216
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação Ciências da Educação: Espaços de investigação, reflexão e ação interdisciplinar Resumo das Comunicações 11 de setembro de 2014 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Vila Real, 11 a 13 de setembro de 2014

Ciências da Educação: Espaços de investigação ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/32547/1/XII-Congresso-da-SPCE... · Educação, Cultura e Cidadania na Construção de

Embed Size (px)

Citation preview

XII Congresso da

Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

Ciências da Educação:

Espaços de investigação, reflexão e

ação interdisciplinar

Resumo das Comunicações

11 de setembro de 2014

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Vila Real, 11 a 13 de setembro de 2014

2

Índice

1. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS ......... 8

1.1. A procura de explicações no secundário pelos estudantes da

Universidade da Madeira ............................................................................. 9 1.2. Possibilidades e limites da autonomia das escolas. Estudo de caso: o

território educativo de Gondomar............................................................... 11 1.3. Escola, género e gestão escolar em Portugal e no Brasil – apresentação e

justificação de um projeto de investigação.................................................. 12 1.4. A autonomia das escolas a partir das políticas de reforma da

administração pública. Contributos para o estudo do PRACE face à

administração do sistema educativa ............................................................ 14 1.5. Avaliações externas de aprendizagem no Rio de Janeiro: reflexos no

quotidiano escolar ..................................................................................... 16 1.6. Tempo de Ensino, Tempo de Empenhamento e Resultados Académicos ...... 18

2. CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E INTERCULTURALIDADE ...... 20

2.1. Formar professores na e para a interculturalidade: o caso do ciclo de

conferências do Gesto à Voz: educação de surdos e inclusão ...................... 21 2.2. Cidadania e poder do corpo: a erosão dos direitos ........................................ 23 2.3. Pedagogy of the «socio» in meeting multicultural and non-formal

learning in community context «low density» ............................................ 25 2.4. Os Imigrantes na Sala De Aula: pistas para Educação Intercultural .............. 26 2.5. Educar para a cidadania num mundoplural: os direitos humanos e

comunicação intercultural .......................................................................... 28 2.6. Educação, Cultura e Cidadania na Construção de Pilares do Projeto

Europeu com Jovens .................................................................................. 30

3. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, INTERFACES E DIÁLOGOS COM OUTRAS CIÊNCIAS .......................................................................... 33

3.1. Projetos de educação para a saúde em meio escolar, da construção à

avaliação ................................................................................................... 34 3.2. A explicação de fenómenos físicos em contexto laboratorial por

professores e alunos do ensino básico ........................................................ 36 3.3. Para uma leitura do texto-mundo: educação literária, expressão e

educação dramática- teatro o conto é teu, o conto é nosso ........................... 38

3

3.4. Ciências naturais: uma proposta de formação discente sob a noção de

escrita solidária e de letramento científico .................................................. 40 3.5. Evolução das ilustrações do castanheiro do séc. XVI- um contributo da

história da botânica .................................................................................... 42 3.6. A Dignidade como Valor: Acerca da Contribuição da Filosofia Kantiana

para a Educação......................................................................................... 44

4. COMUNICAÇÃO EDUCATIVA, REDES E PARCERIAS EM EDUCAÇÃO ...................................................................................... 46

4.1. O processo cognitivo/subjetivo emergente do acopelamento dos jovens

com as tecnologias digitais ........................................................................ 47 4.2. Mobile Learning para alunos com necessidades educativas especiais

(NEE) ....................................................................................................... 49 4.3. O papel das TIC no contexto do ensino básico ............................................. 51 4.4. Desenvolvimento de competências-chave em literacia digital ....................... 53 4.5. As TIC e as Práticas Docentes: a utilização do software educativo

“escola-virtual” na prática de ensino supervisionada ................................... 55 4.6. O aluno, o ensino e a tecnologia: que relação? ............................................. 57

5. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES ....................................................................................... 59

5.1. A criança e o brincar: entre o mundo pensado e o mundo vivido .................. 60 5.2. De Par em Par- multidisciplinar e interinstitucional ..................................... 62 5.3. As transições curriculares-entre as tendências do trabalho das escolas e

as dificuldades experienciadas dos alunos .................................................. 63 5.4. A criatividade matemática na resolução de tarefas de investigação e

exploração: uma experiência de ensino no 7.º ano de escolaridade .............. 65 5.5. Estímulo à autoria escolar: possível fator de permanência na educação

profissional de jovens e adultos .................................................................. 67 5.6. Ambiente de sala de aula e relação pedagógica entre professores e

estudantes no ensino superior ..................................................................... 69

6. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES ....................................................................................... 71

6.1. Pesquisas de Campo, PBL e Design Thinking: Percepção de dois

professores tutores sobre o que revelam as pesquisas realizadas pelos

alunos do Curso Ética, Valores e Cidadania – Pólo EACH-USP – São

Paulo – Brasil ............................................................................................ 72 6.2. Quem ensina, não reprova? Reflexões sobre práticas docentes no

quotidiano escolar ..................................................................................... 74

4

6.3. A Educação Tecnológica Brasileira: Preparando a Mão de Obra Jovem e

Adulta para o Mercado de Trabalho ........................................................... 76 6.4. Uma caracterização dos jogos com maior potencial para estimular a

aprendizagem matemática .......................................................................... 78 6.5. O ensino aprendizagem da Geometria nos anos iniciais da Educação

Básica: um estudo no PIBID/UNIMONTES ............................................... 80 6.6. A horta escolar como instrumento de interdisciplinaridade na educação ....... 82

7. EDUCAÇÃO, DESIGUALDADES E DIFERENÇAS ............................ 83

7.1. As escolas TEIP e o sucesso escolar: entre o percurso educativo do/

aluno/a e os resultados académicos ............................................................ 84 7.2. Diversas Cidadanias dentro da Diversidade: a Juventude Gay entre

Escolas e Culturas ..................................................................................... 86 7.3. Uma Análise Sobre a Participação Feminina Brasileira na Criação de

Produtos e Processos Industriais ................................................................ 88 7.4. Estudantes com mobilidade reduzida no Ensino Superior: testemunhos

na primeira pessoa! .................................................................................... 90 7.5. Renovação do Parque escolar e a inclusão de alunos com Necessidades

Educativas Especiais ................................................................................. 92

8. EDUCAÇÃO, DESIGUALDADES E DIFERENÇAS ............................ 94

8.1. Inclusão de alunos com NEE no Ensino Superior: Um Estudo de Caso na

Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) .......................... 95 8.2. Acesso, Interculturalidade e Inclusão no Ensino Superior ............................ 97 8.3. Aprendizagens Significativas: Brincadeiras Sensoriais como Agentes

Facilitadores do Processo de Ensino aprendizagem de Crianças com

transtorno do Espectro Autista ................................................................... 99 8.4. A importância da interdisciplinaridade junto das populações especiais

na escola. O caso do bócia no desporto escolar ......................................... 108 8.5. O desenvolvimento de uma política de apoio a crianças com

necessidades educativas especiais em São Tomé e Príncipe ...................... 111

9. EDUCAÇÃO, OMG’S E MOVIMENTOS SOCIAIS ............................ 112

9.1. Projeto Ponte: Da Reflexão Coletiva à efetivação da Prática de projetos

na Educação Profissional ......................................................................... 113 9.2. Voluntário ou Compulsório? Do ato associativo na implementação de

políticas públicas: reflexões teórico-empíricas à luz de componentes da

reforma agrária no Brasil ......................................................................... 116 9.3. CRACS (Coletividade Recreativa e de Ação Cultural de Sousela): Um

contributo para educação/formação de jovens e adultos em Portugal ......... 118

5

9.4. Comunidade quilombola Sertão do Valongo: um aprendizado

intercultural ............................................................................................. 120 9.5. Movimentos sociais: a busca para tornar afirmativa sua presença na

sociedade ................................................................................................ 122

10. ESCOLA PÚBLICA E PERCURSOS DE ESCOLARIZAÇÃO ......... 123

10.1. Quando Participar está ao alcance de ‘Se Entrar’: A Participação das

crianças no Jardim de Infância ................................................................. 124 10.2. O Desafio do Plano de Ações Articuladas (PAR) na Gestão

Educacional Brasileira ............................................................................. 126 10.3. (Re)configurações da educação de adultos em contexto de

implementação de políticas sociais de combate à pobreza: contributos a

partir de um estudo de caso ...................................................................... 128 10.4. O estatuto do aluno em ação: dimensões normativas, indisciplina e

procedimentos organizacionais ................................................................ 130 10.5. Os sentidos de ir à escola e de estudar para jovens rurais do sertão

Sergipano ................................................................................................ 131 10.6. A melhoria organizacional mediante a satisfação da comunidade

educativa ................................................................................................. 132

11. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL ........ 134

11.1. O Contributo do Trabalho Colaborativo na Iniciação à Prática

Profissional: O exemplo da planificação de uma tarefa ............................. 135 11.2. A Prática de Leitura na Formação de Professores: a produção de

experiências discursivas no Curso de Letras/PARFOR – UFPA ................ 137 11.3. Formação inicial de professores: um estudo comparativo de duas

instituições de ensino superior europeias .................................................. 139 11.4. Como Formar Hoje Professores para a Escola de Amanhã? – Reflexões

sobre a Formação Inicial e a Avaliação da Profissão Docente ................... 141 11.5. O Cordel como Possibilidade investigativa na Formação Docente:

Experiências Leitoras de estudantes universitários brasileiros ................... 143 11.6. O Modelo de Madeline Hunter: um contributo para a análise da

controvérsia ............................................................................................. 145

12. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS ... 147

12.1. A atividade inspetiva: controlo ou acompanhamento? .............................. 148 12.2. Equipas educativas: autonomia da escola e colaboração docente .............. 150 12.3. As bibliotecas escolares no contexto da avaliação das escolas .................. 152 12.4. Administração educacional inclusiva: uma questão de liderança nas

escolas públicas Brasil-Portugal ............................................................... 154 12.5. Liderar com a alma: histórias soltas num percurso de vida ....................... 156

6

12.6. Formação para participação no grêmio estudantil e contradições no

campo da educação escolar: revelações de um percurso ............................ 158

13. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL ........ 160

13.1. Formação Contínua de Professores e Ética Profissional ............................ 161 13.2. Concepções sobre a formação ética Profissional do pedagogo: o que

“dizem” os (as) alunos(as) egressos no Brasil ........................................... 163 13.3. Ética e integridade académica em Portugal e Espanha ............................. 165 13.4. Relatos de experiência: a dicotomia entre a teoria e a prática num curso

superior de tecnologia em Petróleo e Gás ................................................. 167 13.5. Valores, identidade e formação docente no ensino profissionalizante no

Brasil ...................................................................................................... 170 13.6. Formação contínua de professores em Educação Especial: conceções e

práticas sobre o Atendimento Educacional Especializado ......................... 171

14. POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR....................................... 173

14.1. ENADE: um exame de desempenho no centro das atenções de um

sistema de avaliação da educação superior do Brasil ................................. 174 14.2. Uma Discussão sobre Interesse coletivo e Social da Propriedade

Industrial na Universidade Pública ........................................................... 175 14.3. Formação profissional para a docência. Um caso em estudo ..................... 177 14.4. Universidades estaduais da Bahia e a Promoção da Leitura ...................... 179 14.5. Para uma Análise Política dos Processos de Reestruturação do Ensino

Superior Português no âmbito do “Processo de Bolonha”: referenciais,

fóruns e mediadores ................................................................................. 181

15. CURRÍCULO, METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES ..................................................................................... 183

15.1. Metodologias de ensino e práticas docentes. Formação de Educadores e Professores do 1º CEB. Uma experiência no Parque Natural da Serra de

São Mamede ........................................................................................... 184 15.2. A Geografia no Jardim de Infância: Conhecer o Mundo a partir das

Narrativas e Paisagem.............................................................................. 186 15.3. Currículo e Metodologias de Ensino e Práticas Docentes ......................... 188 15.4. Metodologias de ensino para a educação de jovens e adultos e as

práticas interdisciplinares......................................................................... 190 15.5. Currículo para a Educação Infantil à luz do pensamento de Paulo Freire... 191 15.6. Práticas de ensino partilhado – o papel do especialista e do educador no

caso do ensino da música ao nível do ensino pré-escolar ........... 193

7

16. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, INTERFACES E DIÁLOGOS COM OUTRAS CIÊNCIAS ........................................................................ 195

16.1. Musicoterapia e educação e saúde: contributos históricos ......................... 196 16.2. Música: ciências da Educação em Expressão ........................................... 198 16.3. Formação em psicologia no contexto das directrizes curriculares

nacionais: uma discussão dos cenários da prática em saúde ...................... 200 16.4. Implicações socioeducativas do fenómeno da medicalização-reflexões

em torno de um estudo de caso ................................................................ 201 16.5. Políticas públicas de educação ambiental: um olhar sobre as

conferências nacionais infantojuvenil pelo meio ambiente ........................ 203 16.6. Sofrimento e fé em doenças crónicas, contributos para a inovação na

formação dos enfermeiros ........................................................................ 205

17. POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR....................................... 207

17.1. A Evolução das qualificações no Ensino Superior .................................... 208 17.2. A Avaliação da Extensão Universitária nas Universidades Federais da

Bahia....................................................................................................... 209 17.3. Formação Continuada e Reflexividade Docente: O PIBID no Contexto

Educacional Brasileiro ............................................................................. 211 17.4. O Abandono no ensino Superior – Um Estudo de Caso ............................ 213 17.5. Rupturas e Protagonismos nas Práticas Docentes na Educação Superior ... 215

1. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL,

GESTÃO E LIDERANÇAS

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

9

1.1. A procura de explicações no secundário pelos estudantes da Universidade da Madeira

António Bento

Universidade da Madeira

Maria Ribeiro

Instituto Politécnico de Bragança

Resumo

Este estudo quantifica a procura de explicações, no secundário, pelos

alunos que frequentam, atualmente, o ensino superior na RAM. Na recolha de dados que decorreu de outubro a dezembro do ano de 2013, foi utilizado

como instrumento um questionário colocado online para todos os

estudantes, do 1º ciclo, da Universidade da Madeira.

Este estudo é do tipo cross-section e teve como objetivos analisar a natureza, extensão e evolução da procura das explicações nos últimos 3

anos, pelos estudantes da Universidade da Madeira, durante o ensino

secundário. Foram inquiridos 213 estudantes com uma média de idades de 22,2 (DP±6,1). Do total de respondentes, 67,5% eram do género feminino e

32,5% eram do género masculino. Ao longo de todo o percurso escolar, a

maioria nunca reprovou (63,2%) e 38,6% reprovaram pelo menos uma vez.

Do total de estudantes, 45,6% estão atualmente no 1º ano, 23,7% no 2º ano e 30,7% no 3º ano.

Durante o ensino secundário um número significativo de estudantes

frequentou explicações (44,7%). A procura de explicações por estes alunos foi de 43,1%, 70,6% e 82,4%, no 10º, 11º e 12º ano, respetivamente. As

disciplinas mais procuradas foram a Matemática (78,4%), Físico-química

(19,6%) e Português (9,8%). A maioria dos estudantes optou por frequentar explicações num Centro (51%) funcionando em pequenos grupos de dois a

seis estudantes (64,7%). Os gastos mensais pelo usufruto deste tipo de

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

10

serviços foram inferiores a 70 euros (80,4%). Dos estudantes que

frequentaram explicações no secundário, 29,4% pondera a hipótese de

frequentar explicações, também, durante o ensino superior, principalmente, os alunos que frequentam atualmente o 1º ano (39,1%). Por outro lado,

11,8% dos estudantes não conseguem sequer imaginar o seu percurso

universitário sem recorrer a este tipo de serviços. Comparativamente ao ano de 2010 registou-se um crescimento da procura de explicações de 18,4%,

43,5% e 66,1% no 10º, 11º e 12º ano, respetivamente. Apesar do

agravamento da situação económica e financeira de muitas famílias

portuguesas a evolução positiva da procura de explicações foi muito expressiva, sobretudo, no último ano do secundário, facto que, talvez se

deva às implicações do fenómeno quer para a aprendizagem e para a vida

futura de quem as frequenta, quer para o acesso ao curso preferido.

Palavras-chave:

Explicações; Ensino Secundário; Região Autónoma da Madeira

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

11

1.2. Possibilidades e limites da autonomia das escolas. Estudo de caso: o território educativo de Gondomar

Filomena Correia

ULHT, Porto

Resumo

O nosso objeto de estudo, suportado no título da nossa tese: “Possibilidades e limites da autonomia das escolas. Um estudo de caso: o Território

Educativo de Gondomar” insere-se no domínio dos estudos em educação,

nomeadamente da compreensão das políticas educativas, pelo que se impõe o conhecimento do contexto social, político e teórico em que os fenómenos

ocorrem e os paradigmas que os enformam, presentes na nossa construção

teórica. Uma opção pelo objeto de estudo fundada na necessidade de

entender a escola, para lá de uma mera dimensão institucional. Considerando o nosso problema, ou seja, sabendo que as escolas integram a

administração educativa e se relacionam com o território educativo do

Concelho pretendemos, no quadro da presente investigação, determinar como se relacionam entre si. Na atualidade a relação Estado -

Administração Local – Município - Escola são investidos de novos

significados. De igual modo, o apelo à realização do nosso estudo empírico a partir de um Estudo de Caso – O Território Educativo do Concelho de

Gondomar parte do argumento de que os microfenómenos, embora micro

numa perspetiva territorial, não o são numa perspetiva analítica. Por

conseguinte, definimos uma perspetiva de análise que parte do contexto local, enquanto princípio nuclear de investigação e uma opção fundada na

convicção de que a territorialização das políticas educativas constitui um

princípio fundante de uma autonomia construída.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

12

Palavras-chave:

Estado; Democracia; Autonomia; Território Educativo; Comunidade Educativa.

1.3. Escola, género e gestão escolar em Portugal e no Brasil – apresentação e justificação de um projeto de investigação

Maria Custódia Rocha

Universidade do Minho

Tânia Suely Antonelli M. Brabo

Faculdade de Filosofia e Ciências, UNESP / Campus de Marília, São Paulo

Resumo

Eixo Temático: Administração Educacional, Gestão e Lideranças

Os estudos de carácter académico que se inscrevem no âmbito da problemática das relações sociais de género, quando analisadas em

contextos de gestão escolar de topo, têm proliferado no mundo ocidental.

Também nós nos temos dedicado à investigação desta problemática ao

longo do nosso percurso académico, quer em Portugal, quer no Brasil.

No âmbito do projeto Género e Gestão Escolar no Brasil e em Portugal:

Políticas, Discursos e Práticas (2013 – Programa Pós-Doc do Exterior –

PDEXT da Pró-Reitoria de Pesquisa da UNESP – São Paulo – Brasil), temos dado continuidade e consistência a uma investigação de teor

qualitativo, com base no método dos estudos de caso múltiplos (Portugal –

Escolas Secundárias Públicas do Distrito de Braga e Brasil – Escolas Públicas de Ensino Médio do Município de Marília – São Paulo).

As principais conclusões que ressaem de um estudo de caso de tipo

exploratório – 2001-2005 (Rocha, 2007a), por nós efetuado em Portugal,

em associação com outras que se encontram patentes num corpus extenso e variado de estudos sobre género e gestão escolar, e que neste texto se

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

13

apresentarão, justificam, no seu conjunto, a opção pela realização de

estudos de caso múltiplos de cariz explanatório/analítico.

Sendo certo que possuímos já um conjunto extenso de dados que se encontram em fase de tratamento e análise, neste texto cabe a apresentação

de um leque alargado de pressupostos teóricos e as orientações teóricas e

metodológicas que enformam o trabalho que estamos a desenvolver. O intuito é poder discutir, aquando da apresentação do texto, sob forma de

comunicação, a congruência ou não congruência entre os referenciais

académicos existentes (incluindo os nossos) e as orientações teóricas e

metodológicas que elegemos para o desenvolvimento e concretização do projeto: Género e Gestão Escolar no Brasil e em Portugal: Políticas,

Discursos e Práticas.

Palavras-chave:

Escola; Género; Gestão Educacional

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

14

1.4. A autonomia das escolas a partir das políticas de reforma da administração pública. Contributos para o estudo do PRACE face à administração do sistema educativa

José Hipólito Lopes

Escola Superior de Educação de Lisbo

Resumo

As mudanças na administração do sistema educativo e do governo das

escolas tendem a ser apresentadas e equacionadas predominantemente ao

nível setorial relativo à administração educativa, dificultando deste modo a construção de uma perspetiva transversal e integrada destes processos de

mudança, no conjunto da administração pública. Nesta artigo, desenvolvido

no âmbito da sociologia política da ação pública, pretendeu-se enquadrar as iniciativas de mudança da administração do sistema educativo e do governo

das escolas, conhecidas como «políticas de reforço da autonomia das

escolas” (Barroso, 2006, 2011; Lima, 2011), no contexto de uma mudança

mais alargada, ou seja, da reforma da administração central do estado. Esta abertura analítica permite, pois, abordar as questões relativas ao espaço que

é dado à dimensão pública nas novas configurações, de estrutura e

funcionamento, das administrações do Estado, bem como inquirir se a orientação destas mudanças se situa num referencial pós-burocrático, tendo

como exemplo o new public management, ou num referencial neo-

weberiano (Pollit e Bouckaert,2004) ou mesmo hiperburocrático (Lima, 2012). Este artigo trata, assim, do programa de reforma da administração

central do Estado (PRACE), iniciado em 2005, no mandato do XVII

governo constitucional, em articulação com o referencial do reforço da

autonomia das escolas presente nas iniciativas de mudança da administração do sistema educativo e do governo das escolas. Apresenta-se

o contexto da reforma da administração central do Estado, enquanto

política constitutiva, marcado pela exigência dos compromissos ao nível da União Europeia de redução da despesa pública.

Esta reforma carateriza-se pelo esforço de racionalização e, ao nível

estrutural, pela diferenciação interna entre as funções estratégicas e

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

15

executivas, onde as doutrinas da nova gestão pública estão presentes. Desta

forma, o processo institucional de reestruturação do ministério da educação,

assente no conhecimento mobilizado por peritos externos e por altos funcionários do ministério, é caracterizado pela diferenciação interna, que é

apresentada como orientada para «a criação de uma Administração Central

do Estado ao serviço das Escolas». Contudo a concretização destas propostas do PRACE para o Ministério da Educação em relação à sua

configuração organizacional encontrou resistências, que revelaram uma

dinâmica de path dependency.

Palavras-chave:

Políticas públicas; Autonomia das escolas; New Public Management.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

16

1.5. Avaliações externas de aprendizagem no Rio de Janeiro: reflexos no quotidiano escolar

Rodrigo Rosistolato

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Ana Pires do Prado

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo

O objetivo desse trabalho é apresentar os resultados de uma pesquisa sobre os reflexos das avaliações externas de aprendizagem no cotidiano das

escolas municipais da cidade do Rio de Janeiro/Brasil. A investigação faz

parte do Observatório Educação e Cidade. Trata-se de um projeto desenvolvido através de uma parceria entre a Universidade Federal do Rio

de Janeiro, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e a

Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

A avaliação da educação básica no Brasil é feita pelo Governo Federal e há também estados e municípios que criaram sistemas próprios de avaliação.

O município do Rio de Janeiro está entre os que desenvolveram sistemas

próprios e, simultaneamente, participa das avaliações nacionais. Há, portanto, um conjunto de dados que permitem que gestores e professores

tracem panoramas das escolas em que trabalham e as comparem com as

outras escolas. Ao mesmo tempo, não houve um programa nacional de formação para o uso de indicadores educacionais, além de ser possível

dizer, como já indicamos em outros trabalhos, que há muito

desconhecimento sobre os aspectos técnicos das avaliações e sobre as

potencialidades dos índices produzidos. Sendo assim, cabe indagar sobre as percepções e os usos efetivos dos indicadores educacionais no cotidiano

escolar.

Com base nessa questão geral realizamos, durante o ano de 2012, 4 grupos focais com professores e gestores da rede municipal do Rio de Janeiro. Os

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

17

grupos foram compostos por profissionais de escolas de alto e de baixo

desempenho separadamente.

Os dados permitem indicar dissonâncias entre as visões dos gestores educacionais e dos professores. Também permitem apontar releituras e

reinterpretações das políticas públicas relacionadas à avaliação do

desempenho das escolas. Esse processo faz com que os índices produzidos pelas avaliações nacionais sejam, simultaneamente, valorizados e

renegados. Não encontramos nos grupos focais negações ou aprovações

radicais. Ao contrário, percebemos um conjunto de percepções e estratégias

diversas que são produzidas nas escolas para dar conta das demandas trazidas pelas avaliações nacionais. Nesse sentido, é possível dizer que as

avaliações externas de aprendizagem têm sido progressivamente

incorporadas nas escolas, mas ainda como eventos absolutamente extraordinários ao cotidiano escolar.

Palavras-chave:

Avaliações externas de aprendizagem; Uso de dados educacionais; Política

educacional

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

18

1.6. Tempo de Ensino, Tempo de Empenhamento e Resultados Académicos

Susana Cunha Cerqueira

Agrupamento de Escolas de Sta. Maria Maior

Resumo

O tempo em sala de aula constitui um constructo multidimensional e de difícil operacionalização, podendo ter impacto sobre as dinâmicas na sala

de aula, com reflexo sobre as aprendizagens e sucesso académico dos

alunos.

A relação dos diversos aspetos do tempo em sala de aula com os resultados académicos dos alunos não é completamente clara, havendo autores que a

consideram relevante e outros uma variável com menor influência. O

mesmo já não se poderá dizer seguramente dos aspetos relativos à qualidade do tempo aquando da sua adequada utilização na sala de aula.

Neste estudo, pretendeu-se compreender a relação entre tempo de ensino,

tempo de empenhamento e os resultados académicos dos alunos (decorrentes da avaliação interna (3º período) e da avaliação externa (Prova

de Aferição)) nas disciplinas de Português e de Matemática, em alunos do

6º ano de escolaridade.

Os resultados encontrados, com recurso ao SPSS 14.0 para tratamento estatístico dos dados, permitem constatar: (1) a existência de uma

associação significativa entre o tempo de empenhamento observado à

disciplina de Matemática e os resultados da avaliação externa e interna; (2) a Português, o tempo de empenhamento observado não apresenta uma

relação significativa com os resultados académicos; (3) o tempo de

empenhamento estimado a Matemática não prediz os resultados

académicos nem da avaliação interna nem externa; (4) o tempo de ensino não se correlaciona com os resultados académicos dos alunos às duas

disciplinas nem com o tempo de empenhamento; (5) o tempo de ensino

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

19

estimado constitui-se como o preditor mais significativo da avaliação

externa a Português.

Genericamente os resultados sugerem que o tempo de empenhamento constitui um melhor preditor dos resultados académicos dos alunos do que

o tempo de ensino e que os tempos estimados parecem apresentar uma

relação mais evidente com os resultados académicos do que os tempos observados.

As diversas facetas do tempo poderão pois ter impactos significativamente

diferentes nos resultados académicos, o que não poderá deixar de ter

implicações em termos teóricos e em termos práticos.

Palavras-chave:

Empenhamento; ensino; tempo.

2. CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E

INTERCULTURALIDADE

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

21

2.1. Formar professores na e para a interculturalidade: o caso do ciclo de conferências do Gesto à Voz: educação de surdos e inclusão

Joaquim Melro

Universidade de Lisboa & Centro de Formação de Escolas António Sérgio

Resumo

O desenvolvimento de processos interculturais de formação de professores assume actualmente relevância educativa e social. Deve propiciar-se

formação adequada para trabalharem de forma inclusiva, mobilizando e

desenvolvendo competências enquanto mediadores interculturais, respondendo à diversidade de características, interesses e necessidades de

estudantes de um sistema de ensino que subscreve a escolaridade

obrigatória até aos 18 anos. Os princípios da educação inclusiva e intercultural são essenciais na formação de professores de estudantes

surdos, significando valorizar a diversidade linguístico-cultural destes

estudantes. Mas passar dos ideais às práticas é complexo. Muitos

professores não tiveram acesso a uma formação que possibilite reconhecerem os estudantes surdos como participantes legítimos. Urge

garantir uma formação adequada, possibilitando-lhes desenvolver um

currículo intercultural e inclusivo, adequado às características dos estudantes surdos. Assumindo uma abordagem interpretativa e um design

de estudo de caso, discutimos um caso: o ciclo de conferências Do Gesto à

Voz: Educação de Surdos e Inclusão, cujo objetivo principal foi promover a

formação de professores e de outros agentes educativos no domínio da educação intercultural e inclusiva de surdos. Participaram agentes

educativos surdos e ouvintes, partilhando conhecimentos, crenças e dúvidas

durante três meses, em seis conferências. Os participantes eram investigadores, professores, estudantes, seus familiares e intérpretes de

LGP, entre outros. Usaram-se como instrumentos de recolha de dados

questionários, tarefas de inspiração projetiva, observação participante, recolha documental e conversas informais. Recorremos a uma análise de

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

22

conteúdo narrativa, fazendo emergir categorias indutivas. Os resultados

iluminam a importância de uma formação de professores intercultural e

inclusiva, que valorize, de forma sustentada, a diversidade linguístico-cultural dos surdos, adequando as práticas pedagógicas às suas

características. Evidencia-se a necessidade de derrubar barreiras à

afirmação de uma educação inclusiva e intercultural, facilitando as transições entre culturas.

Palavras-chave:

Formação de professores; Educação intercultural; Diversidade; Currículo; Surdos.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

23

2.2. Cidadania e poder do corpo: a erosão dos direitos

Maria Neves Gonçalves

Universidade Lusófonsa

José Brás Universidade Lusófonsa

Resumo

Nesta comunicação, exploramos a necessidade que se verificou em

Portugal, desde finais do Antigo Regime até finais do seculo XIX, de disciplinar o corpo na sociedade e de fazer desta problemática matéria de

ensino/aprendizagem. Este trabalho teve como propósito interpretar o

significado social do discurso disciplinar e estabelecer a sua relação com a cidadania e poder do corpo. Seguimos, como método de pesquisa, a

perspectiva arqueológica de Foucault. Com esta abordagem procurámos

definir o discurso disciplinar, um novo tipo de saber. Neste sentido, pesquisámos e analisámos uma pluralidade de fontes de registos de escrita

diversos: ensaios doutrinários, tratados de educação, imprensa e teses

apresentadas em Congressos Pedagógicos do séc XIX.

Como conclusão, verificámos que a disciplina é um saber-poder que emergiu com a modernidade em construção, já que o liberalismo

abandonou a fantasia megalomaníaca e obsessiva e totalmente administrada

(Rose, 1997, p.26). As transformações sociais em causa implicaram uma nova maneira de governar. A liberdade emergente trouxe, como

responsabilidade social, a cidadania e os direitos (ou ilusão dos direitos).

Para além de nascer uma sociedade disciplinar, como nos refere Foucault, verificou-se a necessidade de escolarizar este saber. Este processo

verificou-se em Portugal com a introdução da Educação Cívica no ensino

primário (lei de 22 de Dezembro de 1901) e da Educação Física na reforma

do ensino secundário 8 lei de 29 de Agosto de 1905). Neste sentido,

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

24

poderemos dizer que a disciplina é uma escola na medida em que visa levar

cada um a saber auto-governar-se. Por outro lado, é um saber-poder que,

dada a sua relevância social, precisa de ser ministrado no currículo escolar.

Palavras-chave:

Cidadani; Corpo; Disciplina.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

25

2.3. Pedagogy of the «socio» in meeting multicultural and non-formal learning in community context «low density»

Ernesto Martins

Instituto Politécnico de Castelo Branco

Resumo

The objectives of our argumentation hermeneutic based on ' social ', '

education ' and ' training ' cultural citizenship (city educator, learning

society, society for all ages) in non-formal learning. This education,

acquired in diversified contexts, community generates ‘pedagogy’ and ' to ' date (knowledge, relationships, coexistence, dialogue, etc.) integrated

within the framework of educational sciences (with special attention to the

social/social education pedagogy), due to the triple ' education – culture-community ' which are its foundations. We will discuss three strengths: the

relationship social pedagogy-pedagogy of encounter, in the

social/educational perspective; pedagogy of encounter integrated into ' low density pedagogies ' (territorial community and/or system); the challenges

of this pedagogy of encounter in community development and

intergenerational and multicultural dialogue.

Palavras-chave:

Social pedagogy; pedagogy of encounter; community interaction; non-

formal learning; multiculturalism

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

26

2.4. Os Imigrantes na Sala De Aula: pistas para Educação Intercultural

Cybele Soares

CINAIC

Resumo

A emergência de novos sujeitos nas escolas provoca a necessidade de rever

o significado da nossa prática pedagógica. Quando os novos sujeitos são imigrantes é importante rever o significado da imigração e compreendê-la

dentro do contexto da escola, crendo-a como a instituição que apresenta a

cultura do país receptor.

Este novo personagem nas salas de aula põe em questionamento a prática docente e sugere a importância de mirar o fenômeno sob um viés

intercultural. Assim, analisar a literatura produzida sobre o tema

e/imigrantes é o primeiro caminho para repensar a prática docente com esses novos sujeitos no propósito de melhor entendê-los como também de

contribuir para sua melhor inclusão.

A migração é um processo de rompimento que caracteriza o migrante

porque ele está marcado pelo local de origem. Não somente sua recepção no país escolhido parece depender dessa marca como também a forma que

encontra para manter alguma unidade identitária é estando em contato com

as relações deixadas noutro espaço. Uma forma de dar sentido à migração é lembrar-se do que o fez migrar, que em geral encontra-se no país emissor.

Sayad diz que “inmigración aqui y emigración allá son las dos caras

indisociables de una misma realidad” (2010). Daí que é necessária sensibilidade e acuidade no tratamento da imigração.

O fenômeno migratório não é novidade no Brasil, embora, excetuando as

grandes migrações da virada do século XIX para o século XX, o Brasil seja

conhecido muito mais como país emissor de migrantes que um país receptor, mas tem assistido um aumento dos fluxos migratórios para o país.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

27

É preciso que nos perguntemos se esses imigrantes têm suas culturas e suas

histórias consideradas no percurso escolar. E sobretudo que tentemos

responder honestamente às perguntas que se colocam. Como os diferentes grupos imigrantes são recepcionados e tratados na prática escolar? As

diferentes nacionalidades têm tratamentos diferentes? Quer dizer, existe um

imigrante desejável ao passo que existe também um imigrante indesejável, um bom e um mau imigrante? Há entendimento do que seja ser imigrante?

Isso estimula a questionar se há uma cultura superior, se há hierarquia de

culturas.

Não podemos desconsiderar a diversidade cultural se acreditamos que a escola é um espaço que deve ser, por excelência, democrático. E a

educação intercultural que além de estimular respeito às diversas culturas,

pretende trazê-las à tona e promover o diálogo, modifica todas as partes envolvidas nesse processo múltiplo e rico.

Palavras-chave:

Imigrantes; educação; interculturalidade; identidade

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

28

2.5. Educar para a cidadania num mundoplural: os direitos humanos e comunicação intercultural

Ana Nascimento

Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

Resumo

Este estudo enquadra-se na área da Economia da Educação, Políticas de

Ensino superior e pretende identificar os modelos de financiamento das

instituições públicas de ensino superior (IES) português e analisar a

estrutura das respectivas fontes de financiamento, baseando-se na teoria da partilha de custos desenvolvida por Johnstone (2004). Pretende também

analisar a dicotomia educação bem público – bem privado e a tendência

mundial crescente de mercantilização do ensino superior. Acompanhando uma tendência mundial, descrita por autores como Johnstone, Easterman e

Pruvot(2011) e no EURYDICE (2011), as questões do financiamento do

ensino superior começaram a ser cruciais em Portugal a partir de 1980, tendo o debate emergido a partir dos estudos de Cabrito (2002) e Cerdeira

(2009). As políticas de acesso ao ensino superior assumidas, conduziram ao

aumento do número de estudantes, provocando uma pressão orçamental

sobre o Estado. Perante este aumento, sucessivos governos procuraram introduzir novas formas de financiamento e, simultaneamente, solicitaram,

em crescendo, a participação dos estudantes nesse financiamento desde

1992, com a introdução de propinas no ensino superior público (Lei n.º 20 de 92, de 14/8, com alterações e nova legislação posteriores) e que

fundamenta a actual a participação directa dos estudantes no financiamento

das instituições públicas de ensino superior, ao pagarem uma propina que

ascende a cerca de 1000 euros/ano. Até meados da década de 1990, as IES eram financiadas pelo Estado em cerca de 97%, numa situação de quase

exclusividade de fundos estatais; actualmente, o financiamento privado

corresponde a cerca de 38%, a maior parte oriunda das propinas dos

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

29

estudantes. Face a esta situação, as IES têm vindo a desenvolver processos

de captação de receitas ligados ao que se costuma designar de terceiro

sector e que Jonhstone (2002, 2004) intitula de Fundraising– mecenato, investigação a pedido empresarial, venda de produtos e aluguer de espaços.

Tendo estes factores em conta, a investigação que agora se apresenta partiu

da seguinte questão de partida: Qual o papel que a diversificação das fontes de financiamento poderá desempenhar no futuro do ensino superior

português? A partir desta pergunta, traçaram-se os seguintes objectivos: a)

identificar as políticas de financiamento do ensino superior público

português nas últimas décadas; b) Analisar o contributo de cada fonte de financiamento no orçamento total das instituições; c) analisar a distribuição

do financiamento pelas actividades de formação e de ensino; d) identificar

as condições propostas pelos patrocinadores às instituições e e) analisar como gerem as instituições a sua autonomia num quadro de “abertura” ao

financiamento externo.

A metodologia utilizada é o estudo de caso múltiplo (Yin, 1994), onde cada

IES é um caso. Na pesquisa são utilizadas diversas fontes nomeadamente documentos das IES e entrevistas sendo que estão a ser realizadas

entrevistas semi-directivas (Bogdan e Biklen, 1994) a todos os directores,

reitores e presidentes das IES da área de Lisboa, num total de 53 entrevistados e ainda a alguns patrocinadores das IES públicas portuguesas

(seis). Após análise de conteúdo das entrevistas e análise documental a

informação recolhida será objecto de triangulação. Serão apresentados alguns resultados preliminares das entrevistas realizadas.

Palavras-chave:

Ensino superior; financiamento; partilha de custos; fundraising.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

30

2.6. Educação, Cultura e Cidadania na Construção de Pilares do Projeto Europeu com Jovens

Sara Pinheiro

FPCEUP

Andreia Caetano

FPCEUP

Resumo

Propósito do estudo:

De acordo com o que foi explorado nas últimas décadas, a emergência da

UE tem afetado a formulação da cidadania [2], trazendo preocupações com a cidadania, internacionalização e delegação de poderes para os estados-

membros da UE [4]. Como tal, a educação e a formação têm tido um papel

significativo na promoção da cidadania ativa, através da atualização de

competências [3].

Este estudo, decorrente do sucesso do Projeto “Construção e Cidadania

Europeia na Escola” (2013), é intitulado “Construindo Pilares do Projeto

Europeu com Educação, Cultura e Cidadania”. Reconhecendo os jovens como stakeholders na educação, e a sua experiência e localização dentro

dos relacionamentos estruturais particulares de poder, procura incorporar as

suas vozes e culturas na análise dos contextos que informam as suas vidas

[5], a UE e a Cidadania Europeia (CE). Como tal, pretende-se explorar os conhecimentos que os jovens portugueses detêm relativamente à mesma,

remetendo um foco específico nas Eleições para o Parlamento Europeu:

Quais os significados da CE e quais os seus conhecimentos acerca dos direitos e deveres, enquanto cidadãos europeus? Como é que se posicionam

face à CE?

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

31

Metodologia:

Entre janeiro e julho de 2014, o projeto engloba a participação de uma

escola secundária por distrito, incluindo Açores e Madeira, e antecipa a participação de cerca de 800 jovens, dos 11º e 12º anos, da via profissional

ou científico-humanística. Alguns destes jovens já participaram no projeto

do ano anterior, o que irá permitir fazer um follow-up dos resultados obtidos pelo projeto em 2013. O estudo utiliza uma metodologia mista que

combina quer inquéritos por questionário (aplicados pré e pós formação),

quer a avaliação da ação educativa “Educação, Cultura e Cidadania: Pilares

do Projeto Europeu”, através do preenchimento de uma ficha com questões abertas e fechadas). Os conteúdos e as atividades desta ação educativa

emergem do Guião de Atividades publicado pela equipa de investigação,

sendo um produto do projeto implementado no ano de 2013 [1].

Conclusões/ Resultados esperados:

Concebendo os jovens como construtores e apresentadores de um produto

criativo da sua reflexão e pesquisa, espera-se que os mesmos desenvolvam

conhecimentos sobre a União Europeia e a Cidadania Europeia, centrando-se nas Eleições ao Parlamento Europeu, em 2014. Colocando “mãos na

aprendizagem” espera-se que desenvolvam i) a consciência do seu direito

de voz e participação ativa na comunidade de pertença; ii) o seu potencial enquanto intervenientes com o direito de fazer a diferença nas suas vidas e

na dos outros; iii) a valorização da diversidade como enriquecedora da

sociedade atual e da União Europeia.

Referências:

[1] Araújo, H. C., Macedo, E., Ferreira, P. D., Neves, T., Doroftei, A. O.,

Caetano, A., Sousa, R. R. (2013). Construção e Cidadania Europeia na

Escola: Guião de Atividades. Porto: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Centro de Investigação em Ciências da Educação;

[2] Braidotti, R.(1998). Gender and the contested notion of European

citizenship. In Ferreira; Tavares; Portugal (Eds.), Shifting bonds shifting bounds: Women mobility and citizenship in Europe (pp. 59-66). Oeiras:

Celta.

[3] COM (2012). Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

32

Regiões. Repensar a educação - Investir nas competências para melhores

resultados socioeconómicos.

http://ec.europa.eu/education/news/rethinking/com669_pt.pdf

[4] Lister, R.(1997). Citizenship: Feminist perspectives. New York: New

York University Press.

[5] Macedo, E.(2009). Cidadania em confronto: Educação de elites em tempo de globalização. Porto: Livpsic.

Palavras-chave:

Cidadania Europeia; Participação cívica e política de jovens; União

Europeia.

3. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO,

INTERFACES E DIÁLOGOS COM

OUTRAS CIÊNCIAS

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

34

3.1. Projetos de educação para a saúde em meio escolar, da construção à avaliação

Cláudia Moreira

Universidade do Minho

Marta Pinto

Universidade do Minho

Resumo

O Projeto de Educação para a Saúde, em meio escolar, emerge como um

dispositivo educativo que tem vindo a ganhar destaque nas políticas

educativas nacionais, com maior incidência a partir de 2005 (Alves, 2013).

A Promoção da Saúde é, a partir da Carta de Otawa, em 1986, o primeiro

acordo internacional que convocou a Organização Mundial de Saúde

(OMS) e os demais organismos internacionais a advogar em favor da saúde

em todos os contextos, uma vez que a promoção da saúde não é da responsabilidade exclusiva dos serviços de saúde; todos os setores,

especialmente o da educação, são responsáveis pela construção de um bem-

estar global.

A partir daí, o Gabinete Regional para a Europa da Organização Mundial

de Saúde formou a Rede Europeia de Escolas Promotoras de Saúde, com o

objetivo de promover a saúde e reforçar o impacto da promoção da saúde em meio escolar.

Portugal aderiu a este movimento em 1995, que foi determinante para a

obrigatoriedade da implementação da Educação para a Saúde em todos os

níveis de ensino como parte integrante do Currículo.

O projeto é um inovador modo de organizar o trabalho, estando relacionado

com uma ação a realizar, pois o conteúdo de um projeto é uma

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

35

representação antecipadora de acontecimentos ou objetos ainda não

verificados (Barbier, 1996).

O projeto não se elabora, concretiza-se e acontece pelo diálogo constante: “participar na sua construção é navegar no rio da mudança, rumo à margem

da experiência, da inovação, da autonomia conquistada e da

responsabilidade partilhada” (Pacheco, Morgado,2013).

A sua elaboração está articulada com a medida de avaliação do projeto,

sendo que o referente de avaliação é o próprio projeto e o juízo de valor

resultante da avaliação que irá incidir, obrigatoriamente, na elaboração de

novos projetos.

Partindo do Currículo como projeto (Barbier,1996) e tendo como principal

referente o modelo Context, Input, Process e Product (CIPP), proposto em

1960 por Stufflebeam, apresenta-se um Projeto de Educação para a Saúde, no contexto de um Agrupamento de Escolas do Porto.

Palavras-chave:

Currículo; projeto de educação para a saúde; contextualização; referencial;

implementação; avaliação.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

36

3.2. A explicação de fenómenos físicos em contexto laboratorial por professores e alunos do ensino básico

Alcina Figueiroa

Instituto Piaget

Resumo

Uma das formas de ajudar a desenvolver competências relevantes no dia-a-

dia de cada cidadão, independentemente da profissão que desempenha, é

promover a (re)construção de explicações de fenómenos físicos e naturais,

em contexto laboratorial. Propiciando a interação entre os alunos, incentivando-os a aprender e desafiando-os a repensar os seus

conhecimentos prévios, o trabalho laboratorial facilita a concretização de

uma completa educação em ciências, podendo contribuir não só para que os alunos desenvolvam a capacidade de explicar e lidar com dados e

evidências, visando a construção de argumentos empiricamente

fundamentados, mas também para que compreendam a natureza do conhecimento científico e o modo como se desenvolve. A investigação

centrada nestas problemáticas sugere alunos e professores usam e

relacionam de diferentes formas os dados, as teorias e as evidências,

nomeadamente, na construção de explicações de fenómenos físicos e naturais.

Nesta investigação analisaram-se: i) explicações que 165 docentes do

Ensino Básico admitem que os alunos formulariam para alguns fenómenos físicos relativos às “características e comportamento do ar” e as explicações

que eles próprios consideram como sendo explicações completas; ii)

explicações que 75 alunos do Ensino Básico formulam para esses mesmos

fenómenos.

Os resultados obtidos através da aplicação de um questionário e de uma

entrevista semiestruturada, respetivamente, a professores e a alunos,

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

37

revelaram as dificuldades que quer uns (professores) quer outros (alunos)

apresentam na explicação dos fenómenos em causa, tendendo a usar

explicações demasiado simples e incompletas, sendo escassos os que explicam com base em modelos teóricos cientificamente aceites.

As conclusões desta investigação reforçam a necessidade de se prestar mais

atenção ao ensino e à aprendizagem da explicação científica, componente fundamental da formação de cidadãos considerados cientificamente cultos,

para que se consiga, nas atividades que se facultam aos alunos, promover o

desenvolvimento de capacidades explicativas.

Palavras-chave:

Ensinar ciências; contexto laboratorial; explicação científica.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

38

3.3. Para uma leitura do texto-mundo: educação literária, expressão e educação dramática- teatro o conto é teu, o conto é nosso

Carla Pires Antunes

Instituto de Educação da Universidade do Minho

Maria Flor Dias

Instituto de Educação da Universidade do Minho

Sara Reis da Silva

Instituto de Educação da Universidade do Minho

Resumo

Nos últimos anos, a nossa experiência docente/investigativa em contexto

académico tem-nos levado a concluir/intuir que a formação literária e

artística, em geral, dos nossos alunos da Licenciatura em Educação Básica, futuros profissionais de educação/mediadores de leitura, é, mesmo numa

fase que se pode considerar já avançada dos estudos, manifestamente débil,

evidenciando níveis de competência literária muito distintos/diferenciados, em alguns casos, até, constrangedores quanto, por exemplo, ao “intertexto

leitor”.

O projeto em implementação e do qual pretendemos dar conta nesta comunicação reveste-se de uma dimensão interdisciplinar, procurando não

apenas acentuar a transversalidade da língua portuguesa, materializada em

textos literários (do acervo tradicional à literatura canónica), mas também

da própria cultura artística.

Trata-se de um projeto desenhado com alunos dos 1º e 2º anos da

Licenciatura em Educação Básica, do Instituto de Educação da

Universidade do Minho. Neste âmbito e numa perspetiva interdisciplinar, pretende-se implementar um conjunto de atividades de mediação literária e

artística, no decurso da formação inicial de professores do 1º ciclo do

ensino básico e educadores de infância. Optando por uma metodologia de

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

39

investigação-ação, numa primeira fase, propomo-nos conhecer a cultura

literária dos alunos, para, posteriormente e designadamente no contexto de

UC como Literatura para a Infância e a Juventude e Expressão Dramática, entre outras, alargar o contacto com modos literários cuja receção é

aparentemente menos generalizada (poético e dramático/teatral);

desenvolver dimensões fonológicas e de interpretação inerentes a contextos de dizer e de oralidade (narração, formas poético-líricas e texto dramático);

perceber como a leitura poderá contribuir para a melhoria da capacidade de

desconstrução de textos e, consequentemente, para a formação de futuros

cidadãos ativos na leitura do texto-mundo.

Palavras-chave:

Educação Literária; Educação e Expressão Dramática; Mediação Literária e Artística; Formação inicial de professores.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

40

3.4. Ciências naturais: uma proposta de formação discente sob a noção de escrita solidária e de letramento científico

Maria Eugénia Totti

Universidade Estadual do Norte Fluminense - CCH - LEEL

Jerson do Carmo

Universidade Estadual do Norte Fluminense - CCH - LEEL

Resumo

Esse artigo é parte do projeto PIBID/2013 (Programa Institucional de Bolsa

de Iniciação à Docência/ Ministério da Educação) do curso de pedagogia da

UENF (Universidade Estadual do Norte Fluminense – Rio de Janeiro) que está sendo implantado em 2014 e, resulta de experiências envolvendo as

áreas do ensino de ciências naturais e da escrita solidária. Tem como

objetivo construir um lócus de discussão em torno da naturalização do

medo de escrever e da visão reducionista e mecanicista relativa ao ensino de ciências. O projeto é desenvolvido com a participação de 24 alunos do

curso de pedagogia e está sendo implantado em quatro escolas públicas de

Campos dos Goytacazes.

As dificuldades de escrita dos professores e alunos são concebidas como

um obstáculo estrutural para desempenhos pedagógicos e acadêmicos, pois

se entende que tais dificuldades são históricas e socialmente construídas, podendo interferir assim no autoconceito, autorrespeito e autoestima que

têm em relação à escrita. O projeto está organizado, considerando três

ambientes: a Licenciatura de Pedagogia, as quatro escolas vinculadas ao

PIBID e o ambiente interdisciplinar, envolvendo as áreas da Linguagem e das Ciências Naturais, de forma estruturante e organizada com foco nos

Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Os três ambientes citados configuram um sistema no qual as relações entre as partes são o que lhe confere a condição necessária para sua definição.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

41

Serão, portanto, as relações entre os planos interdisciplinar, didático e

avaliativo que conformarão caminhos entre os três ambientes, conferindo-

lhes sentido de formação estruturante para uma visão emancipada e emancipatória da formação científica e da escrita na Licenciatura de

Pedagogia e nas escolas participantes do projeto PIBID/CCH.

Palavras-chave:

Ciência Naturais; Letramento Científico; Escrita Solidária.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

42

3.5. Evolução das ilustrações do castanheiro do séc. XVI- um contributo da história da botânica

Isilda Rodrigues

Universidade de Trás-os Montes e Alto Douro

Andreia Carvalho

Universidade de Trás-os Montes e Alto Douro

Resumo

O presente estudo foi desenvolvido no âmbito da Unidade Curricular de

História da Ciência, pertencente ao curso de Doutoramento em Ciências da

Terra e da Vida, e tem como principais objetivos: a) fazer um levantamento das ilustrações do castanheiro do século XVI, encontradas nas obras de

alguns autores da época, analisando as suas principais diferenças e b)

refletir sobre a importância das ilustrações do castanheiro para o aumento

conhecimento da história da botânica.

O castanheiro existe há milhares de anos acompanhando o Homem desde o

Paleolítico, cuja cultura iniciou-se no Oriente, em seguida, foi transmitida

aos gregos, e, posteriormente, foram os romanos que difundiram o seu cultivo generalizado. O castanheiro era denominado Árvore do pão, porque

durante a Idade Média, era cultivado em diversas áreas do Mundo e

constituía um recurso precioso para a sustentabilidade das populações e devido à importância primária das castanhas.

O estudo das ilustrações é importante, dado que as técnicas utilizadas para a

representação da imagem passaram por processos variados. As ilustrações

poderão servir como documentos e fontes para os estudos da História da Ciência. Na ilustração botânica, o desenho esclarece, tira dúvidas,

possibilita entender em menos tempo e torna visíveis imagens constituídas

a partir de fragmentos.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

43

Para este estudo recorremos à análise documental. Sempre que possível

optámos pela recolha de dados em fontes primárias, por serem registos

mais fidedignos, contudo também tivemos a necessidade de consultar fontes secundárias. Utilizámos para recolha de dados as seguintes obras: De

historia stirpium commentarii insignes (1551) de Leonhart Fuchs; Naturalis

historiae opvs novvm in qvo tracta (1551) de Adam Lonicer; Index Dioscoridis (1558) de Amato Lusitano; New Kreüterbuch: Mit den

allerschönsten vnd artlichsten figuren aller gewechß, dergleichen vormals

in keiner sprach nie an tag kommen (1563) de Pietro Mattioli;

Phytognomonica Io. Baptistae Portae (1589) de Giovanni Battista della Porta.

A escolha destas obras deve-se ao facto dos seus autores terem sido

considerados como referências na sua época.

Constatámos que, já no século XVI, se possuíam alguns conhecimentos

sobre as caraterísticas morfológicas dos diversos órgãos vegetativos da

espécie Castanea sativa, permitindo a visualização e diferenciação da raíz,

caule, folhas e fruto. Esta investigação contribui para a compreensão da evolução do conhecimento científico sobre o castanheiro, durante o século

XVI.

Palavras-chave:

Ilustrações; Castanheiro; História da Botânica; Século XVI.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

44

3.6. A Dignidade como Valor: Acerca da Contribuição da Filosofia Kantiana para a Educação

Edmilson Menezes

Universidade Federal de Sergipe

Resumo

Uma das perspectivas mais importantes da filosofia prática kantiana é a

seguinte: somente os seres racionais são passíveis de dignidade, e o

homem, por sua capacidade de auto-referência e aos pares, torna-se o

grande marco deste valor intrínseco. A razão relaciona cada máxima da vontade, concebida como legisladora universal, com todas as outras

vontades e todas as ações para conosco próprios. Isto não se dá em virtude

de qualquer outro motivo prático ou vantagem futura, mas por causa da própria idéia de dignidade de um ser que não obedece a outra lei senão a

que ele mesmo se dá. Nada equivale a um homem, salvo outro homem. Por

isso, no convívio das liberdades, os homens devem, uns aos outros, o respeito merecido em toda individualidade, por ser digna, por ser fim em si

mesma: a moralidade é a única condição que pode fazer de um ser racional

um fim em si mesmo, pois só por ela lhe é possível ser membro legislador

do reino dos fins. Portanto a moralidade, e a humanidade enquanto capaz de moralidade, são as únicas coisas que têm dignidade, lembra-nos Kant. A

pesquisa que originou o trabalho teve como pressuposto o seguinte: a

filosofia é explicitação e discurso. Ela se explicita em movimentos sucessivos, no curso dos quais ela produz, abandona e ultrapassa teses

ligadas umas às outras numa ordem das razões. Com efeito, a investigação

procurou fazer uma leitura da obra de Kant, em especial da Crítica da

Razão Prática e do opúsculo Sobre a Pedagogia, ressaltando sua estrutura interna e dela retirando o percurso filosófico do autor até o desvendamento

da sua ordem argumentativa. Para tanto, adotou-se o ponto de vista

sistemático. O conceito que nos introduziu no tema foi o de Dignidade,

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

45

porque tanto a filosofia da educação como a filosofia moral dependem

sistematicamente dele. Neste sentido, o objetivo deste trabalho é entender a

formulação prática desenvolvida pelo filósofo na atribuição exclusiva da dignidade ao estatuto de pessoa e seu nexo com a educação.

Palavras-chave:

Dignidade; Educação; Kant

4. COMUNICAÇÃO EDUCATIVA, REDES

E PARCERIAS EM EDUCAÇÃO

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

47

4.1. O processo cognitivo/subjetivo emergente do acopelamento dos jovens com as tecnologias digitais

Maria Cristina Rigão Iop

UNISC

Nize Maria Pellanda

UNISC

Resumo

Tendo em vista minha prática educativa, desenvolvida ao longo dos anos

em uma escola no sul do Brasil, envolvendo o uso das tecnologias digitais,

e considerando o paradigma emergente da complexidade, que pautam meus estudos teóricos, surgiu a necessidade da investigação de como acontece o

processo de cognição/subjetivação dos jovens estudantes, no mundo digital

que nos envolve, utilizando um híbrido de blog e rede social, chamado

tumblr. Nesta experiência vou observar entre outras coisas, o processo de construção da autonomia dos envolvidos, a cooperação e o acoplamento

com a máquina. Quero perceber o devir, como a aprendizagem emerge no

processo de várias linguagens, pois acredito que os jovens construam conhecimento/subjetividade de forma inseparável no ambiente digital. Os

sujeitos da pesquisa são estudantes de uma turma de 6º ano, que tem 20

alunos, com idade entre 10 e 11 anos, que se reúnem em encontros de uma hora semanal. Para gerar as experiências da pesquisa propus a utilização do

tumblr, onde os estudantes podem postar textos, imagens, vídeos, links,

citações, áudios, suas autonarrativas, suas emergências e perturbações

como exercício de devir e também de autoria, originárias de trocas entre o grupo. Proporei ao final da experiência uma roda de conversa, para que eles

percebam quais foram as transformações ocorridas desde nosso primeiro

encontro, todas as perturbações e suas conclusões. Esta experiência está relacionada com a aplicação do pressuposto cibernético da metacognição,

ou seja, da retroalimentação, pois o sujeito reflete sobre seu próprio

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

48

caminho numa atitude na qual ele constrói autonomia. Manterei um diário

de bordo e este permitirá a reflexão sobre os processos mais significativos

da dinâmica que estamos inseridos e a conscientização de suas evoluções. Estas escritas poderão me mostrar a circularidade entre eu, pesquisadora, e

os sujeitos pesquisados, indicando o processo ruído-organização-ruído e a

sua complexificação. Em consonância com os pressupostos da complexidade constituídos pela Biologia da Cognição, de Humberto

Maturana e Francisco Varela e a teoria da Complexificação pelo Ruído de

Henri Atlan, as experiências serão tratadas a partir dos marcadores teóricos

da autopoiese, da metacognição, da complexificação pelo ruído e do acoplamento tecnológico, tendo em vista o observador incluído e com os

cuidados de uma escuta sensível, a partir das autonarrativas que emergirão

das perturbações dos jovens quando do uso do tumblr, do espaço de relações, de convivência onde fluirá a linguagem.

Palavras-chave:

Tecnologias digitais; Teoria da Complexidade; Prática educativa.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

49

4.2. Mobile Learning para alunos com necessidades educativas especiais (NEE)

Jorge Brandão

Universidade Católica Portuguesa

Sílvia Cardoso

Universidade Católica Portuguesa

Adriana Mendonça

Universidade do Minho

Joana Figueiredo

Universidade Portucalense Infante D. Henrique

Resumo

Na última década, a utilização dos telemóveis, smartphones e tablets sofreu

um crescimento exponencial, decorrente do seu aperfeiçoamento, com velocidades de processamento cada vez mais céleres, maior capacidade de

armazenamento e maior disponibilidade de ligações à Internet em banda

larga. Todos estes tornaram tais dispositivos capazes de processar aplicações com alto nível de recursos gráficos. Neste contexto, as

tecnologias e aplicações móveis direcionadas para o ensino - Mobile

learning ou m-learning - são consideradas tecnologias emergentes (Horizon

Report , (NMC, 2013).

Em Abril último, as aplicações de conteúdo educativo ocuparam o 2º lugar

em downloads, muito acima das aplicações comerciais. Acredita-se que as

aplicações educativas para dispositivos móveis podem aumentar a motivação, a concentração e o empenho das crianças, melhorando as suas

capacidades cognitivas (Skiada, 2013). Mas, apesar da facilidade de

manuseio (touchscreen), do design atrativo e de todas as suas capacidades, o potencial de utilização destas tecnologias no ensino ainda é algo recente e

carece de investigação.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

50

Apelidados de nativos digitais, os alunos de hoje revelam fascínio,

facilidades e destrezas para lidar com tecnologia (Prensky, 2001). Isso pode

ser incentivado para facilitar a apropriação do conhecimento escolar, especialmente admitindo o seu potencial benefício no ensino e na

aprendizagem de alunos com NEE, pois acredita-se que estas tecnologias

emergentes e de tão fácil utilização, podem proporcionar experiências educativas motivantes e extremamente estimulantes, permitindo a alunos e

professores desenvolverem novas competências e superar limitações nos

processos de ensinar e aprender, particularmente quando se lida com

condições excecionais.

Nesta comunicação, partilhamos uma interpretação sobre a utilização do m-

learning, com recurso a apontamentos bibliográficos, visando as vantagens

e casos de sucesso com alunos com NEE, bem como o conhecimento aos professores sobre as potencialidades metodológicas destes recursos no

ensino/aprendizagem com vista à (re)novação das práticas docentes. Assim,

evidenciamos a nossa visão de como, em educação, as aplicações móveis

podem ser exploradas com alunos com NEE, aumentando a concentração, motivação, interesse e inclusão educativaem ambientes escolares regulares.

Palavras-chave:

M-learning; necessidades educativas especiais; inclusão educativa

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

51

4.3. O papel das TIC no contexto do ensino básico

Carla Ravasco

UDI Instituto Politécnico da Guarda

Carlos Brigas UDI Instituto Politécnico da Guarda

Carlos Reis

UDI Instituto Politécnico da Guarda

Cecília Fonseca

UDI Instituto Politécnico da Guarda

Joaquim Mateus

UDI Instituto Politécnico da Guarda

Urbana Cordeiro

UDI Instituto Politécnico da Guarda

Resumo

As TIC modificaram as mais diversas áreas onde nos movimentamos,

alteraram a forma como interagimos com a sociedade, como adquirimos

informação e como trabalhamos. As TIC utilizadas como ferramentas educativas possuem um enorme potencial e é incontornável a sua utilização

no dia-a-dia da escola, independentemente da faixa etária ou do nível de

ensino dos alunos.

Desde os anos oitenta do século XX, o governo Português promoveu um conjunto diversificado de projetos com a finalidade de promover a

integração das TIC nos diferentes níveis de ensino. Todos os projetos

partilhavam o objetivo de estimular a utilização das TIC em ambientes educativos, através da formação de professores e alunos, do apoio à

aquisição de equipamentos TIC e no desenvolvimento e na disseminação de

conteúdos.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

52

No contexto da sociedade da informação atual e perante o papel que esta

pode assumir na melhoria das práticas educativas, torna-se necessário

proceder a uma avaliação correta da importância que as TIC podem assumir na mudança de processos e de práticas educativas.

O projeto Abordagens Interativas na Educação que está a ser levado a cabo

por investigadores da Unidade de Investigação para o Desenvolvimento do Interior, do Instituto Politécnico da Guarda, tem como objetivo avaliar a

influência real da utilização das TIC na educação, nomeadamente no que

diz respeito ao uso do computador, em geral, e ao Magalhães, em

particular, no 1º Ciclo do Ensino Básico no concelho da Guarda.

Nesse sentido, vamos apresentar um estudo que teve como objetivo avaliar

as perceções dos professores e dos alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico no

concelho da Guarda, quais os seus hábitos na utilização dos computadores, nomeadamente no que diz respeito ao uso do computador, em geral, e ao

computador Magalhães, em particular.

O presente estudo ocorreu no período compreendido entre abril de 2012 a

junho de 2012. Numa fase preliminar incidiu sobre o desenvolvimento do questionário e a sua validação de conteúdo. A metodologia utilizada nesta

investigação é do tipo empírico descritivo como refere Silva e Menezes esta

metodologia permite descrever as características de uma população. O inquérito por questionário foi o instrumento de recolha de dados utilizado

na realização deste estudo.

Dos resultados recolhidos podemos concluir que praticamente todos os alunos têm contacto permanente com as tecnologias, podemos também

observar que essa utilização é feita nos mais diversos contextos e com as

mais variadas finalidades.

Palavras-chave:

Tecnologias de Informação e comunicação; Computador; Escola; Aluno;

Professor.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

53

4.4. Desenvolvimento de competências-chave em literacia digital

Lurdes Lima

Centro de Investigação e Intervenção Educativas, Faculdade de Psicologia e de

Ciências da Educação da Universidade do Porto

Angélica Monteiro

Centro de Investigação e Intervenção Educativas, Faculdade de Psicologia e de

Ciências da Educação da Universidade do Porto

Carlinda Leite

Centro de Investigação e Intervenção Educativas, Faculdade de Psicologia e de

Ciências da Educação da Universidade do Porto

Resumo

A literacia digital constitui uma das competências-chave para a

aprendizagem ao longo da vida e corresponde a um dos eixos de ação da

Estratégia Europa 2020, pelo que tem vindo a ser alvo de preocupação e

reflexão nos últimos anos.

Dado a relevância deste domínio, a UNESCO (2011) concebeu o

documento “Alfabetização Mediática e Informacional: currículo para

professores” que constitui um complemento do marco das competências TIC para professores (2008).

A nível nacional, o Conselho Nacional de Educação (CNE) participa de um

grupo informal constituído por representantes da UNESCO, Entidade

Reguladora para Comunicação Social (ERC), Gabinete de Meios de Comunicação Social, Ministério da Educação e Agência para a Sociedade

do Conhecimento e do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da

Universidade do Minho (UMIC).

Neste momento, encontra-se em discussão pública o documento

“Referencial de Educação para os Media para a Educação Pré-escolar, o

Ensino Básico e o Ensino Secundário”, que pretende constituir-se como

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

54

referência para a implementação da Educação para os Media em meio

escolar.

Dado a importância destes documentos e as recentes alterações ao currículo dos ensinos básico e secundário (Decreto-Lei n.º 139/2012 e respetivas

alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 91/2013), estamos a

desenvolver um estudo que tem como objetivo conhecer de que forma os professores utilizam os media digitais a nível pessoal e pedagógico-didático

e como promovem a sua utilização nos contextos escolares.

A presente comunicação pretende dar a conhecer alguns resultados parciais

do estudo exploratório, e de um estudo de caso centrado num agrupamento de escolas de Vila Nova de Gaia.

Para a recolha dos dados recorremos a pesquisa bibliográfica, análise

documental e um inquérito por questionário (70 respostas).

Estes resultados preliminares apontam para uma utilização generalizada dos

media digitais por parte destes professores na sua atividade docente,

nomeadamente ao nível da motivação para a aprendizagem e da

comunicação com os estudantes. A nível da utilização pessoal, salienta-se o recurso a fontes de informação digital e de programas do Office (Word,

PowerPoint e Excel).

No final do estudo pretende-se produzir recomendações de atuação educacional e pedagógica necessária à promoção da literacia digital junto

das escolas do ensino básico e secundário. Neste sentido, seria necessário

efetuar um estudo futuro no sentido de se perceber o impacto das recomendações produzidas.

Palavras-chave:

Literacia digital; Competências digitais; Utilização Pedagógica das TIC.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

55

4.5. As TIC e as Práticas Docentes: a utilização do software educativo “escola-virtual” na prática de ensino supervisionada

Henrique Gil

Escola Superior de Educação de Castelo Branco (ESE-IPCB) & CAPP-ISCSP-

Universidade de Lisboa

Cláudia Farinha

Escola Superior de Educação de Castelo Branco (ESE-IPCB)

Resumo

A presente investigação, realizada no âmbito da Prática de Ensino

Supervisionada, teve como objetivo principal descrever e analisar a

importância das TIC no processo de ensino e de aprendizagem, a partir da utilização do software educativo «Escola Virtual-3ºano». Tendo em

consideração o facto da utilização das TIC no processo de ensino e de

aprendizagem não ser ainda muito comum, pretendeu-se introduzir novas práticas e novas abordagens num contexto educativo frequentado pelos

nativos digitais. A metodologia utilizada nesta investigação foi a pesquisa

qualitativa, com uma abordagem mista, que integrou o estudo de caso e a

investigação-ação, tendo sido aplicados questionários aos alunos, registo de observações das aulas e entrevistas aos professores do 1º CEB pertencentes

ao agrupamento, com o objetivo de se proceder a uma posterior

triangulação de dados. A análise de dados demonstrou que o uso do software educativo pode promover aprendizagens mais motivadoras,

desafiantes e significativas, realçando também a importância do papel do

professor como mediador. Foi possível verificar-se uma fácil e rápida adaptação na utilização do software educativo por parte dos alunos que lhes

permitiu um maior envolvimento nas atividades que foram implementadas.

Um outro dado apurado, ao qual se confere um destaque especial, tem a ver

com o facto da utilização de um software educativo possuir, quase sempre, um contexto mais lúdico. Tendo em conta os resultados de investigações

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

56

(nacionais e internacionais) que referem o uso preferencial das TIC para

jogar, a utilização da ‘Escola Virtual’, ao combinar o aspeto lúdico e o

aspeto ‘curricular’ conseguiu que se facilitasse a concretização dos educativos previamente definidos.

Palavras-chave:

TIC; Software Educativo; 1º CEB; Prática de Ensino Supervisionada.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

57

4.6. O aluno, o ensino e a tecnologia: que relação?

Cecília Fonseca

Instituto Politécnico da Guarda

Joaquim Mateus Instituto Politécnico da Guarda

Urbana Cordeiro

Instituto Politécnico da Guarda

Resumo

Nos últimos anos em Portugal, as políticas educacionais conduziram a um aumento significativo dos recursos tecnológicos disponíveis nas escolas.

Destas políticas mais recentes, destacamos o Plano Tecnológico que

disponibilizou às escolas, aos professores e aos alunos do 1º ciclo do ensino

básico computadores (nomeadamente o computador Magalhães) e garantiu o acesso mais generalizado à internet. Este processo implicou desafios e

oportunidades para os professores, alunos e pais / encarregados de

educação. Consequentemente, metodologias e técnicas, abordagens e hábitos de estudo podem ter sofrido alterações.

Este trabalho baseia-se em estudos recentes e aborda a utilização das novas

tecnologias em contexto escolar por parte dos alunos do 1º ciclo, nomeadamente nas áreas de Português, Matemática e Estudo do Meio. No

quadro de uma aprendizagem centrada no aluno, é importante analisar as

competências e os conhecimentos que o mesmo adquire, ou não, ao

interagir com as múltiplas ferramentas tecnológicas utilizadas em contexto escolar. Por outro lado, é importante perceber que utilização faz das

tecnologias de informação e comunicação fora do contexto escolar. Será,

ainda, analisada a perceção dos alunos sobre a sua competência na utilização de tais ferramentas e do apoio que recebem dos professores e dos

pais / encarregados de educação.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

58

Na realidade atual, as metodologias de ensino / aprendizagem têm de estar

coordenadas com a permanente presença das tecnologias de informação e

comunicação na vida dos alunos, devendo utilizá-las nas situações em que sejam uma mais-valia.

Palavras-chave:

Aluno; 1º ciclo do ensino básico; Tecnologia.

149

5. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE

ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

60

5.1. A criança e o brincar: entre o mundo pensado e o mundo vivido

Roselaine Kuhn

Universidade do Minho

António Camilo Cunha Universidade do Minho

Resumo

O texto corresponde a projeto de doutoramento que investiga duas

dimensões do brincar na Educação Infantil: uma racional - mundo pensado e outra fenomenológica - mundo vivido.

A infância é uma categoria resultante da modernidade e das inúmeras

modificações nas ciências, política, educação e artes que ocorrem desde o século XVIII. A partir deste período situa-se a criança como sujeito distinto

dos adultos, principalmente no tocante à natureza das atividades que lhe são

eleitas como próprias: o brincar e o jogar. Desde então, reconhece-se a

infância como categoria da modernidade e vários campos do saber debruçam-se sobre esse fenômeno. As ciências e a Pedagogia requerem que

a criança seja cuidada, pensada e atendida, ao tempo em que espaços

específicos são destinados para educá-la, a exemplo da escola.

Paulatinamente os saberes escolares pautam-se em perspectivas

conflitantes: as pedagogias centradas no esforço e os estímulos

controladores; e as pedagogias centradas no prazer de aprender, pautada nas pulsões libertadoras.

O problema questiona sobre quais são as representações que crianças e

professores têm sobre o brincar e do jogar. Os objetivos são: Conhecer as

representações das crianças (alunos) sobre brincar e jogar; Conhecer as representações dos adultos (professores) sobre brincar e jogar; Observar as

crianças em prática de brincadeiras e jogos; Construir uma taxionomia de

respostas que se situem ora no mundo pensado, ora no mundo vivido;

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

61

Contribuir com informações sobre esses dois sentidos e significados de

conceber o brincar e o jogar; Contribuir com uma reflexão crítica e original

sobre essa dicotomia, tentando transformá-la numa dialética; Mostrar que existem outros cenários de entendimento do movimento humano;

Contribuir com o conhecimento para outros olhares educativos,

nomeadamente um outro sentido ético e estético na Educação Infantil. As hipóteses correspondem à: As representações das crianças sobre o brincar e

o jogar situam-se no campo da fenomenologia; As representações dos

professores situam-se no campo da racionalidade; Há diferenças profundas

entre as representações dos professores (e demais adultos) e das crianças; As manifestações que “aparecem” na prática do brincar e do jogar em

liberdade das e entre as crianças são predominantemente ontológicas,

existenciais e fenomenológicas.

A pesquisa é qualitativa do tipo etnográfica. Os instrumentos de recolha de

dados serão entrevistas semi-estruturadas, diário de campo e filmagens,

através da observação direta e indireta. A interpretação dos dados será

efetuada a partir da análise de conteúdo. Os sujeitos da investigação são crianças de 4 a 6 anos e professores de uma escola de Educação Infantil de

Braga-Pt.

Estimamos poder contribuir com uma sistematização das representações sobre o brincar a partir dos dados empíricos de modo a construir uma

taxionomia de saberes que forneçam o entendimento do objeto.

Palavras-chave:

Brincar; fenomenologia; corporeidade.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

62

5.2. De Par em Par- multidisciplinar e interinstitucional

Ana Mouraz

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

João Pedro Pego

FEUP

Resumo

O projeto que se toma como ponto de partida, o De Par em Par, em curso

na Universidade do Porto desde 2009, pretendeu romper com a tradição

solitária de se exercer a docência no Ensino Superior e promover práticas

colaborativas que constituíssem um modelo de formação pedagógica. Todavia, o seu caráter inovador não reside na entrada de outros professores

dentro da sala de aula (no que se convencionou chamar o jardim secreto do

currículo), mas na abertura da mesma porta ao olhar de outros professores de outras áreas disciplinares, com outras culturas epistémicas. Contribui-se,

por isso, para o estabelecimento de ligações entre professores de diferentes

Unidades orgânicas e para o reconhecimento necessário da alteridade que pode produzir colaborações futuras.

Na comunicação que se apresenta pretende-se contribuir para a discussão

dos resultados do de Par em Par, em arenas mais abrangentes da

Comunidade académica e contribuir para o reconhecimento do modelo de observação de pares multidisciplinar como uma prática de formação de

professores do Ensino Superior.

Palavras-chave:

Observação de pares multidisciplinar; Educação Superior; Modelo de

formação.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

63

5.3. As transições curriculares-entre as tendências do trabalho das escolas e as dificuldades experienciadas dos alunos

Ana Mouraz

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

Ana Cristina Torres

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

Resumo

As transições curriculares inerentes à mudança de ciclo de ensino são tidas

como momentos cruciais nas trajetórias escolares dos alunos. Esta comunicação tem como foco o estudo dessas transições. Para isso, foi

concebido e validado um questionário, que se destina a produzir

conhecimento sobre a apreciação que os estudantes fazem do trabalho

desenvolvido pela escola, em prol da promoção das suas aprendizagens, nos períodos em que experienciam transições escolares, isto é, quando

transitam para outros contextos em que tais aprendizagens têm que ser

mobilizadas.

O questionário permite aceder a informação útil capaz de fazer luz sobre os

modos como as transições curriculares são experienciadas pelos alunos.

Permite, também, associar às transições curriculares as dificuldades de integração mais comuns e os modos como as Instituições se vão

organizando para lhes responder.

A comunicação que se apresenta parte do pressuposto que esta informação

é importante para o trabalho curricular das escolas e dos professores e identifica as relações entre as dificuldades experienciadas pelos estudantes

nos momentos de transição com as tendências que orientaram o trabalho

desenvolvido pelas escolas. Mobilizam-se dados relativos a cerca de quatro centenas de questionários aplicados a ex-estudantes de escolas do ensino

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

64

básico e secundário da zona do grande Porto, em dois anos escolares

consecutivos.

Palavras-chave:

Transições Curriculares; Trabalho curricular das escolas; Integração

Escolar.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

65

5.4. A criatividade matemática na resolução de tarefas de investigação e exploração: uma experiência de ensino no 7.º ano de escolaridade

Aldina Rodrigues

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Paula Catarino

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Ana Paula Aires

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Helena Campos

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Resumo

Investigações mais recentes (Leikin, 2009) e (Leikin et al., 2013) têm

revelado que a criatividade dos alunos pode ser promovida através de novas

metodologias de ensino que passam pela implementação de tarefas de cariz investigativo e exploratório, onde o aluno assume um papel mais ativo e

autónomo. Neste contexto, implementou-se uma experiência didática em

que, numa 1ª fase, se analisou as conceções que os alunos de uma turma de

7.º ano de escolaridade, de uma escola da região norte, constituída por 17 alunos, têm sobre o conceito de criatividade matemática.

A metodologia utilizada neste estudo foi de natureza qualitativa, seguindo

um design de estudo de caso e o instrumento de recolha de dados foi o questionário por inquérito, implementado numa aula de matemática, no ano

letivo de 2013/ 2014.

A análise dos dados, foi levada a cabo através do software de dados de natureza qualitativa, NVivo 8. Da análise dos resultados, podemos concluir

que, para estes alunos, a criatividade matemática está relacionada com a

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

66

resolução de problemas e com a inovação. Como tal procedeu-se à 2ª fase

da experiência didática onde foi implementada uma sequência de tarefas de

investigação e exploração e consequente análise das dimensões da criatividade matemática resultantes das produções dos alunos. Esta

experiência permitiu concluir que a fluência e a flexibilidade foram as

dimensões mais representativas da turma.

Referências Bibliográficas

- Leikin, R. (2009). Exploring mathematical creativity using multiple

solution tasks. In R. Leikin, A. Berman and B. Koichu (Eds.) Creativity in

mathematics and the education of gifted students (pp. 129-135). Rotterdam: Sense Publishers.

- Leikin, R., Subotnik, R., Mihaela, F., & Ildiko, S., Teachers’ views on

creativity in mathematics education: an international survey, ZDM Mathematics Education 45 (2013), 309–324.

Palavras-chave:

Criatividade; Criatividade Matemática; Tarefas de investigação e

exploração; Experiência de ensino; 3.º Ciclo do Ensino Básico

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

67

5.5. Estímulo à autoria escolar: possível fator de permanência na educação profissional de jovens e adultos

Jerson Tavares do Carmo

Universidade Estadual do Norte Fluminense

Karine Lóbo Castelano

Universidade Estadual do Norte Fluminense

Jusemara Henrique da Silva Pessanha

Universidade Estadual do Norte Fluminense

Resumo

É fato que, na maioria das escolas brasileiras, a prática pedagógica dos

docentes ainda mantém a perspectiva de um ensino marcado por uma

abordagem que desconsidera o desenvolvimento do estilo de escrita do aluno. A exclusão dessa vivência em sala de aula tanto pode reduzir e

tornar artificial o objeto de aprendizagem, a escrita, quanto pode deixar de

explorar a relação que os alunos têm com ela fora da sala de aula. Entende-se a autoria escolar como uma prática que leva o aluno a sentir uma

satisfação em relação a uma das competências básicas da escola: o ato de

escrever. Mas, para isso, o exercício dessa escrita não pode estar nos mesmos moldes que normalmente vêm sendo ensinado, isto é, uma prática

mais para "bloquear" do que para libertar o processo de criação e

organização do pensamento pela expressão escrita dos alunos. Dessa forma,

parte-se do pressuposto de que as dificuldades com a escrita não são individuais, se não coletivas, resultado de sistemas educacionais que foram

organizados historicamente como meio de dominação das camadas

populares. Os professores se incomodam com a dificuldade na escrita dos alunos e estes incorporam uma baixa autoestima, sentindo-se excluídos na

sociedade, o que contribui para a infrequência, o afastamento temporário e,

por vezes, definitivo. Com isso, nesta pesquisa, propusemos como objetivo uma qualificação básica de estímulo à autoria escolar. Tendo como base

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

68

uma análise da produção textual realizada para ingresso de alunos no

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense - Campus

Campos Guarus, nos cursos Técnicos de Eletrônica e Meio Ambiente do PROEJA (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com

a Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos), situado no

município de Campos dos Goytacazes/ Rio de Janeiro/ Brasil, foi estruturada uma oficina de 20 horas com esses alunos que, em 2014, estão

cursando o 2º ano. A partir de estratégias de ações solidárias em torno do

processo de criação e de revisão das rasuras na escrita, percebemos que há

um maior empenho dos alunos em realizar atividades de produções textuais em função de um sentimento de pertença e reconhecimento social entre os

colegas e os tutores da oficina, elementos fundamentais para a permanência

escolar de jovens e adultos. Supõe-se que o direito ao domínio da escrita como meio de expressão e comunicação deva ser o ponto de partida de um

percurso investigativo e de formação que se orienta pelo princípio da

inversão da lógica que constrange, mais do que viabiliza, a autenticidade da

expressão escrita em qualquer gênero que seja. Trata-se aqui de admitir conscientemente o poder da escrita como forma de expressão e

comunicação, logo, como bem social a que os alunos têm direito.

Palavras-chave:

Prática pedagógica; escrita; processo de criação

GersonTavares Do [email protected] BrazilDarcy Ribeiro

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

69

5.6. Ambiente de sala de aula e relação pedagógica entre professores e estudantes no ensino superior

Carlos Barreira

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Frederico Monteiro

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Graça Bidarra

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Piedade Vaz Rebelo

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Resumo

O objetivo deste trabalho consiste na descrição do ambiente observado nas salas de aula, destacando-se também a relação pedagógica existente entre

docentes e estudantes no Ensino Superior.

Inserido no âmbito do projeto AVENA – “Avaliação, ensino e

aprendizagens no ensino superior em Portugal e no Brasil: realidades e perspetivas” (PTDC/CPE-CED/114318/2009), este trabalho caracteriza-se

por um intenso processo de recolha de dados associado à observação de

160 horas de aulas, divididas por 8 unidades curriculares de diferentes cursos de licenciatura representantes de 4 áreas científicas (Artes e

Humanidades, Ciências da Saúde, Ciências e Tecnologias, Ciências

Sociais), e também pelas 8 entrevistas efetuadas aos respetivos docentes e 8 focus groups concretizados com a colaboração dos estudantes das mesmas

unidades curriculares. Neste sentido, foram construídas narrativas

integradas a partir da análise das observações e das entrevistas realizadas

aos professores e estudantes em cada uma das áreas do saber que incluíam, para além de outros aspetos relativos ao ensino, à avaliação e à

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

70

aprendizagem, o ambiente de sala de aula e a relação pedagógica que irão

ser objeto de estudo neste trabalho.

De acordo com os dados apurados, foi possível constatar que o ambiente era propício à aprendizagem, nomeadamente porque era considerado

“calmo” para a realização das atividades propostas e “interativo” para a

exposição e esclarecimento dos conteúdos programáticos. Apesar da relação pedagógica entre professores e estudantes ser de cordialidade e de

respeito, foi também possível constatar, em algumas unidades curriculares,

momentos caracterizados por conversas paralelas e, consequentemente,

barulho de fundo, que por vezes poderão ter dificultado o normal funcionamento das aulas.

De facto, tendo em conta que existem vários fatores que podem influenciar

as relações que se estabelecem na sala de aula e que têm repercussões no ensino, na avaliação e na aprendizagem, importa conhecer e compreender

os contextos existentes, perspetivando a sua adequação e melhoria

contínua.

Palavras-chave:

Ensino Superior; Ambiente de sala de aula; Relação pedagógica;

Professores; Estudantes.

6. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE

ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

72

6.1. Pesquisas de Campo, PBL e Design Thinking: Percepção de dois professores tutores sobre o que revelam as pesquisas realizadas pelos alunos do Curso Ética, Valores e Cidadania – Pólo EACH-USP – São Paulo – Brasil

Kenya Paula Gonsalves Da Silva

Universidade de São Paulo

Mario Augusto Costa Valle

SENAC- SP

Resumo

O presente estudo tem como objetivo discutir a natureza dos Projetos de

Pesquisa identificados e investigados pelos alunos do Curso de Especialização em Ética, Valores e Cidadania em duas turmas do Pólo

EACH-USP – São Paulo – Brasil. Este curso é ofertado pela USP e

UNIVESP – Universidade Virtual do Estado de São Paulo, com intuito de

instrumentalizar professores de diversas cidades do estado de São Paulo para inserir em sua prática docente o trabalho com valores, ética e

cidadania. Organizado na modalidade semipresencial, a sua segunda edição

disponibilizou vaga para 1000 alunos, distribuídas em polos da capital e do interior do Estado de São Paulo. O curso tem duração de 1ano e meio,

totalizando 450 horas e está estruturado com base nas metodologias PBL –

Problem Based Learning e Design Thinking, que propõe ao curso o trabalho em grupos colaborativos, o foco na pesquisa e um constante

diálogo com as escolas investigadas, com vistas a elaboração de um

protótipo que venha ao encontro dos problemas levantados e investigados.

Os autores deste trabalho foram tutores do curso e atuaram na orientação e acompanhamento de dezesseis Projetos de Pesquisa nos anos de 2012/2013.

Diante da compreensão de que a metodologia adotada no curso

desempenha um papel fundamental para que o professor se torne um pesquisador, com forte envolvimento com os problemas reais das escolas,

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

73

os autores querem destacar as temáticas levantadas pelos grupos, a

trajetória percorrida e a relevância destas pesquisas para o contexto

educacional destes sujeitos. A metodologia empregada envolveu a análise de dezesseis pesquisas realizadas pelos grupos e acompanhadas pelos

tutores. A análise prévia sinaliza profundidade na pesquisa, o estudo de

temas atuais e de grande importância para o debate educacional, devido ao sólido comprometimento com o contexto das escolas nas quais os

educadores estão inseridos, além da preocupação com a reversão desses

problemas. Na opinião dos autores isso se deve a um conjunto de fatores e,

dentre eles, destacam o formato e a metodologia adotada no Curso.

Palavras-chave:

Formação de Professores; Etica Profissional; PBL; Pesquisa.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

74

6.2. Quem ensina, não reprova? Reflexões sobre práticas docentes no quotidiano escolar

Maria Teresa Esteban

Universidade Federal Fluminense

Resumo

O estudo parte do reconhecimento da potência do diálogo da escola pública

com a educação popular para a configuração cotidiana das práticas

docentes. Direcionando seu foco para a avaliação na tensão que se produz

entre as demandas e possibilidades do cotidiano escolar e a avaliação externa baseada em testes estandardizado trata, especialmente, da ação

docente na relação com a aprendizagem dos estudantes. A lógica

meritocrática é identificada como fio condutor da proposta oficial de avaliação e como expressão da colonialidade no projeto educacional que

orienta as propostas pedagógicas e as práticas docentes. Os movimentos

docentes – como prática escolar e como processo social – denunciam os limites do modelo vigente e dão visibilidade a reivindicações e ações em

que se insinuam outras práticas, outros desafios e outras possibilidades. A

pesquisa que sustenta este artigo se realiza com o cotidiano escolar e o

articula ao movimento docente em um processo que tem como referência a investigação ação participativa. No cotidiano escolar, as práticas docentes

expressam a existência de uma disputa, talvez bastante invisibilizada e

silenciada, em torno do conceito de qualidade da educação, dos meios para alcançá-la e de suas finalidades. Nessa tensão, vão se desenhando

possibilidades de problematização de relações entre a aprendizagem, o

ensino e a avaliação aparentemente cristalizadas e se configurando

possibilidades de introduzir mudanças, ainda que breves, no processo pedagógico. As relações de colonialidade e de subalternização e os

processos sociais comprometidos com a descolonização e com a

emancipação dão suporte à reflexão. A diferença emerge como aspecto

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

75

fundamental para uma educação que se compromete com os processos

sociais de libertação, necessários às classes populares.

Palavras-chave:

Práticas docentes; avaliação;classes populares; diálogo; cotidiano escolar.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

76

6.3. A Educação Tecnológica Brasileira: Preparando a Mão de Obra Jovem e Adulta para o Mercado de Trabalho

Simone Moreno

UNIP

Mirene Marques

UNIP

Resumo

Este artigo visa analisar se o objetivo da criação dos Cursos Superiores de

Tecnologia, após sua reestruturação está atendendo a requalificação da mão

de obra como inclusão social, desenvolvimento econômico e tecnológico do país, pois a globalização, a modernização, a economia e as novas

tecnologias estão modificando o mundo do trabalho, e com isso reflete nas

formas de qualificação profissional no Brasil. Embora o país ofereça

programas e cursos profissionalizantes para atender a população, esta demanda ainda carece de profissionais qualificados para suprir as

necessidades regionais e nacional. A metodologia utilizada é o resultado de

pesquisa documental do Ministério da Educação Profissional e Tecnológica, legislações, dados estatísticos e pesquisa empírica. Para os

brasileiros, a desqualificação profissional é um fenômeno histórico, porque

a formação dos trabalhadores foi estigmatizada pelos primeiros aprendizes

de ofício, os índios e os escravos, sujeitos excluídos socialmente. Neste sentido a nova LDB (lei de diretrizes e bases) n. 9394/96 atenta a estas

questões, trata de maneira adequada, apropriada, moderna e inovadora, a

educação profissional.

Para se vencer o desafio das instituições de ensino deixarem de ser

assistencialistas e formem profissionais competentes, estas deverão elevar

os níveis da qualidade de ensino, para atender as exigências tecnológicas do mercado de trabalho.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

77

O aumento da procura de cursos Superiores Tecnológicos que seriam

destinados como forma de inclusão social, qualificação, requalificação

profissional para capacitar a mão de obra exigida pelo mercado de trabalho, hoje atraem os jovens que têm como primeira opção a carreira profissional

nos Cursos Superiores Tecnológicos devido a sua curta duração e a

inserção imediata no mercado de trabalho e não uma formação acadêmica nos Cursos Tradicionais. Entretanto, a falta de prática profissional dos

jovens estudantes nestes cursos dificulta o processo ensino aprendizagem,

proporcionando uma mão de obra qualificada, mas imatura na tomada de

decisão e de gestão, exigindo do professor práticas profissionais a fim de apresentar o mercado de trabalho a este jovem educando. Com isso, este

jovem intensifica a necessidade de continuar estudando e se qualificando

para amadurecer suas qualificações e atender as exigências do mercado de trabalho.

Palavras-chave:

Qualificação; Trabalho; Tecnológico; Superior.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

78

6.4. Uma caracterização dos jogos com maior potencial para estimular a aprendizagem matemática

Helena Rocha

Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa

Resumo

Jogar sendo considerada uma actividade eminentemente lúdica é também

reconhecida como uma actividade potencialmente rica que envolve o

conhecimento e cumprimento de regras e o desenvolvimento de estratégias

que permitam alcançar a vitória. O entendimento atribuído ao termo jogo e a classificação que é feita destes é contudo bastante diversa. Nesta

comunicação apresentam-se as perspectivas de diferentes autores, à luz das

quais foi realizado um projecto centrado na utilização do jogo para promover a aprendizagem matemática e que teve como principal objectivo

analisar o contributo de diferentes jogos para o envolvimento de alunos do

ensino básico em tarefas matemáticas e, consequentemente, para a sua aprendizagem.

Em termos metodológicos este estudo adopta uma metodologia de natureza

qualitativa e interpretativa, envolvendo a realização de estudos de caso

sobre dois alunos. A recolha de dados foi concretizada através da observação de quatro aulas e da realização de uma entrevista ao professor

da turma e a cada um dos alunos. Tanto as aulas como as entrevistas foram

áudio-gravadas. A análise de dados teve por base a ponderação dos elementos recolhidos à luz do problema em estudo.

As conclusões alcançadas realçam a importância de determinadas

características do jogo para um envolvimento dos alunos que se prolonga

no tempo para além do período de curiosidade inicial, originando um desejo de auto-superação muito importante para o desenvolvimento de

aprendizagens sustentadas. Tendo sido observado nos alunos uma forte

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

79

motivação para jogar, tal como identificado por diversos autores, verificou-

se uma considerável diminuição desta à medida que o jogo se foi tornando

algo usual. Os jogos de computador mostraram exercer sobre os alunos uma atracção superior à dos jogos de tabuleiro, mas as características mais

importantes parecem prender-se com a possibilidade de jogar com

diferentes níveis de conhecimento matemático (sem ficar bloqueado por falta de conhecimento) e com a obtenção de bons resultados

(particularmente evidente em alunos que usualmente não têm bons

resultados a Matemática).

Palavras-chave:

Jogos; Aprendizagem; Matemática.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

80

6.5. O ensino aprendizagem da Geometria nos anos iniciais da Educação Básica: um estudo no PIBID/UNIMONTES

Graziela Soares Magalhães

Univesidade Estadual de Minas Gerais

Jussara Rodrigues Cardoso

Univesidade Estadual de Minas Gerais

Maria Rachel Alves

Universidade Estadual de Montes Claros

Resumo

Esse trabalho intitulado em “Um Olhar Sobre o Ensino/Aprendizagem da

Geometria nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental” buscou analisar o

desempenho de estudantes do 5º ano do nível fundamental em três escolas públicas de Montes Claros/MG, sendo que 2 delas são participantes do

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à

Docência/PIBID/GEOMETRIA DINÂMICA/UNIMONTES e uma não é participante desse projeto. O PIBID é um programa do governo Federal

brasileiro que objetiva motivar os estudantes das diversas licenciaturas a

exercerem a docência após a graduação uma vez que os mesmos terminam

a graduação e não exercem a profissão. O subprojeto GEOMETRIA DINÂMICA (GD) faz parte do PIBID desde 2010 e propõe despertar em

lienciandos do curso de Matemática da Unimontes, em estudantes e em

professores da escola pesquisada o interesse pelo ensino e aprendizagem da Matemática/Geometria através de novas tecnologias. A pesquisa tem como

objetivos específicos identificar alunos e professores dessas turmas,

detectar a formação dos professores para lecionarem Matemática nos 5º anos no nível fundamental e pesquisar o desempenho dos estudantes do 5º

ano do nível fundamental nessas escolas. O interesse em pesquisar essa

temática nasceu de experiências, vivenciada, por essa pesquisadora, no

PIBID no âmbito do subprojeto (GD). Foram aplicados questionários semi- estruturados para 7 professoras que lecionam nessas turmas e um teste

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

81

contendo questões relacionadas ao Plano de Desenvolvimento de

Educação/ PDE/ prova Brasil. Os principais autores que fundamentam

teoricamente esse trabalho são: Pavanello(1989), Vasconcellos(2005), Nacarato(2000), PCN (1997), Lorenzato (2006). A pesquisa foi quanti -

qualitativa , fazendo se necessário a revisão bibliográfica e pesquisa de

campo. Após a análise e interpretação dos dados percebeu se que os estudantes apresentaram resultados satisfatórios em relação ao ensino e

aprendizagem da Geometria. A professora regente da classe destacou que

apesar dos resultados os estudantes têm dificuldades de leitura e

interpretação das questões e apresentam deficiências em relação aos conhecimentos prévios. Conclui-se que o ensino da Geometria vem

melhorando a cada dia, porém é necessário fazer outras pesquisas em outras

escolas.

Palavras-chave:

Geometria na educação básica; Ensino-Aprendizagem; Formação de professor.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

82

6.6. A horta escolar como instrumento de interdisciplinaridade na educação

Rubens Pessoa de Barros

Universidade Estadual de Alagoas

Cláudio Galdino da Silva

Universidade Estadual de Alagoas

Isis Emanuelly de Oliveira Lima

Universidade Estadual de Alagoas

Resumo

O objetivo do trabalho foi desenvolver através de oficinas de sensibilização

para os alunos do ensino fundamental, destacando a importância da

implantação das hortas escolares como um instrumento em educação ambiental e na alimentação saudável utilizando a interdisciplinaridade

como meio de associar a horta com as demais disciplinas do currículo. A

ideia de reaproveitar material reciclável, faz parte da pesquisa e de extensão da Universidade. A metodologia utilizada neste trabalho constou em visitas

às escolas, reuniões e realização das formações e oficinas para os agentes

protetores do meio ambiente – APMAs – das escolas de tempo integral no município de Arapiraca-AL, Brasil.

Palavras-chave:

Alimentação saudável. Hortaliças.Jardim Didático.

7. EDUCAÇÃO, DESIGUALDADES E

DIFERENÇAS

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

84

7.1. As escolas TEIP e o sucesso escolar: entre o percurso educativo do/ aluno/a e os resultados académicos

Marisa Silva

CIIE/FPCEUP

Helena Araújo

CIIE/FPCEUP

Sofia Marques Da Silva

CIIE/FPCEUP

Resumo

O trabalho aqui apresentado insere-se no âmbito de um projeto de

doutoramento em Ciências da Educação, financiado pela FCT e que se

intitula “ Trabalho em rede e sucesso escolar: um modelo estratégico para a melhoria das escolas”. A investigação debruça-se sobre a problemática do

sucesso escolar em Portugal, apontando o trabalho em rede nas escolas

como uma possibilidade de ação estratégica com repercussões ao nível do percurso educativo dos/as alunos e da melhoria do ensino e da

aprendizagem. Pretende-se com este projeto fomentar a discussão acerca da

contribuição do trabalho em rede para a afirmação de uma escola “para todos” e as implicações no sucesso educativo.

Esta investigação abrangeu 39 escolas TEIP- Território Educativo de

Intervenção Prioritária- da zona norte de Portugal (Porto, Braga, Vila Real,

Viana do Castelo e Bragança), entrevistando diretores/as de escola e coordenadores/as do projeto TEIP, visando conhecer e compreender as

orientações inerentes ao funcionamento e organização das escolas TEIP, no

seu interior, e na relação com a comunidade e outros/as agrupamentos/escolas circundantes, no que diz respeito à promoção do

sucesso escolar.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

85

Esta comunicação resulta de uma análise exploratória das entrevistas

realizadas aos/as atores/as, debruçando-se sobre as questões do sucesso

escolar, incidindo nas ações e estratégias dinamizadas por estas escolas para a promoção do sucesso escolar dos/as alunos/as, tendo como base o

conceito de trabalhar em rede na educação.

Embora nos discursos dos/as atores/as entrevistados/as sobressaia uma relevância acrescida em relação ao percurso educativo do/a aluno/a,

percebe-se que as escolas debatem-se diariamente com a tensão face à

avaliação externa e consequentemente com práticas direcionadas para a

melhoria dos resultados académicos e muito centradas na aprendizagem dos conteúdos curriculares. Mesmo face a estes condicionalismos externos, as

escolas, na sua globalidade, têm apostado num trabalho de diferenciação

pedagógica e assente numa cultura de escola baseada na colaboração e inclusão.

Neste contexto, estamos perante práticas pedagógicas que apostam na

partilha e combinação de recursos e experiências para melhorar o ensino e a

aprendizagem das crianças, no desenvolvimento de hábitos e competências de trabalho colaborativo e com foco na extensão da escola nas atividades de

enriquecimento curricular, como por exemplo os clubes. Os dados sugerem

que o trabalho em rede surge como uma estratégia valorizada pelas escolas, mas que se encontra ainda num processo de implementação embrionário.

Palavras-chave:

TEIP; Trabalho em rede; Sucesso escolar; Educação.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

86

7.2. Diversas Cidadanias dentro da Diversidade: a Juventude Gay entre Escolas e Culturas

Hugo Santos

Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto

Manuela Ferreira

Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto

Sofia Marques da Silva

Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto

Resumo

Eixo temático: Cidadania, Direitos Humanos e Interculturalidade

Cidadania continua hoje, apesar da polissemia e contestação, a ser uma

dimensão desejada, abarcando direitos distintos (e.g., sexuais). Existe um entendimento geral, ora da educação como um direito humano universal,

ora da escola como um local de atribuição de cidadanias diversas. Todavia,

o fenómeno do “bullying homofóbico” tem questionado, quer as possibilidades cidadãs de jovens não-heterossexuais, quer o caráter seguro,

inclusivo e pluralista desta instituição de educação formal, contexto

historicamente difícil para este segmento. Perspetivas queer têm, contudo, contestado a posição marginal e estereotipada deste grupo, sendo preciso

interseccionalizar vulnerabilidades. Foi a partir desta diversidade que,

numa pesquisa de Mestrado, se quis auscultar as vozes de jovens rapazes

não-heterossexuais no seu posicionamento, ora como alunos construindo identidades e cidadanias sexuais, ora como jovens produzindo particulares

culturas, tentando compreender, através das experiências, percursos e

vivências, modalidades de marginalização. O método principal foi a entrevista semiestruturada, em profundidade e com intenção biográfica,

assumindo a metodologia um teor qualitativo. Simultaneamente, algumas

reflexões referentes a encontros urbanos com os jovens conferiram à

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

87

pesquisa um porte interculturalmente etnográfico. Na dualidade entre

estrutura e agência, conclui-se que o panorama escolar é homofóbico. O

insulto, mecanismo disciplinar das masculinidades, impossibilita uma construção identitária gay afirmativa e a cultura heterossexista, sob a alçada

da negligência pedagógica e curricular, marca presença assídua e pontual.

No entanto, cada grupo juvenil possui as suas estratégias de superação ou conformação (manobras), interconectadas com ideais-tipo de cidadania:

cidadanias do faz-de-conta – jovens que privatizam a sua

(homo)sexualidade, reproduzindo estereótipos redutores; cidadanias da

respeitabilidade – jovens com capital cultural e estratagemas de apresentação e mobilidade; cidadanias subalternas – jovens que são contam

histórias emotivas de agressão e desengajamento; cidadanias reclamadas –

jovens envolvidos na comunidade gay e que, distanciando-se da imagem conveniente de vítima, operam parodicamente violências imaginadas contra

o opressor.

Palavras-chave:

Escola; Cidadania; Juventude; Cultura; Sexualidade.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

88

7.3. Uma Análise Sobre a Participação Feminina Brasileira na Criação de Produtos e Processos Industriais

Maria Helena Teixeira Da Silva

Universidade Federal Fluminense

Tatiana de Almeida

Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT/UFRJ)

Resumo

O papel das mulheres nas sociedades sempre foi de fundamental

importância, mas, no entanto, quando relacionamos o desenvolvimento das

sociedades à criação de utensílios ou inventos, observamos que, comparativamente ao número de homens inventores, é pequeno o número

de mulheres que aparecem na literatura como inventoras.

Quando pensamos na situação das inventoras brasileiras, a questão torna-se

ainda mais obscura. Este fato talvez tenha sua explicação na tardia ida das mulheres brasileiras à escola (1822) e à universidade (1879). Ou talvez, se

relacione ao aspecto sócio-cultural que faz com que tradicionalmente seja

menor o número de mulheres nas formações profissionais técnicas, como a engenharia e ciência da computação. Ou ainda encontre parte de sua

explicação na discriminação que a mulher tradicionalmente encontrou na

sociedade. Portanto, cabe às pesquisadoras e pesquisadores brasileiros o preenchimento desta lacuna na história do desenvolvimento das tecnologias

no Brasil, seja levantando dados em documentos e criando indicadores para

pensar a participação das mulheres, seja interpretando outras formas de

atuação destas no processo de geração de inovações tecnológicas.

Nesse sentido, o objetivo deste artigo é apresentar o projeto Hipatia, cuja

finalidade é levantar a participação feminina brasileira na criação de

produtos e processos industriais. Trata-se de uma pesquisa documental que tem como fonte os pedidos de patentes depositados no Instituto Nacional de

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

89

Propriedade Industrial (INPI) por universidades brasileiras até 2013. O

levantamento possibilitará também a identificação das principais áreas de

atuação das pesquisadoras. Estão sendo analisados os pedidos de patentes de 92 universidades brasileiras. A coleta de dados teve início em março de

2014 e a previsão para o término é de julho deste mesmo ano. Ainda que o

início da coleta de dados seja bastante recente, já é possível perceber pelos primeiros resultados uma significativa participação de pesquisadoras

brasileiras dado que de 829 pedidos já analisados, 56% têm a participação

de mulheres.

Palavras-chave:

Inventoras brasileiras; Patentes; Estudo de gênero.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

90

7.4. Estudantes com mobilidade reduzida no Ensino Superior: testemunhos na primeira pessoa!

Maria Helena Martins

Universidade do Algarve

Maria Leonor Borges

Universidade do Algarve

Teresa Gonçalves

Universidade do Algarve

Henrique Fonseca

Universidade de Aveiro

Resumo

Nas últimas décadas a temática da Educação Inclusiva tem sido alvo de

muitas reflexões e debates no cenário mundial.

Decorrentes das diversas proposições concetuais que enquadram a

problemática da Inclusão, as políticas educativas têm procurado dar

resposta ao ideal da universalidade do acesso, da igualdade de oportunidades, da equidade e do direito à continuidade dos percursos

escolares de todas as crianças e jovens.

No âmbito de uma linha de investigação do projeto intitulado “Estudantes

no Ensino Superior: guiar a mudança institucional”, cujo objetivo principal consiste em estudar a situação dos estudantes não-tradicionais (ENT) nas

Universidades do Algarve e Aveiro, pretendemos compreender e analisar as

suas trajetórias em termos de acesso e as condições globais para permanecer no Ensino Superior com sucesso. Como metodologia de análise

optámos por uma metodologia qualitativa privilegiando o uso de entrevistas

semiestruturadas (1.ª fase) e biográficas (2.ª fase) a estudantes com Necessidades Educativas Especiais (NEE).

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

91

Na presente comunicação apresentam-se alguns resultados preliminares

obtidos, na 1.ª fase, sobre a inclusão de estudantes com mobilidade

reduzida no Ensino Superior, na perspectiva dos próprios estudantes. Dar voz aos estudantes implica partir dos seus testemunhos, compartilhar

experiências, conhecer as suas representações e perceções sobre os

principais desafios, dificuldades, e constrangimentos vivenciados no seu dia-a-dia na universidade.

Apesar de as instituições do Ensino Superior terem encetado esforços no

sentido de garantir a plena inclusão dos estudantes com NEE, importa

ressaltar que este é ainda um processo recente e continua a constituir-se como um grande desafio. Os testemunhos permitem concluir que, para

além da redução das barreiras arquitectónicas, é ainda fundamental que

sejam tidas em atenção a aquisição de equipamento e material adequado e, em alguns casos, a formação de docentes que possibilite a diversificação

curricular e a adequação metodológica do processo de ensino e

aprendizagem.

Neste sentido, a Universidade enquanto espaço onde as diferenças estão presentes, deve, também, empreender ações objetivas que visem a

desconstrução de barreiras atitudinais, comunicacionais e sobretudo de

sensibilização de toda a comunidade académica para que sejam assegurados não só o acesso, mas também a permanência e a igualdade de

oportunidades de aprendizagem, evitando a chamada ´inclusão marginal .́

Palavras-chave:

Ensino Superior; Estudantes com necessidades educativas especiais;

Mobilidade reduzida.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

92

7.5. Renovação do Parque escolar e a inclusão de alunos com Necessidades Educativas Especiais

José Almeida

Universidade Lusofona

Resumo

Conceder igualdade de direitos e oportunidades de educação e formação a alunos com Necessidades Educativas Especiais, inserindo-os em salas de

aula da rede escolar pública junto dos seus pares é hoje uma realidade.

Porém, este facto pode constituir como um dos mais estimulantes e árduos desafios, nomeadamente, para os professores.

Efetivamente, uma das premissas atuais no nosso sistema de ensino é

construir uma escola de todos e para todos, uma escola inclusiva,

impregnada pela heterogeneidade dos alunos com direitos a respostas educativas adequadas às suas necessidades.

Num esforço financeiro assinalável, o XVII Governo Constitucional,

promoveu a restruturação da rede escolar, revitalizando em várias fases, centenas de escolas do pConceder igualdade de direitos e oportunidades de

educação e formação a alunos com Necessidades Educativas Especiais,

inserindo-os em salas de aula da rede escolar pública junto dos seus pares é

hoje uma realidade. Porém, este facto pode constituir como um dos mais estimulantes e árduos desafios, nomeadamente, para os professores.

Efetivamente, uma das premissas atuais no nosso sistema de ensino é

construir uma escola de todos e para todos, uma escola inclusiva, impregnada pela heterogeneidade dos alunos com direitos a respostas

educativas adequadas às suas necessidades.

Num esforço financeiro assinalável, o XVII Governo Constitucional, promoveu a restruturação da rede escolar, revitalizando em várias fases,

centenas de escolas do país. Por outro lado, a recente alteração promovida

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

93

pelo atual Governo no que toca ao prolongameno da escolaridade

obrigatória ao ensino secundário é, também, disso reflexo e visa integrar

todos os alunos.

Com as novas políticas educativas, a inclusão de alunos com Necessidades

Educativas Especiais no ensino regular, tem constituído um desafio maior

aos professores e à escola. Tal medida, exige mudanças quer nos princípios quer nas práticas que norteiam todos dos agentes educativos, quer ainda nas

estruturas do sistema de ensino ao nível organizacional e na gestão das

respostas educativas.aís. Por outro lado, a recente alteração promovida pelo

atual Governo no que toca ao prolongamento da escolaridade obrigatória ao ensino secundário é, também, disso reflexo e visa integra todos os alunos.

Com as novas políticas educativas, a inclusão de alunos com Necessidades

Educativas Especiais no ensino regular, tem constituído um desafio maior aos professores e à escola. Tal medida, exige mudanças quer nos princípios

quer nas práticas que norteiam todos dos agentes educativos, quer ainda nas

estruturas do sistema de ensino ao nível organizacional e na gestão das

respostas educativas.

Palavras-chave:

Parque escolar; inclusao; necessidades educativas especiais.

8. EDUCAÇÃO, DESIGUALDADES E

DIFERENÇAS

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

95

8.1. Inclusão de alunos com NEE no Ensino Superior: Um Estudo de Caso na Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)

Silvana Diamantino França

Universidade Estadual de Monte Claros

Isabel Costa

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro/CETRAD/CIIE

Resumo

O presente estudo analisa e problematiza o fenômeno da inclusão escolar de

alunos com NEEs na universidade, tendo em conta que este segmento

desempenha um papel importante na legitimação do ensino, da pesquisa e da extensão, indagando, nomeadamente, qual o espaço de legitimação da

inclusão escolar-especial na Unimontes para o acesso à educação superior

de qualidade e cidadania, através de seu conjunto de saberes e práticas de

caráter científico e histórico-cultural acumulado.

O estudo tem como objetivo (1) analisar formas de inclusão de alunos com

necessidades educacionais especiais (NEEs) e (2)percepções de alunos com

NEEs e de professores nos cursos de licenciaturas da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Recorreu-se a diversos autores,

como Barbosa (2008), Freitas (2005), Zimmermann (2008), Sassaki (1997),

Mazzoni (1997) e Carvalho (1997),entre outros, que debateram aspectos da inclusão escolar, produzindo uma discussão à volta do nosso

objeto.Utilizou-se uma metodologia mista,em várias fases: (1) pesquisa

documental, com incidência, por um lado, nos planos de estudos (Projetos

Políticos Pedagógicos, PPPs) dos nove cursos de licenciatura e, por outro lado, nas adaptações físico-arquitetónicas realizadas na Unimontes,

justificadas pelos alunos com NEEs. Posteriormente, foi realizado um

questionário a alunos NEEs e entrevistas a professores. Os resultados indicam que, relativamente às percepções dos alunos,a maioria refere

problemas relacionados com as formas de acesso ao conhecimento

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

96

academico na Universidade, especificamente material didático,com os

transportes e com as condições físico-arquitetónicas.

Relativamente aos professores,referem que não têm preparação pedagógica suficiente, tanto na formação inicial quanto na continuada, para lidar com

alunos com NEEs. Aanálise documental dosPPPs corrobora o argumento

presente nas normativas da educação especial no Brasil, o qual, segundo Brasil (2004), afirma que a falta de uma “política de apoio pedagógico para

essas necessidades especiais” pode fazer com que esses alunos não estejam

na Universidade.

Palavras-chave:

Educação Superior; Inclusão Escolar; Educação; Educação Especial.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

97

8.2. Acesso, Interculturalidade e Inclusão no Ensino Superior

Maria Augusta Manso

Instituto Politécnico de Viana do Castelo

Resumo

Com esta comunicação pretende-se apresentar os resultados de um estudo

realizado numa Instituição de Ensino Superior Politécnico. Este estudo surge num contexto em que o ensino superior se vê perante profundas

mudanças e desafios confrontando-se também com uma crescente

diversidade dos seus estudantes. Perante esta diversidade importa

compreender como os diferentes atores percebem esta realidade e que respostas propõem no sentido de promover o sucesso e inclusão dos

estudantes.

Neste sentido, e tendo como referência os contributos da psicologia sociocultural e considerando que as instituições de ensino superior

apresentam uma cultura própria associada a diferentes literacias que os

estudantes precisam dominar para estar incluídos e alcançar o sucesso

académico, desenhou-se um estudo em duas fases. Assim, numa primeira fase, realizou-se um estudo de caracterização sociodemográfica dos

estudantes dos diferentes cursos da referida instituição. A segunda fase

correspondeu a um estudo de aprofundamento através de entrevistas semi-estruturadas a estudantes (n=16) e docentes (n=3).

Com este estudo pretendeu-se caracterizar os estudantes da referida

instituição e perceber em que medida as características associadas à diversidade dos seus estudantes contribuem para o sucesso e inclusão dos

mesmos. Também é objetivo deste estudo, a partir dos resultados

encontrados, contribuir para a criação de redes de suporte institucionais no

sentido de potenciar o sucesso e inclusão dos estudantes do Ensino Superior e ter um papel ativo no desenvolvimento de novas pedagogias que

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

98

contribuam para a diferenciação pedagógica e que promovam a

interculturalidade.

Palavras-chave:

Ensino Superior; Interculturalidade; Inclusão.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

99

8.3. Aprendizagens Significativas: Brincadeiras Sensoriais como Agentes Facilitadores do Processo de Ensino aprendizagem de Crianças com transtorno do Espectro Autista

Patrícia Santos

Faculdade de Ciências Humanas de Olinda- PE

Maria Lopes

CESMAC

Márcia Ferro

CESMAC

Resumo

Esse relato de experiência tem como objetivo estimular o brincar das

crianças autistas de forma funcional com o cunho de despertar a tríade e

com isso transformar em aprendizagem significativa. Apresentando a

brincadeira como forma de proporcionar as crianças maneiras de organizar, desordenar, destruir e reconstruir o mundo a sua volta levando-as a várias

descobertas em aprendizagens significativas. Com atividades psicomotoras,

proprioceptivas e vestibulares, analisando assim, como estimulá-los a participarem da brincadeira como simulacro da complexa dinâmica social.

Conclui-se que ao brincar com as crianças no espectro autista, elas

desenvolvem as áreas cognitiva, emocional, social e intelectual, e com isso

consegue superar medos, minimizar as frustrações, entende a causa e o efeito das coisas, se concentram, aprendem a esperar sua vez, enfim,

através da imitação do brincar com o adulto elas aprendem e conseguem

transcender para sua vida.

Introdução

Todas as crianças, inclusive as autistas, são capazes de brincar

(BAGAROLLO 2011, p- 12). A citação embasou esse estudo, pois respalda e fundamenta as dúvidas dos pais e profissionais que não acreditam no

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

100

potencial dessas crianças, mesmo com suas limitações e particularidades.

Nessa perspectiva acredita-se o brincar individualizado, e com essas

estimulações em áreas que interliguem a tríade dessas crianças, as mesmas possam gradativamente, em seu tempo, superarem suas limitações e fobias.

A escolha dessa problemática surgiu, após perceber a carência de

profissionais na cidade. Pois o autismo era um transtorno desconhecido, muitas dessas crianças eram dadas como deficientes mentais, tratadas com

medicamentos controlados, tarjas pretas. Onde alguns pais não tinham

perspectivas, de evolução em seu desenvolvimento cognitivo, emocional e

social. Começaram assim a procurarem explicações e diagnósticos de profissionais fora da cidade.

Nas interações que estabelecem desde cedo com as pessoas que lhe são

próximas e com o meio que as circunda, as crianças revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem, as relações contraditórias que

presenciam e, por meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida a

que estão submetidas e seus anseios e desejos. Referencial curricular

Nacional da educação Infantil (1998, p. 21)

Depois de encontradas definições, questionaremos sobre o problema de

pesquisa: Como ensinar a criança com autismo a brincar de forma

funcional? Para responder o problema acima levantado, formulou-se o seguinte objetivo geral: Analisar os prejuízos qualitativos na comunicação,

interação social e imaginação das crianças autistas e converter em

aprendizagem significativa. Mello (2007, p.17) advoga que “o autismo incide igualmente em famílias de diferentes raças, credos ou classes

sociais”.

Para que fosse atingido o objetivo geral, foi elaborado os seguintes

objetivos específicos:

• Descrever os programas individualizados e lúdico para cada criança

autista;

• Ensinar o ato do brincar de forma funcional e que possibilite aprendizado;

• Criar um ambiente estruturado e motivador para as crianças atípicas;

• Estimular a criança autista a participar da brincadeira como um simulacro

da complexa dinâmica social;

Referencial Teórico

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

101

As primeiras publicações sobre autismo foram feitas por Leo Kanner

(1943) e Hans Asperger (1944), os quais, independentemente (o primeiro

em Baltimore e o segundo em Viena), forneceram relatos sistemáticos dos casos que acompanhavam e das suas respectivas suposições teóricas para

essa síndrome até então desconhecida.

Autismo é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, [...] e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na

comunicação, na interação social e no uso da imaginação. Mello (2007 p.

16)

Surgiram indagações fortes em relação à causa do autismo, várias versões foram citadas por Farrel (2008, p. 90) a evidência de que o autismo tem

uma “base biológica e um forte componente genético”.

A interação de diversos genes, ainda não determinados, com alguns prováveis fatores ambientais, tais como: doenças na gestação e na infância;

reação a vacinas e poluentes e alguns alimentos, seriam os causadores dos

transtornos autistas.

Desenvolvido pelo psiquiatra infantil Stanley Greenspan (1992, p.6) que define o Floortime como um método de tratamento que leva em conta a

filosofia de interagir com uma criança autista.

É baseado na premissa de que a criança pode melhorar e construir um grande círculo de interesses e de interação com um adulto que vá de

encontro com a criança independente do seu estágio atual de

desenvolvimento e que o ajuda a descobrir e levantar a sua força.

Segundo Greenspan (1992, p. 9) a meta no floortime: “é desenvolver a

criança dentro dos 6 marcos básicos para a plenitude do desenvolvimento

emocional e intelectual do indivíduo”. ele descreveu os 6 degraus da escada

do desenvolvimento emocional como:

Foram esses degraus que nortearam o estudo onde através da ludicidade

mediando essa interação entre o brincar a situações da rotina dessas

crianças, para que elas subissem esses degraus e desenvolvam a tríade.

No Floortime, os pais entram numa brincadeira que a criança goste ou se

interesse e segue aos comandos que a própria criança lidera. a partir dessa

ligação mútua, [...] um processo conhecido como “abrindo e fechando círculos de comunicação. Greenspan (1992, p. 18)

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

102

A criança autista precisa aprender qual é o funcionamento daquele

brinquedo ou brincadeira, depois de ensinado ela sente-se segura para

manuseá-lo sozinha. E o papel do adulto é fundamental, pois serve de modelo, ensinando a causa e o efeito. Porque a linguagem dessas crianças é

limitada e por vezes escassa.

A essência de brincadeira é a possibilidade que a criança tem de evidenciar maneiras simbólicas as motivações, os planos, as intenções, criando uma

nova relação entre situações reais, preenchendo suas próprias necessidades.

Vygotsky (1991, p. 22)

As crianças autistas sentem facilidade em interagir com a música, ao iniciar uma brincadeira eu cantava um trecho de uma musica, onde elas já

associam a sua rotina um fato, às vezes falavam por ecolalia tardia, para

externarem um fato que marcou para ele.

O pensamento autístico é subconsciente, isto é, os objetivos que prossegue

e os problemas que põe a si próprio não se encontram presentes na

consciência. Não se encontra adaptado à realidade externa antes cria para si

próprio uma realidade de imaginação ou sonhos. Piaget (1978, p. 60)

Metodologia

A pesquisa foi do tipo qualitativo, um estudo de caso com um grupo de 8

crianças na faixa etária entre 4 a 8 anos, centralizando o estudo no brincar individualizado para transformar em aprendizagem significativa.

Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de

adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de constituição infantil.

Referencial Curricular Nacional (1998, p. 27)

A estrutura física da recreação Brinquelândia situada em Garanhuns- PE

foram pontos decisivos para a escolha do local. A priori foram desenvolvidos 2 dias na semana, com duração de 1 hora. Depois um dia por

semana, com a mesma duração de tempo.

A intervenção intencional baseada na observação das brincadeiras das crianças, oferecendo-lhes material adequado, assim como um espaço

estruturado para brincar permite o enriquecimento das competências

imaginativas, criativas e organizacionais infantis. Referencial Curricular Nacional (1998, p. 29)

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

103

A seleção das crianças foram feitas através uma entrevista (avaliativa)

individual, onde seria observado nas crianças o maior comprometimento na

tríade, especificamente na área de imaginação, fator essencial para desenvolver o ato do brincar. O grupo está incluído no TGD (Transtorno

Global do Desenvolvimento) sendo: 2 espectro autista (Asperge) , 4

espectro autista moderado e 2 espectro autista severo.

Essas técnicas foram desenvolvidas através de estimulações lúdicas

(brincadeiras, jogos; estimulações sensoriais (tatoriais, proprioceptivas e

vestibulares) e musicalidade.

A existência de um ambiente acolhedor, porém, não significa eliminar os conflitos, disputas e divergências presentes nas interações sociais, mas

pressupõe que o professor forneça elementos afetivos e de linguagem para

que as crianças aprendam a conviver, buscando as soluções mais adequadas para as situações com as quais se defrontam diariamente. Referencial

Curricular Nacional da Educação Infantil (1998, p. 31)

Os acompanhamentos foram registrados em fotos feitas pelos pais de

algumas crianças. E as pesquisas de campo nortearam o estudo por apresentar casos semelhantes ao do grupo de crianças estudadas. Focados

em áreas afins para cada criança e suas especificidades, na linguagem

(músicas), interação (jogos e brincadeiras) e imaginação (histórias e brincadeiras simbólicas). As pesquisas bibliografias foram fundamentais,

pois através deles embasamos o estudo, pois conseguimos perceber a

importância do brincar para o desenvolvimento das crianças, através de varias óticas, onde seus pensamentos se tornavam convergentes e por vezes

divergentes.

A maior parte não mantinha contato visual, e muitas utilizava meu corpo

como ferramenta para pegar os brinquedos que lhe interessava. A interação social tornou-se um fato preocupante, pois muitos não aceitavam o toque,

para direcionar a brincadeira proposta. Tornando-se um grau de dificuldade

manter uma boa relação com as crianças. Pois na recreação tinha outras crianças que se interessavam pelas brincadeiras, mais que elas. E por vezes

eles não aceitavam na primeira tentativa. Com o apoio dos pais e a

assiduidade das crianças desse quadro mudou.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

104

Resultados

Ao analisarmos esse novo resultado, foi emocionante perceber a evolução

dessas crianças. Elas conseguiram superar fobias ao brincar, no tobogã gigante (altura e escuro), no solário (contato com areia), pula-pula (sem

contato físico), rapel (altura e balanço - sem contato físico). A interação

com outras crianças típicas beneficiou para esse resultado, pois as crianças atípicas aprendiam a esperar sua vez, não gritar para obter algo, a brincar

em grupo (pega-pega, teia de gato, seu rei mandou dizer...). A linguagem

surgiu de repente, nas brincadeiras mais prazerosas, nos recontos de

histórias com fantoches, nas letras de músicas, essas brincadeiras despertaram a imaginação das crianças no espectro. Ao brincar crianças se

descobriram e descobriram um novo mundo o do faz-de-conta. E com isso

superaram e vêem superando suas limitações.

Não foi uma tarefa fácil, muito menos rápida, foi e vem sendo um processo

diário, por isso é importante destacar o papel da familia, para darem

continuidade do que ensinado através de brincadeiras e jogos.

As crianças com autismo leve e moderado por não terem muito comprometimento cognitivo (imaginação e linguagem) e sim em interação

foram estimuladas com brincadeiras e jogos em duplas que exigiam um

grau maior de concentração, participação e complexidade. No entanto as com autismo severo requereram uma maior atenção, pois sua imaginação,

linguagem e interação são mais comprometidas e limitadas, necessitando de

mais estímulos visuais e menos verbal.

Resultados

Como ensinar a criança com autismo a brincar de forma funcional? Foi o

problema que norteou essa pesquisa. Varias pontos contribuíram para

respondermos essa pergunta, como a parceria dos pais foi fundamental para criarmos vínculos afetivos entre as crianças.

O ponto inicial principal do ensinar a criança autista a brincar, aconteceu

pela imitação, o adulto realizava e a criança reproduzia a brincadeira. Outro ponto foi iniciar as brincadeiras com músicas, organizava a rotina na

cabeça das crianças autistas. Pois elas mapeavam o que aconteceria em

cada momento, e os improvisos e imprevistos e frustrações eram trabalhados nesse momento.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

105

Para responder o problema acima levantado, formulamos o seguinte

objetivo geral: - Analisamos os prejuízos qualitativos na comunicação,

interação social e imaginação das crianças autistas e convertemos em aprendizagem significativa, através de brincadeiras simbólicas, e a partir

delas transcender para o simulacro do contexto familiar.

Descrevemos programas individualizados e lúdicos para cada criança autista, respeitando as suas especificidades, onde cada criança pôde ter

contato com atividades sensoriais, proprioceptivas vestibulares, tatoriais; e

através dessas foram estimulando a tríade. Focando na dificuldade mais

acentuada de cada criança. E através de jogos e brincadeiras com o adulto atingissem uma evolução significativa.

Ensinamos o ato do brincar de forma funcional, através de brinquedos

como seguir a pista dos carrinhos de corrida, dar comidinha na boca do cachorrinho, soprar a bolinha de sabão, vestir os bonecos com as roupas

relativos a sua profissão que possibilitando assim um aprendizado para sua

vida prática.

Criamos um ambiente estruturado e motivador na Recreação Brinquelândia para as crianças atípicas, seguimos uma rotina, com os mesmo horários e

dias pré-estabelecidos, onde as crianças realizavam brincadeiras e

conduzíamos a fazermos parte do seu centro de interesse, onde cada uma tinha um objetivo, que as estimulavam em suas necessidades e limitações.

Com isso sentiam-se seguras e mapeadas; pois com o tempo sentiam-se

confortáveis no espaço e com os brinquedos.

Estimulamos as crianças autistas a participarem da brincadeira como um

simulacro da complexa dinâmica social como, ao chegar nos lugares

cumprimentar as pessoas ( do seu jeito) com um gesto, uma palavra; não

tirar a roupa em ambientes públicos, só no banheiro; utilizar a linguagem (gestual ou oral) para que seu pedido seja realizado; aprender a esperar sua

vez, permanecer na fila até chegar sua vez.

Os programas individualizados foram desenvolvidos respeitando as suas especificidades fazendo um parâmetro entre a ludicidade e a tríade. A

brincadeira norteou a pesquisa. No começo os pais não sabiam, outros já

conheciam a terapia na perspectiva Floortime (brincar no chão). Foram abordados os aspectos imaginação, linguagem e interação social.

Explorando nas áreas de motor, discriminação visual, propriocepção,

vestibular, tatorial e as AVD e AVP. De uma forma que as crianças

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

106

entendessem e participarem das brincadeiras como simulacro da complexa

dinâmica social.

Considerações Finais

Com base no estudo exposto acima, conclui-se que o aprendizado foi

mútuo entre crianças, pais e profissional. Os feedbacks e a participação dos

pais foram fundamentais, para a construção da aprendizagem das crianças envolvidas.

Esse estudo teve uma significativa relevância para a comunidade, pais,

profissionais, pois aprenderam a olhar e entender que o ser humano é um

ser único com suas especificidades e individualidades.

Daremos continuidade a esse trabalho, no agreste meridional, priorizando o

brincar das crianças autistas de forma funcional, essa área deixa uma lacuna

significativa, essas crianças precisam ser estimuladas diariamente. Constatamos a emergente necessidade de construirmos um espaço com

profissionais que os estimulem num espaço, centralizando todas as

estimulações nas áreas de Linguagem (Fonoaudiólogo), propriocepção

vestibular (Terapeuta Ocupacional), imaginação e interação (Psicopedagoga); Terapias na piscina (natação), Ecoterapia. Nessa

perspectiva envolver os pais, para que continuem participando diretamente

das conquistas, frustrações e superação dessas crianças, e com isso acreditem numa evolução, sem determinar o tempo, e através do brincar

essas crianças atípicas, possam adquirir autonomia e independência.

Referências

BAPTISTA, Claudio Roberto. Autismo e Educação: reflexões e propostas

de intervenção\ organizado por Cleonice Bossa – Porto Alegre: Artmed,

2002.

GREENSPAN, S. (1999). A evolução da mente-as origens da inteligência e as novas ameaças a seu desenvolvimento. Rio de Janeiro: Record.

KANNER, Leo. Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo. Tradução AMA.

São Paulo: Editora, 1996, p. 1-50.

MELLO, Ana Maria S. Rose de. Autismo: guia prático. São Paulo: AMA;

Brasília: CORDE, 2007.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

107

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil / Ministério da

Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília:

MEC/SEF, 1998.

WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: imago, 1975.

Palavras-chave:

Aprendizagens significativas; Brincadeiras sensoriais; Transtorno do

espectro autistico.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

108

8.4. A importância da interdisciplinaridade junto das populações especiais na escola. O caso do bócia no desporto escolar

Anabela Vitorino

Instituto Politécnico de Santarém

Cristiana Ramos

Instituto Politécnico de Santarém

Sónia Morgado

Instituto Politécnico de Santarém

Resumo

Um dos desafios educativos da sociedade atual é a concretização de objetivos escolares e formativos no processo de ensino-aprendizagem de

todos os alunos, incluindo os que têm necessidades educativas especiais

(NEE).

Por outro lado, sabe-se que atualmente, ao lado das técnicas terapêuticas e

dos avanços tecnológicos, o desporto constitui-se como um importante

estímulo na reabilitação e reintegração da pessoa com deficiência na

sociedade. Ou seja, o desporto poderá assumir-se como uma ferramenta valiosa na educação de valores nas escolas e, simultaneamente, pode

oferecer a oportunidade de desenvolver habilidades e competências úteis

noutros contextos vivenciais, a partir das aulas de educação física. Paralelamente, nos últimos anos, também começou a constatar-se que a

preparação psicológica do atleta é uma parte importante do treino, sem a

qual este se encontra claramente limitado.

Objetivo

Pretendeu-se estudar a performance desportiva com base na implementação

de um Programa de Treino de Competências Psicológicas (TCP), no

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

109

contexto do desporto escolar, para alunos com NEE. Para tal, teve-se em

conta as variáveis psicológicas mais relevantes na modalidade do boccia

(Marta, 1998), o modelo para desenvolvimento e implementação de um Programa de TCP (Cruz & Viana, 1996) e, em simultâneo, as etapas de um

Programa de Psicologia Aplicada ao Desporto (Becker Júnior & Samulski,

2002).

Metodologia

Neste estudo exploratório, a vertente de investigação é marcadamente

qualitativa, com recurso ao estudo de caso, com aplicação de diferentes

técnicas de avaliação (entrevistas, consultas dos Planos Educativos Individuais, registos audiovisuais e observação participante), balizada em

vários momentos específicos ao nível da competição, no ano letivo

2013/14. O grupo de estudo foi constituído por 18 alunos com NEE, com idades compreendidas entre os 10 e os 16 anos (MI=13,44; DP=1,36).

Conclusão

O conjunto de dados obtidos permite assinalar que existe uma relação direta

entre o Programa de TCP e a apresentação de rotinas pré-competitivas, melhoria nos níveis de concentração e adoção de posturas adequadas

durante os treinos e a competição. De igual modo, verificou-se que este tipo

de intervenção, inserida na triangulação Educação Especial/Psicologia do Desporto e do Exercício/Desporto Escolar, apresenta características

favoráveis, sendo um método adequado para o desenvolvimento de

competências específicas, promovendo a inclusão em meio escolar, junto da população com NEE. Regista-se, como implicação prática, a

necessidade de reforçar alguns conteúdos na formação inicial de docentes

ao nível da interdisciplinaridade e potencialidades do desporto,

contribuindo para a atenuação das desigualdades e/ou diferenças da população em estudo.

Referências Bibliográficas

Becker Junior, B., & Samulski, D. (2002). Manual de treinamento psicológico para o esporte (2ª ed.). Porto Alegre: Editora Feevale Centro

Universitário.

Cruz, J.F., & Viana, M.F. (1996). O treino das competências psicológicas e a preparação mental para a competição. In J. F. Cruz (Ed.), Manual de

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

110

Psicologia do Desporto (pp. 533-565). Braga: Sistemas Humanos e

Organizacionais, Lda..

Marta, L. (1998). Boccia: Estudo-Piloto sobre o estado de conhecimento na modalidade. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências

do Desporto e de Educação Física na Universidade do Porto.

Palavras-chave:

Educação Especial; Desporto Adaptado; Inclusão; Interdisciplinaridade.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

111

8.5. O desenvolvimento de uma política de apoio a crianças com necessidades educativas especiais em São Tomé e Príncipe

Isabel Piscalho

Instituto Politécnico de Santarém – Escola Superior de Educação

Resumo

No âmbito do Projeto Reforço Institucional e Qualitativo do Ensino Básico,

uma equipa de consultores da Escola Superior de Educação do Instituto

Politécnico de Santarém com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian

está a apoiar o trabalho desenvolvido pelas escolas do ensino básico em São Tomé e Príncipe. De entre as várias áreas de intervenção, este projeto

pretende apoiar a definição de uma política para a inclusão das crianças

com necessidades educativas especiais de carácter permanente nas escolas, uma das grandes lacunas do sistema educativo do país. Numa primeira

etapa, com o apoio da UNICEF, uma equipa da ESE coordenou a

identificação, a nível nacional, das crianças com necessidades educativas especiais existentes. Para além da colaboração das escolas do 1º ciclo do

ensino básico e dos jardins de infância este levantamento foi feito com o

apoio das ONG e dos serviços de saúde. Nesta comunicação será

apresentada uma síntese deste trabalho, assim como do que está a ser realizado a nível da formação inicial e contínua de docentes visando a

criação de um apoio às crianças com necessidades educativas especiais a

nível nacional.

Palavras-chave:

São Tomé e Príncipe; Formação; Necessidades Educativas Especiais.

9. EDUCAÇÃO, OMG’S E

MOVIMENTOS SOCIAIS

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

113

9.1. Projeto Ponte: Da Reflexão Coletiva à efetivação da Prática de projetos na Educação Profissional

Marcelo Soldão Senac

Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

Mário Augusto Costa Valle

Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

Resumo

Este artigo tem o objetivo de relatar a experiência do Projeto Ponte

implementado no Senac São Paulo, e seus desdobramentos na formação

didático pedagógica dos professores desta instituição. A proposta pedagógica da instituição propõe uma metodologia inovadora e

contemporânea que visa acompanhar as necessidades do mundo

tecnológico. Neste sentido, torna-se imprescindível planejar a formação de

professores que atuam no ensino profissionalizante. Estes possuem características próprias, que variam de formação técnica a graduação

específica em uma área do conhecimento. Seu diferencial reside na

experiência prática. O conhecimento que possuem de aula muitas vezes é a que vivenciaram como alunos. Atuam na transferibilidade do conhecimento

(PACHECO, 2008).

A partir destas características se faz necessário promover a formação didático pedagógica dos professores que atuam no ensino profissionalizante

dentro da profissão e de forma contínua (Nóvoa, 2009).

O Projeto Ponte se caracteriza por fazer discussões teórico práticas,

promovendo a formação dos professores de forma colaborativa e científica. A reflexão sobre a formação didática acontece na prática a partir de casos

reais.

Nas quatro unidades educacionais do Senac SP, que participam do Projeto Ponte, as discussões acerca da formação de professores nasceram de

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

114

maneiras distintas, porém todas as unidades partilham do mesmo objetivo:

refletir sobre a formação docente por meio de discussões coletivas e tendo

como referência a proposta pedagógica.

Cada unidade envolveu, no início, um professor de maneira direta e mais

três de forma indireta. As unidades passaram a discutir as questões

didáticas de maneira particular e de acordo com suas características. A Escola da Ponte tem sido utilizada como inspiração aos envolvidos.

(Pacheco e Fatinha, 2013).

A unidade educacional do Senac de Bauru se inspirou nos círculos de

estudos para desenvolver a formação dos professores e palestras com profissionais que possuem experiência em uma metodologia inovadora. A

unidade do Senac de Campinas promoveu prosas para despertar o interesse

dos professores pelo projeto, com base em outro, a “Roda de Prosa”, que tem por objetivo prosear questões relacionadas a educação e cultura com

seus professores.

Os docentes do Senac de São José do Rio Preto encaminharam para sala de

aula uma metodologia em que o conhecimento produzido pelos alunos fossem, primeiramente, baseados na realidade observável e que criasse

condições de promoção de desenvolvimento social e econômico.

No Senac Lapa Scipião o planejamento coletivo foi fundamental para o encaminhamento e desenvolvimento do Projeto Ponte. Os professores,

passaram a planejar e a discutir suas práticas com mais frequência

alinhando sua prática com a proposta pedagógica.

Os resultados, como planejamento coletivo, propriedade do discurso,

diminuição de situações de conflitos em sala, etc. confirmam a ocorrência

da aprendizagem colaborativa por parte de todos. Observa-se uma

apropriação maior da proposta pedagógica, e a mesma fazendo sentido ao que se propõe a desenvolver. Há uma aproximação entre o professor e as

questões teóricas da didáticas, concretizando a reflexão versus ação

proposta por Freire (Freire,1987).

2. Referências Bibliográficas

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

115

NÓVOA, Antonio. Para uma formação de professores construída dentro da

profissão. Universidad de Lisboa. Lisboa, 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

PACHECO, José. PACHECO, Maria de Fátima. A Escola da Ponte sob

múltiplos olhares. 1 ed. Porto Alegre: Penso, 2013.

Palavras-chave:

Projeto ponte; Formação de professores; Didática.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

116

9.2. Voluntário ou Compulsório? Do ato associativo na implementação de políticas públicas: reflexões teórico-empíricas à luz de componentes da reforma agrária no Brasil

Washington José De Sousa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Juarez Azevedo De Paiva

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Abdon Silva Ribeiro Da Cunha

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Resumo

Trata-se de reflexão teórico-empírica que sistematiza argumentos

favoráveis à compulsoriedade do ato associativo como complemento a

políticas públicas que movimentam coletivos de indivíduos e estabelecem

novas relações de convívio em espaços comuns por elas constituídos. Fundamenta-se em revisão bibliográfica e documental, acrescido de

evidências empíricas vivenciadas pelos autores. Ao tomar como objeto de

análise instrumentos legais que, no Brasil, tratam o ato associativo como voluntário e sem finalidade econômica, o texto questiona o resultado

prático de tais preceitos em casos que envolvem ações governamentais na

reforma agrária. O argumento central é que intervenções governamentais,

que constituem coletivos humanos para convívio permanente, remetem, preliminarmente, os sujeitos a relações de estranhamento, de desconfiança e

insegurança. Nesses casos, deve o Estado dispor de instrumentos que

possibilitem mediações de conflitos e interesses, e, para tanto, a compulsoriedade do ato associativo possibilita a gestão de demandas

sociopolíticas e econômicas e apresenta-se como elemento necessário à

efetividade das ações estatais. Em contraposição a preceitos legais, vários instrumentos da ação estatal na reforma agrária conduzem os beneficiários

à constituição e ao diálogo social através de associações. A princípio,

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

117

podem ser interpretados como coercitivos, impositivos, constrangedores ou

transgressores, uma vez que irrompem leis e o caráter pragmático da adesão

voluntária que deve presidir o ato associativo. Poder-se-ia, assim, conjeturar que o Estado, mesmo não impondo o ato associativo,

indiretamente o decreta, ao estabelecer instrumentos de execução de ações

na reforma agrária, por exemplo, pela via exclusiva da concessão de crédito coletivamente. Em tal cenário, cabe questionar; de caráter

convencionalmente voluntário, há argumentos para justificar a obrigação do

ato associativo na execução de políticas públicas? É esta, pois, a questão

central do texto, que se destina a sintetizar argumentos em defesa da compulsoriedade do ato associativo como complemento a políticas públicas

que movimentam coletivos de indivíduos e estabelecem novas relações de

convívio em espaços comuns por elas constituídos.

Palavras-chave:

Reforma agrária no Brasil; Agricultura familiar; Associativismo rural; Aspectos legais do ato associativo.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

118

9.3. CRACS (Coletividade Recreativa e de Ação Cultural de Sousela): Um contributo para educação/formação de jovens e adultos em Portugal

Carla Cardoso

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Teresa Medina

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Resumo

Esta comunicação resulta de uma dissertação de mestrado em Ciências da Educação apresentada na FPCEUP, acerca do movimento associativo e em

concreto da CRACS. Os objetivos desta pesquisa incluíam: contribuir para

a construção de uma história da associação a partir da voz dos seus construtores e protagonistas, compreender as diferentes fases e modos de

participação na associação e compreender os impactos

educativos/formativos da participação na referida associação. Trata-se de

um estudo de caso que pode constituir-se como um contributo para compreender muitas outras associações que, tal como esta, se formaram

após o 25 de Abril de 1974. Para concretizar os objetivos a que nos

propúnhamos foram inventariados e analisados todos os documentos existentes na coletividade, realizadas entrevistas e narrativas biográficas a

dirigentes, ex-dirigentes e outros participantes ativos na coletividade.

A CRACS surgiu, como muitas outras associações, após o 25 de Abril de

1974, tendo a escritura pública sido realizada a 28 de Setembro de 1976. O caminho percorrido, nos últimos 40 anos, permite-nos compreender uma

estreita articulação entre a história da coletividade e as transformações

sociais e politicas que ocorreram em Portugal no mesmo período. Numa primeira fase, a associação instituiu-se como um muito importante polo de

desenvolvimento da comunidade local, com grande relevância na vida das

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

119

muitas pessoas que nela participavam ativamente, em consonância com a

liberdade recentemente conquistada. A segunda fase está marcada pela

construção da nova sede e diminuição da participação, correspondendo à época em que Portugal adere plenamente à CEE (Comunidade Económica

Europeia). A fase mais recente, marcada pelo acentuar de uma crise de

participação, coincide com o acentuar da crise económica e dos seus reflexos na vida das pessoas.

A partir da análise da participação nas diferentes fases identificadas é

possível sustentar que as transformações politicas e sociais que ocorreram

desde 1974, afetaram a vida da associação, com consequências no seu potencial educativo. Foi possível constatar portanto, que algumas

aprendizagens eram específicas e particulares, pois estavam condicionadas

pelo tipo de atividades desenvolvidas pela associação nos diferentes momentos e pela forma como cada um participa nas mesmas. Outras

aprendizagens são transversais a todas as épocas, nomeadamente aprender a

ser sócio, aprender a ser dirigente e aprender a relacionar-se com os outros.

Palavras-chave:

Associativismo; Aprendizagens; Educação de Adultos; Transformações

Sociais.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

120

9.4. Comunidade quilombola Sertão do Valongo: um aprendizado intercultural

António Braga

UNASP - SP

Resumo

O quilombo, enquanto movimento emancipatório e libertário de grupos

minoritários específicos de nossa sociedade, assume um papel emblemático

nas lutas dos negros e em suas reivindicações por cidadania nos diversos

períodos da história, mesmo no momento atual. O povo valonguense, que propomos como objeto desse estudo, habita uma pequenina faixa de terra

na zona rural do estado de Santa Catarina, Brasil, desde a segunda metade

do século XIX. É um micromundo composto por descendestes de antigos escravos, que tem sido estudado por diferentes pesquisadores. Seu jeito

simples e despretensioso de viver foi seguidamente apontado como

possível desconhecimento de seus direitos fundamentais. Para desencadearmos uma primeira aproximação desse grupo optamos por uma

metodologia qualitativa de revisão bibliográfica em artigos científicos e

dissertações selecionados das Bases de Dados Scielo, Google Acadêmico, e

CAPES, bem como estudos e documentos publicados em livros e manuais, principalmente pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

(IPHAN). Essa comunidade foi escolhida para a investigação por tratar-se

de um lugar que já tem sido objeto de outros estudos, em razão das peculiaridades que ela apresenta, enquanto grupo de negros inserido numa

região colonizada por alemães.

Os resultados dos estudos bibliográficos já sistematizados permitiram

lançar um novo olhar sobre a cultura desse agrupamento étnico, cujos saberes podem ser vistos como silencioso contraponto às lógicas de vida

ditadas pela sociedade de consumo do mundo capitalista onde estamos

inseridos. Há um corpo de significados político-culturais presentes nos

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

121

registros de pesquisa já realizados e que merecem cuidadosa atenção, face

aos aprendizados que podem estar ali contidos. As transformações que um

quilombo instaura são muito mais amplas e, portanto, de cunho eminentemente identitário na constituição do povo brasileiro. Concluímos

essa investigação questionando a própria visão muitas vezes proposta pelos

registros de pesquisas, documentários e o próprio olhar hegemônico dos pares sobre essa comunidade. Inferimos a necessidade de novos estudos e

desdobramentos de pesquisa “in loco”, que fomente o diálogo e o

intercâmbio de conhecimentos na busca de um caminho para a educação

etnorracial e o debate intercultural, não apenas nas instituições educacionais brasileiras, mas em outros espaços de cidadania global, como

o XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação.

Palavras-chave:

Interculturalidade; Educaçao etno-racial; Grupos minoritários.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

122

9.5. Movimentos sociais: a busca para tornar afirmativa sua presença na sociedade

Renata Silva

Daiane Dantas

Mariana Caitano

Unespar-Paranaguá

Resumo

Este artigo propõe uma breve reflexão sobre os movimentos sociais na sociedade a partir dos anos 80 no Brasil, bem como, o que são movimentos

sociais, quais as relações entre eles e o que contribuem para o

desenvolvimento da sociedade como um todo. Norteia-se as possibilidades de construção da necessidade de se colocar presentes na sociedade, se

afirmar como sujeito de formação social, política, cultural e educacional.

Colocando as teorias desses movimentos sociais como base deste estudo e

busca qual o real sentido das lutas desse movimentos. Procura-se evidenciar os avanços e retrocessos que orientam suas causas. Num percurso histórico,

trazer o discurso de política de reconhecimento para os sujeitos de classes,

gêneros, etnias, raças, campos e gerações, entre outros, tonando afirmativa a presença desses sujeitos que já estavam presentes na construção social e

da historia de nosso país, sujeitos que ajudaram a base de uma estrutura de

produção e trabalho, garantindo assim o fortalecimento de base para a sociedade, mas que desde do inicio, já eram explorados e oprimidos, por

tanto, a analise das principais ações que vêm sendo desenvolvidas ao longo

de suas batalhas será a base de nossas reflexões. Para tanto os autores

utilizados como base teórica será Miguel Arroyo e Maria da Gloria Gohn.

Palavras-chave:

Movimentos sociais; democratização; construção social.

10. ESCOLA PÚBLICA E PERCURSOS

DE ESCOLARIZAÇÃO

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

124

10.1. Quando Participar está ao alcance de ‘Se Entrar’: A Participação das crianças no Jardim de Infância

Marta Botelho

Escola Superior de Educação de Lisboa

Catarina Tomás

Escola Superior de Educação de Lisboa

Resumo

Nas últimas décadas assistimos a uma discussão social, política e

académica intensa sobre os seus direitos cívicos e políticos das crianças,

nomeadamente sobre os direitos de participação. O diálogo que a Pedagogia e a Sociologia da Infância têm encetado neste domínio, em

contexto nacional e internacional, tem sido fulcral na (re)definição de um

estatuto social da infância na educação de infância e potenciar a discussão

sobre a cidadania da infância, neste caso na sua dimensão institucional – o jardim de infância -, que para ser efectiva, implica a participação na

sociedade de todos os seus membros, independentemente da sua condição

social, como a idade, género, etnia, classe ou geração.

Pretende-se apresentar os resultados de uma investigação sobre processos

de participação de crianças em contexto de jardim-de-infância na cidade de

Lisboa, a partir da lente dos direitos das crianças.

Do ponto de vista metodológico, trata-se de um estudo de natureza

qualitativa, de âmbito compreensiva e interpretativa. As principais técnicas

de investigação utilizadas foram as entrevistas, realizadas à educadora de

infância e os grupos de discussão focalizada realizados com 24 crianças (3 - 5 anos).

A análise dos dados permite afirmar que a participação das crianças

acontece de diversas formas e em diferentes âmbitos, como no planeamento, na avaliação, na realização de tarefas, atividades, projetos, e

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

125

outras propostas realizadas pelas crianças. Através do grupo de discussão

focalizada compreendeu-se a diversidade de significados que as crianças

atribuem à participação. Foi, ainda possível, perceber a importância do papel dos adultos na promoção da participação.

Palavras-chave:

Direitos da Criança; Participação no Jardim de Infância; Cidadania da Infância

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

126

10.2. O Desafio do Plano de Ações Articuladas (PAR) na Gestão Educacional Brasileira

Adriana Valadão

Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD

Elisangela Alves da Silva

Universidade Federal da Grande Dourados- UFGD

Resumo

Este trabalho objetiva analisar como se deu o planejamento e a execução do

Plano de Ações Articuladas (PAR) em quatro municípios brasileiros, no

período de 2007-2011, identificando impactos do apoio técnico e financeiro da União na melhoria da capacidade de planejamento do sistema

educacional do município. O estudo se justifica pela necessidade de

analisar a efetividade do PAR no campo da gestão educacional, destacando

o que de fato acontece na administração municipal quando se adotam políticas e programas voltados para a descentralização. Esta pesquisa está

inserida no projeto de âmbito nacional denominado “Gestão das políticas

educacionais no Brasil e seus mecanismos de centralização e descentralização: o desafio do PAR em escolas municipais de ensino

fundamental” e conta com a participação de vários estados; dentre eles, o

estado de Mato Grosso do Sul. A metodologia utilizada é de cunho quali-quantitativa que usa análise documental e de conteúdo como ferramentas.

Para o alcance do objetivo proposto foi realizada revisão bibliográfica,

pesquisa documental da legislação em âmbito nacional e municipal

referentes ao PAR; bem como, consultas nas bases de dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira(INEP), do

Ministério da Educação (MEC) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento

da Educação (FNDE). Ao mapear as dimensões do PAR no estado do Mato Grosso do Sul – Brasil, é possível observar uma priorização dos municípios

pelas dimensões da “Gestão Educacional e Infra-Estrutura Física”. O

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

127

levantamento em quatro municípios confirmam os resultados encontrados

no estado; no entanto, identifica-se uma não conformidade entre o

planejamento das ações do PAR elaborado pelos municípios e o apoio financeiro da União manifestado por meio dos recursos disponibilizados

pelo FNDE. Evidencia-se uma desarticulação entre os entes federados no

que se refere ao planejamento e execução do PAR na gestão educacional municipal, o que dificulta o atendimento às demandas das redes de ensino

específicas de cada município.

Palavras-chave:

PAR; Planejamento educacional; Políticas educacionais; Federalismo

Educação.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

128

10.3. (Re)configurações da educação de adultos em contexto de implementação de políticas sociais de combate à pobreza: contributos a partir de um estudo de caso

Liliana Lopes

Centro de Investigação em Educação da Universidade do Minho

Resumo

A investigação que suporta esta comunicação centra-se nas iniciativas de

educação e formação de adultos (EFA) levadas a cabo no âmbito de um projeto desenvolvido no âmbito do programa Contrato Local de

Desenvolvimento Social (CLDS) que, simultaneamente, assumiu a gestão

de um protocolo Rendimento Social de Inserção (RSI) num território de periferia urbana entre 2008 e 2011. Pretendeu-se analisar os processos de

reconfiguração das políticas e práticas de EFA decorrentes do seu

desenvolvimento em contexto de implementação de medidas de política social de combate à pobreza, sendo particularmente determinante o facto

desta se concretizar segundo um modelo de parceria entre o Estado e

organizações da sociedade civil. Tendo-se mantido um olhar

macrossociológico no que respeita aos racionais políticos em jogo, considerando a necessidade do seu enquadramento nas dinâmicas de

regulação supranacional, procurou-se desvelar a centralidade das

apropriações e processos de regulação local levados a cabo pela rede de entidades responsáveis pelas iniciativas que corporizam a implementação

territorial das políticas. O dispositivo metodológico integrou a análise da

produção jurídico-normativa respeitante ao programa CLDS, à medida RSI e ao sector da EFA, bem como dos documentos organizacionais de

referência para a sua implementação no território durante o período em

questão; e na realização e análise de entrevistas junto de protagonistas das

atividades socioeducativas desenvolvidas. Partindo de uma abordagem interpretativo-construtivista, definiu-se um quadro teórico-analítico

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

129

revelador do modo como as tensões resultantes da implementação

territorializada das medidas de combate à pobreza por parte das

organizações da sociedade civil são determinantes para a definição dos contornos das iniciativas de EFA implementadas. As respostas educativas

diferenciadas situam-se no domínio da educação não-formal, sendo as

opções organizacionais e pedagógicas fortemente associadas ao modelo de parceria com o Estado e aos paradigmas de trabalho social predominantes

nas lógicas de ação da rede de parceiros. Quanto à educação formal, apesar

do caráter centralista das políticas para o setor, as práticas são, em parte,

determinadas pela perceção dos adultos enquanto beneficiários de medidas de proteção social, abrindo-se a funções sociais e respeitando-se objetivos

congruentes com as lógicas dominantes no projeto de intervenção social em

curso.

Palavras-chave:

Educação de adultos; Política social; Trabalho social.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

130

10.4. O estatuto do aluno em ação: dimensões normativas, indisciplina e procedimentos organizacionais

Carlos Gomes

Universidade do Minho

Guilherme Silva

Universidade do Minho

Daniela Silva

Universidade do Minho

Resumo

Na comunicação apresentaremos e analisaremos sociologicamente dados de

investigação sobre a relação entre a escola e as famílias e sobre os

fenómenos de indisciplina vividos num agrupamento de escolas do norte de

Portugal. Os dados foram obtidos através de pesquisa documental, no âmbito do projeto de investigação O Estatuto do Aluno em Ação, que está

ser desenvolvido por uma equipa constituída pelos autores da presente

comunicação, e por docentes do referido agrupamento, no quadro de um protocolo entre o Gabinete de Interação com a Sociedade do Instituto de

Educação da Universidade do Minho e o referido agrupamento. Na

comunicação será dado um especial relevo às dimensões do Estatuto do

Aluno e do Regulamento Interno do Agrupamento relacionadas com a definição dos direitos e dos deveres dos alunos, com a interação do

agrupamentos com os pais e encarregados de educação dos seus alunos (as)

e com as orientações, os métodos e os procedimentos organizacionais seguidos pelo agrupamento na monitorização, controlo e resposta a

dinâmicas e condutas individuais e/ou colectivas marcadas pela

indisciplina.

Palavras-chave:

Escola; Organização; Alunos; Normas; Disciplina; Estatuto.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

131

10.5. Os sentidos de ir à escola e de estudar para jovens rurais do sertão Sergipano

Isabela Gonçalves de Meneses

Universidade Federal de Sergipe

Resumo

Discute-se, neste artigo, o que significa a instituição escolar e o sentido das

experiências vivenciadas nesse espaço para jovens rurais, estudantes do ensino médio regular em escolas urbanas do sertão sergipano, com base em

recorte de dissertação de mestrado em educação, fruto de pesquisa

qualitativa e compreensiva que investigou questões relacionadas às identidades culturais de 194 filhos de agricultores e de assentados da

reforma agrária, na faixa etária de 14 a 29 anos. Com base na análise dos

dados, evidenciou-se que os jovens, em sua maioria, têm facilidade de acesso à escola urbana por meio de transporte escolar e são apoiados pelos

parentes, sobretudo os pais que não tiveram a oportunidade de estudar e

veem nos mais novos sua própria realização pessoal. Em contrapartida,

relataram que na escola enfrentam dificuldades de entender as aulas, de expressar opiniões, de se comunicar, de fazer as atividades e de entender os

livros didáticos. Dos jovens que sentem dificuldade, a maioria tem alguém

para ajudá-los; mas, sobretudo os rapazes, não têm auxílio nas tarefas escolares. Chamou a atenção o fato de que a maioria dos pesquisados teve,

no mínimo, uma reprovação durante a vida escolar. Para os jovens

pesquisados é necessário o ingresso à escola para que os alunos aprendam a

se socializar e a conviver com os outros, bem como obtenham conhecimentos como forma de preparo para um futuro melhor, com a

oportunidade de entrar na universidade a acessar bons empregos.

Palavras-chave:

Instituição Escolar; Jovens Rurais; Emprego.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

132

10.6. A melhoria organizacional mediante a satisfação da comunidade educativa

Carlos Gonçalves

EBI D. Carlos I

Resumo

Introdução

Quando se pretende elevar a qualidade de uma escola ou agrupamento de

escolas, temos de conhecer a escola em todos os aspetos a a sua

envolvência, de forma a elaborar um projeto educativo coerente com o contexto específico de cada organização escolar. Esse projeto deve ser

elaborado tendo em conta a satisfação da comunidade educativa da

organização escolar em questão e contribuir para a melhoria dessa organização.

Neste trabalho pretende-se verificar o estado da organização de um

agrupamento escolar pelos anseios e perspetivas da comunidade educativa, projetando o planeamento estratégico adequado ao contexto do

agrupamento em 2014-2015.

Metodologia

Para efetuar a análise organizacional foi decidido construir um instrumento para verificação das necessidades e percepções tendo em vista a satisfação

da comunidade educativa;

Questionário para Alunos: Amostra: Escolha aleatória de duas turmas por ano escolar (4º, 5º, 6º, 7º, 8º e 9º Ano).

Questionário de Pais e Encarregados de Educação: Distribuição dos

questionários aos Encarregados de Educação, das turmas escolhidas para os

alunos.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

133

Questionário de Professores:

Distribuição dos questionários a todos os professores.

Questionário de Pessoal Não Docente: Distribuição dos questionários a todos os elementos do pessoal não docente.

Conclusões

O questionário referente à comunidade educativa é adaptado á realidade do agrupamento de escolas, do instrumento de qualidade “Servqual” e do

instrumento adaptado “Questionário de Satisfação da Comunidade

Educativa” de Novais Gonçalves (2011).

Verificamos a utilidade e a validade dos questionários, os resultados obtidos e definimos o modelo de satisfação dos alunos do agrupamento de

escolas (através da modelação de equações estruturais) de forma a elevar os

padrões de satisfação da comunidade educativa.

Referencias

Bardin, L., “Análise de conteúdo”, Edições 70, Lda., 3ª Edição, 2004

Foguet, J., Gallart, G., “Modelos de Equaciones Estructurales”, Editorial La

muralla, Madrid, 2000

Hair, J.F., Anderson, R.E., Tatham, R.L. & Black, W.C. (2006),

Multivariate data Analysis (6th ed.) Pearson Prentice-Hall

Novais Gonçalves, C. (2011). “Satisfação da Comunidade Educativa e indisciplina na Sala de Aula como Factores Contributivos para a Qualidade

na Escola”, Dissertação de mestrado não publicada, Salamanca:

Universidade de Salamanca

Palavras-chave:

Qualidade na escola; Satisfação da Comunidade Educativa; Avaliação da organização escolar.

11. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E

ÉTICA PROFISSIONAL

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

135

11.1. O Contributo do Trabalho Colaborativo na Iniciação à Prática Profissional: O exemplo da planificação de uma tarefa

Letícia Carvalho

Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte

Resumo

A colaboração em contextos formativos se constitui em uma estratégia de

grande relevância para o desenvolvimento profissional dos professores, ao

considerar-se que há empenho de diversas pessoas para se atingir um

objetivo comum, fortalecendo os professores a elaborarem atividades com segurança, e possibilitando a reflexão coletiva sobre o contexto da sala de

aula. Assim, a colaboração pressupõe o diálogo reflexivo, o trabalho

conjunto, a discussão de ideias e a reestruturação do pensamento, o que pode ser materializado na elaboração/reelaboração de atividades.

No entanto, vários estudos revelam que há uma resistência dos professores

em trabalhar colaborativamente para prepararem tarefas de investigação, pois isso requer a superação do medo, das dificuldades e principalmente a

imprescindibilidade de se sentirem pertencentes a um grupo colaborativo,

no qual as críticas são tidas como essenciais para o avanço qualitativo na

estruturação das atividades.

Nessa direção, o objetivo do presente estudo é conhecer o contributo do

trabalho colaborativo para a planificação de tarefa na iniciação à prática

profissional.

Assim, apresentamos o processo de elaboração de uma atividade de

investigação, desenvolvida no âmbito da disciplina Iniciação à Prática

Profissional, no Mestrado em Ensino de Química e Física da Universidade

de Lisboa.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

136

A partir dessas considerações, descrevemos o processo de elaboração de

uma atividade, realizada na turma de IPPIII, composta por cinco alunos e a

professora responsável pela disciplina, no ano letivo 2013/14. Apresentamos o momento no qual uma dessas a atividades, a ser

desenvolvida em uma turma do 7º ano do 3º Ciclo da Educação Básica, foi

discutida no grupo, bem como as críticas colaborativas e o momento da apresentação da atividade reestuturada a partir das sugestões do grupo.

A metodologia usada tem as suas raízes na investigação qualitativa com

orientação interpretativa. Os dados aqui apresentados foram recolhidos

através da gravação em vídeo do momento no qual o professor em formação apresenta sua tarefa ao grupo, com também o momento da

apresentação da atividade reelaborada após a intervenção dos colegas.

Os resultados da investigação evidenciam a importância da colaboração para se repensar nas práticas profissionais, bem como na elaboração de

atividades contextualizadas que possibilitem aos alunos desenvolver uma

atitude investigativa frente ao ensino.

Palavras-chave:

Colaboração. Desenvolvimento Profissional. Formação Inicial de

Professores.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

137

11.2. A Prática de Leitura na Formação de Professores: a produção de experiências discursivas no Curso de Letras/PARFOR – UFPA

Márcio Silva

Universidade Federal do Pará

Laura Alves

Universidade Federal do Pará

Resumo

Este trabalho tem como propósito de estudo em responder a seguinte

pergunta: como se constrói a relação dialógica discursiva do graduando

entre as práticas de leituras realizadas no Curso de Letras PARFOR/UFPA e a sua experiência docente? Para respondê – la, optamos, pela abordagem

da análise do discurso capaz interagir no desenvolvimento dos estudos de

Práticas de leituras acadêmicas, formação docente e o dialogismo

discursivo, consequentemente o caminho é substanciado de um corpus de pesquisa produzido a partir dos diários de observações, questionários,

narrativas e a produção de memoriais Docentes por meio das disciplinas do

Curso de Letras/PARFOR. Isso viabilizou a análise quanti - qualitativa para analisar a relação dialógica dos discursos construídos na significação do

graduando entre as práticas de leituras realizadas no Curso de Letras

PARFOR/UFPA e sua experiência docente. Partimos da hipótese de que, durante um curso de formação docente, o sujeito aprimora a capacidade de

leitura capaz de refletir sobre o próprio saber, o que possibilita ao referido

saber mais acessível a mudanças da história da formação docente. O

processo dialógico discursivo da prática da leitura na formação docente proporciona como resultados: uma concepção do ato de ler como um ato

social, pois a interação entre leitor e autor compreende objetivos e

necessidades socialmente determinadas; o confrontamento entre sua história de prática de leitura na formação docente e sua experiência

docente; e o ato de investigação da prática de leitura na formação docente

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

138

possibilita sinalizar os elementos discursivos que constituem o movimento

de imigração na história de Formação Docente do Brasil. Consideramos a

formação do leitor, durante a formação docente, como fonte de revelação do momento histórico do sujeito professor ao perceber relações e que forma

relações com um contexto maior.

Palavras-chave:

Dialogismo. Práticas de Leitura Acadêmica. Formação Docente. PARFOR.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

139

11.3. Formação inicial de professores: um estudo comparativo de duas instituições de ensino superior europeias

Filomena Rodrigues

Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

Maria João Mogarro

Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

Resumo

A revisão da literatura mostra diversidade de instituições de formação

inicial de professores (FIP) no espaço europeu. Apesar desta

multiplicidade, o objetivo da FIP é o mesmo em toda a Europa – formar professores (competentes). A variável são os contextos de formação,

havendo diferenças significativas nos currículos de formação inicial de

professores, nomeadamente, ao nível da distribuição e da duração da

componente curricular prática.

Recorrendo a uma metodologia qualitativa de estudo de caso múltiplo,

estudou-se de que forma os currículos, em geral, e a prática de ensino

supervisionada (ou estágio), em particular, influenciam as conceções sobre o ensino dos futuros professores da área das Ciências Naturais, em duas

instituições de ensino superior europeias (Universidade de Lisboa, em

Portugal, e a Universidade de Malmo, na Suécia).

O principal instrumento de recolha de dados empíricos foram entrevistas

semiestruturadas, embora também tenham sido recolhidos alguns dados

através da observação de aulas e da análise de documentos internos das

duas instituições. A análise dos dados baseou-se na criação de quatro domínios de análise, que, por sua vez, surgiram a partir da categorização

dos dados empíricos. Dois destes domínios de análise dizem respeito à

contextualização do estudo (caracterização dos participantes e caracterização da especialização docente) e os outros dois à análise

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

140

comparativa do mesmo (caracterização da formação inicial e relação entre a

formação inicial e a profissão docente).

Podemos concluir que os programas de FIP estudados se revelam adequados os contextos específicos em que se inserem, porque estimulam a

reflexão e o crescimento profissional dos futuros professores,

possibilitando, a partir do contacto com a prática, o desenvolvimento de um suporte sólido de conhecimentos e experiências, que contribuem para o

desenvolvimento da identidade docente. Assim, considera-se que ambos os

programas de formação estudados contribuem para a formação de docentes

qualificados.

Palavras-chave:

Formação inicial de professores; Currículo; Prática de ensino supervisionada; Ensino das ciências.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

141

11.4. Como Formar Hoje Professores para a Escola de Amanhã? – Reflexões sobre a Formação Inicial e a Avaliação da Profissão Docente

Clara Anunciação

Universidade de Lisboa

Cícera Sineide Dantas Rodrigues

Resumo

Assim como a escola se vai adaptando às mudanças assumidas pela sociedade, também a profissão docente se vai alterando e redefinindo.

Atualmente, a autoridade e as competências dos professores têm sido

questionadas levando o governo a adotar reformulações legislativas que

incidem principalmente na formação inicial docente. Face à preocupação de como formar hoje os professores, as políticas tomadas têm como objetivo

restringir o acesso à carreira e, ao mesmo tempo, dignificar o seu estatuto.

A última medida implementada visa a realização de uma prova de acesso à carreira de docente limitada a todos os profissionais de ensino com menos

de cinco anos de serviço. Apesar de as instituições formativas (Escolas

Superiores de Educação e Universidades) serem vistas com alguma desconfiança, as medidas adotadas não são, geralmente, preventivas de

modo a assegurar que a carreira seja apenas acessível a quem se sente

vocacionado e preparado para ensinar. Porque não, então, exigir às

instituições a restrição de acesso à carreira aos próprios docentes que forma, antes mesmo de cada um deles iniciar o seu percurso formativo

enquanto tal? De facto, não deveriam ser estas entidades formadoras as

responsáveis pela dignificação de uma formação inicial docente, que depois se traduziria num estatuto mais elevado para a própria profissão? No

entanto, as medidas tomadas a nível político parecem ser de carácter

remediativo, não penalizando nem responsabilizando as instituições, mas

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

142

sim o indivíduo. Este começa a ser excluído da profissão que escolheu e na

qual foi aceite já depois de ter iniciado a sua prática docente.

A presente proposta de comunicação, seguindo a temática sugerida pelo XII Congresso SPCE, tem como objetivo focar as recentes políticas educativas,

abordando algumas fragilidades e constrangimentos da profissão docente,

especificamente na formação inicial de professores e no seu processo avaliativo, procurando responder, mediante o quadro teórico-conceptual

traçado, à questão-chave “como formar hoje professores para a escola de

amanhã?”.

Palavras-chave:

Profissão docente; Formação inicial de professores; Avaliação docente;

Políticas educativas.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

143

11.5. O Cordel como Possibilidade investigativa na Formação Docente: Experiências Leitoras de estudantes universitários brasileiros

Cícera Sineide Dantas Rodrigues

Universidade Estadual do Ceará

Hugo de Melo Rodrigues

Universidade Estadual do Ceará

Maria do Socorro Lucena Lima

Universidade Estadual do Ceará

Resumo

Este estudo é parte da pesquisa ‘Formação de professores: A leitura na

Aprendizagem da Profissão’, projeto integrado entre a Universidade

Estadual do Ceará-UECE e a Universidade Regional do Cariri-URCA, ambas situadas no Brasil. O presente recorte investigativo buscou refletir

sobre o processo de formação leitora de estudantes do curso de Pedagogia

da URCA, apresentadas por eles em versos de cordel. Freire (1994); Benevides (2002); Tura (2005) e Silva (2009) foram as principais

referências teóricas utilizadas. Com o apoio da abordagem qualitativa

realizou-se uma oficina pedagógica de cordel com os investigados no primeiro semestre de 2011. Nessa atividade, os estudantes narraram as suas

principais experiências de leitura ‘da escola à universidade’, utilizando o

cordel como instrumento de construção de suas narrativas. A investigação

evidenciou que na escola de educação básica, os processos de leitura caracterizam-se pela obrigatoriedade e memorização. Tal prática,

geralmente, provoca nos alunos uma rejeição ao ato de ler. Nesse nível de

ensino, é incipiente o incentivo a uma atividade leitora mais diversificada e prazerosa. Ao ingressarem na universidade os alunos convivem com

práticas leitoras que se fundamentam na mesma lógica memorizadora.

Permanece nas escolas e universidades uma perspectiva burocrática e mecânica da leitura. O estudo reconhece que a reflexão sobre as

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

144

experiências leitoras dos estudantes da graduação pode gerar mudanças nas

concepções e práticas desses sujeitos, enquanto futuros mediadores da

leitura. Foi possível perceber ainda que trazer o cordel para a formação de professores é pensar a universidade como um espaço que deve se abrir para

a interculturalidade, criando canais de diálogo entre as diferentes formas de

linguagem. Nessa direção, o cordel como expressão da cultura popular pode ser tomado como possibilidade investigativa na formação docente,

contribuindo para a reflexão de temas relevantes para o campo das

pesquisas em educação.

Palavras-chave:

Leitura; Formação Docente; Cordel.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

145

11.6. O Modelo de Madeline Hunter: um contributo para a análise da controvérsia

Maria da Glória Santos

Universidade Aberta

Filipa Seabra

Universidade Aberta

Resumo

Neste paper, de cariz essencialmente teórico, falar-se-á de um modelo de

supervisão pedagógica que, apesar de pouco conhecido entre nós, se

constituiu como um dos modelos com mais relevância na segunda metade do século XX nos Estados Unidos. Trata-se do Modelo de Supervisão de

Hunter (1993) que, fruto de algumas particularidades originais que o

distinguem dos demais, foi gerador de grande controvérsia. Essas

características provocaram alguma desconfiança por parte de especialistas e de professores, que o encararam como uma forma de avaliar os docentes

sem qualquer preocupação sobre o seu desenvolvimento profissional, a sua

autonomia e criatividade. Efetivamente, este modelo de supervisão com um carácter essencialmente comportamentalista, insiste, fundamentalmente, na

observação realizada em sala de aula e, tal como outros modelos de

abordagem comportamentalista, baseia-se “na convicção da existência de um corpo de conhecimentos profissionais, consignados em modelos e

técnicas enquadrados por teorias científicas (…) numa perspectiva de

racionalidade científica ou técnica” (Alarcão, 2008: 18).

O Modelo de Supervisão de Hunter enuncia uma lista com vários princípios de aprendizagem e com um permanente recurso à investigação sobre a

eficácia do ensino. São estes fatores que determinam o controlo da

supervisão que, aqui, não cabem nem ao professor nem ao supervisor.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

146

Neste artigo, contextualizamos o modelo de supervisão de Madeline

Hunter, analisando o seu design, com base nas várias críticas de que foi

alvo, ao longo dos tempos, e nos argumentos de defesa e explicação do modelo apresentados pela sua autora.

Concluímos com a ideia de que apesar do pensamento atual apontar num

sentido de considerar a supervisão numa perspetiva colaborativa e com menos preocupação na vertente avaliativa, na verdade aquilo que hoje se

verifica nas nossas escolas aproxima-se muito da visão tecnicista e

avaliativa presentes no Modelo de Hunter.

Referências bibliográficas

Alarcão, I. (2008). Do olhar supervisivo ao olhar sobre supervisão. In M.

Rangel (org.), E. C. Lima, I. Alarcão & N. S. C. Ferreira. Supervisão

Pedagógica. Princípios e práticas (8.ª Ed.). 11-55. S. Paulo: Papirus.

Hunter, M. (1993). Enhancing Teaching. New York: McMillan College

Publishing.

Palavras-chave:

Modelos de supervisão; Modelo de hunter; Supervisão pedagógica.

Abstract:

12. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL,

GESTÃO E LIDERANÇAS

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

148

12.1. A atividade inspetiva: controlo ou acompanhamento?

Luciana Joana

Universidade de Trás-os Montes e Alto Douro

Maria João de Carvalho Universidade de Trás-os Montes e Alto Douro

Resumo

Assente na crença de que a intervenção inspetiva permitirá um

aperfeiçoamento da qualidade do serviço prestado nas escolas e de que a clareza das expectativas dos professores em relação à atividade inspetiva é

essencial para a consecução dos objetivos, o trabalho de investigação -

Atividade inspetiva em educação, representações de professores e inspetores - tem por objetivo principal analisar as representações dos

professores do 1.º Ciclo e dos inspetores da educação acerca do modo de

atuação e consecução dos objetivos a que se propõem os segundos,

aquando o desenrolar das atividades dos programas de acompanhamento

O estudo adotou uma metodologia qualitativa, tendo sido usados como

instrumentos de recolha de dados a entrevista semiestruturada, o

questionário e a análise documental. Nele participaram 19 professores do 1º Ciclo do ensino Básico e 4 inspetores da educação.

Os resultados alcançados evidenciam o grau de concordância e

discordância em relação ao papel da IGEC, mais concretamente em relação à importância e eficiência às atividades desenvolvidas no âmbito dos

programas supracitados.

Ainda assim, e assumindo as diferentes funções da IGEC, os professores

apenas lhe apontam impacto destes na melhoria do funcionamento das escolas, não lhes identificando nenhuma competência no que ao processo

pedagógico respeita. Lamentam a inexistência da ação de acompanhamento

mais voltada para a pedagogia, alegando a sua importância na procura de

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

149

soluções para os problemas das escolas e na melhoria do processo

educativo.

Apesar disto, os receios e inseguranças manifestadas não lhes permitem perspetivar uma ação inspetiva que passe pela observação e

acompanhamento individual em contexto sala de aula. Os esforços

registados por parte dos atores inspetivos na procura de uma relação colaborativa com as escolas e professores parecem ainda não ser notados

por todos os professores ao afirmarem sentirem ansiedade e alguma

preocupação quando visitados por uma equipa inspetiva.

Palavras-chave:

Inspeção em educação; Programas de Acompanhamento; Qualidade da

educação.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

150

12.2. Equipas educativas: autonomia da escola e colaboração docente

Zita Esteves

Universidade do Minho

João Formosinho Universidade do Minho

Joaquim Machado

Universidade Católica do Porto

Resumo

Embora a escola dependa da administração central como serviço periférico do estado, sempre nela houve margens de autonomia dos professores para

contextualizar o ensino. Inicialmente concebida como faculdade de elaborar

e realizar um projecto educativo próprio com a participação dos alunos e da

comunidade, a autonomia concedida à escola tem evoluído no sentido da transferência de competências instrumentais para a realização das políticas

centralmente definidas. A autonomia actualmente reconhecida à escola

comporta distintas dimensões, nomeadamente nos domínios organizacional, pedagógico e curricular e prevê que o controlo da escola seja feito, não já

em função da conformidade de procedimentos, mas em função da

prossecução das metas estabelecidas.

Nesta perspectiva, à autonomia reconhecida ao professor na sala de aula

junta-se agora a autonomia reconhecida à escola na sua organização e

funcionamento, enquanto condição da sua função de ensinar e fazer

aprender, realçando a sua responsabilidade (mesmo quando a capacidade é limitada) na definição do esquema de funcionamento, nomeadamente na

elaboração dos horários, na organização dos espaços, na distribuição dos

tempos, na constituição das turmas e na correspondente afetação de professores.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

151

Nesta comunicação, apresentamos algumas conclusões do estudo de

natureza qualitativa de uma experiência de organização da escola por

equipas educativas. Este estudo realça como a dinâmica interna é influenciada positivamente pela nova organização da gestão intermédia da

escola e pela capacitação dos professores para construírem respostas mais

adequadas aos alunos com vista à prossecução dos objectivos estabelecidos. A autonomia construída pelos professores que integram cada equipa

contribui para o aprofundamento da colaboração em torno do projecto de

desenvolvimento curricular e permite a afirmação de lideranças

pedagógicas intermédias.

Palavras-chave:

Equipas educativas; Autonomia; Gestão pedagógica; Colaboração docente.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

152

12.3. As bibliotecas escolares no contexto da avaliação das escolas

Helena Aleluia

Universidade Aberta

Glória Bastos Universidade Aberta

Resumo

O nosso estudo tem como temática central a visibilidade da liderança

intermédia da Biblioteca Escolar (BE) intra (professores bibliotecários, diretores e relatórios de avaliação interna) e extraescola (Inspeção Geral de

Educação – avaliação externa), pretendendo verificar se existe

convergência ou divergência de representações.

O objetivo central é, pois, compreender as perspetivas implicadas na

visibilidade referida, em especial nos aspetos que se prendem com as

conceções sobre o papel da BE na aprendizagem e o perfil e a ação do

professor bibliotecário, enquanto líder intermédio.

Se até 1997, aquando do lançamento do Programa Rede de Bibliotecas

Escolares, as BEs não tinham papel ativo na escola, a partir deste momento,

são lideranças intermédias fortíssimas, pugnando pela aprendizagem formal e informal, sendo mediadoras sociopedagógicas e de apoio ao currículo, no

desenvolvimento de competências transversais, principalmente

relacionadas com a leitura e a gestão da informação. A BE assume-se, ainda, como uma das artérias que contribui para a sustentabilidade da

escola democrática, para uma educação com igualdade de oportunidades,

facultando e potenciando os seus recursos (livros e tecnologia), aliando o

capital económico ao capital social.

Todavia, a importância da liderança intermédia BE nem sempre é

reconhecida, visível, quer na avaliação interna, quer na externa,

transmissoras, por sua vez, de representações sociais.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

153

O estudo desenvolve-se na zona centro de Portugal continental e a

população-alvo são os Professores Bibliotecários (PBs), os diretores e os

inspetores que fizeram os relatórios de avaliação externa do primeiro ciclo de avaliação (2006-2011) dos agrupamentos desta zona. A amostra é de

conveniência, constituída pelos PBs, diretores e inspetores cujas escolas

têm os relatórios de avaliação disponíveis na internet e que, voluntariamente, participem no estudo.

Para este estudo de casos múltiplos, utilizaremos questionários, entrevistas

semiestruturadas e relatórios de avaliação interna e externa para recolha de

dados.

O estudo exploratório mostra que, num universo de 181 relatórios da IGE,

85,1% refere a BE e, em 14,9%, esta não aparece mencionada sequer como

espaço ou recurso. Em relação à liderança, verificamos que 33,1% dos relatórios alude à liderança da BE e uma grande percentagem (66,9%) não

faz qualquer referência a esta característica. Sendo assim, apesar de 85,1%

dos relatórios mencionar a BE como recurso, apenas 33,1% se refere à BE

na área da liderança. Assim, a visibilidade da BE como liderança intermédia extra escola é débil.

Palavras-chave:

Biblioteca escolar; Liderança; Avaliação.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

154

12.4. Administração educacional inclusiva: uma questão de liderança nas escolas públicas Brasil-Portugal

Elias Rocha Gonçalves

Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes de Campos dos

Goytacazes/RJ

Resumo

O presente trabalho busca-se contribuir para a compreensão do processo da

evolução histórica e da aplicabilidade da Educação Inclusiva entre o Brasil

e Portugal. Este resumo preliminar de iniciação científica é uma das etapas do Pós Doutoramento em Gestão e Organização Educacional que está

sendo desenvolvida com a supervisão do Prof. Dr. Almerindo Janela

Afonso do Instituo de Educação da Universidade do Minho, com

financiamento do governo brasileiro através da Capes que tem seu recorte cronológico delimitado entre novembro de 2013 até janeiro de 2015. Este

trabalho busca sustentação nas políticas públicas educacionais brasileiras e

portuguesas. Pautado nas contribuições de Boaventura de Sousa Santos, Michel de Certeau e Philippe Meirieu, Lícínio Lima, Luís Miranda Correia,

José Antonio Torres, entre outros. A pesquisa busca constituir no processo

de formação contínua de professores, líderes e a comunidade educativa em

geral. A metodologia que está sendo usada, basicamente, sendo o estudo desenvolvido por meio de quatro frentes de trabalho: observação

participante do cotidiano escolar; sistematização de propostas de formação

contínua; acompanhamento das ações da escola na articulação do currículo escolar e dos serviços de apoio especializado e realização de entrevistas

semiestruturadas com os sujeitos investigados. O estudo aponta as

contribuições da formação contínua na constituição de novas possibilidades de trabalho com o currículo escolar no processo de escolarização de alunos

apoiados pela Educação Especial, alguns desafios a serem enfrentados na

articulação das ações pedagógicas desenvolvidas no horário de aula regular

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

155

e no atendimento educacional especializado, pois a escola ainda encontra

dificuldade em escolarizar estudantes com percursos diferenciados de

aprendizagem, a necessidade da gestão escolar constituir sua proposta de Educação Especial diferenciada e a importância de assumir a escola como

um rico espaço de formação contínua para os profissionais da Educação.

Assim, procura-se abordar a temática num ESTUDO DE CASO, entre BRAISL/PORTUGAL, trazendo uma discursão para a sociedade civil e

decisores políticos, pois a inclusão terá que ser vista com uma nova

ETIOLOGIA, sem falarmos em doenças, mas sim, em cura da sociedade

que não vêem a inclusão como um dever mas um direito do cidadão proclamada na Carta das Nações Unidas.

Palavras-chave:

Educação Inclusiva; Estudo de Caso Brasil-Portugal; Necessidades

Educativas Especiais.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

156

12.5. Liderar com a alma: histórias soltas num percurso de vida

Ana Isabel Gouveia

Universidade de Trás-os Montes e Alto Douro

Resumo

Entenda-se liderança por uma forma de vida, desconstruída através de um

processo evolutivo, tendo como ferramentas essenciais, o saber ser, o saber estar e o saber fazer.

Face ao exposto, é importante refletir-se sobre o desempenho de um bom

líder e o seu contexto, ao considerar o mundo de hoje em constante

metamorfose, onde o discurso socioeconómico e político dominam.

Direcionado para uma conjuntura educacional, e sabendo que a liderança

nas escolas necessitam de uma liderança especial, porque são locais

especiais, depreende-se que o líder contextualizado no espaço educativo, assuma um estilo de liderança democrático, participativo, permissivo,

criativo, inovador e afetivo que procura, respeitar os liderados e promover

valores de responsabilização e de respeito mútuo.

Nesta linha de pensamento são esboçadas aqui pequenas narrativas que falam de dentro para fora, onde o transpessoal emerge constantemente

transformando-se numa alma de líder que abraça o mundo exterior.

Deste modo, toda a caminhada esteve enraizada na desconstrução de uma metodologia orientada para as relações humanas, com base numa dinâmica

motivadora, participativa e organizacional.

Optou-se pela focagem na missão, sabendo que, aprendemos e atuamos melhor com a atenção focada para o saber escutar, olhar e orientar os

liderados.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

157

Abraçamos o pensamento reflexivo que ao projetar-se na ação, contribuiu

para o melhor desempenho na elaboração da planificação organizacional,

onde foram descritas as tarefas, prioridades e prazos.

Assim sendo, partimos dos compromissos a serem cumpridos uma vez que

existiam objetivos a atingir, procuramos respostas certas dentro de nós e

olhamos a consciência onde a razão e a lógica cruzam-se, como o berço de toda a possibilidade.

Este tecer de histórias passaram a ser modelos de referência, na medida em

que, levaram á reflexão, sabendo que, a fundamentação no Ser, a visão, a

missão, os valores e a motivação, devem de estar em harmonia.

Abordou-se aqui, os anseios, os constrangimentos, o modo como olhamos o

que nos rodeia, as prioridades, o quebrar do gelo que envolve os

relacionamentos, as frustrações, o acreditar no possível, o arriscar, a solidão acompanhada e o avaliar críticas.

É de realçar a existência de um clima crescente gerado pela confiança, pelo

diálogo, pelo entusiasmo, pela cooperação numa visão partilhada, assertiva

e coerente.

Deste modo é nosso propósito transparecer aqui que, não existem modelos

ideais de liderança.

Existe sim, um conjunto de fatores que condiciona e orienta o modo de liderar. Referimo-nos à contextualização, às relações humanas, à

criatividade e ao saber olhar à mudança.

Foi neste assentar que desconstruímos todo um caminho, priorizando o Saber Ser, no cristalizar de uma missão.

Palavras-chave:

Liderança; Consciencialização; Motivação; Ação; Reflexão; Autocrítica.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

158

12.6. Formação para participação no grêmio estudantil e contradições no campo da educação escolar: revelações de um percurso

Cileda Perrella

FUNDUNESP

Marcelo Pereira

FUNDUNESP

Resumo

A formação para a participação democrática, em grande medida, não tem

aparecido como uma preocupação do trabalho pedagógico da escola.

Autores diversos, a exemplo de Paulo Freire, revelam que nesse espaço educativo e pedagógico, quando a participação é pautada na proposta

pedagógica, ela quase sempre vem associada com execução de tarefas,

raras vezes aparecendo com sua importância no tocante à tomada de

decisões. Este texto tem por objetivo problematizar algumas questões reveladas na experiência de formação para a participação dos grêmios

estudantis já constituídos na rede municipal de São José dos Campos, um

município do Estado de São Paulo. Trata-se de uma experiência que vem sendo desenvolvida com crianças e adolescentes das escolas de ensino

fundamental, fora do horário de aula e que faz parte de uma proposta de

formação continuada presente na política educacional do município a partir de 2014. A proposta envolve encontros regionalizados, com periodicidade

quinzenal, sendo que nesses encontros, os participantes manifestam suas

percepções sobre encaminhamentos adotados pelos educadores das escolas

para suas participações naquele contexto, revelam o que estão aprendendo sobre participação democrática na escola. Fez parte dessa experiência

formativa, a opção pelo uso de espaços não escolares; o uso da linguagem

teatral; a eliminação de materiais e organização do grupo que lembrassem a dinâmica escolar; a não participação de educadores da escola como medida

para evitar a inibição das crianças e adolescentes participantes; e a

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

159

problematização de questões do cotidiano escolar, uma vez que esse espaço

é entendido por muitos adultos como garantidor da formação para a

participação cidadã. Para este texto, consideramos metodologicamente importantes na pesquisa qualitativa colaborativa, destacar a organização da

proposta formativa, os encaminhamentos adotados, a escolha dos sujeitos

envolvidos, a problematização de questões cotidianas vivenciadas por eles, e as reflexões sobre tais situações. Como resultado inicial e parcial desse

processo, as formadoras, não professoras, revelam suas percepções e

inquietações bem como traçam alguns encaminhamentos.

Palavras-chave:

Participação estudantil; gestão democrática; educação não formal.

13. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E

ÉTICA PROFISSIONAL

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

161

13.1. Formação Contínua de Professores e Ética Profissional

Luísa Soares Dos Santos

Missionária Reparadora do Sagrado Coração de Jjesus

Resumo

A presente comunicação, constituiu-se como uma síntese do contacto com

o terreno realizado no Serviço para a Educação Contínua (SEC) de uma das Faculdades da Universidade do Porto. Esta comunicação resulta de um

Estágio Curricular que permitiu contactar, de forma direta, com uma

realidade profissional muito específica, o campo da formação de adultos, o

que se revelou bastante enriquecedor do ponto de vista socioeducativo, principalmente tendo em conta o perfil dos Mestrados em Ciências da

Educação, e tendo em conta o contexto em causa, sugere-se como tema

para a comunicação: “ Formação Contínua de Professores e Ética Profissional.”

A observação participante, as notas de campo, a análise documental, as

entrevistas semi-estruturadas e o inquérito por questionário realizados, ao

longo do contacto com a realidade, foram momentos muito importantes para ajudar a refletir esta comunicação.

Esses momentos facilitaram um aprofundamento do olhar sobre a realidade,

no que diz respeito ao Serviço para a Educação Contínua duma das Faculdades da Universidade do Porto, permitindo uma reflexão construtiva

sobre a Formação Contínua, possibilitando a reflexão sobre a Educação

Permanente, formação ao longo da vida, a utilidade da formação, os modelos de análise na prática de formação, mediação, mediação

socioeducativa e a formação contínua como dispositivo de mediação.

Foi a partir destes aspetos teóricos, das experiências adquiridas no local,

das informações obtidas, da observação feita e do tempo de permanência no local aprendendo a saber estar, a saber fazer e a saber conviver, que me

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

162

permitiram aprofundar e refletir sobre a possibilidade de entendermos o

Serviço para a Educação Contínua de uma das Faculdades da Universidade

do Porto como um dispositivo de Mediação Socioeducativa e um espaço onde o estabelecimento de uma relação passa pela atitude de uma

disposição em relação aos outros, sublinhando assim um conjunto de

pressupostos tais como: hospitalidade, diálogo, liberdade, etc.

Palavras-chave:

Formação; Educação; Ética.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

163

13.2. Concepções sobre a formação ética Profissional do pedagogo: o que “dizem” os (as) alunos(as) egressos no Brasil

Sheyla Macedo

Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

Ana Paula Caetano

Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

Resumo

A comunicação em questão é parte das reflexões teórico-práticas da tese em

construção de Sheyla Macedo, doutoranda do Instituto de Educação, da

Universidade de Lisboa (IE-UL), intitulada “A ética profissional na formação do pedagogo: retratos da experiência no curso de Pedagogia da

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) – Brasil”,

orientada pela docente Ana Paula Caetano, professora associada do

Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. O trabalho é de cunho qualitativo, assente no paradigma interpretativo. Tem como foco levantar

subsídios teóricos preliminares e refletir sobre três aspectos relevantes

acerca da problemática que envolve a formação ética profissional do pedagogo no Brasil: a) o perfil do pedagogo, cuja construção oscilou

temporalmente entre o bacharelado e a docência, sendo nos dias atuais

constatada a abrangência da formação nos espaços não escolares, sendo construídas reflexões a partir das leituras realizadas em Libâneo

(1999,2003,2010), Frison (2004) e parte da legislação educacional

brasileira.; b) a formação ética profissional, com base na revisão

bibliográfica dos autores: Caetano & Silva (2009), Estrela (2010), Estrela & Caetano (2010), Severino (2010) e Paulo Freire (2002) ; c) a visão de

alunos (as) egressos do curso de Pedagogia, e que se encontram

vivenciando na prática os dilemas éticos da profissão, configurando-se este terceiro momento do artigo em pesquisa de campo realizada com alunos

(as) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte(UERN), por meio

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

164

da técnica do questionário e análise de dados realizada a partir dos

conteúdos. A relevância da pesquisa assenta na discussão de que a ética

profissional nos cursos de Pedagogia no Brasil é ainda “mata epistemológica virgem” a ser investigada. Na comunicação buscar-se-á

apresentar a síntese dos conteúdos “encerrados” na trama que envolve a

questão da ética profissional do pedagogo, assim como revelar as principais concepções de alunos (as) egressos sobre a temática experimentada na

prática.

Palavras-chave:

Ética profissional. Formação inicial. Perfil profissional. Pedagogo.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

165

13.3. Ética e integridade académica em Portugal e Espanha

Ana Seixas

Universidade de Coimbra FPCE CES

Filipe Almeida Universidade de Coimbra FE CES

Paulo Gama

Universidade de Coimbra FE CES

Paulo Peixoto

Universidade de Coimbra FE CES

Resumo

A natureza ética da função educativa coloca a questão da formação ética dos professores. O estudo da integridade dos estudantes do ensino superior

dos cursos de formação de professores é, assim, fundamental para uma

melhor compreensão do papel do ensino superior na formação ética e moral para a prática profissional.

Nesta comunicação apresentam-se alguns resultados de um estudo

comparativo sobre a ética e integridade académica de estudantes de cursos de formação de professores em Portugal e Espanha, desenvolvido no

âmbito do projeto “A ética dos alunos e a tolerância de professores e

instituições perante a fraude académica de estudantes do ensino superior”.

O objectivo é analisar as perceções e atitudes dos estudantes sobre a frequência e gravidade da fraude académica, a sua propensão para a fraude,

bem como as opiniões sobre os principais motivos que a determinam e os

seus principais inibidores. Os dados, recolhidos através da aplicação de um questionário de administração direta, são relativos a uma amostra de cerca

de 921 estudantes de 8 instituições portuguesas de ensino superior

politécnico e 4 universidades espanholas.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

166

Os principais resultados indicam a existência, nos dois países, de uma

cultura de tolerância à fraude. A maioria considera a fraude académica uma

prática frequente. As perceções e as atitudes dos estudantes variam, contudo, segundo o tipo de fraude. Os estudantes espanhóis tendem a

avaliar de um forma menos severa a prática de fraude académica, com

exceção da cópia em exames, apresentando uma maior propensão para a prática de comportamentos desonestos. A carga de trabalho académico e a

necessidade de assegurar sucesso são apontados como os principais

motivos para a prática de comportamentos fraudulentos, tanto para os

estudantes portugueses como para os estudantes espanhóis. Os estudantes dos dois países parecem diferenciar-se, contudo, relativamente aos

principais inibidores.

Estes resultados alertam para a necessidade do desenvolvimento de práticas e políticas institucionais de promoção da integridade académica,

acentuando os valores da honestidade, justiça e respeito, fundamentais na

ética profissional docente.

Palavras-chave:

Ética; Integridade académica; Estudantes ensino superior; Formação de

professores.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

167

13.4. Relatos de experiência: a dicotomia entre a teoria e a prática num curso superior de tecnologia em Petróleo e Gás

Andreia Soerensen

Universidade Paulista

Izilda Guedes

Universidade Paulista

Angela Maria Remolli

Infantil Santos Cooperativa Médico-Hospitalar

Resumo

Este estudo tem a pretensão de relatar a experiência docente num Curso

Superior de Tecnologia em Petróleo e Gás e sua dicotomia entre a teoria e a

prática profissional e de promover a reflexão a respeito da ética acerca da formação do aluno e sua adequabilidade à prática profissional. O universo

desta pesquisa abrange uma instituição de ensino, onde um de seus cursos

carregava consigo a promessa de uma boa colocação dos egressos no mercado de trabalho, porém o docente enxerga uma situação adversa pela

falta de empregabilidade, devido ao comportamento do mercado qual não

corresponde a expectativa esperada. Como deve ser o comportamento ético-profissional do docente frente a esta questão? A cidade de Santos

constitui-se num importante mercado de negócios, abriga hoje grandes

empresas entre eles a Petrobrás. Por volta de 2008, foi noticiada pela

mesma empresa a descoberta de pré-sal na baixada santista, o que gerou muitas mudanças na cidade, e entre estas foi criado o Curso Superior de

Tecnologia em Petróleo e Gás qual trazia a expectativa de suprir uma área

que seria geradora de muitos empregos dentro da Petrobrás. O curso de tecnólogo em Petróleo e Gás, ficou em evidência, pois de um lado a

Petrobrás noticiava que seriam criados muitos empregos para os

profissionais mais qualificados, de outro os estudantes matricularam-se no curso, em busca de profissionalização e oportunidades, lotando as salas de

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

168

aula. Os cursos de Educação Profissional de nível tecnológico surgiram no

fim da década de 60, e tendem a ser considerados como uma educação

voltada aos menos favorecidos, estes, de curta duração, tem a finalidade de proporcionar uma habilitação entre o ensino médio e superior. Dessa forma,

o tecnólogo tem curso de nível superior e as Diretrizes Curriculares

Nacionais são definidas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE/11). Assim, o curso atendia as necessidades de qualificação imediata e cada vez

mais chamava atenção de alunos que buscavam por oportunidade imediata

de ingresso no mercado de trabalho, visto que os Cursos Superiores de

Tecnologia, tem identidade de cursos regulares de graduação, com Diretrizes Curriculares Nacionais definidas pelo Conselho Nacional de

Educação com foco no domínio e na aplicação de conhecimentos

científicos e tecnológicos em áreas de conhecimento relacionado a uma ou mais áreas profissionais. O tempo passou, transcorreu-se aproximadamente

05 anos, o mercado, que despontava com muita velocidade para os

profissionais de petróleo e gás não aconteceu da forma esperada, a

realidade que se vê hoje é bem diferente, pois não há mercado ainda para o profissional para tecnólogo em Petróleo e Gás. Assim o que vemos hoje é a

evasão, os alunos estão abandonando o curso e há aqueles que apesar de já

terem a formação estão sem aplicar seus conhecimentos, pois não há empregabilidade. O docente que tem esta percepção, este conhecimento da

dicotomia entre a teoria e prática profissional, pergunta-se: este deve se

comportar de qual maneira? Há uma inquietação muito grande, por se encontrar num dilema entre dois pontos muito importantes: a universidade

e o aluno, seria como escolher em "ter" um comportamento ético com o

aluno ou com a universidade. Neste sentido envolvemos as questões de

"valores" que se constituem num conjunto de características de uma determinada pessoa ou organização, que determinam a forma como a

pessoa ou organização se comportam e interagem com outros indivíduos e

com o meio. Podemos afirmar que os valores humanos são valores morais que afetam a conduta das pessoas. Esses valores morais podem também ser

considerados valores sociais e éticos, e constituem um conjunto de regras

estabelecidas para uma convivência saudável dentro de uma sociedade. Muitas são as atividades de um educador, como estimular, incentivar e

promover a extensão da sala de aula. A atividade docente deve ser com

base da reflexão-prática-ação. A partir do momento em que colocamos os

pés numa sala de aula, adotamos uma postura política: de conservar ou transformar uma sociedade. O plano político-pedagógico propõe formar

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

169

alunos para a vida, para o trabalho, e principalmente para cidadãos. Assim

acreditamos que o papel do educador está a frente de qualquer questão, pois

têm em si imbuída a ideologia do avanço social, econômico e histórico de um país, assim apontamos que o vínculo com o discente e sua formação

deve transcender a instituição.

Palavras-chave:

Ética; Educação; Ideologia.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

170

13.5. Valores, identidade e formação docente no ensino profissionalizante no Brasil

Jeane Maria de Melo

IFAL - Campus Maceió

Resumo

Este trabalho pretende refletir, sobre como está se caracterizando, a

identidade dos nossos professores, na organização de seu trabalho docente,

bem como no processo de seu trabalho cotidiano como professor e o

reflexo de sua prática pedagógica, para o ensino profissionalizante ofertado no Brasil. Para tal, levantaremos duas questões e tentaremos respondê-las,

ao longo deste ensaio, a saber: Que valores sociais e axiológicos,

perpassam a formação destes profissionais da educação? Como suas práticas pedagógicas podem se refletir, na formação dos alunos, a partir dos

princípios advindos das bases legais que regem a modalidade de ensino

profissionalizante, no País? Dessa forma, faremos uma reflexão sobre os princípios e finalidades da expansão do ensino e da aprendizagem

profissionalizantes, como reflexo aparente da prática de políticas sociais e

formação docente, a fim de encontrarmos uma identidade que se afigura

para o ensino profissionalizante, como politização educacional, no Brasil.

Palavras-chave:

Identidade; Valores; Formação docente; Deontologia.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

171

13.6. Formação contínua de professores em Educação Especial: conceções e práticas sobre o Atendimento Educacional Especializado

Giovana Pires

Afirse 2014

Resumo

A presente pesquisa tem como principal objetivo identificar como se

processam mudanças nas concepções e práticas dos professores participantes em ações de formação. O estudo centrou-se na ação de

formação inserida no Programa de Formação Contínua de Professores em

Atendimento Educacional Especializado (AEE), realizada na cidade de Fortaleza-CE (Brasil), nos anos de 2007 e 2008. O suporte teórico do

estudo possibilita aprofundar e discutir a formação contínua dos

professores, o processo de formação dos professores na área de educação especial e o contexto da avaliação da formação. Apresentam-se

perspectivas de diferentes autores em relação aos temas abordados,

resultando, ao final, em um corpus de conhecimento produzido até ao

momento atual. Do ponto de vista metodológico, o estudo estrutura-se na utilização de diferentes métodos de pesquisa, como a entrevista

semiestruturada dos quinze formandos que frequentaram a ação de

formação, a observação participante às aulas de duas das entrevistadas e da análise dos incidentes críticos relativos às mesmas duas professoras. O

estudo revela, no discurso dos formandos, mudanças nas concepções e nos

conhecimentos no que se refere à sua atuação no atendimento educacional especializado. A observação das aulas bem como a análise dos incidentes

críticos mostram algumas contradições entre as mudanças conceituais

apontadas pelos professores e os seus efeitos na prática docente das duas

professoras. Os resultados mostram ainda que, apesar de uma apreciação favorável e positiva da formação, a prática dos professores dependem de

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

172

outras variáveis nomeadamente dos contextos da ação educativa, como, por

exemplo, as condições de trabalho, as normas orientadoras da organização

do trabalho docente, a cultura da escola e da profissão, como, também, o comportamento, às características e respostas dos alunos frente as

atividades propostas em aula.

Palavras-chave:

Educação especial; Formação de professores; Efeitos da formação.

14. POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO

SUPERIOR

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

174

14.1. ENADE: um exame de desempenho no centro das atenções de um sistema de avaliação da educação superior do Brasil

Leo Lynce Valle de Lacerda

UNIVALI

Cássia Ferri

UNIVALI

Resumo

O artigo examina o papel que o Exame Nacional de Desempenho dos

Estudantes tem no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior do

Brasil e sua utilização nos processos regulatórios dos cursos de graduação. Discute a configuração do sistema como forma de accountability, a

minimização da avaliação e a sobreposição do exame em relação aos

demais processos. Investiga a premissa de que o exame é utilizado como

insumo principal para a regulação por ser generalizável para todo o contexto educacional brasileiro. Conclui que a diversidade das instituições

brasileiras impossibilita a generalização do exame e o uso deste como

produto final.

Palavras-chave:

Educação Superior; Sistemas de Avaliação; Exames de Desempenho; Accountability; SINAES; ENADE.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

175

14.2. Uma Discussão sobre Interesse coletivo e Social da Propriedade Industrial na Universidade Pública

Maria Helena Teixeira Da Silva

Universidade Federal Fluminense

Tatiana de Almeida

Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia e a Universidade

Federal do Rio de Janeiro (IBICT/UFRJ)

Resumo

Em muitos países as universidades estão sendo chamadas a participar do

processo de desenvolvimento e, cada vez mais, estas estão tendo que

aprender a lidar internamente com as questões relativas à propriedade industrial de seus inventos. Diversas são as legislações nacionais que

procuram incentivar a participação de professores-pesquisadores em

empresas que tenham como base atividades de pesquisa universitária visando com isto produzir inovação. Neste cenário uma série de questões

sobre propriedade intelectual passou então a fazer parte das agendas de

discussões universitárias. Este fato se acentuou marcadamente a partir das

mudanças provocadas pela legislação estadunidense Bayh-Dole Act , de 1980. A política de inovação dos anos 80 concedeu às universidades norte-

americanas a detenção dos direitos de propriedade sobre os resultados das

atividades de pesquisa financiadas por fundos públicos, permitindo às universidades e demais centros de pesquisa obter benefícios financeiros a

partir da negociação de licenças. As mudanças advindas desta legislação

provocaram a criação de legislações nacionais de incentivo a inovação em diversos países. A partir destas leis, progressivamente, novas forças passam

a fazer parte deste jogo e a influenciar o que se espera como papel social

das universidades. Acreditamos que o debate sobre a propriedade industrial

nas universidades não deve estar desvinculado do interesse social e coletivo do conhecimento, da pesquisa científica e da universidade pública.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

176

O objetivo deste artigo é apresentar uma discussão sobre o interesse

coletivo e social para a propriedade industrial nas universidades públicas,

com vista a entender como é possível extrair benefícios sociais por meio das patentes dessas universidades. O artigo apresenta a seguinte estrutura: a

primeira parte é dedicada ao cenário da Economia do Conhecimento e ao

papel das pesquisas científicas, das universidades e da inovação neste contexto. A segunda parte é dedicada à propriedade intelectual e sua

relação com a inovação. A terceira parte trata do interesse coletivo e social

da propriedade industrial no atual cenário. A parte final foca na discussão

do aproveitamento das invenções vindas das universidades públicas em benefícios coletivos para a sociedade.

Palavras-chave:

Propriedade Industrial; Interesse Coletivo; Universidade Pública.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

177

14.3. Formação profissional para a docência. Um caso em estudo

Angelina Sanches

Escola Superior de Educação- IP Bragança

Adorinda Gonçalves Escola Superior de Educação- IP Bragança

Cristina Martins

Escola Superior de Educação- IP Bragança

Resumo

A formação de professores/educadores é uma problemática que, nos últimos anos, assumiu centralidade entre as preocupações e medidas

politicas promovidas no quadro de implementação do processo de Bolonha.

O atual modelo valoriza o conhecimento disciplinar, a fundamentação das

práticas na investigação e a iniciação à prática profissional, com vista a elevar e reforçar a qualidade da formação do corpo docente.

Mas como são percecionados estes novos processos formativos pelos atores

que neles intervêm?

De forma a tentar dar resposta a esta questão apresentamos, nesta

comunicação, um estudo em curso, que tem como objetivos: analisar as

potencialidades e limitações reconhecidas ao novo modelo; refletir sobre os processos de formação em desenvolvimento; identificar possíveis

contributos para reequacionar as práticas formativas.

O estudo segue uma abordagem de natureza qualitativa, com caraterísticas

de estudo de caso. Participam seis diplomados dos mestrados profissionalizantes, três professores da instituição de formação e três

orientadores cooperantes, inquiridos por entrevista semi-estruturada. Para a

análise da informação foram definidas categorias construídas a priori a

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

178

partir do quadro legislativo e outras emergentes da própria análise dos

dados.

Tendo em consideração a opinião dos professores e dos orientadores cooperantes, os resultados apontam para o reconhecimento das

potencialidades de abrangência, mobilidade e continuidade curricular que

assume o atual modelo, mas também para limitações ao nível das oportunidades de aprofundamento de conhecimentos e de desenvolvimento

de competências específicos relativos aos diferentes domínios de docência

para que os cursos habilitam. Permitem perceber, apesar de diferenças de

opinião, a necessidade de repensar a duração de alguns cursos e de reforçar a formação em áreas que se prendem com a docência, a formação

educacional geral e a iniciação à prática profissional. Relevam ainda a

importância de articulação com o mundo do trabalho e de salvaguardar as necessárias especificidades científica e pedagógica que requerem as etapas

formativas, em particular a da educação pré-escolar. No que se refere ao

trabalho em parceira, são relevados os contributos da experiência realizada,

em termos da formação e desenvolvimento profissional dos diferentes intervenientes, mas também a necessidade de serem promovidas medidas

que incentivem e facilitem a concretização do mesmo.

Palavras-chave:

Processo de Bolonha; Formação de educadores e professores; Políticas

Práticas.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

179

14.4. Universidades estaduais da Bahia e a Promoção da Leitura

Patrícia Fernandes

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Resumo

A situação da leitura no Brasil é insatisfatória, configurando uma questão

cultural, de hábito e vivência. Embora seja difícil tornar um adulto não leitor em leitor, é fácil tornar uma criança em leitora. Associado à formação

cultural do povo brasileiro, as ações de incentivo a leitura também se

esbarram na falta do comprometimento com os resultados, na carência de

verbas e também na descontinuidade das ações. É com base neste pensamento que existem tantos estudantes e estudiosos desenvolvendo

estudos sobre esta temática: leitura no Brasil, em suas variadas vertentes. E

é nesta perspectiva, que este estudo foi desenvolvido no mestrado acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais: Cultura,

Desigualdades e Desenvolvimento da Universidade Federal do Recôncavo

da Bahia – UFRB. O qual teve como objetivo apresentar os pontos de

convergências e divergências dos comitês do Proler nas universidades públicas estaduais da Bahia que os abrigam, a saber: Universidade do

Estado da Bahia - UNEB, Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC e

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB. Trata-se, portanto de um estudo de caso, mais especificamente de multicasos. O sistema público

de ensino brasileiro tem pautado o desenvolvimento de políticas públicas

voltadas para a promoção do livro e da formação de leitores. Embora, geralmente o contato inicial com a leitura aconteça no ambiente escolar, é

justamente fora dele que se percebe o impacto da precariedade da leitura no

Brasil. Isso se dá pela própria formação da sociedade brasileira, no seu

processo histórico de exclusão de milhares de pessoas da educação básica. Como resultado o estudo apontou Assim que as atividades desenvolvidas

pelos comitês localizados nas universidades são ações inovadoras de

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

180

serviços, pois conforme pesquisado, as atividades dos comitês são

planejadas e que resultam de uma busca consciente e intencional de

oportunidades para criar ações dentro e fora dos comitês, a fim de proporcionar aos envolvidos todas as formas possíveis de integração entre

leitor e leitura. Desta forma, a comunidade ao entorno da universidade terá

leitores já receptíveis às exigências do cotidiano acadêmico e conseguintemente com resultados satisfatórios nas avaliações, o que

resultaria no status intelectual tão almejado pelas universidades,

diminuindo o índice de alunos analfabetos funcionais.

Palavras-chave:

Promoção da Leitura; Ensino superior; Políticas públicas; Universidades

estaduais da Bahia; Programa Nacional de Incentivo à Leitura.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

181

14.5. Para uma Análise Política dos Processos de Reestruturação do Ensino Superior Português no âmbito do “Processo de Bolonha”: referenciais, fóruns e mediadores

Albertina Palma

Instituto de Educação - Universidade de Lisboa

Resumo

Serão apresentados alguns resultados de um estudo em desenvolvimento

sobre os processos de reestruturação do ESP durante a primeira década do século XXI, no decurso do designado «Processo de Bolonha» (PB) e no

contexto marcado também pelos processos de construção de um «Espaço

Europeu de Ensino Superior» (EEES).

O quadro teórico da pesquisa, inscrito na perspetiva de análise da ação

pública, mobiliza uma abordagem cognitiva e em particular a noção de

"referencial", procurando captar os sistemas de valores, conhecimentos e teorias de ação que têm dado sentido às transformações a operar no setor do

ensino superior (ES), e simultaneamente analisar em que espaços sociais -

"fóruns" – e que mediadores participam na construção de esquemas

interpretativos e de regras para a reestruturação do ES.

O estudo trabalha a hipótese segundo a qual a criação do EEES concorre

para o estabelecimento de uma instância de governação supranacional e

para a emergência de um setor de ES que estabelece uma nova relação do "referencial global/setorial (RGS)", em que quer o global quer o setorial se

situam para além do Estado e em que os "fóruns" e os "mediadores" atuam

através de estruturas supranacionais, recorrendo a novos instrumentos de regulação do tipo soft. A natureza transnacional desta política evidencia a

importância dos atores nacionais que interpretaram e traduziram este novo

referencial, funcionando como mediadores para a situação portuguesa.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

182

Trata-se de um estudo naturalista de base predominantemente documental.

Nesta comunicação apresentamos e discutimos os resultados preliminares

da primeira fase da pesquisa na qual procuramos identificar os fóruns e os atores que de 2000 a 2010 foram, respetivamente, palco e geraram

esquemas interpretativos e orientações para a ação pública em matéria de

«reorganização do ESP». Para tal, recolhemos os vários tipos de documentos relativos ao PB e organizámo-los em função dos respetivos

autores. Fizemos posteriormente uma análise dos seus CV, focada na

participação em funções e cargos públicos e académicos, formação

académica e atividades internacionais. Finalmente, construímos uma tabela com a identificação das suas funções e cargos. A análise até agora realizada

identificou um conjunto de atores chave que desenvolveram interpretações

do ES e do significado do PB no espaço português. A "expertise", a multiplicidade e alternância de cargos e funções, bem como a proximidade

de alguns atores com os centros de decisão política, poderá explicar a sua

influência e legitimação como "mediadores".

Palavras-chave:

Política educativa; Ensino Superior; Processo de Bolonha; Referencial.

15. CURRÍCULO, METODOLOGIAS DE

ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

184

15.1. Metodologias de ensino e práticas docentes. Formação de Educadores e Professores do 1º CEB. Uma experiência no Parque Natural da Serra de São Mamede

Miguel Castro

ESEP

Resumo

Num espaço nacional com ocupação humana desde o Neolítico, e com uma

história geológica e geomorfológica com franca diversidade, abundam vestígios naturais e da actividade do homem por todo o território.

Uma das linhas fortes de orientação na formação de educadores e

professores do 1º ciclo é a utilização e mobilização dos recursos locais e regionais para a sua futura prática pedagógica. Nesta perspectiva,

desenvolvemos fins-de-semana pedagógicos, onde se realizaram

actividades muito variadas, utilizando e valorizando recursos locais naturais e humanos.

Considerando que a ligação aos espaços está relacionada com as vivências

positivas que nele ocorrem, também as experiências de aprendizagens

realizadas fora da sala de aula ganham um significado mais intenso.

De forma breve, apresentamos os locais onde decorreram as actividades e o

seu sentido formativo de ligação significante aos espaços, num sentido de

uma aplicação efectiva em posterior prática pedagógica.

As conclusões apresentadas são fruto não só da reflexão com os alunos e

colegas relativamente à experiência pedagógica realizada, mas também da

posterior aplicação dessas actividades em contexto de Prática de Ensino Supervisionado.

Sobressai fundamentalmente uma maior ligação das crianças e alunos aos

espaços onde se inserem, a eficácia das aprendizagens e a utilização de

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

185

recursos da comunidade, facilitando ainda a relação pedagógica e todo o

ambiente de aprendizagem interpares e entre alunos e professores.

Palavras-chave:

Formação de Educadores e Professores; Recursos locais; vivências

espaciais; Eficácia das aprendizagens.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

186

15.2. A Geografia no Jardim de Infância: Conhecer o Mundo a partir das Narrativas e Paisagem

Miguel Castro

ESEP

Resumo

A Geografia explica as relações Homem/planeta. Olhada deste ponto de

vista, poderá parecer difícil introduzir conceitos geográficos no pré-escolar.

Demasiado “abstracto”, para crianças entre os 3 e os 5/6 anos. A espacialidade e diversidade de espaços, a dificuldade de acesso e

interiorização dos mesmos leva a que a Geografia se afigure, para uma

criança desta faixa etária, como algo imaterial, imperceptível e abstracto.

Trazer as crianças para esta realidade só é possível se a abordarmos dentro do seu universo. Para Kieran Egan, às crianças atrai mais o exótico, o

estranho, o diferente; a partir de narrativas e histórias a criança consegue

manipular conceitos abstractos, desde que apresentados em oposições binárias, bem vincadas, elaboradas de acordo com o seu estádio de

desenvolvimento.

Transpondo este raciocínio para a Geografia, podemos também apresentar,

de forma significante, diferentes conceitos, tais como ecossistemas e paisagens - floresta/deserto, montanha/planície – paisagem

humanizadas/naturais – ordem/desordem nas paisagens.

Através da leccionação e orientação de futuros educadores de infância, fomos apresentando e implementando estas práticas nos estágios. Os

resultados foram não só extremamente eficazes na apresentação de

conceitos geográficos a crianças de jardins-de-infância, como também provocaram alterações nas práticas dos futuros educadores e dos

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

187

profissionais que os acolheram, em contexto de Prática de Ensino

Supervisionado.

Palavras-chave:

Jardim- de-Infância; Opostos binários; Narrativas; Paisagem.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

188

15.3. Currículo e Metodologias de Ensino e Práticas Docentes

Marco Aurélio

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais

Nicolato Peixoto

Ierecê Barbosa

Universidade do Estado do Amazonas

Resumo

Assim como a própria ciência se assenta em uma ampla base

filosófica/epistemológica, também as metodologias de ensino e práticas docentes pertencem a um contexto curricular mais amplo que exerce

influência nesses procedimentos. Como metodologia para este trabalho foi

retirada uma parte da pesquisa de doutoramento recentemente defendida, cuja tese era a de que os eixos articuladores do conhecimento não devem se

alicerçar em uma afinidade de conteúdos (eixos de conteúdo) como ocorre

nos PPCs atuais, mas sim em eixos articuladores culturais e tinha como objetivo geral investigar e compreender como se processava a Formação de

Professores de Biologia em duas Instituições Federais localizadas em

regiões de culturas diferentes e submetidas a uma mesma exigência

formativa do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Tal desafio parece ser o mesmo proposto pelo Processo de Bolonha. O método contou com

observação participante, tendo em vista que no ano de 2013 o

IFSULDEMINAS passou por um processo de expansão, o que resultou na necessidade de criação de vários PPCs para os novos cursos. Diante dessa

demanda, a reitoria solicitou que todos os PPCs dos cursos ofertados pelo

instituto passassem por um processo de reformulação a ser feita pelos integrantes dos Campi. A seguir seriam remetidos à Câmara de Ensino,

para “fiscalização” e sugestão de alterações, com a finalidade de estarem

padronizados e de acordo com as exigências do Instituto como um todo. Os

resultados mostraram que o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

189

não se adéqua às diferentes realidades brasileiras. A necessidade de

fiscalização e formatação desses cursos acaba por moldá-los, ou mesmo

formatá-los à luz de um projeto de curso que desconsidera as peculiaridades de um extenso país, prevalecendo os aspectos burocráticos e

administrativos sobre os pedagógicos na construção dos PPCs. Como

conclusão percebe-se a necessidade de se romper essa cultura fragmentária, influenciada por uma epistemologia positivista em que não se juntam as

partes na mente do aprendiz como se poderia esperar. Mediante esta

condição verificada, propõe-se uma forma inédita de estruturação dos PPCs

baseada em eixos articuladores culturais.

Palavras-chave:

Currículo; Cultura; Projetos Pedagógicos; Aprendizagem; Metodologias de ensino.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

190

15.4. Metodologias de ensino para a educação de jovens e adultos e as práticas interdisciplinares

Noémia de Carvalho

Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro

Resumo

Esta apresentação objetiva socializar o trabalho do grupo de estudos na

construção dos Ciclos para EJA I na Fumec em Campinas/SP – Brasil. A

partir do levantamento das perspectivas de estudos dos alunos nos

diferentes espaços de sala de aula inicia-se o planejamento do trabalho a ser desenvolvido e a proposta de um projeto temático. A proposta do grupo

alicerça-se nos projetos desenvolvidos em sala de aula realizando estudos,

referenciais teóricos, debates e sistematização das práticas, intencionando atender aos objetivos da construção dos Ciclos para EJA conforme a

reestruturação do currículo na Fumec. O Eixo “Cidadania” desencadeou os

temas elencado na apresentação do trabalho.

Palavras-chave:

Formação Continuada; EJA; Interdisciplinaridade.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

191

15.5. Currículo para a Educação Infantil à luz do pensamento de Paulo Freire

Danielle Marafon

Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranaguá

Resumo

Neste artigo objetivamos discutir um currículo para a formação da criança

da educação infantil, fundamentada nas ideias de Paulo Freire. Nossa

discussão privilegiará a função pedagógica das instituições e a busca de

uma identidade para a educação infantil. Entendemos que o trabalho a ser realizado com essa faixa etária deve tomar a realidade e os conhecimentos

infantis como ponto de partida e os ampliar, por meio de atividades que

tenham significado concreto para a vida das crianças e que, concomitantemente, assegurem a aquisição de novos conhecimentos, bem

como cumpram a sua função de educar e cuidar. Entendemos o cuidar

como consideração das necessidades da criança em relação à qualidade da alimentação, proteção, saúde e afetividade. Para cuidar é necessário que

sejam estabelecidos vínculos afetivos entre professor e aluno. Assim, cuidar

da criança significa dar-lhe atenção, levando em consideração seu processo

contínuo de desenvolvimento. Quanto à função de educar, sua caracterização se dá no compromisso pedagógico que se traduz na

organização de situações em que a vivência das crianças, no que diz

respeito ao conhecimento de mundo e de si mesma, envolvendo suas emoções e afetos, podendo resultar numa aprendizagem significativa. A

aprendizagem dar-se-á, por um lado, no domínio por parte do professor de

um amplo saber a respeito da realidade humana nas suas mais variadas

expressões. Por outro, em sua capacidade de possibilitar à criança o estabelecimento de relações entre o conhecimento que já possui e o novo

conhecimento que lhe é sugerido, em uma mediação pedagógica. Esse

processo implicará em mudança, pois a diferenciação ou a ampliação dos

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

192

conhecimentos prévios possibilitará aos educandos a realização de novas

aprendizagens que, por terem percorrido esse caminho, podem ser

consideradas significativas.Assim, ensinar na educação infantil consiste em planejar, orientar intencionalmente as aprendizagens de modo que ocorram

em situações de cuidados. A busca de um bom ensino, com uma proposta

para realizar o ser mais da criança, aqui é entendida como práxis, cuja preocupação é articular pensamento e ação com o objetivo de transformar o

mundo. Portanto, fundamenta-se na compreensão da necessidade da criança

apropriar-se e construir uma visão sobre o mundo, sobre si mesma,

desenvolvendo suas potencialidades para compreender e interferir na realidade. Além disso, buscamos discutir o processo de ensinar e aprender

na educação infantil, tendo o diálogo como estratégia de ensino e método

didático. Freire entende o diálogo como processo dialético-problematizador. Assim, é por meio do diálogo que podemos olhar o

mundo e a nossa existência em sociedade como processo, algo em

construção, como a realidade inacabada e em constante transformação.

Palavras-chave:

Currículo; Educação Infantil; Paulo Freire.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

193

15.6. Práticas de ensino partilhado – o papel do especialista e do educador no caso do ensino da música ao nível do ensino pré-escolar

Helena Santana

Universidade de Aveiro

Rosário Santana

Instituto Politécnico da Guarda

Resumo

Em Portugal, a formação das crianças em idade pré-escolar no ensino regular comtempla o estudo e a prática das expressões artísticas,

nomeadamente a musical. Contudo, a prática da expressão musical e o

estudo da música em contexto pré-escolar desenvolve-se, muitas vezes, sem o auxilio de um profissional da área. No nosso entender, a prática da

coadjuvação lectiva por parte de um profissional, fomentaria a motivação e

o desenvolvimento de competências musicais mais alargadas nesses alunos.

Sabemos que o desenvolvimento cognitivo das crianças admite diversas fases. Determinar de que forma o comportamento das crianças se altera, e

definir de que maneira as suas competências cognitivas e musicais são, ou

não, dilatadas, pela presença do profissional em música em sala de aula, enquanto agente de coadjuvação lectiva, é o propósito desta investigação. A

música, sendo uma atividade prática que atua sobre competências auditivas

e motoras, desenvolve o individuo no seu todo. Bruner (1972) refere que no

primeiro dos seus três níveis de cognição, as crianças usam os sentidos e a experimentação para conhecer o que as rodeia. Willems (1970: 18), autor

de referência no que diz respeito à aprendizagem musical, menciona que

“as primeiras manifestações musicais não são do domínio musical, mas ligam-se antes à educação geral infantil”. Gordon concorda com este

princípio, afirmando que (2005: 3) “aquilo que a criança aprende durante

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

194

[os] primeiros cinco anos de vida forma os alicerces para todo o

subsequente desenvolvimento educativo, que tradicionalmente começa com

a entrada no pré-escolar ou o primeiro ano de escolaridade [...]”. Assim sendo, Gordon refere que na aprendizagem artística, a instrução informal

presente no ensino pré-escolar, é também ela da responsabilidade dos

educadores de infância dado que, e nos dias de hoje, as crianças estão cada vez mais ligadas a Instituições, em idades precoces. Perceber de que forma

esta formação se constituiria uma mais valia quando prática de ensino

partilhado, bem como determinar o papel do especialista e do educador em

sala de aula no caso do ensino da música ao nível do ensino pré-escolar, são objectivos da nossa investigação.

Para verificar a pertinência desta nossa proposta delineamos um estudo

delineámos um estudo quasi-experimental, analítico, ecológico e longitudinal, onde utilizámos diversas ferramentas de obtenção de dados,

que nos permitiram fundamentar, não só a nossa proposta, como as

hipóteses construídas.

Palavras-chave:

Ensino partilhado; Ensino pré-escolar; Ensino da música.

16. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO,

INTERFACES E DIÁLOGOS COM

OUTRAS CIÊNCIAS

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

196

16.1. Musicoterapia e educação e saúde: contributos históricos

Clara Costa Oliveira

Universidade do Minho - SPCE

Ana Gomes

Associação Vicentina de Braga

Resumo

Nesta comunicação, pretendemos dar a conhecer a pesquisa por nós empreendida até ao momento sobre a utilização da música com forma

terapêutica, ao longo da nossa cultura, por povos de todo o mundo. A nossa

focalização será em doenças crónicas dado elas exigirem competências cuidadoras, entre elas comunicacionais que a musicoterapia proporciona.

Dado a cura não ser possível neste tipo de doenças, o acompanhamento de

doentes e suas famílias seria certamente bastante beneficiado pelas

potencialidades variadas da musicoterapia. Tal ainda se encontra, porém, difícil de ocorrer em Portugal, Desde os primórdios da humanidade, porém,

que o valor cuidador (e por vezes curativo) da música foi reconhecido,

ainda que em diferentes culturas, e em diversos momentos históricos de uma mesma cultura, como a ocidental.

Nesse sentido, é também nosso objetivo contribuir para a formação de

cuidadores formais, não formais e informais, sobre esta bela forma de cuidado, bem como alertar para a formação cuidada que ela exige. A

música pode também contribuir para a prevenção secundária (e até

primária) de várias patologias, mas é sobretudo a sua dimensão

salutogénica que deve ser salientada.

Com efeito, a música constitui um factor de resistência forte no que respeita

a compreensão de si próprio, por exemplo, podendo ainda desempenhar um

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

197

papel importante na construção de sentidos internos de coerência, quer

pessoais, quer colectivos, na linhagem de Aaron Antonovsky.

Palavras-chave:

Musicoterapia; Saúde; Prevenção.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

198

16.2. Música: ciências da Educação em Expressão

Pedro Filipe Cunha

Resumo

A investigação em educação musical, a partir do séc. XX, enriqueceu-se

fortemente com o desenvolvimento do pensamento em Ciências da

Educação, tendo também servido de base para esse desenvolvimento. O presente artigo pretende, através da visibilização de percursos de vida e

conceções de educadores musicais (professores de música ou educadores)

na educação pré-escolar e no 1.º CEB, identificar fatores contribuintes para a construção de um educador musical e dimensões constituintes da sua

profissionalidade, nomeadamente ao nível de dispositivos e processos

didáticos nesses níveis de educação e ensino. Secundariamente, pretende-se

também contribuir para o desenvolvimento da pesquisa narrativa em educação e, especificamente, em Expressão e Educação Musical. Deseja-se

contribuir para uma melhor compreensão da prática docente de música

formal e não formal inserida nos contextos históricos mais marcantes em Portugal nos últimos 50 anos. Este artigo aborda diversas perspetivas das

Ciências Sociais e Humanas tal como lidas e interpretadas no campo da

comunidade científica musical - as teorias funcionalistas, as correntes interacionistas, as teorias do conflito, o construtivismo, as teorias

integracionistas e as teorias pós-modernas. Intencionalmente, e apoiados

em literatura, relacionam-se essas perspetivas teórico-epistemológicas

sobre a educação musical com a prática profissional dos educadores didáticos. Os resultados estabelecem relações fortes com o enquadramento

teórico desenvolvido. Parece haver ecos da História nas histórias narradas

que influenciaram direta e indiretamente os participantes do estudo, como, a título de exemplo, a influência das instituições na educação musical

(Igreja, diplomas governamentais) e os movimentos culturais fora do

âmbito escolar a partir dos anos 1950. Indaga-se a necessidade de se

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

199

reforçar fundamentos teóricos das Ciências da Educação com a prática da

Expressão e Educação Musical enquanto veículo artístico dentro da escola,

e também com a transposição de conteúdos da formação inicial e contínua para o terreno.

Palavras-chave:

Narrativas de Vida; Formação Contínua de Professores; Construção da

Profissionalidade.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

200

16.3. Formação em psicologia no contexto das directrizes curriculares nacionais: uma discussão dos cenários da prática em saúde

Andrea Poppe

Resumo

Essa pesquisa analisa as contribuições que os cenários da prática em saúde, na graduação em Psicologia e na perspectiva das Novas Diretrizes

Curriculares, oferecem à formação. A investigação foi desenvolvida na

perspectiva da pesquisa qualitativa e envolveu dois cursos de Psicologia em universidades situadas na Baixada Santista/SP. Utilizou-se para o

desenvolvimento da pesquisa as técnicas de entrevista semiestruturada com

13 professores e 4 alunos, grupos focais com 14 alunos e análise documental dos projetos dos cursos, disponíveis online, para produção dos

dados. No campo da análise de dados, privilegiou-se a análise de conteúdo.

Os resultados revelaram que mudanças nas diretrizes curriculares para o

curso de Psicologia foram consideradas positivas, com destaque para a inserção dos alunos em cenários da prática a partir dos primeiros anos e a

possibilidade de cada instituição poder escolher as ênfases, e indicam,

também, a necessidade do aprofundamento da discussão acerca de uma formação mais generalista bem como de uma prática psicológica mais

pautada nos princípios do SUS. As análises empreendidas permitiram

aproximar focos que ainda demandam aprofundamento e novas

investigações, revelando a contemporaneidade do tema e sua complexidade no contexto não apenas das transformações no ensino da Psicologia como

também das mudanças na educação superior do País.

Palavras-chave:

Formação do psicólogo. Saúde. Ensino da psicologia. Ensino superior.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

201

16.4. Implicações socioeducativas do fenómeno da medicalização-reflexões em torno de um estudo de caso

Sofia Pais

Centro de Estudos Socias, Universidade de Coimbra

Resumo

Atualmente assiste-se progressivamente a um aumento de condições de

saúde entendidas como problemáticas, particularmente no contexto escolar.

Apelidadas de doenças crónicas envolvem inúmeras vezes diagnósticos e

tratamentos tendencialmente nebulosos reveladores de uma desinformação generalizada, quer do ponto de vista dos discursos, quer do ponto de vista

das práticas, a eles associada (Petrina, 2006). De facto, a escola tem vindo a

acolher uma diversidade considerável de crianças e jovens que, não respondendo a expectativas de diversas ordens (sejam elas familiares,

educativas, sociais, etc.), acabam diferenciadas, sendo por vezes

encaminhadas para percursos curriculares alternativos. Verifica-se, pois, que a dificuldade em definir, diagnosticar, tratar e lidar com estas crianças

e jovens a nível socioeducativo tende a ser resolvida através da

(sobre)medicalização (Poitras & Meredith, 2009; Fraser, 2010).

Não sendo a medicalização um fenómeno recente, este “processo através do qual alguns aspetos da vida humana são considerados problemas médicos,

quando anteriormente não eram entendidos enquanto patológicos” (Maturo,

2012: 123) e passam a implicar a toma de medicação injustificada, tem vindo a revelar-se uma preocupação crescente para pais, professores,

médicos, etc. Todavia, o assunto não se esvazia nas inquietações destes

familiares e profissionais, de forma local e isolada. Pelo contrário, este

fenómeno tem sido explorado no seio da comunidade académica e científica e vem sendo debatido internacionalmente (Espanha, Uruguai,

Argentina, …), verificando-se em Portugal alguns focos de discussão a

respeito. Destacam-se, entre outros, o grupo de trabalho responsável pela

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

202

publicação do Manifesto Por uma Abordagem não Medicalizante nem

Patologizante da Educação (http://educationmedicalisation.blogspot.pt/) e a

equipa de investigação que leva a cabo o estudo Medicamentos e Consumos de Performance

(http://www.cies.iscte.pt/np4/?newsId=812&fileName=31mar_o2014_B_

W.pdf).

Admitindo que este estudo adopta uma perspetiva ecológica

(Bronfenbrenner 1979) assente num modelo social - e portanto que não se

reduz a uma leitura biomédica (Roy & Miller, 2012) do fenómeno da

medicalização -, reconhece-se a inevitabilidade de um olhar crítico sobre o mesmo salientando que à escola cabe (também) a corresponsabilidade pelo

sucesso das crianças e dos jovens. Neste sentido, este estudo visa explorar o

fenómeno da medicalização de crianças e jovens em idade escolar atendendo às suas implicações nas experiências de vida das mesmas, com

particular enfoque na escola. Para o efeito, apresentam-se e discutem-se

algumas dimensões de um estudo de caso realizado na zona Norte do país.

Palavras-chave:

Medicalização; Crianças e Jovens; Escola; Cidadania.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

203

16.5. Políticas públicas de educação ambiental: um olhar sobre as conferências nacionais infantojuvenil pelo meio ambiente

Camila Brito Galvão

Universidade Estadual de Maringá

Carlos Alberto de Oliveira Magalhães Júnior

Universidade Estadual de Maringá

Resumo

Os problemas ambientais em seus diversos aspectos têm preocupado os

diferentes setores sociais, no entanto independente da abordagem que é

dada as temáticas ambientais as discussões levam sempre a mesma direção: a da necessidade de políticas públicas de educação ambiental que

contemplem os diversos segmentos da sociedade. Dentre as políticas

públicas de Educação Ambiental implementadas no Brasil destaca-se a

Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente que busca envolver os jovens na construção de uma sociedade mais justa e educada

ambientalmente. O proposito do presente estudo foi averiguar a avaliação

que os professores que participam ativamente da Conferência em questão fazem em relação a essa política pública. Para tal objetivo buscamos

acompanhar a realização da Conferência desde sua fase escolar até a fase

estadual e através de observações, conversas formais e informais com professores que participavam do evento, realização de grupo de discussão

sobre as mesmas e entrevistas é que obtivemos os resultados dessa

pesquisa. Após análise dos dados podemos constatar que dentre as

potencialidades propiciadas pela Conferência, elencadas pelos professores, destacam-se: a oportunidade de inserção da temática ambiental no cotidiano

das comunidades escolares; o incentivo ao protagonismo juvenil,

fortalecendo a capacidade de criação e comprometimento dos jovens para com as questões ambientais, a divulgação dos projetos que são

desenvolvidos nas escolas, a troca de experiências e a renovação de ideias,

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

204

além de fortalecer a relação escola/comunidade. Em contrapartida os

professores elencaram como fragilidades da Conferência, a ampliação do

público alvo, a necessidade de que elas ocorram com mais frequência, a falta de capacitação dos professores e principalmente a falta de apoio

financeiro tanto para a realização da Conferência como para a

implementação dos projetos. Através do presente estudo pode-se constatar que as políticas públicas voltadas a Educação Ambiental são fundamentais

para a melhoria da situação ambiental que nos encontramos atualmente, em

relação a Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente

podemos dizer que elas são vistas com bons olhos perante os professores, pois contribui para o envolvimento da escola e comunidade em prol da

melhoria do meio ambiente, além de resgatar a responsabilidade

Palavras-chave:

Projetos Ambientais; Política Ambiental; Atividades escolares.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

205

16.6. Sofrimento e fé em doenças crónicas, contributos para a inovação na formação dos enfermeiros

Paula Encarnação Peres

Universidade do Minho - ICBAS

Clara Costa Oliveira

Universidade do Minho - IE -CEH

Resumo

O reconhecimento da necessidade de intervenções na área da

espiritualidade e da fé no alívio do sofrimento e de inúmera sintomatologia

fisiológica tem vindo a ter cada vez mais evidência científica, ainda que seja considerado por muitos um fenómeno de placebo, o que não o torna,

porém, menos real. Desde há algum tempo que a OMS reconhece a

importância da espiritualidade e da fé no alívio e recuperação de estados de

sofrimento e até de dor. No entanto, nem a espiritualidade e a fé são sinónimos, nem o sofrimento e a dor o são. Devendo estes conceitos ser

bem diferenciados, antes de serem eventualmente articulados.

O papel dos enfermeiros na prestação de cuidados a pessoas com doença crónica constitui uma mais-valia fundamental para o bem-estar e a

construção de projetos de vida na vida dessas pessoas; devendo contudo os

enfermeiros possuir uma formação que os sensibilize para a importância, e

para o conhecimento, das questões da espiritualidade e nomeadamente da fé junto dos seus clientes, o que não ocorre de modo contínuo e articulado,

usualmente, em Portugal.

A investigação que estamos a construir pretende fornecer uma base científica sobre esta eventual relação entre a fé e a diminuição do

sofrimento humano, para se poder argumentar, posteriormente, a favor de

uma direção diferente na formação dos enfermeiros, em Portugal.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

206

Ainda que existam escalas de dor utilizadas universalmente, tal não ocorre

no que respeita ao sofrimento; criámos um instrumento que correlaciona a

fé e o sofrimento em doentes crónicos, a partir de dois instrumentos já existentes (um sobre construção de sentido interno de coerência, e outro de

espiritualidade e fé) e adicionámos perguntas de um questionário testado e

validado, por nós construído. O instrumento, no seu todo, encontra-se em fase de pedido de autorização para a sua aplicação a doentes crónicos de

instituições hospitalares e de associações de doentes crónicos. Entretanto,

identificou-se o estado da arte sobre a nossa temática e selecionámos e

alicerçámos os quadros teóricos nos quais assenta a nossa pesquisa. É nossa finalidade, nesta comunicação, dar conta dos avanços empreendidos nesta

investigação no momento da realização deste congresso da SPCE.

Palavras-chave:

Fé; Sofrimento; Formação de enfermeiros; Doenças crónicas.

17. POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO

SUPERIOR

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

208

17.1. A Evolução das qualificações no Ensino Superior

João Leitão

APSIOT

Resumo

Temática a que proponho: Políticas de Educação Superior.

Neste olhar sobre os dados do inquérito anual, de âmbito nacional, dirigido a todas as instituições de ensino superior ao Registo Biográfico de

Docentes do Ensino Superior (REBIDES), pretende-se traçar a evolução

dos recursos humanos existentes no Ensino Superior no âmbito da

docência, ou seja, os seus docentes que dão corpo diariamente ao processo de qualificação de todos quantos são acolhidos pelas nossas instituições de

ensino superior, dos subsistemas público universitário e politécnico e do

subsistema privado universitário e politécnico, num período compreendido entre o ano letivo de 2001/2002 e o ano letivo de 2011/2012 último ano

letivo do qual foram fornecidos os dados oficiais do Ministério da

Educação e Ciência.

Palavras-chave:

Ensino Superior; Qualificação; Género.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

209

17.2. A Avaliação da Extensão Universitária nas Universidades Federais da Bahia

Mariana Simões

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Manuel António Ferreira Da Silva

Instituto de Educação da Universidade do Minho

Resumo

O presente trabalho tem como objetivos compreender qual o lugar e papel

da extensão universitária nas Universidades Federais da Bahia (UFBA e

UFRB) no conjunto de suas atividades e como a avaliação da extensão tem sido realizada, quais as suas funções mais relevantes e quais as

consequências para as universidades em questão. O extensionismo ou a

prática da extensão universitária é a forma como a relação da universidade

com a sociedade se manifesta nos vários momentos. Essa relação pode ser vista a partir das atividades que a universidade se propõe a realizar,

daquelas que efetivamente realiza e das funções que essas atividades vão

ter dentro do sistema social vigente. Infelizmente, a avaliação destas ações tem sido concebida numa concepção pragmática e burocrática que não

comtempla um processo reflexivo, servindo apenas como elemento

meramente ritualizador. A avaliação da extensão segue sendo um dos pontos de grande discussão no âmbito da avaliação institucional,

principalmente no que se refere à construção de uma metodologia capaz de

orientar a análise, a comparação, a seleção de fontes e técnicas de

avaliação. Para execução do estudo pretendido, efetuamos leitura e fichamento da literatura, análise documental e entrevista com agentes

envolvidos. A análise de conteúdo como metodologia de análise dos dados

tem sido a mais adequada para o presente estudo, já que estabelece categorias de análise ao longo do processo investigativo, e pode nos

auxiliar no tratamento das informações obtidas. Também pretendemos

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

210

contribuir para a elaboração de um modelo de avaliação da extensão

universitária para a UFRB através da construção de dispositivos de

avaliação para a extensão universitária, a fim de propor uma avaliação que questione a finalidade do conhecimento produzido nas universidades, com

o resultado mais crítico das ações empreendidas pelas instituições, para

além da mera quantificação de dados. Assim, o trabalho encontra sua relevância na contribuição para a institucionalização da avaliação da

extensão universitária na UFRB.

Palavras-chave:

Avaliação; Avaliação institucional; Extensão universitária; Universidades

federais.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

211

17.3. Formação Continuada e Reflexividade Docente: O PIBID no Contexto Educacional Brasileiro

Cicera Sineide Dantas Rodrigues

Universidade Estadual do Ceará

Jacques Therrien

Universidade Estadual do Ceará

Resumo

O estudo objetivou refletir sobre as potencialidades do Programa

Institucional de Bolsa de iniciação à docência - PIBID para a formação

continuada dos professores da escola de educação básica e dos docentes universitários que nele atuam. O PIBID é uma iniciativa que vem ganhando

visibilidade no contexto das políticas de formação de professores no Brasil

desde 2007. Nesse programa, a escola é vista como lócus de formação

docente. Na metodologia do PIBID, os estudantes das licenciaturas ou ‘bolsistas de iniciação à docência’ têm contato direto com as escolas,

identificando problemas, refletindo teoricamente sobre situações da prática,

e buscando coletivamente propostas de intervenção nesse contexto. Os docentes da educação básica, por sua vez, são co-formadores desses

estudantes. A interação entre os licenciandos e os professores das escolas é

mediada pelo professor universitário ou coordenador de área. Este momento da investigação privilegiou referenciais bibliográficos e

documentais para a análise dos fundamentos epistemológicos que dão

suporte à proposta do PIBID. As discussões procedem principalmente à luz

de referências de autores como Nóvoa (1995); Sacristan (1999); Therrien e Souza (2000); Libâneo (2002); Tardif (2006); Veiga (2009); Formosinho

(2009) e Therrien (2010). Esses estudos suscitaram a compreensão de que

é, sobretudo, na escola que a formação continuada ganha sentido. Em relação ao PIBID, sua principal marca é constituir-se como uma iniciativa

que visa promover a formação docente integrando a universidade e a

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

212

escola. Vislumbra-se ainda que as experiências vivenciadas no âmbito do

PIBID permitem a abertura de caminhos para a consolidação da formação

continuada, podendo também ser um espaço fecundo de desenvolvimento da reflexividade crítica dos três segmentos envolvidos: professores da

universidade e da escola, além do estudante bolsista. De fato, o transitar de

profissionais do ensino entre a universidade e a escola, munidos de instrumentos teórico-práticos sobre a educação, a escola e o ensino, pode

gerar transformações nas concepções e práticas desses sujeitos. Ademais, o

referido programa, sem pretender ser a solução para os complexos

problemas da instituição escolar, pode ser visto como uma estratégia fértil para responder a alguns desafios do campo da formação e do trabalho

docente.

Palavras-chave:

Formação Continuada; Reflexividade; PIBID.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

213

17.4. O Abandono no ensino Superior – Um Estudo de Caso

Filomena Ferreira

Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

Preciosa Fernandes Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

Resumo

Assistimos em Portugal a um período de mais de duas décadas de forte

expansão do ensino superior, congregando a si novos desafios para as universidades, nomeadamente o de garantir uma formação para a

diversidade dos públicos que acolhe e o de criar condições que a todos

garantam e sucesso (Cabral, 2006). A dificuldade em responder a estes desafios tem feito emergir no interior das universidades um movimento

crescente de abandono escolar, fenómeno que, sobretudo na última década,

obteve grande visibilidade social e também política.

Com efeito, em março de 2013 o governo português através da Resolução da Assembleia da República nº 60/2013 recomenda a elaboração de um

relatório anual sobre o abandono escolar no ensino superior, o que parece

subentender uma intenção de implementação de medidas preventivas para o insucesso e abandono escolar.

É tendo por base este pressuposto, que realizamos a investigação que nesta

comunicação se dá conta. Com ela pretende-se compreender, de modo aprofundado, os fatores que influenciam o abandono (dropout) no ensino

superior. Para o efeito, realizamos um estudo de caso, recorrendo ao

inquérito por questionário a estudantes em risco de abandono e em

abandono. Foram também realizadas entrevistas semiestruturadas a elementos da direção, colaboradores não docentes, professores/diretores e

responsáveis pelo serviço de apoio e integração os estudantes.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

214

Os dados foram analisados através do software SPSS (Statiscal Data

Analysis) e de análise de conteúdo. Os resultados indicam, na maioria dos

casos, que os fatores económicos e académicos constituem as principais razões que levam os estudantes a abandonarem os cursos. No que diz

respeito aos apoios/iniciativas os dados remetem para a insuficiência dos

recursos existentes e em grande medida para o desconhecimento institucional do fenómeno.

Palavras-chave:

Ensino superior; Abandono escolar; Prevenção.

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

215

17.5. Rupturas e Protagonismos nas Práticas Docentes na Educação Superior

Eliana Curvelo

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

Sónia Maria Duarte Grego

Faculdade de Ciências e Letras - UNESP

Resumo

O objetivo central foi compreender e identificar nos docentes da Faculdade

de Medicina Veterinária e Zootecnia – FMVZ - UNESP quais as

representações sociais sobre a docência universitária e o papel social como docente, que permeiam seu trabalho e suas atribuições universitárias. A

opção foi pelo estudo das representações sociais como recurso técnico-

metodológico foi determinadas por demonstrar os mecanismos estruturais

presentes nos processos de interiorização e objetivação na cotidianidade dos docentes entrevistados. A pesquisa em uma abordagem qualitativa que

envolveu entrevista, questionário de evocação e questionário semi-

projetivo, analisados e interpretados segundo a perspectiva da Abordagem Estrutural das Representações Sociais de Abric (2000). A análise levou à

identificação de três núcleos de representações sociais, um núcleo central

composto de dois elementos: o ensino e a articulação ensino-pesquisa; de um segundo núcleo – intermediário: com palavras subjetivas e que servem

de elo para o terceiro núcleo – periférico: em que se leem palavras

relacionadas ao trabalho docente. As representações sociais que permeiam

a ação pedagógica do docente universitário estão presentes no núcleo periférico e intermediário e se comunicam com o núcleo central. Todas

essas aproximações revelaram que os docentes investigados vivem sua

prática pedagógica por meio de rupturas e protagonismos que são respaldados por suas representações sociais, consistentes, que permeia a

vida e a função docente, dando sentido e significados ao seu trabalho na

XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

216

universidade. Identificamos que as representações sociais analisadas podem

mudar, pois a realidade é sempre reapresentada pelos indivíduos que

constituem um grupo e na comunicação entre os pares e ímpares seus valores, sua história e a influência dos contextos sociais e ideológicos que

transformam o que no momento é a certeza de que o ensino e a articulação

do ensino-pesquisa é a atividade essencial vivenciada pelos docentes do curso supracitado.

Palavras-chave:

Representações Sociais; Educação Superior; Docência.