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parto
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Humanizao do parto. Nasce o respeito informaes prticas sobre seus direitos
p r o c u r a d o r - g e r a l d e j u s t i aCarlos Augusto Arruda Guerra de Holanda
s u b p r o c u r a d o r - g e r a l e m a s s u n t o s i n s t i t u c i o n a i sFernando Barros de Lima
s u b p r o c u r a d o r a - g e r a l e m a s s u n t o s a d m i n i s t r at i v o sLais Coelho Teixeira Cavalcanti
s u b p r o c u r a d o r - g e r a l e m a s s u n t o s j u r d i c o sClnio Valena Avelino de Andrade
c o r r e g e d o r - g e r a lRenato da Silva Filho
c o r r e g e d o r - g e r a l s u b s t i t u t oPaulo Roberto Lapenda Figueiroa
o u v i d o r
Antnio Carlos de Oliveira Cavalcanti
s e c r e t r i o - g e r a lAguinaldo Fenelon de Barros
c h e f e d e g a b i n e t eJos Bispo de Melo
c a o p s a d edipo Soares Cavalcante Filho
a s s e s s o r m i n i s t e r i a l d e c o m u n i c a o s o c i a lJaques Cerqueira p r o j e t o h u m a n i z a o d o pa r t oAndra Corradini Rego CostaClara Macedo Rossiter GameiroEvngela Azevedo de AndradeLeonardo Xavier de Lima e SilvaMasa Silva Melo de Oliveira (Lder)Muir Belm de AndradeRiedja Mittiey de Oliveira RamalhoShirley Gonalves do Nascimento Mondaini
Agradecemos a todas as famlias que autorizaram o uso de suas imagens nesta campanha.
Humanizao do parto. Nasce o respeito informaes prticas sobre seus direitos
Copyright 2015 by MPPE permitida a reproduo parcial desta obra, desde que citada a fonte.
o r g a n i z a oAssessoria Ministerial de Comunicao SocialProjeto Humanizao do Parto
c o o r d e n a oMasa Silva Melo de Oliveira
r e d a o e e d i oAndra Corradini Rego CostaMasa Silva Melo de Oliveira
r e v i s o t c n i c aComit Estadual de Estudos de Mortalidade Materna de Pernambuco
Leila Katz, coordenadora da UTI Obsttrica do IMIP-Recife e do Setor Aconchego - IMIP Recife
r e v i s o o r t o g r f i c aBruno BastosJaques Cerqueira
p r o d u o e x e c u t i va Evngela Azevedo de Andrade
p r o j e t o g r f i c oLeonardo MR Dourado
c o l a b o r a oBruno BastosIzabela Cavalcanti Pereira
f o t o g r a f i aMateus S
a p o i o a d m i n i s t r at i v oBruna VieiraCtia FonsecaMarli Cruz
Bibliotecria: Rosa Dalva Rivera de Azevedo CRB-4/931
618.2H918 Humanizao do parto. Nasce o respeito : informaes prticas sobres seus direitos / Organizao, Assessoria Ministerial de Comunicao ; Coordenao, Masa Silva de Melo de Oliveira ; Redao, Andra Corradini Rego Costa e Masa Melo de Oliveira ; Reviso Tcnica, Comit Estadual de Estudos de Mortalidade Materna de Pernambuco. -- Recife : Procuradoria Geral de Justia, 2015. 34 p. ; il.
1. Medicina, Parto Humanizado. 2. Medicina, Tipos de Parto. 3. Gestante, Informaes Prticas. 4. Mulher, Direito Conquistado. 5. Violncia Obsttrica. I. Ttulo.
MPPE-BIB DDIR 618.2
f i c h a c ata lo g r f i c a
Recife, 2015
Humanizao do parto. Nasce o respeito informaes prticas sobre seus direitos
O parto um momento marcado pela importncia da chegada de uma nova vida. Mais que um evento mdico, um acontecimento repleto de emoes e significados.
Como atualmente a maioria dos partos acontece em unidades de sade, necessrio que a mulher, seus familiares e o beb sejam recebidos nesses servios com dignidade, promovendo um ambiente acolhedor e uma atitude tica e solidria.
Nesse contexto, a humanizao do parto mais que uma escolha. um direito conquistado para que todas as mes e bebs sejam respeitados no pr-natal, no parto e no ps-parto, fazendo desse momento to
especial uma experincia plena de respeito, cuidado e acolhimento.
O Ministrio Pblico de Pernambuco est trabalhando para divulgar as informaes sobre a humanizao do parto e promover o respeito aos direitos de todas as pessoas envolvidas neste momento. Mulheres e famlias bem informadas: este o primeiro passo para tornar a humanizao do parto uma realidade em todo o Estado.
Esta cartilha apresenta os principais direitos relacionados humanizao do parto. Esperamos que seja mais um instrumento de cidadania para promover o respeito e a dignidade do parto e nascimento no Estado de Pernam-buco.
A p r e s e n tA o
O que a humanizao do parto?
A humanizao do parto o respeito mulher como pessoa nica, em um momento da sua vida em que necessita de ateno e cuidado. o respeito, tam-bm, famlia em formao e ao beb, que tem direito a um nascimento sadio e harmonioso. Humanizar :
acreditar que o parto normal fisiol-gico e que na maioria das vezes no precisa de qualquer interveno;
saber que a mulher capaz de conduzir o processo e que ela a protagonista desse evento;
conversar, informar a mulher sobre os procedimentos e pedir sua autoriza-o para realiz-los;
garantir e incentivar a presena a todo o momento de um acompa-
nhante escolhido pela mulher, para lhe passar segurana e tranquilidade;
promover um ambiente acolhedor; respeitar cada mulher na sua indivi-
dualidade, levando em considerao seus medos e suas necessidades;
oferecer mulher as melhores con-dies e recursos disponveis, para que se sinta acolhida e segura nesse momento to especial;
prestar assistncia ao parto e nas-cimento seguindo as evidncias cientficas e os mais altos padres de qualidade, de acordo com as Normas Tcnicas e recomendaes do Minis-trio da Sade;
permitir o contato imediato do beb com a me logo ao nascer, e garantir que permaneam juntos durante todo o perodo de internao.
p e r g u n tA s e r e s p o s tA s
A humanizao do parto est focada no respeito s escolhas da mulher, no direito a um atendimento digno, respeitoso e sem qualquer tipo de violncia. Os concei-tos da humanizao do parto devem estar presentes em todos os locais de assistncia gestante: em um hospi-tal pblico, privado, em uma casa de parto e at numa residncia. O que importa que sejam adotadas prticas que garantam o direito informao e s escolhas da mulher.
A humanizao do parto um direito da me e do beb?
Sim, um direito garantido pela Lei mais importante do nosso pas, a Constituio da Repblica, que estabelece a dignidade da pessoa humana como fundamento. Da vm os direitos humanos, dentre os quais se destacam o direito sade, no violncia e maternidade segura. tambm um direito garantido internacionalmente pela Organizao Mundial de Sade (OMS), que emite documentos indicando normas de boas prticas para o parto, e alerta para o risco de intervenes que, quando feitas sem correta indicao, podem colocar em risco a vida da me e do beb.
Como devem agir as unidades de sade?
As unidades de sade devem oferecer mulher um ambiente acolhedor e criar rotinas hospitala-res que acabem com o tradicional isolamento imposto s mulheres. Devem ainda proporcio-nar mulher as melhores condies e recursos dis-ponveis, para que se sinta acolhida e segura. Isso inclui prestar informaes claras sobre os procedi-mentos a serem realizados mediante consentimento da mulher.
Como devem agir os mdicos e enfermeiros?
Devem agir de forma tica e solidria, informando a mulher sobre sua sade, evitando intervenes desnecessrias e ouvin-do sua opinio sobre os procedimentos indicados,
de forma clara, respeitando seu saber e o conhecimento do seu corpo. Os profissionais de sade devem explicar a finalidade de cada interveno, seus riscos e as alterna-tivas disponveis. Com base nessas orientaes, a mulher tem o direito de escolher tratamentos ou procedimen-tos que sero feitos em seu corpo. Devem dar apoio a ela e aos familiares, monitorar o andamento do trabalho de parto e os sinais vitais do beb, alm de prestar um atendimento digno, respeitoso e sem qualquer tipo de violncia fsica ou psicolgica.
A gestante tem direito a um acompanhante?
A Lei 8.080/90 determina que os servios de sade so obrigados a permitir a presena, junto mulher, de um acompanhante de sua escolha durante todo o perodo do trabalho de parto, durante o nascimento e no ps-parto imediato, em todos os servios de sade pblicos e particulares. O acompanhante a pessoa escolhida pela mulher para estar ao seu lado em todos os momentos do parto. Sua presena deve ser garan-tida, seja mulher ou homem, seja a enfermaria coletiva ou individual. As unidades de sade precisam ter um aviso, em local visvel, informando sobre esse direito, e so obrigadas a cumprir a lei em todas as circunstncias. Alegaes como a privacidade das outras mulheres ou a falta de roupa adequada para ingressar na sala de parto ou centro cirrgico, em caso de operao cesariana, no so justificativas para o descumprimento da Lei.
Qual o papel das doulas?
A doula uma profissional que acompanha e d suporte mulher em trabalho de parto, ajudando a cuidar do seu bem-estar fsico e emocional. Ela acompanha a famlia desde o pr-parto, orientando e ajudando nas escolhas e tambm no trabalho de parto, colaboran-do com o dilogo entre a mulher e os profissionais de sade. A doula tambm ajuda a encontrar posies mais confortveis para o trabalho de parto e prope medidas naturais que podem aliviar as dores. Ela no substitui o acompanhante escolhido pela mulher, nem os profissio-nais tradicionalmente envolvidos na assistncia ao parto.
Quando o parto normal indicado?
As mulheres, por sua prpria natureza, sabem parir e, sempre que o parto for de risco habitual, no precisam sofrer intervenes desnecessrias. No parto normal, o beb sinaliza a hora do seu nascimento, avisando quando j est maduro, pronto para vir ao mundo. No trabalho de parto, a mulher pode e deve andar, ingerir lquidos e alimentos leves e escolher a melhor posio para parir, respeitando seu corpo e sua cultura. A recu-perao mais rpida, com menores ndices de compli-caes, como hemorragias e infeces. indicado para as gestaes de risco habitual, e mesmo nas gestaes de alto risco, contanto que haja um acompanhamento contnuo, as mulheres e os bebs podem e merecem usufruir dos benefcios do parto normal.
Gestante de risco habitual aquela que no apresenta caractersticas ou situaes que aumentam a probabilidade dela e/ou do beb desenvolverem alguma complicao na gravidez, parto e ps-parto. Dentre estas, tem-se: compli-caes graves em gestaes anteriores, presena de doenas cardacas, diabetes, HIV/aids etc.
Quando a cesariana indicada?
H uma preocupao de todo o sistema de sade do Pas quanto ao elevado nmero de operaes ce-sarianas sem a indicao correta, o que aumenta os riscos para a mulher e o beb. Atualmente, a maioria dos brasileiros j nasce por cesariana (52%), sendo que este nmero chega a 88% no sistema privado, enquanto que a OMS recomenda 15% como ndice seguro. No h justificativa clnica para um nmero to elevado. A cesariana um recurso que salva vidas quando necessria, porm, sem a indicao adequada, ex-pe mes e bebs a riscos maiores do que no parto normal. A operao cesa-riana se faz com indicao mdica por razo de risco sade da gestante e/ou do beb.
So indicaes de cesariana: descolamento prematuro da placenta com feto vivo (fora do perodo expulsivo); pro-lapso de cordo; quando o beb est em posio transversal durante o tra-balho de parto; gestante soropositiva para HIV; no caso de ruptura de vasa praevia ou ainda herpes genital com leso ativa no momento em que se inicia o trabalho de parto, dentre outros.
No so indicao de ce-sariana: cordo enrolado, beb grande ou pe-queno demais, idade da gestante, seja adolescente ou acima de 35 anos, dentre outros.
Tricotomia: a raspagem dos pelos pubianos. consi-derada desnecessria.
Episiotomia (episio ou pique): corte no perneo (regio entre a vagina e o nus) feito com a inteno de facilitar a sada do beb; atualmente j se sabe que a episiotomia rotineira pode causar mais danos do que benefcios. Por isso, seu uso deve ser limitado.
Enema: a lavagem intestinal. incmoda e constran-gedora para muitas mulheres, seu uso no traz benef-cios para o trabalho de parto. No deve ser feita.
Proibio de ingerir lquidos ou alimentos leves du-rante o trabalho de parto: segundo a OMS, o trabalho de parto requer enormes quantidades de energia. Como no se pode prever a sua durao, preciso repor as fontes de energia, a fim de garantir o bem-estar fetal e materno. Em uma gestante de risco habitual, com pouca chance de precisar de anestesia geral, a ingesto de lquidos e alimentos leves deve ser permitida.
Manobra de Kristeller: um empurro dado na barriga da mulher com o objetivo de levar o beb para o canal de parto. Esta prtica pode ser perigosa para o tero e o beb, no havendo evidncias de sua utilidade.
Alguns procedimentos so realizados de forma rotineira nos partos, mas devem ser evitados, de acordo com as orientaes da OMS e do Ministrio da Sade:
Soro com ocitocina para acelerar o trabalho de parto: a ocitocina um hormnio produzido natural-mente pelo corpo da mulher para ajudar no trabalho do parto. tambm conhecido como hormnio do amor, importante para a ligao entre me e beb. O uso da ocitocina artificial apenas para acelerar o parto, sem uma indicao correta, no adequado para a sade da me e do beb, podendo trazer riscos desnecessrios.
Posio da mulher deitada de barriga para cima du-rante o parto: a posio mais desconfortvel para a mulher e prejudica o fluxo de sangue e oxignio para o beb, alm de dificultar o trabalho de parto, aumentan-do a intensidade da dor durante as contraes e a du-rao do trabalho de parto. As posies verticais, como ficar em p, de ccoras, de quatro apoios ou deitada de lado facilitam o nascimento.
Reviso rotineira, explorao do tero ou lavagem rotineira do tero aps o parto: podem causar infec-o, traumatismo e choque. Deve-se primeiramente examinar a placenta, para verificar se h alguma anor-malidade e s ento, caso necessrio, realizar a reviso do tero. Mais que isso, a mulher deve ser observada cuidadosamente na primeira hora aps o parto, para acompanhar a perda de sangue e a contrao uterina.
Procedimentos no recomendados
A humanizao deve ocorrer tanto no parto normal quanto na ope-rao cesariana?
Sim. A equipe que prestar a assistncia junto mulher e sua famlia deve levar em considerao diversos fatores, como a sade da me e do beb e os riscos envolvidos. O importante que a mulher seja esclarecida pelo profissional de sade quanto aos riscos existentes, possibilitando uma conduta adequada e segura.
O beb pode ficar junto com a me aps o parto?
O alojamento conjunto da me com o beb uma regra muito impor-
tante e deve ser respeita-da. Imediatamente aps o parto deve acontecer o contato pele a pele, quando o beb que nasce bem colocado no colo da me e permanece ali durante a primeira hora de vida, momento para fortalecer o vnculo entre me e beb e estimular a amamentao. O cordo umbilical s dever ser cortado quando parar de pulsar, para garantir que o beb receba uma dose extra de oxignio nos primeiros momentos de vida. Procedimentos de rotina s devero ser rea-lizados aps este contato, exceto se houver indica-o clnica e nos casos de me HIV positivo ou outra indicao mdica com base em evidncias cientficas.
91,7%
88%
70%
53,5%
52%
25,2%
26,6%
18,7%
5%
52% dos nascimentos so por cesariana
88% dos nascimentos na rede privada so por cesariana
70% das mulheres desejavam dar luz por parto normal no incio da gravidez
Apenas 5% das mulheres tiveram par-tos sem intervenes como cesariana,
episiotomia, manobra de Kristeller
Apenas 18,7% das mulheres tiveram garantida a presena
contnua de um acompanhante de sua escolha
Apenas 26,6% dos bebs tiveram contato pele a pele com a me logo ao nascer
Apenas 25,2% das mulheres tiveram acesso alimentao
durante o trabalho de parto 91,7% dos partos nor-mais foram na posio deitada (litotomia)
53,5% das mulheres sofreram episiotomia
Nascer no BrasilA Pesquisa Nascer no Brasil revelou que muitas mulheres no vm tendo seus direitos respeitados no momento do parto. Muitas at os desconhecem, dificultando a identificao de situaes de violao. O resultado da pesquisa um retrato da assistncia ao parto praticada atualmente no Brasil e da necessidade de um esforo conjunto para mudar essa realidade:
O que a violncia obsttrica?
a violncia cometida contra a gestante e sua famlia em servios de sade durante o pr-na-tal, parto, ps-parto ou abortamento. Pode ser verbal, fsica, psicolgica e at sexual. Infelizmente, mais comum do que se imagina. Veja o quadro a seguir com alguns exemplos de violncia obsttrica.
Impedir que a mulher tenha um acompa-nhante, exigir que este acompanhante seja uma mulher ou restringir os horrios de acompanhamento.
Condicionar a presena do acompanhante autorizao do mdico plantonista ou utilizar frases como essa lei no vale aqui.
No dar informaes claras sobre o estado de sade da mulher, realizar procedimentos sem explicar ou ouvir sua opinio.
No oferecer opes para alvio da dor.
Impedir que a mulher se movimente, beba gua ou coma alimen-tos leves durante o trabalho de parto.
Deixar a mulher sozinha, isolada ou trancada.
Realizar exames de toque vaginal repetidas vezes, sob o pretexto de ensinar os estudantes a realizar o toque.
Fazer piadas, dar bron-cas, xingar ou impedir que a mulher se expres-se durante o trabalho de parto. Frases como: Na hora de fazer tava bom, porque t chorando agora?; Cale a boca, voc quer que a criana nasa surda? so exemplos relatados de violncia obsttrica.
Exemplos de violncia obsttrica
Essas atitudes podem gerar responsabilizao administrativa, civil e penal para os profissionais.
No caso de aborto, quais os direitos da mu-lher no atendimento?
Nesses casos, se faz necessrio superar a dis-criminao e a desumani-zao do atendimento s mulheres em situao de abortamento, como por exemplo a recusa da inter-nao ou a longa espera para atendimento. Em situaes de urgncia ou emergncia, todo servio de sade deve cuidar da mulher de modo rpido, respeitoso e de acordo com as normas do Minis-trio da Sade. As regras da Poltica de Humaniza-o do Parto se aplicam
integralmente aos casos de abortamento, sendo direito de toda mulher e dever de todo profissional de sade.
O Cdigo Penal (artigo 128, de 1940) prev o abortamento legal para gestaes resultantes de estupro e para o caso de risco de morte para a mulher.
Direitos da gestante
O parto um momento muito especial para a vida da me, do beb e de toda a famlia. Quando os direitos do parto so respeitados, todos tm uma experincia prazerosa.
Antes do parto:
Ter acesso ao teste de gravidez, com garantia de con-fidencialidade, na unidade de sade.
Realizar a primeira consulta pr-natal com at 120 dias de gestao (4 meses).
Receber avaliao inicial imediata da sade da me e do beb, para verificar se precisam de atendimento prioritrio.
Ter acesso a, no mnimo, seis consultas de pr-natal, de preferncia: uma no primeiro trimestre, duas no
D i r e i t o s D A g e s tA n t e
segundo trimestre e trs no terceiro trimestre da gestao. No existe alta no pr-natal, a mu-lher deve ser atendida at o momento de seu parto.
Ter ambiente confor-tvel para a espera, e atendimento com orientao clara sobre sua condio e proce-dimentos que sero realizados.
Exame Para que serve Quando
ABO-Rh Identificar tipo sanguneo. Se a me tiver RH negativo e o beb positivo, ministrar a imunoglobulina evita problemas nas gesta-es futuras.
Na primeira consulta
Dosagem de Hemoglobina (Hb) e Hematcrito (HT)
Verifica a presena ou no de anemia Na primeira consulta
Glicemia de jejum Se der igual ou maior que 85 e/ou tiver algum com diabete na famlia, deve fazer o Teste de Tolerncia Glicose (TTG), para verificar diabetes gestacional.
Na primeira consulta. Repetir na 30 semana
VDRL Verifica a sfilis congnita Na primeira consulta Repetir na 30 semana
Urina - tipo 1 Investiga infeces. Na primeira consulta Repetir na 30 semana
Teste anti-HIV Busca evitar a transmisso do vrus na hora do parto. Na primeira consulta
Sorologia para hepatite B (HBsAg)
30 semana
Sorologia para toxoplasmose (IgM)
Na primeira consulta
Exames de imagem (ultrasso-nografia)
S so previstos como obrigatrios em caso de gestao de alto risco.
Pelo menos uma, no 2 trimestre.
Veja quais exames devem ser realizados no seu pr-natal
No parto: toda gestante tem direito de conhecer e se vincular a uma ma-ternidade para receber assistncia no mbito do SUS (Lei n 11.634/2007). Mulheres e recm-nas-cidos no podem ser recusados nos servios e tampouco peregrinar em busca de assistncia. Se a unidade de sade no for adequada para o tipo de atendimento necessrio, a gestante dever ser assisti-da at que sejam garanti-dos o transporte seguro e a transferncia para outra unidade adequada. Toda transferncia deve ser feita aps a garantia de um leito, com atendimento prvio e sob os cuidados de um profissional de sade.
Vacina antitetnica (dT), contra hepatite B (se no vacinada) e contra gripe (durante as cam-panhas).
Avaliao do estado nutricional da gestante e tratamento dos distr-bios nutricionais.
Preveno ou diagns-tico precoce do cncer de colo uterino e de mama.
Avaliao e acompa-nhamento odontol-gico.
Tratamento de possveis problemas da gestao.
Classificao de risco gestacional deve ser realizada na pri-meira consulta e nas seguintes, para diag-nosticar precocemente a gestante de risco e proporcionar o encami-nhamento adequado.
Alm disso, os seguintes procedimentos devem ser realizados:
Privacidade para a me e seu acompanhante.
Possibilidade de se movimentar, caminhar, se sentar, o que facilita o parto.
Possibilidade de se alimentar com lquidos ou alimentos leves.
Acesso a mtodos para alvio da dor durante a evoluo do parto, desde massagens at a analgesia.
Realizao da ausculta fetal (ouvir os batimen-tos cardacos do beb) e o controle dos sinais vitais da me, alm dos
outros procedimentos necessrios.
Escolha da melhor posi-o para o parto.
Contato imediato do beb com a pele da sua me logo aps o nasci-mento (se ela desejar), colocando-o sobre a sua barriga ou seios, de bruos e coberto de forma seca e aquecida. O contato pele a pele deve ser garantido tanto no parto normal quanto na cesrea, na primeira hora de vida e antes de qualquer procedimento de rotina, e no significa apenas
O contato pele a pele verdadeiro acontece quando a criana fica no colo da me pela pri-meira hora de vida, algumas vezes at j se iniciando a amamentao nesse momento.
mostrar o beb ou encost-lo rapidamente no rosto da sua me.
Corte do cordo um-bilical apenas quando pararem as pulsaes (de 1 a 3 minutos aps o nascimento).
Estmulo da amamen-tao na primeira hora de vida.
Realizao dos proce-dimentos de rotina no recm-nascido apenas aps a primeira hora de vida (pesar, medir, vacinar etc.)
Se a me for HIV positi-vo, as regras do cordo umbilical e da amamen-tao no valem, para evitar a transmisso do vrus para o beb.
Conhea as principais prticas de humanizao do partoSempre que no houver problemas clnicos, elas devem ser respeitadas:
Aps o parto:
Alojamento conjunto da me com o beb e seu acompanhante desde o nascimento, no devendo haver perodo de observa-o no berrio sem uma indicao clnica concreta.
Controle da luz, da temperatura e de rudos no ambiente.
Incio da amamentao ainda na primeira hora de vida, sendo mantida como nica alimenta-o at o sexto ms do beb. Depois disso, o beb deve continuar tomando leite materno, junto a outros alimen-tos, at os dois anos de idade ou mais.
Em todos os momentos (antes,
durante e aps o parto), a mulher tem o direito da presena de um acompanhante.
O que um Plano de Parto?
O Plano de Parto um texto contendo as escolhas da mulher para o seu pr-parto, parto e ps-parto. Pode ser feito em forma de uma carta e deve trazer suas prefern-cias de forma clara para orientar os profissionais de sade que acompa-nharo o processo. Voc pode usar as informaes desta cartilha e outras orientaes, inclusive mdicas, para escrever o seu Plano de Parto. O texto deve ser elaborado durante o pr-natal e deve ser acompanhado de orientaes sobre alimentao, exerccios fsicos e respiratrios preparatrios.
O que so o carto da gestante e o partogra-ma?
A Resoluo 368 da ANS determina que seja fornecido o carto da gestante, um instrumen-to com os registros das consultas do pr-natal que deve ser apresentado nos estabelecimentos de sade durante a ges-tao e quando entrar em trabalho de parto. J o partograma um documento grfico onde o profissional de sade registra o desenvolvimen-to do trabalho de parto, incluindo a justificativa de necessidade de opera-o cesariana e parte integrante do processo para pagamento do parto. A Resoluo diz
ainda que, sempre que a mulher pedir, devem ser divulgadas as taxas de cesariana dos profissionais e servios credenciados pela operadora de sade. Essas aes tm o objeti-vo de incentivar o parto normal.
Tive meus direitos violados. O que devo fazer?
Procure o Ministrio Pblico de Pernambuco, por meio da Ouvidoria ou da Promotoria de Justia da sua cidade. O seu caso ser apurado a fim de que outras mulheres no venham a sofrer as mesmas vio-laes, pois o MPPE vai agir para que o servio de sade cumpra com as obrigaes previstas na lei e ainda poder apurar as condutas que sejam definidas como crime.
Ministrio Pblico de Pernambuco www.mppe.mp.brCentral de Denncias: 0800.281.9455Ouvidoria: (81) 3303.1244 Pessoalmente: procure a
Promotoria de Justia da sua cidade. Os endereos e telefones esto dispon-veis no site.
Procure a Defensoria Pblica ou a Ordem dos Advogados do Brasil OAB, para ingressar com ao judicial para repa-rao de danos morais e materiais.
Defensoria Pblicawww.defensoria.pe.gov.br 0800.081.0129
OAB Pernambuco www.oabpe.org.br
Procure os Comits de Mortalidade Materna e/ou de Mortalidade Infantil de seu municpio ou regio.
Procure a Ouvidoria do Sistema nico de Sade.
Disque-sade: 136
Os profissionais de
sade devem agir de
forma tica e solidria,
informando a mulher
sobre sua sade, evi-
tando intervenes
desnecessrias e
ouvindo sua opinio
sobre os procedimen-
tos indicados, de forma
clara, respeitando seu
saber e o conhecimen-
to do seu corpo.
Quem orienta Principais diretrizes
Organizao das Naes Unidas - ONU
Destaca, dentro dos Objetivos do Milnio, a necessidade de se alcanar: igualdade entre sexos e empode-ramento da mulher; reduo da mortalidade infantil; melhoria da sade das gestantes.
Ministrio da Sade (Por-taria/GM 569 - 2000) Pro-grama de Humanizao do Parto e Nascimento
Ressalta que a humanizao do parto condio primeira para o adequado acompanhamento sade da mulher e do beb, compreendendo o dever das maternidades de receber com dignidade a mulher, seus familiares e o beb, o que requer atitude tica e solidria por parte dos profissionais de sade, a criao de um ambiente acolhedor e a adoo de medidas e procedimentos sabidamente benficos para o acompa-nhamento do parto e do nascimento, evitando prticas intervencionistas desnecessrias, que embora tra-dicionalmente realizadas, no beneficiam a mulher nem o recm-nascido, e que com frequncia acarretam maiores riscos para ambos.
Agncia Nacional de Vi-gilncia Sanitria (Anvisa) RDC 36/2008
Considera que parto e nascimento so acontecimentos de cunho familiar, social, cultural e fisiolgico, fortalecendo o compromisso com os direitos de cidadania e garantindo o acesso s informaes sobre sade. Obriga todos os servios de ateno sade da gestante a adotarem os preceitos de humanizao do parto, descrevendo detalhadamente as medidas necessrias para a adoo de boas prticas no atendi-mento ao parto.
Lei 8.080/1990 Direito Sade
Dispe que o direito sade alcana os direitos reprodutivos das mulheres e os direitos das crianas, abrangendo o direito de acesso a tcnicas e servios de sade que proporcionem atendimento digno e seguro, durante a gravidez e o nascimento, me e ao beb.
As principais referncias legais sobre o tema so:
Quem orienta Principais diretrizes
Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA)
Afirma que crianas e adolescentes tm direito proteo vida e sade, mediante a efetivao de polticas sociais que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso. Determina que os estabelecimentos de sade, pblicos e particulares, so obrigados a manter o alojamento conjunto, ou seja, possibilitar que o recm-nascido permanea todo o tempo junto de sua me.
Ministrio da Sade Portaria 1.459/2011 (Rede Cegonha)
uma rede, criada no SUS, que promove o direito ao planejamento da reproduo (escolha de quando se quer ter filhos) e ateno humanizada na gravidez, parto e ps-parto.
Ministrio da Sade Portaria 371/2014
Assegura que o beb dever ser colocado imediatamente no colo da me aps o nascimento (o chamado contato pele a pele), devendo permanecer durante a primeira hora de vida, para fortalecer o vnculo entre me e beb e estimular a amamentao. Assegura tambm que o cordo umbilical s dever ser cortado quando parar de pulsar, para garantir que o beb receba uma dose extra de oxignio nos primeiros momentos de vida. Procedimentos de rotina s devero ser realizados aps este contato, exceto se houver indicao clnica.
Agncia Nacional de Sade Suplementar - Resoluo 368/2015
Dispe sobre o direito de acesso informao das beneficirias aos percentuais de cirurgias cesreas e de partos normais, por operadora, por estabelecimento de sade e por mdico e sobre a utilizao do parto-grama, do carto da gestante e da carta de informao gestante no mbito da sade suplementar.
AMORIM, Melnia Maria Ramos de. Estuda, Melnia, Es-tuda! 2012. Disponvel em: . Acesso em: 19 mar. 2015.
BRASIL. ANVISA. Agncia Nacional de Vigilncia Sanit-ria. Resoluo RDC n 36, de 3 de junho de 2008. Regu-lamento Tcnico para Funcionamento dos Servios de Ateno Obsttrica e Neonatal. Disponvel em: Acesso em: 26 de jan, 2015.
BRASIL. Ministrio da Sade. Portaria n 569/GM, de 1 de junho de 2000. Dispe sobre o Programa de Humaniza-o do Parto e Nascimento no mbito do Sistema nico de Sade.
BRASIL. Ministrio da Sade. Portaria n 1.459, de 24 de junho de 2011. Dispe sobre a Rede Cegonha no mbi-to do Sistema nico de Sade.
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direito da pessoa, na rede de servios de
sade, ter atendimento humanizado, acolhe-dor, livre de qualquer
discriminao, restrio ou negao em virtu-de de idade, raa, cor,
etnia, religio, orienta-o sexual, identidade de gnero, condies
econmicas ou sociais, estado de sade, de
anomalia, patologia ou deficincia.
Portaria n 1.820/09 do Ministrio da Sade
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