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59 Capitulo IV BENEFÍCIOS DO RESFRIAMENTO EM GRÃOS DE ARROZ Destaque: 1) O resfriamento dos grãos de arroz reduz a quebra técnica durante o armazenamento. 2) O resfriamento (<16ºC) proporciona os menores aumentos do tempo de cocção e da dureza ao longo do armazenamento de grãos de arroz. 3) O resfriamento (<16ºC) inibe o aparecimento de defeitos ao longo do período de armazenamento de grãos de arroz. 4) O resfriamento dos grãos de arroz na espera da secagem minimiza os efeitos latentes durante o armazenamento. 1. Introdução O arroz é um cereal produzido em diversas regiões do mundo e consumido por aproximadamente 95% da população. O consumo do arroz se divide em vários grupos, seja arroz branco, integral, parboilizado integral, parboilizado polido e pigmentado (preto e vermelho), sendo o arroz branco o mais consumido mundialmente. O Brasil é o nono maior produtor mundial de arroz, produzindo mais de 12 milhões de toneladas nas últimas safras, sendo que os principais estados produtores são Rio grande do Sul e Santa Catarina. Assim como a maioria das grandes culturas, a colheita do arroz também ocorre em épocas sazonais, necessitando ser armazenado em condições adequadas para manter a demanda desse grão durante todo o ano. Além dos grãos de arroz, o óleo extraído do farelo, durante o processamento industrial, também apresenta expressivo valor econômico. Nesse contexto, abordaremos nesse capítulo a importância da redução da temperatura durante o armazenamento de grãos de arroz para a manutenção de suas propriedades tecnológicas e nutricionais.

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Capitulo IV

BENEFÍCIOS DO RESFRIAMENTO EM GRÃOS DE ARROZ

Destaque:

1) O resfriamento dos grãos de arroz reduz a

quebra técnica durante o armazenamento.

2) O resfriamento (<16ºC) proporciona os

menores aumentos do tempo de cocção e da

dureza ao longo do armazenamento de grãos

de arroz.

3) O resfriamento (<16ºC) inibe o aparecimento

de defeitos ao longo do período de

armazenamento de grãos de arroz.

4) O resfriamento dos grãos de arroz na espera da

secagem minimiza os efeitos latentes durante o

armazenamento.

1. Introdução

O arroz é um cereal produzido em diversas regiões do mundo e consumido por

aproximadamente 95% da população. O consumo do arroz se divide em vários grupos,

seja arroz branco, integral, parboilizado integral, parboilizado polido e pigmentado (preto

e vermelho), sendo o arroz branco o mais consumido mundialmente.

O Brasil é o nono maior produtor mundial de arroz, produzindo mais de 12

milhões de toneladas nas últimas safras, sendo que os principais estados produtores são

Rio grande do Sul e Santa Catarina.

Assim como a maioria das grandes culturas, a colheita do arroz também ocorre

em épocas sazonais, necessitando ser armazenado em condições adequadas para manter

a demanda desse grão durante todo o ano. Além dos grãos de arroz, o óleo extraído do

farelo, durante o processamento industrial, também apresenta expressivo valor

econômico.

Nesse contexto, abordaremos nesse capítulo a importância da redução da

temperatura durante o armazenamento de grãos de arroz para a manutenção de suas

propriedades tecnológicas e nutricionais.

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2. Resultados de pesquisa em grãos de arroz

Para o arroz em casca, Schiavon (2012) avaliou os efeitos da umidade de grãos

(próximo a 12 e 14 %) e da temperatura (8, 12, 16, 20 e 24 ºC), por um período de 12

meses de armazenamento, sobre diversos parâmetros de qualidade de grãos de arroz.

Para o arroz integral de paricarpo pardo, preto ou vermelho, Ziegler (2016) avaliou

os efeitos da temperatura (16, 24, 32 e 40 °C) de armazenamento, por um período de 6

meses, sobre parâmetros de qualidade de arroz integral.

Em arroz polido, um estudo realizado por Park et al. (2012) avaliou os efeitos de

diferentes temperaturas (4, 20, 30 e 40 °C) de armazenamento, por um período de 4 meses,

em diversos parâmetros de qualidade para o consumo de arroz.

Um estudo realizado por Elias et al. (2010) avaliou os efeitos da temperatura (13,

18 e 23°C) de espera na secagem (1, 2, 3 e 4 dias) de grãos de arroz em casca sobre a

incidência de defeitos ao longo do período de armazenamento, que foi de 12 meses.

Os principais resultados desses estudos são abordados a seguir.

2.1. Umidade

Na Figura 1 são apresentados os resultados de umidade dos grãos de arroz

armazenados com casca em diferentes condições de umidade e temperatura durante 12

meses. Observa-se uma pequena variação no conteúdo de umidade dos grãos de arroz ao

longo do período de armazenamento, sem grandes influências em relação a temperatura

de armazenamento utilizada. A manutenção da umidade dos grãos durante o período de

armazenamento é importante para que não ocorra perda de peso, quando a umidade

reduzir abaixo dos parâmetros de comercialização, por outro lado, quando os grãos

adquirem umidade ao longo do armazenamento, uma série de reações bioquímicas e

enzimáticas podem ser desencadeadas e aceleram a degradação desses grãos.

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Figura 1. Umidade (%) de grãos de arroz armazenados com casca, durante 12 meses, com duas umidades

de grãos e cinco temperaturas de armazenamento.

Fonte: Schiavon (2012).

2.2. Peso de Mil Grãos

Na Figura 2 são apresentados os resultados do peso de mil grãos de arroz

armazenados com casca em diferentes condições de umidade e temperatura durante 12

meses. Observa-se que as temperaturas mais altas de armazenamento proporcionaram as

maiores reduções do peso de mil grãos, enquanto que as temperaturas mais baixas de

armazenamento proporcionaram as menores reduções do peso de mil grãos. A redução

do peso de mil grãos é resultado da atividade metabólica dos grãos, que é acelerada em

temperaturas elevadas, enquanto que em temperaturas de refrigeração a atividade

metabólica dos grãos é reduzida e, por isso, ocorrem as mínimas reduções do peso de mil

grãos.

A atividade metabólica dos grãos, consome principalmente carboidratos e

proteínas para manter suas necessidades fisiológicas, já que o grão é um ser vivo. A

redução da temperatura reduz a respiração do grão e consequentemente reduzindo o

consumo de reservas energéticas do grão (proteínas e carboidratos). A partir desses

resultados é que se destaca a importância da utilização de temperaturas de refrigeração

durante o armazenamento dos grãos para manter o peso de mil grãos.

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Figura 2. Peso de mil grãos (g) de arroz armazenados com casca, durante 12 meses, com duas umidades

de grãos e cinco temperaturas de armazenamento.

Fonte: Schiavon (2012).

2.3. Defeitos totais

Na Figura 3 são apresentados os resultados dos defeitos totais de grãos de arroz

armazenados com casca em diferentes condições de umidade e temperatura durante 12

meses. O total de defeitos engloba os defeitos metabólicos e não metabólicos, sendo que

os defeitos metabólicos são aqueles influenciados pelas condições de armazenamento,

enquanto que os defeitos não metabólicos são aqueles decorrentes de características

varietais, do clima e do manejo utilizado na lavoura e que não são alterados durante o

período de armazenamento.

A partir dos resultados da Figura 3, observa-se um aumento no total de defeitos,

de acordo com o aumento do tempo e da temperatura de armazenamento, o que indica

que temperaturas de refrigeração proporcionam os menores aumentos no percentual de

defeitos. Isso ocorre, por que os defeitos metabólicos aparecem em decorrência de

condições adversas para o metabolismo do grão no ambiente de armazenamento.

Temperaturas elevadas aceleram o metabolismo do grão e facilitam o desenvolvimento

de fungos, desencadeando uma série de outras reações que acarretam no aparecimento de

defeitos, como grãos ardidos, amarelos, manchados e picados.

O aparecimento e aumento na concentração de defeitos metabólicos acarreta em

perda da qualidade o que afeta diretamente a tipificação do arroz. Embora, na indústria,

equipamentos específicos, retiram boa parte desses defeitos, isso representa maior custo

de produção, ou seja, maior quantidade de grãos deve ser industrializada para se obter a

mesma quantidade de grãos com uma determinada tipificação. Nesse contexto é que se

enfatiza a importância da utilização de temperaturas de refrigeração para inibir a

formação de defeitos metabólicos durante o período de armazenamento dos grãos.

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Figura 3. Defeitos totais (%) de grãos de arroz armazenados com casca, durante 12 meses, com duas

umidades de grãos e cinco temperaturas de armazenamento.

Fonte: Schiavon (2012).

2.4. Grãos inteiros sem defeitos

Na Figura 4 são apresentados os resultados de grãos inteiros sem defeitos de grãos

de arroz armazenado com casca em diferentes condições de umidade e temperatura

durante 12 meses. Observa-se que quanto maior o tempo e a temperatura de

armazenamento, menor foi o percentual de grãos inteiros sem defeitos. Esse resultado

está diretamente relacionado com os resultados abordados anteriormente (defeitos totais),

pois, quanto maior o percentual de defeitos totais, menor o percentual de grãos inteiros

sem defeitos.

Figura 4. Grãos inteiros sem defeitos (%) de grãos de arroz armazenados com casca, durante 12 meses,

com duas umidades de grãos e cinco temperaturas de armazenamento.

Fonte: Schiavon (2012).

2.5. Acidez do óleo

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Na Figura 5 são apresentados os resultados de acidez do óleo obtido de grãos de

arroz armazenados com casca em diferentes condições de umidade e temperatura durante

12 meses. Observa-se que na umidade de grãos de 12% houve uma maior diferença de

aumento da acidez entre as temperaturas, quando comparado com a umidade de 15%, mas

o que pode se destacar é que as temperaturas mais elevadas proporcionaram um maior

aumento da acidez, enquanto que as temperaturas mais baixas proporcionaram os

menores aumentos da acidez do óleo.

O aumento da acidez ocorre através da ação enzimática da lipase, que faz a

hidrólise dos triglicerídeos, gerando ácidos graxos livres, sendo que a redução da

temperatura de armazenamento dos grãos reduz a atividade enzimática dessa enzima,

preservando os triglicerídeos. É importante destacar que um óleo com alto grau de acidez

proporciona menor rendimento de extração e refino, o que encarece os processos

industriais. Desta forma, destaca-se a importância da utilização de temperaturas de

refrigeração dos grãos de arroz durante o armazenamento para impedir a acidificação do

óleo.

Figura 5. Acidez (%) do óleo obtido de grãos de arroz armazenados com casca, durante 12 meses, com

duas umidades de grãos e cinco temperaturas de armazenamento.

Fonte: Schiavon (2012).

2.6. Tempo de cocção

Na Figura 6 são apresentados os resultados do tempo de cocção de grãos de arroz

armazenados com casca em diferentes condições de umidade e temperatura durante 12

meses. Destaca-se que apenas a temperatura de 24°C apresentou maiores aumentos do

tempo de cocção, comparado com as outras condições de armazenamento, em que

aparecem sobrepostas no gráfico. Grãos armazenados com 24°C apresentaram um

aumento de 5 min após 12 meses, enquanto que nas demais temperaturas estudadas, o

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aumento foi de apenas 3 min, o que demonstra a importância da utilização de temperaturas

de refrigeração para impedir um elevado aumento no tempo de cocção.

O aumento do tempo de cocção é ocasionado por uma série de reações químicas

e enzimáticas que ocorrem no interior do grão, que dificulta a absorção de água no

momento da cocção, fazendo com que o grão demore mais tempo para cozinhar.

Figura 6. Tempo de cocção (min) de grãos de arroz armazenados com casca, durante 12 meses, com duas

umidades de grãos e cinco temperaturas de armazenamento.

Fonte: Schiavon (2012).

2.7. Firmeza/dureza

Na Figura 7 são apresentados os resultados de firmeza dos grãos de arroz cozidos

após serem armazenados com casca em diferentes condições de umidade e temperatura

durante 12 meses. Observa-se que após 12 meses houve um aumento da firmeza dos grãos

com o aumento da temperatura de armazenamento, enquanto que no armazenamento em

temperaturas baixas (8, 12 e 16°C) a firmeza apresentou poucas alterações.

O aumento da firmeza está diretamente relacionado com o aumento do tempo de

cocção, o que demonstra que os grãos de arroz armazenados em temperaturas elevadas

demoram mais tempo para cozinhar e ainda ficam com sua estrutura mais firme, o que é

perceptível pelo consumidor no momento do consumo. O que causa esse aumento da

firmeza são os mesmos fenômenos relacionados com o aumento do tempo de cocção

abordados no item anterior.

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Figura 7. Firmeza (N) de grãos de arroz armazenados com casca, durante 12 meses, com duas umidades

de grãos e cinco temperaturas de armazenamento.

Fonte: Schiavon (2012).

3. Resultados de pesquisa em arroz parto, preto e vermelho

Na busca de aprimorar os conhecimentos sobre os efeitos da tecnologia de

resfriamento no armazenamento de grãos, Ziegler (2016) realizou um estudo com grãos

de arroz integral (descascado), armazenado inicialmente com 13% de umidade, com

diferentes colorações de pericarpo (pardo, preto e vermelho) nas temperaturas de 16, 24,

32 e 40°C durante 6 meses. Os principais resultados desse estudo são abordados a seguir.

3.1. Umidade

Na Figura 8 são apresentados os resultados de umidade dos grãos de arroz integral

de pericarpo pardo, preto e vermelho armazenados em diferentes temperaturas durante 6

meses. Observa-se uma redução da umidade dos grãos, quando esses foram armazenados

em temperaturas elevadas. Esse comportamento é resultado do sistema de

armazenamento utilizado, que é o semi-hermético, o qual permite trocas de ar entre o

ambiente interno de armazenamento com o ambiente externo. Dessa forma, temperaturas

mais elevadas favorecem a perda de umidade dos grãos durante o armazenamento. A

manutenção da umidade dos grãos durante o armazenamento é aconselhável, pois

reduções na umidade representam reduções de peso dos grãos, além de ficarem mais

propensos a quebra no momento do polimento, caso essa operação for realizada.

A partir desses resultados fica evidente a importância da redução da temperatura

de armazenamento dos grãos para a manutenção dos teores de umidade e,

consequentemente do peso, afim de evitar outros prejuízos no momento da

industrialização, como o aumento de grãos quebrados.

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Figura 8. Umidade (%) de grãos de arroz integral de pericarpo pardo, preto e vermelho armazenados com

13% de umidade, em quatro temperaturas, durante seis meses.

Fonte: Ziegler (2016).

3.2. Teor de grãos manchados, ardidos e amarelos

Na Tabela 1 são apresentados os resultados do teor de grãos manchados, ardidos

e amarelos de grãos de arroz integral com pericarpo pardo, preto e vermelho armazenados

em diferentes temperaturas durante 6 meses. As principais alterações verificadas nos

grãos, em função das condições de armazenamento, foi o aumento no percentual de grãos

amarelos, principalmente no armazenamento nas temperaturas de 32 e 40°C, enquanto

que os grãos armazenados em condições de refrigeração não sofreram alterações

significativas.

O aumento de grãos amarelos, principalmente no armazenamento a 32 e 40°C, é

resultado de reações enzimáticas e oxidativas, além da ocorrência de reação não

enzimática do tipo Maillard, a qual da origem a compostos escuros denominados de

melanoidinas. O uso do resfriamento reduz a velocidade dessas reações, preservando a

qualidade dos grãos.

De acordo com a IN MAPA N°6 de 2009, para o arroz ser considerado de Tipo 1,

o percentual de grãos amarelos deve ser de até 0,50%, para o Tipo 2 até 1,00% e para o

tipo 3 até 2,00%. Dessa forma, observa-se que os grãos de arroz com pericarpo pardo

armazenados a 40°C e com pericarpo preto armazenados a 32°C, se enquadram no Tipo

2 e os grãos de arroz com pericarpo preto armazenados a 40°C se enquadram como Tipo

3. A redução da qualidade dos grãos, verificado pela mudança de tipo, representa redução

no valor econômico, demostrando assim, a importância da utilização de temperaturas de

refrigeração (16°C) para que ocorram as mínimas alterações no percentual de defeitos dos

grãos de arroz.

Tabela 1. Teor de grãos manchados, ardidos e amarelos em grãos de arroz integral com pericarpo pardo,

preto e vermelho armazenados com 13% de umidade, em quatro temperaturas, inicial e após 6 meses.

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Temperatura (°C) Manchados (%) Ardidos (%) Amarelos (%)

Pardo

Inicial 0,17±0,05a* 0,02±0,00b 0,00±0,00d

16 0,27±0,06a 0,05±0,01a 0,04±0,00cd

24 0,28±0,03a 0,05±0,00a 0,08±0,03c

32 0,22±0,04a 0,06±0,00a 0,38±0,03b

40 0,23±0,05a 0,07±0,02a 0,58±0,02a

Preto

Inicial 0,04±0,00b 0,01±0,00a 0,19±0,05c

16 0,05±0,01ab 0,02±0,01a 0,20±0,02c

24 0,03±0,01b 0,03±0,01a 0,43±0,01c

32 0,08±0,00a 0,03±0,02a 0,77±0,18b

40 0,05±0,02ab 0,03±0,01a 1,15±0,09a

Vermelho

Inicial 0,03±0,02b 0,01±0,00a 0,00±0,00c

16 0,02±0,00b 0,01±0,00a 0,00±0,00c

24 0,04±0,02b 0,01±0,00a 0,05±0,00c

32 0,05±0,00b 0,01±0,00a 0,11±0,01b

40 0,10±0,01a 0,01±0,00a 0,35±0,03a

*Para grãos de arroz com pericarpo pardo, preto e vermelho, médias aritméticas simples de três repetições

± desvio padrão, seguidas por diferentes letras minúsculas na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de

Tukey (p≤0,05).

Fonte: Ziegler (2016).

3.3. Proteína solúvel

Na Figura 9 estão apresentados os resultados de proteína solúvel dos grãos de

arroz integral com pericarpo pardo, preto e vermelho armazenados em diferentes

temperaturas durante 6 meses. Observa-se uma redução da proteína solúvel em todas as

condições de armazenamento, no entanto, as principais reduções ocorreram nas

temperaturas de 32 e 40 ºC, enquanto que as menores reduções de proteína solúvel são

observadas na temperatura de 16 °C.

A redução da solubilidade proteica é resultado de um conjunto de reações que

envolvem algumas interações entre os constituintes dos grãos e desnaturação proteica.

Essas reações podem afetar negativamente a disponibilidade dessas proteínas, dessa

forma, demonstra-se a importância da utilização do resfriamento no armazenamento de

grãos de arroz.

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Figura 9. Proteína solúvel de grãos de arroz integral de pericarpo pardo, preto e vermelho armazenados

com 13% de umidade, em quatro temperaturas, durante 6 meses.

Fonte: Ziegler (2016).

3.4. pH dos grãos

Na Figura 10 estão apresentados os resultados do pH dos grãos de arroz integral

com pericarpo pardo, preto e vermelho armazenados em diferentes temperaturas durante

6 meses. É importante lembrar que o pH dos grãos mede o potencial hidrogeniônico,

enquanto que o PH mede o Peso Hectolitro que são análises diferentes e não devem ser

confundidas.

Observa-se uma redução do pH dos grãos durante o armazenamento,

principalmente com o aumento da temperatura de armazenamento, enquanto que as

menores reduções do pH dos grãos são verificadas no armazenamento sob refrigeração.

Essas reduções do pH indicam uma maior desestruturação celular no interior dos grãos,

o que facilitou a lixiviação de íons de hidrogênio. Além disso, as temperaturas elevadas

de armazenamento favorecem a atividade enzimática de enzimas capazes de degradar os

triglicerídeos e gerar ácidos graxos livres, o que contribui para a redução do pH. Nesse

contexto é que se destaca a importância da utilização do resfriamento no armazenamento

dos grãos para prevenir essas reações de degradação dos grãos e produção de compostos

ácidos.

Figura 10. pH dos grãos de grãos de arroz integral de pericarpo pardo, preto e vermelho armazenados com

13% de umidade, em quatro temperaturas, durante 6 meses.

Fonte: Ziegler (2016).

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3.5. Condutividade elétrica

Na Figura 11 estão apresentados os resultados de condutividade elétrica dos grãos

de arroz integral de pericarpo pardo, preto e vermelho armazenados em diferentes

temperaturas durante 6 meses. Observa-se um aumento da condutividade elétrica durante

o período de armazenamento, principalmente na temperatura de 40 ºC, enquanto que os

menores aumentos são verificados na temperatura de 16 ºC.

A determinação de condutividade elétrica é uma medida indireta da integridade

celular dos grãos, e o aumento da condutividade elétrica é resultado da lixiviação de

sólidos do interior do grão para a água de hidratação. Com o aumento do tempo e da

temperatura de armazenamento dos grãos, a velocidade das reações químicas e

enzimáticas é aumentada, proporcionando uma maior desestruturação celular, o que

aumenta a lixiviação de sólidos e consequentemente a condutividade elétrica. Dessa

forma, a utilização de temperaturas de refrigeração (16°C) é indicada para proporcionar

uma melhor conservação da qualidade dos grãos, devido à redução da atividade

enzimática de algumas enzimas e também da velocidade de algumas reações químicas.

Figura 11. Condutividade elétrica de grãos de arroz integral de pericarpo pardo, preto e vermelho

armazenados com 13% de umidade, em quatro temperaturas, durante 6 meses.

Fonte: Ziegler (2016).

3.6. Parâmetros de textura

Na Figura 12 estão apresentados os resultados de dureza dos grãos de arroz

integral de pericarpo pardo, preto e vermelho armazenados em diferentes temperaturas

durante 6 meses. Observa-se um aumento da dureza dos grãos de arroz, independente da

coloração do pericarpo, ao final de 6 meses de armazenamento, principalmente na

temperatura de 40 ºC, enquanto que na temperatura de 16°C, observa-se os menores

aumentos da dureza.

O aumento da dureza dos grãos de arroz, nas temperaturas mais elevadas, é

resultado de uma redução da capacidade de hidratação dos grânulos de amido de grãos

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envelhecidos durante o armazenamento, ocasionado pela complexação entre as moléculas

de amido, proteínas e ácidos graxos livres. A utilização de temperaturas de refrigeração

reduz a velocidade dessas reações e, com isso, previne a endurecimento dos grãos.

O endurecimento dos grãos é facilmente identificado pelos consumidores, os quais

estão cada dia mais exigentes, dessa forma, é importante utilizar a tecnologia do

resfriamento no armazenamento dos grãos para evitar o endurecimento e,

consequentemente o descontentamento dos consumidores.

Figura 12. Dureza (N) de grãos de arroz integral de pericarpo pardo, preto e vermelho armazenados com

13% de umidade, em quatro temperaturas, durante 6 meses.

Fonte: Ziegler (2016).

Um estudo realizado por Park et al. (2012), na Coreia, cujo os resultados estão

apresentados na Tabela 2, também revelam a importância da utilização de temperaturas

de resfriamento durante o armazenamento de grãos de arroz polido, para que as mínimas

alterações nos parâmetros de textura (dureza, adesividade e coesividade) sejam

observadas.

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Tabela 2. Parâmetros de textura de grãos de arroz polido armazenados com 16,4% de umidade, em

diferentes temperaturas, durante 4 meses.

Fonte: Park et al. (2012).

3.7. Parâmetros de cor

Na Figura 13 estão apresentados os resultados de brancura dos grãos de arroz

polido armazenados em diferentes temperaturas durante 4 meses. Observa-se que os grãos

armazenados nas temperaturas de 30 e 40ºC apresentaram expressivas reduções na

brancura ao longo do armazenamento, enquanto que os grãos armazenados nas

temperaturas de 4 e 20ºC apresentaram as mínimas alterações na brancura ao longo do

período de armazenamento.

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Figura 13. Brancura de grãos de arroz polido armazenados com 16,4% de umidade, em diferentes

temperaturas, durante 4 meses.

Fonte: Park et al. (2012).

Na Figura 14 estão apresentados os resultados do valor b* (quanto maior o valor

b*, mais amarelo) dos grãos de arroz polido armazenados em diferentes temperaturas

durante 4 meses. Observa-se um aumento do valor b* de acordo com o aumento do tempo

e da temperatura de armazenamento, o que representa que os grãos ficaram mais

amarelos.

O resfriamento proporciona as menores alterações na coloração dos grãos ao

longo do armazenamento, quando comparados a temperaturas de 30 e 40ºC, o que

representa ganhos em valor econômico e em aceitabilidade desses grãos perante o

consumidor.

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Figura 14. Valor b* de grãos de arroz polido armazenados com 16,4% de umidade, em diferentes

temperaturas, durante 4 meses.

Fonte: Park et al. (2012).

3.8. Propriedades sensoriais

Na Tabela 3 estão apresentados os resultados das propriedades sensoriais dos

grãos de arroz polido armazenados em diferentes temperaturas durante 4 meses. Os

parâmetros avaliados foram sabor, aparência, gosto, textura e qualidade geral através da

utilização de uma escala hedônica de 9 pontos, sendo que, quanto maior a nota da

avaliação, melhor estava a amostra. Observa-se uma redução das notas de todos os

parâmetros avaliados de acordo com o aumento da temperatura de armazenamento, por

outro lado, as menores alterações nas notas dos parâmetros avaliados são observadas nos

grãos armazenados sob refrigeração.

O resfriamento previne o amarelecimento e o escurecimento dos grãos, conforme

mostrado anteriormente, além de inibir uma série de reações químicas, enzimáticas e

proliferação de microrganismos que proporcionam a formação de compostos que

conferem sabor e odor desagradáveis aos grãos, os quais são facilmente percebidos pelos

consumidores. Dessa forma, evidencia-se a importância da utilização de temperaturas de

resfriamento para a manutenção da qualidade sensorial dos grãos de arroz durante o

armazenamento.

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Tabela 3. Propriedades sensoriais de grãos de arroz polido armazenados com 16,4% de umidade, em

diferentes temperaturas, durante 4 meses.

Fonte: Park et al. (2012).

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3.9. Acidez do óleo, produtos primários de oxidação, produtos secundários de

oxidação e carotenoides

Na Figura 15 estão apresentados os resultados da acidez do óleo obtido de grãos

de arroz integral de pericarpo pardo, preto e vermelho armazenados em diferentes

temperaturas durante 6 meses. Observa-se um expressivo aumento da acidez do óleo, de

acordo com o aumento da temperatura e do tempo de armazenamento, enquanto que as

menores alterações na acidez dos óleos são verificadas na temperatura de 16 °C.

O aumento da acidez lipídica é decorrente da ação enzimática da lipase, que

degrada os triglicerídeos, produzindo ácidos graxos livres, que por sua vez aumentam a

acidez do óleo. Á acidez do óleo deve ser evitada, por que um óleo com alto índice de

acidez apresenta menor rendimento de extração e de refino, o que representa maior custo

de produção. Dessa forma, destaca-se a importância da utilização de temperaturas de

refrigeração no armazenamento de grãos de arroz para manter baixos índices de acidez.

Figura 15. Acidez do óleo obtido de grãos de arroz integral de pericarpo pardo, preto e vermelho

armazenados com 13% de umidade, em quatro temperaturas, durante 6 meses.

Fonte: Ziegler (2016).

Em outro estudo realizado por Park et al. (2012), com grãos de arroz polido, cujo

os resultados estão apresentados na Figura 16, também fica evidente a importância da

utilização de temperaturas de resfriamento para inibir o aumento expressivo da acidez

lipídica ao longo do armazenamento.

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Figura 16. Acidez lipídica (ml de KOH/100g) de grãos de arroz polido armazenados com 16,4% de

umidade, em diferentes temperaturas, durante 4 meses.

Fonte: Park et al. (2012).

Na Tabela 4 são apresentados os resultados de produtos primários, produtos

secundários e carotenoides do óleo obtido de grãos de arroz integral de pericarpo pardo,

preto e vermelho armazenados em diferentes temperaturas durante 6 meses. Observa-se

um aumento de produtos primários e secundários de oxidação, bem como uma redução

no teor de carotenoides totais no óleo obtido de grãos armazenados na temperatura de 40

ºC, enquanto que as menores alterações desses parâmetros são verificadas nos grãos

armazenados na temperatura de 16 ºC.

O aumento dos produtos primários e secundários de oxidação, demostra que o

óleo está mais degradado, e a redução dos carotenoides demonstra que uma maior

quantidade de carotenoides, que é um antioxidante, foi utilizada na tentativa de inibir a

oxidação dos lipídios. Além disso, os carotenoides são instáveis a temperatura elevada, o

que pode ter contribuído para a sua redução. A redução da temperatura de armazenamento

atua reduzindo a velocidade dessas reações, preservando a qualidade do óleo e também o

teor de carotenoides.

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Tabela 4. Produtos primários (K232) e secundários (K270) de oxidação lipídica e carotenoides (mg de β-

caroteno.100g-1 de óleo), do óleo obtido de grãos de arroz com pericarpo pardo, preto e vermelho,

armazenados com 13% de umidade, em quatro temperaturas, no início e após 6 meses.

Temperatura (°C) K232 K270 Carotenoides totais

Pardo

Inicial 4,89 ± 0,07 c* 2,29 ± 0,07 b 61,07 ± 1,33 a

16 5,48 ± 0,32 b 2,59 ± 0,06 ab 61,21 ± 0,73 a

24 5,72 ± 0,04 b 2,64 ± 0,13 ab 59,08 ± 1,21 ab

32 5,79 ± 0,34 ab 2,81 ± 0,22 a 57,57 ± 0,97 b

40 6,35 ± 0,06 a 2,92 ± 0,17 a 53,55 ± 0,11 c

Preto

Inicial 5,63 ± 0,21 e 2,88 ± 0,02 c 68,29 ± 1,56 a

16 6,10 ± 0,05 d 2,86 ± 0,00 c 61,35 ± 0,77 bc

24 6,66 ± 0,01 c 3,00 ± 0,01 bc 63,15 ± 1,31 b

32 8,39 ± 0,16 b 3,28 ± 0,06 ab 60,18 ± 0,41 c

40 8,85 ± 0,05 a 3,42 ± 0,27 a 55,19 ± 0,94 d

Vermelho

Inicial 3,96 ± 0,04 c 1,66 ± 0,00 b 43,35 ± 0,63 a

16 4,11 ± 0,16 bc 1,71 ± 0,08 ab 34,76 ± 0,81 b

24 4,32 ± 0,08 b 1,79 ± 0,20 ab 33,30 ± 1,06 b

32 5,15 ± 0,05 a 1,84 ± 0,02 ab 33,74 ± 1,24 b

40 5,36 ± 0,15 a 2,02 ± 1,15 a 26,26 ± 0,43 c

*Para grãos de arroz de pericarpo pardo, preto e vermelho, médias aritméticas simples de três repetições ±

desvio padrão, seguidas por diferentes letras minúsculas na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de

Tukey (p≤0,05).

Fonte: Ziegler (2016).

3.10. γ-Orizanol

Na Tabela 5 estão apresentados os resultados de γ-orizanol do óleo obtido de grãos

de arroz integral de pericarpo pardo, preto e vermelho armazenados em diferentes

temperaturas durante 6 meses. O γ-orizanol é um antioxidante que apresenta alta

concentração em óleo de arroz. Com exceção do óleo obtido de grãos com pericarpo

preto, observa-se uma redução no conteúdo de γ-orizanol, principalmente na temperatura

de 40 ºC, enquanto que o armazenamento na temperatura de 16 ºC apresentou as mínimas

alterações no conteúdo de γ-orizanol, após 6 meses de armazenamento.

O resfriamento durante o armazenamento dos grãos reduz a velocidade das

reações de oxidação que degradam o óleo no interior dos grãos, com isso, menor também

será a degradação de γ-orizanol, que é um antioxidante, e se degrada na tentativa de inibir

a oxidação dos lipídios.

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Tabela 5. γ-Orizanol presentes no óleo obtido de grãos de arroz com pericarpo pardo, preto e vermelho,

armazenados com 13% de umidade em quatro temperaturas, no início e após 6 meses.

Temperatura (°C) γ-Orizanol (mg/g de óleo)

Pardo

Inicial 11,27±0,27a*

16 11,32±0,15a

24 11,43±0,14a

32 10,37±0,01b

40 8,79±0,32c

Preto

Inicial 18,48±0,13a

16 18,33±0,03a

24 18,27±0,58a

32 18,48±0,13a

40 18,24±0,49a

Vermelho

Inicial 7,92±0,09a

16 7,47±0,65ab

24 7,31±0,07ab

32 6,96±0,00ab

40 6,31±0,29b

*Para grãos de arroz de pericarpo pardo, preto e vermelho, médias aritméticas simples de três repetições ±

desvio padrão, seguidas por diferentes letras minúsculas na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de

Tukey (p≤0,05).

Fonte: Ziegler (2016).

4. Resultados de pesquisa utilizando resfriamento na espera da secagem de grãos de

arroz

O Laboratório de Pós-colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos da

Universidade Federal de Pelotas, realizou um estudo utilizando diferentes temperaturas

(13, 18 e 23ºC) na espera da secagem (1, 2, 3 e 4 dias) de grãos de arroz. Os grãos, após

a secagem, foram armazenados durante 12 meses na temperatura de 20ºC. Esse estudo foi

realizado por Elias et al. (2010).

Na Figura 17 são apresentados os resultados desse estudo. Observa-se que quanto

menor a temperatura dos grãos na espera da secagem, menor é a formação de defeitos ao

longo do período de armazenamento. Sabe-se que o encurtamento do período de colheita

dos últimos anos, gera um grande volume de arroz para ser seco e, por outro lado, os

armazenistas não estão preparados para secar todo esse volume em poucas horas. Dessa

forma, a utilização do resfriamento na espera da secagem do arroz pode ajudar a

minimizar os efeitos prejudiciais na conservabilidade dos grãos. O resfriamento atua

inibindo reações químicas, enzimáticas e o desenvolvimento de microrganismos, que

ocorrem rapidamente nos grãos úmidos que estão aguardando a secagem.

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Figura 17. Incidência de defeitos em grãos de arroz submetidos a três temperaturas durante dois (A), três

(B) e quatro (C) dias de espera para secagem e armazenados durante doze meses.

Fonte: Elias et al. (2010).

5. Referências

ELIAS, M. C.; DIAS, A. R. G.; VANIER, N. L.; PARAGINSKI, R. T.; SCHIAVON, R.

A.; FERREIRA, C. D.; RUTZ, D.; ZENI, D. B. Efeitos da temperatura na espera para

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secagem e do tempo de armazenamento sobre a qualidade dos grãos de arroz. Anais

5º Conferência Brasileira de Pós-Colheita, Foz-do Iguaçú/PR. 2010.

PARK, C.; KIM, Y.; PARK, K.; KIM, B. Changes in physicochemical characteristics of

rice during storage at different temperatures. Journal of Stored Products Research.

v.48, p.25-29, 2012.

SCHIAVON, R. A. Efeitos do resfriamento artificial no armazenamento sobre

parâmetros de avaliação de qualidade industrial de grãos de arroz. Tese de

doutorado. 82f. Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos.

Universidade Federal de Pelotas, Pelotas/RS, 2012.

ZIEGLER, V. Efeitos da temperatura e do tempo de armazenamento de arroz

integral de pericarpo pardo, preto e vermelho sobre parâmetros de avaliação de

qualidade dos grãos e propriedades do amido. Tese de doutorado. 138f. Programa de

Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Pelotas,

Pelotas/RS, 2016.