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21 Animais invertebrados Introdução Vamos estudar, nas próximas aulas, al- guns grupos de animais invertebrados. Não se esqueça de que essa nomenclatura (inver- tebrados) não é utilizada como classificação biológica, mas sim como uma maneira mais fácil de agrupar os animais que possuem co- luna vertebral. Entre os principais invertebra- dos, podemos citar os poríferos (esponjas), os celenterados (água-viva e anêmonas), os platelmintos (tênia e esquistossomo), os nematelmintos (lombriga e ancilóstomo), os anelídeos (minhocas e sanguessugas), os moluscos (caracol, polvos, lulas e ostras), os artrópodes (insetos, aracnídeos e crustá- ceos) e os equinodermos (estrela-do-mar e ouriço-do-mar). Esses animais possuem al- gumas características em comum e outras exclusivas. Ao longo do tempo, foram esses seres que colonizaram e dominaram o plane- ta Terra. Vale a pena conhecer alguns desses fascinantes grupos de animais. Filo dos moluscos Mollusca (do latim mollis, mole) é o segun- do maior filo do Reino Animalia em número de espécies descritas, mais de 150 mil, ficando atrás apenas do filo dos artrópodes neste que- sito. Ele reúne animais com corpo de consis- tência macia e geralmente protegido por uma concha calcária, que é o principal meio para a diferenciação das classes. A maioria das es- pécies de molusco vive no mar, principalmen- te em águas rasas ao longo do litoral, mas há espécies de água doce e de terra firme. São moluscos bem conhecidos, como ostras, mexilhões, caramujos, lesmas, caracóis, lulas e polvos. Os moluscos têm simetria bilateral, são triblásticos e apresentam celoma. (AMA- BIS; MARTHO, 2012. Com adaptações) Polvo – Octopus macropus Ostras – Crassostrea gigas Filo dos artrópodes Os artrópodes correspondem ao maior grupo de animais encontrados no planeta. Eles são assim chamados por apresentarem patas articuladas, o que permitiu um grande sucesso evolutivo, tanto no deslocamento para procura de alimentos quanto para fugir de predadores naturais. Outra característica marcante nesse grupo de invertebrados é a presença de um esqueleto externo (exoes- queleto) rico em um carboidrato denominado quitina, que protege o corpo desses animais contra a radiação e a desidratação. As principais classes dentro do filo dos ar- trópodes são: crustácea (camarões, lagostas, siris e caranguejos), quelicerata (escorpiões, aranhas e ácaros) e a unirramia (insetos, qui- lópodes e diplópodes). Entre eles, podemos observar diferenças na divisão dos principias segmentos do corpo (cabeça, tórax e abdo- me), também em alguns apêndices do corpo e na fisiologia circulatória, respiratória e ex- cretora. Capítulo 3

Capítulo 3 Animais invertebrados - … · se esqueça de que essa nomenclatura (inver - ... os celenterados (água-viva e anêmonas), ... Animais vertebrados

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Animais invertebradosIntrodução

Vamos estudar, nas próximas aulas, al-guns grupos de animais invertebrados. Não se esqueça de que essa nomenclatura (inver-tebrados) não é utilizada como classificação biológica, mas sim como uma maneira mais fácil de agrupar os animais que possuem co-luna vertebral. Entre os principais invertebra-dos, podemos citar os poríferos (esponjas), os celenterados (água-viva e anêmonas), os platelmintos (tênia e esquistossomo), os nematelmintos (lombriga e ancilóstomo), os anelídeos (minhocas e sanguessugas), os moluscos (caracol, polvos, lulas e ostras), os artrópodes (insetos, aracnídeos e crustá-ceos) e os equinodermos (estrela-do-mar e ouriço-do-mar). Esses animais possuem al-gumas características em comum e outras exclusivas. Ao longo do tempo, foram esses seres que colonizaram e dominaram o plane-ta Terra. Vale a pena conhecer alguns desses fascinantes grupos de animais.

Filo dos moluscos

Mollusca (do latim mollis, mole) é o segun-do maior filo do Reino Animalia em número de espécies descritas, mais de 150 mil, ficando atrás apenas do filo dos artrópodes neste que-sito. Ele reúne animais com corpo de consis-tência macia e geralmente protegido por uma concha calcária, que é o principal meio para a diferenciação das classes. A maioria das es-pécies de molusco vive no mar, principalmen-te em águas rasas ao longo do litoral, mas há espécies de água doce e de terra firme. São moluscos bem conhecidos, como ostras, mexilhões, caramujos, lesmas, caracóis, lulas e polvos. Os moluscos têm simetria bilateral, são triblásticos e apresentam celoma. (AMA-BIS; MARTHO, 2012. Com adaptações)

Polvo – Octopus macropus

Ostras – Crassostrea gigas

Filo dos artrópodes

Os artrópodes correspondem ao maior grupo de animais encontrados no planeta. Eles são assim chamados por apresentarem patas articuladas, o que permitiu um grande sucesso evolutivo, tanto no deslocamento para procura de alimentos quanto para fugir de predadores naturais. Outra característica marcante nesse grupo de invertebrados é a presença de um esqueleto externo (exoes-queleto) rico em um carboidrato denominado quitina, que protege o corpo desses animais contra a radiação e a desidratação.

As principais classes dentro do filo dos ar-trópodes são: crustácea (camarões, lagostas, siris e caranguejos), quelicerata (escorpiões, aranhas e ácaros) e a unirramia (insetos, qui-lópodes e diplópodes). Entre eles, podemos observar diferenças na divisão dos principias segmentos do corpo (cabeça, tórax e abdo-me), também em alguns apêndices do corpo e na fisiologia circulatória, respiratória e ex-cretora.

Capítulo 3

2ª série22

Animais invertebradosFilo dos equinodermos

Os equinodermos são animais que, de acordo com seu nome, possuem espinhos (equino) na pele (derme). Isso mesmo, es-ses animais possuem um esqueleto interno e uma fina camada de pele que recobre esse esqueleto, no qual se originam projeções pon-tiagudas, algumas maiores, outras menores, dependendo da espécie de equinodermos. Os principais representantes são estrelas-do-mar, ouriço-do-mar e bolacha-da-praia. Reparou que todos possuem seus nomes fa-zendo referência ao mar? Isso porque todos os representantes desse grupo são aquáticos marinhos, o que quer dizer que você nunca encontrará um equinodermo naturalmente em rios e lagoas de água doce.

Nesses animais, o sistema digestório é completo, com a boca se desenvolvendo a partir do blastóporo, depois do ânus, o que permite a classificação desses animais em deuterostômios. Essa característica embrio-nária está presente também nos cordados. Na boca dos equinodermos, é possível visu-alizar uma estrutura endurecida, denominada lanterna de Aristóteles, que é utilizada para quebrar conchas de moluscos, que são suas principais presas. Outro destaque fisiológico dos equinodermos é a presença de um sis-tema aquífero de distribuição de água, gases respiratórios e nutrientes, denominado siste-ma ambulacrário ou ambulacral, formado por uma abertura denominada placa madrepórica e uma série de canais internos (canal pétreo, canal circular, canais radiais e ampolas). Es-ses canais são utilizados para a distribuição de nutrientes, de gases respiratórios e tam-bém para locomoção.

Bolacha-da-praia - Encope emarginata

Estrela-do-mar

Ouriço-do-mar

Capítulo 3

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Moluscos

Objetivos

• Conhecer os principais grupos de moluscos. Saber as principais diferenças e semelhan-ças anatômicas e fisiológicas entre eles.

Materiais necessários

• Espécimes de moluscos obtidos em peixarias e supermercados, e guardados em cole-ções zoológicas.

Procedimentos

a) Observe a anatomia externa dos animais e complete a tabela do exercício 1.b) Verifique a presença e o número de conchas em cada animal.c) Observe o animal com auxílio da lupa estereoscópica.d) Você deverá observar ao menos dois animais.

Questões propostas

1. Complete a tabela abaixo.

Classe Nome vulgar

Número de conchas

Presença de rádula (sim

ou não)

Tipo de circu-latório (aberto ou fechado)

Pigmento respiratório

(hemoglobina ou hemocianina)

GastrópodesBivalvesCefalópodes

2. Por que os bivalves são os únicos moluscos que não apresentam rádula?

3. Existem gastrópodes terrestres e aquáticos. Relacione o tipo de sistema respiratório com o ambiente de cada um.

a) Aquáticos:b) Terrestres:

4. Qual a função da tinta liberada por alguns cefalópodes?

5. Como os moluscos liberam suas excretas nitrogenadas?

Anotações

Experimento 8

2ª série24

Artrópodes

Objetivos

• Mostrar a relação existente entre o es-tudo filogenético e as práticas humanas cotidianas.

• Reconhecer os padrões de classifica-ção usados nos seres vivos, especifi-camente nos artrópodes.

• Conhecer as características gerais dos artrópodes.

• Reconhecer a importância da entomo-logia forense para a vida dos seres hu-manos.

Materiais necessários

• Exemplares de artrópodes conserva-dos no laboratório.

Procedimentos

1ª Parte:

a) Os alunos assistirão a um vídeo introdutó-rio sobre a prática forense.

2ª Parte:

a) Realização da classificação dos artrópo-des com base em suas características morfológicas básicas.

b) Simulação de uma investigação policial para um crime de homicídio.

Grupos Aracnídeos

Divisão do corpo Cefalotórax e abdome

Número de patas 4 paresNúmero de antenas -

Quelíceras 1 parPedipalpos 1 parMandíbulas -Exemplos

Grupos Crustáceos

Divisão do corpo

Cabeça, tórax e abdome ou

Cefalotórax e abdome

Número de patas Vários paresNúmero de antenas 2 pares

Quelíceras -Pedipalpos -Mandíbulas 1 parExemplos

Grupos Insetos

Divisão do corpo Cabeça, tórax e abdome

Número de patas 3 paresNúmero de antenas 1 par

Quelíceras -Pedipalpos -Mandíbulas 1 parExemplos

Grupos Diplópodes

Divisão do corpo Cabeça, tórax e abdome

Número de patas 2 pares por segmento do abdome

Número de antenas 1 par (curtas)Quelíceras -Pedipalpos -Mandíbulas 1 parExemplos

Grupos QuilópodesDivisão do corpo Cabeça e tronco

Número de patas 1 par por segmento do tronco

Número de antenas 1 par (longas)Quelíceras -Pedipalpos -Mandíbulas 1 parExemplos

Experimento 9

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Artrópodes

Questões propostas

(UNESP) Moscas podem dizer onde, quan-do e como uma pessoa morreu.

As moscas são as principais estrelas de uma área relativamente nova no Brasil, a entomo-logia forense. A presença de insetos necrófa-gos em um cadáver pode dar pistas valiosas sobre a hora da morte ou o local do crime...

(Insetos Criminalistas. Unesp Ciência, set. 2009. Adaptado.)

Crime 1

O cadáver foi encontrado na zona rural e apresentava larvas, mas não ovos, de uma espécie de mosca que só ocorre na zona ur-bana. Apresentava também ovos e larvas de uma espécie de mosca típica da zona rural. No solo ao redor do cadáver, não havia pupas dessas espécies.

1. O crime ocorreu na zona rural ou na zona urbana? Justifique.

2. Considerando que cada etapa da meta-morfose da mosca leva uma semana para ocorrer, há quanto tempo o crime ocorreu?

Crime 2

O cadáver foi encontrado na zona urbana, em um matagal. No corpo havia ovos e larvas de moscas comuns na região, e pupas esta-vam presentes no solo ao redor do cadáver. Ao lado do corpo foi encontrado um artrópode que possuía quelíceras e que foi coletado pe-los peritos para análise.

1. Suponha que o artrópode encontrado, ao lado do corpo, tenha sido o responsável pela morte da vítima. Indique qual o grupo do ani-mal encontrado e quantos pares de patas ele possuía.

2. Considerando que cada etapa da meta-morfose da mosca leva uma semana para ocorrer, há quanto tempo o crime ocorreu?

Crime 3

O cadáver foi encontrado na zona urbana, em área residencial, em um terreno pavimen-tado. Sobre o cadáver, poucos ovos de mos-cas, mas nenhuma larva encontrada.

1. É possível que um artrópode que possua dois pares de antenas e vários pares de patas seja encontrado no local do crime? Justifique.

2. Considerando que cada etapa da meta-morfose da mosca leva uma semana para ocorrer, há quanto tempo o crime ocorreu?

Anotações

Experimento 9

2ª série26

Animais vertebradosIntrodução

Os vertebrados são os principais represen-tantes do filo dos cordados, entre os quais en-contramos os peixes, os anfíbios, os répteis, as aves e os mamíferos. Todos eles, pelo me-nos na fase embrionária, possuem notocorda, cordão nervoso dorsal, e fendas branquiais na faringe e cauda. Alguns continuam pos-suindo essas características durante a vida adulta, em outros ocorrem modificações.

Os peixes podem ser divididos em dois grandes grupos: os condríctes e os osteíctes, ambos são muito bem adaptados ao ambien-te em que vivem e possuem semelhanças e diferenças.

Os anfíbios são divididos em três principais grupos: os anuros (sapos, pererecas e rãs), os caudatos (salamandras) e os urodelos (ce-cílias). Entre eles, os anuros são mais repre-sentativos e comuns nos ambientes utilizados pelos seres humanos. Esses animais, em sua maioria noturnos, possuem uma pele muito permeável e vascularizada, cheia de glân-dulas de veneno. Além disso, eles possuem um comportamento fonético único para cada espécie. Essa vocalização em anfíbios apre-senta diferentes funções, como, a atração do parceiro sexual, a tentativa de fuga e aviso de perigo.

Ofidismo

Provavelmente você deve estar se pergun-tando: o que é ofidismo? O termo relaciona-se com o estudo do grupo dos répteis ofídios, também denominados serpentes ou cobras. E se você nunca encontrou uma, pode ser que, em um belo dia, esse encontro acon-teça, afinal, moramos em um bioma em que jararaca, cascavel, coral verdadeira, coral falsa, cobra-cipó, sucuri e jiboia podem ser encontradas em um passeio por áreas mais preservadas ou alteradas por ação antrópica. E o melhor que você pode fazer, se esse en-contro ocorrer, não é sair correndo desespe-rado, gritando, como se o mundo estivesse por acabar, e sim manter a calma e através do conhecimento que obterá nesta aula, to-mar as devidas providências seguras para evitar acidentes.

Nenhuma cobra corre atrás de seres huma-nos. Se isso ocorrer, provavelmente é porque

ela está fugindo no mesmo sentido em que você está correndo. Como esses animais, em geral, rastejam e possuem uma coloração pa-recida com a do ambiente, enxergá-las torna-se difícil, motivo principal dos acidentes com seres humanos que, mexendo com entulhos, limpando terrenos ou caminhando por uma trilha, pisam ou colocam a mão sem querer em serpentes.

Esses animais, quando ameaçados, po-dem tentar se defender utilizando a boca, que, aliás, está cheia de dentes que, depen-dendo da espécie, podem servir para inocular toxinas produzidas por glândulas de veneno. Isso mesmo, os dentes funcionam como agu-lhas, para injetar o veneno na corrente san-guínea de quem for mordido.

Se você for passear em possíveis áreas de encontro com serpentes, siga algumas dicas de especialistas para prevenir acidentes com esses e outros animais peçonhentos:

• Use gravetos ou pedaços de pau para remexer buracos, folhas secas ou tron-cos ocos.

• Observe ao redor antes de apanhar ob-jetos ou coletar material ou animais no chão, em arbustos ou árvores.

• Em locais com muitos troncos e em frestas de rochas, nunca use a mão para apanhar objetos ou pequenos ani-mais.

• Ande com calma, atenção e serieda-de.

• Antes de entrar em matas, é necessário parar um pouco, deixar a visão adap-tar-se a penumbra do local, permitindo, assim, enxergar melhor onde pisar ou por onde seguir.

• Use luvas de couro e mangas de prote-ção nas atividades que oferecem risco para os membros superiores (obs.: são mais apropriados no caso de aranhas e escorpiões, sendo menos eficiente para cobras).

• Não sente ou deite no chão antes de analisar o local.

Em caso de acidentes com serpentes, os especialistas recomendam levar o paciente imediatamente ao hospital para aplicação do soro antiofídico próprio. Enquanto o leva ao hospital:

Capítulo 4

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Animais vertebrados• Mantenha o acidentado deitado e em

repouso, pois a locomoção facilita a ab-sorção do veneno.

• Mantenha o membro picado acima do nível do coração.

• Mantenha o acidentado hidratado.• Não se deve cortar ou perfurar o local

da picada, isso pode favorecer hemor-ragias e infecções.

• Tente identificar a cobra que causou o acidente. Se não souber identificá-la, tente tirar uma foto e a leve ao hospital para que possam reconhecê-la.

Na região que compreende Distrito

Federal e entorno, são três os tipos de cobras peçonhentas que você poderá encontrar: jararaca (gênero Bothrops), cascavel (gênero Crotalus) e coral verdadeira (gênero Micrurus), sendo a primeira a mais comum e a que causa o maior número de acidentes ofídicos no Brasil. Para identificar e diferenciar essas serpentes, as principais características que podem ser observadas na jararaca e na cascavel são as escamas pequenas na parte de cima da cabeça, a parte superior e lateral do corpo recoberta por escamas em forma de quilha (semelhantes a casca de arroz), dentes inoculadores grandes e móveis, denominados solenóglifos e fosseta loreal (órgão localizado entre os olhos e as narinas, que possui função de possibilitar a esses animais uma visão infravermelha – eles podem enxergar no escuro desde que o objeto a ser visto tenha uma temperatura maior que a do ambiente). A grande diferença visual entre a jararaca e a cascavel é a presença de um chocalho (guizo) no final da cauda da cascavel, e ausente nas jararacas. As corais verdadeiras são bem diferentes, elas possuem cabeça arredondada, coberta de grandes escamas (placas), dentes inoculadores de veneno pequenos e fixos, denominados proteróglifos, corpo recoberto por três anéis pretos separados por dois brancos ou amarelos entre os anéis vermelhos. Esses anéis dão a volta completa no corpo do animal. Os olhos são muito pequenos (tamanho semelhante ao da cabeça de um alfinete) e a cauda curta e grossa.

Jararaca. Detalhe da cabeça com a fosseta loreal

Cascavel. Detalhe do chocalho no final da cauda

Coral verdadeira. Repare nos três anéis pretos e dois brancos entre os mais largos

vermelhos.

Capítulo 4