101
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS DE TOMATEIRO EXPRESSANDO A PROTEÍNA REPRIMIDA POR AUXINA (SIARP) RENATA KALINE SOUZA ESTEVAM ORIENTADORA: PROFª. DRA. KATIA CASTANHO SCORTECCI NATAL- RN 2016

CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

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Page 1: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA

CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS

TRANSGÊNICAS DE TOMATEIRO EXPRESSANDO A PROTEÍNA

REPRIMIDA POR AUXINA (SIARP)

RENATA KALINE SOUZA ESTEVAM ORIENTADORA: PROFª. DRA. KATIA CASTANHO SCORTECCI

NATAL- RN 2016

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1

RENATA KALINE SOUZA ESTEVAM

CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS DE

TOMATEIRO EXPRESSANDO A PROTEÍNA REPRIMIDA POR AUXINA

(SIARP)

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Bioquímica da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte como requisito parcial para

obtenção do título de Doutor em

Bioquímica.

Orientadora: Profª. Drª Katia Castanho

Scortecci.

NATAL- RN

2016

Page 3: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

2

Catalogação da Publicação na Fonte

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas

Biblioteca Central Zila Mamede / Setor de Informação e Referência

Estevam, Renata Kaline Souza.

Caracterização fenotípica de plantas transgênicas de tomateiro

expressando a proteína reprimida por auxina (SIARP) / Renata Kaline

Souza Estevam. - Natal, RN, 2016.

101 f. : il.

Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Centro de Biociências, Programa de Pós-Graduação em Bioquímica.

Orientador: Profª. Drª Katia Castanho Scortecci.

1. Tomateiro (Solanum lycopersicum) - Tese. 2. Proteína Reprimida

por Auxina (ARP) - Tese. 3. Floração precoce - Tese. 4. frutificação

precoce - Tese. 5. dormência das gemas axilares - Tese . I. Scortecci,

Katia Castanho. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 582.926.2

Page 4: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

3

Page 5: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

4

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, José Renato e Kátia Solange, e familiares. Em especial, ao

meu avô Abdias Barboza e à minha tia Karla Simone pela paciência, apoio e

motivação. Obrigada a todos por contribuírem de forma direta ou indireta na

minha educação e realização deste trabalho.

Às minhas amigas biólogas Nildiane Canário, Sara Caroline, Marília Gabriela,

Ana Karina, Helaine Cristiane e Amanda Medeiros pela amizade, carinho,

apoio, pelos momentos alegres e de descontração. Além de compartilharem o

saber e pelo auxílio na realização deste trabalho.

Às técnicas Socorro e Melina do Laboratório de Técnicas Histológica da UFRN

pela disponibilização e auxílio durante os processos histológicos.

Ao Professor Marcos Costa e à técnica Rebecca Diniz pela disponibilização e

auxílio nas análises de microscopia óptica no Instituto do Cérebro da UFRN.

À minha orientadora Profª. Drª Katia Castanho Scortecci.

Aos professores Adriana Ferreira Uchôa, Eduardo Luiz Voigt, Lázaro Eustáquio

Pereira Peres e Vagner Augusto Benedito pela participação na banca

examinadora.

Page 6: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

5

RESUMO

A floração é um processo vital durante o ciclo de vida das plantas e é marcado pela conversão do meristema apical vegetativo em reprodutivo devido a interações de fatores internos e externos à planta. Apesar de amplo conhecimento ter sido gerado nessa área, ainda se conhece muito pouco sobre o processo de floração e frutificação em tomateiro. Pesquisas anteriores realizadas pelo nosso grupo identificaram o cDNA homólogo a Proteína Reprimida por Auxina (ARP) em bibliotecas subtrativas reprodutivas de tomateiro. Existem poucos dados sobre a proteína ARP na literatura, há relatos de que o gene ARP está relacionado com a maturação do fruto em morango, dormência da gema lateral em ervilha e maturação do pólen em tabaco, mas a função da proteína ARP ainda não está clara. Portanto, o intuito deste trabalho foi compreender o papel da proteína ARP no desenvolvimento vegetativo e nos processos de floração e frutificação por meio da perda e/ou do ganho de função deste cDNA em plantas transgênicas de tomateiro contendo o cassete de superexpressão em orientação senso e antissenso para este cDNA. Dessa forma, foram observadas algumas alterações fenotípicas e estruturais nas plantas transgênicas (35S::SlARP antissenso e senso), como floração e frutificação precoce verificada nas plantas 35S::SlARP antissenso nas gerações T1 a T4, em relação às controles (transformada com o plasmídeo vazio e não transformada). Na análise histológica, notaram-se óvulos maduros nas flores das plantas 35S::SlARP antissenso (gerações T2 a T4), enquanto que as flores das controles não apresentaram óvulos maduros no mesmo período de tempo. Outra modificação observada foi o número superior de gemas laterais desenvolvidas nas plantas 35S::SlARP antissenso nas gerações T3 e T4 quando comparado às plantas 35S::SlARP senso e às plantas controles (transformada com o plasmídeo vazio e não transformada) . Essas produziram ramos com folhas, flores e frutos. Assim como alterações estruturais nos pecíolos das plantas 35S::SlARP antissenso, incluindo uma aparente quantidade maior de elementos de vaso (xilema e floema) do que os pecíolos as plantas 35S::SlARP senso e mutantes relacionados à sinalização da auxina (dgt e entire) e plantas controles. Portanto, estes dados sugerem que a proteína ARP possa estar envolvida na floração, frutificação e na dormência das gemas axilares em tomateiro. Palavras chaves: Solanum lycopersicum, Proteína Reprimida por Auxina, floração precoce; frutificação precoce; dormência das gemas axilares.

Page 7: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

6

ABSTRACT

Flowering is a vital process during the plant life cycle and it is characterized by the conversion from the vegetative apical meristem into reproductive meristem due to internal and external factors. Despite the considerable knowledge has been produced in this field, not much is known about the flowering and fruiting process in tomato. Furthermore, previous research from our group has identified a cDNA with homology to AUXIN REPRESSED PROTEIN (ARP) in reproductive subtractive libraries from tomato. In the literature, there are few reports where the ARP gene has been associated to fruit ripening in strawberry, dormancy in pea and pollen maturation in tobacco plants, but it is not clear the ARP protein function yet. Therefore, the aim of this work was to understand the role of ARP protein in vegetative development, flowering and fruit set processes through the loss and/or gain of function using this cDNA in transgenic tomato plants with the overexpression cassette constructs in sense and antisense cDNA orientation. Thus, it was observed some phenotypic and structural modifications in transgenic plants (35S::SlARP antisense and sense) such as early flowering and fruiting that was observed in 35S::SlARP antisense plants from the T1 to T4 progeny when compared to controls plants (with the empty vector and wild type plant). In the histological analysis, it was observed mature ovule in 35S::SlARP antisense flowers (progeny T2 to T4), while for the controls plant it wasn’t observed a mature ovule at the same period of time. The other modification observed was a higher number of lateral buds developed in 35S::SlARP antisense plants (progeny T3 and T4) when compared to 35S::SlARP sense and controls plants. These plants produced branches with leaves, flowers and fruits. Besides, it has been observed some structural changes in the petioles from 35S::SlARP antisense plants, including a high number of vessel elements (xylem and phloem) when compared to 35S::SlARP sense, and to dgt and entire mutants (related to auxin signaling) and controls plants (with empty vector and wild type plant). Therefore, these data suggest that ARP protein may be involved in flowering, fruit set and dormancy of axillary buds in tomato. Keywords: Solanum lycopersicum; Auxin Repressed Protein, early flowering; early fruit set; dormancy of axillary buds.

Page 8: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

7

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Distribuição, em porcentagem, da participação dos principais

países na produção mundial de tomate.......................................................

13

Figura 2 – Distribuição da participação nacional, por regiões, na produção

do tomate......................................................................................................

14

Figura 3 – Contribuição relativa dos Estados da região Nordeste na

produção do tomate.....................................................................................

15

Figura 4 – A cultivar Micro-Tom..................................................................... 16

Figura 5 – A espécie Solanum pimpinellifolium............................................ 17

Figura 6 – Comparação do hábito de crescimento em Arabidopsis

thaliana e tomateiro......................................................................................

18

Figura 7 – Diagrama simplificado das vias da floração em A. thaliana........ 20

Figura 8 – Domínio funcional da proteína ARP em Solanum

lycopersicum.................................................................................................

41

Figura 9 – Alinhamento da proteína ARP em diferentes plantas................. 44

Figura 10 – Dendrograma da proteína ARP em plantas.............................. 47

Figura 11 - Rede de interação proteica da ARP com 73% de identidade

em Arabidopsis thaliana...............................................................................

49

Figura 12 - Rede de interação proteica da ARP com 71% de identidade

em Arabidopsis thaliana...............................................................................

50

Figura 13 - Rede de interação proteica da ARP com 47% de identidade

em Arabidopsis thaliana...............................................................................

51

Figura 14 – Rede de interação proteica da ARP em Oryza sativa............... 53

Figura 15 - Interação proteica da ARP com BRC1A em Solanum

lycopersicum.................................................................................................

54

Figura 16 – Desenvolvimento dos frutos precocemente nas plantas das

linhagens senso e antissenso na geração T1..............................................

56

Figura 17 – Características morfológicas das plantas controles e

transgênicas na geração T1.........................................................................

57

Figura 18 – Análise da distância entre o ápice e a folha proximal das

plantas controles e transgênicas na geração T1..........................................

58

Figura 19 – Amadurecimento precoce do fruto nas plantas da linhagem

Page 9: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

8

antissenso da geração T2............................................................................ 59

Figura 20 – Número de flores das plantas controles e transgênicas na

geração T2...................................................................................................

59

Figura 21 – Floração precoce da linhagem antissenso na geração T3....... 60

Figura 22 – Análise da altura nas plantas controles e transgênicas da

geração T3...................................................................................................

60

Figura 23 – Número de gemas axilares desenvolvidas e folhas compostas

nas plantas controles e transgênicas da geração T3...................................

61

Figura 24 – Características morfológicas das plantas cv. MT e das

transgênicas na geração T3.........................................................................

62

Figura 25 – Análise do formato dos frutos das plantas controles e

transgênicas da geração T3.........................................................................

63

Figura 26 – Número de frutos com partenocarpia nas plantas controles e

transgênicas da geração T3.........................................................................

64

Figura 27 – Número de gemas laterais desenvolvidas e folhas compostas

nas plantas controles e transgênicas da geração T4...................................

65

Figura 28 – Desenvolvimento das gemas laterais nas plantas cv. MT e

nas transgênicas da geração T4..................................................................

66

Figura 29 – Seções longitudinais do ovário das flores da geração T2......... 67

Figura 30 – Seções longitudinais do ovário das flores na geração T3 e

T4..................................................................................................................

68

Figura 31 – Seções transversais do pecíolo das plantas transgênicas da

geração T2 e mutantes envolvidos na sinalização da auxina......................

70

Figura 32 – Esquemas hipotéticos da ação da ARP na gema apical em

tomateiro e no meristema floral em A. thaliana............................................

81

Page 10: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Genes e mutantes que afetam o processo de floração em

tomateiro e sua homologia com A. thaliana.................................................

25

Tabela 2 – Número de linhagens independentes das plantas transgênicas

(MT Vazio, 35S::SlARP antissenso e 35S::SlARP senso), número de

sementes plantadas por linhagem de plantas transgênicas nas gerações

T1 a T4 e número de sementes da planta controle cv. MT semeadas

nestas gerações...........................................................................................

35

Tabela 3 – A sequência predita de aminoácidos para a ARP, os

homólogos descritos na literatura e a respectiva identidade, em

porcentagem, entre eles...............................................................................

41

Tabela 4 – Características fenotípicas evidentes observadas nas plantas

transgênicas (35S::SlARP antissenso e senso) nas gerações T1 a T4 em

relação às plantas controles (cv. MT e MT

Vazio)............................................................................................................

55

Tabela 5 – Surgimento das flores, em dias após o plantio, das plantas

controles e das transgênicas nas gerações T1 e T3....................................

56

Page 11: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

10

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABSCEM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO COMÉRCIO DE SEMENTES E

MUDAS

APE1 – APETALA1

ARF – Fatores de Resposta a Auxina (AUXIN RESPONSE FACTOR)

ARP – Proteína Reprimida por Auxina (AUXIN REPRESSED PROTEIN)

AUX/IAA - AUXIN/INDOLE-3-ACETIC ACID

CO – CONSTANS

CDD – Conserved Domain Database – Banco de domínios conservados do

NCBI

cDNA – DNA complementar

cv. - cultivar

DGT – DIAGEOTROPICA

E - ENTIRE

FA – FALSIFLORA

FAOSTAT - FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED

NATIONS STATISTICS DIVISION

FLC – FLOWERING LOCUS C

FT - FLOWERING LOCUS T

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

LFY – LEAFY

MT – Micro-Tom

35S::SlARP senso – Cassete de superexpressão do cDNA homólogo a ARP na

orientação senso em tomateiro (cv. MT).

35S::SlARP antissenso - Cassete de superexpressão do cDNA homólogo a

ARP na orientação antissenso em tomateiro (cv. MT).

MT Vazio – vetor binário pZP211 sem o inserto em tomateiro (cv. MT).

NCBI – National Center for Biotechnology Information

RT-qPCR – PCR quantitativo em tempo real (Real Time quantitative PCR)

SFT – SINGLE FLOWER TRUSS

SP – SELF-PRUNING

TFL1 – TERMINAL FLOWER

Page 12: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

11

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 13

1.1 O cenário econômico do tomate............................................................ 13

1.2 A cultivar Micro-Tom e a espécie Solanum pimpinellifolium.................. 15

1.3 Os hábitos de crescimentos da planta: Monopodial e Simpodial........... 17

1.4 As vias do processo de florescimento em A. thaliana............................ 19

1.5 Os principais genes envolvidos no processo de floração em

tomateiro.......................................................................................................

24

1.6 A identificação do cDNA homólogo à proteína reprimida por auxina

(ARP) em tomateiro e as funções dos homólogos da ARP.........................

26

1.7 Ação da auxina e citocinina nos principais processos do

desenvolvimento vegetal..............................................................................

29

2 OBJETIVOS.............................................................................................. 32

2.1 Objetivo Geral......................................................................................... 32

2.2 Objetivos Específicos............................................................................. 32

3 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 33

3.1 Análise in silico....................................................................................... 33

3.2 Extração de DNA de tomateiro............................................................... 34

3.3 PCR para confirmar presença do vetor binário nas plantas

transformadas...............................................................................................

36

3.4 Seleção de plantas transformadas por germinação in vitro .................. 36

3.5 Análise fenotípica dos transgênicos....................................................... 37

3.5.1 Análise estatística................................................................................ 38

3.6 Estudos histológicos.............................................................................. 38

4 RESULTADOS.......................................................................................... 40

4.1 Identificação e análise da sequência do cDNA homólogo à proteína

reprimida por auxina (ARP) em tomateiro....................................................

40

4.2 Análise fenotípica das plantas contendo o cDNA homólogo à ARP em

tomateiro.......................................................................................................

54

4.3 Análise histológica das flores e dos pecíolos das plantas 35S::SlARP

antissenso e senso.......................................................................................

66

5 DISCUSSÃO............................................................................................. 71

6 CONCLUSÃO............................................................................................ 83

Page 13: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

12

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 84

Page 14: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

13

1 INTRODUÇÃO

1.1 O cenário econômico do tomate

O tomate é um dos alimentos mais consumidos no mundo seja in natura

ou na forma processada. Segundo a Organização das Nações Unidas para

Agricultura e Alimentação, 2013 (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION

OF THE UNITED NATIONS STATISTICS DIVISION - FAOSTAT, 2013),

163.963.770,00 toneladas de tomate foram produzidas no mundo. A China é o

maior produtor correspondendo a mais de 30% da produção dessa hortaliça,

seguida pela Índia, Estados Unidos, Turquia, Egito, Irã e Itália. O Brasil ocupa a

oitava posição no ranking mundial, contribuindo com 2,55% (ou 4.187.646,00

toneladas) da produção total (Figura 1) (FAOSTAT, 2013).

Figura 1 - Distribuição, em porcentagem, da participação dos principais países na

produção mundial de tomate (Fonte: FAOSTAT, 2013).

No Brasil, em relação ao ano de 2015, houve redução na safra de

tomate, na qual foram produzidas 3.686.816,00 toneladas, ou seja,

aproximadamente 12% a menos quando comparada ao ano de 2013 (produção

de 4.187.646,00 toneladas) e redução de 14,1% em relação à safra de 2014,

na qual foram produzidas 4.302.777,00 toneladas (INSTITUTO BRASILEIRO

DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE, 2016). As principais cultivares que

dominam o mercado de tomate de mesa no país são as do subgrupo Santa

Cruz, Salada, Cereja e Italiano que variam em relação ao formato e tamanho

30,83%

11,12% 7,67% 7,21%

5,20% 3,76% 3,01% 2,55% 2,25% 2,00%

24,40%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

Total da produção mundial de tomate (%)

Page 15: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

14

dos frutos; além do sistema de cultivo (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO

COMÉRCIO DE SEMENTES E MUDAS - ABCSEM, 2009).

A produção nacional concentra-se nas regiões Sudeste (50,6% da

produção total) e Centro-Oeste (22,0%) do país, sendo o Estado de Goiás com

participação de 21,4% da produção total, São Paulo com 20,8% e Minas Gerais

com 20,2% os maiores produtores de tomate (Figura 2) (IBGE, 2016).

Figura 2 - Distribuição da participação nacional, por regiões, na produção do tomate

(Fonte: IBGE, 2016).

A região Nordeste ocupa a terceira posição nacional com 14,9% de

participação na produção de tomate, entretanto, destacam-se os Estados da

Bahia (6,8%), Ceará (4,0%) e Pernambuco (3,1%) como maiores produtores

regionais (Figura 3). Apesar das condições climáticas favoráveis, o Estado do

Rio Grande do Norte apresenta uma pequena porcentagem de participação na

produção da cultura (0,1%). Este fato decorre, principalmente, por pequenos

produtores rurais que exploram essa hortaliça e a prática agrícola por outras

olericulturas de grande valor econômico, como o meloeiro e a melancia (IBGE,

2015; VIDAL, 2010; PRODUÇÃO AGRÍCOLA MUNICIPAL - PAM, 2013). Além

da cultura do tomateiro ser atacada pela praga mosca-branca (Bemisia tabaci)

que provoca alterações no amadurecimento do fruto, causando prejuízos

econômicos aos produtores rurais (MOURA et al., 2014).

0,4%

14,9%

50,6%

12,2%

22,0%

Participação na produção do tomate (%)

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

Page 16: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

15

Figura 3 – Contribuição relativa dos Estados da região Nordeste na produção do tomate

(Fonte: IBGE, 2016).

1.2 A cultivar Micro-Tom e a espécie Solanum pimpinellifolium

A família Solanaceae inclui diversas espécies de importância econômica

no cenário mundial como o tomate, a batata, o tabaco e a pimenta (LOZANO et

al., 2009). Existem aproximadamente 95 gêneros e 2.800 espécies arbóreas e

herbáceas distribuídas no mundo inteiro, principalmente em regiões tropicais e

temperadas, na qual a maior diversidade encontra-se nas Américas Central e

Sul (KNAPP, 2002).

O tomateiro pertence ao gênero Solanum, seção Lycopersicon, que

abrange uma espécie domesticada, Solanum lycopersicum, e 12 espécies

relativamente selvagens como S. pimpinellifolium, S. pennellii e S. peruvianum

que se desenvolveram em locais distintos e possuem determinadas variações

genéticas naturais, como o número de flores produzidas por inflorescência

(GRANDILLO et al., 2011; PERALTA et al., 2008).

A espécie Solanum lycopersicum compreende praticamente todas as

formas de cultivares de tomateiro. Estas variam nos aspectos foliares, na

arquitetura da planta, no número de flores ou no formato e coloração dos frutos

(PÉRILLEUX et al., 2014). Dentre estas, a cultivar (cv.) Micro-Tom é

amplamente utilizada como modelo vegetal por abrigar características atrativas

para estudos genéticos, fisiológicos, evolutivos e de desenvolvimento vegetal

devido a seu ciclo de vida relativamente curto entre 70 a 90 dias até o período

0,1% 0,1%

4,0%

0,1% 0,5%

3,1%

0,1% 0,1%

6,8%

0,0% 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0% 6,0% 7,0% 8,0%

Participação na produção do tomate (%)

Page 17: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

16

de coleta dos frutos maduros; conter um genoma pequeno (950 Mb), assim

como as outras cultivares de tomateiro; apresentar tamanho reduzido (10 a 20

cm de altura); ser capaz de crescer em altas densidades (acima de 1.357

indivíduos/m2) e pode produzir três a quatro gerações em um ano (Figura 1)

(FLORES et al., 2015; MEISSNER et al., 1997). Na figura 4, pode-se observar

a arquitetura da cv. Micro-Tom, o pequeno porte (Figura 1A), o arranjo das

flores por inflorescência (Figura 1B) e a disposição dos frutos (Figura 1C). A

cv. Micro-Tom tem sido utilizada em estudos genéticos e moleculares por meio

da metodologia de mutagênese, marcadores genéticos e através da ferramenta

de transformação mediada pela bactéria Agrobacterium tumefaciens (CHETTY

et al., 2013; DAN et al., 2006; MATSUKURA et al., 2008; SUN et al., 2006).

Figura 4 – A cultivar Micro-Tom. Fotografia mostrando as características da planta como o

pequeno porte (A), a organização da inflorescência (B) e dos frutos (C) na espécie Solanum

lycopersicum (cv. Micro-Tom), fotografias tiradas por Renata Kaline (Laboratório de

Transformação de Plantas e Microscopia, UFRN). Algumas folhas proximais foram excisadas

em C. Barras = 1 cm.

A

B C

Page 18: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

17

Outra espécie relacionada ao tomateiro atrativa para estudos de

melhoramento genético é Solanum pimpinellifolium (Figura 5). Na figura 2,

visualiza-se a arquitetura da planta S. pimpinellifolium linhagem WVa700 (LI et

al., 2014) (Figura 5A), a organização das flores na inflorescência (Figura 5B) e

dos frutos (Figura 5C). Esta planta é considerada selvagem, isto é, ainda não

foi completamente domesticada pelo homem, e alguns acessos dessa espécie

preservam características agronômicas desejáveis, incluindo resistência às

doenças, tolerância ao estresse abiótico e frutos avermelhados de alta

qualidade (FOOLAD et al., 2002; FOOLAD et al., 2005; FOOLAD et al., 2008).

Salienta-se ainda que a espécie S. pimpinellifolium possui inflorescência com

mais de 10 flores (QU et al., 2015), enquanto que o tomateiro cultivado (S.

lycopersicum) apresenta 5-7 flores por inflorescência (Figura 4 e 5) (WELTY et

al., 2007).

Figura 5 – A espécie Solanum pimpinellifolium. Fotografia mostrando a arquitetura da planta

S. pimpinellifolium da linhagem WVa700 (retirado e modificado de LI et al., 2014) (A); a

organização da inflorescência (B) e, a disposição dos frutos (C). B e C: fotografias tiradas por

Sandra Knapp (Fonte: Sol Genomics Network: https://solgenomics.net/organism/770/view).

1.3 Os hábitos de crescimentos da planta: Monopodial e Simpodial

A variação no número de flores é ressaltada como uma das

características mais significantes em tomateiro. A polinização e a fertilização

C

B A

Page 19: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

18

bem-sucedidas garantem o sucesso reprodutivo da espécie. Do ponto de vista

do agronegócio, a floração é um fator determinante para a produção agrícola,

uma vez que as sementes ou os frutos são colhidos para fins comerciais

(BLUMEL et al., 2015). Entretanto, dois hábitos de crescimento, o monopodial e

o simpodial, afetam a diversidade da arquitetura da inflorescência, isto é,

comprometem o número de flores e, consequentemente, a quantidade de frutos

(Figura 6) (IWATA et al., 2012a).

Figura 6 – Comparação do hábito de crescimento em Arabidopsis thaliana e tomateiro.

Representação esquemática do crescimento monopodial (à esquerda) em A. thaliana e

simpodial (à direita) em tomateiro. Setas em negrito correspondem à representação do

meristema lateral. O círculo fechado preenchido com cor vermelha corresponde a uma única

flor ou a 5 flores (inflorescência), respectivamente (figura retirada e modificada de TEO et al.,

2014).

Em plantas com crescimento monopodial, como os modelos vegetais

Arabidopsis thaliana e arroz (Oryza sativa), o meristema apical caulinar

vegetativo dá origem a folhas até estímulos adequados resultarem na transição

do crescimento vegetativo para o desenvolvimento da inflorescência. Durante

esta fase, o meristema apical caulinar continua a produção de inflorescências e

flores isoladas, resultando em um único ciclo que consiste nas fases vegetativa

e reprodutiva (inflorescência ou floral) (Figura 6, à esquerda) (PNUELI et al.,

1998; TEO et al., 2014).

O tomateiro exibe um padrão de crescimento simpodial da seguinte

forma: após a produção de algumas folhas (6 a 12 folhas compostas), o

Page 20: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

19

meristema apical caulinar diferencia-se em uma flor terminal e, em seguida,

retoma o crescimento vegetativo a partir de um meristema caulinar simpodial

produzido na axila (gema lateral) da folha mais jovem (Figura 6, à direita).

Depois da produção de três folhas, denominada unidade simpodial, novamente,

o meristema caulinar simpodial reitera o padrão do meristema apical caulinar

para terminar em uma segunda inflorescência composta e iniciar a geração de

um novo meristema caulinar simpodial. Esse tipo de hábito de crescimento

resulta em uma planta indeterminada com produção contínua de

inflorescências igualmente espaçadas entre três folhas, ou seja, as fases

vegetativa e reprodutiva se alternam regularmente (Figura 6, à direita) (JIANG

et al., 2013; PNUELI et al., 1998; TEO et al., 2014; THOUET et al., 2008).

1.4 As vias do processo de florescimento em A. thaliana

As plantas passam por uma série de transformações durante seu ciclo

de vida em resposta a fatores intrínsecos e extrínsecos. A mudança do

crescimento vegetativo para o reprodutivo é regulada por uma rede complexa

de vias gênicas. As principais respostas aos estímulos ambientais são

desencadeadas pelas vias do fotoperíodo, ou seja, através da intensidade

luminosa e comprimento do dia, da vernalização (tratamento a frio) e das

giberelinas. Quanto às respostas a estímulos internos, essas são mediadas

pelas vias autônomas e dependentes de microRNAs (Figura 7) (BLUMEL et al.,

2015; KHAN et al., 2013).

Page 21: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

20

Figura 7 – Diagrama simplificado das vias da floração em A. thaliana. Até agora, cinco vias

independentes para o florescimento foram identificadas: da vernalização, do fotoperíodo,

autônoma, das giberelinas e do desenvolvimento (microRNA). A função da via autônoma e da

vernalização é reprimir a atividade de FLOWERING LOCUS C (FLC), um repressor floral. A

proteína FLC reprime FLOWERING LOCUS T (FT) e SUPPRESSOR OF OVEREXPRESSION

OF CONSTANS1 (SOC1), também conhecidos como integradores das vias florais, que são

regulados positivamente pela via do fotoperíodo. Além disso, dois longos RNAs não

codificantes (lncRNAs), COOLAIR e COLDAIR, estão envolvidos na regulação de FLC. Os

sinais ambientais integrados por FT e SOC1 induzem a expressão de reguladores da

identidade meristemática (LEAFY – LFY e APETALA1 - AP1) para iniciar a formação das flores.

A via do desenvolvimento (microRNA) afeta o tempo de floração de duas maneiras: a primeira,

reprimindo a atividade de repressores da floração, permitindo, dessa forma, que a planta

responda a estímulos para o florescimento e, a segunda, regulando diretamente os

integradores da via floral e reguladores da identidade do meristema. A via do desenvolvimento

e a via das giberelinas acompanham a atividade dos microRNAs (miR156 e miR172) e dos

genes SQUAMOSA PROMOTER BINDING PROTEIN-LIKE (SPL3, 4, 5, 9 e 10). As setas ( )

indicam promoção da atividade gênica, as extremidades “T” indicam repressão da atividade

gênica. FRI: FRIGIDA; SVP: SHORT VEGETATIVE PHASE; FCA: FLOWERING LOCUS CA;

FY: FLOWERING LOCUS Y; CO: CONSTANS; FD: FLOWERING LOCUS D (retirado e

modificado de KHAN et al., 2013).

Page 22: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

21

A via do fotoperíodo é o resultado de uma interação complexa entre o

ritmo circadiano e os sinais ambientais como o comprimento do dia, a

qualidade e quantidade de luz (composição e densidade dos fótons),

disponibilidade de nutrientes e de água, que culminam na ativação de genes

envolvidos na transição do meristema apical vegetativo em meristema floral (ou

reprodutivo) numa planta (BANDAY; NANDI, 2015; IMAIZUMI, 2010).

O modelo vegetal Arabidopsis thaliana é uma planta de dia longo

facultativa. Isto significa que esta planta pode ser induzida à floração quando

exposta a condições de dias longos (típicos das estações primavera e verão),

enquanto que plantas de dia curto florescem quando os comprimentos dos dias

são curtos e as noites são longas (SRIKANTH; SCHMID, 2011). Abordagens

genéticas e moleculares realizadas em A. thaliana têm identificado inúmeros

genes envolvidos na resposta ao fotoperíodo, sendo os principais genes o

CRYPTOCHROME2/FHA (CRY2), GIGANTEA (GI), FLOWERING LOCUS T

(FT), CONSTANS (CO) e FLOWERING WAGENINGEN (FWA) que possuem

funções regulatórias nesta via (Figura 7) (KHAN et al., 2013).

O gene CONSTANS (CO) é essencial para a percepção do fotoperíodo

em A. thaliana. O ritmo circadiano causa uma oscilação na expressão da

proteína CO em uma fase de 24 horas, sendo que o acúmulo máximo da

proteína CO ocorre cerca de 20 horas após o amanhecer sob condições de dia

curto (SUÁREZ-LÓPEZ et al., 2001). A expressão do gene CO é regulada pelo

ritmo circadiano através de um complexo proteico formado pelas proteínas

GIGANTEA (GI) e FLAVIN-BINDING, KELCH REPEAT, F-BOX (FKF1). Os

fotorreceptores PHYTOCROME A e CRYPTOCHROME 1 e 2 (CRY1 e CRY2)

responsáveis pela percepção da luminosidade em diferentes comprimentos de

onda também regulam os níveis de transcritos do gene CO. Assim, o ritmo

circadiano e a luminosidade (qualidade e quantidade de luz) controlam a

atividade da proteína CO (Figura 7) (KHAN et al., 2013; RIBONI et al., 2014;

SRIKANTH; SCHMID, 2011).

A proteína CO promove a transcrição dos genes FLOWERING LOCUS T

(FT) e TWIN SISTER OF FT (TSF) que influenciam no tempo de florescimento.

O gene FT é transcrito e traduzido nas folhas, mas a proteína FT, denominada

florígeno, atua como uma molécula sinalizadora sistêmica e move-se através

do floema até o ápice meristemático caulinar, onde interage com os fatores de

Page 23: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

22

transcrição denominados FLOWERING LOCUS D (FD) e FD PARALOG (FDP)

para iniciar a transição floral somente quando o ápice meristemático encontra-

se competente, através da integração das outras vias da floração, para sofrer

as modificações morfológicas necessárias para a formação dos órgãos florais

(KHAN et al., 2013; RIBONI et al., 2014; SONG et al., 2015). Uma vez que o

heterodímero FT/FD é formado, esse complexo promove a expressão dos

fatores de transcrição SUPPRESSOR OF OVEREXPRESSION OF

CONSTANS1 (SOC1), FRUITFUL (FUL) e dos genes que definem a identidade

do meristema floral APETALA1 (AP1) e LEAFY (LFY), os quais resultam no

desenvolvimento da flor (Figura 7) (MCGARRY; AYRE, 2012; TURK et al.,

2008).

A perda de função da proteína LFY resulta na floração tardia e em flores

com estruturas anormais (HUALA; SUSSEX, 1992), enquanto mutantes ap1

também produzem flores alteradas que possuem sépalas semelhantes a folhas

e não apresentam pétalas, embora o desenvolvimento de estames e de

carpelos seja normal. Além disso, flores ectópicas são formadas nas axilas das

sépalas semelhantes a folhas, um fenótipo que foi interpretado como um

defeito na identidade do meristema floral (IRISH; SUSSEX, 1990). No entanto,

ambos os genes codificam fatores de transcrição e promovem a expressão de

outros genes da identidade do meristema floral, enquanto concomitantemente

reprimem a expressão de reguladores negativos da floração, incluindo o

TERMINAL FLOWER1 (TFL1) (SIRIWARDANA; LAMB, 2012).

O TFL1 é um repressor floral e é expresso no meristema da

inflorescência, prevenindo a expressão de genes da identidade meristemática

floral e desta forma, mantém o desenvolvimento vegetativo da planta (IWATA

et al., 2012b).

Além do fotoperíodo, a temperatura é um dos principais determinantes

do momento da floração. Algumas plantas requerem um período prolongado de

frio (vernalização) para induzirem o florescimento na primavera seguinte

(SRIKANTH; SCHMID, 2011). Em A. thaliana, estudos demonstram que a

vernalização necessita de dois genes, FRIGIDA (FRI) e FLOWERING LOCUS

C (FLC). O gene FLC é um fator de transcrição contendo o domínio MADS que

atua como um repressor floral, regulando o tempo de floração pela inibição dos

integradores florais FT e SOC1, enquanto o gene FRI age regulando

Page 24: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

23

positivamente a expressão de FLC (Figura 7) (CREVILLEN; DEAN, 2011). A

repressão do gene FLC é regulada pelos RNAs não codificantes longos

(lncRNAs), COOLAIR e COLDAIR (Figura 7) (SONG et al., 2012).

Outro regulador da floração em resposta a temperatura é o gene SHORT

VEGETATIVE PHASE (SVP) que atua como repressor da floração e foi

demonstrado que a proteína SVP interage com a FLC para reprimir a floração

(Figura 7) (LEE et al., 2007).

A via autônoma também reprime a expressão de FLC, que

subsequentemente induz a expressão de FT e SOC1 para promover o

florescimento na planta (SHAFIQ et al., 2014). Em contraste, os mutantes da

via autônoma provocam a floração tardia independentemente do comprimento

do dia. Os membros dessa via que regulam o FLC em diferentes níveis incluem

LUMINIDEPENDENS (LD), FLOWERING LOCUS CA (FCA), FLOWERING

LOCUS Y (FY), FLOWERING LOCUS PA (FPA), FLOWERING LOCUS D

(FLD), FLOWERING LOCUS VE (FVE), FLOWERING LOCUS K (FLK) e

RELATIVE OF EARLY FLOWERING 6 (REF6) (SIMPSON, 2004; KHAN et al.,

2013). As proteínas codificadas por estes genes da via autônoma geralmente

estão inseridas em duas categorias funcionais: a primeira inclui fatores de

manutenção e remodelamento de cromatina e a segunda, proteínas que afetam

o processamento do RNA. Ambas inibem a expressão do repressor floral FLC

e, portanto, promovem a floração (Figura 7) (SRIKANTH; SCHMID, 2011).

O fitormônio giberelina também induz a floração por meio da promoção

da atividade de LFY. Foi demonstrado em A. thaliana que aplicações de

giberelinas na planta aumentaram a atividade do promotor LFY em dias curtos

(BLÁZQUEZ et al., 1998). Além disso, as giberelinas regulam a expressão de

FT em paralelo com CO em condições de dias longos para promover a floração

(Figura 7) (HISAMATSU; KING, 2008). Mutantes da via da biossíntese das

giberelinas, como ga1, não produzem flores sob condições não indutivas de

dias curtos (WILSON et al., 1992).

A via floral elucidada mais recentemente, a via dependente de

microRNA, está relacionada com o desenvolvimento da planta (Figura 7).

Estudos recentes indicam que miR156 e miR172 atuam nas mudanças da fase

vegetativa (JUNG et al., 2011). O miR156 é bastante abundante na fase juvenil

e diminui durante o estágio adulto, enquanto o miR172 possui um padrão de

Page 25: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

24

expressão oposta, isto é, miR172 é abundante na fase adulta e apresenta

níveis reduzidos na fase juvenil (WANG et al., 2009; WANG, 2014).

A superexpressão do miR156 regula negativamente a expressão de

vários genes SQUAMOSA PROMOTER BINDING PROTEIN-LIKE (SPL)

(Figura 7) e atrasa a transição das fases juvenil-adulto e vegetativo-reprodutivo,

afetando assim o tempo de floração. Os genes SPL também são regulados por

outras vias da floração (WANG et al., 2009). Já o miR172 promove a floração

pela via do fotoperíodo, independentemente da atuação da proteína CO.

Entretanto, a superexpressão de genes que regulam o miR172 atrasa a

transição juvenil-adulto e, portanto, atrasa a transição para o florescimento

(MATHIEU et al., 2009).

1.5 Os principais genes envolvidos no processo de floração em tomateiro

As funções dos inúmeros genes envolvidos na floração em A. thaliana

encontram-se conservadas em muitas espécies de plantas. Visto que pouco se

conhece a respeito dos processos de floração e frutificação em tomateiro, faz-

se necessário elucidar os genes que integram essa rede complexa e sua exata

função em resposta aos diversos sinais internos e externos à planta (THOUET

et al., 2012).

Estudos recentes tem resultado na descrição de alguns mutantes e na

caracterização de alguns genes envolvidos com o processo de floração em

tomateiro, como o SINGLE FLOWER TRUSS (SFT), SELF PRUNING (SP) e

FALSIFLORA (FA) (Tabela 1) (SHALIT et al., 2009; THOUET et al., 2008,

THOUET et al., 2012, respectivamente).

Page 26: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

25

Tabela 1 - Genes e mutantes que afetam o processo de floração em tomateiro e sua

homologia com A. thaliana (retirado e modificado de THOUET et al., 2012 e de LOZANO et

al., 2009).

Gene Função Mutante Fenótipo do mutante Homologia a

A. thaliana

Referências

SINGLE FLOWER

TRUSS (SFT)

Codifica o

florígeno

sft Floração tardia; crescimento

vegetativo; produção de

poucas flores e frutos.

FLOWERING

LOCUS T (FT)

Krieger et al.,

2010; Park et

al., 2014.

SELF PRUNING

(SP)

Codifica um

repressor

da floração

sp Desenvolvimento do

meristema simpodial alterado

TERMINAL

FLOWER1 (TFL1)

Quinet et al.,

2011, Pnueli et

al., 1998

FALSIFLORA (FA) Regula a

transição

floral

fa Floração tardia ou não

florescimento; inflorescência

altamente ramificada e

meristemas com

aglomerados de tecidos

meristemáticos.

LEAFY (LFY) Molinero-

Rosales et al.,

1999; Thouet

et al., 2012.

O tomateiro é uma planta herbácea de dia neutro, ou seja, floresce

independentemente do fotoperíodo. Sendo assim, a transição floral em muitos

cultivares ocorre principalmente pela via autônoma e a floração pode ser

acelerada pela alta disponibilidade luminosa (QUINET et al., 2006).

O gene SFT, ortólogo de FT em A. thaliana, codifica a proteína móvel

denominada florígeno que promove o florescimento. As plantas contendo o

gene mutante sft em homozigose apresentam redução nos sinais florigênicos, o

que gera a floração tardia e causa um crescimento vegetativo com redução na

produção de inflorescências que se resumem a uma ou a poucas flores e frutos

(Tabela 1) (KRIEGER et al., 2010; PARK et al., 2014; THOUET et al., 2012).

No entanto, plantas heterozigotas para a mutação em sft (sft/+), a redução

dose-dependente da atividade do florígeno resulta em atraso no florescimento

e maior número de inflorescências, flores e frutos em comparação com os

controles parentais no mesmo período de tempo (JIANG et al., 2013).

A superexpressão do gene SFT gera floração precoce com a primeira

inflorescência após o surgimento de três a cinco folhas em comparação ao

controle, no qual as flores emergem depois do surgimento de 10-12 folhas

compostas (LIFSCHITZ et al., 2006).

Page 27: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

26

O gene SP, ortólogo ao TFL1 de A. thaliana, pertence à família gênica

CETS (CENTRORADIALIS de Antirrhinum majus, TFL1 e SELF-PRUNING)

que possuem homologia com as proteínas de ligação à fosfatidiletanolamina

(PEBPS), altamente conservadas em eucariotos (MARCHLER-BAUER et al.,

2013). Essa família gênica codifica membros de uma família proteica de

adaptadores/moduladores capazes de interagir com inúmeras proteínas de

sinalização (LIFSCHITZ et al., 2006). O gene SFT também é membro dessa

família gênica (MCGARRY; AYRE, 2012). O gene SP codifica um repressor da

floração e determina o crescimento simpodial em tomateiro (Figura 3) (QUINET

et al., 2011). Em mutantes sp, o florígeno não é inibido e o número de folhas

iniciadas em segmentos simpodiais sucessivos é gradualmente reduzido até a

produção de duas inflorescências consecutivas e o crescimento é finalizado

prematuramente, sendo o crescimento, portanto, “determinado” (Tabela 1)

(PNUELI et al., 1998).

A regularidade e a perpetuação do ciclo de crescimento simpodial

(inflorescência-três folhas-inflorescência) são realizadas, provavelmente, pelo

balanço entre os sinais que promovem o florescimento (florígeno, codificado

pelo SFT) e os sinais que reprimem a floração como o gene SP (LIFSCHITZ;

ESHED, 2006).

O gene FA, ortólogo do gene da identidade do meristema floral LEAFY

de A. thaliana, regula a transição floral. Os mutantes fa resultam em fenótipos

de floração tardia e anormalidades no desenvolvimento das inflorescências, as

quais são produzidas a partir de brotos foliares, contêm bastantes ramificações

e aglomerados de meristemas em proliferação (Tabela 1) (MOLINERO-

ROSALES et al., 1999; THOUET et al., 2012).

1.6 A identificação do cDNA homólogo à proteína reprimida por auxina

(ARP) em tomateiro e as funções dos homólogos da ARP

Diante da extrema importância econômica da produção de tomate para o

Brasil e a escassez de informações no tocante ao processo de floração em

tomateiro, pesquisas desenvolvidas anteriormente identificaram clones

extraídos de bibliotecas subtrativas utilizando o ápice meristemático das

espécies Solanum lycopersicum cv. Micro-Tom e S. pimpinellifolium induzidos à

floração (após o surgimento de 7 a 10 folhas compostas) e não induzido a

Page 28: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

27

floração (após 5 ou 6 folhas compostas) (PNUELI et al., 1998). Dos inúmeros

cDNAs identificados, selecionou-se o cDNA homólogo a Proteína Reprimida

por Auxina (AUXIN REPRESSED PROTEIN - ARP) para a sua caracterização

com o intuito de compreender o seu papel no processo de floração em

tomateiro, uma vez que este gene alvo de estudo foi identificado numa

biblioteca reprodutiva, ou seja, a planta estava induzida ao processo floral

(ESTEVAM, 2011). Além disso, existem poucos dados a respeito da proteína

ARP na literatura científica.

Reddy e Poovaiah (1990) construíram uma biblioteca de cDNA a partir

de RNAm isolados de receptáculos desprovidos de auxina em morango e

identificaram primordialmente a SAR5, homólogo da ARP, que está associada

com a maturação do fruto da seguinte forma: quando SAR5 é reprimida por

auxina, ocorre o amadurecimento do fruto.

Lee et al. (1993) isolaram de uma biblioteca de cDNA construída a partir

de RNAs extraídos do tecido cortical do fruto maduro da macieira, uma

sequência nucleotídica contendo 705 pares de bases e uma janela de leitura

(ORF- OPEN READING FRAME) que codifica um polipeptídeo de 119

aminoácidos com massa predita de 13 kDa, o qual denominam AP1. Além

disso, verificaram que os transcritos de AP1 são detectados em vários estágios

do desenvolvimento do fruto, desde os ovários das flores aos frutos maduros,

assim como seu homólogo no fruto do morangueiro. Apesar de ter sido

detectado em altos níveis no fruto da maçã, AP1 também é expresso na folha,

caule, pecíolo, sementes e raízes (LEE et al., 1993). No entanto, Steiner et al.

(2003) verificam a associação da ARP com a maturação do pólen em tabaco.

Stafstrom e colaboradores (1998) observaram que o gene ortólogo

PsDRM1, está associado com a dormência das gemas em ervilha (Pisum

sativum L. cv. Alaska). Após a remoção da gema dormente na região terminal

da planta, a quantidade de transcritos de PsDRM1 são reduzidos em

aproximadamente 20 vezes em 6 horas e, em 12 horas, os RNAm são

indetectáveis nas gemas laterais em desenvolvimento. Mais ainda, a expressão

do gene PsDRM1 está intimamente ligada a caules e raízes no estágio maduro,

isto é, transcritos acumulam-se nestes tecidos já desenvolvidos. Assim como o

gene RpARP (Robinia pseudoacacia) é altamente expresso em tecidos

maduros (PARK; HAN, 2003).

Page 29: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

28

No repolho Chinês (Brassica rapa L. ssp. Pekinensis), os níveis de

expressão de dois genes relacionados à ARP, BrARP1 e BrDRM1, são

igualmente elevados em tecidos maduros. Lee et al. (2013) também

observaram que estes genes estão envolvidos provavelmente na suspensão do

crescimento, possivelmente inibindo o alongamento celular ou a expansão

celular, ocasionando redução no tamanho da planta Brassica rapa.

Segundo Shi et al. (2013), os genes ARPs, PpARP1 e PpARP2, podem

estar envolvidos na resposta ao ácido salicílico durante o desenvolvimento do

fruto em Pyrus pyrifolia, uma vez que os genes PpARPs são regulados

negativamente após o tratamento do mesocarpo com diferentes concentrações

de ácido salicílico. Não obstante, a expressão de PpARPs é induzida pela

auxina exógena.

Além desses, outros genes homólogos a ARP parecem estar envolvidos

na resposta ao estresse abiótico como o próprio RpARP mencionado

anteriormente, cuja expressão é detectada sob condições de frio e escassez de

sacarose (PARK; HAN, 2003); como na tolerância à seca (CHOI et al., 2002) e

na resposta ao tratamento a frio e ao estresse salino no pimentão (HWANG et

al., 2005).

Na resposta ao estresse biótico por nematoides, dois genes ARPs são

encontrados em bibliotecas subtrativas de cDNA e são diferencialmente

expressos nas raízes da soja em resposta à infecção causada por Meloidogyne

javanica (SÁ et al., 2012). O gene ortólogo EuNOD-ARP1 (Elaeagnus

umbellata) é induzido pela auxina exógena em tecidos foliares e na zona de

fixação dos nódulos de raízes não infectados com o actinomiceto Frankia (KIM

et al., 2007).

Recentemente, é observada, em plantas de tabaco, que este gene

regula negativamente o crescimento do vegetal e ativa a resistência da planta a

doenças causadas por patógenos (ZHAO et al., 2014).

Embora os homólogos desta proteína ARP já tenham sido identificados

em outras espécies de plantas, sua função fisiológica e molecular é pouco

compreendida. Além disso, pouco é conhecido sobre esses genes regulados

negativamente pela auxina.

Page 30: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

29

1.7 Ação da auxina e citocinina nos principais processos do

desenvolvimento vegetal

Sabe-se que a auxina é um hormônio central que regula uma infinidade

de processos que envolvem o crescimento e desenvolvimento das plantas

através do controle da expressão de genes responsivos à auxina. Ao nível

celular, a auxina controla a divisão, extensão e diferenciação celular. Em

relação ao desenvolvimento vegetal, a auxina desempenha papel essencial em

processos como dominância apical, tropismo, formação de raízes laterais e

adventícias, diferenciação vascular e embriogênese (FRIML, 2003).

As respostas mediadas pelas auxinas nestes diversos eventos do

desenvolvimento vegetal podem ser reguladas através do metabolismo da

auxina, direcionamento do transporte de auxina e transdução de sinais

(CHAPMAN; ESTELLE, 2009; LUDWIG-MULLER, 2011; PETRÁSEK; FRIML,

2009; ZHAO, 2010).

Em elevadas concentrações, a auxina liga-se ao receptor TRANSPORT

INHIBITOR RESPONSE1 (TIR1) e promove a sua interação com as proteínas

da família AUX/IAA (AUXIN/INDOLE-3-ACETIC ACID) que são repressores da

transcrição. A interação desencadeia a ubiquitinação das proteínas Aux/IAA

para a via do proteossomo 26S. As proteínas Aux/IAA são reconhecidas como

um substrato para o complexo E3 ubiquitina ligase SCFTIR1(SKP1, CDC53/

CULLIN, F-box) e a auxina aumenta a proteólise desses repressores. Na

ausência da auxina ou em baixas concentrações na célula, a Aux/IAA forma um

heterodímero inibitório com fatores de resposta à auxina (AUXIN RESPONSE

FACTORS - ARFs), que são fatores de transcrição. Essa interação pode

impedir a ligação de ARFs à região promotora dos elementos de resposta à

auxina (AuxRE) e, dessa forma, bloquear a ativação de genes responsivos à

auxina. Portanto, a degradação mediada pela auxina dos repressores Aux/IAA

acarreta na liberação dos fatores de transcrição ARFs e, consequentemente,

promove a expressão de genes responsivos à auxina (GUILFOYLE, 2015;

HAYASHI, 2012; SAUER et al., 2013).

Vinte e cinco membros da família Aux/IAA são identificados em

tomateiro (AUDRAN-DELALANDE et al., 2012). Um deles, a proteína

SIIAA9/ENTIRE (E) é um repressor da transcrição de genes responsivos à

Page 31: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

30

auxina e é requerido para o desenvolvimento de folhas compostas e do fruto

(BEN-GERA et al., 2012). O mutante entire desenvolve frutos partenocárpicos

e folhas simples e grandes, ao invés de folhas compostas, características do

tomateiro (KOENIG et al., 2009). Estes fenótipos resultam de mutações com

perda de função de um membro da família gênica Aux/IAA (WANG et al., 2005;

ZHANG et al., 2007).

Outro gene envolvido na sinalização da auxina é o DIAGEOTROPICA

(DGT). O gene DGT codifica uma ciclofilina, LeCYP1 que é necessária para a

expressão de um subgrupo Aux/IAA. Mutantes dgt exibem fenótipos

pleiotrópicos, incluindo a redução da dominância apical e das respostas ao

gravitropismo; folhas hiponásticas; retardo no desenvolvimento vascular; níveis

elevados de antocianina e clorofila; a secreção de prótons mediada pelas

auxinas é comprometida; redução no crescimento do fruto e ausência de raízes

laterais (BALBI; LOMAX, 2003; MIGNOLLI et al., 2012; OH et al., 2006). Além

disso, foi demonstrado que a proteína DGT regula o transporte de auxina para

a formação das raízes laterais (IVANCHENKO et al., 2015)

Sabe-se que muitos hormônios interagem com auxina na regulação dos

processos de desenvolvimento e crescimento do vegetal (EL-SHOWK et al.,

2013). Dentre estes, o hormônio vegetal citocinina desempenha funções no

controle da divisão e ciclo celular; regula os meristemas (centros de células-

tronco), regulando positivamente o meristema apical caulinar através da

estimulação da divisão celular e negativamente regula o meristema apical

radicular através da promoção da diferenciação celular (SCHALLER et al.,

2014).

A citocinina atua sinergicamente ou antagonicamente à auxina nestes

processos, como a manutenção dos meristemas (SU et al., 2011). De forma

antagônica, a citocinina compromete o fluxo, a distribuição e a sinalização da

auxina. Essa por sua vez, a auxina inibe a biossíntese e, consequentemente, a

sinalização da citocinina. No entanto, interações sinérgicas ocorrem nos

processos de organogênese, iniciação foliar e posicionamento do órgão

(NASEEM; DANDEKAR, 2012). Portanto, a interação auxina-citocinina resulta

na convergência de processos que definem o sucesso reprodutivo da planta,

como a produção de flores que culminam na produção de frutos e sementes de

culturas de grande importância para a economia do país, incluindo o tomateiro.

Page 32: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

31

Diante disso, foi realizada a caracterização fenotípica do cDNA

homólogo à ARP expresso em plantas transgênicas da cultivar Micro-Tom a fim

de analisar os efeitos biológicos causados pelos cassetes de superexpressão

nas orientações senso e antissenso para o cDNA homólogo a ARP no

desenvolvimento vegetativo e reprodutivo em tomateiro, de modo a

compreender o papel da proteína ARP. Portanto, este estudo visa contribuir

para melhor compreensão da proteína ARP nas vias da floração, frutificação e

dormência das gemas laterais nessa hortaliça de grande importância

econômica.

Page 33: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

32

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Analisar o efeito biológico do cDNA homólogo a ARP no

desenvolvimento vegetativo e nos processos de floração e frutificação por meio

da perda e/ou o ganho de função em plantas transgênicas de tomateiro.

2.2 Objetivos específicos

Analisar in silico o cDNA homólogo a ARP por meio de ferramentas de

bioinformática.

Analisar fenotipicamente as plantas de tomateiro contendo os cassetes

de superexpressão nas orientações senso e antissenso para o cDNA

homólogo a ARP.

Analisar anatomicamente tecidos das plantas transgênicas e dos

mutantes dgt e entire envolvidos na sinalização da auxina.

Page 34: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

33

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Análise in silico

A identidade da sequência do cDNA homólogo a AUXIN REPRESSED

PROTEIN (ARP) obtida na biblioteca subtrativa foi confirmada através do

programa BLASTx de modo a identificar as regiões de similaridade entre

sequências nos bancos de dados (GERTZ et al., 2006). As análises in silico

foram realizadas por meio de comparações em diferentes bancos de dados de

diversos organismos, sendo considerado o e-value inferior a 1x10-15 das

sequências pesquisadas, incluindo o banco do National Center for

Biotechnology Information, Bethesda, Md (NCBI: http://www.ncbi.nlm.nihgov) e o

banco do Phytozome 10.3 (http://phytozome.jgi.doe.gov/pz/portal.html), no qual a

maioria das espécies foi identificada. Algumas sequências encontradas a partir

das buscas foram convertidas em sequências peptídicas pelo programa ORF

FINDER (Open Reading Frame Finder;

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/gorf/gorf.html) e analisadas por alinhamentos

múltiplos com o programa Molecular Evolutionary Genetics Analysis (MEGA

5.0) (TAMURA et al., 2011). Obtidas as sequências devidamente alinhadas, os

domínios funcionais para cada sequência foram pesquisados utilizando o

programa Conserved Domain Database (CDD:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/Structure/cdd/cdd.shtml). A identidade de alguns

homólogos da ARP descritos na literatura e das espécies identificadas no

banco de dados do Phytozome foi obtida através do programa BL2SEQ que

utiliza o alinhamento de duas ou mais sequências de aminoácidos (BLASTp) no

banco de dados do NCBI (http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi).

As sequências peptídicas resultantes dos alinhamentos múltiplos foram

convertidas para o formato FAS, utilizando a ferramenta do próprio MEGA 5.0

(TAMURA et al., 2011), para então serem utilizadas nas reconstruções

genéticas. O programa MEGA 5.0 foi utilizado para as análises dos domínios

proteicos das sequências das espécies pesquisadas para a proteína ARP,

utilizando o método estatístico Neighbor-joining (NJ) e 1000 réplicas para

cálculo dos valores de bootstrap. O interatoma predito para a proteína ARP foi

pesquisado nos programas Search Tool for Interactions of Chemicals 4.0

(STICH 4.0 - http://stitch.embl.de/) e Search Tool for the Retrieval of Interacting

Page 35: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

34

Genes/Proteins 10 (STRING 10 - http://string-db.org/), utilizando o grau de

confiança média (0.400) e até dez interações com melhores escores como

parâmetros. A massa e o pI deduzidos para a sequência peptídica da ARP

prospectada em biblioteca subtrativa de tomateiro foi obtida pelo programa

ExPASY (http://web.expasy.org/peptide_mass/). Além disso, a presença e a

localização do peptídeo sinal para a sequência da ARP foi predita no programa

SignalP 4.1 Server (http://www.cbs.dtu.dk/services/SignalP/) (PETERSEN et al.,

2011) e sua possível localização celular foi atribuída ao programa PSORT

(http://www.psort.org/).

3.2 Extração de DNA de tomateiro

O evento de transformação foi realizado anteriormente (ESTEVAM, 2011),

no qual as construções dos cassetes de superexpressão do cDNA homólogo a

ARP nas orientações senso (35S::SlARP senso) e antissenso (35S::SlARP

antissenso), além do pZP211 sem o inserto (MT Vazio), utilizado como

controle, foram introduzidas na cultivar Micro-Tom via Agrobacterium

tumefaciens pelo método de discos cotiledonares (PINO et al., 2010). As

plantas regeneradas cresceram em casa de vegetação e produziram frutos.

Assim, as sementes da geração inicial (T0) foram obtidas e a partir disso, estas

sementes foram semeadas e a geração seguinte (T1) foi adquirida. Essa

geração (T1) também produziu sementes que foram colhidas e semeadas para

obter a próxima geração (T2) e assim sucessivamente.

Dessa forma, as sementes das linhagens independentes das plantas

transgênicas (35S::SlARP antissenso, 35S::SlARP senso e MT Vazio) da

geração T1, T2, T3 e T4 e controle cv. Micro-Tom foram crescidas em vasos de

250 mL contendo substrato orgânico e vermiculita na proporção de 1:1,

fertilizante NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio) 10:10:10 (1g/L) sólido

comercial (Murer) em sala de crescimento com condições controladas (23 °C

durante o dia e 18 °C durante a noite, 80% umidade relativa, fotoperíodo de 12

horas, intensidade luminosa de 30 mol.m-2.s-1). Assim, na geração T1, foram

semeadas três linhagens 35S::SlARP antissenso e 35S::SlARP senso e uma

linhagem MT Vazio. Para cada linhagem foram plantadas 15 sementes e para a

controle cv. MT, 20 sementes. Na geração T2, foram semeadas duas linhagens

Page 36: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

35

35S::SlARP senso e MT Vazio e três linhagens 35S::SlARP antissenso, sendo

que para cada linhagem foram plantadas 10 sementes, inclusive para a

controle cv. MT. Na geração T3, foram semeadas cinco linhagens 35S::SlARP

antissenso e 35S::SlARP senso e uma MT Vazio. Para cada linhagem foram

plantadas 5 sementes e para a controle cv. MT, 15 sementes. Por fim, na

geração T4, foram semeadas duas linhagens 35S::SlARP antissenso e uma

linhagem 35S::SlARP senso e MT Vazio. Para cada linhagem foram plantadas

10 sementes, inclusive para a controle cv. MT (Tabela 2).

Tabela 2 – Número de linhagens independentes das plantas transgênicas (MT Vazio, 35S::SlARP antissenso e 35S::SlARP senso), número de sementes plantadas por linhagem de plantas transgênicas nas gerações T1 a T4 e número de sementes da planta controle cv. MT semeadas nestas gerações.

Gerações

Número de linhagens Número de

sementes por

linhagens

Número de

sementes da planta

controle cv. MT

MT Vazio 35S::SlARP

antissenso

35S::SlARP

senso

T1 1 3 3 15 20

T2 2 3 2 10 10

T3 1 5 2 5 15

T4 1 2 1 10 10

As folhas cotiledonares ou folíolos das plantas S. lycopersicum cv. MT,

MT Vazio, 35S::SlARP antissenso e 35S::SlARP senso foram coletadas e em

seguida, foram adicionados 400 L do tampão de extração de DNA (Tris-HCl

200 mM pH 7,5; ácido etilenodiamino tetra-acético - EDTA 25 mM pH 8,0; NaCl

250 mM; dodecil sulfato de sódio - SDS 0,5%) em microtubo de centrífuga (1,5

mL). O tecido foi triturado com o auxílio de um pistilo, e posteriormente, foram

acrescentados 400 L de clorofórmio. Após centrifugação a 9.500 g por 10

minutos (centrífuga Hettich MIKRO 200R), o sobrenadante foi transferido para

outro microtubo de centrífuga de 1,5 mL. Foram adicionados 400 L de

isopropanol em cada microtubo e misturados suavemente. Imediatamente após

centrifugação a 9.500 g por 15 minutos (min), o isopropanol foi descartado e o

sedimento foi lavado com 150 L de etanol 70% (v/v). Os tubos foram

invertidos em papel absorvente e incubados à temperatura ambiente por

aproximadamente 1 hora (h). Após este período de secagem, foram

adicionados 100 L de água ultrapura e as amostras foram armazenadas em

freezer -20°C para posterior reação em cadeia da polimerase (PCR).

Page 37: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

36

3.3 PCR para confirmar presença do vetor binário nas plantas

transformadas

Os produtos da extração de DNA genômico das plantas 35S::SlARP

antissenso e senso, MT Vazio e cv. MT foram submetidos à técnica de PCR

para a amplificação da sequência do gene que confere resistência à

canamicina (nptt) presente no vetor binário pZP211. Para isso, foram utilizados

os iniciadores forward Kan-F (5’ GCTTGGGTGGAGAGGCTATTCG 3’) e

reverse Kan-R (5’ GCCATGTGTCACGACGAGATCC 3’).

A confirmação da construção do cassete de superexpressão de ARP nas

orientações senso e antissenso foi obtida através da utilização de 100-200 ng

de DNA; tampão Taq DNA polimerase 1X; MgCl2 1,5 mM; iniciador Kan forward

e reverse 0,3 pmol, dNTPs 0,2 mM, Taq DNA polimerase 1-1,25U e água

ultrapura foi utilizada para completar os 20 L de volume final. A PCR das

amostras ocorreu em termociclador (eppendorf – vapo protect) seguindo a

programação de: 94 ºC durante 2 min, 94 ºC durante 50 segundos, 55 ºC

durante 1 min, 72 ºC durante 1 min e 72 ºC durante 5 min, sendo repetidos por

35 ciclos a partir da segunda até a penúltima etapa. Os produtos desta reação

de amplificação por PCR foram separados e analisados em gel de agarose 1%

(m/v), contendo tampão TAE 1X (Tris 40 mM, ácido acético 20 mM e EDTA 1

mM) e SYBR® Green I Stain (LONZA). A eletroforese foi conduzida a 90 mA e

120 V por 1,5 h (SAMBROOK et al., 2010).

3.4 Seleção de plantas transformadas por germinação in vitro

A técnica de germinação de sementes in vitro também permite identificar

plantas supostamente transgênicas através do cultivo em meio seletivo

contendo o antibiótico canamicina. Portanto, as sementes das plantas

transgênicas (35S::SlARP antissenso, 35S::SlARP senso e MT Vazio) das

gerações T3 e T4 e do controle cv. MT foram germinadas in vitro em meio MS

(MURASHIGE; SKOOG, 1962) contendo Sacarose 2,5% (m/v), ágar 0,6% (m/v)

e o antibiótico para seleção (canamicina 50 g/mL). O controle cv. MT foi

germinado na ausência do antibiótico. Primeiramente, cinco sementes de cada

linhagem contendo o cDNA homólogo a ARP na orientação senso e

antissenso, controle pZP211(MT Vazio) e cv. MT foram conduzidas à assepsia,

Page 38: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

37

na qual as sementes foram submetidas à solução comercial de hipoclorito de

sódio a 30% acrescido de duas gotas de detergente comercial por 15 minutos

sob agitação orbital à temperatura ambiente. Com auxílio de uma peneira

previamente esterilizada, realizou-se a tríplice lavagem nas sementes com

água pura autoclavada. Essa etapa de lavagem foi realizada no fluxo laminar

vertical. As sementes foram transferidas para frascos contendo somente meio

de cultura MS sólido (30 mL) para o controle cv. MT e frascos contendo meio

de cultura MS sólido adicionado a antibiótico para o controle cv. MT e

transgênicos (35S::SlARP antissenso, 35S::SlARP senso e MT Vazio), como

descrito acima. Após 15 dias, as plantas crescidas nesse meio de seleção

foram transferidas para substrato e aclimadas em sala de vegetação.

3.5 Análise fenotípica dos transgênicos

Os fenótipos das plantas 35S::SlARP antissenso, 35S::SlARP senso e

MT Vazio além do controle selvagem (cv. MT) nas gerações T1, T2, T3 e T4

foram avaliados semanalmente com relação a curva de crescimento [altura

(cm) e largura (cm); distância do entrenó entre a folha proximal e a seguinte

(cm); distância entre o ápice e a folha proximal (cm)], a arquitetura foliar

(quantidade de folhas e folíolos produzidos, textura e coloração), o

desenvolvimento de gemas axilares, o comprimento e distribuição dos

tricomas, o início da antese, o número de botões florais, flores em pré-antese,

em antese e pós-antese, o número de flores por inflorescências durante os três

meses iniciais do ciclo de vida da planta para cada geração (T1 a T4). Além da

quantidade de frutos por plantas, número total de sementes e quanto à

existência de partenocarpia, massa (g), altura (cm), diâmetro mediano (cm) e

quantidade de lóculos formados nos frutos das plantas transgênicas e controles

que foram avaliados durante o período de frutificação das plantas, ou seja,

cinco meses para cada geração (T1 a T4). As medidas foram obtidas através

de paquímetro universal e a massa (g) dos frutos foi obtida em balança

semianalítica com precisão de 0,01 g (UX-4200H) (CHARLO et al., 2009;

KOENIG et al., 2009; LILJEGREN et al., 1999; WANG et al., 2005; WELTY et

al., 2007).

Page 39: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

38

3.5.1 Análise estatística

As inferências estatísticas foram realizadas através do método ANOVA

com nível de significância 5% pelo programa GraphPad prism 5 (GraphPad

Software, Inc.).

3.6 Estudos histológicos

Para as análises histológicas, a quarta folha distal foi coletada de cada

linhagem e foram realizadas duplicatas dos seguintes tecidos: pecíolos e flores

das plantas transgênicas (MT Vazio, 35S::SlARP senso e 35S::SlARP

antissenso) e da controle cv. MT. O número de linhagens analisadas variou

conforme as gerações: na geração T2, os tecidos coletados para as análises

histológicas foram provenientes de duas linhagens 35S::SlARP senso e

35S::SlARP antissenso; em T3, foram avaliadas três linhagens de 35S::SlARP

antissenso e duas 35S::SlARP senso; enquanto que para a geração T4, foram

duas linhagens 35S::SlARP antissenso e uma linhagem 35S::SlARP senso; e,

para a controle MT Vazio, uma linhagem foi utilizada para as análises

histológicas nas gerações T3 e T4. Além disso, foram efetuadas triplicatas dos

pecíolos dos mutantes envolvidos na resposta a auxina, dgt e entire. Todos os

tecidos foram fixados em FAA (etanol 70% (v/v):ácido acético

glacial:formaldeído, na proporção 18:1:1) (HERR, 1971) por 48 horas.

Decorrido este período, a solução de FAA foi substituída por álcool etílico 70%

(v/v) até o processamento das amostras (JOHANSEN, 1940).

Posteriormente, o material vegetal passou por sucessivas desidratações

com concentrações crescentes de álcool etílico (70, 80, 90 e 100%) e, para

cada etapa de desidratação, as amostras permaneceram por 1 h em cada

solução. Em seguida, foi realizado o processo de clareamento, no qual os

tecidos permaneceram imersos durante 1 h em xilol absoluto (1:1) e álcool

etílico absoluto (1:1). Logo após, foram embebidos em parafina e xilol absoluto

por 1 h. As amostras foram introduzidas em parafina líquida por 1 h e por fim,

emblocadas em parafina histológica para a realização dos cortes histológicos

(KRAUS; ARDUIN, 1997).

O material parafinado foi seccionado em 10m de espessura em

micrótomo LEICA RM 2125RT do Laboratório de Técnicas Histológicas, situado

Page 40: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

39

no Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (UFRN). Dois cortes histológicos foram selecionados para o processo de

coloração, sendo que uma seção foi corada com azul de toluidina 0,05% (m/v)

em tampão fosfato 0,1 M pH 6,8 e a outra, em safranina 1% (m/v) (O’ BRIEN et

al., 1965). Os cortes histológicos das flores e pecíolos foram analisados no

microscópio reto binocular Zeiss Imager A.2 de fluorescência e campo claro e

fotografados com auxílio do software Zen2011 (ZeissExaminer Z.1), realizados

no Laboratório de Microscopia do Instituto do Cérebro (UFRN).

Page 41: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

40

4 RESULTADOS

4.1 Identificação e análise da sequência do cDNA homólogo à proteína

reprimida por auxina (ARP) em tomateiro

A sequência da proteína reprimida por auxina (ARP) foi encontrada na

biblioteca subtrativa de tomateiro, na qual foram utilizados ápices

meristemáticos induzidos e não induzidos à floração das espécies Solanum

lycopersicum cultivar Micro-Tom (modelo vegetal) e S. pimpinellifolium (espécie

selvagem que abriga maior número de flores por inflorescência que a cv. MT)

com o intuito de identificar prováveis genes envolvidos no processo de floração

do tomateiro (ESTEVAM, 2011). Para este trabalho, dentre os inúmeros clones

de cDNA identificados, o cDNA com homologia à proteína ARP foi selecionado

para a caracterização funcional em tomateiro, uma vez que foram anotadas 16

sequências para este gene numa biblioteca reprodutiva (ESTEVAM, 2011).

Portanto, foram construídos os cassetes de superexpressão do cDNA

homólogo a ARP nas orientações senso e antissenso frente ao promotor 35S

do Vírus do Mosaico da Couve-flor (CaMV35S) no vetor intermediário pBC

(Stratagen) e depois estes cassetes foram transferidos para o vetor binário

pZP211 e foram obtidos as plantas transgênicas contendo estes cassetes

(ESTEVAM, 2011).

Inicialmente, foi realizada uma análise in silico para verificar a relação

gênica do cDNA homólogo à proteína reprimida por auxina – ARP (AUXIN

REPRESSED PROTEIN) de tomateiro com outras sequências em diferentes

espécies de plantas. A sequência nucleotídica do gene ARP em estudo

consiste de 522 nucleotídeos e codifica um polipeptídeo predito com 109

resíduos de aminoácidos (Tabela 3), massa molecular de 12,67 kDa e pI 8,89

(http://web.expasy.org/peptide_mass/). Ainda, a sequência da proteína ARP prediz

ter um peptídeo sinal direcionado para regiões transmembranas

(http://www.cbs.dtu.dk/services/SignalP/) e possível localização no núcleo

(http://www.psort.org/).

A partir da sequência proteica deduzida para a ARP em estudo, foi

encontrado o domínio Auxin_repressed superfamily que se inicia na posição 39

da sequência peptídica e termina na posição 106 (Figura 8). Este domínio

proteico tem sido associado à dormência/auxina e apresenta-se conservado

Page 42: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

41

em todas as espécies analisadas, porém a função dessa família proteica é

pouco compreendida até o momento.

Figura 8 - Domínio funcional da proteína ARP em Solanum lycopersicum. O domínio funcional (representado em vermelho) pertencente à superfamília Auxin_repressed com um e-value inferior a 1 x 10

-15 em tomateiro. Retirado do programa Conserved Domain Database -

CDD.

Além disso, alinhando-se a sequência polipeptídica da ARP de interesse

em tomateiro com algumas sequências homólogas descritas na literatura,

verificou-se que esta ARP apresentou 64% de identidade com a SAR5 do

morango (REDDY; POOVAIAH, 1990); 70% com a PsDRM1 de ervilha

(STAFSTROM et al., 1998); 71% com a RpARP (PARK; HAN, 2003) e 75%

com a ARP da pera (PpARP1) (SHI et al., 2013) (Tabela 3).

Tabela 3 – A sequência predita de aminoácidos para a ARP, os homólogos descritos na literatura e a respectiva identidade, em porcentagem, entre eles (Fonte: NCBI - http://www.ncbi.nlm.nihgov).

Proteína Sequência Proteica Identidade Acesso Referência

ARP mmxwsspdkwtrqtqkephysilvvnqekdlastrdlcsmpamssrrqdtpvt

ptnisptvrkenvwrsvfhpgsnlatrrigaevfdkpshpnaptvydwlytwehqi

- - Este

trabalho

SAR5 mvlldklwddivagpqperglgmlrkvpqplnlkdegesskitmpttpttpvtpttp

isarkdnvwrsvfhpgsnlssktmgnqvfdspqpnsptvydwmysgetrskh

hr

64% AAA73872 Reddy;

Poovaiah,

1990

PsDRM1 mldklwddivagpqpergleklrkltttlkddgasnqlmrstsipttpttpvtpttpss

arkvdnvwrsvfnpgsnsatksigahvfdkplpntptvydwmysgdtrskhr

70% AAB84193 Stafstrom

et al., 1998

RpARP mvlleklwddvvagphperglgklrklstnvkdegegskllnlsmpstpttpvtptt

pttplsgrkadnvwrsvfhpgsnsatktigaqmfdkplpntptvydwlysgetrsk

hr

71% AY009094 Park; Han,

2003

PpARP1 mvlleklwddivagpqperglgmlrkpspkplnikvegessklampmspgtpg

tpgtpgtpasarakdnvwrsvfhpgsnlatksmgnqvfdkpqpnsptvydwly

sgetrsihhr

75% KC422235 Shi et al.,

2013

Com base nisso, realizaram-se alinhamentos múltiplos para investigar se

o domínio funcional da proteína ARP de interesse em tomateiro encontrava-se

completo e conservado entre as espécies pesquisadas no banco de dados do

Phytozome (http://phytozome.jgi.doe.gov/pz/portal.html).

Page 43: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

42

Desta maneira, a sequência do domínio funcional predita para a ARP de

interesse em tomateiro foi alinhada com 25 sequências selecionadas para a

análise do domínio funcional Auxin_repressed superfamily (Figura 9). O

alinhamento múltiplo revelou que 25 sequências primárias apresentavam dois

domínios conservados, o domínio 1, localizado na região N-terminal, com o

motivo WD (indicativo de triptofano e aspartato, respectivamente) que auxilia

nas interações proteicas e o domínio 2 com 18 aminoácidos idênticos em sua

região C-terminal, sugerindo que esta região altamente conservada pode ser

importante para o desempenho da função proteica (Figura 9, asteriscos).

Entretanto, a sequência deduzida da ARP de interesse em tomateiro não

possuía o domínio 1 localizado na região amino terminal, apresentando apenas

o domínio 2 completo e conservado (Figura 9, “Solanum lycopersicum”).

Diante disso, a sequência predita do domínio funcional da proteína ARP

de interesse em tomateiro foi examinada em detalhes ainda através do

alinhamento múltiplo a fim de compreender sua estrutura molecular primária,

visto que pouco se sabe sobre o domínio proteico Auxin_repressed

superfamily.

Comparando-se a estrutura primária predita para a ARP de interesse

com outras sequências homólogas, notou-se que a região C-terminal da

sequência deduzida da ARP em tomateiro apresentou alguns grupos de

aminoácidos que foram específicos da família das solanáceas (Figura 9, seta

em cor vermelha), outros foram exclusivos ao longo da sequência da ARP,

como o aminoácido apolar metionina (M) foi único desta sequência (Figura 9,

seta em negrito a esquerda), enquanto que nas outras espécies de Solanum, o

aminoácido polar presente foi a serina (S). As demais espécies não

apresentaram aminoácidos alinhados nesta região, porém a briófita

Physcomitrella patens continha o aminoácido polar com carga negativa, o

aspartato (D) (Figura 9).

Outro exemplo diz respeito ao grupo polar com carga negativa, o

aspartato (D) presente na sequência de interesse e ausente nas demais

sequências alinhadas, cujos grupos variaram entre apolar e polares não

carregados (Figura 9, seta em negrito a direita). Além disso, comparando a

sequência proteica da ARP com a outra sequência em tomateiro (Solanum

lycopersicum1) notou-se que o domínio 2 apresentou alta identidade (98%) e

Page 44: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

43

houve substituições de aminoácidos apenas nas últimas três posições da

região C-terminal (posição 107-109) (Figura 9, setas em cor azul), na qual um

aminoácido foi substituído por outro do mesmo grupo polar: a serina (S) da

Solanum lycopersicum1 foi trocada pela treonina (T) em ARP (“Solanum

lycopersicum”) (posição 107). No entanto, os aminoácidos substituídos nas

posições subsequentes (108 e 109) pertenciam a diferentes grupos. Por

exemplo, a glicina (G- grupo apolar) da Solanum lycopersicum1 foi trocada pelo

triptofano (W- grupo aromático) em ARP (“Solanum lycopersicum”) (posição

108) e a asparagina (N- grupo polar) foi substituída pelo glutamato (E- grupo R

com carga negativa) em ARP (posição 109) (Figura 9, setas em cor azul),

sugerindo que o domínio 2 pode ser importante para a função proteica

desempenhada pela ARP em estudo. Esta sequência indica também um

possível evento de duplicação gênica, uma vez que esta sequência de

interesse diferiu molecularmente da outra ARP de tomateiro (Figura 9, Solanum

lycopersicum1).

Page 45: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

44

Domínio 1

Domínio 2

Figura 9 - Alinhamento da proteína ARP em diferentes plantas. O alinhamento foi

construído utilizando os parâmetros do ClustalW no programa MEGA 5.0. Asteriscos (*)

correspondem aos aminoácidos idênticos. Seta em negrito, aos aminoácidos exclusivos da

sequência de interesse da ARP (direita, metionina; esquerda, aspartato). Seta em vermelho,

aos grupos de aminoácidos específicos das solanáceas (direita, grupo polar não carregado;

esquerda, grupo apolar). Seta em azul destaca as substituições dos aminoácidos entre as

sequências de tomateiro. 1. S lycopersicum é a sequência de interesse da Proteína Reprimida

por Auxina em Solanum lycopersicum. 2. S lycopersicum1 (Número de acesso:

Page 46: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

45

Solyc02g077880.2.1); 3. S tuberosum, Solanum tuberosum (PGSC0003DMP400022709); 4. C

clementina, Citrus clementina (Ciclev10017193m); 5. C papaya, Carica papaya

(evm.model.supercontig_373.3); 6. G raimondii Gossypium raimondii (Gorai.010G155600.2); 7.

T cacao, Theobroma cacao (Thecc1EG029828t1); 8 e 9. A thaliana (1) (Arabidopsis thaliana,

AT2G33830.1 e AT5G44300.1, respectivamente); 10. A lyrata, Arabidopsis lyrata (330970); 11.

B rapa (Brassica rapa, Bra036020); 12. C rubella, Capsella rubella (Carubv10027631m); 13. M

esculenta, Manihot esculenta (cassava4.1_019549m); 14. R communis, Ricinus communis

(30190.m011325); 15. M truncatula, Medicago truncatula (Medtr2g014240.1); 16. P trichocarpa,

Populus trichocarpa (Potri.004G047100.4); 17. P vulgaris, Phaseolus vulgaris

(Phvul.006G183600.2); 18. P persica, Prunus persica (ppa013510m); 19. M domestica, Malus

domestica (MDP0000323212); 20. F vesca (Fragaria vesca, mrna29730.1-v1.0-hybrid); 21. S

bicolor, Sorghum bicolor (Sb01g016810.1); 22. Z mays, Zea mays (GRMZM2G123896_T04);

23. O sativa, Oryza sativa (LOC_Os11g44810.1); 24. S italica (Setaria italica, Si003306m); 25.

P virgatum, Panicum virgatum (Pavirv00048995m) e 26. P patens, Physcomitrella patens

(Pp1s291_22V6.2).

Para investigar a relação de parentesco entre a proteína ARP em cv.

Micro-Tom (S. lycopersicum) de interesse e as 25 sequências analisadas no

alinhamento múltiplo foi gerado um dendrograma com as sequências dos

domínios funcionais das espécies estudadas (Figura 10).

O dendrograma indicou uma estreita relação da ARP em tomateiro com

os 25 homólogos identificados em 24 espécies segundo o banco de dados do

Phytozome (http://phytozome.jgi.doe.gov/pz/portal.html), devido aos valores de

bootstrap estarem abaixo do esperado (acima de 80) (Figura 10). Entretanto,

estes homólogos da ARP apresentaram uma variação na identidade (entre

62% a 89%) com a sequência do domínio funcional deduzida para a ARP em

tomateiro. Além disso, foi observado que em cada ramo do dendrograma a

maioria das espécies estavam agrupadas em famílias botânicas e a espécie

externa (Physcomitrella patens) pertencente à família Funariaceae de briófitas

encontrava-se em sua região basal. O arroz (Oryza sativa), o milho (Zea mays),

o sorgo (Sorghum bicolor), Setaria italica e Panicum virgatum pertencem à

família Poaceae das monocotiledôneas (Figura 10, retângulo em verde). A

sequência ARP (S. lycopersicum) pertence à família Solanaceae que também

inclui a batata (S. tuberosum) (Figura 10, retângulo vermelho). Além destes, há

a família Brassicaceae que compreende a Arabidopsis thaliana, A. lyrata, ao

nabo (Brassica rapa) e Capsella rubella (Figura 10, retângulo azul); a família

Euphorbiaceae que compreende a mamona (Ricinus communis) e a mandioca

(continuação)

Page 47: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

46

(Manihot esculenta) (Figura 10, retângulo cinza); o feijão (Phaseolus vulgaris) e

Medicago truncatula pertencem à Fabaceae (Figura 10, retângulo roxo); já o

pessegueiro (Prunus persica), a macieira (Malus domestica) e Fragaria vesca

fazem parte da família Rosaceae (Figura 10, retângulo laranja); e por fim, as

demais espécies (Citrus Clementina, Carica papaya, Theobroma cacao,

Populus trichocarpa e Gossypium raimondii) pertencem ao clado das Rosídeas

que englobam também as famílias Fabaceae, Rosaceae, Brassicaceae e

Euphorbiaceae. Isto sugere que essa sequência pode apresentar conservação

entre as famílias botânicas (Figura 10).

Page 48: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

47

Figura 10 - Dendrograma da proteína ARP em plantas. O dendograma foi construído

utilizando o método estatístico Neighbor-joining e modelo Dayhoff do programa MEGA 5.0. O

número abaixo das linhas são os valores de bootstrap em 1000 replicadas. O retângulo em

vermelho compreende a família Solanaceae. S lycopersicum é a sequência de interesse da

Proteína Reprimida por Auxina em Solanum lycopersicum, S lycopersicum1 (Número de

acesso: Solyc02g077880.2.1) e S tuberosum (PGSC0003DMP400022709). Em verde, a família

Poaceae: P virgatum (Panicum virgatum, Pavirv00048995m), O sativa (Oryza sativa,

LOC_Os11g44810.1) Z mays (Zea mays, GRMZM2G123896_T04), S bicolor (Sorghum bicolor,

Sb01g016810.1) e S italica (Setaria italica, Si003306m). Brassicaceae (azul): A thaliana (1)

(Arabidopsis thaliana, AT2G33830.1 e AT5G44300.1, respectivamente), A lyrata (330970), B

rapa (Brassica rapa, Bra036020), C rubella (Capsella rubella, Carubv10027631m). Em roxo,

representa a Fabaceae: M truncatula (Medicago truncatula, Medtr2g014240.1) e P vulgaris

(continuação)

Page 49: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

48

(Phaseolus vulgaris, Phvul.006G183600.2). Rosaceae (laranja): F vesca (Fragaria vesca,

mrna29730.1-v1.0-hybrid), P persica (Prunus persica, ppa013510m) e M domestica (Malus

domestica, MDP0000323212). Em cinza, Euphorbiaceae: M esculenta (Manihot esculenta,

cassava4.1_019549m) e R communis (Ricinus communis, 30190.m011325). C clementina

(Citrus clementina, Ciclev10017193m); C papaya (Carica papaya,

evm.model.supercontig_373.3); T cacao (Theobroma cacao, Thecc1EG029828t1); P

trichocarpa (Populus trichocarpa, Potri.004G047100.4); G raimondii (Gossypium raimondii,

Gorai.010G155600.2); P patens (Physcomitrella patens, Pp1s291_22V6.2).

Com base nos dados obtidos acima em relação ao alinhamento dos

domínios proteicos e do dendrograma, nos quais se observou que houve grau

de conservação da proteína ARP nas diferentes espécies de plantas

analisadas, foi realizada uma busca por possíveis interações proteicas da ARP

no modelo vegetal Arabidopsis thaliana, nas espécies Solanum lycopersicum e

Oryza sativa através da ferramenta Interatoma com o intuito de explorar e

compreender com quais proteínas a ARP pode interagir para desempenhar sua

função nas dicotiledôneas e monocotiledôneas.

Dessa forma, foram utilizados os programas STITCH 4.0

(http://stitch.embl.de) e STRING 10 (http://string-db.org/), nos quais foi inserida a

sequência completa deduzida para ARP em estudo nestes programas. No

entanto, foi selecionado o programa STITCH 4.0 para as espécies A. thaliana e

O. sativa devido ao fato de apresentar melhor grau de identidade em relação

ao programa STRING 10. Assim, foram geradas três opções de redes de

interação para a A. thaliana com identidades variando entre 47-73% com a

ARP de interesse (Figuras 11, 12 e 13).

A interação que apresentou 73% de identidade continha homologia com

a proteína associada à dormência (DORMANCY-ASSOCIATED PROTEIN-

LIKE 1 - DYL1), interagindo com duas outras proteínas associadas à dormência

(AT2G33830 e AT1G56220), uma proteína contendo o domínio CBS

(AT5G10860), três proteínas não identificadas ou desconhecidas (AT3G15450,

AT3G15630 e DL3175W), duas proteínas quinases (SNF1-RELATED

PROTEIN KINASE REGULATORY SUBUNIT GAMMA 1 - KING1 e

AT5G21170), uma proteína de ligação ao zinco (AT3G47160) e uma proteína

MEE14 (maternal effect embryo arrest 14) (Figura 11).

(continuação)

Page 50: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

49

Figura 11 - Rede de interação proteica da ARP com 73% de identidade em Arabidopsis

thaliana. DYL1: DORMANCY-ASSOCIATED PROTEIN-LIKE 1 (Acesso: AT1G28330.2, esfera

vermelha). AT2G33830: dormancy/auxin associated family protein (AT2G33830.2).

AT1G56220: dormancy/auxin associated family protein (AT1G56220.3). AT5G10860: CBS

domain containing membrane protein (AT5G10860.1). DL3175W: unknown protein

(AT4G14270.1). AT3G15450: unknown protein (AT3G15450.1). AT3G15630: unknown protein

(AT3G15630.1). KING1: SNF1-RELATED PROTEIN KINASE REGULATORY SUBUNIT

GAMMA 1 (AT3G48530.1). AT5G21170: 5'-AMP-activated protein kinase beta-2 subunit,

putative (AT5G21170.2). AT3G47160: protein binding/zinc ion binding (AT3G47160.1). MEE14:

maternal effect embryo arrest 14 (AT2G15890.1). Grau de Confiança Média (0.400). São

mostradas apenas as 10 interações com melhores score. Linha contínua azul com espessura

grossa representa forte interação. Linha contínua azul com espessura fina representa fraca

interação.

Enquanto que a interação que continha 71% de identidade mostrava

homologia ao membro da superfamília Auxin_repressed, a proteína associada

à dormência/auxina (AT2G33830) que interagiu com outras duas proteínas

associadas à dormência (DYL1 e AT1G56220), duas proteínas não

identificadas ou desconhecidas (AT3G15450 e AT3G15630), uma proteína

contendo o domínio CBS (AT5G10860), um fator de transcrição contendo o

domínio AP2 (AT5G61590), uma proteína de choque térmico (J8), uma

proteína de ligação ao zinco (AT3G47160), uma proteína envolvida na síntese

Page 51: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

50

da tiorredoxina (WCRKC THIOREDOXIN 1 - WCRKC1) e uma proteína MEE14

(maternal effect embryo arrest 14) (Figura 12).

Figura 12 - Rede de interação proteica da ARP com 71% de identidade em Arabidopsis

thaliana. AT2G33830: dormancy/auxin associated family protein (Acesso: AT2G33830.2, esfera

vermelha). DYL1: DORMANCY-ASSOCIATED PROTEIN-LIKE 1 (AT1G28330.2). AT1G56220:

dormancy/auxin associated family protein (AT1G56220.3). AT3G15450: unknown protein

(AT3G15450.1). AT3G15630: unknown protein (AT3G15630.1). AT5G10860: CBS domain

containing membrane protein (AT5G10860.1). AT5G61590: AP2 domain-containing

transcription factor family protein (AT5G61590.1). J8: heat shock protein binding/unfolded

protein binding (AT1G80920.1). WCRKC1: WCRKC THIOREDOXIN 1 (AT5G06690.2). MEE14:

maternal effect embryo arrest 14 (AT2G15890.1). Grau de Confiança Média (0.400). São

mostradas apenas as 10 interações com melhores score. Linha contínua azul com espessura

grossa representa forte interação. Linha contínua azul com espessura fina representa fraca

interação.

Outra interação proposta, com identidade de 47%, sugeriu a proteína

associada à dormência/auxina (AT5G44300) interagindo com duas proteínas

não identificadas ou desconhecidas (AT3G28820 e AT3G01250), uma

acetiltransferase (3-KETOACYL-COA SYNTHASE 21 - KCS21), proteína de

ligação a lipídeos (GLYCINE-RICH PROTEIN 20 - GRP20), uma proteína

quinase dependente de calmodulina (CPK24), uma proteína de ligação ao

cálcio (ARABIDOPSIS POLLEN CALCIUM-BINDING PROTEIN 1 - APC1), uma

Page 52: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

51

proteína de ligação ao cobre (SKU5 Similar 11 - sks11), um fator de transcrição

(AT1G72570), uma ATPase (Arabidopsis H(+)-ATPase 6 - AHA6) e uma

proteína UNE15 (unfertilized embryo sac 15) (Figura 13).

Figura 13 - Rede de interação proteica da ARP com 47% de identidade em Arabidopsis

thaliana. AT5G44300: dormancy/auxin associated family protein (Acesso: AT5G44300.1,

esfera vermelha). AT3G28820: unknown protein (AT3G28820.1). AT3G01250: unknown protein

(AT3G01250.1). KCS21: 3-KETOACYL-COA SYNTHASE 21 (AT5G49070.1). GRP20:

GLYCINE-RICH PROTEIN 20 (AT5G07560.1). CPK24: ATP binding/calcium ion binding/

calmodulin-dependent protein kinase (AT2G31500.1). APC1: ARABIDOPSIS POLLEN

CALCIUM-BINDING PROTEIN 1 (AT5G17480.1). sks11: SKU5 Similar 11 (AT3G13390.1).

AT1G72570: DNA binding / transcription factor (AT1G72570.1). AHA6: Arabidopsis H(+)-

ATPase 6 (AT2G07560.1). UNE15: unfertilized embryo sac 15 (AT4G13560.1). Grau de

Confiança Média (0.400). São mostradas apenas as 10 interações com melhores score. Linha

contínua azul com espessura grossa representa forte interação. Linha contínua azul com

espessura fina representa fraca interação.

Apenas uma rede de interação para O. sativa com identidade de 71% foi

encontrada para a ARP em estudo. Entretanto, foi selecionado o interatoma

sugerido para o arroz (O. sativa), pois representou a interação da proteína ARP

ao contrário da proteína associada à dormência visualizada nas interações

Page 53: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

52

preditas em A. thaliana, apesar de a ARP estar envolvida também na

dormência da planta. Além disso, a ARP homóloga em O. sativa poderia

interagir com proteínas que a princípio poderiam estar envolvidas em múltiplas

vias que controlam o desenvolvimento vegetal (Figura 14), as quais poderiam

levar aos fenótipos observados nas plantas transgênicas contendo as

construções do cDNA homólogo a ARP nas orientações senso e antissenso em

tomateiro que serão descritas mais adiante.

Assim, no interatoma proposto, a proteína ARP em Oryza sativa (Figura

14, esfera vermelha) possui uma forte interação com outra ARP, proteína de

membrana contendo o domínio CBS, dois fatores de transcrição da família TCP

(TEOSINTE BRANCHED1/CYCLOIDEA/PROLIFERATING CELL FACTOR),

proteína regulada pela luz (LIR1), proteína específica do caule (TSJT1),

proteína contendo o domínio ACT (Figura 14, linha contínua azul com

espessura grossa) e uma fraca interação com três proteínas envolvidas na

ativação da ubiquitina, as enzimas ativadoras de ubiquitina (E1) (Figura 14,

linha contínua azul com espessura fina).

Page 54: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

53

Figura 14 - Rede de interação proteica da ARP em Oryza sativa. ARP: Auxin-repressed

protein (Acesso: LOC_Os11g44810.1, esfera vermelha e LOC_Os03g22270.1, verde claro).

TSJT1: stem-specific protein (LOC_Os04g58280.1). CBS: CBS domain containing membrane

protein (LOC_Os03g52690.1), ACT: ACT domain containing protein (LOC_Os05g02220.1).

LIR1: light-induced protein 1-like (LOC_Os01g01340.1). TCP: TCP family transcription factor

(LOC_Os09g24480.1, verde e LOC_Os03g49880.1, azul). E1: ubiquitin-activating enzyme

(LOC_Os12g01520.1, azul; LOC_Os11g01510.2, roxo, LOC_Os07g49230.1, rosa). Grau de

Confiança Média (0.400). São mostradas apenas as 10 interações com melhores score. Linha

contínua azul com espessura grossa representa forte interação. Linha contínua azul com

espessura fina representa fraca interação.

Além disso, foi encontrado em Solanum lycopersicum, através do

programa STRING 10, que a ARP poderia interagir apenas com um membro da

família de fatores de transcrição denominada TCP (TB1 CYCLOIDEA PCF), o

BRANCHED1A (BRC1A) (Figura 15).

Page 55: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

54

Figura 15 - Interação proteica da ARP com BRC1A em Solanum lycopersicum. Auxin-

repressed protein (ARP) (Acesso: Solyc02g077880.2.1) e BRANCHED1A (BRC1A)

(Solyc03g119770.2.1). Grau de Confiança Média (0.400). e-value: 1e-32.

4.2 Análise fenotípica das plantas contendo o cDNA homólogo à ARP em

tomateiro

A metodologia de produção de plantas transgênicas permite a análise

fenotípica da provável função do gene em questão. Por essa razão, foram

construídos cassetes de superexpressão do cDNA homólogo a ARP em

orientação senso que permitiu observar o fenótipo da cultivar (cv.) Micro-Tom

superexpressando o gene alvo. Enquanto que o cassete em orientação

antissenso proporcionou observar o fenótipo de plantas com a redução dos

transcritos de RNAm endógeno do gene ARP em tomateiro. Além disso, as

plantas cv. MT contendo o plasmídeo binário pZP11 sem o inserto (MT Vazio)

foram utilizadas como controle. Assim, com estas duas construções, foi

possível caracterizar o gene alvo por meio de análises fenotípicas e

moleculares.

As características como a altura da planta, as distâncias do ápice

meristemático à folha proximal e dos entrenós entre a folha proximal e a folha

seguinte, o desenvolvimento das gemas laterais, o número de folhas

produzidas, o início da antese, o número de flores formadas, assim como a

existência de partenocarpia, massa, altura e diâmetro do fruto, presença de

lóculos e a quantidade de frutos e sementes foram avaliados nas gerações T1

a T4.

Entretanto, somente algumas dessas características fenotípicas

analisadas foram mais expressivas ou estatisticamente significantes em plantas

transgênicas (35S::SlARP antissenso e senso) de uma geração do que em

outras gerações, porém nem sempre persistiram ao longo das gerações como,

por exemplo, as plantas 35S::SlARP antissenso das gerações T1, T3 e T4

apresentaram gemas laterais desenvolvidas que formaram hastes com folhas e

alguns com ramos florais e, consequentemente, frutos, o que poderia ter

Page 56: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

55

ocasionado uma aparente arquitetura simpodial modificada com o padrão de

crescimento desordenado. Enquanto na geração T2, esta característica não foi

evidenciada nas plantas 35S::SlARP antissenso e senso em relação as

controles. Além de outras características avaliadas que estão sumarizadas na

Tabela 4.

Tabela 4 - Características fenotípicas evidentes observadas nas plantas transgênicas (35S::SlARP antissenso e senso) nas gerações T1 a T4 em relação às plantas controles (cv. MT e MT Vazio).

Geração Características

T1 Floração Precoce

Frutificação Precoce

Desenvolvimento de gemas axilares

Distância entre o ápice meristemático e a folha proximal

T2 Frutificação precoce

Total de flores

T3 Floração precoce

Altura da planta

Desenvolvimento de gemas axilares

Total de folhas compostas

Total de frutos partenocárpicos

T4 Desenvolvimento de gemas axilares

Total de folhas compostas

Na geração inicial (T0), as plantas transgênicas contendo os cassetes de

superexpressão do cDNA homólogo a ARP (35S::SlARP) nas orientações

senso e antissenso não mostraram fenótipos distinguíveis quando foram

comparadas com as plantas controles (cv. MT e MT Vazio). Entretanto, as

gerações subsequentes (T1 a T4) apresentaram diferenças fenotípicas em

relação às plantas controles (não transformada e com o vetor binário sem o

inserto).

De modo geral, as plantas 35S::SlARP antissenso das gerações T1 e T3

apresentaram evidente floração precoce quando comparadas as plantas

35S::SlARP senso e as controles: cv. MT e MT Vazio (Tabela 5). Na geração

T1, as flores das três linhagens de plantas 35S::SlARP antissenso surgiram 66-

68 dias após o plantio, as flores das três linhagens de plantas 35S::SlARP

senso emergiram 4-5 dias após as plantas transgênicas na orientação

antissenso e as controles produziram flores 80 dias após o plantio. Enquanto

Page 57: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

56

que na geração T3, quatro linhagens de plantas 35S::SlARP antissenso

emergiram 56-58 dias após o plantio, as duas linhagens de 35S::SlARP senso

e uma linhagem de MT Vazio produziram flores 60-62 dias após o plantio e as

flores da controle cv. MT surgiram após 61-64 dias após o plantio (Tabela 5).

Tabela 5 – Surgimento das flores, em dias após o plantio, das plantas controles e das transgênicas nas gerações T1 e T3.

Geração cv. MT MT Vazio 35S::SlARP senso

35S::SlARP antissenso

T1

80

80

70-72

66-68

T3

61-64

60-62

60-62

56-58

Além disso, a maioria das plantas 35S::SlARP antissenso da geração T1

já apresentava frutos, assim como uma pequena parcela de plantas

35S::SlARP senso, enquanto as plantas controles estavam no início da floração

no mesmo período do desenvolvimento (104 dias após o plantio) (Figura 16).

Figura 16 – Desenvolvimento dos frutos precocemente nas plantas das linhagens senso e antissenso na geração T1. Visão geral das plantas, mostrando a frutificação precoce e a

diferença de tamanho entre as plantas controles (cv. MT e MT Vazio) e as transgênicas (35S::SlARP senso e antissenso) 104 dias após o plantio, respectivamente (da esquerda para a direita). Barra = 1 cm.

No mais, as plantas 35S::SlARP antissenso da geração T1 aparentaram

uma arquitetura com padrão simpodial alterado, incluindo o desenvolvimento

de gemas laterais que resultaram na produção de folhas (Figura 17C, seta

vermelha), enquanto que as plantas controles e 35S::SlARP senso, em sua

maioria, não apresentaram gemas axilares em desenvolvimento e seguiram o

cv. MT Vazio Senso AS

Page 58: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

57

crescimento simpodial padrão (Figura 17D, seta vermelha), semelhante às

plantas controles (Figura 17A e B).

Figura 17 - Características morfológicas das plantas controles e transgênicas na geração T1. A, controle cv. MT mostrando os detalhes da planta, com botões florais prosperando (seta

azul) e gemas axilares dormentes (seta vermelha). Em B, MT Vazio (com o vetor binário pZP211) apresentando gemas axilares dormentes (seta vermelha); C, detalhes das plantas 35S::SlARP antissenso com o desenvolvimento das gemas axilares que ocasionaram no surgimento de folhas (seta vermelha); D, observam-se os detalhes das plantas 35S::SlARP senso como uma distância entrenós supostamente longa e gemas axilares dormentes (seta vermelha), assemelhando-se as plantas controles. A-D, 96 dias após o plantio. Barra = 1 cm.

Outro aspecto avaliado foi a distância entre o ápice e a folha proximal na

geração T1 que se encontrava significativamente menor entre as plantas

35S::SlARP antissenso quando comparadas as plantas 35S::SlARP senso e as

plantas controles (cv. MT e MT Vazio) (Figura 18).

A B

C D

Page 59: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

58

Figura 18 – Análise da distância entre o ápice e a folha proximal das plantas controles e

transgênicas na geração T1. O comprimento em centímetros entre o ápice e a folha proximal

das plantas cv. MT e linhagens transgênicas: Vazio; antissenso (AS - 35S::SlARP antissenso) e

senso (35S::SlARP senso), respectivamente. Número de plantas analisadas para a cv. MT, n=

19; MT Vazio, n=4; 35S::SlARP antissenso, n=5; e, 35S::SlARP senso, n=6. Número de

linhagens avaliadas para MT Vazio, n=1; 35S::SlARP antissenso, n=2; e, 35S::SlARP senso,

n=3. Médias seguidas de letras minúsculas iguais na barra não diferem estatisticamente entre

si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

As plantas da geração T1 produziram frutos e sementes (T2) que foram

semeadas para a análise fenotípica da geração seguinte. Assim, 10 plantas

das duas linhagens de 35S::SlARP senso e 8 plantas das três linhagens de

35S::SlARP antissenso foram confirmadas por PCR.

A geração de plantas T2 também apresentou diferenças fenotípicas em

relação às controles como o amadurecimento dos frutos precoces em plantas

35S::SlARP antissenso que produziram frutos maduros 136 dias após o plantio,

enquanto a maioria dos frutos das plantas 35S::SlARP senso e controle cv. MT

estavam em processo de amadurecimento (Figura 19). As plantas MT Vazio

não foram incluídas nesta análise, pois estas apresentaram um crescimento

tardio diferente do que vinha sendo normalmente obtido para esta construção.

Page 60: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

59

Figura 19 - Amadurecimento precoce do fruto nas plantas da linhagem antissenso da geração T2. Visão geral das plantas, mostrando o fruto maduro e a diferença de tamanho entre

a planta controle (cv. MT) e as transgênicas (35S::SlARP senso e antissenso), respectivamente,136 dias após o plantio. Barra = 1 cm.

Ainda em relação à descendência T2, observou-se que o número de

flores foi superior nas plantas 35S::SlARP antissenso e senso em relação a

controle cv. MT (Figura 20).

Figura 20 – Número de flores das plantas controles e transgênicas na geração T2.

Número de flores produzidas nas plantas cv. MT e linhagens transgênicas: antissenso (AS -

35S::SlARP antissenso) e senso (35S::SlARP senso), respectivamente. Número de plantas

analisadas para a cv. MT, n= 4; 35S::SlARP antissenso, n=2; e, 35S::SlARP senso, n=2.

Número de linhagens avaliadas para MT Vazio, n=1; 35S::SlARP antissenso, n=1; e,

35S::SlARP senso, n=1. Médias seguidas de letras minúsculas iguais na barra não diferem

estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para a geração T3, foi observado que alguns fenótipos foram

preservados em relação às gerações anteriores, incluindo a floração precoce

em quatro linhagens das plantas 35S::SlARP antissenso, que floresceram 56-

cv. MT Senso AS

Page 61: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

60

58 dias após o plantio, enquanto que as controles (cv. MT e Vazio) e as duas

linhagens de 35S::SlARP senso permaneceram, em sua maioria, no estágio de

botões florais (Figura 21).

Figura 21 - Floração precoce da linhagem antissenso na geração T3. Visão geral das

plantas, mostrando a produção de flores nas plantas 35S::SlARP antissenso, enquanto que as

plantas controles (cv. MT e MT Vazio) e a linhagem 35S::SlARP senso apresentavam botões

florais, 56 dias após o plantio. Barra = 1 cm.

Em relação à altura das plantas 35S::SlARP antissenso e senso da

geração T3, foi observada redução no comprimento quando comparada às

plantas controles (cv. MT e MT Vazio), as quais não diferiram entre si (Figura

22).

Figura 22 - Análise da altura nas plantas controles e transgênicas da geração T3.

Comprimento em centímetros da altura das plantas cv. MT e linhagens transgênicas: Vazio;

antissenso (AS - 35S::SlARP antissenso) e senso (35S::SlARP senso), respectivamente.

Número de plantas analisadas para a cv. MT, n= 11; MT Vazio, n=4; 35S::SlARP antissenso,

n=5; e, 35S::SlARP senso, n=3. Número de linhagens avaliadas para MT Vazio, n=1;

35S::SlARP antissenso, n=5; e, 35S::SlARP senso, n=2. Médias seguidas de letras minúsculas

iguais na barra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

cv. MT Vazio AS Senso

Page 62: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

61

Nesta geração T3, ainda foi observado que as plantas 35S::SlARP

antissenso e MT Vazio apresentaram maior número de gemas axilares

desenvolvidas quando comparado a cv. MT e 35S::SlARP senso (Figura 23A),

o que pode ter acarretado na formação de hastes com produção de folhas,

visto que o número de folhas compostas foi significativamente superior nas

plantas 35S::SlARP antissenso, 35S::SlARP senso e MT Vazio do que nas

plantas cv. MT (Figura 23B).

Figura 23 - Número de gemas axilares desenvolvidas e folhas compostas nas plantas

controles e transgênicas da geração T3. A, número de gemas laterais desenvolvidas e B,

número de folhas compostas produzidas nas plantas cv. MT e linhagens transgênicas: Vazio;

antissenso (AS - 35S::SlARP antissenso) e senso (35S::SlARP senso), respectivamente. A:

Número de plantas analisadas para a cv. MT, n= 8; MT Vazio, n=4; 35S::SlARP antissenso,

n=5; e, 35S::SlARP senso, n=3. Número de linhagens avaliadas para MT Vazio, n=1;

35S::SlARP antissenso, n=4; e, 35S::SlARP senso, n=2. B: cv. MT, n= 15; MT Vazio, n=4;

35S::SlARP antissenso, n=5; e, 35S::SlARP senso, n=3. Número de linhagens avaliadas para

MT Vazio, n=1; 35S::SlARP antissenso, n=3; e, 35S::SlARP senso, n=2. Médias seguidas de

letras minúsculas iguais na barra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a

5% de probabilidade.

Além disso, a maioria das plantas transgênicas (35S::SlARP antissenso,

35S::SlARP senso e MT Vazio) mostrou o desenvolvimento de gemas axilares

com formação de longas hastes com produção de folhas que se assemelhavam

às folhas principais em tamanho e forma e, também, a produção de

inflorescências que culminaram, consequentemente, na produção de frutos.

Enquanto que algumas gemas desenvolvidas nas plantas cv. MT produziram

apenas primórdios foliares, ao invés de ramos com folhas compostas (Figura

24A a D - setas vermelhas).

A B

Page 63: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

62

Ainda em relação ao desenvolvimento de gemas axilares, notou-se que

as inflorescências produzidas nestas hastes encontravam-se nas axilas das

folhas mais distais, ou seja, mais antigas, ao invés de folhas jovens como

ocorre no crescimento simpodial padrão, e dessa forma, quatro linhagens das

plantas 35S::SlARP antissenso, duas linhagens de 35S::SlARP senso e uma

linhagem de MT Vazio apresentaram um aparente crescimento simpodial

alterado ou desordenado.

Figura 24 - Características morfológicas das plantas cv. MT e das transgênicas na

geração T3. A, cv. MT mostrando os detalhes da planta, com gemas axilares dormentes (seta

vermelha). B-D, detalhes das plantas transgênicas com o desenvolvimento das gemas axilares

que ocasionaram, provavelmente, no surgimento de hastes com folhas (seta vermelha). B, MT

Vazio (com o vetor binário pZP211). C, 35S::SlARP antissenso e D, 35S::SlARP senso. A-D, 81

dias após o plantio. Barra = 1 cm.

Diante do aumento no número de folhas compostas nas plantas

transgênicas, os frutos das plantas 35S::SlARP antissenso, 35S::SlARP senso

e controles (cv. MT e MT Vazio) foram avaliados a fim de averiguar se a

produtividade seria afetada, uma vez que o crescimento da planta e

especialmente os frutos dependem da relação fonte-dreno, na qual as folhas

são fontes de fotoassimilados e os frutos são os principais drenos.

A B

C

D

Page 64: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

63

Portanto, ainda em relação à geração T3, foi visto que a massa, altura e

diâmetro mediano dos frutos das plantas 35S::SlARP antissenso e 35S::SlARP

senso não foram afetados em relação aos controles (cv. MT e MT Vazio)

durante o período de análise. Assim como o número e o formato dos frutos das

plantas 35S::SlARP antissenso, 35S::SlARP senso em comparação as plantas

MT Vazio e cv. MT (Figura 25).

Figura 25 – Análise do formato dos frutos das plantas controles e transgênicas da

geração T3. Fotografia mostrando o formato dos frutos nas plantas cv. MT; MT Vazio;

35S::SlARP antissenso e 35S::SlARP senso, respectivamente. Número de linhagens

analisadas para MT Vazio, n=1; MT 35S::ARP/AS, n=5; e, MT 35S::ARP/S, n=2. Barra = 1 cm.

Visto que o formato externo dos frutos não foi alterado nas plantas

35S::SlARP antissenso e 35S::SlARP senso, surgiu a necessidade de

examinar se o número de lóculos e de sementes estariam comprometidos

internamente nos frutos destas plantas. Assim, foi observado que o número

total de sementes não foi afetado nas plantas transgênicas (35S::SlARP

antissenso e senso) e controles (cv MT e MT Vazio) da geração T3 durante o

período de avaliação, ou seja, não houve, estatisticamente, diferença

significativa entre essas plantas, sugerindo que a ARP pode não afetar a

produtividade do fruto.

Entretanto, foi visualizado que as plantas 35S::SlARP senso possuíram

maior número de frutos partenocárpicos, isto é, frutos sem sementes do que os

frutos das plantas controles e das plantas 35S::SlARP antissenso (Figura 26),

sugerindo que a superexpressão de ARP pode interferir no desenvolvimento

das sementes.

Page 65: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

64

Figura 26 - Número de frutos com partenocarpia nas plantas controles e transgênicas da

geração T3. A, número de frutos com partenocarpia nas plantas cv.MT e linhagens

transgênicas: Vazio; antissenso (AS - 35S::SlARP antissenso) e senso (35S::SlARP senso),

respectivamente. Número de plantas analisadas para a cv. MT, n= 10; MT Vazio, n=3;

35S::SlARP antissenso, n=4; e, 35S::SlARP senso, n=2. Número de linhagens avaliadas para

MT Vazio, n=1; 35S::SlARP antissenso, n=3; e, 35S::SlARP senso, n=1. Médias seguidas de

letras minúsculas iguais na barra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a

5% de probabilidade.

Quando foi realizada a análise fenotípica das plantas da geração T4,

visualizou-se uma diferença fenotípica similar àquelas encontradas na geração

T3 com relação ao número de gemas laterais desenvolvidas e ao número de

folhas compostas formadas nas plantas transgênicas (35S::SlARP antissenso e

senso) (Figura 27). Estes resultados mostraram que estas características estão

sendo mantidas nas diferentes gerações de T1 a T4, sugerindo que a ARP

pode estar envolvida na dormência das gemas axilares.

Como foi observado um número superior de plantas crescidas nas duas

linhagens 35S::SlARP antissenso semeadas, na qual tinham-se seis plantas da

linhagem 1 e oito plantas da linhagem 2, totalizando quatorze plantas

35S::SlARP antissenso, enquanto apenas uma planta 35S::SlARP senso

desenvolveu-se, quatro plantas MT Vazio e oito plantas cv. MT cresceram.

Diferentemente, as gerações anteriores apresentaram número inferior de

plantas por linhagens, algumas continham apenas um indivíduo, o que não

permitiu gerar um gráfico estatístico. Por essa razão, as linhagens das plantas

35S::SlARP antissenso foram englobadas nas avaliações das gerações T1 a

T3 e separadas na geração T4 para as análises do desenvolvimento de gemas

axilares e número de folhas compostas.

Page 66: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

65

Portanto, das duas linhagens de plantas 35S::SlARP antissenso

semeadas, tanto a linhagem 1, denominada AS1 quanto a linhagem 2 (AS2) da

geração T4 apresentaram número superior de gemas laterais desenvolvidas do

que a planta 35S::SlARP senso e as controles (cv. MT e MT Vazio) (Figura

27A).

Além disso, as plantas 35S::SlARP antissenso da linhagem 1 e 2 (AS1 e

AS2) da geração T4 apresentaram o número de folhas compostas elevado,

significativamente, do que a planta 35S::SlARP senso e as plantas controles

(cv. MT e MT Vazio) (Figura 27B).

Figura 27 - Número de gemas laterais desenvolvidas e folhas compostas nas plantas

controles e transgênicas da geração T4. A, Número de gemas axilares desenvolvidas nas

plantas cv. MT, MT Vazio, linhagens 35S::SlARP antissenso (AS1 e AS2) e Senso (35S::SlARP

senso). B, Número de folhas produzidas nas plantas cv. MT, Vazio, linhagens 35S::SlARP

antissenso (AS1 e AS2) e Senso (35S::SlARP senso). A: Número de plantas analisadas para a

cv. MT, n= 5; MT Vazio, n= 4; linhagem 1 da 35S::SlARP antissenso (AS1), n=4; linhagem 2 da

35S::SlARP antissenso (AS2), n=6; e, Senso, n=1. B: cv. MT, n= 7; MT Vazio, n=4; AS1, n=4;

AS2, n=6; e, Senso, n=1. A e B: Número de linhagens avaliadas para MT Vazio, n=1;

35S::SlARP antissenso, n=2; e, 35S::SlARP senso, n=1. Médias seguidas de letras minúsculas

iguais na barra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, 5% de probabilidade.

As gemas axilares das plantas 35S::SlARP antissenso desenvolveram-

se em ramos com folhas (Figura 28C, seta vermelha), enquanto que a maioria

das gemas das plantas controles (cv. MT e MT Vazio) e da planta 35S::SlARP

senso encontravam-se dormentes (Figura 28A, B e D, respectivamente – seta

vermelha) e apenas algumas gemas laterais se desenvolveram em primórdios

foliares (Figura 28A, B e D, respectivamente – seta amarela).

A B

Page 67: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

66

Figura 28 - Desenvolvimento das gemas laterais nas plantas cv. MT e nas transgênicas da geração T4. A, cv. MT mostrando os detalhes da planta, com gemas axilares dormentes

(seta vermelha) e o surgimento de primórdios foliares em uma das gemas laterais (seta amarela). B, MT Vazio (com o vetor binário pZP211) com gemas dormentes (seta vermelha) e observou-se o surgimento de primórdios foliares (seta amarela) em uma gema lateral. C, 35S::SlARP antissenso (linhagem 1), a maioria das gemas axilares desenvolveram-se em ramos com folhas (seta vermelha). D, 35S::SlARP senso com gemas dormentes e notou-se o surgimento de primórdios foliares (seta amarela) na gema axilar. A-D, 88 dias após o plantio. Barra = 1 cm.

4.3 Análise histológica das flores e dos pecíolos das plantas 35S::SlARP

antissenso e senso

Com base nas alterações fenotípicas observadas nas gerações T1 a T4,

pode-se notar que a característica floração precoce persistiu nas plantas

35S::SlARP antissenso ao longo das gerações, sendo que as plantas

35S::SlARP senso também floresceram antes das plantas controles (cv. MT e

MT Vazio) visualizadas, com mais evidência, na geração T1 e T3 (Tabela 5).

Então, em decorrência a esse florescimento inicial, questionou-se se os órgãos

florais estariam comprometidos devido aos níveis diminutos ou elevados da

proteína ARP nas plantas 35S::SlARP antissenso e senso, respectivamente.

A

B

C

D

Page 68: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

67

Portanto, a fim de investigar possíveis alterações estruturais nos órgãos

reprodutivos das plantas transgênicas (35S::SlARP antissenso e senso) em

comparação com as controles (cv. MT e MT Vazio) foi realizada uma análise

histológica com seções longitudinais das flores em antese destas plantas nas

gerações T2, T3 e T4. Os órgãos florais, assim como o pecíolo (ver mais

adiante) das plantas da geração T1 não foram analisados por não possuírem

características fenotípicas estáveis e pela forte pressão do processo de

heterozigose sofridas pelas plantas transgênicas (35S::SlARP antissenso,

35S::SlARP senso e MT Vazio). Por essa razão, as análises morfológicas das

flores partiram da geração T2 (Figura 29) até a geração T4 (mais estáveis)

(Figura 30).

Dessa forma, foi observado em corte histológico que o ovário da flor da

planta 35S::SlARP senso da geração T2 apresentou óvulos maduros em

relação a cv. MT (Figura 29B, seta em negrito), os quais estavam ausentes no

mesmo período de tempo (120 dias após o plantio) (Figura 29A).

Figura 29 - Seções longitudinais do ovário das flores da geração T2. A, cv. Micro Tom e B,

35S::SlARP senso (geração T2), coradas em safranina 1%. Seta em negrito: óvulo maduro.

Aumento 5x. Barra= 200 m. 120 dias após o plantio.

Ainda em relação à análise da estrutura do ovário, as gerações T3 e T4

também mostraram amadurecimento dos óvulos nas flores das plantas

35S::SlARP antissenso e senso em comparação a cv. MT e a planta MT Vazio

praticamente no mesmo período de tempo (89-91 dias após o plantio) (Figura

30, setas em negrito), o que poderia refletir numa frutificação precoce

observada fenotipicamente nas plantas transgênicas (35S::SlARP antissenso e

senso), principalmente, das gerações T1 e T2. No entanto, o ovário da

A B

Page 69: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

68

35S::SlARP senso aparentou possuir menor quantidade de óvulos formados do

que as demais plantas (Figura 30), indicando que a ARP pode estar envolvida

no processo de floração em tomateiro.

Além disso, as plantas transgênicas (35S::SlARP antissenso e senso)

da geração T3 aparentaram ter maior quantidade de substâncias ergásticas

(presença de produtos do metabolismo primário ou secundário), provavelmente

drusas, no ovário em relação às plantas controles (Figura 30 A, C e D, seta em

cor amarela).

Figura 30 - Seções longitudinais do ovário das flores na geração T3 e T4. A, cv. Micro

Tom; B, MT Vazio; C, 35S::SlARP senso; D e E, 35S::SlARP antissenso, geração T3 e T4,

respectivamente. A, B, C e D com 91 dias após o plantio e E, 89 dias após o plantio. Safranina

1%. Seta em negrito: óvulo maduro. Seta em amarelo: substância ergástica. Aumento 10x.

Barra= 100 m.

Outra análise histológica foi efetuada no pecíolo das plantas 35S::SlARP

antissenso e senso da geração T2 devido ao fato de que o hormônio auxina

está envolvido no desenvolvimento vascular das folhas e que a ARP, de certo

modo, possui uma função regulatória com a auxina. Assim, com o intuito de

averiguar se os níveis reduzidos ou elevados da ARP ocasionariam alterações

morfológicas no perfil vascular das plantas 35S::SlARP antissenso e senso,

respectivamente, e se essas possíveis alterações apresentariam semelhanças

na composição estrutural dos pecíolos dos mutantes envolvidos na sinalização

A B C

D E

Page 70: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

69

da auxina (dgt e entire), os pecíolos das plantas 35S::SlARP antissenso e

senso foram comparados com os pecíolos dos mutantes dgt e entire e com o

controle cv. MT (Figura 31).

O pecíolo da planta 35S::SlARP antissenso da geração T2 apresentou

uma estrutura diferenciada da planta controle cv. MT, com o pecíolo em forma

cordada, presença de produtos do metabolismo primário ou secundário

(substâncias ergásticas), aparentemente drusas, aparente quantidade superior

de elementos de vaso (xilema e floema), aparente número maior de células

colenquimáticas na região superior do pecíolo e células do parênquima com

formato mais irregular (Figura 31A e B). Em relação à região do pecíolo

seccionada da planta 35S::SlARP senso, esta caracterizou-se pelo pecíolo com

formato arredondado e células parenquimáticas regulares, estrutura essa

semelhante a planta cv. MT (Figura 31A e C). Entretanto, comparando-se estes

dois pecíolos, 35S::SlARP senso aparentou possuir uma presença maior de

células correspondentes aos elementos de vaso (xilema e floema) do que a cv.

MT (Figura 31C).

O pecíolo das plantas 35S::SlARP antissenso e senso também foram

comparados com os mutantes envolvidos na sinalização da auxina: o mutante

dgt que apresenta reduzida sensibilidade a auxina e, o mutante entire que

mostra um aumento na resposta à auxina. Estes apresentaram o pecíolo com

formato oval diferente para o observado em 35S::SlARP antissenso e senso; os

elementos de vasos condutores estavam subdivididos em três grupos que

encontravam-se separados por camadas celulares do parênquima. Entretanto,

o mutante dgt aparentou contem maior número de camadas celulares no

parênquima, enquanto que o mutante entire aparentou conter células

parenquimáticas maiores ao longo do pecíolo (Figura 31A, D a E). A partir

destes dados obtidos, indicou-se que os níveis alterados da ARP não

causaram mudanças drásticas no desenvolvimento vascular dos pecíolos das

plantas 35S::SlARP antissenso e senso na geração T2.

Page 71: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

70

Figura 31 - Seções transversais do pecíolo das plantas transgênicas da geração T2 e

mutantes envolvidos na sinalização da auxina. A, cv. Micro Tom e B, 35S::SlARP

antissenso, C, 35S::SlARP senso; D, mutante dgt e E, entire. A, B e C: 120 dias após o plantio.

D e E: 57 dias após o plantio. Azul de toluidina 0,05%. Aumento 5x. Barra= 200 m.

Todos os dados mencionados anteriormente, até o momento, sugerem

que a proteína ARP pode estar envolvida nos processos de floração e

frutificação, assim como na dormência das gemas axilares em tomateiro e,

desta forma, sua função pode estar conservada entre o reino vegetal.

A B C

D E

Page 72: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

71

5 DISCUSSÃO

O cDNA homólogo a AUXIN REPRESSED PROTEIN (ARP), alvo deste

estudo, foi identificado anteriormente em uma biblioteca subtrativa de tomateiro

(ESTEVAM, 2011). Assim, a análise in silico mostra que a sequência

nucleotídica da ARP de estudo codifica um pequeno polipeptídeo com massa

molecular deduzida em 12,67 kDa que está compatível com as massas

moleculares de outras ARPs encontradas na literatura, incluindo a SAR5 (12,5

kDa), AP1 (13 kDa), BrARP1 (11,7 kDa) e ARP1 (13,5 kDa) (REDDY;

POOVAIAH, 1990; LEE et al., 1993; LEE et al., 2013 e ZHAO et al., 2014;

respectivamente). Além disso, todas as proteínas pesquisadas apresentaram o

domínio funcional Auxin_repressed superfamily contendo dois domínios

conservados, um na região N-terminal (Domínio 1) que possui o motivo WD de

interação proteína-proteína e o segundo na região C-terminal (Domínio 2) de

acordo com KIM et al. (2007), SHI et al. (2013) e LEE et al. (2013).

Os dados in silico também mostram que a sequência peptídica sinal

predita da ARP em estudo direciona para regiões transmembrana e localiza-se,

possivelmente, no núcleo. De fato, está de acordo, em parte, com o proposto

por Reddy e Poovaiah (1990), os quais sugerem que a proteína deduzida não é

transportada para o exterior da célula ou para o cloroplasto. Além disso, a

proteína BrARP1 não contém uma sequência peptídica sinal ou um

direcionamento para organelas, indicando que esta pode se localizar no citosol

(LEE et al., 2013). Entretanto, a exata localização celular da proteína ARP in

vivo ainda não está determinada na literatura.

O dendrograma mostra que a maioria dos ramos está agrupada por

família botânica, apenas com o clado das Rosídeas alternando entre Malvidae

e Faboidae, assim como os dendrogramas similares encontrados para os

homólogos da ARP (PARK; HAN, 2003; ZHAO et al., 2014). Dessa maneira,

isto indica que a ARP pode exibir um relacionamento funcional entre as

espécies vegetais, uma vez que sua identidade variou entre 62% a 89% com

as espécies estudadas. Diante disso, esses resultados reforçam a ideia de que

a função da ARP esteja preservada entre plantas e estreitamente conservada

entre tomateiros.

Page 73: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

72

Conforme descrito na literatura, os homólogos da proteína ARP estão

associados a diferentes funções no desenvolvimento vegetal (SHI et al., 2013).

Com base nisso, os dados obtidos com as plantas transgênicas abrigando a

construção do cassete de superexpressão (35S::SlARP) nas orientações senso

e antissenso trazem novas informações a respeito da função da ARP no

desenvolvimento do tomateiro.

De fato, as plantas da geração inicial (T0) não mostram diferenças

fenotípicas quando comparadas às plantas controles, corroborando os

resultados obtidos por Park e Han (2003) e Kim et al. (2007), nos quais se

observam que as plantas transgênicas com as construções dos homólogos da

ARP apresentam um fenótipo similar ao daquelas selvagens.

Quando as plantas 35S::SlARP antissenso e senso das gerações

seguintes (T1, T2, T3 e T4) são analisadas, mudanças fenotípicas são

observadas e mantidas na maioria destas gerações.

A altura das plantas 35S::SlARP antissenso é reduzida na geração T3,

devido à provável diminuição dos níveis da ARP esperada para estas plantas

que, dessa forma, podem ter provocado uma alteração no padrão do

desenvolvimento em tomateiro, como a redução do tamanho nestas plantas,

discordando com Zhao e colaboradores (2014), os quais verificaram que o

silenciamento do gene ARP1 em tabaco causa um aumento no crescimento do

vegetal, ou seja, estas possuem altura maior que à controle. Assim como o

silenciamento dos genes BrARP1 e BrDRM1 em A. thaliana não afetam a taxa

de crescimento nem o tamanho da planta na geração T2, isto é, as alturas são

similares ao controle (LEE et al., 2013). No entanto, a superexpressão tanto do

gene ARP1 como dos genes BrARP1 e BrDRM1 ocasionam diminuição no

crescimento vegetal, concordando com o visualizado nas plantas 35S::SlARP

senso da geração T3 (ZHAO et al., 2014; LEE et al., 2013, respectivamente).

Além do mais, Park e Han (2003) sugeriram que o gene RpARP necessita ser

reprimido para que o crescimento celular ocorra, provavelmente através do

afrouxamento celular, modificações estruturais na parede celular ou um

aumento na elasticidade do citoesqueleto. Estes dados propõem que esses

homólogos da ARP podem ser repressores do crescimento vegetativo.

Portanto, é possível que a ARP em tomateiro necessite ser reprimida

completamente para que o crescimento do vegetal seja favorável.

Page 74: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

73

As plantas 35S::SlARP antissenso das gerações T1, T3 e T4

apresentam maior número de gemas axilares desenvolvidas que resultaram na

produção de ramos com folhas, inflorescências e frutos. O crescimento da

gema lateral é regulado principalmente pelos hormônios vegetais: auxina,

estrigolactonas e citocinina que exibem efeitos antagônicos sobre o

desenvolvimento da gema axilar (FERGUSON; BEVERIDGE, 2009).

A auxina derivada do ápice caulinar inibe o crescimento de gemas

axilares e o alongamento do ramo lateral (DOMAGALSKA; LEYSER, 2011;

REDDY; FINLAYSON, 2014). As citocininas podem promover o crescimento

das gemas axilares e seus níveis próximos à ou na gema axilar podem estar

relacionados ao destino do desenvolvimento dessa gema, se permanecerá

dormente ou produzirá um ramo imediatamente ou após um intervalo de tempo

variável, dependendo de estímulos internos e externos à planta (BENNETT;

LEYSER, 2006; TANAKA et al., 2006). Além disso, os genes da via de

biossíntese da citocinina são regulados negativamente pela auxina no caule e,

desta forma, pode ter limitado a oferta de citocinina à gema, reduzindo o

crescimento desta (CHATFIELD et al., 2000; TANAKA et al., 2006), enquanto

que as estrigolactonas inibem o crescimento das gemas através da regulação

do transporte de auxina (BENNETT et al., 2006). A auxina, por sua vez, regula

positivamente a transcrição de genes envolvidos na biossíntese da

estrigolactona (TEICHMANN; MUHR, 2015). Portanto, os níveis de auxina

regulam o crescimento da gema através da manutenção local de altos níveis de

estrigolactona e baixos de citocinina. Assim, a gema axilar permanece

dormente. Entretanto, quando a gema é ativada em resposta a fatores

sistêmicos, a auxina proveniente do meristema axilar é exportada em direção

ao caule e durante este trajeto, a auxina induz o desenvolvimento vascular do

ramo (FERGUSON; BEVERIDGE, 2009).

As estrigolactonas e as citocininas podem interagir diretamente com o

membro de fatores de transcrição da família TCP (TB1 CYCLOIDEA PCF), o

BRC1 (BRANCHED1) no controle do desenvolvimento da gema lateral

(AGUILAR-MARTINEZ et al., 2007). Há a hipótese de que a estrigolactona

pode atuar a montante de BRC1, regulando-o positivamente (BRAUN et al.,

2012). Enquanto que a citoninina atua regulando-o negativamente (DUN et al.,

2012).

Page 75: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

74

A proteína BRC1 reprime o desenvolvimento das gemas axilares em A.

thaliana (AGUILAR-MARTINEZ et al., 2007). Similar função ocorre em

tomateiro, no qual é encontrado dois genes parálogos ao BRC1 de A. thaliana,

o gene SlBRC1a e SlBRC1b (MARTIN-TRILLO et al., 2011). Estes genes são

expressos em gemas laterais dormentes e suas expressões foram reguladas

negativamente durante a remoção do ápice meristemático apical, sugerindo

que também estão envolvidos na inibição do crescimento da gema axilar

(MARTIN-TRILLO et al., 2011). Além disso, nos interatomas preditos para

Oryza sativa e S. lycopersicum, são vistos que a proteína ARP poderia interagir

com membros de fatores de transcrição da família TCP, sendo que a proteína

BRC1A, presumidamente, interage com a ARP em tomateiro. Esses fatores de

transcrição estão envolvidos no controle do crescimento e proliferação celular

nos meristemas axilares (MARTIN-TRILLO et al., 2011).

Mais ainda, Stafstrom et al. (1998) observaram que os níveis de

transcrito do ortólogo da ARP em ervilha, PsDRM1, são elevados em gemas

dormentes. Ao remover a gema dormente próxima ao ápice caulinar, os

transcritos da PsDRM1 não são detectados em gemas laterais em

desenvolvimento. Sugere-se, então, que a ARP está relacionada à dormência

da gema lateral (STAFSTROM et al., 1998).

Conforme observado, o desenvolvimento de gemas laterais em plantas

35S::SlARP antissenso nas gerações T1, T3 e T4, é possível que os níveis

reduzidos de ARP tenham ocasionado o crescimento da gema mesmo na

presença da dominância apical devido à redução do promotor da dormência

(ARP), a qual proporciona a ativação da ramificação, provavelmente através da

exportação de auxina para o caule, aumento na biossíntese de citocinina e

redução dos níveis de BRC1 na gema axilar.

Na análise histológica, são observadas modificações morfológicas no

pecíolo da planta 35S::SlARP antissenso (geração T2), que possuem forma

cordada e aparente quantidade superior de elementos de vasos. A formação do

tecido vascular da folha envolve a auxina (SCARPELLA et al., 2006).

Provavelmente, devido aos níveis reduzidos da proteína ARP nas plantas

35S::SlARP antissenso, a auxina exportada do meristema axilar para o caule

pode ter desencadeado a diferenciação do tecido vascular, porém ocasiona

uma resposta modificada no desenvolvimento do pecíolo, incluindo a aparente

Page 76: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

75

quantidade superior de vasos condutores (xilema e floema), talvez para

transportar de forma eficaz os nutrientes necessários para o desenvolvimento

das longas hastes com folhas, flores e frutos, observadas com maior evidência,

nas plantas 35S::SlARP antissenso da geração T3. Diferentemente do

observado no pecíolo das plantas mutantes dgt, cujo gene está associado à

percepção e à sinalização da auxina (MIGNOLLI et al., 2012) e entire, que

aumenta a resposta à auxina (KOENIG et al., 2009). Ambos apresentam um

padrão de desenvolvimento vascular alterado, semelhante entre si (BALBI;

LOMAX, 2003; WANG et al., 2005).

No mais, o número total de folhas compostas é maior nas plantas

transgênicas (35S::SlARP antissenso, senso e MT Vazio) quando comparadas

às plantas controles cv. MT da geração T3, decorrente, possivelmente, de

maior número de gemas laterais desenvolvidas, sendo que a planta

35S::SlARP senso apresenta maior número de folhas em relação à cv. MT,

entrando em contradição com o exposto para seu homólogo BrARP1 ou

BrDRM1. Lee et al. (2013) verificaram que o número total de folhas é menor

nas plantas com altos níveis de expressão da proteína BrARP1 ou BrDRM1,

sugerindo que a superexpressão da ARP em Brassica rapa pode cessar o

crescimento celular. Em tomateiro, é provável que os níveis alterados da ARP

desencadeassem o desenvolvimento das gemas laterais, resultando no

crescimento programado de ramos ricamente vascularizados, providos de

nutrientes necessários para a produção de folhas, flores e frutos.

Baseado nesse aumento no crescimento de gemas axilares que

culminam na produção de ramos com folhas (fonte de fotoassimilados), a

produtividade nas plantas 35S::SlARP antissenso e senso foi analisada a fim

de verificar se os frutos (drenos) do tomateiro foram afetados na geração T3.

A produtividade do tomate depende também, em parte, do tamanho do

fruto que está relacionado ao número de sementes formadas, e por sua vez,

influencia na massa do fruto, porém é impulsionado principalmente pela

produção de dezenas de inflorescências multifloridas que resultam em cachos,

os quais se desenvolvem em conformidade com o hábito de crescimento

simpodial do tomateiro (BALBI; LOMAX, 2003; JIANG et al, 2013). Apesar das

plantas 35S::SlARP antissenso e senso da geração T3 apresentarem aparente

padrão de crescimento simpodial alterado, provavelmente, devido ao elevado

Page 77: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

76

número de gemas desenvolvidas que resultam na formação de longas hastes

com folhas, flores e frutos, inclusive nas axilas das folhas mais antigas, ao

invés de folhas jovens como observado no crescimento padrão do tomateiro

(TEO et al., 2014), os parâmetros altura (cm), massa (g) e diâmetro (cm)

mediano do fruto não sofrem alterações significativas quando comparadas a cv.

MT. Assim como a quantidade total e o formato dos frutos são equivalentes às

plantas controles. Em relação ao número total de flores em antese, flores por

inflorescência e frutos também não são afetados pelos níveis alterados da

proteína ARP esperados nessas plantas (35S::SlARP antissenso e senso) da

geração T3 durante o período de análise, sugerindo que a ARP pode não

interferir na produtividade do tomate. No entanto, os frutos da 35S::SlARP

senso da geração T3 apresentam elevada quantidade de frutos desprovidos de

sementes (frutos partenocárpicos).

A partenocarpia é o desenvolvimento do ovário na ausência da

polinização e/ou fertilização, culminando em frutos sem sementes

(PANDOLFINI et al., 2002). Esse fenômeno pode ocorrer naturalmente ou pode

ser induzido artificialmente através da aplicação de diversos hormônios

(GORGUET et al., 2005). Sabe-se que a auxina, a citocinina e a giberelina

estão envolvidas na frutificação e desenvolvimento do fruto em tomateiro. A

superexpressão de genes da biossíntese da auxina ou a perda de função de

componentes na cascata de sinalização da auxina mostram capacidade

partenocárpica alterada (DING et al., 2013). Xiao e colaboradores (2008)

observaram que a superexpressão do gene SUN, envolvido no controle do

formato do fruto, leva ao desenvolvimento de frutos partenocárpicos, o que

pode ser causado por uma possível alteração dos níveis de auxina e sua

distribuição no fruto.

A hipótese sugerida para este trabalho é que os níveis de auxina podem

ter sido reduzidos no ovário das plantas 35S::SlARP senso em resposta à

diminuição da via de sinalização da auxina provocada pelos possíveis níveis

elevados da proteína ARP e isto pode ter desencadeado a produção de frutos

desprovidos de sementes. Portanto, os dados indicam que a superexpressão

da ARP pode afetar a produção de sementes e mais ainda, que a proteína ARP

pode estar envolvida no processo de frutificação em tomateiro e assim,

corroborando os resultados relativos ao homólogo da ARP em morangueiro,

Page 78: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

77

SAR5, que está envolvido na maturação do fruto (REDDY; POOVAIAH, 1990).

Entretanto, será importante analisar os frutos das linhagens isogênicas das

construções da ARP em tomateiro para fortalecer essa hipótese.

A floração precoce é observada em evidência, principalmente, nas

plantas transgênicas 35S::SlARP antissenso das gerações T1 e T3, ou seja,

estas plantas florescem e, consequentemente, frutificam em menor período de

tempo do que as plantas 35S::SlARP senso e controles (MT Vazio e cv. MT) no

mesmo período de tempo.

Sabe-se que a auxina determina a iniciação dos órgãos florais com uma

resposta máxima de auxina [entre 10-6 e 10-5 M], correlacionada com a

iniciação do primórdio da flor e promove a divisão, extensão e diferenciação

celular dos tecidos vegetais (FRIML, 2003; REINHARDT et al., 2003). Ainda, Li

e colaboradores (2013) relataram a interação do gene da identidade floral

LEAFY (LFY) em A. thaliana com as vias de resposta à auxina na coordenação

do crescimento do meristema da inflorescência primordial. Há também o papel

das citocininas que estão associadas à funcionalidade do meristema apical

caulinar (MURRAY et al., 2012). Experimentos sugerem que as citocininas

estimulam o crescimento apical, que culminam na organogênese (YOSHIDA et

al., 2011). Portanto, é possível que os supostos níveis reduzidos da proteína

ARP nas plantas 35S::SlARP antissenso podem ter ocasionado indução das

vias de resposta à auxina, desencadeando um ambiente propício para o

desenvolvimento de órgãos florais precocemente através da ativação de genes

da identidade floral mediada pelo gradiente de auxina. Isto sugere que a

proteína ARP pode exercer um papel regulatório sobre a via de resposta à

auxina para iniciar a diferenciação dos órgãos reprodutivos mediado por esse

hormônio.

Para dar ênfase a essa hipótese, é mostrado in silico que a proteína

ARP pode interagir com três diferentes enzimas ativadoras de ubiquitina (E1)

no interatoma proposto, sugerindo que em plantas contendo níveis reduzidos

do transcrito ARP pode ocorrer diminuição de sua interação com a proteína E1,

liberando assim a enzima para atuar na via de sinalização Aux/IAA-ARF,

desencadeando a ubiquitinação das proteínas Aux/IAA e, consequentemente,

induz a transcrição de genes responsivos à auxina (GUILFOYLE, 2015). Sendo

assim, a ARP provavelmente pode executar um papel regulatório, talvez como

Page 79: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

78

regulador negativo, na via de resposta à auxina no meristema apical caulinar

como mencionado acima para o desenvolvimento dos órgãos florais mediado

pela auxina.

Outra questão levantada sobre o surgimento antecipado das flores nas

plantas 35S::SlARP antissenso e senso em relação às plantas controles pode

ser melhor visualizada nas análises histológicas das flores em antese das 3

gerações (T2, T3 e T4), nas quais são observados óvulos maduros nas flores

das plantas 35S::SlARP antissenso e senso em relação às cv. MT e MT Vazio,

que ainda não apresentam amadurecimento dos óvulos no mesmo período de

tempo.

A auxina é requerida para a formação de óvulo e seu fluxo está

relacionado à localização polar das proteínas transportadoras do efluxo da

auxina, PIN-FORMED (PIN) (CECCATO et al., 2013). Além do mais, a

citocinina regula positivamente o número de óvulos, pois tem sido demonstrado

que este hormônio aumenta a expressão de proteínas PIN no óvulo

(BENCIVENGA et al., 2012). As plantas com defeitos na produção ou

percepção da citocinina comprometem a formação correta do óvulo e o número

de óvulos é bastante reduzido (HWANG et al., 2012). Estes dados corroboram

com o proposto acima para a floração precoce, na qual os níveis alterados da

proteína ARP nas plantas 35S::SlARP antissenso e senso podem proporcionar

a redistribuição da auxina e, provavelmente, sua concentração ótima nos

primórdios dos órgãos florais também induzem a formação de óvulos que

amadurecem mais cedo, do que aqueles encontrados nas flores das plantas

controles (cv. MT e MT Vazio), indicando que a ARP pode estar envolvida no

processo de floração, possivelmente, como repressor floral em tomateiro.

Além disso, Steiner et al. (2003) sugerem que o Arpl1;1 está

correlacionado à maturação do pólen em tabaco. Sabendo que a espécie

Nicotiana tabacum pertence à mesma família do tomateiro (Solanaceae), é

possível que esta outra função da ARP também esteja conservada na família

botânica Solanaceae, fortalecendo ainda mais a relação ARP e o

desenvolvimento dos órgãos florais em tomateiro.

No interatoma proposto, é encontrado duas ARPs que podem interagir

com a família de proteínas contendo o domínio ACT (aspartate kinase,

chorismate mutase e TyrA -prephenate dehydrogenase). Embora sua função

Page 80: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

79

seja desconhecida, os níveis de transcritos apresentam-se elevados em flores

da A. thaliana (HSIEH; GOODMAN, 2002; KUDO et al., 2008). Outras proteínas

com funções desconhecidas podem interagir com a proteína ARP, incluindo as

proteínas de membrana contendo o domínio CBS (cystathionine--synthase)

que são expressas em diversos tecidos e sobre diferentes condições de

estresse em A. thaliana e arroz (KUSHWAHA et al., 2009), e a LIR1 (light-

induced protein 1-like) que é controlada pelo ciclo circadiano em arroz

(REIMMANN; DUDLER, 1993). Entretanto, sua provável função com a ARP

ainda necessita ser elucidada.

Com base nos dados obtidos são propostos dois esquemas hipotéticos

para o possível papel exercido pela ARP na gema lateral e no meristema floral

em tomateiro (Figura 32).

O primeiro esquema hipotético proposto diz respeito à provável função

da ARP na gema axilar em tomateiro. Nesse modelo, a auxina pode promover

a síntese das estrigolactonas e da proteína ARP, as quais estão envolvidas na

dormência da gema. A proteína ARP, por sua vez, pode exercer função

regulatória, talvez regulando positivamente a biossíntese das estrigolactonas e

negativamente a citocinina que também é reprimida pela auxina. A citocinina,

então, promove o desenvolvimento da gema. Entretanto, ARP, estrigolactona e

citocinina podem desempenhar efeitos antagônicos sobre o membro da família

de fatores de transcrição TCP, o BRC1, que promove a dormência da gema.

Este é reprimido pela citocinina e induzido pelas estrigolactona e,

possivelmente, também pela ARP (Figura 32A). Portanto, sugere-se que o

gene ARP pode estar envolvido na dormência das gemas axilares em plantas

de tomateiro, reforçando ainda mais a ideia central de Stafstrom et al. (1998).

O outro esquema indica o possível papel da ARP no meristema floral.

Esse esquema é baseado nos modelos descritos pelos autores Li et al. (2013)

e Teo et al. (2014) e como há poucos relatos sobre a interação das vias de

resposta à auxina e genes da identidade floral em tomateiro na literatura, o

modelo proposto sobre este provável papel da ARP é esquematizado para o

modelo vegetal A. thaliana (Figura 32B). Dessa forma, a auxina máxima no

meristema floral pode reprimir a biossíntese da citocinina e pode promover a

expressão do gene da identidade do meristema floral LFY. Esse por sua vez,

poderia promover a expressão do gene APETALA1 (AP1) que também pode

Page 81: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

80

promover a expressão de LFY, mas a proteína AP1 pode reprimir outros genes

da identidade do meristema floral, como SHORT VEGETATIVE PHASE (SVP),

SUPPRESSOR OF OVEREXPRESSION OF CONSTANS 1 (SOC1) ou

AGAMOUS-LIKE 24 (AGL24). O gene SEPALLATA 4 (SEP4) é reprimido por

SVP, SOC1 ou AGL4. Entretanto, todos estes genes da identidade

meristemática floral promovem a morfogênese floral e inibem o repressor da

floração, TERMINAL FLOWER 1 (TFL1) que também é inibido pela proteína

LFY. Este regula positivamente a sinalização da auxina e negativamente a

biossíntese de auxina, enquanto a ARP pode inibir as vias de resposta à auxina

e dessa forma, diminuir o gradiente de auxina no órgão floral ou a auxina

máxima pode reprimir a ARP (Figura 32B).

Page 82: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

81

Figura 32 - Esquemas hipotéticos da ação da ARP na gema lateral em tomateiro e no

meristema floral em A. thaliana. Em A, esquema hipotético do provável papel da ARP e sua

relação com os hormônios auxina, estrigolactona e citocinina e gene BRANCHED1 (BRC1) na

gema lateral em tomateiro. Em B, esquema hipotético da possível função da ARP e sua relação

com as vias de resposta a auxina e genes da identidade meristemática floral no meristema

floral de A. thaliana. As setas ( ) indicam promoção, as extremidades “T” indicam uma

inibição da interação gênica. Seta nas duas direções indica promoção mútua e a extremidade

“T” nos dois sentidos, em vermelho, indica que o efeito de inibição pode ocorrer em um ou em

outro, sua direção é desconhecida. Setas e extremidades “T” em vermelho indicam promoção

ou repressão sugestiva da interação gênica, respectivamente. LFY: LEAFY. AP1: APETALA1.

SVP: SHORT VEGETATIVE PHASE. SOC1: SUPPRESSOR OF OVEREXPRESSION OF

CONSTANS 1. AGL24: AGAMOUS-LIKE 24. SEP4: SEPALLATA 4. TFL1: TERMINAL

FLOWER 1. Genes IMF: genes da identidade do meristema floral.

Dessa maneira, um desequilíbrio nos níveis da proteína ARP nos

esquemas hipotéticos propostos acima ocasionariam o processo de floração

precoce e o desenvolvimento de gemas laterais que produziriam hastes com

folhas, flores e frutos como observados principalmente nas plantas 35S::SlARP

antissenso. Isso seria interessante no ponto de vista agrícola, visto que a

ramificação é uma importante característica que afeta a produtividade de uma

dada planta de cultivo (BOE; BECK, 2008). Além disso, a produtividade nessa

planta não é comprometida drasticamente em comparação às plantas controles

cv. MT e MT Vazio. Mais ainda, essas plantas florescem e frutificam antes das

A B

Page 83: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

82

plantas 35S::SlARP senso, MT Vazio e cv. MT e também seria um indicativo

positivo para a produção agrícola, visto que reduziria o tempo de colheita dos

frutos. Portanto, estes dados iniciais sugerem que a planta 35S::SlARP

antissenso pode ser um futuro candidato ao melhoramento vegetal. Entretanto,

será necessário analisar as linhagens isogênicas e a qualidade dos frutos, seus

níveis de expressão em tecidos vegetais pelo método de RT-qPCR, além de

obter os resultados da proteômica e do duplo híbrido para fortalecer essas

hipóteses.

Todavia, estes dados sugerem que o cDNA homólogo a ARP pode estar

envolvido na dormência das gemas axilares e nos processos de floração e

frutificação em tomateiro.

Page 84: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

83

6 CONCLUSÃO

Os dados apresentados neste trabalho sugerem que o cDNA homólogo

a ARP prospectado anteriormente em biblioteca subtrativa para floração em

tomateiro pode estar envolvido na dormência das gemas axilares e nos

processos de floração e frutificação, provavelmente, atuando assim como

repressor do florescimento dessa hortaliça de extremo valor econômico

mundial.

Page 85: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS …

84

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