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Conferência reúne 80 especialistas e uma plateia de cerca de 500 pessoas Debate sobre mudanças climáticas resulta em proposta Entrevistas com o norueguês Erik Solheim e o indiano Dipak Dasgupta Com a palavra: cientistas, economistas, gestores públicos e setor privado Jornal Rio Clima 2017 Rio 92: a história do encontro mundial contada por quem a escreveu

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Conferência reúne 80 especialistas e uma plateia de cerca de 500 pessoasDebate sobre mudanças climáticas resulta em proposta

Entrevistas com o norueguês Erik Solheim e o indiano Dipak Dasgupta

Com a palavra: cientistas, economistas, gestores públicos e setor privado

Jornal Rio Clima 2017

Rio 92: a história do encontro mundial contada por quem a escreveu

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Nos dias 13 e 14 de junho, a Conferência Rio Clima 2017 reuniu mais de 80 especialistas, entre acadêmicos, gestores públicos, representantes da área científica e do setor privado para debate, no Centro de Convenções da FIRJAN, no Rio de Janeiro. O encontro internacional – com a presença de franceses, americanos, indianos, brasileiros, noruegueses e italianos – foi organizado pelo Centro Brasil no Clima, o Instituto OndAzul e o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Na plateia, mais de 500 participantes estiveram atentos aos painéis de debates.

O tema-chave proposto foi “a descarbonização da economia”, mas o evento também foi marcado pela comemoração dos

25 anos da Rio92 e das bodas de prata da Convenção do Clima. Um dos resultados esperados para esta 4ª edição do Rio Clima, evento que já entrou para o calendário da cidade, foi alcançado: “tivemos aqui ministro, secretários, um representante da Casa Civil e mais gestores, isso só do governo federal. Reunimos especialistas internacionais, representantes de empresas privadas de setores estratégicos, como o de energia e de bancos. Foi um debate de altíssimo nível, com muitos questionamentos e, sobretudo, comprometimento”, diz o secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e diretor-executivo do Centro Brasil no Clima, Alfredo Sirkis, à frente da Convenção.

Jornal Rio Clima 2017Realização: Instituto OndAzul, Centro Brasil no Clima e Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas Coordenação: André EstevesProjeto editorial: Gesto Comunicação e 3º SetorTextos e entrevistas: Lilia Giannotti, Cecília Corrêa e Mônica Corrêa Fotos: Marcelo de Jesus

4ª edição da Conferência Rio Clima reúne time de primeira de especialistas

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Mesa de abertura: José Antônio Marcondes, do ministério de Relações Exteriores, Erik Solheim, diretor executivo da ONU Meio Ambiente, Laurent Bili, embaixador da França, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan, José Sarney Filho, ministro do Meio Ambiente, Alfredo Sirkis, secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, e Maria Eduarda Berto, secretária municipal de Fazenda do Rio de Janeiro.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro - Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, abriu a Conferência afirmando que o tema mudanças climáticas precisa ser prioritário para governos, indústria e sociedade.

“A Firjan assinou os compromissos do Acordo de Paris, e quando vemos o presidente norte-americano retirar os Estados Unidos do Acordo e as empresas daquele país se posicionando contra a decisão, fica claro que o tema não é secundário e não pode ser tratado como tal. A indústria brasileira tem dado exemplos extraordinários de adaptação a essa nova consciência”.

Em seguida, foi exibido um vídeo com depoimentos da ex-secretária executiva da UNFCCC, Christiana Figueres, e do Nobel da Paz, Al Gore, que afirmou: “a Rio92 foi o primeiro passo coletivo e global para fazer frente às mudanças climáticas. Nunca vou me esquecer do Rio e daquela vontade de mudar que é, ela própria, uma energia sempre renovável”.

De fato, aquele evento, há 25 anos, duraria uma semana e mudaria a história climática mundial. “Foi a primeira vez que a humanidade, de forma coletiva e multilateral, adotou uma ação contra as mudanças climáticas. Na ocasião, foram assinadas a Convenção do Clima, a

Convenção da Desertificação, a Agenda 21, e ainda abriu caminho para que meses depois fosse assinada a Convenção da Biodiversidade”, disse Sirkis.

O embaixador José Antônio Marcondes de Carvalho, subsecretário de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Ministério de Relações Exteriores foi categórico: “em meio às mudanças geopolíticas internacionais, que podem afetar o desenvolvimento do trabalho climático mundial, é imprescindível compreender que esta não é uma agenda apenas ambiental, mas, sobretudo, é uma agenda econômica e assim deve ser tratada pelos governos e a sociedade”.

Representando o prefeito Marcelo Crivella, a secretária de fazenda, Maria Eduarda Berto afirmou que há uma área estratégica para o tema: “cotidianamente pensamos ações e mecanismos para promover uma cidade sustentável. As cidades consomem dois terços da energia e são responsáveis por 70% das emissões de gases. Estamos fazendo parcerias setor público-privado para mudar, por exemplo, o parque de energia pública, e vamos criar o IPTU Verde, com incentivos para os imóveis sustentáveis”.

Logo após a cerimônia de abertura, o Ministro de Estado das Relações Exteriores da Rio92, Celso Lafer fez uma linha do tempo dos últimos 25 anos.

Ministro, embaixadores, convidados internacionais e gestores públicos falam na abertura

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O que o Brasil está fazendo?

Talvez sejamos o único grande país em desenvolvimento que assumiu metas absolutas de redução e não pediu contrapartidas. O que demonstra que o Brasil realmente deseja assumir a liderança nessa mudança para uma economia de baixo carbono.

Mas e o desmatamento?

Uma das formas mais precisas de conter o desmatamento ainda é a fiscalização. Não podem faltar recursos para combustível de helicóptero, por exemplo. O agronegócio cresceu e há uma relação direta entre o crescimento da pecuária e o desmatamento da Amazônia. Em contrapartida, ICMBio e Ibama voltaram às operações e conseguimos mais recursos adicionais do Fundo da Amazônia, com isso, a curva do desmatamento já começou a ceder. Essa deve ser a nossa maior contribuição para cumprir o Acordo de Paris.

E quanto às energias limpas?

Os incentivos ao carvão e a combustíveis fósseis foram retirados da nossa legislação. O setor energético entrou na regularidade. Na semana do Meio Ambiente, ampliamos em quase quatro vezes o Parque da Chapada dos Viadeiros. Mas ainda temos muito o que fazer.

José Sarney FilhoMinistro de Meio Ambiente

Muitos dos que estiveram presentes à 4ª edição do Rio Clima, foram protagonistas da Conferência, realizada há 25 anos, e dos eventos que a precederam. O painel Rememorando a Rio92 reuniu depoimentos de cinco testemunhas desta importante façanha da história mundial.

O diplomata Marcílio Marques Moreira, na época ministro da Fazenda e do Planejamento, relembra: “o Brasil era considerado desorganizado, pirata e incendiário. Foi um grande esforço fazer a transformação de um país desmatador para o anfitrião da primeira conferência climática mundial”.

Um dos mais significativos legados da Rio92 foi a participação da sociedade, como lembra Roberto Smeraldi, que na ocasião foi presidente do Comitê Internacional da Sociedade Civil. “As ONGs puderam participar de todas as negociações, o que até então era inédito. Organizamos 140 reuniões preparatórias, no mundo inteiro, em cada um dos países que fariam parte do acordo, com a produção de um documento da sociedade civil, entregue às autoridades, no Rio de Janeiro”.

O cientista político Tony Gross, diretor do Instituto Socioambiental - ISA, foi um dos mentores do Fórum Global 92, evento paralelo à conferência oficial. “Durante dois anos fomos trabalhando junto às ONGs e construímos uma aliança que reuniu mais de 200 entidades representando todos os setores. O Fórum reuniu 17 mil organizações de 180 países, em 48 tendas, com centenas de atividades e mais de 400 mil participantes. Para um evento que inicialmente seria apenas intergovernamental, fomos um marco”.

Também cientista político, Israel Klabin, presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável - FBDS, afirmou: “Sobre este grupo aqui reunido, somos companheiros de jornada e por isso nosso desafio não é só lembrar do passado, mas sim pensar no futuro. Estamos trabalhando num cenário de desorganização dos modelos econômicos, sociais e políticos. Temos obrigação de procurar uma nova ética, com a inclusão social como objetivo principal. Nosso desafio está muito mais na esfera humanística do que climática”.

A história da Rio92 contada por quem ajudou a escrevê-la

Para fechar o debate, o astrofísico Luiz Gylvan Meira Filho contou como esteve envolvido na preparação da Rio92. “A primeira reunião, realizada perto de Washington, em 1990, se chamava INC (Intergovernmental Negotiating Committee), estabelecida pela Assembleia Geral da ONU. Em dois anos, o texto da Convenção do Clima foi redigido e aberto ao público. Desde lá, os cientistas fizeram um progresso espetacular registrado no IPCC. Muito dinheiro foi gasto pelo Governo Federal com melhores sistemas de observação, mais estações e satélites artificiais. Mas os impactos ainda virão. Estamos adaptados ao clima atual e isso levou séculos. Caso o clima fique diferente, ficaremos mal adaptados. É preciso evitar esse quadro”.

O Fórum Global 92 reuniu 17 mil ONGs, de 180 países, e 400

mil participantes, em centenas de

atividadesTony Gross

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“A área econômica é tão importante para o clima, quanto à ambiental. Precisamos discutir mecanismos econômicos para a descarbonização”, Alfredo Sirkis, secretário-executivo do FBMC

“Temos que desenvolver instrumentos dentro de uma política doméstica de clima, que sirvam como sinalização para os agentes econômicos”, Aloisio Melo, coord. de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Ministério da Fazenda

“Mais do que um momento de celebração, este deve ser um momento de reflexão e ação. Tudo começou nesta cidade, onde a Convenção do Clima foi assinada. Hoje, precisamos de soluções imediatas e de longo prazo”, embaixador José Antônio Marcondes

“O conceito de desenvolvimento sustentável, consagrado na Rio92, é holístico e resume o que se tem de maior valor na nossa luta pelo combate às mudanças climáticas”, Ministro de Estado das Relações Exteriores da Rio92, Celso Lafer

O ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, abriu o debate do painel A governança climática no Brasil, o que muda com o Acordo de Paris? e falou de como a adoção de políticas públicas pode ter efeito em pontos determinantes, como a redução do desmatamento e a questão dos lixões nas cidades.

Também compondo a mesa, a secretária-adjunta do FBMC, Natalie Unterstell, afirmou: “temos 30 instâncias do governo federal, que atuam no tema. Fizemos um diagnóstico delas para avaliar eficácia e transparência na atuação, sobreposições, e assim

entender que governança é essa. Ainda precisamos avançar muito”.

Para Rachael Biderman, diretora-executiva da WRI Brasil, a governança climática brasileira aponta para uma ineficiência das estruturas. “Faltam ambição, penetração e transparência. Temos uma lei florestal de 2012 que até hoje não foi regulamentada, isso atrapalha nossa economia. Somos líderes em legislação ambiental, mas quando parte para execução, nada se faz. China e Índia estão se colocando como líderes da revolução energética. E o Brasil?”

André Andrade, da Casa Civil, afirmou: “temos que pensar que há

Que tipo de governança queremos para o Brasil?

uma nova complexidade: como vamos destravar R$ 90 trilhões, até 2035, para infraestruturas verdes? O debate se tornou complexo e a governança se tornou complexa. A governança climática precisa ser integrada e ultrapassar os limites do MMA para outros ministérios. Já começamos esse processo”.

Eduardo Viola, pesquisador da Universidade de Brasília, fechou o painel: “levamos o debate à fronteira da ciência, da tecnologia e de instrumentos de transformação. Essa convenção pode produzir novas regras, onde predominam os interesses públicos e comuns.”

Levamos o debate à fronteira da ciência, da tecnologia e de

instrumentos de transformação. Este

Essa convenção pode produzir novas regras, onde predominam os

interesses públicos

Eduardo Viola

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“Mais de 70% das emissões dos gases de efeito estufa são gerados nas cidades. Temos que pensar em modelos de eficiência energética, a partir dos municípios”, Maria Eduarda Berto, secretária municipal de Fazenda do Rio de Janeiro

“Precisamos de um preço forte de carbono, porque a transição para uma economia de baixo carbono vai acontecer. Só não sabemos quando e como. Por isso, atribuir valor à descarbonização é tão importante", Emilio La Rovere, pesquisador da Coppe-UFRJ

“É preciso garantir que o mundo continue comprometido com a agenda do clima. Temos que discutir inovações financeiras e energias de transição, particularmente em países emergentes”, Vincent Aussilloux, chefe de Economia-Finanças da France Strategie

Descorbonização da economia: como financiá-la?

Três trilhões de Dólares por ano. Esse é o montante estimado para promover a descarbonização da economia mundial. Num cenário de governos com déficits e altos níveis de endividamento, e com o dinheiro do mundo no setor privado e aplicado de forma especulativa, como fazer para financiar o processo rumo a uma economia de baixo carbono? Responder essa e outras questões foi o desafio do painel Mecanismos econômicos para a descarbonização.

“É preciso um novo modelo de negócios que permita canalizar

investimentos para atividades sustentáveis. Estamos trabalhando na articulação de uma estratégia nacional”. Essa é a aposta de Everton Lucero, Secretário de Mudança do Clima e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, que foi da equipe negociadora do Acordo de Paris e, junto com Alfredo Sirkis, conseguiu introduzir o parágrafo 108, aquele que reconhece valor econômico nas ações de mitigação e no carbono-menos.

Também do governo federal, Aloisio Melo, coordenador geral de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas

do Ministério da Fazenda, disse: “a precificação positiva de carbono pode trazer muitas oportunidades, mas é uma questão complexa. Do ponto de vista da economia real e das políticas de países, usar um instrumento econômico-ambiental é viável e já existe, a exemplo dos tributos de carbono. Para avançar, temos que desenvolver uma política doméstica de clima”.

Rogério Studart, que foi representante do Brasil no Banco Mundial e hoje está no think tank Bookings Institution, acredita que as transformações necessárias para se manter o planeta sustentável

são muitas. “Economicamente, será preciso mudar as formas de produção e de consumo. Isso é uma imensa oportunidade econômica. O governo deveria criar plataformas para alavancar o investimento privado”.

VikramWidge, chefe da Iniciativa de Finanças Climáticas e Carbono do International Finance Corporation, e Vincent Aussilloux, chefe de Economia-Finanças da France Strategie, e Marina Gross, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), também compuseram a mesa debatedora.

É preciso um novo modelo de negócios

que permita canalizar investimentos

para atividades sustentáveis. Estamos

trabalhando na articulação de uma estratégia nacional

Everton Lucero

“Precisamos formular soluções para problemas complexos, o que é impossível se não tivermos um grupo como o reunido aqui. Os debates são de altíssimo nível”, Sergio Xavier, secretário de Meio Ambiente do Estado de Pernambuco

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“O Rio Clima reintroduz no cenário nacional a importância que tem o Brasil na questão das mudanças climáticas. Para uma economia de baixo carbono dar certo no país, devemos zerar o desmatamento ilegal”, Marina Grossi, presidente do CEBDS

“Debatemos sobre políticas públicas e a influência do setor financeiro sobre o tema. Construimos recomendações e instrumentos que precisam ser aplicados”, Vikram Widge, chefe de Finanças Climáticas e Carbono do International Finance Corporation

Inovação tecnológica: Brasil está atrasado?

Os caminhos e os gargalos em termos de inovação nos diversos setores brasileiros foram abordados no painel Inovação tecnológica para a descarbonização, desafios globais e específicos, mediado pela jornalista Sonia Araripe, editora da Revista Plurale.

Suzana Kahn, cientista do IPCC, abriu o painel: “acho extremamente preocupante o Brasil não ter nenhuma menção à inovação, ciência e tecnologia, em sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC). A bioeconomia, por exemplo, pode ser a chave para o desenvolvimento da agricultura, e o país poderia investir nessa área, mas ainda discutimos o uso de etanol. O Brasil precisa repensar a importância do papel da tecnologia e da inovação”.

O pesquisador e professor do Coppe-UFRJ, Roberto Schaeffer, questionou qual é a ambição do setor energético e em que prazos o país quer alcançá-la. “Se o Brasil quer ajudar o mundo a ir para um caminho de mínimo

custo e cumprir os dois graus até 2050, esquece biocombustíveis, porque o país terá que ter 100% de carros elétricos. A inovação tecnologia é muito importante para o cenário de mudanças climáticas, mas é preciso saber em que horizonte de tempo estamos falando e no que apostar”.

Sergio Leitão, do Instituto Escolhas, propôs uma reflexão: “em um país com 14 milhões de desempregados, inovação para que ou para quem? O problema é dinheiro para investir ou é a falta da um projeto? Nosso desafio é fazer com que o clima tenha a prioridade necessária”.

Secretário de Meio Ambiente do Estado de Pernambuco, Sergio Xavier, mostrou exemplos de como um governo estadual pode trabalhar para ajudar o Brasil a cumprir suas metas climáticas. “Estamos experimentando um conjunto de inovações interligadas: carro elétrico, energia solar e eólica, aplicativos e sistemas de compartilhamento de espaços das cidades. Trata-se de um conjunto de políticas públicas em prol do clima. Essa é nossa aposta”.

“Este não é um momento de celebração, é um momento de apreensão. Precisamos discutir e debater sobre governança. O Brasil precisa levar o clima mais a sério”, Rachel Biderman, diretora executiva da WRI Brasil

“Estamos em luta contra as mudanças climáticas, e o Rio Clima é um momento para mobilizar e mostrar que apesar das dificuldades, o Acordo de Paris está muito vivo e que vamos avançar”, Laurent Bili, embaixador da França no Brasil

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Erik Solheim

O norueguês é diretor executivo da ONU Meio Ambiente

Clima e Economia

Vamos começar a enxergar a dimensão financeira do clima mundial em uma escala massiva. Há uma dimensão financeira, com bancos, investimentos, orçamentos e governos que precisa se envolver com a agenda do clima, no nível das cidades e de empresas privadas.

Acordo de Paris e EUA

Os EUA saíram do Acordo de Paris e mesmo sendo uma

EUA sai do Acordo de Paris

O impacto não é tão grave. Nações-chave como China e Índia concordaram em continuar com o acordo e vão alcançar as metas, mais rápido do se imagina. Europa também concordou em dar continuidade, assim como Japão, Rússia, Canadá e Brasil. Além disso, as grandes empresas americanas estão comprometidas com o acordo.

Se o Brasil, os Estados Unidos, a China e todos os

Dipak Dasgupta

Economista indiano, foi 17 anos do Banco Mundial e é fundador do Fundo Verde para o Clima

potência, estão na contramão, pois a economia mundial não concorda com essa decisão.

Mudanças climáticas e pobreza

Este é o motivo pelo qual eu atuo em mudanças climáticas: as pessoas pobres. Clima e política são absolutamente centrais por dois motivos: poder realizar projetos que possam ajudar futuras gerações e criação de novos empregos. Algo em torno de 9 milhões de empregos estão sendo criados pelo clima, neste momento.

países trabalharem juntos, as questões climáticas ganharão força e as práticas para diminuir as mudanças funcionarão.

25 anos da Conferência

São duas lições importantes: 1) nenhuma nação pode resolver os problemas climáticos sozinha, apenas juntos conseguiremos sucesso. 2) temos que trazer o meio ambiente, sociedade e economia juntos como uma agenda global.

Especialistas propõe documento pós-Rio Clima

O painel de encerramento do primeiro dia de trabalho foi mediado por Aspásia Camargo, com recomendações para florestas e agropecuária, energia, mobilidade, indústrias e cidades.

No debate final, Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima observou: “o que é destinado ao Plano de Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC) é irrisório. Como vamos avançar?”. Também na mesa, Ana Toni, do Instituto Clima e Sociedade afirmou: “no Brasil, a agenda do clima ganhou força e tornou-se também uma agenda econômica, mas ainda distante da sociedade e

do Congresso Nacional”. Com uma visão otimista, Luís Pinguelli Rosa, da Coppe-UFRJ, destacou um ponto positivo na política brasileira do clima: “Avançamos muito quanto à energia eólica no país e isso deve ser comemorado”. O segundo dia de trabalho, 14 de junho, foi marcado por uma reunião fechada que começou às 9 horas da manhã e só foi encerrada perto das 18 horas. O tema era “novos caminhos para descarbonização da economia”. Em uma mesa modelo ONU, 33 especialistas debateram à exaustão sobre possíveis caminhos rumo a uma economia de baixo carbono.

“Desse encontro, saíra uma carta de recomendações para que possamos avançar na contenção do aquecimento do planeta, contribuindo para mudar o quadro, que hoje é aterrador. Temos que nos comprometer e agir já. Não é possível protelar a questão climática”, garante Alfredo Sirkis.