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    COMENTRIOS AO ESTATUTO DA CIDADE

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    www.lumenjuris.com.br

    EDITORESJoo de Almeida

    Joo Luiz da Silva Almeida

    ONSELHO EDITORI LAlexandre Freitas CmaraAmilton Bueno de CarvalhoArtur de Brito Gueiros Souza

    Cezar Roberto BitencourtCesar FloresCristiano Chaves de FariasCarlos Eduardo Adriano JapiassElpdio DonizettiEmerson GarciaFauzi Hassan ChoukrFirly Nascimento FilhoFrancisco de Assis M. TavaresGeraldo L. M. PradoGustavo Snchal de GoffredoJoo Carlos SoutoJos dos Santos Carvalho FilhoLcio Antnio Chamon JuniorManoel Messias PeixinhoMarcellus Polastri LimaMarco Aurlio Bezerra de MeloMarcos Juruena Villela SoutoNelson RosenvaldPaulo de Bessa AntunesPaulo RangelRicardo Mximo Gomes FerrazSalo de CarvalhoSrgio Andr RochaSidney GuerraTrsis Nametala Sarlo JorgeVictor Gameiro Drummond

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    JOS DOS SANTOS CARVALHO FILHOMestre em Direito pela UFRJ Universidade Federal do Rio de JaneiroProfessor da UFF Universidade Federal Fluminense (Ps-Graduao)Professor da UCAM Universidade Cndido Mendes (Ps-Graduao)

    Professor-palestrante da EMERJ Escola da Magistratura do Estado do Rio de JaneiroMembro do IBDA Instituto Brasileiro de Direito Administrativo

    Membro do IDAERJ Instituto de Direito Administrativo do Estado do Rio de JaneiroMembro do IAB Instituto dos Advogados Brasileiros

    Membro do IADP Instituto Ibero-Americano de Direito PblicoProcurador de Justia do Estado do Rio de Janeiro (aposentado)

    Consultor Jurdico Advogado

    COMENTRIOS AO ESTATUTODA CIDADE

    3a

    ediorevista, ampliada e atualizada

    EDITORA LUMEN JURISRio de Janeiro

    2009

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    Copyright 2009byJos dos Santos Carvalho Filho

    PRODUO EDITORIALLivraria e Editora Lumen Juris Ltda.

    A LIVRARIA E EDITORA LUMEN JURIS LTDA.no se responsabiliza pelas opiniesemitidas nesta obra por seu Autor.

    proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer

    meio ou processo, inclusive quanto s caractersticasgrficas e/ou editoriais. A violao de direitos autoraisconstitui crime (Cdigo Penal, art. 184 e , e Lei no 6.895,

    de 17/12/1980), sujeitando-se busca e apreenso eindenizaes diversas (Lei no 9.610/98).

    Todos os direitos desta edio reservados

    Livraria e Editora Lumen Juris Ltda.

    Impresso no BrasilPrinted in Brazil

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    A Tuca (como sempre, minha cidade), pela graadivina de voc existir. Obrigado, mais uma vez.

    Aos meus verdadeiros amigos, que fazem de seucorao uma cidade.

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    Intrasti urbem; ambula juxta ritum ejus(Entraste na cidade; anda conforme sua lei)

    A primeira obrigao de todas as edificaes a de ser erigida relacionando-se com a cidade

    Voltaire (1694-1778)

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    Trabalhos do Autor

    I - LIVROS

    Manual de Direito Administrativo. Lumen Juris, 20 ed., 2008.Ao Civil Pblica. Comentrios por Artigo. Lumen Juris, 6 ed., 2007.

    Processo Administrativo Federal, Lumen Juris, 3 ed., 2007.Comentrios ao Estatuto da Cidade, Lumen Juris, 3 ed., 2008.

    II - TRABALHOS PREMIADOS

    1) O Ministrio Pblico no Mandado de Segurana (monografia premiadapor sua classificao em 1o lugar no 1o Concurso Prmio Associao doMinistrio Pblico do Estado do Rio de Janeiro publicado na Revista deDireito da Procuradoria-Geral de Justia do RJ, vol. 13, 1981).

    2) A Exausto da Via Administrativa e o Controle Jurisdicional dos AtosAdministrativos (Prmio San Thiago Dantas VI Encontro do Ministrio

    Pblico do Rio de Janeiro, Cabo Frio, 1985 publicado naRevista de Direitoda Procuradoria-Geral de Justia, no 22, 1985).3) O Ministrio Pblico e o Controle do Motivo dos Atos Administrativos

    luz da Constituio de 1988 (Trabalho apresentado no XII Encontro doMinistrio Pblico do Rio de Janeiro, outubro/91 Prmio MarizaPerigault pelo 1o lugar na rea cvel).

    III - ARTIGOS JURDICOS

    1) O Contencioso Administrativo (Revista de Direito da Procuradoria-Geralde Justia do Rio de Janeiro, no 8, 1979).

    2) A Responsabilidade Civil das Entidades Paraestatais (Revista de Direitoda Procuradoria-Geral de Justia, no 9, 1980, e Revista Juriscvel, no 100).3) Da Avaliao Penal na Pena Acessria de Perda de Funo Pblica (Tese

    de Mestrado aprovada, UFRJ, 1981).4) A Extino dos Atos Administrativos (Revista Juriscvel, no 117 1982, e

    Revista de Direito da Procuradoria-Geral de Justia do Rio de Janeiro, no 16,1982).

    5) O Fato Prncipe nos Contratos Administrativos (Revista de Direito da Pro-curadoria-Geral de Justia do Rio de Janeiro, no 23, 1986).

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    6) O Ministrio Pblico e o Princpio da Legalidade na Tutela dos InteressesColetivos e Difusos Tese aprovada no VIII Congresso Nacional do Minis-trio Pblico, Natal 1990 (Revista de Direito da Procuradoria-Geral de Jus-tia do Rio de Janeiro, no 32, 1990).

    7) As Novas Linhas do Regime de Licitaes (Revista do Tribunal de Contasdo RJ no 25 set./93 eLivro de Estudos Jurdicos, no 7, 1993).

    8) Extensibilidade dos Direitos Funcionais aos Aposentados (Revista doMinistrio Pblico do Rio de Janeiro, vol. 1, 1995, e Revista do Tribunal deContas do RJ no 26, 1994).

    9) Os Interesses Difusos e Coletivos e o Princpio da Legalidade (Livro de

    Estudos Jurdicos, no

    3, 1992).10) Exame Psicotcnico: natureza e condies de legitimidade (Livro deEstudos Jurdicos, no 9, 1994).

    11) Observaes sobre o Direito Obteno de Certides (Livro de EstudosJurdicos, no 5, 1992).

    12) Responsabilidade Civil do Estado por Atos Legislativos (Livro de EstudosJurdicos, no 6, 1993).

    13) O Novo Processo Expropriatrio para Reforma Agrria (Revista do Minis-trio Pblico do Rio de Janeiro, vol. 2, 1995, eLivro de Estudos Jurdicos, no

    8, 1994).14) A Eficcia Relativa do Controle da Constitucionalidade pelos Tribunais

    Estaduais (Livro de Estudos Jurdicos, no 10, 1995).

    15) A Contradio da Lei no 8.987/95 quanto Natureza da Permisso deServios Pblicos (Revista Arquivos do Tribunal de Alada, vol. 21, 1995, eLivro de Estudos Jurdicos, no 11, 1995).

    16) Regime Jurdico dos Atos Administrativos de Confirmao e de Substitui-o (RevistaDoutrina, vol. 1, 1995, e RevistaArquivos do Tribunal de Ala-da, vol. 24, 1996).

    17) A Prescrio Judicial das Aes contra o Estado no que Concerne a Con-dutas Comissivas e Omissivas (RevistaDoutrina, vol. 2, 1996).

    18) Aspectos Especiais do Mandado de Segurana Preventivo (RevistaDou-trina, vol. 3, 1997).

    19) Acumulao de Vencimentos com Proventos da Inatividade (RevistaDou-trina, vol. 4, 1997).

    20) A Nova Limitao do Efeito erga omnes na Ao Civil Pblica (RevistaDoutrina, vol. 5, 1998).

    21) As novas agncias autrquicas diante da privatizao e da globalizaoda economia (Revista Doutrina, no 6, 1998).

    22) O controle autrquico no processo de desestatizao e da globalizao daeconomia (Revista do Ministrio Pblico [RJ], no 8, 1998).

    23) O controle da relevncia e urgncia nas medidas provisrias (RevistaDoutrina, no 7, 1999, eRevista do Ministrio Pblico [RJ], no 9, 1999).

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    24) A investidura em cargos em comisso e o princpio da moralidade(Revista Doutrina, no 8, 1999).

    25) O Futuro Estatuto das Empresas Pblicas e Sociedades de EconomiaMista (Revista Doutrina, RJ, no 9, 2000) e Revista do Ministrio Pblico[RJ], no 11, 2000).

    26) O prego como nova modalidade de licitao (Revista Doutrina, no 10,2000).

    27) Regime especial dos servidores temporrios (Revista Ibero-Americana deDireito Pblico, vol. III, 2001).

    28) Ao Civil Pblica e Inconstitucionalidade Incidental de Lei ou AtoNormativo (Revista do Ministrio Pblico [RJ], no 12, jul./dez. 2000).

    29) O direito de preempo do Municpio como instrumento de polticaurbana (Revista Doutrina, no 12, 2001).

    30) O Controle Judicial da Concretizao do Conceitos Jurdicos Indeter-minados (Revista Forense, no 359, 2002, eRevista da Procuradoria-Geral doEstado do Rio de Janeiro, no 54, 2001).

    31) A responsabilidade fiscal por despesas com pessoal (Revista do Minist-rio Pblico do RJ, no 14, 2001).

    32) Personalidade Judiciria de rgos Pblicos (Revista da EMERJ Escolada Magistratura do RJ, no 19, set./2002).

    33) Autorizao de uso de bem pblico de natureza urbanstica (RevistaIbero-Americana de Direito Pblico, no VII, 2002).

    34) Autorizao e permisso: a necessidade de unificao dos institutos(Revista do Ministrio Pblico do RJno 16, 2002; Revista Ibero-Americanade Direito Pblicono VIII, 2003).

    35) Os bens pblicos no novo Cdigo Civil (Revista da EMERJ Escola daMagistratura do ERJ no 21, 2003).

    36) Propriedade, poltica urbana e Constituio (Revista da EMERJ Escolada Magistratura do ERJ no 23, 2003).

    37) O Princpio da Efetividade e os Direitos Sociais Urbansticos (A Efetivi-dade dos Direitos Sociais (obra coletiva, coord. por Emerson Garcia,Lumen Juris, 2004).

    38) Processo Administrativo (Direito Administrativo (obra coletiva, srieDireito em Foco), Ed. Impetus, 2005, coord. por Marcelo Leonardo Tavares

    e Valter Shuenquener de Arajo).39) A Discricionariedade: Anlise de seu Delineamento Jurdico (Discricio-nariedade Administrativa, obra coletiva, coord. de Emerson Garcia, LumenJuris, 2005).

    40) A Deslegalizao no Poder Normativo das Agncias Reguladoras (RevistaInteresse Pblico no 35, Notadez (RS), 2006.

    41) O novo regime funcional de agentes comunitrios de sade e agentes decombate s endemias (Revista Gesto Pblica e Controle, Trib.Contas doEstado da Bahia, no 2, 2006).

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    42) O direito de preempo do municpio como instrumento de polticaurbana. Novos aspectos (Arquivos de Direito Pblico, obra coletiva, Ed.Mtodo, 2007, org. Adriano SantAnna Pedra).

    43) Operaes Urbanas Consorciadas (com a Prof Cristiana Fortini, inRevista da Procuradoria-Geral do Municpio de Belo Horizonte Ano 1, n 1,

    2008)

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    Nota do Autor 3a Edio

    Em virtude dos inegveis efeitos decorrentes dos problemas urbansti-cos, tem crescido o interesse de diversos setores da sociedade a respeito dequestes relacionadas s cidades.

    A sensibilizao social para a conquista de cidades sustentveis traz,

    em seu ncleo, a convico de que se torna necessrio elevar a qualidade devida dos indivduos e fortalecer o bem-estar das comunidades em geral.

    No obstante, muito ainda se precisa avanar para a preveno contraos grandes males do desenvolvimento e da expanso urbana e para o enfren-tamento dos transtornos que o crescimento desordenado das cidades temacarretado na vida dos indivduos.

    A reviso a que se procedeu para esta nova edio levou em considera-o a ocorrncia de novos problemas, a prolao de decises judiciais e o en-foque dos especialistas no trato da matria. Alis, sempre se faz necessriaa atualizao, porque o processo urbanstico dinmico, exigindo constantee contnuo acompanhamento.

    De minha parte, mantenho a esperana de que a cidade seja vista como

    o centro da vida dos cidados. Como seu refgio, seu abrigo, seu porto seguro.Aos leitores, que propiciaram esta terceira edio dos Comentrios,

    minha sincera gratido. querida amiga, ANA MARIA BENS DE OLIVEIRA, agradeo, como

    sempre, o trabalho de reviso.

    Jos dos Santos Carvalho FilhoAgosto de 2008.

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    Sumrio

    Captulo I Cidade e Urbanismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11. A Cidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12. Urbanismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43. Direito Urbanstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54. Urbanizao e Urbanificao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

    Captulo II Poltica Urbana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91. Direito Positivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102. Poltica Urbana: Sentido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113. Objetivos da Poltica Urbana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134. Competncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

    Captulo III Diretrizes Gerais da Poltica Urbana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191. Diretrizes Gerais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202. Direitos Transindividuais Urbansticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213. Classificao das Diretrizes Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234. Diretrizes Governamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

    a) PLANEJAMENTO (inc. IV). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25b) EQUIPAMENTOS URBANOS, TRANSPORTES E SERVIOS (inc. V) . 28c) INTEGRAO CIDADE-CAMPO (inc. VII) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29d) PRODUO, CONSUMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

    (inc. VIII) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30e) PROTEO AO PATRIMNIO PBLICO (inc. XII). . . . . . . . . . . . . . . . 32f) ISONOMIA SETOR PBLICO/PRIVADO (inc. XVI) . . . . . . . . . . . . . . . 33

    5. Diretrizes Sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34a) DIREITO A CIDADES SUSTENTVEIS (inc. I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35b) PARTICIPAO DA SOCIEDADE CIVIL (inc. II). . . . . . . . . . . . . . . . . 37c) COOPERAO GOVERNO/INICIATIVA PRIVADA (inc. III) . . . . . . . . 38d) JUSTIA NOS BENEFCIOS E NUS (inc. IX). . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40e) PRVIA AUDINCIA DO GOVERNO E DAS POPULAES (inc. XIII) . 40

    6. Diretrizes Econmico-Financeiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

    a) INSTRUMENTOS DE POLTICA ECONMICO-FINANCEIRA (inc. X) . 43b) RECUPERAO DE INVESTIMENTOS (inc. XI) . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

    7. Diretrizes Relativas ao Solo Urbano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 457.1. ORDENAO E CONTROLE DO USO DO SOLO (inc. VI) . . . . . . . . 46

    a) USO INADEQUADO DE IMVEIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47b) VIZINHANA INCOMPATVEL OU INCONVENIENTE . . . . . . . . 47c) ADEQUAO INFRA-ESTRUTURA URBANA. . . . . . . . . . . . . . 49d) PLOS GERADORES DE TRFEGO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50e) ESPECULAO IMOBILIRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

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    f) DETERIORAO DE REAS URBANIZADAS . . . . . . . . . . . . . . . . 52g) POLUIO E DEGRADAO AMBIENTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

    7.2. TRATAMENTO ESPECFICO A POPULAES DE BAIXA RENDA:REGULARIZAO FUNDIRIA (inc. XIV) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

    8. Diretrizes Jurdicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

    Captulo IV Instrumentos da Poltica Urbana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 591. Sentido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 602. Legislao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 613. Controle Social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 624. Elenco de Instrumentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

    ENUMERAO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63DESTAQUES E INOVAES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64CONCESSO DE DIREITO REAL DE USO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

    Captulo V Parcelamento, Edificao e Utilizao Compulsrios . . . . . 671. Fonte Constitucional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 682. Lei Especfica e Plano Diretor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 693. Condies e Prazos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 704. Parcelamento Compulsrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 715. Edificao Compulsria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 726. Utilizao Compulsria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    SENTIDO DE UTILIZAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73SUBUTILIZAO NO ESTATUTO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

    UTILIZAO COMPULSRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75INTERPRETAO CONFORME A CONSTITUIO . . . . . . . . . . . . . . . . 76

    7. A Notificao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77OBJETO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77CONTROLE DE LEGALIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77FORMALIZAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78AVERBAO NO CARTRIO IMOBILIRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79INICIATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79EFEITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

    8. Prazos para o Cumprimento da Obrigao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 819. Transmisso do Imvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

    Captulo VI IPTU Progressivo no Tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 871. Fonte Constitucional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 872. O IPTU na Constituio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 883. O IPTU como Instrumento Urbanstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

    SENTIDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89NATUREZA JURDICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89PRESSUPOSTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

    4. Alquotas, Valores e Prazo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91ALQUOTAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

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    VALOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92PRAZOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

    5. Isenes e Anistia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

    Captulo VII Desapropriao Urbanstica Sancionatria . . . . . . . . . . . . . 991. Desapropriao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

    NOO INICIAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99NATUREZA E FUNDAMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100FONTES NORMATIVAS E MODALIDADES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

    2. A Desapropriao Urbanstica Sancionatria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102FONTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

    NATUREZA JURDICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103PRESSUPOSTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103FINALIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104FACULTATIVIDADE OU OBRIGATORIEDADE? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104PROCEDIMENTO EXPROPRIATRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

    3. Efeito da Propositura da Ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1074. Indenizao em Ttulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108

    PRAZO DE RESGATE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109VALOR DA INDENIZAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109PODER LIBERATRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112

    5. Adequao Urbanstica do Imvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112APROVEITAMENTO DO IMVEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112FORMAS DE APROVEITAMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114RETROCESSO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

    6. Transmisso do Imvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117TRANSFERNCIAS DAS OBRIGAES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117PRAZO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118

    Captulo VIII Usucapio Especial de Imvel Urbano. . . . . . . . . . . . . . . . . . 1211. Usucapio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1222. Usucapio Especial de Imvel Urbano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123

    FONTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124NATUREZA JURDICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125PRESSUPOSTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

    3. A Aquisio do Direito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128

    RECONHECIMENTO DO DIREITO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128TTULO DE DOMNIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129DIREITO DO HERDEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130

    4. Usucapio Especial Coletivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132SENTIDO E NATUREZA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132GNESE DA NORMA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132PRESSUPOSTOS ESPECFICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133REQUISITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134SUCESSO DE POSSES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135

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    SENTENA DE USUCAPIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135FORMAO E ADMINISTRAO DO CONDOMNIO . . . . . . . . . . . . . . 136

    5. A Ao de Usucapio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138LEGITIMIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138EFEITOS SOBRE OUTRAS AES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141INTERVENO DO MINISTRIO PBLICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142ASSISTNCIA JUDICIRIA GRATUITA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143RITO PROCESSUAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145USUCAPIO COMO MATRIA DE DEFESA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145REGISTRO DA SENTENA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147

    6. Concesso de Uso Especial para Fins de Moradia. . . . . . . . . . . . . . . . . . 148

    Captulo IX Direito de Superfcie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1511. Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1522. Direito de Superfcie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154

    CONCEITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154NATUREZA JURDICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155INSTITUTOS AFINS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156TEMPO DA CONCESSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156ONEROSIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157INSTRUMENTO FORMAL E REGISTRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158

    3. Contedo do Direito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1584. Encargos e Tributos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159

    5. Transferncia do Direito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160TRANSFERNCIA A TERCEIROS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160TRANSMISSO CAUSA MORTIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161DIREITO DE PREFERNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161

    6. Extino do Direito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163CAUSAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163DESVIO DE FINALIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164EFEITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165AVERBAO NO REGISTRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165

    Captulo X Direito de Preempo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1671. Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168

    2. Direito Urbanstico de Preempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169SENTIDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169NATUREZA JURDICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170CONSTITUCIONALIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171ELEMENTO SUBJETIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171ELEMENTO OBJETIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175ELEMENTO VOLITIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175ELEMENTO FINALSTICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176ELEMENTO FORMAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177

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    3. Incidncia Temporal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177VIGNCIA DO DIREITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177A QUESTO DA VIGNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179SUCESSIVIDADE DE ALIENAES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180PRVIO PACTO DE PREEMPO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180

    4. Lei Municipal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1815. Motivos e Finalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182

    INTRODUO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182MOTIVO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183FINALIDADES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185

    6. O Procedimento de Notificao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187

    DEVER DE NOTIFICAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187PRAZO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187ANEXAO DA PROPOSTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187PUBLICAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189PRETERIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189

    7. Desinteresse Municipal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191ALIENAO A TERCEIROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191CONDIES DA ALIENAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192PROVA DO INSTRUMENTO ALIENATIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193

    8. Invalidao do Negcio Alienativo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194NULIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194EFEITO DA INVALIDAO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195

    Captulo XI Outorga Onerosa do Direito de Construir . . . . . . . . . . . . . . . 1971. Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197

    O SOLO CRIADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197ELEMENTOS BSICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199

    2. Outorga Onerosa do Direito de Construir . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201SENTIDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201NATUREZA DA OUTORGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201PRESSUPOSTOS DE INCIDNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204

    3. Coeficiente de Aproveitamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205SENTIDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205ESPCIES DE COEFICIENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206

    LIMITES DE COEFICIENTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2074. Alterao de Uso do Solo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207SENTIDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207CONDIES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208NATUREZA JURDICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209

    5. Lei Municipal Especfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210EXIGNCIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210CONDIES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210CLCULO PARA A COBRANA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210

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    ISENES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211A CONTRAPARTIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212

    6. Aplicao dos Recursos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214RECURSOS AUFERIDOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214FINALIDADES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215CONTROLE DAS FINALIDADES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215

    Captulo XII Operaes Urbanas Consorciadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2171. Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2182. Noo Jurdica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219

    CONCEITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219PARTICIPANTES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220FINALIDADES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221LEI MUNICIPAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222

    3. Operaes Consorciadas e Operaes Interligadas. . . . . . . . . . . . . . . . . 2234. Medidas Urbansticas Possveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2255. O Plano da Operao Consorciada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2256. Destinao dos Recursos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2287. Licenas e Autorizaes aps a Lei Especfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2298. Os Certificados de Potencial Adicional de Construo . . . . . . . . . . . . . . 230

    SENTIDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230FINALIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231ALIENAO E UTILIZAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231NEGOCIABILIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232

    Captulo XIII Transferncia do Direito de Construir . . . . . . . . . . . . . . . . 2331. Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2332. Sentido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2343. Lei Municipal e Plano Diretor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2354. Contedo e Titularidade do Direito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236

    CONTEDO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236TITULARIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237

    5. Formalizao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2386. Fins Urbansticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2397. A Contrapartida da Doao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241

    Captulo XIV Estudo de Impacto de Vizinhana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243

    1. A Questo da Vizinhana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2432. Vizinhana e Direito de Construir. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2453. Estudo de Impacto de Vizinhana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 246

    SENTIDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 246NATUREZA JURDICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 247LEI MUNICIPAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248LICENAS E AUTORIZAES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249EXECUO DO CONTROLE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251CONSTRUO, AMPLIAO E FUNCIONAMENTO . . . . . . . . . . . . . . . 252

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    4. Objeto do EIV: Efeitos Positivos e Negativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 254OBJETO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 254FATORES DE INVESTIGAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255ADENSAMENTO POPULACIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255EQUIPAMENTOS URBANOS E COMUNITRIOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 256USO E OCUPAO DO SOLO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257VALORIZAO IMOBILIRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257GERAO DE TRFEGO E DEMANDA POR TRANSPORTE PBLICO . 258VENTILAO E ILUMINAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259PAISAGEM URBANA E PATRIMNIO NATURAL E CULTURAL . . . . . . 260

    5. Publicidade do EIV. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 261

    6. Vizinhana e Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262Captulo XV Plano Diretor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2651. Planejamento Municipal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 266

    SENTIDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 266ELEMENTOS DE INTEGRAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 267PRINCPIOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 267

    2. Plano Diretor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 268NOMENCLATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 268CONCEITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 269NATUREZA JURDICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 270CONTEDO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 270

    3. Plano Diretor e Propriedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272

    DISCIPLINA CONSTITUCIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272A CORRELAO NO ESTATUTO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273

    4. Plano Diretor e Planejamento Municipal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274INTEGRAO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274ABRANGNCIA DO PLANO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275

    5. Formalizao do Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276LEI INSTITUIDORA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276PROCESSO LEGISLATIVO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277

    6. Reviso do Plano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 279FUNDAMENTOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 279SANO POR OMISSO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 280

    7. Elaborao do Plano e Fiscalizao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 281

    PROCESSO DE ELABORAO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 281PARTICIPAO POPULAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 282PUBLICIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 283ACESSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 284SANES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 285VETO E INCONSTITUCIONALIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 285

    8. Obrigatoriedade do Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 286PREVISO CONSTITUCIONAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 286OBRIGATORIEDADE NO ESTATUTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 287

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    9. Impacto Ambiental: Medidas de Compensao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29010. Transporte Urbano Integrado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29011. Contedo do Plano Diretor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 292

    CONTEDO MNIMO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 292DELIMITAO DAS REAS URBANAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294INSTRUMENTOS URBANSTICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295ACOMPANHAMENTO E CONTROLE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295

    Captulo XVI Gesto Democrtica da Cidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2971. Democracia na Gesto Urbanstica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297

    INTRODUO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297

    GESTO DEMOCRTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2982. Instrumentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 299SENTIDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 299RGOS COLEGIADOS DE POLTICA URBANA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 300DEBATES, AUDINCIAS E CONSULTAS PBLICAS . . . . . . . . . . . . . . . . 302CONFERNCIAS SOBRE ASSUNTOS DE INTERESSE URBANO . . . . . . 303INICIATIVA POPULAR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303REFERENDO POPULAR E PLEBISCITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304

    3. Gesto Oramentria Participativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 305INTRODUO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 305INSTRUMENTOS DE PARTICIPAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 306AS LEIS ORAMENTRIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 307

    CONDIO DE APROVAO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 308CRTICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 308

    4. Regies Metropolitanas e Aglomeraes Urbanas. . . . . . . . . . . . . . . . . . 310

    Captulo XVII Disposies Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3131. Consrcio Imobilirio (art. 46). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 316

    REQUISITO DE INSTITUIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 316CONCEITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 316CONTEDO DO INSTRUMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 317FACULDADE DO CONSENTIMENTO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 319MOTIVO DA AUTORIZAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 320FORMA DE PAGAMENTO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 320

    VALOR DO PAGAMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3212. Tributos e Tarifas (art. 47) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3243. Programas e Projetos Habitacionais e Concesso de Direito Real de

    Uso de Imvel Pblico (art. 48) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 325INTERESSE SOCIAL DE PROJETOS HABITACIONAIS . . . . . . . . . . . . . . 325RGOS COM ATUAO ESPECFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 327CONCESSO DE DIREITO REAL DE USO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 328CONCESSO DE DIREITO REAL DE USO E CONCESSO ESPECIALPARA FINS DE MORADIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 331

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    4. Diretrizes de Empreendimentos Urbansticos (art. 49) . . . . . . . . . . . . . . 332PRAZO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 332SANO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 333

    5. Prazo para a Elaborao do Plano Diretor (art. 50). . . . . . . . . . . . . . . . . . 334OBRIGATORIEDADE DE ELABORAO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 334IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 336

    6. Distrito Federal (art. 51). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3387. Improbidade Administrativa (art. 52) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 339

    CONFIGURAO NORMATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 341SENTIDO BSICO E BREVE HISTRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 339SUJEITO ATIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 344

    OMISSO NO APROVEITAMENTO DE IMVEL DESAPROPRIADO. . . 345UTILIZAO INDEVIDA DE REAS ADQUIRIDAS PELO EXERCCIODO DIREITO DE PREEMPO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 347APLICAO INDEVIDA DE RECURSOS OBTIDOS COM OUTORGAONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR E DE ALTERAO DE USO . 348APLICAO INDEVIDA DE RECURSOS OBTIDOS COM OPERAESCONSORCIADAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 349INOBSERVNCIA DE PRINCPIOS RELATIVOS CIDADANIA . . . . . . 350AQUISIO DE IMVEL POR PREO SUPERVALORIZADO . . . . . . . . . 351FALTA DE PARTICIPAO DAS COMUNIDADES . . . . . . . . . . . . . . . . . . 352

    8. Ordem Urbanstica e Ao Civil Pblica (arts. 53 e 54) . . . . . . . . . . . . . . 354AO CIVIL PBLICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 354

    PROTEO DA ORDEM URBANSTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 355TUTELA PREVENTIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3579. Novos Registros Pblicos (arts. 55 a 57) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 359

    REGISTROS PBLICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 359SENTENAS DECLARATRIAS DE USUCAPIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360REGISTRO DO CONTRATO DE CONCESSO DE DIREITO REAL DEUSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 364CONCESSO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA . . . . . . . . 363DIREITO DE SUPERFCIE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 364NOTIFICAO PARA PARCELAMENTO, EDIFICAO OU UTILIZA-O COMPULSRIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 366EXTINO DA CONCESSO DE USO ESPECIAL PARA MORADIA. . . 367EXTINO DO DIREITO DE SUPERFCIE DO IMVEL URBANO. . . . . 368

    10. Vigncia da Lei . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 370

    Captulo XVIII Concesso e Autorizao de Uso Especial . . . . . . . . . . . . 3711. Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3732. Objeto da MP 2.220/01. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3743. Concesso de Uso Especial para Fins de Moradia. . . . . . . . . . . . . . . . . . 375

    CONCEITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 375REQUISITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 376NATUREZA JURDICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 377

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    4. A Outorga da Concesso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 379DESTINATRIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 379CONCESSO NICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 380SUCESSO NA POSSE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 380

    5. Concesso Coletiva de Uso Especial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 381CONCESSO COLETIVA DE USO ESPECIAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 381REQUISITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 381DESTINATRIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 382CONTAGEM DO TEMPO DE POSSE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 383FRAES IDEAIS DO TERRENO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 384

    6. Ocupantes Inscritos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 385

    7. Concesso em Outro Local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 386RISCOS VIDA E SADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 386OUTRAS HIPTESES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 386

    8. Ttulo de Concesso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 387MEIOS DE OUTORGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 387PRAZO PARA DECIDIR ADMINISTRATIVAMENTE. . . . . . . . . . . . . . . . . 388PROVA DE LOCALIZAO E MORADIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 389AO JUDICIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 390MODALIDADES DO TTULO DE CONCESSO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 391REGISTRO DO TTULO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 392

    9. Transferibilidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39210. Extino da Concesso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 394

    11. Autorizao Urbanstica de Uso Especial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 395INTRODUO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 395NATUREZA JURDICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 396DISCRICIONARIEDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 397DEFINITIVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 398COMPETNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 399PRESSUPOSTO BSICO: A POSSE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 400PRESSUPOSTOS TEMPORAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 401PRESSUPOSTO TERRITORIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 401PRESSUPOSTO FINALSTICO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 402GRATUIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 404SUCESSO E CONTINUIDADE DE POSSES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 404TRANSFERNCIA DO OBJETO DO DIREITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 405

    APNDICE

    Constituio Federal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 409Lei no 10.257, de 10 de Julho de 2001. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411Mensagem no 730, de 10 de julho de 2001. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 429Medida Provisria no 2.220, de 4 de Setembro de 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . 435

    Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 439

    ndice Remissivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 445

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    Captulo ICidade e Urbanismo

    1. A Cidade

    A noo de urbanismo est indiscutivelmente atrelada de cidade. Estarevela, de imediato, a idia de conglomerado de pessoas com interesses indi-

    viduais e gerais, fixadas em determinada rea territorial, ao passo que o urba-nismo representa os vrios fatores que conduzem ao desenvolvimento dascidades. Portanto, cabveis so algumas palavras sobre o sentido de cidade.

    O vocbulo cidadese origina do substantivo latino civitas. J o ter-mo urbanismoderiva de urbs. Embora ambos os termos civitase urbstivessem o sentido de cidade e fossem empregados s vezes como sinni-mos, podiam distinguir-se conotaes diferentes em relao s idias queexteriorizavam. O ncleo bsico da sociedade romana constitua a gens,uma extenso da famlia patriarcal criada para a defesa de seus membros. Acivitassucedeu a gens, indicando uma evoluo desta com a presena deelementos que ultrapassavam o sentido da famlia propriamente dita.1 Nota-se, assim, que a noo de civitas mais indicativa delocal onde se agru-pavam os cidados (cives), ou seja, governo, cidade-estado. A urbs,porm, era a cidade em oposio rea rural (rus),2 exatamente com o sen-tido atual de zona urbana da cidade, onde desponta no a cidade como umtodo, mas a cidade considerada em seu centro maior de desenvolvimentopoltico, social e econmico.

    Informam os estudiosos que as primeiras cidades se teriam formado porvolta do ano 3.500 a.C. no vale situado entre os rios Tigre e Eufrates, naMesopotmia. Contudo, com o sentido mais prximo ao moderno, s se mate-rializaram a partir da primeira metade do sculo XIX, ocasio em que se fezmais visvel o processo de urbanizao, este sim, um fenmeno tipicamentede feio contempornea.3

    No fcil delinear o exato sentido de cidade. Servem-se os estudiososde vrios critrios, como o demogrfico (quantidade mnima de pessoas), oeconmico (a populao local produz satisfao de bens e servios aos indiv-

    1

    1 VANDICK LONDRES DA NBREGA, Histria e Sistema do Direito Privado Romano, Ed. FreitasBastos, 3a ed., 1981, p. 34.

    2 FRANCISCO TORRINHA, Dicionrio Latino-Portugus, Ed. Maranus, Porto, Portugal, 3a ed.,1945, pp. 151 e 908.

    3 JOS AFONSO DA SILVA, Direito Urbanstico Brasileiro, Malheiros, 3a ed., 2000, p. 20.

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    duos), a pluralidade de subsistemas (organizaes pblicas, comerciais, indus-triais etc.). Os dois primeiros so incompatveis com a ordenao jurdicavigente, e apenas o ltimo apresenta os traos componentes de sua formao.

    De fato, no possvel entender-se o sentido de cidade sem que se iden-tifique primeiramente a forma de Estado adotada no quadro constitucional.Nos regimes unitrios, de centralizao poltica, no h diviso geogrficamarcada pelo fenmeno da autonomia, de modo que as cidades so os plosdo pas em que se centraliza o processo de desenvolvimento. No regime defederao, h compartimentos internos autnomos (Estados, Provncias etc.),mas cada um deles, por ter extenso territorial significativa, comporta a pre-

    sena de vrias cidades.O Brasil, porm, adota peculiarmente a forma de federao de trsgraus (arts. 1o e 18, CF), conferindo a Carta Constitucional autonomia e com-petncias prprias para Unio, Estados e Municpios. A colonizao doBrasil, com o inicial sistema de capitanias hereditrias, instituiu a tradio derealce para as populaes locais, de forma que, quando se transformou emRepblica, o grmen municipal j se consolidara, mesmo sob o manto doEstado unitrio imperial. Com isso, pode-se dizer que o sentido de cidade noatual regime o que resulta da transformao de determinado conglomera-do populacional em Municpio. Mas no so expresses sinnimas. A cidade, de fato, o ncleo urbano em que se situa a sede do governo municipal eonde o desenvolvimento decorre de vrios sistemas, como os de natureza

    poltica, administrativa, social e econmica, tudo isso em local diverso darea rural integrante da mesma unidade territorial.4

    Uma vez distinto o sentido de cidade em relao ao Municpio, vale apena, para dirimir eventuais dvidas, relembrar outros termos relacionadoscom esse ente federativo. Os Municpios podem adotar diviso geogrfica demodo a marcar a rea de certos centros populacionais mais afastados da cida-de: so os distritos, cuja criao, organizao e supresso se processam por leimunicipal, com observncia da lei estadual (art. 30, IV, CF). Os distritos, porsua vez, ainda podem ser demarcados emsubdistritos, o que se afigura vivelquando maior a extenso da rea municipal e maior a necessidade de des-centralizao para favorecimento da respectiva populao. Sendo mera des-centralizao territorial administrativa, alguns distritos so dotados de rgosincumbidos da prestao de servios pblicos municipais, estaduais e fede-rais, como cartrios de registro civil e de imveis, delegacias policiais, rgosfiscais federais etc. Nesse aspecto, certo dizer que o distrito se contrape cidade, porque nesta que se aloja o ncleo do governo municipal.5

    Jos dos Santos Carvalho Filho

    2

    4 JOS AFONSO DA SILVA, ob. cit., p. 25.5 comum ouvir-se de morador de um distrito a expresso Vou cidade. Essa referncia indi-

    cativa de que a pessoa pretende deslocar-se do distrito ao centro do Municpio.

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    Quando os distritos atingem razovel nvel de desenvolvimento, commaior densidade populacional e capacidade de auto-organizao, normal-mente transformam-se em Municpios, sendo sua rea desmembrada dosMunicpios que integravam anteriormente. Nesse caso, necessria se far aedio de lei estadual, em perodo determinado por lei complementar fede-ral, bem como a organizao de plebiscito, pelo qual se possam consultar aspopulaes interessadas. Alm disso, proceder-se- a estudos de viabilidademunicipal a fim de se constatar se o antigo distrito tem condies de auto-suficincia (art. 18, 4o, CF).6

    As cidades e, em alguns casos, os prprios distritos, podem ser subdivi-

    didas em bairros, que so reas internas freqentemente demarcadas parafacilitar a identificao dos locais das residncias e de estabelecimentoscomerciais e industriais. Nesse sentido, a noo de bairro se contrape decentro da cidade ou simplesmente centro. Alguns autores referem-se s vilas,com o sentido de sede de um distrito.7 Em certos casos, a identificao delocais da cidade ou do distrito pode tambm ocorrer atravs de zonas, tendoestas a finalidade de indicar o tipo de atividade que l se desenvolve (zonaresidencial, zona industrial, zona porturia etc.). O fenmeno aqui inerenteao zoneamento e faz parte do processo de organizao municipal.

    Por fim, cabe lembrar que continua plenamente atual a dicotomia zonaurbana e zona rural, adotada pelos romanos, com o acrscimo, em tempos de

    agora, da denominada zona de expanso urbana, destinada ampliao dosncleos centrais da cidade. Considera-se que a cidade se componha normal-mente das zonas urbana e de expanso urbana, reservando-se aos distritosa zona rural.

    Como se pode observar, a noo de cidade encerra um conjunto de fato-res a serem tomados de forma global, pois que cada um sempre estar entre-laado com o outro. So sensveis, por conseqncia, as linhas que marcam osentido jurdico e sociolgico das cidades linhas pelas quais so estas con-sideradas sistemas abertos, com uma dependncia profunda e complexa a

    fatores externos, plenos de instabilidade e imprevistos, pois a compreenso eextenso dos impactos urbano-ambientais dependem, sobretudo, do modelo

    de desenvolvimento urbano e de padres de diferenciao social.8

    Comentrios ao Estatuto da Cidade

    3

    6 Tais requisitos passaram a ser exigidos com a alterao do dispositivo processada pela EC 15/96.Antes da alterao, muitos Municpios foram criados de forma abusiva e sem a menor condiode auto-suficincia, dependendo apenas de repasses de verbas de fundos federais e estaduais,o que destoa inteiramente da idia depessoa federativa. Isso sem contar, bvio, a necessriacriao de cargos e empregos, em regra para beneficiar os apaniguados dos detentores do poder.

    7 HELY LOPES MEIRELLES, Direito Municipal Brasileiro, Ed. RT, 5a ed., 1985, p. 44. Advirta-se,porm, que no muito comum o emprego do vocbulo para o sentido que se lhe emprestou.

    8 ELIDA SGUIN, Estatuto da Cidade, Forense, RJ, 2002, pp. 34-5.

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    nesse contexto que se deve analisar a Lei no 10.257, de 10.07.2001, quese autoproclamou deEstatuto da Cidade (art. 1o, parg. nico).

    2. Urbanismo

    A cidade, como se viu, resulta do conjunto dos subsistemas que, ajusta-dos entre si, se tornam necessrios vida e ao bem-estar da coletividade edos cidados que a integram. Para que a cidade sobreviva, ho de estar pre-sentes fatores relativos aos servios pblicos, ao comrcio e indstria, pres-tao de servios, sade, educao, moradia etc. So esses fatores que

    permitem uma contnua relao entre os indivduos citadinos que, como natural, buscam a satisfao de seus prprios interesses.

    Entretanto, no basta a presena de tais fatores. Se verdade que estesdo ensejo sobrevivncia das cidades, no menos verdade que muitasoutras providncias se afiguram imprescindveis para sua evoluo. Na ver-dade, so dados diferentes:sobrevivncia fenmeno associado existnciada cidade como um complexo de valores e evoluo se relaciona com o avan-o dos fatores necessrios sobrevivncia em ordem a que sejam amoldados prpria evoluo poltica, social e econmica. no aspecto da evoluo dascidades que vem tona o urbanismo.

    A idia em si de urbanismo no encontra unanimidade no processo de

    criao e transformao das cidades. Realmente, para dar o melhor contorno idia urge delinear o objetivo a que se destina. Nos primrdios da conceitua-o de urbanismo, prevalecia a escola francesa, cuja base se assentava sobrea idia de embelezar a cidade (embelir la ville). Era um sentido fundamen-talmente esttico. Linha diversa foi adotada pela escola inglesa, cuja concep-o tinha suportesocial, predominando no a beleza da cidade, mas a neces-sidade de desenvolvimento dos recursos que pudessem propiciar uma harm-nica relao entre o homem e a natureza. Pode dizer-se, por conseguinte, que,no que tange concepo de urbanismo, evoluiu-se do esttico para o social.9

    Conquanto vrios tenham sido os conceitos firmados por estudiosos, tor-nou-se clssico o do saudoso HELY LOPES MEIRELLES, que, alm de ter sido

    um dos maiores publicistas brasileiros, foi o responsvel, juntamente comLUIZ DE ANHAIA MELLO, pelos estudos iniciais sobre a matria. Para o gran-de administrativista urbanismo o conjunto de medidas estatais destinadasa organizar os espaos habitveis, de modo a propiciar melhores condies devida ao homem na comunidade, devendo considerar-se como espaos habi-

    Jos dos Santos Carvalho Filho

    4

    9 HELY LOPES MEIRELLES (ob. cit., p. 377), com base no processo histrico divulgado por PIER-RE LAVEDAN em sua obra Histoire de lUrbanisme.

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    tveis aqueles em que se exerce uma das quatro funes sociais bsicas:habitao, trabalho, circulao e recreao.10

    Dentro dessa concepo, no se podem relegar a segundo plano asimposies urbansticas, sejam elas legislativas ou administrativas, e issopela simples razo de que a finalidade maior a ser alcanada espelha o bem-estar dos indivduos, considerados isoladamente, e tambm da coletividade.Assim, podem e devem incidir sobre todas as atividades particulares ou cole-tivas desenvolvidas na cidade, possibilitando, inclusive, a soluo dos inevi-tveis conflitos individuais e sociais existentes em grupos de pessoas.

    atravs das condutas urbansticasque o Poder Pblico persegue um

    melhor meio de vida coletividade, assegurando a todos que vivem na cida-de melhores condies de desenvolvimento, de lazer, de trabalho, de confor-to, de funcionalidade e de esttica. Tais condies dificilmente seriam conse-guidas pela auto-organizao dos indivduos, j que so grandes e muitasvezes incontornveis os conflitos de interesses que os colocam em posiesde franco e arraigado antagonismo. Com a interveno do Estado, maior via-billidade se ter para alcanar aqueles objetivos e somente desse modo que se poder falar realmente em urbanismo.

    Outro aspecto que se deve acentuar que o urbanismo reflete umsiste-ma de cooperao entre o Estado e a sociedade. No adianta que somente oEstado procure a concretizao dos fatores de melhoria social, mas, ao con-trrio, importante que os indivduos tenham a conscincia social de que s

    com a interao dos interesses pblico e privado se poder ter xito na mis-so urbanstica. Da as inesquecveis palavras de HELY LOPES MEIRELLES,ao mencionar a crtica de EIRAS GARCIA sobre a falta de conscincia socialdos indivduos e a inrcia fiscalizadora do Estado em relao ordem urba-nstica: No se compreende urbanismo isolado; no se realiza urbanismo par-ticular; no se faz urbanismo por conta prpria; nem h imposies urbansti-cas sem norma legal e geral que as determinem.11

    3. Direito Urbanstico

    Como a noo de urbanismo implica a prtica de medidas impositivasdo Poder Pblico, conforme foi visto anteriormente, no haveria como dispen-sar, no mbito dessas providncias, a edio de normas de contedo legisla-tivo e administrativo com o fim de perseguir a organizao dos espaos habi-tveis e dirimir as incontveis controvrsias que emergem da multifria rela-o entre os habitantes e os usurios da cidade. Em outras palavras, cumpre

    Comentrios ao Estatuto da Cidade

    5

    10 Ob. cit., pp. 377-8. O autor faz referncia Carta de Atenas, de 1933, resultado das recomenda-es aprovadas pelo Congresso Internacional de Arquitetura Moderna.

    11 Ob. cit., p. 379.

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    regular todas as situaes de fato e de direito que se configuram como ativi-dades urbansticas.

    Ocorre que, alm dessa atuao normativa de carter positivo, o Estadono pode abdicar do sistema urbanstico em si, ou seja, cabe-lhe tambm, aoeditar as normas positivas, adentrar nos estudos, nos mtodos e na organi-zao dos espaos habitveis, defluindo ento daquelas uma anlise de con-tedo cientfico, dotada de valores e tecnicismo especiais. Significa dizer,dessa maneira, que, ao encararmos o conjunto de medidas reguladoras dasatividades urbansticas, devemos faz-lo considerando no apenas oius posi-tum o direito posto, positivo mas tambm o lineamento de cincia quenorteia e inspira a instituio daquele.

    Em virtude de tais observaes que nos parece acertada a posiodicotmica adotada por JOS AFONSO DA SILVA no que concerne concei-tuao do Direito Urbanstico. Assim que o grande especialista define oDireito Urbanstico, como direito positivo, consignando que consiste no con-

    junto de normas que tm por objeto organizar os espaos habitveis, de modoa propiciar melhores condies de vida ao homem na comunidade. De outrolado, como cincia, define-o como o ramo do Direito Pblico que tem porobjeto expor, interpretar e sistematizar as normas e princpios disciplinadoresdos espaos habitveis.12 Assiste razo ao festejado estudioso. De fato,quando se fala em Direito Urbanstico, deve-se mesmo levar em conta asnor-

    mas de imposio, como forma de coercibilidade para o comportamento dosindivduos, e os preceitos de sistematizao, estes os destinados a tornar o

    Direito uma cincia com sistema e mtodos prprios.O objeto do Direito Urbanstico varia conforme a concepo que se lhe

    possa dispensar. Em se tratando do aspecto de direito positivo, que , semdvida, o que traduz interesse mais expressivo aos intrpretes e aplicadoresda lei, o objeto a disciplina da atividade urbanstica, assim consideradacomo a que se origina das relaes entre os indivduos e entre estes e o PoderPblico. Como cincia, o Direito Urbanstico no se prope a regular qualquerrelao social, at porque no tem cunho coercitivo, mas sim est voltado exposio, interpretao e sistematizao das normas e princpios regulado-res da atividade urbanstica.

    Quanto autonomia ou no do Direito Urbanstico, no h consensoentre os estudiosos. Alguns advogam sua plena autonomia como ramo pr-

    prio da cincia jurdica, informado por princpios e postulados especficos.Outros o situam como ramo do Direito Administrativo.13 Parece-nos, contudo,que a particularidade do Direito Urbanstico consiste em seu contedo mul-tidisciplinar, marcado pela presena de normas de Direito Constitucional(inclusive e principalmente o Direito Municipal), Administrativo, Civil e at

    Jos dos Santos Carvalho Filho

    6

    12 Direito Urbanstico Brasileirocit., p. 48.13 DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO, Introduo ao Direito Ecolgico e ao Direito Urba-

    nstico, Ed. Forense, 2a ed., 1977, p. 58.

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    mesmo Penal, na parte que trata de crimes cometidos contra a ordem urba-nstica, atualmente tipificados por diferentes tipos de conduta.14 Inexistindocdigo sistemtico especfico para suas normas, que de resto se encontramespalhadas pela legislao em geral, no raro a identificao e aplicaodelas demandaro acendrado esprito de hermenutica e sistema, com vistas composio de um quadro coerente sob o aspecto lgico-jurdico.

    A verdade que, embora sejam reconhecidas regras singulares para oDireito Urbanstico, no prevalece, ao menos at o momento, a corrente auto-nomista. Apenas uma ou outra voz se levanta em favor da tese, assim mesmosem muita incisividade. Tambm parece muito limitada a idia de que esseramo faa parte do Direito Administrativo, mesmo quando mestres desta dis-ciplina discorrem sobre o tema em suas respectivas obras.15

    Um fato, no entanto, parece induvidoso: o Direito Urbanstico no sepode furtar a manter intrnseca relao com dois dos direitos fundamentais o de liberdade e o de propriedade, ambos contemplados no art. 5o, caput, daCF. No que toca ao primeiro, certo que aquele ramo jurdico rende ensejo aalgumas restries ao direito de ir e vir, e de circular pelas artrias da cida-de, notadamente quando o Estado exerce seu poder de polcia. Quanto aodireito de propriedade, h visvel interferncia do Direito Urbanstico sobreele, inclusive quando se trata do exerccio do direito de construir, das limita-es administrativas propriedade, aos gabaritos, aos recuos etc.

    4. Urbanizao e UrbanificaoRelembrando a dicotomia latina da urbs(cidade) e do rus(campo),

    demarcando as zonas urbana e rural, verificamos que a histria das cidadestem exibido um processo de mutao das pessoas do campo para os centroscitadinos, provocando significativa concentrao humana, freqentementeem descompasso com as condies ali oferecidas. Esse o ncleo da concep-o de urbanizao. Pode-se ento definir urbanizao como o fenmeno

    social que denuncia o aumento da concentrao urbana em proporo supe-rior que se processa no campo.

    No se trata, na verdade, de constatar a concentrao humana nos cen-tros populacionais como um fator esttico: aqui o fenmeno efeito, e no

    causa. Cuida-se, isto sim, de verificar o processo de mutao social, perpe-trado pela fuga das reas rurais para os centros urbanos, e as causas que pro-

    Comentrios ao Estatuto da Cidade

    7

    14 Essa tambm a opinio de JOS AFONSO DA SILVA (ob. cit., p. 43). O autor, alis, faz interes-sante referncia a trabalho do jurista argentino CARLOS MOUCHET, que no s contrrio autonomia e integrao como parte de outro ramo jurdico, como afirma que, ao menos parafins didticos, deve comportar-se como disciplina autnoma (ob. e loc. cit., nota de rodap no 20).

    15 o caso de ANDR DE LAUBADRE, que destina um captulo ao tema em seu Manuel de DroitAdministratif(LGDJ, Paris, 10a ed., 1976, pp. 350-364).

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    vocam essa transformao. Em tempos mais remotos, o campo chegou a terimensa relevncia no contexto das sociedades. Modernamente, contudo, aspopulaes, movidas inicialmente pelo desenvolvimento da industrializaoe depois por inmeras outras causas, passaram a buscar os espaos habit-veis das cidades.

    Atualmente contnuo esse processo de mutao, e cada vez maisintenso, no se podendo deixar de reconhecer que as cidades se tornam maisatraentes quanto maior for o processo de urbanizao. Com ele fica mostrao desenvolvimento social, econmico e poltico das cidades, geradores, comoregra, da satisfao dos interesses gerais, satisfao da qual costumam estardistantes as reas rurais.

    Ao lado, porm, da maior oferta de bens geradores da satisfao de inte-resses gerais, o processo de urbanizao, de outro lado, acarreta o nascimen-to de numerosos problemas a serem enfrentados e solucionados pelo Estadoe pelos indivduos. Um dos fatores mais graves nesse processo o relativo pobreza e misria, usualmente presentes no campo, mormente em pasesmenos desenvolvidos. Cansadas de lutar contra a natureza, s vezes inspi-ta e cruel, e despidas de aes governamentais de incentivo e desenvolvi-mento, as populaes migram para os grandes centros, formando o que asociologia denomina de xodo rural. No obstante, esse fenmeno social temretratado apenas a migrao da misria rural para a misria urbana.16

    Por tudo isso, a urbanizao, como processo de transformao social,

    est marcada por um lado doce e por outro amargo. Doce, no brilho dosnonse no aceno ao consumo; amargo, nos gravssimos problemas que asconcentraes urbanas vo provocando em cada momento de seu curso.

    Para enfrentar esses problemas que foi criado o termo urbanificao.Diversamente da urbanizao, a urbanificao a aplicao dos princpios enormas urbansticas que visam eliminar os efeitos danosos da urbanizaoe proporcionar melhores condies para a ocupao dos espaos habitveispela coletividade. Sem ela, as concentraes humanas ficaro sempre mer-c das conseqncias gravosas oriundas da desorganizao e da ocupaocatica das reas citadinas.17

    A urbanificao s se materializa se forem propostas e executadas estra-tgias apropriadas melhoria das condies de vida dos moradores e usu-

    rios das cidades. Tais estratgias que constituem apoltica urbana, tema aser desenvolvido a seguir em captulo prprio.

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    16 Apenas como comprovao desse processo migratrio, a populao urbana no Brasil em 1940 erade cerca de 32%. Em 1960, atingiu a mais de 50%. E na dcada de 1980 alcanava 70%, conformedados apontados por JORGE WILHEIM, em sua obra Urbanismo no Subdesenvolvimento, men-cionada por JOS AFONSO DA SILVA (ob. cit., p. 26).

    17 Segundo JOS AFONSO DA SILVA (ob. cit., p. 27), o termo urbanificao foi delineado porGASTON BARDET em sua obra L Urbanisme.

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    Captulo IIPoltica Urbana

    LEI no 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001

    Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituio Federal, estabelecediretrizes gerais da poltica urbana e d outras providncias.

    O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o Congresso Nacionaldecreta e eu sanciono a seguinte Lei:

    CAPTULO IDIRETRIZES GERAIS

    Art. 1oNa execuo da poltica urbana, de que tratam os arts. 182 e 183da Constituio Federal, ser aplicado o previsto nesta Lei.

    Pargrafo nico. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatutoda Cidade, estabelece normas de ordem pblica e interesse social que regu-lam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurana e dobem-estar dos cidados, bem como do equilbrio ambiental.

    Art. 2oA poltica urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvi-mento das funes sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante asseguintes diretrizes gerais:

    ...Art. 3o Compete Unio, entre outras atribuies de interesse da pol-

    tica urbana:I legislar sobre normas gerais de direito urbanstico;II legislar sobre normas para a cooperao entre a Unio, os

    Estados, o Distrito Federal e os Municpios em relao poltica urbana,

    tendo em vista o equilbrio do desenvolvimento e do bem-estar em mbitonacional;

    III promover, por iniciativa prpria e em conjunto com os Estados, oDistrito Federal e os Municpios, programas de construo de moradias e amelhoria das condies habitacionais e de saneamento bsico;

    IV instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habi-tao, saneamento bsico e transportes urbanos;

    V elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenao doterritrio e de desenvolvimento econmico e social.

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    1. Direito Positivo

    Antes de tentar o delineamento do conceito de poltica urbana, pareceaconselhvel relembrar os diplomas normativos de maior relevncia que vis-lumbram esse tipo de processo social em seu texto.

    Ao contrrio das Constituies que a precederam, a Carta vigente dedi-cou um captulo especfico poltica urbana, constitudo pelos arts. 182 e183, tratando do tema dentro da parte relativa Ordem Econmica eFinanceira (Cap. II do Ttulo VII: Da Poltica Urbana). A anlise do captuloevoca as duas mensagens que o Constituinte procurou transmitir nesses dis-

    positivos. No art. 182, estabeleceu uma srie de normas diretamente ligadasao desenvolvimento urbano, como plano diretor, desapropriao urbanstica,parcelamento e edificao compulsrios, entre outros. No dispositivo seguin-te, previu forma especfica de usucapio, com a conseqente aquisio dapropriedade urbana mediante determinadas condies. Embora o ncleodeste ltimo mandamento se situe no direito de propriedade, trata-se de ins-trumento ligado ao fenmeno urbano e, assim, bem adequado ao captulo dapoltica urbana.

    No obstante, o mandamento constitucional relativo poltica de desen-volvimento urbano, a ser executada pelo governo municipal, fez a previso delei (leifederal, embora o texto no o diga) para traar as diretrizes gerais per-tinentes matria. Com base ento no art. 182 da CF, foi editada a Lei no

    10.257, de 10.07.2001, em cuja ementa se v: Regulamenta os arts. 182 e 183da Constituio Federal, estabelece diretrizes gerais da polticaurbana e doutras providncias .

    O histrico legislativo sobre a matria longo. Antes da Constituio de1988, vrias leis sobre matria urbanstica foram editadas, embora sempretratando isoladamente de temas especficos relacionados aos problemas dascidades. o caso, por exemplo, da Lei no 6.766, de 19.12.79 (Lei Lehmann),que disciplina o uso e o parcelamento do solo urbano. Ainda sob a gide daConstituio anterior, o Executivo apresentou o Projeto de Lei no 775/83, quepretendeu definir o sentido de funo social da propriedade, constante demandamento constitucional. Referido projeto foi retirado pelo Executivo e emseu lugar foi apresentado substitutivo, o Projeto de Lei no 2.191/89, do

    Deputado Raul Ferraz primeiro projeto sobre a matria apresentado sob agide da Carta vigente. Posteriormente, foi apresentado no Senado o Projetode Lei no 5.788/90, de autoria do ento Senador Pompeu de Souza, e este,depois de longo percurso, no qual foram introduzidas vrias alteraes, aca-bou por converter-se na Lei no 10.257.1

    1 Sobre a matria, consulte-se o minucioso percurso histrico traado por MARIANA MOREIRA(Estatuto da Cidade, vrios autores, Coord. por ADILSON ABREU DALLARI e SRGIO FER-RAZ, Ed. Malheiros, SP, 2003, pp. 27/43).

    Jos dos Santos Carvalho Filho

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    , portanto, o referido diploma legal autodenominado de Estatuto daCidade em seu art. 1o, pargrafo nico e nica lei, alis, a qualificar-se a siprpria como estatuto que atualmente estabelece as diretrizes gerais noque toca poltica urbana.

    Vale a pena, por oportuno, comentar a relao regulamentar entre aConstituio e o Estatuto da Cidade. A ementa da Lei no 10.257, que trans-crevemos anteriormente, menciona expressamente seu objetivo que o de

    regulamentar os arts. 182 e 183 da Constituio Federal, alm de estabelecerdiretrizes gerais da poltica urbana. H respeitvel opinio no sentido de serimprpria a expresso, invocando-se dois argumentos: 1o) a Constituio s

    trata de atividade de regulamentao ao conferir competncias ao Chefe doPoder Executivo (art. 84, IV); 2o) as normas regulamentares so as de nvelhierrquico inferior lei, tendo por objeto no a lei em si mesma, mas os atosadministrativos que dela derivarem para lhes propiciar a execuo.2

    Com a devida vnia, no comungamos com semelhante crtica. A funoregulamentadora corolrio natural do sistema de hierarquia normativa ado-tado no direito ptrio e em vrios ordenamentos estrangeiros. O sentido dafuno regulamentar prevista no art. 84, IV, da Constituio, de carterestrito, abrangendo to-somente os atos emanados do Presidente daRepblica com suporte jurdico nas leis a cuja regulamentao se destinam.O processo regulamentar, entretanto, se desenvolve em diversos patamares,constituindo graus diversos de regulamentao (de primeiro grau, segundo

    grau, e assim por diante). Portanto, as leis regulamentam efetivamente man-damentos constitucionais, da mesma forma como decretos e regulamentos ofazem em relao s leis; esses decretos, por sua vez, podem ainda ser regu-lamentados por outros atos administrativos de inferior hierarquia, como, porexemplo, instrues, portarias, ordens de servio etc. Em conseqncia,parece-nos inteiramente acertada a expresso empregada pelo legislador: oEstatuto, sem dvida, tem o objetivo deregulamentaros citados dispositivosconstitucionais.

    2. Poltica Urbana: Sentido

    A concepo pura de urbanismo, como vimos, implica modernamenteno apenas o embelezamento da cidade, como pensavam os clssicos, massim a necessidade de propiciar o pleno desenvolvimento de suas funessociais e garantir o bem-estar dos cidados. Da porque deve ser tido comocincia, tcnica e arte, com o objetivo de tornar possvel a convivncia sem

    Comentrios ao Estatuto da Cidade

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    2 a opinio de MRCIO CAMMAROSANO, Estatuto da Cidade, cit., Malheiros, 2003, Coord.ADILSON DALLARI e SRGIO FERRAZ, p. 23.

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    perdas da integridade fsica, espiritual, mental do ser humano, como assina-la MIGUEL ANGEL BERAIT.3

    Para alcanar tais objetivos, todavia, mister que vrias aes, progra-mas, projetos e planos sejam implementados pelo Estado e pela coletivida-de, irmanados em inafastvel elo de cooperao. No obstante, se inegvela importncia do papel desempenhado pelos indivduos nesse processo, iso-ladamente ou representados por entidades da sociedade civil, com muitomaior razo ser preponderante a funo exercida pelo Poder Pblico, porqueeste, alm de poder instituir regras e condutas de modo coercitivo a todas aspessoas, possui todas as condies de solucionar os litgios que eventual-mente possam surgir entre titulares de interesses contrapostos. nesseponto que se torna cabvel exigir do Poder Pblico a observncia do postula-do segundo o qual em caso de conflito entre o interesse pblico e o privado aquele que deve prevalecer, conforme j averbamos alhures.4

    O conjunto de todos esses elementos que visam, em ltima instncia, ocupao mais organizada dos espaos habitveis que se configura comopoltica urbana.

    Podemos, assim, definirpoltica urbana como o conjunto de estratgias eaes do Poder Pblico, isoladamente ou em cooperao com o setor privado,

    necessrias constituio, preservao, melhoria e restaurao da ordemurbanstica em prol do bem-estar das comunidades.

    Algumas observaes so pertinentes em relao ao conceito.

    Primeiramente, as estratgias se compem de planos, projetos e programasespeciais ligados ordem urbanstica. As aes indicam a efetiva atuaoconcreta do Poder Pblico. Este, por sua vez, pode atuar sozinho, investidoem seu ius imperii, como ocorre freqentemente, mas nada impede e, aorevs, tudo aconselha a que os propsitos urbansticos tenham a participa-o das coletividades, inclusive porque so elas tambm titulares de interes-ses ligados ao fenmeno urbanstico. O Estatuto da Cidade, alis, faz expres-sa referncia a tal possibilidade.

    Quanto ordem urbanstica, constitui ela o alvo de todas as estratgiasintegrantes da poltica urbana, de modo que todos os esforos pblicos e pri-vados devem objetivar a sua formao, onde ainda no estiver implantada; asua preservao, onde j estiver formada; a sua melhoria, quando maiores

    puderem ser os elementos de satisfao dos interesses gerais; e sua restau-rao, quando tiver sido rompida por evento nocivo ao interesse pblico.

    Permeando-se os diversos dispositivos contidos no Estatuto, verifica-seque seu objetivo mais amplo foi o de fixar as principais diretrizes do queespecialistas tm denominado de meio ambiente artificial, para distingui-lo

    Jos dos Santos Carvalho Filho

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    3 DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO, Introduo cit., p. 48.4 Vide nosso Manual de Direito Administrativo. Ed. Lumen Juris, 19a ed., 2008, p. 26.

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