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CAPÍTULO 22: LEIS DOS GASES IDEAIS FÍSICA POR 40 PROFESSORES: UMA NOVA VISÃO 18 22.11 – 2ª LEI DA TERMODINÂMICA A primeira lei da termodinâmica apresenta uma versão particular da lei de conservação de energia, ao estabele- cer que a energia térmica transferida a um sistema é parcialmente destinada ao trabalho mecânico e ao aumento da energia interna, revelado por alteração de temperatura ou mudança de estado. Nem todas as conversões de energia têm a mesma eficiência. É possível e geralmente fácil transformar várias for- mas de energia em calor, mas o contrário apresenta dificuldades e, na prática, verifica-se que é, na verdade, im- possível, converter completamente calor em outra forma qualquer de energia. A segunda lei da termodinâmica encara a realidade da impossibilidade de recuperar totalmente, a energia con- vertida em calor. Podemos dizer que é uma lei realista que reconhece a limitação de eficiência da utilização da energia térmica nas máquinas inventadas pelo Homem. A Termodinâmica é a ciência que trata das transformações de energia e pode ser estuda a partir de suas leis bási- cas. A primeira Lei da Termodinâmica estabelece que Energia é sempre conservada em qualquer processo da natureza e é a base para a compreensão da natureza do Calor e do Trabalho como processos. A segunda Lei, através de seus enunciados determina sua assimetria fundamental da natureza. Portanto a combinação da primei- ra e segunda Lei da Termodinâmica afirma que embora a quantidade total da Energia tem de ser conservada em qualquer processo, a distribuição dessa Energia é alterada de uma maneira irreversível. O enunciado de kelvin (1824-1907) – Max Plank (1858-1947) estabelece a assimetria entre Trabalho e Calor definin- do que é impossível construir uma máquina, operando em ciclos, cujo único efeito seja retirar Calor de uma fonte e convertê-lo integralmente em Trabalho ou seja nenhuma máquina converte Calor em trabalho com eficiência to- tal. Alguma Energia é sempre perdida por dissipação para uma região de menor temperatura. O enunciado de Clausius da Segunda Lei da Termodinâmica mostra uma implicação na direção dos processos naturais: O calor não pode nunca passar de um corpo mais frio para um corpo mais quente sem que ocorram ao mesmo tempo mudanças associadas, pois o Calor em toda parte manifesta uma tendência de igualar diferenças de temperaturas ou seja o calor sempre flui de objetos quentes em direção aos frios. Desta forma segue que a combinação da primeira e Segunda Lei da Termodinâmica mostra que embora a quan- tidade total de Energia tem de ser conservada em qualquer processo, a distribuição dessa Energia é alterada de uma maneira irreversível. Em outras palavras. A primeira Lei nega a possibilidade da Energia ser criada ou destruída, enquanto que a segunda lei nega a possibilidade da Energia ser distribuída de qualquer maneira sem maiores con- sequências Quando uma máquina térmica está operando num ciclo (exemplo: um gerador termelétrico) transformando calor em trabalho mecânico, sempre ocorrem efeitos colaterais que impedem sua eficiência total. Quando um automóvel está em movimento, a energia térmica resultante da queima de combustível (Q F = calor fornecido), é convertida em trabalho mecânico na movimentação dos êmbolos dos cilindros do motor e, daí, em rotação das rodas. Desde a queima nas câmaras de combustão até o movimento final das rodas (τ = trabalho mecânico) ocorrem diversos tipos de perda, em geral por atrito, desgastes, vazamentos e outras resistências passivas. Se expressarmos Q F e τ na mesma unidade (Joules) verificamos que τ é muito menor que Q F . A relação entre τ e Q F , expressa em termos percentuais é o rendimento mecânico do motor: 100 Q F m × τ = η (22.35) Uma outra forma de interpretar o rendimento é considerar que o trabalho mecânico é a diferença entre o calor fornecido, a partir da fonte de energia, e o calor absorvido pelas diversas fontes de desgaste, atrito, etc., QA. A equação (22.35) adquire, então, a forma: 100 Q Q Q F A F m × - = η (22.36) ENTROPIA (a medida da desordem) A irreversibilidade dos processos naturais está diretamente relacionada a uma grandeza física denominada entropia A análise de alguns processos espontâneos tais como a expansão de um gás, aumento de temperatura de um corpo colocado em contato com outro de temperatura maior, concentração e diluição de uma solução ou desli- zamento de um bloco sobre uma superfície com atrito, mostram que esses fenômenos ocorrem de forma espontâ- nea sempre em um único sentido e nunca de forma contrária. O estado mais provável de um sistema é aquele em que a desordem é maior e a disponibilidade de energia é me- nor.

Cap 22 2 Lei Da Termodinamica

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Ciclo de Carnot e aplicações da 2 lei da termodinâmica

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  • CAPTULO 22: LEIS DOS GASES IDEAIS

    FSICA POR 40 PROFESSORES: UMA NOVA VISO 18

    22.11 2 LEI DA TERMODINMICA

    A primeira lei da termodinmica apresenta uma verso particular da lei de conservao de energia, ao estabele-cer que a energia trmica transferida a um sistema parcialmente destinada ao trabalho mecnico e ao aumento da energia interna, revelado por alterao de temperatura ou mudana de estado. Nem todas as converses de energia tm a mesma eficincia. possvel e geralmente fcil transformar vrias for-mas de energia em calor, mas o contrrio apresenta dificuldades e, na prtica, verifica-se que , na verdade, im-possvel, converter completamente calor em outra forma qualquer de energia. A segunda lei da termodinmica encara a realidade da impossibilidade de recuperar totalmente, a energia con-vertida em calor. Podemos dizer que uma lei realista que reconhece a limitao de eficincia da utilizao da energia trmica nas mquinas inventadas pelo Homem.

    A Termodinmica a cincia que trata das transformaes de energia e pode ser estuda a partir de suas leis bsi-cas. A primeira Lei da Termodinmica estabelece que Energia sempre conservada em qualquer processo da natureza e a base para a compreenso da natureza do Calor e do Trabalho como processos. A segunda Lei, atravs de seus enunciados determina sua assimetria fundamental da natureza. Portanto a combinao da primei-ra e segunda Lei da Termodinmica afirma que embora a quantidade total da Energia tem de ser conservada em qualquer processo, a distribuio dessa Energia alterada de uma maneira irreversvel.

    O enunciado de kelvin (1824-1907) Max Plank (1858-1947) estabelece a assimetria entre Trabalho e Calor definin-do que impossvel construir uma mquina, operando em ciclos, cujo nico efeito seja retirar Calor de uma fonte e convert-lo integralmente em Trabalho ou seja nenhuma mquina converte Calor em trabalho com eficincia to-tal. Alguma Energia sempre perdida por dissipao para uma regio de menor temperatura. O enunciado de Clausius da Segunda Lei da Termodinmica mostra uma implicao na direo dos processos naturais: O calor no pode nunca passar de um corpo mais frio para um corpo mais quente sem que ocorram ao mesmo tempo mudanas associadas, pois o Calor em toda parte manifesta uma tendncia de igualar diferenas de temperaturas ou seja o calor sempre flui de objetos quentes em direo aos frios.

    Desta forma segue que a combinao da primeira e Segunda Lei da Termodinmica mostra que embora a quan-tidade total de Energia tem de ser conservada em qualquer processo, a distribuio dessa Energia alterada de uma maneira irreversvel. Em outras palavras. A primeira Lei nega a possibilidade da Energia ser criada ou destruda, enquanto que a segunda lei nega a possibilidade da Energia ser distribuda de qualquer maneira sem maiores con-sequncias

    Quando uma mquina trmica est operando num ciclo (exemplo: um gerador termeltrico) transformando calor em trabalho mecnico, sempre ocorrem efeitos colaterais que impedem sua eficincia total. Quando um automvel est em movimento, a energia trmica resultante da queima de combustvel (QF = calor fornecido), convertida em trabalho mecnico na movimentao dos mbolos dos cilindros do motor e, da, em rotao das rodas. Desde a queima nas cmaras de combusto at o movimento final das rodas ( = trabalho mecnico) ocorrem diversos tipos de perda, em geral por atrito, desgastes, vazamentos e outras resistncias passivas. Se expressarmos QF e na mesma unidade (Joules) verificamos que muito menor que QF. A relao entre e QF, expressa em termos percentuais o rendimento mecnico do motor: 100Q Fm

    = (22.35)

    Uma outra forma de interpretar o rendimento considerar que o trabalho mecnico a diferena entre o calor fornecido, a partir da fonte de energia, e o calor absorvido pelas diversas fontes de desgaste, atrito, etc., QA.

    A equao (22.35) adquire, ento, a forma: 100QQQ

    F

    AFm

    = (22.36)

    ENTROPIA (a medida da desordem) A irreversibilidade dos processos naturais est diretamente relacionada a uma grandeza fsica denominada entropia

    A anlise de alguns processos espontneos tais como a expanso de um gs, aumento de temperatura de um corpo colocado em contato com outro de temperatura maior, concentrao e diluio de uma soluo ou desli-zamento de um bloco sobre uma superfcie com atrito, mostram que esses fenmenos ocorrem de forma espont-nea sempre em um nico sentido e nunca de forma contrria. O estado mais provvel de um sistema aquele em que a desordem maior e a disponibilidade de energia me-nor.

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    De acordo com Clausius, a variao de entropia em um processo reversvel, temperatura constante T, dada

    pela expresso: Q

    sT

    ==== , onde Q representa o calor trocado na transformao.

    No Sistema Internacional (SI), sendo Q medido em joule (J) e T medida em kelvin (K) a variao da entropia S ser medida em Joule/kelvin (J/K). Observaes

    1. Fisicamente, a variao de entropia representa o aumento da desordem do sistema. Existem duas formas de aumentar a en-tropia de um sistema. Fornecendo-lhe calor, j que isso implica um aumento da desordem molecular; Obrigando-o a passar por um processo irreversvel, j que estes processos aumentam a desordem e implica a perda de o-

    portunidade de utilizar a energia de forma til. Observe que toda transformao adiabtica (Q=0) e reversvel no ter aumento de entropia (S=0)

    2. importante observar que a relao Q

    sT

    ==== s vlida para processo a temperatura constante e reversvel. Se a temperatura

    variar, o modo de calcular ln lnf ff i V

    i i

    V TS S S nR nc

    V T = = += = += = += = + , a variao de entropia S depende do estado inicial e final do

    gs, S no depende do modo como o gs passa do estado inicial para o estado final

    Um mol de um gs em um container est inicialmente a 127oC. Ele subitamente expandido ao dobro do seu vo-lume inicial sem nenhuma troca de calor com o exterior. Ento ele lentamente comprimido isotermicamente at o seu volume original. Verifica-se que a temperatura final de -3oC. A) Qual o coeficiente Cp/ Cv do gs? B) Qual a variao de entropia do gs no processo?

    [Resposta: A) 1,57; B) Variao de entropia de -5,7 J/K] Soluo 127C=400 K e -3C =270 K Numa transformao adiabtica vale a expresso

    (((( )))) (((( ))))1 1

    1 1270 2 400

    f f i i

    i i

    T V TV

    V V

    ====

    ====

    (((( ))))(((( ))))

    1 1 1

    1

    27 2 40 2 1,48

    log2 log1,48 1 log2 log1,48

    V V

    ==== ====

    ==== = = = =

    (((( ))))1 0,3 0,17 0,3 0,3 0,170,3 0,47 0,47 / 0,3 1,57

    = = = = = = = =

    ==== = == == == =

    Na resoluo se usar o logaritmo neperiano dar o mesmo resultado

    Uma mquina trmica, em cada ciclo, rejeita para a fonte fria 240 joules dos 300 joules que retirou da fonte quente. Determine o trabalho obtido por ciclo nessa mquina e o seu rendimento

    A quantidade de calor retirada por ciclo da fonte trmica quente Q1 = 300 J e a rejeitada para a fonte trmica fria Q2 240J. A energia til, que o trabalho obtido pro ciclo na mquina : W = Q1 Q2 = 200 240 W = 60J O rendimento da mquina pode ser calculado

    por: 240

    1 1 0,2 20%300

    f

    q

    Q

    Q = = = = = = = = = == == == =

    Ciclo de Carnot

    Carnot demonstrou que o maior rendimento possvel para uma mquina

    trmica entre duas temperaturas T1 (fonte quente) e T2 (fonte fria) seria o

    de uma mquina que realizasse um ciclo terico, constitudo de duas

    transformaes isotrmicas e duas transformaes adiabticas alterna-

    das. Esse ciclo, conhecido como ciclo de Carnot, est esquematizado

    na Fig. abaixo: AB uma expanso isotrmica, BC uma expanso adi-

    abtica, CD uma compresso isotrmica e DA uma compresso

    adiabtica.

    ETAPAS DO CICLO DE CARNOT

    AB U=0; W > 0 logo o sistema recebeu calor da fonte externa

    BC Q=0; W > 0 a temperatura diminui, logo U < 0

    CD U=0; W < 0 0 logo o sistema cede calor para a fonte fria

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    DA Q=0; W < 0 a temperatura diminui, logo U > 0

    A mquina trmica realiza um trabalho W s custas do recebimento de uma quantidade de calor Q1 de uma fonte quente e rejeitando a quantidade de calor Q2 a uma fonte fria, denominado de MOTOR TRMICO, sendo usual-mente esquematizado como segue: Se a mquina trmica retira uma quantidade de calor Q2 de uma fonte fria, recebe trabalho do exterior e cede a quantidade de calor Q1 para uma fonte quente, chamada de REFRIGERADOR, sendo usualmente esquematiza-da ao lado. EFICINCIA DE UM REFRIGERADOR Como o objetivo de um refrigerador retirar calor de uma fonte fria e transferi-lo para uma fonte quente, dese-jvel que esta transferncia seja realizada com a menor quantidade possvel de trabalho. A medida da quantidade de operao de um refrigera-dor e feita por um coeficiente chamado de COEFICIENTE DE DESEMPENHO ou EFICINCIA, assim definido

    ( )( )

    22

    21

    energia retiradafonte fria

    fonte quente

    QQ

    EW Q Q

    = =

    ( )( ) ( )

    2

    1 2

    fria

    quente fria

    TE

    T T =

    ( ) ( )f f f q f f q fq f q f

    Q TQ T T T Q Q

    Q Q T T = =

    . .f q fQ T Q T f q ff T Q T Q= .f f

    f q f qfq q

    Q TQ T T Q

    Q T = =

    BIBLIOGRAFIA

    BISCUOLA, Gualter Jos: Fsica volume nico. Editora Saraiva, So Paulo, 1997.

    CHIQUETTO, Marcos Jos: Termologia, ptica, Ondas. Editora. Editora Scipione, So Paulo, 1992.

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