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Junho 2007 – Este suplemento faz parte integrante da Vida Económica nº 1207, de 29.06.2007 Sectores p. 10 Finanças querem garantir receita por via da alienação de património Consultório p. 20 Novas regras para o licenciamento industrial O Sindicato dos Trabalhadores dos Im- postos (STI) assumiu uma posição muito crítica face ao Governo, considerando que o Executivo continua a defender os interesses instalados, como é o caso do levantamento do sigilo bancário. Por outro lado, para garantir receita, a admi- nistração fiscal está a colocar em causa os direitos dos contribuintes, enquanto muitos incumpridores permanecem fora do sistema. O fisco está a ir longe de mais nos seus intentos de cumprir metas e objectivos estabelecidos superiormente, refere José Sereno, dirigente nacional daquela Contabilidade p. 17 Preparação académica dos TOC tem que ser repensada Os técnicos oficiais de contas terão que se adaptar, forçosamente, a novos desafios. O que implica repensar toda a preparação académica. Há cada vez mais a necessidade de conferir os conhecimentos essenciais ou as com- petências exigidas para a o exercício da profissão, defende Domingues de Azevedo, presidente da CTOC. Tornou-se determinante saber qual o perfil de profissional que melhor se adapta às exigências das empresas. É importante conceber e implementar sistemas de formação complementares dos conhecimentos e das competências adquiridos após a preparação acadé- mica. Fiscalidade p. 6 AIP defende redução da tributação sobre o trabalho e as empresas A AIP acusa a excessiva carga fiscal que existe em Portugal. Sobretudo, considera Rocha de Matos, é impor- tante desagravar os impostos sobre o trabalho e as empresas, tendo em conta as actuais condições de contexto económico a nível global. Relativamente aos TOC, o presidente da associação acha que estes profissio- nais não têm a visibilidade merecida e lamenta que a administração fiscal ainda não possua os meios humanos e materiais ajustados às funções que lhe estão acometidas. p. 04 Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos avisa Direitos dos contribuintes estão a ser colocados em causa estrutura sindical. Lamenta também a situação em que estão os profissionais do sector. A sua opinião é que os trabalha- dores dos impostos estão a ser afastados das suas reais funções. A recolha de impostos está a ser descredibilizada por parte de quem de direito, quando essa é a verdadeira essência daqueles profis- sionais. Os tempos não se adivinham de cordialidade entre as duas partes. Pelo meio estarão sempre os contribuintes, que também deverão estar atentos à forma como a administração fiscal trata dos seus assuntos.

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Sectores p. 10Finanças querem garantir receita por via da alienação de património

Consultório p. 20Novas regraspara o licenciamento industrial

O Sindicato dos Trabalhadores dos Im-postos (STI) assumiu uma posição muito crítica face ao Governo, considerando que o Executivo continua a defender os interesses instalados, como é o caso do levantamento do sigilo bancário. Por outro lado, para garantir receita, a admi-nistração fiscal está a colocar em causa os direitos dos contribuintes, enquanto muitos incumpridores permanecem fora do sistema.O fisco está a ir longe de mais nos seus intentos de cumprir metas e objectivos estabelecidos superiormente, refere José Sereno, dirigente nacional daquela

Contabilidade p. 17Preparação académica dos TOC tem que ser repensadaOs técnicos oficiais de contas terão que se adaptar, forçosamente, a novos desafios. O que implica repensar toda a preparação académica. Há cada vez mais a necessidade de conferir os conhecimentos essenciais ou as com-petências exigidas para a o exercício da profissão, defende Domingues de Azevedo, presidente da CTOC.Tornou-se determinante saber qual o perfil de profissional que melhor se adapta às exigências das empresas. É importante conceber e implementar sistemas de formação complementares dos conhecimentos e das competências adquiridos após a preparação acadé-mica.

Fiscalidade p. 6AIP defenderedução da tributação sobre o trabalhoe as empresasA AIP acusa a excessiva carga fiscal que existe em Portugal. Sobretudo, considera Rocha de Matos, é impor-tante desagravar os impostos sobre o trabalho e as empresas, tendo em conta as actuais condições de contexto económico a nível global. Relativamente aos TOC, o presidente da associação acha que estes profissio-nais não têm a visibilidade merecida e lamenta que a administração fiscal ainda não possua os meios humanos e materiais ajustados às funções que lhe estão acometidas.

p. 04

Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos avisa

Direitos dos contribuintesestão a ser colocados em causa

estrutura sindical. Lamenta também a situação em que estão os profissionais do sector. A sua opinião é que os trabalha-dores dos impostos estão a ser afastados das suas reais funções. A recolha de impostos está a ser descredibilizada por parte de quem de direito, quando essa é a verdadeira essência daqueles profis-sionais. Os tempos não se adivinham de cordialidade entre as duas partes. Pelo meio estarão sempre os contribuintes, que também deverão estar atentos à forma como a administração fiscal trata dos seus assuntos.

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Sumário

Contabilidade & Empresas - Junho 2007 - 3

Novos temposna preparação académicaA preparação académica dos técnicos oficiais de contas é um assunto do qual pouco se fala. Numa das suas últimas intervenções, e bem, o presidente da CTOC referiu que é um assunto que tem que ser repensado. No entanto, também há que afirmá-lo, é uma questão que deve ser abordada com celeridade, sem nos deixarmos cair em excessos ou tomar posições extremistas. Continua a faltar o bom senso também nesta matéria.Foram dados passos importantes nos últimos anos, no sentido de cre-dibilizar e dar novas competências académicas a estes profissionais. Mas não é suficiente terá que se ir bastante mais longe, especialmente por dois motivos. Por um lado, haverá que ter em conta a implemen-tação de Bolonha. Por outro, a introdução das normas internacionais de contabilidade terá um forte impacto na profissão.O primeiro grande passo a dar terá que ser a reformulação dos currículos universitários, aliás algo que deveria extensível a todo o sistema de ensino. É notório que se continua a insistir na vertente teórica, o que não é compatível com a actual realidade. Neste caso, uma das soluções possíveis é o maior envolvimento das empresas. Estas ainda não entenderam o verdadeiro papel do TOC, que deixou de ser um mero contabilista e passou a ter também competências ao nível da gestão de qualquer entidade empresarial.Domingues de Azevedo tem razão quando afirma que é preciso investir nos sistemas de ensino complementares. Estes terão que passar quase exclusivamente pela aprendizagem técnica e prática. A realidade é que esta é uma área em que a evolução é extremamente rápida, pelo que as reacções têm também que o ser. A própria desma-terialização das declarações fiscais é uma prova evidente que tudo está em mutação constante.A juntar a tudo isto, há que ter em conta o que representa a intro-dução das NIC. É um cenário que muda radicalmente esta profissão. Também nesta área os conhecimentos têm que ser aprofundados, o que obriga a uma nova perspectiva em termos de competências. Ou seja, os profissionais têm que se consciencializar que deixaram de ter uma actuação local – esta agora, é de âmbito global.Mas também há boas novas, neste cenário de mudança. Os profis-sionais são agora de outra geração, mais receptivos à inovação e à eficácia de processos. A forma de pensar é outra, de busca de capaci-dade de competir e de maior qualidade. A maioria sabe que apenas os melhores vão ficar no mercado. E este é um bom sinal para todas as partes envolvidas.

Guilherme Osswald

Contabilidade & EmpresasRua Gonçalo Cristóvão, 111 - 6º Esq.4049-037 PortoTelef.: 223 399 400 • Fax: 222 058 098

Editorial

Guilherme Osswald

EntrevistaInteresses instaladoscontinuam intocáveis

FiscalidadeAIP defende redução da tributaçãosobre o trabalho e as empresas

Governo garante reforço da políticade consolidação orçamental

Bruxelas insiste na reversãodo sistema de tributação do IVA

Declarações pela internetsuperam as entregas em papel

SectoresFinanças querem garantir receitapor via da alienação de património

Revisores oficiais de contasintervêm no sector turístico

Informática na ContabilidadeAdministração Pública vai investirmais de 340 milhões de eurosem TI durante 2007

Mainroad “especializa-se” na gestãoda continuidade do negócio

Pirataria informáticaatinge 53% em Portugal e lesa empresas em 112 milhões de euros

ContabilidadePreparação académica dos TOCtem que ser repensada

Zona euro tende para a simplificaçãoda informação contabilística

Consultório

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4 - Contabilidade & Empresas - Junho 2007

Sindicato dos Trabalhado res dos Impostos acusa

Interesses instalados continuam intocáveis

Entrevista

JOSÉ SERENO

O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) tem uma postura crítica relativamente ao Governo. Quanto às medidas fiscais recentes, considera que os interesses instalados continuam intocáveis, é mesmo um “tabu” falar do levantamento sigilo bancário. Em nome do combate à fraude e à evasão fiscais, na ânsia de obter receita, está-se a ir longe de mais e a colocar em causa os direitos dos contribuintes. A situação não é melhor no que respeita aos profissionais dos impostos. A par dos já habituais problemas que estão há muito por resolver, outros se juntam. Com a agravante que se está a afastar o trabalhador dos impostos das suas reais funções. Mais uma vez em nome de obter ganhos, no que poderá ser uma interpretação absolutamente errada, como adiantou à “Contabilide & Empresas” José Sereno, dirigente nacional do STI.

Contabilidade & Empresas – O Governo tem feito uma série de investidas, com o argumento do combate à fraude e à evasão fiscais. Aceita esse tipo de moti-vações?José Sereno – A legislação é pro-blemática. Basta ter em conta o caso recente das doações entre familia-res, sujeitas a declaração junto das finanças. É uma atenção exagerada e absurda dada aos problemas da fraude e da evasão fiscais. Outro exemplo desta situação, também já legislada há bastante tempo, é o

caso da obrigatoriedade de entrega por pensionistas, com rendimentos exclusivos de pensões, da declara-ção de rendimento em sede de IRS para valores abaixo do valor da dedução prevista legalmente, o que consubstancia, efectivamente, uma não tributação e como tal constitui mais uma incoerência no nosso sis-tema fiscal, pois são dos rendimentos onde a administração fiscal dispõe de informação e que leva a fazer pré-preenchimento das declarações de IRS na Internet. O que invalida a desculpas para a medida, isto é, o combate à fuga e à evasão fiscais.

C&E – Pensa então que o caminho traçado não é o mais adequado?JS – Cai-se no exagero e insiste-se nos contribuintes que cumprem os seus deveres fiscais. Continuam por aplicar medidas de fundo, de carácter eficaz e abrangente. Uma medida de fundo como o levantamento do sigilo bancário ainda é “tabu” e provoca muitos protestos. Apesar de ser uma

prática corrente em quase toda a Europa, para nós ainda é suceptível de ferir muitos interesses instalados e protegidos a nível político. O facto de os próprios profissionais estarem a debater-se com toda uma série de problemas também não ajuda a com-bater a fraude e a evasão fiscais.

C&E – Mas o sindicato tem-se preocupado em apresentar so-luções possíveis à tutela?JS – Os muitos problemas estão iden-tificados e têm sido apresentadas pro-postas à administração fiscal. Só que não existe a vontade de os resolver. O que se prende com o referido anterior-mente. Haveria consequências para os interesses que beneficiam com as inoperacionalidades existentes aos diversos níveis da administração pública e que prejudicam o país. Por outro lado, se assim fosse, a admi-nistração fiscal passaria a ser mais actuante, deixando de se preocupar com as injustiças e as incoerências ao nível da gestão.

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Contabilidade & Empresas - Junho 2007 - 5

Sindicato dos Trabalhado res dos Impostos acusa

Interesses instalados continuam intocáveisCai-se no exagero e insiste-se nos contribuintesque cumprem os seus deveres fiscais. Continuam por aplicarmedidas de fundo, de carácter eficaz e abrangente.Uma medida de fundo como o levantamento do sigilo bancário ainda é “tabu” e provoca muitos protestos.

Entrevista

Falta de vontade política

C&E – Os tempos não têm sido pacíficos para o sindicato. Que problemas identifica para os tra-balhadores dos impostos?JS – Os principais problemas com que se debatem os trabalhadores dos im-postos, além das questões já habituais a nível de falta de condições de traba-lho, instalações, segurança e higiene do trabalho, é que existe, à partida, falta de vontade administrativa e po-lítica para implementar soluções para os problemas já diagnosticados em sucessivos estudos. Existe legislação em vigor, mas a mesma não é imple-mentada, o que provoca reclamações constantes nos serviços. Acaba por se inventarem soluções para solucionar situações relacionadas com o atendi-mento.

C&S – A questão das carreiras tem suscitado crispação com o Executivo...JS – Há problemas graves em termos de estrutura de carreiras e que se verificam agora com mais premência. É o caso das desigualdades de integra-ções em escalões remuneratórios de forma absurda, em que funcionários que progridem ficam agora coloca-dos em escalões superiores aos que evoluíram por via de promoções no passado. É um tratamento desigual e desmotivador de uma efectiva dinâ-mica de carreira e de compensação do esforço individual. A realidade é que o diploma de pessoal e carreiras da DGCI contém muitas disposições nor-mativas absurdas e erradas que vão agravando a situação remuneratória e profissional do trabalhador. Com os congelamentos das progressões, além da subjacente culpa da administração pública para o défice nacional, mais injustiças provoca.

Subsiste também o problema relacio-nado com a inspecção tributária, das mais actuantes e melhor preparadas do país, inclusivamente com funções na área do combate à evasão fiscal, mas que nunca teve direito ao su-plemento de risco previsto por falta de regulamentação. Os governos não têm dado ouvidos a esta reclamação, que está inscrita na lei, no sentido de evitarem pagar o que é devido por mérito próprio.

Relacionamento jurídicoem causa

C&E – A reforma da administra-ção pública é outro assunto que tem motivado críticas da vossa parte. Não considera que essa reforma é essencial, em temos de futuro?JS – O que está errado é a forma como se pretende avançar com a reforma e não a intenção de reformar em si mesma. A reforma da vinculação, das carreiras e remunerações dos traba-lhadores da administração pública, esta função (de cobrança de impostos, cumprimento das políticas fiscais, do combate à ciminalidade, à fraude e à evasão fiscais) está a ser afasta-da da relação jurídica de emprego público de nomeação, com todas as consequências que daí podem advir. Falo da perda de imparcialidade, da independência do exercício de funções e da sujeição a um interesse privado.

Enfim, o trabalhador dos impostos perde as funções para as quais foi qualificado.

C&E – Tem-se falado com insistên-cia no processo de reestruturação dos serviços. Acha que os traba-lhadores estarão, de algum modo, ameaçados?JS – De facto, ainda associado à reestruturação do Estado, o famoso PRACE, existe a problemática da reestruturação de serviços, com a respectiva extinção de um grande número de serviços de finanças. Sus-peita-se que na ordem da centena e meia, e dos serviços regionais, cujo diploma orgânico já revela a alteração para 13, contra os 21 existentes neste momento. Face a este cenário, é um facto que está criado um ambiente de apreensão e de receio com o futuro da administração fiscal e dos respectivos trabalhadores. Com a agravante que o seu mérito tem sido reconhecido, sucessivamente, pelo últimos gover-nos, e pelo país em geral, mas que não está salvaguardado na prática. O sindicato, por seu lado, vai continuar a bater-se para que a legislação seja cumprida e evitar que a tutela faça “orelhas moucas” às justas reivindi-cações dos trabalhadores. Também os direitos dos contribuintes terão que ser salvaguardados.

JOSÉ SERENO

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6 - Contabilidade & Empresas - Junho 2007

Fiscalidade

ROCHA DE MATOS

A AIP defende que a carga fiscal é excessiva em Portugal. Pelo que é necessária a sua revisão, de forma a reduzir o peso dos impostos sobre o rendimento do trabalho e das empresas. “O novo sistema fiscal deve estar mais adequado às actuais realidades económicas no contexto da globalização dos mercados”, foi a perspectiva manifestada pelo presidente daquela estrutura associativa, Rocha de Matos. Quanto aos técnicos oficiais de contas, acha que estes profissionais não têm a visibilidade merecida e lamenta que a administração fiscal ainda não possua os meios humanos e materiais ajustados às funções que lhe estão acometidas.

As preocupações de Rocha de Matos são várias, no que respeita à maior com-

petitividade das empresas nacio-nais. A questão tributária coloca problemas nesse âmbito. “Face às nossas necessidades em termos de desenvolvimento económico, deveríamos situar-nos entre os países com menores taxas. Temos defendido que deveria existir uma ligação clara entre dois objectivos, eliminar o défice das contas públi-cas e reduzir a carga fiscal sobre o rendimento dos factores produtivos e, nomeadamente, sobre os rendi-mentos das empresas”, adiantou Rocha de Matos.Face a este cenário, considera que é importante a preparação de um novo sistema fiscal mais adequado às actuais realidades económicas, tendo em conta a globalização,

como, por exemplo, de natureza fiscal. Terá que haver uma cons-ciencialização que mais ou menos despesa pública é igual a mais ou menos impostos. Os custos de con-texto devem ser tidos em conta, até porque Portugal, no que respeita a taxas nominais de imposto sobre o lucro das emprresas, se situa na média dos países da União Euro-peia.Uma outra preocupação manifes-tada pelo responsável associativo tem a ver com a administração da Justiça. A sua morosidade é vista como um desincentivo, “na medida em que gera custos adicionais à actividade das empresas, tornando ineficiente legislação existente. Contribui também para um menor grau de confiança por parte de potenciais investidores num país que tem necessidade de se impor com capacidade para desenvolver actividades com elevados níveis de eficiência”.Rocha de Matos elogiou o papel dos técnicos oficiais de contas, apesar de estes profissionais não terem a visibilidade merecida junto do público em geral. No entanto, acha que, em termos empresariais, já existe esse reconhecimento. En-cara a actividade dos TOC como o

exercício de uma função de grande importância. Aliás, também é de opinião que a administração pú-blica não poderá deixar de dar o relevo necessário à questão de os técnicos de contas entrarem no sec-tor público. Refere a este propósito: “A administração pública, pela sua natureza, tem que ter órgãos, ins-trumentos e meios que garantam a fiabilidade e a transparência das contas públicas.”

Administração fiscal necessita de mais recursos

Rocha de Matos comenta ainda o trabalho que tem sido desenvol-vido pela administração fiscal. A este propósito refere: “O combate à evasão fiscal está a ter resultados, o que é positivo. A AIP sempre de-fendeu como importante o combate à evasão por razões de justiça e de equidade, mas também para a eliminação de formas de concor-rência desleal. Os resultados já alcançados mostram também que uma administração fiscal com meios humanos e materiais a funcionar de forma eficiente pode eliminar significativamente as formas de evasão fiscal, sem necessidade de colocar em causa os direitos dos contribuintes.”Quanto à fraude fiscal, também acha que existem melhorias, mas a questão é mais difícil e comple-xa do que no primeiro caso. Será importante continuar os esforços desenvolvidos e dotar as entida-des competentes dos meios mais adequados à sua prevenção e ao seu combate. É por isso que é de-terminante os organismos estarem dotados dos meios necessários para fazerem face a processos cada vez mais complexos.

AIP defende redução da tributaçãosobre o trabalho e as empresas

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Contabilidade & Empresas - Junho 2007 - 7

Fiscalidade

POLÍT ICA ORÇAMENTAL

O Governo garante que vai continuar o programa de consolidação orçamental, tendo em conta a redução da despesa corrente primária. Considera que se está no bom caminho para melhorar o saldo orçamental de forma significativa e durável. Durante a apresentação das Grandes Opções do Plano e do Relatório de Orientação da Política Orçamental, o Executivo considerou que esta política até poderá ter efeitos expansionistas na actividade económica. Existe a convicção que a abordagem do Governo na implementação das reformas estruturais tem merecido referências muito positivas por parte dos organismos internacionais.

O impacto das medidas es-truturais, de acordo com o Ministério das Finanças, já

se fez sentir ao nível da contenção da despesa pública. Em grande parte, decorrente da descida da des-pesa corrente, designadamente das despesas com o pessoal. A despesa com prestações sociais teve uma desaceleração no ano passado, para o que terá contribuído a execução orçamental ao nível do Serviço Nacional de Saúde. O Governo também destaca o impac-to associado às medidas no âmbto do Regime Geral da Segurança Social e do regime de segurança social dos funcionários públicos. “Portugal vê diminuído o risco de insustentabi-lidade de longo prazo das finanças públicas, permitindo o reforço da equidade intergeracional.”Foram apresentados algumas das

medidas que levaram a correcções, em alta, do lado da receita. O Execu-tivo falou da aposta da administra-ção tributária na simplificação e na modernização dos processos. Tem sido possível reduzir os custos de deslocações e eliminar a entrega de documentos em suporte papel. Foi apresentado o exemplo da entrega das declarações de IRS. “No con-junto das duas fases de entrega o número de declarações via internet aumentou mais de 23%, atingindo a percentagem recorde de 60% do total.” Desta feita, é possível que os contribuintes tenham poupado cerca de 11,4 milhões de euros, face ao ano anterior.Importante, na óptica do actual Governo, é o esforço que tem sido desenvolvido no âmbito do com-bate à fraude e à evasão fiscais. Sobretudo em resultado “das re-centes melhorias operacionais da administração tributária e perante a crescente consciencialização dos contribuintes”. Enfim, o processo de consolidação orçamental acarreta uma diminuição do défice orçamen-tal, entre 2005 e 2010, de 5,6 pontos percentuais do PIB, “sendo esta re-dução atribuível exclusivamente à descida da despesa pública total”.

Balanço positivo

Entretanto, garante aquele minis-tério que a informação disponível para o presente exercício revela uma “execução alinhada com a prossecução da meta orçamental para este ano por parte dos sub-sectores Estado, Serviços e Fundos Autónomos e Segurança Social, Serviço Nacional de Saúde e ad-ministrações regional e local”. E é referido a este propósito: “O balanço que neste momento se pode fazer sobre o processo de consolidação or-çamental e sobre a evolução recente das finanças públicas é claramente positivo. Mas ainda se está no início de um processo que exige o máximo de rigor.”O s responsáveis governamentais fizeram ainda questão de afirmar que as estratégias irão no sentido do “reforço das qualificações dos portugueses e da sustentabilidade das finanças públicas”. Nesta pers-pectiva, considera o Executivo que é fundamental concluir a implemen-tação das reformas estruturais já em desenvolvimento.

Governo garante reforço da políticade consolidação orçamental

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8 - Contabilidade & Empresas - Junho 2007

Fiscalidade

UE

O Conselho da União Europeia insiste na necessidade de reforçar os mecanismos de combate à fraude fiscal. Sobretudo no que respeita à tributação indirecta. A reversão da tributação é o sistema que está a ser proposto, em sede de IVA. No entanto, também tem merecido alguma contestação por parte de vários países. O Conselho acha que deve ser analisado o impacto de uma opção deste género no âmbito do mercado interno. Uma coisa é certa, o organismo defende que haverá que reforçar o combate, sobretudo para defender os justos interesses das empresas e os próprios orçamentos dos diferentes países.

A Comissão Europeia também defende que é preciso ir mais longe nas medidas a tomar,

de modo a evitar a fraude no IVA. Existem duas medidas, em concre-to, que estão a ser alvo de maior atenção por parte das entidades da União. Como já referido, a introdu-ção de uma opção para proceder à reversão do sistema de tributação. A outra medida possível passa pela tributação nas transacções intraco-munitárias. O Conselho está a tra-balhar estas duas possibilidades.O sistema da reversão faz com que a tributação seja transferida do fornecedor para a parte que rece-be, relativamente às transacções comerciais internas, cujos valores excedam determinados limites. O objectivo da medida é garantir uma opção na legislação europeia

de apelar a este sistema, de modo a que não suceda de forma igual em todos os Estados-membros. Até ao momento, a maioria dos países mostrou-se pouco receptiva a esta possibilidade.Caberá agora à Comissão tirar con-clusões a propósito do sistema de re-versão da tributação do IVA. Desde logo, os efeitos nos países que não fazem uso do sistema, especialmen-te os efeitos sobre os seus orçamen-tos, incluindo a competitividade das suas empresas. Depois, é chamada a atenção para a necessidade da coe-rência e da harmonização do IVA na União Europeia. Importante será ter uma ideia dos custos daqueles estados que assumem o sistema da reversão. Mas também haverá que ter em conta os riscos de novas formas de fraude.

Criação de uma taxa única

A Comissão Europeia avançou ain-da com propostas para a introdução de dois sistemas de tributação nas

Bruxelas insiste na reversãodo sistema de tributação do IVA

transacções intracomunitárias, no país de destino e no país de partida (ou de origem), a uma taxa única de 15%. A grande maioria dos países está contra a primeira possibilidade. Já no segundo caso, parece haver mais receptividade, mas ha-verá que desenvolver estudos profundados sobre tal possi-bilidade.O Conselho, entretanto, acha que deve ser dada prioridade máxima às medidas já propos-tas pela Comissão Europeia. Desde logo, a introdução de correcções nas declarações de fornecimentos intracomunitá-rios, no sentido de reduzir os prazos. Também se pretende assegurar a troca de infor-mação mais rápida entre as

diferentes administrações fiscais. Importa também as administra-ções fiscais estarem conscientes que a falta de informação pode ter consequências graves, em termos de perdas em sede de IVA. Terá ainda que haver um seguimento próximo das empresas, para além da informação que é pedida aos Estados-membros.Das informações veiculadas pelo Conselho da União Europeia pode-se concluir que há, novamente, a intenção de harmonizar a fiscalida-de, em especial no âmbito do IVA. O que é compreensível, já que é neste tipo de taxação que é possível, pelo menos numa primeira fase, chegar a um consenso, ainda que não alar-gado a toda a União Europeia. Por outro lado, continuam a verificar-se taxas excessivas de incumprimento e até de fuga e de fraude. Ora, tra-ta-se de um combate que só será efectivo se se verificar a junção de esforços.

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Contabilidade & Empresas - Junho 2007 - 9

Fiscalidade

DGCI

O número de declarações Modelo 3 entregues pela internet superou, pela primeira vez, o das entregas em papel. No conjunto das duas fases, o número de declarações por internet aumentou 27%, relativamente ao ano anterior, mais 569 mil declarações e o recorde de 60%, um valor considerado de excelência em termos internacionais. O Ministério das Finanças calcula que os contribuintes terão poupado cerca de 11,4 milhões de euros por esta via. Também se verificou que foram entregues mais 112 mil declarações Modelo 3, “em grande parte devido ao sucessivo aumento que se tem registado nos níveis de cumprimento das obrigações fiscais por parte dos contribuintes”.

A desmaterialização fiscal é cada vez mais uma realida-de e os contribuintes estão

a aderir ao sistema. A evolução, na óptica do Governo, prende-se com as medidas que têm sido adoptadas nos últimos anos. O objectivo tem sido o de incentivar a utilização da internet, como forma privilegiada de cumprimento das obrigações fis-cais. Este ano avançaram algumas medidas nesse sentido.Foi o caso do pré-preechimento das declarações entregues na internet, relativamente a rendimentos de trabalho dependente, pensões e re-tenções na fonte, o que permite aos contribuintes validarem os valores pré-preenchidos ou, em caso disso,

procederem à respectiva correcção. Uma outra medida de impacto con-siderável foi a disponibilização, em mais de uma centena de serviços de finanças, de postos de internet onde os contribuintes entregam as suas declarações, com o apoio dos funcionários. Foram também pré-impressas senhas de acesso à internet, podendo os contribuintes obter de imediato essas senhas, sem a necessidade de as solicitarem, previamente, no site das declara-ções electrónicas.A celebração de um protocolo com a Associação Nacional de freguesias (Anafre), no sentido de as juntas de freguesia disponibilizarem aos mu-nícipes postos públicos de internet para entrega das declarações de rendimentos e prestando o apoio e a informação necessários, também se revelou uma medida bastante útil. Conclui a este propósito o Ministério das Finanças: “Os resultados das medidas que foram sendo adopta-das, com o objectivo de aumentar os níveis de adesão à internet, estão bem patentes no incremento que se verificou ao nível das declarações em causa entregues pela internet e que se traduz em ganhos acrescidos para os contribuintes e para a admi-nistração fiscal.”

Pela primeira vez

Declarações pela internetsuperam as entregas em papel

Entregas voluntáriaspor internet

Há outros aspectos que importa analisar, já que contribuíram para o crescimento das entregas de de-clarações de rendimentos. Foram, desde logo, determinantes as en-tregas por internet das declarações relativas à primeira fase, sendo que não é obrigatório o envio pela via electrónica. Note-se que as en-tregas, por este meio, na primeira fase, apresentaram um aumento de 47,6%, o que correspondeu a mais 516 mil declarações do que no ano passado. É curioso verificar que as declara-ções da primeira fase, entregues por internet, foram também superiores àquelas entregues em suporte papel. Já representaram cerca de 52% do total, contra os 37% do ano passado. Convém ainda referir que a média das entregas por internet da declaração de rendimentos das pessoas singulares se situa nos 35%, ao nível da União Europeia, pelo que o desempenho nacional é de louvar.Importa, todavia, acrescentar que o processo de desmaterialização se ficou a dever, em grande parte, aos esforços desenvolvidos pelos pro-fissionais da contabilidade. Sendo certo que coube à administração fiscal implementar todo o sistema informático, do lado dos profissio-nais houve todo um aconselha-mento e a necessidade de adaptar as tarefas à nova realidade. Certo é que todas as partes envolvidas saíram a ganhar com a entrega das declarações de rendimentos por via electrónica.

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10 - Contabilidade & Empresas - Junho 2007

Sectores

IMOBIL IÁR IO

O Governo prevê realizaruma receita de 250 milhõesde euros, por via da alienação de património. Nesse sentido, foi assinado um protocolo de cooperação no sector imobiliário entre os ministérios das Finanças e da Justiça. O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, garante que serão atingidosos objectivos de receita definidos no Orçamentodo Estado. Para o efeito, conta com a informação recolhida do segundo recenseamento de imóveis da Administração Pública. “A meta da alienação do património será conjugada com o objectivo últimoda rentabilização máxima do património. Não bastará vender para realizar receita. Se houver outra solução melhor do que vender,optar por essa outra solução.”

Com a assinatura do referido protocolo, o Governo quer que os dois ministérios procedam

de forma articulada na identificação de imóveis, cuja afectação às funções da Justiça tenha deixado de fazer sentido. Proceder-se-á também à avaliação e à averiguação da viabi-lidade do aproveitamento económico dos imóveis. E adiantou Teixeira dos Santos a este propósito: “Am-bas as entidades deverão acordar no modelo jurídico-financeiro e nos procedimentros a adoptar para o me-lhor e mais racional aproveitamento económico dos imóveis, por exemplo, através da constituição de fundos de investimento imobiliário públicos, da alienação a veículos societários

públicos e da constituição de parce-rias públicas ou público-privadas.”Acontece que se pretende introdu-zir maior dinâmica e promover o aumento da eficiência e da raciona-lidade na afectação de recursos, com vista à sua rentabilização, quer de património devoluto, quer em uti-lização efectiva. Algumas medidas estão em curso, como a conclusão do processo de inventariação e caracterização global da utilização actual do património do Estado, relativa à segunda fase do processo de recenseamento de imóveis da administração pública.Importante é a implementação do princípio do pagamento de uma renda pela ocupação do património público por terceiros ou por serviços da administração central. Além dis-so, apontou “a criação de um regime jurídico urbanístico dos bens imóveis desafectados dos domínios público ou privado indisponível, tendo como principais objectivos a eliminação da indeterminação jurídica do conteúdo urbanístico, resultante da desafec-tação, bem como a introdução de es-tímulos jurídicos e financeiros ade-quados à cooperação entre o Estado e os municípios”. De salientar ainda a assunção pela Direcção-Geral do Tesouro e Finanças das funções em matéria de património imobiliário público, até agora asseguradas pela Direcção-Geral do Património.

Articular e retirarvantagem da articulaçãodas entidades públicas

O protocolo, segundo o ministro, “tem o mérito de articular e retirar vantagem do conhecimento e da experiência adquirida pelas enti-dades públicas, incluindo entidades públicas empresariais, dependentes de cada uma das tutelas”. Da parte

do Ministério das Finanças e da Administração Pública, consiste no reordenamento jurídico e orgânico da gestão do património imobiliário público.Por sua vez, esta estratégia para garantir mais receita e tornar o imobiliário mais operacional impli-ca a concertação de várias entida-des ou estruturas. A Direcção-Geral do Tesouro e Finanças e o Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial da Justiça, bem como um grupo de trabalho constituído por despacho conjunto de ambos os ministros, intervirá neste processo, devendo propor as soluções a implementar em concreto, a respeito do acervo imobiliário que seja identificado. E, igualmente, com a intervenção, ao nível da consultoria especiali-zada, da Parpública ou empresa subsidiária.Conclui Teixeira dos Santos a este propósito: “Com a celebração deste protocolo, pretende-se, em primeiro lugar, que os dois ministérios proce-dam de forma articulada na iden-tificação de imóveis, cuja afectação às funções da Justiça tenha perdido razão de ser, procedendo também à avaliação e averiguação da viabili-dade de aproveitamento económico dos imóveis em causa. Será possível libertar recursos públicos para áre-as e fins que permitam um melhor funcionamento da Justiça.”Acredita o ministro que a recon-figuração orgânica e estrutural da administração da Justiça e os mais recentes desenvolvimentos tecnológicos são razões suficientes para que a avaliação da eficiência na ocupação de espaços vá possibi-litar a identificação de um número considerável de espaços passíveis de desafectação.

Teixeira dos Santos espera atingir os 250 milhões

Finanças querem garantir receitapor via da alienação de património

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Contabilidade & Empresas - Junho 2007 - 11

Sectores

TURISMO

O sector do turismo está a passar por alterações, que vão implicar uma maior intervenção por parte dos revisores oficiais de contas. Trata-se de um novo normativo que cria o Programa de Intervenção do Turismo (PIT). É um diploma que estabelece a exigência de verificação e emissão de declaração por parte de revisor oficial de contas. Acontece que já está em elaboração uma directriz de revisão/auditoria que irá conter orientações paraa realização de trabalhos neste âmbito. O que tambémse pretende é impulsionara actividade turística,mas numa perpectivade transparência em termos contabilísticos.

O programa PIT pretende dar resposta a dois imperativos da política definida para

o sector do turismo, esclarece a Ordem dos Revisores Oficiais de Contas. Consiste em incentivar as intervenções prioritárias de inte-resse público, que visem a qualifi-cação da oferta, em complemento do investimento empresarial. Por outro lado, trata-se de estimular as opções de investimento público na actividade de organização e divulgação de eventos de grande di-mensão, os quais contribuam para a promoção da imagem de Portugal, enquanto destino turístico.O programa, em termos concretos, destina-se a entidades públicas, quaisquer outras entidades jurí-dicas, desde que uma ou mais das entidades públicas exerçam uma

influência dominante na sua gestão e desde que não possam aceder aos sistemas de incentivos aplicáveis ao investimento privado. Destina--se ainda a pessoas colectivas sem fins lucrativos que tenham a posse de património cultural edificado e pessoas colectivas de utilidade pública.A necessidade de ROC prende-se com o objectivo de confirmar a rea-lização e o pagamento das despesas de investimento, a existência do fluxo financeiro associado, o cor-recto lançamento e contabilização das mesmas na contabilidade do promotor, bem como a inexistência de qualquer nota de crédito relativa àquelas despesas. Esta é mais uma oportunidade profissional para os ROC e uma nova responsabilidade a assumir por estes profissionais.

Nova taxonomia XBRL

A OROC chama ainda a atenção que a GRI (Global Reporting Iniciative) lançou uma nova taxonomia XBRL para as normas emitidas sobre re-

latórios de sustentabilidade. Esta nova ferramenta de partilha de informação vai possibilitar o relato da sustentabilidade em formato digital, aumentar a eficiência da recolha de informação e facilitar a comparação. O sistema estará em testes até ao final do ano.A GRI pretende desenvolver a boa governação e a transparência, pos-sibilitando uma redução da pobre-za, a prevenção de conflitos, o apoio às decisões de investimento susten-tável e promover o desenvolvimento nas economias emergentes. Esta questão coloca-se de forma mais premente para o sector das maté-rias-primas. Isto porque dá uma ideia mais objectiva e transparente daquilo que os investidores podem esperar. São as economias emer-gentes que saem a ganhar, em par-ticular com o relatório sustentado. As principais economias mundiais defendem que este sistema deve ser implementado e desenvolvido o mais possível.

Revisores oficiais de contasintervêm no sector turístico

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12 - Contabilidade & Empresas - Junho 2007

Como estimular a mudançana sua empresa

AGOST INHO COSTA

Análise

10ª Parte

«Temos de nos converter nas mudanças que queremos que aconteçam».

Gandhi

Nos últimos artigos, acerca dos processos de mudança nas organizações, conta-

mos a história abaixo referida, que retomamos, para não perdermos a sequência da exposição.“Quando os elefantes são pequenos, os domesticadores prendem-nos, com correntes pesadas, a estacas enterradas. Nessa fase da vida do elefante, ele não tem a força suficien-te para arrancar a estaca. A partir desse momento, fica condicionado por essa informação, que o seu sub-consciente registou. Nunca mais tenta fugir, mesmo quando adulto. Quando adultos, mesmo que te-nham apenas uma pequena pul-seira de metal à volta da pata, sem estar presa a qualquer estaca, não tentarão fugir. Os seus movimentos estão limitados pelo condiciona-mento que tiveram no passado. A pulseira estava ligada a um estaca que eles não poderiam arrancar. Inicialmente tentaram, mas como não conseguiram, desistiram. Não voltaram a tentar. Tentar para quê, se não conseguiam?”“O elefante continua a pensar que não tem força para se afastar. No

início talvez tivesse razão. Mas o elefante cresceu, ficou mais forte. Ocorreram mudanças. Contudo, ficou condicionado pela situação inicial.O mesmo acontece com muitas empresas. Encontram-se condicio-nadas por limitações anteriormente adquiridas. «Sempre o fizemos des-ta maneira».

Porquê mudar?

As atitudes que a empresa persiste em manter, fruto de condicionantes do passado, são a sua corrente, mas que neste momento está presa a nada. Os tempos estão a mudar. Como tal, a organização tem que mudar para se ajustar à nova rea-lidade em que está inserida.”

Esta é normalmente uma atitude de acomodação. As organizações, do mesmo modo que o elefante, acham que já não vale a pena tentar mudar. O seu subconsciente colec-tivo está condicionado pela atitude habitual. Sempre se fez assim. Não resulta mudar. Não vamos conse-guir fazer melhor.

Mas o que acontece posteriormente, em situações limite, em situações em que já não há nada a perder?

Vejamos:O que acontece ao elefante do circo, quando a tenda começa a arder?Bom, aí o elefante vê as chamas com os seus próprios olhos e cheira o fumo com as suas próprias nari-nas. Ele toma, então, verdadeira consciência que, se permanecer lá, morre. Perante tal situação, muda de comportamento e foge. O instinto de sobrevivência foi mais forte que o condicionamento.O mesmo se passa com muitas em-

presas. Quando já não têm nada a perder é que reagem sem qualquer condicionamento. No entanto, já possuíam as capacidades para terem reagido dessa forma muito tempo antes.Para facilitar a mudança, é então fundamental, introduzir uma sen-sação de urgência – um incêndio, como na história do elefante. Sem isso, as pessoas não mudarão. São as situações difíceis que criam a necessidade de mudar. A urgência motiva. Sem ela, as pessoas acomo-dam-se.

No entanto, …

Para que não considerem que esta-mos perante falsos alarmismos, de-vemos apresentar factos concretos e valores que justifiquem o nosso sentido de urgência. Caso contrário, perante a necessida-de de mudança, se permanecermos adormecidos, alheios ao que se passa à nossa volta, a extinção é certa.Essa é uma das razões que explica a pouca longevidade de muitas empresas. Adaptar-se ao presente em constante mudança é, pois, es-sencial para o sucesso futuro das organizações. É por tal razão que as organizações dependerão cada vez mais de líde-res capazes de gerir a transição e a mudança.Os programas de mudança bem su-cedidos implicam sempre a necessi-dade dum planeamento. Mas quan-to mais claros forem os objectivos da organização, melhor será o plano de acções para os alcançarem. Se os gestores não tiverem objectivos concretos, não conseguirão mudar. Se não souberem onde estão, nem para onde querem ir, não poderão colocar-se no caminho certo. Podem até saber para onde querem ir, mas é também fundamental ter

AGOSTINHO COSTA

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Contabilidade & Empresas - Junho 2007 - 13

comportam-se de acordo com a percepção que têm do ambiente que as rodeia e isso pode originar, em determinadas circunstâncias, a ocorrência de alguma resistência aos processos de mudança. Dessa forma, as pessoas que inte-gram uma organização tanto podem ser uma vantagem competitiva como podem ser um obstáculo à formulação e implementação da estratégia.

Como ultrapassar entãoas resistências internas?

As resistências internas podem ser eliminadas, em grande parte, se conseguirmos antecipar e compre-ender as reservas das pessoas, os seus medos.Para ultrapassar a resistência, a prevenção é melhor do que a cura. Para apoiar a mudança, as pessoas precisam de compreender por que razão a organização precisa de se ajustar, e necessitam de se sentir en-volvidas no seu desenvolvimento. Assim, devemos assegurar-nos de que comunicamos o mais possível com todos, para construir um am-biente de confiança e preparar as pessoas para a mudança. Devemos tentar ver a mudança do ponto de vista das outras pessoas e anteci-par os seus medos. Poderemos, por exemplo, formular as seguintes questões:

− Será que as pessoas da orga-nização se sentem mal infor-madas?

− Será que temem um aumento da carga de trabalho, perda de emprego,...?

AGOST INHO COSTA

um verdadeiro conhecimento do diagnóstico actual da organização, a fim de avaliar o diferente tipo de recursos e a quantidade dos mesmos, para iniciar o planeamento e a imple-mentação da estratégia, sem correr o risco de lhe “acabar o combustível em pleno voo”, por erro de cálculo. Seria um desastre. Mas acontecem muitos destes acidentes.Deveremos então procurar respos-tas para algumas das seguintes questões:

− Onde estamos? − Para onde queremos ir? − Que factores externos condicio-

nam a nossa actividade? − Como poderemos lá chegar? − De que recursos necessitamos?− …

Pode, no entanto, parecer que a mudança necessária para que a or-ganização passe da situação actual para a situação futura desejada pa-reça uma tarefa demasiado árdua. Esse facto não deve ser motivo para desistirmos do empreendimento a que nos propomos. Muitos pequenos passos geram mudança. Devemos concentrar-nos em pequenas vi-tórias, fazendo progressos cons-tantemente. A longo prazo, o que pareceria uma tarefa impossível surge concretizada.Por último, saibamos que, se não houver urgência nas mudanças, elas serão adiadas. Assim podere-mos dizer que a sensação de ur-gência é a energia necessária que possibilita as mudanças. A urgência cria o despertar para a necessidade de mudar. Cria a ener-gia necessária para prosseguir em direcção aos objectivos do processo estimulado pela visão, com todos os esforços que isso possa implicar.

Mas, …

Quando se tenta formular e imple-mentar uma estratégia, não o pode-remos fazer sem o envolvimento das pessoas. Tudo é feito por meio de pessoas. As pessoas estão no centro do sucesso do negócio. Sabemos também que um grupo de pessoas não constitui necessa-riamente uma equipa. As pessoas (Continua no próximo número)

− Como poderão tais pessoas re-agir às mudanças?

− Quais são as pessoas dentro da organização cujo envolvimento é importante para liderar a mudança?

− Que implicações terão as mu-danças no nível de competên-cias exigido?

− O que faremos para possibilitar que tais competências sejam desenvolvidas internamente?

− …Esta percepção é indispensável ao líder e ao estratega da organização, para de forma preventiva tomar as medidas adequadas.Como diz Jean Brilman, uma gran-de parte dos gestores, nos diversos sectores de actividade, reage tarde e lentamente perante as rápidas mudanças que afectam as suas empresas.Num mundo com um ritmo tão rápido como o de hoje, os elefantes são uma espécie em vias de extinção. Os paquidermes lentos, pesados, volumosos não conseguem mover-se com a rapidez necessária para escaparem à competitiva espingarda a laser. É preciso ter o pé ligeiro. Por isso as gazelas conseguem sobrevi-ver, mas não os elefantes, que levam muito tempo a mudar. O mesmo acontece com as empresas que não têm flexibilidade para se ajustarem às mudanças. E a adaptação a essas mudanças faz-se com a construção de verdadeiras equipas, motivadas e envolvidas na execução das suas ta-refas, num ambiente de trabalho que estimule o melhor desempenho.

Análise

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14 - Contabilidade & Empresas - Junho 2007

Informática na Contabilidade

ESTRATÉGIA

Administração Pública vai investir mais de 340 milhões de euros em TI durante 2007A Administração Pública por-

tuguesa vai investir, em 2007, mais de 340 milhões

de euros em Tecnologias de Infor-mação. De acordo com o estudo “Administração Pública Central e Local, Saúde e Educação: Sondagem e Previsões 2005-2010”, elaborado pela IDC, o investimento da Admi-nistração Pública deverá crescer a uma taxa média anual de quase 6% entre 2005-2010. Em 2008, este investimento deverá ultrapassar mesmo os 363 milhões de euros e em 2010 deverá chegar perto dos 408 milhões de euros.Repartindo o total do investimen-to da Administração Pública em TI pelo poder central e local, a Administração Central fica com a maior fatia, prevendo a IDC um investimento de mais de 245 mi-lhões de euros em 2007 e de quase 289 milhões de euros em 2010 e a Administração Local pouco mais de 96 milhões de euros em 2007 e 119 milhões de euros em 2010.“Na sondagem que a IDC efectuou ao mercado nacional a prioridade apontada pelos organismos da Ad-

ministração Central e Local foi a de obter maior eficiência operacional, pelo que esta preocupação traduz uma orientação estratégica que pode ditar a dinâmica do mercado da AP”, afirmou em comunicado de imprensa Gabriel Coimbra, research & consulting manager da IDC Portugal. “De salientar que o Governo, mesmo nos anos de crise, deu passos importantes na imple-mentação de sistemas electrónicos de contacto com o cidadão, pelo que é de prever avanços significativos no investimento em TI, nomea-damente, na interoperabilidade entre sistemas aplicacionais e na utilização da Internet como veículo de contacto com o cidadão.”

Administração central…centraliza investimentos

Na análise por segmento das activi-dades do Estado, em 2007 o segmen-to com mais peso no investimento em tecnologias de informação vai ser o da Administração do Estado (inclui, entre outros, o Ministério das Finanças), que vai representar

cerca de 40% do total do investimen-to da Administração Central (98 milhões de euros), seguido de perto pela Segurança Social, com cerca de 30% (mais de 70 milhões de euros), e depois o sector da Defesa, com quase 14% (mais de 33 milhões de euros), mantendo-se esta tendência para os cino anos do período em análise.No investimento da Administração Pública por produtos de TI (hardwa-re, software e serviços) o hardware continua a dominar, estimando-se que a taxa de crescimento médio anual para o período em análise seja de 7,4%, o que significa que em 2010 o investimento em hardware deverá ser superior a 193 milhões de euros.O investimento em serviços de TI deverá crescer a uma taxa média anual de 4,46%, entre 2005-2010, o que se vai traduzir num inves-timento de quase 163 milhões de euros no ano de 2010. Quanto ao software, a IDC estima uma taxa de crescimento média anual ligeira-mente superior à dos serviços, o que vai representar um investimento de 53 milhões de euros em 2010.

A Infodesa, empresa especiali-zada em soluções tecnológicas para entidades financeiras,

pretende conquistar 15% da quota de mercado da banca portuguesa nos próximos três anos. Um objectivo que a empresa admite integrar o novo plano estratégico para o mer-cado nacional, iniciado com a recente nomeação de Samuel Pereira como director para Portugal.“Esta aposta na banca portuguesa tem como base o bom desempenho da Infodesa no mercado espanhol, onde a empresa prevê um cresci-mento de 8% de quota de mercado e

a duplicação do volume de negócios”, revelou a empresa em comunicado de imprensa. Também em Portugal a empresa tem por objectivo tornar-se uma referência no sector financeiro, “apostando na sua capacidade de inovação, potencial competitivo e qualidade de serviço”.Numa primeira fase, este plano estratégico contempla a reestru-turação das linhas de negócio, a inovação tecnológica e novos planos de acção comercial e estratégias de marketing. A longo prazo, a empresa quer incluir a expansão geográfica da empresa para outros

mercados, para além do espanhol e português.“Nos próximos anos, pretendemos focalizar o nosso plano de inves-timentos no reforço competitivo da oferta, apostando fortemente na consolidação da nossa linha de produtos e serviços. Para tal, iremos fortalecer e criar parce-rias, de forma a aumentar a nossa liderança em todas as plataformas tecnológicas existentes no merca-do”, referiu em comunicado Samuel Pereira, director da Infodesa em Portugal.

Infodesa quer 15% do mercado financeiro português

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Contabilidade & Empresas - Junho 2007 - 15

Informática na Contabilidade

T I

Garantir a continuidade do negócio dos clientes. Du-rante 24 horas por dia, sete

dias por semana, 365 dias por ano. Esta é a grande tarefa da Main-road, uma empresa do universo Sonae, resultado de um “spin-off” da Novis. José Xavier, director--geral da Mainroad, em entrevista à “Contabilidade & Empresas”, revelou que ainda são as empresas do grupo liderado por Belmiro de Azevedo que mais contribuem para o volume de negócios da Mainroad. Actualmente, com 80%. Mas já foi mais. Há cerca de três anos, ape-nas 2% dos negócios não tinham o carimbo Sonae. O objectivo é, ob-viamente, ir conquistando negócios fora do grupo de Belmiro, apesar de José Xavier admitir ser um proces-so longo. “É muito complicado ter mais do que 50% do negócio fora de um grande grupo como é a Sonae, já que, antes de mais, é um grande cliente”.Mas o mercado está a ser favorável à Mainroad. Isto porque, hoje, as empresas começam a ter noção da importância da gestão de toda a infra-estrutura de Tecnologias de Informação (TI), até porque só des-ta forma conseguem garantir a alta disponibilidade e a tão almejada continuidade do negócio. Sobretudo se estivermos a falar em empresas que dependam sobremaneira das TI para laborar, número esse que, todos os dias, tem vindo a aumen-tar. “Não trabalhamos apenas com grandes empresas. Até podem ser organizações relativamente pequenas mas, por exemplo, uma empresa que tenha o seu negócio acente sobre a internet tem obri-gatoriamente de garantir a tal con-tinuidade das operações, pois isso vai influenciar directamente a sua facturação. Esse tipo de empresas tem uma absoluta necessidade de

manterem a sua infra-estrutura fiável, escalável e segura”.Para o gestor, actualmente, o mer-cado já começa a ter mais atenção à prevenção, não deixando que a “sor-te” seja um factor tão isolado. “Já começamos a ver empresas a verem o que é preciso fazer no dia-a-dia para prevenir situações de desastre. É claro que, se essas situações acon-tecerem, há sempre solução, mas já começa a haver sensibilidade para a prevenção”. No entanto, obviamente que a área de disaster recovery ain-da continua primordial se falarmos em continuidade do negócio.Uma das mais-valias da Mainroad, mesmo perante os seus concorren-tes mais directos, é o facto de esta empresa ter “data centers” próprios. São dois, um em Carnaxide e outro em Matosinhos, o que, no entender de José Xavier, “permite a perfeita redundância”. A empresa inserida na Sonaecom oferece serviços como alojamento de equipamentos e bastidores, o que permite “às orga-nizações reduzirem investimentos

Mainroad “especializa-se”na gestão da continuidade do negócio

em custos infra-estruturais e de serviços”. Outra das áreas onde a Mainroad ganha pontos é no “outsourcing” das TI. Apesar de concordar que “em tempos houve maus exemplos, nome-adamente no outsourcing total”, José Xavier admite que o mercado está muito mais coerente. Coerente entre a procura e a oferta. Os fornecedores já “aprenderam” a redigir os contra-tos, pelo que a gestão de mudança está hoje bastante mais clara. “Há ferramentas que possibilitam mo-nitorizar a gestão dos contratos. É uma área onde a oferta amadureceu imenso”. Para garantir o sucesso dos projectos, José Xavier é apologista do outsourcing incremental, que se vá adaptando de forma gradual às necessidades da organização. “O outsourcing até pode vir a ser total. Mas creio que, numa primeira fase, deve ser gradual”. Para o gestor, o alojamento e a gestão das TI devem ser as primeiras áreas a serem ex-ternalizadas.

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16 - Contabilidade & Empresas - Junho 2007

SEGURANÇA

A taxa de pirataria informáti-ca atingiu, em Portugal, os 53%, denuciou a Assoft, As-

sociação Portuguesa de Software. A este dado, garante esta organização, correspondem perdas de receitas na casa dos 112 milhões de euros. Segundo os dados apurados pela BSA – Business Software Alliance e pela IDC, referentes a 2006, o valor referente a pirataria originada em embarques de hardware de marca tradicional e software regulares para Portugal é de 43%, “mas a Assoft soma a este indicador um valor adicional de 10% proveniente de situações ilegais provocadas por outros agentes do mercado, como pequenos agentes e organizações de pirataria que actuam via Internet ou anúncios de jornais”, revelou a associação em comunicado de im-prensa. Nos 112 milhões de euros de perdas apurados pela Assoft não estão incluídos os impostos directos não cobrados pelo Estado português e que atingiriam os 23,5 milhões de euros. De acordo com estes números, em Portugal o índice de pirataria estabilizou no último ano, no que concerne aos equipamentos importados e diminui nos equipa-mentos assemblados localmente.

Outro dado divulgado é que, em média, em todo o mundo, cerca de 35% das aplicações de software foram pirateadas, mantendo o mesmo valor percentual do ano de 2005. Contudo, em termos de valor as perdas aumentaram cerca de 5,2 mil milhões de dólares, dado o mercado ter aumentado signifi-cativamente, colocando o valor da pirataria em 39 576 mil milhões de dólares perdidos em todo o mundo pelos editores/autores das mais diversas obras de software durante o ano de 2006.A Assoft reconhece que a existência

de milhares de páginas na Internet com software pirata continuam a levar entidades insuspeitas a com-prar esse software. “É de salientar, no entanto, que a forte campanha levada a cabo pela Assoft, no final de 2006, provocou uma quebra de 2% na componente local da pira-taria de software”. Contudo, este organismo exige um maior apoio formativo e legislativo para que as diversas autoridades e os tribunais façam um trabalho mais atempado e conclusivo para uma maior e mais veloz erradicação da pirataria de software.

Informática na Contabilidade

Pirataria informtática atinge 53% em Portugal e lesa empresas em 112 milhões de euros

A SAP anunciou que o primei-ro pacote de melhorias para a solução SAP Business

One já está disponível para down-load. Esta nova série de pacotes descarregáveis fazem parte do su-porte standard da SAP, disponibi-lizando aos clientes SAP Business One. Os restantes pacotes estarão disponíveis várias vezes por ano nas principais actualizações das aplicações, “num modelo que reduz, de vários anos para alguns meses,

o típico ciclo para introdução de novas funcionalidades”, explicou a empresa que adianta que estes produtos são desenhados como ex-tensões accionáveis e incrementais da aplicação SAP Business One e compatíveis com o vasto catálogo de 350 soluções desenvolvidas por vendedores de software indepen-dentes (ISV). “Estes pacotes de melhorias são activados de uma forma ‘plug-and-play’, eliminando os custos e roturas associadas às tí-

picas actualizações de software”.O conteúdo exacto de cada pacote de melhorias vai variar de acordo com as reais necessidades e prio-ridades dos clientes SAP Business One, com o controlo da SAP e dos seus parceiros de canal. Entre as várias melhorias estão as novas capacidades em finanças, incluindo contas de controlo, reporting geral e impressão de documentos.

SAP lança novas melhorias para atrair pequenas empresas

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Contabilidade & Empresas - Junho 2007 - 17

Contabilidade

CTOC

A profissão de técnico oficial de contas há alguns anos que está em profunda mudança. Mas terá que se adaptar a novos e muito diferentes desafios. O que implica, desde logo, que a preparação académica destes profissionais terá que ser repensada. Domingues de Azevedo, presidente da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas (CTOC), defende a necessidade de conferir os conhecimentos necessários ou as competências exigidas para o exercício da profissão. É determinante saber qual o perfil de profissional que melhor se adapta às necessidades das empresas portuguesas.

Existe uma série de matérias a que os profissionais terão que estar particularmente

atentos, como a adequação ao definido pela entidade reguladora ou os meios humanos e materiais disponíveis para a efectiva pre-paração profissional dos TOC. E refere a este propósito: “A leitura que temos feito, embora ousada, não deixa de comportar alguns riscos de implementação, já que não se sus-tenta num conhecimento científico e testado, mas numa lógica baseada na análise da realidade.”Considera o responsável da câmara que as instituições do ensino supe-rior têm feito um grande esforço de interligação com as empresas e instituições que lhes estão pró-ximas, no sentido de apreenderem as necessidades mais prementes, convidando não só personalidades no domínio da docência, mas tam-bém integrando nos seus próprios

órgãos deliberativos representantes daquelas empresas. “Mas os resul-tados teimam em não aparecer e é mesmo cada vez maior o fosso entre a vida real e a preparação dos estudantes”, adianta Domingues de Azevedo.Com uma agravante. Com a entra-da em funcionamento, até 2010, do Processo de Bolonha, aquela assi-metria poderá agravar-se, pelo me-nos numa primeira fase. Reconhece sobre esta matéria que “os esforços de colaboração entre a CTOC e a academia, embora significativos, ainda não foram suficientes para inverterem a tendência de perda de qualidade dos alunos”. Colocada de parte está a solução de atribuir uma qualificação profissional a quem não possui os conhecimentos necessários para a sua execução.

Implementação de sistemas complementares

Numa perspectiva realista, as coi-sas não podem manter-se tal como estão, sob pena de as consequências serem extremamente gravosas para todo o tecido económico do país. Assim, Domingues de Azevedo considera: “A solução passa por conceber e implementar sistemas de formação complementares dos

Preparação académica dos TOCtem que ser repensada

conhecimentos e das competências adquiridas após a preparação aca-démica, tal como a necessária expe-riência para a sua aplicação. Com o actual estado de coisas, não ganham os candidatos à profissão, indevi-damente preparados, já que não detêm as ferramentas necessárias para fazerem face à concorrência, nem as instituições de ensino, na medida em que se descredibilizam junto dos alunos.”Naturalmente, a própria câmara só tem a perder com a actual situação. Isto porque não terá os necessários padrões de qualidade, tal como lhe compete e deseja. É neste contexto que a entidade decidiu implemen-tar, a nível nacional, uma formação específica de preparação para o exame de avaliação profissional para efeitos de acesso à inscrição na CTOC. No entanto, avisa: “Esta medida só pode ser entendida como tran-sitória. Num futuro muito próximo haverá que reequacionar a melhor solução a encontrar para este pro-fundo problema que, aliás, não é se limita aos candidatos a técnicos oficiais de contas. Naturalmente, as instituições de ensino também terão que entrar neste debate.”

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18 - Contabilidade & Empresas - Junho 2007

Contabilidade

NIC

As normas fiscais nem sempre coincidem com os princípios e as regras de carácter contabilístico. Acontece, em muitos casos, que a norma fiscal tende a subordinar os princípios contabilísticos, o que leva a tributações injustas, em detrimento da correcta expresão das contas. O que aumenta a fraude e a evasão fiscais aos níveis nacional, regional e internacional. É um facto que a concorrência entre as empresas e os Estados-membros continuará a existir, pelo que deverá ser regulada. Esta a perspectiva manifestada por António da Silva Rocha, docente universitário e TOC, no “Jornal de Contabilidade”,a propósito da harmonização contabilística.

Em resultado da implanta-ção do euro, a tendência é para a simplificação da

informação contabilística. Aliás, só através da estrutura conceptual da contabilidade será possível evoluir para a harmonização da tributação do imposto sobre as sociedades. E é certo que acabar com a concor-rência, incluindo a fiscal, teria con-sequências muito negativas para a União Europeia, já que muito do capital seria transferido para outras regiões.A actual forma do imposto sobre as sociedades (IS) prejudica a com-petitividade, os objectivos da UEM e a coesão económica e social. Os benefícios fiscais também são um factor de distorção na comparação internacional. Refere o autor do

trabalho a este propósito: “A apli-cação de métodos simplificados não resolve o problema, mas provoca ainda maiores distorções e discri-minações. Sucede que o rendimento real e o declarado nem sempre são coincidentes, ocorrendo o mesmo com os preços de transferência, que nem sempre estão de acordo com as NIC e com as linhas da OCDE.”É um erro partir da abolição, pura e simples, do imposto sobre as sociedades, já que impediria a detecção de muitos enriquecimen-tos ilícitos. “O IS deve manter-se, ainda que sem deixar de apelar à redução das taxas e à ampliação da tributação efectiva. Deve-se eli-minar a dupla tributação e rever as distorções das menos-valias; definir um critério que qualifique o imobi-lizado; reformular os incentivos ao reinvestimento; criar alternativas aos regimes de amortizações e provisões; considerar para efeitos contabilísticos os resultados entre empresas do grupo, entre muitas outras situações.”No entanto, António da Silva Rocha chama a atenção para o facto de a nova ordem fiscal depender da for-ma como evoluir a União Europeia,

Zona euro tende para a simplificaçãoda informação contabilística

precedida da harmonização contabilística. O lucro liqui-dado em contabilidade está subordinado, de uma ma-neira geral, às excepções da fiscalidade. “A informação fi-nanceira não pode, nem deve, diferir no conteúdo e no modo, no momento da sua aplicação, na medida em que a diversi-dade perturba os utilizadores e as multinacionais.”

Modelo conceptual internacionalmente aceite

Fica claro que comparar a in-formação financeira é essencial para a relação global da contabilidade, auditoria e autoridades fiscais. É uma realidade, todavia, que as empresas desejam um modelo con-ceptual internacionalmente aceite, e a União Europeia reconheceu essa necessidade. “Nesta linha, as actuais regras contabilísticas tornarão as contas das empresas mais transparentes e, ao mesmo tempo, proporcionarão uma melhor informação, maior coordenação profissional, maiores simplicidade e veracidade com impacto fiscal, quer a favor do Estado quer do contribuinte.”As NIC, por si, são normas jurídicas de aplicação directa em todos os Estados-membros e representam o ponto de partida para estabelecer uma base tributária consolidada comum. Não é estranho que a har-monização é necessária para as empresas cotadas em bolsa, bem como para garantir homogeneidade e transparência às transacções nos mercados de capitais internacio-nais. Poderá também ser extensível ao resto das empresas, ampliando o seu âmbito de actuação.

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Contabilidade & Empresas - Junho 2007 - 19

Coluna do Técnico de Contas

IES – SUBSÍDIOS PARA A ARTE DE BEM CAVALGAREM TODA A SELA …

Após a pressa evidenciada pela lei que pôs em vi-gor em Janeiro de 2007, a IES, para valer já em relação a 2006 e a que fiz referência num artigo

anterior – afirmando que só deveria ser trabalhada para a informação a apresentar daqui a um ano –, sempre pensei que a Administração Fiscal e os seus pontas de lança informáticos se iam esmerar, para nos entregar uma aplicação informática “prêt-à-porter”, deixando-nos em paz com o sexo dos anjos das excentricidades da

estatística nacional, que exige de uma leitaria de bairro o preenchimento das potenciais e não menos famigeradas 1500 posições da Informação Empre-sarial – dita – Simplificada, tal como exige da SONAE do enge-nheiro Belmiro de Azevedo…Mais convencido fiquei quando observei a pompa e circunstân-cia que rodeou a apresentação desta Informação Empresa-rial Simplificada na sede da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, com vedetas quase tão vedetas como o Cristiano Ronaldo!, estando presentes, por exemplo, o Ministro das Finanças e o Governador do Banco de Portugal, entre mui-

tas outras estrelas do firmamento político nacional, como diria um locutor encartado da nossa Emissora Nacional dos anos cinquenta.Não percebendo porque uma informação burocrática a prestar ao Estado haveria de merecer tamanha honra, mais me convenci que desta vez sim, com a presença de tanta gente importante, pelo menos com o impresso da Internet não teria de me preocupar. Com a ingenuidade própria dos bem intencionados, pensei, pois, que não tinha problemas informáticos a resolver, já me chegando para as encomendas tudo o resto. E tudo o resto é mes-mo tudo o resto, são as tais 1500 posições a preencher, são informações em programas de contabilidade que se cruzam com informações em programas de vencimentos e com informações em programas de imobilizado e em programas de facturação, para só evidenciar os mais correntes. Pois os nossos informáticos, fazendo não sei quantas horas extraordinárias, lá procuraram dar conta do recado e nós cá nos deitámos ao trabalho de pôr de pé a informação para a estatística nacional, deixando para Outubro as inevitáveis e intermináveis reuniões de tra-balho conjuntas, de forma a melhorar substancialmente a informação, automatizando-a muito mais do que agora, pois, como sabemos, há exigências de estatística destes impressos que, em 2006, todos desconhecíamos a sua necesidade – possivelmente nem quem os arquitectou sonharia! –, e assim não estão contemplados nos POC da esmagadora maioria das empresas.Pois, meus amigos, digo-o com tristeza, nem a presença de tanta estrela na sede da CTOC, nem a minha in-genuidade, nem o continuar sem perceber a que devo tamanha honra serviram para cilindrar tudo o que está a montante do meu trabalho. Primeiro, devo dizer que me parece que os informáticos do Estado são os últimos a ter qualquer responsabilidade nos problemas que a apresentação do impresso apresen-ta. O problema é mesmo das pessoas que assumiram a

decisão política de o pôr em vigor para o ano passado, trabalhando – e, pior, fazendo trabalhar os outros – em trapézio sem rede… Partindo do sagrado princípio de que errar é humano, de que me queixo eu afinal? Longe, muito longe de ser exaustivo, por exemplo, já vamos na 10ª versão informá-tica do IES – escrevo a 8 de Junho! – e só agora me foi permitido imprimir o impresso completamente a toda a largura, pois até aqui cortava-me os valores. Em caso de opção pela impressão, devo dizer que sou obrigado a imprimir a bagatela de cerca de 60 folhas ou mais, de-pendendo dos anexos que quero preencher, pois não me dá a impressão anexo a anexo. Quanto ao carregamento da versão e ao contrário do que seria lógico, quanto mais recente a versão, mais lento é o carregamento! Por outro lado, os impressos continuam desconfigurados no ecrã, disformes, obrigando a um jogo labirintico à direita e à esquerda, para encontrar a pedra filosofal de um qual-quer valorzeco contabilístico. E quando ligamos para o 707 há outra desculpa ainda: o sistema, além dos erros, por vezes também está em baixo…Muito mais “bugs” – é assim que se diz, não é? – haveria a declarar, mas agora desculpem, tenho de me preocu-par com aquela história de uma linha informativa para o software, será para agradar ao senhor Bil Gates? E porque não outra linha informativa para o hardware? E outra só para os DVD, também, já agora?Desde que os impressos em papel desapareceram, devo dizer que me preocupa, e muito, uma mais que provável derrapagem das necessidades informativas das nossas estatísticas. Aliás, isto já se verificara no anexo Q da anterior declaração anual, que de anexo do imposto do selo, se viu despromovido para impresso remanescente de outras informações, como selo, imóveis e participações financeiras. Claro que há sempre mais e mais necessida-des de informação a satisfazer ao todo-poderoso Estado e como os impressos agora são virtuais, só vejo uma dificuldade: o alfabeto tem apenas vinte e seis letras- -benévolo, já conto com o K, o W e o Y –, só que estamos quase a atingir a letra Z… E depois vamos ainda ver, a jusante do nosso trabalho, quanto tempo será necessário também para enviar este IES. E depois vamos ver se teremos 5 dias apenas para proceder ao pagamento dos tais 85 euros, o que não lem-bra a ninguém, pois só se premeia quem desempenha o serviço em cima da hora, ou seja, quanto mais tarde se entregar o IES, mais tarde se deve pagar… Claro o Estado, como sempre benevolente para com as incumpridoras empresas e os preguiçosos Técnicos Oficiais de Contas, vai dar mais algum prazo para a entrega – o ideal será até 31 de Agosto, meus senhores, pois são menos uns milhares de malandros que vão de férias gastar o que devem poupar – e nós, classe bem orquestrada e melhor dirigida – como a Direcção da CTOC aguenta em silêncio toda esta tacanhez? –, vamos fazer de conta que fornecemos uma informação credível e responsável, porque alguém bem importante e que não fez quaisquer trabalhos de casa meteu na cabeça que devíamos cavalgar já e em toda a sela, como o Eloquente Senhor Dom Duarte escreveu, a Informação Empresarial Simplificada respeitante ao ano de 2006.Perdoa-lhes, Senhor, que eles não sabem o que fazem… e perdoa-me a mim também, por mais não me revoltar com tanta mediocridade…

MANUEL BENAVENTE RODRIGUES

[email protected]

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20 - Contabilidade & Empresas - Junho 2007

“Consultório” é um espaço onde se procura dar resposta, de forma clara e sucinta, às questões jurídico-fiscais que mais frequente-mente são colocadas pelos nossos leitores. Assim, os leitores poderão colocar questões do foro jurídico-fiscal que, pelo seu interesse e oportunidade, queiram ver esclarecidas nesta rubrica, as quais deverão ser dirigidas à “Contabilidade & Empresas”.

Quando entram em vigor as regras de arredon-damento das taxas de juro?

As regras recentemente aprovadas pelo Decreto-Lei n.º 171/2007, de 8 de Maio, sobre o arredondamento da taxa de juro aplicáveis aos contratos de crédito e de financia-mento celebrados por instituições de crédito e sociedades financeiras entraram em vigor no dia 7 de Junho.Nos finais de 2006 terminou a possibilidade de se proceder ao arredondamento em alta da taxa de juro aplicada aos contratos de crédito para aquisição, construção e realização de obras em habitação própria permanente, secundária ou para arrendamento e para aquisição de terrenos para construção de habitação própria, ou seja, ao chamado “crédito à habitação”.O arredondamento em alta consiste em fixar unilateral-mente um preço superior ao que é devido pela prestação de um serviço ou pela aquisição de um bem.Sucede que a prática do arredondamento em alta conti-nuou a ser utilizada nos contratos de concessão de crédito e de financiamento para aquisição de serviços ou bens, tais como os de leasing, aluguer de longa duração, factoring ou outros que não os acima referidos, justificando-se, por isso, a extensão do regime aprovado em 2006 (conhecido por crédito à habitação) a estes contratos.Por forma a uniformizar os critérios utilizados no arredon-damento e no indexante da taxa de juro aos diversos con-tratos de crédito ou de financiamento, o Governo decidiu estender o regime aplicável ao “crédito à habitação” aos demais contratos de crédito e de financiamento celebrados por instituições de crédito e sociedades financeiras.De acordo com as regras ora aprovadas, as instituições fi-nanceiras são obrigadas a arredondar à milésima as taxas de juros aplicáveis aos contratos de crédito e de financia-mento de aquisição de serviços, incluindo os contratos de leasing e de ALD, a partir de 7 de Junho próximo.De referir que o diploma ora aprovado é aplicável aos contratos de crédito e de financiamento acima indicados, quer aos que venham a ser celebrados após 7 de Junho de 2007 quer aos contratos que já se encontrem em execução, qualquer que seja o valor da quantia mutuada e o fim a que o crédito se destina.Todavia, no que se refere aos contratos já existentes, as referidas regras serão aplicáveis apenas a partir da refi-xação da taxa de juros, para efeitos de arredondamento, o que deverá ocorrer logo após o dia 7 de Junho.

Em que consistem as novas regras de licencia-mento industrial?

Os estabelecimentos industriais considerados de menor risco para a saúde pública e dos trabalhadores, bem como para o ambiente e segurança, vão ser dispensados de li-cenciamento de instalação ou alteração, de acordo com o disposto no Decreto-Lei n.º 183/2007, de 9 de Maio..Em 2003 foram estabelecidas as normas disciplinadoras do exercício da actividade industrial.Estas normas têm como objectivo a prevenção dos riscos e

inconvenientes resultantes da exploração dos estabeleci-mentos industriais, visando salvaguardar a saúde pública e dos trabalhadores, a segurança de pessoas e bens, a higiene e segurança dos locais de trabalho, a qualidade do ambiente e um correcto ordenamento do território, num quadro de desenvolvimento sustentável e de responsabi-lidade social das empresas.Neste sentido, para efeitos de definição do respectivo regime de licenciamento, os estabelecimentos industriais são clas-sificados de tipo 1 a 4, sendo tal classificação definida por ordem decrescente do grau de risco potencial para a pessoa humana e para o ambiente, inerente ao seu exercício.Para efeitos da classificação, para além de outros critérios de aferição do risco potencial, poderão ser considerados os seguintes indicadores:

- Número de trabalhadores - número total de traba-lhadores do estabelecimento, excluídos os afectos aos sectores administrativo e comercial;

- Potência eléctrica - potência expressa em kilovolt-am-peres, contratada ou requisitada com um distribuidor de energia eléctrica, ou instalada em unidades autó-nomas de produção própria de energia eléctrica exis-tentes no estabelecimento industrial, ou ambas;

- Potência térmica - soma das potências térmicas indi-viduais dos diferentes sistemas instalados, expressa em kilojoules por hora.

Segundo o diploma de 2003, o pedido de licenciamento de instalação ou alteração de estabelecimento industrial, independentemente da sua classificação, deveria ser apre-sentado à entidade coordenadora, devidamente instruído.A entidade coordenadora solicita parecer às entidades com atribuições, no âmbito do licenciamento industrial, nas áreas do ambiente, hígio-sanitárias, da saúde e da higiene e segurança no trabalho.A licença de instalação ou de alteração de estabelecimento industrial é emitida pela entidade coordenadora e integra obrigatoriamente as condições e exigências impostas pelas entidades consultadas.A licença ou autorização de obras para construção, amplia-ção ou alteração de um estabelecimento industrial pode ser emitida pela câmara municipal respectiva, desde que o in-dustrial demonstre ter apresentado o pedido de licenciamen-to de instalação ou alteração de estabelecimento industrial devidamente instruído à entidade coordenadora.O pedido de instalação ou de alteração dos estabelecimentos industriais é apresentado em impresso de modelo próprio.No que respeita aos estabelecimentos do tipo 4, estes necessitavam de licenciamento prévio obrigatório da sua instalação ou alteração, sendo para o efeito a câmara muni-cipal territorialmente competente a entidade coordenadora dos respectivos processos de licenciamento.Ora, no sentido de desburocratizar e de simplificar o seu processo de licenciamento, por se tratar de estabelecimen-tos de menor risco potencial, com consequente redução de encargos administrativos, de prazos e de custos para o industrial, estes passam a ser dispensados do licencia-mento prévio da instalação ou alteração e, portanto, da apresentação do respectivo projecto.

Consultório Consultório

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Contabilidade & Empresas - Junho 2007 - 21

Consultório Consultório

Assim sendo, passa a ser o industrial interessado a apresen-tar, juntamente com o pedido de autorização da localização, uma declaração prévia em como se compromete a cumprir toda a legislação aplicável, designadamente em matéria de segurança, higiene e saúde no trabalho e ambiente.Porém, e relativamente à autorização de localização, esta era integrada na autorização de instalação, sendo que com as alterações agora aprovadas a autorização de localização é substituída pelo alvará de utilização.A declaração prévia a apresentar pelo industrial e os elementos que a devem acompanhar são os previstos em portaria a aprovar pelos ministros responsáveis pelas áre-as do ambiente, da economia, da agricultura, do trabalho e da saúde, incluindo:

- Pedido de atribuição do número de controlo veteri-nário para os estabelecimentos onde se efectuem operações de manipulação, preparação e transfor-mação de produtos de origem animal, nos termos da legislação aplicável;

- Documentação exigível nos termos dos artigos 27.º e 32.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, para operações de gestão de resíduos sujeitas a li-cenciamento industrial e não abrangidas pelo regime de licença ambiental;

-Certidão de autorização de localização, quando tal autorização seja exigível.

Outra das simplificações efectuadas reporta-se, nos estabelecimentos industriais do tipo 4, às alterações que apenas envolvam um aumento do número de trabalhadores de forma a que este não ultrapasse 10, e desde que se mantenha cumprida a legislação aplicável em matéria de segurança, higiene e saúde no trabalho e de ambiente, sendo que tal facto passa agora a não implicar mudança de tipo de regime de licenciamento

Nesta alteração, o industrial deve informar a entidade coordenadora da alteração verificada ao número de tra-balhadores do estabelecimento industrial.Por outro lado, dá-se também a possibilidade de poder ser feito, para estes estabelecimentos (Tipo 4), um pedido de ex-clusão da sujeição à licença ambiental e, consequentemente, do regime de prevenção e controlo integrados da poluição e respectivos procedimentos de verificação e controlo.Refira-se ainda que, e na sequência das alterações in-troduzidas, designadamente ao nível da dispensa do licenciamento prévio da instalação ou alteração para os estabelecimentos industriais de tipo 4, foi aprovada a não sujeição a taxa dos actos de aprovação de projecto de instalação ou de alteração, bem como de averbamentos, de estabelecimentos pertencentes a esta tipologia.Ainda nos termos do diploma aprovado em 2003, é devido o pagamento de uma taxa única, da responsabilidade do industrial, para cada um dos seguintes actos relativos à instalação, alteração e exploração dos estabelecimentos industriais:

-Apreciação dos pedidos de autorização de instalação ou de alteração, os quais incluem a emissão da licença ambiental e a declaração de aceitação do relatório de segurança, quando aplicáveis;

-Apreciação dos pedidos de emissão, renovação, al-teração e actualização da licença ambiental para estabelecimentos industriais existentes, que não envolvam pedido de alteração dos mesmos;

-Apreciação dos pedidos de exclusão do regime de pre-venção e controlo integrados da poluição, instituído pelo Decreto-Lei n.º 194/2000, de 21 de Agosto;

- Vistorias relativas ao processo de licenciamento ou resultantes de qualquer facto imputável ao indus-trial, incluindo a emissão da respectiva licença de exploração industrial;

- Vistorias para verificação das condições do exercício da actividade ou do cumprimento das medidas im-postas nas decisões proferidas sobre as reclamações e os recursos hierárquicos;

- Vistorias de reexame das condições de exploração industrial;

- Averbamento de transmissão;- Desselagem de máquinas, aparelhos e demais equi-

pamentos;- Vistorias para verificação do cumprimento das me-

didas impostas aquando da desactivação definitiva do estabelecimento industrial.

- Vistorias de verificação e controlo das condições impostas aos estabelecimentos que obtiveram a ex-clusão do regime de prevenção e controlo integrados da poluição.

O valor da taxa base (Tb) é de € 84,72, sendo automatica-mente actualizada, a partir de 1 de Março de cada ano, com base na variação do índice médio de preços no consumidor no continente relativo ao ano anterior, excluindo a habita-ção, e publicado pelo Instituto Nacional de Estatística.A taxa final (Tf) a aplicar é calculada pela multiplicação da taxa base (Tb) pelo factor de dimensão (Fd) e pelo factor de serviço (Fs), de acordo com a seguinte fórmula:

Tf = Tb x Fd x FsRelativamente aos estabelecimentos do tipo 4, os montantes das taxas para actos relativos à instalação, alteração e ex-ploração dos estabelecimentos industriais são fixados pela câmara municipal da respectiva área de localização, na parte correspondente à sua participação nos actos em causa.No que respeita a alterações e como acima demos conta, na sequência da introdução da possibilidade de requerer a exclusão do regime de prevenção e controlo integrados da poluição, foi sujeito a taxa o acto de apreciação desses pedidos assim como as vistorias de verificação e controlo das condições impostas aos estabelecimentos que obtive-ram a respectiva exclusão.Por outro lado, o acto de apreciação dos pedidos de li-cença ambiental também passou a estar sujeito a taxa, independentemente de se encontrar integrado em pedido de autorização de instalação ou de alteração de estabele-cimentos industriais.

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22 - Contabilidade & Empresas - Junho 2007

Comissão contestadiploma fiscal português

A Comissão Europeia con-siderou contrária ao direito comunitário a “Regularização tributária de elementos patri-moniais colocados no exterior”, diploma aprovado no Orça-mento de Estado de 2005. O regime permitia a declaração e a regularização de elementos patrimoniais colocados no estrangeiro, mediante o pre-enchimento de uma declaração de regularização tributária e do pagamento da importância correspondente à aplicação de uma taxa de 5% sobre o valor dos elementos patrimoniais constantes da mesma.Para a Comissão, o facto de

Breves

Prémio António Lopes de Sáaberto até final de Julho

a lei permitir aplicar uma taxa de imposto reduzida aos títulos do Estado português regularizados, bem como a qualquer montante de outros investimentos, reinvestidos em títulos estatais até à data do procedimento de regulari-zação tributária constitui uma restrição à liberdade de circu-lação de capitais. Assim, caso o Estado português não tome as medidas necessárias para aplicar o mesmo tratamento fiscal a todas as regularizações efectuadas naquele ano, a Comissão deverá avançar com uma acção junto do Tribunal de Justiça.

Até ao final de Julho está aberto o “Prémio internacional de produção científica con-tábil Prof. Dr. António Lopes de Sá”. O objectivo central é incentivar a produção literá-ria especializada e motivar o ensino, premiando as melho-res mografias, teses e outros trabalhos científicos inéditos, tem por base o tema “Norma-lização contabilística – Factor de transparência e garantia da sociedade”.O concurso realiza-se de dois em dois anos, sendo que os vencedores da primeira edição

serão conhecidos em Outubro, aquando da VI Convenção de Contabilidade de Minas Gerais. O prémio é institu-ído pelo Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais (CRCMG), em par-ceria com o Conselho Fede-ral de Contabilidade (CFC), a Fundação Brasileira de Contabilidade (FBC) e a Câ-mara dos Técnicos Oficiais de Contas (CTOC). Os trabalhos devem ser enviados para o CRCMG até ao final do mês de Julho, para a respectiva avaliação.

Dupla contabilidade poderá desaparecer até ao fim do ano

A exigência das empresas apresentarem as suas contas de acordo com as normas in-ternacionais de contabilidade (NIC) e o Plano Oficial de Contabilidade (POC) deverá ser extinguida até ao final do ano. Esta a convicção re-velada por Carlos Tavares, presidente da CMVM. Esta obrigatoriedade coloca-se, exclusivamente, às empresas cotadas em bolsa.Esta situação acontece por-que ainda não foi feita uma adaptação do CIRC às novas normas internacionais de contabilidade, pelo que a ad-

ministração fiscal continua a exigir o POC. Caberá agora ao Governo eliminar mais esse encargo para as empresas. Naturalmente, a acontecer essa alteração, haverá uma influência positiva no mercado de capitais. A questão das duas contabili-dades paralelas tem suscitado problemas, aliás é um dos custos mais pesados que as empresas têm que suportar para estarem no mercado de capitais. Enfim, terá mesmo que se verificar uma adequa-ção entre a fiscalidade e a contabilidade.

Livros

TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTASÉ um livro dedicado inteiramente aos profissionais da contabilidade. É como que uma homenagem a uma classe profissional que nem sempre tem sido reconhecida pela sociedade. Joaquim Fernando da Cunha Guimarães mostra quem são os TOC e como são determinantes para a economia de qualquer país.A obra constitui uma colectânea de estudos e artigos de opinião, a maioria deles publicados em revistas e jornais nacionais de contabilidade, fiscalidade e auditoria de contas, dos quais o autor é colaborador permanente. Sobretudo, pretende dar um contributo para um melhor conhecimento do público em geral da profissão e desempenho profissional dos TOC. De notar que a sua publicação coincide ainda com as comemorações do décimo aniversário da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas.No primeiro capítulo, é feita a História da profissão e do associativismo. Na segunda parte fala-se do estatuto e do código deontológico, seguindo-se a contabilidade e a fiscalidade. Finalmente, o último capítulo é dedicado ao encerramento de contas. Trata-se de uma publicação da responsabilidade da Edições Infocontab, contando com 530 páginas.

A GESTÃO FINANCEIRAO livro “Gestão financeira – Análise de fluxos finan-ceiros” tem como objectivo central uma abordagem da gestão financeira na sua componente mais relevante, que é a dinâmica dos fluxos financeiros. De facto, é o dinheiro a preocupação de qualquer gestor.O autor, Eduardo Sá Sil-va, docente no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, mostra que a obtenção da-quele recurso escasso a um custo interessante e a sua optimização em aplicações que acrescentem valor é um escopo de qualquer gestor financeiro, isto num contexto de incerteza em que nos movemos. Trata--se de uma obra essen-cialmente didáctica, com o cuidado de apresentar os conceitos elementares de fluxo, fundo de maneio, necessidade de fundo de maneio, tesouraria líquida e outros de uma forma aprazível, sem deixar de parte todo o rigor científico necessário. Também há o cuidado de apresentar, sempre que possível, casos práticos.O livro é da responsabilidade editorial do grupo Vida Económica. Tem 239 páginas e está disponível por 14 euros. Em termos profissionais, representa um auxiliar de informação e formação para auxiliar e orientar os profissionais, tendo em conta a necessária capacidade de libertação de meios financeiros.

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