Carcanholo - Neoliberalismo e Pos Modernidade

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    Ps-modernismo eneoliberalismo: duas facetas

    ideolgico-polticas de umapretensa nova era

    Marcelo Dias Carcanholo*Grasiela Cristina da Cunha Baruco**

    Resumo:

    Este trabalho procura criticar o pensamento ps-moderno em algumas desuas categorias principais, como sociedade ps-industrial e ps-classista,tendo como base a anlise de Marx para o funcionamento do modo deproduo capitalista. O objetivo mostrar como o pensamento, o discursoe a prtica poltica do ps-modernismo esto adequados tanto com a fasehistrica especfica, representada pelo neoliberalismo, como com o contedo

    do capitalismo em si. A concluso a de que, como conseqncia, o ps-modernismo, mesmo quando se pretende crtico, no uma alternativa tericae nem poltica ao capitalismo.

    Nas ltimas dcadas do sculo XX, num contexto de hegemonia terica,

    ideolgica e poltica de teses com inspirao liberal, surgem os anunciadores do

    "m" e, como conseqncia, do ps. Muitos desses anncios so freqentementeassociados s chamadas teses ps-modernas. Considerando aqui a heterogeneidade

    existente entre os que exaltam e os crticos condio ps-moderna, alguns adefendem como sendo uma nova forma de sociabilidade, isto , um modo deproduo ps-capitalista, enquanto outros tratam-na como uma nova etapa docapitalismo, que deixou para trs a modernidade.

    A condio ps-moderna costuma ser apresentada, tanto por seus defensores,como por seus adversrios, de maneira bastante heterognea. Uns a defendem,de forma mais incisiva, como uma nova etapa da sociabilidade humana, calcada

    * Professor da Faculdade de Economia da UFF.

    ** Doutoranda do PPFH-UERJ.

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    em um novo modo de produo que, no limite, poderia j ter suplantado ocapitalista. Viveramos, portanto, em uma sociedade ps-capitalista. Outros, menospretensiosos, tratam a condio ps-moderna como uma nova etapa da sociedadecapitalista, onde os valores caractersticos da poca moderna teriam sido superados.

    Callinicos (1993) constata que o ps-modernismo representa a convergncia

    de trs movimentos culturais diferenciados:(i) modicaes ocorridas no campo das artes durante as ltimas dcadas,

    em favor da heterogeneidade de estilos, recorrendo cultura de massas e, de umaforma bastante especca, ao passado;

    (ii) certa corrente de losoa enquanto expresso conceitual dos temasexplorados pelos artistas contemporneos, conhecida, por alguns, como corrente

    ps-estruturalista, tendo em sua base o pensamento de Deleuze, Derrida e Foucault,

    que, embora com diferenas, enfatizaram o carter fragmentrio, heterogneo e

    plural da nova realidade;(iii) essa nova arte e losoa que reetem, de fato, modicaes ocorridas

    no mundo social, englobadas por autores como Daniel Bell e Alain Touraine na

    categoria de sociedade ps-industrial.

    Assim o ps-modernismo seria entendido como uma conjugao,evidentemente com ssuras e distintas interpretaes nos mais diversos autores,da arte ps-moderna com a losoa ps-estruturalista e a teoria da sociedade ps-industrial. A esta conjugao destes trs movimentos que Callinicos faz referncia

    poderamos acrescentar um quarto: o ps-marxismo.Mas, o que vem a ser uma sociedade ps-industrial? A noo de sociedade

    ps-industrial traz ao mesmo tempo uma caracterizao da sociedade nos novostempos, principalmente a partir da segunda metade do sculo passado, portanto

    uma nova fase em termos de periodizao, e uma proposta de interpretar essanova fase. Tratar-se-ia, em primeiro lugar, de constatar que a sociedade cada vezmais empregaria o seu trabalho no setor de servios e cada vez menos no setorindustrial, de forma que o processo produtivo guardaria menos relao com ascaractersticas do processo fabril, e a nova era seria caracterizada justamentepela lgica dos servios. Sai de cena a fbrica moderna, aparecem o comrcio/consumo, as nanas, o lazer, o ensino, a pesquisa cientca como bases danova era. Esses processos produtivos ps-modernos no exigiriam mais fbricascom linhas de montagem, mas processos programados pela tecnocincia dao papel central, para este tipo de pensamento, da 3. Revoluo Tecnolgica,baseada na microeletrnica que demandam a crescente implementao desistemas de informao computadorizados1. A era moderna caracterizou-se pela

    1A perspectiva ps-moderna parece emprestar aqui a idia de Habermas de que a caracterstica

    essencial/ontolgica do ser humano no seria sua capacidade de trabalho, em distino aos outrosanimais, mas sua peculiar capacidade de comunicao. Neste sentido, para o ps-modernismo um

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    industrializao, a ps-moderna por ser uma sociedade do consumo, dos servios.

    Isso implica que a cincia virou apenas um jogo de linguagem, alis, comovrios outros tipos de linguagem, no possuindo, portanto, nenhum privilgiointerpretativo. Todo jogo de linguagem, toda narrativa, seria assim equivalente soutras, no sendo aceitvel, portanto, nenhuma metanarrativa totalizante. Nenhum

    discurso que se pretenda interpretar a totalidade dos fenmenos seria adequado,uma vez que ele no o nico e, por conseqncia, incapaz de representar asdiferenas e especicidades no s das diferentes realidades, mas tambm dasdiferentes formas de interpretar/representar essas realidades.

    Assim, de uma concepo do que seria a sociedade ps-industrial, o ps-modernismo passa para a negao de toda perspectiva totalizante e para aarmao da efemeridade e da fragmentao, do descontnuo e do catico. O ps-modernismo aceita por isso (i) a instruo de Foucault de rejeitar os sistemas, as

    unidades, a uniformidade, armando os arranjos mveis, os uxos, a diferena, omltiplo, e, (ii) a nfase no carter catico da vida (ps) moderna, ao mesmo tempoem que se torna impossvel trat-lo a partir do pensamento racional herana dopensamento de Nietzsche. Da a repulsa do ps-modernismo a qualquer prticae/ou teoria totalizante.

    A modernidade, para o ps-modernismo, teria como base a produo

    sustentada na grande indstria e, como hoje em dia, o consumo e os servios teriamum espao mais abrangente na sociedade do que a produo fabril, estaramos emuma nova era: ps-moderna. No valeriam mais as teorizaes que construamseus argumentos sobre o capital, capitalismo, valor, trabalho produtivo, sujeitorevolucionrio, etc., a partir da lgica industrial, fabril. Em outras palavras, amorte da era moderna implicaria a morte de Marx, assim como a de qualquermetanarrativa totalizante. Alm do mais, como as sociedades ps-modernasso constitudas com uma base tecnolgica nova, onde a lgica da produo e,principalmente, do consumo cada vez mais rpido e efmero, a compresso doespao-tempo, em todas as esferas, seria mais uma caracterstica marcante destanova era ps-moderna.

    Detenhamo-nos um pouco no pensamento de um daqueles que acabou deser morto (mais uma vez!) pela mudana dos tempos modernos para os ps-modernos. Em Marx, o capital um valor que se valoriza, que produz um valora mais, de forma contnua (e cclica) em seu processo de circulao. Para realizaresta, ele compra no mercado elementos que lhe possibilitem essa valorizao, aproduo desse valor a mais (mais-valia, como chamou Marx), para s em seguidaretornar ao mercado realizando e, portanto, apropriando-se do valor produzido.

    homem no seria, como em Marx, um ser social que produz e reproduz a sua existncia, mas um

    ser com a capacidade inigualvel da comunicao, da linguagem. A representao simblica quese faz do objeto seria mais importante do que o prprio objeto.

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    Esse processo em que o capital enquanto contedo circula, assumindo distintasformas (capital-dinheiro, capital produtivo e capital-mercadoria) chamado porMarx de ciclo do capital. Como Marx mostrou na seo II do livro II de O Capital,a reduo do tempo de rotao do capital, seja na esfera produtiva, seja na esferada realizao (consumo), seja no comrcio, seja nas nanas (uma vez que o

    capital inicial D pode ser obtido por meio de emprstimo no mercado de crdito),isto , em todas as esferas da sociabilidade capitalista, no algo que contrariea lgica do capital industrial. Ao contrrio, para o desgosto dos ps-modernos,produzir, realizar, consumir, comprar mais rpido, no uma novidade da eraps-moderna, mas uma caracterstica do modo de produo capitalista, qualquerque seja sua fase histrica. O que, de fato, uma caracterstica da segunda metadedo sculo XX que o capitalismo acelerou esse processo, mas no foi para negar,seno para armar a sua lgica de valorizao2. Mas isso tudo, em Marx, s dizrespeito ao capital industrial. Portanto, em uma era ps-industrial, no passariade saudosismo esquerdista.

    Entretanto, o mero crescimento do setor servios, vis--vis o setor industrial,no nega nada do que Marx descobriu a respeito do funcionamento do capital(industrial), uma vez que este no se confunde com indstria e nem pode serdenido pela produo material, isto , pela produo de valores de uso materiais.Muito do que hoje chamado de setor servios, constitui-se, na realidade, emcapital industrial. Como visto anteriormente, este ltimo se dene quando umcapital aciona meios de produo e fora de trabalho com o m de gerar e realizar a

    mais-valia. Logo, o que dene o capital industrial e, portanto, o trabalho produtivo, um critrio de valorizao, por intermdio de uma relao social, e no umcritrio de produo material. No importa qual seja o valor de uso produzido/transformado no processo de produo, mas que este processo seja realizadocom base nas relaes sociais capitalistas, ou seja, que o capitalista pague o valorda fora de trabalho e que o consumo do valor de uso desta gera a mais-valia.Portanto, grande parte do que chamado setor servios capital industrial porqueemprega trabalho produtivo e produz riqueza capitalista.

    Alm de armar a existncia dessa sociedade ps-industrial, o que muitosautores ps-modernos fazem, adicionalmente, advogar o m das classes sociais,de forma que a sociedade ps-industrial seria, ao mesmo tempo, e pelas mesmasrazes, uma sociedade ps-classista. De fato, se a teoria do valor de Marx teve,no melhor dos casos, uma validade histrica enquanto durou a primazia daproduo industrial e o capital nada mais do que uma relao social que dividedistintas classes sociais, estas ltimas teriam perdido a sua base de denio. O

    2O mesmo poderia ser argumentado no que diz respeito tese ps-moderna da compresso doespao. Nada mais caracterstico do capitalismo do que a incorporao de novos mercados ao seu

    processo de acumulao, sejam eles mercados geograficamente externos ao seu espectro, seja pelaincorporao/ampliao de novos espaos dentro de sua geografia.

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    que dividiria os indivduos em distintas classes sociais (capitalistas e trabalhadores)seria o posicionamento distinto na relao social fundadora do capital, a comprae venda da fora de trabalho dentro da circulao do capital industrial. Como esteno mais preponderante, viver-se-ia uma fase da histria ps-classista, em razode ser tambm ps-industrial.

    Como a relao entre a defesa do ps-industrial e do ps-classista assimto direta, o mesmo vale para a sua crtica. A incompreenso do que vem a serclasse social no pensamento de Marx tem as mesmas origens vistas atrs daincompreenso do que capital industrial para esse autor3.

    Se o ps-modernismo parte, dentre outras coisas, de uma crtica idia desociedade industrial e, em especco, teorizao marxista do capital industrial,qual seria seu posicionamento frente ao substantivo capital, para alm de seurechao adjetivao industrial?

    Em determinado momento de sua obra, Anderson (1999) mostra como,apesar de toda a heterogeneidade de posies dentro do ps-modernismo, algumasespcies de unidade so caractersticas desse campo de pensamento. Uma delas o fato de se tratar de um campo ideologicamente consistente. O ps-modernismopassa a assumir uma postura de direita, isto , de armao da ordem capitalista,ou, no melhor dos casos, de resignao frente a uma inexorvel supremacia docapitalismo, ainda que contraditrio.

    A resignao ps-moderna seria fruto da derrota do socialismo real, isto , da

    derrota de uma metanarrativa que se propunha alternativa frente ordem capitalista.Ao vitorioso, o capitalismo, seria necessrio reconhec-lo resignadamente como uma realidade incontestvel, contra o qual no poderiam ser construdasalternativas totalizantes. O que fazer frente a essa nova era ps-moderna? Opragmatismo parece ser a nica resposta coerente para essa realidade.

    Esta resposta de como o ser humano deve agir frente nova condio ps-moderna foi claramente percebida por Harvey (2007: 55):

    Mas se, como insistem os ps-modernistas, no podemos aspirar a nenhuma

    representao unicada do mundo, nem retrat-lo com uma totalidade cheiade conexes e diferenciaes, em vez de fragmentos em perptua mudana,como poderamos aspirar a agir coerentemente diante do mundo? A respostaps-moderna simples de que, como a representao e a ao coerentesso repressivas ou ilusrias (e, portanto, fadadas a ser autodissolventes eautoderrotantes), sequer deveramos tentar nos engajar em algum projeto global.O pragmatismo...se torna ento a nica losoa da ao possvel.

    3A discusso das classes sociais no pensamento de Marx , de fato, muito mais complexa do queuma mera decorrncia reflexa do posicionamento dos indivduos no processo de circulao do

    capital, ainda que este seja sua base, seu contedo categorial. Para um tratamento mais rigorosodessa discusso veja-se Bensaid (1999).

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    A primeira concluso, assim, a de que o ps-modernismo, ao rechaarqualquer alternativa totalizante ordem vigente, limita-se, em termos deposicionamentos polticos, s seguintes alternativas: (i) resignao/conformismocom a vitria histrica do capitalismo; ou ento (ii) contestar a ordem vigente,mas no a partir de uma perspectiva totalizante, global, mas desde uma tica

    fragmentada, com base nas mltiplas formas de identidade que existem nasociedade ps-moderna4.

    Alm disso, preciso entender o ps-modernismo como um pensamento quesurge a partir de determinada conformao histrica, e no como um conjuntode idias soltas no ar, sem nenhuma referncia com os processos histricos pelosquais passa a humanidade nas ltimas dcadas. Levando isso em considerao, possvel perceber como esse pensamento parte de uma determinada fasehistrica do capitalismo ou, em outros termos, de uma determinada forma de

    manifestao histrica do contedo-capital. Sendo assim, o que os ps-modernostematizam enquanto uma suposta novidade no passaria de formas demanifestao, caractersticas e processos produzidos pelo prprio capitalismo. Oirnico desta caracterstica do pensamento ps-moderno que se torna possveltambm entend-lo dentro dos prprios termos com que Marx identica a lgicado contedo-capital.

    Nesse sentido especco, o ps-modernismo no representaria nenhumanovidade. A ps-modernidade no uma nova era, uma nova sociedade (ps-industrial e ps-classista). A forma histrica, sobre a qual o ps-modernismo

    constri as suas fundamentaes, produto do prprio capitalismo, emdeterminadas conjunturas histrico-sociais. Isso nos permite retirar mais duasconcluses a respeito do pensamento ps-moderno em sua relao com ocapitalismo.

    Em primeiro lugar, a defesa do ps-modernismo como uma nova era, paraalm do capitalismo, confunde uma determinada forma histrica com o seucontedo. Neste sentido, os ps-modernos

    le otorgan rango ontolgico a lo que no es ms que un momento histricamentedeterminado del capitalismo: aquel donde se borran muchas solidaridades ybarreras nacionales y se disuelven identidades sociales, consolidadas durantelas etapas previas del capital. De este modo le atribuyen rango falsamenteuniversal a una realidad social por ejemplo la proliferacin de discursospolticos fragmentados y aislados, la dispersin de los movimientos sociales,

    4A exasperao, para um lado ou para outro, nessa dualidade, pode inclusive ajudar a entendera dualidade que existe entre aquilo que Habermas denomina ps-modernismo anrquico(desconstrucionismo e relativismo em destaque) e aquilo que ele chama de ps-modernismoconservador, a saber, que ambos despedem-se dos fundamentos autoconscientes da razo quecaracterizam o esprito moderno em sua origem, o primeiro lamentando e o segundo aplaudindo aautonomia conseguida pela objetivao social desse esprito (Paulani, 2005: 137).

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    la esquizofrenia de las antiguas subjetividades, etc. que es bien particular ycaracterstica de esta etapa de la expansin del desarrollo capitalista. (Kohan,2007: 04).

    Nos termos de Kohan, fornecido um estatuto ontolgico a algo que nopassa de uma fase histrica, particular, caracterstica dos tempos neoliberais. Nessesentido, trata-se de uma metafsica, pois suas verdades no tm nem tempo nemespao (compresso do tempo-espao), como se fossem universais e abstratas. Isto o que dene, tambm, o processo misticador do pensamento ps-moderno,pois transforma uma etapa do desenvolvimento capitalista que corresponde ascenso e hegemonia do neoliberalismo em uma nova era, um novo contedo,como se no tivesse nenhuma relao com o contedo capitalista que, alis, lhed o sentido, histrico, poltico, ideolgico e losco. Esconder esta relao comsua origem histrica, ao mesmo tempo em que hipostasia suas verdades, este o

    carter misticador do ps-modernismo5

    .Em segundo lugar, a armao exasperada e ahistrica que faz o ps-

    modernismo a armao de uma forma especca de manifestao histricado capitalismo, em ltima instncia, uma armao e defesa do capitalismo.Ao defender a nova fase do capitalismo como uma nova condio inelutvel,inquestionvel e, pior, sem perspectiva de transformao social ps-capitalista, omximo que se faz questionar distintas formas de opresso, dentro do contedomais geral do capitalismo, sem negar a contradio bsica deste ltimo entre otrabalho e o capital, e isso por uma razo muito simples: se que esta contradioexistiu um dia, ela no existe mais. Por qu? Porque vivemos em uma era ps-industrial e, portanto, ps-classista, o que nos levaria de volta ao ponto inicial.

    Anal de contas, se o ps-modernismo, por mais que desgoste, est ligadoa essa fase nova ou no do capitalismo, que fase essa? O que constitui oneoliberalismo e qual a sua relao com o capitalismo contemporneo?

    De acordo com Fiori (1997: 205-8), possvel identicar quatro etapasfundamentais da constituio da hegemonia neoliberal no sculo XX. A primeiraetapa, que antecede a crise dos anos 1970, tem incio no ps-segunda guerra,quando Hayek expe seu pensamento no livro O Caminho da Servido, uma das maisaguadas crticas ao intervencionismo estatal de cunho igualitrio que prevalecianos welfare states. Embora suas idias no tenham tido inuncia imediata no ps-guerra, graas ao sucesso das teorias keynesianas, seus discpulos da escola austracase encarregariam de transferi-las s outras geraes.

    5 Parte de la operacin fetichista presupuesta por las diversas metafsicas post remite a unacuestin ms terica. Ese contenido que excede la mera forma literaria consiste en hipostasiar diversasinstancias de la vida y las relaciones sociales, aislndolas, separndolas del resto, otorgndoles ungrado superlativo de existencia por sobre el conjunto y, en lugar de ubicarlas como parte integrante

    de la totalidad social, se las termina convirtiendo en el nico Dios todopoderoso que en su absolutaexclusividad explicara la reproduccin del orden social. (Kohan, 2007: 13).

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    Um segundo momento do avano neoliberal se d a partir dos anos 1960,quando os discpulos de Hayek, e tambm do monetarista Milton Friedman,comearam a conquistar espao acadmico, sobretudo nos Estados Unidos. Nosanos 1960-1970, a produo destes tericos se torna hegemnica nos meiosacadmicos norte-americanos. Os economistas formados nesse meio acadmico

    assumiriam nos anos subseqentes posies de destaque na conduo da polticaeconmica de diversos pases latino-americanos.

    A etapa seguinte se dene pela passagem do neoliberalismo do plano tericopara o campo poltico, o que se concretiza com a chegada ao governo das forasliberal-conservadoras na Inglaterra, em 1979, com Margareth Thatcher; nosEstados Unidos, em 1980, com Ronald Reagan; e na Alemanha, em 1982, comHelmut Kohl. Para o caso ingls, as primeiras polticas de cunho neoliberal aserem implementadas foram a desregulao, a privatizao e a abertura comercial.

    No entanto, estas idias e as polticas delas resultantes, so incorporadas pelosorganismos multilaterais, fundamentalmente FMI e BIRD, e implementadas nospases que recorrem a estas instituies, em especial perifricos.

    A quarta etapa, no nal dos anos 1980, se inicia com a crise do bloco depases comunistas, com o que o neoliberalismo, frontalmente oposto quelasidias, avana ainda mais. tambm neste momento que o neoliberalismo seespraia pela Amrica Latina, embora as primeiras experincias tenham ocorridoj na dcada de 1970, conforme o caso emblemtico do Chile. Num primeiromomento, atravs da economia, no contexto da renegociao das dvidas externas

    latino-americanas, na qual a contrapartida por parte dos pases era a aceitaodas polticas e reformas de corte liberal. Num segundo momento, mesmo que deforma tardia, se assiste no plano ideolgico a uma adeso das elites econmicase polticas latino-americanas ao iderio neoliberal.

    Por m, acrescenta-se aqui uma quinta e ltima etapa, o da atual crise doneoliberalismo, ainda que no se trate de uma derrota, mas que existe como tal. Essacrise se deve incapacidade das polticas neoliberais em retomar o crescimento/desenvolvimento econmico nos pases que aderiram a esse receiturio de polticas.

    Portanto, trata-se de uma crise que coloca em xeque tais polticas e, como respostamais clara, leva a subida ao poder de vrios governos na regio latino-americanaque, de forma mais ou menos acentuada, so eleitos a partir do descontentamentosocial com os resultados da estratgia neoliberal.

    Assim, o neoliberalismo, enquanto discurso e posicionamento poltico-ideolgico tambm parte da armao que a sociedade viveria uma nova era. Estenovo mundo, sob a denominao de globalizao, seria caracterizado pelo aumentono uxo internacional de bens e servios (globalizao comercial), expanso dasempresas transnacionais e de suas operaes em distintos pases, armao de umanova (a terceira) revoluo tecnolgica (estes dois ltimos aspectos conformariam

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    a globalizao produtiva), e a maior integrao e interpenetrao dos mercadosnanceiros (globalizao nanceira).

    Este novo mundo globalizado, fruto da vitria dos mercados sobre a regulaoestatal da economia, caracterstica tanto das sociedades capitalistas reguladas

    pelo keynesianismo, como das sociedades totalitrias do socialismo, conformaria

    novas caractersticas imperativas para a insero das economias. Se o mundo est,presumidamente, em uma nova fase de maior inter-relao entre os mercados, qual a (nica) forma de insero possvel nesse novo contexto? A resposta, para estetipo de pensamento, no poderia ser mais bvia: polticas de abertura (comerciale nanceira) e desregulamentao dos mercados. Ou seja, o neoliberalismo seriaa nica forma de insero possvel dentro desse novo mundo globalizado.

    Qual a estratgia de (auto) armao da ideologia neoliberal? Armara presumvel existncia de um novo mundo que apresenta justamente as

    caractersticas a partir das quais a nica forma de insero possvel so justamenteas polticas apregoadas por esse pensamento. Procede-se da mesma formamisticadora que o ps-modernismo. J que se trata do mesmo procedimentohiposttico e misticador, seriam, portanto, o neoliberalismo e o ps-modernismosinnimos, equivalentes?

    De incio, o que se pode constatar de forma mais bvia que os dois estodentro do contexto histrico do capitalismo contemporneo, ou seja, das ltimasdcadas, chame-se ele como se queira, globalizao, mundializao, capitalismoneoliberal, capitalismo exvel, etc.

    Essa casual coincidncia histrica mera aparncia. Trata-se de duasfacetas ideolgicas e polticas dessa pretensa nova era, do capitalismo em suafase contempornea e, portanto, as duas so, como visto, parte e produto dessafase histrica, ao mesmo tempo em que hipostasiam e misticam essa relao.Para alm dessa adequao ao contexto histrico, isso tem repercusses muitorelevantes do ponto de vista poltico. Kohan (2007: 16-17) deixa isso mais do queclaro quando conclui:

    Por abajo, nos sugeran eludir o directamente abandonar la lucha por el poder; porarriba les decan que haba que endurecer la dominacin, la fuerza y el poder. Porabajo queran convencernos de mirar nicamente nuestros respectivos ombligos... sin poder cruzar las miradas; mientras por arriba les facilitaban el camino paraalcanzar una poltica global del mercado frente a la sociedad. De este lado, conla vista cada vez ms restringida a lo micro y a la punta de los zapatos, del otrolado del muro de la dominacin, cada vez ms abarcadores de lo macro. Entreel arriba y el abajo, entre el posmodernismo y la mundializacin neoliberaldel capitalismo imperialista, entre el culto de la diferencia y la estandarizacinimplacable del mercado capitalista existe una estrecha relacin (?)

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    Mesmo com essa relao clara entre o ps-modernismo e o neoliberalismo,ainda existiria uma aparente contradio entre a racionalidade micro, fragmentada,heterognea, do primeiro e a lgica macro, totalizante, do segundo. Trata-se,tambm, de pura aparncia. A explicao dessa aparncia para desgosto dos

    ps-modernos est na teoria marxista do fetichismo. A lgica fetichista do capitalcombina de forma dialtica a privatizao da vida cotidiana, o culto identidademicro e aos guetos, com a expanso totalizante e mundializada dos mercados

    globais, isto , a postura ps-moderna com a lgica do capitalismo neoliberal e

    mundializado.

    Como? Justamente pelo fato de que os trabalhos individuais s se tornamsociais, nesta sociabilidade do capital, atravs (por intermdio, pela mediao)das trocas entre os produtos do trabalho, no mercado; trocas estas realizadas por

    equivalentes, valores iguais. a subordinao do individual ao socializado, pelomercado. o indivduo subordinado ao produto do seu trabalho enquanto valor,que s se realiza no mercado. o fetiche das mercadorias, com seu desdobramentodialtico no fetiche do capital, que explica essa relao entre a lgica ps-modernado micro com a racionalidade macro do mercado absoluto neoliberal.

    Eagleton (1998) percebe isso quando situa o ps-modernismo enquanto umaideologia historicamente determinada. Para esse autor, a nova fase do capitalismo,em especco a retomada do processo de acumulao do capital, aps a crise denal dos 60s e incio dos 70s do sculo passado, baseada, dentre outras coisas,

    em uma ideologia/prtica neoliberal, requer dois sistemas contraditrios dejusticao. Do ponto de vista poltico, requer-se uma democracia formal queproteja o contrato social, ou seja, a preservao do coletivo social, da sociabilidadeassumida neste momento histrico. De outro ponto de vista, o econmico, requer-se uma atomizao/casustica dos indivduos que manifestam suas prefernciasindividuais, especicamente na satisfao que adquirem no consumo.

    Essa contradio se manifesta na apologia da soberania do consumidor,individual, atomizado, casustico em suas escolhas, mas que, para tanto, necessita

    obrigatoriamente subsumir-se aos desideratos do prprio mercado, uma vez que,para consumir, necessrio possuir dinheiro, e, para isto, no h alternativa ano ser vender previamente algum produto do qual seja proprietrio/produtor.Entretanto, se esse produto no possui aceitao social (demanda), a soberania doconsumidor est fadada a restringir-se ao terreno das possibilidades no efetivadas.Que soberania do indivduo essa que s se efetiva em razo daquilo que o social(expresso, no capitalismo, pela diviso social e mercantil do trabalho) permite?Assim como a democracia, a soberania do individuo no consumo, valores tocaros ideologia neoliberal, e ao pensamento ps-moderno, parece se restringir

    ao campo do meramente formal, vazio de contedo.

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    Ou seja, o ps-modernismo parece transitar entre uma prioridade namanifestao dos desejos individuais, o que se adequa perfeitamente defesaneoliberal da sociabilidade mercantil, e a rejeio de qualquer valor pr-estabelecido,totalizante, no sentido de que molda e, portanto, restringe a totalidade dos

    comportamentos individuais, especcos.Independentemente disso, o ps-modernismo, justamente por se negar

    a aceitar qualquer discurso/teoria/interpretao totalizante, no tem em suaformulao qualquer posicionamento crtico frente sociabilidade capitalista, aomenos no enquanto um modo de produo com suas leis gerais de funcionamentoe contradies poltico-econmicas que requerem, para ser contestadas/criticadas,de uma teoria/prtica que d conta justamente desse movimento total do capital.O mximo que se pode, dentro de uma perspectiva ps-moderna, contestar as

    manifestaes pontuais, especcas, destas contradies do capitalismo. Por qu?Justamente porque a perspectiva ps-moderna tem em sua base a fragmentao.Como o referente o fragmento (indivduo, regio, localidade, etnia, raa, gnero,ecologia, etc.), e esses fragmentos vivenciam distintas formas de manifestao dacontradio/opresso capitalista, eles devem assumir uma perspectiva crtica frentea essas manifestaes. Por que no uma perspectiva crtica frente totalidade docapitalismo? Porque a contestao, nestes marcos, se d para defender o especco,o fragmentado. A rejeio totalidade inclusive totalidade da perspectivateorizante e da prtica poltica um dos princpios ps-modernos.

    Qual a vantagem ideolgica da negao de perspectivas totalizantes? Seriaexatamente o abandono dos grandes objetos/objetivos em favor da histriaem migalhas, como arma Cardoso (2001: 89-90)

    isto supe uma sociedade fragmentada em subculturas, numa ausncia dehorizontes holsticos, coletivos, bem como da possibilidade de qualquer tipode mobilizao global. Da todo o esforo feito desde 1974 e ampliado em1989 para destruir um grande objeto da histria como a Revoluo Francesa:estuda-se a revoluo no quotidiano, como festa, como ritual, como cultura, ao

    mesmo tempo em que ela descaracterizada como revoluo social.

    Qual a conseqncia disso? O modo de produo capitalista, enquanto umsistema realmente totalizante, nas suas possibilidades, limites e contradies, nunca contestado. O que se combate so as suas formas de manifestao meramentepontuais, no a sua lgica, que queiram os ps-modernos ou no total6.No enfrent-lo nessa sua caracterstica objetiva, real, equivalente a aceit-lo,

    6A fora do conceito de mercado, portanto, reside em sua estrutura totalizante, como se diz hojeem dia: ou seja, em sua capacidade de oferecer um modelo de uma totalidade social (Jameson,

    1996: 290). O que Jameson constata para a sociedade e ideologia mercantis pode facilmente serextrapolado para a sociedade e ideologia capitalistas.

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    resignadamente, como algo inevitvel, inexorvel, acabado, ahistrico.

    Ora, justamente essa a caracterstica da ideologia neoliberal. Ela seapresenta como nica forma de entendimento e proposio prtica para a novaera, a globalizao. Por qu? Porque as caractersticas da globalizao, como visto,

    colocam apenas uma forma de insero nessa nova realidade, uma nica formade pensamento. assim que se apresenta o neoliberalismo. No como uma novaforma de interpretar o mundo. Como a nica forma de faz-lo, ao menos a nicaque no retrgrada, saudosista, utpica. Trata-se do pensamento nico. Comoo capitalismo liberal demonstrou-se vitorioso historicamente e, portanto, no halternativas a essa sociabilidade, no existem alternativas ideolgicas.

    A hegemnica ideologia conquistada pelo neoliberalismo tem essaconformao. O capitalismo, enquanto um sistema global, no pode mais ser

    contestado. A globalizao capitalista uma realidade que veio para car. No secontesta. Como o ps-modernismo se insere nisto? Aqui no importa tanto sealguma perspectiva ps-moderna consegue se contrapor idia hegemnica deque o capitalismo veio para car, ou que impossvel contest-lo. O fato que,para ser coerente com sua prpria postulao e defesa da fragmentao, o ps-modernismo, na prtica, no contesta o capitalismo como um sistema totalizantee global; multifacetado sim, mas com uma lgica geral de funcionamento quetranscende o mero somatrio de suas distintas formas de manifestao. A posturaprtica do ps-modernismo de no contestar a lgica capitalista como ela defato . Deliberadamente ou no, a resignao ps-moderna equivale defesaneoliberal de que impossvel contestar um sistema vitorioso e que veio para car.Assim, o ps-modernismo e o neoliberalismo se apresentam como duas facetasdo propalado pensamento nico. O irnico que o segundo o faz justamente porsuas pretenses totalizantes e hegemonizadoras, enquanto o primeiro se resignaa aceitar essa caracterstica globalizante do capitalismo neoliberal justamentepor indispor-se contra qualquer prtica a partir da totalidade. Elementos de ummesmo pensamento nico um aspecto de identidade entre o ps-modernismo

    e neoliberalismo, mas certamente no o nico.Se a condio ps-moderna, baseada na sociedade ps-industrial, exercida

    (e regozijada) atravs dos prazeres obtidos a partir do consumo de bens, servios,arte, etc., nada mais propcio para essa manifestao do que o aprofundamento dasrelaes mercantis. Nas relaes mercantis o carter social do ser humano no obtido imediatamente a partir de relaes sociais. O mercado que faz a mediaoentre os indivduos e o carter social de seus relacionamentos com seus semelhantes.Assim, ao mesmo tempo em que o mercado a instncia prpria da realizao doconsumo, ele propicia o exerccio ainda que meramente aparente da soberaniado consumidor, individual, que no se submete a nenhum imperativo totalizante.

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    144 DOSSI: Embates tericos

    O ps-modernismo, assim como o neoliberalismo, no consegue perceber,neste ponto, algo que parece bvio. Em primeiro lugar, a sociabilidade mercantiltambm totalizante e opressora, no sentido de que obriga os indivduos a sesubmeterem sua lgica global, sob pena de negar a existncia social a indivduos

    que nela no participem, por vontade prpria ou o que mais comum pelo fatode que o sistema capitalista no consegue absorver toda a populao que no temoutra alternativa para sobreviver, a no ser vendendo sua fora de trabalho. Emsegundo lugar, e relacionado ao anterior, a soberania do consumidor aparente,

    falsa. Por qu? Porque o padro de consumo no criado subjetivamente peloconsumidor, mas moldado em grande medida por modismos e propagandas,

    criados pelo prprio capitalismo, de acordo com suas necessidades de valorizao.

    O aprofundamento das reformas neoliberais signica justamente a ampliao

    do campo de realizao das quimeras ps-modernas e, na medida em que o primeiroleva ampliao do processo de acumulao do capital, com todas as contradiesque isto implica, a segunda se molda, encaixa, perfeitamente com esta lgica.Neoliberalismo como aprofundamento da lgica do capital e ps-modernismocomo padro cultural, esttico e comportamental (inclusive na prtica loscae poltica) adequado a isso; esta parece ser a real combinao conservadora dosnovos tempos 7.

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    7A alocao de mercado e de terra de aluguel dessa espcie j enquadrou muitas paisagens urbanasem novos padres de conformidade. O populismo do livre mercado, por exemplo, encerra as classesmdias nos espaos fechados e protegidos dos shoppingse trios, mas nada faz pelos pobres, exceto

    ejet-los para uma nova e bem tenebrosa paisagem ps-moderna de falta de habitao (Harvey,2007:79).

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