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GEOVANA DRESCH WEBLER
CARACTERIZAÇÃO DE FLUIDOS MAGNÉTICOS
À BASE DE ÓLEO DE MAMONA (Ricinus Communis, L.)
JI-PARANÁ-RO
2008
GEOVANA DRESCH WEBLER
CARACTERIZAÇÃO DE FLUIDOS MAGNÉTICOS
À BASE DE ÓLEO DE MAMONA (Ricinus Communis, L.)
Profª. Drª. LUCIENE BATISTA DA SILVEIRA
Orientadora
JI-PARANÁ-RO, DEZEMBRO DE 2008.
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA DE JI-PARANÁ - DEFIJI
CAMPUS DE JI-PARANÁ
GEOVANA DRESCH WEBLER
CARACTERIZAÇÃO DE FLUIDOS MAGNÉTICOS
À BASE DE ÓLEO DE MAMONA (Ricinus Communis, L.)
Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Departamento de Física da Universidade Federal de Rondônia - Campus de Ji-Paraná, como parte dos requisitos para obtenção do título de graduação em Licenciatura Plena em Física.
Ji-Paraná, Dezembro de 2008.
CARACTERIZAÇÃO DE FLUIDOS MAGNÉTICOS
À BASE DE ÓLEO DE MAMONA
GEOVANA DRESCH WEBLER
Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado para a obtenção do título de graduação em Licenciatura Plena em Física, sendo aprovada em sua forma final em 15/12/2008, pelo Departamento de Física da Universidade Federal de Rondônia – Campus de Ji-Paraná. Banca Examinadora:
_______________________________________
Profª. Drª. Luciene Batista da Silveira
Orientadora - UNIR
________________________________________
Profª. Drª. Laudileni Olenka Membro UNIR
________________________________________
Prof. Dr. Judes Gonçalves dos Santos Membro UNIR
DEDICATÓRIA
À Deus, por me iluminar com sua força suprema e me fortalecer permitindo superar
todos os obstáculos que muitas vezes me amedrontavam;
Aos meus pais Arno e Agnes, por terem dedicado suas vidas a mim, pelo amor, carinho
e estímulo que me ofereceram, dedico-lhes essa conquista como gratidão;
Ao meu irmão Alberto, por estar do meu lado sempre torcendo por mim;
Ao meu namorado Samuel em especial pelo seu companheirismo, sempre acreditando
em mim (algumas vezes mais do que eu);
Aos meus amigos queridos, por tudo de bom que vocês me proporcionaram durante esse
tempo, obrigada pelo carinho, amizade, gargalhadas, companhia e respeito que vocês
sempre tiveram por mim. Nunca esquecerei, adoro vocês;
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Profª. Drª. Luciene Batista da Silveira pela orientação e discussão no
decorrer deste trabalho;
Agradeço ao Prof. Dr. Judes Gonçalves dos Santos pelas medidas de microscopia óptica
e espectrofotometria, discussões e apoio na realização deste trabalho (DEFIJI- UNIR);
Agradeço ao Prof. Dr. Mario Roberto Menegheti pelas amostras de fluido magnético à
base de óleo de mamona (IQB- UFAL);
Agradeço à Profª. Drª Emília Celma de Oliveira Lima pelas medidas de raios-X (IQ-
UFG);
Agradeço ao Prof.Dr. Ricardo Bentes de Azevedo pelas medidas de Microscopia
Eletrônica de transmissão (IB-UNB);
Agradeço ao Profº. Dr. Aderbal Carlos de Oliveira pelas medidas de fotoacústica (IF-
UnB).
Agradeço aos professores da graduação pelas informações através dos cursos realizados;
Agradeço ao Departamento de Física de Ji-Paraná pelo apoio institucional;
Agradeço ao PIBIC, PET, SEPLAN/CNPq pelo apoio financeiro.
“A mente que se abre a uma nova idéia, nunca mais volta ao seu tamanho original”.
Albert Einstein
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................14 1- REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................................15 1.1-NANOPARTÍCULAS DE MAGUEMITA........................................................15 1.2-FLUIDOS MAGNÉTICOS..................................................................................16 1.2.1-Preparação do Fluido Magnético..........................................................17 1.2.2-Aplicações do Fluido Magnético...........................................................18 1.3-ÓLEO DE MAMONA..........................................................................................19 1.3.1 - Preparação do Óleo de Mamona........................................................20 1.3.2 - Aplicações do Óleo de Mamona..........................................................21 2-METODOLOGIA................................................................................................................23 2.1 - MATERIAIS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS......................................23 2.2 - TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO............................................................23 2.2.1 - Difração de Raio-X...............................................................................23 2.2.3 - Microscopia Eletrônica de Transmissão............................................24 2.2.3 - Espectroscopia Fotoacústica...............................................................24 2.2.3.1 - Montagem Experimental......................................................26 2.2.3.2 - Célula Fotoacústica...............................................................27 2.2.4 - ESPECTROFOTOMETRIA .............................................................27 2.2.4.1 - Lei de Lambert Beer............................................................28 2.2.4.2 - Preparação da Amostra Para Análise no Espectrofotômetro...............................................................................29 3-RESULTADO......................................................................................................................31 3.1 - RESULTADOS DA MICROSCOPIA ÓPTICA..............................................31 3.2 - RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE DIFRAÇÃO DE RAIO-X.............31 3.3 - RESULTADOS DE MET...................................................................................33 3.4 - RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE ESPECTROSCOPIA FOTOACÚSTICA.......................................................................................................33 3.5 - RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE ESPECTROFOTOMETRIA .......37 CONCLUSÕES.......................................................................................................................41 REFERÊNCIAS......................................................................................................................42
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Representação da célula unitária da maguemita.....................................................15
Figura 2 - Fluido magnético na presença de um ímã [5].........................................................16
Figura 3 - Fluido magnético iônico: as partículas não se aglomeram devido à repulsão
eletrostática entre elas [6].........................................................................................................17
Figura 4 - Esquema de preparação de fluido magnético iônico [9].........................................18
Figura 5 - Foto do cacho de mamona [11]...............................................................................19
Figura 6 - Esquema da estrutura química e aplicação do óleo de mamona [12]......................20
Figura 7 - Fluxograma do processo de extração do óleo de mamona [13]..............................21
Figura 8 - Foto óleo de mamona [15]......................................................................................21
Figura 9 - Molde de polímero projetado pelo computador [16]............................................. 22
Figura 10 - Foto de Alexander Graham Bell [20]....................................................................25
Figura 11 - Montagem experimental utilizada para obtenção dos espectros de
fotoacústica[6]...........................................................................................................................26
Figura 12 - Modelo célula de fotoacústica [21].......................................................................27
Figura 13 - Foto do espectrofotômetro utilizado, conectado a um computador......................28
Figura 14 - Diagrama da absorção de um feixe de luz atravessando uma cubeta [23]............28
Figura 15 - Micrografia óptica da micropartícula de maguemita............................................31
Figura 16 - Difratograma de raio- X das nanopartículas de maguemita..................................32
Figura 17 - Imagem de microscopia eletrônica de transmissão das nanopartículas de
maguemita.................................................................................................................................33
Figura 18 - Espectro de fotoacústica de FM- óleo de mamona...............................................34
Figura 19 - Espectro de fotoacústica de óleo de mamona e do FM à base de óleo de
mamona.....................................................................................................................................34
Figura 20 - Espectros de fotoacústica FM á base de óleo de mamona....................................35
Figura 21 - Espectro de fotoacústica de FM - dextrana, FM-DMSA, FM - óleo de mamona
e óleo de mamona.....................................................................................................................36
Figura 22 - Espectros de fotoacústica do FM- óleo de mamona nas concentrações de 50%,
25%, 12,5%, 6,25%...................................................................................................................36
Figura 23 - Espectro de Fotometria (álcool de cereal + óleo de mamona)..............................37
Figura 24 - Gráfico de espectrofotometria de absorção (maguemita + óleo de mamona).......38
Figura 25 - Gráfico dos picos de absorção em função da concentração de álcool de cereal
em óleo de mamona.................................................................................................................38
Figura 26 - Gráfico dos picos de absorção em função da concentração de maguemita em
óleo de mamona.......................................................................................................................39
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Diluição de óleo de mamona em álcool de cereal...................................................30
Tabela 2 - Dispersão das nanopartículas de maguemita em óleo de mamona.........................30
Tabela 3 - Posição dos Picos de difratograma de Raios-X comparados com a
ASTM........................................................................................................................................32
Tabela 4 - Dados experimentais da diluição do óleo de mamona em álcool de
cereal.........................................................................................................................................38
Tabela 5 - Dados experimentais da dispersão de nanopartículas de maguemita em óleo de
mamona.....................................................................................................................................39
LISTA DE SIGLAS
ASTM -American Society for Testing and Materials
DMSA - Ácido 2,3 dimercaptossuccinico
FM - Fluido Magnético
FMI - Fluido Magnético Iônico
IV - Infravermelho
MET - Microscopia Eletrônica de Transmissão
NPs - Nanopartículas Magnéticas
PAS - Photoacoustic Spectroscopy (Espectroscopia Fotoacústica)
UV - Ultra Violeta
(γ-Fe2O3) – Maguemita
RESUMO Este trabalho consiste em investigar o sinal fotoacústico de fluidos magnéticos à base
do óleo de mamona (Ricinus communis L.), formado por nanopartículas de maguemita por serem consideradas como uma das mais promissoras e funcionais para várias aplicações. O FM estudado é um material de síntese recente, com isso, iremos compará-lo com espectros de fluidos magnéticos biocompatíveis encontrados na literatura. Além da técnica de fotoacústica, foram utilizadas outras como, microscopia óptica, microscopia eletrônica de transmissão, raios-X e espectrofotometria, para obter maiores informações das amostras investigadas, tais como: diâmetro das partículas e sua dispersão, a formação de aglomerados, entre outros.
PALAVRAS CHAVE: Óleo de mamona. Fluido Magnético. Espectroscopia Fotoacústica.
ABSTRACT
This work is to investigate the photo-acoustic signal of magnetic fluids based of castor oil (Ricinus communis L.), formed by maghemita nanoparticles because they are regarded as one of the most promising and work for various applications. The magnetic fluid (MF) analised is a material of the recent sintesy, with that; we will compare it with spectra of biocompatible magnetic fluids found in the literature. Besides the technique of photo-acoustic, others were used as optical microscopy, transmission electron microscopy, X-rays and spectrophotometry, for more information of samples investigated, such as: diameter of particles and their dispersion, the formation of clusters, among others.
KEY WORDS: Castor Oil. Magnetic Fluid. Photoacoustic Spectroscopy.
INTRODUÇÃO
O interesse em estudar os fluidos magnéticos (FMs) tem crescido constantemente com
o avanço das pesquisas básicas, assim como com os crescentes investimentos em aplicações
tecnológicas. Os fluidos magnéticos são formados por nanopartículas. O processo de
preparação é composto basicamente de duas fases: a primeira que é a produção de
nanopartículas magnéticas e a segunda é a peptização em suspensão coloidal estável. O
grande desafio de se produzir os fluidos magnéticos está em alcançar a ultra estabilidade.
O objetivo deste trabalho é a caracterização de fluidos magnéticos à base do óleo de
mamona (Ricinus communis L.). O óleo de mamona ou de rícino (C17H32OHCOOH) é
extraído pela prensagem das sementes, contém 90% de ácido graxo ricinoléico, o qual confere
ao óleo suas características singulares, possibilitando ampla gama de utilização industrial,
tornando a cultura da mamoneira importante potencial econômico e estratégico ao País
[1]. Além disso, é um óleo bastante estável em variadas condições de pressão e temperatura.
Desta forma, nas últimas décadas tem se desenvolvido mais técnicas de produção [2] e
caracterização [3] de FM, acompanhadas pelo surgimento de novas aplicações.
Existem diversas técnicas auxiliares de caracterização, como a Difração de Raios-X,
Microscopia eletrônica de transmissão, Espectrofotometria, Espectroscopia Fotoacústica, as
quais serão utilizadas neste trabalho.
A espectroscopia Fotoacústica (PAS) comparada aos métodos convencionais tem
como vantagem a sua alta sensibilidade, permitindo a detecção de impurezas e também a não
necessidade de qualquer preparação prévia da amostra analisada, podendo estudar sólidos,
líquidos, gases, géis e aerosóis.
14
1- REVISÃO DE LITERATURA
Abordaremos nos tópicos abaixo uma breve revisão de literatura sobre as
nanopartículas de maguemita, fluidos magnéticos (preparação e aplicações) e óleo de mamona
(processo de extração e aplicações).
1.1- NANOPARTÍCULAS DE MAGUEMITA
As propriedades de nanomateriais magnéticos resultam tanto de características
intrínsecas quanto das interações entre partículas. Assim, as propriedades macroscópicas das
NPs magnéticas são largamente afetadas pela sua estrutura microscópica. Uma característica
fundamental é a tendência natural de aglomeração dessas partículas.
A maguemita apresenta uma estrutura espinélio inversa, com uma distorção de sub-
rede tetragonal [4]. A maguemita pode ser vista como uma forma de magnetita deficiente em
ferro. A maguemita é obtida por meio de um processo de oxidação da magnetita, processo
este que pode ser natural ou induzido. Na Figura 1 temos o esquema da estrutura da
maguemita.
Figura 1- Representação da célula unitária da maguemita.
15
1.2 - FLUIDOS MAGNÉTICOS
Os fluidos magnéticos são formados por pequenas (3-15 nm) partículas sólidas e
magnéticas, usualmente recobertos com uma camada molecular de um dispersante e
suspensas em um líquido carreador [4]. Podemos identificar diversos tipos de fluidos
magnéticos, como iônicos, surfactados ou híbridos, que são estabilizadas sob a ação de várias
forças de interação, sendo neste trabalho utilizado o FM Iônico.
O fluido magnético é um material sintetizado que combina propriedades de dinâmica
de fluidos com magnetismo, isto é, ele possui a fluidez de um líquido comum, mas pode ser
facilmente e convenientemente manipulado, sem contato físico direto, através da ação de um
campo magnético externo, conforme vemos na Figura 2. Microscopicamente, consistem de
uma dispersão coloidal de pequenas esferas duras e dipolares, em um líquido portador.
Estas partículas comportam se como minúsculos ímãs permanentes, com pólos norte e
sul, que apontam em direções aleatórias até que um campo magnético externo cause um
eventual alinhamento ao longo de sua direção [5].
Figura 2 - Fluido magnético na presença de um ímã [5].
A característica mais importante de um FM é a sua estabilidade, ou seja, a propriedade
das nanopartículas magnéticas de permanecerem em suspensão na forma de entidades isoladas
(monodomínios), evitando a aglomeração das nanopartículas e subseqüente precipitação.
Nos fluidos magnéticos iônicos (FMI), à base de ferritas magnéticas, a densidade
superficial de carga elétrica é estabelecida a partir de um equilíbrio do tipo ácido-base. O
solvente é tipicamente água e a nanopartícula é carregada com uma densidade superficial de
carga. A estabilidade está associada à repulsão eletrostática. Neste caso, a densidade de carga
superficial e a força iônica do meio devem ser precisamente controladas de modo que a
16
repulsão compense a atração magnética dipolar que favorece a precipitação das
nanopartículas.
Nos FMI em meio aquoso com pH baixo, surge uma densidade de cargas positivas
devido à transferência de prótons do meio para a superfície da nanopartícula. Analogamente,
uma densidade de cargas negativas na superfície da nanopartícula é obtida para solução com
valores de pH altos, que resulta da transferência de prótons da superfície da nanopartícula
para o meio aquoso, deixando, os átomos de oxigênio carregados negativamente na superfície
da nanopartícula, conforme o esquema da Figura 3.
Figura 3 - Fluido magnético iônico: as partículas não se aglomeram devido à repulsão eletrostática entre elas [6]. Esses fluidos podem ser preparados de forma que sejam biocompatíveis para
utilização em sistemas biológicos, e para isso as partículas magnéticas devem atravessar a
barreira endotelial e devem acumular-se especificamente nas células alvos, sem induzir danos
as células normais. As partículas devem ser recobertas com um material biologicamente ativo,
em que seus parâmetros físicos, como o tamanho da partícula e a susceptibilidade magnética
de suspensão, devem ser controlados, e seu comportamento no organismo conhecido.
1.2.1 - PREPARAÇÃO DO FLUIDO MAGNÉTICO
A Figura 4 mostra o fluxograma típico usado na produção de fluido magnético por
condensação química [7,8]. O processo inicia-se com a dissolução de íons metálicos em meio
aquoso, em proporções adequadas. Em seguida, sob condições otimizadas de agitação e
++
+
++ ++
+
+ +
+
++
+
++
++++
+
+
+-
-
--
--
----
-- -
-
----
-- -
-
- -
-- -
- ---
-
--
-
--
-
-
-
-
- -+
+ + +
+
+
+
+ +
+ +
+ +
++
++
+
+
+
+
+
+
+
+++
+
+
+
-
-
-
-
-
-
-
-
- ---
-
-
-
-
--
-
-
-
-
-
+
17
temperatura o meio aquoso é alcalinizado por adição de uma base, resultando na formação de
um precipitado que contém as nanopartículas magnéticas. O próximo passo consiste na
peptização do precipitado.
Figura 4 - Esquema de preparação de fluido magnético iônico [9].
1.2.2 - APLICAÇÕES DO FLUIDO MAGNÉTICO
A primeira aplicação tecnológica de FM aconteceu em 1965 quando se identificou o
problema de fluxo de combustível em veículos espaciais na ausência de gravidade. Desde
então surgiram inúmeras aplicações.
Os FMs podem ser utilizados para separar óleo e água através de meios magnéticos,
onde processos de extração de petróleo e de controle de desastres ecológicos podem ser
beneficiados [6].
Já os fluidos magnéticos biologicamente compatíveis começaram a serem descobertos
por volta de 1970, e é bastante atraente, devido às possibilidades de monitoramento,
vetorização e distribuição por tecidos e órgãos de animais e humanos. O FM será
biocompatível se ao atravessar a barreira endotelial, ao se acumular nas células alvos, não
prejudicar as células normais.
18
1.3 - ÓLEO DE MAMONA
A mamoneira (Figura 5) conhecida cientificamente como Ricinus communis, L, é uma
xerófila de origem afro-asiática da família das euforbiáceas, classe dicotiledônea e ordem
gerianáceas. É uma planta bastante tolerante a escassez de água, porém, exigente em calor e
luminosidade. Está disseminada em quase todo o Nordeste, cujas condições climáticas são
propícias ao seu desenvolvimento e crescimento.
Acredita-se que as sementes da mamona chegaram ao Brasil no século XVI trazidas
pelos escravos. A grande maioria dos trabalhos elaborados com esse vegetal é executada com
as suas sementes, e o conhecido óleo de rícino tem emprego medicinal e em cosméticos [10].
Figura 5 - Foto do cacho de mamona [11].
Além disso, é um óleo bastante estável em variadas condições de pressão e
temperatura, se obtém a partir das sementes de mamona que contem aproximadamente de 40 a
50% de óleo, ele é límpido de cor amarelada e odor suave característico.
Devemos salientar que a semente é tóxica, mais de três sementes podem matar um
indivíduo, devido à ricina, que é mortal mesmo em pequenas doses.
A principal razão para a grande demanda mundial pelo óleo de mamona são suas
formas de utilização, como hidrogenado, desidratado e oxidado, como mostra o esquema da
Figura 6.
19
ESTRUTUA QUÍMICA DO ÁCIDO RICINOLÉICO (ÓLEO DE MAMONA)
Figura 6 - Esquema da estrutura química e aplicação do óleo de mamona [12].
Os grupos hidroxílicos no óleo de mamona levam a uma combinação única de
propriedades físicas: relativamente alta viscosidade e peso específico, solubilidade em álcool
em qualquer proporção e solubilidade limitada em solventes alifáticos de petróleo; têm
excelentes propriedades emolientes e lubrificantes, habilidade para umedecer ou dispersar
pigmentos e massa. Na forma de seus derivados químicos, a aplicação do óleo de mamona é
mais versátil.
1.3.1 - PREPARAÇÃO DO ÓLEO DE MAMONA
Existem vários métodos de extração de óleos vegetais, que misturam processos
mecânicos e químicos, o método mais antigo e menos eficiente, é o de prensagem mecânica
(ou pressão descontínua); o de pressão contínua ou o “expeller”; o de extração por solventes;
o associado expeller-solvente, que possibilita a obtenção de tortas de melhor qualidade
protéica, devido ao menor tempo de exposição à temperatura elevada e a apresentar teor de
óleo menor ou igual a 1%. Na Figura 7 é apresentado um fluxograma do processo de extração
do óleo da mamona.
Metitricinoleato (Nylon, Tubos, Indústria
Automobilística) Óleo Hidrogenado
(Ceras, Lubrificantes, Cosméticos) Óleo Oxidado
(Protetores, Tintas, Adesivos)
Óleo Desidratado (Lubrificantes, Nylon)
Óleo Etoxilado (Cosméticos, Detergentes,
Fluido Hidráulico) Poliuretanos
(Telecomunicações, Produtos Biomédicos)
20
Figura 7- Fluxograma do processo de extração do óleo de mamona [13].
1.3.2 - APLICAÇÕES DO ÓLEO DE MAMONA
O óleo de mamona possui diversas propriedades medicinais atuando como
antimicrobiana e laxante, sendo o óleo de mamona purificado de substâncias tóxicas, como
mostra a Figura 8, é usado para frieiras, hemorróidas, furúnculo, doenças da pele, prisão de
ventre e disfunções estomacais [14].
Figura 8 - Foto óleo de mamona [15].
21
A mamona é uma planta da família Euphorbiaceae, cujo fruto tem largo espectro de
aproveitamento no setor farmo-químico. O polímero derivado do óleo de mamona foi
desenvolvido pelo professor de química analítica da Universidade de São Paulo (USP), em
São Carlos, Gilberto Chierice, ele explica que o óleo extraído da semente de mamona é o
elemento do polímero, uma espécie de plástico vegetal, substância valiosa para quem precisa
de implante ósseo. A partir desse material, foram desenhadas próteses de várias partes da
estrutura óssea e produzido um cimento ósseo, como podemos ver na Figura 9. As próteses de
polímero de mamona substituem as pesadas e caras próteses convencionais feitas de platina,
sendo o mesmo obtido com diferentes texturas e densidade, podem substituir até implantes de
silicone, afirma o químico [16].
Desde 1994, Instituto de Química da USP de São Carlos, coordena pesquisas voltadas
para a produção de biomateriais e o desenvolvimento de um polímero derivado do óleo de
mamona, que é o ponto de partida para a obtenção de materiais destinados ao tratamento dos
defeitos dos ossos do crânio e da face.
No entanto, a maior novidade são fios biológicos de preenchimento destinados a
eliminar rugas, inseridos sob a pele por meio de uma cânula. A biocompatibilidade é a grande
vantagem dos fios biológicos em relação a produtos que eventualmente provocam reações
indesejáveis [10].
Figura 9 - Molde de polímero projetado pelo computador [16].
Neste trabalho temos grande interesse em estudar fluidos magnéticos à base de óleo de
mamona, pois de acordo com a pesquisa bibliográfica sugere a possibilidade de aplicações
biológicas.
22
2 - METODOLOGIA
Nos tópicos abaixo serão descritas os materiais e equipamentos utilizados para
desenvolvimento dessa pesquisa e um revisão literária sobre as técnicas de caracterização
utilizadas para obter maiores informações sobre o FM à base de óleo de mamona.
2.1 - MATERIAIS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS
Neste trabalho utilizamos os seguintes materiais:
- Óleo de mamona;
- Nanopartículas de maguemita;
- Álcool de cereal;
- Fluido magnético á base de óleo de mamona.
Equipamentos utilizados:
- Agitador de amostra;
- Microscópio óptico QUIMIS Q720D/K;
- Microscópio eletrônico JEOL 100 CXII;
- Raios-X;
- Fotoacústica;
- Espectrofotômetro Nova 2102 UVPC.
2.2 - TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO
Nos Tópicos abaixo, será feita uma breve revisão de literatura sobre as técnicas de
caracterização utilizadas no trabalho como o Raio-X, a Microscopia Eletrônica de
Transmissão (MET), a Espectroscopia Fotoacústica e Espectrofotometria, abordando suas
vantagens e seu procedimento experimental.
2.2.1 - DIFRAÇÃO DE RAIO – X
A difração de raios-X é utilizada para confirmar a estrutura cristalina e para estimar o
tamanho médio das nanopartículas magnéticas. Os difratogramas de raios-X foram obtidos de
amostras na forma de pó. A partir do difratograma os picos de difração são comparados com
23
valores da ficha padrão (ASTM) para identificar a estrutura cristalina da nanopartícula. A
estimativa do diâmetro médio D das nanopartículas pode ser obtida pela determinação da
largura à meia altura da reflexão mais intensa, usando a relação de Scherrer:
(1)
onde λ é o comprimento de onda do raio-X, θ ângulo de difração e 22padrãoamostra BBB −=
o valor corrigido de largura de linha à meia altura (em relação a uma amostra padrão) [17,18].
2.2.2 - MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO (MET)
A Microscopia Eletrônica de Transmissão tem sido usada em todas as áreas das
ciências Biológicas e Biomédicas devido a sua capacidade de visualização das mais finas
estruturas celulares. É um modo simples de se obter a morfologia e as dimensões das NPs.
Essa técnica determina o diâmetro físico das partículas e para análise basta uma gota.
A técnica de microscopia eletrônica de transmissão utiliza um feixe de elétrons
produzidos pelo aquecimento de um filamento de tungstênio e acelerados por uma diferença
de potencial de 60 a 300 kV, entre cátodo e ânodo. O comprimento de onda dos elétrons é da
ordem de 0,01 nm. Lentes magnéticas direcionam e aumentam consideravelmente o poder de
resolução. Essa resolução pode chegar a 500000 vezes, com possibilidade de observar
estruturas com dimensões próximas a 0,1nm. A limitação do microscópio eletrônico para
sistemas coloidais reside na necessidade de acomodar a amostra em presença de alto vácuo.
As amostras devem ser previamente secas, antes de serem analisadas. Esse tratamento pode
levar a uma representação alterada da amostra em observação [19].
2.2.3 - ESPECTROSCOPIA FOTOACÚSTICA
A Espectroscopia Fotoacústica (em geral conhecida pela sigla PAS: Photoacoustic
Spectroscopy), foi descoberta por volta de 1880, quando Alexandre Graham Bell observou
pela primeira vez que um feixe de luz interrompido periodicamente ao incidir sob um sólido
colocado no interior de uma célula fechada produzia um som audível. Esse fenômeno foi
chamado de “Efeito Fotoacústico”.
θλ
cos9,0
BD =
24
Figura 10 - Foto de Alexander Graham Bell [20].
A técnica de fotoacústica consiste em focalizar sob a célula fotoacústica uma radiação
modulada em intensidade. Se algum fóton incidente é absorvido pela amostra, ocorrerá uma
excitação de seus níveis de energia e uma subseqüente de excitação, com a geração de calor
através do mecanismo de transferência de energia. O calor gerado então se difundirá até a
superfície da amostra de maneira periódica e será conduzido para o gás, que irá se contrair e
se expandir periodicamente com o calor, produzindo assim ondas de pressão transmitidas até
o microfone. O efeito pode envolver vários processos como, por exemplo, processos
fluorescentes, fotoquímicos e fotoelétricos. A técnica fotoacústica se caracteriza pela
obtenção de espectros de absorção óptica através de um sinal acústico. Os espectros de
absorção fotoacústica fornecem informações importantes no estudo das bandas de energia de
um dado elemento, uma vez que permite a atribuição das transições óticas envolvidas. Ainda,
pode oferecer algumas informações acerca do estado de um dado elemento, uma vez que
permite a atribuição das transições ópticas envolvidas.
O efeito fotoacústico corresponde à parte da energia absorvida que não é transmitida.
Algumas vantagens da espectroscopia fotoacústica:
- Permite obter espectros para qualquer tipo de material sólido, semi-sólido, seja este
cristalino, pó ou amorfo;
- Somente a luz absorvida é convertida em som;
- Necessita apenas alguns miligramas de amostra, não sendo necessário submetê-la a
nenhum tratamento;
- Possibilita obter o espectro de amostras opticamente opacas;
- Possibilita estudar as propriedades ópticas e térmicas dos materiais;
Alexander Graham Bell 1847 1922
25
- Obtém a informação tanto pela intensidade quanto pela fase do sinal;
- Aplica-se a uma larga faixa do espectro eletromagnético (visível, UV, IV, raios-X,
microondas) sem a necessidade de trocar o detector.
2.2.3.1 - MONTAGEM EXPERIMENTAL
A montagem experimental utilizada para a obtenção dos espectros de absorção
fotoacústica está esquematizada na Figura 11. Na espectroscopia fotoacústica a amostra ao ser
analisada é colocada no interior de uma célula fechada de volume constante a pressão
atmosférica. No caso de gases e líquidos todo o volume da célula será preenchido. No caso de
sólidos a amostra preenche apenas parte da célula, sendo o restante do volume preenchido
com gás não absorvedor como o ar. Na montagem utilizada neste trabalho a fonte de luz
consiste de uma lâmpada de arco de xenônio de 150 watts. A luz gerada pela lâmpada passa
por um modulador (chopper). Uma fotocélula no “chopper” fornece ao amplificador lock-in o
sinal de referência de modulação em relação ao qual é estabelecida a fase do sinal. A luz é
então difratada pela rede de difração de 1200 linhas em um monocromador de varredura
(modelo 1680 Spex), onde uma faixa de comprimentos de onda é selecionada (250 a 1000
nm), apresentando uma resolução de 1 nm. Os espectros são obtidos automaticamente através
de um microcomputador que controla toda instrumentação. Os espectros fotoacústicos foram
obtidos para o comprimento de onda variando de 250 a 1000 nm.
Figura 11 - Montagem experimental utilizada para obtenção dos espectros de fotoacústica [6].
26
2.2.3.2 – CÉLULA FOTOACÚSTICA
A Figura 12 mostra o modelo da célula fotoacústica utilizada para as medidas feitas em
PAS.
Figura 12 - Modelo de célula fotoacústica [21].
A luz modulada passa por uma janela transparente de quartzo, logo após atinge a
amostra, gerando o sinal fotoacústico que é captado por um microfone no interior da célula.
Este sinal é enviado para o lock-in, o qual só amplifica as componentes do sinal e em seguida
é enviado para um microcomputador onde é processado e analisado.
2.2.4 – ESPECTROFOTOMETRIA
A espectrofotometria é o método de análises óptico mais usado nas investigações
biológicas e físico-químicas, seu estudo se restringe a uma pequena região de comprimento de
onda da radiação eletromagnética que corresponde à luz visível ou ultravioleta a faixa entre
200 e 700 nm [22].
O espectrofotômetro (Figura 13) é um instrumento que permite comparar a radiação
absorvida ou transmitida por uma solução que contém uma quantidade desconhecida de
soluto, e uma quantidade conhecida da mesma substância.
Todas as substâncias podem absorver energia radiante, mesmo o vidro que parece
completamente transparente absorve comprimentos de ondas que pertencem ao espectro
visível. A água absorve fortemente na região do infravermelho. A absorção das radiações
ultravioletas, visíveis e infravermelhas depende das estruturas das moléculas, e é característica
para cada substância química.
27
Quando a luz atravessa uma substância, parte da energia é absorvida: a energia
radiante não pode produzir nenhum efeito sem ser absorvida. A cor das substâncias se deve a
absorção de certos comprimentos de ondas da luz branca que incide sobre elas, deixando
transmitir aos nossos olhos apenas aqueles comprimentos de ondas não absorvidos. A
espectrofotometria de infravermelho está fundamentada na absorção de radiação por
moléculas orgânicas.
Figura 13- Foto do espectrofotômetro utilizado, conectado a um computador.
2.2.4.1 LEI DE LAMBERT-BEER
A lei de Beer-Lambert relaciona a absorção de luz com as propriedades do material
atravessado por esta. Atavés dessa lei, intensidades da radiação incidente e emergente podem
ser relacionadas com as concentrações do material presente na solução.
Figura 14- Diagrama da absorção de um feixe de luz atravessando uma cubeta [23].
28
lcIoI ∈−= 10
Na Figura 14, Io e I1 que são respectivamente intensidade da radiação incidente e
transmitida pela amostra. Muitas vezes, a intensidade transmitida decai exponencialmente
com o aumento do caminho percorrido na solução (comprimento l da figura) e também com o
aumento da concentração c:
. . (2)
Sendo c a concentração do material, l o comprimento interno do recipiente, ∈ o
coeficiente de extinção, um fator característico da substância absorvedor, que depende do
comprimento de onda da radiação.
A transmitância T é a razão entre a intensidade incidente e a transmitida, e é obtida
experimentalmente, sendo:
(3)
Em relação à grandeza T, a Lei de Lambert-Beer assume então a forma: (4)
A absorbância A é definida como: (5)
Assim, em relação à absorbância a Lei de Lambert Beer é escrita: (6)
Portanto:
.lcA =∈ (7)
2.2.4.2- PREPARARAÇÃO DA AMOSTRA PARA ANÁLISE NO
ESPECTROFOTÔMETRO
As amostras foram preparadas com diluição do óleo de mamona em álcool de cereal e
também através da dispersão da maguemita com óleo de mamona totalizando um volume de 3
ml para cada amostra, foi variada em 4 concentrações. A amostra foi misturada com auxilio
de um agitador. A cubeta que é o porta amostra foi lavada com detergente, passando no álcool
e água destilada, logo após enxugada. A cubeta de quartzo foi acondicionada no porta amostra
do espectrofotômetro (modelo Nova 2102 UVPC). As medidas foram realizadas na faixa de
).10(log)/1(loglog 101010lcTTA ∈==−=
.IoIT =
.10 lcT ∈−=
.log10 TA −=
29
comprimento de onda de 190 nm a 1100 nm, nas Tabelas 1 e 2 são apresentadas todas as
concentrações preparadas.
Tabela 1- Diluição de óleo de mamona em álcool de cereal.
Concentração (%)
Óleo de mamona
Concentração (%)
Álcool de cereal
Volume (ml)
Óleo de mamona
Volume (ml)
Álcool de cereal
50,00 50,00 1, 50 1, 50
25,00 75,00 0, 75 2, 25
12,50 87,50 0, 37 2, 63
6,25 93,75 0, 19 2, 81
Tabela 2- Dispersão das nanopartículas de maguemita em óleo de mamona.
Concentração (%)
Maguemita(γ-Fe2O3)
Concentração (%)
Óleo de mamona
Volume (ml)
Maguemita (γ-Fe2O3)
Volume (ml)
Óleo de mamona
50,00 50,00 1, 50 1, 50
25,00 75,00 0, 75 2, 25
12,50 87,50 0, 37 2, 63
6,25 93,75 0, 19 2, 81
30
3 - RESULTADOS
Apresentaremos os resultados experimentais obtidos utilizando as técnicas de
Microscopia Óptica, Raios-X, Microscopia Eletrônica de Transmissão, Espectroscopia
Fotoacústica e Espectrofotometria para as amostra investigadas de fluido magnético iônico à
base de óleo de mamona.
3.1 - RESULTADOS DA MICROSCOPIA ÓPTICA
Na Figura 15 apresenta a micrografia óptica de uma minúscula gota de maguemita,
vista com o auxílio de um microscópio óptico QUIMIS, modelo Q720D/K, resolução 1600X
com câmera CCD 640 x 480. Observa-se pequenos aglomeradas de micropartículas. A
micrografia foi obtida no Laboratório de Ciências dos Materiais no departamento de Física de
Ji-Paraná da Universidade Federal de Rondônia.
Figura 15- Micrografia óptica da micropartículas de maguemita.
3.2 - RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE DIFRAÇÃO DE RAIOS-X
A medida de raios-X foi realizada no Instituto de Química da Universidade Federal
de Goiás. A Figura 16 apresenta o difratograma de raios-X, da nanopartícula investigada
(maguemita), utilizando a equação (1) foi possível estimar o diâmetro médio destas
nanopartículas cujo valor obtido foi de aproximadamente 8 nm.
31
1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0
(3 1 1 )
(2 2 0 )
(4 0 0 )(5 1 1 )
Inte
nsid
ade
(u. a
.)
2 θ ( g ra u s )
γ -F e 2 O 3 ( iô n ic o )
(4 4 0 )
1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0
(3 1 1 )
(2 2 0 )
(4 0 0 )(5 1 1 )
Inte
nsid
ade
(u. a
.)
2 θ ( g ra u s )
γ -F e 2 O 3 ( iô n ic o )
(4 4 0 )
Figura 16 - Difratograma de raios-X das nanopartículas de maguemita.
Os picos (220), (311) e (400), obtidos experimentalmente apresentam pequenos
desvios (posição e intensidade relativa) em relação aos valores ASTM, ver Tabela 3.
Tabela 3 - Posição dos picos de difratograma de raios-X comparados com ASTM.
Maguemita
HKL
Valores Obtidos ASTM Intensidade 2θ Intensidade 2θ
220 44 30, 278 30 30, 122
311 100 35, 719 100 35, 455
400 24 43, 322 20 43, 099
Os dados de difração de raios-X confirmaram que a estrutura cristalina estudada é de
maguemita e os valores encontrados de intensidade relativa e posição foram comparáveis com
os valores da ficha padrão da ASTM.
32
3.3 - RESULTADOS DE MET
A medida de microscopia eletrônica de transmissão foi realizada no Instituto de
Biologia da Universidade de Brasília. A fotomicrografia das nanopartículas de maguemita
está apresentada na Figura 17.
Pode-se observar uma polidispersão no diâmetro das nanopartículas, com forma
aproximadamente esférica, um diâmetro médio de 6 nm, com dispersão de 0,2 obtido através
de uma função do tipo lognormal.
Figura 17 - Imagem de microscopia eletrônica de transmissão das nanopartículas de maguemita.
A técnica de MET é a mais confiável para medir o diâmetro médio da partícula, pois
mede o diâmetro físico enquanto a difração de raios-X determina o diâmetro médio estrutural
das nanopartículas.
3.4 - RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE ESPECTROSCOPIA FOTOACÚSTICA
As amostras de FM à base de óleo de mamona foram elaboradas pelo IQB-UFAL e as
medidas de Fotoacústica do fluido magnético de óleo mamona foram realizadas no
Laboratório de Ciências Matérias do Instituto de Física da Universidade de Brasília - UnB.
Nos espectros obtidos pode-se observar três bandas de energias distintas, a banda C,
banda S e banda L. A banda C representa a absorção óptica da nanopartículas, a banda S
mostra a interação da camada de cobertura com a superfície metálica da nanopartículas e a
intensidade do sinal fotoacústico indica o grafting (densidade superficial de moléculas
33
adsorvidas na superfície da nanopartícula) da cobertura, já a banda L indica estabilidade da
camada de cobertura através de seus grupos moleculares.
A Figura 18 apresenta o espectro de absorção de fotoacústica do fluido magnético à
base de óleo de mamona, na qual temos representadas as bandas de energia. A amostra
investigada tem sinal fotoacústico observado nos comprimentos de onda variando de 250 a
1000 nm.
Figura 18 - Espectro de fotoacústica do FM - óleo de mamona. Já o gráfico da Figura 19, temos os espectros de absorção do sinal de fotoacústica do
óleo de mamona e do FM - óleo de mamona. A amostra FM à base do óleo de mamona
apresentou maior absorção do que o óleo de mamona. A banda C apresenta em ambos os
casos o pico em torno de 340 nm.
Figura 19 - Espectros de fotoacústica de óleo de mamona e do FM à base de óleo de mamona.
200 300 400 500 600 700 800 900 1000
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Banda L
Banda S
Banda C
FM-Óleo de mamona
Inte
nsid
ade
(u. a
.)
Comprimento de Onda (nm)
200 300 400 500 600 700 800 900 1000
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5 Óleo de Mamona FM-Óleo de Mamona
340 nm
Inte
nsid
ade
(u. a
.)
Comprimento de Onda (nm)
34
No gráfico 20 temos os espectros de absorção de fotoacústica do FM - óleo de
mamona, analisado com intervalo de seis meses, podemos verificar que a intensidade
diminuiu após este período, houve uma perda em torno de 1 u.a. o que nos leva a dizer que o
FM não permaneceu estável, porém as bandas de energia continuaram distintas, havendo um
deslocamento para a direita.
Figura 20 - Espectros de fotoacústica FM á base de óleo de mamona.
Na Figura 21 foi feita à junção de diversas amostras o FM-dextrana e FM-DMSA [24],
o óleo de mamona e do FM - óleo de mamona. O sinal fotoacústico da amostra de óleo de
mamona com partícula magnética comparando com as outras amostras apresenta maior
absorção.
Observa-se a banda C com pico em 340 nm e o FM-dextrana e FM-DMSA tem pico
em torno de 417 nm. A banda S tem pico em torno 500 nm para amostras de FM-dextrana e
FM-DMSA e tem maior “grafting” para FM-dextrana por apresentar menor sinal, já para a
amostra de FM-óleo de mamona apresenta um pico em torno de 440 nm, sugerindo a
interação da camada de cobertura com a superfície da nanopartícula de maguemita. Na banda
L mostra pico em torno de 740 nm para os fluidos magnéticos, apresentando maior
estabilidade da camada para FM-DMSA por ter menos intensidade.
200 300 400 500 600 700 800 900 1000 11000,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Banda LBanda S
Banda C
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
Comprimento de Onda (nm)
FM-Óleo/Julho FM-Óleo/Janeiro
35
Figura 21- Espectros de Fotoacústica de FM-dextrana, FM-DMSA, FM - óleo de mamona e óleo de mamona.
Na Figura 22 podemos observar as três bandas. Na banda C (320 a 420 nm) os
espectros mostram uma absorção óptica, já à banda S (420 a 660nm) é levantada à medida que
é aumentada a concentração de maguemita, mostrando uma maior interação das moléculas do
meio carreador (óleo de mamona) com a superfície da partícula, verifica-se também que a
banda L (660 a 800nm) sofreu um levantamento com o aumenta da concentração de
maguemita, mostrando o aumento de interações das moléculas adsorvidas na superfície das
nanopartículas com as moléculas do meio.
Figura 22 - Espectros de fotoacústica do FM- óleo de mamona nas concentrações de 50%, 25%, 12,5% e 6,25%.
200 300 400 500 600 700 800 900 1000 11000,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5 FM- Dextrana FM- DMSA Óleo de Mamona FM-Óleo de Mamona
500 nm740 nm
417 nm
440 nm
340 nm
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
Comprimento de Onda (nm)
200 300 400 500 600 700 800 900 1000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0 6,25% FM-Ma 12,5% FM-Ma 50% FM-Ma 25% FM-Ma
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
Comprimento de Onda (nm)
36
3.5 - RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE ESPECTROFOTOMETRIA
As medidas de espectrofotometria foram realizadas no Laboratório de Ciências dos
Materiais do Departamento de Física do campus de Ji-Paraná da Universidade Federal de
Rondônia.
Nas Figuras 23 e 24 temos os espectros de absorção. Na faixa de 190 a 400 nm
ocorrem às transições eletrônicas nas camadas mais internas. De 400 a 700 nm as transições
eletrônicas ocorrem nos elétrons de valência “delocalizados”.
Na Figura 23 apresentamos a diluição do óleo de mamona com álcool de cereal,
observa-se o surgimento de transições eletrônicas com o aumento da concentração de álcool.
Figura 23 - Espectro de fotometria (álcool de cereal + óleo de mamona).
Na Figura 24 temos a dispersão da maguemita com óleo de mamona, neste caso
podemos ver que com o aumento da concentração de maguemita, ocorreu decréscimo do sinal
de absorção.
200 300 400 500 600
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0 6,25% Alcer 12,5% Alcer 25% Alcer 50% Alcer
Abs
orçã
o (u
. a.)
Comprimento de onda (nm)
37
Figura 24 - Gráfico de espectrofotometria de absorção (maguemita + óleo de mamona).
Os dados experimentais obtidos da diluição do óleo de mamona em álcool de cereal
encontram-se na Tabela 4 e representado graficamente na Figura 25.
Tabela 4- Dados experimentais da diluição do óleo de mamona em álcool de cereal.
Diluição do óleo de mamona em álcool de cereal
Álcool de cereal (%) Óleo de mamona (%) Picos de absorção λ (nm)
6,25 93,75 1,33 270,71
12,50 87,50 2,59 278,69
25,00 75,00 3,01 260,87
50,00 50,00 2,74 300,89
Figura 25 - Gráfico dos picos de absorção em função da concentração de álcool de cereal em óleo de mamona.
0 10 20 30 40 50
1,2
1,6
2,0
2,4
2,8
3,2
A =1,8687+0,02342 C
Pic
os d
e A
bsor
ção
(u. a
.)
Concentração de álcool de cereal (%)
Dados Experimentais Ajuste
200 300 400 500 600 700
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0 6,25% γ-Fe2O3 12,5% γ-Fe2O3 25% γ-Fe2O3 50% γ-Fe2O3
Abs
orçã
o (u
. a.)
Comprimento de Onda (nm)
38
Através do Ajuste Polinomial feito com auxílio do programa Microcal Origin 6.0,
obtemos a equação: A = 1, 8687 + 0, 02342 C utilizado o em que o coeficiente angular
corresponde à razão CA , assim através da Lei de Lambert Beer podemos obter o valor de∈
(coeficiente de extinção), onde l =1 cm (comprimento interno do recipiente que contém a
solução). O valor de ∈ não segue as condições de Lambert Beer, conforme Figura 25 e
Tabela 4.
Os dados experimentais obtidos da dispersão de nanopartículas de maguemita em óleo
de mamona encontram-se na Tabela 5 e representado graficamente na Figura 26.
Tabela 5- Dados experimentais da dispersão de nanopartículas de maguemita em óleo de mamona.
Dispersão de maguemita em óleo de mamona
Maguemita (%) Óleo de mamona (%) Picos de absorção λ (nm)
6,25 93,75 3,07 297,32
12,50 87,50 2,93 314,21
25,00 75,00 2,57 291,43
50,00 50,00 0,76 343,29
Figura 26 - Gráfico dos picos de absorção em função da concentração de maguemita em óleo de mamona.
0 10 20 30 40 500,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
A =3,59739-0,05397 C
Pic
os d
e A
bsor
ção
(u. a
.)
Concentração de maguemita (%)
Dados experimentais Ajuste
39
Já no caso da dispersão das nanopartículas de maguemita (Figura 26) com óleo ao
fazer o ajuste polinomial obtemos a equação: A = 3,59739 - 0,05397 C, neste caso o
coeficiente de extinção deu um valor negativo, neste caso bem diferente o que se espera pela
lei de Lambert- Beer, pois essa lei propõe uma dependência linear entre a absorção e a
concentração.
A maioria dos desvios observados na prática da espectroscopia são apenas desvios
aparentes que podem ser relacionados com a natureza do sistema químico envolvido e com as
limitações do instrumento utilizado.
Os fatores que causam esses desvios podem ser reais, instrumentais e químicos.
Limitação Real: é válida somente para baixas concentrações, sendo que para grandes
concentrações a interação entre as moléculas afeta a distribuição de cargas, alterando o
coeficiente de extinção. Desvios Instrumentais: a lei só é válida para Radiação
monocromática. Desvios Químicos: ocorre quando a espécie absorvente sofre associação ou
dissociação, ou então reage com o solvente [25].
40
CONCLUSÕES
Através das pesquisas bibliográficas vimos à importância do estudo FM e também as
inúmeras aplicações do óleo de mamona, por esse motivo surgiu o interesse de estudar o FM à
base do óleo de mamona, para isso, foram utilizadas diversas técnicas para caracterização.
Ao comparar o FM estudado com os Fluidos Magnéticos Biocompatíveis encontrados
na literatura observamos que os valores do Fluido Magnético à base de óleo de mamona
foram comparáveis em relação aos picos de absorção.
Observou-se que as amostras preparadas e analisadas sofreram processos de
desestabilização com o tempo, assim sendo necessário a preparação de um novo FM,
buscando um valor pH ideal para permanecer estável. O sinal fotoacústico também mostrou
que as moléculas do óleo ligaram fracamente na superfície das nanopartículas.
Os resultados de espectrofotometria confirmam o surgimento de aglomerados nas
concentrações preparadas e observadas na micrografia eletrônica e óptica.
41
REFERÊNCIAS
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Oléico. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. – IF-UNB (2007).
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[14] Disponível em: <http://plantamed.com.br/plantaservas/especies/Ricinus_communis.htm>. Março 2008.
[15] Disponível em: <http://www.proquinor.com.br/oleodemamonapadrao.htm>. Janeiro 2008.
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43