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5037800-18.2016.4.04.7000 700004835281 .V31 Av. Anita Garibaldi, 888, 2º andar - Bairro: Cabral - CEP: 80540-400 - Fone: (41)3210-1681 - www.jfpr.jus.br - Email: [email protected] AÇÃO PENAL Nº 5037800-18.2016.4.04.7000/PR AUTOR: PETRÓLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRÁS AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RÉU: EDISON FREIRE COUTINHO RÉU: ROBERTO TROMBETA RÉU: GENESIO SCHIAVINATO JUNIOR RÉU: JOSE ANTONIO MARSILIO SCHWARZ RÉU: ADIR ASSAD RÉU: RENATO DE SOUZA DUQUE RÉU: ALEXANDRE CORREA DE OLIVEIRA ROMANO RÉU: ROBERTO RIBEIRO CAPOBIANCO RÉU: ERASTO MESSIAS DA SILVA JUNIOR RÉU: RODRIGO MORALES RÉU: JOSE ADELMARIO PINHEIRO FILHO RÉU: PAULO ADALBERTO ALVES FERREIRA RÉU: AGENOR FRANKLIN MAGALHAES MEDEIROS RÉU: RICARDO PERNAMBUCO BACKHEUSER SENTENÇA 13.ª VARA FEDERAL CRIMINAL DE CURITIBA PROCESSO n.º 5037800-18.2016.4.04.7000 AÇÃO PENAL Autor: Ministério Público Federal Acusados: a) Adir Assad, brasileiro, nascido em 14/02/1953, com os demais dados conhecidos em Secretaria; b) Agenor Franklin Magalhães Medeiros, brasileiro, nascido em 08/06/1948, com os demais dados conhecidos em Secretaria; c) Alexandre Correa de Oliveira Romano, brasileiro, nascido em 12/12/1975, com os demais dados conhecidos em Secretaria; d) Edison Freire Coutinho, brasileiro, nascido em 07/11/1950, com os demais dados conhecidos em Secretaria; Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 13ª Vara Federal de Curitiba :: 700004835281 - eproc - :: https://eproc.jfpr.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=minuta_impri... 1 de 246 14/05/2018 16:45

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5037800-18.2016.4.04.7000 700004835281 .V31

Av. Anita Garibaldi, 888, 2º andar - Bairro: Cabral - CEP: 80540-400 - Fone: (41)3210-1681 - www.jfpr.jus.br - Email:[email protected]

AÇÃO PENAL Nº 5037800-18.2016.4.04.7000/PR

AUTOR: PETRÓLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRÁS

AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RÉU: EDISON FREIRE COUTINHO

RÉU: ROBERTO TROMBETA

RÉU: GENESIO SCHIAVINATO JUNIOR

RÉU: JOSE ANTONIO MARSILIO SCHWARZ

RÉU: ADIR ASSAD

RÉU: RENATO DE SOUZA DUQUE

RÉU: ALEXANDRE CORREA DE OLIVEIRA ROMANO

RÉU: ROBERTO RIBEIRO CAPOBIANCO

RÉU: ERASTO MESSIAS DA SILVA JUNIOR

RÉU: RODRIGO MORALES

RÉU: JOSE ADELMARIO PINHEIRO FILHO

RÉU: PAULO ADALBERTO ALVES FERREIRA

RÉU: AGENOR FRANKLIN MAGALHAES MEDEIROS

RÉU: RICARDO PERNAMBUCO BACKHEUSER

SENTENÇA

13.ª VARA FEDERAL CRIMINAL DE CURITIBA

PROCESSO n.º 5037800-18.2016.4.04.7000

AÇÃO PENAL

Autor: Ministério Público Federal

Acusados:

a) Adir Assad, brasileiro, nascido em 14/02/1953, com os demais dadosconhecidos em Secretaria;

b) Agenor Franklin Magalhães Medeiros, brasileiro, nascido em08/06/1948, com os demais dados conhecidos em Secretaria;

c) Alexandre Correa de Oliveira Romano, brasileiro, nascido em12/12/1975, com os demais dados conhecidos em Secretaria;

d) Edison Freire Coutinho, brasileiro, nascido em 07/11/1950, com osdemais dados conhecidos em Secretaria;

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e) Erasto Messias da Silva Júnior, brasileiro, casado, economista, nascidoem 02/01/1965, filho de Erasto Messias da Silva e Jacira do Prado Silva, portador daCIRG nº 15769119/SP, inscrito no CPF sob o nº 029.201.218-71, residente edomiciliado na Rua Alameda dos Periquitos, 250, Condomínio Alpes da Cantareira,Parque Petropólis, em Mairiporã/SP, e com endereço profissional na Av. Angélica,2163, 14º andar, Consolação, em São Paulo/PR;

f) Genésio Schiavinato Júnior, brasileiro, casado, engenheiro civil, nascidoem 06/09/1952, filho de Genésio Schiavinato e Ruth Tosetti Schiavinatto, portador daCIRG nº 5556040-4/SP, inscrito no CPF sob o nº 979.044.738-87, residente edomiciliado na Rua Agostinho Bezerra, 50, ap. 91-A, Vila Beatriz, em São Paulo/SP, ecom endereço profissional na Av. Brigadeiro Faria Lima, 201, 16º andar, Pinheiros, emSão Paulo/SP;

g) José Aldemário Pinheiro Filho, vulgo Léo Pinheiro, brasileiro, nascidoem 29/09/1951, com os demais dados conhecidos em Secretaria;

h) José Antônio Marsílio Schwarz, brasileiro, nascido em 10/04/1954,com os demais dados conhecidos em Secretaria;

i) Paulo Adalberto Alves Ferreira, brasileiro, casado, professor, nascidoem 04/02/1959, filho de Joventil Marques Ferreira e de Maria Alves Ferreira, portadorda CIRG nº 1006851545/SP, inscrito no CPF sob o nº 292.921.580-15, residente edomiciliado em SQN 115, bloco 505, Asa Norte, Brasília/DF;

j) Renato de Souza Duque, brasileiro, nascido em 29/09/1955, com osdemais dados conhecidos em Secretaria;

k) Ricardo Backheuser Pernambuco, brasileiro, nascido em 19/02/1941,com os demais dados conhecidos em Secretaria;

l) Rodrigo Morales, brasileiro, nascido em 24/01/1972, com os demaisdados conhecidos em Secretaria;

m) Roberto Ribeiro Capobianco, brasileiro, casado, engenheiro, nascidoem 23/07/1955, filho de Júlio Capobianco e Joana Darc Ribeiro Capobianco, portadorda CIRG nº 7611632/SP, inscrito no CPF sob o nº 033.785.768-71, residente edomiciliado na Rua Elias Cutait, 151, Cidade Jardim, em São Paulo/SP, e comendereço comercial na Av. Nações Unidas, 8501, em São Paulo/SP; e

n) Roberto Trombeta, brasileiro, nascido em 24/05/1963, com os demaisdados conhecidos em Secretaria.

I. RELATÓRIO

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1. Trata-se de denúncia formulada pelo MPF pela prática de crimes decorrupção (art. 317 e 333 do Código Penal), de lavagem de dinheiro (art. 1º, caput,inciso V, da Lei n.º 9.613/1998), de associação criminosa (art. 288 do CP) e de crimesde pertinência à organização criminosa (art. 2º da Lei nº 1.2850/2013) contra osacusados acima nominados (eventos 1 e 3).

2. A denúncia tem por base os inquéritos 5049557-14.2013.404.7000,5032134-36.2016.4.04.7000, 5004047-07.2015.404.7000 e5004046-22.2015.404.7000, e processos conexos, entre eles os de n.os5026980-37.2016.4.04.7000, 5017661-45.2016.4.04.7000,5075022-88.2014.4.04.7000, 5011709-22.2015.404.7000, 5017661-45.2016.4.04.7000,5073475-13.2014.404.7000, entre outros. Todos esses processos, em decorrência dasvirtudes do sistema de processo eletrônico da Quarta Região Federal, estão disponíveise acessíveis às partes deste feito e estiveram à disposição para consulta das Defesasdesde pelo menos o oferecimento da denúncia, sendo a eles ainda feita amplareferência no curso da ação penal. Todos os documentos neles constantes instruem,portanto, os autos da presente ação penal.

3. Em síntese, segundo a denúncia (evento 1), o Consórcio Novo Cenpes,formado pelas empreiteiras OAS, Carioca Engenharia, Construbase Engenharia,Construcap CCPS Engenharia e Schahin Engenharia, teria vencido a licitação de obrasjunto à Petróleo Brasileiro S/A - Petrobrás de construção predial para ampliação doCENPES (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez deMello) - IECP mediante ajuste fraudulento de licitação e, ademais, teria pago vantagemindevida a executivos Petrobrás e a agentes políticos.

4. O contrato em questão teria sido previamente atribuído às empresascomponentes do Consórcio Novo Cenpes através do cartel das empreiteiras do qual aOAS era integrante e as demais empresas participavam eventualmente. Além disso, foioferecida vantagem indevida à empresa WTorre, que havia apresentado a melhorproposta na licitação, para que se afastasse do certame, o que propiciou a atribuição docontrato ao Consórcio Novo Cenpes, segunda colocada.

5. Pela OAS, estariam especificamente envolvidos os executivos AgenorFranklin Magalhães Medeiros e José Aldemário Pinheiro Filho. Pela CariocaEngenharia, o executivo Ricardo Backheuser Pernambuco. Também teria participadoRicarbo Pernambuco Backheuser Júnior, mas não foi ele denunciado por força deacordo de colaboração.

6. Pela Construbase Engenharia, o executivo Genésio Schiavinato Júnior.

7. Pela Construcap, os executivos Roberto Ribeiro Capobianco e ErastoMessias da Silva Júnior

8. Pela Schahin Engenharia, os executivos Edison Freire Coutinho e José

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Antônio Marsílio Schwarz.

9. Já Renato de Souza Duque, Diretor de Engenharia e Serviços daPetrobrás ao tempo dos fatos, teria recebido propinas, assim como Paulo AdalbertoAlves Ferreira, Secretário de Finanças do Partido dos Trabalhadores ao tempo dosfatos. Também teria recebido propina o gerente da Petrobrás Pedro José Barusco Filho,não tendo ele sido denunciado em virtude de acordo de colaboração.

10. O montante da propina foi apontado como sendo de 2% do valor docontrato e dos aditivos, cerca de R$ 20.658.100,76.

11. Adir Assad, Rodrigo Morales e Roberto Trombeta seriam, segundo adenúncia, profissionais da lavagem, e disponibilizavam, mediante expedientesfraudulentos, dinheiro em espécie às empreiteiras e que o utilizavam para efetuarpagamentos a agentes públicos ou políticos.

12. Tais condutas, por envolverem valores provenientes dos contratosobtidos mediante ajuste fraudulento de licitação e outros crimes, configurariam crimesde lavagem de dinheiro.

13. Assim, Rodrigo Morales e Roberto Trombeta teriam lavado R$2.895.000,00 provenientes do Consórcio Novo Cenpes, utilizando as empresas MRTRGestão Empresarial e Morales e De Paula Advogados Associados e mediantesimulação de contratos de prestação de serviços.

14. Adir Assad, por sua vez, teria lavado R$ 2.107.501,00 provenientes daCarioca Engenharia, utilizando as empresas Legend Engenheiros Associados e RockStar Marketing Ltda. e mediante simulação de contrato de prestação de serviços.

15. Inclui o MPF na denúncia também imputação de lavagem contraRicardo Backheuser Pernambuco pela transferência no exterior de USD 711.000,00,em 22/03/2012, de conta controlada por dirigente da Carioca Engenharia para conta dePedro José Barusco Filho. Assim, da conta em nome da off-shore Cliver Group Ltd.mantida no Banco Delta Trust, em Genebra, na Suíça, foram transferidos USD711.050,00 em 23/03/2012, para conta em nome da off-shore Kindai Financial Ltd., noUBS, agência de Zurique, que, por sua vez, transferiu o montante para conta em nomeda off-shore Mayana Trading Corporation no Banco Lombard Odier, em Genebra. Aconta Mayana seria titularizada por Mario Frederico Mendonça Goes, intermediador depropinas para Pedro José Barusco Filho.

16. A denúncia também inclui operações de intermediação de propinas ede lavagem de dinheiro de Alexandre Correa de Oliveira Romano. As empresas deAlexandre Romano teriam recebido recursos das empresas Construbase (R$480.000,00), Schahin (R$ 224.094,66) e Construcap, por meio da controladaConstrutora Ferreira Guedes (R$ 341.900,00) e os repassado, mediante estratagemasde ocultação e dissimulação, a Alexandre Correa de Oliveira Romano e que, por suavez, utilizando outros estratagemas de ocultação e dissimulação, os repassou a Paulo

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Adalberto Alves Ferreira.

17. Enquadra o MPF os fatos nos crimes de corrupção e de lavagem dedinheiro, pela utilização de expedientes de ocultação e dissimulação do produto dacorrupção.

18. Além dos crimes de corrupção e lavagem, vislumbra o MPF umagrande associação criminosa entre os acusados destinada a lesar a Petrobrás.

19. Imputa ele, em decorrência, o crime do artigo 288 do CPP aosacusados Ricardo Backheuser Pernambuco, Edison Freire Coutinho, José AntônioMarsílio Schwarz, Genésio Schiavinato Júnior, Roberto Ribeiro Capobianco, ErastoMessias da Silva Júnior, Rodrigo Morales e Roberto Trombeta. Já, em relação aAlexandre Correa de Oliveira Romano e a Paulo Adalberto Alves Ferreira, imputa ocrime de pertinência à organização criminosa, já que o vínculo criminal teria persistidodurante a vigência da Lei nº 12.850/2013. Quanto aos demais componentes daassociação ou organização criminosa, já teriam sido acusados por esses crimes emoutros processos.

20. Essa a síntese da denúncia.

21. A denúncia foi recebida em 12/08/2016 (evento 4).

22. Os acusados foram citados e apresentaram respostas preliminares pordefensores constituídos.

23. As respostas preliminares foram examinadas pela decisão de22/09/2016 (evento 142).

24. Na audiência de 05/10/2016 (evento 264), foi admitida a PetróleoBrasileiro S/A - Petrobrás como Assistente de Acusação.

25. Foram ouvidas as testemunhas de acusação (eventos 264, 277, 299,308, 315, a partir daqui transcrições, 324, 342, 352, 354 e 361) e de defesa (eventos339, 344, 359, 363, 382, 396, 432, 437, 443, 454, a partir daqui transcrições, 398, 420,434, 441, 445, 452, 482, 486, 493 e 517).

26. Parte dos depoimentos das testemunhas foi colhida como provaemprestada de outras ações penais, com a concordância das partes (eventos 277, 287,421, 443, 444).

27. Os acusados foram interrogados (eventos 534, 538, 540, 610, 611 e619).

28. Os requerimentos das partes na fase do art. 402 do CPP foramapreciados nos termos da decisão de 16/12/2016 (evento 552). Na ocasião, deferida aoitiva de testemunha referida, o que foi feito (eventos 657 e 719).

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29. Supervenientemente, os acusados Edison Freire Coutinho e JoséAntônio Marsílio Schwarz celebraram acordo de colaboração com o MPF. Emdecorrência, o MPF juntou os acordos e depoimentos prestados por eles e requereu quefossem reinterrogados (evento 679), o que foi deferido nos termos do despacho de13/02/2017 (evento 683). Os acusados foram reinterrogados (eventos 769 e 781).

30. A pedido da Defesa de Genésio Schiavinato e nos termos do item 2 daaudiência de 09/03/2017 (evento 769), foi ouvida uma nova testemunhareferida (eventos 779 e 785).

31. Nos termos do despacho de 03/05/2017 (evento 818), foi deferidonovo interrogatório dos acusados José Adelmário Pinheiro Filho e de Agenor FranklinMagalhães Medeiros diante de sua alegação de que teriam intenção de colaborar com aJustiça independentemente da formalização de acordo de colaboração. Os acusadosforam reinterrogados (eventos 891 e 893). A pedido da Defesa respectiva, foi aindareinterrogado na mesma ocasião o acusado Renato de Souza Duque (eventos 891 e893).

32. Sucessivamente, a pedido da respectiva Defesa, foi aindareinterrogado o acusado Paulo Adalberto Alves Ferreira (eventos 895 e 900).

33. O MPF, em alegações finais (eventos 787 e 898), argumentou: a) que adenúncia não é inepta; b) que a denúncia não padece de inépcia; c) que a provaindiciária é relevante para apuração de crimes complexos; d) que o ato de ofíciopretendido em troca do pagamento de vantagem indevida não precisa ser "certo,preciso ou determinado" e que basta que se insere no "âmbito dos poderes de fatoinerentes ao exercício do cargo do agente"; e) que restou provada a autoridade ematerialidade dos crimes narrados na inicial; f) que vários dos acusados confessaram;g) que várias testemunhas confirmaram os crimes; h) que os agentes da Petrobrástinham ciência da existência do cartel e do ajuste fraudulento de licitações, mas nadafizeram para impedir esses crimes por conta da propina paga; i) que 1% do valor docontrato ia para os agentes da Petrobrás e outro 1% para agentes do Partido dosTrabalhadores; j) que os agentes políticos recebiam por dar sustentação à nomeação epermanência dos executivos da Petrobrás em seu cargos na estatal; k) que os crimes delavagem tem por antecedentes crimes de fraude à licitação e corrupção praticador pororganização criminosa; l) que os acusados se associaram para a prática de diversoscrimes; m) que foram praticados atos de lavagem para viabilizar o pagamento devantagem indevida a agentes da Petrobrás e a agentes políticos; n) que restou provadoque os pagamentos efetuados ao escritório Oliveira Romano foram efetuados com baseem contratos simulados ou superfaturados e que o real destinatário dos valores era oacusado Paulo Adalberto Alves Ferreira; o) que o relatório da CGU que reputou nãocomprovada a corrupção e lavagem no que se refere a Construcap não teve presente asprovas produzidas na presente ação penal; p) que restaram provados os repassesefetuados por Alexandre Correa de Oliveira Romano para terceiros no interesse dePaulo Adalberto Alves Ferreira; q) que a gravidade dos crimes praticada pelaassociação e sua complexidade autoriza o enquadramento do crime associativo comode pertinência à organização criminosa, sendo tal crime imputável aos acusadso Paulo

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Adalberto Alves Ferreira e Alexandre Correa de Oliveira Romano que persistiram naprática delitiva até 29/10/2013, ou seja, mesmo apos a edição da Lei nº 12.850/2013; er) que o álibi de Paulo Adalberto Alves Ferreira, de que tratar-se-ia de doaçõeseleitorais, não é consistente com os fatos provados. Pleiteia a condenação na forma daimputação. Requer a fixação de penas elevadas e que sejam observados os acordos decolaboração em relação aos acusados Ricardo Pernambuco Backheuser, AlexandreCorrea de Oliveira Romano, Edison Freire Coutinho e José Antônio MarsílioSchwartz. Relativamente aos acusados Roberto Trombeta e Rodrigo Moralesargumenta que eles violaram os acordos de colaboração, conforme requerido noprocesso 5005514-84.2016.404.7000, motivo pelo qual não fariam jus ao benefíciosprometidos. Pleiteia o confisco de R$ 20.658.100,76 correspondente ao montante devantagens indevidas pagas e a fixação do valor mínimo do dano a ser ressarcido nocorrespondente ao dobro do total das vantagens indevidas.

34. A Petrobrás apresentou alegações finais, ratificando as razões doMinistério Público Federal e requerendo confisco de bens e fixação de valor mínimopara reparação de danos com correção monetária e juros (eventos 791 e 897).

35. A Defesa de Agenor Franklin Magalhães Medeiros, em alegaçõesfinais (eventos 906 e 908), argumentou: a) que o acusado teve longa trajetóriaprofissional no Grupo OAS; b) que na época dos fatos era Diretor de Óleo e Gás daConstrutora OAS; c) que o acusado era um cupridor de ordens, longa manus dosacionistas da OAS; d) que o acusado confessou os fatos em Juízo e colaborou com aJustiça; d) que na OAS o setor denominado de área de geração ou controladoria é queera responsável pelo repasse de vantagem indevida; e) que o setor respondia a JoséAdelmário Pinheiro Filho; f) que o Grupo OAS tinha que realizar negócios com umGoverno corrupto; g) que houve pagamento de vantagem indevida no contrato deampliação do Cenpens; h) que o acusado não foi o responsável pelos contratos com asempresas de Rodrigo Morales ou Roberto Trombeta; i) que o acusado não cuidava daoperacionalização dos pagamentos; j) que houve ajustes de licitação entre asempreiteiras relativamente aos contratos envolvendo a ampliação do Cenpes, naconstrução do centro administrativo de Vitória, do CIPD/RJ e ainda de prédiosadministrativos da Petrobrás em Santos; k) que o Consóricio Novo Cenpes obteveinformações privilegiadas na licitação através de João Augusto Rezende Henriques e aTrend Empreendimentos; l) que foram pagos dezoito milhões de reais à WTorre paraque ela desistisse da licitação; m) que todas as empresas e seus dirigentes concordaramem efetuar pagamentos a Pedro José Baursco Filho de 1,75% do valor da obra, sendoos pagamentos operacionalizados pela OAS para todas as empresas e depois por ela epela Construbase; n) que houve facilitação de aprovação de aditivos e ainda de doisIPTEJs, instrumento particular de transação extra judicial, em virtude do pagamento depropina; o) que também foi acertado 1% de propina ao Partido dos Trabalhadores; p)que os pagamentos ao PT eram controlados por João Vaccari Neto e cada empreiteiraficou encarregado do pagamento de sua parte; q) que, pela colaboração havida, faz oacusado jus à redução de 2/3 da pena a ele cominada. Consta ainda nas alegações finaiso relato de outros episódios do pagamento de propina a agentes públicos.

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36. A Defesa de Alexandre Correa de Oliveira Romano, em alegaçõesfinais (evento 907), argumentou: a) que o acusado celebrou acordo de colaboração coma Procuradoria Geral da República e que foi homologado pelo Supremo TribunalFederal; b) que o acusado, por sua colaboração efetiva, faz jus ao perdão judicial; c)que o acusado vem cumprindo as condições previstas no acordo, inclusive depostandoo correspondente à multa fixada; d) que o acusado sempre contribuiu para a caridade enão se envolveu em outras condutas criminais além daquelas reconhecidas no acordode colaboração; e) que deveria ser reconhecido um crime de lavagem em relação acada empreiteira e entre eles a continuidade delitiva; f) que os repasses a PauloAdalberto Alves Ferreira constituem mero exaurimento dos atos de lavagem anteriores;e g) que os fatos ocorreram antes de 2013, então o crime associativo é de quadrilha enão de pertinência à organização criminosa.

37. A Defesa de José Adelmário Pinheiro Filho, em alegações finais(evento 909), argumentou: a) que, em seu interrogatório, José Adelmário PinheiroFilho confessou o crime de ajuste de licitação e admitiu o pagamento de vantagemindevidas a agentes da Petrobrás e ao Partido dos Trabalhadores; b) que o acusadoainda promoveu a juntada de documentos e informou fatos novos; c) que foram obtidasinformações sigilosas através de João Augusto Rezende Henriques e que também seencarregou de fazer a ligação com os coordenadores da licitação; d) que houve opagamento de valores à WTorre para que ela se afastasse do certame; e) que foramindicadas as empresas Álamo Emprendimentos e TKK Engenharia também comoveículos de propinas; e f) que deve ser reconhecida, mesmo sem a formalização deacordo, a colaboração do acusado com o esclarecimento dos fatos, com a concessãodos benefícios pertinentes.

38. A Defesa de Genésio Schiavinato Júnior, em alegações finais (evento910), argumentou: a) que a denúncia é inepta, por falta de individualização dascondutas; b) que a Construbase nunca integrou o "clube das empreiteiras"; c) que alíder do contrato era a OAS, a quem cabia a gestão e representação do contrato; d) quenão há prova de que o acusado Genésio Schiavinato Júnior tenha ofertado ou pagovantagem indevida a agentes da Petrobrás; e) que não há prova da prática de ato deofício em favor do Consórcio Novo Cenpes; f) que a ampliação do Cenpes foi a únicaobra da Petrobrás na qual a Construbase, em consórcio, participou; g) que as decisõeseram tomadas pela liderança do Consórcio, a OAS; h) que os pagamentos daConstrubase a Oliveira Romano Escritório da Advogados foram feitos a pedido deAgenor Franklin Magalhães Medeiros e a solicitação foi aceita porque a Construbasedevia ao Consórcio valores pela elaboração de estudos prévios sobre a obra e que eramnecessários para a formulação de proposta de preço na licitação; i) que, se reconhecidoo crime, teria havido um único crime de corrupção e não vários, devendo serreconhecida continuidade delitiva se vários; j) que não há prova da prática de ato deofício; k) que, na imputação, há confusão entre o crime de corrupção e de lavagem eque os repasses ao escritório Oliveira Romano constituem exaurimento do crime decorrupção; l) que não há prova da participação do acusado Genésio Schiavinato Júniornos atos de lavagem envolvendo as empresas de Roberto Trombeta ou RodrigoMorales; m) que não há prova da prática de crime de quadrilha; n) que o pedido de

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confisco de bens e de fixação de valor mínimo de indenização formulado pelo MPF égenérico; o) que o confisco de bens de valor equivalente não pode ser aplicado paracrimes cometidos antes da publicação da Lei nº 12.694/2012; p) que não se podeafirmar que o valor pago de propina é o equivalente ao valor do prejuízo sofrido pelaPetrobrás; e q) que, se houver condenação, deve ser fixada pena mínima.

39. A Defesa de José Antônio Marsílio Schwarz, em alegações finais(eventos 911), argumentou: a) que o acusado celebrou acordo de colaboração com oMPF; b) que a colaboração do acusado foi efetiva para esclarecer os fatos; c) que oacusado desmontou o álibi apresentado por Paulo Adalberto Alves Ferreira; d) queacusado não tem antecedentes criminais e que pela efetividade da colaboração faz jusao perdão judicial; e) que houve um único crime de lavagem e não três; e f) que não háprova de vínculo associativo e, portanto, de quadrilha, já que a participação do acusadofoi específica.

40. A Defesa de Ricardo Pernambuco Backheuser, em alegações finais(evento 912), argumentou: a) que o acusado celebrou acordo de colaboração mesmoantes que a Carioca Engenharia começasse a ser investigada; b) que o acusado cumpriusua parte no acordo, revelando fatos e provas; c) que houve um único crime decorrupção; d) que o acusado não teve participação na contratação das empresas deRoberto Trombeta ou Rodrigo Morales; e) que deve ser reconhecida a continuidadedelitiva dos crimes de lavagem envolvendo as empresas de Adir Assad; f) que astransações no exterior representam igualmente crime único, sem continuidade ouhabitualidade.

41. A Defesa de Edison Freire Coutinho, em alegações finais (evento913), argumentou: a) que o acusado celebrou acordo de colaboração premiada com oMPF; b) que a colaboração mostrou-se efetiva; c) que devem ser concedidos osbenefícios previstos no acordo ou perdão judicial; d) que o acusado participou doajuste fraudulento de licitação e da negociação de vantagem indevida à WTorre paraque ela abandonasse a licitação; e) que o acusado não participou dos atos crimes delavagem de dinheiro; e f) que não há nenhuma prova de sua participação nospagamentos efetuados ao escritório Oliveira Romano.

42. A Defesa de Roberto Ribeiro Capobianco, em alegações finais (evento914), argumentou: a) que, apesar de todos os acordos de colaboração celebrados, nãohá prova da responsabilidade criminal de Roberto Capobianco; b) que a Construcapjamais integrou o clube das empreiteiras ou participou de ajuste de licitações; c) que aConstrucap tem o histórico de ter denunciado o direcionamento de licitações; d) que aConstrucap somente foi convidada para participar da licitação do contrato deampliação do Cenpes em 31/10/2006, então não poderia ter participado de ajustesanteriores; e) que o MPF não denunciou os dirigentes da WTorre por supostamenteterem recebido propina para deixar a licitação provavelmente por não se fiarem norelato dos colaboradores; f) que os dirigentes da WTorre não confirmaram teremrecebido pagamentos para desistir da licitação; g) que o colaborador Edison Coutinhofaltou com a verdade ao afirmar que não participou da reunião de negociação daproposta do Consórcio Novo Cenpes com a Petrobrás ou de reuniões realizadas

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posteriormente a constituição do contrato (fl. 38 e evento 894); h) que não há prova deque Roberto Capobianco participou do pagamento de propina no contrato do NovoCenpes; i) que vários dos envolvidos negaram o envolvimento da Construcap no cartelou nos acertos de corrupção com agentes da Petrobrás; j) que se houve pagamento depropina pelo Consórcio, isso ocorreu à revelia do acusado; k) que Alexandre Romanofaltou com a verdade em Juízo; l) que Paulo Cintra confirmou a prestação de serviçospor Alexandre Romano à Construtora Ferreira Guedes; l) que a Defesa de ErastoMessias da Silva Júnior apresentou cópias de mensagens eletrônicas e outrosdocumentos comprovando os trabalhos prestados à Construtora Ferreira Guedes pelaOliveira Romano Escritório de Advocacia (evento 595); m) que o parecer relativo aoTAV foi de fato encomendado pela Construtora Ferreira Guedes ao escritório OliveiraRomano e depois o mesmo parecer foi utilizado por ele para simular serviços àConstrubase; n) que a Controladoria Geral da União - CGU, com quem foramcompartilhadas as provas da Operação Lavajato posicionou-se pela ausências deprovas para responsabilização da Construcap; o) que também não há prova do crime deassociação criminosa; e p) que não há prova de dano à Administração Pública ajustificar a fixação de valor mínimo para indenização.

43. A Defesa de Roberto Trombeta e Rodrigo Morales, em alegaçõesfinais (evento 915), argumentou: a) que os acusados celebraram acordo de colaboraçãocom o MPF e que foi homologado pelo Juízo; b) que não há prova de vínculoassociativo para a prática de crimes, devendo ser absolvidos do crime de quadrilha; c)que a multa prevista no acordo foi integralmente paga; d) que o MPF alegoudescumprimento do acordo para negar aos acusados os benefícios ali previstos; e) queos acusados, ao contrário do afirmado pelo MPF, apresentaram todos os documentosexigidos e que se encontram no evento 1, anexo 07, fl. 134, e eventos 29 a 35 doprocedimento de averiguação 5005514-84.2016.4.04.7000; f) que os acusadosreapresentaram tais documentos à autoridade policial e a ela prestaram diversosdepoimentos; g) que os acusados não ocultaram fatos do MPF e que as off-shores porele citadas ou estão encerradas ou são de clientes dos acusados; h) que nenhuma dessasempresas foi aberta após o acordo ou teve movimentação ou administração por partedos acusados após a homologação do acordo; i) que os acusados aindacomplementaram sua colaboração após a reclamação do MPF; i) que os acusadosforam interrogados na condição de colaboradores; j) que os acusados aindacolaboraram em outras investigações policiais, Operações Zelotes e Acrônimo,suprindo anteriores omissões; k) que o Juízo, em caso similar, reputou justificávelomissão de outro colaborador, Júlio Gerin de Almeida Camargo; e l) que as omissõesforam supridas antes da sentença e não prejudicaram as investigações.

44. A Defesa de Adir Assad, em alegações finais também subscritas peloacusado (eventos 916), argumentou: a) que não restaram provados os crimesantecedentes à lavagem de dinheiro; b) que o crime de corrupção não pode serantecedente à lavagem no presente caso pois a própria denúncia afirma que ospagamentos às empresas de Adir Assad visavam fazer dinheiro em espécie, depoisdestinado ao pagamento de vantagem indevida; c) que o crime de fraude à licitaçãotambém não poderia figurar como antecedente à lavagem porque absorvido pelo crime

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mais grave, de corrupção; d) que o acusado "informa e admite que, de fato, geroudinheiro em espécie para a empresa Carioca Engenharia"; e) que os pagamentos eramlastreados em "contratos fictícios de locação de máquinas e equipamentos" e tambémpor "contratos de patrocínios superfaturados em provas de automobilistmo da StockCar"; f) que o crime de lavagem teria sido único ou em continuidade delitiva; e g) quedeve ser reconhecida a confissão como atenuante.

45. A Defesa de Erasto Messias da Silva Júnior, em alegações finais(eventos 917), argumentou: a) que o acusado era Diretor Superintendente daConstrutora Ferreira Guedes ao tempo dos fatos; b) que a Agrocap Participações Ltda.adquiriu a Construtora Ferreira Guedes em abril de 2008; c) que a Agrocap também écontroladora da Construcap; d) que o controle decisório era do coacusado RobertoCapobianco; e) que não há prova de que os valores utilizados para pagar o escritórioOliveira Romano seriam provenientes do contrato entre a Petrobrás e o ConsórcioNovo Cenpes; f) que não existia confusão patrimonial entre a Construcap e aConstrutora Ferreira Guedes; g) que o acusado Erasto Messias da Silva Júnior seguiuas diretrizes fornecidas por Roberto Capobianco e contratou o escritório OliveiraRomano; h) que a acusação contra Erasto Messias da Silva Júnior se apoia unicamenteno depoimento do colaborador Alexandre Correa de Oliveira Romano; i) que ocolaborador se contradisse no interrogatório judicial; j) que há prova testemunhas daprestação dos serviços jurídicos pelo escritório de Alexandre Correa de OliveiraRomano; k) que foram produzidos documentos relativos à prestação de serviços, comocontratos, mensagens eletrônicas, (eventos 192, 594, out4, 595, out3); l) que aControladoria Geral da União não reputou presentes provas suficientes da participaçãoda Construcap ou da Construtora Ferreira Guedes nos crimes; m) que o acusado, comosubordinado, não tinha conhecimento de eventuais crimes praticados no âmbito doConsórcio Novo Cenpes; e n) que não há prova do crime de associação criminosa.

46. A Defesa de Paulo Adalberto Alves Ferreira, em alegações finais(eventos 918), argumentou: a) que houve violação do princípio da indivisibilidade daação penal pois outros envolvidos deveriam ser acusados, como Mateus Coutinho deSá, sendo que este deveria ter sido ouvido; b) que o Juízo é incompetente pois houvecrimes eleitorais, de doações eleitorais não-registradas; c) que o Juízo é incompetentepois não ocorreram crimes em Curitiba; d) que a palavra de colaboradores demandaprova documental; e) que não há prova de que Paulo Adalberto Alves Ferreirasoubesse que os valores recebidos provinham de acertos de corrupção em contratos daPetrobrás; f) que Paulo era amigo de Alexandre Romano e este resolveu contribuir paraa campanha eleitoral daquele; g) que há uma desproporção entre os valores recebidospor Alexandre Romano das empresas e o repassado a Paulo; h) que, em eleições,candidatos se preocupam em buscar o eleitorado e não com a origem das doaçõeseleitorais; i) que os pagamentos em 2009 visaram quitar despesas com os inícios dascampanhas eleitorais, mesmo antes de 2010, e os pagamentos depois de 2010, visaramquitar dívidas de campanha; j) que o acusado Paulo Ferreira nunca lidou com contratosda Petrobrás ou com os dirigentes das empresas fornecedoras; k) que o acusadoresponde à ação penal perante a 6ª Vara da Justiça Federal Criminal de São Paulo e elatambém abrange pagamentos de Alexandre Romano a Paulo Ferreira; e l) que acusados

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e testemunhas apontaram João Vaccari Neto como o representante do Partido dosTrabalhadores no esquema criminoso na Petrobrás e não Paulo Ferreira.

47. A Defesa de Renato de Souza Duque, em alegações finais (eventos922), argumentou: a) que deve ser reconhecida a continuidade delitiva entre os crimesde corrupção; b) que o acusado, mesmo sem acordo de colaboração, colaborou com aelucidação da verdade neste processo e em outros e tem direito a benefícios de reduçãoda pena; e c) que a colaboração por Renato de Souza Duque já foi reconhecida na açãopenal 5054932-88.2016.404.7000 e que deveria ser suspensa eventual novacondenação.

48. Como algumas Defesas juntaram novos documentos nas alegaçõesfinais, o Juízo concedeu prazo adicional às partes para, querendo, complementaremsuas alegações finais (evento 935). As partes se manifestaram, basicamente, reiterandoseus argumentos. A Defesa de Alexandre Correa de Oliveira Romano ainda juntou napetição do evento 967 documentos comprobatórios do recolhimento da multa previstano acordo de colaboração.

49. Ainda foi necessário baixar o processo em diligência para juntada, abem da ampla defesa, de cópias de acordos de colaboração e decisões de homologaçãofaltantes, nos termos do despacho de 23/04/2018 (evento 970). Foi concedidaoportunidade às Defesas para complementarem suas alegações finais, não tendo havidonovas manifestações, somente ratificações do teor das peças já apresentadas (eventos993, 996, 998, 999, 1.000, 1.001, 1.002 e 1.003).

50. Ainda na fase de investigação, foi decretada, a pedido do MinistérioPúblico Federal, a prisão preventiva do acusado Paulo Adalberto Alves Ferrreira(evento 3 do processo 5026980-37.2016.4.04.7000). A prisão foi implementada em04/07/2016. Por força de decisão de 16/12/2016 (evento 552), deferida a substituiçãodela por medidas cautelares alternativas, incluindo fiança. Pela decisão de 12/01/2017,a fiança foi reduzida a duzentos mil reais. Após a audiência de 02/02/2017 (evento657), foi ele colocado em liberdade (evento 660). A fiança foi integralmentedepositada (evento 778).

51. Ainda na fase de investigação, foi decretada, a pedido da autoridadepolicial e do MPF, a prisão temporária e preventiva de Alexandre Correa de OliveiraRomano no processo 5040249-80.2015.4.04.7000, o que foi implementado em06/08/2015. A prisão, porém, era instrumental a outro processo. O feito foi remetido àJustiça Federal de São Paulo em decorrência de decisão do Egrégio Supremo TribunalFederal na Questão de Ordem no Inquérito 4.130.

52. Os acusados Agenor Franklin Magalhães Medeiros, José AdelmárioPinheiro Filho e Renato de Souza Duque estão presos em decorrência de processosjudiciais conexos. A prisão deles, porém, não é instrumental a este processo, embora otempo de prisão deva ser considerado no caso de condenação e unificação das penas.

53. Ainda na fase de investigação, foi decretada, a pedido do MPF, a

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prisão temporária dos acusados Genésio Schiavinato Júnior, Edison Freire Coutinho,Erasto Messias da Silva Júnior e Roberto Ribeiro Capobianco (evento 3 do processo5026980-37.2016.4.04.7000). A prisão de Edison Freire Coutinho e de RobertoRibeiro Capobianco foi efetivada em 04/07/2016. A prisão de Genésio SchiavinatoJunior e de Erasto Messias da Silva Junior, em 05/07/2016. Em 08/07/2016, foramcolocados em liberdade.

54. Adir Assad foi preso cautelarmente por decisão no processo5011708-37.2015.404.7000, instrumental à ação penal 5012331-04.2015.4.04.7000,mas foi colocado em liberdade (período de prisão cautelar de 16/03/2015 a15/12/2015). Posteriormente, foi decretada nova prisão cautelar dele no processo n.º5035144-88.2016.4.04.7000. Está preso cautelarmente desde 10/11/2016.

55. O acusado Ricardo Pernambuco Backheuser, antes mesmo dadenúncia, celebrou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria Geral daRepública e que foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal. Cópia do acordo,decisão de homologação e dos depoimentos prestados foram disponibilizados às partes(evento 1, out33, out34, out35 e out223, evento 971).

56. O acusado Alexandre Correa de Oliveira Romano, antes mesmo dadenúncia, celebrou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria Geral daRepública e que foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal. Cópia do acordo edepoimentos prestados foram disponibilizados às partes (evento 1, out101, out102,out177, out188, out192, out200 e out226, evento 66 e evento 72).

57. Os acusados Rodrigo Morales e Roberto Trombeta celebraram acordosde colaboração premiada com o Ministério Público Federal e que foram homologadospor este Juízo. Cópias dos acordos, decisões de homologação e depoimentos prestadosforam disponibilizados às partes (evento 1, out144, out145, out146 e out147, e evento68, out3, out4, out5 e out6).

58. Como adiantado, os acusados Edison Freire Coutinho e José AntônioMarsílio Schwarz celebraram, no curso da ação penal, acordo de colaboração com oMPF. Cópias dos acordos, decisões de homologação e depoimentos prestados foramdisponibilizados às partes (eventos 679, 685 e 686).

59. No decorrer do processo, foram interpostas as exceções deincompetência de n.os 5050738-45.2016.4.04.7000, 5046605-57.2016.4.04.7000 e5045415-59.2016.4.04.7000 e que foram rejeitadas, constando cópia da decisão noseventos 842, 843 e 844.

60. No transcorrer do feito, foram impetrados diversos habeas corpussobre as mais diversas questões processuais e que foram denegados pelas instânciasrecursais.

61. Os autos vieram conclusos para sentença.

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II. FUNDAMENTAÇÃO

II.1

62. Questionaram algumas Defesas a competência territorial deste Juízo.

63. Entretanto, as mesmas questões foram veiculadas em exceções deincompetência (exceções de incompetência de n.os 5050738-45.2016.4.04.7000,5046605-57.2016.4.04.7000 e 5045415-59.2016.4.04.7000) e que foram rejeitadas,constando cópia da decisão nos eventos 842, 843 e 844.

64. Remeto ao conteúdo daquelas decisões, desnecessário aqui reiterartodos os argumentos. Transcreve-se a parte conclusiva:

"A competência é, em primeiro lugar, da Justiça Federal, pois háimputação de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro transnacionais.Com efeito, segundo a denúncia na presente ação penal, parte da propinafoi paga mediante transferências subreptícias no exterior, com utilizaçãoainda de contas secretas para ocultar o produto do crime de corrupção.Embora a Petrobrás seja sociedade de economia mista, a corrupção e alavagem, com depósitos e ocultação no exterior, têm carátertransnacional, ou seja iniciaram-se no Brasil e consumaram-se noexterior, atrai a competência da Justiça Federal. O Brasil assumiu ocompromisso de prevenir ou reprimir os crimes de corrupção e delavagem transnacional, conforme Convenção das Nações Unidas contra aCorrupção de 2003 e que foi promulgada no Brasil pelo Decreto5.687/2006. Havendo previsão em tratado e sendo o crime de lavagemtransnacional, incide o art. 109, V, da Constituição Federal, queestabelece o foro federal como competente.

Por outro lado, é óbvia a conexão e a continência com outros processosque envolvem crimes praticados no âmbito da Petrobrás.

A tese da Acusação é de que as empreiteiras fornecedoras da Petrobrásteriam se reunido em cartel e ajustado fraudulentamente as licitações daempresa estatal. Para sustentar o cartel e as fraudes, teriam pagopropinas a agentes da Petrobras e a agentes e partidos políticos.

É óbvia a conexão e continência entre os crimes praticados através dosdirigentes das empreiteiras reunidas e a inviabilidade de processar, emJuízos diversos, as ações penas relativas a cada contrato obtido por ajustefraudulento, já que a distribuição das obras envolvia, por evidente,definição de preferências e trocas compensatórias entre as empreiteiras.

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Ilustrativamente, já foram prolatadas, em relação a diversas empreiteiras,sentenças condenatórias por este Juízo nas ações penais5083258-29.2014.4.04.7000 (dirigentes da Camargo Correa),5083376-05.2014.4.04.7000 (dirigentes da OAS),5012331-04.2015.4.04.7000 (dirigentes da Mendes Júnior e da Setal Óleoe Gás), 5083401-18.2014.4.04.7000 (Mendes Júnior). Há ainda outrasações penais propostas e que já foram julgadas, mas cujas sentenças nãoforam juntadas aos autos, e ainda ações penais e investigações em trâmiteenvolvendo dirigentes de outras empreiteiras, como, v.g., a ação penal5036518-76.2015.4.04.7000 (dirigentes da Andrade Gutierrez).

E a presente ação penal faz referência específica ao ajuste fraudulento dalicitação de obras de construção predial para ampliação do CENPES(Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez deMello) - IECP

Só esse motivo, crimes de cartel e de ajuste fraudulento de licitaçõespraticados no âmbito de um mesmo grupo criminoso, nos termos daAcusação, já é suficiente para justificar um Juízo único e não disperso emvários espalhados em cada canteiro de obras da Petrobrás no Brasil.

A conexão entre essas ações penais é ainda evidenciada pelo modusoperandi comum, por exemplo, com a utilização, por várias dasempreiteiras e dos agentes da Petrobrás, pelos mesmos intermediadores ebeneficiários de propina.

Ilustrativamente na presente ação penal é denunciado Adir Assad porlavagem de dinheiro, com o mesmo modus operandi, especificamente autilização das mesmas empresas de fachada, verificado na ação penalconexa 5012331-04.2015.4.04.7000.

Assim, a competência é inequívoca da Justiça Federal, pela existência decrimes federais, e deste Juízo pela prevenção deste Juízo para o processoe julgamento de crimes conexos.

Ela só não abrange os crimes praticados por autoridades com foroprivilegiado, que remanescem no Supremo Tribunal Federal, quedesmembrou os processos, remetendo os destituídos de foro a este Juízo.

Este, aliás, foi o entendimento do Supremo Tribunal Federal no presentecaso, pois foi a própria Suprema Corte quem enviou a este Juízo cópia dosdepoimentos de Ricardo Pernambuco Backheuser e Ricardo PernambucoBackheuser, com o relato acerca da propina paga pelo Consórcio NovoCenpes, para a continuidade das investigações e do processo (processo5061501-42.2015.404.7000).

Então se o Supremo Tribunal Federal enviou as provas a este Juízo, é dese supor que entendeu pela competência deste Juízo para processar ejulgar os crimes.

O fato é que a dispersão das ações penais, como pretende parte dasDefesas, para vários órgãos espalhados do Judiciário no território

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nacional (foram sugeridos, nas diversas ações penais conexas, destinoscomo São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Brasília), não serve à causa daJustiça, tendo por propósito pulverizar o conjunto probatório e dificultar ojulgamento.

A manutenção das ações penais em trâmite perante um único Juízo não éfruto de arbitrariedade judicial, nem do desejo do julgador de estenderindevidamente a sua competência. Há um conjunto de fatos conexos e ummesmo conjunto probatório que demanda apreciação por um único Juízo,no caso prevento."

65. Não há qualquer violação do princípio do juiz natural, se as regras dedefinição e prorrogação da competência determinam este Juízo como o competentepara as ações penais, tendo os diversos fatos criminosos surgido em um desdobramentonatural das investigações.

66. A manutenção das ações penais em trâmite perante um único Juízo nãoé fruto de arbitrariedade judicial, nem do desejo do julgador de estender indevidamentea sua competência. Há um conjunto de fatos conexos e um mesmo conjunto probatórioque demanda apreciação por um único Juízo, no caso prevento.

67. Como considerações adicionais, observa-se que a alegação da Defesade Paulo Adalberto Alves Ferreira de que haveria crime eleitoral e que, portanto, acompetência seria da Justiça Eleitoral, não se sustenta. A denúncia não imputa crimeseleitorais a Paulo Adalberto Alves Ferreira, como o recebimento de doações eleitoraisnão-registradas e que eventualmente se enquadraria no art. 350 do Código Eleitoral,mas sim crime de corrupção vinculado a contratos da Petrobrás. O álibi de PauloAdalberto Alves Ferrreira, de que tais valores seriam doações eleitorais não-contabilizadas, será examinado adiante, mas a imputação não é de crime eleitoral.Álias, como ver-se-á adiante, o álibi é inconsistente, tendo ele recebido vantagemindevida em crime de corrupção mesmo. Assim, quer considerando os termos daimputação, quer o que de fato aconteceu, não há lugar para invocar competência daJustiça Eleitoral.

68. Enfim, a competência é da Justiça Federal de Curitiba/PR.

II.2

69. Alega parte das Defesas que a denúncia seria inepta ou que faltariajusta causa.

70. As questões já foram superadas na decisão de recebimento dadenúncia de 12/08/2016 (evento 4).

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71. Apesar de extensa, é a denúncia, aliás, bastante simples e discrimina asrazões de imputação em relação de cada um dos denunciados.

72. O Consórcio Novo Cenpes, formado pelas empresas OAS, Carioca,Construbase, Construcap e Schahin, teria obtido o contrato para para ampliação doCenpes junto a Petrobrás mediante ajuste fraudulento de licitação. O crime de fraude àlicitação figura na denúncia somente como antecedente à lavagem. O Consórcio teriaainda pago vantagem indevida a agentes da Petrobrás e a agentes do Partido dosTrabalhadores no montante de 2% do valor do contrato. Os valores teriam sido objetode condutas de ocultação e dissimulação, caracterizando lavagem. Os acusados teriampraticado os crimes em associação criminosa, caracterizada pelo MPF comoorganização criminosa. Os fatos, evidentemente, estão melhor detalhados na denúncia,conforme síntese constante no relatório da sentença (itens 1-20).

73. Não há falar em falta de justa causa. A presença desta foicumpridamente analisada e reconhecida na decisão de recebimento da denúncia. Nãocabe maior aprofundamento sob pena de ingressar no mérito, o que é viável apenasquando do julgamento após a instrução.

74. Outra questão diz respeito à presença de provas suficientes paracondenação, mas isso é próprio do julgamento e não diz respeito aos requisitos dadenúncia.

75. Então não reconheço vícios de validade na denúncia.

II.3

76. Parte das Defesas questionou a separação das imputações decorrentesdo esquema criminoso da Petrobrás em diversas ações penais.

77. Já abordei a questão na decisão de recebimento da denúncia.

78. Reputo razoável a iniciativa do MPF de promover o oferecimentoseparado de denúncias sobre os fatos delitivos.

79. Apesar da existência de um contexto geral de fatos, a formulação deuma única denúncia, com dezenas de fatos delitivos e acusados, dificultaria atramitação e julgamento, violando o direito da sociedade e dos acusados à razoávelduração do processo.

80. Quanto à alegação específica da Defesa de Paulo Adalberto AlvesFerreira, de que deveria ter sido incluído na denúncia Mateus Coutinho, responsável,segundo o acusado Agenor Franklin Magalhães Medeiros, pela área de Controladoria

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da OAS e igualmente pelos pagamentos não-contabilizados, inclusive de propinas, onome dele, como participante específico desses crimes, surgiu apenas no interrogatóriode Agenor Franklin Magalhães Medeiros em 21/06/2017 (evento 891), motivo peloqual não haveria como tê-lo incluído na denúncia. Se, não obstante, o MPF entenderpresente prova suficiente contra ele, poderá formular denúncia em apartado, nãohavendo como retornar a fase inicial do processo. Quanto à reclamação de que suaoitiva seria pertinente, caberia à Defesa de Paulo Adalberto Alves Ferreira tê-larequerido durante o processo ou pelo menos em cinco dias contados da referidaaudiência no evento 891, como este Juízo, aliás, já consignou no termo de audiência dodia 19/07/2017 (evento 895). Não tendo sido requerida a oitiva no tempo próprio,ocorreu a preclusão.

81. Também não merece censura a não inclusão na denúncia dos crimes deformação de cartel e de frustração à licitação. Tais crimes são descritos na denúnciaapenas como antecedentes à lavagem e, por força do princípio da autonomia dalavagem, bastam para processamento da acusação por lavagem indícios dos crimesantecedentes (art. 2º, §1º, da Lei nº 9.613/1998). Provavelmente, entendeu o MPF quea denúncia por esses crimes específicos demanda aprofundamento das investigaçõespara delimitar todas as circunstâncias deles.

82. Apesar da separação da persecução, oportuna para evitar oagigantamento da ação penal com dezenas de crimes e acusados, remanesce o Juízocomo competente para todos, nos termos dos arts. 80 e 82 do CPP.

83. A separação das imputações, por sua vez, não tem qualquer relaçãocom o princípio da obrigatoriedade ou da indivisibilidade da ação penal, pois aindaque, em separado, os responsáveis pelos crimes estão sendo acusados. Ainda que assimnão fosse, para a ação penal pública, o remédio contra eventual violação ao princípioda obrigatoriedade ou da indivisibilidade é a persecução penal dos excluídos, poraditamento ou ação própria, e não a invalidade da persecução contra os já incluídos.

84. Então os procedimentos adotados, de processamento separado dasacusações pertinentes ao esquema criminoso da Petrobrás, não ferem a lei, ao contrárioencontra respaldo expresso nela.

II.4

85. Foram ouvidos nesta ação penal como testemunhas arroladas pelaAcusação os criminosos colaboradores Paulo Roberto Costa, Augusto RibeiroMendonça Neto, Dalton dos Santos Avancini, Ricardo Ribeiro Pessoa, Mario FredericoMendonça Goes, Pedro José Barusco Filho, Antônio Pedro Campelo de Souza, WalmirPinheiro Santana e Ricardo Pernambuco Backheuser Júnior (eventos 264, 277, 299 e361). Cópias dos acordos de colaboração, decisões de homologação e os depoimentos

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pertinentes ao objeto da ação penal foram disponibilizados nos autos (evento 1, out8,out13, out74 e out82; evento 1, out7, out20, out 21, out80, out81, out83 e out96,out118; evento 1, out2 e out76; evento 1, out10, out91, out92, out93, out94, ou98,out99 e out170; evento 1, out19; evento 1, out33, out34, out35 e out223; evento 1,out51 e out 90; evento 1, out150; evento 1, 231, 232, evento 1, out36, out37, eventos66, 68, 972 e 973).

86. Foram ouvidos nesta ação penal como acusados colaboradoresAlexandre Correa de Oliveira Romano, Edison Freire Coutinho, José Antônio MarsílioSchwarz, Ricardo Pernambuco Backheuser, Rodrigo Morales e Roberto Trombeta.Cópias dos acordos de colaboração, dos depoimentos extrajudiciais pertinentes aoobjeto da ação penal e das decisões de homologação foram disponibilizadas nos autos(itens 55-58).

87. Foram ouvidos nesta ação penal como testemunhas Tania Maria SilvaFontenelle, Luiz Fernando dos Santos Reis e Roberto José Teixeira Gonçalves (evento352). Todos eles são executivos da Carioca Engenharia, em posição subordinada, e queaderiram ao acordo de leniência da empresa. Cópias do acordo de leniência, dasdecisões que homologaram a adesão das testemunhas ao acordo e dos depoimentosprestados no âmbito da leniência instruem os autos (evento 1, anexo49 e anexo50,evento300 e evento301).

88. Todos eles foram ouvidos em Juízo como testemunhas ou comoacusados, com o compromisso de dizer a verdade, garantindo-se aos defensores doacusados o contraditório pleno, sendo-lhes informado da existência dos acordos efranqueado o exame cruzado.

89. Nenhum deles foi coagido ilegalmente a colaborar, por evidente. Acolaboração sempre é voluntária ainda que não espontânea.

90. Nunca houve qualquer coação ilegal contra quem quer que seja daparte deste Juízo, do Ministério Público ou da Polícia Federal na assim denominadaOperação Lavajato. As prisões cautelares foram requeridas e decretadas porquepresentes os seus pressupostos e fundamentos, boa prova dos crimes e principalmenteriscos de reiteração delitiva dados os indícios de atividade criminal grave, reiterada,habitual e profissional. Jamais se prendeu qualquer pessoa buscando confissão ecolaboração.

91. As prisões preventivas decretadas no presente caso e nos conexosdevem ser compreendidas em seu contexto. Embora excepcionais, as prisões cautelaresforam impostas em um quadro de criminalidade complexa, habitual e profissional,servindo para interromper a prática sistemática de crimes contra a AdministraçãoPública, além de preservar a investigação e a instrução da ação penal.

92. A ilustrar a falta de correlação entre prisão e colaboração, a maioriados colaboradores no presente caso celebrou o acordo quando estavam em liberdade.

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93. Argumentos recorrentes por parte das Defesas, em feitos conexos, deque teria havido coação, além de inconsistentes com a realidade do ocorrido, éofensivo ao Supremo Tribunal Federal que homologou parte dos acordos decolaboração mais relevantes na Operação Lavajato, certificando-se previamente davalidade e voluntariedade.

94. No caso presente, aliás, foi o Supremo Tribunal Federal quemhomologou parte dos acordos de colaboração, como os de Paulo Roberto Costa,Ricardo Ribeiro Pessoa e Ricardo Pernambuco Backheuser.

95. A única ameaça contra os colaboradores foi o devido processo legal ea regular aplicação da lei penal. Não se trata, por evidente, de coação ilegal.

96. Agregue-se que não faz sentido que a Defesa de delatado, comorealizado em feitos conexos, alegue que a colaboração foi involuntária quando opróprio colaborador e sua Defesa negam esse vício.

97. De todo modo, a palavra do criminoso colaborador deve sercorroborada por outras provas e não há qualquer óbice para que os delatadosquestionem a credibilidade do depoimento do colaborador e a corroboração dela poroutras provas.

98. Em qualquer hipótese, não podem ser confundidas questões devalidade com questões de valoração da prova.

99. Argumentar, por exemplo, que o colaborador é um criminoso é umquestionamento da credibilidade do depoimento do colaborador, não tendo qualquerrelação com a validade do acordo ou da prova.

100. Questões relativas à credibilidade do depoimento resolvem-se pelavaloração da prova, com análise da qualidade dos depoimentos, considerando, porexemplo, densidade, consistência interna e externa, e, principalmente, com a existênciaou não de prova de corroboração.

101. Como ver-se-á adiante, a presente ação penal sustenta-se em provaindependente, principalmente prova documental colhida em quebras de sigilo fiscal ebancário, bem como em diligências de busca e apreensão. Rigorosamente, foi oconjunto probatório robusto que deu causa às colaborações e não estas que propiciaramo restante das provas. Há, portanto, robusta prova de corroboração que em partepreexistia à própria contribuição dos colaboradores.

102. Não desconhece este julgador as polêmicas em volta da colaboraçãopremiada.

103. Entretanto, mesmo vista com reservas, não se pode descartar o valorprobatório da colaboração premiada. É instrumento de investigação e de prova válido eeficaz, especialmente para crimes complexos, como crimes de colarinho branco ou

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praticados por grupos criminosos, devendo apenas serem observadas regras para a suautilização, como a exigência de prova de corroboração.

104. Sem o recurso à colaboração premiada, vários crimes complexospermaneceriam sem elucidação e prova possível. A respeito de todas as críticas contrao instituto da colaboração premiada, toma-se a liberdade de transcrever os seguintescomentários do Juiz da Corte Federal de Apelações do Nono Circuito dos EstadosUnidos, Stephen S. Trott:

"Apesar disso e a despeito de todos os problemas que acompanham autilização de criminosos como testemunhas, o fato que importa é quepoliciais e promotores não podem agir sem eles, periodicamente.Usualmente, eles dizem a pura verdade e ocasionalmente eles devem serusados na Corte. Se fosse adotada uma política de nunca lidar comcriminosos como testemunhas de acusação, muitos processos importantes- especialmente na área de crime organizado ou de conspiração - nuncapoderiam ser levados às Cortes. Nas palavras do Juiz Learned Hand emUnited States v. Dennis, 183 F.2d 201 (2d Cir. 1950) aff´d, 341 U.S. 494(1951): 'As Cortes têm apoiado o uso de informantes desde temposimemoriais; em casos de conspiração ou em casos nos quais o crimeconsiste em preparar para outro crime, é usualmente necessário confiarneles ou em cúmplices porque os criminosos irão quase certamente agir àsescondidas.' Como estabelecido pela Suprema Corte: 'A sociedade nãopode dar-se ao luxo de jogar fora a prova produzida pelos decaídos,ciumentos e dissidentes daqueles que vivem da violação da lei' (On Lee v.United States, 343 U.S. 747, 756 1952).

Nosso sistema de justiça requer que uma pessoa que vai testemunhar naCorte tenha conhecimento do caso. É um fato singelo que, freqüentemente,as únicas pessoas que se qualificam como testemunhas para crimes sériossão os próprios criminosos. Células de terroristas e de clãs são difíceis depenetrar. Líderes da Máfia usam subordinados para fazer seu trabalhosujo. Eles permanecem em seus luxuosos quartos e enviam seus soldadospara matar, mutilar, extorquir, vender drogas e corromper agentespúblicos. Para dar um fim nisso, para pegar os chefes e arruinar suasorganizações, é necessário fazer com que os subordinados virem-se contraos do topo. Sem isso, o grande peixe permanece livre e só o que vocêconsegue são bagrinhos. Há bagrinhos criminosos com certeza, mas umade suas funções é assistir os grandes tubarões para evitar processos.Delatores, informantes, co-conspiradores e cúmplices são, então, armasindispensáveis na batalha do promotor em proteger a comunidade contracriminosos. Para cada fracasso como aqueles acima mencionados, hámarcas de trunfos sensacionais em casos nos quais a pior escória foichamada a depor pela Acusação. Os processos do famoso Estranguladorde Hillside, a Vovó da Máfia, o grupo de espionagem de Walker-Whitworth, o último processo contra John Gotti, o primeiro caso debomba do World Trade Center, e o caso da bomba do Prédio Federal dacidade de Oklahoma, são alguns poucos dos milhares de exemplos decasos nos quais esse tipo de testemunha foi efetivamente utilizada e comsurpreendente sucesso." (TROTT, Stephen S. O uso de um criminoso comotestemunha: um problema especial. Revista dos Tribunais. São Paulo, ano

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96, vol. 866, dezembro de 2007, p. 413-414.)

105. Em outras palavras, crimes não são cometidos no céu e, em muitoscasos, as únicas pessoas que podem servir como testemunhas são igualmentecriminosos.

106. Quem, em geral, vem criticando a colaboração premiada é,aparentemente, favorável à regra do silêncio, a omertà das organizações criminosas,isso sim reprovável. Piercamilo Davigo, um dos membros da equipe milanesa dafamosa Operação Mani Pulite, disse, com muita propriedade: "A corrupção envolvequem paga e quem recebe. Se eles se calarem, não vamos descobrir jamais" (SIMON,Pedro coord. Operação: Mãos Limpas: Audiência pública com magistrados italianos.Brasília: Senado Federal, 1998, p. 27).

107. É certo que a colaboração premiada não se faz sem regras e cautelas,sendo uma das principais a de que a palavra do criminoso colaborador deve ser sempreconfirmada por provas independentes e, ademais, caso descoberto que faltou com averdade, perde os benefícios do acordo, respondendo integralmente pela sanção penalcabível, e pode incorrer em novo crime, a modalidade especial de denunciaçãocaluniosa prevista no art. 19 da Lei n.º 12.850/2013.

108. No caso presente, agregue-se que, como condição dos acordos, oMPF exigiu o pagamento pelos criminosos colaboradores de valores milionários, nacasa de dezenas de milhões de reais. Ilustrativamente, Alexandre Correa de OliveiraRomano teve que pagar, como multa indenizatória, seis milhões de reais, e AugustoRibeiro de Mendonça Neto, dez milhões de reais.

109. Certamente, por conta da colaboração, não recebem sançõesadequadas a sua culpabilidade, mas o acordo de colaboração pressupõenecessariamente a concessão de benefícios.

110. Ainda muitas das declarações prestadas por acusados colaboradoresprecisam ser profundamente checadas, a fim de verificar se encontram ou não prova decorroboração.

111. Mas isso diz respeito especificamente a casos em investigação, jáque, quanto à presente ação penal, as provas de corroboração encontram-se presentes.

II.5

112. Tramitam por este Juízo diversos inquéritos, ações penais e processosincidentes relacionados à assim denominada Operação Lavajato.

113. A investigação, com origem nos inquéritos 2009.7000003250-0 e2006.7000018662-8, iniciou-se com a apuração de crime de lavagem consumado em

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Londrina/PR, sujeito, portanto, à jurisdição desta Vara, tendo o fato originado a açãopenal 5047229-77.2014.404.7000, posteriormente julgada (cópia no evento 554,arquivo sent7).

114. Em grande síntese, na evolução das apurações, foram colhidas provasde um grande esquema criminoso de cartel, fraude, corrupção e lavagem de dinheirono âmbito da empresa Petróleo Brasileiro S/A - Petrobras cujo acionista majoritário econtrolador é a União Federal.

115. Grandes empreiteiras do Brasil, entre elas a OAS, UTC, CamargoCorrea, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Queiroz Galvão, Engevix,SETAL, Galvão Engenharia, Techint, Promon, MPE, Skanska, IESA e GDK teriamformado um cartel, através do qual teriam sistematicamente frustrado as licitações daPetrobras para a contratação de grandes obras.

116. Além disso, as empresas componentes do cartel, pagariamsistematicamente propinas a dirigentes da empresa estatal calculadas em percentual, deum a três por cento em média, sobre os grandes contratos obtidos e seus aditivos.

117. Também constatado que outras empresas fornecedoras da Petrobrás,mesmo não componentes do cartel, pagariam sistematicamente propinas a dirigentes daempresa estatal, também em bases percentuais sobre os grandes contratos e seusaditivos.

118. A prática, de tão comum e sistematizada, foi descrita por alguns dosenvolvidos como constituindo a "regra do jogo".

119. Na Petrobrás, receberiam propinas dirigentes da Diretoria deAbastecimento, da Diretoria de Engenharia ou Serviços e da Diretoria Internacional,especialmente Paulo Roberto Costa, Renato de Souza Duque, Pedro José BaruscoFilho, Nestor Cuñat Cerveró e Jorge Luiz Zelada.

120. Surgiram, porém, elementos probatórios de que o caso transcende acorrupção - e lavagem decorrente - de agentes da Petrobrás, servindo o esquemacriminoso para também corromper agentes políticos e financiar, com recursosprovenientes do crime, partidos políticos.

121. Aos agentes e partidos políticos cabia dar sustentação à nomeação e àpermanência nos cargos da Petrobrás dos referidos Diretores. Para tanto, recebiamremuneração periódica.

122. Entre as empreiteiras, os Diretores da Petrobrás e os agentespolíticos, atuavam terceiros encarregados do repasse das vantagens indevidas e dalavagem de dinheiro, os chamados operadores.

123. Várias ações penais e inquérito envolvendo esses crimes tramitamperante este Juízo, parte delas já tendo sido julgada.

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124. Destaco, dos casos já julgados, as sentenças prolatadas nas açõespenais 5083258-29.2014.4.04.7000 (Camargo Correa), 5013405-59.2016.4.04.7000(Keppel Fels), 5045241-84.2015.4.04.7000 (Engevix), 5023162-14.2015.4.04.7000,5023135-31.2015.4.04.7000, 5039475-50.2015.4.04.7000 (Navio-sonda TitaniumExplorer), 5083838-59.2014.404.7000 (Navio-sondas Petrobrás 10.000 e Vitória10.000), 5061578-51.2015.4.04.7000 (Schahin), 5047229-77.2014.4.04.7000 (lavagemem Londrina), 5036528-23.2015.4.04.7000 (Odebrecht) e 5012331-04.2015.4.04.7000(Setal e Mendes). Cópias dessas sentenças encontram-se no evento 554.

125. Embora em todas elas haja o relato do pagamento de propinasdivididas entre agentes da Petrobrás e agentes políticos, estes últimos respondem, emsua maioria, a investigações ou ações penais perante o Egrégio Supremo TribunalFederal em decorrência do foro por prerrogativa por função.

126. Alguns casos, envolvendo agentes políticos que, por motivosdiversos, perderam seus mandatos ou cargos, foram julgados e condenados perante esteJuízo como o ex-Deputado Federal Pedro da Silva Correa de Oliveira Andrade Neto(ação penal 5023135-31.2015.4.04.7000), o ex-Deputado Federal João Luiz CorreiaArgolo dos Santos (ação penal 5023162-14.2015.4.04.7000) e o ex-Ministro Chefe daCasa Civil José Dirceu de Oliveira e Silva (ação penal 5045241-84.2015.4.04.7000),Também já condenado o ex-Secretário de Finanças do Partido dos Trabalhadores JoãoVaccari Neto (ações penais 5013405-59.2016.4.04.7000). Cópias dessas sentençasencontram-se no evento 554

127. Há outras condenações, inclusive contra agentes políticos, mas nãoforam juntadas cópias aos autos.

128. O presente caso insere-se no mesmo contexto.

129. Segundo a denúncia, teria havido ajuste fraudulento de licitação epagamento de vantagem indevida no contrato celebrado, em 21/01/2008, entre aPetrobrás e o Consórcio Novo Cenpes para "execução de serviços de construçãopredial para ampliação do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo AméricoMiguez de Mello (CENPES), Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro/RJ" .

130. Cópia do contrato encontra-se no evento 1, out63 e out64.

131. A ação penal ainda está instruída com diversos documentos relativosà licitação e a contratação, bem como com relatório de auditoria realizada pelaPetrobrás sobre elas (evento 1, out53, out55, out56, out59, out60, out61, out112,out113, out120, out121 e out122).

132. Pelo que se verifica na documentação, a Diretoria Executiva daPetrobrás aprovou em 16/08/2006, a instauração do processo de licitação paracontratação dos serviços de construção predial para ampliação do CENPES.

133. Foram convidadas dez empresas, Camargo Correa, Construbase

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Engenharia, Construtora Norberto Odebrecht, Construtora OAS, Construtora QueirozGalvão, Construtora Andrade Gutierrez, Carioca Engenharia, Hochtief do Brasil,Racional Engenharia e Schahin Engenharia, Construcap Engenharia, Mendes Júnior eWtorre Engenharia.

134. O processo licitatório foi conduzido pela Diretoria de Serviços eEngenharia da Petrobrás, havendo atos subscritos, por exemplo, pelo GerenteExecutivo Pedro José Barusco Filho.

135. Em 13/06/2007, a Construtora OAS, a Construbase, CariocaEngenharia e a Construcap Engenharia celebraram compromisso de constituição doConsórcio Novo Cenpes para participar juntas da licitação, cada uma com vinte porcento das cotas (evento 1, out54). A OAS foi representada por Agenor FranklinMagalhães Medeiros, a Construbase, por Vanderlei de Natale, a Carioca, por RicardoPernambuco Backheuser Júnior e José Monerat Toledo, a Schahin, por FernandoSchahin, e a Construcap por Eduardo Ribeiro Capobianco e Roberto RibeiroCapobianco.

136. Na abertura das propostas, em 14/06/2007, foram apresentadas eclassificadas seis propostas:

a) WTorre Engenharia, R$ 858.366.444,14;

b) Consórcio Novo CENPES, R$ 897.980.421,13;

c) Andrade Gutierrez, R$ 910.593.887,41;

d) Mendes Júnior, R$ 924.778.044,00;

e) Consório formado pela Racional e pela Hotchtief, R$ 1.068.000.625,26;e

f) Construtora Norberto Odebrecht, R$ 1.139.926.843,75.

137. Foram, porém, desclassificadas as propostas da WTorre, daOdebrecht e do Consórcio entre a Racional e a Hochtief, por questões formais, isso em27/06/2007.

138. A WTorre apresentou recurso administrativo e que foi provido, em17/08/2007, ficando, portanto, classificada em primeiro lugar, seguida pelo ConsórcioNovo CENPES.

139. Normalmente, após a definição da licitação, a Petrobrás tem porpraxe convidar a primeira colocada para negociar o preço, buscando baixá-lo.

140. Refugindo ao padrão, a OAS, representando o Consórcio NovoCenpes, procurou, em 14/09/2007 a comissão de licitação da Petrobras, informando de

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seu interesse em negociar "condições mais vantajosas para a Petrobrás", mesmo antesdesta ter iniciado suas negociações com a primeira colocada, a WTorre. A comissão delicitação informou inicialmente que "só poderia discutir recebê-la para discutir oassunto, após o encerramento das negociações" com a WTorre, o que dar-se-ia emreunião em 19/09/2007. Entretanto, a OAS insistiu na apresentação de nova propostana mesma data de 19/09/2007. Na referida data, 19/09/2007, o Consórcio NovoCENPES ofereceu desconto de R$ 47.999.021,00, com proposta final de R$849.981.400,12. Essas informações encontram-se no documento da Petrobrásconstantes no evento 1, out60.

141. A WTorre ofereceu um desconto bem menor e, como consequência,em 30/11/2007, o Consórcio Novo CENPES foi declarado vencedor (evento 1, out61).

142. Emílio Rodrigues Bucarin, empregado da Petrobrás e coordenador dacomissão de licitação, assim descreveu os fatos (evento 420):

"Juiz Federal:- O juízo tem alguns esclarecimentos, senhor Emílio, osenhor participou da negociação final com o consórcio Novo CENPESpara celebração desse contrato?

Emílio Rodrigues:- Sim, eu participei como coordenador da comissão.

Juiz Federal:- É correto afirmar que a empresa W. Torre haviaapresentado a melhor proposta inicialmente na licitação?

Emílio Rodrigues:- Sim, ela apresentou o menor preço, sim, elaapresentou, mas a planilha de preços dela tinha alguns itens nãopreenchidos, e isso gerou uma consulta ao nosso jurídico interno daPetrobras e essa proposta finalmente foi aceita, no final do processo.

Juiz Federal:- E por que a W. Torre não ficou com o contrato no final, oque aconteceu?

Emílio Rodrigues:- Houve uma abertura de um processo de negociaçãocom todas as empresas classificadas e a W. Torre ela não apresentou omenor preço.

Juiz Federal:- A W. Torre ou algum representante da W. Torre apresentoualguma explicação ao senhor ou à comissão de licitação, porque ela nãoparticipou dessa rodada de negociação?

Emílio Rodrigues:- Não, ela chegou a participar, mas ela deu um preço dedesconto baixo, em torno de 2.700, que eu não sei detalhar exatamente onúmero, 2 milhões e 700, e esse preço no final da rodada de negociaçõesnão foi o menor preço oferecido pelos participantes.

Juiz Federal:- Quem mais participou dessa rodada de negociação?

Emílio Rodrigues:- Foi a W. Torre, o consórcio Novo CENPES, a AndradeGutierrez e outra empresa, se não me engano a Mendes Júnior... Ah,

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desculpe, desculpe, a Mendes Júnior declinou dessa rodada denegociação, só quem apresentou, se apresentou na negociação foi a W.Torre, o consórcio Novo CENPES e Andrade Gutierrez, e a Mendes Júniordeclinou.

Juiz Federal:- E nessa rodada de negociação foi encaminhada propostapor escrito de redução dos valores ou isso foi contato pessoal, como foi?

Emílio Rodrigues:- Não, isso foi uma reunião agendada e sem aparticipação das empresas, de forma que as empresas não secomunicassem, foi feito primeiro com a W. Torre, depois do encerramentoda W. Torre foi chamada a segunda colocada que foi o consórcio NovoCENPES, e depois do consórcio Novo CENPES foi chamada a empresaAndrade Gutierrez."

143. Em 14/12/2007, foi constituído em definitivo o Consórcio NovoCENPES, a Construtora OAS foi representada por Agenor Medeiros, a Construbase,por Vanderlei de Natale, a Carioca, por Ricardo Pernambuco Backheuser Júnior eRoberto Scofield Lauar, a Construcap, por Roberto Ribeiro Capobianco e EduardoRibeiro Capobianco e a Schahin Engenharia, por Milton Taufi Schahin, cada uma comvinte por cento das cotas, evento 1, out62.

144. Em 21/01/2008, foi assinado o contrato do Consórcio Novo CENPEScom a Petrobrás (evento 1, out63 e out64). Pela Petrobrás, assinou o gerente deimplementação José Carlos Vilar Amigo. Agenor Medeiros assinou comorepresentante do Consórcio Novo CENPES e da OAS. A Construbase foi representadapor Genésio Schiavinato Júnior, a Carioca, por Roberto José Teixeira Gonçalves e porÁlvaro José Monnerat Cortês, a Schahin Engenharia, por Milton Schahin, e aConstrucap, por Celso Veirri Villas Boas.

145. A prova documental revela então todo o trâmite do processolicitatório e como o Consórcio Novo CENPES logrou-se vencedor, mesmo tendooferecido a segunda proposta mais vantajosa inicialmente, o que só conseguiu nanegociação posterior.

146. No curso das investigações da Operação Lavajato, a partir desuspeitas de pagamentos de vantagem indevida por diversas empreiteiras a agentespúblicas, buscou-se rastrear financeiramente esses pagamentos. Nessa linha, foramidentificados diversos pagamentos dessas empreiteiras a outras empresas e quenormalmente não aparentavam encontrar causa lícita. Em alguns casos, taispagamentos eram destinados a empresas de fachada controladas por agentes públicosou em outros casos a empresas de fachada, com o objetivo de gerar recursos emespécie, depois dirigidos a agentes públicos. No último caso, a empreiteira realizava atransferência para uma empresa de fachada acobertada por contrato e notas fiscais, aempresa de fachada sacava o dinheiro em espécie e disponibilizava-o de volta àempreiteira ou o entregava a terceiros com esse propósito.

147. A acusação funda-se, em parte, em pagamentos sem causa que teriam

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sido feitos não só pelo próprio Consórcio Novo CENPES, mas também pelas empresasque o compunham. Examinam-se esses pagamentos.

148. O Consórcio Novo CENPES celebrou em 08/07/2010, com aempresa MRTR Gestão Empresarial Ltda., contrato de prestação de assessoria técnicana área de construção civil, no montante de R$ 2.195.000,00 (evento 1, out136). Ocontrato foi aditado, para prorrogação do prazo (evento 1, out136 e out137).Representaram o Consórcio Novo CENPES gerentes da obra. Pela MRTR, assinou oacusado Roberto Trombeta. Foram emitidas quatro notas fiscais de R$ 548.750,00entre 03/02/2012 a 07/05/2012 relativamente a este contrato (evento 1, out137). Sãosócios-administradores da MRT Roberto Trombeta e Rodrigo Morales (evento 1,out139).

149. O Consórcio Novo CENPES celebrou em 07/11/2011, com a Moralese De Paula Advogados, contrato de prestação de assessoria jurídica, no montante de R$700.000,00 (evento 1, out138). Representaram o Consórcio Novo CENPES gerentes daobra. Pela Morales e De Paula, assinou o acusado Rodrigo Morales. Foram emitidasduas notas fiscais de R$ 350.000,00 entre 03/02/2012 e 02/03/2012 relativamente aeste contrato (evento 1, out138).

150. Previamente, no rastreamento financeiro realizado no âmbito dasinvestigações da Operação Lavajato, foi levantado, por decisão judicial, o sigilo fiscalde diversas de empreiteiras fornecedoras da Petrobras, como se verifica na decisão de14/11/2014 (evento 3) do processo 5075022-88.2014.4.04.7000.

151. Por essa quebra, verificou o MPF que a empresa MRTR GestãoEmpresarial recebeu valores vultosos não só do Consórcio Novo CENPES, mastambém de diversas empreiteiras envolvidas no esquema criminal. O Relatório020/2015, elaborado pelo MPF com base nesses dados, informa o recebimento pelaMRTR de R$ 67.634.518,84, de empresas como a UTC Engenharia e a ConstrutoraOAS entre 2009 a 2013 (evento 1, out151).

152. A Carioca Engenharia efetou pagamentos em 12/12/2008 e em11/02/2009, de R$ 1.287.501,00 e de R$ 820.000,00 às empresas Legend EngenheirosAssociados Ltda. e RockStar Marketing Ltda., com base nos contratos e notas fiscaisdo evento 1, out156, out157 e out158.

153. As duas empresas, a Legend Engenheiros Associados Ltda. e aRockStar Marketing Ltda., seriam controladas de fato pelo acusado Adir Assad.

154. Adir Assad já foi condenado criminalmente, em primeira e segundainstância, na ação penal 5012331-04.2015.4.04.7000 por crimes de lavagem dedinheiro (evento 554). Em síntese, naquele caso provado que empresas ligadas à SetalÓleo e Gás depositaram cerca de cerca de dezoito milhões em propinas acertadas comdirigentes da Petrobrás nas contas das empresas Rock Star, Legend EngenheirosAssociados, Power to Ten Engenharia Ltda., Soterra Terraplanagem e SMTerraplanagem, controladas por Adir Assad e que eram por ele utilizadas para receber

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e intermediar repasses de propinas.

155. No processo 5011709-22.2015.404.7000, foi levantado o sigilobancário e fiscal das empresas de Adir Assad, por decisão judicial de 16/03/2015(evento 3). O MPF elaborou relatório com o resultado da quebra e que se encontrajuntado no evento 1, out159 e out160 (Relatório de Análise nº 68/2015). Como severifica nas fls. 27-35, a Legend teve, entre 2006 a 2011, movimentação financeiramilionária, de R$ 631 milhões, figurando, entre as depositantess as principaisempreiteiras do país. Teve, por sócio-administrador, entre 18/01/2006 a 23/03/2009, oacusado Adir Assad. Não teve empregados registrados no período. Como se verificanas fls. 39-44, a Rock Star teve, entre 2006 a 2011, movimentação financeiramilionária, de R$ 223 milhões, figurando entre as depositantes, as principaisempreiteiras do país. Teve, por sócio-administrador, entre 17/08/2005 a 29/08/2007, oacusado Adir Assad. Diferentemente da Legend, manteve uma média de seteempregados no período.

156. Embora não façam parte da denúncia, chama a atenção que outrasempresas que compõem o Consórcio Novo CENPES também figuram comodepositantes nas contas da Legend e da Rock Star. A Construtora OAS figura comodepositante de R$ 2.157.907,10 na conta da Legend, a Construcap, como depositantede R$ 1.852.480,20, e a Schahin Engenharia figura como depositante de R$738.480,23 na conta da Rock Star Marketing.

157. Também foram identificados diversos repasses de empresascomponentes do Consórcio Novo CENPES para empresas controladas pelo acusadoAlexandre Correa de Oliveira Romano.

158. A Oliveira Romano Sociedade de Advogados tem como sócio-administrador, com 95% das cotas sociais, o acusado Alexandre Correa de OliveiraRomano (evento 1, out171).

159. Reporta-se a denúncia a repasses efetuados pela ConstrubaseEngenharia Ltda. para a Oliveira Romano Sociedade de Advogados. Teria ocorrido pormeio de cinco contratos.

160. Em 17/09/2009, foi enviada pela Oliveira Romano à Construbaseproposta de prestação de serviços para elaboração de pareceres jurídicos de ICMS e IPIpara a Construbase com o preço de R$ 167.282,54 (evento 1, out178, fls. 10-11)

161. Em 17/12/2009, foi enviada pela Oliveira Romano proposta deprestação de serviços jurídicos para identificação de créditos tributários para aConstrubase, com o preço de R$ 480.000,00 (evento 1, out178, fls. 3-5). A resposta foiencaminhada pela Construbase em carta datada de 18/12/2008, informando aceitação eque os pagamentos seriam feitos em três parcelas, de R$ 167.370,00, R$ 155.880,00 eR$ 156.750,000 (evento 1, out178, fls. 8-9).

162. Em 19/03/2010, foi enviada pela Oliveira Romano à Construbase

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proposta de prestação de serviços para representar a Construbase para emissão dealvará e obtenção de licença para implantação de loteamento no Município de Cotia/SPe elaboração de pareceres jurídicos de ICMS e IPI para a Construbase com o preço deR$ 250.000,00, constando o "de acordo" pela Construbase (evento 1, out179, fls. 7-8).

163. Em 12/08/2010, foi enviada pela Oliveira Romano à Construbaseproposta de prestação de serviços para emitir um parecer "o qual servirá deembasamento à participação da Construbase na licitação para o projeto do Trem deAlta Velocidade - TAV", entre Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, com o preço deR$ 190.000,00, constando o "de acordo" pela Construbase (evento 1, out179, fls.17-22).

164. Juntada ainda aos autos nota fiscal emitida em 08/02/2012 pelaOliveira Romano contra a Construbase no montante de R$ 174.186,99 a título deprestação de serviços jurídicos para "parecer jurídico concessão aeroportos (GoldenShare)".

165. Em todos esses negócios com a Construbase, figura comorepresentante dela, inclusive assinando o "de acordo" para as propostas do escritórioOliveira Romano, o acusado Genésio Schiavinato Júnior.

166. No processo 5017661-45.2016.4.04.7000, a pedido do MPF, foidecretada judicialmente a quebra do sigilo fiscal e bancário de vários dos investigados,inclusive da Oliveira Romano (decisão de 29/04/2018, evento 3).

167. Cotejando o resultado da quebra com os valores acima referidos naspropostas e notas fiscais, foram confirmados, conforme Relatório 168/2016 do evento1, out183 e out184, a realização dos pagamentos acima discriminados.

168. Reporta-se a denúncia a repasses efetuados pela Schahin Engenhariapara a Oliveira Romano Sociedade de Advogados. Teria ocorrido por meio de contratoque não foi localizado.

169. Foram apreendidas cinco notas fiscais, cada uma no montante de R$74.698,22, emitidas, em 01/04/2010, 01/05/2010, 01/06/2010, 01/07/2010 e01/08/2010, pela Oliveira Romano Sociedade de Advogados contra a SchahinEngenharia, tendo por objeto "prestação de serviços jurídicos de recuperação decréditos tributários" (evento 1, out186). Delas, porém, só foram identificados depósitosbancários de pagamentos relativos a três, conforme o aludido Relatório 168/2016 doevento 1, out183 e out187, e que foram realizados entre 29/04/2010 a 30/08/2010.

170. Reporta-se a denúncia a repasses efetuados pela ConstrucapEngenharia para a Oliveira Romano Sociedade de Advogados. Teria ocorrido por meiode quatro contratos celebrados entre a Oliveira Romano e a empresa ConstrutoraFerreira Guedes, que seria controlada pela Construcap.

171. Consta nos autos contrato celebrado em 12/01/2010 entre a Oliveira

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Romano e a Construtora Ferreira Guedes para produção de parecer sobre a "Minuta deedital fornecida pelo Governo Federal referente ao projeto de implantação do Trem deAlta Velocidade - TAV" pelo preço de R$ 341.900,00 (evento 1, out193). Consta entrea documentação, carta de encaminhamento da proposta com endereçamento a "Sr.Erasto Júnior". Para pagamento, foram efetuados dois depósitos de R$ 160.436,58 em05/04/2010 e 19/05/2010.

172. Consta nos autos contrato celebrado em 02/03/2010 entre a OliveiraRomano e a Construtora Ferreira Guedes para produção de parecer sobre apossibilidade de discussão judicial para exclusão dos valores de subempreitada na basede cálculo do PIS, Cofins e ISSQN, pelo preço de R$ 110.000,00 (evento 1, out193).Para pagamento, foi efetuado um depósito de R$ 103.235,00 em 13/04/2010.

173. Consta nos autos contrato celebrado em 20/05/2010 entre a OliveiraRomano e a Construtora Ferreira Guedes para produção de pareceres sobrepossibilidade de exclusão do ISSQN da base de cálculo do PIS e da Cofins, bem comosobre a não incidência do mesmo imposto por contratação direta, pelo preço de R$225.000,00 (evento 1, out193). Para pagamento, foi efetuado um depósito de R$211.162,00 em 20/07/2010.

174. Consta nos autos contrato celebrado em 25/11/2010 entre a OliveiraRomano e a Construtora Ferreira Guedes para serviços de assessoria jurídica emlicitações no Estado do Rio de Janeiro pelo preço inicial de R$ 20.000,00 (evento 1,out193). Para pagamento, foi efetuado um depósito de R$ 18.770,00 em 29/12/2010.

175. Esses contratos estão assinados pelo acusado Erasto Messias da SilvaJúnior, como representante da Construtora Ferreira Guedes.

176. Cotejando o resultado da quebra com os valores acima referidos noscontratos, foram confirmados, conforme Relatório 168/2016 do evento 1, out183 eout184, a realização dos pagamentos acima discriminados e que correspondem aomontante líquido do devido, descontados os tributos incidentes.

177. Ainda na linha rastreamento dos valores, foram identificadastransações entre o escritório Oliveira Romano para o acusado Paulo Adalberto AlvesFerreira ou para pessoas a ele ligadas.

178. Essas transações efetuadas no interesse de Paulo Adalberto AlvesFerreira foram reveladas pelo próprio acusado Alexandre Correa de Oliveira Romano,como ver-se-á adiante.

179. Paulo Adalberto Alves Ferreira é filiado ao Partido dosTrabalhadores e exerceu de outubro de 2005 a fevereiro de 2010 o cargo de Secretáriode Finanças do Partido dos Trabalhadores (evento 1, out85, e evento 610). PauloAdalberto Alves Ferreira também exerceu o mandato de Deputado Federal pelo Partidodos Trabalhadores entre 14/03/2012 a 17/03/2014, na condição de suplente. Não seelegeu na atual legislatura, mas mantém a condição de suplente.

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180. Em 01/10/2009, foi celebrado contrato de prestação de serviços deinformática entre a Oliveira Romano e Felipe Santos da Silva no montante de dois milreais mensais. Foram pagos a Felipe Santos da Silva R$ 24.000,00 entre 10/01/2009 a08/10/2010. Os autos estão instruídos com cópia do contrato, de comprovantes dedepósitos e recibos de pagamentos a autônomo (evento 1, out103, out208).

181. No processo 5017661-45.2016.4.04.7000, a pedido do MPF, foidecretada a quebra, por decisão judicial de 29/04/2016 (evento 3), do sigilo bancário efiscal de Alexandre Correa de Oliveira Romano e de suas empresas, entre elas daOliveira Romano Sociedade de Advogados. O resultado da quebras foi enviado aoJuízo, tendo o MPF juntado no evento 1, out 233, a relação das transações identificadasem favor de Felipe Santos da Silva, embora o nome dele não figure em todos oscomprovantes de depósito.

182. Em 05/10/2009, foi celebrado contrato de prestação de serviçosrepresentação entre a Oliveira Romano e Leônidas Giacometti no montante de dois milreais mensais. Foram pagos a Leônidas Giacometti R$ 22.000,00 entre 10/11/2009 a10/09/2010. Os autos estão instruídos com cópia do contrato, de comprovantes dedepósitos e recibos de pagamentos a autônomo (evento 1, out103 e 104). O MPFjuntou no evento 1, out 224, a relação das transações identificadas em favor deLeônidas Giacometti, embora o nome dele não figure em todos os comprovantes dedepósito.

183. Em 15/06/2010, foi celebrado contrato de prestação de serviçosrepresentação entre a Oliveira Romano e RDA Consultoria e Comunicaçõa e EventosLtda., tendo por objeto a indicação de clientes para o escritório de advocacia. Combase no contrato, foram pagos R$ 60.000,00 entre 15/06/2010 a 21/07/2010 à RDA. Osautos estão instruídos com cópia do contrato, de comprovantes de depósitos e recibosde pagamentos a autônomo (evento 1, out227 e 104). O MPF juntou no evento 1, out229, a relação das transações identificadas em favor de RDA.

184. Em 21/07/2010, foi celebrado contrato de prestação de serviçosrepresentação entre a Oliveira Romano e Briefing Consultoria, Comunicação e EventosLtda., tendo por objeto a indicação de clientes para o escritório de advocacia. Combase no contrato, foram pagos R$ 103.994,67 entre 21/07/2010 a 21/10/2010 à RDA.Os autos estão instruídos com cópia do contrato, de comprovantes de depósitos erecibos de pagamentos a autônomo (evento 1, out227 e 104). O MPF juntou no evento1, out 230, a relação das transações identificadas em favor da Briefing.

185. Ricardo D'Avila é o sócio-administrador das duas empresas e assinaambos os contratos (evento 1, out227).

186. Relaciona a denúncia setenta e dois depósitos bancários que teriamsido realizados, entre 15/01/2010 a 29/10/2013, por Alexandre Correa de OliveiraRomano, no montante total de R$ 301.322,00, a terceiros no interesse de PauloAdalberto Alves Ferreira (fls. 96-97).

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187. Os comprovantes desses pagamentos foram apresentados pelopróprio Alexandre Correa de Oliveira Romano e se encontram no evento 1, out105 aout109. Outra parte foi identificada a partir da quebra do sigilo bancário de AlexandreCorrea de Oliveira Romano, estando os extratos nas mídias eletrônicasdisponibilizadas aos autos nos eventos 51 e 54 do processo conexo5017661-45.2016.404.7000.

188. Os depósitos estão comprovados por cheques nominais emitidos porAlexandre Correa de Oliveira Romano ou por comprovantes de depósitos nos quaisfigura ele como depositante.

189. Um dos beneficiários é a ONG Sociedade Recreativa e BeneficenteEstado Maior da Restinga, uma escola de samba. Na documentação foramidentificados seis pagamentos no total de R$ 45.000,00 à escola de samba,especificamente um cheque de R$ 20.000,00 compensado em 15/01/2010, três chequesR$ 5.000,00 cada compensados em 27/01/2010 e dois cheques de R$ 5.000,00 cadacompensados em 09/02/2010 (evento 1, out105, fl. 17-21 e 24, out106, fl. 1).

190. Outra beneficiária é Viviane da Silva Rodrigues, madrinha da bateriada referida escola de samba. Para Viviane, foram identificadas diversas transferênciascom seus respectivos comprovantes bancários:

1) 13/11/2009, R$ 1.750,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 56 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

2) 14/05/10, R$ 4.200,00 (fl. 14 do out106, evento1);

3) 29/10/10, R$ 3.500,00 (fl. 16 do out107, evento1);

4) 30/11/10, R$ 3.500,00 (fl. 20 do out107, evento1);

5) 30/12/10, R$ 3.500,00 (fl. 1 do out108, evento1);

6) 02/02/11, R$ 3.500,00 (fl. 10 do out108, evento1);

7) 10/02/11, R$ 3.500,00 (fl.11 do out108, evento1);

8) 28/02/11, R$ 3.500,00 (fl. 17 do out108, evento1);

9) 31/03/11, R$ 3.500,00 (fl. 23 do out108, evento1);

25/04/2011, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 273 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

10) 31/05/11, R$ 3.500,00 (fl. 10 do out109, evento1);

11) 20/06/11, R$ 1.500,00 (fl. 14 do out109, evento1);

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12) 28/06/11, R$ 3.500,00 (fl. 15 do out109, evento1);

13) 26/07/11, R$ 3.500,00 (fl. 21 do out109, evento1);

14) 23/08/11, R$ 3.500,00 (fl. 5 do out110, evento 1);

15) 30/09/11, R$ 3.500,00 (fl. 11 do out110, evento1);

16) 28/10/11, R$ 3.500,00 (fl. 19 do out110, evento1);

17) 30/11/11, R$ 3.500,00 (fl. 23 do out110, evento1);

18) 16/12/11, R$ 3.500,00 (fl. 3 do out111, evento1);

19) 30/01/2012, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 288 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

20) 14/02/2012, R$ 2.850,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 288 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

21) 27/02/2012, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 289 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

22) 29/03/2012, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 291 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

23) 30/04/2012, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 292 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

24) 31/05/2012, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 294 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

25) 29/06/2012, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 295 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

26) 30/07/2012, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 297 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

27) 28/08/2012, R$ 3.500,00 (fl. 12 do out105, evento 1);

28) 28/09/2012, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 300 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

29) 31/10/2012, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 302 do aquivo caderno 04.relatório tipo #4);

30) 04/12/2012, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 304 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

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31) 28/12/2012, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 306 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

32) 30/01/2013, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 308 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

33) 25/02/2013, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 310 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

34) 28/03/2013, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 312 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

35) 30/04/2013, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 314 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

36) 29/05/2013, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 316 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

37) 28/06/2013, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 319 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

38) 29/07/2013, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 321 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4);

39) 02/09/2013, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 323 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4); e

40) 01/10/2013, R$ 3.500,00 (evento 54 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 326 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4).

191. Em fontes abertas na rede mundial de computadores, identificou oMPF que Viviane da Silva Rodrigues é madrinha da bateria da referida escola desamba e ainda notícia apontando a ligação de Paulo Ferreira com a referida escola desamba. Trasncreve-se apenas a última:

"Nesta última sexta-feira, dia 23 de Março, uma grande festa foi realizadano Cais do Porto, centro de Porto Alegre.

Uma dupla homenagem à Paulo Ferreira, pelos seus 53 anos de vida epor sua nova empreitada em Brasília, onde recentemente foi empossadocomo Deputado Federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT). A festacontou com a presença de muitos convidados e também colegas departido.

Paulo Ferreira é uma figura muito querida junto a Estado Maior daRestinga, sempre auxiliando e apoiando a escola de samba da nossacomunidade, bi-campeã do Carnaval de Porto Alegre (2011/2012).

E por este motivo a escola não poderia deixar de estar presente nesta

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festa, levando parte de seus integrantes para fazer um grande show paraanimar o aniversariante e seus convidados.

A TV Restinga, que foi convidada para esta homenagem, fez questão deregistrar tudo o que aconteceu nesta noite de comemorações.

Parabéns Paulo Ferreira e muita sorte nesta nova jornada! Conte conoscoe também contamos contigo para continuar apoiando e trabalhando pornossa comunidade!

Confira os vídeos e logo abaixo a Galeria de Fotos:" (disponível emhttp://www.tvrestinganaweb.com.br/carnaval/aniversario-de-53-anos-do-deputado-federal-paulo-ferreira, acesso em 06/06/2016, cópia no evento1, out212)

192. Identificados dois pagamentos, cada um de R$ 1.500,00, em02/07/2010 e em 02/08/2010 em favor de Sandro Ferraz (evento 1, out106, fl. 24,out107, fl. 5), outra pessoa ligada à ONG Sociedade Recreativa e Beneficente EstadoMaior da Restinga, conforme matéria juntada pelo PMF no evento 1, out215.

193. Apresentado cheque nominal de R$ 2.240,00 em 02/07/2010 emfavor de pessoa identificada como "Silvania" (evento 1, outr106, fl. 23), em referênciaa Silvani Gomnes Teméteo que, segundo informação disponível na rede mundial decomputadores, teria trabalhado como assessora de Paulo Ferreira na Tesouraria doPartido dos Trabalhadores (evento 1, out216).

194. Apresentado cheque nominal de R$ 6.000,00 em 24/08/2010 emfavor de pessoa identificada como "Júlio Garcia" (evento 1, out107, fl. 6), emreferência a pessoa de Júlio César Schmitt Garcia responsável pelo Blog do JúlioGarcia no qual constam diversas matérias favoráveis a Paulo Ferreira(http://jcsgarcia.blogspot.com.br/2010/08/paulo-ferreira-1351-ptrs.html, acesso em06/03/2016, cópia no evento 1, out217).

195. Identificado depósito de R$ 4.000,00 em favor de Marcelo RosauroZasso (evento 1, out107, fl. 24).

196. Identificados quatro pagamentos, de R$ 2.000,00 em 15/04/2010 (fl.13 do out106, evento 1), R$ 2.000,00 em 04/05/2010 (evento 260 do processo conexo5017661-5.2016.404.7000, fl. 288 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4), de R$3.640,00 em 02/07/2010 (fl. 21 do out106, evento1), de R$ 2.500,00 em 18/04/2011(fl. 2 do out109, evento1) e de R$ 4.000,00 em 02/05/2011 (fl. 8 do out109, evento1)para Leonita de Carvalho (evento 1, out49, fls. 2 e 8).

197. Identificados dois pagamentos a Adriana Miranda Morais, um de R$18.225,00 em 19/03/2010 (fl. 5 do out106, evento 1) e outro de R$ 6.020,00 em01/07/2010 (fl. 263 do arquivo caderno 04.relatório tipo #4).

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198. Angelita da Rosa figura como beneficiária de três pagamentos:

- 13/01/2011, R$ 6.000,00 (fl. 268 do arquivo caderno 04.relatório tipo#4);

- 31/01/2011, R$ 4.999,00 (evento 1, out108, fl.6); e

- 10/10/2011, de R$ 4.999,00 (evento 1, out110, fl. 18).

199. Há um depósito ainda de R$ 7.000,00 em favor de pessoaidentificada como "Elsabeth", provavelmente Elizabeth (fl. 328 do arquivo caderno04.relatório tipo #4).

200. Foram também identificados depósitos em favor dos filhos de PauloAdalberto Alves Ferreira. Ana Paula Balmbert Ferreira recebeu dois pagamentos de R$3.000,00 em 02/07/2010 (fl. 20 do out106, evento1) e 10/02/2012. Jonas BalmbergFerreira recebeu depósitos de R$ 500,00 em 02/07/2010 (fl. 22 do out106, evento1),R$ 4.999,00 em 31/01/2013 e de R$ 6.000,00 em 29/10/2013 (fls. 309 e 328 doarquivo caderno 04.relatório tipo #4, respectivamente, evento 1, out43, p. 15, out46, fl.20, fl. 24).

201. Nair Gomes dos Reis Oliveira foi beneficiária de quatro depósitos:

- 22/07/2010, R$ 1.000,00 (evento 1, out107, fl. 1);

- 10/09/2010, R$ 1.300,00 (evento 1, out107, fl. 13); e

- 01/10/2010, R$ 1.300,00 (fl. 266 do arquivo caderno 04.relatório tipo#4).

202. Por fim, Marcelo Machado dos Santos recebeu R$ 20.000,00 em13/09/2010 (evento 1, out107, fl. 12).

203. Os depósitos nos itens 186-202 totalizam R$ 301.322,00. Somadoscom os R$ 24.000,00, R$ 22.000,00, R$ 60.000,00 e R$ 103.994,67, tem-se um totalde R$ 511.316,67 repassados, com prova documental, de Alexandre Correa de OliveiraRomano a Paulo Adalberto Alves Ferreira ou a pessoas a ele ligadas.

204. Como ver-se-á adiante, o acusado Paulo Adalberto Alves Ferreiraadmitiu que essas transferências e depósitos foram efetuados por Alexandre Correa deOliveira Romano no seu interesse.

205. Além dessas transferências no Brasil a empresas de fachada e aterceiros, reporta-se ainda a denúncia a uma operação de pagamento de vantagemindevida e que teria ocorrido através de repasses em contas secretas no exterior.

206. O referido acusado Ricardo Pernambuco Backheuser, dirigente da

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Carioca Engenharia, é titular no exterior de conta em nome da off-shore Cliver Group,Ltd., constituída em Belize e mantida no Banco Delta Trust (Suisse) em Genebra, naSuíça (evento 1, out166).

207. Como se verifica no documento do evento 1, out165, a conta emnome da off-shore Cliver foi debitada para transferir em 22/03/2012 USD 711.050,00para conta em nome da off-shore Kindai Financial Ltd, no UBS, agência de Zurique. Aconta em nome da off-shore Kindai foi, por sua vez, debitada, em 23/03/2012, nomontante de USD 711.000,00, para transferência para a conta em nome da off-shoreMayana Trading Corporation, constituída nas Ilhas Virgens Britânicas, e mantida noBanco Lombard Odier, em Genebra, Suíça (evento 1, out165 e out 168).

208. Não foi esclarecido de quem é a conta em nome da off-shore KindaiFinancial. Entretanto, a conta Mayana é controlada por Mario Frederico MendonçaGoes, como se verifica nos documentos do evento 1, out168 e out169.

209. Mário Frederico Mendonça Goes já foi condenado criminalmente,com trânsito em julgado, na ação penal 5012331-04.2015.4.04.7000 por crimes decorrupção passiva e lavagem de dinheiro (cópia da sentença no evento 554). Emsíntese, naquele caso provado que o condenado intermediou o pagamento de vantagemindevida em contratos da Petrobras para agentes da Diretoria de Serviços da Petrobrásno montante de cerca de R$ 14.086.200,00, USD 956.045,00 e 765.802,00 euros. Paratanto, teria simulado contratos e ainda utilizado conta secreta no exterior em nome daoff-shore Maranelle Investments. Transcrevo o item 575 da sentença:

"Também provado o repasse por Mario Goes a Pedro Barusco, em oitentae três transações subreptícias, com a utilização da conta em nome da off-shore Maranelle, de 2.297.400,00 francos suíços, USD 762.400,00 e1.623.550,00 euros para a conta da off-shore Rhea Comercial entre24/08/2009 a 09/2010 e de 356.750,00 francos suíços, USD 3.267.850,00e 534.980,00 euros para a conta da off-shore Dole Tec Inc entre10/07/2006 a 12/02/2011, o que também configura condutas de ocultaçãoe dissimulação. Todos os valores repassados tinham origem em propinaem contratos da Petrobrás, ainda que não todos do Consórcio Interpar.Respondem por esses crimes Mario Goes e Pedro Barusco."

210. Sobre contas no exterior, oportuno lembrar que foram descobertascontas secretas milionárias mantidas pelo Diretor da Petrobrás Renato de Souza Duqueno Principado de Mônaco. A prova consistente nessas contas foi objeto de exame nasentença prolatada em 21/09/2015 na ação penal 5012331-04.2015.4.04.7000,especificamente nos itens 492 a 526 dela (evento 554, arquivo sent2). Como aliconsignado identificadas duas contas em nome de off-shores controladas por Renato deSouza Duque no Banco Julius Baer, no Principado de Mônaco, com saldo total de20.568.654,12 euros, montante absolutamente incompatível com os rendimentosdeclarados de Renato de Souza Duque. Cópia dos documentos dessas contas foramjuntadas no evento 20 destes autos.

211. Ainda sobre a prova documental, releva destacar que os autos estão

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instruídos com tabelas de divisão de obras entre empreiteiras fornecedoras da Petrobráse que foram apresentadas em parte por criminoso colaborador e em parte apreendidasna sede de empreiteira componente do cartel.

212. O já referido Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, gestor do GrupoSetal, apresentou, em sua colaboração, documentos produzidos nas reuniões de ajustede preferências entre as empreiteiras da distribuição das obras na Petrobras.

213. Esses documentos foram juntados originariamente no processo5073441-38.2014.404.7000 (eventos 27, inf1, e 51, apreensão2). Foramdisponibilizados às partes junto com a denúncia, evento 1, out39 a out42

214. Entre eles, pela fácil visualização, destacam-se tabelas relativamenteàs preferências das empreiteiras na distribuição das obras da Petrobrás e que seencontram por exemplo na fl. 7 do aludido arquivo out39 do evento 1.

215. Como ali se verifica, na tabela, há apontamento, no lado esquerdo,das obras da Petrobrás a serem distribuídas, no topo, do nome das empreiteirasidentificadas por siglas, e nos campos que seguem a anotação das preferências de cadauma (com os números 1 a 3, segundo a prioridade de preferência), como um passo paraa negociação dos ajustes.

216. Entre as empreiteiras identificadas, encontra-se a OAS, identificadapela sigla "OS".

217. Também entre eles de se destacar folha com as regras dofuncionamento do cartel redigidas, jocosamente, na forma de um "campeonatoesportivo (evento1, out42).

218. Documentos similares foram apreendidos na sede da empresaEngevix Engenharia, outra empresa componente do cartel, e que foram juntadosoriginariamente no evento 38, apreensão9, do inquérito 5053845-68.20144047000.Foram juntados por cópia nestes autos no evento 1, out43 e out44. Deles, destaca-se atabela produzida com as preferências das empreiteiras na distribuição das obras daPetrobrás no COMPERJ Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (fl. 13, arquivoout43, evento 1). O documento tem o título "Lista dos novos negócios Comperj". Deforma similar a anterior, na tabela, há apontamento, no lado esquerdo, das obras daPetrobrás no Comperj a serem distribuídas, e, no topo, do nome das empreiteirasidentificadas por siglas, e nos campos que seguem a anotação das preferências de cadauma (com os números 1 a 3, segundo a prioridade de preferência), como um passo paraa negociação dos ajustes. Entre as empreiteiras identificadas, encontra-se a Odebrecht,identificada desta feita pela sigla "AO".

219. Também, jocosamente, há tabelas nas quais à fixação daspreferências é atribuída a denominação de "bingo fluminense" e às empreiteiras, adenominação de "jogadores" (fls. 3 e 25, out43, evento 1).

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220. Tabelas similares também existem em relação à fixação daspreferências nas obras da Petrobrás na Refinaria do Nordeste Abreu e Lima - RNEST,v.g fl. 23, out43, evento 1.

221. Embora seja possível questionar a autenticidade dos documentosapresentados por Augusto Mendonça, já que ele os forneceu após firmar o acordo decolaboração, os demais, similares aqueles, foram apreendidos coercitivamente na sedeEngevix Engenharia, em 14/11/2014, em cumprimento dos mandados expedidos nostermos da decisão de 10/11/2014 no processo 5073475-13.2014.404.7000 (evento 10daquele feito). Não foram produzidos, portanto, como decorrência de acordo decolaboração.

222. Tais tabelas constituem prova documentais da existência do cartel dasempreiteiras e dos ajustes fraudulentos de licitação.

223. Infelizmente, não são elas abrangentes de todas as obras da Petrobrásno período, não havendo tabelas relativas ao contrato de ampliação do Cenpes.

224. Esse o resumo da prova documental dos autos, que revela um fluxofinanceiro do Consórcio Novo CENPES e das empresas que o compõe, CariocaEngenharia, Construbase, Schahin Engenharia e Construtora Ferreira Guedes,controlada pela Construcap, para contas controladas por Adir Assad, RobertoTrombeta, Rodrigo Morales e Alexandre Correa de Oliveira Romano e que asutilizavam para a prática de fraudes. Também presente prova documental de repassesde Alexandre de Oliveira Romano a diversas pessoas ligadas a Paulo Adalberto AlvesFerreira. Ainda presente prova documental de repasse por dirigente da CariocaEngenharia de valores por meio de transferência internacional para Mário FredericoMendonça Goes e que, por sua vez, realizava repasses para o gerente executivo daPetrobrás Pedro José Barusco Filho. Presentes ainda tabelas contendo os ajustes depreferência realizado entre as empreiteiras e documentos de contas no exterior doDiretor da Petrobrás Renato de Souza Duque, com mais de vinte milhões de euros.

225. Houve desde o início da instrução uma profusão de confissões porparte das pessoas envolvidas nos crimes, algumas efetuadas no âmbito de acordos decolaboração outras não.

226. Parte delas foi ouvida como testemunha, por já ter sido condenada àpena máxima prevista nos acordos de colaboração.

227. Examina-se a prova oral.

228. Paulo Roberto Costa foi Diretor de Abastecimento da Petrobrásentre 2004 a 2012. Já foi condenado em diversas ações penais perante este Juízo, comona de nº 5012331-04.2015.4.04.7000 (evento 554). Celebrou acordo de colaboraçãocom a Procuradoria Geral da República. Em seu depoimento como testemunha (evento324), confirmou a existência de um "cartel" de empreiteiras fornecedoras da Petrobráspara o fim de realizar ajustes para definir vencedores de licitação. Confirmou que a

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Construtora OAS fazia parte deste grupo e que igualmente efetuava o pagamento devantagem indevida em contratos da Petrobrás. Segundo ele, tal prática era sistemática.A vantagem indevida calculada em um a três por cento do valor do contrato eradividida entre executivos da Petrobrás e agentes ou partidos políticos. Nos contratosvinculados à Área de Abastecimento, parte da propina era dirigida ao PartidoProgressista. Nos contratos da Área de Serviços, parte da propina era dirigida aoPartido dos Trabalhadores. Afirmou ter conhecimento de que o Diretor de ServiçosRenato de Souza Duque e o gerente de Serviços Pedro José Barusco Filho recebiamvantagem indevida. Declarou ainda que José Adelmário Pinheiro Filho e AgenorFranklin Magalhães Medeiros negociavam vantagem indevida pela Construtora OAS.O representante do Partido dos Trabalhadores no esquema criminoso seria João VaccariNeto.

229. Afirmou, porém, desconhecer a participação no cartel ou opagamento de propinas pelas demais empresas relacionadas na denúncia, como aSchahin Engenharia, Construbase, Construcap ou Carioca Egenharia. Declarou aindanão ter informações específicas sobre acertos de corrupção no contrato envolvendo aampliação do CENPES, pois não seria uma obra afetada à Diretoria de Abastecimentoda Petrobrás.

230. Transcrevem-se trechos pontuais (evento 324):

"Ministério Público Federal:- O senhor sabe dizer quais pessoas na OASeram responsáveis por essas conversas, essa integração?

Paulo Costa:- O que eu tinha contato na época era o Léo Pinheiro e oAgenor, as duas pessoas que eu tinha contato na OAS.

Ministério Público Federal:- E teve conversas com eles a respeito tanto deobras, vencer obras, quanto de pagamentos de propina?

Paulo Costa:- É, em relação a valores ilícitos sim. Em relação a obras,como eu já mencionei em alguns depoimentos, as empresas se reuniam edefiniam que obras elas queriam participar, cada uma delas. Dessasreuniões eu nunca participei, de definição de que empresa participaria,ganharia que obra, eu nunca participei desse tipo de reunião.

(...)

Ministério Público Federal:- Essas empresas do cartel, o senhor sabedizer se elas pagavam propina então para empregados da Petrobras?

Paulo Costa:- Pagavam, essas do cartel, como os principais aí que eu jácitei, que é Odebrecht, Camargo, Andrade, UTC, Engevix, todas elaspagavam.

Ministério Público Federal:- Na sua área era pago um valor para osenhor?

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Paulo Costa:- É, na minha... as referências de pagamentos era um teto de3 por cento, dependia muito do valor do orçamento da Petrobras, entãoquando o orçamento estava apertado às vezes era 0,5 por cento, às vezesaté menos do que 0,5 por cento, e quando o orçamento estava maisfolgado normalmente eram 3 por cento, e o que eu, a informação sempreque eu tive, que me foi passado pelas empresas é que era 2 por cento parao PT e 1 por cento para o PP.

Ministério Público Federal:- Por que que eram o PT e o PP, qual que eraa razão desses pagamentos?

Paulo Costa:- O PP foi quem me apoiou pra chegar na diretoria dacompanhia, que nenhum empregado da Petrobras, na época lá, chegava àdiretoria se não tivesse apoio político. E o PT, fora a diretoria deabastecimento, todas as outras diretorias da Petrobras eram indicadaspelo PT. Então, por exemplo, a diretoria de serviços que fazia obras paraa diretoria de abastecimento, para a diretoria de gás e energia, para adiretoria internacional, era do PT, então essa diretoria fazia serviços paratodas as outras diretorias da Petrobras.

Ministério Público Federal:- E o senhor então acredita que, perguntando,o senhor acredita que houve pagamento de propina então também praessas outras diretorias?

Paulo Costa:- Sim.

Ministério Público Federal:- O senhor tem conhecimento de pagamentode propina para o senhor Renato Duque e Pedro Barusco?

Paulo Costa:- Sim, tenho, tenho conhecimento. Isso me foi dito na épocaainda pelo José Janene, que ainda era vivo, depois me foi dito pelopessoal da Odebrecht, me foi dito pelo pessoal da UTC.

Ministério Público Federal:- Tanto o senhor quanto o Renato Duque,Pedro Barusco, tinham conhecimento da existência desse cartel?

Paulo Costa:- Sim.

(...)"

231. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, gestor das empresas quecompunham o Grupo Setal ao tempo dos fatos, também prestou depoimento em Juízo(evento 324). Também ele celebrou acordo de colaboração e que foi homologado poreste Juízo. Foi ele condenado por crimes de corrupção e lavagem na ação penal5012331-04.2015.4.04.7000, pelo pagamento de vantagem indevida e ocultação edissimulação de produto do crime, em contratos com a Petrobrás nos ConsórciosInterpar e CMMS envolvendo obras na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR) ena Refinaria de Paulínia (REPLAN), com cópia da sentença no evento 554.

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232. Em Juízo, confirmou que havia um grupo de empreiteiras, da qual aSetal e a OAS faziam parte, que periodicamente se reuniam e ajustavamfraudulentamente entre elas quem teria a preferência em cada licitação da Petrobrás. Asempresas destituídas da preferência se comprometiam a não participar das licitações ouem apresentar propostas não competitivas. Representavam a OAS nos ajustes osacusados Agenor Franklin Magalhães Medeiros e José Adelmário Pinheiro Filho.

233. Declarou que a Carioca Engenharia e a Construcap não participavamdessas reuniões, mas teriam ocasionalmente participado de alguns ajustes. Não soube,porém, precisar as licitações nas quais estes ajustes teriam ocorrido. Quanto à SchahinEngenharia e a Construbase, afirmou que não participavam.

234. Também confirmou o pagamento de vantagem indevida nos contratosda Petrobrás a agentes da Petrobras, especificamente ao Diretor Renato de SouzaDuque e ao gerente Pedro José Barusco Filho, da Área de Serviços e Engenharia, e aoDiretor Paulo Roberto Costa, da Área de Abastecimento. Declarou que parte dosrecursos acertados com o Diretor Renato de Souza Duque foram destinados ao Partidodos Trabalhadores ("No caso da diretoria de serviços, o diretor Duque em algumasocasiões, em algumas oportunidades, me pediu para fazer doações ao PT"). JoãoVaccari Neto representava o Partido dos Trabalhadores nos pagamentos dirigidos àagremiação política em questão.

235. Os pagamentos para a Diretoria de Abastecimento eram feitas atravésde Alberto Youssef. Os pagamentos para a Diretoria de Serviços teriam sido feitasatravés de Adir Assad ou de Mario Frederico Mendonça Goes.

236. Declarou ainda não ter informações específicas sobre ajustes depreferências ou acertos de corrupção no contrato envolvendo a ampliação do CENPES,pois o Grupo Setal não teria participado da licitação em questão.

237. Trascrevem-se trechos:

"Ministério Público Federal:- O senhor tem conhecimento de que aempresa Setal se reunia com outras empresas para escolher vencedores deobras da Petrobras?

Augusto Ribeiro:- Sim, tenho conhecimento.

Ministério Público Federal:- O senhor poderia explicar rapidamente asistemática dessas reuniões, como eram feitas as escolhas e quemparticipava, rapidamente?

Augusto Ribeiro:- Essas reuniões, elas começaram no final dos anos 90,de uma forma pouco eficiente, e realmente tiveram, passaram a ter maiseficiência a partir do ano de 2004, 2005, onde algumas empresas,inicialmente 9, se reuniam para discutir entre si prioridades sobre asobras que a Petrobras iria licitar. Este número foi, a partir do ano detalvez 2006, 2007, ampliado para 16 empresas. Eu relatei isso aí combastante detalhe no meu depoimento, na minha declaração do meu

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acordo, e tem lá o nome de todas as empresas que eu confirmo.

Ministério Público Federal:- Como é que eram feitas essas escolhas, asempresas decidiam quem apresentaria melhor proposta, as demais nãoapresentavam...

Augusto Ribeiro:- Isso, as empresas se reuniam e discutiam sobre umprograma de obras que deveria ser licitado, e cada uma escolhia a suaprioridade, e a partir do instante em que todas estavam de acordo com asescolhas feitas, a que tinha prioridade apresentava a proposta e informavao preço que as outras deveriam entrar, de modo que ela tivesse o menorpreço.

Ministério Público Federal:- O senhor não disse agora, hoje, o nome dasempresas, mas a OAS era uma dessas empresas?

Augusto Ribeiro:- Sim, senhor, a OAS entrou numa, na segunda fase.

Ministério Público Federal:- Na segunda fase. O senhor se recorda quemeram as pessoas da OAS que participavam dessas reuniões, com quem osenhor tinha contato, outras pessoas tinham contato?

Augusto Ribeiro:- As pessoas que eu tinha contato era o Léo Pinheiro e oAgenor Medeiros.

Ministério Público Federal:- O senhor teve contato com essas pessoas noâmbito dessas reuniões?

Augusto Ribeiro:- Sim, senhor.

(...)

Ministério Público Federal:- O senhor se recorda se a empresa Cariocaparticipava dessas reuniões?

Augusto Ribeiro:- Não, a Carioca não participava das reuniões.Participou de algumas combinações aonde ela havia sido convidada eacabou discutindo com algumas empresas do grupo, e participando emalgumas obras.

Ministério Público Federal:- Só para esclarecer, então houve algunsepisódios em que a Carioca participou de alguns ajustes de licitação, éisso?

Augusto Ribeiro:- Sim.

(...)

Ministério Público Federal:- Ah, não foi com vocês. Em relação àempresa Construcap?

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Augusto Ribeiro:- A Construcap não participava das reuniões, porémparticipou em alguns ajustes.

Ministério Público Federal:- Da mesma forma que a Carioca, ajustes delicitação?

Augusto Ribeiro:- Sim, da mesma forma que a Carioca, em oportunidadesonde eles haviam sido convidados por determinada licitação, acabavam seacomodando com os, vamos dizer, com os proponentes que iriam venceraquela licitação.

(...)

Ministério Público Federal:- Não tem problema. O senhor temconhecimento também que eram feitos pagamentos de propina a agentespúblicos?

Augusto Ribeiro:- Sim, senhor.

Ministério Público Federal:- Da Petrobras?

Augusto Ribeiro:- Sim, senhor. Na diretoria de serviços e na diretoria deabastecimento.

Ministério Público Federal:- Qual que era esse valor que era pago?

Augusto Ribeiro:- Na diretoria de serviços, algumas vezes era 2 por cento,depois virou 1 por cento, e na diretoria de abastecimento também emmédia era 1 por cento, e eu acredito que, como nós, todas as empresasnegociavam um valor, mas aproximadamente perto desse número aí.

(...)

Ministério Público Federal:- Posso, excelência, claro. Na verdade, essespagamentos o senhor fazia por meio de operadores, era isso, ou erampagos diretamente aos diretores?

Augusto Ribeiro:- Na diretoria de serviços os acertos foram feitosdiretamente com os diretores. A partir de um determinado período láentrou o Mário Góes, que acompanhou alguma parte das operações, e nadiretoria de abastecimento foi através do Alberto Youssef.

Ministério Público Federal:- Eram feitos os pagamentos para as empresasindicadas pelo Alberto Youssef, é isso?

Augusto Ribeiro:- Na verdade, é, ele indicava algumas empresas quepudessem fornecer nota fiscal e a gente pagava através dessas empresas.

Ministério Público Federal:- E na diretoria de serviços eram empresas doMário Góes, é isso?

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Augusto Ribeiro:- Na diretoria de serviços eram empresas que nósmesmos conseguimos. Eles não indicavam ninguém, a menos umapequena parte que foi feita pelo próprio Mário Góes.

Ministério Público Federal:- O senhor Adir Assad tinha algumaparticipação nessa sistemática de pagamentos?

Augusto Ribeiro:- Lá na hora da Repar nós utilizamos algumas empresasque, posteriormente, ficamos sabendo que pertenciam todas aí, no fundo,ao mesmo grupo do Adir Assad. Ficamos sabendo disso pela imprensaalgum tempo depois, que teve a ver com o assunto da Delta Engenharia, eo assunto veio a público aí nós ficamos sabendo que as empresas forampublicadas.

Ministério Público Federal:- Mas esse pagamento era feito para geraçãode dinheiro em espécie ou pra eles repassarem para os...

Augusto Ribeiro:- Eles, esses pagamentos eram feitos às empresas e elesrepassavam ou em espécie ou em depósito no exterior.

Ministério Público Federal:- Esses pagamentos eram tratados, o senhorfalou, diretamente com o senhor... com os diretores também?

Augusto Ribeiro:- Na diretoria de serviços, sim, e na diretoria deabastecimento era como Alberto Youssef.

Ministério Público Federal:- E esses diretores, eles também tinhamconhecimento desse cartel, desse acerto entre as empresas?

Augusto Ribeiro:- Tinham, tinham conhecimento.

(...)

Ministério Público Federal:- O senhor tem conhecimento que uma partedesses valores pagos iria para partidos políticos ou pessoas ligadas apartidos políticos?

Augusto Ribeiro:- No caso da diretoria de abastecimento, o AlbertoYoussef falava sobre ajuda política ao PP. No caso da diretoria deserviços, o diretor Duque em algumas ocasiões, em algumasoportunidades, me pediu para fazer doações ao PT.

Ministério Público Federal:- O senhor tem conhecimento da participaçãodo senhor João Vaccari nesses pagamentos?

Augusto Ribeiro:- Sim, nas vezes em que eu fiz pagamentos ao PT euconversei com o João Vaccari, ele que me orientou aonde essespagamentos deveriam ser feitos.

Ministério Público Federal:- O senhor conhece o Paulo Ferreira, que foitesoureiro também do partido?

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Augusto Ribeiro:- Não, não conheço."

238. Dalton dos Santos Avancini era Presidente da Construtora CamargoCorrea ao tempo dos fatos e também celebrou acordo de colaboração e que foihomologado por este Juízo. Foi ele condenado por crimes de corrupção e lavagem naação penal 5083258-29.2014.4.04.7000, pelo pagamento de vantagem indevida eocultação e dissimulação de produto de crime, em contratos com a Petrobrás para obrasna Refinaria Getúlio Vargas (REPAR) e na Refinaria do Nordeste Abreu e Lima(RNEST), com cópia da sentença no evento 847.

239. Em depoimento em Juízo (evento 324), confirmou que havia umgrupo de empreiteiras, da qual a Camargo Correa e a OAS faziam parte, queperiodicamente se reuniam e ajustavam fraudulentamente entre elas quem teria apreferência em cada licitação da Petrobrás. As empresas destituídas da preferência secomprometiam a não participar das licitações ou em apresentar propostas nãocompetitivas.

240. Declarou que Carioca Engenharia, representada por RicardoBackheuser, e que a Schahin Engenharia, representada por Edison Freire Coutinho,teriam participado das reuniões para os ajustes em algumas licitações. A OAS erarepresentada pelo acusado Agenor Franklin Magalhães Medeiros. Afirmoudesconhecer a participação da Construcap ou da Construbase.

241. Também confirmou o pagamento de vantagem indevida nos contratosda Petrobrás a agentes da Petrobras, especificamente ao Diretor Renato de SouzaDuque e ao gerente Pedro José Barusco Filho, da Área de Serviços e Engenharia, e aoDiretor Paulo Roberto Costa, da Área de Abastecimento. O montante seria de 1%sobre o valor dos contratos para cada Área. Afirmou que era dito que parte dos valoresera destinado a agremiações políticas que sustentavam os diretores, no caso o Partidodos Trabalhadores e o Partido Progressista, respectivamente, mas que ele não tinhaconhecimento preciso sobre esses fatos.

242. Declarou não ter conhecimento específico sobre ajustes de licitaçãopara o contrato de ampliação do CENPES.

243. Transcrevem-se trechos:

"Ministério Público Federal:- O senhor tem conhecimento de que aCamargo Correia, com outras empresas, se reuniam para ajustar quemvenceria as licitações da Petrobras?

Dalton Avancini:- Sim. Bom, eu passei a atuar com obras da Petrobras apartir do ano de 2008, aproximadamente, e dentro do curso em que eupermaneci à frente dessa diretoria, sim, nós participamos desse tipo deacordo para ganhar obras da Petrobras.

Ministério Público Federal:- A partir de 2008, é isso?

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Dalton Avancini:- É, que eu assumi a área de óleo e gás.

Ministério Público Federal:- Qual era a sistemática dessas reuniões? Ossenhores se reuniam para já identificar as obras e definir quem venceria,como é que era?

Dalton Avancini:- Sim, existia, a gente tinha o conhecimento de quaiseram os projetos que estavam em curso e que existia uma perspectiva deserem licitados aí, de terem, de serem contratados, e essas empresasfaziam uma divisão desses projetos entre elas, aí.

Ministério Público Federal:- Como que isso era operacionalizado naprática, como que uma empresa ganhava e as outras deixavam de ganhar?

Dalton Avancini:- Bom, a partir do momento que havia essa divisão, querdizer, que se tentava fazer um certo equilíbrio entre os valorescontratados, uma empresa se nomeava, era decidido que ela seria avencedora e as demais faziam propostas que a gente chamava depropostas de cobertura aí, em apoio à proposta daquela empresa que seriavencedora com preços maiores do que ela.

Ministério Público Federal:- O senhor sabe dizer quem participava dessasreuniões, que empresas participavam dessas reuniões?

Dalton Avancini:- Bom, a gente já mencionou várias vezes aí, quer dizer...

Ministério Público Federal:- Pode mencionar novamente, por favor?

Dalton Avancini:- Camargo, Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS, AndradeGutierrez, Toyo Setal, entre outras aí.

Ministério Público Federal:- O senhor tem conhecimento da participaçãoda empresa Carioca nessas reuniões?

Dalton Avancini:- Sim, quando eu estava atuando já, que foi notadamentenas obras do COMPERJ aí, a Carioca participava, já estava participandodesse grupo, estava entrando dentro desse grupo.

Ministério Público Federal:- Ela foi a várias reuniões, em algumasreuniões, o senhor sabe dizer?

Dalton Avancini:- Eu não consigo precisar em quantas ela foi, assim,porque tinha...

Ministério Público Federal:- Mas era uma participação efetiva?

Dalton Avancini:- Existia o grupo duro e ela participava até como umaempresa que acabou colaborando, fazendo proposta de cobertura emalgumas dessas licitações.

Ministério Público Federal:- O senhor se recorda que pessoas da empresa

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Carioca participavam dessas reuniões?

Dalton Avancini:- Eu me lembro de uma reunião especificamente em queeu era o presidente já dessa divisão na Camargo, era um pessoal de maisalto nível, em que o Ricardo Backheuser participou dessa reunião aí.

Ministério Público Federal:- Em relação à empresa Schahin, participavadessas reuniões?

Dalton Avancini:- Sim, a Schahin também era uma empresa entrante aínesse grupo, ela não era ainda... Mas ela até foi associada da Camargodentro de um projeto que era para que nós tivéssemos vencido noCOMPERJ.

Ministério Público Federal:- Que projeto é esse, o senhor se recorda?

Dalton Avancini:- Do HCC, que era uma unidade de... Uma das unidadesde tratamento dentro do COMPERJ.

Ministério Público Federal:- Ela era associada porque houve umconsórcio, é isso?

Dalton Avancini:- Era um consórcio Camargo Correa/Schahin que erapra ser vencedor.

Ministério Público Federal:- E foi vencedor?

Dalton Avancini:- Não foi.

Ministério Público Federal:- Por quê que não foi, nesse caso?

Dalton Avancini:- Uma história longa aí, que houve a licitação, esseconsórcio acabou sendo vencedor numa primeira licitação, aí a Petrobrasalegou que havia um preço excessivo, fez uma nova licitação, e nessa novalicitação acabou entrando um outro grupo que acabou por se tornarvencedor.

Ministério Público Federal:- Mas na primeira licitação houve esseacerto?

Dalton Avancini:- Sim.

(...)

Ministério Público Federal:- O senhor se recorda que pessoa da Schahinparticipou dessa conversa?

Dalton Avancini:- O senhor Coutinho que era o nosso... que tratava com aCamargo diretamente.

Ministério Público Federal:- Como é o nome?

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Dalton Avancini:- Coutinho.

Ministério Público Federal:- Coutinho, tá. E a empresa Construcap?

Dalton Avancini:- Nunca tratei com a Construcap, não sei da participaçãoefetiva dela.

Ministério Público Federal:- O senhor falou da empresa OAS, participavadesse cartel também?

Dalton Avancini:- Sim, participava.

Ministério Público Federal:-Participava ativamente em todas asreuniões?

Dalton Avancini:- Sim, sim. A OAS participava ativamente.

Ministério Público Federal:- O senhor se recorda das pessoas dessa...

Dalton Avancini:- Em geral era o Agenor Medeiros, que era o...

Ministério Público Federal:- Agenor Medeiros. O senhor Léo Pinheiro osenhor conheceu?

Dalton Avancini:- Conhecia, sim. O Léo era o presidente da OAS, nãoparticipava diretamente dessas reuniões.

(...)

Ministério Público Federal:- Com certeza. O senhor tem conhecimentosobre pagamento de propina para esses diretores?

Dalton Avancini:- Sim, da parte da Camargo, nós pagávamos para essasduas diretorias, tanto a Diretoria de Serviços como a Diretoria deAbastecimento.

Ministério Público Federal:- O senhor sabe dizer o percentual?

Dalton Avancini:- Era 1% em cada uma dessas diretorias, era ocompromisso que nós tínhamos aí.

Ministério Público Federal:- O senhor participou desse compromisso ousó dos pagamentos?

Dalton Avancini:- Não, eu participei dos pagamentos. Quer dizer, quandoeu assumi essa área já existiam esses compromissos. Quer dizer, oscontratos alguns já estavam andando até, o que acabou na minhaadministração, acabou dando sequência foi o pagamento aí doscompromissos nas duas diretorias.

Ministério Público Federal:- Com quem o senhor tratava para esses

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pagamentos?

Dalton Avancini:- No início não era eu que tratava diretamente, era oEduardo, mas na Diretoria de Serviços era através das empresas do JulioCamargo, e na Diretoria de Abastecimento através do senhor AlbertoYoussef.

Ministério Público Federal:- Não era o senhor que ordenava pagamento,então?

Dalton Avancini:- Não, mas eu aprovava, não é.

Ministério Público Federal:- O senhor sabe dizer se esse valor ia para osdiretores ou se era canalizado para políticos ou partidos políticos paraessas pessoas?

Dalton Avancini:- Sempre tivemos é que ia para partidos, que não erapara eles. Então o Paulo Roberto representava o PP, na época era o quese falava. E o Renato Duque, o PT.

Ministério Público Federal:- O senhor sabe dizer qual percentual que iapara o partido, que ia para eles?

Dalton Avancini:- Não, não sabíamos dizer.

Ministério Público Federal:- Sabe dizer qual era o acerto deles com ospartidos?

Dalton Avancini:- Não, não sabia.

Ministério Público Federal:- O senhor sabe dizer se esses diretores,pessoas, eram indicados pelos partidos políticos para assumir esses...

Dalton Avancini:- Não, era o que se ouvia falar, quer dizer, eles tinhamuma sustentação, por isso que até havia esses compromissos depagamentos."

244. Ricardo Ribeiro Pessoa, dirigente da UTC Engenharia, foicondenado na ação penal 5027422-37.2015.4.04.7000 (cópia da sentença no evento554). Também ele celebrou acordo de colaboração. Em seu depoimento em Juízo(evento 354), confirmou a realização das reuniões entre as empreiteiras para arealização de ajustes de preferência em licitações. Confirmou que a OAS participavadessas reuniões representada pelo acusado Agenor Franklin Magalhães Medeiros.Também confirmou que a UTC Engenharia pagava vantagem indevida a agentes daPetrobrás, Paulo Roberto Costa, Pedro José Barusco Filho e Renato de Souza Duque.Nos pagamentos para a Diretoria de Serviços da Petrobras, metade era destinada aoPartido dos Trabalhadores através de João Vaccari Neto. Os pagamentos a Pedro JoséBarusco Filho eram efetuados através de Mario Frederico de Mendonça Goes. Paragerar recursos em espécie para pagamentos a agentes públicos ou outros pagamentosnão contabilizados, a UTC simulava contratos com empresas controladas por Adir

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Assad e por Roberto Trombeta. Declarou conhecer o acusado Paulo Adalberto AlvesFerreira, mas que nunca teria tratado nada de ilícito com ele.

245. Transcrevem-se trechos:

"Ricardo Pessoa:- Dentro do universo das empresas que se reuniam,geralmente eram, dependendo do período, essas empresas chegaram a ter18, 16, 14, 12, em função do cadastro e da possibilidade de ter sidoconvidada ou não, a prioridade era dada e muitas vezes dentro desseuniverso de empresas, que não era totalidade, se escolhia, quem sehabilitasse, geralmente teria a proteção das outras. Isso não quer dizerque todas cobrissem, mas algumas eram escolhidas e muito difícil às vezesconseguir, mas havia cobertura.

Ministério Público Federal:- Essa proteção que o senhor diz é exatamenteessa...

Ricardo Pessoa:- Proteção é a redução da competitividade, resultado dacompetição. Se tivesse 12 convidados e 8... 12 convidados e 8 estivessemdentro desse universo, nós teríamos 4 concorrentes e não 12.

Ministério Público Federal:- E esses encontros, essas reuniõesaconteceram aonde?

Ricardo Pessoa:- Em diversos lugares, muitas vezes na UTC, mas na UTCaconteciam sempre as reuniões semestrais ou anuais após a publicação ea exposição dos planos de negócios. Depois diversas reuniões poderiamacontecer porque quando as prioridades eram determinadas cada umcuidava de sua vida.

Ministério Público Federal:- O senhor se recorda quais eram as empresasque participavam das reuniões?

Ricardo Pessoa:- Acho que estão no cadastro da Petrobras, eu não merecordo de todo mundo, já falou... O senhor quer que eu cite todas?

Ministério Público Federal:- Não, não todas, mas algumas apenas.

Ricardo Pessoa:- Odebrecht, Andrade, Camargo, Queiroz, OAS, Engevix,MPE, UTC, GDK.

(...)

Ministério Público Federal:- Não, da OAS.

Ricardo Pessoa:- Ah, da OAS. Não, eu sempre me reuni com o AgenorMedeiros, essas reuniões específicas eram com o Agenor.

(...)

Ministério Público Federal:- E com relação aos funcionários da

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Petrobras, o senhor se recorda de ter pago propina para os funcionáriosda Petrobras?

Ricardo Pessoa:- Sim, recordo.

Ministério Público Federal:- Pra quem?

Ricardo Pessoa:- Bom, quando a obra era do Abastecimento... é bomexplicar uma coisa antes, a Diretoria de Serviços, em tese, prestavaserviços para as unidades de negócios, no caso Abastecimento, ouExploração e Produção, ou Gás e Energia. No caso do Abastecimento, aDiretoria de Abastecimento através, primeiro, do José Janene, ele cobravaum percentual de maneira bastante enfática. E a área de Serviços cobravatambém. No caso o Janene, o diretor Paulo Roberto Costa, e no caso dosServiços era o diretor Renato Duque e Pedro Barusco, na grande maioriadas vezes.

Ministério Público Federal:- Certo. Pedro Barusco e Renato Duque naDiretoria de Serviços?

Ricardo Pessoa:- Sim.

Ministério Público Federal:- O senhor sempre encaminhou, no âmbito daDiretoria de Serviços, propina para Pedro Barusco e Renato Duqueapenas?

Ricardo Pessoa:- Sim.

Ministério Público Federal:- Por meio deles houve algumencaminhamento para alguma pessoa vinculada à agremiação política?

Ricardo Pessoa:- Sim, sem dúvida. O valor estabelecido para a área deServiços geralmente era a metade, quando era 1%, o valor referência era1%, metade ia pra mão do Partido dos Trabalhadores através do senhor...durante grande período, a maioria das vezes, através de João Vaccari, e aoutra metade era distribuída na casa, como eles chamavam.

Ministério Público Federal:- Perfeito. O senhor se referiu ao percentualde 1%, esse valor de 1% se referia ao valor do contrato?

Ricardo Pessoa:- O valor do contrato, e muitas vezes os seus aditivostambém, mas geralmente o aditivo era uma nova negociação ou então nãohavia negociação.

(...)

Ministério Público Federal:- Certo. E no interesse de Pedro Barusco,quem procurava o senhor para realizar os recebimentos?

Ricardo Pessoa:- Além do próprio Pedro, tinha o Mário também, o MárioGoes, acho que só. No meu caso só.

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(...)

Ministério Público Federal:- Perfeito. Uma outra questão, o senhor dissetambém que a UTC realizava os pagamentos. Eu pergunto para o senhorqual era a forma de obtenção do dinheiro para realizar essespagamentos?

Ricardo Pessoa:- Todos esses recursos que foram feitos em caixa doiseram feitos através de empresas, diversas, ao longo do tempo, diversasempresas, que se transformavam em recursos de serviços não prestados eque eram depois dados ao Alberto Youssef, que era uma espécie de bancoda UTC pra isso.

Ministério Público Federal:- Dentre essas empresas estaria a Rock Star?

Ricardo Pessoa:- Sim.

Ministério Público Federal:- A SM Terraplanagem?

Ricardo Pessoa:- Sim.

Ministério Público Federal:- Essas empresas o senhor sabe a quem elasestão ligadas?

Ricardo Pessoa:- Sei, elas são do Adir Assad.

Ministério Público Federal:- E o advogado Roberto Trombeta tem algumarelação também nessa geração de dinheiro em espécie?

Ricardo Pessoa:- Tem, tem, mas não com essas empresas, com outras. Seeu não me recordo, a MRTR, a "Maui", são três ou quatro empresas queele também operava, embora todos eles, no caso da Rock Star tinha umserviço prestado, no caso do Trombeta também tinha serviços prestados,não era tudo feito caixa dois.

Ministério Público Federal:- O serviço era superfaturado?

Ricardo Pessoa:- Sim, não diria... A palavra superfaturado aí éinadequada, se me permite, no caso da Rock Star existia a prestação deserviço no caso das corridas de stock car, e de uma parte grande que eradevolvida pra nós.

Ministério Público Federal:- Certo. Era firmado um contrato com umvalor maior do que o serviço prestado e a diferença era devolvida emdinheiro para o senhor?

Ricardo Pessoa:- É.

Ministério Público Federal:- Isso tanto no caso das empresas ligadas aAdir Assad, quanto na empresas ligadas ao Roberto Trombeta?

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Ricardo Pessoa:- Perfeito.

Ministério Público Federal:- E esses valores obtidos pelo senhor é queforam direcionados para os funcionários da Petrobras?

Ricardo Pessoa:- Esses valores, toda a nossa produção de caixa dois nãoera direcionada, esse daqui vinha para aquele funcionário ou agentepúblico, ou qualquer outro, tinha um caixa central, dali a gente distribuíapara o que fosse necessário.

Ministério Público Federal:- Inclusive para Paulo Roberto, para RenatoDuque?

Ricardo Pessoa:- Sim, sim. Paulo Roberto, no caso aí era feito através doJanene ou de Alberto Youssef, com a morte do Janene."

246. A testemunha, porém, também declarou não ter conhecimentoespecífico acerca de ajustes ou acertos de corrupção envolvendo a licitação daampliação do CENPES, não tendo a UTC Engenharia dela participado:

"Juiz Federal:- Esse processo em particular aqui trata de algumas obrasdo NOVO CENPES, que foram, segundo o Ministério Público aqui,definidas em reuniões desse grupo de empreiteiras. O senhor chegou aparticipar das reuniões em que esse assunto foi tratado?

Ricardo Pessoa:- Eu tive o conhecimento dessa denúncia, isso aí é obracivil e a UTC Engenharia tem foco na montagem eletromecânica. Então agente não tem nem cadastro pra ser convidado.

Juiz Federal:- Então o senhor não participou das reuniões nas quaisforam definidas essas preferências?

Ricardo Pessoa:- Nem tive conhecimento.

Juiz Federal:- E essas empresas que são apontadas aqui, por exemplo, aSchahin, a Carioca, a CONSTRUCAP e a CONSTRUBASE, elasparticipavam desse grupo de empreiteiras?

Ricardo Pessoa:- A Schahin, eu nunca ouvi falar disso, tive um contatosomente uma vez com ela, mas nada a ver. A CONSTRUCAP nuncativemos nenhum contato que tivesse relacionamento com isso, aliás só tiveuma aproximação com a CONSTRUCAP depois que nós adquirimos aCONSTRAN, nada a ver com Petrobras, que eu me lembre nada comPetrobras, nunca vi ela participando. A CONSTRUBASE eu sequerconheço, conheço só de nome... Qual é a outra que o senhor...

Juiz Federal:- Acho que faltou a Carioca.

Ricardo Pessoa:- A Carioca eu conheço, ela de certa forma algumas vezesela tentou, ela se cadastrou e tentou participar, e participou de algumascoisas, mas de reunião comigo acho que talvez uma só."

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247. Walmir Pinheiro Santana, que também celebrou acordo decolaboração, era gerente financeiro da UTC Engenharia e, em seu depoimento emJuízo, basicamente confirmou o depoimento de Ricardo Ribeiro Pessoa no que serefere às transferências para as empresas controladas por Adir Assad e para asempresas controladas por Roberto Trombeta e Rodrigo Morales, com a finalidade degerar recursos em espécie e que "foram utilizados para pagar vantagens indevidas paraa Diretoria da Petrobrás" (evento 354). Também confirmou pagamentos para MárioFrederico de Mendonça Goes e que teriam por beneficiário final o gerente da PetrobrásPedro José Barusco Filho e pagamentos ao Partido dos Trabalhadores por solicitaçãodo Diretor da Petrobrás Renato de Souza Duque.

248. Mário Frederico Mendonça Goes também celebrou acordo decolaboração. Foi, como adiantado, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro naação penal 5012331-04.2015.4.04.7000 (cópia no evento 554). Em seu depoimento emJuízo (evento 354), confirmou que intermediou, para várias empresas fornecedoras daPetrobrás, pagamento de vantagem indevida para executivos da Petrobrás,notadamente para Pedro José Barusco Filho.

249. Confirmou ainda que intermediou especificamente vantagemindevida para Pedro José Barusco Filho no contrato da Petrobrás com o ConsórcioNovo CENPES. Foi orientado pelo gerente da Petrobrás referido para procurar AgenorFranklin Magalhães Medeiros para acertar o recebimento de propina, de 1% do valordo contrato, tendo os valores sido entregues em espécie. A OAS fazia o pagamentopara todas as empresas consorciadas. Posteriormente, a Carioca Engenharia efetuoudiretamente os pagamentos da parte dela. O acerto com a Carioca Engenharia foirealizado com Luiz Fernando Santos Reis. Parte dos valores seria destinada, segundolhe foi informado por Pedro José Barusco Filho, para Renato de Souza Duque.

250. Parte dos repasses feitos pela Carioca Engenharia foi realizada portransação no exterior, tendo o acusado reconhecido ser o titular da conta em nome daoff-shore Mayana Trading Corporation no Banco Lombard Odier, em Genebra, e nelater recebido valores da Carioca Engenharia e os repassado para Pedro José BaruscoFilho. Reconheceu que esse repasse poderia envolver propinas do Consórcio NovoCENPES.

251. Declarou ainda que conheceu Edison Freire Coutinho, da SchahinEngenharia, e que intermediou pagamentos dela para o gerente Pedro José BaruscoFilho, mas relativamente a outro contrato que não o do Consórcio Novo CENPES.Mário Frederico Mendonça Goes ainda declarou que não teve contatos ilícitos com osdemais acusados.

252. Transcreve-se:

"Ministério Público Federal:- Perfeito. A presente ação ela se relacionacom pagamentos indevidos feito a funcionários da Petrobras relacionadosà obra do NOVO CENPES. Eu pergunto se o senhor teve alguma relaçãocom esses pagamentos feitos, relacionados a essa obra?

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Mario Goes:- É, nesse caso específico, não através da Rio Marine. Eu,como pessoa, operacionalizando recebimento desses recursos para osenhor Pedro Barusco.

Ministério Público Federal:- Vamos tentar detalhar então como foi isso. Osenhor foi procurado por quem e quando?

Mario Goes:- Eu fui procurado pelo Pedro Barusco quando houve essecontrato entre um consórcio que incluía a OAS pra procurar o senhorAgenor Medeiros para viabilizar e operacionalizar o recebimento dosrecursos.

Ministério Público Federal:- O senhor se recorda mais ou menos quandofoi isso, em que ano?

Mario Goes:- Olha, eu até vendo o contrato agora, eu vi o contrato, é de2008. A partir de 2008.

Ministério Público Federal:- O senhor disse que era um consórcio do quala OAS participava, o senhor se recorda quais eram as outras empresas?

Mario Goes:- Era a OAS, a Carioca, a Schahin, a CONSTRUBASE e aCONSTRUCAP.

Ministério Público Federal:- Certo. O senhor disse que foi procurado pelosenhor Pedro Barusco.

Mario Goes:- Sim, senhor.

Ministério Público Federal:- E ele disse para o senhor procurar o senhorAgenor?

Mario Goes:- Sim, senhor.

Ministério Público Federal:- Certo. E o senhor foi procurar o senhorAgenor, e encontrou com ele?

Mario Goes:- Eu encontrei ele várias vezes, encontrei com ele váriasvezes.

Ministério Público Federal:- Certo, e como foi tratado esse assunto?Quando o senhor o procurou o senhor Agenor já sabia daoperacionalização, da necessidade de pagamento?

Mario Goes:- Sim, ele já sabia, porque exatamente eu fui procurar porquejá tinha sido acertado as bases, como seria, entre Pedro Barusco e osenhor Agenor.

Ministério Público Federal:- Essas bases era um percentual do contratoda obra do NOVO CENPES?

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Mario Goes:- Era, era um percentual e... eu não tenho certeza, mas achoque era 1%. Mas eu acho que era um percentual.

Ministério Público Federal:- O senhor já conhecia o senhor Agenor?

Mario Goes:- Eu conheci o Agenor de antes, tive um contato profissionalmuito cedo, lá atrás, mas não tinha contato com ele, nunca tive, tive,assim, às vezes, talvez umas duas vezes o encontrei de maneira social, masnunca tinha tido nenhuma relação profissional com ele.

(...)

Ministério Público Federal:- O senhor disse que sabia que a OAS fazia ospagamentos em nome de todo o consórcio, de todas as empresas quepagavam o consórcio. Como é que o senhor sabia disso?

Mario Goes:- Porque, não, ele mesmo falava que eram os membros doconsórcio, e ele até entrava em contato. Teve um momento inclusive que aCarioca, como me conhecia e tinha algumas coisas já também fazendocomigo, me pediu para que passasse direito, o Agenor concordou, falouque também já tinham falado com ele, e a Carioca passou a fazer logo noinício, não me lembro que época, mas passou a fazer separadamente. ACarioca fazia diretamente e o Agenor representava os outros membros doconsórcio, a OAS e os outros membros.

Ministério Público Federal:- Quem da Carioca pediu para o senhor fazerassim?

Mario Goes:- O Luiz Fernando Santos Reis.

Ministério Público Federal:- Certo. E esses pagamentos depois derecebidos pelo Miguel, esses recursos, o que acontecia?

Mario Goes:- O que acontecia é o seguinte, tinha uma conta na Advalor,que eu também abri uma conta lá, o Pedro já tinha uma conta, meapresentou a Advalor, então na Advalor tínhamos uma conta corrente efazíamos os acertos, porque tinha muito... eu tinha recebimentos do Pedro,para o Pedro, de várias fontes e de várias origens. Então a gente faziareuniões, fazia os acertos, o que tem que pagar daqui e dali, e fazíamos osacertos. Aí saía diretamente lá o que era pra sair para o Pedro, direto praele, naquela mesma Advalor.

Ministério Público Federal:- Nesse contexto dos recursos repassados apartir das obras do CENPES foi celebrado algum contrato, algumcontrato fictício com alguma empresa do senhor?

Mario Goes:- Não, nenhuma.

Ministério Público Federal:- No decorrer desse projeto do CENPES, osenhor se recorda qual foi o montante aproximado que o senhoroperacionalizou?

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Mario Goes:- Olha, eu me recordo que foram valores bastantesubstanciais, o exato número eu não tenho, mas mais de 10 milhões euposso ter quase certeza.

Ministério Público Federal:- Perfeito. O senhor disse que esses valoreseram repassados ao senhor Pedro, Pedro Barusco.

Mario Goes:- Sim, senhor.

Ministério Público Federal:- O senhor tem ciência se parte desses valoresfoi direcionado também ao senhor Renato Duque, ainda que porintermédio do senhor Pedro Barusco?

Mario Goes:- É, ele dizia que ele recebia em nome da casa e que tinhauma divisão lá, inclusive, teria o senhor Renato Duque, mas eu nunca tivenenhum contato com o Renato Duque.

Ministério Público Federal:- Parte desses valores então recebidos pelosenhor Pedro Barusco foram direcionados ao senhor Renato Duque, peloque o senhor sabe?

Mario Goes:- De acordo com o que o Pedro Barusco falava.

(...)

Ministério Público Federal:- Perfeito. Além da Carioca, no interessedesse consórcio NOVO CENPES, o senhor operacionalizou a entrega derecursos para outra empreiteira, para a CONSTRUCAP, para aCONSTRUBASE ou para a Schahin?

Mario Goes:- Não, senhor. Eu nunca falei com eles sobre isso.

Ministério Público Federal:- O senhor teve contato com o senhor EdisonCoutinho, da Schahin?

Mario Goes:- Sim, senhor.

Ministério Público Federal:- Em qual contexto?

Mario Goes:- O Edison, eu conhecia do clube de golfe, jogávamos juntos,nos conhecíamos do clube de golfe, e também lá eu recebi do EdisonCoutinho alguns recursos, mas não desse projeto, recursos de outrosprojetos que a Schahin tinha com a Petrobras, que o Pedro Baruscotambém me avisou para operacionalizar e viabilizar esses recebimentos.

Ministério Público Federal:- Certo. O senhor sabe de qual projeto?

Mario Goes:- Olha, acho que... o que eu me lembro, era um projeto denegócio de fibra ótica e tinha um túnel, o túnel Gastal, se eu não meengano. Eram dois projetos que o Pedro tem inclusive mencionado na listadele lá, esse é o que eu... Mas nesse processo do NOVO CENPES, eu

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nunca tive nenhum recebimento através do Edison.

Ministério Público Federal:- Certo, mas esse pagamento feito pelo Edisonfoi direcionado também a Pedro Barusco?

Mario Goes:- Sim, senhor.

Ministério Público Federal:- O senhor se recorda de uma transaçãoespecífica com a Carioca, não sei se essa mesma a qual o senhor sereferiu, de transação feita no exterior?

Mario Goes:- Tinha, porque eu tinha outros contratos também, contatostambém com a Carioca. A Carioca tinha também, também fui contatadopelo Pedro pra contatar a Carioca, que era o Luiz Fernando Santos Reis,tinha uns dois ou três projetos, terminais de GNL e acho que um outroterminal também... Riacho, alguma coisa do Riacho, que eu não merecordo exatamente o nome agora... E eu tinha recebimento deles, eles medavam em espécie ou lá fora, numa conta que eles me pagavam, inclusivepara diferenciar, pra facilitar, em franco suíço.

Ministério Público Federal:- Certo. O senhor se recorda em nome dequem estava essa conta no exterior, vinculada a quem?

Mario Goes:- Não, a que recebia ou a que pagava?

Ministério Público Federal:- A que recebia.

Mario Goes:- Não, era minha conta, a Maranelle.

Ministério Público Federal:- Certo. Especificamente em relação àquelatransação a qual o senhor se referiu, que o Agenor permitiu que aCarioca...

Mario Goes:- Não, mas isso já vem de antes, porque o Agenor permitiunão no fim, ele permitiu... quando a Carioca pediu e ele concordou que aCarioca passasse a fazer direto. A Carioca durante esse período tambémpagou em espécie, aí eu não sei separar o que ela pagou, digamos, dessesoutros projetos ou do projeto do CENPES lá fora e aqui. Aqui elespagaram dos dois e também desse. Agora depois, já recentemente, eu fuiinformado, fui perguntado se teria um recebimento de uma conta chamadaKindai, que eu tinha já declarado aqui ao Ministério Público que eradentro das contas que eu não reconhecia de onde vinha. Quando fuiperguntado se eu teria recebido na conta da Mayana, que era outra contaque eu tinha, o valor de 711 mil, eu reconheci, estava lá “Mayana recebeu711 mil” dessa Kindai. Então eu confirmei: “Olha, existe esserecebimento, se estão dizendo eu confirmo que é da Carioca.

Ministério Público Federal:- Certo, então o senhor reconhece que esserecebimento vindo da Kindai pra conta da Mayana veio a partir daCarioca?

Mario Goes:- Veio da Carioca.

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Ministério Público Federal:- Certo.

Mario Goes:- Não sei, não posso especificar se é só desse projeto ou seera do resíduo desse e de outros projetos. Possivelmente, como era no fim,já foi acho que em 2012, possivelmente deve ter sido resíduo do projeto doCENPES.

Ministério Público Federal:- Pelo que eu estou entendo, então tinha comouma conta corrente que recebia dessas construtoras vários valores, devários projetos, e os repassava a esses agentes públicos, Pedro Barusco?

Mario Goes:- Sim, senhor."

253. Pedro José Barusco Filho, gerente executivo da Área de Serviços eEngenharia da Petrobrás entre 2003 e 2011, também celebrou acordo de colaboração eque foi homologado por este Juízo. Já foi condenado perante este Juízo na ação penal5012331-04.2015.4.04.7000 por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro (cópia dasentença no evento 554). Prestou depoimento em Juízo como testemunha (evento 354).

254. Em seu depoimento em Juízo, confirmou o esquema criminososintetizado pelo Juízo nos itens 114-127, retro, com recebimento de vantagem indevidaem contratos da Petrobrás com grandes empreiteiras e a repartição dela entre ele, oDiretor Renato de Souza Duque e agentes políticos do Partido dos Trabalhadores oupara o próprio partido representado por João Vaccari Neto. Também declarou que teveconhecimento de que propinas também eram pagas para a Diretoria de Abastecimentoda Petrobrás. As propinas eram calculadas nos percentuais de 1% a 2% sobre o valordos contratos.

255. Confirmou especificamente que recebeu vantagem indevida nocontrato da Petrobrás com o Consórcio Novo CENPES. A propina foi de 2%, metadedela para a área política. Afirmou que, na época, não tinha conhecimento acerca dequem representava a área política. As propinas teriam sido pagas inicialmente pelaOAS, líder do Consórcio, representada pelo acusado Agenor Franklin MagalhõesMedeiros, e através de Mario Frederico Mendonça Goes. Posteriormente, cadaempresa ficou encarregada de pagar a sua parte. Algumas continuaram os pagamentos,mas "a maioria parou de pagar". Somente a Construtora OAS e a Carioca Engenhariacontinuaram o pagamento. Relativamente a propinas neste contrato, Pedro JoséBarusco Filho teria tratado diretamente apenas com Agenor Franklin MagalhãesMedeiros e com Edison Freire Coutinho. Recebeu parte da vantagem indevida emespécie e parte em contas no exterior. Repassava parte dos valores ao Diretor deServiços da Petrobrás Renato de Souza Duque.

256. Transcreve-se:

"Ministério Público Federal:- Perfeito, a presente ação se relaciona comobras de construção do NOVO CENPES, na Ilha do Fundão, eu pergunto

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para o senhor se o senhor tem conhecimento acerca de irregularidades nocertame ou nos contratos dessa obra.

Pedro Barusco:- É, inclusive já foi objeto de depoimentos anteriores, eurelatei as irregularidades que ocorreram, após a adjudicação do contratoao consórcio, que foram os pagamentos de vantagem indevida, propinas,relativo a esse contrato.

Ministério Público Federal:- Houve pagamento de propina então emrelação a esse contrato?

Pedro Barusco:- Sim.

Ministério Público Federal:- Pra quem?

Pedro Barusco:- Bom, dentro daquele padrão, uma parte para a áreapolítica e uma parte pra que a gente chamava Casa, nesse caso era eu, odiretor Renato Duque e tinha também uma participação para o operadorque trabalhava pra nós nesse projeto, que era o senhor Mário Goes.

Ministério Público Federal:- Perfeito, vamos detalhar isso. Qual era omontante, qual foi o montante da propina, era um percentual do contrato?

Pedro Barusco:- Sim.

Ministério Público Federal:- Qual percentual do contrato?

Pedro Barusco:- Eu me recordo de 2%, sendo que era 1 pra... Porque oCENPES, o NOVO CENPES, ele era uma obra ligada à própria Diretoriade Serviços, então esses 2% quem direcionava, vamos dizer assim, adivisão, quem direcionava essa propina, era o próprio Diretor deServiços.

Ministério Público Federal:- No caso o senhor Renato Duque?

Pedro Barusco:- Exatamente. Então, nesse caso era 1% pra... o que erado meu conhecimento, 1% pra área política e 1% para o senhor RenatoDuque, pra mim e também tinha um percentual dessa participação para ooperador, senhor Mário Goes.

Ministério Público Federal:- Certo. Quando o senhor disse esse 1% paraa parte política, pra quem que era?

Pedro Barusco:- Para o PT.

Ministério Público Federal:- Por intermédio de quem, quem era oresponsável?

Pedro Barusco:- Bom, eu agora, lendo o processo, diz que era PauloFerreira, mas eu não tinha esse conhecimento na época, porque o diretorestabelecia “1% vai para a área política e 1% pra casa.” Eu cuidava

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dessa parte da casa e não me envolvia com essa parte política, então eunão tinha esse conhecimento à época.

Ministério Público Federal:- Mas quando então o diretor Renato Duquedizia que uma parte era para a parte política era para o Partido dosTrabalhadores?

Pedro Barusco:- Sim.

Ministério Público Federal:- Mas o senhor não tinha conhecimento dequem era o intermediário do Partido dos Trabalhadores, mas sabia queiria para o Partido dos Trabalhadores?

Pedro Barusco:- Exatamente. Mais no final, quando entrou o senhor JoãoVaccari, eu já comecei a... Percebia que era ele, depois eu tive até umestreitamento do relacionamento com ele. Então, a partir de um certomomento eu comecei, vamos dizer, sabia que era o senhor João Vaccarique representava a área política. Mas até aquele momento do contrato,até uma parte de execução desse contrato, eu não tinha esseconhecimento.

(...)

Ministério Público Federal:- O senhor disse também que uma parte dovalor foi destinada ao senhor, o senhor Renato Duque e também ao senhorMário Goes, o senhor disse, como operador. Como funcionava isso?Osenhor indicava ao senhor Mário Goes quem procurar, quem indicava aosenhor Mário Goes quem ele deveria procurar?

Pedro Barusco:- Olha, uma vez estabelecido o percentual da Casa, bom,nesse caso, porque esse contrato teve uma particularidade, no início aOAS era líder do consórcio, a OAS também ficou assim como single point,como o ponto de contato, então o senhor Mário Goes conversava com osenhor Agenor Medeiros, então os pagamentos eram providenciados entreeles, o senhor Agenor Medeiros e o senhor Mário Goes.

Ministério Público Federal:- Quem falou para o senhor Mário Goesprocurar o senhor Agenor?

Pedro Barusco:- Acredito que tenha sido eu, eu não me lembroexatamente, mas acredito que tenha sido eu.

Ministério Público Federal:- Certo. E o senhor Agenor realizoupagamento no interesse de todas as empresas que formavam o consórcio?

Pedro Barusco:- No começo sim, por isso que eu digo que esse contratoteve uma particularidade. Em determinado momento, o senhor Agenorfalou que cada empresa passaria a pagar o seu percentual do consórcio eque a OAS ficaria só responsável pela parte dela, e aí algumascontinuaram pagando, mas a maioria parou de pagar. Quer dizer, é comoeu conheço a história, como eu vivi esse contrato.

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Ministério Público Federal:- O senhor tem conhecimento de quem eramas pessoas que representavam essas outras empresas que participavam doconsórcio, por exemplo, quem era o representante da Schahin nessecontrato?

Pedro Barusco:- Da Schahin era o Edison Coutinho.

Ministério Público Federal:- E da Construcap?

Pedro Barusco:- Bom, da Construcap, assim, no começo, a gente nãosabia quem era porque o senhor Agenor representava todo mundo.Quando houve essa mudança, que cada um iria pagar o seu, acho quehouve alguma conversa entre o senhor Mário Góes, eu não tenho certeza,com o senhor... Agora não sei se era Roberto ou Eduardo Capobianco, eusei que ele era dono ou presidente da companhia.

Ministério Público Federal:- Certo. E na Carioca, o senhor sabe?

Pedro Barusco:- Na Carioca, o senhor Mário Goes falava sempre dosenhor Luiz Fernando Santos Reis e do senhor Roberto Moscou.

Ministério Público Federal:- E na Construbase, o senhor se recorda quemera?

Pedro Barusco:- Na Construbase, na Construbase tinha umaparticularidade, eu conheci o senhor Genésio. Genésio, né? Eu nãoconversava com ele sobre esse assunto, mas quem tinha, assim,relacionamento com o senhor Genésio era o Milton Pascowitch, e nocomeço o Mário conversava com o Milton, e depois, quando houve essacisão aí que, que... Eu não tive mais notícias de Construbase.

Ministério Público Federal:- Essa cisão que o senhor diz, quando oAgenor parou de pagar em nome de todos?

Pedro Barusco:- Exatamente.

Ministério Público Federal:- Certo. E como que foi a operacionalizaçãodesse pagamento pelo Mário Goes? Foi pagamento em espécie para osenhor, foi transferência no exterior, como foi?

Pedro Barusco:- Teve das duas formas, pagamento em espécie pra mim edepósito em contas minhas no exterior. A gente, eu e o senhor Mário Goes,a gente costumava frequentemente... Frequentemente não, mas de temposem tempos, fazer um balança geral. Então ele falava: “Depositei tanto lána Suíça relativo àquele contrato” ou "tem tanto aqui de dinheiro, ou temtanto de dinheiro pra pegar relativo a esse contrato." Então tinha as duasformas.

Ministério Público Federal:- Esse acerto de contas que o senhor disse quefazia com o Mário Góes acontecia onde?

Pedro Barusco:- Normalmente era na casa do senhor Mário Goes, teve

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uma vez na minha casa e acho que teve uma vez, que eu me lembrotambém, no escritório dele, na empresa dele, da Rio Marine.

(...)

Juiz Federal:- Não ficou claro pra mim, objetivamente, o senhorconversou, acertou o pagamento dessas propinas do contrato do NOVOCENPES com quais executivos, de quais empreiteiras?

Pedro Barusco:- Na primeira fase, com o senhor Agenor.

Juiz Federal:- Com o senhor Agenor?

Pedro Barusco:- Até o momento que houve essa, vamos dizer, essa cisãodo consórcio em relação a esse assunto.

Juiz Federal:- Com o senhor Agenor o senhor tratou diretamente?

Pedro Barusco:- Tratei.

Juiz Federal:- Pessoalmente?

Pedro Barusco:- Sim, eu, ele e o Mário Goes.

Juiz Federal:- Certo. Com as outras empreiteiras, o senhor chegou atratar diretamente, pessoalmente, sobre essa questão de propinas?

Pedro Barusco:- Olha, eu acho que eu conversei com o senhor EdisonCoutinho, porque a gente também tinha um certo convívio social, então eutive oportunidade de conversar sobre isso com o senhor Edison Coutinho.

Juiz Federal:- Mas acha ou conversou?

Pedro Barusco:- Conversei.

Juiz Federal:- Sobre propina?

Pedro Barusco:- Especificamente sobre esse contrato, porque a Schahintinha poucos contratos, então se eu conversei esse foi um dos contratos.

Juiz Federal:- Esse contrato mas sobre propina?

Pedro Barusco:- Também sobre propina.

Juiz Federal:- E com os outros dirigentes das outras empreiteiras o senhorse recorda?

Pedro Barusco:- Não, quem conversava era o Mário Goes. Quer dizer, eucontinuei conversando com o Agenor, tive esse contato com o senhorGenésio, mas não conversei sobre propina, com a Schahin eu converseialguma coisa, a Carioca continuou pagando ao senhor Mário Goes, a

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Carioca não houve problema, com a Construbase...

Juiz Federal:- O senhor chegou a falar pessoalmente com o pessoal daCarioca?

Pedro Barusco:- Não, não.

Juiz Federal:- Certo. O senhor mencionou que depois que houve esse, quea OAS deixou de ser a única pagadora, algumas pararam de pagar eoutras continuaram pagando?

Pedro Barusco:- Quem continuou pagando foi a própria OAS e a Carioca.

Juiz Federal:- As demais não?

Pedro Barusco:- Olha, Schahin não, a Construbase não, a Construcapnão... eu não lembro se tinha outra.

Juiz Federal:- Mas a Schahin, o senhor falou diretamente com o senhorEdison Coutinho mesmo assim não continuou pagando?

Pedro Barusco:- Sim, falei algumas vezes, alguma poucas vezes com osenhor Edison Coutinho, com o senhor Mário Goes também, na presençado senhor Mário Góis.

Juiz Federal:- E o senhor mesmo falando com ele diretamente, aindaassim a Schahin não pagou?

Pedro Barusco:- Não pagou, acho que não pagou, se pagou, pagou poucacoisa. É que depois que houve o rompimento ficou muito difícil ogerenciamento do... Porque, assim, eu ia entrar numa seara de umconsórcio de cinco, seis empresas. Eu também não sabia quanto era aparticipação de cada um."

257. Também foi ouvido como testemunha Antônio Pedro Campelo deSouza Dias (evento 361). Trata-se de executivo da Andrade Gutierrez e que foicondenado na ação penal 5036518-76.2015.4.04.7000 (cópia no evento 554). Emsíntese, em seu depoimento judicial (evento 361), ele confirmou a existência dosajustes fraudulentos de licitação e o pagamento de vantagem indevida pelas empresasfornecedoras da Petrobrás, no caso a Andrade Gutierrez. Confirmou especificamenteque houe ajustes de preferências no contrato para ampliação do CENPES e que aAndrade Gutierrez apresentou uma proposta "cobertura", apenas para dar aparência delegitimidade ao certame. Também confirmou que o grupo abordou a WTorre para queela desistisse da licitação mediante pagamento de dezoito milhões de reais. Transcreve-se:

"Ministério Público Federal:- O senhor se recorda especificamente deuma obra do Cenpes?

Antônio Campelo:- Sim, claro.

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Ministério Público Federal:- Foi acertada nesse grupo?

Antônio Campelo:- Nesse não, não foi acertada nesse fórum.

Ministério Público Federal:- Mas foi acertada?

Antônio Campelo:- Foi acertada, mas não nesse fórum.

Ministério Público Federal:- Como aconteceu?

Antônio Campelo:- Olha, um dos programas de investimento da Petrobrasera construção de novas sedes operacionais regionais, e o grande projetoque se propalava era o novo centro de pesquisas da Petrobras lá na Ilhado Fundão, que seria, eu falo assim um novo porque já existia um núcleodo Cenpes mais antigo e eles estavam projetando construir um complexototalmente novo, muito mais moderno, lá do centro de pesquisas, e esseinvestimento veio dentro de um programa que começou, se eu não meengano com uma obra em Macaé, que daí pra frente as empresas, vamosdizer, evidenciou-se que o grupo de empresas habilitadas pela Petrobrasera repetitivo, daí que as empresas começaram a conversar pra tentar verse conseguia se compor um ajuste nesse conjunto de obras, e assimcomeçou, mas as empresas nominadamente tinham uma pequenasuperposição com esse grupo do refino.

Ministério Público Federal:- Tem alguma razão de ser para essasempresas serem outras empresas e não aquelas do grupo?

Antônio Campelo:- Sim, o tipo de obra, é uma obra eminentemente civil,predial, de alta tecnologia predial, prédios inteligentes, uma especialidadecompletamente diferente de obras de refino, que são obraseletromecânicas pesadas, de processo.

Ministério Público Federal:- Como foi feito até o contato com essasempresas para se começar a conversar?

Antônio Campelo:- Algumas pessoas com um núcleo maior derelacionamento que vai se angariando outros.

Ministério Público Federal:- O senhor participou dessas conversas, né?

Antônio Campelo:- Participei.

Ministério Público Federal:- Todas as empresas que participaram dalicitação participaram dessa conversa também?

Antônio Campelo:- Não, não, nem todas.

Ministério Público Federal:- Foram selecionadas as maiores, as quetinham chance de vencer?

Antônio Campelo:- As mais frequentes nos processos anteriores.

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Ministério Público Federal:- O senhor se recorda que empresasparticiparam desse...

Antônio Campelo:- Carioca, OAS, Schahin, Hochtief, Andrade, QueirozGalvão, Camargo Correia, Odebrecht, Carioca, Schahin...

Ministério Público Federal:- Construbase?

Antônio Campelo:- Construbase.

Ministério Público Federal:- Construcap também?

Antônio Campelo:- Construcap... Construbase, Construcap...

Ministério Público Federal:- A Mendes Júnior também?

Antônio Campelo:- Mendes Júnior, Racional, Método, as empresas quenão se tinha nenhum tipo de relacionamento normal no mercadoPetrobras.

Ministério Público Federal:- O senhor se recorda quantas reuniõesocorreram, onde ocorreram?

Antônio Campelo:- Olha, ocorreram reuniões na Andrade, ocorreramreuniões, se eu não me engano, na OAS, na Andrade eu me recordo porqueeu convoquei essa reunião, basicamente é o que eu me recordo, devem tertido outras porque há certa altura a coisa se fragmentou, na medida emque os interesses se convergiam.

Ministério Público Federal:- O senhor se recorda quem participou pelaOAS?

Antônio Campelo:- Agenor.

Ministério Público Federal:- Só ele?

Antônio Campelo:- Olha, que eu me lembro só ele.

Ministério Público Federal:- O senhor Agenor também participava dasreuniões do outro grupo?

Antônio Campelo:- Não.

(...)

Ministério Público Federal:- Pela Carioca, o senhor se recorda?

Antônio Campelo:- Pela Carioca eu não me recordo exatamente qual foi apessoa que participou dessas reuniões, pode ter sido o Luiz Fernando,talvez tenha sido o Luiz Fernando.

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Ministério Público Federal:- Seria uma pessoa chamada aqui... É, osenhor Luiz Fernando, mas o senhor Ricardo Pernambuco nãoparticipava diretamente, ou participava?

Antônio Campelo:- O Pernambuco pai ou o filho?

Ministério Público Federal:- O pai.

Antônio Campelo:- Não, nunca.

Ministério Público Federal:- Construbase?

Antônio Campelo:- Construbase, eu até quando dei meu depoimento eunão me lembrava o nome, acho que era uma pessoa que tinha sobrenomeitaliano, depois eu vi que era o Genésio.

Ministério Público Federal:- Genésio?

Antônio Campelo:- É.

Ministério Público Federal:- E Construcap?

Antônio Campelo:- Construcap, eu não me recordo exatamente que era apessoa, me lembro de ter participado de uma reunião com uma pessoachamada Bráulio, me lembro de uma reunião que teve já no final, em SãoPaulo, já com a coisa já na reta final, com a participação do RobertoCapobianco.

Ministério Público Federal:- E pela Schahin?

Antônio Campelo:- Sempre o Edson Coutinho.

Ministério Público Federal:- Agora, o que foi decidido exatamente nessareunião sobre o Novo Cenpes, quem ia ganhar?

Antônio Campelo:- O Novo Cenpes se polarizou entre... Tinham empresasque já estavam, já tinham sido agraciadas com a obra de Vitória e tinhano horizonte a obra do Novo Cenpes, a obra do centro de tecnologia euma obra de uma futura sede da Petrobras em Caraguatatuba ou Santos,isso estava em decisão ainda nesse processo. Então as empresas fizeramopção, se organizaram pelo tamanho, pelo porte das obras, Andradedecidiu pela participação no centro integrado de tecnologia junto com aQueiroz Galvão e a Mendes Júnior, na época tentou-se conversar com aRacional, a Racional não quis participar, e o Novo Cenpes ficou com 6empresas.

Ministério Público Federal:- O senhor se recorda quais?

Antônio Campelo:- Carioca, OAS, Construbase, Schahin, Construcap eConstrubase.

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Ministério Público Federal:- Cinco né, então?

Antônio Campelo:- 6. Carioca, OAS, Schahin...

Ministério Público Federal:- O senhor repetiu Construbase, mas tudobem.

Antônio Campelo:- Carioca, OAS, Schahin...

Ministério Público Federal:- O senhor disse OAS, Carioca, Construbase,Construcap, Schahin, e aí o senhor repetiu Construbase, então são 5talvez? Mas não tem problema, não se preocupe.

Antônio Campelo:- Está me escapando a sexta aqui.

(...)

Ministério Público Federal:- E a participação da Andrade então foiapresentar uma proposta de cobertura?

Antônio Campelo:- Pra essa concorrência sim.

Ministério Público Federal:- Como é que a Andrade ficou sabendo queproposta apresentar, que número?

Antônio Campelo:- O número nos davam um nível pra gente entrar, nãodiziam qual era o preço, tem que entrar com ele desse número pra cima.

Ministério Público Federal:- Isso foi dito na reunião?

Antônio Campelo:- Numa, isso não era dito, alguém viu uma informação,alguém do grupo era encarregado de passar essa informação, isso erafeito de forma, assim, não era nada em público e era, assim, dois diasantes da entrega da proposta, não tinha...

Ministério Público Federal:- Mas houve essa informação, o senhorrecebeu essa informação?

Antônio Campelo:- Houve, houve sim, claro.

Ministério Público Federal:- Existe uma versão de que a W. Torre naverdade teria ganho ou iria ganhar essa obra e teria sido convencida aabrir mão em favor desse grupo, que o senhor falou que acabou vencendo,o senhor conhece esses fatos?

Antônio Campelo:- Conheço.

Ministério Público Federal:- Pode explicar o que aconteceu?

Antônio Campelo:- Isso realmente ocorreu, a W. Torre estava fazendo umaproposta, também estava fazendo sua proposta, e foi abordada, foi feita

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uma negociação em que ela decidiu afinal por abrir mão da posição dela.

Ministério Público Federal:- O senhor sabe quem fez essa negociação?

Antônio Campelo:- Essa negociação, eu ajudei a fazer os contatosatravés, contatando uma pessoa da Walter Torre, que foi o senhorFrancisco Caçador, e fiz os contatos iniciais e, vamos dizer, fiz uma ponte.

Ministério Público Federal:- Mas uma ponte do Francisco Caçador comquem?

Antônio Campelo:- Com o pessoal do grupo da OAS, da... E eu creio quea OAS teve mais proeminência disso porque ela se colocou como líder doconsórcio.

(...)

Ministério Público Federal:- O senhor sabe o que foi acertado ali?

Antônio Campelo:- Olha, eu soube depois que o acerto significava opagamento de uma certa quantia, que seria paga por todas as empresaspartícipes deste certame e do certame vindouro, que era do centrointegrado.

Ministério Público Federal:- O senhor sabe que valor era esse?

Antônio Campelo:- Se eu me recordo eram 18 milhões de reais.

Ministério Público Federal:- Sabe como é que foi pago?

Antônio Campelo:- Olha, não sei, sei que a parte que cabia à Andrade,dentro da negociação do nosso grupo, a Mendes Júnior ficou encarregadade fazer esse pagamento em nome da Andrade.

Ministério Público Federal:- Desculpa, a Andrade não venceu, não estavano grupo que venceu a obra do Novo Cenpes?

Antônio Campelo:- Não, mas isso seria diluído entre todos osparticipantes, esse foi o...

Ministério Público Federal:- Mesmo os participantes que não venceram?

Antônio Campelo:- Mesmo os participantes que não venceram.

Ministério Público Federal:- Então a Mendes Júnior teria feito opagamento?

Antônio Campelo:- Sim.

Ministério Público Federal:- E o senhor sabe como que a Andradecompensou a Mendes Júnior?

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Antônio Campelo:- Não, não, na realidade existia uma dívida da MendesJúnior com a Andrade, que se conversou e foi feito um balanço, e ela seencarregou desse compromisso.

Ministério Público Federal:- Então, o acerto teria sido talvez para as trêsobras, é isso? O Cenpes, o Cit.

Antônio Campelo:- Não, nem todas as obras, pelo Cenpes e pelo Cit.

Ministério Público Federal:- Pelo Cenpes e pelo Cit, o Cit a Andradeganhou?

Antônio Campelo:- Exatamente.

Ministério Público Federal:- A W. Torre poderia ganhar o Cit também, éisso?

Antônio Campelo:- Poderia, poderia, claro.

Ministério Público Federal:- E aí ela aceitou sair também?

Antônio Campelo:- Exatamente.

(...)

Defesa de Agenor Medeiros:- Entendi. O senhor tem conhecimento dopagamento de propina nas diretorias, principalmente nas diretorias deabastecimento e da diretoria de engenharia que cuida desse processo?

Antônio Campelo:- Sim, sim.

Defesa de Agenor Medeiros:- O senhor tem conhecimento se a AndradeGutierrez pagou propina nesses (ininteligível).

Antônio Campelo:- Eu posso falar daquilo que eu gerenciei, eu eraresponsável por resolver esse assunto na diretoria de engenharia, nadiretoria de abastecimento e refino me diziam que existia, mas eu nãoposso, eu não tinha o mesmo papel de conhecimento específico edetalhado do que se tratava.

Defesa de Agenor Medeiros:- Entendi. Quando havia esse pagamento,seria feito aos diretores, o diretor Renato Duque e o senhor PedroBarusco, é correto afirmar?

Antônio Campelo:- O que eu posso afirmar é que da parte que eu cuidavao destinatário imediato era o Pedro Barusco.

Defesa de Agenor Medeiros:- O senhor tem conhecimento, daquilo queestava sob os seus cuidados, se nesses valores estava compreendidotambém o pagamento de agentes políticos ou partidos, agremiaçõespolíticas?

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Antônio Campelo:- Diretamente através dessa parte que eu cuidava não,mas me diziam que uma parte disso ia para o partido.

Defesa de Agenor Medeiros:- O senhor sabe o partido qual era?

Antônio Campelo:- PT.

Defesa de Agenor Medeiros:- Partido dos trabalhadores?

Antônio Campelo:- Exatamente.

Defesa de Agenor Medeiros:- O que diziam para o senhor era notícia queo senhor recebia de dentro da empresa?

Antônio Campelo:- De qual empresa você se refere?

Defesa de Agenor Medeiros:- Da Andrade Gutierrez.

Antônio Campelo:- Não, eu recebia isso, isso me foi dito uma vez peloMário Góes e admitido pelo Pedro.

(...)

Juiz Federal:- Alguns esclarecimentos do juízo aqui muito rapidamente. Osenhor mencionou, e me corrija se eu estiver errado, que então essa obrado centro CIPD e esse do Cenpes, e da Vitória, foram definidos osvencedores das licitações entre as empresas?

Antônio Campelo:- Sim.

Juiz Federal:- E isso foi parte de um pacote só, assim, você fica com essaobra, você fica com outra?

Antônio Campelo:- É, foi se decidido prioridades, assim, “Não, eu queroir primeiro”, “Me interessa mais essa agora”, “Não, eu posso esperar”,nessa linha.

Juiz Federal:- A Andrade, aqui o senhor respondeu, ela apresentou umaproposta nesse do novo Cenpes.

Antônio Campelo:- Sim.

Juiz Federal:- Então essa era uma proposta cobertura?

Antônio Campelo:- Perfeitamente.

Juiz Federal:- A história da W. Torre pra mim não ficou muito clara, osenhor mencionou, o senhor falou o valor, quanto foi pago?

Antônio Campelo:- Eu me lembro de me comunicarem que o acerto com aW. Torre teria sido de 18 milhões de reais.

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Juiz Federal:- E como é que foi dividido o custeio desses 18 milhões?

Antônio Campelo:- Igualmente por, sei lá, oito ou nove empresasparticipantes.

Juiz Federal:- Tanto as empresas participantes do Novo Cenpes como a doCIPD?

Antônio Campelo:- Perfeitamente.

Juiz Federal:- E eu não entendi porque entraram as empresas do CIPDnessa história.

Antônio Campelo:- Porque na realidade todas as empresas estavam dandosuporte uma a outra, isso foi um ajuste, podia não ser, mas assim foiajustado.

Juiz Federal:- E o senhor sabe quem pagou diretamente à W. Torre?

Antônio Campelo:- Não, não sei, como esse... Quem ficou encarregado defazer isso foi o grupo do Novo Cenpes, realmente eu não tenho, não posso,não tenho nenhum detalhe sobre como isso foi feito.

Juiz Federal:- Vendo aqui a licitação do CIPD, a W. Torre apresentou umaproposta, chegou a apresentar uma proposta...

Antônio Campelo:- Chegou? Eu não me lembro, não me recordo.

Juiz Federal:- O senhor lembra se esse acerto foi antes ou depois doresultado da licitação do CIPD?

Antônio Campelo:- Foi depois.

Juiz Federal:- Foi depois?

Antônio Campelo:- Depois.

Juiz Federal:- Certo. O senhor mencionou há pouco aqui, respondendo àpergunta de um dos advogados, que o senhor nunca teria tratado sobrepropina com Pedro Barusco, mas antes o senhor havia dito que o senhorPedro Barusco havia mencionado ao senhor que havia um acerto políticotambém.

Antônio Campelo:- Sim, o que eu quero dizer especificamente,abertamente, esse assunto nunca foi ventilado com o Pedro Barusco,embora uma vez, eu me recordo, ele tenha dito que esse apoio que asempresas davam que uma parte disso era para o partido dostrabalhadores.

Juiz Federal:- Isso o senhor ouviu dele diretamente?

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Antônio Campelo:- Ouvi dele diretamente.

Juiz Federal:- Mas não foi no âmbito de um acerto de pagamento depropina?

Antônio Campelo:- Não, não, não especificamente nesse âmbito, eu nuncatratei diretamente sobre esse assunto com ele.

Juiz Federal:- O senhor mencionou, no seu caso, a Andrade Gutierrezentão pagava propina nesses contratos?

Antônio Campelo:- Também pagava, fazia parte desse 1 por cento dessescontratos.

Juiz Federal:- Nesse, por exemplo, do CIPD foi pago?

Antônio Campelo:- 1 por cento também.

Juiz Federal:- Só a Andrade pagava ou outras empresas tambémpagavam?

Antônio Campelo:- Creio que todas as empresas pagavam.

Juiz Federal:- Por que o senhor diz “Creio que todas as empresaspagavam”?

Antônio Campelo:- Bem, no grupo do CIPD que a Andrade fazia parte euposso dizer que todas pagavam, que isso foi conversado.

Juiz Federal:- E por que se pagava isso, senhor Antônio?

Antônio Campelo:- Porque era garantia da boa vontade do cliente, erauma exigência, colocada como uma coisa assim bastante... E a empresadecidiu atender essa exigência."

258. Ricardo Pernambuco Backheuser Júnior é dirigente da CariocaEngenharia. Também ele celebrou acordo de colaboração. Em seu depoimento emJuízo (evento 361), confirmou a existência de ajustes entre empresas fornecedoras daPetrobrás. Afirmou que a Carioca Engenharia participava eventualmente dessasreuniões. Confirmou que a Carioca participou de ajustes relativos ao contrato paraampliação do CENPES, sendo representada por Luiz Fernando dos Santos Reis.Também confirmou o pagamento de dezoito milhões de reais à WTorre para que elaabandonasse a licitação. Também declarou que foi feito o pagamento de vantagemindevida a Pedro José Barusco Filho por intermédio de Mario Frederico MendonçaGoes. No início do contrato do Consórcio Novo CENPES, a OAS se encarregou depagar a vantegem indevida em nome de todas as empresas componentes.Posteriormente, cada empresa ficou encarregada de pagar a sua parte, o que foicumprido pela Carioca Engenharia. Não sabe se as outras empresas tambémcumpriram a sua parte. Para o contrato do Consórcio Novo CENPES, declarou que aCarioca Engenharia não destinou valores para comissões a partidos políticos. Relatou

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que relativamentente a outra obra da Petrobrás, isso teria ocorrido, sendo o Partido dosTrabalhadores representado por João Vaccari Neto.

259. Transcreve-se:

"Ministério Público Federal:- Que acerto era esse?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Então, a obra do Novo Cenpes, a gentepoderia dividir ela em três etapas, que foi o primeiro contato com asempresas, depois a arrumação do consórcio e, por último, o pagamento devantagens indevidas. Com relação à arrumação de mercado, isso começouentão nessa reunião, nessa conversa do Luiz Fernando com a AndradeGutierrez e que depois foi ampliada para uma conversa com as empresasmaiores do Brasil, que a gente sabia que não deixariam de ser convidadaspara esse certame; a partir daí houve uma definição de prioridades, quemgostaria de estar em qual posição, a Carioca, até pela obra do Cenpes serno Rio de Janeiro onde ela tem grande parte da sua operação,majoritariamente a sua operação, se colocou pra ficar no Cenpes, aOdebrecht, a Camargo Correia e a Hochtief ficaram na obra da sede deVitória. A Carioca junto com a OAS, Construbase, Schahin e Construcapficaram no Novo Cenpes, e no CIPD ou CPDI ficou a Andrade Gutierrezcom a Queiroz Galvão, se não me falha a memória a Mendes Júniortambém. Haveria uma quarta obra em Santos, que é a sede da Petrobrasem Santos, mas, até onde eu sei, essa obra foi parada e foi feita muitotempo depois.

Ministério Público Federal:- Ótimo. O senhor não saberia dizer quais aspessoas das outras empresas que participavam dessa conversa?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Olha, com certeza o Luiz Fernando vaipoder dizer com mais precisão, mas, assim, tinham algumas pessoas que agente já conhecia de mercado, então o Agenor Medeiros da OAS era umapessoa que a gente sabia, o próprio Antônio Pedro era uma pessoa que eujá tinha tido contato por causa do Coari-Manaus, das outras empresas a...

Ministério Público Federal:- A Schahin, o senhor saberia dizer quem queparticipava desses encontros?

Ricardo Pernambuco Júnior:- A Schahin, eu conheci muito pouco o EdsonCoutinho, mas sabia que ele era a pessoa que lidava com óleo e gás.

Ministério Público Federal:- O José Antônio Marsílio Schwarz também?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Não, o José Antônio, eu o conheço, mas nãotinha idéia de que ele participava dessas reuniões.

Ministério Público Federal:- Pela Construbase o senhor sabe dizer quemparticipava?

Ricardo Pernambuco Júnior:- A Construbase, eu conheço desde quecheguei em São Paulo, que eu moro em São Paulo, o Genésio, ele era o

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diretor comercial da Construbase, então até nas reuniões do consórcioCenpes ele participava.

Ministério Público Federal:- O senhor sabe dizer se o senhor Genésio,Genésio Schiavinato, é isso?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Isso, é ele mesmo.

Ministério Público Federal:- E pela Construcap?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Pela Construcap, eu acredito, eu acho queo Roberto Capobianco, que a Construcap é também uma empresa familiarcomo nós, e o Roberto de vez em quando participava dessas reuniões, erao que me era relatado.

Ministério Público Federal:- E Erasto Messias, o senhor conhece?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Eu conheço o Erasto Messias Júnior, fiqueiaté surpreso do envolvimento dele aqui na denúncia do Novo Cenpesporque não tinha a menor ideia, nunca ouvi participação dele, ele era daFerreira Guedes, ele não era nem de nenhuma das cinco empresas.

Ministério Público Federal:- Então foi decidido que seria feito umconsórcio, é isso, com essas empresas para ganhar?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Foi decidido que ia ser feito um consórcio,um consórcio extremamente unusual né, doutor, porque eu não me recordona Carioca de ter feito um consórcio de cinco empresas, é um consórcioque tem até grandes complexidades de gestão, são cinco empresas, mascomo a obra do Cenpes era uma obra maior em termos de valor, foiaquela que permitiu acomodar mais empresas nesse ajuste de mercado.

Ministério Público Federal:- Foi definido então que esse consórcio seriavencedor, é isso?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Foi definido, foi definido que a Odebrecht,Camargo Correia e Hochtief na sede de Vitória, que já tinha acontecido,se não me engano, até antes esse consórcio que seria o nosso, e AndradeGutierrez e Queiroz Galvão.

Ministério Público Federal:- Mas qual era o procedimento que asempresas adotaram pra poder garantir que esse acerto ia dar certo, erapreço, o que era?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Não, as empresas conversavam, definiam assuas prioridades e, a partir daí, as empresas que estavam consorciadaspra dar proposta faziam a sua proposta e entregavam, tinham outrasempresas que faziam as chamadas propostas coberturas.

(...)

Ricardo Pernambuco Júnior:- Foi o Walter Torre, e eu não me lembro de

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ter tido o Caçador na minha casa, o Walter é muito claro que foi à minhacasa em São Paulo. A partir daí eu não tive mais contato nenhum com oWalter Torre, mas, obviamente, acompanhamos passo a passo anegociação, e foi feita uma negociação com o Walter de pagar a ele 18milhões de reais pra que ele não, então, participasse e não desse um preçomais baixo na obra do Cenpes.

Ministério Público Federal:- Seria no rebid ele não apresentar proposta?

Ricardo Pernambuco Júnior:- No rebid, no tradicional rebid da Petrobras,foi o que aconteceu, ele não abaixou o preço.

Ministério Público Federal:- 18 milhões de reais que seriam pagos como,por quem?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Pelo consórcio.

Ministério Público Federal:- Pelo consórcio?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Para que ele não desse o rebid.

Ministério Público Federal:- Foi dividido igualmente entre as empresas?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Na verdade foi dividido e o consórcio, eunão sei como foi esse pagamento, o consórcio foi que ficou encarregadodesse pagamento.

Ministério Público Federal:- O senhor autorizou esse pagamento?

Ricardo Pernambuco Júnior:- O Luiz Fernando deu ciência a nós, e nósautorizamos.

(...)

Ministério Público Federal:- O senhor sabe dizer se o José AldemárioPinheiro teve envolvimento direto nessa negociação com a W. Torre?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Olha, eu até informei na minhacolaboração que eu recebi um SMS do Léo num domingo, dizendo “Vocêsme fizeram trabalhar num domingo, deu tudo certo”, então eu não sei, eunão posso dizer se o Léo esteve pessoalmente com o Walter ou se o Agenoro informou e ele ficou monitorando com o Agenor essa questão.

Ministério Público Federal:- Mas esse SMS dizia respeito a esse acerto?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Nesse caso dizia respeito desse...

Ministério Público Federal:- Ao acerto com a W. Torre?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Esse negócio, exatamente.

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(...)

Ministério Público Federal:- Ok. Então o senhor disse que foram trêsfases, houve a primeira fase do acerto, uma segunda fase de pagamentos,o que é segunda fase de pagamentos?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Não, aí na verdade eu coloquei comoterceiro ponto, já com o contrato em andamento, houve o pagamento devantagens indevidas.

Ministério Público Federal:- Pra quem?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Pagávamos a Mário Góes.

Ministério Público Federal:- A Mário Góes?

Ricardo Pernambuco Júnior:- A Mário Góes.

Ministério Público Federal:- Mas quem era o destinatário desses valores?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Mário Góes nos dizia que ele representavaPedro Barusco.

(...)

Ministério Público Federal:- E o senhor saberia dizer se esse dinheirotambém era destinado a partido político?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Olha, no nosso caso nós não destinamosdinheiro, não foi dito a nós pra gente destinar dinheiro a partido político.

Ministério Público Federal:- A Carioca não fez inclusive pagamentos dedoações para...

Ricardo Pernambuco Júnior:- A Carioca sempre fez doações ao partidodos trabalhadores, sempre foi uma grande doadora ao partido dostrabalhadores, mas nunca com uma vinculação direta a nenhum contrato.

Ministério Público Federal:- Nesse episódio Novo Cenpes houve contatocom o senhor João Vaccari relacionado a alguns desses pagamentos?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Não, a esse específico consórcio NovoCenpes não, eu até coloco no meu depoimento de colaboração que teveum evento específico, no gasoduto Coari-Manaus, que teve com o JoãoVaccari, em relação ao Novo Cenpes não.

Ministério Público Federal:- O senhor pode rapidamente falar sobre esseevento do...

Ricardo Pernambuco Júnior:- Do Coari-Manaus?

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Ministério Público Federal:- É.

Ricardo Pernambuco Júnior:- Então, a obra do Coari-Manaus nósfizemos em consórcio com a Andrade Gutierrez...

Ministério Público Federal:- Sobre o pagamento, o João Vaccari procurouvocês?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Não, a Andrade Gutierrez, que era a lídercom 65 por cento da obra, ela fez uma negociação com o partido dostrabalhadores que haveria um tej, que a obra ia indo muito mal e entãohaveria um termo extrajudicial, esse termo extrajudicial houve, foi pagona monta de 100 milhões de reais para o nosso consórcio, com isso ficouacertado que o consórcio pagaria 5 milhões de reais ao partido dostrabalhadores, na qual a Carioca ficou com essa cota parte de 1 milhão e750.

Ministério Público Federal:- Mas quem fez esse pedido, a Andrade ou oJoão Vaccari?

Ricardo Pernambuco Júnior:- A Andrade disse que tinha acertado com oPT, com o João Vaccari, eles estiveram no meu escritório em São Paulo, eeu disse pra eles, claro, que se a Andrade Gutierrez acertou isso, ela élíder, vamos então cumprir.

(...)

Juiz Federal:- Alguns esclarecimentos do juízo aqui. O senhor mencionou,quando foi indagado ao senhor, como é que o senhor sabia que o MárioGóes representava de fato o Barusco, e o senhor utilizou a expressão “Ascoisas aconteciam”, que coisas aconteciam?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Convite para novas obras aconteciam, oMário Góes trazia informações para o Luiz Fernando Santos Reis do queia acontecer, discutimos com ele alguns problemas de contrato, eramcoisas assim do dia a dia, excelência.

Juiz Federal:- E isso é uma contrapartida do pagamento, então?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Excelência, o pagamento de vantagensindevidas à Petrobras era uma coisa já, uma questão institucionalizada...

Juiz Federal:- Por que o senhor fala isso?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Porque a gente já sabia que tinha que fazeresses pagamentos, tanto é que em todas as obras nossas, que nósexecutamos sob essa direção, houveram esses pagamentos, eu diria queera para ter uma relação tranquila nos contratos, os contratos eram muitodifíceis, muito de projetos falhos no início, então o contrato precisariamde uma alteração importante, e era importante ter o doutor PedroBarusco, vamos dizer assim, afirmativo às melhorias do contrato.

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Juiz Federal:- Mas sofreram alguma ameaça, extorsão?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Não, não, até onde eu sei não houvenenhum tipo de... Haviam pressões, muitas pressões, a Carioca inclusive,como ela tinha dificuldades de fazer a produção em espécie ela sempreficava com dívidas, a Carioca era muito pressionada pelo seus atrasos.

Juiz Federal:- Todo mundo pagava ou só a Carioca, a OAS?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Excelência, eu sei como era a regra, agoraeu nunca, no consórcio Novo Cenpes no início a OAS pagava obviamenteas outras aportando o consórcio pelas cinco empresas, mas eu não...

Juiz Federal:- Isso que o senhor falou da OAS pagando pelas outras, asoutras tinham isso muito claro, o senhor tinha, por exemplo, isso muitoclaro, que a OAS estava pagando propina pelas demais?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Tinha, tinha. Ela pagava com o dinheiro doconsórcio, que as empresas aportavam.

Juiz Federal:- Mas a sua empresa e as demais empresas, a Carioca, aSchahin, Construcap, a Construbase, elas tinham isso bem claro, que aOAS estava pagando propina pra elas?

Ricardo Pernambuco Júnior:- Sim."

260. Apesar do envolvimento direto de Ricardo Pernambuco BackheuserJúnior, de se observar que ele não foi denunciado em razão dos termos do seu acordode colaboração que contém previsão nesse sentido, conforme consta no evento 971,arquivo termo2, e na petição do MPF do evento 3. Oportuno lembrar que o acordo foicelebrado com a Procuradoria Geral da República e homologado pelo SupremoTribunal Federal.

261. Foi ouvida como testemunha Tânia Maria Silva Fontenelle, gerentefinanceira da empreiteira Carioca Engenharia (evento 352). Ela, como adiantado,aderiu ao acordo de leniência da Carioca Engenharia e prestou depoimento em Juízosob o compromisso de dizer a verdade.

262. Declarou que a Carioca Engenharia celebrou contratos simulados ousuperfaturados com as empresas Legend Engenheiros e Rock Star que eramcontroladas por Adir Assad. Tratou diretamente com ele. O dinheiro era depositado nascontas da empresas, pagava-se uma comissão em torno de 20 ou 25%, e o valor eradevolvido em espécie à Carioca Engenharia. Afirmou ainda desconhecer o destinofinal deste numerário. Seguia ordens de Ricardo Pernambuco.

263. Transcreve-se:

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"Ministério Público Federal:- Em que contexto a senhora conheceu osenhor Adir Assad?

Tania Fontenelle:- Como eu fazia a parte de geração de recursos, me foi,enfim, indicado, eu estive com ele, liguei pra ele e fui até o escritório deleem São Paulo, estive com ele, onde nós combinamos então contratosatravés de duas empresas, a Legend e a Rock Star, e o que isso aconteceuimediatamente. Em relação à Rock Star era de promoção de corridas destock-car, onde apareceu até a propaganda da empresa, mas isso semmuito valor, e o da Legend que foi um contrato totalmente simulado, semnenhuma prestação de serviços. Após isso combinei também qual seria acomissão dele e tudo, pagamento de imposto e a própria comissão dele, eele então me devolvia os recursos em reais através de um portador. Eleainda esteve na empresa, na Carioca aqui no Rio, por uma ou duas vezes,mas nada mais foi feito."

264. Foi ouvido como testemunha Luiz Fernando dos Santos Reis, Diretorestatutário da Carioca Engenharia (evento 352). Ele, como adiantado, aderiu ao acordode leniência da Carioca Engenharia e prestou depoimento em Juízo sob o compromissode dizer a verdade.

265. Confirmou que a Carioca Engenharia foi chamada para algumasreuniões do cartel de empreiteiras para ajustes de licitações. Declarou que houve umconjunto de obras, da qual a ampliação do CENPES fazia parte, e que foi objeto deajuste de preferência entre as empreiteiras. Confirmou a participação neste ajuste daOAS, representada pelo acusado Agenor Franklin Magalhães Medeiros, da Carioca,por ele mesmo representada, e da Schahin Engenharia, representada pelo acusadoEdison Freire Coutinho. A Construbase, representada pelo acusado GenésioSchiavinato Júnior, e a Construcap, representada pelo acusado Roberto VieiraCapobianco, passaram a integrar o grupo posteriormente. Afirmou ainda conhecer oacusado Erasto Messias da Silva Júnior, como empregado da Construtora FerreiraGuedes, mas declarou que ele não participou das reuniões de ajuste de licitação.

266. Transcreve-se:

"Ministério Público Federal:- O senhor pode falar a respeito da existênciade algum ajuste do qual tenha participado a Carioca juntamente comoutras empresas pra fraudar licitações da Petrobras?

Luiz Reis:- Certo, doutor.

Ministério Público Federal:- O senhor pode falar sobre isso, houvealguma coisa nesse sentido?

Luiz Reis:- Sim, houve alguma coisa nesse sentido. A Carioca erachamada em alguns casos específicos, porque a Carioca tinha uma grandetradição, uma grande experiência na construção de edificações, dutos,alguma coisa de terraplanagem e obras portuárias. Então quando setratava de alguma coisa dentro desse contexto, a Carioca era chamada.Quando não se tratava de coisas dentro desse contexto, nas grandes obras

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de montagem, eletromecânicsa, refinaria, (incompreensível) a Cariocanão era chamada no tempo em que eu lá estive.

Ministério Público Federal:- Certo. Mas, em relação propriamente a esseajuste, de que forma ocorreu esse ajuste, quem participou, em que épocaque foi, qual era o objeto principal, quais obras eram objeto desse ajustede empresas?

Luiz Reis:- Esse trabalho de ajuste teve a sua aceleração, digamos assim,o maior momento dele foi no instante em que a gente começou a discutirobras, tipo esse conjunto de obras que foi a sede da Petrobras em Vitória,o Novo Cenpes e não sei se é CIPD ou CPDI, até então não havia esseconceito de ajuste envolvendo um número grande de empresas. Pelomenos para nós da Carioca, nós não fazíamos parte de nenhum outrogrupo, nenhum clube, nem nada disso. Então a nossa participação maisintensa começou nesse momento quando surgiu o programa do Cenpes.

Ministério Público Federal:- Certo. E como é que foi a iniciativa de fazeresse ajuste, de quem foi, qual foi o contexto, quais são os detalhes arespeito desses fatos?

Luiz Reis:- Perfeito. Como eu era diretor de clientes privados também,nessa oportunidade nós estávamos fazendo algumas obras em consórciocom Andrade Gutierrez para clientes privados, e eu soube que ia sair esseconjunto de obras. Em função desse conjunto de obras, face àclassificação da Carioca como empresa nível A para obras de edificação,eu tinha certeza que nós íamos ser chamados, e aí comecei a me articularpra descobrir que empresas iam ser chamadas, até que houve o primeirogrande encontro das empresas que iriam ser chamadas e que iriamparticipar dessa licitação.

Ministério Público Federal:- Como o senhor ficou sabendo quaisempresas seriam convidadas?

Luiz Reis:- Isso aí, na primeira reunião, nós nos reunimos, eram seteempresas que certamente todas elas estavam na categoria A da Petrobras,que a gente sabia quem era. Então daí cada uma acrescentou mais umconhecimento de quem poderia ser chamado ou não e foi dessa forma quea coisa se desenvolveu. Eram sete ou oito, eu não sei precisar assim, sócontando, que eram as que certamente seriam chamadas.

Ministério Público Federal:- Então pra acordar a divisão das obras foramfeitas reuniões, em que locais e de que forma ocorriam, como eramconvocadas essas reuniões?

Luiz Reis:- Nossas reuniões eram convocadas por telefone, eu não melembro exatamente, não posso lhe precisar, já faz 10 anos, que pra mim amemória vai ficando mais difícil em determinados casos, eu me lembroque algumas reuniões, talvez as primeiras, ou a primeira, tenha sido noescritório da Construtora Queiroz Galvão. Mas as empresas que sereuniram pela primeira vez eu acho que isso eu consigo precisar, senão eutenho até escrito, a Camargo Correia, a Andrade Gutierrez, Odebrecht,

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Queiroz Galvão, Hocktief, Carioca e Schahin, se eu não estiveresquecendo alguém, basicamente esse foi o primeiro conjunto de empresasque se reuniu.

Ministério Público Federal:- Empresa OAS participou de alguma dessasreuniões?

Luiz Reis:- Perdão, a OAS certamente participou, perdão, certamente.

Ministério Público Federal:- Construbase participou de alguma dessasreuniões?

Luiz Reis:- Na primeira reunião nem a Construbase, nem a Construcap,nem a... O primeiro grupo que se reuniu foi esse grupo que eu citei, com ainclusão da OAS.

Ministério Público Federal:- E, posteriormente, Construbase eConstrucap integraram essa reunião de ajustes?

Luiz Reis:- Passaram a integrar num segundo momento.

Ministério Público Federal:- Certo. E quem eram os representantes dasempresas OAS, Construbase , Schahin e Construcap, o senhor pode nosesclarecer?

Luiz Reis:- Da OAS o representante titular, quer dizer, quem mais estavapresente para as definições era o Agenor Medeiros. Em alguns casos iaum outro senhor, que eu não me lembro o primeiro nome,(incompreensível) Grandini, no caso da Construbase era o... acho queAvino ... G ... posso pegar, se o senhor permitir, o papel, eu me lembro,acho que Gené ... acho que Avino qualquer coisa.

Ministério Público Federal:- Genésio?

Luiz Reis:- Genésio, Genésio. Genésio.

Ministério Público Federal:- Genésio Schiavinato Júnior?

Luiz Reis:- Schiavinato.

Ministério Público Federal:- Certo.

Luiz Reis:- Da Construcap era o Roberto Capobianco, pela Schahin era oEdison Coutinho.

Ministério Público Federal:- E uma vez ocorridas essas deliberações eeram tomadas as decisões, lavrava-se alguma ata formal, era enviadoalgum e-mail, alguma mensagem a respeito das deliberações ou ficava sóali no conhecimento dos presentes, só na confiança dos presentes?

Luiz Reis:- Não, não havia ata formal, não havia ata nenhuma formal, as

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reuniões ... reuniam-se esses grupos todos, essas empresas todas, atédefinição dos grupos. A preocupação era quem iria para cada obra. Umavez feitas essas definições, as empresas passavam a se reunir dentro dosseus grupos, pra efeito de trabalho interno, e as decisões extragruposeram feitas pelas lideranças dos consórcios.

Ministério Público Federal:- Então o senhor mencionou que uma dasobras loteadas por esses ajustes era o consórcio Novo Cenpes, certo?

Luiz Reis:- Uma das obras era o Novo Cenpes, sim, senhor.

(...)

Defesa:- O senhor conhece Erasto Messias da Silva Júnior?

Luiz Reis:- Conheço o Erasto porque eu tinha ligações no setor, ele é umapessoa que trabalhou na Ferreira Guedes há muitos anos, eu contrateialgumas pessoas que foram da Ferreira Guedes na época para a Carioca,eu conheço o Erasto pessoalmente como companheiro que trabalhavanuma outra empresa.

Defesa:- Ele participou de alguma dessas reuniões?

Luiz Reis:- Nenhuma reunião.

(...)

Defesa:- E o senhor falou inicialmente que eram oito empresas, depoispassaram também a ser convidadas a Construbase e a Construcap, quemconvidou pra elas participarem dessas reuniões?

Luiz Reis:- Olha, quem convidou foi a lista que foi incluída. Ocorreu umincremento de empresas na lista original da Petrobras e quando se soubedisso as empresas associadas através do consórcio, que já tinham suaslideranças indicadas, convidaram. Nesse caso as lideranças dosconsórcios é que convidaram as empresas novas que apareceram aparticipar das reuniões dos consórcios.

Defesa:- Que dizer que então a Construcap, por exemplo, não participavainicialmente, não era convidada para essas licitações?

Luiz Reis:- Ela não era convidada, porque ela não estava na lista originalque a Petrobras forneceu. Essa conversa foi dividida em duas etapas,houve uma primeira rodada em que saiu a concorrência do edifício-sedede Vitória, e como o peso foi muito grande, a Petrobras parou o processotodo e incluiu mais essas empresas, que foram a Schahin... - não, aSchahin não, - a Construbase, Construcap, Mendes Júnior, que não estavana origem, e, se não me falha a memória, a Racional. E essas quatroempresas é que entraram posteriormente, que a Petrobras colocou, e nós,num trabalho feito, liderado pelos líderes dos consórcios, incorporamoselas no nosso consórcio para manter a configuração inicial que tinha sidodefinida. Posteriormente é que apareceu a WTorre, quando tudo isso já

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estava arrumado e andando.

Defesa:- Satisfeito, excelência."

267. Declarou ainda que, apesar dos ajustes, a empreiteira WTorreparticipou da licitação e ofereceu um preço menor do que o Consórcio Novo CENPES.Para assegurar a obtenção do contrato, foram ofertados e pagos à WTorre dezoitomilhões de reais. Transcreve-se:

"Ministério Público Federal:- E correu tudo tranquilo na licitação ouapareceu alguma coisa excepcional, alguma empresa de fora quisconcorrer, aconteceu alguma coisa nesse sentido?

Luiz Reis:- Aconteceu. Eu diria que a licitação vinha dentro de umprocesso, e eu diria que, acredito, não posso precisar exatamente omomento, mas que no meio para o fim apareceu a empresa WTorreconvidada, quer dizer, ela não estava na lista original dos convidados eela apareceu do meio para o fim como empresa convidada, fora docontexto daquele grupo que estava ali trabalhando.

Ministério Público Federal:- E ela chegou a apresentar alguma propostaou o grupo que...

Luiz Reis:- Ela apresentou proposta, ela apresentou proposta sim, senhor.A proposta dela era mais baixa que a ofertada pelo consórcio, mas numprimeiro instante ela teria sido desclassificada pela comissão deconcorrência da Petrobras, que, posteriormente, revisou e a recolocou denovo no processo. Mas o preço dela mesmo assim era mais alto que onível teto que a Petrobras admitiria para contratar essa obra.

Ministério Público Federal:- Entendi, ela apresentou uma proposta maisbaixa que as outras, mas mesmo assim estava além do limite aceito pelaPetrobras. É isso que o senhor está querendo dizer?

Luiz Reis:- Exatamente, doutor, ela estava acima do teto que a Petrobrasadmitia para contratação dessa obra.

Ministério Público Federal:- Então esse grupo de empresas que seassociou tomou alguma medida pra que ela desistisse dessaconcorrência?

Luiz Reis:- A Petrobras ia chamá-la para apresentar negociação e ela nãocompareceu. Esse grupo tomou providências, houve um acerto econômicopara ela deixar, não comparecer e não negociar a redução do preço dela.

Ministério Público Federal:- E no que consistiu especificamente esseacerto econômico?

Luiz Reis:- Esse acerto econômico na época foi a oferta de um valor queme foi citado de 18 milhões pra ela sair, não abaixar o preço dela,enquanto o consórcio, se chamado, iria baixar o preço para atender a

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meta da Petrobras de teto daquele preço.

Ministério Público Federal:- E foi aceita essa proposta, ela aceitou e foipago esse valor posteriormente?

Luiz Reis:- Ela aceitou e acredito eu que tenha sido pago. Que a minhafunção na Carioca ia até o momento em que o processo virava contrato deexecução. A partir do momento em que ele virava um contrato de obra, apartir do momento que ele deixava de ser um assunto comercial, eu nãoacompanhava mais diretamente.

Ministério Público Federal:- Quem era a pessoa da WTorre que ossenhores conversaram pra fazer esse acerto econômico?

Luiz Reis:- Doutor, eu particularmente nunca estive com ninguém daWtorre. Esse trabalho era feito pelas lideranças do consórcio, nesse casopelo Agenor Medeiros da OAS, que contou com a contribuição, se nãoestou enganado, do...

Ministério Público Federal:- Alguma pessoa da Andrade?

Luiz Reis:- Edson Coutinho e do Antônio Pedro, da Andrade.

Ministério Público Federal:- Certo. E posteriormente a esse acerto, aindahouve pagamento de vantagem indevida por parte da Carioca parapessoas da Petrobras não interferirem nesse ajuste ou adotarem medidasem favor do ajuste quando fossem necessárias?

Luiz Reis:- Não, a Carioca nunca negociou nada diretamente comninguém da Petrobras. Se houve negociações nesse sentido, elas foramfeitas pela liderança do consórcio, que era a OAS. A Carioca não tratoudiretamente com ninguém da Petrobras nesse assunto. Eu particularmentenão estive ... a Carioca não ... eu particularmente não estive comninguém, nem da OAS, nem do Consórcio, discutindo esse assuntoespecificamente. Eu sei, me foi informado que o valor era de 18 milhões eeu repassei essa informação para os outros diretores da Carioca pra verse havia aceitação ou não.

Ministério Público Federal:- Certo. Mas esses 18 milhões eram para opessoal da Wtorre. Mas, além desses 18 milhões, o senhor tinhaconhecimento de pagamento de propina para pessoas dentro da Petrobras,além dos 18 milhões?

Luiz Reis:- Nesse instante eu não tinha conhecimento nenhum de nenhumpagamento de vantagens ou de propinas para ninguém da Petrobras arespeito desse assunto."

268. Apesar da afirmação de que desconhecia até aquele instante opagamento de vantagem indevida a agentes da Petrobrás, revelou que o ConsórcioNovo CENPES e depois a própria Carioca, por solicitação da OAS, passaram a pagarvalores a Mário Frederico Mendonça Goes, mas que não havia prestação de serviços da

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parte dele. Os valores seriam destinados a agentes da Petrobrás. Mario FredericoMendonça Goes dava a entender que os valores seriam para Pedo José Barusco Filho.Ricardo Pernambuco tinha ciência desses acertos. Transcreve-se:

"Ministério Público Federal:- Mas o senhor sabia que a empresa ... oConsórcio deveria pagar operadores financeiros, o senhor Mário Góes,por exemplo, para destinar recursos para agentes públicos?

Luiz Reis:- Depois do contrato ganho, nós fomos cientificados de queteríamos que ... o Consórcio ia pagar um percentual das mediçõescorrespondentes, através ... para o senhor Mário Góes.

Ministério Público Federal:- E por que o senhor Mário Góes deveriareceber valores, se ele não tinha prestado serviço nenhum para oconsórcio?

Luiz Reis:- A decisão foi da liderança do consórcio, que informou oconsórcio, que o senhor Mário Góes era o interlocutor com quem deveriaser acertado. E no começo da negociação, quem acertou todos ospagamentos, foram feitos através do consórcio, da OAS. A Carioca nãoatuou diretamente no início da negociação com o Mário Góes.

Ministério Público Federal:- Qual era o percentual que foi informado quedeveria ser pago ao senhor Mário Góes?

Luiz Reis:- A minha impressão é que nós estaríamos trabalhando no valorem torno de 1% do valor do contrato, que significaria, no caso daCarioca, 1% de 20%, porque era um quinhão do consórcio.

Ministério Público Federal:- E a Carioca providenciou esses valores aserem entregues para o senhor Mário Góes?

Luiz Reis:- A Carioca no primeiro instante pagava ao consórcio, oconsórcio é que pagava ao Mário Góes, a Carioca no começo não pagavadiretamente ao Mário Góes, ela pagava através do consórcio, e quemacertava com o Mário Góes era o Agenor Medeiros.

Ministério Público Federal:- Como é que a Carioca pagava nesseprimeiro momento ao consórcio?

Luiz Reis:- Esse assunto eu não sei diretamente, o valor era comunicadopela área operacional, que recebia uma planilha da OAS, entregue àdoutora Tânia Fontenele, que fazia geração para pagar ... para depositarno consórcio e efetuar esse pagamento.

Ministério Público Federal:- Certo. Em algum momento a Carioca passoua pagar diretamente a Mário Góes?

Luiz Reis:- Perfeitamente. A partir, eu acredito, de um terço de ocorrido ...do valor do período da obra, a Carioca passou a pagar diretamente. Porquê? Porque no instante que nós começamos a conscientizar que era

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pagamento a Mário Góes, ... eu conheço Mário Góes de vida inteira, oMário Góes é engenheiro naval, ele trabalhou inicialmente ligado aoestaleiro Emaq, no qual meu pai era acionista, e eu fui o engenheiro quefez a construção do estaleiro Emaq na Ilha do Governador. Então euconhecia o Mário Góes de longa data. Posteriormente nós nosencontramos em alguns congressos, ele na área naval e eu na áreaportuária, e nós tínhamos não uma amizade intensa, mas nós nosconhecíamos profundamente bem. E aí eu fui à Carioca e disse “Se temque pagar a ele, por que pagar através de terceiros e não pagarmosdiretamente, se eu tenho acesso? Eu posso procurá-lo pra ver se ele aceitaisso e em seguida, ele aceitando, conversarmos com o Agenor, da OAS,pra saber se ele concorda que a gente pague diretamente”, porque nósiríamos ter uma (incompreensível) mais perto de quem estaria recebendo.

Ministério Público Federal:- Certo. E como é que o senhor produzia essedinheiro, essa entrega a Mário Góes?

Luiz Reis:- Eu não produzia o dinheiro. Quem produzia o dinheiro eentregava o dinheiro nas proporções era a área da doutora TâniaFontenele. Era a Tânia Fontenele que me entregava o dinheiro. Euinformava ao Mário que o dinheiro estava disponível, ele mandava umapessoa, que era o senhor Júlio Lopes, o primeiro nome é que está mefugindo ... Miguel ... eu só o conhecia como Miguel. Ele mandava oMiguel receber o dinheiro, e Miguel ia ou no escritório da Carioca, ealgumas vezes, por questões de facilidade, ele foi na minha casa, naLagoa, e aí eu entregava a ele num envelope, eu recebia fechado, com ovalor escrito no lado de fora, entregava a ele o envelope, ele botava numamochila e ia embora. Normalmente ia de carro, o carro dele era um Volvoblindado, era um Volvo não sei especificar se cinza ou preto, eleestacionava dentro do escritório da Carioca ou na garagem do meuprédio que eu morava, subia no terceiro andar onde eu morava, terceiroandar, ou na Carioca ele ia numa determinada sala, pegava o pacote,botava numa mochila e ia embora.

Ministério Público Federal:- E o senhor sabia que o Mário Góes tinhaligação com agentes públicos da Petrobras, sabia que ele era uma pessoapróxima, por exemplo, ao Pedro Barusco?

Luiz Reis:- Eu sabia que ele era uma pessoa próxima, ele nunca dissediretamente a quem era, ele deu a entender quem era que iria ser obeneficiário, mas ele nunca expressou o nome de Pedro Barusco ou deninguém. Ele deu várias dicas de quem poderia ser, até pra dizer que“Olha, o beneficiário final pode ter força, tem posição”, tem não sei oque. Mas nunca nominou a pessoa.

Ministério Público Federal:- Mas dava a entender que era alguém da áreade serviços, qual era?

Luiz Reis:- Ele dava a entender que era o gerente geral de serviços,doutor Pedro Barusco.

Ministério Público Federal:- Certo.

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Luiz Reis:- Mas nunca citou o nome, nem disse que era.

Ministério Público Federal:- E sobre essa sistemática dos pagamentos devantagem indevida dentro da Carioca, o senhor Ricardo Pernambucotinha uma liderança sobre esses assuntos?

Luiz Reis:- O Ricardo ... o Ricardo Pernambuco tinha ciência dos valores,dos percentuais que eram acertados. Do fluxo de pagamento ele não tinhaconhecimento, não era do dia-a- dia dele. Mas nenhum valor de vantagensou de propinas, nenhum percentual era acertado sem que fosse por eleaprovado. No meu caso específico, toda vez que houvesse qualquerapronte que exigisse uma negociação de um valor desses, eu procurava,na época, o diretor geral da Carioca, que era o Roberto Gonçalves, quenós conhecíamos e tratávamos como Moscou, eu procurava o RobertoMoscou, e o Moscou levava o assunto ao Ricardo Pernambuco paradiscutir com ele e dar continuidade ou não, ou aceitar aquele percentualou passar a negociar o percentual, ou dizer “não” ao negócio."

269. No trecho abaixo, a testemunha melhor precisou os eventosenvolvendo o pagamento à WTorre e aos agentes da Petrobrás através de MárioFrederico Mendonça Goes:

"Juiz Federal:- O juízo tem alguns esclarecimentos. Não ficou claro pramim, senhor Luiz Fernando, o senhor era o representante da Cariocanessas reuniões?

Luiz Reis:- Era sim senhor, excelência.

Juiz Federal:- Essa questão do pagamento à WTorre, isso foi definido emalguma reunião entre as empresas, como é que foi definido isso?

Luiz Reis:- Não chegou a ser definido entre nenhuma das empresas. Issofoi um grupo que definiu e comunicou às empresas, posteriormente, que ocaminho era esse, para poder resolver o problema da WTorre e oconsórcio ser mantido como estava. Isso envolveu inclusive as empresasdos outros grupos, porque a WTorre estaria sendo convidada também porCIPD ou CPDI , tanto que ela apresentou proposta de coberturaposteriormente.

Juiz Federal:- Qual foi o grupo que definiu o pagamento à WTorre? Quemeram as pessoas e as empresas?

Luiz Reis:- Basicamente o grupo foi o líder do consórcio, OAS, AgenorMedeiros, a Andrade Gutierrez, acho que Antônio Pedro, o EdsonCoutinho da Schahin pela ligação que tinha com ele, que eu me lembro foiisso. E aí, me permita, excelência, e aí eles conversaram com pessoas daCarioca, por fora dos grupos, acima de mim.

Juiz Federal:- O senhor participou dessa reunião na qual foi definido essepagamento?

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Luiz Reis:- Não.

Juiz Federal:- E o senhor ficou sabendo dessa reunião por quem?

Luiz Reis:- Pelo Edson Coutinho e por outros posteriormente dentro daCarioca, porque eles foram contatar diretamente, posteriormente, elescontataram o Ricardo Pernambuco Filho.

Juiz Federal:- Quem arcou com esses 18 milhões, com o custo? Todas asempresas ou uma empresa só, ou o consórcio?

Luiz Reis:- Só o consórcio, só o consórcio Novo Cenpes.

Juiz Federal:- Todas as empresas componentes do consórcio sabiam dessepagamento à WTorre?

Luiz Reis:- Todas as empresas do consórcio foram comunicadas dessepagamento, todas elas contribuíram através do consórcio, com aportepara o consórcio.

Juiz Federal:- Outra questão que teria, o senhor mencionou essespagamentos pela líder do consórcio, a OAS, ao Mário Góes ou os agentesda Petrobras, houve alguma reunião na qual isso foi definido, ou comoisso chegou ao seu conhecimento?

Luiz Reis:- Isso foi definido e nos foi informado pelo Agenor, que tinhasido estipulado esse valor e, como já era mais ou menos uma praxe dentrodo setor e, principalmente nessa linha, foi a primeira vez que a Cariocaparticipou de uma obra em que teve esse tipo de coisa dentro daPetrobras.

(...)

Juiz Federal:- Em que termos que o senhor Agenor comunicou essaquestão aos senhores na reunião?

Luiz Reis:- Ele comunicou que tinha feito um acordo para pagar acertosindevidos ou propina, a pessoas da Petrobras que teriam ajudado noprocesso do, vamos dizer, da qualificação do consórcio, e que isso seriapago num percentual ao longo da execução da obra.

Juiz Federal:- Nessa reunião o senhor estava presente?

Luiz Reis:- Nessa reunião eu estava presente.

Juiz Federal:- O senhor lembra que estava nessa reunião representando aSchahin?

Luiz Reis:- Era o Edson Coutinho sempre.

Juiz Federal:- E ele estava presente nessa reunião?

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Luiz Reis:- Eu acho que sim, se não estou enganado, acho que sim.

Juiz Federal:- A Construbase, quem estava representando a Construbasenessa reunião?

Luiz Reis:- Quem representava a Construbase em todas as definições era oGenésio, não sou capaz de precisar se ele estava nessa ou não, mas euacho que sim.

Juiz Federal:- Da Construcap?

Luiz Reis:- Aí eu não tenho a menor lembrança, porque a figura, eu nãoconheço direito eles para fixar a imagem, mas normalmente quem estavanas reuniões era o Roberto Capobianco.

Juiz Federal:- O senhor não se recorda se ele estava nessa reunião?

Luiz Reis:- Não me recordo.

Juiz Federal:- O senhor mencionou que depois... Ou melhor, pela Cariocasó estava o senhor ou tinha mais alguém nessa reunião?

Luiz Reis:- Da Carioca normalmente era eu que estava nas reuniões,agora, é o que eu lhe disse antes, excelência, esse tipo de conversa, oAgenor ..., eles comunicavam diretamente a um, vamos dizer, a um grupoque não participava da reunião, mas que era o grupo de decisão, no casoera o Roberto Moscou e o Ricardo Pernambuco na Carioca.

Juiz Federal:- Mas nessa reunião estava só o senhor ou o senhor serecorda que tinha mais algum executivo da Carioca?

Luiz Reis:- Eu não me lembro.

Juiz Federal:- O senhor mencionou também que a partir de determinadomomento a Carioca passou a pagar esses valores diretamente ao senhorMário Góes, foi isso, não é?

Luiz Reis:- Perfeitamente.

Juiz Federal:- O senhor sabe se as outras empresas também começaram apagar diretamente ou continuaram sendo representadas nessespagamentos pela OAS?

Luiz Reis:- Pelo que me foi dito na época, pelo Mário, só a Cariocapassou a pagar diretamente a ele, as demais empresas eram representadasno pagamento por aportes através da OAS.

Juiz Federal:- Eram esses os esclarecimentos do juízo..."

270. Foi ouvido como testemunha Roberto José Teixeira Gonçalves,executivo da Carioca Engenharia (evento 352). Ele, como adiantado, aderiu ao acordo

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de leniência da Carioca Engenharia e prestou depoimento em Juízo sob o compromissode dizer a verdade.

271. Confirmou que houve ajuste de preferências na licitação para ocontrato de ampliação do CENPES e que ele fez parte de um acordo maior. Declarouainda que houve pagamento da WTorre para que ela desistisse do contrato e ainda quehouve pagamento de vantagem indevida a agentes da Petrobrás através detransferências para Mario Frederico de Mendonça Goes.

272. Transcreve-se:

"Ministério Público Federal:- O senhor tem conhecimento de tratativasrelacionadas à obra Novo Cenpes?

Roberto Gonçalves:- Tenho sim, senhor.

Ministério Público Federal:- Em relação a essa obra, houve ajuste deempresas pra fraudar a licitação?

Roberto Gonçalves:- Houve sim.

Ministério Público Federal:- O senhor pode explicar de forma bemsucinta qual foi o contexto desses ajustes?

Roberto Gonçalves:- Então, por volta aí de 2006, início de 2007, surgiramalguns projetos da Petrobras que tinham mais ou menos os mesmosobjetos, que eram construir sedes ou filiais, eu não sei exatamente o nome,da Petrobras, uma no Espírito Santo, tinha um laboratório do Cenpes aquino Rio de Janeiro, tinha o CPDI ou CIPD, depende dos apelidos, e aindaacho que tinha um prédio em Santos que acabou não saindo. Em funçãodisso, as pessoas que foram convidadas - a Petrobras faz tudo por convite- e as pessoas que foram convidadas para essas obras, as empresas, erammais ou menos as mesmas. Então daí se promoveu, os agentes comerciaisdessas empresas estão sempre em contato, ou sempre se falando, nomercado, e aí eles conseguiram fazer algumas reuniões pra delinear, pracomeçar a buscar esse acerto entre as empresas.

Ministério Público Federal:- Quais eram as empresas que participaramdesse ajuste?

Roberto Gonçalves:- O Cenpes ficou a OAS como líder, a CariocaEngenharia, a Schahin, a Construbase e a Construcap. Na sede daPetrobras em Vitória, ficou a Norberto Odebrecht, a Camargo Correia e aHochtief, e no CIPD ficaram a Queiroz Galvão e a Andrade Gutierrez queera líder e a Mendes Júnior.

Ministério Público Federal:- Certo. E transcorreu tudo certo na licitação,esse ajuste teve efetividade desde o início, teve algum problema, tevealguma outra empresa de fora?

Roberto Gonçalves:- Houve sim. No caso do Cenpes houve uma empresa

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chamada WTorre que não fazia parte do acerto e ela apresentou umaproposta que era mais baixa do que a do consórcio Novo Cenpes, do qualnós fazíamos parte. E aí ela foi até inabilitada depois, algum tempo depoisde ter apresentado esse preço, mas recorreu à própria Petrobrasadministrativamente e conseguiu voltar para a concorrência. Mas no finaldas contas acabou não levando, porque ela não atingiu o preço final que aPetrobras queria e houve uma negociação com ela, que deu umavantagem indevida pra ela, para que ela não baixasse o preço, para que oconsórcio Novo Cenpes pudesse dar um preço menor e assim ganhar aconcorrência.

Ministério Público Federal:- E quem era o responsável por essanegociação por parte das empresas cartelizadas do consórcio e por parteda WTorre?

Roberto Gonçalves:- Olha, por parte das empresas foi delegado ao líderdo consórcio, no caso a OAS, o senhor Agenor, para que ele fizesse essasnegociações. E por parte da WTorre eu acho que foi, - acho, porque eunão conheço a pessoa -, foi o senhor Caçador, não sei exatamente qual é onome dele certo, e o Caçador. Depois o próprio Walter Torre deve terautorizado ou deve ter participado de alguma reunião, que aí eurealmente não tenho essa informação pra dar para o senhor.

Ministério Público Federal:- E foi pago isso?

Roberto Gonçalves:- Foi pago sim, e dentro do consórcio Novo Cenpes.

Ministério Público Federal:- De que forma foi pago, transferênciabancária, dinheiro em espécie?

Roberto Gonçalves:- Olha só, ao que eu sei isso foi pago fazendo ageração desse próprio dinheiro lá na obra do Cenpes. Que no fundo todomundo tinha que aportar dinheiro para fazer a obra normalmente e aíaportava um pouco mais para se pagar. Agora, se pagou isso à vista, sepagou em x parcelas, quem gerou, aí eu realmente não sei, porque eu nãoparticipava do dia-a-dia operacional da obra.

Ministério Público Federal:- Certo. Além disso, houve também pagamentopara alguém dentro da Petrobras, para ajudar esse intento das empresasde vencerem a obra, fraudarem a concorrência?

Roberto Gonçalves:- Não, dentro da Petrobras não. Tinha uma pessoa denome Mário Góes que recebia vantagens indevidas e a gente acredita, ehoje tem certeza, acreditava que ele era um representante de uma pessoapelo menos dentro da Petrobras e que ganhava essa vantagem indevida.Existia essa propina diretamente para alguém da Petrobras, via MárioGóes.

Ministério Público Federal:- E o Mário Góes recebia, de que forma elerecebia os recursos?

Roberto Gonçalves:- Olha, ele recebia, no nosso caso, que era um caso

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bastante específico, no começo, isso começou sendo zerado no próprioconsórcio e a partir daí nós fazíamos o acerto direto com o Mário Góes.Então a gente pagava ... uma parte disso foi paga em espécie e a outraparte foi paga em contas externas, fora do Brasil."

273. Das testemunhas de defesa ouvidas em Juízo (eventos 398, 420, 434,441, 445, 452, 482, 486, 493 e 517), apenas algumas tinham conhecimento sobre osfatos. A maioria foi abonatória.

274. Examinam-se as exceções.

275. Virginia Galante trabalhou no escritório de advocacia OliveiraRomano Advogados Associados. Declarou em Juízo que trabalhou em pareceres ourespondendo questões para a Construtora Ferreira Guedes relativamente à participaçãode empresa de nome "Usina Verde" em uma licitação em Barueri e ainda sobre o Tremde Alta Velocidade - TAV (evento 398). Não participou da pactuação dos honorários.

276. Ouvido Paulo Roberto Marques Cintra, que trabalhou como diretortécnico da Construtora Ferreira Guedes (evento 434), que confirmou o interesse daempresa no projeto do Trem de Alta Velocidade - TAV e ainda a contratação doescritório de advocacia Oliveira Romano Advogados Associados para impugnação deedital de licitação de Barueri para queima de lixo no Brasil (Usina Verde). Não teria,porém, participado da pactuação de honorários. Também prestou esclarecimentos sobrea relação entre a Construcap e a Construtora Ferreira Guedes:

"Defesa:- O senhor saberia explicar qual o relacionamento que havianaquela época entre a Construtora Ferreira Guedes e a Construcap?

Paulo Cintra:- Bom, a gente tinha com a Construcap um acordooperacional. É importante salientar, assim, a Ferreira Guedes foicomprada em 2008 pelo grupo Agrocap que pertence à famíliaCapobiano. Esse grupo comprou as ações da Ferreira. A Ferreiracontinua trabalhando como firma independente. Só que a gente tinha umacordo operacional, onde a Ferreira Guedes recebia um apoio técnico daequipe da Construcap, mas a Ferreira atuava de forma independentedentro desse modelo."

277. Odair Ferreira Lopes, gerente de controladoria da ConstrutoraFerreira Guedes, declarou que a Ferreira Guedes e a Construcap permaneceramseparadas e que Erasto Messias da Silva Júnior tinha alçada limitada para efetuarpagamentos na Ferreira Gudes (evento 434). André Antunes da Silva, que trabalhouna Construcap e na Construtora Ferreira Guedes, prestou depoimento similar quanto àseparação das empresas (evento 434). Já Daniel dos Santos, gerente de projetos naConstrutora Ferreira Guedes declarou que a Construcapa, após 2008, passou a "ter todoo domínio, a palavra final a partir daí" (evento 445).

278. Bráulio Rodrigues de Andrade, gerente da Construcap, trabalhounas obras do Consórcio Novo CENPES, mas afirmou desconhecer ajustes de mercado

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e pagamento de propina (eventos 398 e 482).

279. Foram também ouvidos empregados da Petrobrás que atuaram nalicitação e no contrato e afirmaram desconhecer ajustes na licitação ou pagamento depropinas (eventos 420, 482 e 493).

280. Foi ouvido Daniel Pereira de Oliveira, empregado da Construcap, eque assinou dois termos de encerramento de contratos com as referidas empresasMRTR Gestão Empresarial Ltda. e Morales e De Paula na qualidade de gerente deAdministração Contratual (itens 148 e 149, evento 1, out137 e out138). Em seudepoimento no evento 493, não soube dizer se as empresas prestaram serviços aoConsórcio e afirmou que assinou os contratos em confiança e que eles chegaram assuas mãos pelos trâmites administrativos. Transcreve-se trecho:

"Juiz Federal:- Só um esclarecimento do Juízo, senhor Daniel, quandoassinavam esses contratos não tinha nenhum controle para saber o queestava assinando, que tipo de contrato era esse, quem estava sendo pago,não tinha um controle dessa espécie?

Daniel Pereira:- Não, os termos, quando chegavam no final da obra, jáestávamos caminhando para o final da obra, eles vinham num processoadministrativo, a gerência administrativa… Não vinham sozinhos, vinhamcom um grupo de contratos, em 2012, 4 anos de obra, nós tinham diversoscontratos que celebramos ao longo do contrato e nessa fase que tinhachegado ao final a obra estava concluindo, então a administraçãopassava o relatório, “Olha, esses contratos já estão concluídos, estãoquitados e precisam ser encerrados”, ela fazia essa gestão junto aosdepartamentos competentes, aí passava para os representantes apenaspara poder fazer o distrato, o encerramento dos contratos. Assim que elesvinham, encaminhados pela administração.

Juiz Federal:- Mas eles vinham com instrução de alguma documentação,do que que era, do que não era, esses contratos?

Daniel Pereira:- Não, não, só vinham os termos, não vinham… Eramcontratos diversos, quando vinham, vinham contratos de todas asnaturezas que caminham dentro da obra, não vinham isoladamente, nãotinha nenhuma instrução específica para cada contrato.

Juiz Federal:- E o senhor não fazia nenhuma checagem desses contratos?

Daniel Pereira:- Não tinha, naquela etapa da obra entendia-se que aadministração tinha feito essa gestão, já vinha assinado pela gerência daobra, pela gerência administrativa, os contratos pelo controleadministrativo já estavam encerrados, eram diversos contratos, então aobra realmente estava acabando, de fato a obra estava concluindo, faziasentido todos aqueles contratos precisarem de termo de encerramento,não era, estava oportunamente no final da obra, e pelo controle dagerência administrativa eles estavam encerrados, eu não tinha condiçãode verificar todos aqueles contratos que tinham no final da obra e que

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precisavam desses distratos, entendia-se que a administração tinha feitoesse acompanhamento."

281. De mais relevante, ouvido Walter Torre Júnior, Presidente doConselho de Administração da WTorre Engenharia e Construção (evento 486). AWTorre, como visto, apresentou inicialmente a menor proposta na licitação paraampliação do CENPES, mas foi preterida porque, na fase de negociação dacontratação, o Consórcio Novo CENPES ofereceu um desconto em sua proposta quelevou o seu preço a montante inferior. A testemunha confirmou a participação daWTorre no certame e o fato de não ter logrado obter o contrato por conta da diferençade desconto ofertada. Nega, porém, que a WTorre tenha recebidoqualquer vantagemfinanceira do Consórcio Novo CENPES para desisitr do certame, como afirmam partedas testemunhas e acusados. Transcreve trecho:

"Walter Torre:- Bom, nós recebemos uma carta-convite e começamos aestudar profundamente o projeto, só que o DNA da minha empresa, comoeu alugava indústrias, depois de eu alugar a indústria é que eu iaconstruir, então eu não tenho condições de por reajustes, a gente esmiúçacompletamente a obra porque eu primeiro assino o contrato de locação edepois eu vou gastar, quer dizer, se eu gastar 100 perfeito, se eu gastar102 eu comecei a perder dinheiro, então quando a gente analisa umprojeto analisa muito profundamente, não sei se é assim nas outrasempresas porque nas outras empresas como é prestação de serviço,aparecendo variáveis ela coloca as variáveis como acessórios, comocustos, no nosso caso não, então nós fizemos um projeto, como ia ser anossa primeira entrada na Petrobras e eu tinha a Petrobras como a maiorcompanhia de engenharia que tem, a gente começou a se dedicar, sededicando muito, e chegamos a um número do projeto. Nesse meio tempoaconteceram outras coisas, mas um dia teoricamente nós fomosdeclarados vencedores, e fomos declarados vencedores com 40 milhõesabaixo do segundo colocado, isso foi uma festa enorme na empresa, pelaprimeira vez, a gente sempre tinha o hábito de festejar as obras, mas essacomo era a maior obra e a primeira obra nossa na Petrobras nós fizemosuma festa com todos os funcionários. Reunimos funcionários das outrasunidades, das outras empresas, quer dizer, nós até então achamos quehavíamos ganho essa obra. Daí, no fim, a Petrobras nos chama para aúltima reunião, e é sabido, quer dizer, informado que nessa última elaainda faz alguns apertos, algumas... A turma sai, o presidente foi pra lácom o diretor comercial do Rio e com a gerente comercial, e eles vão nobolso do colete com as margens que eles podem ir, lembrando que a genteestava numa obra que nós queríamos muito fazer e nós entramos muitoforte com o preço, nós tínhamos um BDI nessa época que girava entre 3,5e 4,5, mais ou menos, e a gente já sabia um pouco o que a Petrobras iaquerer, parece que existia uma fundação, alguma coisa assim, que ela nãotinha embutido no projeto, ela ia pedir, a gente já de antemão sabia que agente ia ceder, chegamos lá com a firma proposta de... Achamos que nósíamos ser declarados vencedores e assinar o contrato. Nesse instante o...E nós tínhamos uma carta na manga, a gente tinha pra oferecer aindaalgumas coisas que para a Petrobras eram muito importantes. Porexemplo, nós tínhamos pra oferecer para a Petrobras a redução entre 60 e70 dias, que pra ela valeria acho... Pra nós, entre aspas, não teria muito

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custo, porque a nossa especialidade, diferentemente das construtorasconvencionais, é construir extremamente rápido, porque são prédios que agente já locou, se eu entrego antes. Então a nossa construtora é um poucodiferente das construtoras convencionais, então nós conseguimos ofertarisso que a Petrobras queria, de 60 a 70 dias, que isso tinha um valoraproximado de uns 5 a 6 milhões para uma outra empresa qualquer, aindaoferecemos mais 2 milhões e 300 de descontos, que a gente tinha issocomo limite máximo que o presidente tinha pra fechar, nesse instante aPetrobras nos pede, além do que nós estávamos dando, ela nos pede 7% amais de desconto, aquilo pra nós foi uma afronta porque primeiro que eujá era 40 milhões mais barato do que o segundo colocado, os 7 milhões, aobra em 800 e pouquinho, nós estamos falando em alguma como 56, 57milhões a mais de desconto, era absolutamente inviável continuar. Eusoube que foi dito que a gente não foi lá brigar, mas isso é absolutamentementiroso, nós fomos lá e brigamos muito, e no transcorrer dissoaconteceu um problema ruim também pra nós, porque parece que umasemana ou dez dias depois que nós entregamos esse preço com 40 milhõesa menos, nós fomos desabilitados, e nós fomos desabilitados...

(...)

Defesa de Roberto Capobianco:- Senhor Walter, deixa eu perguntar umacoisa para o senhor, a Construcap, em algum momento, pagou algumvalor para a WTorre pra que ela não fosse adiante nessa licitação?

Walter Torre:- De jeito nenhum, nós nunca recebemos nada, apesar deestarmos aqui por causa disso, mas a gente está absolutamenteconfortável, nós nunca recebemos nenhum tostão, nós brigamos até o fimdessa obra, era um orgulho pra minha empresa fazer essa obra, não existeessa conversa que nós recebemos dinheiro, nem da Construcap, muitomenos da Construcap, mas não existe nenhuma, eu até ofereci a aberturade todos os meus sigilos fiscais e bancários, fiquei muito triste, chateado,com essa conversa, não sei porque saiu, mas não existe.

(...)

Ministério Público Federal:- Certo. Senhor Walter, foi dito aqui porcolaboradores que celebraram acordo com o Ministério Público, acordono âmbito da operação Lava Jato, que teria sido ofertada uma vantagem àempresa do senhor, a WTorre, pra que ela não competisse no momento danegociação, pra que ela deixasse, abrisse mão da obra em favor doconsórcio Novo CENPES, o senhor recorda disso ter acontecido?

Walter Torre:- Não, não aconteceu em hipótese nenhuma, vocês têm, vocêscapturaram todos os meus históricos da obra, no histórico da obra vocêsvão ver que a margem que a empresa inteira tem é 3,5 ou 4, na hora que aPetrobras nos pede 7% é impossível de fazer, talvez não quisesse mais quenós fizéssemos, nós brigamos, nós fomos lá, a minha equipe, tanto opresidente como o diretor comercial, e o gerente comercial, foram lá,deram os descontos que teoricamente eles tinham nos pedido e depois elesnos pediram um desconto que era completamente avultoso de mais de 56milhões, nós brigamos até o fim. Foi dito pelo Ministério Público que nós

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não tínhamos ido nessa reunião, a delegada foi a sorte, que ela intimou aPetrobras, a Petrobras apresentou a ata, nós temos os cartões de todomundo, a minha diretora, gerente comercial, ela é muito organizada, temcartão de todas as pessoas que estavam na reunião, então isso éabsolutamente... Não houve nenhuma facilitação nossa, nós brigamos atéo fim.

Ministério Público Federal:- Perfeito. Só pra que a gente possarememorar então, nessa reunião de negociação a WTorre tinhaapresentado proposta de 858 milhões de reais, e o Novo CENPES de 897milhões.

Walter Torre:- Exatamente.

Ministério Público Federal:- O senhor lembra qual foi o desconto que foidado para a WTorre nessa negociação com a Petrobras?

Walter Torre:- Nós demos um desconto que valeu 8 milhões, mas emdinheiro era 2 e 300, o resto era um acessório de uma obra de umafundação a mais que não estava no projeto e a antecipação de 60 ou 70dias, e eles nos pediram, ao invés disso eles nos pediram 7%, era sine quanon, ou fazia ou não fazia.

Ministério Público Federal:- Certo. E aí, então, o senhor não apresentouesse desconto de 7% e o consórcio Novo CENPES, ao que consta,apresentou uma proposta de 848 milhões, que era cerca de...

Walter Torre:- Não, uma coisa que me chama atenção, é assim, foi pedidopra nós então 7% de desconto, portanto gera em torno de 56 milhões donosso preço que já era 848, mas depois nós ficamos sabendo que o NovoCENPES fechou o consórcio com 10 milhões só, a menos, quer dizer, nãoos 56 que havia pedido pra nós, mas os 10, mas mesmo sendo os 10 nósnão faríamos porque o nosso limite financeiro estava na ordem dos 2 e300, mas eu soube que eles fecharam com um desconto menor do que aPetrobras havia proposta pra nós. Fiquei um pouco chateado porqueachei que deveria ter sido ofertado também 10 milhões pra nós, mas nósnão faríamos a obra por 10 milhões a menos."

282. Também ouvido o Diretor Superintendente da WTorre Engenharia eConstrução Francisco Geraldo Caçador (evento 486) e que basicamente confirmou oteor do depoimento de Walter Torre Júnior.

283. Ambos ainda declararam que estiveram em uma reunião na OAS naqual foi tratada sobre a licitação da ampliação do CENPES e na qual teriam sidopressionados a não participar do certame, mas sem oferta de dinheiro.

284. No mesmo sentido encontra-se o depoimento de Paulo Remy GilletNeto, executivo da WTorre (evento 785).

285. Relevante destacar que vários dos acusados, com ou sem acordo de

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colaboração, confessaram no curso do processo.

286. O acusado Ricardo Pernambuco Backheuser celebrou, como visto,acordo de colaboração com a Procuradoria Geral da República e que foi homologadopelo Supremo Tribunal Federal. Em seu interrogatório no evento 611, esclareceu que éo controlador e dirigente da Carioca Engenharia. Confirmou a ocorrência do ajuste daspreferências das licitações e que teria envolvido três contratos, a ampliação doCENPES, a construção da sede de Vitória e o CIPD e que foram repartidos entre asempreiteiras fornecedoras da Petrobrás.

287. Declarou ainda que para afastar a WTorre do certame, já que elahavia apresentado a menor proposta, lhe foram oferecidos e pagos pelo Consórciodezoito milhões de reais, desconhecendo porém o acusado como isso foi feito.

288. Também confessou que o Consórcio Novo CENPES, primeiro,através da OAS, depois por cada uma das empresas componentes, pagaram vantagemindevida de 1% do valor do contrato a Pedro José Brusco Filho por intermédio deMario Frederico Mendonça Goes. Os pagamentos eram feitos para evitar dificuldadesna Petrobrás, mas não teria havido extorsão. Parte do pagamento teria sido feito porintermédido da conta em nome da off-shore Cliver Group da qual o acusado seria obeneficiário final. Parte do pagamento teria sido feito em espécie. Para gerar recursosem espécie, a Carioca celebrava contratos simulados ou superfaturados com asempresas Legend Engenheiros e Rock Star Marketing. Os contatos eram feitos pormeio da gerente financeira da Carioca Engenharia Tânia Fontenelle, não tendo oacusado conhecido Adir Assad. Afirmou que acredita que os repasses para Adir Assadnão estariam relacionados com o pagamento posterior de vantagem indevida a agentespúblicos.

289. Transcreve-se:

"Juiz Federal:- O Ministério Público informa que teria havido, alega queteria havido uma espécie de ajuste entre empreiteiras para obtenção dessecontrato, o senhor pode me informar se isso é correto ou incorreto?

Ricardo Pernambuco:- É correto, houve esse ajuste.

Juiz Federal:- O senhor pode me descrever como ocorreu esse ajuste equal foi a sua participação nele?

Ricardo Pernambuco:- Esse ajuste ocorreu, havia na verdade um conjuntode três licitações da Petrobras que era da sede de Vitória, o novo Cenpese o CIPD, e que eram basicamente obras de edificações, então nós àépoca não tínhamos nem contrato com a Petrobras, mas tínhamos umahabilitação em edificações bastante top, de forma que quando soubemosque esse evento ia ocorrer, o nosso diretor, nós tínhamos um diretor deóleo e gás e privadas, que era o Luiz Fernando Reis, que já inclusivedepôs aqui, e então ele procurou, entrou em contato com a pessoa daAndrade Gutierrez, de nome Antônio Pedro, que era o encarregado daAndrade Gutierrez da parte, enfim, da Petrobras. E feito esse contato, daí

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em diante eles entraram em contato com algumas outras empresas que jáse sabia que teriam uma habilitação para essas licitações e ele foi mepondo a par, a mim e na verdade ao diretor geral que eu tinha, que é oRoberto Moscou, também já fez seu depoimento aqui.

Juiz Federal:- Então, deixa eu ver se eu entendi, eram três licitações ehouve ajuste nas três ou em uma delas, ou...

Ricardo Pernambuco:- Houve ajuste nas três licitações.

Juiz Federal:- E o senhor participou das reuniões relativas a essesajustes?

(...)

Ricardo Pernambuco:- Significava, desse grupo foram definidos esses trêsgrupos vencedores das três licitações e o grupo vencedor, enfim, definiapara outras empresas que haviam sido convidadas, que fazem parte dessegrupo, desse grupo de empresas, para darem propostas mais altas do queum determinado valor que era fixado lá na época.

Juiz Federal:- Então, por exemplo, a Andrade Gutierrez que nãoparticipou do consórcio Novo Cenpes não iria concorrer de maneiracompetitiva nessa licitação do Novo Cenpes, é isso?

Ricardo Pernambuco:- Exatamente.

Juiz Federal:- O senhor chegou a transmitir o preço que o consórcio NovoCenpes apresentou, o senhor chegou a transmitir diretamente para essasoutras empresas?

Ricardo Pernambuco:- Eu pessoalmente não, pessoalmente eu nãoparticipei diretamente de nenhum entendimento, mas certamente o LuizFernando ou talvez até o líder do consórcio, isso eu não...

(...)

Juiz Federal:- O senhor teve conhecimento na época se houve algumaespécie de vantagem financeira para a W. Torre?

Ricardo Pernambuco:- Nós tivemos conhecimento, eu tive conhecimentovia meu diretor de que havia sido informado pela liderança do consórcio etambém até pela liderança da Andrade, da outra obra, que era daAndrade, que houve uma combinação de se pagar 18 milhões de reaispara a empresa lá, a W. Torre.

Juiz Federal:- E o senhor tem conhecimento se foi pago efetivamente?

Ricardo Pernambuco:- Eu não tenho conhecimento se foi efetivamentepago. Foi, pelo menos, eram feitos ou eram chamados aportes para queisso fosse pago, mas eu não conheço, não sei qual foi o mecanismo que oconsórcio usou lá pra pagar.

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(...)

Juiz Federal:- O Ministério Público faz uma afirmação também noprocesso de acusação de que esse contrato do Novo Cenpes teriaenvolvido pagamentos de valores a agentes da Petrobras, o senhor temconhecimento a esse respeito?

Ricardo Pernambuco:-Tenho conhecimento.

Juiz Federal:- O senhor pode me relatar o que o senhor sabe, o que osenhor soube na época?

Ricardo Pernambuco:- É, eu soube na época, após já termos, enfim,ganho a licitação, nós fomos comunicados pela pessoa do Luiz Fernando,sempre esse contato era basicamente do Luiz Fernando e eventualmentedo Roberto Moscou, que era o diretor geral, então foi comunicado quehaveria um compromisso de se pagar 1 por cento do faturamento da obrapara o senhor Mário Góes, que na verdade não era um funcionário daPetrobras, mas, enfim, se apresentava como um operador da área lá dagerência da Petrobras.

Juiz Federal:- E foi só isso que ele falou, ele chegou a mencionar osnomes das pessoas que seriam beneficiadas?

Ricardo Pernambuco:-Não, a pessoa bene... Quem falou isso aqui, quenós tivemos essa informação, e ele, Mário Góes, depois inclusive, que osenhor vai ver que ao longo do processo nós passamos a pagardiretamente ao Mário Góes e deixava bastante claro que ele estava alirepresentando o senhor Pedro Barusco.

Juiz Federal:- O senhor teve contato direto com o senhor Mário Góes?

Ricardo Pernambuco:-Não, não conheço o Mário Góes.

Juiz Federal:- O seu conhecimento adveio do contato com o senhor LuizFernando?

Ricardo Pernambuco:- Eu não conheci o Mário Góes nunca, nunca tive...

Juiz Federal:- O seu conhecimento desses fatos advém exclusivamente dosenhor Luiz Fernando?

Ricardo Pernambuco:- Do Luiz Fernando e do Roberto Moscou.

Juiz Federal:- Só a Carioca fazia esse pagamento ou as outras empresastambém faziam?

Ricardo Pernambuco:- Não, as outras empresas deviam fazer, porque nocomeço, no começo dessa obra esse pagamento era feito, enfim, pelaprópria, era feito na verdade pela liderança da obra, quer dizer, quesolicitava os valores, davam e aí a liderança devia entregar para o MárioGóes. Na verdade, o Luiz Fernando nos trouxe, então, ele conhecia o

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Mário Góes já de outros, enfim, de bastante tempo, de outros trabalhosque nada tinham a ver com a Petrobras, e trouxe, me trouxe a ideia sepoderia procurar o Mário Góes e passar a fazer esse pagamentodiretamente, como uma forma inclusive de se relacionar ali na Petrobras,essa era a nossa primeira obra, enfim, nessa nova administração, assim,da Petrobras, então eu disse que tudo bem e a partir daí ele passou a seentender, aí nós fazíamos nossos pagamentos diretos. Mas durante o inícioda obra, talvez o primeiro terço da obra, esses pagamentos foram feitospelo próprio consórcio.

Juiz Federal:- Houve alguma reunião entre os membros desse consórciopra decidir se seria feito ou não seria feito esse pagamento de propina,quem tomou a decisão?

Ricardo Pernambuco:- A decisão nos foi comunicada pela liderança daobra, foi comunicada pela liderança da obra, que era a OAS, de que teriaque haver esse compromisso, como eu expliquei ao senhor, quer dizer, eunão participei diretamente de nenhuma dessas reuniões, isso foiparticipado ao Luiz Fernando e ao Roberto Moscou também.

(...)

Juiz Federal:- E por que se pagava essa propina?

Ricardo Pernambuco:- Senhor juiz, eu vou tentar resumir isso. Na verdadeeu tenho, trabalho há 58 anos como empreiteiro de obras públicas, e eu viao longo de 58 anos como essa relação com os agentes públicos sedeteriorou, na verdade você depende, no caso da Petrobras, por exemplo,ser incluído numa lista de convidados ou não, em alguns outros órgãosnão tem carta convite, mas são licitações com exigências que não têm umaregra clara pra definir quais são as exigências, as concorrências sãofeitas em cima de projetos bastante incipientes, bastante inseguros, o queexige que seja praticamente refeito um projeto, na medida em que vocêpraticamente refaz um projeto você tem aditivos que o que estava alisendo licitado era muito menor do que na verdade tinha que se fazer, vocênecessita de preços novos, tudo isso vai exigindo a autorização de umagente público, então a dependência que vai se ficando do agente públicona verdade é muito grande. Então porque nós pagamos, nós pagamos porcausa disso, nós pagamos porque você tendo um agente público, umafiscalização com má vontade ou não te convida para uma determinadaobra que você está habilitado, então você vai ficando... Ou te pressionaquando você está fazendo a obra, então é uma série de exigências que televam a tomar essa decisão.

Juiz Federal:- Mas nesse caso específico o que foi transmitido pelo senhorLuiz Fernando, que havia, por exemplo, alguma extorsão por parte dealgum agente da Petrobras?

Ricardo Pernambuco:- Não, não foi transmitido que havia extorsão,depois do momento em que nós passamos a pagar diretamente o que haviaera pressão. Na verdade nós passamos a pagar isso, depois ganhamosoutra obra na Petrobras, tivemos a mesma solicitação, aí já nós

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negociando diretamente lá o percentual, mas havia pressão quando não seconseguia pagar, nós tínhamos relação de caixa...

Juiz Federal:- Pressão pela propina já acertada?

Ricardo Pernambuco:- Pressão pra receber, exatamente.

Juiz Federal:- Tá. Mas, para o acerto, por exemplo, quando o senhor deuaquela decisão final pela Carioca “Tá bom, vamos pagar”, lhe foitransmitido pelo senhor Luiz Fernando naquela ocasião que havia algumaextorsão ou ameaça de extorsão por parte dos agentes da Petrobras,naquele momento?

Ricardo Pernambuco:- Não, não.

(...)

Juiz Federal:- O Ministério Público se reporta na denúncia a umatransferência no exterior de cerca de 711 mil dólares, em 22/03/2012, deuma conta que seria do senhor, segundo a denúncia, para uma conta dosenhor Mário Góes, foi isso mesmo?

Ricardo Pernambuco:- Exato, essa foi a... Quando nós fizemos o acordode colaboração, o que nós conseguimos levantar foi isso. Depois nósverificamos porque era uma conta, então essa foi feita de uma contaCliver, que era uma conta que estava em vigor e a gente tinha o extrato;depois, se o senhor me permitir, quer dizer, nós verificamos, nossosadvogados inclusive tiveram na Suíça levantando contas em banco ondenós já tínhamos encerrado a conta, então nós fizemos mais uma, uma...Essa que o senhor se referiu foi feita em 2012 e nós fizemos várias quepegaram do período do final de 2009 a final de 2010, são 7.

Juiz Federal:- São todas relacionadas a essa empresa Cliver?

Ricardo Pernambuco:- Não, são relacionadas no final às contas do MárioGóes. Essa primeira que o senhor se referiu de 2012 é da conta Cliver, asdemais de uma conta que era minha que foi fechada, de uma offshorechamada Generoses, não era Cliver, era Generoses, e na verdade inclusiveé que houve até uma dúvida, foi porque o provedor de serviços financeirosnossos lá na Suíça ele na verdade recebeu uma ordem da transferência,mas ele transferia para uma conta ônibus, que o próprio MinistérioPúblico depois denominou de conta ônibus, e dessa conta ônibus para aconta do Mário Góes.

Juiz Federal:- O senhor pode me passar essas tabelas, por gentileza?

Ricardo Pernambuco:- Posso. Aqui, então essas contas Ônibus, uma sechamava Kindai que foi a proveniente da Cliver e outra se chamavaKoromo que foi proveniente da Generoses.

Juiz Federal:- Essa Cliver era uma offshore em que o senhor erabeneficiário também?

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Ricardo Pernambuco:- Minha, eu sou o beneficiário, e a Generoses eu erao beneficiário, acabou.

Juiz Federal:- E essas transferências então foram pagamento de propinasao senhor Mário Góes e ao senhor Pedro Barusco, é isso?

Ricardo Pernambuco:-Pagamentos de propina ao senhor Mário Góis,nunca fomos diretamente ao senhor Pedro Barusco, mas o senhor MárioGóes representava...

Juiz Federal:- Mas o senhor sabia que a transferência era para o senhorPedro Barusco?

Ricardo Pernambuco:-Não, eu sabia, Mário Góes dizia, vamos dizer, umapessoa da confiança do Pedro Barusco, mas acho que ele dizia que ele erao beneficiário final dessas contas para as quais nós transferimos.

(...)

Juiz Federal:- O Ministério Público se reporta na denúncia a contratosentre a Carioca e duas empresas chamadas Legend Engenheiros e a outraRock Star Marketing. O senhor tinha conhecimento na época que essasempresas teriam sido utilizadas de maneira fraudulenta ou isso foi umanegociação normal?

Ricardo Pernambuco:- Não, essas empresas geraram, na verdade umadelas inclusive até fez um patrocínio de stock car, mas houve um, enfim,superfaturamento, não sei qual é essa relação, e a outra não houve nada,foi uma geração de recursos, então essas empresas, como outras, foramgerando a caixa, não havia, assim uma, uma relação direta, causa e efeito,gera aqui para pagar ali, não sei se...

Juiz Federal:- Quem indicou essas empresas, Legend e Rock Star, àsenhora Tânia?

Ricardo Pernambuco:- Eu não sei, ela... Eu não sei porque são detalhes,realmente eu não sei, ela...

Juiz Federal:- O senhor teve contato com os dirigentes, os controladoresdessas empresas ou das contas dessas empresas?

Ricardo Pernambuco:- Não, nunca.

Juiz Federal:- O senhor Adir Assad, o senhor conhece?

Ricardo Pernambuco:- Não conheço.

Juiz Federal:- O senhor já chegou a tratar com ele esse assunto?

Ricardo Pernambuco:- Nunca.

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Juiz Federal:- E com nenhum representante da Legend ou da Rock Star?

Ricardo Pernambuco:- Nunca, nunca.

Juiz Federal:- Esses valores transferidos à Rock Star e à Legend estavamassociados a esses pagamentos de vantagens indevidas a agentes daPetrobras ou ao senhor Mário Goes?

Ricardo Pernambuco:-Não, eu não acredito que houvesse, como eu lhefalei, havia uma geração de recursos, inclusive do que nós entregamos lá,que a Tânia entregou, nas várias épocas, então não havia uma relaçãodireta e esse recurso era pra pagar ao senhor Mário Góes ou de outraempresa, ela gerava recursos e ia recebendo demandas, e ia atendendo ademandas."

290. Alexandre Correa de Oliveira Romano celebrou acordo decolaboração com a Procuradoria Geral da República e que foi homologado peloSupremo Tribunal Federal. Em seu depoimento em Juízo, declarou que manteve umrelacionamento prolongado com Paulo Adalberto Alves Ferreira até 2015. Admitiu quefez repasses financeiros a ele. Recebia dinheiro de empresas e os repassava, simulandocontratos de prestação de serviços. Afirmou não saber a origem específica do dinheiroe nem ter participado de acertos de corrupção entre Paulo Adalberto Alves Ferreira.Acreditava tratar-se de doações de campanhas.

291. Transcreve-se:

"Juiz Federal:- Senhor Alexandre, o senhor foi aqui acusado basicamentenesse processo pelo Ministério Público de ter recebido determinadosvalores de certas construtoras e repassado valores também ao senhorPaulo Adalberto Alves Ferreira. O senhor pode me esclarecerinicialmente como começou o seu relacionamento com o senhor PauloFerreira?

Alexandre Romano:- Em 2006 eu fui até a sede do PT, eu atendia a umaempresa que tinha, uma produtora de vídeo que tinha para receber umdinheiro, uma dívida com o PT, e fui solicitar para ele uma forma depagamento, uma prestação de contas, não é, de quando seria esserecebimento, e aí estabeleci uma relação com ele, foi daí que eu o conheci.

Juiz Federal:- Esse relacionamento com ele foi duradouro, foi longo,como foi?

Alexandre Romano:- Foi duradouro e manteve até a minha prisão.

Juiz Federal:- E, basicamente, como se caracterizava esserelacionamento, o senhor prestava serviços para ele?

Alexandre Romano:- Relacionamento de amizade, no qual ele me indicavaclientes, e tinha uma relação pessoal também muito próxima, um bomamigo.

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Juiz Federal:- O senhor repassava valores pra ele?

Alexandre Romano:- Sim.

Juiz Federal:- Esses valores que o senhor repassava a ele eramrepassados normalmente a que título, por que o senhor passava dinheiropara ele?

Alexandre Romano:- Passava pra ele a título de... Eu recebia o dinheiro,não é, começou aí no, nesse, nessa... Na realidade a minha relação deajudá-lo efetivamente começou aí, eu pessoalmente ajudava com 10, 15mil para campanha, não é, e depois ele me pediu para receber os valoresdessas empresas que estão sendo imputadas.

Juiz Federal:- O senhor tinha essa empresa Oliveira Romano Sociedadede Advogados?

Alexandre Romano:- Sim.

Juiz Federal:- Tinha outras empresas também?

Alexandre Romano:- Tinha.

Juiz Federal:- Quais seriam?

Alexandre Romano:- A Link e a Avant."

292. Relativamente aos contratos com a Construbase Engenharia, declarouque procurou a empresa a pedido de Paulo Adalberto Alves Ferreira que lhe pediu paraprocurá-la para repasse de valores. Tratou com o acusado Genésio Schiavinato Júnior.O acusado afirma que seu escritório Oliveira Romano prestou serviços jurídicos àConstrubase, mas os valores eram superfaturados, com a diferença sendo repassada aPaulo Adalberto Alves Ferreira:

"Juiz Federal:- Construbase Engenharia Ltda., o senhor recebeu valoresdessa empresa?

Alexandre Romano:- Sim, recebi.

Juiz Federal:- Por indicação do senhor Paulo?

Alexandre Romano:- Sim.

Juiz Federal:- Como é que foi, o senhor pode descrever um pouco maisdetalhado isso?

Alexandre Romano:- Claro. O Ferreira me chamou para conversar e meapresentou uma demanda, “Olha, Alexandre, eu tenho uma empresa quevai fazer uma doação, quer me ajudar, e me pediu uma nota fiscal, não é.Você como advogado, eles pediram para ser um advogado, gostaria quevocê prestasse um serviço para eles e recebesse esse valor a mais”, eu

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falei “Se for para te ajudar, tudo bem, o que precisa fazer, quem que é?”,aí ele me deu o contato do senhor Genésio e eu fui até o escritório daConstrubase ali na, em Pinheiros, no Edifício Tomie Ohtake, dali euestabeleci uma relação com o senhor Genésio.

Juiz Federal:- Tá. O senhor esteve diretamente com o senhor Genésio?

Alexandre Romano:- Diversas vezes.

Juiz Federal:- E foi lhe dito o que era esse dinheiro repassado daConstrubase para o senhor, para chegar até o Paulo Ferreira?

Alexandre Romano:- Não, foi dito...

Juiz Federal:- Não foi falada a origem disso?

Alexandre Romano:- Não, só fui saber 2 anos depois dessa minha relação,1 ano e meio, 2 anos, se quiser eu posso detalhar.

Juiz Federal:- Foi saber como, o senhor pode detalhar?

Alexandre Romano:- Claro. Depois de... O Genésio é uma pessoa tambémmuito boa, muito bacana, e foi me apresentando... Quer dizer, ele me pediusugestões para prestar o serviço para a empresa, foi aí que eu apresenteialguns trabalhos que eu poderia fazer na área tributária, consultoria e naárea de energia. Aí ele falou, “Nós vamos fazer esses projetos aqui”. Aí eucomecei a apresentar para ele, a gente colocava, ele colocava um valor amais, eu apresentava, colocava no custo a nota fiscal e o meu serviço e oque colocava a mais era o valor que eu entregava para o Paulo, não é,para ajudar a ele na campanha de 2010.

Juiz Federal:- Esse contato com a Construbase foi aproximadamentequando, esse primeiro contato?

Alexandre Romano:- Começo de 2009, por volta de março de 2009.

Juiz Federal:- Isso perdurou até quando aproximadamente?

Alexandre Romano:- Até 2011, 12, talvez.

Juiz Federal:- E o senhor sabe me dizer, assim, o quanto dessespagamentos correspondia a sua remuneração pelo serviço prestado e oquanto correspondia a repasses para o senhor Paulo Ferreira?

Alexandre Romano:- Não tinha uma lógica, mas, assim, eu executei umserviço de consultoria tributária de uma incorporação que eles estavamtrabalhando, então esse trabalho pra mim, esse parecer, esse estudo quefiz ficou por volta de 10, 15 mil reais, e eu coloquei o imposto e mais ovalor que tinha que, que o Ferreira tinha que receber. Aí eu emitia a notano valor total e recebia a parte que eu executava, recebia o imposto e olíquido eu entregava para o Ferreira, na maioria das vezes em dinheiro.

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Juiz Federal:- Na denúncia, às folhas 76 e seguintes, tem a relação dealguns contratos que a Oliveira Romano teria feito com a Construbase.Então, por exemplo, tem lá, contrato de 18 do 12 de 2008, valor de 480mil, serviços de levantamento de créditos tributários, entre a Construbasee a Oliveira Romano...

Alexandre Romano:- Isso.

Juiz Federal:- Esse é um desses contratos?

Alexandre Romano:- Esse é um desses contratos.

Juiz Federal:- Mas, pelo que eu entendi aqui, a sua remuneração foi cercade 15 mil do contrato?

Alexandre Romano:- Não, depende do contrato, tá? Nesse caso eu achoque foi uns 40 mil reais especificamente, mais o imposto, e o restante euentregava para o Paulo Ferreira, que daria uns 30 por cento, não é, com oimposto.

(...)

Juiz Federal:- Depois tem lá na continuidade da denúncia um outrocontrato aqui de 17 do 07 de 2009 no valor de 167.282, também prestaçãode pareceres tributários. O senhor sabe dizer o quanto foi do seu serviço eo quanto foi repassado para esse contrato?

Alexandre Romano:- Em torno de uns vinte por cento... Uns trinta porcento no total com impostos.

Juiz Federal:- 30 por cento do seu serviço?

Alexandre Romano:- Com impostos, o imposto total, então se foifaturamento de 300 em torno de 250 eu entregava para o Ferreira, maisou menos isso, 240, o resto eu emitia nota, recebia o imposto, e a nota e omeu serviço quem pagava era a Construbase.

Juiz Federal:- Depois tem um outro contrato aqui, 16/02/2010, emissão deparecer jurídico para servir de embasamento para a participação daConstrubase na licitação do trem de alta velocidade – TAV, que ligará acidade do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, valor de 198 mil reais.

Alexandre Romano:- Isso, esse foi um trabalho que nós executamos noescritório, a pedido inclusive da Construbase, que eles tinham umanecessidade, que eles queriam participar, mas também tinha umsobrepreço que eu entreguei também para o Paulo Ferreira.

Juiz Federal:- O senhor sabe me dizer mais ou menos o sobrepreço nessecaso?

Alexandre Romano:- Em torno de uns... Acho que foi uns 30 mil, 40 mil oserviço, e o restante... mais imposto, e o restante eu repassei ao Paulo.

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Juiz Federal:- O maior valor então era sempre repassado?

Alexandre Romano:- Sim.

Juiz Federal:- Depois tem ainda um contrato aqui da Construbase com aOliveira, elaboração de estudos jurídicos de orientação e assessoria paraobtenção de alvarás e licenças para pavimentação de loteamento emCotia.

Alexandre Romano:- Isso.

Juiz Federal:- 19 do 03 de 2010, 250 mil.

Alexandre Romano:- Esse foi um serviço que o Genésio me trouxe, elefalou 'Alexandre, eu tenho esse loteamento, eu estou trabalhando nele”,mas eu, nesse caso especificamente eu não executei nenhum trabalho.

Juiz Federal:- E foi recebido o valor mesmo assim?

Alexandre Romano:- Recebi, só que eu não... eu só emiti a nota, pagou oimposto, eu não fiquei com nada, eu repassei para o, tudo para o Paulo.

Juiz Federal:- Esse, depois tem aqui uma nota fiscal apenas, prestação deserviços jurídicos em concessão de aeroportos, golden share.

Alexandre Romano:- Isso nós executamos também, que eles queriamparticipar do aeroporto de Viracopos, fizemos o serviço, cobramos o meupreço, cobre o preço do meu escritório, pelo escritório, emiti a nota,recolhi o imposto e repassei o dinheiro.

Juiz Federal:- Aqui é um valor de 163 mil reais, o senhor sabe me dizerquanto aproximadamente era a remuneração do serviço e quanto era...

Alexandre Romano:- Em torno de uns 15, 20 mil reais.

Juiz Federal:- Todos esses contratos com a Construbase o repasse foi parao senhor Paulo ou tinha outros beneficiários?

Alexandre Romano:- Sempre ele indicava, ele falava, “Olha, Alexandre,eu preciso, na minha campanha, eu tenho que pagar uma empresa decomunicação”, aí eu, “Tá bom, me passe o nome da empresa, eu avalio”,e algumas empresas foram assim.

Juiz Federal:- Teve repasses que o senhor efetuou a pedido de algumaoutra pessoa, que não o senhor Paulo, desses contratos da Construbase?

Alexandre Romano:- Não, não teve, foi tudo para o Paulo, sempre ele queindicava, poderia até ser para alguma outra pessoa, mas eu não sei seteve, não posso afirmar."

293. Segundo o acusado Alexandre Correa de Oliveira Romano, houve

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referência de que os valores decorriam de contratos da Construbase com a Petrobrás:

"Juiz Federal:- Houve algum comentário do senhor Genésio a respeito deeventuais negócios da Construbase junto à Petrobras?

Alexandre Romano:- Houve, ele... Foi aí que eu conheci, até estavapesquisando até para a minha colaboração, ele não tinha uma relaçãodireta com a Petrobras, era sempre através, é... Aí ele me explicou nodecorrer, no final de 2010 se não me falha a memória, ele me apresentou,falou, “Alexandre, eu preciso ter uma... Está acabando essa obra...”, queeu nem sabia qual era, “Está acabando essa obra e eu preciso agora, eupreciso de novas obras, eu preciso, eu sou diretor comercial, eu preciso denovos negócios”, eu falei “Tudo bem, o que que eu posso ajudar?”. Aí eleme apresentou essa planilha que fala, que eu encontrei agora, de algumasobras e as, especificamente as que estão em vermelho que eram deinteresse dele. E ele queria, como o Paulo não tinha... ele tinha saído datesouraria, da secretaria do PT, e estava se candidatando a deputado, eleme apresentou, falou, “Me apresenta ao novo tesoureiro, o senhor JoãoVaccari”, que tinha assumido em 2010, e aí eu pedi uma reunião e o JoãoVaccari atendeu o Genésio, e o Genésio pediu para eu participar dessareunião e aí o Vaccari foi bem incisivo, dizendo que não se metia nessesacordos que são ajustes de mercado, não é com ele isso, tinha quenegociar com as empresas, e aí o Genésio saiu e não sei se teve maisnenhuma reunião com o Vaccari e ele.

Juiz Federal:- Essa tabela já apresentou, tinha apresentado à Justiça?

Alexandre Romano:- Não, encontrei agora, há pouco tempo. Foi daí queeu soube que ele comentou sobre a obra que eles estavam fazendo doCenpes, aí reclamou que tinha uma dificuldade de relação com umapessoa chamada Agenor, que depois eu fui descobrir que era da OAS.

Juiz Federal:- O senhor chegou a tratar na Construbase com alguémmais, fora o senhor Genésio?

Alexandre Romano:- Só fui apresentado ao senhor Celso, que o Genésioque me apresentou num dia em que eu estive lá em reunião com aConstrubase, com o Genésio."

294. Sobre o contrato da Oliveira Romano com a Schahin Engenharia,declarou que foi todo simulado e que o valor foi repassado integralmente a PauloAdalberto Alves Ferreira, tendo tratado com o acusado José Antônio MarsílioSchwarz:

"Juiz Federal:- A empresa Schahin Engenharia, o senhor teve contato comessa empresa também?

Alexandre Romano:- Foi apenas um contato, o Ferreira para eu atenderuma pessoa chamada José Antônio Schwarz, e atendi, e ele me pediu,queria pagar o Ferreira, e eu emiti a... o mesmo serviço que eu tinha feitoe repassei todo o dinheiro praticamente para o...

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Juiz Federal:- Onde que foi esse encontro com o senhor?

Alexandre Romano:- No meu escritório, em São Paulo.

Juiz Federal:- Aproximadamente quando foi isso?

Alexandre Romano:- 2010, acho que foi.

Juiz Federal:- E consta aqui no processo notas fiscais de prestação deserviços jurídicos de recuperação de crédito da Schahin.

Alexandre Romano:- Que foi o mesmo serviço que eu fiz para aConstrubase.

Juiz Federal:- O senhor chegou a prestar algum serviço efetivo nessecaso?

Alexandre Romano:- Não, não.

Juiz Federal:- Ficou com parte do valor ou repassou todo?

Alexandre Romano:- Repassei tudo.

Juiz Federal:- Ao senhor Paulo Ferreira?

Alexandre Romano:- Ao senhor Paulo Ferreira.

Juiz Federal:- E que que o, o senhor, o que que lhe foi dito na ocasiãopelo senhor Paulo ou pelo senhor Schwarz do porquê desse repasse,alguém falou alguma coisa?

Alexandre Romano:- Ele falou que era uma doação, que ele estavaajudando na campanha do Paulo, mas não explicou, nem liguei a fatonenhum."

295. De forma semelhante, em relação aos contratos com a ConstrutoraFerreira Guedes, declarou que tratou com Erasto Messias da Silva Júnior a pedido dePaulo Adalberto Alves Ferreira. Prestou de fato serviços para a Construtora, masigualmente superfaturados. Um dos trabalhos, relativamente à representação da UsinaVerde em licitação em Barueri e igualmente a impetração de um mandado desegurnança, não teria relação com Paulo Adalberto Alves Ferreira e teria sidointegralmente prestado. Transcreve-se:

"Juiz Federal:- Consta ainda no seu, na denúncia aqui, uma referência àempresa Ferreira Guedes, contratos com a Oliveira Romano, o senhorpode me esclarecer?

Alexandre Romano:- Da mesma forma, o Paulo falou que a FerreiraGuedes queria fazer uma doação, me deu o contato do diretor da FerreiraGuedes, senhor Erasto. Se não me falha a memória eu acho que ele foi atéo meu escritório, eu agendei, ele veio até o meu escritório, e aí ele pediu

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uma apresentação do escritório, perguntou o que nós poderíamos fazer, ebasicamente isso, eu apresentei alguns trabalhos, inclusive algunstrabalhos que eu tinha feito já para a Construbase, e executei o serviço,entreguei o serviço e emiti a nota.

Juiz Federal:- Quantas vezes o senhor esteve com o senhor Erasto?

Alexandre Romano:- Umas oito vezes pelo menos, dez vezes.

Juiz Federal:- Oito vezes, então não foi essa única vez?

Alexandre Romano:- Não, não, eu fui ao escritório dele também algumasvezes, umas três ou quatro vezes.

Juiz Federal:- Alguma, algum outro executivo da Ferreira Guedes osenhor teve contato?

Alexandre Romano:- Conheci o senhor Paulo Cintra, que é um executivolá que trabalha com ele, mais especificamente sobre um trabalho de umausina de um mandado de segurança que nós entramos contra umalicitação em Barueri. Mas esse foi um serviço que eu até apresentei, masfoi um serviço que foi feito pelo escritório que não tem nada a ver com oPaulo Ferreira.

(...)

Juiz Federal:- Consta aqui no processo, na denúncia, uma referência a umcontrato entre a Construtora Ferreira Guedes, em 12 de janeiro de 2010,com a Oliveira Romano, relativo a serviço referente ao projeto deimplantação do trem de alta velocidade, 341 mil, esse é um dessescontratos?

Alexandre Romano:- Esse eu fiz, executei o trabalho no escritório, eu e odoutor Eduardo, nós entregamos o serviço, só que ele está um valor acimado valor normal que eu cobraria no escritório, não é.

Juiz Federal:- O senhor repassou parte desse valor para o senhor PauloFerreira?

Alexandre Romano:- Sim.

Juiz Federal:- Sabe dizer quanto o senhor ficou e quanto que foirepassado aproximadamente?

Alexandre Romano:- Em todas as vezes que eles me pediam eu colocava,eu não descontava do Paulo o valor que eu tinha pra receber, que era umserviço que eu estava fazendo para a empresa, então eu cobrava daempresa o serviço, a nota fiscal, e eles me pagavam um valor a mais paraeu repassar para o Paulo.

Juiz Federal:- Quanto foram os seus serviços nesse caso,aproximadamente?

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Alexandre Romano:- Em torno de uns 40 mil, eu cobrei deles, 60.

Juiz Federal:- Esse mesmo parecer que o senhor fez relativo...

Alexandre Romano:- Sim, é o mesmo e eu cobrei, o mesmo serviço.

Juiz Federal:- Mas o parecer é igual?

Alexandre Romano:- É igual.

Juiz Federal:- E depois tem um outro contrato, 2 de março de 2010,Construtora Ferreira Guedes com Oliveira Romano, parecer sobre apossibilidade de discussão judicial para exclusão dos valores desubempreitada das bases de cálculo do PIS, Cofins e ISSQN.

Alexandre Romano:- Isso.

Juiz Federal:- 110 mil.

Alexandre Romano:- Sim.

Juiz Federal:- Também?

Alexandre Romano:- Também.

Juiz Federal:- Houve repasse?

Alexandre Romano:- Houve repasse.

Juiz Federal:- Lembra quanto foram os seus serviços, aproximadamente?

Alexandre Romano:- 20 mil reais no máximo, foi um trabalho bem sucintoe, que ele tinha, ele estava fazendo um shopping center, ele comentou, eufalei “Olha, podemos fazer um trabalho nesse sentido, eu vou ter aí pelomenos umas seis, sete horas de trabalho, vou montar esse estudo”, ecobrei pelas horas, o time sheet de serviço.

Juiz Federal:- Depois tem lá, contrato em 20 de maio de 2010, cerca de225 mil o contrato, parecer sobre a possibilidade de exclusão do ISSQNda base de cálculo da contribuição PIS e Cofins, sobre a possibilidade denão incidência do mesmo tributo em incorporação por contratação direta,se a construção é realizada pela incorporadora em seu próprio terreno,parecido com o anterior.

Alexandre Romano:- Isso, é parecido, mas não é o mesmo.

Juiz Federal:- Não é o mesmo?

Alexandre Romano:- Não.

Juiz Federal:- O senhor prestou esse serviço?

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Alexandre Romano:- Prestei esse serviço.

Juiz Federal:- Lembra quanto foi a sua remuneração?

Alexandre Romano:- Em torno de uns 15, 20 mil reais também, mais oimposto do total, e o restante eu entreguei para o Paulo.

Juiz Federal:- Depois consta, contrato em 25 de novembro de 2010,Construtora Ferreira Guedes e Oliveira Romano, 25 do 11 de 2010, 20 milreais, consultoria jurídica em procedimento licitatório no Estado do Riode Janeiro.

Alexandre Romano:- Isso eu não executei. Foi talvez emitir nota, porqueele devia estar fazendo alguma coisa lá, ele explicou pra mim que eleprecisava, que ele estava... Isso foi simulado, doutor.

Juiz Federal:- O senhor chegou...

Alexandre Romano:- Eu emiti a nota sem ter executado esse serviço.

Juiz Federal:- Ele ou o senhor Paulo chegaram a explicar ao senhor aorigem desses valores, o motivo desses pagamentos no caso daConstrutora Ferreira Guedes?

Alexandre Romano:- Nenhum dos dois.

Juiz Federal:- Eles chegaram a mencionar se isso tinha alguma relaçãocom a Construcap?

Alexandre Romano:- Não. Aí eu soube pelo Erasto que a Ferreira Guedesé uma empresa do grupo Construcap, e aí depois, no decorrer, no final de2010, que eu conversei com o senhor Genésio, comecei a ligar asinformações e eu comecei a ter alguma noção do que, da origem dessedinheiro, mas eu não tinha... Sempre nos primeiros faturamentos eu achaque eles estavam fazendo uma doação realmente para ajudar o Paulo nacampanha de 2010."

296. No trecho seguinte, porém, ele esclareceu que o contrato referido noitem 174, foi executado e não foi simulado:

"Alexandre Romano:- Ela tinha relações, ela conversava com PauloCintra, ela prestava os serviços pelo nosso escritório, e pode ter ido parao Rio de Janeiro, mas eu não me recordo.

Defesa:- Usina Verde, projeto...

Alexandre Romano:- Isso, foi um trabalho que nós executamos, que nãotem nada a ver com o processo.

Defesa:- Tá. Última pergunta...

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Juiz Federal:- Desculpe só, doutor, eu vou pedir esclarecimento porquesenão eu fico confuso aqui, eu indaguei ao senhor sobre um contrato daconstrutora Ferreira Guedes que é lá, consultoria jurídica paraprocedimentos licitatórios do estado do Rio de Janeiro, é esse que osenhor está perguntando?

Defesa:- Esse que eu estou perguntando, que a testemunha foi ouvida efalou...

Juiz Federal:- Ele falou de 20 mil...

Alexandre Romano:-Não é o estado do Rio de Janeiro, é a UniversidadeFederal do Rio de Janeiro desenvolveu uma técnica de queima do resíduosólido para transformar em energia.

Juiz Federal:- Esse foi simulado ou não?

Alexandre Romano:- Não, esse foi, nós executamos esse trabalho.

Juiz Federal:- Esse foi executado?

Alexandre Romano:- Sim.

Juiz Federal:- De 20 mil?

Alexandre Romano:- De 20 mil.

Defesa:- Então o esclarecimento é porque eu disse ao senhor que tinhasido simulado esse contrato, então foi esse esclarecimento.

Alexandre Romano:- Não, eu não sabia, ele falou de Rio de Janeiro, eunão tenho nada de Rio de Janeiro, eu não lembro.

Defesa:- Por mim está esclarecido.

Juiz Federal:- Sim, perfeito."

297. Em outra parte do interrogatório, esclareceu como fez os repasses aPaulo Adalberto Alves Ferreira e identificou os pagamentos constantes nos itens180-202, como tendo sido feitos a pedido dele. Transcreve-se o seguinte trecho aindaque mais longo:

"Juiz Federal:- Como o senhor fazia o repasse dos valores para o senhorPaulo Ferreira, o senhor podia fazer uma descrição?

Alexandre Romano:- O Paulo tinha dois assessores que ele pediu para eupagar, eu paguei formalmente pelo escritório, indicou algumas empresaspara pagar, como RDA, Breefing...

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Juiz Federal:- Quem eram esses dois assessores?

Alexandre Romano:- Leônidas e Felipe dos Santos, mas eu nem osconheço pessoalmente, eles trabalhavam no Rio Grande do Sul com ele. Esacava o dinheiro e entregava em mãos.

Juiz Federal:- Ah, o senhor não fazia também transferência bancária devalores pra eles?

Alexandre Romano:- Alguma coisa, mas pouca coisa, do montante erapouca coisa.

Juiz Federal:- O senhor começou a responder e falou da Breefing, RDA,pode me esclarecer melhor isso aí?

Alexandre Romano:- É uma empresa de uma pessoa que trabalhava comele, ajudava ele na campanha, uma pessoa de comunicação que ajudavaele também.

Juiz Federal:- As duas empresas são da mesma pessoa?

Alexandre Romano:- Da mesma pessoa, se não me falha a memória, euacho que sim.

Juiz Federal:- Felipe Santos, o senhor mencionou?

Alexandre Romano:- Isso.

Juiz Federal:- Consta aqui na denúncia a referência a um contrato deassistência técnica em informática, que a sua empresa teria firmado comele, o senhor podia me esclarecer?

Alexandre Romano:- Era um contrato apenas para formalidade, para elereceber e recolher o FGTS, as contribuições como prestador de serviços.

Juiz Federal:- Esse dinheiro era repasse a pedido do senhor Paulo?

Alexandre Romano:- Sim.

Juiz Federal:- O serviço não foi prestado?

Alexandre Romano:- Para mim não, para ele, né, eles atendiam, acho queatendia ele na campanha.

Juiz Federal:- Mas esse serviço foi prestado ao senhor ou a sua empresa,a Oliveira Romano?

Alexandre Romano:- Não.

Juiz Federal:- Depois tem um, Leônidas Giacometti, Leônidas Giacometti,um contrato aqui na denúncia...

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Alexandre Romano:- É a mesma forma do Felipe.

Juiz Federal:- Quem que é Leônidas Giacometti?

Alexandre Romano:- Não o conheço.

Juiz Federal:- Esse contrato, parceria para indicação de clientes para oescritório, pagamento de 2 mil mensais do seu escritório para esseLeônidas.

Alexandre Romano:- Era um assessor do Paulo, mas eu não o conheci.

Juiz Federal:- Ele prestou algum serviço ao senhor ou ao seu escritório?

Alexandre Romano:- Não, não.

Juiz Federal:- Tem aqui no processo uma série de pagamentos que osenhor teria feito, normalmente aqui em espécie...

Alexandre Romano:- Sim.

Juiz Federal:- ... a diversas pessoas, Estado Maior da Restinga, Vivianeda Silva Rodrigues...

Alexandre Romano:- Isso.

Juiz Federal:- Quem são essas pessoas?

Alexandre Romano:- A Viviane era uma pessoa que fazia, que eu saiba tá,fazia campanha para ele com esse grupo carnavalesco, que ajudava elecomo um cabo eleitoral, não é, e a Restinga era um grupo carnavalescoque ajudava na campanha dele, ele pediu para fazer doações pra ele.

Juiz Federal:- Esses pagamentos foram feitos a pedido do senhor Paulo?

Alexandre Romano:- Sim.

Juiz Federal:- O senhor tinha algum interesse nesses pagamentos, EstadoMaior da Restinga ou da senhora Viviane?

Alexandre Romano:- Nenhum, nenhum.

Juiz Federal:- Depois tem aqui também Sandro Ferraz, sabe quem é?

Alexandre Romano:- Não.

Juiz Federal:- Silvânia Gomes Temétio?

Alexandre Romano:- A Silvânia era secretária do Paulo quando ele eratesoureiro.

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Juiz Federal:- Júlio César Schimdt Garcia?

Alexandre Romano:- Não conheço.

Juiz Federal:- Marcelo Rosauro Zasso?

Alexandre Romano:- Era uma pessoa que trabalhava com o Ferreira nacampanha.

Juiz Federal:- Leonita de Carvalho?

Alexandre Romano:- Também, trabalhava com ele na campanha.

Juiz Federal:- Adriana Miranda Morais.

Alexandre Romano:- Também ajudava a ele na campanha.

Juiz Federal:- Angelita da Rosa.

Alexandre Romano:- Parece que advogada dele da campanha.

Juiz Federal:- Ana Paula Baumberg, Jonas Baumberg.

Alexandre Romano:- Ah, é, são os filhos dele, que estavam tambémtrabalhando acho que com ele, não sei.

Juiz Federal:- Nair Gomes dos Reis de Oliveira.

Alexandre Romano:- Não conheço.

Juiz Federal:- Marcelo Machado dos Santos.

Alexandre Romano:- Não conheço."

298. Roberto Trombeta e Rodrigo Morales, que também celebraramacordos de colaboração, foram ouvidos na condição de colaboradores, com ocompromisso de dizer a verdade, mesmo havendo pedido do MPF para que o acordofosse reputado quebrado (evento 611).

299. Admitiram que os contratos do Consórcio Novo CENPES com asempresas MRTR Gestão Empresarial e Morales e De Paula Advogados Associadosforam simulados e celebrados a pedido da OAS. Faziam "caixa dois" para a OAS.Recebiam os depósitos decorrentes dos contratos simulados, sacavam os valores edevolviam à OAS em espécie. Cobravam 20% de comissão. Trataram do assunto comos empregados Mateus Coutinho, José Ricardo Breghiroli e Roberto Cunha.

300. Transcrevem-se trechos:

"Juiz Federal:- Senhor Roberto, consta nesse processo especificamente,que é objeto desse contrato, desse... desse processo, é um contrato que o

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senhor teria firmado com o Novo Cenpes, na verdade a empresa MRTRGestão Empresarial e Morales e De Paula Advogados Associados. Esseprimeiro contrato, MRTR Gestão Empresarial, 08/04/2008, valor de cercade 2 milhões, com o consórcio Novo Cenpes. Essa MRTR GestãoEmpresarial era uma empresa sob o seu controle?

Roberto Trombeta:- Minha e do Rodrigo Morales.

Juiz Federal:- O senhor pode me descrever as circunstâncias que levaramà celebração desse contrato?

Roberto Trombeta:- Excelência, eu vou tentar ser, assim, bem curto, senão for o senhor, por favor, o senhor me pede mais, tá, eu falo.

Juiz Federal:- Perfeito.

Roberto Trombeta:- Esse contrato foi datado de 2008, mas ele não foi feitoem 2008 e não foi assinado em 2008. Esse contrato ele foi feito já era2012, tá ok, os funcionários da OAS que pediram para nós fazermos umcontrato com esse consórcio Novo Cenpes, do qual eu só vim a saber queenvolvia a Petrobras esse consórcio quando teve a operação lava-jato, táok, então pra nós era mais uma obra da própria OAS. E foi feito. Entãoeles pediram pra fazer com data retroativa, tanto é que não tevepagamento antes de 2012, se o senhor permitir eu posso até dar umaolhada aqui, eu tenho algumas anotações.

Juiz Federal:- Não há necessidade.

Roberto Trombeta:- Tá, mas com certeza em 2012, então começou em2012, esse contrato foi assinado depois de 2008, foi em 2012.

Juiz Federal:- O senhor tratou especificamente sobre esse contrato?

Roberto Trombeta:- Foi, eu, Rodrigo, sempre nós tratávamos com, naépoca, eu não sei precisar se foi com o Mateus ou com o Ricardo e com oRoberto Cunha, mas sempre, primeiro tivemos algumas conversas dissodaí, era com o Mateus Coutinho, depois saiu, ficou o Ricardo, o JoséRicardo.

Juiz Federal:- O senhor pode falar um pouco mais devagar, porque égravado e depois tem que ser degravado.

Roberto Trombeta:- Desculpe.

Juiz Federal:- Com quem o senhor tratou?

Roberto Trombeta:- Tratei com o Mateus Coutinho, Roberto Cunha e JoséRicardo Beglorio, alguma coisa mais ou menos assim.

Juiz Federal:- Sobre esse contrato especificamente?

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Roberto Trombeta:- Doutor, esse contrato, o Mateus eu não posso precisarporque faz tempo, tá, mas o Roberto Cunha e o Ricardo, sim.

Juiz Federal:- Tá. E o que envolvia esse contrato, por que foi celebradoesse contrato, foi prestado algum serviço pela MRTR?

Roberto Trombeta:- Não foi prestado, não foi prestado, foi para gerarcaixa 2 para eles.

Juiz Federal:- Caixa 2 para quem?

Roberto Trombeta:- Para a OAS.

Juiz Federal:- E por que o Novo Cenpes então e não a OAS?

Roberto Trombeta:- Eles que, eles traziam o contrato já e falavam, “Vocêsvão faturar para essa empresa aqui, olha, e aí depois nós vamos pagarpara vocês, vocês pegam o dinheiro e entregamos, entregam para gente”,então foi feito, quando eles deram essa... Se, como tem com as outrasempresas que constam no nosso acordo, eles vinham já com... Ou com oobjeto, nesse caso o contrato já vem pronto, tá, tem outros que eles davamo objeto e nós que montávamos em cima do objeto.

Juiz Federal:- Então esse contrato da MRTR não teve nenhuma prestaçãode serviços?

Roberto Trombeta:- Não teve nenhuma.

Juiz Federal:- Tá, e o senhor e o seu sócio ficavam com algum spread,algum percentual?

Roberto Trombeta:- Na verdade nós cobrávamos 20 por cento, tá ok, dissodaí, 14 e 75 era dos impostos federais, 2 por cento municipal, e aí a gentepara conseguir dinheiro em espécie se comprava dinheiro no mercado dedois a dois meses, a diferença era para nós.

Juiz Federal:- O dinheiro era entregue a quem?

Roberto Trombeta:- Ao Ricardo... Eu tenho umas anotações aqui, é oRicardo, tem também o Cunha, o Roberto Cunha, o Mateus, e aí tem maisdois que, se o senhor permitir, eu olho aqui que eu anotei, que eu nãolembro o nome porque não era sempre, assim, não era eu que entregavaisso.

Juiz Federal:- Tá. E chegavam a pagar terceiros?

Roberto Trombeta:- Não.

Juiz Federal:- Por solicitação da OAS?

Roberto Trombeta:- Pagamos uma empresa de consultoria e auditoria de

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contabilidade, que consta também no acordo, que é da região deCampinas, foi 1 milhão duzentos e pouco, eles mandaram, levaram ocontrato também, nós não conhecemos as pessoas, não conhecemosninguém, e a gente sempre, eles, todo mês a gente fazia os pagamentospara eles, na conta deles, depositava.

Juiz Federal:- Um outro contrato aqui do próprio Novo Cenpes comMorales e De Paula Advogados Associados, em 07 do 11 de 2011, novalor de 700 mil.

Roberto Trombeta:- Também, essa empresa Morales e De Paula é umaempresa de advocacia, cuja é do meu sócio, como eu não sou advogado,embora falam que eu não sou, a Mariana, que é funcionária nossa, quetinha lá não sei se 5 por cento, tá, e aí foi feito o contrato com o NovoCenpes, também não foi feito trabalho.

Juiz Federal:- Isso foi o contato com esse, para esse contrato foi tambémo pessoal da OAS ou foram outras pessoas?

Roberto Trombeta:- Da OAS, tudo envolvendo isso é OAS.

Juiz Federal:- Quem eram os seus contatos na OAS, o senhor jámencionou?

Roberto Trombeta:- Sim, Roberto Cunha, José Ricardo Bergolio e oMateus Coutinho.

Juiz Federal:- E esses recursos eram então caixa 2 da OAS?

Roberto Trombeta:- Caixa 2.

Juiz Federal:- Chegaram a falar para o senhor ou para o seu, para osenhor Rodrigo Morales que esse dinheiro seria utilizado para pagamentode propina ou coisa parecida?

Roberto Trombeta:- Nunca, excelência, no começo como os valores erampequenos sempre falavam que era para economia tributária, tá ok, etambém para ter dinheiro para pagar canteiro de obras, nunca ninguém seexpôs pra nós para falar era para isso, era para aquilo.

Juiz Federal:- Nunca foi dito ao senhor que era para esses pagamentos?

Roberto Trombeta:- Não, não.

Juiz Federal:- O senhor chegou a pagar agentes públicos a pedido daOAS?

Roberto Trombeta:- Nunca, jamais."

301. E:

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"Juiz Federal:- Senhor Rodrigo, esse caso aqui diz respeito a dois fatosmuito específicos, um contrato da empresa MRTR Gestão Empresarial, em08 do 04 de 2008, com o consórcio Novo Cenpes, no valor de cerca de 2milhões de reais.

Rodrigo Morales:- 2.195.

Juiz Federal:- Isso.

Rodrigo Morales:- Perfeito.

Juiz Federal:- O senhor pode me descrever as circunstâncias dessecontrato?

Rodrigo Morales:- Esse contrato ele foi nos levado por algum executivoda OAS, antedatado, nós firmamos com o simples intuito de gerar caixa 2a eles.

Juiz Federal:- O senhor tratou especificamente essa contratação?

Rodrigo Morales:- Não, não tratei, isso já veio diretamente para nóspronto, só para colheita de assinatura e depois nós só emitimos a nota,recebemos os valores e transformamos isso em dinheiro.

Juiz Federal:- Houve prestação de serviço?

Rodrigo Morales:- Não houve prestação de serviço, excelência.

Juiz Federal:- A MRTR Gestão era uma empresa do senhor, que o senhorcontrolava?

Rodrigo Morales:- Era uma empresa minha, da qual eu tinha 40 porcento, excelência.

Juiz Federal:- Outro contrato, Morales e De Paula AdvogadosAssociados, 07 do 11 de 2011, no valor de 700 mil reais.

Rodrigo Morales:- Os mesmos moldes, excelência, esse contrato tambémnos veio pronto, só apenas para colheita de assinaturas, depois nósemitimos a nota, recebemos os valores e transformamos isso em dinheiropara a OAS.

Juiz Federal:- Foi prestado algum serviço?

Rodrigo Morales:- Não foi prestado serviço, excelência.

Juiz Federal:- O senhor chegou a tratar especificamente desse contrato?

Rodrigo Morales:- Não, também veio pronto por algum executivo da OASdirecionado a alguns funcionários nossos, nós só fizemos a assinatura,mesmo.

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Juiz Federal:- Qual era a relação do senhor com o senhor RobertoTrombeta?

Rodrigo Morales:- Roberto Trombeta é meu sócio, no primeiro momentoeu fui funcionário dele, no início da década de 2000, depois nós nostornamos sócios em 2004, 2005, e somos sócios até hoje.

Juiz Federal:- E o senhor e ele prestavam esse serviço frequentementepara a OAS, esse tipo de serviço?

Rodrigo Morales:- Prestávamos sim, excelência.

Juiz Federal:- Desde quando começaram a operar para a OAS?

Rodrigo Morales:- 2009, mas com mais certeza 2010 em diante,excelência.

Juiz Federal:- E até quando prevaleceu?

Rodrigo Morales:- Até começo de 2014, excelência.

Juiz Federal:- E o que era esse serviço, o senhor pode me descrever emlinhas gerais?

Rodrigo Morales:- Na verdade, excelência, foram 13 contratos firmadoscom a OAS com o simples intuito de gerar caixa 2 a eles, ou seja, de agente transformar os recebimentos em recursos para serem destinados aeles.

Juiz Federal:- Chegaram a prestar algum serviço real?

Rodrigo Morales:- Para esses 13 contratos não, excelência.

Juiz Federal:- E em outros contratos?

Rodrigo Morales:- Em outros contratos anteriormente a 2009, deconsultoria tributária e societária, sim.

Juiz Federal:- Mas de 2009 em diante não?

Rodrigo Morales:- Não.

Juiz Federal:- Cobravam, ficavam com algum percentual?

Rodrigo Morales:- Era cobrado 20 por cento, desses 20 por cento nóspagávamos mais ou menos 16.53 de impostos federais e municipais,sobravam para nós aí uns 2, 3 por cento."

302. Edison Freire Coutinho e José Antônio Marsílio Schawarz,executivos da Schahin Engenharia, prestaram um primeiro interrogatório em15/12/2016 (evento 619) no qual ficaram em silêncio. Supervenientemente, como

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adiantado (item 29), celebraram acordo de colaboração com o MPF e prestaram novosdepoicmentos (evento 781).

303. Edison Freire Coutinho declarou que trabalhou na SchahinEngenharia entre 2005 e 2014 como engenheiro. Admitiu o ajuste fraudulento para alicitação, o que denominou de "reuniões na organização do mercado". Afirmou queAgenor Franklin Magalhães Medeiros representou a OAS, Genésio Schiavinato Júnior,a Construbase, Ricardo Pernambuco Backheuser Júnior, a Carioca Engenharia eRoberto Ribeiro Capobianco, a Construcap. José Antônio Marsílio Schwarz nãoparticipou desses ajustes, tendo participado dos fatos após terem logrado a obtenção docontrato. Confirmou o pagamento de valores a WTorre para que ela desistisse dalicitação.

304. Transcreve-se:

"Edison Freire Coutinho:- A princípio, eu coloco assim em três fases esseprocesso com relação à minha pessoa. Primeiramente eu fiz a parte deproposta e organização, trabalhei junto em algumas reuniões naorganização do mercado. Posteriormente, o que eu posso dizer emsegunda tese seria quando entrou o Walter Torre, e terceiro foi após aassinatura do contrato, após a assinatura...

Juiz Federal:- O que o senhor quer dizer com “organização domercado”?

Edison Freire Coutinho:- O que eu quero dizer com organização domercado é o seguinte, nós conversamos para gente poder participardessas licitações, que eram projetos de obras especiais e que teriamquatro obras, e a gente conversava no sentido de colocar as empresasdividindo essas obras.

Juiz Federal:- A gente quem, nós quem?

Edison Freire Coutinho:- Era a Carioca Engenharia, Andrade Gutierrez,Camargo Corrêa, a Construcap, a Construbase, a Schahin, Carioca,Odebrecht.

Juiz Federal:- Que obras eram essas?

Edison Freire Coutinho:- A princípio o seguinte, era o centroadministrativo de Vitória, no Espírito Santo, a segunda obra era o NovoCenpes, a terceira obra era o CIPD, e mais distante tinha o centroadministrativo de Santos.

(...)

Juiz Federal:- Ajustaram a licitação?

Edison Freire Coutinho:- Ajustava a licitação, foi organizado o mercado,se organizou no sentido de ajustar o mercado, Camargo Corrêa, Hochtief

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e Odebrecht ficaram com a obra de Centro Administrativo de Vitória.Schahin, Construcap, Construbase, Carioca e OAS ficaram com a,desculpe, com a obra do novo Cenpes, e Camargo Corrêa... CamargoCorrêa não, desculpe, Andrade Gutierrez, Andrade Gutierrez, QueirozGalvão e Mendes Júnior ficaram com a obra do CIPD.

Juiz Federal:- Como é que ficava essa combinação, por exemplo, aSchahin não participaria então de propostas das outras licitações ou iriaapresentar propostas de cobertura, como é que era?

Edison Freire Coutinho:- Bom, isso no momento foi pedido que a genteapresentasse proposta de cobertura, por exemplo, no caso de Vitória eutinha com a minha equipe feito a proposta, então eu estava com aproposta completa, pediram que eu apresentasse, eu acompanhei, euacompanhei o preço que me falaram, coloquei na proposta, no dia fomoslá e entregamos a proposta.

(...)

Juiz Federal:- E o preço era acima daquele que seria o do vencedor?

Edison Freire Coutinho:- Isso, isso.

Juiz Federal:- Mais alguma outra proposta cobertura da Schahin nessaslicitações?

Edison Freire Coutinho:- Não, não.

Juiz Federal:- E as outras empresas deram proposta cobertura para alicitação do novo Cenpes?

Edison Freire Coutinho:- Deram.

(...)

Juiz Federal:- Dessas empresas que participaram no Novo Cenpes, emrelação a esses ajustes de licitação que o senhor falar está descrevendo,quem era o representante da OAS?

Edison Freire Coutinho:- Era o... me deu um branco aqui mas... AgenorMedeiros.

Juiz Federal:- Mas ele participou dessas reuniões dos ajustes?

Edison Freire Coutinho:- Participou, participou.

(...)

Juiz Federal:- E o senhor José Schwarz não sabia?

Edison Freire Coutinho:- O José Schwarz ele só entrou depois que a gente

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conseguiu o contrato.

Juiz Federal:- As outras empresas que participaram desse consórcio NovoCenpes, a Construbase?

Edison Freire Coutinho:- Genésio.

Juiz Federal:- Ele participou dessas reuniões?

Edison Freire Coutinho:- Participou das reuniões.

Juiz Federal:- Da Carioca?

Edison Freire Coutinho:- O Pernambuco Júnior.

Juiz Federal:- Ele participou dessas reuniões?

Edison Freire Coutinho:- Participou.

Juiz Federal:- A Construcap?

Edison Freire Coutinho:- Construcap, foi o Roberto Capobianco.

Juiz Federal:- Ele participou dessas reuniões?

Edison Freire Coutinho:- Participou dessas reuniões.

(...)

Juiz Federal:- E houve alguma proposta financeira para a W. Torre deixarde melhorar a proposta dela?

Edison Freire Coutinho:- Houve.

(...)

Edison Freire Coutinho:- Pois não. Então, o que na realidade aconteceunessas reuniões, onde estávamos as cinco empresas junto com os seusrepresentantes, que eu já mencionei, essas pessoas... Apareceu umanotícia lá na reunião, uma informação que eu não tinha, de que o senhorRicardo Pessoa, que era o presidente da ABM, queria conversar comigo ecom o senhor Leo Pinheiro, que eu não conheço, não conheço, nãoconheci e não conheço, sabia quem era, mas não conheço. O senhor LeoPinheiro me parece que é o presidente da OAS, eu não conhecia, e faleiisso para o Agenor, o Agenor disse que ele, o senhor Leo Pinheiro não iriaconversar com o Ricardo Pessoa, então a gente, eu e o Agenor fomos noescritório, liguei para o, que eu conhecia o Ricardo Pessoa, o doutorRicardo Pessoa, fui no escritório dele na Rua Bela Cintra, conversamoscom o senhor Ricardo Pessoa e ele disse o seguinte “Olha, nós estamoscom um problema com essa obra do novo Cenpes e que a gente precisaresolver, isso está incomodando muito a Petrobras e a gente precisa

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resolver esse assunto, e eu tenho um caminho para resolver isso, ocaminho para você resolver isso seria conversar com o representante daW. Torre", eu não conhecia ninguém da W. Torre, não conheciaabsolutamente ninguém, nunca tive contato nenhum com a W. Torre, entãoligamos lá no escritório do senhor Ricardo Pessoa para o senhor Dadado,que é o senhor Veiga...

Juiz Federal:- Dadado, é isso?

Edison Freire Coutinho:- Dadado. Ligamos para ele lá, ele me apresentouporque eu também não conhecia o senhor Veiga, e combinei no diaseguinte de me encontrar com ele, eu estava em São Paulo, combinei comele, e eu moro no Rio... Eu estava em São Paulo, de no dia seguinte meencontrar com ele no escritório dele, então isso foi feito, combinamos, quea pessoa que foi designada para conversar com o Dadado fui eu. Eupeguei uma avião no outro dia de manhã, eu fui no Rio de Janeiro, noescritório do senhor Dadado, me encontrei com ele, expliquei para ele asituação, ele disse pra mim “Olha, eu não tenho autonomia para resolverisso porque eu sou parte interessada nesse assunto porque eu sourepresentante da Walter Torre perante a Petrobras, nós temos que ir lá emSão Paulo para resolver isso”. Peguei um avião de volta para São Paulono mesmo dia e viemos no escritório da W. Torre. Me foi apresentado osenhor Paulo Remy e nesta conversa, primeiro fui apresentado, o senhorDadado saiu da sala e eu fiquei durante quatro horas conversando, quatrohoras, cinco horas, conversando sobre os valores que ele estavainteressado de poder sair dessa licitação, tá. Então o que foi feito, foi feitauma negociação com o senhor Paulo Remy...

Juiz Federal:- Esse Paulo Remy, qual era a posição dele dentro da W.Torre?

Edison Freire Coutinho:- Ele falou que era sócio e que era diretor daempresa, eu não conhecia também, eu só estive com ele uma vez, só umavez, essa negociação.

Juiz Federal:- E o que que foi conversado então?

Edison Freire Coutinho:- O que foi conversado foi que eles... A gentecomeçou a conversar sobre valores... Como eu já tinha feito uma reuniãocom o grupo anteriormente, nós nos reuníamos, assim, “Olha, o WalterTorre vai querer uma vantagem financeira para poder sair do negócio",então, o seguinte, olha, o nosso limite, foi sugerido pelo RobertoCapobianco um limite de 20 milhões, foi sugerido por ele, olha, nósconversamos vários números, mas um dos números que foi sugerido foi 20milhões e esse que ficou cravado na minha mente para gente ir lá enegociar com o, a empresa Walter Torre, com a empresa Walter Torre, e apessoa que representava a empresa Walter Torre era o senhor PauloRemy; conversamos com ele, começamos com o valor de 8 milhões efomos dando continuidade, e chegamos a um valor de 16 e aí acabamosem 18 milhões, então é assim que foi a negociação.

Juiz Federal:- Quem estava nessa negociação era o senhor e o Paulo

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Remy, ou mais alguém?

Edison Freire Coutinho:- Só, só.

Juiz Federal:- E esse dinheiro daí foi pago, como foi pago?

Edison Freire Coutinho:- Isso daí que eu estou dizendo para o senhor, queeu comentei com o senhor o seguinte, foi feita a negociação por mim, maseu não sei como é que foi pago, porque quando foi feito o contrato com aPetrobras eu saí de cena, depois que assinou o contrato eu não participeido conselho do consórcio, eu não participei de mais nenhuma negociaçãodo consórcio.

Juiz Federal:- E quem ia pagar esses 18 milhões, ia ser o consórcio, iamser as empresas separadamente ou iam ser também aquelas empresas queparticiparam dos ajustes dos quatro contratos?

Edison Freire Coutinho:- Não sei.

Juiz Federal:- O senhor transmitiu esses 18 milhões ao...

Edison Freire Coutinho:- Após sair lá da empresa Walter Torre eu fui nasede da OAS, onde estavam todos reunidos, e coloquei pra eles, “Olha, anegociação foi feita assim, assim, e o preço que o Walter Torre exigiu é 18milhões, mas ele não vai entrar na próxima obra, o CIPD”, foi essainformação que eu dei.

Juiz Federal:- Tá. E todos que estavam na OAS seriam quem?

Edison Freire Coutinho:- Construbase, Construcap, Carioca, eu, daSchahin, e mais o Agenor, da OAS.

Juiz Federal:- Construcap, Construbase e Carioca, aqueles mesmosrepresentantes ou outras pessoas?

Edison Freire Coutinho:- Exatamente, os mesmos representantes."

305. Relativamente ao pagamento de vantagem indevida, afirma que nãoparticipou destes atos, "após a assinatura do contrato eu não participei de maisnenhuma relação com o consórcio Novo Cenpes".

306. José Antônio Marsílio Schwarz, em seu interrogatório judicial(evento 781), declarou que era Diretor Comercial da Schahin Engenharia ao tempo dosfatos. Afirmou que, na época, não teve conhecimento de que o contrato para aampliação do CENPES teria sido objtido através de ajustes de licitação, não sendo estaa área específica de sua atuação. Relatou, porém, que o acionista e dirigente daempresa Milton Schahin teria lhe informado de que haveria um acordo com o Partidodos Trabalhadores e que teria sido entabulado com João Vaccari Neto de que a Shahindeveria destinar um percentual de contratos junto à Administração Pública Federal àagremiação partidária. Declarou que do contrato de ampliação do Novo Cenpes foram

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destinados cerca de 210 mil reais para a campanha de Deputado Federal de PauloAdalberto Alves Ferreira. Este lhe indicou o acusado Alexandre Correa de OliveiraRomano para intermediar o repasse. O repasse foi feito mediante a simulação depagamento de prestação de serviços de advocacia. O montante pago foi deduzido do "valor das contribuições periódicas que eram feitas pela empresa ao partido". Afirmadesconhecer se as outras empresas também pagaram.

307. Transcreve-se:

"Juiz Federal:- Certo. E em relação... o Ministério Público também afirmaa respeito de pagamentos a agentes políticos feitos pela SchahinEngenharia, o que que o senhor tem conhecimento a esse respeito?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Excelência, eu fui informado pelo senhorMilton Schahin que a empresa havia celebrado um acordo com o Partidodos Trabalhadores, no sentido de destinar um percentual de algumasobras que a empresa tinha com o governo federal, para poder ter um bomrelacionamento com o partido que estava no poder. E eu fui atéapresentado pelo senhor João Vaccari por volta de 2009 e tomei ciênciaque havia esse acordo estabelecido entre o senhor Milton Schahin e osenhor João Vaccari, e que sabia que eram algumas obras em execução etinham percentuais, que eu não tinha essas informações, e que duranteesse período eu fui apresentado pelo senhor João Vaccari porque eucuidava de obras habitacionais na época, e nós queríamos fazer algumtipo de serviço habitacional para cooperativas onde o senhor JoãoVaccari era o presidente, no Bancoop, dos bancários. E aí tive algumasconversas com ele nesse sentido, mas não prosperou, não deu sequência.Eventualmente, o relacionamento da empresa com o senhor João Vaccariera do senhor Milton Schahin, mas eventualmente eu era acionado paraconversar alguma coisa sobre, “Olha, me agenda lá, preciso falar com oMilton”, etc., etc., e nesse caso específico do Cenpes houve umacolaboração de campanha, foi mais ou menos assim: o senhor PauloFerreira, ele era o tesoureiro nacional do Partido dos Trabalhadores,parece que foi até fevereiro. Em março ele foi na empresa, conversou como senhor Milton Schahin, solicitou uma ajuda para a campanha dele, queele ia ser candidato a deputado federal pelo Rio Grande do Sul.

Juiz Federal:- Isso em 2010?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Foi 2010, foi março de 2010. E aí, osenhor Milton Schahin disse para ele que iria decidir, ia conversarinternamente na empresa e iria decidir se ia fazer essa doação, e que eledeixasse um telefone que ele ou alguma outra pessoa entraria em contatopara dizer qual que era o resultado desse pedido. Alguns dias depois, odoutor Milton me chamou e falou “Olha, a empresa decidiu fazer umacolaboração para a campanha desse deputado federal do Rio Grande doSul, Paulo Ferreira”, eu já conhecia de nome, mas não conhecia a pessoa,“Liga para ele então e comunica que nós vamos fazer uma doação de 200mil reais, e vê com ele como é que ele quer fazer, que forma que serápago, parcela numas três vezes aí”. A eleição era em outubro, novembro,então isso era em março. Aí eu entrei em contato, eu liguei para ele, ou no

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mesmo dia ou no dia seguinte. Ele não estava em São Paulo, ele falou,“Eu vou, eu passo em São Paulo uma vez por semana em média e quandoeu for para São Paulo eu te ligo, e a gente faz um encontro”. Aí ele meligou posteriormente, não sei, sete ou dez dias, ou cinco dias depois, falou“Estou indo para São Paulo amanhã, você pode conversar?”, eu falei“Posso, passa aqui na sede da empresa que nós conversamos”. Aí, no diamarcado ele apareceu na sede da empresa, na Rua Vergueiro, 2009, emSão Paulo, e eu recebi o senhor Paulo Ferreira. Tivemos aí algunsmomentos iniciais de conversas gerais sobre política e depois eu entrei nodetalhe do assunto desta colaboração de 200 mil reais que a empresafaria para ele e perguntei como é que ele queria fazer, que a empresaprecisaria fazer parcelado. Ele falou “Olha, eu quero que você paguepara este escritório aqui, do senhor Alexandre Romano, o escritório, otelefone dele está aqui, por favor liga para ele, que ele que cuida dessesassuntos”, alguma coisa assim. Aí ok, passando essa conversa eu liguei ouno mesmo dia ou no dia seguinte para esse Alexandre Romano e a reuniãofoi de imediato, tipo, um dia depois ele já me recebeu no escritório dele,na Vila Olímpia, lá em São Paulo, estive só essa vez no escritório dele, etivemos também uma conversa inicial, o que ele fazia, ele falou que eleera vereador em Americana e tal, e aí eu falei que eu estava lá porque aempresa iria fazer uma colaboração de 200 mil para o senhor PauloFerreira, “Não, tudo bem, vamos fazer aqui mesmo, aqui estão os dadosdo meu escritório, emito três faturas, vamos dividir esse valor por três,você me paga aqui que depois eu repasso para ele”, alguma coisa nessesentido. Aí ele falou, “Você quer que eu preste um serviço para poderjustificar o, de recuperação de créditos tributários?”, Não, não deiprosseguimento na história, não falei nem sim nem não e enfim, não foifeito nenhum serviço, não foi feito contrato, e foram emitidas cinco notasde 74 mil e algumas coisas, porque depois corta os impostos, então elerecebeu livre mais ou menos 210 mil reais. E a empresa pagou o primeiromês, depois estava com problema de fluxo de caixa não pagou o segundo,não pagou o terceiro, depois pagou o outro, não pagou o outro, e pagou ooutro, enfim, foram cinco notas fiscais, que ele cancelou duas e forampagas três notas fiscais. E aí, excelência, uma vez realizados essespagamentos, o senhor Milton Schahin pediu, como eu tinha ciência desseacordo que ele tinha estabelecido com o Partido dos Trabalhadores, decolaborações periódicas, pediu para que eu conversasse com o senhorJoão Vaccari e que descontasse esse valor das contribuições periódicasque eram feitas pela empresa ao partido, então…

Juiz Federal:- E o senhor entrou em contato?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Entrei em contato, liguei para o partido,na sede do partido, ele me recebeu, eu fui lá e expliquei que havia sidofeita uma colaboração para um candidato a deputado federal do partido,ele conhecia, óbvio, que os dois trabalhavam na mesma função, e eleconcordou com esse desconto.

Juiz Federal:- E foi efetuado o desconto, então?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Foi efetuado o desconto, e aí euperguntei até para o senhor Milton com relação a essa obra do Cenpes, se

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estava também nesse desconto, era uma das obras que fazia parte dessacolaboração, desse percentual, ele falou que sim, então a obra…

Juiz Federal:- O senhor perguntou pra quem?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Para o senhor Milton Schahin.

Juiz Federal:- E por que o senhor fez a pergunta para o Milton Schahin?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Não, porque esse entendimento quemtinha feito era ele, eu não tinha, eu não sabia quais eram. Eu sabia quetinha alguma obras que ele não fazia essa participação, então por issoque eu perguntei para ele se a obra do Cenpes também estava.

Juiz Federal:- E que obras que o senhor sabia que estavam, por exemplo,mais umas, alguma outra além do Novo Cenpes?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Eu não tenho certeza, algumas obras daPetrobras, mas uma duas, duas ou três obras.

Juiz Federal:- E quais seriam?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Eu acho que o túnel, é uma obra que nóstivemos, uma obra de túnel, eu acho que foi, não sei se a UTGCA que éuma obra de Gastal, que é uma obra em Caraguatatuba, eu não tenhocerteza, provavelmente posso me informar as obras que eram.

Juiz Federal:- E por que algumas obras tinham e outras não?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Parece que eram algumas obras queestavam realmente dando um prejuízo muito grande para a empresa, entãoo próprio acionista disse que não ia pagar.

(...)

Juiz Federal:- Esse repasse que foi combinado com o senhor PauloFerreira, não se cogitou em fazer uma doação oficial de campanha?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Não, senhor.

Juiz Federal:- Por quê?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Eu perguntei para ele da forma comoque poderia ser feito e ele falou “Não, paga para esse advogado que…”

Juiz Federal:- Mas o senhor não chegou a propor ou ele propor em nãofazer uma doação oficial?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Não, senhor.

Juiz Federal:- Nesses outros repasses que foram feitos, algum foi feito por

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doação oficial?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Que eu tenha conhecimento não, nosmeus, que eu relato, não.

Juiz Federal:- E por qual motivo não se fazia por doação oficial?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Não sei, doutor Moro, esse assunto eraespecífico, cuidado pelo acionista.

Juiz Federal:- Era um percentual fixo sobre os contratos ou era umpercentual variável?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Era um percentual, pelo que eu tenhoconhecimento era um percentual variável.

Juiz Federal:- 1 por cento, 2 por cento, 3 por cento?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Eu acho que era nessa faixa de 0,5, 1 e1,5, uma coisa assim.

Juiz Federal:- E o senhor tinha algum controle contábil, ainda queinformal, em relação a esses repasses?

(...)

Juiz Federal:- Mas para tratar desses repasses, quantas vezes o senhorteve contato com ele?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Com o Paulo Ferreira?

Juiz Federal:- Isso.

José Antônio Marsílio Schwarz:- Foi a vez inicial, durante esse processoem que ele esteve em São Paulo, que a empresa não estava pagando, elepassou lá para saber se a empresa ia pagar, se não ia pagar, alguma coisanesse sentido, e acho que eu encontrei com ele mais uma vez lá naempresa, depois que já tinha concluído essa… Ele foi para perguntar setinha saído alguma casa lá no Rio Grande do Sul, etc.

Juiz Federal:- Em alguma dessas oportunidades que o senhor falou com osenhor Paulo Ferreira foi feita a referência que esses valores estariamdentro daquele acordo entre o senhor Milton e o senhor João Vaccari?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Não, senhor.

Juiz Federal:- Então, o senhor Alexandre Romano não prestou nenhumserviço para a Schahin Engenharia?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Não, senhor.

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Juiz Federal:- O senhor tinha conhecimento que as outras empresas doNovo Cenpes também tinham que fazer esses repasses, tinha algumconhecimento sobre isso?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Não, senhor.

Juiz Federal:- O senhor sabe, o senhor mencionou rapidamente, mas porque, afinal de contas, a Schahin fazia esses pagamentos, qual que era oganho dela, por quê?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Doutor Moro, eu presenciei a empresa,como eu passei 34 anos, foi um período, eu não quero dizer que isto estácerto, não quero justificar nada para o senhor, eu só quero comentar umfato, primeiro que eu já falei para o senhor aqui que a empresa queriaestar bem com o Poder com medo de contratos serem cancelados, aditivosnão aprovados, ficar de uma certa forma com bom relacionamento com ogoverno, que decidia. Segundo motivo é que a empresa estava passandopor uma turbulência muito grande política, com perseguições, que foidezenas de vezes intimada para comparecer na Câmara dos DeputadosFederal, na comissão de fiscalização e controle, e era uma pressão muitogrande que a empresa sofria por causa de uma obra particular que aempresa tinha realizado em consórcio com uma outra empresa, essa usina,essa barragem estourou, uma PCH, e nós sofremos aí uma pressão muitogrande, a empresa sofreu. Então a empresa nunca fez, no que eu soube, noque tive conhecimento de ter feito nenhuma ajuda para político nenhum,principalmente deputado federal, que não tem, a gente tem poucas obrasfederais, e nesse momento que a empresa estava passando por essapressão muito grande a empresa fez esse do Paulo Ferreira, e eu...

Juiz Federal:- Mas, em troca disso, ela obteve algum contrato, algumbenefício específico?

José Antônio Marsílio Schwarz:- Nenhum, nenhum."

308. José Adelmário Pinheiro Filho, vulgo Léo Pinheiro, e AgenorFranklin Magalhães Medeiros, Presidente e Diretor da OAS, prestaram um primeirointerrogatório em 14/12/2016 (evento 610) no qual ficaram em silêncio.Supervenientemente, como adiantado (item 31), prestaram novos depoicmentos sob oargumento de que teriam a intenção de colaborar, mesmo sem acordo formal (evento893).

309. José Adelmário Pinheiro Filho, Presidente da OAS ao tempo dosfatos, confirmou que houve o ajuste fraudulento de licitações. Não teria participado dasreuniões, mas teria sido informado pelo Diretor Agenor Franklin Magalhães Medeiros.Também admitiu que foram pagos dezoito milhões à WTorre para que elaabandonsasse o certame

310. Transcreve-se:

"Juiz Federal:- O Ministério Público, ele afirma na acusação que algumas

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empreiteiras se reuniam previamente às licitações da OAS e faziam ajustesem relação a qual empresa iria ganhar ou ter preferência entre elas emrelação a essas licitações, o senhor tem conhecimento a respeito dessefato?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Tenho sim.

Juiz Federal:- A OAS participava desse grupo?

José Adelmário Pinheiro Filho:- A OAS não participava nessa época dochamado clube que existia para as obras de refinarias e outras obras demaior porte na Petrobras. No caso específico no Novo Cenpes e de outras,se não me falha a memória, duas obras, eram obras de edificações onde ogrupo de empresas que teriam sido convidadas pela Petrobras, a maiorianão fazia parte desse clube. Então naquela época houve um entendimento,eu não participei diretamente, mas tive conhecimento de um acordo entretrês grupos de empresas, cada um desses grupos ficaria como ganhadorde uma dessas obras. Era a obra do Novo Cenpes, que a OAS foi a líderjunto com mais quatro outras empresas, uma obra do Centro deProcessamento, Centro Integrado de Processamento de Dados, também daPetrobras, e se não me falha a memória um prédio em Vitória. Então essegrupo de empresas combinaram cada uma dessas, cada um desses gruposficaria com uma dessas obras, e foi combinado isso.

Juiz Federal:- O senhor participou das reuniões?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Não.

Juiz Federal:- E como é que o senhor teve conhecimento desses fatos?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Eu fui comunicado pelo Agenor Medeirosde que estava em curso esses empreendimentos e que possivelmente, setodos estivessem de acordo, nós poderíamos ser ganhadores do prédio doNovo Cenpes junto com mais quatro empresas.

Juiz Federal:- Certo. O senhor chegou a conversar a esse respeito com osexecutivos dessas outras empresas?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Não, eu não.

Juiz Federal:- O senhor, não sei se ficou claro para mim, mas esse acordoque foi feito, ele não estava abrangido dentro daquelas reuniõesperiódicas do chamado clube?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Não, nós na época nós não fazíamosparte do clube, nem as quatro consorciadas nossas, nenhuma delas faziamparte desse grupo.

Juiz Federal:- Então foi um acordo à parte?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Foi um acordo à parte.

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(...)

Juiz Federal:- E consta aqui também na acusação que foi feita a licitação,mas a W. Torre apresentou uma proposta de preço melhor do que a doconsórcio Novo Cenpes, que era composto pela OAS, o senhor teveconhecimento disso na época?

José Adelmário Pinheiro Filho:- É, exatamente, talvez tenha sido o únicoepisódio em que eu tive uma participação direta. Eu fui comunicado quenós teríamos sido, que nós teríamos, perdemos a concorrência e que aempresa W. Torre teria ganhado. Houve recursos interpostos entre asempresas, se não me falha a memória também parece que a W. Torrerecorreu de uma desclassificação e a comissão de licitação deu ganho docertame para ela. Eu recebi uma ligação do Ricardo Backheuser Júnior,da Carioca Engenharia, me dizendo que tinha um entendimento, tinha umrelacionamento com o Walter Torre de outros negócios da Carioca comeles, que eu não sei exatamente quais são, e que ele estaria disposto aabrir mão da posição dele em troca de um pagamento à W. Torre, mas queele queria uma conversa que eu estivesse presente, por ser a OAS a maiorempresa do consórcio, por eu ser acionista da empresa, ele queria quetivesse um respaldo maior nessa combinação que teria sido feita com oBackheuser. E o Backheuser marcou um encontro, eu estive presente juntocom o Agenor Medeiros, o nosso diretor, eu me lembro que o Ricardo nãopôde ir, de última hora não pôde ir. Nós tivemos esse encontro, estavampresentes o Walter Torre e uma outra pessoa que era o presidente, oexecutivo principal. E ele me disse “Olha, o Ricardo me conversou isso, aOAS está de acordo com isso?” eu disse “Não, a OAS está de acordo”,“Então você assume a responsabilidade sobre isso?”, eu digo, “A OAS,como líder do consórcio, você indique alguém da sua empresa, o Agenorsentará com os outros consorciados e se todo mundo estiver de acordopode ter certeza que isso será feito”. Houve isso, houve essa combinação,ficou combinado um pagamento de 18 milhões, esse pagamento foi feito,nós inclusive encaminhamos para o senhor, os nossos advogadosencaminharam para o senhor todos os comprovantes desses contratos edesse pagamento.

Juiz Federal:- 18 milhões?

José Adelmário Pinheiro Filho:- 18 milhões.

Juiz Federal:- E com isso o que aconteceria, a W. Torre sairia docertame?

José Adelmário Pinheiro Filho:- A Petrobras tem um sistema de rebid, dechamar as empresas e renegociar. A W. Torre foi chamada para umarenegociação de preço, ela não aceitou, e nós reduzimos nosso preço paraum preço menor do que o que ela tinha ofertado, com isso o consórcio setornou vencedor.

Juiz Federal:- E esses 18 milhões, como é que eles foram pagos para W.Torre, o senhor se recorda?

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José Adelmário Pinheiro Filho:- Eu tomei conhecimento de, peguei asinformações, porque aí eu já estava na parte operacional, eu já não meenvolvia mais, mas foi feito um contrato com uma das empresas do grupoW. Torre em uma obra que nós estávamos em consórcio com a Carioca e aMendes Júnior, a obra do rodoanel sul em São Paulo. Esse contrato foifeito, contrato de locação e aluguel de equipamentos, e foram pagos em,não sei se em 8 ou 10 parcelas, e esses pagamentos são todoscomprovados com notas fiscais e os pagamentos feitos.

Juiz Federal:- Quem que arcou com esse custo dos 18 milhões, a OAS?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Não, a informação, eu não tenho essainformação precisa, mas na época o que me foi chegado ao conhecimentoé que isso seria rateado pelas 8 empresas, 5 que faziam parte do NovoCenpes e 3 empresas que faziam parte da obra do Centro Integrado deProcessamento de Dados, se não me falha a memória, então essainformação eu não tenho muita segurança, doutor.

Juiz Federal:- Sim, sim.

José Adelmário Pinheiro Filho:- Mas era o que foi me comunicadonaquele momento.

Juiz Federal:- E o senhor sabe como isso foi operacionalizado, acompensação?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Sei, foi feito um contrato nessa obra dorodoanel sul, um contrato fictício porque não houve realização deserviço."

311. Também admitiu que teriam sido pagas vantagem indevidas a agentesda Petrobrás, especificamente para o gerente Pedro José Barusco Filho, relativamente aeste contrato de ampliação do Novo Cenpes. Também teria havido pagamentos paraagentes do Partido dos Trabalhadores, especificamente a Paulo Adalberto AlvesFerreira, mas era Agenor Franklin Magalhães Medeiros quem operacionalizava ospagamentos.

312. Afirma ainda não ter tratado com os executivos das demais empresascomponentes do Consórcio Novo Cenpes desses assuntos, salvo com RicardoBackheuser sobre o pagamento à WTorre.

313. Transcreve-se:

"Juiz Federal:- O senhor tem conhecimento se esse contrato do NovoCenpes com a Petrobras gerou pagamentos de vantagens a agentes daPetrobras?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Tenho sim.

Juiz Federal:- O senhor pode me esclarecer o que que o senhor teve

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conhecimento a esse respeito?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Eu orientei ao diretor superintendente, oAgenor, na época, que fizesse uma provisão nesse contrato de 1 por centopara, que era um conhecido no mercado dos pagamentos que seriam feitosao Partido dos Trabalhadores, então eu disse, “Olha Agenor, era bom noorçamento já provisionar isso, eu não fui procurado por ninguém, maspelo o que se sabe do mercado isso vai acontecer”. E o Agenor foiprocurado por um agente da Petrobras que comunicou a ele que teria umpercentual para o que chamava de Casa, um agente da Petrobras, e issopelo o que eu tenho conhecimento ocorreu e foram feitos essespagamentos através de empresas que o Ministério Público e o senhor játêm conhecimento.

Juiz Federal:- Esse, quem lhe relatou isso foi o senhor Agenor?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Sobre o...

Juiz Federal:- A pessoa a procurar o Agenor.

José Adelmário Pinheiro Filho:- O Agenor foi procurado pelo o senhorPedro Barusco.

Juiz Federal:- Tá, mas o senhor ficou sabendo isso pelo Agenor?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Pelo Agenor Medeiros.

Juiz Federal:- O senhor presenciou o senhor Pedro Barusco, o senhor foiprocurado pelo senhor Pedro Barusco?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Não, não, nunca tive contato com elesobre isso.

Juiz Federal:- Certo. E o senhor sabe se... O senhor mencionou que fezessa provisão para atender ao Partido dos Trabalhadores, o senhor temconhecimento se teve pagamento também da parte política nesse...

José Adelmário Pinheiro Filho:- Teve sim.

Juiz Federal:- Por que o senhor tem conhecimento disso?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Eu tenho conhecimento porque eu fuiapresentado ao senhor Paulo Ferreira, na época, isso deve ter sido 2007.Ele substituiu, ele ia substituir ou já estava substituindo o Delúbio Soaresna tesouraria do PT, então aí foi informado que era para continuar, erapara ter o pagamento de 1 por cento conforme, era uma regra do PT nosprojetos da Petrobras, e isso, pelo o que eu tenho conhecimento, essespagamentos foram executados. Eu não sei lhe precisar exatamente aoperacionalização deles, mas tenho ciência...

Juiz Federal:- Certo. Mas o senhor falou diretamente com o senhor PauloFerreira, ele lhe procurou com essa informação?

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José Adelmário Pinheiro Filho:- Ele me procurou informando que teriaesses pagamentos e eu apresentei ele ao Agenor Medeiros.

Juiz Federal:- E quando ele procurou, a referência dele o que era, era ocontrato da Petrobras, esse contrato da Novo Cenpes ou contratos emgeral, pode me esclarecer?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Não, ele me falou do contrato do NovoCenpes, que teria isso. Eu que sabia que na Petrobras existiam essespagamentos em outros contratos. Naquela época nós não estávamos aindaparticipando do clube, mas queríamos participar, coisa que veio a ocorrerposteriormente, e já sabíamos disso.

(...)

Juiz Federal:- O senhor chegou a tratar desses assuntos com os outrosexecutivos ou dirigentes dessas outras empresas aqui a, o senhormencionou a Carioca que o senhor teve contato com o senhor RicardoBackheuser sobre a questão lá dos 18 milhões, é isso, né?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Isso, exatamente.

Juiz Federal:- E sobre essa questão de propina, agente da Petrobras ou aoPartido Político?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Não, eu nunca tratei com nenhum deles.

Juiz Federal:- Nem com o senhor Ricardo, nem com o pessoal daConstrubase, da Construcap ou da Schahin?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Não, nunca tratei. Eu, não.

(...)

Juiz Federal:- O senhor pode me esclarecer esse contato que o senhor tevecom o Paulo Adalberto, vamos dizer, ele chegava lá para pedir doaçãoeleitoral, como é que era, qual que era o conteúdo dessa conversa que osenhor tinha com ele?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Eu fui apresentado ao senhor PauloFerreira, eu não tenho certeza se foi através do Delúbio Soares, isso eunão posso lhe afirmar categoricamente, porque pode ter sido por outrapessoa do Partido dos Trabalhadores. Essa apresentação foi que o, queele seria o tesoureiro, o secretário de finanças do partido e seria oresponsável por arrecadação de valores de contratos das empresas, nocaso com a Petrobras, para o partido, era essa a colocação.

Juiz Federal:- Mas havia essa referencialidade específica a contratos daPetrobras?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Sim.

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Juiz Federal:- Era um percentual em cima do contrato?

José Adelmário Pinheiro Filho:- 1 por cento.

Juiz Federal:- E isso era colocado de forma clara na conversa?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Muito clara, muito clara, eu não tinhadúvida, e eu tinha conhecimento disso porque o mercado todo jácomentava sobre isso.

Juiz Federal:- E o senhor está falando que a sua empresa pagou entãoessa vantagem aos agentes da Petrobras e ao partido político, nesse casodo Novo Cenpes o senhor sabe qual que foi o percentual, o senhormencionou a provisão de 1 por cento?

José Adelmário Pinheiro Filho:- 1 por cento.

Juiz Federal:- Mas essa provisão de 1 por cento abrangia a contribuiçãoa ambas, ao partido e aos agentes da Petrobras?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Não, pelo meu conhecimento somentepara o partido.

Juiz Federal:- E para os agentes da Petrobras?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Eu não sei lhe dizer se era 1 ou poucomais de 1 por cento, eu não posso lhe afirmar isso, não fui eu que tratei.

Juiz Federal:- Mas o senhor mencionou que o senhor sabe que ele foiprocurado...

José Adelmário Pinheiro Filho:- Que eu tinha conhecimento.

Juiz Federal:- O senhor Agenor.

José Adelmário Pinheiro Filho:- Foi procurado pelo Pedro Barusco, oAgenor me disse que tinha tido um encontro com Pedro Barusco, ele tinhainformado que deveria ser feito um pagamento sobre cada recebimento emfunção de uma regra que existia de pagamento das empresas, é o que eleschamavam da Casa, eu não sei exatamente o que era isso.

Juiz Federal:- E o senhor autorizou esse pagamento?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Autorizei.

Juiz Federal:- E qual que foi o... O que que a empresa ganhava com isso,pagar ao partido ou pagar aos agentes da Petrobras?

José Adelmário Pinheiro Filho:- No caso da Petrobras há uma... Vocênão... desculpe, para a gente não ter um prejuízo durante a execução daobra, de algumas coisas, tipo, os aditivos, os pagamentos, está certo, as

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medições, porque era uma regra de mercado, não é que a empresaquisesse ou não quisesse, existia uma ampla combinação, está certo, deque todas as obras da Petrobras teriam esses pagamentos, então...

Juiz Federal:- Mas, por exemplo, o senhor recebeu alguma ameaçaalguma vez, "ou paga ou não tem contrato", "ou paga ou não tem aditivo","ou paga ou não tem alguma coisa"?

José Adelmário Pinheiro Filho:- Não, isso não."

314. Agenor Franklin Magalhães Medeiros, em seu interrogatóriojudicial (evento 893), declarou que, ao tempo dos fatos, era Diretor de Óleo e Gás naConstrutora OAS. Confirmara o ajuste fraudulento de licitação para obtenção docontrato para ampliação do Novo Cenpes e que ele fez parte de um ajuste maior quetambém abrangia a definição de preferênicas para a construção da sede da Petrobrásem Vitória e do CIPD - Centro Integrado de Processoamento de Dados no Rio deJaneiro. Participou das reuniões. Reconheceu ainda o pagamento à WTorre. JoséAdelmário Pinheiro Filho tinha conhecimento dos ajustes, bem como do pagamento àWTorre. Os executivos Edison Freire Coutinho, Genésio Schiavinato Júnior, RicardoPernambuco e Roberto Ribeiro Capobianco participaram das reuniões e tinhamconhecimento do ajuste fraudulento, bem como do pagamento à WTorre. Transcreve-se:

"Juiz Federal:- Certo. Essa acusação específica diz respeito a umcontrato, contrato do Novo Cenpes, que a OAS teria ganho essa licitaçãojuntamente com uma, outras empresas, como a Carioca, Construbase, osenhor participou desses fatos?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Participei, excelência, eu gostariade fazer um relato na cronologia dos fatos. Tem a fase pré-contrato e afase pós-contrato. Na fase pré-contrato, primeira reunião que euparticipei para tratar desse tema foi no primeiro semestre de 2006, nasede do Sinduscon – Sindicato da Indústria de Construção Pesada, nocentro do Rio de Janeiro, que era presidido nessa época pelo senhor LuizFernando Santos Reis, da Carioca de Engenharia. O senhor LuizFernando dos Santos Reis comandou essa reunião. Nessa primeirareunião participaram 8 empresas. As empresas convidadas para essalicitação não eram aquelas empresas que dominavam, aquelas 9 empresasque dominaram na época o mercado de refino, por quê? Porque essasobras tinham características diferentes, não eram obras da áreaindustrial. E quais foram essas 8 empresas? Odebrecht, AndradeGutierrez, Queiroz, OAS, Camargo Corrêa, mais Carioca, Hochtief eRacional, 8 empresas, então esse foi o primeiro contato que eu tive comesse tema. Naquela oportunidade se discutia 4 obras que seriam licitadaspela Petrobras, que estavam no seu plano de negócios. Seria a sede deVitória, o CIPD do Rio de Janeiro, Centro Integrado de Processamento deDados, o Novo Cenpes e a sede de Santos, então esses 4 pacotes. Naquelaoportunidade as empresas já se posicionaram com relação às suas

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preferências, a Odebrecht, a Camargo e a Hochtief deram preferênciapela sede de Vitória que seria a primeira a ser licitada. A Carioca e aOAS deram preferência pelo Cenpes, a Andrade Gutierrez e QueirozGalvão preferiram o CIPD, e a Racional, por ser uma empresa paulista,optou pela sede de Santos. Então esse grupo de empresas se associou ecombinou, depois houve várias outras reuniões para tratar desse tema,novas empresas se incorporaram, esse grupo de 8 empresas passou a serum grupo de 12, foi incorporado pela Mendes Júnior, Schahin,Construcap e Construbase, então o grupo de 12 empresas se acertarammutuamente para fraudar a licitação e assim se fez.

Juiz Federal:- Essas 4 licitações?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Exatamente.

Juiz Federal:- Ou seja, definir as preferências e as outras empresasrespeitavam?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Respeitavam e houve, asempresas se cobriram mutuamente para que isso ocorresse.

Juiz Federal:- Todas as empresas componentes desse grupo sabiam desseajuste?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Todas elas, cem por cento. Depoisuma outra empresa...

Juiz Federal:- Por exemplo a Construbase, a...

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Desde o primeiro momento, desdeo primeiro momento sabiam.

Juiz Federal:- Porque, o senhor mencionou, elas entraram depois, não é?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Entraram um pouquinho depois,eu estou tratando do primeiro semestre de 2006. Essa concorrênciaocorreu em setembro de 2006, setembro de 2006. Então em setembro de2006 essas novas empresas já estavam incorporadas.

Juiz Federal:- E houve, nessas reuniões de ajuste o senhor sempre estevepresente?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Eu estive presente, excelência, eudiria que na maioria delas, eu não sei se participei de todas. A maioria...

Juiz Federal:- Quem se fazia presente pela Carioca?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Pela Carioca se fazia presente osenhor Ricardo Pernambuco. No primeiro momento foi coordenado pelosenhor Luiz Fernando Santos Reis.

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Juiz Federal:- Quem se fazia presente pela Construcap?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Pela Construcap, o senhorRoberto Capobianco.

Juiz Federal:- Pela Construbase?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Construbase, o senhor GenésioSchiavinatto.

Juiz Federal:- E pela Schahin?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Pela Schahin, o senhor EdsonCoutinho.

Juiz Federal:- Essas pessoas que o senhor mencionou, o senhor podeafirmar com certeza que eles tinham conhecimento desses ajustes?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Absoluta, tanto é que a primeiraconcorrência da sede de Vitória, as empresas que deram cobertura, aCarioca formou um consórcio com a OAS, deu proposta de cobertura. ARacional, a Construbase e a Andrade Gutierrez também deram propostade cobertura, isso em setembro de 2006, que antecedia a proposta doNovo Cenpes, que surgiu depois.

Juiz Federal:- O senhor Leo Pinheiro...

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- A Schahin também deu propostade cobertura nessa área.

Juiz Federal:- O senhor Leo Pinheiro tinha conhecimento disso?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Ele tinha conhecimento.

(...)

Juiz Federal:- Mas aí ela apresentou uma proposta com preço menor, nãoé, a W. Torre, como é que isso foi resolvido?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Ela apresentou a proposta compreço menor, muito menor do que o nosso. O que que ocorre? Ela foidesclassificada no primeiro momento por questões de documentação,depois ela recorreu, o recurso dela foi atendido pela Petrobras, ela voltoua figurar no primeiro lugar, nós estávamos em segundo, então a partir domomento em que ela passou a figurar em primeiro lugar a licitação estavaperdida para nós, estava liquidada. Foi aí que surgiu uma notícia quealgumas pessoas do consórcio, do nosso, que era um grupo de 12empresas... Nessa última, na nossa proposta, as 8 empresas que faziamparte do consórcio do Novo Cenpes, que eram essas 5 que eu citei, e a doCIPD, que viria logo a seguir, a do Centro Integrado de Processamento deDados, que era formado pela Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão eMendes Júnior, essas 8 empresas se uniram para que essas duas

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concorrências dessem certo. Foi aí que o senhor Antônio Pedro, que tinhaalgum conhecimento, alguma ligação com a Walter Torre, e o senhorEdson Coutinho tentaram um contato com ele no sentido que ele desistisseda proposta dele. Como isso seria feito? Outra informação importante queo senhor João Augusto Rezende nos deu, ele nos informou o seguinte,“Procure lá o José Carlos Amigo e apresente um desconto”, nósestávamos em segundo lugar. E assim foi feito, um gerente nosso procurou,tem ata de reunião que confirma isso, procurou o senhor José CarlosAmigo para apresentar um desconto. Aí o senhor José Carlos Amigo deu aseguinte informação, “Primeiro nós vamos ter uma reunião com a WalterTorre para ver se ela dá um desconto, ela não dando um desconto aí vocêsviriam em seguida e dariam um desconto que fosse possível”. Nesseintervalo nós procuramos, porque a ação do senhor Antônio Pedro, daAndrade Gutierrez, que era o líder do outro consórcio, (incompreensível),foi mal sucedida, eles não tiveram sucesso. Foi aí que eu fui convidadopara um café da manhã com Leo Pinheiro e o senhor Walter Torre noHotel Blue Tree, na Avenida Faria Lima, em São Paulo. Nesse café damanhã o senhor Walter Torre estava acompanhado do senhor Paulo Remy,que era o CEO da Walter Torre na época, e nesse café da manhã ficoudefinido e acordado que a Walter Torre daria... que ela não daria odesconto e, em função disso, nós teríamos o compromisso e acordamosnaquela data de pagar 18 milhões à Walter Torre.

Juiz Federal:- Como é que chegou nesse valor de 18 milhões?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Esses 18 milhões, excelência, foifeito um exercício, qual seria esse exercício? É como se a Walter Torrefosse uma sexta empresa, considerando uma obra da ordem de 850, quefoi o contrato assinado, 849 mas que com aditivos chegaria a 1 bi... Olucro simulado, vamos supor, o resultado simulado de 10 por cento, então10 por cento de 1 bilhão seria 100 milhões, dividido por 6 daria qualquercoisa na ordem de 18 milhões, 17 ou 18 milhões, então o número partiudaí. E ela aceitou.

Juiz Federal:- Como que foi passado os 18 milhões para a W. Torre?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Os 18 milhões, logo depois daassinatura do contrato, eu pessoalmente fui com Mateus Coutinho na sededa Walter Torre, que fica no Morumbi, ao lado da sede do Carrefour,apresentei Mateus Coutinho ao senhor Paulo Remy para que essepagamento desses 18 milhões fosse operacionalizado. A partir daí eusoube depois que isso foi feito através de uma empresa chamada ZeterTerraplanagem do grupo Walter Torre, que foi feito um contrato na obrado rodoanel do estado de São Paulo, onde a OAS era líder associada àCarioca de Engenharia e à Mendes Júnior. Então esse contrato, eu soubeque foi, esse pagamento dos 18 milhões foi feito dessa forma.

Juiz Federal:- Esse custo dos 18 milhões foi arcado por todas as empresasdesse grupo dessas duas licitações?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Foi arcado pelo grupo de 8empresas, que ficou combinado com o senhor Antônio Pedro, que era do

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outro consórcio e do nosso consórcio também. Todos sabiam previamentedesse encontro, que nós teríamos esse café da manhã, e aprovaram que ovalor poderia atingir no máximo até 20 milhões, e foi acertado 18. Comofoi feito esse pagamento pelas 8 empresas, como foi feito? Em primeirolugar, das 8 empresas, no consórcio do rodoanel já tinham 3, então jáhaveriam uma compensação natural ali. Uma das empresas, que é aMendes Júnior, fazia parte do consórcio do CIPD, que representava aAndrade Gutierrez e a Queiroz Galvão, então ela ficou também de seacertar lá no consórcio dela. Então já temos aí 5 empresas que estariam,teriam uma compensação natural. Como foi a compensação das outras 3empresas do nosso consórcio do Novo Cenpes, que seriam a Carioca... ACarioca não, que a Carioca já estava lá não é? Seria a Schahin, seria aConstrubase e Construcap. Essa compensação foi feita no consórcio NovoCenpes porque nesse consórcio, embora cada empresa tivesse 20 porcento, as empresas aportam recursos, isso é todo consórcio acontece isso,de formas diferenciadas, de acordo com as suas disponibilidades de mãode obra, de equipamentos, de recursos. Então as empresas aportam efazem compensações dentro do próprio consórcio, se eu aporto maisrecursos internamente se faz a compensação, eu coloquei mais recursos doque os meus 20 por cento, então o consórcio nos reembolsa, reembolsacada empresa por aquilo. Então isso foi feito pela equipe da obra, eu tiveconhecimento depois, e isso pode ser anexado ao processo, e o fato é queninguém reclamou, esses 18 milhões cada empresa arcou com 2 milhões e250 mil, vezes 8 então dá os 18 milhões."

315. Em outro trecho do interrogatório, Agenor Franklin MagalhãesMedeiros confirmou o pagamento de vantagem indevida a agentes da Petrobrás e aagentes do Partido dos Trabalhadores. O acerto foi feito com Pedro José Barusco Filho.Afirmou que a OAS se encarregou do pagamento da parte dela e também daConstrubas. As outras empresas se encarregavam de pagar a parte delas. Transcreve-se:

"Juiz Federal:- Outra questão, houve pagamento de valores a agentes daPetrobras por conta dessa obra do Novo Cenpes?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Aí é que tem a fase pré-contrato ea fase pós-contrato. Na fase pré-contrato, antes da apresentação daproposta, o senhor Pedro Barusco me procurou, a proposta foiapresentada em junho de 2006, ele me procurou por volta de dias antes daapresentação da proposta, uma semana, por aí, me procurou, eu estivecom ele na sede, no escritório dele na Petrobras, eu o conhecia pouconessa oportunidade porque era a primeira obra praticamente que nósliderávamos, aquelas obras que os outros lideraram, quem fazia osacertos com Barusco e com os agentes da Petrobras eram os líderes. Nomeu depoimento passado eu comentei isso aqui, eu não tive nenhumcontato com nenhum agente da Petrobras na obra da Repar e na obra daRnest, não tive. Nesse caso específico era a primeira, o senhor PedroBarusco me procurou e me disse “Olha, é preciso, caso vocês sejamvencedores, pagar à título de comissão o valor de 2 por cento”.Conversamos e negociamos que esse valor de 2 seria 1,75 por cento parao senhor Pedro Barusco, ele disse que seria uma comissão para a Casa,comissão para a Casa. Associado a isso Leo me pediu para que

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contingenciasse 1 por cento para o PT, então seria 1,75 por cento para aCasa através do senhor Pedro Barusco e 1 por cento para o PT. Essesomatório daria 2,75 por cento, nós contingenciamos esse valor nofechamento da proposta, todos os participantes das empresas que fizeramparte do consórcio sabiam e participaram do fechamento da proposta, eesse valor foi contingenciado. Não só esse valor, nós multiplicamos essevalor de 2,75 por 1.25, por quê? Seria o custo para operar essas notasnesse caso específico desse contrato, no caso específico desse contrato,seria o custo para operar notas frias para poder gerar recurso para poderpagar esses compromissos. Então somando 2,75 por 1.25 dá exatamente3,43 por cento, esse valor foi contingenciado na proposta.

Juiz Federal:- O senhor sabe como foi operacionalizado o pagamentoentão para Casa daí, para o senhor Pedro Barusco ou para outros agentesda Petrobras?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Eu sei. Bem, então nós falamos aído pré-contrato, do Walter Torre, agora vamos falar do pós-contrato, pós-contrato. Após ganharmos a obra, essa obra, nós assinamos esse contratoem janeiro de 2008, valor inicial de 849 milhões e com aditivos de doisIPTEJs, IPTEJ é instrumento particular de transação extrajudicial. Essesdois valores totalizaram, dos IPTEJ, 228 milhões, mais os aditivos, essecontrato atingiu o valor de 1 bilhão, 252 milhões, embora a denúncia faleem 1 bilhão e 50, mas foi 1 bilhão e 252. Após a assinatura do contrato osenhor Pedro Barusco pediu o seguinte, “Olha, quem vai operacionalizaros valores que eu tenho a receber é o senhor Mário Góes”. O senhorMário Góes me procurou e me disse “Olha, eu quero centralizar ainformação, que eu não vou falar com 5, quero centralizar em você que éo líder”. Eu procedi dessa forma, embora cada empresa pagou os seus 20por cento, a OAS não pagou por ninguém além dos seus 20 por cento. Euprocedi dessa forma mas isso durou pouco pela incompatibilidade, tinhaempresas de São Paulo, Schahin, Construbase e Construcap de São Paulo,fizeram seus primeiros pagamentos em São Paulo. Então eles meinformavam, eu informava a Mário Góes, Mário Góes vinha receber, saíado Rio para receber em São Paulo nos endereços dados por essasempresas. Então, o que é que ocorre, a partir de um determinadomomento, Mário Góes falou, “Olha, está impossível, primeiro que tem umcusto para ir buscar esse dinheiro em São Paulo, terceiro eu não tenhoquem faça isso em São Paulo”. A partir daí eu também falei com ele “Eunão quero, está difícil pra mim fazer interlocução, não vou fazerinterlocução com 5 empresas, vou me responsabilizar pelo recurso daOAS”. A partir daí ficou a Carioca, porque ele tinha relações antigas, osenhor Luiz Fernando dos Santos Reis e outros executivos da Cariocatinham relações antigas com o senhor Mário Góes e Barusco certamente,o senhor Edson Schahin tinha relações muito próximas com o senhorMário Góes e com Pedro Barusco, jogavam golfe lá no clube de golfe,então as duas cariocas estão aqui... A Construcap tinha relação com oBarusco, eu nunca soube como eles se acertavam, tinha relação com oBarusco, eu nunca soube. A OAS passou a fazer essa interlocução apenaspela Construbase porque eles não queriam fazer essa relação com aConstrubase. Com a Construbase a OAS intermediou parte dessespagamentos, recebia no Rio de Janeiro, pagava em São Paulo, no

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endereço indicado pelo senhor Mário Góes, na Rua do Carmo, ele sempredava esse endereço, Rua do Carmo, e a área que cuidava disso na OAStinha a demanda e pagava lá nesse local.

Juiz Federal:- Pagava em espécie, então?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Pagava em espécie, eu soube atédepois que teve contratos com a Rio Marine de Mário Góes também paraproceder alguns pagamentos também, não sei exatamente quanto, nem sei,mas acho que a maior parte foi em espécie."

316. Confirmou também que os contratos do Consórcio Novo Cenpes comas empresas de Rodrigo Morales e Roberto Trombeta foram fraudulentos e que tinhapor objetivo gerar recursos para o pagamento de um lobista para auxiliar junto aagentes da Petrobras a aprovação de um aditivo ao contrato:

"Juiz Federal:- A denúncia fala num contrato do consórcio Novo Cenpescom empresas do Rodrigo Morales e Roberto Trombeta, MRTR e Moralese de Paula.

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Excelência, essa é outra demandapós-contrato que merece um capítulo à parte.

Juiz Federal:- Certo.

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Em função dos atrasos nasaprovações de aditivos, muitos deles legítimos, a obra sofreu muito commudanças de projetos, a estrutura de cobertura mudou radicalmente,então a obra chegou a ficar negativa quase que 200 milhões, a maioriadas empresas não tinha capital para aportar. A OAS, como líder, para nãodeixar a obra parar, ela às vezes aportava até mais do que podia, issoestava gerando um problema gerencial, paralisar uma obra dessas é opior dos cenários porque tem que demitir todas as pessoas e depoisrecontratar. Eu procurei pessoalmente o senhor Renato Duque e falei “Pô,não dá porque eu não posso, a OAS não aguenta suportar os aportes queos outros não estão fazendo”. Um dos exemplos é que a Schahin nãoaportou e tinha no instrumento de constituição de consórcio umapenalidade para aquelas empresas que não aportavam, e ela foipenalizada. Então em função dessas dificuldades criadas pela demora nasaprovações dos aditivos, foi aí que surgiu uma pessoa por nome Walter,que eu não conhecia, da TKK, procurou o nosso gerente, Ailson Agib, naépoca era o diretor do projeto lá, nosso gerente local, oferecendo 3 porcento para poder aprovar o aditivo de maior valor. Esse aditivo setransformou depois num IPTEJ, instrumento particular de transaçãoextrajudicial. Então Ailson veio com essa demanda para mim, falou, “Pô,tem um cara aí que se propõe a agilizar o processo de aprovação desseaditivo”, eu falei “Mas, como?”. Aí ele levou essa pessoa, o Walterapresentou ao Ailson Agib uma pessoa, um lobista chamado AntônioGoulart, tem registro de entrada dele no nosso escritório. Ailson levou nonosso escritório no Rio de Janeiro, aí ele me falou, “Olha, eu tenho comoajudar”, “Mas como?”, “Não, tem um gerente...”, que era um gerente da

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área de refino que cuidava dessa obra do Cenpes, “Ele", FernandoBarros, gerente da área de refino da Petrobras, "ele tem como agilizar, eleé o responsável hoje”, “Mas, ajudar como?”, eu falei “Me chama oFernando Barros aqui que eu quero saber como é que ele ajuda”. Aí elefalou, “Ele não vai se abrir pra você”, aí eu falei, “Então como é que euposso seguir em frente?”. Aí ele falou “Vou marcar um encontro com ele,pense aí no nome de um time de futebol que não seja tradicional no Rio deJaneiro”, “Canto do Rio”, aí ele falou “Eu vou marcar um encontro, vocêvai perguntar a ele para quem ele torce, ele vai responder que torce parao Canto do Rio”. Aí marcamos num café, na Confeitaria Colombo, naparte da tarde, isso precedeu a aprovação desse IPTEJ, e aí fui, eu estivecom o senhor Fernando Barros. Eu já o conhecia porque eu tinha estadolá, mas fui mal recebido, assim, friamente, tal, nada evoluiu, eu tinhaestado no escritório dele. Aí eu perguntei, “Fernando, você torce para quetime?”, “Canto do Rio”. A senha estava dada. Aí eu perguntei a ele “Osenhor Antônio Goulart nesse tema fala por você?”, ele falou “Fala”.Então ali estava claro que a... Aí, o que é que eu fiz, procurei o AilsonAgib e disse, “Olha, Fernando Barros se mostrou a pessoa que podeacelerar isso aí”. Fernando Agib fez, deu sequência na obra, fez peloconsórcio, não foi pela OAS, fez pelo consórcio, fez 4 contratos, Álamo,MRTR, TKK e Morales e de Paula, esses 4 contratos feitos mais ou menosna mesma época que foi aprovado o aditivo, depois eu chego no momentopara aprovar esse aditivo, somados dão os 3 por cento do valor de 226milhões que foi o Iptej aprovado no dia 30/11/2012 e pagos 10 diasdepois, no dia, aproximadamente no dia 10 de janeiro... 30/12/2011,30/12/2011. 10 de janeiro de 2012 foi pago esses 226 milhões, 10 diasdepois, que constava lá no instrumento particular de transaçãoextrajudicial.

Juiz Federal:- Então nessa ação penal 5037800, continuidade dodepoimento do senhor Agenor Franklin Magalhães Medeiros. SenhorAgenor, mas o consórcio já pagava o Pedro Barusco, aí não podia usar oPedro Barusco para agilizar esse aditivo?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Não, o Pedro Barusco continuourecebendo pelo valor total do contrato, inclusive esse valor. Então alémdesses 3 por cento foi pago 1,75 por cento. Esses 3 por cento incidiuapenas nesse IPTEJ de 226 milhões.

Juiz Federal:- E não podia ter usado o Pedro Barusco para agilizar esseaditivo?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Ele já tinha saído. Aí que entra asequência, o senhor Pedro Barusco saiu por volta de abril de 2011, issoocorreu em 30/12/2011, ele já tinha saído. Aí quem entrou no lugar dele?O senhor Roberto Gonçalves. O senhor Roberto Gonçalves era muitoligado ao senhor Mário Góes, eu tinha pouco acesso ao senhor RobertoGonçalves. Mário Góes simplesmente me dizia o seguinte, “Olha, osenhor Roberto Gonçalves, vai substituí-lo, vai continuar ajudando”, eufalei “Mas eu preciso ter algum acesso a ele”, ele, “Qualquer coisa quevocê precisar, fale comigo”. O fato é que o senhor Roberto Gonçalvesmudou a equipe da obra do Novo Cenpes antes da aprovação desse

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IPTEJ, ele mudou a equipe, e as coisas fluíram mais termos demorosidade, em termo de morosidade. Então, incomodado com aquilo, euprocurei o senhor Renato Duque e falei, “Doutor Duque, nós procedemosum acerto que nós tivemos com o Barusco, pagar 1,75 por cento no valordesse contrato, eu quero saber o seguinte, esse procedimento está correto,continuamos assim?”. O senhor Renato Duque afirmou, respondeuafirmativamente, “Pode continuar dessa forma”, e assim continuou.

Juiz Federal:- E ele continuou utilizando o Mário Góes, então?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- O Mário Góes, continuamosutilizando o Mário Góes até o final do contrato. No caso específico dessevalor de 226 milhões do IPTEJ, aí foi utilizado outro caminho, o senhorAntônio Goulart juntamente com o senhor Fernando Barros.

Juiz Federal:- Certo. E o senhor tem conhecimento como as outrasempresas do consórcio operacionalizaram esses pagamentos?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Olha, a informação que eu tenhoé que algumas delas, a maioria pagou em espécie, e nos autos me pareceque está aí a Andrade Gutierrez pagou através de uma empresa chamadaMaranelle, Maranelle, no interior, então eu não tenho detalhes,excelência, eu tenho detalhes do nosso valor e que nós intermediamos oda Construbase."

317. Também declarou que o contrato gerou pagamentos de propinas aoPartido dos Trabalhadores. Teria tratado com Paulo Adalberto Alves Ferreira esuceessivamente com João Vaccari Neto. Mesmo essa parte, cada empresa cuidou desuas responsabilidades:

"Juiz Federal:- Além do pagamento aos agentes da Petrobras, o senhortem conhecimento sobre pagamento também para algum partido políticoou para algum agente político?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- No caso, o PT. Como aconteceucom o PT? O caso do PT foi contingenciado 1 por cento, cada uma dasempresas tinha seus canais com o PT, eu não me envolvia com valores dasoutras empresas, o nosso valor sim. Num contrato de 1 bi e 250, 20 porcento para cada empresa dá 250 milhões, então a parte da OAS... naépoca o tesoureiro era o senhor Paulo Ferreira, logo em seguida veio osenhor João Vaccari. Eu pessoalmente, por ter um grupo de 5 empresas,entreguei algumas vezes na sede do PT, ao senhor Paulo Ferreira, arelação dos valores recebidos mensalmente, para que ele procedesse eprocurasse cada empresa para poder fazer, porque nós não íamos nosenvolver pela nossa empresa. No nosso caso, isso entrava no caixa, caixaúnico que nós tínhamos, que a OAS tinha do PT, e esse caixa único era,como tinhas outras obras do PT conforme já no meu último depoimentofoi dito aqui, esses pagamentos eram feitos pela OAS através defornecedores, doação oficial, caixa 2, procedimentos que não eram daminha competência.

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Juiz Federal:- O senhor falou diretamente com o senhor Paulo Ferreirasobre pagamentos em cima do contrato do Novo Cenpes?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Lógico, falei, falei, tanto é que euapresentava para ele os recebimentos e ele procedia assim com as outrasempresas, eu falei.

Juiz Federal:- Era esse valor de 1 por cento que o senhor mencionou?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- 1 por cento para cada empresa.

Juiz Federal:- Esses valores eram para o partido ou eram pra elepessoalmente, o senhor tem conhecimento?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Olha, excelência, eu acho quehouve uma certa... Nesse caso específico do Cenpes, o senhor PauloFerreira, em 2009, ele era candidato a deputado federal. Então euacredito que tenha havido uma mistura aí, porque ele como candidato, euapresentei ele a Mateus Coutinho da OAS e Mateus me disse que eleapresentou alguns fornecedores para poder, parte desse valor, se pagar.Então certamente ele, alguns fornecedores de campanha dele forampagos, parte desse valor foi pago através do senhor Paulo Ferreira,valores que ele indicava. Não sei exatamente quais foram essas empresase nem... Agora, outra coisa que eu quero registrar, excelência, essas 5empresas, Morales e de Paula, TKK, eu não conheço nenhuma delas,nunca tive conhecimento de operações com essas empresas, tive depoisque já os fatos já haviam ocorrido.

(...)

Juiz Federal:- Quantas vezes o senhor conversou com o senhor PauloFerreira sobre essas contribuições?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Inúmeras, porque esse contratodurou 4 anos e meio, começou em janeiro de 2008 e foi até meados de2012.

Juiz Federal:- E ficava claro na conversa que não estavam tratando,vamos dizer, que estavam tratando de valores em cima do contrato doNovo Cenpes, dos contratos da Petrobras?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Claríssimo, claríssimo, emborativesse outros contratos da OAS, quer dizer, não tinha um controleespecífico de um contrato, era um, entrava num consolidado, que nóstínhamos um planejamento estratégico, onde no nosso planejamentoestratégico da OAS, nós temos um rubrica lá para esse fim, até para que aárea que cuide disso saiba exatamente quanto é que vai, qual é a demandaque vai ter anualmente. Então isso entrava num consolidado da empresade que a forma que a área responsável tentasse fazer, viabilizar, saber otamanho do problema que ela tinha."

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318. Apresentou, por fim, a seguinte explicação para os pagamentos:

"Juiz Federal:- Não? Bem, por que pagavam aos agentes da Petrobras epor que pagavam a parte política?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Excelência, por que pagavam?Não pagar... As empresas tinham medo de não pagar também porque nãopagar poderia ser uma ameaça para quem não pagasse. Os aditivos, eleseram aprovados de forma muito lenta, não sei se propositadamente,muitos dos aditivos eram legítimos, não estou dizendo que não tenha tidoirregularidade, então essas dificuldades... Se a outra empresa paga, se aoutra paga e a outra paga, o conceito era esse, então todas pagavamporque, era uma coisa errada, hoje nós sabemos que é errado, naquelaépoca já sabíamos que não era correto, é crime, mas a corrupção...

Juiz Federal:- Mas chegou a ter alguma, vamos dizer assim, no caso doPedro Barusco, por exemplo, ele chegou a ameaçar o senhor ou transmitiralgum recado?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Ameaçar não, mas quando ele mefez aquela proposta, além de ser um pedido, eu entendi naquelaoportunidade que era uma exigência, que se não pagasse teriamdificuldades.

Juiz Federal:- Mas ele chegou a afirmar que teria dificuldades?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Não, não afirmou.

Juiz Federal:- Implícito, então?

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Exatamente."

319. No seguinte trecho, deu detalhes sobre a participação de GenésioShiavinato Júnior:

"Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Os fatos que ocorreram,testemunho, é comprovado, as decisões do consórcio eram colegiadas,quem tinha 20 por cento, embora tivesse a liderança, não tinha poder dedecisão nenhum, não tinha nenhum poder de decisão, tudo era decididocolegiadamente. Um contrato que foi feito com a Trend, por exemplo, foiassinado pelas 5 empresas em janeiro de 2007, que procedeu a licitação.Posteriormente, após ganho o contrato, com essa mesma Trend foiassinado um contrato, assinado pelas 5 empresas dentro do consórcio,todos sabiam previamente, e outras coisas mais. O contrato que o senhorWalter Torre, o senhor Edson Coutinho afirmou que após um acerto queele diz ter tido com Walter Torre na sede da Walter Torre, quem deucarona para ele? Ele afirma, o senhor Genésio foi busca-lo na sede daWalter Torre. Então o senhor Genésio, ele nega, ele nega que tenha sidopago valor ao PT de 1 por cento, ele nega que tenha havido pagamento,acertos com a Walter Torre, ele nega que tenha sido feitos pagamentos aosenhor Pedro Barusco, ele diz, embora o senhor não seja defensor, então

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prefiro responder ao defensor...

Defesa de Paulo Ferreira:- Não, perfeito, opção sua.

Agenor Franklin Magalhães Medeiros:- Ele diz que tinha uma dívida de 2milhões de proposta, pela proposta do Novo Cenpes, e mais 2 milhões deproposta, pela proposta do CIPD, só que ele representa 20 por cento, porque essa dívida foi cobrada apenas à Construbase e não foi cobrada àCarioca, à Schahin e à Construcap? Ele alega que entrou no consórcio emfevereiro de 2007, mas a Construbase apresentou proposta de coberturaem setembro de 2006 para a obra da sede de Vitória. A Construbaseassinou em janeiro de 2007 contrato com a Trend, como é que ele diz queentrou tardiamente? Ele entrou desde os primórdios. Ele, quando merefiro, é à Construbase, representada por ele."

320. Renato de Souza Duque, Diretor de Serviços e Engenharia daPetrobras, também ficou em silêncio em um primeiro interrogatório em 14/12/2016(evento 610), mas, tendo em vista ter manifestado sua intenção de colaborar, mesmosem acordo de colaboração, prestou novo interrogatório (evento 893).

321. Declarou em síntese que foi Diretor da Petrobrás entre 2003 e 2012 eque havia a prática sistemática de recebimento de vantagem indevida por agentes daestatal no período. Ele mesmo era um dos beneficiários. Pedro José Barusco tambémera e agia ainda como "braço operacional". Metade da vantagem indevida era destinadaa agentes do Partido dos Trabalhadores. Confirmou que os acertos abrangeram ocontrato de ampliação do Cenpes. Admitiu que mantinha contas secretas no exteriorcom milhões de dólares ou euros de propinas. Relativamente às propinas do contratode ampliação do Cenpes, teria conversado somente com Agenor Franklin MagalhãesMedeiros após a saída de Pedro José Barusco Filho da Petrobras. Não teria tratado comos demais executivos.

322. Segundo ele, os pagamentos eram feitos porque haviam se"institucionalizado".

323. Declarou ainda que ouviu dizer de Agenor Franklin MagalhãesMedeiros e de João Vaccari Neto do envolvimento de Paulo Adalberto Alves Ferreira,mas que não tratou com o último a respeito de acertos de corrupção.

324. Transcreve-se somente a parte relativa ao papel, segundo ele, dePaulo Adalberto Alves Ferreira, e ainda dos motivos dos pagamentos:

"Juiz Federal:- E o senhor conversou com ele expressamente sobrevalores de contribuições de empresas em decorrência de contratos daPetrobras?

Renato de Souza Duque:- Não, senhor.

Juiz Federal:- Não?

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Renato de Souza Duque:- Não.

Juiz Federal:- E o que que era conversado então nesses encontros entre osenhor e ele?

Renato de Souza Duque:- Como eu disse, poucos encontros, o Pauloqueria saber mais a situação da Petrobras, investimentos futuros, como éque, a questão estratégica da Petrobras, a questão operacional decontratos específicos não era necessário que eu passasse pra ele, que elemesmo se encarregava de conversar com as empresas.

Juiz Federal:- Mas ele tratou com o senhor sobre isso, sobre contratosespecíficos?

Renato de Souza Duque:- Não, não, senhor.

Juiz Federal:- E qual era o interesse dele na questão estratégica deinvestimentos, em ter essa conversa com o senhor?

Renato de Souza Duque:- Ele era do Partido dos Trabalhadores, eu achoque ele tinha interesse em saber qual era... Para onde a Petrobras estavacaminhando para saber talvez quanto que ele poderia arrecadar, ele era otesoureiro do partido nessa ocasião.

Juiz Federal:- Mas ele falou alguma vez ao senhor sobre essa questão daarrecadação?

Renato de Souza Duque:- Não, especificamente não.

Juiz Federal:- Alguém falou ao senhor ou o senhor teve conhecimento deque ele era um dos responsáveis no partido para fazer essa arrecadação?

Renato de Souza Duque:- Não, ele era o tesoureiro, ele era o tesoureiro eera o responsável, eu sabia que ele era o responsável em substituição aoDelúbio.

Juiz Federal:- Quando que ele foi substituído nessa função pelo senhorVaccari, o senhor se recorda?

Renato de Souza Duque:- O Vaccari, ele começou a fazer a arrecadaçãode fundos ou de dinheiro na Petrobras antes de ser tesoureiro do Partidodos Trabalhadores. Eu me recordo, como eu já disse aqui em outraocasião, que em 2007 eu fui chamado a Brasília pelo então ministro PauloBernardo e foi ele que me comunicou que por orientação do presidenteLula, o Vaccari seria o encarregado do partido para arrecadação naPetrobras."

325. E:

"Juiz Federal:- Por que as empresas pagavam, senhor Renato?

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Renato de Souza Duque:- Não vejo, meritíssimo, um motivo específico quepudesse ser visto de forma separada. Eu vejo pelo menos cinco motivos,não sei se eu já falei isso para o senhor...

Juiz Federal:- Certo, mas se o senhor puder repetir...

Renato de Souza Duque:- Um é a questão institucionalizada, como já foidito várias vezes, não é, já era algo usual esses pagamentos. O outro, queera uma maneira de determinadas empresas levarem vantagem em cimade parceiros em consórcios, porque ninguém vai bater na porta de quemestá recebendo propina para saber se aquele valor que foi dito que seriapago está sendo recebido. O outro motivo é de sócios roubando sóciosdentro da própria empresa, dizendo que tem que pagar determinado valorde propina e embolsando parte desse valor, ou até a totalidade, em algunscasos. O outro é executivo de empresa roubando a sua própria empresa,seja diretor ou seja o próprio presidente, tem caso aqui na própria lava-jato que poderia exemplificar... E outro, por fim, os agentes que vendemdificuldade para conseguirem facilidades, dizem que só vão conseguir, queas empresas só vão conseguir contratos na Petrobras se for porintermédio deles, que eles têm conhecimento, que eles pagam propina, evão trabalhando isso aí.

Juiz Federal:- O senhor de fato recebeu, não recebeu?

Renato de Souza Duque:- Sim, senhor.

Juiz Federal:- Então por que pagavam ao senhor?

Renato de Souza Duque:- Porque era algo institucionalizado, o primeiromotivo.

Juiz Federal:- O senhor chegou a ameaçar alguma dessas empresas,algum desses dirigentes, “Ou você paga ou não tem contrato”?

Renato de Souza Duque:- Não, não era necessário e nem era possível.

Juiz Federal:- Não deixava nem implícito isso, por exemplo?

Renato de Souza Duque:- Não, não era necessário."

326. Outros acusados ficaram em silêncio, negaram os fatos ouconfessaram parcialmente.

327. Adir Assad ficou em silêncio (evento 610).

328. Nas alegações finais da Defesa de Adir Assad (evento 916, item 44),em peça subscrita também por ele pessoalmente, foi veiculada confissão parcial dosfatos, de que ele seria o controlador das empresas RockStar e Legend Engenheiro eque, de fato, providenciou, por meio de contratos simulados ou superfaturados, valoresem espécie para a Carioca Engenharia. Com efeito, ali consta que o acusado "informa e

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admite que, de fato, gerou dinheiro em espécie para a empresa Carioca Engenharia" eque os pagamentos recebidos por suas empresas eram lastreados em "contratos fictíciosde locação de máquinas e equipamentos" e também por "contratos de patrocíniossuperfaturados em provas de automobilismo da Stock Car".

329. Erasto Messias da Silva Júnior, era ao tempo dos fatosSuperintendente da Construtora Ferreira Gudes. Em seu interrogatório judicial (evento619), declarou que a Construtora Ferreira Guedes passou, em 2008, a ser controladapela Agrocap, a mesma controladora da Construcap Engenharia. Declarou que passoua responder ao acusado Roberto Ribeiro Capobianco e que a parte operacional daConstrutora Ferreira Guedes e da Construcap passaram a ser compartilhadas.

330. Relativamente aos contratos com a Oliveira Romano Sociedade deAdvogados, afirmou que a empresa contratou o escritório por determinação de RobertoRibeiro Capobianco. Alegou que os contratos não foram simulados e que esteve noescritório de Alexandre Correa de Oliveira Romano para discuti-los.

331. Afirma não ter participado do contrato ou das obras na ampliação doCenpes e desconhecer o pagamento de propinas. Conheceu Paulo Adalberto AlvesFerreira no escritório de Alexandre Correa de Oliveira Romano, mas não trataramsobre os contratos com a Oliveira Romano Sociedade de Advogados. Informou que aConstrutora Ferreira Guedes, com autorização de Roberto Ribeiro Capobianco,realizou uma doação para campanha eleitoral de Paulo Adalberto Alves Ferreira novalor de cem mil reais.

332. Transcrevem-se trechos:

"Juiz Federal:- O Ministério Público afirma aqui na acusação que aConstrucap teria participado de um consórcio, consórcio Novo Cenpes,para construção de um prédio lá da Petrobras, o Novo Cenpes, emconsórcio com outras empresas, OAS, Construbase, etc. O senhorparticipou de alguma maneira dessa contratação ou representando aConstrucap nesse contrato?

Erasto Messias:- Não, de forma alguma, nunca, eu nunca, a FerreiraGuedes nunca trabalhou com a Petrobras, nem de forma direta, nemindiretamente, nos últimos, sei lá, 25 ou 30 anos, eu me lembro que nóstrabalhamos, eu me lembro não, mas está no acervo da empresa que nóstrabalhos na década de 70, final da década de 70, antes até de eu entrarna empresa, a Ferreira Guedes fez algumas obras para a Petrobras, massequer tinha CRCC pra trabalhar na Petrobras, a Ferreira Guedes nãotrabalhou de fato.

Juiz Federal:- Senhor Alexandre Romano, o senhor conheceu?

Erasto Messias:- Sim, conheci.

Juiz Federal:- Essa denúncia aqui diz respeito especificamente, envolveespecificamente esses pagamentos que teriam sido feitos pela Construcap,

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desculpe, pela Ferreira Guedes ao Oliveira Romano, o senhor pode meesclarecer como o senhor conheceu o senhor Alexandre Romano, como sederam essas negociações, esses contratos?

Erasto Messias:- Perfeito, excelência. Nós estávamos estudando o TAV,porque a Ferreira Guedes é uma empresa de infraestrutura, notadamenteferroviária e rodoviária, e foi determinado então que a Ferreira Guedesacompanhasse a evolução do TAV, do projeto do TAV que era o trem dealta velocidade, o maior projeto que o Brasil na época estava estudando.

Juiz Federal:- Determinado por quem?

Erasto Messias:- Pelo doutor Roberto, que era a parte operacional. Entãonós estávamos acompanhando esses estudos, nós tínhamos reuniõesperiódicas de avaliação, e tinha algumas dúvidas, muitas dúvidas. Um diao doutor Roberto me indicou “Olha, me indicaram aqui, pediram que euprocurasse o doutor, o escritório, tem aqui um escritório de uma pessoa,tem um escritório que poderia suprir essas dúvidas, dirimir essasdúvidas” e me indicou um telefone, eu marquei uma reunião no escritóriodo Alexandre Romano, uma primeira reunião, uma reunião amistosa, umahora e pouco, duas horas, ele apresentou o escritório, conversou, falou dasua qualificação, que era de família, o pai era advogado, inclusive tem umbusto lá do pai dele na sala de reunião, enfim, e conversamos sobre oproblema, os problemas do TAV, a nossa preocupação, a nossanecessidade, e ele desenvolveu bem a conversa, e foi assim a indicação.

Juiz Federal:- E qual era a necessidade relativamente ao TAV?

Erasto Messias:- A necessidade era desde a modelagem, de como ele iriaser, se ele ia ser uma concessão plena, se ele poderia ser a parte deexecução de obras e depois a concessão apenas de material rodante desistemas, se seria uma PPP, se o risco de demanda... Porque o estudo dedemanda tinha sido feito pelo governo federal, se o governo assumiria aparte da demanda, se não assumiria a parte da demanda, de receitasacessórias, se você poderia ou não vir a explorar receitas acessórias,enfim, era bem, o projeto estava muito incipiente, muitas questões prapoder avaliar esse projeto.

Juiz Federal:- Certo. Quem indicou ao senhor Roberto o senhorAlexandre Romano?

Erasto Messias:- Desconheço, excelência, não sei.

Juiz Federal:- A Ferreira Guedes ou o senhor fez alguma verificaçãoacerca das qualificações do senhor Alexandre Romano sobre esse tipo detrabalho?

Erasto Messias:- Sim, fui no escritório dele, ele me apresentou todo ocorpo técnico dele, as pessoas que estavam lá, que trabalhavam com ele...

Juiz Federal:- Mas ele já tinha feito esse trabalho antes?

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Erasto Messias:- Não, do TAV não, ele tinha ciência do projeto, mas nãosabia, assim, profundamente do TAV, mas ele me pareceu adequado paraexecutar o serviço, inclusive...

Juiz Federal:- Mas seria o que, um parecer jurídico?

Erasto Messias:- Não, uma parte do parecer e uma parte de algumaspremissas que nós tínhamos que adotar pra poder fazer o estudo deviabilidade, o trabalho consistiu em duas etapas.

Juiz Federal:- Mas ele tinha algum contato, algumas questões o senhorcolocou, se era concessão, se não era concessão, onde que ele ia obteressa informação?

Erasto Messias:- Quando nós conversamos sobre toda a dúvida ele mefalou que se tivesse alguns esclarecimentos ele teria como conseguir,porque ele tinha um bom relacionamento junto ao ministério doplanejamento.

Juiz Federal:- E aí foi então firmado contrato, o senhor que decidiu?

Erasto Messias:- Foi negociado. Não, não, depois dessa reunião eu volteiao escritório, reportei ao Roberto a reunião, uns dois dias depois elemandou uma minuta do contrato com uma proposição de trabalhodiferente, um valor mais alto, em torno de 400 mil reais, e doispagamentos.

Juiz Federal:- Quem mandou?

Erasto Messias:- O Alexandre Romano mandou a proposta.

Juiz Federal:- Mandou para o senhor?

Erasto Messias:- Mandou pra mim pelo motoboy.

Juiz Federal:- Quanto o senhor tinha combinado antes?

Erasto Messias:- Não, não tinha combinado, eu falei pra ele mandar aproposta, foi uma reunião de apresentação, ele ficou de mandar umaproposta, ele mandou a proposta em torno de uns 400 e poucos mil,apresentei essa proposta ao Roberto, então o Roberto falou “Vai negociar,está um pouco caro”, voltei ao Alexandre, ao escritório dele, e ele deu umdesconto em torno de 15 a 16% da proposta inicial, e mudamos acondição de pagamento, porque ele tinha pedido 50 % na assinatura e 50% na conclusão do trabalho, nós mudamos para 25 % na assinatura, 25% na entrega do relatório preliminar e 50 % na conclusão do trabalho, eele até estimou que ele poderia fazer em menos tempo, 30-40 dias orelatório estaria pronto e, a bem da verdade, demorou 7 a 8 meses para agente concluir...

(...)

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Juiz Federal:- Esses novos contratos foi sua a iniciativa, então, foi suadecisão?

Erasto Messias:- Foi uma necessidade, não, também foi discutido com odoutor Roberto e aprovado, explicada a necessidade, eu não tinhaautonomia para decidir esse tipo de contrato.

Juiz Federal:- Tem aqui no processo um contrato de 2 de março de 2010,parecer sobre a possibilidade de discussão judicial para exclusão dosvalores de subempreitada, análise de cálculo do Pis, Cofis e ISS, é esse?

Erasto Messias:- Isso, isso.

Juiz Federal:- Depois tem um outro contrato aqui, 20 de maio de 2010,pareceres sobre a possibilidade de exclusão de ISSQN da base de cálculodas contribuições Pis, Cofins, e sobre a possibilidade de não incidência domesmo tributo na incorporação por contratação direta.

Erasto Messias:- Isso.

Juiz Federal:- O que seria isso aqui?

Erasto Messias:- Isso é o seguinte, uma das alternativas que tinha pratentar viabilizar eram as receitas acessórias, uma delas seria construirshoppings ou hotéis próximos das estações, tirando a estação de SãoPaulo, as duas previstas, tanto para Guarulhos quanto para a cidade, quenão seriam em áreas, seriam já em áreas públicas, uma seria na Infraero,outra seria dentro da faixa de domínio da CPTM, que é a companhiapaulista de trens metropolitanos, e a do Rio também, que não teriaproblema, você poderia explorar tanto em Campinas, você teria essapotencialidade, quanto em Barra Mansa ou até mesmo em São José dosCampos, então a ideia seria otimizar esse fluxo de maneira de não incidiro ISS sobre esta parte do projeto, esta parte de edificações do projeto.

Juiz Federal:- E depois tem um outro contrato aqui, 25 de novembro de2010, prestação de serviços em consultoria jurídica para procedimentoslicitatórios do estado do Rio de Janeiro, valor de... Esse é um valor maisbaixo, de 20 mil reais.

Erasto Messias:- Esse é outra questão, é uma questão da Usina Verde, nóstambém estávamos estudando um projeto de queima de lixo em parceriacom a Usina Verde, a Usina Verde é uma planta piloto que existe na Ilhado Fundão, no Rio de Janeiro, que não desenvolveu a tecnologia, masaclimatou a tecnologia de queima de lixo para as condições brasileiras,nosso lixo tem muito material orgânico, essas coisas todas, então elesfizeram ali um... Nosso poder calorífico é menor, do nosso lixo né, porquetem muito resto de alimento, e eles criaram lá uma tecnologia e nósformamos uma parceria para implantar isso, esse trabalho foi, nóscontratamos o Alexandre Romano também, o escritório do AlexandreRomano...

Juiz Federal:- O que ele ia fazer nesse trabalho?

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Erasto Messias:- Nesse trabalho, no Rio de Janeiro, ele teve uma reuniãocom a prefeitura, ele não, a equipe dele, não sei bem, acho que a doutoraVirgínia, se eu não engano, teve uma reunião no Rio de Janeiro porque aprefeitura de Maricá estava interessada, procurou a Usina Verdeinteressada em saber como poderia fazer uma PPP ou uma concessão,enfim, como contratar essa tecnologia, então a Virgínia foi com o nossoPaulo Cintra, que era um colega meu de diretoria que também estava àfrente dessa questão, ao Rio de Janeiro pra tratar desse assunto da UsinaVerde. E também em São Paulo saiu a queima de lixo de Barueri, na épocasaiu os módulos da Usina Verde, era de queima de lixo até 60 toneladas, eeles pediram uma planta de 350 toneladas/dia.

Juiz Federal:- Mas o que o Alexandre fez?

Erasto Messias:- Nós impugnamos esse edital, fizemos primeiro o recursoadministrativo, depois o judicial, depois uma representação no tribunal,porque o crescimento da demanda de lixo estava completamente fora.

Juiz Federal:- Mas o que o senhor Alexandre Romano fez?

Erasto Messias:- Ele fez a impugnação do edital, a defesa judicial, entrouna justiça para suspender o edital alegando que o edital era incoerente,que as informações... E a representação no tribunal de contas do estadode São Paulo.

Juiz Federal:- Esse serviço foi 20 mil reais?

Erasto Messias:- Não, esse daí é só Maricá, o outro é um outro serviço,esse edital de Barueri é outro serviço, que não constou aí, mas que forampagos a ele, contratados, que não faz parte da...

Juiz Federal:- E o de Maricá, o que ele fez?

Erasto Messias:- Maricá, ele foi numa reunião, ele não, acho que foi adoutora Virgínia com o Paulo Cintra, junto com o secretário de obras e demeio ambiente de Maricá, explicar todo o procedimento, como faz, prapoder fazer a licitação, quais são as necessidades, enfim, e aproveitou eexplicou a parte técnica, eles fizeram uma visita tanto na sede da...

Juiz Federal:- Só isso que ele fez ou ele fez parecer também?

Erasto Messias:- Não, nesse aí não, foi trabalho exclusivo de assessoria."

333. A Defesa de Erasto Messias da Silva Júnior apresentou, pela petiçãodo evento 595, diversos documentos, como cópias de mensagens eletrônicas, extrato demandado de segurança e de protocolo de de defesa em licitação, que, segundo ela,comprovariam os serviços prestados pelo escritório Oliveira Romano à ConstrutoraFerreira Guedes. Observo que, quanto às cópias de mensagens eletrônicas, não hánenhuma troca com Alexandre Correa de Oliveira Romano. As mensagens trocadaspor Erasto Messias da Silva Júnior com terceiros apenas revelam o interesse daConstrutora Ferreira Guedes no TAV, mas não fazem referência a qualquer serviço do

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escritorio Oliveira Romano.

334. Roberto Ribeiro Capobianco era vice-presidente da Construcap aotempo dos fatos e acionista minoritário. Em seu depoimento judicial (evento 10),negou que tenha havido qualquer ajuste fraudulento para a obtenção do contrato deampliação do Cenpes. Afirmou desconhecer qualquer pagamento à WTorre para queela desistisse da licitação. Negou ainda pagamentos à agentes da Petrobrás diretamenteou por meio das outras empresas do Consórcio Novo Cenpes.

"Juiz Federal:- Há uma afirmação do Ministério Público, na denúncia,que essa obra teria sido ... essa licitação teria sido ganha pelo consórcioatravés de um ajuste com outras empreiteiras. O senhor pode meesclarecer se ocorreu isso mesmo ou não?

Roberto Capobianco:- Excelência, eu desconheço completamente esseprocesso, nós entramos no consórcio dessa forma que eu expliquei para osenhor, se houve esse ajuste, esse ajuste nunca deu certo, porque naverdade o consórcio perdeu a concorrência. A concorrência foi aberta,nós entramos inclusive na concorrência junto com a Walter Torre, aWalter Torre e a Construcap foram admitidas no mesmo processo, que nóspedimos pra participar do empreendimento, nós estávamos fora, apesarda Construcap ser classe A na Petrobras, ela não estava nem na lista dasempresas que poderiam se consorciar com as convidadas, então nós nãoentendemos aquilo, mas, enfim, eu desconheço completamente isso,porque inclusive o consórcio perdeu a concorrência. O consórcio perdeupara a Walter Torre e no final das contas o consórcio então acabou dandoum desconto muito elevado e conseguiu ganhar a obra, através de umdesconto muito elevado inclusive na época.

Juiz Federal:- Outros acusados aqui nesse processo declararam que teriahavido esse ajuste, inclusive, por exemplo, o senhor Ricardo Pernambuco,da Schahin, teria havido ajuste, também o pessoal da Andrade Gutierrezque ganhou a outra obra...

Defesa:- Excelência, pela ordem, o senhor se referiu Ricardo Pernambucopela Schahin...

Juiz Federal:- Desculpe, Ricardo Pernambuco pela Carioca.

Roberto Capobianco:- Entendi. Eu desconheço completamente esseprocesso, Excelência, porque nós não participamos de nada disso, comoeu disse para o senhor, nós entramos atrasados, nós já conseguimosentrar na segunda obra só do empreendimento, não tinha nenhumconhecimento desse ajuste que eles falam que houve entre várias empresasinclusive.

(...)

Juiz Federal:- Consta ali também que a OAS e a Carioca fariam umaacerto com a empresa W. Torre para ela desistir do certame.

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Roberto Capobianco:- Isso eu acho que eu o que eu quis dizer foirealmente que eles estavam buscando uma compensação, nunca se falouem valor, nunca se falou em dinheiro, mesmo porque o desconto que tinhaque ser dado na época para ganhar a obra, era um desconto muitoelevado. E nós não tínhamos aquele preço. Não existia aquela condição defazer aquilo. Então não existia nenhuma discussão sobre pagamento paraa Walter Torre, nenhuma.

(...)

Juiz Federal:- Algumas pessoas falaram nesse processo sobre umpagamento de 18 milhões de reais para a W. Torre para, vamos dizer,deixar que o Novo Cenpes ficasse com esse contrato.

Roberto Capobianco:- Eu desconheço isso, a Construcap nunca pagounada disso, nunca fomos instados a pagar, isso não aconteceu com agente, então não sei. Se houve esse pagamento, como foi feito, eu nãotenho ideia, que a Construcap não pagou.

Juiz Federal:- O Ministério Público afirma nessa acusação que essecontrato do Novo Cenpes teria rendido o pagamento de vantagemindevida, propinas, ao senhor Pedro Barusco, ao senhor Renato Duque, osenhor tem conhecimento a esse respeito?

Roberto Capobianco:- Não tenho conhecimento, a Construcap não pagounada, a Construcap nunca pagou propina em obra da Petrobras, jamais.

Juiz Federal:- Houve algum ... o senhor tem conhecimento se a OAS teriaefetuado esses pagamentos pelo consórcio?

Roberto Capobianco:- Não tenho esse conhecimento. Não tenho esseconhecimento.

Juiz Federal:- O senhor nunca participou de alguma reunião em que issofoi discutido?

Roberto Capobianco:- Nunca, nunca, isso não era assunto de formanenhuma pelo menos para tratar com a Construcap. Eu não sei como osoutros trataram, mas com a Construcap isso nunca foi tratado."

335. Sobre os depósitos efetuados pela Construcap na conta da LegendEngenheiro, de Adir Assad, afirmou a sua regularidade:

"Juiz Federal:- Um dos pontos da denúncia diz respeito às transferênciasque a Construcap teria efetuado, são valores até razoavelmente vultosos,cerca de 1 milhão e 44 mil, em 19/10/2010, para a conta de uma empresachamada Legend Engenheiros. O senhor sabe explicar esses depósitos oque foi?

Roberto Capobianco:- Sim, a Legend na época foi contratada para umaobra que a Construcap estava fazendo no Rodoanel para prestação de

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fornecimento de equipamentos.

Juiz Federal:- O senhor cuidou dessa contratação?

Roberto Capobianco:- Não, não fui eu que cuidei.

Juiz Federal:- E o senhor tinha conhecimento na época dessacontratação?

Roberto Capobianco:- Passou, eu tive conhecimento sim da contrataçãona época.

Juiz Federal:- O Ministério Público afirma que essa empresa é umaempresa de fachada, utilizada pelo senhor Adir Assad para fazer dinheiroem espécie. O senhor conhece o senhor Adir Assad?

Roberto Capobianco:- Não, não conheço.

Juiz Federal:- O senhor chegou a tratar com representantes ou dirigentesda Legend?

Roberto Capobianco:- Nunca, nunca tratei.

Juiz Federal:- O senhor sabe quem são eles?

Roberto Capobianco:- Não, eu sei que o Adir Assad é um sócio daLegend, eu sei hoje pelos jornais, pela...

Juiz Federal:- Mas na época o senhor...

Roberto Capobianco:- Na época não, na época eu não conhecia.

Juiz Federal:- Como a Construcap chegou até a Legend, o senhor saberiame explicar?

Roberto Capobianco:- Foi uma indicação de obra, que ela acabou sendocontratada, agora realmente eu não acompanhei o processo, nem ofornecimento. Eu não acompanhei... na época a Construcap tinha emtorno de 40 contratos em andamento, dos quais apenas 3 ela não era líder,nos outros 37 ela era líder ou executava sozinha as obras, então eu nãoparticipava dos detalhes de todas as contratações, não tinha esse...

Juiz Federal:- O senhor sabe quanto e o que de maquinário foi fornecidoou que serviço foi prestado?

Roberto Capobianco:- Foi serviço de maquinário para movimento deterra, agora eu não sei precisar para o senhor a quantidade, nada disso.

Juiz Federal:- Mas a Construcap não tinha isso? Não tinha...

Roberto Capobianco:- Não, a Construcap aluga muito equipamento. Nós

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temos como filosofia de ter no máximo 30% dos equipamentos que nóstemos por conta do investimento que isso causa e da manutenção de todosos equipamentos também que depreciam muito rápido, então a gentealuga muito equipamento.

Juiz Federal:- O senhor, então, só pra esclarecer aqui, acho que até jáperguntei, desculpe se estou repetindo, o senhor conhece o senhor AdirAssad ou não?

Roberto Capobianco:- Não, não conheço."

336. Sobre os pagamentos da Construtora Ferreira Guedes ao escritórioOliveira Romano Sociedade de Advogados, confirmou que orientou o acusado ErastoMessias da Silva Júnior a contratá-lo, mas afirmou a regularidade dos pagamentos eque os serviços não foram simulados. Não logrou explicar como chegou ao escritórioOliveira Romano ou quem lhe teria passado as referências. Transcreve-se:

"Juiz Federal:- A denúncia também se reporta aqui a uma série depagamentos que teriam sido feitos pela Construtora Ferreira Guedes àempresa Oliveira Romano, Sociedade de Advogados, do senhor AlexandreRomano, também aqui, Alexandre Correa de Oliveira Romano. Essespagamentos tinham alguma relação com a Construcap?

Roberto Capobianco:- Não tinham nenhuma relação com a empresa.

Juiz Federal:- O senhor teve conhecimento desses fatos na época?

Roberto Capobianco:- Sim, sim, tive conhecimento. Aliás, o escritórioOliveira Romano foi me indicado na época, porque o projeto do TAV eraum projeto que estava ... aliás era o maior projeto que estava sendodiscutido pelo governo federal na época, a Ferreira Guedes evidentementetinha muito interesse, a Construcap não tinha nem know-how sobreferrovias e sobre esse tipo de projeto, e não tinha nem recurso nenhumhumano pra isso, então ... e a Ferreira Guedes estava muito interessada ecomeçou a estudar esse projeto, começou a estudar profundamente esseprojeto. Na época foi decidido de se fazer um investimento inicialpequeno, que a gente considerava pequeno, da ordem de 800 mil a 1milhão de reais para entender o projeto, porque a partir daí osinvestimentos seriam de grande monta, porque nós teríamos que estudarprofundamente a topografia da região, traçado, ver as desapropriações eetc., que envolveriam dezenas de milhões de reais e nós queríamos uma ...a Ferreira Guedes queria muito estabelecer um corte, essa era aorientação inclusive da diretoria da Construcap, para que não houvesseinvestimento excessivo no projeto. E o escritório Oliveira Romano foiindicado como um escritório que tinha ... conhecia a burocracia doministério do planejamento, tinha entrada no ministério do planejamento,e que estava a par do assunto do TAV e que poderia nos ajudar. E naquelemomento existiam muitas dúvidas. Não lembro se foi junto com acontratação ou depois, mas teve um edital de consulta pública, existiammuitas dúvidas sobre a forma como isso ia ser feito, se não me falha amemória, o edital inicial previa a realização de uma concessão, mas

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também se falava muito na época de ou PPP ou concessão, ou realizaçãode obras por empreitada e depois PPP ou realização de obras porconcessão. Então tinha uma série de dúvidas no processo, e esse estudo ...a cotação dele foi importante ... não sei eu devo continuar falando ounão...

Juiz Federal:- Não, eu queria fazer mais umas perguntas então, quemindicou o escritório?

Roberto Capobianco:- Eu não me recordo, Vossa Excelência, não melembro quem indicou, o que eu me lembro é que foi me passada essapossibilidade, eu solicitei...

Juiz Federal:- Isso foi passado ao senhor ou a alguém da empresa?

Roberto Capobianco:- Desculpe?

Juiz Federal:- Isso foi passado ao senhor ou...

Roberto Capobianco:- Foi passado pra mim, foi passado pra mim.

Juiz Federal:- E o senhor repassou pra alguém dentro da ConstrutoraFerreira Guedes ou da Construcap?

Roberto Capobianco:- Sim, eu solicitei que o Júnior entrasse em contato,em função dessa possibilidade...

Juiz Federal:- O Júnior, que o senhor diz, é o senhor Erasto?

Roberto Capobianco:- O senhor Erasto, desculpe, o senhor Erasto Júnior,que é o diretor superintendente, sempre foi o diretor superintendente daFerreira Guedes, desde que ela foi comprada, desde que a gente faziaconsórcio com ela, ele já era muito antigo de empresa, que ele fosse fazeruma, enfim, fosse conversar com o escritório, fazer uma avaliação se defato tinha essa possibilidade, se ele tinha recursos pra isso, e foi o que foifeito.

Juiz Federal:- Foram levantadas referências sobre esse escritório OliveiraRomano?

Roberto Capobianco:- Sim, o Erasto Júnior na época fez, levantoureferências, foi ao escritório, conversou com a equipe, enfim, fez contatocom todos, essa é a informação que foi...

Juiz Federal:- E ele passou o que para o senhor?

Roberto Capobianco:- Passou que o escritório tinha condições dedesenvolver o trabalho e que tinha recursos, tinha instalações, tinha gentetrabalhando, tinha advogados, etc., e que se mostrou apto a desenvolver otrabalho.

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Juiz Federal:- Depois há outros contratos aqui da Construtora FerreiraGuedes, um é esse sobre o TAV, depois tem alguns pareceres tributários,exclusão de valores sobre a empreitada, base de cálculo do PIS, Cofins,são os contratos que são discriminados na denúncia. O que foram essescontratos depois?

Roberto Capobianco:- Então, Vossa Excelência, esses contratos, pelo queeu me lembre, na verdade o projeto desse trem de alta velocidade envolvia,além da implantação propriamente dita da linha, tinha o concessionárioou o parceiro público privado tinha que desenvolver uma série deempreendimentos para viabilizar o projeto. O que eu me lembro disso, enão somente isso também, mas era um contrato que tinha, se fosse levadoa cabo, que tinha um volume muito grande de subcontratados. E essesestudos foram encomendados ... na esteira do trabalho do estudo que foifeito pelo TAV, foi um estudo profundo mesmo, porque inclusive tevemuitos contatos da Ferreira Guedes com empresas internacionais, comempresas chinesas, com empresas italianas, havia um interesse e um focomuito grande da Ferreira Guedes nesse projeto, porque ela evidentementenão poderia fazer isso nunca sozinha, mas se ela não estivesse a par decomo esse projeto poderia ser formatado, de como ele poderia funcionar,ela não poderia participar também, nem como consorciada de ninguém.Então o que aconteceu na época foi isso, houve alguns trabalhos ... naesteira desse trabalho principal, que foi o trabalho do TAV. E eu sei que aOliveira Romano continuou trabalhando para a Ferreira Guedes, mas eunão sei depois como isso aconteceu, porque houve a separação total dasempresas em 2011.

(...)

Defesa de Erasto:- Diretores, ok. Senhor Roberto, em relação aos estudosou pareceres que foram encomendados ao escritório Oliveira Romano, dequem foi a decisão final sobre as contratações e pagamentos?

Roberto Capobianco:- O Júnior trouxe ... o Erasto Júnior trouxe todas asinformações, evidentemente a palavra dele era fundamental, e ele obteveautorização nossa para fazer a contratação.

Juiz Federal:- Desculpe, só deixa eu intervir “Nossa” o senhor diz osenhor?

Roberto Capobianco:- Digo, minha, particularmente minha."

337. Admitiu conhecer Paulo Adalberto Alves Ferreira e que aConstrutora Ferreira Guedes realizou doações eleitorais registradas a pedido deledurante o ano de 2010. Ele no entanto não teria qualquer relação com os contatos coma Oliveira Romano Sociedade de Advogados:

"Juiz Federal:- Então nessa ação penal 5037800, continuidade dodepoimento do senhor Roberto Ribeiro Capobianco, continuidade aindadas questões do juízo. A Construcap, ou Ferreira Guedes, ou empresasligadas, fizeram doações ao senhor Paulo Adalberto Alves Ferreira?

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Roberto Capobianco:- Quem fez foi a Ferreira Guedes na época.

Juiz Federal:- A Ferreira Guedes fez?

Roberto Capobianco:- Fez.

Juiz Federal:- Doações registradas?

Roberto Capobianco:- Sim, registradas para o diretório nacional.

Juiz Federal:- O senhor lembra em que ano aproximadamente?

Roberto Capobianco:- Foi em... Acho que foi em setembro, agosto ousetembro de 2010.

Juiz Federal:- De 2010?

Roberto Capobianco:- É.

Juiz Federal:- Para o próprio senhor Paulo?

Roberto Capobianco:- Não, foi para o diretório, foi para o diretórionacional, que eu tenha conhecimento não foi feito pra ele.

Juiz Federal:- E para o diretório era pra ser direcionado a ele ou era sópara o diretório?

Roberto Capobianco:- Não, era para o diretório, o dinheiro deveria serencaminhado para o diretório e foi feito assim, agora como é feita adistribuição internamente eu não tenho ideia, nunca tive, nunca soube.

Juiz Federal:- E isso foi tratado... quem tratou esse assunto com ele?

Roberto Capobianco:- Desculpe?

Juiz Federal:- Quem tratou esse assunto com o senhor Paulo Ferreira?

Roberto Capobianco:- Não, esse assunto foi tratado, que eu sei, que eutive conhecimento, é que durante... ou durante ou no final do TAV ...porque o trabalho do TAV durou vários meses, com esse escritórioOliveira Romano, e acho que mais para o final do processo, o OliveiraRomano ... o Alexandre Romano apresentou o Paulo Ferreira para oErasto Júnior, onde ele pediu doação para... eu não sei se foi pra ele oupara o partido, o fato é que a Ferreira Guedes deu para o partido, ela fezdoação para o diretório nacional, não sei se foi pra ele. Eu acho ... eutenho impressão que não, eu tenho impressão que ele estava pedindodoação para o partido, que foi feito para o partido inclusive.

Juiz Federal:- Foi repassado algum outro valor, ainda que informalmente,de doação para o senhor Paulo Ferreira ...

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Roberto Capobianco:- Não, de forma nenhuma.

Juiz Federal:- ... pela Construcap ou pela Ferreira Guedes?

Roberto Capobianco:- De forma nenhuma.

Juiz Federal:- Por intermédio do senhor Alexandre?

Roberto Capobianco:- De forma nenhuma. Os trabalhos do OliveiraRomano foram de fato prestados, ele prestou vários serviços, inclusivemexeu com vários outros assuntos da Ferreira Guedes na época, era umescritório que atuava mesmo para a Ferreira Guedes.

Juiz Federal:- O senhor Alexandre Romano foi ouvido aqui e declarou queesses serviços ... esses pagamentos envolviam um percentual que eradestinado pra ele, normalmente não tão expressivos em comparação como (incompreensível) do contrato, e que o remanescente era repasses para osenhor Paulo Adalberto Alves Ferreira. O que o senhor tem a me dizersobre isso?

Roberto Capobianco:- Eu acho... se ele fazia isso para o Paulo Ferreiraera uma questão deles, porque eu acho isso totalmente, absolutamente,fora do nosso controle, se ele tem alguma relação com o Paulo Ferreiraque eu desconheço, que eu desconhecia inclusive, isso não tinha nada aver com a contratação. Se ele fazia isso ... se ele está dizendo que fazia,ele fazia por conta própria, porque não tinha nenhum sentido ... nem aConstrucap e nem a Ferreira Guedes fazerem doação para o PauloFerreira, através de contrato simulado. Não tem a menor lógica isso. AConstrucap tem como filosofia, e tinha, na verdade não tem mais, de doarpara partidos políticos majoritários, porque era um processo democráticobrasileiro. Isso era uma coisa absolutamente correta, então não terianenhuma razão para fazer pagamentos para Paulo Ferreira utilizando umescritório de advocacia, não teria nenhum sentido."

338. Genésio Schiavinato Júnior era Diretor Comercial da ConstrubaseEngenharia ao tempo dos fatos. Em seu interrogatório (evento 619), infomou que tinhaautonomia decisória dentro da empresa e que foi dele a responsabilidade por decidirparticipar da licitação para ampliação do Cenpes. Negou ter conhecimento de ajustefraudulento do mercado para ganhar a licitação, bem como de qualquer pagamento àWTorre para que ela desistisse da licitação. Negou ainda ter conhecimento de acertosde corrupção com agentes da Petrobrás.

339. Transcreve-se:

"Juiz Federal:- Senhor Schiavinato, a sua posição na Construbase, osenhor poderia me esclarecer, a partir ali de 2005, aproximadamente?

Genésio Schiavinato:- Excelência, eu sou funcionário da ConstrubaseEngenharia desde 1993 e eu já fui contratado como diretor comercial,essa é a minha função e o meu trabalho lá é ligado à área de apresentaçãode propostas, preparação de propostas e busca de contratos para que a

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empresa possa seguir a vida dela.

Juiz Federal:- Nessa época, então, 2005, 2008, 2010, o senhor tinha essaposição dentro da empresa?

Genésio Schiavinato:- A mesma posição sim, senhor, até hoje.

Juiz Federal:- O senhor mantém essa posição até hoje. Em que pese onome diretor comercial, o senhor pode dar uma descrição das suasfunções?

Genésio Schiavinato:- Sim, senhor. Bom, não sou especialista, mas o nomediretor nesse caso é apenas uma fantasia porque, por se tratar de umasociedade limitada, na verdade os donos, os acionistas é que são naverdade diretores, eu sou um profissional contratado e tenho essa posiçãopor conta das minhas funções, sou procurador da empresa, tenho entãonesses 23 anos desenvolvido o meu trabalho com seriedade, com critério,então eu respondo pela área comercial verificando as oportunidades decontratação. Então eu tenho liberdade de apresentar perspectivas,possibilidades de contratação, realizar o contrato, fazer a gestão docontrato justamente no decorrer dele juntamente com a equipe da obra...

Juiz Federal:- O senhor presta contas a quem dentro da empresa?

Genésio Schiavinato:- Eu presto contas aos acionistas.

(...)

Juiz Federal:- O senhor pode me esclarecer as circunstâncias que levarama Construbase a participar desse consórcio Novo Cenpes?

Genésio Schiavinato:- Só prosseguindo, excelência, antes, a questão daprestação de contas é uma prestação de contas, não é diária, eu tenhoautonomia, eu tenho liberdade, então eu tenho gestão sobre os contratosque são eleitos na minha área, entendeu?

Juiz Federal:- Por exemplo, só pra esclarecer, a Construbase participoudesse consórcio Novo Cenpes?

Genésio Schiavinato:- Sim.

Juiz Federal:- O senhor tomou essa decisão, foi o senhor que tomoudentro da empresa ou isso foi tomado pelos acionistas, que lhe passaram,quem foi o responsável por decidir fazer, por exemplo, participar dessecontrato?

Genésio Schiavinato:- A decisão de participar dessa licitação é umadecisão minha porque a empresa, vou falar um pouquinho daConstrubase, a Construbase tem 50 anos, faz 50 anos no próximo ano, seDeus quiser, e nós não tínhamos uma participação na Petrobras, a partirdos anos 2000 a Petrobras iniciou um procedimento de cadastramentoatravés do Progef, o programa de gerenciamento e de gestão de

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fornecedores da engenharia, e houve uma decisão, aí sim ancorada,suportada pelos acionistas, de nós fazermos um aprimoramento no nossocadastro na Petrobras. Porque? Porque o Progef tinha uma característicaespecífica, acima da lei 8666 de licitações, ele tinha uma série deexigências, talvez eu possa pular isso que o senhor já...

(...)

Juiz Federal:- Algumas pessoas que estiveram aqui prestando depoimento,nesse e em outros processos, falaram que havia uma espécie de grupo,clube de empreiteiras, dos quais até não são uma referência àConstrubase, que teriam dominado o mercado e feito ajustes em licitações,o senhor tinha conhecimento disso na época?

Genésio Schiavinato:- Nenhum, excelência. Conheço o assunto depois dasoperações que ocorreram, não tinha a menor noção disso à época, muitopelo contrário, havia uma corrida, havia uma luta muito grande, haviauma disputa muito grande, nós buscávamos de todas as maneiras nospreparar nesse período, as licitações eram muito difíceis. A Petrobrasmandava o convite, a gente dava um prazo pequeno, era difícil tomar adecisão porque nós não íamos conseguir fazer os orçamentos naqueleperíodo, mas aí a gente percebeu que na sequência vinha umaprorrogação de prazo e tal, então nós começamos a estudar, mas aí seestudava e algumas prorrogavam e outras não, então gastava-se muitodinheiro, perdia-se muito tempo...

Juiz Federal:- O senhor tinha compreensão na época que havia umamanipulação no mercado?

Genésio Schiavinato:- Não, ao contrário, era uma... A gente olhava comouma exigência, você ia fazer uma visita na Petrobras, pra entrar num sítioda Petrobras, um site, você tinha que ficar lá duas horas pra receber otreinamento porque ali era um local de refinaria, se soasse alarme, aqueletreinamento, tudo era muito difícil, então a gente não tinha a menornoção, excelência.

(...)

Juiz Federal:- Certo. Algumas pessoas declararam em juízo que nessalicitação teria havido uma combinação entre essas empresas do consórciocom empresas fora do consórcio, por exemplo, a Andrade Gutierrez, paraque elas não ofertassem propostas competitivas nesse certame, o senhorteve conhecimento disso na época dos fatos?

Genésio Schiavinato:- Não, senhor, nunca ninguém me disse nada,excelência, eu não tinha conhecimento de clube, de cartel, de arranjo, oque se tinha era sempre uma posição de todo mundo querer sempre venceras licitações, então...

Juiz Federal:- Então não foi lhe dito de nenhuma maneira pelo pessoal daOAS, por exemplo, de que era um jogo de cartas marcadas?

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Genésio Schiavinato:- Não, senhor, nunca, nunca.

(...)

Juiz Federal:- Mas aí existe uma situação, que é descrita pelo MinistérioPúblico na denúncia, que faz parte da acusação, de que a W. Torre teria,vamos dizer, desistido de cobrir a segunda oferta do Novo Cenpes por tersido procurada pelo próprio, por representantes do consórcio NovoCenpes, que inclusive teria ofertado dinheiro para ela, o senhor teveconhecimento disso ou isso não aconteceu?

Genésio Schiavinato:- Pra mim isso não aconteceu, e se acontecesse, eujamais concordaria e jamais participaria, porque é impossível, é umacoisa para mim absolutamente louca, louca, como é que uma empresa estáfora, uma personalidade jurídica diferente do contrato, foi feito, o líder doconsórcio providenciou um recurso muito bem feito através de umescritório de engenharia, a Petrobras aceitou, o DFP dele estava errado,eu participei de, tinha participado antes já, de umas 15, 16 licitações naPetrobras, a Petrobras é rígida, não tinha porque, eu não sabia,excelência.

Juiz Federal:- Nada que tenha ocorrido que o senhor soubesse?

Genésio Schiavinato:- Não, nada que eu soubesse, excelência.

(...)

Juiz Federal:- O Ministério Público afirma que nesse contrato do NovoCenpes teria havido acerto de propinas dirigido aos agentes da Petrobrás,Pedro Barusco e Renato de Souza Duque, o senhor participou ou teveconhecimento disso?

Genésio Schiavinato:- Não tive conhecimento e não participei,excelência."

340. Relativamente aos contratos da Construbase com a Oliveira RomanoSociedade de Advogados, admitiu que seriam eles simulados. Segundo GenésioSchiavinato Júnior, a Construbase tinha uma dívida, no Consórico Cenpens, com aOAS de dois milhões de reais. Agenor Franklin Magalhães Medeiros solicitou que adívida fosse paga mediante doação ao Partido dos Trabalhadores, o que foi pelodepoente recusado. Em substituição, Paulo Adalberto Alves Ferreira lhe procurousolicitando que fossem pagas despesas com o escritório de advocacia em substituiçãoàs doações. Transcreve-se:

"Genésio Schiavinato:- Alexandre Romano. Então eu tinha um débito deestudo de preparação de proposta com empresas da confiança,determinadas pela OAS, que então eu não tinha equipe, eu não tinhaequipe, isso pode ser verificado, eu não tinha equipe trabalhando dentrodo consórcio na formulação da proposta, todo mundo tinha, então eu iapagar para a OAS esse custo, e nós estabelecemos que então em média eudeveria repor para a OAS 2 milhões pela proposta do Cenpes e 2 milhões

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pela proposta do CIPD, havia ainda a possibilidade de participar nacentral de utilidades, mas nós ficamos de fora, achamos melhor, no fim aproposta foi feita, mas eu nem me lembro...

Juiz Federal:- Não precisa entrar nesse detalhe.

Genésio Schiavinato:- Ok, pois não.

Juiz Federal:- Então 4 milhões de débito com a OAS?

Genésio Schiavinato:- 4 milhões de débito com a OAS.

Juiz Federal:- E aí, o que aconteceu?

Genésio Schiavinato:- Aí o que aconteceu foi o seguinte, por conta doassunto da Walter Torre a proposta que foi entregue em julho de 2007levou a assinatura do contrato para janeiro de 2008, no meio de 2008 oAgenor começou a me cobrar, mas a nossa inexperiência edesconhecimento da Petrobras nos colocou numa situação muito difícil aConstrubase, porque obra grande, difícil, nós começamos o contrato com4.500 desenhos, projetos, e terminamos com 17...

Juiz Federal:- Não precisamos entrar nesse detalhamento.

Genésio Schiavinato:- Ok, pois não. Enfim, nós não estávamos recebendoe ele me cobrou, eu falei “Eu não posso te pagar, me dá um prazo” e tal,ele falou “Não, eu preciso que você me pague”, eu falei “Ok, então eu voute pagar, você emite uma nota contra mim” e tal, ele falou “Não, de jeitonenhum, eu tive despesa em 2006, 2007, nós estamos no meio de 2008, eunão posso fazer isso na minha empresa, é contra as nossas normas, eu nãovou emitir uma fatura pra você”, eu falei “Bom, então eu não vou tepagar”, ele falou “Não, então eu vou repassar alguma despesa que agente tenha pra você pagar”, eu falei “Ok, eu devo insistir”, ele disse quede jeito nenhum poderia fazer isso dentro da empresa e ficou de me passarentão algum fornecedor dele, alguém que tivesse um crédito com ele paraeu pagar, então eu devo 100 pra ele, pago pra ele ou pago para o outro,pra mim era a mesma coisa.

Juiz Federal:- Certo. E o que ele repassou?

Genésio Schiavinato:- Bom, aí ele me chamou e me pediu que eu fizesseuma doação ao partido dos trabalhadores, eu disse pra ele “Olha, de jeitonenhum, jamais”, “Pô, mas porque você me deve”, “Eu devo pra você,vou pagar pra você, vou emitir a fatura e vou pagar pra você”, “Não,você paga aqui”, “Eu não vou pagar por dois motivos, primeiro porque eusou comercial da empresa, e comercial é assim, eu busco no mercado umaoportunidade, eu vou fazer o orçamento e vou apresentar a proposta ounão, dependendo se o resultado for bom, eu não mexo com política, eufaço política, eu faço minha política empresarial, aquilo que interessa praminha empresa eu faço, isso é doação, não é dívida, eu não vou dardoação, eu não doou, a Construbase não doa, eu não vou dar doação, nãovou fazer doação, vou pagar a dívida”, ele ficou meio assim e falou “Tá

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bom, eu vou...”...

Juiz Federal:- Que falou com o senhor foi o senhor Agenor?

Genésio Schiavinato:- O Agenor. “Então eu vou dar um outro jeito, eu voute ligar, eu vou ver como é que eu vou fazer, eu vou ver e vou passar paraalguém, então”, aí me ligou num determinado momento o senhor PauloFerreira dizendo que tinha falado com o Agenor, que eu tinha um encontrode contas pra fazer, se eu podia me encontrar com ele no escritório dele,eu falei “Pois não”, marcou, eu fui, para minha surpresa era o diretóriodo partido dos trabalhadores no centro da cidade, um lugar que eu nãofrequento, lá atrás do fórum e tal, enfim, para minha surpresa ele seapresentou, colocou o assunto que o Agenor tinha pedido para eu fazeruma doação, eu disse pra ele que não, que eu já tinha explicado isso aoAgenor, que eu não faria a doação, que eu não poderia fazer, nada contrao PT, nada contra ele, mas não faria. Ok, ele insistiu, eu educadamentedei um jeito, encerrei a reunião e...

Juiz Federal:- Mas o que ele dava de explicação da relação dele com aOAS ou com o senhor Agenor?

Genésio Schiavinato:- Nenhuma explicação e muito menos eu pedi,excelência, porque quando eu me vi naquela situação eu não fiqueiconfortável, tá certo, eu descobri ali que ele era o tesoureiro do partido...

Juiz Federal:- Seria para fazer uma doação no valor de 4 milhões?

Genésio Schiavinato:- Não, não, seria, o que nós estávamos falandonaquela época, o Agenor estava me pedindo para resolver uma questão de2 milhões de reais.

Juiz Federal:- 2 milhões?

Genésio Schiavinato:- De 2 milhões de reais.

Juiz Federal:- Então seria uma doação no valor equivalente à dívida quea sua empresa tinha com a OAS?

Genésio Schiavinato:- Dívida da empresa que tinha com a OAS relativaaos estudos da obra do Cenpes, e eu devia mais 2 milhões dos estudos daproposta que nós apresentamos para a central de informática.

Juiz Federal:- O que ocorreu depois desse encontro?

Genésio Schiavinato:- Depois desse encontro eu voltei ao Agenor e dissepra ele “Poxa, eu tinha dito pra você que não e você me colocou lá numasituação muito difícil”, “Não, tudo bem, eu vou dar outro jeito”. Paraminha surpresa, passou um tempo, o senhor Paulo Ferreira me ligounovamente e disse “Olha, falei com o Agenor e existe uma despesa comadvogados, o senhor pagaria?”, eu falei “Olha, eu pago porque éadvogado, é despesa”, “Então tá bom, vamos lá”, “Eu preciso apenassaber quem é o advogado, que despesa é essa” e tal, “Não, tudo bem, não

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tem problema, ok” e...

Juiz Federal:- Quem falou isso para o senhor?

Genésio Schiavinato:- Paulo Ferreira.

Juiz Federal:- Paulo Ferreira?

Genésio Schiavinato:- Isso.

Juiz Federal:- Isso foi por telefone ou foi numa reunião?

Genésio Schiavinato:- Não, foi por telefone, foi por telefone.

Juiz Federal:- Então não foi o Agenor que indicou o advogado, foi oPaulo Ferreira?

Genésio Schiavinato:- Não, ele falou que conversou com o Agenor e que oAgenor então estaria indicando o advogado para receber o crédito que oAgenor tinha comigo, em função de um débito que ele tinha com oadvogado.

Juiz Federal:- E como é que evoluiu a partir daí?

Genésio Schiavinato:- Evoluiu que, a partir daí, marcamos uma, o Paulomarcou uma reunião no escritório do Alexandre Romano, nessa reuniãoeu conheci o escritório, analisei, me parecia um escritório de tributaristaporque ele me apresentou dois advogados tributaristas ali, mais um outro,um escritório normal, bem montado, histórico, com 50 anos, foi do paidele, o pai dele falecido, tinha lá um sócio, antigo, o escritório era tocadopor ele, por um sócio que não estava lá e pela irmã, eu achei tudo normal,conversamos cinco minutos ali, dez minutos, conheci o escritório, e acheique estava correto, entendeu?

Juiz Federal:- Aham.

Genésio Schiavinato:- Então assumimos com ele um débito por serviçosque ele estaria prestando, já teria prestado alguma coisa, estariaprestando para a OAS.

Juiz Federal:- E isso, esse débito, era de 2 milhões?

Genésio Schiavinato:- Débito em torno de 2 milhões. Aí, o que acontece?Nunca mais eu vi Paulo Ferreira, porque isso estabeleci com o AlexandreRomano depois numa outra reunião um cronograma, ele queria receber 2milhões à vista e eu não tinha condição de pagar, estabeleci com ele entãoum cronograma e foi feita então essa decisão de pagar em parcelas àmedida que eu pudesse atender a minha capacidade financeira e asnecessidades dele.

Juiz Federal:- E foram feitos esses contratos, como é que foi feito isso?

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Genésio Schiavinato:- Então, excelência, o escritório é de advocacia e odoutor Alexandre Romano estabeleceu que ele precisava, por questõesfiscais, tributárias, ele precisava de notas fiscais, que então ele meapresentaria alguns contratos de prestação de serviços, e nós fizemosnesse primeiro momento que teria pagamento lá em junho, a partir dejunho de 2009, isso era final de 2008, e estabelecemos, então ele me pediue eu aquiesci, foram feitos contratos, ele ainda foi além me pedindo que seeu poderia ajuda-lo a estabelecer escopos de contrato, assuntos quefossem, assuntos jurídicos que a minha empresa tivesse.

(...)

Juiz Federal:- Mas esses serviços nesses contratos, três contratos, nada,então era uma simulação, na verdade?

Genésio Schiavinato:- Isso, era uma simulação que eu vejo depois, mas aíera, segundo ele, ele me pediu, um escritório de advocacia “Olha, eupreciso fazer contratos, eu vou propor”, então tudo isso são objetos queele propôs porque eu estava pagando para ele por um serviço que eleestava fazendo para a OAS.

(...)

Juiz Federal:- Pois bem, tenho uma indagação ainda ao senhorcomplementar, o senhor mencionou desses 4 milhões que o senhor tinha dedívida, que a sua empresa tinha dívida com a OAS, e o senhor falou querepassou esses 2 milhões para o escritório do senhor Alexandre e ficou noar a questão dos outros 2 milhões.

Genésio Schiavinato:- Ah, perfeito, eu queria só acrescentar, excelência,então que nós pagamos mais do que 2 milhões ao Alexandre Romano equeria acrescentar mais uma coisa também, o Alexandre Romano, dentreesses pagamentos que nós fizemos, ele indicou duas empresas que não aempresa dele, que nós pagamos dentro desse compromisso, Link e Avante,já foi declarado por nós, na apresentação da minha defesa.

Juiz Federal:- Mas os 4 milhões então foram integralmente repassados àsempresas do senhor Alexandre?

Genésio Schiavinato:- Não, não, foi 2 milhões e... Em torno de 2 milhões e900 mil reais que foram passados para Alexandre, mais essas duasempresas.

Juiz Federal:- E a diferença?

Genésio Schiavinato:- A diferença, na sequência, em 2010 nós efetuamoso segundo pagamento, o reembolso à OAS da importância de 1 milhão e800 para um escritório de advocacia também, nesse caso do Rio deJaneiro, escritório de Ricardo Magro.

Juiz Federal:- Tá certo. Da mesma forma foi feito o contrato?

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Genésio Schiavinato:- Não teve contrato, excelência, foi estabelecido osvalores sem flexibilidade, eu não tive possibilidade de discutir valores,foram pagas 6 parcelas de em torno de 300 mil reais, era um trabalho queele estava fazendo, me parece que era para suportes jurídicos, não sei sena própria obra, mas o Agenor me solicitou, e nós também tentamosprorrogar um pouco, mas nesse caso não foi possível, tivemos que pagaras 6 parcelas, eles encaminharam, nós encaminhamos os documentos paraelaboração do contrato e faturamento, eles encaminharam a fatura, nóspagamos a primeira fatura, e nesse caso não houve elaboração decontrato, só apresentação das notas fiscais de prestação de serviço."

341. Por último, entre os acusados, foi ouvido Paulo Adalberto AlvesFerreira.

342. Como adiantado, ele é filiado ao Partido dos Trabalhadores e exerceude outubro de 2005 a fevereiro de 2010 o cargo de Secretário de Finanças do Partidodos Trabalhadores (evento 1, out85, e evento 610). Paulo Adalberto Alves Ferreiratambém exerceu o mandato de Deputado Federal pelo Partido dos Trabalhadores entre14/03/2012 a 17/03/2014, na condição de suplente.

343. Foi interrogado duas vezes, a segunda a pedido de sua Defesa por umnovo interrogatório (eventos 610 e 900).

344. Em seus interrogatórios, negou ter recebido vantagem indevida emcontratos da Petrobras.

346. Declarou que conheceu Alexandre Correa de Oliveira Romano em2006 e manteve com ele uma relação de amizade. Declarou que Alexandre Correa deOliveira Romano lhe repassou quinhentos mil reais em doações eleitorais para acampanha de 2010. Tais doações não foram registradas.

347. Não soube informar de quem ou de onde vieram os recursosarrecadados por Alexandre Correa de Oliveira Romano e afirmou também que nãomantinha um controle documental sobre elas.

348. Reconheceu, em síntese, que todos os pagamentos efetuados porAlexandre Correa de Oliveira Romano nos itens 180-202 foram feitos por suasolicitação e interesse, justificando-os como doação eleitoral não registrada.

349. Transcreve-se trecho:

"Juiz Federal:- O senhor pode me relatar a sua relação com o senhorAlexandre Correa de Oliveira Romano?

Paulo Ferreira:- Posso. Eu conheci o Alexandre no ano de 2006, quandoeu já era secretário de finanças, ele compareceu até a sede do diretórionacional em São Paulo, se apresentou como ex-vereador do PT da cidadede Americana, que estava à época vindo trabalhar em São Paulo naestruturação de um escritório de advocacia que fora herdado do seu pai,

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algumas causas, e ele veio se apresentar, disse que tinha sido vereador,isso foi no ano de 2006, aí nós lá, a partir desse ano, nós desenvolvemosuma relação que foi até os episódios sabidos de todos, chegando a umarelação de intimidade familiar bem acentuada. Eu e minha esposa fomospadrinhos de casamento no Largo de São Francisco, em São Paulo, doAlexandre Romano e Nataly, junto com outros dez casais.

Juiz Federal:- O senhor chegou a manter relações comerciais com ele?

Paulo Ferreira:- Não.

Juiz Federal:- Vender algum bem, comprar algum bem dele?

Paulo Ferreira:- Nada, nunca tive nenhum bem relacionado comAlexandre Romano.

Juiz Federal:- O senhor recebeu valores dele?

Paulo Ferreira:- Eu recebi alguns valores a título de contribuição decampanha nas eleições de 2010.

Juiz Federal:- O senhor pode me esclarecer, ele fez doações ao senhor?

Paulo Ferreira:- Ele pagou contas a destinatários que eu indiquei.

Juiz Federal:- Isso foram doações registradas?

Paulo Ferreira:- Não.

Juiz Federal:- O senhor tem mais ou menos ideia de qual montante queele repassou ao senhor?

Paulo Ferreira:- Tenho, não mais do que 500 mil reais.

Juiz Federal:- E esse dinheiro, qual era a procedência desse dinheiro?

Paulo Ferreira:- Esse dinheiro eu não tenho, vossa excelência, comoidentificar esses valores. Ele pagou os valores a título de colaborador daminha campanha, foi isso que aconteceu, verdadeiramente foi isso queaconteceu.

Juiz Federal:- Não se tratava de um empréstimo ...

Paulo Ferreira:- Não. A título de contribuição dele nas situações que euacabei de apresentar.

(...)

Juiz Federal:- Então o senhor não ... esses recursos do senhor Alexandreentão não foram objeto de declaração?

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Paulo Ferreira:- Não estão contabilizados.

Juiz Federal:- Isso não contrariava, vamos dizer assim, as diretivas dopartido dos trabalhadores?

Paulo Ferreira:- À luz dos atuais episódios, eu não tenho dúvida queforam doações informais de caráter ilegal.

Juiz Federal:- Mas o senhor descobriu depois isso, como assim, nãoentendi, à luz dos fatos atuais ... o senhor não sabia na época?

Paulo Ferreira:- Não, se eu fosse repetir, doutor Moro, eu não repetiria.

Juiz Federal:- A respeito dessas transferências, o senhor recebeu essedinheiro também diretamente ao senhor ou só pagamentos a terceiros?

Paulo Ferreira:- Não existe nenhum crédito em minha conta de AlexandreRomano.

Juiz Federal:- Mas o senhor recebeu também valores eventualmente emespécie?

Paulo Ferreira:- Pouquíssima coisa em espécie, pouquíssima coisa emespécie, valores muito pequenos.

Juiz Federal:- Tem uma pessoa..."

350. No trecho seguinte, afirma desconhecer a origem dos recursos:

"Paulo Ferreira:- Eu queria aproveitar inclusive essa oportunidade, eagradeço essa oportunidade, para registrar que o montante que AlexandreRomano diz que eu sou o responsável não confere com o que efetivamenteaconteceu.

Juiz Federal:- O senhor tem algum controle documental desses valores?

Paulo Ferreira:- Nunca fiz nenhum controle com Alexandre Romano oucomigo. Eu não sou responsável, nunca fui responsável, doutor Moro, poracompanhar qualquer contrato que Alexandre Romano tenha porventurafeito com qualquer empresa, com qualquer entidade, ele nunca me prestouconta de absolutamente nada.

Juiz Federal:- Mas os valores que ele repassou ao senhor, o senhor nãomanteve algum controle pessoal sobre esses valores que o senhor recebeudele?

Paulo Ferreira:- Controle são os destinatários, eu não tenho controledesses valores.

Juiz Federal:- E ele teria feito essas doações ao senhor com algumobjetivo, alguma coisa em troca?

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Paulo Ferreira:- A título de contribuidor da minha campanha, ele não erao secretário de finanças, ele não era o tesoureiro da minha campanha,mas era incentivador da minha campanha, ele atuou como uma espécie dearrecadador da minha campanha.

Juiz Federal:- E ele arrecadou esses valores de quem?

Paulo Ferreira:- Não tenho informação, doutor Moro.

Juiz Federal:- O senhor não colheu essa informação?

Paulo Ferreira:- Ele me dizia o seguinte, que inclusive está na delaçãodele, que ele tirou recursos próprios dele. Está lá “Eu fazia contribuiçõescom recursos próprios”, não sou eu que estou dizendo, ele que estádizendo isso.

Juiz Federal:- Mas ele falou na época ao senhor que esses recursos erampróprios dele, somente dele?

Paulo Ferreira:- Ele falou, isso está na delação dele.

Juiz Federal:- O senhor agora utilizou a palavra “arrecadador”,arrecadador é alguém que normalmente arrecada...

Paulo Ferreira:- Sim, eu não tinha controle disso com ele, eu não fazia umbatimento disso com ele, a minha relação com Alexandre Romano era umarelação de caráter amistoso, afetivo e familiar.

Juiz Federal:- Mas, então, o que ele falou na época ao senhor, é isso queeu quero que o senhor me esclareça, foi que esses valores eramexclusivamente dele ou vinham de terceiros?

Paulo Ferreira:- Eu não tenho como afirmar isso porque ele nunca medisse isso, de onde vinham os valores.

Juiz Federal:- Mas o senhor também não se preocupava em saber, odinheiro que o senhor estava recebendo?

Paulo Ferreira:- Sim, mas, doutor Moro, o candidato, quando ele écandidato, ele se preocupa o que, com a sua campanha.

Juiz Federal:- Mas não se preocupa de onde vem o dinheiro?

Paulo Ferreira:- No meu caso específico, eu tinha uma confiança tal noAlexandre Romano, pelas relações que nós estabelecemos ao longo dosvários anos, que eu depositei nele uma confiança muito grande deamizade, de afetividade, embora a gente, enfim, com os episódios tenha...

(...)

Juiz Federal:- Outra questão que eu queria colocar ao senhor, vendo aqui

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o seu depoimento que prestou na polícia, o depoimento de 5 de julho de2016, o senhor declarou o seguinte, sobre o senhor Alexandre Romano,“Que em razão da relação de amizade e confiança que depositava emAlexandre Romano, acabou recebendo dele ajuda para arrecadação derecursos para a sua campanha para deputado federal, que Alexandre nãoera tesoureiro da campanha, mas atuava como captador de recursos paraa campanha, que algumas empresas custeavam despesas da campanhapara deputado federal do declarante por meio do escritório de AlexandreRomano”. Aqui o senhor coloca ele como captador de recursos deterceiros e algumas empresas custeavam essas despesas. Que empresaseram essas que ele obteve então esses valores?

Paulo Ferreira:- Ele buscou algumas empresas, eu já disse issoanteriormente aqui, que Alexandre Romano atuou como um captador derecursos, utilizou recursos próprios e utilizou certamente algumasempresas que repassaram alguns recursos. Agora eu não tenhoconhecimento e nem indiquei as empresas especificamente em relação aoprocesso que nós estamos discutindo aqui.

Juiz Federal:- Alguma empresa que ele tenha captado, o senhor temconhecimento?

Paulo Ferreira:- Não."

351. Relativamente ao contrato entre a Oliveira Romano e Felipe Santosda Silva (item 180), admitiu que os valores foram pagos no seu interesse e por suasolicitação:

"Juiz Federal:- O Felipe Santos da Silva, o senhor conhece essa pessoa?

Paulo Ferreira:- Trabalhou na minha campanha.

Juiz Federal:- Ele menciona aqui que um contrato que ele teria firmadocom o senhor Felipe teria sido simulado e ele teria pago valores a esseFelipe por sua solicitação.

Paulo Ferreira:- Eu indiquei, assumi isso, e assumo diante do juízo, queeu indiquei algumas empresas que trabalharam na minha campanha e queele pagou, isso é verdadeiro. Agora essa afirmação que foi contratosimulado, Felipe trabalhou na área de informática da minha campanha.

Juiz Federal:- Sim, mas o senhor sabe se ele trabalhou para o senhorRomano ... para o senhor Alexandre?

Paulo Ferreira:- Não.

Juiz Federal:- Não? Trabalhou na sua campanha?

Paulo Ferreira:- Exatamente.

Juiz Federal:- Então esses valores aqui do contrato entre a empresa do

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senhor Romano e do Felipe, então, era pra transferir dinheiro para acampanha?

Paulo Ferreira:- Dentro dessa lógica de contribuição de campanha decaráter informal, de caráter ilegal, pode ser, eu assumo essaresponsabilidade diante do senhor. O Felipe trabalhou na minhacampanha, quem pagou o salário dele foi Alexandre Romano.”

352. Sobre os pagamentos efetuados pela Oliveira Romano e LeônidasGiacometti (item 182), Paulo Adalberto Alves Ferreira também reconheceu que osvalores foram pagos no seu interesse e por sua solicitação:

"Juiz Federal:- Depois uma outra pessoa aqui chamada LeônidasJacometi, o senhor conhece essa pessoa?

Paulo Ferreira:- Quem fazia esses contratos era o meu secretário definanças da campanha, mas possivelmente dentro dessa lógica decontribuição de pagamento, tenha sido feito. Eu não conheço Leônidas.De onde é que ele é?

Juiz Federal:- Ah, eu também não sei.

Paulo Ferreira:- Pois é."

353. Relativamente ao contrato entre a Oliveira Romano e RDAConsultoria e Briefing Consultoria (item 183), admitiu que os valores foram pagos noseu interesse e por sua solicitação:

"Juiz Federal:- Também tem pagamentos aqui a uma empresa do senhorRicardo D’ávila, Briefing Consultoria e RDA Consultoria, em 2010.

Paulo Ferreira:- Trabalhou na minha campanha.

Juiz Federal:- Esse pagamento de 50 mil me parece.

Paulo Ferreira:- Trabalhou na campanha na área de comunicação.

Juiz Federal:- E esse pagamento que o senhor Alexandre teria feito era noseu interesse também?

Paulo Ferreira:- Sim."

354. No trecho seguinte, admite que os depósitos relacionados nos item186, para ONG Sociedade Recreativa e Beneficente Estado Maior da Restinga, paraViviane da Silva Rodrigues e vários outros, foram efetuados por Alexandre Correa deOliveira Romano a pedido e no interesse do depoente:

"Juiz Federal:- Porto Alegre, pelo jeito. Depois tem uns pagamentos queforam apresentados por ele, como tendo sido feitos no seu interesse, porexemplo, ao Estado Maior da Restinga, que aparentemente é uma escola

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de samba.

Paulo Ferreira:- Isso, é.

Juiz Federal:- Esses pagamentos foram feitos também por suasolicitação?

Paulo Ferreira:- Foi.

Juiz Federal:- Por que motivo esses pagamentos?

Paulo Ferreira:- Apoio eleitoral. Todas essas rubricas, doutor Moro, queaparecem na contabilidade que ele imputa a mim, são verdadeiros.Restinga, algum prestador de serviço, todos eles, ele fez pagamento daordem de, totalizando tudo, da ordem de 500 mil reais.

Juiz Federal:- Depois consta também diversos pagamentos para Vivianeda Silva Rodrigues, também trabalhava na sua campanha?

Paulo Ferreira:- Apoiadora de campanha.

Juiz Federal:- Esses pagamentos à senhora Viviane se estendem até 2013,o senhor sabe me explicar, então?

Paulo Ferreira:- Sim. Era a relação que mantinha com o setor cultural dacidade, eu tenho uma relação com o setor cultural, cultura popular,carnaval, do Rio Grande do Sul e, por extensão, do Brasil. Quando euassumi o mandato, eu fiz uma audiência pública, que está registrada nosanais da comissão de cultura, que foi a maior audiência pública dacomissão de cultura até hoje, com todas as representações das escolas desamba do Brasil inteiro, tem gente do Rio de Janeiro, São Paulo, deManaus.

Juiz Federal:- Mas então não é dinheiro de campanha nesse caso?

Paulo Ferreira:- Não, isso aí transitou ... ultrapassou os limites.

Juiz Federal:- Pagamentos em 2013?

Paulo Ferreira:- Isso, ultrapassaram os limites.

Juiz Federal:- Qual era a justificativa para ele fazer esses pagamentos, noseu interesse ...

Paulo Ferreira:- Manutenção de uma estrutura de relação com o setorcultural de apoiador no mandato que veio a se efetivar em 2012.

Juiz Federal:- Tem um pagamento depois para Sandro Ferraz.

Paulo Ferreira:- É um cantor dessa mesma escola.

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Juiz Federal:- Também feito no seu interesse?

Paulo Ferreira:- Exatamente.

Juiz Federal:- Silvânia Gomes Timóteo.

Paulo Ferreira:- É, são pessoas que trabalhavam e que auxiliavam omandato.

Juiz Federal:- Júlio Garcia.

Paulo Ferreira:- Sim, sim, sim.

Juiz Federal:- No seu interesse também?

Paulo Ferreira:- Meu interesse.

Juiz Federal:- Desculpe, o senhor até já afirmou, fez essa afirmação deque esses pagamentos, o senhor reconhecia esses pagamentos, mas eupreciso que isso fique claro no processo, não quero aqui ser cansativo enem lhe pretendo atormentar...

Paulo Ferreira:- Não, eu entendo perfeitamente.

Juiz Federal:- Mas são questões necessárias.

Paulo Ferreira:- Entendo perfeitamente e reitero que esses pagamentos euindiquei e ele fez e ele pagou.

Juiz Federal:- Marcelo Rosauro Sasso.

Paulo Ferreira:- Sim, sim, também.

Juiz Federal:- Qual é a relação dele com a sua campanha, é da escola?

Paulo Ferreira:- É apoiador da minha campanha, apoiador do meumandato.

Juiz Federal:- Leonita de Carvalho.

Paulo Ferreira:- Todos apoiadores do mandato, doutor Moro.

Juiz Federal:- A senhora Leonita também tem pagamentos em 2011...

Paulo Ferreira:- Também, todos atuaram na campanha, foi dívida decampanha que eu tinha.

Juiz Federal:- Adriana Miranda Morais.

Paulo Ferreira:- Todos compromissos de campanha.

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Juiz Federal:- Angelita da Rosa.

Paulo Ferreira:- Compromisso de campanha.

Juiz Federal:- Depois tem Ana Paula e Jonas.

Paulo Ferreira:- Meus filhos.

Juiz Federal:- Seus filhos?

Paulo Ferreira:- Trabalharam na campanha, um recebeu um cheque de 3mil reais e o outro recebeu um cheque de 2 mil reais.

Juiz Federal:- Um deles recebeu aqui pagamentos em 2013 de 5 mil e de 6mil reais.

Paulo Ferreira:- Aí foi uma ajuda dele, Alexandre Romano, para o meufilho.

Juiz Federal:- Por sua solicitação?

Paulo Ferreira:- Foi.

Juiz Federal:- Nair Gomes dos Reis de Oliveira também tempagamentos...

Paulo Ferreira:- Eu não recordo, mas...

Juiz Federal:- Tem um pagamento mais vultoso aqui, Marcelo Machadodos Santos, de 20 mil reais.

Paulo Ferreira:- Desse nome eu não recordo, doutor Moro."

355. Confrontado com o fato dos pagamentos terem ocorrido entre 2009 e2013, portanto não somente durante a campanha eleitoral de 2014, o acusado PauloAdalberto Alves Ferreira assim respondeu:

"Paulo Ferreira:- Exatamente. O meu envolvimento, se o senhor mepermite, doutor Moro...

Juiz Federal:- Claro.

Paulo Ferreira:- ... com o Alexandre Romano, tem um caráteressencialmente eleitoral. Eu não tive nenhuma vantagem pessoal, emnenhum momento, da relação com o Alexandre Romano. O totaldisponibilizado para essas rubricas não ultrapassam quinhentos mil reais.Então tudo aquilo que surgiu na minha relação com o Alexandre Romanofoi em razão da minha candidatura a deputado federal em 2010 e darelação que eu e ele tínhamos,. É isso, eu estou assumindo isso diante dosenhor, diante da procuradoria.

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Juiz Federal:- Sim, eu entendo, mas esse pagamento de 2013 o senhorconsegue justificar como sendo de campanha, 2012, 2011?

Paulo Ferreira:- Apoio de mandato. Quando alguém se propõe a sercandidato, e eu me propus em 2010, você acaba assumindo compromissosque se estendem de dívidas, de relações, foi isso que aconteceu,verdadeiramente é isso, estou sendo absolutamente sincero aqui diante dajustiça brasileira, diante da procuradoria, diante do juízo."

356. Negou ainda ter qualquer relação com os contratos celebrados peloescritório Oliveira Romano Sociedade de Advogados com as empresas Contrubase,Construcap e Schahin. Admitiu, porém, que conheceu Genésio Schiavinato Júnior eErasto Messias da Silva Júnior no escritório de Alexandre Correa de Oliveira Romano.Negou ainda manter relações com os agentes da Petrobrás e qualquer conhecimento decorrupção na Petrobrás:

"Juiz Federal:- Numa tese de acusação mais geral aqui do MinistérioPúblico, ele faz essa contextualização, ele afirma que vários dessescontratos da Petrobras com suas empresas fornecedoras rendiampagamento de propinas a gerentes e diretores da Petrobras, com partesendo direcionada a partidos políticos, entre eles o partido dostrabalhadores. O senhor nunca teve conhecimento desse feito?

Paulo Ferreira:- À época, doutor Moro, à época, eu entrei na secretariade finanças neófito, absolutamente cru do ponto de vista das relações comdoadores e com aquilo que as operações acabaram caracterizando comocartel. Eu não sabia, à época, eu não tinha conhecimento, isso não faziaparte da minha agenda de 2006 a 2010, de percentuais ou de índices queeram feitos e negociados. Os primeiros depoimentos que o senhorrecolheu aqui, que foram 13 depoimentos, que eu ouvi todos, nenhum dosque estiveram aqui se referem a mim como pessoa que teve assento namesa, que esteve participando de algum tipo de negociação.

Juiz Federal:- Mas o senhor não tinha conhecimento desses fatos naépoca como secretário?

Paulo Ferreira:- A minha preocupação à época era pagar a dívida de 50milhões que eu tinha herdado, era isso, era essa a minha preocupação,com vários fornecedores, inclusive alguns deles, assim, tradicionais, comoCoteminas que nós devíamos 15 milhões de reais.

Juiz Federal:- O senhor mencionou que o senhor foi sucedido no posto desecretário de finanças do partido dos trabalhadores pelo senhor JoãoVaccari, isso em 2010?

Paulo Ferreira:- Exato.

Juiz Federal:- Alguns depoentes nesse processo apontaram o senhorVaccari como responsável pelo recolhimento desses pagamentos efetuadosao partido dos trabalhadores, mas isso no período em que o senhor era osecretário de finanças, o senhor saberia me explicar isso?

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Paulo Ferreira:- Sei. O Vaccari era membro do diretório nacional do PT eele fazia relação com as empresas."

357. No segundo interrogatório (evento 900), não houve alteraçãosignificativa das declarações anteriores. Novavamente, foi a ele indagado comojustificar que os depósitos fora de 2010 poderiam ser doações de campanha eleitoral de2010:

"Juiz Federal:- Já que o senhor está eloquente, senhor Paulo, eu pergunteiao senhor na última vez desses pagamentos que foram feitos pelo senhorAlexandre Romano, que estão nos autos ali, nas folhas 96, 97 e 98. Porexemplo, pagamentos para uma senhora aqui entre 2010 e 2013, o queforam esses pagamentos?

Paulo Ferreira:- Excelente a sua pergunta, porque me dá oportunidade defalar algo que eu não falei lá no dia 14. Por que eu não falei maisdetidamente sobre esses assuntos no dia 14? Porque eu não tinha ouvidoos depoimentos de Alexandre Romano. Quando eu vim aqui eu vim deTremembé e eu não sabia o que Alexandre Romano tinha falado nos autos.Eu tive agora a oportunidade de ver, assistir só, porque ele falou sem aimagem, o que Alexandre Romano falou. E eu aproveito a pergunta paraesclarecer. As empresas que são aqui imputadas como empresas queprestaram serviços à Petrobrás/Cenpes, depositaram no escritório deAlexandre Romano 2 milhões e 900 mil reais, doutor Sergio. 2 milhões daConstrubase, 700 mil da Ferreira Guedes e 200 mil da Schahin. Eureconheci aqui diante do senhor que eu recebi de Alexandre Romano porpagamentos de pessoas indicadas, em caixa 2, 495 mil reais. Os númerosnão fecham. Se eu fosse o organizador desse repasse, obviamente, pelasnecessidades de campanha eu teria ficado com valor a mais disso. E elediz nos seus depoimentos que repassava recursos pra mim. Mentira! Essesvalores em botou em algum lugar ou entregou pra outra pessoa.

Juiz Federal:- Esses depósitos que foram feitos aqui não eram em seufavor?

Paulo Ferreira:- Eram em meu favor, mas não tinham a ver com essecontrato.

Juiz Federal:- E tinha a ver com que então, senhor Paulo?

Paulo Ferreira:- Com o trabalho que eu ajudava a ele a fazer, oscontratos que eu ajudava a ele a fazer. Se fosse da minha propriedade essedinheiro, obviamente, que eu estaria com ele, doutor Moro.

Juiz Federal:- Mas isso é caixa 2?

Paulo Ferreira:- Caixa 2. Campanha eleitoral caixa 2. Como tododeputado, como todo prefeito, como todo vereador, como todo presidente,como todo senador, durante o período em que está se realizando aoperação lava-jato praticavam.

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Juiz Federal:- Senhor Paulo o senhor foi eleito em 2010, não foi?

Paulo Ferreira:- Eu concorri em 2010, não fui eleito, fiquei na suplência eassumiu a cadeira em março de 2014.

Juiz Federal:- E como esses pagamentos de 2011, 2012 e 2013 podem sercaixa 2 da campanha de 2010?

Paulo Ferreira:- Sustentação de mandato, doutor Moro.

Juiz Federal:- Me explique isso, como sustentação de mandato?

Paulo Ferreira:- Eu não estava com mandato aquela época, eu tinha quemanter o escritório. É assim que acontece.

Juiz Federal:- Precisa de caixa 2?

Paulo Ferreira:- Mas acontece isso.

Juiz Federal:- Caixa 2 não é gasto de campanha?

Paulo Ferreira:- Gasto de campanha, evidentemente, e depois seprolonga.

Juiz Federal:- Receber em 2010, 2011, 2012, 2013, é tudo caixa 2?

Paulo Ferreira:- Doutor Moro, o grosso dessa...

Juiz Federal:- O pagamento que o senhor recebeu em 2013 é caixa 2 decampanha?

Paulo Ferreira:- 2013?

Juiz Federal:- É, que não tinha campanha nenhuma.

Paulo Ferreira:- Mas 2013 aonde?

Juiz Federal:- Nos autos aqui, os depósitos.

Paulo Ferreira:- 2013 não.

Juiz Federal:- Está aqui, posso mostrar, em 97 e 98.

Paulo Ferreira:- O que é que tem aí de pagamento?

Juiz Federal:- Tem vários depósitos, para aquela senhora inclusive, paraos seus filhos.

Paulo Ferreira:- Os meus filhos trabalharam na campanha, isso aí éajuda pessoal que ele reconhece no processo, doutor Moro. Eu estou nesseprocesso, porque o meu filho recebeu 2 mil reais dele.

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Juiz Federal:- Não é só por isso que o senhor está nesse processo, osenhor não pode falar isso.

Paulo Ferreira:- Não, entre outras coisas sim. Eu fui explorado nisso,porque eu beneficiei os meus filhos. Ana Paula trabalhou na campanha,minha filha recebeu 3 mil reais. O grosso dessa movimentação deAlexandre Romano no escritório é campanha eleitoral de 2010.

Juiz Federal:- E os pagamentos de 2012, 2013, 2011, são o que, senhorPaulo?

Paulo Ferreira:- Foram contrapartidas dele, dele, Alexandre Romano,pela relação que eu tinha com ele, ele reconhece isso aqui. Ele deu odinheiro dele inclusive. Se misturou esse dinheiro, ele deu. O que eu queroafirmar aqui para o senhor, novamente, que eu não tenho relação e nãooperei Cenpes e Petrobrás. Isso dizem as onze testemunhas..."

358. Concluído o exame da prova oral.

359. Tem-se em resumo dela confissões de vários dos envolvidos.

360. Paulo Roberto Costa, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, Daltondos Santos Avancini e Ricardo Ribeiro Pessoa confessaram o esquema criminoso geral,embora não tivessem conhecimento específico dos fatos que constituem objeto dapresente ação penal.

361. Mário Frederico Mendonça Goes, Pedro José Barusco Filho, AntônioPedro Campelo, Ricardo Pernambuco Backheuser Júnior, Tânia Meria SilvaFontenelle, Luiz Fernando dos Santos Reis e Roberto José Teixeira Gonçalves, todoseles tendo participado dos fatos delitivos em maior ou menor amplitude, confirmaramo teor da acusação dentro de sua esfera de conhecimento.

362. Dos acusados, houve confissão de Ricardo Pernambuco Backheuser,Alexandre Correa de Oliveira Romano, Roberto Trombeta, Rodrigo Moraes, EdisonFreire Coutinho, José Antônio Marsílio Schwarz, José Adelmário Pinheiro Filho,Agenor Franklin Magalhães Medeiros e Renato de Souza Duque. Eles confirmaram,em síntese, o teor da acusação dentro de sua esfera de conhecimento. Embora todostenham confessado sob a alegação de que pretendiam colaborar, nem todos eles têmacordo de colaboração.

363. Adir Assad ficou em silêncio em Juízo, embora tenha confessado porescrito nas alegações finais de sua Defesa.

364. Roberto Ribeiro Capobianco negou os crimes, tendo o suporte dealgumas testemunhas, como Walter Torre Júnior que negou ter recebido dezoitomilhões de dólares para desistir da licitação.

365. Erasto Messias da Silva Júnior negou os crimes e alegou ter agidosob a subordinação de Roberto Ribeiro Capobianco que lhe orientou a contratar o

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escritório de Alexandre Correa de Oliveira Romano.

366. Genésio Schiavinato Júnior admitiu somente parcialmente os fatos,reconhecendo que os pagamentos da Construbase ao escritório Oliveira Romano foramfraudulentos e que teriam sido efetuados a pedido da OAS.

367. Enquanto isso Paulo Alves Adalberto Ferreira admitiu ter recebidopagamentos ilegais de Alexandre Correa de Oliveira Romano, mas afirma ser doaçãoeleitoral não-contabilizada.

368. Aprofundando no exame das provas, constata-se que os depoimentosprestados pelos colaboradores, ouvidos tanto como testemunhas e como acusados, oumesmo por acusados destituídos de acordo de colaboração, encontram apoio emelementos documentais de corroboração (item 224), especificadamente:

a) o trâmite peculiar do processo licitatório, com o Consórcio NovoCenpes buscando os agentes da Petrobrás para negociar o seu preço antes mesmo doinício da negociação destes com a WTorre;

b) a apreensão tabelas de preferência para ajuste de licitações em contratoda Petrobrás;

c) o fluxo financeiro documental do Consórcio Novo Cenpes e dasempresas que o compõem para empresas controladas por Adir Assad, RobertoTrombeta, Rodrigo Morales e Alexandre Correa de Oliveira Romano;

d) o fluxo financeiro da Carioca Engenharia para conta no exterior deoperador do gerente da Petrobrás Pedro José Barusco Filho e do operador para ogerente da Petrobrás;

e) as contas no exterior do Diretor da Petrobrás Renato de Souza Duquecom mais de vinte milhões de euros; e

f) o fluxo financeiro de Alexandre Correa de Oliveira Romano paradepósitos em contas de terceiros no interesse de Paulo Adalberto Alves Ferreira.

369. Além disso, os álibis apresentados por vários dos acusados que nãoconfessaram os crimes são usualmente inconsistentes com as demais provas.

370. O depoimento de Paulo Adalberto Alves Ferreira é bastanteinconsistente.

371. Admitiu que recebeu os valores de Alexandre Corre de OliveiraRomano descritos nos itens 180-202. Os valores, que totalizam R$ 511.316,00 lheforam transferidos ou a terceiros por ele indicados entre 10/11/2009 a 29/10/2013.

372. Como álibi, argumentou que seriam doações eleitorais não

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registradas. Entretanto, Paulo Adalberto Alves Ferreira concorreu a deputado federalna campanha de 2010.

373. Não há como justificar pagamentos havidos em 2009, 2011, 2012 eaté em 2013 como doações eleitorais não-registradas. Observa-se que são pagamentosa pessoas a ele ligadas, inclusive aos filhos, até 2013.

374. Então não se trata de caixa não contabilizado de campanha eleitoral,mas de enriquecimento ilícito.

375. Outra contradição no álibi reside na afirmada incapacidade de PauloAdalberto Alves Ferreira de indicar quem seriam os "doadores de recursos", já quediversas vezes referiu-se a Alexandre Correa de Oliveira Romano como "arrecadador"ou "captador de recursos" ("Alexandre Romano atuou como um captador de recursos,utilizou recursos próprios e utilizou certamente algumas empresas que repassaramalguns recursos"). Sua explicação de que candidatos à eleição não se preocupariam emsaber quem seria o doador é risível.

376. Sendo o álibi manifestamente implausível, falso, portanto, e sendoimpossível caracterizar os repasses como doações eleitorais não contabilizadas, aconclusão necessária é que se trata de vantagem indevida paga a Paulo AdalbertoAlves Ferreira na condição de agente do Partido dos Trabalhadores e igualmente deDeputado Federal entre 14/03/2012 a 17/03/2014.

377. O fato dos valores recebidos serem apenas uma parcela do totalrecebido por Alexandre Correa de Oliveira Romano apenas revela que o rastreamentofinanceiro não foi completo, mas as falhas no rastreamento não tem o condão dejustificar a licitude dos pagamentos comprovados documentalmente.

378. É certo, por outro lado, que, conforme vários depoimentos, como dePaulo Roberto Costa, Ricardo Ribeiro Pessoa, Pedro José Barusco Filho, Renato deSouza Duque, bem como conforme sentenças já prolatadas nas ações penais conexas(evento 554), era João Vaccari Neto o representante do Partido dos Trabalhadores noesquema criminoso que vitimou a Petrobrás, cabendo a ele arrecadar a parcela devantagem indevida acertada entre os agentes da Petrobrás e as empreiteiras, mesmoantes de ter assumido o carto de Secretário de Finanças do Partido dos Trabalhadores.

379. Entretanto, isso não significa que outros agentes políticos do Partidodos Trabalhadores não eram também beneficiários de valores a eles direcionados pelopróprio João Vaccari Neto, o que foi o caso, por exemplo, do ex-Ministro José Dirceude Oliveira e Silva, conforme cópia de sentença na ação penal5013405-59.2016.4.04.7000 (evento 554, arquivo sent6).

380. Considerando que, entre as fontes dos recursos utilizados porAlexandre Correa de Oliveira Romano, encontram-se pagamentos recebidos por seuescritório em contratos, segundo ele simulados ou superfaturados, com as empresasConstrubase Engenharia, Schahin Engenharia e Construtora Ferreira Guedes, esta

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controlada pela Construcap e pelo dirigente Roberto Ribeiro Capobianco, todas essasempresas, Construbase, Schahin e Construcap, componentes do Consórcio NovoCenpens, é de concluir que as vantagens indevidas repassadas a Paulo Adalberto AlvesFerreira têm por causa os acertos de corrução no contrato de ampliação do Cenpes.

381. Álias, José Antônio Marsílio Schwarz, além de admitir o caráterfraudulento dos contratos da Oliveira Romano com a Schahin Engenharia, declarouque os repasses eram destinados a Paulo Adalberto Alves Ferreira e foram descontadosda "conta corrente" que a Schahin Engenharia mantinha com João Vaccari Neto depropinas em contratos com a Administração Pública Federal, incluindo o contrato doNovo Cenpes.

382. E Genésio Schiavinato Júnior também admitiu que os contratos daConstrubase Engenharia com a Oliveira Romano eram fraudulentos e que os repassesdestinavam-se a Paulo Adalberto Alves Ferreira, ainda relacionando-os, segundo seuálibi, a dívidas da Construbase com a OAS por conta do Consórcio Novo Cenpes.

383. Considerando o conjunto de provas documentais e orais e ainconsistência do álibi de Paulo Adalberto Alves Ferreira, é de se concluir que osvalores por ele recebidos ou por terceiros a seu pedido por transferências efetuadas porAlexandre Correa de Oliveira Romano eram parte da vantagem indevida acertada entreagentes da Petrobrás e dirigentes do Consórcio Novo Cenpes e das empresascomponentes, sendo ele mais um dos agentes políticos beneficiados pelos pagamentosilícitos no esquema criminoso de saque à Petrobras.

384. Deve ele responder pelo crime de corrupção e de lavagem dinheiro.

385. Como adiantado Genésio Schiavinato Júnior confessou parcialmenteos fatos. Entretanto, atribui a responsabilidade pelos repasses da Construbase paraOliveira Romano e no interesse de Paulo Adalberto Alves Ferreira à determinação deAgenor Franklin Magalhães Medeiros, dirigente da OAS.

386. O objetivo do álibi é negar o dolo, reconhecendo os fatos provadosdocumentalmente, mas negando ciência da participação em esquema de pagamento depropina.

387. O problema com o álibi é que a Construbase não pagou, como eleafirma, despesas de terceiro junto ao escritório de advocacia Oliveira Romano. Foramsimulados contratos de prestação de serviço para tanto. A simulação dos contratos tempor objetivo óbvio esconder a ilicitude das transferências e não se justificaria caso aoperação fosse normal, de mero pagamento de despesas de outrem. Além disso, opróprio Genésio Schiavinato Júnior reconhece que os pagamentos se faziam nointeresse Paulo Adalberto Alves Ferreira, agente da agremiação política que controlavaa Petrobrás, com o que, mesmo se admitido o seu álibi, parece-me óbvia a percepçãopara cada um dos envolvidos de que o que a Construbase fazia era pagar vantagemindevida.

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388. Cumpre ainda observar que diversas testemunhas e acusadosafirmaram que Genésio Schiavinato Júnior teve participação e consciência de todo oesquema criminoso, o ajuste fraudulento de licitação, o pagamento à WTorre e o acertode corrupção, com o pagamento de vantagem indevida a agentes da Petrobrás epolíticos. Prestaram depoimentos, afirmando a participação consciente de GenésioSchiavinato Júnior nos crimes, Antônio Pedro Campelo, Ricardo PernambucoBackheuser Júnior, Luiz Fernando dos Santos Reis, Alexandre Correa de OliveiraRomano e Edison Freire Coutinho. Embora sejam todos criminosos colaboradores, aprova documental, aliada à certa inconsistência do álibi, é suficiente para concluir porsua responsabilidade criminal.

389. Deve responder pelo crime de corrupção e de lavagem.

390. Conclusões similares cabem em relação ao dirigente da Construcap,Roberto Ribeiro Capobianco.

391. Apesar dele negar conhecimento do crimes, a prova de que oConsórcio Novo Cenpes obteve o contrato de ampliação do Cenpes em ajustefraudulento de licitações no âmbito do clube das empreiteiras é esmagadora, não sópelo número de confissões, mas também prova documental de corroboroção.

392. De forma semelhante, as provas do acerto de corrupção envolvendo ocontrato do Consórcio Novo Cenpes são documentais e também amparadas emdiversas confissões.

393. Não é possível que, no esquema criminoso, somente a OAS, aCarioca e a Schahin tivessem participação no ajuste fraudulento da licitação ou noacerto de corrupção e o mesmo não ocorresse com as demais empresas, a Construbaseou a Construcap.

394. Em outras palavras, é impossível que somente a OAS, a Carioca e aSchahin pagassem propina em decorrência do contrato e as demais empresas,Construbase e Construcap, não.

395. E há prova documental não só do pagamento de propina pela OAS epela Carioca, mas também pelo Consórcio Novo Cenpes, como os contratosfraudulentos, por todos admitidos, entre este e as empresas de Roberto Trombeta eRodrigo Morales.

396. Foi ainda provado que, no período dos fatos, a Construtora FerreiraGuedes era controlada pelo mesmo grupo que controlava a Construcap e que a FerreiraGuedes estava subordinada a Roberto Ribeiro Capobianco. Também provadosdocumentalmente os pagamentos da Construtora Ferreira Guedes para o escritórioOliveira Romano e deste para Paulo Adalberto Alves Ferreira.

397. Todos os contratantes do escritório Oliveira Romano, a Schahin e aConstrubase, incluindo os dirigentes da Schahin, o próprio Alexandre Correa de

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Oliveira Romano e até mesmo Genésio Schiavinato Júnior, que não tem acordo decolaboração, admitiram o caráter fraudulento dos contratos e que o objetivo erarepassar valores a Paulo Adalberto Alves Ferreira. Por que seria diferente com aConstrucap/Ferreira Guedes?

398. É até possível que Alexandre Correa de Oliveira Romano tenhaprestado alguns serviços lícitos, mas isso tinha por objetivo disfarçar os repassesilícitos que tinham por destinatário final Paulo Adalberto Alves Ferreira.

399. O próprio Alexandre Correa de Oliveira Romano admitiu, aliás, queprestou serviços jurídicos para a Construtora Ferreira Guedes, mas também ressalvouque eles eram superfaturados.

400. Quanto à alegação de Roberto Ribeiro Capobianco de que aConstrucap ingressou tardiamente no Consórcio Novo Cenpens e que, portanto, nãoteria participado das reuniões de ajuste de licitação, fato é que a Construcap ingressouno Consórcio já em 13/06/2007, conforme compromisso de constituição dele (item135), juntamente com as demais, e que isso ocorreu antes da decisão do resultado dalicitação, em 27/06/2007. O crime de frustração ou fraude à licitação do art. 90 da Lein.º 8.666/1993 consuma-se apenas com o fim da licitação. Assim, ainda que o ajustepossa ter sido combinado previamente, a adesão pela Construcap ao Consórcio e aoajuste ocorreu antes do término da licitação.

401. Prestaram depoimentos, afirmando a participação consciente deRoberto Ribeiro Capobianco nos crimes, Antônio Pedro Campelo, RicardoPernambuco Backheuser Júnior, Luiz Fernando dos Santos Reis, Alexandre Correa deOliveira Romano e Edison Freire Coutinho. Embora sejam todos criminososcolaboradores, a prova documental, aliada à certa inconsistência do álibi, é suficientepara concluir por sua responsabilidade criminal. E o próprio Erasto Messias da SilvaJúnior afirmou que o escritório Oliveira Romano foi contratado por determinação deRoberto Ribeiro Capobianco. Agregue-se que a afirmada integridade da Construcapnão resiste à prova documental de que também ela repassou recursos milionários àempresa de fachada de Adir Assad, a Legend Engenheiros (item 156). O fato não éobjeto da denúncia, mas pode ser invocado como elemento probatório acerca doenvolvimento da empressa em atividades ilícitas.

402. Roberto Ribeiro Capobiano deve responder pelos crimes decorrupção e lavagem.

403. Já quanto a Erasto Messias da Silva Júnior, dirigente da ConstrutoraFerreira Guedes, entendo que há uma dúvida razoável quanto a sua participação dolosanos crimes. Afirmou que contratou os serviços jurídicos de Alexandre Correa deOliveira Romano por determinação de Roberto Ribeiro Capobianco e que cabia a estedecidir sobre o valor dos honorários. Como os serviços foram prestados, emborasuperfaturados, é possível, embora não provável, que o ajuste criminoso tenha ocorridoentre Roberto Ribeiro Capobianco e Alexandre Correa de Oliveira Romano, sem aparticipação consciente de Erasto Messias da Silva Júnior. Ao contrário, ademais, do

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que ocorreu com Roberto Ribeiro Capobianco, contra Erasto Messias da Silva Júniorhá, além dos documentos relativos aos repasses, somente a palavra de AlexandreCorrea de Oliveira Romano. Nesse contexto, há prova insuficiente para a condenação.

404. Quanto a Adir Assad, que ficou silente neste feito, já foi provado,conforme condenações em primeira e segunda instância, na ação penal5012331-04.2015.4.04.7000, que era ele o controlador das empresas LegendEngenheiros e RockStar Marketing cujas contas recebiam valores milionários dasgrandes empreiteiras brasileiras, para tanto sendo celebrados contratos fraudulentos.Os valores eram então sacados em espécie e devolvidos às empreiteiras para arealização de pagamentos não-contabilizados, inclusive a agentes públicos. Era umaespécie de agente profissional da lavagem cuja responsabilidade foi afirmada porvários dos acusados e testemunhas, como Augusto Ribeiro de Medonça Neto, RicardoRibeiro Pessoa, Tânia Maria Silva Fontenelle e Ricardo Pernambuco Bakcheuser.Além disso, em alegações finais, como visto (item 44), em petição também subscritapessoalmente por ele, houve confissão de que era o controlador das duas empresas eque as utilizava para providenciar fraudulentamente, mediante contratos simulados ousuperfaturados, a entrega de dinheiro em espécie a grandes empreiteiras nacionais,entre elas a Carioca Engenharia.

405. Pelas provas documentais e orais é possível ter por provado, acima dequalquer dúvida razoável, a seguinte síntese dos fatos.

406. O Consórcio Novo Cenpes obteve, no âmbito do clube dasempreiteiras, preferência para ganhar a licitação da Petrobrás para as obras deampliação no Cenpes. As demais empresas do clube respeitaram a preferência, nãoconcorrendo ou apresentado propostas de cobertura, como a Andrade Gutierrez, aMendes Júnior e a Odebrecth.

407. Entre as componentes do clube das empreiteiras, a OAS dela faziaparte. As demais, Schahin Engenharia, Construbase e Construcap, participaram apenasocasionalmente, ingressando no ajuste fraudulento de licitação porque haviam sidoconvidadas pela Petrobrás para participar do certame.

408. A WTorre, que não participava dos ajustes, apresentou proposta maisvantajosa. Na negociação que se seguiu, o Consórcio Novo Cenpes apresentouproposta de desconto de preço superior a WTorre e ficou com o contrato. A WTorreteria assim agido motivada por um pagamento de dezoito milhões de reais peloConsórcio Novo Cenpes.

409. Ficou pendente o rastreamento financeiro deste pagamento de dezoitomilhões de reais. O fato, porém, embora reprovável, não é crime, pois não estátipificada no Brasil a corrupção entre empresas privadas.

410. Houve, como era regra em contratos da Petrobrás, um acerto decorrupção de pelo menos 2% do valor do contrato, com metade sendo destinada aexecutivos da Petrobrás e outra metade para agentes políticos do Partido dos

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Trabalhadores.

411. A OAS, como líder do Consórcio encarregou-se inicialmente detodos os pagamentos, mas as empresas componentes do Consórcio posteriormenteassumiram as suas partes.

412. Participaram dos ajustes fraudulentos de licitação e do acerto decorrupção, pela OAS, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, com a aprovação superiorde José Adelmário Pinheiro Filho, pela Schahin Engenharia, Edison Freire Coutinho,José Antônio Marsílio Schwarz, este somente do acerto de corrupção, pelaConstrubase, Genésio Schiavinato Júnior, e pela Construcap, Roberto RibeiroCapobianco. Respondem por corrupção ativa. Quanto ao crime de ajuste fraudulentode licitação, figurou na denúncia somente como antecedente a lavagem, sem imputaçãoespecífica.

413. Embora Edison Freire Coutinho tenha confessado participação noajuste fraudulento de licitação, mas negado ciência do acerto de corrupção com osagentes da Petrobrás, há declarações de Mário Frederico de Mendonça Goes acerca doenvolvimento dele do pagamento de propinas a agentes da Petrobrás, emborarelativamente a outro contrato, também Pedro José Barusco Filho declarou que tratoude acertos de corrupção com Edison Freire Coutinho, enquanto Ricardo PernambucoBackheuser Júnior e Agenor Franklin Magalhães Medeiros declararam que todas asempresas sabiam que a OAS inicialmente pagava vantagem indevida em nome detodas as demais. Da mesma forma, Luiz Fernando dos Santos Reis, diretor deEngenharia da Carioca, informou que todos os membros do consórcio foraminformados dos compromissos de pagamentos de propina a agentes da Petrobrás e queEdison Freire Coutinho sempre foi o representante da Schahin no Consórcio.

414. Além disso, sua afirmação de que, após a assinatura do contrato, em21/01/2008, não teria mais participado da relação com o consórcio (item 305), não éconsistente com atas de reuniões havidas em 14/02/2008 e em 15/05/2008 do ConselhoDiretor do Consórcio e que revelam a sua presença nelas (evento 894).

415. Então deve também responder pela corrupção dos agentes daPetrobrás, ainda que não tenha atuado na operacionalização dos pagamentos.

416. Pedro José Barusco Filho e Renato de Souza Duque, executivos daPetrobrás, confirmaram o recebimento de vantagem indevida do Consórcio NovoCenpes e há prova documental que corrobora suas afirmações. Também relevaram queparte da propina era direcionada a agentes políticos do Partido dos Trabalhadores e háprova documental que corrobora suas afirmações, no caso os pagamentos sem causa aPaulo Adalberto Alves Ferreira.

417. Poderiam responder os três por corrupção passiva, mas apenasRenato de Souza Duque foi denunciado por este crime.

418. Pedro José Barusco Filho não responde por conta dos termos do

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acordo de colaboração celebrado, já que foi condenado, em outra ação penal, pelomáximo da pena ali prevista.

419. Esclareça-se que os pagamentos a Paulo Adalberto Ferreira Filhotambém poderiam caracterizar crime de corrupção mesmo não sendo ele agentepúblico em parte do período.

420. É que fazem parte de um acerto de corrupção sobre contratos daPetrobrás e feitos com executivos da Petrobrás, estes funcionários públicos. Se ospagamentos são feitos a terceiro a pedido do agente público, trata-se igualmente devantagem indevida. Conforme dispõe o art. 313 do CP, o crime se configura se avantagem indevida é solicitada ou recebida “para si ou para outra outrem”. Além disso,em parte do período dos pagamentos, Paulo Adalberto Ferreira Filho exercia omandado de deputado federal (entre 14/03/2012 a 17/03/2014). Não se deve esquecerque o esquema criminoso que vitimou a Petrobrás envolvia a divisão da vantagemindevida entre agentes da Petrobrás e agentes políticos, todos respondendo porcorrupção passiva, quer tenham os últimos ou não a condição também de agentepúblico, já que aplicável o art. 30 do Código Penal.

421. Reputo caracterizado um crime de corrupção apenas, envolvendo ocontrato e seus aditivos. Não há prova de que houve acertos de corrupção separadosenvolvendo os aditivos. Aliás, o acusado Agenor Franklin Magalhães Medeiros relata,em relação a um dos aditivos havidos, através de instrumento de transação judicial, aocorrência de um novo acerto de corrupção, mas envolvendo beneficiários diferentes eque não se encontra narrado na denúncia.

422. No caso presente, não restou suficientemente comprovado queRenato de Souza Duque e Pedro José Barusco Filho receberam a vantagem indevidaem contrapartida a algo específico e determinado.

423. Há, é certo, relatos de Agenor Franklin Magalhães Medeiros dopagamento de propina a outros agentes em troca de informações privilegiadas, mas nãoque isso teria ocorrido com os dois referidos executivos da Petrobrás.

424. Não foi ademais produzida, nestes autos, prova suficiente de que taispagamentos teriam sido feitos a eles para que se omitissem em relação à atuação docartel.

425. De todo modo, efetiva prática de ato de ofício ilegal é causa deaumento de pena, mas não é exigido para a tipificação dos crimes dos arts. 317 e 333do CP.

426. Assim, uma empresa não pode realizar pagamentos a agentespúblicos, quer ela tenha ou não presente uma contrapartida específica naquelemomento.

427. Basta para a configuração que os pagamentos sejam realizados em

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razão do cargo, ainda que em troca de atos de ofício indeterminados, a serempraticados assim que as oportunidades apareçam. Citando Direito Comparado, "ésuficiente que o agente público entenda que dele ou dela era esperado que exercitassealguma influência em favor do pagador assim que as oportunidades surgissem" ("US v.DiMasi", nº 11-2163, 1st Cir. 2013, no mesmo sentido, v.g., "US v. Abbey", 6th Cir.2009, "US v. Terry", 6th Cir. 2013, "US v. Jefferson", 4th Cir. 2012, todos de Cortes deApelação Federais dos Estados Unidos).

428. Na jurisprudência brasileira, a questão é ainda objeto de debates, masos julgados mais recentes inclinam-se no sentido de que a configuração do crime decorrupção não depende da prática do ato de ofício e que não há necessidade de umadeterminação precisa dele. Nesse sentido, v.g., decisão do Egrégio Superior Tribunalde Justiça, da lavra do eminente Ministro Gurgel de Faria:

"O crime de corrupção passiva é formal e prescinde da efetiva prática doato de ofício, sendo incabível a alegação de que o ato funcional deveria serindividualizado e indubitavelmente ligado à vantagem recebida, uma vezque a mercancia da função pública se dá de modo difuso, através de umapluralidade de atos de difícil individualização." (RHC 48400 – Rel. Min.Gurgel de Faria - 5ª Turma do STJ - un. - j. 17/03/2017)

429. Pelo verificado neste e em outros casos, o pagamento de vantagensindevidas em contratos da Petrobrás havia ser tornado uma prática comum, “a regra dojogo”, efetuando os dirigentes das empreiteiras esses pagamentos para manterem umaboa relação com os executivos da Petrobrás e com os agentes políticos que lotearam oscargos de direção da Petrobrás, a fim de evitar óbices aos seus ganhos e igualmentefacilitações quando as oportunidades surgissem.

430. Isso é suficiente para a tipificação. O entendimento contrário,exigindo uma contrapartida específica e determinada em troca da vantagme indevida,tornaria legítimos os pagamentos milionários efetuados pelas empreiteiras aosexecutivos da Petrobrás e aos agentes políticos que lhes davam sustentação, o que seriaum argumento absurdo.

431. Caracterizado, portanto, o crime de corrupção, sem, porém, a causade aumento prevista nos artigos 317 e 333 do CP.

432. Não foi posssível rastrear todos os pagamentos relativos à propina deR$ 20.658.100,76 (2% de R$ 1.032.905.039,04).

433. Os valores transferidos pelo Consórcio Novo Cenpes, de cerca de R$2.895.000,00, para as empresas MRTR e Morales e De Paula, dos acusados RobertoTrombeta e Rodrigo Morales tinham por causa o acerto de corrupção no contratoobtido com ajuste fraudulento de licitação e tinham por objetivo viabilizar a obtençãode valores em espécie para pagamentos de vantagem indevida a agentes públicos.

434. Roberto Trombeta e Rodrigo Morales controlavam as empresasMRTR e Morales e De Paula. Prestavam serviços de lavagem de dinheiro para a OAS

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de maneira habitual, basicamente a ela disponibilizando recursos milionários emespécie mediante a simulação de contratos de prestação de serviços.

435. Os fatos caracterizam dois crimes de lavagem, um por contratosimulado. Por eles respondem Roberto Trombeta e Rodrigo Morales.

436. Ainda que os dirigentes das empresas componentes do ConsórcioNovo Cenpes tenham acordado com o acerto de corrupção, não vislumbro provasuficiente de que se envolveram diretamente na operacionalização da ocultação edissimulação envolvendo esses dois repasses. Com efeito, segundo a prova colhida,isso ficaria sob a responsabilidade direta de uma espécie de setor de pagamentos não-contabilizados da OAS, sem que mesmo os dirigentes desta se envolvessem nasoperações espefícas.

437. Assim, desta imputação, devem ser absolvidos os dirigentes dasempreiteiras por falta de prova de autoria, especificamente Agenor Franklin MagalhãesMedeiros, José Adelmário Pinheiro Filho, Ricardo Pernambuco Backheuser, EdisonFreire Coutinho, Roberto Ribeiro Capobianco e Genésio Schiavinatto Júnior.

438. A Carioca passou a realizar os pagamentos de propina diretamente.Os valores transferidos pela Carioca, de cerca de R$ 1.307.501,00, para as empresasLegend Engenheiros e RockStar, do acusado Adir Assad tinham por causa o acerto decorrupção no contrato obtido com ajuste fraudulento de licitação e tinham por objetivoviabilizar valores em espécie para pagamentos de vantagem indevida a agentespúblicos.

439. Os fatos caracterizam dois crimes de lavagem, um por contratosimulado. Por eles respondem Adir Assad.

440. Ainda que os dirigentes das empresas componentes do ConsórcioNovo Cenpes tenham acordado com acerto de corrupção, não vislumbro provasuficiente de que se envolveram diretamente na operacionalização da ocultação edissimulação envolvendo esses dois repasses. Assim, desta imputação, deve serabsolvido Ricardo Backheuser Pernambuco por falta de prova de autoria.

441. Parte da vantagem indevida foi paga pela Carioca a Pedro JoséBarusco, gerente da Petrobras, pelo intermédio de Mario Frederico de Mendonça Goes,mediante a transferência de USD 711.050,00 da conta em nome da off-shore Cliverpara a conta em nome da off-shore Mayana e desta para contas secretas de Pedro JoséBarusco Filho no exterior. Caracteriza um crime de lavagem de dinheiro.

442. Por ele, responde Ricardo Pernambuco Backheuser. Aqui há prova desua participação direta, já que utilizada como instrumento de lavagem conta em nomede off-shore da qual era beneficiário final.

443. Os valores transferidos pela Construbase, de cerca de R$1.261.468,00, para o escritório Oliveira Romano, tinham por causa o acerto de

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corrupção no contrato obtido com ajuste fraudulento de licitação e tinham por objetivoviabilizar o pagamento de Paulo Adalberto Alves Ferreira, através de pessoa interpostae simulação ou superfaturamento de contratos de prestação de serviços. Caracterizamcinco crimes de lavagem, um por contrato. Por eles respondem Genésio SchiavinatoJúnior, Alexandre Correa de Oliveira Romano e Paulo Adalberto Alves Ferreira.

444. Os valores transferidos pela Schahin, de cerca de R$ 224.094,00,para o escritório Oliveira Romano, tinham por causa o contrato obtido com ajustefraudulento de licitação e tinham por objetivo viabilizar o pagamento de PauloAdalberto Alves Ferreira, através de pessoa interposta e simulação de contrato deprestação de serviços. Caracterizam um crime de lavagem. O fato de terem sidotransferidos por meio de três notas fiscais fraudulentas não autoriza a caracterizaçãocomo sendo três crimes. Por ele responde José Antônio Marsílio Schwartz, AlexandreCorrea de Oliveira Romano e Paulo Adalberto Alves Ferreira.

445. Edison Freire Coutinho deve ser absolvido desta imputação, poisembora tenha participado do acerto de corrupção envolvendo o contrato de ampliaçãodo Cenpes, não há prova que se envolveu especificamente na operacionalização dastransferências para Paulo Adalberto Alves Ferreira.

446. Os valores transferidos pela Construtora Ferreira Guedes, nointeresse da Construcap, para o escritório Oliveira Romano, tinham por causa ocontrato obtido com ajuste fraudulento de licitação e tinham por objetivo viabilizar opagamento de Paulo Adalberto Alves Ferreira, através de pessoa interposta e simulaçãoou superfaturamento de contratos de prestação de serviços. Por eles respondemRoberto Ribeiro Capobianco, Alexandre Correa de Oliveira Romano e Paulo AdalbertoAlves Ferreira.

447. Nos contratos com o escritório Oliveira Romano não importa queparte dos valores fosse destinada à remuneração de serviços de Alexandre Correa deOliveira Romano, pois a lavagem envolve a mistura de valores de procedência ilícitacom ilícita e é impossível discriminar o quanto Alexandre Correa de Oliveira Romanoestava recebendo de comissão pela intermediação e o quanto estava recebendo porserviços lícitos.

448. Como adiantado, há uma dúvida razoável quanto à participaçãodolosa de Erasto Messias da Silva Júnior, já que seguia ordens de Roberto RibeiroCapobianco e uma vez que os serviços foram prestados, embora comsuperfaturamento. Então deve ele ser absolvido.

449. Relativamente ao último contrato, de 25/11/2010, restou uma dúvidase foi de fato superfaturado ou não. O depoimento de Alexandre Correa de OliveiraRomano foi confuso no ponto, ora afirmando que era veículo de propina, oraafirmando que não. Aparentemente, a confusão é produto da existência de uma relaçãocontínua e fraudulenta com a Construtora Ferreira Guedes.

450. Então reputo caracterizados três crimes de lavagem, no montante de

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cerca de de cerca de R$ 676.000,00.

451. Os valores transferidos por Alexandre Correa de Oliveira Romano,de cerca de R$ 511.316,00, entre 10/11/2009 a 29/10/2013, em dezenas de pagamentosa terceiros no interesse de Paulo Adalberto Alves Ferreira, alguns com simulação decontratos, outros não, também configuram condutas de lavagem de dinheiro, buscandoo agente político ocultar que os pagamentos, vantagem indevida proveniente de ajustefraudulento de licitação e acerto de corrupção em contratos da Petrobrás, pudessem sera ele vinculados. Assim, o intermediário realizava os pagamentos direto a terceiros nointeresse do agente político.

452. Poder-se-ia cogitar da configuração de tantos crimes de lavagemquanto o número de transferências, mas cumpre reconhecer que os pagamentos deterceiros no interesse de Paulo Adalberto Alves Ferreira consistem na continuidade domesmo ciclo de lavagem inaugurado pelo recebimento pelo escritório OliveiraRomando dos valores das empreiteiras Construbase, Construcap/Ferreira Guedes eSchahin. Tratando-se do mesmo ciclo, mais apropriado reputar inalterado o número decrimes de lavagem já reconhecido.

453. Assim, em benefício de Alexandre Correa de Oliveira Romano ePaulo Adalberto Alves Ferreira, limito o número de crimes de lavagem a nove,correspondentes ao número de contratos fraudulentos do escritório Oliveira Romanocom a Construbase e Construtora Ferreira Guedes além da operação com a Schahin.

454. Cumpre destacar que os crimes de lavagem, tiveram por antecedentesos crimes de ajuste fraudulento de licitações do art. 90 da Lei nº 8.666/1993.

455. O crime de ajuste fraudulento de licitação é temporalmente anteriorao de lavagem.

456. As empresas obtiveram, em consórcio, o contrato junto à Petrobrásmediante ajuste de preferências e parte dos recursos obtidos no contrato, no percentualde dois por cento, foram destinados ao pagamento de propinas para agentes daPetrobrás e agentes políticos. Produto do crime de ajuste fraudulento de licitação é ocontrato e os ganhos nele obtidos.

457. Referido crime já estava abrangido no rol de crimes antecedentes daLei nº 9.613/1998, com a redação original, conforme art. 1º, V, já que, embora na lei delicitações, consiste em crime contra a Administração Pública.

458. Não é preciso que haja um rastreamento entre os valores pagos pelaPetrobrás e os pagamentos feitos pelo Consórcio ou pelas empresas que dele faziamparte.

459. As operações não raramente são de compensação, muitas vezes atépara evitar o rastreamento, o que faz parte da própria lavagem.

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460. Dinheiro é fungível e não é de se exigir que o mesmo dinheiro físicorecebido da Petrobrás tenha sido utilizado especificamente para os repasses aos agentespúblicos.

461. É certo, porém, que o acerto de corrupção foi feito na base depercentual sobre o valor do contrato, o que é suficiente para relacionar a lavagem aocrime antecedente do ajuste fraudulento de licitação.

462. Questão que se coloca é se o crime de corrupção também poderia serantecedente ao de lavagem, ou seja, se o repasse de propina através de transaçõessubreptícias configura, além de corrupção, conduta de lavagem de dinheiro

463. Poder-se-ia alegar, como fazem as Defesas, confusão entre o crime delavagem e o crime de corrupção, argumentando que não haveria lavagem antes daentrega dos valores.

464. Assim, os expedientes fraudulentos ainda comporiam o tipo penal dacorrupção, consistindo no repasse indireto dos valores.

465. Vinha este Juízo adotando a posição de que poder-se-ia falar delavagem de dinheiro apenas depois de finalizada a conduta pertinente ao crimeantecedente.

466. Assim, por exemplo, só haveria lavagem se, após o recebimento davantagem indevida do crime de corrupção, fosse o produto submetido a novas condutasde ocultação e dissimulação.

467. A realidade dos vários julgados na assim denominada OperaçãoLavajato recomenda alteração desse entendimento.

468. A sofisticação da prática criminosa tem revelado o emprego demecanismos de ocultação e dissimulação já quando do repasse da vantagem indevidado crime de corrupção.

469. Tal sofisticação tem tornado desnecessária, na prática, a adoção demecanismos de ocultação e dissimulação após o recebimento da vantagem indevida,uma vez que o dinheiro, ao mesmo tempo em que recebido, é ocultado ou a ele éconferida aparência lícita.

470. Este é o caso, por exemplo, do pagamento de propina através detransações internacionais subreptícias. Adotado esse método, a propina já chega aodestinatário, o agente público ou terceiro beneficiário, ocultada e, por vezes, já emlocal seguro e fora do alcance das autoridades públicas, tornando desnecessáriaqualquer nova conduta de ocultação ou dissimulação.

471. Esse igualmente é o caso quando a propina é paga mediantetransferências de valores ocultadas por contratos de prestação de serviços simulados ou

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superfaturados. Adotado esse método, o pagamento pela empresa corruptora aocorrompido chega disfarçado sobre a roupagem de uma relação regular, com causalícita, sem a necessidade qualquer nova conduta de ocultação ou dissimulação.

472. Também cumpre reconhecê-lo diante do pagamento sistemático devalores a pessoas interpostas ou na realização de pagamentos pelo corruptor a terceirosindicados pelo agente corrompido.

473. Não seria justificável premiar o criminoso por sua maior sofisticaçãoe ardil, ou seja, por ter habilidade em tornar desnecessária ulterior ocultação edissimulação do produto do crime, já que estes valores já lhe são concomitantementerepassados com a aparência de licitude ou para receptáculo secreto.

474. Não se desconsidera aqui o precedente do Egrégio Supremo TribunalFederal na Ação Penal 470.

475. No caso, quando do julgamento dos embargos infringentes, o EgrégioSupremo Tribunal Federal condenou o ex-deputado federal João Paulo Cunha porcorrupção, mas o absolveu por lavagem, por entender que o expediente de ocultaçãoem questão envolvia o recebimento da vantagem indevida por pessoa interposta, nocaso sua esposa que sacou em espécie a propina no banco. O Supremo TribunalFederal entendeu, acertadamente, naquele caso que o pagamento de propina a pessoainterposta ainda fazia parte do crime de corrupção e não do de lavagem.

476. Salta aos olhos primeiro a singeleza da conduta de ocultação naqueleprocesso, a mera utilização da esposa para recebimento em espécie da propina.

477. Também necessário apontar a relevante diferença de que, naquelecaso, o numerário não foi recebido pela esposa e sucessivamente pelo ex-parlamentarjá ocultado ou com aparência de lícito. Pelo contrário, ao dinheiro em espécie, aindanecessário, para a reciclagem, o emprego de algum mecanismo de ocultação edissimulação.

478. Já no presente feito, não se trata de mero pagamento a pessoainterposta, mas a realização de pagamentos através de várias condutas de ocultação edissimulação, transações internacionais com contas em nome de off-shores, contratossimulados ou superfaturados de prestação de serviços ou ainda através de múltiplospagamentos de terceiros no interesse do agente público corrupto.

479. Para os beneficiários, desnecessárias ulteriores providência paraocultar a propina, já que as condutas envolvidas na transferência foram suficientes paraessa finalidade.

480. O entendimento ora adotado, em evolução da posição do julgador,não representa contrariedade com o referido precedente do Egrégio Supremo TribunalFederal, pois distintas as circunstâncias.

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481. As condutas, embora concomitantes, afetam bens jurídicosdiferenciados, a corrupção a confiança na Administração Pública e no império da lei, alavagem, a Administração da Justiça e o domínio econômico e até mesmo a integridadedo processo eleitoral.

482. Assim, se no pagamento da vantagem indevida na corrupção, sãoadotados, ainda que concomitantemente, mecanismos de ocultação e dissimulaçãoaptos a conferir aos valores envolvidos a aparência de lícitos ou a colocá-los em contassecretas no exterior, configura-se não só crime de corrupção, mas também de lavagem,uma vez que atribuída ao produto do crime de corrupção a aparência de licitude ouocultado o produto do crime em receptáculo fora do alcance das autoridades públicas.

483. De todo modo, ainda que se tenham ressalvas em reconhecer acorrupção como antecedente da lavagem, ainda ter-se-ia o ajuste fraudulento delicitação, este inequivocadamente precedente às condutas de ocultação e dissimulação.Em outras palavras, ganhos obtidos ilicitamente com o ajuste fraudulento de licitaçãoforam utilizados, mediante condutas de ocultação e dissimulação, para pagamento devantagem indevida a agentes públicos.

484. Assim, os pagamentos à conta secreta de Pedro José Barusco Filho,as transferências a Paulo Adalberto Alves Ferreira, com intermediação de AlexandreCorrea de Oliveira Romano, e a simulação ou superfaturamento de contratos deprestação de serviço e pagamentos sistemáticos de terceiras pessoas, configuram nãosó o exaurimento dos crimes de corrupção, mas também de lavagem tendo porantecedente a própria corrupção, mas também aqui o crime de ajuste fraudulento delicitação.

485. Quanto ao dolo do crime de lavagem, o emprego das condutas deocultação e dissimulação o pressupõem. De todo modo, a grande maioria dos acusadosparticipou dos crimes antecedentes, ou do ajuste fraudulento de licitação ou do acertode corrupção ou ainda de ambos, tendo, portanto, conhecimento da origem criminosados valores lavados. Quanto aos intermediários, Adir Assad, Roberto Trombeta,Rodrigo Morales e Alexandre Correa de Oliveira Romano, quem faz da fraude e dalavagem sua atividade profissional, como é o caso, não pode alegar falta de dolo, tendoeles no mínimo assumido o risco de que, por meio das condutas de ocultação edissimulação, estariam lavando produto de crimes antecedentes, pertinente, portanto, odolo eventual.

II.6

486. Além da imputação de crimes de corrupção e de lavagem, imputa oMPF aos acusados o crime de associação criminosa e também de pertinência àorganização criminosa.

487. O crime de associação criminosa do art. 288 do CP é imputado a

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Ricardo Pernambuco Backheuser, Edison Freire Coutinho, José Antônio MarsílioSchwartz, Genésio Schiavinato Júnior, Roberto Ribeiro Capobianco, Erasto Messias daSilva Júnior, Roberto Trombeta e Rodrigo Morales.

488. A mesma denúncia imputa a Alexandre Correa de Oliveira Romano ea Paulo Adalberto Alves Ferreira o crime de pertinência à organização criminosa doart. 2º da Lei nº 12.850/2013, já que haveriam atos criminosos por eles praticadosposteriores à entrada em vigor da lei em questão.

489. Não foi imputado o mesmo crime a José Adelmário Pinheiro Filho,Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Adir Assad e Renato de Souza Duque. JoséAdelmário Pinheiro Filho e Agenor Franklin Magalhães Medeiros já foramcondenados por crime de pertinência à organização criminosa na ação penal5083376-05.2014.4.04.7000. Adir Assad e Renato de Souza Duque foram condenadorpor crime de associação criminosa na ação penal 5012331-04.2015.4.04.7000. Emambos os casos, em primeira e segunda instância.

490. Apesar da separação das ações penais nos termos do art. 80 do CPPnas investigações no âmbito da Operação Lavajato, não se pode perder de vista oquadro geral.

491. Diversas empreiteiras, reunidas em cartel, ajustavam fraudelamentelicitações da Petrobrás. Isso foi feito repetidamente e por anos, com um claro vínculoassociativo.

492. Executivos da Petrobrás nomeados e sustentados por agentespolíticos inescrupulosos arrecadavam propinas em contratos da Petrobras com essasmesmas empreiteiras. Isso foi feito repetidamente e por anos, com um claro vínculoassociativo.

493. Intermediários entre os dois grupos asseguravam-se de transferir osvalores mediante condutas de ocultação e dissimulação, bem como de lavar o produtodos crimes de corrupção e de ajuste fraudulento de licitação.

494. Normalmente, o crime de corrupção não envolve vínculo associativoentre pagador de propinas e o recebedor.

495. Mas é possível reconhecer um vínculo entre os próprios corruptores,no caso os dirigentes das empreiteiras participantes, entre os beneficiários daspropinas, executivos da Petrobrás e agentes políticos, bem como entre todos eles e osintermediários.

496. No caso, inequívoco que, assim como os dirigentes da OAS, Carioca,Schahin, Construbase e Construcap se associaram, em consórcio, para participar dalicitação do contrato de ampliação do Cenpens e igualmente para realizar o contrato,também juntos resolveram fraudar a licitação e pagar sistematicamente propinas aagentes da Petrobrás e a agentes políticos. Assim, Ricardo Pernambuco Backheuser,

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Edison Freire Coutinho, José Antônio Marsílio Schwartz, Genésio Schiavinato Júnior eRoberto Ribeiro Capobianco, devem ser condenados pelo crime de associaçãocriminosa.

497. Erasto Messias da Silva Júnior, absolvido do crime fim, deveigualmente ser absolvido do crime associativo.

498. Roberto Trombeta e Rodrigo Morales prestaram reiteramenteserviços fraudulentos às empreiteiras do clube das empreiteiras, inclusive à OAS,mantendo relação permanente com os dirigentes da OAS encarregados de realizar ospagamentos não-contabilizados, entre eles os que envolviam suborno. Há um vínculoassociativo com os dirigentes e empregados da OAS para a prática de operaçõesfinanceiras fraudulentas e que se inserem no esquema criminoso mais abrangente. Osserviços por eles prestados não se resumem aos dois contratos dos itens 148 e 149 nomontante de R$ 2.895.000,00. Suas empresas de fachada receberam R$ 67.634.518,84de empresas como a OAS e a UTC entre 2009 a 2013, tudo fraudado.

499. Alexandre Correa de Oliveira Romano prestou reiteradamenteserviços de intermediação de propinas para agentes políticos do Partido dosTrabalhadores. O presente caso centra-se na intermediação em favor de PauloAdalberto Alves Ferreira, mas ele responde a outras investigações e processos, aliás éconfesso, por ter intermediado pagamentos a outros agentes políticos. Há um vínculoassociativo com os dirigentes e empregados das empreiteiras e com os agentespolíticos para a prática de operações financeiras fraudulentas e que se inserem noesquema criminoso mais abrangente.

500. Paulo Adalberto Alves Ferreira, agente político do Partido dosTrabalhadores, era um dos beneficiários de um esquema criminoso mais abrangente dedivisão de propinas pagas por empreiteiras em contratos da Petrobrás para executivosda estatal e agentes políticos, mantendo um vínculo associativo com eles e igualmentecom o intermediário.

501. Reputo, portanto, caracterizado o crime de associação criminosa doart. 288 do CPP, já que os fatos aqui descritos inserem-se em um esquema criminosomais abrangente.

502. Questão que se coloca é sobre a possibilidade do enquadramento,como pretende o MPF, como crime de pertinência de organização criminosa para osacusados Alexandre Correa de Oliveira Romano e Paulo Adalberto Alves Ferreira.

503. A Lei nº 12.850 foi publicada em 02/08/2013, tendo entrado em vigorem 19/09/2013.

504. Identificam-se duas transferências de Alexandre Correa de OliveiraRomano para Paulo Adalberto Alves Ferreira após 19/09/2013, uma de R$ 3.500,00em 01/10/13, outra de R$ 6.000,00 em 29/10/2013. Embora as condutas de lavagemem questão tenham ocorrido depois da entrada em vigor da lei, não há prova suficiente

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de que permanecia atual o vínculo associativo de ambos com os dirigentes dasempreiteiras, já que os repasses delas para o escritório Oliveira Romano nãoultrapassaram o ano de 2012.

505. Melhor considerar o vínculo associativo presente até somente o anode 2012, quando da saída de Renato Duque da Diretoria de Serviços da Petrobrás, emabril de 2012, sendo de se observar que pouco antes foi efetuada transferência daConstrubase para a Oliveira Romano (item 164, retro).

506. Então a lei aplicável é ainda a anterior à vigência da Lei n.º12.850/2013, devendo Alexandre Correa de Oliveira Romano e Paulo Adalberto AlvesFerreira serem condenados também pelo crime de quadrilha do art. 288 do CP. Não hácondenação extra petita, pois a organização criminosa é apenas uma associaçãocriminosa mais estruturada e dedicada a crimes mais graves, ou seja, um plus emrelação a algo menor, sendo possível a condenação pelo crime do art. 288 do CP combase no art. 383 do CPP.

II.7

507. Em síntese do fundamentado:

a) Adir Assad deve ser condenado por dois crimes de lavagem dedinheiro;

b) Agenor Franklin Magalhães Medeiros deve ser condenado por umcrime de corrupção e absolvido da imputação dos crimes de lavagem;

c) Alexandre Correa de Oliveira Romano deve ser condenado por novecrimes de lavagem de dinheiro e por crime de associação criminosa;

d) Edison Freire Coutinho deve ser condenado por um crime de corrupçãoe por crime de associação criminosa e absolvido da imputação dos crimes de lavagem;

e) Erasto Messias da Silva Júnior deve ser absolvido;

f) Genésio Schiavinato Júnior deve ser condenado por um crime decorrupção, por cinco crimes de lavagem e por crime de associação criminosa;

g) José Aldemário Pinheiro Filho deve ser condenado por um crime decorrupção;

h) José Antônio Marsílio Schwarz deve ser condenado por um crime delavagem e por crime de associação criminosa;

i) Paulo Adalberto Alves Ferreira deve ser condenado por nove crimes delavagem de dinheiro e por crime de associação criminosa;

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j) Renato de Souza Duque deve ser condenado por um crime de corrupçãopassiva;

k) Ricardo Backheuser Pernambuco deve ser condenado por um crime decorrupção, um crime de lavagem e por crime de associação criminosa;

l) Rodrigo Morales deve ser condenado por dois crimes de lavagem dedinheiro e por crime de associação criminosa;

m) Roberto Ribeiro Capobianco deve ser condenado por um crime decorrupção, por três crimes de lavagem e por crime de associação criminosa; e

n) Roberto Trombeta deve ser condenado por dois crimes de lavagem dedinheiro e por crime de associação criminosa;

III. DISPOSITIVO

508. Ante o exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE apretensão punitiva.

509. Condeno Adir Assad por dois crimes de lavagem de dinheiro do art,1.º, caput e V, da Lei n.º 9.613/1998, pelo recebimento e repasse de produto de crimede corrupção e de ajuste fraudulento de licitação mediante condutas de ocultação edissimulação envolvendo as empresas Carioca Engenharia, Legend Engenheiros eRockStar Marketing.

510. Condeno Agenor Franklin Magalhães Medeiros por um crime decorrupção ativa do art. 333 do CP pelo pagamento de vantagem indevida a agentes daPetrobrás e a agentes políticos no contrato celebrado entre o Consórcio Novo Cenpes ea Petrobrás.

511. Absolvo Agenor Franklin Magalhães Medeiros das imputações decrimes de lavagem.

512. Condeno Alexandre Correa de Oliveira Romano por nove crimesde lavagem de dinheiro do art, 1.º, caput e V, da Lei n.º 9.613/1998, pelo recebimento erepasse de produto de crime de corrupção e de ajuste fraudulento de licitação mediantecondutas de ocultação e dissimulação, e por crime de associação criminosa do art. 288do CP.

513. Condeno Edison Freire Coutinho por um crime de corrupção ativado art. 333 do CP pelo pagamento de vantagem indevida a agentes da Petrobrás e aagentes políticos no contrato celebrado entre o Consórcio Novo Cenpes e a Petrobrás, e

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por crime de associação criminosa do art. 288 do CP.

514. Absolvo Edison Freire Coutinho das imputações de crimes delavagem.

515. Absolvo Erasto Messias da Silva Júnior de todas as imputações.

516. Condeno Genésio Schiavinato Júnior por um crime de corrupçãoativa do art. 333 do CP pelo pagamento de vantagem indevida a agentes da Petrobrás ea agentes políticos no contrato celebrado entre o Consórcio Novo Cenpes e a Petrobrás,por cinco crimes de lavagem de dinheiro do art, 1.º, caput e V, da Lei n.º 9.613/1998,pelo repasse de produto de crime de corrupção e de ajuste fraudulento de licitaçãomediante condutas de ocultação e dissimulação, e por crime de associação criminosado art. 288 do CP.

517. Condeno José Adelmário Pinheiro Filho por um crime de corrupçãoativa do art. 333 do CP pelo pagamento de vantagem indevida a agentes da Petrobrás ea agentes políticos no contrato celebrado entre o Consórcio Novo Cenpes e a Petrobrás.

518. Condeno José Antônio Marsílio Schwartz por um crime de lavagemde dinheiro do art, 1.º, caput e V, da Lei n.º 9.613/1998, pelo repasse de produto decrime de corrupção e de ajuste fraudulento de licitação mediante condutas de ocultaçãoe dissimulação, e por crime de associação criminosa do art. 288 do CP.

519. Condeno Paulo Adalberto Alves Ferreira por nove crimes delavagem de dinheiro do art, 1.º, caput e V, da Lei n.º 9.613/1998, pelo recebimento deproduto de crime de corrupção e de ajuste fraudulento de licitação mediante condutasde ocultação e dissimulação, e por crime de associação criminosa do art. 288 do CP.

520. Condeno Renato de Souza Duque por um crime de corrupçãopassiva do art. 317 do CP pelo recebimento de vantagem indevida para si e paraoutrem no contrato celebrado entre o Consórcio Novo Cenpes e a Petrobrás.

521. Condeno Ricardo Backheuser Pernambuco por um crime decorrupção ativa do art. 333 do CP pelo pagamento de vantagem indevida a agentes daPetrobrás e a agentes políticos no contrato celebrado entre o Consórcio Novo Cenpes ea Petrobrás, por um crime de lavagem de dinheiro do art, 1.º, caput e V, da Lei n.º9.613/1998, pelo repasse de produto de crime de corrupção e de ajuste fraudulento delicitação mediante condutas de ocultação e dissimulação, e por crime de associaçãocriminosa do art. 288 do CP.

522. Condeno Rodrigo Morales por dois crimes de lavagem de dinheirodo art, 1.º, caput e V, da Lei n.º 9.613/1998, pelo recebimento e repasse de produto decrime de corrupção e de ajuste fraudulento de licitação mediante condutas de ocultaçãoe dissimulação, envolvendo as empresas Consórcio Novo Cenpes, MRTR Gestão eMorales e De Paula.

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523. Condeno Roberto Ribeiro Capobianco por um crime de corrupçãoativa do art. 333 do CP pelo pagamento de vantagem indevida a agentes da Petrobrás ea agentes políticos no contrato celebrado entre o Consórcio Novo Cenpes e a Petrobrás,por três crimes de lavagem de dinheiro do art, 1.º, caput e V, da Lei n.º 9.613/1998,pelo repasse de produto de crime de corrupção e de ajuste fraudulento de licitaçãomediante condutas de ocultação e dissimulação, e por crime de associação criminosado art. 288 do CP.

524. Condeno Roberto Trombeta por dois crimes de lavagem de dinheirodo art, 1.º, caput e V, da Lei n.º 9.613/1998, pelo recebimento e repasse de produto decrime de corrupção e de ajuste fraudulento de licitação mediante condutas de ocultaçãoe dissimulação, envolvendo as empresas Consórcio Novo Cenpes, MRTR Gestão eMorales e De Paula.

525. Atento aos dizeres do artigo 59 do Código Penal e levando emconsideração o caso concreto, passo à individualização e dosimetria das penas a seremimpostas ao condenado.

526. Adir Assad

Crime de lavagem de dinheiro: Adir Assad, embora responda a outrasações penais, não tem antecedentes criminais informados no processo (condenaçõestransitadas em julgado). Conduta social, motivos e comportamento da vítima sãoelementos neutros. Personalidade e culpabilidade devem ser valoradas negativamentepois as provas do caso indicam que Adir Assad fazia da fraude e da lavagem dedinheiro sua atividade profissional. Os valores recebidos da Carioca Engenhariaretratam uma parcela menor de uma atividade que envolveu o recebimento de centenasde milhões de reais das maiores empreiteiras do Brasil. Circunstâncias devem servaloradas negativamente. A lavagem, no presente caso, envolveu especial sofisticação,com a realização de diversas transações subreptícias, simulação de prestação deserviços, contratos e notas fiscais falsas, com o emprego de pelo menos uma empresade fachada e uma outra, de existência real, mas com ocultação dos recursos criminosospor contratos de prestação de serviços fraudulentos. Além disso, o próprio condenadoocultou o seu controle sobre as empresas, simulando sua saída do quadro social. Talgrau de sofisticação não é inerente ao crime de lavagem e deve ser valoradonegativamente a título de circunstâncias (a complexidade não é inerente ao crime delavagem, conforme precedente do RHC 80.816/SP, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ªTurma do STF, un., j. 10/04/2001). Consequências devem ser valoradas negativamente.A lavagem envolve a quantia substancial de R$ 1.307.501,00. A lavagem designificativa quantidade de dinheiro merece reprovação a título de consequências.Considerando três vetoriais negativas, de especial reprovação, fixo, para o crime delavagem de dinheiro, pena de cinco anos de reclusão.

A operação de lavagem, tendo por antecedentes crimes de ajustefraudulento de licitações e de corrupção, tinha por finalidade propiciar o pagamento devantagem indevida, ou seja, viabilizar a prática de crime de corrupção, devendo serreconhecida a agravante do art. 61, II, "b", do CP.

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5037800-18.2016.4.04.7000 700004835281 .V31

Reconheço a atenuante da confissão, ainda que veiculada somente emalegações finais, motivo pelo qual reputo compensada a agravante com a atenuante.

Fixo multa proporcional para a lavagem em cem dias multa.

Entre todos os crimes de lavagem, reconheço continuidade delitiva.Considerando a quantidade de crimes, dois, elevo a pena do crime mais grave em 1/6,chegando ela a cinco anos e dez meses e cento e quinze dias-multa.

Deixo de aplicar a causa de aumento de pena, do art. 1º, §4º, da Lei9.613/1998 em vista do acréscimo da continuidade delitiva. Apesar do condenado terhabitual e reiteradamente se dedicado à lavagem de dinheiro, o caso presente envolveapenas dois crimes. Quanto à causa de aumento da prática do crime por intermédio deorganização criminosa, fica a aplicação inviabilizada, já que não foi acusado por estecrime.

Considerando a dimensão dos crimes que leva à presunção da elevadacapacidade econômica de Adir Assad, fixo o dia multa em cinco salários mínimosvigentes ao tempo do último fato delitivo (02/2009).

Considerando as regras do art. 33 do Código Penal, fixo o regime semi-aberto para o início de cumprimento da pena.

Observo a necessidade de unificação das penas com as já cominadas naação penal 5012331-04.2015.4.04.7000.

Embora haja notícia de que supervenientemente Adir Assad teriacelebrado acordo de colaboração premiada, o ajuste das penas deverá ser feito peloJuízo de execução.

527. Agenor Franklin Magalhães Medeiros

Crime de corrupção ativa: Agenor Franklin Magalhães Medeiros já foicondenado por este Juízo em mais de uma ação penal, mas sem trânsito em julgadocertificado no processo, motivo pelo qual não serão considerados os antecedentesnegativos. Conduta social, motivos e comportamento da vítima são elementos neutros.Personalidade ou culpabilidade devem ser valoradas negativamente, pois, nestes autos,foi revelado que propinas foram pagas sistematicamente pela OAS sob as ordens docondenado, o que revela desapreço à lei. Circunstâncias devem ser valoradasnegativamente. A prática do crime corrupção envolveu o pagamento de R$20.658.100,76, um valor muito expressivo, a executivos da Petrobrás e a agentespolíticos. Teve mais de um destinatário. Consequências também devem ser valoradasnegativamente, pois, como é natural, o custo da propina foi repassado à Petrobrás,através da cobrança de preço superior a estimativa, com o que a estatal ainda arcoucom o prejuízo no valor equivalente. Considerando três vetoriais negativas, de especialreprovação, fixo, para o crime de corrupção ativa, pena de cinco anos de reclusão.

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5037800-18.2016.4.04.7000 700004835281 .V31

Não há agravantes. Reconheço a atenuante da confissão, diminuindo apena em seis meses.

Não há prova, no caso, da prática de atos de ofício em infração do deverlegal, motivo pelo deixo de aplicar a causa de aumento do parágrafo único do art. 333do CP.

Pretende a Defesa de Agenor Franklin Magalhães Medeiros oreconhecimento da colaboração do condenado com a Justiça.

Observo que Agenor Franklin Magalhães Medeiros há algum tempo vemcontribuindo para a elucidação de fatos nos processos no âmbito da OperaçãoLavajato, como fez na presente ação penal e ainda na de nº5046512-94.2016.4.04.7000.

O problema maior em reconhecer a colaboração é a falta de acordo decolaboração com o MPF. A celebração de um acordo de colaboração envolve umaspecto discricionário que compete ao MPF, pois não serve à persecução realizaracordos com todos os envolvidos no crime, o que seria sinônimo de impunidade. Cabetambém ao MPF avaliar se os ganhos obtidos com a colaboração, como a qualidade daprova providenciada pelo colaborador, justificam o benefício concedido ao criminoso.Por envolver elemento discricionário, salvo casos extremos, não cabe, em princípio, aoJudiciário reconhecer benefício decorrente de colaboração se não for ela precedida deacordo com o MPF na forma da Lei nº 12.850/2013.

Embora a colaboração seja tardia, tendo vindo apenas após a condenaçãona ação penal 5083376-05.2014.4.04.7000, e sem o acordo, reputo necessárioreconhecê-la, já que ele, de fato, contribuiu nesta e na outra referida ação penal cominformações relevantes e há previsão legal de concessão de benefícios em decorrênciada colaboração em outros diplomas legais que não a Lei n.º 12.850/2013.

Sendo seu depoimento consistente com o restante do quadro probatório,especialmente com as provas documentais produzidas e tendo ele, o depoimento,relevância probatória para o julgamento, justifica-se a concessão a ele de benefícioslegais.

Na sentença na ação penal 5046512-94.2016.4.04.7000, buscou o Juízodimensionar o benefício considerando todas as penas cominadas ao condenado. Adecisão no entanto foi reformada pela instância recursal, sob o entendimento de queisso deveria ser feito de processo a processo, isoladamente.

Considerando que, na ação penal 5083376-05.2014.4.04.7000, já lhe foicominada uma pena de vinte e seis anos e sete meses de reclusão, em regime inicialfechado, e setecentos e cinquenta e cinco dias multa, a qual ele já vem cumprindo,reputo justificado conceder a ele na presente ação penal a redução de 1/2 da pena porconta da colaboração. A redução máxima não é recomendada considerando a gravidadeem concreto do crime praticado, corrupção, com pagamento de vinte milhões de reais.

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Assim, remanescem dois anos e seis meses de reclusão, para os quais fixoregime aberto para cumprimento da pena.

Considerando a gravidade em concreto do crime e que a circunstâncias doart. 59 do CP não lhe são favoráveis, corrupção de vinte milhões de reais, deixo desubstituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, conforme art. 44, III,do CP.

Fixo a pena de multa em dez dias multa. Considerando a dimensão doscrimes e especialmente a capacidade econômica de Agenor Franklin MagalhãesMedeiros, ex-Diretor do Grupo OAS, fixo o dia multa em cinco salários mínimosvigentes ao tempo do ato criminoso que estendeu-se até 10/2013, uma vez que o acertode corrupção perdura e renova-se enquanto prosseguem os pagamentos de vantagemindevida.

A concessão do benefício fica ainda condicionada à continuidade dacolaboração, apenas com a verdade dos fatos em todos os outros casos criminais emque o condenado for chamado a depor. Caso constatado, supervenientemente, falta decolaboração ou que o condenado tenha faltado com a verdade, o benefício deverá sercassado. Caso supervenientemente seja celebrado eventual acordo de colaboração entreo Ministério Público Federal e o condenado, as penas poderão ser revistas.

Ainda assim, registro que o mais apropriado seria, como feito na sentençana ação penal 5046512-94.2016.4.04.7000, considerar o total de penas cominadas eestabelecer um período específico e mínimo de cumprimento em regime fechado.

528. José Adelmário Pinheiro Filho

Crime de corrupção ativa: José Adelmário Pinheiro Filho já foicondenado por este Juízo em mais de uma ação penal, mas sem trânsito em julgadocertificado no processo, motivo pelo qual não serão considerados os antecedentesnegativos. Conduta social, motivos e comportamento da vítima são elementos neutros.Personalidade ou culpabilidade devem ser valoradas negativamente, pois, nestes autos,foi revelado que propinas foram pagas sistematicamente pela OAS sob a presidênciado condenado, o que revela desapreço à lei. Circunstâncias devem ser valoradasnegativamente. A prática do crime corrupção envolveu o pagamento de R$20.658.100,76, um valor muito expressivo, a executivos da Petrobrás e a agentespolíticos. Teve mais de um destinatário. Consequências também devem ser valoradasnegativamente, pois, como é natural, o custo da propina foi repassado à Petrobrás,através da cobrança de preço superior a estimativa, com o que a estatal ainda arcoucom o prejuízo no valor equivalente. Considerando três vetoriais negativas, de especialreprovação, fixo, para o crime de corrupção ativa, pena de cinco anos de reclusão.

Não há agravantes. Reconheço a atenuante da confissão, diminuindo apena em seis meses.

Não há prova, no caso, da prática de atos de ofício em infração do dever

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5037800-18.2016.4.04.7000 700004835281 .V31

legal, motivo pelo deixo de aplicar a causa de aumento do parágrafo único do art. 333do CP.

Pretende a Defesa de José Adelmário Pinheiro Filho o reconhecimento dacolaboração do condenado com a Justiça.

Observo que José Adelmário Pinheiro Filho há algum tempo vemcontribuindo para a elucidação de fatos nos processos no âmbito da OperaçãoLavajato, como fez na presente ação penal e ainda na de nº5046512-94.2016.4.04.7000.

O problema maior em reconhecer a colaboração é a falta de acordo decolaboração com o MPF. A celebração de um acordo de colaboração envolve umaspecto discricionário que compete ao MPF, pois não serve à persecução realizaracordos com todos os envolvidos no crime, o que seria sinônimo de impunidade. Cabetambém ao MPF avaliar se os ganhos obtidos com a colaboração, como a qualidade daprova providenciada pelo colaborador, justificam o benefício concedido ao criminoso.Por envolver elemento discricionário, salvo casos extremos, não cabe, em princípio, aoJudiciário reconhecer benefício decorrente de colaboração se não for ela precedida deacordo com o MPF na forma da Lei nº 12.850/2013.

Embora a colaboração seja tardia, tendo vindo apenas após a condenaçãona ação penal 5083376-05.2014.4.04.7000, e sem o acordo, reputo necessárioreconhecê-la, já que ele, de fato, contribuiu nesta e na outra referida ação penal cominformações relevantes e há previsão legal de concessão de benefícios em decorrênciada colaboração em outros diplomas legais que não a Lei n.º 12.850/2013.

Sendo seu depoimento consistente com o restante do quadro probatório,especialmente com as provas documentais produzidas e tendo ele, o depoimento,relevância probatória para o julgamento, justifica-se a concessão a ele de benefícioslegais.

Na sentença na ação penal 5046512-94.2016.4.04.7000, buscou o Juízodimensionar o benefício considerando todas as penas cominadas ao condenado. Adecisão no entanto foi reformada pela instância recursal, sob o entendimento de queisso deveria ser feito de processo a processo, isoladamente.

Considerando que, na ação penal 5083376-05.2014.4.04.7000, já lhe foicominada uma pena de vinte e seis anos e sete meses de reclusão, em regime inicialfechado, e setecentos e cinquenta e cinco dias multa, a qual ele já vem cumprindo,reputo justificado conceder a ele na presente ação penal a redução de 1/2 da pena porconta da colaboração. A redução máxima não é recomendada considerando a gravidadeem concreto do crime praticado, corrupção, com pagamento de vinte milhões de reais.

Assim, remanescem dois anos e seis meses de reclusão, para os quais fixoregime aberto para cumprimento da pena.

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5037800-18.2016.4.04.7000 700004835281 .V31

Considerando a gravidade em concreto do crime e que a circunstâncias doart. 59 do CP não lhe são favoráveis, corrupção de vinte milhões de reais, deixo desubstituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, conforme art. 44, III,do CP.

Fixo a pena de multa em dez dias multa. Considerando a dimensão doscrimes e especialmente a capacidade econômica de José Adelmário Pinheiro Filho, ex-Presidente do Grupo OAS, fixo o dia multa em cinco salários mínimos vigentes aotempo do ato criminoso que estendeu-se até 10/2013, uma vez que o acerto decorrupção perdura e renova-se enquanto prosseguem os pagamentos de vantagemindevida.

A concessão do benefício fica ainda condicionada à continuidade dacolaboração, apenas com a verdade dos fatos em todos os outros casos criminais emque o condenado for chamado a depor. Caso constatado, supervenientemente, falta decolaboração ou que o condenado tenha faltado com a verdade, o benefício deverá sercassado. Caso supervenientemente seja celebrado eventual acordo de colaboração entreo Ministério Público Federal e o condenado, as penas poderão ser revistas.

Ainda assim, registro que o mais apropriado seria, como feito na sentençana ação penal 5046512-94.2016.4.04.7000, considerar o total de penas cominadas eestabelecer um período específico e mínimo de cumprimento em regime fechado.

529. Renato de Souza Duque

Crime de corrupção passiva: Renato de Souza Duque já foi condenadopor este Juízo em mais de uma ação penal, mas sem trânsito em julgado certificado noprocesso, motivo pelo qual não serão considerados os antecedentes negativos. Condutasocial, personalidade, culpabilidade, motivos e comportamento da vítima sãoelementos neutros. Circunstâncias devem ser valoradas negativamente. A prática docrime corrupção envolveu o pagamento de R$ 20.658.100,76, um valor muitoexpressivo, a executivos da Petrobrás e a agentes políticos. Teve mais de umdestinatário. Consequências também devem ser valoradas negativamente, pois, como énatural, o custo da propina foi repassado à Petrobrás, através da cobrança de preçosuperior a estimativa, com o que a estatal ainda arcou com o prejuízo no valorequivalente. Considerando duas vetoriais negativas, de especial reprovação, fixo, parao crime de corrupção ativa, pena de quatro anos e seis meses de reclusão.

Não há agravantes. Reconheço a atenuante da confissão, diminuindo apena em seis meses.

Não há prova, no caso, da prática de atos de ofício em infração do deverlegal, motivo pelo deixo de aplicar a causa de aumento do §1º do art. 317 do CP.

Elevo a pena em um terço com base no art. 327, §2º, do CP, resultando elaem cinco anos e quatro meses de reclusão.

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5037800-18.2016.4.04.7000 700004835281 .V31

Pretende a Defesa de Renato de Souza Duque o reconhecimento dacolaboração do condenado com a Justiça.

Observo que Renato de Souza Duque há algum tempo vem contribuindopara a elucidação de fatos nos processos no âmbito da Operação Lavajato, como fez napresente ação penal e ainda na de nº 5054932-88.2016.4.04.7000.

O problema maior em reconhecer a colaboração é a falta de acordo decolaboração com o MPF. A celebração de um acordo de colaboração envolve umaspecto discricionário que compete ao MPF, pois não serve à persecução realizaracordos com todos os envolvidos no crime, o que seria sinônimo de impunidade. Cabetambém ao MPF avaliar se os ganhos obtidos com a colaboração, como a qualidade daprova providenciada pelo colaborador, justificam o benefício concedido ao criminoso.Por envolver elemento discricionário, salvo casos extremos, não cabe, em princípio, aoJudiciário reconhecer benefício decorrente de colaboração se não for ela precedida deacordo com o MPF na forma da Lei nº 12.850/2013.

Embora a colaboração seja tardia, tendo vindo apenas após a condenaçãona ação penal 5012331-04.2014.4.04.7000, e sem o acordo, reputo necessárioreconhecê-la, já que ele, de fato, contribuiu nesta e na outra referida ação penal cominformações relevantes e há previsão legal de concessão de benefícios em decorrênciada colaboração em outros diplomas legais que não a Lei n.º 12.850/2013.

Sendo seu depoimento consistente com o restante do quadro probatório,especialmente com as provas documentais produzidas e tendo ele, o depoimento,relevância probatória para o julgamento, justifica-se a concessão a ele de benefícioslegais.

Na sentença na ação penal 5054932-88.2016.4.04.7000, buscou o Juízodimensionar o benefício considerando todas as penas cominadas ao condenado. Adecisão no entanto provavelmente será reformada pela instância recursal, considerandoo que foi por ela decidido no precedente da ação penal 5046512-94.2016.4.04.7000pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Considerando que, na ação penal 5012331-04.2014.4.04.7000, já lhe foicominada uma pena de quarenta e três anos e nove meses de reclusão, em regimeinicial fechado, e setecentos e cinquenta e cinco dias multa, a qual ele já vemcumprindo, reputo justificado conceder a ele na presente ação penal a redução de 1/2da pena por conta da colaboração. A redução máxima não é recomendadaconsiderando a gravidade em concreto do crime praticado, corrupção, com pagamentode vinte milhões de reais.

Assim, remanescem dois anos e oito meses de reclusão, para os quais fixoregime semiaberto para cumprimento da pena, já que as circunstâncias do art. 59 do CPlhe são desfavoráveis.

Considerando a gravidade em concreto do crime e que a circunstâncias do

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art. 59 do CP não lhe são favoráveis, corrupção de vinte milhões de reais, deixo desubstituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, conforme art. 44, III,do CP.

Fixo a pena de multa em dez dias multa. Considerando a dimensão doscrimes e especialmente a capacidade econômica de Renato de Souza Duque, ex-Diretorda Petrobrás, fixo o dia multa em cinco salários mínimos vigentes ao tempo do atocriminoso que estendeu-se até 10/2013, uma vez que o acerto de corrupção perdura erenova-se enquanto prosseguem os pagamentos de vantagem indevida.

A concessão do benefício fica ainda condicionada à continuidade dacolaboração, apenas com a verdade dos fatos em todos os outros casos criminais emque o condenado for chamado a depor. Caso constatado, supervenientemente, falta decolaboração ou que o condenado tenha faltado com a verdade, o benefício deverá sercassado. Caso supervenientemente seja celebrado eventual acordo de colaboração entreo Ministério Público Federal e o condenado, as penas poderão ser revistas.

Ainda assim, registro que o mais apropriado seria, como feito na sentençana ação penal 5054932-88.2016.4.04.7000, considerar o total de penas cominadas eestabelecer um período específico e mínimo de cumprimento em regime fechado.

530. Alexandre Correa de Oliveira Romano

Crime de lavagem de dinheiro: Alexandre Correa de Oliveira Romano,embora responda a outros processos, não tem antecedentes criminais informados noprocesso (condenações transitadas em julgado). Conduta social, motivos ecomportamento da vítima são elementos neutros. Personalidade e culpabilidade devemser valoradas negativamente pois as provas do caso indicam que Alexandre Correa deOliveira Romano fazia da fraude e da lavagem de dinheiro sua atividade profissional.Os valores recebidos da Construbase, Schahin e Construcap retratam uma parcelamenor de uma atividade que envolveu o recebimento de milhões de reais de empresaspara repasse a agentes políticos. Circunstâncias devem ser valoradas negativamente. Alavagem, no presente caso, envolveu especial sofisticação, com a realização dediversas transações subreptícias, depósitos múltiplos em contas de pessoas interpostas,simulação de prestação de serviços, contratos e notas fiscais falsas, com o emprego deescritório de advocacia, ambiente de trabalho com especial proteção da lei. Tal grau desofisticação não é inerente ao crime de lavagem e deve ser valorado negativamente atítulo de circunstâncias (a complexidade não é inerente ao crime de lavagem, conformeprecedente do RHC 80.816/SP, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ª Turma do STF, un., j.10/04/2001). Consequências devem ser valoradas negativamente. A lavagem envolve aquantia substancial de R$ 2.162.562,00. A lavagem de significativa quantidade dedinheiro merece reprovação a título de consequências. Considerando três vetoriaisnegativas, de especial reprovação, fixo, para o crime de lavagem de dinheiro, pena decinco anos de reclusão.

A operação de lavagem, tendo por antecedentes crimes de corrupção e deajuste fraudulento de licitações, tinha por finalidade propiciar o pagamento de

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vantagem indevida, ou seja, viabilizar a prática de crime de corrupção, devendo serreconhecida a agravante do art. 61, II, "b", do CP.

Reputo a agravante compensada com o atenuante da confissão, mantendoa pena inalterada.

Fixo multa proporcional para a lavagem em cem dias multa.

Entre todos os crimes de lavagem, reconheço continuidade delitiva.Considerando a quantidade de crimes, nove, elevo a pena do crime mais grave em 2/3,chegando ela a oito anos e quatro meses.

Deixo de aplicar a causa de aumento de pena, do art. 1º, §4º, da Lei9.613/1998 em vista do acréscimo máximo da continuidade delitiva. Aumentar porhabitualidade ou reiteração representaria duplo acréscimo pelo mesmo fato. Quanto àcausa de aumento da prática do crime por intermédio de organização criminosa, fica aaplicação inviabilizada, já que não foi condenado por este crime.

Considerando a dimensão dos crimes que leva à presunção da elevadacapacidade econômica de Alexandre Correa de Oliveira Romano, fixo o dia multa emcinco salários mínimos vigentes ao tempo do último fato delitivo (10/2013).

Crime de associação criminosa: Alexandre Correa de Oliveira Romanonão tem antecedentes criminais informados no processo. Personalidade e culpabilidadedevem ser valoradas negativamente pois as provas do caso indicam que AlexandreCorrea de Oliveira Romano fazia da fraude e da lavagem de dinheiro sua atividadeprofissional. Considerando que não se trata de associação criminosa complexa,circunstâncias não devem ser valoradas negativamente. Consequências devem servaloradas negativamente considerando a variedade e quantidade de crimes praticadospela associação, fraude à licitação, corrupção e lavagem. As demais vetoriais,culpabilidade, conduta social, motivos e comportamento das vítimas são neutras.Motivos de lucro são normais em associações criminosas, não cabendo reprovaçãoespecial. Fixo pena pouco acima do mínimo, de um ano e seis meses de reclusão.

Não há agravantes. Reduzo a pena em seis meses pela atenuante daconfissão.

Não há causas de aumento ou de diminuição, sendo esta pena definitiva.

Entre os crimes de lavagem e de associação criminosa, há concursomaterial, motivo pelo qual as penas somadas chegam a nove anos e quatro meses dereclusão para Alexandre Correa de Oliveira Romano.

Considerando as regras do art. 33 do Código Penal, fixo o regime fechadopara o início de cumprimento da pena.

Essa seria a pena definitiva para Alexandre Correa de Oliveira Romano,

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não houvesse o acordo de colaboração celebrado com a Procuradoria Geral daRepública e homologado pelo Supremo Tribunal Federal (evento 72).

Pelo art. 4º da Lei nº 12.850/2013, a colaboração, a depender daefetividade, pode envolver o perdão judicial, a redução da pena ou a substituição dapena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

Cabe somente ao julgador conceder e dimensionar o benefício. O acordocelebrado com o Ministério Público não vincula o juiz, mas as partes às propostasacertadas.

Não obstante, na apreciação desses acordos, para segurança jurídica daspartes, deve o juiz agir com certa deferência, sem abdicar do controle judicial.

A colaboração de Alexandre Correa de Oliveira Romano tem efetividade.Além da confissão no presente feito e em outros, confirmou o pagamento de propinaem vários contratos e providenciou prova documental.

Além disso, o acordo envolveu o compromisso de pagamento derestituição de cerca de seis milhões de reais, o que garantirá a recuperação pelo menosparcial dos recursos públicos desviados, em favor da vítima, a Petrobras.

Não cabe, porém, como pretendido pelo condenado, por sua Defesa oupessoalmente, o perdão judicial. A efetividade da colaboração não é o único elementoa ser considerado. Deve ter o Juízo presente também os demais elementos do §1.º doart. 4º da Lei nº 12.850/2013. Nesse aspecto, considerando a gravidade em concretodos crimes praticados por Alexandre Correa de Oliveira Romano, que envolverampagamentos a agentes públicos não só neste processo, mas em outros feitos, não cabeperdão judicial.

Adoto, portanto, as penas acertadas no acordo de colaboração premiada.

Observo que há alguma dificuldade para concessão do benefíciodecorrente do acordo, uma vez que Alexandre Correa de Oliveira Romano está sujeitoa outras ações penais perante este Juízo e outros e o dimensionamento do favor legaldependeria da prévia unificação de todas as penas.

Assim, as penas a serem oportunamente unificadas deste com os outrosprocessos (se neles houver condenações), não ultrapassarão o total de vinte anos dereclusão.

A pena privativa de liberdade de Alexandre Correa de Oliveira Romano,será executada da seguinte forma:

a) um ano e dois meses em regime fechado diferenciado, com prisãodomiliar e monitoramente eletrônico, descontado o período de prisão cautelar iniciadoem 13/08/2015;

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b) um ano em regime semiaberto diferenciado, com recolhimento domiliarintegral nos finais de semana e das 20:00 às 06:00 nos dias úteis, sem monitoramentoeletrônico;

c) seis anos de prestação de serviços comunitários, sete horas por semana,a entidade pública ou de caridade, a ser definida pelo Juízo de execução.

A progressão de uma fase a outra demandará avaliação de mérito docondenado.

Observo que é necessário que MPF e Defesa esclareçam a data na qual ocondenado foi colocado em liberdade após a prisão cautelar, uma vez que isso ocorreuperante outro Juízo.

Observo que, entre quatro e oito anos de prestação de serviçoscomunitários, optou o Juízo por seis considerando o equilíbrio entre a elevadaculpabilidade do condenado e a efetividade da colaboração.

A eventual condenação em outros processos e a posterior unificação depenas não alterará, salvo quebra do acordo, os parâmetros de cumprimento de pena orafixados.

Eventualmente, se houver aprofundamento posterior da colaboração, coma entrega de outros elementos relevantes, a redução das penas pode ser ampliada nafase de execução.

Caso haja descumprimento ou que seja descoberto que a colaboração nãofoi verdadeira, poderá haver regressão de regime e o benefício não será estendido aoutras eventuais condenações.

A multa penal fica reduzida ao mínimo legal, como previsto no acordo.

Como manutenção do acordo, deverá ainda pagar a multa cível acertadacom o Ministério Público Federal, nos termos do acordo, no montante de seis milhõesde reais, o que aparentemente já foi feito (evento 967).

Registro, por oportuno, que, embora seja elevada a culpabilidade deAlexandre Correa de Oliveira Romano, a colaboração demanda a concessão debenefícios legais, não sendo possível tratar o criminoso colaborador com excesso derigor, sob pena de inviabilizar o instituto da colaboração premiada.

531. Edison Freire Coutinho

Crime de corrupção ativa: Edison Freire Coutinho não tem antecedentescriminais. Conduta social, personalidade, culpabilidade, motivos e comportamento davítima são elementos neutros. Circunstâncias devem ser valoradas negativamente. Aprática do crime corrupção envolveu o pagamento de R$ 20.658.100,76, um valor

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muito expressivo, a executivos da Petrobrás e a agentes políticos. Teve mais de umdestinatário. Consequências também devem ser valoradas negativamente, pois, como énatural, o custo da propina foi repassado à Petrobrás, através da cobrança de preçosuperior a estimativa, com o que a estatal ainda arcou com o prejuízo no valorequivalente. Considerando duas vetoriais negativas, de especial reprovação, fixo, parao crime de corrupção ativa, pena de quatro anos e seis meses de reclusão.

Não há agravantes. Reconheço a atenuante da confissão, diminuindo apena em seis meses.

Não há prova, no caso, da prática de atos de ofício em infração do deverlegal, motivo pelo deixo de aplicar a causa de aumento do parágrafo único do art. 333do CP.

Fixo multa proporcional para a corrupção em setenta dias multa.

Considerando que o condenado era alto executivo da Schahin Engenharia,fixo o dia multa em cinco salários mínimos vigentes ao tempo do último fato delitivoque fixo em 10/2013, por entender que o acerto de corrupção perdura e renova-seenquanto prosseguem os pagamentos de vantagem indevida.

Crime de associação criminosa: Edison Freire Coutinho não temantecedentes criminais informados no processo. Considerando que não se trata deassociação criminosa complexa, circunstâncias não devem ser valoradasnegativamente. Consequências devem ser valoradas negativamente considerando avariedade e quantidade de crimes praticados pela associação, fraude à licitação,corrupção e lavagem. As demais vetoriais, culpabilidade, conduta social, motivos ecomportamento das vítimas são neutras. Motivos de lucro são normais em associaçõescriminosas, não cabendo reprovação especial. Fixo pena pouco acima do mínimo, deum ano e seis meses de reclusão.

Não há agravantes. Reduzo a pena em seis meses pela confissão.

Não há causas de aumento ou de diminuição, sendo esta pena definitiva.

Entre os crimes de corrupão e de associação criminosa, há concursomaterial, motivo pelo qual as penas somadas chegam a cinco anos de reclusão paraEdison Freire Coutinho.

Considerando as regras do art. 33 do Código Penal, fixo o regimesemiaberto para o início de cumprimento da pena.

Essa seria a pena definitiva para Edison Freire Coutinho, não houvesse oacordo de colaboração celebrado com o Ministério Público Federal e homologado poreste Juízo (evento 679).

Pelo art. 4º da Lei nº 12.850/2013, a colaboração, a depender da

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efetividade, pode envolver o perdão judicial, a redução da pena ou a substituição dapena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

Cabe somente ao julgador conceder e dimensionar o benefício. O acordocelebrado com o Ministério Público não vincula o juiz, mas as partes às propostasacertadas.

Não obstante, na apreciação desses acordos, para segurança jurídica daspartes, deve o juiz agir com certa deferência, sem abdicar do controle judicial.

A colaboração de Edison Freire Coutinho tem efetividade. Além daconfissão no presente feito e em outros, confirmou o pagamento de propina em várioscontratos e providenciou prova documental.

Além disso, o acordo envolveu o compromisso de pagamento derestituição de cerca de quinhentos mil reais, o que garantirá a recuperação pelo menosparcial dos recursos públicos desviados, em favor da vítima, a Petrobras.

Não cabe, porém, como pretendido pelo condenado, por sua Defesa oupessoalmente, o perdão judicial. A efetividade da colaboração não é o único elementoa ser considerado. Deve ter o Juízo presente também os demais elementos do §1.º doart. 4º da Lei nº 12.850/2013. Nesse aspecto, considerando a gravidade em concretodos crimes praticados por Edison Freire Coutinho, que envolveram pagamentos aagentes públicos não só neste processo, mas em outros feitos, não cabe perdão judicial.

Adoto, portanto, as penas acertadas no acordo de colaboração premiada.

Observo que há alguma dificuldade para concessão do benefíciodecorrente do acordo, uma vez que Edison Freire Coutinho está sujeito a outras açõespenais por outros crimes e o dimensionamento do favor legal dependeria da préviaunificação de todas as penas.

Assim, as penas a serem oportunamente unificadas deste com os outrosprocessos (se neles houver condenações), não ultrapassarão o total de quinze anos dereclusão.

A pena privativa de liberdade de Edison Freire Coutinho será executada daseguinte forma:

a) prisão em regime fechado por seis meses na carceragem da PolíciaFederal em Curitiba;

b) seis meses em regime semiaberto diferenciado, com recolhimentodomiliar integral nos finais de semana e das 23:00 às 07:00 nos dias úteis, commonitoramento eletrônico;

c) um ano em regime aberto, com recolhimento domiciliar nos finais de

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semana e feriados cumulado com prestação de serviços comunitários por vinte horasmensais durante o período.

A progressão de uma fase a outra demandará avaliação de mérito docondenado.

A eventual condenação em outros processos e a posterior unificação depenas não alterará, salvo quebra do acordo, os parâmetros de cumprimento de pena orafixados.

Apesar do regime inicial da pena originariamente fixada ser o semiaberto,observa-se que o acordo abrange não só os crimes cometidos pelo condenado nestefeito, mas também os demais por ele confessados e que estariam sujeitos a processosem o acordo. Então os benefícios lhe são vantajosos, pois sem eles e considerandotodos os processos a que estaria sujeito, cumpriria tempo maior em regime fechado doque o ora cominado.

Eventualmente, se houver aprofundamento posterior da colaboração, coma entrega de outros elementos relevantes, a redução das penas pode ser ampliada nafase de execução.

Caso haja descumprimento ou que seja descoberto que a colaboração nãofoi verdadeira, poderá haver regressão de regime e o benefício não será estendido aoutras eventuais condenações.

A multa penal fica reduzida ao mínimo legal, como previsto no acordo.

Como manutenção do acordo, deverá ainda pagar a multa cível acertadacom o Ministério Público Federal, nos termos do acordo, no montante de quinhentosmil reais, o que já foi feito (evento 18 do processo 5003362-29.2017.4.04.7000).

Registro, por oportuno, que, embora seja elevada a culpabilidade deEdison Freire Coutinho, a colaboração demanda a concessão de benefícios legais, nãosendo possível tratar o criminoso colaborador com excesso de rigor, sob pena deinviabilizar o instituto da colaboração premiada.

532. José Antônio Marsílio Schwartz

Crime de lavagem: José Antônio Marsílio Schwartz não tem antecedentescriminais. Conduta social, personalidade, culpabilidade, motivos e comportamento davítima são elementos neutros. Circunstâncias devem ser valoradas negativamente. Aprática do crime lavagem insere-se em um contexto maior com a realização de diversasoutras transferências fraudulentas pela Schahin Engenharia, sob a execução docondenado, de produto do crime para agentes públicos. Consequências são normais,pois os valores ocultados, de R$ 224.094,00 são expressivos, mas não ao ponto dejustificar o incremento da pena. Considerando uma vetorial negativa, de especialreprovação, fixo, para o crime de lavagem, pena de quatro anos e seis meses de

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reclusão.

A operação de lavagem, tendo por antecedentes crimes de corrupção e deajuste fraudulento de licitações, tinha por finalidade propiciar o pagamento devantagem indevida, ou seja, viabilizar a prática de crime de corrupção, devendo serreconhecida a agravante do art. 61, II, "b", do CP.

Reputo a agravante compensada com o atenuante da confissão, mantendoa pena inalterada.

Fixo multa proporcional para a lavagem em cinquenta dias multa.

Considerando que o condenado era alto executivo da Schahin Engenharia,fixo o dia multa em cinco salários mínimos vigentes ao tempo do último fato delitivoque fixo em 08/2010.

Crime de associação criminosa: José Antônio Marsílio Schwartz não temantecedentes criminais informados no processo. Considerando que não se trata deassociação criminosa complexa, circunstâncias não devem ser valoradasnegativamente. Consequências devem ser valoradas negativamente considerando avariedade e quantidade de crimes praticados pela associação, fraude à licitação,corrupção e lavagem. As demais vetoriais, culpabilidade, conduta social, motivos ecomportamento das vítimas são neutras. Motivos de lucro são normais em associaçõescriminosas, não cabendo reprovação especial. Fixo pena pouco acima do mínimo, deum ano e seis meses de reclusão.

Não há agravantes. Reduzo a pena em seis meses pela confissão.

Não há causas de aumento ou de diminuição, sendo esta pena definitiva.

Entre os crimes de lavagem e de associação criminosa, há concursomaterial, motivo pelo qual as penas somadas chegam a cinco anos e seis meses paraJosé Antônio Marsílio Schwartz.

Considerando as regras do art. 33 do Código Penal, fixo o regimesemiaberto para o início de cumprimento da pena.

Essa seria a pena definitiva para José Antônio Marsílio Schwartz, nãohouvesse o acordo de colaboração celebrado com o Ministério Público Federal ehomologado por este Juízo (evento 679).

Pelo art. 4º da Lei nº 12.850/2013, a colaboração, a depender daefetividade, pode envolver o perdão judicial, a redução da pena ou a substituição dapena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

Cabe somente ao julgador conceder e dimensionar o benefício. O acordocelebrado com o Ministério Público não vincula o juiz, mas as partes às propostas

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acertadas.

Não obstante, na apreciação desses acordos, para segurança jurídica daspartes, deve o juiz agir com certa deferência, sem abdicar do controle judicial.

A colaboração de José Antônio Marsílio Schwartz tem efetividade. Alémda confissão no presente feito e em outros, confirmou o pagamento de propina emvários contratos e providenciou prova documental.

Além disso, o acordo envolveu o compromisso de pagamento derestituição de cerca de quinhentos mil reais, o que garantirá a recuperação pelo menosparcial dos recursos públicos desviados, em favor da vítima, a Petrobras.

Não cabe, porém, como pretendido pelo condenado, por sua Defesa oupessoalmente, o perdão judicial. A efetividade da colaboração não é o único elementoa ser considerado. Deve ter o Juízo presente também os demais elementos do §1.º doart. 4º da Lei nº 12.850/2013. Nesse aspecto, considerando a gravidade em concretodos crimes praticados por José Antônio Marsílio Schwartz, que repasses fraudulentosde produto de crime de corrupção a agentes públicos não só neste processo, mas emoutros feitos, não cabe perdão judicial.

Adoto, portanto, as penas acertadas no acordo de colaboração premiada.

Observo que há alguma dificuldade para concessão do benefíciodecorrente do acordo, uma vez que José Antônio Marsílio Schwartz está sujeito aoutras ações penais por outros crimes e o dimensionamento do favor legal dependeriada prévia unificação de todas as penas.

Assim, as penas a serem oportunamente unificadas deste com os outrosprocessos (se neles houver condenações), não ultrapassarão o total de quinze anos dereclusão.

A pena privativa de liberdade de José Antônio Marsílio Schwartz seráexecutada da seguinte forma:

a) prisão em regime fechado por três meses na carceragem da PolíciaFederal em Curitiba;

b) um ano em regime semiaberto diferenciado, com recolhimento domiliarintegral nos finais de semana e das 23:00 às 07:00 nos dias úteis, com monitoramentoeletrônico;

c) um ano em regime aberto, com recolhimento domiciliar nos finais desemana e feriados cumulado com prestação de serviços comunitários por vinte horasmensais durante o período.

Esclareço que mantive o monitoramento eletrônico para todo o período da

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pena em regime semiaberto, já que a medida não é sanção, mas instrumento decontrole do recolhimento domiciliar.

A progressão de uma fase a outra demandará avaliação de mérito docondenado.

A eventual condenação em outros processos e a posterior unificação depenas não alterará, salvo quebra do acordo, os parâmetros de cumprimento de pena orafixados.

Apesar do regime inicial da pena originariamente fixada ser o semiaberto,observa-se que o acordo abrange não só os crimes cometidos pelo condenado nestefeito, mas também os demais por ele confessados e que estariam sujeitos a processosem o acordo. Então os benefícios lhe são vantajosos, pois sem eles e considerandotodos os processos a que estaria sujeiro, cumpriria tempo maior em regime fechado doque o ora cominado.

Eventualmente, se houver aprofundamento posterior da colaboração, coma entrega de outros elementos relevantes, a redução das penas pode ser ampliada nafase de execução.

Caso haja descumprimento ou que seja descoberto que a colaboração nãofoi verdadeira, poderá haver regressão de regime e o benefício não será estendido aoutras eventuais condenações.

A multa penal fica reduzida ao mínimo legal, como previsto no acordo.

Como manutenção do acordo, deverá ainda pagar a multa cível acertadacom o Ministério Público Federal, nos termos do acordo, no montante de quinhentosmil reais, o que já foi feito (evento 17 do processo 5003359-74.2017.4.04.7000).

Registro, por oportuno, que, embora seja elevada a culpabilidade de JoséAntônio Marsílio Schwartz, a colaboração demanda a concessão de benefícios legais,não sendo possível tratar o criminoso colaborador com excesso de rigor, sob pena deinviabilizar o instituto da colaboração premiada.

533. Genésio Schiavinato Júnior

Crime de corrupção ativa: Genésio Schiavinato Júnior não temantecedentes criminais. Conduta social, personalidade, culpabilidade, motivos ecomportamento da vítima são elementos neutros. Circunstâncias devem ser valoradasnegativamente. A prática do crime corrupção envolveu o pagamento de R$20.658.100,76, um valor muito expressivo, a executivos da Petrobrás e a agentespolíticos. Teve mais de um destinatário. Consequências também devem ser valoradasnegativamente, pois, como é natural, o custo da propina foi repassado à Petrobrás,através da cobrança de preço superior a estimativa, com o que a estatal ainda arcoucom o prejuízo no valor equivalente. Considerando duas vetoriais negativas, de

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especial reprovação, fixo, para o crime de corrupção ativa, pena de quatro anos e seismeses de reclusão.

Não há agravantes ou atenuantes

Não há prova, no caso, da prática de atos de ofício em infração do deverlegal, motivo pelo deixo de aplicar a causa de aumento do parágrafo único do art. 333do CP.

Fixo multa proporcional para a corrupção em setenta dias multa.

Considerando que o condenado era alto executivo da ConstrubaseEngenharia, fixo o dia multa em cinco salários mínimos vigentes ao tempo do últimofato delitivo que fixo em 10/2013, por entender que o acerto de corrupção perdura erenova-se enquanto prosseguem os pagamentos de vantagem indevida.

Crime de lavagem: Genésio Schiavinato Júnior não tem antecedentescriminais. Conduta social, personalidade, culpabilidade, motivos e comportamento davítima são elementos neutros. Circunstâncias devem ser valoradas negativamente. Alavagem, no presente caso, envolveu alguma sofisticação, com a simulação deprestação de serviços, contratos e notas fiscais falsas e o emprego de escritório deadvocacia, ambiente de trabalho com especial proteção da lei. Tal grau de sofisticaçãonão é inerente ao crime de lavagem e deve ser valorado negativamente a título decircunstâncias (a complexidade não é inerente ao crime de lavagem, conformeprecedente do RHC 80.816/SP, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ª Turma do STF, un., j.10/04/2001). Consequências devem ser valoradas negativamente. A lavagem envolve aquantia substancial de R$ 1.261.468,00. A lavagem de significativa quantidade dedinheiro merece reprovação a título de consequências. Considerando duas vetoriaisnegativas, de especial reprovação, fixo, para o crime de lavagem de dinheiro, pena dequatro anos e seis meses de reclusão.

A operação de lavagem, tendo por antecedentes crimes de corrupção e deajuste fraudulento de licitações, tinha por finalidade propiciar o pagamento devantagem indevida, ou seja, viabilizar a prática de crime de corrupção, devendo serreconhecida a agravante do art. 61, II, "b", do CP. Elevo a pena em seis meses,portanto.

Fixo multa proporcional para a lavagem em cem dias multa.

Considerando que o condenado era alto executivo da Construbase, fixo odia multa em cinco salários mínimos vigentes ao tempo do último fato delitivo que fixoem 02/2012.

Entre todos os crimes de lavagem, reconheço continuidade delitiva.Considerando a quantidade de crimes, cinco, elevo a pena do crime mais grave em 1/3,chegando ela a seis anos e oito meses.

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Crime de associação criminosa: Genésio Schiavinato Júnior não temantecedentes criminais informados no processo. Considerando que não se trata deassociação criminosa complexa, circunstâncias não devem ser valoradasnegativamente. Consequências devem ser valoradas negativamente considerando avariedade e quantidade de crimes praticados pela associação, fraude à licitação,corrupção e lavagem. As demais vetoriais, culpabilidade, conduta social, motivos ecomportamento das vítimas são neutras. Motivos de lucro são normais em associaçõescriminosas, não cabendo reprovação especial. Fixo pena pouco acima do mínimo, deum ano e seis meses de reclusão.

Não há agravantes. Não há causas de aumento ou de diminuição, sendoesta pena definitiva.

Entre os crimes de corrupção, de lavagem e de associação criminosa, háconcurso material, motivo pelo qual as penas somadas chegam a doze anos e oitomeses para Genésio Schiavinato Júnior. Quanto às multas deverão ser convertidas emvalor e somadas.

Considerando as regras do art. 33 do Código Penal, fixo o regime fechadopara o início de cumprimento da pena. A progressão de regime para a pena do crime decorrupção fica, em princípio, condicionada à reparação do dano nos termos do art. 33,§4º, do CP.

534. Roberto Ribeiro Capobianco

Crime de corrupção ativa: Roberto Ribeiro Capobianco não temantecedentes criminais. Conduta social, personalidade, culpabilidade, motivos ecomportamento da vítima são elementos neutros. Circunstâncias devem ser valoradasnegativamente. A prática do crime corrupção envolveu o pagamento de R$20.658.100,76, um valor muito expressivo, a executivos da Petrobrás e a agentespolíticos. Teve mais de um destinatário. Consequências também devem ser valoradasnegativamente, pois, como é natural, o custo da propina foi repassado à Petrobrás,através da cobrança de preço superior a estimativa, com o que a estatal ainda arcoucom o prejuízo no valor equivalente. Considerando duas vetoriais negativas, deespecial reprovação, fixo, para o crime de corrupção ativa, pena de quatro anos e seismeses de reclusão.

Não há agravantes ou atenuantes

Não há prova, no caso, da prática de atos de ofício em infração do deverlegal, motivo pelo deixo de aplicar a causa de aumento do parágrafo único do art. 333do CP.

Fixo multa proporcional para a corrupção em setenta dias multa.

Considerando que o condenado era alto executivo da ConstrucapEngenharia, fixo o dia multa em cinco salários mínimos vigentes ao tempo do último

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fato delitivo que fixo em 10/2013, por entender que o acerto de corrupção perdura erenova-se enquanto prosseguem os pagamentos de vantagem indevida.

Crime de lavagem: Roberto Ribeiro Capobianco não tem antecedentescriminais. Conduta social, personalidade, culpabilidade, motivos e comportamento davítima são elementos neutros. Circunstâncias devem ser valoradas negativamente. Alavagem, no presente caso, envolveu alguma sofisticação, com a simulação deprestação de serviços, contratos e notas fiscais falsas e o emprego de escritório deadvocacia, ambiente de trabalho com especial proteção da lei. Tal grau de sofisticaçãonão é inerente ao crime de lavagem e deve ser valorado negativamente a título decircunstâncias (a complexidade não é inerente ao crime de lavagem, conformeprecedente do RHC 80.816/SP, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ª Turma do STF, un., j.10/04/2001). Consequências devem ser valoradas negativamente. A lavagem envolve aquantia substancial de R$ 677.000,00. A lavagem de significativa quantidade dedinheiro merece reprovação a título de consequências. Considerando dus vetoriaisnegativas, de especial reprovação, fixo, para o crime de lavagem de dinheiro, pena dequatro anos e seis meses de reclusão.

A operação de lavagem, tendo por antecedentes crimes de corrupção e deajuste fraudulento de licitações, tinha por finalidade propiciar o pagamento devantagem indevida, ou seja, viabilizar a prática de crime de corrupção, devendo serreconhecida a agravante do art. 61, II, "b", do CP. Elevo a pena em seis meses,portanto.

Fixo multa proporcional para a lavagem em cem dias multa.

Considerando que o condenado era alto executivo da Construcap, fixo odia multa em cinco salários mínimos vigentes ao tempo do último fato delitivo que fixoem 05/2010.

Entre todos os crimes de lavagem, reconheço continuidade delitiva.Considerando a quantidade de crimes, cinco, elevo a pena do crime mais grave em 1/5,chegando ela a seis anos.

Crime de associação criminosa: Roberto Ribeiro Capobianco não temantecedentes criminais informados no processo. Considerando que não se trata deassociação criminosa complexa, circunstâncias não devem ser valoradasnegativamente. Consequências devem ser valoradas negativamente considerando avariedade e quantidade de crimes praticados pela associação, fraude à licitação,corrupção e lavagem. As demais vetoriais, culpabilidade, conduta social, motivos ecomportamento das vítimas são neutras. Motivos de lucro são normais em associaçõescriminosas, não cabendo reprovação especial. Fixo pena pouco acima do mínimo, deum ano e seis meses de reclusão.

Não há agravantes. Não há causas de aumento ou de diminuição, sendoesta pena definitiva.

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Entre os crimes de corrupão e de associação criminosa, há concursomaterial, motivo pelo qual as penas somadas chegam a doze anos para RobertoRibeiro Capobianco. Quanto às multas deverão ser convertidas em valor e somadas.

Considerando as regras do art. 33 do Código Penal, fixo o regime fechadopara o início de cumprimento da pena. A progressão de regime para a pena do crime decorrupção fica, em princípio, condicionada à reparação do dano nos termos do art. 33,§4º, do CP.

535. Ricardo Pernambuco Backheuser

Crime de corrupção ativa: Ricardo Pernambuco Backheuser não temantecedentes criminais. Conduta social, personalidade, culpabilidade, motivos ecomportamento da vítima são elementos neutros. Circunstâncias devem ser valoradasnegativamente. A prática do crime corrupção envolveu o pagamento de R$20.658.100,76, um valor muito expressivo, a executivos da Petrobrás e a agentespolíticos. Teve mais de um destinatário. Consequências também devem ser valoradasnegativamente, pois, como é natural, o custo da propina foi repassado à Petrobrás,através da cobrança de preço superior a estimativa, com o que a estatal ainda arcoucom o prejuízo no valor equivalente. Considerando duas vetoriais negativas, deespecial reprovação, fixo, para o crime de corrupção ativa, pena de quatro anos e seismeses de reclusão.

Não há agravantes. Reduzo a pena em seis meses pela confissão.

Não há prova, no caso, da prática de atos de ofício em infração do deverlegal, motivo pelo deixo de aplicar a causa de aumento do parágrafo único do art. 333do CP.

Fixo multa proporcional para a corrupção em setenta dias multa.

Considerando que o condenado era dirigente e acionista da CariocaEngenharia, fixo o dia multa em cinco salários mínimos vigentes ao tempo do últimofato delitivo que fixo em 10/2013, por entender que o acerto de corrupção perdura erenova-se enquanto prosseguem os pagamentos de vantagem indevida.

Crime de lavagem: Ricardo Pernambuco Backheuser não temantecedentes criminais. Conduta social, personalidade, culpabilidade, motivos ecomportamento da vítima são elementos neutros. Circunstâncias devem ser valoradasnegativamente. A lavagem, no presente caso, envolveu alguma sofisticação, comtransação supretícia envolvendo contas em nome de off-shores no exterior. Tal grau desofisticação não é inerente ao crime de lavagem e deve ser valorado negativamente atítulo de circunstâncias (a complexidade não é inerente ao crime de lavagem, conformeprecedente do RHC 80.816/SP, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ª Turma do STF, un., j.10/04/2001). Consequências devem ser valoradas negativamente. A lavagem envolve aquantia substancial de USD 711.050,00. A lavagem de significativa quantidade dedinheiro merece reprovação a título de consequências. Considerando duas vetoriais

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negativas, de especial reprovação, fixo, para o crime de lavagem de dinheiro, pena dequatro anos e seis meses de reclusão.

A operação de lavagem, tendo por antecedentes crimes de corrupção e deajuste fraudulento de licitações, tinha por finalidade propiciar o pagamento devantagem indevida, ou seja, viabilizar a prática de crime de corrupção, devendo serreconhecida a agravante do art. 61, II, "b", do CP.

Reputo compensada a agravante com a atenuante da confissão.

Fixo multa proporcional para a lavagem em cem dias multa.

Considerando que o condenado era dirigente e acionista da CariocaEngenharia, fixo o dia multa em cinco salários mínimos vigentes ao tempo do fatodelitivo que fixo em 03/2012.

Crime de associação criminosa: Ricardo Pernambuco Backheuser nãotem antecedentes criminais informados no processo. Considerando que não se trata deassociação criminosa complexa, circunstâncias não devem ser valoradasnegativamente. Consequências devem ser valoradas negativamente considerndo avariedade e quantidade de crimes praticados pela associação, fraude à licitação,corrupção e lavagem. As demais vetoriais, culpabilidade, conduta social, motivos ecomportamento das vítimas são neutras. Motivos de lucro são normais em associaçõescriminosas, não cabendo reprovação especial. Fixo pena pouco acima do mínimo, deum ano e seis meses de reclusão.

Não há agravantes. Reduzo a pena em seis meses pela confissão.

Não há causas de aumento ou de diminuição, sendo esta pena definitiva.

Entre os crimes de corrupão, de lavagem e de associação criminosa, háconcurso material, motivo pelo qual as penas somadas chegam a nove anos e seismeses de reclusão para Ricardo Pernambuco Backheuser.

Considerando as regras do art. 33 do Código Penal, fixo o regime fechadopara o início de cumprimento da pena. A progressão de regime para a pena do crime decorrupção fica, em princípio, condicionada à reparação do dano nos termos do art. 33,§4º, do CP.

Essa seria a pena definitiva para Ricardo Pernambuco Backheuser, nãohouvesse o acordo de colaboração celebrado com a Procuradoria Geral da República ehomologado pelo Supremo Tribunal Federal (evento 971).

Pelo art. 4º da Lei nº 12.850/2013, a colaboração, a depender daefetividade, pode envolver o perdão judicial, a redução da pena ou a substituição dapena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

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Cabe somente ao julgador conceder e dimensionar o benefício. O acordocelebrado com o Ministério Público não vincula o juiz, mas as partes às propostasacertadas.

Não obstante, na apreciação desses acordos, para segurança jurídica daspartes, deve o juiz agir com certa deferência, sem abdicar do controle judicial.

A colaboração de Ricardo Pernambuco Backheuser tem efetividade. Alémda confissão no presente feito e em outros, confirmou o pagamento de propina emvários contratos e providenciou prova documental.

Além disso, o acordo envolveu o compromisso de pagamento derestituição de cerca de quarenta e cinco milhões de reais, o que garantirá a recuperaçãopelo menos parcial dos recursos públicos desviados, em favor da vítima, a Petrobras.

Não cabe, porém, como pretendido pelo condenado, por sua Defesa oupessoalmente, o perdão judicial. A efetividade da colaboração não é o único elementoa ser considerado. Deve ter o Juízo presente também os demais elementos do §1.º doart. 4º da Lei nº 12.850/2013. Nesse aspecto, considerando a gravidade em concretodos crimes praticados por Ricardo Pernambuco Backheuser, que envolverampagamentos a agentes públicos não só neste processo, mas em outros feitos, não cabeperdão judicial.

Adoto, portanto, as penas acertadas no acordo de colaboração premiada.

Observo que há alguma dificuldade para concessão do benefíciodecorrente do acordo, uma vez que Ricardo Pernambuco Backheuser está sujeito aoutras ações penais perante este Juízo e outros e o dimensionamento do favor legaldependeria da prévia unificação de todas as penas.

Assim, as penas a serem oportunamente unificadas deste com os outrosprocessos (se neles houver condenações), não ultrapassarão o total de nove anos dereclusão.

A pena privativa de liberdade de Ricardo Pernambuco Backheuser serácumprida da seguinte forma, prestação de serviços comunitários por cinco anos,dezesseis horas por mês.

Observo que entre três a cinco anos de prestação de serviços comunitários,optou o Juízo por cinco considerando que o acordo já foi bastante generoso ao preversomente como pena a prestação de serviços.

A eventual condenação em outros processos e a posterior unificação depenas não alterará, salvo quebra do acordo, os parâmetros de cumprimento de pena orafixados.

Caso haja descumprimento ou que seja descoberto que a colaboração não

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foi verdadeira, poderá haver regressão de regime e o benefício não será estendido aoutras eventuais condenações.

A multa penal fica reduzida ao mínimo legal, como previsto no acordo.

Como manutenção do acordo, deverá ainda pagar a multa cível acertadacom o Ministério Público Federal, nos termos do acordo, no montante de quarenta ecinco milhões de reais.

Registro, por oportuno, que, embora seja elevada a culpabilidade deRicardo Pernambuco Backheuser, a colaboração demanda a concessão de benefícioslegais, não sendo possível tratar o criminoso colaborador com excesso de rigor, sobpena de inviabilizar o instituto da colaboração premiada.

536. Paulo Adalberto Alves Ferreira

Crime de lavagem de dinheiro: Paulo Adalberto Alves Ferreira não temantecedentes criminais informados no processo (condenações transitadas em julgado).Personalidade, culpabilidade, conduta social, motivos e comportamento da vítima sãoelementos neutros. Circunstâncias devem ser valoradas negativamente. A lavagem, nopresente caso, envolveu especial sofisticação, com a realização de diversas transaçõessubreptícias, depósitos múltiplos em contas de pessoas interpostas, simulação deprestação de serviços, contratos e notas fiscais falsas, com o emprego de escritório deadvocacia, ambiente de trabalho com especial proteção da lei. Tal grau de sofisticaçãonão é inerente ao crime de lavagem e deve ser valorado negativamente a título decircunstâncias (a complexidade não é inerente ao crime de lavagem, conformeprecedente do RHC 80.816/SP, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ª Turma do STF, un., j.10/04/2001). Consequências devem ser valoradas negativamente. A lavagem envolve aquantia substancial de R$ 2.162.562,00. A lavagem de significativa quantidade dedinheiro merece reprovação a título de consequências. Considerando duas vetoriaisnegativas, de especial reprovação, fixo, para o crime de lavagem de dinheiro, pena dequatro anos e seis meses de reclusão.

A operação de lavagem, tendo por antecedentes crimes de corrupção e deajuste fraudulento de licitações, tinha por finalidade propiciar o pagamento devantagem indevida, ou seja, viabilizar a prática de crime de corrupção, devendo serreconhecida a agravante do art. 61, II, "b", do CP, motivo pelo qual elevo a pena emseis meses.

Fixo multa proporcional para a lavagem em cem dias multa.

Entre todos os crimes de lavagem, reconheço continuidade delitiva.Considerando a quantidade de crimes, nove, elevo a pena do crime mais grave em 2/3,chegando ela a oito anos e quatro meses.

Deixo de aplicar a causa de aumento de pena, do art. 1º, §4º, da Lei9.613/1998 em vista do acréscimo da continuidade delitiva. Aumentar por

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habitualidade ou reiteração representaria duplo acréscimo pelo mesmo fato. Quanto àcausa de aumento da prática do crime por intermédio de organização criminosa, fica aaplicação inviabilizada, já que não foi condenado por este crime.

Considerando a dimensão dos crimes que leva à presunção da elevadacapacidade econômica de Paulo Adalberto Alves Ferreira, fixo o dia multa em cincosalários mínimos vigentes ao tempo do último fato delitivo (10/2013).

Crime de associação criminosa: Paulo Adalberto Alves Ferreira não temantecedentes criminais informados no processo. Considerando que não se trata deassociação criminosa complexa, circunstâncias não devem ser valoradasnegativamente. Consequências devem ser valoradas negativamente considerando avariedade e quantidade de crimes praticados pela associação, fraude à licitação,corrupção e lavagem. As demais vetoriais, personalidade, culpabilidade, condutasocial, motivos e comportamento das vítimas são neutras. Motivos de lucro sãonormais em associações criminosas, não cabendo reprovação especial. Fixo penapouco acima do mínimo, de um ano e seis meses de reclusão.

Não há atenuantes ou agravantes.

Não há causas de aumento ou de diminuição, sendo esta pena definitiva.

Entre os crimes de lavagem e de associação criminosa, há concursomaterial, motivo pelo qual as penas somadas chegam a nove anos e dez meses dereclusão para Paulo Adalberto Alves Ferreira.

Considerando as regras do art. 33 do Código Penal, fixo o regime fechadopara o início de cumprimento da pena.

537. Roberto Trombeta

Crime de lavagem de dinheiro: Roberto Trombeta não tem antecedentescriminais informados no processo. Conduta social, motivos e comportamento da vítimasão elementos neutros. Personalidade e culpabilidade devem ser valoradasnegativamente pois as provas do caso indicam que Roberto Trombeta fazia da fraude eda lavagem de dinheiro sua atividade profissional. Os valores recebidos do ConsórcioNovo Cenpes retratam uma parcela menor de uma atividade que envolveu orecebimento de dezenas de milhões de reais de empresas das mais diversas pararepasse a agentes políticos. Circunstâncias devem ser valoradas negativamente. Alavagem, no presente caso, envolveu especial sofisticação, com a realização dediversas transações subreptícias, simulação de prestação de serviços, contratos e notasfiscais falsas, com o emprego de duas empresas de fachada, uma delas escritório deadvocacia, ambiente de trabalho com especial proteção da lei. Tal grau de sofisticaçãonão é inerente ao crime de lavagem e deve ser valorado negativamente a título decircunstâncias (a complexidade não é inerente ao crime de lavagem, conformeprecedente do RHC 80.816/SP, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ª Turma do STF, un., j.10/04/2001). Consequências devem ser valoradas negativamente. A lavagem envolve a

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quantia substancial de R$ 2.895.000,00. A lavagem de significativa quantidade dedinheiro merece reprovação a título de consequências. Considerando três vetoriaisnegativas, de especial reprovação, fixo, para o crime de lavagem de dinheiro, pena decinco anos de reclusão.

A operação de lavagem, tendo por antecedentes crimes de corrupção e deajuste fraudulento de licitações, tinha por finalidade propiciar o pagamento devantagem indevida, ou seja, viabilizar a prática de crime de corrupção, devendo serreconhecida a agravante do art. 61, II, "b", do CP.

Reputo a agravante compensada com o atenuante da confissão, mantendoa pena inalterada.

Fixo multa proporcional para a lavagem em cem dias multa.

Entre todos os crimes de lavagem, reconheço continuidade delitiva.Considerando a quantidade de crimes, dois, elevo a pena do crime mais grave em 1/6,chegando ela a cinco anos e dez meses.

Deixo de aplicar a causa de aumento de pena, do art. 1º, §4º, da Lei9.613/1998. Apesar do condenado ter habitual e reiteradamente se dedicado à lavagemde dinheiro, o caso presente envolve apenas dois crimes. Quanto à causa de aumentoda prática do crime por intermédio de organização criminosa, fica a aplicaçãoinviabilizada, já que não foi acusado por este crime.

Considerando a dimensão dos crimes que leva à presunção da elevadacapacidade econômica de Roberto Trombeta, fixo o dia multa em cinco saláriosmínimos vigentes ao tempo do último fato delitivo (11/2011).

Crime de associação criminosa: Roberto Trombeta não tem antecedentescriminais informados no processo. Personalidade e culpabilidade devem ser valoradasnegativamente pois as provas do caso indicam que Roberto Trombeta fazia da fraude eda lavagem de dinheiro sua atividade profissional. Considerando que não se trata deassociação criminosa complexa, circunstâncias não devem ser valoradasnegativamente. Consequências devem ser valoradas negativamente considerando avariedade e quantidade de crimes praticados pela associação, fraude à licitação,corrupção e lavagem. As demais vetoriais, culpabilidade, conduta social, motivos ecomportamento das vítimas são neutras. Motivos de lucro são normais em associaçõescriminosas, não cabendo reprovação especial. Fixo pena pouco acima do mínimo, deum ano e seis meses de reclusão.

Não há agravantes. Reduzo a pena em seis meses pela confissão.

Não há causas de aumento ou de diminuição, sendo esta pena definitiva.

Entre os crimes de lavagem e de associação criminosa, há concursomaterial, motivo pelo qual as penas somadas chegam a seis anos e dez meses de

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reclusão para Roberto Trombeta.

Considerando as regras do art. 33 do Código Penal, fixo o regimesemiaberto para o início de cumprimento da pena.

Essa seria a pena definitiva para Roberto Trombeta, não houvesse oacordo de colaboração celebrado com o MPF e homologado por este Juízo (evento 68).

Prevê, em síntese, o acordo o cumprimento da pena em regime abertodiferenciado com recolhimento domiciliar nos finais de semana e prestação de serviçoscomunitários. Também previsto o pagamento de multa de cerca de USD 4.200.000,00.

Houve, ainda que com atraso, o depósito da multa (evento 71 do processo5032688-05.2015.4.04.7000.

Entendeu o MPF que houve descumprimento do acordo e requereu, noprocesso 5005514-84.2016.4.04.7000, que fosse reputado quebrado.

Diante de manifestações sucessiva do MPF e da Defesa, consignei oseguinte em despacho de 16/06/2016 naquele processo (evento 14):

"Trata-se de processo ajuizado pelo MPF para averiguação de eventualdescumprimento do acordo de colaboração premiada em face de RodrigoMorales e Roberto Trombeta.

Ambos celebraram acordos de colaboração com o MPF, devidamentehomologados por este Juízo (processos 5032688-05.2015.4.04.7000 e5032694-12.2015.4.04.7000).

Alega o MPF, em petição do evento 1, que os acordos teriam sidodescumpridos, pois os colaboradores não teriam depositado o valor damulta acertada, não teriam apresentado documentos das contas mantidasno exterior, e teriam omitido fatos relevantes, especificamente suavinculação a outras off-shores e contas no exterior.

Ouvida, a Defesa alegou que a multa foi integralizada supervenientementee que teria entregue os documentos ao MPF (evento 9).

Novas manifestações posteriores.

Decido.

Objetivamente, os colaboradores ocultaram fatos relevantes quando dacelebração do acordo, como a sua relação com a CAOA e possíveistransações envolvendo esta empresa e agente público, e ainda o fato deque controlovam outras contas em nome de off-shores no exterior.

Além disso, entre o objeto do acordo, constato o compromisso doscolaboradores de fornecer ao MPF todos os documentos que essesolicitasse a respeito de suas atividades.

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Nesse sentido, deveriam ter atendido à solicitação do MPF paraapresentação de todos os documentos relativos a essas contas no exterior,incluindo extratos, documentos de abertura, identificação dos créditos edébitos, inclusive em relação à conta em nome da off-shore KingsfieldConsulting Corporation.

Afirma o MPF que os colaboradores não apresentaram sequer os extratos,documentos de abertura e documentos de crédito e débito da conta emnome da Kingsfield.

Embora a Defesa afirma que eles foram apresentados, observo que elesnão integram a mídia que foi apresentada a este Juízo nos processos5032688-05.2015.4.04.7000 e 5032694-12.2015.4.04.7000.

Se isso foi apresentado, não houve demonstração a este Juízo pelo menose o MPF negou que isso tenha sido feito.

Observo ainda que, diante da descoberta das novas contas, também devemos colaboradores entregar toda a documentação pertinente ao MPF.

Não basta por evidente a sua afirmação de que a movimentação dessascontas foi lícita. Se foi, ótimo, mas a documentação deve ser apresentada.

Esses fatos, omissão de fatos relevantes e falta de entrega de documentos,são justificativas para quebra do acordo.

Como consignei anteriormente o acordo vincula MPF, colaborador eDefesa. Através dele, o colaborador compromete-se, com escusa àredundância, a colaborar, e o MPF a pleitear perante o Juízo benefíciolegais, como perdão judicial ou redução de pena, ao colaborador.

Se o colaborador, na avaliação do MPF, não cumpriu a sua parte, deveapontar tal fato ao Juízo e requerer que lhe sejam negados benefícios nomomento opoertuno.

A postura do Juízo tem sido a de acolher a posição das partes com certadeferência, prestigiando o acerto entre elas. Não havendo acerto, avaliaráa questão com total independência. No caso presente, forçoso reconhecer,desde logo, que o MPF tem um bom argumento pois, além da falta deentrega da documentação, houve omissão de fatos relevantes.

Ao invés porém de reputar quebrado o acordo, reputo mais adequado queMPF e colaboradores, estes assistidos por seus defensores, voltem a tratarda questão entre si, se for o caso reajustando os termos do acordo.

Imprescindível, em qualquer circunstância, a revelação de todos os fatosrelevantes, evitando novas surpresas, e a apresentação da documentaçãocompleta, documentos de abertura, extratos, movimentação de crédito edébito, relativamente à todas contas no exterior.

Desnecessária a audiência requerida.

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Concedo ao MPF e Defesa o prazo de 30 dias para tanto. Intimem-se."

Não houve manifestações conclusivas desde então.

Neste feito, em alegações finais, o MPF tem o acordo como quebrado ealega não fazer o colaborador jus a qualquer benefício.

Já a Defesa insiste que houve o cumprimento do acordo, embora tardio.

Observo que a Lei n.º 12.850/2013 regula o procedimento para celebraçãoe homologação de acordo de colaboração. Nada diz, porém, sobre eventualprocedimento de rescisão do acordo.

No entender do Juízo, assim como cabe a ele conceder e dimensionar osbenefícios previstos no acordo no momento da sentença, também lhe cabeeventualmente negar tais benefícios por entender que o acordo não foi cumprido pelocolaborador.

Na sentença prolatada na ação penal 5045241-84.2015.4.04.7000, esteJuízo, nessa linha, negou qualquer benefício ao condenado Fernando AntônioGuimarães Houneaux de Moura por reputar totalmente prejudicado o acordo decolaboração pelas mentiras declaradas em Juízo, depois retratadas, pelo colaborador.Assim, conforme consta nos itens 773-807 e ainda no dispositivo, foram a elecominadas, com a concordância do MPF, as penas integrais.

Em outra sentença, na ação penal 5083838-59.2014.4.04.7000, o Juízomanteve os benefícios previstos no acordo de Júlio Gerin de Almeida Camargo,mesmo tendo ele omitido parte dos fatos no curso da instrução, tendo porém seretratado e apresentado, na ocasião, justificativa razoável (receio de retaliação por partedo ex-Presidente da Câmara).

No caso presente, o condenado Roberto Trombeta não faltou com averdade no presente processo, nem omitiu-se na colaboração no que diz respeito aopresente feito.

Entretanto, como adiantado no trecho transcrito, ele, além de ter atrasadosignificativamente o depósito da multa, omitiu fatos criminais relevantes e ocultoudocumentos relevantes, vindo a fazê-lo somente quando a evolução da investigaçãocriminal indicou que as omissões seriam descobertas.

A própria Defesa reconhece a falha nas alegações finais, embora busquejustificá-la (evento 915):

"Posteriormente a este despacho [refere-se ao despacho de 16/06/2016],nos eventos 29 até o evento 35, a defesa apresentou documentos emcomplementação àqueles apresentados ao MPF e juntados pelo parquetaos autos no evento 12. Em resumo, os documentos complementaresapresentados pelos colaboradores e que sanam as omissões estão

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apresentados nos eventos 29 até 35 e evento 12 dos autos de averiguaçãon.º 5005514- 84.2016.4.04.7000."

"Com relação às omissões apontadas pelo MPF que envolviam outrosfatos não relacionados à presente denúncia, estas serão amplamenteenfrentadas abaixo, cabendo desde já salientar que foram estas omissõesespontaneamente supridas pelos Colaboradores que se apresentaram aPolicia Federal e MPF do Distrito Federal para prestar depoimento eapresentar documentos de interesse da Operação Acrônimo e Zeloltes.Portanto, configurou-se, ainda que tardiamente, o integral cumprimentodas obrigações que assumiram perante o Estado."

As justificativas apresentadas não são, por outro lado, suficientes parajustificar as omissões. Não há comparação com o caso de Júlio Gerin de AlmeidaCamargo, já que razoável, quanto a ele, um receio de retaliação do então poderoso ex-Presidente da Câmara.

No entanto, entendo que as omissões, já que aparentemente supridas, nãosão graves o suficientes para se reputar irremediavelmente prejudicado o acordo.

Entretanto, justificam que os benefícios ali previstos não sejamconcedidos ao condenado na extensão prevista.

Então tenho o acordo de colaboração de Roberto Trombeta como válido eainda em vigor, sem, porém, justificar os benefícios acordos na extensão prevista, aliásexcessivamente generosa.

Redimensiono, portanto, os benefícios.

Observo que há alguma dificuldade para concessão do benefíciodecorrente do acordo, uma vez que Roberto Trombeta está sujeito a outras ações penaisperante este Juízo e outros e o dimensionamento do favor legal dependeria da préviaunificação de todas as penas.

Assim, as penas a serem oportunamente unificadas deste com os outrosprocessos (se neles houver condenações), não ultrapassarão o total de 12 anos dereclusão.

A pena privativa de liberdade de Roberto Trombeta, será executada daseguinte forma:

a) seis meses de prisão em regime fechado com recolhimento nacarceragem da Polícia Federal;

b) um ano de regime semiaberto diferenciado, com recolhimento domiliarcom monitoramento eletrônico;

c) dois anos de prestação de serviços comunitários, sete horas por semana,

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a entidade pública ou de caridade, a ser definida pelo Juízo de execução.

A progressão de uma fase a outra demandará avaliação de mérito docondenado.

A eventual condenação em outros processos e a posterior unificação depenas não alterará, salvo quebra do acordo, os parâmetros de cumprimento de pena orafixados.

Apesar do regime inicial da pena originariamente fixada ser o semiaberto,observa-se que o acordo abrange não só os crimes cometidos pelo condenado nestefeito, mas também os demais por ele confessados e que estariam sujeitos a processosem o acordo. Assim, considerando todos os crimes, os benefícios lhe são valiosos pois sem eles ficaria sujeito a prisão em regime fechado por tempo superior ao oracominado.

Eventualmente, se houver aprofundamento posterior da colaboração, coma entrega de outros elementos relevantes, a redução das penas pode ser ampliada nafase de execução.

Caso haja descumprimento ou que seja descoberto que a colaboração nãofoi verdadeira, poderá haver regressão de regime e o benefício não será estendido aoutras eventuais condenações.

A multa penal fica reduzida ao mínimo legal, como previsto no acordo.

Como manutenção do acordo, deverá ainda pagar a multa cível acertadacom o Ministério Público Federal, nos termos do acordo, o que aparentemente já foifeito, como adiantado.

Registro, por oportuno, que, embora seja elevada a culpabilidade deRoberto Trombeta, a colaboração demanda a concessão de benefícios legais, não sendopossível tratar o criminoso colaborador com excesso de rigor, sob pena de inviabilizaro instituto da colaboração premiada.

538. Rodrigo Morales

Crime de lavagem de dinheiro: Rodrigo Morales não tem antecedentescriminais informados no processo. Conduta social, motivos e comportamento da vítimasão elementos neutros. Personalidade e culpabilidade devem ser valoradasnegativamente pois as provas do caso indicam que Rodrigo Morales fazia da fraude eda lavagem de dinheiro sua atividade profissional. Os valores recebidos do ConsórcioNovo Cenpes retratam uma parcela menor de uma atividade que envolveu orecebimento de dezenas de milhões de reais de empresas das mais diversas pararepasse a agentes políticos. Circunstâncias devem ser valoradas negativamente. Alavagem, no presente caso, envolveu especial sofisticação, com a realização dediversas transações subreptícias, simulação de prestação de serviços, contratos e notas

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fiscais falsas, com o emprego de duas empresas de fachada, uma delas escritório deadvocacia, ambiente de trabalho com especial proteção da lei. Tal grau de sofisticaçãonão é inerente ao crime de lavagem e deve ser valorado negativamente a título decircunstâncias (a complexidade não é inerente ao crime de lavagem, conformeprecedente do RHC 80.816/SP, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ª Turma do STF, un., j.10/04/2001). Consequências devem ser valoradas negativamente. A lavagem envolve aquantia substancial de R$ 2.895.000,00. A lavagem de significativa quantidade dedinheiro merece reprovação a título de consequências. Considerando três vetoriaisnegativas, de especial reprovação, fixo, para o crime de lavagem de dinheiro, pena decinco anos de reclusão.

A operação de lavagem, tendo por antecedentes crimes de corrupção e deajuste fraudulento de licitações, tinha por finalidade propiciar o pagamento devantagem indevida, ou seja, viabilizar a prática de crime de corrupção, devendo serreconhecida a agravante do art. 61, II, "b", do CP.

Reputo a agravante compensada com o atenuante da confissão, mantendoa pena inalterada.

Fixo multa proporcional para a lavagem em cem dias multa.

Entre todos os crimes de lavagem, reconheço continuidade delitiva.Considerando a quantidade de crimes, dois, elevo a pena do crime mais grave em 1/6,chegando ela a cinco anos e dez meses.

Deixo de aplicar a causa de aumento de pena, do art. 1º, §4º, da Lei9.613/1998. Apesar do condenado ter habitual e reiteradamente se dedicado à lavagemde dinheiro, o caso presente envolve apenas dois crimes. Quanto à causa de aumentoda prática do crime por intermédio de organização criminosa, fica a aplicaçãoinviabilizada, já que não foi acusado por este crime.

Considerando a dimensão dos crimes que leva à presunção da elevadacapacidade econômica de Rodrigo Morales, fixo o dia multa em cinco saláriosmínimos vigentes ao tempo do último fato delitivo (11/2011).

Crime de associação criminosa: Rodrigo Morales não tem antecedentescriminais informados no processo. Personalidade e culpabilidade devem ser valoradasnegativamente pois as provas do caso indicam que Rodrigo Morales fazia da fraude eda lavagem de dinheiro sua atividade profissional. Considerando que não se trata deassociação criminosa complexa, circunstâncias não devem ser valoradasnegativamente. Consequências devem ser valoradas negativamente considerando avariedade e quantidade de crimes praticados pela associação, fraude à licitação,corrupção e lavagem. As demais vetoriais, culpabilidade, conduta social, motivos ecomportamento das vítimas são neutras. Motivos de lucro são normais em associaçõescriminosas, não cabendo reprovação especial. Fixo pena pouco acima do mínimo, deum ano e seis meses de reclusão.

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Não há agravantes. Reduzo a pena em seis meses pela confissão.

Não há causas de aumento ou de diminuição, sendo esta pena definitiva.

Entre os crimes de lavagem e de associação criminosa, há concursomaterial, motivo pelo qual as penas somadas chegam a seis anos e dez meses dereclusão para Rodrigo Morales.

Considerando as regras do art. 33 do Código Penal, fixo o regimesemiaberto para o início de cumprimento da pena.

Essa seria a pena definitiva para Rodrigo Morales, não houvesse o acordode colaboração celebrado com o MPF e homologado por este Juízo (evento 68).

Prevê, em síntese, o acordo o cumprimento da pena em regime abertodiferenciado com recolhimento domiciliar nos finais de semana e prestação de serviçoscomunitários. Também previsto o pagamento de multa de cerca de USD 2.800.000,00.

Houve, ainda que com atraso, o depósito da multa (evento 68 do processo5032694-12.2015.4.04.7000.

Entendeu o MPF que houve descumprimento do acordo e requereu, noprocesso 5005514-84.2016.4.04.7000, que fosse reputado quebrado.

Diante de manifestações sucessiva do MPF e da Defesa, consignei oseguinte em despacho de 16/06/2016 naquele processo (evento 14):

"Trata-se de processo ajuizado pelo MPF para averiguação de eventualdescumprimento do acordo de colaboração premiada em face de RodrigoMorales e Roberto Trombeta.

Ambos celebraram acordos de colaboração com o MPF, devidamentehomologados por este Juízo (processos 5032688-05.2015.4.04.7000 e5032694-12.2015.4.04.7000).

Alega o MPF, em petição do evento 1, que os acordos teriam sidodescumpridos, pois os colaboradores não teriam depositado o valor damulta acertada, não teriam apresentado documentos das contas mantidasno exterior, e teriam omitido fatos relevantes, especificamente suavinculação a outras off-shores e contas no exterior.

Ouvida, a Defesa alegou que a multa foi integralizada supervenientementee que teria entregue os documentos ao MPF (evento 9).

Novas manifestações posteriores.

Decido.

Objetivamente, os colaboradores ocultaram fatos relevantes quando da

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celebração do acordo, como a sua relação com a CAOA e possíveistransações envolvendo esta empresa e agente público, e ainda o fato deque controlovam outras contas em nome de off-shores no exterior.

Além disso, entre o objeto do acordo, constato o compromisso doscolaboradores de fornecer ao MPF todos os documentos que essesolicitasse a respeito de suas atividades.

Nesse sentido, deveriam ter atendido à solicitação do MPF paraapresentação de todos os documentos relativos a essas contas no exterior,incluindo extratos, documentos de abertura, identificação dos créditos edébitos, inclusive em relação à conta em nome da off-shore KingsfieldConsulting Corporation.

Afirma o MPF que os colaboradores não apresentaram sequer os extratos,documentos de abertura e documentos de crédito e débito da conta emnome da Kingsfield.

Embora a Defesa afirma que eles foram apresentados, observo que elesnão integram a mídia que foi apresentada a este Juízo nos processos5032688-05.2015.4.04.7000 e 5032694-12.2015.4.04.7000.

Se isso foi apresentado, não houve demonstração a este Juízo pelo menose o MPF negou que isso tenha sido feito.

Observo ainda que, diante da descoberta das novas contas, também devemos colaboradores entregar toda a documentação pertinente ao MPF.

Não basta por evidente a sua afirmação de que a movimentação dessascontas foi lícita. Se foi, ótimo, mas a documentação deve ser apresentada.

Esses fatos, omissão de fatos relevantes e falta de entrega de documentos,são justificativas para quebra do acordo.

Como consignei anteriormente o acordo vincula MPF, colaborador eDefesa. Através dele, o colaborador compromete-se, com escusa àredundância, a colaborar, e o MPF a pleitear perante o Juízo benefíciolegais, como perdão judicial ou redução de pena, ao colaborador.

Se o colaborador, na avaliação do MPF, não cumpriu a sua parte, deveapontar tal fato ao Juízo e requerer que lhe sejam negados benefícios nomomento opoertuno.

A postura do Juízo tem sido a de acolher a posição das partes com certadeferência, prestigiando o acerto entre elas. Não havendo acerto, avaliaráa questão com total independência. No caso presente, forçoso reconhecer,desde logo, que o MPF tem um bom argumento pois, além da falta deentrega da documentação, houve omissão de fatos relevantes.

Ao invés porém de reputar quebrado o acordo, reputo mais adequado queMPF e colaboradores, estes assistidos por seus defensores, voltem a tratarda questão entre si, se for o caso reajustando os termos do acordo.

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Imprescindível, em qualquer circunstância, a revelação de todos os fatosrelevantes, evitando novas surpresas, e a apresentação da documentaçãocompleta, documentos de abertura, extratos, movimentação de crédito edébito, relativamente à todas contas no exterior.

Desnecessária a audiência requerida.

Concedo ao MPF e Defesa o prazo de 30 dias para tanto. Intimem-se."

Não houve manifestações conclusivas desde então.

Neste feito, em alegações finais, o MPF tem o acordo como quebrado ealega não fazer o colaborador jus a qualquer benefício.

Já a Defesa insiste que houve o cumprimento do acordo, embora tardio.

Observo que a Lei n.º 12.850/2013 regula o procedimento para celebraçãoe homologação de acordo de colaboração. Nada diz, porém, sobre eventualprocedimento de rescisão do acordo.

No entender do Juízo, assim como cabe a ele conceder e dimensionar osbenefícios previstos no acordo no momento da sentença, também lhe cabeeventualmente negar tais benefícios por entender que o acordo não foi cumprido pelocolaborador.

Na sentença prolatada na ação penal 5045241-84.2015.4.04.7000, esteJuízo, nessa linha, negou qualquer benefício ao condenado Fernando AntônioGuimarães Houneaux de Moura por reputar totalmente prejudicado o acordo decolaboração pelas mentiras declaradas em Juízo, depois retratadas, pelo colaborador.Assim, conforme consta nos itens 773-807 e ainda no dispositivo, foram a elecominadas, com a concordância do MPF, as penas integrais.

Em outra sentença, na ação penal 5083838-59.2014.4.04.7000, o Juízomanteve os benefícios previstos no acordo de Júlio Gerin de Almeida Camargo,mesmo tendo ele omitido parte dos fatos no curso da instrução, tendo porém seretratado e apresentado, na ocasião, justificativa razoável (receio de retaliação por partedo ex-Presidente da Câmara).

No caso presente, o condenado Rodrigo Morales não faltou com a verdadeno presente processo, nem omitiu-se na colaboração no que diz respeito ao presentefeito.

Entretanto, como adiantado no trecho transcrito, ele, além de ter atrasadosignificativamente o depósito da multa, omitiu fatos criminais relevantes e ocultoudocumentos relevantes, vindo a fazê-lo somente quando a evolução da investigaçãocriminal indicou que as omissões seriam descobertas.

A própria Defesa reconhece a falha nas alegações finais, embora busque

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justificá-la (evento 915):

"Posteriormente a este despacho [refere-se ao despacho de 16/06/2016],nos eventos 29 até o evento 35, a defesa apresentou documentos emcomplementação àqueles apresentados ao MPF e juntados pelo parquetaos autos no evento 12. Em resumo, os documentos complementaresapresentados pelos colaboradores e que sanam as omissões estãoapresentados nos eventos 29 até 35 e evento 12 dos autos de averiguaçãon.º 5005514- 84.2016.4.04.7000."

"Com relação às omissões apontadas pelo MPF que envolviam outrosfatos não relacionados à presente denúncia, estas serão amplamenteenfrentadas abaixo, cabendo desde já salientar que foram estas omissõesespontaneamente supridas pelos Colaboradores que se apresentaram aPolicia Federal e MPF do Distrito Federal para prestar depoimento eapresentar documentos de interesse da Operação Acrônimo e Zeloltes.Portanto, configurou-se, ainda que tardiamente, o integral cumprimentodas obrigações que assumiram perante o Estado."

As justificativas apresentadas não são, por outro lado, suficientes parajustificar as omissões. Não há comparação com o caso de Júlio Gerin de AlmeidaCamargo, já que razoável, quanto a ele, um receio de retaliação do então poderoso ex-Presidente da Câmara.

No entanto, entendo que as omissões, já que aparentemente supridas, nãosão graves o suficientes para se reputar irremediavelmente prejudicado o acordo.

Entretanto, justificam que os benefícios ali previstos não sejamconcedidos ao condenado na extensão prevista.

Então tenho o acordo de colaboração de Rodrigo Morales como válido eainda em vigor, sem, porém, justificar os benefícios acordados na extensão prevista,aliás excessivamente generosa.

Redimensiono, portanto, os benefícios.

Observo que há alguma dificuldade para concessão do benefíciodecorrente do acordo, uma vez que Rodrigo Morales está sujeito a outras ações penaisperante este Juízo e outros e o dimensionamento do favor legal dependeria da préviaunificação de todas as penas.

Assim, as penas a serem oportunamente unificadas deste com os outrosprocessos (se neles houver condenações), não ultrapassarão o total de 12 anos dereclusão.

A pena privativa de liberdade de Rodrigo Morales, será executada daseguinte forma:

a) seis meses de prisão em regime fechado com recolhimento na

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carceragem da Polícia Federal;

b) um ano em regime semiaberto diferenciado, com recolhimento domiliarcom monitoramento eletrônico;

c) dois anos de prestação de serviços comunitários, sete horas por semana,a entidade pública ou de caridade, a ser definida pelo Juízo de execução.

A progressão de uma fase a outra demandará avaliação de mérito docondenado.

A eventual condenação em outros processos e a posterior unificação depenas não alterará, salvo quebra do acordo, os parâmetros de cumprimento de pena orafixados.

Apesar do regime inicial da pena originariamente fixado ser o semiaberto,observa-se que o acordo abrange não só os crimes cometidos pelo condenado nestefeito, mas também os demais por ele confessados e que estariam sujeitos a processosem o acordo. Assim, considerando todos os crimes, os benefícios são valiosos poissem eles ficaria sujeito à prisão em regime fechado por tempo superior ao oracominado.

Eventualmente, se houver aprofundamento posterior da colaboração, coma entrega de outros elementos relevantes, a redução das penas pode ser ampliada nafase de execução.

Caso haja descumprimento ou que seja descoberto que a colaboração nãofoi verdadeira, poderá haver regressão de regime e o benefício não será estendido aoutras eventuais condenações.

A multa penal fica reduzida ao mínimo legal, como previsto no acordo.

Como manutenção do acordo, deverá ainda pagar a multa cível acertadacom o Ministério Público Federal, nos termos do acordo, o que aparentemente já foifeito, como adiantado.

Registro, por oportuno, que, embora seja elevada a culpabilidade deRodrigo Morales, a colaboração demanda a concessão de benefícios legais, não sendopossível tratar o criminoso colaborador com excesso de rigor, sob pena de inviabilizaro instituto da colaboração premiada.

539. Em decorrência da condenação pelo crime de lavagem, decreto, combase no art. 7º, II, da Lei nº 9.613/1998, a interdição de Adir Assad, GenésioSchiavinato Júnior, Paulo Adalberto Alves Ferreira e Roberto Ribeiro Capobianco,para o exercício de cargo ou função pública ou de diretor, membro de conselho ou degerência das pessoas jurídicas referidas no art. 9º da mesma lei pelo dobro do tempo dapena privativa de liberdade cominada pelo crime de lavagem. A sanção não se aplica

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aos condenados colaboradores.

540. O período em que os condenados ficaram presos neste e em outrosprocessos deve ser computado para fins de detração da pena (itens 50-54), após aunificação das penas com as demais condenações.

541. Não há prisões preventivas em vigor vinculadas a este processo emparticular. Entretanto, parece pertinente a expedição desde logo de guias para execuçãoprovisória em relação aos condenados que estão presos por outros processos, comoAdir Assad, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, José Adelmário Pinheiro Filho eRenato de Souza Duque, o que permitirá a unificação das penas e desde logo oprogressivo cumprimento conjunto delas. Caberá às Defesas respectivas, no prazo deapelação, manifestarem-se a esse respeito.

542. Quanto aos demais, poderão apelar à segunda instância em liberdade,inexistindo causa para a decretação da prisão preventiva.

543. Considerando o montante da vantagem indevida acertada e submetidaa operações de ocultação e dissimulação, de R$ 20.658.100,76 (2% de R$1.032.905.039,04), esse seria o montante dos bens a serem confiscados criminalmenteno patrimônio dos beneficiários. No entanto, para operacionalização do confisco, faz-se necessária a discriminação dos bens a serem confiscados, preferivelmente comsequestro prévio, o que não foi feito pelo MPF. Então fica o confisco prejudicado,salvo em relação ao valor depositado por Paulo Adalberto Alves Ferreira como fiança,ainda muito distante do total do produto do crime (evento 778).

544. Necessário estimar o valor mínimo para reparação dos danosdecorrentes do crime, nos termos do art. 387, IV, do CPP. Considerando os limites decognição da ação penal, não é possível definir outro valor que não o equivalente aomontante da propina, R$ 20.658.100,76. Os valores em questão, definidos em basepercentual do contrato, representam o custo correspondente que foi transferido àprópria Petrobrás pelo preço do contrato. Do contrário, seria possível que o contratotivesse valor menor, pelo menos equivalente ao aludido montante. Trata-se aqui dovalor da indenização mínima, o que não impede a Petrobrás ou o MPF de perseguiremvalores, no cível, adicionais. Ao valor devem ser agregados correção monetária e jurosde mora de 0,5% ao mês a partir de 01/10/2013. Os valores são devidos à Petrobrás.Evidentemente, no cálculo da indenização, deverão ser descontados os valoresefetivamente confiscados.

545. Não vislumbro base, por outro lado, para fixar o valor do dano nodobro do montante da vantagem indevida, como pretende o MPF. Falta aqui umamelhor demonstração da procedência dessa espécie de pretensão.

546. O valor da indenização mínima não pode ser cobrado doscolaboradores, já que sujeitos a indenizações específicas acordadas.

547. Deverão os condenados também arcar com as custas processuais.

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548. Caberá ao MPF decidir o que fazer em relação aos vários outros fatoscriminais relatados no curso do processo, mas que não fizeram parte do objeto dadenúncia, e igualmente quanto aos aparentes falsos testemunhas.

549. Transitada em julgado, lancem o nome do condenado no rol dosculpados. Procedam-se às anotações e comunicações de praxe (inclusive ao TRE, paraos fins do artigo 15, III, da Constituição Federal).

Registre-se. Publique-se. Intimem-se.

Curitiba, 13 de maio de 2018.

Documento eletrônico assinado por SÉRGIO FERNANDO MORO, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, daLei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência daautenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,mediante o preenchimento do código verificador 700004835281v31 e do código CRC e5fd94ad.

Informações adicionais da assinatura:Signatário (a): SÉRGIO FERNANDO MOROData e Hora: 13/5/2018, às 9:52:58

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