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71 CAPÍTULO 3 COMPONENTES SIMÉTRICOS Prof. José Wilson Resende Ph.D em Sistemas de Energia Elétrica (University of Aberdeen-Escócia) Professor titular da Faculdade de Engenharia Elétrica Universidade Federal de Uberlândia 3.1 - Análise por componentes simétricos Em 1918, o Dr. Fortescue apresentou à “American Institute of Electrical Engineers” o trabalho denominado “Método de Componentes Simétricos aplicado à solução de Circuitos Polifásicos”. Este método desde então vem sendo largamente usado na análise de funcionamento de circuitos elétricos desbalanceados. Embora o método seja aplicável a qualquer sistema polifásico desequilibrado, este curso tratará especificamente de sistemas trifásicos. De acordo com o então denominado Teorema de Fortescue, três fasores, desequilibrados, de um sistema podem ser substituídos por três sistemas equilibrados de fasores. Os três conjuntos equilibrados são: 1. Componentes de sequência positiva , consiste de 3 fasores iguais em módulo, defasados de 120 o , e tendo a mesma sequência que os fasores originais. 2. Componentes de sequência negativa , consistindo de 3 fasores iguais em módulo, defasados de 120 o , e tendo a sequência da fase oposta a dos fasores originais. 3. Componentes de sequência zero , constituído de 3 fasores iguais em módulo com defasagem de 0 o entre si. Assim, se um sistema tem a sequência de fases abc , as sequências de fases dos componentes de sequência positiva e negativas, serão respectivamente abc e acb . Exemplo: sejam 3 fasores originais de tensão, V a , V b e V c , que serão decompostos nos três conjuntos abaixo:

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  • 71

    CAPTULO 3

    COMPONENTES SIMTRICOS

    Prof. Jos Wilson Resende Ph.D em Sistemas de Energia Eltrica (University of Aberdeen-Esccia)

    Professor titular da Faculdade de Engenharia Eltrica Universidade Federal de Uberlndia

    3.1 - Anlise por componentes simtricos Em 1918, o Dr. Fortescue apresentou American Institute of Electrical Engineers o trabalho denominado Mtodo de Componentes Simtricos aplicado soluo de Circuitos Polifsicos. Este mtodo desde ento vem sendo largamente usado na anlise de funcionamento de circuitos eltricos desbalanceados. Embora o mtodo seja aplicvel a qualquer sistema polifsico desequilibrado, este curso tratar especificamente de sistemas trifsicos. De acordo com o ento denominado Teorema de Fortescue, trs fasores, desequilibrados, de um sistema podem ser substitudos por trs sistemas equilibrados de fasores. Os trs conjuntos equilibrados so: 1. Componentes de sequncia positiva, consiste de 3 fasores iguais em

    mdulo, defasados de 120o, e tendo a mesma sequncia que os fasores originais.

    2. Componentes de sequncia negativa, consistindo de 3 fasores iguais em mdulo, defasados de 120o, e tendo a sequncia da fase oposta a dos fasores originais.

    3. Componentes de sequncia zero, constitudo de 3 fasores iguais em mdulo com defasagem de 0o entre si.

    Assim, se um sistema tem a sequncia de fases abc, as sequncias de fases dos componentes de sequncia positiva e negativas, sero respectivamente abc e acb. Exemplo: sejam 3 fasores originais de tenso, Va, Vb e Vc , que sero decompostos nos trs conjuntos abaixo:

  • 72

    Vc1 Va1

    Vb1

    Va2

    Vc2

    Vb2Va0

    Vb0Vc0

    seq. (+) seq. (-) Seq. (0)

    Figura 3.1 - A soma grfica dos 3 sistemas dar:

    ...............................

    Va0

    Va2

    Va1

    Va

    Vc1

    Vc2Vc0

    Vc

    Vb1Vb2

    Vb0Vb

    REFERNCIA

    Figura 3.2 -

    Da fig. 3.2 tira-se que: Va = Va1 + Va2 + Vao (3.1) Vb = Vb1 + Vb2 + Vbo (3.2) Vc = Vc1 + Vc2 + Vc0 (3.3) 3.2 - Operadores bastante conhecido que o operador j produz rotao de 90o e que o operador -1 provoca rotao de 180o. Sabe-se tambm que duas aplicaes sucessivas do operador j produzem rotao de 90o + 90o, ou seja: j x j = j2 produz rotao de 180o. Logo: j2 = -1. Algumas das muitas combinaes do operador j so mostradas a seguir: j = 1/90o = 1/-270o = 0 + j1 j2 = 1/-180o = 1/-180o = -1 + j0 = -1

    j + j2 = 2/135o = 2/-225o = -1 + j1 j + j3 = 0 - 0 + j0

  • 73

    j3 = 1/270o = 1/-90o = 0 = j1 = -j j4 = 1/360o = 1/0o = 1 + j0 =1 j5 = 1/450o = 1/90o = 0 + j1 = j

    j - j2 = 2 /45o = 2 /-315o = 1 + j1 j = j3 = 2 /90o = 2 /-270o = 0 + j2

    Outro operador til o operador a, que causa uma rotao de 120o no sentido anti-horrio: a = 1 /120o = 1 ej 2/3 = -0,5 + j0,866 Aplicando-o duas vezes haver uma rotao de 240o, trs vezes 360o. Algumas das muitas combinaes do operador a so mostradas a seguir: a = 1 /120o = -0,5 + j0,866 a2 = 1 /240o = -0,5 = -j0,866 a3 = 1 /360o = 1 + j0 a4 = 1 /120o = -0,5 + j0,866 = a 1 + a = 1 /60o = 0,5 + j0,866 = -a2

    1 - a = 3 /-30o = 1,5 - j0,866 1 + a2 = 1 /-60o = 0,5 - j0,866 = -a a + a2 = 1/180o = - 1 - j0 a - a2 = 3 /90o = 0 + j1,732 1 + a + a2 = 0 = 0 + j0

    A fig. 3.3 mostra diversos fasores operados por a:

    60o60o60o

    a - a2

    a2 - a

    1, a3-1, - a3

    Figura 3.3 -

    IMPORTANTE: Enquanto que +j significa rotao de +90o e -j rotao de -90o, para o operador a no se pode fazer afirmao anloga: a = 1/120o -a = 1 /120o . 1 /180o = 1 /300o = 1 /-60o 3.3 - Componentes simtricos de fasores assimtricos Retomando as equaes (3.1), (3.2) e (3.3): Va = Va1 + Va2 + Va0 (3.1) Vb = Vb1 + Vb2 + Vb0 (3.2) Vc = Vc1 + Vc2 + Vc0 (3.3) Usando o operador a e os conceitos tirados das figuras anteriores:

  • 74

    V a V V aV

    V a V V a VV V V V

    b a c a

    b a c a

    b a c a

    12

    1 1 1

    2 2 22

    2

    0 0 0 0

    = == == =

    .

    . (3.4)

    Substituindo o conjunto de equaes (3.4) em (3.2) e (3.3), tem-se que o sistema de tenses Va, Vb e Vc poder ser assim reescrito: Va = Va1 + Va2 + Va0 (3.5) Vb = a2Va1 + aVa2 + Va0 (3.6) Vc = aVa1 + a2Va2 + Va0 (3.7) Matricialmente:

    VVV

    a aa a

    VVV

    a

    b

    c

    a

    a

    a

    =

    1 1 1111

    2

    2

    0

    1

    2

    . (3.8)

    Por convenincia, ser adotado que :

    A = 1 1 111

    2

    2a aa a

    (3.9)

    Assim, a equao (3.8) poder ser assim ser escrita: [Vp] = [A] . [Vc] A matriz inversa de A ser:

    A-1 = 13

    1 1 111

    2

    2a a

    a a

    (3.10)

    Por outro lado, pr-multiplicando a equao (3.8) por A-1:

    A-1VVV

    A AVVV

    a

    b

    c

    a

    a

    a

    =

    10

    1

    2

    . .

    Assim, as tenses de componentes simtricas, para a fase a sero:

    VVV

    a aa a

    xVVV

    a

    a

    a

    a

    b

    c

    0

    1

    2

    2

    2

    13

    1 1 111

    =

    (3.11)

    A relao obtida de grande importncia, pois permite decompor 3 fasores assimtricos em seus componentes simtricos.

  • 75

    Desenvolvendo a equao matricial (3.11): Va0 = 1/3 (Va + Vb + Vc) (3.12) Va1 = 1/3 (Va + aVb + a2Vc) (3.13) Va2 = 1/3 (Va + a2Vb + aVc) (3.14) Os demais componentes simtricos (Vb0, Vc0, Vb1, Vb2, Vc1, Vc2) so obtidos pelas equaes (3.4). Observaes importantes: 1. A equao (3.12) mostra que, em circuitos trifsicos equilibrados,

    no h componente de sequncia zero. 2. 3. As equaes (3.12), (3.13) e (3.14) valem tambm para corrente, tal

    como abaixo ilustrado: Ia0 = 1/3 (Ia + Ib + Ic) (3.15) Ia1 = 1/3 (Ia + aIb + a2ic) (3.16) Ia2 = 1/3 (Ia + a2Ib + aIc) (3.17)

    3. Em um sistema trifsico com condutor neutro, & & & &I I I In a b c= + + . Assim, de (3.15):

    Ia0 = 1/3 In & &I In a= 3 0 (3.18) 4- Quando no h retorno pelo neutro, In nulo . Nestas condies, as

    correntes de sequncia zero no existiro. Assim sendo, em uma carga ligada em (onde no h neutro), no h corrente de sequncia zero.

    __________________________________________________________ Exemplo 1: Um condutor de uma linha trifsica est aberto. A corrente que flui para uma carga ligada em pela linha a de 10A. Tomando a corrente na linha a como referncia e a linha c aberta, determine os componentes simtricos das correntes de linha. Soluo: 0)(180/10);(0/10 === coboa IeAIAI &&& Das equaes (3.15), (3.16) e (3.17): Ia0 = 1/3 (10/0o + 10/180o + 0) = 0 A Ia1 = 1/3 (10/0o + 10/180o x 1/120o + 0) = 5,78/-30o A Ia2 = 1/3(10/0o + 10/180o x 1/240o + 0) = 5,78/30o A

  • 76

    Das equaes (3.4): Ib1 = a2Ia1 = 5,78/-150o [A] Ic1 = aIa1 = 5,78/90o [A] Ib2 = aIa2 = 5,78/150o [A] Ic2 = a2Ia2 = 5,78/90o [A] Ib0 = Ia0 = 0 Ic0 = Ia0 = 0 Comentrios: Embora Ic = 0 pois Ic1 + Ic2 = 0, os componentes Ic1 e Ic2 tm valores

    diferentes de zero. A soma das componentes das correntes para a fase A deve dar 10/0o

    [A] e as da fase B, 10/180o [A]. 3.4 - Potncia em termos de componentes simtricos: Conhecendo-se os componentes simtricos de corrente e tenso, pode-se obter, a partir destes, a potncia consumida: N = P + jQ = Va . Ia* + VbIb + VcIc* (3.19) Matricialmente:

    N = S = [Va Vb Vc] III

    VVV

    xIII

    a

    b

    c

    a

    b

    c

    ta

    b

    c

    =

    * 2

    (3.20)

    Ou seja, S = VLt . IL* OBS: Uma matriz conjugada constituda por elementos que so os

    conjugados dos elementos originais. Introduzindo os componentes simtricos das tenses e correntes (eq. (3.8)

    VL = A VVV

    a

    a

    a

    0

    1

    2

    e IL = A III

    a

    a

    a

    0

    1

    2

    na equao (3.20):

    S = A [ ] .[ .] [ ] . [ ]* *VVV

    AIII

    AV AIa

    a

    a

    ta

    a

    a

    t0

    1

    2

    0

    1

    2

    =

    Da lgebra matricial: [A . V]t = Vt . At Assim: S = Vt . At[AI}* = Vt . At . A* . I* (3.21) Da equao (3.9) nota-se que: At =A Sabe-se ainda que a e a2 so conjugados.

  • 77

    Portanto:

    S = [Va0 Va1 Va2] 1 1 111

    1 1 111

    2

    2

    2

    2

    0

    1

    2

    a aa a

    a aa a

    III

    a

    a

    a

    *

    (3.22)

    S = 3 [Va0 Va1 Va2] III

    a

    a

    a

    0

    1

    2

    (3.23)

    A equao (3.23) ficar: VaIa* + VbIb* + VcIc* = 3Va0Ia0* + 3Va1Ia1 + 3Va2Ia2* Ou seja:

    [Va Vb Vc] III

    V V VIII

    S Sa

    b

    c

    a a a

    a

    a

    a

    p c

    =

    =

    *

    [ ] [ ] [ ]3 30 1 20

    1

    2

    __________________________________________________________ Exemplo 2: Dados: Va = 10/30o, Vb = 30/-60o e Vc = 15/145o determinar as componentes simtricas correspondentes. Soluo: Utilizando-se das equaes (3.12), (3.13) e (3.14): (3.12): Va0 = 1/3(Va + Vb + Vc) = 1/3(10/30o + 30/60o + 15/145o) = 5,60/-47,4 (3.13): Va1 = 1/3(Va + aVb + a2Vc) = 1/3(10/30o + a.30/-60o + 1/240o . 15/145o) = 17,6/45o. (3.14): Va2 = 1/3(Va + a2Vb + aVc) = 1/3(10/30o + 1/240o . 30/60o + 1/120o x 15/145o = 8,25/-156,2o As equaes (3.4) nos daro: Vb1 = a2 . Va1 = 17,6/75o Vc1 = a Va1 = 17,6/165o Vb2 = aVa2 Vc2 = a2Va2 Va0 = Vb0 = Vc0 3o Exemplo: Dadas as componentes simtricas: Va0 = 100/30o, Va1 = 220/0o e Va2 = 100/-60o, determinar as tenses Va, Vb e Vc. Soluo: O resultado ser obtido da equao (3.8):

  • 78

    VVV

    a aa a

    VVV

    a aa

    a

    b

    c

    a

    a

    a

    o

    o

    o

    =

    =

    =

    1 1 111

    1 1 111 1

    100 30220 0

    100 60

    2

    2

    0

    1

    2

    2

    2

    //

    /

    Faa os clculos do produto matricial. 3.5 - Componentes simtricos das impedncias de linhas e cabos: 3.5.1 - Caso Geral Para a figura (3.5), as relaes para as correntes e tenses sero:

    M ab = M ba

    M bc = M cb

    M ca = M ac

    Z aa

    Z bb

    Z cc

    V a

    V b

    V c

    a

    b

    c

    Figura 3.5

    Va = ZaaIa + MabIb + MacIc Vb = MbaIa + ZbbIb + MbcIc Vc = McaIa + McbIb + ZccIc

    Matricialmente: VVV

    Z M MM Z MM M Z

    III

    a

    b

    c

    aa ab ac

    ab bb bc

    ca cb cc

    a

    b

    c

    =

    ou: [Vp] = [Zpp].[Ip] (3.24) Aplicando a Lei de OHM tambm para os componentes simtricos:

    [Vc] = [Zcc] . [Ic] (3.25)

  • 79

    J foi visto anteriormente que:

    =

    c

    b

    a

    a

    a

    a

    VVV

    xaaaa

    VVV

    2

    2

    2

    1

    0

    11

    111

    31

    Ou seja: [Vc] = [A-1][Vp] (3.26) Da mesma forma, a equao acima pode ser re-escrita para as correntes:

    [Ic] = [A-1][ip] (3.27) Levando (3.26) e (3.27) em (3.25): [A-1][Vp] = [Zcc][A-1][Ip] Pr-multiplicando ambos membros por A: [Vp] = [A] [Zcc] [A-1] [Ip] (3.28) Fazendo a identidade de (3.28) com (3.24): [Zpp]= [A] [Zcc] [A-1]. Pr-multiplicando por [A-1]: [A-1] [Zpp] = [Zcc] [A-1] Ps-multiplicando esta ltima por [A]: Zcc] = [A-1] [Zpp] [A] (3.29) Matricialmente, (3.29) ficar:

    [Zcc] = 1/3 1 1 111

    1 1 111

    2

    2

    2

    2a a

    a a

    Z M MM Z MM M Z

    a aa a

    aa ab ac

    ba bb bc

    ca cb cc

    (3.30)

    3.5.2 - Circuito equilibrado Estando as trs fases equilibradas:

    Zaa = Zbb = Zcc = Z Mab = Mba = Mcb = Mbc = Mac = Mca = M Substituindo na equao (3.30):

    [Zcc] =1/3 1 1 111

    1 1 111

    2

    2

    2

    2a a

    a a

    Z M MM Z MM M Z

    a aa a

    resolvendo esta:

  • 80

    [Zcc] = ( )

    ( )( )

    Z MZ M

    Z M

    +

    2 0 00 00 0

    (3.31)

    Como se v, a matriz de impedncia se diagonalizou. Caso o circuito no fsse equilibrado, a matriz acima seria totalmente cheia. A equao (3.31) pode ainda ser assim escrita:

    [Zcc] = Z

    ZZ

    Z Z MZ Z MZ Z M

    o o0 00 00 0

    2

    1

    2

    1

    2

    = += =

    (3.32)

    Reescrevendo a equao (3.25):

    [Vc] = [Zcc] [Ic] =VVV

    ZZ

    Z

    III

    V Z IV Z IV Z I

    o o o o o o

    1

    2

    1

    2

    1

    2

    1 1 1

    2 2 2

    0 00 00 0

    =

    ===

    ...

    (3.33)

    Significado fsico da equao (3.33): 1. Para sistemas equilibrados, a corrente de sequncia zero flui apenas

    no circuito de sequncia zero; corrente de sequncia positiva no circuito de sequncia positiva; corrente de sequncia negativa no circuito de sequncia negativa.

    2. A impedncia do circuito pelo qual circula a corrente de sequncia zero denominada de IMPEDNCIA DE SEQUNCIA ZERO, o mesmo acontecendo para as demais sequncias.

    3. A f.e.m. produzida pelos geradores apenas de sequncia positiva.. Consequentemente, no caso de uma carga equilibrada, teremos somente corrente de sequncia positiva.

    3.5.3 Diferenas entre Linhas e cabos

    A soluo do sistema Z Z MZ Z MZ Z M

    0

    1

    2

    2= += =

    , mostra que para as linhas

    transpostas, Z0 maior que Z1 ou Z2 e que Z1 igual a Z2. Normalmente a impedncia de sequncia zero da ordem de 2,0 a 3,5 vezes o valor da impedncia de sequncia positiva ou negativa

  • 81

    (em linhas areas ou cabos de 3 condutores). Isso ocorre porque as correntes de sequncia zero esto em fase nos trs condutores. 3.6 - Impedncias de sequncia de transformadores e mquinas : 3.6.1 Transformadores 3.6.1.1 - Impedncia de sequncias positiva e negativa Como nas linhas de transmisso, as impedncias de sequncia positiva e negativa dos transformadores devem ser iguais entre s. Isso ocorre porque no h diferenas caso a energizao dos mesmos ocorra com tenses de seq. (+) ou (-). Por outro lado, nos transformadores Y/ de polaridade subtrativa, as tenses do lado ( ) sofrem um deslocamento angular, em relao s correspondentes tenses do lado(Y), de -30o para as tenses de sequncia positiva e de +30o para as correspondentes tenses de sequncia negativa. Esse assunto ser analisado, em maiores detalhes, no captulo 4. 3.6.1.2 - Impedncia de sequncia zero As impedncias de sequncia zero dos transformadores dependem da conexo dos enrolamentos e da forma construtiva do ncleo. Essas impedncias podem ser igual ou maior que as impedncias de sequncia positiva ou negativa (pode at ter um valor infinito). Quando a impedncia de seqncia zero for de valr finito, a circulao da corrente de seqncia zero no outro enrolamento do transformador depender da forma de conexo dos enrolamentos. As figuras a seguir ilustram isso:

    Caminho para circulao da corrente

    Camnho de Retorno

    Gerador

    L

    L

    L

    L L

    L

    L

    L

    L

    Figura 3.8 -

  • 82

    Caminhos de Retorno

    Gerador

    L

    L

    L

    L

    L

    L

    L

    L

    L

    Figura 3.9 -

    Gerador

    L

    L

    L

    L

    L

    L

    L

    L

    Lno h

    caminhos p/ correntede seq. zero

    Figura 3.10 - Diagrama equivalente de sequncia zero para transformadores de 2 enrolamentos: Um diagrama simples pode ser usado para representar todos os diagramas unifilares de sequncia zero, para os transformadores:

    L

    L

    Chavessrie

    ChavesShunt

    FontePonto de

    faltaZ

    Figura 3.11 -

    Para utilizar o diagrama anterior, procede-se da seguinte maneira: Fechar a chave srie APENAS quando o enrolamento do lado desta

    chave for em ESTRELA ATERRADO, que o que proporciona um circuito de retorno para a corrente que circula pela terra.

  • 83

    Fechar a chave shunt APENAS quando o enrolamento do lado desta chave for em DELTA, pois este proporciona um circuito fechado para a corrente de compensao de f.m.m.

    EXEMPLOS DE OBTENO DE DIAGRAMAS DE SEQUNCIA ZERO DE TRANSFORMADORES: 1)

    Figura 3.12 2)

    Figura 3.13 3)

    Figura 3.14 - 4)

    Figura 3.15 -

  • 84

    5)

    Figura 3.16 - Exemplo: Determine o circuito de sequncia zero do sistema:

    N

    M P

    Q

    T U

    R SV X

    W Z

    Figura 3.17 - Soluo:

    X

    Z

    VS

    W

    Z

    UT

    RL L

    ZL L

    LL

    LL

    L

    P

    Q

    M

    N Z

    Figura 3.18 -

    3.6.1.3 - Transformador de 3 enrolamentos O circuito equivalente idntico aquele para o transformador de 2 enrolamentos. A chave shunt fechada para o enrolamento em e a chave srie para a conexo Y :

  • 85

    LL

    L

    Z p

    Z s

    Z t

    Z m CONEXO GERA

    Figura 3.20 -

    Seja o trafo Y//Y . O seu circuito de sequncia zero :

    LL

    L

    Z p

    Z s

    Z t

    Z m

    P

    S

    F

    T

    TP

    S

    Figura 3.21 -

    Para o trafo //Y

    Figura 3.22 -

    3.6.2 - Mquinas sncronas As impedncias de sequncia (+) e (-) das mquinas sncronas no so iguais entre s mesmo se a mquina for eletricamente equilibrada. Isto ocorre porque as tenses de sequncia (-), de sequncia de fases, por exemplo, ACB, quando aplicadas a uma mquina que gira e produz tenses de sequncia (+), de sequncia de

  • 86

    fases ABC, se comportaro como se houvesse uma outra mquina, dentro daquela primeira, porm, girando em sentido oposto. a) Impedncia de sequncia (+): Esta a impedncia normal da mquina. Toma-se o valor subtransitrio, transitrio ou sncrono,(conforme a natureza do problema. b) Impedncia de sequncia (-): A f.m.m. produzida pela corrente de sequncia (-) fluindo no estator , d origem a um campo rotativo, cujo sentido de rotao oposto quele do rotor, com a mesma velocidade sncrona , do rotor. Assim, o fluxo produzido varre rapidamente o rotor, induzindo correntes nos enrolamentos de campo, amortecedores e na superfcie do rotor, evitando assim que o fluxo penetre no rotor, e dando origem a um baixo valor de reatncia. Esse campo oposto tira a mquina do seu regime normal, provocando instabilidade, como se fosse colocada ou retirada carga da mquina. A impedncia Z2 varia continuamente do eixo d para o q, em consequncia, toma-se a mdia das reatncias sub-transitrias Xd e Xq:

    Z2 = X Xd q

    ,, ,,+2

    c) Impedncia de sequncia zero: A f.m.m. produzida pela corrente de sequncia zero ter o mesmo valor instantneo em todas as fases. Assim, para um enrolamento trifsico uniforme, a f.m.m. em qualquer ponto, ser a soma de 3 ondas senoidais idnticas, deslocadas entre si de 120o. Portanto o fluxo resultante zero e no haver reatncia, exceto aquela devido ao fluxo de disperso (e imperfeies no enrolamento). Consequentemente, a impedncia Zo ser composta da resistncia do enrolamento mais uma pequena reatncia. - Note-se a diferena do efeito da sequncia (0) nos trafos e nas

    mquinas sncronas. Na figura 3.23 tem-se um gerador que alimenta uma carga

    resistiva, atravs de uma linha. A representao deste gerador, em seus circuitos de sequncia (+), () e (0), est nas figuras 3.24, 3.25 e 3.26:

  • 87

    L R

    L

    L

    R

    R

    X

    XL

    L

    XLR L

    R L

    R L

    A

    Zg

    Zg

    ZgE a N

    N N E a 120 o

    E a 240 o

    L

    L LR

    R

    RL

    L

    L

    Figura 3.23 -

    Diagrama de sequncia (+)

    E a

    E b

    L

    L LE c

    I a1

    I b1

    I c1

    c b

    a

    Z 1

    Z 1Z 1

    E a

    L Z 1

    I a1

    a

    Figura 3.24 -

    Diagrama de sequncia (-)

    Figura 3.25 -

    Diagrama de sequncia (0)

    Figura 3.26 -

    Obs.: Do inicio deste captulo, j se observou que a soma das tenses e das correntes de sequncia zero das 3 fases, sempre dar um resultado diferente de zero.

  • 88

    Vc1 Va1

    Vb1

    Va2

    Vc2

    Vb2Va0

    Vb0Vc0

    No que se refere s correntes, Isso implica que, para elas existirem, dever haver um caminho de retorno que o neutro. A impedncia deste retorno Zn. O circuito de sequncia zero unifilar, pelo qual normalmente passar apenas Io dever, neste caso, ter uma impedncia de retorno 3Zn. Assim, se mostra o efeito de uma corrente Io em uma impedncia 3Zn: 3ZnI0.

    I o

    I o

    I o

    3 I o( Retorno )

    Figura 3.6 - 3.7 - Exerccios: 1) Fazer o circuito da sequncia (0) do diagrama unifilar:

    L

    ~ ~NM

    SQ

    R T

    P

    Z n

    Figura 3.27 -

    Soluo:

    P

    Q

    R

    S

    TM N

    L

    L

    T

    T

    L

    L L

    L

    LL

    LL

  • 89

    2) Fazer os circuitos de sequncia (+), (-) e (0) do diagrama unifilar:

    ~

    ~N

    M

    P

    Z

    ~

    OL L

    Z L

    RA

    BR S

    ZT

    Figura 3.29 -

    Soluo: Diagramas de sequncia (+) e (-):

    L

    L

    L

    L

    L

    L

    L

    L

    Z , Z1 A 2 A

    Z = ZT1 T2

    Z , Z1 B 2 B

    Z = ZT1 T2

    Z = ZL1 L2

    Z = ZL1 L2

    Z = Z1 C 2 C

    Z = ZT 1 T 2

    Seq.( + ) e ( - )

    Figura 3.30 -

    Diagrama de sequncia zero:

    L

    Z A 0

    ZC 0

    ZT 0

    ZT 0

    ZT 0

    ZL 0

    ZL 0

    ZB 03 RR L

    LLL

    L

    L

    L

    M

    NP

    O

    R S

    Seq. Zero

    Figura 3.31-

    __________________________________________________________ 3) Esquematize o circuito de sequncia zero para o sistema abaixo. Considere que as reatncias de sequncia zero dos geradores e motores valem 0,05 pu. Os reatores para a limitao de corrente valem 2,0 . A reatncia de sequncia (0) da L.T. de 250 . Para os transformadores, considerar que as reatncias de seqncia zero so iguais s de sequncia positiva. Adotar a Potncia base de 30 MVA e a Tenso base de 13,8kV na regio do gerador da barra k (a reatncia deste gerador (Xo=j0,15pu) est na tenso de 13,8 kV).

  • 90

    SOLUO: 1) Gerador: Zo = 0,05 pu 2) Transformadores: dado que: Z1 = 0,1 pup/ MB = 35 MVA UB = 13,2 KV/115KV

    Para as basesMA MVAUA KV

    ==

    3013 8,

    Z1 = 0,13035

    13 213 8

    0 07842,

    ,,

    = pu

    Sendo considerado, neste exemplo, que Zo = Z1 Zo = 0,0784 pu 3) Motores: OBS: Para a tenso base de 13,8 kV no gerador, a tenso base na linha de transmisso ser de 120,23 kV e, nos motores, de 13,8 kV (confira!). Assim, as reatncias dos motores devem ser modificadas, conforme a seguir mostrado:

    M1 : Zo = 0,05 . 3020

    12 513 8

    2,,

    = 0,061 pu

    M2 : Zo = 0,05 . 3010

    12 513 8

    2,,

    = 0,123 pu

    4) Reatores limitadores de corrente:

    Zbase = UM

    base

    base

    2 3 2

    613 8 10

    30 10= ( , . )

    . = 6,35

    Em pu: Zo(pu) = 2

    6 35,= 0,315 pu

    No diagrama unifilar: 3Zn = 3 . 0,315 = 0,945 pu 5) Linha de transmisso:

  • 91

    Zbase = ( , )120 23

    30482

    2KVMVA

    = Em pu: Zo(pu) = 250/482 = 0,521 pu

    j 0,945

    j 0,05

    k j 0,0784

    L

    j 0,521

    mj 0,0784 n

    p rj 0,123

    j 0,945

    j 0,061LL

    L

    LLL

    L

    L

    __________________________________________________________ 4) Desenhe os circuitos de sequncia negativa e de sequncia zero para

    o sistema de potncia do exercicio 6 do captulo 1. Escolha uma base de 50.000 KVA, 138 KV na linha de transmisso de 40 ohms e d as reatncias em p.u.. A reatncia de sequncia negativa de cada mquina sncrona igual respectiva reatncia subtransitria. A reatncia de sequncia zero de cada mquina de 8% com base nos prprios valores nominais. Os neutros das mquinas esto ligados terra atravs de reatores cujas reatncias valem 5%, com base nos valores nominais das respectivas mquinas. Suponha que as reatncias de sequncia zero das linhas de transmisso valem 300% das respectivas reatncias de sequncia positiva.

    Soluo: UB = 138 KV (nas linhas); MB = 50 MVA GA = GB 20 MVA; 13,2 KV; x = 15%; Zn = 5%; Z0 = 8%. ZA1 = ZA2 = ZB1 = ZB2 = 0,15

    13 213 8

    5020

    0 34212,

    ,. ,

    = pu

    ZA0 = ZB0 = 0,0813 213 8

    5020

    0 1832,

    ,. ,

    =

  • 92

    Zn = 0,0513 213 8

    5020

    0 11432,

    ,. , ;

    = 3Zn = 0,343 pu

    MOTOR M: 30 MVA; 6,9 KV, x = 20%

    ZM1 = ZM2 = 0,2 . 5030

    0 333= , ZM0 = 0,08 .

    5030

    = 0,133 pu

    Zn = 0,05 . 5030

    = 0,0833; 3Zn = 0,25 pu

    Transformadores:

    YY MVA Y Y x Z

    Y MVA Y x Z

    : ; , ; , ,

    : ; , ; , ,

    20 13 8 138 10% 0 15020

    0 25

    15 6 9 138 10% 0 15015

    0 333

    = = =

    = = =

    Z1 = Z2 = Z0

    Linhas: ZB = 1382/50 = 380,88 AB: Z1 = Z2 = 40/380,88 = 0,1051pu Z0 = 3Z, (dado do ex.) = 0,3153pu LINHA AC = LINHA CB:

    Z1 = Z2 = 20/380,88 = 0,05251pu Z0 = 3Z1 = 0,1575pu

    j 0,3421

    LA

    L

    LLL

    L

    LL

    L

    L

    LL

    j 0,3431j 0,333

    j 0,333j 0,333 j 0,25j 0,25j 0,25j 0,25

    j 0,05251j 0,05251

    j 0,1051

    j 0,343

    j 0,183

    j 0,333

    L

    L

    L

    LL

    L

    LL

    j 0,1575

    j 0,133

    j 0,25

    A L

    C

    B

    j 0,25

    j 0,25 j 0,3153

    j 0,343

    j 0,183

    j 0,25

    j 0,25

    j 0,1575j 0,333

    L

    L

    L

    LLL