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Carta pastoral sobre os 10 anos da aapsjmv

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...

2ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA

SÃO JOÃO MARIA VIANNEY

Carta do Papa Bento XVIcongratulando-se com os 10 anos

da Administração Apostólica São João Maria Vianney

Excelentíssimo e Reverendíssimo

1lBOM jf ERNANDO ~RÊAS lL\,IFAN

Administração Apostólica Pessoal S. João Maria Vianney

Informado de que no dia 18 de agosto de 2012 a Administração ApostólicaPessoal S. João Maria Vianney estará comemorando o seu primeiro decêniode criação, inspirada pelo lema dessa ocorrência jubilar 4<10anos de graças:gratidão, reflexão e missão", Sua Santidade o Papa Bento XVI desejaassociar-se ao jubiloso canto de ação de graças recordando com especialgratidão a Deus todos os sacerdotes e fiéis leigos dessa Administração quese dedicam à edificação do Corpo Místico de. Cristo, na fidelidade aoSucessor de Pedro, na certeza de que a Igreja é o «edifício espiritualconstruí do sobre Cristo como pedra angular e, n~ sua dimensão terrena ehistórica, sobre a rocha de Pedro» (Bento XVI, Homilia de 29/VI/2012). Afim de que se produza sempre o fruto almejado de uma fecundaevangelização nessa porção do Povo de Deus confiada aos cuidadospastorais de Vossa Excelência, o Sucessor de Pedro implora do Altíssimograças especiais de intenso fervor espiritual e de autêntica renovaçãoec1esial sobre as paróquias, suas iniciativas pastorais e obras de aposto ladoe em sinal de Sua paterna benevolência e como prova de íntimaparticipação nas solenidades, de todo o coração o Santo Padre concede atodos uma especial Bênção Apostólica.

...

Vaticano, 15 de julho de 2012.

ffi Angelo BecciuSubstituto

da Secretaria de Estado de Sua Santidade

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Dom Fernando Arêas RifanBispo Titular de CedamusaAdministrador Apostólico

Carta a toralAos sacerdotes e fiéis

da Administração Apostólica PessoalSão João Maria Vianney

sobre os dez anosda Administração Apostólica Pe oal

São João Maria Vianney

10 anos de graça:"Gratidão,

Reflexão e Missão"

"Misericordias Domini,in aeternum cantabo."

"Cantarei eternamenteas misericórdias do Senhor"

(Salmo 88, 2)

3

............

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICASÃO JOÃO MARIA VIANNEY

Caríssimos colaboradores e amados filhos,

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo e suaMãe, Maria Santíssima!

A todos desejo muita paz espiritual, com a alegriade serem filhos da Santa Igreja e a tranquilidade deconsciência por estarem na sua plena comunhão, eque recebam muitas graças e bênçãos de Deus, sob aproteção de Maria Santíssima, a Mãe da Igreja.

Neste ano de 2012, celebramos com muito júbilo osdez anos da nossa querida Administração Apostólicae os dez anos da minha Ordenação Episcopal. Esco-lhemos humildemente para a celebração deste eventocomo tema: "J Oanos de graças: gratidão, reflexão emissão" e, como lema, a frase do salmo 88, 2: "Mise-ricordias Domini in aeternum cantabo " - "Cantareieternamente as misericórdias do Senhor". , .."

Escrevo-lhes com o coração cheio de regozijo, pe-dindo a todos que se unam à minha oração de ação degraças, às minhas reflexões sobre essa grande mercêa nós concedida pela Igreja e sobre a missão que elanos deu.

Oração

Ó Deus, que corrigis os erros, unis os que andamdispersos e conservais os que estão unidos, infundicom bondade sobre o povo cristão, nós vos pedimos,a graça da vossa união, a fim de que, rejeitadas as divi-sões e unindo-se ao verdadeiro Pastor da vossa Igreja,possa servir-vos dignamente. Por Cristo, Nosso Se-nhor. Amém.

(Oração da Missa "pro Ecclesiae unitate")

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10 ANOS DI; GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

I-Gratidão

1. Recordando a nossa história passada

Para compreendermos melhor tão grande misericórdiade Deus e da Igreja para conosco, que estamos agradecen-do, vamos recordar um pouco da nossa história. A grandealegria que agora temos, de estarmos na plena comunhãoda Igreja e sermos reconhecidos como católicos, foi prece-dida de tristes antecedentes. Mas Deus soube nos conduzire, como sempre, tirar do mal um grande bem. Graças aDeus! Tivemos acertos e erros: é preciso corrigir os erros econservar os acertos.

"Haec olim meminisse juvabit!" - Será oportuno recor-dar essas coisas. "Vamos contar à geração seguinte asglórias do Senhor, o seu poder e os prodigios que operou"(Salmo 78, 4).

1. Fatos antecedentes: considerações

1.1 - Crise mundial civil e religiosa

Na segunda metade do século XX, fruto de várias ide-ologias, mudanças comportamentais e também reflexo dasduas guerras mundiais, grande crise cultural e civilizacionalse instalou no mundo contemporâneo, com repercussõesna área religiosa. Assim, antes, durante e principalmentedepois do Concílio Vaticano lI, como em outros períodosda sua história, grande crise instalou-se também na Igreja,com apostas ias em grande escala de padres e religiosos,dessacralização da liturgia, laicização do clero, diminuiçãode vocações, esvaziamento dos seminários, mundanização,ecumenismo irenista, sincretismo religioso, etc. Como dis-se o Papa João Paulo II sobre esse período: "...foram espa-lhadas a mãos cheias ideias contrárias à verdade reveladae sempre ensinada; propagaram-se verdadeiras heresiasnos campos dogmático e moral... também a Liturgia foiviolada" (Discurso no Congresso das Missões, 6/2/1981)

Com relação ao período pó~éílio Vaticano lI, oPapa Bento XVI, fazendo uma analogia, lembrou o co-mentário de São Basílio que descreveu o que aconteceuapós o Concílio de Nicéia, comparando aquele período auma batalha naval na escuridão da tempestade, onde 'ogrito rouco daqueles que, pela discórdia, se levantam unscontra os outros, os palavreados incompreensíveis e o ru-ido confuso dos clamoresininterruptos já enche-ram quase toda a Igreja,falsificando, por excessoou por defeito, a reta dou-trina da fé ... ' (De SpirituSancto, XXX, 77; PG 32,213 A; Sch 17 bis, pág.524)" (Bento XVI, dis-curso à Cúria Romana, 22de dezembro de 2005).

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Capela em construção

ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICASÃO JOÃO MARIA VIANNEY

1.2 - Dom Antônio de Castro Mayer,Bispo de Campos

Em 1948, foi nomeado bispo deCampos Dom Antônio de CastroMayer, professor, doutor em Teo-logia, formado pela UniversidadeGregoriana de Roma, muito fiel aoMagistério da Igreja. Dom Antônio,através dos seus sermões, artigos esobretudo brilhantes Cartas Pasto-rais, alertava continuamente seuspadres e diocesanos contra os errosatuais, já condenados pela Igreja,que se infiltravam por toda a parte. Enesse espírito de fidelidade à Igrejae sua disciplina Dom Antônio formava seus padres. Alémdo seu exemplo pessoal de uma vida santa, somos-lhe gra-tíssimos pela formação católica que nos legou.

Dom Antônio participou do Concílio Vaticano 11, de1962 a 1965, e assinou, junto com o Papa Paulo VI e osBispos conciliares, a promulgação dos seus documentos.Durante e após o Concílio, Dom Antônio procurou dar aospadres e fiéis a legítima interpretação do "aggiornamen-to" desejado pelo Papa João XXIII, advertindo contra osque, aproveitando-se do Concílio, procuravam fazer re-viver na Igreja o modernismo e seu conjunto de heresias,caracterizando o que foi denunciado pelo Papa Paulo VIcomo a "autodemolição da Igreja". Escreveu então trêsCartas Pastorais sobre a correta interpretação do Concílio:Carta Pastoral sobre os Documentos conciliares: sobre aSagrada Liturgia (Sacrosanctum Concilium) e instrumen-,tos de comunicação social (Inter mirifica), em 8/12/1953;Instrução Pastoral sobre a Igreja (Lumen gentium), ondeexplica bem a colegialidade, em 2/3/1965; Carta PastoralConsiderações a propósito da aplicação dos Documentospromulgados pelo Concílio Ecumênico Vaticano Il, após otérmino do Concílio, em 19/3/1966.

1.3 - A Reforma Litúrgica pós Conciliar

Após o Concílio, aconteceu a reforma na Liturgia, de-sejada por todos, como preconizara a Sacrossanctum Con-cilium. Mas, assim como o Concílio Vaticano II, a Refor-ma Litúrgica dele provinda, tendo ocorrido num períodoconturbado de grande crise na Igreja, serviu de ocasião epretexto para grandes abusos e erros, cometidos e propa-gados em seu nome. Os abusos e erros foram tantos quelevaram muitos a confundi-Ios com o próprio Concílio ecom a Reforma Litúrgica enquanto tais, como se essa fossea sua verdadeira aplicação e interpretação.

Já o Papa Paulo VI lamentava: "Em matéria litúrgica,as próprias Conferências Episcopais vão às vezes, por sua

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lO-ANOS DE GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

própria conta, além dos justos limites. Acontece igualmen-te que sefazem experiências arbitrárias ou que se introdu-zam ritos que estão em oposição flagrante com as regrasestabelecidas pela Igreja" (Discurso de S.S. Paulo VI naXI Plenária do Consilium, 14 de outubro de 1968).

o Cardeal Antonelli, membro da Comissão Pontificia para aReforma Litúrgica, confessa que a reforma estava sendo feita por"pessoas ... avançadas nas trilhas das novidades ..., sem nenhumamor e nenhuma veneração por aquilo que nosfoi transmitido"(Il CardoFerdinando Antonelli e gli sviluppi delia riforma liturgi-ca dai 1948 ai 1970 - Studia Anselmiana - Roma - 1998).

Nesse clima, muitos preferiram conservar a liturgia nasua forma antiga. O mesmo fez, por questão de consciên-cia, Dom Antônio de Castro Mayer.

Ademais, no seu Motu Proprio Summorum Pontificum,de 7 de julho de 2007, no qual libera oficialmente o usodo Missal Romano promulgado por São Pio V para toda aIgreja, o Papa Bento XVI afirma: "...Por isso é lícito cele-brar o Sacrificio da Missa segundo a edição típica do Mis-sal Romano promulgado pelo beato João XXIII em 1962,que não foi ab-rogado nunca, como forma extraordináriada Liturgia da Igreja". E na Carta aos Bispos que acompa-nha o Motu Proprio, ele reforça que "este Missal (de SãoPio V) nunca foi juridicamente ab-rogado e, consequente-mente, em princípio, sempre continuou permitido".

Nessa presunção de direito, Dom Antônio de CastroMayer conservou também na Diocese de Campos a formalitúrgica antiga do Rito Romano.

Observe-se, porém, que, no tempo do episcopado deDom Antônio, que preferia e celebrava a Missa no rito an-tigo, no período de 1969 (quando foi promulgada a NovaMissa) até 1981 (quando Dom Antônio se tomou emérito),havia na diocese de Campos paróquias e Igrejas onde se ce-lebrava a Missa de São Pio V ao lado de paróquias e Igrejasonde se celebrava a Missa de Paulo VI, com a permissãodo Bispo Diocesano, que conservou, e chegou mesmo a no-mear párocos, sacerdotes que só celebravam no novo rito.

Sem negar as vantagens da Reforma Litúrgica, existemmuitas razões de se conservar a forma antiga, razões ecle-siais históricas, teológicas, litúrgicas, espirituais e estéti-cas. O então Cardeal Ratzinger, hoje nosso Papa BentoXVI, assim confessava: "Se bem que haja numerosos moti-vos que possam ter levado um grande número de fiéis a en-contrar refúgio na liturgia tradicional, o mais importantedentre eles é que eles aí encontram preservada a dignidadedo sagrado" (Conferência aos Bispos chilenos, Santiago,13/7/ 1988).

O mesmo Cardeal Ratzinger escreveu que, quandofoi promulgado o novo Ordo, "ficou consternado com aproibição do antigo missal, pois isso nunca se tinha vistoem toda a história da liturgia ... O decreto de interdição

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do missal que se tinha desenvolvido no curso dos séculos,deste o tempo dos sacramentários da antiga Igreja, signifi-cou uma ruptura na história da liturgia, cujas consequên-cias só poderiam ser trágicas" (Joseph Ratzinger, La miavita, Edizioni San Paolo, pág. 111 e 112). E ele acrescen-tava: "A meu ver, devia-se deixar seguir o rito antigo commuito mais generosidade àqueles que o desejam. Não secompreende o que nele possa ser perigoso ou inaceitável.Uma comunidade põe a si mesma em xeque quando decla-ra como estritamente proibido o que até então tinha tidocomo mais sagrado e o mais elevado, e quando considera,por assim dizer, impróprio o desejo dessa coisa ... Infeliz-mente, entre nós, a tolerância de experiências aventureirasé quase ilimitada; contudo, a tolerância da liturgia antigaépraticamente inexistente. Desse modo, está-se certamen-te no caminho errado" (Cardeal Joseph Ratzinger, O Salda Terra, Imago, pág. 141-142).

1.4 - Dom Carlos Alberto Navarro,Bispo de Campos

Na Diocese de Campos, com achegada do novo Bispo, Dom CarlosAlberto Navarro, sucessor imediatode Dom Antônio de Castro Mayer, asituação anterior mudou, pois o novoBispo, por decreto, proibiu a Missana forma antiga. Seu decreto, assina-do em 25 de agosto de 1982, apenasnove meses após sua posse ocorridaem 15 de novembro de 1981, orde- ......nava "a partir de 25 de outubro de .. '1982, o uso EXCLUSIVO (as maiúsculas são do texto' dodecreto) dos Livros Litúrgicos aprovados pela Sé Apostóli-ca, e em vigor na Igreja Latina, jazendo-se especial men-ção da Constituição Apostólica do Santo Padre Paulo VI,de três de abril de 1969, que promulga o Missal Romanorestaurado ... ". Com a ameaça: "Se algum presbítero ousardesobedecer a quanto se prescreve neste Decreto, o queesperamos não aconteça, fica desde já canonicamente ad-vertido de que seremos obrigados a dar cumprimento aosSagrados Cânones, com especial menção dos cc. 2331 §§1 e 2 e/ou 2337 (censuras e penas canônicas, que vão até àretirada das dignidades e cargos) ".

Essa proibição, que constemou no seu tempo ao CardealRatzinger, acima citado, entristeceu e abalou também mui-tos padres e fiéis na Diocese de Campos. E, como o CardealRatzinger também disse, as consequências seriam trágicas.

Como esses padres, alegando questão de consciência,continuaram a celebrar na forma antiga, o Bispo cumpriu aameaça, retirando-os das paróquias.

Esses padres formaram a União Sacerdotal São JoãoMaria Vianney. Considerando-se em estado de necessida-

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1Q ANOS D~ GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

de, continuaram atendendo o povo, numa situação canoni-camente anormal e mesmo irregular, com grande risco dese formar um cisma.

1.5-Afirmaçõeseatitudesequivocadas

Nessa difícil situação na qual sofremos perseguições einjúrias, houve também da nossa parte comportamentos eafirmações dissonantes das normas e ensino da Igreja, dasquais já nos penitenciamos e que corrigimos. Tais exagerose atitudes erradas com relação ao Magistério e à hierarquiada Igreja infelizmente serviram para aumentar a separaçãoentre nós e a autoridade diocesana, provocando suas pe-nas canônicas e destituições. Essas afirmações e atitudes,- estávamos em outras circunstâncias e em outro contextodiferente do atual -, devemos examiná-Ias e retificá-Ias àluz do Magistério perene e vivo da Igreja, que é o critériode verdade, ortodoxia e comportamento para o católico.Se hoje, comparada com as anteriores, mudamos algumaatitude nossa, foi para nos adequarmos às orientações doMagistério. Alguns podem erroneamente pensar que o quefoi feito, dito ou vivido num período de exceção e irregu-laridade seja o ideal e o normal para um católico. Não! Onormal para todo católico é viver de acordo com o Ma-gistério vivo da Igreja, unido e submisso à sua hierarquia.Não se pode apelar para aqueles antigos comportamentosou afirmações dissonantes do Magistério, como argumentode terem sido adotados antes, como se tais atitudes ou afir-mações fossem os únicos critérios de verdade, infalíveis enunca passíveis de correção e melhor expressão. Quantossantos, mesmo doutores da Igreja, não erraram em doutrinae em comportamento! Por isso, nos ensina Santo Tomás deAquino que "devemos nos apoiar, antes, na autoridade daIgreja do que na de Agostinho, de Jerônimo ou de qualqueroutro doutor" (Summa Theologica, lI-lI, q. 10, a. 12).

A maioria desses erros era cometida não pela falta dereta intenção, mas pela má direção nos ataques, porque hojecontinuamos a combater esses erros, agora, porém, na dire-ção correta. É preciso sempre ajustar a prática aos princípiosque defendemos. Se reconhecemos as autoridades da Igreja,é necessário respeitá-Ias como tais, sem jamais, ao atacar oserros, desprestigiá-las. Os princípios, a adesão às verdadesda nossa Fé e a rejeição aos erros condenados pela Igrejacontinuam os mesmos. O que se deve evitar são as generali-

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zações, ampliações e atribuições indevidas e injustas. Mui-tas vezes, na ânsia de defender coisas corretas e sob pres-são dos ataques dos opositores, mesmo com reta intençãopodem-se cometer erros e exageros que, após um período demaior reflexão, devem ser retificados e corrigidos. Erros po-dem ser compreendidos e explicados, mas não justificados.

1.6 - Explicando essas atitudes

Mas, verdade seja dita, no maior período da crise, muitosenganos nossos de julgamento foram provocados por afirma-ções e ações erradas que víamos difundidas por quase todaa Igreja, muitas das quais, infelizmente, continuam. Assim,se, por um lado, nós confessamos que houve exagero e mádireção nas críticas feitas ao Concílio Vaticano II e ao NovoOrdo da Missa, devemos, por outro, admitir que isso acon-teceu não só por causa do clima apaixonado e polêmico daépoca, mas também, sobretudo, devido ao ostracismo brutale à perseguição da qual a antiga liturgia foi vítima e dos abu-sos cometidos em nome do Concílio, o que levava a muitos aatribuí-los equivocadamente ao próprio Magistério da Igreja.

Ademais, a questão é mais profunda do que parece: elaatinge também dogmas da nossa fé. A Missa na forma anti-ga, dita de São Pio V, é fruto do Concílio de Trento e é umaclara expressão dos dogmas eucarísticos, especialmentesobre o Santo Sacrificio da Missa, tão bem formuladosnesse grande concílio que condenou os erros protestantes.Daí se segue que o ódio sistemático contra a Missa na for-ma antiga suscitou uma reação, que alguns podem julgarexagerada, mas que foi motivada por razões de fé. . ..

Alusivas a isso, citamos as sérias e impressionantes pa~lavras do então Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Con-gregação para a Doutrina da Fé. Após citar uma análise deStephan Orth, que constata que "hojemuitos católicos ratificam eles mes-mos o veredicto e as conclusões deMartinho Lutero, para quem falar desacrificio é 'o maior e mais espantosohorror' e uma 'maldita impiedade' ",comentava o então Cardeal JosephRatzinger: "Um grupo considerávelde liturgistas católicos parece terpraticamente chegado à conclusãode que Lutero, ao invés de Trento,estava substancialmente certo no debate do século XVI...Alguém pode observar bem a mesma posição nas discus-sões pós-conciliares sobre sacerdócio. É só neste fundo dedesqualificação prática de Trento, que se pode entendera exasperação da luta contra a possibilidade de celebrarainda, depois da reforma litúrgica, a Missa de acordo como Missal de 1962 ... A possibilidade de tal celebração cons-titui a mais forte, e, por conseguinte, a mais intolerávelcontradição da opinião daqueles que acreditam que a féna Eucaristia formulada por Trento perdeu seu valor. .. ".

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10 ANOS DE GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

"A gravidade destas teorias vem do fato que frequente-mente elas passam imediatamente para a prática. A tese,segundo a qual é a comunidade que é como talo sujeitoda Liturgia, serve como uma autorização para manipulara Liturgia de acordo com o entendimento de cada um. Aspretensas novas descobertas e as formas que as seguem,são difundidas com uma rapidez surpreendente e com umaobediência a tais modas que há muito não existe com rela-ção às normas da autoridade eclesiástica. Teorias, na áreada Liturgia, se transformam hoje muito rapidamente emprática, e a prática, por sua vez, cria ou destrói modos dese comportar e pensar... Trento não cometeu um engano,apoiou-se no fundamento sólido da Tradição da Igreja. Elecontinua a ser um critério fidedigno ".

1.7 - Ordenações episcopaisde Dom MareeI Lefebvre

Nesse tempo de confusão doutrinária e de perseguição àMissa na forma antiga e aos católicos que a conservavam,víamos as ordenações sacerdotais e episcopais ilícitas feitaspor Dom Marcel Lefebvre como algo necessário, devido àcrise, um caso de necessidade. Por isso as julgávamos lícitase as apoiamos. Na mesma linha de pensamento, com a in-

tenção declarada de não quererfazer qualquer cisma ou dioceseparalela, solicitamos aos Bisposda Fratemidade São Pio X quesagrassem Bispo, sem juris-dição, apenas com o poder deOrdem para atender aos fiéis dalinha tradicional, um dos nossospadres, Mons. Licínio Rangel(1991).

Depois, estudamos melhor os documentos do Magisté-rio, especialmente a Encíclica Ad Apostolorum Principis,de Pio XII, o Motu Proprio Ecclesia Dei Adflicta de JoãoPaulo TI e especialmente a "Nota Explicativa sobre a exco-munhão por cisma em que incorrem os que aderem ao mo-vimento do Bispo Marcel Lefebvre" do Pontifício Conselhopara os Textos Legislativos, de 24 de agosto de 1996 (masda qual só tomamos conhecimento no ano de 2001), sobrea interpretação autêntica desse Motu Proprio Ecclesia Dei.Nesta "Nota Explicativa ", sobre o "estado de necessidadeno qual Mons. Lefebvre pensava se encontrar", se explicaque "deve-se ter presente que tal estado deve verificar-seobjetivamente, e que não se dá jamais uma necessidadede ordenar Bispos contra a vontade do Romano Pontífice,Cabeça do Colégio dos Bispos. Isto de fato significaria apossibilidade de 'servir' a Igreja mediante um atentadocontra a sua unidade em matéria conexa com os própriosfundamentos desta unidade ".

Então chegamos à conclusão que não se poderia jamaister tomado aquela atitude, que realmente seria contra a

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doutrina e a Tradição da Igreja e se constituiu em um atocismático.

1.8 - Situação insuportávelpara a consciência católica

Além disso, a falta de comunhão com a Igreja hierár-quica incomodava cada vez mais a nossa consciência decatólicos. Impressionavam-nos as palavras de Santo Agos-tinho: "Ninguém pode encontrar salvação a não ser naIgreja Católica. Fora da Igreja, pode se ter tudo, menosa salvação. Pode-se ter honra, pode se ter sacramentos,pode-se cantar Aleluia, pode-se responder Amém, pode-seter fé no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, epregar isso também, mas nunca se pode, exceto na Igre-ja Católica, encontrar salvação, " (Sermo ad CaesariensisEcclesiae plebem).

Porque, não bastava ter a Missa, por mais bem celebra-da que fosse, na forma ritual de São Pio V, sem estar na ple-na comunhão com a Igreja hierárquica. O Papa João PauloII nos ensina isso na sua encíclica Ecclesia de Eucharis-tia (n. 35), falando da comunhão visível com a hierarquia:"Somente neste contexto, tem lugar a celebração legítimada Eucaristia e a autêntica participação nela".

A recordação de outros ensinamentos do Magistério edos santos começaram também a tomar patente a irregula-ridade da nossa situação:

O Concílio Vaticano I definiu que o Papa é o "perpé-tuo princípio e fundamento visível da unidade da Igreja"(Denz-Schõn 3051); de maneira que "guardada a unidadede comunhão e de fi? com o Romano Pontífice, a Igreja} •.€f.Cristo seja um só rebanho sob um só pastor supremo. Estaé a doutrina da verdade católica, da qual ninguém pode sedesviar, sem perda da fé e da salvação" (Pastor Aetemus,Denz-Shõn 3060).

Santo Tomás de Aquino: "São chamados cismáticosaqueles que se recusam a se submeter ao Sumo Pontíficee aqueles que se recusam a viver em comunhão com osmembros da Igreja, a ele sujeitos" (2a-2ae, q. 39, art. 1).

Papa Pio IX, na Encíclica Etsi multa: "Os próprios ele-mentos da doutrina católica ensinam que ninguém podeser considerado como bispo legítimo, se não estiver unidopela comunhão da fé e da caridade com a pedra sobre aqual Jesus Cristo edificou a sua Igreja".

São Pio X: "O primeiro e maior critério da fé, a regrasuprema e inquebrantável da ortodoxia é a obediência aomagistério sempre vivo e infalível da Igreja, estabelecidopor Cristo columna et firmamentum veritatis, a coluna e osustento da verdade. " (Alocução "C um Vera Soddisfazio-ne", 10/5/1 909).

Dom Antônio de Castro Mayer nos ensinara: "O Papa é

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10 ANOS DE GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLÉXÃO E MiSSÃO

o chefe da Igreja e, como tal, o sinal e a causa da unidadevisivel da sociedade sobrenatural, internamente dirigida evivificada pelo Espírito Santo" (Instrução Pastoral sobre aIgreja, 2/3/1965, capo li). E, ele, já durante o pontificadode S. S. João Paulo li, havia nos orientado: "Assim, comofiéis católicos, nas nossas relações com o Papa devemosnos conduzir por um vivo espirito de Fé. E ver no Papasempre o Vigário de Cristo na terra, cujas palavras, noexercicio de seu múnus, devem ser tomadas como palavrasdo mesmo Senhor. Por isso, ao Papa devemos respeito, ve-neração e dócil obediência, evitando todo espirito de cri-tica destrutiva. É preciso que nosso procedimento reflita aconvicção de nossa Fé que nos aponta no Papa o Vigáriodo próprio Jesus Cristo" (Veritas, abril--maio/ 1980).

Por isso, Dom Licínio Rangel, o pri-meiro Bispo da nossa AdministraçãoApostólica, íntimo amigo e confidentede Dom Antônio, pôde dizer, em entre-vista à revista internacional "30 Dias":"Foi o nosso amor a Roma e ao Papa,nosso senso católico, fruto da formação que recebemos deDom Antônio de Castro Mayer, que nos levou a sempredesejar a união com a Hierarquia da Santa Igreja. Sempretivemos consciência de que a nossa posição de resistênciapró Tradição, e consequente situação de exceção, deveriaser circunstancial, temporária e restrita a assuntos preci-sos, originários de pontos agudos da crise ... sem nenhu-ma intenção de cisma. Prova disso é que, após a morte deDom Antônio de Castro Mayer, quando há dez anos recebio episcopado, de emergência e de suplência para os fiéisda linha tradicional, declarei que esperava que as circuns-tâncias haveriam de mudar e então eu entregaria ao Papao meu episcopado para que ele dispusesse como ele dese-jasse. Nada, portanto, de ruptura com a Igreja. Assim sem-pre ansiamos por uma regularização e reconhecimento. Aoportunidade apareceu após a nossa peregrinação a Romapelo Jubileu do ano 2000, quando o Santo Padre nomeouo Cardeal Daria Castrillón Hóyos para, em seu nome,iniciar as conversações em vista de nossa regularização.As conversações aconteceram durante todo o ano 2001 e,graças a Deus, chegaram a um bom termo, com nosso ple-no reconhecimento canônico no seio da Santa Igreja".

1.9 - Esclarecimentos do Magistério

Nesse período, de 1981 a 2001, muitos documentosemitidos pelo Magistério vieram dissipar dúvidas e inda-gações dos católicos, trazidas pela crise conciliar e pós--conciliar. Assim, por exemplo, a promulgação do Códigode Direito Canônico em 1983; o Catecismo da Igreja Cató-lica em 1992 e 1997; a Carta ApostólicaAd Tuendam Fi-dem com a nova fórmula da Profissão de Fé do Beato PapaJoão Paulo II em 1998; a Declaração "Dominus Iesus" daCongregação para a Doutrina da Fé no ano 2000; a Notifi-

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICASÃO JOÃO MARIA VIANNEY

cação da Congregação para a Doutrina da Fé a propósito dolivro do Pe. Jacques Dupuis, S.J. "Para uma teologia cristãdo pluralismo religioso", de 24 de janeiro de 200 1; a Notadoutrinal sobre alguns escritos do R.P. Marciano Vidal,C.SS.R. de 22 e fevereiro de 2001; a Instrução "LiturgiamAutenticam" da Congregação para o Culto Divino em 28de março de 2001, entre muitos outros. Esses documentosnos fizeram como que recuperar a confiança que sempredeveríamos ter na Santa Sé, como guarda da ortodoxia.

1.10 - Espírito de Fé

Enfim, realmente o que nos conduziu à plena comu-nhão foi um crescimento na fé e na confiança nas promes-sas do Divino Salvador de sua assistência contínua à suaIgreja e na indefectibilidade que ele lhe prometeu, fé e con-fiança às vezes abaladas pelas crises.

Além disso, impressionava-nos também ver como al-guns dos que antes compartilhavam conosco a mesma po-sição, por caírem no radicalismo, perderam completamentea confiança na Igreja, e até apostataram completamente dafé católica, caindo no cisma formal e na heresia. Eles pen-savam guardar a tradição, mas fora da Igreja hierárquica.Sua queda também nos serviu de alerta de como a nossasituação poderia nos levar à ruina.

A situação anômala, pois, em que nos encontrávamosna Igreja muito nos preocupava e não poderia durar inde-finidamente. Todos ansiavam para que tudo voltasse aonormal. Mas não sabíamos como resolver o impasse deconservarmos nossa posição doutrinária e litúrgica, )i.~Qconcordando com os erros atuais e abusos e, ao mesmotempo, sermos inseridos na plena comunhão, reconhecidospela Hierarquia da Igreja. Nós não sabíamos, mas Deus sa-bia. E tudo dispôs na sua infinita sabedoria e misericórdia.

2. A solução

2.1 - Nossa petição ao Papa

No Jubileu do ano 2000, os padres da "União Sacerdo-tal São João Maria Vianney" participaram da peregrinaçãodo Ano Santo em Roma.

A partir de então, o Cardeal Darío Castrillón Hoyos,prefeito da Congregação para o Clero e da Pontificia Co-missão Ecc\esia Dei, com a aprovação e a bênção do SantoPadre o Papa João Paulo lI, começou as conversações emvista de uma regularização jurídica da situação dos assimchamados padres e fiéis da Tradição. A Santa Sé propôsentão uma reconciliação aos padres da União SacerdotalSão João Maria Vianney.

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10 !,NOS DE ~RAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

A proposta da Santa Sé foi largamente discutida porDom Licínio com todos os padres, antigos e novos, em vá-rias reuniões, durante cerca de um ano. As tratativas coma Santa Sé duraram de janeiro a dezembro de 200l. Os pa-dres fizeram um retiro de cinco dias, refletiram bastante,discutiram, estudaram as propostas em conjunto e em par-ticular, tiveram tempo de meditar e opinar, e chegaram àconclusão favorável ao entendimento com a Santa Sé e ao

necessário reconhecimento.

Na ocasião, já era Bispo diocesanode Campos, Dom Roberto Gomes Gui-

\ marães, ordenado sacerdote por DomAntônio de Castro Mayer e que tinhasido meu professor no Seminário. So-mos muitíssimo gratos a ele pelo apoioque deu à nossa reconciliação. Por eletambém nossas orações de gratidão nes-

sa comemoração dos nossos dez anos.

Em 15 de agosto de 2001, escrevemos uma carta aoPapa, da qual fui portador em 11 de setembro de 2001. Dia22 de setembro, na hora do almoço, o Cardeal Castrillónleu a nossa carta ao Papa, que chorou de emoção. Para nós,era o começo do outro lado da história.

Nesta carta, dizíamos:

"Beatissimo Padre, humildemente prostrados aos pésde Vossa Santidade, nós, Sacerdotes da União SacerdotalSão João Maria Vianney, da Diocese de Campos ..., pedi-mos vênia para formular ao Vigário de Cristo o nosso pe-dido e manifestar-lhe a nossa gratidão. Não temos nenhumtítulo para Lhe apresentar: somos os últimos sacerdotes doseu presbitério. Não possuímos nem distinções, nem qua-lidades, nem méritos. A nossa condição, honrosa, aliás, deser ovelha desse rebanho basta para atrair a atenção deVossa Santidade. O único título que, pela graça de Deus,ostentamos com brio é o de católicos apostólicos romanos.

E em nome dessa nossa Fé católica apostólica roma-na temos nos esforçado por guardar a Sagrada Tradiçãodoutrinária e litúrgica que a Santa Igreja nos legou e, namedida das nossas fracas forças e amparados pela gra-ça de Deus, resistir ao que o seu predecessor de egrégiamemória, o Papa Paulo VI, chamou de 'autodemolição daIgreja', esperando desse modo estar prestando o melhorserviço à Vossa Santidade e à Igreja.

Beatissimo Padre, embora sempre nos tenhamos con-siderado dentro da Igreja Católica, da qual nunca jamaistivemos a intenção de nos separar, contudo devido à situa-ção da Igreja e a problemas que afetaram os católicos dalinha tradicional, que são do conhecimento de Vossa San-tidade e cremos, enchem o seu coração e o nosso de dor eangústia, fomos considerados juridicamente à margem daIgreja. É esse o nosso pedido: que sejamos aceitos e reco-

Capela de Nossa Senhora do Porto - Morro do Coco

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICASÃO JOÃO MARIA VIANNEY

nhecidos como católicos.

E, vindo ao encontro desse nosso desejo, Vossa Santi-dade encarregou Sua Eminência o Sr. Cardeal Dado Cas-trillón Hoyos, Dignissimo Prefeito da Sagrada Congrega-ção para o Clero, de proceder ao reconhecimento jurídicoda nossa posição de católicos na Igreja.

Como somos gratos por isso a Vossa Santidade!

Queremos, oficialmente, colaborar com Vossa Santida-de na propagação da Fé e da Doutrina Católica, no zelopela honra da Santa Igreja - 'Signum levatum in nationes '- e no combate aos erros e heresias que tentam destruir aBarca de Pedro, inutilmente porque 'as portas do infernonão prevalecerão contra Ela '.

Nas augustas mãos de Vossa Santidade, depomos a nos-sa Profissão de Fé Católica, professando perfeita comu-nhão com a Cátedra de Pedro, de quem Vossa Santidade élegitimo sucessor, reconhecendo o seu Primado e governosobre a Igreja universal, pastores efiéis, e declarando que,por nada neste mundo, queremos nos dissociar da Pedra,sobre a qual Jesus Cristo fundou a sua Igreja.

E se, por acaso, no calor da batalha em defesa da ver-dade católica, cometemos algum erro ou causamos algumdesgosto a Vossa Santidade, embora a nossa intenção te-nha sido sempre servir à Santa Igreja, humildemente supli-camos o seu paternal perdão.

Renovando os mais profundos sentimentos de venera-ção para com a augusta Pessoa do Vigário de Jesus Cristona terra e suplicando, para nós e para o nosso ministério,o precioso beneficio da Bênção apostólica, somos de VossaSantidade, filhos humildes e obedientes ".

2.2 - A resposta acolhedora do Papa

A resposta afirmativa e acolhedora do Papa veio no dia25 de dezembro de 2001, na Carta Autógrafa "Ecclesiaeunitas ':

"Foi com a maior alegria que recebemos a vossa car-ta..., com a qual a inteira União(Sacerdotal) renovou a própriaprofissão de fé católica , decla-rando plena comunhão com aCátedra de Pedro ...

Damos graças ao Senhor,Uno e Trino, por tão boas dispo-sições!

Em vista dessas considera-ções e para a maior glória de

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10 ANOS DE GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

Deus, o bem da Santa Igreja e aquela lei suprema que é asalus animarum, acolhendo com afeto o vosso pedido deser recebidos na plena comunhão da Igreja Católica, reco-nhecemos canonicamente a vossa pertença a ela".

o Papa nos assegura então que nos dará um "documen-to legislativo que estabelecerá a forma jurídica de reco-nhecimento da vossa realidade eclesial, para assegurar orespeito de vossas características peculiares".

"Nesse documento", nos garante o Papa, "a União seráerigida canonicamente como Administração Apostólica decaráter pessoal, diretamente dependente desta Sé Apos-tólica ... " E continua: "Será confirmada à AdministraçãoApostólica a faculdade de celebrar a Eucaristia e a Litur-gia das Horas conforme o Rito Romano e a disciplina litúr-gica codificadas pelo nosso predecessor São Pio V,com asadaptações introduzidas pelos seus sucessores até o BeatoJoão )(XIII... ".

Beato João Paulo 11, agora no Céu, rogai por nós!

2.3-Final feliz: começa uma nova história,"cum Petro et sub Petro"

A efetivação dessa vontade do Papa deu-se em 18 dejaneiro de 2002, quando o Cardeal Dom Darío CastrillónHoyos, então Prefeito da Congregação para o Clero, veioa Campos e executou o Decreto "Animarum Bonum" daCongregação para os Bispos, da mesma data, erigindo ca-nonicamente, por ordem de S. S. o Papa Beato João Pau-

10 11,a Administração Apostólica Pessoal São João MariaVianney.

O Papa transformava assim a união sacerdotal em Ad-ministração Apostólica, para regularizar aquela situaçãoanômala e conservar na plena comunhão da Igreja essessacerdotes (eram 25) e fiéis ligados às formas litúrgicas edisciplinares anteriores do Rito Romano. Ele mesmo assimo declarou: "Neste tempo forte do vosso ministério epis-copal, que é a visita ad limina, é para mim uma grandealegria acolher a vós que tendes o encargo pastoral daigreja na Região Leste i do Brasil, da qual fazem parte as

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICASÃO JOÃO MARIA VIANNEV

dioceses do estado do Rio de Janeiro e a 'União São JoãoMaria Vianney ', que eu quis constituir em Campos comoAdministração Apostólica Pessoal" (Discurso do S. Padreo Papa João Paulo II aos bispos do Regional Leste 1, navisita ad limina, 5 de setembro de 2002).

Graças a Deus, então, a história de momentos tristes ter-minou com um final feliz, com a criação da AdministraçãoApostólica Pessoal São João Maria Vianney, que devolveuaos "padres de Campos" a faculdade de ter paróquias e oprivilégio de conservarem a Missa na forma antiga. Guar-damos assim a mesma tradição litúrgica e disciplinar daSanta Igreja, mas cum Petro et sub Petro. Página virada,outra história começava.

Os sacerdotes presentes com Dom Licínio Rangel, nomomento da criação da Administração Apostólica eramos seguintes: Mons. Emanuel José Possidente; Mons.José Moacir Pessanha; Mons. Henrique Conrado Fischer;Mons. Eduardo Athayde; Pe. Femando Arêas Rifan; Pe.Élcio Murucci; Pe. José Gualandi; Pe. Jonas dos SantosLisboa; Pe. José Onofre Martins de Abreu; Pe. José Renal-do de Menezes; Pe. Geraldo Gualandi; Pe. Alfredo Gualan-di; Pe. José Paulo Vieira; Pe. Hélio Marcos da Silva Rosa;Pe. José Edílson de Lima; Pe. José de Matos Barbosa; Pe.Gaspar Samuel Coimbra Pelegrini; Pe. Claudiomar SilvaSouza; Pe. Everaldo Bon Robert; Pe. José Geraldo Frei-tas da Silva Júnior; Pe. Marco Antônio Pinheiro Arêas; Pe.Alei de Andrade da Silva; Pe. José Carlos Gualandi D. Es-posti; Pe. Manoel Macedo de Farias; Pe. Rafael Lugão deCarvalho.

E final mais feliz ainda: vindo de Roma, a primeira pes-soa a quem eu quis dar a grata notícia da solução do çásofoi Dom Carlos Alberto Navarro, que me deu um grandeabraço fraterno de reconciliaçãoe perdão. E, demonstrando umaprofunda humildade, bondadee grandeza de alma não menorque sua fiel adesão ao Santo Pa-dre, Dom Carlos Alberto Navarroapoiou a criação da Administra-ção Apostólica, esteve presenteao nosso reconhecimento canôni-co e na minha Ordenação episco-pal, suplantando com a caridadecristã qualquer diferença passadahavida entre nós. Nossa reconci-liação foi completa. Que ele recebano Céu a recompensa prometida aos misericordiosos.

2. A Administração Apostólica

1. O que é uma Administração Apostó-lica

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10 ANOS D.E GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

A Administração Apostólica é uma circunscrição eclesi-ástica equiparada a uma Diocese (C.D.C. cânon 368), umaIgreja particular, uma porção do povo de Deus, cujo cui-dado pastoral é confiado a um Administrador Apostólico,que a governa em nome do Sumo Pontífice (cânon 371 §2).Sendo equiparada pelo Direito a uma Diocese, a Adminis-tração Apostólica possui tudo o que normalmente possuiuma Diocese.

A particularidade da nossa Administração Apostólica éde natureza pessoal, não territorial. Assim como o Ordi-nariato Militar, cuja jurisdição é sobre os militares e suasfamílias, e as Exarquias do Rito Oriental, cuja jurisdição ésobre os fiéis do Rito Oriental, assim a jurisdição da nossaAdministração Apostólica, embora circunscrita ao territó-rio da Diocese de Campos, é sobre os sacerdotes e fiéis daforma antiga do Rito Romano, tendo o poder de incardinarpresbíteros e diáconos (cf. Decreto Animarum Bonum, VI)

O poder do Bispo Administrador Apostólico é pessoal,isto é, sobre as pessoas que fazem parte da AdministraçãoApostólica, ordinário, tanto no foro externo como interno,e cumulativo com o poder do Bispo Diocesano de Campos,uma vez que as pessoas que pertencem à AdministraçãoApostólica são ao mesmo tempo fiéis da Igreja Particularde Campos (cf. Decreto Animarum Bonum, V).

A nossa Administração Apostólica, equiparada pelo Di-reito às Dioceses imediatamente sujeitas à Santa Sé, estáno Anuário Pontifício e no Anuário da Igreja do Brasil, per-tencente ao Regional Leste 1 e à Conferência Nacional dosBispos do Brasil.

2. Grande graça

A criação da Administração Apostólica pela Santa Sé,na pessoa do Papa João Paulo II, foi uma grande graça anós concedida e a toda a Igreja. Uma "diocese pessoal",com sua cúria, seminário próprio, paróquias, Igrejas, sa-cerdotes, Institutos de vida consagrada (cerca de 100 re-ligiosas), catequistas e fiéis em geral, com o privilégio deter como forma litúrgica própria a antiga forma do RitoRomano, a chamada Missa tradicional, com sua disciplinae costumes. Foi o modo como a Santa Sé resolveu a nossasituação, conservando nossas tradições e nos colocando naplena comunhão católica.

2.1 - Dom licínio Rangel

O primeiro Bispo da nossa Administração Apostólicafoi Dom Licínio Rangel, de saudosa memória, a quem tri-butamos imensa gratidão pela sua humildade, grande espí-rito de Fé e confiança na Igreja.

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICASÃO JOÃO MARIA VIANNEY

De família humilde, nasci-do na zona rural do Municípiode Campos, em Ponta Grossados Fidalgos, Dom Licínioveio depois para a Cidade deCampos onde trabalhou noramo de farmácia. Congre-gado Mariano, entrou para oSeminário menor diocesanode Campos, tendo cursado fi-losofia e teologia no Seminá-rio diocesano de Diamantina,MG. Sacerdote exemplar, aquem Dom Antônio dedicavaparticular amizade e confian-ça, humilde, zeloso e dedicado ao seu ministério, semprefoi muito querido por todos os sacerdotes. Depois do fale-cimento de Dom Antônio, aceitou ser ordenado Bispo, poruma questão de suplência, devido ao estado de necessidadeem que nós nos encontrávamos e julgávamos exigir tal or-denação. Aceitou com humildade, nunca querendo exercerseu episcopado como se fosse um bispo diocesano com

jurisdição, mas apenas comosuplência, desejando que a situ-ação se resolvesse e ele pudesse.entregar seu cargo ao Papa ..

Enfrentando objeções e ata-ques dos que tomavam nossainserção na plena comunhão daIgreja Católica como prenúnciode defecção, ele, com sua retidãoe visão sobrenatural, incentivõii

~ as conversações e assinou a nos-sa completa regularização. QueDeus lhe dê a recompensa eterna

pelo grande bem que fez à Igreja. No dia da minha ordenaçãoepiscopal, ele me abraçou e balbuciou ao meu ouvido comoque o seu nunc dimittis: "Graças a Deus!".

2.2 - Sucessão de Dom Licínio

Na carta autografa "Ecclesiae unitas ", o Beato JoãoPaulo II garantia a Dom Licínio: "O seu governo (da Ad-ministração Apostólica) lhe será confiado, Venerável Ir-mão, e será assegurada a sua sucessão ".

Cumprindo sua palavra, em 28 de junho de 2002, o mes-mo Beato João Paulo II me escreve, nomeando-me Bispocoadjutor de Dom Licínio, com direito à sua sucessão: "Hápouco, o Venerável Irmão, Dom Licinio Rangel, Bispo Titu-lar de Zarna e Administrador Apostólico da AdministraçãoApostólica Pessoal S. João Maria Vianney, no território deCampos, pediu, por não gozar de boa saúde, um coadjutora esta Sé Apostólica par amais aptamente cuidar do bem

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.10 ANOS PE GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MISSÃO

espiritual das almas a ele confiadas. Nós, que desempe-nhamos o gravissimo ministério de Sumo Pontífice, dese-jando atender ao pedido deste Bispo, te julgamos, amadofilho, apto para exercer este oficio. Conforme conselho,portanto, da Congregação para os Bispos, com nosso po-der supremo, te nomeamos Coadjutor da AdministraçãoApostólica Pessoal S. João Maria Vianney, no territóriode Campos, e ao mesmo tempo, te proclamamos BispoTitular de Cedamusa, com todos os direitos atribuídos eobrigações impostas conexas com a dignidade episcopal ecom tal oficio, segundo a norma do direito ... Mandamos,além disso, que faças cientes desta carta os fiéis da mes-ma Administração Apostólica: aos quais, caríssimos a nós,exortamos que te respeitem. Esforça-te, finalmente, di/etofilho, por trabalhares ali mesmo, estreitamente unido aoreferido Venerável Bispo, usando principalmente a carida-de, paciente e benigna (cf. 1 Cor. 13, 4) e rainha de todasas virtudes. Que os dons do Espírito Paráclito, sob os aus-picios da Virgem Maria, te sustentem sempre".

Por graça da Santa Sé, portanto, fui ordenado Bispopelo Cardeal Dario Castrillón Hoyos, então prefeito daCongregação para o Clero, que havia sido o artífice da nos-

sa reconciliação, em 18 de agosto de 2002, no esplendor daforma antiga do Rito Romano. A ele também nossa imor-redoura gratidão.

A belíssima cerimônia contou com a ilustre presença doCardeal Dom Eugênio Sales, de Dom Carlos Alberto Navar-ro, Dom Manoel Pestana Filho, Dom Licínio Rangel e DomAlano Maria Penna, ambos consagrantes; Mons. JoaquimFerreira Sobrinho, vigário geral da Diocese de Campos, re-presentando S. Exa. Dom Roberto Gomes Guimarães, queestava se recuperando de uma cirurgia cardíaca; centenas desacerdotes vindos da Administração Apostólica, da Diocesede Campos e de várias partes do Brasil e do exterior, como concurso de sete mil fiéis. Graças sejam dadas a Deus.

Dom Licínio Rangel faleceu santamente em 16 de de-zembro de 2002, rezando o "Sub tuum praesidium" (De-baixo de vossa proteção ...), lema do seu episcopado. QueDeus lhe dê a eterna recompensa no Céu.

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICASÃO JOÃO MARIA VIANNEY

Com o seu falecimento, tornei-me automaticamente,conforme a nomeação do Papa (cân, 409, § 1); o Bispo danossa Administração Apostólica.

3. Dez anos de graças

Nestes dez anos, quantas graças recebidas de Deus!Estarmos na plena comunhão da Igreja e conservamos, nobom espírito católico, as tradições litúrgicas e disciplinaresque tanto amamos e pelas quais lutamos, foi e é uma imen-sa graça e misericórdia do Senhor.

Durante estes dez anos, a vida nas paróquias tem con-tinuado fervorosa, graças ao zelo dos nossos sacerdotes.Além da vida paroquial, temos missões na zona rural, re-tiros espirituais, assistência aos doentes, catecismo paracrianças, jovens e adultos, assistência aos pobres com di-versas obras sociais, catequese e atendimento às favelas,2 orfanatos, 2 asilos para idosos, 15 escolas, com cerca de200 professores e 3000 alunos.

3.1 - Graças aumentadas

Após a criação canônica da nossa Administração Apos-tólica, pelo decreto Animarum Bonum da Congregação paraos Bispos, de 18 de janeiro de 2002, recebemos, através daCongregação para o Clero, em 10 de julho de 2002, umaresposta da Congregação para o Culto Divino e a Discipli-na dos Sacramentos, declarando que "conforme a CartaAutógrafa Ecclesiae Unitas do S. P o Papa João Paulo 11eo Decreto Animarum Bonum, da Congregação para os Bis-pos, o rito litúrgico codificado por São Pio V.. tornou-se orito próprio da Administração Apostólica, de maneira quetodo sacerdote, legitimamente admitido à celebração 'bá~.igrejas próprias da Administração Apostólica Pessoal SãoJoão Maria Vianney, não necessita de ulterior autorizaçãopara usar o Missale Romanum na edição típica de 1962 ".

Recebemos ademais da Congregação para o Culto Di-vino e Disciplina dos Sacramentos, em 14 de setembro de2002, carta de aprovação do Calendário litúrgico própriode nossa Administração Apostólica.

Também, em 16 de novembro de 2002, recebemos daCongregação para o Clero, assinada pelo Cardeal CastrillónHoyos e pelo sub-secretário Mons. Mauro Piacenza, hojeCardeal Prefeito da mesma Congregação, após ter consul-tado outros Dicastérios da Cúria Romana, carta na qual sepermite que sejam nomeados, pelos Bispos de outras Dio-ceses onde se encontram comunidades de fiéis ligados àprecedente tradição litúrgica, sacerdotes da AdministraçãoApostólica para assumir a cura pastoral de paróquias pes-soais, reitorias ou capelanias, que podem ser criadas peloBispo local, o que, segundo a carta, apresenta-se pastoral-mente muito oportuno.

3.2 - Homenagens merecidas

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1Q ANOS D~ GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MISSÃO

Em 19 de março de 2003, por uma questão de grati-dão e justa homenagem, escrevi ao Santo Padre, o PapaJoão Paulo II, suplicando-lhe que nomeasse Capelães deSua Santidade, com o título de Monsenhores, três dos sa-cerdotes da nossa Administração Apostólica, insignes pelaidade, experiência e zelo apostólicodemonstrado em muitos anos de tra-balho em prol da salvação das almas:

Padre Emanuel José Possiden-te (+ R.I.P.), então Vigário Geral pormim escolhido e membro do Conse-lho de Governo da nossa Administra-ção Apostólica, professor e DiretorEspiritual do Seminário, piedoso, zeloso e querido por to-dos os sacerdotes e seminaristas, dos quais foi o formador.A ele minha especial homenagem de gratidão por lhe dever

a minha vocação e ida para o Semi-nário.

Padre José Moacir Pessanha,pároco da Paróquia pessoal de NossaSenhora das Graças em Natividade,RJ, membro do Conselho de Gover-no da nossa Administração Apostóli-ca. Foi Reitor e professor do Semi-nário Diocesano. É zeloso pela Igreja

e muito querido dos seus paroquianos e confrades. Foi oReitor que me recebeu no Seminário, a quem devo o auxí-lio nos meus primeiros passos rumoao sacerdócio.

Padre Eduardo Athayde, atualpároco da Paróquia pessoal de Nos-sa Senhora do Rosário de Fátima eSanto Antônio em Santo Antônio dePádua, RJ, membro do Conselho deGoverno da nossa AdministraçãoApostólica. Fundador do Instituto deEducação Santo Antônio e da Associação Nossa Senhorado Rosário de Fátima e do Monte Carmelo, zeloso e muitoquerido por seus paroquianos por sua retidão e seriedade

de vida.

Em 26 de outubro de 2007, fiz omesmo pedido, agora ao Santo Padre,o Papa Bento XVI, em favor do Pe.José de Matos Barbosa, a quem eunomearia Vigário Geral, sucedendo aMons. José Possidente, enfermo. Sa-cerdote muito estimado por todos os

seus confrades, formado em Direito Canônico, ele é o nos-so atual Vigário Geral, presidente da Câmara Eclesiástica eChanceler da Cúria, sucedendo a Mons. Henrique ConradoFischer, a quem devemos especialmente louvor e gratidão.

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICASÃO JOÃO MARIA VIANNEV --

o Santo Padre respondeu afirmativamente ao meu pe-dido e pude conceder a eles, com muita honra, o título deMonsenhores, Capelães de Sua Santidade.

3.3 - Foram para os braços do Pai

Durante este período, faleceram pie-dosamente três eminentes sacerdotes danossa Administração: Mons. FranciscoApoliano (+8/4/2005), zeloso vigário deBom Jesus do Itabapoana, onde trabalhoupor cerca de 40 anos, fundador do Abrigodos Velhos José Lima, grande obra sociale caritativa daquela cidade, e do Instituto lmaculado Cora-

ção de Maria e São Miguel Arcanjo; Pe.José Paulo Vieira (2/11/2009), zelososucessor de Mons. Francisco, pároco daParóquia do Senhor Bom Jesus Cruci-ficado e Imaculado Coração de Maria,construtor da grandiosa Igreja Matriz einúmeras capelas, grande benfeitor donosso Seminário e incansável cura de

almas; Mons. Emanuel José Possi-dente (7/9/2011), grande expoente in-telectual do nosso clero, zeloso diretorespiritual e professor do nosso Semi-nário, sacerdote exemplar e dedicado,a quem deve a formação a maioria dosnossos padres. Por eles a nossa fervo-rosa oração: "Misericordioso Jesus,dai-lhes o descanso eterno ". . ..

..'

3.4 - Função de governar:OrganizaçãodaAdministraçãoApostólica

Como parte do dever episcopal de governar, Dom Li-cínio erigiu 11 paróquias; eu organizei a Cúria, o Conse-lho de Governo, o Conselho econômico e erigi mais umaparóquia, uma quase-paróquia e três reitorias. Atualmentetemos 12 paróquias, uma quase-paróquia, e 4 reitorias,sendo ao todo 115 Igrejas, além de 12 comunidades emoutras dioceses, atendidas por nossos padres. Fica assimorganizada a Nossa Administração Apostólica:

Cúria:Vigário Geral, Chanceler e presidente da Câmara

Eclesiástica: Mons. José de Matos BarbosaChanceler Emérito: Mons. Henrique Conrado Fischer.Notário da Cúria: Pe. José Ronaldo de Menezes.Penitenciário: Pe. Hélio Marcos da Silva Rosa

Conselho de Governo:Mons. José de Matos BarbosaMons. José Moacir Pessanha

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10 ANOS D.E GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

Mons. Eduardo AthaydePe. Jonas dos Santos LisboaPe. Gaspar Samuel Coimbra PelegriniPe. Claudiomar Silva Souza, coordenador geral de Pas-

toral.

Conselho Econômico:Mons. José de Matos Barbosa, ecônomoPe. Everaldo Bon RobertSr. Amaro Francisco Fidélis, contabilistaSr. Arindal de Azevedo Zanon, comerciário.Sra. Luzia Aparecida Salvati Zanon, professoraSrta. Maria Auxiliadora Cabral da Silva, adm. de em-

presas, pedagoga e pós-graduada em gestão escolar.

Seminário da Imaculada Conceição:Reitor: Pe. Gaspar Samuel Coimbra PelegriniVíce-Reitor: Pe. Hélio Marcos da Silva RosaDi~etor espiritual: Pe. Everaldo Bon Robert

Paróquia do Imaculado Coração de Nossa Senhorado Rosário de Fátima - Campos

Igreja Principal da Administração Apostólica (Matriz e5 Igrejas)

Pároco: Pe. Claudiomar Silva SouzaVigário paroquial: Pe. Sidnei Barcelos da Silva Júnior

Paróquia de Nossa Senhora do Terço - Campos (Ma-triz e 3 Igrej as)

Pároco: Pe. José GualandiVigário Paroquial: Pe. José Carlos Gualandi Degli Esposti

Paróquia de Nossa Senhora da Conceição - Ururaí(Matriz e 4 Igrejas)

Pároco: Pe. Hélio Marcos da Silva Rosa

Paróquia São Geraldo Magela - Guarus - Campos(Matriz e 2 Igrejas)

Pároco: Pe. José GualandiVigário Paroquial: Pe. José Carlos Gualandi Degli Esposti

Reitoria: Igreja de Nossa Senhora Aparecida - CamposReitor: Mons. José de Matos Barbosa

Reitoria: Igreja de Nossa Senhora do Carmo (da Ve-nerável Ordem Terceira) - Campos

Reitor: Pe. Everaldo Bom Robert

Reitoria: Igreja de São José - CamposReitor: Pe. José Onofre Martins de Abreu

Paróquia do Senhor Bom Jesus Crucificado e doImaculado Coração de Maria - Bom Jesus do Itabapo-ana (Matriz e 20 Igrejas)

Administrador Paroquial: Pe. Ivoli Femando LatrônicoVigários paroquiais: Pe. Rafael Lugão de Carvalho e

Pe. Renan Antônio Damaso Menezes

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICASÃO JOÃO MARIA VIANNEY

Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima eSão Geraldo - Itaperuna (Matriz e 2 Igrejas)

Pároco: Pe. Geraldo GualandiVigário Paroquial: Pe. Manoel Macedo de Farias

Paróquia de Nossa Senhora das Graças - Natividade(Matriz e 4 Igrejas)

Pároco: Mons. José Moacir PessanhaVigários paroquiais: Pe. José Geraldo Freitas da Silva

Júnior e Pe. Alei de Andrade da Silva.

Paróquia de Nossa Senhora Aparecida - Porciúncula(Matriz e 2 Igrejas)

Pároco: Pe. Alfredo Gualandi

Quase-Paróquia de São Judas Tadeu e Santa Clara-Santa Clara (Matriz e 9 Igrejas)

uase-Pároco: Pe. Antônio de Pádua Andrade dosSantos

Vigário Paroquial: Pe. Alfredo Gualandi

Reitoria de Nossa Senhora do Carmo - Varre-Sai (6Igrejas)

Reitor: Pe. Élcio Murucci

Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima eSanto Antônio - Santo Antônio de Pádua (Matriz e 15Igrejas)

Pároco: Mons. Eduardo AthaydeVigário paroquial: Pe. Silvano Salvatte Zanon

Paróquia de Nossa Senhora Aparecida e São FidélJs.- São Fidélis (Matriz e 24 Igrejas) . .

Pároco: Pe. Jonas dos Santos LisboaVigário Paroquial e Administrador: Pe. Marco Antô-

nio Pinheiro ArêasVigário Paroquial: Pe. Adriano Alves Botura

Paróquia de Nossa Senhora das Graças - São Joãoda Barra (Matriz e 2 Igrejas)

Pároco: Pe. José Eduardo PereiraVigário Paroquial: Pe. José Ronaldo de Menezes

Paróquia de Nossa Senhora das Graças e São Sebas-tião - Varre-Sai (Matriz e 11 Igrejas)

Pároco: Pe. Antônio de Pádua Andrade dos SantosVigários Paroquiais: Pe. João Motta Neto e Pe. Bruce

Lima Pasini Judice.

Comunidades fora da Diocese de Campos, atendidaspela Administração Apostólica:

Rio de Janeiro - Igreja de Nossa Senhora do Carmo daAntiga Sé

Mons. José de Matos Barbosa

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10 ANOS DE.GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

Nova Iguaçu - Igreja Nossa Senhora do Perpétuo So-corro e São Judas Tadeu

Pe. José Edilson de Lima

Sepetiba - RJ - Convento Santa TeresinhaPe. José Edilson de Lima

Volta Redonda - RJ - Igreja de Nossa Senhora do Per-pétuo Socorro

Pe. José Edilson de Lima

São João do Meriti - RJ - Comunidade Santa TeresinhaPe. José Edilson de Lima

Arraial do Cabo - RJ - Igreja de Nossa SenhoraPe. Antônio de Pádua Andrade dos Santos

São Paulo - SP - Igreja de Santa Luzia e do MeninoJesus de Praga e Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte

Pe. Jonas dos Santos Lisboa

São Bernardo do Campo - SP - Capela de Nossa Se-nhora de Fátima

Pe. Jonas dos Santos Lisboa

Belo Horizonte - MG - Capela do Colégio Monte Cal-vário

Pe. Ivoli Femando Latrônico

Guiricema - MG - Santa MontanhaPe. Geraldo Gualandi

São Lourenço - MG - Educandário Santa CecíliaPe. José Eduardo Pereira

Colatina - MG - Igreja de São PedroPe. José Gualandi.

Durante esse período várias igrejas foram inauguradase reformadas em nossa zona rural. Constitui e regularizeicanonicamente dois Institutos de Vida Consagrada e cincoAssociações Públicas de fiéis. Instalamos diversas Pasto-rais, tais como Pastoral da Liturgia, com secções de Acó-litos e Música Sacra, Pastoral Familiar, Setor Juventude,Pastoral Carcerária, Pastoral Catequética, Pastoral da Edu-cação, Pastoral Vocacional, Pastoral da Sobriedade, Pasto-ral da Caridade Social e Pastoral da Saúde.

3.6 - Função de santificar

Como parte do meu dever de santificar, nesses dez anos jáordenei 18 sacerdotes para a Igreja, sendo 10 para a nossaAd-ministração Apostólica, que tem ao todo 33 sacerdotes. Du-rante as várias visitas pastorais às paróquias da Administraçãoe às doze comunidades atendidas pelos nossos sacerdotes emoutras dioceses, já administrei o Sacramento da Confirmação

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICASÃO JOÃO MARIA VIANNEY

ou Crisma a milhares de fiéis, no Brasil e no exterior.Em nosso Seminário da Imaculada Conceição, ainda

em construção e cujà pedra fundamental foi benta peloPapa Beato João Paulo lI, tivemos neste ano a entrada de13 novos candidatos, sendo agora 34 seminaristas ao todo.Dia 8 de dezembro, inauguramos a pedra fundamental dafutura capela do nosso seminário. A formação dos nossosseminaristas é feita por bons sacerdotes e acompanhada de

perto por mim.3.7 - Função de ensinar

Como parte do meu dever de ensinar, publiquei, nes-te tempo, diversos escritos, cartas pastorais, orientaçõese artigos periódicos, dirigidos ao nosso clero, aos nossosfiéis, ensinando-lhes a sempre necessária adesão ao Ma-gistério da Igreja, critério da nossa catolicidade.iprincipalcaracterística da nossa Administração: Mensagem Pastoralpelo início do ministério episcopal do novo administradorapostólico, em 5/1/2003; o livro "O Rosário Meditado",segundo a Encíclica Rosarium Virginis Mariae do BeatoJoão Paulo lI, em 2003; Carta circular sobre o comporta-. .mento do católico, quanto à pureza e a decência no trajar,em 6/1/2004; Instrução Pastoral, em forma de catecismo,sobre o Papa e o Magistério da Igreja, no início do Pontifi-cado de Bento XVI, em 24/4/2005, traduzi da também parao espanhol; Orientação Pastoral sobre o Magistério Vivo daIgreja, traduzi da e publicada em francês (Éditions Sainte--Madeleine, Le Barrroux) e espanhol (Fundación GratisDate, Pamplona, Espana), em 6/1/2007; Carta Circularapresentando o Motu Proprio Summorum Pontificum e odocumento da CDF sobre a Igreja, em 16/7/2007; Comuni-cado "Sobre apresentação e comentários da nota doutrinalda congregação para a doutrina da fé sobre alguns aspectosda evangelização, em janeiro de 2008; Carta de princípiosdas nossas Escolas Católicas, de março de 2008; Ensina-mentos diversos sobre a falta de espiritual idade séria, queleva a abusos na liturgia (entrevista), a discussão sobre ascélulas embrionárias, a missão dos bispos e acerca da na-tureza teológica e jurídica das conferências dos bispos, deabril de 2008; Carta Pastoral sobre o Dízimo e as Ofertas,em 30/5/2008; Carta aos jovens, em julho de 2008; Cartaàs Famílias, em outubro de 2008; Carta Circular apresen-tando a Carta Apostólica, em forma de motu proprio, doSanto Padre o Papa Bento XVI, "Ecclesiae Unitatem", em8/7/2009; o livro "Considerações sobre as formas do Rito

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10 ANOS D.E GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

Romano da Santa Missa", em 20/4/2010; Carta Pastoralsobre os casos de pedofilia na Igreja, em }0/5/2010; CartaPastoral sobre a Visita "ad limina" e a comunhão com aIgreja, em 30/8/2010; "Orientações sobre Política e Elei-ções, em 15/8/2010; além dos artigos semanais dirigidos aopovo em geral, desde 2002 até hoje.

A respeito da nossa "Orientação Pastoral sobre o Ma-gistério Vivo da Igreja", de 6/1/2007, recebi uma cartada Congregação para a Doutrina da Fé, de 28 de abril de2008, que apresenta o seguinte parecer: "A resposta e asargumentações contidas na obra de S. Exa. Dom Rifan sãodoutrinariamente válidas e concordes com o Magistério daigreja ... A obra parece também adequada para os fiéis quea lerem sem preconceito ".

3.8 - Ministério fora do territórioda Diocese de Campos

Nesses 10 anos, além da conservação da forma antigado Rito Romano em nossa Administração Apostólica, mui-tas outras dioceses aqui no Brasil têm adotado a mesmaforma litúrgica, através de nossos padres ou por influêncianossa. Nossos sacerdotes atendem, com a Santa Missa edemais ministérios, com o uso de ordens conferido peloBispo local, os fiéis das onze Arquidioceses e Dioceses aci-ma enumeradas. Nosso Seminário serve também de centropara essa expansão.

E, tudo ficou mais fácil, depois do Motu Proprio Summo-rum Pontificum de S. S. Bento XVI, em 7 de julho de 2007.

o Cardeal Dom Darío Castrillón Hoyos, em seu dis-curso na Assembleia da V Conferência do CELAM, emAparecida, em 16 de maio de 2007, em referência a nossaAdministração Apostólica e a sua influência na decisão doPapa ao promulgar o Motu Proprio, influência que se deveuàs boas relações entre a Diocese de Campos e nós, recordaos bons frutos que estas relações produziram depois do nos-so reconhecimento canônico. Estas foram as palavras doCardeal: "... os fiéis que se inscreveram na AdministraçãoApostólica estão contentes de poder viver em paz em suascomunidades paroquiais. E mais ainda, algumas diocesesdo Brasil estabeleceram contatos com a AdministraçãoApostólica de Campos, a qual colocou à sua disposição sa-cerdotes para o cuidado pastoral dos fiéis tradicionalistasde suas igrejas locais. O projeto do Santo Padre já foi par-cialmente experimentado em Campos, onde a coexistênciapacifica das duas formas do único rito romano da Igreja éuma bela realidade. Esperamos que este modelo tambémproduza bons frutos em outros lugares da Igreja, em queconvivem fiéis católicos com diferentes sensibilidades li-túrgicas. E esperamos ademais que esta convivência atraiatambém aqueles tradicionalistas que ainda estão longe".

A nossa Administração Apostólica, em parceria com

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~e-[J>WílÍCfUia deSanta efwta e Sã~ JJuãift,

Uadeu

--

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outras dioceses, tempromovido pelo Brasil"Encontros SummorumPontificum", para in-centivar e ensinar aossacerdotes a Missa naforma extraordinária. Oprimeiro encontro foi naDiocese de Garanhuns,em 2010, o segundo naArquidiocese do Rio de Janeiro, em 2011, e o terceiro serána Arquidiocese de Salvador, Bahia, de 14 a 18 de setem-bro próximos, com um dia aberto aos leigos. Estamos pre-parando também cursos práticos de latim litúrgico.

Temos recebido muitas cartas de congratulações de Bis-pos e de sacerdotes de outras dioceses. Gostaria de salien-tar uma, de um sacerdote amigo de outra diocese que expri-m com sinceridade sua gratidão: "Uno-me à V. Exa. Rev.e ao clero e fieis para agradecer e bendizer a Deus pelosdez anos de criação da Administração Apostólica PessoalSão João Maria Vianney. Recordo-me daquele já distante2002. Tive a notícia pela televisão. Quase não acreditei e,depois, confirmando a veracidade da notícia, que grandefelicidade! Uma década depois essafelicidade é maior porver quanto bem Deus tem feito através dessa abençoadaAdministração Apostólica. Quantas coisas podemos-ver equantas outras - creio que mais numerosas - que só Deussabe! Por tudo isso: bendito seja Deus! Digo, com gran-de alegria, do bem imenso que o contato com o seu cleroe fieis faz ao meu ministério sacerdotal. E agradecendoa Deus eu agradeço também à V. Exa. Rev.... Obrigadopelo seu ministério episcopal que atinge também a nos 'qu«não somos da Administração, mas estamos estreitamenteunidos pelo único sacerdócio. Ad multas annos! Peço suabênção e recomendo-me às suas orações, Pe. Luiz AntônioReis Costa - Arquidiocese de Mariana/MG".

3.9 - Apoio do Santo Padre, o Papa

Na minha última Visita ad Limina, visita oficial do Bis-po ao Papa, em setembro de 2010, quando fui "conferir omeu evangelho com Pedro" (cf. Gil, 18; 2,2), pude ouvir

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o elogio e receber o apoio do Santo Padre Bento XVI ànossa Administração Apostólica e ao nosso modo de agire nos conduzir. O Papa se mostrou muito contente de quea situação entre a Administração Apostólica, a Diocese deCampos e os outros Bispos esteja em paz. E eu lhe disse:"Santo Padre, em paz e em comunhão ", ao que ele respon-deu: "Isso é muito importante! ". É o que importa e nosconsola: nosso modo de pensar e agir conferido com Pedroe apoiado por ele. Por isso também nos apoiam de todaparte inúmeros amigos, católicos corretos e seguidores daverdadeira Tradição.

Por tudo isso, damos muitas graças a Deus e pedimos aEle nos dê zelo, perseverança e amor nessa missão em proldas almas e da Santa Igreja.

E agradecemos muitíssimo a todos os que colaboraram,colaboram e colaborarão com essa obra da Igreja, nossaAdministração Apostólica e seu ministério, com suas ora-ções e seu apoio. Deus lhes pague!

11 - REFLEXÃO

1. Fidelidade à graça da comunhão

A grande graça que recebemos de estar na plena comu-nhão da Igreja deve ser cuidadosamente cultivada por nós,evitando tudo o que possa nos desviar dela. O critério deverdade adotado por nós, como deve ser para todo católico,é o Magistério vivo da Igreja. "Se alguém se separa dosPastores, que velam por manter viva a Tradição apostó-lica, é a ligação com Cristo que se encontra irreparavel-mente comprometida" (Congregação para a Doutrina daFé, Instrução Donum Veritatis). A doutrina da infalibilida-de pontificia "significa, exatamente, que no cristianismo,nafé católica em todo caso, há uma última instância quedecide. Significa que o Papa tem autoridade para decidir,comcaráter vinculante, nas questões essenciais, e que nós,definitivamente, podemos ter a certeza de que a herançade Cristo foi interpretada corretamente" (Joseph Ratzin-ger, "La sal de Ia tierra, quién es y como piensa BenedictoXVI", Ediciones Palabra, Madrid, 10a ed., pág 195).

2.Profissão de Fé - Adesão ao Magistério

Por isso, recordamos aqui a nossa Profissão de Fé, que faze-mosem circunstâncias especiais, na qual, além do Credo, profes-samosnossa completa adesão ao Magistério da Igreja, ou seja:

2.1 - Creio também firmemente em tudo o que está con-tido na Palavra de Deus, escrita ou transmitida pela tra-dição, e é proposto pela Igreja, de forma solene ou pelomagistério ordinário e universal, para ser acreditado como

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divinamente revelado.Portanto, com assentimento pleno e irrevogável de fé

teologal baseado na' autoridade da Palavra de Deus (fé di-vina e católica), creio nas doutrinas contidas na Palavra deDeus escrita e transmitida, definidas com um juízo sole-ne como verdades divinamente reveladas ou pelo RomanoPontífice, quando fala "ex cathedra", ou pelo Colégio dosBispos reunidos em Concílio, ou então infalivelmente pro-postas pelo Magistério ordinário e universal para se crerem(doutrinas de fide credenda).

Assim, com essa fé, eu creio, por exemplo, em todos osartigos de fé do Credo, em todos os dogmas cristo lógicos emarianos, na instituição dos Sacramentos por Jesus Cristoe na sua eficácia em termos de graça, na presença real esubstancial de Cristo na Eucaristia e na natureza sacrificalda celebração eucarística, na fundação da Igreja por von-tade de Cristo, no primado e na infalibilidade do RomanoPontífice, na existência do pecado original, na imortalida-de da alma espiritual e na retribuição imediata depois damorte, na ausência de erros nos textos sagrados inspiradose na doutrina da grave imoralidade do assassínio direto evoluntário de um ser humano inocente.

Estou ciente de que se obstinadamente pusesse em dú-vida essas doutrinas ou as negasse, cairia na censura de.heresia, como afirmado pelos correspondentes cânones doDireito Canônico.

2.2 - De igual modo aceito firmemente e guardo tudo oque, acerca da doutrina da fé e dos costumes, é proposto demodo definitivo pela mesma igreja.

. ..Por isso, com assentimento pleno e irrevogável, baseá-

do na fé na assistência do Espírito Santo ao Magistério e nadoutrina católica da infalibilidade do mesmo Magistério,creio nas verdades relacionadas com o campo dogmáticoou moral, que são necessárias para guardar e expor fiel-mente o depósito da fé - mesmo que não sejam propostaspelo Magistério da Igreja como formalmente reveladas -,quer tenham sido definidas de forma solene pelo RomanoPontífice, quando fala "ex cathedra", ou pelo Colégio dosBispos reunidos em Concílio, quer tenham sido infalivel-mente ensinadas pelo Magistério ordinário e universal daIgreja de modo definitivo (doutrinas de fide tenenda).

Deste modo, com este assentimento pleno e irrevogável,aceito as verdades propostas de modo definitivo pelo Magis-tério, sejam verdades que têm conexão necessária com a re-velação por necessidade ou consequência lógica, como, porexemplo, a doutrina da ordenação sacerdotal reservada ex-clusivamente aos homens, a iliceidade da eutanásia, da pros-tituição e da fornicação, sejam verdades em conexão coma revelação em virtude de uma relação histórica, como, porexemplo, a legitimidade da eleição do Sumo Pontífice, a legi-timidade da celebração de um Concílio ecurnênico, as cano-nizações dos santos (fatos dogmáticos) e a invalidade das or-

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10 ANOS DE GRAÇAS:GRATiDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

denações anglicanas, assim declaradas pelo Papa Leão XIII.Estou ciente de que, se as negasse, assumiria uma atitu-

de de recusa de verdades da doutrina católica e, portanto,já não estaria em plena comunhão com a Igreja Católica.

2.3 - Adiro ainda, com religioso obséquio da vontade eda inteligência, aos ensinamentos que o Romano Pontíficeou o Colégio Episcopal propõem quando exercem o magis-tério autêntico, ainda que não entendam proclamá-los comum ato definitivo.

Assim, na medida em que o exigem esses ensinamentosda Igreja, embora não tenham sido definidos com um juízosolene nem propostos como definitivos pelo Magistério or-dinário e universal, dou minha adesão - com religiosa sub-missão da vontade e da inteligência, não somente exteriore disciplinar, mas na lógica e sob o estímulo da obediênciada fé - a todas as doutrinas em matéria de fé ou moral apre-sentadas pelo Magistério como verdadeiras e seguras, poissei que a vontade de submissão leal a este ensinamento doMagistério em matéria em si não irreformável, deve ser aregra. E, ademais, acolho todas as intervenções e julga-mentos de caráter prudencial provenientes do Magistérioda Igreja.

Assim, com religiosa submissão da vontade e da in-teligência, dou minha adesão à doutrina social oficial daIgreja, aos ensinamentos do Catecismo da Igreja Católicapromulgado pelo Papa João Paulo lI, à doutrina e às leisdo Código de Direito Canônico, promulgado pelo mesmoPapa, às encíclicas, exortações apostólicas e demais ensi-namentos do Magistério atual da Igreja, segundo o valor decada documento, incluindo os decretos das CongregaçõesRomanas aprovados pelo Papa.

Por isso, rejeito as proposições contrárias a tais doutri-nas, pois seriam errôneas, ou, tratando-se de ensinamentosde caráter prudencial, temerárias ou perigosas e, por conse-guinte, seguramente não podem ser ensinadas.

2.4 - Professo, pois, de modo firmíssimo, o que foi in-falivelmente definido pelo Concílio Ecumênico Vaticano I:que a Sé de Pedro permanece imune de todo erro e que averdade e a Fé nunca faltarão na Cátedra de Pedro e de seussucessores.

"Porque não foi prometido o Espírito Santo aos suces-sores de Pedra para que, por Revelação Sua, manifestassemuma nova doutrina, mas para que, com Sua Assistência,guardassem santamente e expusessem fielmente a Revela-ção transmitida pelos Apóstolos, isto é, o Depósito da Fé.E certamente essa doutrina apostólica todos os Santos Pa-dres a abraçaram e os Santos Doutores de reta doutrina aveneraram e seguiram, sabendo perfeitamente que esta Séde São Pedra permanece imune de todo erro, segundo a pro-messa de Nosso Divino Salvador feita ao Príncipe de SeusApóstolos: 'Eu roguei por ti, para que tua Fé não desfaleça;

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e tu, uma vez convertido, confirma teus irmãos' (Lc 22,32) "."Pois este carisma da verdade e da fé, que nunca falta, foiconferido a Pedro ea seus sucessores nesta cátedra ... "

Por isso, rejeito toda e qualquer afirmação que pretendaver nos ensinamentos da Santa Sé proposições contráriasàquilo que a Igreja já definiu.

Reitero, portanto, minha humilde submissão à Hierar-quia e ao Magistério da Igreja, coerente com o que nos en-sina o Papa Pio XII: "A norma próxima e universal da ver-dade" é o "Magistério da Igreja ", "visto que a ele confiouNosso Senhor Jesus Cristo a guarda, a defesa e a interpre-tação do depósito da Fé, ou seja, das Sagradas Escriturase da Tradição divina ", pois "o Divino Redentor não con-fiou a interpretação autêntica desse Depósito a cada umdos fiéis, nem mesmo aos teólogos, mas exclusivamente aoMagistério da Igreja" (Enc. Humani Generis).

Ademais, reconheço os Bispos como os arautos da féque para Deus conduzem novos discípulos, como doutoresautênticos, dotados da autoridade de Cristo, que pregamao povo a eles confiado a fé que se deve crer e aplicar navida prática; ilustrando-a sob a luz do Espírito Santo e ti-rando do tesouro da Revelação coisas novas e antigas (cfr.Mt. 13,52), fazem-no frutificar e solicitamente afastam oserros que ameaçam o seu rebanho (cfr. 2 Tim. 4, 1-4). Ve-nero, pois, os Bispos como testemunhas da verdade divinae católica, quando ensinam em comunhão com o RomanoPontífice, conformando-me ao parecer que o meu Bispoemite em nome de Cristo sobre matéria de fé ou costumes,aderindo a ele com religioso acatamento.

. -."• ••• oo

3. A clara posiçãoda nossa Administração Apostólica

o Santo Padre, o Papa Bento XVI, na sua Carta aosBispos anexa ao Motu Proprio Summorum Pontificum,tranquilizava os Bispos dizendo-lhes que com a liberaçãouniversal da Missa dita de São Pio V, que ele fazia nesseMotu Proprio, "não tem fundamento o temor de que sejaaqui afetada a autoridade do Concílio Vaticano 11 e queuma das suas decisões essenciais - a reforma litúrgica -seja posta em dúvida "; ademais, "não me parece realmen-te fundado o temor de que uma possibilidade mais amplado uso do Missal de 1962 levasse a desordens ou até adivisões nas comunidades paroquiais ".

Nessa mesma carta, o Santo Padre afirma: "Obviamen-te, para viver a plena comunhão, também os sacerdotes dasComunidades que aderem ao uso antigo, não podem, emlinha de princípio, excluir a celebração segundo os novoslivros. De fato, não seria coerente com o reconhecimentodo valor e da santidade do rito a exclusão total do mesmo ".

No que nos diz respeito, essa orientação do Santo Padre

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10 ANOS DI; GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

deve ser perfeitamente acatada e seguida.Assim, em carta de 13 de março de 2009, que enviei ao

Santo Padre Bento XVI, em sinal de comunhão, agradeci-mento e resposta a essa sua Carta aos Bispos que acompa-nha o Motu Proprio Summorum Pontificum, escrevi:

"... Por causa dos atuais problemas e circunstâncias,por fidelidade a esse Magistério da Igreja, declaramos re-conhecer o Concílio Vaticano 11 como um dos ConcíliosEcumênicos da Igreja Católica, aceitando dócil e sincera-mente, com religiosa submissão de espírito, seus ensina-mentos (ou seja, a doutrina "compreendida à luz da santaTradição e referida ao perene Magistério da própria Igreja"- S. S. João Paulo lI, Alocução ao Sacro Colégio, 5 novo1979), tal como nos transmite a Igreja, como dotados daautoridade do magistério ordinário supremo e autêntico".

"Por isso, rejeitamos o chamado "pernicioso espíritodo Concilio", ou o seu "antiesplrito ", e toda hermenêuticada descontinuidade e da ruptura e adotamos, com VossaSantidade, a hermenêutica da reforma ou renovação nacontinuidade ".

"Declaramos, igualmente, o nosso pleno reconheci-mento do Magistério de Vossa Santidade e de todos os seusantecessores, especialmente dos Papas Beato João XXIII,Paulo VI, João Paulo I e João Paulo 11".

"Quanto à Liturgia, em nossa Administração Apostóli-ca Pessoal São João Maria Vianney, por privilégio conce-dido por esta Sé Apostólica, nós conservamos com amor depredileção o rito romano da Missa na sua forma extraor-dinária, como uma das riquezas litúrgicas católicas, pelaqual exprimimos o nosso amor pela Santa Igreja e nossacomunhão com ela".

"Declaramos, porém, que, como Vossa Santidade nosensina, para viver a plena comunhão da Igreja, não excluí-mos, em linha de princípio, a celebração segundo os novoslivros litúrgicos promulgados pelo Magistério da Igreja,pois a exclusão total do novo rito não seria coerente como reconhecimento do valor e da santidade dele, que nósreconhecemos ".

"Reconhecemos, portanto, que o Missal Romano, esta-belecido pelo Sumo Pontifice Paulo VI para a Igreja uni-versal, foi promulgado pela legítima suma autoridade daSanta Sé, a quem compete na Igreja o direito da legislaçãolitúrgica, e que é, por isso mesmo e em si mesmo, legítimoe católico ".

"Evidentemente, rejeitamos todas as "ambigüidades,liberdades, criatividades, adaptações, reduções e instru-mentalizações" (SS João Paulo 11, enc. Ecclesia de Eu-charistia, nn 10, 52, 61), enfim, todos os usos abusivos doMissal promulgado por S S Paulo VI, especialmente osmencionados na Instrução Redemptionis Sacramentum".

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Ill-A MISSÃO

Nossa especial missão na Igreja é, em sua plena co-munhão, sermos fiéis à doutrina católica a nós transmitidapelo Magistério, conservarmos, tal como nos concedeu aSanta Sé, a Liturgia na forma extraordinária, como umadas riquezas da Igreja, empenharmo-nos pela santificaçãodo nosso clero e dos fiéis, pelo cultivo da nossa vida espiri-tual, e pela evangelização e catequese das crianças, jovense adultos, com grande espírito missionário.

Tomemos, para nossa reflexão, exame de consciência,programa de vida, diretriz e modelo de nossa ação, o exem-plo dos primeiros cristãos, como nos descrevem os Atosdos Apóstolos:

"Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, nasreuniões em comum, na fração do pão e nas orações ... to-dos os fiéis viviam unidos ... unidos de coração, frequen-tavam todos os dias o templo ... cativando a simpatia detodo o povo. e o senhor cada dia lhes ajuntava outros, queestavam a caminho da salvação" (At 2, 42-47). "A multi-dão dos fiéis era um só coração e uma só alma ... não havianecessitados entre eles" (At 4, 32, 34).

Ou seja, os primeiros cristãos perseveravam:·

1) Na doutrina dos Apóstolos,2) Na frequência à Santa Missa (fração do pão),3) Nas orações em comum e individuais,4) Viviam unidos, em comunhão (koinonia):

a) Um só coração e uma só alma;b) Não havia necessitados entre eles;

5) Tinham espírito missionário: seu número aumen-tava. Conquistavam a simpatia de todos.

.......

À luz desse exemplo dos primeiros cristãos, vamos tra-çar as diretrizes para a ação e missão de todos os pertencen-tes à nossa Administração Apostólica, normas que deverãoser lidas, examinadas e observadas, em nossas Assem-bleias, reuniões paroquiais, durante este ano e os seguintes.

1. INSTITUCIONAL - GERAL

1.1 - O Bispo

A reforma da nossa Adminis-tração Apostólica deve começarde cima, em primeiro lugar doBispo e dele, pelo exemplo, sedifundir pelos sacerdotes e fiéis.

"O Bispo diocesano, lem-brando que está obrigado a dar

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1.0 ANOS D~ GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MISSÃO

exemplo de santidade na caridade, na humildade e na sim-plicidade de vida, empenhe-se em promover, com todosos meios, a santidade dos fiéis, de acordo com a vocaçãoprópria de cada um e, sendo o principal dispensador dosmistérios de Deus, se esforce continuamente para que osfiéis confiados a seus cuidados cresçam na graça mediantea celebração dos sacramentos, e conheçam e vivam o mis-tério pascal" (cânon 387).

"No desempenho do seu múnus de pastor, o Bispo dio-cesano se mostre solícito com todos osfiéis confiados a seuscuidados ..., preocupando-se apostolicamente com aquelesque, por sua condição de vida, não possam usufruir sufi-cientemente o cuidado pastoral ordinário, e com aquelesque se afastaram da prática religiosa" (cânon 383) - "OBispo diocesano dedique especial solicitude aos presbíte-ros, a quem deve ouvir como auxiliares e conselheiros, de-fender-Ihes os direitos e cuidar que cumpram devidamenteas ob~igações próprias de seu estado ... "(cânon 384).

Como a santidade do Bispo interessa a todos, peço asorações e o apoio de todos os padres e fiéis para minha san-tificação e o cumprimento do meu múnus episcopal: "Stetet pascat ... ": "que ele fique firme e apascente, na vossafortaleza, Senhor, na sublimidade do vosso nome".

1.2 - O Clero

Como colaboradores do Bispo, compartilhando, portan-to, com o seu múnus, os sacerdotes devem compartilhartambém com o mesmo dever de santidade.

O povo de Deus espera a santidade dos nossos padres.Só assim eles serão realmente "ministros de Cristo e dis-pensadores dos mistérios de Deus" (1 Cor 4,1).

"Em seu modo de viver, os clérigos são obrigados porpeculiar razão a procurar a santidade, já que, consagra-dos a Deus por novo título na recepção da ordem, são dis-pensadores dos mistérios de Deus a serviço do povo ... "

(cânon 276, §l e 2).1.2 - Vocações Sacerdotais

"O Administrador Apostólico, com a aprovação da SantaSé,poderá ter seu próprio Seminário, para que sejam prepa-

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICASÃO JOÃO MARIA VIANNEY

rados candidatosao presbiterato,aos quais pode-rá conferir asOrdens Sacras ".(l)ecreto Purrima-rum bonum VII§ 1)

Exorto, pois, atodos, sacerdotes, religiosos e fiéis em geral, especialmenteas famílias, que se empenhem pelas Vocações Sacerdotaisem nossas Paróquias e Colégios. Que se façam continua-mente orações, principalmente a Adoração ao Santíssimo,pelas Vocações Sacerdotais. Que se promovam palestras econferências nas Paróquias e Colégios sobre esse tema. Queos nossos acólitos e coroinhas sejam sempre lembrados dasublimidade da Vocação Sacerdotal. Que nossas famílias, porsua vida realmente católica, sejam um berço propício para osurgimento de vocações. Que a nossa Pastoral Vocacional,cujo centro está em nosso Seminário, seja partilhada por to-dos.

Lembro também a grande necessidade da ajuda materialao nosso Seminário. Promovam-se campanhas de mantimen-tos e doações em todas as Paróquias, Colégios, Entidades eAssociações. O Seminário é o coração da nossa Administra-ção Apostólica. O zelo por ele deve nos inflamar: a todos.

1.4 - Vocações Religiosas

"O Administrador Apostólico, com a aprovação dàSgn.-ta Sé, poderá constituir na Administração institutos de :vidaconsagrada e sociedades de vida apostólica e promoversimultaneamente os candidatos a eles pertencentes às or-dens, segundo as normas do direito comum". (id. VII § 2)

Nós ternos Institutos de Vida Consagrada e várias As-sociações Públicas de Fiéis, além dos vocacionados e con-sagrados que vivem no mundo. A grande pergunta é: elesestão florescentes, ou estão estagnados, sobretudo no quediz respeito ao fervor, disciplina e afluência de vocações?

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10 ANOS DE GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

Cada um deve se examinar. A afluência de vocações é umsinal da bênção de Deus para aquele instituto.

Insisto, pois, na responsabilidade de cada superior e su-periora, de cada irmão e irmã, sobre a disciplina interna efervor espiritual do Instituto ou Associação. E que todostrabalhemos em prol das Vocações religiosas em nossas pa-roquias e colégios.

1.5 - Fiéis leigos

Que os fiéis leigos se sintam como pertencentes à Ad-ministração Apostólica, uma obra da Igreja, e, através dela,vivenciem a sua ligação com a Igreja Católica, com a suaHierarquia e com todos os católicos do mundo.

"Existe na Igreja diversidade de funções, mas unidadede missão. Aos Apóstolos e seus sucessores, confiou Cristoa missão de ensinar, santificar e governar em seu nome ecom o seu poder. Mas os leigos, dado que são participantesdo múnus sacerdotal, profético e real de Cristo, têm umpapel próprio a desempenhar na missão do inteiro Povode Deus, na Igreja e no mundo. Exercem, com efeito, apos-tolado com a sua ação para evangelizar e santificar os ho-mens e para impregnar e aperfeiçoar a ordem temporalcom o espírito do Evangelho; deste modo, a sua ativida-de nesta ordem dá claro testemunho de Cristo e contribuipara a salvação dos homens. E sendo próprio do estadodos leigos viver no meio do mundo e das ocupações se-culares, eles são chamados por Deus para, cheios de fer-vor cristão, exercerem como fermento o seu apostolado nomeio do mundo" (Cone. Vat. 11, decreto Apostolicam Ac-tuositatem n.2).

"Todos os fiéis leigos da Administração Apostólica de-vem estar registrados num livro especifico, mesmo os quevão sendo batizados". (id. IX §§ 1 e 2)

Esta norma da Santa Sé é para ser observada. Os re-gistros devem ser revistos e atualizados com frequência.

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICASÃO JOÃO MARIA VIANNEY

Marcar uma data no ano para se recolherem as inscrições.

2. DOUTRINA DOS APÓSTOLOS:MAGISTÉRIO

2.1 - Padres

Os Sacerdotes devem se dedicar ao estudo contínuo, so-bretudo da Teologia e da Sagrada Escritura. Não se justificaa alegação da falta de tempo, todo dedicado ao apostolado,pois, além da oração, o estudo faz parte do aposto lado dosacerdote e do seu zelo pelas almas. Além da participaçãonas aulas por ocasião da Reunião do Clero, nas semanasde estudo, nos cursos periódicos, congressos, simpósios deformação ou atualização teológica ou pastoral, cada qualdeve individualmente se dedicar a repassar o estudo dasmatérias mais importantes, além do aprofundamento dequestões que exigem nosso conhecimento e resposta. So-bretudo exige-se o conhecimento e o estudo dos pronuncia-mentos do Magistério da Igreja, Papal e Episcopal.

"Seja [a doutrina dos Presbíteros] haurida na leiturae meditação da Sagrada Escritura, mas alimente-se tam-bém com fruto, dos estudos dos santos Padres e Doutorese ainda dos outros documentos da Tradição. Além disso,para dar resposta apropriada às questões agitadas peloshomens do nosso tempo, é necessário que os presbíterosconheçam bem os documentos do magistério eclesiástico,mas, sobretudo, dos Concílios e dos Sumos Pontifices, as-sim como devem ter à mão os melhores e mais aprovadosescritores de teologia. Visto que, no nosso tempo, a cultu-ra humana e ainda as ciências sagradas progridem-inces-santemente, os presbíteros são forçados a aperfeiçoar-demodo conveniente e sem interrupção, os seus conhecimen-tos a respeito das coisas divinas e humanas, preparando--se assim, de maneira mais oportuna, para o diálogo comos seus contemporâneos" (Concílio Vaticano II - DecretoPresbyterorum Ordinis, n. 19).

2.2 - Leigos

Na formação das lideranças leigas, devem-se seguir asdiretrizes dadas por mim nas Cartas Pastorais e na Bússo-la do Catequista, que contém a profissão de Fé explicada.Ademais, conforme a recomendação do Santo Padre, deve-mos usar como base do ensino catequético o Catecismo daIgreja Católica.

Organizem-se catequeses e cursos de formação doutri-nal para os fiéis nas paróquias. E que sejam bem prepara-dos e dados com conteúdo e didática. Que o catecismoparoquial, nas Matrizes e Igrejas da zona rural, seja bematraente e, consequentemente, bem frequentado.

"Não resistiria aos embates do tempo uma fé católica

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.10 ANOS ~E GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

reduzida a uma bagagem, a um elenco de algumas nor-mas e de proibições, a práticas de devoção fragmentadas,a adesões seletivas e parciais das verdades da fé, a umaparticipação ocasional em alguns sacramentos, à repe-tição de principios doutrinais, a moralismos brandos oucrispados que não convertem a vida dos batizados. Nossamaior ameaça 'é o medíocre pragmatismo da vida cotidia-na da Igreja, no qual, aparentemente, tudo procede comnormalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando edegenerando em mesquinhez '. A todos nos toca recomeçara partir de Cristo, reconhecendo que 'não se começa a sercristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, maspelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa,que dá um novo horizonte à vida e, com isso uma orienta-ção decisiva'" (Documento de Aparecida, 12).

3. LITURGIA

3.1 - Identidade litúrgica

"Será confirmada à Administração Apostólica a fa-culdade de celebrar a Eucaristia e a Liturgia das Horasconforme o Rito Romano e a disciplina litúrgica codifi-cados pelo nosso predecessor São Pio V, com as adapta-ções introduzidas pelos seus sucessores até o Beato JoãoXXIII. " (Carta "Ecclesiae Unitas" do Papa João Paulo II aDom Licínio e sacerdotes da U. S. S. João Maria Vianney- 25/12/2001)

"É atribuída à Admi-nistração Apostólica afaculdade de celebrar aSagrada Eucaristia, osdemais sacramentos, a Li-turgia das Horas e outrasações litúrgicas segundoo rito e a disciplina litúr-gica, conforme as prescri-ções de São Pio V,junta-mente com as adaptaçõesintroduzidas por seussucessores até o Bem--aventurado João XXIII"(Decreto Animarum Bonum, n. III - 18/1/2002).

Assim, conforme nos concede a Santa Sé, nós conserva-mos essa forma litúrgica do Rito Romano, como uma dasriquezas da Liturgia católica e por ela exprimimos o nossoamor pela Santa Igreja e nossa comunhão com ela. Como jáexpliquei diversas vezes em minhas Cartas Pastorais, ama-mos, preferimos e conservamos essa forma extraordináriado Rito Romano por ser, para nós, melhor expressão litúr-gica dos dogmas eucarísticos e sólido alimento espiritual,pela sua riqueza, beleza, elevação, nobreza e solenidadedas cerimônias, pelo seu senso de sacralidade e reverên-cia, pelo seu sentido de mistério e por sua maior precisão

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Início do Instituto

.ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA

SÃO JOÃO MARIA VIANNEY

e rigor nas rubricas. Ademais, ela apresenta assim mais se-gurança e proteção contra abusos, não dando espaço a "am-biguidades, liberdades; criatividades, adaptações, reduçõese instrumentalizações", como lamentava o Papa João PauloII (Ecclesia de Eucharistia, 10, 52, 61). E a Santa Sé reco-nhece essa nossa adesão como perfeitamente legítima.

Como a Sagrada Liturgia, sobretudo a forma anti-ga do Rito Romano que usamos, deve primar pelo sensode sacralidade e de mistério, pela beleza e profundidade,e demonstrar reverência, humildade, elevação, nobreza,solenidade nas cerimônias e precisão na observância dasrubricas, devemos procurar sempre que todas essas quali-dades existam, aconteçam e se manifestem em nossas ce-rimônias, conciliando tudo isso com uma verdadeira parti-cipação dos fiéis.

3.2 - Liturgia e Clero

A celebração condigna da parte dos sacerdotes é o gran-de meio de incentivar a participação dos fiéis. Por isso, nacelebração da Santa Missa, Sacramentos e Sacramentais oclero deve ser exato nas normas e rubricas, respeitando oCalendário Litúrgico.

"Com efeito, o primeiro modo de favorecer a participa-ção do povo de Deus no rito sagrado é a condignacelebra-ção do mesmo; a arte da celebração é a melhor condiçãopara a participação ativa (actuosa participatio). Aquelaresulta da fiel obediência às normas litúrgicas na sua in-tegridade, pois é precisamente este modo de celebrar que,há dois mil anos, garante a vida de fé de todos os crentes;chamados a viver a celebração enquanto povo de De~s:' .sacerdócio real, nação santa (J Pd 2, 4-5.9). Se é verdadeque todo o povo de Deus participa na liturgia eucarlsti-ca, uma função imprescindível, relativamente à correta arscele brandi, compete, todavia àqueles que receberam o sa-cramento da Ordem. "Bispos, sacerdotes e diáconos, cadaqual segundo o próprio grau, devem considerar a celebra-ção como seu dever principal. " (Bento XVI - Sacramen-tum Caritatis, n. 38 e 39).

3.3 - Cerimoniários e Coroinhas

Os Cerimoniários, acólitos e coroinhas, que tambémparticipam, a seu modo, da celebração litúrgica, devem serbem ensaiados para a execução das cerimônias. Eles de-vem receber continuamente, em suas frequentes reuniões,a formação na piedade e liturgia, com o conhecimento dasnormas próprias das suas funções.

"É verdadeiramente admirável que persista o conheci-do costume de se apresentarem crianças ou jovens, chama-dos comumente de 'coroinhas', para prestar serviço juntoao altar à maneira do acolito, os quais tenham recebido,

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.10 ANOS pt GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

segundo a capacida-de deles, oportunacatequese quanto asua função. Não sedeve esquecer de queentre tais criançassurgiu, durante osséculos, um respei-tável número de mi-nistros sacros. Sejaminstruidas e promovidas para eles associações, tambémcom a participação e a ajuda dos pais, com os quais seprovidencie mais eficazmente a atenção pastoral para comos coroinhas" (Congregação para o Culto Divino e Discipli-na dos Sacramentos, Instrução Redemptionis Sacramentum,:n" 47).

3.4 - Liturgia e povo

"A Liturgia é culto público, interno e externo. É ne-cessário, pois, que todos os fiéis tenham por seu principaldever e suma dignidade participar do santo sacriflcio eu-carlstico, não com assistência passiva, negligente e dis-traída, mas com tal empenho e fervor que os ponha emcontato intimo com o sumo sacerdote ... São, pois, dignosde louvor aqueles que, com o fim de tornar mais fácil efrutuosa ao povo cristão a participação no sacriflcio euca-rlstico, se esforçam em colocar oportunamente nas mãosdo povo o "Missal romano" de modo que os fiéis, unidosao sacerdote, orem com ele, com as suas próprias palavrase com os mesmos sentimentos da Igreja; como também osque visam afazer da liturgia, ainda que externamente, umaação sagrada, na qual têm parte defato todos os assisten-tes. Isso pode acontecer de vários modos: quando todo opovo, segundo as normas rituais, responde disciplinada-mente às palavras do sacerdote ou executa cânticos cor-respondentes às várias partes do sacrificio, ou faz uma eoutra coisa, ou, enfim, quando, na missa solene, respondealternadamente às orações dos ministros de Jesus Cristo ese associa ao canto litúrgico" (Pio XII, Encíclica MediatorDei, 73 e 95).

Promovam-se em nossas Igrejas, além da Missa reza-da silenciosa, a Missa dialogada, frequentemente a MissaCantada e, nas grandes festas, a Missa Solene.

Que os padres expliquem sempre aos fiéis em que con-siste a verdadeira participação na Santa Missa, conformenos ensina a Igreja.

Aconselhamos também que haja monitores ou comen-tadores das Missas com o povo, bem preparados, com boadicção, para que, com pequenas intervenções e anúnciosdos hinos e cânticos, possam colaborar com a participaçãodos fiéis.

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICASÃO JOÃO MARIA VIANNEY

"A participação ativa desejada pelo Concílio deve serentendida, em termos mais substanciais, a partir dumamaior consciência do mistério que é celebrado e da suarelação com a vida quotidiana. Permanece plenamenteválida ainda a recomendação da Constituição conciliarSacrossanctum Concilium feita aos fiéis quando os exortaa não assistirem à liturgia eucarística « como estranhosou espectadores mudos », mas a participarem « na açãosagrada, consciente, ativa e piedosamente ». E o Concílio,desenvolvendo seu pensamento, prossegue: Os fiéis « se-jam instruídos pela palavra de Deus; alimentem-se à mesado corpo do Senhor; deem graças a Deus; "oferecendo aImaculada Hóstia não somente pelas mãos do sacerdote, mastambém em união com ele, aprendam a oferecer a si mesmos,e se aperfeiçoem por Cristo Mediador na união com Deus eentre si" (Bento XVI - Sacramentum Caritatis, n. 52).

Recomendo especial cuidado com o silêncio na Igrejae com o respeito pela Casa de Deus, sobretudo no que dizrespeito à decência, modéstia e conveniência nos trajes. Oscostumes tradicionais neste ponto, com prudência e carida-de, devem ser conservados.

Ademais, há que se incentivar a Pastoral da Acolhida,complemento da Pastoral da Visitação às casas. Ambas sãode grande importância no convite e recepção de novas pes- .soas. Todos os católicos devem ter boa acolhida, sobretudoaos novos fiéis, aos convidados e aos eventuais frequenta-dores da Igreja. Desta boa acolhida depende, muitas vezes,a continuidade da frequência e até a conversão de muitos.

3.5 - Liturgia e Música ."

"Na arte da celebração, ocupa lugar de destaque ocanto litúrgico ... Opovo de Deus, reunido para a celebra-ção, canta os louvores de Deus. Na sua história bimilená-ria, a Igreja criou, e continua a criar, música e cânticosque constituem um património de fé e amor que não sedeve perder. Verdadeiramente, em liturgia, não podemosdizer que tanto vale um câniico como outro; a propósito, énecessário evitar a improvisação genérica ou a introduçãode gêneros musicais que não respeitem o sentido da litur-gia. Enquanto elemento litúrgico, o canto deve integrar-sena forma própria da celebração; consequentemente, tudo- no texto, na melodia, na execução - deve correspon-der ao sentido do mistério celebrado, às várias partes dorito e aos diferentes tempos litúrgicos. Enfim, embora ten-do em conta as distintas orientações e as diferentes e am-plamente louváveis tradições, desejo - como foi pedidopelos padres sinodais - que se valorize adequadamente ocanto gregoriano, como canto próprio da liturgia romana"(Bento XVI - Ib. n. 42).

"A Igreja reconhece como canto próprio da liturgia ro-mana o canto gregoriano; terá este, por isso, na ação li-túrgica, em igualdade de circunstâncias, o primeiro lugar.

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10 ANOS QE GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

Não se excluem todos os outros gêneros de música sacra,mormente a polifonia, na celebração dos Oficios divinos,desde que estejam em harmonia com o espírito da açãolitúrgica" (Sacros-sanctum Conci-lium, 116).

"A esses aspec-tos que têm mais es-treita ligação coma liturgia da Igrejajuntam-se, comodissemos, os cantosreligiosos populares, escritos as mais das vezes em línguavulgar, os quais se originam do próprio canto litúrgico,mas, sendo mais adaptados à índole e aos sentimentosde cada povo em particular, diferem não pouco entre si,conforme o caráter dos povos e a índole particular dasnações. A fim de que semelhantes cânticos religiosos pro-porcionem fruto espiritual e vantagem ao povo cristão,devem ser plenamente conformes ao ensinamento da fécristã, expô-Ia e explicá-Ia retamente, usar linguagemfácile melodia simples, fugir da profusão de palavras empola-das e vazias, e, finalmente, mesmo sendo breves e fáceis,ter certa dignidade e gravidade religiosa. Quando essescânticos sacros possuem tais dotes, brotando como que domais profundo da alma do povo, comovem fortemente ossentimentos e a alma, e excitam piedosos afetos; quandose cantam como uma só voz nas funções religiosas da mul-tidão reunida, elevam com grande eficácia a alma dos fiéisàs coisas celestes. Por isso, embora, como dissemos, nasmissas cantadas solenes não possam eles ser usados semespecial permissão da Santa Sé, todavia nas missas cele-bradas em forma não-solene podem eles admiravelmentecontribuir para que os fiéis assistam ao santo sacrificionão tanto como espectadores mudos e quase inertes, masde forma que, acompanhando com a mente e com a voz aação sacra, unam a própria devoção às preces do sacer-dote, e isso desde que tais cantos sejam bem adaptados àsvárias partes do sacrificio, como sabemos que já se fazem muitas partes do mundo católico, com grande júbiloespiritual" (Pio XII, enc. Musicae Sacrae disciplina, 30).

Exorto, pois, a que nossas paróquias tenham corais,onde os cantores estejam conscientes do seu papel litúrgicoe do grande beneficio que podem e devem trazer à liturgia.Que eles sejam bem formados segundo as normas litúrgi-cas e se apresentem, sobretudo, nas festas e solenidades das

nossas igrejas, semexclusividade, ouseja, não impedindoo canto da parte dopovo.

Que o canto. .gregonano seja va-

lorizado. Os hinos

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICASÃO JOÃO MARIA VIANNEY

e cânticos populares respeitem os tempos litúrgicos e se-jam de acordo com as diversas partes da Missa e demaisfunções litúrgicas. Para examinar a qualidade dos cânticospopulares, instituímos a Comissão de Música Sacra, à qualtais cânticos devem ser submetidos.

Recomendo ainda que se guardem momentos de silên-cio na Santa Missa, que podem ser preenchidos piedosa-mente pelo órgão.

Quanto aos organistas, já traçamos normas especiarsque devem ser por eles observadas.

3.6 - Liturgia e Piedade Popular

Os atos de devoção popular da Paróquia devem ser in-centivados, mas de modo a conduzir o povo a uma maiorparticipação na liturgia, não a substituindo ou se lhe sobre-pondo.

Valorizem-se, assim, as novenas, a Via-Sacra, as pere-grinações, a reza do Rosário na Igreja e em família, o Terçodos homens, as Horas Santas na Igreja e em família, asvisitas ao Santíssimo, as procissões, as vigílias, a práticadas orações jaculatórias, etc.

"São muito de recomendar os exercicios piedosos dopovo cristão, desde que estejam em conformidade com asleis e as normas da Igreja, e especialmente quando se fa-zem por mandato da Sé Apostólica. Importa, porém, orde-nar essas práticas tendo em conta os tempos litúrgicos, demodo que se harmonizem com a sagrada Liturgia, de certomodo derivem dela, e a ela, que por sua natureza é muito:S"ú-'perior; conduzam o povo. "(Saerossanetum Coneilium n. 13).

4. ESPIRITUALIDADE

"A vontade de Deus é que sejais santos" (I Tes 4,3)

"Todos na Igreja, quer pertençam à Hierarquia querpor ela sejam pastoreados, são chamados à santidade"(Cone. Vat. lI, Lumen Gentium, 39).

"A fonte e origem de todo o apostolado da Igreja éCristo, enviado pelo Pai. Sendo assim, é evidente que afe-cundidade do apostolado dos leigos depende da sua uniãovital com Cristo, segundo as palavras do Senhor: 'aque-le que permanece em mim e em quem eu permaneço, esseproduz muito fruto; pois, sem mim, nada podeis fazer' (Jo15, 5). Esta vida de intima união com Cristo na Igreja é ali-mentada pelos auxilios espirituais comuns a todos os fiéise, de modo especial, pela participação ativa na sagradaLiturgia; e os leigos devem servir-se deles de tal modo que,desempenhando corretamente as diversas tarefas terrenasnas condições ordinárias da existência, não separem da

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10 ANOS OE GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MISSÃO

própria vida a união com Cristo, mas antes, realizando aprópria atividade segundo a vontade de Deus, nela cres-çam. É por este caminho que os leigos devem avançar nasantidade com entusiasmo e alegria, esforçando-se por su-perar as dificuldades com prudência e paciência. Nem oscuidados familiares nem outras ocupações profanas devemser alheias à vida espiritual, conforme aquele ensinamen-to do Apóstolo: tudo o que fizerdes, por palavras ou porobras, tudo seja em nome do Senhor Jesus Cristo, dandopor Ele graças a Deus Pai» (Col. 3, 17). Esta vida exigeo exercício constante da fé, da esperança e da caridade.Só com a luz da fé e a meditação da palavra de Deus podealguém reconhecer sempre e em toda a parte a Deus noqual 'vivemos, nos movemos e existimos' (At 17, 28), pro-curar em todas as circunstâncias a Sua vontade, ver Cristoem todos os homens, quer chegados quer estranhos, jul-gar retamente do verdadeiro sentido e valor das realidadestemporais, em si mesmas e em ordem ao fim do homem. "(Cone. Vat. lI, decreto Apostolicam Actuositatem nA).

"O amor do Bispo (aplica-se a todo o clero) pela sagra-da Eucaristia manifesta-se também quando, durante o dia,dedica uma parte razoavelmente longa do próprio tempoà adoração diante do Sacrário" (João Paulo lI, PastoresGregis, 16).

Cultivemos e incentivemos em nós e em nossos fiéisa vida interior séria e profunda, o desejo da santidade, aprática da contínua união com Deus, mesmo durante osafazeres da profissão e estado de vida de cada um, a vidade oração, especialmente a meditação individual e a arte dacontemplação.

Propaguemos incessantemente uma profunda devoçãoeucarística.

"Compete aos Pastores, inclusive pelo testemunho pes-soal, estimular o culto eucarístico, de modo particular asexposições do Santíssimo Sacramento e também as visitasde adoração a Cristo presente sob as espécies eucaristi-cas'' (João Paulo lI, Ecc1esia de Eucharistia, 23).

"Os fiéis, durante o dia, não deixem defazer a visita ao

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Santissimo Sacramento ... O Ordinário promova intensa-mente a adoração eucaristica tanto breve, como prolonga-da ou perpétua, com assistência do povo ... : fonte inesgo-tável de santidade" (CDF - Redemptionis Sacramentum,135, 136).

Na adoração eucarística, incentivemos. mais a oraçãopessoal e o silêncio.

Ensinemos ao povo a prática da Lectio Divina, leituraorante da Sagrada Escritura em cinco atos: leitura, medita-ção, oração, contemplação e ação.

Na reza do Rosário, após o anúncio do mistério, edu-quemos o povo a guardar um tempo de silêncio para a con-templação, como recomenda o Beato João Paulo II:

"A escuta e a meditação alimentam-se de silêncio. Porisso, após a enunciação do mistério e a proclamação daPalavra, é conveniente parar, durante um côngruo períodode tempo, afixar o olhar sobre o mistério meditado, antesde começar a oração vocal. A redescoberta do valor do si-lêncio é um dos segredos para a prática da contemplação eda meditação. Entre as limitações duma sociedade de for-te predominância tecnologica e mediática, conta-se o fatode se tornar cada vez mais diflcil o silêncio. Tal como na.Liturgia se recomendam momentos de silêncio, assim tam-bém na recitação do Rosário é oportuno fazer urna pausadepois da escuta da Palavra de Deus enquanto o espíritose fixa no conteúdo do relativo mistério" (Carta ApostólicaRosarium Virginis Mariae, 31).

. .'5. COMUNHÃO ECLESIAL

..'

5.1- Dentro da Administração Apostólica

São Paulo nos chama de membros da família de Deus,"domestici Dei ", edificados sobre o alicerce dos Apóstolos(cf. Ef 2, 19-20). É na Igreja que "nascemos de novo" peloBatismo. Nesta família fomos recebidos, nela estamos ale-gres e felizes, por saber que estamos na casa de Deus.

Como toda família, a Igreja, divino-humana, tem tam-bém seus problemas, devidos à sua parte humana. Jesusdisse que o "Reino de Deus" aqui na terra, a Igreja, é se-melhante a uma rede, com peixes bons e maus, a um campocom trigo e joio. A depuração será só no fim do mundo.Quem quiser uma Igreja só de santos deve esperar o fim domundo ou ir para o céu.

Essa noção de família é muito importante na eclesio-logia. A Igreja é algo objetivo, fundada por Nosso Senhorsobre os Bispos, segundo a sucessão apostólica. A Igrejanão é um grupo de amigos. "Na Igreja, eu não procuromeus amigos, eu encontro meus irmãos e minhas irmãs;

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·10 ANOS·DE GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

e os irmãos e as irmãs não se procuram, se encontram.Esta situação de não arbitrariedade da Igreja na qual eume encontro, que não é uma igreja da minha escolha, masa Igreja que se me apresenta, é um princípio muito impor-tante. Isto não é minha escolha, como se eu fosse com talgrupo de amigos ou com outro; eu estou na Igreja comum,com os pobres, com os ricos, com as pessoas simpáticas enão simpáticas, com os intelectuais e os analfabetos; euestou na Igreja que me precede" (Ratzinger, Autour de IaQuestion Liturgique, Fontgombault, 24/7/2001).

Devemos acender em nosso povo a consciência dessavida de família na comunidade paroquial, contra o individu-alismo. Evitando o mau espírito de grupo, procurar atrair aspessoas que não pertencem às associações religiosas, paraque participem mais da vida paroquial. Incentivar o conhe-cimento e a convivência de todos os frequentadores apósas atividades religiosas. Que todos tenham a sua paróquiae seus membros como sua família, tendo a alegria de se en-contrar e compartilhar por mais tempo após as cerimônias.

"Vivemos numa época em que somos orientados ao in-dividualismo e ao subjetivismo, inclusive na Fé. É comumouvirmos pessoas afirmarem que têm Fé, mas não religião;ou que creem em Deus, mas não querem pertencer a ne-nhuma igreja. Como se Deus fosse um produto a mais, nãoessencial, mas descartável.

Tendo consciência do valor do significado da adesãopessoal a Jesus, não podemos professar e praticar a Fé deforma coerente se não ofizermos em comunidade.

Daí a necessidade de renovação da estrutura paro-quial, fazendo dela um espaço de acolhida, de solidarie-dade, defraternidade, de vivência da Fé. Enquanto nossascomunidades continuarem a ser apenas 'ajuntamentos' depessoas, em que terminada a atividade pastoral cada umvaipara seu canto, não seremos afamilia de Deus iniciadapor Jesus. " (CNBB - Diretrizes para a Ação Evangeliza-dora da Igreja no Brasil 2011-2015).

Com relação à comunhão interna e vida de família,devemos começar pelo clero, incentivando o espírito decomunhão e caridade entre os nossos sacerdotes e nossasparóquias, evitando todo o mau espírito de superioridade,

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICASÃO JOÃO MARIA VIANNEV

rivalidade, concorrência, ciúmes e crítica."Os clérigos, por trabalharem juntos para o mesmo

objetivo, a saber, para a construção do Corpo de Cristo,estejam unidos entre si pelo vínculo da fraternidade e daoração e se prestem mútua ajuda, de acordo com as pres-crições do direito particular" (cânon 275, §l)

5.2 - Com toda a Igreja,sobretudo com a Diocese de Campos

"Os presbiteros e diáconos que até o momento perten-cem à União São João Maria Vianney incardinam-se naAdministração Apostólica. O Presbitério da Administra-ção é constituído de presbíteros incardinados. Os clérigospor todas as razões pertencem ao clero secular, daí a ne-cessidade de estreita unidade com o Presbitério Diocesanode Campos." (Decreto Animarum Bonum VI § 1).

A Administra-ção Apostólica é

. .uma circunscn-ção eclesiásticada Igreja Católi-ca, em comunhãocom todos os Bis-pos e Diocesés doBrasil 'e do mun-

do, sobretudo com a Diocese de Campos, com a qual com-partilhamos o mesmo território, e com cujo Bispo o nossoBispo Administrador Apostólico tem poder cumulativo .

. . 'Sendo assim, guardando o que temos de específico,

conforme nos outorgou a Santa Sé, cultivemos entre o cleroe os fiéis o sentimento e convicção de que somos católicosda mesma e única Igreja, afetiva e efetivamente.

Especialmente com a Diocese de Campos, devemosdemonstrar a nossa comunhão e compartilhar com ela, namedida do possível, tudo o que não prejudique a nossa es-pecificidade litúrgica ou disciplinar.

6. CARIDADE SOCIAL

"Não havia necessitados entre eles" (Atos, 4, 34).

"Tenham, porisso, os leigos emgrande apreço eajudem quantopossam as obrascaritativas e asiniciativas de as-sistência social,quer privadas

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· 10 ANOS DE GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

quer públicas, e também internacionais, que levam auxí-lio eficaz aos indivíduos e aos povos necessitados, coope-rando neste ponto com todos os homens de boa vontade"(Cone. Vat. 11,decreto Apostolicam Actuositatem n.8).

As Obras Sociais e Caritativas da nossa AdministraçãoApostólica devem ser um meio pelo qual nossos fiéis pos-sam praticar a caridade e a solidariedade cristã. Devemosincentivar neles a consciência da caridade cristã, distintivodos discípulos de Jesus, sobretudo para com os mais neces-sitados. Por isso, nossas Obras Sociais e Caritativas devemser mantidas, na medida do possível, pelos nossos fiéis eseus amigos, e não se tomarem apenas ou, sobretudo, obrasque administram e veiculam verbas do governo. Se hou-ver ajuda do governo, ela deve ser apenas subsidiária, sen-do a maior parte da manutenção feita pelos nossos fiéis eamigos. Não nos preocupemos, pois, em toma-Ias grandese vistosas. Sigamos a linha traçada por Nosso Senhor noEvangelho.

Essas obras devem ser mantidas pela paróquia, pelosnossos fiéis, que devem se interessar por elas, com seu servi-ço até voluntário, sob a supervisão do sacerdote. Que nossasparóquias canalizem parte da sua arrecadação para a carida-de social e que os fiéis fiquem cientes e conscientes disso.

7. MISSIONARIEDADE

7.1 - Nossa participaçãona missionariedade da Igreja

"Tomamos nota, com vivo regozijo pastoral, do vossopropósito de colaborar com a Sé de Pedro na propagaçãoda Fé e da Doutrina Católica, no zelo pela honra da Santaigreja - que se ergue como «Signum in nationes» (ls 11,12)- e no combate aos que tentam destruir a Barca de Pedro,inutilmente porque «as portas do inferno não prevalecerãocontra Ela». (Mt 16,18).

"Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para quenossos povos nele tenham vida - Eu sou o Caminho, a Ver-dade e a Vida" (Jo 14,6), tema da Conferência de Aparecida.

Que os nossos padres e fiéis tenham a consciência aler-tada a respeito de sua especial missão dentro da Igreja: dis-cípulos e missionários.

A formação, a doutrina, os valores espirituais e disci-plinares que recebemos dos nossos antepassados e que sãoconformes com os ensinamentos da Igreja, devem ser vi-venciados, conservados e transmitidos.

Os erros condenados pela Igreja devem ser também ob-jeto do nosso combate. Mas, sobretudo, o zelo pela propa-gação do Evangelho e pela salvação das almas.

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA

SÃO JOÃO MARIA VIANNEY

7.2 - Apostolado de conservação

Descubramos as lideranças leigas dentro da Adminis-tração Apostólica e as valorizemos. Bem orientados, é pre-ciso dar aos leigos o espaço para a sua atuação de acordocom a vocação específica na propagação do Reino de Deus,através das diversas Pastorais e movimentos leigos. Apro-veitemos os nossos leigos como transmissores dos vaia-res cristãos que recebemos, como catequistas, formadores,orientadores, professores, agindo como católicos em váriasáreas, inclusive na política.

"Os clérigos devem reconhecer e promover a missãoque os leigos exercem na Igreja e no mundo, cada um con-forme a parte que lhe cabe" (cânon 275, §2).

7.3 - Sobretudo a catequese

"Catequese, ca-minho para o dis-cipulado" - temado Ano CatequéticoNacional de 2009.

"O que importanão é que haja cate-cismo, mas sim quepara todos, grandese pequenos, hajacatecismo organizado e eficiente" (Pio Xl).

. .'"Não basta ensinar as verdades do catecismo; é neces/- .

sário faze-Ias compreender. Não bastafaze-Ias compreen-der; é necessário faze-Ias amar. Não basta faze-Ias amar;é necessário induzir os ouvintes a praticá-Ias. É este otrabalho mais necessário do aposto lado cristão; é este otrabalho sumamente meritório do catequista" (Pio XII).

Não nos esqueçamos de atingir também, com a cateque-se, os intelectuais, sobretudo os professores, especialmenteos das nossas escolas.

7.4 - Apostolado de expansão

"Os leigos também são chamados a participar na açãopastoral da Igreja, primeiro com o testemunho de sua vidae, em segundo lugar, com ações no campo da evangelização,da vida litúrgica e outras formas de aposto lado segundo asnecessidades locais sob a orientação de seus pastores. Elesestarão dispostos a abrir para eles espaços de participaçãoe a confiar ministérios e responsabilidades em uma Igrejaonde todos vivam de maneira responsável seu compromissocristão". (Documento de Aparecida n. 211).

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10 ANOS,OE GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO

As nossas vanas Associações Religiosas, tais· comoa Congregação Mariana, o Apostolado da Oração, a PiaUnião das Filhas de Maria, a Liga Católica Jesus, Maria,José, a Cruzada Eucarística, etc, devem receber um incen-tivo maior, especialmente no campo da formação, ação emissão apostólica. Que seus membros sejam os primeirose mais fervorosos participantes das diversas Pastorais. Quetodos tenham um grande zelo pelo crescimento da Igrejae se coloquem ao serviço das obras pastorais da Paróquia.Nas coletas obrigatórias, aproveitar para lhes falar do amorpor todos os irmãos católicos e da verdadeira caridade debuscar a todos para Deus.

Devemos incentivar as diversas Pastorais, como açãomissionária de grande eficácia nas Paróquias. Especial-mente recomendamos a Pastoral Familiar, a Pastoral daJuventude, da Sobriedade, a Carcerária, a da Visitação, daCatequese e da Acolhida.

Exortamos a todos de modo especial a que afervorem eintensifiquem a Catequese na Matriz e na zona rural, cate-quese bem organizada, agradável e com eficiência. Lem-bramos também a necessidade das Missões Populares, nacidade e no interior.

7.5 - Colégios

Os colégios da Administração Apostólica devem terbem clara a consciência da sua identidade católica. Essaidentidade deve orientar todo o seu trabalho e esclarecersua finalidade.

A grande pergunta é sobre a sua eficácia na evangeli-zação e se eles têm sido fonte de vocações sacerdotais ereligiosas.

Que todas as nossas escolas leiam e meditem a "Cartade princípios das nossas Escolas Católicas ", que escreviem março de 2008, onde explico bem em que consiste aidentidade da escola católica.

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ADMINISTRAÇÃO ApOSTÓLICA

SÃO JOÃO MARIA VIANNEV

8. CELEBRAÇÕES

Para celebrarmos os 10 anos da nossa AdministraçãoApostólica, além das visitas pastorais e dos eventos paro-quiais, que devem lembrar esse aniversário, propomos osseguintes eventos de destaque:

8.1 - Janeiro: Semana de Estudos do CleroTema: Administração Apostólica: um balanço dos 10

anos. Já ocorrida.

8.2 - Dia 18 de janeiro (quarta-feira)Missa Festiva em todas as Paróquias em ação de gra-

ças pelo aniversário de Ereção Canônica da AdministraçãoApostólica. Já celebrada.

8.3 - Dia 17 de junho (domingo)a) Evento: I Assembleia Geral da Administração

Apostólica. Já realizada.b) Tema: Administração Apostólica: um balanço

dos 10 anos.c) Público alvo: Seminaristas; Religiosos (as); Li-

deranças leigas: Presidentes de Associações, Coordenado-res de Pastoral, Catequistas, Diretores das nossas Escolas:

8.4 - De 23 a 27 de julho: I Semana de formação dasReligiosas da Administração Apostólica.

8.5 - Dia 18 de agosto (sábado) ... ,'"

a) Evento: Grande Concentração de todas as Paró-quias celebrando os 10 Anos da Criação da AdministraçãoApostólica e da minha Ordenação Episcopal.

b) Participação: Todos os Padres trarão Caravanasde todas as Paróquias.

c) Programação: 18h - Solene Missa Pontifica IdeAção de Graças e renovação da Consagração da Adminis-tração Apostólica a Nossa Senhora.

d) Local: Missa: Igreja Principal. O Coro da Missaserá formado por todos os nossos Corais.

8.6 - Dia 23 de setembro (domingo): 111 Encontro dasFamílias da Administração Apostólica.

8.7 - Dia 11 de outubro (quinta-feira): abertura doAno da Fé em todas as Paróquias.

8.8 - Dia 11 de novembro (domingo): VI EncontroGeral da Juventude "Entre-Jornadas",

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10 ANOS DE GRAÇAS:GRATIDÃO, REFLEXÃO E MiSSÃO 55

Conclusão: Aos pés de Nossa Senhora

Não conseguiríamos perseverar na plena comunhão da Igreja e em nossa vida cristã sem a proteção daquela que, sen-do Mãe da Igreja, tudo obtém do Coração de Jesus.

A ela, como no dia da inauguração canônica, consagramos a nossa Administração Apostólica para que a defenda eguarde no seu Coração Matemo:

Consagraçãoda Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

a Nossa Senhora Aparecida

Ó Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeirado Brasil, Rainha dos Apóstolos e Mãe da Igreja, Rainhado Clero e Auxílio dos Cristãos, debaixo de vossa proteçãoviemos nos refugiar e nos consagrar ao vosso ImaculadoCoração, seguros de conseguir misericórdia e alcançar pre-ciosas graças para a nossa perseverançano serviço de Deus e da Santa Igreja, nãopelos'nossos méritos, de que não presumi-mos, mas unicamente pela imensa bonda-de do vosso Coração Matemo.

A Vós, ao Vosso Coração Imaculado,nesta hora difícil por que passa o Brasil, aIgreja e o mundo, no meio de tantas crises,perigos, problemas e ruínas materiais, es-pirituais e morais, com a perda de muitasalmas, nos confiamos e nos consagramos,para conseguirmos o socorro, a graça, aperseverança e a paz para as nossas almas,nossas famílias e nossa sociedade.

Conservai-nos, Virgem fiel, a fidelidade à doutrina e àmoral da Santa Igreja, Corpo Místico de Vosso Divino Fi-lho. Criai, aumentai e conservai em nós um grande amorpelo Santo Sacrifício da Missa, na forma como nos con-cedeu o Santo Padre, como autêntica profissão de nossa

Fé nos dogmas eucarísticos, em perfeitafidelidade ao Magistério da Santa Igreja eem plena comunhão com o Santo Padre oPapa e toda a Igreja Una, Santa, Católica,Apostólica e Romana.

A nossa pequena, pobre e frágil Administração Apostó-lica, uma obra da Santa Igreja, criada pela bondade e gene-rosidade do Santo Padre o Papa, se consagra inteiramentea Vós, para ser, convosco, por Vós e como Vós, grandena Fé e na humildade, rica de graças e bênçãos e forte noverdadeiro bom combate pelos valores perenes que a Igrejaconserva e nos transmite.

Nós, toda a Administração ApostólicaPessoal São João Maria Vianney, seu Pas-tor, seus sacerdotes, suas paróquias, suasigrejas, suas construções e suas obras, seus seminaristas,seu Seminário, suas religiosas e suas casas, suas almas con-sagradas, seus fiéis e suas famílias, suas associações, seuscatecismos, seus grupos, suas escolas, suas obras sociais ecaritativas, seus aposto lados, todos nos consagramos intei-ramente ao vosso Coração de Mãe e tudo depositamos aosvossos pés para que de tudo cuide como coisa e proprieda-de Vossa.

Concede i-nos, Mãe Santíssima, perseverarmos nestanossa consagração e testemunharmos com nossa vida quesomos vossos devotos servidores e filhos sinceros e leais daSanta Igreja, fora da qual não há salvação.

Afastai de nossa Administração Apos-tólica os erros, as profanações, os sacri-légios, as heresias e os cismas, especial-mente o protestantismo, o modernismo, osecularismo, o mundanismo, o indiferen-tismo e o relativismo religioso, o orgulho,a sensualidade e todos os erros atuais queperdem tantas almas. Fazei, Senhora, quevivamos como autênticos cristãos, mesmo.no meio de um mundo pagão quê. desco-nhece a Graça e a Lei de Deus, que vi-vamos no mundo sem sermos do mundonem nos conformarmos com seu espírito.

Pedimos, Mãe querida, que esta nossa total consagraçãoa entregueis ao Coração Sagrado de Vosso Divino Filho.

Assim consagrados ao Sagrado Coração de Jesus e aoVosso Coração Imaculado, queremos viver e morrer, espe-rando, desse modo, contribuir com o triunfo desses Sagra-dos Corações, com a vitória da Santa Igreja, com a salvaçãode muitas almas e para estarmos todos um dia convosco naeterna felicidade do Céu, herança eterna de todos os filhosde Deus. Amém. Assim seja.

Campos dos Goytacazes, 15 de junho de 2012,festa do Sagrado Coração de Jesus

+ Dom Fernando Arêas RifanBispo Titular de Cedam usaAdministrador Apostólico

da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

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