71
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DE SOLOS JOSÉ DE ALMEIDA MACIEL NETO RECIFE PERNAMBUCO BRASIL MARÇO DE 2011

CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DE SOLOS - repositorio.ufpe.br · solos, o modelo de De Vries foi utilizado para calcular a capacidade térmica volumétrica, e, para a difusividade térmica,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS

ENERGÉTICAS E NUCLEARES

CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DE SOLOS

JOSÉ DE ALMEIDA MACIEL NETO

RECIFE – PERNAMBUCO – BRASIL

MARÇO DE 2011

1

JOSÉ DE ALMEIDA MACIEL NETO

CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DE SOLOS

Orientador: Prof. Dr. ANTÔNIO CELSO DANTAS ANTONINO

Co-orientador: Prof. Dr. ELIAS SILVA FILHO

RECIFE – PERNAMBUCO – BRASIL

MARÇO DE 2011

Dissertação submetida ao Mestrado

em Tecnologias Energéticas e

Nucleares do Departamento de

Energia Nuclear, da Universidade

Federal de Pernambuco, para

obtenção do título de Mestre em

Tecnologias Energéticas e

Nucleares, área de concentração:

Aplicação de Radioisótopos/Física

do Solo.

2

Catalogação na fonte

Bibliotecário Marcos Aurélio Soares da Silva, CRB-4 / 1175

M152c Maciel Neto, José de Almeida.

Caracterização térmica dos solos / José de Almeida Maciel

Neto. - Recife: O Autor, 2011.

xv, 55 folhas, il., gráfs., tabs.

Orientador: Prof. Dr. Antônio Celso Dantas Antonino.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de

Pernambuco. CTG. Programa de Pós-Graduação em

Tecnologias Energéticas e Nucleares, 2011.

Inclui Referências.

1. Engenharia Nuclear. 2.Difusividade Térmica. 3.Método

Harmônico. 4.Método Logarítmico. 5.Condutividade Térmica.

I.Antonino, Antônio Celso Dantas.(Orientador). II. Título.

UFPE

621.4837 CDD (22. ed.) BCTG/2011-261

4

“O sentido da vida consiste em que não tem nenhum sentido dizer que a vida não tem sentido.”

Niels Bohr

5

Aos meus pais

Luiz de Almeida Maciel (In memoriam) e Maria Carmita Maciel

e aos meus filhos

João Pedro Maciel e José Antônio Maciel,

meus maiores incentivadores.

DEDICO

6

AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus, que me ensinou a amar os outros como amo a mim mesmo e a julgar-

me como o faço com os outros.

A toda a minha família, por todo carinho, apoio, compreensão dados a mim em todos

os momentos de minha vida.

Ao meu orientador, professor Dr. Antônio Celso Dantas Antonino, que poucas foram

as oportunidades que tive para agradecer-lhe por sua grandiosa ajuda. Neste momento de

alegria, no qual celebro o final de uma longa etapa, aproveito para prestar-lhe uma justa e

sincera homenagem que, pela sua amizade, pelo seu incentivo, pelas suas informações, pela

sua paciência, ou pelo simples convívio, mostrou-me o melhor caminho nos momentos

difíceis deste trabalho.

Ao meu co-orientador, professor Dr. Elias Silva Filho, pela sua amizade, pelo seu

incentivo, pela sua paciência, pelas suas informações e pela sua atenção dadas a mim em

todos os momentos deste trabalho.

Ao professor Dr. Willames de Albuquerque Soares, pela ajuda na utilização dos

métodos e modelos de determinação das propriedades térmicas do solo, pelas suas

informações e pela sua atenção dadas a mim em todos os momentos deste trabalho.

Aos meus amigos Carlos Almeida, José Angelim, Cássio, Helmut, Rodrigo, Carol,

Ingrid, Iane, Rosely, Edevaldo, Manuela, Edvane, Paula, Carlas, Keila, Mardson, Mariana,

Claudio, Fernanda, Irami, Nani, Eric e tantos outros por suas amizades, incentivo,

colaboração e dedicação, que foram de grande importância para realização de todas as etapas

deste trabalho.

Aos demais docentes, colegas e todos os funcionários do Departamento de Energia

Nuclear.

7

SUMÁRIO

Página

LISTA DE SÍMBOLOS .............................................................................................. IX

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ XII

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ XIII

RESUMO .................................................................................................................... XIV

ABSTRACT ................................................................................................................ XV

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................... 6

2.1 Propriedades físicas do solo .................................................................................. 6

2.1.1 Textura do solo ........................................................................................ ........... 6

2.1.2 Estrutura do solo ................................................................................................ 7

2.1.3 Densidade do solo .............................................................................................. 7

2.1.4 Porosidade do solo ....................................................,....................................... 8

2.1.5 Umidade do solo ................................................................................................ 8

2.2 Propriedades térmicas do solo ............................................................................... 9

2.2.1 Capacidade térmica ............................................................................................ 9

2.2.2 Difusividade térmica .......................................................................................... 10

2.2.3 Condutividade térmica ....................................................................................... 11

2.2.4 Modelos para a parametrização da condutividade térmica ................................ 12

2.3 Modos de transmissão de calor .............................................................................. 14

2.3.1 Condução térmica ............................................................................................... 14

2.3.2 Convecção térmica ............................................................................................. 17

2.3.3 Radiação térmica ................................................................................................ 20

2.3.4 Albedo ................................................................................................................ 25

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 26

3.1 Amostras ............................................................................................................... 26

3.2 Determinação da umidade e temperatura dos solos .............................................. 27

3.3 Granulometria dos solos ........................................................................................ 28

3.4 Métodos para a determinação das propriedades térmicas ....................................... 28

3.4.1 Método para a determinação da capacidade térmica ............................................ 28

3.4.2 Métodos para a determinação da difusividade térmica ........................................ 29

8

3.4.3 Métodos para a determinação da condutividade térmica e modelos para sua

estimativa .......................................................................................................... 32

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 33

5 CONCLUSÕES ........................................................................................................ 46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 47

9

LISTA DE SÍMBOLOS

: albedo [ - ]

T: difusividade térmica aparente do solo [ m2 s

-1 ]

s: emissividade da superfície do solo [ - ]

: constante de Stefan-Boltzmann [W.m-2

.K-4

]

: umidade volumétrica [ cm3.cm

-3 ]

µm: micrômetro (10-6

metros) [ - ]

λMÁX: comprimento de onda no ponto de máximo [ µm ]

T: condutividade térmica aparente [W.m-1

.K -1

]

zT : gradiente de temperatura [ m-1

.K ]

a: densidade absoluta ou massa específica do ar [ kg.m-3

]

A: densidade absoluta ou massa específica da água [ kg.m-3

]

p: densidade absoluta ou massa específica das partículas [ kg.m-3

]

: densidade absoluta ou massa específica do solo [ kg.m-3

]

(M,V,H): funções para as correções da estabilidade atmosférica [ - ]

On: fase da harmônica n [ rad ]

ω: pulsação ou frequência angular [ rad.s-1

]

AOn: amplitude da harmônica n [ K ]

a´: absorvidade ou poder absorvedor [ - ]

CT: capacidade térmica volumétrica ou capacidade calorífica do solo [ J.m-3

.K-1

]

CS: capacidade térmica volumétrica dos sólidos [ J.m-3

.K-1

]

Ca: capacidade térmica volumétrica do ar [ J.m-3

.K-1

]

C: capacidade térmica volumétrica da água [ J.m-3

.K-1

]

Cq: capacidade térmica volumétrica do quartzo [ J.m-3

.K-1

]

Cm: capacidade térmica volumétrica dos minerais [ J.m-3

.K-1

]

Corg: capacidade térmica volumétrica da matéria orgânica [ J.m-3

.K-1

]

cp: calor específico do ar a pressão constante [ J.kg-1

.K-1

]

Dn: profundidade de amortecimento da n-ésima harmônica [ m ]

E: fluxo turbulento de vapor d’água [ kg.m-2

.s-1

]

F: fontes e sumidouros de calor no solo [ J.m-3

.K-1

]

IX

10

fs: fração dos sólidos [ - ]

fa: fração do ar [ - ]

fq: fração do quartzo [ - ]

fm: fração dos minerais [ - ]

forg: fração da matéria orgânica [ - ]

G: fluxo de calor no solo [ W.m-2

]

H: fluxo turbulento de calor [ W.m-2

]

K: kelvin [ - ]

kWh: quilo-watts-hora [ - ]

k: constante de Von Karman [ - ]

LE: fluxo de calor latente [ W.m-2

]

mS: massa das partículas sólidas [ kg ]

mU: massa úmida da amostra de solo [ kg ]

N: número total de harmônicas [ - ]

n: ordem da harmônica considerada [ - ]

nm: nanômetro (10-9

metros) [ - ]

por: porosidade [ % ]

P: período fundamental do ciclo térmico [ s ]

Qi: parcela de calor incidente [ J ]

Qr: parcela de calor refletida [ J ]

Qa: parcela de calor absorvida [ J ]

Qt: parcela de calor transmitida [ J ]

: umidade específica [ cm3.cm

-3 ]

qh: fluxo térmico [ W/m2 ]

RN: fluxo de radiação líquida [ W/m2 ]

RG: fluxo da radiação global [ W/m2 ]

RA: fluxo da radiação atmosférica [ W/m2 ]

RS: fluxo da radiação na superfície [ W/m2 ]

RM: resistência de movimento [ s.m-1

]

RV: resistência de massa [ s.m-1

]

RH: resistência de calor [ s.m-1

]

r: coeficiente de correlação [ - ]

r´: refletividade ou poder refletor (albedo) [ - ]

X

11

S: fluxo de calor sensível [ W/m2 ]

T: temperatura absoluta [ K ]

Ts: temperatura absoluta na superfície [ K ]

: temperatura da superfície [ K ]

: temperatura do ar [ K ]

tT : temperatura média do perfil do solo [ °C ]

t: tempo [ s ]

t´: transmissividade ou poder transmissor [ - ]

u*2: fluxo turbulento de quantidade de movimento [ m

2.s

-2 ]

: componente horizontal da velocidade do vento [ m.s-1

]

u* : velocidade de atrito [ m.s-1

]

V1: volume ocupado pela água [ m3 ]

VT : volume total [ m3 ]

W.m-2

: watts por metro quadrado [ - ]

z0M: altura média de rugosidade para a transferência de quantidade de movimento [ m ]

z0V: altura média de rugosidade para a transferência de quantidade de massa [ m ]

z0H: altura média de rugosidade para a transferência de quantidade de calor [ m ]

z: profundidade [ m ]

XI

12

LISTA DE FIGURAS

Figuras Página

Figura 1 Triângulo para classificação das classes texturais do solo, adotado

pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo...................................

7

Figura 2 Partição da energia disponível entre o solo e a atmosfera (adaptado

de www. NASA.gov/.../2007/polar climate prt.htm).......................

24

Figura 3 Mapa do município de Garanhuns – PE........................................... 26

Figura 4 Mapa do município de São João – PE.............................................. 27

Figura 5 Comportamento temporal do campo de temperatura a diferentes

profundidades, nos dois tipos de solos analisados............................

28

Figura 6 Gráficos do perfil de temperatura, nos dois tipos de solos................ 35

Figura 7 Temperaturas obtidas e estimadas pelo método harmônico nas

profundidades de 2 e 8 cm para os dois tipos de solos.....................

35

Figura 8 Capacidade térmica em função da umidade para os dois tipos de

solos...................................................................................................

37

Figura 9 Difusividade térmica em função da umidade, estimada através dos

métodos: harmônico e logarítmico, para os dois tipos de solos........

38

Figura 10 Difusividade térmica em função da umidade, para os dois tipos de

solos, estimada através dos métodos: harmônico e logarítmico........

39

Figura 11 Condutividade térmica em função da umidade, determinada

através da capacidade térmica e dos métodos: harmônico e

logarítmico, para os dois tipos de solos............................................

40

Figura 12a Condutividade térmica em função da umidade obtida pelo método

harmônico e estimada pelo modelo de Campbell e pelo modelo de

Laurent e Chaley - Guerre, para o Latossolo Amarelo.....................

43

Figura 12b Condutividade térmica em função da umidade obtida pelo método

harmônico e estimada pelo modelo de Campbell e pelo modelo de

Laurent e Chaley - Guerre, para o Neossolo Regolítico...................

43

XI

13

LISTA DAS TABELAS

Tabelas Página

Tabela 1 Albedos e emissividade para superfícies de solo e planta................... 25

Tabela 2 As frações granulométricas, a massa específica global () e matéria

orgânica (MO) da camada superficial (0 - 10 cm) dos dois solos:

Garanhuns (PE) (Latossolo Amarelo) e São João (PE) (Neossolo

Regolítico)...........................................................................................

28

Tabela 3 Comparação dos valores das propriedades térmicas, obtidos nos

dois tipos de solos...............................................................................

36

Tabela 4 Comparação entre os valores dos parâmetros obtidos para os

modelos adotados, nos dois tipos de solos analisa.............................. 41

Tabela 5 Resultados da análise estatística sobre a comparação entre os

modelos adotados da condutividade térmica para os dois tipos de

solos.....................................................................................................

44

XIII

14

CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DE SOLOS

Autor: José de Almeida Maciel Neto

Orientador: Prof. Dr. ANTÔNIO CELSO DANTAS ANTONINO

Co-orientador: Prof. Dr. ELIAS SILVA FILHO

RESUMO

Para uma caracterização térmica de um solo é necessária a determinação das suas

propriedades térmicas, pois elas ditam como são o armazenamento e a propagação da energia

térmica nos solos em função do tempo e da profundidade. O gerenciamento das propriedades

térmicas é uma importante ferramenta na gestão do regime de temperatura para caracterizar o

microclima local e para beneficiar a germinação das sementes e o crescimento das plantas no

solo. Nesse trabalho, foi feita a caracterização térmica em dois tipos de solos na região do

Agreste Meridional do Estado de Pernambuco, classificados como Latossolo Amarelo e

Neossolo Regolítico. Com a finalidade de determinar as propriedades térmicas dos referidos

solos, o modelo de De Vries foi utilizado para calcular a capacidade térmica volumétrica, e,

para a difusividade térmica, utilizaram-se os métodos harmônico e logarítmico. Os valores

encontrados da condutividade térmica variaram de 0,26 até 1,44 W.m-1

.K-1

, nos dois tipos de

solos, situando-se dentro da faixa de valores obtidos por outros pesquisadores. A estimativa

da condutividade térmica foi feita através dos modelos de Campbell e de Laurent e Chaley -

Guerre. As diferenças entre os resultados obtidos e os estimados pelos modelos adotados

foram muito pequenas, sugerindo que os dois modelos sejam aceitáveis para a estimativa da

condutividade térmica nesses tipos de solos, em condições naturais. Portanto, os resultados

apresentados aumentam a área de aplicação dos modelos matemáticos que predizem a

caracterização térmica do solo, o que deverá melhorar a confiabilidade e a precisão no

entendimento das relações solo-planta-atmosfera. Assim sendo, fornecem mais subsídios para

um estudo de técnicas ecológicas de cultivo adequadas para esses tipos de solo.

Palavras chave: difusividade térmica, condutividade térmica, método harmônico, método

logarítmico, modelo de Campbell e modelo de Laurent e Chaley-Guerre.

XIV

15

THERMAL CHARACTERIZATION OF SOILS

Author: José de Almeida Maciel Neto

Advisor: Prof. Dr. Antônio Celso Dantas Antonino

Co-advisor: Prof. Dr. Elias Silva Filho

ABSTRACT

For a thermal characterization of a soil it is necessary to determine its thermal properties,

because they dictate how the storage and propagation of thermal energy in the soil as a

function of time and depth. The management of the thermal properties is an important tool in

managing the temperature regime to characterize the local microclimate and to benefit seed

germination and plant growth in soil. In this paper, thermal characterization was made in two

types of soils in the southern region of the Wasteland of the State of Pernambuco, classified

as Yellow Latossoil and Regolithic Neosoil. In order to determine the thermal properties of

these soils, the model of De Vries was used to calculate the volumetric heat capacity and

thermal diffusivity, were used the harmonic and logarithmic methods. Were used for

determining thermal conductivity values found ranged from 0,26 to 1,44 W.m-1

.K-1

, in two

soil types, standing within the range of values obtained by other researchers. The estimate of

the thermal conductivity was made through the model of Campbell and model of Laurent and

Chaley - Guerre. The differences between the results obtained and those estimated by the

models used were very small, suggesting that both models are acceptable for the estimation of

thermal conductivity in these types of soils under natural conditions. Therefore, the results

presented herein increase the area of application of mathematical models that predict the

thermal characterization of the soil, improving the reliability and accuracy in understanding

the relationship soil-plant-atmosphere. Thus, they provide more support for a study of

ecological farming techniques suitable for these types of soil.

Keywords: thermal diffusivity, thermal conductivity, harmonic method, logarithmic method,

model of Campbell and model Laurent and Chaley-Guerre.

XV

16

1 INTRODUÇÃO

A energia térmica do solo é um dos fatores fundamentais que controlam o crescimento

e o desenvolvimento dos vegetais, pois é ela que determina a temperatura para um ambiente

favorável às plantas no solo. Se a temperatura do solo não permanecer dentro de certos

limites, a atividade microbiológica poderá ser interrompida, as sementes poderão não

germinar e as plantas não se desenvolverem. Essa complexa interação entre o solo, a

vegetação e a atmosfera precisa ser bem entendida, para se ter melhores condições de um

estudo sobre a propagação do calor no solo (PREVEDELLO, 1996).

A temperatura do ar é de extrema importância para o crescimento e desenvolvimento

das plantas, mas é, também, favorável à presença e proliferação de pragas e doenças

(DUARTE, 2011). A utilização errada do solo, também, contribui enormemente para um

maior aquecimento da atmosfera e da superfície terrestre. Esse aquecimento é causado por um

aumento das emissões dos gases de efeito estufa na atmosfera devido às atividades humanas,

como a agropecuária (PRIMAVESI, 1987).

O preparo do solo modifica suas condições naturais e juntamente com o manejo da

cultura nele implantada, altera as características da camada superficial. A cobertura do solo

funciona como proteção, reduzindo a amplitude da temperatura e, por conseqüência,

diminuindo a evaporação. Em períodos de estiagem, isso representa economia de até 20 % de

água (PRIMAVESI, 1987).

A temperatura é considerada um fator importante que está diretamente relacionado ao

sistema solo-planta-atmosfera, afetando três funções importantes do solo: a biológica, a

química e a física. Nas plantas, ela influencia grandemente o processo de germinação e

emergência, bem como, o crescimento das raízes. Portanto, é capaz de controlar o poder

produtivo, o desenvolvimento e a distribuição de plantas no solo (CONCEIÇÃO et al., 2000;

FURLANI et al., 2008; KNIES, 2010).

Logo, a temperatura é fundamental na formação do próprio solo, influenciando na

desintegração do material orgânico, na retenção e fluxo de água, na aeração do solo, na

movimentação de colóides, no metabolismo e desenvolvimento de microorganismos que

habitam o solo, na germinação de sementes e no crescimento do sistema radicular das plantas

(ORTOLANI; PINTO, 1972). Assim, torna-se o mais importante parâmetro hidrológico que

afeta as trocas de calor sensível e latente entre a atmosfera e o solo (LIN, 1980).

1

17

Por outro lado, a modelagem da temperatura da superfície do solo tem sido uma tarefa

desafiadora para os pesquisadores há muito tempo. A maneira mais simples de estimar,

aproximadamente, a temperatura do solo é obter uma equação modelo de uma função

senoidal, na qual ela varie com o tempo em torno de um valor médio. Uma vez que, as

variações reais, na natureza, não são tão sequenciais, essa equação modelo pode não seguir a

observação real em alguns momentos. Um pressuposto para este modelo é considerá-lo

fundamentado na resolução de uma equação unidimensional vertical de difusão de calor,

equação de Fourier, supondo-se o meio homogêneo e isotrópico, e considerando-se a

difusividade térmica constante (HILLEL, 2004; TYAGI; SATYANARAYANA, 2009).

As propriedades térmicas influenciam a distribuição da energia na superfície do solo e

estão relacionadas com a temperatura na transferência de calor e de água através dela. Por

estas razões, as propriedades são estudadas pelos físicos do solo, os agrônomos, os biólogos e

os micrometeorologistas (OCHSNER et al., 2001; HOPMANS et al., 2002; NKONGOLO et

al., 2010).

Assim, considerando-se que diferentes tipos de solo apresentam características

peculiares, faz-se necessário que sejam identificadas, para cada situação particular, as suas

propriedades térmicas, as quais são resultantes de um conjunto de fatores, incluindo sua

textura e composição química (REICHARDT; TIMM, 2004).

As observações regulares de temperatura e da umidade volumétrica em diferentes

profundidades de um solo, possibilitam o conhecimento do seu comportamento térmico e da

obtenção das propriedades térmicas, a saber: i) capacidade térmica volumétrica, que indica a

habilidade do solo em armazenar energia térmica, isto é, expressa a variação da temperatura

resultante do ganho ou da perda de calor; ii) difusividade térmica, que representa a capacidade

do solo em difundir calor, sendo esta uma medida do tempo necessário para as variações de

temperatura se propagarem e iii) condutividade térmica, que representa a capacidade do solo

em conduzir calor (REICHARDT; TIMM, 2004).

Um suporte experimental obrigatório, para os modelos físicos de um regime térmico, é

a função da difusividade térmica do solo, ou seja, uma difusividade térmica em função do teor

de água, da composição e das propriedades dos horizontes ou camadas do solo. O desafio é

desenvolver um método simples, exato, rápido e cientificamente eficaz para adquirir este

essencial parâmetro termofísico (MIKAYILOV, 2007; MIKAYILOV; SHEIN, 2010).

Diversos métodos foram publicados na literatura para se determinar in loco a

difusividade térmica do solo, utilizando-se dados de temperatura do solo em diferentes

profundidades. Dentre eles, podem-se citar: i) método logarítmico (HORTON et al., 1983;

2

18

ANTONINO et al., 1997) e ii) método harmônico (HORTON et al., 1983; ANTONINO et

al., 1997; PASSERAT DE SILANS et al., 2006; SOARES, 2009).

Destacando-se que a utilização de sondas de temperatura podem influenciar

enormemente os valores calculados da difusividade térmica independentemente do método

utilizado, como visto por Antonino et al. (1997), que observaram eventuais erros provocados

pelo incorreto posicionamento de sondas térmicas.

Já a condutividade térmica é considerada uma das mais importantes propriedades

térmicas na agricultura, sendo apontada como aquela que controla o fluxo de calor através de

diferentes materiais (ABU-HAMDEH et al., 2001).

Predizer o transporte de água, calor e soluto no solo, ajudaria a gerir os recursos do

solo e da água na agricultura irrigada. As propriedades térmicas são necessárias para uma

modelagem do transporte de calor no solo (ABU-HAMDEH et al., 2001; EKWUE et al.,

2006).

A este respeito muito esforço tem sido feito para encontrar um modelo de

transferência de calor através do solo com a ajuda de modelos analíticos ou numéricos

(BRITTO et al, 1992; THOMAS; LI, 1997; CHEN; LIU, 2006; LLORET; VILLAR, 2007).

Os processos de transferência de calor e água nos solos são descritos usando o Modelo

Corpuscular (transferências microscópicas) ou o Modelo Contínuo (transferências

macroscópicas). Ambos apóiam-se nas mesmas concepções de tempo e espaço. No primeiro

modelo, seus parâmetros caracterizam as quantidades físicas em um ponto, ou seja, um

elemento de volume infinitamente pequeno no espaço poroso do solo. O uso de modelos

microscópicos requer informações sobre a heterogeneidade do solo, da velocidade dos fluxos

de massa e de energia dentro do espaço poroso e as direções das linhas desses fluxos em poros

separados do solo, o que dificilmente pode ser obtido por estudos experimentais dirigidos

(MIKAYILOV, 2007; MIKAYILOV; SHEIN, 2010).

Portanto, na prática, o modelo macroscópico é geralmente mais utilizado. A estimativa

dos parâmetros deste modelo pode ser determinada através de Métodos Diretos ou de

Métodos Inversos. Os primeiros têm a finalidade de obter-se uma função matemática de

transferência de calor e de água no solo, onde as propriedades térmicas devem ser expressas

em termos dos dados experimentais sobre a dinâmica da variável de estado em estudo. Nessa

abordagem, é possível a determinação do valor de um único parâmetro em cada experiência.

A vantagem dos Métodos Inversos, na transferência de calor e de água, consiste na

determinação de intervalos térmicos de confiança, a possibilidade de estimar mais de um

3

19

parâmetro, com mais precisão, a partir de uma mesma experiência (MIKAYILOV, 2007;

MIKAYILOV; SHEIN, 2010).

Os processos de transferência de calor no solo podem ocorrer por condução e

convecção, com ou sem transferência de calor latente. A temperatura do solo é consequência

desses processos e das trocas de calor entre a superfície do solo com a atmosfera. Nas trocas

de calor entre a superfície do solo com a atmosfera, além dos processos de condução e

convecção, ocorre, ainda, mais um processo: a radiação. A radiação é o único processo de

transferência que pode ocorrer no vácuo porque nele a energia é transferida por ondas

eletromagnéticas. O aquecimento de sua superfície pela radiação solar determina o regime

térmico de um solo. A convecção ocorre pelos fluidos em movimento (fluxo de massa) e é

geralmente o processo mais importante de transferência de calor nos solos úmidos. Já a

condução ocorre pela transferência de energia térmica de uma partícula para outra e é

geralmente o processo mais importante de transferência nos solos. O transporte de calor

sensível para o interior do solo é determinado pelo processo de condução térmica, o qual é

governado pelas propriedades térmicas do solo, que por sua vez são tremendamente

dependentes da umidade do solo (PREVEDELLO, 1996; PEREIRA, 2002).

As transferências de massa e de calor nas camadas superficiais do solo, assim como as

trocas na interface solo-atmosfera, condicionam numerosos fenômenos que afetam, direta e

indiretamente, a produtividade agrícola. Em particular, o fluxo de calor na superfície constitui

um dos termos da equação do balanço de energia na superfície, e sua estimativa possibilita a

avaliação da evaporação e do fluxo de calor sensível no ar (ANTONINO et al., 1997).

O fenômeno das transferências de água, de calor e de solutos, durante a evaporação, é

complexo porque essas transferências ocorrem simultaneamente. Portanto, os gradientes

osmóticos, de temperatura e de sucção são esperados para interagirem e para controlarem esse

sistema multifásico, que explica o porquê desses mecanismos detalhados de salinização do

solo são pouco compreendidos (GRAN et al., 2010).

O balanço de energia nas superfícies cobertas com vegetais permite dimensionar as

trocas de massa e energia no sistema solo-planta-atmosfera, pelo estudo da partição do saldo

de radiação nos diversos processos que ocorrem na cultura. O balanço energético permite que

se avaliem as alterações no microclima da vegetação, em função dos estágios de

desenvolvimento da cultura, das condições de solo e da atmosfera (FONTANA, 1987).

Todas as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo são influenciadas pela sua

capacidade de armazenar e transferir energia térmica, ou seja: nas propriedades físicas,

através dos movimentos e disponibilidades dos fluidos (ar e água); nas propriedades químicas,

4

20

como a difusão dos solutos e gases, através das reações químicas que liberam nutrientes para

as plantas; nas propriedades biológicas, através das atividades dos microorganismos,

permitindo a germinação das sementes e o desenvolvimento das raízes e das plantas

(PREVEDELLO, 1996).

As práticas agronômicas e as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo são

afetadas pelo microclima, que é influenciado pelas propriedades térmicas do solo

(GHUMAN; LAL, 1985; ABU-HAMDEH, 2000). Nos últimos anos, um esforço

considerável, desenvolvendo técnicas, foi canalizado para determinar essas propriedades

(OCHSNER et al., 2001).

Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi a caracterização térmica e a avaliação dos

modelos de Campbell e de Laurent e Chaley – Guerre na estimativa da condutividade térmica

em dois tipos de solos do Agreste Meridional do Estado de Pernambuco, de modo a fornecer

subsídios para um estudo de técnicas de cultivo ecologicamente adequadas para esses solos.

5

21

2 REVISÃO DE LITERATURA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Propriedades físicas do solo

Os solos são constituídos por uma mistura de partículas sólidas de natureza mineral e

orgânica, ar e água, formando um sistema trifásico, sólido, gasoso e líquido (REICHARDT,

2004; FLORA, 2006).

Winter (1984) apresenta um conceito estático e biocêntrico, no qual o solo é uma

mistura complexa de materiais inorgânicos e orgânicos, contendo uma rica variedade de

organismos, e fornece apoio e suporte para as plantas que dele extraem água e nutrientes. Já

para Reichardt (2004), o solo é caracterizado por várias camadas superpostas, denominadas

horizontes do solo, as quais apresentam várias espessuras e estruturas. A origem do solo é a

rocha que pelas ações de processos físicos, químicos e biológicos de desintegração,

decomposição e recombinação se transformou, no decorrer das eras geológicas, em material

poroso de características peculiares (FLORA, 2006).

O solo é um dos recursos básicos dos ecossistemas naturais e agropecuários. Por ser

considerado um recurso finito, frágil e não renovável, a manutenção de sua qualidade tem

adquirido importância fundamental nos últimos anos. As propriedades físicas do solo

influenciam diretamente o ecossistema e a escolha do melhor manejo a ser adotado nos

cultivos agrícolas. O sucesso ou fracasso de projetos agrícolas é dependente das propriedades

físicas do solo utilizado (BRANDT, 2009).

2.1.1 Textura do solo

A textura do solo é definida pela proporção relativa das classes de tamanho de

partículas de um solo. A Sociedade Brasileira de Ciência do Solo define quatro classes de

tamanho de partículas menores do que 2 mm, usadas para a definição da classe de textura dos

solos:

Areia grossa - 2 a 0,2 mm ou 2000 a 200 μm

Areia fina - 0,2 a 0,05 mm ou 200 a 50 μm

Silte - 0,05 a 0,002 mm ou 50 a 2 μm

Argila - menor do que 2 μm

6

22

O sistema consta da sobreposição de três triângulos equiláteros que representam a

quantidade de argila, silte e areia do solo (Figura 1).

Figura 1. Triângulo para classificação das classes texturais do solo,

adotado pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo.

2.1.2 Estrutura do solo

A estrutura do solo é definida como a forma que as partículas minerais, orgânicas e

espaços vazios encontram-se arranjados no solo (FLORA, 2006). Estes arranjos são

complexos e segundo Klar (1988), não existe uma metodologia de determinação prática e

direta da estrutura, daí serem usados conceitos qualitativos e descritivos, não havendo meio

prático de medir e dar um número à estrutura de um solo. De acordo com Reichardt (1990),

um solo pode ser bem estruturado ou mal estruturado, sendo considerada boa a estrutura com

bastantes agregados, de forma granular, que não se desmorona com facilidade quando úmida.

2.1.3 Densidade do solo

A densidade do solo é definida como sendo a massa do solo seco por unidade de

volume. Relaciona-se com a compactação de cada horizonte, e permite inferir as dificuldades

para a emergência, enraizamento e circulação da água e ar. Qualquer prática ou processo que

tende a causar compactação de um solo, aumentará sua densidade volumétrica e diminuirá sua

porosidade. Isto terá um efeito significante na alteração da condutividade térmica (NIDAL;

REEDER, 2000; FLORA, 2006).

7

23

Para calcular a densidade volumétrica utiliza-se a seguinte equação:

(1)

sendo , a densidade volumétrica do solo (kg.m-3

), mS, a massa das partículas sólidas (kg) e,

VT, o volume total da amostra de solo (m3).

A densidade de um solo varia de acordo com o volume ocupado por uma massa de

partículas sólidas de solo (FLORA, 2006). Segundo Reichardt e Timm (2004), a densidade do

solo é, portanto, um indicador do grau de compactação de um solo.

2.1.4 Porosidade do solo

-

(2)

sendo por, a porosidade total (%), , a densidade volumétrica do solo (kg.m

-3) e

, a

densidade de partículas (kg.m-3

).

Para cálculo da densidade do solo e densidade de partículas considera-se somente a

massa de sólidos do solo, excluindo a massa de água presente.

2.1.5 Umidade do solo

A umidade do solo pode ser descrito como sendo a quantidade de água que o solo

armazena (REICHARDT, 1990). Ou seja, a umidade do solo é a razão entre o volume de água

presente numa amostra de solo e o volume da amostra:

(3)

sendo θ, a umidade do solo (cm3.cm

-3), V1, o volume ocupado pela água (m

3), VT, o volume

total da amostra (m3),

, densidade da água (kg/m

3), mS, a massa das partículas sólidas (kg) e

mU, a massa úmida da amostra de solo (kg).

A medida da umidade volumétrica () também pode ser definida em percentagem.

8

24

2.2 Propriedades térmicas do solo

Os estudos das trocas de energia entre o solo e a atmosfera são importantes para

caracterizar o microclima local e, também, para identificar as interações entre eles. Esses

estudos, além de possibilitar o conhecimento das variações climáticas da região, podem medir

e identificar os efeitos dos fatores naturais ou da ocupação humana sobre as diferentes

questões ambientais (BIUDES et al., 2010).

O solo além de armazenar e permitir os processos de transferência de água, solutos e

gases, também armazena e transfere calor. A capacidade do solo, de armazenar e transferir

energia térmica, é determinada por suas propriedades térmicas e pelas condições

meteorológicas que, por sua vez, influenciam todos os processos químicos, físicos e

biológicos do solo (PREVEDELLO et al., 2002).

As propriedades térmicas do solo: a capacidade térmica, a difusividade térmica e

condutividade térmica são importantes em muitas aplicações agrícolas, de engenharia e

meteorológicas. Elas são, em grande parte, dependentes da fração volumétrica de água, de

sólidos e de ar no solo. Essas frações volumétricas são altamente variáveis no tempo e no

espaço, principalmente perto da superfície do solo. Uma boa compreensão é necessária de

como essas variações afetam as propriedades térmicas. Entretanto, relativamente poucos

conjuntos de dados medidos foram publicados (OCHSNER et al., 2001).

Para determinar a capacidade térmica, muitos pesquisadores têm usado o fato de que

ela é a soma das capacidades térmicas dos constituintes do solo (DE VRIES, 1963;

BRISTOW, 1998; ABU-HAMDEH, 2003). Em seguida, medindo-se a difusividade térmica, é

possível determinar a condutividade térmica. (ABUEL-NAGA et al, 2009).

2.2.1 Capacidade térmica

A capacidade térmica volumétrica de um solo depende de vários fatores e podem ser

organizados em dois grandes grupos, aqueles que são inerentes ao próprio solo e aqueles que

podem ser dirigidos ou controlados até certo ponto. Os fatores ou as propriedades que são

inerentes ao próprio solo incluem a sua composição mineralógica e a sua matéria orgânica

(DE VRIES, 1952; WIERENGA et al, 1969; YADAV; SAXENA, 1973).

Os fatores que influenciam a capacidade térmica do solo e podem ser gerenciados

externamente, incluem a umidade volumétrica e a densidade do solo. A umidade volumétrica

desempenha um papel importante na capacidade térmica do solo, mas é o mais difícil de gerir.

9

25

O manejo do solo, também, afeta a capacidade térmica porque as práticas que provocam a

compactação do solo aumentam a densidade e diminuem a sua porosidade. Essa por sua vez,

terá um efeito significativo sobre a capacidade térmica (DE VRIES, 1952; WIERENGA et al,

1969; YADAV; SAXENA, 1973).

2.2.2 Difusividade térmica

A difusividade térmica, termo usado primeiramente por Lord Kelvin (JACKSON;

TAYLOR, 1986), determina com que velocidade as ondas de temperatura se propagam no

solo, variando com o tempo e o espaço, o que significa dizer que ela determina a relação entre

a capacidade em acumular e conduzir a energia térmica para o interior do solo (REICHARDT,

2004). Percebe-se, facilmente, que o comportamento termodinâmico da vegetação e do solo

apresenta grande importância (INCOPRERA; WITT, 1990). A uma difusividade baixa, por

exemplo, podem-se associar uma temperatura alta na superfície e uma pequena profundidade

de penetração do calor (ALVES et al.; PASSERAT DE SILANS, 2006).

A difusividade térmica é também uma função da umidade, da densidade e da

composição do solo (REICHARDT, 2004). Ela aumenta com o aumento da umidade, até

atingir um valor máximo. A partir daí, o aumento do conteúdo de água não aumenta a

condutividade térmica na mesma proporção da capacidade térmica volumétrica e, por

conseguinte, a difusividade térmica decresce (CAMPBELL et al., 1970; ALVALÁ;

FERRARI, 2002).

Com o aumento do teor de água no solo, formam-se películas de água ao redor de suas

partículas, aumentando assim, a área de contato entre elas, que causa um aumento rápido da

condutividade térmica. Em geral, a difusividade térmica de solo é pequena em baixa umidade

e aumenta com o teor de umidade até um valor máximo, mas em seguida, diminui com o teor

de umidade continuando a aumentar tendendo à saturação. O pico difusividade do solo é

causado pelas mudanças na relação da condutividade térmica e da capacidade térmica

volumétrica do solo. Antes do valor de pico da difusividade térmica, observa-se que o

aumento na condutividade térmica com o aumento do teor de umidade é relativamente maior

do que na capacidade térmica volumétrica. No entanto, após o pico, o aumento relativo da

condutividade térmica do solo é menor do que o constante aumento da capacidade térmica

volumétrica. Como resultado, a difusividade térmica diminui após o valor de pico

(CAMPBELL et al., 1970; ALVALÁ; FERRARI, 2002).

10

26

2.2.3 Condutividade térmica

A condutividade térmica é definida pela quantidade de energia que o solo pode

transmitir na unidade de comprimento por unidade de tempo, quando a diferença de

temperatura para esta distância é dada por unidade de área (PREVEDELLO, 1996).

Várias abordagens foram empregadas, no passado, para medir a condutividade térmica

do solo. Ghuman e Lal (1985) variaram os teores da umidade, mas mantiveram a densidade

constante. Abu-Hamdeh e Reeder (2000) variaram a densidade em alguns de seus

experimentos, mas mantiveram o teor da umidade constante. Nakshabandi e Kohnke (1965)

conduziram, também, dois conjuntos de experimentos, em um variaram a densidade, mas

mantiveram o teor da umidade constante e no outro eles mantiveram densidade constante e

variaram o teor da umidade.

Estes estudos citados mostraram que a condutividade térmica é afetada pela textura e

estrutura do solo, e aumenta com a densidade e o teor da umidade (NAKSHABANDI;

KOHNKE, 1965; EKWUE et al., 2006).

A condutividade térmica do solo depende da composição do solo, da densidade, da

forma das partículas e, em particular, do teor de água do solo (SHIOZAWA; CAMPBELL,

1990). Os procedimentos comumente utilizados para a sua determinação com base nas

propriedades do solo e nas frações volumétricas de sólidos, de líquido e de ar foram descritos

por De Vries (1963).

Os testes em campo ou em laboratórios podem ser usados para medir a condutividade

térmica do solo. No entanto, as medições em campo podem ser caras e demoradas. As

técnicas de medição em laboratórios podem ser classificadas em duas categorias principais:

métodos de estado estacionário e métodos de estado transitório (JACKSON; TAYLOR,1986)

Os métodos de estado estacionário medem a condutividade térmica de uma amostra do

solo quando ela está submetida a um gradiente de temperatura constante com o tempo, e

atinge um nível de fluxo de calor constante através dela em qualquer ponto desse solo. A

literatura tem referenciado o supramencionado método como o método de barra dividida

(MIDTTØMME et al, 1997; COTÉ; KONRAD, 2005; ABUEL-NAGA et al, 2009).

Os métodos de estado transitório são os métodos preferidos, particularmente, para os

materiais porosos e úmidos. Geralmente, empregam uma sonda de agulha que utiliza uma

linha para introduzir uma fonte de energia térmica no solo (LAURENT, 1989). Cada método

tem suas próprias vantagens, limitações e suposições (MIDTTØMME; ROALDSET, 1999;

ABUEL-NAGA et al, 2009).

11

27

Para uma compreensão mais ampla dos efeitos da possível interação entre os fatores

do solo sobre a condutividade térmica, faz-se necessário um estudo dos efeitos da densidade e

do teor da umidade variando simultaneamente nos mesmos experimentos (EKWUE et al.,

2006).

Portanto, a condutividade térmica aparente do solo pode ser determinada,

experimentalmente ou através da utilização de modelos. Experimentalmente, através de

medidas de temperatura e de umidade, ou diretamente, a partir das medidas do produto da

difusividade térmica e da capacidade térmica, sendo que essa pode ser facilmente obtida

usando medições da umidade volumétrica e da densidade do solo. A determinação da

condutividade térmica fica condicionada à determinação da difusividade térmica (LIMA,

2005).

Diferente da capacidade térmica, a condutividade térmica é sensível não só à

composição de volume de um solo, mas também aos tamanhos, às formas e aos arranjos das

partículas do solo, ou seja, não depende apenas da textura, mas também da estrutura do solo

(HILLEL, 1998).

A condutividade térmica média do solo é altamente afetada pela textura, composição

mineralógica e teor de matéria orgânica que são inerentes ao meio poroso, pelos mais

variáveis fatores, incluindo: umidade volumétrica, temperatura e porosidade, e além destes,

pela pressão do gás e do vapor de água contidos nele (TARNAWSKI; LEONG, 2000;

OCHSNER et al., 2001).

Geralmente, dados experimentais mais abrangentes da condutividade térmica são

escassos, principalmente em baixos teores de umidades volumétricas e em altas temperaturas.

Apenas alguns estudos foram feitos com alta temperatura, fornecendo informações

satisfatórias sobre a textura do solo e a sua composição mineralógica (TARNAWSKI;

LEONG, 2000).

2.2.4 Modelos para a parametrização da condutividade térmica

O modelo de Laurent e Chaley - Guerre e o modelo de Campbell foram utilizados para

parametrização da condutividade térmica em função da umidade volumétrica, que são

descritos a seguir:

12

28

Modelo de Laurent e Chaley – Guerre (1995):

Nesse modelo, a condutividade térmica “pura”, ou seja, sem levar em conta os efeitos

de vaporização/condensação que ocorrem no espaço poroso, foi estimada pela primeira vez.

Para este fim, pode-se, simplesmente, fazer uma interpolação linear entre a condutividade

térmica para os estados seco e saturado, ou pode-se, também, usar dois modelos paralelos que

tenham sido construídos por analogia elétrica. O primeiro modelo requer o conhecimento das

propriedades térmicas inerentes na separação entre a matriz sólida microporosa e a

macroporosa do material circundante. O segundo modelo se move para outro nível, sendo

assim, considera-se as propriedades térmicas dos “grãos” sólidos não porosos, ou seja, que a

fase sólida controla o fluxo de calor no interior do material através dos contatos entre esta fase

e as outras fases, líquida e gasosa. Com base nos resultados obtidos, para estimar a

condutividade térmica em blocos de concreto celular autoclavado, de acordo com suas

características e estado higrotérmico, os dois modelos foram construídos e validados

(CHERECHES et al., 2010).

Para esses dois modelos, as fórmulas são dadas para estimar os parâmetros e ambos

fornecem resultados semelhantes. Então, um ou outro modelo pode ser escolhido dependendo

do tipo de dado que estiver disponível. Entretanto, de acordo com De Vries (1963), a

contribuição da condutividade térmica “aparente” da umidade do ar tem que ser adicionada.

Esse parâmetro depende apenas da temperatura e pode ser obtido a partir da umidade do ar em

tabelas de propriedades físicas. Com este modelo, para qualquer umidade do ar ou

temperatura, os resultados estão dentro de 10 % dos valores reais, que é bastante satisfatório,

especialmente, considerando-se os erros que podem ocorrer se a influência da temperatura não

é desprezível (CHERECHES et al., 2010).

Modelo de Campbell (1985):

Campbell et al. (1994) afirmam que a variação do fluxo de calor é o primeiro fator

responsável pela variação da condutividade térmica do solo. Ajustando os resultados com a

equação de De Vries (1963), ao medir a condutividade térmica do solo de amostras com

texturas, densidades, umidades e temperaturas diferentes, obtiveram como resposta, no solo

úmido, o aumento da condutividade térmica com o aumento da temperatura.

Quando a umidade diminui, o transporte de calor nos poros diminui, devido a dois

fatores. O primeiro é a umidade nos poros que diminui o contato entre moléculas no solo, e o

13

29

segundo fator é como o líquido se movimenta no solo, pois o transporte de calor é também

dependente da circulação da água nos poros (CAMPBELL et al., 1994).

2.3 Modos de transmissão de calor

A temperatura do solo varia em resposta às alterações das trocas de energia radiante,

térmica e latente que ocorrem principalmente na superfície do solo. Ela é afetada pela

variação das propriedades térmicas do solo, tais como a capacidade térmica, difusividade

térmica e a condutividade térmica. Essas propriedades, uma vez que úmidas ou secas, variam

com a profundidade. A temperatura, também, depende da localização geográfica, da cobertura

vegetal e do manejo humano (OKE, 1978).

A temperatura do solo é um dos elementos importantes na caracterização do

microclima e do solo, sendo seu estudo justificável para vários propósitos, tais como, no

estudo de balanço de radiação na superfície, nos processos de evaporação e de condensação, e

na sua atuação como modificador das condições da camada de ar em contato com o solo

(RAO, 1966).

Torna-se importante, então, a descrição dos diferentes processos de transferência e das

trocas de calor entre a superfície do solo com a atmosfera, já que a temperatura do solo é

consequência desses processos que são: radiação térmica, convecção de calor com ou sem

transferência de calor latente e condução ou difusão térmica (JURY et al., 1991).

2.3.1 Condução térmica

A condução ocorre pela transferência de energia térmica de uma partícula para outra e

é geralmente o processo mais importante de transferência nos solos. Esse processo é

governado pelas propriedades térmicas do solo que, por sua vez, são extremamente

dependentes da umidade do solo (PREVEDELLO, 1996).

A condução de calor nos sólidos foi inicialmente analisada por Fourier, cujo nome é

associado com as equações de transporte linear, que têm sido utilizadas para descrever a

condução de calor. Essas equações são matematicamente análogas às equações de difusão (lei

de Fick) bem como à lei de Darcy para a condução dos fluidos em meios porosos

(BRAMHALL, 1976; MELLADO, 2007).

14

30

A primeira lei da condução de calor, conhecida como a lei de Fourier, estabelece que o

fluxo de calor em um corpo homogêneo é proporcional ao gradiente de temperatura, e para a

direção vertical se escreve (TANNER, 1963):

-

(4)

sendo qh o fluxo térmico (isto é, a quantidade de calor conduzida por uma unidade área de

seção transversal por unidade de tempo), T a condutividade térmica aparente, que é função

da umidade do solo, e

o gradiente de temperatura T. O sinal negativo nesta equação indica

que o calor flui de um ponto de temperatura mais alta para um com temperatura mais baixa

(HORTON et al., 1983; KING, 2003).

Se o fluxo térmico é expresso por W.m-2

e o gradiente em m-1

.K, a condutividade

térmica tem como unidade W.m-1

. K -1

.

A equação (4) é suficiente para descrever a condução de calor no solo em condições

estacionárias, que é quando a temperatura, em cada ponto no meio condutor e o fluxo

permanecem constantes no tempo. Para condições não estacionárias ou transitórias, é

necessária uma segunda lei análoga à segunda lei de Fick de difusão. Para obter a segunda lei

de condução de calor, considera-se o princípio de conservação de energia na forma da

equação da continuidade. Na ausência de qualquer fonte ou sumidouros de calor, a taxa de

variação de energia no tempo de um elemento de volume do meio condutor (nesse caso, o

solo) deve ser igual à variação do fluxo com a distância que, para o caso vertical, escreve-se

(BRAMHALL, 1976; MELLADO, 2007):

-

(5)

sendo CT é a capacidade térmica volumétrica ou capacidade calorífica do solo (J.m-3

.K-1

), que

é função da umidade do solo, sendo representado pelo produto da massa específica do solo ,

( representa a massa total do solo por unidade de volume, inclusive a massa da água para o

caso de um solo úmido) pela capacidade de calor específica por unidade de massa, Cm.

O termo aparente foi introduzido por De Vries (1963). Esse autor analisou em detalhe

o processo de transferência de calor no solo e mostrou que, além de um processo

essencialmente condutivo pelos contatos físicos entre as fases sólida, líquida e gasosa, nos

15

31

espaços intemporais, existe transferência de calor por convecção associada a processos de

evaporação-condensação. A condutividade térmica e a difusividade térmica medidas in loco

representam esses processos, motivo pelo qual elas são chamadas de aparentes (PASSERAT

DE SILANS et al., 2006).

A partir da combinação das equações (4) e (5), obtém-se a equação da transferência de

calor por condução no solo para o caso unidimensional vertical:

(6)

sendo T, a temperatura (K), t, o tempo (s), z, a profundidade (m), CT, a capacidade térmica

volumétrica (J m-3

K-1

) e T, a condutividade térmica (W m-1

K-1

).

Algumas vezes é necessário explicar possíveis ocorrências de fontes e sumidouros de

calor no solo. Fontes de calor incluem fenômenos, tais como, a decomposição de matéria

orgânica, o molhamento de um solo inicialmente seco, e a condensação de vapor de água. Os

sumidouros de calor são geralmente associados com a evaporação. Normalmente, todas essas

fontes e sumidouros são atribuídos um termo F. Portanto, a equação 3 torna-se: (REF ?)

(7)

A relação entre a condutividade térmica T e a capacidade térmica CT, é chamada de

difusividade térmica T. Portanto, introduzindo a difusividade térmica na equação 3, tem-se:

(8)

Sendo T a difusividade térmica aparente do solo: T = T / CT (m2 s

-1) (HORTON, 1982).

No caso especial em que T pode ser considerada constante, pode-se escrever:

(9)

Para resolver as equações anteriores e obter uma descrição de como a temperatura

varia no espaço e no tempo, é necessário conhecer a capacidade térmica CT, a condutividade

térmica T e a difusividade térmica T, que são as propriedades térmicas dos solos.

16

32

Diversos métodos foram publicados na literatura para estimar a difusividade térmica in

loco a partir de medidas da evolução da temperatura (HORTON et al., 1983; BALABANIS,

1987). A maior parte desses métodos é baseada na resolução da equação unidimensional

vertical de difusão de calor, equação de Fourier (9), supondo-se o meio homogêneo e

isotrópico, e considerando-se a difusividade térmica, αT, constante (ANTONINO et al., 1997).

2.3.2 Convecção térmica

Um fluxo de calor próximo à superfície do solo influencia os regimes de temperaturas

tanto na camada superior do solo, como na camada inferior de ar, afetando a biosfera inteira

(DE VRIES, 1974).

As trocas energéticas que se processam entre a camada limite planetária e a superfície

do solo são de fundamental importância em diferentes estudos agrometeorológicos e de

modelagem atmosférica. O estudo de tais processos contribui para um entendimento melhor

dos processos de ocorrência da geada, orvalho e previsão de temperaturas extremas, dentre

outros (RAO; VIANELLO, 1977).

O vapor d’água, o ozônio, o dióxido de carbono e os aerossóis desempenham papéis

importantes na distribuição e nas trocas de energia dentro da atmosfera e entre a superfície da

Terra e a atmosfera. Observações por foguetes indicam que o nitrogênio, o oxigênio, o

argônio, estão misturados em proporções constantes até uma altitude de 80 km, devido à

constante agitação no interior da atmosfera. Contrariamente ao que se poderia esperar não há

separação dos gases leves e daqueles mais pesados da atmosfera por causa da constante

mistura turbulenta em grande escala da atmosfera. Os aerossóis e gases absorvem, refletem e

difundem tanto a radiação solar como a terrestre, o balanço de energia do sistema solo –

atmosfera e a estrutura da temperatura da atmosfera são grandemente afetadas por suas

quantidades e distribuições dentro da atmosfera (AYOADE, 2007).

Na camada mais baixa da atmosfera se efetuam a maior parte dos transportes de massa

e calor característicos de um ecossistema, sendo um lugar de agitação incessante. Turbilhões

se formam constantemente sob o efeito de diferenças de pressão ou de diferenças de

temperatura existente entre massas de ar vizinhas, resultando então, para as diversas

grandezas físicas como a temperatura, a velocidade do vento ou o teor de vapor d’água do ar,

em flutuações consideráveis no tempo e no espaço (DIAS, 2009).

17

33

Normalmente, a convecção térmica é vertical, mas existe a convecção horizontal, a

qual é denominada de advecção que ocorre em conseqüência de diferenças de pressão

(TEICHRIEB, 2008).

As coberturas são capazes de modificar o regime térmico dos solos, tanto para

aumentar, quanto para diminuir a temperatura. Essas coberturas podem ser constituídas de

materiais de diferentes espessuras e propriedades térmicas. Mesmo que cada uma delas se

comporte de maneira distinta, pode-se predizer como isso ocorre. Capas secas de areia sobre a

superfície do solo, por exemplo, experimentam uma baixa condutividade térmica e alto

coeficiente de reflexão (albedo). Por isso, haverá:

a) uma redução da amplitude de variação da temperatura abaixo da capa;

b) uma prevenção das perdas por evaporação, já que a condutividade hidráulica na

cobertura também diminui;

c) uma maior variação de temperatura na cobertura (ainda que o coeficiente de

reflexão seja alto) porque a condutividade térmica é baixa (PREVEDELLO, 1996).

Materiais com grande quantidade de ar originam coberturas com temperaturas mais

amenas no solo. Por isso, as coberturas de matéria vegetal também isolam eficazmente e

reduzem a magnitude das oscilações diárias da temperatura do solo. Da mesma forma, a

superfície seca dos solos arados e gradeados também pode manter a temperatura do perfil de

solo mais uniforme do que se ele fosse compactado, ainda que a variação na superfície

aumente. Mas logo que essas coberturas sofrem compactação, sua condutividade térmica

aumenta e elas perdem sua eficácia (PREVEDELLO, 1996).

Em condições naturais, o solo e a cobertura vegetal dão origem, sob o efeito do vento,

a uma camada limite horizontal que se estende sobre aproximadamente um quilômetro de

altura. Essa camada pode ser subdividida em várias subcamadas, entre as quais a camada

limite de superfície, que se estende em alguns metros, em certas situações, centímetros, a

partir da superfície do solo. Nessa camada de superfície, considera-se como constante a

intensidade dos transportes de quantidade de movimento, de calor e de massa. Se o solo e a

vegetação são suficientemente homogêneos, os gradientes e as correntes gasosas são verticais,

e os problemas de transportes podem ser tratados em uma só dimensão (DIAS, 2009).

Rao et al. (2005), analisando o comportamento térmico do solo, afirmam que as trocas

de energia que se processam entre a camada limite atmosférica e a superfície do solo são de

fundamental importância em estudos agrometeorológicos e de modelagem atmosférica.

18

34

As equações dos fluxos turbulentos de quantidade de movimento, de vapor d’água e de

calor podem ser expressas introduzindo-se a noção de resistência aerodinâmica às

transferências (ANTONINO, 1992):

(10)

-

(11)

-

(12)

Sendo RM, RV e RH as resistências (s.m-1) de movimento, de massa e de calor,

respectivamente, dadas por:

-

-

(13)

-

-

(14)

-

-

(15)

Na qual u é a componente horizontal da velocidade do vento, q é a umidade

específica, T e T são as temperaturas da superfície e do ar (K), respectivamente, a é a

massa específica do ar (kg.m-3

), cp é o calor específico do ar a pressão constante (J.kg-1

.K-1

), k

é a constante de Von Karman (adimensional), é a velocidade de atrito (m.s-1

), z0M, z0V e

z0H são as alturas médias de rugosidade para as transferências de quantidade de movimento,

de massa e de calor, respectivamente, e (M,V,H) são funções para as correções da

estabilidade atmosférica (ANTONINO, 1992).

19

35

2.3.3 Radiação térmica

A radiação solar é a fonte primária de energia para os processos biológicos e

meteorológicos que ocorrem na superfície da Terra. Essencialmente toda energia incidente na

atmosfera é proveniente do Sol, pois a condução ascendente de calor proveniente do magma

encontrada no interior da superfície terrestre (devido ao decaimento radioativo) é desprezível.

Ao atravessar a atmosfera, a radiação solar, é atenuada desde o topo até atingir a superfície da

Terra (IQBAL, 1983).

O Sol constitui a principal fonte de energia que chega a superfície da Terra.

Fornecendo anualmente para a atmosfera terrestre 1,5 x 1018

kWh de energia, a qual, além de

suportar a vasta maioria das cadeias tróficas, é a principal responsável pela dinâmica da

atmosfera e pelas características climáticas do planeta Sendo assim, o verdadeiro sustentáculo

da vida na Terra (TOMASELLA; ROSSATO, 2005; PEREIRA, 2007).

Além disso, a radiação é o único processo de transferência de calor que pode ocorrer

no vácuo porque, nesse processo, a energia se propaga através de ondas eletromagnéticas. A

atmosfera é atravessada por ondas eletromagnéticas de diferentes frequências. Somente a

radiação térmica, de comprimentos de onda de 0,1 a 100 m tem um papel importante nas

transferências de energia entre a superfície terrestre e a atmosfera. (SANTOS, 2006).

Pela lei de Planck, verifica-se que grande parte da radiação emitida pelo Sol se

encontra na faixa espectral de 0,2 a 3,0 µm, inclui a radiação ultravioleta (de 200 até 380 nm),

a luz visível (de 380 até 780 nm) e a radiação infravermelha curta (de 780 até 3000 nm). A

radiação terrestre, por outro lado, se concentra praticamente na faixa de 3,0 a 100,0 µm. Por

esta razão, a radiação solar é denominada radiação de ondas curtas, e a terrestre, radiação de

ondas longas. Destacando-se que essa nomenclatura em ondas curtas e longas é meramente

didática e específica para a compreensão das trocas de energia radiante no sistema Sol-Terra,

tendo em vista que o espectro de radiação é contínuo, variando a nomenclatura de acordo com

os comprimentos das ondas (TEICHRIEB, 2008).

O fluxo de energia global emitida sobre todo o espectro é da ordem de 74 milhões de

W.m-2

, a irradiância de uma superfície normal à direção da radiação, situada na parte superior

da camada atmosférica terrestre, representa um fluxo, conhecido com o nome de constante

solar, de aproximadamente 1400 W.m-2

(valor médio) (HEWITT, 2002).

A Lei de Wien estabelece que o comprimento de onda de máxima emissão (λ máx), em

μm, é inversamente proporcional à temperatura da superfície (T), em K, ou seja:

20

36

(16)

A análise do espectro solar mostra que ele se comporta como um corpo negro com

temperatura de, aproximadamente, 6000 K. Aplicando-se a Lei de Wien, constata-se que a

radiação emitida pelo Sol, com intensidade máxima, tem comprimento de onda 0,482 µm,

uma radiação visível (verde) (TEICHRIEB, 2008).

Quando o calor radiante incide na superfície de um corpo, ele é parcialmente

absorvido, parcialmente refletido e parcialmente transmitido. Sendo Qi a parcela incidente; Qr

a parcela refletida; Qa a parcela absorvida; Qt a parcela transmitida. Essas parcelas estão

relacionadas da seguinte forma (RAMALHO et al., 2007):

(17)

Para avaliar que proporção do calor incidente sofre os fenômenos de absorção,

reflexão e transmissão, definem-se as seguintes grandezas adimensionais:

Absorvidade

a

(18)

Refletividade

r

(19)

Transmissividade

t

(20)

Somando as três grandezas, obtém-se:

21

37

(21)

As grandezas a´, r´ e t´ podem, ainda, ser denominadas, respectivamente, poder

absorvedor, poder refletor e poder transmissor. Quando não há transmissão (t´ = 0), o corpo é

denominado atérmico (opaco ao calor). Por definição, corpo negro é um corpo atérmico ideal

que absorve toda a energia radiante nele incidente. Decorre daí que sua absorvidade é a´ = 1

(100 %) e sua refletividade é nula (r´ = 0). Quando o corpo não é negro, denomina-se de

cinzento, o solo é um corpo cinzento (RAMALHO et al., 2007).

A radiação solar global que atinge a superfície do solo comporta assim duas

componentes, a radiação solar direta, transmitida pela atmosfera, e a radiação solar difusa,

refletida pela atmosfera na direção do solo. A radiação solar é parcialmente refletida pelo solo

em função da natureza, cor, umidade, inclinação e da rugosidade da superfície (OLIVEIRA,

2010).

Na radiação atmosférica que provém da emissão dos gases contidos na atmosfera, as

camadas superiores do planeta refletem em torno de trinta por cento da radiação solar. Três

dos constituintes do ar, o ozônio, o gás carbônico e o vapor d’água possuem bandas de

absorção intensas no infravermelho, sendo que o ozônio interage com os raios ultravioleta e

os absorve, o dióxido de carbono e o vapor d'água absorvem os raios infravermelhos. A

atmosfera emite, portanto, uma radiação de grande comprimento de onda com um poder

emissivo essencialmente controlado pela sua quantidade de vapor d’água, seu principal

elemento de absorção (SANTANNA, 2008).

Estes, juntamente com a inclinação dos raios solares em função da latitude, agem de

forma decisiva na penetração da energia solar na camada atmosférica terrestre que, por sua

vez, tem aproximadamente 33% da energia absorvida por toda a superfície atingida durante o

dia, sendo uma parte muito pequena desta energia reemitida durante a noite. Além de todos os

efeitos relatados anteriormente, existe ainda a influência e interação dos oceanos com a

atmosfera em sua auto-regulação. Estes mantêm um equilíbrio dinâmico entre os fenômenos

climáticos das diferentes regiões da Terra (TEICHRIEB, 2008).

Já na radiação terrestre, que é resultado da emissão da superfície da Terra devido a sua

temperatura, com uma temperatura média de aproximadamente 300 K, aplicando-se a Lei de

Wien, constata-se que a radiação emitida pela Terra, com intensidade máxima, tem

comprimento de onda 9,66 µm, uma radiação infravermelha, isto na sua zona de emissão

radiativa máxima dentro da gama de comprimento de onda entre 3 e 100 m. Globalmente, o

22

38

balanço energético da radiação de grande comprimento de onda é, portanto, negativo, exceto

em presença de uma cobertura de nuvens que reflete a radiação terrestre (TEICHRIEB, 2008).

O fluxo de radiação terrestre é dado por:

(22)

sendo: Ts a temperatura absoluta (na escala Kelvin) do solo, a constante de Stefan-

Boltzmann ( = 5,670.10-8

W.m-2

.K-4

), s a emissividade, traduz a dependência da natureza

da superfície, ou seja, é a razão entre a radiação emitida pela superfície e a emitida por um

corpo negro à mesma temperatura, cujo valor varia entre 0 (o corpo só reflete, não emite nem

absorve) e 1 (o corpo só emite e só absorve, não reflete, é, portanto, um corpo negro)

(HALLIDAY et al., 2006).

O balanço energético na superfície do solo constitui importante instrumento para a

tomada de decisões relativas à adoção de novas técnicas e manejos agropecuários, com

potencial para economizar energia e aumentar a eficiência dos insumos, reduzindo custos em

sistemas de produção que apresentam uso intensivo energético em suas várias formas

(CAMPOS; CAMPOS, 2004).

O mesmo pode ser escrito por meio da seguinte equação (PEREZ et al., 1999; TODD

et al., 2000; LIMA, 2011):

RN = LE + S + G (23)

sendo RN o fluxo de radiação líquida, uma quantidade de energia que está disponível para ser

transformada em outras formas de energia, dado em W/m2; LE, o fluxo de calor latente (que

evapora a água); S, o fluxo de calor sensível (que aquece o ar); G, o fluxo de calor no solo

(que aquece o solo).

Toda vez que a superfície estiver bem umedecida, a maior parte da energia disponível

será utilizada na evapotranspiração, o que representa 70 % a 80 % da RN. O restante de

energia disponível será utilizado no aquecimento das plantas, do ar e do solo (PEREIRA et

al., 2002; ANDRADE, 2009).

A densidade de fluxo de calor no solo, isto é, a quantidade de calor fluindo no solo por

unidade de área por unidade de tempo, determina o ambiente térmico do solo. Como um

23

39

componente do balanço de energia da superfície, ele depende principalmente da exposição da

superfície do solo à radiação solar e suas propriedades radiativas (FUCHS, 1986).

A equação do balanço de radiação na superfície do solo conduz a expressar o fluxo de

radiação líquida RN (equação 23) sob a forma:

RN = RG(1 - SRA - RS (24)

sendo RG o fluxo da radiação global; RA, o fluxo da radiação atmosférica; RS, o fluxo da

radiação na superfície, , o albedo e s, a emissividade da superfície do solo.

A Figura 2 apresenta um diagrama com os principais processos de interação da

radiação solar e da radiação térmica na atmosfera. Trata-se de um esquema bastante

simplificado dos processos envolvidos no balanço radiativo do planeta, onde apenas o efeito

médio global de todos os processos está representado. O valor de cada componente pode

variar significativamente de uma região para outra do planeta e de um período do ano para

outro (HARRISON et al., 1993).

Figura 2. Partição da energia disponível entre o solo e a atmosfera (SERWAY; JEWETT,

2004).

24

40

2.3.4 Albedo

O albedo é a refletividade, ou seja, é a porção de radiação solar refletida por um corpo

em relação ao total da energia incidente. Normalmente ele é expresso em porcentagem ou em

forma de número decimal. O albedo médio da Terra é de 40 % (0,4) (SILVA et al., 2005). Na

Tabela 1, encontram-se alguns valores determinados para o albedo na literatura.

Tabela 1. Albedos e emissividade para superfícies de solo e planta (EVETT, 1995).

Superfície Albedo Emissividade Fonte

Solos escuros, úmidos 0,05 – 0,50 0,90 – 0,98 Oke, 1978

Capim longo (1m) 0,16 0,90 “

Capim curto (0,02 m) 0,26 0,95 “

Areia – quartz 0,35 van Wijk e Scholte Ubung 1963

Areia úmida 0,09 0,98 “

Areia seca 0,18 0,95 “

Argila escura úmida 0,02 – 0,08 0,97 “

Argila escura seca 0,16 0,95 “

Gramado verde 0,16 – 0,27 “

Gramado drenado 0,16 – 0,19 “

Pradaria úmida 0,22 “

Pradaria seca 0,32 “

Colheitas 0,15 – 0,26 Jones, 1992

Florestas 0,12 – 0,18 “

Solo arenoso seco 0,25 – 0,45 Rosemberg et al. 1983

Solo argiloso seco 0,20 – 0,35 “

25

41

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Em duas localidades, descritas a seguir, na mesorregião do agreste meridional do

Estado de Pernambuco, onde as atividades agrícolas e pecuárias são as maiores expressões

econômicas na região, foram conduzidas as medidas para a avaliação do regime térmico nas

camadas superficiais dos solos, o monitoramento da umidade e da temperatura para a

caracterização térmica e a estimativa da condutividade térmica.

3.1 Amostras

1) Localidade I: as medidas foram efetuadas, no período de agosto de 2009 até

janeiro de 2010, em uma área cultivada com mamona, na fazenda Estivas, situada

no município de Garanhuns (8o 53

’ S, 36

o 29

’ O e altitude de 842 m) (Figura 3), na

mesorregião do agreste meridional do Estado de Pernambuco. O clima na

microrregião é mesotérmico, com temperatura média anual de 20 ºC e

precipitação pluviométrica de 1.333,1 mm, sendo os meses mais chuvosos de

maio e junho (MOTA; AGENDES, 1986). O solo da área é classificado como

Latossolo Amarelo (EMBRAPA, 2006).

Figura 3. Mapa do município de Garanhuns - PE

2) Localidade II: as medidas foram efetuadas, no período de abril de 2010 até

agosto de 2010, em uma área cultivada de pastagem de Braquiária decumbens

Stapf, na fazenda Riacho do Papagaio, situada no município de São João (8º 52’

30’’ S, 36º 22’ O e altitude de 705 m) (Figura 4), na mesorregião do agreste

meridional do Estado de Pernambuco. O clima predominante na região é o As’,

que equivale a um clima quente e úmido, conforme classificação de Köppen. A

26

42

precipitação média anual é de 1310 mm, com distribuição irregular de chuvas,

com maior ocorrência no mês de junho, e ausência nos meses de outubro e

novembro. O solo da área é classificado como Neossolo Regolítico (EMBRAPA,

2006).

Figura 4. Mapa do município de São João - PE

3.2 Determinação da umidade e temperatura do solo

As umidades volumétricas, desses solos, na área experimental, foram medidas por um

sensor TDR (Time Dominain Reflectometry) - Reflectometria no Domínio do Tempo da

Campbell Scientific Inc., devidamente calibrado, na profundidade média de 5 cm.

Segundo Lacerda et al. (2005), a diferença significativa entre a constante dielétrica da

água e a constante dielétrica dos componentes da matriz do solo, permite obter o conteúdo de

água no solo. Dessa forma, o uso do TDR depende da calibração de suas leituras com a

umidade do solo (TOMMASELLI; BACCHI, 2001).

As temperaturas foram medidas através de sensores, modelo Campbell 108, instalados

nas profundidades 2, 8, 20, 40, 60, 80 e 100 cm para o Latossolo Amarelo e nas

profundidades 2, 8, 10, 20, 30, 40 e 50 cm para o Neossolo Regolítico.

Todos os sensores (de umidade e de temperatura do solo) foram conectados a um

datalogger CR 10X da Campbell Scientific Inc., com medidas realizadas a cada 60 segundos,

sendo em média 48 leituras armazenadas.

27

43

3.3 Granulometria dos solos

A granulometria, nos dois tipos de solos desse trabalho, foi realizada pelo Laboratório

de Física dos Solos do Departamento de Energia Nuclear, da Universidade Federal de

Pernambuco, detalhada na Tabela 2.

Tabela 2. As frações granulométricas, a massa específica global () e matéria orgânica (MO)

da camada superficial (0 - 10 cm) dos dois solos: Garanhuns (PE) (Latossolo

Amarelo) e São João (PE) (Neossolo Regolítico).

A porosidade para o Latossolo Amarelo foi de 0,41 e para o Neossolo Regolítico foi

de 0,50. Com esses resultados granulométricos, pôde-se, então, determinar os teores

volumétricos em minerais, para esses dois tipos de solos, que foram iguais a 57,42 % e 49 %,

respectivamente. Estes dados subsidiaram as análises dos dados medidos das propriedades

térmicas.

3.4 Métodos para a determinação das propriedades térmicas do solo

3.4.1 Método para a determinação da capacidade térmica

A determinação da capacidade térmica dos solos foi feita ponderando-se os diferentes

constituintes do solo por seus teores volumétricos e adotando-se os valores numéricos das

capacidades caloríficas dados por de Vries (1963).

A capacidade calorífica ou térmica de um volume unitário do solo pode ser obtida pela

soma das capacidades térmicas dos diferentes constituintes, ponderados por seus teores

volumétricos:

(25)

Tipo de Solo Areia Silte Argila M O Classe

Textural % - g. cm-3

%

Latossolo Amarelo 75,6 7,2 17,2 1,57 1,58 Franco Arenoso

Neossolo Regolítico 86,4 10,9 2,7 1,32 0,99 Areia Franca

28

44

Na fase sólida, distingue-se geralmente o quartzo, outros minerais e matéria orgânica,

que serão identificados pelos índices q, m, org, respectivamente. Assim, pode-se escrever:

(26)

Sabendo-se que a capacidade térmica do quartzo é aproximadamente igual a dos

outros minerais e desprezando-se a capacidade térmica volumétrica da fase gasosa (Ca), que é

muito pequena diante da dos outros constituintes, o valor de CT pode ser estimado somando-

se as capacidades caloríficas dos vários constituintes, ponderados de acordo com suas frações

de volume. Escreve-se classicamente (DE VRIES, 1963):

(27)

Adotando-se os valores numéricos das capacidades caloríficas dados por de Vries

(1963) para os minerais (1,92.106 J.m

-3.K

-1), para a matéria orgânica (2,51.106 J.m

-3.K

-1) e

para a água (4,18.106 J.m

-3.K

-1), e substituindo-os na equação (27), obtém-se:

(28)

sendo CT expresso em MJ . m-3

. 0C

-1, fmt, a fração de volume dos minerais, forg, a fração de

volume da matéria orgânica e é a umidade volumétrica do solo.

3.4.2 Métodos para a determinação da difusividade térmica

Sendo a difusividade térmica do solo a razão entre a condutividade térmica (λT) e a

capacidade térmica volumétrica (CT), também é uma função da umidade e Reichardt (2004)

define a difusividade térmica do solo pela seguinte equação:

(29)

Na bibliografia sobre transferência de calor é usado o símbolo αT para difusividade

térmica (INCOPRERA; WITT, 1990). Neste trabalho será seguida esta notação.

29

45

Com base nos trabalhos de Horton et al. (1983) e Antonino et al. (1997), especula-se

que seja possível ser realizada uma boa estimativa da difusividade térmica (αT) por alguns

métodos matemáticos, como: o método logarítmico e o método harmônico, que são descritos

a seguir:

Método Logarítmico: Esse método precisa de um número maior de observações para

aproximar o comportamento essencialmente não-senoidal. Seemann (1979) mostrou que a

pode ser calculado por:

-

(30)

com -

-

- -

(31)

sendo que Tin e Tkn (n = 1, 2, 3, 4) representam as temperaturas nas profundidades zi e zk a

cada intervalo de seis horas, medidas durante um dia.

No método logarítmico, necessita-se de, pelo menos, oito medidas de temperatura do

solo durante um dia.

Método Harmônico: Esse método baseia-se na solução analítica da equação de

difusão de calor, equação de Fourier, considerando-se a condutividade térmica (λT) e a

capacidade térmica (CT) constantes, submetida às seguintes condições:

(32)

e (33)

Que fornece (CARSLAW; JAEGER, 1959):

-

-

(34)

com (35)

30

46

sendo que representa a temperatura média do perfil do solo no período fundamental do

ciclo térmico P (igual a 24 h, neste trabalho) no solo, n, a ordem da harmônica considerada;

N, o número total de harmônicas; z, a profundidade; AOn e On representam, respectivamente,

a amplitude e a fase da harmônica n; ω, representa a pulsação ou frequência angular igual a

2/P e Dn a profundidade de amortecimento da n-ésima harmônica.

A partir das medidas de temperatura, efetua-se um primeiro ajuste da condição inicial

T(0,t) a uma profundidade z1, considerada como origem, o que permite estimar os valores de

e dos coeficientes A0n e On. A seguir, calcula-se a distribuição das temperaturas em outra

profundidade z2, para diferentes valores de difusividade térmica. O valor da difusividade

térmica que minimiza uma adequada função de perda constitui o estimador procurado

(ANTONINO et al., 1997).

A função objeto da difusividade térmica escolhida geralmente corresponde ao erro

quadrático médio entre os valores observados em determinada profundidade z e o valor

calculado pela equação (32) (PASSERAT DE SILANS et al., 2006).

Na utilização deste método, considera-se a hipótese de que a difusividade térmica é, ao

longo de um período, constante no tempo e na vertical, até uma profundidade teoricamente

infinita. Observa-se, também, que a solução analítica da equação da condução do calor não

necessita das condições iniciais sobre o perfil vertical de temperatura, uma vez que a hipótese

de estabilidade da periodicidade para todas as harmônicas é considerada, ou seja, a onda da

temperatura na superfície conserva a periodicidade de suas diversas harmônicas por longo

tempo, até mesmo anterior ao período examinado. Assim, o perfil inicial não apresenta mais

influência sobre os perfis verticais de temperatura nos períodos estudados. Teoricamente, este

fato admite ser a temperatura média diária a mesma em todas as profundidades (PASSERAT

DE SILANS et al., 2006).

Contudo, essa hipótese nem sempre é satisfeita, particularmente em regiões onde

mudanças climáticas abruptas podem ocorrer em períodos curtos, como, por exemplo, durante

a passagem de uma frente fria ou durante um evento de chuva (PASSERAT DE SILANS et

al., 1996).

31

47

3.4.3 Métodos para a determinação da condutividade térmica e modelos para sua

estimativa

A determinação da condutividade térmica dos solos foi feita utilizando-se a equação

(29), seção 2.4.2, sendo a difusividade térmica apresentada foi determinada pelas equações

(30) e (36), respectivamente, seção 2.4.2, e a capacidade térmica apresentada foi determinada

pela equação (31), seção 2.4.1, utilizando os valores da Tabela 2, seção 3.3.

Os valores da condutividade térmica, para cada tipo de solo, foram estimados pelo

modelo de Laurent e Chaley - Guerre e pelo modelo de Campbell, esses modelos são descritos

a seguir:

Modelo de Laurent e Chaley – Guerre: O modelo de Laurent e Chaley - Guerre

(1995) é dado por:

- -

(36)

Na qual λT é a condutividade térmica (W.m-1

.K-1

), a, b, c, d e e são os coeficientes

dependentes em relação às propriedades do solo, por, a porosidade (%) e , a umidade

volumétrica (cm3.cm

-3).

Modelo de Campbell: A condutividade térmica do solo uma função da umidade

volumétrica é calculada por Campbell (1985):

- - - (37)

sendo λT, a condutividade térmica (W.m-1

.K-1

), , a umidade volumétrica (cm3.cm

-3) e A, B,

C, D e E são os coeficientes dependentes do solo, que podem ser calculados a partir da

densidade, frações volumétricas do material orgânico, da argila, do quartzo e outros minerais,

como descrito por Campbell (1985).

32

48

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Sendo a transferência de calor, nas camadas da superfície do solo, uma função do

gradiente de temperatura e de suas propriedades térmicas, a evolução das medidas de

temperatura em função do tempo, em diferentes profundidades, mostrou-se para os solos em

estudo, que o período fundamental P é de 24 horas (Figura 5).

Figura 5. Comportamento temporal do campo de temperatura a diferentes

profundidades, nos dois tipos de solos analisados.

19

22

25

28

31

34

37

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Tem

per

atu

ra (°C

)

Tempo (h)

Latossolo Amarelo

Prof 2 cm

Prof 8 cm

Prof 20 cm

Prof 40 cm

Prof 60 cm

Prof 80 cm

Prof 100 cm

19

22

25

28

31

34

37

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Tem

pera

tura

(°C

)

Tempo (h)

Neossolo Regolítico

Prof 2 cm Prof 8 cm Prof 10 cm Prof 20 cm Prof 30 cm Prof 40 cm Prof 50 cm

33

49

Na curva apresentada na figura 5, foi adotado um comportamento harmônico para

função que rege a temperatura na superfície. Essa coerência está no fato de que a perturbação

térmica de irradiação solar, a qual o solo está submetido, apresenta comportamento

semelhante.

Assim sendo, mostrou que a variação diária ou anual da temperatura do solo segue

aproximadamente um movimento periódico, no qual a amplitude da onda de temperatura é

amortecida exponencialmente com a profundidade, e os valores de temperatura, em cada

profundidade, oscilaram senoidalmente com o tempo em torno de um valor médio.

Através dos sensores de temperaturas mais próximos da superfície, nos dois tipos de

solo, percebeu-se que, nas primeiras seis horas, aproximadamente, houve uma propagação de

calor no sentido do interior do solo para superfície. Depois desse intervalo de tempo, o fluxo

de calor inverteu e manteve-se assim até às quinze horas, aproximadamente. Entretanto, a

partir desse instante até o fim do dia, ocorreu uma nova inversão no sentido desse fluxo.

Pôde-se, também, notar que as variações de temperaturas decresceram com o aumento

da profundidade, sendo essas variações inexistentes, praticamente, nesses solos, a partir de 40

cm, e como o aquecimento do solo ocorre a partir da superfície, essas variações ocorreram

com atraso proporcional à profundidade.

Diante dos resultados, pode-se afirmar que esses solos são caracterizados por ter uma

baixa difusividade térmica, pois apresentaram uma defasagem muito grande e um forte

amortecimento entre as ondas de temperatura nas duas primeiras camadas, respectivamente.

Vale destacar que, normalmente, esse amortecimento deve ser calculado utilizando-se o valor

da difusividade térmica de uma camada fina próxima à superfície do solo. Entretanto, pela

falta desses dados, a difusividade térmica foi calculada a partir dos resultados obtidos entre

essas primeiras camadas.

Tendo em vista o comportamento do perfil de temperatura nos dois tipos de solos

estudados, ficou caracterizada a evolução das temperaturas em função das profundidades

desses solos em diferentes instantes. Assim, nas duas primeiras camadas dos solos a

temperatura apresentou-se bastante variável. No entanto, à medida que as camadas tornaram-

se mais profundas, a temperatura começou a se estabilizar. Por isso, a temperatura para

profundidades maiores, na escala diária, é praticamente constante, pois a amplitude se anula.

A variação da amplitude térmica pôde ser mais bem visualizada pela disposição das

tautócronas que adquirem a forma de uma “taça”. Verificou-se que a temperatura média em

torno da qual a temperatura oscila senoidalmente é, aproximadamente, igual a 25 °C, no

Latossolo Amarelo e, aproximadamente, igual a 27 °C, no Neossolo Regolítico (Figura 6).

34

50

Figura 6. Gráficos do perfil de temperatura, nos dois tipos de solos.

Através do método harmônico, foram estimados valores das temperaturas nos dois

tipos de solos. Esse método mostrou uma boa sensibilidade em relação à umidade dos solos

(Figura 7).

Figura 7. Temperaturas obtidas e estimadas pelo método harmônico nas

profundidades de 2 e 8 cm para os dois tipos de solos.

35

51

A tabela 3 apresenta, para esses dois tipos de solos, os valores mínimos, máximos,

médios e os respectivos desvios-padrão dos valores das propriedades térmicas medidos. Eles

foram bastante consistentes entre si e apresentados dentro de uma faixa estabelecida na

literatura.

Tabela 3. Comparação dos valores das propriedades térmicas, obtidos nos dois tipos de solos.

A figura 8 mostra um crescimento contínuo da capacidade térmica com o aumento da

umidade volumétrica do solo.

SOLOS PROPRIEDADES

TÉRMICAS Mínima Máxima Média Desvio

Padrão

Latossolo

Amarelo

Capacidade (MJ.K-1

.m-3

) 1,45 1,79 1,57 0,09

Difusividade

(x 10-7

m2.s

-1)

Método

Harmônico 2,94 7,40 4,67 1,29

Método

Logarítmico 1,01 5,20 2,86 0,88

Condutividade

(W.m-1

.K-1

)

Método

Harmônico 0,43 1,32 0,75 0,24

Método

Logarítmico 0,15 0,93 0,53 0,24

Neossolo

Regolítico

Capacidade (MJ.K-1

.m-3

) 1,28 2,39 1,86 0,37

Difusividade

(x 10-7

m2.s

-1)

Método

Harmônico 4,68 7,44 6,07 0,78

Método

Logarítmico 3,79 7,74 5,54 1,10

Condutividade

(W.m-1

.K-1

)

Método

Harmônico 0,60 1,78 1,39 0,23

Método

Logarítmico 0,49 1,85 1,04 0,18

36

52

Figura 8. Capacidade térmica em função da umidade para os dois tipos de solos.

Normalmente, a difusividade térmica dos solos está entre 1 e 10 x 10-7

m2. s

-1.

Os valores médios encontrados da difusividade térmica, nos dois tipos de solos,

situam-se dentro da faixa de valores obtidos por outros estudos (HORTON et al., 1983;

ANTONINO et al., 1987; PASSERAT DE SILANS et al., 1996; VERHOEF, 2004; RAO et

al., 2005).

Para determinação da difusividade térmica, utilizou-se o modelo harmônico através

das medidas de temperatura e das umidades, embora o modelo logarítmico determine a

difusividade térmica apenas em função das medidas de temperatura. Fez-se uma relação com

a umidade do dia em que foram feitas essas medidas de temperaturas (Figura 9).

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

0,07 0,10 0,13 0,16 0,19 0,22 0,25 0,28 0,31 0,34

Dif

usi

vid

ad

e T

érm

ica (

10

-7 m

2.s

-1)

Umidade (cm3.cm-3)

Latossolo Amarelo

Mét Harmônico

Mét Logarítmico

37

53

Figura 9. Difusividade térmica em função da umidade, estimada através dos métodos:

harmônico e logarítmico, para os dois tipos de solos.

Em geral, a difusividade térmica é pequena no solo com baixa umidade volumétrica,

mas com o aumento da umidade no solo, inicialmente se produz um aumento da difusividade

térmica, pois se formam películas de água ao redor de suas partículas expelindo o ar do solo e

aumentando a área de contato térmico entre elas, o que causa um aumento rápido da

condutividade térmica. Entretanto, segundo Oke (1987), a difusividade térmica só aumenta

até atingir um valor máximo, na maioria dos solos, com valores superiores a 20 % de umidade

por volume do solo, o que corrobora com nossos resultados (Figura 10).

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

0,07 0,10 0,13 0,16 0,19 0,22 0,25 0,28 0,31 0,34

Dif

usi

vid

ad

e T

érm

ica (

10

-7 m

2.s

-1)

Umidade (cm3.cm-3)

Neossolo Regolítico

Mét Harmônico

Mét Logarítmico

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

0,07 0,10 0,13 0,16 0,19 0,22 0,25 0,28 0,31 0,34

Dif

usi

vid

ad

e T

érm

ica (

10

-7 m

2.s

-1)

Umidade (cm3.cm-3)

Método Harmônico

Latossolo Amarelo

Neossolo Regolítico

38

54

Figura 10. Difusividade térmica em função da umidade, para os dois tipos de solos, estimada

através dos métodos: harmônico e logarítmico.

A distância entre os pontos de medida das temperaturas constituiu um fator

fisicamente bastante relevante para a determinação da difusividade térmica.

O pico da difusividade térmica é causado pelas mudanças na relação da condutividade

térmica e da capacidade térmica volumétrica do solo. Antes do valor de pico da difusividade

térmica, observa-se que o aumento na condutividade térmica com o aumento do teor de

umidade é relativamente maior do que na capacidade térmica volumétrica. No entanto, após o

pico, o aumento relativo da condutividade térmica do solo é menor do que o constante

aumento da capacidade térmica volumétrica. Como resultado, a difusividade térmica diminui

após o valor de pico (ALVALÁ et al., 2002; FLORA, 2006).

A condutividade térmica do solo depende da sua estrutura e do conteúdo de umidade.

O conhecimento da umidade do solo, que afeta não só a capacidade térmica volumétrica,

como também a sua difusividade térmica, foi de fundamental importância a sua determinação,

uma vez que, além de indicar em que condições hídricas os solos se encontravam, facilitou a

determinação das suas propriedades térmicas.

Como os valores da condutividade térmica têm uma variabilidade similar aos valores

da difusividade térmica, visto que são calculados em função dela, tem-se, portanto, para a

condutividade térmica, um comportamento gráfico com oscilações semelhantes, mas com

amplitude menor (Figura 11).

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

0,07 0,10 0,13 0,16 0,19 0,22 0,25 0,28 0,31 0,34

Dif

usi

vid

ad

e T

érm

ica (

10

-7 m

2.s

-1)

Umidade (cm3.cm-3)

Método Logarítmico

Latossolo Amarelo

Neossolo Regolítico

Umidade (cm3. cm

-3)

39

55

Figura 11. Condutividade térmica em função da umidade, determinada através da capacidade

térmica e dos métodos: harmônico e logarítmico, para os dois tipos de solos.

Ghuman e Lal (1985), para um solo argiloso, encontraram valores dentro da faixa de

0,15 a 0,79 W.m-1

.K-1

e Van Wijk (1963), para um solo arenoso, encontrou valores que

variaram de 0,50 - 2,25 W.m-1

.K-1

.

0,0

0,3

0,5

0,8

1,0

1,3

1,5

0,07 0,10 0,13 0,16 0,19 0,22 0,25 0,28 0,31 0,34 Co

nd

uti

vid

ad

e T

émic

a

( J . m

-1 . s

-1 . °

C -1

)

Umidade (cm3.cm-3)

Latossolo Amarelo

Mét Harmônico

Mét Logarítmico

0,0

0,3

0,5

0,8

1,0

1,3

1,5

0,07 0,10 0,13 0,16 0,19 0,22 0,25 0,28 0,31 0,34 Con

du

tivid

ad

e T

émic

a

( J . m

-1 . s

-1 . °

C -1

)

Umidade (cm3.cm-3)

Neossolo Regolítico

Mét Harmônico

Mét Logarítmico

40

56

As diferenças de distribuição granulométrica, nos solos utilizados por esses

pesquisadores e as presentes nesse estudo, podem ser responsáveis por essas variações nos

valores da condutividade térmica.

Nusier e Abu-Hamdeh (2003) trabalharam com dois tipos de solos, classificados como

arenoso e franco. Utilizando o método de sonda única, a condutividade térmica medida variou

de 0,95 - 2,11 W.m-1

.K-1

para o solo arenoso e de 0,49 - 0,76 W.m-1

.K-1

para o solo argiloso.

Utilizando o método de sonda dupla, a condutividade térmica medida variou de 0,98 - 2,17

W.m-1

.K-1

para o solo arenoso e de 0,51 - 0,78 W.m-1

.K-1

para o solo argiloso. Ou seja,

verificaram que o solo arenoso apresentou valores mais elevados de condutividade térmica do

que o solo franco para todas as condições dos solos estudados.

A diminuição da condutividade térmica efetiva com a diminuição do tamanho dos

grãos pode ser explicada pelo fato de que, com a diminuição do tamanho dos grãos, mais

partículas são necessárias para se ter a mesma porosidade, o que significa uma maior

resistência térmica entre as partículas (ABU-HAMDEH, 2000). Isto sugere que os solos

francos arenosos exibem maiores amplitudes de temperatura na superfície, em comparação

com os solos de areia franca, solos com alta condutividade térmica, submetidos à mesma

densidade de fluxo de calor (NUSIER; ABU-HAMDEH, 2003).

O aumento da condutividade térmica com o teor de areia no solo é um resultado

consistente. O Neossolo Regolítico, um solo que apresentou o maior percentual de areia e

silte, mostrou maiores resultados para a condutividade térmica através dos dois métodos

utilizados nesse estudo. A condutividade térmica dos solos é maior em cascalho e areia,

intermediário no franco e menor na argila (EKWUE et al., 2006).

Sepaskhah e Boersma (1979) determinaram medidas da condutividade térmica para

areia franca, franca e franco-argilo-siltosa. A medida da condutividade térmica é quase

constante em baixo teor de umidade volumétrica, variando no solo seco até uma umidade

crítica. A fração volumétrica de argila e a temperatura do solo são dois possíveis fatores

responsáveis por atrasar o aumento da condutividade térmica com o aumento da umidade

volumétrica.

Para estimar, nos dois tipos de solos, os valores da condutividade térmica em função

da umidade volumétrica, através do método harmônico, foram adotados os modelos de

Campbell e Laurent e Chaley – Guerre.

Os parâmetros dos modelos adotados foram obtidos através do programa Statistica 07,

utilizando o método Simplex e Newton com mil simulações (Tabela 4).

41

57

Tabela 4. Comparação entre os valores dos parâmetros obtidos para os modelos adotados, nos

dois tipos de solos analisados.

A comparação das estimativas dos valores da condutividade térmica fornecidos pelos

modelos adotados, nesse trabalho, foram bastante próximos entre si, mas observou-se que o

modelo de Laurent e Chaley - Guerre mostrou uma melhor sensibilidade em relação ao

modelo de Campbell, fornecendo valores de parametrizações que, claramente, melhor

estimaram os valores da condutividade térmica em função da umidade volumétrica (Figuras

12a e 12b).

Figura 12a. Condutividade térmica em função da umidade obtida pelo método harmônico e

estimada pelo modelo de Campbell e pelo modelo de Laurent e Chaley - Guerre,

para o Latossolo Amarelo.

SOLO MODELO

PARÂMETROS

A B C D E

Latossolo

Amarelo

Campbell 787,2 208,3 -0,249 -0,400 1,000

Laurent e Chaley - Guerre -1,211 1,872 5,626 3,297 0,181

Neossolo

Regolítico

Campbell 2,334 -3,280 5,679 0,712 2,024

Laurent e Chaley - Guerre -1,971 3,654 2,727 0,809 -0,616

Umidade (cm3. cm

-3)

42

58

Figura 12b. Condutividade térmica em função da umidade obtida pelo método harmônico e

estimada pelo modelo de Campbell e pelo modelo de Laurent e Chaley - Guerre,

para o Neossolo Regolítico.

Os processos termodinâmicos, em testes de materiais úmidos, são muito complicados,

e o conceito de condutividade térmica em materiais úmidos pode ser interpretado de

diferentes maneiras. Obras extensas têm sido feitas para determinar a condutividade térmica

de materiais secos, mas poucos estudos têm sido realizados em materiais porosos e úmidos

(CHERECHES et al., 2010).

Laurent e Chaley - Guerre (1995), usando uma instalação experimental inteiramente

controlada por um computador e o "método linha-fonte", estudaram a evolução da

condutividade térmica com teor de água e temperatura em quatro amostras de blocos de

concreto aerado autoclavado simultaneamente. A faixa de temperatura estudada foi de 0 °C

até 60 °C, em intervalos iguais de 10 °C. Em um forno de microondas, foi estabelecida uma

secagem progressiva para essas amostras, que de completamente saturadas de conteúdos de

água passaram para completamente secas. Esta técnica garante uma distribuição homogênea

da água no interior do material e os resultados obtidos têm uma boa concordância com os

citados pela literatura. O modelo da estimativa de condutividade térmica de Laurent e Chaley

- Guerre (1995) foi desenvolvido e testado neste banco de dados.

Assim, as pesquisas realizadas por Laurent e Chaley - Guerre (1995), em blocos de

concreto celular autoclavado, e por Pratt (1981), em blocos de madeira, mostram a tendência

geral de aumentar a condutividade térmica de materiais contendo pequena ou quantidades

significativas de água, respectivamente (CHERECHES et al., 2004).

0,0

0,3

0,5

0,8

1,0

1,3

1,5

0,07 0,10 0,13 0,16 0,19 0,22 0,25 0,28 0,31 0,34 Con

du

tivid

ad

e T

érm

ica (

10

-7 m

2.s

-1)

Umidade (cm3.cm-3)

Neossolo Regolítico

Método Harmônico

Modelo de Laurent e Chaley - Guerre

Modelo de Campbell

43

59

Abu-Hamdeh (2000) relatou que o modelo de Campbell (1985) previu com precisão a

condutividade térmica em dois solos da Jordânia, classificados como franco e franco-argiloso.

Este resultado mostra que, apesar de Campbell e Bristow (2007) terem sugerido que a

condutividade térmica deve ser medida in situ, o modelo de Campbell (1985) é útil para obter

estimativas da condutividade térmica de solos minerais, com ou sem a incorporação de turfa,

uma vez que os valores da densidade, do teor da umidade e do teor de argila são conhecidos.

A análise estatística entre os valores das condutividades térmicas, nos dois tipos de

solos, está detalhada na tabela 5. Foram muito pequenas as diferenças entre os resultados

medidos e os modelados, o que confirmou a alta qualidade dos dados estimados da

condutividade térmica. Em geral, houve diferença estatística entre estes conjuntos de dados

em cada tipo de solo. A areia franca apresentou uma condutividade térmica com valores

mais elevados do que os obtidos no solo franco arenoso.

Tabela 5. Resultados da análise estatística sobre a comparação entre os modelos adotados da

condutividade térmica para os dois tipos de solos.

R2: coeficiente de determinação; EQM: Erro quadrático médio; RD: Razão do desvio; EM:

Eficiência da modelagem; CMR: Coeficiente de massa residual.

Todos os coeficientes de determinação, R2, tenderam a um, indicando um bom ajuste

dos diferentes modelos utilizados.

Os valores do erro quadrático médio, EQM, indicam o grau de desvio entre as

determinações experimentais e os valores estimados pelos modelos correspondentes,

expressos como percentagem da média das determinações experimentais. O valor esperado de

EQM tende a zero quando os valores estimados e os obtidos tendem a ser iguais. Portanto, nos

dois tipos de solos estudados, os dois modelos se equivalem e apresentaram valores bem

aceitáveis.

SOLOS MODELOS R2 EQM RD EM CMR

Latossolo

Amarelo

Campbell 0,9577 0,0494 1,0832 0,9567 0,0090

Laurent e

Chaley - Guerre 0,9617 0,0489 1,0010 0,9608 -0,0210

Neossolo

Regolítico

Campbell 0,9607 0,0555 1,7164 0,9420 0,0022

Laurent e

Chaley - Guerre 0,9562 0,0487 1,0241 0,9527 0,0190

44

60

A razão do desvio, RD, descreve a razão entre o espalhamento das determinações

experimentais e o espalhamento dos valores estimados pelos modelos teóricos

correspondentes. A eficiência da modelagem, EM, indica se o modelo teórico fornece uma

estimativa melhor das determinações experimentais que o valor médio dessas determinações.

Em ambos os casos, o valor esperado tende a 1 (um), quando os valores estimados e aqueles

do modelo teórico são consistentes. Os valores de RD e EM mais próximos de um foram

obtidos pelo modelo de Laurent e Chaley - Guerre em ambos os solos.

O coeficiente de massa residual, CMR, indica se o modelo tende a superestimar (CMR

< 0) ou a subestimar (CMR > 0); o valor esperado de CMR tende a zero na ausência de

desvios sistemáticos entre valores teóricos e experimentais. Nesse item, então, observou-se

que o modelo de Campbell, subestimou os valores nos dois tipos de solos, já o modelo de

Laurent e Chaley – Guerre superestimou os valores no Latossolo Amarelo e subestimou os

valores no Neossolo Regolítico, mas que, praticamente, não apresentaram desvios

sistemáticos entre os valores teóricos e os valores experimentais, nos dois tipos de solos

estudados.

45

61

5 CONCLUSÕES

Nesse trabalho, o método harmônico forneceu estimadores de temperatura

bastante consistentes e a capacidade térmica volumétrica pôde ser facilmente

determinada usando-se a equação de De Vries (1963), nos dois tipos de solos

estudados. Os valores da difusividade térmica, fornecidos pelos métodos

harmônico e logarítmico, encontraram-se dentro da faixa estabelecida na

literatura, mostrando a eficiência desses métodos;

Os resultados mostraram que a condutividade térmica, também, variou de

acordo com a textura e a umidade volumétrica dos solos. Além disso, os

coeficientes dos diferentes modelos utilizados para a estimativa da

condutividade térmica indicaram um ajuste razoável. Esses resultados

evidenciaram que os valores da condutividade térmica dependem do modelo de

estimativa escolhido e revelaram, ainda, que a umidade volumétrica do solo é

fundamental na determinação dos perfis de temperatura e das suas

propriedades térmicas;

Globalmente, o resultado da análise estatística mostrou que o modelo de

Laurent e Chaley - Guerre é mais recomendado do que o modelo de Campbell

na estimativa da condutividade térmica nos dois tipos de solos desse estudo.

Entretanto, para uma boa analogia, por falta de dados na literatura atual, é

recomendável um estudo mais aprofundado sobre esses modelos.

46

62

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