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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL ANA CAROLINA MOSELE VIVAN CINCO ESTRATÉGIAS QUE O BUZZFEED BRASIL UTILIZA PARA VIRALIZAR AS PUBLICAÇÕES NO FACEBOOK Caxias do Sul 2016

Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

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Monografia do Curso de Comunicação Social, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, na Universidade de Caxias do Sul (UCS).

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

ANA CAROLINA MOSELE VIVAN

CINCO ESTRATÉGIAS QUE O BUZZFEED BRASIL UTILIZA PARA VIRALIZAR AS PUBLICAÇÕES NO FACEBOOK

Caxias do Sul 2016

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

ANA CAROLINA MOSELE VIVAN

CINCO ESTRATÉGIAS QUE O BUZZFEED BRASIL UTILIZA PARA VIRALIZAR AS PUBLICAÇÕES NO FACEBOOK

Monografia do Curso de Comunicação Social, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, na Universidade de Caxias do Sul. Orientadora Profa. Ma. Ana Laura Paraginski

Caxias do Sul

2016

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ANA CAROLINA MOSELE VIVAN

CINCO ESTRATÉGIAS QUE O BUZZFEED BRASIL UTILIZA PARA VIRALIZAR AS PUBLICAÇÕES NO FACEBOOK

Monografia do Curso de Comunicação Social, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, na Universidade de Caxias do Sul. Orientadora Profa. Ma. Ana Laura Paraginski

APROVADA EM: ____/____/____

Banca Examinadora ________________________________________________ Profa. Ma. Ana Laura Paraginski Universidade de Caxias do Sul ________________________________________________ Profa. Ma. Adriana dos Santos Schleder Universidade de Caxias do Sul ________________________________________________ Profa. Dra. Marlene Branca Sólio Universidade de Caxias do Sul

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AGRADECIMENTOS

À minha família, principalmente à minha mãe, à minha avó, ao meu padrasto

e ao meu avô, por me proporcionar chegar à esta etapa e me aguentar durante o

período de monografia. Se estou aqui, hoje, é por ―culpa‖ deles que me incentivaram

desde os tempos de colégio para eu ser uma profissional competente.

Às professoras Ana Laura Paraginski e Ana Maria Acker, por acreditarem

em minhas ideias e abraçarem a causa comigo, auxiliando-me com referências

bibliográficas e direcionando o andamento da pesquisa.

Aos pilotos da Aeroplano, por me apoiarem nesta jornada e deixarem eu

dedicar um tempinho a mais dos meus dias para a monografia.

Ao Vagner Espeiorin, por ter me acompanhado desde o início e me

aconselhado em diversos momentos.

À Paula Sperb, por ter me mostrado um universo lindo, mágico e viciante

chamado redes sociais.

Aos meus amigos por entenderem o motivo da minha ausência durante o

semestre e que agora irão comemorar esta conquista comigo.

A todos, muito obrigada!

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Você só vive uma vez. É sua obrigação aproveitar a vida da melhor forma possível. Jojo Moyes

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RESUMO

Este trabalho apresenta uma análise de conteúdo das estratégias de viralização da fanpage do BuzzFeed Brasil no Facebook. Além de analisar as estratégias, o trabalho tem como objetivo discutir a produção de conteúdo para o jornalismo na internet e estudar o contexto de compartilhamento e interatividade em fanpages do Facebook. Constata-se, inicialmente, que, na maioria das vezes, os posts do BuzzFeed Brasil são muito compartilhados, tornando-se um viral na web. Assim, neste trabalho, ainda será feita uma análise dos processos editoriais destas publicações que alcançam altos índices de compartilhamento. Para um melhor entendimento, inicialmente, serão apresentados conceitos teóricos referentes à internet, às redes sociais, com ênfase no Facebook, e, por fim, à viralização na web. Em seguida, serão explicadas as teorias do jornalismo online e como ele se comporta nas redes sociais. Em um terceiro momento, será apresentado o objeto de estudo da pesquisa – o BuzzFeed – e se dará início ao processo de análise, com as metodologias de pesquisa qualitativa, pesquisa bibliográfica, estudo de caso e análise de conteúdo. Sabe-se que é difícil prever o que será viralizado na rede, porém é possível estudar as estratégias que a página utiliza para conseguir tal feito. Para isso, serão analisados tópicos do corpus delimitado, como o formato, o conteúdo, a linguagem, a imagem e as interações das postagens mais viralizadas. Ao final, a pesquisa apontará as estratégias utilizadas pela fanpage do BuzzFeed Brasil para viralizar o conteúdo publicado.

Palavras-chave: jornalismo online; redes sociais; Facebook; viralização; BuzzFeed.

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ABSTRACT This paper presents a review of the content of the viralization strategies of the fanpage BuzzFeed Brazil on Facebook. In addition of revieing the strategies, the paper has as its aim to discuss the production of the content for the journalism on the Internet and to study the sharing context and interactivity in fanpages on Facebook. It appears, at first, that in most cases, the posts of BuzzFeed Brazil are very shared, making it a viral on the web. So, this paper will also make an analysis of the editorial processes of these publications that reach high share indexes. For a better understanding, initially, theoretical concepts related to the internet, social networks will be presented, with emphasis on Facebook, and finally viralization on the web. Then the online journalism theories and how they behave in social networks will be explained. In a third step, the research object of the study will be presented – the BuzzFeed – and it will begin the review process, with the methods of qualitative research, bibliographic research, study of the case and content analysis. It is known that it is difficult to predict what will be a viral on the network, but it is possible to study the strategies the page uses to achieve such situation. For this, topics will be analyzed from the delimited corpus, as the format, content, language, image and interactions of the viralized posts. Finally, the research will give the strategies used by fanpage BuzzFeed Brazil to viralize the content published. Keywords: online journalism; social networking; Facebook; viralization; BuzzFeed.

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LISTA DE FIGURAS Figura 1. As reações do Facebook .......................................................................... 36

Figura 2. Página inicial do BuzzFeed Brasil ............................................................ 66

Figura 3. 22 perguntas sinceras que gays e lésbicas querem fazer para os

homofóbicos ............................................................................................................. 73

Figura 4. 16 histórias da vida de quem tem cara de bravo ..................................... 74

Figura 5. Este gif do que fazer com o título de eleitor está sendo muito

compartilhado no Facebook ..................................................................................... 75

Figura 6. Eis aqui um manifesto em defesa do bombom Caribe ............................. 76

Figura 7. 12 tuítes que ―desenharam‖ a cultura do estupro..................................... 78

Figura 8. 29 coisas que nós mulheres evitamos fazer porque tememos por nossa

segurança ................................................................................................................ 79

Figura 9. 15 dilemas que já passaram pela cabeça de toda pessoa pensativa

demais ..................................................................................................................... 80

Figura 10. 18 fotos que mostram como a sua vida muda depois que você adota um

gato .......................................................................................................................... 83

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Sites mais acessados no Brasil ............................................................... 20

Tabela 2. Sites de notícias mais acessados no Brasil ............................................. 21

Tabela 3. Dez posts mais viralizados de 8 de maio a 8 de junho de 2016 .............. 71

Tabela 4. Interações via Facebook dos dez posts analisados ................................ 85

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12

1 INTERNET ............................................................................................................ 15

1.1 HISTÓRICO ....................................................................................................... 15

1.1.1 Marco Civil da Internet .................................................................................. 18

1.2 SITES ................................................................................................................ 19

1.3 WEB 2.0 ............................................................................................................. 21

1.4 REDES SOCIAIS ............................................................................................... 23

1.4.1 Facebook ....................................................................................................... 31

1.4.2 Viralização na Internet .................................................................................. 38

2 JORNALISMO ...................................................................................................... 45

2.1 JORNALISMO NA INTERNET ........................................................................... 45

2.1.1 Hipertextualidade........................................................................................... 48

2.1.2 Multimidialidade ............................................................................................ 49

2.1.3 Personalização de conteúdo ........................................................................ 52

2.1.4 Memória .......................................................................................................... 54

2.1.5 Atualização contínua ................................................................................... 55

2.1.6 Interatividade ................................................................................................. 56

2.2 JORNALISMO NAS REDES SOCIAIS ............................................................... 60

3 ANÁLISE ............................................................................................................... 62

3.1 METODOLOGIA ................................................................................................. 62

3.1.1 Pesquisa qualitativa ...................................................................................... 62

3.1.2 Pesquisa bibliográfica .................................................................................. 62

3.1.3 Estudo de caso .............................................................................................. 63

3.1.4 Análise de conteúdo ..................................................................................... 64

3.2 O BUZZFEED ..................................................................................................... 66

3.3 O BUZZFEED NO FACEBOOK ......................................................................... 69

3.4 DELIMITAÇÃO DE CORPUS ............................................................................. 70

3.5 ANÁLISE ............................................................................................................ 71

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3.5.1 Formato .......................................................................................................... 72

3.5.2 Conteúdo ........................................................................................................ 77

3.5.3 Linguagem ..................................................................................................... 81

3.5.4 Imagem ........................................................................................................... 84

3.5.5 Interatividade ................................................................................................. 85

3.6 FECHAMENTO DA ANÁLISE ............................................................................ 86

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 88

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 92

ANEXOS .................................................................................................................. 97

1 PRINTS ................................................................................................................. 97

2 PROJETO DE PESQUISA .................................................................................. 107

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INTRODUÇÃO

Há cada dia, a Internet altera ainda mais a forma de comunicação da

sociedade. Se antes bastava ler os principais jornais impressos e acompanhar os

telejornais e programas de rádio para se manter informado, hoje a possibilidade de

conteúdo na web é gigantesca. São milhares de sites com os mais variados

formatos disponíveis a todos que têm acesso à Internet a qualquer hora e em

diferentes locais, utilizando computadores, smartphones e tablets. Mais do que

nunca, a velocidade integra o processo comunicacional e, como tudo acontece muito

rápido, na Internet, é cada vez mais fácil estar a par das informações. Além disso, a

web possibilita ao internauta acompanhar a mesma notícia abordada de diferentes

visões e formatos, de acordo com o perfil do veículo de comunicação.

Seguindo o raciocínio, os sites de redes sociais também alteraram a forma

de consumo da informação. Antes da existência deles, era comum discutir os

assuntos do momento em pequenos grupos presenciais. Ainda havia a possibilidade

de interagir com os veículos por canais de comunicação, via cartas do leitor, por

exemplo. Com a introdução das redes sociais na Internet, a comunicação ficou mais

fácil e, para interagir com a informação, basta clicar em alguns botões. Agora, o

internauta interage com os veículos de forma mais rápida, via fóruns e e-mails, por

exemplo, além de ter a oportunidade de curtir, comentar e compartilhar sua opinião

sobre os acontecimentos em sua rede de contatos, em especial no Facebook, que é

a maior rede social do mundo, com 1,65 bilhão1 de usuários, segundo as pesquisas

mais recentes divulgadas em abril de 2016. Além disso, o aumento da procura por

conteúdos relevantes nas redes sociais, principalmente nas fanpages do Facebook,

fez com que os veículos de comunicação aumentassem a atenção para os novos

canais, pensando em formatos específicos para cada rede social, de acordo com o

público-alvo de cada uma delas.

Quando uma publicação é muito compartilhada, ela pode se transformar em

um viral na web, que nada mais é do que uma notícia que tem a capacidade de se

espalhar pela rede de forma rápida e intensa. Um dos especialistas em produzir

conteúdo compartilhável, considerado até como uma fábrica de virais, é o site

BuzzFeed (buzzfeed.com), que tem uma média de 150 milhões de usuários mensais

1 Fonte: Assuntos Criativos, disponível em <http://www.assuntoscriativos.com.br/2016/05/os-novos-

dados-surpreendentes-do.html>. Acesso em maio de 2016.

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(SARDÁ; LUPINACCI, BARBOSA, et all, 2014). O site de notícias e entretenimento,

fundado em 2006 por Johan Peretti, é conhecido por publicar o conteúdo, na maioria

das vezes, em formato de listas numeradas, com assuntos que variam de

comportamento a dicas de culinária, de fofocas de celebridades a sessões de

nostalgia, normalmente acompanhadas de imagens animadas com um tom de

humor.

O sucesso do BuzzFeed extrapolou as fronteiras dos Estados Unidos e,

atualmente, o site já tem colaboradores em quatro países – Inglaterra, França,

Espanha e Brasil. Além de postagens traduzidas da versão norte-americana, cada

redação produz conteúdo próprio, valorizando a cultura local, mas sem perder a

essência do veículo – a preferência por conteúdos em formato listicle (list + article),

que é a marca registrada do site. Porém, as populares listas do BuzzFeed já

existiam antes. Assim como a viralização, que não surgiu no meio digital – ela existe

desde o jornalismo do século XIX, quando os editores assinavam vários jornais para

replicar conteúdos que pudessem servir para as suas publicações.

As postagens, normalmente no formato listicle, mantêm um padrão leve e

descontraído, abusando do humor em diversas situações. Porém, o site também

trabalha com questões mais sérias. Nesse caso, as listas funcionam como uma

espécie de resumo do que aconteceu, fazendo uma ligação com a publicação

original. Além disso, o BuzzFeed possui uma linguagem típica da web e um padrão

de conteúdo já reconhecível no meio online. Dessa forma, mais do que buscar

informação, o internauta que acessa o BuzzFeed procura também uma forma mais

leve de abordar o conteúdo, além de publicações que sejam mais descontraídas,

ideais para relaxar dos conteúdos do dia a dia.

Com uma questão norteadora que busca entender quais são as estratégias

de viralização da fanpage do BuzzFeed Brasil, este trabalho apresenta duas

hipóteses. A primeira delas deduz que o formato de listas é popular nas redes

sociais e costuma atrair a atenção do internauta nos posts, fazendo com que o

conteúdo viralize na web. A outra hipótese diz que a linguagem, as imagens e os

memes ajudam o processo de viralização da postagem. Além de responder a

questão norteadora da pesquisa e comprovar ou não as duas hipóteses propostas, o

trabalho tem como objetivo analisar as estratégias de viralização da fanpage do

BuzzFeed Brasil, além de discutir a produção de conteúdo para o jornalismo na

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internet e estudar o contexto de compartilhamento e interatividade das fanpages do

Facebook.

Para responder à questão norteadora, a pesquisa está dividida em três

capítulos. Primeiramente, opta-se por contextualizar a Internet, passando por um

breve histórico e incluindo as definições de sites e Web 2.0, para, depois, imergir na

teoria das redes sociais, nas características do Facebook até chegar ao conceito de

viralização na web. Em seguida, no capítulo 2, serão explicadas as teorias do

jornalismo online, com foco nas seis características propostas por Palacios (2007) –

hipertextualidade, multimidialidade, personalização de conteúdo, memória,

atualização contínua e interatividade.

Depois da fundamentação teórica desenvolvida nos capítulos iniciais, no

capítulo 3 é justificada a escolha metodológica: pesquisa qualitativa, pesquisa

bibliográfica, estudo de caso e análise de conteúdo. Após, apresentam-se os objetos

de estudos da pesquisa – o BuzzFeed e sua fanpage no Facebook. Sabe-se que é

difícil prever o que será viralizado na rede, porém é possível estudar as estratégias

que a página utiliza para conseguir tal feito. O corpus é formado por dez posts

direcionados ao site, os quais tiveram mais compartilhamentos entre 8 de maio e 8

de junho de 2016. Tais publicações serão estudadas para entender os seus

compartilhamentos. Para isso, tópicos, como o formato, o conteúdo, a linguagem, a

imagem e as interações das postagens mais viralizadas, serão analisados, com

base na teoria da Análise de Conteúdo, proposta por Bardin (2000). Ao final, a

pesquisa apontará as estratégias utilizadas pela fanpage do BuzzFeed Brasil para

viralizar o conteúdo publicado.

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1 INTERNET

1.1 Histórico

A Internet surgiu em 1969, quando o Advanced Research Projects Agency2

(Arpa), órgão norte-americano que trabalhava em pesquisas tecnológicas e científicas

para o serviço militar, criou a Arpanet, uma ―rede nacional de computadores, que

servia para garantir comunicação emergencial caso os Estados Unidos (EUA) fossem

atacados por outro país – principalmente a União Soviética‖ (FERRARI, 2008, p.15).

Em janeiro de 1972, a rede funcionou pela primeira vez, interligando quatro

computadores em lugares distantes, todos na Costa Oeste dos EUA. Em 1973, o

governo assumiu a administração dos pontos da Arpanet espalhados pelo país. A

missão foi dada para Vinton Gray Cerf, matemático e professor da Universidade de

Stanford. Foi Cerf um dos responsáveis pela criação de um mecanismo que permitia

que dois computadores conversassem entre si quando ligados à rede, além de

possibilitar que duas ou mais redes de computadores também se comunicassem

(VIEIRA, 2003).

Em 1975, depois de testes de conexão entre Estados de maior distância, a

Agência de Comunicações e Defesa ganhou o controle da Arpanet, com a função de

facilitar a comunicação com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

O tráfego de dados cresceu rapidamente e, entre os novos usuários, havia pesquisadores universitários com trabalhos na área de segurança e defesa. Embora a comunidade acadêmica usasse a rede para transferir arquivos extensos por meio de e-mails, o foco da Arpanet era o serviço de informação militar (FERRARI, 2008, p. 15).

De 1975 a 1982, começou a troca de arquivos pela rede, o FTP3, até se

chegar ao correio eletrônico, o tradicional e-mail. Em 1986, ainda em solo norte-

americano, a National Sciente Foundation4 (NSF) desenvolveu uma rede que

conectava pesquisadores do país inteiro por meio de computadores. Neste

momento, surgiu a Bitnet, que transportava mensagens de e-mail, e a NSFnet, que

2 Agência de Pesquisa e Projetos Avançados.

3 Sigla de File Transfer Protocol. Em português, significa Protocolo de Transferência de Arquivos. O

FTP é uma forma rápida e versátil de transferir arquivos, sendo uma das mais usadas na Internet. 4 Fundação Nacional da Ciência

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permitia o uso interativo de computadores remotos, além da troca de e-mails

(VIEIRA, 2003).

Ferrari (2008) descreve que, no fim dos anos 80, o cenário era composto

por:

muitos computadores conectados, mas principalmente computadores acadêmicos instalados em laboratórios e centros de pesquisa. A Internet não tinha a cara amigável que todos conhecem hoje. Era uma interface simples e muito parecida com os menus dos BBS. Mas, enquanto o número de universidades e investimentos aumentava em progressão geométrica, tanto na capacidade dos hardwares como dos softwares usados nas grandes redes de computadores, outro núcleo de pesquisadores, até bem modesto, criava silenciosamente a Word Wide Web (Rede de Abrangência Mundial), baseada em hipertexto e sistemas de recursos para a Internet (FERRARI, 2008, p. 16).

No Brasil, o primeiro contato com a Internet foi em 1988, quando a

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) promoveu a

primeira conexão à rede. A ação foi comandada pelos professores Oscar Sala e

Flávio Fava de Moraes, da Universidade de São Paulo (USP), que também lançaram

a conexão oficialmente em 1989.

Enquanto aumentava o número de universidades e investimentos para a

área tecnológica, outro grupo de pesquisadores, comandado pelo físico inglês Tim

Berners Lee, em 1990, trabalhava silenciosamente na criação da World Wide Web

(Rede de Abrangência Mundial), a conhecida WWW. Nesta mesma época,

universidades brasileiras, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),

conectaram-se à Internet por meio de links com instituições de Ensino dos EUA.

Em 1992, foi a vez do governo federal entrar no meio digital, com a criação

da Rede Nacional de Pesquisa (RNP), que montou uma infraestrutura de cabos para

dar suporte à rede mundial de computadores, além de espalhar pontos de conexão

nas principais capitais do Brasil, liberando acessos para universidades, ambientes

de pesquisas e órgãos do governo (VIEIRA, 2003).

Nesta época, os sites quase sempre seguiam um padrão: fundo cinza,

imagens pequenas e poucos links. Em 1996, já eram mais de 56 milhões de

usuários no mundo e 95 milhões de mensagens eletrônicas enviadas nos Estados

Unidos (FERRARI, 2008). Se em 1993 1,7 milhão de computadores já estavam

conectados ao redor do mundo, em 1997, esse número era 20 milhões.

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Os anos seguintes mostraram, além do crescimento gradual da utilização da

Internet no meio acadêmico, uma disputa pelos direitos de acesso à rede no Brasil.

Segundo Vieira (2003), a RNP entraria com a experiência dos ambientes

acadêmicos e com a infraestrutura básica, enquanto a Embratel, empresa

responsável pela telefonia, exploraria a parte comercial do acesso à Internet. Em

1995, o governo Fernando Henrique Cardoso decretou que ―as operadoras poderiam

atender somente ao mercado corporativo, com o dever de fornecer a infraestrutura e

os recursos necessários para viabilizar a montagem dos provedores de acesso‖

(VIEIRA, 2003, p.11). Em 1996, o governo criou o Comitê Gestor da Internet (CG),

formado por representantes do Ministério das Comunicações, Ministério da Ciência e

Tecnologia, universidades, ONGs e provedores de acesso. Até hoje, o CG é órgão

fundamental para o governo quando se trata de Internet.

O ano de 1995 foi fundamental para a história da Internet no Brasil e no

mundo. Foi nessa época que surgiam os primeiros nomes comerciais da web, como

o site de buscas Yahoo! e a livraria virtual amazon.com. O Yahoo! foi criado pelos

engenheiros Jerry Yang e David Filo. Segundo Vieira (2003), o site de busca nasceu

meio sem querer.

Na época com 25 anos, era comum ver Yang irritado ao navegar na Internet

e não conseguir ―encontrar aquilo que havia visto ‗outro dia‘‖ (VIEIRA, 2003, p. 12).

Quase todas as vezes quando isso acontecia, ele corria aos gritos pelos corredores

da Universidade de Stanford procurando Filo. Em uma das tardes, Filo catalogou

todas as páginas que o amigo tinha acessado. Depois disso, não demorou muito

para os colegas unirem as informações e criarem ―um site da web com suas

descobertas, aberto a qualquer pessoa que procurasse um guia de navegação‖

(VIEIRA, 2003, p. 12).

Um ano depois, de acordo com Vieira (2003), o site já tinha quase 100

milhões de páginas vistas por mês, além de 40 milhões de dólares na conta bancária

dos fundadores. Em 2000, a empresa ganhou mais de 180 milhões de usuários

únicos no mês, faturou 1,1 bilhão de dólares no ano e valia mais de 100 bilhões de

dólares no mercado financeiro.

Após pensar em vender roupas, carros ou eletrodomésticos, em julho de

1995, o ex-analista do mercado financeiro Jeff Bezos viu a oportunidade de colocar

à venda uma grande quantidade de livros. Na ideia de Bezos, os livros eram ―artigos

de baixo preço que poderiam ser adquiridos por impulso, fáceis de transportar

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mesmo em grandes quantidades e que poderiam ser vendidos por uma loja virtual

praticamente sem estoque‖ (VIEIRA, 2013, p. 14). Assim nascia a amazon.com:

Desde o início, a Amazon trabalhava com a ideia do conteúdo personalizado: examinando os livros que as pessoas compravam e usando métodos de filtragem colaborativa, a Amazon fazia recomendações instantâneas. [...] Além disso, investigando os produtos que cada usuário comprava ao longo do tempo, a Amazon começou a identificar aqueles com preferências similares. [...] Quanto mais pessoas compravam livros na Amazon, melhor funcionava a personificação (PARISER, 2012, p. 31).

O número de visitantes diários na página da amazon.com saltou de dois mil,

em dezembro de 1995, para mais de 50 mil, um ano depois. No fim de 1996, o valor

de mercado da empresa era de 300 milhões de dólares. Em 1997, Bezos atingiu seu

primeiro milhão de clientes que, seis meses depois, já eram dois milhões.

1.1.1 Marco Civil da Internet

Em 2014, entrou em vigor a Lei nº 12.965, que estabelece princípios,

garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Conhecida como

Marco Civil da Internet, a votação da lei envolveu o Governo Federal, o Congresso

Nacional, empresas interessadas e a sociedade civil organizada. A lei estabelece a

liberdade de expressão, a proteção da privacidade e a neutralidade da rede como

princípios básicos da Internet, além de definir os atores e as responsabilidades de

cada um no espaço virtual.

O princípio de neutralidade da rede é um dos pontos mais polêmicos da

legislação. Ele garante que a rede deve ser igual para todos, independente do plano

de dados utilizado pelo usuário. Além disso, ele sugere que a rede é mais valiosa

quando permite a integração dos usuários e a inserção de conteúdo, incentivando a

adesão de novos usuários e a inclusão de outros conteúdos.

O termo neutralidade de rede designa um princípio de desenho de rede que, ao visar à maximização da utilidade pública da informação, traz consigo a ideia que todos os conteúdos, independentemente de origem, destino e plataformas envolvidas, devem ser tratados de forma equitativa, sem controles discriminatórios de tráfego entre as pontas da rede (origem e destino) por onde os dados devem passar. Isso permitiria a essa rede compartilhar todo tipo de informação e suportar todo tipo de aplicação (BARBOSA; DEL BIANCO, 2014, p. 8).

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O Marco também prevê o sigilo das informações do usuário, com o princípio

da privacidade. Para isso, o projeto de lei regula o monitoramento, filtro, análise e

fiscalização de conteúdo para garantir esse direito. Assim, só é possível ter acesso a

este conteúdo via ordem judicial para investigações criminais e o provedor não pode

ser responsabilizado pelo conteúdo postado pelo usuário. Outra questão deste

princípio garante o direito do internauta à privacidade, incluindo a inviolabilidade e o

sigilo das informações circuladas na web.

1.2 Sites

Website é o resultado da junção das palavras inglesas web (rede) e site

(sítio, lugar). No contexto da Internet, website e site possuem o mesmo significado e

se referem a uma página que pode ser acessada por meio de um determinado

endereço eletrônico, geralmente, programado na linguagem HTML e pertencente a

um mesmo endereço – denominado URL – disponível na Internet (World Wide Web).

O primeiro site do mundo foi o The Project, criado em 1991 por Tim Berners-Lee,

físico do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN), considerado o pai da web.

De aparência simples para os padrões da época, a página era estática, sem

recursos, como imagens e vídeos. Aqui, o objetivo era que os profissionais do CERN

pudessem trocar informações científicas dos seus próprios computadores,

possibilitando que eles pudessem acompanhar o desenvolvimento das pesquisas

apenas conectados ao servidor online.

Segundo ranking publicado em julho de 2015 pela Alexa5, o site mais

acessado do mundo é o Google, seguido pelo YouTube e Facebook. O Google

dispara na frente porque, além dos acessos diretos pelos endereços google.com,

contabiliza-se também os acessos de serviços, como o Google Tradutor e o Gmail.

A ordem do ranking também vale para o Brasil, onde o Google é o mais acessado,

seguido do YouTube e do Facebook. Outros sites que integram a lista dos dez mais

acessados no Brasil são:

5 Pesquisa completa disponível em <http://www.alexa.com/topsites/countries/BR>. Acesso em maio

de 2016.

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Tabela 1. Sites mais acessados no Brasil

Ranking Site

1º Google.com.br

2º Youtube.com

3º Facebook.com

4º Google.com

5º Uol.com.br

6º Globo.com

7º Live.com

8º msn.com

9º Yahoo.com

10º Bing.com

Fonte: Alexa

Se um site tem um grande número de acessos diários, significa que ele tem

um conteúdo atrativo. Identificar o melhor portal de notícias6 não é tarefa fácil, já que

cada um possui seu próprio perfil, com suas particularidades quando se trata de

layout e conteúdo editorial. Em março de 2015, o site Top10+7 publicou uma lista

das dez páginas de notícias mais acessadas no Brasil, com base no número de

visitas analisado por meio das ferramentas Alexa, Similar Web e Sem Rush. O

resultado é o seguinte:

6 Portal de notícias é, para Ferrari (2008), um site que reúne diferentes características. O conteúdo

jornalístico é a principal fonte de acessos dos portais, porém eles oferecem outros serviços para o internauta, como ferramenta de buscas, comunidades, comércio eletrônico, e-mail gratuito, entretenimento, esportes, notícias, previsão do tempo, chat, discos virtuais, homepages pessoais, jogos online, mapas, cotações financeiras, canais e um conteúdo personalizado. 7 Disponível em <http://top10mais.org/top-10-melhores-sites-de-noticias-do-brasil/>. Acesso em maio

de 2016.

Page 21: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

21

Tabela 2. Sites de notícias mais acessados no Brasil

Ranking Site de notícias

1º G1

2º Uol Notícias

3º Terra Notícias

4º Folha de São Paulo

5º R7 Notícias

6º Estadão

7º MSN Brasil

8º IG

9º Yahoo Notícias

10º ClicRBS

Fonte: Top10+

1.3 Web 2.0

Para dividir a evolução da World Wide Web (WWW), o processo de criação

da Internet é separado em três gerações: Web 1.0, Web 2.0 e Web 3.0. A primeira

geração – a Web 1.0 – marcou o início da rede, em que os sites ainda eram

estáticos e não havia formas de interação com o conteúdo. As páginas mantinham

informações úteis para o internauta informar-se, mas como não era atualizado com

certa frequência, não convidava o usuário a voltar para o endereço (NICOLAU;

SANTOS, 2012). Nesta época, os sites eram basicamente um acumulado de links e

o hipertexto já aparecia timidamente em alguns canais. ―O que deixava a desejar era

este formato ser apenas um espaço de leitura, onde o máximo de interação era a

troca de e-mails entre os usuários‖ (NICOLAU; SANTOS, 2012, p. 5).

Caracterizada pela publicação, compartilhamento e organização de

informações, a Web 2.08 é a segunda geração dos serviços online. Com a interação

como um dos pilares fundamentais, esta versão da web foi a responsável por um

aumento expressivo no conteúdo digital e por torná-lo um ambiente mais dinâmico

8 O termo Web 2.0 foi utilizado pela primeira vez em outubro de 2004 pela empresa americana

O'Reilly Media e pela Media Live International, nomeando uma série de conferências sobre o tema (PRIMO, 2011).

Page 22: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

22

para os usuários. Segundo Primo (2014), a Web 2.0 apresenta importantes

repercussões sociais, ―que potencializam processos de trabalho coletivo, de troca

afetiva, de produção e circulação de informações, de construção social de

conhecimento apoiada pela informática‖ (PRIMO, 2007, p. 1).

A segunda geração também aumentou a velocidade e a facilidade do uso de

diversos aplicativos para os usuários, além de ser responsável por um aumento

significativo no conteúdo existente na internet. Além de tornar o ambiente online

mais dinâmico, a Web 2.0 fez com que os usuários colaborassem com a

organização do conteúdo digital. A partir dessa etapa, o usuário também é parte

fundamental no processo de comunicação, podendo ajudar de forma colaborativa na

construção da notícia. Primo (2007) defende a tese de O‘Reilly (2005) de que não há

como demarcar precisamente as fronteiras da Web 2.0:

Trata-se de um núcleo ao redor do qual gravitam princípios e práticas que aproximam diversos sites que os seguem. Um desses princípios fundamentais é trabalhar a Web como uma plataforma, isto é, viabilizando funções online que antes só poderiam ser conduzidas por programas instalados em um computador. Porém, mais do que o aperfeiçoamento da ―usabilidade‖, o autor enfatiza o desenvolvimento do que chama de ―arquitetura de participação‖: o sistema informático incorpora recursos de interconexão e compartilhamento. Por exemplo, nas redes peer-to-peer (P2P), voltadas para a troca de arquivos digitais, cada computador conectado à rede torna-se tanto ―cliente‖ (que pode fazer download de arquivos disponíveis na rede) quanto um ―servidor‖ (oferta seus próprios arquivos para que outros possam ―baixá-lo‖). Dessa forma, quanto mais pessoas na rede, mais arquivos se tornam disponíveis. Isso demonstra, segundo O‘Reilly, um princípio chave da Web 2.0: os serviços tornam-se melhores quanto mais pessoas os usarem (PRIMO, 2007, p. 2).

Nesta geração da web, os sites começam a trabalhar em uma estrutura

integrada de funcionalidades e conteúdo (PRIMO, 2007), destacando a mudança da

publicação do conteúdo para a participação do internauta. É aqui que a participação

do usuário aparece com comentários em blogs, enciclopédias escritas em conjunto

(a Wikipédia, por exemplo), páginas de jornalismo participativo e álbuns de fotos no

formato do Flickr, que permitem um sistema de buscas. Na Web 2.0, não são

apenas os grandes portais importantes. Pelo contrário, a partir desta geração que os

blogs ganharam destaque no meio online, principalmente por segmentar os tipos de

conteúdos, orientando-se ao interesse do internauta. Assim, ―a credibilidade e a

relevância dos materiais publicados são reconhecidas a partir da constante dinâmica

Page 23: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

23

de construção e atualização coletiva‖ (PRIMO, 2007, p. 4). Além disso, as tags9 têm

papel fundamental para facilitar o serviço de busca e recuperação de conteúdos na

rede.

Mesmo com a cultura da interatividade seguindo em alta, surgiu a Web 3.0,

que ainda aparece timidamente na rotina dos internautas. A terceira geração da

Internet caracteriza-se por mostrar a importância do computador no dia a dia das

pessoas, inclusive com as facilidades proporcionadas pela tecnologia, e ―pretende

interligar os significados das palavras, tornando tais significados perceptíveis tanto a

humanos quanto às máquinas‖ (NICOLAU; SANTOS, 2012, p. 8). Também

denominada de web semântica, a Web 3.0 pretende aumentar a utilidade da

internet. Assim,

a sua aplicabilidade será algo inovador, agregando valor nos serviços direcionados aos usuários. Com ela, os efeitos das buscas serão mais precisos, economizando tempo e compreendendo o contexto do internauta, disponibilizando resultados de acordo com a necessidade de cada indivíduo (NICOLAU; SANTOS, 2012, p. 10).

Como ainda será estudado no próximo item deste capítulo, as redes sociais

formam-se por meio dos atores que mantêm alguma forma de interação social entre

eles. Assim, os sites de redes sociais, como Facebook e Twitter, também fazem

parte da Web 2.0 e, a partir de agora, os usuários deixam de ser espectadores e

podem interagir, criar conteúdos, comunicar-se com os amigos e opinar sobre o que

é apresentado na tela. São os sites de redes sociais, em específico o Facebook, que

serão estudados neste trabalho, com foco nas interações do público com o conteúdo

publicado na fanpage do BuzzFeed Brasil.

1.4 Redes Sociais

Alguns dos canais de interatividade mais importantes dos veículos de

comunicação estão nos sites de redes sociais e em seus aplicativos. É no

9 Tag, em inglês, significa etiqueta, rótulo. Na Internet, as tags são as palavras-chaves utilizadas para

relacionar informações semelhantes, ou seja, são palavras que servem justamente como uma etiqueta e ajudam na hora de organizar informações, agrupando aquelas que receberam a mesma marcação, facilitando encontrar outras relacionadas.

Page 24: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

24

Facebook10 e Twitter11, por exemplo, que o leitor vai interagir com a informação,

compartilhando opinião e curtindo conteúdos que sejam de seu interesse. O

assunto, que antes era discutido verbalmente, passou a ter desdobramentos virtuais

disponíveis para a rede de amigos do leitor. Para os jornalistas, os sites de busca e

redes sociais transformaram-se em grandes aliados na produção e na distribuição

das notícias. É por meio da web que, muitas vezes, o repórter busca as melhores

fontes e dados para a produção do conteúdo.

Nem toda rede social está em um site e nem todo site é uma rede social. Por

isso, antes de apresentar o conceito de sites de redes sociais, é preciso entender a

definição de uma rede social. Recuero defende a tese de Wasserman e Faust (1994)

de que ―uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos: os atores

(pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas conexões (interações ou

laços sociais)‖ (RECUERO, 2014, p. 24). Ou seja, as redes sociais são formadas

pelas relações entre as pessoas. Então, as redes sociais são ―uma forma de olhar os

grupos sociais, onde se percebem as relações e os laços sociais como conexões e

os indivíduos como atores estão unidos por essas conexões‖ (BASTOS; RECUERO;

ZAGO, 2015, p. 23). A seguir, cada elemento que constitui uma rede social – atores,

interações, laços sociais e capital social – será explicado individualmente.

Os atores são os primeiros elementos de uma rede social, representados

como nós. Eles são as pessoas que se relacionam na rede e atuam de forma a

moldar as estruturas sociais, por meio da interação e da construção de laços sociais

(RECUERO, 2014). Porém, ao se tratar de redes sociais na Internet, os atores são

formados de diferentes modos:

Por causa do distanciamento entre os envolvidos na interação social, principal característica da comunicação mediada por computador, os atores não são imediatamente discerníveis. Assim, neste caso, trabalha-se com representações dos atores sociais, ou com construções identitárias do ciberespaço. (RECUERO, 2014, p. 25)

10

Rede social em que o usuário cria um perfil com fotos e listas de interesses pessoas, acompanha as atualizações do seu círculo de amigos e pode interagir com eles de diferentes formas, curtindo, comentando e compartilhando publicações. 11

Rede social que permite aos usuários enviar e receber informações em forma de tweets com até 140 caracteres.

Page 25: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

25

Portanto, um ator pode ser representado por um blog12, por uma conta no

Twitter ou um perfil no Facebook, por exemplo. Estas representações dos atores

sociais são espaços de interação dos usuários, onde podem expressar seus

pensamentos, expondo sua personalidade e ideias na rede.

Enquanto os atores são os nós na rede, as conexões das redes sociais

aparecem de diferentes maneiras. Elas são formadas por laços sociais que, por sua

vez, são construídos através da interação social entre os atores. A interação seria a

matéria-prima das relações e dos laços sociais. A ação de um depende da reação

do outro. ―Interações não são, portanto, descontadas dos atores sociais. São partes

de suas percepções do universo que os rodeia, influenciadas por elas e pelas

motivações particulares desses atores‖ (RECUERO, 2014, p. 31). Assim, entender

as interações sociais é compreender a comunicação entre os atores e a troca de

informação entre eles:

Essas ferramentas proporcionaram, assim, que atores pudessem construir-se, interagir e comunicar com outros atores, deixando, na rede de computadores, rastros que permitem o reconhecimento do padrão de suas conexões e a visualização de suas redes sociais através desses rastros (RECUERO, 2014, p. 24).

A interação no ciberespaço tem alguns fatores diferenciados. O primeiro é,

segundo Recuero (2014), que os atores não se conhecem imediatamente. Além

disso, neste caso, ―não há pistas imediatas de linguagem não verbal e a

interpretação do contexto da interação precisa ser negociada durante o processo‖

(RECUERO, 2014, p. 31). O segundo valor apresenta as possibilidades de

comunicação das ferramentas que os atores utilizam. Neste caso, ―há multiplicidade

de ferramentas que suportam essa interação, além do fato de permitirem, além do

que a interação permaneça mesmo depois do ator estar desconectado do

ciberespaço‖ (RECUERO, 2014, p. 32).

Recuero ainda defende a divisão da interação social, proposta por Reid

(1991), que pode aparecer de forma síncrona ou assíncrona:

Uma comunicação síncrona é aquela que simula uma interação em tempo real. Deste modo, os agentes envolvidos têm uma expectativa de resposta imediata ou quase imediata, estão ambos presentes (online, através da

12

Blogs são como um diário online, onde são publicados diversos conteúdos, como textos, imagens, músicas ou vídeos, de um determinado assunto em específico ou algo geral.

Page 26: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

26

mediação do computador) no mesmo momento temporal (RECUERO, 2014, p. 32).

A comunicação síncrona aparece em chats13 ou de mensagens instantâneas

na web. Já a assíncrona, é o tipo de comunicação que aparece em e-mails e fóruns

na Internet, pois a resposta não aparece imediatamente:

Espera-se que o agente leve algum tempo para responder ao que foi escrito, não que ele o faça (embora possa fazer, é claro), de modo imediato. Espera-se que o ator, por não estar presente no momento temporal da interação, possa respondê-la depois (RECUERO, 2014, p. 32).

É importante ressaltar que, mesmo que as ações dos atores possam

determinar e modificar essas características, a comunicação pode se tornar síncrona

ou assíncrona dependendo da situação de uso.

Além desta categorização da interação das redes sociais, Primo (2003, apud

RECUERO, 2014) estabelece outra divisão para tratar a interação mediada pelo

computador. Segundo ele, existem duas formas de interação – a mútua e a reativa –

que se distinguem pela forma de relação entre os agentes envolvidos. A interação

reativa é limitada para os atores envolvidos na interação, como, por exemplo, a

interação do usuário com um hiperlink14 na Internet. Assim, para Recuero (2014), o

hiperlink

não pode redefinir a URL para onde este link aponta, tampouco pode escolher para onde deseja ir a partir daquele link. Trata-se de um ―vetor unidirecional‖, criado por alguém, que permite ao usuário unicamente ir ou não ir ao site para onde ele aponta (RECUERO, 2014, p. 33).

Já em comentários de blogs, por exemplo, a história é diferente. Neste caso,

o meio possibilita a criação de um diálogo entre os comentaristas e, além disso, com

o próprio autor do blog, aumentando ainda mais a interação do leitor:

Trata-se de uma interação construída, negociada e criativa. É possível observar-se em um blog não apenas a interação em um comentário, mas as relações entre as várias interações e perceber-se que tipo de relação transpira através daquelas trocas (RECUERO, 2014, p. 33).

13

Chat é uma forma de comunicação à distância, utilizando computadores conectados à Internet, e que funciona como um bate-papo ao vivo. 14

Hiperlinks são links que possibilitam ao internauta pular de uma página da web para outra. Links, por sua vez, são elementos de hipermídia formados por um pedaço de texto em destaque ou por um elemento gráfico que, ao ser clicado, abre uma nova página da web.

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27

Já a interação mútua mediada por computador acontece entre o usuário e o

sistema que se comunica, como o link. Um exemplo claro de interação mútua é a

interação via redes sociais. Nos perfis, o usuário consegue interagir com diferentes

pessoas clicando em algumas teclas. É o caso, por exemplo, das solicitações de

amizade do Facebook.

O conjunto de interações entre usuários forma relações sociais que, na

Internet, acontecem das mais variadas formas. Na rede, por exemplo, é possível

trocar ideias com os amigos, manter conversas profissionais e utilizá-la para

pesquisas de estudos. Essas relações sociais são consideradas ―unidade básica de

análise em uma rede social. Entretanto, uma relação sempre envolve uma

quantidade grande de interações‖ (RECUERO, 2014, p. 37).

O laço social é a conexão entre os atores envolvidos na interação, sendo o

resultado das relações formadas entre os agentes. Assim, os ―laços são formas mais

institucionalizadas de conexão entre atores, constituídos no tempo e através da

interação social‖ (RECUERO, 2014, p. 38). Recuero (2014) apresenta a teoria de

Granovetter (1973), em que o estudioso categoriza os laços sociais a partir de

intensidades:

Os fortes são aqueles que compreendem mais intimidade, relacionados a uma maior quantidade de valores construídos entre os interagentes. Enquanto isso, os fracos são aqueles que estabelecem menos intimidade e pelos quais também circulam valores, embora em menor grau (RECUERO, 2014, p. 129).

Os laços dividem-se em relacionais, quando são criados por meio das

relações sociais e surgem apenas com interações entre os atores de uma rede

social, ou de associação, quando é necessário um status de pertencimento a um

local, instituição ou grupo (RECUERO, 2014). Na prática, com o Facebook como

exemplo, um laço associativo e uma interação reativa acontecem quando uma

pessoa solicita amizade para outra. O laço relacional e a interação mútua aparecem

nas conversas via web, como o chat e as mensagens publicadas no mural.

Outro aspecto importante no estudo de redes sociais é o capital social, que é

o ―valor constituído a partir das interações entre os atores sociais‖ (RECUERO,

2014, p. 45). Além disso, o conceito é fundamental para compreender a conexão

entre os atores sociais na web. Assim, a popularidade e a fama no meio digital

podem ser criadas a partir do capital social. Nas redes sociais, ele pode aparecer de

Page 28: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

28

diferentes formas, como, por exemplo, no Facebook, para manter contato com

antigos amigos, ou no Twitter, com o número de seguidores e nível de influência do

usuário na rede. O capital social também é importante para entender o processo de

difusão da informação, incluindo a viralização do conteúdo na web, que será

abordada no item 2.5 deste capítulo. ―Muitas dessas informações são difundidas de

forma quase epidêmica, alcançando grandes proporções tanto online quanto offline‖

(RECUERO, 2014, p. 116).

Os sites de redes sociais são os espaços utilizados para a expressão do

capital social na web. Para Bastos; Recuero; Zago (2015), o estudo das redes

sociais na Internet também se associa aos sites de redes sociais:

Ao lado de conteúdo gerado pelo usuário, sites de compras coletivas e jogos sociais, os sites de rede social aparecem como um tipo específico de mídia social (Van Dijck, 2013; Ellison; Boyd, 2013). Embora alguns sites mesclem duas ou mais formas de mídia social (por exemplo, embora o Facebook seja, primeiramente, um site de rede social, ele permite que o usuário gere e distribua conteúdos) – sites de rede social correspondem a um tipo específico de site voltado para a criação e manutenção de redes sociais (BASTOS; RECUERO; ZAGO, 2015, p. 25).

Outra definição para sites de redes sociais é que, segundo Boyd e Ellison

(2007), eles são ―aqueles sistemas que permitem a I) construção de uma pessoa

através de um perfil ou página pessoal; II) a interação através de comentários; e III)

a exposição pública da rede social de cada ator‖ (RECUERO, 2014, p. 102). Ainda

segundo os estudos de Boyd e Ellison (2007), os sites de redes sociais são

―espaços da web que permitem aos indivíduos criar um perfil, interagir através desse

perfil, adicionar amigos e exibir a lista de conexões entre os amigos‖ (BASTOS;

RECUERO; ZAGO, 2015, p. 26). Em 2013, Boyd e Ellison atualizaram a definição de

site de rede social, abordado por Bastos; Recuero; Zago (2015):

Um site de rede social é uma plataforma de comunicação em rede na qual os participantes 1) possuem perfis de identificação única que consistem em conteúdos produzidos pelo usuário, conteúdos fornecidos pelo sistema; 2) podem articular publicamente conexões que podem ser vistas e cruzadas por outros; e 3) podem consumir, produzir e/ou interagir com fluxos de conteúdo gerado por usuários fornecidos por suas conexões no site. (BOYD; ELLISON, 2013, p. 158 apud BASTOS; RECUERO; ZAGO, 2015, p. 26)

Esta nova definição muda o foco dos estudos de redes sociais. Se antes, o

ponto de análise era voltado para os perfis dos usuários, depois desta nova

Page 29: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

29

definição, ele virou-se para o fluxo de conteúdo. ―Mais do que visitar o perfil alheio,

os usuários querem ver as atualizações mais recentes de seus contatos. Os próprios

perfis mudaram para incluir, também, atualizações‖ (BASTOS; RECUERO; ZAGO,

2015, p. 27). Esta transformação fez com que os sites de redes sociais se

tornassem parte da mídia, integrando os veículos de comunicação na rede online.

É nos sites de redes sociais que, na maioria das vezes, os usuários irão

expressar sua opinião. Pode ser através de comentários, compartilhamentos de

conteúdo e até em grupos de discussão sobre o assunto. Falando da geração Y, por

exemplo, 98% dos jovens fazem parte de alguma – ou mais – rede social

(RECUERO, 2014). É aqui que o Facebook e o Twitter, por exemplo, encaixam-se.

Recuero ainda salienta que, ―embora os sites de redes sociais atuem como suporte

para as interações que constituirão as redes sociais, eles não são, por si, redes

sociais. São os atores sociais, que utilizam essas redes, que constituem essas

redes‖ (RECUERO, 2014, p. 103).

Os sites de redes sociais propriamente ditos são aqueles focados na

exposição pública das redes conectadas aos atores, ou seja, a finalidade está

relacionada à publicização dessas redes (RECUERO, 2014). É o caso do Facebook,

do extinto Orkut15 e do LinkedIn16. ―São sistemas onde há perfis e há espaços

específicos para a publicização das conexões com os indivíduos‖ (RECUERO, 2014,

p. 104), ou seja, toda a interação está focada na publicização das redes. ―Em geral,

esses sites são focados em ampliar e complexificar essas redes, mas apenas isso.

O uso do site está voltado pare estes elementos, e o surgimento dessas redes é

consequência direta desse uso‖ (RECUERO, 2014, p. 104).

Já os sites de redes sociais apropriados são aqueles que não eram,

originalmente, voltados para mostrar redes sociais, mas que foram apropriados

pelos atores com este objetivo (RECUERO, 2014). É o caso do Twitter e do antigo

Fotolog17. ―São sistemas onde não há espaços específicos para perfil e para a

publicização das conexões. Esses perfis são construídos através de espaços

pessoais ou perfis pela apropriação dos atores‖ (RECUERO, 2014, p. 104). Além

disso, um site de redes sociais apropriado pode ser criado como um perfil, a partir de

15

Rede social que tinha como objetivo ajudar seus membros a conhecer pessoas e manter relacionamentos. 16

Rede social voltada para os negócios que ajuda o usuário a encontrar conexões profissionais. 17

Uma espécie de blog, voltado para registros fotográficos.

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30

interações do usuário (ator) com outros, como, por exemplo, uma sessão de

comentários em uma rede social.

Os sites de redes sociais também possuem uma forte ligação com o capital

social. ―Um dos elementos mais relevantes para o estudo da apropriação dos sites

de redes sociais é a verificação dos valores construídos nesses ambientes‖

(RECUERO, 2014, p. 107). Um exemplo é a quantidade de amigos que uma

determinada pessoa possui no Facebook. O elevado número de conexões, que

dificilmente a pessoa terá na vida offline, influencia em vários aspectos, como a

visibilidade, a reputação (confiança), a popularidade e a autoridade do usuário na

rede social (RECUERO, 2014), podendo até, em alguns aspectos, sair do mundo

digital e ir para o real.

Quando um determinado grupo agrega-se em uma rede social, ele forma

uma comunidade. Segundo Recuero (2014), alguns autores, como Rheingold

(1995), Lemos (2002), Donath (1999) e Castells (2003), já abordavam que as

interações via computador possibilitariam o surgimento de novos grupos sociais na

web. Rheingold foi um dos primeiros autores a trabalhar com o termo ―comunidade

virtual‖ e a definiu como

agregados sociais que surgem da Rede (Internet), quando uma quantidade

suficiente de gente leva adiante essas discussões públicas durante um

tempo suficiente, com suficientes sentimentos humanos, para formar redes

de relações pessoais no ciberespaço (RHEINGOLD, 1995, apud

RECUERO, 2014, p. 137).

Assim, discussões públicas, encontros e desencontros, os sentimentos,

entre outros elementos, poderiam formar redes de relações sociais, criando uma

comunidade. ―Ou seja, quanto mais parecidos e mais interesses em comum tiverem

os atores sociais, maior a possibilidade de formar grupos coesos com características

de comunidade‖ (RECUERO, 2009, p. 138). Nesse caso, o computador não é peça

fundamental para a formação dessas relações, porém, ele, intermediado pelas redes

sociais, facilita o processo de agrupamento das pessoas da comunidade.

Outra definição importante de comunidades virtuais é a de Lemos (2002).

Segundo ele, ―as comunidades virtuais eletrônicas são agregações em torno de

interesses comuns, independentes de fronteiras ou demarcações territoriais fixas‖

(LEMOS, 2002, apud RECUERO, 2014, p. 138). Ou seja, para o autor, é importante

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31

ressaltar a afinidade, o território e a questão temporal de uma comunidade virtual. ―A

rede, portanto, centra-se de atores sociais, ou seja, indivíduos com interesses,

desejos e aspirações, que têm um papel ativo na formação de suas conexões

sociais‖ (RECUERO, 2014, p. 143). Em outras palavras, um grupo social com

características semelhantes de capital, interação e laços sociais forma uma

comunidade virtual na web.

1.4.1 Facebook

O Facebook é o maior site de rede social do mundo. Fundado em 2004 por

Mark Zuckerberg e seus colegas de quarto da faculdade Eduardo Saverin, Dustin

Moskovitz e Chris Hughes, o Facebook surgiu como um projeto paralelo às aulas da

Harvard University (EUA). A primeira ideia de Zuckerberg para a Internet foi o

Course Match, um lugar onde os alunos pudessem escolher as matérias com base

no que já estivessem matriculados nos cursos. Era também possível conferir quem

estava em cada turma e o curso das pessoas. Para Zuckerberg, era possível se

conectar às pessoas por meio de coisas (KIRKPATRICK, 2011).

O segundo projeto – chamado inicialmente de Facemash – tinha como

objetivo descobrir quem era a pessoa mais atraente do campus. Era muito simples:

os usuários comparavam duas fotos de pessoas do mesmo sexo e diziam qual era a

mais sexy. As imagens para o Facemash vieram dos chamados ―facebooks‖

mantidos nos alojamentos dos alunos da graduação. As fotos eram tiradas no dia da

chegada dos calouros à universidade para identificação e eram aquelas que todos

queriam esconder, mas Zuckerberg conseguiu encontrar as versões digitais.

Outro projeto que auxiliou Zuckerberg a criar o Facebook foi o Friendster,

uma rede social que convidava as pessoas a criar um ―perfil‖ pessoal, citando

informações como hobbies e gostos musicais. ―Nesses serviços, as pessoas

relacionavam seus próprios perfis aos dos amigos, identificando assim sua própria

‗rede social‘‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 36). Assim como a maioria das redes de

relacionamento criadas até o momento, o Friendster era basicamente uma forma de

facilitar o contato entre pessoas que queriam namorar. Ao ver o que era possível no

Friendster, os alunos passaram a querer um ―facebook‖ (o livro publicado

anualmente chamado de Freshman Register) online.

Page 32: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

32

Foi na tarde de 4 de fevereiro de 2004, depois de trabalhar mais um tempo

no projeto, que o Thefacebook.com finalmente entrou no ar:

A tela inicial dizia: ―O Thefacebook é um diretório online que conecta pessoas por meio de redes sociais nas faculdades. Abrimos o Thefacebook para uso popular na Universidade de Harvard. Você pode usar o Thefacebook para: procurar amigos dos seus amigos; ver uma representação visual da sua rede social‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 39).

Depois de dar o start, os primeiros usuários começaram a aparecer e foram

convidando outros alunos para participar e se tornar seus amigos. Dessa forma,

começou uma explosão viral:

No domingo, quatro dias após o lançamento, mais de 650 alunos haviam se registrado. Trezentos outros aderiram na segunda-feira. Quase instantaneamente, o Thefacebook tornou-se o principal tema de conversa nos refeitórios de Harvard e nos intervalos entre as aulas. As pessoas não conseguiam parar de usá-lo (KIRKPATRICK, 2011, p. 39).

Para se inscrever era simples: o usuário criava um perfil com uma única foto

sua e algumas informações pessoais. Também era possível incluir informações

como status de relacionamento, número de telefone, endereço de e-mail, indicar os

cursos que estava fazendo, citar os livros, filmes e músicas preferidos, filiação

política e uma frase favorita. ―O Thefacebook não tinha nenhum conteúdo próprio.

Era meramente um software – uma plataforma para o conteúdo criado por seus

usuários‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 39). Porém, a rede ainda era exclusiva e exigia

um endereço de e-mail de Harvard para se cadastrar, ou seja, apenas alunos, ex-

alunos e funcionários da instituição de ensino podiam entrar na rede.

O Thefacebook foi crescendo e os pedidos por sua expansão foram

surgindo. Em abril de 2004, quatro meses depois do lançamento, o site foi

formalizado como um negócio. ―Em junho, um financista ofereceu a Zuckerberg 10

milhões de dólares pela empresa. Mark tinha acabado de completar 20 anos. O

Thefacebook tinha quatro meses de idade‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 50). No final

de maio, a rede já estava em 34 faculdades e tinha quase 100 mil usuários. No final

do verão, já eram mais de 200 mil usuários (KIRKPATRICK, 2011).

No outono de 2004, o ―ter amigos‖ era praticamente um status social e era

considerado uma competição entre os alunos de Harvard – os calouros, por

exemplo, antes mesmo de ingressar na universidade, já faziam o seu perfil no

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33

TheFacebook. Os alunos também gastavam parte de seu tempo melhorando o perfil.

Era preciso escolher a melhor foto, trocá-la com certa frequência e analisar o que

era publicado. ―O seu ‗facebook‘, como começaram a ser chamados os perfis do

site, tornava-se cada vez mais a sua cara pública. Ele definia sua identidade‖

(KIRKPATRICK, 2011, p. 104). Além disso, as pessoas também passavam um

tempo visitando os outros perfis da rede. Nesta época, eram poucas as opções

possíveis dentro do site: apenas ―manter seu perfil, adicionar amigos, cutucar

pessoas e ver os perfis dos outros‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 104).

Em setembro, o TheFacebook passou a ter mais duas características. Os

usuários tinham um mural, onde qualquer amigo podia publicar ou comentar algo em

seu perfil e qualquer visitante poderia ver. A segunda novidade era os grupos, que a

partir de agora, qualquer pessoa poderia criar por qualquer motivo. Com o tempo, os

alunos começaram a abandonar a agenda de contatos, já que com o TheFacebook

era possível ter o contato de todos os amigos a poucos cliques e sem a necessidade

de lembrar dos e-mails de ninguém.

Em junho de 2005, eram 3 milhões de usuários. Quatro meses depois, já

eram 5 milhões. Mas, a medida que o número de usuários aumentava, era preciso

trabalhar cada vez mais para ―impedir que o sucesso destruísse o serviço‖

(KIRKPATRICK, 2011, p. 144). A questão era simples: quanto mais usuários no site,

mais instável ele ficava. Para isso, o TheFacebook precisava crescer na mesma

velocidade que o número de usuários. Foi preciso, além de aumentar a equipe de

profissionais, aumentar também os servidores e equipamentos de rede dos

datacenters. Foi também em 2005 que o TheFacebook passou a ser apenas

Facebook.com e ganhou um novo logotipo, retirando os parênteses que

acompanhavam o nome e apresentando a nova proposta de nome: Facebook. No

dia 20 de setembro de 2005, a empresa tornou-se oficialmente Facebook.

Nesta época, ele ainda era voltado apenas para os estudantes universitários

– 85% dos estudantes já eram membros e 60% visitavam o site diariamente

(KIRKPATRICK, 2011). Em 2006, o Facebook já não era um espaço apenas

universitário – ele já tinha invadido as escolas de ensino médio também, porém,

eram redes separadas. Aqui, a rede crescia positivamente e ganhava em torno de

20 mil novos usuários por dia (KIRKPATRICK, 2011). O maior desafio desta época

foi unir as duas redes em uma única.

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34

Até aquele momento, o sucesso da rede social estava vinculado ao fato de ser ―de uma simplicidade descerebrada‖, como dizia um dos funcionários: tudo o que os usuários podiam fazer era preencher o perfil e verificar as informações que outros haviam colocado em seus próprios perfis. Havia uma maneira de personalizar e modificar o perfil, porém, que se tornara muito popular. Embora a pessoa só pudesse exibir uma única foto no perfil, os estudantes mudavam essa foto com frequência, às vezes mais de uma vez por dia. Eles claramente gostariam de poder postar mais fotos (KIRKPATRICK, 2011, p. 167).

Dias após atingir a marca de 5 milhões de usuários, mais um novo e

importante recurso foi criado: um sistema de hospedagem e armazenamento de

fotos, inspirado no Flickr18. Como outros sites, era permitido que os usuários

compartilhassem fotos e as adicionassem em álbuns online, permitindo também que

outras pessoas comentassem as imagens. Porém, a ideia era buscar algo diferente

dos outros espaços da web. Nasceu assim a marcação das fotos, algo inédito até

então. E, no Facebook, elas seriam marcadas de forma diferente: com os nomes de

quem aparecia nelas. Era possível marcar apenas os seus amigos e as pessoas

marcadas recebiam uma notificação alertando-as, assim como ainda funciona hoje.

―O recurso Fotos tornou-se o site de fotografias mais popular da Internet e a

característica mais popular do Facebook em pouco tempo‖ (KIRKPATRICK, 2011, p.

170). Depois de um mês, 85% dos usuários já tinham sido marcados em alguma foto

e as visitas à página tornaram-se ainda mais frequentes, já que, a partir de agora,

sempre tinham coisas novas para ver:

O que as pessoas faziam no Facebook era olhar as informações de outras. Elas estavam ansiosas para saber o que havia de novo, o que havia mudado, o que havia acontecido que elas ainda não soubessem. Estudar o perfil dos amigos era uma atividade obsessiva, mas não muito eficaz (KIRKPATRICK, 2011, p. 195).

Assim, em 2006, a nova ideia era construir uma página onde não mostrasse

apenas as fotos adicionadas recentemente, mas também todas as coisas que

haviam sido mudadas nos perfis. Nascia aqui o feed de notícias, ―uma tela que

mostrasse tudo‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 195). A ferramenta ajudaria os usuários a

encontrar tudo aquilo que era de seu interesse a qualquer momento, sejam links,

check-ins ou fotografias. ―A questão era garantir que você visse aquilo que lhe

interessava, o que quer que fosse. A ordem de apresentação das informações

18

Serviço de armazenamento online de imagens. É possível fazer uploads e guardar imagens, utilizando a web, além de dispositivos móveis. Para divulgá-las, é possível utilizar, além do Flickr, e-mails ou blogs.

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35

dependia daquilo que – com o seu comportamento – você tivesse demonstrado que

gostava de ver‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 196).

Apresentando um jornal customizado para cada usuário, o feed de notícias

entrou oficialmente no ar em 5 de setembro. Junto com ele, também estreou o

minifeed, que aparecia somente no perfil de cada usuário. Porém, a ideia não foi

bem aceita pelos usuários que questionavam a falta de privacidade. No dia de

estreia, uma em cada cem mensagens que chegavam até a equipe era positiva

(KIRKPATRICK, 2011). Foi uma das maiores crises enfrentadas pela empresa, mas

também uma das maiores mudanças da rede social. Até então, era preciso enviar a

informação por algum meio – como uma ligação, uma mensagem, um e-mail ou até

mesmo uma mensagem instantânea. Agora, a partir do feed de notícias, o processo

de comunicação inverteu-se. Sem a necessidade de enviar algo para alguém, basta

compartilhar a informação na própria timeline e o Facebook encarrega-se em

divulgar a notícia aos amigos do usuário – sempre de acordo com os interesses de

cada pessoa.

Em essência, o Facebook tinha criado uma maneira de se ter uma ―assinatura‖ das informações sobre um amigo. Em vez de esperar que essa pessoa lhe enviasse informações, agora você dizia ao Facebook – pelo simples fato de ser amigo daquela pessoa – que desejava receber notícias dela. Ser amigo de alguém era ter uma ―assinatura‖ de seus dados, de modo que o software do Facebook pudesse mandar as informações dessa pessoa para a sua página (KIRKPATRICK, 2011, p. 209).

As mudanças não pararam por aí. Em setembro de 2008, após comemorar

os 100 mil usuários do Facebook, a equipe lançou um novo feed de notícias. Desta

vez, a principal mudança foi a combinação do mural com o minifeed, pensando em

aumentar a velocidade do fluxo de informação entre os usuários e facilitar o

compartilhamento das informações, além de possibilitar um espaço maior para

discussões. A partir de agora, era possível postar links, fotos e vídeos clicando

apenas no botão ―editor‖. Foi neste momento também que a pergunta ―No que você

está pensando agora?‖, uma influência do Twitter, surgiu no feed.

Em março de 2009, mais uma atualização importante marcou a história do

Facebook. Agora, as atualizações eram mais visíveis na página inicial, não somente

no mural dos amigos. A ideia do ―compartilhar‖ estava ganhando forças e era uma

das maiores apostas de Zuckerberg:

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36

O feed de notícias se transformara no que o Facebook chama de ―fluxo‖, uma lista de atualizações contínuas e de outras informações dos amigos. Mas o fluxo também incluía as atualizações de uma nova fonte: páginas das quais você tinha se tornado ―fã‖. Agora, tornar-se fã de uma página comercial no Facebook era quase a mesma coisa que seguir uma pessoa ou empresa no Twitter (KIRKPATRICK, 2011, p. 331).

Mais recentemente, a maior mudança do Facebook foi a implantação das

reactions, no lugar do botão curtir (like), que entraram oficialmente no ar em 24 de

fevereiro de 2016. Agora, além de curtir, o usuário consegue reagir com o "amei",

"haha", "uau", "triste" e "grr":

Figura 1. As reações do Facebook

Fonte: facebook.com

Zuckerberg afirmou, na semana de lançamento, que os botões de reações

são o novo ―curtir‖. Foi a alternativa que a equipe viu para o pedido dos usuários por

um botão de ―não curtir‖ que, para Zuckerberg, poderia estimular o bullying19 e

expressar muita negatividade nas timelines. Em matéria publicada no site

TechTudo20, Zuckerberg reforçou que o objetivo das reações não é expressar

negatividade e sim, empatia. Na hora de contabilizar as curtidas e analisar a

repercussão dos posts, as reações não atrapalham, já que elas têm o mesmo peso

do antigo like. Deve-se apenas tomar um cuidado: há uma diferença grande entre o

―amei‖ e o ―grr‖. Para o Facebook, o peso é o mesmo, mas, na prática, para a

fanpage, por exemplo, se há muitos ―grr‖ no post é sinal que algo está errado e deve

ser reavaliado.

De lá pra cá, outras coisas mudaram – o feed de notícias, o surgimento de

aplicativos linkados ao site, como os jogos, e a forma de consumir informação, por

exemplo, não são mais os mesmos. Hoje, 11 anos depois, já são mais de 1,65

19

Termo da língua inglesa, a palavra originou-se de bully, que significa ―valentão‖. A expressão refere-se a atitudes agressivas, que podem ser verbais ou físicas, e que ocorrem sem motivação evidente a fim de intimidar ou agredir outra pessoa. 20

Fonte: TechTudo, disponível em <http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2016/02/zuckerberg-diz-que-reaction-e-o-novo-e-dispensa-nao-curti.html> . Acesso em maio de 2016.

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37

bilhão21 de usuários no mundo, segundo as pesquisas mais recentes, divulgadas em

abril de 2016. Para comparar, o WhatsApp22 é a segunda rede social mais usada,

com cerca de 1 bilhão de usuários por mês. A lista segue com uma média de 900

milhões de usuários do Messenger23, em terceiro lugar, e, no quarto lugar, o

Instagram24, com cerca de 500 milhões de usuários por mês. O acesso via

dispositivos móveis também aumentou. Por dia, 989 milhões de usuários acessam o

Facebook de seus smartphones e tablets. No mês, o número de acessos é de 1,51

bilhão.

Em agosto de 2015, o Facebook atingiu a marca de um bilhão de usuários

acessando a maior rede social do mundo em um único dia25, o que significa que uma

em cada sete pessoas do mundo estava conectada. No Brasil, o número também é

marcante: oito em cada dez brasileiros conectados estão no Facebook26. Segundo

dados publicados em abril de 2016 pelo próprio Facebook27, 102 milhões de

brasileiros compartilham seus momentos na rede social todos os meses. Desse

número, 93 milhões acessam via dispositivos móveis.

A mesma pesquisa mostrou que 99% das pessoas que estão no Facebook

afirmam ler as publicações de marcas em fanpages, segundo dados internos de

agosto de 2015. Desse público, 68% acessam a rede social para descobrir novos

produtos. ―Para se ter uma ideia da presença do Facebook na vida das pessoas, é

como se todos os meses metade da população brasileira — de um total de 204

milhões habitantes, segundo o IBGE — entrasse na plataforma para compartilhar e

descobrir novidades‖ (BUSINESS, 2016).

21

Fonte: Assuntos Criativos, disponível em <http://www.assuntoscriativos.com.br/2016/05/os-novos-dados-surpreendentes-do.html>. Acesso em maio de 2016. 22

Aplicativo para smartphones utilizado para trocar mensagens de texto instantâneas, além de vídeos, fotos e áudios através de uma conexão a Internet. 23

Aplicativo de mensagens instantâneas do Facebook, que oferece outros recursos além do bate-

papo com os contatos da rede social, como troca de arquivos multimídia, ligações de voz e chamadas de vídeo. 24

Rede social de compartilhamento de fotos e vídeos, que permite aplicar filtros nas imagens e compartilhá-las em outras redes sociais, como Facebook e Twitter. 25

Fonte: G1, disponível em <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2015/08/facebook-bate-marca-de-1-bilhao-de-usuarios-conectados-em-um-unico-dia.html>. Acesso em outubro de 2015. 26

Fonte: TechTudo, disponível em <http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2016/01/facebook-revela-dados-do-brasil-na-cpbr9-e-whatsapp-vira-zapzap.html>. Acesso em maio de 2016. 27

Fonte: Facebook, disponível em <https://www.facebook.com/business/news/102-milhes-de-brasileiros-compartilham-seus-momentos-no-facebook-todos-os-meses>. Acesso em maio de 2016.

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38

1.4.2 Viralização na Internet

Além de ser um ambiente de relacionamento e interação entre os usuários, o

Facebook alterou a forma de consumir a informação. Além de se atualizar, o usuário

pode interagir com o conteúdo de diferentes formas, com curtidas, comentários e

compartilhamentos. ―Em vez de interromper a conversa, as empresas antes

conhecidas como anunciantes agora precisam descobrir como criar a conversa no

Facebook, ou fazer parte dela. As bem-sucedidas ajudam os usuários a se conectar

uns com os outros e se comunicar‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 283).

A difusão da informação nas redes sociais está fortemente relacionada com

o conceito de capital social, abordado no item 2.3. Segundo Recuero (2014), é

preciso lembrar que as redes sociais são constituídas de ―atores sociais, com

interesses, percepções, sentimentos e perspectivas‖ (RECUERO, 2014, p. 117) e

que existe ―uma conexão entre aquilo que alguém decide publicar na Internet e a

visão de como seus amigos ou sua audiência na rede perceberá tal informação‖

(RECUERO, 2014, p. 117).

Observando os posts nas redes sociais, como no Facebook, por exemplo,

percebe-se que há conteúdos que são mais publicados na timeline. ―Esses tipos de

informação invariavelmente influenciam com mais força um ou outro tipo de capital

social‖ (RECUERO, 2014, p. 118). Quando as informações publicadas na rede têm

um apelo relacional, elas formam o capital social relacional. É o caso, por exemplo,

das correntes28 online. Aqui, ―o apelo é claramente de integração e estreitamento

dos laços sociais‖ (RECUERO, 2014, p. 119). O outro tipo é o capital social

cognitivo, que é quando as informações difundidas na web possuem um apelo

informacional maior, como as notícias e vídeos. Neste caso, ―o objetivo de difundir

uma notícia de um jornal em um weblog, por exemplo, não é aprofundar laços

sociais, mas especificamente informar ou gerar conhecimento‖ (RECUERO, 2014, p.

119).

Se antes bastava ler os jornais e acompanhar os principais portais de

notícias para se manter informado, a partir de agora é possível acompanhar todas as

28

Surgidas primeiramente nos e-mails, as correntes são aquelas mensagens encaminhadas para uma lista de pessoas ao mesmo tempo e, depois de lidas, devem ser encaminhadas para um determinado número de pessoas. O conteúdo pode ser voltado para o humor, ser falso ou solicitar que o usuário remeta a mensagens para um número de pessoas para acontecer algo, por exemplo. Hoje, com outros recursos além do e-mail, é comum receber as mensagens via Facebook e WhatsApp.

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39

informações diretamente das timelines da redes sociais, com a interatividade como

grande diferencial:

Para uma porcentagem cada vez maior de pessoas, o feed de notícias como do Facebook está se transformando em sua fonte principal de informações – 36% dos americanos com menos de trinta anos de idade leem suas notícias em redes sociais (PARISER, 2012, p. 13).

A personalização do conteúdo é uma estratégia fundamental para os

maiores sites da Internet – Yahoo, Google, Facebook, YouTube e Microsoft Live – e

também para tantos outros (PARISER, 2012). Esta personalização nada mais é do

que fornecer conteúdo de acordo com os interesses e gostos pessoais do usuário

por meio dos algoritmos:

A nova geração de filtros online examina aquilo de que aparentemente gostamos – as coisas que fazemos, ou as coisas das quais as pessoas parecidas conosco gostam – e tenta fazer extrapolações. São mecanismos de previsão que criam e refinam constantemente uma teoria sobre quem somos e sobre o que vamos fazer ou desejar a seguir. Juntos, esses mecanismos criam um universo de informações exclusivas para cada um de nós – o que passei a chamar de bolha dos filtros – que altera fundamentalmente o modo como nos deparamos com ideias e informações (PARISER, 2012, p. 14)

No Facebook, o algoritmo entrou em ação em 2007. Além das atualizações

corriqueiras e das fotos publicadas, os usuários começaram a postar links de outros

sites. Zuckerberg anunciou que estavam ―produzindo mais notícias num único dia

para nossos 19 milhões de usuários do que qualquer outro meio de comunicação já

produziu durante toda sua existência‖ (PARISER, 2012, p. 39). No início, quase tudo

o que os amigos publicavam aparecia no site. Porém, com o aumento de postagens

e amigos, ficou praticamente impossível acompanhar tudo o que passava no feed de

notícias. ―A solução foi o Edge Rank29, o algoritmo por trás da página inicial do site,

que traz as Principais Notícias‖ (PARISER, 2012, p. 39). O Facebook fez ainda com

que os usuários criassem uma identidade virtual. Segundo Zuckerberg, cada pessoa

tem uma própria identidade, independente do meio em que o usuário está inserido.

Ele, por exemplo, assumiu que era a mesma pessoa desajeitada em qualquer lugar

29

O Edge Rank, segundo Pariser (2012), classifica todas as interações do site. A ideia é simples e baseia-se em três fatores. O primeiro é a afinidade e determina que quanto mais próxima é a amizade com a pessoa, maior será a probabilidade do Facebook mostrar suas atualizações. O segundo é o peso relativo de cada tipo de conteúdo, como as atualizações de relacionamento, que têm um peso grande. O terceiro é o tempo e pontua que os itens mais recentes possuem mais peso do que posts antigos.

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(PARISER, 2012). Além disso, Zuckerberg tinha o poder de controlar a tecnologia

mais poderosa e usada do mundo:

Durante um evento na feira de publicidade New York’s Ad Week, Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, disse esperar que a Internet se modificasse rapidamente. ―As pessoas não querem algo direcionado a todo mundo – elas querem algo que reflita o que desejam ver e conhecer‖, afirmou Sandberg, sugerindo que aquilo seria a norma em três ou cinco anos. O objetivo do Facebook é estar no centro desse processo – ser a plataforma única através da qual todos os outros serviços e sites da Internet incorporem nossos dados pessoais e sociais. Nós temos uma única identidade, a nossa identidade do Facebook e, ela colore a nossa experiência onde quer que estejamos (PARISER, 2012, p. 100).

Com a quantidade gigantesca de informações que o usuário tem na web –

900 mil postagens em blogs, 50 milhões de tweets, mais de 60 milhões de

atualizações de status no Facebook e 210 bilhões de e-mails enviados – os filtros

online são muito úteis. São eles que ajudam o usuário a encontrar as informações

que procura no meio de tanto conteúdo nos feeds de notícias (PARISER, 2012).

Para colocar estas informações em prática é simples: basta duas pessoas buscarem

a mesma informação no Google e ver que os resultados serão diferentes. Enquanto

a personalização do Google depende dos cliques e do histórico de navegação do

usuário, o Facebook é bem diferente e, embora rastreie os cliques, a principal forma

de conhecer o internauta é analisando o que ele compartilha e interage na rede. ―O

Facebook confia mais nas nossas palavras, apresentando-nos como gostaríamos de

ser vistos pelos outros‖ (PARISER, 2012, p. 104).

O Facebook também fez com que as empresas se camuflassem em meio às

notícias dos amigos na timeline, tornando-as, muitas vezes, links virais:

Agora, algumas empresas voltadas para o consumidor dão menos ênfase aos seus sites e mais às suas páginas no Facebook, onde podem hospedar uma grande variedade de aplicativos e as ações dos fãs se propagam de modo viral entre seus amigos (KIKRPATRICK, 2011, p. 284).

O conteúdo viraliza na rede quando todos falam do mesmo assunto nas

redes sociais e/ou compartilham o mesmo link. É praticamente como um boca-a-

boca virtual. Um viral é, segundo o dicionário Aurélio, algo relativo a vírus, causado

por vírus e que, assim como um vírus, tem a capacidade de se espalhar:

Alguns consideram que o contágio da informação responde a uma ciência e afirmam que em um laboratório podem ser estudadas as variáveis que o propiciam. Até mesmo as que afetam substâncias químicas como a

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41

oxitocina, o hormônio que desperta a vontade de se conectar com os outros. Mas na verdade, como apontava o famoso relatório sobre inovação feito pelo The New York Times no ano passado – que, aliás, não demorou nem dois segundos para se transformar em um fenômeno viral –, trata-se acima de tudo da conexão com as emoções do leitor e sua vontade de compartilhar aquilo que causa algum impacto nele. Então, a viralidade muda a maneira de contar o mundo? Sem dúvida. Mas também rompe outras barreiras, como a forma de estruturar uma redação, aumentando a promiscuidade entre jornalistas, analistas de dados e publicitários (VERDÙ, 2015, p. 2).

O conceito parece atual, mas a viralização surgiu muito antes da web.

Segundo Ryan Cordell, professor da Northeasternn University, listas, virais e

matérias crtl+c e crtl+v surgiram ainda no século XIX. ―Se você pensa que o

BuzzFeed inventou as listas, você deveria passar um tempo lendo jornais do século

XIX‖ (CORDELL30, 2015). Na época, os editores assinavam vários jornais para

retirar conteúdos que pudessem servir para as suas publicações e as pequenas

empresas de comunicação mais replicavam conteúdos do que produziam. As listas,

segundo Cordell (2015), já eram comuns nesta época. Uma lista em especial, a

―Facts Worth Nothing‖ (Fatos Valem Nada), foi publicada em 120 jornais diferentes

entre os anos de 1853 e 1899. O autor ainda reforça que nem todos os fatos eram

verdade, e, muitas vezes, os itens da lista eram trocados a cada nova impressão.

O viral, assim, nada mais é do que uma ―ideia de contaminação, de

propagação em larga escala propiciada especificamente pelas características do

meio Internet‖ (SILVA, 2008, p. 81). No meio da comunicação, ele também pode ser

definido como:

o processo de transmissão de uma mensagem de um internauta a outro no contexto digital. O fato de a mensagem poder tomar proporções gigantescas na rede, num processo semelhante à lógica de uma epidemia viral, foi o que deu origem à expressão (BARICHELLO; OLIVEIRA, 2010, p. 35).

Ou seja, quanto mais envolvente e interessante for a mensagem a ser

transmitida, maiores são as chances do conteúdo se espalhar e, consequentemente,

maior será o compartilhamento com os amigos nas redes sociais. Assim, o poder da

viralização está em sintonia com a evolução da interatividade proposta pela Web

2.0, que foi abordada no item 1.3.

30

Texto disponível em: <http://www.niemanlab.org/2015/05/listicles-aggregation-and-content-gone-viral-how-1800s-newspapers-prefigured-todays-internet/>. Acesso em setembro de 2015.

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42

Outro conceito de viralização, abordado por Garcia e Guadalupe (2014), diz

que ela é um elemento de comunicação direta entre pessoas que compartilham dos

mesmos gostos e interesses:

A viralidade é um elemento compartilhado entre páginas web e aplicações para dispositivos móveis, por isso recai nas estratégias de comunicação de marcas para criar campanhas com sucesso mensurável e, em certo sentido, eficaz em relação a avaliar o número de vezes que uma mensagem pode ser reproduzida em diferentes dispositivos (GARCIA; GUADALUPE, 2014, p. 169).

Hoje, a viralização é um fenômeno utilizado na Internet e em técnicas de

marketing. Se no início as empresas jornalísticas focavam o trabalho em várias

tentativas de erros para acertar os conteúdos que poderiam viralizar, hoje eles

priorizam o próprio conteúdo jornalístico e aproveitam o volume de leitores para

contar histórias que realmente valham a pena ser lidas. São essas histórias que,

posteriormente, podem se tornar virais nos feeds de notícias das redes sociais:

Como explica Delia Rodríguez, diretora do Verne e autora do livro Memecracia – Los Viralies que nos Gobiernam (Gestión 2000, 2013), no fim das contas, trata-se de ―hackear a atenção do leitor e competir com tudo que existe em sua mesa. Não se pode enganar os leitores. É preciso acertar no formato da informação, seja uma reportagem, uma lista ou um infográfico... Eles não nos perdoarão se estivermos desperdiçando seu tempo‖, assinala Rodríguez (VERDÙ, 2015, p. 3).

Há ainda uma diferença entre o marketing viral e o efeito viral, tratado neste

trabalho. Segundo Silva (2008), o primeiro aborda as ações executadas

propositalmente, como as publicidades, muitas vezes camufladas no entretenimento,

para envolver o usuário e motivar os compartilhamentos. Já o efeito viral é

espontâneo e pode ocorrer com inúmeros materiais, desde os vídeos caseiros que,

por algum motivo estimularam os rápidos compartilhamentos na rede, até os links de

matérias, como as publicadas pelo site BuzzFeed Brasil, o objeto de estudo desta

pesquisa:

Para que uma mensagem seja utilizada nessa prática de marketing visando atingir o efeito viral ela deve conter entretenimento, humor e conteúdos relevantes ou curiosos com informações úteis, motivando, assim, o internauta a compartilhá-la com os amigos (BEZERRA; COSTA, 2012, p. 8).

Além de ter um conteúdo relevante e simples de viralizar, é preciso que a

mensagem seja fácil de ser compartilhada – quanto mais fácil for o envio dela, maior

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será a sua disseminação. Quem for lançar a mensagem também deve ficar atento às

pessoas com um alto capital social na rede, como os formadores de opinião e as

pessoas conectadas:

Essas pessoas são peças importantes para fazer as mensagens se multiplicarem em grande escala na Internet. Elas repassam o conteúdo a seus contatos, aos grupos que pertencem e, acima de tudo, dão seu crédito aos que enviam, validando aquela informação como interessante (BEZERRA; COSTA, 2012, p. 9).

Quase tudo que circula na web pode se tornar um viral. No caso das

músicas, por exemplo, o hit Gangnam Style, do cantor coreano Psy, teve mais de

2,5631 bilhões de visualizações no YouTube desde julho de 2012, tornando-se o

vídeo mais assistido do mundo na plataforma. A mistura de uma letra simples e um

ritmo pegajoso fez com que o cantor – até então desconhecido – ganhasse uma

fama repentina. A partir daí, o vídeo foi se espalhando pela rede e a música ficou

conhecida mundialmente como um viral. Para Bernal (2014), o sucesso da música

foi além da letra e do ritmo: os elementos cômicos no vídeo, que praticamente o

transformou em uma paródia, e o figurino extravagante do cantor foram

fundamentais para a viralização do videoclipe, ainda mais em uma época que a

música pop é caracterizada por cantoras, na maioria das vezes, divas e sensuais.

Mas foi o humor a peça-chave para o sucesso da música, porque ―não há

nada que apele mais para um meme32 do que a comédia‖ (BERNAL, 2014, p. 48). O

resultado de tanto sucesso foi visto nos veículos de comunicação e, principalmente,

na internet. Além da imprensa, o público – e outros cantores – fizeram sua própria

paródia e a música foi se espalhando cada vez mais:

Isso coloca em evidência que a Internet pode impor conteúdos a partir da verdadeira rede de pandemias. Isso é o que é conhecido na web como um ―fenômeno da Internet‖, que infecta os usuários a reproduzi-lo em todos os espaços que compartilham. A partir dessa ideia, se propõe o conceito de conteúdo viral ou de outra forma a ideia de ―viralização‖ (BERNAL, 2014, p. 48).

31

Dados do YouTube em maio de 2016. 32

Entende-se como memes a propagação de informações, como fotos e vídeos, na web. ―Os memes são compreendidos como potencializados pela rede e parte da dinâmica social desses ambientes‖ (RECUERO, 2014, p.122). Uma das principais características do meme é a capacidade de mutação e as variações que ele pode sofrer para adaptar-se ao contexto. Para sobreviver, de acordo com Recuero, o meme precisa levar em conta três aspectos: a longevidade (a capacidade do meme de permanecer no tempo), a fecundidade (a capacidade de gerar cópias) e a fidelidade (a capacidade de gerar cópias com maior semelhança ao original).

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Em consequência da procura pelo conteúdo viral, os veículos passaram a se

apropriar de listas para divulgar as notícias. Atualmente, é bem comum ver formatos

de listas nos principais portais de notícias do país. O processo de viralização

também mudou a forma de o jornalista escrever suas matérias, agora, algumas

vezes, pensando em conteúdos que possam ser virais e, como consequência,

capturar a atenção de um grande público:

Sem dúvida, isso mostra as influências que os memes de Internet podem gerar em diferentes plataformas e nos usuários que convivem com eles. A presença destas entidades replicantes determina a forma como se interage na Internet, tanto quanto um vírus modifica a ação de uma célula (BERNAL, 2014, p. 85).

Um dos maiores fenômenos da Internet quando se trata de virais é o site

BuzzFeed, que é o objeto de estudo desta pesquisa. Ali, são publicadas notícias em

formato de listas, muitas vezes com GIFs33 (imagens animadas) e memes como

ilustração, além de publicar links virais na fanpage do Facebook, fazendo com que o

conteúdo se espalhe pela timeline dos usuários. Isso faz com que pessoas que nem

conheçam o site ainda já tenham cruzado com algum conteúdo nas redes sociais. ―A

maior parte da audiência, 75%, vem de textos do BuzzFeed publicados em redes

sociais, como o Facebook e o Twitter‖ (FERRARI, 2014, p. 2). São as estratégias de

viralização da fanpage que serão analisadas. Também pretende-se discutir a

produção de conteúdo para o jornalismo na Internet, incluindo as listas, estudar o

contexto dos compartilhamentos e interatividade das fanpages do Facebook e, por

fim, analisar posts que viralizaram na fanpage do BuzzFeed Brasil para entender

seus compartilhamentos.

33

GIF significa Graphics Interchange Format (em português, Formato de Intercâmbio de Imagens) e é um formato de imagem de mapa de bits muito usado na web, tanto para imagens fixas quanto para animações.

Page 45: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

45

2 JORNALISMO

2.1 Jornalismo na Internet

O jornalismo online é o meio de comunicação que se une à base formada

pelos veículos impressos, rádio e televisão. O termo online, segundo Palacios

(2003), remete à ideia de conexão em tempo real, com um fluxo de informações

quase instantâneo. Assim, o jornalismo online ―é desenvolvido utilizando tecnologias

da transmissão de dados em rede e em tempo real‖ (PALACIOS, 2003, p. 44).

Oferecendo notícias, entretenimento, serviços e negócios, a web é uma ferramenta

de comunicação distinta das até então mídias tradicionais – televisão, rádio, cinema,

jornal e revista. Com as transformações da tecnologia, que proporcionam a criação

de sites cada vez mais criativos, a preocupação dos editores está se direcionando

para a qualidade do conteúdo da notícia. Para Ferrari (2008), os usuários passaram

a acessar os sites em busca de conteúdos, não mais de serviços, como

antigamente. Por isso, escrever para a web tornou-se um desafio:

Jornalismo digital não pode ser definido apenas como o trabalho de produzir ou colocar reportagens na Internet. É preciso pensar na enquete (pesquisa de opinião com o leitor); no tema do chat, o bate-papo digital; nos vídeos e áudios; e reunir o maior número possível de assuntos e serviços correlatos à reportagem (FERRARI, 2008, p. 45).

A estrutura básica do texto jornalístico não sofreu alterações. As tradicionais

perguntas do lead – o que, quem, como, quando, onde, por quê – ainda precisam

ser respondidas. Na web, é ainda mais importante explicar ao leitor as informações

básicas da matéria, já que é muito fácil e rápido ele trocar de página. Porém, há

ainda outros elementos que ajudam a definir o jornalismo online. A partir de agora,

textos, fotos e infográficos – heranças dos veículos impressos – não possuem forças

suficientes para manter um bom site no ar:

O resultado é uma linguagem webjornalística com características muito peculiares ao utilizar códigos de todos os meios de comunicação. Porém, não se trata da simples aglomeração de conteúdos originários de outros meios, mas sim uma adaptação das particularidades técnicas da web (CANAVILHAS, 2007, p. 54).

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46

Por isso, é preciso cada vez inovar e trazer elementos, como vídeos, áudios

e pequenas animações para a notícia. Além disso, mais do que nunca, o leitor

passou a ter uma importante função, podendo colaborar com a produção do

conteúdo.

A web também mudou a forma de escrever a notícia. Ferrari (2008) aborda a

maneira que Jonathan Dube, editor e publisher do Instituto Americano de Imprensa,

sugere para escrever textos para o online. ―A primeira delas foi conhecer o público e

manter o foco nas necessidades e hábitos dos leitores‖ (FERRARI, 2008, p. 47).

Além disso, o jornalista sugere que os ―estudos de usabilidade da Internet mostram

que os internautas tendem a apenas passar pelos sites, muito mais do que lê-los

assiduamente‖ (FERRARI, 2008, p. 47). Por isso, é cada vez mais importante pensar

no conteúdo que o usuário quer ler no endereço virtual. Dube também lembra que o

jornalista deve planejar o conteúdo de forma que a história possa ser contada de

várias maneiras, utilizando fotos, vídeos, áudios, infográficos e links, por exemplo, e

completa que ―os jornalistas online precisam sempre pensar em elementos

diferentes e em como eles podem ser complementados‖ (FERRARI, 2008, p. 48).

O texto da web também tem seus diferenciais: ele deve usar frases

concisas, simples e declarativas, reduzindo-as a apenas uma ideia, e dar preferência

para verbos fortes, que deixarão o texto vivo, arejado e alegre (FERRARI, 2008). O

número de caracteres também é importante. Para a autora, ―qualquer história pode

ser contada em novecentos caracteres‖ (FERRARI, 2008, p. 50), além de links,

áudios, vídeo e fotos, para tornar a leitura mais agradável. Além disso, é preciso

cuidar a dimensão do conteúdo. ―Um bloco textual demasiado curto deixará o leitor

insatisfeito por conter pouca informação, enquanto um bloco demasiado longo pode

tornar-se cansativo para uma leitura em monitor‖ (SALAVERRÍA, 2005, apud

CANAVILHAS, 2014, p. 6). Por isso, é importante manter os textos nos formatos

adaptados para cada veículo.

A web também permite um formato de notícia flexível. Na rede, o veículo

pode disponibilizar o conteúdo para diferentes usuários e necessidades, podendo

ampliá-lo ou reduzi-lo em poucos cliques:

Se, em um nível mais básico, o usuário pretende somente saber o que ocorreu, em um nível mais complexo, teremos usuários que pretendem compreender o acontecimento. Forma e conteúdo terão que permitir ao usuário fazer uma leitura que não está condicionada por fatores técnicos, textuais, temporais ou espaciais da notícia (CANAVILHAS, 2007, p. 60).

Page 47: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

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A usabilidade é uma característica fundamental para o jornalismo online. Na

definição da palavra, ela ―é o conjunto de características de um produto que definem

seu grau de interação com o usuário‖ (FERRARI, 2008, p. 60). Em um site de

notícias com boa usabilidade, por exemplo, o usuário deve conseguir navegar e

buscar se informar sobre o que ele está procurando. Assim, no caso da web, uma

ferramenta útil é aquela que permite que o usuário faça o que é proposto. Além

disso,

muitos fatores fazem um site ser usável. Se ele se encaixa às necessidades do cliente, como atende às tarefas pedidas pelo usuário (com que eficiência e velocidade, por exemplo) e de que forma as respostas que dá correspondem às expectativas‖ (FERRARI, 2008, p. 61).

Jakob Nielsen (apud Ferrari, 2008) destaca que é importante descobrir as

três principais razões pelas quais o público vai acessar determinado site. Depois, é

preciso deixá-las extremamente rápidas e fáceis de serem encontradas. Além disso,

o conteúdo deve ser voltado para o público online, com um texto curto e itens

interativos e palavras-chaves destacadas. ―Deve-se ter em mente, ao escrever, que

os internautas não se atêm detalhadamente a todos os pontos do conteúdo da

homepage; eles passam uma vista de olhos por tudo‖ (NIELSEN, apud FERRARI,

2008, p. 63). Ou seja, o leitor não perde muito tempo lendo as informações da

página inicial. Por isso, é preciso tentar fisgar a sua atenção para o conteúdo. Ao

mesmo tempo, o internauta avalia a aparência do site. Por isso, ―as ilustrações

devem ser pequenas, usar e abusar de recursos tipográficos e tecnológicos para

melhorar a aparência das páginas. Se um site for bem construído e fácil de ser

usado, então os usuários vão clicar menos para achar o que procuram‖ (NIELSEN,

apud FERRARI, 2008, p. 64).

Para Marcos Palacios (2007),

as características do jornalismo na Internet aparecem, majoritariamente, como continuidades e potencializações e não, necessariamente, como rupturas com relação ao jornalismo praticado em suportes anteriores. É possível argumentar-se que as características elencadas como constituintes do jornalismo na Internet podem, de uma forma ou de outra, ser encontradas em suportes jornalísticos anteriores, como o impresso, o rádio, a TV, o CD-Rom. O que é, por exemplo, uma ―Carta do Leitor‖, senão uma

forma rudimentar de interatividade? (PALACIOS, 2007, p. 35).

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Em seu estudo, Palacios propõe seis características principais que

potencializam a comunicação online, que serão explicadas separadamente no

decorrer deste capítulo: hipertextualidade, multimidialidade, personalização de

conteúdo, memória, atualização contínua e interatividade.

2.1.1 Hipertextualidade

Uma das principais características do jornalismo online é o hipertexto, que é

―uma interconexão de ‗textos‘ que se podem apresentar sob o formato de escrita,

som, foto, animação, vídeo, etc‖ (PALACIOS, 2007, p. 37). Enquanto os repórteres

do meio impresso buscam a melhor informação e os da televisão as cenas mais

emocionantes, o jornalista online necessita planejar elementos diferentes. São os

recursos do hipertexto, como textos, imagens, recursos de vídeo, áudio e animação

que podem posteriormente ser utilizados como links interativos no site. Assim, na

web,

mais do que um mero conjunto de palavras ou frases organizadas segundo um conjunto de regras preestabelecidas, o texto transforma-se numa tessitura informativa formada por um conjunto de blocos informativos ligados através de hiperligações (links), ou seja, num hipertexto (CANAVILHAS, 2014, p. 4).

Dessa forma, o leitor tem a oportunidade de navegar pelos textos

interconectados, fazendo suas escolhas de blocos de informação a utilizar

(PALACIOS, 2007). Salaverría (2005, apud CANAVILHAS, 2014) destaca duas

funções das hiperligações, que são as conexões ou links que permitem as ligações

entre os blocos de informação: a documental, permitindo uma contextualização do

conteúdo, e a narrativa, oferecendo ao leitor variados caminhos de leitura. Assim

como nos veículos impressos, a notícia da web também é hierarquizada. Os títulos,

chamadas e fotos da capa, por exemplo, indicam o nível de importância de

determinado conteúdo:

Na web, no interior da notícia, o discurso jornalístico também é hierarquizado, não somente pela sequência de parágrafos, mas também pela organização dos links internos e externos na página, que apresentam a informação em diferentes códigos comunicacionais (PALACIOS, 2007, p. 41).

A fragmentação do discurso é uma das características da narrativa na web

(PALACIOS, 2007). Diferente do impresso, o veículo online proporciona um

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consumo da notícia de forma não linear, ou seja, o texto da web permite que o

usuário movimente-se saltando de uma informação para outra, sem a necessidade

de uma ordem. Por isso, para Palacios (2007), o termo mais adequado para a

notícia da web é a informação multilinear para o acesso hipertextual às informações,

pois ao ―estabelecer sua rota de leitura, o usuário estabelece também uma certa

linearidade, específica, provisória, provavelmente única, oferecendo múltiplas

possibilidades de continuidade‖ (2007, p. 39).

A ideia de trabalhar a notícia no formato da pirâmide invertida34 não funciona

para a web, principalmente pela facilidade que o internauta tem para trocar de

página. Na rede, não há limitação de espaço – a notícia é global e pode ser

acessada em qualquer canto do mundo – e a disponibilidade de espaço é infinita.

Uma palavra sublinhada, por exemplo, pode ser um hiperlink e também o caminho

para outra página. Assim, cada leitor pode traçar um caminho próprio da notícia e é

o hipertexto quem vai guiar a leitura do usuário.

2.1.2 Multimidialidade

A narrativa da web permite ao comunicador utilizar diferentes recursos

multimídias para transmitir a informação – é a multimidialidade da notícia. A principal

definição para a multimidialidade é a combinação de elementos – texto, foto, vídeo e

áudio, por exemplo – para contar a história da notícia. Neste caso, Salaverría (2014)

define o termo multimídia como aquilo que ―utiliza conjunta e simultaneamente

diversos meios, como imagens, sons e texto, na transmissão de uma informação‖

(SALAVERRÍA, 2014, p. 29).

Se antes da Internet os elementos eram empregados individualmente em

seus veículos de origem, como rádio, televisão e impresso, com a chegada da Era

Digital, surgiu a possibilidade de integrar vários elementos em uma única plataforma.

Segundo Salaverría (2014), nascia, assim, um novo desafio para os comunicadores:

―a exigência de idealizar novos modos de expressão sincrética recorrendo a todos

os tipos imagináveis de linguagem‖ (SALAVERRÍA, 2014, p. 33). Ou seja, é preciso

pensar em novas maneiras de contar a mesma notícia para o leitor, explorando os

diversos meios disponíveis na web.

34

A pirâmide invertida é a formato básico do texto do jornalismo impresso, onde as informações do lead (o quê, quem, onde, como, quando e por quê) estão no início da notícia (CANAVILHAS, 2014).

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Ainda de acordo com Salaverría (2014), hoje, são oito elementos que

compõem o conteúdo multimídia: texto; fotografia; gráficos, iconografia e ilustrações

estáticas; vídeo; animação digital; discurso oral; música e efeitos sonoros; vibração.

Estes elementos ―podem fazer parte da narrativa webjornalística de maneira

complementar, constituindo uma estrutura plural que explora os diferentes sentidos

da percepção humana‖ (PALACIOS, 2007, p. 44). Para que a informação multimídia

seja atrativa e inteligível para o público é necessário que os elementos que a

compõem estejam devidamente interligados (SALAVERRÍA, 2014).

Na web, o texto continua sendo peça fundamental para a construção da

notícia. Para Salaverría (2014), ele é ―a coluna vertebral que sustenta e estrutura as

peças informativas multimídia‖ (SALAVERRÍA, 2014, p. 33). O texto é o responsável

pela contextualização e documentação do conteúdo, além de ser utilizado para

explicar os principais aspectos da informação. A fotografia, que já tinha certo grau de

importância na noticia antes da web, ganhou um espaço ainda maior na Internet,

principalmente por causa das redes sociais. Agora, ―libertas das limitações espaciais

que impõe o papel, as publicações na Internet não têm fronteiras para a fotografia,

seja em termos de número, dimensão ou formato‖ (SAVALERRÍA, 2014, p. 34).

Assim, além de publicar fotos isoladas para acompanhar as matérias, a web também

permite a criação de galerias de fotos, podendo também utilizar imagens de

qualquer tamanho, preferencialmente sempre buscando um padrão.

Além das fotos, a web possibilita utilizar outros elementos gráficos, como as

iconografias e ilustrações, que ―funcionam como sinais eficazes de tráfego que

orientam o utilizador sobre os itinerários que este pode escolher e sobre as ações

que a cada momento pode realizar‖ (SAVALERRÍA, 2014, p. 35). É o caso de ícones

e outros sinais que indicam, por exemplo, como voltar para a página inicial do site.

Junto com a fotografia, o vídeo é ponto alto no conteúdo da web e está cada vez

mais forte na rede. Para a Internet, ele deve ser pensado em um formato mais curto

e interativo. Assim, ―o internauta pode agir a qualquer momento, saltando as partes

mais aborrecidas e, no caso dos formatos de vídeo mais recentes, utilizando

distintas opções de navegação interativa‖ (SALAVERRÍA, 2014, p. 36). A animação

é o último recurso gráfico utilizado no conteúdo online. Inicialmente voltada para

assuntos relacionados ao entretenimento e a games, hoje a animação já é utilizada

no conteúdo jornalístico e, em algumas vezes, em conteúdos humorísticos

(SALAVERRÍA, 2014). Porém, por demandar um maior tempo de produção,

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51

normalmente ela é utilizada em matérias que não tenham tanta urgência em sua

publicação.

O discurso oral, em forma de som e áudio, acrescenta certo valor à

informação e, em alguns casos, une-se ao vídeo para transmitir a notícia. Com o

som, ―é possível situar o utilizador no figurino apresentado através de outros

formatos visuais (texto, fotografias, vídeos), ou intensificar a emotividade daquilo que

se narra mediante diferentes efeitos sonoros e musicais‖ (SALAVERRÍA, 2014, p.

36). Há, porém, uma distinção em som e áudio. Entende-se como som a música e

os efeitos sonoros e como áudio o discurso oral em si. Além do discurso oral, a

música, os efeitos sonoros e o som ambiente também são formatos conhecidos na

comunicação multimídia. ―Estes elementos acentuam a intensidade emocional e

acrescentam veracidade àquilo que se mostra através das imagens‖ (SALAVERRÍA,

2014, p. 37). Por fim, a vibração, um recurso voltado para os dispositivos móveis,

encerra o grupo de elementos da linguagem multimídia. A vibração nada mais é do

um alerta sobre as principais informações do aparelho, como a chegada de uma

mensagem ou uma ligação. Hoje, já há veículos que utilizem este sistema como

forma de comunicar informações relevantes para o usuário, utilizando as

notificações disponíveis nas redes sociais, como as transmissões ao vivo via

Facebook.

O conteúdo da web precisa ser pensado de forma que um elemento não tire

a audiência do outro:

O texto, o som, as imagens e o vídeo, assim como outros elementos que possam surgir no futuro, devem estar devidamente coordenados para que o resultado seja harmonioso. Os ―ingredientes multimédia‖ devem estar interligados no sentido de evitar a competição entre eles e de, por outro lado, oferecer um resultado positivo e coordenado (SALAVERRÍA, 2014, p. 40).

Um exemplo é até que ponto o leitor concentra-se em um texto ao mesmo

tempo em que escuta um áudio. Pensando nisso, Salaverría (2014) aborda níveis de

critérios para facilitar o processo de entendimento: 1) compatibilidade, quando é

muito difícil prestar atenção em dois elementos diferentes, como citado no exemplo;

2) complementaridade, quando os elementos completam o conteúdo; 3) ausência de

redundância, quando se evita repetir o assunto várias vezes, mesmo que em

formatos diferentes; 4) hierarquização, quando é preciso elencar as partes mais

importantes do conteúdo e priorizá-las; e 5) ponderação, quando o comunicador

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deve saber as limitações, como tempo, espaço e velocidade de internet, do usuário.

Assim, ao utilizar uma linguagem multimídia, mesclando conteúdos de diferentes

elementos, é preciso ter atenção para que os elementos estejam interligados

corretamente – o leitor precisa se sentir confortável ao acessar a página.

2.1.3 Personalização de conteúdo

Outro ponto importante no jornalismo online é a criação de conteúdo exclusivo

para os canais da web. Nos Estados Unidos, por exemplo, redações com essas

características cresceram. Já no Brasil, os veículos impressos acumularam funções

e também começaram a escrever matérias exclusivas para o virtual (FERRARI,

2008). Neste aspecto, há um alerta: o conteúdo deve ser original para ir em busca

de audiência. Para Ferrari (2008), não basta estar na web apenas para marcar

território:

Uma redação onde seus fundadores entendam a força da mídia e busque, com uma redação digital, reforçar os princípios da hipermídia de informar não mais de maneira linear, com começo, meio e fim da notícia, mas sim construir matérias múltiplas sobre o mesmo assunto (FERRARI, 2008, p. 52).

Além de criar conteúdos exclusivos para o meio digital, o jornalismo online

permite a personalização deste material, que possibilita que o usuário configure o

conteúdo de acordo com seus interesses individuais (PALACIOS, 2007). O desafio

da vez é oferecer conteúdo jornalístico adaptado aos novos formatos propostos pela

multimidialidade da web. Com a possibilidade de cadastrar-se e receber as notícias

diretamente em seu e-mail, o leitor digital pode acessar o conteúdo por sites de

buscas, como o Google, que mantém as preferências salvas em um banco de

dados, e ler apenas aquilo que é de seu interesse (FERRARI, 2008).

Além disso, a personalização oferece conteúdos diferenciados para cada

usuário na web e pode ser, segundo Palacios (2007), uma boa maneira de cativar os

usuários:

Isso pode ser feito através de cadastros preenchidos pelos internautas para saber suas preferências por assuntos. As informações podem ser enviadas por e-mails na forma de newsletters com as manchetes do dia de determinadas editorias escolhidas previamente pelo usuário (PALACIOS, 2007, p. 54).

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A ampla oferta de conteúdo faz com que a personalização seja ainda mais

importante para o usuário, funcionando como um filtro das principais notícias do dia

e entregando-lhe as mais interessantes para o seu perfil. Por isso, ―leitores,

telespectadores e utilizadores são apresentados com uma caótica, mas altamente

diversificada, experiência de notícias personalizadas. Há algo para todos,

especificamente nos nichos‖ (LORENZ, 2014, p. 141).

Lorenz apresenta seis graus de personalização. O primeiro é a resposta,

que é a capacidade da página se adaptar aos diferentes formatos de tela, como

computador, smartphone e tablet. De acordo com Lorenz (2014), produzir o mesmo

conteúdo para diferentes dispositivos é uma tendência forte para a web. O segundo

grau de personalização é alterar o conteúdo com base na hora do dia, adaptando o

conteúdo de acordo com o momento e a necessidade do usuário. Durante a manhã,

por exemplo, o leitor quer um conteúdo prático para se informar sobre o que está

acontecendo, como se o site fosse um jornal impresso. Já durante a noite, com mais

tempo disponível, o usuário pode ler notícias mais completas e assistir vídeos, além

de interagir mais nas redes sociais, como o Facebook e Twitter (LORENZ, 2014). A

interação significativa é o terceiro grau de personalização. Aqui, é importante

apresentar o conteúdo de formas diferentes, prevendo um espaço para comentários

do usuário, como se fosse uma sessão do leitor.

O quarto grau é a ajuda na decisão e é importante auxiliar o usuário em

uma decisão. Pode ser a compra de um carro ou apartamento, por exemplo, em que

o veículo poderá abordar com gráficos explicativos. ―Decisões reais não são

movidas pelos impulsos e desejos, mas por fatos concretos, na melhor hipótese

colocando-o na melhor posição possível, baseado em necessidades específicas e

nas opções oferecidas‖ (LORENZ, 2014, p. 148). Por isso, que a ajuda na decisão

pode ser um importante grau de personalização. O quinto grau é da calibração e dos

algoritmos. A calibragem entende-se como a atualização constante de dados para o

usuário, como, por exemplo, a cotação do dólar. Os algoritmos funcionam como as

métricas, que podem auxiliar para entender as preferências do leitor. O último grau é

a possibilidade da plataforma ser adaptável a mudanças, como uma forma de ligar

todos os graus de personalização já citados. ―Isto significa que as aplicações do

futuro devem ser baseadas em componentes com relações entre si e com a

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capacidade de reconfigurar, realinhar e reavaliar fatores que deveriam influenciar os

fatores de mudança‖ (LORENZ, 2014, p. 151).

Se antes era preciso acompanhar os jornais diários, hoje, para se informar

basta acessar os principais sites de notícias e até mesmo as redes sociais, como o

Facebook e o Twitter, onde o conteúdo já chega filtrado de acordo com as

preferências do usuário. Assim, a personalização faz com que o usuário tenha todo

o conteúdo da web resumido em tópicos de seu interesse.

2.1.4 Memória

A web permite um arquivo quase ilimitado de informações nos mais

variados formatos que já foram citados neste capítulo. A memória funciona como o

arquivo da web, já que é possível resgatar materiais antigos e recuperar as

informações já publicadas. Assim, a Internet oferece ―a possibilidade de

disponibilização online de toda informação anteriormente produzida e armazenada,

através da criação de arquivos digitais, com sistemas sofisticados de indexação e

recuperação da informação‖ (PALACIOS, 2007, p. 49). Além disso, o mundo online é

dono de um imenso banco de dados jamais visto até então, que, muitas vezes, é de

extrema importância para o trabalho do jornalista e de serviço para a comunidade.

Sem limitações de espaço, numa situação de extrema rapidez de acesso e alimentação (instantaneidade e interatividade) e de grande flexibilidade combinatória (hipertextualidade), o jornalismo tem na web a sua primeira forma de memória múltipla, instantânea e cumulativa (PALACIOS, 2004, p. 25).

Na prática, a memória aparece, por exemplo, nas retrospectivas de fim de

ano, em matérias de aniversários, obituários e atualidades, nos diferentes veículos

de comunicação, incluindo a internet. Assim,

a memória entra em ação de maneira recorrente, de modo quase natural, na produção do relato da atualidade, seja como ponto de comparação do evento presente com eventos passados (recentes ou remotos), como oportunidades de analogias, como convites à nostalgia, ou mesmo através da apresentação do presente como elemento para desconstruir e tornar a construir, sob a luz de novos fatos, os acontecimentos do passado (ZELIZER, 2008, p. 82, apud PALACIOS, 2014, p. 92).

Em aspectos técnicos e econômicos, o acúmulo de informações nos

ambientes digitais é mais fácil se comparado com as outras mídias, já que ―na web a

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memória torna-se coletiva, através do processo de hiperligação entre os diversos

nós que a compõem‖ (PALACIOS, 2007, p. 49). Assim, a Internet facilitou o acesso

às informações mais antigas:

Com as tecnologias digitais, as bases de dados (Barbosa & Mielniczuk, 2005) e a disponibilização da informação em rede, os arquivos disponíveis para o acionamento da memória, no momento da construção do discurso jornalístico, tornam-se não somente acessíveis e facilmente pesquisáveis, mas também múltiplos (PALACIOS, 2014, p. 96).

A memória também mudou a forma em que o conteúdo é apresentado na

web, transformando a estrutura e a edição do material. ―Não somente tornou-se mais

fácil para os jornalistas incorporarem elementos de memória na produção do texto,

mas igualmente tornou-se praxe uma forma de edição que remete à memória‖

(PALACIOS, 2014, p. 97). Com isso, os textos da web passaram a ser publicados

com hiperlinks sugerindo leituras complementares àquela informação, como é o

caso dos links de ―leia mais‖ e ―saiba mais‖. A utilização de tags e palavras-chaves,

que buscam todas as publicações com um determinado assunto, também remetem à

memória do site.

Enquanto os veículos impressos mantêm um arquivo físico com as edições

publicadas, na web, as informações de arquivo passam a ser fontes para a matéria e

o usuário consegue acessá-las em poucos cliques. Por isso, ―é virtualmente

impossível produzir-se jornalismo numa situação de rede, sem recurso contínuo e

sistemático à memória coletivamente produzida‖ (PALACIOS, 2004, p. 27).

2.1.5 Atualização contínua

A instantaneidade da informação sempre foi fator fundamental para o

jornalismo. No meio online, ela tem um grau de importância ainda maior, já que tudo

ocorre muito rápido e, cada vez mais, o leitor quer se informar antes, quase na hora

do acontecimento. Por ser um ambiente de rápido acesso e pela facilidade do

processo de produção e publicação da notícia, a web exige uma atualização

contínua das informações, permitindo uma agilidade na divulgação da informação

jamais vista em outros tipos de veículos de comunicação. Até então, em grandes

acontecimentos, esperava-se o telejornal ou o jornal impresso para acompanhar as

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notícias. Com os veículos online, tudo ficou instantâneo e o usuário ganhou a

possibilidade de buscar as informações praticamente na hora da ocorrência:

Diferentemente do impresso (que podia fazer ―Edições Extras‖ se um fato de extrema importância ocorresse), ou do rádio e da TV (que podem interromper a programação para transmitir um ―Boletim Extra‖), o jornalismo na Internet pode incorporar a atualização contínua como forma de ser corrente e não como algo ―extraordinário‖ (PALACIOS, 2007, p. 51).

A instantaneidade é a mudança mais significativa e visível do jornalismo

online. Se no início os veículos de comunicação apenas replicavam o conteúdo do

impresso, hoje as redações já estão voltadas para a web – as maiores até trabalham

24h por dia nas atualizações (FERRARI, 2008) – e os veículos impressos

adaptaram-se a coberturas em tempo real nos sites. Agora, segundo Bradshaw

(2014), o maior desafio é que

as notícias estão a ser produzidas sem as limitações do espaço físico que sustentava a organização das redações. A captação de notícias, a produção e distribuição podem, agora, ocorrer simultaneamente – e serem potencializadas (BRADSHAW, 2014, p. 116).

Além da velocidade da informação, surge aqui o termo imediaticidade da

notícia. Isto significa que o usuário pode ultrapassar o jornalista e chegar ao que

está acontecendo no momento (BRADSHAW, 2014). A busca pela instantaneidade

da informação também se deve às redes sociais, com posts no Facebook e tweets

em tempo real no Twitter (BRADSHAW, 2014), principalmente agora com a

possibilidade de transmitir conteúdo ao vivo diretamente das plataformas. Muitas

vezes, o conteúdo é atualizado primeiramente nestes canais para, mais tarde, serem

atualizadas no site oficial do veículo, possibilitando uma maior interação com o

usuário.

2.1.6 Interatividade

Por fim, a interatividade é uma das principais características do jornalismo

online. ―Assim como a Internet transcende o jornalismo, que tem como forma de

expressão a web, a interatividade também vai além do jornalismo digital‖ (ROST,

2014, p. 53). Ela aparece nas rotinas de trabalho de todos os jornalistas,

independentemente do meio em que trabalham. Na televisão, por exemplo, o

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espectador tem o poder de trocar o canal e interagir via telefone e redes sociais. Já

com a Internet, há diferentes formas de interação, podendo ser através de grupos de

discussão (fóruns), enquetes, chats, e-mails e também redes sociais.

Entende-se como interatividade ―a capacidade gradual que um meio de

comunicação tem para dar maior poder aos utilizadores tanto na seleção de

conteúdos (interatividade seletiva), como em possibilidades de expressão e

comunicação (interatividade comunicativa)‖ (ROST, 2006, apud ROST, 2014, p. 55).

Em outras palavras, pode-se dizer que a interatividade é uma forma de fazer o leitor

se sentir parte do processo de produção da informação. Além disso, a interatividade

garante um certo poder ao usuário, que antes era apenas dos veículos. ―Poder, por

um lado, quanto aos caminhos de navegação, recuperação e leitura que podem

seguir entre os conteúdos que oferecer. E, por outro lado, relativamente às opções

para se expressar e/ou se comunicar com outros utilizadores/as‖ (ROST, 2014, p.

55).

Como citado no parágrafo acima, há dois tipos de interatividade: seletiva e

comunicativa. A interatividade seletiva refere-se ao controle que o público tem sobre

as formas de receber o conteúdo dos veículos. Para Rost (2006, apud ROST 2014),

o grau de interatividade seletiva vai depender das opções de acesso aos conteúdos

oferecidos pelos veículos e das necessidades do usuário. Assim, ―quantas mais

opções de acesso aos conteúdos ofereça o meio, e quantas mais se ajustem às

necessidades do utilizador, maior será o grau de interatividade seletiva‖ (ROST,

2014, p. 56). O hipertexto é uma das principais formas de interação seletiva, que

também aparece nos motores de busca e infografias, por exemplo.

Além disso, a interatividade seletiva pode ser dividida em quatro etapas,

segundo Rost (2014), que começaram nos anos 1990. A primeira delas é a inclusão

de opções de seleção mínimas para o usuário, quando os sites ainda replicavam os

conteúdos dos veículos impressos, com recursos como o ―clique aqui‖ ou ―texto

completo‖. Em 1988, iniciou a segunda e mais importante fase, com a

personalização de conteúdo e utilização de base de dados, com o surgimento das

notícias de última hora nos portais. A terceira etapa foi a de inovações seletivas dos

blogs, a partir de 2004, com a organização das notícias em pequenos feeds na

página e a inserção de links ao longo do texto – o hipertexto. A última etapa surgiu

em 2009, com a distribuição multiplataforma da informação, apresentando formatos

diferenciados do conteúdo para dispositivos móveis e redes sociais, por exemplo.

Page 58: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

58

Enquanto a interatividade seletiva é relacionada a ―fazer coisas‖ sobre os

conteúdos, e a interação acontece entre o usuário e o conteúdo, a interatividade

comunicativa abre espaço para que o leitor gere algum conteúdo que,

posteriormente, possa se tornar público, fazendo também com a interação seja entre

as pessoas (ROST, 2014). A interatividade comunicativa permite que o usuário

dialogue, discuta ou apoie a ideia publicada pelo veículo de comunicação. Além

disso, é ela quem ―representa as possibilidades de comunicação e expressão que o

utilizador tem entre os conteúdos do meio‖ (ROST, 2014, p. 58). Ou seja, é a forma

de relacionamento que permite que o leitor possa expressar sua opinião em

comentários nos sites de notícias e redes sociais, blogs, pesquisas, fóruns, e-mails,

chats, envio de informações para os veículos, etc.

Rost (2006, apud ROST 2014) também divide a interatividade comunicativa

em quatro etapas. A etapa de presença corporativa surgiu a partir dos primeiros

sites, em 1994, com poucas possibilidades de participação. As tradicionais cartas de

leitores dos jornais impressos foram substituídas por um endereço de e-mail e, em

alguns casos, ainda surgia alguma pesquisa ou fórum. A partir de 1999, tem início a

etapa da participação marginal, com pesquisas e fóruns como principais formas de

participação. Porém, a opinião dos leitores ainda não se mistura com os conteúdos

do meio de comunicação, ocupando páginas e sessões diferentes. A terceira etapa é

a participação assíncrona em espaços partilhados.

A partir de 2006, três opções interativas são introduzidas nos sites de

notícias: os blogs, os comentários abaixo de cada notícia e os canais de reportagem

cidadã. A mudança foi uma das mais notáveis para o jornalismo já que, a partir deste

momento, as intervenções dos leitores começaram a se mesclar com a dos

jornalistas (ROST, 2006). Por fim, se 2006 foi o ano dos comentários e dos blogs,

2009 foi a vez das redes sociais e da etapa da participação sincrônica. Em tempo

real, o público pode participar via Facebook e Twitter e é a partir deste momento que

os sites começam utilizar as redes sociais para coberturas de determinados

acontecimentos. Neste caso, o leitor pode participar da construção da notícia lado a

lado com os jornalistas.

Além disso, segundo Ward (2006, p. 25), a interação pode ocorrer de três

formas. Ela pode ser com o consumidor interagindo com o provedor, quando leitores

enviam e-mails para jornalistas com suas opiniões sobre o que foi escrito ou para

fornecer outras informações; com o consumidor interagindo com o consumidor,

Page 59: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

59

como os fóruns de mensagem dos sites que permitem aos leitores trocarem opiniões

e informações, além de fornecer diferentes perspectivas para uma reportagem; e

com o consumidor se tornando o provedor, quando a medida que o meio de

comunicação online amadurece, algumas vozes ―lá de fora‖ estão se tornando mais

confiáveis contribuindo para o conteúdo principal. Ward (2006) ainda salienta que a

interatividade pode promover dúvidas quanto à veracidade e exatidão das

informações. Para o autor, a dimensão final da interatividade pode ser perturbadora

para os jornalistas. Ela desafia toda a premissa do jornalista como guardião e

provedor de informação.

De 1994 até hoje, muita coisa mudou e os leitores tornaram-se muito mais

vistos nos meios de comunicação. Se antes o máximo de interação que existia era

escrever uma carta para o jornal impresso, agora as opções são imensas.

Os jornais impressos publicam repercussões das notícias nas redes sociais, mostram os resultados de pesquisas digitais e escrevem sobre o mais comentado nos sites; na rádio, leem-se as mensagens que os ouvintes publicam nas páginas do meio no Facebook e as mencionadas no Twitter; os noticiários televisivos incitam a participar com hashtags no Twitter e posts no Facebook (ROST, 2014, p. 66).

Com o tempo, a participação do usuário também ficou cada vez menos

anônima. Hoje, a maioria dos sites solicita que o usuário cadastre-se de alguma

forma, algumas vezes até via Facebook, para poder interagir com o conteúdo. Os

sites de redes sociais alteraram a forma que o público consome a informação.

Agora, segundo Rost (2014), com as redes sociais, é possível pensar no jornalismo

online partindo de três pontos: recepção, para receber as informações e as ideias,

difusão, para distribuir o conteúdo, e interação, para interagir com os leitores e as

fontes. ―As três abordagens são complementares e permitem conceber e aproveitar

todo o potencial informativo e comunicativo das redes‖ (ROST, 2014, p. 73). Assim,

hoje é muito mais fácil para o leitor expressar a opinião, apoiar as causas defendidas

e compartilhar e curtir conteúdos que lhe agradem. Para o jornalista, também é mais

simples de saber que tipo de conteúdo o público prefere, conhecer seus gostos e

até, muitas vezes, facilitar a busca por fontes para a produção do conteúdo.

Page 60: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

60

2.2 Jornalismo nas redes sociais

Os sites de redes sociais mudaram completamente a forma de apresentação

do conteúdo jornalístico. È neles que o público expõe sua opinião e compartilha as

informações que julga importantes. Para Prado (2011, apud VELOSO, 2015, p. 28),

as ―redes sociais são o espaço adequado para discussões acaloradas sobre todo

tipo de assunto‖. Assim, se antes os comentários das notícias eram feitos em grupos

presenciais, agora, com as redes sociais, é possível dar sua opinião nos espaços

online, além de ter a possibilidade de compartilhar o conteúdo e mantê-lo ativo na

rede.

Para o jornalismo, as transformações vão desde o processo de produção da

notícia, que, agora, pode ser intermediado pelos canais virtuais, além de ser uma

maneira de atualizar-se rapidamente sobre o que está acontecendo ao redor do

mundo. Ou seja, além de ser um espaço para auxiliar na produção da notícia, a rede

social também auxilia na propagação do conteúdo. Os perfis online também são

importantes para manter uma conversa com o internauta – algo bem informal, como

se ele estivesse falando com um amigo próximo, em alguns casos, variando de

acordo com o perfil da empresa administradora da página. Assim,

o aumento das possibilidades de acesso à informação e a ampliação do ambiente digital modificaram a cadeia de produção e critérios do jornalismo tradicional, levando os profissionais a buscarem novos formatos para a produção e circulação de notícias (SARDÁ, LUPINACCI, BARBOSA et all, 2014, p. 2).

Se a televisão e o rádio são medidos pela audiência, a principal métrica dos

veículos online é o número de visualizações das páginas (pageviews) no site. Por

isso, os jornais buscam cada vez mais estratégias diferentes para chamar o

internauta para o seu endereço virtual e, consequentemente, aumentar a busca pela

página principal. As redes sociais integram estas estratégias, possibilitando que o

veículo compartilhe links das matérias publicadas em sua fanpage, além de dar a

oportunidade para que o internauta curta e comente no próprio Facebook, também

possa compartilhar o material diretamente do site para o seu círculo de amigos da

rede social. Assim, ―ao postar links nas redes, os jornais atraem acesso de seus

seguidores. Ao disponibilizar o botão de compartilhamento, os jornais apostam na

recirculação para angariar mais acessos‖ (SARDÁ, LUPINACCI, BARBOSA et all,

Page 61: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

61

2014). Ou seja, a partir de agora, o leitor adquire novas funções no processo

comunicacional, já que ―os interagentes podem participar do processo jornalístico

não só na produção de conteúdos e como fontes, mas também contribuindo para

potencializar o alcance de um conteúdo jornalístico, através da recirculação‖ (ZAGO,

2008, p. 16).

As redes sociais também trabalham com dados em forma de métricas. No

Facebook, por exemplo, é possível acompanhar quantas pessoas a publicação

alcançou, quantas clicaram na publicação, quantas reagiram, comentaram e

compartilharam a postagem e, em caso de vídeos, quantas visualizaram o material.

Com a análise dos dados, consegue-se, assim, acompanhar a movimentação da

fanpage e saber os tipos de conteúdo que possuem um maior engajamento, que é o

número de interações que o usuário tem na fanpage. Ou seja, nada adianta ter um

grande número de fãs, se este público não interage com as postagens da página.

Para o sucesso da fanpage, também é importante saber os horários de picos de

engajamento, além de observar os tipos de conteúdo que geram mais retornos

positivos para o canal.

O BuzzFeed, que é o objeto de estudo da pesquisa, tem um forte trabalho

junto aos canais online, principalmente na fanpage do Facebook. Com postagens

frequentes, mais de uma vez ao dia, o conteúdo é repercutido nas redes sociais do

veículo e, muitas vezes, compartilhado pelo internauta, tornando-o um viral na web.

São as estratégias deste processo de viralização que serão analisadas no próximo

capítulo.

Page 62: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

62

3 ANÁLISE DA FANPAGE DO BUZZFEED BRASIL

3.1 Metodologia

Para o desenvolvimento desta análise, serão utilizados os seguintes

métodos e técnicas: pesquisa bibliográfica, pesquisa qualitativa, estudo de caso e

análise de conteúdo. A seguir, esses aspectos serão explicados para esclarecer o

desenvolvimento da análise das estratégias de viralização da fanpage do BuzzFeed

Brasil.

3.1.1 Pesquisa qualitativa

Trata-se da forma de abordagem da pesquisa. A análise classifica-se como

qualitativa, na medida em que não pode ser mensurada. Por isso, ela não se

preocupa com dados numéricos, mas sim com a compreensão de um fenômeno

social.

Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam os valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados são não-métricos (suscitados e de interação) e se valem de diferentes abordagens (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 32).

Portanto, a pesquisa qualitativa preocupa-se com aspectos que não podem

ser quantificados, ―centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das

relações sociais‖ (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p.32), como é o caso da análise da

fanpage do BuzzFeed Brasil para verificar as estratégias de viralização das

postagens.

3.1.2 Pesquisa bibliográfica

Parte fundamental para o desenvolvimento deste trabalho, a pesquisa

bibliográfica constou em reunir até o momento as definições teóricas de três pilares

básicos: a Internet e a Web 2.0, as redes sociais e o jornalismo online. Para Lakatos

e Marconi, a pesquisa:

Page 63: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

63

pode ser considerada um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Significa muito mais do que apenas procurar a verdade: é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos (LAKATOS; MARCONI, 2009, p. 43).

Ainda segundo Lakatos e Marconi (2009), toda pesquisa precisa de uma

busca de dados de variadas fontes. Por isso, para validar esta análise, diversos

autores foram utilizados no processo de criação do referencial teórico da pesquisa,

como Alex Primo (2007 e 2013) e Eduardo Vieira (2003) para contextualizar a

Internet e a Web 2.0, David Kirkpatrick (2011), Eli Pariser (2012) e Raquel Recuero

(2012, 2014 e 2015) para explicar as redes sociais e o Facebook e João Canavilhas

(2015), Marcos Palacios (2007) e Pollyana Ferrari (2008) para descrever o

jornalismo online.

3.1.3 Estudo de caso

Uma das técnicas escolhidas para a realização da pesquisa é o estudo de

caso, que, nesta análise, centrou-se na fanpage do BuzzFeed Brasil. Yin explica

que:

um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos (YIN, 2005, p. 32).

Entende-se assim que o estudo de caso envolve condições contextuais. Ele,

como método de pesquisa, abrange várias questões, como o planejamento, a coleta

de dados, as abordagens específicas, além das análises propriamente ditas. Há

ainda, no mínimo, cinco aplicações diferentes do estudo de caso na pesquisa:

A mais importante é explicar os supostos vínculos causais em intervenções da vida real que são complexos demais para as estratégias experimentais ou aquelas utilizadas em levantamentos. Uma segunda aplicação é descrever uma intervenção e o contexto na vida real em que ela ocorre. Em terceiro lugar, os estudos de caso podem ilustrar certos tópicos dentro de uma avaliação, outra vez de um modo descritivo. A quarta aplicação é que a estratégia de estudo de caso pode ser utilizada para explorar aquelas situações nas quais a intervenção que está sendo avaliada não apresenta um conjunto simples e claro de resultados. Em quinto lugar, o estudo de caso pode ser uma ―meta-avaliação‖- o estudo de um estudo de avaliação (YIN, 2005, p. 34).

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64

Neste caso, os posts da fanpage do BuzzFeed Brasil serão analisados para

verificar quais são as estratégias de viralização utilizadas pelo canal. Para tal

estudo, Yin explica que ―produzir um estudo de caso como esse exige que o

pesquisador seja entusiástico em relação à investigação e deseje transmitir

amplamente os resultados obtidos‖ (YIN, 2005, p.197).

Após determinar o período de 8 de maio a 8 de junho de 2016 para a

análise, os posts foram selecionados. O número de curtidas, comentários e

compartilhamentos foram analisados para verificar as estratégias de viralização da

fanpage. Depois da análise, os resultados apresentarão qual formato de postagem e

seus elementos, como linguagem e imagem utilizadas, tendem a ter um maior índice

de viralização.

3.1.4 Análise de conteúdo

A análise de conteúdo possui ferramentas para estudar as formas de

comunicação. Bardin (2000, p. 38) a define como um ―conjunto de análise das

comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do

conteúdo nas mensagens‖.

De um modo geral, pode-se afirmar que a análise de conteúdo possui dois

objetivos: entender o que está sendo propriamente dito na mensagem e, em um

segundo momento, com um outro olhar, encontrar também o conteúdo que não está

explícito na mensagem. Bardin (2000) também define que ―qualquer comunicação,

isto é, qualquer transporte de significações de um emissor para um receptor

controlado ou não por este, deveria poder ser escrito, decifrado pelas técnicas de

análise de conteúdo‖ (BARDIN, 2000, p. 32).

Além dos objetivos, a análise de conteúdo possui duas funções, que

necessariamente precisam seguir juntas na prática. A primeira, segundo Bardin

(2000), é a função heurística, que aumenta a propensão à descoberta de algo. ―É a

análise de conteúdo ‗para ver o que dá‘‖ (BARDIN, 2000, p. 30). Já a função de

administração da prova, que é o caso desta pesquisa, trabalha com as hipóteses

como questões ou afirmações provisórias, em que utilizarão o método de análise

como uma confirmação. ―É a análise de conteúdo ‗para servir de prova‘‖ (BARDIN,

Page 65: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

65

2000, p. 30). Na prática, estas duas funções podem mesclar-se para complementar

a pesquisa.

A análise de conteúdo divide-se em diferentes etapas. Bardin (2000) sugere

três fases distintas:

a) Pré-análise: é a fase de organização e intuição do pesquisador. Aqui, o

objetivo é sistematizar as ideias iniciais para conduzir o plano de análise, com

leituras, escolha de bibliografia, formulação de hipóteses e objetivos e

preparação do material – parte das atividades já desenvolvidas no projeto da

pesquisa. Bardin define esta fase como ―um período de intuições, mas, tem

como objetivo tornar operacionais e sistematizar as ideias iniciais, de maneira

a conduzir a um esquema preciso do desenvolvimento das operações

sucessivas, num plano de análise‖ (BARDIN, 2005, p. 95).

b) Exploração do material: com o material da pré-análise em mãos, esta fase

nada mais é do que a análise em si. Aqui, o trabalho ―consiste

essencialmente de operações de codificação, desconto ou enumeração, em

função de regras previamente formuladas‖ (BARDIN, 2005, p. 101). Para isso,

após a escolha de um corpus específico, basta utilizar os métodos já

escolhidos na fase anterior.

c) Tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação: na última etapa,

com operações estatísticas e provas de validação, os resultados são tratados

para ganhar validade:

Para um maior rigor, estes resultados são submetidos a provas estatísticas, assim como a testes de validação. O analista, tendo à sua disposição resultados significativos e fiéis, pode então propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos previstos, ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas (BARDIN, 2005, p. 101).

Após estas três fases, foi possível interpretar os resultados obtidos e,

finalmente, responder à questão norteadora desta pesquisa. Para isso, na prática,

primeiramente, foi escolhido o corpus para análise – os dez posts direcionados para

o site publicados na fanpage do BuzzFeed Brasil que tiveram o maior número de

compartilhamentos. Optou-se por deixar fora da análise conteúdos postados

diretamente na fanpage, como vídeos e fotos publicados sem direcionamento para o

site. O critério de escolha ocorreu ao perceber que a linguagem desses formatos é

diferente da linguagem abordada nos compartilhamentos dos links de matérias, além

Page 66: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

66

de que o conteúdo viralizava diretamente nas plataformas das redes sociais, não

levando o internauta para o site do veículo. Por fim, foram analisados os números de

interações – reações, comentários e compartilhamentos – destes posts, além da

escolha de formato, conteúdo, linguagem e imagem das postagens. O resultado final

apresentou as estratégias de viralização da fanpage, respondendo à questão

norteadora proposta nesta pesquisa.

3.2 O BuzzFeed

O BuzzFeed é um site de notícias e entretenimento conhecido por produzir

conteúdo altamente compartilhável35. O nome do site surgiu com a junção de duas

palavras em inglês (buzz + feed) e tem o significado de alimentar (como conteúdo)

aquilo que se espalha facilmente na rede (SARDÁ, LUPINACCI, BARBOSA et all,

2014). Fundado em 2006, em Nova York, por Jonah Peretti, a ideia inicial era criar

um laboratório viral. Hoje, o site conta com mais de 200 milhões de acessos

mensais. Em 2013, surgiu a versão brasileira da página, editada pela jornalista

Manuela Barem:

Figura 2. Página inicial do BuzzFeed Brasil

Fonte: buzzfeed.com/?country=br

35

Informações disponíveis em: <http://www.buzzfeed.com/about>. Acesso em outubro de 2015.

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67

Quem nunca ouviu falar da página, certamente, já deve ter cruzado com

algum material compartilhado nas redes sociais. Para o BuzzFeed, ―tão importante

quanto o tema do conteúdo parece ser o formato que essa mensagem recebe‖

(JENKINS, FORD, GREEN, 2014, apud SARDÁ, LUPINACCI, BARBOSA et all,

2014, p. 3). Os posts – na maioria das vezes em forma de listas numeradas – têm

um índice elevado de compartilhamentos na rede, tornando-se, muitas vezes, um

viral. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo36, Manuela Barem, editora-chefe

do BuzzFeed Brasil, afirma que ―as listas são uma forma intuitiva de lidar com toda

essa informação ao nosso redor; elas organizam isso‖. Em entrevista para o jornal El

País37, em fevereiro de 2016, Peretti afirma que o sucesso das listas não é de hoje.

Para ele,

as listas são um fenômeno muito duradouro na mídia: você tem aí Os Dez Mandamentos (ri). A Bíblia está cheia de listas, está em nossa cultura. Recordemos a imprensa feminina e suas reportagens do tipo ―cinco conselhos para...‖, muito tempo antes que a Internet existisse. Acho que a lista é um meio útil de escanear informação, mas é preciso engendrá-las para renovar o formato e não cair na preguiça. (PERETTI, 2016).

O formato listicle (list + article) segue um modelo em que o texto é formatado

com itens numerados e explicados por meio de frases curtas. As publicações

costumam ser acompanhadas de imagens para ilustrar o que está sendo dito – que

pode ser algo voltado para o humor ou uma notícia mais séria, normalmente como

um resumo do que aconteceu. Além das listas, também são publicados quizzes38 e

vídeos que, em função do formato e objetividade, são muito compartilhados em

postagens nas redes sociais e dispositivos móveis. Um dos diferenciais do site é a

não utilização de banners publicitários. No BuzzFeed, a publicidade entra como

conteúdo, na maioria das vezes, alguma lista voltada ao interesse da marca e

assinada por ela. Em junho de 2016, entrou ao ar a primeira lista brasileira que

possibilitava ao internauta comprar os produtos da loja virtual da marca diretamente

do site do BuzzFeed. Dados recentes da própria empresa mostram que 75% do

36

Entrevista para o jornal Folha de São Paulo, disponível em <http://m.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/01/1732514-em-livro-de-listas-jornalista-traduz-identidade-da-geracao-dos-memes.shtml>. Acesso em junho de 2016. 37

Entrevista para o jornal El País, disponível em <http://brasil.elpais.com/brasil/2016/02/24/tecnologia/1456328758_465322.html>. Acesso em junho de 2016. 38

Quiz é um jogo no qual os jogadores tentam responder corretamente questões de um determinado assunto, que pode ser generalizado ou temático.

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68

tráfego de referência vêm de sites como Twitter e Facebook (SARDÁ, LUPINACCI,

BARBOSA et all, 2014).

O conteúdo publicado vai além de animais fofinhos. Os assuntos das listas

variam de comportamento a dicas de culinária, de fofocas de celebridades a sessões

de nostalgia, passando por informações do momento, como coberturas especiais e

matérias que possam ter uma boa repercussão no universo digital. Em entrevista à

revista Época39, em maio de 2015, Peretti define o sucesso do BuzzFeed como ―uma

mistura de ciência e arte‖. Para ele, não há uma fórmula especial para criar virais na

web, mas sim, há temas que costumam chamar mais a atenção do público:

Entre os principais estão os conteúdos de humor. Algo que faça com que a pessoa dê risada e queira compartilhar com seus amigos. Imagens de animais fofos, que mexem com a emoção, também costumam trazer grande audiência. Uma tendência mais recente que estreamos é o Buzzfeed Life. São publicações voltadas a quem quer ter uma vida melhor e mais saudável: Como melhorar seu cabelo? Qual roupa escolher em determinada ocasião? Como decorar seu apartamento gastando pouco? Finalmente, temos aquelas postagens que pessoas com determinadas características se identificam. Por exemplo, as ―18 piores coisas que podem acontecer com um canhoto‖. Elas atraem tanto canhotos quanto quem tem curiosidade em saber das especificidades da vida dessas pessoas (PERETTI, 2015).

Além do conteúdo voltado para o humor, ―o formato de artigo em lista

também é muito utilizado como recurso para ‗resumir‘ ou explicar rapidamente algum

evento ou fato que acabou de acontecer‖ (SARDÁ, LUPINACCI, BARBOSA etall,

2014, p. 3). Mesmo com o compartilhamento de conteúdo viral como peça

fundamental para o sucesso do BuzzFeed, o site vem se aperfeiçoando em

conteúdos mais profundos. Por isso, ―artigos mais longos – e que tratam de temas

sérios – estão sendo publicados com uma frequência cada vez maior‖ (SARDÁ,

LUPINACCI, BARBOSA, et all, 2014, p. 4). Mas, mesmo assim, o foco do site

continua sendo em criar conteúdos que sejam altamente compartilháveis nas redes:

Os jornalistas do site são estimulados a se apropriarem e compartilharem os conteúdos que existem na internet e que são produzidos aos montes. A função das equipes é dar uma certa curadoria ao que já existe publicado, com a intenção de que isso ressoe da melhor forma possível nos diversos canais sociais da empresa (MILLER

40, 2015).

39

Texto disponível em: <epoca.globo.com/vida/noticia/2015/04/jonah-peretti-do-buzzfeed-o-que-fazemos-e-

uma-mistura-de-arte-e-ciencia.html>. Acesso em outubro de 2015. 40

Fonte: YouPix. Disponível em: <https://youpix.com.br/em-defesa-da-buzzfeediza%C3%A7%C3%A3o-do-

jornalismo-4018caa12431#.f1r2pbw8k>. Acesso em junho de 2016.

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69

Como citado no capítulo 1 deste trabalho, o BuzzFeed, que tem as listas

como marca registada, não foi o criador desta forma de conteúdo – elas surgiram

ainda no século XIX. As listas publicadas pelo site possuem quase sempre o mesmo

padrão: são itens numerados que trazem frases bem-humoradas e imagens

engraçadas sobre a situação determinada no título. ―A proposta do BuzzFeed é

centrada em criar conteúdo que seja extremamente compartilhável. Isto se dá

através de uma mistura que combina textos e imagens aparentemente

descompromissados, permeados por piadas e humor‖ (SARDÁ, LUPINACCI,

BARBORA et all, 2014, p. 3). As imagens utilizadas são próprias da web e o site,

muitas vezes, também utiliza GIFs, que são pequenas animações. Os memes da

web também são utilizados nas postagens. ―A maioria deles consiste de replicações

e intervenções em imagens que por alguma razão se tornaram famosas‖ (SARDÁ,

LUPINACCI, BARBORA et all, 2014, p. 4). As modificações podem ter um tom

humorístico ou debochado e, em outros casos, as imagens são recortadas e

ganham uma nova interpretação. O conteúdo em forma de vídeo também vem

ganhando destaque. Sempre pensando na proposta do compartilhamento, o material

é publicado de forma curta, informal e com um tom de humor.

3.3 O BuzzFeed no Facebook

A fanpage do BuzzFeed Brasil no Facebook tem um público de mais de 1,3

milhão de fãs41, os quais são convidados a interagir com as postagens, que seguem

uma frequência de 12 a 14 posts por dia. No Brasil, além do Facebook, o BuzzFeed

tem conta no Twitter, com mais de 78 mil seguidores e um conteúdo adaptado para

a rede social de apenas 140 caracteres. O site também mantém uma conta no

Snapchat42, com conteúdos exclusivos para o aplicativo.

Mesmo com os outros canais, é no Facebook que o processo de viralização

fica mais claro. Quanto mais compartilhamentos um post tiver, maiores as chances

de ele tornar-se um viral. Além disso, o internauta tem a opção de reagir e comentar

o post. Muitas vezes, o conteúdo é pensado exclusivamente para determinado

formato, como é o caso do Facebook. Assim, não necessariamente as redes sociais

41

Dados do Facebook, em junho de 2016. 42

Aplicativo de rede social de mensagens instantâneas voltado para smartphones, que pode ser usado para enviar textos, fotos e vídeos. O diferencial do app é que o conteúdo publicado só pode ser visto apenas uma vez, já que é deletado logo em seguida, se "autodestruindo" da plataforma.

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70

terão apenas postagens de links direcionados para o site e é possível encontrar

também fotos e vídeos publicados diretamente na fanpage. ―São propostas

estratégicas que fogem do modelo tradicional de jornalismo e permitem à empresa

conhecer melhor o seu público em cada tipo de ambiente digital‖ (MILLER, 2015).

Além disso, a combinação de chamadas curtas e leves com imagens

descontraídas facilita o processo de leitura do internauta, aumentando as chances

de ele se identificar com o conteúdo e, possivelmente, compartilhá-lo para sua rede

de amigos para, futuramente, ser viralizado na web. Assim, observa-se que o grande

número de compartilhamentos na fanpage do BuzzFeed no Facebook tem relação

com ―os formatos de posts em curta duração, visualmente apelativos e que

incentivam o engajamento‖ (SARDÁ, LUPINACCI, BARBOSA et all, 2014, p. 4).

3.4 Delimitação de corpus

Após explicar os conceitos fundamentais para esta pesquisa, como a

Internet, as redes sociais, com foco no Facebook, o jornalismo online e a viralização

na web, é preciso delimitar o corpus e seus recortes de estudos. Sabe-se que o

BuzzFeed Brasil tem uma média de 12 a 14 posts diários. Pensando assim, decidiu-

se que o período de análise seria de trinta dias, de 8 de maio a 8 de junho de 2016.

Ao total, foram mais de 180 posts neste período.

Após uma pré-análise de todas as postagens do período escolhido, optou-se

por selecionar os posts em forma de links que direcionam para o site, para entender

os níveis de viralização do conteúdo publicado no endereço virtual, excluindo, assim,

os conteúdos postados diretamente na fanpage, como os vídeos e as fotografias

publicados sem direcionamento para o site. Este critério de escolha ocorreu ao

perceber que a linguagem destes formatos é diferente da abordada nos

compartilhamentos dos links de matérias. Além disso, quando se trata de vídeos e

fotos publicados diretamente na fanpage, percebe-se que este tipo de conteúdo

viraliza diretamente nas plataformas online, ou seja, não leva o internauta para o site

do veículo.

Por ser um número muito amplo de postagens e por excluir o formato de

publicações diretamente na fanpage, foram escolhidos os dez posts mais viralizados

e postados com links para o site, em que serão analisados o número de interações –

reações, comentários e compartilhamentos – destes posts, além da escolha de

Page 71: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

71

formato, conteúdo, linguagem e imagem das postagens. É importante ressaltar que

os temas podem se alterar de acordo com o que está acontecendo no momento. A

tabela abaixo mostra os posts selecionados e o número de compartilhamentos de

cada um até o dia 8 de junho de 2016:

Tabela 3. Dez posts da fanpage do BuzzFeed Brasil mais viralizados de 8 de maio a 8 de junho de 2016.

Compartilhamentos Postagem Data

5126

22 perguntas sinceras que gays e lésbicas querem fazer para os

homofóbicos

09/05/2016

5039

Este gif do que fazer com o título de eleitor está sendo muito compartilhado

no Facebook

12/05/2016

4982 Eis aqui um manifesto em defesa do bombom Caribe

30/05/2016

3976 24 dos filmes de terror mais macabros de todos os tempos

29/05/2016

2911 O cara atacado pelos taxistas não ficará no prejuízo graças à internet

13/05/2016

2254 16 histórias da vida de quem tem cara de bravo

11/05/2016

2108 15 dilemas que já passaram pela cabeça de toda pessoa pensativa

demais

03/06/2016

2065 12 tuítes que ―desenharam‖ a cultura do estupro

27/05/2016

1750 18 fotos que mostram como a sua vida muda depois que você adota um gato

05/06/2016

1709

29 coisas que nós mulheres evitamos fazer porque tememos por nossa

segurança

27/05/2016

3.5 Análise

Após a pesquisa histórica e teórica produzida neste trabalho, abordando

questões do jornalismo online, das redes sociais e da viralização na web, parte-se

para a análise do objeto de estudo: a fanpage do BuzzFeed Brasil no Facebook. Já

com a metodologia escolhida e aplicada, com foco maior na análise de conteúdo, e o

corpus delimitado, com os dez posts mais compartilhados com direcionamento para

o site a serem analisados, que estão anexados ao fim do trabalho, partiu-se para a

análise do material selecionado.

Page 72: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

72

Na análise, foram estudados individualmente cinco itens, considerados

fundamentais para a pesquisa: formato, conteúdo, linguagem, imagem e

interatividade. Ao fim da pesquisa, chegou-se aos objetivos propostos no trabalho e

as estratégias de viralização da fanpage do BuzzFeed Brasil no Facebook foram

descobertas.

3.5.1 Formato

O buzzfeed.com é conhecido por publicar a maior parte de seu conteúdo em

formato listicle (list + article), que consiste em listas numeradas e ilustradas com

imagens de acordo com a situação, muitas vezes com um toque de humor embutido

na publicação. Como citado no item 3.2 deste capítulo, as listas são muito utilizadas

―como recurso para ‗resumir‘ ou explicar rapidamente algum evento ou fato que

acabou de acontecer‖ (SARDÁ, LUPINACCI, BARBOSA et all, 2014, p. 3). Além

disso, para o BuzzFeed, ―tão importante quanto o tema do conteúdo parece ser o

formato que essa mensagem recebe‖ (JENKINS, FORD, GREEN, 2014, apud

SARDÁ, LUPINACCI, BARBOSA et all, 2014, p. 3). Nos dez posts selecionados para

a análise, as listas aparecem em sete publicações de variados assuntos, indo dos

temas factuais até o entretenimento, incluindo as tradicionais listas com animais

fofinhos.

A matéria ―22 perguntas sinceras que gays e lésbicas querem fazer para os

homofóbicos‖ (Figura 3), publicada em 9 de maio, teve 5126 compartilhamentos,

sendo a mais compartilhada no período selecionado para a análise:

Page 73: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

73

Figura 3. 22 perguntas sinceras que gays e lésbicas querem fazer para os homofóbicos

Fonte: facebook.com/buzzfeedbrasil

Com um teor sério, informando que, no Brasil, um LGBT43 é morto a cada 27

horas, o conteúdo em forma de lista dá uma nova cara ao que até então seria

tradicional nos veículos de comunicação, normalmente trabalhado apenas com

textos e fotos. Aqui, a contextualização é breve e é feita logo na linha de apoio,

apenas introduzindo o assunto para, logo após, ser apresentado o conteúdo da lista,

sempre na ordem numeral, com imagens e textos. Além disso, mostrar as pessoas

com suas respectivas opiniões dá um tom de humanização ao conteúdo, fazendo

com que o leitor se identifique ainda mais com a proposta do texto, aumentando,

assim, as chances de compartilhamento do post.

43

Sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros.

Page 74: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

74

Nota-se também que as listas são utilizadas para diferentes assuntos. Além

de conteúdos que necessitam de uma seriedade maior, há temas mais

descontraídos, como as ―16 histórias da vida de quem tem cara de bravo‖ (Figura 4),

publicada em 11 de maio e com 2254 compartilhamentos:

Figura 4. 16 histórias da vida de quem tem cara de bravo

Fonte: facebook.com/buzzfeedbrasil

O humor é bem utilizado nas publicações do BuzzFeed, e o formato listicle

permite que o veículo ―brinque‖ com o internauta, mesclando os conteúdos mais

densos e sérios com histórias mais leves e descontraídas, além de, novamente,

humanizar a timeline do Facebook, apresentando matérias que façam com que o

internauta identifique-se com o que está sendo dito, gerando, assim, mais

compartilhamentos da publicação. Este tipo de matéria, por exemplo, não vai mudar

a vida de ninguém e não tem uma relevância para a sociedade em geral. Porém, o

fato do internauta enxergar-se nos tópicos da lista faz com que o conteúdo viralize

Page 75: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

75

na rede, já que ele compartilhará para a sua rede de contatos do Facebook. Além

disso, nota-se, quando o conteúdo é em formato de listas, que o numeral que indica

a quantidade de itens sempre é quebrado (fugindo do 10, 20 e 30, por exemplo),

neste caso, o 16.

Além das listas, as matérias em formato tradicional também possuem um

alto nível de compartilhamento, dependendo, novamente, do assunto abordado nas

postagens. Porém, elas são em menor quantidade – dos dez posts analisados,

apenas três não acompanham o tradicional numeral que indica as listas. Um

exemplo é a postagem de 12 de maio, intitulada ―Este gif do que fazer com o título

de eleitor está sendo muito compartilhado no Facebook‖ (Figura 4), que teve 5039

compartilhamentos:

Figura 5. Este gif do que fazer com o título de eleitor está sendo muito compartilhado no Facebook

Fonte: facebook.com/buzzfeedbrasil

Page 76: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

76

O assunto, que viralizou na web antes mesmo da publicação do BuzzFeed,

foi abordado de maneira leve e descontraída, mas sem deixar de lado a seriedade e

veracidade da informação. Para isso, o BuzzFeed apropria-se do que já foi postado

sobre o assunto, utilizando links ao longo da matéria – o hipertexto, que foi estudado

no item 2.1.1 deste trabalho. Porém, nota-se que, mesmo sem ser uma lista

explícita, o texto é quebrado em blocos pequenos de informações, que são

intercalados com fotos, ao estilo das publicações em forma de listas, mas sem

utilizar o numeral.

Por outro lado, a postagem ―Eis aqui um manifesto em defesa do bombom

Caribe‖ (Figura 6), de 30 de maio, com 4982 compartilhamentos, aborda um

conteúdo aparentemente sem relevância social:

Figura 6. Eis aqui um manifesto em defesa do bombom Caribe

Fonte: facebook.com/buzzfeed.com

Page 77: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

77

O conteúdo leve e divertido não tem uma relevância grande para a

comunidade em geral, porém, faz com que o internauta identifique-se com a

publicação, gerando, assim, compartilhamentos. Algumas vezes, este formato pode

ser até mais compartilhado do que os outros. Porém, tudo vai depender do conteúdo

abordado, da época em que ele é publicado e do que está acontecendo no

momento.

Além dos formatos analisados, a fanpage do BuzzFeed Brasil publica

imagens – tirinhas, fotos e montagens, por exemplo – e vídeos curtos diretamente

na página do Facebook. Tais conteúdos também têm um índice alto de viralização,

porém, devido ao formato, a postagem é viralizada apenas na rede social e não

direciona o internauta para o site, excluindo as publicações desta análise. Ao fim,

percebe-se, sim, que as listas são mais compartilhadas do que as matérias

convencionais. Dos dez posts analisados, sete foram publicados em formato de

listas. Porém, além da escolha do formato, a viralização também vai depender do

conteúdo que é abordado no material.

3.5.2 Conteúdo

O formato listicle é considerado a marca registrada do BuzzFeed. Um dos

tipos de conteúdo que chama bastante a atenção do público e, consequentemente,

tem um índice alto de compartilhamentos, são as listas que envolvem animais

fofinhos – normalmente cães ou gatos – e temas que façam com que o internauta se

identifique – e até se veja – naquele texto. Porém, conteúdos factuais, abordados

em formato de lista ou não, também são muito bem vistos pelo público da fanpage,

já que funcionam como um resumo do que está acontecendo. Além disso, as

publicações do site são divididas em categorias: ―trending‖, ―hahaha‖, ―o melhor‖,

―meu deus!‖, ―fofo‖, ―fail‖ e ―wtf‖.

Dos dez posts analisados, independente do formato da publicação, cinco

abordam temas factuais, ou seja, temas que estavam sendo discutidos na grande

mídia no momento da publicação. Porém, o conteúdo tem uma cara própria e foge

do padrão dos veículos tradicionais, utilizando imagens e uma linguagem mais

próxima das características da web, abordando também referências do universo da

Internet, como os memes. Percebe-se, assim, que a apresentação no formato de

lista pode sim surgir para assuntos que exigem uma seriedade maior, sem apelar

Page 78: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

78

para o humor. É o caso das postagens relacionadas ao estupro coletivo, que ocorreu

em maio, no Rio de Janeiro. Para lembrar, o BuzzFeed publicou outras informações

além destas postagens referentes ao assunto, porém com menos

compartilhamentos

No dia 27 de maio, o BuzzFeed publicou os ―12 tuítes que ‗desenharam‘ a

cultura do estupro‖ (Figura 7), com 2065 compartilhamentos no Facebook:

Figura 7. 12 tuítes que ‗desenharam‘ a cultura do estupro

Fonte: facebook.com/buzzfeedbrasil

No mesmo dia, o BuzzFeed publicou as ―29 coisas que nós mulheres

evitamos fazer porque tememos por nossa segurança‖ (Figura 8), que teve 1709

compartilhamentos:

Page 79: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

79

Figura 8. 29 coisas que nós mulheres evitamos fazer porque tememos por nossa segurança

Fonte: facebook.com/buzzfeedbrasil

Nestes conteúdos factuais, nota-se uma aproximação ainda maior do

BuzzFeed ao jornalismo, trazendo referências à atualidade, uma das características

da notícia, que também é presente no jornalismo online. Nos ―12 tuítes que

‗desenharam‘ a cultura do estupro‖, por exemplo, abordou-se um tema sério e que

tem sido bem discutido atualmente com uma linguagem típica da web, dando voz

para o internauta, no caso, os usuários do Twitter. A publicação ―29 coisas que nós

mulheres evitamos fazer porque tememos por nossa segurança‖ complementa o

assunto, trazendo o conteúdo em formato de lista, porém, desta vez, sem a

Page 80: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

80

utilização de imagens intercaladas com o texto. Percebe-se também que as listas

são utilizadas sem imagens intercaladas quando possuem muitos itens numerados.

Além disso, apesar da lista da Figura 7 ser mais descontraída do que a outra por

possuir a linguagem do próprio internauta, o texto, em ambas as postagens, é

acessível para quem for lê-lo – outra característica marcante do BuzzFeed.

Ao contrário destas publicações, a postagem ―15 dilemas que já passaram

pela cabeça de toda pessoa pensativa demais ― (Figura 9), publicada em 3 de junho,

com 2108 compartilhamentos, integra os temas mais leves publicados pela página:

Figura 9. 15 dilemas que já passaram pela cabeça de toda pessoa pensativa demais

Fonte: facebook.com/buzzfeedbrasil

O conteúdo não narra nenhum tipo de acontecimento e é apenas uma forma

de listar características que fazem com que o internauta identifique-se com a

Page 81: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

81

postagem, gerando os compartilhamentos no Facebook. A linguagem também é de

fácil entendimento e são utilizadas imagens bem humoradas para descrever cada

situação enumerada no texto. Neste caso, além da descrição da situação e da foto,

a publicação vem acompanhada de um pequeno texto, sempre referenciando ao que

está sendo dito no tópico, além de conter um toque de humor. As imagens, neste

caso também, são de situações famosas na televisão brasileira, fazendo com que o

internauta relembre as cenas de personagens famosos das novelas.

Por fim, conclui-se que o conteúdo do BuzzFeed varia de assuntos do

momento – as matérias factuais que carregam a personalidade do site na forma de

apresentar o material – aos assuntos voltados para o entretenimento – como as

listas voltadas para o humor e que fazem com que o internauta identifique-se no

texto. Indiferentemente do modelo proposto de conteúdo, o texto sempre vai manter

uma linguagem padrão, típica da web e bem próximo ao leitor, podendo, assim, ser

entendida por qualquer público. As imagens, por sua vez, normalmente darão um

toque de humor à publicação, quando possível, ilustrando a situação descrita no

post da melhor maneira, seja com fotos ou GIFs.

3.5.3 Linguagem

As publicações do BuzzFeed possuem uma linguagem de fácil entendimento

e típica do ambiente da web, muitas vezes, apropriando-se de jargões utilizados na

própria rede online. Tanto no site quanto no Facebook, o tipo de linguagem utilizado

aproxima o internauta da publicação. É algo como uma conversa bem informal com

alguém próximo, principalmente nas postagens que dão características individuais

das pessoas. Aqui, o teor da seriedade da publicação também vai influenciar no tipo

de linguagem utilizada, mas sem sair da linguagem de fácil entendimento.

Além disso, o site utiliza bastante os recursos que a web oferece e que

caracterizam o jornalismo online, segundo Palacios (2007), como a utilização de

hipertexto, de conteúdos multimídia, conteúdos personalizados e atualizados

constantemente e a interação. O hipertexto surge na necessidade de cruzar

informações distintas para contextualizar o leitor, seja de outras matérias publicadas

pelo próprio BuzzFeed ou seja matérias de outros veículos que tenham relação com

o tema abordado, como aconteceu na matéria dos ―12 tuítes que ‗desenharam‘ a

cultura do estupro‖ (Figura 7). Conforme visto no capítulo 2, a multimidialidade

Page 82: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

82

aparece em matérias que possuam formatos distintos de informações, com a

utilização de recursos, como imagens, vídeos e áudios, que acontecem em todas as

publicações do BuzzFeed. Os conteúdos personalizados e atualizados servem

também para as assinaturas, onde o internauta consegue receber o conteúdo

diretamente no seu e-mail e pelo feed de notícias do Facebook. Nesse caso, ele

recebe as notícias de acordo com seus interesses. Por fim, a interatividade, que será

melhor explorada no próximo item deste capítulo, aparece de várias maneiras,

principalmente com as reações, comentários e compartilhamentos, que podem ser

feitos diretamente na publicação do site ou na fanpage do Facebook.

As publicações do caso do estupro coletivo, postadas no dia 27 de maio

(Figuras 7 e 8), por exemplo, têm uma linguagem um pouco mais séria, sem apelar

para o humor, devido ao tema abordado, tanto no site quanto no Facebook. Porém,

ao mesmo tempo em que o veículo aborda esta postura, ele também usa uma

linguagem de fácil entendimento e aproxima quem está lendo do conteúdo, como se

fosse uma conversa entre amigos. Assim, mesmo quem não sabe do acontecimento

consegue entender o que está sendo dito.

Ao contrário da lógica séria, a publicação de 5 de junho, intitulada ―18 fotos

que mostram como a sua vida muda depois que você adota um gato‖ (Figura 10),

que teve 1750 compartilhamentos, utiliza uma linguagem mais descontraída:

Page 83: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

83

Figura 10. 18 fotos que mostram como a sua vida muda depois que você adota um gato

Fonte: facebook.com/buzzfeedbrasil

Além de comprovar a hipótese de Peretti de que animais fofinhos viralizam

na rede, abordada no item 3.2, a publicação mostra uma linguagem mais descolada

e que faz com que o internauta identifique-se com o texto – isso se ele tiver um gato,

é claro – e, certamente, ao ler o texto conseguirá se enxergar em diversas situações.

Como já citado anteriormente, esta identificação aumenta as chances do internauta

compartilhar o link entre seus amigos, gerando assim, a viralização do post.

Percebe-se também que a linguagem é bem simples, sem formalidades, e a

Page 84: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

84

abordagem do conteúdo é próxima de uma conversa entre conhecidos, com um leve

toque de humor, comportando-se como uma pessoa. Assim, pensando no BuzzFeed

como uma figura humana, ele seria alguém feliz na maior parte do tempo, mas que

sabe das responsabilidades que tem.

Por fim, analisa-se que a linguagem utilizada pelo BuzzFeed é própria da

web, sem formalidades, e apresenta sempre um discurso de fácil entendimento para

o internauta, muitas vezes, fazendo com que ele se identifique com o que está

sendo dito. Mesmo em conteúdos mais sérios, o veículo segue o mesmo padrão,

porém, nestes casos, sem apelar para o humor. Isso faz com que o internauta fique

habituado com o formato de texto, facilitando o processo de reconhecimento do

material na rede e sabendo a forma com que ele encontrará o conteúdo no site.

3.5.4 Imagem

As imagens também são de extrema importância para o processo de

viralização dos posts do BuzzFeed Brasil, já que são as responsáveis por ilustrar a

postagem na rede social. O formato das ilustrações varia: memes, prints de redes

sociais, GIFs e imagens com um tom de humor são alguns dos utilizados.

Independente do formato, as imagens conversam diretamente com o texto, muitas

vezes, completando o que está querendo ser dito. Além da chamada ser bem

importante para fisgar o leitor, a imagem tem a mesma função, principalmente na

capa do site e na fanpage. Ou seja, supõe-se que uma foto interessante é

fundamental para garantir uma boa audiência na publicação.

Exemplos diferentes de utilização de imagens são das publicações ―22

perguntas sinceras que gays e lésbicas querem fazer para os homofóbicos‖ (Figura

3), ―12 tuítes que ‗desenharam‘ a cultura do estupro‖ (Figura 7) e ―15 dilemas que já

passaram pela cabeça de toda pessoa pensativa demais‖ (Figura 9). A primeira

aborda um conteúdo mais sério e trabalha com a imagem das pessoas que deram

depoimento para a construção da matéria, algo típico do fotojornalismo. Já a matéria

dos ―12 tuítes que ‗desenharam‘ a cultura do estupro‖, é ilustrada apenas com prints

das publicações do Twitter, utilizando também a opinião e a imagem das pessoas

que, de alguma forma, também auxiliaram a produção da matéria – aqui, encaixa-se

ainda a interatividade, que será analisada no próximo item. Por fim, a postagem dos

―15 dilemas que já passaram pela cabeça de toda pessoa pensativa demais‖ é

Page 85: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

85

ilustrada com personagens da televisão brasileira, com imagens direcionadas ao

sentimento do que está sendo dito.

3.5.5 Interatividade

Como estudado no item 2.1.6 deste trabalho, a interatividade é uma forma

de fazer o leitor se sentir parte do processo de produção da informação, garantindo

certo poder ao usuário, o que até então, era pouco visto nos veículos de

comunicação. No BuzzFeed, ela aparece em diferentes formatos. O próprio site

oferece a oportunidade de interação, possibilitando que o internauta comente

diretamente na publicação. Além disso, seguidamente, o BuzzFeed trabalha a

opinião do internauta como forma de notícia, assim como a publicação ―12 tuítes que

‗desenharam‘ a cultura do estupro‖, que foi toda estruturada com base em postagens

de usuários do Twitter. Já no Facebook, o usuário pode reagir, comentar e

compartilhar a publicação. Os números, porém, nem sempre vão ser os mesmos

para todos os tipos de interação. Ou seja, a postagem mais compartilhada não será

necessariamente a mais curtida. Para ficar mais claro, a tabela abaixo, mostra os

dados de todas as interações via Facebook das dez publicações analisadas:

Tabela 4. Interações via Facebook dos dez posts analisados

Postagem Compartilhamentos Comentários Reações

22 perguntas sinceras que gays e lésbicas querem fazer para os

homofóbicos

5126

238

10000

Este gif do que fazer com o título de eleitor está sendo

muito compartilhado no Facebook

5039

733

19000

Eis aqui um manifesto em defesa do bombom Caribe

4982 1900 10000

24 dos filmes de terror mais macabros de todos os tempos

3976 3700 5900

O cara atacado pelos taxistas não ficará no prejuízo graças à

internet

2911

439

21000

16 histórias da vida de quem tem cara de bravo

2254 874 4200

15 dilemas que já passaram pela cabeça de toda pessoa

pensativa demais

2108

565

5300

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86

12 tuítes que ―desenharam‖ a cultura do estupro

2065 114 10000

18 fotos que mostram como a sua vida muda depois que você

adota um gato

1750

1100

4700

29 coisas que nós mulheres evitamos fazer porque

tememos por nossa segurança

1709

113

5700

Assim, o post mais compartilhado é o das ―22 perguntas sinceras que gays e

lésbicas querem fazer para os homofóbicos‖, com 5126 compartilhamentos. Porém,

o que obteve o maior número de comentários foi a matéria dos ―24 dos filmes de

terror mais macabros de todos os tempos, com 3700 comentários. O maior número

de reações ocorreu na publicação ―O cara atacado pelos taxistas não ficará no

prejuízo graças à internet‖, com 21 mil reações. Percebe-se, assim, que os números

de interações independem uma das outras e podem variar em seus formatos.

De qualquer forma, independente do tipo, as interações mostram o

engajamento do internauta com a publicação, facilitando a contabilização dos

resultados através das métricas para futuras análises da fanpage. Além disso, as

interações fazem com que o post apareça mais vezes no feed de notícias do

Facebook. Ou seja, quanto mais amigos curtirem, comentarem ou compartilharem a

publicação, mais ela poderá aparecer para outros novos amigos, mostrando, de

certo modo, que aquele conteúdo é relevante para determinadas pessoas do círculo

de amizade do usuário, que possuem determinado capital social, conforme

estabelecido por Recuero (2009) que é o ―valor constituído a partir das interações

entre os atores sociais‖ (RECUERO, 2009, p. 45). Esta corrente de links acaba, por

sua vez, construindo o processo de viralização na web.

3.6 Fechamento da análise

Após analisar os cinco tópicos – formato, conteúdo, linguagem, imagem e

interatividade – dos dez posts delimitados do BuzzFeed Brasil, conclui-se que as

listas são mais viralizadas do que matérias em formato tradicional – dos dez posts,

sete são apresentados em formato listicle. Porém, lembra-se que as matérias

tradicionais são editadas de modo similar às listas, com blocos de textos

intercalados com fotos, sendo a maior diferença a falta do numeral para indicar o

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87

formato. Tratando-se do conteúdo, das dez publicações, cinco apresentam

conteúdos factuais, ou seja, aquilo que estava sendo discutido no momento. As

outras postagens são voltadas ao entretenimento e a situações que fazem com que

o leitor identifique-se no momento da leitura.

Como um todo, a linguagem abordada no site e na fanpage do BuzzFeed

Brasil é simples e de fácil entendimento para o leitor. Pode se considerar uma

linguagem como se fosse uma conversa com alguém próximo, excluindo

formalidades da língua. Em alguns casos, utiliza-se a linguagem da web, incluindo

memes e gírias, podendo deixar um tom de humor explícito no material. Porém, a

utilização do humor vai depender do contexto da publicação. Ou seja, postagens

com conteúdos mais sisudos possuem uma linguagem mais séria, mas não tão

formal assim. Para ilustrar, as imagens também têm papel fundamental na

viralização do post e podem ser de diferentes formatos. Porém, na maioria das

vezes, são memes, prints, GIFs ou imagens que tenham um toque de humor,

quando possível. As interações podem aparecer de diferentes maneiras – no site,

por meio de comentários, e no Facebook, por meio de reações, comentários e

compartilhamentos. Como mostrado anteriormente, não necessariamente a

postagem mais compartilhada terá mais reações e vice-versa. Tudo vai depender do

conteúdo e da forma em que ele é abordado.

Ao fim da análise, conclui-se que o formato listicle é uma das estratégias de

viralização da fanpage do BuzzFeed Brasil, assim como a mescla de conteúdos

factuais e de entretenimento, utilizando uma linguagem leve, interativa, de fácil

entendimento e descontraída. Também destacam-se o aproveitamento de imagens

que tenham relevância, podendo ser memes, GIFs, prints ou imagens bem

humoradas. Ao fim de tudo, são estas características que possuem os maiores

níveis de interação e viralização na fanpage.

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88

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vivemos conectados. Mais do que nunca. Seja via smartphones, tablets ou

computadores, é cada vez mais fácil consumir informações que chegam dos mais

variados meios. Sabe-se também que o conteúdo publicado em forma de listas

numeradas, com textos intercalados com imagens divertidas e animadas, é mais

fácil de ser lido e compreendido, já que não se exige muito conhecimento dos

leitores, atingindo um maior número de pessoas. E percebe-se também que é

comum ver posts deste formado no feed de notícias do Facebook. Juntando estas

ideias, mesmo sabendo que não seria fácil prever o que será viralizado na rede,

chegou-se à conclusão de estudar as estratégias de viralização da fanpage do

BuzzFeed Brasil no Facebook, por ser o veículo de referência quando se fala de

listas numeradas.

Duas hipóteses nortearam a pesquisa, que pretendia responder quais são as

estratégias de viralização na fanpage do BuzzFeed Brasil no Facebook. A primeira

hipótese relata que o formato de listas é popular nas redes sociais e costuma atrair a

atenção do internauta nos posts, fazendo com que o conteúdo viralize na web.

Como segunda hipótese, tem-se que a linguagem, as imagens e os memes ajudam

o processo de viralização do post. Além de analisar as estratégias de viralização da

fanpage do BuzzFeed Brasil, a pesquisa tinha como objetivos discutir a produção de

conteúdo para o jornalismo na Internet e entender o contexto de compartilhamento e

interatividade das fanpages do Facebook.

O estudo desenvolvido neste trabalho uniu diferentes conceitos, passou pela

história da Internet, por questões teóricas sobre as redes sociais e pelas

características fundamentais do jornalismo online, na busca de entender o processo

de viralização na web, principalmente do objeto de estudo da pesquisa, a fanpage

do BuzzFeed Brasil. O embasamento teórico, com fundamentações de importantes

autores no universo da comunicação, como Alex Primo, João Canavilhas, Marcos

Palacios e Pollyana Ferrari para descrever o jornalismo online; David Kirkpatrick, Eli

Parisere e Raquel Recuero para explicar as redes sociais e o Facebook; e, por fim,

Jonah Peretti e Thais Sardá et all para defender o BuzzFeed, foi de fundamental

importância para o desenvolvimento deste trabalho.

Após o desenvolvimento do embasamento teórico, analisou-se dez

publicações do BuzzFeed para alcançar os objetivos propostos na pesquisa. A

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89

orientação do trabalho deu-se nos dez posts mais compartilhados no período de 8

de maio a 8 de junho de 2016 e que direcionavam o internauta para o site, ou seja,

links diretos, excluindo fotos e vídeos publicados apenas na rede social. A escolha

deu-se por entender que as publicações de fotos e vídeos possuem uma linguagem

diferenciada e não levavam o internauta para o site do veículo, sendo também mais

fácil de visualizar o conteúdo do que os links.

Durante a pesquisa, notou-se que os sites de redes sociais tiveram uma

grande influência no fluxo de conteúdo da Internet, permitindo, a partir de agora, que

o internauta integre o processo comunicacional. Assim, ―mais do que visitar o perfil

alheio, os usuários querem ver as atualizações mais recentes de seus contatos. Os

próprios perfis mudaram para incluir, também, atualizações‖ (BASTOS; RECUERO;

ZAGO, 2015, p. 27). Ou seja, os sites de redes sociais passaram a ser também

parte da mídia, integrando os veículos de comunicação na rede online. O Facebook,

por exemplo, deixou de ser apenas um ambiente de relacionamento e interação

entre pessoas, alterando também a forma de consumir a informação. Assim, cada

vez mais as redes sociais na Internet servem como fonte de conteúdo para o

internauta, como salienta Pariser (2012, p. 13) quando diz que ―para uma

porcentagem cada vez maior de pessoas, o feed de notícias como o do Facebook

está se transformando em sua fonte principal de informações‖.

Ao estudar o BuzzFeed Brasil, viu-se que 75% da audiência vem de

conteúdos publicados nas redes sociais, como o Facebook e o Twitter (FERRARI,

2015). Notou-se também que o formato listicle, que utiliza textos curtos combinados

com imagens divertidas, facilita o processo de leitura do internauta, e, muitas vezes,

faz com que ele se identifique com a postagem, gerando compartilhamentos nas

redes sociais e a tornando um viral na web. Além disso, é muito mais fácil para o

internauta ler o conteúdo publicado neste formato. Assim, ―as listas, imagens e

quizzes são tão utilizados porque parecem promover a propagação e o

compartilhamento com muito mais rapidez e objetividade, o que acaba aumentando

também a quantidade de visitas do site‖ (SARDÁ, LUPINACCI, BARBORA et all,

2015, p. 6).

Concluiu-se, assim, que existem cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil

utiliza para viralizar as publicações no Facebook:

1) a presença do formato listicle;

2) a mescla de conteúdos factuais e de entretenimento;

Page 90: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

90

3) a utilização de uma linguagem leve, interativa, de fácil entendimento e

descontraída, quando possível;

4) o uso de imagens que tenham relevância para a publicação, podendo ser

memes, GIFs, prints ou imagens estáticas com um tom de humor;

5) as interações propostas pelas redes sociais.

Vale lembrar que não existe uma fórmula de sucesso do BuzzFeed e que,

neste estudo, foi selecionada apenas uma pequena amostra das publicações da

fanpage para construir-se um tipo de padrão das postagens que mais viralizaram no

período de análise. Além disso, é pertinente refletir que, em tempos de tantas

informações disponíveis na web, o jornalismo, em geral, precisa pensar em

diferentes formas de comunicação com o público e em maneiras de fidelizá-lo às

suas publicações.

Um dos maiores desafios da pesquisa foi não ter a certeza de que, ao final

do processo de análise, encontraria as estratégias de viralização utilizadas pela

fanpage do BuzzFeed Brasil bem definidas, além de não saber quais seriam as

publicações mais compartilhadas do período analisado, definido posteriormente, e

que poderiam sofrer alterações dependendo dos acontecimentos do momento. As

leituras e a aplicação das teorias na prática, por sua vez, agregaram ainda mais

conhecimento para a pesquisadora, que já era apaixonada pelo universo da

comunicação online antes mesmo do início da produção deste trabalho. Ao longo

dos estudos, percebeu-se ainda que os vídeos e imagens publicados diretamente na

rede social, que foram excluídos da análise desta pesquisa por não levarem o

público para o site e por possuírem uma linguagem distinta, também tem um índice

alto de compartilhamentos. Assim, eles mereceriam uma outra pesquisa a parte,

assim como a influência de novas redes sociais na comunicação, como o Snapchat,

que vem crescendo cada vez mais e exige um formato diferente de contar as

histórias para o internauta.

Por fim, o estilo BuzzFeed de fazer jornalismo, que foi estudado ao longo

desta pesquisa, aborda questões sérias e de entretenimento, na maioria das vezes,

de um jeito leve e descontraído, além de utilizar um formato que conquistou espaço

na web e que hoje está presente em diferentes veículos, originando, assim, o termo

―buzzfeedização do jornalismo‖, proposto por Sardá et all (2014). Hoje, com um

nome reconhecido mundialmente e com uma audiência fiel, o laboratório de virais,

como o BuzzFeed foi chamado inicialmente em 2006, segue com as postagens

Page 91: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

91

listicle em alta, porém, sempre mesclando com outros formatos de publicações. Nas

redes sociais, principalmente no Facebook, o formato de listas segue popular e

costuma atrair a atenção do internauta para a postagem, aumentando, assim, as

chances de ele compartilhar a publicação para o seu círculo de amigos e,

consequentemente, fazer com que o conteúdo viralize na web.

Page 92: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

92

REFERÊNCIAS

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ANEXOS

1 Prints

Os dez posts mais compartilhados entre 8 de maio e 8 de junho de 2016, com

direcionamento para o site:

1.1 22 perguntas sinceras que gays e lésbicas querem fazer para os homofóbicos

Publicação disponível em https://www.buzzfeed.com/irangiusti/23-perguntas-

sinceras-que-gays-e-lesbicas-querem-fazer-par

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1.2 Este gif do que fazer com o título de eleitor está sendo muito compartilhado no

Facebook

Publicação disponível em https://www.buzzfeed.com/florapaul/este-gif-do-que-fazer-

com-o-titulo-de-eleitor-viralizou

Page 99: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

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1.3 Eis aqui um manifesto em defesa do bombom Caribe

Publicação disponível em https://www.buzzfeed.com/raphaelevangelista/eis-aqui-

um-manifesto-em-defesa-do-bombom-caribe

Page 100: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

100

1.4 24 dos filmes de terror mais macabros de todos os tempos

Publicação disponível em https://www.buzzfeed.com/annakopsky/24-dos-filmes-de-

terror-mais-macabros-de-todos-os

Page 101: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

101

1.5 O cara atacado pelos taxistas não ficará no prejuízo graças à internet

Publicação disponível em https://www.buzzfeed.com/clarissapassos/o-cara-atacado-

pelos-taxistas-nao-ficara-no-prejuizo gracas?utm_term=4ldqpfs&bftwbrazil#4ldqpfs

Page 102: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

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1.6 16 histórias da vida de quem tem cara de bravo

Publicação disponível em https://www.buzzfeed.com/susanacristalli/16-historias-da-

vida-de-quem-tem-cara-de-bravo

Page 103: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

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1.7 15 dilemas que já passaram pela cabeça de toda pessoa pensativa demais

Publicação disponível em https://www.buzzfeed.com/rafaelcapanema/pessoas-

pensativas-demais

Page 104: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

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1.8 12 tuítes que ―desenharam‖ a cultura do estupro

Publicação disponível em https://www.buzzfeed.com/manuelabarem/12-tuites-que-

desenharam-a-cultura-do-estupro

Page 105: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

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1.9 18 fotos que mostram como a sua vida muda depois que você adota um gato

Publicação disponível em https://www.buzzfeed.com/natalyalobanova/18-fotos-que-

mostram-como-a-sua-vida-muda-depois-q

Page 106: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

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1.10 29 coisas que nós mulheres evitamos fazer porque tememos por nossa

segurança

Publicação disponível em https://www.buzzfeed.com/juliegerstein/29-coisas-que-nos-

mulheres-evitamos-fazer-porque-t

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2 Projeto de Pesquisa

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

ANA CAROLINA MOSELE VIVAN

ESTRATÉGIAS DE VIRALIZAÇÃO DA FANPAGE DO BUZZFEED BRASIL

Caxias do Sul 2015

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

ANA CAROLINA MOSELE VIVAN

ESTRATÉGIAS DE VIRALIZAÇÃO DA FANPAGE DO BUZZFEED BRASIL Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia I. Orientador(a): Ana Maria Acker

Caxias do Sul 2015

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LISTA DE TABELAS

Figura 1. Página inicial do BuzzFeed Brasil .......................................................... 19

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 05 1.1 Processo de descoberta .................................................................................. 05 2 TEMA ................................................................................................................. 06 3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 06 4 QUESTÃO NORTEADORA ............................................................................... 07 5. HIPÓTESES ...................................................................................................... 07 6. OBJETIVOS ...................................................................................................... 08 6.1 Objetivo geral .................................................................................................. 08 6.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 08 7. METODOLOGIA ............................................................................................... 08 8. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 09 8.1 Jornalismo online ............................................................................................ 09 8.2 Redes sociais .................................................................................................. 14 8.3 BuzzFeed ......................................................................................................... 19 9. ROTEIRO DOS CAPÍTULOS ............................................................................ 21 10. CRONOGRAMA ............................................................................................. 21 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 22

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a internet alterou a forma com que nos comunicamos. Se

antes bastava ler os principais jornais impressos e acompanhar os telejornais para

se manter informado, hoje a possibilidade de conteúdo na web é gigantesca. São

milhares de sites disponíveis a todos que têm acesso à internet a qualquer local e

hora do dia, utilizando computadores, smartphones e tablets.

Os sites de redes sociais também alteraram a forma de consumo da

informação. Antes da existência deles, era comum discutir os assuntos do momento

em pequenos grupos presenciais. Ainda havia a possibilidade de interagir com os

veículos por canais de comunicação, como as cartas do leitor. Com as redes sociais,

a comunicação ficou mais fácil e, para interagir com a informação, basta clicar em

alguns botões. Agora, é possível curtir, comentar e compartilhar sua opinião sobre o

acontecimento. Um número grande de compartilhamentos sobre um determinado

assunto pode se transformar em um viral na web, que, nada mais é, do que uma

notícia que tem a capacidade de se espalhar pela rede de forma rápida e intensa.

O BuzzFeed é um site de notícias e entretenimento conhecido por publicar o

conteúdo, na maioria das vezes, em formato de listas numeradas, com assuntos que

variam de comportamento a dicas de culinária, de fofocas de celebridades a sessões

de nostalgia, normalmente acompanhadas de imagens animadas com um tom de

humor. Esta forma de apresentar o conteúdo atinge cerca de 150 milhões de

usuários mensais. Além disso, atualmente observa-se que outros veículos estão se

apropriando deste formato de notícia, que, ao contrário do que se imagina, surgiu

ainda no século XIX.

Com foco nas estratégias de viralização da fanpage do BuzzFeed Brasil no

Facebook e seus impactos no jornalismo atual, este trabalho abordará conceitos

fundamentais do jornalismo online e das redes sociais, além de uma explicação

breve do que é o BuzzFeed, para, em um segundo momento, analisar posts que

viralizaram na fanpage para entender seus compartilhamentos.

Page 112: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

112

1.1 Processo de descoberta

Apaixonada por comunicação e redes sociais, a acadêmica viu neste

contexto a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos. Com o tema voltado

para o universo online, não foi tão difícil chegar no objeto de estudo.

Sabe-se que o conteúdo publicado em forma de listas numeradas, com

textos intercalados com imagens divertidas e animadas, pelo BuzzFeed é mais fácil

de ser lido. Percebe-se também que é comum ver posts do site compartilhados no

feed de notícias do Facebook. Juntando as duas ideias, chegou-se à conclusão de

estudar as estratégias de viralização da fanpage do BuzzFeed Brasil no Facebook,

abordando conceitos do jornalismo online e das redes sociais.

Ao final da monografia, pretende-se mostrar as estratégias da fanpage e

observar suas influências no jornalismo online atual, além de entregar à comunidade

acadêmica mais uma referência de estudos na área da comunicação digital.

2 TEMA

Vive-se na era da informação e, mais do que nunca, o acesso à notícia está

facilitado. Com alguns cliques, é possível ficar por dentro dos acontecimentos de

todos os cantos do planeta. É neste universo de computadores, smartphones e

tablets que surge o fenômeno de viralização nas redes sociais. Ele nada mais é do

que aquela notícia do momento – que pode ser em forma de texto, vídeo ou

fotografia – que todos compartilham em suas linhas do tempo, garantindo uma alta

audiência para o veículo de comunicação.

Cada vez mais os veículos procuram investir em destacar assuntos que estejam obtendo repercussão, como uma forma de angariar ainda mais acessos. Uma das estratégias que podem ser utilizadas para conseguir mais acesso é postar matérias de entretenimento se apropriando da linguagem de outros espaços da web (SARDÁ, LUPINACCI, BARBOSA, et all, 2014, p. 6).

As estratégias de viralização serão os objetos de estudo deste projeto, tendo

o conteúdo publicado pela equipe do site BuzzFeed Brasil em sua fanpage no

Facebook como estudo de caso. Constata-se em um primeiro momento que, na

maioria das vezes, os posts são muito compartilhados, tornando-se um viral. Neste

trabalho, ainda será feita uma análise dos processos editoriais das publicações da

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113

fanpage que alcançam altos índices de compartilhamento e as influências no

jornalismo atual.

3 JUSTIFICATIVA

As formas de apresentar o conteúdo jornalístico para o público nas redes

sociais são temas recentes de discussão. Cada vez mais, os veículos de

comunicação tentam produzir notícias que sejam altamente compartilháveis no meio

digital. Tudo isso em busca de audiência para seus respectivos sites. A página

BuzzFeed Brasil é uma destas. Com um perfil voltado para o entretenimento, onde

as informações na maioria das vezes são publicadas em forma de listas, o site

consegue atingir um alto nível de compartilhamento dos posts na fanpage, muitas

vezes se tornando um viral.

O assunto abordado não é algo novo, mas ainda apresenta pouca produção

acadêmica disponível. Na Universidade de Caxias do Sul (UCS), por exemplo, não

há pesquisas desenvolvidas sobre o assunto. Já na Universidade Federal do Rio

Grande do Sul (UFRGS), o acadêmico Pedro Miguel Wortmann Veloso apresentou,

em 2014, seu trabalho de conclusão do curso de Jornalismo intitulado

Webjornalismo e entretenimento: as dinâmicas de produção de conteúdo do site

BuzzFeed. Há também artigos acadêmicos sobre o BuzzFeed, como o A

buzzfeedização do jornalismo: 5 coisas que você precisa saber sobre o caso Zero

Hora, produzido também em 2014 por Thais Sardá, Ludmila Lupinacci, Camila

Cornutti Barbosa, Gabriela Zago, Vanessa Valiati e Willian Araújo, mestrandas e

doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da

UFRGS.

As populares listas do BuzzFeed viraram marca registrada do site, mas elas

já existiam antes. Assim como a viralização, que não surgiu no meio digital – ela

existe desde o jornalismo do século XIX44. É difícil prever o que será viralizado na

rede, porém é possível estudar as estratégias que a página utiliza para conseguir tal

feito. São estas estratégias da fanpage do BuzzFeed Brasil que serão analisadas no

trabalho. Pretende-se investigar também o quanto este conteúdo é popular nas

redes e a influência dele no jornalismo online atual.

44

Texto disponível em:<http://www.niemanlab.org/2015/05/listicles-aggregation-and-content-gone-viral-how-1800s-newspapers-prefigured-todays-internet/>. Acesso em setembro de 2015.

Page 114: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

114

3 QUESTÃO NORTEADORA

Quais são as estratégias de viralização na fanpage do BuzzFeed Brasil no

Facebook?

4 HIPÓTESES

O formato de listas é popular nas redes sociais e costuma atrair a atenção do

internauta nos posts, fazendo com que o conteúdo viralize na web.

A linguagem, as imagens e os memes ajudam o processo de viralização do

post.

6 OBJETIVOS

6.1 Objetivo geral

Analisar as estratégias de viralização da fanpage do BuzzFeed Brasil no

Facebook.

6.2 Objetivos específicos

Discutir a produção de conteúdo para o jornalismo na internet;

Estudar o contexto de compartilhamento e interatividade das fanpages do

Facebook;

Analisar posts que viralizam na fanpage do BuzzFeed Brasil para entender

seus compartilhamentos.

7 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento desta análise, serão utilizadas as seguintes

técnicas: . A seguir, as técnicas serão explicadas para esclarecer o

desenvolvimento da análise das estratégias de viralização da fanpage do BuzzFeed

Brasil.

Page 115: Cinco estratégias que o BuzzFeed Brasil utiliza para viralizar as publicações no Facebook

115

7.1 Pesquisa qualitativa

Tratando-se da forma de abordagem da pesquisa, esta análise classifica-se

como qualitativa, dita como aquela que não pode ser mensurada. Por isso, ela não

se preocupa com dados numéricos, mas sim com a compreensão de um grupo

social.

Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam os valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados são não-métricos (suscitados e de interação) e se valem de diferentes abordagens (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 32).

Portanto, a pesquisa qualitativa preocupa-se com aspectos que não podem

ser quantificados, ―centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das

relações sociais‖ (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 32), como é o caso da análise

da fanpage do BuzzFeed Brasil para verificar as estratégias de viralização das

postagens.

7.2 Pesquisa bibliográfica

Parte fundamental para o desenvolvimento deste trabalho, a pesquisa

bibliográfica consta em reunir as definições teóricas de três pilares básicos: o

Jornalismo Online, o Facebook e o BuzzFeed. Para Lakatos e Marconi, a pesquisa:

pode ser considerada um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Significa muito mais do que apenas procurar a verdade: é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos (LAKATOS; MARCONI, 2009, p. 43).

Ainda, segundo Lakatos e Marconi (2009), toda pesquisa precisa de uma

busca de dados de variadas fontes. Por isso, para validar esta análise, diversos

autores foram utilizados no processo de criação do referencial teórico da pesquisa,

como Alex Primo, João Canavilhas, Marcos Palacios e Pollyana Ferrari para

descrever o Jornalismo Online; David Kirkpatrick, Eli Pariser e Raquel Recuero para

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116

explicar as redes sociais e o Facebook; e, por fim, Jonah Peretti, fundador do site

BuzzFeed.

7.3 Estudo de caso

Uma das características da pesquisa é a presença do estudo de caso, que,

nesta análise, é a fanpage do BuzzFeed Brasil. Yin explica que:

um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos (YIN, 2005, p. 32).

Entende-se assim que o estudo de caso envolve condições contextuais. Ele,

como método de pesquisa, abrange várias questões, como o planejamento, a coleta

de dados, as abordagens específicas, além das análises propriamente ditas. Há

ainda, no mínimo, cinco aplicações diferentes do estudo de caso na pesquisa:

A mais importante é explicar os supostos vínculos causais em intervenções da vida real que são complexos demais para as estratégias experimentais ou aquelas utilizadas em levantamentos. Uma segunda aplicação é descrever uma intervenção e o contexto na vida real em que ela ocorre. Em terceiro lugar, os estudos de caso podem ilustrar certos tópicos dentro de uma avaliação, outra vez de um modo descritivo. A quarta aplicação é que a estratégia de estudo de caso pode ser utilizada para explorar aquelas situações nas quais a intervenção que está sendo avaliada não apresenta um conjunto simples e claro de resultados. Em quinto lugar, o estudo de caso pode ser uma ―meta-avaliação‖- o estudo de um estudo de avaliação (YIN, 2005, p. 34).

Neste caso, os posts da fanpage do BuzzFeed Brasil serão analisados para

verificar quais são as estratégias de viralização utilizadas pelo canal. Para tal

estudo, Yin explica que ―produzir um estudo de caso como esse exige que o

pesquisador seja entusiástico em relação à investigação e deseje transmitir

amplamente os resultados obtidos‖ (YIN, 2005, p. 197).

Após determinar um determinado período, os posts serão acompanhados. O

número de curtidas, comentários e compartilhamentos serão analisados para

verificar as estratégias de viralização da fanpage. Depois da análise, os resultados

apresentarão qual tipo de postagem e seus elementos, como linguagem e imagem

utilizados, tendem a ter um maior índice de viralização.

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117

3.1.4 Análise de conteúdo

A análise de conteúdo possui ferramentas possíveis para estudar as formas

de comunicação. Bardin (2000) a define como um ―conjunto de análise das

comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do

conteúdo nas mensagens‖ (BARDIN, 2000, p. 38).

De um modo geral, pode-se afirmar que a análise de conteúdo possui dois

objetivos: entender o que está sendo propriamente dito na mensagem e, em um

segundo momento, com um outro olhar, encontrar também o conteúdo que não está

explícito na mensagem. Bardin (2000) também define que:

qualquer comunicação, isto é, qualquer transporte de significações de um emissor para um receptor controlado ou não por este, deveria poder ser escrito, decifrado pelas técnicas de análise de conteúdo (BARDIN, 2000, p. 32).

Além dos objetivos, a análise de conteúdo possui duas funções, que não são

obrigadas a seguirem juntas na prática. A primeira, segundo Bardin (2000) é a

função heurística, que aumenta a propensão à descoberta de algo. ―É a análise de

conteúdo ‗para ver o que dá‘‖ (BARDIN, 2000, p. 30). Já a função de administração

da prova, que é o caso desta pesquisa, trabalha com as hipóteses como questões

ou afirmações provisórias, em que utilizarão o método de análise como uma

confirmação. ―É a análise de conteúdo ‗para servir de prova‘‖ (BARDIN, 2000, p. 30).

Na prática, estas duas funções podem mesclar-se para complementar a pesquisa.

A análise de conteúdo divide-se em diferentes etapas. Bardin (2000) sugere

três fases distintas:

a) Pré-análise: é a fase de organização e intuição do pesquisador. Aqui, a ideia

é sistematizar as ideias iniciais para conduzir o plano de análise, com leituras,

escolha de bibliografia, formulação de hipóteses e objetivos e preparação do

material - parte das atividades já desenvolvidas no projeto da pesquisa.

Bardin define esta fase como:

Um período de intuições, mas, tem, como objetivo tornar operacionais e sistematizar as ideias iniciais, de maneira a conduzir a um esquema preciso do desenvolvimento das operações sucessivas, num plano de análise (BARDIN, 2005, p. 95).

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118

b) Exploração do material: com o material da pré-análise em mãos, esta fase

nada mais é do que a análise em si. Aqui, o trabalho ―consiste

essencialmente de operações de codificação, desconto ou enumeração, em

função de regras previamente formuladas‖ (BARDIN, 2005, p. 101). Para isso,

após a escolha de um corpus específico, basta utilizar os métodos já

escolhidos na fase anterior.

c) Tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação: na última etapa,

com operações estatísticas e provas de validação, os resultados são tratados

para ganhar validade:

Para um maior rigor, estes resultados são submetidos a provas estatísticas, assim como a testes de validação. O analista, tendo à sua disposição resultados significativos e fiéis, pode então propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos previstos, ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas (BARDIN, 2005, p. 101).

Após estas três fases, será possível interpretar os resultados obtidos e,

finalmente, responder a questão norteadora desta pesquisa. O resultado final

apresentará as estratégias de viralização da fanpage, respondendo à questão

norteadora proposta nesta pesquisa.

8 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

8.1 Jornalismo online

O jornalismo online é o meio de comunicação que se une à base formada

pelos veículos impressos, rádio e televisão. Oferecendo notícias, entretenimento,

serviços e negócios, a web é uma ferramenta de comunicação distinta das até então

mídias tradicionais – televisão, rádio, cinema, jornal e revista. Com as

transformações da tecnologia, que proporcionam a criação de sites cada vez mais

criativos, a preocupação dos editores está se direcionando para a qualidade do

conteúdo da notícia. Por isso, escrever para a web tornou-se um desafio:

Jornalismo digital não pode ser definido apenas como o trabalho de produzir ou colocar reportagens na Internet. É preciso pensar na enquete (pesquisa de opinião com o leitor); no tema do chat, o bate-papo digital; nos vídeos e áudios; e reunir o maior número possível de assuntos e serviços correlatos à reportagem (FERRARI, 2009, p. 45).

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119

A estrutura básica do texto jornalístico não sofreu alterações. As tradicionais

perguntas do lead – o que, quem, como, quando, onde, por quê – ainda precisam

ser respondidas. Porém, há outros elementos que ajudam a definir o jornalismo

online. Marcos Palacios (2007) propõe seis características principais que

potencializam a comunicação online: hipertextualidade, multimidialidade,

personalização de conteúdo, memória, atualização contínua e interatividade:

As características do Jornalismo na Internet aparecem, majoritariamente, como continuidades e potencializações e não, necessariamente, como rupturas com relação ao jornalismo praticado em suportes anteriores. É possível argumentar-se que as características elencadas como constituintes do Jornalismo na Internet podem, de uma forma ou de outra, ser encontradas em suportes jornalísticos anteriores, como o impresso, o rádio, a TV, o CD-Rom. O que é, por exemplo, uma ―Carta do Leitor‖, senão uma forma rudimentar de interatividade? (PALACIOS, 2007, p. 35).

Enquanto os repórteres do meio impresso buscam a melhor informação e a

TV as cenas mais emocionantes, o jornalista online necessita planejar elementos

diferentes. São textos, imagens, recursos de vídeo, áudio e animação que podem

posteriormente ser utilizados como links interativos no site. Desta forma, o leitor tem

a oportunidade de navegar pelos textos interconectados, fazendo suas escolhas de

blocos de informação a utilizar (PALACIOS, 2007). Este é o hipertexto, uma das

principais características do jornalismo online.

A fragmentação do discurso é uma das características da narrativa na web

(PALACIOS, 2007). Diferente do impresso, o veículo online proporciona um

consumo da notícia de forma não linear, ou seja, o texto da web permite que o

usuário movimente-se saltando de uma informação para outra, sem a necessidade

de uma ordem. Para Palacios, o termo mais adequado é a informação multilinear

para o acesso hipertextual às informações, pois ao ―estabelecer sua rota de leitura, o

usuário estabelece também uma certa linearidade, específica, provisória,

provavelmente única, oferecendo múltiplas possibilidades de continuidade‖ (2007, p.

39).

A narrativa da web permite ao comunicador utilizar diferentes recursos

multimídias para transmitir a informação - é a multimidialidade da notícia. Para

Salaverría (2014), são oito elementos que compõem o conteúdo multimídia: texto;

fotografia; gráficos, iconografia e ilustrações estáticas; vídeo; animação digital;

discurso oral; música e efeitos sonoros; vibração. Para que a informação multimídia

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120

seja atrativa e inteligível para o público é necessário que os elementos que a

compõem estejam devidamente interligados (SALAVERRÍA, 2014).

Outro ponto importante é a criação de conteúdo exclusivo para os canais

online. Nos Estados Unidos, por exemplo, redações com essas características

cresceram. Já no Brasil, os veículos impressos acumularam funções e também

começaram a escrever matérias exclusivas para o virtual (FERRARI, 2003). Neste

aspecto, há um alerta: o conteúdo deve ser original para ir em busca de audiência.

Para Ferrari (2003), não basta estar na web apenas para marcar território:

Uma redação onde seus fundadores entendam a força da mídia e busque, com uma redação digital, reforçar os princípios da hipermídia de informar não mais de maneira linear, com começo, meio e fim da notícia, mas sim construir matérias múltiplas sobre o mesmo assunto (FERRARI, 2003, p. 52).

Além de criar conteúdos exclusivos, o jornalismo online permite a

personalização deste material. Com a possibilidade de cadastrar-se e receber as

notícias diretamente em seu e-mail, o leitor digital pode acessar o conteúdo por sites

de buscas, como o Google, que mantém as preferências salvas em um banco de

dados (FERRARI, 2003).

A memória funciona como o arquivo da web, já que é possível resgatar

materiais antigos e recuperar as informações. Além disso, o mundo online é dono de

um imenso banco de dados, que, muitas vezes, é de extrema importância para o

trabalho do jornalista. Em aspectos técnicos e econômicos, o acúmulo de

informações nos ambientes digitais é mais fácil se comparado com as outras mídias.

Acrescenta ―o fato de que na web a memória torna-se coletiva, através do processo

de hiperligação entre os diversos nós que a compõem‖ (PALACIOS, 2007, p. 49).

Por ser de fácil e rápido acesso, a web pede uma atualização contínua das

informações. Até então, em grandes acontecimentos, esperava-se o telejornal ou o

jornal impresso para acompanhar as notícias. Com os veículos online, tudo ficou

instantâneo e o usuário ganhou a possibilidade de buscar as informações

praticamente na hora da ocorrência. Se no início do jornalismo online os meios

apenas replicavam o conteúdo do veículo impresso, hoje as redações já estão

voltadas para a web – as maiores até trabalham 24h por dia nas atualizações

(FERRARI, 2003). A busca pela instantaneidade da informação também se deve às

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121

redes sociais, com o número de compartilhamentos no Facebook e tweets em tempo

real no Twitter (BRADSHAW, 2014).

Por fim, a interatividade é uma das principais características do jornalismo

online. ―Assim como a internet transcende o jornalismo, que tem como forma de

expressão a web, a interatividade também vai além do jornalismo digital‖ (ROST,

2014). Ela aparece nas rotinas de trabalho de todos os jornalistas,

independentemente do meio em que trabalham. Na televisão, por exemplo, o

espectador tem o poder de trocar o canal e interagir via telefone e redes sociais. Já

com a internet, há diferentes formas de interação, podendo ser através de grupos de

discussão (fóruns), enquetes, chats, e-mails e redes sociais.

Entende-se ―a interatividade como a capacidade gradual que um meio de

comunicação tem para dar maior poder aos utilizadores tanto na seleção de

conteúdos (interatividade seletiva) como em possibilidades de expressão e

comunicação (interatividade comunicativa)‖ (ROST, 2006). Em outras palavras,

pode-se dizer que a interatividade é uma forma de fazer o leitor se sentir parte do

processo de produção da informação.

Como citado no parágrafo acima, há dois tipos de interatividade: seletiva e

comunicativa. A interatividade seletiva refere-se ao controle que o público tem sobre

as formas de receber o conteúdo dos veículos. Para Rost (2006), o grau de

interatividade seletiva vai depender das opções de acesso aos conteúdos oferecidos

pelos veículos e das necessidades do usuário. Enquanto a interatividade seletiva é

relacionada a ―fazer coisas‖ sobre os conteúdos, a interatividade comunicativa abre

espaço para que o leitor gere algum conteúdo que, posteriormente, possa se tornar

público.

A interatividade comunicativa representa as possibilidades de comunicação

e expressão que o leitor tem entre os conteúdos dos veículos. Ou seja, é a forma de

relacionamento que permite que o leitor possa expressar sua opinião em

comentários nos sites de notícias, perfis em redes sociais, blogs, pesquisas, fóruns,

e-mails, chats, envio de informações para os veículos, etc.

Rost (2006) divide a interatividade comunicativa em quatro etapas. A etapa

de presença corporativa surgiu a partir dos primeiros sites, em 1994, com poucas

possibilidades de participação. As tradicionais cartas de leitores dos jornais

impressos foram substituídas por um endereço de e-mail e, em alguns casos, ainda

surgia alguma pesquisa ou fórum. A partir de 1999, tem início a etapa da

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122

participação marginal, com pesquisas e fóruns como principais formas de

participação. Porém, a opinião dos leitores ainda não se mistura com os conteúdos

do meio de comunicação, ocupando páginas e sessões diferentes. A terceira etapa é

a participação assíncrona em espaços partilhados.

A partir de 2006, três opções interativas são introduzidas nos sites de

notícias: os blogs, os comentários abaixo de cada notícia e os canais de reportagem

cidadã. A mudança foi uma das mais notáveis para o jornalismo já que, a partir deste

momento, as intervenções dos leitores começaram a se mesclar com a dos

jornalistas (ROST, 2006). Por fim, se 2006 foi o ano dos comentários e dos blogs,

2009 foi a vez das redes sociais e da etapa da participação sincrónica. Em tempo

real, o público pode participar via Facebook e Twitter e é a partir deste momento que

os sites começam utilizar as redes sociais para coberturas de determinados

acontecimentos. Neste caso, o leitor pode participar da construção da notícia lado a

lado com os jornalistas.

De 1994 até hoje, muita coisa mudou e os leitores tornaram-se muito mais

vistos nos meios de comunicação. Se antes o máximo de interação que existia era

escrever uma carta para o jornal impresso, agora as opções são imensas:

Os jornais impressos publicam repercussões das notícias nas redes sociais, mostram os resultados de pesquisas digitais e escrevem sobre o mais comentado nos sites; na rádio, leem-se as mensagens que os ouvintes publicam nas páginas do meio no Facebook e as mencionadas no Twitter; os noticiários televisivos incitam a participar com hashtags no Twitter e posts no Facebook (ROST, 2014, p. 66).

Os sites de redes sociais alteraram a forma que o público consome a

informação. Hoje, é muito mais fácil para o leitor expressar a opinião, apoiar as

causas defendidas e compartilhar e curtir conteúdos que lhe agradem. Para o

jornalista, também é mais simples de saber que tipo de conteúdo o público prefere,

conhecer seus gostos e até, muitas vezes, facilitar a busca por fontes para a

produção do conteúdo.

Caracterizada pela publicação, compartilhamento e organização de

informações, a Web 2.045 é a segunda geração dos serviços online. Com a interação

como um dos pilares fundamentais, esta versão da web foi a responsável por um

45

O termo Web 2.0 foi utilizado pela primeira vez em outubro de 2004 pela empresa americana O'Reilly Media e pela Media Live International, nomeando uma série de conferências sobre o tema (PRIMO, 2011).

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123

aumento expressivo no conteúdo digital e por torná-lo um ambiente mais dinâmico

para os usuários. Segundo Primo (2014), a Web 2.0 apresenta importantes

repercussões sociais, ―que potencializam processos de trabalho coletivo, de troca

afetiva, de produção e circulação de informações, de construção social de

conhecimento apoiada pela informática‖ (PRIMO, 2007, p. 1).

A Web 2.0 aumentou a velocidade e a facilidade do uso de diversos

aplicativos para os usuários, além de ser responsável por um aumento significativo

no conteúdo existente na Internet. Além de tornar o ambiente online mais dinâmico,

a Web 2.0 também fez com que os usuários colaborassem com a organização do

conteúdo digital. Primo (2007) defende a tese de O‘Reilly (2005) de que não há

como demarcar precisamente as fronteiras da Web 2.0:

Trata-se de um núcleo ao redor do qual gravitam princípios e práticas que aproximam diversos sites que os seguem. Um desses princípios fundamentais é trabalhar a Web como uma plataforma, isto é, viabilizando funções online que antes só poderiam ser conduzidas por programas instalados em um computador. Porém, mais do que o aperfeiçoamento da ―usabilidade‖, o autor enfatiza o desenvolvimento do que chama de ―arquitetura de participação‖: o sistema informático incorpora recursos de interconexão e compartilhamento. Por exemplo, nas redes peer-to-peer (P2P), voltadas para a troca de arquivos digitais, cada computador conectado à rede torna-se tanto ―cliente‖ (que pode fazer download de arquivos disponíveis na rede) quanto um ―servidor‖ (oferta seus próprios arquivos para que outros possam ―baixá-lo‖). Dessa forma, quanto mais pessoas na rede, mais arquivos se tornam disponíveis. Isso demonstra, segundo O‘Reilly, um princípio chave da Web 2.0: os serviços tornam-se melhores quanto mais pessoas o usarem (PRIMO, 2007, p. 2).

Nesta geração da web, os sites começam a trabalhar em uma estrutura

integrada de funcionalidades e conteúdo (PRIMO, 2006). É aqui que a participação

do usuário aparece com comentários em blogs, enciclopédias escritas em conjunto

(a Wikipédia, por exemplo), páginas de jornalismo participativo e álbuns de fotos no

formato do Flickr, que permitem um sistema de buscas. Os sites de redes sociais,

como o Facebook e Twitter, também fazem parte desta geração da web e, a partir

de agora, os usuários deixam de ser espectadores e podem interagir, criar conteúdo,

comunicar-se com os amigos e opinar sobre o que é apresentado na tela.

São os sites de redes sociais, em específico o Facebook, que serão

estudados neste trabalho, com foco nas interações do público com o conteúdo

publicado na fanpage do BuzzFeed Brasil.

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124

8.2 Redes sociais

Alguns dos canais de interatividade mais importantes dos veículos de

comunicação estão nos sites de redes sociais e em seus aplicativos. É no Facebook,

Twitter e Instagram, por exemplo, que o leitor vai interagir com a informação,

compartilhando opinião e curtindo conteúdos que sejam de seu interesse. O

assunto, que antes era discutido verbalmente, passou a ter desdobramentos virtuais

disponíveis para a rede de amigos do leitor. Para o jornalista, os sites de busca e

redes sociais passaram a ser um grande aliado na produção da notícia. É por meio

da web que, muitas vezes, o repórter busca as melhores fontes e dados para a

produção do conteúdo.

Antes de apresentar o conceito de sites de redes sociais e analisar seus

impactos no jornalismo online, é preciso entender a definição de uma rede social.

Recuero defende a tese de Wasserman e Faust (1994) de que ―uma rede social é

definida como um conjunto de dois elementos: os atores (pessoas, instituições ou

grupos; os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais)‖ (RECUERO,

2009, p. 24).

Os atores são os primeiros elementos de uma rede social, representados

pelos nós. Eles são as pessoas que se envolvem na rede e atuam de forma a

moldar as estruturas sociais, por meio da interação e da constituição de laços

sociais (RECUERO, 2009). Enquanto os atores são os nós na rede, as conexões de

uma rede social aparecem de diferentes maneiras, elas são formadas por laços

sociais que, por sua vez, são construídos através da interação social entre os atores.

A interação seria a matéria-prima das relações e dos laços sociais. A ação de um

depende da reação do outro. ―Interações não são, portanto, descontadas dos atores

sociais. São partes de suas percepções do universo que os rodeia, influenciadas por

elas e pelas motivações particulares desses atores‖ (RECUERO, 2009). Assim,

entender as interações sociais é entender a comunicação entre os atores e a troca

de informação entre eles.

Essas ferramentas proporcionaram, assim, que atores pudessem construir-se, interagir e comunicar com outros atores, deixando, na rede de computadores, rastros que permitem o reconhecimento do padrão de suas conexões e a visualização de suas redes sociais através desses rastros (RECUERO, 2009, p. 24).

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125

Os sites de redes sociais são os espaços utilizados para a expressão das

redes sociais na web. Para Boyd& Ellison (2007), são ―aqueles sistemas que

permitem a i) construção de uma pessoa através de um perfil ou página pessoal; ii) a

interação através de comentários; e iii) a exposição pública da rede social de cada

ator‖ (RECUERO, 2009). É nos sites de redes sociais que, na maioria das vezes, os

usuários irão expressar sua opinião. Pode ser através de comentários,

compartilhamentos de conteúdo e até em grupos de discussão sobre o assunto.

Falando da geração Y, por exemplo, 98% dos jovens fazem parte de alguma – ou

mais – rede social (RECUERO, 2009). É aqui que o Facebook e o Twitter, por

exemplo, se encaixam. Recuero ainda salienta que, ―embora os sites de redes

sociais atuem como suporte para as interações que constituirão as redes sociais,

eles não são, por si, redes sociais. São os atores sociais, que utilizam essas redes,

que constituem essas redes‖ (RECUERO, 2009, p. 103).

Os sites de redes sociais propriamente ditos são aqueles focados na

exposição pública das redes conectadas aos atores, ou seja, a finalidade está

relacionada à publicização dessas redes (RECUERO, 2009). É o caso do Facebook,

do extinto Orkut e do LinkedIn. ―São sistemas onde há perfis e há espaços

específicos para a publicização das conexões com os indivíduos‖ (RECUERO, 2009,

p.104), ou seja, toda a interação está focada na publicização das redes. Já os sites

de redes sociais apropriados são aqueles que não eram, originalmente, voltados

para mostrar redes sociais, mas que foram apropriados pelos atores com este

objetivo (RECUERO, 2009). É o caso do Twitter e do antigo Fotolog. ―São sistemas

onde não há espaços específicos para perfil e para a publicização das conexões e

os perfis são construídos através de espaços pessoais ou perfis pela apropriação

dos atores‖ (RECUERO, 2009, p. 104).

Os sites de redes sociais também possuem uma forte ligação com o capital

social. ―Um dos elementos mais relevantes para o estudo da apropriação dos sites

de redes sociais é a verificação dos valores construídos nesses ambientes‖

(RECUERO, 2009, p. 107). Um exemplo é a quantidade de amigos que uma

determinada pessoa possui no Facebook. O elevado número de conexões, que

dificilmente a pessoa terá na vida off-line, influencia em vários aspectos, como a

visibilidade, a reputação (confiança), a popularidade e a autoridade do usuário na

rede social.

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126

O Facebook é o maior site de rede social e, apenas no Brasil, já são mais de

94 milhões de usuários46 da rede. Fundado em 2004 por Mark Zuckerberg e seus

colegas de quarto da faculdade Eduardo Saverin, Dustin Moskovitz e Chris Hughes,

o Facebook surgiu como um projeto paralelo às aulas da Harvard University (EUA).

O primeiro projeto de Zuckerberg para a internet foi o Course Match, um lugar onde

os alunos pudessem escolher as matérias com base no que já estivesse matriculado

nos cursos. Era também possível conferir quem estava em cada turma e o curso das

pessoas. Para Zuckerberg, ―você poderia se conectar às pessoas por meio de

coisas‖ (KIRKPATRICK, 2011).

O segundo projeto – chamado inicialmente de Facemash – tinha como

objetivo descobrir quem era a pessoa mais atraente do campus. Era muito simples:

os usuários comparavam duas fotos de pessoas do mesmo sexo e diziam qual era a

mais sexy. As imagens para o Facemash vieram dos chamados ―facebooks‖

mantidos nos alojamentos dos alunos da graduação. Elas eram tiradas no dia da

chegada dos calouros à universidade para identificação e eram aquelas fotos que

todos queriam esconder - Zuckerberg conseguiu encontrar as versões digitais destas

fotografias.

Outro projeto que auxiliou Zuckerberg a criar o Facebook foi o Friendster,

uma rede social que convidava as pessoas a criar um ―perfil‖ pessoal, citando

informações como hobbies e gostos musicais. ―Nesses serviços, as pessoas

relacionavam seus próprios perfis aos dos amigos, identificando assim sua própria

‗rede social‘‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 36). Assim como a maioria das redes de

relacionamento criadas até o momento, o Friendster era basicamente uma forma de

facilitar o contato entre pessoas que queriam namorar. Ao ver o que era possível no

Friendster, os alunos passaram a querer um ―facebook‖ (o livro publicado

anualmente chamado de Freshman Register) online.

Foi na tarde de 4 de fevereiro de 2004, depois de trabalhar mais um tempo

no projeto, que o Thefacebook.com finalmente entrou no ar:

A tela inicial dizia: ―O Thefacebook é um diretório on-line que conecta pessoas por meio de redes sociais nas faculdades. Abrimos o Thefacebook para uso popular na Universidade de Harvard. Você pode usar o Thefacebook para: procurar amigos dos seus amigos; ver uma representação visual da sua rede social‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 39).

46

Fonte: PewResearch Center 2015

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127

Depois de dar o start, os primeiros usuários começaram a aparecer e foram

convidando outros alunos para participar e se tornar seus amigos, assim começou

uma explosão viral:

No domingo, quatro dias após o lançamento, mais de 650 alunos haviam se registrado. Trezentos outros aderiram na segunda-feira. Quase instantaneamente, o Thefacebook tornou-se o principal tema de conversa nos refeitórios de Harvard e nos intervalos entre as aulas. As pessoas não conseguiam parar de usá-lo (KIRKPATRICK, 2011, p. 39).

Para se inscrever era simples: o usuário criava um perfil com uma única foto

sua e algumas informações pessoais. Também era possível incluir informações

como status de relacionamento, número de telefone, endereço de e-mail, indicar os

cursos que estava fazendo, citar os livros, filmes e músicas preferidos, filiação

política e uma frase favorita. ―O Thefacebook não tinha nenhum conteúdo próprio.

Era meramente um software – uma plataforma para o conteúdo criado por seus

usuários‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 39). Porém a rede ainda era exclusiva e exigia

um endereço de e-mail de Harvard para se cadastrar, ou seja, apenas alunos, ex-

alunos e funcionários podiam entrar na rede.

O Thefacebook foi crescendo e os pedidos por sua expansão foram

surgindo. Em abril de 2004, quatro meses depois do lançamento, o site foi

formalizado como um negócio. ―Em junho, um financista ofereceu a Zuckerberg 10

milhões de dólares pela empresa. Mark tinha acabado de completar 20 anos. O

Thefacebook tinha quatro meses de idade‖ (KIRKPATRICK, 2011, p. 50). No final

de maio, a rede já estava em 34 faculdades e tinha quase 100 mil usuários. No final

do verão, já eram mais de 200 mil usuários (KIRKPATRICK, 2011). Hoje, 11 anos

depois, já são mais de 1,49 bilhão de usuários no mundo. Em agosto de 2015, o

Facebook atingiu a marca de um bilhão de usuários acessando a maior rede social

do mundo em um único dia47.

Além de ser um ambiente de relacionamento e interação entre os usuários, o

Facebook alterou a forma de consumir a informação. Além de se atualizar, o leitor

pode interagir com a notícia de diferentes formas, com curtidas, comentários e

compartilhamentos. Se antes bastava ler os jornais e acompanhar os principais

portais de notícias para se manter informado, a partir de agora é possível

47

Fonte: G1. Disponível em <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2015/08/facebook-bate-marca-de-1-bilhao-de-usuarios-conectados-em-um-unico-dia.html> Acesso em outubro de 2015

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128

acompanhar todas as informações diretamente da timeline da rede social, com a

interatividade como grande diferencial:

Para uma porcentagem cada vez maior de pessoas, feed de notícias como a do Facebook estão se transformando em sua fonte principal de informações – 36% dos americanos com menos de trinta anos de idade leem suas notícias em redes sociais (PARISER, 2012, p. 13).

A personalização do conteúdo é uma estratégia fundamental para os

maiores sites da internet – Yahoo, Google, Facebook, YouTube e Microsoft Live – e

também para tantos outros (PARISER, 2012). Esta personalização nada mais é do

que fornecer conteúdo de acordo com os interesses e gostos pessoais do usuário

por meio dos algoritmos:

A nova geração de filtros online examina aquilo de que aparentemente gostamos – as coisas que fazemos, ou as coisas das quais as pessoas parecidas conosco gostam – e tenta fazer extrapolações. São mecanismos de previsão que criam e refinam constantemente uma teoria sobre quem somos e sobre o que vamos fazer ou desejar a seguir. Juntos, esses mecanismos criam um universo de informações exclusivas para cada um de nós – o que passei a chamar de bolha dos filtros – que altera fundamentalmente o modo como nos deparamos com ideias e informações (PARISER, 2012, p. 14)

Com a quantidade gigantesca de informações que o usuário tem na web –

900 mil postagens em blogs, 50 milhões de tweets, mais de 60 milhões de

atualizações de status no Facebook e 210 bilhões de e-mails enviados – os filtros

online são muito úteis. São eles que ajudam o usuário a encontrar as informações

que procura no meio de tanto conteúdo nos feeds de notícias (PARISER, 2012).

Para colocar estas informações em prática é simples: basta duas pessoas buscarem

a mesma informação no Google e ver que os resultados serão diferentes.

Quando todos falam do mesmo assunto nas redes sociais e/ou

compartilham o mesmo link, é sinal que aquele conteúdo viralizou na rede. Um viral

é, segundo o dicionário Aurélio, algo relativo a vírus, causado por vírus e que, assim

como um vírus, tem a capacidade de se espalhar. No meio da comunicação, ele

pode ser definido como ―o processo de transmissão de uma mensagem de um

internauta a outro no contexto digital‖ (BARICHELLO; OLIVEIRA, 2010, p. 35).

O conceito parece atual, mas a viralização surgiu muito antes da web.

Segundo Ryan Cordell, professor da Northeasternn University, listas, virais e

matérias crtl+c e crtl+v surgiram ainda no século XIX. ―Se você pensa que o

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BuzzFeed inventou as listas, você deveria passar um tempo lendo jornais do século

XIX‖ (CORDELL48, 2015). Na época, os editores assinavam vários jornais para

retirar conteúdos que pudessem servir para as suas publicações. As pequenas

empresas de comunicação mais replicavam conteúdos do que produziam:

Alguns consideram que o contágio da informação responde a uma ciência e afirmam que em um laboratório podem ser estudadas as variáveis que o propiciam. Até mesmo as que afetam substâncias químicas como a oxitocina, o hormônio que desperta a vontade de se conectar com os outros. Mas na verdade, como apontava o famoso relatório sobre inovação feito pelo The New York Times no ano passado – que, aliás, não demorou nem dois segundos para se transformar em um fenômeno viral –, trata-se acima de tudo da conexão com as emoções do leitor e sua vontade de compartilhar aquilo que causa algum impacto nele. Então, a viralidade muda a maneira de contar o mundo? Sem dúvida. Mas também rompe outras barreiras, como a forma de estruturar uma redação, aumentando a promiscuidade entre jornalistas, analistas de dados e publicitários. (VERDÙ, 2015, p. 2)

Hoje, a viralização é fenômeno utilizado na internet e em técnicas de

marketing. Se no início as empresas jornalísticas focavam o trabalho em várias

tentativas de erros para acertar os conteúdos que poderiam viralizar, hoje eles

priorizam o próprio conteúdo jornalístico e aproveitam o volume de leitores para

contar histórias que realmente valham a pena ser lidas. São essas histórias que,

posteriormente, podem viralizar nos feeds de notícias das redes sociais.

8.3 BuzzFeed

O BuzzFeed é um site de notícias e entretenimento conhecido por produzir

conteúdo altamente compartilhável49. O nome do site surgiu com a junção de duas

palavras em inglês (buzz + feed) e tem o significado de alimentar (como conteúdo)

aquilo que se espalha facilmente na rede (SARDÁ, LUPINACCI, BARBOSA et all.,

2014). Fundado em 2006, em Nova York, por Jonah Peretti, a ideia inicial era criar

um laboratório viral. Hoje, o site conta com mais de 200 milhões de acessos

mensais. Em 2013, surgiu a versão brasileira da página.

48

Texto disponível em: <http://www.niemanlab.org/2015/05/listicles-aggregation-and-content-gone-viral-how-

1800s-newspapers-prefigured-todays-internet/>. Acesso em setembro de 2015. 49

Informações disponíveis em: < http://www.buzzfeed.com/about>. Acesso em outubro de 2015.

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130

Figura 1: página inicial do BuzzFeed Brasil Fonte: buzzfeed.com/?country=br

Quem nunca ouviu falar da página, certamente já deve ter cruzado com

algum material compartilhado nas redes sociais. Os posts – na maioria das vezes

em forma de listas numeradas – têm um índice elevado de compartilhamentos,

tornando-se, muitas vezes, um viral. Além do formato listicle (list + article), também

são publicados quizzes e vídeos, que, em função do formato e objetividade, são

muito compartilhados em postagens nas redes sociais e dispositivos móveis. Dados

recentes da própria empresa mostram que 75% do tráfego de referência vêm de

sites como Twitter e Facebook (SARDÁ, LUPINACCI, BARBOSA et all, 2014).

O conteúdo publicado vai além de animais fofinhos. Os assuntos das listas

variam de comportamento a dicas de culinária, de fofocas de celebridades a sessões

de nostalgia, passando por informações do momento, como coberturas especiais e

matérias que possam ter uma boa repercussão no universo digital. Além do

conteúdo voltado para o humor, ―o formato de artigo em lista também é muito

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131

utilizado como recurso para ‗resumir‘ ou explicar rapidamente algum evento ou fato

que acabou de acontecer‖ (SARDÁ, LUPINACCI, BARBOSA et all, 2014, p. 3).

As listas possuem quase sempre o mesmo padrão: são itens numerados

que trazem frases bem-humoradas e imagens engraçadas sobre a situação

determinada no título. ―A proposta do BuzzFeed é centrada em criar conteúdo que

seja extremamente compartilhável. Isto se dá através de uma mistura que combina

textos e imagens aparentemente descompromissados, permeados por piadas e

humor‖ (SARDÁ, LUPINACCI, BARBORA et all, 2014, p. 3). As imagens utilizadas

são próprias da web e o site, muitas vezes, também utiliza GIFs50, que são

pequenas animações. Os memes da web também são utilizados nas postagens. ―A

maioria deles consiste de replicações e intervenções em imagens que por alguma

razão se tornaram famosas‖ (SARDÁ, LUPINACCI, BARBORA et al, 2014, p. 4). As

modificações podem ter um tom humorístico ou debochado e, em outros casos, as

imagens são recortadas e ganham uma nova interpretação.

Em entrevista à revista Época51 em maio de 2015, Jonah Peretti define o

sucesso do BuzzFeed como ―uma mistura de ciência e arte‖. Para ele, não há uma

fórmula especial para criar virais na web, mas sim, há temas que costumam chamar

mais a atenção do público:

Entre os principais estão os conteúdos de humor. Algo que faça com que a pessoa dê risada e queira compartilhar com seus amigos. Imagens de animais fofos, que mexem com a emoção, também costumam trazer grande audiência. Uma tendência mais recente que estreamos é o Buzzfeed Life. São publicações voltadas a quem quer ter uma vida melhor e mais saudável: Como melhorar seu cabelo? Qual roupa escolher em determinada ocasião? Como decorar seu apartamento gastando pouco? Finalmente, temos aquelas postagens que pessoas com determinadas características se identificam. Por exemplo, as ―18 piores coisas que podem acontecer com um canhoto‖. Elas atraem tanto canhotos quanto quem tem curiosidade em saber das especificidades da vida dessas pessoas (PERETTI, 2015).

Por fim, observa-se que o grande número de compartilhamentos na fanpage

do BuzzFeed no Facebook tem relação com ―os formatos de posts em curta

duração, visualmente apelativos e que incentivam o engajamento‖ (SARDÁ,

LUPINACCI, BARBOSA et all, 2014, p. 4). Os textos curtos e imagens divertidas

50

Abreviação de Graphics Interchange Format. 51

Texto disponível em: <epoca.globo.com/vida/noticia/2015/04/jonah-peretti-do-buzzfeed-o-que-fazemos-e-uma-mistura-de-arte-e-ciencia.html>. Acesso em outubro de 2015.

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facilitam a leitura do usuário, e, muitas vezes, ele se identifica com a postagem,

gerando os compartilhamentos e a tornando um viral na web.

9 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS

Introdução

1. Internet 1.1 Histórico

1.1.1 Marco Civil da Internet 1.2 Sites 1.3 Web 2.0 1.4 Redes sociais

1.4.1 Facebook 1.5 Viralização na Internet

2. Jornalismo 2.1 Jornalismo na Internet

2.1.1 Hipertextualidade 2.1.2 Multimidialidade 2.1.3 Personalização de conteúdo 2.1.4 Memória 2.1.5 Atualização contínua 2.1.6 Interatividade

2.2 Jornalismo nas redes sociais

3. Análise

3.1 Metodologia 3.1.1 Pesquisa qualitativa 3.1.2 Pesquisa bibliográfica 3.1.3 Estudo de caso 3.1.4 Análise de conteudo

3.2 O BuzzFeed 3.3 O BuzzFeed no Facebook 3.4 Delimitação de corpus 3.5 Análise

3.5.1 Formato 3.5.2 Conteúdo 3.5.3 Linguagem 3.5.4 Imagem 3.5.5 Interatividade

3.6 Fechamento da análise

Considerações finais Referências

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10 CRONOGRAMA

Data Atividade

Janeiro/2016 Leituras.

Fevereiro/2016 Desenvolvimento dos capítulos teóricos.

Março/2016 Primeiro encontro com a professora orientadora e finalização da

parte teórica.

Abril/2016 Início da análise.

Maio/2016 Finalização e entrega da análise final e produção de introdução e

conclusão.

Junho/2016 Entrega final e avaliação da monografia.

REFERÊNCIAS

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