116
1 Edital MCT/CNPq/MDA/SDT/UNIVERSIDADE nº 05/2009 Gestão de Territórios Rurais Relatório Anual Célula do Pontal do Paranapanema - SP Acompanhamento e Informação para o desenvolvimento rural COORDENAÇÃO Luis Antonio Barone (Coordenador - FCT/UNESP) Everaldo Santos Melazzo (Prof. Colaborador - FCT/UNESP) Anderson Antonio da Silva (Técnico da Célula - FATEC-PP) Instituições: Presidente Prudente 2011

Célula do Pontal do Paranapanema - SP

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Page 1: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

1

Edital MCT/CNPq/MDA/SDT/UNIVERSIDADE

nº 05/2009 – Gestão de Territórios Rurais

Relatório Anual

Célula do Pontal do Paranapanema - SP

Acompanhamento e Informação para o desenvolvimento rural

COORDENAÇÃO Luis Antonio Barone (Coordenador - FCT/UNESP)

Everaldo Santos Melazzo (Prof. Colaborador - FCT/UNESP)

Anderson Antonio da Silva (Técnico da Célula - FATEC-PP)

Instituições:

Presidente Prudente

2011

Page 2: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

2

COORDENAÇÃO Luis Antonio Barone (Coordenador - FCT/UNESP) Everaldo Santos Melazzo (Prof. Colaborador - FCT/UNESP) Anderson Antonio da Silva (Técnico de Célula - FATEC-PP) EQUIPE TÉCNICA Bolsistas de Apoio Técnico em Extensão - ATP Elisabeth Pereira Lima (FATEC-PP) Nara Paolichek (FATEC-PP) Raquel Arruda (FCT/UNESP) Thais Helena (FCT/UNESP) GRUPOS DE PESQUISA ENVOLVIDOS NERA (Núcleo de Estudos da Reforma Agrária); CEGET (Centro de Estudos de Geografia do Trabalho); GASPERR (Grupo Produção do Espaço e Redefinições Regionais); GAIA (Grupo de Pesquisa Interações na Superfície Terrestre, Água e Atmosfera); GEDRA (Grupo de Estudos de Desenvolvimento Rural e Agricultura); CEMESPP (Centro de Estudos e Mapeamentos da Exclusão Social para Políticas Públicas); GEPEP (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Popular). APOIO INSTITUCIONAL Faculdade de Tecnologia de Presidente Prudente - FATEC, vinculada ao Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza

Page 3: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

3

Lista de figuras

Pág.

FIGURA 1 O território do Pontal no contexto do Estado de São Paulo.................................. 14

FIGURA 2 Planta da fazenda (Grilo) Pirapó Santo Anastácio................................................ 15

FIGURA 3 Exemplo de devastação do território do Pontal.................................................... 16

FIGURA 4 Mapa dos municípios que compõem o território do Pontal do Paranapanema com destaque para os assentamentos rurais........................................................

17

FIGURA 5 UHE instaladas no território.................................................................................. 20

FIGURA 6 Municípios que compõem a região do Pontal do Paranapanema......................... 30

FIGURA 7 Biograma - identidade territorial............................................................................. 31

FIGURA 8 Biograma – capacidades institucionais.................................................................. 38

FIGURA 9 Pontal do Paranapanema - municípios que receberam investimentos da SDT/MDA no período 2003 - 2011.........................................................................

67

FIGURA 10 Uso e conservação do solo.................................................................................... 108

Page 4: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

4

Lista de quadros

Pág.

QUADRO 1 Identidade territorial.............................................................................................. 31

QUADRO 2 Síntese dos dados de identidade territorial.......................................................... 33

QUADRO 3 Índice - capacidades institucionais...................................................................... 38

QUADRO 4 Existe um assessor técnico que apóie permanentemente a gestão do Colegiado? ...........................................................................................................

53

QUADRO 5 No caso de não existir um assessor técnico, há algum outro técnico que apóie a ação do Colegiado? ..........................................................................................

54

QUADRO 6 De que forma se realiza a seleção e a eleição dos membros do Colegiado?...... 54

QUADRO 7 Quantas reuniões formais o Colegiado realizou desde a sua constituição?........ 55

QUADRO 8 Com que freqüência a plenária do Colegiado se reúne?..................................... 56

QUADRO 9 Como é avaliada a capacidade de decisão de cada um dos seguintes membros do Colegiado?.......................................................................................

56

QUADRO 10 Quais mecanismos de comunicação são utilizados pelo Colegiado para informar suas ações e decisões à comunidade?..................................................

57

QUADRO 11 Com que freqüência cada um dos seguintes temas são tratados no Colegiado? 57

QUADRO 12 Com que freqüência os problemas a seguir prejudicam o desempenho do Colegiado? ...........................................................................................................

58

QUADRO 13 Qual o papel desempenhado pelo Colegiado na elaboração do diagnóstico territorial? .............................................................................................................

59

QUADRO 14 Foi elaborado algum documento que contenha uma visão de longo prazo do território (visão de futuro)? ...................................................................................

59

QUADRO 15 Qual o papel desempenhado pelo Colegiado na elaboração da visão de futuro do território? .........................................................................................................

60

QUADRO 16 Caso o território tenha o Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável - PTDRS, qual foi o papel desempenhado pelo Colegiado Territorial na elaboração do mesmo?...................................................................

61

QUADRO 17 Indique quais dos seguintes mecanismos são utilizados para a tomada de decisões no Colegiado.........................................................................................

61

QUADRO 18 Quais ações são desenvolvidas pelo Colegiado para a gestão dos projetos de desenvolvimento territorial? .................................................................................

62

QUADRO 19 Em quais das seguintes áreas, os membros do Colegiado receberam capacitação? ........................................................................................................

62

QUADRO 20 Índices................................................................................................................. 99

Page 5: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

5

QUADRO 21 ICV territorial por segmento da população rural – Pontal do Paranapanema...... 100

QUADRO 22 Características do desenvolvimento..................................................................... 101

QUADRO 23 Efeitos do desenvolvimento.................................................................................. 102

QUADRO 24 Índice de desenvolvimento sustentável................................................................ 106

QUADRO 25 Proposta de ações da CAI.................................................................................... 113

Page 6: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

6

Lista de tabelas

Pág.

TABELA 1 Assentamentos rurais, segundo número de famílias..............................................

18

TABELA 2 População total, urbana e rural - 2000 e 2010.......................................................

23

TABELA 3 IDH e índice de Gini - 2000....................................................................................

25

TABELA 4 Educação e acesso a serviços - 2000....................................................................

26

TABELA 5 Pontal do Paranapanema........................................................................................

39

TABELA 6 Brasil - Avalie o nível de controle realizado pelos Conselhos Municipais na aplicação dos investimentos públicos..................................................................... 40

TABELA 7 Pontal - Avalie o nível de controle realizado pelos Conselhos Municipais na aplicação dos investimentos públicos..................................................................... 41

TABELA 8 Brasil - A prefeitura possui cadastro de imóveis rurais...........................................

41

TABELA 9 Pontal - A prefeitura possui cadastro de imóveis rurais..........................................

42

TABELA 10 Pontal - O município possui Secretaria de Desenvolvimento Rural, ou similar......

42

TABELA 11 Pontal - A Secretaria de Desenvolvimento Rural, ou similar, possui quadro de técnicos permanente............................................................................................... 42

TABELA 12 Pontal - Quantas instituições de prestação de serviços tecnológicos (para apoio e melhoria das atividades produtivas) existem no município.................................. 43

TABELA 13 Pontal - Quem disponibiliza informações comerciais e de mercado no município................................................................................................................. 44

TABELA 14 Pontal - Quais os meios de divulgação das informações comerciais e de mercado no município............................................................................................. 44

TABELA 15

Pontal - Nos últimos dois anos quais das seguintes normas foram expedidas pela prefeitura com o propósito de garantir a conservação dos recursos naturais do município............................................................................................................

45

TABELA 16 Pontal - Existem mapas das áreas degradadas e de risco de degradação no município................................................................................................................. 45

TABELA 17 Brasil - Existem mapas das áreas degradadas e de risco de degradação no município................................................................................................................. 45

TABELA 18 Pontal - Quais os mecanismos de negociação e resolução de conflitos são adotados pela sociedade civil, no município........................................................... 46

TABELA 19 Brasil - Quais tipos de projetos de iniciativa comunitária ou de produtores são desenvolvidos no município, sem apoio de governos............................................. 47

TABELA 20 Pontal - Quais tipos de projetos de iniciativa comunitária ou de produtores são desenvolvidos no município, sem apoio de governos............................................. 47

Page 7: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

7

TABELA 21 Pontal - Quantos protestos ou manifestações sociais ocorreram durante o último ano..........................................................................................................................

48

TABELA 22 Pontal - houve participação dos beneficiários na elaboração do projeto?..........................................................................................................

48

TABELA 23 Havendo participação dos beneficiários, em que fase(s) do projeto ela ocorreu?.............................................. ............................................................

49

TABELA 24 Você sabe qual a data de constituição do Colegiado?........................................... 55

TABELA 25 Pontal do Paranapanema - ranking dos municípios que receberam investimentos da SDT/MDA - 2003 – 2011.............................................................

65

TABELA 26 Pontal do Paranapanema - investimentos realizados segundo objeto, proponente e valores - 2003 – 2011.......................................................................

68

TABELA 27 Pontal do Paranapanema - tabela de indicadores dos projetos avaliados - questionário 5..........................................................................................................

72

TABELA 28 Pontal do Paranapanema - tabela de indicadores da fase de planejamento dos projetos - questionário 5..........................................................................................

72

TABELA 29 Brasil e pontal do Paranapanema - instrumentos/meios de definição dos projetos..........................................................................................................

73

TABELA 30 Brasil e pontal do Paranapanema - participação dos beneficiários na elaboração dos projetos.................................................................................

74

TABELA 31 Brasil e pontal do Paranapanema - fases de participação dos beneficiários 75

TABELA 32 Brasil e pontal do Paranapanema - ações de planejamento................................... 77

TABELA 33 Brasil e pontal do Paranapanema - critérios para elegibilidade.............................. 78

TABELA 34 Brasil e pontal do Paranapanema - parcerias para implantação dos projetos 79

TABELA 35 Pontal do Paranapanema - tabela de indicadores da fase de execução dos projetos - questionário 5..........................................................................................

80

TABELA 36 Brasil e pontal do Paranapanema - instância gestora..................................... 80

TABELA 37 Brasil e pontal do Paranapanema - processo de gestão........................................ 81

TABELA 38 Brasil e pontal do Paranapanema - prazos para execução das obras.................... 82

TABELA 39 Pontal do Paranapanema - tabela de indicadores de impacto dos projetos - questionário 5..........................................................................................................

83

TABELA 40 Brasil e pontal do Paranapanema - públicos atendidos................................... 84

TABELA 41 Brasil e pontal do Paranapanema - indicador de melhoria de qualidade de vida..........................................................................................................................

85

TABELA 42 Brasil e Pontal do Paranapanema - mudanças no território.................................... 87

Page 8: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

8

TABELA 43 Brasil e pontal do Paranapanema - ganhos atribuídos aos projetos....................... 89

TABELA 44 Brasil e pontal do Paranapanema - mudanças na renda dos beneficiários............ 91

TABELA 45 Brasil e pontal do Paranapanema - principais dificuldades para a operação dos projetos....................................................................................................................

92

TABELA 46 pontal do paranapanema - quadro de indicadores gerais de gestão dos projetos - questionário 5........................................................................................................

94

Page 9: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

9

Lista de abreviaturas

CAI Célula de Avaliação e Acompanhamento do Pontal

CODETER Colegiado Territorial do Pontal do Paranapanema

FATEC Faculdade de Tecnologia de Presidente Prudente

FCT Faculdade de Ciências e Tecnologia

INCRA Instituto de Colonização e Reforma Agrária

IPÊ Instituto de Pesquisas Ecológicas

ITESP Instituto de Terras do Estado de São Paulo

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

SDT Secretária de Desenvolvimento Territorial

SGE Sistema de Gestão Estratégica

UNESP Universidade Estadual Paulista

Page 10: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

10

SUMÁRIO

Pág. APRESENTAÇÃO

1. CONTEXTUALIZAÇÃO: CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO RURAL DO PONTAL DO PARANAPANEMA

11

1.1. Elementos histórico-geográficos significativos do território 14 1.2. Os municípios do pontal em números 22

2. IDENTIDADE TERRITORIAL 27

2.1. Nota metodológica 29 2.2. O que dizem os dados de identidade territorial 32

3. CAPACIDADES INSTITUCIONAIS 35

3.1 Nota introdutória 37 3.2 Os indicadores, os números e as tendências 38 3.3 Mecanismos de solução de conflitos 46

4. GESTÃO DO COLEGIADO 51

5. AVALIAÇÃO DE PROJETOS 64

6. ÍNDICE DE CONDIÇÕES DE VIDA - ICV 95

7. ANÁLISE INTEGRADORA DE INDICADORES E CONTEXTO 104

8. PROPOSTAS E AÇÕES PARA O TERRITÓRIO 111

9. ANEXO: VALIDAÇÃO DE PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS 114

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA 116

Page 11: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

11

APRESENTAÇÃO

Apresentamos, aqui, o relatório analítico dos dados levantados pela Célula de

Acompanhamento e Informação do Pontal do Paranapanema, disponibilizados pelo SGE-

SDT/MDA. As informações foram colhidas no primeiro ciclo de pesquisas previstas no

projeto aprovado pelo Edital MCT/CNPq/MDA/SDT - 005/2009 – Gestão de Territórios

Rurais, realizadas entre dezembro de 2010 e julho de 2011. Neste volume investimos

num esforço mais analítico e sintético, a partir de uma sistematização efetuada pela

equipe da Célula reunindo os dados tais como disponibilizados no Sistema de Gestão

Estratégica e as tabulações sistematizadas pela própria equipe do Pontal (um trabalho à

parte, apresentado como Apêndice).

A própria realização das tabulações, reunidas no chamado relatório técnico de

dados, além de um exercício cartográfico também constante do Apêndice ajudam a

explicar a opção materializada neste relatório analítico – qual seja, a de empreendermos

uma leitura mais interpretativa e sintética, seguindo o roteiro discutido pelo GT das

Células em junho/2011. Outro motivo, para a apresentação deste relatório como está, é a

busca de já enveredarmos para a interpretação dos dados, reduzindo ao mínimo

necessário a descrição dos mesmos. Mesmo mantendo a seqüência exata de capítulos

proposta no roteiro já citado, inclusive com uma parte dedicada à “análise integradora dos

dados”, cada capítulo procura manter um fio condutor na análise dos dados, a partir da

contextualização do Território (correspondente ao primeiro capítulo).

Todo o trabalho de tabulação e cartografia reunido no relatório apensado foi

importantíssimo para facilitar a leitura dos dados. Por isso pudemos avançar, agora, num

esforço totalmente analítico. Esclarecemos que o primeiro exercício cartográfico,

constante do apêndice, não é utilizado neste relatório porque demandaria uma reflexão

mais complexa, sempre de comparação entre os territórios de todo o país (a base

utilizada é a do Brasil, com todos os seus municípios e marcando os 35 territórios rurais

acompanhados pelos projetos de Célula). Optamos, portanto, em apresentar apenas

alguns mapas do território do Pontal, o que facilitou a interpretação das informações

cartográficas.

Optamos, também, por reduzir as referências bibliográficas, assim como uma

discussão mais de caráter teórico (o que também demandaria estudos e citações).

Julgamos não ser objeto deste relatório adentrar num debate conceitual, que pode sim ser

aprimorado pelos dados e sua interpretação, mas demandaria um outro investimento (em

parte, realizado pela equipe), mais oportuno de ser encetado em momento posterior. As

Page 12: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

12

citações e referências, portanto, na nossa proposta de relatório, têm apenas a função de

contextualizar o território e contrastar melhor alguns dados discutidos. Mas sempre que

fosse possível – e insistimos nessa “possibilidade” – procuramos não ampliar as citações.

Realizamos essa interpretação orientados pelo conhecimento prévio - social,

histórico e geográfico - mas nos limitamos a apresentá-lo sinteticamente na

contextualização. Cada capítulo comporta uma síntese do conjunto de dados analisados.

Na parte 7, dedicada à integração de indicadores, dados e contextualização, retomamos

essas sínteses, buscando dar-lhes uma unidade a partir de questões que, de resto,

cremos ser as orientadoras de todos os levantamentos propostos pelo SGE. Para efeito

de economia, tabulamos as sugestões de ações (de pesquisa, mas, sobretudo de

extensão) junto ao Território (parte 8). Como anexo, é apresentada ainda uma pequena

discussão sobre a validação dos instrumentos, conforme propõe as orientações do roteiro.

Por fim, além da satisfação de concluir este primeiro relatório, um produto

intermediário do projeto da Célula, fica a integração alcançada com todos os participantes

do projeto (além do coordenador, do colaborador, do técnico e dos apoiadores

formalmente do projeto, contamos com uma grande equipe de alunos da Unesp e da

FATEC, que foram excelentes parceiros de trabalho).

Page 13: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

13

Edital MCT/CNPq/MDA/SDT/UNIVERSIDADE

nº 05/2009 - Gestão de Territórios Rurais

Relatório Analítico

1. Caracterização do Território Rural

do Pontal do Paranapanema

Instituições:

Presidente Prudente 2011

Page 14: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

14

1.1. ELEMENTOS HISTÓRICO-GEOGRÁFICOS SIGNIFICATIVOS DO TERRITÓRIO

A realidade regional do Pontal do Paranapanema - extremo oeste paulista (Figura

1) 1 - apresenta, sem dúvida, grandes desafios para um desenvolvimento sustentável e

substantivo. Com uma ocupação que data do final do século XIX, o Pontal do

Paranapanema revela, em seu histórico fundiário, o mais conhecido caso de grilagem de

terras do país (Leite, 1998). É sabido que, do ponto de vista do processo de ocupação da

região do Pontal do Paranapanema, existe uma forte relação entre o intenso processo de

degradação dos biomas locais e genocídio indígena. Ou seja, os povos e comunidades

indígenas fizeram parte da história do processo de ocupação da região, embora

atualmente não estejam mais presentes na área.

FIGURA 1 - O TERRITÓRIO DO PONTAL NO CONTEXTO DO

ESTADO DE SÃO PAULO

Figura 1. Localização da Área de Estudo

M A

T O

G

R O

S S

O

D O

S U

L

P A R A N Á51° 50° 49° 48°

ESCALAKm10050

Fonte: IGC-2003; Leal, 2003Org.: Ed. Gráfica: Maria S. Akinaga Botti

Thomaz Jr., 2002

52°

0

23°

PONTAL DO PARANAPANEMA

PRESIDENTE PRUDENTE

-53° -45°

-20°

-25°

N9ª R.A.

ARAÇATUBA

ESCALA 0 100 200 Km

OESTE PAULISTA(REGIÕES ADMINISTRATIVAS)

10ª R.A.PRESIDENTE PRUDENTE

Fonte: Thomaz Jr., 2007.

1 Na figura 1 constam as Regiões Administrativas do Estado de São Paulo que se localizam na porção

Oeste (9ª. e 10ª. R.A.s), com destaque para a parte da 10ª. RA que perfaz o território rural do Pontal do Paranapanema.

Page 15: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

15

De acordo com Leite (1998), até o início do século XIX, a região era desconhecida

e desabitada pela civilização Brasileira. Eram habitantes da região apenas índios das

tribos Xavantes, Caingangs e Caiuás. Os poucos brancos que haviam tido contato com a

região foram os bandeirantes, como Antônio Raposo Tavares (que hoje dá nome a

principal rodovia da região). Esses bandeirantes chegaram à área que hoje é conhecida

como Pontal do Paranapanema em missões de aprisionamento de índios para trabalho

escravo e não tinham qualquer intenção de fixarem-se na região.

Ainda segundo este, que é o mais original estudioso do Pontal, a história de

grilagem de terras do Pontal do Paranapanema tem seu início em 1856, quando Antônio

José Gouvêa, teria chegado à franja pioneira oeste e assentado, junto aos registros

paroquiais, uma imensa gleba de terras, denominada de Fazenda Pirapó-Santo Anastácio

(Leite, 1998) - como pode ser visualizado na Figura 2.

FIGURA 2 - PLANTA DA FAZENDA (GRILO) PIRAPÓ-SANTO ANASTÁCIO

Fonte: Leite, 1998, p. 40

Desde o início do Século XX sabe-se da falsidade dos documentos ligados à essa

gleba. Apesar disso, sua ocupação se intensificou nos anos 1920, sob os impulsos da

economia cafeeira e da necessidade de incorporação de novas terras (urbanas e rurais) a

um mercado fundiário em expansão. Nos anos 1940, o governo estadual, tentando

retomar o controle dessas terras, institui ali uma imensa reserva florestal - a grande

Page 16: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

16

reserva do Pontal (Leite, 1998). No entanto, novas grilagens foram feitas e a vasta área

do Pontal foi definitivamente ocupada, restando, da política conservacionista dos anos

1940, apenas o Parque Estadual do Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (Figura 3).

FIGURA 3 - EXEMPLO DE DEVASTAÇÃO NO TERRITÓRIO DO PONTAL

Fonte: adaptado de PASSOS (2004, p. 178)

Apesar da flagrante irregularidade que cercou a ocupação desse território, seu

desenvolvimento econômico sempre esteve diretamente ligado aos empreendimentos

agropecuários ali instalados. Primeiro, o café, depois o algodão e - a partir dos anos 1970

- com a exploração da pecuária extensiva de corte, culminando, mais recentemente com a

introdução e generalização da cultura canavieira.

Ressalvando pequenas intervenções oficiais - sobretudo através de

reassentamentos de população atingida pelo impacto de barragens - somente a partir dos

anos 1990 é que essa região irá ser palco da mais abrangente iniciativa de assentamento

rural do Estado, caracterizando-se, a partir de então, pelos conflitos fundiários e pela forte

intervenção do governo estadual na promoção de assentamentos de trabalhadores rurais

(Fernandes, 1996). Centenas de ocupações, milhares de trabalhadores mobilizados e

acampados, dezenas de ações judiciais discriminatórias promovidas pelo Estado no

sentido de identificar e arrecadar as terras devolutas irregularmente ocupadas: esse é o

contexto sócio-político do Pontal do Paranapanema, hoje a região do Estado de São

Paulo com o maior número de assentamentos e de famílias assentadas da reforma

agrária

Page 17: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

17

Nesse cenário, o incremento da política de assentamentos na região aconteceu,

sobretudo, na primeira gestão do governador Mário Covas (PSDB, 1995-1998), como

resultado de intensas negociações para arrecadação de áreas e o assentamento de

milhares de famílias. A Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP) se

constituiu como agência fundamental nesse processo. Dada a importância da região do

Pontal do Paranapanema com relação ao número de assentamentos (são mais de 110

Projetos de Assentamentos já instalados, com aproximadamente 6,2 mil famílias

assentadas, segundo informações do Banco de Dados da Luta pela Terra (DATALUTA,

2010). Conforme Figura 4, essa área do Estado tem mostrado uma dinâmica sócio-

política extremamente rica e complexa em suas interfaces com os processos e projetos

de desenvolvimento. A questão fundiária tem sido - ao longo de décadas - o ponto fulcral

definidor das políticas públicas e ingrediente básico das tensões sociais envolvendo o

estado e diferentes classes sociais que produzem esse território.

FIGURA 4 - MAPA DOS MUNICÍPIOS QUE COMPÕEM O TERRITÓRIO DO PONTAL DO PARANAPANEMA COM DESTAQUE PARA OS ASSENTAMENTOS RURAIS

Page 18: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

18

Região com forte presença do capital pecuário de corte, a chamada “terra do

Nelore mocho” convive com uma situação de indefinição em sua estrutura fundiária

(novas ações discriminatórias estão em andamento na Justiça, o que aponta para novas

intervenções do Estado e novos assentamentos). Reproduz-se, assim, uma dificuldade de

décadas em superar uma visível estagnação econômica produzida por processos de

acumulação concentradores (da propriedade e da renda) e rentistas vis a vis a dinâmicas

de crescimento com investimentos produtivos mais diversificados, geração de empregos e

distribuição de renda. Destaca-se, também, que a partir do início dos anos 1990, o

Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) constituirá um de seus núcleos mais

dinâmicos exatamente nesta região. A reconhecida irregularidade fundiária e o contexto

geral de concentração das terras alavancou a territorialização desta organização no

Pontal do Paranapanema2.

Neste sentido, projetos de desenvolvimento regional que ignorem a massiva

presença de produtores assentados estão fadados claramente ao fracasso, além de

revelarem características extremamente conservadoras, ao menos com relação às

conhecidas iniqüidades sociais que marcam a estrutura social e econômica do país. Com

uma importância demográfica e social inegável, as milhares de famílias assentadas

(Tabela1) estavam à margem dessas alternativas de “desenvolvimento”.

TABELA 1 - ASSENTAMENTOS RURAIS, SEGUNDO NÚMERO DE FAMÍLIAS

MUNICÍPIO Número

Famílias assentadas Área (ha.)

Caiuá 445 10.732

Euclides da Cunha Paulista 471 9.615

Iepê 50 68

João Ramalho 40 54

Marabá Paulista 260 6.479

Martinópolis 124 2.744

Mirante do Paranapanema 1.625 34.984

Piquerobi 84 2.594

Presidente Bernardes 266 7.189

Presidente Epitácio 342 7.533

Presidente Venceslau 454 10.564

Rancharia 178 4.264

Ribeirão dos índios 40 852

Rosana 815 19.432

Sandovalina 198 4.017

Teodoro Sampaio 856 22.681

TOTAL 6.248 143.802

Fonte: DATALUTA, 2010

2 Cf. Fernandes, B. M. MST: formação e territorialização. São Paulo, Hucitec, 1996.

Page 19: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

19

Ao longo desses anos, os trabalhadores rurais beneficiários dos Projetos de

Assentamentos, acabam por construir sua inserção econômica no entorno de forma

significativa para as economias locais3, mas muitas vezes deficitária para os assentados,

sobretudo a partir do incremento da exploração da pecuária leiteira. Dada a importância

da população assentada para os municípios mais atingidos pela ação reformista do

Estado, o destino dos Projetos de Assentamentos representa um dilema e um desafio

para as políticas públicas.

Os assentamentos, experiências inovadoras na gestão econômica e social do

território, sem dúvida, expressam tensões que são reveladoras das contradições e

possibilidades da chamada agricultura familiar frente ao poder do grande capital

agropecuário e agroindustrial, no âmbito do desenvolvimento social no campo paulista

(Ferrante e Barone, 2008). Para os projetos de assentamentos implantados no Pontal do

Paranapanema, a ação do MDA, através da Secretaria de Desenvolvimento Territorial e

do Programa Territórios Rurais, possibilitou, mais do que o reconhecimento dessa

população como prioritária para uma política de desenvolvimento regional, espaços de

participação e negociação institucionalizados, garantindo aos assentados e produtores

familiares tradicionais condições de se legitimarem através do diálogo com os Poderes

Públicos - numa relação diferente do tradicional e subserviente clientelismo - e

aprimorarem suas demandas, qualificando seus projetos e lideranças num debate acerca

de um desenvolvimento substantivo.

Um dos segmentos expropriados, talvez o primeiro, que se mobilizou na luta pela

terra foi o dos arrendatários. A evolução da questão agrária na região sempre opôs

supostos proprietários-fazendeiros e trabalhadores rurais arrendatários, dedicados

especialmente à cotonicultura nos anos 1950-60. No entanto, sua situação na terra

sempre foi instável, dada a própria natureza da relação de produção. A partir dos anos

1960, intensifica-se a implantação da pecuária de corte, pari passu à sistemática expulsão

dos arrendatários das terras então destinadas à criação de gado.

Nos anos 1970 e 1980, tem-se notícias de casos de lutas pela permanência na

terra, encetadas por arrendatários. Algumas dessas lutas chegaram à década de 1990,

com acampamentos e ocupações na forma de posse, o que levou a que parte desses

3 Cf. Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo “José Gomes da Silva”. Assentamento fundiário:

uma política de geração de emprego e renda no Pontal do Paranapanema – Relatório sintético das ações e resultados da política agrária e fundiária do Estado de São Paulo no Pontal do Paranapanema. São Paulo, Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, agosto de 2005.

Page 20: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

20

trabalhadores fossem beneficiados pela política de assentamentos realizada no período

recente4.

O fim do ciclo algodoeiro, condicionado por transformações na divisão territorial do

trabalho situadas na escala nacional e internacional, que se desenrola durante os anos

1970 e 80, gerou ao mesmo tempo um contingente de bóias-frias desempregados, anos

mais tarde mobilizados por um pedaço de chão nesta conflagrada região e o abandono

definitivo (nas cidades) de um incipiente parque industrial de processamento de

sementes, óleos e fibras, com claros reflexos sobre o aumento do desemprego e a

intensificação da migração regional.

O terceiro mais importante contingente de sem-terras é o formado pelos ex-

barrageiros. Nos anos 1980, tanto a conclusão de novas Hidrelétricas no rio

Paranapanema quanto a drástica diminuição no ritmo das obras das barragens da Usina

Hidrelétrica “Sérgio Mota”, em Rosana (Figura 5), gerou um grande contingente de

desempregados junto aos operários não-qualificados que, a partir dos anos 1960, se

deslocaram para a região em busca de trabalho nos canteiros de obras nas margens dos

rios Paraná e Paranapanema.

FIGURA 5 - UHE INSTALADAS NO TERRITÓRIO

Fonte: adaptado de PASSOS (2004, p. 178)

4 Registra-se, também, que alguns dos atuais movimentos de luta pela terra na região têm como base o

segmento dos arrendatários que se dedicam à pecuária – caso da Associação “Brasileiros Unidos Querendo Terra” (ABUQT), com forte atuação nos municípios de Presidente Venceslau e Presidente Epitácio.

Page 21: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

21

A mais evidente mobilização desse contingente levou à instalação do

assentamento Gleba XV de Novembro, na primeira metade dos anos 1980 (Fernandes,

1996; Antonio, 1990), maior área de assentamento no Pontal do Paranapanema,

localizada entre os municípios de Rosana e Euclides da Cunha Paulista (vizinhos ao

município de Teodoro Sampaio).

A degradação ambiental, provocada pelo desordenado e predatório processo de

ocupação, pela atividade pecuária extensiva e, mais recentemente pelas barragens, pelo

assoreamento dos córregos e um processo severo de perda dos solos (erosões e

voçorocas) tem mobilizado diferentes instituições no território.

O debate sobre problemáticas ambientais é fomentado na região por entidades

como a Unidade de Gerenciamentos de Recursos Hídricos - UGRHI 22, vinculado ao

Comitê de Bacias Hidrográficas do Pontal do Paranapanema; Programa de Microbacias

Hidrográficas da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral do Estado de São Paulo -

CATI e o Ministério Público. Organizações-Não-Governamentais, como a APOENA e o

Instituto de Pesquisas Ecológicas - IPÊ, presentes na região a mais de 20 anos, são

atores importantes nessa discussão, bem como o campus da Faculdade de Ciência e

Tecnologia da Unesp de Presidente Prudente. Recentemente também temos notícias de

ações desenvolvidas pela Faculdade de Tecnologia - Fatec, igualmente localizada no

município de Presidente Prudente5, onde tem oferecido cursos de extensão sobre

legislação ambiental, agroecologia e agricultura orgânica. A CESP e a DUKE Energy

(gestoras das UHE), também têm ações, como investimentos em viveiros de mudas e

campanhas pela conscientização ambiental, deflagradas como projetos de compensação

ambiental.

Estas entidades são representativas no desenvolvimento de ações relacionadas à

preservação e recuperação ambiental da região. Todavia, apesar de importantes, em

geral não têm como foco debater a questão agrária gerada pelo processo de ocupação da

região. No território este tipo de associação e debate tem sido realizado exclusivamente

pela universidade e pelos movimentos sociais.

Parte representativa desses atores (sem-terras, produtores familiares, assentados

ou não, instituições públicas e ONGs ligadas à política de assentamentos e à temática

ambiental) está presente no processo de implantação do Programa Territórios Rurais,

compondo, com legitimidade, o Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Pontal. No

entanto, é evidente a cisão nas forças sócio-políticas, opondo aqueles setores

5 Ambas as Faculdades localizadas no município são públicas e estaduais

Page 22: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

22

sensibilizados pelas temáticas agrária e ambiental e os grupos organizados mais ligados

aos poderosos interesses econômicos regionais (pecuaristas-ruralistas e os empresários

do setor sucroalcooleiro). Estes últimos não se fazem presentes nos fóruns promovidos a

partir da política de desenvolvimento territorial do MDA, buscando, por outros caminhos,

articular projetos para o desenvolvimento dessa região6.

Assim, a fragmentação de interesses e a impossibilidade histórica de construção de

agendas de futuro minimamente pactuadas reproduz-se no presente de maneira intensa,

permitindo que se afirme ser a disputa, pelo conceito de território, por estratégias de

inserção econômica da região aos espaços econômicos paulista e nacional e, por fim, por

projetos de desenvolvimento os elementos centrais a serem enfrentados por qualquer

processo de mudança e transformação no perfil e na dinâmica social, econômica e

territorial do Pontal do Paranapanema.

1.2. OS MUNICÍPIOS DO PONTAL EM NÚMEROS

Segundo os dados do último Censo Demográfico (IBGE, 2010), das quase 600 mil

pessoas que vivem nos 32 municípios do Território, pouco mais de 10% (59.911) habitam

a zona rural, percentual este bastante superior ao do conjunto do Estado de São Paulo,

que alcança pouco mais de 4%. No início da década, os habitantes rurais eram cerca de

14% do total da população (Tabela 2).

Porém, a imensa concentração populacional em Presidente Prudente -

praticamente com o mesmo percentual da população sobre o total da região, de 34%,

tanto em 2000 quanto em 2010 - gera uma distorção nesses números. Um exercício

possível, que permite uma análise mais apurada deste perfil regional, consiste em subtrair

a população de Presidente Prudente (urbana e rural) do total regional. Nesse caso, o

percentual de população rural sobe de 10 para ouço menos de 15% e quase se iguala do

total do Brasil, no mesmo ano, que é de 15,6%. Tem-se, portanto, Presidente Prudente

exercendo forte papel polarizador na região, ocupando o centro de uma rede urbana

bastante frágil (uma vez que composta por uma única cidade maior que concentra

população, e a dinâmica das atividades econômicas) e hierarquizada (uma vez que para

ela direcionam-se as demandas de consumo e prestação de serviços) e ao mesmo tempo

desequilibrada, dada a primazia desta última cidade no contexto regional.

Além disso, critérios menos burocrático-administrativos e oficiais, hoje bastante

reconhecidos (ABRAMOVAY, 2000; VEIGA, 2002), certamente apontariam essa região

6 Cita-se, como virtual contraponto político do CODETER, a União dos Municípios do Pontal do

Paranapanema (UNIPONTAL), associação hegemonizada por lideranças alinhadas com o governo estadual (há muitos anos capitaneado pelo PSDB).

Page 23: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

23

como sendo rural, haja vista sua dinâmica socioeconômica e sua densidade populacional.

Neste último aspecto, temos, por exemplo, que apenas 14 núcleos urbanos do território

têm mais de 10 mil habitantes, enquanto 17 “cidades” têm menos que 5 mil habitantes,

restando outros 8 municípios com população urbana entre 5 e 10 mil habitantes (Tabela

2).

TABELA 2 - POPULAÇÃO TOTAL, URBANA E RURAL - 2000 E 2010

Um outro conjunto de dados, relativos ao Índice de Desenvolvimento Humano

municipal, o índice de Gini e alguns relacionados ao acesso a educação e serviços, em

geral públicos, colaboram na identificação de algumas características destes municípios

que compõem o Território e são expostos nas Tabelas 3 e 4.

Municípios Total 2000 Urbana 2000 Rural 2000 Total 2010 Urbana 2010 Rural 2010

TOTAL 553.189 472.850 80.339 583.766 523.855 59.911

Alfredo Marcondes 3.695 2.671 1.024 3.891 3.255 636

Álvares Machado 22.622 20.061 2.561 23.506 21.180 2.326

Anhumas 3.409 2.506 903 3.738 3.059 679

Caiabu 4.075 3.113 962 4.072 3.315 757

Caiuá, 4.183 1.765 2.418 5.039 1.930 3.109

Emilianópolis 2.893 2.191 702 3.024 2.497 527

Estrela do Norte 2.626 1.787 839 2.661 2.102 559

Euclides da Cunha 10.207 6.427 3.780 9.585 6.111 3.474

Iepê 7.258 5.959 1.299 7.627 6.775 852

Indiana 4.929 4.059 870 4.828 4.126 702

João Ramalho 3.834 3.069 765 4.138 3.534 604

Marabá Paulista 3.697 2.047 1.650 4.812 2.142 2.670

Martinópolis 22.320 17.954 4.366 24.260 20.379 3.881

Mirante do P. 16.203 9.827 6.376 17.064 10.047 7.017

Nantes 2.272 1.661 611 2.707 2.431 276

Narandiba 3.737 2.278 1.459 4.289 3.105 1.184

Piquerobi, 3.476 2.453 1.023 3.541 2.673 868

Pirapozinho 22.093 20.705 1.388 24.718 23.477 1.241

Presidente Bernardes 14.650 10.146 4.504 13.544 10.473 3.071

Presidente Epitácio 39.254 36.314 2.940 41.324 38.551 2.773

Presidente Prudente 188.949 184.997 3.952 207.625 203.370 4.255

Presidente Venceslau 37.335 34.543 2.792 37.915 36.275 1.640

Rancharia 28.754 24.973 3.781 28.773 25.801 2.972

Regente Feijó 16.977 15.247 1.730 18.496 17.048 1.448

Ribeirão dos Índios 2.221 1.759 462 2.187 1.850 337

Rosana 24.192 6.189 18.003 19.691 15.858 3.833

Sandovalina 3.082 1.746 1.336 3.699 2.581 1.118

Santo Anastácio 20.741 19.037 1.704 20.498 19.100 1.398

Santo Expedito 2.523 1.999 524 2.806 2.484 322

Taciba 5.216 4.238 978 5.714 4.852 862

Tarabai 5.775 5.217 558 6.605 6.106 499

Teodoro Sampaio 19.991 15.912 4.079 21.389 17.368 4.021

Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000 e 2010.

Organização: Projeto CNPq/MDS. Unesp

Page 24: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

24

O mais elevado IDH-M, 0,85, é encontrado em Presidente Prudente e o menor,

0,71 em Caiuá. Porém, não é possível traçar uma correlação direta e positiva entre

tamanho populacional e centralidade econômica com este índice. Os pequenos

municípios, assim, não exibem índices muito piores que os maiores. Suas desvantagens

são discretas, mas bastante constantes em relação aos grandes municípios (aqueles com

mais de 20 mil habitantes e Presidente Prudente).

No mesmo sentido, os componentes do IDH, ou seja, o índice referente à

educação, à longevidade e renda não apresentam padrões fixos em relação a tamanho

populacional. Porém, algumas observações são pertinentes a respeito de cada um.

Enquanto a distância entre o maior e o menor IDH-M na região é de 0,14 (entre

Presidente Prudente - 0,85 - e Caiuá - 0,71), no que se refere a educação a disparidade é

ligeiramente menor (0,13, percebida entre os municípios de Nantes - 0,79 e Presidente

Prudente - 0,92), bem como se percebe que nesta dimensão os índices são

sistematicamente superiores aos das médias, conforme Tabela 3.

No que se refere à longevidade, o melhor colocado é o município de Santo

Expedito (0,86) e na pior colocação reaparece Caiuá (0,67). Além de ser uma dimensão

com índices ligeiramente inferiores que a média e sistematicamente inferiores à

educação, amplia-se a diferença entre o melhor e o pior posicionado neste critério, que é

de 0,19.

Por fim, em relação à dimensão renda aparecem os piores indicadores, seja em

relação aos demais, denotando encontrar-se ai uma questão problemática para a região,

mas também se amplia a própria desigualdade entre os municípios. O município com a

melhor colocação segundo este critério é Presidente Prudente (0,8) e o pior é Euclides da

Cunha (0,6). A diferença entre ambos, portanto, é de 0,2, conforme exposto na Tabela 3.

Deduz-se daí que, seja do ponto de vista mais geral, quando se toma o conjunto da

região, seja no que tange às desigualdades intra-regionais, a dimensão da renda, que nos

remete à sua geração e distribuição, afigura-se como a pior avaliada. O índice de Gini,

relacionado que é diretamente à distribuição da renda (no caso, na escala de cada

município), ao mesmo tempo em que sinaliza as diferenças entre eles (sendo a diferença

de 0,21 entre a melhor distribuição encontrada em Caiabú e a pior em Teodoro Sampaio),

aponta também mais uma faceta deste problema, que sintetiza bem os problemas e

desafios regionais: articular processos de crescimento econômico que consigam alterar o

perfil de distribuição de renda.

Page 25: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

25

TABELA 3 - IDH E ÍNDICE DE GINI - 2000

Estas constatações também são reforçadas quando são tomados indicadores de

educação e de acesso a serviços básicos. Por um lado, é observado um grande número

de municípios com percentuais que para o contexto nacional podem ser considerados

positivos, mas que sistematicamente encontram-se abaixo das médias do Estado de São

Paulo. Por outro lado, as grandes disparidades intra-regionais permanecem.

Assim, em relação ao indicador de esperança de vida, 56% dos municípios

encontram-se acima da média do Estado de São Paulo; apenas 31% dos municípios

apresentam taxas de freqüência escolar acima da média estadual e somente 47% deles

têm uma taxa de alfabetização superior que a do estado, Tabela 4.

Município IDHM IDHM-Educação IDHM-Longevidade IDHM-Renda Gini-Renda

Alfredo Marcondes 0,8 0,86 0,85 0,69 0,53

Álvares Machado 0,77 0,86 0,76 0,7 0,55

Anhumas 0,75 0,83 0,78 0,64 0,5

Caiabu 0,78 0,84 0,85 0,65 0,48

Caiuá 0,71 0,83 0,67 0,63 0,51

Emilianópolis 0,75 0,82 0,74 0,7 0,67

Estrela do Norte 0,77 0,83 0,82 0,66 0,54

Euclides da Cunha Paulista 0,74 0,83 0,78 0,6 0,54

Iepê 0,75 0,85 0,72 0,68 0,56

Indiana 0,79 0,88 0,79 0,7 0,55

João Ramalho 0,78 0,83 0,83 0,67 0,52

Marabá Paulista 0,73 0,82 0,73 0,63 0,53

Martinópolis 0,75 0,84 0,73 0,68 0,55

Mirante do Paranapanema 0,74 0,82 0,73 0,65 0,61

Nantes 0,72 0,79 0,72 0,66 0,52

Narandiba 0,76 0,83 0,82 0,64 0,55

Piquerobi 0,74 0,83 0,74 0,66 0,54

Pirapozinho 0,78 0,87 0,76 0,72 0,55

Presidente Bernardes 0,79 0,87 0,81 0,7 0,54

Presidente Epitácio 0,77 0,86 0,72 0,72 0,58

Presidente Prudente 0,85 0,92 0,81 0,8 0,59

Presidente Venceslau 0,82 0,89 0,81 0,76 0,6

Rancharia 0,79 0,86 0,81 0,7 0,54

Regente Feijó 0,8 0,87 0,81 0,72 0,55

Ribeirão dos Índios 0,75 0,85 0,78 0,63 0,49

Rosana 0,82 0,91 0,81 0,72 0,61

Sandovalina 0,77 0,85 0,82 0,66 0,54

Santo Anastácio 0,79 0,87 0,81 0,7 0,54

Santo Expedito 0,79 0,83 0,86 0,67 0,53

Taciba 0,77 0,84 0,79 0,68 0,55

Tarabai 0,76 0,85 0,8 0,64 0,5

Teodoro Sampaio 0,76 0,84 0,74 0,7 0,69

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.

Organização: Projeto CNPq/MDS. Unesp.

Page 26: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

26

TABELA 4 - EDUCAÇÃO E ACESSO A SERVIÇOS - 2000

Em relação ao acesso a água encanada o percentual de municípios com uma

situação melhor que a média estadual é de 56%, em relação à energia elétrica é de 62%

e de 53% quando se considera o número de pessoas que vivem em domicílios e terrenos

próprios e quitados. Mesmo sendo percentuais ligeiramente melhores que os anteriores,

percebe-se ainda um grande número de municípios onde tais serviços alcançam parcelas

menores da população quando tomado o conjunto do Estado de São Paulo.

Vários outros dados e indicadores poderiam ser aqui listados e analisados para

compor um quadro mais amplo das características sociais e econômicas dos municípios

que compõem este território. Porém acredita-se que estes aqui apresentados sejam

suficientes para compor um quadro inicial onde aparecem dois elementos a serem

sempre considerados na análise do Território do Pontal do Paranapanema, e de maneira

conjunta com aqueles já elaborados na primeira parte deste capítulo: uma posição de

desigualdade frente ao conjunto do Estado de São Paulo e as grandes disparidades

presentes no interior mesmo da região.

MunicípiosEsperança de

vida ao nascer

Taxa bruta

freqüência à

escola

Taxa de

alfabetização

% pessoas que

vivem

domicílios com

água encanada

% pessoas

que vivem

domicílios com

energia

elétrica

% pessoas que

vivem

domicílios e

terrenos

próprios e São Paulo 71,99 81,58 86,81 94,69 97,88 65,22

Alfredo Marcondes 76,19 79,88 88,8 96,67 98,64 68,87

Álvares Machado 70,78 79,25 88,6 96,88 99,36 70,43

Anhumas 71,98 78,69 84,99 96,87 98,83 69,57

Emilianópolis 69,36 81,15 81,84 99,1 98,64 68,26

Estrela do Norte 73,96 79,49 84,31 96,55 98,35 62,69

Narandiba 74,06 80,37 84,37 89,47 97,76 62,77

Pirapozinho 70,78 81,1 89,13 97 99,53 64,12

Presidente Bernardes 73,32 81,71 88,87 96,22 98,2 66,41

Presidente Prudente 73,58 89,58 93,81 98,43 99,79 69,63

Sandovalina 73,96 81,53 86,22 92,94 98,22 60,91

Santo Expedito 76,3 80,73 84,46 95,14 97,93 67,06

Tarabai 73,23 80,07 86,9 98,82 99,33 63,75

Caiuá 65,41 81,88 83,34 87,55 94,75 62,34

Euclides da Cunha Paulista 71,98 83,49 82,28 86,78 95,49 72,83

Marabá Paulista 68,71 78,97 83,51 94,66 97,37 59,19

Mirante do Paranapanema 68,71 80,66 83,3 84,71 91,88 72,33

Piquerobi 69,36 79,71 84,49 91,79 96,57 68,46

Presidente Epitácio 68,13 77,95 90,01 95,71 96,56 71,23

Presidente Venceslau 73,32 87,43 90,28 97,35 99,07 62,26

Rosana 73,59 89,73 91,81 93,85 98,2 43,69

Santo Anastácio 73,58 80,44 89,58 97,41 99,28 66,99

Teodoro Sampaio 69,36 77,58 86,67 90,65 93,12 69,18

Caiabu 76,14 84,48 83,64 94,27 97,87 60,9

Iepê 68,16 83,26 86,35 94,44 99,44 61,75

Indiana 72,19 86,31 89,18 94,63 98,42 68,15

João Ramalho 74,78 80,58 84,86 93,35 98,99 58,9

Martinópolis 68,71 76,98 87,39 94,71 97,04 61,53

Quatá 73,19 81,55 89,45 99,18 99,69 71,75

Rancharia 73,32 78,38 89,67 95,64 97,48 59,66

Regente Feijó 73,32 81,54 88,98 98,03 99,49 68,72

Taciba 72,19 84,5 84,1 96,45 98,85 67,58

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.

Organização: Projeto CNPq/MDS. Unesp.

Page 27: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

27

Edital MCT/CNPq/MDA/SDT/UNIVERSIDADE

nº 05/2009 - Gestão de Territórios Rurais

Relatório Analítico

2. Identidade

Territorial Identidade como fator de coesão social

Instituições:

Presidente Prudente 2011

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28

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29

2.1. NOTA METODOLÓGICA

A SDT considera a identidade uma característica do território, relacionando-a com suas origens, com os modos de ocupação do espaço e com o contexto social construído. Definida como um elemento aglutinador, a identidade territorial facilita a construção de um futuro mais solidário e interdependente, onde se reconhece e se valoriza a diversidade, a coesão de princípios, a mediação de interesses e a convergência de dinâmicas sociais, culturais e econômicas (BRASIL, 2011a, s/p.).

A origem dos dados primários sobre identidade territorial em análise resulta da

aplicação de 40 questionários de percepção, junto aos membros efetivos do Colegiado

Territorial (CODETER) do Pontal, assim distribuídos: 6 agentes do poder público estadual;

2 do poder público federal; 12 do poder público municipal e 20 da sociedade civil.

No intuito de dimensionar a representatividade destas 40 entrevistas no contexto do

território, informamos que, segundo dados disponíveis no Portal da Cidadania, a região do

Pontal do Paranapanema abrange uma área de 18.441,60 Km². O território rural é

composto por 32 municípios (Figura 6). A população total do território é de 583.766

habitantes, dos quais 59.911 vivem na área rural, o que corresponde a 10,26% do total.

Possui 12.349 agricultores familiares e 5.853 famílias assentadas.

Na tentativa de buscar parâmetros que pudessem servir de comparação entre as

informações coletadas pela Célula do Pontal e as demais 37 Células, que igualmente

realizaram levantamento de dados em outras regiões do país a partir dos mesmos

instrumentos, temos que, com exceção do fator relativo a importância dos povos

tradicionais (indígenas e quilombolas) - indicado como de alta importância em alguns

territórios do país - o Pontal segue a tendência de avaliar como importantes a agricultura

familiar, os movimentos sociais e políticos e a temática ambiental. Há, no entanto,

diferenças específicas na ponderação da importância desses fatores para o Pontal,

conforme o quadro síntese elaborado a partir da tabulação das questões P8 a P14.

A base desta abordagem reside na estratégia de aproveitar ao máximo os recursos

disponíveis no universo local, valorizando seu capital natural, humano, financeiro, social e

político em torno da construção de uma perspectiva territorial do desenvolvimento. A SDT,

em seu manual metodológico sobre identidade territorial (BRASIL, 2011a), elenca 7

fatores possíveis de influenciar uma identidade comum (Ambiental, Agricultura Familiar,

Economia, Pobreza, Etnia, Colonização e Político). No questionário específico (Q2), esses

fatores serão avaliados na relação com 5 aspectos importantes para o desenvolvimento

regional: “i) a delimitação territorial; ii) a gestão territorial em termos de participação de

organizações; iii) o planejamento relacionado com a visão de futuro, a definição de metas

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30

e objetivos e diagnóstico das características marcantes do território; iv) a construção da

história comum do território e v) a resolução de conflitos”.

FIGURA 6

De acordo com Perico (2009), este tipo de análise tem como objetivo resgatar

tradições e práticas sociais, manifestações culturais e paisagens naturais, valorizando

aspectos endógenos, fundamentais para a recuperação da auto-estima e para

concretização de sonhos dos atores locais.

Um segundo nível de análise é possível com base na leitura das informações do

Quadro 1 e do biograma da Figura 7, gerados pelo SGE, com os índices da Identidade

Page 31: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

31

Territorial do Pontal, a partir dos quais verificamos que, em concordância com a tabulação

feita pela Célula do Pontal, as categorias de análise “agricultura familiar”, “movimentos

sociais/políticos”, “(meio) ambiente” e “pobreza e marginalização” possuem, nesta ordem,

os maiores valores na definição da identidade do território (todos com alto nível de

importância), ao passo que as categorias “atividades econômicas” e “processos de

ocupação/colonização” apresentam índice médio alto. Por fim, a “existência de povos

tradicionais (etnia)” conta com índice médio baixo.

QUADRO 1 - IDENTIDADE TERRITORIAL

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica - SGE, 2011

FIGURA 7 - BIOGRAMA - IDENTIDADE TERRITORIAL

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica - SGE, 2011

Há coincidências entre essa escala de valorização e os discursos que explicam o

Pontal do Paranapanema. O extermínio indígena comparece através do registro negativo,

como uma ausência objetiva (pois não há mais índios no território) que denuncia esse

processo de ocupação/colonização (bastante citado como característica marcante na

história comum do território) altamente violento e destruidor do meio ambiente (este último

fator, também importante na caracterização do território).

Page 32: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

32

Há uma consciência muito aguda da pobreza de suas populações e marginalização

frente aos poderes público Estadual e Federal (o Pontal é recorrentemente citado como

uma das regiões mais pobres do Estado de São Paulo), coisa que rebate na busca pelo

desenvolvimento econômico (aspecto importante na construção de uma “visão de futuro

do território”).

Pode-se apontar para uma variação nos discursos acerca do Pontal, de acordo

com os setores sociais que os formulam. Embora não captado pelos instrumentos da

pesquisa do SGE, os ruralistas e outros segmentos empresariais partilham dessa

consciência e dessa busca pelo desenvolvimento econômico.

Porém, enquanto os integrantes do Codeter associam a busca pelo

desenvolvimento ao protagonismo da agricultura familiar e dos movimentos sociais,

fortalecendo atividades econômicas baseadas nesse segmento social, com importante

participação dos movimentos e preocupação com os aspectos ambientais, os setores

empresariais do campo e da cidade, de fato distantes desse colegiado, tendem a ver a

agricultura familiar como o lócus da pobreza e os movimentos sociais como dificultadores

do tão desejado desenvolvimento econômico.

2.2. O QUE DIZEM OS DADOS DE IDENTIDADE TERRITORIAL

Os dados tabulados pela Célula foram sistematizados de uma forma sintética no

Quadro 2, no qual se somou os percentuais de respostas nos níveis 4 e 5 (importante e

muito importante) de cada fator, nos aspectos apontados pelo questionário (Q2). Assim -

mesmo que de maneira alternativa à ponderação feita pelo SGE - pudemos visualizar de

forma sinótica a importância dos fatores de identidade em cada aspecto (percentuais mais

altos organizados de forma decrescente). Não há discrepância em relação à

sistematização oferecida pelo SGE através do Quadro 1 e figura 7 (biograma). Segue a

tabulação sinótica feita pela Célula.

Uma primeira leitura aponta para a premência da agricultura familiar como

característica presente do Pontal e fator a ser estimulada na visão de futuro do território.

Os membros do Codeter - coletivo que fornece essas respostas - embora apresentem

certo viés por conta da predominância de representantes de agricultores familiares

(assentados da reforma agrária ou não) e também de instituições diretamente ligadas a

este segmento, têm clareza da importância da agricultura familiar no futuro do Pontal.

Além dos representantes da sociedade civil (hegemonizados pela agricultura familiar),

foram informantes agentes das Prefeituras e de órgãos federais e estaduais - coisa que

poderia matizar este possível viés.

Page 33: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

33

NÍVEIS DE IMPORTÂNCIA - NIP

Nenhuma importância - 1 2 3 4 5 - Muito importante Não sabe *As porcentagens da tabela abaixo foi elaborada a partir da soma dos níveis de

importância 4 e 5

QUADRO 2 - SÍNTESE DOS DADOS DE IDENTIDADE TERRITORIAL

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

Buscando refinar, com esses dados, uma compreensão acerca do Território Rural

do Pontal, a agricultura familiar e os movimentos sociais (ou a agricultura familiar da

reforma agrária, gerada pela luta dos movimentos sociais) são idéias-força nos discursos

sobre o território. Os conflitos pela posse da terra e os movimentos sociais marcam a

história do Pontal, que busca efetivar um projeto de desenvolvimento baseado na

agricultura familiar: esse fator comparece como fundamental na definição da “visão de

futuro” do território (100% de respostas concentram-se nos níveis “importante” e “muito

importante”).

RANKING Q2_P8 - EM RELAÇÃO AOS LIMITES DO TERRITÓRIO, QUE IMPORTÂNCIA TEVE CADA UM DOS SEGUINTES ASPECTOS % NIP 4 e 5

1º Agricultura familiar 95

2º Os movimentos sociais e/ou políticos 91

3º A pobreza, marginalidade ou os problemas sociais 86

4º Recursos naturais (ecossistemas, biomas, fenômenos naturais e respectivas extensões geográficas) 78

5º Os processos de colonização/ocupação 75

6º As atividades econômicas da região 68

RANKING Q2_P9 - NA GESTÃO DO TERRITÓRIO, COMO É AVALIADA A PARTICIPAÇÃO DAS SEGUINTES INSTITUIÇÕES %

1º Movimentos sociais e/ou políticos 88

2º Organizações de agricultores familiares 80

3º Organizações sociais e comunitárias 76

4º Organizações de produtores 68

5º Organizações públicas 68

6º Organizações ambientais 63

RANKING Q2_P10 - QUANTO A VISÃO DE FUTURO DO TERRITÓRIO, COMO É AVALIADA A IMPORTÂNCIA DOS SEGUINTES ASPECTOS %

1º Agricultura familiar 100

2º Os movimentos sociais e/ou políticos 93

3º As atividades econômicas da região 90

4º A pobreza, marginalidade ou os problemas sociais; 83

5º Recursos naturais (ecossistemas, biomas, fenômenos naturais e respectivas extensões geográficas) 75

6º Os processos de colonização/ocupação 75

RANKINGQ2_P11 - NA DEFINIÇÃO DAS METAS E OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO PROPOSTOS PELO TERRITÓRIO, QUAL A

IMPORTÂNCIA DOS SEGUINTES ASPECTOS%

1º Agricultura familiar 93

2º Recursos naturais (ecossistemas, biomas, fenômenos naturais e respectivas extensões geográficas) 90

3º Os movimentos sociais e/ou políticos 83

4º As atividades econômicas da região 78

5º A pobreza, marginalidade ou os problemas sociais; 78

6º Os processos de colonização/ocupação 63

RANKINGQ2_P12 - NA DEFINIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS MARCANTES DO TERRITÓRIO, COMO É AVALIADA A IMPORTÂNCIA DOS

SEGUINTES ASPECTOS%

1º Agricultura familiar 95

2º Os movimentos sociais e/ou políticos 86

3º Recursos naturais (ecossistemas, biomas, fenômenos naturais e respectivas extensões geográficas) 85

4º As atividades econômicas da região 73

5º A pobreza, marginalidade ou os problemas sociais; 73

6º A existência de povos e/ou comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas) 73

7º Os processos de colonização/ocupação 68

RANKING Q2_P13 - QUEM IMPORTANCIA TEM TIDO CADA UM DOS ASPECTOS NA DEFINIÇÃO DA HISTÓRIA COMUM DO TERRITÓRIO %

1º Os movimentos sociais e/ou políticos 93

2º Agricultura familiar 90

3º Os processos de colonização/ocupação 81

4º Recursos naturais (ecossistemas, biomas, fenômenos naturais e respectivas extensões geográficas) 78

5º A pobreza, marginalidade ou os problemas sociais; 75

6º As atividades econômicas da região 66

RANKING Q2_P14 - QUE IMPORTÂNCIA TÊM O SEGUINTES ASPECTOS, NOS PRINCIPAIS CONFLITOS EXISTENTES NO TERRITÓRIO %

1º Os movimentos sociais e/ou políticos 85

2º Agricultura familiar 83

3º Os processos de colonização/ocupação 78

4º A pobreza, marginalidade ou os problemas sociais; 75

5º As atividades econômicas da região 73

6º Recursos naturais (ecossistemas, biomas, fenômenos naturais e respectivas extensões geográficas) 60

Page 34: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

34

Se por um lado a focalização nas questões relacionadas à agricultura familiar gera

uma identidade que permite ao CODETER avançar na elaboração de projetos e na

articulação dos diferentes interesses envolvidos, por outro lado restam questões a serem

enfrentadas que exigem articular este foco às demais questões presentes no Pontal do

Paranapanema, tais como, a relação campo cidade, e mesmo a inclusão de outros

agentes em projetos de desenvolvimento do território.

Page 35: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

35

Edital MCT/CNPq/MDA/SDT/UNIVERSIDADE

nº 05/2009 - Gestão de Territórios Rurais

Relatório Analítico

3. Capacidades

Institucionais

Instituições:

Presidente Prudente 2011

Page 36: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

36

5.

Page 37: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

37

3.1. NOTA INTRODUTÓRIA

De acordo com o manual do SGE para “capacidades institucionais”, no qual são

apresentados a elaboração e cálculo dos seus indicadores, a definição do termo refere-se

às condições e recursos disponíveis às estruturas organizativas do Território - considerando seu arranjo político-institucional - e às organizações autônomas da sociedade civil e de representação estatal/social, para a gestão social das políticas públicas, bem como para a execução dos seus projetos (BRASIL, 2011, s/p).

Para o cálculo dos indicadores das capacidades instituicionais do Território, foram

ponderados, conforme o referido manual, informações coletadas através de três

questionários: o de capacidades institucionais (Q1), o de gestão do Colegiado Territorial

(Q3) e o de avaliação dos projetos de investimento (Q5). Os agentes que forneceram os

dados, portanto, são os representantes institucionais do Colegiado Territorial (Q3),

representantes qualificados das Prefeituras (Q1) - no mais das vezes, os próprios

prefeitos - quadros técnicos das entidades executoras dos projetos de investimento (no

mais das vezes, funcionários das Prefeituras Municipais), gestores (quase sempre

diretores das organizações civis, participantes formais ou não do Colegiado Territorial) e

usuários das benfeitorias implantadas via projetos - estes três últimos segmentos,

entrevistados através do Q5.

Essa estratégia de coleta de dados pode ter, eventualmente, levado à duplicação

de opiniões (o mesmo agente respondendo mais de um questionário). Porém, a

experiência direta de coleta de dados não indicou essa tendência como siginificativa. Da

leitura feita dos dados tabulados, percebe-se uma maior coincidência de opiniões entre os

beneficiários e os gestores (no caso do Q5), havendo uma maior discrepância em relação

às opiniões dos técnicos executores (agentes da Prefeitura). Essa consideração, dada

metodologia de coleta de “percepções”, aponta para a proximidade social entre

beneficiários e gestores, bem como a legitimidade desses últimos - quase sempre

membros das mesmas comunidades que os usuários das benfeitorias. A maior diferença

de opiniões entre esses agentes e os representantes e técnicos das Prefeituras , por outro

lado, aponta tanto para a distância social entre os conjuntos quanto para as distintas

percepções geradas por essa distância.

Page 38: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

38

3.2. OS INDICADORES, OS NÚMEROS E AS TENDÊNCIAS A seguir, apresenta-se a síntese do índice de “capacidades institucionais”, com a

poderação dos oito indicadores que o compõe.

QUADRO 3 - ÍNDICE - CAPACIDADES INSTITUCIONAIS

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica - SGE, 2011

FIGURA 8 - BIOGRAMA - CAPACIDADES INSTITUCIONAIS

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica - SGE, 2011

O índice de capacidades institucionais apresenta-se exatamente na faixa média

(0,457), um pouco abaixo do que seria o centro da graduação do indicador (0,5). Pesa

positivamente, nesse índice, as dimensões que avaliam mais a instalação e condições

das estruturas institucionais (instrumentos de gestão - com 0,67 - e infraestrutura

institucional - com 0,71 - o mais alto valor desse indicador). Por outro lado, a avaliação da

capacidade de “solução de conflitos” é a dimensão com o menor valor (0,30), seguida de

perto pela avaliação dos “serviços disponíveis” (0,35) e a dimensão “participação” (0,38).

A mais imediata tendência possível de ser deduzida desse conjunto é a de que, apesar de

Page 39: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

39

haver instituições voltadas para o desenvolvimento das populações rurais no Território,

essas apresentam pouca eficiência ou funcionalidade.

A leitura mais desagregada de algumas questões selecionadas dentre os três

instrumentos de pesquisa (Q1, Q3 e Q5) podem refinar um pouco mais a análise,

interpretando melhor essa tendência. Apresenta-se, a seguir, esse exercício, com um

estudo dos Conselhos Municipais, avaliação das formas e instituições de Assistência

Tecnológica e promoção de desenvolvimento econômico, bem como os dados referentes

à participação.

A institucionalidade governativa inaugurada pela Constituição de 1988 apresenta,

como grande inovação, a busca por uma maior participação social, a partir do

estabelecimento de um conjunto de novas estruturas consultivas assessórias aos Poderes

Públicos. Os conselhos municipais são produto direto desse novo ordenamento

institucional e foram avaliados pela pesquisa (Tabela 5). Os dados coletados sobre os

conselhos municipais no Território do Pontal do Paranapanema podem ser assim

apresentados:

TABELA 5 - Q1 - P8 - PONTAL DO PARANAPANEMA/SP

Quais Conselhos e/ou Consórcios Público estão atuando no Município.

Quantidade % de

municípios

Não existe conselho constituído - -

Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS)

24 75

Conselho de Meio Ambiente 30 90

Conselho de Segurança Alimentar 27 78

Consórcio de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local (CONSAD)

3 10

Conselho de Saúde 32 100

Conselho da criança e adolescentes - -

Outro 10 -

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Chama a atenção, nesses números, a inconstestável prevalência, nos municípios,

dos Conselhos de Saúde (situação paralela a uma leitura dos dados dessa mesma

questão, agregados para 37 Territórios disponíveis para consulta no SGE em julho/2011,

com 91% de prevalência). No Pontal, conforme exposto na Tabela 5, 100% dos 32

municípios informaram que têm Conselhos de Saúde atuantes7. Um elemento importante

para entendermos essa situação é o fato de que os Conselhos de Saúde têm funções

7 Foi notável a informada ausência, nos municípios do Pontal, de “Conselhos da criança e adolescentes”.

Avaliamos como hipótese, que os informantes preferiram não associar essa instituição (o Conselho Municipal, especificamente) aos conhecidos “Conselhos Tutelares” e/ou os Conselhos Municipais de Assistência Social, esses sim, bastantes presentes nos municípios.

Page 40: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

40

deliberativas, para além de consultivas, sendo imprescindíveis para a gestão municipal do

Sistema Único de Saúde (SUS). Essas atribuições diferenciadas, praticamente obrigam

os municípios a terem Conselhos de Saúde.

Buscando uma comparação entre os conselhos mais diretamente vinculados ao

tema do Desenvolvimento Territorial Rural, observa-se uma maior presença, no Território,

tanto dos Conselhos de Meio Ambiente (90% dos municípios os têm) quanto dos

Conselhos de Segurança Alimentar (existentes em 78% dos municípios)8, frente aos 75%

de atuação de Conselhos de Desenvolvimento Rural Sustentável nos municípios. No

primeiro caso, cita-se um programa específico do governo estadual, intensamente

difundido no Pontal, voltado para a questão ambiental (Programa “Município Verde”, da

Secretaria de Estado do Meio Ambiente), como elemento que dá certo destaque aos

Conselhos Municipais do Meio Ambiente. Da mesma forma, políticas específicas, como a

da merenda escolar, também estimulam conselhos como os de Segurança Alimentar.

Quando avaliamos esses mesmos números no contexto nacional, o CMDRS é mais

prevalente nos municípios (também com 75%) que os conselhos do Meio Ambiente (46%)

e de Segurança Alimentar (49%).

Quando se avalia o nível de controle que esses organismos exercem, os

informantes opinaram da seguinte forma, para o Brasil e para o Pontal (Tabelas 6 e 7):

TABELA 6 - Q1 - P9 - BRASIL

Avalie o nível de controle realizado pelos Conselhos Municipais na aplicação dos investimentos públicos.

Quantidade %

Não há controle - 1 34 5

2 75 11

3 263 40

4 204 31

Há muito controle - 5 85 13

Total 661 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró - RN; Agreste

Meridional - PE; Baixo Amazonas - AM; Baixo Amazonas - PA; Baixo Parnaíba - MA; Borborema - PB; Da Reforma - MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste - AL; Do Alto Sertão - AL; Do Litoral Norte - AL; Do Sisal - BA; Grande Dourados - MS; Inhamuns Crateús - CE; Lençóis Maranhenses/Munin - MA ; Litoral Sul - BA; Manaus e Entorno - AM; Marajó - PA; Mata Sul - PE; Mato Grande - RN; Médio Jequitinhonha - MG; Nordeste Paraense - PA; Noroeste De Minas - MG; Pontal Do Paranapanema - SP; Serra Geral - MG; Sertão Central - CE; Sertão Do Apodi - RN; Sertão Do Pajeú - PE; Sertões De Canindé - CE; Sudeste Paraense - PA; Transamazônica - PA; Vale Do Mucuri - MG; Vale Do Ribeira - PR; Vale Do Rio Vermelho - GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

8 Nota-se a distinção entre os Conselhos de Segurança Alimentar (bastantes presentes) e os Consórcios de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local (presentes em apenas 10% dos municípios). No entanto, consideramos que as atribuições desses dois órgão podem se sobrepor em inúmeras situações.

Page 41: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

41

TABELA 7 - Q1 - P9 - PONTAL

Avalie o nível de controle realizado pelos Conselhos Municipais na aplicação dos investimentos públicos

Quantidade

%

Não há controle - 1 2 6

2 2 6

3 7 22

4 13 41

Há muito controle - 5 8 25

Total 32 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Comparativamente ao quadro nacional (661 municípios em 35 Territórios

acompanhados), com base na opinião dos entrevistados avalia-se que há, no Pontal,

bastante controle por parte dos Conselhos Municipais. No quadro Q1-P9 -Pontal, a

tendência ao controle (nível 4) e muito controle (nível 5) somam 66% das respostas (em

destaque). Ressalta-se, como um possível viés de opinião, que as informações foram

prestadas, majoritariamente, pelos próprios prefeitos. Não foi possível avaliar esse viés no

quadro correspondente ao cenário nacional. Ali, 44% das respostas indicam para mais

controle; mas 40% apontaram, diretamente, para um nível médio de controle dos

Conselhos Municipais.

Além dos conselhos municipais e sua capacidade de controle, os instrumentos de

controle e gestão estão, no geral, mais disponíveis no Pontal do que no restante do país.

Um exemplo disso é o controle cadastral sobre os imóveis rurais, dispostos nas tabelas 8

e 9 que seguem:

TABELA 8 - Q1 - P16 - BRASIL

A prefeitura possui cadastro de imóveis rurais

Quantidade %

Sim 400 61

Não 261 39

Total 661 100 Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró - RN; Agreste

Meridional - PE; Baixo Amazonas - AM; Baixo Amazonas - PA; Baixo Parnaíba - MA; Borborema - PB; Da Reforma - MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste - AL; Do Alto Sertão - AL; Do Litoral Norte - AL; Do Sisal - BA; Grande Dourados - MS; Inhamuns Crateús - CE; Lençóis Maranhenses/Munin - MA ; Litoral Sul - BA; Manaus e Entorno - AM; Marajó - PA; Mata Sul - PE; Mato Grande - RN; Médio Jequitinhonha - MG; Nordeste Paraense - PA; Noroeste De Minas - MG; Pontal Do Paranapanema - SP; Serra Geral - MG; Sertão Central - CE; Sertão Do Apodi - RN; Sertão Do Pajeú - PE; Sertões De Canindé - CE; Sudeste Paraense - PA; Transamazônica - PA; Vale Do Mucuri - MG; Vale Do Ribeira - PR; Vale Do Rio Vermelho - GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Page 42: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

42

TABELA 9 - Q1 - P16 - PONTAL

A prefeitura possui cadastro de imóveis rurais

Quantidade %

Sim 31 97

Não 1 3

Total 32 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Diferentemente do Brasil, a quase totalidade das Prefeituras do Pontal do

Paranapanema dispõem de cadastro dos imóveis rurais (Brasil 61% versus 97% Pontal).

Outras instituições também foram avaliadas pelos informantes, dando conta da seguinte

situação institucional pública:

TABELA 10 - Q1 - P22 - PONTAL

O município possui Secretaria de Desenvolvimento Rural, ou similar

Quantidade %

Sim 31 97

Não 1 3

Total 32 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

TABELA 11 - Q1 - P23 - PONTAL

A Secretaria de Desenvolvimento Rural, ou similar, possui quadro de técnicos permanente

Quantidade %

Sim 29 91

Não 3 9

Total 32 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

As Prefeituras contam, na quase totalidade, com Secretarias voltada para o

desenvolvimento rural, geralmente (em 91% dos casos) com quadro técnico específico,

Tabelas 10 e 11. Embora os informantes tenham apontado para a execução de quase

todas as atribuições listadas no questionário para essa secretaria, a não quantificação

desses quadros técnicos, no entanto, impede uma avaliação sobre o desempenho desses

órgãos públicos9 - geralmente, criticados por falta de recursos humanos.

9 No geral, as Prefeituras do Pontal criaram essas secretarias no bojo do processo

conhecido como “municipalização da agricultura”, no qual a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento repassou as atribuições das conhecidas “Casas da Lavoura” (escritórios técnicos da SEAA) para os municípios. Há muitas críticas a essa transferência, que esvaziou as antigamente importantes Casas da Lavoura, sem uma contrapartida de igual magnitude por parte das Prefeituras.

Page 43: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

43

Esse elemento de apoio técnico, importante também na ponderação do indicador

de prestação de serviços institucionais, pode ser melhor avaliado tomando-se a

informação acerca da existência de órgãos de assessoria específicos para a produção

nos municípios, conforme segue na (Tabela 12):

TABELA 12 - Q1 - P13 - PONTAL

Quantas instituições de prestação de serviços tecnológicos (para apoio e melhoria das atividades produtivas) existem no município

Quantidade %

Nenhum 13 41

De 1 a 3 17 53

De 4 a 6 1 3

De 7 a 9 1 3

Acima de 10 - -

Total 32 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Os informantes do Q1, gestores públicos municipais, apontam, para o Pontal, uma

baixa presença de serviços de apoio técnológico para os produtores. Há uma

discrepância entre esta última informação - altamente negativa, com 41% dos inquiridos

respondendo que “não existem instituições de prestação de serviços tecnológicos” - e os

mais de 90% de afirmações acerca da existência das Secretarias de Desenvolvimento

Rural com quadros técnicos permanentes.

É possível que a subestimação se deva a um certo consenso de que faltam

assistência e apoio tecnológico aos produtores rurais do território por parte dos poderes

públicos Estadual e Federal. Pode-se, apenas apontando serviços públicos, enumerar,

além das Secretarias Municipais, os Grupos Técnicos de Campo da Fundação ITESP

(órgão do governo estadual), a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI e os

escritórios técnicos do INCRA, como instituições promotoras de serviços técnicos para o

desenvolvimento rural, presentes de forma relativamente abrangente no Pontal.

No entanto, essa ambiguidade na informação pode, tão somente, ratificar a

tendência, acima apontada, de que existe uma institucionalidade, mas ela não consegue

ser eficaz na promoção dos serviços para o desenvolvimento rural.

Ainda sobre a estrutura institucional, é notável a relativamente baixa presença de

secretarias de planejamento (Q1 - P27): pouco mais de 50% dos municípios do Pontal as

têm, contra exatos 50% no levantamento feito para o conjunto dos territórios pesquisados.

Como um organismo teoricamente voltado para a articulação das diferentes ações

institucionais, revela-se uma situação difícil em termos de visões prospectivas. Ademais,

Page 44: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

44

mesmo os municípios tendo essa secretaria, ainda é possível que pouco ou nada de real

ação planejada e articulada seja encaminhada.

Com as questões mais diretamente voltadas para identificar o quanto os

instrumentos são eficazes, pode-se discutir alguns serviços voltados para a melhoria do

desempenho dos produtores rurais. A dimensão da comunicação (Tabelas 13 e 14),

revelam que a internet já é bastante utilizada, em detrimento de uma informação mais

institucional local. Pode-se identificar uma tendência de que essa comunicação para a

produção (preços, produtos etc.) se dê cada vez mais no âmbito do mercado.

TABELA 13 - Q1 - P14 - PONTAL

Quem disponibiliza informações comerciais e de mercado no município

Quantidade %

Informações fornecidas pela prefeitura 13 27

Informações fornecidas por órgãos de assistência técnica

13 27

Sistema de informação digital 2 4

Internet 15 31

Não possui nenhum tipo de serviço de informação

4 8

Outro 2 4

Total 49 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

TABELA 14 - Q1 - P15 - PONTAL

Quais os meios de divulgação das informações comerciais e de mercado no município

Quantidade %

Mídia de Massa (rádio e televisão) 16 27

Mídia focal (jornais, boletim informativo, revista especializada, etc.)

20 33

Internet (e-mail, sites, etc.) 18 30

Outro 6 10

Total 60 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Os entrevistados apontaram, para o Pontal, uma relativamente clara preocupação

com a avaliação dos impactos ambientais da produção, bem como seu monitoramento. A

regulação do uso do solo (que pode ser associada a normas urbanas) e para o manejo de

resíduos também estão presentes (cf. pergunta 17 do Q1 - Tabela 15).

Page 45: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

45

TABELA 15 - Q1 - P17 - PONTAL

Nos últimos dois anos quais das seguintes normas foram expedidas pela prefeitura com o propósito de garantir a conservação dos recursos naturais do município

Quantidade %

Nenhum tipo de medida foi tomada 2 2

Ordenamento do uso do solo 19 22

Regulamentos para o uso de produtos perigosos

8 9

Regulamento para o manejo de resíduos 16 19

Instruções para o monitoramento e avaliação do patrimônio ambiental

15 18

Normas para avaliação do impacto ambiental de atividades produtivas

22 26

Outro 3 4

Total 85 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Outro importante instrumento de gestão é a identificação das áreas degradadas ou

de risco, cuja sistematização está bastante presente nos municípios do Pontal (66%), bem

ao contrário do que revelam os dados agregados de 35 territórios do Brasil, com 29% de

municípios dotados dessa informação (Tabelas 16 e 17).

TABELA 16 - Q1 - P18 - PONTAL

Existem mapas das áreas degradadas e de risco de degradação no município

Quantidade %

Sim 21 66

Não 11 34

Total 32 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

TABELA 17 - Q1 - P18 - BRASIL

Existem mapas das áreas degradadas e de risco de degradação no município

Quantidade %

Sim 189 29

Não 472 71

Total 661 100 Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró - RN; Agreste Meridional

- PE; Baixo Amazonas - AM; Baixo Amazonas - PA; Baixo Parnaíba - MA; Borborema - PB; Da Reforma - MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste - AL; Do Alto Sertão - AL; Do Litoral Norte - AL; Do Sisal - BA; Grande Dourados - MS; Inhamuns Crateús - CE; Lençóis Maranhenses/Munin - MA ; Litoral Sul - BA; Manaus e Entorno - AM; Marajó - PA; Mata Sul - PE; Mato Grande - RN; Médio Jequitinhonha - MG; Nordeste Paraense - PA; Noroeste De Minas - MG; Pontal Do Paranapanema - SP; Serra Geral - MG; Sertão Central - CE; Sertão Do Apodi - RN; Sertão Do Pajeú - PE; Sertões De Canindé - CE; Sudeste Paraense - PA; Transamazônica - PA; Vale Do Mucuri - MG; Vale Do Ribeira - PR; Vale Do Rio Vermelho - GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Page 46: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

46

3.3. MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS A capacidade de solução de conflitos também é avaliada pelos indicadores das

“capacidades institucionais”. Observa-se que as autoridades municipais (prefeitos e

vereadores) têm uma posição bastante legítima na mediação de conflitos, sendo os

mecanismos mais acionados - ao menos na opinião dos agentes das Prefeituras, que

foram os informantes. Prevaleceu, na informação desses agentes, uma opinião que tende

a supervalorizar o papel das Prefeituras, embora estejam presentes, também, mas em

proporções bastante inferiores e com pouca variação entre elas, mecanismos mais

comunitários e o judiciário (Tabela 18).

TABELA 18 - Q1 - P19 - PONTAL

Quais os mecanismos de negociação e resolução de conflitos são adotados pela sociedade civil, no município

Quantidade %

Recorre-se a membros da comunidade 9 17

Recorre-se a autoridades municipais 26 50

Recorre-se a juízes 7 13

Recorre-se a conselhos comunitários 8 15

Recorre-se às delegacias do MDA - -

Outro 2 4

Total 52 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

A temática da participação popular perfaz um indicador específico, assim como

aquilo que o índice define como “iniciativas comunitárias”. Analisar ambas em conjunto

pode facilitar uma leitura do quanto de mobilização da própria sociedade - não

diretamente estimulada pelo poder público - pode-se encontrar no contexto do território.

O Q1 tenta identificar e ponderar quais iniciativas sem apoio governamental mais

estão presentes no território (P25). Enquanto ações da sociedade civil, no contexto

“Brasil”, foquem mais os âmbitos da produção (22% das ocorrências informadas), seguida

de perto por ações (projetos) sociais e culturais (ambos com 19% de citações no Q1), no

Pontal os chamados projetos sociais mobilizam mais a ação comunitária (24% das

ocorrências citadas), seguidos por iniciativas de caráter ambiental (22% das ocorrências

citadas) e, somente então, projetos comunitários de produção (20% das ocorrências

citadas). Como prevalente no caso dos “projetos sociais”, as organizações religiosas

detêm uma importante fatia da mobilização comunitária. Uma cada vez mais disseminada

consciência ambiental, por sua vez, tem mobilizado a sociedade civil no Pontal, mais do

que as iniciativas dos produtores rurais (Tabelas 19 e 20).

Page 47: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

47

TABELA 19 - Q1 - P25 - BRASIL

Quais tipos de projetos de iniciativa comunitária ou de produtores são desenvolvidos no município, sem apoio de governos

Quantidade %

Projetos sociais 223 19

Iniciativas em projetos produtivos 255 22

Projetos culturais 224 19

Iniciativas em projetos ambientais 150 13

Projetos turísticos 74 6

Nenhuma das anteriores 228 19

Outro 24 2

Total 1.178 100 Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró - RN; Agreste Meridional -

PE; Baixo Amazonas - AM; Baixo Amazonas - PA; Baixo Parnaíba - MA; Borborema - PB; Da Reforma - MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste - AL; Do Alto Sertão - AL; Do Litoral Norte - AL; Do Sisal - BA; Grande Dourados - MS; Inhamuns Crateús - CE; Lençóis Maranhenses/Munin - MA ; Litoral Sul - BA; Manaus e Entorno - AM; Marajó - PA; Mata Sul - PE; Mato Grande - RN; Médio Jequitinhonha - MG; Nordeste Paraense - PA; Noroeste De Minas - MG; Pontal Do Paranapanema - SP; Serra Geral - MG; Sertão Central - CE; Sertão Do Apodi - RN; Sertão Do Pajeú - PE; Sertões De Canindé - CE; Sudeste Paraense - PA; Transamazônica - PA; Vale Do Mucuri - MG; Vale Do Ribeira - PR; Vale Do Rio Vermelho - GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

TABELA 20 - Q1 - P25 - PONTAL

Quais tipos de projetos de iniciativa comunitária ou de produtores são desenvolvidos no município, sem apoio de governos

Quantidade %

Projetos sociais 18 24

Iniciativas em projetos produtivos 15 20

Projetos culturais 12 16

Iniciativas em projetos ambientais 17 22

Projetos turísticos 7 9

Nenhuma das anteriores 7 9

Outro - -

Total 76 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

O indicador de participação distribui-se entre informações colhidas no Q1 (P20) e

Q5 (6 perguntas na avaliação de projetos). É significativo que no Pontal do

Paranapamena, cujo território rural foi instituído muito em função da sua conflitividade

social e do ativismo público do MST (Carter, 2009), pouquíssimas manifestações sociais

ocorreram recentemente (em 6 municípios, ocorreram alguma manifestação de protesto).

Uma possível subestimação dessa informação, devido a um viés dos informantes, se

existe, não deturpa esse contexto de desmobilização civil (um “descenso da luta” na

avaliação de lideranças do MST).

Page 48: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

48

TABELA 21 - Q1 - P20 - PONTAL

Quantos protestos ou manifestações sociais ocorreram durante o último ano

Quantidade %

Nenhum 26 81

De 1 a 3 6 19

De 4 a 6 - -

De 7 a 9 - -

Acima de 10 - -

Total 32 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

As informações do questionário de avaliação de projetos (Q5) oferecem opiniões

de três diferentes atores: executores (no geral, quadros técnicos das Prefeituras),

gestores/colegiado (no geral, diretores/representantes de associações) e beneficiários (no

mais das vezes, cidadãos comuns, moradores da zona rural e usuários das benfeitorias

instaladas).

Quase sempre há uma maior concordância entre as visões dos representantes e

dos beneficiários. No caso da avaliação da participação na elaboração dos projetos, no

entanto, enquanto as opiniões de executores e representantes/colegiado se aproximam

muito (apontando 70% e 75% de participação dos beneficiários, respectivamente), os

próprios beneficiários apontam uma participação de 50% (Tabela 22).

O viés possível nessa avaliação pode advir da pouca informação que o beneficiário

entrevistado tinha do processo. Essa possibilidade, porém, se depõe contra a

confiabilidade do beneficário, denuncia, em algum grau, a falta de ampla

informação/participação dos beneficiários no processo de elaboração do projeto.

TABELA 22 - Q5 - P12 - PONTAL

Houve participação dos beneficiários na elaboração

do projeto?

Quantidade

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Sim 17 - 70% 18 - 75% 12 - 50% 47

Não 7 6 10 23

Não sabe 0 0 2 2

Não se aplica 0 0 0 0

Total 24 24 24 72

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Quando inquiridos sobre quais fases houve participação, os agentes divergiram

muito entre si. No entanto, fica claro que a participação, quando houve, foi mais intensa

Page 49: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

49

nas fases de definição da área e do tipo de projeto. No quesito “elaboração do

diagnóstico” e concepção do projeto, que pressupõe uma ação mais metodológica que

uma simples consulta, a participação decai muito, voltando a ser mais significativa nas

fases de acompanhamento da implementação e na gestão dos projetos (Tabela 23).

TABELA 23 - Q5 - P13 - Pontal

Havendo participação dos beneficiários, em que fase(s) do

projeto ela ocorreu?

Quantidade

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Na definição da área de intervenção 11 7 6 24

Na definição do tipo de projeto 14 11 4 29

Na elaboração do diagnóstico 5 4 0 9

Na concepção do projeto 6 3 0 9

No acompanhamento do processo de implementação

11 8 4 23

Na gestão do projeto 7 7 4 18

Não sabe 0 0 2 2

Não se aplica 7 5 10 22

Outro 0 1 1 2

Total 61 46 31 138

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

O reconhecimento das áreas e dos tipos de projetos (muitos equipamentos

comunitários para assentamentos rurais), apontam para uma grande coerência dessas

informações. Apesar dessas diferentes perspectivas, há coerência também na avaliação

das parcerias mais importantes para a implantação dos projetos: de longe, todos

reconhecem a parceria com as Prefeituras.

O colegiado territorial é avaliado como uma instância de gestão através do

instrumento Q3 (Gestão do Colegiado) e, da ponderação de algumas de suas questões,

obtêm-se o índicador específico “Gestão dos Colegiados”. Essas instância, que no Pontal,

tem uma importância relativa, acaba sendo um espaço de representatividade da

agricultura familiar e dos movimentos sociais frente às instâncias oficiais.

A pergunta 16 desse questionário informa sobre a participação dos distintos atores

territoriais. Tendendo a alta (nível 4) e muito alta (nível 5) capacidade de decisão são

verificadas para representantes da agricultura familiar, dos movimentos sociais, sindicatos

e representantes de entidades colegiadas. Paralelamente o governo federal (“alta

capacidade”) e os municipais (“tendente a alta capacidade”) também tem “voz ativa” no

Colegiado, mais que os representantes do governo estadual, avaliados no nível médio.

Essa diferença no empenho dos três níveis de governo pode ser explicado por dois

fatores: 1) a identificação desse espaço como produto de um programa federal; e 2) o

divórcio político entre os governos federal e estadual. Reitera-se que o colegiado territorial

Page 50: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

50

do Pontal convive com outro colegiado regional, composto por Prefeituras, hegemonizado

por representantes políticos do governo estadual (União dos Municípios do Pontal -

UNIPONTAL).

Os temas produtivos dominam os debates do colegiado. A somatória das opções

da P19 que não definem uma temática específica (projetos, infraestrutura) apenas reitera

a importância dessa dimensão, que comparece com a maior frequência através da opção

“desenvolvimento agropecuário”. Nos projetos mediados pelo Programa, o colegiado do

Pontal aparece tendo um papel de avaliador e selecionador das propostas, daí que a

temática “elaboração de projetos” também é importante nos debates do coletivo.

O colegiado identifica a baixa participação dos produtores ou sua rotatividade, a

falta de repercussão institucional (item 3 do Q3 - P20: “o colegiado não é escutado em

outras instâncias”), a “influência política” e a “pouca participação dos gestores públicos”

(os prefeitos, mais frequentes nas reuniões da UNIPONTAL, por exemplo) como

elementos dificultadores do desempenho do CODETER. Dois problemas distintos podem

ser analisadas nessa questão: o comportamento intermitente dos atores da agricultura

familiar e o baixo impacto do Colegiado junto aos governos municipais e outras instâncias

oficiais.

A integração institucional no território enfrenta vários desafios, além da muito

conhecida “visão setorial”, pouco integrada territorialmente, da qual falam os estudiosos.

Os bloqueios políticos do Pontal do Paranapanema, um contexto claramente dividido

entre agricultura familiar (sobretudo a estabelecida pela reforma agrária) e movimentos

sociais de um lado e os setores da agricultura patronal de outro, compõem um desafio

extraordinário para um projeto de desenvolvimento territorial homogêneo e consensual.

Essa situação ajuda a caracterizar a baixa funcionalidade institucional, que apesar de sua

complexidade, é a tendência mais evidente no biograma específico das “capacidades

institucionais”.

Page 51: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

51

Edital MCT/CNPq/MDA/SDT/UNIVERSIDADE

nº 05/2009 - Gestão de Territórios Rurais

Relatório Analítico

4. Gestão do

Colegiado Acompanhamento da gestão dos Colegiados territoriais

Instituições:

Presidente Prudente 2011

Page 52: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

52

Page 53: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

53

4. GESTÃO DO COLEGIADO

Os questionários sobre a Gestão do Colegiado, a exemplo dos questionários de

identidade territorial, também foram direcionados aos 40 membros das diferentes

representações, entidades do poder púlbico e da sociedade cívil que compõem o

Colegiado Territorial do Pontal.

A partir dos dados do Quadro 4 verificamos que 92,5% dos entrevistados

afirmaram que existe um assessor técnico que apoia permanentemente a ação do

Colegiado. Quando comparamos os dados das escalas Pontal e Brasil verificamos que a

porcentagem da presença de assessoria territorial no Pontal é 30,25% superior aos

valores apontados na escala Brasil (Quadro 4). Com relação à pergunta sobre ausência

de assessor técnico, 90% dos respondentes escolherem a opção - não se aplica - uma

vez que no território existe assessoria técnica (Quadro 4).

QUADRO 4

BRASIL PONTAL

Q3 - P9: Existe um assessor técnico que apóie permanentemente a gestão do Colegiado?

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

Comparativamente, apesar de comparecerem com diferentes intensidades, as

porcentagens verificadas no Quadro 5 (escalas Pontal e Brasil) mantém certa tendência

com relação à opção de resposta - não se aplica - evidenciando que na ausência da

assessoria territorial, não existe outro técnico, seja ele do governo municipal, estadual ou

federal que assuma a função. Analisando os dados da escala Brasil (Quadro 5) verificou-

se que 8,86% dos respondentes apontaram que na ausência do assessor quem assume é

um técnico do governo federal. Entretanto, levando-se em consideração que o dado em

questão é resultado da somatória do conjunto dos 35 territórios onde a pesquisa foi

realizada, podemos avaliar que os valores em questão possuem pouca significância, e de

certa forma reafirmam as tendências gerais das escalas Pontal e Brasil.

Page 54: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

54

QUADRO 5 BRASIL PONTAL

Q3 - P11: No caso de não existir um assessor técnico, há algum outro técnico que apóie a ação do Colegiado?

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

A respeito da forma a partir da qual se realiza a seleção e a eleição dos membros

do Colegiado, 62,50% (Quadro 6) no Pontal informaram que ela é feita por convocatória

aberta para eleição de representantes; 55% por meio de convite direto a organizações

selecionadas e 35% por meio de convite pessoal. Esta disparidade nas respostas realça a

falta de consenso e/ou conhecimento dos entrevistados sobre a forma como a

composição do Colegiado deveria ser realizada. Essa tendência, dispar, também é

verificada nos dados do Quadro 6 para o Brasil.

QUADRO 6 BRASIL PONTAL

Q3 - P12: De que forma se realiza a seleção e a eleição dos membros do Colegiado?

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

Page 55: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

55

Apesar de prestabelecida, em relação à data de constituição do Colegiado, 38%

dos entrevistados responderam que se lembravam da sua criação; 38% que não e 25%

disseram que não sabiam (Tabela 24). Com relação a estes números, a baixa

porcentagem de pessoas que recordam-se da data de constituição do Colegiado deve ser

entendida como um indicativo que aponta para a frequência de renovação dos membros

que participam do Colegiado Territorial, ou seja, entre os 40 integrantes que atualmente

possuem representação formal junto ao CODETER do Pontal, não são todos os

representantes de entidades que participam desde o início da sua constituição.

TABELA 24 - Q3 - P13 - PONTAL

Você sabe qual a data de constituição do Colegiado?

Quantidade %

Sim 15 38

Não 15 38

Não sabe 10 25

Não se aplica 0 0

Total 40 100

Fonte: Microdados - SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

Na escala do Pontal, mais da metade dos entrevistados (52,50%) responderam que

o Colegiado realizou mais de 20 reuniões desde a sua constituição, seguindo a mesma

tendência verificada na escala Brasil, onde igualmente relata-se terem sido realizadas

mais de 20 reuniões (Quadro 7). Sobre a frequência das reuniões, 42,50% responderam

que elas são realizadas a cada três ou quatro meses e 35% a cada dois meses (Quadro

8). Esta mesma tendência em relação à frequência com a qual as reuniões são realizadas

é verificada na escala Brasil (ver Quadro 8).

QUADRO 7 BRASIL PONTAL

Q3 - P14: Quantas reuniões formais o Colegiado realizou desde a sua constituição?

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

Page 56: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

56

QUADRO 8 BRASIL PONTAL

Q3 - P15: Com que freqüência a plenária do Colegiado se reúne?

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

Na avaliação dos respondentes a capacidade de decisão do governo federal é a

mais alta entre as entidades que participam do Colegiado, com indice de 4,25, seguida

por representantes de movimentos sociais (4,00) e de agricultores familiares (3,90).

Levando-se em conta que no território não existem comunidades tradicionais (indígenas

ou quilombolas), na avaliação dos respondentes a segunda menor capacidade de decisão

pertence aos representantes das organizações não governamentais (Quadro 9).

QUADRO 9 BRASIL PONTAL

Q3 - P16: Como é avaliada a capacidade de decisão de cada um dos seguintes membros do Colegiado?

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

No Quadro 10 é possível verificar que com 87,50% das citações, a internet é o

meio de comunicação mais utilizado pelo Colegiado para informar suas ações e decições

à comunidade. O segundo meio mais utilizado (45%) é o “boca a boca” e o terceiro, com

42%, as reuniões comunitárias. Em quarto lugar, ambos empatados com 35,50%,

aparecem na forma de parceiros o governo e organizações da sociedade cívil.

Page 57: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

57

Na escala Brasil, as três principais formas de comunicação verificadas na escala

Pontal (internet, “boca a boca” e reuniões comunitárias) também são considerados os

mecanismos de comunicação mais importantes.

Nos Quadros 11 e 11.1 é possível averiguar que tanto na escala Pontal quanto

Brasil os quatro temas tratados pelo Colegiado com maior frequência são os mesmos,

porém com diferentes níveis de importância. Entre os temas mais tratados pelo Colegiado

em ambas as escalas (Quadro 11.1), alternadamente desenvolvimento agropecuário e

projetos revezam-se entre a primeira e segunda posição.

QUADRO 10 BRASIL PONTAL

Q3 - P17: Quais mecanismos de comunicação são utilizados pelo Colegiado para informar suas ações e decisões à comunidade?

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

QUADRO 11 BRASIL PONTAL

Q3 - P19: Com que freqüência cada um dos seguintes temas são tratados no Colegiado?

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

Page 58: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

58

QUADRO 11.1 - SÍNTESE

Níveis de importância

Brasil Pontal

1º L - Projetos A - Desenvolvimento agropecuário

2º A - Desenvolvimento agropecuário L - Projetos

3º H - Infra-estrutura H - Infra-estrutura

4º K - Planejamento K - Planejamento

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

Conforme exposto no Quadro 12, os quatro problemas que mais prejudicam o

desempenho do Colegiado na opinião do respondentes são: baixa participação dos

produtores (indice de 4,25); pouca participação dos gestores públicos (3,90); o Colegiado

não é ouvido em outras instâncias (3,75) e baixa capacidade técnica de avaliação (3,70).

QUADRO 12

BRASIL PONTAL Q3 - P20: Com que freqüência os problemas a seguir prejudicam o desempenho do Colegiado?

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

Na escala Brasil são verificadas as mesmas tendências da escala Pontal em

relação aos problemas que prejudicam o Colegiado, com exceção da baixa participação

dos gestores públicos, que na escala Brasil aparece em primeiro lugar e na escala Pontal

em segundo (Quadro 12).

Nota-se ainda na escala Brasil que os problemas relacionados à baixa participação

de produtores, baixa capacidade técnica de avaliação de projetos e falta de voz do

Colegiado em outras intâncias comparecem praticamente com o mesmo nível de

importância, ao passo que na escala Pontal, os níveis de importância para estas variáveis

são diferentes.

Em relação ao papel do Colegiado na elaboração do diagnóstico territoral, 67,50%

responderam que participaram das oficinas de discussão para sua formação; 60% da

concepção e elaboração e 45% da revisão do diagnóstico. Estas porcentagens apontam

Page 59: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

59

para algum tipo de envolvimento e participação dos membros do Colegiado em relação à

elaboração do diagnóstico territorial (Quadro 13).

QUADRO 13

BRASIL PONTAL Q3 - P21: Qual o papel desempenhado pelo Colegiado na elaboração do diagnóstico territorial?

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

QUADRO 14 BRASIL PONTAL

Q3 - P22: Foi elaborado algum documento que contenha uma visão de longo prazo do território (visão de futuro)?

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

Quando questionados se foi elaborado algum documento que contenha a visão de

longo prazo do território (visão de futuro), 42,50% respondeu que sim, 40% que não sabe

e 17,50% que não. Ou seja, somando-se as porcentagens das variáveis não sabe e não,

aferimos que mais da metade das pessoas (57,5%) que participam do Colegiado territorial

do Pontal não tem conhecimento sobre tal documento (Quadro 14).

Page 60: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

60

Ao serem arguidos sobre o papel desempenhado pelo Colegiado na elaboração da

visão de futuro do território, 52,50% informou que participou das oficinas de discussão

para sua elaboração; 47,50% participou na concepção e elaboração e 35% da revisão do

documento. Na escala Brasil é mantida a mesma tendência em relação ao nível de

importancia sobre as três variáveis consideradas mais importantes na escala Pontal.

Levando-se em consideração que os dados em análise tem como origem os

mesmos entrevistados, notamos que os dados dos Quadros 14 e 15, no Pontal, revelam

um paradoxo, pois ao passo que 57,50% dos respondentes informaram não ter

conhecimento sobre a existência de documento com a visão a longo prazo do território

(Quadro 14) verificamos, por exemplo, no Quadro 15, na variável de número dois, que

52,50%, informaram ter participado das oficinas de discussão para elaboração do mesmo

documento.

QUADRO 15 BRASIL PONTAL

Q3 - P23: Qual o papel desempenhado pelo Colegiado na elaboração da visão de futuro do território?

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

O paradoxo verificado entre as respostas dos Quadros 14 e 15 é corroborada pelas

informações do Quadro 16, tendo em vista que 70% dos respondentes informaram terem

tido participação nas oficinas de elaboração do Plano Territorial de Desenvolvimento

Rural Sustentável - PTDRS do Pontal.

Comparativamente, tanto na escala Pontal quanto Brasil, no que pese a diferença

de valor atribuído aos diferentes níveis de importância, existe uma tendência geral em

considerar como mais importantes os seguintes aspectos: participação das oficinas de

discussão para sua elaboração; participação na concepção e elaboração e participação

na revisão (Quadro 13).

Page 61: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

61

QUADRO 16

BRASIL PONTAL Q3 - P24: Caso o território tenha o Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável - PTDRS, qual

foi o papel desempenhado pelo Colegiado Territorial na elaboração do mesmo?

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

Do ponto de vista dos mecanismos utilizados para tomada de decisão no

Colegiado, tanto na escala Pontal quanto Brasil, os dois mecanismos apontados pelos

respondentes como mais utilizados foram: votação por maioria, com 85% e 79,77%

respectivamente e acordos por consenso, com 55% e 49,27% (Quadro 17). O terceiro

mecanismo considerado mais importante na escala Pontal, com 20%, foi a defesa de

cada membro do colegiado dos seus próprios interesses e iniciativas, ao passo que na

escala Brasil essa posição é ocupada pela articulação entre grupos ou blocos de

interesse, com 23,76%.

QUADRO 17

BRASIL PONTAL Q3 - P25: Indique quais dos seguintes mecanismos são utilizados para a tomada de decisões no Colegiado

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

Page 62: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

62

Sobre as ações desenvolvidas pelo Colegiado para a gestão dos projetos de

desenvolvimento territorial, o conjunto dos entrevistados considerou, em ambas as

escalas, 80% e 61,43% respectivamente, que a priorização e seleção de projetos com

base em critérios técnicos é uma das ações mais importantes desenvolvida pelo

Colegiado. Coincidentemente, a segunda e terceira posições em ambas as escalas

aparecem empatadas, de forma que 77,50% das respostas referem-se à avaliação interna

de mérito e análise de viabilidade técnica dos projetos. Estas mesmas váriáveis

concentram 52,71% das opiniões dos entrevistados na escala Brasil (Quadro 18).

QUADRO 18 BRASIL PONTAL

Q3 - P26: Quais ações são desenvolvidas pelo Colegiado para a gestão dos projetos de desenvolvimento territorial?

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

QUADRO 19

BRASIL PONTAL Q3 - P27: Em quais das seguintes áreas, os membros do Colegiado receberam capacitação?

Fonte: SGE/CAI Território do Pontal do Paranapanema - SP, 2011

Page 63: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

63

Na escala Pontal o tema em que os membros do Colegiado mais receberam

capacitação, segundo a opinião dos respondentes, foi elaboração de projetos (57,50%);

seguido da elaboração de planos de desenvolvimento (50%) e desenvolvimento territorial,

com 42,50% (Quadro 19). Na escala Brasil os membros do colegiado responderam que o

maior número de capacitações foram sobre planejamento participativo (40,69%), seguidas

de capacitações sobre elaboração de projetos (40,64%) e desenvolvimento territorial, com

40,22% (Quadro 19).

Page 64: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

64

Edital MCT/CNPq/MDA/SDT/UNIVERSIDADE

nº 05/2009 – Gestão de Territórios Rurais

Relatório Analítico

5. Avaliação

de Projetos Avaliação dos efeitos (eficácia e efetividades) dos

investimentos

Instituições:

Presidente Prudente 2011

Page 65: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

65

5. AVALIAÇÃO DE PROJETOS

De acordo com o roteiro do relatório analítico, a parte cinco dedica-se a avaliar os

efeitos (eficácia e efetividade) dos investimentos financeiros em projetos da SDT no

Território, a partir do Questionário 5 – “Avaliação de Projetos de Investimentos”, composto

por 62 perguntas, aplicadas a um representante do colegiado, um representante dos

beneficiários e um representante dos executores, abarcando a coleta de informações

relacionadas às fases de planejamento, execução, incluindo o gerenciamento das

atividades dos empreendimentos em funcionamento e os índices de impacto econômicos

e sócio-culturais.

Antes, porém, de apresentar os resultados obtidos nos 24 projetos avaliados, com

um total de 72 questionários aplicados, faz-se necessária uma contextualização geral dos

projetos, a partir dos dados apresentados no Tabela 25 e Figura 9, que agrupa o conjunto

dos investimentos realizados de acordo com os municípios, número de projetos, valor

total e percentual, entre os anos de 2003 e 2011.

TABELA 25 – PONTAL DO PARANAPANEMA - RANKING DOS MUNICÍPIOS QUE RECEBERAM INVESTIMENTOS DA SDT/MDA – 2003 - 2011

RANKING MUNICÍPIO Nº PROJETOS* VALOR DO

INVESTIMENTO %

VALOR MÉDIO POR PROJETO

1º Mirante do Paranapanema 6 1.034.577,19 22 172.429,53

2º Teodoro Sampaio 7 992.507,13 21 141.786,73

3º Presidente Venceslau 5 515.012,40 11 103.002,48

4º Presidente Epitácio 4 332.542,40 7 83.135,60

5º Rancharia 4 321.946,00 7 80.486,50

6º Sandovalina 3 295.492,00 6 98.497,33

7º Euclides da Cunha 2 165.565,42 4 82.782,71

8º Iepê 1 172.550,00 4 17.2550,00

9º Caiuá 1 122.220,00 3 12.2220,00

10º Martinopólis 2 153.288,00 3 76.644,00

11º Santo Expedito 2 128.503,89 3 64.251,94

12º Anhumas 1 103.000,00 2 103.000,00

13º Estrela do Norte 1 70.000,00 2 70.000,00

14º Presidente Bernardes 1 114.166,00 2 114.166,00

15º Marabá Paulista 1 56.925,42 1 56.925,42

16º Santo Anastácio 1 56.948,70 1 56.948,70

TOTAL 42 4.635.244,55 100 110.362,96

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica – SGE – Banco de Dados da Caixa Econômica Federal – Relatório 24/08/2011. * Na tabela são considerados os investimentos realizados em todos os tipos de projetos, independentemente da sua situação da obra que pode estar: atrasada, concluída, não iniciada ou normal. Organização: CAI do Pontal do Paranapanema, 2011

Page 66: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

66

Observa-se que dentre os 32 municípios que fazem parte do Colegiado (Alfredo

Marcondes, Álvares Machado, Anhumas, Caiabu, Caiuá, Emilianópolis, Estrela do Norte,

Euclides da Cunha Paulista, Iepê, Indiana, João Ramalho, Marabá Paulista, Martinópolis,

Mirante do Paranapanema, Nantes, Narandiba, Piquerobi, Pirapozinho, Presidente

Bernardes, Presidente Epitácio, Presidente Prudente, Presidente Venceslau, Rancharia,

Regente Feijó, Ribeirão dos Índios, Rosana, Sandovalina, Santo Anastácio, Santo

Expedito, Taciba, Tarabai e Teodoro Sampaio), apenas 16 ou 50%, tiveram projetos

aprovados. No mesmo sentido, do total de 42 projetos aprovados, mais de 42%

concentram-se em apenas 3 municípios (Teodoro Sampaio, Mirante do Paranapanema e

Presidente Venceslau), ou 9% dos municípios.

Além desta concentração territorial dos investimentos, é possível observa-se ainda

que os três municípios citados absorveram R$ 2.542.096,72, ou quase 55% do total dos

recursos destinados ao território. À citada concentração territorial, adiciona-se a

concentração financeira, ainda mais se considerarmos que a média dos 18 investimentos

citados alcança R$ 141.227,59, superior aos valores dos investimentos realizados nos

demais municípios e supeiror à media do conjuntos dos investimentos realziados em

todos os municípios.

Do ponto de vista do objeto de cada um destes investimentos, o total dos 42

projetos aprovados referem-se majoritariamente ao apoio direto às atividades

relacionadas à pecuária leiteira relacionada aos agricultores familiares/assentados,

perfazendo 27 projetos ou 64%. Os restantes 15 (36%) são relacionados ao apoio a

hotifruticultura, implantação de barracão de produtor, horta comunitária e outros. Tais

dados podem ser observados no Tabela 26. Mais um elemento de concentração pode

assim ser observado, agora em relação ao direcionamento dos investimentos às

diferentes atividades econômicas a que dão suporte direto ou indireto.

Page 67: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

67

FIGURA 9

Page 68: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

68

TABELA 26 – PONTAL DO PARANAPANEMA - INVESTIMENTOS REALIZADOS SEGUNDO OBJETO, PROPONENTE E VALORES – 2003 - 2011

GRUPO

OBJETO PROPONENTES VALOR DO PROJETO

(R$)

VALOR MDA (R$)

PECUÁRIA LEITEIRA –

AGRICULTORES FAMILIARES

(27 PROJETOS)

AQUISICAO DE TANQUES P/RESFRIAMENTO DE LEITE E CAPACITACAO DE

AGRICULTORES FAMILIARES DA PECUARIA LEITEIRA

PM MARTINOPOLIS 57.787,57 52.826,00

AQUISICAO DE TANQUE DE EXPANSAO PARA RESFRIAMENTO E ARMAZENAMENTO DE

LEITE-1900 LTS

PM PRES. BERNARDES

152.208,44 114.166,00

AQUISICAO DE 02 TANQUES DE EXPANSAO PARA RESFRIAMENTO E ARMAZENAMENTO DE LEITE E INSTALACAO PONTO RECEB E

PROC. DERIVADOS

PM RANCHARIA 76.501,88 48.024,00

AQUISICAO DE TANQUE DE EXPANSAO PARA RESFRIAMENTO E ARMAZE- NAMENTO DE

LEITE-CAPACIDADE 1900 LITROS. PM SANDOVALINA 73.919,74 52.826,00

AQUISICAO DE 01 TANQUE DE EXPANSAO PARA RESFRIAMENTO E ARMA-ZENAMENTO

DE LEITE-CAPACIDADE 1900 LITROS. PM STO EXPEDITO 29.672,17 26.413,00

AQUISICAO TANQUES DE EXPANSAO, PERFURACAO DE POCOS E CAPACITACAO

DE AGRICULTORES PM EUCLIDES DA 78.764,64 56.925,42

AQUISICAO DE TANQUE DE EXPANSAO, CONSTRUCAO DE ABRIGO PARA TANQUE

RESFRIADOR E CAPACITACAO AGRICULTORES

PM MARABA PAULI 67.014,80 56.925,42

AQUISICAO DE TANQUE DE EXPANSAO, CONSTRUCAO DE ABRIGOS PARA TANQUES

RESFRIADORES E CAPACITACAO AGRICULTORES

PM MIR.PARANAPA 65.820,19 56.925,42

PRONAT - INFRA-ESTRUTURA E SERVICOS - TANQUES DE EXPANSAO E CAPACITACAO

PM PRES. EPITACIO 34.606,27 23.474,40

AQUISICAO DE TANQUE DE EXPANSAO, CONSTRUCAO DE ABRIGO E CAPACITACAO

PM PRES VENCESL 33.332,80 23.474,40

TANQUE RESFR. LEITE, CURSOS CAPACITACAO E EQUIPAMENTOS E

REFORMA SALA DIDATICA PM RANCHARIA 123.064,74 90.002,00

TANQUES DE EXPANSAO, POCOS E CAPACITACAO

PM T. SAMPAIO 142.635,26 121.278,13

AQUISICAO DE 02 TANQUES DE EXPANSAO, AQUISICAO DE 01 VEICULOE CAPACITACAO

DE AGRICULTORES PM ESTRELA DO N 78.542,18 70.000,00

AQUISICAO DE 08 TANQUES DE EXPANSAO E CAPACITACAO PRODUTORESRURAIS

PM MIR.PARANAPA 184.800,00 179.250,00

AQUISICAO DE TANQUES DE EXPANSAO E CAPACITACAO DE PRODUTORES

PM PR. EPITACIO 138.600,00 110.880,00

Page 69: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

69

AQUISICAO DE TANQUES DE EXPANSAO, CONTRUCAO DE ABRIGOS E CA-PACITACAO

DE PRODUTORES PM PRES. VENCESL 118.159,86 73.920,00

AQUISICAO DE TANQUE DE EXPANSAO/CONSTRUCAO DE

ABRIGO/CAPACITACAO DE PESSOAL. PM RANCHARIA 38.315,74 18.480,00

AQUISICAO DE TANQUE DE EXPANSAO, POSTO DE RECEBIMENTO DE LEITE E

CAPACITACAO DE PESSOAL PM SANDOVALINA 31.623,20 25.890,00

APOIAR DESENVOLV. BOVINOCULTURA DO LEITE/AQUISICAO DE TANQUES DE

EXPANSAO E CAPACITACAO DE PRODUTORES.

PM T. SAMPAIO 154.917,55 129.300,00

DESENVOLVIMENTO DA BOVINOCULTURA DO LEITE ATRAVES DA IMPLANTACAO DE

UNIDADE DE RESFRIAMENTO. PM EUCLIDES DA 112.000,00 108.640,00

AQUISICAO DE 07 TANQUES RESFRIADORES COM CAP.2000 LTS LEITE, VIVEIRO DE

MUDAS E AQUISICAO DE TANQUE REDE. PM MIR.PARANAPA 171.934,70 167.315,00

APOIO CADEIA PRODUTIVA LEITE PM PRES. EPITACIO 93.700,00 80.000,00

APOIO CADEIA PRODUTIVA LEITE E PISCICULTURA

PM PRES VENCESL 200.435,32 169.000,00

AQUISICAO DE 03 TANQUES RESFRIADOR COM CAPAC 2000 LTS LEITE

PM S.ANASTÁCIO 58.710,00 56.948,70

AQUISICAO DE 02 TANQUES RESFRIADORES DE LEITE, 01 TANQUE DE REDE E

IMPLANTACAO DE 01 VIVEIRO DE MUDAS PM T. SAMPAIO 84.428,24 72.400,00

APOIO BOVINOCULTURA DE LEITE E IMPLANTACAO VIVEIRO MUDAS

PM MARTINOPOLIS 105.750,00 100.462,00

AQUISICAO DE BARRACAS DE FEIRA E RESFRIADORES DE LEITE, COM

CONSTRUCAO DE ABRIGOS. PM T. SAMPAIO 101.500,00 98.455,00

OUTROS (15 PROJETOS)

APOIO PROD HORTIFRUTI, ATER E RECUP VIVEIRO/AQUIS VEICULO, BARRACAS,

EQUIPAM, KIT IRRIGACAO, CONSTR POÇOS, VIVEIRO DE MUDAS

PM MIR.PARANAPA 291.217,76 282.320,00

APOIO OVINOCULT E ESTRUT COLEGIADO TERRIT/AQUIS VEICULO, CONSTRUCAO CENTRO COMUNIT DE OVINOCULTURA,

AQUISÃO MATERIAL ESCRITORIO

PM PRES VENCESL 183.320,96 138.618,00

Page 70: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

70

APOIO BENEFICIAMENTO CAFE E ATER E CAPACITACAO EM COMERCIALIZACAO

PM T. SAMPAIO 228.026,20 221.229,00

IMPLANTACAO DE VIVEIRO DE MUDAS E APOIO A CADEIA PRODUTIVA DO LEITE

ATRAVES DA AQUISICAO DE TANQUES DE EXPANSAO.

PM CAIUA 126.000,00 122.220,00

AQUISICAO DE CAMINHAO, IMPLEMENTOS AGRICOLAS, SOMBRITE, PALAN-QUE, CERCA

E KIT IRRIGACAO PM T. SAMPAIO 177.395,73 153.745,00

APOIO A ATIVIDADE PRODUTIVA DA AGRICULTURA FAMILIAR COM AQUISICAO DE

VEICULOS, MAQUINAS E EQUIPAMENTOS. PM MIR.PARANAPA 188.300,00 174.406,00

APOIO AS FEIRAS LIVRES ATRAVES DA AQUISICAO DE VEICULO, BARRACAS E

EQUIPAMENTOS. PM PRES. EPITACIO 128.220,00 118.188,00

APOIO A PRODUCAO AGRICOLA FAMILIAR ATRAVES DA IMPLANTACAO DE VIVEIRO DE

MUDAS E HORTA COMUNITARIA. PM SANDOVALINA 221.200,00 216.776,00

FORTALECIMENTO DA PRODUCAO AGRICOLA FAMILIAR/AQUISICAO DE TRATOR

E IMPLEMENTOS AGRICOLAS. PM T. SAMPAIO 128.509,00 126.100,00

CONSTRUCAO DE UM BARRACAO COMUNITARIO

PM ANHUMAS 106.000,00 103.000,00

AQUISICAO DE VEICULO DE CARGA E BARRACAS DE FEIRA

PM IEPE 178.000,00 172.550,00

APOIO A INFRAESTRUTURA DE PRODUCAO E PADRONIZACAO DE

HORTIFRUTIGRANJEIROS PM MIR. PARANAPA 180.360,77 174.360,77

CONSTRUCAO DO BARRACAO COMUNITARIO DO PRODUTOR

PM PRES VENCESL 113.802,66 110.000,00

CONSTRUCAO DE BARRACAO NO ASSENTAMENTO SAO PEDRO

PM RANCHARIA 172.480,00 165.440,00

Page 71: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

71

AQUISICAO DE EQUIPAMENTOS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS.

PM STO EXPEDITO 105.248,34 102.090,89

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica – SGE – Banco de Dados da Caixa Econômica Federal – Relatório 24/08/2011. *

Na tabela são considerados os investimentos realizados em todos os tipos de projetos, independentemente da sua situação da obra que pode estar: atrasada, concluída, não iniciada ou normal. Organização: CAI do Pontal do Paranapanema, 2011

Em síntese, uma primeira avaliação indica que durante estes últimos nove anos

houve uma persistente concentração dos investimentos para alguns municípios, com

projetos de valor em geral acima da média dos demais e com forte direcionamento a um

rol de atividades econômicas pouco diversificadas. Está é uma das dimensões analíticas,

mas não a única, que deve nortear a avaliação dos dados relacionados aos questionários

aplicados em 24 projetos, através do Questionário 5.

Para tal análise inicial, ainda, outras questões devem ser ponderadas e analisadas.

Não há como desconsiderar o contexto mais geral do Território, nas dimensões de sua

Contextualização (capítulo1), de sua Identidade (capítulo 2), das capacidades

institucionais (capítulo 3) e da Gestão do Colegiado (capítulo 4) presentes no Território.

Este conjunto de informações constitui-se no “pano de fundo” da leitura dos dados.

No mesmo sentido, a análise deve considerar, sempre que os dados assim o

exigirem as diferenças nas respostas emitidas pelos três tipos de agentes envolvidos em

nos projetos de investimentos realizados, os executores, os membros do colegiado e os

próprios beneficiários. Tais distinções serão traçadas para o Território do Pontal do

Paranapanema, apesar de estarem disponibilizados os dados do total do Brasil através

dos Tabelas apresentados adiante.

Ainda, com base nestas observações preliminares, mas antes de uma análise mais

detalhada dos resultados obtidos, o relatório apresentado pela SDT/MDA, relativo aos

resultados mais gerais do Questionário 5, no contexto do Pontal do Paranapanema indica

outros elementos que devem ser incorporados à análise, senão vejamos.

Considerando-se as fases de Planejamento, Execução e os Indícios de Impactos

dos 24 projetos, para o conjunto dos entrevistados e os indicadores obtidos, a partir do

Tabela 27, demonstra que apenas aquele relativo à fase de Execução obtém um indicador

de desempenho considerado como bom, sendo os demais (principalmente aquele

relacionado diretamente ao planejamento) classificados como ruim, indicando possíveis

relações a serem exploradas com a citada concentração dos investimentos já

apresentada.

Page 72: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

72

TABELA 27 - PONTAL DO PARANAPANEMA – TABELA DE INDICADORES DOS PROJETOS AVALIADOS – QUESTIONÁRIO 5

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica – SGE, 2011

Tais relações podem começar a ser delineadas a partir do Tabela 26, onde se

encontram os indicadores relativos à fase de Planejamento (que engloba a definição da

área de intervenção, diagnóstico e formulação de propostas). É possível observar que o

terceiro item – Atividades sócio-econômicas atendidas pelo projeto – é o mas baixo entre

cinco avaliados, considerado como “Ruim”, o que sugere associação direta com a

pequena diversificação das ações de investimentos, já apontada. Mas também os

resultados chamam a atenção para avaliação “Ruim” dos demais itens, principalmente

aquele que diz respeito às Organizações que têm recebido apoio pelos projetos.

TABELA 28 – PONTAL DO PARANAPANEMA – TABELA DE INDICADORES DA FASE DE PLANEJAMENTO DOS PROJETOS – QUESTIONÁRIO 5

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica – SGE, 2011

Uma análise de tais dados em associação com os resultados obtidos em outras

questões do mesmo questionário possibilita um detalhamento maior para a mais correta

interpretação dos dados.

A Tabela 29, a seguir compara as respostas obtidas para o Brasil e o Pontal do

Paranapanema quando os entrevistados foram solicitados a indicar como os projetos de

investimentos foram definidos: enquanto para o conjunto dos Territórios sobressaem-se

as “Emendas Parlamentares” e “Demanda espontânea dos beneficiários”, no Pontal do

Paranapanema comparecem com os maiores percentuais “Outro instrumento de

Planejamento” e a “Demanda espontânea dos Beneficiários”.

Page 73: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

73

Chama a atenção o baixo percentual de indicações oriundas do PTDRS – Plano

Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável, que no caso do Pontal não recebeu

qualquer menção por parte dos entrevistados, sinalizando um descompasso entre

processos de planejamento instituídos e gestão do território. Ou seja, o instrumento de

planejamento que deveria nortear as ações do Colegiado, na medida em que sua

elaboração incorpora os princípios da participação de todos os agentes envolvidos e a

formulação consensuada de uma visão comum de estratégias parece carecer ainda de

um aprofundamento, seja para aproximar-se das reais demandas dos agentes,seja (do

ponto de vista técnico) para adensar a formulação de propostas.

Não deixa de ser significativo, também, que no caso do Pontal, que a demanda

espontânea dos beneficiários e emendas parlamentares ganhem mais significância por

parte de executores que de membros do colegiado e de beneficiários, que valorizam mais

outros instrumentos de planejamento (de difícil análise posto que sem maiores

detalhamentos).

TABELA 29 – BRASIL E PONTAL DO PARANAPANEMA - INSTRUMENTOS/MEIOS

DE DEFINIÇÃO DOS PROJETOS

Q5 - P10 – BRASIL

Indique como ocorreu a definição do projeto:

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Indicado no PTDRS 16 1 1 18 3

Indicado em outro instrumento de planejamento

37 37 35 109 16

Demanda espontânea dos beneficiários 64 43 45 152 23

Ofertado pela SDT-MDA 18 26 25 69 10

Emenda Parlamentar 62 76 59 197 29

Não sabe 32 39 52 123 18

Não se aplica 1 5 1 7 1

Total 230 227 218 675 100 Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró – RN; Agreste Meridional – PE; Baixo Amazonas – AM; Baixo

Amazonas – PA; Baixo Parnaíba – MA; Borborema – PB; Da Reforma – MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste – AL; Do Alto Sertão – AL; Do Litoral Norte – AL; Do Sisal – BA; Grande Dourados – MS; Inhamuns Crateús – CE; Lençóis Maranhenses/Munin – MA ; Litoral Sul – BA; Manaus e Entorno – AM; Marajó – PA; Mata Sul – PE; Mato Grande – RN; Médio Jequitinhonha – MG; Nordeste Paraense – PA; Noroeste De Minas – MG; Pontal Do Paranapanema – SP; Serra Geral – MG; Sertão Central – CE; Sertão Do Apodi – RN; Sertão Do Pajeú – PE; Sertões De Canindé – CE; Sudeste Paraense – PA; Transamazônica – PA; Vale Do Mucuri – MG; Vale Do Ribeira – PR; Vale Do Rio Vermelho – GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Page 74: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

74

Q5 - P10 – PONTAL

Indique como ocorreu a definição do projeto:

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Indicado no PTDRS 0 0 0 0 0

Indicado em outro instrumento de planejamento

6 12 12 30 42

Demanda espontânea dos beneficiários

9 4 3 16 22

Ofertado pela SDT-MDA 0 4 2 6 8

Emenda Parlamentar 5 1 0 6 8

Não sabe 3 2 7 12 17

Não se aplica 1 1 0 2 3

Total 24 24 24 72 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

O próximo Tabela apresenta, por outro lado, a informação relativa à participação do

beneficiários na elaboração do projeto. Tanto no que se refere ao Brasil quanto,

principalmente, em relação ao Pontal do Paranapanema observa-se uma posição

majoritária das respostas apontando que houve participação na definição do projetos, ou

seja, sobre o tipo de projeto, sua localização etc. No caso do Pontal do Paranapanema,

inclusive, faz-se necessário observar o pequeno percentual de respostas relacionadas ao

“Não sabe”, apenas 3% quando comparada ao total do Brasil que alcança mais de 10%

(Tabela 30).

TABELA 30 - BRASIL E PONTAL DO PARANAPANEMA - PARTICIPAÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS NA ELABORAÇÃO DOS PROJETOS

Q5 - P12 - BRASIL

Houve participação dos beneficiários na elaboração do

projeto?

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Sim 139 113 114 366 54

Não 67 82 83 232 34

Não sabe 23 31 19 73 11

Não se aplica 1 1 2 4 1

Total 230 227 218 675 100 Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró – RN; Agreste Meridional – PE; Baixo Amazonas – AM;

Baixo Amazonas – PA; Baixo Parnaíba – MA; Borborema – PB; Da Reforma – MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste – AL; Do Alto Sertão – AL; Do Litoral Norte – AL; Do Sisal – BA; Grande Dourados – MS; Inhamuns Crateús – CE; Lençóis Maranhenses/Munin – MA ; Litoral Sul – BA; Manaus e Entorno – AM; Marajó – PA; Mata Sul – PE; Mato Grande – RN; Médio Jequitinhonha – MG; Nordeste Paraense – PA; Noroeste De Minas – MG; Pontal Do Paranapanema – SP; Serra Geral – MG; Sertão Central – CE; Sertão Do Apodi – RN; Sertão Do Pajeú – PE; Sertões De Canindé – CE; Sudeste Paraense – PA; Transamazônica – PA; Vale Do Mucuri – MG; Vale Do Ribeira – PR; Vale Do Rio Vermelho – GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Porém, quando desagregados os dados pelos agentes analisados, não deixa de

ser interessante notar que são os próprios beneficiários que menos apontam sua

participação na definição dos projetos, recaindo tais indicações sobre executores e o

colegiado.

Page 75: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

75

Q5 - P12 – PONTAL

Houve participação dos beneficiários na elaboração do

projeto?

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Sim 17 18 12 47 65

Não 7 6 10 23 32

Não sabe 0 0 2 2 3

Não se aplica 0 0 0 0 0

Total 24 24 24 72 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Buscando mais informações relacionadas a esta participação dos beneficiários é

possível encontrar um dado significativo a partir do Tabela 31 no qual aparecem os

maiores percentuais de participação, no Pontal do Paranapanema, nas fases de definição

do “tipo de projeto”, sobre a definição da área de intervenção e no acompanhamento da

implementação, em todos os casos apresentando percentuais acima daqueles

encontrados para o Brasil. Mais que uma aparente contradição entre estas respostas e a

anterior relativa à não utilização do PTDRS, sugere-se a existência de fortes mecanismos

de interação entre o conjunto do Colegiado, suas Câmaras Técnicas e beneficiários, o

que tem garantido a formulação e implementação de projetos de maneira mais objetiva.

TABELA 31 - BRASIL E PONTAL DO PARANAPANEMA - FASES DE PARTICIPAÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS

Q5 - P13 – BRASIL

Havendo participação dos beneficiários, em que fase(s) do

projeto ela ocorreu?

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Na definição da área de intervenção 56 42 50 148 12

Na definição do tipo de projeto 96 70 68 234 19

Na elaboração do diagnóstico 55 53 58 166 14

Na concepção do projeto 44 38 39 121 10

No acompanhamento do processo de implementação

53 41 55 149 12

Na gestão do projeto 41 34 37 112 9

Não sabe 15 18 17 50 4

Não se aplica 78 84 77 239 19

Outro 1 5 2 8 1

Total 439 385 403 1227 100 Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró – RN; Agreste Meridional – PE; Baixo Amazonas – AM;

Baixo Amazonas – PA; Baixo Parnaíba – MA; Borborema – PB; Da Reforma – MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste – AL; Do Alto Sertão – AL; Do Litoral Norte – AL; Do Sisal – BA; Grande Dourados – MS; Inhamuns Crateús – CE; Lençóis Maranhenses/Munin – MA ; Litoral Sul – BA; Manaus e Entorno – AM; Marajó – PA; Mata Sul – PE; Mato Grande – RN; Médio Jequitinhonha – MG; Nordeste Paraense – PA; Noroeste De Minas – MG; Pontal Do Paranapanema – SP; Serra Geral – MG; Sertão Central – CE; Sertão Do Apodi – RN; Sertão Do Pajeú – PE; Sertões De Canindé – CE; Sudeste Paraense – PA; Transamazônica – PA; Vale Do Mucuri – MG; Vale Do Ribeira – PR; Vale Do Rio Vermelho – GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Page 76: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

76

Q5 - P13 – PONTAL

Havendo participação dos beneficiários, em que fase(s) do

projeto ela ocorreu?

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Na definição da área de intervenção 11 7 6 24 17

Na definição do tipo de projeto 14 11 4 29 21

Na elaboração do diagnóstico 5 4 0 9 7

Na concepção do projeto 6 3 0 9 7

No acompanhamento do processo de implementação

11 8 4 23 17

Na gestão do projeto 7 7 4 18 13

Não sabe 0 0 2 2 1

Não se aplica 7 5 10 22 16

Outro 0 1 1 2 1

Total 61 46 31 138 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Executores e Colegiado lideram em todas as respostas sobre a participação dos

beneficiários, particularmente em relação ao tipo de projeto, sua concepção e

diagnósticos. Os própios beneficiários, por sua vez, ao não se reconhecerem nestas

etapas, respondem majoritariamente com o “não se aplica”.

Ao identificarem as ações utilizadas para o Planejamento do Projeto, as respostas

apontam para “Capacitação e formação” e “Assistência técnica em produção” em

percentuais acima dos verificados para o Brasil, indicando as interações entre os agentes

executores, o Colegiados e os Beneficiários e minimizando, de alguma maneira, a

ausência de um processo formal de planejamento (Tabela 32).

Porem, mais uma vez aqui, o menor número de respostas dos Beneficiários ajudam

a compor um Tabela inicial em que sobressae apenas o item capacitação/formação como

indicado por eles, não havendo um grande reconhecimento de outras ações relacionadas

ao projeto como relevantes.

Complementarmente, mas não menos importante, os critérios para a elegibilidade

dos projetos indicam que, tanto no nível nacional quanto no Pontal do Paranapanema, o

foco na agricultura familiar garante um direcionamento dos esforços para ações voltadas

a este segmento (Tabela 33). Porém, no caso do Pontal do Paranapanema, aparecem

com força e de maneira coerente com a realidade regional os “assentados de projetos de

reforma agrária” e a “participação em asociações/cooperativas”.

Page 77: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

77

TABELA 32 - BRASIL E PONTAL DO PARANAPANEMA - AÇÕES DE PLANEJAMENTO

Q5 - P21 – BRASIL

Quais ações abaixo foram utilizadas no planejamento do

projeto?

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Capacitação/Formação 120 108 98 326 20

Levantamento de informações 143 123 120 386 24

Assistência técnica em produção 116 80 83 279 17

Assessoria em gestão 48 28 41 117 7

Visitas técnicas e intercâmbios 96 70 63 229 14

Integração à redes 27 18 23 68 4

Acesso a crédito 43 26 34 103 6

Não sabe 29 24 38 91 6

Não se aplica 8 16 4 28 2

Outro 1 0 1 2 0

Total 631 493 505 1629 100 Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró – RN; Agreste Meridional – PE; Baixo Amazonas – AM;

Baixo Amazonas – PA; Baixo Parnaíba – MA; Borborema – PB; Da Reforma – MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste – AL; Do Alto Sertão – AL; Do Litoral Norte – AL; Do Sisal – BA; Grande Dourados – MS; Inhamuns Crateús – CE; Lençóis Maranhenses/Munin – MA ; Litoral Sul – BA; Manaus e Entorno – AM; Marajó – PA; Mata Sul – PE; Mato Grande – RN; Médio Jequitinhonha – MG; Nordeste Paraense – PA; Noroeste De Minas – MG; Pontal Do Paranapanema – SP; Serra Geral – MG; Sertão Central – CE; Sertão Do Apodi – RN; Sertão Do Pajeú – PE; Sertões De Canindé – CE; Sudeste Paraense – PA; Transamazônica – PA; Vale Do Mucuri – MG; Vale Do Ribeira – PR; Vale Do Rio Vermelho – GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Q5 - P21 – PONTAL

Quais ações abaixo foram utilizadas no planejamento do

projeto?

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Capacitação/Formação 21 19 16 56 28

Levantamento de informações 17 11 7 35 17

Assistência técnica em produção 22 14 8 44 22

Assessoria em gestão 12 3 0 15 7

Visitas técnicas e intercâmbios 18 7 4 29 14

Integração à redes 3 1 0 4 2

Acesso a crédito 9 1 1 11 5

Não sabe 0 2 3 5 2

Não se aplica 1 1 0 2 1

Outro 0 0 0 0 0

Total 103 59 39 201 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Page 78: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

78

TABELA 33 - BRASIL E PONTAL DO PARANAPANEMA - CRITÉRIOS PARA ELEGIBILIDADE

Q5 - P15 – BRASIL

Indique os critérios utilizados para a elegibilidade dos beneficiários do

projeto:

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Nível da renda 77 50 51 178 10

Potencial produtivo 109 99 82 290 17

Gênero 5 10 9 24 1

Integração de comunidades tradicionais 36 18 21 75 4

Grupos etários 5 6 7 18 1

Participação nas instâncias colegiadas 37 36 23 96 6

Participação em associações/ cooperativas

107 92 82 281 17

Assentados da reforma agrária 71 62 48 181 11

Ser agricultor familiar 169 145 127 441 26

Não houve critérios definidos previamente 7 12 10 29 2

Não sabe 16 14 18 48 3

Não se aplica 5 5 8 18 1

Outro 7 4 13 24 1

Total 651 553 499 1703 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró – RN; Agreste Meridional – PE; Baixo Amazonas – AM;

Baixo Amazonas – PA; Baixo Parnaíba – MA; Borborema – PB; Da Reforma – MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste – AL; Do Alto Sertão – AL; Do Litoral Norte – AL; Do Sisal – BA; Grande Dourados – MS; Inhamuns Crateús – CE; Lençóis Maranhenses/Munin – MA ; Litoral Sul – BA; Manaus e Entorno – AM; Marajó – PA; Mata Sul – PE; Mato Grande – RN; Médio Jequitinhonha – MG; Nordeste Paraense – PA; Noroeste De Minas – MG; Pontal Do Paranapanema – SP; Serra Geral – MG; Sertão Central – CE; Sertão Do Apodi – RN; Sertão Do Pajeú – PE; Sertões De Canindé – CE; Sudeste Paraense – PA; Transamazônica – PA; Vale Do Mucuri – MG; Vale Do Ribeira – PR; Vale Do Rio Vermelho – GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Q5 - P15 – PONTAL

Indique os critérios utilizados para a elegibilidade dos beneficiários do

projeto:

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Nível da renda 9 2 4 15 8

Potencial produtivo 15 10 7 32 17

Gênero 1 0 0 1 1

Integração de comunidades tradicionais 3 2 2 7 4

Grupos etários 0 0 0 0 0

Participação nas instâncias colegiadas 2 1 0 3 2

Participação em associações/ cooperativas

17 11 8 36 19

Assentados da reforma agrária 17 13 14 44 24

Ser agricultor familiar 20 14 14 48 26

Não houve criterios definidos previamente 0 0 0 0 0

Não sabe 0 0 0 0 0

Não se aplica 0 0 0 0 0

Outro 1 0 0 1 1

Total 85 53 49 187 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Page 79: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

79

As parcerias com as Prefeituras são majoritariamente os instrumentos que

garantem a implantação dos projetos no Pontal do Paranapanema, acima do percentual

registrado no Brasil (Tabela 34). Reafirma-se, assim, a interação entre os agentes.

Porém, a baixa participação apontada de “Organizações da sociedade civil” e de

“Entidades de Assistência técnica” sinaliza a necessidade de uma ação específica para

que a participação de tais agentes se faça mais presente, não apenas na fase de

planejamento dos projetos, mas na sua implementação e acompanhamento.

TABELA 34 - BRASIL E PONTAL DO PARANAPANEMA - PARCERIAS PARA IMPLANTAÇÃO DOS PROJETOS

Q5 - P23 – BRASIL

Indique as parcerias firmadas para a implantação do projeto:

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Parcerias com a Prefeitura 212 195 189 596 41

Parcerias com o Governo do Estado 78 69 77 224 15

Parcerias com Organizações da sociedade civil

104 106 78 288 20

Parcerias com Entidades de Assistência Técnica

107 88 71 266 18

Não houve parcerias 4 4 6 14 1

Não sabe 3 11 11 25 2

Não se aplica 5 7 3 15 1

Outro 8 10 7 25 2

Total 521 490 442 1453 100 Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró – RN; Agreste Meridional – PE; Baixo Amazonas – AM; Baixo

Amazonas – PA; Baixo Parnaíba – MA; Borborema – PB; Da Reforma – MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste – AL; Do Alto Sertão – AL; Do Litoral Norte – AL; Do Sisal – BA; Grande Dourados – MS; Inhamuns Crateús – CE; Lençóis Maranhenses/Munin – MA ; Litoral Sul – BA; Manaus e Entorno – AM; Marajó – PA; Mata Sul – PE; Mato Grande – RN; Médio Jequitinhonha – MG; Nordeste Paraense – PA; Noroeste De Minas – MG; Pontal Do Paranapanema – SP; Serra Geral – MG; Sertão Central – CE; Sertão Do Apodi – RN; Sertão Do Pajeú – PE; Sertões De Canindé – CE; Sudeste Paraense – PA; Transamazônica – PA; Vale Do Mucuri – MG; Vale Do Ribeira – PR; Vale Do Rio Vermelho – GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Q5 - P23 – PONTAL

Indique as parcerias firmadas para a implantação do projeto:

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Parcerias com a Prefeitura 24 21 21 66 48

Parcerias com o Governo do Estado 9 7 5 21 15

Parcerias com Organizações da sociedade civil

8 2 3 13 9

Parcerias com Entidades de Assistência Técnica

11 4 5 20 14

Não houve parcerias 0 1 1 2 1

Não sabe 0 1 2 3 2

Não se aplica 0 0 0 0 0

Outro 2 8 3 13 9

Total 54 44 40 138 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Page 80: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

80

Interessante observar que as parcerias com Prefeituras são apontadas de maneira

significativa pelos três segmentos, o que não se repete para as demais parcerias que são

sempre mais lembradas e apontadas por executores e colegiado.

A etapa de execução, que diz respeito às ações para garantir uma boa gestão do

projeto, obtém os melhores indicadores, sistematicamente acima de 5 (ou seja, de

“Regular a Bom”) de acordo com o Tabela 35. O item pior avaliado é o de Capacidade de

execução e o melhor refere-se ao nível de funcionamento do projeto. A participação dos

beneficiários encontra-se apenas um pouco acima do “Regular”.

TABELA 35 – PONTAL DO PARANAPANEMA – TABELA DE INDICADORES DA FASE DE EXECUÇÃO DOS PROJETOS – QUESTIONÁRIO 5

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica – SGE, 2011

Um detalhamento maior de tais informações pode ser realizado através das

respostas obtidas sobre a instância gestora do projeto. O Tabela 36 apresenta tais dados

e é possível verificar, tanto para o Brasil como para o Pontal do Paranapanema, a

predominância de Prefeituras e Associações. Porém, de maneira invertida, enquanto as

primeira são majoritárias para o conjunto dos Territórios, no caso do Pontal, as

Associações adquirem maior protagonismo.

TABELA 36 - BRASIL E PONTAL DO PARANAPANEMA - INSTÂNCIA GESTORA

Q5 - P32 – BRASIL

Indique a instância gestora do projeto:

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Prefeitura 150 139 124 413 50

Associação 94 91 92 277 33

Cooperativa 21 16 10 47 6

Movimentos sociais 9 12 5 26 3

Não sabe 9 10 3 22 3

Não se aplica 2 5 2 9 1

Outro 16 12 12 40 5

Total 301 285 248 834 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró – RN; Agreste Meridional – PE; Baixo Amazonas – AM; Baixo

Amazonas – PA; Baixo Parnaíba – MA; Borborema – PB; Da Reforma – MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste – AL; Do Alto Sertão – AL; Do Litoral Norte – AL; Do Sisal – BA; Grande Dourados – MS; Inhamuns Crateús – CE; Lençóis Maranhenses/Munin – MA ; Litoral Sul – BA; Manaus e Entorno – AM; Marajó – PA; Mata Sul – PE; Mato Grande – RN; Médio Jequitinhonha – MG; Nordeste Paraense – PA; Noroeste De Minas – MG; Pontal Do Paranapanema – SP; Serra Geral – MG; Sertão Central – CE; Sertão Do Apodi – RN; Sertão Do Pajeú – PE; Sertões De Canindé – CE; Sudeste Paraense – PA; Transamazônica – PA; Vale Do Mucuri – MG; Vale Do Ribeira – PR; Vale Do Rio Vermelho – GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Page 81: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

81

Q5 - P32 – PONTAL

Indique a instância gestora do projeto:

Quantidade %

Executor

Colegiado

Beneficiário

Todos juntos

Prefeitura 17 13 13 43 39

Associação 22 21 19 62 57

Cooperativa 0 0 1 1 1

Movimentos sociais 0 1 0 1 1

Não sabe 0 0 0 0 0

Não se aplica 0 0 0 0 0

Outro 0 2 0 2 2

Total 39 37 33 109 100 Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

A concentração entre Prefeituras e Associações, por outro lado é comum entre os

tres tipos de beenficários, sinalizando convergências que reforçam os mecanismos

formais e informais que presidem a execução dos projetos (Tabela 36).

A gestão do projeto, apresenta percentuais significativos de participação dos

usuários no Pontal em comparação com o Brasil, onde predomina a presença das

Prefeituras Municipais (Tabela 37). A presença de mecanismos de gestão e a articulação

entre o Colegiado e os beneficiários também são superiores quando comparadas as duas

escalas de análise e o conjunto das respostas reforçam mecanismos de participação para

além daqueles oficialmente estabelecidos no PTDRS.

TABELA 37 – BRASIL E PONTAL DO PARANAPANEMA - PROCESSO DE GESTÃO

Q5 - P42 – BRASIL

Como se caracteriza o processo de gestão?

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Não há um processo de gestão caracterizado

22 27 20 69 10

No âmbito da prefeitura municipal 97 74 66 237 35

Dentro dos colegiados territoriais 11 8 12 31 5

Com ampla participação dos beneficiários

49 59 70 178 26

A partir da articulação entre o Colegiado e os beneficiários

26 18 17 61 9

Não sabe 14 23 19 56 8

Não se aplica 11 18 14 43 6

Total 230 227 218 675 100 Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró – RN; Agreste Meridional – PE; Baixo Amazonas – AM; Baixo

Amazonas – PA; Baixo Parnaíba – MA; Borborema – PB; Da Reforma – MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste – AL; Do Alto Sertão – AL; Do Litoral Norte – AL; Do Sisal – BA; Grande Dourados – MS; Inhamuns Crateús – CE; Lençóis Maranhenses/Munin – MA ; Litoral Sul – BA; Manaus e Entorno – AM; Marajó – PA; Mata Sul – PE; Mato Grande – RN; Médio Jequitinhonha – MG; Nordeste Paraense – PA; Noroeste De Minas – MG; Pontal Do Paranapanema – SP; Serra Geral – MG; Sertão Central – CE; Sertão Do Apodi – RN; Sertão Do Pajeú – PE; Sertões De Canindé – CE; Sudeste Paraense – PA; Transamazônica – PA; Vale Do Mucuri – MG; Vale Do Ribeira – PR; Vale Do Rio Vermelho – GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Page 82: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

82

Q5 - P42 – PONTAL

Como se caracteriza o processo de gestão?

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Não há um processo de gestão caracterizado

0 1 2 3 4

No âmbito da prefeitura municipal 11 1 2 14 19

Dentro dos colegiados territoriais 0 0 0 0 0

Com ampla participação dos beneficiários

11 16 15 42 58

A partir da articulação entre o Colegiado e os beneficiários

2 4 4 10 14

Não sabe 0 2 1 3 4

Não se aplica 0 0 0 0 0

Total 24 24 24 72 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

No âmbito, ainda, do processo de gestão, os Beneficiários são majoritários em

apontar sua ampla participação dentre todos os elementos que caracterizam o processo

enquanto os executores apontam as Prefeituras. Já os membros do colegiado não

reconhecem as Prefeituras com a mesma força em sua articulação com os Beneficiários.

Por fim, a referência ao prazo de execução das obras, importante quando se

considera a implantação dos projetos sinalizam, a mesma tendência geral para o Brasil e

o Pontal do Paranapanema (Tabela 38). Majoritariamente os projetos demoram entre 4 a

6 e acima de 6 anos entre a a contratação e o início da operação, com clara

preponderância da primeira em relação à segunda classe, no Pontal.

TABELA 38 - BRASIL E PONTAL DO PARANAPANEMA - PRAZOS PARA EXECUÇÃO DAS OBRAS

Q5 - P46 – BRASIL

Entre a contratação e o início da operação do projeto, qual foi o prazo de execução das obras?

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Até 1 ano 2 3 2 7 1

De 1 a 2 anos 3 2 6 11 2

De 2 a 4 anos 31 23 17 71 11

De 4 a 6 anos 68 58 58 184 27

Acima de 6 anos 74 51 65 190 28

Não sabe 38 68 52 158 23

Não se aplica 14 22 18 54 8

Total 230 227 218 675 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró – RN; Agreste Meridional – PE; Baixo Amazonas

– AM; Baixo Amazonas – PA; Baixo Parnaíba – MA; Borborema – PB; Da Reforma – MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste – AL; Do Alto Sertão – AL; Do Litoral Norte – AL; Do Sisal – BA; Grande Dourados – MS; Inhamuns Crateús – CE; Lençóis Maranhenses/Munin – MA ; Litoral Sul – BA; Manaus e Entorno – AM; Marajó – PA; Mata Sul – PE; Mato Grande – RN; Médio Jequitinhonha – MG; Nordeste Paraense – PA; Noroeste De Minas – MG; Pontal Do Paranapanema – SP; Serra Geral – MG; Sertão Central – CE; Sertão Do Apodi – RN; Sertão Do Pajeú – PE; Sertões De Canindé – CE; Sudeste Paraense – PA; Transamazônica – PA; Vale Do Mucuri – MG; Vale Do Ribeira – PR; Vale Do Rio Vermelho – GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Page 83: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

83

Q5 - P46 – PONTAL

Entre a contratação e o início da operação do projeto, qual foi o prazo de execução das obras?

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Até 1 ano 0 0 0 0 0

De 1 a 2 anos 0 0 0 0 0

De 2 a 4 anos 2 6 3 11 15

De 4 a 6 anos 11 12 11 34 47

Acima de 6 anos 10 5 7 22 31

Não sabe 1 1 3 5 7

Não se aplica 0 0 0 0 0

Total 24 24 24 72 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

As diferenças entre os segmentos apenas aparecem de maneira apenas um pouco

mais significativa nas classes de 2 a 4 anos e acima de 6 anos. Porém, não de maneira a

influenciar decisivamente o conjunto das respostas.

Os índices de impactos, Tabela 39, – que visam identificar a abrangência dos

resultados, atividades promovidas, nível de funcionamento do projeto, gerenciamento do

empreendimento e comparação entre os resultados previstos e alcançados por eles –

situam-se majoritariamente com indicadores considerados “Ruins”, a exceção dos

Impactos positivos na qualidade de vida dos beneficiários, considerado como “Regular”.

Assim, os publicos atendidos, o tamanho do mercado atendido e os impactos positivos

nas condições sócio-políticas-econômicas direcionam-se a uma avaliação baixa ou até

mesmo negativa dos impactos.

TABELA 39 – PONTAL DO PARANAPANEMA – TABELA DE INDICADORES DE IMPACTO DOS PROJETOS – QUESTIONÁRIO 5

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica – SGE, 2011

Page 84: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

84

A desagregação de tais dados, a partir de algumas questões particulares,

colaboram para a qualificação das respostas.

Assim, o Tabela 40, a seguir, reforça o direcionamento dos projetos para

agricultores familiares e para assentados da reforma agrária de maneira direta,

apresentando os demais possíveis públicos-alvo uma participação pequena ou nula. Para

além da coerência de tais resulatdos com aqueles apresentados na questão de número

15 já apresentada, ressalta-se aqui a coerência mais geral com as próprias

caracterísiticas do Território em questão, mesmo que os assentados sejam apontados

com 9% menos de citações.

TABELA 40 - BRASIL E PONTAL DO PARANAPANEMA - PÚBLICOS ATENDIDOS

Q5 - P48 – BRASIL

O projeto atende a quais públicos? Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Agricultores familiares 204 184 196 584 39

Assentados da reforma agrária 97 95 89 281 19

Pescadores/ribeirinhos 28 27 28 83 6

Mulheres 68 67 65 200 13

Jovens 70 72 62 204 14

Quilombolas 15 15 19 49 3

Indígenas 2 2 11 15 1

Não sabe 6 10 3 19 1

Não se aplica 8 16 4 28 2

Outro 9 9 12 30 2

Total 507 497 489 1493 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró – RN; Agreste Meridional – PE; Baixo Amazonas –

AM; Baixo Amazonas – PA; Baixo Parnaíba – MA; Borborema – PB; Da Reforma – MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste – AL; Do Alto Sertão – AL; Do Litoral Norte – AL; Do Sisal – BA; Grande Dourados – MS; Inhamuns Crateús – CE; Lençóis Maranhenses/Munin – MA ; Litoral Sul – BA; Manaus e Entorno – AM; Marajó – PA; Mata Sul – PE; Mato Grande – RN; Médio Jequitinhonha – MG; Nordeste Paraense – PA; Noroeste De Minas – MG; Pontal Do Paranapanema – SP; Serra Geral – MG; Sertão Central – CE; Sertão Do Apodi – RN; Sertão Do Pajeú – PE; Sertões De Canindé – CE; Sudeste Paraense – PA; Transamazônica – PA; Vale Do Mucuri – MG; Vale Do Ribeira – PR; Vale Do Rio Vermelho – GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Q5 - P48 – PONTAL

O projeto atende a quais públicos? Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Agricultores familiares 21 18 22 61 48

Assentados da reforma agrária 15 17 17 49 39

Pescadores/ribeirinhos 1 0 0 1 1

Mulheres 6 2 1 9 7

Jovens 3 2 1 6 5

Quilombolas 0 0 0 0 0

Indígenas 0 0 0 0 0

Não sabe 0 0 0 0 0

Não se aplica 0 0 0 0 0

Outro 0 0 0 0 0

Total 46 39 41 126 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Page 85: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

85

As diferenças entre executores, colegiado e Beneficiários aqui, também, não são

significativas, devendo ser resaltado, apenas, as maiores citações de

pescadores/ribeirinhos, mulheres e jovens por parte de executores.

Um dos indicadores de impacto presentes no questionário sob análise pode ser

auferido a partir do Tabela 41. Quando instados a responder o quanto os projetos

produziram melhorias na qualidade de via dos beneficiários observa-se, no Pontal, uma

preponderência de melhores avaliações que no somatório dos Territórios. As opções

quatro e cinco (“Melhorou muito a qualidade de vida”) recebem juntas 72% das respostas,

em comparação com o Brasil, onde atingem 62%. No mesmo sentido, os precentuais de

respostas relacionadas aos itens um e dois (que referem-se a avaliações negativas)

alcançam, juntos, apenas 4% no Pontal, enquanto para o o Brasil perfazem 14%.

TABELA 41 - BRASIL E PONTAL DO PARANAPANEMA - INDICADOR DE MELHORIA DE QUALIDADE DE VIDA

Q5 - P51 – BRASIL

Utilizando a escala abaixo, avalie o quanto melhorou a qualidade

de vida dos beneficiados, após a implementação do projeto:

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

1 - Não melhorou a qualidade de vida

4 23 15 42 6

2 18 22 15 55 8

3 37 50 35 122 18

4 79 60 67 206 31

5 - Melhorou muito a qualidade de vida

51 27 64 142 21

Não sabe 11 23 5 38 6

Não se aplica 30 22 17 70 10

Total 230 227 218 675 100 Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró – RN; Agreste Meridional – PE; Baixo Amazonas

– AM; Baixo Amazonas – PA; Baixo Parnaíba – MA; Borborema – PB; Da Reforma – MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste – AL; Do Alto Sertão – AL; Do Litoral Norte – AL; Do Sisal – BA; Grande Dourados – MS; Inhamuns Crateús – CE; Lençóis Maranhenses/Munin – MA ; Litoral Sul – BA; Manaus e Entorno – AM; Marajó – PA; Mata Sul – PE; Mato Grande – RN; Médio Jequitinhonha – MG; Nordeste Paraense – PA; Noroeste De Minas – MG; Pontal Do Paranapanema – SP; Serra Geral – MG; Sertão Central – CE; Sertão Do Apodi – RN; Sertão Do Pajeú – PE; Sertões De Canindé – CE; Sudeste Paraense – PA; Transamazônica – PA; Vale Do Mucuri – MG; Vale Do Ribeira – PR; Vale Do Rio Vermelho – GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Page 86: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

86

Q5 - P51 – PONTAL

Utilizando a escala abaixo, avalie o quanto melhorou a qualidade

de vida dos beneficiados, após a implementação do projeto:

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

1 - Não melhorou a qualidade de vida

0 0 0 0 0

2 0 1 2 3 4

3 6 9 2 17 24

4 10 10 9 29 40

5 - Melhorou muito a qualidade de vida

8 4 11 23 32

Não sabe 0 0 0 0 0

Não se aplica 0 0 0 0 0

Total 24 24 24 72 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Do ponto de vista dos segmentos dos respondentes, percebe-se que aumenta a

presença de avaliações positivas entre os Beneficiários de acordo com a escala de

melhoria da qualidade, com tendência ligeiramente inversa entre executores e colegiado.

Mais significativos, ainda, são as informações que qualificam as melhorias apontadas na

questão anterior e o Tabela 42 acaba por revelar que no caso do Pontal as atenções

direcionam-se e focalizam-se na ampliação da qualidade do produto e de sua maior

competitividades, dois elementos diretamente relacionados à dimensão econômica das

relações estabelecidas no Território. A contraposição ao Brasil é válida na medida em

que, para o conjunto, observa-se uma maior distribuição entre as diferentes alternativas,

sendo que as mais citadas referem-se às melhorias em infra-estrutura.

Page 87: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

87

TABELA 42 - BRASIL E PONTAL DO PARANAPANEMA - MUDANÇAS NO TERRITÓRIO

Q5 - P52 – BRASIL

Quais mudanças no Território podem ser atribuídas à implementação do

projeto:

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Melhoria da infra-estrutura 145 106 118 369 9

Aumento da produção primária 116 78 91 285 7

Melhoria da qualidade do produto 107 95 116 318 8

Maior acesso a mercados 111 83 98 292 7

Integração da cadeia produtiva 94 69 67 230 6

Redução de custos de produção 93 67 71 231 6

Maior competitividade do produto 80 68 75 223 6

Incremento tecnológico 66 57 54 177 4

Aumento do nível de organização da comunidade

104 94 89 287 7

Fortalecimento de redes 45 40 38 123 3

Recuperação de passivos ambientais 32 28 33 93 2

Aumento da disponibilidade de alimentos 70 42 49 161 4

Aumento da participação do trabalho das mulheres na geração de renda da família

55 32 45 132 3

Maior envolvimento dos jovens 52 37 48 137 3

Aumento da auto-estima da comunidade 103 79 93 275 7

Melhoria das habilidades/competências locais

53 30 40 123 3

Maior acesso a atividades culturais 24 18 24 66 2

Melhor qualidade na formação sócio-cultural

34 18 24 76 2

Melhores condições de ensino para a formação escolar

25 20 25 70 2

Maior número de alunos atendidos 17 22 18 57 1

Melhoria da qualidade das condições ambientais

32 29 33 94 2

Não sabe 8 15 12 35 1

Não se aplica 19 27 18 64 2

Outro 3 9 7 19 0

Total 1488 1163 1286 3937 100 Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró – RN; Agreste Meridional – PE; Baixo Amazonas

– AM; Baixo Amazonas – PA; Baixo Parnaíba – MA; Borborema – PB; Da Reforma – MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste – AL; Do Alto Sertão – AL; Do Litoral Norte – AL; Do Sisal – BA; Grande Dourados – MS; Inhamuns Crateús – CE; Lençóis Maranhenses/Munin – MA ; Litoral Sul – BA; Manaus e Entorno – AM; Marajó – PA; Mata Sul – PE; Mato Grande – RN; Médio Jequitinhonha – MG; Nordeste Paraense – PA; Noroeste De Minas – MG; Pontal Do Paranapanema – SP; Serra Geral – MG; Sertão Central – CE; Sertão Do Apodi – RN; Sertão Do Pajeú – PE; Sertões De Canindé – CE; Sudeste Paraense – PA; Transamazônica – PA; Vale Do Mucuri – MG; Vale Do Ribeira – PR; Vale Do Rio Vermelho – GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Page 88: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

88

Q5 - P52 – PONTAL

Quais mudanças no Território podem ser atribuídas à

implementação do projeto:

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Melhoria da infra-estrutura 13 9 10 32 8

Aumento da produção primária 13 10 5 28 7

Melhoria da qualidade do produto 17 22 24 63 15

Maior acesso a mercados 15 6 10 31 7

Integração da cadeia produtiva 11 7 5 23 5

Redução de custos de produção 14 10 7 31 7

Maior competitividade do produto 18 15 15 48 11

Incremento tecnológico 9 2 2 13 3

Aumento do nível de organização da comunidade

15 11 9 35 8

Fortalecimento de redes 6 6 2 14 3

Recuperação de passivos ambientais

2 1 0 3 1

Aumento da disponibilidade de alimentos

5 2 4 11 3

Aumento da participação do trabalho das mulheres na geração

de renda da família 9 3 4 16 4

Maior envolvimento dos jovens 4 0 1 5 1

Aumento da auto-estima da comunidade

13 9 6 28 7

Melhoria das habilidades/competências locais

6 4 2 12 3

Maior acesso a atividades culturais 1 1 1 3 1

Melhor qualidade na formação sócio-cultural

8 2 4 14 3

Melhores condições de ensino para a formação escolar

4 0 2 6 1

Maior número de alunos atendidos 0 1 1 2 0

Melhoria da qualidade das condições ambientais

1 2 2 5 1

Não sabe 0 0 0 0 0

Não se aplica 1 0 0 1 0

Outro 0 1 0 1 0

Total 185 124 116 425 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

De maneira significativa, os beneficiários predominantemente apontam apenas a

melhoria da qualidade do produto como principal mudança no Território com a

implantação do projeto, seguido em menores citações, do item melhoria da infraestrutura,

o que guarda coerência com os tipos de projetos majoritariamente implantados, expostos

no Tabela 40. Chama, ainda, a atenção o predomínio claro das respostas sobre redução

Page 89: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

89

dos custos de produção, aumento de organziação e de auto-estima da comunidade por

parte dos executores.

É a partir destas respostas que se tormam mais compreensíveis os apontamentos

sobre os ganhos atribuídos ao projetos, no Tabela 43. As alianças entre produtores

aparecem com mais intensidade que as alianças entre instituições e comunidade e entre

os diferentes atores do Território, seja no Brasil, seja no Pontal. Mas neste último,

apresenta-se com mais intensidade, apontando para articulação dos interesses que se

fazem presentes desde a fase de planejamento até a gestão de cada projeto.

TABELA 43 – BRASIL E PONTAL DO PARANAPANEMA - GANHOS ATRIBUÍDOS AOS PROJETOS

Q5 - P53 – BRASIL

Em termos institucionais, quais os ganhos atribuídos ao projeto:

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Produziu alianças entre as instituições do Território e a comunidade

130 89 93 312 22

Produziu alianças entre os diversos atores do Território

98 69 71 238 17

Produziu alianças entre os produtores 123 111 126 360 26

Produziu alianças entre instituições locais e estaduais

71 62 56 189 14

Permitiu a construção de acordos entre os distintos interesses

53 41 29 123 9

Não ocorreu nenhuma mudança significativa

13 29 19 61 4

Não sabe 13 24 29 66 5

Não se aplica 12 17 11 40 3

Outro 7 0 0 7 1

Total 520 442 434 1396 100 Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró – RN; Agreste Meridional – PE; Baixo

Amazonas – AM; Baixo Amazonas – PA; Baixo Parnaíba – MA; Borborema – PB; Da Reforma – MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste – AL; Do Alto Sertão – AL; Do Litoral Norte – AL; Do Sisal – BA; Grande Dourados – MS; Inhamuns Crateús – CE; Lençóis Maranhenses/Munin – MA ; Litoral Sul – BA; Manaus e Entorno – AM; Marajó – PA; Mata Sul – PE; Mato Grande – RN; Médio Jequitinhonha – MG; Nordeste Paraense – PA; Noroeste De Minas – MG; Pontal Do Paranapanema – SP; Serra Geral – MG; Sertão Central – CE; Sertão Do Apodi – RN; Sertão Do Pajeú – PE; Sertões De Canindé – CE; Sudeste Paraense – PA; Transamazônica – PA; Vale Do Mucuri – MG; Vale Do Ribeira – PR; Vale Do Rio Vermelho – GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Page 90: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

90

Q5 - P53 – PONTAL

Em termos institucionais, quais os ganhos atribuídos ao projeto:

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Produziu alianças entre as instituições do Território e a comunidade

18 6 3 27 19

Produziu alianças entre os diversos atores do Território

9 4 2 15 11

Produziu alianças entre os produtores 19 23 22 64 45

Produziu alianças entre instituições locais e estaduais

11 3 4 18 13

Permitiu a construção de acordos entre os distintos interesses

6 7 4 17 12

Não ocorreu nenhuma mudança significativa

0 0 1 1 1

Não sabe 0 0 0 0 0

Não se aplica 0 0 0 0 0

Outro 0 0 0 0 0

Total 63 43 36 142 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Os beneficiários e o colegiado respondem majoritariamente pelos ganhos

atribuídos às alianças entre produtores como resultados mais significativos dos projetos,

enquanto executores citam as alianças entre instituições e comunidades e entre

instituições estaduais e locais como maiores ganhos.

Uma última observação necessária neste item de análise dos impactos refere-se

aos dados relacionados à renda familiar dos beneficiários dos projetos, apresentadas no

Tabela 44. Quando comparados, mais uma vez, os resultados do conjunto do Brasil com

os do Pontal, em particular, observa-se que o percentual de respostas de que não houve

alteração de renda é, no Pontal, menos da metade que para o Brasil (6% e 15%,

respectivamente). São maiores, também, os percentuais dos que apontam elevação de

renda em até 35% e entre 35% e 70% no Pontal e em relação ao Brasil.

Page 91: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

91

TABELA 44 - BRASIL E PONTAL DO PARANAPANEMA - MUDANÇAS NA

RENDA DOS BENEFICIÁRIOS

Q5 - P56 – BRASIL

Em relação à renda familiar dos beneficiários, o projeto:

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Não alterou a renda 18 47 35 100 15

Elevou a renda em até 35% 68 57 61 186 28

Elevou a renda entre 35% e 70% 52 41 55 148 22

Elevou a renda entre 70% e 100% 17 5 18 40 6

Elevou a renda em mais de 100% 3 0 6 9 1

Não sabe 34 41 9 84 12

Não se aplica 38 36 34 108 16

Total 230 227 218 675 100 Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró – RN; Agreste Meridional – PE; Baixo

Amazonas – AM; Baixo Amazonas – PA; Baixo Parnaíba – MA; Borborema – PB; Da Reforma – MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste – AL; Do Alto Sertão – AL; Do Litoral Norte – AL; Do Sisal – BA; Grande Dourados – MS; Inhamuns Crateús – CE; Lençóis Maranhenses/Munin – MA ; Litoral Sul – BA; Manaus e Entorno – AM; Marajó – PA; Mata Sul – PE; Mato Grande – RN; Médio Jequitinhonha – MG; Nordeste Paraense – PA; Noroeste De Minas – MG; Pontal Do Paranapanema – SP; Serra Geral – MG; Sertão Central – CE; Sertão Do Apodi – RN; Sertão Do Pajeú – PE; Sertões De Canindé – CE; Sudeste Paraense – PA; Transamazônica – PA; Vale Do Mucuri – MG; Vale Do Ribeira – PR; Vale Do Rio Vermelho – GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Q5 - P56 – PONTAL

Em relação a renda familiar dos beneficiários, o projeto:

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Não alterou a renda 0 2 2 4 6

Elevou a renda em até 35% 10 14 9 33 46

Elevou a renda entre 35% e 70% 9 7 9 25 35

Elevou a renda entre 70% e 100% 3 1 4 8 11

Elevou a renda em mais de 100% 2 0 0 2 3

Não sabe 0 0 0 0 0

Não se aplica 0 0 0 0 0

Total 24 24 24 72 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

Interessante observar do Tabela 44 que o maior percentual observado de elevação

da renda em até 35% se deve principalmente às respostas de membros do colegiado,

enquantos os beneficiários apontam com mais intensidades aumentos maiores de renda

que os outros dois segmentos.

Do Tabela 45 são apreendidas as principais dificuldades para que o projeto

pudesse operar de forma ideal. Enquanto para o Brasil aparece em primeiro lugar

dificuldades relativas à sua gestão, os custos dos insumos/custos das matérias-primas

ganham relevância e evidência para o Pontal do Paranapanema.

Page 92: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

92

TABELA 45 – BRASIL E PONTAL DO PARANAPANEMA - PRINCIPAIS DIFICULDADES PARA A OPERAÇÃO DOS PROJETOS

Q5 - P60 – BRASIL

Quais são as principais dificuldades encontradas para que o projeto possa operar de

forma ideal?

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Gestão 92 102 83 277 13

Comercialização 57 60 55 172 8

Desenvolvimento de tecnologia 57 42 42 141 6

Acesso à informação 50 41 40 131 6

Custo da matéria-prima 49 51 51 151 7

Custo dos insumos 70 66 76 212 10

Condições de transporte 69 63 52 184 8

Capacitação 66 64 56 186 8

Melhoria da produção 36 53 50 139 6

Divulgação/marketing 33 37 31 101 5

Capital de giro 62 51 49 162 7

Abandono escolar 1 3 6 10 0

Desinteresse da demanda social 17 20 25 62 3

Financiamento 45 36 47 128 6

Não sabe 15 20 15 50 2

Não se aplica 31 18 13 62 3

Outro 11 8 23 42 2

Total 761 735 714 2210 100 Fonte: Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios de Açu-Mossoró – RN; Agreste Meridional – PE; Baixo

Amazonas – AM; Baixo Amazonas – PA; Baixo Parnaíba – MA; Borborema – PB; Da Reforma – MS; Das Águas Emendadas - DF/GO/MG; Do Agreste – AL; Do Alto Sertão – AL; Do Litoral Norte – AL; Do Sisal – BA; Grande Dourados – MS; Inhamuns Crateús – CE; Lençóis Maranhenses/Munin – MA ; Litoral Sul – BA; Manaus e Entorno – AM; Marajó – PA; Mata Sul – PE; Mato Grande – RN; Médio Jequitinhonha – MG; Nordeste Paraense – PA; Noroeste De Minas – MG; Pontal Do Paranapanema – SP; Serra Geral – MG; Sertão Central – CE; Sertão Do Apodi – RN; Sertão Do Pajeú – PE; Sertões De Canindé – CE; Sudeste Paraense – PA; Transamazônica – PA; Vale Do Mucuri – MG; Vale Do Ribeira – PR; Vale Do Rio Vermelho – GO; Zona Sul Do Estado - RS, 2011

Page 93: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

93

Q5 - P60 - PONTAL

Quais são as principais dificuldades encontradas para que o projeto possa operar de

forma ideal?

Quantidade %

Executor Colegiado Beneficiário Todos juntos

Gestão 9 1 2 12 4

Comercialização 13 13 11 37 13

Desenvolvimento de tecnologia 8 6 3 17 6

Acesso à informação 7 3 3 13 5

Custo da matéria-prima 11 9 9 29 10

Custo dos insumos 16 16 17 49 17

Condições de transporte 10 7 4 21 7

Capacitação 4 5 4 13 5

Melhoria da produção 7 10 10 27 10

Divulgação/marketing 4 0 2 6 2

Capital de giro 10 8 5 23 8

Abandono escolar 0 0 0 0 0

Desinteresse da demanda social 0 7 5 12 4

Financiamento 9 8 5 22 8

Não sabe 0 0 0 0 0

Não se aplica 1 0 0 1 0

Outro 0 1 0 1 0

Total 109 94 80 283 100

Fonte: Células de Acompanhamento e Informação do Território do Pontal, 2011

No caso ainda do Pontal, marcando diferenças em relação ao Brasil, são

apontadas dificuldades de comercialização e de melhoria da produção (Tabela 45). Em

todos estes itens citados, que são aqueles que recebem o maior número de citações

pelos entrevistados, a relevância maior é dos executores, com poucas excessões. São

eles que majoritariamente apontam os problemas elecandos.

Por fim, o quarto grupo de indicadores, Tabela 46 contempla os resultados dos

anteriores e sintetiza-os em quatro variáveis chave, as condições para a gestão territorial

dos projetos: participação, capacidade de gestão, público atendido e impactos positivos

do projeto.

Page 94: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

94

TABELA 46 – PONTAL DO PARANAPANEMA – TABELA DE INDICADORES GERAIS

DE GESTÃO DOS PROJETOS – QUESTIONÁRIO 5

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica – SGE, 2011

Neste sub-grupo de indicadores, sintéticos, consolidam-se as avaliações

anteriores: enquanto a participação dos beneficiários e capacidade de gestão, que obtêm

os melhores indicadores, são consideradas apenas como “Regulares”, os demais situam-

se abaixo desta, linha, avaliados como “Ruins - com desatque para a variação do perfil do

público apoiado pelos projetos (Tabela 46). Especificamente neste ítem, a priorização dos

investimentos para atendimento aos assentados em projetos de reforma agrária limita, de

fato, a variação possível do público apoiado/atendido. A possibilidade de investimentos

mais abrangentes, capazes de impactar outros segmentos sociais, ainda é algo a ser

alcançado pelos atores do território.

Neste índice em particular, no entanto, calcula-se o valor para o conjunto dos

respondentes sem referência aos municípios do colegiado, beneficiários, ou executores.

No caso do Pontal, a concentração na agricultura familiar e assentados não deve ser vista

exclusivamente sobre uma ótica negativa, mas sim interpretada à luz das caracteristicas

do território.

Page 95: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

95

Edital MCT/CNPq/MDA/SDT/UNIVERSIDADE

nº 05/2009 – Gestão de Territórios Rurais

Relatório Analítico

6. Índice de

Condições de Vida- ICV

Análise da qualidade de vida, segundo percepção das famíliar rurais, tendo em vista a situação do território

Instituições:

Presidente Prudente 2011

Page 96: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

96

Page 97: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

97

6. INDÍCE DE CONDIÇÕES DE VIDA – ICV

O Índice de Condições de Vida visa estabelecer a qualidade de vida na percepção

das famílias rurais, tendo em vista a situação do território, indicando em que medida a

condição percebida se relaciona aos indicadores objetivos de desenvolvimento. Assim, tal

como exposto no documento de “Metodologia” de sua elaboração, este índice apreender

a percepção de indivíduos ou famílias sobre as condições de vida nos Territórios Rurais.

As respostas, claramente subjetivas, expressam as percepções dos indivíduos

sobre cada um dos 24 indicadores, agrupados em tres dimensões/instâncias, que

compõem o ICV, sendo que estes variam entre 1, que corresponde a péssimo e 5 que

corresponde a ótimo.

As tres dimensões ou instâncias correspondem a 1) fatores que favorecem o

desenvolvimento; 2) características do desenvolvimento; e 3) efeitos do desenvolvimento.

A cada instância associam-se oito indicadores sendo que, para cada um são

apresentados, a seguir, os resultados obtidos para o conjunto do Território Pontal do

Paranapanema, onde foram aplicados um total de 258 questionários. Destes, 207

questionários (ou 80,2%) foram dirigidos para domicílios com produção e 51 questionários

(19,8%) para aqueles sem produção. Os domicílios onde se faz presente a agricultura

familiar alcançaram 187 questionários aplicados, ou 72,5% do total.

O roteiro desta análise, tal como sugerido, parte da situação do território, já exposta

no capítulo 1 deste relatório (Contextualização) e refere-se à comparação das condições

de vida de agricultores familiares com outros tipos de domicílios, produtivos e não

produtivos, indicando os aspectos mais frágeis de cada segmento, os pontos em comum

e aspectos divergentes entre os segmentos, levantando fatores que possam justificar os

resultados obtidos.

Retomando e sintetizando o contexto das relações histórico-concretas da produção

deste território, é possível afirmar que a ocupação regional a partir da expansão da frente

pioneira entre o final do século XIX e início do XX, constituiu um mercado de terras

urbanas e rurais que dá sustentação a distintas frentes de acumulação capitalista, permite

a exploração desenfreada dos recursos naturais com a derrubada das matas e

beneficiamento da madeira, faz penetrar a cultura do café e promove sua integração

através da chegada da ferrovias e outras ligações viárias. Ainda em relação a produtos

que caracterizam a região, os ciclos do algodão e outros produtos de menor alcance

dinâmica no tempo (como a menta e o amendoim) são substituídos pela pecuária

Page 98: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

98

extensiva de corte e, mais recentemente, pela penetração da cana-de-açucar com

bastante intensidade.

Em paralelo, não há como deixar de serem citados os desdobramentos dos

processos decorrentes da grilhagem original sobre a propriedade de terras e das disputas

que se estabelecem historicamente com a forte presença dos movimentos sociais pela

reforma agrária, constituindo-se neste território o maior número de assentamentos rurais e

de famílias assentadas do Estado de São Paulo. A questão fundiária, marcada pela

disputa pela terra, caracteriza este território e condiciona de múltiplas maneiras seu

passado recente, as condições objetivas do presente e as possibilidades de construção

de projetos de desenvolvimento para o futuro no contexto dos objetivos maiores que

movem a implantação do Território da Cidadania.

É a partir de tais condicionantes que é elaborada a análise do ICV na medida em

que se entende que seus resultados refletem julgamentos de valor, impressões e

percepções das famílais rurais que vivem, produzem e consomem este território. Alarga-

se, assim, a concepção de que a disputa pela terra, ao não se esgotar nas etapas da luta

pela ocupação e pelo asentamento, permanece presente e cotidiana nas condições de

vida, marcadas que são pelas possibilidade de acesso ao crédito, à tecnologia, aos

insumos e às redes de comercialização, mas tambem aos bens e serviços materiais, no

campo e na cidade, que integram a rede de elementos que permitem sua reprodução

social pela educação, saúde, assistência social etc. A vida cotidiana, condicioanda e

condicionante destas múltiplas dimensões, assim, refletem-se nos resultados expressos

pelos entrevistados, tomados aqui como agentes de um processo em curso e de maneira

alguma esgotado ou resolvido.

Inicialmente, é necessário apresentar o índice sintético para cada um dos tipos de

domicílios onde foram aplicados os questionários, de acordo com o Quadro 20. Todos os

indicadores obtidos sinalizam claramente para posições médias de desenvolvimento, seja

quando comparados entre os diferentes tipos de domicílios, seja em relação às três

instâncias de análise.

Uma primeira e importante observação diz respeito às questões metodológicas

envolvidas na concepção e operacionalização do próprio indicador e de suas

instâncias/dimensões, o que será melhor discutido no capítulo 7 deste relatório. Por ora,

bastaria apontar as relativas dificuldades em operar uma análise mais aprofundada dos

resultados obtidos, decorrente da pequena variação dos resultados para discriminar com

mais intensidade e nitidez as próprias impressões e percepções dos sujeitos

entrevistados.

Page 99: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

99

O ICV médio, de 0,534, para o total do território, se desagrega de maneiras

diferenciadas entre aquele dos agentes da agricultura familiar, os com produção não

familiar e os sem produção, tendo estes últimos apresentados os maiores índices. Ao

mesmo tempo observa-se que os agentes produção da agricultura familiar, que assumem

extrema relância no contexto do Território, apresentam não apenas para o mais baixo

indicador sintético mas também, para cada um dos parciais, os menores índices, ou seja,

a pecepção mais tendente a revelar aspectos negativos e dificuldades em relação ao

conjunto das variáveis investigadas. Tais resultados, assim, não são neutros em relação à

sua história e inserção atual nas redes sociais e econômicas da região.

Particularmente considerando as condições específicas dos sem produção, quase

20% dos entrevistados, para os quais é calculada apenas a instãncia dos Efeitos do

desenvolvimento, observa-se claramente que nela há uma variação maior entre as

situações apuradas. Ou seja, é maior a diferença entre as tres situações encontradas

nesta instância que nas demais, o que será melhor discutido mais adiante.

Porém, sistematicamente observa-se, também, que os índices relativos aos

Fatores de desenvolvimento são menores que os registrados nas demais instâncias,

enquanto aquele que apresenta os maiores índices é o de Caracterísiticas do

desenvolvimento.

QUADRO 20 - ÍNDICES

De maneira resumida, a indicação de que Fatores, Caracterísiticas e Efeitos se

combinam de maneiras diferenciadas entre si e em relação a cada um dos agentes

específicos sobre os quais se referem, sugere um quadro de complexidades mais amplo a

ser apurado. Desagregando-se, então, os dados acima para cada uma das instâncias de

análise e tipos de domicílio, para cada um dos indicadores apurados, é possível iniciar

algumas comparações relevantes.

Tomando-se a instância fatores de desenvolvimento, (Quadro 21) que considera

oito indicadores que condicionam, impulsionam e favorecem processos de

desenvolvimento, observa-se que enquanto para o conjunto do território o índice alcança

0,518, para os domicílios com produção não familiar para aqueles da agricultura familiar é

Total TerritórioCom produção da

agricultura familiar

Com produção não

familiarSem produção

Índice de Condições de Vida 0,534 0,53 0,533 0,537

Fatores de desenvolvimento 0,518 0,514 0,518 ----

Características do desenvolvimento 0,555 0,551 0,555 ----

Efeitos do desenvolvimento 0,53 0,525 0,528 0,537

Legenda: 0,00 – 0,20 = Baixo; 0,20 – 0,40 = Médio Baixo; 0,40 – 0,60 = Médio; 0,60 – 0,80 = Médio

Alto e entre 0,80 – 1,00 = Alto.

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica – SGE, 2011 - Adaptado CAI do Pontal do Paranapanema

Page 100: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

100

de 0,514 e sistematicamente os resultados obtidos para estes apresentam-se menores

que os do conjunto para cada um dos fatores analisados, mesmo que a variação entre os

oitos indicadores seja a mesma, isto é, com cada um deles variando entre Médio Baixo a

Médio Alto, conforme exposto no Quadro 21.

QUADRO 21 - ICV TERRITORIAL POR SEGMENTO DA POPULAÇÃO RURAL – PONTAL DO PARANAPANEMA – SP

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica – SGE, 2011

Para o conjunto do Território, os melhores indicadores referem-se às condições de

moradia, seguido por escolaridade, área utilizada para a produção e utilização de mão de

obra familiar (em ordem decrescente), enquanto os piores referem-se à presença de

programas de governos, acesso a crédito e assistência técnica (e ordem crescente). A

presença de instituições, o acesso aos mercados e o número de famílias trabalhando

encontram-se mais próximos da posição média.

Uma possível conclusão parcial de tais dados para o debate, considerando tratar-

se de questões que revelam a percepção e julgamentos subjetivos dos respondentes,

aponta para uma avaliação direta e negativa sobre a ausência de programas de governo

em relação ao desenvolvimento da produção agrícola e pecuária de pequenas

propriedades e da agricultura familiar na região, mais em relação ao acesso crédito e um

pouco menos em relação ao acesso a assistência técnica. Esta avaliação negativa, clara

por constituirem-se estes os piores indicadores, não se encontra, obviamente,

desarticulada do grande número de assentamentos da reforma agrária e da persistência

de alguns acampamentos, o que sinaliza grandes desafios ainda para a formulaçao e

implementação de uma política de desenvolvimento teriitorial.

Tal perspectiva é reforçada quando se observa, como já comentado, que os

resultados negativos são acentuados na percepção dos entrevistados nas unidades da

agricultura familiar que, talvez por viverem mais acentuadamente as situações de luta e

Page 101: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

101

disputa para acessarem a terra, continuem vivendo situações mais difíceis para nela

continuarem e se reproduzirem em suas relações sociais específicas. E tais dificuldades

acentuam-se em relação justamente ao acesso àqueles elementos que mais diretamente

só pode ser acessados via políticas públicas, ou seja, os programas do governo, para a

assistência técnica, o acesso ao crédito e a mercados para seus produtos.

Tomando-se agora a instância das caracteríiticas do desenvolvimento, (Quadro 22)

a instância com os melhores índices apurados no conjunto, observa-se que o pior

indicador refere-se à diversificação das fontes de renda familiar, considerado médio-baixo

e os considerados como médios-altos relacionam-se à conservação das fontes de água,

vegetação, solo e produtividade da terra. São estes últimos, em particular, aliados à

produtividade da terra e do trabalho que apresentam os melhores indicadores de todo o

conjunto de todas as instãncias, revelando sobre eles as melhores percepções,

particularmente dos domicílios da agricultura familiar.

Constitui-se, a partir desta constatação, a possibilidade de um caminho a ser

melhor explorado em análises futuras mas que permite antever o quanto são positivas as

percepções presentes no meio rural sobre a produtividade da terra e do potencial do

trabalho sobre ela (destoando claramente de análises que associam a improdutividade

aos assentamentos da reforma agrária), mas também os potenciais pontos fortes a serem

abordados em qualquer projeto desenvolvimento que venha a ser formulado.

QUADRO 22 – CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica – SGE, 2011

Neste sentido, é possível observar, ainda, uma pequena alteração entre os

indicadores quando são comparados os domicílios da agricultura familiar e o conjunto.

Neste sentido, tomando-se a conservação das Fontes de água e a preservação da

vegetação nativa como mais importantes para a agricultura familiar que para o total (e

poder-se-ia incluir ainda, neste rol, a diversificação das Fontes de renda familiar com

indicadores exatamente iguais para os dois casos), os demais cinco indicadores sinalizam

Page 102: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

102

claramente que a agricultura familiar apresenta mais dificuldades em relação à renda

familiar, à produtividade da terra e do trabalho e à diversificação da produção e das

Fontes de renda. Se por um lado, a agricultura familiar parece incorporar com mais

intensidade valores e percepções sobre a importância da natureza, refletidas na

conservação de água, solo e matas nativas por outro tais elementos não são suficientes

para contrarestar a tendência mais negativa que a média das condições ecoômicas

propriamente ditas.

Mais uma vez, devem ser reforçados na análise o contexto de origem destes

agricultores familiares. A percepção geral por eles externalizada é mais negativa que o

conjunto das unidades com produção, mesmo que a diversificação das Fontes de renda

sejam percebidas como o pior indicador das caracterísiticas do desenvolvimento para

ambos, ou seja, sendo o elemento que pior avaliam da situação presente e futura em que

vivem.

Por fim, a partir do Quadro 23, é possível visualizar a dimensão dos Efeitos do

desenvolvimento, incluindo-se agora os domicílios sem produção, uma instância que

apresenta índices intermediários entre os Fatores e as Característícas do

desenvolvimento.

Os maiores índices são alcançados quando as questões referem-se às condições

de alimentação e nutrição, condições de saude e situação econômica (nesta ordem) e os

piores dizem respeito à permanência de familiares no domicílio, participação em

atividades culturais, políticas e, por fim, em organizações comunitárias (em ordem

crescente da pior para a melhor).

QUADRO 23 - EFEITOS DO DESENVOLVIMENTO

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica – SGE, 2011

Dos oito indicadores considerados, em poucos deles a agricultura familiar destaca-

se dos demais e no máximo iguala-se aos indicadores do território como um todo ou do

total dos domicílios com produção, chegando em alguns a apresentarem-se piores que

aqueles relativos aos domicílios sem produção, como é o caso de condições de saúde,

Page 103: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

103

permanência dos familiares no domicílio, situação econômica e participação em

atividades culturais. Porém, é signifcativo que em relação às condições de alimentação e

nutrição, participação em organizações comunitárias e participação política os domicílios

da agricultura familiar estejam acima das médias gerais do Território.

Ou seja, nesta instãncia analítica deve ser destacado que a percepção mais

intensa e positiva da agricultura familiar em organizações comunitárias e políticas tem

origem justamente no conjunto dos processos que a produz no Território, fruto que é em

grande medida da luta pela reforma agrária. Porém, apenas isto não garante perspectivas

positivas para sua reprodução familiar na terra, na medida em que o índice por ela pior

avaliado é justamente a permanência dos familiares na produção em que pese uma

percepção também positiva sobre o acesso aos alimentos, à saúde e à situação

econômica de maneira geral.

Finalizando, é possível retomar o argumento de que a compreensão do conjunto

dos resultados aqui analisados só é possível a partir de uma clara leitura dos processos

que construiram e constróem os agentes sociais presentes e significativos neste

Território: os conflitos fundiários e da luta pela terra, em que projetos antagônicos de

desenvolvimento que colocam de um lado a democratização da propriedade, a exploração

familiar da terra e o direcionamento para políticas públicas que visem aumentar a

produção de alimentos e, de outro, a grande propriedade, originada de ocupação ilegais

produzidas e reproduzidas na grilhagem, explorada em ciclos históricos de produtos

(madeira, café, algodão, pecuária de corte e, hoje, a cana-de-açucar).

Tais elementos estão presentes nas distintas percepções dos processos por parte

das famílias rurais, em seus diferentes segmentos, em suas avaliações positivas e

negativas. São sinalizados, também, claramente os desafios colocados para as políticas

públicas.

Page 104: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

104

Edital MCT/CNPq/MDA/SDT/UNIVERSIDADE

nº 05/2009 – Gestão de Territórios Rurais

Relatório Analítico

7. Análise Integradora

de Indicadores e Contexto

Estabelecimento da relação entre os indicadores (identidade, capacidades

institucionais, gestão do Colegiado e resultados dos projetos), as características do TR e as condições de vida da população rural

Instituições:

Presidente Prudente 2011

Page 105: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

105

7. ANÁLISE INTEGRADORA DE INDICADORES E CONTEXTO

Que conhecimento novo pode ser obtido acerca do Território do Pontal do

Paranapanema levando-se em consideração o trabalho acumulado pela Célula de

Acompanhamento, os dados levantados pela CAI e os indicadores calculados pelo SGE?

Como avaliar a política desenvolvida pela SDT/MDA através do Programa Territórios

Rurais, da forma como ela foi implantada e vem sendo conduzida no Pontal do

Paranapanema? Essas duas questões foram as norteadoras deste capítulo de síntese

dos resultados obtidos pela primeira etapa de pesquisa empreendida pela CAI. De

antemão, pode-se afirmar que os dados esclarecem muito sobre a estruturação e

funcionamento do Programa, ele mesmo um diferencial positivo – embora limitado, até o

momento – na possibilidade de articulação de projetos de desenvolvimento territorial.

Acerca da possibilidade de uma perspectiva inovadora sobre essa região, os dados

sobre as condições de vida e o desenvolvimento sustentável não trazem elementos que

se contraponham ao conhecimento já acumulado. A comparação de ambos os

indicadores pode fornecer pistas para a interpretação dos dados e construção de uma

síntese. Enquanto o ICV-Pontal indica uma situação intermediária (ICV “médio”, com

0,534), com uma avaliação ligeiramente pior (ICV 0,530) para o segmento da agricultura

familiar, o IDS do Território - calculado a partir de diferentes bases de dados oficiais -

aponta para uma situação “instável” (0,450), abaixo do centro do intervalo (0,40 – 0,60), o

que indica uma situação contextual (avaliada por um conjunto de índices mais objetivos)

pior que o percebido pelos informantes, moradores das áreas rurais do Território (Quadro

24).

O IDS revela, nas suas 6 dimensões (político-institucional, cultural, social,

econômica, ambiental e demográfica) um pior desempenho nos indicadores econômicos e

ambientais (com 0,268 e 0,315 respectivamente), ambos classificados como críticos. A

situação econômica e ambiental, hoje, do Pontal do Paranapanema decorrente de uma

história produzida em torno à baixa dinâmica econômica, permanência e ampliação de

desigualdades sociais e recorrente agressão ao meio ambiente parecem bastante

evidenciados. As dimensões do desenvolvimento cultural (0,709) e político-institucional

(0,637), por outro lado, são as com maiores escores, situando-se no nível classificado

como de estabilidade.

Page 106: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

106

QUADRO 24 – INDÍCE DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Fonte: Sistema de Gestão Estratégica – SGE, 2011

Há forte correspondência entre a dimensão do desenvolvimento político-

institucional do IDS e o nível de estruturação institucional aferido pelo índice de

capacidades institucionais do Território, no qual a dimensão “infraestrutura institucional”

aparece com o mais alto valor. Conforme apontado no capítulo 3 deste relatório, constata-

se a existência de instituições, especificamente aquelas voltadas para o desenvolvimento

rural, no Território.

Retomando dados oriundos do ICV, podemos identificar mais elementos

esclarecedores desse aspecto. Nos indicadores de acesso aos programas

governamentais, acesso a crédito e à assistência técnica (componentes da dimensão

“fatores do desenvolvimento”), obtêm-se os menores escores (todos classificados como

“baixo”). Considerando que, além dos programas governamentais em geral, crédito rural e

assistência técnica também são fundamentalmente ofertados por políticas públicas,

mediados por instituições específicas, caracteriza-se uma disfuncionalidade. A discussão

apresentada no capítulo 3, tratando especialmente dos serviços tecnológicos, identifica

uma ambiguidade entre a presença bastante disseminada de Secretarias de

Desenvolvimento Rural nos municípios, inclusive com corpo técnico permanente e,

simultaneamente, uma recorrente opinião de que não há (ou há poucos) órgãos de

serviço tecnológico no território. Uma maneira de explicar esses dados divergentes,

Page 107: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

107

colhidos na mesma entrevista (Q1), é justamente o descompasso entre a existência de

organismos de apoio técnico e sua baixa eficiência na ponta demandante (o produtor

rural, especialmente o de base familiar). Essa ambiguidade na informação ratificaria a

tendência de que existe uma institucionalidade, mas ela não consegue ser eficaz na

promoção dos serviços para o desenvolvimento rural.

A condição e o papel da agricultura familiar são fundamentais no conjunto de dados

obtidos pela CAI. Esse segmento social pode ser considerado como protagonista nas

reflexões deste capítulo, articulando as duas questões acima apresentadas –

caracterização do terrritório e avaliação das políticas da SDT/MDA. Como um

levantamento com controle estatístico, a pesquisa do ICV aponta uma fortíssima presença

de agricultores familiares no território (72,5% dos domicílios rurais da amostra são de

agricultores familiares), o que os tornam sujeitos decisivos na definição de projetos de

desenvolvimento territorial rural. Dentre esses agricultores familiares, destacam-se os

oriundos das lutas sociais pela posse da terra, atendidos pelas políticas de

assentamentos rurais empreendidas pelos governos federal e estadual.

O ICV para o total do território se desagrega de maneiras diferenciadas entre

aquele dos agentes da agricultura familiar, os com produção não familiar e os sem

produção. Os agentes da produção da agricultura familiar, que assumem extrema relância

no contexto do Território, apresentam não apenas para o mais baixo indicador sintético

(0,530) mas também, para cada um dos parciais, os menores índices. Ou seja, a

pecepção mais tendente a revelar aspectos negativos e dificuldades em relação ao

conjunto das variáveis investigadas. O ICV, portanto, reforça a correção de um programa

de apoio ao desenvolvimento desse segmento, tanto pela sua magnitude no meio rural,

quanto pela sua demanda por políticas públicas específicas.

Cita-se, como aspecto extremamente positivo sua valorização, na dimensão

“características do desenvolvimento”, dos indicadores ligados à questão ambiental

(“conservação das fontes de água”, “conservação da vegetação nativa” e “conservação do

solo”), os que exibem maiores escores (classificados como “nível médio alto”). Embora

não se possa relacionar diretamente uma informação de percepção, fornecida

primariamente, com um índice construído por dados secundários retirados de diversas

bases, é significativo que enquanto os agricultores familiares apontam para esses

indicadores de meio ambiente como os mais positivos no desenvolvimento de seus

estabelecimentos, o IDS apresenta esse indicador como crítico. As imagens abaixo

(Figura 10), retiradas de estudo geografico usado para contextualização do território

(PASSOS, 2004), corrobora com essa leitura indireta dos dados disponíveis no SGE:

Page 108: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

108

FIGURAS 10 - USO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Aspectos do uso do uso/conservação dos solos no território do Pontal: à esquerda, um assentamento de reforma agrária; à direita, uma grande fazenda pecuarista (Fonte: Passos, 2004, p. 181)

10.

Essa presença significativa da agricultura familiar no contexto do Pontal tem, nos

movimentos sociais de luta pela terra (MST e outros) e nos assentados rurais, seu pólo

mais dinâmico em termos de capacidade política. Os indicadores de identidade territorial,

construídos a partir do Q2, praticamente justapõem a agricultura familiar e os movimentos

sociais na caracterização da identidade do Território (P-12, P-13 e P-14). A busca pela

superação de uma agudamente percebida situação de marginalização econômica, na

construção de uma visão de futuro, com objetivos e metas para o desenvolvimento

territorial, também devem exibir essa articulação entre o segmento da agricultura familiar

e os movimentos sociais.

A focalização (legítima) nas questões relacionadas à agricultura familiar e à

reforma agrária gera uma identidade consistente, permitindo ao CODETER avançar na

elaboração de projetos que contemplem esse segmento. A composição do Colegiado, por

sua vez, tende a supervalorizar essas questões. Seus membros, informantes do Q2, a

partir dos quais é possível formular essas considerações, são, na maioria, representantes

desses segmentos sociais e políticos (não apenas no conjunto da sociedade civil, como

também no setor público que se faz presente). Esse viés é legítimo, dadas as

características das populações rurais do território. Por outro lado, conforme apontado no

capítulo específico, restam questões a serem enfrentadas que exigem articular este foco

às demais questões presentes no Pontal do Paranapanema, tais como a relação campo-

10

Esclarece-se que a situação dos assentamentos de reforma agrária ainda sofre por um passivo ambiental perverso herdado da ocupação anterior das áreas reformadas, geralmente, fazendas de pecuária extensiva. Embora as ações de recuperação dos solos são restritas, os esforços, oficiais e das comunidades, para a melhoria das condições ambientais tem sido um desafio no Território.

Page 109: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

109

cidade e, mesmo, a inclusão de outros agentes e processos em projetos de

desenvolvimento do território.

Se legítimo na representação dos interesses da agricultura familiar, notadamente a

oriunda da reforma agrária, o Codeter do Pontal apresenta limites claros no seu impacto

enquanto força política no território. Mesmo que apresentando números melhores que o

conjunto dos CODETERES acompanhados no país, o colegiado do Pontal precisa

avançar nas questões relacionadas aos mecanismos de sua composição e renovação.

Na direção empreendida nas ações, considera-se que os representantes do

governo federal têm mais poder de decisão, seguidos dos movimentos sociais, dos

sindicatos, das associações de agricultores familiares e Prefeituras. Mesmo propugnando

um alto controle social, há uma consciência (muitas vezes redutora) de que se trata

apenas de um programa federal. As parcerias com as Prefeituras e os segmentos da

agricultura familiar e movimentos sociais são efetivas, com destaque para a busca por

desenvolvimento econômico - conforme já identificado acima.

O colegiado identifica a baixa participação dos produtores ou sua rotatividade, a

falta de repercussão institucional (item 3 do Q3 - P20: “o colegiado não é escutado em

outras instâncias”), a “influência política” e a “pouca participação dos gestores públicos”

(os prefeitos, mais frequentes nas reuniões da UNIPONTAL, por exemplo) como

elementos dificultadores do desempenho do CODETER. Dois problemas distintos podem

ser analisadas nessa questão: o comportamento intermitente dos atores da agricultura

familiar e o baixo impacto do Colegiado junto aos governos municipais e outras instâncias

oficiais.

Como resultado mais visível desta política pública, constata-se uma concentração

dos projetos de investimento nos municípios com alta presença de assentados da reforma

agrária, que são os municípios com maior número de habitantes na zona rural (Mirante do

Paranapanema e Teodoro Sampaio). Essa concentração é explicada pelas opções pela

agricultura familiar, com importante liderança dos movimentos sociais. No entanto,

observa-se um baixo volume de investimentos realizados. Nos 16 municípios

contemplados no Pontal (exatamente metade dos municípios do Território), foram

investido anualmente (entre 2003 e 2011), algo em torno de 32 mil reais. Se

contabilizarmos o montante investido nos 32 municípios, esse valor cai pela metade.

Além disso, o Q5 constata grande falta de planejamento nesses investimentos (a

grande maioria, tanques resfriadores de leite para os assentamentos) que são, na prática,

resposta a uma demanda já consolidada, dada a extensão da pecuária leiteira nas áreas

reformadas e as exigências de qualidade impostas há anos pelo Ministério da Agricultura

Page 110: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

110

para essa produção. Entretanto, não tem garantido a diversificação produtiva e a

ampliação de oportunidades de geração de renda. Com relação ao processo de

planejamento efetuado para os projetos, é digno de nota que nenhum informante do Q5

(executor, representante ou beneficiário) citou o Plano Territorial de Desenvolvimento

Rural Sustentável (PTDRS) como instrumento norteador dos investimentos implantados.

De fato, o baixo montante de recursos investidos pode ajudar na explicação da

baixa participação de gestores (como os prefeitos, que tendem a investir em alternativas

com maior potencial financeiro) e mesmo da rotatividade dos representantes de

produtores (não valeria a pena o esforço e o tempo perdidos). Da mesma forma, um

coletivo, mesmo que articulado a partir de um programa federal, contando com poucos

recursos, certamente terá um proporcional baixo impacto frente a outras forças políticas.

Considerando o contexto de forte polarização política no Pontal, opondo os interesses dos

agricultores familiares aos de uma tradicional oligarquia rural basicamente rentista – hoje

buscando aliança com o capital sucroalcooleiro – o programa Territórios Rurais (e o

CODETER) logra algo não muito maior que, tão somente, respaldar político-

institucionalmente esses segmentos visivelmente menos empoderados. Como extrair daí

a força política para redefinir o sentido do (não) desenvolvimento do Pontal? Trata-se de

uma equação de difícil solução.

A necessária articulação institucional no território, um primeiro passo para o

enfrentamento dessa equação difícil, já é um primeiro desafio, muito além da conhecida

“visão setorial”, pouco integrada territorialmente, da qual falam os estudiosos. Os

bloqueios políticos do Pontal do Paranapanema, um contexto claramente dividido entre

agricultura familiar (sobretudo a estabelecida pela reforma agrária) e movimentos sociais

de um lado e os setores da agricultura patronal de outro, compõem um desafio

extraordinário para um projeto de desenvolvimento territorial. Essa situação ajuda a

caracterizar a baixa funcionalidade institucional, que perpassa todos as interfaces

necessárias ao desenvolvimento territorial integrado.

Page 111: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

111

Edital MCT/CNPq/MDA/SDT/UNIVERSIDADE

nº 05/2009 – Gestão de Territórios Rurais

Relatório Analítico

8. Propostas e Ações

para o Território Recomendações de novas pesquisas de caráter complementar e levantamento

de propostas de ações para qualificação da política territorial da SDT, bem

como para o planejamento, gestão e controle social dos territórios

Instituições:

Presidente Prudente 2011

Page 112: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

112

8. PROPOSTAS E AÇÕES PARA O TERRITÓRIO

Atendendo as orientações da SDT/MDA apresentamos a seguir, conforme exposto

no Quadro 25, três propostas de encaminhamento com o objetivo de contribuir com a

qualificação da política territorial da SDT, bem como para o planejamento, gestão e

controle social dos territórios. As propostas de encaminhamento em questão partiram do

agrupamento de três eixos preocupados em qualificar:

A pesquisa os questionários e os dados

A relação CAI e CODETER

O relatório de dados

Page 113: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

113

QUADRO 25 – PROPOSTAS DE AÇOES DA CAI

Identificação Propostas de encaminhamento

Sobre a pesquisa os questionários e os dados

Avaliar a possibilidade de inclusão de levantamentos de dados objetivos (de fontes

secundárias e/ou primárias) para o cotejamento dos dados das pesquisas de percepção realizadas neste primeiro ciclo

Avaliar a possibilidade de aprofundar investigações específicas a cerca do

funcionamento dos colegiados territoriais e suas câmeras temáticas

Sobre a relação CAI e CODETER

Produzir uma agenda comum e periódica de atividades que fortaleça a aproximação,

colaboração e o controle social sobre o território

Investir em ações de formação/qualificação no território, tanto para os membros do colegiado, quanto para o conjunto de atores territoriais

Acelerar a atualização do PTDRS, uma vez que este não pode ser encarado apenas

como uma formalidade as ser cumprida, mas sim, um elemento estratégico no subsídio das ações territoriais

Sobre o relatório de dados

Apronfundar comparações entre os dados levantados nos diferentes territórios entre si

(visão de conjunto) e aprimorar uma base comum de representação cartográfica dos dados e indicadores

Page 114: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

114

ANEXO

Page 115: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

115

AVALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS

A partir da experiência de aplicação dos instrumentos de pesquisa e sistematização

e análise dos dados, a equipe da Célula de Acompanhamento e Informação do Pontal do

Paranapanema elencou quatro pontos neste anexo, com o intuito do aprimoramento do

SGE e seus instrumentos. Seguem:

1) Na busca por provermos o SGE de dados mais objetivos, para cotejamento dessa

massa de informações coletadas apenas por instrumentos e metodologias que

enfatizam a percepção dos diferentes agentes envolvidos na política sob análise,

sugerimos a complementação dos levantamentos, numa próxima etapa da

pesquisa, com dados objetivos (primários, de preferência), cuja metodologia de

coleta seja comum para todas as Células a fim de podermos ter parâmetros de

comparação para o país;

2) Criação de ferramentas no sistema que permitam a visualização mais sintética e a

comparação dos dados e indicadores através de cartogramas – o que facilita uma

leitura territorial mais efetiva dos dados coletados. Bases de representação

cartográfica desenvolvidas por municípios, territórios, regiões e do país são

instrumentos preciosos na análise das políticas da SDT;

3) Criação de ferramentas que integrem, no SGE, o uso das informações censitárias

(demográficas, sociais e econômicas) disponíveis nas bases do IBGE – algo que

se integrará com as acima citadas ferramentas de representação cartográfica, a fim

de possibilitar leituras e análises mais amplas e detalhadas;

4) Aprimoramento de ferramentas para o trabalho de campo, também integrando os

esforços das Células com os equipamentos e ferramentas de coleta de

informações disponíveis no IBGE (como o uso dos PalmTops nos futuros

levantamentos de campo por setores censitários).

Page 116: Célula do Pontal do Paranapanema - SP

116

REFENCIAS UTILIZADAS

ABRAMOVAY, Ricardo. Funções e Medidas da Ruralidade no Desenvolvimento Contemporâneo, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Texto para discussão no. 702, Rio de Janeiro, 2000. BRASIL - GOVERNO FEDERAL. Ministério do Desenvolvimento Agrário /Secretaria de Desenvolvimento Territorial, 2010. Brasília: MDA/SDT. Acesso em: 17 out. 2011. Disponível em: < http://sge.mda.gov.br/sge/doc/SGE_documento_referencia.pdf >. NERA - NÚCLEO DE ESTUDOS, PESQUISAS E PROJETOS DE REFORMA AGRÁRIA. DATALUTA - Banco de dados da luta pela terra. Presidente Prudente: NERA/Unesp. Acesso em: 15 out. 2011. Disponível em: <www.fct.unesp.br/nera>. Fernandes, Bernardo Mançano. MST: formação e territorialização. São Paulo: Hucitec, 1996.

JUNIOR, Antonio Thomaz. Agronegócio Alcoolizado e Culturas em Expansão no Pontal do Paranapanema: legitimação das Terras Devolutas/Improdutivas e Neutralização dos Movimentos Sociais. Relatório do Projeto Agronegócio e Conflito pela Posse da Terra em São Paulo: A Dinâmica Territorial da Luta de Classes no Campo e os Desafios para os Trabalhadores, financiado pela FAPESP, Presidente Prudente, 2007 LEITE, José Ferrari. A Ocupação do Pontal do Paranapanema, São Paulo: Hucitec, 1998.

PASSOS, Messias Modesto. A paisagem do Pontal do Paranapanema: uma apreensão geofotográfica. Acta Scientiarum. Human and Social Sciences, Maringá, v. 26, no. 1, p. 177-189, 2004 PERICO, Rafael Echeverry. Identidade e Território no Brasil. In: Enfoques e fundamentos conceituais da estratégia dos territórios de identidade. Brasília: Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, 2009. VEIGA, José Eli. Cidades Imaginárias: O Brasil é menos urbano do que se calcula Editora Autores Associados, Campinas, São Paulo, 2002.