Conexao e Triplice Identidade

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    CONEXO E TRPLICE IDENTIDADE

    1. Precisamente em 1864, h mais de um sculo, o

    Comendador Matteo Pescatore, Professor Emrito de

    Leis na Real Universidade de Turim e Conselheiro da

    Corte de Cassao sediada em Milo, no famoso, e hoje

    raro, livro Sposizione Compendiosa della Procedura

    Civile e Criminale nelle somme sue ragioni e nel suo

    ordine naturale com appendici di complemento sui temi

    principali di tutto il diritto giudiziario, editado em Turim

    pela UTET (Unione Tipografico-Editrice Torinese),

    divulgou a muito aludida, mas nem sempre lida, doutrinaa propsito della continensa di causa, cuja reproduo

    integral afigura-se indispensvel (maxime para tornar-se

    conhecida de quantos no possam ter acesso ao

    original) como antecedente do que ser dito em

    seguida.

    'Causas conexas so as que tm alguns elementoscomuns e alguns diversos; se todos os elementos forem

    comuns, disso resultaro causas idnticas e no apenas

    conexas. Se todos os elementos forem diversos, faltar

    qualquer vnculo de conexo. Ora, os elementos

    constitutivos de todas as causas so: 1.) as pessoas

    litigantes; 2.) o ttulo do litgio, isto , aquilo em que se

    apiam o pedido e a respectiva exceo; 3.) a coisa

    que se pede (personae, causa petendi e excipiendi, res);

    de onde emergem dois sumos gneros de causas

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    conexas; o primeiro, das que tm dois elementos

    comuns e s um diverso; o segundo, das que tm dois

    elementos diversos e s um comum. Cada um desses

    gneros se subdivide depois em trs espcies,

    porquanto, sendo trs os elementos, o elemento diverso

    no primeiro gnero e o elemento comum no segundopodem variar trs vezes.

    '1.) O caso da reconveno dependente do mesmo

    ttulo do autor. O locador inicia uma causa contra o

    locatrio para o pagamento do aluguel, e este, alegando

    no ter a posse da coisa alugada, ou de no a ter embom estado consoante o contrato, no somente ope a

    exceptio non impleti contractus (que no impediria a

    unidade da causa, abrangente sempre da ao e das

    respectivas excees), mas, tornando-se autor, pede,

    por via de reconveno, isto , de uma sua prpria ao

    reconvencional, que seu adversrio seja condenado a

    entregar-lhe efetivamente, e em bom estado, a coisa

    alugada. Disso resultam, assim, duas aes (mutuae

    petitiones), isto , duas causas, nas quais figuram as

    mesmas pessoas e ocorre o mesmo ttulo (o contrato de

    locao), mas diverso o objeto de uma e de outra; o

    aluguel o objeto da primeira; a posse da coisa alugada

    o objeto da outra. Por isso, a reconveno contra o

    autor originrio constitui uma causa nova mas conexa, e

    pertence sempre jurisdio do mesmo Tribunal, ou

    antes se prope no mesmo juzo, onde quer que seja

    domiciliado oru da nova causa (autor originrio).

    '2.) A reconveno, ainda que dependente de ttulo

    diverso, quando tenha por objeto uma quantia

    compensvel com a pretenso do autor. Quem me

    chama a juzo (por exemplo) para a restituio de umemprstimo, deduz na causa a prpria pretenso e

    todas as excees a ela oponveis, quais sejam as

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    excees de pagamento e de compensao. Se,

    portanto, limito-me a opor a compensao de um meu

    crdito maior, at o exato limite do valor do crdito do

    autor, a causa uma s. Mas, se, tornando-me autor, de

    meu lado proponho, por via de reconveno, que o

    prprio autor, feita primeiramente a compensao, seja,depois, condenado ao pagemento a meu favor da

    diferena a maior do meu crdito, disso emerge uma

    segunda causa (uma nova demanda), cujo ttulo o

    mesmo que j pertence primeira causa como ttulo da

    exceo. Nela figurando, pois, as mesmas pessoas, e

    ocorrendo o mesmo ttulo, o conhecimento da causa

    reconvencional (no obstante a diversidade das coisaspretendidas) pertence (como a precedente) mesma

    jurisdio e ao mesmo juzo. Assim, a compensabilidade

    unifica, faz desaparecer a diversidade originria do

    ttulo. Se a reconveno dependente de um ttulo

    diverso tivesse por objetivo uma coisa no

    compensvel, a nova pretenso no seria conexa, no

    pertenceria ao mesmo juzo e obedeceria a competncia

    normal do domiclio do ru, ou da situao da coisa,

    como se dir em breve.

    '2.) As obrigaes solidrias, uma principal e outra

    acessria. O credor cita o devedor principal em seu

    prprio domiclio, e, por conexo de causas, a tambm

    cita o fiador, embora domiciliado em comarca diversa.

    Tambm aqui as aes e causas so distintas, por

    diversidade de pessoas, mas o ttulo da demanda e as

    coisas pretendidas so comuns a uma e outra. Mas a

    jurisdio principal, do domiclio do devedor, atrai a ao

    acessria contra o fiador e no permite ao autor

    escolher. E, semelhantemente, perante o Tribunal do

    lugar em que se disputa sobre a existncia e sobre aextenso do dbito, ser, tambm, citado, por conexo

    e por acesso de causas, o possuidor do imvel

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    hipotecado, toda vez que da existncia e da extenso

    do dbito se faa depender a hipoteca.

    '3.) Todas as aes mistas, porquanto (como se

    discorreu mais acima), separada em duas a ao mista,

    o possuidor atual citado no foro da ao contratual,ou, vice-versa, a pessoa sujeita ao contratual

    citada no foro rei sitae: isso porque, nas duas causas

    distintas por diversidade de pessoas, o ttulo da

    demanda (o ttulo da aquisio ou recuperao do

    domnio) o mesmo, sendo, pois, a mesma coisa, que

    se pede por ao pessoal e real.

    '4.) As aes de garantia. O ru da causa principal

    chama, por conexo, o seu garantidor onde quer que

    seja domiciliado, isto , aquele que o deve garantir ou

    mant-lo indene; pois o ttulo produzido, e a questo

    promovida pelo molestante principal contra o garantido,

    reflete tambm sobre o garantidor, ao qual o garantido

    pede, por sua vez, nesta ou naquela forma, a mesma

    coisa. Assim, se nas duas causas, de molstia e de

    garantia, as pessoas so diversas, em ambas, porm,

    deduzem-se eadem quaestio et eadem res. verdade

    que entre o garantido e garantidor podem intercorrer

    questes particulares; mas estas, e singularmente a

    prpria questo preliminar, se o chamado em garantia a

    esta esteja realmente sujeito, obedecem, na qualidade

    de controvrsias acessrias ou incidentais, competncia da ao principal.

    'a) Espcie primeira: diverso o ttulo, diversa a coisa

    em litgio, mas figuram nas duas causas as mesmas

    pessoas. Poder o ru de uma ao de cobrana, ele

    mesmo, perante a mesma jurisdio e no mesmo juzo,propor, mediante reconveno, contra o autor, a

    restituio de coisas mveis ou imveis; ou, por sua

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    vez, estar sujeito a citar o adversrio perante seu juiz

    natural? Falta (na hiptese) a compensabilidade, que

    unifica as causas; a condio dos litigantes deve ser

    sempre igual; as demandas no so intrinsecamente

    conexas pela qualidade. Diramos, pois, ex juris ratione,

    que as duas causas obedecem cada qual a suarespectiva competncia originria. Mas o legislador,

    confrontando a utilitas com a juris ratio, cede a

    consideraes de vrios gneros. De um lado a

    economia poder aconselhar que, j iniciado um

    processo, neste sejam deduzidas todas as pretenses,

    de qualquer natureza, entre as mesmas pessoas, sem

    multiplicar os processos e as despesas; de outro lado,se pela reconveno se mover uma ao real

    imobiliria, exsurgem aquelas consideraes de todo

    especiais, que vinculam tal gnero de controvrsias ao

    juzo do foro rei sitae: e mesmo tratando-se de valores

    mobilirios, a reconveno pode ser de tal forma

    despropositada e complicada, que acarrete confuso,

    maior dispndio e retardamento indevido do processo

    originrio, se se quiser discuti-la no mesmo processo.

    Ademais, nenhum litgio deve ser admitido em juzo se

    primeiramente no for citada a parte interessada em

    contest-lo. Por essas reflexes, conquanto neguemos

    ex juris rationis a conexo de causas nas espcies

    propostas, cremos poder sugerir em sede legislativa:

    'Que por coisas e valores mobilirios, apesar de no

    compensveis, seja admitida a reconveno, no mesmo

    juzo, at mesmo pelo efeito atributivo da jurisdio,

    desde que, porm, da respectiva demanda seja citada a

    parte e no apenas intimado o advogado, para tanto

    desprovido de mandato, e, alm disso, se atribua ao

    Tribunal a faculdade de, conforme as circunstncias,desentranhar a reconveno e remet-la a um processo

    separado, assim como est previsto para as prprias

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    causas de garantia, que, no entanto, so

    verdadeiramente conexas 2.

    '2.) O caso de vrios herdeiros domiciliados em

    comarcas diversas, sucedendo a um s devedor, entre

    os quais o dbito se divide de pleno direito. A lei, porm,j prev o caso e declara que a ao do credor deve ser

    ajuizada integralmente contra todos os herdeiros em um

    nico foro, isto , no foro do inventrio, ou seja, o do

    ltimo domiclio do devedor defunto, contanto, porm,

    que o credor aja enquanto dura a indiviso, e, no caso

    de herdeiro nico, dentro de um ano de abertura da

    sucesso 3.

    'Advertimos, todavia, que nas aes imobilirias o

    interessado sempre pode encontrar um foro comum a

    todos os pretendentes, valendo-se do foro da situao

    da coisa. Para as aes mobilirias no cremos,

    verdadeiramente, que apenas a identidade do objeto

    deva derrogar, de modo absoluto e imperativo para

    todos os casos, as normas da competncia ordinria;

    que, se o legislador na infinita variedade dos casos

    contingentes cr dever outorgar aos Tribunais um poder

    discricionrio para ser por eles usado segundo as

    circunstncias, deve declar-lo com exatido e

    claramente e no de forma hipottica, geral e incidente

    5.

    visvel a distino de significados que esses

    vocbulos refletem; 'comum' no sinnimo de

    'idntico', no entanto, 'mesmo' significa 'idntico'. Disso

    resulta, sem sombra de dvida, que a lei subordina a

    admisso da litispendncia e da coisa julgada ocorrncia de identidade de partes, de pedido e de

    causa de pedir, o que tambm sucede relativamente

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    continncia quanto s partes e causa de pedir, visto

    como essa identidade ser to-s parcial no que tange

    ao pedido, que em uma causa mais amplo e por isso

    contm o outro (ou outros), no havendo identidade,

    portanto, naquilo em que o maior excede o menor.

    No caso da continncia ocorre o mesmssimo

    fenmeno. A pretenso menos ampla fica abrangida

    pela mais ampla. Dessarte, se a primeira a ser

    formulada em juzo for a maior, nela estar contida a

    menor e no ser possvel reproduzi-la enquanto pender

    o processo (litispendncia), tampouco depois de

    encerrado por sentena que Ihe tenha apreciado omrito (coisa julgada). Se a pretenso formulada em

    primeiro lugar, porm, for a menor, a maior poder ser

    formulada subseqentemente, tanto durante a

    pendncia, quanto aps o encerramento do processo

    anterior, mas to-s no que concirna poro

    excedente, isto , a poro do objeto que, por ser mais

    amplo, no est contida na pretenso j ajuizada. Neste

    caso, se o processo alusivo primeira causa ainda est

    pendente, a ele dever ser reunido o novo, no qual ser

    apreciada a parcela excedente, que ultrapassa o objeto

    da primeira causa. Se o processo em que foi apreciada

    a primeira j se encerrou com julgamento de mrito e a

    sentena passou em julgado, no segundo processo s

    ser possvel examinar a poro excedente, no

    alcanada pela sentena anteriormente prolatada. Por

    isso corrente a opinio que considera a continncia

    um caso de litispendncia parcial ( possvel,

    analogicamente, falar em coisa julgada parcial). Nada

    disso ocorre, todavia, com a conexo.

    Para que esta se caracterize indiferente que oselementos 'comuns' sejam, ou no, idnticos. Tanto

    poder ocorrer identidade entre um, ou dois, deles,

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    como poder dar-se de serem 'comuns', isto ,

    semelhantes. A comunho, ou semelhana, pode levar

    identidade parcial. Assim que so 'comuns' as

    'aes' se em uma delas a causa petendi mediata for a

    mesma, embora seja diversa a causa petendi imediata.

    O mesmo acontecer se o pedido mediato for idntico,conquanto o pedido imediato seja diverso. Nesses

    casos haver identidade, em parte, e semelhana

    ocorrer quanto ao todo.

    Realmente, para que se admita a ocorrncia da coisa

    julgada, ou da litispendncia (assim como dacontinncia), natural que se deve tratar de uma s

    pretenso; se fossem duas, embora conexas, e uma

    ficasse subtrada apreciao do Poder Judicirio,

    estaria infringida a norma constitucional do art. 153,

    4.. O mesmo no ocorre no que tange conexo, que

    somente proporciona a reunio de processos, sua

    cumulao ou o cabimento da reconveno, sem que

    disso resulte impedimento apreciao de todas as

    pretenses submetidas aos rgos jurisdicionais.

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