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CAPITULO 4
A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA E DA RELIGIÃO
4.1. A Ética do Capelão
O objetivo da dissertação não é discutir ética. Definições do termo existem
várias. Filósofos a definiram de acordo com seu ponto de vista tendo como pano de
fundo suas épocas. Embora seja um assunto que foi criado há muito tempo e
desenvolvido ao longo dos anos ela é de uma contemporaneidade patente.
A palavra Ética é originada do grego ethos, (modo de ser, caráter) através do latim mos (ou no plural mores) (costumes, de onde se derivou a palavra moral). Em Filosofia, Ética significa o que é bom para o indivíduo e para a sociedade, e seu estudo contribui para estabelecer a natureza de deveres no relacionamento indivíduo - sociedade. WIKIPÉDIA, a enciclopéida Livre. Disponível em: http://pt.wikipedia. org/wiki/%C3%89tica. Acesso em: 6. out.2008 (grifo do autor)
Mesmo sendo Sócarates (470–399 a.C.) o pai da ética é com Aristóteles ( 384
– 322 AC) que ela toma corpo: “Ética, fim último do homem é a felicidade. A
felicidade resulta do desenvolvimento harmônico das tendências de um ser, do
exercício da atctividade que o especifica. Ora, a actividade especifica do homem é a
razão, a inteligência” (S.J. FRANCA, 1921, p.42).
Dentro do trabalho do capelão há liberdade para desenvolver a instrução
religiosa de forma que não interfira ou desmereça a instrução de outro capelão. Se a
ética leva o indivíduo a um bom relacionamento com a sociedade o capelão é o
instrumento (modo de ser, bons costumes), se tornando o maior exemplo dentro do
Exército Brasileiro como força consolidadora que aprimora as energias morais
através da instrução religiosa. O capelão deve ter consciência de que o importante
não é pregar religião, conceitos doutrinários e liturgicos, mas fortalecer as almas dos
militares, pois conforme Capelão Walter Mello “quanto maior a preparação religiosa
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(espiritual) qualquer ser humano e em quaisquer situações sempre estará, também,
melhor preparado para enfrentar as intempéries da vida”. (entrevista: Capelão Walter
Mello, Brasília-DF, 2008)
É vedado ao capelão fazer proselitismo dentro do quartel. Quando este fato
ocorrer o chefe maior do quartel pode interferir no trabalho do capelão. Conforme
entrevista com o Cel. Capelão Emídio “o chefe do quartel só poderá interferir se
houver um problema de relacionamento entre capelão e a tropa, por exemplo o
proselitismo [...] em todo trabalho no quartel tem que ter a anuência do comandante”.
(entrevista: Coronel Capelão Emídio – 26/10/08 – SAREx – Brasília-DF). Através da
ética, do modo de ser e viver do capelão é que inspirará os homens a uma vida de
compromisso com Deus e com o Estado.
Figuras 18 e 19. Fotos – Coronel Capelão Antonio Emídio Gomes Neto Chefe do SAREx e
Juntamente com o mestrando Ubiratan Nelson Crivelari – Brasília DF Fotos de propriedade do pesquisador (2008)
4.2. A Importância da Religião
Quando se reporta à religião observa-se o que diz uma portaria do Exército
Brasileiro, quanto à finalidade do trabalho de Capelania:
A assistência religiosa tem por objetivo a elevação do moral individual dos integrantes do Exército e um convívio fraternal e harmonioso do homem, tanto em sua organização militar como em seu ambiente familiar e comunitário. (PORTARIA n. º 115 § 1º). DGP, 10 de junho de 2003.
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Um dos meios que promove a integração social, o relacionamento
interpessoal e também o desenvolvimento do homem psíquico e emocionalmente é
a religião, razão tal para que o Exército Brasileiro tenha uma portaria que define tal
relevância. Embora pareça trágica a declaração de Santo Agostinho quando ele trata
da situação do homem “Confessa que tudo quanto tens de bom em ti mesmo vem de
Deus; tudo quanto de mal, de ti mesmo. Nada é nosso, senão o pecado” (1995, p.
234), e reforçado pela visão de Rudolf Otto (1869-1927) que quanto maior é o
contato da criatura com o numinoso23 mas o homem chega a conclusão de que é
nada explorando o conceito de Schleiermacher de “sentimento do estado de
criatura”:
Dependência, no sentido do que disse Schleiermacher: “sentimento do estado de criatura”. O sentimento da criatura que se abisma no seu próprio nada e desaparece perante o que está acima de toda a criatura. (OTTO, 1985, p.19).
As citações elencadas demonstram uma realidade que é fria e séria. Há de
fato uma distância entre o criador e a criatura. As Escrituras demonstram tal
situação. Sobre essa abissal distância Calvino disse sobre o homem: “É ele um ser
desnaturado, privado de sua majestade primitiva, desfigurado pelo pecado”24 Na
visão de Rudolf Otto (1869-1927), em seu livro O Sagrado (1985) quanto mais se
busca pelo numinoso, mais consciente o homem fica da distância existente entre ele
e criador e a necessidade de dependência.
Jung25 entendia religião como:
diz o vocábulo latino religere – uma acurada e conscienciosa observação daquilo que Rudolf Otto acertadamente chamou de `numinoso`, isto é, uma existência ou um efeito dinâmico não causados por um ato arbitrário. Pelo contrário, o efeito se apodera e
23 Segundo o Dicionário Brasileiro, Numinoso, qualificativo dado, na filosofia da religião de R. Otto, a estado religioso da alma inspirados pelas qualidades transcendentais da divindade. 24 Biéler, André. O Pensamento Econômico e Social de Calvino. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana S/C, 1990, p.265. 25 Carl Gustav Jung, psicólogo e pensador suíço. Nasceu em Kesswil em 1875 e morreu a 6 de junho de 1961, aos 86 anos, em Zurique. Médico aos 25 anos, na exploração psicológica do Inconsciente descobriu os chamados “complexos afetivos”, quando da realização de várias experiências sobre as “associações verbais”. Conheceu Sigmund Freud em 1907 de quem se tornou amigo e devoto colaborador. Em 1911 publicou “Transformações e símbolos da libido” – obra que marcou a ruptura definitiva com Freud. (EDIPE, 1987, p.2042).
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domina o sujeito humano, mais sua vítima do que seu criador (JUNG, 1983, p.3).
Entende-se então que qualquer que seja a causa o numinoso constitui do
sujeito uma condição, sendo independente de sua vontade. A religião é algo real e
que está ligada a uma causa externa ao indivíduo, pois a religião além de ser
fenômeno, sociológico ou histórico, é um assunto importante para um grande
número de pessoas. Registra-se aqui uma tentativa de definição e conceito (tentativa
porque o próprio Rudolf Otto diz em seu livro “O Sagrado” não pode ser
desenvolvido por conceitos) para o termo “numinoso” com vistas a um
esclarecimento melhor da definição de Jung, a saber:
Com base no termo latino “numem”, referindo-se à qualidade misteriosa, terrível, aterrorizadora e sagrada da deidade [...] ele associava esse termo ao Mysterium Tremendum et Fascinans. E mediante o uso de tais termos, procurava enfatizar quão pouco realmente sabemos sobre a natureza de Deus. (CHAMPLIN; BENTES, 1991, p.555).
Para Jung a religião era uma atitude da mente, uma observação cuidadosa
em relação a certos poderes espirituais, demoníacos, deificados, com a capacidade
de atrair a atenção, subjugar, ser objeto de reverência ou de passiva obediência e
incondicional amor. Pode-se dizer então entender religião como a atitude peculiar a
uma consciência, que foi transformada pela experiência obtida com o numinoso.
Pode-se compreender que o conceito que Jung tem de religião não é daquela forma
dogmática, teológica como qualquer ministro do evangelho tem, mas como
experiência religiosa do divino ou transcendental.
Por outro lado Sigmund Freud (1856-1950) faz várias críticas à religião. Ele
acusa a religião de três grandes males:
1 – Nela os homens são mantidos na imaturidade. Como crianças com medo que
procuram proteção junto a seus pais (ZIRKER, 2007). Elas ainda não são
responsáveis, só se tornarão quando libertarem-se de seus progenitores, tornando-
se autônomas e livres. Na visão de Freud, Deus é que aparentemente faculta aos
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homens que eles posam permanecer como crianças e não precisem tornar-se
adultos. Perigos e misérias não podem ser afastados da religião; ele entende que a
religião tem sua parcela, mas que o homem não deve depender dela para todo
sempre. Só poderá se libertar de suas teias se ele se desenvolver racionalmente - a
religião é “útil para diversas pessoas, mas que está destinada a desaparecer no
futuro, com o advento de maior consciência crítica, sobre bases racionais”.26
2 – A religião significa para Freud o mais extremo domínio do pensamento desejoso,
isto é, as pessoas “imaginam coisas divinas, para não posicionar-se ante seu
mundo. Elas se entregam à ilusão, elas recorrem à religião como a um ópio”27.
3 – Freud vê a religião comparando-a a uma enfermidade psíquica – a neurose –
pessoas quando estão perturbadas procuram uma proteção perigosa: vão a um
lugar estável as coisas que as circundam, submetendo-se a regras estranhas com
pessoas perturbadas. Fazem isso por não ter aprendido a entender-se com seu
mundo. A religião teria promessas de consolo solução para todo tipo de problemas.
Se o homem buscar solução e recursos religiosos, haverá de receber um consolo
ilusório, mesmo que tenha acabado de sair da neurose individual, apenas para cair
na neurose coletiva28.
Segundo Freud todas as doutrinas religiosas:
São ilusões e insuscetíveis de prova. Ninguém pode ser compelido a achá-las verdadeiras, a acreditar nelas. Algumas são tão improváveis [...] que podemos compará-las – se considerarmos de forma apropriada as diferenças psicológicas – a delírios. (FREUD, 1978, p.108).
São tantas as interpretações e definições sobre religião, seus significados,
algumas difíceis de entender e outras dependendo do contexto parecem não ter
sentido. Mas como entender religião tendo como instrumento o capelão para que o
militar, seja ele até mesmo de pouco entendimento possa desenvolver uma vida
26 Cipriani, Roberto. Manual de sociologia da religião. São Paulo: Paulus, 2007. p.138 27 Zirker, Hans. A Crítica de Freud à religião. Entrevista a IHU On-line:Revista do Instituto Humanista Unisinos. 2006. edição 2007, www.unisinos.br/ihu. Acesso em: 25 out. 2007. 28 Ibid
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ascese para que ele possa cogitar suas convicções religiosas? Merval Rosa em seu
livro “Psicologia da Religião” (1979) faz várias colocações citando John Drakeford
declarando que a religião é de suma importância na vida do indivíduo oferecendo-lhe
tanto saúde mental como espiritual:
A religião pode oferecer ao homem um sentido de segurança cósmica. O homem moderno sente-se isolado no mundo. Essa isolação faz com que ele veja o universo em que vive como essencialmente hostil. (ROSA, 1979, p. 234)
O homem necessita de algo que possa lhe oferecer segurança para que se
sinta bem neste mundo cheio de crises. A religião deve dar ao homem o sentido de
unidade com o universo, isto é, tudo aquilo que está ao seu redor. O soldado que
deixa sua família a quilômetros de distância encontrará na religião e na instrução
religiosa uma fonte de equilíbrio emocional, resistência física quanto ao trabalho
que terá que realizar no quartel bem como desenvolvimento de amizades saudáveis,
criando-se assim um corpo forte de soldados, pois nos próximos anos serão eles
mesmos suas famílias.
“A religião pode oferecer motivação para a vida” 29. A religião é criticada por
levar o homem a se preocupar com a vida futura. Essa é a crítica por excelência feita
pelos marxistas. Dizem que a religião, preocupando-se com a vida além, tende a
negligenciar a vida do lado de cá. Neste sentido ela é uma espécie de ópio30.
Na visão dos marxistas o homem na incapacidade de resolver seus
problemas, lança todos seus problemas e frustrações nas mãos de Deus.
Reforçando tal idéia como vimos acima, a religião para Freud mantém os homens na
imaturidade. Como crianças com medo que procuram proteção junto a seus pais.
Chegam à conclusão que a religião se torna um escapismo para o homem. Cremos
que uma forma imatura de religião pode produzir tal efeito. Mas, cremos também que
uma boa experiência religiosa pode mudar o curso da existência do ser humano. Se
29 ROSA, Merval. Psicologia da Religião. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1979. p.235. 30 Ibid. p. 235
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a instrução religiosa for bem desenvolvida o capelão levará a consciência o militar a
uma vida madura no que tange a vida espiritual.
A religião ajuda o homem a aceitar-se a si mesmo [...] Uma profunda experiência religiosa leva o homem a aceitar sua própria finitude e esta aceitação é capaz de levá-lo a evitar suas ansiedades irracionais. (ROSA, 1979, p. 235).
A instrução religiosa leva o homem a uma reflexão interior em que ele chega
a conclusão que necessita de Deus levando-o a ter uma segurança no futuro. A
ansiedade quebra qualquer vinculo seja de amizade, serviço, profissão levando o
homem a uma neurose. A religião conduz o homem a um controle dessa ansiedade,
levando-o a consciência de que ele é limitado fazendo dele um ser melhor em todas
as área da vida. “A religião oferece estabilidade emocional para os tempos de crises
na vida. Todo homem normal tem crises na vida”31. Quase todo comportamento é
aprendido como resultado da experiência pessoal, ensino dos pais e de outras
pessoas influentes. Quando as experiências pessoais excedem o ensino adquirido
ela entra em crise e como ROSA disse, todo mundo tem crises na vida. A religião
tem um papel importante na vida das pessoas, pois elas, através da instrução
religiosa podem resistir melhor às pressões emocionais.
O capelão, preparado, consciente em sua instrução não depositará fé na
instituição que pertence como instrumento de auxílio àqueles que estão em crise. O
militar em crise é auxiliado pela instrumentalidade do capelão que deverá expor a
graça divina. A pessoa em crise precisa sentir-se protegida, amada, amparada e
isto só pode acorrer por um Ser maior, Deus, e não pelo capelão. Segundo Romeiro
(2005), em seu livro “Decepcionados com a Graça”, ele faz uma abordagem preciosa
comentando sobre o termo “graça” no Antigo Testamento (no hebraico hçn) em que
cita R. Laird Harris:
Um outro autor observa que o uso da palavra hçn esclarece o sentido da “graça na história e nas ações”. O termo graça é usado quando o mais forte socorre o mais fraco que precisa de ajuda por causa das circunstâncias ou de sua fraqueza. Segundo ele, a graça age pela
31 ROSA, Merval. Psicologia da Religião. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1979. p.236.
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decisão voluntária (não pode ser forçada), impulsionada pela dependência ou súplica da parte fraca. (ROMEIRO, 2005, p. 167).
Esta é a missão do capelão, oferecer aquilo que ele tem de melhor. Como
portador da graça, oferecer concórdia ao coração aflito.
A religião oferece ao homem uma comunidade terapêutica [...] O homem precisa pertencer a um grupo de seres humanos com os quais possa comunicar-se no nível profundamente pessoal. (ROSA, 1979, p. 236).
Figuras -20 e 21 -Templo Ecumênico do Soldado – Brasília-DF.
Fotos de propriedade do pesquisador (2008).
A religião cumpre seu papel social como agente terapêutica através do poder
que tem em ajuntar um grupo de pessoas debaixo de uma mesma crença onde elas
se relacionam, convivem, aprendem e discutem assuntos diversos. A religião tem
uma característica forte que é de melhorar os relacionamentos, muito mais do que
um clube ou associação. Na religião as pessoas se envolvem participando dos
problemas de seus amigos na tentativa de ajudá-los. A religião é instrumento de
empatia entre seus seguidores, bem como auxilia a comunicação entre os membros.
A riqueza da religião, da igreja é que mesmo havendo diferenças entre as pessoas,
elas podem viver em harmonia objetivando um aprimoramento da qualidade de vida,
seja ela social, emocional e espiritual.
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Ruben Alves, explanando as idéias do sociólogo Francês Émile Durkheim32
sobre a religião, disse:
Sua certeza de que a religião era o centro da sociedade era tão grande que ele não podia imaginar uma sociedade totalmente profana e secularizada. Onde estiver a sociedade ali estarão os deuses e as experiências sagradas. E chegou mesmo a afirmar que “existe algo de eterno na religião que está destinado a sobreviver a todos os símbolos particulares nos quais o pensamento religioso sucessivamente se envolveu. Não pode existir uma sociedade que não sinta a necessidade de manter e reafirmar, a intervalos, os sentimentos coletivos e idéias coletivas que constituem sua unidade e personalidade”. A religião pode se transformar. Mas nunca desaparecerá. (ALVES, 1986, p.66).
Como parte fundamental da vida e formação da personalidade humana,
observa-se que é imprescindível a religião dentro do quartel bem como o trabalho do
capelão que se instrumentalisa na cosmovisão do militar. O soldado ao adentrar na
carreira militar passará a ter uma vida nova, diferente de outrora, com muito mais
rigor, disciplina e compromissos aferidos pela atual carreira e a religião através de
seu capelão fará através da instrução que o soldado aquilate a importância sobre
Deus.
Figura -22 - Cel. Capl. Antonio Emídio Gomes Neto e Ten. Cel. Capl. Walter Mello - Brasília-DF. Figura 23 – Ten.Cel. Capl. Walter Mello e mestrando Ubiratan Nelson Crivelari - Brasília-DF.
Fotos de propriedade do pesquisador (2008).
32 Emile Durkheim: (Épinal, 15 de abril de 1858 — Paris, 15 de novembro de 1917) é considerado um dos pais da sociologia moderna. Durkheim foi o fundador da escola francesa de sociologia, posterior a Mafuso, que combinava a pesquisa empírica com a teoria sociológica. É reconhecido amplamente como um dos melhores teóricos do conceito da coesão social. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Durkheim. Acesso em: 30 set. 2008.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve por objetivo discorrer sobre a importância que o capelão
tem dentro do Exército Brasileiro. No decorrer de sua explanação foi demonstrado
que o capelão não é apenas um militar, com sua patente e evolução dentro da
hierarquia, mas alguém que tem um papel fundamental dentro da instituição para
consolidar a opção do soldado em ser um bom militar bem como firmar a sua crença
em Deus.
Após levantamentos históricos sobre a Capelania Militar, começando com a
chegada dos portugueses ao Brasil, a formação do Exército que surgiu com um
sentimento de defesa nacional, tendo como a primeira Batalha de Guararapes (19
de abril de 1648), onde marca o início da organização do exército como força
genuinamente brasileira, até os dias atuais em que o EB atua não somente em solo
pátrio mas, também, em campanhas de paz como o faz atualmente no Haiti.
O capelão é aquele que assiste em hospitais, asilos, prisões, áreas militares
bem como diretamente ao quartel em que está lotado, oferecendo apoio espiritual e
religioso ostensivo nas campanhas militares e em treinamentos para todos os níveis.
Assiste também as famílias destes militares dando conforto nas horas mais críticas
da vida.
O objetivo central é dar assistência religiosa visando elevar o moral dos
integrantes do Exército Brasileiro tornado-se um elo fundamental na formação de um
convívio fraternal entre os militares.
No início deste trabalho levantou-se a questão da relevância do trabalho do
capelão entre os militares no Exército Brasileiro e, após levantamentos de dados
bibliográficos, boletins, portarias, artigos e entrevistas chega-se à conclusão de que
o presente tema desta dissertação é propriamente adequado e que ficou
comprovado o gigantesco trabalho exercido pelos capelães.
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No primeiro capítulo partindo da definição do termo capelão foi exposto a
formação do Exército Brasileiro e toda sua hierarquia destacando a vida de seu
patrono, Frei Orlando, que pela própria vida caracterizou a relevância do capelão
dentro EB. A participação deste capelão na II Guerra Mundial especialmente na Itália
foi de um valor inestimável e indizível. Mesmo havendo outros capelães Frei Orlando
é o marco da assistência religiosa dentro da história das Forças Armadas. A
presente dissertação em seu primeiro capítulo abriu o leque da relevância do
trabalho da Capelania.
No segundo capítulo foi retratada a história da chegada dos portugueses ao
Brasil e a inserção automática do capelão dentro desta Força Armada. Mencionou-
se a formação legal das Capelania, tanto Católica como a Evangélica. Através de
decretos e portarias foi criado o SAREx órgão que comanda toda Capelania dentro
do EB. Comentou-se sobre a estrutura, a finalidade e o objetivo deste órgão
importantíssimo no auxílio aos capelães. Define-se neste momento através da
Legislação Brasileira a formação das Capelania Militares Católica e Evangélica,
como é o processo para se tornar um capelão e como deve ser o trabalho destes
junto aos militares.
No capítulo um destaca-se o trabalho do Frei Orlando representante maior na
Capelania Católica e neste retratamos a vida do Capelão Pastor João Filson Soren
que, pelo próprio currículo, desempenhou um trabalho excepcional dentro do EB
especialmente quando esteve na II Guerra Mundial assistindo os pracinhas em
combate. O capítulo em questão faz um levantamento de todas as Capelania, quais
são os capelães e onde estão lotados e por fim um censo religioso registrando a
porcentagem das religiões que compõe o Exército Brasileiro.
O capítulo três demonstrou-se que o capelão não é só mais um militar dentro
de uma ordem Inserido numa hierarquia. Ele é um instrumento de consolidação,
analisou-se o valor de sua pessoa, ministério e patente agindo como modelo para os
soldados, fortalecendo os ânimos dos militares através da instrução religiosa.
Registrou-se a visita do Tenente Coronel Capelão Walter Pereira de Mello em uma
das corporações do EB e ministrando instrução religiosa a um grupo de mulheres.
Parte destas mulheres são esposas de militares. Além do trabalho exercido dentro
94
dessa Fora Armada, o capelão também tem outras ovelhas, aquelas que participam
em suas igrejas.
Como um psicoterapeuta verde-oliva tendo acesso aos hospitais, presos e
vilas militares o seu papel se aprofunda no contato com todos aqueles que estão ao
redor do soldado. Este capítulo é de suma importância, pois ele revela um pouco do
imensurável trabalho do capelão e os passos que segue quanto à visitação para
doentes em hospitais, como tratar com enfermos diante da morte, a assistência às
famílias enlutadas. Este é o momento em que a instituição, EB, desaparece,
surgindo o personagem central, ser humano tanto para quem assiste como para
quem é assistido.
Finalizando, o último capítulo tratou-se da importância da ética e da religião.
Quanto a ética é imprescindível que o capelão tenha consciência que o seu objetivo
é realizar a instrução religiosa sem ofender a religião do outro capelão. Também, se
levantou a questão da proibição de se fazer proselitismo. A liberdade religiosa existe
para fortalecer o espírito do soldado. No que diz respeito a doutrinárias como, por
exemplo, os sacramentos, as missas (para os católicos) e cultos (para os
evangélicos), são realizadas a parte e em locais apropriados onde cada capelão
exercerá seu ministério mais profundamente com suas ovelhas. Para tal a liberdade
é total.
Quanto à religião, mesmo havendo diferença de pensamentos entre escritores
conceituadíssimos no decorrer da história, chegou-se a conclusão que ela é
essencial não só na vida do militar, mas para todas as pessoas. Esta é a razão que
levou Exército Brasileiro a criar o SAREx.
O trabalho apresentado não esgota o assunto em pauta. Há muito que se
pesquisar nesta área. Entende-se que foi apenas um pequeno passo dado para que
no futuro outros pesquisadores possam aquilatar o assunto proposto. Os resultados
obtidos no levantamento da questão poderiam ter sido melhores. A autocrítica que
este autor faz é que, mesmo utilizando-se de material bibliográfico pesquisado, de
entrevistas e visitas realizadas em locais onde o capelão exerce seu trabalho,
comprovando que a Capelania exerce um papel de consolidação dentro do Exército
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Brasileiro, nota-se que a presente pesquisa possui limitações. Somando-se à essa
percepção o fato do autor não ser capelão militar, o que seria de suma importância
para um abissal estudo da questão.
Nossa expectativa é para que o leque em pauta seja aberto e apreciado,
incentivando um estudo mais profundo e despertando o interesse em ministros e
sacerdotes para comporem tamanha obra que ainda é pequena.
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98
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_____. Carta de Caminha a El-Rei , 1º de maio de 1500. Ibid.
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ANEXOS
ANEXO I
Gen Div FACIOLI
Direitor de Assistencia ao Pessoal
Cel Capl EMIDIO Chefe do SAREx
Cap Capl MÖNACO Adjunto do Arcebispo
Militar
Ten Cel Capl JOAQUIM
Adjunto do SAREx
Cap Capl ÁLVARO
Subchefe do SAREx
CMO Ten Capl Carvalho Lima
Adjunto da Subchefia
Ten Cel Capl CELSO
Subchefe do SAREx
CMA Vacante
Adjunto da Subchefia
Ten Cel Capl EUDES
Subchefe do SAREx
CMNE
Cap Capl MESQUITA
Adjunto da Subchefia
Ten Cel Capl ESTEVÃO
Subchefe do Sarex
CMS 1º Ten Capl RONALDO
Adjunto da Subchefia
Ten Cel Capl VALENTIM Subchefe do SAREx
CMSE
2º Ten Capl CHRISTIAN Adjunto da Subchefia
Ten Cel Capl LINDENBERG
Subchefe do Sarex
CLM Maj Capl XAVIER
Adjunto da Subchefia
Ten Cel Capl Walter Mello
Subchefe do SAREx
CMP Maj Capl HÉRCULES
Adjunto da Subchefia
ORGANOGRAMA DO SAREx
Fonte SAREx
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ANEXO II
SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA RELIGIOSA DO EXÉRCITO 01 Cel Capl ANTONIO EMIDIO GOMES NETO Chefe do SAREx BRASÍLIA - DF
02 Ten Cel Capl JOAQUIM BENEDITO DA SILVA Subchefe do SAREx/CMP BRASÍLIA - DF
03 Ten Cel Capl VANDERLEI VALENTIM DA SILVA Subchefe do SAREx /CMSE SAO PAULO – SP
04 Ten Cel Capl LINDENBERG FREITAS MUNIZ Subchefe do SAREx /CML RIO DE JANEIRO - RJ
05 Ten Cel Capl ESTEVÃO ROSA DO ESPÍRITO SANTO Subchefe do SAREx /CMS PORTO ALEGRE - RS
06 Ten Cel Capl CELSO BOEGER ROHLING Subchefe do SAREx /CMA MANAUS - AM
07 Ten Cel Capl WALTER PEREIRA DE MELLO (PASTOR) Cmdo 11ª RM BRASILIA – DF
08 Ten Cel Capl JOSÉ EUDES DA CUNHA Subchefe do SAREx/ CMNE RECIFE-PE
09 Maj Capl LUIS NORONHA PINTO Cmdo 10ª RM FORTALEZA - CE
10 Maj Capl HÉRCULES ANTÔNIO DE LIMA CMB BRASÍLIA - DF
11 Maj Capl JOSÉ NORBERTO DA SILVA Cmdo 4ª Bda Inf Mtz JUIZ DE FORA - MG
12 Maj Capl JOÃO JUSTINO FERREIRA Cmdo 6ª RM SALVADOR-BA
13 Maj Capl ALEXANDRE RAMOS TEIXEIRA Cmdo 4ª RM / 4ª DE BELO HORIZONTE -MG
14 Maj Capl IVAN XAVIER (PASTOR) Adj da Subchefia do SAR/CML
RIO DE JANEIRO - RJ
15 Maj Capl MANOEL VALTER F. DA SILVA CMRJ (a disposição) RIO DE JANEIRO - RJ
16 Cap Capl JULIO CÉSAR SILVA MÔNACO Adj do Arcebispo Militar BRASÍLIA – DF
17 Cap Capl CLÁUDIO JOSÉ KIRST Cmdo 5 a RM/5 a DE CURITIBA - PR
18 Cap Capl ADEMAR PEDRO DE SOUZA Cmdo 1ª Gpt E JOÃO PESSOA – PB
19 Cap Capl IVAN DE MEDEIROS JÚNIOR Cmdo 7ª RM / 7ª DE RECIFE – PE
20 Cap Capl MARCOS DA COSTA RAMOS Cmdo Cmdo Av Ex TAUBATÉ – SP
21 Cap Capl JOÃO LUÍS BOLLA (PASTOR) Adj da Subchefia do SAR/CMP
BRASÍLIA-DF
22 Cap Capl GERALDO RIBEIRO FERREIRA CMRJ RIO DE JANEIRO – RJ 23 Cap Capl MARCELO JOSÉ DE SOUSA Cmdo 15ª Bda Inf Mtz CASCAVEL – PR
24 Cap Capl CLÓVIS SANTOS DE HIPÓLITO HCE RIO DE JANEIRO - RJ
25 Cap Capl GILBERTO ÁLVARO Subchefe do SAREx/CMO CAMPO GRANDE - MS
26 Cap Capl LÁZARO TEODORO MENDES EsSA TRÊS CORAÇÕES -MG
27 Cap Capl JAMES V. MESQUITA (PASTOR) Adj da Subchefia do SAR/CMNE
RECIFE – PE
28 1º Ten Capl OTT JOSÉ PAULO MOURA ANTUNES (PASTOR)
Cmdo 1ª DE RIO DE JANEIRO - RJ
29 1º Ten Capl JOÃO BATISTA ALVES DE ALMEIDA JUNIOR
Cmdo 11ª Bda Inf L(GLO) - EsPCEx
CAMPINAS - SP
30 1º Ten Capl DANIEL PEDRO DA SILVA (PASTOR) Cmdo GUES/9ª Bda Inf Mtz RIO DE JANEIRO – RJ 31 1º Ten Capl VALMOR PASTRE Cmdo 3ª DE (HAITI) SANTA MARIA - RS
32 1º Ten Capl PAULO CESAR RODRIGUES MAGALHÃES Cmdo 23ª Bda Inf Sl MARABÁ – PA
33 1º Ten Capl RONALDO HASSE (PASTOR) Adj da Subchefia do SAR/CMS
PORTO ALEGRE - RS
34 1º Ten Capl ROGÉRIO CARVALHO DE OLIVEIRA AMAN RESENDE – RJ
35 2º Ten Capl CLÁUDIO MÁRCIO CASSIANO CORDOVIL Cmdo 1ª Bda Inf Sl BOA VISTA – RR
36 2º Ten Capl JOSÉ RICARDO ESTEVES PEREIRA Cmdo 13ª Bda Inf Mtz CUIABÁ - MT
RELAÇÃO DOS CAPELÃES DO SAREX
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37 2º Ten Capl ROGÉRIO DE CARVALHO LIMA (PASTOR)
Adj da Subchefia do SAR/CMO
CAMPO GRANDE - MS
38 2º Ten Capl OTT MARCOS ANTONIO DE CAMPOS SILVA Cmdo 4ª Bda C Mec
DOURADOS - MS
39 2º Ten Capl OTT LINCON DE ALMEIDA GONÇALVES
Cmdo AD/1 NITEROI – RJ
40 2º Ten Capl OTT SERGIO VITORINO DA SILVA Cmdo 1ª DE RIO DE JANEIRO - RJ
41 2º Ten Capl JOSÉ CARLOS DE FREITAS B Adm Bda Op Esp GOIANIA – GO
42 2º Ten Capl EDNALDO DA COSTA PEREIRA (PASTOR) Cmdo 12ª RM MANAUS – AM
43 2º Ten Capl OTT VANDERSON DE OLIVEIRA Cmdo Bda Inf Pqdt RIO DE JANEIRO - RJ
44 2º Ten Capl OTT RODRIGO DIONÍSIO Cmdo 12ª Bda Inf L (AMV) CAÇAPAVA – SP
45 2º Ten Capl OTT FÁBIO RENATO B. DE CARVALHO Cmdo 1ª Bda AAAe GUARUJA - SP
46 2º Ten Capl OTT LOURENIR GERALDO NASCIMENTO Cmdo 3ª Bda C Mec BAGÉ – RS
47 2º Ten Capl OTT GENÉSIO PEREIRA DA SILVA Cmdo 18ª Bda Inf Fron CORUMBÁ – MS
48 Asp Of Capl CHRISTIAN DAVID SOARES BITENCOURT Pr
Adj da Subchefia do SAR/CMSE SAO PAULO – SP
49 Cmdo 2ª Bda C Mec URUGUAIANA - RS
50 Cmdo 1 a RM RIO DE JANEIRO- RJ 51 Cmdo 2 a RM SÃO PAULO – SP 52 Cmdo AD/3 CRUZ ALTA – RS 53 Cmdo 8 a Bda Inf Mtz PELOTAS – RS 54 Cmdo 1 a Bda C Mec SANTIAGO – RS
55 Cmdo 14 a Bda Inf Mtz FLÖRIANOPOLIS – SC 56 Cmdo 5 a Bda Cav Bld PONTA GROSSA – PR 57 Cmdo 7 a Bda Inf Mtz NATAL – RN 58 Cmdo Fron AMAPA/34º BIS MACAPA - AP
59 Adj da Subchefia do SAR/CMA
MANAUS – AM
60 Cmdo 17 a Bda Inf Sl PORTO VELHO – RO 61 Cmdo Fron ACRE/4º BIS RIO BRANCO – AC
62 Cmdo 2 a Bda Inf Sl S. G. CACHOEIRA - AM 63 Cmdo 16 a Bda Inf Sl TEFE – AM 64 CMM MANAUS - AM 65 Adj Chefe SAREx BRASILIA – DF 66 Cmdo 3ª Bda Inf Mtz CRISTALINA - GO
67 Cmdo 9ª RM CAMPO GRANDE - MS
68 1º Ten Capl VALMOR PASTRE Cmdo Bda F Paz HAITI
Fonte SAREx- Disponível em: http://dapnet.dgp.eb.mil.br/sarex/relacao_capelaes_sarex.php. Acesso em: 14 mar.2008
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ANEXO III
DECISÃO DO SUPREMO CONCILIO - XXXVI RO/IPB
SOBRE CAPELANIA NAS FORÇAS ARMADAS E POLICIA MILITA R DO ESTADO DE SÃO PAULO
SC-IPB-2006 Doe. V - Quanto do Doe. 308 - Ementa: APONTA QUEBRA DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA IGUALDADE E DA IMPESSOALIDADE NO PROVIMENTO DE CARGOS DE CAPELÃES EVANGÉLICOS PELA FORÇA AÉREA BRASILEIRA E PELA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO E ADOTA PROVIDÊNCIAS. O SC-IPB-2006: Quanto ao documento n° 168, encaminhado pelo Presbitério de Pirituba, através do Sínodo Unido de São Paulo, noticiando suposta quebra de princípio constitucional pela Força Aérea Brasileira e pela Polícia Militar do Estado de São Paulo no provimento de cargo de Capelão Evangélico, cf. documento n° XVII, relatório sobre a matéria oriundo da CE-SC/IPB-2006, 1. Considerando que, por contar com 39 (trinta e nove) Capelães da Igreja Católica Apostólica Romana em seu efeíivo e no Quadro Permanente de Oficiais e apenas 03 (três) Capelães Evangélicos, assim mesmo no Quadro de Oficiais Temporários, a Força Aérea Brasileira, segundo nos parece pelos documentos e informações recebidas, tem desconsiderado os princípios constitucionais de igualdade e impessoalidade; 2. Considerando que a Polícia Militar do Estado de São Paulo, tendo realizado concurso público para Capelão Evangélico e classificado um Pastor Presbiteriano, está deixando fluir o prazo de validade do concurso sem a devida nomeação, não apresentando qualquer justificativa que revista de legitimidade e legalidade essa conduta administrativa, poderá estar ferindo os princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade administrativa, RESOLVE: 1°) encaminhar expediente ao Congresso Nacional, através de suas Casas Legislativas, solicitando a adoção de ato administrativo de competência daquele Poder da República para estabelecer o tratamento isonômico entre as Capelanias Católica Romana e Evangélica, no âmbito da Força Aérea Brasileira, guardando os princípios constitucionais da igualdade, da impessoalidade e da moralidade administrativa, a exemplo do que já acontece no Exército Brasileiro e na Marinha do Brasil; 2°) enc aminhar expediente ao Exm° Sr. Ministro de Estado da Defesa, solicitando a adoção de medida administrativa de sua competência no mesmo sentido; 3°) encaminhar expedi ente ao Exm° Sr. Governador do Estado de São Paulo e ao Exm° Sr. Presidente da Ass embleia Legislativa do Estado de São Paulo, solicitando a adoção de atos administrativos que importem na nomeação do Capelão Evangélico aprovado e classificado em concurso público, realizado pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, para o Cargo de Capelão Evangélico Militar; 4°) solicitar ao Exm° Sr. Governador do Estado de São Paulo que d etermine a realização de estudos para modificação do Quadro de Organização de Efetivos da Polícia Militar, a fim de criar cargos de Oficiais Capelães Evangélicos em proporcionalidade com necessidade de assistência religiosa ao efetivo da Corporação que professa a fé evangélica; 5°) delegar competência Políticos nas esferas Estadual e Federal, levar os pleitos acima determinados à sua compleição ao Presidente do SC-IPB para, com apoio e colaboração de Agentes.
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ANEXO IV
(Homenagem ao Capelão João Filson Soren)
Pastor João Filson Soren O Combatente de Cristo
(Capelão Militar Evangélico na 2ª Guerra Mundial)
Foto disponível no livro João Filson Soren – O Combatente de Cristo
Nascido em 21 de junho de 1908, no Rio de Janeiro e filho do Pastor Francisco Fulgêncio Soren e Jane Filson Soren, começou sua formação no Colégio Batista Shepard. Ali ele concluiu o bacharelado em Ciências e Letras, enquanto estudava matérias teológicas no Seminário Batista do Sul do Brasil. Em 1928, embarcou para os Estados Unidos, onde fez mestrado em Teologia e Artes, voltando ao Brasil em 1933. Com a morte de seu pai naquele mesmo ano, a Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, depois de um ano de oração e busca, chamou-o para ser seu pastor. Foi consagrado em 1935 e durante cinqüenta anos (1935-1985) a pastoreou com rara eficiência, onde batizou 3.345 pessoas.
Era um pregador notável, aliava erudição à simplicidade. Ocupou por onze vezes o cargo de presidente da Convenção Batista Brasileira e presidente da Ordem dos Pastores do Distrito Federal (hoje Rio de Janeiro), foi reitor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, orador e presidente da Aliança Batista Mundial, fundador da Sociedade Bíblica do Brasil, pertenceu a Academia Brasileira Evangélica de Letras e foi membro do Conselho de Administração do Hospital Evangélico do Rio de Janeiro. A Faculdade Georgetown, em Kentucky – USA lhe conferiu o Doutorado em Divindade, em 1955 e a Faculdade Batista William Jewell, em Missouri – USA, o Doutorado em Letras, em 1960. Por sua incomum capacidade de tradução simultânea, serviu como interprete, no Estádio do Maracanã, do grande pregador norte-americano Billy Graham, em 1960.
Foi casado durante 55 anos com a profª Nicéa Miranda Soren com quem teve três filhos,
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quatro netos e três bisnetos. Ficou viúvo em 14 de maio de 1990.
Em 1944 emocionou o Brasil ao apresentar-se como voluntário para servir como Capelão na II Guerra Mundial sendo convidado então para estruturar o Serviço de Capelania Evangélica que ainda não existia nas Forças Armadas brasileiras. Foi nomeado Capelão Militar em 13 de julho de 1944 e classificado no 1º Regimento de Infantaria, (Regimento Sampaio). No dia 20 de setembro do mesmo ano embarcou com destino ao teatro de operações da Europa, onde permaneceu por 341 dias. A contribuição cívica com que ele honrou sua pátria na condição de Capelão Evangélico das Forças Expedicionárias Brasileiras lhe rendeu as seguintes condecorações militares: “Medalha do Esforço de Guerra”, “Medalha da Campanha da FEB”, “Cruz de Combate Primeira Classe” e a “Silver Star” (do Exército Norte Americano). Posteriormente, receberia ainda as seguintes medalhas, pelos mesmos motivos: “Mascarenhas de Moraes”, “Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial”, “Amigos da Marinha” e “Monte Castelo”, entre outras. O trabalho do Capelão Soren no front de batalha foi tão importante, que o General Mascarenhas de Moraes, comandante da Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a Segunda Guerra Mundial, lhe prestou um elogio, publicado no “Boletim da Divisão”, de 28 de fevereiro de 1945 (vide verso).
De volta ao Brasil, participou ativamente das atividades dos ex-combatentes, vindo a presidir, a partir de 1978, a Confraternização dos Ex-Combatentes e Veteranos Evangélicos da FEB (CONFRATEX-FEB), de que foi o idealizador. João Filson Soren – O Combatente de Cristo, faleceu às 21 horas do dia 2 de janeiro de 2002, aos 93 anos de idade. Sua vida nos deixa um legado de dedicação e amor ao Senhor da seara. “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”. (II Tm 4.7). Deus seja louvado!
ELOGIOS AO CAPELÃO MILITAR PASTOR JOÃO FILSON SOREN
"Em investigação procedida pelo Inspetor Geral da Divisão foram confirmadas as informações chegadas a este comando sobre o Capelão Militar Evangélico João Filson Soren.
Esse admirável espírito de sacerdote, que, pela incansável dedicação e assistência que vem prestando aos praças, já havia conquistado o respeito, a admiração e a amizade dos oficiais e praças do Regimento Sampaio, assim como de outras pessoas não pertencentes àquele Regimento, porém sabedoras do seu proceder, tão logo soube da existência de corpos insepultos de praças nossos que o estado adiantado de decomposição indicava haverem tombado em combates anteriores, foi, tocado em seus elevados sentimentos de humanidade e caridade cristã, procurá-los e localizá-los, de moto próprio, tendo, por isto recebido do Comandante do Regimento Sampaio a missão de os recolher também, para o que lhe foi dado o auxílio de alguns praças da Companhia de Comando, que se apresentaram voluntariamente. Durante três dias e meio, o Capelão Soren, sempre incansável e extraordinariamente dedicado nessa nobilidade missão, vasculhou os terrenos de Viteline e Abetaia (Monte Castelo), ainda semeados de minas e sujeitos ao bombardeio inimigo tendo recolhidos os corpos de 33 companheiros tombados bravamente nos ataques de 29 de novembro e 12 de dezembro e talvez em algumas ações de patrulha.
Trinta e três famílias brasileiras deverão a esse sacerdote, pela nítida compreensão dos seus deveres e exemplar cumprimento dos mesmos, o saberem onde jazem os corpos desses entes queridos. E, pois, com grande satisfação que elogio o Capelão Soren e lhe dou o meu muito obrigado."
JOÃO BATISTA MASCARENHAS DE MORAIS Comandante da Força Expedicionária Brasileira (FEB)
durante a Segunda Guerra Mundial. O elogio transcrito foi publicado no
“Boletim da Divisão”, de 28 de fevereiro de 1945.
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"Após o ataque vitorioso ao Monte Castelo, no dia 21 de fevereiro findo, o Capelão Soren, por iniciativa própria, auxiliado por oficiais e por abnegados soldados voluntários, percorreu toda a região do Castelo, onde foram feitos os ataques anteriores de 29 de novembro e 12 de dezembro, visando o recolhimento e identificação de cadáveres de nossos bravos soldados que tombaram no cumprimento do dever e que não puderam ser recolhidos em tempo pelo hostilidade do inimigo.
Desse nobre altruístico gesto de solidariedade humana do Capelão Soren, resultou o piedoso recolhimento de 46 cadáveres, sendo identificados por ele próprio 22. Os demais corpos foram recolhidos ao Pelotão de Sepultamento, para identificação posterior
Fazendo público tão nobre procedimento, elogio o Capelão Soren, já tão estimado pelos oficiais e praças do Regimento, pela sua bondade e prestimosidade, e por sua cooperação constante a este Comando mesmo fora a assistência religiosa, sempre que se fez mister, não olhando sacrifícios de qualquer natureza. Em todas as ações que o Regimento tem se empenhado o Capelão Soren não se descuidou da assistência religiosa aos seus camaradas, indo constantemente às companhias empenhado em levar o conforto moral e religioso indistintamente a todos os soldados.
Dá agora mais uma prova de suas qualidades morais e alta compreensão de seus deveres e belo exemplo digno de um sacerdote cristão. Elogio, pois, o Capelão Soren, pelo seu louvável procedimento, o que permitiu dar digno e respeitoso destino aos restos mortais dos heróicos soldados do Brasil."
CAIDADO DE CASTRO Comandante do Regimento Sampaio,
da Força Expedicionária Brasileira (FEB), durante a Segunda Guerra Mundial.
Este elogio foi escrito em 5 de março de 1945. Capela da Vila Militar – Disponível em: http://www.cevm.com.br/personalidades.php. Acesso em: 01
dez.2008.