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Interpretação
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CAPITÃES DA AREIA: MARGINALIDADE E COLETIVIDADE
Andréia Biancardi1
Cleidiane de Souza Duarte2
Gabriela Vidotto da Fonseca3
RESUMO A obra em análise mostra sua importância dentro do Modernismo e traça um paralelo com a realidade, pois mostra que temas considerados antigos ainda são importantes. Seu contexto denuncia problemas sociais como a questão do menor abandonado e das diferenças de classes que geram: discriminação, marginalidade, prostituição, miséria, pobreza, abandono, infelicidade, entre outros, o que mostra a falta de posicionamento da sociedade no que tange à busca de uma solução para questões tão presentes, ainda hoje, em nosso meio.
PALAVRAS-CHAVE: Marginalidade nas ruas; Diferença Social; Liberdade.
ABSTRACT The analised work shows its importance inside the Modernism and makes a parallel with the reality, because it shows that old themes are still important. Its context reports social problems like the case of the abandoned kid and of the social difference that causes: discrimination, marginality, prostitution, misery, poverty, abandonment, unhappiness and so on, which shows the lack of society’s position concerning by the search of a solution for all the so present questions, still alive, in our environment.
KEY-WORDS: Marginality on the streets; Social difference; Freedom.
1 Aluna do 8º período de Letras Português/Inglês da INESV/UNIVEN – Instituto de Ensino Superior de Nova Venécia. 2 Aluna do 8º período de Letras Português/Inglês da INESV/UNIVEN – Instituto de Ensino Superior de Nova Venécia. 3 Aluna do 8º período de Letras Português/Inglês da INESV/UNIVEN – Instituto de Ensino Superior de Nova Venécia.
1 INTRODUÇÃO
“Sob a lua, num velho trapiche abandonado, as crianças dormem” (AMADO,
1982, p. 25). Essa é uma cena vista no cotidiano das cidades da década de 30.
As crianças dessa época, devido a problemas familiares, buscavam refúgio na
liberdade das ruas. Sobreviviam através do furto, com uma imaginação
aventureira, gozando de prazeres proibidos pela sociedade e prezando, acima
de tudo, o companheirismo do grupo.
De acordo com a classe social que ocupavam, eram vistas de forma
diferenciada, estando freqüentemente sob o julgamento da população. Esta,
com atos imprudentes, acabava prejudicando a formação daqueles que
realmente queriam ser considerados cidadãos, aumentando assim, a revolta e
a sede de vingança.
Um sistema capitalista e ditador somado à condição de ser dos menores
abandonados, leva à busca pelo companheirismo e apreciação da vida, pois,
de certa maneira, isso significa sentir o gosto de viver intensamente cada
segundo ao lado de quem realmente se identifica, quer pela semelhança de
ideais e aspirações, quer pelo sofrimento, demasiado igual para todos.
O autor retrata muito bem quando escreve: “[...] Amava o sol, a rua, a
liberdade” (Ibidem, p. 186).
Percebe-se que, apesar da época, esses são problemas constantes e próprios
da humanidade, que sempre se estrutura no egoísmo e na ambição. A
Literatura cumpre então seu ofício, refletindo o contexto histórico-social,
engajando-se na denúncia dos flagelos e nas mazelas sociais.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 OS MENORES ABANDONADOS X SOCIEDADE DA DÉCADA DE 30 ATÉ A
CONTEMPORANEIDADE.
Em seu contexto, Capitães da Areia introduz a vida dos meninos de rua
vagando por Salvador com autonomia de quem conhece tudo e todos.
Liderados por Pedro Bala, que desde o início torna-se um exemplo de “ser
humano” para o grupo, deixavam explícita a atitude guerreira e inteligente de
resolverem seus problemas.
“[...] Eram bem uns cem, e desses mais de quarenta dormiam nas ruínas do
velho trapiche” (Ibidem, p. 27): Sem-Pernas, Pirulito, Volta Seca, Boa Vida,
Professor, Gato, João Grande, Querido-de-Deus, onde cada um encontra seu
destino. Apesar de serem castigados pelo meio, procuravam suprir-se de forma
que seus sonhos fossem realizados.
Alguns eram conhecidos por pseudônimos:
Apelidaram-no de Professor porque num livro furtado ele aprendera a fazer mágicas com lenços e níqueis e também porque, contando aquelas histórias que lia e muitas que
inventava, fazia a grande e misteriosa mágica de os transportar para mundos diversos, fazia com que os olhos vivos dos Capitães da Areia brilhassem como só brilham as estrelas da noite da Bahia (IBIDEM, p. 30).
Essas crianças condenadas pela miséria viviam do furto, assim como se
observa, pois, atualmente, a situação crítica do país remete a uma realidade
marcada por inúmeras injustiças sociais, fazendo com que cidadãos brasileiros
comportem-se como mendigos. Concordamos com o autor visitado quando ele
diz que:
[...] professor doutor da Faculdade de Educação da USP Roberto da Silva, 42
[...] Após a separação dos pais, veio com a mãe e três irmãos de São José dos
Campos (SP) para São Paulo. Passaram fome e perambularam pelas ruas
durante quatro meses, até serem atendidos pelo Juizado de Menores, que
determinou a internação das crianças na Febem – na época (1964), a entidade
também abrigava menores carentes e abandonados (SALVO, 2003).
Crianças que não têm voz e nem vez, apresentam uma triste semelhança com
os Capitães da Areia, pois, segundo Gomes (1994, p. 20) “o romance
supervaloriza a humanidade das crianças e ironiza a ganância, o egoísmo das
classes dominantes”.
Mesmo sendo crianças, eram considerados homens, devido ao conhecimento
prematuro que lhes era oferecido como demonstra esse trecho, que descreve
João Grande (um dos membros):
É alto, o mais alto do bando, e o mais forte também, negro de carapinha baixa e músculos retesados, embora tenha apenas treze anos, dos quais quatro passados em absoluta liberdade, correndo as ruas da Bahia com os Capitães da Areia. AMADO (Op. cit., 1982, p. 28).
Logo, percebe-se uma exclusão por parte da sociedade “[...] Isso não são crianças, são ladrões. Velhacos, ladrões. Isso não são crianças. São capazes até de ser dos Capitães da Areia... Ladrões – repetiu com nojo” (IBIDEM, p. 73). Morando num velho trapiche, os meninos sentiram a necessidade de apoiarem-se um ao outro, como irmãos. Lamentam pela ausência de uma educação familiar e, sobretudo, pela falta do carinho, do amor materno. “Queria alegria, uma mão que o acarinhasse, alguém que com muito amor o fizesse esquecer o defeito físico e os muitos anos [...] que vivera sozinho nas ruas da cidade [...]” (Ibidem, p. 34).
Cardoso (1994, p. 25) faz uma análise sobre a temática abordada acima: “A necessidade
de afeto parece marcar decididamente as pobres crianças sem pai, nem mãe, o que faz o
Sem- Pernas, talvez o mais carente de todo o grupo, sentir-se angustiado devido à falta
de carinho.”
Convivendo com um espírito conflitante, estas crianças fazem com que o mundo reflita
sobre a situação antiga, mas que ainda se encontra viva em nosso meio.
Os policiais são apontados, no livro Capitães da Areia, não como defensores da justiça,
mas a favor da tortura, da marginalidade, pois agem como monstros, vêem através da
infelicidade alheia o prazer de sorrir.
[...] quando os soldados bêbados o fizeram correr com sua perna coxa em volta de uma saleta. Em cada canto estava um com uma borracha comprida. As marcas que ficaram nas suas costas desapareceram. Mas dentro dele nunca desapareceu a dor daquela hora. Corria na saleta como um animal perseguido por outros mais fortes. A perna coxa se recusava a ajudá-lo. E a borracha zunia nas suas costas quando o cansaço o fazia parar. AMADO (Op. cit., 1982, p. 34).
Essa não é a realidade apenas do livro de Jorge Amado e sim dos reformatórios atuais:
Relatório culpa governo paulista por violência policial. Elaborado por 13 entidades de direitos humanos e entregue à ONU, o documento diz que a multiplicação da violência policial [grifo nosso] é fruto da polícia estabelecida pela Secretaria de Segurança Pública do Estado. [...] O relatório também faz denúncias de torturas, maus tratos e mortes na FEBEM (Fundação do Bem Estar do Menor) e em estabelecimentos prisionais. “Não é à toa que essas execuções estão acontecendo. Os dados deste relatório são fruto da política estabelecida pelo Estado”, afirma Frederico dos Santos, do Movimento Nacional de Direitos Humanos, entidade que assina o documento. (BARBOSA, 2003).
Compreendendo a atitude de serem Capitães da Areia, o Padre José Pedro por
intermédio de Pirulito consegue infiltrar-se no bando, não para apoiá-los, mas para dar
assistência a pobres meninos abandonados, fazê-los refletir sobre suas ações, pois este
não era santo, sabia que não podia convertê-los, queria ser um amigo.
Ele queria se aproximar daquelas crianças não só para trazê-las para Deus, como para ver se havia algum meio de melhorar sua situação. Pouca influência tinha o Padre José Pedro. Não tinha mesmo influência nenhuma, nem tampouco sabia como agir para ganhar a confiança daqueles pequenos ladrões. Mas sabia que a vida deles era falta de todo carinho, era uma vida de fome e de abandono. E se o Padre não tinha cama, comida e roupa para levar até eles, tinha pelo menos palavras de carinho e, sem dúvida, muito amor no seu coração. AMADO (Op. cit., 1982, p. 65).
Assim, contrariando o alto clero, o Padre José Pedro era visto como um comunista.
_Cale-se. A voz do cônego era cheia de autoridade. _Quem o visse falar diria que é um comunista que está falando. E não é difícil. No meio dessa gentalha o senhor deve ter aprendido as teorias deles... O senhor é um comunista, um inimigo da igreja [...] (IBIDEM, p. 134).
Nessa visão, os comunistas da época eram reprimidos por um sistema socialista onde as
pessoas não poderiam expressar suas opiniões, ser contra a igreja e a política.
Um dos personagens do livro, “Pirulito”, identifica-se com a função religiosa, e em
breve cumprirá seu destino “No dia em que o Padre José começou a falar de Deus, do
céu, de Cristo, da bondade e da Piedade, Pirulito começou a mudar. Deus o chamava e
ele sentia sua voz poderosa no trapiche” (Ibidem, p. 99).
A dificuldade religiosa apresentada por Jorge Amado em Capitães da Areia não foi seu
último foco. Outra situação preocupante é o Sem-Pernas, como o próprio nome diz, ele
era coxo. “Era o espião do grupo, aquele que sabia se meter na casa de uma família uma
semana, passando por um bom menino perdido dos pais na imensidão agressiva da
cidade. Coxo, o defeito físico valera-lhe o apelido”. (Ibidem, p. 30).
Enganava as pessoas para tentar sobreviver e reprimido por elas era movido por um
sentimento de ódio. “Sangrava e ainda hoje ouve como os soldados riam e como riu
aquele homem de colete cinzento que fumava charuto” (IBIDEM, p. 34).
Ele já havia perdido a confiança nas pessoas. Não acreditava que elas fossem capazes de
acolhê-lo porque gostavam dele e sim porque tinha pena do defeito físico que possuía.
“Para o Sem-Pernas elas o acolhiam de remorso. Porque o Sem-Pernas achava que eles
eram todos culpados da situação de todas as crianças pobres. E odiava a todos, com um
ódio profundo” (Ibidem, p. 108).
Sabe-se que, a discriminação para com os deficientes ainda persiste. Crianças, jovens e
adultos continuam a serem vítimas de uma sociedade individualista e capitalista que não
os incluem como pessoas normais capazes de estudar e ter uma vida profissional digna.
Competências todos têm, falta-lhes espaço, oportunidade para desempenhá-las.
Ao enfrentar esses problemas sociais, os Capitães da Areia descobrem Dora e Zé Fuinha
vagando pela cidade. Estes perderam a mãe que, assim como muitos, foram vítimas da
Bexiga, doença que alastrava por toda Salvador. Esse trecho retrata com bastante ênfase
a visão discriminadora das pessoas em relação a Dora que, ao contrário de sua mãe, não
contraiu a doença. O medo e o preconceito afastavam Dora e Zé Fuinha do mundo.
_ A senhora tinha me prometido um emprego...
_ De que foi que Margarida morreu?
_ De bexiga, sim senhora.
Dora não sabia que dizendo aquilo tinha perdido a possibilidade do emprego.
_ De varíola?
[...] _ Dos Reis, passe um pano com álcool no portão, onde esta menina pegou. Não é bom brincar com varíola... (Ibidem, p. 147).
Dora, com seus treze anos, contribuiu para a união do grupo e principalmente para a
descoberta do amor. A única menina do membro, ela foi a inspiração para que os
desejos se realizassem. Todos a viam de um jeito, irmã, mãe, e para o chefe Pedro Bala,
esposa.
Pedro Bala, apenas com quinze anos, tinha garra para liderar o grupo e depois
encontrara em Dora não o prazer, mas o amor verdadeiro:
Desde cedo foi chamado assim, desde seus cinco anos. Hoje tem quinze anos. Há dez que vagabundeia nas ruas da Bahia. Nunca soube de sua mãe, seu pai morrera de um balanço. Ele ficou sozinho e empregou anos em conhecer a cidade. Hoje sabe de todas as ruas e de todos os seus becos. (Ibidem, p. 26).
Contudo, esse relacionamento não durou muito. Pedro Bala foi preso e levado para o
reformatório, lugar cuja caracterização assemelha-se à FEBEM.
A Febem (Fundação Estadual do Bem Estar do Menor) de São Paulo completou 30 anos na última sexta-feira (12) envolta em irregularidades e com pouco a comemorar. Nascida sob a repressão da ditadura militar em 1973, a instituição teve a “infância” e adolescência tão problemáticas quanto as dos menores que hoje
abriga – as primeiras denúncias de tortura e maus-tratos vieram à tona já em 1977. A passagem para a vida adulta não foi diferente, marcada por rebeliões com mortes como a de Imigrantes, em 1999, e os freqüentes motins das problemáticas unidades de Franco da Rocha. Em crise permanente, a instituição completa três décadas marcada pela política truculenta e violenta de encarceramento em grandes complexos, sem ter assimilado ainda as medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), promulgado em 1990. Trocou de presidente mais de 60 vezes. (SALVO, 2003).
Pedro Bala, que sempre lutava por liberdade, encontrava-se numa cafua:
Era um pequeno quarto, por baixo da escada, onde não se podia estar em pé, porque não havia altura, nem tampouco estar deitado ao comprido, porque não havia comprimento. Ou ficava sentado, ou deitado com as pernas voltadas para o corpo numa posição mais que incômoda. AMADO (Op. cit., 1982, p. 173).
Enclausurado pela angústia de não ver Dora, que se encontra num orfanato, Pedro Bala
é um jovem feliz, porque tem amigos, ama Dora e é livre para viver nas ruas. E essa
ansiedade que toma conta de seu espírito, esse companheirismo que se espalha pelos
Capitães da Areia fazem deles não um bando de marginais, mas um grupo organizado,
vivendo em coletividade com o entusiasmo de quem quer ser livre. Assim, Pedro Bala
não fica preso por muito tempo e resgata Dora, que depois de adoecer, falece em seus
braços.
Em torno é a paz da noite. Nos olhos mortos de Dora, olhos de mãe, de irmã, de noiva e de esposa, há uma grande paz. Alguns meninos choram. Volta Seca e João Grande vão levar o corpo. Mas, parado ante ele, está Pedro Bala, imóvel. Volta Seca não pode estender as mãos. João Grande chora como uma mulher. (IBIDEM, p. 191).
Naquele momento, “os homens” voltam a ser crianças, são pessoas sensíveis
que diante de uma situação de perda, choram.
A coletividade que movia o grupo fazia deles seres resistentes, persistentes.
Todos eram iguais, pois além da aparência de Capitães da Areia, foram
meninos, que minuciosamente divertiam-se observando, brincando,
aprendendo com a vida.
O Sem-Pernas botou o motor para trabalhar. E eles esqueceram que não tinham lar, nem mãe, que viviam de furto como homens, que eram temidos na cidade como ladrões. Esqueceram as palavras da velha de “lorgnon”. Esqueceram tudo e foram iguais a todas as crianças, cavalgando os ginetes do carrossel, girando com as luzes. (IBIDEM, p. 73).
Após redescobrirem o caminho para a liberdade, alguns dos integrantes dos
Capitães da Areia espalharam-se, mas sempre guardando com eles a amizade.
Professor, Pirulito, Pedro Bala foram exemplos de crianças sofridas que amadureceram e procuraram fazer uma revolução, inovando suas vidas. Transformaram seus sonhos em realidades. O Professor foi pintor, Pirulito, coroinha, Pedro Bala, sindicalista. “De punhos levantados, as crianças saúdam Pedro Bala, que parte para mudar o destino de outras. Barandão grita na frente de todos, ele agora é o novo chefe”. (IBIDEM, p. 230).
Volta Seca e Sem-Pernas não tiveram a mesma sorte. O primeiro, depois de
seguir Lampião, vira um cangaceiro temido e condenado à prisão:
O que não era verdade, como o próprio “Jornal da Tarde” noticiou tempos depois, ao relatar, em edições extraordinárias e sucessivas, o júri que condenou Volta Seca a trinta anos de prisão por quinze mortes conhecidas e provadas. (IBIDEM, p. 218).
Já o segundo, após um roubo, suicida-se jogando-se de uma montanha. “A
praça toda fica em suspenso por um momento. “Se jogou”, diz uma mulher, e
desmaia. Sem-Pernas se rebenta na montanha qual um trapezista de circo que
não tivesse alcançado o outro trapézio” (IBIDEM, p. 215).
Assim como o trágico destino de alguns personagens, hoje os jovens perdem-
se no meio de tantos conflitos e pela negligência e conscientização das
pessoas em ajudá-los, tornam-se criminosos:
Mas publicava também parte do relatório do médico-legista, cavalheiro de honestidade e cultura desconhecidas, já então um dos grandes sociólogos e etnógrafos do país, relatório que provava que Volta Seca era um tipo absolutamente
normal e que se virara cangaceiro e matara tantos homens e com tamanha crueldade não fora por vocação de nascença. Fora o ambiente... e vinham as devidas considerações científicas. (IBIDEM, p. 218).
O que também ocorre na FEBEM:
Passados 30 anos, a Febem continua tendo de lidar com altos índices de reincidência e criminalização. Dados do censo do sistema penitenciário revelam que 15% da população carcerária do Estado passou pelas unidades da Febem. Além disso, 19% dos 6.623 internos de hoje voltam à instituição depois que saem dela. (SALVO, 2003).
Contudo, Capitães da Areia é uma obra da 2ª Geração Modernista que se
destaca por abordar temas contemporâneos, denunciando a vida dos meninos
abandonados, num regionalismo apresentado por Jorge Amado, que denunciou
os problemas sociais ocorridos na época.
Maus-tratos, torturas e violência por parte de funcionários são os responsáveis por situar a Febem em vários relatórios de violações de direitos humanos de organizações internacionais e entidades civis. (SALVO, 2003).
E esses problemas denunciados pelo escritor, infelizmente, persistem na
atualidade. A metodologia de recuperação de menores precisa ser urgente e
profundamente revista por profissionais capacitados, sob uma administração
eficaz.
3 CONCLUSÃO
A obra Capitães da Areia revela um quadro de um país que vem sofrendo, há
vários séculos, com um sistema social perverso. Acontece uma transferência
de responsabilidade, envolvendo autoridades que nada fazem para mudar essa
situação.
Com relação à educação dos menores da Febem, o advogado Ariel de Castro
Alves (2003) relata que “o Estado está reconhecendo que até hoje não teve
competência para educar esses menores”.
O país precisa urgentemente de tomar providências, pois, problemas histórico-sociais ainda persistem por falta de vontade política e solidariedade ao próximo.
4 REFERÊNCIAS
1. AMADO, Jorge. Capitães da Areia. Rio de Janeiro: Record, 2004. 2. BARBOSA, Bia. Extermínio – Relatório culpa governo paulista por violência
policial. Disponível em: <http://www.agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?coluna=reportagens8id=1186. Acesso em 30/05/2005.
3. GOMES, Álvaro Cardoso. Capitães da Areia: Jorge Amado. São Paulo:
Ática, 1994. (Coleção Roteiro de Leitura). 4. SALVO, Maria Paola de. Dossiê Febem. Disponível em:
<http://www.agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?coluna=reportagens8id=1186. Acesso em 30/05/2005.
5. ______ . Febem tortura Estatuto da Criança e do Adolescente.
Disponível em: <http://www.agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?coluna=reportagens8id=1186. Acesso em 30/05/2005.
6. ______ . Estado se mostra ausente para a solução dos problemas.
Disponível em: <http://www.agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?coluna=reportagens8id=1186. Acesso em 30/05/2005.