Upload
phamdiep
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Como nascem as notícias?
informação, fontes e públicos
Redação IIIProf. Dr. Rogério Christofoletti
UFSC, setembro de 2009
Informação, jornalistas e fontes
O jornalismo é uma atividade de recuperação de dados relacionados a fatos. Jornalismo é registro, não invenção ou criação
Jornalistas fazem relatos conforme informações repassadas por fontes
Jornalistas dependem de fontes Não existe relato jornalístico sem fonte Meios de comunicação. Mediação dos fatos.
O que é fonte, afinal?
Fonte é toda e qualquer instância que detenha dados que possam ser usados por jornalistas no âmbito profissional
Tipos de fonte: Humanas Documentais Eletrônicas...
Tipos de fonte: oficiais, oficiosas, testemunhais, informais, sigilosas
Os jornalistas e as fontes
O esperado: jornalistas buscam as fontes para recolher informações
O inesperado: as fontes procuram os jornalistas para oferecer os dados
O que ocorre: ambos
Jornalistas procuram as fontes: por telefone, pessoalmente, por email, rádio-escuta, checagem de dados em portais e arquivos, leitura de jornais e outras publicações, outras mídias
Os jornalistas e as fontes
A fonte busca o jornalista: cartas, emails, fax, telefonemas, pessoalmente, press-releases...
Nas redações: arquivos, diretórios, agendas institucionais e pessoais
As informações chegam por muitos canais às redações. É necessário triar, selecionar...
Jornalistas estão escolhendo a todo momento: da pauta à edição, da apuração à redação final.
Como trabalhar com as fontes
Comportamento do jornalista: postura profissional + cortesia e respeito + “desconfiança preventiva”
Os procedimentos jornalísticos Coleta dos dados Apuração e checagem Re-checagem Cruzamento com dados de outras fontes Seleção das informações mais relevantes Sistematização e ordenamento Redação e revisão
A “desconfiança preventiva”
Duvidar da fonte é imprescindível
Duvidar para conferir Empresas jornalísticas
e controle de qualidade: o caso da Folha de S.Paulo
A Folha hierarquiza as fontes
Para “determinar o grau de confiabilidade”
Quatro tipos de fontes: F0 – “escrita e com tradição de exatidão, ou gravada
e sem deixar margem de dúvida: enciclopédias renomadas, documentos emitidos por instituições de credibilidade, videoteipes”. Dispensa cruzamento.
F1 – “a mais confiável quando se é uma pessoa (...) fala com conhecimento de causa, está muito próxima do fato que relata e não tem interesses imediatos na sua divulgação.” A Folha aceita a publicação de dado de F1 sem checagem
A Folha hierarquiza as fontes
F2 – atributos da F1 menos o histórico de confiabilidade. “Toda informação de fonte dois deve ser cruzada com pelo menos mais uma fonte (do tipo um ou dois) antes de ser publicada”
F3 – “a de menor confiabilidade. É bem informada, mas tem interesses que tornam suas informações nitidamente menos confiáveis” Na Folha, a F3 é ponto de partida ou é publicada em coluna de bastidores, “com a indicação explícita de que ainda se trata de rumor, informação não-confirmada”
Cruzamento de informações e fontes
Manuais de O Estado de S.Paulo, O Globo e Editora Abril não hierarquizam fontes, mas recomendam checagem exaustiva de informações antes da sua publicação
Manual da Folha: “confrontar informação originária de determinada fonte com uma fonte independente”
Cruzamento de informações e fontes
Guia de Ética e Responsabilidade Social da RBS:O jornalista tem que “reproduzir com fidelidade
declarações ou situações que testemunhou. (...) O jornalista da RBS tem o dever de conferir a veracidade de informações que possam produzir controvérsias. Rumores, boatos, documentos apócrifos, denúncias anônimas ou dossiês não são notícias, mas pontos de partida para a busca da informação precisa. (...) A RBS entende que a simples publicação de versões conflitantes não é sinônimo de imparcialidade. Cabe ao veículo apurar a verdade, com isenção e na sua plenitude”.
Quando as fontes querem mais
O off-the-record A “olhadinha na matéria” Pagamento por
entrevistas ou informações
Troca de informações por espaço publicitário
Escolha do espaço, da abordagem, etc... da matéria
Negociando com fontes: posição RBS
OFF“A RBS divulga apenas
informações – jamais opiniões,insultos, acusações ou denúncias –
em off-the-record (sem identificação da fonte). A fonte
deve ser estimulada ao máximo a se identificar ao prestar
informações. Se for feito algum acordo garantindo o off-
therecord, a identidade da fonte deve ser preservada. A RBS
não admite acordo para manutenção de informações em
off-the-record que possam colocar vidas em risco ou
favorecer atividades ilegais.”
Verificação da matéria“Os veículos da RBS não aceitam
condicionar a divulgaçãode alguma notícia ao exame de
entrevistados ou fontes que tenham o intuito de censurar
determinadainformação. É natural e
recomendável, porém, que a forma e o conteúdo de notícias sejam submetidos a análises
capazes de contribuir para o seu aperfeiçoamento. Sobretudo em trabalhos jornalísticos ligados a questões técnicas e científicas,
checagens feitas por especialistas
podem aprimorar a informação.
O maior off da história (1)
EUA, 1972 The Washington Post Dois jovens repórteres
e uma fonte sigilosa Uma série de
reportagens muito bem apuradas.
Nitroglicerina pura.
O maior off da história (2)
A reeleição. A pressão aumenta. A fonte continua a “dar
o serviço” A manutenção do off e
da relação com a fonte Questões éticas e
técnicas: aceitar o off? Em que condições?
O fluxo das notícias
Grau zero. Informação fora da cadeia jornalística
O jornalista tem contato com a informação O jornalista checa os dados, confronta
versões, investiga, pesquisa Fase de sistematização dos dados e
estruturação da matéria Redação, revisão, edição Publicação. Grau final, quando a informação
inicial se transforma em notícia para o pública.
Referências bibliográficas
FOLHA DE S.PAULO. Novo Manual da Redação. 7ª edição. SP: 1992
KUNCZIK, Michael, 1946. Conceitos de jornalismo: Norte e Sul. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2001
RBS. Guia de Ética e Responsabilidade Social. Porto Alegre, 2002
SOUSA, Jorge Pedro. Elementos de Jornalismo Impresso. Porto, 2001. (pp.62-85)
TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: porque as notícias são como são. Florianópolis: Insular, 2005
TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: volume II : a tribo jornalística - uma comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular, 2005