

agricultura familiar e empreendimentos familiares rurais.Art. 5o Para atingir seus objetivos, a Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos

Familiares Rurais promoverá o planejamento e a execução das ações, de forma a compatibilizar as seguintes áreas:

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I - crédito e fundo de aval; II - infra-estrutura e serviços;III - assistência técnica e extensão rural;IV - pesquisa;V - comercialização;VI - seguro; VII - habitação;VIII - legislação sanitária, previdenciária, comercial e tributária;IX - cooperativismo e associativismo;X - educação, capacitação e profissionalização;XI - negócios e serviços rurais não agrícolas; XII - agroindustrialização. Art. 6o O Poder Executivo regulamentará esta Lei, no que for necessário à sua aplicação.Art. 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 24 de julho de 2006; 185o da Independência e 118o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAGuilherme Cassel

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Anexo 2

SECRETARIA DA AGRICULTURA FAMILIARPORTARIA N° 38, DE 4 DE JULHO DE 2014

Disciplina sobre os planos simplificados ou projetos técnicos de crédito para o financiamento de sistemas de base agroecológica ou para transição agroecológica no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - Pronaf e dá outras providências.

O SECRETÁRIO DE AGRICULTURA FAMILIAR DO MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, no uso de suas atribuições legais, de acordo com o disposto nos arts. 10 e 18 da Estrutura Regimental deste Ministério, aprovada pelo Decreto nº5.033, de 5 de abril de 2004; na Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, na Lei nº 10.831, de 23 de dezembro 2003, e nos Decreto nº6.323, de 27 de dezembro de 2007 e nº 7.794, de 20 de agosto de 2012, resolve:

Art. 1º Entende-se como produção de base agroecológica aquela que busca otimizar a integração entre capacidade produtiva, uso e conservação da biodiversidade e dos demais recursos naturais, equilíbrio ecológico, eficiência econômica e justiça social, abrangida ou não pelos mecanismos de controle de que trata a Lei nº 10.831, de 2003, e sua regulamentação.

Art. 2º O plano simplificado ou projeto técnico de crédito para o financiamento de sistemas de produção de base agroecológica ou para transição agroecológica, no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - Pronaf, não poderá contemplar o uso dos seguintes insumos:

I - fertilizantes sintéticos de alta solubilidade;II - agrotóxicos, exceto os biológicos e os produtos fitossanitários registrados com uso aprovado para

a agricultura orgânica;III - reguladores de crescimento e aditivos sintéticos na alimentação animal; eIV - organismos geneticamente modificados.Art. 3º As instituições de ATER habilitadas para a elaboração de planos simplificados ou projetos

técnicos de crédito para o financiamento de sistemas de produção de base agroecológica ou paratransição agroecológica, no âmbito do Pronaf, deverão estar cadastradas junto ao agente financeiro

do PRONAF e credenciadas no Sistema Informatizado de ATER-SIATER, deste Ministério.Art. 4º Fica revogada a Portaria nº 67, de 23 de julho de 2008, publicada no Diário Oficial da União de

18 de agosto de 2008.

VALTER BIANCHINIPublicada no D.O.U. Nº 127, segunda-feira, 7 de julho de 2014

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Anexo 3PROGRAMA NACIONAL DE APOIO À AGRICULTURA DE BASE ECOLÓGICA

NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUÇÃO

ApresentaçãoA sociedade brasileira vive um momento histórico marcado por um crescente processo de

ecologização e de conscientização com respeito ao imperativo sócio-ambiental que deve orientar o desenvolvimento rural. Este processo determina a necessidade de mudanças nas políticas públicas de maneira que sejam incorporados instrumentos capazes de reorientar as práticas produtivas e os estilos de agricultura, de pecuária, de pesca e de aqüicultura hoje dominantes. O ideal da sustentabilidade, presente na Agenda 21 Brasileira e nas exigências da nossa sociedade, requer estratégias que levem a estilos de desenvolvimento que sejam orientados à construção de processos produtivos ambientalmente sustentáveis, economicamente rentáveis, socialmente includentes e eqüitativos e culturalmente aceitáveis. Tais processos devem fortalecer a segurança alimentar e nutricional da nossa população e, portanto, assegurar a produção de alimentos sadios, de melhor qualidade biológica, e livres de qualquer contaminação.

Em resposta a esta demanda da sociedade brasileira, a Secretaria da Agricultura Familiar, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, vem apresentar o “Programa Nacional de Apoio à Agricultura de Base Ecológica nas Unidades Familiares de Produção”. Trata-se de mais um instrumento para o fortalecimento da agricultura familiar que busca a articulação de políticas públicas destinadas a apoiar agricultores e pecuaristas familiares, pescadores artesanais e aqüicultores familiares, extrativistas, ribeirinhos, quilombolas, indígenas e outros povos das florestas, assim como organizações governamentais e não governamentais, e instituições de extensão rural, ensino e pesquisa implicadas em processos de desenvolvimento rural, para que possam realizar e/ou apoiar a transição dos modelos produtivos convencionais para estilos sustentáveis de agropecuária, de pesca, de aqüicultura, de extrativismo e de manejo de sistemas florestais.

Visando a democratização e a transparência no uso dos recursos, o Programa será implementado com a participação dos setores diretamente interessados, através de um Fórum de apoio à Gestão, devendo ser alocados recursos orçamentários da SAF e de outras fontes, de maneira que possam ser atendidas as demandas crescentes de apoio à produção familiar de base ecológica, assim como incentivar o processo de transição agroecológica que está em curso.

IntroduçãoO Brasil tem se destacado no cenário mundial pela preocupação ambiental, já enunciada no

aparato legal e institucional, assim como pela crescente conscientização da população com respeito à necessidade de preservação da base de recursos naturais que tomamos por empréstimo das futuras gerações. A produção de alimentos sadios com base nos princípios da Agroecologia tem sido um dos aspectos que se destacam nas atuais pautas políticas e também no rol de demandas da população. Assim mesmo, os últimos anos têm sido marcados pela ampliação dos debates e das orientações das organizações de representação da agricultura familiar no sentido da necessidade de buscar-se a construção de processos produtivos sustentáveis.

Dentre os grandes desafios na concepção dos novos modelos de desenvolvimento sustentável que estão sendo propostos na atualidade, se destaca a necessidade de fortalecer a agricultura familiar mediante mecanismos capazes de atender a demanda por alternativas tecnológicas ambientalmente apropriadas, compatíveis com os distintos sistemas culturais e que levem em consideração as dimensões econômica e social do desenvolvimento agrícola e rural. Ademais, devem ser alternativas geradoras de renda e ocupações e que, ao mesmo tempo, assegurem melhores condições de saúde e de qualidade de vida para a população rural. Como é sabido, os sistemas produtivos de base ecológica podem atender tais requisitos, oferecer ganhos econômicos para os agricultores familiares e, ao mesmo tempo, contribuir para a segurança alimentar e nutricional sustentável de toda a população, mediante a oferta de alimentos sadios, sem contaminação por agrotóxicos e de melhor qualidade biológica.

Entretanto, apesar das vantagens oferecidas pelos sistemas produtivos de base ecológica, ao longo das últimas 4 ou 5 décadas, a produção agropecuária vem adotando um padrão tecnológico baseado no uso de sementes de alta produtividade, muitas vezes híbridas, na moto-mecanização, no uso de adubos químicos de síntese e de agroquímicos em geral, para o controle de insetos, enfermidades e plantas adventícias. Trata-se de um padrão tecnológico que se convencionou identificar como modelo da “Revolução Verde”, que é hegemônico na maioria dos países do Norte e muito estendido nos países do Sul.

Os resultados da aplicação do modelo “revolução verde” foram satisfatórios em alguns países ou regiões, com impacto positivo sobre o aumento da produção de cereais, oleaginosas e muitas matérias primas, ainda que na maior parte das vezes estes resultados tenham ocorrido à custa da natureza, com excepcionais processos de degradação ambiental. Assim mesmo, é sabido que estes resultados causaram impactos sociais e culturais negativos, e nem sempre alcançaram os níveis de crescimento econômico pretendidos.

A constatação das externalidades deste modelo, que tem sua expressão mais clara na contaminação dos solos, das águas, do ar, como também dos alimentos, da fauna e dos seres humanos, que veio à

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luz já no início dos anos 60, é hoje motivo de uma crescente conscientização da sociedade, passando a ganhar força um imperativo sócio-ambiental, que recomenda a necessidade de estratégias que levem a um desenvolvimento socialmente justo, culturalmente aceitável, ambientalmente equilibrado e economicamente viável.

Esta crise do modelo convencional de desenvolvimento e de agricultura está determinando uma mudança paradigmática que se caracteriza por uma forte tendência no sentido de uma transição agroecológica, com base nos princípios da Agroecologia. Ao mesmo tempo, tem impulsionado estilos de agriculturas alternativas, em geral baseadas na substituição de insumos ou em outras técnicas e processos orientados por diferentes filosofias, princípios, estratégias de manejo etc., muitas das quais se subordinam por determinações de mercado - quer do ponto de vista de quais insumos se pode usar ou não usar no processo de produção, quer orientando-se pelo atendimento a nichos de consumidores exigentes quanto à qualidade dos alimentos que desejam.

Esta, que é uma tendência mundial, chegou ao Brasil, aonde vem determinando um processo multilinear de mudança que se caracteriza pela presença de inúmeras iniciativas de agricultores e de técnicos, centradas na implementação e consolidação de padrões tecnológicos diferenciados, visando diminuir impactos ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, produzir alimentos limpos, sem o uso de contaminantes químicos sintéticos. Isto vem fortalecendo diferentes estilos de agricultura alternativa: ecológica, orgânica, biológica, natural, biodinâmica, permacultura, entre outras.

Em resposta a estes novos anseios da sociedade, vêm sendo implementadas políticas públicas de apoio a esta mudança no modelo de desenvolvimento rural e no padrão tecnológico da agricultura. O MDA, por intermédio de suas três secretarias e do INCRA, está estimulando este processo de mudança, mediante a implementação de políticas, programas e projetos que pretendem ser compatíveis com os preceitos do desenvolvimento sustentável e com as determinações da Agenda 21 Brasileira, onde está estabelecida a necessidade de um trânsito da agricultura convencional para agriculturas sustentáveis.

É, pois, dentro deste marco, que a Secretaria da Agricultura Familiar(SAF) apresenta o “Programa Nacional de Apoio à Agricultura de Base Ecológica nas Unidades Familiares de Produção”, como mais um instrumento capaz de articular e dar coerência às iniciativas do MDA e de outros parceiros neste campo, visando criar condições objetivas para a aceleração do processo de mudança que está em curso, fortalecendo as iniciativas que vêm sendo realizadas nas unidades familiares de produção e criando condições para a massificação da transição da agricultura convencional para agriculturas sustentáveis.

JustificativaDiversos aspectos justificam a importância deste Programa Nacional de Apoio à Agricultura de Base

Ecológica nas Unidades Familiares de Produção. Sinteticamente, é possível indicar, por exemplo:a) Aspectos relacionados à saúde e alimentação da populaçãoA segurança alimentar e nutricional sustentável da nossa população requer o acesso de todos

a alimentos básicos de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente. Isto requer não somente a produção do volume necessário dos alimentos que consumimos cotidianamente, senão que também a adoção de processos produtivos que sejam duráveis no tempo, que não degradem a base de recursos naturais e que assegurem a produção de alimentos sadios, livres de contaminantes, alimentos que contribuam para melhoria das condições de saúde da população. A agricultura de base ecológica realizada pelas unidades familiares de produção é a única alternativa possível para atender a estes objetivos.

Pesquisas têm demonstrado que os processos produtivos realizados com base nos princípios da Agroecologia, preservam os recursos naturais e asseguram a oferta de alimentos de melhor qualidade biológica.

Ao contrário, desde os anos 60, com as denúncias feitas por Rachel Carson, são conhecidos os efeitos nocivos dos agroquímicos para a saúde humana. Hoje em dia, já são abundantes os estudos que detalham os efeitos negativos para a saúde humana de hormônios e resíduos de produtos químicos encontrados nos alimentos. A isso, aliam-se as incertezas para a saúde humana que podem advir do consumo de organismos geneticamente modificados - OGMs. A agricultura de base ecológica assegura que o produto a ser consumido não traz nenhum componente deletério à saúde. Traz, também, a certeza de uma composição química mais balanceada por não estar baseada no uso de fertilizantes químicos de síntese. Além disso, o não uso de agrotóxicos reduzirá os milhares de casos de intoxicação humana que ocorrem anualmente no Brasil e que determinam, além da perda de vidas humanas, um significativo gasto pelo Sistema Único de Saúde(SUS) para o tratamento das pessoas intoxicadas.

b) Alguns aspectos econômicosO Brasil é um dos maiores consumidores mundiais de agrotóxicos e outros produtos químicos para

a agricultura, sendo grande parte dos mesmos importados. Um primeiro eventual impacto de um crescimento significativo da produção de base ecológica poderia ser na redução da importação desses produtos químicos com uma conseqüente repercussão positiva na balança comercial do País.

Por outro lado, considerando-se que o produto orgânico possui maior valor agregado e que sua demanda tem sido crescente no mercado internacional, nossa pauta de exportações agrícolas teria uma melhoria qualitativa com incremento no valor, na medida em que esses produtos fossem exportados em maior volume.

No nível microeconômico, o diferencial positivo no preço de venda do produto tem resultado em um fluxo de caixa mais favorável com conseqüente aumento da renda familiar. A agricultura de base

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ecológica pode, também, ocasionar uma dinamização da economia local devido a uma demanda mais elevada por insumos que possam ser produzidos na região.

Além disso, a produção de base ecológica tem grande economicidade em pequenas unidades de produção, características da agricultura familiar brasileira, bastando para isso serem criadas as condições de investimento inicial em capital produtivo e capacidades técnicas e humanas. Também, a produção de base ecológica, por ser mais complexa, exige um elevado padrão gerencial, visando à adequação do uso e manejo dos recursos e a garantia da qualidade do produto final.

A inserção de um contingente de produtores nesse novo ambiente produtivo, tenderia a induzir a uma melhor performance das unidades de produção, devido à gestão mais eficiente da unidade familiar.

c) Alguns aspectos ambientaisA produção ecológica contribui para a redução da contaminação dos aqüíferos, dos solos e dos

próprios alimentos que serão consumidos, o que não ocorre com os processos produtivos baseados no modelo revolução verde. Estudos recentes mostram a presença de nitratos nas águas do Pantanal Mato-grossense, para citar apenas um caso grave. Outros exemplos tão preocupantes poderiam ser os processos de desertificação, salinização, perdas irreversíveis de biodiversidade etc.

O fato de não se utilizar agrotóxicos na agricultura de base ecológica contribuirá para a redução do volume significativo de mais de 300.000 embalagens de venenos agrícolas que são descartadas anualmente, com sérios impactos sobre o meio ambiente. Pelo contrário, existe a comprovação da capacidade de melhoria ambiental que pode ser gerada por sistemas de produção ecológicos, quando comparados com ambientes de produção degradados devido à adoção de sistemas produtivos baseados em tecnologias advindas do pacote da revolução verde.

Está comprovado que o modelo de agricultura baseado nas tecnologias da revolução verde é cada vez mais dependente de recursos externos aos agroecossistemas, gerando enorme entropia, ademais de levarem a um balanço energético negativo e, portanto, caracterizando-se por sua insustentabilidade no médio e longo prazo. Por outro lado, as tentativas de mudar o modelo mediante alternativas tecnológicas como os organismos geneticamente modificados, têm se mostrado pouco viáveis. Por um lado, porque já têm sido evidenciados problemas ambientais causados pela liberação de OGMs no meio ambiente (resistência de plantas adventícias, por exemplo) e, por outro lado, porque é cada vez maior a exigência da sociedade para que se aplique o Princípio da Precaução para estes produtos, posto que não há estudos que comprovem que não ocorrerão danos futuros ao meio ambiente ou à saúde da população.

d) Alguns aspectos de natureza socialA questão social se imbrica com a produção de base ecológica em duas grandes vertentes: na geração

de tecnologia e na adaptabilidade desse modelo produtivo à organização social da agricultura familiar. A produção de base ecológica tem se desenvolvido tendo como um forte ingrediente, conhecimento local, ou seja, um conjunto de práticas e tecnologias que são resultado da experimentação realizada por agricultores ao longo da história. Uma política de fortalecimento das organizações locais e de fomento ao desenvolvimento de novas tecnologias e patentes poderia significar uma nova forma de empoderamento das sociedades locais. A imensa capacidade da agricultura familiar de estruturação em torno de grupos de interesse e de desenvolvimento de ações coletivas potencializam o perfil de geração de inovação tecnológica acima descrito. Desta forma, os avanços sob a ótica produtiva resultam em grande capacidade de empoderamento e de significativo resgate da auto-estima das famílias envolvidas.

Cabe destacar que a agricultura familiar é o setor que ocupa a maior parte da mão-de- obra no meio rural e que a adoção dos princípios da Agroecologia poderá vir a ser um fator a mais para assegurar a permanência dos jovens no campo, posto que se trata de um modelo mais adequado para a inclusão de força de trabalho, especialmente se comparado com a agricultura empresarial.

Diretrizes do programa- Contribuir para a promoção do desenvolvimento rural sustentável, fortalecendo o protagonismo

social e apoiando os agricultores familiares e demais públicos beneficiários, na potencialização do uso sustentável dos recursos naturais.

- Estimular a produção e o consumo de alimentos básicos de melhor qualidade biológica e sem contaminação por agrotóxicos.

- Incentivar ações que adotem uma visão sistêmica na análise e no entendimento da unidade produtiva e dos agroecossistemas como um todo, tendo em vista que nos processos produtivos agrícolas estão presentes e se relacionam componentes físicos, químicos, biológicos, sociais e culturais.

- Apoiar iniciativas que partam do conhecimento e da análise dos agroecossistemas e dos ecossistemas aquáticos, com opções baseadas em um enfoque holístico, integrador de estratégias de desenvolvimento.

- Privilegiar ações que se orientem pela busca da eqüidade, igualdade e inclusão social, bem como a adoção de bases tecnológicas sustentáveis.

- Contribuir para a viabilização de estratégias que agreguem valor e gerem novos postos de trabalho no espaço rural, considerando as atividades agrícolas e não agrícolas.

- Apoiar processos de geração participativa de conhecimentos e tecnologias, em conjunto com os beneficiários e suas organizações, instituições de ensino, de pesquisa e outras organizações da sociedade civil.

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- Apoiar as iniciativas de manejo florestal sustentável de uso múltiplo e manejo comunitário participativo das populações extrativistas, ampliando e consolidando as condições essenciais desta atividade econômica.

- Incentivar o manejo sustentável dos recursos naturais, apoiando o desenvolvimento de sistemas agroflorestais diversificados como forma de conciliar a recuperação florestal e as atividades agrícolas em todos os biomas brasileiros.

- Incentivar a conservação e o uso sustentável da biodiversidade e a proteção dos agroecossistemas e sistemas aquáticos, valorizando sua importância social, ambiental e econômica.

- Estimular ações de Ater florestal e projetos de fortalecimento da agricultura familiar específicos para os diferentes biomas.

- Apoiar processos de organização de produtores e consumidores que auxiliem para o esclarecimento sobre a importância da produção e consumo de produtos ecológicos.

Objetivo4.1 Objetivo GeralEstabelecer mecanismos de apoio e estratégias para ações que propiciem a transição agroecológica e

o fortalecimento da agricultura e da pecuária familiar de base ecológica, assim como da pesca artesanal, da aqüicultura e do extrativismo sustentável, estimulando experiências bem sucedidas e novas iniciativas ambientalmente sustentáveis e economicamente viáveis, através da articulação e implementação de políticas, programas e projetos no âmbito do SAF/MDA e em parceria com outros ministérios.

4.2 Objetivos específicos- Buscar a progressiva ecologização dos distintos sistemas de produção agropecuários, de pesca

artesanal e de aqüicultura, disponibilizando aos técnicos e aos agricultores familiares o instrumental tecnológico, formativo, organizacional e creditício necessários à transição em direção a processos produtivos que sejam econômica, social e ambientalmente sustentáveis.

- Apoiar as iniciativas de produção de base ecológica nas unidades familiares de produção existentes no país, bem como o processamento destes produtos, instrumentalizando os atores envolvidos para a implementação de novas alternativas tecnológicas, de organização social e de consumo, apropriadas aos agroecossistemas e sistemas aquáticos.

- Incentivar a geração de tecnologias ambientalmente amigaveis, linhas de crédito apropriadas à produção de base ecológica, apoio a agroindustrialização de produtos ecológicos, fomento à criação de canais alternativos e circuitos curtos de circulação de mercadorias e estímulo à cooperação.

- Incrementar a oferta de alimentos produzidos ecologicamente nos distintos canais de comercialização, a um preço justo e buscando transparência nas transações, de forma a qualificar o sistema de abastecimento alimentar e promover o consumo de alimentos saudáveis

- Reforçar, no plano local, a intervenção das organizações da sociedade civil, fortalecendo dinâmicas sociais capazes de dar sustentação aos processos de geração e intercâmbio de tecnologias, de organização da produção e do consumo.

- Apoiar a organização de novas redes e arranjos institucionais necessários para ampliar e qualificar a oferta de serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural baseados nos princípios da Agroecologia, bem como as iniciativas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico

- Realizar levantamento das diversas experiências brasileiras, desenvolvidas a partir do enfoque da Agroecologia, e disponibilizar esse conhecimento ao público beneficiário, incentivando a formação de redes locais e regionais.

- Apoiar atividades de capacitação de técnicos e de agricultores familiares, de modo a favorecer a transição para sistemas de produção de base ecológica, visando a formação de competências, mudança de valores, atitudes e procedimentos, na perspectiva do desenvolvimento local sustentável, utilizando metodologias participativas.

- Produzir e disponibilizar material didático e promocional que contribua para o processo de transição para a produção de base ecológica nas unidades familiares de produção e para o consumo ecologicamente sustentável.

- Contribuir para a conservação da biodiversidade dos biomas florestais brasileiros e seus respectivos agroecossistemas e sistemas aquáticos.

- Incentivar e apoiar a participação das organizações pertencentes às redes de produção ecológica e de comercialização e consumo nas discussões sobre normalização da agricultura orgânica e sobre comércio justo e solidário.

BeneficiáriosSerão beneficiários deste programa os agricultores familiares - jovens e adultos de ambos os sexos,

que exerçam na propriedade não apenas as atividades agrícolas, como também atividades não agrícolas, além de assentados pelos programas de reforma agrária e/ou reestruturação fundiária, pescadores artesanais, aqüicultores, extrativistas, ribeirinhos, indígenas e membros de comunidades remanescentes de quilombos, enquadrados nos critérios estabelecidos pelo Pronaf/SAF/MDA.

Eixos Estratégicos do ProgramaSubprogramas

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O Programa será estruturado com base em dois eixos estratégicos, tratados como Subprogramas, a saber: Subprograma de apoio ao processo de transição agroecológica e Subprograma de apoio à produção, comercialização e consumo de alimentos orgânicos.

6.1 Subprograma de apoio ao processo de transição agroecológicaEste Subprograma tratará de apoiar um processo massivo de transição agroecológica e estimular

as estratégias de desenvolvimento rural sustentável que tenham como um de seus componentes a construção de estilos de agricultura, pecuária, pesca artesanal e aqüicultura sustentáveis, adotando a Agroecologia como enfoque científico e estratégico para orientar esta mudança.

Entende-se que, quando o objetivo é o desenvolvimento sustentável, uma das metas mais urgentes é dada pelo esforço para construir estilos de produção que sejam ambientalmente sustentáveis, mas que respeitem os sistemas culturais das pessoas que os praticam. Para alcançar o objetivo de sustentabilidade, ou níveis maiores de sustentabilidade, na agricultura, na pecuária, na pesca artesanal e na aqüicultura familiares, o Subprograma concentrará esforços e recursos para impulsionar um processo de transição agroecológica, que ajude a passar dos modelos convencionais de produção (agricultura baseada nos pacotes da Revolução Verde, pesca artesanal predatória, aqüicultura que contamina sistemas aquáticos etc.) para estilos de produção de base ecológica.

Este Subprograma estimulará o processo de transição agroecológica a diferentes estilos de agriculturas sustentáveis, independentemente de suas denominações, de suas bases filosóficas, normas, regras, crenças, sustentação sócio-cultural, política ou mesmo técnico- científica, como podem ser: a agricultura natural, biodinâmica, biológica, ecológica, regenerativa, permacultura etc., assim como em atividades de pesca artesanal, aqüicultura, extrativistas, de manejo florestal de uso múltiplo e sistemas agroflorestais orientados à busca de sustentabilidade econômica e sócio-ambiental, sempre que fortaleçam o desenvolvimento da agricultura familiar.

6.2 Subprograma de apoio à produção, comercialização e consumo de alimentos orgânicosEste Subprograma trata de estabelecer e articular as ações destinadas a fortalecer a produção

orgânica de alimentos ou a chamada agricultura orgânica, como está definida no marco da legislação em vigor (Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003). Esse estilo de agricultura deve garantir a produção, processamento, transformação ou elaboração dos produtos agropecuários sem a utilização de produtos químicos de síntese ou sintéticos, sem a utilização de organismos geneticamente modificados ou transgênicos, sem o emprego de radiações ionizantes e hormônios, e respeitando o meio ambiente e o bem estar dos homens e dos animais.

Este modelo de produção, que se caracteriza por ser intensivo no uso de mão-de-obra, por exigir um elevado padrão gerencial e de qualidade, fundamentado na redução do uso de insumos externos e contaminantes químicos, que demandam o capital escasso das economias familiares, pode induzir a uma melhor performance das unidades de produção devido à exigência de uma gestão mais eficiente da unidade de produção.

Resultados de pesquisas mercadológicas e alguns indicadores de mercado - como o desenvolvimento de linhas próprias de produtos orgânicos pelas grandes redes de supermercados, ou o estabelecimento de áreas de venda exclusivas para estes produtos nas lojas, bem como as fusões e aquisições que se vêm processando nas cadeias varejistas de produtos orgânicos já observadas mais fortemente em outros países - indicam uma rápida expansão dos produtos orgânicos, justificando o desenho de políticas públicas que favoreçam a exploração destes mercados pelos agricultores familiares.

Linhas de ação, atividades e metas do ProgramaA execução do Programa se dará através de linhas de ação prioritárias, atividades destinadas a

qualificar iniciativas em andamento e metas específicas, com os respectivos volumes de recursos a serem alocados.

7.1 Apoio à capacitação de técnicos e agricultores para o fortalecimento da agricultura de base ecológica nas unidades familiares de produção

Compreendendo a natureza complexa do processo de transição agroecológica, o Programa destinará esforços e recursos específicos para a capacitação de técnicos e agricultores que estejam imbuídos do propósito de mudar seus processos produtivos agropecuários visando à proteção ambiental e a produção de alimentos sadios e de melhor qualidade biológica.

Do ponto de vista metodológico, serão privilegiadas as abordagens metodológicas participativas, que utilizem técnicas vivenciais, estabelecendo estreita relação entre a teoria e a prática, de modo a propiciar a construção coletiva dos resultados esperados. As ações de capacitação devem abranger, além dos agricultores familiares e técnicos, outros agentes envolvidos no processo de desenvolvimento rural. As metodologias devem, ademais, constituir instrumentos de apreensão de problemas e potencialidades locais.

7.1.1 Metas- Apoiar a realização de Seminários, Congressos e outros eventos que visem à construção e socialização

de conhecimentos em Agroecologia. Serão apoiados 10 eventos de caráter regional, estadual e/ou nacional.

- Apoiar intercâmbios de técnicos e agricultores(as) para a troca de experiências e conhecimentos por meio de visitas a projetos que sejam referência em Agroecologia, nas diferentes regiões do país. Participação de 270 técnicos e 270 agricultores (as), em média de 10 por estado.

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- Apoiar experiências bem sucedidas em Agroecologia, visando à multiplicação e/ou fortalecimento das mesmas. Os projetos devem ser apresentados por redes ou articulações de entidades que atuam com base nos princípios da Agroecologia. Serão apoiadas 27 redes (uma por estado).

- Apoiar projetos que visem o resgate de conhecimentos e a troca de sementes crioulas, de mudas e matrizes de animais localmente adaptados.

- Apoiar projetos que promovam a conscientização sobre o valor da diversidade de polinizadores e os múltiplos benefícios e serviços promovidos por eles para uma produtividade sustentável entre os agricultores familiares, suas organizações e cooperativas, com uma visão de práticas responsáveis e de manejo sustentável de polinizadores.

- Apoiar projetos que tenham por objetivo o resgate de conhecimentos, a identificação de plantas nativas bioativas e a formação de técnicos e agricultores(as) na produção e uso adequado de plantas medicinais, produzidas de forma ecológica e no âmbito da agricultura familiar.

- Promover 10 cursos sobre produção ecológica, para 400 técnicos.- Promover 4 cursos sobre Agroecologia para profissionais das regiões Norte, Nordeste e Centro-

Oeste, com professores especialistas nesta área.- Promover 10 eventos de capacitação sobre manejo agroflorestal e para a elaboração de projetos

sobre manejos de sistemas agroflorestais.7.2 Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER e contratos para capacitaçãoTodos os convênios e contratos a serem firmados pela SAF/DATER em 2005 devem apresentar metas

destinadas a atividades relacionadas com Agroecologia, agricultura de base ecológica, manejo florestal a sustentável e/ou manejo sustentável de sistemas agroflorestais.

7.2.1 MetasAs entidades governamentais e não governamentais de Assistência Técnica e Extensão Rural - Ater

(ou capacitação, assessoria técnica, etc) que vierem a propor parceria para o financiamento de atividades por parte SAF/DATER, deverão incluir, em seus Projetos e Planos de Trabalho, metas destinadas à capacitação de técnicos e agricultores visando apoiar a transição da agricultura convencional para agriculturas de base ecológica. Neste sentido, no mínimo, 50% dos recursos destinados a capacitação devem ser aplicados em formação na área de Agroecologia, Agricultura Orgânica ou Ecológica, Metodologias Participativas, Manejo Sustentável de Sistemas Florestais, bem como em atividades de intercâmbio ou visitas técnicas para conhecimento de experiências em Agroecologia.

7.3 Estímulo à pesquisa e ao ensino, visando o fortalecimento de processos produtivos de base ecológica nas unidades familiares de produção

Ao reconhecer a complexidade da transição da agricultura convencional para agriculturas de base ecológica, o Programa articulará ações de apoio à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias adequadas para este processo.

Deverão ser privilegiadas as pesquisas desenvolvidas com agricultores e pecuaristas familiares, ou com pescadores artesanais e aqüicultores familiares e suas organizações, que tenham como principal característica à adaptabilidade aos diferentes agroecossistemas e sistemas aquáticos. O Programa estimulará também as pesquisas em rede e que se orientem por um enfoque sistêmico.

Ao mesmo tempo, reconhecendo a importância do saber e do conhecimento local, o Programa estimulará a sistematização de experiências e iniciativas locais em desenvolvimento e que sejam reconhecidas como ambientalmente sustentáveis e compatíveis como o objetivo de construção de agriculturas sustentáveis, visando a socialização destes conhecimentos e saberes.

Neste sentido, o Programa deverá aportar recursos técnicos, materiais e financeiros, destinados à construção de um banco de dados sobre sistemas agroecológicos de referência, “tecnologias alternativas”, tecnologias adaptadas e/ou tecnologias de base ecológica, constituindo referenciais tecnológicos para a agricultura sustentável. Este banco de dados deverá, ainda, constituir uma base de demandas para pesquisas e validações destas tecnologias.

Na mesma direção e entendendo a necessidade de um perfil diferenciado para os profissionais técnicos que atuam ou virão a atuar na construção de agriculturas sustentáveis, o Programa desenvolverá uma ação permanente junto às Instituições de Ensino Superior e Médio, estimulando e apoiando as mudanças curriculares necessárias, assim como promovendo eventos no âmbito das entidades de ensino visando internalizar novos conhecimentos e demandas da sociedade, no sentido do desenvolvimento sustentável.

Serão apoiados grupos de estudantes e de profissionais do ensino, da pesquisa e da extensão rural que adotem os princípios da Agroecologia como base para suas atividades acadêmicas ou de extensão e pesquisa.

O Programa deverá estabelecer uma linha de publicações destinada a socializar os conhecimentos e tecnologias adequadas à agricultura de base ecológica.

7.3.1 Metas- Realizar, em conjunto com a Secretaria de C&T para a Inclusão Social, do MCT - Ministério de

Ciência e Tecnologia, uma chamada de projetos orientados ao fortalecimento de atividades baseadas nos princípios da Agroecologia e da Agricultura Orgânica, do manejo florestal de uso múltiplo e sistemas agroflorestais, articulando iniciativas de Extensão Universitária com ações de Ater, visando à validação

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e apropriação de tecnologias adequadas para a agricultura familiar, etc. Apoiar estudos e disseminação de informações sobre conservantes, corantes e outros produtos naturais para uso na industrialização de alimentos.

- Apoio a atividades em redes, para validação e apropriação de tecnologias, buscando a parceria com EMBRAPA, CONSEPA e CEPLAC.

- Manter programa de estímulo à capacitação em serviço de estudantes de segundo grau, mediante a articulação com escolas agropecuárias e de alternância e entidades de Ater, estimuladas pela oferta de bolsas de estudos para estágios e, posteriormente, para a prestação de serviços de Ater. Conveniar com 20 entidades de ensino. Dar continuidade aos 10 convênios de 2004 - 2006 e formalizar mais 10 convênios para 2005 - 2007.

- Apoiar 10 seminários promovidos por organizações de estudantes e que sejam destinados a socializar conhecimentos sobre Agroecologia e agriculturas de base ecológica.

- Promover 4 Seminários, com a participação de professores e estudantes de segundo e terceiro grau, para discussão dos enfoques curriculares necessários para a formação de profissionais com perfil para atuação em processos de transição agroecológica.

- Promover um Concurso Nacional de Sistematização de Experiências em Agroecologia e Produção Orgânica .

7.4 Crédito subsidiado para apoiar a transição agroecológicaO Programa também estimulará a transição agroecológica por meio de crédito diferenciado. Uma

política de financiamento da produção visando à transição a estilos de agricultura de base ecológica deve ser sensível às várias dimensões do desenvolvimento, contemplando as especificidades locais e as condições sócio-culturais dos atores envolvidos. As linhas de crédito para a produção de base ecológica ou para manejo florestal a sustentável e/ou manejo sustentável de sistemas agroflorestais devem estimular, em primeiro lugar, a segurança e a soberania alimentar da população, como também favorecer a produção de alimentos sadios e a sua oferta, a preço justo, para o mercado.

Os instrumentos de crédito rural devem ser adaptados às exigências do processo de transição e às condicionantes objetivas de agriculturas de base ecológica, isto é, devem permitir o financiamento de atividades múltiplas e diversificadas, compatíveis com uma visão sistêmica das unidades familiares de produção. Além disso, serão desenhados mecanismos para financiar processos descentralizados de armazenamento, beneficiamento, transformação e comercialização de produtos, agregando valor, gerando renda, conservando emprego para as famílias produtoras e dinamizando economias locais.

Não obstante, é sabido que a legislação e as normas do crédito rural em vigor são limitantes com respeito ao que foi enunciado acima. Na atualidade, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) tem buscado disponibilizar instrumentos de crédito que possam ser acessados pelos interessados, visando ampliar a participação das unidades de produção familiar nos processos de transição agroecológica. Um destes instrumentos é o Pronaf Agroecologia. Por intermédio da introdução de novos critérios às Resoluções do Conselho Monetário Nacional, que disciplinam o crédito oficial, o MDA (a) expressa a necessidade de priorização do financiamento destes sistemas; (b) a partir do ano agrícola 2001/02 introduz o sobre-teto de 50% para os agricultores orgânicos ou para aqueles que optem pela transição agroecológica, conforme previsto no Capítulo 10 do Manual de Crédito Rural referente ao crédito Pronaf.

Observe-se que, desde que atendidas as normas, não há limites quanto ao volume de crédito para o acesso ao Pronaf Agroecologia. As normas atuais estabelecem que o crédito de custeio para o Grupo “C” e o limite do crédito de investimento para todos os grupos podem ser elevados em até 50% (cinqüenta por cento), quando os recursos forem destinados a:

a) agricultores que estão em fase de transição para a agricultura orgânica, mediante a apresentação de documento fornecido por empresa de Asssistência Técnica e Extensão Rural credenciada conforme normas definidas pelas Secretarias de Agricultura Familiar (do Ministério do Desenvolvimento Agrário) e de Defesa Agropecuária (do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento);

b) sistemas agroecológicos de produção, cujos produtos sejam certificados, com observância das normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Por outro lado, também estão disponíveis recursos para o Pronaf Florestal, cujas normas atuais estabelecem o que segue:

- são beneficiários: agricultores familiares enquadrados nos Grupos “B”, “C” e “D”;- finalidades: investimentos em projetos de silvicultura e sistemas agroflorestais e exploração

extrativista ecologicamente sustentável, incluindo-se os custos relativos à implantação e manutenção do empreendimento;

- limites: Grupo “B” - R$1.000,00; Grupo “C” - R$4.000,00; Grupo “D” - R$6.000,00 independentemente dos limites definidos para outros investimentos ao amparo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), observado ainda que:

I - até 65% (sessenta e cinco por cento) do valor do crédito deve ser destinado à fase de implantação e plantio, com liberação no primeiro ano;

II - o restante, destinado ao replantio, tratos culturais, controle de pragas e outras atividades de manutenção, com liberação dos recursos no segundo, terceiro e quarto anos;

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- encargos financeiros: taxa efetiva de juros de 4% a.a.;- benefício: bônus de adimplência de 25% (vinte e cinco por cento) na taxa de juros, para cada parcela

da dívida paga até a data de seu respectivo vencimento;- prazo de reembolso: até 12 (doze) anos, contando com carência do principal até a data do primeiro

corte, acrescida de 6 (seis) meses, limitada a 8 (oito) anos, observado que o cronograma de amortizações deve:

I - refletir as condições de maturação dos projetos;II - ser fixado conforme a exploração florestal.- Ater: obrigatória e financiável por até quatro anos- Acesso por unidade familiar até 2 (dois) empréstimos consecutivos e não cumulativos.7.4.1 Atividades para 2005 com respeito ao Pronaf AgroecologiaPara aperfeiçoar a oferta de crédito para as unidades familiares de produção que desejam ingressar

na produção orgânica ou iniciar e dar andamento a processos de transição agroecológica, deverão ser tomadas diversas iniciativas, tais como:

a) discutir com o sistema financeiro uma forma de comunicação da direção nacional com as gerências de forma a informá-los sobre as particularidades dos sistemas produtivos de base ecológica e sensibilizá-los para a aceitação dos mesmos.

b) negociar com o sistema financeiro o registro das demandas de grupos organizados e das operações do Pronaf Agroecologia, custeio/investimento, de forma a quantificar as operações realizadas.

c) manter o sobreteto e dar nova redação em relação àquela em vigência (acima), simplificando por um lado e descrevendo um pouco mais o que se pode financiar. Por exemplo, não se encontra explícito na norma, mas, os agricultores familiares que optarem pela transição da produção convencional para a produção orgânica ou agroecológica, podem utilizar os limites de financiamento de investimento para incluir no projeto os custos de certificação e desembolsos periódicos durante o período de transição.

d) discutir com a área de crédito da SAF a possibilidade de introduzir algum diferencial indutor para o financiamento de sistemas de base ecológica.

7.4.2 Atividades para 2005 com respeito ao Pronaf Florestala) Estabelecer, junto aos agentes financeiros, um sistema de registro das operações de crédito para

financiamento de Sistemas Agroflorestais Sustentáveis.b) Desenvolver e executar um Plano Nacional de Sistemas Agroflorestais.c) Desenvolver diretrizes para ações de Ater Florestal, respeitando as especificidades dos diferentes

biomas.d) Elaborar e executar um plano de capacitação para agentes de Ater que atuam nos diferentes

biomas.e) Ampliar as ações da parceria com o Ministério do Meio Ambiente, com o lançamento de edital

para contratação de projetos para formação de agentes de Ater que atuam em atividades florestais nos diferentes Biomas

f) Apoiar a formação de redes de intercâmbio entre agricultores, técnicos e instituições de Ater governamentais, não governamentais e representações da sociedade civil que desenvolvem Ater Florestal.

7.5 Apoio à industrialização e comercialização de alimentos sem contaminantesEsta linha de ação irá fundamentar suas atividades em diversos programas ou atividades que já se

encontram inseridas no PPA.a) Programa de Agroindustrialização da Produção dos Agricultores FamiliaresA SAF, em consulta com a sociedade civil organizada, desenhou o Programa de Agroindustrialização

que opera a partir de demanda e possui capacidade de dar apoio técnico para a elaboração de projetos. Espera-se que demandas específicas para o processamento e agregação de valor à produção agroecológica possam ser encaminhadas para análise da equipe responsável pelo Programa.

b) Programa de Aquisição de Alimentos Os agricultores familiares poderão também desfrutar dos avanços obtidos por intermédio do Programa

de Aquisição de Alimentos. A Resolução Nº 12/ 2004 do Grupo Gestor do Programa de Aquisição de Alimentos, dispõe sobre os preços de referência para a aquisição dos produtos da agricultura familiar de que trata o artigo nº 19 da Lei nº 10.696, de 2 de julho de 2003. A Resolução estabelece, no parágrafo único do artigo terceiro, que “No caso de produtos agroecológicos ou orgânicos, admite-se preços de referência com um acréscimo de até 30% sobre os demais”.

c) Diversificação das economiasA SAF inseriu no Plano Plurianual uma atividade que busca apoiar projetos de diversificação das

atividades na agricultura familiar. No que se refere à produção orgânica e agroecológica, esta linha estará disponível para financiar projetos que integrem os diferentes componentes do processo produtivo e comercial, priorizando aqueles que envolvam metas específicas de aumento do fluxo comercial destes produtos.

d) Feiras e eventos

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O MDA irá apresentar uma lista estruturada de eventos prioritários de âmbito nacional e internacional, para os quais a entidade irá mobilizar recursos próprios e de outros parceiros, permitindo que os grupos e redes de agricultores orgânicos ou agroecológicos possam apresentar propostas de apoio para sua participação.

Serão priorizadas as iniciativas que se fundamentem na oferta consolidada de produtos agroecológicos ou orgânicos dos proponentes, nas rodadas de negócios previamente estruturadas e no potencial de ampliação do fluxo comercial do proponente.

7.5.1 Metas- Apoiar a participação dos agricultores familiares na definição do marco legal da produção orgânica,

assim como a participação de suas representações nas reuniões da Câmara Setorial de Orgânicos. Participarão 5 pessoas em 4 reuniões durante 2005.

- Apoiar a consolidação da certificação participativa em âmbito nacional. Recursos: R$ 200.000,00- Apoiar a certificação em grupo e/ou participativa (emissão de certificados para 50 grupos de

produtores).- Apoiar à consolidação de circuitos curtos de comercialização (feiras locais, lojas, gôndolas em

supermercados etc.).- Incentivar projetos voltados para mercados institucionais, através da realização de eventos para

promoção do acesso aos mercados institucionais em 15 territórios.- Realizar e/ou apoiar eventos promocionais:01 feira nacional (Biofach).02 feiras internacionais (Sana e Biofach).Representação do Brasil nas comemorações do ano brasileiro na França. - Apoiar a organização e consolidação de 15 grupos de exportação.- Realizar o diagnóstico das 05 principais cadeias de orgânicos.- Participar, como parte da representação brasileira, nas negociações de equivalência no Mercosul,

União Européia e força tarefa FAO (2 deslocamentos por ambiente de negociação).7.6 Promoção da agricultura de base ecológica no Semi-árido nordestino e zonas deprimidas dos

estados de Minas Gerais e Espírito SantoEsta linha de ação será executada a partir da elaboração de um Projeto específico, pois se trata

de uma articulação do MDA com o Governo da Alemanha, através da FAO. O Governo da Alemanha aportará 1,5 milhões de euros para uma ação dirigida a agricultores familiares empobrecidos do semi-árido nordestino e zonas deprimidas dos estados do Espírito Santo e Minas Gerais, visando à promoção da agricultura de base ecológica e ações de apoio à comercialização, agroindustrialização etc. Deverão ser delimitadas áreas de abrangência e número de beneficiários, e também as parcerias institucionais para a execução do Projeto. Este projeto terá duração de 3 anos e os recursos serão liberados em parcelas iguais ao longo deste período.

Estratégias de operacionalizaçãoAs estratégias que irão nortear a implementação das ações que serão desenvolvidas terão como

princípios fundamentais o respeito à pluralidade e à diversidade cultural, observando as questões de gênero assim como as especificidades sociais, econômicas e ambientais. Assim mesmo, devem contribuir para o fortalecimento do protagonismo social a partir de um enfoque sistêmico e holístico, na análise e no entendimento da unidade familiar de produção.

As ações que serão apoiadas poderão ser: a) originárias de demandas de grupos, movimentos ou entidades representativas dos agricultores familiares e suas organizações, de entidades de Ater oficial ou não governamental; b) induzidas a partir de situações específicas e atendendo a critérios pré-estabelecidos ou a procedimentos previstos em edital, observadas as diretrizes e os objetivos que norteiam este Programa.

8.1. Atividades de comunicação e produção de material técnicoPara dar visibilidade a ações do Programa, será desenvolvida uma estratégia de comunicação e

marketing, uma vez que a informação precisa chegar aos produtores, consumidores e outros atores sociais envolvidos, com o objetivo de informar sobre as políticas que vêm sendo implementadas pelo Governo Federal e as possibilidades de acesso a estas políticas.

Neste sentido, são elencadas algumas das ações de comunicação que serão executadas desde o lançamento do Programa.

a) Lançamento do Programa Produtos - Folder, cartaz, vídeo, e caderno com o conteúdo do programa. Será, também, produzido

um “kit imprensa” com material informativo de qualidade para a mídia nacional.b) Lançamento de um programa de rádio dirigido para o interior do país com informações de caráter

utilitário.c) Lançamento de um programete no Canal Rural de 2 minutos, sempre com informações sobre o

tema, além de entrevistas e comentários sobre exemplos de trabalhos bem sucedidos.d) Elaborar uma pauta que cubra o ano inteiro com notícias, artigos e entrevistas em todos os veículos

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de comunicação.e) Estabelecer contato com ONGs ambientalistas para que o Programa seja divulgado em toda rede

ecológica do país.f) Estabelecer parceria com empresas que, de maneira direta ou indireta, participam ou venham a

participar do Programa, criando assim uma rede de multiplicação de informações.g) Providenciar cadastro de todas as entidades relacionadas com o Programa.h) Produção de material técnico e didático para socialização de informações e apoio a atividades de

capacitação.Parcerias e Gestão do ProgramaBuscar-se-ão parcerias institucionais visando ampliar a abrangência do Programa e a sua capacidade

de resposta às demandas, bem como qualificar a articulação entre programas e projetos do MDA e outros Ministérios.

A gestão do programa será realizada pela Secretaria da Agricultura Familiar - SAF, do Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA. Será constituído, formalmente, um Fórum de apoio à coordenação e gestão do Programa. Esse Fórum assessor será Coordenado pelo Secretário da Agricultura Familiar, devendo ter a seguinte composição:

- 1 representante da SAF - Secretário ou seu representante, como Coordenador do Fórum;- 1 representante da Secretaria de Desenvolvimento Territorial - SDT ;- 1 representante do INCRA;- 1 representante da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável - SDS/MMA;- 1 representante da EMBRAPA;- 1 representante da CEPLAC;- 1 representante da CONAB; - 1 representante um das entidades estaduais de pesquisa - CONSEPA;- 1 representante nacional das entidades estaduais de Extensão Rural - ASBRAER;- 1 representante da Associação Brasileira de Agroecologia - ABA;- 1 representante da Articulação Nacional da Agroecologia - ANA (AS-PTA, ASA e GTNA);- 1 representante das entidades que participam da certificação participativa - Rede Ecovida;- 1 representante do Fórum das certificadoras por auditoria;- 1 representante de cooperativas de produção orgânica - UNICAF;- 1 representante da Via Campesina;- 1 representante da CONTAG;- 1 representante da FETRAF;- 1 representante do MAPA;- 1representante da SRA;- 1representante do MCT;- 1representante da SEAP.Caberá ao Fórum proceder ao detalhamento e qualificação deste Programa, contribuir para a sua

divulgação e implementação, assim como colaborar para a articulação intra e interinstitucional. Na fase de implementação do Programa, o Fórum deverá definir a contratação de estudos e de entidades executoras para atendimento às linhas de ação dos Subprogramas, bem como contribuir para a definição de instrumentos para o monitoramento e avaliação do Programa.

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Anexo 4

LEI No 10.831, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2003

Dispõe sobre a agricultura orgânica e dá outras provi-dências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não-renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente.

§ 1o A finalidade de um sistema de produção orgânico é:I – a oferta de produtos saudáveis isentos de contaminantes intencionais;II – a preservação da diversidade biológica dos ecossistemas naturais e a recomposição ou incremento

da diversidade biológica dos ecossistemas modificados em que se insere o sistema de produção;III – incrementar a atividade biológica do solo;IV – promover um uso saudável do solo, da água e do ar, e reduzir ao mínimo todas as formas de

contaminação desses elementos que possam resultar das práticas agrícolas;V – manter ou incrementar a fertilidade do solo a longo prazo;VI – a reciclagem de resíduos de origem orgânica, reduzindo ao mínimo o emprego de recursos não-

renováveis;VII – basear-se em recursos renováveis e em sistemas agrícolas organizados localmente;VIII – incentivar a integração entre os diferentes segmentos da cadeia produtiva e de consumo de

produtos orgânicos e a regionalização da produção e comércio desses produtos;IX – manipular os produtos agrícolas com base no uso de métodos de elaboração cuidadosos, com

o propósito de manter a integridade orgânica e as qualidades vitais do produto em todas as etapas.§ 2o O conceito de sistema orgânico de produção agropecuária e industrial abrange os denominados:

ecológico, biodinâmico, natural, regenerativo, biológico, agroecológicos, permacultura e outros que atendam os princípios estabelecidos por esta Lei.

Art. 2o Considera-se produto da agricultura orgânica ou produto orgânico, seja ele in natura ou processado, aquele obtido em sistema orgânico de produção agropecuário ou oriundo de processo extrativista sustentável e não prejudicial ao ecossistema local.

Parágrafo único. Toda pessoa, física ou jurídica, responsável pela geração de produto definido no caput deste artigo é considerada como produtor para efeito desta Lei.

Art. 3o Para sua comercialização, os produtos orgânicos deverão ser certificados por organismo reconhecido oficialmente, segundo critérios estabelecidos em regulamento.

§ 1o No caso da comercialização direta aos consumidores, por parte dos agricultores familiares, inseridos em processos próprios de organização e controle social, previamente cadastrados junto ao órgão fiscalizador, a certificação será facultativa, uma vez assegurada aos consumidores e ao órgão fiscalizador a rastreabilidade do produto e o livre acesso aos locais de produção ou processamento.

§ 2o A certificação da produção orgânica de que trata o caput deste artigo, enfocando sistemas, critérios e circunstâncias de sua aplicação, será matéria de regulamentação desta Lei, considerando os diferentes sistemas de certificação existentes no País.

Art. 4o A responsabilidade pela qualidade relativa às características regulamentadas para produtos orgânicos caberá aos produtores, distribuidores, comerciantes e entidades certificadoras, segundo o nível de participação de cada um.

Parágrafo único. A qualidade de que trata o caput deste artigo não exime os agentes dessa cadeia produtiva do cumprimento de demais normas e regulamentos que estabeleçam outras medidas relativas à qualidade de produtos e processos.

Art. 5o Os procedimentos relativos à fiscalização da produção, circulação, armazenamento, comercialização e certificação de produtos orgânicos nacionais e estrangeiros, serão objeto de regulamentação pelo Poder Executivo.

§ 1o A regulamentação deverá definir e atribuir as responsabilidades pela implementação desta Lei

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no âmbito do Governo Federal.§ 2o Para a execução desta Lei, poderão ser celebrados convênios, ajustes e acordos entre órgãos e

instituições da Administração Federal, Estados e Distrito Federal.Art. 6o Sem prejuízo das responsabilidades civil e penal cabíveis, a infração das disposições desta

Lei será apurada em processo administrativo e acarretará, nos termos previstos em regulamento, a aplicação das seguintes sanções, isolada ou cumulativamente:

I – advertência;II – multa de até R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais);III – suspensão da comercialização do produto;IV – condenação de produtos, rótulos, embalagens e matérias-primas;V – inutilização do produto;VI – suspensão do credenciamento, certificação, autorização, registro ou licença; eVII – cancelamento do credenciamento, certificação, autorização, registro ou licença.Art. 7o Caberá ao órgão definido em regulamento adotar medidas cautelares que se demonstrem

indispensáveis ao atendimento dos objetivos desta Lei, assim como dispor sobre a destinação de produtos apreendidos ou condenados na forma de seu regulamento.

§ 1o O detentor do bem que for apreendido poderá ser nomeado seu depositário.§ 2o Os custos referentes a quaisquer dos procedimentos mencionados neste artigo correrão por

conta do infrator.Art. 8o As pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que produzam, transportem,

comercializem ou armazenem produtos orgânicos ficam obrigadas a promover a regularização de suas atividades junto aos órgãos competentes.

Parágrafo único. Os procedimentos de registro, cadastramento, licenciamento e outros mecanismos de controle deverão atender ao disposto no regulamento desta Lei e nos demais instrumentos legais pertinentes.

Art. 9o Os insumos com uso regulamentado para a agricultura orgânica deverão ser objeto de processo de registro diferenciado, que garanta a simplificação e agilização de sua regularização.

Parágrafo único. Os órgãos federais competentes definirão em atos complementares os procedimentos para a aplicabilidade do disposto no caput deste artigo.

Art. 10. Para o atendimento de exigências relativas a medidas sanitárias e fitossanitárias, as autoridades competentes deverão, sempre que possível, adotar medidas compatíveis com as características e especificidades dos produtos orgânicos, de modo a não descaracterizá-los.

Art. 11. O Poder Executivo regulamentará esta Lei, definindo as normas técnicas para a produção orgânica e sua estrutura de gestão no âmbito da União, dos Estados e do Distrito Federal.

§ 1o A regulamentação deverá contemplar a participação de representantes do setor agropecuário e da sociedade civil, com reconhecida atuação em alguma etapa da cadeia produtiva orgânica.

§ 2o A regulamentação desta Lei será revista e atualizada sempre que necessário e, no máximo, a cada quatro anos.

Art. 12. (VETADO).Parágrafo único. O regulamento desta Lei deverá estabelecer um prazo mínimo de 01 (um) ano para

que todos os segmentos envolvidos na cadeia produtiva possam se adequar aos procedimentos que não estejam anteriormente estabelecidos por regulamentação oficial.

Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 23 de dezembro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAMárcio Thomaz BastosRoberto RodriguesMarina Silva

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Anexo 5

DECRETO Nº 6.323, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2007.

Regulamenta a Lei no 10.831, de 23 de dezembro de 2003, que dispõe sobre a agricultura orgânica, e dá ou-tras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 10.831, de 23 de dezembro de 2003,

DECRETA:Art. 1o As atividades pertinentes ao desenvolvimento da agricultura orgânica, definidas pela Lei no

10.831, de 23 de dezembro de 2003, ficam disciplinadas por este Decreto, sem prejuízo do cumprimento das demais normas que estabeleçam outras medidas relativas à qualidade dos produtos e processos.

TÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

CAPÍTULO IDAS DEFINIÇÕES

Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se:I - acreditação: procedimento realizado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e

Qualidade Industrial (Inmetro) como parte inicial do processo de credenciamento dos organismos de avaliação da conformidade, realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;

II - auditoria de credenciamento: procedimento pelo qual uma equipe oficial de auditores realiza a avaliação de uma entidade candidata ao credenciamento como organismo de avaliação da conformidade, para verificar a conformidade com a regulamentação oficial;

III - certificação orgânica: ato pelo qual um organismo de avaliação da conformidade credenciado dá garantia por escrito de que uma produção ou um processo claramente identificados foi metodicamente avaliado e está em conformidade com as normas de produção orgânica vigentes;

IV - credenciamento: procedimento pelo qual o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento reconhece formalmente que um organismo de avaliação da conformidade está habilitado para realizar a avaliação de conformidade de produtos orgânicos, de acordo com a regulamentação oficial de produção orgânica e com os critérios em vigor;

V - escopo: segmento produtivo objeto da avaliação da conformidade orgânica, tais como produção primária animal, produção primária vegetal, extrativismo, processamento de produtos de origem animal, processamento de produtos de origem vegetal, entre outros definidos pela regulamentação oficial de produção orgânica em vigor;

VI - extrativismo sustentável orgânico: conjunto de práticas associadas ao manejo sustentado dos recursos naturais, com vistas ao reconhecimento da qualidade orgânica de seus produtos;

VII - integridade orgânica: condição de um produto em que estão preservadas todas as características inerentes a um produto orgânico;

VIII - organização de controle social: grupo, associação, cooperativa ou consórcio a que está vinculado o agricultor familiar em venda direta, previamente cadastrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com processo organizado de geração de credibilidade a partir da interação de pessoas ou organizações, sustentado na participação, comprometimento, transparência e confiança, reconhecido pela sociedade;

IX - período de conversão: tempo decorrido entre o início do manejo orgânico, de extrativismo, culturas vegetais ou criações animais, e seu reconhecimento como sistema de produção orgânica;

X - produção paralela: produção obtida onde, na mesma unidade de produção ou estabelecimento, haja coleta, cultivo, criação ou processamento de produtos orgânico e não-orgânico;

XI - produtor: toda pessoa, física ou jurídica, responsável pela geração de produto orgânico, seja ele in natura ou processado, obtido em sistema orgânico de produção agropecuária ou oriundo de processo extrativista sustentável e não prejudicial ao ecossistema local;

XII - qualidade orgânica: qualidade que traz, vinculada a ela, os princípios da produção orgânica relacionados a questões sanitárias, ambientais e sociais;

XIII - rede de produção orgânica: envolve agentes que atuam nos diferentes níveis do processo da produção, processamento, transporte, armazenagem, comercialização ou consumo de produtos orgânicos;

XIV - relações de trabalho em condições especiais: onde há especificidades na participação da criança em tarefas que a família executa no campo, que objetivam incluí-la e prepará-la para um futuro trabalho e que, dessa forma, são respeitadas pela produção orgânica por constituir um dos alicerces das comunidades locais tradicionais;

XV - sistema de certificação: conjunto de regras e procedimentos adotados por uma entidade certificadora, que, por meio de auditoria, avalia a conformidade de um produto, processo ou serviço,

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objetivando a sua certificação;XVI - Sistemas Participativos de Garantia da Qualidade Orgânica: conjunto de atividades desenvolvidas

em determinada estrutura organizativa, visando assegurar a garantia de que um produto, processo ou serviço atende a regulamentos ou normas específicas e que foi submetido a uma avaliação da conformidade de forma participativa;

XVII - sistema orgânico de produção agropecuária: todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não-renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente;

XVIII - unidade de produção: empreendimento destinado à produção, manuseio ou processamento de produtos orgânicos; e

XIX - venda direta: relação comercial direta entre o produtor e o consumidor final, sem intermediários ou preposto, desde que seja o produtor ou membro da sua família inserido no processo de produção e que faça parte da sua própria estrutura organizacional.

CAPÍTULO IIDAS DIRETRIZES

Art. 3o São diretrizes da agricultura orgânica:I - contribuição da rede de produção orgânica ao desenvolvimento local, social e econômico

sustentáveis;II - manutenção de esforços contínuos da rede de produção orgânica no cumprimento da legislação

ambiental e trabalhista pertinentes na unidade de produção, considerada na sua totalidade;III - desenvolvimento de sistemas agropecuários baseados em recursos renováveis e organizados

localmente;IV - incentivo à integração da rede de produção orgânica e à regionalização da produção e comércio

dos produtos, estimulando a relação direta entre o produtor e o consumidor final;V - inclusão de práticas sustentáveis em todo o seu processo, desde a escolha do produto a ser

cultivado até sua colocação no mercado, incluindo o manejo dos sistemas de produção e dos resíduos gerados;

VI - preservação da diversidade biológica dos ecossistemas naturais e a recomposição ou incremento da diversidade biológica dos ecossistemas modificados em que se insere o sistema de produção, com especial atenção às espécies ameaçadas de extinção;

VII - relações de trabalho baseadas no tratamento com justiça, dignidade e eqüidade, independentemente das formas de contrato de trabalho;

VIII - consumo responsável, comércio justo e solidário baseados em procedimentos éticos;IX - oferta de produtos saudáveis, isentos de contaminantes, oriundos do emprego intencional de

produtos e processos que possam gerá-los e que ponham em risco o meio ambiente e a saúde do produtor, do trabalhador ou do consumidor;

X - uso de boas práticas de manuseio e processamento com o propósito de manter a integridade orgânica e as qualidades vitais do produto em todas as etapas;

XI - adoção de práticas na unidade de produção que contemplem o uso saudável do solo, da água e do ar, de modo a reduzir ao mínimo todas as formas de contaminação e desperdícios desses elementos;

XII - utilização de práticas de manejo produtivo que preservem as condições de bem-estar dos animais;XIII - incremento dos meios necessários ao desenvolvimento e equilíbrio da atividade biológica do

solo;XIV - emprego de produtos e processos que mantenham ou incrementem a fertilidade do solo em

longo prazo;XV - reciclagem de resíduos de origem orgânica, reduzindo ao mínimo o emprego de recursos não-

renováveis; eXVI - conversão progressiva de toda a unidade de produção para o sistema orgânico.

TÍTULO IIDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

CAPÍTULO IDAS RELAÇÕES DE TRABALHO

Art. 4o Devem ser respeitados a tradição, a cultura e os mecanismos de organização social nas relações de trabalho em condições especiais, quando em comunidades locais tradicionais.

Art. 5o Nas unidades de produção orgânica deve ser observado o acesso dos trabalhadores aos serviços básicos, em ambiente de trabalho com segurança, salubridade, ordem e limpeza.

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§ 1o O contratante é responsável pela segurança, informação e capacitação dos trabalhadores em relação ao caput deste artigo.

§ 2o Os organismos responsáveis pela garantia da qualidade orgânica podem exigir termo de compromisso, assumido pelo empregador com os trabalhadores, com medidas a serem adotadas para melhoria contínua da qualidade de vida.

CAPÍTULO IIDA PRODUÇÃO

Seção IDa ConversãoArt. 6o Para que uma área dentro de uma unidade de produção seja considerada orgânica, deverá

ser obedecido um período de conversão. § 1o O período de conversão variará de acordo com o tipo de exploração e a utilização anterior da

unidade, considerada a situação socioambiental atual. § 2o As atividades a serem desenvolvidas durante o período de conversão deverão estar estabelecidas

em plano de manejo orgânico da unidade de produção.Seção IIDa Produção ParalelaArt. 7o É permitida a produção paralela nas unidades de produção e estabelecimentos onde haja

cultivo, criação ou processamento de produtos orgânicos.§ 1o Nas áreas e estabelecimentos em que ocorra a produção paralela, os produtos orgânicos deverão

estar claramente separados dos produtos não orgânicos e será requerida descrição do processo de produção, do processamento e do armazenamento.

§ 2o No caso de unidade processadora de produtos orgânicos e não orgânicos, o processamento dos produtos orgânicos deve ser realizado de forma totalmente isolada dos produtos não orgânicos no espaço ou no tempo.

§ 3o Todas as unidades de produção e estabelecimentos de produção, orgânica e não orgânica, serão objeto de controle por parte do organismo de avaliação da conformidade ou da organização de controle social a que estiver vinculado o agricultor familiar em venda direta.

Art. 8o Nas unidades de produção ou estabelecimentos envolvidos com a geração de produtos orgânicos que apresentem produção paralela, a matéria-prima, insumos, medicamentos e substâncias utilizadas na produção não orgânica deverão ser mantidos sob rigoroso controle, em local isolado e apropriado.

Parágrafo único. A produção não orgânica, a que se refere o caput, não poderá conter organismos geneticamente modificados.

Seção IIIDos Regulamentos Técnicos de ProduçãoArt. 9o Caberá ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de forma isolada ou em

conjunto com outros Ministérios, o estabelecimento de normas técnicas para a obtenção do produto orgânico.

§ 1o As normas deverão contemplar a produção animal e vegetal, extrativismo sustentável orgânico, processamento, envase, rotulagem, transporte, armazenamento e comercialização.

§ 2o As normas para produtos do extrativismo sustentável orgânico aplicar-se-ão somente para os que tiverem por objetivo a identificação como produto orgânico.

§ 3o As normas referentes ao processamento serão efetivadas em ato conjunto do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com o Ministério da Saúde.

§ 4o As normas referentes ao extrativismo sustentável orgânico serão efetivadas em ato conjunto do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com o Ministério do Meio Ambiente.

§ 5o Os processos de normatização deverão contemplar a participação das comissões de que trata o art. 33.

Seção IVDas Boas PráticasArt. 10. Caberá ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de forma isolada ou em

conjunto com outros Ministérios, a elaboração de manual das boas práticas de produção orgânica.Parágrafo único. O manual previsto no caput deverá orientar a melhoria contínua dos sistemas

orgânicos de produção por meio da adoção progressiva de boas práticas de manejo, sempre que forem verificadas as condições necessárias para tanto.

CAPÍTULO IIIDA COMERCIALIZAÇÃO

Seção IDo Mercado InternoArt. 11. Para a comercialização no mercado interno, os produtos orgânicos deverão atender ao

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disposto neste Decreto e demais disposições legais.Art. 12. Os produtos orgânicos deverão ser protegidos continuadamente para que não se misturem

com produtos não orgânicos e não tenham contato com materiais e substâncias cujo uso não esteja autorizado para a produção orgânica.

Art. 13. Os produtos orgânicos passíveis de contaminação por contato ou que não possam ser diferenciados visualmente devem ser identificados e mantidos em local separado dos demais produtos não orgânicos.

Art. 14. No comércio varejista, os produtos orgânicos passíveis de contaminação por contato ou que não possam ser diferenciados visualmente dos similares não orgânicos devem ser mantidos em espaço delimitado e identificado, ocupado unicamente por produtos orgânicos.

Art. 15. Todos os produtos orgânicos comercializados a granel devem trazer a identificação do seu fornecedor no respectivo espaço de exposição.

Art. 16. Os restaurantes, hotéis, lanchonetes e similares que anunciarem em seus cardápios refeições preparadas com ingredientes orgânicos deverão:

I - manter, à disposição dos consumidores, lista atualizada dos itens orgânicos ofertados, dos itens que possuem ingredientes orgânicos e de seus fornecedores de produtos orgânicos; e

II - apresentar, quando solicitado pelos órgãos fiscalizadores, informações sobre seus fornecedores de produtos orgânicos, as quantidades adquiridas e as quantidades comercializadas de produtos orgânicos.

Art. 17. No momento da venda direta de produtos orgânicos aos consumidores, os agricultores familiares deverão manter disponível o comprovante de cadastro junto ao órgão fiscalizador de que trata o art. 22.

Seção IIDa ExportaçãoArt. 18. Não poderão ser comercializados como orgânicos, no mercado interno, os produtos

destinados à exportação em que o atendimento de exigências do país de destino ou do importador implique a utilização de produtos ou processos proibidos na regulamentação brasileira.

Parágrafo único. Os produtos de que trata o caput não poderão receber o selo do sistema brasileiro de avaliação da conformidade orgânica.

Seção IIIDa ImportaçãoArt. 19. Para serem comercializados no País como orgânicos, os produtos orgânicos importados

deverão estar de acordo com a regulamentação brasileira para produção orgânica.§ 1o Para os fins do disposto no caput, o produto deverá:I - possuir certificação concedida por organismo de avaliação da conformidade orgânica credenciado

junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; ouII - ser proveniente de país que possua acordo de equivalência ou de reconhecimento mútuo de

sistemas de avaliação da conformidade orgânica com o Brasil.§ 2o Perderão a condição de orgânicos os produtos importados que forem submetidos a tratamento

quarentenário não compatível com a regulamentação da produção orgânica brasileira.CAPÍTULO IV

DA INFORMAÇÃO DA QUALIDADESeção IDa RotulagemArt. 20. Além de atender aos regulamentos técnicos vigentes específicos para o produto que está sendo

rotulado, os produtos inseridos no Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica de que trata o art. 29 deverão obedecer às determinações para rotulagem de produtos orgânicos e conter o selo deste Sistema.

Art. 21. Somente poderão utilizar o selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica os produtos comercializados diretamente aos consumidores que tenham sido verificados por organismo de avaliação da conformidade credenciado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Parágrafo único. No ponto de comercialização ou no rótulo dos produtos previstos no caput, poderá constar a seguinte expressão: “produto orgânico não sujeito à certificação nos termos da Lei no 10.831, de 23 de dezembro de 2003”.

Seção IIDa Identificação na Venda DiretaArt. 22. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estabelecerá as regras para a

identificação dos agricultores familiares que comercializam diretamente aos consumidores, nos termos do art. 17 deste Decreto.

Parágrafo único. As regras previstas no caput deverão contemplar a emissão de comprovante de cadastramento do agricultor familiar pelo órgão fiscalizador.

Seção IIIDa Publicidade e Propaganda

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Art. 23. É proibido, na publicidade e propaganda de produtos que não sejam produzidos em sistemas orgânicos de produção, o uso de expressões, títulos, marcas, gravuras ou qualquer outro modo de informação capaz de induzir o consumidor a erro quanto à garantia da qualidade orgânica dos produtos.

CAPÍTULO VDOS INSUMOS

Art. 24. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento deverá estabelecer mecanismos para priorização e simplificação dos registros de insumos aprovados para uso na agricultura orgânica.

Parágrafo único. No caso de insumos em que o registro envolva a participação de outros órgãos, os mecanismos de que trata o caput deverão ser estabelecidos em conjunto com os demais órgãos federais competentes, considerando os mesmos princípios de priorização e simplificação, desde que isso não importe em risco à saúde ou ao meio ambiente.

TÍTULO IIIDOS MECANISMOS DE CONTROLE

Art. 25. As pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que produzam, transportem, comercializem ou armazenem produtos orgânicos ficam obrigadas a promover a regularização de suas atividades junto aos órgãos competentes.

CAPÍTULO IDAS RESPONSABILIDADES DAS PARTES

Art. 26. A regularização de que trata o art. 25 deverá atender aos requisitos estabelecidos para os agricultores familiares na venda direta sem certificação e, nos demais casos, aos requisitos estabelecidos pelo Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica, observadas as particularidades e restrições definidas para cada um.

Art. 27. Para a integridade do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica, serão firmados acordos entre os produtores, os organismos de avaliação da conformidade orgânica credenciados e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, contendo, em especial, a definição de responsabilidades.

§ 1o Os produtores são responsáveis por:I - seguir os regulamentos técnicos; II - consentir com a realização de auditorias, incluindo as realizadas pelo organismo de avaliação da

conformidade orgânica credenciado;III - fornecer informações precisas e no prazo determinado;IV - fornecer informações sobre sua participação em outras atividades referentes ao escopo, não

incluídas no processo de certificação; eV - informar o organismo de avaliação da conformidade orgânica credenciado sobre quaisquer

alterações no seu sistema de produção e comercialização.§ 2o Os organismos de avaliação da conformidade orgânica credenciados são responsáveis por

atualizar as informações referentes aos produtores a eles vinculados no cadastro nacional de produtores orgânicos.

§ 3o O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é responsável por manter atualizado e disponível o cadastro nacional de organismos de avaliação da conformidade orgânica e o cadastro nacional de produtores orgânicos.

CAPÍTULO IIDO CONTROLE SOCIAL NA VENDA DIRETA SEM CERTIFICAÇÃO

Art. 28. Para que possam comercializar diretamente ao consumidor, sem certificação, os agricultores familiares deverão estar vinculados a uma organização com controle social cadastrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ou em outro órgão fiscalizador federal, estadual ou distrital conveniado.

§ 1o No caso previsto no caput, os agricultores terão de garantir a rastreabilidade de seus produtos e o livre acesso dos órgãos fiscalizadores e dos consumidores aos locais de produção e processamento.

§ 2o Para que possa realizar convênio com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento objetivando atuar no controle da venda direta sem certificação, o órgão da esfera federal, estadual ou distrital deverá possuir em seus quadros servidores com poderes para atuar na fiscalização, capacitados para trabalhar com agricultura orgânica.

§ 3o O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estabelecerá, em ato próprio, os procedimentos para o cadastramento de que trata o caput, ouvindo os Ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Meio Ambiente.

CAPÍTULO IIIDO SISTEMA BRASILEIRO DE AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE ORGÂNICA

Seção IDo ObjetivoArt. 29. Fica instituído o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica, integrado por

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órgãos e entidades da administração pública federal e pelos organismos de avaliação da conformidade credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

§ 1o Os Estados e o Distrito Federal poderão integrar o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica mediante convênios específicos firmados com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

§ 2o O Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica é integrado pelos Sistemas Participativos de Garantia da Qualidade Orgânica e pela Certificação por Auditoria.

Art. 30. O Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica será identificado por um selo único em todo o território nacional.

Parágrafo único. Agregado ao selo, deverá haver identificação do sistema de avaliação de conformidade orgânica utilizado.

Art. 31. O Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica será gerido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Parágrafo único. Caberá ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento o credenciamento, o acompanhamento e a fiscalização dos organismos de avaliação da conformidade orgânica.

Art. 32. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em articulação com os demais órgãos responsáveis pelo registro de produtos identificados como orgânicos, será responsável pela fiscalização do cumprimento das normas regulamentadas para a produção orgânica nos estabelecimentos produtores registrados.

§ 1o O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento criará meios para receber e processar as informações referentes aos registros e fiscalizações, previstos no caput, como forma de suporte de informações para o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica.

§ 2o Os órgãos responsáveis pelo registro e fiscalização dos produtos previstos no caput serão os responsáveis por repassar à Coordenação de Agroecologia da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento:

I - informações referentes às infrações detectadas; eII - o nome do organismo de avaliação da conformidade orgânica responsável pela garantia da

qualidade do produto alvo de infração.Seção IIDas ComissõesArt. 33. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento organizará, junto à Coordenação de

Agroecologia, a Subcomissão Temática de Produção Orgânica - STPOrg da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica - CNAPO e, junto a cada Superintendência Federal de Agricultura, Comissões da Produção Orgânica nas Unidades da Federação - CPOrg-UF, para auxiliar nas ações necessárias ao desenvolvimento da produção orgânica, com base na integração entre os agentes da rede de produção orgânica do setor público e do privado, e na participação da sociedade no planejamento e gestão democrática das políticas públicas.

§ 1º As Comissões serão compostas de forma paritária por membros do setor público e da sociedade civil de reconhecida atuação no âmbito da produção orgânica

§ 2º O número mínimo e máximo de participantes que comporão as Comissões observará as diferentes realidades existentes nas unidades federativas.

§ 3º A composição da STPOrg garantirá a presença de, no mínimo, um representante do setor privado de cada região geográfica.

§ 4º Os membros do setor público nas CPOrg-UF representarão, sempre que possível, diferentes segmentos, como assistência técnica, pesquisa, ensino, fomento e fiscalização.

§5º Os membros do setor privado nas CPOrg-UF representarão, sempre que possível, diferentes segmentos, como produção, processamento, comercialização, assistência técnica, avaliação da conformidade, ensino, produção de insumos, mobilização social e defesa do consumidor.

Art. 34. São atribuições da CNPOrg:I - emitir parecer sobre regulamentos que tratem da produção orgânica, considerando as manifestações

enviadas pelas CPOrg-UF;II - propor regulamentos que tenham por finalidade o aperfeiçoamento da rede de produção orgânica

no âmbito nacional e internacional, considerando as propostas enviadas pelas CPOrg-UF;III - assessorar o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica; IV - articular e fomentar a criação de fóruns setoriais e territoriais que aprimorem a representação do

movimento social envolvido com a produção orgânica; V - discutir e propor os posicionamentos a serem levados pelos representantes brasileiros em fóruns

nacionais e internacionais que tratem da produção orgânica, consolidando as posições apresentadas pelas CPOrg-UF; e

VI - orientar e sugerir atividades a serem desenvolvidas pelas CPOrg-UF; e VII - subsidiar a CNAPO e a Câmara Intergovernamental de Agroecologia e Produção Orgânica -

CIAPO na formulação e gestão da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica - PNAPO e

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do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica - PLANAPO. Art. 35. São atribuições das CPOrg-UF:I - emitir parecer sobre regulamentos que tratem da produção orgânica;II - propor à CNPOrg regulamentos que tenham por finalidade o aperfeiçoamento da rede de

produção orgânica no âmbito nacional e internacional;III - assessorar o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica; IV - contribuir para elaboração dos bancos de especialistas capacitados a atuar no processo de

acreditação;V - articular e fomentar a criação de fóruns setoriais e territoriais que aprimorem a representação do

movimento social envolvido com a produção orgânica; VI - discutir e propor os posicionamentos a serem levados pelos representantes brasileiros em fóruns

nacionais e internacionais que tratem da produção orgânica; eVII - emitir parecer sobre pedidos de credenciamento de organismos de avaliação da conformidade

orgânica; e VIII - subsidiar a CNAPO e a CIAPO na formulação e gestão da PNAPO e do PLANAPO. Seção IIIDos Organismos de Avaliação da Conformidade OrgânicaArt. 36. Os organismos de avaliação da conformidade deverão ser pessoas jurídicas, de direito

público ou privado, com ou sem fins lucrativos, previamente credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

§ 1o As pessoas jurídicas de direito público que se credenciem para avaliação da conformidade da produção orgânica não poderão ser também responsáveis por procedimentos de fiscalização relacionados à produção orgânica.

§ 2o Os organismos de avaliação da conformidade credenciados para a certificação por auditoria não poderão desenvolver atividades relacionadas à assistência técnica nas unidades de produção.

Seção IVDos Sistemas Participativos de Garantia da Qualidade OrgânicaArt. 37. Os Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Desenvolvimento Agrário e do Meio

Ambiente deverão apoiar a construção de Sistemas Participativos de Garantia da Qualidade Orgânica. Subseção IDo Funcionamento dos Sistemas Participativos de Garantia da Qualidade OrgânicaArt. 38. Cada Sistema Participativo de Garantia da Qualidade Orgânica será composto pelo conjunto

de seus membros e por um organismo participativo de avaliação da conformidade credenciado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

§ 1o São considerados membros do sistema os produtores, comercializadores, transportadores, armazenadores, consumidores, técnicos e organizações públicas ou privadas que atuam na rede de produção orgânica.

§ 2o Para os fins previstos no § 1o, consideram-se produtores os agricultores individuais as associações, as cooperativas, os condomínios e outras formas de organização, formais ou informais.

§ 3o O organismo participativo de avaliação da conformidade, previsto no caput, terá personalidade jurídica própria, com atribuições e responsabilidades formais no Sistema Participativo de Garantia da Qualidade Orgânica, consignadas em seu estatuto social.

§ 4o O organismo participativo de avaliação da conformidade terá em sua estrutura, no mínimo, uma comissão de avaliação e um conselho de recursos, composto por representantes dos membros do Sistema.

§ 5o No caso de o organismo participativo de avaliação da conformidade vir a ser constituído como parte de uma organização já existente, esta deverá estabelecer em seu estatuto a criação de um setor específico para a finalidade de avaliação da conformidade orgânica, com mecanismo de gestão própria.

Art. 39. O organismo participativo de avaliação da conformidade manterá todos os registros que garantam a rastreabilidade dos produtos sob processo de avaliação da conformidade orgânica.

Subseção IIDo Credenciamento dos Organismos Participativos de Avaliação da ConformidadeArt. 40. O organismo participativo de avaliação da conformidade solicitará seu credenciamento

como organismo de avaliação da conformidade orgânica junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, devendo cumprir as seguintes exigências:

I - apresentar o seu estatuto social e declaração formal identificando o escopo de sua atuação;II - apresentar o cadastro das unidades de produção onde já atua como organismo participativo

de avaliação da conformidade da produção orgânica ou declaração de inexistência de projetos sob acompanhamento; e

III - obter parecer da CPOrg-UF, junto à Superintendência Federal de Agricultura da unidade da Federação em que estiver sediada.

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Art. 41. O credenciamento deverá ser precedido de auditoria sob responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para verificação do cumprimento das exigências legais.

Parágrafo único. Os especialistas que comporão as equipes de auditoria deverão ter experiência comprovada e formação profissional compatível com o escopo de atuação solicitado pelo organismo participativo de avaliação da conformidade.

Art. 42. A solicitação de credenciamento poderá ser indeferida, mediante parecer fundamentado da Coordenação de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Parágrafo único. Caberá recurso contra o indeferimento da solicitação de credenciamento ao Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na forma e nos prazos a serem fixados em portaria ministerial.

Art. 43. O organismo de avaliação da conformidade orgânica credenciado poderá requerer a extensão do credenciamento para outro escopo mediante a apresentação de documentação complementar.

Parágrafo único. A Comissão da Produção Orgânica na unidade da Federação responsável emitirá parecer, e a Coordenação de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento definirá a necessidade de nova auditoria.

Art. 44. No caso de escopo que englobe produtos de competência de outros órgãos, estes deverão participar do processo de credenciamento, na forma estabelecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Seção VDa Certificação por AuditoriaSubseção IDo Funcionamento da Certificação por AuditoriaArt. 45. A certificação orgânica compreende o procedimento realizado em unidades de produção e

comercialização, a fim de avaliar e garantir sua conformidade em relação aos regulamentos técnicos.Art. 46. A concessão ou a manutenção da certificação será precedida de auditoria, a ser realizada

por organismo de avaliação da conformidade credenciado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com a finalidade de avaliar a conformidade com as normas regulamentadas para a produção orgânica.

Parágrafo único. Os procedimentos utilizados no processo de certificação deverão seguir os critérios reconhecidos internacionalmente para organismos certificadores, acrescidos dos requisitos específicos estabelecidos nos regulamentos técnicos brasileiros de produção orgânica.

Art. 47. É vedado o estabelecimento de custo de certificação baseado unicamente em percentual sobre a produção certificada, vinculada à quantidade de área ou de produtos a serem certificados.

Subseção IIDo Credenciamento das CertificadorasArt. 48. As certificadoras deverão se credenciar junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, conforme detalhamento a ser estabelecido em normas complementares.Art. 49. O credenciamento junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento será

precedido de etapa prévia de acreditação das certificadoras, a ser realizada pelo Inmetro.§ 1o Para os fins de que trata o caput, o Inmetro publicará ato específico estabelecendo as exigências

técnicas e os procedimentos necessários ao processo de acreditação, utilizando critérios reconhecidos internacionalmente para organismos certificadores, acrescidos dos requisitos específicos estabelecidos em normas técnicas brasileiras de produção orgânica.

§ 2o Os custos da acreditação serão arcados pelas pessoas jurídicas de direito público ou privado interessadas em obter o credenciamento como organismo de avaliação da conformidade orgânica, devendo o Inmetro aplicar somente valores que cubram as despesas com a operação de acreditação.

Art. 50. Concluído o processo de acreditação pelo Inmetro, o interessado solicitará o credenciamento como organismo de avaliação da conformidade orgânica junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, devendo cumprir as seguintes exigências:

I - apresentar o documento comprobatório da acreditação pelo Inmetro, vinculado ao escopo solicitado;

II - apresentar o cadastro das unidades de produção certificadas, se já estiver atuando na certificação da produção orgânica, ou declaração de inexistência de projetos certificados;

III - apresentar currículo dos inspetores indicados, que deverão estar regularmente inscritos nos conselhos profissionais pertinentes; e

IV - obter parecer da CPOrg-UF junto à Superintendência Federal de Agricultura da unidade da Federação em que estiver sediada.

Art. 51. Os processos de acreditação e de credenciamento deverão ser embasados em auditoria única que atenda às exigências necessárias.

§ 1o As equipes de auditoria deverão ser compostas por profissionais escolhidos conjuntamente pelos órgãos envolvidos nos processos de acreditação e de credenciamento.

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§ 2o Os especialistas que comporão as equipes de auditoria deverão ter experiência comprovada e formação profissional compatível com o escopo de atuação solicitado pelo organismo de avaliação da conformidade.

Art. 52. A solicitação de credenciamento poderá ser indeferida, mediante parecer fundamentado da Coordenação de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Parágrafo único. Caberá recurso contra o indeferimento da solicitação de credenciamento ao Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na forma e nos prazos a serem fixados em portaria ministerial.

Art. 53. A certificadora credenciada poderá requerer a extensão do credenciamento para outro escopo de certificação, mediante a apresentação de documentação complementar e de currículo dos inspetores regularmente inscritos nos conselhos profissionais pertinentes.

Parágrafo único. A CPOrg-UF responsável emitirá parecer técnico e a Coordenação de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento definirá a necessidade de nova auditoria.

Art. 54. O credenciamento de certificadoras para atuarem na certificação orgânica não será objeto de delegação.

Parágrafo único. Nos casos de escopo de certificação que englobe produtos de competência de outros órgãos, estes deverão participar do processo de credenciamento, na forma estabelecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

CAPÍTULO IVDA FISCALIZAÇÃO

Seção IDa CompetênciaArt. 55. Os procedimentos relativos à fiscalização e inspeção da produção, manipulação,

industrialização, circulação, armazenamento, distribuição, comercialização e certificação de produtos orgânicos nacionais e estrangeiros obedecerão ao disposto neste Decreto e demais legislações aplicáveis, de acordo com as áreas de atuação administrativa dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Meio Ambiente e da Saúde, em função da natureza do produto.

Art. 56. As ações de inspeção e de fiscalização efetivar-se-ão em caráter permanente e constituirão atividade de rotina.

Art. 57. Poderão ser celebrados convênios com os Estados e o Distrito Federal, para a execução de serviços relacionados com a inspeção e a fiscalização previstas neste Decreto.

Seção IIDo Âmbito da Inspeção e FiscalizaçãoArt. 58. A inspeção e a fiscalização de que trata este Decreto serão realizadas em unidades de

produção, estabelecimentos comerciais e industriais, cooperativas, órgãos públicos, portos, aeroportos, postos de fronteira, veículos ou meios de transporte e quaisquer outros ambientes onde se verifique a produção, beneficiamento, manipulação, industrialização, embalagem, acondicionamento, transporte, distribuição, comércio, armazenamento, importação e exportação de produtos orgânicos.

Parágrafo único. A fiscalização de que trata este artigo se estenderá à publicidade e à propaganda de produtos orgânicos, qualquer que seja o veículo empregado para a sua divulgação.

Art. 59. As pessoas físicas ou jurídicas envolvidas com a produção, beneficiamento, transformação, embalagem, armazenamento, transporte, distribuição e comércio de produtos orgânicos, quando solicitadas pelos órgãos de fiscalização e inspeção, são obrigadas a prestar informações e esclarecimentos sobre os produtos e processos de produção, fornecer documentos e facilitar a colheita de amostras.

Art. 60. Os métodos oficiais de análise, compreendendo a colheita de amostras, as determinações analíticas, a interpretação dos resultados e os modelos de certificados oficiais de análise serão previamente definidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Seção IIIDos Documentos de Inspeção e FiscalizaçãoArt. 61. São documentos para inspeção e fiscalização:I - o auto de infração; II - a notificação de julgamento; eIII - os termos de:a) inspeção;b) intimação;c) apreensão;d) destinação de matéria-prima, produto ou equipamento;e) colheita de amostras;f) inutilização;g) liberação;

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h) interdição;i) reaproveitamento;j) aditivo; el) revelia.Parágrafo único. Os modelos e os elementos informativos dos formulários oficiais de que trata este

artigo serão definidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Seção IVDas AtribuiçõesArt. 62. A inspeção e a fiscalização de que trata este Decreto serão exercidas por servidores públicos

de nível superior, capacitados e autorizados pelo órgão competente, com formação profissional compatível com a atividade desempenhada.

Parágrafo único. Os agentes fiscalizadores, quando em serviço, deverão apresentar suas credenciais, sempre que solicitadas.

Seção VDas Atribuições dos Agentes FiscalizadoresArt. 63. Os agentes fiscalizadores no exercício de suas funções terão acesso aos meios de produção,

beneficiamento, manipulação, transformação, embalagem, armazenamento, transporte, distribuição, comércio e avaliação da conformidade orgânica dos produtos abrangidos por este Decreto, para a execução das seguintes atribuições:

I - realizar auditorias técnicas em métodos e processos de produção e processos de avaliação da conformidade orgânica;

II - colher amostras necessárias e efetuar determinações microbiológicas, biológicas, físicas e químicas de matéria-prima, insumos, subprodutos, resíduos de produção, beneficiamento e transformação de produtos orgânicos, assim como de solo, água, tecidos vegetais e animais e de produto acabado, lavrando o respectivo termo;

III - realizar inspeções rotineiras para apuração da prática de infrações, ou de eventos que tornem os produtos passíveis de alteração, verificando a adequação de processos de produção, beneficiamento, manipulação, transformação, embalagem, armazenamento, transporte, distribuição, comércio e avaliação da conformidade orgânica, e lavrando os respectivos termos;

IV - verificar o atendimento das condições relativas à qualidade ambiental e à regularidade das relações de trabalho, notificando ao órgão competente quando for o caso;

V - verificar a procedência e condições de produtos, quando expostos à venda;VI - promover, na forma disciplinada neste Decreto, a aplicação das penalidades decorrentes dos

processos administrativos, nos termos do julgamento, bem como dar destinação à matéria-prima, insumos, produtos, subprodutos ou resíduos de produção, beneficiamento ou industrialização, lavrando o respectivo termo;

VII - proceder à apreensão de produto, insumo, matéria-prima ou de qualquer substância, encontrados nos locais de produção, manipulação, transporte, armazenamento, distribuição e comercialização, sem observância a este Decreto, principalmente nos casos de indício de fraude, falsificação, alteração, deterioração ou de perigo à saúde humana, lavrando o respectivo termo;

VIII - acompanhar as fases de recebimento, conservação, manipulação, preparação, acondicionamento, transporte e estocagem de produtos;

IX - examinar embalagem e rotulagem de produtos;X - lavrar auto de infração; eXI - intimar, no âmbito de sua competência, para a adoção de providências corretivas e apresentação

de documentos necessários à instrução dos processos de investigação ou apuração de adulteração, fraude ou falsificação.

CAPÍTULO VDAS MEDIDAS DE FISCALIZAÇÃO

Seção IDas Medidas CautelaresArt. 64. Nos casos da existência de indícios de adulteração, falsificação, fraude ou inobservância do

disposto nas normas legais, poderão ser adotadas as seguintes medidas cautelares:I - apreensão temporária de produtos;II - interdição temporária de estabelecimentos;III - retirada temporária do cadastro de agricultores familiares autorizados a trabalhar com venda

direta sem certificação; eIV - suspensão temporária de credenciamento como organismo da avaliação da conformidade orgânica.Parágrafo único. As medidas previstas no caput deverão ser mantidas até que se concluam análises,

vistorias ou auditorias que dêem conclusão aos indícios que as geraram.

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Seção IIDa IntimaçãoArt. 65. Nos casos relacionados com adequação de processos de geração de produtos aos princípios

da produção animal e vegetal orgânica, bem como a solicitação de documentos e outras providências que não constituam infração, o instrumento hábil para tais reparações será a intimação.

Art. 66. A intimação deverá mencionar expressamente a providência exigida, respaldada pela devida fundamentação nas disposições legais vigentes, o prazo para seu cumprimento e, quando for o caso, o cronograma de execução.

Parágrafo único. O prazo fixado na intimação poderá ser prorrogado pela autoridade julgadora, mediante pedido fundamentado, por escrito, do interessado.

Art. 67. Decorrido o prazo estipulado na intimação sem que haja o cumprimento das exigências, lavrar-se-á o auto de infração.

Seção IIIDa ApreensãoArt. 68. Caberá apreensão de produto, insumo, matéria-prima, substância, aditivo, embalagem ou

rótulo, quando ocorrer adulteração, falsificação, fraude ou inobservância das exigências legais.Art. 69. Proceder-se-á, ainda, à apreensão de produto, quando estiver sendo produzido, beneficiado,

manipulado, industrializado, acondicionado, embalado, transportado, armazenado ou comercializado em desacordo com as exigências legais.

Art. 70. Lavrado o termo de apreensão, a autoridade fiscalizadora deverá adotar os procedimentos para a apuração da irregularidade constatada.

Art. 71. O produto apreendido ficará sob a guarda do responsável legal, nomeado depositário, sendo proibida a sua substituição, subtração ou remoção, total ou parcialmente, até a conclusão da apuração administrativa da infração correspondente.

Parágrafo único. A critério da autoridade fiscalizadora e sempre que houver necessidade de remoção, modificação, adequação, substituição, ou qualquer outra providência relacionada à matéria-prima, produto ou equipamento que tenham sido objeto de apreensão, será lavrado o termo de destinação de matéria-prima, produto ou equipamento, devendo, conforme as circunstâncias, ser lavrado novo termo de apreensão.

Art. 72. Procedente a apreensão, a autoridade fiscalizadora lavrará o auto de infração, iniciando o processo administrativo, ficando o produto apreendido até sua conclusão.

Art. 73. Não procedente a apreensão, após apuração administrativa, far-se-á a imediata liberação do produto.Art. 74. A recusa injustificada de responsável legal de estabelecimento ou de pessoa física detentora

de produto objeto de apreensão ao encargo de depositário caracteriza embaraço à ação da fiscalização, sujeitando-o às sanções estabelecidas, devendo, neste caso, ser lavrado auto de infração.

CAPÍTULO VIDAS PROIBIÇÕES

Art. 75. É proibida a produção, o beneficiamento, a manipulação, a industrialização, o processamento, a embalagem, o armazenamento, a comercialização, a oferta, a distribuição, a propaganda e o transporte de produtos orgânicos que não atendam às exigências legais.

Art. 76. Nas unidades de produção e estabelecimentos destinados exclusivamente à geração de produtos orgânicos, será proibido adquirir, manter em depósito ou utilizar matéria-prima, material de multiplicação animal ou vegetal, animais, insumos, alimentos para animais, medicamentos ou qualquer substância em desacordo com as exigências legais.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica a casos em que a utilização seja admitida em caráter emergencial ou excepcionalidade, legalmente estabelecidos.

Art. 77. Nas unidades de produção e estabelecimentos destinados exclusivamente à geração de produtos orgânicos, será proibido utilizar qualquer método ou processo de produção, processamento, manejo, reprodução, colheita, controle ou prevenção de pragas e enfermidades em desacordo com as exigências legais.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica a casos em que a utilização seja admitida em caráter emergencial ou excepcionalidade, legalmente estabelecidos.

Art. 78. Nos estabelecimentos onde houver área específica, isolada e devidamente identificada para a exposição, a oferta e a comercialização de produtos orgânicos, será proibida a mistura, sob qualquer pretexto, com produtos não oriundos de sistemas orgânicos de produção agropecuária.

CAPÍTULO VIIDAS PENALIDADES ADMINISTRATIVAS

Art. 79. Sem prejuízo da responsabilidade civil e penal cabível, a infringência às exigências legais para a produção orgânica sujeita, isolada ou cumulativamente, à aplicação das seguintes sanções:

I - advertência;II - multa de até R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais);III - suspensão da comercialização do produto;

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IV - condenação de produtos, rótulos, embalagens e matérias-primas;V - inutilização do produto;VI - suspensão do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença; eVII - cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença.§ 1o A apuração de infração, na jurisdição do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,

não elide a aplicação da legislação de competência de outros órgãos da administração pública.§ 2o Quando a infração constituir crime ou contravenção, a autoridade julgadora representará junto

ao órgão competente para a apuração da responsabilidade penal.Art. 80. As sanções previstas no art. 79 serão aplicadas de acordo com a natureza da infração, as

circunstâncias em que forem cometidas e a relevância do prejuízo que elas causarem.Art. 81. Quando a mesma infração for objeto de enquadramento em mais de um dispositivo deste Decreto,

prevalecerá, para efeito de punição, o enquadramento mais específico em relação ao mais genérico.Art. 82. Para a imposição da pena, serão levadas em conta as circunstâncias atenuantes e agravantes.Art. 83. Consideram-se circunstâncias atenuantes:I - quando a ação do infrator não tiver sido fundamental para a consecução da infração;II - ser o infrator primário e a falta cometida acidentalmente; eIII - quando o infrator, voluntariamente, procurar minorar ou reparar as conseqüências do ato lesivo

que lhe for imputado.Art. 84. Consideram-se circunstâncias agravantes:I - a reincidência específica ou genérica por parte do infrator; II - ter o infrator cometido a infração para obter qualquer tipo de vantagem;III - trazer a infração conseqüências nocivas à saúde pública, ou ao meio ambiente, bem como

prejuízos financeiros ao consumidor;IV - ter o infrator conhecimento do ato lesivo e deixar de adotar as providências necessárias com o

fim de evitá-lo;V - ter o infrator agido com fraude ou má-fé;VI - ter o infrator colocado obstáculo ou embaraço à ação da inspeção e fiscalização; eVII - ter o infrator substituído, subtraído ou removido, total ou parcialmente, os bens apreendidos sem

autorização do órgão fiscalizador.Parágrafo único. No concurso de circunstâncias, atenuantes e agravantes, a aplicação da sanção será

considerada em razão da que seja preponderante.CAPÍTULO VIII

DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES APLICÁVEISSeção IDos Organismos de Avaliação da ConformidadeArt. 85. Veicular informações incorretas no cadastro de produtores orgânicos ou não atualizá-las no

prazo estabelecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento:Penalidade: advertência, multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), suspensão

do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença e cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

Art. 86. Instalar ou operar organismo de avaliação da conformidade orgânica sem prévio credenciamento junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ou em desacordo com as disposições legais definidas neste Decreto e legislação complementar:

Penalidade: advertência, multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), suspensão do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença e cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

Art. 87. Deixar de atender exigências no prazo determinado em notificação:Penalidade: aplicação da penalidade superior entre as previstas para a infração que gerou a notificação. Art. 88. Atestar a qualidade orgânica de produto ou processo de produção que não atenda aos

requisitos técnicos, ambientais, econômicos e sociais definidos neste Decreto e legislação complementar:Penalidade: advertência, multa, suspensão do credenciamento, da certificação, da autorização, do

registro ou da licença e cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

§ 1o Nos casos de aplicação de multa, será ela aplicada em valor equivalente a até duzentos e cinqüenta por cento do valor de comercialização do produto que apresenta irregularidades, até o limite de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

§ 2o Quando não for possível aplicar o disposto no § 1o, a multa será aplicada a partir de R$ 100,00 (cem reais) até o limite de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

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Seção IIDos Produtores, Comercializadores, Transportadores e ArmazenadoresArt. 89. Veicular qualquer forma de propaganda, publicidade ou apresentação de produto que

contenha denominação, símbolo, desenho, figura ou qualquer indicação que possa induzir a erro ou equívoco quanto à origem, natureza, qualidade orgânica do produto ou atribuir características ou qualidades que não possua:

Penalidade: advertência, multa, suspensão da comercialização do produto, condenação de produtos, de rótulos, de embalagens e de matérias-primas ou inutilização do produto, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

§ 1o Nos casos de aplicação de multa, será ela aplicada em valor equivalente a até duzentos e cinqüenta por cento do valor de comercialização do produto que apresenta irregularidades, até o limite de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

§ 2o Quando não for possível aplicar o disposto no § 1o, a pena de multa será aplicada a partir de R$ 100,00 (cem reais) até o limite de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais)

Art. 90. Comercializar produtos orgânicos não certificados ou, quando em venda direta ao consumidor, nos termos do § 1o do art. 3o da Lei no 10.831, de 2003, sem apresentação do comprovante de cadastro do agricultor familiar inserido em estrutura organizacional cadastrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento:

Penalidade: advertência, multa, suspensão da comercialização do produto, condenação de produtos, rótulos, embalagens e matérias-primas ou inutilização do produto, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

§ 1o Nos casos de aplicação de multa, será ela aplicada em valor equivalente a até duzentos e cinqüenta por cento do valor de comercialização do produto que apresenta irregularidades, até o limite de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

§ 2o Quando não for possível aplicar o disposto no § 1o, a pena de multa será aplicada a partir de R$ 100,00 (cem reais) até o limite de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Art. 91. Deixar de atender a exigências no prazo determinado em notificação:Penalidade: aplicação da penalidade superior entre as previstas para a infração que gerou a notificação. Art. 92. Impedir ou dificultar por qualquer meio a ação fiscalizadora:Penalidade: advertência, multa no valor de R$100,00 (cem reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais),

suspensão do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença e cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

Art. 93. Comercializar, substituir, subtrair ou remover, total ou parcialmente, produto com comercialização suspensa pelo órgão fiscalizador:

Penalidade: multa, suspensão ou cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

§ 1o Nos casos de aplicação de multa, será ela aplicada em valor equivalente a até duzentos e cinqüenta por cento do valor de comercialização do produto que apresenta irregularidades, até o limite de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

§ 2o Quando não for possível aplicar o disposto no § 1o, a pena de multa será aplicada a partir de R$ 500,00 (quinhentos reais) até o limite de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Art. 94. Distribuir, substituir, subtrair ou remover, total ou parcialmente, produtos, rótulos, embalagens ou matérias-primas condenadas pelo órgão fiscalizador, sem a sua autorização prévia:

Penalidade: multa, suspensão ou cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

§ 1o Nos casos de aplicação de multa, será ela aplicada em valor equivalente a até duzentos e cinqüenta por cento do valor de comercialização do produto que apresenta irregularidades, até o limite de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

§ 2o Quando não for possível aplicar o disposto no § 1o, a pena de multa será aplicada a partir de R$ 500,00 (quinhentos reais) até o limite de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Art. 95. Utilizar-se de falsa declaração perante o órgão fiscalizador:Penalidade: advertência, multa, suspensão ou cancelamento do credenciamento, da certificação, da

autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não. § 1o Nos casos de aplicação de multa, será ela aplicada em valor equivalente a até duzentos e

cinqüenta por cento do valor de comercialização do produto que apresenta irregularidades, até o limite de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

§ 2o Quando não for possível aplicar o disposto no § 1o, a pena de multa será aplicada a partir de R$ 500,00 (quinhentos reais) até o limite de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

Art. 96. Expor à venda ou comercializar produto como orgânico sem que tenha sido observado período de conversão estabelecido nas normas vigentes:

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Penalidade: advertência, multa, suspensão da comercialização do produto, suspensão ou cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

§ 1o Nos casos de aplicação de multa, será ela aplicada em valor equivalente a até duzentos e cinqüenta por cento do valor de comercialização do produto que apresenta irregularidades, até o limite de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

§ 2o Quando não for possível aplicar o disposto no § 1o, a pena de multa será aplicada a partir de R$ 100,00 (cem reais) até o limite de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 97. Embalar, expor à venda ou comercializar produtos orgânicos utilizando-se de rótulos ou identificação em desacordo com as disposições legais definidas neste Decreto e legislação complementar:

Penalidade: advertência, multa, suspensão da comercialização do produto, suspensão ou cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

§ 1o Nos casos de aplicação de multa, será ela aplicada em valor equivalente a até duzentos e cinqüenta por cento do valor de comercialização do produto que apresenta irregularidades, até o limite de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

§ 2o Quando não for possível aplicar o disposto no § 1o, a pena de multa será aplicada a partir de R$ 100,00 (cem reais) até o limite de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 98. Transportar, comercializar ou armazenar produtos orgânicos juntamente com produtos não orgânicos sem o devido isolamento e identificação, ou de maneira que prejudique sua qualidade orgânica ou induza o consumidor a erro:

Penalidade: advertência, multa, suspensão da comercialização do produto, suspensão ou cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

§ 1o Nos casos de aplicação de multa, será ela aplicada em valor equivalente a até duzentos e cinqüenta por cento do valor de comercialização do produto que apresenta irregularidades, até o limite de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

§ 2o Quando não for possível aplicar o disposto no § 1o, a pena de multa será aplicada a partir de R$ 100,00 (cem reais) até o limite de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 99. Produzir produtos orgânicos mediante utilização de equipamentos e instalações em desacordo com os dispositivos legais pertinentes à produção orgânica:

Penalidade: advertência, multa, suspensão da comercialização do produto, suspensão ou cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

§ 1o Nos casos de aplicação de multa, será ela aplicada em valor equivalente a até duzentos e cinqüenta por cento do valor de comercialização do produto que apresenta irregularidades, até o limite de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

§ 2o Quando não for possível aplicar o disposto no § 1o, a pena de multa será aplicada a partir de R$ 100,00 (cem reais) até o limite de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 100. Operar produção paralela em desacordo com os dispositivos legais pertinentes à produção orgânica:Penalidade: advertência, multa, suspensão da comercialização do produto, suspensão ou

cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

§ 1o Nos casos de aplicação de multa, será ela aplicada em valor equivalente a até duzentos e cinqüenta por cento do valor de comercialização do produto que apresenta irregularidades, até o limite de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

§ 2o Quando não for possível aplicar o disposto no § 1o, a pena de multa será aplicada a partir de R$ 100,00 (cem reais) até o limite de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 101. Não atender às características e requisitos básicos dos sistemas orgânicos de produção em seus aspectos técnicos, ambientais, econômicos e sociais, conforme dispositivos legais pertinentes à produção orgânica:

Penalidade: advertência, multa, suspensão da comercialização do produto, suspensão ou cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

§ 1o Nos casos de aplicação de multa, será ela aplicada em valor equivalente a até duzentos e cinqüenta por cento do valor de comercialização do produto que apresenta irregularidades, até o limite de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

§ 2o Quando não for possível aplicar o disposto no § 1o, a pena de multa será aplicada a partir de R$ 100,00 (cem reais) até o limite de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais)

Art. 102. Comercializar produto orgânico importado em desacordo com o previsto neste Decreto: Penalidade: advertência, multa, suspensão da comercialização do produto, suspensão ou

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cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

§ 1o Nos casos de aplicação de multa, será ela aplicada em valor equivalente a até duzentos e cinqüenta por cento do valor de comercialização do produto que apresenta irregularidades, até o limite de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

§ 2o Quando não for possível aplicar o disposto no § 1o, a pena de multa será aplicada a partir de R$ 1.000,00 (mil reais) até o limite de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 103. Não manter ou deixar de apresentar à autoridade competente documentos, licenças, relatórios e outras informações pertinentes ao processo de produção, processamento e avaliação da conformidade orgânica na unidade de produção, estabelecimento ou local de produção:

Penalidade: advertência, multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), suspensão da comercialização do produto, suspensão ou cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

Art. 104. Não manter à disposição dos consumidores e dos órgãos fiscalizadores informações atualizadas sobre os produtos utilizados, quando restaurantes, hotéis, lanchonetes e similares anunciarem em seus cardápios refeições preparadas com ingredientes orgânicos:

Penalidade: advertência, multa, suspensão da comercialização do produto, suspensão ou cancelamento do credenciamento, da certificação, da autorização, do registro ou da licença, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não.

§ 1o Nos casos de aplicação de multa, será ela aplicada em valor equivalente a até duzentos e cinqüenta por cento do valor de comercialização do produto que apresenta irregularidades, até o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

§ 2o Quando não for possível aplicar o disposto no § 1o, a pena de multa será aplicada a partir de R$ 1.000,00 (mil reais) até o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

CAPÍTULO IXDA RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA

Art. 105. A responsabilidade administrativa decorrente da prática de infrações previstas neste Decreto recairá, isolada ou cumulativamente, sobre:

I - o produtor que, por dolo ou culpa, omitir informações ou fornecê-las incorretamente;II - aqueles que, investidos da responsabilidade técnica por produtos ou processos de produção,

concorrerem para a prática da falsificação, adulteração ou fraude, caso em que a autoridade fiscalizadora deverá cientificar o conselho de classe profissional;

III - todo aquele que concorrer para a prática de infração ou dela obtiver vantagem;IV - o transportador, o comerciante, o distribuidor ou armazenador, pelo produto que estiver sob sua

guarda ou responsabilidade, quando desconhecida sua procedência;V - o organismo de avaliação da conformidade, quando verificada falha no processo de controle ou

conivência com o infrator; eVI - a organização social em que estiver inserido o produtor familiar, quando responder solidariamente

pela qualidade orgânica de seus associados.Parágrafo único. Prevalecerá a responsabilidade do produtor, manipulador, industrializador,

embalador, exportador e importador, enquanto o produto permanecer em embalagem ou recipiente fechado e inviolado.

CAPÍTULO XDO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

Art. 106. As penalidades previstas neste Decreto serão aplicadas pelas autoridades competentes da União, dos Estados ou do Distrito Federal, conforme as atribuições que lhes sejam conferidas pelas legislações respectivas.

Art. 107. As sanções decorrentes da aplicação deste Decreto, acompanhadas da inscrição da penalidade no cadastro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento criado para esse fim, serão executadas mediante:

I - advertência, por meio de notificação enviada ao infrator;II - multa, por meio de notificação para pagamento, fixando o prazo e os meios para recolhimento;III - suspensão da comercialização do produto, por meio de notificação e da lavratura do respectivo termo;IV - condenação de produtos, rótulos, embalagens e matérias-primas, por meio da lavratura do

respectivo termo;V - inutilização do produto por meio da lavratura do respectivo termo;VI - suspensão do credenciamento, certificação, autorização, registro ou licença, por meio de

notificação determinando a suspensão imediata da atividade, com a lavratura do respectivo termo e sua afixação em local de acesso ao público;

VII - cancelamento do credenciamento, certificação, autorização, registro ou licença, mediante o

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recolhimento dos respectivos certificados e publicação do ato para ciência dos demais agentes da rede de produção orgânica; e

VIII - cassação do registro, por meio de notificação do infrator e a anotação de baixa na ficha cadastral.Art. 108. A infração às disposições da Lei no 10.831, de 2003, e deste Decreto será apurada em

regular processo administrativo iniciado com a lavratura do auto de infração, obedecido o rito e prazos fixados na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999.

Parágrafo único. A autoridade competente que tomar conhecimento, por qualquer meio, da ocorrência de infração às disposições deste Decreto é obrigada a promover a sua imediata apuração, sob pena de responsabilidade.

Art. 109. Não atendida a notificação ou no caso de embaraço à sua execução, a autoridade fiscalizadora poderá requisitar o auxílio de força policial, além de lavrar auto de infração por embaraço à ação da fiscalização.

Art. 110. A inutilização de produto, matéria-prima, embalagem, rótulo ou outro material obedecerá às disposições do órgão competente, devendo ser acompanhada pela fiscalização após a remessa da notificação ao autuado, informando dia, hora e local para a sua destruição, ficando os custos e os meios de execução a cargo do infrator.

Art. 111. O não comparecimento do infrator ao ato de inutilização constitui embaraço à ação de fiscalização, devendo ser executado à sua revelia, permanecendo os custos a cargo do infrator.

Art. 112. A multa deverá ser recolhida no prazo de trinta dias, a contar do recebimento da notificação.Parágrafo único. A multa que não for paga no prazo previsto na notificação acarretará sua inscrição

na dívida ativa da União e a conseqüente execução fiscal.Art. 113. Os produtos apreendidos ou condenados poderão ser aproveitados para outros fins, a

critério da autoridade julgadora.TÍTULO IV

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIASArt. 114. Os agentes fiscalizadores poderão solicitar o auxílio da autoridade policial no caso de

embaraço ao desempenho de suas funções.Art. 115. Todos os segmentos envolvidos na rede de produção orgânica terão até 31 de dezembro de

2010 para se adequarem às regras estabelecidas neste Decreto e demais atos complementares. Parágrafo único. O uso, nos produtos, do selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade

Orgânica será permitido a partir do momento que o produtor for considerado em conformidade com as regras de que trata o caput deste artigo, por Organismo de Avaliação da Conformidade credenciado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Art. 116. A elaboração, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, dos atos necessários à execução do disposto neste Decreto deverá contemplar a participação dos demais órgãos federais envolvidos, da Câmara Setorial da Agricultura Orgânica daquele Ministério e das CPOrg-UF.

Parágrafo único. Os textos dos atos previstos no caput deverão ser submetidos à consulta pública pelo prazo mínimo de trinta dias.

Art. 117. O Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no âmbito de sua competência, expedirá os atos necessários ao cumprimento deste Decreto.

Art. 118. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 27 de dezembro de 2007; 186o da Independência e 119o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAReinhold StephanesMiguel JorgeJosé Gomes TemporãoJoão Paulo Ribeiro CapobiancoGuilherme Cassel

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Anexo 6

MANUAL DE CRÉDITO RURAL

TÍTULO : CRÉDITO RURAL 1CAPÍTULO : Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) - 16SEÇÃO : Disposições Gerais - 1

1 - O Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) tem por objetivos: (Res 4.418)a) exonerar o beneficiário do cumprimento de obrigações financeiras em operações de crédito rural

de custeio, no caso de perdas das receitas em consequência das causas previstas neste capítulo; b) indenizar os recursos próprios do beneficiário, utilizados em custeio rural, inclusive em

empreendimento não financiado, no caso de perdas das receitas em consequência das causas previstas neste capítulo;

c) promover a utilização de tecnologia, obedecida a orientação preconizada pela pesquisa.2 - Constituem recursos financeiros do Proagro: (Res 4.418)a) os provenientes da contribuição dos beneficiários do programa, denominada adicional; b) outros que vierem a ser alocados ao programa; c) os provenientes das remunerações previstas neste capítulo; d) os do Orçamento da União alocados ao programa; e) as receitas auferidas da aplicação dos recursos previstos nas alíneas anteriores.3 - O Proagro é administrado pelo Banco Central do Brasil, ao qual compete: (Res 4.418)a) elaborar normas aplicáveis ao programa, em articulação com o Conselho Nacional de Política

Agrícola (CNPA) e com os ministérios das áreas econômica e agropecuária, submetendo-as à aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN);

b) divulgar as normas aprovadas; c) fiscalizar o cumprimento das normas por parte dos agentes do programa e aplicar as penalidades

cabíveis; d) gerir os recursos financeiros do programa, em consonância com as normas aprovadas pelo CMN,

devendo aplicar em títulos públicos federais as disponibilidades do programa; e) publicar relatório financeiro do programa; f) elaborar e publicar, no final de cada exercício, relatório circunstanciado das atividades no período; g) apurar semestralmente o resultado contábil do programa; h) solicitar alocação de recursos da União em conformidade com as normas aplicáveis e os resultados

dos estudos e cálculos atuariais; i) alterar a remuneração devida pelo agente ao programa, incidente sobre os recursos provenientes

do adicional; (Res 3.478)j) regulamentar, em articulação com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o

Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), as condições necessárias ao enquadramento de custeio agrícola conduzido exclusivamente com recursos próprios do beneficiário;

k) prorrogar, quando apresentadas justificativas plausíveis encaminhadas formalmente à referida autarquia pelo diretor responsável pela área de crédito rural do agente do programa e/ou a medida se mostrar indispensável à execução do Proagro, inclusive em caso de problemas técnico-operacionais verificados em sistemas administrados pela referida autarquia, os prazos estabelecidos para fins de:

I - recolhimento de adicional do programa, bem como para cadastramento das respectivas operações no Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (Sicor);

II - comprovação de perdas ocorridas em empreendimentos amparados pelo programa;III - análise e julgamento do pedido de cobertura, quando ocorrer evento causador de perdas que

acarrete acúmulo de pedidos de cobertura ou recursos em dependências do agente; l) prestar informações do programa ao Comitê Permanente de Avaliação e Acompanhamento do

Proagro; m) adotar as medidas inerentes à administração do programa, inclusive elaborar e divulgar documentos

e normativos necessários à sua operação;n) apresentar, ao final de cada ano agrícola, estudos com vistas à avaliação das alíquotas de adicional

previstas para cada lavoura ou empreendimento; o) apresentar, anualmente, em articulação com o Ministério da Fazenda (MF), o Mapa, o MDA e o

Tesouro Nacional, cálculos atuariais com vistas à avaliação das alíquotas de adicional do programa.4 - São agentes do Proagro as instituições financeiras autorizadas a operar em crédito rural. (Res 4.418)

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5 - Sem prejuízo do disposto no item anterior, a cooperativa de crédito, previamente ao início de sua atuação no Proagro, deve apresentar ao Banco Central do Brasil termo de convênio firmado com outra instituição financeira para utilizar a conta Reservas Bancárias. (Res 4.418)

6 - Os agentes ficam sujeitos às normas do Proagro quando do enquadramento de operações no programa. (Res 4.418)

7 - Podem ser beneficiários do Proagro os produtores rurais e suas cooperativas. (Res 4.418)8 - O beneficiário obriga-se a: (Res 4.418)a) utilizar tecnologia capaz de assegurar, no mínimo, a obtenção dos rendimentos programados; b) entregar ao agente, no ato de formalização do enquadramento de operação no Proagro, croqui ou

mapa de localização da área onde será implantada a lavoura, com caracterização de pontos referenciais, como por exemplo: casa, cursos d’água, estradas, linha telefônica, linha de transmissão de energia elétrica, ponte, vizinhos e coordenadas geodésicas;

c) entregar ao agente do Proagro, no ato da formalização do enquadramento da operação no Proagro, orçamento analítico das despesas previstas para o empreendimento, admitindo-se, no caso de operações ao amparo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), orçamento simplificado com discriminação dos tipos de insumos (sementes, fertilizantes, defensivos e serviços) e os respectivos valores;

d) entregar ao agente, no ato da formalização da operação com enquadramento no Proagro, com valor financiado superior a R$5.000,00 (cinco mil reais), os documentos abaixo indicados, os quais devem estar em nome do mutuário, de membro da família constante da DAP ou do proprietário da terra, informar o número de hectares da gleba da lavoura a que se referem e conter o município e a matrícula do imóvel:

I - resultado de análise química do solo, com até 2 (dois) anos de emissão, e respectiva recomendação do uso de insumos;

II - resultado de análise granulométrica do solo, com até 10 (dez) anos de emissão, que permita verificar a classificação de solo em “Tipo 1”, “Tipo 2” ou “Tipo 3” prevista no ZARC;

III - as análises de solo de que tratam os incisos I e II não se aplicam a empreendimentos de cultivo hidropônico, inclusive cultivos com uso de substrato sólido;

e) entregar ao agente os comprovantes de aquisição de insumos utilizados no empreendimento, quando formalizada a comunicação de ocorrência de perdas, observado o disposto no item 9;

f) para os empreendimentos que possuam assistência técnica contratada, exigir que o técnico ou empresa encarregada de prestar assistência técnica em nível de imóvel mantenha permanente acompanhamento do empreendimento, emitindo laudos que permitam ao agente conhecer sua evolução;

g) comunicar imediatamente ao agente ou, no caso de operações de subempréstimo, à sua cooperativa a ocorrência de qualquer evento causador de perdas, assim como o agravamento que sobrevier;

h) adotar, após a ocorrência do evento causador de perdas, todas as práticas necessárias para minimizar os prejuízos e evitar o agravamento das perdas;

i) observar as normas do programa e do crédito rural.9 - Relativamente aos comprovantes de aquisição de insumos referidos na alínea “e” do item 8: (Res

4.418; Cta-Cir 3.715)a) admite-se como comprovante: (Res 4.418)I - a primeira via de nota fiscal, o Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (Danfe) ou o cupom

fiscal, emitidos na forma da legislação em vigor, nominal ao beneficiário, com o respectivo número do Cadastro de Pessoa Física - CPF ou Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ, ou cópia autenticada pelo agente do Proagro ou em cartório;

II - declaração emitida por órgão público, ou entidade por este credenciada, responsável pelo fornecimento de insumos ao beneficiário, com a especificação do tipo, denominação, quantidade e valor dos insumos fornecidos;

III - nota fiscal de produtor rural, desde que se trate de insumo com característica de produção rural, produzido pelo emissor na nota;

b) está dispensada a sua apresentação ao agente quando se tratar de insumos de produção própria no caso de operações vinculadas ao Pronaf, desde que o beneficiário demonstre ao técnico encarregado da comprovação de perdas a estrutura de produção dos insumos utilizados e, nos demais casos, desde que, além da exigência aqui prevista, o orçamento especifique sua utilização no empreendimento enquadrado; (Cta-Cir 3.715) (*)

c) admite-se declaração do beneficiário como comprovante de utilização de sementes no caso de operações de custeio de lavouras formadas com grãos por ele reservados para plantio próprio, nas condições previstas na legislação brasileira sobre sementes e mudas (Lei nº 10.711, de 5/8/2003, e Decreto nº 5.153, de 23/8/2004), devendo ser observado quanto ao material que: (Res 4.418)

I - sua utilização deve estar prevista no orçamento vinculado ao empreendimento enquadrado; II - deve ser utilizado apenas em sua propriedade ou em propriedade cuja posse detenha e

exclusivamente até o ano agrícola seguinte ao de sua obtenção com o uso de sementes; III - deve estar em quantidade compatível com a área a ser semeada, observados os parâmetros da

cultivar no Registro Nacional de Cultivares (RNC);

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IV - deve ser proveniente de áreas inscritas no Mapa e no MDA, quando se tratar de cultivar protegida, conforme a regulamentação baixada por aquele ministério;

d) no caso de utilização de grãos reservados para plantio próprio nas condições admitidas na alínea anterior, exige-se, na forma estabelecida na alínea “a”, a apresentação do comprovante de aquisição das sementes que os originaram, adquiridas no ano agrícola anterior ou em curso. (Res 4.418)

10 - Com relação à alínea “f” do item 8, os laudos de assistência técnica devem ser específicos para cada estágio de desenvolvimento do empreendimento, abrangendo, no mínimo, pós-emergência (se for o caso), floração/frutificação e pré-colheita da lavoura, e conter registros sobre:

a) a tecnologia utilizada apresentando razões circunstanciadas no caso de emprego de tecnologia não prevista inicialmente;

b) a quantificação dos insumos efetivamente aplicados no empreendimento; c) a expectativa de produção em relação à esperada inicialmente, apresentando razões circunstanciadas

no caso de redução; d) a ocorrência de eventos prejudiciais à produção ou que inviabilizem a continuidade da aplicação

da tecnologia recomendada; e) outras ocorrências relevantes, inclusive eventuais irregularidades.11 - Sem prejuízo da observância das normas gerais previstas neste manual, cabe ao agente efetuar

a fiscalização de cada operação de crédito de custeio rural enquadrada no Proagro, no caso de empreendimento não vinculado à prestação de assistência técnica em nível de imóvel, independentemente do valor amparado, salvo as operações no âmbito do Pronaf, que ficam sujeitas ao disposto no MCR 2-7-5.

12 - Para efeito do Proagro, considera-se:a) empreendimento a atividade agrícola ou pecuária identificada, cumulativamente, pelo número de

inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) dos beneficiários, código do município e número-código do empreendimento no Sicor, previsto no Sistema de Informações Banco Central (Sisbacen);

b) como um único empreendimento a atividade agrícola ou pecuária identificada, cumulativamente, pelo mesmo número de inscrição no CNPJ ou CPF dos beneficiários; mesmo código do município; mesma safra ou, no caso de custeio pecuário, mesmo ano civil; mesmo número-código do empreendimento no Sicor e o mesmo “Nº Ref. Bacen”, observada, nesse caso, a ordem de formação indicada no MCR Documento 5.

12-A - No ato do enquadramento no programa, a identificação do código do respectivo empreendimento deve ser compatibilizada com o histórico de enquadramentos do beneficiário, utilizando-se a tabela “Correspondência De/Para Recor/Sicor”, disponível no item “Código de Empreendimento”, no endereço eletrônico: www.bcb.gov.br > Sistema Financeiro Nacional > Crédito Rural > Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro - SICOR > Tabelas, inclusive para os fins do disposto nas alíneas “b” e “h” do MCR 16-2-11.

13 - Para efeito do Proagro: a) o crédito de custeio rural está sujeito aos encargos financeiros contratuais, limitados à maior

remuneração a que estiverem sujeitas as operações de crédito rural amparadas com recursos obrigatórios (MCR 6-2), na data da formalização do respectivo enquadramento no Proagro;

b) os recursos próprios do beneficiário presumem-se aplicados proporcionalmente às parcelas do crédito correspondente, nas datas previstas para liberação ou, à falta de datas, no último dia do mês previsto, sem prejuízo de se considerarem para tal fim as datas das liberações efetivas no caso de antecipação ou adiamento decorrente de recomendação do assessoramento técnico em nível de carteira ou da assistência técnica em nível de imóvel.

14 - As operações enquadradas no Proagro devem ser registradas no Sicor nas condições estabelecidas no MCR 3-5-A e no Documento 5-A.

15 - Em qualquer hipótese, a movimentação financeira da operação no programa, conforme previsto neste capítulo, está condicionada a que a operação esteja regularmente registrada no Sicor.

16 - Independentemente do resultado da decisão do pedido de cobertura, a documentação relativa à operação deve ser mantida em arquivo pelo prazo de 5 (cinco) anos a contar da última decisão administrativa, ou do último pagamento de despesa pelo Banco Central do Brasil, o que ocorrer por último, sendo os 2 (dois) primeiros anos na agência operadora do agente, para efeitos de fiscalização por parte da referida autarquia.

17 - Sem prejuízo da aplicação das normas específicas deste manual, é obrigatório prorrogar pelo prazo de até 180 (cento e oitenta) dias o vencimento original da operação de crédito rural, pendente de providências na esfera administrativa, inclusive pagamento pelo Banco Central do Brasil, no âmbito do programa, desde que:

a) esteja em curso normal; b) a comunicação de perdas e o recurso à Comissão Especial de Recursos (CER), quando for o caso,

tenham sido apresentados tempestivamente.18 - As penalidades previstas na Resolução nº 2.901, de 31/10/2001, não se aplicam às operações de

crédito rural com adesão ao Proagro, que estão sujeitas a regras próprias. 19 - Para efeito do Proagro, considera-se ano agrícola o período de contratação compreendido entre

1º de julho de um ano e 30 de junho do ano seguinte. Para conhecer todo o Manual de Crédito Rural acesse: http://www3.bcb.gov.br/mcr

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CADERNOS DA AGRICULTURA FAMILIARMinistério do Desenvolvimento Agrário

mda.gov.br

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Typewritten text
A série Cadernos da Agricultura Familiar tem o objetivo de apresentar o conjunto de políticas públicas voltadas ao agricultor familiar, subsidiando de conteúdo especializado os milhares de agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural, gestores e lideranças sociais de todo o Brasil. Ao levar conteúdo de fácil compreensão, a série cumpre o papel de divulgar e disseminar políticas, programas e ações criados para o rural e, principalmente, suas formas de implementação. O fortalecimento da agricultura familiar, o respeito ao meio ambiente e a produção de alimentos saudáveis na mesa de todos os brasileiros tem sido compromisso do Ministério do Desenvolvimento Agrário desde sua criação, em 1999. Esta é uma publicação técnica da Secretaria Nacional da Agricultura Familiar SAF/MDA.
fabiana.mauro
Typewritten text
A série Cadernos da Agricultura Familiar tem o objetivo de apresentar o conjunto de políticas públicas voltadas ao agricultor familiar, subsidiando de conteúdo especializado os milhares de agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural, gestores e lideranças sociais de todo o Brasil. Ao levar conteúdo de fácil compreensão, a série cumpre o papel de divulgar e disseminar políticas, programas e ações criados para o rural e, principalmente, suas formas de implementação. O fortalecimento da agricultura familiar, o respeito ao meio ambiente e a produção de alimentos saudáveis na mesa de todos os brasileiros tem sido compromisso do Ministério do Desenvolvimento Agrário desde sua criação, em 1999. Esta é uma publicação técnica da Secretaria Nacional da Agricultura Familiar SAF/MDA.