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CLASSIFICAÇÃO E
CARACTERÍSTICAS DAS LÍNGUAS
ROMÂNICAS
Profª. Liliane Barreiros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANADEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES
COLEGIADO DE LETRAS
TEMA DA AULA:
Classificação e características das
Línguas Românicas
TEXTO (01) – Considerações sobre a Origem das
Línguas Românicas. In: VIDOS, Benedek Elemér.
Manual de lingüística românica. Tradução de José
Perreira da Silva. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1996, p.
206-208.
TEXTO (02) – Dialetos e línguas românicas. In:
Ibidem, p. 235-248.
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
Considerações sobre a
Origem das Línguas Românicas
• Latim Vulgar (diferenciação)V
erti
cal –
Cla
sses
So
cial
Horizontal –
Diferenças Geográficas
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
A partir do séc. III d.C.
• Roma deixa de ser uma grande potência
• Enfraquece o prestígio da língua literária
• Diminui a separação entre o latim clássico
e o vulgar
• Aumenta os vulgarismos (romanismos)
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
Séc. V d.C.
• Queda do Império Romano
• A separação entre unidade e diversidade
foi eliminada (culto X popular)
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
“... a evolução natural das coisas traz consigo
o rompimento da unidade do latim,
favorecendo a sua diversificação” (VIDOS,
1996, p. 207).
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
Resumindo...
• A história das línguas românicas é
constituída por dois momentos
fundamentais:
• a romanização - unificação X fragmentação =
predomínio da diversificação sobre a
concentração.
Resumindo...
• Esses dois movimentos representam forças
distintas que atuam no processo de variação e
mudança linguística:
• força centrípeta (de fora para o centro);
• força centrífuga (do centro para fora).
Resumindo...
• força centrípeta – da conservação, da unificação
(normalmente exercida pelas instituições e
mecanismos sociais de poder); e
• força centrífuga – de inovação, de diversificação
(impulsionada pelas mudanças culturais, pelo uso
quotidiano e pela interação com outras culturas).
Séc. V a XII d.C.
• Intenso processo de desenvolvimento das
variedades do românico
Dissolução da
tradição
linguística
do latim
Dialetos
românicoscentrífugo
Línguas
românicasInício de uma nova
tradição
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
Séc. XV d.C.
• Formam-se as línguas românicas nacionais,
porém o desenvolvimento dialetal continua até
hoje.
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Dialeto
• São falares regionais que apresentam entre si
coincidência de traços linguísticos fundamentais;
• Não oferece unidade absoluta em todo o território
(CÂMARA JR., 1956).
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
EX.: Brasil – divisão dialetal entre o Norte e o Sul)
NORTE – Subdialetos (amazônico; nordestino)
SUL – Subdialetos (baiano; fluminense; mineiro;
sulista)
Língua
A língua nacional ou língua comum (a toda
uma nação) compreende a língua escrita que
serve para as relações escritas entre os membros
de uma comunidade linguística (forma mais
elevada – língua literária) e a língua de uso, isto
é, a variedade falada da língua escrita (VIDOS,
1996).
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
Dialeto românico X Língua românica
A essência de uma língua se determina
não só pelo critério linguístico, mas ainda
por fatores históricos, políticos, culturais
e literários (VIDOS, 1996).
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
A linguística moderna reconhece que o status
de língua e dialeto não é somente
determinado por critérios linguísticos, mas é
também o resultado de um desenvolvimento
histórico, geográfico e sócio-político.
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
Fronteiras dialetais X Fronteiras de línguas
• A diferença é quantitativa
• Fronteiras dialetais são determinadas por
fatores históricos e culturais
• Fronteiras de línguas o laço causal
histórico e os laços espirituais e culturais
são mais fortes (VIDOS, 1996).
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
Classificação das Línguas Românicas
“A classificação das línguas românicas
não pode ser uma classificação abstrata,
lógico-matemática, mas apenas uma
classificação histórica, traçada segundo as
ciências do espírito. [...] ela pode ser feita
“não sobre uma base exclusivamente
linguística, mas ainda e ao mesmo tempo
histórica, política e cultural” (VIDOS, 1996, p.
242-243).
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
Classificação das
Línguas Românicas
• 1ª classificação - Frederich Diez
• Baseou-se no critério linguístico, na
independência política dos povos
românicos, no critério literário e no
geográfico.
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
Diez começou estudando obras castelhanas antigas,
depois passou para o provençal, em seguida, outras
línguas românicas e, entre 1836 e 1843, publicou sua
Gramática das Línguas Românicas, em três volumes; e
em 1854, o Dicionário Etimológico das Línguas
Românicas. Logo na primeira página de sua gramática,
Diez faz derivar diretamente do latim vulgar as seis
línguas românicas, que ele havia considerado como
tais entre todas as variedades estudadas. O ponto de
partida das línguas românicas é a língua falada pelos
romanos, não a forma escrita, literária, diferentemente
do que pensaram Dante Alighieri e Raynouard. Por isso,
Diez é considerado o pai da filologia românica.
(BASSETTO, 2001, p. 32).
GRUPO
ORIENTALRomeno
Norte
Sul
Italiano
Provençal
Português
Espanhol
Francês
Classificação de Diez
GRUPO
OCIDENTAL
• Catalão (não era falado em território politicamente
independente)
• Reto-românico (não era falado em território
politicamente independente)
• Sardo (não era falado em território politicamente e
literariamente independente)
• Dalmático (não era conhecido, foi extinto
posteriormente)
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
Classificação de Diez:
o que faltou?
• É a fusão do método histórico (Grimm) com o
comparativo (Bopp) no início do século XIX
• O método histórico procura explicar as causas
e/ou consequências dos fatos linguísticos
através da observação de dois ou mais estágios
cronológicos de uma língua comprovados em
alguma forma de documento (normalmente um
texto escrito).
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
Método histórico-comparativo
• O método comparativo é utilizado também para
cotejar estágios de evolução de diversas línguas
ou dialetos nas diferentes regiões em que são
faladas ou documentadas.
• Utiliza-se um número exaustivo de casos
semelhantes, estabelecem-se normas, regras ou
“leis” que possibilitam a reconstituição de
formas linguísticas não documentadas para
explicar a etimologia de muitas palavras.
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
Método histórico-comparativo
• Trata-se, portanto, do método básico da
linguística românica, a partir do qual todo o seu
progresso se deu, pois os outros métodos e
movimentos subsequentes surgiram para
corrigir algum aspecto do método histórico-
comparativo.
• É o mais importante método aplicável aos estudos
diacrônicos da linguística românica.
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
Método histórico-comparativo
Aplicação
LATIM ITALIANO ESPANHOL FRANCÊS PORTUGUÊS
amicum/amicus amico amigo ami ?librum / liber libro libro livre ?tempus tempo tiempo temps ?manum/manus mano mano main ?bucca bocca boca bouche ?caballum/caballus cavallo caballo cheval ?filium/filius figlio hijo fils ?quattuor quattro cuatro quatre ?facere fare hacer faire ?dicere dire decir dire ?
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
... em português
LATIM ITALIANO ESPANHOL FRANCÊS PORTUGUÊS
amicum/amicus amico amigo ami amigo
librum / liber libro libro livre livro
tempus tempo tiempo temps tempo
manum/manus mano mano main mão
bucca bocca boca bouche boca
caballum/caballus cavallo caballo cheval cavalo
filium/filius figlio hijo fils filho
quattuor quattro cuatro quatre quatro
facere fare hacer faire fazer
dicere dire decir dire dizer
Profª. Liliane Lemos Santana Barreiros
Renovou a tese de Diez e estudou 9 línguas (do leste
para o oeste):
Romeno,
Dalmático (falado ao longo da costa da Dalmácia) – carac. italiano,
Rético (relativo à antiga Récia - Suíça oriental),
Italiano,
Sardo (se desenvolveu de uma forma peculiar, em uma ilha isolada do
continente: a Sardenha, na Itália),
Provençal,
Francês (Francês do Norte e Francês do Sudeste),
Espanhol e
Português.
WILHELM MEYER-LUBK
(1861-1936)
Foi, no dizer Tagliavini, o maior teórico da
lingüística românica, após Diez. Explicou os
fenômenos a partir das leis fonéticas.
Também publicou um Dicionário Etimológico
das Línguas Românicas e uma Gramática das Línguas
Românicas.
WILHELM MEYER-LUBK
(1861-1936)
Retoma a distinção de Diez no que tange ao
agrupamento das línguas românicas em duas
grandes divisões:
1) România Ocidental: Portugal, Espanha, França
e Norte da Itália;
2) România Oriental: Itália Peninsular, Romênia e
antigo Dalmático, sendo que o Sardo ocupa uma
posição intermediária.
WALTER VON WATEMBURG
Reuniram as línguas românicas em alguns grupos:
a) Balcano-românico: romeno;
b) Italo-românico: dalmático, italiano, sardo e
reto-romano;
c) Galo-românico: francês, franco-provençal e
provençal (gascão);
d) Ibero-românico: catalão, espanhol e português.
ÂNGELO MONTEVERDI e
CARLO TAGLIAVINI
Defende a individualidade do catalão.
Fez uma reconstrução da situação linguística
na Península Ibérica, demonstrando com evidência
a continuidade linguística desde a Catalunha e
Aragão até Leão, Galiza e Portugal. (VIDOS, 1996,
p. 247).
RAMÓN MENENDÉZ PIDAL
CLASSIFICAÇÃO DAS LÍNGUAS ROMÂNICAS
SALLES, Ricardo C. O Legado de Babel: as línguas e seus falantes. Dicionário descritivo
das línguas indo-européias. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1993. p. 277-310.
Catalão,
Dalmático,
Espanhol,
Francês,
Franco-provençal,
Galego,
Italiano,
Ladino ou reto-romano,
Occitano ou provençal,
Português,
Romeno,
Sardo.
CATALÃO:
Língua falado no nordeste
da Espanha (Províncias de
Barcelona, Girona,
Tarragona, Lleida,
Valencia, Castelló, Alicante
e leste de Aragão) e regiões
adjacentes da França
(Rausillon, em Andorra,
nas Ilhas Baleares e na
cidade de Alghero
(Sardenha). É língua oficial
na Catalunha, na Espanha.
ESPANHOL: Língua na Europa, América,
África e Ásia. É a língua
oficial da Espanha, Andorra,
Argentina, Bolívia, Chile,
Colômbia, Cuba, Costa Rica,
Equador, Guatemala, Guiné
Equatorial, Honduras,
México, Nicarágua, Porto
Rico, Panamá, Paraguai, Peru,
República Dominicana, El
Salvador, Uruguai, Venezuela,
Saara Espanhol. É falada,
também, no Marrocos, nas
Filipinas, no Sudoeste dos
Estados Unidos. Está entre as
cinco mais faladas do mundo.
FRANCÊS:
Língua oficial da
França e suas colônias
e uma das línguas
oficiais da Bélgica,
Suíça, Canadá,
Mônaco, Andorra e
Luxemburgo. É
também língua veicular
ou língua utilizada na
administração em mais
de 20 países da África,
Ásia, Oceania e Caribe.
FRANCO-
PROVENÇAL:
Complexo dialetal
românico, falado no
oeste da Suíça e
regiões adjacentes da
França e Itália, por
cerca de 4 milhões de
pessoas, no mínimo,
bilíngües. Dada a sua
grande variedade em
tão pequeno território,
esses falares nunca
formaram uma língua
literária unificada.
GALEGO:
Língua falada na Galícia,
noroeste da Espanha
(províncias de La Coruña,
Orense, Pontevedra). Há,
ainda, alguns núcleos de
falante de galego no Brasil,
na Argentina, Estados
Unidos e México, mas é
muito difícil estimar seu
número, já que como
imigrantes são considerados
apenas espanhóis e às vezes
portugueses.
ITALIANO:
Língua falada na Itália, San
Marino, Cidade do Vaticano,
Suíça, sudeste da França e
Córsega, Mônaco, Malta e
em enclaves nos Estados
Unidos, Brasil, Canadá,
Argentina e Iugoslávia. É
língua oficial da Itália, San
Marino e Suíça, língua
veicular na cidade do
Vaticano, língua de cultura
em Malta e ainda é usada
como língua veicular (para
certos efeitos) na Líbia, na
Etiópia e na Somália.
OCCITANO OU
PROVENÇAL:
Língua falada numa
extensa região que
compõe todo o terço
meridional da frança
(todos bilíngüe).
PORTUGUÊS:
Língua falada no Brasil, em Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-
Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, dos quais é língua
oficial. Em Goa e Macau está em processo de desaparecimento; em
Timor Leste está praticamente desaparecida.
ROMENO:
Língua falada na República Popular da Romênia, ex-União
Soviética, ex-Iogoslávia, sudeste da Hungria, norte da
Bugária, enclaves na Grécia, Turquia e Israel. É a língua
oficial da Romênia.
SARDO:
Língua falada na
Sardenha. Os falantes
do sardo são, em geral,
bilíngües que dadas as
grandes diferenças
dialetais, se utilizam do
italiano como língua
veicular.