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REVISTA DIREITO, CULTURA E CIDADANIA – CNEC OSÓRIO / FACOS VOL. 3 – Nº 2 – DEZEMBRO/2013 – ISSN 2236-3734 . Página 78 Considerações sobre o procedimento de inventário e partilha por via extrajudicial Maria Cristina de Faria Brasil 1 Resumo: O presente artigo versa sobre a Lei nº 11.441/2007, trouxe a possibilidade da realização do inventário e partilha por via administrativa, mediante lavratura de escritura pública. O enfoque principal do estudo é apresentar os requisitos e o procedimento a serem observados para a realização do inventário e partilha extrajudicial, analisando a Resolução nº35/2007 do Conselho Nacional de Justiça, bem como as alterações inseridas no Código de Processo Civil. Palavras-chave: Procedimento. Inventário e partilha extrajudicial. Escritura pública. Resumen: Este artículo trata de la Ley N º 11.441/2007, introdujo la posibilidad de inventario e partilha no judiciales, con la emisión de un documento legal. El objetivo principal de este estudio es presentar los requisitos y el procedimiento de inventario y partilha com la distribución extrajudiciales, con el análisis de la Resolución nº 35/2007 del Consejo Nacional de Justicia, así como las modificaciones introducidas en el Código de Procedimiento Civil. Palabras clave: Procedimiento. Inventario y partilha extrajudicial. Escritura. Notas introdutórias A Lei nº 11.441/2007 trouxe a possibilidade da realização do inventário e partilha por via administrativa, mediante lavratura de escritura pública, com vistas a amenizar a excessiva morosidade dos processos judiciais e o acúmulo de trabalho do Poder Judiciário. Desta forma, o artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal de 1988 2 , que determina a inafastabilidade do Poder Judiciário na solução dos litígios, foi relativizado pela Emenda Constitucional nº45/2004, que deu início a reforma do Judiciário brasileiro. 1 Doutora e Mestre em Ciências Sociais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos- UNISINOS, Professora na Faculdade de Direito da FACOS - Cnec/Osório, Advogada e Bacharela em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul PUCRS. 2 Artigo 5º da Constituição Federal - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; [...]

Consideracoes Sobre o Procedimento de Inventario e Partilha Por via Extrajudicial

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Considerações sobre o procedimento de inventário e partilha por via extrajudicial

Maria Cristina de Faria Brasil1

Resumo: O presente artigo versa sobre a Lei nº 11.441/2007, trouxe a possibilidade da realização do inventário e partilha por via administrativa, mediante lavratura de escritura pública. O enfoque principal do estudo é apresentar os requisitos e o procedimento a serem observados para a realização do inventário e partilha extrajudicial, analisando a Resolução nº35/2007 do Conselho Nacional de Justiça, bem como as alterações inseridas no Código de Processo Civil. Palavras-chave: Procedimento. Inventário e partilha extrajudicial. Escritura pública.

Resumen: Este artículo trata de la Ley N º 11.441/2007, introdujo la posibilidad de inventario e partilha no judiciales, con la emisión de un documento legal. El objetivo principal de este estudio es presentar los requisitos y el procedimiento de inventario y partilha com la distribución extrajudiciales, con el análisis de la Resolución nº 35/2007 del Consejo Nacional de Justicia, así como las modificaciones introducidas en el Código de Procedimiento Civil. Palabras clave: Procedimiento. Inventario y partilha extrajudicial. Escritura.

Notas introdutórias

A Lei nº 11.441/2007 trouxe a possibilidade da realização do inventário e partilha por

via administrativa, mediante lavratura de escritura pública, com vistas a amenizar a

excessiva morosidade dos processos judiciais e o acúmulo de trabalho do Poder

Judiciário.

Desta forma, o artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal de 19882, que

determina a inafastabilidade do Poder Judiciário na solução dos litígios, foi

relativizado pela Emenda Constitucional nº45/2004, que deu início a reforma do

Judiciário brasileiro.

1 Doutora e Mestre em Ciências Sociais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos- UNISINOS,

Professora na Faculdade de Direito da FACOS - Cnec/Osório, Advogada e Bacharela em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS. 2 Artigo 5º da Constituição Federal - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; [...]

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Tal medida introduziu a chamada desjudicialização3 do procedimento que, sem

inviabilizar o uso da via judicial, permitiu a aplicação do inciso LXXVIII do artigo 5º da

Constituição Federal de 1988, que assegura “a razoável duração do processo e os

meios que garantam a celeridade de sua tramitação.”

O presente artigo vem sopesar as peculiaridades do procedimento à luz do acesso à

justiça como mecanismo de desjudicialização efetivada por meio da atividade

notarial, apontando os pontos controvertidos apresentados pela doutrina.

Este estudo tem como objetivo apresentar os requisitos e o procedimento a serem

observados para a realização do inventário e partilha extrajudicial, analisando as

disposições da Resolução nº35/2007 do Conselho Nacional de Justiça, bem como

as alterações inseridas no Código de Processo Civil.

1. O procedimento de inventário e partilha

Para melhor compreensão do tema em comento, se faz indispensável uma breve

análise acerca dos artigos que contém a previsão legal do procedimento especial de

inventário e partilha. Pelo princípio de Saisine, contido no artigo 1.784 do Código de

Processo Civil4, a abertura da sucessão ocorre no momento da morte do autor da

herança, uma vez que não é admissível que um patrimônio fique sem titular.

A realização de inventário, nos moldes do artigo 983 do Código de Processo Civil5,

serve para que se ultime o registro imobiliário e a tradição dos bens móveis do

espólio, e prevê dois procedimentos possíveis para tanto: o inventário judicial e o

extrajudicial, previstos no artigo 982 do Código de Processo Civil6.

3 Para Silveira (2012, p. 13), a desjudicialização retira do Poder Judiciário atribuições, resguardando

às partes a possibilidade “de compor suas pretensões sobre direitos disponíveis fora da esfera estatal, tendo como primado a segurança jurídica das relações”, desde que não tenham natureza litigiosa. 4 Artigo 1.784 do Código de Processo Civil - Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde

logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. 5 Artigo 983 do Código de Processo Civil - O processo de inventário e partilha deve ser aberto

dentro de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subseqüentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de parte. 6 Artigo 982 do Código de Processo Civil- Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-

se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário.

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O inventário é, portanto, a declaração de bens do falecido, transmitidos aos seus

herdeiros pelo princípio de Saisine. Assim, a morte do sucedido é o momento exato

da transmissão da herança, isto é, transmissão fática da posse e propriedade dos

bens deixados, independente de qualquer fator. (GONÇALVES, 2010, p.38).

O procedimento de inventário judicial, segundo o artigo 983 do Código de Processo

Civil, deve ser iniciado no prazo de 60 (sessenta dias) da abertura da sucessão,

tratando-se de um procedimento especial de jurisdição contenciosa, posterior à troca

de titularidade, de declaração dos bens do falecido para a liquidação. (MARCATO,

2007, p. 211).

1.1 A via administrativa

Antes da alteração da redação do artigo 982 do Código de Processo Civil pela Lei

11.441/2007, o procedimento de inventário era exclusivamente judicial, e a previsão

do procedimento extrajudicial compreendia apenas a etapa da partilha quando esta

era “amigável”, mas que precisava ser submetida à apreciação do Poder Judiciário

como condição sine qua non para a lavratura de escritura.

Após a alteração do dispositivo legal, a partilha é realizada na própria escritura

pública, que constitui documento hábil para ser levada a registro público dos bens

imóveis, bem como para proceder a tradição dos bens móveis. Isso quer dizer que

não são expedidos “formais de partilha” como no processo judicial, e sim cópias do

traslado de escritura pública de partilha extrajudicial.

A competência territorial do procedimento de inventário por via administrativa é

regrado pela Lei 8.935/1994, que regulamenta o artigo 236 da Constituição Federal

de 19887. O artigo 1º 8, do referido diploma legal, outorga às partes a livre escolha

§ 1º O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado comum ou advogados de cada uma delas ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. § 2º A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se declararem pobres sob as penas da lei. 7 Artigo 236 da Constituição Federal- Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter

privado, por delegação do Poder Público.

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do Tabelião de Notas, independentemente do domicílio das partes ou do lugar de

situação dos bens inventariados, desde que respeitada a regra posta no artigo 9º,

que veda a prática de atos pelo Notário fora da circunscrição de sua delegação.

Esta regra veio expressa no artigo 1º da Resolução nº 35 do Conselho Nacional de

Justiça, e tem sido palco de debate dos doutrinadores da área, por entenderem que

deixa de preservar as partes, gerando incerteza jurídica, já que ações judiciais

sofridas pelo espólio em outras comarcas podem não chegar ao conhecimento do

Notário escolhido pelas partes, invalidando a partilha. (ROSA, 2007, p.63)

Por esta razão, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul possibilita a consulta de

escrituras públicas de separação, divórcio, inventário e partilha lavradas nas

serventias do Estado.9 A consulta pode ser realizada inserindo o número do

Cadastro de Pessoa Física ou nome da parte, ou ainda a data da lavratura da

escritura. No resultado consta o tipo da escritura, seu número, o Livro, Ato, data e

em qual serventia foi realizada.

1.1.1 Condições de processamento do inventário e partilha em Tabelionato

O artigo 982 do Código de Processo Civil dispõe sobre os requisitos formais da

lavratura da escritura pública de inventário, conjuntamente com a Consolidação

Normativa Notarial e Registral de cada Estado da Federação e pela Resolução nº35

do Conselho Nacional de Justiça. (SILVEIRA, 2012, p. 23).

Devem as partes10 ser capazes de exercer plenamente os atos da vida civil no

momento da lavratura da escritura pública. O herdeiro menor só poderá se valer do

procedimento quando for o único herdeiro, uma vez que, neste caso, não haverá

partilha e sim adjudicação dos bens, excluindo a possibilidade deste sofrer qualquer

prejuízo. Não há vedação para que os interessados sejam representados no ato por

8 Artigo 1º - Para a lavratura dos atos notariais de que trata a Lei nº 11.441/07, é livre a escolha do

tabelião de notas, não se aplicando as regras de competência do Código de Processo Civil. 9 Para realizar a consulta é necessário acessar na net o site http://www.tjrs.jus.br, entrando no link

serviços e escrituras públicas. 10

Compreende-se partes como: descendentes, ascendentes, viúva(o), companheira(o), eventuais cessionários, e cônjuges dos herdeiros, exceto em caso de renúncia ou regime de separação absoluta de bens.

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procurador, desde que o nomeado tenha poderes especiais expressos no

instrumento de mandato.

A concordância de todas as partes também é uma das exigências para sua

viabilidade. Havendo litígio, apenas a via judicial pode ser utilizada. Na falta de

consenso em qualquer ponto, o Tabelião deve se recusar a lavrar a escritura

publica. Isso quer dizer que é possível que os interessados possam desistir de um

procedimento já iniciado para buscar solução pela outra via, desde que não haja

trâmite simultâneo.

A Resolução nº 35 do Conselho Nacional de Justiça veda a existência de testamento

para que se proceda o inventário extrajudicial, no entanto, esta disposição, por si só,

não o obsta, já que a exigência se funda na inexistência de conteúdo patrimonial do

testamento. O testamento, por se tratar de últimas disposições de vontade do

falecido, não necessariamente dispõe sobre a divisão do patrimônio (TARTUCE e

SIMÃO, 2011, p. 481), isto é, a existência de um testamento que não tenha cunho

patrimonial, ou seja, que traga outras disposições que não versem sobre a partilha

de bens não impede a realização do inventário e partilha pela via extrajudicial.

O procedimento administrativo pode ser utilizado também nos casos em que o óbito

ocorreu antes da lei estar em vigor, desde que respeitadas as regras de ordem

material. É possível fazer em uma só escritura a cessão e transferência de direitos

hereditários, seguida de partilha.

Cumpre referir que o Notário tem apenas competência para lavrar a escritura pública

de inventário e partilha e não é parte, nem tão pouco possui poderes para

representá-las. Por esta razão, o procedimento inclui dentre os atos do

procedimento o requerimento das partes, uma peça inicial que apresenta os bens a

serem inventariados, bem como a qualificação das partes e o exórdio de partilha.

Sabe-se que, na prática, em várias serventias do Rio Grande do Sul, o requerimento

é dispensado, sendo substituído pela narrativa do advogado e documentos

necessários.

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A Resolução nº35 do Conselho Nacional de Justiça dispõe sobre a obrigatoriedade

da figura de um interessado para atuar como inventariante, ou seja, para ser a

responsável pelas obrigações do espólio, como a conservação dos bens e

recebimento de valores. Tal entendimento, embora contrarie o referido dispositivo

legal, não é pacífico. Alguns doutrinadores como Cahali e Rosa (2007, p.79)

entendem que a figura do inventariante é dispensada quando não houver bens a

administrar. Isso quer dizer que a nomeação é facultada caso não haja necessidade,

e não obrigatória.

A Resolução nº35 impõe a assistência por advogado - podendo ser este, comum ou

individual às partes - bem como a aposição em todos os atos e documentos do

número da inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil.

Pessoas que residem no exterior e pretendem se utilizar do procedimento de

inventario e partilha administrativo devem procurar o Cônsul brasileiro lotado no país

de sua residência, pois ele exerce funções de Tabelião e Oficial de Registro Civil nos

termos do artigo 18 da Lei de Introdução ao Código Civil11, devendo, da mesma

forma, ser assistidas por advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. Vale

lembrar que os bens, para que possam ser partilhados na via administrativa, devem,

necessariamente, ser localizados em território brasileiro.

Não se exige, no ato da lavratura da escritura, a presença do cônjuge do

inventariado, a menos que ele renuncie à meação, que pretenda o reconhecimento

desta em escritura pública, ou ainda que seja herdeiro.

1.1.2 Requisitos do requerimento de inventário e partilha extrajudicial

As partes e respectivos cônjuges devem estar devidamente nomeados e

qualificados (nacionalidade; profissão; idade; estado civil; regime de bens; data do

casamento; pacto antenupcial e seu registro imobiliário se houver; número do

documento de identidade; número de inscrição no CPF/MF; domicílio e residência). 11

Artigo 18 da Resolução nº 35 do Conselho Nacional de Justiça- Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira, nascidos no país da sede do Consulado.

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O requerimento, endereçado ao Notário escolhido, deve apresentar a qualificação

completa do autor da herança; o regime de bens do casamento; pacto antenupcial e

seu registro imobiliário, se houver; dia e lugar em que faleceu o autor da herança;

data da expedição da certidão de óbito; livro, folha, número do termo e unidade de

serviço em que consta o registro do óbito; e a menção ou declaração dos herdeiros

de que não há testamento e outros herdeiros, sob as penas da lei.

Deve apresentar também a descrição dos bens inventariados com um prévio exórdio

de partilha, fazendo-se juntar os seguintes documentos: a) certidão de óbito do autor

da herança; b) documento de identidade oficial e CPF das partes e do autor da

herança; c) certidão comprobatória do vínculo de parentesco dos herdeiros; d)

certidão de casamento do cônjuge sobrevivente e dos herdeiros casados e pacto

antenupcial, se houver; e) certidão de propriedade de bens imóveis e direitos a eles

relativos; f) documentos necessários à comprovação da titularidade dos bens móveis

e direitos, se houver; g) certidão negativa de tributos; h) Certificado de Cadastro de

Imóvel Rural - CCIR, se houver imóvel rural a ser partilhado e i) certidão do Colégio

Notarial sobre a inexistência de testamento.

Os documentos apresentados para a lavratura da escritura devem ser originais ou

em cópias autenticadas, salvo os de identidade das partes, que sempre serão

originais, e todos serão mencionados na escritura.

2. Considerações pontuais sobre do procedimento extrajudicial

A Resolução nº35 do Conselho Nacional de Justiça trouxe, ao procedimento

extrajudicial, algumas peculiaridades que necessitam de uma análise mais acurada,

no que diz respeito a prazos, ao pagamento de tributos, da gratuidade e da lavratura

da escritura pública.

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2.1 Prazos e recolhimento de impostos

São diversos os posicionamentos doutrinários acerca dos prazos para início e

término do procedimento. Parte da doutrina entende pela aplicabilidade da multa

caso a escritura não esteja pronta no prazo de 60 (sessenta dias) a contar da

abertura da sucessão. No entanto, essa leitura opõe-se ao verdadeiro espírito do

legislador, uma vez que o dispositivo legal dispõe claramente que o prazo para o

início do inventário é que é de 60 (sessenta dias) e não para seu término.

Caso este requerimento perante o Tabelião não aconteça no prazo, a multa seria

aplicada, decorrente do atraso de recolhimento do ITCMD (Imposto de Transmissão

Causa Mortis e Doação).

O recolhimento do imposto deve ocorrer obrigatoriamente antes da lavratura da

escritura pública, e é por meio deste recolhimento que se apura eventual multa

ligada ao prazo do artigo 983 do Código de Processo Civil. Esta é a razão da

confusão estabelecida por alguns doutrinadores, uma vez que ao término do

procedimento administrativo, é que haverá ou não multa a ser recolhida.

O Tabelião é responsável pelo controle do recolhimento do Imposto de Transmissão

e pela exigência de comprovantes das quitações tributárias, sem os quais a escritura

de inventário e partilha não poderá ser registrada.

Impende referir que para que haja a aplicação da multa, esta deve estar

devidamente regulamentada, uma vez que se trata de legislação de competência

estadual.

No Estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, a multa não é cobrada por falta de

regulamentação, podendo os herdeiros recolher o ITCD a qualquer tempo,

sujeitando-se apenas a alterações na avaliação dos bens.

O Tabelião, de posse de toda a documentação, enviará eletronicamente para a Secretaria da Fazenda Estadual o plano de partilha dos bens, para que o patrimônio seja avaliado e tributado pelo fisco estadual, o chamado de DIT (Declaração de ITCD). Feito o envio, haverá o retorno ao tabelionato, também eletronicamente, com a respectiva avaliação dos bens

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e a incidência ou não de pagamento do ITCD. Havendo incidência, ficará a guia à disposição da parte para que seja efetuado o pagamento e, uma vez pago ao agente financeiro, a Secretaria da Fazenda Estadual, na mesma DIT, expedirá certidão de quitação do ITCD e a certidão negativa de débitos estaduais. Não havendo incidência do ITCD, o que será informado na DIT, de imediato ficará disponível a certidão negativa. (SILVEIRA, 2012, p.39)

O procedimento administrativo, portanto, poderá ser realizado a qualquer tempo,

porém sujeito à multa tributária em alguns Estados da Federação, podendo inclusive

atingir óbitos anteriores à vigência da nova redação do Código de Processo Civil.

2.2 Gratuidade prevista na Lei 11.441/07

A Resolução 35/2007 do Conselho Nacional de Justiça estabelece nos artigos 4º e

7º 12, que o valor dos emolumentos deve corresponder aos custos e adequada

remuneração dos serviços prestados, tendo os valores dos bens partilhados,

repercussão apenas na esfera tributária.

Importa referir que ambos os procedimentos possibilitam a obtenção do benefício da

gratuidade pelas partes: no procedimento administrativo os interessados poderão

obter a gratuidade de que trata o parágrafo 3º do artigo 1.124-A, do Código de

Processo Civil13, para as escrituras públicas de inventário e partilha, apesar do caput

do presente artigo disciplinar apenas as escrituras e de separação e divórcio.

12

Artigo 4º da Resolução nº 35 do Conselho Nacional de Justiça- O valor dos emolumentos deverá corresponder ao efetivo custo e à adequada e suficiente remuneração dos serviços prestados, conforme estabelecido no parágrafo único do art. 1º da Lei nº 10.169/2000, observando-se, quanto a sua fixação, as regras previstas no art. 2º da citada lei. Artigo 5º da Resolução nº 35 do Conselho Nacional de Justiça- É vedada a fixação de emolumentos em percentual incidente sobre o valor do negócio jurídico objeto dos serviços notariais e de registro (Lei nº 10.169, de 2000, art. 3º, inciso II). Artigo 6º da Resolução nº 35 do Conselho Nacional de Justiça- A gratuidade prevista na Lei n° 11.441/07 compreende as escrituras de inventário, partilha, separação e divórcio consensuais. Artigo 7º da Resolução nº 35 do Conselho Nacional de Justiça- Para a obtenção da gratuidade de que trata a Lei nº 11.441/07, basta a simples declaração dos interessados de que não possuem condições de arcar com os emolumentos, ainda que as partes estejam assistidas por advogado constituído. 13

Artigo 1.124-A do Código de Processo Civil- A separação consensual e o divórcio consensual,

não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. § 1º A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para o registro civil e o registro de imóveis.

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Para obtenção do benefício os interessados devem confeccionar declaração de

pobreza e requerê-la ao Tabelião que irá apreciá-lo, que poderá deferi-la ainda que

estejam as partes assistidas por advogado particular. O Tabelião possui legitimidade

para questionar a gratuidade requerida pelos interessados, devendo suscitar dúvida

ao Juiz do Corregedor.

Resta claro que a declaração deve ser pessoal e que só atinge aquele a quem for

deferido, caso contrário ensejaria enriquecimento sem causa de alguns indivíduos e

em prejuízo indevido ao custeio da atividade notarial.

2.3 Escritura Pública

O procedimento extrajudicial encerra-se com a lavratura da escritura que

determinará a partilha de bens. Além disso, a escritura deve contemplar questões

referentes aos direitos das partes que derivaram do procedimento, não só a partilha

dos bens propriamente ditos, como por exemplo, a renúncia, direito real de

habitação, direito real de usufruto, isto é, todos os efeitos sucessórios atinentes aos

bens partilhados. (CAMPANINI E PEREIRA JÚNIOR, 2009, p. 16)

Da mesma forma que o formal de partilha - expedido no procedimento judicial de

inventário e partilha - a escritura pública de partilha constitui título executivo, nos

termos do artigo 585, II do Código de Processo Civil, e por esta razão prescinde de

solenidade e de algumas formalidades.

A escritura para que seja válida deve conter a data do ato notarial, indicando o dia,

mês e ano; o local onde foi lida e assinada (independentemente de ter sido ou não

nas dependências da Serventia); a qualificação completa das partes ou

representantes legais; a indicação do grau de parentesco do autor da herança com

§ 2º O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem assistidos por advogado comum ou advogados de cada um deles ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. § 3º A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se declararem pobres sob as penas da lei.

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as partes; a indicação dos documentos apresentados e arquivados na Serventia, a

declaração de que a escritura foi lida em voz alta, perante as partes e eventuais

testemunhas presentes, que a aceitam como redigida; o valor dos emolumentos

devidos pelo ato; o encerramento e as assinaturas das partes, do escrevente que a

lavrou e do Tabelião, ou seu substituto legal que subscreveu, encerrando o ato.

2.3.1 Emenda, aditivo retificador e averbação

Quando a escritura pública possuir algum erro de ordem material e ainda não foi

encerrada, é possível adicionar uma emenda ao texto na mesma escritura.

É possível também corrigir erros materiais por meio de um aditivo retificador,

estando a escritura encerrada ou não. Neste caso, uma nova escritura será lavrada

pelo Tabelião declarando que houve erro material na escritura anterior, apontando

onde está o erro e qual o dado correto. Deve haver a anotação na escritura anterior

que houve retificação indicando o livro e folha para que conste o complemento

retificador.

Quando o ato foi encerrado e o traslado14 emitido, é possível corrigir equívocos por

meio de averbação à margem da escritura, reproduzida também no traslado,

devendo apontar o livro e página em que foi realizado o ato para que se possa

inserir a averbação.

2.4 Da utilização da via administrativa para outros expedientes relacionados ao inventário

De acordo com o artigo 13 da Resolução nº3515 do Conselho Nacional de Justiça, todas as retificações de atos notariais podem ser realizados por meio de escritura pública.

14

Traslado é a primeira cópia extraída da escritura, ou seja, a reprodução fiel do ato notarial. 15

Artigo 13 da Resolução nº 35 do Conselho Nacional de Justiça- A escritura pública pode ser retificada desde que haja o consentimento de todos os interessados. Os erros materiais poderão ser corrigidos, de ofício ou mediante requerimento de qualquer das partes, ou de seu procurador, por averbação à margem do ato notarial ou, não havendo espaço, por escrituração própria lançada no livro das escrituras públicas e anotação remissiva.

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Em caso de serem deixados bens que não tenham sido inventariados, tanto em

processo judicial, via administrativa, estes podem ser sobrepartilhados por meio de

escritura pública, basta que os requisitos formais e materiais sejam contemplados.

O inventário negativo também pode ser realizado por via extrajudicial, desde que

respeitadas mesmas exigências do inventário positivo.

Em casos de ativos financeiros em instituições bancárias ou créditos de qualquer

ordem, a escritura pública terá o condão de promover a partilha ou adjudicação dos

valores com eficácia idêntica ao alvará judicial, desde que preenchidos os requisitos

estabelecidos na Resolução nº 35 do Conselho Nacional de Justiça.

3. O papel do advogado no procedimento administrativo de inventário e partilha

O advogado desempenha função essencial à administração da justiça, conforme

dispõe o artigo 133 da Constituição Federal de 198816 e o artigo 2º da Lei nº

8906/9417, que reconhece a atribuição da capacidade postulatória em nome de

terceiros.

Mesmo no exercício da advocacia privada, o advogado é considerado prestador de

serviço público, já que indispensável à administração da justiça, exercendo função

com caráter social, que se constituem munus público, segundo os §§1º e 2º do artigo

2º do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil.

16

Artigo 133 da Constituição Federal- O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. 17

Artigo 2º do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil- O advogado é

indispensável à administração da justiça. § 1º No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce função social. § 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público. § 3º No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos limites desta lei.

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A Resolução nº 35 em seu artigo 8º 18 exige a participação do advogado ou Defensor

Público como requisito essencial para validade do ato, devendo constar na lavratura

da escritura, seu nome e número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil.

O Provimento 22/06 da Consolidação Normativa Notarial e Registral da Corregedoria

Geral de Justiça do Rio Grande do Sul, que teve sua redação alterada pelo

Provimento 40/2009, dispõe em seu artigo 616 que a escritura pública de partilha se

constitui “título hábil para o registro imobiliário, desde que todas as partes

interessadas estejam assistidas por advogado comum ou advogado de cada uma

delas, ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão no ato

notarial”. (SILVEIRA, 2012, p.33)

Por esta razão, há a possibilidade das partes que não tiverem condições de arcar

com as despesas de honorários advocatícios se socorrerem da Defensoria Pública.

No caso de localidades que não disponibilizem o serviço, a Resolução recomenda

em seu artigo 9º que as partes procurem a Seccional da Ordem dos Advogados do

Brasil.

A participação do advogado está atrelada ao atendimento de valores sociais e

políticos, que visam não só o acesso ao judiciário, mas, também, o acesso à justiça.

No procedimento de inventário e partilha, o advogado pode ser o mesmo para todas

as partes, e sua ausência no procedimento gera nulidade absoluta do ato.

Caso a parte seja advogado, este participará do ato notarial na qualidade de

advogado assistente, sendo dispensada a atuação de outro advogado

conjuntamente no procedimento. (CAHALI e ROSA, 2007, p.75)

Sua efetiva participação, no procedimento objeto deste estudo, consiste na

confecção de uma minuta, contendo todos os dados necessários, que irá pautar a

confecção da escritura pública, bem como na fiscalização e conferência de

documentos e da própria escritura pública, a fim de garantir que não haja nenhum

18

Artigo 8º da Resolução nº 35 do Conselho Nacional de Justiça- É necessária a presença do advogado, dispensada a procuração, ou do defensor público, na lavratura das escrituras decorrentes da Lei 11.441/07, nelas constando seu nome e registro na OAB.

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equivoco ou vício. Sua atuação é de interveniente necessário para o ato, por isso

indispensável.

No que tange aos honorários advocatícios para atuar em procedimento de inventário

e partilha extrajudicial, a Ordem dos Advogados do Brasil determinou como

remuneração mínima na Tabela de Honorários Advocatícios no Estado do Rio

Grande do Sul, 6% (seis por cento) sobre o monte-mor ou sobre o quinhão do

representado, ou ainda o valor de R$2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).

Assim, conclui-se pela impossibilidade de comparecimento da parte perante o

Tabelião de Notas, a fim de requerer inventário e partilha por meio de lavratura

pública, sem constituir advogado para tanto, pois os legisladores constitucionais e

infraconstitucionais cuidaram de incumbir ao profissional devidamente inscrito na

Ordem dos Advogados do Brasil, o ônus de exercer com exclusividade a capacidade

de dirigir-se a juízo e a determinados órgãos postulando direitos.

Considerações finais

O presente artigo teve como escopo traçar um panorama geral do procedimento de

inventário e partilha extrajudicial, que deu efetividade ao princípio da

desjudicialização contido na Emenda Constitucional nº45/2004.

As alterações trazidas pela Lei nº 11.441/2007 no Código de Processo Civil,

posteriormente regulamentadas pela Resolução nº35/2007 do Conselho Nacional de

Justiça, acabaram não só desafogando o Poder Judiciário, como também

desburocratizando procedimentos onde não há litígio, isto é, descomplicando a

solução de demandas.

O presente estudo apresentou inicialmente os requisitos e o procedimento a serem

observados para a realização do inventário e partilha extrajudicial, passando em um

segundo momento a analisar a Resolução nº35/2007 do Conselho Nacional de

Justiça, bem como as alterações inseridas no Código de Processo Civil, bem como

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realizar uma análise acerca do papel do advogado para a validade da lavratura da

escritura pública de inventário e partilha.

Após a conclusão da análise restou claro que o procedimento extrajudicial assegura

as mesmas garantias do processo judicial, especialmente da segurança jurídica,

tendo a vantagem, em detrimento do procedimento judicial, de atender ao princípios

da imediação.

Por esta razão, é possível afirmar que as alterações introduzidas pela Lei nº

11.441/2007 foram de suma importância para a evolução do Direito brasileiro,

demonstrando que foi um instrumento eficiente para o processo de desjudicialização

e de efetivação da vontade das partes.

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