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CONTEC REVISTA UMA PUBLICAÇÃO DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NAS EMPRESAS DE CRÉDITO ANO I - Nº 1 - SETEMBRO/2008

CONTEC Revista - contec.org.br · .70. 4 Revista CONteC CONTEC 50 anos de lutas e vitórias mEmÓria ... a extinção de todos os conselhos e comissões consultivas no âmbito do

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CONTECRevista

Uma pUbliCaçãO da CONfEdEraçãO NaCiONal dOs TrabalhadOrEs Nas EmprEsas dE CrédiTO

ano i - nº 1 - setembRo/2008

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2 Revista CONteC

CarTa abErTa

ExpedienteConteC - Confederação nacional dos trabalhadores nas empresas de Crédito - 1958-2008

entidade sindical de grau ruperior reconhecida pelo Dec. 46.543 de 1959 do presidente da República

avenida W4 sul seP eQ 707/907 - Conj. a/B - Brasília-DF.CeP 70.390-078 - tel.: 55 (61) 3244-5833 - Fax: 55 (61) 3244-2743www.contec.org.br / email: [email protected]

Conselho diRetoR da ConteCLOuReNçO FeRReiRa DO PRaDO - Presidente

GLaDiR aNtôNiO BassO - 1º vice-Presidente

LúCiO CésaR PiRes - 2º vice-presidente

JOãO BaRBOsa - 3º vice-presidente

JOsé Jesus tRaBuLO De sOusa - 4º vice-presidente

GiLBeRtO aNtONiO vieiRa - secretário-Geral

RumikO taNaka - Diretora de Finanças

Luiz GustavO De PáDua WaLFRiDO - Diretor de assuntos Legislativos

isaú JOaQuim ChaCON - Diretor de Previdência social Complementar

Conselho FisCalséRGiO ROBeRtO PiO

JOsé heNRiQue Da COsta meNDes

heiLeR aLves Da ROCha

Jornalista ResponsávelReNata mOuRa (DF02527JP) e-mail: [email protected]

Colaboradores

FeRNaNDO BRitO, DesiRReê seNGeR e teixeiRa CRuz

designer GráficoeRON De CastRO

Revisão????????????????????????????impressão?????????????????????

tiragem

00000000000000

TEmOs mUiTas ViTÓrias para COmEmOrar, sEm NOs EsQUECErmOs QUE aiNda hÁ mUiTa baTalha pEla frENTE...

Ao completar 50 anos, a CONTEC vivencia um momento sin-gular da sua história que é cercado de simbolismos e emoções e, também, invoca um momento de reflexão sobre como deve-mos enfrentar a difícil batalha em nome sindicalismo combativo e de resultados. Simbolismo e emoção brotam da constatação que nada chega a meio século de existência, “impunemente”. Para milhares de trabalhadores e trabalhadoras do ramo financeiro, a CONTEC tem sido e continuará sendo a defensora de seus direi-tos e interesses de modo firme, independente e autônomo.

Desde 1958, quando foi fundada, a entidade coleciona uma consagrada história de lutas por melhores condições de vida, de trabalho e melhores e mais justos salários. A sua historiografia registra inúmeras mobilizações nacionais pela redemocratização do Brasil e em defesa de bandeiras, que ampliaram a participação política, trabalhista e socioeconômica dos trabalhadores.

Sempre independente de governos, de patrões e com autono-mia quanto aos partidos políticos, embora isto tenha nos custado muito caro. Sofremos intervenções do Ministério do Trabalho em 1964 e 1972. Tempos difíceis, em que tivemos companheiros per-seguidos, presos, torturados, e até mesmo assassinados, como no caso do presidente da CONTEC, Aluízio Palhano.

Ainda que tenhamos chegado aos 50 com muitas realizações, temos que olhar para o futuro sabendo que ainda há muito que fazer. Temos de lutar para manter um sindicalismo forte e inde-pendente do governo. Por isto, defendemos a unicidade sindical; somos contra a contribuição negocial, da maneira como quer im-por as centrais e o governo; e queremos garantia de permanência do sistema confederativo.

Estar à frente da CONTEC neste momento é motivo de muita honra e orgulho pessoal, mas tenho certeza que toda a diretoria da entidade compartilha comigo a mesma satisfação de vivenciar esta data. Na verdade, este é um orgulho que transcende esta ou aquela administração, e deve estar sendo vivenciado por cada tra-balhador bancário e securitário.

Rendemos nossas homenagens às diretorias e presidentes que nos antecederam: Huberto de Azevedo Pinheiro (1º presidente); Aluízio Palhano (2º presidente); Ruy Brito de Oliveira Pedroza (3º presidente); Wilson Gomes de Moura (4º presidente).

Este número comemorativo da Revista “CONTEC 50 ANOS” precisa ser visto não só como o coroamento do trabalho e do es-forço dos inúmeros profissionais que contribuíram para que nos-sa entidade pudesse se tornar o que ela é hoje, mas como um desafio para que nossa confederação continue se aperfeiçoando e comemorando aniversários por muitas outras décadas. Sempre com muito sucesso. Parabéns, CONTEC!

Lourenço Ferreira do Prado Presidente da CONTEC

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Revista CONteC 3

sumárioEditorialCompletar cinqüenta anos é um momento muito especial. Tempo de rever a história e de analisar as perspectivas para o futuro. Nesta edição comemorativa da Revista da CONTEC, vamos relembrar a fundação da única entidade de grau superior, legítima e legalmente instituída para representar os trabalhadores do ramo financeiro. Acompanharemos, ao longo dos tempos, suas posições firme, independente e ética sempre em defesa dos interesses dos trabalhadores.Ainda conheceremos um pouco da importância da CONTEC no contexto histórico do nosso país. A presença dos bancários e securitários organizados em movimentos pelas Diretas Já, pelo FORA COLLOR, e ainda a greve histórica de 1985, que parou todo o país por três dias consecutivos.Nesta publicação, você conhecerá também um pouco da história de Aluízio Palhano, o ex-presidente da CONTEC que foi perseguido pela Ditadura Militar, preso, torturado e assassinado em 1971. Veremos como a entidade enfrentou duas intervenções do Ministério do Trabalho. E, como, agora já no século XXI, enfrenta a ditadura disfarçada de democracia, que desrespeita a estrutura sindical vigente assegurada pela Constituição da República.Também disponibilizamos para o leitor dicas de moda trabalhistas, cultura e ainda as novidades do mundo da internet. Entram também no índice desta publicação, matérias sobre saúde, e é claro, boa alimentação. Boa leitura!

memÓRia Contec: 50 anos de lutas e vitórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4Quem foi Aluízio Palhano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10A histórica greve de 1985 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

aniveRsÁRio 50 anos Contec lança selo e carimbo comemorativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16Declarações daqueles que acompanharam a trajetória de lutas da CONTEC . . . . . . . . . . . . . . . . 8

mesas de neGoCiaÇÕesSaiba quem negocia em nome dos bancários e securitários brasileiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

entRevistaSenador Paulo Paim (PT-RS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

GeRal Constituição Brasileira completa 20 anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34PRL ainda é muito injusta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38Piores Formas de Trabalho Infantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 Mulheres menos satisfeitas com bancos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

modaPARA ELA – Cuidado com a roupa que você veste no trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58PARA ELE – Tire suas dúvidas na hora de se vestir . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

saÚdeBancários são prejudicados por excesso de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48Assédio Moral prejudica a saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50Melhore seus hábitos alimentares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

CinemaDicas de filmes que têm o mundo do trabalho como tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

aRtiGos Juntos em defesa da Previdência Por Robson de Souza Bittencourt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39Fator Previdenciário, crime contra os trabalhadores Por Trajano Jardim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Lei Maria da Penha: Justiça precisa ser feita Por Rumiko Tanaka . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44Educação: Resposta certa contra o trabalho infantil Por Renato Mendes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46FST: Sindicalismo forte, responsável e de resultados Por José Augusto da Silva Filho . . . . . . . . . . . . . . . 52 Voip, telefone de graça Por Waldir Fonseca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56Amadurecimento tributário Por Deputado Edinho Bez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

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4 Revista CONteC

CONTEC50 anos de lutas e vitórias

mEmÓria

7º Convenção Nacional dos Bancários, em Belo Horizonte (MG), em 1952 9º Congresso Nacional dos Bancários e Securitários, realizado de 25 a 30 de julho de 1966

Bancários em frente ao banco Banrisul, em Caxias do Sul (RS), durante a greve de 1986 Movimento de rua em Caxias do Sul (RS), durante a greve de 1987

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Revista CONteC 5

Embora reconhecida oficial-mente somente em 4 de agosto de 1959, por meio do Decreto nº 46.543, do Presidente da Repú-blica do Brasil, Juscelino Kubits-chek de Oliveira, àquela época, a CONTEC já sustentava um pro-cesso engajado de reivindicações do sindicalismo brasileiro, sendo a primeira experiência nacional-mente articulada de organização

vertical representativa da classe trabalhadora.

Na sua historiografia, a CONTEC registra inúmeras mobilizações na-cionais pela redemocratização do Brasil e em defesa de bandeiras, que ampliam a participação políti-ca, trabalhista e socioeconômica dos trabalhadores nos eventos mais relevantes da sociedade brasileira, mesmo quando esteve sob interven-

ções do Ministério do Trabalho.A entidade sempre apoiou a

conquista e ampliação dos direitos previdenciários. Seus primeiros di-rigentes participaram da criação do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários – IAPB, que foi extinto em 1967, pelos governos militares, que preferiram fazer sua fusão com o Instituto Nacional de Previdência Social, hoje, INSS.

A CONTEC – Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito representa todos os trabalhadores em bancos, seguradoras, e demais instituições financeiras do Brasil . Em 28 de julho de 2008, completou 50 anos de uma consagrada história de vitoriosas lutas em prol dos seus representados, na busca constante de melhores condições de vida, de trabalho e melhores e mais justos salários

Bancários participam do Desfile da Independência em 1937, na cidade de Caxias do Sul (RS) Comemoração do Dia do Bancário, durante a 7º Convenção Nacional dos Bancários, realizada em Belo Horizonte, em 1952

Foto

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Bancários em frente à agência do banco Bradesco, em Vacaria, durante a greve de 1986, que iniciou no dia 24 de abril Bancários em frente à agência Centro do Bradesco, em Caxias do Sul (RS), durante a greve de 1987

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6 Revista CONteC

arbitrariedade na intervenção

A independência de governos, de patrões e autonomia quanto aos partidos políticos custou caro a CONTEC, que sofreu intervenção do governo em 1964 e 1972. Durante a primeira delas, o então presidente da CONTEC, Aluysio Palhano Pedreira Ferreira foi preso, torturado e exila-do. Em 1971, foi assassinado quando retornava clandestinamente pela se-gunda vez ao Brasil para auxiliar na luta pela redemocratização do País.

diretas JáTreze anos após o assassinato do

companheiro Palhano, a sociedade brasileira pós-golpe começou se rearticular e, com ajuda de várias entidades sindicais, entre elas a CONTEC, se engajou no grande mo-vimento pelas Diretas-Já. Os ban-cários de todo o país foram às ruas lutar pelo direito ao voto, com a organização de comitês pró-Diretas nos bancos e o vitorioso movimento por eleições diretas para o Corep e Direp do Banespa.

Em 1985, os sindicalistas partici-pam da formação do Plenário Pró-Participação Popular na Constituin-te, fundamental para a elaboração de emendas de iniciativa popular, que resultaram em grandes colabo-rações para a elaboração da Consti-tuição Cidadã de 1988.

atuação no legislativoA atuação destemida e indepen-

dente foi e ainda é marca registra-da da CONTEC. Em seus 50 anos de vida, não descuidou de oferecer

Posse da diretoria do Seeb de Caxias do Sul e Região em 1961 . Sentado à direita, Rômulo Segalla, preso em 1964, pelos militares, quando então era presidente do Seeb

Bancários em frente ao banco Banrisul, em Caxias do Sul (RS), durante a greve de 1986

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: SEE

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pinas

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sugestões e alternativas para o aper-feiçoamento das instituições finan-ceiras brasileiras. Elaborou um pro-jeto de lei destinado à limitação da especulação financeira em defesa do caráter social e seletivo do crédito.

A proposta apresentada ao Con-gresso Nacional também defendia a nacionalização dos bancos estran-geiros, o monopólio e centralização do câmbio, bem como a transforma-ção do Banco do Brasil em Banco Central, cuja gestão seria conduzida de forma tripartite com a participa-

ção de representantes dos emprega-dores, dos trabalhadores ao lado do próprio governo central.

Já sob a atuação direção, a CON-TEC apresentou, novamente, em 1992, projeto de lei que defendia a reestruturação do Sistema Financei-ro Nacional. No documento, a con-federação sugeriu que a diretoria do Banco Central do Brasil fosse cons-tituída por meio de mandatos, para que houvesse mais independência na gestão. Propôs penalidades mais rígidas no caso de fraudes e desvios

de conduta na administração de ins-tituições financeiras; e estabeleceu a extinção de todos os conselhos e comissões consultivas no âmbito do Sistema Financeiro Nacional.

Também buscou com aquele projeto de lei proteger os trabalha-dores. Para tanto, no projeto de lei estabeleceu que todos os fundos compulsórios de poupança social e a poupança depositada em cader-netas teriam garantia contra a des-valorização inflacionária da moeda nacional.

Em 2000/2001, a FEEB-PR e seus Sindicatos filiados travaram uma luta intensa para conquistar a lei que estabelece o tempo máximo de espera nas filas nos bancos

Presidente da SEEB Brasília, Augusto Carvalho discursa durante Encontro de 1985

Da esquerda para direita: Lourenço Prado (CONTEC), Eriberto Manuel Reino (FEEB SP/MT/MS), André Luiz Von Zuben (Seeb Campinas), Roberto Pinto Ribeiro (FEEB PR)

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negociações coletivasNa década de 1980, a CONTEC

contribuiu com sugestões tempes-tivas à Constituinte, que gerou a atual Constituição da República, promulgada em 5 de outubro de 1988. Ainda na mesma década,

ampliar a relação entre trabalha-dores e patrões. A união da cate-goria em âmbito nacional também foi importante para enfrentar do atual processo de globalização, fusão e organização dos bancos de todo o mundo.

recebeu do Poder Judiciário, por meio do Tribunal Superior do Tra-balho, o reconhecimento de ser a única entidade sindical legítima para representar os empregados do Banco do Brasil S.A. e demais instituições financeiras. Situação

que prossegue ainda hoje e que é de suma importância para o ban-cário brasileiro.

Com as negociações salariais em nível nacional, a CONTEC conseguiu evitar o esfacelamento dos quadros de carreira, além de

Da esquerda para direita: Olívio Dutra (RS), Luis Gushiken (SP), Sérgio Hey (PR), André Luiz Von Zuben (Seeb Campinas), Gelson Marcon (RS), Jarbas Quintino dos Santos (RS), Roberto Pinto Ribeiro (FEEB PR)

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Revista CONteC 9

negociações coletivasNa década de 1980, a CONTEC

contribuiu com sugestões tempes-tivas à Constituinte, que gerou a atual Constituição da República, promulgada em 5 de outubro de 1988. Ainda na mesma década,

ampliar a relação entre trabalha-dores e patrões. A união da cate-goria em âmbito nacional também foi importante para enfrentar do atual processo de globalização, fusão e organização dos bancos de todo o mundo.

recebeu do Poder Judiciário, por meio do Tribunal Superior do Tra-balho, o reconhecimento de ser a única entidade sindical legítima para representar os empregados do Banco do Brasil S.A. e demais instituições financeiras. Situação

que prossegue ainda hoje e que é de suma importância para o ban-cário brasileiro.

Com as negociações salariais em nível nacional, a CONTEC conseguiu evitar o esfacelamento dos quadros de carreira, além de

saiba mais...Fundada em 28 de julho de 1958, a CONTEC - Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito - é uma entidade sindical de grau superior que coordena as entidades sindicais dos bancários e securitários brasileiros . Também defende os direitos e interesses desses junto aos empregadores e poderes judiciário, executivo e legislativo .

A CONTEC representa os trabalhadores das instituições financeiras como bancos, bancos de investimentos, seguradoras, corretoras, distribuidoras, fundos de previdência fechada e aberta, entre outras . A entidade atua junto ao Congresso Nacional, acompanhando e apresentando projetos e emendas de interesse dos trabalhadores .

Outro foco de atuação é o judiciário . A partir de 1983, passou a assinar acordos coletivos de trabalho, em nível nacional, com o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste, BNDES, BNDESPAR, FINAME e BRB - Banco de Brasília .

A CONTEC também coordena as negociações salariais dos empregados dos bancos privados junto à Federação Nacional dos Bancos e à Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e Capitalização . As pautas de reivindicações dos trabalhadores são discutidas e aprovadas nas assembléias gerais dos sindicatos que as submetem ao Encontro Nacional dos Bancários e Securitários para Planificação da Campanha Salarial .

Por seu histórico de lutas e por ser autônoma e independente de governos e partidos políticos, a entidade sofreu duas intervenções, em 1964 e 1972 . O presidente à época da primeira intervenção, Aluysio Palhano, foi assassinado pela repressão dos governos militares .

Palhano foi o 2º presidente da CONTEC, e substituiu o fundador Huberto de Azevedo Pinheiro . Os demais presidentes foram Ruy Brito de Oliveira Pedroza, Wilson Gomes de Moura e Lourenço Ferreira do Prado . Este último preside a entidade até 2008 .

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Encontro de 85 conseguiu reunir sindicalistas de todo o Brasil

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10 Revista CONteC

Militante da VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR), Aluízio Palhano nasceu em 5 de setembro de 1922, em Pirajuí/SP, filho de João Alves Pedreira Ferreira e Henise Palhano Pedreira Ferreira. Aos 49 anos foi dado como desaparecido por familiares. Trechos de um texto escrito por Branca Heloysa, sua cunhada

“Em 1929, Aluízio e seu irmão Honésio, com 7 e 8 anos respectiva-mente, foram internados no Colégio Mackenzie, em São Paulo. Três me-ses depois, Aluízio apareceu sozinho em Pirajuí, a 350 km de São Paulo. Não havia se conformado com o re-gime do internato. Em 1932, com a morte de seu pai, a família mudou-se para Niterói. Mais uma vez foi in-ternado, desta vez no Colégio Sale-siano, em Santa Rosa/Niterói. Uma vez mais Aluízio se rebelou contra o internato. Terminou o curso se-cundário no Colégio Plínio Leite e trabalhou como bilheteiro no Cine Royal, em Niterói.

Aos 21 anos ingressou no Banco do Brasil onde trabalhou até ser cassado pelo Ato Institucional n.1 (AI-1) em 1964. Formou-se advo-gado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense. Por duas vezes foi presidente do Sindicato dos Bancários. Em 1947, casou-se com Leda Pimenta e tive-

ram dois filhos, Márcia e Honésio. Em 1963 foi eleito presidente da CONTEC (Confederação dos Tra-balhadores dos Estabelecimentos de Crédito) e vice-presidente da antiga CGT.

Com o golpe de 1964, Aluízio teve seus direitos políticos cassados e passou a ser literalmente caçado pelos órgãos de repressão. Em fins de maio de 1964 asilou-se na Em-baixada do México, indo posterior-mente para Cuba.

Em 1969, representou o Brasil na OLAS (Organização Latino-Americana de Solidariedade), em Havana, Cuba. Em 1970, regres-sou clandestino ao Brasil. Manteve contato com familiares por ocasião do casamento de sua filha. Em 24 de abril desse mesmo ano ainda fez contato com a família. Depois des-se dia, o silêncio.

Em 1976 correram os primeiros boatos de sua morte, confirmados em 1978 através de carta de Altino

Dantas Jr., seu companheiro de pri-são, encaminhada ao Ministro do Superior Tribunal Militar, General Rodrigo Otavio Jordão Ramos, de-nunciando o assassinato de Aluízio Palhano nas dependências do DOI-CODI da Rua Tutóia, em São Pau-lo, na madrugada de 21 de maio de 1971. Segundo esse relato, Aluízio esteve prisioneiro durante 11 dias, sofrendo as piores torturas”.

A Anistia Internacional confirmou esse depoimento. O preso político Nelson Rodrigues Filho também de-nunciou que esteve no DOI-CODI/RJ com Aluízio Palhano. Apesar de todos estes testemunhos, os órgãos de segurança não reconheceram, até hoje, a prisão e a morte de Aluízio.

Segundo os relatos, Aluízio foi preso no dia 9 de maio de 1971 e assassinado pelo torturador Dirceu Gravina no dia 21 de maio de 1971. Inês Etienne Romeu, em seu Rela-tório, afirmou que Aluízio foi levado

Quem foiAluízio Palhano?

mEmÓria

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Revista CONteC 11

para a “Casa da Morte”, em Petró-polis, em 13 de maio de 1971. Infor-mou que quem o viu pessoalmente naquele aparelho clandestino da repressão foi Mariano Joaquim da Silva, também desaparecido desde aquela época, que presenciou sua chegada, narrando o seu estado fí-sico deplorável. Inês ouviu a voz de Aluízio várias vezes, quando inter-rogado na “Casa da Morte”.

Os relatórios dos Ministérios da Marinha, Exército e Aeronaútica não fazem referências à sua morte. O nome de Aluízio Palhano foi en-contrado, em 1991, no arquivo do DOPS/PR numa gaveta com a iden-tificação “falecidos”.

Em 21 de maio de 1986, em home-nagem a Aluízio Palhano, foi inau-gurada rua com seu nome no bairro Campo Grande, no Rio de Janeiro, pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro. Em 1994, Aluízio Palhano recebeu a Medalha Pedro Ernesto, da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, proposta pelo vereador Adilson Pires. E, em 2000, recebeu a Medalha Chico Mendes de Resistência outorgada pelo Gru-po Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, por indicação do Sindicato dos Bancários.

Texto retirado do site desaparecidospoliticos.org.br, cuja organização é do Centro de Documentação Eremias Delizoicov e da Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos.

DaDos pessoaisNome de batismo: aluysio palhano pedreira FerreiraNaturalidade: pirajuí-spData de Nascimento: 5 de setembro de 1922Profissão: advogado, formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF)

DaDos Da MilitânciaOrganização: Vanguarda popular Revolucionária VpRCodinome: João alves pedreira FerreiraPrisão: 9/5/1971Cidade: são paulo-sp BrasilSituação: Desaparecido em 21/5/1971 em são paulo-spSuposta autoria: Doi-coDi/spObservações: segundo carta de altino Dantas Jr., companheiro de prisão, foi assassinado

DaDos Da RepRessãoEnvolvido no assassinato:

Departamento de operações internas - centro de operações de Defesa interna/RJ – Doi-coDi/RJDepartamento de operações internas - centro de operações de Defesa interna/sp -coDi/spAgente da repressão: Dirceu Gravina Jc

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12 Revista CONteC

mEmÓria

Greve de 1985Em 1985, o Brasil sentia aos poucos a nova república. Os patrões se recusavam a negociar, mas a sede por justiça, liberdade e democracia, fez com que a opinião pública ficasse ao lado dos trabalhadores, que saiam em massa às ruas em busca de melhorias nas condições de trabalho

Em 28 de agosto, Dia Nacional de Luta, o Brasil inteiro viu os bancos fecharem suas portas e os bancá-rios nas ruas, em protesto. Em São Paulo, 30 mil bancários saíram em passeata, na maior manifestação re-alizada pela categoria. Outras cida-des como Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte tam-

bém fizeram fortes manifestações.No dia 10 de setembro, os bancá-

rios decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. Era a quinta greve nacional da categoria e a pri-meira depois de 1963. Três dias de-pois do início da paralisação, o TST instaurou um dissídio e a maioria das capitais voltou ao trabalho.

Manifestação em defesa dos funcionários do Sulbrasileiro, no início daquele ano, já demonstrava tensão e a insatisfação dos bancários em relação aos rumos da economia brasileira

Greve Geral dos Trabalhadores 1989

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Um ano depoisEmbora a proposta aprovada

não tenha contemplado os anseios dos bancários, a greve de 1985 foi um marco para o movimento sin-dical. Ela materializou várias teses defendidas desde 1979, sobretudo a importância da identidade nacional. Um ano depois, em meio ao Plano Cruzado, os banqueiros recusavam atender as reivindicações dos em-pregados. No dia 11 de setembro de 1986, 500 mil bancários cruzam os braços em todo o país.

Um dia depois o TRT do Rio jul-gou a greve ilegal. No dia 13 a greve acaba sem acordo, após uma violen-ta repressão da Polícia Federal. Em 1987, a inflação acelera e os bancá-rios vêem seu poder aquisitivo no chão. O resultado foi a primeira gran-de greve nacional fora da Campanha Salarial. Conhecida como “bola de neve”, devido ao crescimento diário de adesões, a greve atinge 80% da ca-tegoria. Sem perspectiva de acordo,

o movimento dura nove dias, mas mostra o estágio de organização da categoria. Em 1988, os bancários também precisam entrar em greve para ampliar as conquistas.

Depois de uma década de luta pe-las eleições diretas para presidência da República, em que os bancários

foram linha de frente nas manifes-tações, o primeiro presidente eleito decepciona os trabalhadores. Em 1990, os 300 mil bancários respon-dem ao arrocho do Plano Collor com uma greve nacional de sete dias, pela reposição das perdas e es-tabilidade no emprego.

Bancários estavam preocupados com a defasagem dos salários e com os anúncios de privatizações

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A greve em setembro de 1985 não parou só a Grande S .Paulo . Cascavel, no oeste do Paraná, também viveu esta paralisação

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CONsElhO dirETOr da CONTEC

CONsElhO fisCal da CONTEC

Lourenço Ferreira do Prado - Presidente

Sérgio Roberto Pio

João Barbosa - 3º Vice-presidente

Rumiko Tanaka - Diretora de Finanças

Gladir Antônio Basso - 1º Vice-Presidente

José Henrique da Costa Mendes

José Jesus Trabulo de Sousa - 4º vice-presidente

Luiz Gustavo de Pádua Walfrido - Diretor de Assuntos Legislativos

Lúcio César Pires - 2º vice-presidente

Heiler Alves da Rocha

Gilberto Antonio Vieira - Secretário-Geral

Isaú Joaquim Chacon - Diretor de Previdência Social Complementar

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fEdEraçõEs

José Jesus Trabulo de Sousa – Presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos

Bancários do Norte e Nordeste

fUNCiONÁriOs da CONTEC

Uptatem quisisci bla am dolor irillam consequ issent alisi tio coreriure corerci blamconsed del utet, quate faciliquat . Ut aci te voloborem dolortis niamet utpat nullamet, veliscin hent ad modit, vel exerat er acil il ulla

João Barbosa – Presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Santa Catarina

Gladir Antonio Basso – Presidente da Federação dos Bancários no Estado do Paraná

Fernando Vilar – Presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários da Paraíba

Serafim Gianocaro – Presidente da Federação Nacional dos Securitários

João José Bandeira – Presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Alagoas,

Pernambuco e Rio Grande do Norte

Alfredo Brandão Horsth – Presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos

Estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e DF

Luiz Carlos dos Santos Barbosa – Diretor Jurídico da Federação dos Bancários do RS e delegado da CONTEC/RS

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aNiVErsÁriO

CONTEC comemora 50 anosCerimônia abriu as comemorações do aniversário da entidade, que completou em 2008, meio século de vida . Diretor regional dos Correios esteve presente e elogiou o trabalho da CONTEC e, sua história de lutas

No dia 28 de julho, a CONTEC co-memorou 50 anos de existência com o lançamento oficial do selo e ca-rimbo comemorativos dos Correios. Com a presença de várias autorida-des, entre elas presidentes de fede-rações e sindicatos, representantes de confederações nacionais, de ins-tituições financeiras, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), a solenidade reu-niu pouco mais de 100 pessoas para o ato de obliteração do mais novo registro postal brasileiro.

Na oportunidade, o presidente da CONTEC, Lourenço Prado, lem-brou um pouco da história da confe-deração e de sua importância para a democracia brasileira. “Ganha-

mos nosso espaço no sindicalismo brasileiro. Conquistamos grandes vitórias. Também tivemos tempos difíceis como à época das interven-ções do Ministério do Trabalho em 1964 e 1972. Em 1971, ainda dentro deste regime opressor, tivemos um dos presidentes da CONTEC, Aluy-sio Palhano, perseguido e assas-sinado. Mas com a força de Deus, enfrentamos tudo isto sempre com um posicionamento forte, autôno-mo e independente. E é assim que

pretendemos enfrentar os próximos 50 anos”, avisou.

As peças filatélicas ficarão expos-tas até o final do ano, no Museu da ECT e farão parte do acervo nacional da empresa. Para o diretor regional dos Correios em Brasília, José Luis Martins Chinchilla, a CONTEC é uma confederação de grande importância na história do país, o que vai enrique-cer ainda mais o acervo dos Correios. Também estiveram presentes repre-sentantes da ANABB e FENABAN.

diretoria da ConTeC, presidentes de federações e de sindicatos prestigiaram a cerimônia

Prado lembrou os tempos difíceis de intervenção

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Os selos postais representam fonte inesgotável de e cultura. De simples comprovantes de franque-amento dos Correios, transforma-ram-se em expressivos retratos do país, importante meio de comuni-cação e pequenas obras de arte, incentivando uma forma saudável de colecionamento e intercâmbio entre os povos.

Nossos selos levam os encantos do Brasil aos mais remotos pontos do planeta. Reproduzem, nos traços e nas cores dos artistas que os idea-lizam, toda a riqueza, beleza e exube-rância de nosso meio ambiente; per-petuam o rosto, os ideais e os valores dos personagens que escreveram nossa História; divulgam as metas e as conquistas de cada governo; res-saltam a criatividade que resulta de um país formado de diferentes etnias, mas único na expressividade das ar-tes; promovem o folclore, os sons, os ritmos, as danças, os adereços, a literatura, os temperos e os sabores. Formam uma bela coleção, que mos-tra ao mundo, com muito estilo, a per-severança e a simpatia do brasileiro.

Mais do que produto e peça de coleção, os selos desempenham o papel de disseminadores do conhe-cimento. Invadem as salas de aula para interagir com professores e alunos na construção de um Brasil cada vez mais brasileiro e cidadão.

Vale ainda ressaltar que, entre as diversas modalidades de colecio-nismo, a filatelia é, talvez, a mais difundida em todo o mundo. O selo postal e o prazer de colecioná-lo en-volvem a atenção de gente de todas as idades e culturas. Mas o futuro da tradição está hoje parcialmente ameaçado pela tecnologia de comu-nicação disponível neste terceiro milênio. Se o telégrafo e o telefone não chegaram a restringir a difusão do costume de escrever cartas e enviá-las pelos correios mundo afo-ra, o mesmo não se pode dizer da obstinação das telecomunicações e, principalmente, da internet em

tornar o hábito de escrever manual-mente uma carta, ou cartão-postal, e despachá-la selada, um ato cada vez mais raro. A filatelia certamente sobreviverá aos novos tempos, mes-mo progressivamente mais rápidos.

Além disso, o valor dos selos para a história da humanidade é intransferí-vel. Por meio desses estimáveis e co-loridos papeizinhos, se expande uma vasta cultura e uma fina educação, que, continuada e transmitida, faz permanecer entre os colecionadores o gosto pelo estudo tranqüilo, pela in-vestigação exata e pela classificação sistemática, entusiasmando a saber mais e mais sobre os motivos impres-sos e, principalmente, entre os novos colecionadores – entra em jogo, o fa-tor primordial: a investigação.

Nos selos, há motivos de estudo e cultura para todos os gostos: arte, história, geografia, política, história natural, religião, ciência aplicada, biografia dos grandes vultos da hu-manidade, etc, e com todos esses incentivos, o colecionador se educa e se torna culto, lendo, estudando, investigando os motivos que co-leciona e, assim fazendo, adquire pelos selos sólida cultura geral e se educa artisticamente a si mesmo, compulsando tratados e enciclopé-dias, e bebendo nessas fontes vas-tas somas de conhecimentos gerais e especializados, em todos os ramos das atividades humanas.

Portanto, o selo que é um elo pa-cífico de união e de compreensão entre os povos, leva em seus moti-vos mensagens de amor e de paz en-tre os homens e, também, elemen-tos de educação e cultura, que de povo a povo transmite, na mudez de seus desenhos, na sugestão de seus fundamentos e na razão de suas fi-nalidades.

*Texto extraído dos livros: Selos Postais no Mundo - Filatelia: Sua História, Hobby, Cultura e Investimento, de Sergio Marques da Silva; Selos Postais do Brasil - Cícero Antônio de Almeida, Pedro Karp Vasquez e Ronaldo Graça Couto; Compêndio da Filatelia - compilado e editado por Adalberto Marcus D’Antonio Olivé Leite

Um pouco da história dos selos

Carimbo da CONTEC vai para museu dos Correios

Diretor dos Correios elogiou o novo registro postal pela importância histórica

Presidentes das federações e de alguns sindicatos estiveram presentes

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AMIGOS DE LUTATempo que se mede pela qualidade

Para uma entidade com o perfil da CONTEC, comemorar 50 anos representa, em si, uma demonstração clara de que cumpriram-se os objetivos que levaram a sua criação, lá no distante ano de 1958. Porém, o balanço que se pode fazer hoje aponta algo mais impor-tante do que a simples contagem do tempo: a qualidade que permeou as ações desenvolvidas em cinco décadas profícuas de existência.

Há conquistas importantes a comemorar. Inexiste, no período, uma vitória obtida por bancário ou securitário no Brasil que, de algu-ma maneira, não tenha contemplado uma participação da CONTEC. Forte, direta e objetiva em ocasiões, serena e aconselhadora, embora igualmente indispensável, em outras.

A Confederação esteve, desde a sua criação, no núcleo anima-dor das grandes lutas empreendidas por bancários e securitários. A FEEBNN orgulha-se de ter formado no pioneiro grupo que ajudou a criar a entidade e, mais ainda, de ter acompanhado passo a passo a sua persistente caminhada rumo a uma consolidação que nos trouxe à data que celebramos neste ano.

Juntos, perdemos e ganhamos batalhas importantes. Para os bancários do Norte e Nordeste, em especial, a parceria com a CON-TEC tem sido fundamental, nestes últimos 50 anos, para conquistas que modificaram, qualificando-o, o ambiente comum de luta perma-nente por condições melhores de trabalho que freqüentamos.

Com Lourenço Ferreira do Prado hoje, mas com todos os pres-identes que um dia tiveram a honra de presidi-la ao longo de sua história, a CONTEC se manteve viva e forte no horizonte de luta de

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AMIGOS DE LUTAcategorias que ampliaram o espaço de presença na sociedade brasil-eira, sabendo absorver recuos e avanços que vão se acumulando no fazer diário da árdua luta sindical. Uma entidade mais firme e mais forte, ainda, como aliada fundamental no debate que se trava dentro do Congresso Nacional, ajudando-nos a entender seu ritmo, seus pra-zos e suas necessidades estratégicas próprias.

Uma marca importante da CONTEC é sua presença solidária no co-tidiano de combate às injustiças que, infelizmente, permanecem a nos desafiar. Uma presença afirmada e reafirmada em meio a dificuldades diversas, incluindo-se, até, intervenções governamentais impostas como meio de neutralizar um dos mais evidentes canais de mobiliza-ção social durante a vigência do Regime Militar em nosso país.

A CONTEC chega forte às cinco décadas de existência porque sabe acolher as novidades tecnológicas, transformando-as em alia-das e possibilitando que atuem positivamente em favor de bancários e securitários. Mais importante ainda, sabe faze-lo sem abrir mão de preservar o foco prioritário nas ações sociais e na batalha pela gera-ção de empregos de qualidade.

É assim que ela chega aos 50 anos, após tantas provações e conquis-tas, merecendo de nós os mais sinceros agradecimentos. Pela ação ser-ena e objetiva na coordenação das negociações coletivas de trabalho, pelo permanente esforço de formação, através da oferta de cursos aos dirigentes sindicais, e pela disposição inabalável para atuar junto conosco sempre que chamada às grandes lutas sociais e trabalhistas.

José Jesus Trabulo de Sousa – Presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Norte e Nordeste. Funcionário do Banco do Brasil, também é presidente da Federação Latino Americana dos Trabalhadores Bancários e de Seguros e vice-presidente da Organização Mundial dos Trabalhadores.

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Contec, meio século de luta e conquistas

Nossa Confederação está completando 50 anos de existência. É

uma caminhada histórica. Afinal, é uma trajetória de meio século.Nossa Confederação é um baluarte da história sindical, um mode-

lo a ser seguido. Em sua existência, muitos bancários iniciaram suas atividades e se aposentaram graças às conquistas emanadas da luta dos dirigentes da CONTEC.

Resistimos a períodos negros, entre eles a ditadura militar que obrigou os dirigentes bancários a agirem na clandestinidade: “escre-ver nos muros”. Mas o resultado es tá aí, a ditadura se foi e a Con-tec sobrevive. Período em que a CONTEC sofreu duas intervenções (1964 e 72), além de um presidente assassinado em 1971 (Aluízio Palhano Pedreira Ferreira). Além desse período a ser esquecido em nossa história, enfrentamos governantes que, sorrateiramente, ten-taram impedir a ação do movimento sindical forte e livre, como é o nosso no país. Não foram poucas as vezes que a tribulação foi colo-cada no caminho, mas sobrevive a Contec com galhardia.

Somente nos resta visualizar a luta do movimento sindical bancá-rio sem a Contec: bancários e bancárias estariam desguarnecidos de direitos e conquistas, a categoria estaria enfraquecida, principalmen-te se o fiel da balança – Contec não existisse para buscar a legalidade e acima de tudo o melhor aos trabalhadores.

Nos tempos atuais a batalha não é diferente, a unidade com as Confederações co-irmãs fazem e fortalecem nossa sobrevivência.

Viva a CONTEC em seus 50 anos de existência!

Gladir Antonio Basso – Presidente da Federação dos Bancários no Estado do Paraná

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CONTEC, parceira de todas as lutas!Em 28 de julho de 1958 foi criada a Confederação Nacional dos

Trabalhadores em Empresas de Crédito (CONTEC), fundada por um grupo de bancários, entre eles Huberto Menezes Pinheiro, Armando Ziller, Olympio Fernandes de Mello, Luiz Viegas da Motta Lima, Pe-dro Paulo Sampaio de Lacerda dentre outros. A Federação Nacional dos Securitários filiou-se à CONTEC sendo sempre sua parceira em todas as suas lutas.

Para a criação do emblema da CONTEC, em concurso nacional, criou-se uma comissão de artistas plásticos. Diversos fatos marcar-am nossas lembranças. Um dos mais marcantes foi a nomeação do líder Olympio Fernandes de Mello, eleito Ministro do Tribunal Su-perior do Trabalho, pelos trabalhadores. Foi marcante sua posição. Antes de assumir, declarou em documento devidamente registrado, que abriria mão de sua nomeação, a partir do momento em que os trabalhadores não tivessem mais confiança em sua pessoa. O referi-do documento foi assinado sem data e guardado no cofre.

Uma das lutas importantes da CONTEC, foi contra a Lei nº 9070 LEI DE GREVE. A vitória foi comemorada com uma procissão di-rigida por Luiz Viegas da Motta Lima, tendo na frente um bancário vestido de padre que puxava o refrão: “ O 9070 morreu!!! e os tra-balhadores respondiam: Morreu tarde!!!”

A CONTEC até hoje continua em sua luta em prol dos direitos dos trabalhadores.

Para finalizar, queremos dizer que temos orgulho em ter em nosso quadro funcional, a primeira funcionária da CONTEC: Aida Rosenmayer.

Serafim Gianocaro – Presidente da Federação Nacional dos Securitários

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meio século de luta pela Unidade dos bancários!

Não há que se contar em minúcias a história, tampouco a grandio-sidade das lutas da CONTEC para homenageá-la quando completa 50 anos de existência!

Basta apenas e tão somente relembrar algumas das mais célebres investidas contra a instituição maior dos trabalhadores em empresas de crédito do Brasil para aferição imediata de sua importância.

Não fora representativa em seus caminhos, ícone destacado e fulgurante na constante – e difícil - busca da unidade na luta dos trabalhadores e a CONTEC não teria sofrido, por exemplo, duas in-tervenções governamentais (uma em 1964 e outra em 1972), não teria um presidente seu assassinado (Aluízio Palhano Pedreira Ferreira), entre outros tantos fatos marcantes em sua trajetória.

No ano em que completa 50 anos de engajamento pleno nas lutas dos trabalhadores do ramo financeiro do país, a instituição não ficou imune a esses ataques; ao contrário, gasta significativa parte de sua energia na tentativa de salvaguardar a unidade do movimento sindi-cal, ameaçado justamente por segmentos que, oriundos do sindica-lismo, mas sem competência para chegar ao poder nas entidades de grau superior, contra elas investem, com as bênçãos da oficialidade, através da criação sempre nociva de estruturas paralelas que que-bram a unidade, fragilizam os trabalhadores e os deixam fragilizam diante daqueles que pretendem suprimir-lhes direitos.

Se por um lado há que se lamentar os arranhões que as lutas intes-tinas e separatistas trazem para os trabalhadores e para suas entida-des sindicais, havemos que resgatar, por outro, a vocação cinqüente-nária da instituição na luta pela unidade dos trabalhadores, a ponto de se tornar uma verdadeira trincheira na direção da preservação da Unidade, Unicidade, enfim da Constituição da República, num traba-lho exuberante, desafiador e vigoroso contra projetos pouco claros que eclodem a todo instante em investidas contra os trabalhadores.

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Conhecendo – como conhecemos – de dentro, a instituição CON-TEC e os homens e mulheres que lá estão, podemos considerar que se trata de uma das mais importantes máquinas da engrenagem sin-dical da América Latina, desde os primórdios de seu funcionamento até hoje, preparada, pois, para a caminhada de outros novos 50 anos, mantendo sua linha intransigente de defesa dos direitos dos traba-lhadores que representa.

Sua contribuição séria e decisiva na consolidação dos direitos dos trabalhadores bancários, que representa, e da classe trabalha-dora do país em geral é proporcional ao esforço e competência dos personagens que participaram de sua fundação, desenvolvimento e consolidação.

Criada para cumprir os seus objetivos – verdadeiros compromis-sos – estatutários, jamais capitulou, jamais se submeteu a governos e sempre colocou à frente preceitos como o diálogo e a negociação no patamar mais alto de sua filosofia onde a democracia e a transparên-cia reluzem há 50 anos.

São razões mais que suficientes para cumprimentarmos a Entida-de maior dos bancários pelo seu aniversário!

Merecem parabéns, portanto, todos, dirigentes do passado, do presente e do futuro, pelos atuais e pelos próximos 50 anos de lutas.

Alfredo Brandão Horsth – Presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Distrito Federal

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parabéns, CONTEC!A Contec comemora seu cinqüentenário neste ano, data importante

e histórica para os bancários. Fundada em 1958, nasceu sob o signo de luta, defendendo bandeiras importantes para a nossa categoria.

Durante o regime militar foi ferida de morte. Calaram sua voz. Fe-charam sua boca. Momentos difíceis, intervenção, violência e, por fim, o trágico desaparecimento de seu presidente, o companheiro Aluysio Palhano. Ainda assim sobreviveu, renasceu, não desistiu! O passar dos anos, lhe deu mais força.

A resistência ao regime militar foi travada com muita luta e per-sistência. Vivemos greves históricas, conquistas importantes, emba-ladas por lutas permanentes e o compromisso de colocar sempre em primeiro lugar os trabalhadores bancários e securitários. Este sem-pre foi o lema da CONTEC.

Nesta data comemorativa esperamos continuar sendo represen-tados por esta entidade competente, responsável e combativa. Para-béns, CONTEC!

João Barbosa – funcionário do Besc – Banco do Estado de Santa Catarina e presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Santa Catarina

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CONTEC: forte e independenteA CONTEC nasceu, julho de 1958, do sonho por justiça nas re-

lações de trabalho entre os empregados do setor financeiro brasi-leiro. De lá pra cá, graças a sua atuação enérgica, responsável e independente, a CONTEC já conseguiu grandes conquistas para a nossa categoria.

Sofremos o duro peso da ditadura e resistimos bravamente. Em dois períodos, a CONTEC passou por intervenções do governo mili-tar. Tivemos colegas perseguidos e assassinados. Tudo isto, porque queríamos justiça e lutávamos por isto.

Hoje, aos 50 anos, longe daqueles dias difíceis de total controle e vigilância, a CONTEC continua com força para enfrentar qualquer adversidade. Na verdade, ganhou de presente desde os anos de fun-dação mais força e prestígio.

Neste ano de 2008, temos muito que comemorar, pois a verdadeira e única entidade sindical de grau superior que representa os bancá-rios e securitários brasileiros completou 50 anos de vida!

Parabéns, CONTEC!

Fernando Vilar – Funcionário do ABM/REAL e presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários da Paraíba