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O PAPEL DO PROFESSOR NO DESENVOLVIMENTO DA MORALIDADE INFANTIL PELAS PRÁTICAS EDUCATIVAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL - PRÉ-
ESCOLA. (1° E 2° ETAPA).
THE TEACHER'S ROLE IN THE DEVELOPMENT OF INFANT MORALITY by PRACTICES OF EARLY CHILDHOOD EDUCATION - PRE-SCHOOL.
(1° and 2° stage).
Alair Daiane de Moura Silva – [email protected] Rezende Thomaz da Silva – [email protected]
Graduandos do UNISALESIANOProfª Ma Denise Rocha - Unisalesiano - [email protected]
RESUMO
As práticas educativas da educação infantil devem contribuir para o desenvolvimento da moralidade infantil e autonomia da criança, através do trabalho que o professor oferece. Estudos revelam que para chegar até a autonomia a criança passa por fases, anomia e heteronomia, porém é preciso que o meio solicite a reflexão e ação no ambiente para alcançar a autonomia. Os objetivos desta monografia foram investigar e compreender sobre o desenvolvimento moral segundo a teoria de Jean Piaget; reconhecer práticas que contribuem para a construção de regras e comportamentos que levam à autonomia e compreender como os professores contribuem para o desenvolvimento moral. A metodologia utilizada foi bibliográfica e pesquisa de campo, foi aplicado um questionário com professores da Educação infantil. Os resultados foram relevantes para conhecer as práticas dos professores sobre o desenvolvimento moral infantil. Percebeu-se que há necessidade de formações para a compreensão do desenvolvimento moral e para instrumentalizá-los sobre a criação das regras e suas modificações necessárias.
Palavras-chave: Educação Infantil. Moralidade Infantil. Autonomia.
ABSTRACT
Educational practices of early childhood education should contribute to the development of children morality and autonomy of the child , through the work that the teacher provides . Studies show that to get to the autonomy the child goes through phases , anomie and heteronomy , but we need the means to ask for reflection and action on the environment to achieve autonomy . The objectives of this thesis were to investigate and understand about the moral development of theory of Jean Piaget; recognize practices that contribute to the construction of rules and behaviors that lead to autonomy and understand how teachers contribute to moral development. The methodology used was the literature and field research , a questionnaire with teachers in child education was applied. The results were relevant to know the practices of teachers on child moral development. It was noticed that
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 4., n.9, jul/dez de 2013
there is need for training for understanding moral development and instrumentalize them on the establishment of rules and their necessary modifications.
INTRODUÇÃO
As práticas e atitudes do professor na Educação Infantil, 1° e 2° etapa,
necessitam ser eficazes para a construção do processo de desenvolvimento da
moralidade e da autonomia dos alunos. Sendo assim, se os mesmos são
incentivados a pensar e agir autonomamente, o ambiente que eles convivem possui
respeito mútuo, diálogo, construção de regras, mobiliários e materiais dispostos de
forma que garantam a independência e a reflexão dos conflitos desde a pré-escola,
estas práticas contribuirão na formação moral do individuo.
Toda sociedade precisa de sujeitos autônomos que possam contribuir para o
desenvolvimento e crescimento tanto social, quanto individual. É importante que o
indivíduo seja participante, crítico, capaz de agir e modificar sua realidade e essa
formação inicia-se desde a primeira infância, com práticas sócio morais positivas.
Muitas práticas escolares são equivocadas e não contribuem para o
desenvolvimento do aluno, tornando a criança dependente e com a necessidade de
regulação do adulto o tempo todo para resolver conflitos e situações desafiadoras.
Algumas práticas do professor não estão de acordo, pois as mesmas se
prendem em castigos e punições, que não contribuem para construção de um
ambiente sócio moral. Práticas positivas contribuiriam para a formação de crianças
solidárias e autônomas, pois assim a criança terá a chance de construir seu
autocontrole.
A pesquisa de campo será embasada nas respostas dos professores,
segundo desenvolvimento moral infantil. A metodologia aplicada foi o uso de um
questionário com treze questões a oito professores da educação infantil. A aplicação
do questionário tornou-se relevante porque buscou investigar quais são as práticas e
as representações dos educadores sobre a construção moral na Educação Infantil.
Os dados foram organizados por categorias e apresentados por gráficos, conforme
as respostas dadas.
Por fim, o trabalho traz as considerações finais apontando reflexões e
caminhos sobre a colaboração da escola para outras questões da vida social, que é
mediada por regras e necessita de sujeitos que sejam reflexivos e busquem
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interações cooperativas.
1 DESENVOLVIMENTO MORAL SEGUNDO PIAGET
O desenvolvimento da moralidade infantil segundo a teoria da Epistemologia
Genética de Jean Piaget que, busca investigar sobre o julgamento moral na criança.
Piaget estudou o desenvolvimento cognitivo, psicológico, social e moral. Para ele
existe um sujeito epistêmico, que passa por processos evolutivos em que, se o agir
sobre o meio houver uma interação e uma solicitação deste meio passará por fases
cada vez mais avançadas, criando um conhecimento cada vez mais elaborado.
Em 1932, Piaget lançou um livro chamado O juízo moral, que discute:
Assim como a inteligência, a moralidade também resulta de um processo construtivo. Piaget se contrapõe à idéia empirista segundo a qual o desenvolvimento moral consiste na “interiorização” de valores e regras sociais exteriores à criança. Ele acredita que o desenvolvimento moral é também um processo de construção que resulta das trocas entre o individuo e o meio social. (PIAGET, 1932, apud ASSIS; ASSIS, 2003, p.211).
Neste livro, Piaget investiga o juízo emitido pelas crianças sobre questões
éticas, e nos revela diferentes níveis de respostas que incidem em níveis de
desenvolvimento moral: heterônomo e autônomo. Piaget faz uma análise
comparativa com os filósofos Durkheim, Fauconnet, Bovet e Baldwim, sobre a
origem dos estudos de moralidade, autoridade, justiça, coação e cooperação. O livro
até hoje é bastante utilizado por pesquisadores interessados nas questões sobre o
desenvolvimento moral.
A criança desde o seu nascimento vai desenvolvendo habilidades que permite
que ela possa descobrir o mundo em que vive seus costumes e atitudes, porém
neste momento da fase da anomia de 0 a 3 anos as regras ainda fogem de seus
conhecimentos realizando apenas aquilo que lhe satisfaz.
Por volta dos 3 a 4 anos a criança começa a fazer parte e ter conhecimento
das regras trabalhadas e impostas pelo e adulto e pela sociedade, sendo assim ela
deixa a fase da anomia para heteronomia, momento em que aceitação das regras
são obrigatórias, ou seja, obedecem não pelo fato da regra existir mas sim pela
autoridade de quem a coloca.
Com o passar do tempo é necessário que a autonomia por volta dos 7 e 8
anos vá substituindo gradualmente a fase de heteronomia dando espaço para a
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construção de sua identidade que se prolonga pelo decorrer de sua vida e que a
cada dia vai sendo aprimorado.
Para Piaget (1977), o mais importante não seguir este ou aquele valor moral
(ser bom, ser honesto), mas sim a forma como o individuo age perante esses
valores. A moralidade implica no por que seguir as regras ou leis e não mais do que
simplesmente obedecê-las.
O meio social tem grande influência sobre a construção da moralidade, pois é
através da convivência que o individuo vai desenvolvendo as práticas interpessoais,
é necessário que se socialize com diversos meios sociais para adquirir suas próprias
decisões.
O desenvolvimento da moralidade é um processo de construção que resulta
das trocas entre o individuo e o meio social. As relações entre a criança e o adulto
contribuem para o desenvolvimento moral, sendo assim, o processo da moralidade
está relacionada a uma etapa evolutiva, uma cultura e a um processo de
socialização. A criança passa por um processo de aprendizagem da mesma forma
que passa pela construção da autonomia, para Piaget a cooperação e o respeito
devem fazer parte das relações humanas que levam a autonomia.
2 AS PRÁTICAS DO PROFESSOR ORGANIZATIVAS DA ROTINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO MORAL AUTÔNOMO
O professor da educação infantil necessita ter práticas, que auxiliem seus
alunos a se tornar crianças moralmente autônomas, de modo que possam manusear
os pertences dentro da sala de aula sem depender o tempo todo da ação do
professor e que se sintam capazes de resolver situações que envolvem conflitos,
dando sugestões de atividades e que haja mais socialização dentro do ambiente que
se encontram.
Numa classe que respeita o desenvolvimento integral e moral, expressa não
apenas as necessidades do professor e sim a personalidade de seus alunos, as
paredes são cheias de desenhos, projetos personalizados com a criatividade dos
alunos, o professor mediador contribui para que estas práticas aconteçam, porém o
ambiente não ficará sofisticado e realizado somente pelo professor. As crianças
precisam sentir-se seguras e confortáveis e expressar suas produções.
É muito comum encontrar em salas de aulas decorações superficiais, onde
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apenas o professor trabalha na decoração, com esta prática é possível afirmar que
os alunos não são considerados como seres capazes e respeitados em suas
produções segundo seu desenvolvimento.
Assim como a organização do ambiente as atividades também devem ser
organizadas de acordo com a necessidade de cada criança, visto que é muito
importante a ajuda dos mesmos para estas buscas.
Permitir que as crianças busquem as atividades que elas querem aprender é
um fator muito importante para o seu desenvolvimento autônomo, assim, ela terá
muito mais interesse em realizar as atividades. Segundo Kamii (1990), a essência da
autonomia é levar as crianças a tomarem decisões sozinhas, mas é importante
lembrar que a autonomia não pode ser considerada como uma liberdade completa.
Quando as crianças são forçadas a realizar determinada atividade, o
interesse pela mesma se torna apenas por obrigação, com isso a criança não
investe na atividade e na maioria das vezes abandona. Para que isso não ocorra o
professor deve tornar a atividade instigante e atraente.
Nada tenho contra o “bom comportamento”, “respostas certas” ou nota máximas. Pelo contrário, aprovo tudo isso. Mas há uma enorme diferença entre uma resposta certa preferida com autonomia, com convicção pessoal e outra proferida com heteronomamente através da obediência (...) Do mesmo modo há uma enorme diferença entre “bom comportamento” adotado autonomamente e o “bom comportamento” resultante da conformidade cega. (VINHA, 2009, p. 172)
DeVries e Zan (2006) enfatizam que, se o professor tem o controle de suas
crianças, instigando-as a buscarem novas atividades, certamente quando elas
voltarem com suas ideias, o professor não terá receio de suas descobertas, pois o
mesmo estabelece confiança.
Segundo Mantovani Assis; Assis (2003), as salas construtivistas trabalham de
uma maneira favorável com a interação, de modo que o respeito mútuo tem papel
fundamental na relação professor aluno.
A integração construtivista deve-se criar situações para auxiliar os alunos,
para que expressem os seus interesses, desta maneira, quando uma criança quiser
aprender algo, seja incentivada na busca de conhecimento.
Diante disso, quando partem do interesse deles próprios o conteúdo tende a
ser mais proveitoso, eles investem mais tempo, atenção e energia. Um exemplo é
quando a criança quer jogar um jogo, que ainda não tem domínio, ela terá o
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interesse de ler as regras. Os alunos tendem a ser mais ativos a partir do momento
que eles são instigados a resolver situações ou descobrirem algo. Uma vez que
todos estes fatores são trabalhados com as crianças, os conteúdos em sala de aula
serão bem mais significativos.
3 ESTRATÉGIAS DOS PROFESSORES NA PRÉ-ESCOLA QUE PODEM OU NÃO CONTRIBUIR PARA O DESENVOLVIMENTO MORAL
Para que as crianças respeitem as regras inevitáveis, os adultos usam
sansões que indicam se eles aprovam ou desaprovam o comportamento da criança.
Sendo assim, há dois tipos de sansões que são utilizadas pelos adultos, as sanções
expiatórias e as sanções por reciprocidade.
Dentro dos estudos de Piaget (1932) sobre o juízo moral, ele percebeu que as
crianças possuem estágios de desenvolvimento moral e que no estágio heterônomo
acreditam que as sansões aplicadas aos outros sujeitos tem muito valor, mesmo que
para ela própria na vida real não seja assim vivenciada.
Segundo Montavani Assis; Assis (2003), as sansões expiatórias ou punitivas
são caracterizadas pelo fato de o adulto repreender a criança após a mesma ter
realizado alguma “atitude indesejável”, a partir disso, ele irá privar a criança de algo
que goste muito, ou então não guardar nenhuma relação entre o ato realizado e a
punição. Ex: Não deixa a criança assistir TV, por ter quebrado um objeto da casa, ou
quando ela brigou na escola, o pai faz com que a criança escreva cem vezes “não
brigo mais com meus colegas”.
Atitudes como estas são consideradas, ou seja, é retirado da criança aquilo
que o adulto acha necessário e não o que ela realmente necessita para que este
comportamento seja mudado.
Para Telma Vinha (2009), as sanções por reciprocidade se definem pela
coesão mínima tendo uma relação natural ou lógica com a atitude desaprovada,
levando a criança a uma reflexão significativa das consequências de seus atos. Essa
sanção tem como objetivo educar, mostrar que houve uma quebra das regras e que
a criança deve valorizar o vínculo social e desejar a sua restauração, permitindo à
criança colocar-se no lugar do outro ou perceber o ponto de vista daquele que sofreu
o efeito de sua ação.
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As sanções por reciprocidade têm em comum a comunicação do rompimento de um vinculo social tal como desapontamento, raiva ou perda de confiança. Isto é, a disponibilidade mútua em um relacionamento foi interrompida. Em uma sanção por reciprocidade, a pessoa prejudicada responde à ofensa ou ferimento retirando a confiança ou boa vontade. Ela sinaliza claramente que a mutualidade está perturbada e que o causador do dano pode mais desfrutar dos prazeres e vantagens do relacionamento anterior. A fim de estabelecer a antiga mutualidade, aquele que errou deve agir no sentido de compensar o sentimento de desconforto e restaurar o relacionamento. (DEVRIES E ZAN,1998,apud VINHA, 2009 p.196).
Uma vez que a criança compreende que a sua atitude foi incompatível com o
ambiente, ela não considera essa ação como arbitraria nem injusta, mas sim
significativa, compreendendo sua lógica e considerando os pedidos dos adultos.
A partir disso o professor trabalha com o “cantinho do pensamento” que se
refere às práticas dos professores em deixar as crianças isoladas por um tempo,
muitas vezes em bancos, ou cantinhos da sala de aula, referente às atitudes erradas
dos alunos, a partir desta prática os mesmos tendem a perder a hora de lazer e de
brincadeira, pois receberá uma punição por ter violado as regras.
Para Mantovani Assis; Assis (2003), o professor deve considerar
cuidadosamente como trabalhar com as crianças em relação às tomadas de
decisões perante as atitudes dos alunos. Deste modo as decisões e os conflitos são
inevitáveis em uma sala de aula, eles, em muitas escolas, são vistos como
indesejados e devem ser evitados a qualquer custo, porém para Devries e Zan
(2006) não se deve concordar com esta visão, pois é fundamental para o currículo
construtivista o conflito e sua resolução.
Embora seja efetuado todo um trabalho de construção das regras e
autonomia das crianças é inevitável que ainda possa ocorrer os conflitos em sala de
aula. Porém, esses conflitos, tanto interior quanto entre indivíduos, são necessários
para o desenvolvimento, não desconsiderando o respeito, a responsabilidades e a
cooperação.
Diante de diversas situações em que ocorre um conflito entre as crianças,
brigam, mau comportamento, descumprem as regras ou faltam com educação e
respeito, os educadores e pais acabam utilizando castigos ou recompensas, que de
um modo ou outro não contribui para o desenvolvimento da autonomia moral.
Segundo De La Taille (1996), o aluno com atitude de bom comportamento
pode estar fazendo-o por medo do castigo ou das punições que receberá não dando
muita importância se o seu comportamento é disciplinado ou desejável.
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Desta forma, contribuir para a formação de um sujeito autônomo é possível,
desde que o adulto não permita que sua autoridade seja superior a vontade própria
da criança, permitindo um respeito mútuo entre criança-criança, adulto-criança,
permitindo assim a construção dos valores morais.
Se quisermos que a criança compreenda a real necessidade das normas na relação entre as pessoas, a ser justa, honesta, respeitadora, etc. é preciso que interaja com situações em que vivenciará os mesmos princípios que queremos ensinar. É necessário que, além do exemplo pessoal, o adulto associe uma norma a uma sensação de bem-estar, de satisfação pessoal ao cumpri-la e também reflita com a criança as conseqüências naturais do não cumprimento. (ASSIS; ASSIS, 2003, p.235).
Sendo assim não se pode ter moralidade se a criança é egocêntrica e incapaz
de se colocar no lugar do outro. Desta forma, o trabalho cooperativo, a convivência
em grupo, as sanções por reciprocidade que estimula a criança a construir suas
regras morais, por estarem ligadas a sua elaboração, cooperação e igualdade, são
as melhores maneiras de trabalhar com o desenvolvimento da autonomia moral.
Uma vez que a sanção expiatória deixa uma relação arbitrária entre o que está
errado e a punição.
4 A PESQUISAA metodologia deste artigo consistiu em pesquisa bibliográfica e questionário
de sondagem entregue a 08 (oito) professores da modalidade Educação Infantil.
O questionário foi preparado com 13 (treze) questões dissertativas referentes
às práticas educativas do professor.
Participaram dessa pesquisa apenas profissional do sexo feminino, entre 25 e
35 anos, sendo que das 08 (oito) professoras que responderam ao questionário, 7
(sete) tem graduação do curso de Pedagogia, e 1 (uma) possui Curso Normal
Superior. O tempo de atuação profissional na área entre as participantes da
pesquisa varia de 3 (três) a 10 (dez) anos. Os professores pertencem a rede
Municipal de Ensino.
Foram diversas as perguntas relacionadas aos temas aqui trabalhados como
a criação das regras, suas sanções, procedimentos realizados após uma quebra de
regras, cantinho do pensamento e a formação dos professores referente ao seu
papel e contribuição no desenvolvimento da moralidade infantil.
Para Mantovani de Assis; Assis (2003), as regras devem estar sempre
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presentes na experiência de cada criança e na escola, seja falada ou escrita, se as
experiências com as regras contribuem para o desenvolvimento moral da criança, o
professor deve trabalhar cuidadosamente estas regras com seus alunos.
Para os professores esse pensamento sobre a importância das regras é bem
claro e que também é importante que os alunos sejam sujeitos participativos da
construção das mesmas e que elas devem ficar expostas para que, sempre que
necessário, retomá-las ali estão. Porém alguns professores impõem as regras como
forma de mediação mais leve e sem autoritarismo.
Mantovani Assis; Assis (2003), diz que as regras fazem parte presente da
experiência dos alunos e da escola, seja ela explicada, escrita, verbal ou implícita.
As regras são partes fundamentais para a vida da criança.
Construir as regras com as crianças é um bom caminho desde a primeira
infância, onde as crianças estão aprendendo e estabelecendo o respeito mútuo com
seus pares no ambiente em que vivem e com o mundo.
No que se relaciona com a quebra das regras há uma divisão igualmente
entre os que utilizam da prática do cantinho do pensamento acreditando que essa
atitude pode colaborar para que a criança reflita sobre suas ações e os que utilizam
de conversas, individual ou em grupos, para solucionar os problemas. Também
acreditam que a pratica de privar a criança de ir ao parque pode também fazer com
que ela reflita sobre o que fez.
Para Mantovani Assis; Assis (2003), o professor pode ajudar a solucionar os
conflitos ocorridos, falando sobre o problema e ajudando a criança a verbalizar seus
sentimentos e desejos, da mesma forma ouvir o outro para assim buscarem uma
solução.
O cantinho do pensamento vem adquirindo uma força entre a maioria dos
professores, os mesmos acreditam que ter essa prática é necessário para que os
alunos reflitam sobre seu mal comportamento ou atitude, sendo assim a maioria dos
professores afirmaram que tem essa prática, pois é muito importante para seus
alunos, porém alguns professores não concordam com esse tipo de aplicação, já
que o “cantinho do pensamento” está ligado com o pensar, desta maneira o diálogo
é bem visto na opinião deste professores que não tem a prática de colocar para
“pensar”.Se continuarmos desse jeito não obteremos, jamais, a educação de crianças dentro de uma visão sistêmica, numa visão onde os conhecimentos
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estejam ligados. Desta forma, não teremos uma nova maneira de pensar, não alcançaremos uma reforma do pensamento, e consequentemente não será possível modificar uma sociedade. Urge que cuidemos desta “nova visão para as atuais e futuras gerações” – gerações totalmente em risco de terem suas cabeças mal-feitas. (CARVALHO, 2012, p.1)
Os professores, em geral não utilizam as sansões expiatórias em que utilizam
a punição como algo que guarda uma relação com o fato acontecido. Ocorre
também que às vezes punem as crianças depois de muito tempo em que o fato
ocorreu.
Em relação à formação dos professores, grande parte deles aponta que já
tiveram formações sobre o desenvolvimento moral, porém tais formações deveriam
transparecer mais os impactos em seu cotidiano. O papel da educação para o
desenvolvimento moral é fundamental.
Observa-se que os professores citaram alguns exemplos que são primordiais
para o desenvolvimento moral da criança, o respeito ao próximo, o ensino das
regras, prática de valores éticos às crianças, entre outros. É correto afirmar que a
maiorias dos professores acreditam que para a criança se desenvolver moralmente,
os fatores principais são os bons exemplos que a família desempenha ou à escola.
Para que os alunos tenham mais independência o professor deve
proporcionar uma ambiente que tenha uma organização de modo a desenvolver
esse aspecto. Desta forma os professores estão trabalhando, para que as crianças
desenvolvam sua autonomia, sendo mediadores, ou seja, permitindo livre acesso
dentro da sala de aula para seus alunos.
Para DeVries e Zan (2006) a sala de aula moral deve ser organizada de
maneira acessível, pois deste modo a criança assume responsabilidades, pois uma
vez que as crianças sintam que a sala de aula também é sua, a mesma criará
vínculos afetivos com ela.
Para todos os professores entrevistados é muito importante que haja uma
socialização entre a comunidade, escola e professor, pois assim os alunos se
sentirão mais “amados” e partes atuantes do seu próprio desenvolvimento.
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CONCLUSÃO
Baseado neste artigo foi buscado por meio de pesquisas, questionários e
observação descobrir de que forma a construção da autonomia moral acontece. Na
pesquisa verificou-se que o desenvolvimento moral da criança, vem sendo um tema
pouco trabalhado, visto que apesar de haver a teoria que os professores devem se
embasar, estes, por sua vez, acabam criando suas próprias práticas. A partir daí
cria-se algumas práticas descontextualizadas que não auxiliam no processo de
desenvolvimento da criança.
Para este trabalho, a coleta de dados fora realizadas com educadoras da
Educação Infantil, acerca de seus conhecimentos e dificuldades, demonstraram
diferentes atitudes relacionadas à criança que, infelizmente, contradizem a teoria,ou
seja, apesar de apresentarem alguns conhecimentos , não são praticadas ações
continuas para o desenvolvimento moral, visto que os professores trabalham de
acordo com suas próprias experiências para auxiliar a criança.
Apesar de os professores dizerem que fazem formação sobre o
desenvolvimento moral, não utilizam uma linguagem em que compreendam o estado
da criança heterônoma para o desenvolvimento moral autônomo.
Diante disso, afirma-se que apesar de terem formação sobre o
desenvolvimento moral da criança, estes, por sua vez, relatam que o diálogo é
fundamental, porém continuam tendo práticas equivocadas no seu ambiente de
trabalho, permitindo que haja “cantinho do pensamento”, uma vez que a criança
sentará para pensar sozinha na atitude errada que fez.
É relevante também ressaltar que quem não se sente autônomo e não vive a
experiência da autonomia, não é capaz de ensinar autonomamente.
É de suma importância da educação para a moralidade, pois isso não deve
ser algo tratado como algo que se constrói naturalmente mas sim nas relações de
respeito mútuo e cooperação
Almeja-se que este trabalho possa instigar o pensamento dos professores,
possibilitando que haja uma nova reflexão sobre a moralidade infantil e a
importância que a mesma tem sobre o desenvolvimento da criança e sua autonomia.
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REFERÊNCIAS
ASSIS, O, Z, M.; ASSIS, M, C. O desenvolvimento moral. In: PROEPE. Fundamentos teóricos da educação infantil. 4 ed. Campinas, SP: GRAF.FE;IDEB,2003.
CARVALHO, K.R. O cantinho do pensamento. Disponível em: http://corpoocidente.wordpress.com/2012/09/25/o-cantinho-do-pensamento/ Acesso em: 12/07/2013.
DEVRIES,R; ZAN, B. A ética na educação infantil(o ambiente sócio-moral na escola) Tradução Dayse Batista. Porto Alegre: Artmed,1998.
VINHA, Telma Pileggi. O Educador e a moralidade infantil: uma visão construtivista, Campinas, SP: Mercado das letras; São Paulo: FAPESP, 2000.
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