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 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CAMPUS FREDERICO WESTPHALEN Jaqueline da Silva Barcelos Professor Elias José Mengarda Comunicação e Enunciação 1. IN TR ODU !O A língua é o principal meio de comunicação usado pelo ser humano, por ela ineragimos e ransmiimos informaç!es" A primeira visa es# pode parecer simples, mas e$isem in%meras regras que a regem e que precisam ser seguidas para que esa comunicação ocorra de uma maneira eficiene" Esudaremos algumas desas regras nese arigo, enunciação, inencionalidade, cooperação linguísica, polifonia, argumenação e in er e$ ual ida de, od as serão apr ese n a das &un o com e$e mpl os a fim de mel hor enende'las para uma uili(ação mais eficiene fuuramene" ". ENUNCIA!O E INTENCIONALID ADE )em'se como definição de enunciação *ao de di(er+" J# a inencionalidade seria a inenção que se em ao di(er algo, a vonade de ser ouvido e de convencer o ouvine" A enunciação es# direamene ligada s caegorias de pessoa, empo e espaço- Pessoa. o personagem, empo. o momeno em que os faos ocorrem e espaço. onde eles ocorrem" /uma enunciação é o *eu+ que reali(a o *ao de di(er+ em um deerminado empo e espaço" *Aqui+ é o espaço do *eu+ e é a parir dele que os ouros espaços são ordenados" *Agora+ é o momeno em que o *eu+ oma a palavra e é a parir dele que se organi(a a emporalidade ling0ísica" A linguagem pode ser su1&eiva, como no caso dos pronomes pessoais que  perder o senido aé o momeno em que sã o usados pe los locuores na hora da fala, nese  processo ao insiuir'se um *eu+ insiui'se auomaicamene um *u+ que orna oda enunciação uma alocução" Segundo Benvernise am1ém se pode di(er que a enunciação é uma insancia logicamene pressuposa pelo enunciado" 2sso significa que odo o enunciado er# um *eu+ pressuposo anes da enunciação, mesmo que ese não ese&a e$plicio"

Comunicação e Enunciação

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Artigo cientifico sobre Comunicação e Enunciação produzido para a diciplina de Redação e Expressão Oral III do curso de Jornalismo na UFSM/FW no ano de 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIACAMPUS FREDERICO WESTPHALENJaqueline da Silva BarcelosProfessor Elias Jos MengardaComunicao e Enunciao

1. INTRODUOA lngua o principal meio de comunicao usado pelo ser humano, por ela interagimos e transmitimos informaes. A primeira vista est pode parecer simples, mas existem inmeras regras que a regem e que precisam ser seguidas para que esta comunicao ocorra de uma maneira eficiente. Estudaremos algumas destas regras neste artigo, enunciao, intencionalidade, cooperao lingustica, polifonia, argumentao e intertextualidade, todas sero apresentadas junto com exemplos a fim de melhor entende-las para uma utilizao mais eficiente futuramente.

2. ENUNCIAO E INTENCIONALIDADETem-se como definio de enunciao ato de dizer. J a intencionalidade seria a inteno que se tem ao dizer algo, a vontade de ser ouvido e de convencer o ouvinte.A enunciao est diretamente ligada s categorias de pessoa, tempo e espao; Pessoa: o personagem, tempo: o momento em que os fatos ocorrem e espao: onde eles ocorrem. Numa enunciao o eu que realiza o ato de dizer em um determinado tempo e espao. Aqui o espao do eu e a partir dele que os outros espaos so ordenados. Agora o momento em que o eu toma a palavra e a partir dele que se organiza a temporalidade lingstica. A linguagem pode ser subjetiva, como no caso dos pronomes pessoais que perder o sentido at o momento em que so usados pelos locutores na hora da fala, neste processo ao instituir-se um eu institui-se automaticamente um tu que torna toda enunciao uma alocuo.Segundo Benverniste tambm se pode dizer que a enunciao uma instancia logicamente pressuposta pelo enunciado. Isso significa que todo o enunciado ter um eu pressuposto antes da enunciao, mesmo que este no esteja explicito. Sobre intencionalidade, pode-se afirmar que ela a maneira como a enunciao feita. Os argumentos, a convico empregada, a confiana naquilo que se est expondo, ou seja, no seu enunciado.Mostra-se assim que a enunciao e a intencionalidade esto profundamente ligadas, j que no se pode haver um enunciado sem uma inteno. Mesmo que uma enunciao seja formada por vrias partes pequenas e importantes eu diria que a intencionalidade o seu principal alicerce, aquele que lhe d um sentido.3. LINGUAGEM E COOPERAOA teoria da atividade verbal baseia-se nas idias de psiclogos e psicolinguistas soviticos como Leotev e Luvia, alm de seguir algumas idias de Vigotsky. Tem como princpio a teoria de que a linguagem uma atividade social que se realiza visando realizao de determinados fins.De acordo com Koch (2006, p. 23) esta teoria diz que toda atividade lingstica composta por: um enunciado produzido com dada inteno, sob certas condies necessrias para o atingimento do objetivo visado e as conseqncias decorrentes da realizao do objetivo.

E segundo Grice O principio bsico rege a comunicao humana o principio da cooperao: Isto , quando duas ou mais pessoas se prope a interagir verbalmente normalmente iro cooperar para que a interlocuo ocorra de maneira adequada Koch (2006 p.27).Este princpio nos leva a quatro mximas: Mxima da Quantidade: no diga nem mais nem menos do que o necessrio; Mxima da Qualidade: s diga coisas para as quais tem evidncia adequada: no diga o que sabe no ser verdadeiro; Mxima da Relao (Relevncia): diga somente o que relevante; Mxima do Modo: seja claro e conciso; evite a obscuridade, a prolixidade, etc. Koch (2006, p.27).Seguir estas mximas fundamental para uma boa comunicao e o conflito entre elas pode gerar confuses, exceto nos casos em que o locutor infringe uma delas intencionalmente, nestes casos, chamados de implicaturas convencionais, cabe ao interlocutor descobrir o motivo da desobedincia.Porm, mesmo com todo seu prestgio est teoria ainda no cobre todas as formas de interao humana, como pode-se imaginar, sempre acontecem fenmenos mais complexos que no podem ser explicados pelas mximas griceanas.

4. POLIFONIAA polifonia pode ser definida como vrias vozes presentes dentro de um mesmo discurso. Em alguns casos o acionamento dessa polifonia que permite aos interlocutores escutar as diferentes vozes, sem disfar-las. Segundo o linguista russo Mikhail Bakhtin apolifoniatem como principal propriedade a diversidade de vozes controversas no interior de um texto, este conceito se caracteriza pela existncia de outras obras na organizao interna de um discurso.De acordo com Alavarez (2012, p.2) Para Bakhtin, a lngua, em seu uso concreto, caracteriza-se por ser dialgica, pois todos os enunciados, so dialgicos; a palavra que dialoga com a palavra.Percebe-se ento que a enunciao o efeito desta interao entre interlocutores, levando em conta que os enunciados provem de um individuo e so direcionados a outro e que nessa interao que acabam sendo criados os sentidos.De acordo com Bezerra (2005, p.194), o dialogismo o procedimento que constri a imagem do homem num processo de comunicao interativa, na qual eu me vejo e me reconheo atravs do outro, na imagem que o outro faz de mim, j a polifonia aquela multiplicidade de vozes e conscincias independentes e imiscveis (BAKHTIN, apud BEZERRA, 2010).Falando sobre a prtica da retextualizao, deve-se ressaltar que esse entrecruzamento de vozes do discurso, essa polifonia representa um aspecto complexo de retextualizar gneros, que exige do escritor diversas estratgias para o gerenciamento adequado das vozes presentes nos textos e a reconstruo do texto final.H algumas formas lingusticas essenciais na construo de um discurso polifnico, como por exemplo, os operadores argumentativos representados majoritariamente pelo mas, o chamado operador argumentativo por excelncia. Assim, atravs do mas, porm, entretanto e etc. Podemos introduzir uma nova voz trazendo um ponto de vista diferente.Bakhtin para criar sua tese baseou-se principalmente na obra do escritor Fidor Dostoivski, seu conterrneo e autor de clssicos comoCrime e CastigoeO Idiota. Segundo Bakhtin, Dostoivski foi o criador do romance polifnico em que apresenta contradies irremediavelmente contraditrias; no h uma superao dialtica dos conflitos desenvolvidos na sua trama. Como citado em Bakhtin (2002, p. 4), a multiplicidade de vozes e conscincias independentes e imiscveis e a autntica polifonia de vozes plenivalentes constituem, de fato, a peculiaridade fundamental dos romances de Dostoivski.Nesta modalidade polifnica todo personagem atua livremente, com um ponto de vista, voz e postura pessoais, no contexto em que esto inseridos. 5. ANLISES DE TEXTOS ORAIS E ESCRITOS5.1 Informao pressuposta

denominada informao pressuposta aquela informao que j esta subentendida em um ato ilocutivo. O locutor ao proferir um enunciado contendo informaes pressupostas deduz que o seu interlocutor j possua conhecimento sobre estas informaes para entender o enunciado, o que nem sempre acontece. Como nos exemplos abaixo.Imagem 1Fonte: GoogleComentrio: Neste primeiro exemplo vemos no quadrinho de Hagar que Helga lhe oferece uma xcara de caf indagando a expresso caf?, porm o mesmo entende que ela est lhe perguntando que bebida aquela e no lhe oferecendo algo, e responde confirmando que se trata mesmo de caf.

Imagem 2Fonte: GoogleComentrio: Na imagem o homem profere o seguinte enunciado Fogaa quer ser prefeito de novo! e a mulher sem entender rebate questionando se ele j havia sido prefeito antes, pois era isto que estava pressuposto no enunciado do homem.

Imagem 3Fonte: GoogleComentrio: No quadrinho vemos dois pais mandando um email para seu filho convidando-o para desligar o computador e descer para comer algo. Neste caso fica pressuposto que o filho no interage com seus pais por conta do eletrnico e que esta at mesmo negligenciando sua alimentao pelo mesmo motivo.5.2 Matrias com o emprego do MasO mas, tambm chamado de operador argumentativo por excelncia, utilizado principalmente para indicar polifonia, ou seja, introduzir outra voz em um texto. Aparece principalmente indicando oposies ou contrapontos.

Imagem 4Fonte: Folha de S.PauloComentrio: Na manchete podemos ver como o operador mas usado para contrapor duas sentenas. A frase crimes crescem posta em oposio com a sentena polcia encolhe pelo uso do mas entre as duas.

Imagem 5Fonte: Zero HoraComentrio: Este exemplo segue a linha do anterior, mostrando como a primeira sentena posta em oposio com a segunda pelo uso do operador mas.5.3 Marcas PolifnicasA polifonia so vrias vozes presentes em um mesmo discurso, apresentando assim vrias opinies e ideias em um mesmo enunciado.

Imagem 6Fonte: G1Comentrio: Podemos ver no exemplo a presena de nmeros provavelmente provenientes de uma pesquisa realizada. A presena desta pesquisa marca como uma outra voz dentro do texto, o que configura-se como uma polifonia.5.4 IntertextualidadeA intertextualidade pode ser entendida como a criao de um texto a partir de outro j existente, ou a incluso de um texto j existe dentro de outro completamente novo, um dos principais exemplos de intertextualidade a pardia.

Imagem 7Fonte: Google

Comentrio: No exemplo podemos ver a intertextualidade presente na incluso da obra O Grito do pintor noruegus Edvard Munch na charge poltica, provavelmente para satirizar o susto que muitos cidados levaram ao saber da noticia que polticos acusados de corrupo seriam liberados pelo STF.

6. CONSIDERAES FINAISConclui-se que os assuntos apresentados neste artigo so recursos utilizados amplamente pelos usurios da lngua portuguesa, consciente ou inconscientemente. Como por exemplo, as mximas conversacionais, que so essenciais para uma comunicao adequada, ou a polifonia, que um recurso muito til principalmente em textos e romances. Alguns recursos como informao pressuposta e intencionalidade so mais presentes em falas de humor, como mostrado nos exemplos de charges, j outros como polifonia e intertextualidade so mais usados em livros, trabalhos acadmicos e matrias jornalsticas, por isso seus exemplos foram retirados de jornais. A lngua muito rica e existem inmeras maneiras de se utiliz-la, por isso essencial o conhecimento sobre as regras apresentadas neste artigo, para que assim a comunicao possa ser melhor desenvolvida entre o locutor e seu interlocutor.REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS

KOCH, Ingedore Grunfeld Vilhaa. A inter-relao pela linguagem. 10 edio. So Paulo: Contexto, 2006;

PIRIZ, Vera Lucia. Desenvolvimento do conceito bakhtiniano de polifonia. Disponvel em: http://www.fflch.usp.br/dl/semiotica/es/eSSe62/2010esse62_vlpires_fatamanini_adames.pdf. Acesso em: 23 mar. 2014.

SANTANA, Ana Lucia. Polifonia. Disponvel em: http://www.infoescola.com/linguistica/polifonia/. Acesso em: 23 mar. 2014.