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JULIANE APARECIDA CASAGRANDE
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESÍDUOS DE
SERVIÇOS DE SAÚDE: O CASO DO MUNICÍPIO DE
CAMBÉ – PR
LONDRINA 2005
2
JULIANE APARECIDA CASAGRANDE
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESÍDUOS DE
SERVIÇOS DE SAÚDE: O CASO DO MUNICÍPIO DE
CAMBÉ – PR
Monografia apresentada ao Curso de
Graduação em Geografia, da
Universidade Estadual de Londrina,
como requisito parcial à obtenção do
título de Bacharel em Geografia.
Orientador: Prof. Mestre Wladimir Cesar Fuscaldo
Londrina
2005
3
JULIANE APARECIDA CASAGRANDE
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE:
O CASO DO MUNICÍPIO DE CAMBÉ – PR
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Geografia, da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Geografia.
BANCA EXAMINADORA
Eloísa Cristiane Torres
Rosely Maria de Lima
Wladimir Cesar Fuscaldo
Londrina, de de 2005
4
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Mestre Wladimir César Fuscaldo, pela sua atenção e dedicação durante este
trabalho.
À minha família, pelo apoio, incentivo e conforto prestado na hora precisa.
Ao Júlio César, especialmente, por não ter medido esforços para ajudar e também pela
paciência, força, carinho e companheirismo nos momentos difíceis, sem os quais não
teria conseguido concluir esta pesquisa.
À amiga Juliane, pela tolerância e dedicação oferecidas com carinho.
À todos que, de alguma forma, colaboraram para a finalização deste trabalho.
5
CASAGRANDE, Juliane Aparecida. Considerações sobre os Resíduos de Serviços de Saúde: o caso do Município de Cambé-Pr. 2005. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Geografia) – Universidade Estadual de Londrina.
RESUMO
O presente trabalho aborda a problemática dos resíduos de serviços de saúde no município de Cambé-Pr, evidenciando a situação encontrada nos estabelecimentos geradores e a condição do atual local de disposição final de resíduos sólidos. Os trabalhos de campo realizados nos ambientes geradores, como hospitais, farmácias, consultórios odontológicos e veterinários, unidades básicas de saúde e laboratórios de análises clínicas, apontam como principais resultados: a) a falta de conhecimento por parte dos responsáveis pela geração de resíduos de serviços de saúde, acerca dos riscos potenciais oferecidos por estes tipos de resíduos; b) a necessidade de mudança de comportamento de todos os responsáveis pela geração de resíduos sólidos, visando a redução do volume gerado. Conclui-se que as ações integradas envolvendo o poder público, os responsáveis pelos estabelecimentos geradores de resíduos de serviços de saúde e o restante da sociedade, poderão solucionar a problemática que envolve os resíduos de serviço de saúde. Palavras-chave: resíduos de serviços de saúde; resíduos sólidos; problemática atual.
6
SUMÁRIO INTRODUÇÃO....... .... .... ...... .... .... ...... .... .... ...... .... .... ...... .... .... ..... . .... .7
1- A GEOGRAFIA E OS RESÍDUOS SÓLIDOS – CONTRIBUIÇÕES
POSSÍVEIS..... .... .... .... .... ...... .... .... ...... .... .... ...... .... .... ..... . .... .... ...... .... ..9
1.1 O PAPEL DO GEÓGRAFO NA ANÁLISE DOS RSS...... .... ...... .... .... ...... .... ....9
1.2 GEOGRAFIA E SAÚDE – CONTRIBUIÇÕES À ANALISE DOS RSS........ .... .... ..11
2- OS RESÍDUOS SÓLIDOS – PANORAMA....... .... .... . ..... .... .... ...... .... ....15
2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS EM ÂMBITO MUNDIAL... ..... .... .... ...... .... .... ...... .... ....15
2.2 RESÍDUOS SÓLIDOS NAS CIDADES BRASILEIRAS.... .... .... .... .... ...... .... .... ..20
2.3 CONCEITUAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS...... .. .. .... .... ...... .... .... ...... .... .... .25
2.3.1 Lixo...... .... ...... .... .... ...... .... .... .... .. .... .... ...... .... .... ...... .... .... ...... ....27
2.4 CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS...... .... .... .... ... ... .... .... ...... .... ....30
2.5 FORMAS DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS....... .... ...... .... .... .32
2.6 FORMAS DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS...... .... .... .... ..... . .... .... .35
2.7 ASPECTOS LEGAIS ACERCA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS......... .... .... ...... .... ..37
3- OS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE..... .... .... ...... .... .... ...... .... ..40
3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE..... .... ..... .... .... ..42
3.2 ARMAZENAMENTO DE RSS...... .... ...... .... .... ...... .... .... ...... .... .... ..... .. ... ..48
4- OS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE EM CAMBÉ...... .... .... .... ....52
4.1 O MUNICIPIO DE CAMBÉ...... .... .... ...... .... .... ...... .... .... ...... .... . ... ...... .... ..52
4.2 CARACTERÍSTICAS DAS FONTES GERADORAS .... .... .... ...... .... .... ...... .... ..55
4.2.1 Hospitais........ .... .... ...... .... .. .. ...... .... .... ...... .... .... ...... .... .... ...... .... .57
4.2.2 Farmácias...... .... .... ...... .... .... ...... .... .... ...... .... .. .. ...... .... .... ...... .... .58
4.2.3 Laboratórios de Análises Clínicas.... .... .... .... .... ...... .... .... ...... .... ...62
4.2.4 Unidades Básicas de Saúde....... .... .... ...... .... .... ...... . ... .... ...... .... ..63
4.2.5 Consultórios Odontológicos..... ... ... . .... ...... .... .... ...... .... .... ...... .... ..65
4.2.6 Consultórios Veterinários.... .... .... .... .... ...... .... .... ...... .... .... ...... .... 66
4.3 DISPOSIÇÃO FINAL DE RSS EM CAMBÉ.... .... .... .... .... ..... . .... .... ...... .... ...67
CONSIDERAÇÕES FINAIS...... .... ...... .... .... ...... .... .... ...... .... .... ...... ... . ....75
REFERÊNCIAS...... .... .... ...... .... .... ...... .... .... ... ... .... .... ...... .... .... ...... .... . 78
7
INTRODUÇÃO
A qualidade ambiental está ocupando lugar de destaque nas
preocupações de ambientalistas, entidades federais, estaduais,
municipais e organizações não governamentais em geral. A população tem
sido maciçamente informada, através dos veículos uti l izados pela mídia,
acerca da situação de degradação ambiental pela qual passa o planeta,
acentuada nas últ imas décadas.
As polít icas públicas de gestão ambiental são deficitárias, um
exemplo disso é do gerenciamento de resíduos sólidos nos municípios
brasi leiros. A geração de resíduos, constante e crescente, não conta com
locais de disposição f inal adequados. Estes, quando existem, estão
reduzidos à situação de simples l ixões a céu aberto ou, quando muito, de
aterros parcialmente controlados.
Devido ao manejo inadequado, os resíduos podem causar
grandes impactos negativos no ambiente, especialmente aqueles gerados
pelos estabelecimentos de saúde, pois podem oferecer risco potencial à
saúde humana e ao ambiente. Isto comprova a necessidade de um
planejamento para este manejo, no qual houvesse a preocupação com a
geração, acondicionamento, segregação, tratamento e disposição f inal
dos resíduos de serviços de saúde, associados às medidas de controle da
geração destes.
Esta pesquisa tem por objetivo abordar a problemática dos
resíduos gerados pelos serviços de saúde, conhecidos pela sigla “RSS”,
8
no município de Cambé (PR). Os estabelecimentos geradores são
diversos e os problemas decorrentes da geração, tratamento e destinação
f inal são inúmeros. Por meio desta pesquisa, buscaremos levantar dados
que evidenciem a atual situação enfrentada pelo município de Cambé
acerca do assunto.
Pretende-se analisar as fontes geradoras e como estas
realizam a segregação, o acondicionamento interno e externo, a coleta
especial pela Vigilância Sanitária e a disposição f inal dos resíduos de
serviços de saúde apresentando, sem aprofundarmos a análise, mas
apenas para darmos uma idéia geral, a realidade encontrada no aterro
municipal - atual local de disposição dos resíduos sólidos gerados no
município de Cambé.
9
1- A GEOGRAFIA E OS RESÍDUOS SÓLIDOS - CONTRIBUIÇÕES
POSSÍVEIS
1.1 – O PAPEL DO GEÓGRAFO NA ANÁLISE DOS RSS
Dentre os agravantes da problemática ambiental, os resíduos
sólidos têm part icipação definit iva. São os responsáveis por acentuarem
(em diversas instâncias) a poluição nos locais de disposição f inal e seus
arredores. Vários elementos naturais como a água, o solo e o ar, estão
sendo, cada vez mais, prejudicados devido ao tratamento inadequado
dado aos resíduos sólidos.
Em todos os municípios, incluindo os de pequeno porte, há
necessidade em se trabalhar mult idisciplinarmente, para que haja um
planejamento adequado das ações referentes à problemática em análise.
Além de outros técnicos, o geógrafo também precisa fazer
parte da equipe de gestão municipal pois, além de suas outras
habil idades, consegue evidenciar a inf luência da ação humana na
modif icação do ambiente, intervindo com sucesso nos diagnósticos e na
procura de alternativas para a solução de problemas como o dos
Resíduos Sólidos Urbanos, nos quais estão presentes os Resíduos de
Serviços de Saúde (RSS), sigla que passaremos a uti l izar sempre que nos
referirmos a eles.
10
A geografia possibil i ta uma visão generalizada do ambiente,
dando condições para que se trabalhe as diversas fases das modif icações
ocorridas: o que exist ia em determinado espaço geográfico já não existe
mais ou foi modif icado, mudou sua forma ou sua função, devido a uma
série de fatores que o geógrafo consegue evidenciar mais facilmente que
outros técnicos, explicando, assim, a importância da visão deste
profissional numa equipe mult idisciplinar, cuja tarefa exije uma análise
acerca do ambiente como um todo. Segundo Fuscaldo,
as contr ibuições possíveis da Geografia para a
compreensão da questão dos resíduos sól idos urbanos
devem-se à diversidade de suas especif icidades, capazes,
num tema mult idiscipl inar como este, que impl ica na análise
de objetos próprios da natureza e da sociedade, trazer as
contribuições da Geomorfologia, da Cl imatologia, da
Hidrografia, da Geografia Urbana e da Geografia
Econômica, por exemplo, ao lado de profissionais de outras
especial idades e ciências, numa perspectiva interdiscipl inar
de tratamento da questão (FUSCALDO,2001, p. 21).
Dessa forma, o geógrafo pode contribuir, decisivamente para
a melhoria da qualidade ambiental, quando a polít ica de gestão é
discutida e trabalhada, interdisciplinarmente pela equipe de gestão
municipal, pois a geografia
permite apontar caminhos ao planejamento que superem a
mera solução técnica, na tentativa de encontrar as
alternativas mais condizentes com o atendimento às
demandas da maioria da população e à conservação e
11
recuperação dos recursos naturais (FUSCALDO, 2001,
p.21).
1.2 - GEOGRAFIA E SAÚDE – CONTRIBUIÇÕES À ANÁLISE DOS RSS
Ao considerarmos o papel da Geografia, enquanto ciência,
não podemos nos esquecer da sua importância, provada pela sua história,
na compreensão dos processos envolvidos na interação da sociedade
humana com o meio. Esta interação é responsável por grande parte das
mudanças ocorridas no ambiente, sejam elas posit ivas ou negativas.
Com o passar dos anos, graças aos avanços tecnológicos e
também ao aumento da preocupação ambiental mundial, o homem passou
a ter melhores condições para monitorar os impactos de suas ações sobre
o ambiente. Dentre estes impactos estão os problemas surgidos a part ir
do aumento indiscriminado da geração de resíduos sólidos, que são
inúmeros e estão longe de serem solucionados.
Grande parte da sociedade, infelizmente, ainda não se convence de que é
necessário pensar na condição em que se encontra o ambiente,
buscando mudar os padrões de produção e de consumo para que a
quantidade de geração de resíduos sólidos seja diminuída. Para que isso
aconteça, algumas medidas são necessárias, dentre elas, a mudança dos
processos produtivos e dos sistemas educacionais.
No caso da disciplina de Geografia, poderia ser aumentada a abordagem
de temas relacionados aos processos de produção e consumo e ao
12
processo de construção da cidadania, para que o aluno torne-se um
agente transformador, favorecendo, assim, a mudança da sociedade atual
(consumista). Também poderia ser discutida nas aulas desta disciplina a
relação entre geografia e saúde, enfatizando os r iscos causados pelos
resíduos, quando inadequadamente tratados e dispostos.
A l igação entre geografia e saúde torna-se evidente quando
observamos as conseqüências do manejo inadequado de resíduos sólidos
- com destaque especial aos resíduos de serviços de saúde – no
ambiente. Existem várias temáticas em saúde, de abordagem geográfica,
que são, segundo Machado (2000:43),
. . .as epidemias, pandemias, distr ibuição, concentração e
difusão espacial de doenças, de taxas de mortal idade e
morbidade, de médicos e equipamentos hospitalares per
capita, impactos ambientais e identi f icação de áreas de
r isco.
Devido a estes aspectos e à crise ambiental acentuada a
part ir da 2º metade do século XX, originaram-se várias terminologias
(geomedicina, geografia da saúde etc.) para referência desta l igação da
geografia com a área de saúde. Isso foi resultado da preocupação de
geógrafos em relação às implicações espaciais, ou terr itoriais, das ações
da sociedade e seus efeitos sobre à saúde humana. Muitos geógrafos
publicaram trabalhos sobre a temática, enriquecendo-a (Machado, 2000)
Os conhecimentos geográficos têm auxil iado as ações de
controle de disseminação de doenças. O caso da AIDS, por exemplo, com
13
o auxíl io de estudos e técnicas geográficas, torna-se possível o
acompanhamento da evolução dos novos casos, inclusive os países mais
afetados (MACHADO,2000).
Os problemas sociais decorrentes da pobreza e miséria,
caracterizam a baixa qualidade de vida da população, abrindo caminhos
para a chegada e permanência de doenças como o cólera, a dengue, a
tuberculose, entre várias outras.
O trabalho do geógrafo em equipes de planejamento e gestão
pública, será de suma importância para o controle epidemiológico. Para
isso, uma das técnicas que podem ser ut i l izadas por este profissional
para auxil iar o seu estudo é o mapeamento, pois
é uma das contr ibuições mais signif icat ivas do geógrafo
para o estudo da incidência de doenças, principalmente em
termos de identi f icação de desigualdades espaciais e
sociais e delimitação de áreas de r isco. Extremamente úteis,
tornam-se indispensáveis em planejamento e pol ít ica de
saúde públ ica (MACHADO, 2000, p. 45).
Mas para que o geógrafo possa util izar suas habil idades e
técnicas no auxíl io da resolução da problemática dos resíduos sólidos,
faz-se necessário que as associações de classe (AGB e CREA, por
exemplo), busquem iniciat ivas para valorização do campo de trabalho
para este profissional. Também, o poder público precisa mostrar interesse
em abrir campo de atuação para este profissional junto às equipes de
planejamento do município, equipes estas formadas por profissionais de
diversas áreas e que, muitas vezes, não contam com a part icipação do
14
geógrafo. Assim, corre-se o r isco de realizar análises incompletas,
desconsiderando fatos facilmente observáveis ao olho deste profissional,
como é o caso dos problemas intensif icados com o aumento da
população: a pobreza, a violência, o trânsito caótico, desemprego,
poluição... Quando se fala em planejamento integrado, deve-se considerar
todos estes fatos, pois fazem parte do processo da dinâmica espacial.
15
2- OS RESÍDUOS SÓLIDOS - PANORAMA
A problemática que envolve os resíduos sólidos de maneira
geral, agrava-se a cada dia. A geração destes resíduos é cada vez mais
acentuada e decorre do padrão de vida estabelecido pelo modo de
produção capitalista, no seu estágio atual. Este padrão é responsável
pelo aumento do número de produtos sofist icados e práticos que possuem
embalagens descartáveis que nem sempre possibil i tam a reciclagem.
Além disso, a indústr ia mundial busca o desenvolvimento de
bens e uti l i tários descartáveis, de baixos custos de produção e maior
valor de venda para o consumidor. Assim, um volume crescente de
resíduos é gerado, necessitando ser recolhido, tratado e disposto,
corretamente, fazendo surgir a necessidade de novas áreas de disposição
f inal, que demandam custos em todas as etapas de seu gerenciamento.
(ROTH et al, 1999)
2.1 - RESÍDUOS SÓLIDOS EM ÂMBITO MUNDIAL
O ritmo frenético da economia mundial, acarreta grandes
alterações no ambiente e este, por sua vez, não está assimilando-as. O
meio possui uma grande capacidade de regeneração, que vem sendo
esgotada, justamente pelas ações humanas, como: o aquecimento global
e, conseqüentemente, o efeito estufa, a ocupação de encostas e morros,
contaminação dos lençóis freáticos etc. Devido à intensif icação destes
16
agravos, a capacidade de regeneração do ambiente está saturada e é
preciso que o homem mude de comportamento, repensando suas ações.
Nas últ imas décadas, tem surgido e se ampliado o espaço de
discussões sobre a condição ambiental do planeta. Vários encontros entre
países foram realizados buscando tentativas de soluções para a
minimização dos impactos e garantia da diminuição do volume de
resíduos gerados. Um exemplo foi a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - Rio 1992, que estabeleceu
parâmetros de atitudes e comportamento dos países, adotando o princípio
da sustentabil idade, para que as gerações futuras possam usufruir de
condições ambientais favoráveis.
Algumas metas foram traçadas por esta conferência,
consolidadas na Agenda 21. Esta
está vol tada para os problemas prementes de hoje e tem o
objetivo ,ainda , de preparar o mundo para os desafios do
próximo século. Reflete um consenso mundial e um
compromisso pol ít ico no nível mais al to do que diz respeito
a desenvolvimento e cooperação ambiental . O êxi to da sua
execução é responsabil idade , antes de mais nada, dos
governos. Para concretizá- la são cruciais as estratégias, os
planos, as polí t icas e os processos nacionais (IPARDES,
2001, p. 3).
Na Agenda 21, em seu Capitulo 21, denominado “Manejo
ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e questões relacionadas
17
com os esgotos”, discutiu-se amplamente esta temática e conceituou-se
os resíduos sólidos nos itens 21.3 e 21.4, estabelecendo que
o manejo ambientalmente saudável desses resíduos deve i r
além do simples depósito ou aproveitamento por métodos
seguros dos resíduos gerados e buscar resolver a causa
fundamental do problema, procurando mudar os padrões não
sustentáveis de produção e consumo.(.. .) ( IPARDES, 2001,
p. 188).
Assim, faz-se necessário o estabelecimento de polít icas
públicas que sejam desenvolvidas, nos diferentes âmbitos (federal,
estadual e municipal), buscando a redução da geração dos resíduos
sólidos e o seu manejo adequado. Também, torna-se fundamental a
“conscientização” por parte da população em relação à condição
ambiental do planeta.
A exploração excessiva dos recursos naturais do planeta,
exercida principalmente pelos países de industr ialização avançada, para a
satisfação do homem moderno, além de contribuir para a poluição mundial
e, conseqüentemente para o aumento dos r iscos ou impactos ambientais
negativos, colocando em risco a humanidade, também colabora para o
aumento da geração mundial de l ixo e seus impactos negativos.(ROTH et
al,1999).
O progresso faz parte do processo do desenvolvimento
humano. As condições do ambiente, associadas à descoberta de novas
tecnologias, possibil i tam a modernização no padrão de vida da sociedade
humana. Isso faz com que haja uma “necessidade” de obtenção de
18
produtos sofist icados. Estes estão sendo produzidos em massa, em
embalagens descartáveis, não duráveis, ut i l izando grande quantidade de
água, energia elétr ica, entre outros, no processo produtivo, acabando por
extinguir os elementos naturais e poluir o ambiente. É o caso, por
exemplo, das fraldas descartáveis, as quais geram um volume imenso de
resíduos sólidos, sendo o seu uso ampliado cada vez mais.
Em muitos países, definir áreas de construção, de aterros ou
“ l ixões”, são tarefas problemáticas, pois existem aqueles, cujas condições
geográficas e territoriais, não são favoráveis. Além disso, nos paises mais
poluidores, o crescente e assustador volume de resíduos sólidos não
demonstra sinais de declínio. Estima-se que a geração de l ixo sólido em
todo o mundo cresça em torno de 20% a cada ano (ROTH et al,1999, p.
27).
Ou seja, ao passo que a população mundial cresce, o volume
de resíduos sólidos também aumenta. A população mundial urbana
passou de 29% em 1950 para 42% em 1985. Por volta, de 2020, estima-se
que este índice, chegue aos 60% (MYERS apud ROTH et al, 1999). A
grande massa de população urbana, associada à rural, segundo estudos
recentes, totalizará, em 2020, 8 bilhões de habitantes. (PRANDINI apud
ROTH et al, 1999).
Assim, serão 8 bilhões de pessoas produzindo resíduos
sólidos, em maior ou menor quantidade, dependendo de seu padrão de
vida ou país que habita: os países de industr ial ização avançada produzem
19
maior quantidade de RS do que os de industr ialização tardia. Como relata
CORSON, (apud Roth et al, 1999, p. 28)
nos grandes aglomerados urbanos dos paises de baixa
renda, cada cidadão produz entre 0,5 e 0,6 Kg de l ixo a cada
dia (em cidades como Calcutá, Jacarta e outras); grandes
cidades dos paises de renda média enfrentam, diar iamente, a
necessidade de recolher, tratar e dispor um quanti tat ivo de
resíduos da ordem de 0,5 a 0,8 Kg por habitante (Cidade do
México, Buenos Aires, São Paulo, Porto Alegre); por sua vez,
as grandes metrópoles dos paises industr ial izados produzem
mais resíduos sólidos, em quantidade que variam entre 0,7 e
1,8 Kg diár ios por habitante ( Tóquio: 1,3 Kg / habitante / dia
; Nova York, a cidade que mais produz l ixo em todo o
planeta, 1,8 Kg / habitante / dia ) .
Estes números, evidentemente, representam o aumento do
consumo pela sociedade. As indústr ias muito contribuem para esta
realidade, juntamente com a mídia. Muitas vezes, com o slogan de
“produto extraído da natureza” (principalmente no ramo de cosméticos),
de empresas que dizem fazer o “reflorestamento”, sendo
“ambientalmente corretas”, atraem consumidores de várias classes
sociais. Assim, ao mesmo tempo em que busca-se valorizar as ações para
o controle da poluição mundial, contr ibui-se para a degradação do
ambiente.
Vários problemas ambientais acentuaram-se devido à
urbanização e ao aumento da população mundial, como a poluição das
bacias hidrográficas, a concentração de favelas e demais áreas de
20
ocupação irregular, falta de saneamento básico, alastramento de doenças,
diminuição e escassez dos recursos naturais.
A ocupação de encostas e morros também traz problemas,
não só de ordem ambiental, mas também sócio-econômica. Famílias de
baixa renda, não possuindo boas condições f inanceiras que garantam
moradias dignas, abrigam-se nestas localidades, contr ibuindo para a
formação de favelas. O poder público, por sua vez, em vários municípios
brasileiros, não obedece a critérios técnicos corretos para l iberação de
áreas, autorizando a ocupação dos fundos de vales, reflet ida na
implantação de conjuntos habitacionais nestes locais ou próximo deles.
Com isso, a vegetação é desmatada e sem vegetação ou obras de
contenção, ocorrem, com as chuvas, escorregamentos de terra, que
arrastam moradias e causam mortes e prejuízos (Giansanti & Oliva,1999).
Muitas vezes, os resíduos gerados por essa população
acabam sendo depositados nestes fundos de vales, à beira de r ios e
córregos, pois o sistema de coleta urbana não contempla estas áreas.
Desta maneira, a problemática dos resíduos sólidos envolve,
em grande parte, diretamente o poder público, exigindo ações de
planejamento e gestão.
2.2 - RESÍDUOS SÓLIDOS NAS CIDADES BRASILEIRAS
O Brasil, sendo um país de industrialização tardia, enfrenta
vários problemas característ icos de países como estes, dentre eles:
21
pobreza, miséria, habitação inadequada, desemprego, falta de
saneamento básico etc. todos de caráter signif icativo, exigindo dos
governos, soluções imediatas para que a população venha a ter melhor
qualidade de vida.
As grandes metrópoles brasileiras, principalmente, produzem
um volume considerável de resíduos sólidos, devido à grande quantidade
de habitantes e indústr ias, além de setores de prestação de serviços. O
país abriga 75% da população nas cidades, gerando 242 mil toneladas de
resíduos sólidos diariamente, num total anual de 88,3 milhões de
toneladas, do qual 37% correspondem aos resíduos produzidos nos
domicíl ios (Prandini apud ROTH et al, 1999).
Infelizmente, os serviços de coleta de l ixo não são bem
estruturados, cobrindo apenas 34% do volume gerado. Dessa forma,
muitas cidades não têm este serviço ou têm parcialmente, levando a
população a depositar o seu l ixo em terrenos baldios, fundos de vales,
corpos d’água, margens de rodovias etc. Muitos municípios, ut i l izam
caminhões-caçamba para recolher o l ixo, espalhando mau cheiro e r isco
de contaminação por agentes patológicos ( Roth et al, 1999)
As taxas de crescimento da população urbana auxil iam no
agravamento da situação relacionada aos resíduos sólidos, pois o volume
gerado por esta população é proporcionalmente aumentado, fazendo
surgir outros problemas decorrentes da falta de saneamento ambiental.
Assim, os cofres públicos necessitam destinar recursos para
o tratamento adequado dos resíduos sólidos, mas nem sempre isso
22
acontece, devido à situação vivida por vários municípios, pois grande
parte das prefeituras brasileiras está enfrentando dif iculdades f inanceiras,
impossibil i tando, muitas vezes, as ações referentes ao gerenciamento
adequado dos resíduos sólidos urbanos. Os recursos existentes são
canalizados para outras prioridades e esta permanece somente nas
propostas que dif ic i lmente serão viabil izadas em razão de seu custo
elevado.
Embora a situação seja crít ica, quando se trata de recursos
f inanceiros e priorização de serviços, deve exist ir um plano de ação por
parte das prefeituras que contemple desde o tratamento até a disposição
f inal dos resíduos sólidos, pois
a existência dos resíduos sól idos urbanos é um produto dos
processos de consumo, tanto dos individuais quanto dos
produtivos, e impl icam, ou melhor, exigem, a instalação de
sistemas de consumo coletivo, representados, pelos
serviços de coleta, tratamento e deposição final
(FUSCALDO, 2001, p. 20).
Vários municipios brasileiras são conhecidas por
apresentarem característ icas negativas devido à sujeira de suas vias
públicas, incluindo as praças. Isto acaba por reduzir o interesse de
visitantes, não só estrangeiros como também os próprios brasileiros, além
de contribuir para a degradação do ambiente.
O hábito de jogar papéis de bala e outros resíduos em vias
públicas é muito comum nas cidades do país; em alguns casos, isto ainda
23
é mais evidente, principalmente, por parte das crianças. Isto pode ser
observado com maior incidência nos pátios das escolas públicas, após o
horário de intervalo (recreio). Existe de tudo um pouco: embalagens de
balas, chicletes, pirulitos, salgadinhos, chocolates, iogurtes, sanduíches...
As l ixeiras estão presentes mas ou são ignoradas ou rapidamente se
enchem, não comportando a quantidade excessiva de resíduos gerados
em um intervalo de aula. Implantar a coleta seletiva nestes ambientes,
então, torna-se também necessário.
Comportamentos como este, acabam por contr ibuir para o
aumento do volume de resíduos sólidos e, o conseqüente tratamento
inadequado, pois
a maioria absoluta dos resíduos sól idos municipais
coletados nas cidades brasi leiras, cerca de 76% do total
recolhido, não recebe destinação f inal adequada: é
simplesmente despejado em l ixões a céu aberto, nos quais
não há qualquer espécie de tratamento inibidor ou redutor
dos seus efei tos poluidores. Apenas 10% do volume total
coletado são deposi tados em aterros sanitários, que se
consti tuem na melhor opção técnica disponível para a
disposição f inal, com menor impacto ambiental; outros 13%
vão para aterros controlados, 0,9% são encaminhados para
usinas de compostagem e 0,1% destina-se à incineração
(PRANDINI apud ROTH et al , 1999, p. 28 e 29).
A única preocupação ambiental presente na cultura da
maioria dos cidadãos brasileiros, em relação ao l ixo, termina ao colocar
sua l ixeira no portão para ser recolhido pelo serviço de coleta municipal.
24
A redução do volume de resíduos sólidos não acontece, pois
a produção e a aquisição de novos produtos industr ial izados, práticos e
sofist icados, tem aumentado cada vez mais. Assim, espaços destinados à
disposição f inal vêm sendo diariamente preenchidos e a poluição
ambiental, difundindo-se. A legislação existente no Brasil, no tocante á
disposição adequada de resíduos sólidos, não garante o correto
tratamento, pois existem diversas irregularidades, até mesmo nos locais
de geração dos resíduos de serviços de saúde.
Resíduos especiais, provenientes de indústr ias e prestadoras
de serviços de saúde são depositados juntamente com aqueles
produzidos nos domicíl ios, agravando ainda mais, os impactos ambientais
negativos decorrentes da disposição f inal do l ixo (Roth et al, 1999).
Os resíduos de serviços de saúde, juntamente com outros
t ipos de resíduos especiais, como os industr iais, são os que merecem
atenção especial por apresentarem característ icas que oferecem diversos
r iscos à saúde pública. Acerca dos resíduos dos serviços de saúde,
estima-se que no Brasil,
em 49,3% dos municípios os mesmos não são coletados;
em 42,2% são despejados pelos geradores em vazadouros
a céu aberto; em 7% ocorre a sua incineração a céu aberto;
e, em apenas 1,5% dos municípios brasi leiros as fontes
geradoras adotam providencias, tais como a incineração ou
a deposição dos resíduos de saúde em aterros especiais
(EMBRAPA apud ROTH et al , 1999, p. 29).
25
Isto mostra como está a situação não só dos resíduos de
serviços de saúde, mas dos resíduos sólidos como um todo. Esta
pesquisa procura abordar esta temática e esperamos que a realidade hoje
encontrada possa ser mudada, principalmente, através de polít icas
públicas que priorizem a problemática dos resíduos sólidos, com ênfase
nos resíduos de serviço de saúde, para que a população, tanto atual
quanto futura, tenha melhor qualidade de vida.
2.3 - CONCEITUAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Como está sendo amplamente apresentado neste estudo, os
problemas gerados pelos resíduos sólidos estão longe de serem
resolvidos. Afinal, o que são os chamados resíduos sólidos ? Diversos
autores contribuíram para esta definição, entre eles SEWELL (apud
Takata, 1994), que conceitua os resíduos sólidos como sendo os materiais
indesejáveis pelo homem que não podem fluir diretamente para os r ios ou
se elevar diretamente para o ar. Muitas pessoas consideram resíduos
sólidos e l ixo, como sinônimos mas, no entanto, não são, como veremos
adiante. Os resíduos, em geral, englobam
jornais velhos, garrafas de vidro, latas metál icas, copos
de papel, garrafa plást ica, automóveis abandonados, entulho
de demolição, escória de minas, animais mortos, ful igem,
lodo desidratado de esgotos e o l ixo de nossas mesas de
refeições. São produzidos onde quer que o homem se
encontre – nas fazendas, minas, lojas, escri tórios, fábricas,
26
lares, hospitais, ruas e mesmo nos acampamentos primit ivos
dos nômades tradicionais (SEWELL, apud TAKATA, 1994,
p. 11)
O conceito de resíduo sólido sempre está l igado a resto, o
que sobra, que não é mais uti l izado e necessita de um local para
disposição f inal. Para Machado,
s igni f ica l ixo, refugo e outras descargas de materiais
sól idos, incluindo resíduos sól idos de materiais
provenientes de operações industriais, comerciais e
agrícola e de atividade da comunidade (apud TAKATA,
1994, p. 11).
De acordo com a definição proposta por este autor, l ixo e
resíduo estão inseridos na mesma esfera, sem dist inção. No entanto,
quando falamos em resíduo, precisamos considerar o contexto histórico
no qual está inserido, pois em épocas anteriores, muitos t ipos de resíduos
(embalagens plásticas, por exemplo) não exist iam e, mesmo exist indo, o
volume gerado era menor que o atual.
Segundo KUHNEN (apud FUSCALDO, 2001, p.38), resíduo
é um conceito vinculado e relativo a um contexto tecnológico, de
aprimoramento de produção, portanto cultural e histórico.
O modo de produção capitalista é responsável pelo
surgimento de novos t ipos de resíduos, a cada dia, através da variedade
de produtos criados e comercializados. Produtos estes, que cada vez mais
27
estão sendo adquir idos pela sociedade consumista e aglomerados ao
montante de resíduos sólidos.
Independentemente da origem dos produtos, as embalagens
sempre serão destinadas a algum local de disposição f inal, embora, se
forem obedecidas as legislações correspondentes, este volume pode ser
reduzido ao mínimo, o qual
seria consti tuído por aquela fração não reaproveitável dos
resíduos, o chamado resíduo úl t imo , cujo único dest ino
f inal é o aterramento, ao contrário do pr imeiro (resíduo
sól ido) que traria implíci ta a idéia do reaprovei tamento
possível ( . . . ) (FUSCALDO, 2001, p. 72).
É importante ressaltar esta diferença existente entre os
signif icados destes conceitos, pois quando falamos em gerenciamento de
resíduos, também está inserido o conceito de l ixo. Este, entendido como o
resto f inal de determinado produto, necessita de disposição adequada que
ofereça o menor r isco de contaminação possível ao ambiente. Já os
resíduos que ainda podem ser reinseridos ao sistema produtivo, deve ser
dado preferência, sempre que possível, às iniciat ivas de reciclagem.
2.3.1 - Lixo
Apesar de vários autores adotarem o conceito de resíduo
sólido, existem outros que uti l izam o termo lixo. Este engloba a idéia de
algo sem valor, mas que, atualmente, tem gerado renda para muitas
28
famílias, através da reciclagem, especialmente papéis, papelões e
lat inhas.Existem várias definições encontradas para o termo lixo.
Para Jardim (1995, p. 23), l ixo resume-se em restos das
atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis,
indesejáveis ou descartáveis. Normalmente, apresentam-se sob estado
sól ido, semi-sólido ou semi-l iquido.
Pode-se perceber através dessa definição que o l ixo é
considerado dispensável, além de sua origem provir da rotina da
sociedade humana, que pode variar de acordo com os padrões culturais.
Segundo Lima (1991, p.11)
é comum definir l ixo como todo e qualquer resíduo que
resulte das at iv idades diárias do homem na sociedade.
Estes resíduos compõem-se basicamente de sobras de
al imentos, papeis, papelões, plásticos, trapos, couros,
madeiras, latas, vidros, lama, gases, vapores, poeiras,
sabões, detergentes e outras substancias descartadas pelo
homem no meio ambiente.
Este mesmo autor (Lima, 1991) elaborou uma classif icação
para o l ixo considerando fatores como número de habitantes do local,
condições climáticas, hábitos e costumes da população, nível
educacional, entre outros, cujas características poderão inf luenciar na
caracterização e classif icação do l ixo, devido ao teor de umidade, peso
especif ico e teor de matéria orgânica. Assim, dist inguiu 5 classes de l ixo:
l ixo domicil iar, l ixo comercial, l ixo industr ial, l ixo dos serviços de saúde e
l ixo agrícola.
29
O lixo domicil iar (residencial) é caracterizado pela presença
de sobras de alimentos, invólucros, papéis, papelões, plásticos, vidros,
(.. .) pode conter alguns produtos perigosos como inseticidas, bactérias
diversas, pilhas, resíduos de t inta, etc (Lima, 1991, p.11)
Este t ipo de l ixo produzido em nossas residências,
estabelecimentos comerciais e muitos outros locais, não deveria ser
acondicionado de forma homogênea, sem nenhuma segregação,
misturando restos de alimentos, embalagens, materiais perfurocortantes,
pilhas e todos os que não são mais uti l izados.
O ideal seria que cada cidadão tomasse consciência deste
fato, mudando de atitude, realizando a segregação dos resíduos no
domicíl io e em todo o ambiente que estivesse gerando resíduo, facil i tando
a coleta seletiva realizada pelo município, quando houver, e buscando
diminuir os agravos relacionados a esta problemática.
O caso dos resíduos gerados nos ambientes prestadores de
serviços de saúde merece atenção especial devido à grande capacidade
que esta classe de resíduos possui em oferecer r iscos à saúde pública e
ao ambiente, considerando a possibil idade da presença de agentes
patogênicos nestes resíduos, já que são gerados em hospitais, clínicas
diversas, laboratórios anatomopatológicos, clínicas veterinárias, postos
de saúde, clínicas odontológicas (Lima, 1991, p.11)
Os resíduos gerados nestes ambientes são aqueles
resultantes dos procedimentos realizados, entre eles destacam-se:
30
agulhas, seringas, gazes, bandagens, algodões, órgãos e
tecidos removidos, meios de culturas, animais usados em
testes de laboratórios, sangue coagulado, luvas
descartáveis, materiais de cirurgia, remédios com prazos
vencidos, instrumento de resina sintét ica, f i lmes fotográficos
de raio-X, etc (Lima, 1991, p.11)
Estes materiais são gerados diariamente e o seu volume tem
aumentado signif icativamente devido ao aumento de atendimentos, tanto
nos hospitais quanto nos outros serviços e, como agravantes, há
ausência de segregação adequada nestes locais. Se as iniciat ivas de
reciclagem fossem admitidas, o volume de resíduo e a contaminação do
resíduo comum, seriam diminuídos e os aterros sanitários armazenariam
somente aqueles resíduos que inevitavelmente são contaminados e os
perfurocortantes.
2.4 -CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Varias são as formas para classif icação dos resíduos sólidos
de acordo com suas característ icas peculiares.
De acordo com Takata (1994) a NBR 10004, da ABNT (1987),
ordena os resíduos quanto à sua natureza da seguinte forma:
31
• Classe I – Resíduos perigosos: são classif icados
segundo a função de suas propriedades fís icas,
químicas ou infecto-contagiosas. podem apresentar
r isco a saúde publica provocando mortal idade ou
incidência de doenças e/ou r iscos ao meio ambiente;
• Classe II – Não inertes: são aquelas não se enquadram
na classe I ou II I , eles podem ter propriedades como
combustibi l idade, biodegradabi l idade ou solubi l idade
em água.
• Classe I II – Inertes: são aqueles que não tem nenhum
de seus componentes solubil izados pela água, como as
rochas, t i jolos, v idros, plást icos, etc.. .
Esta classif icação é generalista, porém muito uti l izada por
diversos órgãos para evidenciar e caracterizar impactos ambientais
causados pelos resíduos (Fuscaldo, 2001).
Lima (apud FUSCALDO, 2001), apresenta a classif icação
estabelecida pela CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental), referindo-se aos resíduos industriais produzidos em São
Paulo, em 4 categorias:
• Categoria 1 = Incluem-se nesta categoria os resíduos
considerados perigosos, ou seja, que requerem
cuidados especiais quanto a coleta,
acondicionamento, transporte e destino f inal , pois
apresentam substancial pel iculosidade, real ou
potencial , à saúde humana ou aos organismos vivos,
e se caracter izam pela letal idade, não
degradabi l idade e pelos efeitos cumulativos adversos
.
32
• Categoria 2 = Incluem-se nesta categoria os resíduos
potencialmente biodegradáveis e/ou combustíveis.
• Categoria 3 = Incluem-se nesta categoria os resíduos
considerados inertes e incombustíveis.
• Categoria 4 = Incluem-se nesta categoria os resíduos
consti tuídos por uma mistura variável e heterogênea
de substância que individualmente poderiam ser
classi f icadas nas categorias 2 ou 3.
Ribeiro (apud FUSCALDO, 2001), propõe 2 ordens de
classif icação: quanto à categoria e quanto à natureza. Quanto à categoria
estão divididos em: resíduos urbanos, resíduos industr iais, resíduos de
serviços de saúde, resíduos de atividades rurais, resíduos de serviços de
transportes e rejeito radioativo. Em relação à natureza estão divididos em:
resíduos classe I – perigosos; resíduos classe II – não inertes; resíduos
classe III – inertes.
As classif icações para os t ipos de resíduos são de suma
importância para facil itar o gerenciamento destes e quanto mais detalhada
for esta classif icação, melhor será a qualidade deste gerenciamento,
possibil i tando o tratamento e disposição f inal adequados.
2.5- FORMAS DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Existem várias formas para disposição de resíduos sólidos,
entre elas: depósito a céu aberto, depósito em aterro sanitário, usina de
33
compostagem, usina de reciclagem e usina de incineração (Sirvinskas,
2003).
O depósito a céu aberto, popularmente conhecido como lixão,
tem sido o grande problema enfrentado por grande parte das cidades
brasileiras. O l ixão
é a disposição de l ixo em local inadequado para essa
f inal idade, causando danos ao ar atmosférico, ao solo e ao
subsolo, ao lençol freático, aos r ios e mananciais, à f lora, à
fauna e pr incipalmente, à saúde humana, além de atrair
insetos, roedores, etc ( SIRVINSKAS, 155, p. 155)
Estes l ixões estão presentes em diversas cidades e estão
longe de serem extintos, para dar lugar aos aterros sanitários ou outra
forma de disposição f inal mais adequada. Nestes l ixões, não há
separação entre os resíduos, obedecendo o caráter de sua natureza,
agravando ainda mais a situação, pois
uma das pr incipais característ icas dos l ixões é a de serem
causadores de poluição tanto local izada quanto
general izada, pois disseminam seus efei tos negativos a
longas distancias (ROTH et al , 1999, p. 32).
O aterro controlado é outra forma para disposição de
resíduos sólidos que também não se enquadra nos parâmetros
estabelecidos pela ABNT, pois segundo a Norma Brasileira Registrada
8849/85, consiste na
técnica de disposição de resíduos sól idos urbanos no solo,
sem causar danos ou r iscos à saúde pública e à sua
34
segurança minimizando os impactos ambientais, método
este que uti l iza os pr incípios de engenharia para confinar
os resíduos sól idos cobrindo-os com uma camada de
material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho
(ABNT apud FUSCALDO, 2001, p. 93).
Existem vários pontos favoráveis em relação à adoção desta
forma de disposição f inal, entretanto, não acontece a eliminação da
contaminação e poluição do ambiente, devido à ausência de
impermeabil ização de base e de coleta e tratamento do chorume e dos
gases, além de persistência, em muitos casos, da presença de catadores.
O aterro sanitário seria a forma de disposição f inal de
resíduos sólidos que menos impactaria negativamente o ambiente, pois
é a forma de disposição do l ixo mais adequada e econômica.
A escolha do local deverá ser submetida ao estudo prévio de
impacto ambiental (EPIA/RIMA) para constatar a viabi l idade
de implantação do aterro. Todas as alternativas devem ser
anal isadas para se evi tar o menor impacto ambiental
possível . Trata-se de uma área externa para a disposição do
l ixo coletado, diar iamente e, após a sua compactação, é
coberta com uma camada de terra no final de cada dia. São
colocados respiros e drenos para a saída dos gases e do
chorume, observando-se os princípios de engenharia
sanitária (SIRVINSKAS , 2003, p 156).
Segundo FUSCALDO (2001, p. 95), as vantagens do aterro
sanitário são a redução signif icativa dos impactos ambientais negativos
através da impermeabil ização de base e pela coleta e tratamento dos
efluentes líquidos e gasosos; diminuição dos r iscos à saúde devido ao
35
confinamento e à cobertura diária proporcionando a redução signif icativa
da proliferação dos vetores e não há a presença de catadores.
2.6- FORMAS DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Antes de ir para o destino f inal (ou até mesmo nem necessite
desta disposição, dependendo do t ipo de resíduo), segundo as legislações
correspondentes, os resíduos passam por um tratamento, de acordo com
sua composição. Aqui apresentaremos três formas: a compostagem, a
reciclagem e a incineração.
A usina de compostagem seria aquela na qual os resíduos
domicil iares são processados e transformados em adubos, através do uso
da matéria orgânica presente no montante de resíduos. (Sirvinskas, 2003,
p. 156/157). Talvez uma desvantagem neste processo de compostagem,
ainda segundo SIRVINSKAS, seria que ele
não el imina os agentes patogênicos ou os parasitas e, por
essa razão, pode contaminar os al imentos adubados por
esse composto. Não existe ainda uma legislação
discipl inando os cr i tér ios para a uti l ização da usina de
compostagem com a f inal idade de se evi tar essa
contaminação (2003, p 157).
36
Entretanto, KIEHL (apud FUSCALDO, 2001, p.84) afirma que
uma das vantagens encontradas no processo de compostagem é
justamente a eliminação de patógenos, além de possibil i tar:
• economia de área de aterro e de material de
cobertura;
• aproveitamento agrícola da matéria orgânica;
• reciclagem de nutr ientes para o solo;
• processo ambientalmente seguro;
• agregação e estruturação do solo;
• recuperação de solos degradados;
• redução dos impactos ambientais negativos
(FUSCALDO, 2001 : 83 e 84).
Ainda segundo Sirvinskas (2003, p.157), a reciclagem seria o
método de reaproveitamento de determinados materiais como, por
exemplo, vidros, papel, papelão, jornal, alumínio, plástico, metal, etc.
Existem alguns t ipos de resíduos que poderiam ser
incinerados, desde que obedecidos os padrões estabelecidos pelos
diversos órgãos responsáveis por esta normatização. Este processo de
incineração
é um dos processos mais eficazes, mas economicamente
custoso. Esse processo transforma a queima dos Resíduos
de Saúde em material inerte, reduzindo, sobremaneira, o
espaço ocupado. A usina de incineração deve ser ut i l izada
mais para a queima de l ixo hospitalar (SIRVINSKAS, 2003,
p 157).
37
2.7- ASPECTOS LEGAIS ACERCA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
Os resíduos sólidos merecem atenção por parte de todas as
instâncias de governo: federal, estadual e municipal. Porém, é no âmbito
municipal que as ações devem ser priorizadas, visto que os locais de
geração destes resíduos estão inseridos na esfera municipal.
Grande parte dos municípios brasileiros tem enfrentado
problemas relacionados à limpeza pública e, em muitos deles, este
serviço público ainda não existe. Muitos veículos part iculares e, às vezes,
dos próprios municípios que transportam os materiais resultantes das
podas de árvores, por exemplo, não fazem a disposição correta,
depositando-os até em terrenos baldios ou fundos de vale. No caso dos
resíduos sólidos, o descaso é semelhante: quantas vezes já não vimos
grandes quantidades de resíduos depositadas em terrenos baldios ou em
fundos de vale, provocando, entre outros, o assoreamento de corpos
d’água? Onde está o papel dos municípios em fazer cumprir a legislação
vigente ou em produzir suas próprias normas a respeito?
Aqui, apresentaremos algumas considerações sobre as
legislações referentes aos resíduos sólidos. Primeiramente, convém
lembrar o que diz o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), no
caput da resolução n. 5, de 05 de agosto de 1993 que: dispõe sobre os
procedimentos mínimos para o gerenciamento de resíduos, com vistas a
preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente (SIRVINSKAS,
2003, p. 398).
38
A Resolução do Conama, n. 001-A, de 23 de janeiro de 1986,
auxil ia a Polít ica Nacional do Meio Ambiente quando fornece orientações
para a implementação da Avaliação de Impacto Ambiental nesta prática
(SIRVINSKAS, 2003)
A Lei Estadual de Resíduos do Paraná, n. 12493, de 22 de
janeiro de 1999, define princípios, procedimentos, normas e critérios
referentes a geração, acondicionamento, armazenamento, coleta,
transporte, tratamento e destinação f inal dos resíduos no Estado do
Paraná (...). Os objetivos desta lei referem-se à diminuição dos níveis de
poluição, contaminação e impactos ambientais negativos no estado.
Assim,
a geração de resíduos sól idos, no terr i tório do Estado do
Paraná, deverá ser minimizada através da adoção de
processos de baixa geração de resíduos e da reuti l ização
e/ou reciclagem de resíduos sól idos, dando-se pr ior idade à
reuti l ização e/ou reciclagem a despeito de outras formas de
tratamento e disposição f inal , exceto nos casos em que não
exista tecnologia viável ( LEI 12493, 1999, art. 3o )
As iniciat ivas de reciclagem são apontadas e exigidas por
esta lei estadual, incentivando as ações que levem a esta f inalidade. Com
isso, surge o compromisso com a diminuição do montante de resíduos, o
qual deve começar pela ação de cada cidadão, expandindo-se, depois,
para toda a sociedade.
39
Também faz-se necessário observar a responsabilidade pela
geração de resíduos sólidos, que, em alguns casos, segundo o art igo 4o
desta Lei nº 12493, cabe aos geradores a total responsabil idade pelo
acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento,
disposição f inal, pelo passivo ambiental oriundo da desativação de sua
fonte geradora, bem como pela recuperação de áreas degradadas.
As indústr ias são as grandes vilãs da poluição ambiental
desde tempos remotos e, mesmo com legislações tão importantes, ainda
vemos os índices de poluição aumentarem cada vez mais e pouco é feito
para que isso seja solucionado. Os municípios precisam criar legislação
específ ica local e uti l izar de meios para agil izar o cumprimento das
demais leis referentes aos resíduos sólidos e, consequentemente,
diminuir os níveis de poluição ambiental.
40
3- OS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE
Os Resíduos dos estabelecimentos de Saúde, comumente
chamados de “lixo hospitalar”, vêm, aos poucos, recebendo e
consolidando a denominação apropriada de “Resíduos de Serviços de
Saúde (RSS)”. Estes sempre geraram preocupação e demandam atenção
especial por parte dos envolvidos em seu gerenciamento. No entanto,
surpreendentemente, no Brasi l , há mais de 30 mil , unidades
de saúde produzindo esses resíduos, e na maioria das
cidades, a questão do manuseio e da disposição f inal não
está resolvida, e acrescenta-se que algumas unidades de
saúde desconhecem a quantidade e a composição dos
resíduos que produzem (FERREIRA, 1995, apud SILVA,
2002, p.2).
Devido aos r iscos à saúde pública e ao ambiente, os RSS
requerem tratamento diferenciado, possibil i tado através de ações
desenvolvidas, interdisciplinarmente, tanto pelo poder público quanto pelo
setor privado.
Os estabelecimentos geradores são variados. De acordo com
as normas NBR 12807 e 12808, de 1993, da ABNT (apud FUSCALDO,
2001, p.6), os RSS provêm de unidades executoras de atividades de
assistência médica às populações, tanto humana quanto animal, inclusive
centros de pesquisas, desenvolvimento ou até experimentação em área de
farmacologia e saúde, somando-se, assim, os medicamentos deteriorados
ou com prazo de validade vencido.
41
Vários trabalhos sobre resíduos sólidos abordam a
necessidade de planejamento para os RSS, pois a sua geração não pára
de crescer e os estabelecimentos de saúde, principalmente de origem
privada aumentam a cada ano. Estes estabelecimentos prestadores de
serviços à saúde, segundo ROTH et al (1999, p.30), resumem-se em
[.. . ] hospitais, postos de saúde, prontos-socorros, cl inicas
médico-odontologicos, cl inicas e farmácias com atendimento
ambulatorial , laboratór ios de analises cl inicas e os simi lares
relacionados aos serviços veterinários (podem conter
germes patogênicos causadores ou disseminadores de uma
serie de doenças, dentre eles: órgãos e tecidos removidos,
algodões, bandagens, seringas e agulhas, meios de cultura).
Em virtude dos riscos à saúde pública e de contaminação do
ambiente pelos RSS, faz-se necessário iniciar a segregação nos locais
geradores. Este método consiste em separar e selecionar os resíduos
segundo a classif icação adotada, na fonte de geração, sendo fundamental
a capacitação do pessoal responsável (Brasil, 2002, p.258).
A segregação deve ser realizada, principalmente, porque
diminui a contaminação dos resíduos comuns; possibil i tam o manejo
especif ico de acordo com o grupo de resíduos, permit indo tratar
especif icamente cada categoria; contr ibui para a redução dos riscos à
saúde; minimiza os custos acerca do manejo dos resíduos e facil ita a
reciclagem ou reaproveitamento de uma parcela dos resíduos comuns.
(Brasil, 2002).
42
3.1- CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE
Os RSS são classif icados de acordo com suas característ icas
biológicas, físicas e químicas e composição (ver f igura 1), pois facil i tam o
seu gerenciamento, tanto nos estabelecimentos de saúde quanto fora
deles. Desta forma, são divididos em resíduos com risco biológico (grupo
A), resíduos com risco químico (grupo B), resíduos radioativos (grupo C) e
resíduos comuns (grupo D) (Brasil, 2002).
Já a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),
adota uma classif icação específ ica, dividindo estes resíduos em: Grupo A,
potencialmente infectantes, divididos em 7 subcategorias; Grupo B,
químicos, divididos em 8 subcategorias; Grupo C, rejeitos radioativos;
Grupo D, resíduos comuns; e Grupo E, perfurocortantes (Rdc n. 33, 2003)
Ainda nesta RDC 33, da ANVISA, de 25 de fevereiro de 2003,
encontramos algumas divergências em relação às resoluções do
CONAMA, pois existem tópicos, como é o caso da subcategoria A2
(bolsas de sangue ou componentes sanguíneos que possuam volume
superior a 50 ml) que estipula uma determinada quantidade para ser
considerado como potencialmente infectante, sendo que não existe a
mesma exigência na resolução do CONAMA. Assim, há a possibil idade de
se dispor estes resíduos nos aterros sanitários sem tratamento
diferenciado, sendo considerados resíduos comuns, pertencentes ao
grupo D.
43
Figura 1: Símbolos característ icos dos t ipos de resíduos de serviço de saúde de acordo com a natureza dos resíduos (Fonte: Brasil, 2002, p. 259-260).
Os resíduos do grupo A oferecem risco potencial, tanto à
saúde quanto ao ambiente, devido aos agentes biológicos e
compreendem, conforme Resolução do CONAMA nº 05/93 e 283/01 (apud
BRASIL, 2002, p. 251):
• bolsas de sangue, sangue e hemocomponentes;
• secreções, excreções e outros f lu idos orgânicos, quando
coletados considerando somente a parte destinada à
anál ise;
• meios de cul tura inoculados e vacinas de microorga-
nismos vivos ou atenuados;
• peças anatômicas, tecidos, membranas, órgàos,
placentas incluindo membros (pernas, pés, braços, maos
e dedos) do ser humano, que não tenham mais valor
científ ico ou legal, e ou quando não houver requisição
pelo paciente ou fami l iares (.. .)
44
Além destes, existem outros materiais que são incluídos
neste grupo, como resto de fecundação que não possua nenhum sinal
vital, tendo menos de 500 gramas e sendo menor que 25 centímetros ou
idade de gestação inferior a 20 semanas; restos de animais pertencentes
a centros de estudos ou similares; aqueles resíduos que estiveram em
contato com pacientes em áreas de isolamento, inclusive f i ltros de ar
condicionado destas áreas; todos os materiais que sejam considerados
perfurantes e/ou cortantes, com exceção dos contaminados com
radionuclídeos; materiais que tenham sido contaminados com substâncias
orgânicas, inclusive os considerados resíduos comuns; e até a camada de
lodo existente nos sistemas de tratamento de efluentes de geradores de
resíduos de serviços de saúde. (Brasil, 2002)
No caso dos perfurocortantes, existem riscos específ icos:
podem abrigar microorganismos causadores de doenças, além de conduzi-
los à corrente sanguínea no momento em que a pele é perfurada; os
catadores procuram estes materiais para comercializá-los (reciclagem) e
sempre estão sofrendo acidentes em função desta tarefa (Brasil, 2002).
Os RSS recebem acondicionamento especial em
conseqüência de seus possíveis r iscos, pois muitos acidentes acontecem,
freqüentemente, nos estabelecimentos de saúde, envolvendo profissionais
do ramo, além dos catadores nos l ixões. Para que estes problemas
possam ser minimizados, especialmente os resíduos do grupo A,
devem ser acondicionados em saco plást ico branco lei toso,
resistente, impermeável, de acordo com a NBR 9190-
45
Classi f icação de Sacos Plásticos para Acondicionamento de
Lixo, devidamente identi f icado com rótulo de fundo branco,
desenho e contorno preto, contendo o símbolo universal de
substância infectante, baseado na Norma da ABNT, NBR
7500- Símbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e
Armazenamento de Materiais. Sugere-se a inscr ição “Risco
Biológico” (BRASIL, 2002, p. 258).
Estes sacos acomododar-se-ão em cestos de l ixo, brancos,
que possuam tampa e pedal, corretamente identif icados com o símbolo
universal de substância infectante (ver f igura 1), em rótulo com fundo
branco e desenho e contorno preto, segundo a norma NBR 7500
(Símbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e Armazenamento de
Materiais) da ABNT, contendo a expressão “Risco Biológico”. No caso dos
perfurocortantes, necessitam ser armazenados em recipientes rígidos, não
ultrapassando 2/3 do volume total, posteriormente ao fechamento do
recipiente, envolvidos em sacos já mencionados, com a mensagem “Risco
Biológico” e “Perfurocortante” (Brasil, 2002).
Os resíduos de serviço de saúde, segundo BRASIL (2002, p.
251), enquadrados no grupo B, cujas característ icas podem apresentar
corrosividade, reatividade, inf lamabil idade, toxicidade, citogenecidade
e/ou explosividade, são os
• resíduos perigosos, antimicrobianos, hormônios sinté-
t icos, quimioterápicos e materiais descartáveis por eles
contaminados;
• medicamentos vencidos, contaminados, interditados,
parcialmente ut i l izados e demais medicamentos impró-
46
prios para consumo;
• objetos perfurocortantes contaminados com quimiote-
rápico ou outro produto químico perigoso;
• mercúrio, outros resíduos de metais pesados — anti -
gamas, lâmpadas, termômetros, esfignomanômetros de
coluna de mercúrio, pi lhas, bater ias, entre outros;
• saneantes e domissanitários;
• l íquidos reveladores de f i lmes;
• quaisquer resíduos do GRUPO D, comuns, com r isco de
estarem contaminados por agente químico (BRASIL,
2002, p.251).
Para que estes resíduos sejam armazenados corretamente,
diminuindo os possíveis r iscos ao ambiente e à saúde pública, preconiza-
se que sejam armazenados em sacos já referidos para o grupo A, com a
inscrição “Risco Químico”, não ignorando a possibil idade de reações
químicas indesejáveis. Portanto, faz-se necessário observar se as
substâncias ali acondicionadas são compatíveis ou não (BRASIL, 2002).
Além destes t ipos de resíduos, existem os caracterizados
como rejeitos radioativos (grupo C), que são aqueles que resultam de
atividades humanas que contenham radionuclideos em quantidades
superiores aos l imites de el iminação especif icados na norma CNEN-NE-
6.02- Licenciamento de Instalações radioativas (BRASIL, 2002, p. 252).
Neste grupo enquadram-se
os resíduos dos grupos A, E e D contaminados com
radionucl ídeos, tais como seringas, equipos, restos de
fármacos administrados, compressas, vestimenta de
trabalho, luvas, sapati lhas, forração de bancada, objetos
47
perfurocortantes contaminados com radionucl ídeos, entre
outros assemelhados. Devem ser obedecidos as normas e
os procedimentos adotados pela CNEN (BRASIL, 2002, p.
252).
Devido à alta periculosidade presente nos resíduos deste
grupo, o acondicionamento deve seguir a norma CNEN-NE-6.05- Gerência
de Rejeitos Radioativos em Instalações Radioativas, para que a
radioatividade seja eliminada (BRASIL, 2002, p. 260). Então,
deverão ser coletados em recipientes especiais bl indados.
Esses recipientes devem ser identi f icados com rótulos
contendo o símbolo universal de substância radioativa,
baseado na Norma da ABNT 7500-Símbolos de Risco e
Manuseio para o Transporte e Armazenamento de
Materiais, e com a inscrição “Rejeito Radioativo”, contendo
a inscrição em fundo branco, desenho e contornos pretos. E
exigido que a identi f icação do radioisótopo e informações
sobre tempo de decaimento, entre outras, estejam
posicionadas de modo claro e visível (BRASIL, 2002,
p.260).
Os RSS pertencentes ao grupo D, são aqueles semelhantes
aos resíduos domicil iares, podendo ser armazenados em sacos plásticos
comuns, de qualquer cor, de acorde com a NBR 9190-Classif icação de
sacos plásticos para o acondicionamento de l ixo (Brasil, 2002, p. 261).
As substâncias infectantes de natureza orgânica devem ser
tratadas, adequadamente, conforme normas estabelecidas pelos órgãos
48
competentes, na própria unidade geradora, antes de serem lançados na
rede pública de esgoto (ABNT, 12809, 1993).
De acordo com a RDC (Resolução da Diretoria Colegiada)
33, da Anvisa, de 25 de fevereiro de 2003, cada categoria dos grupos nos
quais se inserem os resíduos de serviços de saúde deve ser tratada
individualmente, respeitando suas respectivas composições. Isso
possibi l i ta o melhor tratamento e disposição adequada para cada t ipo de
resíduo, além de diminuir os r iscos potenciais à saúde humana e ao
ambiente.
3.2 ARMAZENAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE
Após a segregação dos RSS, faz-se necessário um local para
armazenar, internamente, os recipientes cheios, antes de serem
colocados no abrigo externo, salvo as unidades geradoras de pequeno
porte, às quais é facultat ivo a existência da sala de resíduos (ABNT,
12809, 1993, p. 02). De acordo com esta norma, os estabelecimentos
devem possuir uma sala para o acondicionamento interno dos recipientes
com resíduos, que tenha
• Área mínima de 4m2, prevendo-se espaço suficiente para
entrada completa dos carros de coleta;
• Piso e paredes revestidos com material l iso, resistente,
lavável e impermeável;
• Ralo sifonado l igado ao esgoto sanitário;
49
• Abertura de venti lação com, no mínimo, 1/20 da área do
piso e não inferior a 0,20m2, ou venti lação mecânica que
proporcione pressão negativa;
• Lavatór io e torneira de lavagem;
• Ponto de luz (ABNT, 12809, 1993, p. 02).
Assim, diminui-se a possibil idade de acidentes e
contaminação dentro da unidade geradora. Ainda de acordo com a ABNT,
12809 (1993, p. 02), também há a necessidade em se disponibil izar um
abrigo externo, para armazenamento dos RSS até a coleta.
O abrigo externo auxil ia no controle de contaminação
proporcionada pela ação dos vetores como moscas, mosquitos, ratos e
baratas. De acordo com a ANVISA, este local deve ser providenciado e
consist ir um ambiente exclusivo, com acesso externo facil itado à coleta,
possuindo, no mínimo, ambientes separados para atender o
armazenamento de recipientes de resíduos do GRUPO A e do GRUPO D
(RDC 33, 2003). Além disso,
o abrigo deve ser identi f icado e restr i to aos funcionários do
gerenciamento de resíduos, de fáci l acesso aos recipientes
de transportes e aos veículos coletores. Os recipientes de
transporte interno não podem transitar pela via pública
externa à edif icação para terem acesso ao abrigo de
resíduos. (RDC 33, 2003)
As característ icas deste t ipo de abrigo são essenciais aos
estabelecimentos de grande porte como os hospitais. No caso daqueles
geradores cuja produção de RSS não ultrapasse 700 l i tros/semana e
50
inferior a 150 l i tros/dia, pode-se implantar um abrigo reduzido, desde que
sejam observadas algumas características, como
• Ser exclusivo para guarda temporária de resíduos de
serviço de saúde, devidamente acondicionado em
recipientes;
• Ter dimensões suficientes para armazenar a produção
de até 3 dias, sem empilhamento dos recipientes acima
de 1,20m;
• Ter piso, paredes, porta e teto de material l iso,
impermeável, lavável e de cor branca;
• Ter venti lação restr i ta a duas aberturas de 10cmx20cm
cada uma delas, local izadas uma a 20cm do piso e
outra a 20cm do teto, abrindo-a para área externa. A
cri tério da autoridade sanitária, essas aberturas podem
dar para áreas internas do estabelecimento;
• Ter piso com caimento mínimo de 2% para o lado
oposto à entrada, sendo recomendada a instalação de
ralo si fonado l igado a rede de esgoto sanitário;
• Não ter nenhuma instalação elétr ica, tais como
lâmpadas, interruptores ou tomadas;
• Ter porta ostentando o símbolo de “substancia
infectante”, conforme NBR 7500;
• Ter localização tal que não abra diretamente para
áreas de permanência de pessoas, tais como sala de
curativo, c irculação de públ ico ou outros
procedimentos, dando-se preferência a locais de fáci l
acesso à coleta externa e próximos a áreas de
depósi to de material de l impeza ou expurgo (ABNT,
12809, 1993, p. 03).
As maiores dif iculdades encontradas na regularização da
situação dos RSS, estão nos custos f inanceiros, principalmente para os
51
pequenos geradores. Como o assunto requer atenção especial, por tratar-
se de uma questão de saúde pública, torna-se fundamental analisar todas
as possibil idades para que as medidas sejam implantadas, exigindo,
assim, que os órgãos responsáveis pela f iscalização possam realiza-la de
forma correta.
Em grande parte das cidades brasileiras, as normas
estabelecidas pelos diversos órgãos gestores, não são cumpridas, não
exist indo, muitas vezes, sequer a segregação de RSS. Até mesmo a
coleta é realizada inadequadamente, não cobrindo a totalidade dos
estabelecimentos de saúde, geradores de RSS, sendo que, de acordo com
a NBR 12810 preconiza-se que esta seja realizada exclusivamente, todos
os dias, salvo nos estabelecimentos em que os recipientes com resíduos
do t ipo A e restos de alimentos são acondicionados em temperatura de no
máximo 4ºC, podendo, neste caso, ser efetuada em dias alternados.
52
4– OS RESÌDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE EM CAMBÉ
4.1 O MUNICÍPIO DE CAMBÉ
O município de Cambé está localizado no Terceiro Planalto
Paranaense ou Planalto de Guarapuava, possui área de 481.418 km2 e
uma alt itude média de 670 metros (ver mapa 1). Limita-se com os
seguintes municípios: a norte, Bela Vista do Paraíso e Miraselva; a
nordeste, Bela Vista do Paraíso; a leste, Sertanópolis; a sudeste,
Londrina; a sul, Londrina, Arapongas e Rolândia; a sudoeste, Rolândia; a
oeste, Jaguapitã e a noroeste, Miraselva.( Cambé, 1992). (ver Mapa 2)
Mapa 1: Localização do município de Cambé no Paraná Fonte: Atlas Brasileiro – Acervo da biblioteca Municipal de Londrina Org: Juliane Aparecida Casagrande. Ano: 2005
53
Mapa 2: Delimitação do município de Cambé Fonte: SEPLAN – Prefeitura Municipal de Cambé Escala: 1:410777. Org: Juliane Rodrigues Guerra. Ano: 2005
54
Segundo o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), o cl ima
é subtropical úmido, mesotérmico, com verões quentes, geadas menos
freqüentes, possui tendência para concentração das chuvas nos meses de
verão e ausência de estação seca definida (CAMBÉ, 1992).
A umidade relativa do ar tem média anual de 75% e
temperatura 20,2º C, com médias de temperaturas, máximas e mínimas,
respectivamente, entre 27ºC e 14,8ºC.
A população estimada é de 88.314 habitantes, sendo 82.072
habitantes da área urbana e 6.242 habitantes da área rural. (IBGE, 2000,
apud LOCAL, 2004)
Existem no município, 505 estabelecimentos industr iais, 1560
comerciais, 933 prestadores de serviços, 7 agências bancárias e 7
cooperativas. Além destes, existem 12 creches, 7 pré-escolas municipais,
18 pré-escolas part iculares, 18 escolas municipais, 15 estaduais e 2
part iculares (LOCAL, 2004). O município possui 1 biblioteca pública
municipal, 1 centro cultural, 12 unidades básicas de saúde e 1 centro
regional de especialidades médicas (municipal).
O atual município foi colonizado por alemães vindos de uma
cidade chamada Dantzig e seu primeiro nome era Nova Dantzig, recebido
em 1927, em homenagem a seus fundadores. Os lotes de Nova Dantzig
foram adquir idos junto à Companhia de Terras Norte do Paraná por
alemães, japoneses, também mineiros, paulistas e paranaenses vindos do
l i toral, entre outros (Cambé, 1992)
55
Em 1937, Nova Dantzig tornou-se distrito administrativo de
Londrina, recebendo a denominação de Cambé. A criação do município se
deu em 10 de outubro de 1947 e o primeiro prefeito eleito foi Jacinto
Correia (Cambé, 1992). Desde então, o município vem se desenvolvendo
e a população aumentando consideravelmente.
4.2 CARACTERÍSTICAS DAS FONTES GERADORAS
A metodologia escolhida para análise das fontes geradoras
foi a de visitar cada uma delas, entrevistando os proprietários dos
estabelecimentos. Durante os dias 11 e 12 de novembro de 2004, foram
visitados 99 estabelecimentos, os quais constavam na l istagem fornecida
pela prefeitura. Segundo o depoimento de um funcionário da Vigilância
Sanitária, a mais recente atualização destes estabelecimentos geradores
acaba de ser realizada neste semestre.
Foi possível analisar e conhecer 80,8% do total de
estabelecimentos, pois 3,03% não aceitaram receber a visita. O restante,
16,17%, estava fechado no momento da visita.(ver f igura 2)
Figura 2: Estabelecimentos Geradores de RSS - Visita
56
Os estabelecimentos visitados dividiram-se em hospitais (2),
postos de saúde (11), laboratórios de análises clínicas (6), farmácias (31),
consultórios odontológicos (41) e consultórios veterinários (2). (ver mapa
3)
Mapa 3: Unidades Geradoras de Resíduos de Serviços de Saúde em Cambé (estabelecimentos visitados) Fonte: SEPLAN – CAMBÉ Escala: 1:10000. Org: Juliane Rodrigues Guerra. Ano: 2005
80,80%
3,03%
16,17% Visitados e entrevistados
Fechados
Recusados à Visita
57
Em todos os locais visitados, segundo os responsáveis pelos
estabelecimentos, todos os resíduos, após segregados, são
acondicionados em sacos branco leitoso, com a cruz vermelha e ainda
escrito “l ixo hospitalar”, como preconiza a norma NBR 7500 da
Associação Brasileira de Normas Técnicas.
4.2.1 - Hospitais
Os dois hospitais existentes no município não permit iram a
visita para observação da disposição dos resíduos de serviço de saúde.
No caso do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Cambé, segundo
informações da secretária da recepção do setor part icular, não havia uma
enfermeira disponível para prestar esclarecimentos sobre o assunto,
precisando, também, de um oficio da Universidade Estadual de Londrina,
constando a necessidade desta visita, sendo este oficio, encaminhado
para a direção do hospital para ser analisado e posteriormente ser
l iberada a entrada no recinto. Em virtude do ocorrido, a visita não pode
ser realizada de acordo com o previsto no cronograma.
No caso do Hospital São Francisco, só foi possível a
realização da entrevista com a enfermeira responsável pela supervisão do
hospital. Segundo a referida supervisora, os resíduos de serviços de
saúde são segregados de acordo com as normas estabelecidas para este
t ipo de resíduo, as quais determinam a separação entre os resíduos
perfurocortantes, contaminados e comuns. De acordo com a referida
58
supervisora, os recipientes, assim que são cheios, são armazenados
numa área específ ica para esta f inalidade.
De acordo com o funcionário da secretaria de saúde,
responsável pela coleta dos resíduos de serviço de saúde, todos os dias
são coletados estes resíduos dos hospitais, sempre ao entardecer.
4.2.2 – Farmácias
Na f igura abaixo, podemos observar algumas característ icas
observadas na segregação de RSS realizada pelas farmácias.
Figura 3: Segregação de RSS Perfurocortante e Contaminado
nas Farmácias.
As farmácias foram os locais mais acessíveis para a
realização da pesquisa. Em 40% delas, o entrevistado foi o próprio
45,20%54,80%
Contaminado juntamente com perfurocortante
Somenteperfurocortante
59
farmacêutico. Em todas elas, observou-se a presença da segregação. No
entanto, em 45,2% delas, os resíduos perfurocortantes são armazenados
no mesmo recipiente que os resíduos contaminados e o correto é separá-
los (ver f igura 3). Em 52% das farmácias, os resíduos perfurocortantes
são armazenados em caixas de papelão apropriadas, portanto rígidas. No
restante dos estabelecimentos farmacêuticos (48%), os recipientes para
perfurocortantes são embalagens de álcool, um exemplo de reuti l ização
de materiais (ver f igura 4). Os resíduos comuns são armazenados em
sacos pretos e colocados na frente do estabelecimento, para serem
recolhidos pelos caminhões que realizam a coleta domicil iar.
Figura 4: Segregação de perfurocortantes nas farmácias –
acondicionamento.
Em todas as farmácias, não há local para armazenamento
externo. Em 22,2%, o armazenamento interno é realizado
inadequadamente, dentro da farmácia, em um canto do ambiente ou
52% 48%
Caixas Apropriadas
Frascos Vazios de Álcool
60
próximo ao banheiro, sem nenhuma identif icação, quanto mais sala
específ ica para este f im, obedecendo à norma NBR 12809, da ABNT. Em
16,6% dos estabelecimentos, o armazenamento interno é realizado em um
cômodo venti lado, reservado para esta f inalidade. Em 61,2%, os
recipientes cheios com resíduos de serviço de saúde são deixados no
próprio ambiente onde são gerados, até a coleta externa (ver f igura 5).
Figura 5: Armazenamento Interno nas Farmácias.
Quadro 1 - Intervalos de Coleta Especial de RSS
Estabelecimentos Freqüência Hospitais Diário Postos de saúde Diário Laboratórios Diário Farmácias Quinzenal Consultórios. Odontológicos Quinzenal Consultórios. Veterinário Quinzenal
22,20%
16,60%61,20%
Dentro da farmácia (canto do ambiente) Cômodo ventilado - Ambiente externo
Próximo ao recipiente para segregação
61
A coleta externa é realizada pelo veiculo da Vigilância
Sanitária, corretamente identif icado com o símbolo de cruz vermelha e
com a inscrição “Resíduos de Serviço de Saúde”, veiculo este, t ipo
furgão, no qual os resíduos f icam em um compartimento isolado. O
intervalo entre as coletas, nestes estabelecimentos é quinzenal, como
mostra quadro 1. Devido à proximidade a postos de saúde, 11,11% dos
estabelecimentos, levam os resíduos de serviço de saúde até os postos
para que seja coletado pelo veículo da Secretaria de Saúde, responsável
pela coleta nestes estabelecimentos. Embora, legalmente, este veículo
não seja responsável pela coleta nos estabelecimentos privados.
A ausência de local para armazenamento externo, deve-se,
segundo os responsáveis pelo estabelecimento, à falta de espaço físico e
recursos f inanceiros. Em aproximadamente 70% dos casos, são os
funcionários das farmácias que entregam os sacos, apropriados, que
acondicionam os resíduos de serviços de saúde ao técnico da Vigilância
Sanitária, no dia da coleta.
Quando das visitas nas farmácias, pudemos observar o baixo
nível de conhecimento que os proprietários têm em relação às normas
estabelecidas pelo CONAMA e a ANVISA para o manejo correto dos RSS.
Secretaria de Saúde do município, promoveu no dia 12 de novembro deste
ano um evento para orientação e esclarecimentos de dúvidas acerca do
manejo adequado de RSS, promovido por técnicos da Vigi lância Sanitária
do município, juntamente com representantes estaduais, entre eles
Laerty Dudas, da Coordenadoria de Resíduos Sólidos (CRES), vinculada
62
à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná.
Este evento foi direcionado a todos os geradores de RSS no município.
Neste encontro, enfatizou-se a importância de o estabelecimento gerador
possuir o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
(PGRSS) para, entre outras f inalidades, ter condições de garantir a sua
Licença Ambiental.
4.2.3 - Laboratórios de Análises Clínicas
As informações acerca dos laboratórios, se pautam apenas
nas entrevistas, pois a entrada nos locais, não foi permit ida. De acordo
com o resultado das entrevistas, notou-se que nestes estabelecimentos, é
feita uma segregação dos resíduos de serviços de saúde, porém, no
tocante ao armazenamento interno e externo, as normas não são
cumpridas, visto que os resíduos, em 60% dos estabelecimentos, f icam
armazenados em um local dentro do recinto, e em 40%, os resíduos são
deixados no mesmo local de geração. No caso da segregação, esta é
realizada, dividindo os resíduos em perfurocortantes, contaminados e
comuns. Os perfurocortantes são armazenados em caixas especiais para
esta f inalidade, cheias até 2/3 da capacidade total da mesma. Em 100%
dos estabelecimentos foi referido o uso destas caixas.
Os resíduos contaminados são colocados em lixeiras
corretamente preparadas, possuindo tampa e pedal, recepcionando os
63
sacos plásticos, que após o fechamento são colocados nos sacos
especiais, como estabelecido pela norma NBR 7500 – Símbolos de risco e
manuseio para o transporte e armazenamento de material – simbologia,
da ABNT.
Os resíduos comuns são acondicionados em sacos plásticos
comuns que, após o preenchimento são colocados na calçada para serem
recolhidos pelo veículo que realiza a coleta dos resíduos comuns nos
domicíl ios.
Como já foi comentado, a ausência de abrigo externo para
armazenamento de RSS, deve-se, segundo os entrevistados, à ausência
de recursos f inanceiros e falta de espaço físico.
Nestes estabelecimentos, a coleta de RSS é realizada todos
os dias pelo veículo da Vigilância Sanitária.
4.2.4 – Unidades Básicas de Saúde
As Unidades Básicas de Saúde (UBS), conhecidas como
postos de saúde, totalizam 12 no município, mas foi possível visitar
apenas 11, pois a 12a unidade localiza-se no distr ito conhecido como
Quilômetro 9, dif icultando o acesso.
Nestes locais foi possível observar como são realizados a
segregação e o acondicionamento interno e externo dos RSS. A
segregação é realizada através da diferenciação de resíduos
perfurocortantes, contaminados e comuns. Os perfurocortantes são
64
acondicionados em galões de hipoclorito de sódio (produto uti l izado para
l impeza geral nas unidades). Estes galões são identif icados com a
inscrição “perfurocortante” e após o preenchimento de 2/3 do volume
total, são fechados com suas tampas e deixados nas próprias salas de
geração (sala de curativo e vacinas), para que ao f inal do dia, o veículo
da Vigilância Sanitária venha recolher.
No caso dos RSS contaminados com qualquer t ipo de
substância infectante, provinda do paciente (sangue entre outras), existe
a l ixeira identif icada com a inscrição “ l ixo contaminado”, possuindo tampa.
Em 45,4% das UBS’s, as l ixeiras não possuem pedal. Dentro destas
l ixeiras são colocados sacos plásticos que, ao serem cheios, são
fechados e acondicionados em sacos especiais, conforme a norma NBR
7500 – Símbolos de r isco e manuseio para o transporte e armazenamento
de material – simbologia, da ABNT.
Os RSS considerados comuns, são muito semelhantes aos
resíduos domicil iares. Em todas as UBS, foi observada a presença de
cestos para resíduos comuns, que são fechados após o preenchimento e
colocados para coleta de l ixo comum, realizada pelo veículo responsável
pela coleta domici l iar.
O abrigo externo existe em todas as unidades, mas somente
em uma delas, segue-se a norma estabelecida para instalação. Dessa
forma, em 90,9% das UBS, os locais para destinação temporária dos RSS
não são apropriados, permit indo a presença de vetores como moscas,
mosquitos, ratos e baratas, possibil i tando a contaminação.
65
4.2.5 – Consultórios Odontológicos Os consultórios odontológicos também são geradores de
RSS, devido aos procedimentos invasivos ali realizados, uti l izando
materiais como agulhas, gazes, algodão, seringas etc. Estes totalizam 41
estabelecimentos no município.
Figura 6: Segregação de Perfurocortantes – Consultórios Odontológicos
Nestes estabelecimentos foi possível realizar as entrevistas
e, em 89,13%, também as observações. Segundo os proprietários, a
segregação é realizada, dist inguindo recipientes para resíduos
perfurocortantes, contaminados e comuns.
Os recipientes usados para acondicionar os resíduos
perfurocortantes em 52,17% dos estabelecimentos caracterizam-se por
caixas especiais, próprias para esta f inalidade. O restante dos
Caixas especiais
Frascos plásticos vazios de álcool
52,17%
47,83%
66
estabelecimentos uti l iza frascos plásticos vazios de álcool para o
acondicionamento (ver f igura 6). Após o preenchimento destes, são
acondicionados nos sacos especiais para RSS. Assim que são cheios, são
armazenados na própria sala de geração, à espera da coleta realizada
pelo veiculo da Vigilância Sanitária.
Os resíduos contaminados através dos procedimentos
realizados, como extração, entre outros, são acondicionados em sacos
plásticos que são inseridos nas l ixeiras com tampa e pedal. Após serem
cheios, são fechados e acondicionados em área ao fundo do consultório,
não sendo local apropriado. Em nenhum dos estabelecimentos foi
observado o que é estabelecido pelas normas correspondentes, como a
sala de resíduos interna. Nestes estabelecimentos, também, não há
abrigo para resíduos e a coleta especial só é realizada, quinzenalmente,
pelo veiculo da Vigilância Sanitária.
4.2.6 - Consultórios Veterinários
Segundo a l istagem fornecida por um dos motoristas
responsáveis pela coleta especial, em Cambé só existem dois consultórios
veterinários. Em visita, foi possível realizar a entrevista e a observação
em apenas um consultório, pois o outro estava fechado.
De acordo com a proprietária, a segregação é realizada,
abrangendo os resíduos perfurocortantes, contaminados e comuns. Os
resíduos perfurocortantes são armazenados em caixas especiais para
67
esta f inalidade. Quando é preenchido 2/3 de seu volume, ou seja, at ingido
a capacidade permit ida para armazenamento de resíduos
perfurocortantes, estas caixas são colocadas em sacos especiais,
conforme a norma NBR 7500 - Símbolos de r isco e manuseio para o
transporte e armazenamento de material – simbologia, da ABNT.
Os resíduos contaminados com qualquer t ipo de substancia
produzida pelos animais ou até medicamentos, são acondicionados em
sacos plásticos, inseridos nas l ixeiras com tampa e pedal. Após o
preenchimento,estes sacos são fechados e colocados em sacos especiais
para esta f inalidade. Estes são armazenados numa área ao fundo do
consultório, até a coleta f inal realizada pelo veículo da Vigilância
Sanitária. Neste estabelecimento, também, não há abrigo externo para
RSS.
Os resíduos comuns como materiais de escritório em geral,
restos de alimentos que não t iveram contato com os animais, são
armazenados em sacos plásticos e colocados na calçada para coleta
domicil iar.
4.3 – DISPOSIÇÃO FINAL DE RSS EM CAMBÉ
O aterro controlado do município localiza-se no Km 4, da
estrada da Prata, segundo informações colhidas em depoimento do
responsável pela Secretaria de Obras, no dia 28 de outubro de 2004. De
acordo com as informações prestadas por esta pessoa, não existem
68
documentos sobre a implantação deste aterro que possam ser
disponibil izadas, podendo, apenas conceder a entrevista. Assim, as
informações aqui constadas são fruto apenas da entrevista.(ver mapa 4)
Mapa 4: Localização do Aterro Controlado de Cambé Escala: 1:120000 Fonte: SEPLAN – Cambe. Org: Juliane Rodrigues Guerra. Ano: 2005.
69
O Aterro Controlado foi implantado no início da década de
1980. A denominação que consta na entrada do aterro, designa-o como
“Aterro Sanitário”, embora a planta do mesmo denomine-o Aterro
Controlado (ver planta 1). E neste local onde são depositados os
resíduos sólidos do município de Cambé, inclusive os RSS, foram
encontradas várias situações não compatíveis com a realidade de um
aterro sanitário, entre elas:
Planta 1: Aterro Controlado de Cambé Fonte: SEPLAN – CAMBÉ. Escala: 1:1000 Org: Juliane Rodrigues Guerra
70
• Ausência de impermeabil ização da área onde se depositam os
resíduos domicil iares (ver f igura 7);
• O l ixo f ica exposto, ou seja, a céu aberto, não sendo recoberto,
diariamente, com camada de terra (ver f igura 7);
• Ausência de impermeabil ização dos “poços” onde são depositados
os RSS (ver f igura 8);
• Não existe uma rede de drenagem para o chorume, que escorre
superf icialmente para a lagoa de tratamento de chorume (ver f igura
9), pois a tubulação existente está danif icada e seu reparo não foi
providenciado.
Figura 7: Local de deposição de resíduos domésticos. A presença de aves se alimentando dos restos é muito comum. Isso faz com que o risco de contaminação do ambiente aumente, em virtude da excreção das aves (Foto: Juliane Aparecida Casagrande, em 02/10/2004).
71
Figura 7: Deposição de resíduos de serviços de saúde, sem tratamento prévio, oferecendo risco, devido aos catadores, além da falta de impermeabil ização do solo. (Foto: Juliane Aparecida Casagrande, em 02/10/2004).
Figura 8: Acúmulo de chorume, elemento de contaminação do solo e lençol freático, além de propagação de doenças transmitidas pela água contaminada, entre as comuns a cólera e a leptospirose (Foto: Juliane Aparecida Casagrande, em 02/10/2004).
72
De acordo com a Lei de Resíduos do Estado do Paraná,
de 22 de janeiro de 1999, para instalação de qualquer forma de
destinação f inal de resíduos ou mesmo armazenagem ou acumulação
temporária, de qualquer t ipo de resíduo é necessário que seja feita de
forma tecnicamente adequada, estabelecida em projetos específ icos,
obedecidas às condições e critérios estabelecidos pelo Instituto Ambiental
do Paraná – IAP.
Como já foi tratado nesta pesquisa, muitos municípios
brasileiros não têm a instalação correta para destinação f inal de resíduos
sólidos, inclusive para os RSS, uti l izando áreas impróprias para esta
f inalidade. A área localizada ao redor do Aterro Controlado, é considerada
área agricultável conforme foi visto no dia 2 de outubro de 2004. Ao lado
direito do aterro, pôde-se observar uma vasta área de solo descoberto
(ver f igura 10), podendo ocasionar a contaminação, devido à presença
dos resíduos, da área caso seja cult ivada, embora para que isso seja
comprovado seriam necessários estudos específ icos.
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Figura 10: Ao centro, a deposição de resíduos domicil iares. Pode-se observar a proximidade da área cult ivável ao fundo, localizada ao lado do aterro, separados, apenas, por uma barreira natural formada por bambuzal. Nota-se, também, uma vasta área de solo descoberto. Ao fundo, as instalações da empresa HEXAL (manipulação de medicamentos) (Foto: Juliane Aparecida Casagrande, em 02/10/2004).
Além das várias irregularidades presentes no local,
observou-se a presença de catadores de l ixo (ver f igura 11). Estes
complementam sua renda famil iar com a venda dos resíduos recicláveis
como papel, papelão, e alguns plásticos. Seu trabalho, consiste em
separar o material reciclável dos outros resíduos, no próprio local de
deposição, usando apenas uma luva não muito apropriada para o t ipo de
atividade, podendo, a qualquer momento ser contaminado.
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Figura 11: Presença de catadores de l ixo, pessoas que se expõem aos r iscos de contaminação para fazer do l ixo uma fonte de renda (Foto: Juliane Aparecida Casagrande, em 02/10/2004).
Os problemas encontrados no aterro controlado de Cambé
são inúmeros e requerem ações emergenciais por parte do poder público.
A falta de atitude é evidente, agravando o quadro cada vez mais. Algumas
iniciat ivas tomadas por uma equipe formada por profissionais de diversas
áreas (geólogos, geógrafos, engenheiros agrônomos etc...), poderiam
auxil iar na resolução desta problemática.
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Considerações Finais
A realização desta pesquisa permit iu reflet ir sobre os
problemas ambientais mundiais e locais, especialmente aqueles
relacionados aos resíduos sólidos. O volume destes está aumentando,
consideravelmente, merecendo atenção especial, por parte dos governos
em geral e pela sociedade mobil izada no tocante aos assuntos
ambientais. O poder público tem sua parcela de responsabil idade acerca
destes problemas, quando não exerce a f iscalização adequada, por parte
de seus órgãos responsáveis por esta tarefa, nos estabelecimentos
geradores, tanto de resíduos em geral quanto de resíduos de serviços de
saúde.
Os acidentes com petroleiros, caminhões e outros
transportadores de materiais tóxicos ou que podem oferecer algum dano
ao ambiente, são cada vez mais comuns e as punições insuficientes para
sanar ou mesmo diminuir estas tragédias. Os corpos d’água estão sendo,
gradativamente, poluídos, fazendo aumentar e até mesmo acelerar o
r isco da falta de água potável no mundo.
As entidades educacionais poderiam incentivar iniciat ivas e
discutir temáticas envolvendo assuntos ambientais, inclusive os riscos
potenciais oferecidos pelos resíduos de serviços de saúde à saúde
humana e ao meio.
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Apesar de todas as legislações existentes, muitos municípios
brasileiros ainda não se adequaram aos padrões preconizados pelos
diversos órgãos ambientais normatizadores, inclusive o Programa de
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) em muitos
deles ainda não foi concluído.
No caso das fontes geradoras de RSS, os responsáveis pelos
estabelecimentos precisam conscientizar-se acerca dos riscos oferecidos
por estes resíduos em especial e adequarem o seu manuseio às normas
estabelecidas, pelos diversos órgãos normatizadores.
As unidades básicas de saúde e os hospitais públicos devem
adotar, criteriosamente, as medidas preconizadas pelos diversos órgãos
gestores, para que o setor público seja o exemplo para mudança do
sistema atual.
Ao enfatizar o caso específ ico do Aterro “Sanitário” do
município de Cambé, nota-se a carência de uma estrutura definida que
contemple a destinação f inal adequada para os resíduos sólidos em geral,
e especialmente os RSS. Se caso fosse realizado o tratamento adequado
destes resíduos na unidade geradora, o volume nos aterros sanitários
seria diminuído, juntamente com impactos negativos gerados pelos
mesmos no ambiente.
Os profissionais de saúde, geralmente, não estão
preparados para manejar corretamente os resíduos de serviços de saúde,
sendo necessário uma orientação contínua que deve ser planejada com os
profissionais envolvidos.
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Também foi observado a importância de polít icas públicas
que envolvam ações organizadoras para melhorar o gerenciamento dos
RSS, inclusive ampliando o campo de atuação do profissional Geógrafo
nas diversas esferas que contemplem os diversos segmentos de gestão
municipal.
Em virtude de todos os fatos mencionados, consideramos
que a problemática que envolve os RSS deve ser solucionada a part ir de
ações integradas, tanto no plano polít ico quanto na sociedade civil
organizada, incluindo os estabelecimentos geradores. A part ir deste
princípio, podemos acreditar que uma nova realidade é possível,
diminuindo os r iscos ao ambiente e melhorando a qualidade de vida da
sociedade.
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REFERÊNCIAS
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