3
UFSB – Universidade Federal do Sul da Bahia CC – Universidade e Sociedade Discente: Jone Maicon Oliveira Rocha O caso de D. Ismênia O caso que será apresentado a seguir é fictício, mas tem proximidade com situações frequentes que encontramos no dia-a-dia das famílias. Leiam o caso e discutam em vocês, tendo por base as seguintes questões norteadoras: 1. À luz do texto que vocês leram [indicados pelo personagem José Antonio], como você e sua equipe ajudariam Josana e os colegas a entenderem a situação de Dona Ismênia? Após leitura dos dois textos, a melhor explicação que se pode dar a Josana e os colegas é que a vigilância em saúde se utiliza de um processo de divisão territorial para atendimento as populações de uma área delimitada, ao qual se firma na previa caracterização da população e seus problemas de saúde, bem como a materialidade histórica e social e configurações espaciais singulares compatíveis com a organização político-administrativa e institucional do setor. E neste caso de Dona Ismênia, provavelmente seja uma situação em que os agentes que ela teve contato, sejam responsáveis por um território com características próprias às quais a Dona Ismênia não se encaixa, dado as condições de vida daquela população. 2. Quais conceitos de território poderíamos localizar nos diferentes textos que poderiam auxiliar na compreensão da situação da família de Dona Ismênia? "(...) Assim todo espaço geográfico populacional, portará uma história ecológica, biológica, econômica, comportamental, cultural, em síntese social, que necessariamente tem que orientar o conhecimento do processo saúde-doença". (Rojas, 1998). Portanto, o território da Saúde Coletiva onde se desenvolvem ações de saúde pública, são produções coletivas, com materialidade histórica e social e configurações espaciais singulares compatíveis com a organização político-administrativa e institucional do setor. O objetivo é prevenir riscos e evitar danos à saúde, a partir de um diagnóstico da situação de saúde e das condições de vida de populações em áreas delimitadas.

Caso de Dona Ismenia

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Caso de Dona Ismenia

Citation preview

UFSB Universidade Federal do Sul da Bahia

CC Universidade e Sociedade

Discente: Jone Maicon Oliveira Rocha

O caso de D. Ismnia

O caso que ser apresentado a seguir fictcio, mas tem proximidade com situaes frequentes que encontramos no dia-a-dia das famlias. Leiam o caso e discutam em vocs, tendo por base as seguintes questes norteadoras:

1. luz do texto que vocs leram [indicados pelo personagem Jos Antonio], como voc e sua equipe ajudariam Josana e os colegas a entenderem a situao de Dona Ismnia?

Aps leitura dos dois textos, a melhor explicao que se pode dar a Josana e os colegas que a vigilncia em sade se utiliza de um processo de diviso territorial para atendimento as populaes de uma rea delimitada, ao qual se firma na previa caracterizao da populao e seus problemas de sade, bem como a materialidade histrica e social e configuraes espaciais singulares compatveis com a organizao poltico-administrativa e institucional do setor. E neste caso de Dona Ismnia, provavelmente seja uma situao em que os agentes que ela teve contato, sejam responsveis por um territrio com caractersticas prprias s quais a Dona Ismnia no se encaixa, dado as condies de vida daquela populao.2. Quais conceitos de territrio poderamos localizar nos diferentes textos que poderiam auxiliar na compreenso da situao da famlia de Dona Ismnia?

"(...) Assim todo espao geogrfico populacional, portar uma histria ecolgica, biolgica, econmica, comportamental, cultural, em sntese social, que necessariamente tem que orientar o conhecimento do processo sade-doena". (Rojas, 1998).

Portanto, o territrio da Sade Coletiva onde se desenvolvem aes de sade pblica, so produes coletivas, com materialidade histrica e social e configuraes espaciais singulares compatveis com a organizao poltico-administrativa e institucional do setor. O objetivo prevenir riscos e evitar danos sade, a partir de um diagnstico da situao de sade e das condies de vida de populaes em reas delimitadas. 3. Quais outras questes discutidas no texto que chamaram a ateno do seu grupo?

A problemtica que vem sendo tratada de forma absolutamente insuficiente no que tange necessidade do Siab de apreender e compreender algumas caractersticas fundamentais para a anlise do socioespao, pois os nicos parmetros ambientais presentes nesse sistema esto relacionados ao ambiente do domiclio das famlias e ao seu entorno mais imediato. Entretanto, esses parmetros no destacam questes como a do lanamento de efluentes industriais e de outros resduos oriundos dos mais diversos processos produtivos, por vezes localizados a grandes distncias, mas que distribuem os malefcios de suas atividades de forma desigual e injusta, ao contaminarem continuamente os recursos hdricos de usufruto comum de determinada comunidade.O grupo dever entregar as respostas a essas perguntas ao final da discusso (no mximo 10 linhas por questo).

Josana, estudante do 3o ano de BI da UFSB e sua equipe de aprendizagem ativa esto inseridos na Estratgia de Sade da Famlia do Bairro de Patax em Itanhm. No atendimento famlia de Dona Ismnia encontraram a seguinte situao: Em meio a vrios pequenos condomnios de casas e apartamentos, Dona Ismnia, 45 anos, parda, viva, faxineira, reside com seus cinco filhos: Rosa, de 17 anos; Tadeu, 15; Orlando, 13; Juclia, 10 e Ana Julia, 8, em um barraco construdo de madeira e enchimento. Os nicos filhos que esto na escola so Juclia e Ana Julia, pois os outros tem que trabalhar para ajudar na manuteno da casa. Rosa, cuida de um beb no condomnio vizinho somente nos horrios que a patroa sai para trabalhar na loja que tem no centro, ganhando por hora trabalhada. Orlando e Tadeu vendem a tapioca que Dona Ismnia faz noite para ajudar nas despesas. Dona Ismnia procurou o servio de sade dizendo que Ana Julia tem uma diarreia constante, e que tem emagrecido muito. Josana e os colegas pesaram e viram que realmente Ana Julia est muito abaixo do peso para a idade. Em visita casa de Dona Ismnia, verificaram que a famlia se utilizava de uma cisterna, que ficava a menos de 5 metros da fossa utilizada pela famlia para conter os dejetos, construda por seu marido quando se mudaram para l, antes do bairro ser servido por coleta de esgoto. Quando perguntaram se o Agente de sade no havia passado em sua casa para entregar o cloro para ser colocado na gua, Dona Ismnia disse que os dois agentes que passavam na sua rua diziam que ela no pertencia rea adscrita deles, pois estava na divisa da microrea.Josana e sua equipe ficaram com muitas dvidas a respeito do funcionamento da territorializao realizada e ficaram se questionando sobre como entender a situao daquela famlia para poder prestar assistncia adequada. Procuraram Jos Antonio, residente do programa de Mestrado Interprofissional que atende aquela comunidade e ele incentivou a leitura de alguns textos para discutirem posteriormente.

A problemtica ambiental (dentre outras relevantes dimenses existenciais dos territrios) vem sendo tratada de forma absolutamente insuficiente no que tange necessidade do Siab de apreender e compreender algumas caractersticas fundamentais para a anlise do socioespao, pois os nicos parmetros ambientais presentes nesse sistema (Ficha A) esto relacionados ao ambiente do domiclio das famlias e ao seu entorno mais imediato. Entretanto, esses parmetros no destacam questes como a do lanamento de efluentes industriais e de outros resduos oriundos dos mais diversos processos produtivos, por vezes localizados a grandes distncias, mas que distribuem os malefcios de suas atividades de forma desigual e injusta, ao contaminarem continuamente os recursos hdricos de usufruto comum de determinada comunidade, para ficarmos apenas em um exemplo mais imediato e bvio.

Estamos falando, portanto, da possibilidade concreta de contaminao

ambiental e das pessoas por substncias qumicas absolutamente estranhas

aos lugares da vida cotidiana onde iro exercer seus efeitos txicos, sejam

esses imediatos ou de longo perodo de latncia, atualmente no contemplada

no formato corrente dos sistemas de informao em sade. Esse fato

comprova a necessidade urgente de uma nova forma de vigilncia em

sade que leve a problematizao da sade com base no territrio e nos

seus contextos de usos e de disputas pelos mais variados projetos. E isso

evidencia a relevncia da opinio das pessoas que vivem nos territrios

para a efetivao real de uma vigilncia em sade conectada dinmica

das transformaes do territrio.