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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE-UFRN CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera: Psychodidae) às áreas urbanas da cidade de Teresina-PI. NATAL/ RN 2011

Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE-UFRN

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera: Psychodidae) às

áreas urbanas da cidade de Teresina-PI.

NATAL/ RN

2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE-UFRN

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera: Psychodidae) às

áreas urbanas da cidade de Teresina-PI.

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas,

como requisito parcial para obtenção

do título de Mestre em Ciências Biológicas.

Kelsilândia Aguiar Martins

Orientação: Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes

Co-orientação: Reginaldo Roris Cavalcante

NATAL/ RN

2011

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus infinitamente, não por ter me livrado dos os problemas, mas

por ter colocado em meu caminho todos aqueles que puderam me ajudar a

resolvê-los durante esse trabalho.

Aos meus queridos pais que sempre estiveram ao meu lado meu apoiando em

todos os momentos e a quem me orgulho em retribuir com todos os meus

esforços.

A minha orientadora Prof.Maria de Fátima F. de Melo Ximenes pela

oportunidade a mim oferecida e a confiança depositada durante todo o

trabalho.

Ao meu co-orientador Reginaldo Roris Cavalcante pelo apoio incondicional,

amizade e confiança durante todos os anos que já se seguem me

acompanhando.

Ao Prof.Dr. Bruce Alexander por ter ajudado a entrar no mundo da pesquisa e

no qual suas ideias foram essências para formular esse trabalho.

A Prof. Veruska Cavalcanti Barros , por me acompanhar no estagio a docência

e pelo demais apoio que não tenho como expressar gratidão.

Aos meus queridos amigos Bruna, Natália, Antonio, Leonardo, Juliana & Danilo

, imprescindíveis para que concluísse este trabalho ,mesmo à distância com

conselhos e encorajamento, tornando os dias difíceis mais leves.

Ao Dr. Andrey Andrade pelo auxilio na confirmação de identificação de

espécies de flebotomíneos.

À Verônica e seu Paulo pelas inúmeras coletas que realizamos durante esse

período e que seriam certamente mais difíceis de concluir sem eles.

À Universidade Federal do Piauí por todo o apoio logístico necessário, assim

como ao Núcleo de Entomologia do Piauí.

Aos responsáveis pelos domicílios do estudo, fundamentais para a execução

deste trabalho e nos quais, sempre foram muito prestativos.

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“De tudo, ficaram três coisas : A certeza de que estamos

sempre começando; A certeza de que precisamos

continuar; A certeza de que seremos interrompidos

antes de terminar. Portanto devemos: Fazer da

interrupção, um caminho novo ... Da queda, um passo

de dança... Do medo, uma escada... Do sonho, uma

ponte... Da procura, um encontro..."

Fernando Sabino

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RESUMO

O flebotomíneo Lutzomyia longipalpis (Diptera: Psychodidae) é atualmente

apontado como o principal vetor da leishmaniose visceral nas Américas. O

crescimento das cidades em áreas originalmente endêmicas para

Leishmaniose Visceral Americana (LVA) resultou na disseminação da doença

ao mesmo tempo em que observou a adaptação desta espécie para o

ambiente urbano. Mudanças no comportamento de L.longipalpis que

permitiram a sua adaptação às crescentes perdas de biodiversidade, bem

como a exposição frequente do vetor aos inseticidas evidentes nas áreas

urbanas, poderiam justificar o aumento populacional da espécie e,

consequentemente, a propagação da doença para estes ambientes. Assim,

foram selecionadas sessenta casas distribuídas entre três áreas com as

crescentes etapas de ocupação de uma área endêmica para leishmaniose

visceral em Teresina-PI. Avaliamos a correlação entre a densidade de

L.longipalpis capturados e diferentes aspectos, tais como a densidade

populacional de animais, a cobertura vegetal e aspectos socioeconômicos em

cada residência. Além das correlações, a preferência alimentar do vetor entre

as espécies vegetais predominantes nos bairros, bem como a presença de

mecanismos metabólicos de resistência entre os insetos capturados, foram

testados. Os resultados apontaram que, durante as crescentes ocupações,

representadas pelas três áreas, L.longipalpis demonstra a sua natureza

adaptativa por meio de um aparente comportamento oportunista em relação às

fontes de carboidratos e de sangue. Do ponto de vista evolutivo, este

comportamento pode ter favorecido sua competência vetorial em áreas

urbanas entre a limitada presença de fontes de alimentos, bem como nos

vários ambientes encontrados.

Palavras-chaves: Lutzomyia longipalpis, comportamento e ocupação.

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ABSTRACT

The sand fly Lutzomyia longipalpis (Diptera: Psychodidae) is currently

appointed as the main vector of visceral leishmaniasis in the Americas. The

growth of cities in areas originally endemics to American Visceral Leishmaniasis

(AVL) resulted in the spread of the disease at the same time that observed the

adaptation of this species to the urban environment.Changes in behavior of

L.longipalpis that enabled the adapt to increasing losings of biodiversity, as well

as the frequent exposure of the vector to insecticides evident in urban areas,

could justify the increasing population of the species and consequently the

spread of disease for these environments .Thus, we selected sixty houses

spread among three areas with increasing stages of occupation of an area

endemic for AVL in Teresina-PI. We evaluated the correlation between the

density of L.longipalpis captured and different aspects, such as population

density of animals, vegetation cover and socio-economic aspects in each

house. In addition to the correlations, the feeding preference of the vector

between the predominant plant species in the neighborhoods, as well as the

presence of metabolic mechanisms of resistance among the captured insects

were tested. The results showed that over the growing occupations,

represented by three areas, L.longipalpis demonstrate its adaptive nature

through an apparent opportunistic behavior in relation to sources of

carbohydrates and blood. On the evolutionary point of view, this behavior may

have favored its vector competence in urban areas among the limited presence

of food sources, as well as in various environments encountered.

Key words: Lutzomyia longipalpis, behavior, and occupation.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS III

RESUMO V

ABSTRACT VI

SUMÁRIO VII

LISTA DE FIGURAS IX

LISTA DE TABELAS XI

LISTA DE SIGLAS XII

1.0-INTRODUÇÃO 01

1.1-LEISHMANIOSE VISCERAL 01

1.1.1-Agentes etiológicos 03

1.1.2-Vetor 04

1.2-LUTZOMYIA LONGIPALPIS 05

1.2.1-Biologia 05

1.2.2.-Adensamento em áreas urbanas 06

1.2.2.1-Redução de biodiversidade 07

1.2.2.2-Resistência a inseticidas 08

1.3-LEISHMANIOSE VISCERAL NA CIDADE DE TERESINA 09

2.0-OBJETIVOS 12

3.0-METODOLOGIA 13

3.1-Descrição da área de estudo 13

3.2-Perfil dos domicílios 15

3.3-Coleta e Identificação de flebotomíneos 15

3.4-Índice de diversidade de espécies 15

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3.5-Preferência alimentar por fontes de carboidratos 17

3.6-Resistência a inseticidas 19

4.0-RESULTADOS 21

4.1-Caracterização das áreas 21

4.2-Flebotomíneos capturados 21

4.3-Correlações ecológicas 23

4.4-Preferência por fonte de carboidratos 27

4.5-Mecanismos de resistência a inseticidas 30

5.0-DISCUSSÃO 33

6.0-CONCLUSÃO 41

7.0-REFERÊNCIAS 42

ANEXOS

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo

destacados.

13

Figura 2- Representação espacial dos bairros Santa Isabel , Planalto

Uruguai e Novo Uruguai, com localização geográfica das residências do

estudo em destaque.

14

Figura 3 - A: Gaiola em forma de Y; B: Plantas marcadas com as 02

colorações usadas; C: Imagem aproximada da flor de Mangifera indica

marcada com pigmento azul.

17

Figura 4- Residências em diferentes bairros de Teresina: A- Santa

Isabel, B- Planalto Uruguai, C- Novo Uruguai.

21

Figura 5- Densidade de L.longipalpis de acordo ambiente de captura

nos bairros estudados.

23

Figura 6- Prevalência de animais entre os domicílios na área de estudo 24

Figura 7 - Correlação linear múltipla entre galinha, cão e L.longipalpis

capturados nos peridomicilios dos três bairros.

24

Figura 8- Correlação linear múltipla entre galinha, cão e L.whitmani

capturados nos peridomicilios dos três bairros.

26

Figura 9- Correlação entre Escolaridade, Renda média por pessoa e

L.longipalpis capturados nos três bairros.

26

Figura 10 - Correlação múltipla entre diversidade e densidade da

vegetação e L.longipalpis nos peridomicilios dos três bairros.

27

Figura 11- L.longipalpis alimentado em planta corada com pigmento

azul e seu intestino dissecado.

28

Figura 12- Atividade de GST em L.longipalpis capturados no mês de

agosto.

30

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x

Figura 13- Atividade de EE em L.longipalpis capturados no mês de

agosto.

31

Figura 14- Atividade de OFM em L.longipalpis capturados no mês de

agosto.

31

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Descrição sócio- econômica dos domicílios em estudo. 21

Tabela 2- Distribuição das espécies de flebotomíneos capturadas nos

bairros em estudo.

22

Tabela 3- Correlação linear múltipla entre a densidade de L.longipalpis

e possíveis fontes de alimento de acordo com os bairros.

25

Tabela 4- Espécies mais encontradas de forma decrescente em cada

bairro.

27

Tabela 5 - Preferência por diferentes fontes de carboidratos pela

espécie L.longipalpis.

29

Tabela 6- Atividade enzimática entre L.longipalpis de colônia e

área silvestre.

30

Tabela 7 - Porcentagem da presença dos mecanismos de GST, EE e

OFM em machos de L. longipalpis.

32

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LISTA DE SIGLAS

BHC- hexacloroclohexano

DDT- diclorodifeniltricloroetano

CDC- Center for Disease Control

EE- Esterases Elevadas

F32- Geração F32

GST - Glutation S-transferase

LTA- Tegumentar Americana

LVA- Leishmaniose Visceral Americana

OFM- Oxidases de Função Mista

PMT- Prefeitura Municipal de Teresina

PBS - Solução Tampão de Fosfato

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1.0-INTRODUÇÃO:

1.1-LEISHMANÍOSE VISCERAL

Leishmanioses são doenças causadas por protozoários flagelados

heteróxenos do gênero Leishmania (Kinetoplastida: Trypanosomatidae) que

estão em expansão nos últimos 20 anos (Desjeux, 2004). As transmissões para

o homem ocorrem durante a picada de insetos do gênero Phlebotomus no

Velho Mundo e Lutzomyia no Novo Mundo, infectados com formas

promastigotas de Leishmania (Gardiner, 1988).

Nas Américas, as leishmanioses apresentam espectros clínicos distintos

dependendo da espécie de Leishmania envolvida, da resposta imune do

hospedeiro e de alguns fatores ainda não determinados, estando

representadas sob duas formas: a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA)

e a Leishmaniose Visceral Americana (LVA) ou Calazar (Rey, 2001). Esta

última distingue-se como a forma mais grave, sendo caracterizada pelo

tropismo do parasito pelo sistema fagocitário mononuclear do baço e fígado

dos indivíduos infectados, acarretando hiperplasia e hipertrofia desses órgãos

(Killick,1985;Grimalde,1993).

Devido a sua alta letalidade principalmente em populações desnutridas e

imunodeprimidas, além do seu caráter emergente/ reemergente, a LVA tornou-

se uma das doenças metaxênicas mais importantes da atualidade (Roberts,

2000). A doença tornou- se endêmica em áreas dos trópicos e subtrópicos,

atingindo desde a floresta equatorial americana aos desertos da Ásia ocidental

(Herwaldt, 1999). Algumas regiões apresentam alta endemicidade como no

norte da África, Oriente Médio, sul da Europa e América do Sul e Central, tendo

estas áreas demonstrado crescimento de até 500% de incidência entre 1993 e

2000 (Roberts, 2000).

No Brasil, a LVA era inicialmente associada a áreas de clima seco, com

precipitação anual inferior a 800 mm e ambiente fisiográfico composto por

montanhas e vales, onde se encontram os chamados “boqueirões” e “pés de

serra” típicos da região semi-árida do nordeste brasileiro (Deane, 1956;

Sherlock et al., 1984). A partir década de 80 em diante observou- se uma

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mudança drástica na distribuição geográfica da LVA, pois a doença que era

eminentemente presente nas áreas rurais do nordeste brasileiro passou a ter

uma larga dispersão para regiões não endêmicas, alcançando inclusive áreas

litorâneas e periféricas dos grandes centros urbanos, onde se concentra 85%

da população humana (Gama et al., 1998; Dantas Torres, 2006).

A LVA é reportada atualmente em mais de 1600 municípios brasileiros,

encontrando-se presente em 19 dos 27 estados distribuídos em todas as

regiões (com exceção da região sul) (Laison e Rangel, 2005). Estados como

Pará e Tocantins, Mato Grosso e Minas Gerais e São Paulo, passaram a influir

de maneira significativa nas estatísticas da LV no Brasil (Missawa, 2006;

Oliveira, 2001; Camargo Neves, 2001).

Devido ao fato da urbanização da LVA ser um fenômeno relativamente

recente, pouco se conhece sobre sua epidemiologia nos focos urbanos. As

relações entre os componentes da cadeia de transmissão no cenário urbano

parecem ser bem mais complexas e variadas do que no rural, levando inclusive

à algumas especulações a respeito das causas da sua expansão nestes

ambientes (Costa, 2008; Gontijo, 2004).

Diversos autores apontaram inicialmente questões sócio- ambientais,

como as secas prolongadas nas regiões endêmicas, como fator que implicaria

nesse novo perfil epidemiológico (Neto,2003; Werneck,2008). Fortes

movimentos migratórios impulsionados por severos períodos de seca

contribuiriam fortemente para a intensificação do número de casos através das

transformações provocadas no espaço urbano (Werneck, 2008). Por outro lado,

mesmo cidades que tiveram fortes fluxos migratórios de endemias rurais na

década de 80, como Recife (PE) e Salvador (BA), não foram atingidas pelos

surtos epidêmicos (Costa, 2008).

Outro cenário utilizado para justificar a presença da doença em áreas

urbanas baseia-se nas condições precárias encontradas nas periferias,

favorecendo um aumento nas taxas de LV devido à possível atração de

reservatórios e do vetor a estes ambientes (Barata,2005). Contudo, foi

observado que a transmissão da doença se dá mesmo em melhores condições

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socioeconômicas na região central de cidades, como Teresina e Belo Horizonte

(Oliveira, 2001).

Já outros autores afirmam que o processo de urbanização e transição

epidemiológica da LVA tem como fator desencadeante, as modificações

antropogênicas sobre o meio-ambiente, reduzindo consideravelmente o espaço

ecológico da doença interferindo no seu ciclo silvestre e favorecendo a

adaptação dos vetores a outros ambientes (Ximenes, 2007; Jerônimo et al.,

1994).

1.1.1-Agente etiológico e seus reservatórios

Entre as 22 espécies de Leishmanias distribuídas em todo o mundo

infectando o homem, 15 destas ocorrem nas Américas distribuídas em 03

complexos: Leishmania mexicana, Leishmania brasilienses e Leishmania

donovani (Shaw, 1994). Entretanto, apenas o complexo L. donovani está

envolvido na ocorrência de LVA no continente americano, tendo a espécie

Leishmania chagasi como principal agente etiológico (Tesh,1993).

O parasita tem seu ciclo de vida associado a dois hospedeiros: os

vertebrados, onde vivem na forma amastigota no interior das células do

sistema fagocítico mononuclear e os invertebrados (flebotomíneos) onde

desenvolvem- se e multiplicam-se no tubo digestivo na forma promastigota

(Grimalde e Tesh, 1993). A transmissão do parasito ocorre justamente quando

as fêmeas de flebotomíneos infectadas realizam o repasto sanguíneo

regurgitando as formas promastigotas infectantes em novos hospedeiros

vertebrados (Pimenta et.al, 2003; Walters,1993).

Em localidades onde a LVA é endêmica, o cão (Canis familiaris), é

apontado como o principal reservatório do parasita no ciclo de transmissão

para o homem nos centros urbanos (Lainson et al. 1979).Esse fato se deve

principalmente à alta suscetibilidade do cão à infecção, à alta frequência de

parasitismo observada na pele deste hospedeiro e, principalmente, devido à

sua estreita relação com o homem, tanto em áreas rurais como urbanas

(Dantas Torres, 2006).

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Contudo, mamíferos como raposas pertencentes à espécie Lycalopex

vetulus no Nordeste (Deane e Deane 1954) e Cerdocyon thous na Amazônia

vem sendo reportados como reservatórios importantes para a LVA (Lainson et

al., 1979). O encontro de marsupiais naturalmente infectados por L. chagasi

como em Didelphis albiventris e Didelphis marsupialis alertam ainda para a

possibilidade de hospedeiros mamíferos silvestres, não canídeos, estarem

participando da cadeia de transmissão de LVA no país ( Sherlock et al., 1984;

Schallig et al., 2007).

Existe uma grande polêmica quanto a origem da LVA nas Américas; se

esta introdução aconteceu de forma recente na época da colonização européia

e causada pela espécie L. infantum,(espécie responsável pela doença no

Velho Mundo) ou se é de origem autóctone ,devido às altas taxas de infecção

encontradas em C. thous na Amazônia, sendo identificadas por L. chagasi

(Killich-kendrich,1985).

Apesar da distribuição geográfica distinta, L. infantum e L. chagasi são

quase indistinguíveis do ponto de vista antigênico e bioquímico, o que instiga à

discussão (Tesh, 1995). Essa controvérsia pode ter grades implicações para a

urbanização da LVA, pois se de fato a doença é de origem exótica e foi

importada por cães durante o período da colonização penetrando de forma

secundária em ambientes silvestres, a transmissão poderia ser interrompida

pela eliminação dos cães (Costa, 2008).

1.1.2-Vetor

Os flebotomíneos envolvidos na transmissão de Leishmania são

representados por aproximadamente 30 espécies nas Américas e 40 no Velho

Mundo (Alexander e Maroli, 2003). A competência vetorial entre os

flebotomineos é determinada pela aptidão que a Leishmania terá em

sobreviver, se multiplicar e se diferenciar dentro do trato digestivo do vetor, de

modo que seja transmitida aos vertebrados. Tal processo depende de fatores

intrínsecos dos próprios vetores, que irão determinar sua capacidade em ser

susceptível ou refratário ao desenvolvimento do parasito (Pimenta et.al., 2003).

A susceptibilidade ou resistência dos flebotomíneos a infecção por

Leishmania parece ser controlada, entre outros, por fatores genéticos, os quais

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restringem para algumas espécies de insetos a capacidade específica de

transmissão de certas espécies do parasito (Neves, 2005). Tais fatores

sugerem um processo co-evolutivo entre os parasitas e os vetores (Pimenta

et.al., 2003).

Segundo Killick kendrick (1990) no Novo Mundo as espécies do gênero

Lutzomyia são mais susceptíveis às infecções por diferentes espécies de

leishmania sp. que em relação às do gênero Phlebotomus no Velho Mundo. No

Brasil, embora a espécie Lutzomyia cruzi tenha sido identificada como vetor da

LVA no Estado do Mato Grosso do Sul, a espécie (Lutzomyia) longipalpis Lutz

e Neiva, 1912, é apontada de forma predominante como principal transmissora

da doença, sendo encontrada frequentemente com infecção natural, além de

ter presença facilitada nas proximidades de cães e raposas, e ter um alto grau

de antropofilia. (Laison e Shaw, 1979; Gallati et. al., 1997).

1.2-LUTZOMYIA LONGIPALPIS

1.2.1-Biologia

A espécie Lutzomyia longipalpis, pertencente à Ordem Díptera e Família

Psychodidae, apresenta uma ampla distribuição geográfica, estendendo-se

desde o sul do México até o norte da Argentina (Young e Duncan, 1994). No

Brasil, a espécie é encontrada em pelo menos quatro das cinco regiões

geográficas: Nordeste, Norte, Sudeste e Centro-Oeste (Lainson e Rangel,

2003). De acordo com a região geográfica na qual são encontradas no país

recebem diferentes denominações, tais como: cangalhinha, birigui, mosquito-

palha, asa dura, asa branca, catuqui, tatuquira e muritinga (BRASIL, 2003).

Pouco se conhece sobre os locais de desenvolvimento desses

flebotomíneos, suas formas imaturas têm sido encontradas, geralmente em

pequeno número, em detritos de fendas rochosas, no chão de cavernas, no

solo entre raízes de árvores, debaixo de folhas mortas e úmidas de florestas.

Devido à dificuldade de encontrar os locais naturais de desenvolvimento, a

maior parte das informações sobre os estágios imaturos provém das

observações das criações em laboratório (WiIliams e Dias , 2005).

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Estes dípteros são insetos holometábolos, com ciclo vital composto de

quatro fases de desenvolvimento: ovo, larva, pupa e adulto. Os ovos são

normalmente postos sobre um substrato úmido no solo e com alto teor de

matéria orgânica para garantir a alimentação das larvas (Galati,1997). Quando

adultos, apresentam corpo delgado, piloso, porte pequeno (2 a 3 mm), com

pernas longas e delgadas (Brazil e Brazil, 2003).

Assim como outras espécies de flebotomíneos, Lutzomyia longipalpis

necessita de suprimentos de carboidratos para seu metabolismo que, na

natureza, adquirem diretamente da seiva de plantas, néctar (Alexander e

Usma, 1994), secreções de afídeos e frutas maduras (Cameron et al., 1995).

As fêmeas são hematófagas e necessitam além de carboidratos, de sangue

para a maturação de seus ovos, o que caracteriza a subfamília Phlebotominae

(Magnarelli e Modi, 1988).

A atividade dos flebotomíneos é crepuscular e noturna. Durante o dia, os

insetos permanecem em repouso em lugares sombreados e úmidos, protegidos

do vento e de predadores naturais. No intra e peridomicílio, a L. longipalpis é

encontrada, principalmente, próximas a uma fonte de alimento (Neves, 2005).

1.2.2- Adensamento populacional em áreas urbanas

Quando descoberta inicialmente nas regiões rurais do Nordeste

brasileiro, L. longipalpis estava associada apenas a áreas de bosques e

florestas, alimentando - se de animais e plantas silvestres. (Laison e Rangel,

2005). Entretanto, com o progressivo contato da espécie e os nichos criados

pelo homem para proliferação do vetor nas áreas urbanas levou ao surgimento

de um novo perfil epidemiológico da doença, passando das áreas rurais para

os centros urbanos (Ximenenes et al, 2000)

O crescimento de cidades em áreas originalmente endêmicas de

Leishmaniose Visceral evidenciou a adaptação de L. longipalpis no ambiente

periurbano ao mesmo tempo em que se resultou a expansão da doença

(Lainson e Shaw, 1978). Embora a espécie já tenha uma distribuição

geográfica extensa, parece ainda estar passando por nova expansão territorial,

com o Acre, Amazonas, Amapá, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,

sendo os únicos Estados que ainda não a notificaram (Rangel, 2008).

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De acordo com Costa (2008) as hipóteses ou explicações apresentadas

até o momento em relação ao processo de urbanização da LVA deixam de

elucidar o fenômeno inteiro e são, portanto, insuficientes, sendo necessárias

novas explicações para entender a urbanização de L. longipalpis e a sua

facilidade de transmissão, como por exemplo, mudanças na ecologia e biologia

do vetor que possam justificar a epidemiologia da doença nas áreas urbanas.

1.2.2.1- Redução de biodiversidade

A espécie L.longipalpis tem sido encontrada em vários ecossistemas

brasileiros como florestas primárias da Amazônia, Pantanal, Cerrado (Missawa,

2006) e Caatinga (Ximenes et al 2000). Entretanto, quando ocorre a retração

desses ecossistemas para ocupação humana, observa-se que a distribuição de

L. longipalpis coincincide com a ocorrência de casos de LVA (Soares, 2006).

Drásticas alterações ambientais tem alterado a ecologia de algumas

espécies de flebotomineos, assim como a epidemiologia das leishmanioses

(Rangel e Vilela, 2008). Nas áreas urbanas, encontramos marcas de uma

intensa e constante atividade humana, associada a altos índices populacionais,

com a presença de resquícios de seu ambiente natural (McIntyre et al. 2001).

Quando L.longipalpis é abruptamente privada de seus hospedeiros

primitivos, pode picar cães e humanos mais frequentemente compensando um

potencial efeito zooprofilático que a presença destes animais poderia ter

exercido e como consequência poderia aumentar a capacidade dos vetores,

intensificando a transmissão de Leishmania em cães e seres humanos

(Moreira, 2003).

Da mesma forma, espécies vegetais introduzidas podem desempenhar

um papel secundário de fontes de carboidratos na ausência das fontes originais

(Yamamoto, 2004). A existência de espécies vegetais exóticas atraindo L.

longipalpis ou de alguma forma dando proteção contra predadores poderia

explicar a proliferação do vetor em áreas onde estas plantas são abundantes

(Costa, 2008). Um exemplo pode ser dado através de estudos de Elnaiem

(2003) ao relatar uma epidemia de leishmaniose visceral que devastou

populações sudanesas nas décadas de 1980 e 90 ocorrendo em florestas de

Page 20: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

8

Acácias. Espécies desse Gênero são comumente introduzidas nos ambientes

urbanos de cidades brasileiras (Yamamoto, 2004).

Além disso, os carboidratos desempenham um importante papel no

desenvolvimento de parasitas de Leishmania (Schlein, 1986; Schlein &

Jacobson, 1994). As formas promastígotas desses parasitas necessitam de

açúcares para se desenvolver e se multiplicar no trato digestório dos insetos,

portanto, acredita-se que a distribuição geográfica da doença pode depender

da disponibilidade de fontes naturais de carboidratos (Gushi, 2008).

1.2.2.2 - Resistência a inseticidas

O programa brasileiro de controle da leishmaniose visceral possui três

medidas básicas para impedir o avanço da doença no país: a detecção e

tratamento de casos humanos, a eliminação de reservatórios domésticos e

controle dos vetores da área de foco, ou seja, a área que compreende em 200

m em torno do caso humano ou canino notificado pelos órgãos responsáveis

(BRASIL, 2003).

O controle do vetor com uso de inseticidas é apontado como a melhor

estratégia utilizada até o momento no combate ao LVA, mas embora existam

relatos de experiências bem sucedidas, faltam evidências para quantificar o

impacto real dessa medida sobre a incidência da doença em diferentes

situações e sobre o meio ambiente (Dye, 1996).

Devido aos criadouros de L. longipalpis serem dificilmente encontrados

na natureza, o controle de formas imaturas se torna ineficaz. Desta forma o

controle é feito sobre suas formas adultas, através da utilização de inseticidas

(MS, 2006). O uso de diclorodifeniltricloroetano (DDT) residual na Índia

resultou em uma diminuição significativa dos casos de leishmaniose visceral

(El-sayed, 1989). Entretanto, o uso continuado de inseticidas tanto na

agricultura e agropecuária quanto na área da Saúde Pública tem provocado o

aparecimento de populações resistentes e ocasionado problemas para o

controle de vetores (Brogdon, 1998; Alexander e Marole, 2003).

A resistência é um fenômeno que vem sendo verificado em todas as

classes de inseticidas, afetando, direta e profundamente, a re-emergência das

Page 21: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

9

doenças transmitidas por vetores, permitindo o surgimento de cepas

resistentes surgissem como resultado do uso persistente de pesticidas

matando apenas indivíduos com alelos suscetíveis e não aqueles com os

alelos resistentes (Brogdon, 1998).

A eliminação de compostos tóxicos nos insetos pode ocorrer por vários

processos metabólicos nos quais o produto é convertido em uma forma não

tóxica ou mesmo eliminado rapidamente do corpo do inseto através de

mecanismos como: a diminuição da taxa de penetração pela cutícula, a

diminuição da sensibilidade do sítio-alvo e a detoxificação metabólica

aumentada (Braga, 2007).

Segundo Beckel (2006) este último mecanismo é provavelmente o mais

estudado em resistência de insetos e decorre do aumento da capacidade de

metabolização de inseticidas levando à formação de produtos menos tóxicos. O

incremento do metabolismo pode ser o resultado de alterações nos

mecanismos reguladores desses insetos, ao aumentar a atividade de

moléculas de enzimas disponíveis nas populações de insetos anteriormente

susceptíveis (Braga, 2007).

Os principais grupamentos enzimáticos envolvidos nesse processo de

detoxificação são as famílias Esterases, Oxidases de função mista e S-

transferases, já apontados em estudos com Anopheles albimanus, Aedes

Aegypti, entre outras espécies, e estão relacionados à detoxificação de

piretróides, carbonatos e organoclorados, que estão entre os inseticidas

largamente utilizados no combate de vetores (Alexander e Maroli,2003). A

resistência a inseticidas já foi estudada em várias espécies de culicídeos

(Braga, 2007), entretanto, entre os flebotomíneos esses mecanismos ainda são

pouco estudados (Alexander e Maroli, 2003). Werneck (2008) cita que a

resistência a inseticidas pode ter um grande significado para a expansão da

LVA, como uma das variáveis que contribuem para a presença dos seus

vetores em áreas urbanas.

1.3- LVA na cidade de Teresina

Page 22: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

10

Segundo Costa (1990), no Estado do Piauí, a doença é conhecida desde

1934. No entanto, foi a partir da década de 80 que se observou no Estado uma

epidemia que atingiu vasta extensão de seu território, concentrando-se

especialmente na área urbana da capital. A população da cidade experimentou

o primeiro grande surto epidemiológico da doença no País, com mais de 1.000

casos relatados entre os anos de 1981 e 1986. No mesmo período se iniciaram

tentativas de controle da doença na cidade com a borrifação domiciliar em toda

sua área por inseticidas como hexacloroclohexano (BHC) e

diclorodifeniltricloroetano (DDT), e posteriormente foi realizada a eliminação

sistemática de cães vadios ou soro-reagentes para L.chagasi, além da

pesquisa de correlação entre as casas infestadas pelo vetor e os casos da

doença.

As décadas em que ocorreram os maiores surtos, a capital

caracterizava-se por um elevado crescimento demográfico (6,5%/ano) e uma

taxa migratória positiva de 35,6/ano Bacelar (1980). A população de Teresina

cresceu mais de 400% entre 1960 e 1990, majoritariamente em função de

deslocamentos populacionais decorrentes das consecutivas secas no interior

do estado do Piauí ou de outros estados brasileiros (PMT, 1993).

As áreas periféricas da cidade de Teresina nas proximidades de matas e

com precários níveis sócio-econômicos foram associadas ao número de casos

da doença na época, explicado pela proximidade com reservatórios como cães

e raposas, além de condições ótimas para a manutenção do vetor

estabelecidas nesse ambiente (Neto, 2003). Entretanto, esse cenário não foi o

suficiente para justificar posteriormente o elevado número de casos na área

urbana da cidade, ocorrendo mesmo em melhores condições sócio-

econômicas (Costa, 2008).

Neste contexto, propomos investigar possíveis mudanças ecológicas e

biológicas sofridas pelo flebotomíneo L.longipalpis no decorrer do processo de

ocupação humana e o papel que estas teriam para justificar sua crescente

presença acompanhada do número de casos de LVA nas áreas urbanas da

cidade de Teresina-PI. O esclarecimento sobre a ocorrência do processo, tais

como os fatores envolvidos poderiam nos indicar a base para futuras medidas

Page 23: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

11

de controle do vetor, assim como refletiriam sobre a incidência da doença nas

áreas urbanas.

Page 24: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

12

2.0-OBJETIVOS

Geral

Investigar a influência de possíveis alterações ecológicas e biológicas

envolvendo Lutzomyia longipalpis durante o processo de ocupação humana e o

significado que isto representa para seu adensamento em áreas urbanas da

cidade de Teresina-PI.

Específicos

1. Correlacionar a dinâmica populacional de flebotomíneos, em especial da

espécie L.longipalpis, com as suas possíveis fontes alimentares de animais

e vegetais presentes nos domicílios.

2. Correlacionar a dinâmica populacional dos flebotomíneos aos aspectos

socioeconômicos nos diferentes estágios da ocupação humana.

3. Determinar a preferência alimentar de L. longipalpis entre as espécies

vegetais prevalentes na área de estudo.

4. Avaliar a atividade de enzimas envolvidas no processo de detoxificação de

inseticidas para verificar a existência de mecanismos de resistência entre a

população de insetos estudada em diferentes períodos.

Page 25: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

13

3.0-METODOLOGIA:

3.1- Descrição da área de estudo

A cidade de Teresina localiza-se no centro-norte do estado do Piauí sob

as margens dos rios Poti e Parnaíba com as coordenadas 05o 05‟ 12‟‟ S e 42o

48‟ 42‟‟O. A cidade apresenta uma população de 814.439 habitantes distribuída

em uma área de 1.392 Km² (IBGE, 2010). O seu clima é caracterizado como

tropical-chuvoso de savana, com inverno seco e verão chuvoso, e

temperaturas variando entre 22ºC e 40ºC. A vegetação predominante consiste

em uma cobertura vegetal de médio porte, caracterizada pelo cerrado e o

cerradão, além da presença de áreas de pastagem e de floresta tropical na

periferia da cidade (TERESINA, 1993).

Nos limites leste e sul da cidade concentram-se os focos de maior

incidência de Leishmaniose visceral, correspondendo também às áreas em

expansão, onde ocorre a transição do ambiente rural para o urbano (Neto,

2003). Desta forma, foram selecionados para o estudo três bairros na sua

região Leste seguindo como critérios de escolha: os períodos de surgimento,

contiguidade e aspectos socioeconômicos, de acordo com os dados da

Prefeitura Municipal da cidade (PMT) (Figura 1).

Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo

destacados.

Page 26: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

14

Os bairros escolhidos, Novo Uruguai, Planalto Uruguai e Santa Isabel

representam respectivamente diferentes etapas do processo de urbanização,

ou seja, uma área ocupada recentemente e ainda com características próximas

às rurais; uma área periférica já com algumas estruturas urbanas e outra com

estruturas urbanas bem definidas. Todos estes aspectos confirmados através

de informações prévias da PMT.

O georreferenciamento das residências em estudo foi realizado com

intuito de auxiliar através de imagens recentes do Programa Google Earth

(2009) na confirmação dos padrões estabelecidos para o estudo. Sendo assim,

aleatoriamente 20 residências distribuídas de forma homogênea em cada uma

das três áreas foram escolhidas, permitindo a coleta e o estudo a cerca de

flebotomíneos no intra e peridomicilio destas residências (Figura 2).

Figura 2- Representação espacial dos bairros Santa Isabel, Planalto

Uruguai e Novo Uruguai, com localização geográfica das residências do

estudo em destaque.

Page 27: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

15

3.2-Perfil dos domicílios

Por meio de questionário aplicados nas 60 residências como mostra o

anexo I, foram levantadas informações sobre as condições socioeconômicas e

ambientais das residências avaliando suas possíveis influências sobre a

densidade de L.longipalpis. Entre as informações obtidas nas residências:

I. Número de residentes

II. Renda média mensal

III. Escolaridade do responsável pelo domicilio

IV. Espécies de Animais (domésticas e sinantrópicas)

V. Espécies vegetais (perianuais)

A influência das variáveis socioambientais sobre a densidade do vetor foi

realizada tanto de forma conjunta como categorizada por bairros, para verificar

seu comportamento em meio aos distintos estágios de ocupação humana.

3.3- Coleta e Identificação de flebotomíneos

As coletas de flebotomíneos realizadas nos intra e peridomicilios

utilizaram armadilhas luminosas do tipo CDC (Center for Disease Control)

instaladas ao entardecer e recolhidas pela manhã. O período da coleta foi

determinado pela época que compreendeu o inicio e o final da estação chuvosa

na região, que se estende de dezembro a setembro, onde é possível encontrar

uma maior densidade de flebotomíneos ,assim como um possível aumento dos

casos de LV ,como relatado por Costa (2001).

Após a coleta, realizamos a triagem do material, onde os flebotomíneos

permaneceram estocados em freezer a -70°C até o momento de seu uso. Os

indivíduos utilizados para a identificação foram tratados previamente com

solução de lactofenol (1:1 de Ácido lático e Fenol) e identificados segundo

Young e Duncan (1994).

3.4 - Preferência alimentar por fontes de carboidratos

Page 28: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

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As espécies vegetais mais prevalentes entre os peridomicilios dos três

bairros foram testadas para averiguar a existência de uma possível preferência

do vetor por diferentes fontes de carboidratos provenientes de espécies

vegetais. Para tal, foram utilizados Lutzomyia longipalpis recém- eclodidos em

colônia, já estabilizada na 32° geração, do Núcleo de Entomologia do Piauí-

NEPI e onde foram mantidos segundo metodologia adaptada a Modi e Tesh

(1983).

De forma prévia à exposição dos flebotomíneos, as diferentes espécies

vegetais por meio das suas partes com extremidades florais (quando presentes

na espécie) foram marcadas através do fenômeno da capilaridade com

corantes de duas distintas cores por teste. Os experimentos foram realizados

em gaiolas em forma de Y, permitindo a comparação entre duas espécies

vegetais por ensaio. Desta forma, cada par de plantas testado foi exposto

durante 24 h a uma solução marcadora de 50 mL finais (20mL de corante a

base de anilina, e sacarose a 10%) , com as colorações vermelho e azul.

Posteriormente, as plantas foram expostas nas gaiolas tipo Y, à

presença de aproximadamente 50 flebotomíneos da colônia. Após 24h de

exposição em condições constantes de umidade (80%), temperatura (25°C), e

luminosidade os flebotomíneos permaceram marcados pelos pigmentos

correspondentes a sua fonte de alimentação. Os insetos que não estavam

visivelmente marcados foram dissecados para confirmar a sua fonte de

alimento (Figura 3). Para cada par de espécies foram realizadas pelo menos

três repetições.

Page 29: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

17

Figura 3 - A: Gaiola em forma de Y; B: Plantas marcadas com as 02

colorações usadas; C: Imagem aproximada da flor de Mangifera indica

marcada com pigmento azul.

3.5-Resistência a inseticidas

Os testes bioquímicos realizados com o intuito de verificar a presença de

mecanismos de resistência entre a população de L .longipalpis das áreas

estudadas avaliaram a atividade das Oxidases de Função Mista (MFO),

Glutationa S- Transferases (GST) e Esterases Elevadas (EE), os principais

grupamentos enzimáticos envolvidos no processo de detoxificação de

inseticidas.

Para o grupo controle de susceptibilidade dos testes enzimáticos

foram utilizados machos de L.longipalpis capturados em área de floresta

primitiva com distância mínima de 10 km da área de estudo e L.longipalpis

provenientes da colônia do NEPI. A colônia em questão, já citada

anteriormente, tem como população de origem flebotomíneos capturados em

Page 30: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

18

galinheiros estabelecidos pelo NEPI em áreas de resquícios de mata nativa da

Universidade Federal do Piauí, com condições ambientais livres de exposição a

compostos que poderiam induzir mecanismos de resistência metabólica.

Em todos os testes, apenas os machos de Lutzomyia longipalpis

capturados em campo e previamente identificados, foram utilizados,

considerando a variação de concentração de proteínas totais entre machos e

fêmeas que poderiam interferir na interpretação dos resultados. Além disso,

para evitar a presença de fêmeas com resquícios de sangue gerando falsos

positivos devido à reação entre proteínas heme e o tetrametilbenzidina utilizado

em um dos testes (Soares, 2000).

Analisamos machos de L.longipalpis capturados em dois períodos

distintos. Os insetos testados foram resultantes das capturas realizadas nos

meses de Janeiro e Agosto, com o intuito de verificar alterações ambientais

externas antes e apos o período chuvoso que poderiam induzir alterações

seletivas nas populações de flebotomíneos, como por exemplo, o lançamento

de inseticidas pelos Programas de Controle de Endemias.

O protocolo seguido neste trabalho permite testar a atividade dos três

grupos enzimáticos em um mesmo individuo (Alexander, 2009). Desta forma,

cada inseto foi triturado individualmente em 100µL de Solução Tampão de

Fosfato (PBS) pH 7,4 e centrifugado a 14 000 x g por 4min .O seu

sobrenadante foi diluído em mais 300µL de PBS para permitir a realização

do primeiro teste.

Glutation S-transferase (GST):

Após a primeira diluição, cerca de 100 µL da amostra foram aplicados

em microplacas (Maxisorp - Nunc®, Dinamarca) e cobertas com 100µL de

solução de Glutation S-tranferase (56mg em 100mL de PBS), logo em seguida

foram aplicados 100 µL de cloronitrobenzeno (20mg em 10 mL de acetona e 90

mL de PBS). A leitura das placas foi realizada em um leitor de microplacas

(Molecular Devices®, software SoftMax Pro 5.3, 1999-2008), com absorbância

de 340nm.

Page 31: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

19

Para realizar os ensaios seguintes foram usadas amostras a uma

concentração de 1000 µL. Desta forma mais 450 µL de PBS foram adicionados

a todas as amostras testadas, inclusive os controles.

Esterases Elevadas (EE):

Para determinar a atividade de Esterases Elevadas, 100 µL do

homogenato foram aplicados na microplaca e em seguida foram adicionados

100 µL de betanaftil acetato (46mg em 20mL de acetona e 80 mL de PBS),

com uma incubação à temperatura ambiente por 10 min. Em seguida, mais 100

µL de O-diasidine(100mg em 100mL de PBS) foram aplicados. A leitura da

placa foi realizada a 540nm.

Oxidases de função mista (OFM):

As oxidases de função mista (OFM) foram determinadas com a

aplicação de 200µL de Tetrametilbenzidina(100mg em 30 ml de metanol e

70mL de buffer de acetato de sódio, pH 5,0) sobre as amostras e com posterior

aplicação de 30µL de Peróxido de Hidrogênio a 3%. A leitura da placa foi

realizada a 620nm.

3.6-Análise dos dados

Através do levantamento de espécies animais e vegetais presentes nas

áreas dos peridomicilios foi calculado o Índice de Similaridade ou

Dessemelhança através do Coeficiente de Jaccard, para que os resultados

confirmassem as diferenças na diversidade entre os três bairros. Tal índice é

dado pela seguinte equação (Rode, 2009).

Sj = a/(a + b + c)

Onde, SJ- Coeficiente de Jacard; a é o número de espécies encontradas em

ambos os locais, A e B; b é o número de espécies no local B, mas não em A; c

é o número de espécies no local A, mas não em B.

Page 32: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

20

Os valores variam de 0 a 1 conforme o grau de semelhança entre os ambientes

analisados.

Para avaliar as associações entre a presença de flebotomíneos e

variáveis independentes foi utilizada a análise de regressão linear múltipla

entre os componentes. A normalidade dos dados foi avaliada previamente pelo

teste Kolmogorov-Smirnov e posteriormente os Testes T-Student não pareado e

pareado foram utilizados para avaliar a resistência metabólica e a preferência

por fontes de carboidratos, respectivamente. Todas as análises foram

realizadas utilizando o programa STATISTICA 7.1.

Page 33: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

21

4.0-RESULTADOS:

4.1-Caracterização das áreas:

O perfil dos domicílios em estudo demonstrou padrões

proporcionalmente similares aos estabelecidos para escolha de cada bairro do

ponto de vista socioeconômico. (Tabela 1).

Tabela 1- Descrição socioeconômica dos domicílios em estudo.

Valor Médio Santa Isabel

Planalto Uruguai

Novo Uruguai

Renda mensal 4.640,0 1.199,0 570,0

Habitantes por domicilio 4,7 4,95 5,15

Escolaridade do chefe de família ( anos de estudo )

14 anos 10 anos 06 anos

Os domicílios encontrados apontam os diferentes microhábitats nos

quais o vetor foi capturado (Figura 4).

Figura 4- Residências em diferentes bairros de Teresina: A- Santa Isabel,

B- Planalto Uruguai, C- Novo Uruguai.

4.2- Flebotomíneos capturados

Foram capturados 12.151 flebotomíneos resultantes de cinco

amostragens na área em estudo no período de Dezembro/2009 a Setembro

/2010. Do total encontrado, 9.294 flebotomíneos machos e 2.860 fêmeas. Entre

as espécies identificadas Lutzomyia longipalpis (54%) e Lutzomyia whitmani

(42,8%) apresentaram-se de forma predominante, seguida por outras espécies

do gênero Lutzomyia como mostrado na tabela 2.

Page 34: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

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Tabela 2: Distribuição das espécies de flebotomíneos capturadas nos bairros em estudo. C

AS

A

Santa Isabel Planalto Uruguai Novo Uruguai L.longip

alp

is

L.

whitm

ani

L.

quin

quefe

r L.

vill

ela

i

L.

pere

si

L.logip

alp

is

L.

whitm

ani

L.q

uin

quefe

r

L.

vill

ela

i

L.lenti

L.c

arm

elin

oi

L.t

erm

inophila

L.

com

ple

xa

L.longip

alp

is

L.

whitm

ani

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uin

quefe

r

L.

vill

ela

i

L.

pere

si

L.lenti

L.c

arm

elin

oi

L.t

erm

inophila

L.

salle

si

L.w

arile

ia

A 15 03 - - - 04 22 - 01 - - - - 26 01 - - - - 01 - - -

B 47 - - - - 21 - - - - - - - 07 - - - - - - - - -

C 13 - - - - 58 03 - - - 01 - - 02 - - - - - - - - -

D 07 - - - 01 100 96 133 19 - 01 - 01 - - - - - - - - - -

E 177 09 - 01 01 1.275 101 - - 01 - - - 19 02 - - - - 03 01 - -

F 340 04 - 02 06 115 03 - 01 - 01 - - 233 41 - 08 - - - - - -

G 1.206 - - - - 117 - - - - - - - 03 03 02 03 - - 02 - - -

H 15 - - - - 40 - - - - - - - 13 - - - - 01 - - - -

I 137 06 - - - 25 08 - - - - - - 02 01 - 02 - - - - - -

J 10 - - - - 22 07 - - 02 - - - 02 - - - - - - - -

L 70 03 02 04 02 06 - - - - - - - 24 20 - 01 - - - - - 01

M 60 - - - - 08 - 01 - - - - - - - - - - - - - - -

N 14 10 01 09 - 22 - - 03 - - - - 12 03 - - - - - - 01 -

O 72 02 - - - 12 02 04 - 01 - - - 07 - - - - - - - - 01

P 12 - - - - 08 - - - - - - - 23 02 02 - - - - - - -

Q 15 - - 01 - 109 81 17 05 - 07 01 - 04 03 - 02 - - - - - -

R 29 - 02 06 - 723 4.747 16 03 - - - 01 39 07 01 - 01 01 - - - -

S 115 13 - - - 540 17 - 02 - - - - 02 - - - - - - - - -

T 10 - - - - 162 02 - 02 - - - - 12 02 - - - - - - - -

U 401 04 - - - 03 11 01 - - - - - 05 - - - - 02 01 - - -

Total 2.765

54 5 23 10 3370 5100 172 36 4 10 1 2 435 85 5 16 1 4 7 1 1 2

Page 35: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

23

Especificamente quanto à espécie L.longipalpis, foram encontrados no total

4.989 machos e 1.580 fêmeas, estando 250 destas ingurgitadas com sangue, sua

distribuição variou conforme o local de captura (Figura 5).

Figura 5- Densidade de L.longipalpis de acordo ambiente de captura nos

bairros estudados.

4.3-Correlações ecológicas:

Utilizando as espécies vegetais e animais presentes nos peridomicilios como

parâmetros para o teste de Similaridade, encontramos que a área periférica se

assemelha mais aos ambientes das áreas rurais (j=0,31) que em relação à área

urbana (j=0,27), caracterizando áreas ainda de ocupação recente. A zona urbana

por sua vez, tem seus índices bastante distintos aos da área rural (j=0,11).

Observando a presença dos animais como possíveis fontes de sangue para o

vetor, encontramos de uma forma geral como animais em maior densidade nos

peridomicilios, o cão (70 %) e a galinha (23 %). Entretanto, a frequência das

espécies varia conforme o bairro analisado (Figura 6).

Page 36: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

24

Figura 6 - Prevalência de animais entre os domicílios na área de estudo.

Fazendo uma correlação entre L.longipalpis capturados e as possíveis fontes

sanguíneas para o vetor que se apresentaram em maior número, encontramos

através da análise de regressão múltipla (p= 0, 0154, com t=2,50 e α=0,05), uma

associação positiva entre a densidade de cães e L.longipalpis encontrados nos

peridomicilios das três áreas (Figura 7).

Figura 7- Correlação linear múltipla entre galinha (variável Y), cão (variável X) e

L.longipalpis capturados nos peridomicilios dos três bairros (variável Z).

Page 37: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

25

Entretanto, quando os dados são analisados de acordo com os bairros a

presença dos outros animais, passam a influir de forma significativamente relevante

sobre a densidade de L.longipalpis no bairro Santa Isabel, como mostra a Tabela 3.

Tabela 3: Correlação linear múltipla entre a densidade de L.longipalpis e

possíveis fontes de alimento de acordo com os bairros.

BAIRROS /

FONTES DE SANGUE

Densidade de L.longipalpis

Peridomicilio Intradomicilio Coeficiente p-valor Coeficiente p-valor

Sa

nta

Isa

be

l

Cão 4,295 0,00063* 0,129 0,89844

Galinha 3,293 0,00492* 0,811 0,42998

Cão e galinha -3,154 0,00654* -0,842 0,41281

Humanos -0,398 0,69586 -0,967 0,34849

Pla

na

lto

Uru

gu

ai Cão -0,490 0,63092 -0,266 0,79340

Galinha -0,068 0,94647 0,331 0,74458

Cão e galinha 0,984 0,34066 0,524 0,60786

Humanos -0,997 0,33433 -0,887 0,38896

No

vo

Uru

gu

ai Cão 0,287 0,77768 -0,052 0,95873

Galinha 0,295 0,77143 -0,042 0,96640

Cão e galinha -0,316 0,75627 -0,126 0,90133

Humanos 0,071 0,94368 0,285 0,77918

*-Significativo ao nível de p≤ 0,05.

De forma contrária, a densidade de outras espécies de flebotomíneos

encontrados nos peridomicilios não demonstrou qualquer associação entre esses

animais (Cão, p=0, 6223/ t=0, 495; Galinha, p=0, 6558/ t= 0, 446), mesmo quando

analisados unicamente em relação à espécie L. whitmani (Cão, p=0, 5187/ t=0,

6492; Galinha, p=0,833/ t= -0,2117) (Figura 8).

Page 38: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

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Figura 8 - Correlação linear múltipla entre galinha (variável Y), cão (variável X)

e L.whitmani capturados nos peridomicilios dos três bairros (variável Z).

Ao correlacionar a densidade total de L.longipalpis com a renda média mensal

calculada pelo número de pessoas e a escolaridade como mostra a (Figura 9), não

encontramos relação significativa (Escolaridade p=0,3322 / t=-0,9779; Renda por

pessoa p=0,337 / t=0,9969), mesmo quando analisamos separadamente por bairros.

Figura 9 - Correlação entre Escolaridade (variável Y), Renda média por pessoa

(variável X) e L.longipalpis capturados nos três bairros (variável Z).

A relação entre a razão da densidade/diversidade de espécies vegetais e a

densidade de L.longipalpis nos peridomicilios também foi abordada. Entretanto, da

Page 39: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

27

mesma forma não encontramos nenhuma associação significativa (Figura 10),

(Densidade p=0,5774 / t= -0,5602; Diversidade, p=0,6581 / t=0,4447), mesmo ao

analisar de forma agrupada entre os bairros.

Figura 10- Correlação múltipla entre diversidade (variável Y) e densidade

(variável X) da vegetação e L.longipalpis nos peridomicilios dos três bairros

(variável Z).

4.4-Preferência por fonte de carboidratos

A confirmação das espécies vegetais mais frequentes entre os bairros foi

inicialmente avaliada como mostra a Tabela abaixo.

Tabela 4- Espécies mais encontradas de forma decrescente em cada bairro

Espécies mais frequentes

Santa Isabel Planalto Uruguai Novo Uruguai

Mangifera indica** Mangifera indica** Mangifera indica**

Ixora coccínea** Malpighia glabra* Anacardium occidentale*

Polypodium aureum* Citrus limonum** Psidium guajava*

Annona squamosa L.* Stryphnodendron

pulcherrimum*

Malpighia glabra*

Malpighia glabra* Anacardium occidentale* Stryphnodendron

pulcherrimum*

*Planta de origem nativa / ** Planta de origem exótica

Page 40: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

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A preferência por fontes de carboidratos, testada através das cinco espécies

vegetais mais frequentes em cada bairro, demonstrou primeiramente que o inseto se

alimentou em todas as plantas oferecidas (Figura11).

Figura 11- L.longipalpis alimentado em planta corada com pigmento azul e

seu intestino dissecado.

A soma das espécies vegetais mais prevalentes em cada bairro resultou em

nove espécies testadas, já que algumas das prevalentes coincidiram entre os

bairros. A média dos flebotomíneos alimentados em cada uma das plantas foi

analisada proporcionalmente quando comparada às suas outras oito espécies

testadas em cada par, levando em consideração ainda a proporção de

flebotomíneos não alimentados. Os resultados apontaram que nenhuma das

espécies vegetais demostraram diferenças de atração para o vetor (Tabela 5).

Page 41: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

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Tabela 5- Preferência por diferentes fontes de carboidratos pela espécie L.longipalpis.

Espécie

Nome vulgar

Alimentados

(%)*

Não alimentados

(%)**

Valor t

Significância

(p≤ 0,05)

M. indica Mangueira 25,6 21,4 -0,951 0,371

A. occidentale Cajueiro 27,25 14,2 -0,753 0,478

I. coccínea Cafezinho 17,89 16,2 -0,483 0,132

A. squamosa L. Ata 22,93 12,3 0,87 0,653

M. glabra Acerola 34,11 8,40 -1,21 0,291

C. limonum Limão 34,5 9,71 -0,221 0,340

S. pulcherrimum Barbatimão 21,4 12,1 -0,921 0,326

P. guajava Goiaba 19,6 12,5 -0,431 0,310

P. aureum Samambaia 15,9 16,2 0,411 0,125

*-Porcentagem da média dos flebotomíneos que se alimentaram na espécie quando comparada em relação às outras oito

espécies.

**-Porcentagem da média dos flebotomíneos que não se alimentaram em todos os ensaios na presença da referida planta.

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30

4.5-Mecanismos de resistência a inseticidas

Cerca de 100 indivíduos de L.longipalpis previamente testados de colônia

(F32) e ambiente silvestre, indicaram não haver diferenças significativas entre as

duas populações para os 03 grupamentos enzimáticos, como mostra a tabela

abaixo:

Tabela 6- Atividade enzimática entre L.longipalpis de colônia e área silvestre.

Absorbância

Média- Silvestre

Absorbância

Média- Colônia

p-valor* Coeficiente

(valor-T)

GST 0,345 0,352 0,808 0,243

EE 0,218 0,230 0,661 0,440

OFM 0,042 0,043 0,611 0,511

* Teste T de Student não pareado (P 0.05).

Desta forma todos os testes tiveram como linhagem susceptível L.longipalpis

da Geração F32 (grupo controle) estabelecidos em colônia.

Os testes bioquímicos realizados com o intuito de verificar a atividade

enzimática de GST no mês de janeiro apresentaram valores não significativos

quando comparados a F32 (Tabela 7). No entanto, testes realizados para o mesmo

grupamento enzimático em amostras do mês de agosto revelaram-se significativos

entre a geração F32 e os bairros Planalto Uruguai e Novo Uruguai (Figura 12).

Figura 12-Atividade de GST em L.longipalpis capturados no mês de agosto.

Page 43: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

31

Os ensaios com EE mostraram resultados semelhantes à GST, não havendo

diferenças significativas relevantes nos 03 bairros no mês de janeiro (Tabela 7). Já

nas coletas do mês de agosto os resultados da atividade enzimática dos insetos são

significativas nos bairros Planalto Uruguai e Novo Uruguai (Figura 13).

Figura 13-Atividade de EE em L.longipalpis capturados no mês de agosto.

O último ensaio revelou a atividade de OFM presente de forma significativa

apenas para o bairro Planalto Uruguai no mês de Agosto, com 7.34 % das suas

amostras mostrando resistência para esse grupamento enzimático (Figura 14).

Figura 14- Atividade de OFM em L.longipalpis capturados no mês de agosto.

Page 44: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

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Tabela 7 - Porcentagem da presença dos mecanismos de GST, EE e OFM em machos de L. longipalpis.

* Teste T-Student não-pareado (P 0.05). Entre parêntese observa-se a média dos valores de absorbância + desvio padrão.

Os dados observados em negrito representam a média dos valores de absorbância transformados em %, considerando o controle

equivalente a 0.

n= tamanho da amostra

Enzima /

Bairro

GST EE OFM

Janeiro Agosto Janeiro Agosto Janeiro Agosto

Santa

Isabel

0% (n= 356)

(0.396 + 0.07)

8.84 % (n= 33)

(0.527 + 0.11)

5.17 (n= 356)

(0.075 + 0.05)

0% (n= 33)

(0.044 + 0.002)

0% (n= 356)

(0.041 + 0.004)

0% (n= 33)

(0.043 + 0.01)

Planalto

Uruguai

3.50% (n=656)

(0.421 + 0.08)

4.01*% (n=231)

(0.503 + 0.04)

0% (n= 656)

(0.066 + 0.06)

9.70*% (n= 231)

(0.048 + 0.016)

0% (n= 656)

(0.042 + 0.005)

7.34* % (n= 231)

(0.046 + 0.03)

Novo

Uruguai

3.10% (n=14)

(0.419 + 0.08)

6.98*% (n=17)

(0.518 + 0.04)

0% (n= 14)

(0.055 + 0.03)

2.40 *% (n= 17)

(0.045 + 0.003)

0% (n= 14)

(0.043 + 0.01)

0% (n= 17)

(0.040 + 0.003)

Page 45: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

33

5.0- DISCUSSÃO

Os diferentes estágios de ocupação humana entre os bairros estudados

revelam a heterogeneidade entre áreas, através da forte ocupação humana do

bairro Santa Isabel; as matas remanescentes circundando o Planalto Uruguai e

a baixa presença humana às margens da mata primitiva no Novo Uruguai. De

acordo com dados da PMT (2000), enquanto o primeiro bairro passou por

pequenas reduções em sua população na ultima década, os bairros Planalto

Uruguai e Novo Uruguai sofreram uma rápida expansão na ocupação de seus

limites, triplicando sua população.

Ao analisarmos a densidade de L.longipalpis nas áreas, observamos que

sua presença ocorre de forma mais acentuada no bairro próximo às matas

nativas, quando comparada proporcionalmente às outras espécies encontradas

nesse bairro. Entretanto, mesmo residências no bairro mais urbanizado, que

apresentaram melhores condições socioeconômicas e de infraestrutura,

obtiveram um valor médio de L.longipalpis consideravelmente superior ao

bairro Novo Uruguai. Já uma situação divergente ocorre ao considerarmos a

diversidade da fauna flebotomínica entre os 03 bairros, pois nota-se que é

proporcional ao processo de ocupação, sendo encontrada uma maior

diversidade de espécies justamente no bairro menos ocupado (Tabela 2).

Similar à L.longipalpis, a espécie L. whitimani, apontada como vetor da

LTA em várias regiões do Nordeste e Sul do País (Luz et al., 2000) foi

encontrada de forma prevalente no bairro periférico, representando 41,9% do

total de flebotomíneos capturados nos três bairros. Entretanto, é notável que

tal resultado se deva especialmente à „‟ casa R‟‟ do Planalto Uruguai,

responsável pelo maior percentual capturado, inclusive um número relevante

de capturas no ambiente intradomiciliar (4.330 indivíduos) em relação ao

peridomiciliar (735 indivíduos). Tal resultado pode corroborar o achado de

Campbell-Lendrum et al. (2000) ao sugerir que está ocorrendo uma

domiciliação dessa espécie no estado do Piauí.

L. whitmani foi encontrada com infecção natural de Leishmania

brazilensis de forma pioneira por Rangel et al.( 1989 ) no Estado do Ceará, e

posteriormente, outros estados nordestinos como Bahia e Maranhão passaram

Page 46: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

34

a suspeitar dessa espécie na transmissão em focos de LTA (Azevedo,1996;

Leonardo e Rêbelo, 2004 ),assim como mostraram também estados da região

sudeste como São Paulo e Rio de Janeiro (Mayo,1998; Souza,2002). Já no

norte do país, de baixa ocupação humana, essa espécie ainda apresentava

hábito completamente silvestre (Dias-Lima et al. 2002; Lainson et al. 1979).

Tal quadro pode levantar uma relação entre o processo de ocupação e

a domiciliação dos flebotomineos, o que denota um risco de urbanização para

esta espécie semelhante ao ocorrido com L.longipalpis. Algumas espécies de

flebotomíneos que até então apresentavam comportamento silvestre têm sido

encontradas perto de habitações humanas, plantações e também em áreas

florestais demonstrando que se encontram em processo de adaptação às

modificações provocadas pelo homem (Marzochi, 1985).

No que diz respeito às diversas variáveis correlacionadas à densidade

de flebotomíneos, observa-se que quando realizadas de forma mútua, nos três

bairros, encontramos significância apenas entre a densidade de cães e

L.longipalpis presentes nos peridomicilios (Figura 7). A associação entre a

presença de cães e flebotomíneos demonstrou ser extremamente forte no

bairro Santa Isabel. Nota-se ainda nesse mesmo bairro uma elevada densidade

de L.longipalpis no ambiente peridomiciliar em comparação ao intradomiciliar

,assim como a maior frequência e densidade de cães nas residências em

relação ao outros dois bairros (Figuras 5 e 6).

A forte relação encontrada entre os cães e o vetor no bairro Santa

Isabel provavelmente gerou uma relação de dependência nos outros bairros ao

analisarmos de forma conjunta as três áreas. Na tabela 03, observamos que a

correlação com os cães entre os bairros diminui pela inclusão dos bairros

Planalto Uruguai e Novo Uruguai, assim como também não encontramos uma

associação significativa entre os dois últimos bairros quando analisados de

forma independente.

Da mesma forma, animais como a galinha, relacionaram-se de forma

significativa à presença de L.longipalpis no peridomicilio no bairro Santa Isabel.

É importante salientar que a sua frequência entre os domicílios neste bairro

ocorre em menores proporções em relação às outras duas áreas. Entretanto,

Page 47: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

35

esses animais de forma geral foram encontrados em aglomerados, tornando os

seus números elevados.

Embora a presença de cães como fonte de alimentação sanguínea

tenha representado um aspecto relevante para a presença de L.longipalpis nos

peridomicilios do bairro Santa Isabel o mesmo não foi verificado nos outros dois

bairros. A falta de associação nesses últimos pode estar relacionada à maior

disponibilidade de fontes de alimento, provenientes de uma maior diversidade

de animais no ambiente peridomiciliar e em seu entorno.

Ao analisarmos a (Figura 6) novamente, entendemos que há uma maior

diversidade e densidade de outras fontes de sangue a serem oferecidas nos

outros dois bairros que podem ter exercido alguma influência sobre esses

resultados, já que vários trabalhos apontam o caráter oportunista dessa

espécie em sua alimentação (Quinnell, 1992; Deane, 1956). Ainda nesse

sentido observamos que o bairro periférico e especialmente o rural, apresenta

maior proximidade das matas nativas em seus entornos, (Figura 2), podendo

disponibilizar fontes de alimento primárias, e dessa forma contribuir para tais

resultados.

A adaptação às diferentes fontes de sangue por L.longipalpis pode ainda

ser discutida ao observarmos que outras espécies de flebotomíneos, não se

mostraram associadas à presença de animais em qualquer um dos três

ambiente, mesmo a espécie L. whitmani, a segunda maioria em densidade nas

áreas, mostrou qualquer relação. Possivelmente isto se deva a características

ecológicas distintas dessas outras espécies em relação a L.longipalpis,

inclusive em sua alimentação.

A confirmação dessas suposições poderá se dada por futuras análises

do sangue presente no conteúdo intestinal das fêmeas de L.longipalpis

capturadas nos bairros, indicando quais as fontes de alimentação mais

frequentes do vetor nesses diferentes ambientes. No entanto, resultados do

conteúdo intestinal de fêmeas coletadas de forma paralela às coletas desse

trabalho, nos mesmos domicílios e sob as mesmas condições ambientais,

apontaram que na presença de ambas as fontes, a galinha demonstra ser a

Page 48: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

36

fonte preferencial de alimento e na sua ausência, o cão ou homem torna-se a

principal fonte de sangue (Salamanca, 2010).

Desta forma, a disponibilidade de certas fontes de alimento nos

peridomicilios, como o cão, pode significar um caráter de importância distinto

para a alimentação do L.longipalpis de acordo com a diversidade de outras

espécies presentes, seja no interior e/ou exterior a esses microhabitats, ou

seja, em diferentes graus do processo de ocupação. Tal hipótese mencionada

nos leva a discutir sobre o papel que as crescentes reduções de fontes

sanguíneas podem ter exercido sobre a expansão da LVA em áreas urbanas,

já que o cão é incriminado como principal reservatório nesses ambientes. As

hipóteses ou explicações apresentadas até o momento em relação ao processo

urbanização da LVA ocorrem ainda de forma insuficiente, tornando necessárias

novas explicações para a urbanização de L. Longipalpis (Costa, 2008).

Durante a ocupação de áreas, ocorrem crescentes alterações como

perdas na biodiversidade original (Neto, 2003). Tal situação poderia exercer

influência sobre a ecologia de L. longipalpis, por limitar as fontes de repasto

sanguíneo, permitindo uma simplificação do ciclo da doença na ausência de

fontes alternativas de alimento e provocando o aumento da concentração do

parasita nas áreas urbanas. Em Teresina, quando a epidemia se iniciou em

1981 com o registro de 55 casos, a maioria era procedente dos bairros novos,

de assentamento de migrantes, nas áreas sul e nordeste da cidade e apenas

posteriormente atingiu a área norte, de ocupação antiga (Costa, 1990), com

semelhanças ao que se observou na cidade de Natal, RN (Ximenes, 2007).

Neto (2003) ao analisar espacialmente a evolução da LVA em Teresina

na década de 90, detectou que o crescimento populacional em uma área já

urbanizada da cidade teve um impacto muito menor sobre a incidência de LVA

do que o mesmo crescimento em uma área com grande cobertura vegetal. Da

mesma forma ainda, constatou que bairros com grande cobertura vegetal que

não tiveram grande crescimento populacional não se associaram às altas taxas

de incidência de LVA.

Nos últimos dois anos os bairros em questão não foram enquadrados

como bairros com grande número de casos, embora na última década

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mantiveram-se com elevados percentuais médios (Anexo II). Apenas o bairro

Planalto Uruguai se enquadrou em situação de casos esporádicos para a LV no

ano de 2009 (GEZOON, 2010). Embora nos três bairros tenham sido

observados casos de LVA canina no período de coletas (Anexo III). No ano de

2010, o Programa de Calazar da Gerencia de zoonoses de Teresina realizou

14.233 coletas de sangue em cães na cidade, dos quais 5.216 foram

confirmados, um índice de positividade que chega a 32,51% (PMT, 2010).

Segundo Saf´janova (1971) existem quatro diferentes tipos de interações

entre o homem e os focos de Leishmania. Nestas interações, ocorrem

diferentes graus de modificações ambientais devido à atividade humana,

tornando o homem: (a) um hospediro acidental, (b) o principal ou único

hospedeiro, (c) um dos mais fortes hospedeiros em uma constante

amphixenosis ou (d) devido a multiplicação rápida tanto de vetores como

reservatórios, acompanha um aumento de transmissão de leishmania para o

homem. Cada um desses quatro tipos de interações podendo ocorrer em vários

cenários ecológicos e afetar populações humanas que exibam uma diversidade

de cultura e condições sócio-econômicas.

Embora os carboidratos representem um importante aspecto na

manutenção do parasita, inclusive na redução do seu período de incubação

(Jacobson et al., 2001; Chaniotis, 1974) ,os testes de preferência alimentar

entre as espécies vegetais mais frequentes revelaram que o vetor se alimenta

em todas as fontes oferecidas, mas que não há uma preferência de

L.longipalpis pelas diferentes fontes de carboidratos. Da mesma forma, Schlein

e Yuval (1987) encontraram que na natureza Phlebotomus papatasi é atraído

por uma larga variedade de espécies vegetais.

A falta de correlação significativa entre a diversidade vegetal nos

domicílios (Figura 10) pode se interpreta por alguns aspectos encontrados tais

como, as semelhanças de espécies prevalentes nos três ambientes; além da

falta de uma preferência específica que L.longipalpis demonstrou pelas fontes

de carboidratos analisadas, tanto em relação a espécies nativas como

introduzidas nesses ambientes (Tabela 05). Essa falta de especificidade entre

as plantas sugere que a espécie apresenta um possível comportamento

oportunista em relação também a esses carboidratos, portanto, as fontes de

Page 50: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

38

carboidratos poderiam ser facilmente substituídas. Embora para se comprovar

a existência do seu hábito oportunista, de fato, se faz necessário um estudo

com uma diversidade de espécies vegetais mais elevada. Pois outras espécies

vegetais largamente introduzidas em áreas urbanas e que não foram

contempladas no estudo podem ainda servir de atrativos ao vetor.

Em nosso estudo a atração específica do vetor por determinadas

espécies vegetais não representou um risco potencial para justificar a elevada

densidade de L.longipalpis às áreas urbanas, em contrapartida, o caráter

oportunista em relação a essas plantas pode ter sido um importante

comportamento adquirido pelo vetor para se estabelecer aos diversos

ambientes encontrados durante a ocupação de áreas. Segundo Machado

(2006), na ocupação do espaço construído em áreas urbanas ocorre a

crescente substituição da flora nativa por plantas exóticas, alterando o

ambiente natural que resta nos centros urbanos, este procedimento uniformiza

as paisagens de diferentes cidades, contribuindo para a redução da

biodiversidade no meio urbano.

Já as análises realizadas para avaliar a presença de mecanismos de

resistência demonstraram que apenas os Bairros Novo Uruguai e Planalto

Uruguai apresentaram diferenças significativas em relação à F32 para GST, EE

e OFM, enzimas relacionadas com exposições aos Organofosforados

,Carbamatos e Piretroídes. Entretanto, o percentual encontrado foi baixo e a

presença de níveis significantes foram encontrados apenas no mês de Agosto.

O Programa de Controle para Leishmaniose só efetiva aplicações de

inseticidas em três situações: Introdução recente da doença; O aumento nítido

da incidência e a Incidência cumulativa maior que 5 casos por 100.000

habitantes por ano, como afirmado por Costa (2001). Embora o Planalto

Uruguai tenha sido enquadrado como um bairro de casos esporádicos

recentemente, as últimas aplicações de inseticidas para controle do vetor na

região ocorreram no ano de 2004 (GEZOON, 2010).

Os baixos percentuais encontrados de resistência, além do fato de

serem presentes somente no mês de agosto, e nos bairros Planalto Uruguai e

Novo Uruguai, nos levam a crer que os resultados encontrados se deram por

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39

estímulos indiretos, como aplicações pessoais de inseticidas em pequenas

plantações mantidas nos peridomicilios dessas residências (Anexo III), ou

mesmo devido à elevada população de insetos ocorridas durante o período

chuvoso, como relatado pelos próprios residentes. A World Health Organization

relata que uma população pode ser considerada resistente aos inseticidas

quando 10% da população em análise se demonstra positiva. Desta forma,

podemos entender que o fenômeno de resistência metabólica não possui uma

participação significante na expansão de L.longipalpis às áreas urbanas da

área em questão.

De acordo com o Ministério da Saúde (2006), em virtude das

características epidemiológicas e do conhecimento ainda insuficiente sobre os

vários elementos que compõem a cadeia de transmissão da leishmaniose

visceral, as estratégias de controle desta endemia ainda são pouco efetivas.

Teoricamente, as estratégias seriam as adequadas, mas na prática a

prevenção de doenças transmissíveis que envolvem vetores biológicos é

bastante difícil, principalmente quando associada à existência de reservatórios

domésticos e silvestres e aos aspectos ambientais, incluindo aspectos físicos

de utilização do espaço habitado.

Embora normalmente a Leishmaniose seja citada como uma doença

relacionada à pobreza (Neto, 2003; Costa, 1990), não encontramos uma

associação significativa entre os dois aspectos sócio-econômicos tratados com

relação à densidade do vetor, de forma semelhante outros trabalhos como de

Carneiro (2007) na Bahia demonstraram a falta de relação desses aspectos

com os casos de LVA.

Informações (não inclusas) demonstraram a falta de conhecimento da

população em relação ao vetor entre os três bairros, sem distinção

socioeconômica, e podem ser os reflexos do encontrado na Figura 09. O

desconhecimento sobre os flebotomíneos ocorrendo de forma tão evidente nas

três áreas nos levou à formulação de folhetos elucidativos (2.000 exemplares)

a serem distribuídos entre os domicílios de estudo e nas unidades de saúde

frequentadas pela população dos bairros, no intuito de aproximar o

Page 52: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

40

conhecimento sobre vetor na profilaxia da LVA em meio a esta população

(Anexo IV).

Por último, é importante salientar que a ocupação nas grandes cidades

pode ocorrer de forma heterogênea, não havendo sempre em seus entornos as

mesmas condições de disponibilidade de fontes de alimento e dessa forma a

distribuição da espécie poderia sofrer influência dos diversos perfis ambientais

existentes. Este aspecto não foi avaliado no presente estudo, embora os

bairros próximos apresentassem semelhantes condições aos bairros avaliados.

Page 53: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

41

6.0- CONCLUSÃO

Ao longo da crescente perda de biodiversidade ocorrida durante a

ocupação humana representada nos três bairros, a espécie L.longipalpis

parece demonstrar seu caráter adaptativo por meio de um comportamento

oportunista tanto em relação às fontes de carboidratos, como de sangue.

Do ponto de vista evolutivo, esse comportamento pode ter favorecido

sua competência vetorial nas áreas urbanas em meio à limitada presença de

fontes de alimento, assim como nos mais variados ambientes. Pois, o caráter

oportunista aparentemente adquirido por L.longipalpis, associado com as

perdas na biodiversidade, pode representar um importante mecanismo

impulsionando a aproximação do vetor com reservatórios de Leishmania nas

áreas urbanas, e como consequência, o quadro crescente de urbanização da

LVA na cidade.

Page 54: Comportamento adaptativo de Lutzomyia longipalpis (Diptera ... · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1- Limite urbano de Teresina com os bairros em estudo destacados. 13 Figura 2 - Representação

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52

ANEXO I

PERFIL DOMICILIAR

Casa letra: Bairro:

Endereço

Responsável

Renda mensal média

Escolaridade do chefe de família

N° de pessoas

PERIDOMICILIOS:

Número de Animais (domésticos e

sinantrópicos)

Espécies vegetais (perianuais)

CAPTURAS:

Amostragem Data Flebotomíneos capturados

Peridomicilio Intradomicilio

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53

ANEXO II

Fonte: Neto (2003)

Anexo II-Incidência média de Leishmaniose Visceral na década de 90.

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54

ANEXO III

Anexo III-Relação entre o vetor e seus hospedeiros na área estudada:

A- Animais nos peridomicilios do bairro Planalto Uruguai; B- Animais em

peridomicilios do bairro Novo Uruguai; C- Cão soropositivo no bairro Santa

Isabel; D- Cão em estado terminal de LVA no bairro Planalto Uruguai; E-

Pequenas plantações ocorridas em alguns peridomicilios; F- Flebotomíneos

capturados no intradomicilio da „‟casa R „‟ do Planalto Uruguai

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55

ANEXO IV

Figura 18 - Folheto explicativo sobre os flebotomíneos, entregue à

população da área em estudo.

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