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vergilio-dreer-caetano
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A distância e o inapelável final não permitiriam mais sequer uma esperança, mas
havia alguma coisa naquele último olhar.
Alguma coisa de um indecifrável querer dizer,
talvez uma mensagem definitiva e definidora das razões e dos conceitos que nos amputaram ao meio.
Quase como um gatilho semi-apertado, uma contida cusparada no rosto ou a ameaça de um
verdadeiro beijo que jamais trocamos.
Por alguns segundos estive perdido na eterna dúvida sobre a
cor dos teus olhos.Não era o momento certo, eu sabia, pra essas
divagações e Logo abandonei os olhos e fixei-me novamente
no olhar, Terno? Frio? Rancoroso? Ou tudo isso junto?
Importantes, no entanto, eram as
entrelinhas, o que havia no contido
brilho das derradeiras
verdades que eu jamais conheceria.
Segurei tua mão, estava fria, largada, não participante do desfecho daquilo que havia
sido jurado para toda vida.
O olhar, porém, mantinha a mesma expressão de pantera
ou de gazela, caçador ou caça, que eu não conseguia traduzir.
Ora parecia uma súplica, ora um palavrão, em seguida uma ponte, depois um desterro.
A própria esfinge: Decifra-me ou devoro-te!
De repente, quebrou-se o feitiço. Um tchau, ao invés de adeus, um sorriso único irônico, uma
piscadela de pouco caso, Vulgarizaram o instante que deveria ser nobre,
inapagável.
Partimos e ficamos um no outro, iniciando a aventura
de sermos metades que nada mais buscavam.
O absurdo do encontro predestinado e da perda
irreparável já havia ocorrido. Não mais inúteis
procuras e impossíveis achados. Sequer em um
milhão de anos.Mas aquele olhar...O que não consegui
entender e queria dizer-me aquele olhar?