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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE Comunicação nas Organizações: Do monólogo ao diálogo – Um estudo de caso. Por: Vanessa Figueira Dasinger Orientador Prof. Ana Paula Pereira da Gama Alves Ribeiro Rio de Janeiro 2009

Comunicação nas Organizações: Do monólogo ao diálogo – Um ... · estrutura e funcionamento da organização, a percepção dos funcionários sobre os diversos aspectos da

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Comunicação nas Organizações:

Do monólogo ao diálogo –

Um estudo de caso.

Por: Vanessa Figueira Dasinger

Orientador

Prof. Ana Paula Pereira da Gama Alves Ribeiro

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Comunicação nas Organizações:

Do monólogo ao diálogo –

Um estudo de caso.

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão de

Recursos Humanos

Por: Vanessa Figueira Dasinger

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RESUMO

A presente monografia abordou a comunicação no contexto das organizações, onde muitas vezes não há um fluxo contínuo de informações e de diálogo prejudicando o funcionamento do grupo de trabalho e da empresa.

O estudo foi realizado em uma empresa integrante de um Grupo nacional atuante na área de assistência odontológica. Foram estudados a estrutura e funcionamento da organização, a percepção dos funcionários sobre os diversos aspectos da comunicação organizacional visando compreender as relações existentes entre modelo de gestão e comunicação organizacional.

A partir da análise dos resultados, observou-se um conjunto de falhas e limitações na comunicação organizacional incluindo falta de meios para expressão; a ênfase no envio de informação e a falta de receptividade para ouvir; não incentivo ao diálogo e postura dos chefes.

Observou-se a necessidade de um modelo de gestão, que em suas características e práticas, estabeleça canais de comunicação em dupla direção e onde os chefes sejam receptivos às informações. Através da realização de ações e práticas proporcionar a saída do monólogo para o diálogo, um caminho para o entendimento e envolvimento dos funcionários, e que viabilizem uma comunicação livre e espontânea facilitadora do desenvolvimento das pessoas, de suas relações e, conseqüentemente, do sucesso da organização.

Palavras-chaves: Comunicação Organizacional, Modelos de Gestão, Diálogo.

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METODOLOGIA

A elaboração do trabalho iniciou-se com a pesquisa bibliográfica, tendo

com ponto de partida o tema e a definição dos objetivos. Dentre o material

encontrado, foram selecionadas as contribuições mais significativas para

compor a fundamentação teórica necessária à análise das questões

levantadas. Simultaneamente, foi realizado o levantamento de documentos e

registros da empresa, com a finalidade de obter as informações que

possibilitassem conhecer a estrutura e o funcionamento do campo

organizacional.

Com base na fundamentação teórica, foram selecionados os elementos

relevantes de cada assunto para o levantamento dos dados dentro do campo

organizacional englobando as características da organização e da

comunicação organizacional. A partir destes, elaborou-se o questionário

contendo quatorze (14) questões incluindo perguntas abertas e fechadas, a fim

de coletar dados quantitativos e qualitativos.

Os questionários foram entregues pessoalmente a cada funcionário com

um prazo de dois dias para devolução em mãos, podendo esclarecer quaisquer

dúvidas quando desejassem. Neste contato pessoal com cada participante da

pesquisa os seguintes pontos foram esclarecidos: a não existência de vínculo

com a empresa; a finalidade do estudo: a elaboração de trabalho acadêmico; e

o caráter confidencial das informações, dispensando-os de identificação. Estes

procedimentos foram adotados com o objetivo de favorecer a veracidade dos

dados, estimulando os sentimentos de segurança e liberdade dos funcionários

para expor suas percepções e opiniões.

Após a devolução dos questionários, os dados foram analisados tendo

como referência a fundamentação teórica e a análise do campo organizacional,

possibilitando assim a elaboração das considerações finais.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 05

CAPITULO I – As Organizações 07

CAPITULO II – A Comunicação nas Organizações 17

CAPITULO III – O Estudo de Caso 28

CONCLUSÃO 50

ANEXOS 56

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 63

INDICE 64

FOLHA DE AVALIAÇÃO 66

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INTRODUÇÃO

A motivação para escolha do tema originou-se na reflexão sobre minha

vivência nos diferentes campos organizacionais onde atuei. Neste período,

presenciei diferentes formas de comunicação, bem como problemas e conflitos

oriundos de distorções ou bloqueios na mesma. Assim, optei pelo estudo dos

processos de comunicação no contexto das organizações.

O homem é um ser social, está em constante interação com outros seres

humanos, não vive isoladamente. Desta forma, a comunicação faz parte do seu

viver, constitui-se um meio de relação com seu ambiente social, seja familiar,

escolar ou profissional. Através dela experiências, idéias e sentimentos são

compartilhados, colaborando para a formação das crenças, valores e

comportamentos. Nas organizações, campo do fazer coletivo, não é diferente,

na maior parte do tempo, as pessoas estão comunicando-se, seja por meios

formais ou informais, de forma eficaz ou não.

Algumas pesquisas (ROBBINS, 2002: 276) apontam a falta de uma

comunicação eficaz como uma das principais forças impeditivas do bom

desempenho. A não transmissão de informações ou mesmo a incapacidade de

processá-las conduzem a uma incomunicabilidade que prejudicam o

funcionamento da organização.

Observar-se que, muitas vezes, não há um fluxo contínuo de

informações e de diálogo, um canal de comunicação aberto entre chefes e

subordinados. As pessoas deixam de expor suas opiniões, questionamentos e

sugestões, e em outras situações todos falam, mas não são capazes de

ouvirem-se, não há compreensão, tampouco troca, prejudicando a participação

do funcionário no grupo de trabalho e na empresa.

Surge o questionamento quanto aos aspectos presentes neste processo,

o que facilita ou dificulta a forma como a comunicação se estabelece e como

estes aspectos são percebidos pelos funcionários. Cabe pensar não somente

no que conduz, mais também os impactos no desempenho das atividades, no

desempenho de cada um e de todos.

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Então a proposta é realizar um estudo em uma empresa privada onde,

freqüentemente, os funcionários desconhecem as ações ou mudanças que

estão em andamento e, principalmente, as razões pelas quais ocorrem. Sem

terem as suas dúvidas esclarecidas surgem as especulações e demonstrações

de sentimentos de insegurança e insatisfação.

Da mesma forma, os funcionários não possuem possibilidades de

participação nas decisões da empresa. Faz-se necessário refletir sobre tais

limitações, o quanto à forma como a comunicação estabelecida é influenciada

pelo modelo de gestão adotado e como ela pode refletir a maneira de “ser” da

organização.

Neste contexto e concebendo as organizações como um sistema

composto de pessoas que coordenam atividades para a consecução de um

propósito ou objetivo, o estudo do tema poderá fornecer condições para o

entendimento da comunicação no campo organizacional, campo do fazer

coletivo, buscando uma visão mais ampliada do tema. E, assim, considerar os

aspectos subjetivos produzidos nas interações dos indivíduos que compõem

esta organização.

Objetivo Geral

O presente trabalho tem por objetivo estudar e identificar as formas de

comunicação estabelecidas numa organização, especificamente entre chefes e

subordinados, investigando em que medida estão relacionadas ao modelo de

gestão adotado, a partir do levantamento dos elementos que facilitam ou

dificultam a comunicação organizacional.

Objetivos Específicos

Estudar a estrutura e funcionamento organizacional, assim como os

instrumentos de comunicação da Organização.

Fazer o levantamento dos aspectos percebidos pelos chefes e

subordinados como facilitadores ou impeditivos da comunicação.

Analisar os dados buscando compreender as relações existentes entre

modelo de gestão e comunicação organizacional.

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CAPÍTULO I

AS ORGANIZAÇÕES

1.1 – Conceito

No cotidiano tem-se contato com diversas organizações, a sociedade é

composta por elas, sejam industriais, econômicas, comerciais, religiosas,

militares, educacionais, políticas ou sociais. Permeiam o viver humano e,

simultaneamente, influenciam e são influenciadas pelas pessoas.

Organização é definida por Chiavenato (1998) como:

“um sistema de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas. A cooperação entre elas é essencial para a existência da organização. Uma organização somente existe quando há pessoas capazes de se comunicarem e que estão dispostas a contribuir com uma ação conjunta, a fim de alcançarem um objetivo comum” (CHIAVENATO, 1998: 25).

“As organizações existem para cumprir objetivos que os indivíduos isoladamente não podem alcançar em face as suas limitação individuais” (ibid, 26).

Na interpretação de Shein (1982), uma organização:

“é a coordenação planejada das atividades de uma série de pessoas para a consecução de algum propósito ou objetivo comum, explícito, através da divisão do trabalho e função e através de uma hierarquia de autoridade e responsabilidade”.(SHEIN, 1982: 12).

A idéia base de uma organização é a união de um grupo de pessoas que

coordenam suas atividades para atingir objetivos comuns, que individualmente

não seriam capazes. Constitui-se um sistema social e traz o desafio da

produção coletiva onde a cooperação é essencial, e faz-se necessário

equilibrar as necessidades individuais com as da organização.

As organizações são consideradas sistemas complexos onde estão em

cena personalidades individuais, com seus valores, percepções e expectativas.

Ao ingressar nas organizações as pessoas levam consigo seus sistemas de

crenças e valores, ou seja, sua subjetividade. Por isso, para Ferreira et al

(2005), no entendimento da organização é necessário atentar para a forma

como os funcionários constroem e reconstroem seus valores na interação com

o outro e no contato com as características da organização. Simultaneamente,

observar a construção dos valores organizacionais através da interação dos

valores individuais daqueles que a integram.

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Na concepção de Ferreira et al (2005), no mundo atual, as organizações

têm por objetivo não somente a eficiência e eficácia, mas principalmente a

efetividade. A primeira entendida como o desempenho adequado das tarefas,

alcançando resultados, otimizando recursos e obedecendo as normas; a

eficácia como o desempenho adequado das tarefas e produção de resultados

relevantes para organização. Já na efetividade, além de ser eficiente e eficaz, a

organização precisa obter sustentabilidade a médio e longo prazo, revelando-

se socialmente responsável.

As organizações, de acordo com o conceito apresentado, surgem na

Revolução Industrial, antes predominavam as manufaturas, produções

individuais e familiares. Entretanto, ao longo do século XX elas sofrem

inúmeras modificações.

Nesta trajetória percebe-se que as mudanças ocorridas nas

organizações de produção influenciaram sua administração e comportamentos

fazendo com que diferentes modelos de gestão fossem formulados,

desenvolvidos e modificados. Como exposto por Ferreira et al (2005, p. 25),

cada uma das abordagens de modelos de gestão “surgiu atrelada a um

determinado contexto, a fim de solucionar problemas e atender a demandas

individuais, organizacionais e sociais próprias de cada época”.

1.2 – Modelos de Gestão Organizacional

O conceito de modelo de gestão, segundo Ferreira et at (2005, p. 18),

“implica em algum modo a idéia de organização e ordenamento de partes que

compõem um conjunto”. Pode ser entendido como um conjunto de práticas que

envolvem o estabelecimento das condições de trabalho, as relações

hierárquicas, a organização do trabalho, a estrutura organizacional, as políticas

de gestão de pessoas, os sistemas de avaliação e controle de resultados, etc.

Na construção e funcionamento das organizações são constituídos e

adotados diferentes modelos de gestão, que possuem forma e função. A forma,

entendida como a configuração organizacional adotada, refere-se às normas e

procedimentos, a importância do “como” são realizadas as tarefas. A função,

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entendida como as tarefas a serem cumpridas, refere-se aos objetivos

organizacionais, ou seja, a missão da organização.

Os modelos, aponta Ferreira et al (2005), surgem para atender à

demanda de respostas práticas e objetivas das organizações aos processos

tecnológicos, econômicos, políticos e sociais vigentes. Cada organização adota

o modelo que acredita ser mais adequado às suas necessidades e o sucesso

da gestão dependerá desta adequação às características particulares de cada

uma. Ferreira et al (2005, p. 15) estabelecem três categorias de modelos de

gestão – abordagem estrutural, abordagem humanística e abordagem

integrativa – e ao longo da obra apresentam suas influências, características

principais, vantagens e desvantagens.

Segundo Ferreira et al (2005), na abordagem estrutural os modelos de

gestão desenvolvem-se com base na perspectiva mecânica e determinística,

onde a busca pelo controle e pela previsibilidade são as características

marcantes, enfatizam a forma em detrimento da função. O controle é

centralizado, não permite a autonomia e procura eliminar os aspectos sociais e

de interação. Origina-se no contexto da Revolução Industrial, onde a

mecanização possibilita o aumento da produtividade e do lucro, um incentivo

para que valores como padronização, regularidade, passividade e controle

sejam transportados para a gestão.

Busca-se o controle dos funcionários, que devem comportar-se como

máquinas: passivos e obedientes aos seus superiores. Conforme exposto por

Ferreira et al (2005), seus principais representantes são Frederick Taylor,

Henry Ford e Henri Fayol, os pioneiros na sistematização da produção.

De acordo com Ferreira et al (2005), muitas críticas são direcionadas a

abordagem estrutural: a visão de homem é considerada demasiadamente

limitada, pois não reconhece a subjetividade humana, além de defender a

submissão do funcionário às ordens dos superiores e o isolamento entre a vida

pessoal e o trabalho. O gerenciamento da organização, inclusive os

funcionários, segundo a lógica mecânica e a superespecialização do trabalho

conduzem a um processo de desumanização do trabalho com conseqüências

na saúde e na satisfação dos funcionários. Ao apresentar propostas

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prescritivas e generalizantes, desconsidera as singularidades das organizações

e os aspectos relacionados à dimensão informal, às lideranças, aos processos

informais de comunicação e à cultura organizacional.

Apesar das criticas, assinala Ferreira et al (2005), esta abordagem

contribuiu significativamente para o desenvolvimento da sociedade industrial, a

obtenção de altos índices de produtividade, o desenvolvimento tecnológico e

social, o desenvolvimento da administração e de modelos de gestão mais

eficazes.

Na abordagem humanística, segundo Ferreira et al (2005), verifica-se

um deslocamento em direção a função, contudo ainda prioriza-se a forma.

Desprende-se do racionalismo e busca a compreensão do papel do ser

humano nas organizações, tendo como fundamento as idéias socráticas,

identificando-se como pressupostos a valorização do diálogo, a postura aberta

ao aprendizado constante e a existência de determinados padrões de

comportamento nos grupos sociais.

Diversos autores contribuíram, mas originou-se na experiência de

Hawthorne realizada por Elton Mayo (1927 a 1932), onde se constatou a

importância do fator psicossociológico na produtividade; a influência dos grupos

informais no desempenho e na formação de valores; e a necessidade de

reconhecimento, segurança e adesão ao grupo.

Conforme Ferreira et al (2005), a abordagem humanística assinala a

necessidade de atentar para os aspectos psicológicos e sociais, ou seja, os

aspectos humanos das organizações. Adota uma visão de homem mais

integral, considerando a importância da satisfação dos funcionários com suas

atividades e da conciliação entre seu ambiente de trabalho e os de convivência

social e familiar. Ressalta a questão das diferenças individuais, a importância

da motivação e o respeito e reconhecimento do valor das pessoas nas

organizações.

As principais críticas dirigem-se à oposição radical à abordagem

clássica, não aproveitando seus aspectos positivos; à visão simplista, como se

não existissem conflitos entre os interesses organizacionais e individuais ou

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fossem eliminados pelo aumento da participação; e à utilização do clima de

cooperação para abafar as reivindicações dos funcionários.

Após o término da II Guerra Mundial, surgem os modelos de gestão da

abordagem integrativa em um contexto de avanço cientifico e tecnológico,

aumento da competição na economia de mercado, expansão dos sistemas de

produção para atender ao consumo de massa, surgimento das democracias

liberais e dos sistemas globais de comunicação. Essas teorias de gestão

buscam a flexibilização e adaptação das estruturas organizacionais ao desafio

de sobrevivência em meio a estas mudanças.

Ferreira et al (2005) selecionam quatro conteúdos principais da

abordagem integrativa. Iniciando pelas organizações como sistemas

sociotécnicos, no qual ressalta-se a necessidade de complementaridade entre

os aspectos sociais (comportamentos, cultura, expectativas, afetividade, etc) e

técnicos (sistemas de produção, tecnologia, procedimentos, etc) nos processos

de mudança organizacional. Ressalta a importância de satisfazer,

simultaneamente, as necessidades sociais e a viabilidade técnica, as

necessidades individuais e as organizacionais.

A concepção das organizações como sistemas abertos, conforme

exposto por Ferreira et al (2005), amplia esta visão e considera a capacidade

de adaptação, transformação e permanência em uma interação constante com

o ambiente social. Adota uma perspectiva sistêmica onde elementos

interligados formam um todo complexo e para compreender os problemas e as

potencialidades da organização faz-se necessário analisar sua inserção no

ambiente externo e o funcionamento / relação entre os seus subsistemas ou

departamentos. A questão da cultura organizacional passa a ter destaque

como reflexo dos valores da organização e influente no comportamento de

seus membros.

A teoria da contingência, como apresentado por Ferreira et al (2005),

refina as duas anteriores, privilegia a adequação e ajuste permanente das

estruturas organizacionais para atender a crescente complexidade e exigência

de diferenciação e especialização. Abandona a idéia de um modelo

organizacional pronto, o concebe como construído de acordo com a

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contingência da situação, mesmo que para isso encontremos diferentes

modelos em uma mesma organização. Modelos mecanicistas e burocráticos

podem ser úteis onde predomine a estabilidade, caso contrário, prevalecem os

modelos mais orgânicos e flexíveis com descentralização, delegação, trabalho

em equipe e comunicação mais horizontal.

Dentro da abordagem integrativa encontra-se também o modelo de

gestão estratégica, entendendo o estudo e a prática da estratégia como um

“conjunto de decisões fixadas em um plano ou emergentes do processo

organizacional que integra missão, objetivos e seqüência de ações

administrativas num todo independente” (MOTTA, 1997: 82 apud FERREIRA

2005: 125). Se a ação estratégica e o planejamento têm sua origem nos

modelos hierárquicos e centralizados, atualmente verifica-se uma maior

participação e envolvimento dos níveis operacionais, os meios para atingir os

objetivos da organização são elaborados em conjunto. Mintzberg (2000 apud

FERREIRA, 2005) acredita que o essencial não é o instrumento ou a estratégia

em si, mas a forma como os gestores os analisam, integram e aplicam.

Segundo Ferreira et at (2005) a abordagem integrativa contribui para a

consolidação da gestão de pessoas nas organizações, refere-se tanto aos

aspetos psicológicos e sociais quanto o contexto social, político e econômico. A

gestão focalizando a conciliação das funções e do processo gerencial, onde o

ponto de partida é o efetivo alinhamento da organização com a missão, os

objetivos, os valores e ações compartilhadas.

Na atualidade verifica-se a convivência dos modelos de gestão acima

expostos e, sem dúvida, um processo de mudança em andamento. A

participação ativa dos funcionários mostra-se cada vez mais necessária e vem

sendo possibilitada pelos processos de descentralização e de gestão

participativa. Há um reconhecimento da necessidade de compartilhar e

respeitar os interesses no alcance da efetividade organizacional.

Observa-se que os modelos de gestão são determinantes para a

estrutura e funcionamento das Organizações, conseqüentemente para as

práticas adotadas pela área de Gestão de Pessoas.

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1.3 – Cultura Organizacional e os Modelos de Gestão

Segundo Bowdtich e Buono (2002) a cultura:

“os artefatos refere-se ao padrão compartilhado de crenças, suposições e expectativas tidas pelos membros da organização, e a sua maneira de característica de perceber e o ambiente, bem como suas normas, papéis e valores na forma como existem externamente ao individuo”. (BOWDTICH e BUONO, 2002: 82).

Na concepção de Muchinsky (2004),

“A cultura representa as linguagens, as atitudes, as convicções e os costumes de uma organização. Como pode ser inferido, a cultura representa um padrão complexo de variáveis que, coletivamente, dão a cada organização seu ‘sabor’ singular” (MUCHINSKY, 2004: 256).

Cada organização possui características particulares, um modo de vida

próprio que a distingue das demais. Ou seja, uma cultura que a torna única e

repousa em um sistema de crenças, valores, tradições e hábitos. É composta

por um conjunto de procedimentos, formas de ação, comunicação e interação.

Para Muchisnky (2004), os processos de comunicação estão arraigados na

cultura, pois esta é transmitida através comunicação.

Chiavenato (2004, p. 164) concebe a cultura organizacional como um

“conjunto de hábitos e crenças, estabelecidos por normas, valores, atitudes e

expectativas, compartilhados por todos os membros da organização”.

Representa um universo simbólico, exprime a identidade da organização e

proporciona um referencial para os funcionários.

Já Robbins (2002, p. 498) define cultura organizacional como “uma

percepção comum compartilhada pelos membros de uma organização; um

sistema de valores compartilhado”. Aponta que a cultura organizacional tem

sua origem nos fundadores e nas práticas bem sucedidas; recebe influências

da cultura do ambiente na qual se insere e é transmitida através de sua

história, dos rituais, dos símbolos materiais e de uma linguagem própria. Não é

totalmente uniforme em todos os segmentos da organização, apresenta sub-

culturas geradas pela experiência comum a uma parte de seus membros.

Para Robbins (2002), a cultura está diretamente relacionada à

percepção dos funcionários e tem um papel importante na vida, na satisfação e

no desempenho, afetando suas atitudes e comportamentos. Propicia o

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sentimento de identidade, estimula o comprometimento e a estabilidade. Ao

mesmo tempo em que traz benefícios pode apresentar impactos negativos,

quando se torna muito rígida e arraigada representando uma barreira à

mudança e à diversidade.

Ainda na concepção de Robbins (2002), a atuação dos gestores, a forma

como exercem a liderança, como se relacionam e o que valorizam, assume um

papel significativo na construção e manutenção da cultura. Cabe ressaltar que

esta manutenção depende também do modelo de gestão, uma vez que ele

determina as práticas adotadas e está interligado à forma de atuação dos

gestores, ao seu modo de gerenciar.

Desta forma, o modelo de gestão adotado determina a estrutura

organizacional, e esta, por sua vez, marca os papéis, cargos, e relações de

poder. Neste sentido, pode-se verificar que ao mapear a cultura, identificamos

o modelo de gestão, e conseqüentemente o processo de comunicação vigente.

1.4 – Poder e os Modelos de Gestão

Moscovici (2003) assinala que o poder é estabelecido na interação

humana, nas relações interpessoais, está implícito no processo de influência

social, a influência de uns sobre os comportamentos, opiniões ou sentimentos

de outros. Desta forma, as relações de poder fazem parte das organizações e

determinam o modelo de gestão adotado.

Em certo ponto, a idéia de poder relaciona-se ao estabelecimento de

uma instância de controle. Para Moscovici (2003, p. 138) o poder possui duas

fontes principais: a posição na estrutura organizacional e as características

pessoais. O poder organizacional relaciona-se ao cargo, é delegável e exercido

pela autoridade formalmente atribuída, já poder pessoal relaciona-se aos

atributos de personalidade. Portanto, o primeiro corresponde ao poder formal,

sendo determinado pela posição na hierarquia, e o segundo relaciona-se ao

poder informal, a capacidade de influenciar as pessoas ou grupos possuindo ou

não o poder formal. Sendo assim, as pessoas que exercem influência na

organização não necessariamente possuem cargos gerenciais, tampouco ter

um determinado cargo garante o exercício da liderança, ou seja, a capacidade

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de construir a influência na relação interpessoal, de influenciar os funcionários.

O ideal é que o chefe (poder formal) seja também o líder, mas nem sempre

isso acontece.

Não obstante o poder somente é exercido se de fato for outorgado, ou

seja, ele precisa da autoridade, da legitimação social. Segundo Moscovici

(2003), a autoridade está ligada à capacidade formal de poder, porém ela

somente será legitima se houver um consenso entre os membros da

organização, se for aceita pela maioria, vista como válida e significativa.

Segundo Katz e Kahn (1976), a postura dos chefes pode controlar a

liberdade de expressão e mesmo determinar a receptividade a determinados

tipos de informação. E Bowdtich e Buono (2002, p 90) afirmam que “É

importante que os gerentes compreendam como os aspectos simbólicos e

expressivos de seus atos, decisões e políticas enviam mensagens aos outros

membros da organização sobre valores e orientação da empresa”. A forma

como o poder é exercido influencia os sentimentos e comportamentos dos

funcionários, que podemos compreender melhor através da contribuição de

Moscovici (2003):

“Verifica-se, por um lado, que quando a coerção é usada acentuadamente, desenvolve-se uma tendência para a alienação e o conformismo das pessoas. Quando a recompensa é a forma mais freqüente, a tendência passa ser de insegurança nas pessoas, com indícios gradativos de competição. Quando se recorre muito ao poder de conhecimento, a tendência se traduz em aumento de ansiedade das pessoas, acompanhada de frustração. A utilização ampla de apoio / afeto e a competência interpessoal, como formas de influência social, tendem a aumentar a segurança e a confiança entre as pessoas”.(MOSCOVICI, 2003: 139).

Outro conceito importante para o entendimento do modelo de gestão é o

de “empowerment”, “o processo de dar aos funcionários de uma organização

mais poder de decisão dentro de um contexto com menor supervisão geral”

(MUCHINSKY, 2004: 261). Um processo de distribuição de poder entre os

funcionários, ao mesmo tempo, em que lhes dá autonomia e permite sua

participação efetiva, distribui a responsabilidade. O que, segundo Muchinsky

(2004), propicia a flexibilização da tomada de decisão, o envolvimento e o

compromisso de cada membro, incentivando a participação de todos e

favorecendo o comprometimento e a melhoria no desempenho.

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Spreiter (1997 apud MUCHINSKY, 2004) aponta quatro dimensões do

empowerment: significado, os funcionários extraem maior significado do seu

trabalho; competência, aumenta-se o senso de auto-eficácia, competência e

confiança no desempenho com sucesso; auto-determinação, pois os

comportamentos não são impostos pela organização; e impacto, a convicção

que os funcionários podem obter e influenciar os resultados organizacionais.

Esta distribuição de poder exige que as pessoas e a empresa estejam

disponíveis para mudar, saindo dos modelos mecanicistas, que valorizam o

controle, a supervisão e canais de comunicação rígidos, adotando modelos

mais flexíveis que exigem mudanças estruturais. O poder antes restrito aos

cargos gerenciais é redistribuído entre os demais funcionários Para Muchinsky

(2004, p. 262) “um resultado de uma intervenção de mudança bem-sucedida é

dar mais poder de participação aos funcionários” e o “empowerment” pode

nortear essa intervenção.

Em modelos mecanicistas observa-se à centralização do poder nos

cargos de direção reduzindo ao máximo a autonomia dos demais funcionários,

a real distribuição de poder e estímulo à auto-gestão só é possível em modelos

da abordagem integrativa que valorizam a autonomia e participação de todos

os funcionários independente do seu cargo.

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CAPITULO II

A COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

2.1 – Conceito de Comunicação

Na compreensão do conceito de comunicação encontra-se uma

definição de caráter mais geral, com destaque para dois significados: “processo

de emissão, transmissão e recepção de mensagens por meios de métodos

e/ou sistemas convencionados” (AURÉLIO, 1993: 134) e “a capacidade de

trocar ou discutir idéias, de dialogar, de conversar, com vista ao bom

entendimento entre pessoas” (ibid: 134). Nota-se que o primeiro possui um

caráter mais processual e mecanicista, o segundo uma visão mais ampla e

importante para a compreensão do termo.

A comunicação faz parte da vida das pessoas, na maior parte do tempo

estão se comunicando, através vez dela interage-se com o meio social e

compartilham-se idéias, opiniões, conhecimentos, sentimentos e valores.

Segundo Bowditch e Buono (2002), a comunicação está na base da interação

humana e na realização das suas atividades, se duas ou mais pessoas estão

reunidas elas utilizam a comunicação para facilitar o entendimento.

Para Katz e Kahn (1976, p. 256) comunicação é “o intercambio de

informação e transmissão de significado – é a própria essência de um sistema

social ou uma organização”. Defendem a necessidade de motivação e

investimento de energia para comunicar-se, e, principalmente, a “sua

significação e implicações como atos simbólicos – como atos de comunicação

e controle” (KATZ e KAHN, 1976: 256). Concebem a comunicação como um

processo sociopsicológico, a comunicação inadequada ou falha resultaria em

problemas individuas e sociais, daí a sua importância para a vida das pessoas

e para a efetividade organizacional.

A comunicação constitui-se um processo social relevante no

funcionamento de qualquer grupo, organização ou sociedade, com mencionado

por Katz e Kahn (1976). Contudo, o processo comunicativo sofre interferências

internas e externas, envolve aspectos cognitivos e emocionais, é um processo

influenciado pela percepção e pelos interesses individuais.

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Canal

Decodificação

Receptor

Codificação

Fonte

Para discussão do tema, foi escolhido o modelo de processo de

comunicação (Robbins, 2002), descrito abaixo, composto de sete partes: fonte

da comunicação, codificação, mensagem, canal, decodificação, receptor e

feedback.

Fonte: Robbins, “Comportamento Organizacional”, 2002: 277.

A comunicação origina-se na necessidade de uma fonte transmitir algo,

ou seja, um emissor deseja comunicar uma mensagem a um receptor, sejam

informações, idéias, opiniões, desejos ou necessidades. Para isso é necessário

codificar a mensagem através de símbolos (palavras, escritas, desenhos,...) ou

comportamentos (gestos, contato visual, linguagem corporal e outros atos não-

verbais). A mensagem é composta tanto pelo conteúdo a ser transmitido como

pelo código adotado. Após a codificação, o emissor escolhe um meio – o canal

– e envia a mensagem a quem se destina: o receptor Este recebe e decodifica

a mensagem, traduz para compreendê-la. E, para completar, o feedback, onde

o receptor devolve a mensagem e verifica se compreendeu corretamente,

caracteriza uma retroalimentação do processo.

Para Mattos (2006) não se trata de um processo estático com suas

partes rigidamente limitadas, e sim dinâmico, complexo e interativo. É um ciclo

que implica na participação e interação entre emissor e receptor.

O emissor e o receptor podem ser uma pessoa ou um grupo e suas

habilidades, atitudes, conhecimentos e sistemas socioculturais afetam a

codificação e decodificação. Neste ponto, as dificuldades emergem, pois as

pessoas atribuem significados diferentes a uma mesma coisa, o código

escolhido deve ser o mais comum possível entre emissor e receptor.

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Em uma visão superficial, limitada e reducionista, a comunicação é

apenas um processo de troca de informações entre um emissor e um receptor,

porém as informações e idéias somente são comunicadas se houver

transferência e compreensão de significados. Os significados surgem a partir

da interação social, influenciado pela própria informação e pelo contexto da

mensagem. Neste sentido, a transmissão não é suficiente, a comunicação

somente é estabelecida se a mensagem for compreendida.

Sendo assim, o feedback assume um papel fundamental na eficácia da

comunicação, estabelece uma interdependência entre quem fala e quem ouve.

A eficácia da comunicação está relacionada ao menor número de distorções e

erros entre um e outro, a maior proximidade entre a intenção do emissor e a

compreensão do receptor. O ideal seria a igualdade de significados, mas na

prática observamos a impossibilidade devido às variáveis envolvidas.

Bowditch e Buono (2002) ressaltam outros fatores a serem considerados

na análise e compreensão da comunicação, dentre eles: o papel ocupado pelos

participantes do processo comunicativo; o uso de linguagem ou símbolos

compreendidos por ambos e capazes de transmitir a mensagem; as

características interpessoais do emissor e as relações interpessoais entre este

e o receptor; o contexto dentro da estrutura organizacional; e o ambiente físico

e social.

O processo comunicativo é influenciado pelas pessoas que o integram,

uma vez que carregam consigo sua forma de perceber e interpretar o mundo,

seu próprio sistemas de crenças, suas representações mentais originadas na

experiência pessoal. Assim como pelas características do ambiente em que

acontece e pelas relações estabelecidas, simultaneamente, influenciando e

sendo influenciado.

2.2 – Comunicação Organizacional

A comunicação organizacional relaciona-se com as características da

organização, sua cultura, seu modelo de gestão, seus integrantes, seu contexto

social, político e econômico. Segundo Matos (2006), as organizações possuem

formas de comunicação com seus fornecedores, clientes, outras organizações

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e com seu corpo funcional (funcionários e departamentos). Quando volta-se

para o interior da própria organização, seus funcionários e departamentos, é

denominada comunicação interna, que será privilegiada para atender aos

objetivos deste trabalho.

Katz e Kahn (1976) defendem que a estrutura e as funções do modelo

de gestão refletem no fluxo e no tratamento da informação. Nesta perspectiva,

segundo Bowditch e Buono (2002), o modelo de gestão organizacional

determina a forma como a informação é tratada, qual caminho percorre, quais

os canais utilizados, enfim como a comunicação se dá. Por exemplo, em um

modelo burocrático a informação flui obedecendo à padronização dos cargos e

a hierarquia, já em modelos mais flexíveis, a informação flui em diferentes

direções.

Cabe ressaltar que a comunicação não se dá apenas por meios

explícitos, mas também implícitos como através de rituais, cerimônias, história,

metáforas logotipos e outros modos simbólicos de expressão.

As organizações desenvolvem suas próprias redes de comunicação, o

padrão ou fluxo percorrido pela mensagem. A estrutura organizacional pode

moldar e limitar a comunicação ao estabelecer as redes formais, contudo as

redes informais sempre existirão, elas compõem o fluxo de informações e

padrões de comunicação. Por isso, a importância de considerar tanto as redes

e canais de comunicação formais quanto os informais.

Sobre esta divisão Bowditch e Buono (2002) colocam que os canais

formais são os caminhos oficiais para envio de informações, muitas vezes, são

determinados pelo organograma, pela hierarquia da organização. Esses meios

incluem boletins, jornais internos, memorandos, e-mails, quadros de avisos,

intranet etc. A rede formal interfere no resultado das tarefas, na solução de

problemas, no desempenho e no grau de satisfação dos envolvidos.

Já os canais informais formam-se a partir da interação e dos

relacionamentos sociais, surgem para suprir as necessidades de comunicação

e informação não atendidas pela rede formal. Nela circulam os rumores, as

notícias extra-oficiais e também fatos verídicos. Não há como determinar sua

velocidade, direção, precisão ou conteúdo, tampouco como eliminá-la. Em

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situações de ambigüidade e ansiedade, onde as informações são limitadas e /

ou distorcidas, há uma tendência ao surgimento de rumores e boatos para

preencher as lacunas. Portanto, os rumores são baseados em especulações,

imaginações e desejos, e mesmo não possuindo base factual podem ser vistos

como verdadeiros, influenciando o trabalho e os processos organizacionais. A

transparência e veracidade na divulgação de informações por parte dos níveis

gerenciais tende a reduzir os rumores. Compreender as redes informais pode

facilitar a gestão da empresa e ignorá-la mostra-se disfuncional, gerando

conflitos e mal-entendidos.

Para Mailhiot (1985) os canais de comunicação são as vias de acesso

ao outro, defende que “não é suficiente saber como ter acesso ao outro, mas

também quando ele pode ser ou tornar-se receptivo às mensagens”

(MALHIOT, 1985, 74). Considera que nos canais formais as vias de acesso são

definidas e nos informais são espontâneas.

Mailhiot (1985) recorre aos estudos de Bavelas (1950), sobre redes de

comunicação em grupos de trabalho, para realizar a análise da estrutura da

comunicação. Na visão de Bavelas (1950 apud MAILHIOT, 1985), a

comunicação adequada e autêntica é diretamente proporcional à

espontaneidade do acesso e inversamente proporcional à formalidade dos

canais. Define quatro tipos de redes: em circulo, em cadeia, em “Y” e em roda.

As duas primeiras são definidas como horizontais e exigem uma igualdade de

condições e possibilidades entre os funcionários e as duas últimas são

chamadas de verticais e surgem em relações hierarquizadas. Na rede em

círculo, as comunicações são mantidas entre todos, sendo catalisada e

coordenada por um líder. Na rede em cadeia, as comunicações são

estabelecidas por afinidades entre os funcionários, não permite a integração do

grupo, as comunicações não conseguem tornar-se funcionais e estão sempre

acompanhadas de equívocos e ambigüidades. Na rede em “Y” as

comunicações seguem a estrutura hierárquica, são aparentemente

democráticas, entretanto em vias de torna-se autocráticas, onde uma pessoa

assume o poder. Na rede em roda as comunicações entre os funcionários são

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controladas por uma pessoa, nas mãos da qual a autoridade é concentrada, há

uma pessoa central que pode comunicar-se com todos.

Robbins (2003) destaca quatro funções básicas da comunicação:

controle, motivação, expressão emocional e informação. Na primeira, busca-se

controlar e orientar o comportamento dos funcionários, por exemplo, ao emitir

uma orientação, fornecer informações sobre o trabalho, estabelecer autoridade

e responsabilidade, informar as regras e normas a serem cumpridas, divulgar

missão, valores e objetivos da organização. A segunda facilita a motivação ao

esclarecer o que deve ser feito, avaliar o desempenho e orientar sobre

melhorias, ou seja, fornecer “feedback” e estabelecer metas buscando

influenciar as pessoas e criar oportunidades de participação geradoras de

cooperação e compromisso. Na terceira função, a comunicação torna-se um

meio para expor sentimentos, expectativas e frustrações, atender as

necessidades sociais e interagir com os demais funcionários. A última fornece,

facilita o acesso e a divulgação das informações que viabilizam a tomada de

decisão e execução de instruções e ordens mais adequadamente, assim novas

idéias são compartilhadas e os funcionários possuem dados que propiciam a

identificação e avaliação das alternativas. Analisando as características dos

modelos da abordagem mecanicista observa-se uma tendência a enfatizar as

funções de controle e informação, enquanto os modelos da abordagem

integrativa valorizam as outras duas, sem que isto signifique abandonar as

primeiras.

Quanto à direção, a comunicação organizacional classifica-se em

ascendente, descendente e lateral de acordo com a posição hierárquica dos

participantes. Na comunicação descendente, o fluxo de informações segue das

posições superiores para as inferiores na hierarquia. Katz e Kahn (1976)

apontam cinco tipos: instruções de cargo, que envolve comunicações

específicas para realização das tarefas e o desempenho do cargo; lógica do

cargo, que visa à compreensão da tarefa e sua relação com as demais

atividades da organização, permite perceber o sentido do trabalho no contexto

mais amplo; informações sobre os procedimentos e práticas organizacionais,

para completar as informações necessárias ao desempenho do papel

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organizacional; “feedback” ao funcionários sobre o seu desempenho, que

possibilita o reconhecimento, a correção de falhas e o desenvolvimento

pessoal; finalizando, a doutrinação de metas organizacionais, com a finalidade

de inculcar a missão da organização. Muitas vezes, as comunicações da

cúpula dirigidas a todos são excessivamente gerais, vagas e distantes das

experiências cotidianas dos funcionários, logo podem não transmitir a

significação desejada. Quando os funcionários não têm possibilidades de

esclarecer suas dúvidas e obter explicações mais completas, as informações

permanecem limitadas e obscuras originando diversos sentimentos e

comportamentos prejudiciais ao seu desempenho e a satisfação. Como, por

exemplo, o medo, a insegurança, fazer o mínimo necessário ou ter atitudes

imprudentes. Se bem utilizada a comunicação descendente permite que o

funcionário compreenda seu papel na organização e sua relação com os

demais papéis. Mostra-se um caminho para envolver os funcionários nas metas

da organização, facilitar o comprometimento e a motivação à medida que é

possível atribuir sentido ao trabalho e compreender a contribuição para o

alcance dos objetivos organizacionais.

Na comunicação ascendente, a comunicação segue o caminho inverso,

flui dos níveis hierárquicos mais baixos para os mais altos. Nela os funcionários

podem comunicar sobre si mesmas, os outros, as atividades e sobre as

práticas e diretrizes organizacionais. Englobam os resultados obtidos, os

problemas ocorridos, as avaliações do trabalho e da organização feitas pelos

funcionários. Comumente a comunicação ascendente limita-se ao chefe

imediato, este transmite ao seu superior e assim por diante, seguindo

rigidamente a hierarquia. Na maioria das vezes, a mensagem sofre

modificações ao longo deste processo. Em algumas empresas encontramos a

política de “portas abertas”, onde os funcionários podem comunicar-se com

pessoas de cargos do topo da hierarquia. Freqüentemente, a comunicação

ascendente não possui uma expressão plena e espontânea, por vezes, os

funcionários falam somente o que o chefe quer ouvir e o que desejam que ele

ouça. Mesmo sugestões para aprimoramento dos processos de trabalho e

práticas da empresa são reduzidas. Encontra limitações, principalmente, em

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modelos onde os chefes são vistos como responsáveis pela direção,

coordenação e controle dos funcionários, tendendo a não ouvi-los, e os

subordinados como limitados ao papel de ouvir e executar, sem expressar-se.

Katz e Kahn (1976, p. 281) afirmam que “Não é uma questão de modificar os

hábitos de comunicação dos indivíduos, mas de modificar as condições

organizacionais responsáveis por tais hábitos”.

A comunicação lateral, também denominada horizontal, engloba o fluxo

de informações entre os funcionários do mesmo nível hierárquico, há uma

tendência à busca pela comunicação entre pares ou iguais. Segundo Katz e

Kahn (1976, p. 278) “a comunicação entre pares, além de proporcionar

coordenação de tarefa, também supre apoio emocional e social ao individuo”.

Se o funcionário não encontra receptividade no superior busca a comunicação

entre os seus pares, a comunicação horizontal funciona como “uma válvula de

escape para a frustração na comunicação ascendente e descendente; e

algumas vezes ela funciona para concretizar algum negócio essencial da

organização” (KATZ e KAHN, 1976: 283). Em modelos mais autoritários e

hierárquicos observa-se a formação de grupos fechados que fazem da

informação uma propriedade, e até instrumento de poder sobre outros grupos.

Em outros modelos, a comunicação entre pares é restringida para evitar a

coordenação entre eles, evitando contestações ao modelo de gestão e

tornando-os dependentes das informações vindas de níveis acima. Na prática

verifica-se a insustentabilidade em longo prazo destes modelos.

Não só os bloqueios são prejudiciais, a sobrecarga de informação

também se constitui uma barreira à comunicação organizacional, a

comunicação irrestrita e isenta de organização conduz a uma avalanche de

informações sem significação, pois não são absorvidas pelas pessoas.

Deve-se ter em vista que a comunicação organizacional é realizada

pelos integrantes da organização, sendo assim as formas, barreiras e

habilidades de comunicação interpessoal influenciam e são influenciadas pela

comunicação organizacional. Por outro lado, a forma como os funcionários

comunicam-se entre si compõe a comunicação da organização como um todo.

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Uma vez inseridos na organização absorve-se a sua cultura, criam-se

valores e expectativas compartilhadas e atende ao modelo de gestão que

influenciam a percepção e o comportamento, e, conseqüentemente, a

comunicação.

2.3 - Do Monólogo ao Diálogo: Uma Proposta de Entendimento

Mediado pela Comunicação.

Tenório estabelece uma relação entre modelos de gestão da produção e

as ações gerenciais estratégicas ou monológicas e comunicativas ou

dialógicas, conceitos propostos por Habermas (1987). O autor observa a

transição dos modelos de racionalização do trabalho rígido para um mais

flexível através do que denomina três gerações (TENÓRIO, 2000: 162), que

correspondem as três abordagens propostas por Ferreira et al (2005)

anteriormente expostas.

Compreende os modelos mais tradicionais / mecanicistas como

semelhantes à rigidez organizacional. Mostram-se burocráticos e

hierarquizados, e são caracterizados “pelo gerenciamento tecnoburocrático de

uma mão-de-obra especializada sob técnicas repetitivas de produção de

serviços ou de produtos padronizados” (TENÓRIO, 2000: 131). Onde as

organizações atuam como sistemas mecânicos, privilegiam a homogeneidade

e o trabalho individual. Está relacionado ao conceito de ação gerencial

monológica ou estratégica, entendida como “uma ação social calculada e

utilitarista de meios e fins e implementada através da interação de duas ou

mais pessoas, na qual uma delas tem autoridade formal sobre a(s) outra(s)”

(TENÓRIO, 2000: 198). Ou seja, a gestão organizacional é submetida à

racionalidade instrumental e à hierarquização das relações.

E os modelos pós-industriais / integrativos são semelhantes à

flexibilização organizacional, para Tenório (2000), as técnicas de gestão

organizacional mais recentes buscam atender as demandas do ambiente

organizacional e, simultaneamente, promover “condições democratizadoras

nas relações sociais no interior das organizações” (TENÓRIO, 2000: 130).

Mostram-se menos burocratizados e hierarquizados, e sua mão-de-obra é

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multifuncional. As organizações atuam como sistemas orgânicos, privilegiam a

heterogeneidade e o trabalho em equipe. Relaciona-se ao conceito de ação

gerencial dialógica que é “implementada sob a intersubjetividades racional dos

diferentes sujeitos sociais do sistema-empresa, na busca do entendimento por

meio da razão” (TENÓRIO, 2000: 199). O entendimento deve ser alcançado

comunicativamente preconizando a democratização, busca-se um maior

envolvimento do trabalhador na gestão, com participação na tomada decisão e

no controle de qualidade.

Tenório (2000) defende que no paradigma da flexibilização

organizacional, como um meio de obter melhores relações nas organizações, a

idéia central é:

“passar: a) de uma gestão organizacional rígida, burocratizada, na qual o processo de tomada de decisão é centralizado, para uma flexível, desburocratizada na qual o processo decisório seria descentralizado; b) de uma gestão monológica ou estratégica para uma de gestão dialógica ou comunicativa” (TENÓRIO, 2000: 191).

A flexibilização organizacional exige “que a atitude gerencial seja capaz

de aceitar e envolver os trabalhadores no processo decisório do sistema-

empresa” (TENÓRIO, 2000: 192). Sendo necessário reduzir a hierarquia,

aumentar a autonomia e favorecer a circulação das informações de forma mais

intensa e coletiva, permitindo a participação de todos os funcionários. Requer

uma cultura onde há “necessidade de mais cooperação, mais comunicação,

mais qualificação” (TENÓRIO, 2000: 193).

Tenório (2000) aponta que Habermas (1987) propõe a razão

comunicativa vista como propulsora do entendimento intersubjetivo ou

comunicação, a relação intersubjetiva entre as pessoas que através da

comunicação procuram atingir o entendimento. Afirma que o livre diálogo

muitas vezes é impedido pelas relações de poder e constrangimentos

decorrentes da repressão, dependência ou dominação.

A ação comunicativa “tem como suposição central a idéia de que uma

ação social só é legítima se todas as pessoas nela envolvidas participam de

seu plexo de decisões” (TENÓRIO, 2000: 101). Para Ferraz (2002, p. 7) “a

ação comunicativa (plano da interação) é um entendimento mútuo, expresso no

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alcance de normas compartilhadas, lidando com a intersubjetividade, através

de condições igualitárias e de uma linguagem comum entre os envolvidos”.

Sendo implementada através do agir comunicativo que é “mediado pela

linguagem e pela intersubjetividades na busca de uma competência

comunicativa”. (ibid: 9). E

“a competência comunicativa diz respeito a poder estabelecer e manter condições para construção de consensos fundados, isto é, garantir um espaço para livre expressão, condições de igualdade de argumentação, buscando-se eliminar todas as barreiras ( internas e externas) que impeçam essa comunicação autêntica entre os atores envolvidos” (FERRAZ, 2002 : 17).

Ferraz (ibid: 9) afirma ainda que “somente quando existir a possibilidade

de discussões dos interesses num espaço de igualdade e liberdade, eliminadas

as barreiras da comunicação, poderá se construir pactos que refletirão as

necessidades coletivas”.

Se na ação estratégica ou monológica a linguagem é um meio de

transmissão das informações, na segunda a comunicação é uma fonte de

interação e entendimento. Observa-se a saída do monólogo, do agir

estratégico, da racionalidade instrumental e das ações com vistas ao êxito para

o diálogo, o agir comunicativo, a racionalidade comunicativa e as ações com

vistas ao entendimento, respectivamente. Diante do exposto, constata-se que a

saída do monólogo para o diálogo mostra-se um caminho para o entendimento

e envolvimento dos funcionários, contudo exige a adoção de modelos de

gestão mais flexíveis, de uma mudança cultural.

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CAPITULO III

O ESTUDO DE CASO

3.1 – Campo organizacional

Uma empresa integrante de um Grupo nacional atuante na área de

assistência odontológica foi selecionada como campo organizacional para o

estudo de caso. O grupo classifica-se como Sociedade Anônima (S.A.) e é

considerado de grande porte tanto pelo quantitativo de clientes quanto pelo

faturamento.

A empresa, localizada no Rio de Janeiro, foi fundada há mais de 25 anos

e cresceu gradativamente ao longo destes anos com recursos próprios,

alcançou atuação nacional e, recentemente, foi adquirida passando a pertencer

ao Grupo atual.

Historicamente, possuiu cultura familiar caracterizada pelo tratamento

paternalista e pela centralização do poder de decisão entre os dois sócios-

diretores, um responsável pela área técnica e o outro pela administrativa. As

diretorias possuíam funcionamento distinto com pouco relacionamento

interpessoal entre os funcionários de uma diretorias com os da outra. Esta

divisão não impediu o funcionamento interdependente quando necessário,

contudo o clima organizacional foi impactado suscitando a sensação de duas

empresas em uma.

Há dois anos, após a substituição de um dos diretores, iniciou-se uma

mudança de cultura com descentralização do poder, profissionalização dos

funcionários e integração das diretorias. Em meio às mudanças constantes o

quadro de funcionários alterou-se consideravelmente entre demissões e

admissões.

Atualmente, a organização vivencia um longo período de integração

existindo somente uma diretoria responsável, eliminando a separação anterior.

Estão em andamento mudanças nos processos de trabalho e no clima que,

sem dúvida, impactam positiva ou negativamente a comunicação

organizacional.

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A empresa é considerada uma unidade de negócio e possui trinta e nove

funcionários. Para fins de sigilo não foi permitido mencionar o nome dos

departamentos apenas uma segmentação por área, são elas: Diretoria,

Atendimento, Auditoria Técnica, Financeiro, Comercial, Pós-venda, Recursos

Humanos, ANS, Informática e Administrativo.

A estrutura hierárquica tem poucos níveis, os funcionários respondem ao

gestor de sua área, todos os gestores reportam-se a Diretora e esta à

Presidência do Grupo. Em alguns departamentos também há um reporte

simultâneo ao departamento correspondente na matriz do Grupo.

Esta distribuição determina o funcionamento da empresa, incluindo a

tomada de decisão, a distribuição de poder e a circulação das informações. A

distribuição de poder e a autonomia são limitadas aos gestores, os funcionários

somente têm acesso a Diretora em apresentações e caso sejam convocados.

A cultura está em transição, um processo longo, tornando-se mais formal

e orientada para resultados, modernizando os processos de trabalho e exigindo

postura e comportamentos mais formais por parte dos funcionários.

Atualmente, no processo seletivo, buscam-se pessoas com características

diferentes dos funcionários já existentes, com maior grau de escolaridade,

experiência, comunicabilidade e iniciativa, não contratando somente para

primeiro emprego como na gestão anterior. Há uma reestruturação do quadro

de funcionários em andamento.

Não existia um programa de comunicação interna estruturado, com

instrumentos como boletins, jornais internos, caixa de sugestões ou quadro de

avisos. Iniciou-se uma mudança para favorecer a comunicação, foram

instalados dois quadros de aviso para comunicação de cursos, aniversários,

palestras e utilidade pública. São enviados e-mails a todos sobre as ações da

empresa, sejam programas internos ou ações no mercado, ambos sob

responsabilidade do RH. . Há cinco meses foi realizado um programa de

sugestão com premiação e duração de seis meses, As metas do grupo e da

unidade de negócio são divulgadas anualmente e foi implantado um sistema de

Gestão do Desempenho com definição de metas individuas, o resultado da

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avaliação é utilizado como base para o Programa de Participação nos

Resultados.

Estas mudanças são recentes e ainda não estão internalizadas pelos

funcionários, apesar dos canais formais, verifica-se o uso intenso de canais

informais entre os funcionários e departamentos, como por exemplo: na copa,

nos almoços, encontros no corredor, visitas espontâneas ao colega, etc. Não

há uma cultura voltada para a comunicação, o fato de iniciarem ações de

mudança na comunicação interna não significa que houve uma mudança de

cultura.

Os questionários foram aplicados proporcionalmente entre as áreas,

conforme o quadro abaixo:

Áreas Quantidade de funcionários

Funcionários respondentes

Administrativo 5 4 ANS 2 1 Atendimento 7 5 Auditoria Técnica 8 6 Comercial 3 2 Diretoria 2 1 Financeiro 3 2 Informática 3 2 Pós-Venda 4 3 Recursos Humanos 2 2

Total 39 28

3.2 – Apresentação e análise dos resultados

Os resultados da aplicação dos questionários serão apresentados

considerando os dados quantitativos e qualitativos, retomando os conceitos e

considerações já apresentados na fundamentação teórica com as devidas

referências. Os comentários e justificativas das perguntas objetivas estão

incluídos nos tópicos abaixo, já os dados quantitativos estão apresentados

integralmente no ANEXO II.

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3.2.1 – Divulgação de metas, objetivos e resultados.

O primeiro questionamento abordou a disponibilização periódica, pela

empresa, de fornecer informações sobre metas, objetivos e resultados obtidos.

7,1% dos funcionários responderam sempre, 28,6% às vezes, 50%

responderam raramente e 14,3% nunca, acompanhados dos seguintes

comentários:

- “Não existia esse compromisso antes da venda, agora está começando”;

- “Somente os cargos de chefia são comunicados sobre os resultados pela

diretora, mas nem todos comunicam às equipes”;

- “Periodicamente não, as informações surgem às vezes”;

- “Só fico sabendo depois que as decisões foram tomadas e precisamos

mudar alguma coisa no trabalho”;

- “A empresa divulgava somente quando fechavam algum contrato, mas

não tinham metas e objetivos definidos, pelo menos não que os

funcionários soubessem”;

- “Tenho pouco tempo na empresa, depois que entrei recebi as

informações sobre as metas do grupo, da unidade de negócio e as

individuais”;

- “Com as mudanças estão divulgando as metas, mas ainda de uma forma

desordenada”;

- “Recentemente implantaram o Sistema de Gestão de Desempenho e foi

muito bom porque agora temos nossas metas definidas e todos sabem

que cada um precisa fazer sua parte para atingir os resultados da unidade

de negocio e do grupo, e assim receber o PPR (Programa de Participação

nos Resultados)”;

- “Recebo as informações que preciso para o meu trabalho, coisas do meu

setor e não da empresa com um todo”.

Através das mudanças em andamento a Diretoria está buscando a

melhoria da divulgação nas metas e resultados, o que é possível perceber em

parte das respostas, mas as chefias nem sempre adotam a mesma postura. No

Sistema de Gestão implantado as metas do Grupo são desdobradas para a

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Unidade de Negocio, Gestores e destes para suas equipes. Por tratar-se de

algo novo, ainda não faz parte da rotina da empresa.

Nas respostas observa-se a percepção de ineficácia da divulgação, por

parte da empresa, sobre metas, objetivos e resultados obtidos, as informações

ficam restritas aos cargos gerenciais e os demais funcionários sabem pouco ou

desconhecem. Demonstrando as primeiras limitações no cumprimento de duas

funções da comunicação, a saber: divulgar missão, valores e objetivos da

organização e facilitar o acesso e a divulgação das informações que viabilizam

a tomada de decisão. Ao longo da história, a comunicação descendente não foi

utilizada para que o funcionário compreendesse seu papel na organização e

sua relação com os demais papéis, nem para envolvê-los nas metas da

organização. Não estimula a atribuição de sentido ao trabalho e a

compreensão da contribuição para o alcance dos objetivos da empresa,

aspectos facilitadores do comprometimento e da motivação.

As mudanças realizadas ainda não foram suficientes para modificar as

percepções dos funcionários e garantir a eficácia da comunicação, contudo é

possível notar o início de melhoria. Neste contexto, é imprescindível manter a

divulgação constante das metas, dos resultados obtidos e a mudança de

postura das chefias.

3.2.2 – Estímulo à expressão de opiniões, sentimentos e expectativas.

A segunda pergunta referiu-se ao interesse da empresa em conhecer as

opiniões, necessidades, sugestões e expectativas de seus funcionários.

89,3% das respostas oscilaram entre às vezes e raramente, e 10,7% dos

funcionários responderam nunca. Grande parte dos comentários enfatiza que a

empresa não demonstra interesse, tampouco estimula, apenas em momentos

pontuais e num dos casos o chefe estimula. Alguns comentários:

- “A empresa não demonstra interesse, e quando expresso, em geral, não

são atendidas ou consideradas pelo meu chefe”;

- “A empresa até fez uma vez com a Campanha do Desafio, mas minha

chefia não é nada receptiva”;

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- “A empresa às vezes e minha chefe costuma me ouvir e dar uma resposta

mesmo que seja não”;

- “A empresa até fez uma campanha, mas no dia-a-dia isso não acontece”;

- “A empresa não estimula, ainda assim tento demonstrar minhas opiniões”;

- “Trabalho aqui há cinco anos e nunca fui chamada para expor minhas

opiniões ou necessidades”;

- “Não tem nenhuma pesquisa ou espaço para sugestões, acabamos falando

sobre isso em conversas informais”;

- “Até teve, mas eu não sinto vontade de participar não vai mudar nada

mesmo”.

Apenas uma campanha foi citada como forma de estimular a

comunicação ascendente, não há um canal permanente. Verifica-se a falta de

incentivo da empresa, e principalmente das chefias, para que os funcionários

expressem suas opiniões, necessidades, sugestões e / ou expectativas.

Ou seja, apresenta limitação em outra função básica da comunicação: a

expressão emocional. Desta forma, não favorece o atendimento das

necessidades sociais e de expressão de sentimentos, podendo gerar

frustrações e insatisfações, percebidas no dia-a-dia da empresa. Devido à falta

de receptividade nos canais oficiais verifica-se que os funcionários recorrem à

comunicação entre os seus pares como uma “válvula de escape” para

comunicar suas opiniões, sentimentos e expectativas.

3.2.3 – Estímulo à participação dos funcionários nas decisões da

empresa.

A terceira questão foi em relação ao ambiente da empresa, se

permite que os funcionários possam contestar a maneira tradicional de realizar

as atividades, propor inovações e participar do planejamento das metas e

ações.

Mais uma vez, nenhum funcionário respondeu sempre, 25% responderam

às vezes, 28,6% raramente e 46,4% nunca, seguidos de justificativas como:

- “Se nem contam quando estão realizando mudanças, quem dirá permitir

que a gente participe”;

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- “Talvez para os funcionários mais graduados, para os demais às vezes”;

- “Da empresa não, às vezes entre as pessoas do departamento”;

- “Só se a contestação não afetar a norma de planejamento da empresa, for

sobre a rotina do departamento”;

- “Não é aceito, em geral, a decisão é a centralizada na diretoria e em

algumas pessoas que trabalham diretamente com ela”;

- “É muito difícil propor inovações em ambientes nos quais a maneira

tradicional é imposta e dominada por alguns funcionários que não permitem

modificações”;

- “Como sou parte da equipe da Diretoria às vezes participo das decisões

menores, mas as maiores são enviadas pela Presidência e Diretoria Grupo”;

- “Em raros momentos conseguimos propor alguma inovação, mas nunca

participar do planejamento de metas e ações”;

- “Havia uma tendência a manter a forma de fazer as coisas, no meu setor

isso até acontece algumas vezes”;

- “Ultimamente muitas coisas estão mudando na empresa, mas já recebemos

tudo definido”.

Nota-se que a empresa não estimula a participação dos funcionários, as

decisões ficam sob responsabilidade exclusiva dos cargos gerenciais

demonstrando como forte característica a centralização do controle e do poder,

comuns nos modelos de gestão mecanicistas. Os funcionários sentem-se

distantes do planejamento das metas e ações, não sendo possível

compreender a contribuição do seu trabalho para a empresa como um todo,

pode-se considerar que não favorece o sentimento de pertencimento e

identificação.

Os funcionários possuem pouca ou nenhuma autonomia, podem sugerir

pequenas modificações restritas ao setor e ao seu trabalho. A manutenção dos

procedimentos é priorizada, não estimulando ou aproveitando a criatividade e a

inovação, uma limitação na função de informação da comunicação, através da

qual novas idéias são compartilhadas. Embora criatividade e inovação seja

uma das metas fixas para todos os funcionários, essa é uma determinação do

Grupo e não refere-se às decisões gerais somente ao cotidiano das áreas.

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Apresenta limitações também na comunicação ascendente, pois os

subordinados ficam limitados ao papel de ouvir e executar, sem expressar-se.

3.2.4 – Estimulo à participação, troca de informações e ao diálogo no

grupo de trabalho.

A quarta pergunta indagou se o ambiente de trabalho é favorável ao

compartilhamento e fluxo de informações, ao diálogo e troca de idéias.

As respostas entre sempre e às vezes totalizaram 46,4% e 39,3% dos

funcionários responderam raramente e 14,3% Nunca, apresentando os

seguintes comentários:

- “Dentro da minha área a equipe troca informações que possam ajudar no

serviço”;

- “Às vezes o ambiente está tumultuado e atrapalha”;

- “Na minha área o chefia nunca permite que isso aconteça diz que não

podemos perder tempo”;

- “O ambiente entre as pessoas do setor é dos melhores”;

- “Só com os colegas, com a chefia não”;

- “O fluxo de informações é lento, profissionais centralizadores não permitem

a troca de idéias, e sem conhecer todos os procedimentos é arriscado”;

- “Em meu grupo de trabalho é bom e as idéias são compartilhadas”.

No grupo de trabalho foi observado um maior estimulo à participação e

troca de informações, apresentando uma mudança em relação à empresa

como um todo e na relação com os chefes, entretanto, um dos setores também

apresentou restrições na comunicação.

A comunicação lateral é utilizada para proporcionar a coordenação das

atividades e também para propiciar o apoio emocional e social dos

funcionários. Atende a função de informação da comunicação fornecendo

dados que propiciam a identificação e avaliação das alternativas, favorecendo

o bom desempenho das atividades.

A décima questão referia-se à segurança para expor opiniões, criticas e

sugestões.

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7,1% dos funcionários responderam sempre, 17,9% às vezes, 17,9%

raramente e 57,1% que raramente, com as seguintes justificativas:

- “Acho um pouco complicado expor criticas e opiniões, mas sugestões são

mais fáceis”;

- “Só me sinto seguro para expor minhas opiniões com determinadas

pessoas, aquelas que confio mais”;

- “Eu falo mesmo que a pessoa não goste”;

- “Depende de com quem falo”;

- “Raramente faço isso, porque não é bem visto pela empresa, é como se

estivéssemos sendo ousados demais”;

- “Dentro do meu setor conversamos sobre nossas opiniões, mas na empresa

como um todo não”;

- “Como já conheço as pessoas há muito tempo, facilita a minha segurança

para falar”;

- “Não gosto de me expor”

- “Na equipe da Diretora há um clima favorável dependendo do assunto”

- “Somente entre os colegas, com a chefia não”;

- “Não me sinto a vontade para fazer, tenho medo de ser mal vista”;

- “Não vejo abertura para isso, e quando faço são ignoradas, fico

desestimulada e acabo não falando das outras vezes”.

Ao perceberem a falta de receptividade da empresa e dos chefes, os

funcionários não se sentem seguros para expor suas opiniões, desta forma a

comunicação ascendente não possui uma expressão plena e espontânea e

mais uma vez a comunicação lateral é utilizada como “válvula de escape”.

Há uma diferença entre a equipe que trabalha com a diretoria e as

demais, isso acontece pelo estilo de gerenciar da diretoria, que não se

reproduz pela empresa, possivelmente, porque durante anos não foi promovido

um ambiente de segurança para expor opiniões e criticas, não havia uma

cultura voltada para tal.

Destacando ainda a importância da percepção que as pessoas têm do

meio ambiente e umas das outras, principalmente, no que se refere à

credibilidade e confiança, citadas pelos funcionários como base da segurança

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para expressar-se, constata-se a influência da percepção de um meio ambiente

favorável para existência da comunicação.

3.2.5 – Caracterização da empresa

Na quinta questão foram apresentadas três opções, as quais

sintetizavam as características dos modelos de gestão mecanicista,

humanístico e integrativo, solicitando aos funcionários que apontassem a

definição mais próxima da empresa.

O modelo mecanicista recebeu 82,1% das respostas, o integrativo

17,9% e, conseqüentemente, nenhuma resposta para o modelo humanista.

A maioria dos comentários referia-se à rigidez hierárquica da empresa, à

centralização do poder pelos chefes e à mudança de modelo em curso,

seguem alguns deles:

- “A empresa tem essa estrutura bem rígida e por muito tempo, agora está

começando a mudar um pouco com mais autonomia para as chefias, antes

era só dos diretores”;

- “Não sei bem se é a empresa ou a chefe do setor”;

- “Envolver as pessoas nas tomadas de decisão e na construção da missão,

objetivos, valores e planejamento das ações nem pensar, já vem pronto”;

- “O Grupo centraliza as grandes decisões, no cotidiano aumentou a

autonomia, ainda não é totalmente integrativa está mudando aos poucos”;

- “O aspecto social e de interação acontece somente dentro de ‘panelinhas’”;

- “Estão mudando algumas coisas, mesmo assim continua parecendo mais

com a letra a”;

- “A centralização do poder e o controle parecem ser mania de alguns chefes

e não necessariamente da empresa”;

- “Até disseram que todo mundo tem como meta inovação e criatividade,

espero que mude mesmo”;

- “A empresa está mudando bastante, acho que era mais a letra a e agora a

letra c mesmo que não totalmente”;

- “Tem um pouco dos dois”.

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Através da porcentagem de respostas e dos comentários, é possível

constatar que a empresa, historicamente, adotou predominantemente o modelo

de gestão mecanicista, caracterizado pela centralização do poder e rigidez

hierárquica. Não permitindo a autonomia priorizando o controle, a

previsibilidade e a padronização das atividades, defendendo a submissão dos

funcionários às ordens dos superiores e, em certa medida, o isolamento entre a

vida pessoal e o trabalho.

Os impactos da adoção deste modelo de gestão também podem ser

observados na análise das demais respostas, pela constante afirmação da falta

de estímulo à participação, ênfase no controle, adoção de uma hierarquia

rígida, falta de receptividade da chefia, divulgação tardia e incompleta de

informações, etc.

Contudo os funcionários também identificam algumas características do

modelo integrativo como aumento da autonomia e valorização da criatividade e

inovação. Mencionam que há mudanças em curso reduzindo as características

do modelo mecanicista, entretanto, as alterações são sensíveis e não

caracterizam a adoção de um modelo integrativo.

3.2.6 – Comunicação entre chefes e subordinados

3.2.6.1 – Referente ao fornecimento de informações

A disponibilidade do chefe imediato para fornecer e receber informações

necessárias à realização do trabalho foi abordada pela sexta questão.

14,3% dos funcionários responderam que sempre, 28,6% às vezes, 50%

raramente e 7,1 % Nunca, os comentários destacaram que o intercâmbio de

informações, quando voltadas para a realização do trabalho, é bom, já a falta

de tempo foi citada inúmeras vezes. Seguem alguns comentários:

- “Sempre, porque nosso trabalho exige isso”;

- “Às vezes a informação demora, mas não depende só dele”;

- “Ela não tem tempo, há uma grande concentração de tarefas nas suas

mãos”;

- “Quando está com paciência sim”;

- “Auxilia nas minhas conclusões e tenta fornecer as informações sempre”;

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- “Nem sempre ela está disponível, principalmente, para receber, mas

fornece as informações necessárias”;

- “Melhorou um pouco, pois agora recebo e passo informações para a

diretoria”;

- “Em geral, quando envolve trabalho, o envio e recebimento de informações

são bons”;

- “Para realização das atividades sim, mas às vezes é incompleta e não há

abertura para receber as informações”.

Na comunicação com o chefe imediato há uma melhoria no fornecimento

de informações, entretanto, observa-se que o recebimento da informação ainda

é limitado e bastante voltado para as atividades diárias. Cumpre a função de

controle da comunicação ao fornecer informações sobre o trabalho, estabelecer

autoridade e responsabilidade, informar as regras e normas a serem

cumpridas.

Predomina a comunicação descendente envolvendo comunicações

específicas para realização das tarefas, o desempenho do cargo e sobre os

procedimentos e práticas organizacionais. Facilita o acesso e a divulgação das

informações que viabilizam a execução das atividades, mas não favorece a

comunicação em duas vias ao restringir à comunicação ascendente.

3.2.6.2 – Sobre a avaliação do desempenho

A realização de avaliações periódicas sobre o desempenho foi levantada

na sétima questão, onde 7,1 % responderam que sempre, 50% dos

funcionários afirmaram que nunca dialogaram com seu chefe sobre o seu

desempenho e 42,9% dividiram-se entre raramente e às vezes, acompanhados

dos seguintes comentários:

- “Algumas vezes e informalmente, fala sobre meu desempenho por causa

dos erros”;

- “Minha chefe sempre conversa sobre o meu desempenho e me passa

orientações, talvez porque ela seja nova na empresa e tem outra forma de

gerenciar, isso não acontece em outras áreas”,

- “Não existe essa cultura na empresa”;

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- “Só quando acontecem erros inesperados”;

- “Só informalmente dando dicas, mas não é um hábito na empresa”;

- “Nunca fez um elogio”;

- “Antes não existia nenhum avaliação formal, agora com a implantação do

Sistema de Gestão de desempenho terá que acontecer semestralmente,

vamos ver como vai funcionar”;

- “Não é um hábito das chefias e nem dos diretores anteriores, agora a

Diretoria diz que todos os chefes devem dar ‘feedback’ sempre, pena que

isso só acontece em duas áreas”;

- “Não há nenhuma periodicidade, somente em alguns pontos e não é

exatamente um diálogo, é mais uma ‘chamada’ sobre erros”.

A maioria dos funcionários afirmou não havia uma política da empresa

realizar avaliação de desempenho, e mesmo quando realizada pelo chefe não

há uma periodicidade e, em geral, prioriza a correção de falhas nas atividades.

Recentemente, o Sistema de Gestão do Desempenho foi implantado e a

Diretoria estimula a pratica do “feedback”, há uma divergência entre o desejado

e o praticado. Claramente, a avaliação de desempenho não é uma prática

comum na empresa, quando acontece não possui a visão de desenvolvimento

pessoal e profissional.

Pode ser considerada uma limitação na função de motivação da

comunicação por não avaliar o desempenho e orientar sobre melhorias além de

rotinas, ou seja, não estabelece metas buscando influenciar as pessoas e criar

oportunidades de participação geradoras de cooperação e compromisso.

Igualmente representa uma deficiência na comunicação descendente, pois não

fornece “feedback” aos funcionários sobre o seu desempenho, para possibilitar

o reconhecimento e o desenvolvimento, prioriza somente a correção dos erros.

3.2.6.3 – Facilidades e Dificuldades

A nona questão solicitava que listassem os aspectos que facilitam e

os que dificultam a comunicação com o chefe, segue a síntese das respostas

apresentadas:

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Facilidades Dificuldades

- Sua inteligência,

habilidade e dinamismo.

- Proximidade física

- Fornecer as informações

e documentos que

facilitam o trabalho.

- Ser atencioso e ter

paciência para ensinar

- Delegar tarefas

- Disponibilidade para ouvir

- Sinceridade e coerência

em suas ações

- Estabelecer e renegociar

prazos e metas

- Ter boas idéias e

agilidade

- Muito tempo trabalhando

juntos

- Ter um caderno de

recados

- Confiar na sua

capacidade técnica

- Falta de abertura para receber opiniões

- Não conseguir escutar sem falar junto com

as pessoas

- Falta de tempo e pouca acessibilidade

- Não transmitir aos diretores nossa opinião

- Ouvir, mas não escutar, porque ela não

entende.

- Ser uma pessoa inflexível e gostar de impor

suas decisões aos gritos.

- Não gostar de ouvir, fazendo com que os

funcionários se afastem e fiquem

desmotivados.

- Falar muito rápido e ser muito tenso.

- Tom de voz muito alto

- Estresse e mau-humor

- O jeito de falar, em geral, rude e grosso.

- Não parecer estar prestando atenção ao

que falamos

- Achar que sabe tudo

- Temperamento agitado

- O funcionamento da empresa como um

todo

As respostas demonstram a importância da postura adotada pelos

chefes, como a percepção que os funcionários possuem de seus chefes pode

favorecer ou dificultar a comunicação, envolvendo tanto sua habilidade como

emissor quanto à receptividade enquanto receptor no processo de

comunicação. Ou seja, a postura dos chefes pode controlar a liberdade de

expressão e mesmo determinar a transmissão e receptividade as informações,

pode-se considerar que a forma como os chefes exercem o poder influencia os

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sentimentos e comportamentos dos funcionários, conseqüentemente sua

comunicação interpessoal.

Habilidades pessoais como inteligência, agilidade, dinamismo

capacidade técnica e paciência, são consideradas favoráveis, por outro lado, a

inflexibilidade, o mau-humor, o estresse e a forma de falar são considerados

desfavoráveis. Nesta última, a tonalidade, timbre e velocidade da voz

receberam destaque. Surgem também outros aspectos interferindo

negativamente como, por exemplo, o cargo ocupado pelo chefe, o contexto

dentro da estrutura organizacional e o próprio funcionamento da organização.

De diferentes maneiras a questão da escuta foi apresentada, com uma

tendência dos chefes a não ouvir os funcionários. Observa-se uma limitação do

“feedback” no processo de comunicação, pois não estimula a participação e

interação entre emissor e receptor, muitas vezes, cabe aos funcionários papel

de ouvir, não havendo possibilidade de esclarecimento de dúvidas e o não

estabelecimento do diálogo, e, sim de um monólogo, o que reduz a

compreensão.

3.2.7 – Facilidades e Dificuldades da comunicação na empresa

A décima primeira questão solicitou que os funcionários listassem os

aspectos que facilitam e os que dificultam a comunicação na empresa, segue a

síntese das respostas apresentadas:

Facilidades Dificuldades

- A empresa é

pequena e todos

ficam perto.

- Interação entre os

setores (não todos)

- Receptividade de

alguns colegas.

- O bom

relacionamento com

algumas pessoas

- Falta de receptividade da chefia

- Tratamento diferenciado entre as pessoas.

- Cultivar o hábito de achar que informação é

poder, o lema é: “Quem tem a informação

detém o poder!”.

- Falta de interesse em informar os funcionários

sobre mudanças.

- Falta de interesse em conhecer nossas opiniões

e expectativas.

- Hierarquia rígida.

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- Conhecer as pessoas

há algum tempo.

- Medo de compartilhar informações por parte de

alguns funcionários.

- As informações divulgadas não são claras e

precisas.

- Dificuldade de receber a informação com

antecedência.

- Às vezes, o clima de competição é muito grande

e as pessoas tratam umas as outras como

inimigas.

- As informações são incompletas muito gerais.

- Nunca saber direito o que está acontecendo.

- Limitações e dificuldades pessoais de alguns

funcionários.

A proximidade física e o pequeno tamanho da unidade de negócio foram

considerados os principais facilitadores da comunicação, seguidos da

qualidade da relação interpessoal entre pares. A receptividade das pessoas, a

interação entre os setores e o tempo de convivência também aparecem como

facilitadores.

A falta de interesse da chefia e a hierarquia rígida são percebidas como

as principais dificuldades. Entretanto, a competição entre os funcionários e o

uso da informação com forma de poder também aparecem de forma

significativa.

Não há espontaneidade da comunicação, reduzindo sua adequação e

autenticidade. Percebe-se que não há um processo de comunicação dinâmico

e interativo, está mais voltado para o mero envio de informações do que para a

troca ou discussão de idéias, para o diálogo com vista ao bom entendimento.

3.2.8 – Qualidade da comunicação

A oitava questão buscou avaliar a qualidade da comunicação entre as

pessoas do setor, entre funcionários e superiores, entre os setores e com a

diretoria, segue a porcentagem das avaliações:

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Excelente Boa Razoável Ruim

Entre as pessoas do setor 21,4% 42,9% 28,6% 7,1%

Entre funcionários e

superiores 0% 21,4% 42,9% 35,7%

Entre os diferentes setores 7,1% 42,9% 25% 25%

Entre os setores e a

Diretoria 21,4 % 25% 35,7% 17,9%

Comentários apresentados:

- “Acho que se não houver um excelente entendimento com o próprio setor, o

restante será um desastre”;

- “A diretoria é um setor mais reservado onde só os cargos de chefia têm

acesso direto, o que não é o meu caso”;

- “A maneira de como a empresa foi durante todos esses anos não favorece

o fluxo de informações e a conversa entre as pessoas”;

- “As pessoas do setor compartilham as idéias e informações para melhorar o

serviço, mas com os superiores a conversa é para impor algo”;

- “A comunicação com os colegas e entre setores é boa, já com a diretoria é

bastante limitada”;

- “Da diretoria e dos chefes apenas recebemos as ordens e informações”;

- “A diretoria só comunica as mudanças em cima, quando já correm vários

boatos pela empresa”.

As porcentagens das respostas e os comentários confirmam as

avaliações e percepções já demonstradas nas questões anteriores. Nota-se o

predomínio de uma boa avaliação e a valorização da comunicação lateral,

sendo mais intensa dentro do setor. A comunicação com os chefes é

considerada pela maioria razoável ou ruim, parte dos funcionários avalia como

boa e nenhum como excelente. Dos que responderam boa relacionam-se com

a Diretoria ou são de duas áreas especificas. A avaliação da qualidade da

comunicação é influenciada pela avaliação dos canais de comunicação, ou

seja, de quanto pode ser ou tornar-se receptivo às mensagens.

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A comunicação ascendente é limitada ao superior imediato, e este

transmite ao seu superior. Ainda assim, a comunicação descendente é, mais

uma vez, considerada deficiente, sendo incompleta e de caráter autoritário. A

rede de comunicação caracteriza-se como vertical devido às relações

hierarquizadas, que determinam o fluxo de informações e o estabelecimento da

autoridade em termos de subordinação e dominação. Não há uma igualdade

entre os funcionários e as comunicações seguem as relações de poder

formalmente estabelecidas.

3.2.9 – Influência da comunicação no desempenho

A décima segunda pergunta solicitou uma avaliação sobre a

influência da comunicação no desempenho funcional. A maioria dos

funcionários (85,7%) afirmou a importância da comunicação para alcançar bons

resultados, por necessitar das informações ou porque representa um bom

relacionamento entre as pessoas facilitando a realização das atividades.

Apenas 10,7% mostraram-se indiferentes e 3,6% que a comunicação não

influencia o desempenho. E muitos ressaltaram os impactos negativos no

desempenho causado pelas falhas na comunicação. Nem todos os funcionários

explicaram porque consideravam a boa comunicação importante, seguem as

demais respostas apresentadas:

- “A influência é muito boa quando posso trocar idéias em todos os sentidos”;

- “A falta de comunicação atrapalha muito porque a principal função do meu

setor depende do fluxo de informações entre os diversos setores”;

- “E fundamental porque mantém as relações com as pessoas e

departamentos e assim ajuda no trabalho”;

- “De suma importância, pois precisamos participar, ou pelos menos sermos

comunicados das decisões futuras, para que possamos nos planejar, mudar

estratégias e tomar providências a tempo”;

- “Primordial, porque podemos trocar informações e experiências, consultar

os colegas e fazer um trabalho mais eficaz”;

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- “Eu poderia contribuir muito mais se não precisasse gastar tempo e

habilidades pessoais para buscar informações básicas, realizaria as tarefas

com mais eficiência e rapidez”;

- “Quando é boa facilita meu desempenho e agilidade”;

- “Quando a informação demora a chegar afeta diretamente o resultado do

meu trabalho, principalmente, com folha de pagamento dos funcionários”.

Constata-se que os funcionários consideram a relevância da

comunicação para o alcance de bons resultados, percebem como possuindo

impactos positivos e negativos. Também foi citada a inter-relação entre

comunicação e relacionamento interpessoal. Neste contexto, fica clara a

importância da função de informação permitindo o compartilhamento de idéias

e informações que propiciam a identificação e avaliação das alternativas e

melhores tomadas de decisões. Por outro lado, quando os funcionários não

têm possibilidades de esclarecer suas dúvidas e obter explicações mais

completas, as informações permanecem limitadas e obscuras podendo originar

sentimentos e comportamentos prejudiciais ao desempenho e a satisfação.

3.2.10 – Fontes da comunicação

A pergunta destinou-se a descrição do recebimento das informações

considerando quem, como e quando sobre o trabalho, a organização, a

situação, os colegas e o chefe. De acordo com as respostas, as informações

sobre o trabalho originam-se dos colegas, departamentos e do chefe,

dependendo do departamento há um pequeno predomínio de um sobre o outro.

São transmitidas verbalmente e por e-mail antes e durante a realização do

trabalho, em geral, não há recebimento de informação após a conclusão do

trabalho.

As informações sobre os colegas são recebidas através de outros

colegas e departamentos, verbalmente, antes, durante e depois. As

informações sobre o chefe chegam através do próprio ou dos colegas,

verbalmente, durante e depois dos acontecimentos. As informações sobre a

organização, sobre a situação da empresa e sobre as decisões que dizem

respeito ao trabalho, trabalho dos colegas e eventos são esporádicas, enviadas

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por e-mail quando se refere às normas e mudanças divulgadas pela Diretoria ,

através de cartazes ou verbalmente através do chefe, predominantemente,

depois dos acontecimentos. Ocorrem ainda nas conversas informais com os

colegas e demais departamentos, em geral, durante e depois dos

acontecimentos, envolvendo comentários ou especulações sem muita certeza.

De uma maneira geral, predomina o uso da comunicação verbal,

cartazes ou por e-mail. Os canais informais adquirem grande destaque, exceto

em relação ao trabalho onde os canais formais são mais utilizados. Para a

realização do trabalho, o fluxo de informação ocorre entre chefes, setores e

pares, diferindo em qualidade como exposto anteriormente, e geralmente

ocorrem antes e durante, com pouco retorno no que tange aos resultados

obtidos. As informações sobre os colegas e os chefes são mais freqüentes e

verbais. Destaca-se a escassez de informações sobre a organização e sua

situação, e principalmente, em relação às decisões que são divulgadas depois

de tomadas.

3.2.11 – Sugestões de práticas e ações facilitadoras

3.2.11.1 – Da comunicação com o chefe

A décima quarta questão destinou-se às sugestões de ações ou

práticas vistas como facilitadora da comunicação com o chefe, segue a síntese

das respostas.

Sugestões de práticas e ações facilitadoras da comunicação com o

chefe

- “Ser mais receptivo, manter uma relação mais aberta”.

- “Disponibilizar tempo para esclarecer as dúvidas e trocar informações”.

- “Ouvir as pessoas sem falar ao mesmo tempo”.

- “Falar mais baixo e devagar, e procurar ouvir nossas idéias”.

- “Estar mais disponível e ter coragem de representar seus funcionários

perante a chefia, não ter medo de falar”.

- “Ser educado e saber ‘chamar atenção’ educadamente”.

- “‘Lutar’ pelos funcionários do setor”.

- “Ser menos estressado e mal-humorado”.

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- “Realizar uma reunião semanal de 30 minutos para falarmos sobre

assuntos de várias naturezas, sejam do setor ou da empresa”.

- “Dar mais liberdade para falarmos”.

As sugestões propostas requerem mudanças de postura do chefe em

relação à forma como se relaciona com seus funcionários, bem como um

aumento da receptividade para dialogar. É possível notar uma demanda pelo

estabelecimento de um canal de comunicação mais livre, onde as idéias e

informações possam ser trocadas e não apenas recebidas.

3.2.11.2 – Da comunicação na empresa

A última questão, similar a anterior, destinou-se às sugestões de ações e

práticas vistas como facilitadora da comunicação na empresa, segue a síntese

das respostas.

Sugestões de práticas e ações facilitadoras da comunicação na

empresa

- O tratamento igual de todos os funcionários.

- Maior valorização do funcionário.

- Divulgar por e-mail os acontecimentos e promover uma maior união

com todos.

- Criar um “jornalzinho” com noticias da empresa.

- Criar procedimento para informação circular mais rápido entre os

departamentos, ser mais eficiente e em tempo hábil.

- Colocar-se mais a disposição para ouvir as opiniões e reclamações dos

funcionários

- Criar canais eficazes (murais dinâmicos, e-mails mais freqüentes,

intranet, etc).

- Mais flexibilidade para negociar com os funcionários

- Garantir que o Sistema de Gestão do Desempenho seja real, não

somente um procedimento burocrático.

- Promover eventos como “Café da manhã como presidente”, trabalhei

em outra empresa que era até maior e fazia isso uma vez por mês e

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ajudava bastante a comunicação. Era uma forma de aproximar a

diretoria dos demais funcionários, não somente nos grandes

acontecimentos como atualmente.

- Fazer uma campanha para estimular a troca de informações e não sua

centralização.

- Melhoraria se tivéssemos reuniões com a chefia para falar sobre o

setor, nosso desempenho e sobre a empresa. E também um espaço

para participarmos das decisões e expressarmos nossas opiniões e

expectativas.

- Criar uma caixa de sugestões permanente, não somente uma

campanha de pequena duração.

Nas sugestões de melhorias envolvendo a empresa como um todo,

igualmente, observa-se uma demanda de abertura da empresa para ouvir seus

funcionários, mas também requer melhorias nas divulgações de metas,

objetivos e resultados. Os funcionários solicitam um canal de comunicação com

um fluxo mais intenso tanto para transmitir informações quanto para

possibilidades de participação e de expressão emocional.

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CONCLUSÃO

Através da análise dos resultados vislumbra-se um conjunto de falhas e

limitações na comunicação organizacional, as principais dificuldades apontadas

pelos funcionários referem-se à falta de meios para expressar-se,

impossibilidades de participação e a divulgação incompleta e tardia das

informações. A comunicação na relação com o chefe segue a mesma

tendência, acrescida da importância dada à postura dos mesmos, a ênfase no

envio de informação e a falta de receptividade para ouvir.

Na empresa verifica-se uma tendência a enfatizar as funções de

controle e de informação da comunicação em detrimento das funções de

expressão emocional e motivação, uma prática comum nos modelos

mecanicistas. Os chefes são vistos apenas como responsáveis pela direção,

coordenação e controle dos funcionários, tendendo a não ouvi-los. Não se

preocupam em dar “feedback”, um meio para estabelecer a interdependência

entre quem fala e quem ouve, que possui um papel significativo na eficácia da

comunicação, no desenvolvimento profissional e na motivação.

Sem possibilidades de expressar suas expectativas, sentimentos e

opiniões os funcionários, por inúmeras vezes, recorrem à comunicação lateral,

que assume um papel de destaque na comunicação organizacional e, de

acordo com Katz e Kahn (1976), mostra-se necessária para realização das

atividades, economia de tempo, apoio emocional e coordenação. A sua

importância como apoio sociocultural foi comprovada na transição do modelo

mecanicista para o humanístico e no presente estudo mostrou-se o principal

recurso para obter o apoio emocional e meio de expressão que não é oferecido

pela empresa.

Há também uma tendência da empresa a não reconhecer a

subjetividade dos funcionários e não estimular a criatividade, deixando de

aproveitar a riqueza da diversidade e de favorecer a comunicação, Moscovici

(2003) afirma que:

“A maneira de lidar com as diferenças individuais cria um certo clima entre as pessoas e tem forte influência sobre a vida em grupo, principalmente, nos processos de comunicação, no relacionamento interpessoal, no comportamento organizacional e na produtividade.

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Se as diferenças são aceitas e tratadas em aberto, a comunicação flui fácil, em dupla direção, as pessoas ouvem as outras, falam o que pensam e sentem, e têm possibilidade de dar e receber feedback. Se as diferenças são negadas e suprimidas, a comunicação torna-se falha, incompleta, insuficiente, com bloqueios e barreiras, distorções e ‘fofoca’. As pessoas não falam o que gostariam de falar, nem ouvem as outras, só captam o que reforça sua imagem das outras e da situação.”(MOSCOVICI: 2003: 35).

Nota-se a influência desse reconhecimento das diferenças individuais na

qualidade da comunicação, entretanto, considerar os aspectos pessoais e

afetivos exige uma mudança de postura, o cultivo de um clima de confiança, o

incentivo ao “feedback” mútuo e abertura ao diálogo. Isso não se mostrou uma

prática da empresa, pois ao estabelecer a rede de comunicações, segundo a

rigidez hierárquica, a organização produz um distanciamento entre a diretoria e

os funcionários. A diretoria não tem contato com os funcionários, desconhece

ou não compreende os problemas enfrentados dentro dos setores.

As decisões são tomadas de forma centralizada e não permitem

participação dos funcionários, neste sentido, as formas de poder contribuem

para a compreensão das limitações na comunicação. Percebe-se que o modelo

de gestão, predominantemente, mecanicista impacta na forma de comunicação

estabelecida, onde a falta de transparência na gestão e de receptividade das

lideranças tende a gerar uma incomunicabilidade.

A adoção da rede em roda, onde as comunicações são centralizadas

nas mãos dos superiores, não promove relações democráticas e igualitárias

entre todos os funcionários. A comunicação é estabelecida de modo vertical

tendendo a seguir um sentido único, de cima para baixo. Reduzindo as

possibilidades de comunicação adequada e autêntica devido à formalidade dos

canais e a falta de espontaneidade do acesso. Sendo assim, a rede em roda

não propicia a abertura e espontaneidade da comunicação que, segundo

Mailhiot (1985), favorece a integração em todos os níveis e ritmos de

criatividade duradouros.

Como exposto, presencia-se uma comunicação unidirecional, dos níveis

hierárquicos superiores para os inferiores, sem que haja reflexão ou

“feedback”. A transmissão é direcionada a todos (descendente), mas o

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recebimento (ascendente) envolve poucos níveis, somente os gerenciais.

Bowditch e Buono (2002), defendem que:

“a chave para a comunicação organizacional é a disposição e a estrutura de como a comunicação é dirigida a pessoas específicas e grupos que dela precisam para fins de trabalho, solução de problemas, controle ou tomada de decisão. Na verdade, o modo como um grupo ou organização são estruturados, em ultima análise, é que determinam a acessibilidade e a facilidade com que os seus integrantes podem se comunicar entre si” (BOWDITCH e BUONO, 2002 : 88).

De acordo com a citação acima se pode concluir que o modelo de

gestão adotado pela organização tem um papel fundamental na comunicação

organizacional. Para que os funcionários sintam-se a vontade para falar é

preciso que as condições concretas na organização sejam favoráveis e exista

uma uniformidade entre o discurso e as práticas adotadas.

O campo organizacional no qual a pesquisa foi aplicada está passando

por um processo de transformação conseqüente tanto da forma de gerenciar

da nova Diretoria quanto pela aquisição por um grupo de grande porte.

Contudo as mudanças ficam restritas aos cargos gerencias, estes mantêm uma

postura alinhada aos modelos mais rígidos de gestão. Faz-se necessário um

programa de treinamento sobre liderança participativa para as chefias e, se for

o caso, renovar o quadro contratando profissionais mais adequados ao modelo

de gestão em construção.

O contexto atual exige das organizações um ritmo intenso de inovações,

produção de conhecimento e a criatividade para adaptar-se ao mercado em

constante mudança e com altos índices de competitividade. Se a comunicação

constitui-se um processo social relevante no funcionamento de qualquer

organização, como mencionado por Katz e Kahn (1976), a participação dos

funcionários mostra-se cada vez mais necessária no atendimento destas

exigências. Ressaltando a importância da motivação, do respeito e do

reconhecimento das pessoas nas organizações e um efetivo alinhamento da

organização com a missão, os objetivos, os valores e ações compartilhadas.

Contudo, a participação autêntica exige um processo de

descentralização do poder e de gestão participativa, onde os funcionários

possuam autonomia, responsabilidade e possibilidades de participação efetiva.

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Como afirmado por Muchinscky (2004), a distribuição de poder propicia o

envolvimento e o compromisso de cada membro, incentivando a participação

de todos e favorecendo o comprometimento e a melhoria no desempenho.

Promove um ambiente onde a criatividade é estimulada, e as comunicações

são abertas e espontâneas.

Por outro lado, isto tem sua viabilidade diretamente relacionada à

flexibilização e adaptação das estruturas organizacionais, adotando modelos

de gestão mais flexíveis, uma vez que o livre diálogo muitas vezes é impedido

pelas relações de poder e constrangimentos decorrentes da repressão,

dependência ou dominação dos modelos mecanicistas. A real distribuição de

poder e estímulo à auto-gestão só é possível em modelos da abordagem

integrativa que valorizam a autonomia e participação de todos os funcionários

independente do seu cargo.

A flexibilização organizacional, como um meio de obter melhores

relações nas organizações, segundo Tenório (2000), exige a disposição dos

superiores para aceitar e envolver os trabalhadores no processo decisório da

organização. Implica no reconhecimento da necessidade de compartilhar e

respeitar os interesses dos funcionários e da empresa no alcance da

efetividade organizacional. Onde, simultaneamente, sejam satisfeitas as

necessidades sociais e a viabilidade técnica, as necessidades individuais e as

organizacionais.

Requer a busca pelo bem-estar e existência de condições para

satisfação dos funcionários; priorização da cooperação, do planejamento

conjunto, do intercâmbio de informações e da confiança. Estabelecer canais de

comunicação em dupla direção, onde as pessoas ouvem as outras, falam o que

pensam e sentem, e têm possibilidade de dar e receber “feedback”, com um

eficiente fluxo de informações entre todos e chefes receptivos às informações.

Como aponta Matos (2006) “a comunicação interna é primordial tanto

para o sucesso das empresas como também para o desenvolvimento do ser

humano nas organizações” (MATOS, 2006: 11), sendo viabilizada pelo

favorecimento do diálogo e do livre fluxo de opiniões e idéias em um ambiente

de compartilhamento da comunicação. Ou seja, através do cultivo à cultura do

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diálogo e da abertura a comunicação tanto no âmbito empresarial como no

pessoal.

Matos (2006) defende que a “viabilização de canais de comunicação e

de ambientes favoráveis ao relacionamento humano nas empresas faz como

que as pessoas se sintam reconhecidas, consideradas e respeitados” (MATOS,

2006: 9) favorecendo a motivação, o desempenho e a qualidade de vida das

pessoas. A origem dos insucessos na comunicação encontra-se na dificuldade

de “saber ouvir”, o que foi claramente destacado nas respostas dos

questionários.

Para Matos (2006) “saber ouvir” é o fator mais importante para o

sucesso na comunicação e, ao mesmo tempo, um dos mais negligenciados,

pois as pessoas estão mais preocupadas em falar do que ouvir, não há uma

busca pelo diálogo. Segundo Matos (2006):

“Saber ouvir transcende o ato de escutar; é compreender a pessoa que se expressa; é entender a mensagem que ela transmite; é assimilar o que é dito por palavras, atitudes, gestos ou silêncio; é perceber a grandeza da essência da comunicação e do diálogo; é alcançar a plenitude do relacionamento humano. É dar e receber informações e emoções”.(MATOS, 2006: 18).

Ao negligenciar o ato de ouvir, tem-se um monólogo, uma falta de

“feedback” e, conseqüente, ausência de diálogo, ou seja, muita transmissão de

informação e pouca ou nenhuma comunicação, pois o diálogo é a essência da

comunicação.

O diálogo é o compartilhar de opiniões, idéias, pensamentos, emoções e

sentimentos, exige uma compreensão mútua e a construção do entendimento.

O exercício do diálogo aberto e franco favorece a convivência da diferenças, é

um desafio e exige uma estratégia de interação que envolva a participação de

todos.

Sendo assim, medidas simples como a criação de uma caixa de

sugestões permanente; envio de e-mails periódicos com informações sobre a

empresa, suas metas e resultados; estímulo à elaboração de um jornal interno

até mesmo pelos próprios funcionários; realização de reuniões onde os

funcionários tenham um espaço para falar; etc. Enfim, criar instrumentos que

viabilizem tanto a divulgação adequada de informações quanto a expressão e

participação de todos em um ambiente democrático e igualitário.

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Assegurar que o Sistema de Gestão de Desempenho implantado de fato

seja utilizado para favorecer o “feedback” entre chefes e funcionários sobre

metas, resultados e melhorias visando um desempenho mais adequado e o

desenvolvimento pessoal e profissional. E não somente como métrica para o

pagamento do PPR.

Em longo prazo, a realização de pesquisas de clima periódicas, onde os

funcionários possam avaliar os diversos aspectos da empresa e a empresa

possa utilizar os resultados para realizar modificações e melhorias.

Assim como propiciar uma maior proximidade da diretoria com os

funcionários, de outra forma, sua forma de gerenciar ficará restrita aos cargos

gerenciais e não haverá uma autêntica mudança de cultura e geração de um

clima propício a comunicação organizacional de qualidade.

Concluindo, realizar ações que proporcionem a saída do monólogo para

o diálogo, um caminho para o entendimento e envolvimento dos funcionários,

possibilitando a participação e a satisfação de suas expectativas. Bem como

propiciando uma comunicação livre e espontânea facilitadora do

desenvolvimento das pessoas e suas relações, do desempenho e, em

consequência, do sucesso organizacional. Ressaltando a importância de

demonstrar uma preocupação com o ser humano nas organizações; e ainda a

necessidade de um modelo de gestão, que em suas características e práticas,

não só permitam como valorizem esta forma de comunicação e estimule a

gestão participativa.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >>; Questionário Anexo 2 >> ; Consolidação dos Resultados

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ANEXO 1

QUESTIONÁRIO

Este questionário destina-se a elaboração de um trabalho acadêmico e

suas informações são de caráter confidencial. Sendo assim, não é necessário

identificar-se. Leia atentamente cada questão e responda de acordo com a

situação mais freqüente em sua atuação na empresa .

Obrigada pela colaboração.

1) A empresa disponibiliza periodicamente informações sobre o que está

ocorrendo envolvendo metas, objetivos e resultados obtidos?

(A) Sempre (B) Às vezes (C) Raramente (D) Nunca

Justifique/Comente:_______________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

2) A empresa demonstra interesse em conhecer as opiniões,

necessidades, sugestões e expectativas de seus funcionários?

(A) Sempre (B) Às vezes (C) Raramente (D) Nunca

Justifique/Comente:_______________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

3) O ambiente da empresa permite que os funcionários possam

contestar a maneira tradicional de fazer as coisas, propor inovações e

participar do planejamento das metas e ações?

(A) Sempre (B) Às vezes (C) Raramente (D) Nunca

Justifique/Comente:_______________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

4) O ambiente de trabalho é favorável ao compartilhamento e fluxo de

informações, ao diálogo e a troca de idéias?

(A) Sempre (B) Às vezes (C) Raramente (D) Nunca

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Justifique/Comente:_______________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

5) Qual definição melhor representa a empresa que você trabalha?

a) A empresa adota uma hierarquia rígida, onde o controle é

centralizado. Não permite a autonomia e procura eliminar os aspectos

sociais e de interação. Prioriza o controle, a previsibilidade e a

padronização das atividades. Defende a submissão dos funcionários às

ordens dos superiores e o isolamento entre a vida pessoal e o trabalho.

b) A empresa adota uma estrutura organizacional flexível,

onde os superiores são receptivos e flexíveis. Respeita e reconhece o

valor das pessoas, busca a integração e não o controle das pessoas.

Valoriza o bem-estar, a satisfação, a cooperação, o planejamento

conjunto, a confiança, o diálogo e o aprendizado constante. Procura

conciliar o ambiente de trabalho e com os de convivência social e

familiar.

c) A empresa valoriza a inovação, a iniciativa, a

descentralização, a delegação de poder e o trabalho em equipe.

Procura a complementaridade entre os aspectos sociais

(comportamentos, cultura, expectativas, afetividade, etc) e técnicos

(tecnologia, procedimentos, etc). Busca satisfazer, simultaneamente,

as necessidades sociais e a viabilidade técnica, as necessidades

individuais e as organizacionais. Todas as pessoas da empresa são

envolvidas nas tomadas de decisão e na construção da missão,

objetivos, valores e planejamento das ações.

Justifique/Comente:_______________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

6) Seu chefe imediato está disponível para fornecer e receber as

informações necessárias à realização do seu trabalho de forma clara, objetiva e

em tempo hábil?

(A) Sempre (B) Às vezes (C) Raramente (D) Nunca

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Justifique/Comente:_______________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

7) Seu chefe imediato realiza avaliações periódicas onde dialoga sobre

o seu desempenho?

(A) Sempre (B) Às vezes (C) Raramente (D) Nunca

Justifique/Comente:_______________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

8) Como você avalia a comunicação, entendida como envio,

recebimento e compreensão de informações e a capacidade de trocar ou

discutir idéias, de dialogar, de conversar, com vistas ao bom entendimento

entre os envolvidos.

a) Entre as pessoas de seu setor?

(A) Excelente (B) Boa (C) Razoável (D) Ruim

b) Entre funcionários e superiores?

(A) Excelente (B) Boa (C) Razoável (D) Ruim

c) Entre os diferentes setores?

(A) Excelente (B) Boa (C) Razoável (D) Ruim

d) Entre os setores e a diretoria?

(A) Excelente (B) Boa (C) Razoável (D) Ruim

Justifique/Comente:_______________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

9) Na relação com seu chefe, liste os aspectos que na sua avaliação

facilitam e os que dificultam a comunicação:

Aspectos que facilitam Aspectos que dificultam

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10) Você sente-se seguro para expor suas opiniões, criticas e sugestões?

(A) Sempre (B) Às vezes (C) Raramente (D) Nunca

Justifique/Comente:_______________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

11) Que aspectos você identifica que dificultam e facilitam a comunicação

na Sua Empresa:

Aspectos que facilitam Aspectos que dificultam

12) Como você avalia a influência da comunicação no seu desempenho

funcional ?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

________________________________________________

13) Descreva o recebimento das informações referente aos aspectos

abaixo, considerando Quem? (chefes, colegas e/ou outros departamentos)

Como? (verbal, e-mail, mural, memorandos, etc) Quando? (antes, durante ou

depois):

a) Sobre seu trabalho:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

b) Sobre a organização:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

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c) Sobre a situação da Empresa:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

d) Sobre os colegas:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

e) Sobre seu Chefe:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

f) Sobre decisões que dizem respeito ao seu trabalho, ao trabalho do colega,

as festas, etc:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

14) Cite algumas ações/ práticas que na sua opinião poderiam facilitar a

Comunicação com o seu Chefe:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

15) Cite algumas ações/ práticas que na sua opinião poderiam facilitar a

Comunicação na sua Empresa:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

____________________________________________________________

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ANEXO 2

DADOS QUANTITATIVOS TOTALIZADOS POR QUESTÃO:

Questões Respostas

1 Sempre Ás vezes Raramente �unca

2 7,1% 8 28,6% 14 50,0% 4 14,3%

2 Sempre Ás vezes Raramente �unca

0 0,0% 10 35,7% 15 53,6% 3 10,7%

3 Sempre Ás vezes Raramente �unca

0 0,0% 7 25,0% 8 28,6% 13 46,4%

4 Sempre Ás vezes Raramente �unca

2 7,1% 11 39,3% 13 46,4% 2 7,1%

5 Mecanicista Humanista Integrativa 23 82,1% 0,0% 5 17,9%

6 Sempre Ás vezes Raramente �unca

4 14,3% 8 28,6% 14 50,0% 2 7,1%

7 Sempre Ás vezes Raramente �unca

2 7,1% 4 14,3% 8 28,6% 14 50,0% Excelente Boa Razoável Ruim

8 - a 6 21,4% 12 42,9% 8 28,6% 2 7,1% 8 - b 0 0,0% 6 21,4% 12 42,9% 10 35,7% 8 - c 2 7,1% 12 42,9% 7 25,0% 7 25,0% 8 - d 6 21,4% 7 25,0% 10 35,7% 5 17,9%

10 Sempre Ás vezes Raramente �unca

2 7,1% 5 17,9% 5 17,9% 16 57,1%

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BOWDITCH, J.L. & BUONO, A.F. Elementos de Comportamento

Organizacional. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002.

CHIAVENATO, Idalberto.Gestão de Pessoas; o novo papel dos recursos

humanos nas organizações. 2º Edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

____________, Idalberto. Recursos Humanos. Edição Compacta. São

Paulo: Editora Atlas, 1998.

FERRAZ, H. O Poder nas equipes de Trabalho: Uma reflexão da

legitimidade do poder e a autonomia. Rio de Janeiro, 2002.

_______ , H. Uma análise das contribuições de Habermas para a

Atuação Psicossociológica. Rio de Janeiro, 2002.

KATZ, D e KAHN, R. Psicologia Social das Organizações. São Paulo:

Atlas, 1976.

MATOS, Gustavo Gomes de. A cultura do diálogo: uma etsratégia de

comunicação nas empresas. Rio de janeiro: Elsevier, 2006.

MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento Interpessoal: Treinamento em

grupo. 13º Edição. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 2004.

MUCHINSCKY, P. Psicologia Organizacional. São Paulo: Editora

Pioneira Thomson Learning, 2004.

ROBBINS, S. Comportamento Organizacional. São Paulo: Editora

Prentice Hall, 2002.

RODRIGUES, A., ASSMAR, E. M.L. e JABLONSKI, B. Psicologia

Social. Petrópolis: Editora Vozes, 2000.

SHEIN, E. Psicologia Organizacional. Rio de Janeiro: Editira Prentice

hall do Brasil, 1982.

TENÓRIO, F. G. Flexibilização organizacional, mito ou realidade?. Rio

de Janeiro: Editora FGV, 2000.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 01

RESUMO 02

METODOLOGIA 03

SUMÁRIO 04

INTRODUÇÃO 05

CAPÍTULO I

AS ORGANIZAÇÕES 07

1.1 – Conceito 07

1.2 – Modelos de Gestão Organizacional 08

1.3 – Cultura Organizacional e os Modelos de Gestão 13

1.4 – Poder e os Modelos de Gestão 14

CAPÍTULO II

A COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES 17

2.1 – Conceito 17

2.2 – Comunicação Organizacional 19

2.3 – Do Monólogo ao Diálogo: Uma Proposta de Entendimento mediado pela

Comunicação 25

CAPITULO III

O ESTUDO DE CASO 28

3.1 – O campo organizacional 28

3.2 – Apresentação e Análise dos Resultados 30

3.2.1 – Divulgação de metas, objetivos e resultados 31

3.2.2 – Estímulo à expressão de opiniões, sentimentos e expectativas 32

3.2.3 – Estímulo à participação dos funcionários nas decisões da empresa 33

3.2.4 – Estimulo à participação, troca de informações e ao diálogo no grupo de

trabalho 35

3.2.5 – Caracterização da empresa 37

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3.2.6 – Comunicação entre chefes e subordinados 38

3.2.6.1 – Referente ao fornecimento de informações 38

3.2.6.2 – Sobre a avaliação do desempenho 39

3.2.6.3 – Facilidades e Dificuldades 40

3.2.7 – Facilidades e Dificuldades da comunicação na empresa 42

3.2.8 – Qualidade da comunicação 43

3.2.9 – Influência da comunicação no desempenho 45

3.2.10 – Fontes da comunicação 46

3.2.11 – Sugestões de práticas e ações facilitadoras 47

3.2.11.1 – Da comunicação com o chefe 47

3.2.11.2 – Da comunicação na empresa 48

CONCLUSÃO 50

ANEXOS 56

ANEXO 1 57

ANEXO 2 62

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 63

ÍNDICE 64

FOLHA DE AVALIAÇÃO 66

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes – Projeto A Vez do

Mestre

Título da Monografia: Comunicação nas Organizações: Do Monólogo ao

Diálogo – Um Estudo de Caso

Autor: Vanessa Figueira Dasinger

Data da entrega: Julho/ 2009

Avaliado por: Ana Paula Pereira da Gama Alves Ribeiro

Conceito: