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17 e 18 de maio de 2016
ISSN 2358-0070
CONHECENDO AS PROFISSÕES: a Valorização do Profissional na Sociedade
Carolina Santos Caldas1
Heráclito Gomes de Oliveira2
Maria Aparecida Ferraz Silva3
Msc. Carla Daniela Kohn4
Dra. Maria Auxiliadora Santos 5
Dra. Maria Aparecida Souza Couto6
RESUMO
O presente projeto possibilitou que os alunos da educação infantil discutissem sobre o tema profissões, buscando promover o conhecimento e a valorização dos profissionais. Utilizou como pressuposto metodológico a linha de pesquisa-ação, de cunho qualitativo para responder à questão: Como as crianças formam seus conceitos de mundo na educação infantil? Para tanto, utilizamos como ponto de partida, o conhecimento empírico existente, a fim de construir um conhecimento científico, promovendo assim, uma mudança do perfil conceitual. Para fomentar tal discussão alguns questionamentos foram feitos: Quais profissões vocês conhecem? O que vocês querem ser quando crescerem? Os questionamentos atenderam as demandas proposta pelo objetivo geral: Possibilitar que as crianças conheçam as diferentes profissões e sua contribuição para a sociedade. Assim como, os objetivos específicos: Conhecer as profissões e identificar os profissionais que as desempenham; Promover e estimular a linguagem oral e escrita; Trabalhar a coordenação motora. Na fundamentação, foram utilizados diversos recursos teóricos, para embasar a discussão proposta no projeto. A execução foi dividida em etapas com o intuito de estimular a discussão, os questionamentos e a realização das atividades. Os resultados permitiram comprovar que não houve apenas uma substituição de ideias, mas uma evolução do processo de ensino-aprendizagem, promovendo uma mudança conceitual.
1 Graduanda do curso de pedagogia da Faculdade Amadeus, email: [email protected].
2 Graduando do curso de pedagogia da Faculdade Amadeus, email: [email protected].
3 Graduanda do curso de pedagogia da Faculdade Amadeus, email: [email protected].
4 Orientadora do curso de Pedagogia da Faculdade Amadeus, email: [email protected].
5 Orientadora do curso de Pedagogia da Faculdade Amadeus, email: [email protected].
6 Orientadora do curso de Pedagogia da Faculdade Amadeus, email: [email protected].
FAMA – Faculdade Amadeus
II Encontro Científico Multidisciplinar – Aracaju/SE – 17 e 18 de maio 2016
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Palavras-chave: Educação Infantil. Profissões. Pedagogia de Projetos.
ABSTRACT
This project enabled students from kindergarten to discuss on the subject professions, seeking to promote knowledge and appreciation of professionals. Used as a methodological assumption the line of action research, a qualitative approach to answer the question: How do children form their concepts of the world in early childhood education? Therefore, we use as a starting point, the existing empirical knowledge in order to build a scientific knowledge, thus promoting a change of conceptual profile. To foster this discussion some questions were made: What professions do you know? What do you want to be when they grow up? The challenges met the demands proposed by the general objective: To allow children to know different professions and their contribution to society. As well as the specific objectives: Know the professions and identify the professionals who play; Promote and encourage the oral and written language; Working motor coordination. In the grounds, several theoretical resources were used to support the discussion proposed in the project. The execution was divided into stages in order to stimulate discussion, questions and performing activities. The results prove that there was not only a place of ideas, but an evolution of the teaching-learning process, promoting a conceptual change. Keywords: Child education. Professions. Project pedagogy. 1 INTRODUÇÃO
O trabalho realizado se deu através de um projeto didático multidisciplinar
envolvendo as disciplinas de Linguagem oral e escrita na educação Infantil, Natureza e
Sociedade e Ludicidade e movimento. O tema profissões foi escolhido por acreditarmos
que é essencial que as crianças conheçam e saibam da importância desses profissionais
para o bem estar da vida em sociedade.
O presente estudo promoveu discussões que valorizassem a importância das
profissões na sociedade, tendo em vista, que é nos primeiros anos de vida que o contato
com o mundo permite que às crianças construam conhecimentos práticos sobre o seu
entorno. A esfera do cotidiano é parte da vida do indivíduo, contudo é necessário
transformar o saber empírico em conhecimento cientifico, promovendo uma mudança do
perfil conceitual.
Dentro desse contexto questionou-se qual o papel da profissionalização de
algumas atividades humanas na sociedade, por acreditar que é de fundamental
importância possibilitar às crianças o conhecimento sobre o meio social que a cerca,
transmitindo valores e princípios. Este Projeto busca responder a questão: Como as
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crianças formam seus conceitos de mundo na educação infantil? Para tanto, utilizamos o
tema profissões como o elemento introdutório da nossa análise.
Neste sentido, o presente artigo tem por objetivo geral: Possibilitar que as crianças
conheçam as diferentes profissões e sua contribuição para a sociedade. Assim como, os
objetivos específicos: Desenvolver conhecimento sobre a vida social; Conhecer as
profissões e identificar os profissionais que as desempenham; Transmitir valores para a
formação moral e social da criança; Promover e estimular a linguagem oral e escrita;
Trabalhar a coordenação motora.
Justificou-se a pesquisa pelo fato dos Parâmetros Curriculares Nacionais para
Educação Infantil orientarem e valorizarem os temas transversais, neste aspecto, o
conhecimento sobre as profissões favorecem a construção da identidade pessoal, além
desenvolver atitudes de respeito e cooperação com as pessoas em suas diferentes
funções.
A fim de embasar a discussão proposta no projeto foram utilizados diversos
recursos, conforme descrição a seguir. A parte teórica foi feita através de levantamento e
análise bibliográfica (livros, monografias, artigos científicos, sites, etc.) com o objetivo de
subsidiar os pressupostos teóricos da pesquisa.
O método de abordagem que melhor se adéqua ao nosso objeto é a pesquisa-ação
de cunho qualitativo:
Quando não emprega procedimentos estatísticos na abordagem da pesquisa. É utilizada para investigar um determinado problema de pesquisa, cujos procedimentos estáticos não podem alcançar devido à complexidade do problema como: opiniões, comportamentos, atitudes dos indivíduos. (RODRIGUES, 2011, p. 55).
Na parte prática foi utilizada a linha de pesquisa-ação (THIOLLENT, 1986), que se
deu através da análise da aplicação do Projeto Didático “Conhecendo as Profissões”,
realizado com alunos de três anos de idade do Externato São Francisco. A coleta de
dados foi feita através de observação direta intensiva, a qual “utilizará os sentidos na
obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consistirá apenas em ver e ouvir,
mas também em examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar.” (MARCONI e
LAKATOS, 2014).
Sendo assim, o momento de execução do projeto foi dividido em etapas que
buscaram estimular a discussão e os questionamentos sobre o tema “Conhecendo as
profissões”.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
O Referencial Curricular Nacional (BRASIL, 1998b) esclarece que a educação tem
um papel marcante no desenvolvimento da criança e na construção de conhecimentos.
Embora as crianças desenvolvam suas capacidades de maneira heterogênea, a educação tem por função criar condições para o desenvolvimento integral de todas as crianças, considerando, também as possibilidades de aprendizagem que apresentam nas diferentes faixas etárias. (BRASIL, 1998b, vol.3, p.47).
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998) tem um
caráter instrumental e didático, onde o professor tem sua prática educativa orientada.
Pois, a construção do conhecimento acontece de maneira integrada e global, onde existe
uma inter-relação dentro dos eixos sugeridos a serem trabalhados com as crianças.
Portanto, para que a criança seja atuante, faz-se necessário promover atividades
que envolvam ações de observações, levantamento de hipóteses, registros, enfim, que
mobilizem sua estrutura cognitiva e motora. Sendo assim, para o pleno desenvolvimento
da capacidade da criança, são utilizados, a elaboração de escrita e argumentos,
movimentos e inserção social.
Sendo assim, é objetivo fundamental da escola proporcionar a modificação dos
esquemas do conhecimento. “Toda modificação obriga a reorganizar os esquemas
prévios, mesmo que de modo parcial, fazendo com que sejam cada vez mais organizados
e previsíveis, mais capazes de atribuir significado à realidade em alto grau”. (MAURI,
2004, p.98).
Tornar visível o que por vezes está invisível é que torna o ensino de ciências mais
prazeroso, contudo requer do profissional, informações mais especializadas a fim se
subsidiar os questionamentos que surgirão a partir destas situações. Desse modo,
(HARLAN e RIVKIN, 2002) coloca que:
Ao descobrirem a ciência, os aprendizes buscam informações de maneira dinâmica. Independentemente do nível de sofisticação, seja em um laboratório, seja na escola infantil, a ciência é uma forma de pensar e obter conhecimento com quatro etapas relacionadas: 1. Observar (dar-se conta do problema). 2. Perguntar-se o motivo (formular hipóteses, propor explicações). 3. Descobrir (experimentar e observar). 4. Partilhar o resultado com outras pessoas. (HARLAN e RIVKIN, 2002, p. 44).
Ainda segundo os autores, as atividades científicas podem ser descritas através de
métodos e processos utilizados na ação cientifica: observar, classificar, medir, comunicar,
experimentar, prever, inferir, planejar investigações, interpretar e elaborar explicações a
partir dos dados. Propiciar que as crianças conheçam o mundo ao seu alcance
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organizando materiais de modo que elas possam explorar, questionar, raciocinar e
descobrir respostas através de suas próprias atividades físicas e mentais é uma das
melhores formas de auxiliar a criança na busca pelo conhecimento. Para que haja
qualidade numa pesquisa cientifica é preciso que as perguntas geradas tenham um
propósito:
Da mesma forma que a qualidade da pesquisa científica depende de serem feitas perguntas que valham a pena, a qualidade da aprendizagem através da descoberta das ciências é indiretamente orientada pelas perguntas úteis. Perguntas que admitam várias respostas funcionam como geradoras de várias respostas apropriadas (divergência). (HARLAN e RIVKIN, 2002, p.49)
Portanto, para que a criança seja atuante, faz-se necessário promover atividades
que envolvam ações de observações, levantamento de hipóteses, registros, enfim, que
mobilizem sua estrutura cognitiva e motora.
Contudo, uma questão central do ensino de ciências está na transição do
conhecimento de natureza cotidiana em um conhecimento mais rigoroso e por que não
dizer científico. A essa transição cunha-se a expressão “mudança conceitual”, na qual se
faz pensar numa ruptura entre o conhecimento existente de maneira espontânea e o que
a ciência determina. Nesse sentido, (ESPINOZA, 2010) diz:
A mudança conceitual será possível por meio de um longo processo que levará a racionalidade científica cuja aquisição não pode ser vista como enriquecimento, aprofundamento ou aperfeiçoamento da lógica do dia a dia. Nesse sentido, para uma proposta de ensino é importante não apenas almejar uma meta, o final do trajeto, mas se deter nesse processo de reorganizações do pensamento que assume maior ou menor proximidade com o conhecimento produzido pela ciência. (ESPINOZA, 2010, p.71)
Com o propósito de apoiar a ideia multidisciplinar como um elemento integrador à
construção de conhecimento, é que lançamos mão das diversas disciplinas do eixo do
referencial curricular. Dentro da perspectiva da linguagem oral e escrita, percebemos que
a interação da criança com novos conhecimentos amplia o domínio e o uso da linguagem.
A roda de conversa é um instrumento bastante utilizado no ensino ou prática
pedagógica para socialização dos conhecimentos dos alunos. Através da roda de
conversa as crianças têm a oportunidade de expressar seus pensamentos de maneira
informal, e ampliar as competências comunicativas. Segundo (OLIVEIRA, 2005), a roda
de conversa na rotina da criança tem por finalidade promover o desenvolvimento da
comunicação, pois é uma peça importante no dia-a-dia das atividades com os educandos,
afinal através da conversa torna-se possível a aprendizagem de várias competências.
A roda de conversa é também um momento de grande interação, por isso requer
intencionalidade educativa e planejamento, é importante que o professor esteja atento a
fala das crianças, para ser mediador e participante, atribuindo sentido a mesma. No
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projeto em questão, a roda de conversa foi utilizada com intencionalidades diferentes,
inicialmente a prática pedagógica serviu como recurso para promover a socialização do
conhecimento apresentado por parte dos alunos, assim como, para fundamentar e
aprofundar o conhecimento a cerca do tema proposto. Posteriormente a roda de conversa
foi utilizada também, como ferramenta para avaliar se o conteúdo apresentado tinha sido
de fato apreendido pelos alunos.
Dentro da perspectiva da linguagem oral e escrita, percebemos que a interação da
criança com novos conhecimentos amplia o domínio e o uso da linguagem. De acordo
com (COSTA, 2012) “é na interação com o outro por meio da linguagem, que as crianças
buscam a compreensão das práticas sociais do mundo em que vivem.”
A escola é o ambiente responsável por criar espaços para que as manifestações da
expressão infantil aconteçam e a construção do conhecimento de processe. Contudo o
aprendizado é uma ação social. A aprendizagem da leitura e da escrita é pautada na
necessidade da criança de compreender o mundo no qual está inserida.
[...] A criança aprende através da mediação dos “outros”. O processo de aprendizagem é um processo intersubjetivo, que se caracteriza pela busca de sentido e compreensão. A compreensão é a base do aprendizado. Aprender implica compreender: aprender a linguagem escrita é compreender seu significado e funcionalidade. (GARCIA, 2005, p. 105).
Somado a prática da linguagem, ressaltamos também a importância da ludicidade
e do movimento, mostrando que através do faz de conta a criança reconstrói elementos
do mundo.
A criança que brinca em liberdade, podendo decidir sobre o uso dos seus recursos cognitivos para resolver os problemas que surgem no brinquedo, sem dúvida alguma chegará ao pensamento lógico de que necessita para aprender a ler, escrever e contar. (FREIRE, 1997, p.40).
Ainda sobre a brincadeira como prática educativa, (GARCIA, 2005) coloca que:
A brincadeira é um dos recursos empregados pela criança para conhecer o mundo que a rodeia. Muitas vezes, os temas escolhidos nas brincadeiras, são aqueles que a criança necessita aprofundar. Brincando, a criança constrói significados, objetivando a assimilação dos papéis sociais, o entendimento das relações afetivas e a construção do conhecimento. (GARCIA, 2005, p. 125).
A criança desde muito cedo apresenta grande interesse pela vida do adulto, é
percebido um espírito de curiosidade e investigação na postura das crianças. Em razão
desse interesse, devem ser apresentados conteúdos que permitam às crianças
construírem sua aprendizagem de maneira ativa, onde possam operar com símbolos,
ideias, imagens e representações, permitindo que elas atribuam sentido à realidade.
Para se compreender a relevância das construções é necessário considerar tanto a fala como a ação da criança que revelam complicadas relações. É importante, também, considerar as ideias presentes em tais representações, como elas adquirem tais temas e como o mundo real contribui para a construção das mesmas. (KISHIMOTO, 2013, p. 30).
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Nas situações de representações, o professor deve propor às crianças perguntas
que agucem sua curiosidade, introduzindo propriedades lúdicas, que propiciem o prazer,
a capacidade de criação e interação. De acordo com o Referencial Curricular Nacional
para a Educação Infantil (BRASIL, 1998a), é papel do professor, criar situações onde a
criança imite ações e façam representações diferentes daquilo que está ao seu entorno,
para que através destas, a criança tenha suas experiências enriquecidas.
Conforme o mesmo documento, o faz-de-conta contribui para ampliar a
comunicação de forma mais clara no tocante as suas experiências.
Quando utilizam a linguagem do faz-de-conta, as crianças enriquecem sua identidade, porque podem experimentar outras formas de ser e pensar, ampliando suas concepções sobre as coisas e pessoas ao desempenhar vários papéis sociais ou personagem. (BRASIL, 1998a, vol. 2, p. 23).
O conhecimento de mundo que cada indivíduo possui é de grande importância no
processo de construção dos saberes. As relações que se estabelecem entre o
conhecimento prévio (conceitos, proposições, princípios, fatos, ideias, imagens, símbolos)
e o científico, permitem ao aluno atribuir significados e reorganizar os saberes.
Na aprendizagem, todos os conhecimentos que o aluno possui podem ser importantes, mas nem todos participarão do mesmo modo na atribuição de significado, certamente alguns garantirão esse processo mais diretamente do que outros. (MAURI, 2004, p. 98).
Segundo o Referencial Curricular (BRASIL,1998a), as questões sociais oferecem
ás crianças uma enorme possibilidade de conhecimento, desde que sejam apresentados
de maneira bem definidas, pois ao interagirem com o mundo elas são capazes de
desenvolver grandes representações. Colaborando com o RCNI na linha de pensamento
das representações, o livro Professor da pré-escola diz:
[...] crenças originais que podemos encontrar nas representações que as crianças produzem sobre o mundo que vivem e que procuram conhecer – poderiam ser chamadas de espontânea, por se oporem às noções apreendidas a partir de informações cientificas. No entanto, todas essas hipóteses são de algum modo, influenciadas pelas noções e teorias do mundo adulto, e se desenvolvem com a aprendizagem. (PROFESSOR DA PRE-ESCOLA / FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. 1991. vol. 1, p.169).
Contudo, o professor precisa saber que nessa fase da vida, as crianças ainda não
detêm o domínio dos recursos educacionais, pois estes são atribuídos de maneira
gradativa, desenvolvendo atitudes criativas, críticas, de refutação e reformulação de
ideias, importantes na construção da pluralidade e diversidade de fenômenos e
acontecimentos que fazem parte do mundo social.
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3 APROPRIAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O momento de execução do projeto serviu para que pudéssemos perceber se as
ações descritas em forma de etapas de fato serviram para nos auxiliar a responder à
questão inicial e atingir o objetivo proposto. Desta maneira, foram analisadas as ações
descritas em cada etapa do projeto, de acordo com a sequência didática abaixo descrita.
1a Etapa
Descrição da atividade proposta:
O professor promoveu a roda de conversa para permitir aos alunos demonstrar o
conhecimento já existente sobre o tema profissões e que servirá de subsídio para que
sejam introduzidos os conceitos e as novas informações a respeito do tema. Nesse
momento o professor fez alguns questionamentos como: Quais as profissões que vocês
conhecem? Qual a profissão dos seus pais? O que vocês querem ser quando crescer?
Apropriação e análise:
No início da manhã os alunos ficaram um pouco inibidos com a nossa presença,
contudo o momento da roda de conversa permitiu que estabelecêssemos uma relação de
cumplicidade, tornado as demais atividades mais proveitosas.
A roda de conversa de acordo com OLIVEIRA (2005) é um dos momentos em que
as crianças têm a oportunidade de expressar seus pensamentos, mesmo que ainda, de
maneira informal, e quando se trata de crianças pequenas, torna-se uma atividade
fundamental para ampliação da competência comunicativa. A roda de conversa para ser
eficiente, requer intencionalidade educativa, planejamento e reflexão.
Os questionamentos feitos durante a dinâmica e a resposta dadas pelos alunos
variaram de acordo com o direcionamento que era proposto. Ao falar das profissões que
eles conheciam, a maioria demonstrou entender o solicitado, citando algumas profissões:
cozinheira, manicure, médico, policial, motorista, etc. Já ao relatar a profissão dos pais,
percebemos certa dificuldade, alguns não sabiam o que dizer e por isso, criavam
profissões, a exemplo dos super-heróis, outros relataram os trabalhos realizados em casa
(cozinhar, arrumar a casa) como sendo a profissão da mãe.
Diálogo 1
Fala do professor: Qual a profissão do papai e da mamãe?
Aluno A: Meu pai é o Batman.
Fala do professor: Porque você diz isso, o que ele faz?
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Aluno A: Por que ele é um super-herói
Fala do professor: O quer ele faz?
Aluno A: Por que ele é um super-herói.
Diálogo 2
Fala do professor: Qual a profissão do papai e da mamãe?
Aluna B: Minha mãe é cozinheira.
Fala do professor: Porque você diz isso?
Aluna B: Por que ela faz a comida em casa.
Fala do professor: Ela trabalha em outro lugar? Faz o que?
Aluno A: Não sei dizer.
À medida que os questionamentos eram respondidos, fazíamos as intervenções
necessárias, a fim de promover o conhecimento desejado, desse modo, fomos
percebendo que as crianças absorveram o conteúdo discutido durante a conversa, pois
quando questionados sobre o que queriam ser quando crescer? As respostas foram mais
coerentes, mostrando que o conceito de profissão e o papel do profissional na sociedade
foram apreendidos.
Diálogo 3
Fala do professor: O que você quer ser quando crescer?
Aluno A: Policial
Fala do professor: Porque você quer ser policial?
Aluno A: Para prender os bandidos e proteger as pessoas.
Diálogo 4
Fala do professor: O que você quer ser quando crescer?
Aluna B: Médica.
Fala do professor: Porque você diz isso?
Aluna B: Para cuidar das pessoas.
Diálogo 5
Fala do professor: O que você quer ser quando crescer?
Aluna C: Cozinheira.
Fala do professor: Porque você diz isso?
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Aluna C: Porque gosto, vejo minha mãe fazendo e quero fazer.
2a Etapa
Descrição da atividade proposta:
O professor utilizará um baú contendo objetos utilizados por diferentes
profissionais. Através desta dinâmica, os alunos irão identificar qual profissão
correspondente ao objeto retirado.
Apropriação e análise:
Para a realização desta atividade foi preparado um “Baú das Profissões” contendo
objetos que remetiam a profissões: bola, carro, avião, panela, vassoura, estetoscópio,
martelo, pincel, secador de cabelo, etc.
Aproveitamos a roda feita para a atividade anterior e colocamos o Baú no centro,
um a um os alunos escolheram um objeto para dizer o nome do profissional que o
utilizava (Figura 1). A dinâmica foi bastante proveitosa, pois possibilitou que
percebêssemos que o conteúdo trazido e discutido durante a roda de conversa foi de fato
assimilado pelas crianças, pois a grande parte delas respondeu de forma satisfatória, ou
seja, correlacionaram o objeto a profissão (Figura 2).
De acordo com Kishimoto (2013) as atividades lúdicas são de grande relevância no
ambiente escolar, através das brincadeiras e dos jogos, as crianças desenvolvem sua
afetividade, manipulam objetos, praticam ações sensório-motoras e vivem ativamente os
contextos de participação e interação social, fatores importantes para o desenvolvimento
da criança e do processo de aprendizagem.
Figura 1 - Baú das Profissões
Fonte: própria autora
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Figura 2 - Momento de interação na atividade com o Baú das Profissões
Fonte: própria autora
3a Etapa
Descrição da atividade proposta:
O professor cantará uma música referente ao tema, nesse momento os alunos
deverão fazer mímicas que representem a profissão escolhida.
Apropriação e análise:
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - vol. 3,
(BRASIL,1998) à linguagem musical tem caráter significativo, pois promove a integração
entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como de interação e
comunicação social.
Através da música, as crianças cantaram e gesticularam, ou seja, representaram
as profissões vistas durante a aula. Para a execução das atividades, cantamos a seguinte
música:
Passa, passa gavião
Todo mundo passa. (Refrão)
O médico faz assim, (2x)
Assim, assim, assim, assim!
Passa, passa gavião
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Todo mundo passa. (Refrão)
A cabeleireira faz assim, (2x)
Assim, assim, assim, assim!
Etc.
4a Etapa
Descrição da atividade proposta:
Realização de atividades lúdicas (pintura com giz de cera): os alunos serão
divididos em três grupos, sendo que cada estagiário ficará responsável pela condução de
um grupo. Após a divisão, o professor auxiliará os alunos a escolherem um objeto dos
que estão contidos no baú para que possam desenhar e pintar.
Apropriação e análise:
As crianças foram separadas em grupo e cada grupo recebeu as folhas para
pintura e os gizes de cera. Como a pintura era livre, alguns objetos não pareciam
referenciar as profissões, somente quando questionados sobre o que estava sendo
pintados os alunos nos mostravam haviam entendido a proposta da atividade (Figura 3).
Para (GARCIA, 2005), a brincadeira é um momento que propicia a expansão da
criatividade, fortalece a sociabilidade e estimula o pensamento da criança. Utilizar o lúdico
nas atividades permite que as crianças reproduzam situações vividas, através da
imaginação e do faz-de-conta.
Figura 3 - Pintura livre dos objetos ou profissional escolhidos
Fonte: própria autora
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5a Etapa
Descrição da atividade proposta:
Após a confecção das telas, os professores auxiliarão os alunos na confecção das
legendas com o nome dos objetos e da profissão a que ele corresponde.
Apropriação e análise:
Como muitos dos nossos alunos ainda não tinham o domínio da escrita, foi
necessária a nossa intervenção na colocação das legendas. No entanto, fomos
questionando-os sobre o que eles tinham desenhado para assim, transcrever o objeto e a
profissão correspondente.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - vol. 3 (BRASIL,1998b)
ressalta que, por meio da garatuja, a criança reproduz na superfície uma ação e que
sente prazer ao constatar os efeitos visuais que essa ação produziu. Com o tempo essas
garatujas se transformam em formas com maior ordenação, podendo referir-se a objetos
naturais, objetos imaginários ou mesmo a outros desenhos.
Diálogo 6
Fala do professor: Que objeto você escolheu para pintar?
Aluno A: O carro.
Fala do professor: E qual profissional usa o carro?
Aluno A: O motorista.
Diálogo 7
Fala do professor: Que objeto você escolheu para pintar?
Aluno B: A bola.
Fala do professor: E qual profissional usa a bola?
Aluno B: O jogador de futebol
6a Etapa
Descrição da atividade proposta:
O fechamento do projeto “Conhecendo as Profissões” dar-se-á por meio de uma
exposição artística das pinturas feitas pelos alunos, durante a exposição os alunos irão
dizer que objeto escolheu para representar através do desenho e qual a profissão que a
corresponde. A exposição será gravada pelos estagiários, a fim de preservar o registro
(pintura e legenda) realizado pelos alunos, uma vez que o trabalho físico será embalado
para que os alunos levem de lembrança para suas casas.
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Apropriação e análise:
O fechamento do projeto sofreu alteração devido ao tempo, ao invés de gravar, os
estagiários fotografaram os alunos no momento da exposição (Figura 4). No mais, a ação
ocorreu como esperado e os alunos demonstraram não só conhecer os objetos, como o
profissional que o utiliza.
Figura 4 - Apresentação dos desenhos
Fonte: própria autora
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo foi possível perceber que as etapas escolhidas para desenvolver o
projeto possibilitaram que ocorresse uma mudança do perfil conceitual, ou seja, o
conhecimento existente foi aprimorado e transformado em conhecimento cientifico,
através do processo de ensino-aprendizagem. A roda de conversa foi um recurso
fundamental, pois através dela podemos identificar o conhecimento existente por parte
dos alunos, e a mudança conceitual apresentada a partir das novas informações que
apresentadas.
Por meio das atividades de canto e pintura, foi possível promover não só a
mudança do perfil conceitual, mas também, o desenvolvimento de novas competências e
habilidades, tais como: linguagem oral e escrita, coordenação motora, criatividade.
O “Baú das profissões” permitiu que através da experimentação, os alunos
manipulassem os objetos e os correlacionassem aos conteúdos trabalhados, promovendo
uma reorganização dos esquemas cognitivos.
A diversidade de recursos (experimentação, brincadeiras, jogos, atividades lúdicas,
etc) é fundamental para promover a aprendizagem, sobretudo na Educação Infantil. No
entanto, é muito importante que a aula prática, seja, conduzida de maneira dinâmica e
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planejada, a fim criar o ambiente propício, incentivando a discussão entre os alunos, e
entre eles e o professor.
Por fim, concluímos que o uso de estratégias diferenciadas, possibilita fazer uma
análise do processo de ensino-aprendizagem de modo a avaliar a evolução dos alunos no
decorrer das atividades e verificar se os resultados foram realmente alcançados.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Referencial Curricular para Educação Infantil. Introdução: Formação Pessoal e Social, vol.: 2. Brasília: MEC/SEF, 1998a. ______. Referencial Curricular para Educação Infantil: Conhecimento de Mundo, vol.:
3. Brasília: MEC/SEF, 1998b. COSTA, Dania Monteiro Vieira. O trabalho com a Linguagem Oral na Educação Infantil. 32ª Reunião da Anped. 2012. Disponível em:
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