Citações eucarísticas primitivas - 2ª parte

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  • 8/9/2019 Citaes eucarsticas primitivas - 2 parte

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    Citaes eucarsticas primitivas (2 parte)

    Clemente de Alexandria

    Provavelmente nasceu em Atenas por volta de 150. Recebeu formao filosfica

    antes da sua converso, e quando se tornou cristo reteve muito do aprendido dosfilsofos. O cristianismo era para ele a verdadeira filosofia. Morreu por volta de215. Note-se como considera simblicos da nutrio da alma os ditos de Joo 6.

    O Pedagogo, 1, 6

    Pois a mesma Palavra fluida e suave como leite, ou slida e compacta comocarne. E detendo-nos neste ponto de vista, podemos considerar a proclamao doEvangelho, que est universalmente difundido, como leite; e como carne a f, pelaqual a instruo compactada num fundamento, que, sendo mais substancial que oouvir, semelhante carne, e a prpria alma assimila nutrio deste tipo. Noutrolado o Senhor, no Evangelho segundo Joo, menciona isto mediante smbolos,

    quando disse: "Comei a minha carne e bebei o meu sangue" [Joo 6:34];descrevendo claramente por metfora as propriedades bebveis da f e dapromessa, por meio da qual a Igreja, como um ser humano composto de muitosmembros, refrescada e cresce, ligada e compactada por ambas pela f, que o corpo, e pela esperana que a alma; como tambm o Senhor de carne esangue. Pois na realidade o sangue da f a esperana, na qual a f sustentadacomo por um princpio vital. E quando expira a esperana, como se o sangueescorresse, e a vitalidade da f destruda. Se, ento, algum se opusesse,dizendo que por leite se entendem as primeiras lies como se fora, o primeiroalimento - e que por carne se entendem aquelas compreenses espirituais que elesalcanam elevando-se ao conhecimento, que entendam que, ao dizer que a carne alimento slido, e a carne e sangue de Jesus, so levados pela sua prpria

    sabedoria v verdadeira simplicidade. Pois o sangue resulta ser um produtooriginal no homem, e alguns se aventuraram a cham-lo a substncia da alma. Eeste sangue, transmutado por um processo natural de assimilao na gravidez dame... floresce e envelhece, para que no haja temor para a criana. O sangue,tambm, a parte mais hmida da carne, sendo uma espcie de carne lquida; e oleite a parte mais doce e excelente do sangue ... Que absurdo , ento, noreconhecer que o sangue convertido pela respirao naquela branca e brilhantesubstncia! A mudana que sofre em qualidade, no em essncia. Certamenteno encontrareis nada mais nutritivo, doce ou branco do que o leite. Em todos osaspectos, ento, como nutrio espiritual, a qual doce pela graa, nutritivacomo vida, brilhante como o Dia de Cristo.

    O sangue do Verbo tambm foi exibido como leite. O leite assim provido no parto, administrado ao beb ... as mulheres grvidas, ao tornar-se mes, secretam leite.Mas o Senhor Cristo, o fruto da Virgem, no pronunciou benditos os seios dasmulheres, nem os seleccionou para dar alimento; mas quando o Pai bondoso eamoroso fez chover o Verbo, Ele prprio tornou-se alimento espiritual para o bem.Oh mstica maravilha! O Pai universal um, e um o Verbo universal; e o EspritoSanto um e o mesmo em todos os lugares, e uma s a nica me virgem. Euamo cham-la a Igreja. Esta me, quando estava sozinha, no tinha leite, porquesozinha no era uma mulher. Mas ela ao mesmo tempo virgem e me puracomo uma virgem, amante como uma me. E chamando os seus filhos a ela, osnutre com leite santo, isto , com a Palavra para a infncia. Portanto ela no tinhaleite; pois o leite era esta criana pura e graciosa, o corpo de Cristo, o qual nutrepela Palavra a jovem raa, a qual o prprio Senhor trouxe luz em espasmos dacarne, a qual o Senhor envolveu no seu precioso sangue. Oh, maravilhosonascimento! Oh santos cueiros! O Verbo tudo para a criana, tanto pai como me,

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    e tutor e ama. "Comei a minha carne", diz, "e bebei o meu sangue." [Joo 6: 53-54]. Tal o adequado alimento que o Senhor ministra, e Ele oferece a sua carne eentrega o seu sangue, e nada falta para o crescimento das crianas. Ohsurpreendente mistrio! Somos intimados a abandonar a velha e carnal corrupo,como tambm a velha alimentao, recebendo em troca outro novo regime, aquelede Cristo, recebendo-o se pudermos, para guard-lo em nosso interior; e que, ao

    guardar o Salvador em nossas almas como num santurio, possamos corrigir asafeces da nossa carne.

    Mas no estais inclinados a entend-lo deste modo, mas talvez mais geralmente.Ouvi-o tambm da seguinte maneira. A carne figurativamente representa para nso Esprito Santo; pois a carne foi criada por Ele. O sangue nos aponta a Palavra,pois como rico sangue a Palavra foi infundida na vida; e a unio de ambas oSenhor, o alimento dos bebs o Senhor que Esprito e Verbo. O alimento isto, o Senhor Jesus isto , o Verbo de Deus, o Esprito feito carne, a carne celestialsantificada. A nutrio o leite do Pai, s pelo qual ns os bebs nos nutrimos. Oprprio Verbo, ento, o Amado, e nosso alimentador, derramou o seu prpriosangue por ns, para salvar a humanidade; e por Ele ns, crendo em Deus,

    fugimos para o Verbo, "o peito carinhoso" do Pai. E s Ele, como corresponde, nossupre a ns, crianas, com o leite de amor, e somente so benditos os que mamamdeste peito.

    Alm disso, o Verbo declara ser Ele prprio o po do cu. "Pois Moiss", diz, "novos deu o po do cu, mas meu Pai vos deu o verdadeiro po do cu. Pois o po deDeus Aquele que desceu do cu, e d vida ao mundo. E o po que eu darei aminha carne, a qual darei pela vida do mundo." [Joo 6: 32-33,51]. Aqui devenotar-se o mistrio do po, na medida em que Ele fala dele como carne, e comocarne, por conseguinte, que passou pelo fogo, como o trigo surge do decaimento eda germinao; e, na verdade, passou pelo fogo para o gozo da Igreja, como poforneado... Mas uma vez que Ele disse "E o po que darei a minha carne" e uma

    vez que a carne humedecida com sangue, e o sangue denominadofigurativamente vinho, estamos convidados a saber que, como o po, desfeitonuma mistura de vinho e gua, apanha o vinho e deixa a poro aquosa, assimtambm a carne de Cristo, o po do cu, absorve o sangue; isto , aqueles dentreos homens que so celestiais, nutrindo-os para imortalidade, e deixando paradestruio somente as concupiscncias da carne.

    Assim, de muitas maneiras o Verbo figurativamente descrito, como alimento, ecarne, e comida, e po, e sangue, e leite. O Senhor tudo isto, para dar-nosdesfrute a ns que cremos n`Ele. Que ningum pense que estranho, quandodizemos que o sangue do Senhor figurativamente representado como leite. Pois,no figurativamente representado como vinho? "Quem lava", diz-se, "a sua

    vestimenta em vinho, a sua tnica no sangue da videira" [Gnesis 49: 11]. No seuprprio Esprito diz que revestir o corpo do Verbo; como certamente pelo seuprprio Esprito nutrir os que tenham fome do Verbo.

    E que o sangue o Verbo, testificado pelo sangue de Abel, o justo que intercedecom Deus. Pois o sangue nunca emitiria uma voz, se no tivesse sido consideradocomo a Palavra: pois o homem justo do passado o tipo do novo justo; e o sangueque outrora intercedia, intercede no lugar do novo sangue. E o sangue que oVerbo chora para Deus, uma vez que anunciava que o Verbo havia de sofrer...

    ... Porque se fomos regenerados em Cristo, Aquele que nos regenerou nos nutrecom o seu prprio leite, o Verbo... E como a regenerao foi consistentemente

    espiritual, tambm a nutrio do homem espiritual. Em todos os aspectos,portanto, e em todas as coisas, somos levados para a unio com Cristo, para um

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    relacionamento atravs do Seu sangue, pelo qual somos redimidos; e para aconcordncia, em consequncia da nutrio que flui do Verbo; e para aimortalidade, atravs da Sua guia.

    O Pedagogo 2.2

    Posteriormente a vinha sagrada produziu o cacho de uvas proftico. Este foi umsinal para eles, quando foram levados da sua errncia para o seu repouso;representando o grande cacho de uvas, o Verbo, pisado por ns. Pois o sangue davideira isto , o Verbo - desejava ser misturado com gua, como o seu sangue misturado com salvao.

    E o sangue do Senhor duplo. Pois h o sangue da sua carne, pelo qual somosredimidos da corrupo; e o espiritual, pelo qual somos ungidos. E beber o sanguede Jesus tornar-se participante da imortalidade do Senhor; sendo o Esprito oprincpio energtico do Verbo, como o sangue da carne.

    Concordantemente, como o vinho misturado com gua, assim o Esprito com ohomem. E uma, a mistura de vinho com gua, nutre para f; enquanto o outro, oEsprito, conduz imortalidade.

    E a mistura de ambos da gua e do Verbo - chamada Eucaristia, graarenomada e gloriosa; e os que por f participam dela so santificados tanto nocorpo como na alma. Pois a mistura divina, homem, a vontade do Pai compsmisticamente pelo Esprito e pelo Verbo. Pois na verdade, o esprito se une alma,que inspirada por ele; e a carne, por cuja razo o Verbo se fez carne, ao Verbo.

    Stromata (Miscelneas) 10

    Pelo que o Salvador, tomando o po, primeiro falou e abenoou. Ento partindo opo, o apresentou, para que pudssemos com-lo, conforme razo, e queconhecendo as Escrituras pudssemos caminhar obedientemente.

    Tertuliano

    Tertuliano de Cartago (c. 160 - c. 220) foi um prolfico autor. Para o fim da sua vidaadoptou o montanismo. Nos seus escritos h algumas aluses Eucaristia, a quechama "sacramento", equivalente latino do grego "mysterion." Note-se o paraleloentre a nutrio do corpo e a da alma, que nos recorda o j dito por Justino. O poque representa Cristo deve entender-se em sentido espiritual.

    Sobre a Coroa, 3

    Tomamos tambm, nas congregaes antes do amanhecer, e da mo de maisningum seno dos presidentes, o sacramento da Eucaristia, o qual o Senhormandou que fosse comido na hora das refeies, e disps que fosse tomado portodos por igual.

    Sobre a ressurreio da carne, 8

    E j que a alma , como consequncia da sua salvao, escolhida para o servio deDeus, a carne que na realidade a torna capaz de tal servio. A carne, certamente, lavada, para que a alma possa ser limpa; a carne ungida, para que a alma

    possa ser consagrada; a carne assinalada (com a cruz) para que a alma possa serfortificada; a carne coberta com a imposio de mos, para que a alma possa

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    tambm ser iluminada pelo Esprito; a carne se alimenta do corpo e do sangue deCristo, para que a alma do mesmo modo possa fartar-se em Deus. No podemseparar-se na sua recompensa, quando esto unidas no seu servio.

    Sobre a Orao, 6

    ... podemos melhor entender "D-nos hoje o po nosso de cada dia"espiritualmente. Pois Cristo o nosso po; porque Cristo vida, e o po vida. "Eusou", diz Ele, "o po da vida" [Joo 6:35]; e, um pouco antes, "O Po a Palavrado Deus vivo, que desceu dos cus." Ento descobrimos, tambm, que o seu Corpo reconhecido no po: "Isto o meu corpo" [Mateus 26:26]. E assim, ao pedir "opo nosso de cada dia" pedimos perpetuidade em Cristo, e indivisibilidade do seucorpo. Mas devido a que essa palavra admite tambm um sentido carnal, no podeser usada assim sem a lembrana religiosa com disciplina espiritual; pois [oSenhor] manda que se ore pelo po, o qual o nico alimento necessrio para oscrentes.

    Sobre a Orao, 19

    Similarmente, tambm, a respeito dos dias de Estaes [jejuns?] a maioria pensaque eles no devem estar presentes nas oraes sacrificiais, com base em que aEstao pode interromper-se pela recepo do Corpo do Senhor. Mas ento aEucaristia cancela um servio dedicado a Deus, ou o une mais a Deus? No ser atua Estao mais solene se com ela estiveste no altar de Deus? Quando o Corpo doSenhor foi recebido e reservado, cada ponto est assegurado, tanto a participaodo sacrifcio como o cumprimento do dever.

    Hiplito de Roma

    Hiplito (c.170 - 235) foi o ltimo grande escritor romano a escrever em grego.Muitas das suas obras se perderam, mas no tema que nos ocupa revestem-se deinteresse algumas partes de "A Tradio Apostlica", obra cujo contedo essencialmente litrgico. Uma vez que escreveu em Roma, resulta de particularinteresse a sua referncia eucarstica aos "smbolos" que "representam" o corpo e osangue do Senhor.

    A tradio apostlica

    4. Quando se converter em bispo, que todos lhe ofeream o beijo da paz,saudando-o porque ele se dignificou. Que os diconos lhe apresentem a oblao eque ele, impondo as mos sobre ela com todo o presbitrio, diga, dando graas: "O

    Senhor seja convosco". E que todos digam: "E com o teu esprito". "Elevai osvossos coraes". "J os temos levantados para o Senhor". "Demos graas aoSenhor". "Este digno e justo".

    E que continue ento assim:

    Ns te damos graas, Deus, por teu Filho bem-amado, Jesus Cristo, que nosenviaste nestes ltimos tempos como salvador, redentor e mensageiro de teudesgnio. Ele o teu Verbo inseparvel, por quem criaste tudo, o qual, em teubeneplcito, enviaste desde o cu no seio de uma virgem e, tendo sido concebido,encarnou e se manifestou como teu Filho, nascido do Esprito Santo e da Virgem.

    Ele foi quem, cumprindo a tua vontade e adquirindo um povo santo, estendeu asmos para livrar do sofrimento aqueles que tm confiana em ti.

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    Enquanto ele ofertava o seu sofrimento voluntrio a fim de destruir a morte equebrar as cadeias do diabo, para pisar com os seus ps o inferno, para conduzir os

    justos luz, para fixar as regras da f e manifestar a ressurreio, tomando o pote agradecia, dizendo: "Tomai, comei, este o meu corpo que parti por vs"; e domesmo modo o clice, dizendo: "Este o meu sangue que foi derramado por vs.Quando fizerdes isto, fazei-o em minha memria."

    Recordando, ento, a sua morte e a sua ressurreio, ns te oferecemos este po eeste clice, dando-te as graas por nos teres julgado dignos de estar perante ti eservir-te como sacerdotes.

    E te pedimos que envies o teu Esprito Santo sobre a oblao da santa Igreja.Reunindo-os, d a todos o direito de participar em teus santos mistrios para estarcheios do Esprito Santo, para a afirmao da sua f na verdade, a fim de que telouvemos e glorifiquemos por teu Filho Jesus Cristo, que tem a tua glria e a tuahonra com o Esprito Santo em tua santa Igreja, agora e pelos sculos. Amn.

    21.

    ... Ento ser apresentada a oblao ao bispo e ele dar graas sobre o po porque o smbolo do corpo de Cristo; sobre o clice de vinho misturado, porque aimagem do sangue que foi derramado por todos os que crem nele; sobre o leite eo mel misturados, indicando a promessa feita aos nossos pais, ao falar-lhes daterra onde abundam o leite e o mel, por cujo cumprimento Cristo deu a sua carne,da qual, como crianas pequenas, se alimentam os crentes; sobre a guaapresentada na oferta para significar o banho, a fim de que a alma do homemobtenha os mesmos efeitos que o corpo.

    Todas estas coisas o bispo as explicar aos que recebem a comunho. Quandoparte o po, ao apresentar cada pedao, dir: "O po do cu em Cristo Jesus" e oque recebe responder: "Amn".

    ... se for necessrio recordar alguma outra coisa, o bispo o dir sob o [selo do]segredo aos que receberam a Eucaristia. Os infiis no devem ter conhecimento denada disto. S podero t-lo depois de receber a Eucaristia. Esta a pedra brancade que Joo disse: "Um nome novo est escrito a, que ningum o conhea excepo daquele que receber a pedra" [Apocalipse 2:17].

    41.

    O que estiver em sua casa, que ore e louve a Deus hora terceira. O que nesse

    momento estiver noutro lado, que eleve uma orao a Deus em seu prpriocorao, j que nessa hora foi visto Cristo atado ao madeiro. Tambm no AntigoTestamento, a Lei prescreveu oferecer e apresentar o po da proposio horaterceira, como smbolo do corpo e do sangue de Cristo: a imolao do irracionalcordeiro a representao do cordeiro perfeito. Sendo Cristo o Pastor, tambm oman que desceu do cu.

    Orgenes

    Orgenes (185 - 254) foi um dos maiores eruditos da antiguidade crist. Nasceu emAlexandria e foi discpulo de Clemente, a quem sucedeu. Escreveu muitssimo, masgrande parte da sua obra se perdeu. O seu ponto de vista espiritual acerca da

    Eucaristia pode deduzir-se das obras remanescentes.

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    Contra Celso 8,57

    Celso supe que os homens "cumprem com as obrigaes da vida at que solibertados das suas ligaduras" quando, de acordo com costumes geralmenterecebidos, oferecem sacrifcios a cada um dos deuses reconhecidos no estado; eno percebe o verdadeiro dever que cumprido por uma diligente piedade. Porque

    ns dizemos que cumpre verdadeiramente com os deveres da vida o que sempretem presente quem o seu Criador, e que coisas lhe so agradveis, e quem actuaem todas as coisas de modo que possa comprazer a Deus. De novo, Celso quer quesejamos agradecidos com estes demnios, imaginando que lhes devemos ofertasde agradecimento. Mas ns, embora reconheamos a obrigao do agradecimento,sustentamos que no mostramos ingratido ao recusar dar graas a seres quenenhum bem nos fazem, antes esto contra ns quando no lhes sacrificamos nemos adoramos. Estamos muito mais preocupados por no ser desagradecidos paracom Deus, que nos encheu com os seus benefcios, de cuja obra somos, que noscuida em qualquer condio que nos achemos, e que nos deu esperana de coisasalm da vida presente. E temos um smbolo de gratido a Deus no po quechamamos a Eucaristia.

    Homilias sobre o xodo 13,3:

    Desejo admoestar-vos com exemplos da vossa religio. Vs que estaisacostumados a participar nos divinos mistrios, quando recebeis o corpo do Senhor,reverente e minuciosamente cuidais que nenhuma partcula caia ao cho e quenada do dom consagrado se perca. Porque vos considerais culpados, e com razo,se qualquer parte dele se perdesse por negligncia. Mas se observais tal cuidadoem guardar o seu corpo, e apropriadamente, como que pensais que descuidar aPalavra de Deus seja um crime menos grave que descuidar o seu corpo?

    Comentrio sobre o Evangelho de Joo6,35

    Se investigarmos mais sobre o significado de Jesus sendo apontado por Joo,quando diz: "Este o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo", podemossituar-nos na dispensao do advento corporal do Filho de Deus em vida humana, eem tal caso conceberemos que o cordeiro no seno o homem. Pois o homem "foilevado como uma ovelha ao matadouro, e como um cordeiro, mudo perante osseus tosquiadores." Da, tambm, que no Apocalipse visto um cordeiro, de pcomo imolado. Este cordeiro imolado foi feito, segundo certas ocultas razes, umapurificao para o mundo inteiro, pela qual, conforme o amor do Pai pelo homem,ele se submeteu morte, comprando-nos por seu prprio sangue daquele que nostinha em seu poder, vendidos sob o pecado. E aquele que levou este cordeiro ao

    matadouro foi Deus no homem, o grande Sumo Sacerdote, como o mostra pelaspalavras: "Ningum me tira a minha vida, mas a entrego por mim mesmo. Tenhopoder para entreg-la, e tenho poder para retom-la".

    10,13

    At que ponto haja qualquer pscoa e qualquer festa de fermento alm das duasque mencionmos, um ponto que devemos examinar mais cuidadosamente, jque estas servem como um modelo e uma sombra das celestiais das quais falamos,e no somente tais coisas como comida e bebida e luas novas e sbados, mastambm os festivais, so uma sombra das coisas vindouras. Em primeiro lugar,quando o Apstolo diz, "Cristo, nossa pscoa, sacrificado", algum pode albergara tal respeito dvidas como estas. Se a ovelha dos judeus um tipo do sacrifcio deCristo, ento deveria ter sido oferecida [somente] uma e no uma multido, j que

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    Cristo um; ou, se muitas ovelhas foram oferecidas seguindo o tipo, como semuitos Cristos fossem sacrificados. Mas para no nos demorarmos nisto, podemosperguntar como a ovelha, que era a vtima, contm uma imagem de Cristo, quandoera sacrificada por homens que estavam cumprindo a Lei, mas Cristo foi morto portransgressores da Lei, e que aplicao pode encontrar-se em Cristo da instruo,"Comero a carne esta noite, assada ao fogo, e po zimo em ervas amargas

    comero", e "No o comas cru, nem cozido em gua, mas assado ao fogo; a cabeacom os ps e as entranhas; e nada dele deixars at pela manh, e no lhequebrars nenhum osso. Mas o que dele sobrar at pela manh o queimars". Afrase "No lhe quebrars nenhum osso" parece ter sido usada por Joo no seuEvangelho, como aplicada aos acontecimentos respeitantes a Cristo, e ligando-oscom a ocasio falada na Lei quando os que comiam a ovelha so chamados a noquebrar-lhe nenhum osso.

    Tragamos mente as palavras, "Este o Cordeiro de Deus que tira o pecado domundo", pois dito da pscoa, "O tomars dos cordeiros ou das cabras". OEvangelista aqui concorda com Paulo, e ambos esto envolvidos nas dificuldades deque falmos acima. Mas por outro lado temos de dizer que se o Verbo se fez carne,

    e o Senhor diz, "A menos que comais a carne do Filho do homem, e bebais o seusangue, no tendes vida em vs. O que come a minha carne e bebe o meu sangue,tem vida eterna, e eu o ressuscitarei no ltimo dia. Pois a minha carne verdadeiracomida e o meu sangue verdadeira bebida. O que come a minha carne e bebe omeu sangue permanece em mim, e eu nele" ento a carne de que assim se fala aquela do Cordeiro que tira o pecado do mundo; e este o sangue, parte do qualhavia de colocar-se nos umbrais, e na verga da porta das casas, nas quaiscomemos a pscoa. Da carne deste Cordeiro necessrio que comamos no tempodo mundo, que noite, e a carne h-de ser assada ao fogo, e comida com pozimo, pois o Verbo de Deus no somente carne. Ele diz, com efeito, de si mesmo"Eu sou o po da vida" ... No devemos esquecer, contudo, que por um uso amplodas palavras, qualquer comida chamada po ... Leva-me a esta observao o dito

    de Joo, "E o po que darei a minha carne, pela vida do mundo". De novo,comemos a carne do Cordeiro, com ervas amargas, e po zimo, quando nosarrependemos dos nossos pecados e nos lamentamos com a pena que segundoDeus, um arrependimento que opera para nossa salvao, e do qual no devemosarrepender-nos; ou quando, por causa das nossas provas, nos voltamos para asespeculaes que descobrimos ser as da verdade, e somos alimentados por elas.No temos, no entanto, de comer a carne do Cordeiro crua, como o fazem os queso escravos da letra, como animais irracionais, e os que esto furiosos comhomens verdadeiramente razoveis, porque estes desejam entender as coisasespirituais; na verdade [esses] partilham a natureza das bestas selvagens. Masdevemos esforar-nos em converter a crueza da Escritura em alimento bem cozido,no permitindo que o escrito se torne flcido, e hmido, e magro, como aqueles

    que tm ouvidos com comicho, e afastam os seus ouvidos da verdade. Massejamos de esprito fervoroso e nos aferremos s ferozes palavras dadas a ns porDeus, como as que Jeremias recebeu d`Aquele que lhe falou: "Eis que fiz as minhaspalavras na tua boca como fogo", e vejamos que a carne do Cordeiro esteja bemcozida, de modo que aqueles que participam dela possam dizer, enquanto Cristofala em ns: "O nosso corao ardia no caminho, enquanto nos abria as Escrituras".

    ... Mas neste comer, devemos comear pela cabea, ou seja, nas doutrinasprincipais e mais essenciais acerca das coisas celestiais, e devemos terminar comos ps, os ltimos ramos do conhecimento que investigam a natureza ltima dascoisas, ou acerca de coisas mais materiais, ou acerca de coisas debaixo da terra, ouacerca de espritos malvados ou demnios imundos. Pois pode ser que a relaodestas coisas no seja bvia, como elas mesmas, mas est disposta entre osmistrios da Escritura, de tal modo que pode chamar-se, figuradamente, os ps doCordeiro. Tambm no podemos deixar de lidar com as entranhas, que esto

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    dentro e escondidas de ns; devemos aproximar-nos ao conjunto da Escritura comoa um corpo, no podemos lacerar nem romper as fortes e bem entretecidasligaes que existem na harmonia de toda a sua composio, como os que laceram,na medida que podem, a unidade do Esprito que est em todas as Escrituras. Masesta predita profecia do Cordeiro h-de ser a nossa alimentao somente durante anoite desta nossa escura vida; o que vem depois desta vida , como se fora, o

    amanhecer do dia, e por que haveramos de deixar para ento a comida quesomente pode ser-nos til agora? Mas quando a noite tiver passado, e o dia que asegue esteja mo, ento teremos para comer um po que no tem nada que vercom o po levedado do antigo e inferior estado de coisas, mas zimo, e nosservir at que aquele que vem depois do po zimo nos seja dado, o man, o qual alimento de anjos e no de homens.

    Cada um de ns, pois, pode sacrificar o seu cordeiro em cada casa de nossos pais,e enquanto um quebranta a lei, no sacrificando em absoluto o cordeiro, outropode guardar inteiramente o mandamento, oferecendo o seu sacrifcio, ecozinhando-o correctamente, e evitando quebrar-lhe algum osso. Esta ,brevemente, a interpretao da Pscoa sacrificada por ns, a qual Cristo, em

    conformidade com a interpretao adoptada pelos Apstolos, e com o Cordeiro noEvangelho. Pois no devemos supor que as coisas histricas so tipos de coisashistricas, e as coisas materiais de [coisas] materiais, mas as coisas materiais sotpicas de coisas espirituais, e as coisas histricas de [coisas] intelectuais. No necessrio que o nosso discurso ascenda agora quela terceira pscoa que h-deser celebrada com mirades de anjos no xodo perfeitssimo e mais bendito; jfalmos destas coisas com maior extenso de que a passagem exige.

    Comentrio sobre Mateus, Livro 11, 14

    ... como no a carne, mas a conscincia daquele que come com dvida o quemancha o que come, pois "quem duvida condenado se come, pois no come com

    f", e como nada puro para quem est manchado e incrdulo, no em si mesmo,mas por causa da sua mancha e incredulidade, assim o que santificado atravs dapalavra de Deus e da orao no santifica a quem o usa por sua prpria natureza,pois a ser assim santificaria at aquele que come indignamente do po do Senhor,e ningum por causa deste alimento se tornaria fraco ou doente ou dormiria poisalgo deste tipo representou Paulo ao dizer, "Por esta causa muitos dentre vs estaisfracos e doentes e no poucos dormem." E no caso do po do Senhor, porconseguinte, h vantagem para quem o usa quando com mente impoluta econscincia pura participa do po. E deste modo, nem por no comer, quero dizer,pelo prprio facto de no comermos do po que foi santificado pela palavra de Deuse pela orao, somos privados de alguma coisa boa, nem por comer somosmelhores por alguma coisa boa; pois a causa da nossa carncia a impiedade e os

    pecados, e a causa da nossa abundncia a rectido e as boas aces; assim quetal o significado do dito por Paulo: "No somos melhores se comermos, nemsomos piores se no comermos." Ora, se "tudo o que entra pela boca vai para oestmago e lanado na latrina" at a comida que foi santificada atravs dapalavra de Deus e da orao, em conformidade com o facto de que material, vaipara o estmago e lanada na latrina, mas por causa da orao que vem sobreela, conforme a medida da f, torna-se um benefcio e um meio de verclaramente para a mente que procura o que benfico, e no a matria do pomas a palavra que dita sobre ela o que aproveita ao que come no indignamentedo Senhor. E estas coisas certamente so ditas do corpo tpico e simblico. Masmuitas coisas poderiam dizer-se acerca do prprio Verbo que se fez carne, everdadeira comida da qual o que come viver seguramente para sempre, no

    sendo capaz de comer dela nenhuma pessoa indigna; pois se fosse possvel paraalgum que continua indigno comer d`Aquele que se fez carne, que era o Verbo e opo vivo, no se teria escrito que "todo o que come deste po viver para sempre".

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    Comentrio sobre Mateus srie 85

    Este po que o Verbo de Deus diz ser o seu corpo, a Palavra que alimenta asalmas, o Verbo que procede de Verbo Deus; po celestial, que est colocadoencima da mesa, do qual est escrito: "Tu pes perante mim uma mesa, em frentedos meus inimigos" [Salmo 22:5]. E essa bebida que o Verbo Deus diz ser o seu

    sangue, a Palavra que sacia e inebria os coraes dos que bebem; da bebidadeste clice est escrito: Que bom o teu embriagador clice! ... O Verbo Deus nochamou seu corpo quele po visvel que tinha nas suas mos, mas Palavra, emcujo mistrio devia partir-se o po. No chamou seu sangue quela bebida visvel,mas Palavra, em cujo mistrio se serviria esta bebida. Porque que outra coisapode ser o corpo ou o sangue do Verbo Deus seno a palavra que alimenta e alegraos coraes?

    (Citado por J. Quasten, Patrologa. Madrid: BAC, 1978; 1: 397)

    Cipriano de Cartago

    Este professor de retrica nascido c. 200, converteu-se ao Evangelho em 246 epouco depois foi eleito como bispo. Embora os seus escritos tenham contribudopara conceber a Eucaristia como um novo sacrifcio, um exame dos textosrelevantes mostram que isso se deveu a uma m compreenso deles.

    A orao do Senhor, 18

    Como a orao prossegue, pedimos e dizemos: "D-nos hoje o nosso po de cadadia." Isto pode entender-se tanto espiritual como literalmente, pois qualquer modode entendimento rico em utilidade divina para a nossa salvao. Pois Cristo opo da vida; e este po no pertence a todos os homens, mas nosso. E como

    dizemos "Pai nosso", porque Ele o Pai dos que entendem e crem; assim tambmdizemos "po nosso" porque Cristo o po dos que esto em unio com o seucorpo. E pedimos que este po nos seja dado diariamente, que ns que estamosem Cristo e recebemos a Eucaristia diariamente como alimento de salvao, nopossamos, pela interposio de algum pecado hediondo, pelo impedimento,enquanto retirados e no comungantes, de participar do po celestial, serseparados do corpo de Cristo como Ele prprio declara, dizendo, "Eu sou o po davida que desceu do cu. Quem quer que coma do meu po viver para sempre. E opo que eu darei a minha carne pela vida do mundo." Quando, portanto, Ele diz,que se algum comer do seu po, viver para sempre, como manifesto que osque participam do seu corpo e recebem a Eucaristia por direito de comunhovivem, assim, por outro lado, devemos temer e orar, para que nenhum, sendoretirado da comunho, que separado do corpo de Cristo permanea separado dasalvao; como Ele prprio ameaa, dizendo: "A menos que comais a carne doFilho do homem e bebais o seu sangue, no tereis vida em vs". E portanto,pedimos que o nosso po, o qual Cristo, nos possa ser dado diariamente, demodo que ns, que permanecemos e vivemos em Cristo, no possamos serafastados da sua santificao e do seu corpo.

    Epstola 62 (Oxford 63) ano 253

    Carta a Ceclio, sobre o sacramento do clice do Senhor

    2. Sabe, ento, que fui advertido que, ao oferecer o clice, a tradio do Senhor

    deve ser observada, e que nada deve ser feito por ns seno o que o Senhor fezprimeiro em nosso benefcio, como o clice que oferecido em memria d`Ele deveser oferecido misturado com vinho. Pois quando Cristo diz, "Eu sou a videira

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    verdadeira", o sangue de Cristo seguramente no gua, mas vinho; nem pode oseu sangue pelo qual somos redimidos e ressuscitados parecer estar no clice, seno clice no h vinho pelo qual demonstrado o sangue de Cristo, o qual declarado pelo sacramento e testemunho de todas as Escrituras.

    4 ... Pois, quem mais sacerdote do Deus Altssimo que nosso Senhor Jesus Cristo,

    que ofereceu um sacrifcio a Deus o Pai, e ofereceu exactamente a mesma coisaque Melquisedeque havia oferecido, isto , po e vinho, ou seja, seu corpo esangue? ... No Gnesis, portanto, para que a bno, em relao a Abrao porMelquisedeque o sacerdote, possa ser adequadamente celebrada, precede a figurado sacrifcio de Cristo, a saber, como ordenada no po e no vinho, e assim Aqueleque a plenitude da verdade cumpriu a verdade da imagem prefigurada.

    7. Em Isaas tambm o Esprito Santo testifica esta mesma coisa respeitante paixo do Senhor, dizendo, "Por que vermelho o teu vestido, e as tuas roupas socomo as do que pisou um lagar?" [Isaas 63:2]. Pode a gua tornar vermelhos osvestidos? Ou h gua no lagar que pisado pelos ps, ou comprimido pela prensa?Seguramente, portanto, faz-se meno do vinho, para que possa entender-se o

    sangue do Senhor, e para que o que posteriormente foi manifestado no clice doSenhor pudesse ser predito pelos profetas que o anunciaram. Insiste-se tambmrepetidamente no pisar e na presso do lagar, porque como no pode conseguir-sebeber o vinho sem que antes o cacho de uvas seja pisado e esmagado, do mesmomodo ns tambm no poderamos beber o sangue de Cristo se Cristo no tivessesido primeiro pisado e esmagado, e no tivesse primeiro bebido do clice do qualtambm d de beber aos crentes.

    9 ... [O Senhor ensinou] com o exemplo da sua prpria autoridade que o clicehavia de misturar-se com a unio de gua e vinho. Pois ao tomar o clice navspera da sua paixo, o abenoou e o deu aos seus discpulos, dizendo: "Bebeitodos disto; porque isto o meu sangue do Novo Testamento, o qual ser

    derramado por muitos, para a remisso de pecados. Digo-vos que desde agora nobeberei mais deste fruto da videira, at quele dia em que o beba novo convoscono reino de meu Pai." Nesta poro descobrimos que o clice que o Senhorofereceu estava misturado, e que era vinho aquilo que chamou seu sangue. Da quese nota que no se oferece o sangue de Cristo se no h vinho no clice, nem secelebra o sacrifcio do Senhor com uma consagrao legtima se a nossa oblao esacrifcio no responderem sua paixo. Mas como haveremos de beber o novovinho do fruto da videira com Cristo no reino de seu Pai, se no sacrifcio de Deus oPai e de Cristo no oferecemos vinho, nem misturamos o clice do Senhorconforme a prpria tradio do Senhor?

    10. [Citao 1 Corntios 11: 23-26]. Mas se ordenado pelo Senhor, e tambm a

    mesma coisa confirmada e entregue pelo seu apstolo, que todas as vezes quebebermos, faamos em memria do Senhor o mesmo que o Senhor tambm fez;descobrimos que o que foi mandado no observado por ns, a menos quetambm faamos o que o Senhor fez; e que ao misturar o clice do Senhor damesma maneira no nos afastamos do ensino divino; mas que no devemosafastar-nos de modo algum dos preceitos evanglicos, e que os discpulos devemtambm observar e fazer as mesmas coisas que o Mestre tanto ensinou como fez.

    ...

    11. J que, ento, nem o prprio apstolo nem um anjo do cu pode pregar ouensinar nada diferente do que Cristo uma vez ensinou e os seus apstolos

    anunciaram, muito me pergunto donde se originou esta prtica que, contrariamente disciplina evanglica e apostlica, oferece em alguns lugares gua no clice do

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    Senhor, a qual gua no pode por si mesma expressar o sangue de Cristo. OEsprito Santo no est silencioso nos Salmos acerca do sacramento disto, quandomenciona o clice do Senhor, e diz: "Teu clice embriagante, quo excelente !"Ora, o clice que embriaga certamente misturado com vinho, pois a gua nopode embriagar ningum. E o clice do Senhor embriaga de tal maneira, como Nose embriagou bebendo vinho, no Gnesis. Mas devido a que a intoxicao do clice

    e sangue do Senhor no como a intoxicao com o vinho do mundo, j que oEsprito Santo disse no Salmo, "Teu clice embriagante", acrescentou, "Quoexcelente ", porque sem dvida o clice do Senhor embriaga de tal modo os que obebem, que os pe sbrios; que restaura nas suas mentes a sabedoria espiritual;que cada um se recupera do sabor do mundo para o entendimento de Deus; e domesmo modo que, pelo vinho comum a mente se dissolve, e a alma se relaxa, etoda a tristeza deixada de lado, assim, quando o sangue do Senhor e o clice dasalvao foi bebido, a memria do velho homem deixada de lado, e surge umesquecimento da anterior conduta mundana, e o agoniado e triste peito que eraoprimido pelos atormentadores pecados aliviado pelo gozo da divina misericrdia;porque somente capaz de regozijar-se quem bebe na Igreja a qual, quando estembriagada, retm a verdade do Senhor.

    13. Pois porque Cristo nos carregou a todos, em que Ele carregou tambm com osnossos pecados, vemos que na gua entendido o povo, mas no vinho mostradoo sangue de Cristo. Mas quando a gua misturada no clice com vinho, o povo feito um com Cristo, e a assembleia de crentes associada e reunida com Ele emquem ela cr; a qual associao e conjuno de gua e vinho est to misturada noclice do Senhor, que aquela mistura j no pode ser mais separada. Da que nadapode separar a Igreja isto , o povo estabelecido na Igreja, fiel e firmementeperseverantes no que creram - de Cristo, de um modo tal que impedisse o seuamor indiviso de permanecer e aderir. Assim, portanto, ao consagrar o clice doSenhor no pode oferecer-se s gua, como nem somente vinho. Pois se algumoferecesse s vinho, o sangue de Cristo est dissociado de ns; mas se a gua

    estiver sozinha, o povo est dissociado de Cristo; mas quando ambos estomisturados, e se unem entre si com um estreito vnculo, completa-se umsacramento espiritual e celestial. Assim o clice do Senhor no certamente sgua, nem s vinho, a menos que cada um se misture com o outro; do mesmomodo em que, por outro lado, o corpo do Senhor no pode ser s farinha ou sgua, se ambas no se unem e se compactam na massa de um po; no qualmesmssimo sacramento o nosso povo demonstra ser um, de forma que de modosimilar a muitos gros, colhidos, e modos, e misturados numa massa, fazem umpo; assim em Cristo, que o po celestial, podemos saber que h um corpo, comcujo nosso nmero aumentado e unido.

    14. No h ento razo, queridssimo irmo, para que algum pense que deve

    seguir-se o costume de certas pessoas, que outrora pensaram que no clice doSenhor deve oferecer-se s gua. Pois devemos averiguar a quem seguiram elasprprias. Pois se no sacrifcio que ofereceu Cristo ningum deve ser seguido senoCristo, certamente nos corresponde obedecer e fazer aquilo que Cristo fez, e o quemandou que fosse feito, j que Ele mesmo diz no Evangelho: "Se fizerdes tudo oque vos mando, no vos chamarei servos, mas amigos". E que s Cristo deva serouvido, tambm o testemunha o Pai desde o cu, dizendo: "Este o meu Filhoamado, em quem me comprazo; a Ele ouvi". Pelo que, se s Cristo deve ser ouvido,no devemos prestar ateno ao que outro antes de ns pode ter pensado quedeva fazer-se, mas ao que Cristo, que antes de todos, fez primeiro. Nem convmseguir a prtica do homem, mas a verdade de Deus, j que Deus fala pelo profetaIsaas, e diz: "Em vo me adoram, ensinando mandamentos e doutrinas dehomens". E de novo no Evangelho o Senhor repete este mesmo dito, e diz,"Rejeitais o mandamento de Deus para guardar a vossa prpria tradio". Almdisso, noutro lado o estabelece dizendo: "Qualquer que violar um destes

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    mandamentos muito pequenos, e o ensine aos homens a faz-lo, ser chamado omenor no reino dos cus". Mas se no podemos violar nem sequer o menor dosmandamentos do Senhor, quanto mais est proibido infringir os to importantes,to grandes, to relacionados com o sacramento da paixo de nosso Senhor e anossa prpria redeno, ou mud-lo por tradio humana em qualquer outra coisadiferente do que foi divinamente disposto! Pois se Cristo, nosso Senhor e Deus,

    ele mesmo o sumo sacerdote de Deus o Pai, e se ofereceu primeiro a Si mesmocomo sacrifcio ao Pai, e mandou que isto seja feito em memria d`Ele mesmo,certamente cumpre com o ofcio de Cristo o sacerdote que imita o que fez Cristo; eento oferece um verdadeiro e pleno sacrifcio na Igreja a Deus o Pai, quando aooferec-lo procede conforme o que v que Cristo mesmo ofereceu.

    17. E porque fazemos meno da sua paixo em todos os sacrifcios (pois a paixodo Senhor o sacrifcio que oferecemos) no devemos fazer nada mais alm doque Ele fez. Porque diz a Escritura, "Pois todas as vezes que comerdes este po ebeberdes este clice, anunciais a morte do Senhor at que Ele venha". Todas asvezes, portanto, que oferecermos o clice em comemorao do Senhor e da suapaixo, faamos o que sabido que fez o Senhor. E permite, queridssimo irmo

    que se chegue a esta concluso: se entre os nossos predecessores algum seja porignorncia ou simplicidade, no observou e guardou isto que o Senhor por seuexemplo e ensino nos instruiu que faamos, pode, pela misericrdia do Senhor, terperdo concedido para a sua simplicidade. Mas no podem ser perdoados os queso agora admoestados e instrudos pelo Senhor para oferecer o clice do Senhormisturado com vinho conforme o que o Senhor ofereceu, e para dirigir cartas aosnossos colegas acerca disto, de modo que a lei evanglica e a tradio do Senhorpossa ser guardada em todos os lados, e no haja desvio do que Cristo tantoensinou como fez.

    Epstola 75 a Magnus (Oxford 69); ano 255

    6. Alm disso, mesmo os sacrifcios do Senhor declaram eles prprios que aunanimidade crist est ligada em si mesma por um firme e inseparvel amor. Poisquando o Senhor chama ao po, o qual composto pela unio de muitos gros, seucorpo, indica o nosso povo que Ele carregou como estando unido; e quando chamaao vinho, o qual espremido de muitas uvas e cachos e recolhido, seu sangue,tambm significa o nosso rebanho reunido pela mistura de uma multido unida.