3
Caso Sadia: As práticas de governança corporativa são imprescindíveis ao sucesso de uma organização, tanto no curto como, e talvez principalmente, no longo prazo. Fato que foi claramente demonstrado no caso Sadia, onde essas práticas não foram realizadas de forma efetiva e “surpreendida por uma crise” veio a desmoronar. Um caso de conflito de interesses, omissão de informações, negligência de providencias e atitudes. Escolhido para ser o “bode expiatório” da Sadia, o diretor financeiro afastado da Sadia fez declarações interessantes: “Os instrumentos financeiros de derivativos (...) tiveram papel essencial nas práticas comerciais e financeiras da Sadia e nos últimos seis anos, foram responsáveis por aproximadamente 60% do lucro da companhia. A empresa só teve lucro em alguns anos por causa da área financeira” “Surpreende-me também o relatório da BDO Trevisan, conforme o que li publicado na grande imprensa, considerar apenas o ano de 2008, ou seja, a história muito recente da companhia.” “Quanto à política de governança corporativa da Sadia, (...) parece- me que realmente há problemas de controle interno, já que, meses após minha saída, a companhia decidiu modificar as estruturas de reporte.” “A meu ver, a decisão de me processar é uma clara tentativa de isentar os demais Administradores da Sadia, que geriram a companhia junto comigo e que compartilharam as mesmas decisões e as consequências positivas delas.” "Quando você está ganhando, está todo mundo com você. Na hora que o barco começa a afundar, aí é cada um por si.“ Diversos pontos podem ser descritos nesse caso, como causas desse desmoronamento:

Caso Sadia

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Caso Sadia

Caso Sadia:

As práticas de governança corporativa são imprescindíveis ao sucesso de uma organização, tanto no curto como, e talvez principalmente, no longo prazo.

Fato que foi claramente demonstrado no caso Sadia, onde essas práticas não foram realizadas de forma efetiva e “surpreendida por uma crise” veio a desmoronar. Um caso de conflito de interesses, omissão de informações, negligência de providencias e atitudes.

Escolhido para ser o “bode expiatório” da Sadia, o diretor financeiro afastado da Sadia fez declarações interessantes:

 

• “Os instrumentos financeiros de derivativos (...) tiveram papel essencial nas práticas comerciais e financeiras da Sadia e nos últimos seis anos, foram responsáveis por aproximadamente 60% do lucro da companhia. A empresa só teve lucro em alguns anos por causa da área financeira”

• “Surpreende-me também o relatório da BDO Trevisan, conforme o que li publicado na grande imprensa, considerar apenas o ano de 2008, ou seja, a história muito recente da companhia.”

• “Quanto à política de governança corporativa da Sadia, (...) parece-me que realmente há problemas de controle interno, já que, meses após minha saída, a companhia decidiu modificar as estruturas de reporte.”

• “A meu ver, a decisão de me processar é uma clara tentativa de isentar os demais Administradores da Sadia, que geriram a companhia junto comigo e que compartilharam as mesmas decisões e as consequências positivas delas.”

"Quando você está ganhando, está todo mundo com você. Na hora que o barco começa a afundar, aí é cada um por si.“

Diversos pontos podem ser descritos nesse caso, como causas desse desmoronamento:

Uma curiosidade é o fato de seus conselheiros serem ilustres e em tese com grande know-how para o cargo, e serem” coniventes” com essa derrocada, tamanha competência, teriam sido interesses conflitantes, ou excesso de auto confiança?

Conflito de Interesses: Pessoas envolvidas com o sistema de gerenciamento de riscos não podem estar unicamente subordinadas aos executivos responsáveis pelas operações, devendo ser monitorados de forma independente.

Falta de informação aos CEOs.

Page 2: Caso Sadia

Descaso na politica financeira, caracterizado pela falta de clareza e a inexistência da figura responsável por ser fazer cumprir tais políticas.

Falha dos comitês de finança (não se reunia a seis meses), de auditoria (descaso com um relatório que apontava possíveis problema apresentado meses antes).

Falta de transparência: apontando parte dos ganhos com derivativos como operacional e não receita financeira. Gerando prejuízos a empresas e investidores.

Incentivo indireto a executivos optarem por mais riscos, remuneração variável dos gestores, com componente variável associado a ganhos financeiros em operações com derivativos.

Esses pontos dentro de um cenário onde a regulamentação não indicava uma padronização de como esses instrumentos deviam ser reportados dentro das empresas foram o pano de fundo para a estratégia da Sadia, que funcionou em momentos de estabilidade econômica, mas fracassou e quebrou a empresa; mas que levou ao aprimoramento em 2008 da regulação e punições foram feitas.

O auditor financeiro não foi o único culpado. Nesta lista foram inclusos:

- Auditores,- Bancos de Investimento,- Analistas,- Agencias de Classificação de Risco de Credito,

Lições que o caso nos deixa:

- Governança deve ser um processo contínuo, diário e prioritário;- O sistema de governança deve funcionar e não ser meramente um quadro

da administração;- Conselheiros devem atuar de forma diligente, buscando perguntas e

respostas;- Cumprimento de politicas corporativas deve ser incutido na pauta da

administração;- A boa governança deve prestar contas aos investidor, de forma

transparente, sobre resultados e riscos reais incorridos pela empresa.